895 Edição 07.04.2017

Page 1

Braganรงa Paulista

Sexta 7 Abril 2017

Nยบ 895 - ano XV jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


2

Para pensar

Jornal do Meio 895 Sexta 7 • Abril • 2017

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br

Domingo de Ramos por Mons. Giovanni Baresse

Neste próximo domingo

dos ramos o povo vai estendendo

quer nos recordar a profundida-

se alastra. As limitações da ordem

entramos na Semana

mantos. Um tapete formado de

de da manifestação pública da

econômica que não privilegia as

Santa,

Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS

chamada pelos

vestes. Junto a galhos, folhagens

fé. E deseja prevenir o risco de

pessoas e sim o lucro. As ques-

mais velhos de “Semana Maior”.

e flores, como adereços, a serem

uma aclamação transformar-se

tões morais e éticas atropeladas

Certamente pela compreensão

sinal da alegria. Na verdade há,

em cooperação de condenação.

pela ganância, abusos de poder

de que nela é celebrado o Mis-

na celebração de Ramos, uma

Porque isso pode, infelizmen-

e exacerbação do autoritarismo.

tério fundamental da fé cristã: a

exigência vinculante. Quem

te, acontecer. O fato vivido no

No fundo a questão é buscar em

Ressurreição de Jesus Cristo. É

aclama Jesus Cristo - e o faz de

domingo de ramos deve ser um

Jesus Cristo as linhas mestras do

Campanha da Fraternidade nos

interessante notar que o início

maneira tão exposta - deve ter

alerta para todos nós. Não é

comportamento. Para que nossas

convidou a tomar consciência

dessa semana é uma recordação

consciência da responsabilidade

difícil aclamar o Cristo quando

atitudes sejam cristãs, isto é, refli-

sobre a preservação dos biomas

da entrada triunfal de Jesus

do ato externo. A aclamação deve

se trata de arrumar uns ramos,

tam em nosso tempo e em nossos

de nosso país e tudo o que se

na cidade de Jerusalém. Os

ser um sinal da fidelidade vivida

umas flores. E até um tapete. O

dias aquilo que Jesus Cristo faria

correlaciona com a preservação e

evangelistas descrevem o fato.

até as últimas consequências.

difícil é continuar manifestando

e diria nos nossos dias. Sabemos

qualidade da nossa vida e da vida

As pessoas entusiasmadas vão

Na doação da própria vida por

amor por ele quando se deve

que o discipulado de Jesus não é

da Natureza . É um desafio que

arrancando galhos de árvores,

Aquele que deu a sua vida. É a

assumir posicionamento igual

limitado a cerimônias religiosas

exige dos cidadãos – mormente

como escrevem Mateus (21,8) e

consciência que na Sua morte a

ao Dele! Se entendermos as

e às paredes dos nossos templos.

os marcados pela fé – uma ati-

Marcos (11,8). Lucas (18, 28ss.)

nossa morte é superada. No Seu

celebrações da Semana Santa

Somos chamados a viver a “verda-

tude que favoreça a mudança do

não fala em ramos. João (12, 12-

sofrimento é vencido o nosso.

como um “fazer memória” da

deira religião”, como diz o apóstolo

modo de pensar e agir . Não por

16) fala em ramos de palmeira.

Nas Suas dores as nossas en-

entrega de Jesus Cristo para

Tiago (ressoando os profetas) em

interesses de grupos. Sim pela

Esta diferença é provavelmente

contram refrigério. Domingo de

que tenhamos vida (João 10,10),

sua carta (1,27): cuidar de quem

defesa de princípios que devem

originada no fato que o evan-

Ramos é uma festa bonita que

a conclusão lógica é que quem

sofre e está marginalizado. E

levar em conta o bem. Da natu-

gelho de João é o mais tardio.

não esconde as dores da Paixão.

segue Jesus Cristo deve ter a

não se trata de benemerência ou

reza e das pessoas. A Semana

Escrito por volta do ano 90. Em

Na celebração litúrgica são lidos

mesma disponibilidade de doar

filantropia. Trata-se de conversão

Santa possa ser, aos que afirmam

plena perseguição do Império

os textos que falam da entrada

vida para que a Vida aconteça.

pessoal e estrutural. Para que o

sua fé em Cristo Ressuscitado,

Romano aos cristãos. O ramo

em Jerusalém e dos momentos

Olhando a nossa realidade vemos

amor a Deus se reflita no amor

um renovar de compromisso e

de palmeira é sinal de vitória

do martírio do Senhor. Penso

as múltiplas situações de morte

ao irmão, como recorda João em

um sinal mais luminoso de

dos que são martirizados. Além

que a pedagogia da celebração

que a envolvem. A violência que

sua primeira carta. Neste ano a

Esperança.

Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

Projeto “O Mundo Sem Escolas” faz apresentações gratuitas em

instituições de Bragança Paulista

Sessões de contação de histórias acontecem dia 8 de abril, com patrocínio da TE Connectivity, viabilizadas por meio da Lei Rouanet por Mons. Giovanni Baresse

“O Mundo Sem Escolas” fará duas apresentações gratuitas em entidades de Bragança Paulista no dia 8 de abril. A primeira sessão acontecerá às 10h, no ECOA (Espaço Comunitário de Aprendizagem) e a segunda será às 15h, no SAMA (Serviço Assistencial de Acolhimento Institucional) e ambas terão contação de histórias com fantoches e distribuição de livros infanto-juvenis que levam o nome do projeto aos espectadores. Como seria o mundo sem escolas? Misturando fantasia com fatos do cotidiano, o projeto busca debater com as crianças a importância das escolas, de

modo lúdico, leve e divertido, despertando no público infantil o interesse pela cultura, educação e artes. A história começa quando algumas crianças se reúnem com um desejo em comum: o fim das escolas. Para pôr em prática o “plano”, elas se envolvem em grandes confusões. O contador de histórias – acompanhado de fantoches – narra essa aventura, apresentando os personagens e envolvendo os espectadores no enredo que incentiva o fortalecimento da relação de respeito e companheirismo entre alunos e professores. O projeto inclui um DVD de desenho animado

em 2D e um livro infanto-juvenil. Serviço O Mundo Sem Escolas Apresentações em duas instituições de Bragança Paulista: Data: 08 de abril Horário: 10h Local: ECOA (Espaço Comunitário de Aprendizagem) - Bragança Paulista/SP Evento fechado para a instituição Classificação livre Data: 08 de abril Horário: 15h Local: SAMA (Serviço Assistencial de Acolhimento Institucional) Bragança Paulista/SP Evento fechado para a instituição

Classificação livre Projeto viabilizado pelo Programa Nacional de Apoio à Cultura pela Lei Rouanet, com patrocínio da TE Connectivity Realização: D’color Produções Culturais - Tel. (19) 3256.4500 www.dcolor.art.br


Reflexão e Práxis

3

Jornal do Meio 895 Sexta 7 • Abril • 2017

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

De má qualidade À (?): ocioso Peixe cartilaginoso que se camufla na areia do mar Açúcar de mesa Condição do pequeno produtor rural

A coroa periguete não é uma mulher

corpo, à afetividade e à sexualidade das

invisível, não aceita o imperativo ‘seja

mulheres mais velhas.

uma velha, aja como uma’

O perigo das coroas periguetes parece residir

Na minha pesquisa sobre envelhecimento,

na sua ambiguidade. Elas são condenadas

muitas entrevistadas acusaram determina-

por serem consideradas vulgares, ridículas

das mulheres de serem coroas periguetes.

e exageradas, mas também são invejadas

Periguete (junção das palavras perigosa e

(e imitadas) por serem mais poderosas,

girl) é, no verbete de um dicionário, “uma

corajosas, ousadas, alegres, atraentes, se-

Esconderijo do tatu

mulher namoradeira, sexualmente vulgar

dutoras e livres.

e escandalosa, que normalmente adora

Acredito que as mulheres acusadas de serem

perseguir homens de todos os tipos”.

periguetes assinariam o meu ‘Manifesto das

Empresa (?), empreendimento universitário

Ser uma coroa periguete não é uma identida-

Coroas Poderosas’, onde defendo que: “A coroa

de, é uma categoria de acusação, um estigma

poderosa quer namorar com quem ela bem

que algumas mulheres mais velhas carregam

entender (não importa a idade), fazer amor

como consequência do modo de se vestir e

quando quiser e beijar muito na boca. Ou

do comportamento considerado ridículo.

pode não querer mais nada disso. Quer vestir

A coroa periguete não é uma mulher invisível,

a roupa de que mais gosta, mesmo que seja

muito pelo contrário. Ela não aceita o impe-

considerada velha para usar minissaia e biquíni.

rativo: “seja uma velha; comporte-se como

Ela quer “ser ela mesma”, mostrar o corpo

uma velha”. Ela contesta, com suas escolhas

sem vergonha das imperfeições e sem buscar

e atitudes ousadas, a lógica da dominação

a aprovação dos outros. Coroas poderosas

masculina que exige que as mulheres mais

unidas jamais serão vencidas! Fodam-se as

velhas sejam discretas, apagadas e invisíveis.

rugas, as celulites e os quilos a mais!”.

Ao mesmo tempo que a coroa periguete

Você conhece mulheres mais velhas que,

questiona os comportamentos femininos

apesar do medo de serem consideradas velhas

mais amplamente aceitos, ela também

ridículas, adorariam ser coroas poderosas?

pode provocar inveja por não se submeter

MIRIAN GOLDENBERG é antropóloga,

ao que é socialmente esperado para as mu-

professora titular da Universidade Federal

lheres. Mesmo que de forma inconsciente,

do Rio de Janeiro e autora de “A Bela Ve-

ela combate, com sua ética e estética, os

lhice” (ed. Record)miriangoldenberg@

preconceitos e os tabus relacionados ao

uol.com.br

Reações típicas do show de humor

(?) alto, tipo de tênis

Forma de esclerose múltipla (sigla) Placas (?), peças da sinalização de parques

Via que ligava Roma a Brindisi

Flor-de-(?), símbolo da França Apelido de "Manuela" Que se desprendeu Cova (?), sepultura de mendigo Temor

Primeiro tempero da civilização

Material do sapato da Cinderela (Lit.)

Comum; típico Adjetivo atribuído ao melhor amigo

Sucesso de Fábio Jr. (Mús.) Folha usada no hambúrguer Épocas O ponto do Sol nascente

Intransitivo (abrev.) Esconder Resina para envernizar madeira Motivo de conflitos na Ásia Matiz

O mais fatal dos jogos de azar, praticado com um revólver

Recipiente para armazenar café ou cereais

Vice-presidente (abrev.) A região do Distrito Federal (abrev.)

(?) jornalístico, qualidade do investigador

4/ápia. 5/etnia. 8/sacarose. 10/matitaperê. 11/indicativas.

BANCO

(?) Moreira: narrou o audiolivro da Bíblia

45

Solução N D EG A L R U I T O A O S E A L I M A N S A D O C I L F A C T E A O M I T E TN I C A V O F A R U S S

A R

por MIRIAN GOLDENBERG/FOLHAPRESS

Cidade interiorana de São Paulo conhecida por suas romarias Examinava o texto

M N TA R A I A T C A R A P I ON E S R A M E D A A E S O R U A L S A L C E T A

ou coroas poderosas?

© Revistas COQUETEL

São defendidos por grupos contra discriminação racial no país Grito do carateca

Álbum de Tom, com "Águas de Março"

C C A A R R O G S A T C AM P S A L N TO C E R JU N I U S C T L A E R O L

Velhas ridículas

"(?) Pesada", série das aventuras de Pedro e Divisões do Bino (TV) planeta Terra (Geog.) Querer mandar na hora errada (pop.)

O

A P IR

B O M J E S U S D E P

Casas em Condomínio

Jd. das Palmeiras...........................................................................................................R$ consulte-nos Sunset Village (Nova) 4 Suítes........................................................................................R$ consulte-nos Euroville (nova).............................................................................................................R$ consulte-nos Portal de Bragança (nova) - 3 Suítes, Churr. + Piscina......................................................R$ consulte-nos Village Santa Helena - 4 Suítes, Piscina + Churr. + Sauna..............................................R$ consulte-nos Portal Bragança Horizonte (nova) - 3 Suítes + Espaço Gourmet c/ Churr...........................R$ consulte-nos Casa Praia de São Sebastião (Troca por casa em Condomínio)...........................................R$ consulte-nos Rosário de Fátima ( Ac imóvel – valor)............................................................................R$ consulte-nos

Terrenos em Condomínio

Villa Real 428m²............................................................................................................R$ consulte-nos Colinas de São Francisco (Vários)....................................................................................R$ consulte-nos Terras de Santa Cruz 771m²............................................................................................R$ consulte-nos Portal Bragança Horizonte (Vários).................................................................................R$ consulte-nos Portal Bragança (Vários)................................................................................................R$ consulte-nos Euroville (Vários)...........................................................................................................R$ consulte-nos

Apartamentos

Ed. Piazza de Siena(Em frente ao Clube de Campo)..........................................................R$ consulte-nos Ed. San Marino (Jardim Público).....................................................................................R$ consulte-nos Apto. Centro (novo).......................................................................................................R$ consulte-nos Apto. Jd Nova Bragança ( Alto Padrão 230m² 3vagas)...................................................... R$ Consulte-nos Lançamento Ed. Dr. Tartari (Centro)................................................................................R$ consulte-nos

Diversos

Casa Jd. América (Vende/Aluga).....................................................................................R$ consulte-nos Terreno Jd do Lago Comercial 600m² com terra planagem feita........................................R$ consulte-nos Imóvel Comercial AV. Norte-Sul......................................................................................R$ consulte-nos Casa Centro, 2 Garagens.................................................................................................R$ consulte-nos Sala Euroville Office Premium (Vende/Aluga).................................................................R$ consulte-nos


4

Jornal do Meio 895 Sexta 7 • Abril • 2017

por RACHEL BOTELHO/FOLHAPRESS

O celular que acessa a internet, grava vídeos, toca música, armazena milhares de livros, conta quantas calorias você ingeriu no almoço e não sai do seu lado nem na hora de dormir está fazendo suas faculdades mentais murcharem? Ainda é cedo para dizer com certeza, mas há indicações preocupantes de que um anúncio na linha “O Ministério da Saúde adverte: uso excessivo de smartphone emburrece” não é ficção científica. A telefonia móvel turbinada seria, na verdade, apenas o símbolo de um problema maior –no caso, o excesso de estimulação e exposição simultânea a múltiplas mídias que tem se tornado cada vez mais comum no último par de décadas. Diversos estudos indicam que há uma correlação entre esses estímulos incessantes e coisas como reduzida capacidade de memória, dificuldade de filtrar informações irrelevantes, problemas de impulsividade e falta de empatia. Ainda não está claro se a avalanche de mídias eletrônicas está causando esses problemas ou apenas os potencializa, mas os dados disponíveis até agora sugerem que mais cautela no uso desses dispositivos não faria mal, em especial por parte de pessoas cujo sistema nervoso ainda está em franco desenvolvimento (ou seja, crianças e adolescentes).

MMs

Os neurocientistas e psicólogos que estudam o impacto das tecnologias sobre a mente humana têm avaliado com especial atenção os efeitos do chamado MM (sigla inglesa de “media multitasking” ou “uso multitarefa de mídias”). O comportamento MM é, obviamente, muito facilitado pela posse de um smartphone –ouvir música e usar um aplicativo de mensagens ao mesmo tempo, por exemplo (talvez com a TV ligada ao fundo). O grupo coordenado pelo psicólogo Anthony Wagner, da Universidade Stanford (EUA), foi um dos primeiros a analisar de forma quantitativa o desempenho cognitivo de jovens classificados como HMMs (intensos usuários multitarefa de mídias) e LMMs (usuários “leves”). Em um dos estudos da equipe, que saiu na revista “PNAS”, havia duas tarefas simples (veja infográfico). Em uma delas, os jovens tinham de dizer se a posição de alguns retângulos vermelhos na tela do computador tinha mudado –e, ao mesmo tempo, não prestar atenção nos retângulos azuis que também apareciam na tela. Os ‘usuários intensos’, que poderíamos comparar a viciados em smartphone, saíram-se significativamente pior. No caso das letras e números, o curioso é que eles tinham mais dificuldade de alternar entre os dois tipos de estímulo, embora

supostamente estivessem mais habituados a lidar com dois tipos de informação ao mesmo tempo. Em outra pesquisa de Wagner, desta vez no periódico “Psychonomic Bulletin & Review”, os pobres ‘usuários intensos’ também mostraram ter desempenho pior na chamada memória de trabalho (a que as pessoas usam para guardar por alguns instantes um número de telefone antes de discá-lo, por exemplo) – e, o que é mais preocupante, esse efeito parece se refletir na memória de longo prazo. No que diz respeito à memória, resultados parecidos foram obtidos por Betsy Sparrow e colegas da Universidade Columbia (EUA) em artigo na revista “Science”. Os pesquisadores chegaram a usar o termo “efeito Google” porque as pessoas tinham mais dificuldade para recordar informações quando sabiam que elas estavam salvas no computador no qual participavam do estudo. Os efeitos citados acima já poderiam ser considerados ruins se tivessem apenas relação com o aprendizado, mas outros estudos mostram ainda que o MM mexe com coisas como o controle da impulsividade, das frustrações e das relações sociais. Adolescentes do Canadá viciados em trocar mensagens, por exemplo, são mais propensos a mostrar preconceito em relação a pessoas que não fazem parte de seu grupo social ou étnico e a valorizarem dinheiro e aparência física.

Dilema de tostines

Segundo Wagner, é preciso reconhecer que há um certo “dilema de Tostines” nesses dados. Pode ser que as pessoas que naturalmente já são mais dispersas e com baixo controle de impulsividade sejam atraídas naturalmente para o uso excessivo de mídias eletrônicas, e não que cérebros serenos estejam sendo destruídos pelos aparelhos. “Acho o tópico fascinante, porque estamos entrando numa outra fase da evolução”, analisa o neurocientista Sidarta Ribeiro, do Instituto do Cérebro da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). “Já somos ciborgues, estamos terceirizando memórias de trabalho, cálculos, gramática etc.” Um impacto possível dessa explosão a longo prazo seria a diminuição da criatividade humana, uma vez que o ócio cerebral –o descanso sem estímulos significativos – ajudaria a criar conexões entre temas díspares e a ter ideias inovadoras. Ribeiro é menos pessimista. “Essa questão é uma faca de dois gumes. O computador e a internet aumentam imensamente o poder de criar, embora possam matar o devaneio do ócio. A variância está aumentando –vejo um futuro com mais gênios e mais idiotas. Depende do modo de usar a tecnologia.”


Jornal do Meio 895 Sexta 7 • Abril • 2017

5

O poder do lápis Por LAÍS OLIVEIRA/FOLHAPRESS

O lápis de boca ajuda a definir os lábios e a disfarçar imperfeições, além de prolongar a duração do batom; aprenda a usar o produto Com mil e uma utilidades, o lápis de boca tem mais funções do que só delimitar a linha dos lábios antes do uso do batom. “Ele serve para definir o contorno labial, para dar a impressão de mais volume ou, ainda, para diminuir

a região. Além disso, ajuda na fixação do batom e prolonga a sua duração”, explica a” beautyartist” Tatiana Donadio, do Studio WIguatemi Alphaville. Nas mulheres idosas, ele pode ajudar também a disfarçar a ação da idade. “Como passar do tempo, é normal perdermos a definição do contorno labial. E o lápis o desenha”, aponta Fabi Gomes,maquiadora sênior da MAC.

Para fazer esse desenho, o indicado é escolher uma tonalidade semelhante à do batom ou um pouco mais clara. Mas misturas também são bem-vindas. O produto pode até ser usado sozinho, como substituto do batom em bastão, preenchendo o lábio todo. “Existem cores maravilhosas e com texturas bem próximas às do batom”, revela Tatiana. Outra opção é o lápis incolor. “Ele fun-

ciona com qualquer tom, pois deixa acor fiel e tem o efeito de fixação do batom por mais tempo”, destaca a coordenadora educacional de maquiadores da Vult, Dora Abreu. É importante ficar atento à consistência, que precisa ser macia. “A textura deve ser matte,mas não tão seca, senão pode até machucar os lábios na hora de aplicar”, diz Tatiana. Fotos:Rivaldo Gomes/Folhapress

Comece o contorno a partir do arco do cupido (o coraçãozinho dos lábios) até os cantinhos da boca. Com o mesmo lápis, preencha todo o lábio superior para unificar a cor. Faça o contorno e preencha o lábio inferior.

Neutralize a boca com uma base

Se quiser diminuir o volume, faça o contorno um pouquinho para dentro dos lábios. Use base para disfarçar a cor natural deles, como na foto ao lado. Por outro lado, se quiser aumentá-los, pode passar

A modelo Tatiana Berke é maquiada com o lápis de boca

Autonomia de objetos conectados

pode levar a revolta contra máquinas Por RONALDO LEMOS/FOLHAPRESS

Dois professores de Oxford, Carl Frey e

tornar uma peça “digital”. A parte eletrônica

vez mais de fábrica com software capaz de

jogou fora um computador ou um celular

Michael Osborne, escreveram trabalho

torna-se essencial para o seu funcionamento.

controlar cada vez mais partes essenciais do

porque ele ficou lento demais? E se o mesmo

seminal sobre o fim dos empregos.

Um exemplo dramático disso ocorre entre

seu funcionamento.

acontecer com o seu carro?

Segundo eles, por causa da tecnologia, 47%

fazendeiros nos EUA. A geração mais nova de

O mesmo acontece com outros tipos de ma-

Por isso é preciso adotar desde já cinco prin-

dos empregos nos EUA vão desaparecer nos

uma famosa marca de tratores é totalmente

quinário ou utensílios domésticos. Isso pode

cípios para governar nossa relação com os

próximos anos. Eles criaram uma tabela de

digital. Os veículos vêm com um software que

retirar do usuário o controle sobre os objetos

objetos conectados. São eles: confiabilidade,

probabilidades de quais profissões têm mais

controla suas funcionalidades mais básicas. O

que utiliza e trazer problemas inesperados.

segurança, privacidade, interoperabilidade e

chances de desaparecer.

problema é que, quando um desses tratores

Ninguém quer um carro que se torna inútil

autonomia (inclusive de consertar o objeto

Entre aquelas com grandes chances de sumiço,

quebra, o contrato de licença do software não

com um software que falhe. A própria ideia

sozinho). Se não fizermos isso, o resto será

estão operadores de call center e motoristas em

permite que eles sejam consertados. É preciso

de “lixo digital” pode se ampliar. Quem nunca

revolta.

geral. Entre as profissões de baixa probabilidade

chamar um técnico especializado, que é muito

de sumiço, estão, por exemplo, enfermeiras e

diferente de um mecânico tradicional.

enfermeiros, que ainda vão demorar a serem

Um artigo recente da “Vice” mostrou que

trocados por máquinas.

isso tem gerado revolta entre fazendeiros.

No entanto, há uma outra profissão não

Acostumados a atuar em uma lógica do “faça

mencionada que também corre perigo de

você mesmo”, consertando seu próprio equi-

sumir ou de mudar radicalmente, ainda que

pamento quando ele quebra, muitos estão

por outros motivos: os mecânicos de automó-

indignados com a impossibilidade de exercer

veis e qualquer pessoa que viva de consertar

controle sobre os tratores que compraram.

aparelhos ou maquinário.

Alguns estão optando por deletar o software

A razão é que estamos diante da tendência

que vem de fábrica, substituindo-o por uma

de que todos os objetos cotidianos, inclusive

versão pirata da Ucrânia, que dá controle total

os mais prosaicos, acabarão por se conectar à

ao dono do trator e dispensa intermediários.

internet. Uma vez que isso acontece, o objeto

Esse problema em breve será de todos nós.

deixa de ser uma peça “analógica” para se

Carros de passeio, por exemplo, virão cada

Foto: Gabriel Cabral/Folhapress

Mecânico de automóveis está entre profissões com mais chances de desaparecer por causa da tecnologia.


6

Antenado

Jornal do Meio 895 Sexta 7 • Abril • 2017

A crítica literária tentou

domesticar ‘Grande Sertão’

Intelectual revê análises sobre obra de Guimarães Rosa e diz que ela é a ‘crítica mais radical’ ao desenvolvimentismo Por MARIA LUÍSA BARSANELLI/FOLHAPRESS

Lá vem o trenzinho caipira da litera-

se preocupar com as questões humanas e

da maioria dos leitores.

tura brasileira apitando e soltando

sociais [O romance de Rosa sai no mesmo

O livro é publicado na mesma época em

fuligem. De repente, desaba um

ano em que JK assume o poder].

que a Bienal de Arte de São Paulo premia

Genealogia da ferocidade

pedregulho nos trilhos, quebra tudo.

A comparação com “Os Sertões” foi muito

o abstracionismo geométrico. Depois, vêm

Autor Silviano Santiago

É essa a metáfora que Silviano Santiago,

útil, mas ela foi escondendo o que é o livro.

João Cabral de Melo Neto, que usa 20 pa-

Editora Companhia Editora de Pernambuco

um dos principais críticos literários do país,

Vejo dois elementos: um é a ferocidade, que

lavras para escrever [risos], e os concretos.

Quanto R$ 40 (117 págs.)

usa para falar do surgimento de “Grande

é responsável pelo comportamento dos

Mais adiante, a bossa nova. Toda essa ideia

Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, nas

personagens dentro daquele enclave; outro,

de que menos é mais.

RAIO-X

letras nacionais, em 1956. O sertão rosiano

a irascibilidade, que seria toda a tentativa

Todos adotam a linguagem racional do

Nascimento

é o objeto de seu novo livro, “Genealogia

de botar ordem nessa anarquia.

desenvolvimentismo. No fundo, participam

Formiga (MG), 29.set.1936

da Ferocidade”.

Então, o livro é uma crítica ao desenvolvi-

literária e politicamente dele.

Carreira

Em entrevista à Folha, Santiago diz que a

mentismo?

Por que você diz que o uso que Guimarães

Formado em letras pela UFMG e doutor pela

crítica tentou “domesticar” “Grande Sertão”

A mais radical já feita.

Rosa faz da pontuação é aleatório?

Sorbonne, foi professor da Universidade do

e não se deu conta da crítica que ele faz ao

Mas só no plano político?

Se você for seguir a pontuação racionalmente,

Novo México (EUA), da PUC-Rio e da UFF,

desenvolvimentismo do país.

Também no plano estético, uma crítica aos

você não sai da frase. Comparo com a pintura

entre outras.

Que tipo de domesticação é essa que você

perigos de você representar o desenvolvi-

de Jackson Pollock, você vai distribuindo [a

É autor de livros de ficção como ‘Machado’

aponta na crítica literária sobre o livro?

mentismo pelos valores que ele faz circular

pontuação] pela página. Guimarães Rosa

(Companhia das Letras) e de crítica, como

A crítica se viu diante do dilema complicado,

naquele momento. Daí vem a insatisfação

ordenou a fala do jagunço da maneira que

‘O Cosmopolitismo do Pobre’ (UFMG)

porque é um livro de leitura áspera. A revis-

ela poderia ser ordenada, que é pelo acaso.

Foto: Ricardo Borges/Folhapress

ta “Leitura” publicou um artigo que trazia entrevistas com escritores que não tinham conseguido lê-lo [Ferreira Gullar disse: “O livro começou a parecer-me uma história de cangaço contada para os linguistas”]. A crítica assumiu sua função tradicional, de mediar a leitura para o leitor comum. O sr. atribui também a Antonio Candido tal domesticação. Ele, o mestre de todos nós, teve a ideia extraordinária de comparar o livro a “Os Sertões”, de Euclides da Cunha. Essa comparação serve para dar um olhar histórico a um romance que, na verdade, não se apoia na história. Imediatamente, o romance se transforma numa nova representação dos problemas clássicos da República Velha, com os jagunços e coronéis. No entanto, você vê que no livro não há nenhuma data. Ele vai dando uma conotação um pouquinho perigosa, que é o conflito entre o progresso e a barbárie. Por que essa comparação não faria sentido? A condição de enclave torna “Grande Sertão” uma alegoria da nação toda vez que ela passa por um movimento desenvolvimentista sem

Silviano Santiago em seu apartamento no Rio de Janeiro.


Saúde

Jornal do Meio 895 Sexta 7 • Abril • 2017

7

Varizes

Varizes podem causar feridas na pele que são difíceis de tratar, três em cada cem casos são graves e provocam muito desconforto em quem convive com a doença por WILLIAM CARDOSO/FOLHAPRESS

Varizes parecem coisas

cular Fabio Yamada, também da

simples. Porém, em três

da AMA Especialidades Parque

de cada cem casos podem

Peruche.

provocar até mesmo feridas

Vice-presidente da Sociedade

difíceis de curar, que resistem

Brasileira de Angiologia e de Ci-

na pele por décadas. Dores,

rurgia Vascular, Marcelo Moraes

sensação de peso nas pernas,

afirma que é importante fazer o

inchaço, pele seca e coceira são

diagnóstico precoce da doença.

sinais de alerta.

“Quanto mais cedo cuidar da

A genética é responsável por

doença, mais simples de ser feito

até 90% dos casos de varizes,

o tratamento. Se chegar a casos

embora outros fatores também

mais avançados, o procedimento

possam desencadear a doença.

costuma ser difícil.”

Sedentarismo, obesidade e ati-

O especialista diz que o tratamento

vidades que exijam que a pessoa

pode ser não-invasivo, com o uso

fique muito tempo em pé ou que

de meias e medicação, ou cirúrgi-

carregue peso colaboram para o

co, com a remoção, uso técnicas

surgimento.

de queima ou preenchimento da

“Permanecer por muitas horas

veia. “A partir do momento em

em pé facilita o surgimento de

que se torna doente, a veia não

varizes. A gravidade dificulta o

tem mais cura. Tem que eliminar.

retorno venoso [bombeamento

Não há como cuidar mais dela”,

do sangue das pernas para o

diz Moraes. Doença pode voltar

coração]”, diz a cirurgiã vascular

após tratamento

da AMA Especialidades Parque

Mesmo com técnicas modernas

Peruche, Tatiana Schmuziger.

de intervenção e com o avanço

A incidência de varizes é maior

da medicina, o tratamento das

em mulheres. Uma em cada três

varizes não significa que o pa-

sofre da doença em algum mo-

ciente ficará livre para sempre

mento da vida. “Mulheres têm

da doença. Tudo isso por causa

maior predisposição a varizes

do fator genético. “Um em cada

devido ao fator hormonal, uso de

quatro pacientes vão ter novas

anticoncepcionais e ainda é agra-

varizes em até cinco anos após

vado pelo número de gestações.

tratá-las”, afirma o vice- presi-

A menstruação e a menopausa

dente da Sociedade Brasileira de

também aumentam a dilatação

Angiologia e de Cirurgia Vascular,

das veias”, diz o cirurgião vas-

Marcelo Moraes.

Arte: Folhapress


8

Jornal do Meio 895 Sexta 7 • Abril • 2017


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.