Braganรงa Paulista
Sexta 24 Marรงo 2017
Nยบ 893 - ano XV jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
2
Para pensar
Jornal do Meio 893 Sexta 24 • Março • 2017
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919
A água,
E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br
a mulher e Jesus por Mons. Giovanni Baresse
Temos todos a consciência
na expressão “água viva”. Não é
que o primeiro milagre do Senhor
momentos da vida do Senhor.
que a água é vida. Não cui-
estranha na Bíblia a utilização da
tenha acontecido num casamento
Muitas mulheres tiveram presença
damos bem dela, mas isso
imagem do casamento para falar
em Caná. A transformação da água
importante no seu ministério e,
não quer dizer que não saibamos
da aliança de Deus (esposo) com
em vinho é um adiantamento do
como todos sabemos, foram as
da sua importância. Talvez pela
seu povo (esposa). João quer atu-
que seria o anúncio da água viva.
primeiras testemunhas do Senhor
abundância que sempre tivemos e
alizar essa imagem, aplicando-a a
Jesus é aquele que transforma a
ressuscitado. Esta realidade,
ainda temos. Temos sido alertados
Jesus e ao novo povo que nascerá
limitação humana em plenitude.
que marca a presença feminina
que devemos cuidar melhor desse
a partir da conversão a ele. No
Lá onde parece haver situação
no seguimento de Jesus, deve
bem imprescindível. Faz alguns anos
quadro da Samaritana vai sendo
sem solução e sofrimento pro-
ser sempre mais valorizada. Até
passamos pela crise de sua falta.
tecido como que um desenho
longado ele é aquele que sacia a
seria importante perguntar como
Até aprendemos a gastar e cuidar
espiralado onde cada detalhe vai
sede humana. À luz do evangelho
seria a igreja sem a presença da
melhor! Nós, no Brasil, todavia,
sendo aclarado pelo seguinte. E
da Samaritana vale lembrar a
mulher. Não é à toa que o Papa
temos dificuldade em perceber
do pedido de Jesus, caminha-se
presença da mulher em muitos
Francisco tem falado muito na
que a água poderá um dia faltar.
para a firmação que ele tem uma
Temos um grande patrimônio de
outra água capaz de aplacar a
rios e aquíferos. Penso que países
sede para sempre. A mulher que
desérticos responderiam melhor ao
deve, todos os dias carregar o
apelo do cuidado que se deve ter.
cântaro, se entusiasma: dá-me
Pensando nisto tomei a primeira
dessa água”! Jesus lhe diz para
leitura do terceiro domingo da
buscar o marido. Ela se encabula,
quaresma como pano de fundo
mas diz que não tem marido. O
para lembrar a ação divina que
Senhor lhe fala: “É verdade, você
acontece durante a caminhada
já teve muitos. O de agora não é
dos fugitivos, encabeçados por
seu marido”! O diálogo esclare-
Moisés, da escravidão egípcia.
cedor com Jesus a faz caminhar
Tendo uma somatória de gestos
da surpresa do pedido de Jesus à
que deixavam clara a ação divina,
afirmação de que ele é o Messias.
relativa à libertação do seu povo,
E ele, o Messias tem poder de
quando a água faltou no deserto
dar a “água viva”! Neste quadro
começou a reclamação: “Deus
evangélico João faz a catequese
nos tirou do Egito para nos matar
como o esposo que sacia a sede
de sede”!
de vida e de amor do seu povo.
De um fato que faz parte da
Tal como no Antigo Testamento
epopeia mosaica, o evangelista
Deus fez Aliança irrevogável com
João coloca a moldura para falar,
Israel. Aliança que nem sempre
também, da água. Narra o encon-
teve resposta fiel por parte do
tro, à beira de um poço, de Jesus
povo, mas Deus sempre o buscou
com uma mulher da Samaria. À
(recomendo a leitura do profeta
época não era de bom tom um
Oséias que ajuda a entender o
homem conversar com uma mu-
amor que não se cansa apesar
lher sozinha. Muito menos um
das infidelidades). O povo judeu
judeu falar com samaritano. A
fez alianças com muitos povos
Samaria era considerada quase
pagãos adorando seus deuses e
pagã por conta da miscigenação
desgarrando-se da Lei do Senhor.
que ocorreu na formação de seu
No evangelho João recordandondo
povo devido a proximidade da
o quadro da história passada e
Fenícia, da Síria, da Arábia e que
vai colocando o fundamento da
ocasionou casamentos mistos.
razão pela qual Jesus se torna a
Jesus pede água. Era meio dia.
razão para encontrar o sentido da
A mulher se surpreende. Inicia-
fidelidade que leva à Vida. E não
-se um diálogo que desemboca
deixa de ser sintomático o fato de
Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
valorização de sua presença no caminhar do Povo de Deus. Sem a ternura do seu coração não compreenderíamos o que significa o Amor e nem entenderíamos o que significa Fidelidade! Foto: Divulgação
Reflexão e Práxis
3
Jornal do Meio 893 Sexta 24 • Março • 2017
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
Complexo vitamínico vendido em drágeas Cópia genética de um organismo
Indica o leste na rosa dos ventos Ovas de esturjão Substância amilácea de mingau (pl.) Que dura a existência
Diversão popular nos EUA Entidade lendária das florestas (BR)
"Doctor", em PhD Prato típico da cozinha mexicana
Mais à frente Proteção (fig.)
Tecido de suéteres e meias Sentimento na base do crime racial
Forma de tratamento de freiras
O mundo oposto ao onírico Preposição de origem Hiato de "coar"
Comitê Tempero Olímpico de sabor Internaciopicante nal (sigla)
Suspense de Alfred Hitchcock (1969)
Jogo de tabuleiro, com dados
(?) falho, conceito da teoria freudiana
Cenário, em inglês Aristóteles, em relação a Alexandre Magno
Cifra equivalente à nota sol (Mús.) Autor (abrev.) Deus, em italiano
Diz-se da linguagem das sátiras
Classe (?): a elite econômica
Veste tradicional da mulher taitiana
Capital da Ucrânia A 3a letra grega Administrou 2.000, em romanos
Nesse lugar
Peça que apaga fitas magnéticas
(?) da Europa: a Alemanha, por sua economia vigorosa
BANCO
Mar da ba- Metal do cia do Me- grupo das diterrâneo terrasraras (símbolo)
2
Solução M
O
G O V C
M O R R O L S I C D I A D E E S T A R M A G M Ã M O
A U T O E O G K E R I E T I V C
I N I C I A R
O
C H L O N T E A S M
R A T U R A T
E
N O B E L D E L I
a qualquer preço e sob quaisquer práticas, mesmo que isso signifique oferecer um alimento de péssima qualidade para crianças. É provável que qualquer pessoa mais atenta já tenha ouvido rumores sobre a qualidade dos produtos vendidos no Brasil ou se questione quanto a falta de um maior cuidado na fiscalização de indústrias e comércios. Por ora, é possível dizer que não há mais dúvidas – alguns produtos oferecidos à população eram sim de péssima qualidade e vendidos de forma consciente, criminosa e irresponsável para camadas enormes da população. No entanto, as indústrias e os conglomerados industriais citados nas investigações já se defendem com suas propagandas na TV aberta que garantiriam o zelo e o cuidado com sua produção. Talvez até lancem uma campanha com preços baixos para “provar” a todos suas boas intenções e sua suposta qualidade e, o que não seria novidade, tal ação de marketing esclarecia tudo sem mudar nada. No momento delicado que vivemos no Brasil, este escândalo, como tantos outros, pode desaparecer diante de tantos problemas e questões controversas que nossos péssimos e nossas péssimas representantes têm criado para a pessoa comum que se vê a mercê de ações questionáveis e que nem de longe tratam ou resolvem questões mais urgentes e significativas e a questão da carne é só mais uma dentre tantas outras. Não nos esqueçamos que a maior bancada do Congresso Nacional é a notória e oportunista Bancada Ruralista, a mais numerosa e mais longeva bancada do Congresso, e que irá defender com unhas e dentes seus interesses ainda que eles custem o bem estar de todos nós.
Rua (abrev.)
L E R R V I A I B A G U T A L Ã A A S I O R T M Ã O Ã P A D A Z I I O C O
Como definir o que é podridão? Segundo os dicionários, podridão é o estado de pobre, é a degradação, a corrupção, uma condição desagradável dentre inúmeras outras leituras, mas, na última semana, no Brasil não mudamos o sentido da palavra o que fizemos, entretanto, foi dar a ela outra escala ou uma nova dimensão. Um novo escândalo, de proporções e consequências mais que funestas, se abate sobre todos nós e cria problemas para uma das áreas econômicas mais significativas em nossa balança comercial e em um dos setores que mais empregam no país. As investigações do Ministério Público e da Polícia Federal mostraram as ações criminosas praticadas por grades indústrias e conglomerados industriais no setor de carnes que vão desde a utilização de alimentos podres até a mistura de papelões e outras tantas substâncias na venda e na produção de diversos produtos alimentícios. A questão é tão urgente e séria que a União Europeia e os EUA, dois grandes compradores dos produtos brasileiros, convocaram uma reunião de emergência com representantes do governo brasileiro e dos conglomerados industriais para exigir explicações e a identificação dos lotes de produtos sob suspeitas de ferirem tratados de qualidade e de conservação de produtos para a exportação. Algo parecido pode ser exigido pela China que, nos últimos anos, se tornou uma grande compradora da carne brasileira. Isso sem contar aquilo que foi, irresponsavelmente, produzido e comercializado no mercado interno brasileiro que, habitualmente, fica com o que não é exportado por não se enquadrar nas normas e nas exigências internacionais. A visão e o áudio de alguns empresários responsáveis pela produção de alimentos destinados à merenda escolar, por exemplo, é tão vexatória que nos faz pensar a que ponto chega a ganância de algumas pessoas na busca insana e criminosa de lucros
Lentidão
Prêmio de José Saramago, Albert Camus e John Steinbeck Chefe de James Começar Bond (Cin.)
T A R S I L A D O A M A R A L
por pedro marcelo galasso
© Revistas COQUETEL
Livro em que Thomas Hobbes defende um governo forte (1651) Advogados medíocres
3/dio — set. 4/gama — kiev. 5/tutor. 7/topázio. 8/estragão. 10/locomotiva.
Podridão
Pintora cuja tela "Abaporu" inaugurou o Movimento Antropofágico (1928) Crime de que é acusada a Al Qaeda
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
Casas em Condomínio
Jd. das Palmeiras...........................................................................................................R$ consulte-nos Sunset Village (Nova) 4 Suítes........................................................................................R$ consulte-nos Euroville (nova).............................................................................................................R$ consulte-nos Portal de Bragança (nova) - 3 Suítes, Churr. + Piscina......................................................R$ consulte-nos Village Santa Helena - 4 Suítes, Piscina + Churr. + Sauna..............................................R$ consulte-nos Portal Bragança Horizonte (nova) - 3 Suítes + Espaço Gourmet c/ Churr...........................R$ consulte-nos Casa Praia de São Sebastião (Troca por casa em Condomínio)...........................................R$ consulte-nos Rosário de Fátima ( Ac imóvel – valor)............................................................................R$ consulte-nos
Terrenos em Condomínio
Villa Real 428m²............................................................................................................R$ consulte-nos Colinas de São Francisco (Vários)....................................................................................R$ consulte-nos Terras de Santa Cruz 771m²............................................................................................R$ consulte-nos Portal Bragança Horizonte (Vários).................................................................................R$ consulte-nos Portal Bragança (Vários)................................................................................................R$ consulte-nos Euroville (Vários)...........................................................................................................R$ consulte-nos
Apartamentos
Ed. Piazza de Siena(Em frente ao Clube de Campo)..........................................................R$ consulte-nos Ed. San Marino (Jardim Público).....................................................................................R$ consulte-nos Apto. Centro (novo).......................................................................................................R$ consulte-nos Apto. Jd Nova Bragança ( Alto Padrão 230m² 3vagas)...................................................... R$ Consulte-nos Lançamento Ed. Dr. Tartari (Centro)................................................................................R$ consulte-nos
Diversos
Casa Jd. América (Vende/Aluga).....................................................................................R$ consulte-nos Terreno Jd do Lago Comercial 600m² com terra planagem feita........................................R$ consulte-nos Imóvel Comercial AV. Norte-Sul......................................................................................R$ consulte-nos Casa Centro, 2 Garagens.................................................................................................R$ consulte-nos Sala Euroville Office Premium (Vende/Aluga).................................................................R$ consulte-nos
4
Jornal do Meio 893 Sexta 24 • Março • 2017
por Shel Almeida
A fim de contribuir com a redução
porque todo mundo começou a fazer su-
com novas ideias, porque indústria é isso,
maio, que será melhorado ao longo dos
do lixo descartado que é dire-
gestões, foi uma explosão de ideias que
nunca se está satisfeito com o produto
semestres. A nossa intenção, ao divulgar,
cionado para aterros sanitários
resultou no projeto. Agora, com quase tudo
final, sempre há o desejo de se melhorar.
é social, a fim de que possamos receber
de forma que também possa colaborar
definido, é possível perceber como já está
Os alunos estão muito empenhados nisso.
apoio, para que, dessa forma, o projeto
efetivamente com o trabalho realizado
diferente dos carrinhos que vemos pelas
No momento temos o projeto escrito e
saia do papel e possa trazer benefícios
por coletores independentes, a turma
ruas e também da ideia inicial”, analisa.
o protótipo, teremos o projeto base em
reais para a cidade”, fala.
do curso de Engenharia de Produção do turno noturno da Universidade São Fran-
Prática Social
cisco, Campus Bragança Paulista, está
De acordo com a Coordenadora Prof.
desenvolvendo o projeto “Carro Coletor
Suzana, os projetos integrados desenvol-
de Lixo Reciclável”, cujo slogan “Colete
vidos dentro do curso tiveram início em
essa ideia”, representa o que pretendem
2016. O objetivo é o de fomentar aulas
a longo prazo: conscientizar a sociedade
práticas para gerar mais envolvimentos
quanto à necessidade da reciclagem. O
dos alunos integrando as disciplinas do
Jornal do Meio teve a oportunidade de
semestre. No entanto, uma preocupação
conversar com parte da equipe, a Coor-
sempre foi a de unir isso à prática social,
denadora e Professora do Curso de En-
criando projetos que pudessem trazer
genharia de Produção, Suzana Aparecida
algum benefício à comunidade local. Foi
Gonçalves Pádua Lima; a Professora do
assim com o projeto de uma máquina para
Curso de Engenharia de Produção, Cami-
a fabricação de sabão, que recicla óleo
la Cristina Mastrangi Goes, e os alunos
de cozinha e também com o projeto de
Lucas Matheus Candido, Kleber Ohira
uma máquina de fabricação de fraldas.
e Amelia Meylan Inafuko Tan. Segundo
De acordo com Prof. Suzana, o excesso
eles, o trabalho trata de um dos maio-
do óleo que conseguem arrecadar é ven-
res desafios enfrentados pelos grandes
dido e, a partir disso, conseguem adquirir
centros urbanos brasileiros: a coleta e
insumos para a produção das fraldas, que
destino ambiental, menos impactante,
são doadas ao asilo Vila São Vicente de
de resíduos sólidos recicláveis. O proje-
Paulo e ao abrigo para crianças Lar da
to se enquadra na etapa de transporte,
Bênção. Essas duas instituições também
associada com a fase de coleta e acon-
são beneficiadas com o projeto voluntá-
dicionamento. De acordo com a equipe,
rio chamado “Engenheiros do Bem” que
a adoção de veículos motorizados, além
oferece um café da tarde com atividades
de aumentar a capacidade de carga e
recreativas para os internos dos lares.
também a produtividade no transporte
Prof. Suzana conta que nas primeiras
de resíduos, evita a fadiga do esforço
ações a turma alugou carrinhos de chur-
humano e/ou animal, promovendo o
ros e algodão doce, mas agora os alunos
conforto dos envolvidos.
desenvolveram os próprios carrinhos.
Projeto Integrado
E, nessa questão, a professora Camila propõe novas adaptações ao veículo de
O veículo coletor é um dos projetos in-
coleta. “Nós vamos montar um veículo
tegrados desenvolvidos dentro da grade
e apresentar em maio. Mas, eu acho que
curricular do curso. A ideia partiu de
esse projeto ainda pode ser melhorado.
Lucas, que percebeu a dificuldade que
Dá para pensarmos em colocar suspen-
os coletores de lixo enfrentam para subir
são e marcha, por exemplo. Afinal, se o
ou mesmo descer as ladeiras de Bragan-
nosso objetivo é social, então temos que
ça, com os carrinhos simples. “Às vezes
pensar no bem estar do coletor. Talvez
eles forçam o próprio corpo para tentar
possa parecer ambicioso agora, mas
frear, além de existir a insegurança de
temos o sonho de montar uma linha de
estar transitando entre os carros, sem
produção desse veículo para que, no fu-
proteção. Conversando com um deles,
turo, todos os coletores de lixo reciclável
descobri que o mais importante para a
da cidade tenham acesso. Sabemos hoje
adaptação do veículo seria mesmo o freio,
que algumas empresas estão disponíveis
que poderia oferecer mais segurança.
para nos apoiar, mas precisamos de mais.
No projeto que elaboramos, o veículo
É um processo e eu espero que nunca
tem freio e freio de mão, além de uma
termine, que possamos sempre melhorar
estrutura com banco, pedal e cobertu-
Suzana (Coordenadora), Amelia, Kleber, Camila (Professora) e Lucas. Parte da equipe do projeto de veículo para coleta de recicláveis que visa oferecer bem estar e segurança a coletores.
Protótipo do veículo de coleta de reciclagem tem freio, freio de mão, banco, cobertura e pedal. Projeto pretende estimular a reciclagem a partir da melhoria do trabalho de coletores.
ra. Também iremos trabalhar nas cores e tamanho. Dessa forma será possível coletar mais material e oferecer mais segurança nas coletas noturnas, com a sinalização adequada”, explica. Segundo o projeto, o design do veículo foi pensado de forma que o espaço seja aproveitado integralmente. No caso da direção, foi projetada de maneira que garanta ao condutor desempenhar movimentos simples e precisos. O peso total do veículo também foi minimizado para não interferir no desempenho. Além disso, foram levados em consideração parâmetros de segurança para evitar acidentes com o condutor ou terceiros. Lucas conta que assim que propôs a ideia do veículo à turma, todos aderiram “Logo que eu lancei a proposta me surpreendi,
Ideia do projeto partiu da vontade de oferecer mais segurança ao coletores e maior aproveitamento da coleta.
Informática & tecnologia
Jornal do Meio 893 Sexta 24 • Março • 2017
5
Redes sociais Política usa redes sociais para alimentar neuroses
Por RONALDO LEMOS/FOLHAPRESS
Em 2013, um pesquisador da Universidade de Cambridge chamado Michal Kosinski escreveu um estudo seminal. Ele demonstrou que era possível prever a personalidade de uma pessoa com base nas suas atividades na internet, como “likes” em redes sociais. Com a análise de 10 likes era possível conhecer uma pessoa melhor do que seus colegas de trabalho. Com 70, melhor que seu melhor amigo. Com 150, melhor que os pais. Com 300, o modelo conseguia prever o comportamento melhor que o marido ou mulher. Com um pouco mais de likes, era possível conhecer a pessoa melhor do que ela mesma. Kosinski criou então um modelo chamado OCEAN, que divide as personalidades em grandes grupos. Cada letra corresponde a um tipo psicológico. “O” corresponde à abertura para a inovação (Openness). “E”, a extroversão (Extroversion). “N” é neurose (Neuroticism), caracterizada por “mudanças bruscas de humor e emoções como culpa, raiva, ansiedade e depressão”. Kosinski foi logo procurado para licenciar seu modelo para empresas especializadas em marketing político. Preocupado com as consequências que o uso do modelo poderia trazer, negou as ofertas. No entanto, um outro professor de Cambridge,
Aleksandr Kogan, pegou o método de Kosinki e reconstruiu do zero seus dados. Para isso, pagou em dinheiro um grande número de pessoas para se submeterem ao questionário do método OCEAN e compartilharem seus dados de redes sociais com sua empresa. Nascia então a tão falada Cambridge Analytica, à qual muitos atribuem a bem-sucedida campanha de Donald Trump. A empresa alimenta uma gigantesca base de dados capaz de identificar que tipo de mensagem é mais eficaz para cada tipo de personalidade. Ensina, por exemplo, a falar com neuróticos. A pessoa neurótica é especialmente sensível a mensagens baseadas em sentimentos primários, como medo e ódio. Além disso, desenvolve “visão em túnel”, só enxergando o que está imediatamente à sua frente e perdendo a capacidade de analisar contextos. Fica sensível a manchetes bombásticas que mexem com suas emoções, sem se preocupar em checar se aquilo é verdadeiro. Isso cria um círculo vicioso. As mensagens criadas para neuróticos alimentam ainda mais sua neurose. Esse filme é familiar para nós. A situação política e econômica conjugada com a crise de lideranças gerou níveis sem precedentes de neurose no país. O desafio para qualquer pessoa minimamente ética envolvida em
comunicação pública hoje, seja para fins de marketing ou fins políticos, é descobrir como falar com neuróticos sem alimentar ainda mais nossa neurose coletiva. Um dos caminhos para sairmos do atoleiro
é diminuir o “N”, propenso à estagnação, e promovermos o “O”, propenso a soluções. Temos a tarefa coletiva de quebrar o ciclo de neurose. Precisamos de uma psicoterapia de abrangência nacional. Foto: Divulgação
6
Antenado
Jornal do Meio 893 Sexta 24 • Março • 2017
Pai País, Mãe Pátria
Ensaio revela, por contraste, o acanhamento de nossa crítica, laços de família e busca identitária são centro de livro de José Carlos Avellar Por LAURA ERBER/FOLHAPRESS
Quem passou a acompanhar a crítica
se autodefinem teórica e historicamente.
da crítica e a delicadeza da percepção
percursos entre as especificidades da
de cinema nos anos 1990 terá do gesto
O leitor talvez sinta falta da incursão pelas
do crítico cinéfilo -”cinefilho” diria Ser-
linguagem artística de que se ocupa e o
crítico uma imagem conformada à
pequenas produções independentes e pelas
ge Daney- que era Avellar, aquele que
imaginário cultural, político e social que
divisão tradicional entre reflexão e prática.
realizações de gerações mais jovens. Mas
exercia a crítica como intensificação da
aquela projeta e mobiliza.
De um lado, críticos que pensam e julgam,
poucos críticos conseguem revelar, por
consciência nascida do interior das obras
do outro, cineastas que fazem.
contraste, o acanhamento acadêmico e o
e seu conjunto.
A essa antiga dicotomia se opõe claramente
espírito de “resenhismo” que caracteriza a
O crítico como especialista não é e aquele
PAI PAÍS, MÃE PÁTRIA
o livro de José Carlos Avellar “Pai País, Mãe
crítica de cinema atual, em geral incapaz
que se fecha nas polêmicas de seu cam-
QUANTO: R$ 34,90 (152 págs.)
Pátria”. Nesse longo ensaio, Avellar (1936-
de análises mais panorâmicas e atrevidas.
po, mas precisamente aquele intelectual
AUTOR: José Carlos Avellar
2016) se reconecta com a inventividade
O que fica desse livro é a potência literária
capaz de criar uma abertura, criando
EDITORA: Instituto Moreira Salles
reflexiva dos textos que publicava no “Jornal
Foto: Divulgação
do Brasil” na década de 70 e mostra que o exercício crítico, longe de ser só suspensão reflexiva, é outra maneira de fazer cinema. No convívio prolongado com personagens, Avellar lida com as imbricações entre o excesso e a falta do pai, o colapso e sequestro das mães, a busca pelo país e as feridas identitárias de que se ocupou o cinema brasileiro recente. Toma os precários e violentos laços de família como problema fundamental do nosso imaginário fílmico, indo da análise da personagem órfã à questão da orfandade cultural e dos efeitos da colonização no plano simbólico macro e no microplano afetivo, do olhar e da fala. A grande sensibilidade de Avellar para um tipo de escuta temática e seu modo de destacar cenas, falas e gestos -fazendo com esses fragmentos seu próprio cinemapermite uma abordagem mais criativa e menos amarrada à moldura genérica. É produtiva a visão do conjunto desses filhos que, em sua busca, gestam e geram os pais -seja em “Central do Brasil”, de Walter Salles, seja nos documentários “Os Dias com Ele”, de Maria Clara Escobar, “Rocha que Voa”, de Eryk Rocha e “Diário de Uma Busca”, de Flávia Castro. Se por vezes insiste demais na vinculação dos filmes da retomada ao cinema novo -herdeiros temáticos que remeteriam à literatura de Graciliano Ramos- o estilo crítico de Avellar é coerente com uma reflexão sobre os limites da historiografia tradicional, que tende a enclausurar os movimentos de vanguarda na forma como
“Central do Brasil” é um dos filmes comentados no ensaio
Saúde
Jornal do Meio 893 Sexta 24 • Março • 2017
7
Anticoncepcional Anticoncepcional errado pode causar danos graves à saúde. por TATIANA CAVALCANTI/FOLHAPRESS
Métodos são seguros, mas, sem orientação médica, mulher corre risco de sofrer males como AVC e trombose Todas as mulheres podem usar métodos anticoncepcionais para evitar uma gravidez indesejada. As opções que existem hoje são seguras, mas escolher um por conta própria, sem passar pelo médico, pode colocar a mulher sob risco de desenvolver doenças graves, como AVC (acidente vascular cerebral) e trombose. As pílulas não são a única opção. Além delas, há outras baseadas no uso de hormônios, como injeção e implante sob a pele. Outras alternativas são as chamadas barreiras físicas (diafragmas, DIU de cobre e camisinha). É o médico quem vai ajudar a achar a melhor opção. “Já na consulta, a paciente deve informar o histórico familiar de doenças e alertar sobre hábitos de vida, como tabagismo e sedentarismo”, diz a ginecologista e obstetra Angélica Sales Barcelos, professora de medicina da Faculdade Santa Marcelina. A médica explica que fatores como obesidade e vício em cigarro, associados a anticoncepcionais hormonais aumentam, por exemplo, os riscos de trombose, AVC, pressão alta e diabetes. “Tudo depende se a paciente tem doenças pré existentes. Por isso, cada caso é um caso. Você não pode ir na farmácia comprar o remédio que sua vizinha toma. Nem sempre o que é bom para ela é para você”, afirma a ginecologista. Carla Martins, diretora do Centro de Reprodução Humana FertilCare Brasília, dá um exemplo. “Uma mulher que tenha enxaqueca, e não dor de cabeça, o que é bem diferente, pode ter AVC. As chances aumentam quatro vezes. Há risco de trombose também, mas na gravidez pode aumentar bemmais.” O anticoncepcional tende a mudar conforme a idade da mulher avança. Exames rotineiros, e específicos, ajudam na avaliação mais precisa. Os riscos não devem impedir a mulher de usar métodos contraceptivos. “Toda mulher deve usar se não pretende engravidar. Mas é fundamental ter a recomendação do médico”, diz a ginecologista Angélica.
Arte: Folhapress
8
Jornal do Meio 893 Sexta 24 • Março • 2017