888 Edição 17.02.2017

Page 1

Braganรงa Paulista

Sexta

17 Fevereiro 2017

Nยบ 888 - ano XV jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


2

Para pensar

Jornal do Meio 888 Sexta 17 • Fevereiro • 2017

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919

Raizes da Teologia

da prosperidade por Mons. Giovanni Baresse

E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão.

Faz mais de cinquenta

(Jó 26,5: 38,16-17). Portanto, não

to e nem sempre castiga quem é

ção. Um líder de uma das igrejas

anos começaram a surgir

poder ter vida feliz, é o inferno!

desonesto. A mentalidade bíblica

neopentecostais, com apelo à TV,

comunidades cristãs deno-

No Deuteronômio a fidelidade a

fundamentou a forma do protes-

conseguiu em poucos dias, mais

minadas neopentecostais. Uma das

Deus é marcada pela superioridade

tantismo clássico ver a economia.

de oito milhões de reais para fazer

suas características é a pregação

de Israel sobre os outros povos,

Há vários estudos que ajudam a

frente às despesas de sua comu-

insistente de que a prosperidade

pela fecundidade das colheitas e

compreender a formulação católica

nidade! Nós católicos sabemos o

(riqueza, bem-estar, saúde, etc.)

rebanhos, pelos muitos filhos, etc.

(que criticava a usura, os juros, etc.

quanto temos que trabalhar para

grave porque dissocia as pessoas

são consequências da fidelidade

Não ter isso é ser maldito! O livro

e exaltava a pobreza) e a protes-

conseguir, numa grande iniciativa,

da vida concreta. Tudo gira no

a Deus. A pobreza, a doença e

de Jó nos oferece rico material

tante que defendia a prosperidade

um por cento disso (e olha lá)!

campo espiritual. Os dramas que

outros males materializam vidas

para reflexão sobre o assunto.

material como sinal de benção.

Mas há uma outra coisa que eu

estamos vivendo têm sua solução

afastadas do Senhor. Creio que há

Ele se caracteriza por um forte

Há um texto clássico que ajuda a

queria lembrar. Faz já algum tempo

no campo das bênçãos. Claro que,

dois pontos fundamentais na base

questionamento sobre a realidade

entender bem essa questão: seu

que ouço uma afirmação sobre o

felizmente, vivemos liberdade de

desta visão religiosa: o capítulo 28

da retribuição, da prosperidade

autor é Max Weber. O livro é “A

porquê da pobreza e dos outros

crer ou não. E é importante que

do livro do Deuteronômio (reco-

nesta vida. Jó discute com Deus,

ética protestante e o espírito do

problemas que nos afligem. Para

seja assim! Mas temos o dever de

mendo a leitura), com suas bênçãos

com a esposa e com os amigos. Se

capitalismo”. Vale a pena ler esse

determinado pregador os males

ter clareza que a nossa história é

e maldições e a não esperança de

ele tinha tudo (riqueza, família,

texto. Ajuda a compreender bem a

são consequências de espíritos

feita pelas escolhas e consequentes

vida após a morte. Esta levaria a

saúde) e tinha consciência que

diferença de ver economia, finanças

malignos que estão em nós.

atitudes. A fé deve ser a motivadora

todos ao sheol, lugar dos mortos.

seguia os mandamentos de Deus,

do ponto de vista protestante e a

Não há nenhuma visão sobre a

para buscar a verdade, a justiça, a

Este é, para o Antigo Testamento,

por que veio a perder tudo? O

do ponto de vista católico. A exal-

política, a economia. Nenhum

honestidade. E isso só acontecerá

o mundo subterrâneo. A morte

livro representa um dos questio-

tação da ideia da retribuição nesta

dado sociológico. A questão é

quando o crer em Deus nos levar a

era pensada como passagem da

namentos que foram surgindo no

vida e consequente prosperidade

mesmo de vertente religiosa. E

ver em cada ser humano a imagem

terra - lugar dos vivos - para esse

judaísmo quanto à veracidade da

e fim dos problemas consegue ter,

os sofrimentos se resolvem nessa

e semelhança de Deus! Mesmo

local. O sheol é a terra do esque-

afirmação teológica da retribuição

ainda hoje, formidável aceitação.

área. Com isso ganha força o en-

porque podemos constatar que o

cimento, das trevas e do silêncio,

ou castigo nesta vida. Porque se

Certamente os leitores já devem

tendimento que basta assumir fé

excesso de bens para uns poucos e

das sombras. Lá não existe vida.

constatava (já naquele tempo!)

ter visto pregadores, especialmente

compromissada com os objetivos

a escassez para a maioria afirmaria

O sheol fica no mais profundo

e se constata que a disparidade

pelos meios de comunicação, a

que são colocados como desafios

que a maior parte de quem diz

da terra (Deuteronômio 32,22)

que existe, em todas as situações,

exaltar esta dimensão religiosa. E

para que a solução e o livramento

acreditar em Deus é mentirosa

para além do abismo subterrâneo

nem sempre beneficia quem é re-

se constata a força dessa prega-

aconteçam. Isto é extremamente

ou profundamente ingênua!

As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.


Reflexão e Práxis

3

Jornal do Meio 888 Sexta 17 • Fevereiro • 2017

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

Força que produziria o hipnotismo Cálcio (símbolo) Lampião de rua

Cidadesede da Liga Árabe (?) White, presidente do UFC

Gesto para exprimir ideias

(?)-nascido: usuário da UTI neonatal Aqui está! Sobra de obras

Acredita Conterrâneo de Maomé

Gravata, em inglês Número (abrev.)

"Origem", em "romeno" Aspirina

Propriedade da toalha de papel Maciço da Suíça onde nasce o Reno

Op (?): utiliza ilusões de óptica

Pensativo; cogitativo 2, em romanos Alvo da procrastinação do indeciso

Best-(?), o livro campeão de vendas

Um dos sinais da inflamação

Aportuguesamento do "an" final

(?) Mello, humorista paulistana

Recinto da Casa Branca 12

Solução

M A C R

A V A R I A

D A M I C E

L A I

R D I M S E N S O R A J

BANCO

C O S V E A I O A C E E I N T O E N D L E M V A

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

"Ricardo (?)", peça Aversão profunda

E N T U L H O

dios obedecem mais as leis informais dos próprios detentos que o aparato legal do Estado, transformando estes espaços em porções além dos poderes correcionais que lhe seriam típicos e esperados. Outra demonstração desta violência, sintoma mais urgente da falência do Estado, foi a ação vexatória de algumas pessoas no Espírito Santo que agiram como saqueadores, aumentando o caos e a tensão durante a greve policial, fato, no mínimo, tão embaraçoso quanto os saques. Um Estado que é incapaz de garantir que suas instituições funcionem de forma ordenada não cumpre seu papel histórico e fica muito aquém do aceitável. A crise da legitimidade do governo e de sua legalidade, com suas leis confusas e nomeações oportunistas, nos ministérios e no Congresso Nacional só aumentam a sensação de impunidade e só fazem aumentar as ações que ferem nossa cidadania e que aceleram o processo de falência que vivemos no Brasil. Há quem podemos recorrer em um momento tão tenso e desigual? Há quem podemos recorrer para o fim deste momento de excesso de violência? As respostas acima deveriam se voltar para o Estado, mas, como sabemos, a ineficiência pública e os interesses políticos e partidários acima e com a conivência das esferas legais se colocam como os grandes obstáculos para o fim de nossas mazelas e de nossos urgentes e graves problemas sociais, ou seja, o aparato legal que deveria resolver tais questões, o Estado, é um dos principais agentes do caos social e um dos principais incentivadores da falência do próprio Estado. Soluções a médio ou longo prazo? Somente para os cegos e possíveis interessados.

A S S A I S T F E I I R O A R N C R E O R V R E A R I T A B S E O R L Ã O

O Estado brasileiro faliu. Na melhor das hipóteses, ele está em um processo de falência que, cada vez mais, parece irreversível e cuja velocidade aumenta a olhos vistos. É possível, partindo das ideias de alguns sociólogos, como do alemão Max Weber, pensar de forma ordenada e clara a falência do Estado em várias de suas esferas e ir além da visão estreita e comprometida daqueles que crêem que isto se deve a um partido político, ideia absurda que satisfaz as pessoas menos exigentes e aquelas que não têm compromisso com a verdade dos fatos e nem com a leitura objetiva e isenta de nosso quadro político. Cabe ao Estado, por exemplo, o monopólio exclusivo da força física, ou seja, somente o Estado pode deter os mecanismos de coação e de coerção ou usar a força física, pois ele o faz quando busca a manutenção da ordem pública e do Bem Comum. É claro, no entanto, que não existe este monopólio já que somos reféns e incentivadores dos processos violentos que fazem parte de nosso cotidiano e que são aceitos e justificados por uma parcela considerável de pessoas que não têm ou não vêem outra saída que não conviver com tal situação. A violência é dividida entre grupos do crime organizado que dominam áreas nas quais o Estado é ausente ou aquelas que o Estado julga irrecuperáveis, somos vítimas da violência do Estado que comete atos de crueldade com seus cidadãos nos hospitais, nas ruas e na esfera jurídica, somos reféns de figuras como os guardadores de carros que nos extorquem nas ruas, somos vítimas de motoristas violentos que descumprem leis que visam proteger a todos nós e que agem com a conivência do Estado que é omisso em sua atribuição de fiscalização, dentre tantos outros exemplos. A barbárie é tamanha que nossos presí-

O francês, para os índios brasileiros

Publicação semanal brasileira fundada nos anos 60 Cofre, em inglês

S A U D I T A

por pedro marcelo galasso

Órgão examinado Espaço pelo mas- de certo tologista parque botânico carioca destinado aos cegos

P E S C A D E B A L E I A S

Estado

Abertura no solo que recebe o ataúde Astatínio Efemi(símbolo) nação

3/art — sif — tie. 4/safe. 6/damice — seller. 9/revérbero.

A falência do

Atividade comercial combatida no mundo, é defendida pelo Japão Idos

© Revistas COQUETEL

Atitude da pessoa Item higiênica avaliado por segu- Amante de Thor no radoras Universo Marvel


4

Jornal do Meio 888 Sexta 17 • Fevereiro • 2017

por Shel Almeida

A nadadora Regina Aguiar já

a ficar mais autoconfiante”, lembra.

é conhecida do Jornal do Meio

Na época, houve quem achasse que

há algum tempo. Participou de

Regina estava apenas em uma boa

duas matérias, uma sobre a Equipe

fase, que essa ascensão repentina era

Zumm de Natação Master e outra so-

algo passageiro. Mas ela tinha algo que

bre talentos da maturidade. Seis anos

sequer imaginava: O talento. Precisou

depois (as matérias saíram em 2010 e

apenas que o olhar de técnico de Igor

2011, respectivamente), e a carreira

a encontrasse.

consolidada, era mais do que merecido que fosse tema de uma nova matéria.

Resultados

Durante esse período, Regina participou

Só em 2016 Regina participou de 86

de provas em campeonatos regionais,

provas individuais e 48 de reveza-

estaduais e nacionais, além de ter

mento. Alcançou o primeiro lugar 37

competido em dois Pan Americanos e

vezes individualmente e outras 14 em

em cinco Sul Americanos,

grupo. Também quebrou recordes em

quebrou recordes, ganhos incontáveis

sua categoria, a 65 +: três brasileiros,

medalhas, diversos troféus e vem pro-

quatro sul americanos e cinco pan ame-

vando que sim, é possível se redescobrir

ricanos. Não há o que duvidar quanto

e se reinventar, seja em qual idade for.

à capacidade da atleta.

Em sete anos de carreira na natação master Regina coleciona títulos e se prepara para o primeiro mundial

“No dia a dia não nos damos conta de Dom

quanto a vida da gente pode mudar por-

A natação entrou efetivamente em sua

que nos envolvemos com outras coisas,

vida por acaso. Educadora física, foi

questões práticas da vida. Mas quando

treinadora de basquete durante anos.

paramos para pensar, analisar e refletir

Aposentada, procurou um esporte de

percebemos o quanto conquistamos,

menor impacto para praticar por conta

quantas pessoas entraram em nossa

de problemas no ombro e joelho. Come-

vida, quantos lugares conhecemos.

çou a treinar sozinha até ser convidada

A natação me proporcionou diversas

por Igor Russi a fazer parte da equipe

coisas, não foram só as competições.

Zumm. Daí em diante a natação mudou

Fiz novas amizades, fui para lugares

sua vida completamente.

que nunca imaginei, ganhei uma grande

“O exemplo que eu gostaria de passar

família dentro do esporte. Acho impor-

para as pessoas é que se você tem um

tante tentar dividir com as pessoas

dom, um talento, ele está com você.

um pouco dessa minha experiência,

Quando fui para o Campeonato Brasileiro

porque pode acontecer com qualquer

pela primeira vez, obtive resultados que

um. A lição que se pode tirar disso é:

nem eu mesma esperava. Eu não tinha

não pare, continue a desenvolver todo

histórico de nadadora. Era esportista,

o talento que você tem. Creio que es-

mas havia feito atletismo e basquete.

tamos aqui só de passagem e o desejo

Eu só pude desenvolver, ou voltar, na

de me tornar uma pessoa melhor e

maturidade. Eu fiz esporte quando era

ajudar o mundo da forma que puder é

jovem, mas depois não pude mais me

o maior de todos os prêmios”, reflete.

Regina lembra de cada competição, de cada medalha. “Um campeonato foi me levando ao outro”.

dedicar a isso porque precisava trabalhar. Como a maioria das pessoas, eu

Mundial

precisei me dedicar ao trabalho. Hoje, a

Aos 67 anos, Regina se encontra em

maioria dos meus colegas são nadadores.

uma fase de olhar para trás e refletir

Do grupo que eu participo eu sou a única

sobre a carreira, mas também de dar

que não fui nadadora. Comecei a nadar

um passo adiante. Ela está se prepa-

por causa das lesões que tenho no ombro,

rando para participar, pela primeira

faço fisioterapia há 15 anos. Hoje eu me

vez, de uma mundial de natação, que

cuido para nadar e nado para me cuidar.

acontece na Hungria, em Agosto. “Esse

Eu preciso de motivação. Às vezes acordo

ano eu decidi que não iria participar

no meio da noite com dor aí eu lembro que

de nenhum brasileiro porque queria

vou nadar e vou me movimentar”, conta.

tentar, pelo menos uma vez, estar em

Na primeira vez que Regina conversou

um mundial. Eu tenho índice para par-

com o Jornal do Meio, a natação ainda

ticipar de todas as provas que costumo

era uma novidade, uma descoberta para

nadar. Mas não é índice para ficar entre

ela. Na época ela estava empolgada com

as três primeiras. Aí o Igor me disse

os resultados que vinha alcançando, mas

‘mas precisa trazer medalha? Quantas

não poderia imaginar que não seria algo

bragantinas já foram para algum mun-

momentâneo, mas constante dali para

dial de natação? Quantas bragantinas

frente.

master já estiveram em algum mundial?’.

“Eu não fazia ideia de tanta coisa

E é verdade, a vida não é só ganhar.

boa que me aconteceria depois. Ir

Eu tenho que aproveitar porque não

para o primeiro brasileiro já foi uma

sei como estarei em alguns anos, se

surpresa, fomos só eu e o Igor. Lá ele

poderia esperar pelo próximo. Estar lá

conheceu um pessoal de Rio Claro que

será uma grande conquista. Mas acho

ia para o Sul Americano no Rio e nos

que tudo acontece como tem que ser.

ofereceram lugar no ônibus. Foi algo

Se eu não tivesse ganhado os campeo-

totalmente inesperado. Nós fomos para

natos interioranos, não teria ido para

conhecer, saber como era participar de

o brasileiro. Se eu não tivesse ido para

um campeonato internacional, nadar

o brasileira, não teria ido para o sul

com atletas de fora. A gente foi sem

americano e pan americano. E agora,

expectativas e eu voltei pendurada

com esses resultados todos, estou

de medalhas. A partir dali eu comecei

animada para ir para o mundial”.

Falta espaço na casa de Regina para tantas medalhas. São 462 no total, divididas entre campeonatos regionais, estaduais, nacionais, sul americanos e pan americanos.

Quebra de recorde a colocou entre as 10 melhores do mundo.


Saúde

Jornal do Meio 888 Sexta 17 • Fevereiro • 2017

Mau hálito

Dentistas apostam no uso de laser contra mau hálito, técnica pode ajudar em casos de falta ou deficiência na produção de saliva, associação de Halitose criou serviço pra avisar anonimamente quem sofre de mau hálito, que atinge 30% da população Por PHILLIPPE WATANABE/FOLHAPRESS

Todo mundo conhece alguém que tem mau hálito. E, se uma pessoa não conhece, há grande chances de ela mesma sofrer desse mal. Também chamado de halitose, a condição afeta 30% da população. Recentemente os dentistas têm investido no uso de lasers para combater essa detestável condição. O mau hálito, de forma geral, é causado por bactérias que se alojam na boca. Elas se associam e formam um agregado, uma espécie de pasta esbranquiçada, principalmente na língua –o biofilme, também chamado de saburra. “Biofilme é uma organização criminosa”, brinca Silvia Pontes, da ABHA (Associação Brasileira de Halitose). Ela apresentou um trabalho relacionado ao tema no Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo, que terminou no último sábado (4). Nada disso, contudo, costuma ser um problema quando há uma boa higiene bucal. “Primeiro higieniza a língua, depois passa o fio dental e, por fim, ocorre a escovação dos dentes”, afirma Vinícius Pedrazzi, professor de odontologia da USP de Ribeirão Preto. Outra “bandida” é a alteração na produção de saliva. Caso o fluido esteja muito gosmento ou apareça em pequena quantidade, o ambiente se torna favorável para a proliferação da quadrilha. “A saliva é o nosso detergente bucal natural”, diz Rosilene Uliana, da comissão de halitose do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo. Especialmente nesses casos de produção alterada de saliva, os lasers têm se mostrado bons combatentes. Eles já são utilizados para outros propósitos na odontologia, como em tratamentos de aftas e de sensibilidade exacerbada dos dentes. No caso do mau hálito, em um dos procedimentos possíveis, o feixe de luz é direcionado às glândulas salivares. Esse laser, em alguma medida, consegue normalizar a produção de saliva. “Tem uma função reparativa”, afirma Pontes. A técnica também pode ser utilizada de forma mais direta para controlar a população de bactérias. Sim, se você imaginou bactérias sendo torradas, como em um jogo de videogame, você chegou perto da ideia do procedimento. Nesta incursão, primeiro o dentista faz a remoção do biofilme presente na língua. Em seguida, passa uma solução (com concentração adequada) de azul de metileno. Por fim, é aplicado o laser de baixa potência na área. Esse procedimento ajuda a matar as bactérias, mantendo as suas populações sob controle. Contudo, segundo os especialistas ouvidos, ainda não é um procedimento muito comum.

SOS MÁU HÁLITO

Essa abordagem mais tecnológica do tratamento da halitose só é utilizada em casos específicos. Os candidatos são pessoas, por exemplo, que tiveram a produção de saliva alterada devido a radioterapias ou que possuem as glândulas salivares atrofiadas. Desse modo, os tratamentos mais tradicionais ainda devem ser os mais utilizados. “Água é um santo remédio”, afirma o professor de odontologia Pedrazzi. Indica-se a ingestão de dois a três litros de água por dia, o que mantém boca e corpo hidratados. Além disso, certos tipos de alimento podem ressecar a boca ou fomentar o crescimento de bactérias –proteínas são um prato cheio para elas. Desse modo, os especialistas afirmam que é importante evitar o consumo excessivo de comidas muito condimentadas, apimentadas e gordurosas. Também, claro, deve-se tomar cuidado com a ingestão de um grande excesso de proteína (carnes e laticínios são ricos no nutriente). Se o dentista não for bem treinado, existe o risco tanto de o tratamento ser inócuo quanto de ser deletério, seja matando bactérias demais (existem aquelas não tão malvadas assim) e até ferindo o paciente, no caso de laser de alta potência aplicado por um período prolongado. Além disso, por serem novos, ainda não se sabe todas as possíveis consequências de longo prazo desses tratamentos. “Algumas modalidades só servem para dar dinheiro e fama para alguns profissionais”, diz Pedrazzi. Quando o tema é mau hálito, existe um tabu a ser quebrado. Como os próprios pacientes não sentem o próprio hálito (por conta da fadiga olfatória –que é acostumar-se a um cheiro), é importante que amigos e parentes cometam a indelicadeza de avisar quem sofre da condição. Para evitar constrangimentos, há até um serviço anônimo de “denúncia”. É o SOS Mau Hálito, da ABHA (www.abha.org.br/sos-mau-halito).

5


6

Jornal do Meio 888 Sexta 17 • Fevereiro • 2017

Fotógrafo brasileiro

vira série do History

‘Zona de Conflito’ mostra trabalho de Gabriel Chaim em campos de refugiados na Síria e no Iraque, durante 2015, atração nacional em oito episódios é documental e mescla filmagens com fotos e arquivo do profissional Por ÚRSULA PASSOS/FOLHAPRESS

O plano era viajar por locais isolados para fotografar como eram as refeições

Para descobrir do que Parwin fugia, Chaim vai até o front de batalha do lado curdo. É

das pessoas. O que Gabriel Chaim descobriu é que a comida era muito parecida

quando um soldado intercepta uma mensagem e descobre que o Estado Islâmico em

nesses lugares. Diferente mesmo era a história de cada um que ele encontrou

breve irá lançar morteiros na direção deles.

pelo caminho.

Escondendo-se às pressas, o brasileiro ainda consegue filmar as explosões, que só param

Se o trabalho gastronômico não deu resultado, serviu para criar no brasileiro o interesse

após um ataque aéreo dos EUA ao Estado Islâmico.

de acompanhar zonas de conflitos e campos de refugiados. Foi assim que, desde 2011,

“Não tenho medo assim, mas é importante sempre ter a neutralidade nessas áreas. Suas

visitou o Irã, cobriu os protestos no Egito, foi preso e deportado da Turquia e esteve nas

convicções políticas podem até mesmo levar à morte em determinados locais”, explica

áreas em guerra na Síria e no Iraque.

o fotógrafo.

Em uma das viagens a esses dois países, em setembro de 2015, gravou sua rotina para

Entre outras medidas de segurança, Chaim não costuma falar da vida pessoal nem da

“Zona de Conflito”, série documental de oito capítulos que o History Channel estreia

mulher e filhos nas redes sociais, apenas publica sobre o próprio trabalho.

neste sábado (4), mesclando as gravações com imagens de arquivo de Chaim e fotos.

Ele conta que já foi ameaçado por uma reportagem que fez sobre fraude nas eleições de

Logo no primeiro episódio, Chaim visita o campo de refugiados Arbat, na região do Cur-

um desses países.

distão iraquiano. Lá conhece Parwin, uma mulher yazidi que havia sido sequestrada pelo

“O embaixador afirmou que minhas informações não eram verdadeiras e, se eu voltasse

Estado Islâmico e vendida várias vezes como escrava antes de escapar.

ao país, ele não garantiria minha segurança”, diz.

“Em pleno século 21, é inimaginável que ainda haja pessoas sendo vendidas como escra-

trump

vas. Isso me emocionou muito”, diz Chaim.

No fim de janeiro, Donald Trump baniu a entrada nos EUA de nascidos em sete países,

Antes de ser pega pelo Estado Islâmico, Parwin vivia na cidade de Sinjar, na fronteira

incluindo Síria e Iraque. “Muros não constroem, eles destroem. Em vez de erguer muros,

com a Síria, que se tornou campo de batalha entre o grupo terrorista e os pershmega, os

deveriam fazer pontes. Com essa medida, ele está fechando a oportunidade de uma

combatentes curdos.

pessoa, refugiada, de buscar a vida”, avalia Chaim. Foto: Divulgação

Gabriel Chaim em front da batalha contra o Estado Islâmico no Iraque.


Saúde

Jornal do Meio 888 Sexta 17 • Fevereiro • 2017

7

Protetor solar Bebês de até 6 meses de idade não podem usar protetor solar por GISLAINE GUTIERRE/FOLHAPRESS Arte: Folhapress

Médicos explicam que pele é muito sensível e imunidade ainda é baixa. Risco é haver alergia e irritação Bebês de até seis meses de idade não podem receber nenhum tipo de protetor ou bloqueador solar sobre a pele. Há risco de irritação, alergia e até de queimaduras provocadas por agentes químicos do produto. “Nessa idade, o ideal é que nem fique exposta ao sol”, diz Claudio Wulkan, dermatologista do Hospital Israelita Albert Einstein. O médico explica que a pele do bebê é muito sensível e seu sistema imunológico (de defesa) ainda é frágil. Por isso, se tiver de sair com o bebê, os médicos recomendam vesti-lo com roupas frescas, mas que deem boa cobertura ao corpo, deixá-lo com chapéu, e, se estiver no carrinho, que seja estendida a tampa, de modo que faça sombra maior. Colocar um paninho limpo e levar sobre o rosto do bebê também ajuda. “É habito dos antigos que dá supercerto”, diz o dermatologista. “Antigamente não havia filtro solar”, diz Wulkan. O pediatra Nelson Douglas Ejzenbaum, da Sociedade Brasileira de Pediatria, diz que cuidados especiais se estendem a crianças com até seis anos de idade. A partir dos seis meses e até os dois anos de idade, as crianças precisam usar produto específico para bebês. “São os filtros do tipo ‘baby’. Eles funcionam como uma barreira física, rebatendo os raios solares. São mais densos, também”, explica Ejzenbaum. Para crianças de 2 a 6 anos, a opção é o produto infantil, que também pode funcionar um pouco mais parecido com o dos adultos, absorvendo os raios do sol, sem prejudicar a pele. “As pessoas se esquecem e passam o mesmo protetor na família toda. Não pode”, diz o pediatra. Ele afirma que o FPS (fator de proteção solar) não precisa mudar conforme o tom de pele do bebê: o importante é que todos devem usar FPS acima de 30. “O acima de 30 protege 97% da radiação, o de 70, 98,5%”, diz Wulkan. Ficar minutos ao sol é bom para a saúde Alguns minutos ao sol, fora do horário de pico, entre as 12h e as 15h (entre as 13h e as 16h, no horário de verão), e sem protetor solar, é bom para produzir vitamina D “Bebês de até seis meses podem ficar uns 5 minutos”, diz o dermatologista Claudio Wulkan, do hospital Albert Einstein. “Mas o leite materno também é fonte de vitamina D”, avisa. Crianças maiores podem ficar de 10 a 15 minutos sob o sol.


8

Jornal do Meio 888 Sexta 17 • Fevereiro • 2017


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.