Braganรงa Paulista
Sexta 7 Abril 2017
Nยบ 895 - ano XV jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
2
Para pensar
Jornal do Meio 895 Sexta 7 • Abril • 2017
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br
Domingo de Ramos por Mons. Giovanni Baresse
Neste próximo domingo
dos ramos o povo vai estendendo
quer nos recordar a profundida-
se alastra. As limitações da ordem
entramos na Semana
mantos. Um tapete formado de
de da manifestação pública da
econômica que não privilegia as
Santa,
Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS
chamada pelos
vestes. Junto a galhos, folhagens
fé. E deseja prevenir o risco de
pessoas e sim o lucro. As ques-
mais velhos de “Semana Maior”.
e flores, como adereços, a serem
uma aclamação transformar-se
tões morais e éticas atropeladas
Certamente pela compreensão
sinal da alegria. Na verdade há,
em cooperação de condenação.
pela ganância, abusos de poder
de que nela é celebrado o Mis-
na celebração de Ramos, uma
Porque isso pode, infelizmen-
e exacerbação do autoritarismo.
tério fundamental da fé cristã: a
exigência vinculante. Quem
te, acontecer. O fato vivido no
No fundo a questão é buscar em
Ressurreição de Jesus Cristo. É
aclama Jesus Cristo - e o faz de
domingo de ramos deve ser um
Jesus Cristo as linhas mestras do
Campanha da Fraternidade nos
interessante notar que o início
maneira tão exposta - deve ter
alerta para todos nós. Não é
comportamento. Para que nossas
convidou a tomar consciência
dessa semana é uma recordação
consciência da responsabilidade
difícil aclamar o Cristo quando
atitudes sejam cristãs, isto é, refli-
sobre a preservação dos biomas
da entrada triunfal de Jesus
do ato externo. A aclamação deve
se trata de arrumar uns ramos,
tam em nosso tempo e em nossos
de nosso país e tudo o que se
na cidade de Jerusalém. Os
ser um sinal da fidelidade vivida
umas flores. E até um tapete. O
dias aquilo que Jesus Cristo faria
correlaciona com a preservação e
evangelistas descrevem o fato.
até as últimas consequências.
difícil é continuar manifestando
e diria nos nossos dias. Sabemos
qualidade da nossa vida e da vida
As pessoas entusiasmadas vão
Na doação da própria vida por
amor por ele quando se deve
que o discipulado de Jesus não é
da Natureza . É um desafio que
arrancando galhos de árvores,
Aquele que deu a sua vida. É a
assumir posicionamento igual
limitado a cerimônias religiosas
exige dos cidadãos – mormente
como escrevem Mateus (21,8) e
consciência que na Sua morte a
ao Dele! Se entendermos as
e às paredes dos nossos templos.
os marcados pela fé – uma ati-
Marcos (11,8). Lucas (18, 28ss.)
nossa morte é superada. No Seu
celebrações da Semana Santa
Somos chamados a viver a “verda-
tude que favoreça a mudança do
não fala em ramos. João (12, 12-
sofrimento é vencido o nosso.
como um “fazer memória” da
deira religião”, como diz o apóstolo
modo de pensar e agir . Não por
16) fala em ramos de palmeira.
Nas Suas dores as nossas en-
entrega de Jesus Cristo para
Tiago (ressoando os profetas) em
interesses de grupos. Sim pela
Esta diferença é provavelmente
contram refrigério. Domingo de
que tenhamos vida (João 10,10),
sua carta (1,27): cuidar de quem
defesa de princípios que devem
originada no fato que o evan-
Ramos é uma festa bonita que
a conclusão lógica é que quem
sofre e está marginalizado. E
levar em conta o bem. Da natu-
gelho de João é o mais tardio.
não esconde as dores da Paixão.
segue Jesus Cristo deve ter a
não se trata de benemerência ou
reza e das pessoas. A Semana
Escrito por volta do ano 90. Em
Na celebração litúrgica são lidos
mesma disponibilidade de doar
filantropia. Trata-se de conversão
Santa possa ser, aos que afirmam
plena perseguição do Império
os textos que falam da entrada
vida para que a Vida aconteça.
pessoal e estrutural. Para que o
sua fé em Cristo Ressuscitado,
Romano aos cristãos. O ramo
em Jerusalém e dos momentos
Olhando a nossa realidade vemos
amor a Deus se reflita no amor
um renovar de compromisso e
de palmeira é sinal de vitória
do martírio do Senhor. Penso
as múltiplas situações de morte
ao irmão, como recorda João em
um sinal mais luminoso de
dos que são martirizados. Além
que a pedagogia da celebração
que a envolvem. A violência que
sua primeira carta. Neste ano a
Esperança.
Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
Projeto “O Mundo Sem Escolas” faz apresentações gratuitas em
instituições de Bragança Paulista
Sessões de contação de histórias acontecem dia 8 de abril, com patrocínio da TE Connectivity, viabilizadas por meio da Lei Rouanet por Mons. Giovanni Baresse
“O Mundo Sem Escolas” fará duas apresentações gratuitas em entidades de Bragança Paulista no dia 8 de abril. A primeira sessão acontecerá às 10h, no ECOA (Espaço Comunitário de Aprendizagem) e a segunda será às 15h, no SAMA (Serviço Assistencial de Acolhimento Institucional) e ambas terão contação de histórias com fantoches e distribuição de livros infanto-juvenis que levam o nome do projeto aos espectadores. Como seria o mundo sem escolas? Misturando fantasia com fatos do cotidiano, o projeto busca debater com as crianças a importância das escolas, de
modo lúdico, leve e divertido, despertando no público infantil o interesse pela cultura, educação e artes. A história começa quando algumas crianças se reúnem com um desejo em comum: o fim das escolas. Para pôr em prática o “plano”, elas se envolvem em grandes confusões. O contador de histórias – acompanhado de fantoches – narra essa aventura, apresentando os personagens e envolvendo os espectadores no enredo que incentiva o fortalecimento da relação de respeito e companheirismo entre alunos e professores. O projeto inclui um DVD de desenho animado
em 2D e um livro infanto-juvenil. Serviço O Mundo Sem Escolas Apresentações em duas instituições de Bragança Paulista: Data: 08 de abril Horário: 10h Local: ECOA (Espaço Comunitário de Aprendizagem) - Bragança Paulista/SP Evento fechado para a instituição Classificação livre Data: 08 de abril Horário: 15h Local: SAMA (Serviço Assistencial de Acolhimento Institucional) Bragança Paulista/SP Evento fechado para a instituição
Classificação livre Projeto viabilizado pelo Programa Nacional de Apoio à Cultura pela Lei Rouanet, com patrocínio da TE Connectivity Realização: D’color Produções Culturais - Tel. (19) 3256.4500 www.dcolor.art.br
Reflexão e Práxis
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Jornal do Meio 895 Sexta 7 • Abril • 2017
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
De má qualidade À (?): ocioso Peixe cartilaginoso que se camufla na areia do mar Açúcar de mesa Condição do pequeno produtor rural
A coroa periguete não é uma mulher
corpo, à afetividade e à sexualidade das
invisível, não aceita o imperativo ‘seja
mulheres mais velhas.
uma velha, aja como uma’
O perigo das coroas periguetes parece residir
Na minha pesquisa sobre envelhecimento,
na sua ambiguidade. Elas são condenadas
muitas entrevistadas acusaram determina-
por serem consideradas vulgares, ridículas
das mulheres de serem coroas periguetes.
e exageradas, mas também são invejadas
Periguete (junção das palavras perigosa e
(e imitadas) por serem mais poderosas,
girl) é, no verbete de um dicionário, “uma
corajosas, ousadas, alegres, atraentes, se-
Esconderijo do tatu
mulher namoradeira, sexualmente vulgar
dutoras e livres.
e escandalosa, que normalmente adora
Acredito que as mulheres acusadas de serem
perseguir homens de todos os tipos”.
periguetes assinariam o meu ‘Manifesto das
Empresa (?), empreendimento universitário
Ser uma coroa periguete não é uma identida-
Coroas Poderosas’, onde defendo que: “A coroa
de, é uma categoria de acusação, um estigma
poderosa quer namorar com quem ela bem
que algumas mulheres mais velhas carregam
entender (não importa a idade), fazer amor
como consequência do modo de se vestir e
quando quiser e beijar muito na boca. Ou
do comportamento considerado ridículo.
pode não querer mais nada disso. Quer vestir
A coroa periguete não é uma mulher invisível,
a roupa de que mais gosta, mesmo que seja
muito pelo contrário. Ela não aceita o impe-
considerada velha para usar minissaia e biquíni.
rativo: “seja uma velha; comporte-se como
Ela quer “ser ela mesma”, mostrar o corpo
uma velha”. Ela contesta, com suas escolhas
sem vergonha das imperfeições e sem buscar
e atitudes ousadas, a lógica da dominação
a aprovação dos outros. Coroas poderosas
masculina que exige que as mulheres mais
unidas jamais serão vencidas! Fodam-se as
velhas sejam discretas, apagadas e invisíveis.
rugas, as celulites e os quilos a mais!”.
Ao mesmo tempo que a coroa periguete
Você conhece mulheres mais velhas que,
questiona os comportamentos femininos
apesar do medo de serem consideradas velhas
mais amplamente aceitos, ela também
ridículas, adorariam ser coroas poderosas?
pode provocar inveja por não se submeter
MIRIAN GOLDENBERG é antropóloga,
ao que é socialmente esperado para as mu-
professora titular da Universidade Federal
lheres. Mesmo que de forma inconsciente,
do Rio de Janeiro e autora de “A Bela Ve-
ela combate, com sua ética e estética, os
lhice” (ed. Record)miriangoldenberg@
preconceitos e os tabus relacionados ao
uol.com.br
Reações típicas do show de humor
(?) alto, tipo de tênis
Forma de esclerose múltipla (sigla) Placas (?), peças da sinalização de parques
Via que ligava Roma a Brindisi
Flor-de-(?), símbolo da França Apelido de "Manuela" Que se desprendeu Cova (?), sepultura de mendigo Temor
Primeiro tempero da civilização
Material do sapato da Cinderela (Lit.)
Comum; típico Adjetivo atribuído ao melhor amigo
Sucesso de Fábio Jr. (Mús.) Folha usada no hambúrguer Épocas O ponto do Sol nascente
Intransitivo (abrev.) Esconder Resina para envernizar madeira Motivo de conflitos na Ásia Matiz
O mais fatal dos jogos de azar, praticado com um revólver
Recipiente para armazenar café ou cereais
Vice-presidente (abrev.) A região do Distrito Federal (abrev.)
(?) jornalístico, qualidade do investigador
4/ápia. 5/etnia. 8/sacarose. 10/matitaperê. 11/indicativas.
BANCO
(?) Moreira: narrou o audiolivro da Bíblia
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Solução N D EG A L R U I T O A O S E A L I M A N S A D O C I L F A C T E A O M I T E TN I C A V O F A R U S S
A R
por MIRIAN GOLDENBERG/FOLHAPRESS
Cidade interiorana de São Paulo conhecida por suas romarias Examinava o texto
M N TA R A I A T C A R A P I ON E S R A M E D A A E S O R U A L S A L C E T A
ou coroas poderosas?
© Revistas COQUETEL
São defendidos por grupos contra discriminação racial no país Grito do carateca
Álbum de Tom, com "Águas de Março"
C C A A R R O G S A T C AM P S A L N TO C E R JU N I U S C T L A E R O L
Velhas ridículas
"(?) Pesada", série das aventuras de Pedro e Divisões do Bino (TV) planeta Terra (Geog.) Querer mandar na hora errada (pop.)
O
A P IR
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Jornal do Meio 895 Sexta 7 • Abril • 2017
por RACHEL BOTELHO/FOLHAPRESS
O celular que acessa a internet, grava vídeos, toca música, armazena milhares de livros, conta quantas calorias você ingeriu no almoço e não sai do seu lado nem na hora de dormir está fazendo suas faculdades mentais murcharem? Ainda é cedo para dizer com certeza, mas há indicações preocupantes de que um anúncio na linha “O Ministério da Saúde adverte: uso excessivo de smartphone emburrece” não é ficção científica. A telefonia móvel turbinada seria, na verdade, apenas o símbolo de um problema maior –no caso, o excesso de estimulação e exposição simultânea a múltiplas mídias que tem se tornado cada vez mais comum no último par de décadas. Diversos estudos indicam que há uma correlação entre esses estímulos incessantes e coisas como reduzida capacidade de memória, dificuldade de filtrar informações irrelevantes, problemas de impulsividade e falta de empatia. Ainda não está claro se a avalanche de mídias eletrônicas está causando esses problemas ou apenas os potencializa, mas os dados disponíveis até agora sugerem que mais cautela no uso desses dispositivos não faria mal, em especial por parte de pessoas cujo sistema nervoso ainda está em franco desenvolvimento (ou seja, crianças e adolescentes).
MMs
Os neurocientistas e psicólogos que estudam o impacto das tecnologias sobre a mente humana têm avaliado com especial atenção os efeitos do chamado MM (sigla inglesa de “media multitasking” ou “uso multitarefa de mídias”). O comportamento MM é, obviamente, muito facilitado pela posse de um smartphone –ouvir música e usar um aplicativo de mensagens ao mesmo tempo, por exemplo (talvez com a TV ligada ao fundo). O grupo coordenado pelo psicólogo Anthony Wagner, da Universidade Stanford (EUA), foi um dos primeiros a analisar de forma quantitativa o desempenho cognitivo de jovens classificados como HMMs (intensos usuários multitarefa de mídias) e LMMs (usuários “leves”). Em um dos estudos da equipe, que saiu na revista “PNAS”, havia duas tarefas simples (veja infográfico). Em uma delas, os jovens tinham de dizer se a posição de alguns retângulos vermelhos na tela do computador tinha mudado –e, ao mesmo tempo, não prestar atenção nos retângulos azuis que também apareciam na tela. Os ‘usuários intensos’, que poderíamos comparar a viciados em smartphone, saíram-se significativamente pior. No caso das letras e números, o curioso é que eles tinham mais dificuldade de alternar entre os dois tipos de estímulo, embora
supostamente estivessem mais habituados a lidar com dois tipos de informação ao mesmo tempo. Em outra pesquisa de Wagner, desta vez no periódico “Psychonomic Bulletin & Review”, os pobres ‘usuários intensos’ também mostraram ter desempenho pior na chamada memória de trabalho (a que as pessoas usam para guardar por alguns instantes um número de telefone antes de discá-lo, por exemplo) – e, o que é mais preocupante, esse efeito parece se refletir na memória de longo prazo. No que diz respeito à memória, resultados parecidos foram obtidos por Betsy Sparrow e colegas da Universidade Columbia (EUA) em artigo na revista “Science”. Os pesquisadores chegaram a usar o termo “efeito Google” porque as pessoas tinham mais dificuldade para recordar informações quando sabiam que elas estavam salvas no computador no qual participavam do estudo. Os efeitos citados acima já poderiam ser considerados ruins se tivessem apenas relação com o aprendizado, mas outros estudos mostram ainda que o MM mexe com coisas como o controle da impulsividade, das frustrações e das relações sociais. Adolescentes do Canadá viciados em trocar mensagens, por exemplo, são mais propensos a mostrar preconceito em relação a pessoas que não fazem parte de seu grupo social ou étnico e a valorizarem dinheiro e aparência física.
Dilema de tostines
Segundo Wagner, é preciso reconhecer que há um certo “dilema de Tostines” nesses dados. Pode ser que as pessoas que naturalmente já são mais dispersas e com baixo controle de impulsividade sejam atraídas naturalmente para o uso excessivo de mídias eletrônicas, e não que cérebros serenos estejam sendo destruídos pelos aparelhos. “Acho o tópico fascinante, porque estamos entrando numa outra fase da evolução”, analisa o neurocientista Sidarta Ribeiro, do Instituto do Cérebro da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). “Já somos ciborgues, estamos terceirizando memórias de trabalho, cálculos, gramática etc.” Um impacto possível dessa explosão a longo prazo seria a diminuição da criatividade humana, uma vez que o ócio cerebral –o descanso sem estímulos significativos – ajudaria a criar conexões entre temas díspares e a ter ideias inovadoras. Ribeiro é menos pessimista. “Essa questão é uma faca de dois gumes. O computador e a internet aumentam imensamente o poder de criar, embora possam matar o devaneio do ócio. A variância está aumentando –vejo um futuro com mais gênios e mais idiotas. Depende do modo de usar a tecnologia.”
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O poder do lápis Por LAÍS OLIVEIRA/FOLHAPRESS
O lápis de boca ajuda a definir os lábios e a disfarçar imperfeições, além de prolongar a duração do batom; aprenda a usar o produto Com mil e uma utilidades, o lápis de boca tem mais funções do que só delimitar a linha dos lábios antes do uso do batom. “Ele serve para definir o contorno labial, para dar a impressão de mais volume ou, ainda, para diminuir
a região. Além disso, ajuda na fixação do batom e prolonga a sua duração”, explica a” beautyartist” Tatiana Donadio, do Studio WIguatemi Alphaville. Nas mulheres idosas, ele pode ajudar também a disfarçar a ação da idade. “Como passar do tempo, é normal perdermos a definição do contorno labial. E o lápis o desenha”, aponta Fabi Gomes,maquiadora sênior da MAC.
Para fazer esse desenho, o indicado é escolher uma tonalidade semelhante à do batom ou um pouco mais clara. Mas misturas também são bem-vindas. O produto pode até ser usado sozinho, como substituto do batom em bastão, preenchendo o lábio todo. “Existem cores maravilhosas e com texturas bem próximas às do batom”, revela Tatiana. Outra opção é o lápis incolor. “Ele fun-
ciona com qualquer tom, pois deixa acor fiel e tem o efeito de fixação do batom por mais tempo”, destaca a coordenadora educacional de maquiadores da Vult, Dora Abreu. É importante ficar atento à consistência, que precisa ser macia. “A textura deve ser matte,mas não tão seca, senão pode até machucar os lábios na hora de aplicar”, diz Tatiana. Fotos:Rivaldo Gomes/Folhapress
Comece o contorno a partir do arco do cupido (o coraçãozinho dos lábios) até os cantinhos da boca. Com o mesmo lápis, preencha todo o lábio superior para unificar a cor. Faça o contorno e preencha o lábio inferior.
Neutralize a boca com uma base
Se quiser diminuir o volume, faça o contorno um pouquinho para dentro dos lábios. Use base para disfarçar a cor natural deles, como na foto ao lado. Por outro lado, se quiser aumentá-los, pode passar
A modelo Tatiana Berke é maquiada com o lápis de boca
Autonomia de objetos conectados
pode levar a revolta contra máquinas Por RONALDO LEMOS/FOLHAPRESS
Dois professores de Oxford, Carl Frey e
tornar uma peça “digital”. A parte eletrônica
vez mais de fábrica com software capaz de
jogou fora um computador ou um celular
Michael Osborne, escreveram trabalho
torna-se essencial para o seu funcionamento.
controlar cada vez mais partes essenciais do
porque ele ficou lento demais? E se o mesmo
seminal sobre o fim dos empregos.
Um exemplo dramático disso ocorre entre
seu funcionamento.
acontecer com o seu carro?
Segundo eles, por causa da tecnologia, 47%
fazendeiros nos EUA. A geração mais nova de
O mesmo acontece com outros tipos de ma-
Por isso é preciso adotar desde já cinco prin-
dos empregos nos EUA vão desaparecer nos
uma famosa marca de tratores é totalmente
quinário ou utensílios domésticos. Isso pode
cípios para governar nossa relação com os
próximos anos. Eles criaram uma tabela de
digital. Os veículos vêm com um software que
retirar do usuário o controle sobre os objetos
objetos conectados. São eles: confiabilidade,
probabilidades de quais profissões têm mais
controla suas funcionalidades mais básicas. O
que utiliza e trazer problemas inesperados.
segurança, privacidade, interoperabilidade e
chances de desaparecer.
problema é que, quando um desses tratores
Ninguém quer um carro que se torna inútil
autonomia (inclusive de consertar o objeto
Entre aquelas com grandes chances de sumiço,
quebra, o contrato de licença do software não
com um software que falhe. A própria ideia
sozinho). Se não fizermos isso, o resto será
estão operadores de call center e motoristas em
permite que eles sejam consertados. É preciso
de “lixo digital” pode se ampliar. Quem nunca
revolta.
geral. Entre as profissões de baixa probabilidade
chamar um técnico especializado, que é muito
de sumiço, estão, por exemplo, enfermeiras e
diferente de um mecânico tradicional.
enfermeiros, que ainda vão demorar a serem
Um artigo recente da “Vice” mostrou que
trocados por máquinas.
isso tem gerado revolta entre fazendeiros.
No entanto, há uma outra profissão não
Acostumados a atuar em uma lógica do “faça
mencionada que também corre perigo de
você mesmo”, consertando seu próprio equi-
sumir ou de mudar radicalmente, ainda que
pamento quando ele quebra, muitos estão
por outros motivos: os mecânicos de automó-
indignados com a impossibilidade de exercer
veis e qualquer pessoa que viva de consertar
controle sobre os tratores que compraram.
aparelhos ou maquinário.
Alguns estão optando por deletar o software
A razão é que estamos diante da tendência
que vem de fábrica, substituindo-o por uma
de que todos os objetos cotidianos, inclusive
versão pirata da Ucrânia, que dá controle total
os mais prosaicos, acabarão por se conectar à
ao dono do trator e dispensa intermediários.
internet. Uma vez que isso acontece, o objeto
Esse problema em breve será de todos nós.
deixa de ser uma peça “analógica” para se
Carros de passeio, por exemplo, virão cada
Foto: Gabriel Cabral/Folhapress
Mecânico de automóveis está entre profissões com mais chances de desaparecer por causa da tecnologia.
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Antenado
Jornal do Meio 895 Sexta 7 • Abril • 2017
A crítica literária tentou
domesticar ‘Grande Sertão’
Intelectual revê análises sobre obra de Guimarães Rosa e diz que ela é a ‘crítica mais radical’ ao desenvolvimentismo Por MARIA LUÍSA BARSANELLI/FOLHAPRESS
Lá vem o trenzinho caipira da litera-
se preocupar com as questões humanas e
da maioria dos leitores.
tura brasileira apitando e soltando
sociais [O romance de Rosa sai no mesmo
O livro é publicado na mesma época em
fuligem. De repente, desaba um
ano em que JK assume o poder].
que a Bienal de Arte de São Paulo premia
Genealogia da ferocidade
pedregulho nos trilhos, quebra tudo.
A comparação com “Os Sertões” foi muito
o abstracionismo geométrico. Depois, vêm
Autor Silviano Santiago
É essa a metáfora que Silviano Santiago,
útil, mas ela foi escondendo o que é o livro.
João Cabral de Melo Neto, que usa 20 pa-
Editora Companhia Editora de Pernambuco
um dos principais críticos literários do país,
Vejo dois elementos: um é a ferocidade, que
lavras para escrever [risos], e os concretos.
Quanto R$ 40 (117 págs.)
usa para falar do surgimento de “Grande
é responsável pelo comportamento dos
Mais adiante, a bossa nova. Toda essa ideia
Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, nas
personagens dentro daquele enclave; outro,
de que menos é mais.
RAIO-X
letras nacionais, em 1956. O sertão rosiano
a irascibilidade, que seria toda a tentativa
Todos adotam a linguagem racional do
Nascimento
é o objeto de seu novo livro, “Genealogia
de botar ordem nessa anarquia.
desenvolvimentismo. No fundo, participam
Formiga (MG), 29.set.1936
da Ferocidade”.
Então, o livro é uma crítica ao desenvolvi-
literária e politicamente dele.
Carreira
Em entrevista à Folha, Santiago diz que a
mentismo?
Por que você diz que o uso que Guimarães
Formado em letras pela UFMG e doutor pela
crítica tentou “domesticar” “Grande Sertão”
A mais radical já feita.
Rosa faz da pontuação é aleatório?
Sorbonne, foi professor da Universidade do
e não se deu conta da crítica que ele faz ao
Mas só no plano político?
Se você for seguir a pontuação racionalmente,
Novo México (EUA), da PUC-Rio e da UFF,
desenvolvimentismo do país.
Também no plano estético, uma crítica aos
você não sai da frase. Comparo com a pintura
entre outras.
Que tipo de domesticação é essa que você
perigos de você representar o desenvolvi-
de Jackson Pollock, você vai distribuindo [a
É autor de livros de ficção como ‘Machado’
aponta na crítica literária sobre o livro?
mentismo pelos valores que ele faz circular
pontuação] pela página. Guimarães Rosa
(Companhia das Letras) e de crítica, como
A crítica se viu diante do dilema complicado,
naquele momento. Daí vem a insatisfação
ordenou a fala do jagunço da maneira que
‘O Cosmopolitismo do Pobre’ (UFMG)
porque é um livro de leitura áspera. A revis-
ela poderia ser ordenada, que é pelo acaso.
Foto: Ricardo Borges/Folhapress
ta “Leitura” publicou um artigo que trazia entrevistas com escritores que não tinham conseguido lê-lo [Ferreira Gullar disse: “O livro começou a parecer-me uma história de cangaço contada para os linguistas”]. A crítica assumiu sua função tradicional, de mediar a leitura para o leitor comum. O sr. atribui também a Antonio Candido tal domesticação. Ele, o mestre de todos nós, teve a ideia extraordinária de comparar o livro a “Os Sertões”, de Euclides da Cunha. Essa comparação serve para dar um olhar histórico a um romance que, na verdade, não se apoia na história. Imediatamente, o romance se transforma numa nova representação dos problemas clássicos da República Velha, com os jagunços e coronéis. No entanto, você vê que no livro não há nenhuma data. Ele vai dando uma conotação um pouquinho perigosa, que é o conflito entre o progresso e a barbárie. Por que essa comparação não faria sentido? A condição de enclave torna “Grande Sertão” uma alegoria da nação toda vez que ela passa por um movimento desenvolvimentista sem
Silviano Santiago em seu apartamento no Rio de Janeiro.
Saúde
Jornal do Meio 895 Sexta 7 • Abril • 2017
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Varizes
Varizes podem causar feridas na pele que são difíceis de tratar, três em cada cem casos são graves e provocam muito desconforto em quem convive com a doença por WILLIAM CARDOSO/FOLHAPRESS
Varizes parecem coisas
cular Fabio Yamada, também da
simples. Porém, em três
da AMA Especialidades Parque
de cada cem casos podem
Peruche.
provocar até mesmo feridas
Vice-presidente da Sociedade
difíceis de curar, que resistem
Brasileira de Angiologia e de Ci-
na pele por décadas. Dores,
rurgia Vascular, Marcelo Moraes
sensação de peso nas pernas,
afirma que é importante fazer o
inchaço, pele seca e coceira são
diagnóstico precoce da doença.
sinais de alerta.
“Quanto mais cedo cuidar da
A genética é responsável por
doença, mais simples de ser feito
até 90% dos casos de varizes,
o tratamento. Se chegar a casos
embora outros fatores também
mais avançados, o procedimento
possam desencadear a doença.
costuma ser difícil.”
Sedentarismo, obesidade e ati-
O especialista diz que o tratamento
vidades que exijam que a pessoa
pode ser não-invasivo, com o uso
fique muito tempo em pé ou que
de meias e medicação, ou cirúrgi-
carregue peso colaboram para o
co, com a remoção, uso técnicas
surgimento.
de queima ou preenchimento da
“Permanecer por muitas horas
veia. “A partir do momento em
em pé facilita o surgimento de
que se torna doente, a veia não
varizes. A gravidade dificulta o
tem mais cura. Tem que eliminar.
retorno venoso [bombeamento
Não há como cuidar mais dela”,
do sangue das pernas para o
diz Moraes. Doença pode voltar
coração]”, diz a cirurgiã vascular
após tratamento
da AMA Especialidades Parque
Mesmo com técnicas modernas
Peruche, Tatiana Schmuziger.
de intervenção e com o avanço
A incidência de varizes é maior
da medicina, o tratamento das
em mulheres. Uma em cada três
varizes não significa que o pa-
sofre da doença em algum mo-
ciente ficará livre para sempre
mento da vida. “Mulheres têm
da doença. Tudo isso por causa
maior predisposição a varizes
do fator genético. “Um em cada
devido ao fator hormonal, uso de
quatro pacientes vão ter novas
anticoncepcionais e ainda é agra-
varizes em até cinco anos após
vado pelo número de gestações.
tratá-las”, afirma o vice- presi-
A menstruação e a menopausa
dente da Sociedade Brasileira de
também aumentam a dilatação
Angiologia e de Cirurgia Vascular,
das veias”, diz o cirurgião vas-
Marcelo Moraes.
Arte: Folhapress
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Jornal do Meio 895 Sexta 7 • Abril • 2017