Braganรงa Paulista
Sexta
17 Fevereiro 2017
Nยบ 888 - ano XV jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
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Para pensar
Jornal do Meio 888 Sexta 17 • Fevereiro • 2017
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919
Raizes da Teologia
da prosperidade por Mons. Giovanni Baresse
E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão.
Faz mais de cinquenta
(Jó 26,5: 38,16-17). Portanto, não
to e nem sempre castiga quem é
ção. Um líder de uma das igrejas
anos começaram a surgir
poder ter vida feliz, é o inferno!
desonesto. A mentalidade bíblica
neopentecostais, com apelo à TV,
comunidades cristãs deno-
No Deuteronômio a fidelidade a
fundamentou a forma do protes-
conseguiu em poucos dias, mais
minadas neopentecostais. Uma das
Deus é marcada pela superioridade
tantismo clássico ver a economia.
de oito milhões de reais para fazer
suas características é a pregação
de Israel sobre os outros povos,
Há vários estudos que ajudam a
frente às despesas de sua comu-
insistente de que a prosperidade
pela fecundidade das colheitas e
compreender a formulação católica
nidade! Nós católicos sabemos o
(riqueza, bem-estar, saúde, etc.)
rebanhos, pelos muitos filhos, etc.
(que criticava a usura, os juros, etc.
quanto temos que trabalhar para
grave porque dissocia as pessoas
são consequências da fidelidade
Não ter isso é ser maldito! O livro
e exaltava a pobreza) e a protes-
conseguir, numa grande iniciativa,
da vida concreta. Tudo gira no
a Deus. A pobreza, a doença e
de Jó nos oferece rico material
tante que defendia a prosperidade
um por cento disso (e olha lá)!
campo espiritual. Os dramas que
outros males materializam vidas
para reflexão sobre o assunto.
material como sinal de benção.
Mas há uma outra coisa que eu
estamos vivendo têm sua solução
afastadas do Senhor. Creio que há
Ele se caracteriza por um forte
Há um texto clássico que ajuda a
queria lembrar. Faz já algum tempo
no campo das bênçãos. Claro que,
dois pontos fundamentais na base
questionamento sobre a realidade
entender bem essa questão: seu
que ouço uma afirmação sobre o
felizmente, vivemos liberdade de
desta visão religiosa: o capítulo 28
da retribuição, da prosperidade
autor é Max Weber. O livro é “A
porquê da pobreza e dos outros
crer ou não. E é importante que
do livro do Deuteronômio (reco-
nesta vida. Jó discute com Deus,
ética protestante e o espírito do
problemas que nos afligem. Para
seja assim! Mas temos o dever de
mendo a leitura), com suas bênçãos
com a esposa e com os amigos. Se
capitalismo”. Vale a pena ler esse
determinado pregador os males
ter clareza que a nossa história é
e maldições e a não esperança de
ele tinha tudo (riqueza, família,
texto. Ajuda a compreender bem a
são consequências de espíritos
feita pelas escolhas e consequentes
vida após a morte. Esta levaria a
saúde) e tinha consciência que
diferença de ver economia, finanças
malignos que estão em nós.
atitudes. A fé deve ser a motivadora
todos ao sheol, lugar dos mortos.
seguia os mandamentos de Deus,
do ponto de vista protestante e a
Não há nenhuma visão sobre a
para buscar a verdade, a justiça, a
Este é, para o Antigo Testamento,
por que veio a perder tudo? O
do ponto de vista católico. A exal-
política, a economia. Nenhum
honestidade. E isso só acontecerá
o mundo subterrâneo. A morte
livro representa um dos questio-
tação da ideia da retribuição nesta
dado sociológico. A questão é
quando o crer em Deus nos levar a
era pensada como passagem da
namentos que foram surgindo no
vida e consequente prosperidade
mesmo de vertente religiosa. E
ver em cada ser humano a imagem
terra - lugar dos vivos - para esse
judaísmo quanto à veracidade da
e fim dos problemas consegue ter,
os sofrimentos se resolvem nessa
e semelhança de Deus! Mesmo
local. O sheol é a terra do esque-
afirmação teológica da retribuição
ainda hoje, formidável aceitação.
área. Com isso ganha força o en-
porque podemos constatar que o
cimento, das trevas e do silêncio,
ou castigo nesta vida. Porque se
Certamente os leitores já devem
tendimento que basta assumir fé
excesso de bens para uns poucos e
das sombras. Lá não existe vida.
constatava (já naquele tempo!)
ter visto pregadores, especialmente
compromissada com os objetivos
a escassez para a maioria afirmaria
O sheol fica no mais profundo
e se constata que a disparidade
pelos meios de comunicação, a
que são colocados como desafios
que a maior parte de quem diz
da terra (Deuteronômio 32,22)
que existe, em todas as situações,
exaltar esta dimensão religiosa. E
para que a solução e o livramento
acreditar em Deus é mentirosa
para além do abismo subterrâneo
nem sempre beneficia quem é re-
se constata a força dessa prega-
aconteçam. Isto é extremamente
ou profundamente ingênua!
As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
Reflexão e Práxis
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Jornal do Meio 888 Sexta 17 • Fevereiro • 2017
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
Força que produziria o hipnotismo Cálcio (símbolo) Lampião de rua
Cidadesede da Liga Árabe (?) White, presidente do UFC
Gesto para exprimir ideias
(?)-nascido: usuário da UTI neonatal Aqui está! Sobra de obras
Acredita Conterrâneo de Maomé
Gravata, em inglês Número (abrev.)
"Origem", em "romeno" Aspirina
Propriedade da toalha de papel Maciço da Suíça onde nasce o Reno
Op (?): utiliza ilusões de óptica
Pensativo; cogitativo 2, em romanos Alvo da procrastinação do indeciso
Best-(?), o livro campeão de vendas
Um dos sinais da inflamação
Aportuguesamento do "an" final
(?) Mello, humorista paulistana
Recinto da Casa Branca 12
Solução
M A C R
A V A R I A
D A M I C E
L A I
R D I M S E N S O R A J
BANCO
C O S V E A I O A C E E I N T O E N D L E M V A
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
"Ricardo (?)", peça Aversão profunda
E N T U L H O
dios obedecem mais as leis informais dos próprios detentos que o aparato legal do Estado, transformando estes espaços em porções além dos poderes correcionais que lhe seriam típicos e esperados. Outra demonstração desta violência, sintoma mais urgente da falência do Estado, foi a ação vexatória de algumas pessoas no Espírito Santo que agiram como saqueadores, aumentando o caos e a tensão durante a greve policial, fato, no mínimo, tão embaraçoso quanto os saques. Um Estado que é incapaz de garantir que suas instituições funcionem de forma ordenada não cumpre seu papel histórico e fica muito aquém do aceitável. A crise da legitimidade do governo e de sua legalidade, com suas leis confusas e nomeações oportunistas, nos ministérios e no Congresso Nacional só aumentam a sensação de impunidade e só fazem aumentar as ações que ferem nossa cidadania e que aceleram o processo de falência que vivemos no Brasil. Há quem podemos recorrer em um momento tão tenso e desigual? Há quem podemos recorrer para o fim deste momento de excesso de violência? As respostas acima deveriam se voltar para o Estado, mas, como sabemos, a ineficiência pública e os interesses políticos e partidários acima e com a conivência das esferas legais se colocam como os grandes obstáculos para o fim de nossas mazelas e de nossos urgentes e graves problemas sociais, ou seja, o aparato legal que deveria resolver tais questões, o Estado, é um dos principais agentes do caos social e um dos principais incentivadores da falência do próprio Estado. Soluções a médio ou longo prazo? Somente para os cegos e possíveis interessados.
A S S A I S T F E I I R O A R N C R E O R V R E A R I T A B S E O R L Ã O
O Estado brasileiro faliu. Na melhor das hipóteses, ele está em um processo de falência que, cada vez mais, parece irreversível e cuja velocidade aumenta a olhos vistos. É possível, partindo das ideias de alguns sociólogos, como do alemão Max Weber, pensar de forma ordenada e clara a falência do Estado em várias de suas esferas e ir além da visão estreita e comprometida daqueles que crêem que isto se deve a um partido político, ideia absurda que satisfaz as pessoas menos exigentes e aquelas que não têm compromisso com a verdade dos fatos e nem com a leitura objetiva e isenta de nosso quadro político. Cabe ao Estado, por exemplo, o monopólio exclusivo da força física, ou seja, somente o Estado pode deter os mecanismos de coação e de coerção ou usar a força física, pois ele o faz quando busca a manutenção da ordem pública e do Bem Comum. É claro, no entanto, que não existe este monopólio já que somos reféns e incentivadores dos processos violentos que fazem parte de nosso cotidiano e que são aceitos e justificados por uma parcela considerável de pessoas que não têm ou não vêem outra saída que não conviver com tal situação. A violência é dividida entre grupos do crime organizado que dominam áreas nas quais o Estado é ausente ou aquelas que o Estado julga irrecuperáveis, somos vítimas da violência do Estado que comete atos de crueldade com seus cidadãos nos hospitais, nas ruas e na esfera jurídica, somos reféns de figuras como os guardadores de carros que nos extorquem nas ruas, somos vítimas de motoristas violentos que descumprem leis que visam proteger a todos nós e que agem com a conivência do Estado que é omisso em sua atribuição de fiscalização, dentre tantos outros exemplos. A barbárie é tamanha que nossos presí-
O francês, para os índios brasileiros
Publicação semanal brasileira fundada nos anos 60 Cofre, em inglês
S A U D I T A
por pedro marcelo galasso
Órgão examinado Espaço pelo mas- de certo tologista parque botânico carioca destinado aos cegos
P E S C A D E B A L E I A S
Estado
Abertura no solo que recebe o ataúde Astatínio Efemi(símbolo) nação
3/art — sif — tie. 4/safe. 6/damice — seller. 9/revérbero.
A falência do
Atividade comercial combatida no mundo, é defendida pelo Japão Idos
© Revistas COQUETEL
Atitude da pessoa Item higiênica avaliado por segu- Amante de Thor no radoras Universo Marvel
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Jornal do Meio 888 Sexta 17 • Fevereiro • 2017
por Shel Almeida
A nadadora Regina Aguiar já
a ficar mais autoconfiante”, lembra.
é conhecida do Jornal do Meio
Na época, houve quem achasse que
há algum tempo. Participou de
Regina estava apenas em uma boa
duas matérias, uma sobre a Equipe
fase, que essa ascensão repentina era
Zumm de Natação Master e outra so-
algo passageiro. Mas ela tinha algo que
bre talentos da maturidade. Seis anos
sequer imaginava: O talento. Precisou
depois (as matérias saíram em 2010 e
apenas que o olhar de técnico de Igor
2011, respectivamente), e a carreira
a encontrasse.
consolidada, era mais do que merecido que fosse tema de uma nova matéria.
Resultados
Durante esse período, Regina participou
Só em 2016 Regina participou de 86
de provas em campeonatos regionais,
provas individuais e 48 de reveza-
estaduais e nacionais, além de ter
mento. Alcançou o primeiro lugar 37
competido em dois Pan Americanos e
vezes individualmente e outras 14 em
em cinco Sul Americanos,
grupo. Também quebrou recordes em
quebrou recordes, ganhos incontáveis
sua categoria, a 65 +: três brasileiros,
medalhas, diversos troféus e vem pro-
quatro sul americanos e cinco pan ame-
vando que sim, é possível se redescobrir
ricanos. Não há o que duvidar quanto
e se reinventar, seja em qual idade for.
à capacidade da atleta.
Em sete anos de carreira na natação master Regina coleciona títulos e se prepara para o primeiro mundial
“No dia a dia não nos damos conta de Dom
quanto a vida da gente pode mudar por-
A natação entrou efetivamente em sua
que nos envolvemos com outras coisas,
vida por acaso. Educadora física, foi
questões práticas da vida. Mas quando
treinadora de basquete durante anos.
paramos para pensar, analisar e refletir
Aposentada, procurou um esporte de
percebemos o quanto conquistamos,
menor impacto para praticar por conta
quantas pessoas entraram em nossa
de problemas no ombro e joelho. Come-
vida, quantos lugares conhecemos.
çou a treinar sozinha até ser convidada
A natação me proporcionou diversas
por Igor Russi a fazer parte da equipe
coisas, não foram só as competições.
Zumm. Daí em diante a natação mudou
Fiz novas amizades, fui para lugares
sua vida completamente.
que nunca imaginei, ganhei uma grande
“O exemplo que eu gostaria de passar
família dentro do esporte. Acho impor-
para as pessoas é que se você tem um
tante tentar dividir com as pessoas
dom, um talento, ele está com você.
um pouco dessa minha experiência,
Quando fui para o Campeonato Brasileiro
porque pode acontecer com qualquer
pela primeira vez, obtive resultados que
um. A lição que se pode tirar disso é:
nem eu mesma esperava. Eu não tinha
não pare, continue a desenvolver todo
histórico de nadadora. Era esportista,
o talento que você tem. Creio que es-
mas havia feito atletismo e basquete.
tamos aqui só de passagem e o desejo
Eu só pude desenvolver, ou voltar, na
de me tornar uma pessoa melhor e
maturidade. Eu fiz esporte quando era
ajudar o mundo da forma que puder é
jovem, mas depois não pude mais me
o maior de todos os prêmios”, reflete.
Regina lembra de cada competição, de cada medalha. “Um campeonato foi me levando ao outro”.
dedicar a isso porque precisava trabalhar. Como a maioria das pessoas, eu
Mundial
precisei me dedicar ao trabalho. Hoje, a
Aos 67 anos, Regina se encontra em
maioria dos meus colegas são nadadores.
uma fase de olhar para trás e refletir
Do grupo que eu participo eu sou a única
sobre a carreira, mas também de dar
que não fui nadadora. Comecei a nadar
um passo adiante. Ela está se prepa-
por causa das lesões que tenho no ombro,
rando para participar, pela primeira
faço fisioterapia há 15 anos. Hoje eu me
vez, de uma mundial de natação, que
cuido para nadar e nado para me cuidar.
acontece na Hungria, em Agosto. “Esse
Eu preciso de motivação. Às vezes acordo
ano eu decidi que não iria participar
no meio da noite com dor aí eu lembro que
de nenhum brasileiro porque queria
vou nadar e vou me movimentar”, conta.
tentar, pelo menos uma vez, estar em
Na primeira vez que Regina conversou
um mundial. Eu tenho índice para par-
com o Jornal do Meio, a natação ainda
ticipar de todas as provas que costumo
era uma novidade, uma descoberta para
nadar. Mas não é índice para ficar entre
ela. Na época ela estava empolgada com
as três primeiras. Aí o Igor me disse
os resultados que vinha alcançando, mas
‘mas precisa trazer medalha? Quantas
não poderia imaginar que não seria algo
bragantinas já foram para algum mun-
momentâneo, mas constante dali para
dial de natação? Quantas bragantinas
frente.
master já estiveram em algum mundial?’.
“Eu não fazia ideia de tanta coisa
E é verdade, a vida não é só ganhar.
boa que me aconteceria depois. Ir
Eu tenho que aproveitar porque não
para o primeiro brasileiro já foi uma
sei como estarei em alguns anos, se
surpresa, fomos só eu e o Igor. Lá ele
poderia esperar pelo próximo. Estar lá
conheceu um pessoal de Rio Claro que
será uma grande conquista. Mas acho
ia para o Sul Americano no Rio e nos
que tudo acontece como tem que ser.
ofereceram lugar no ônibus. Foi algo
Se eu não tivesse ganhado os campeo-
totalmente inesperado. Nós fomos para
natos interioranos, não teria ido para
conhecer, saber como era participar de
o brasileiro. Se eu não tivesse ido para
um campeonato internacional, nadar
o brasileira, não teria ido para o sul
com atletas de fora. A gente foi sem
americano e pan americano. E agora,
expectativas e eu voltei pendurada
com esses resultados todos, estou
de medalhas. A partir dali eu comecei
animada para ir para o mundial”.
Falta espaço na casa de Regina para tantas medalhas. São 462 no total, divididas entre campeonatos regionais, estaduais, nacionais, sul americanos e pan americanos.
Quebra de recorde a colocou entre as 10 melhores do mundo.
Saúde
Jornal do Meio 888 Sexta 17 • Fevereiro • 2017
Mau hálito
Dentistas apostam no uso de laser contra mau hálito, técnica pode ajudar em casos de falta ou deficiência na produção de saliva, associação de Halitose criou serviço pra avisar anonimamente quem sofre de mau hálito, que atinge 30% da população Por PHILLIPPE WATANABE/FOLHAPRESS
Todo mundo conhece alguém que tem mau hálito. E, se uma pessoa não conhece, há grande chances de ela mesma sofrer desse mal. Também chamado de halitose, a condição afeta 30% da população. Recentemente os dentistas têm investido no uso de lasers para combater essa detestável condição. O mau hálito, de forma geral, é causado por bactérias que se alojam na boca. Elas se associam e formam um agregado, uma espécie de pasta esbranquiçada, principalmente na língua –o biofilme, também chamado de saburra. “Biofilme é uma organização criminosa”, brinca Silvia Pontes, da ABHA (Associação Brasileira de Halitose). Ela apresentou um trabalho relacionado ao tema no Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo, que terminou no último sábado (4). Nada disso, contudo, costuma ser um problema quando há uma boa higiene bucal. “Primeiro higieniza a língua, depois passa o fio dental e, por fim, ocorre a escovação dos dentes”, afirma Vinícius Pedrazzi, professor de odontologia da USP de Ribeirão Preto. Outra “bandida” é a alteração na produção de saliva. Caso o fluido esteja muito gosmento ou apareça em pequena quantidade, o ambiente se torna favorável para a proliferação da quadrilha. “A saliva é o nosso detergente bucal natural”, diz Rosilene Uliana, da comissão de halitose do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo. Especialmente nesses casos de produção alterada de saliva, os lasers têm se mostrado bons combatentes. Eles já são utilizados para outros propósitos na odontologia, como em tratamentos de aftas e de sensibilidade exacerbada dos dentes. No caso do mau hálito, em um dos procedimentos possíveis, o feixe de luz é direcionado às glândulas salivares. Esse laser, em alguma medida, consegue normalizar a produção de saliva. “Tem uma função reparativa”, afirma Pontes. A técnica também pode ser utilizada de forma mais direta para controlar a população de bactérias. Sim, se você imaginou bactérias sendo torradas, como em um jogo de videogame, você chegou perto da ideia do procedimento. Nesta incursão, primeiro o dentista faz a remoção do biofilme presente na língua. Em seguida, passa uma solução (com concentração adequada) de azul de metileno. Por fim, é aplicado o laser de baixa potência na área. Esse procedimento ajuda a matar as bactérias, mantendo as suas populações sob controle. Contudo, segundo os especialistas ouvidos, ainda não é um procedimento muito comum.
SOS MÁU HÁLITO
Essa abordagem mais tecnológica do tratamento da halitose só é utilizada em casos específicos. Os candidatos são pessoas, por exemplo, que tiveram a produção de saliva alterada devido a radioterapias ou que possuem as glândulas salivares atrofiadas. Desse modo, os tratamentos mais tradicionais ainda devem ser os mais utilizados. “Água é um santo remédio”, afirma o professor de odontologia Pedrazzi. Indica-se a ingestão de dois a três litros de água por dia, o que mantém boca e corpo hidratados. Além disso, certos tipos de alimento podem ressecar a boca ou fomentar o crescimento de bactérias –proteínas são um prato cheio para elas. Desse modo, os especialistas afirmam que é importante evitar o consumo excessivo de comidas muito condimentadas, apimentadas e gordurosas. Também, claro, deve-se tomar cuidado com a ingestão de um grande excesso de proteína (carnes e laticínios são ricos no nutriente). Se o dentista não for bem treinado, existe o risco tanto de o tratamento ser inócuo quanto de ser deletério, seja matando bactérias demais (existem aquelas não tão malvadas assim) e até ferindo o paciente, no caso de laser de alta potência aplicado por um período prolongado. Além disso, por serem novos, ainda não se sabe todas as possíveis consequências de longo prazo desses tratamentos. “Algumas modalidades só servem para dar dinheiro e fama para alguns profissionais”, diz Pedrazzi. Quando o tema é mau hálito, existe um tabu a ser quebrado. Como os próprios pacientes não sentem o próprio hálito (por conta da fadiga olfatória –que é acostumar-se a um cheiro), é importante que amigos e parentes cometam a indelicadeza de avisar quem sofre da condição. Para evitar constrangimentos, há até um serviço anônimo de “denúncia”. É o SOS Mau Hálito, da ABHA (www.abha.org.br/sos-mau-halito).
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Jornal do Meio 888 Sexta 17 • Fevereiro • 2017
Fotógrafo brasileiro
vira série do History
‘Zona de Conflito’ mostra trabalho de Gabriel Chaim em campos de refugiados na Síria e no Iraque, durante 2015, atração nacional em oito episódios é documental e mescla filmagens com fotos e arquivo do profissional Por ÚRSULA PASSOS/FOLHAPRESS
O plano era viajar por locais isolados para fotografar como eram as refeições
Para descobrir do que Parwin fugia, Chaim vai até o front de batalha do lado curdo. É
das pessoas. O que Gabriel Chaim descobriu é que a comida era muito parecida
quando um soldado intercepta uma mensagem e descobre que o Estado Islâmico em
nesses lugares. Diferente mesmo era a história de cada um que ele encontrou
breve irá lançar morteiros na direção deles.
pelo caminho.
Escondendo-se às pressas, o brasileiro ainda consegue filmar as explosões, que só param
Se o trabalho gastronômico não deu resultado, serviu para criar no brasileiro o interesse
após um ataque aéreo dos EUA ao Estado Islâmico.
de acompanhar zonas de conflitos e campos de refugiados. Foi assim que, desde 2011,
“Não tenho medo assim, mas é importante sempre ter a neutralidade nessas áreas. Suas
visitou o Irã, cobriu os protestos no Egito, foi preso e deportado da Turquia e esteve nas
convicções políticas podem até mesmo levar à morte em determinados locais”, explica
áreas em guerra na Síria e no Iraque.
o fotógrafo.
Em uma das viagens a esses dois países, em setembro de 2015, gravou sua rotina para
Entre outras medidas de segurança, Chaim não costuma falar da vida pessoal nem da
“Zona de Conflito”, série documental de oito capítulos que o History Channel estreia
mulher e filhos nas redes sociais, apenas publica sobre o próprio trabalho.
neste sábado (4), mesclando as gravações com imagens de arquivo de Chaim e fotos.
Ele conta que já foi ameaçado por uma reportagem que fez sobre fraude nas eleições de
Logo no primeiro episódio, Chaim visita o campo de refugiados Arbat, na região do Cur-
um desses países.
distão iraquiano. Lá conhece Parwin, uma mulher yazidi que havia sido sequestrada pelo
“O embaixador afirmou que minhas informações não eram verdadeiras e, se eu voltasse
Estado Islâmico e vendida várias vezes como escrava antes de escapar.
ao país, ele não garantiria minha segurança”, diz.
“Em pleno século 21, é inimaginável que ainda haja pessoas sendo vendidas como escra-
trump
vas. Isso me emocionou muito”, diz Chaim.
No fim de janeiro, Donald Trump baniu a entrada nos EUA de nascidos em sete países,
Antes de ser pega pelo Estado Islâmico, Parwin vivia na cidade de Sinjar, na fronteira
incluindo Síria e Iraque. “Muros não constroem, eles destroem. Em vez de erguer muros,
com a Síria, que se tornou campo de batalha entre o grupo terrorista e os pershmega, os
deveriam fazer pontes. Com essa medida, ele está fechando a oportunidade de uma
combatentes curdos.
pessoa, refugiada, de buscar a vida”, avalia Chaim. Foto: Divulgação
Gabriel Chaim em front da batalha contra o Estado Islâmico no Iraque.
Saúde
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Protetor solar Bebês de até 6 meses de idade não podem usar protetor solar por GISLAINE GUTIERRE/FOLHAPRESS Arte: Folhapress
Médicos explicam que pele é muito sensível e imunidade ainda é baixa. Risco é haver alergia e irritação Bebês de até seis meses de idade não podem receber nenhum tipo de protetor ou bloqueador solar sobre a pele. Há risco de irritação, alergia e até de queimaduras provocadas por agentes químicos do produto. “Nessa idade, o ideal é que nem fique exposta ao sol”, diz Claudio Wulkan, dermatologista do Hospital Israelita Albert Einstein. O médico explica que a pele do bebê é muito sensível e seu sistema imunológico (de defesa) ainda é frágil. Por isso, se tiver de sair com o bebê, os médicos recomendam vesti-lo com roupas frescas, mas que deem boa cobertura ao corpo, deixá-lo com chapéu, e, se estiver no carrinho, que seja estendida a tampa, de modo que faça sombra maior. Colocar um paninho limpo e levar sobre o rosto do bebê também ajuda. “É habito dos antigos que dá supercerto”, diz o dermatologista. “Antigamente não havia filtro solar”, diz Wulkan. O pediatra Nelson Douglas Ejzenbaum, da Sociedade Brasileira de Pediatria, diz que cuidados especiais se estendem a crianças com até seis anos de idade. A partir dos seis meses e até os dois anos de idade, as crianças precisam usar produto específico para bebês. “São os filtros do tipo ‘baby’. Eles funcionam como uma barreira física, rebatendo os raios solares. São mais densos, também”, explica Ejzenbaum. Para crianças de 2 a 6 anos, a opção é o produto infantil, que também pode funcionar um pouco mais parecido com o dos adultos, absorvendo os raios do sol, sem prejudicar a pele. “As pessoas se esquecem e passam o mesmo protetor na família toda. Não pode”, diz o pediatra. Ele afirma que o FPS (fator de proteção solar) não precisa mudar conforme o tom de pele do bebê: o importante é que todos devem usar FPS acima de 30. “O acima de 30 protege 97% da radiação, o de 70, 98,5%”, diz Wulkan. Ficar minutos ao sol é bom para a saúde Alguns minutos ao sol, fora do horário de pico, entre as 12h e as 15h (entre as 13h e as 16h, no horário de verão), e sem protetor solar, é bom para produzir vitamina D “Bebês de até seis meses podem ficar uns 5 minutos”, diz o dermatologista Claudio Wulkan, do hospital Albert Einstein. “Mas o leite materno também é fonte de vitamina D”, avisa. Crianças maiores podem ficar de 10 a 15 minutos sob o sol.
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