893 Edição 24.03.2017

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Braganรงa Paulista

Sexta 24 Marรงo 2017

Nยบ 893 - ano XV jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


2

Para pensar

Jornal do Meio 893 Sexta 24 • Março • 2017

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919

A água,

E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br

a mulher e Jesus por Mons. Giovanni Baresse

Temos todos a consciência

na expressão “água viva”. Não é

que o primeiro milagre do Senhor

momentos da vida do Senhor.

que a água é vida. Não cui-

estranha na Bíblia a utilização da

tenha acontecido num casamento

Muitas mulheres tiveram presença

damos bem dela, mas isso

imagem do casamento para falar

em Caná. A transformação da água

importante no seu ministério e,

não quer dizer que não saibamos

da aliança de Deus (esposo) com

em vinho é um adiantamento do

como todos sabemos, foram as

da sua importância. Talvez pela

seu povo (esposa). João quer atu-

que seria o anúncio da água viva.

primeiras testemunhas do Senhor

abundância que sempre tivemos e

alizar essa imagem, aplicando-a a

Jesus é aquele que transforma a

ressuscitado. Esta realidade,

ainda temos. Temos sido alertados

Jesus e ao novo povo que nascerá

limitação humana em plenitude.

que marca a presença feminina

que devemos cuidar melhor desse

a partir da conversão a ele. No

Lá onde parece haver situação

no seguimento de Jesus, deve

bem imprescindível. Faz alguns anos

quadro da Samaritana vai sendo

sem solução e sofrimento pro-

ser sempre mais valorizada. Até

passamos pela crise de sua falta.

tecido como que um desenho

longado ele é aquele que sacia a

seria importante perguntar como

Até aprendemos a gastar e cuidar

espiralado onde cada detalhe vai

sede humana. À luz do evangelho

seria a igreja sem a presença da

melhor! Nós, no Brasil, todavia,

sendo aclarado pelo seguinte. E

da Samaritana vale lembrar a

mulher. Não é à toa que o Papa

temos dificuldade em perceber

do pedido de Jesus, caminha-se

presença da mulher em muitos

Francisco tem falado muito na

que a água poderá um dia faltar.

para a firmação que ele tem uma

Temos um grande patrimônio de

outra água capaz de aplacar a

rios e aquíferos. Penso que países

sede para sempre. A mulher que

desérticos responderiam melhor ao

deve, todos os dias carregar o

apelo do cuidado que se deve ter.

cântaro, se entusiasma: dá-me

Pensando nisto tomei a primeira

dessa água”! Jesus lhe diz para

leitura do terceiro domingo da

buscar o marido. Ela se encabula,

quaresma como pano de fundo

mas diz que não tem marido. O

para lembrar a ação divina que

Senhor lhe fala: “É verdade, você

acontece durante a caminhada

já teve muitos. O de agora não é

dos fugitivos, encabeçados por

seu marido”! O diálogo esclare-

Moisés, da escravidão egípcia.

cedor com Jesus a faz caminhar

Tendo uma somatória de gestos

da surpresa do pedido de Jesus à

que deixavam clara a ação divina,

afirmação de que ele é o Messias.

relativa à libertação do seu povo,

E ele, o Messias tem poder de

quando a água faltou no deserto

dar a “água viva”! Neste quadro

começou a reclamação: “Deus

evangélico João faz a catequese

nos tirou do Egito para nos matar

como o esposo que sacia a sede

de sede”!

de vida e de amor do seu povo.

De um fato que faz parte da

Tal como no Antigo Testamento

epopeia mosaica, o evangelista

Deus fez Aliança irrevogável com

João coloca a moldura para falar,

Israel. Aliança que nem sempre

também, da água. Narra o encon-

teve resposta fiel por parte do

tro, à beira de um poço, de Jesus

povo, mas Deus sempre o buscou

com uma mulher da Samaria. À

(recomendo a leitura do profeta

época não era de bom tom um

Oséias que ajuda a entender o

homem conversar com uma mu-

amor que não se cansa apesar

lher sozinha. Muito menos um

das infidelidades). O povo judeu

judeu falar com samaritano. A

fez alianças com muitos povos

Samaria era considerada quase

pagãos adorando seus deuses e

pagã por conta da miscigenação

desgarrando-se da Lei do Senhor.

que ocorreu na formação de seu

No evangelho João recordandondo

povo devido a proximidade da

o quadro da história passada e

Fenícia, da Síria, da Arábia e que

vai colocando o fundamento da

ocasionou casamentos mistos.

razão pela qual Jesus se torna a

Jesus pede água. Era meio dia.

razão para encontrar o sentido da

A mulher se surpreende. Inicia-

fidelidade que leva à Vida. E não

-se um diálogo que desemboca

deixa de ser sintomático o fato de

Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

valorização de sua presença no caminhar do Povo de Deus. Sem a ternura do seu coração não compreenderíamos o que significa o Amor e nem entenderíamos o que significa Fidelidade! Foto: Divulgação


Reflexão e Práxis

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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

Complexo vitamínico vendido em drágeas Cópia genética de um organismo

Indica o leste na rosa dos ventos Ovas de esturjão Substância amilácea de mingau (pl.) Que dura a existência

Diversão popular nos EUA Entidade lendária das florestas (BR)

"Doctor", em PhD Prato típico da cozinha mexicana

Mais à frente Proteção (fig.)

Tecido de suéteres e meias Sentimento na base do crime racial

Forma de tratamento de freiras

O mundo oposto ao onírico Preposição de origem Hiato de "coar"

Comitê Tempero Olímpico de sabor Internaciopicante nal (sigla)

Suspense de Alfred Hitchcock (1969)

Jogo de tabuleiro, com dados

(?) falho, conceito da teoria freudiana

Cenário, em inglês Aristóteles, em relação a Alexandre Magno

Cifra equivalente à nota sol (Mús.) Autor (abrev.) Deus, em italiano

Diz-se da linguagem das sátiras

Classe (?): a elite econômica

Veste tradicional da mulher taitiana

Capital da Ucrânia A 3a letra grega Administrou 2.000, em romanos

Nesse lugar

Peça que apaga fitas magnéticas

(?) da Europa: a Alemanha, por sua economia vigorosa

BANCO

Mar da ba- Metal do cia do Me- grupo das diterrâneo terrasraras (símbolo)

2

Solução M

O

G O V C

M O R R O L S I C D I A D E E S T A R M A G M Ã M O

A U T O E O G K E R I E T I V C

I N I C I A R

O

C H L O N T E A S M

R A T U R A T

E

N O B E L D E L I

a qualquer preço e sob quaisquer práticas, mesmo que isso signifique oferecer um alimento de péssima qualidade para crianças. É provável que qualquer pessoa mais atenta já tenha ouvido rumores sobre a qualidade dos produtos vendidos no Brasil ou se questione quanto a falta de um maior cuidado na fiscalização de indústrias e comércios. Por ora, é possível dizer que não há mais dúvidas – alguns produtos oferecidos à população eram sim de péssima qualidade e vendidos de forma consciente, criminosa e irresponsável para camadas enormes da população. No entanto, as indústrias e os conglomerados industriais citados nas investigações já se defendem com suas propagandas na TV aberta que garantiriam o zelo e o cuidado com sua produção. Talvez até lancem uma campanha com preços baixos para “provar” a todos suas boas intenções e sua suposta qualidade e, o que não seria novidade, tal ação de marketing esclarecia tudo sem mudar nada. No momento delicado que vivemos no Brasil, este escândalo, como tantos outros, pode desaparecer diante de tantos problemas e questões controversas que nossos péssimos e nossas péssimas representantes têm criado para a pessoa comum que se vê a mercê de ações questionáveis e que nem de longe tratam ou resolvem questões mais urgentes e significativas e a questão da carne é só mais uma dentre tantas outras. Não nos esqueçamos que a maior bancada do Congresso Nacional é a notória e oportunista Bancada Ruralista, a mais numerosa e mais longeva bancada do Congresso, e que irá defender com unhas e dentes seus interesses ainda que eles custem o bem estar de todos nós.

Rua (abrev.)

L E R R V I A I B A G U T A L Ã A A S I O R T M Ã O Ã P A D A Z I I O C O

Como definir o que é podridão? Segundo os dicionários, podridão é o estado de pobre, é a degradação, a corrupção, uma condição desagradável dentre inúmeras outras leituras, mas, na última semana, no Brasil não mudamos o sentido da palavra o que fizemos, entretanto, foi dar a ela outra escala ou uma nova dimensão. Um novo escândalo, de proporções e consequências mais que funestas, se abate sobre todos nós e cria problemas para uma das áreas econômicas mais significativas em nossa balança comercial e em um dos setores que mais empregam no país. As investigações do Ministério Público e da Polícia Federal mostraram as ações criminosas praticadas por grades indústrias e conglomerados industriais no setor de carnes que vão desde a utilização de alimentos podres até a mistura de papelões e outras tantas substâncias na venda e na produção de diversos produtos alimentícios. A questão é tão urgente e séria que a União Europeia e os EUA, dois grandes compradores dos produtos brasileiros, convocaram uma reunião de emergência com representantes do governo brasileiro e dos conglomerados industriais para exigir explicações e a identificação dos lotes de produtos sob suspeitas de ferirem tratados de qualidade e de conservação de produtos para a exportação. Algo parecido pode ser exigido pela China que, nos últimos anos, se tornou uma grande compradora da carne brasileira. Isso sem contar aquilo que foi, irresponsavelmente, produzido e comercializado no mercado interno brasileiro que, habitualmente, fica com o que não é exportado por não se enquadrar nas normas e nas exigências internacionais. A visão e o áudio de alguns empresários responsáveis pela produção de alimentos destinados à merenda escolar, por exemplo, é tão vexatória que nos faz pensar a que ponto chega a ganância de algumas pessoas na busca insana e criminosa de lucros

Lentidão

Prêmio de José Saramago, Albert Camus e John Steinbeck Chefe de James Começar Bond (Cin.)

T A R S I L A D O A M A R A L

por pedro marcelo galasso

© Revistas COQUETEL

Livro em que Thomas Hobbes defende um governo forte (1651) Advogados medíocres

3/dio — set. 4/gama — kiev. 5/tutor. 7/topázio. 8/estragão. 10/locomotiva.

Podridão

Pintora cuja tela "Abaporu" inaugurou o Movimento Antropofágico (1928) Crime de que é acusada a Al Qaeda

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

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Jornal do Meio 893 Sexta 24 • Março • 2017

por Shel Almeida

A fim de contribuir com a redução

porque todo mundo começou a fazer su-

com novas ideias, porque indústria é isso,

maio, que será melhorado ao longo dos

do lixo descartado que é dire-

gestões, foi uma explosão de ideias que

nunca se está satisfeito com o produto

semestres. A nossa intenção, ao divulgar,

cionado para aterros sanitários

resultou no projeto. Agora, com quase tudo

final, sempre há o desejo de se melhorar.

é social, a fim de que possamos receber

de forma que também possa colaborar

definido, é possível perceber como já está

Os alunos estão muito empenhados nisso.

apoio, para que, dessa forma, o projeto

efetivamente com o trabalho realizado

diferente dos carrinhos que vemos pelas

No momento temos o projeto escrito e

saia do papel e possa trazer benefícios

por coletores independentes, a turma

ruas e também da ideia inicial”, analisa.

o protótipo, teremos o projeto base em

reais para a cidade”, fala.

do curso de Engenharia de Produção do turno noturno da Universidade São Fran-

Prática Social

cisco, Campus Bragança Paulista, está

De acordo com a Coordenadora Prof.

desenvolvendo o projeto “Carro Coletor

Suzana, os projetos integrados desenvol-

de Lixo Reciclável”, cujo slogan “Colete

vidos dentro do curso tiveram início em

essa ideia”, representa o que pretendem

2016. O objetivo é o de fomentar aulas

a longo prazo: conscientizar a sociedade

práticas para gerar mais envolvimentos

quanto à necessidade da reciclagem. O

dos alunos integrando as disciplinas do

Jornal do Meio teve a oportunidade de

semestre. No entanto, uma preocupação

conversar com parte da equipe, a Coor-

sempre foi a de unir isso à prática social,

denadora e Professora do Curso de En-

criando projetos que pudessem trazer

genharia de Produção, Suzana Aparecida

algum benefício à comunidade local. Foi

Gonçalves Pádua Lima; a Professora do

assim com o projeto de uma máquina para

Curso de Engenharia de Produção, Cami-

a fabricação de sabão, que recicla óleo

la Cristina Mastrangi Goes, e os alunos

de cozinha e também com o projeto de

Lucas Matheus Candido, Kleber Ohira

uma máquina de fabricação de fraldas.

e Amelia Meylan Inafuko Tan. Segundo

De acordo com Prof. Suzana, o excesso

eles, o trabalho trata de um dos maio-

do óleo que conseguem arrecadar é ven-

res desafios enfrentados pelos grandes

dido e, a partir disso, conseguem adquirir

centros urbanos brasileiros: a coleta e

insumos para a produção das fraldas, que

destino ambiental, menos impactante,

são doadas ao asilo Vila São Vicente de

de resíduos sólidos recicláveis. O proje-

Paulo e ao abrigo para crianças Lar da

to se enquadra na etapa de transporte,

Bênção. Essas duas instituições também

associada com a fase de coleta e acon-

são beneficiadas com o projeto voluntá-

dicionamento. De acordo com a equipe,

rio chamado “Engenheiros do Bem” que

a adoção de veículos motorizados, além

oferece um café da tarde com atividades

de aumentar a capacidade de carga e

recreativas para os internos dos lares.

também a produtividade no transporte

Prof. Suzana conta que nas primeiras

de resíduos, evita a fadiga do esforço

ações a turma alugou carrinhos de chur-

humano e/ou animal, promovendo o

ros e algodão doce, mas agora os alunos

conforto dos envolvidos.

desenvolveram os próprios carrinhos.

Projeto Integrado

E, nessa questão, a professora Camila propõe novas adaptações ao veículo de

O veículo coletor é um dos projetos in-

coleta. “Nós vamos montar um veículo

tegrados desenvolvidos dentro da grade

e apresentar em maio. Mas, eu acho que

curricular do curso. A ideia partiu de

esse projeto ainda pode ser melhorado.

Lucas, que percebeu a dificuldade que

Dá para pensarmos em colocar suspen-

os coletores de lixo enfrentam para subir

são e marcha, por exemplo. Afinal, se o

ou mesmo descer as ladeiras de Bragan-

nosso objetivo é social, então temos que

ça, com os carrinhos simples. “Às vezes

pensar no bem estar do coletor. Talvez

eles forçam o próprio corpo para tentar

possa parecer ambicioso agora, mas

frear, além de existir a insegurança de

temos o sonho de montar uma linha de

estar transitando entre os carros, sem

produção desse veículo para que, no fu-

proteção. Conversando com um deles,

turo, todos os coletores de lixo reciclável

descobri que o mais importante para a

da cidade tenham acesso. Sabemos hoje

adaptação do veículo seria mesmo o freio,

que algumas empresas estão disponíveis

que poderia oferecer mais segurança.

para nos apoiar, mas precisamos de mais.

No projeto que elaboramos, o veículo

É um processo e eu espero que nunca

tem freio e freio de mão, além de uma

termine, que possamos sempre melhorar

estrutura com banco, pedal e cobertu-

Suzana (Coordenadora), Amelia, Kleber, Camila (Professora) e Lucas. Parte da equipe do projeto de veículo para coleta de recicláveis que visa oferecer bem estar e segurança a coletores.

Protótipo do veículo de coleta de reciclagem tem freio, freio de mão, banco, cobertura e pedal. Projeto pretende estimular a reciclagem a partir da melhoria do trabalho de coletores.

ra. Também iremos trabalhar nas cores e tamanho. Dessa forma será possível coletar mais material e oferecer mais segurança nas coletas noturnas, com a sinalização adequada”, explica. Segundo o projeto, o design do veículo foi pensado de forma que o espaço seja aproveitado integralmente. No caso da direção, foi projetada de maneira que garanta ao condutor desempenhar movimentos simples e precisos. O peso total do veículo também foi minimizado para não interferir no desempenho. Além disso, foram levados em consideração parâmetros de segurança para evitar acidentes com o condutor ou terceiros. Lucas conta que assim que propôs a ideia do veículo à turma, todos aderiram “Logo que eu lancei a proposta me surpreendi,

Ideia do projeto partiu da vontade de oferecer mais segurança ao coletores e maior aproveitamento da coleta.


Informática & tecnologia

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Redes sociais Política usa redes sociais para alimentar neuroses

Por RONALDO LEMOS/FOLHAPRESS

Em 2013, um pesquisador da Universidade de Cambridge chamado Michal Kosinski escreveu um estudo seminal. Ele demonstrou que era possível prever a personalidade de uma pessoa com base nas suas atividades na internet, como “likes” em redes sociais. Com a análise de 10 likes era possível conhecer uma pessoa melhor do que seus colegas de trabalho. Com 70, melhor que seu melhor amigo. Com 150, melhor que os pais. Com 300, o modelo conseguia prever o comportamento melhor que o marido ou mulher. Com um pouco mais de likes, era possível conhecer a pessoa melhor do que ela mesma. Kosinski criou então um modelo chamado OCEAN, que divide as personalidades em grandes grupos. Cada letra corresponde a um tipo psicológico. “O” corresponde à abertura para a inovação (Openness). “E”, a extroversão (Extroversion). “N” é neurose (Neuroticism), caracterizada por “mudanças bruscas de humor e emoções como culpa, raiva, ansiedade e depressão”. Kosinski foi logo procurado para licenciar seu modelo para empresas especializadas em marketing político. Preocupado com as consequências que o uso do modelo poderia trazer, negou as ofertas. No entanto, um outro professor de Cambridge,

Aleksandr Kogan, pegou o método de Kosinki e reconstruiu do zero seus dados. Para isso, pagou em dinheiro um grande número de pessoas para se submeterem ao questionário do método OCEAN e compartilharem seus dados de redes sociais com sua empresa. Nascia então a tão falada Cambridge Analytica, à qual muitos atribuem a bem-sucedida campanha de Donald Trump. A empresa alimenta uma gigantesca base de dados capaz de identificar que tipo de mensagem é mais eficaz para cada tipo de personalidade. Ensina, por exemplo, a falar com neuróticos. A pessoa neurótica é especialmente sensível a mensagens baseadas em sentimentos primários, como medo e ódio. Além disso, desenvolve “visão em túnel”, só enxergando o que está imediatamente à sua frente e perdendo a capacidade de analisar contextos. Fica sensível a manchetes bombásticas que mexem com suas emoções, sem se preocupar em checar se aquilo é verdadeiro. Isso cria um círculo vicioso. As mensagens criadas para neuróticos alimentam ainda mais sua neurose. Esse filme é familiar para nós. A situação política e econômica conjugada com a crise de lideranças gerou níveis sem precedentes de neurose no país. O desafio para qualquer pessoa minimamente ética envolvida em

comunicação pública hoje, seja para fins de marketing ou fins políticos, é descobrir como falar com neuróticos sem alimentar ainda mais nossa neurose coletiva. Um dos caminhos para sairmos do atoleiro

é diminuir o “N”, propenso à estagnação, e promovermos o “O”, propenso a soluções. Temos a tarefa coletiva de quebrar o ciclo de neurose. Precisamos de uma psicoterapia de abrangência nacional. Foto: Divulgação


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Antenado

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Pai País, Mãe Pátria

Ensaio revela, por contraste, o acanhamento de nossa crítica, laços de família e busca identitária são centro de livro de José Carlos Avellar Por LAURA ERBER/FOLHAPRESS

Quem passou a acompanhar a crítica

se autodefinem teórica e historicamente.

da crítica e a delicadeza da percepção

percursos entre as especificidades da

de cinema nos anos 1990 terá do gesto

O leitor talvez sinta falta da incursão pelas

do crítico cinéfilo -”cinefilho” diria Ser-

linguagem artística de que se ocupa e o

crítico uma imagem conformada à

pequenas produções independentes e pelas

ge Daney- que era Avellar, aquele que

imaginário cultural, político e social que

divisão tradicional entre reflexão e prática.

realizações de gerações mais jovens. Mas

exercia a crítica como intensificação da

aquela projeta e mobiliza.

De um lado, críticos que pensam e julgam,

poucos críticos conseguem revelar, por

consciência nascida do interior das obras

do outro, cineastas que fazem.

contraste, o acanhamento acadêmico e o

e seu conjunto.

A essa antiga dicotomia se opõe claramente

espírito de “resenhismo” que caracteriza a

O crítico como especialista não é e aquele

PAI PAÍS, MÃE PÁTRIA

o livro de José Carlos Avellar “Pai País, Mãe

crítica de cinema atual, em geral incapaz

que se fecha nas polêmicas de seu cam-

QUANTO: R$ 34,90 (152 págs.)

Pátria”. Nesse longo ensaio, Avellar (1936-

de análises mais panorâmicas e atrevidas.

po, mas precisamente aquele intelectual

AUTOR: José Carlos Avellar

2016) se reconecta com a inventividade

O que fica desse livro é a potência literária

capaz de criar uma abertura, criando

EDITORA: Instituto Moreira Salles

reflexiva dos textos que publicava no “Jornal

Foto: Divulgação

do Brasil” na década de 70 e mostra que o exercício crítico, longe de ser só suspensão reflexiva, é outra maneira de fazer cinema. No convívio prolongado com personagens, Avellar lida com as imbricações entre o excesso e a falta do pai, o colapso e sequestro das mães, a busca pelo país e as feridas identitárias de que se ocupou o cinema brasileiro recente. Toma os precários e violentos laços de família como problema fundamental do nosso imaginário fílmico, indo da análise da personagem órfã à questão da orfandade cultural e dos efeitos da colonização no plano simbólico macro e no microplano afetivo, do olhar e da fala. A grande sensibilidade de Avellar para um tipo de escuta temática e seu modo de destacar cenas, falas e gestos -fazendo com esses fragmentos seu próprio cinemapermite uma abordagem mais criativa e menos amarrada à moldura genérica. É produtiva a visão do conjunto desses filhos que, em sua busca, gestam e geram os pais -seja em “Central do Brasil”, de Walter Salles, seja nos documentários “Os Dias com Ele”, de Maria Clara Escobar, “Rocha que Voa”, de Eryk Rocha e “Diário de Uma Busca”, de Flávia Castro. Se por vezes insiste demais na vinculação dos filmes da retomada ao cinema novo -herdeiros temáticos que remeteriam à literatura de Graciliano Ramos- o estilo crítico de Avellar é coerente com uma reflexão sobre os limites da historiografia tradicional, que tende a enclausurar os movimentos de vanguarda na forma como

“Central do Brasil” é um dos filmes comentados no ensaio


Saúde

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Anticoncepcional Anticoncepcional errado pode causar danos graves à saúde. por TATIANA CAVALCANTI/FOLHAPRESS

Métodos são seguros, mas, sem orientação médica, mulher corre risco de sofrer males como AVC e trombose Todas as mulheres podem usar métodos anticoncepcionais para evitar uma gravidez indesejada. As opções que existem hoje são seguras, mas escolher um por conta própria, sem passar pelo médico, pode colocar a mulher sob risco de desenvolver doenças graves, como AVC (acidente vascular cerebral) e trombose. As pílulas não são a única opção. Além delas, há outras baseadas no uso de hormônios, como injeção e implante sob a pele. Outras alternativas são as chamadas barreiras físicas (diafragmas, DIU de cobre e camisinha). É o médico quem vai ajudar a achar a melhor opção. “Já na consulta, a paciente deve informar o histórico familiar de doenças e alertar sobre hábitos de vida, como tabagismo e sedentarismo”, diz a ginecologista e obstetra Angélica Sales Barcelos, professora de medicina da Faculdade Santa Marcelina. A médica explica que fatores como obesidade e vício em cigarro, associados a anticoncepcionais hormonais aumentam, por exemplo, os riscos de trombose, AVC, pressão alta e diabetes. “Tudo depende se a paciente tem doenças pré existentes. Por isso, cada caso é um caso. Você não pode ir na farmácia comprar o remédio que sua vizinha toma. Nem sempre o que é bom para ela é para você”, afirma a ginecologista. Carla Martins, diretora do Centro de Reprodução Humana FertilCare Brasília, dá um exemplo. “Uma mulher que tenha enxaqueca, e não dor de cabeça, o que é bem diferente, pode ter AVC. As chances aumentam quatro vezes. Há risco de trombose também, mas na gravidez pode aumentar bemmais.” O anticoncepcional tende a mudar conforme a idade da mulher avança. Exames rotineiros, e específicos, ajudam na avaliação mais precisa. Os riscos não devem impedir a mulher de usar métodos contraceptivos. “Toda mulher deve usar se não pretende engravidar. Mas é fundamental ter a recomendação do médico”, diz a ginecologista Angélica.

Arte: Folhapress


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