Braganรงa Paulista
Sexta 21 Abril 2017
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Para pensar
Jornal do Meio 897 Sexta 21 • Abril • 2017
Expediente
Esse óleo não
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faz milagre
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O óleo de coco tem sido associado a diversos benefícios, mas as sociedades médicas alertam: não só ele não protege o coração como pode até elevar o colesterol por PHILLIPPE WATANABE/FOLHAPRESS
Um óleo vegetal que previne doenças cardiovasculares, e neurodegenerativas, é bom para o cabelo, para a higiene e ainda ajuda a emagrecer. Se você pensou em óleo de coco, acertou, mas também errou, já que nenhum desses benefícios é real. Sociedades médicas brasileiras têm tentado desmistificar o falso milagre do momento: as funções terapêuticas do óleo de coco. Na semana passada, a Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) se posicionou contra a prescrição do óleo como terapia para emagrecer. Antes, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) já haviam divulgado, em conjunto, um posicionamento contrário à utilização do óleo de coco para a perda de peso. As duas sociedades afirmavam que não havia qualquer evidência científica ou mecanismos fisiológicos para a associação entre o tão falado óleo e o emagrecimento. OK, não afeta o peso, mas evita um monte de doenças e faz bem para a saúde, certo? Mais uma vez, não. O posicionamento da Abran também fala sobre as outras propriedades supostamente milagrosas do óleo. De forma geral, o óleo de coco não possui ação antibacteriana –e tem muita gente que usa o óleo para higiene. Os estudos foram realizados in vitro e não são conclusivos. Portanto, o produto não deve ser indicado para este fim. Da mesma forma, não há estudos que abordem o efeito do óleo na função cerebral ou evidência de uma ação protetora contra doenças neurodegenerativas. “Hoje não há suporte científico para dizer que ele traz qualquer benefício”, afirma Ana Lúcia dos Anjos, pesquisadora da faculdade de medicina da Unesp de Botucatu e médica nutróloga da Abran. “De forma muito prática, é possível dizer que ele serve para nada”, diz Fábio Trujilho, presidente da Sbem. Para Maria Edna de Melo, presidente da Abeso, o óleo de coco é só um modismo com apelo de
produto natural. “As pessoas gostam do milagre”, diz Ana Lúcia. “Hoje, com o aumento da obesidade, qualquer coisa que supostamente ajude a perder peso vende muito”, diz Trujilho. E a um preço alto: um pote de 200 ml custa cerca de R$ 20. faz mal? O problema, afirma Maria Edna, é que quando se faz uma orientação baseada em modismo não se sabe dos possíveis riscos à saúde dos pacientes. E há quem indique o óleo de coco como se fosse um medicamento, para ser tomado de colherada. A presidente da Abeso se refere à questão das gorduras saturadas, nas quais o óleo de coco é rico e que, na literatura médica, são tradicionalmente associadas a
uma maior chance de eventos cardiovasculares. Estudos feitos até o momento apontam para um aumento de colesterol (tanto o ‘ruim’, o LDL, quanto o ‘bom’, o HDL) associado ao consumo de óleo de coco. Algumas pesquisas têm questionado a relação direta da gordura saturada com eventos cardiovasculares. Contudo, os especialistas ouvidos pela Folha dizem acreditar que o melhor é não incentivar o uso do óleo de coco por cautela e segurança. Trujilho diz que ainda não é possível bater o martelo e dizer se o óleo de coco pode fazer mal ou não, mas não há dúvidas de que ele não tem propriedades terapêuticas. Clarissa Fujiwara, pesquisadora
do Hospital das Clínicas da faculdade de medicina da USP e membro da Abeso, afirma que o óleo de coco não deve substituir, por completo, outros óleos e gorduras e que não é adequado estimular o uso para indivíduos que precisam controlar os níveis de colesterol. Ela lembra ainda que as quantidades e tipos de óleos devem ser ajustados às necessidades individuais. Para quem está na dúvida de qual óleo usar, a pesquisadora tem uma dica: um dos tipos de óleo em que há consenso em relação à saúde é o azeite de oliva, alvo de muitas pesquisas e associado à dieta mediterrânea. Também vale o famoso “use com moderação”, válido para quase qualquer item do cardá-
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
pio, especialmente quando o conhecimento sobre ele ainda é incipiente. “As verdades científicas são transitórias. Esse posicionamento da Abran pode ser mudado. Mas, por hora, é isso o que se sabe sobre o óleo de coco”, diz Ana Lúcia. Os especialistas ouvidos pela Folha são unânimes em um ponto: fuja de modismos e soluções mágicas. Foto: Gabriel Cabral/Folhapress
Óleo de coco, que chega a custar R$ 100 o litro
Reflexão e Práxis
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
Reivindicação, em inglês
Jogada inicial do vôlei (?) digitais: popularizaram-se nos anos 90
Ultraje a (?), banda brasileira "Eros e (?)", mito grego E, em inglês
(?) sideral: a porção "vazia" do universo
País onde estão as ruínas de Persépolis Possível destino após a morte (Catol.)
por pedro marcelo galasso "Desenvolvimento", em BNDES Punho
Associação que defende greves Roupão "A Menina (?) Roubava Livros", romance
New (?): movimento esotérico (anos 70)
Pegar no sono Peça do violinista
Rio que banha o Acre
Antigo cortiço do Rio Classe gramatical de "nenhum", "nós" ou "mim"
São tratados pelo podólogo (Anat.)
Lar de Eva (Bíb.) A moeda japonesa
(?) alto: alvo da Lei do Silêncio
Cede Pórtico de templos japoneses
Converso com Deus Apelido de "Cristiano" Ângela (?), política brasileira
(?) elétrica, causa de acidentes aéreos
"(?) baba!", expressão indiana (?) sem cabeça: criatura do folclore "Que Nem (?)", sucesso de Jorge Vercilo Álvaro de Campos, em relação a Fernando Pessoa
BANCO
Calmo, em inglês Animal abatido
Corte considerado "carne de segunda" O mundo muçulmano Oeste (abrev.)
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Solução
P M C C C
E N R P O S I C Q UE U E P E I S E N A E M I O N G
E
S L Ã I M O C
A AÇ
C C I A I GO R U T I R Ã A T O E D A G E O R CO D E N G F T O RI P M
W. Bush. A terceira, a mais preocupante é a incerteza frente as ações de Trump. Não sabemos o que esperar do atual presidente dos EUA, não sabemos o que esperar do Congresso dos EUA e nem de seu povo. Há um componente messiânico que dá a estas ações um caráter de salvação ou de último recurso, algo que preenche o imaginário coletivo dos EUA e que alimenta seu ideário político tornando tudo mais perigoso e irracional. Como agravante deste contexto, o que esperar de Putin, presidente-ditador da Rússia, a república mais poderosa da CEI? Qual a razão da aliança entre a Rússia e o ditador da Síria? Ou a mais recente aliança russa com o Irã, país declaradamente inimigo dos EUA? Explicações mais simplistas e maniqueístas, sempre reducionistas e perigosas, tentam limitar tudo isso ao petróleo. É evidente que o petróleo tem um papel fundamental, mas não explica tudo, pois o que está em jogo vai além do recurso energético que move a economia global e a História mostra isso de forma clara e exemplar, não na forma de uma repetição do passado, mas como uma série de possibilidades e de ações desastrosas e, infelizmente, esquecidas. Quanto tempo até todo esse contexto extrapolar as disputas atuais? Quanto tempo até uma tomada de decisão e uma escolha de lado seja necessária para um número maior de países? O que pensar do silêncio da China? O ataque estadunidense no território sírio durante a visita dos chineses nos EUA foi uma coincidência ou uma demonstração de força? Parece correto dizer que há muito mais do que podemos ver ou entender por enquanto o que reafirma a única ideia consensual no momento – a incerteza impera e é absoluta.
3/age — and — irã — moa. 4/calm. 5/carpo — claim. 10/heterônimo.
Como muitos já esperavam, o governo estadunidense, na figura do presidente Trump, retoma uma política externa agressiva e que nos remete a um passado de conflitos mundiais, lembrança desconfortável a todos, pois estes momentos belicosos são responsáveis por atos de barbárie e de selvageria, normalmente acompanhados de crises econômicas e convulsões sociais. Esta política externa agressiva, divulgada e defendida por Trump desde as campanhas presidenciais dos EUA, ganha força devido ao poderio bélico estadunidense e faz renascer alguns fantasmas, mas cria incoerências históricas, como o ressurgimento da Guerra Fria e até da URSS, em um mundo diverso e mais complexo que aquele das décadas de 40 a 90 do século XX. Isto ocorre pela ameaça do uso de armas nucleares, uma moeda de troca sempre cara e intimidadora, a boa e velha arma de dissuasão, feita para intimidar os oponentes e garantir um maior poder de barganha. As novidades das ações estadunidenses, no entanto, existem e são sérias. A primeira, é a ampliação das ações bélicas em outros locais além da Síria, a região usada como a desculpa para o início das hostilidades globais. É preciso dizer que a Síria não importa, pois ela é somente a desculpa para as ações e não a razão das ações, como a História nos mostrou inúmeras vezes. A segunda, o retorno dos EUA a regiões que ele havia, oficialmente, abandonado como o Afeganistão. Talvez, alguém se pergunte – qual a razão do ataque ao Afeganistão? Bem, houve ao longo da Guerra Fria uma disputa entre os EUA e a URSS sobre a região, notadamente, após a invasão soviética naquela região, na verdade, uma retaliação da própria URSS a algumas ações dos EUA na Europa e no Oriente Médio, ou seja, observamos o retorno dos EUA a algumas regiões que ele julga importantes. E não podemos nos esquecer da intervenção dos EUA no Afeganistão ao longo governo de George
Contém o local de realização da prova de cada candidato do Enem Alimento probiótico
A O Q U Q U E A E R A S I ND P O A A Ç A D O R O C R N O M A E A C A R E T E R
e amedrontador
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Signo da O marido da filha pessoa nascida entre 20/01 e 19/02
C E L S A C I A M D A R M O A BE G I V R O U L S U M H E
Mundo confuso
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Jornal do Meio 897 Sexta 21 • Abril • 2017
Não há fórmula mágica seguir regras criadas por outras pessoas é um dos principais erros dos pais para tentar fazer a criança dormir Por NELSON DE SÁ/FOLHAPRESS
Era uma vez João Carvalho Carneiro, um aventureiro que, aos nove meses, engatinhava freneticamente pela sala de casa e ficava em pé em um jogo contra a gravidade. De olhos doces e sorriso fácil, a criança tinha um monstro a derrotar: a hora de dormir. Para ajudar o pequeno cheio de energia –e a si mesmos–, os pais resolveram pedir ajuda para uma fada: a consultora do sono. “Eu cheguei ao limite”, diz a arquiteta e mãe Ana de Carvalho, 33. “O Caio [pai] está acabado, eu estou acabada.” Uma das preocupações de Ana é o instante em que o cansaço pode bater (enquanto ela dirige, por exemplo). A família há meses sofre com a hora de dormir do pequeno João, que briga com o sono e com quem estiver em volta. “Ele me empurra, grita, aperta o nariz e não dorme”, diz. “São problemas de pais de primeira viagem que estão aprendendo a lidar com o humano recém-chegado”, talvez pense o leitor, ansioso para enumerar truques de ninar.
Provavelmente não ajudaria. “A minha filha mais velha não deu trabalho para dormir. Ela já veio com a programação certa”, diz, em tom de brincadeira, a oftalmologista pediátrica Renata Karina da Cruz, 39. Já com Nina, a segunda filha, foi um pouco mais difícil. “Ela dormia no meu colo. Na hora em que eu a colocava no berço, ela acordava.” A solução encontrada pelas duas famílias foi buscar consultores de sono, pessoas que se dedicam a tentar ajudar famílias desesperadas por uma boa noite de descanso. Esses profissionais, que podem atender na casa da pessoa, em consultório ou até mesmo por Skype, Whatsapp e e-mail, por preços que vão de R$ 100 a R$ 4 mil. De forma geral, os consultores buscam orientar e auxiliar na construção de rotinas que levem os bebês a dormir melhor (veja o infográfico). Buscam, desta forma, auxiliar pais a identificar melhor algumas características, comportamentos da criança e sinais de que ela pode estar começando a ficar sonolenta. Ao perceber que a criança está
“quase lá”, é importante começar a prepará-la para dormir, seja através de um banho, com um pouco de colo ou até contando historinhas. E é aí que surge a importância da rotina, dizem as consultoras ouvidos pela Folha –todas mães e que passaram perrengues com seus próprios bebês. “Eu ajudo dentro da rotina da família, dos compromissos. Ajudo a deixar essa rotina mais suave e mais bem definida”, afirma Renata Konzen, consultora de sono há oito anos e criadora da empresa Sosseguinho. Quando necessário, ela passa cinco dias, 24h por dia, na casa da família que a contratou. Para entender os sinais e criar essa rotina, entram as especificidades de cada criança e, por isso, não espere por mágica ou fadas-madrinhas. “Não é uma receita de bolo”, diz Konzen. A consultora Patrícia Dias, do Materno Mundi, afirma que tentar seguir regras criadas por outras pessoas é um dos principais erros dos pais. “Muitas vezes é querer forçar algo que vai contra a natureza do bebê.” Por isso, a ansiedade dos pais
também é um fator. “Eu não trato nenhuma criança, eu trato os pais”, afirma a pediatra Lucila do Prado, presidente do departamento de medicina do sono da Sociedade Brasileira de Pediatria. Segundo Lucila, os pais precisam ensinar à criança o que é dia e noite, passar segurança para o bebê e estar em sincronia quanto à rotina, senão a criança seguirá a “bagunça da família”. Segundo Konzen, “acessórios” (chupeta, manta, dar de mamar) não necessariamente significarão um sono de qualidade. O segredo é ajudar a criança a se acalmar, não a dormir. “Eles precisam de amor, carinho e alimento. Dormir é uma coisa que cada um só pode fazer sozinho.” Renata da Cruz viu sua filha dormir bem no quarto dia de consultoria. Hoje, quatro anos após as consultas, nenhuma criança da casa sofre para dormir. Ana de Carvalho, no terceiro dia, ainda não viu uma evolução completa, mas diz estar otimista e já percebeu mudanças positivas. “O fundamental é o João ter qualidade de sono”, afirma. Foto: Danilo Verpa/Folhapress
Caio Carneiro (pai), Ana de Carvalho (mãe) e João consultam Patrícia Dias (esq.)
Informática & tecnologia
Jornal do Meio 897 Sexta 21 • Abril • 2017
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Depilação masculina Seja por vaidade, para melhorar a performance esportiva ou até mesmo por higiene, cada vez mais homens tiramos pelos do corpo
Por LAÍS OLIVEIRA/FOLHAPRESS Foto: Robson Ventura/Folhapress
Antes com um apenas entre os esportistas, a depilação masculina está cada vez mais popular. “Estima-se que a proporção entre as pessoas que se depilam seja 65% mulheres e 35% homens. Mas a quantidade de homens vem crescendo gradativamente. Os atletas se depilam para melhorar a performance, e os fisiculturistas, para mostrar o contorno do corpo. Em geral, os homens se depilam por higiene e bem-estar”, diz Daniela Pontes, coordenadora do 7º Congresso de Depilação da Beauty Fair. O empresário Diego Tovar, 27 anos, tira os pelos do peito e das pernas. “Faço por estética e por higiene. E já virou costume”, diz. Ele começou em 2003, porque os pelos dificultavam cuidados com machucados causados pelo futebol. Depois, fazia o procedimento para ressaltar os músculos. E, agora, também é estimulado pela namorada. “Ela gosta desse cuidado.” A consultora de imagem Raissa Starosta diz que os homens estão mais vaidosos. “Depilados, eles transmitem a imagem de higiene e cuidado com o próprio corpo”, avalia. Peito, abdome e costas são as partes mais comumente depiladas pelos homens. E o que era associado às mulheres já não tem mais essa restrição. “Boa parte das angústias contemporâneas diz respeito, justamente, aos chamados papéis de gênero: quem depila, quem cria os filhos, quem trabalha. E tudo isso não tem absolutamente nada a ver com a sexualidade das pessoas”,
O empresário Diego Tovar, 27 anos, tira os pelos do peito em casa, com barbeador.
analisa o psicanalista Newton Molon.
Terrorismo
Cientistas tentam entender origem do terrorismo e como preveni-lo. Jovens, maior parte dos recrutados, podem ser o ponto central para compreender o fenômeno. Falta de financiamento e complexidade do assunto, porém, dificultam avanços nas pesquisas sobre o tema Por RICARDO BONALUME NETO/FOLHAPRESS
O presidente americano Donald Trump, que prometeu ser duro face ao terrorismo, especialmente o do Estado Islâmico, criou uma pequena tempestade nos meios acadêmicos com suas posições extremadas. Ironicamente, a eleição de Trump coincidiu com um artigo publicado na revista “Science”, em que quatro especialistas de diferentes áreas propõem uma estratégia para a pesquisa do terrorismo, com ênfase na cooperação governo-academia. O artigo foi escrito por Scott Atran e Robert Axelrod, ambos da Universidade de Michigan, Baruch Fischhoff da Universidade Carnegie Mellon e Richard Davis, ex-assessor da Casa Branca, hoje na Universidade de Oxford. “Aspectos fundamentais do terrorismo permanecem obscuros: o que identifica os terroristas antes de agirem; como se radicalizam; o que motiva sua violência; quando agem; que contramedidas são mais eficazes?”, perguntam os pesquisadores. Eles defendem uma pesquisa de campo teoricamente informada, que inclua todas as disciplinas e seja vinculada à formulação de políticas estatais –com cuidado para preservar a independência acadêmica dos investigadores. “Um progresso melhor para informar e testar hipóteses é possível usando dados de campo, coletados de forma cientificamente confiável
de terroristas, seus apoiadores e nas populações em que vivem”, dizem Atran e colegas. No deserto de dados sobre como funcionam os grupos terroristas há espaço de sobra para elucubrações. De modo simplista, dizem os autores, muitos acreditam que a radicalização pode surgir da pobreza, falta de educação, marginalização, ocupação militar estrangeira e fervor religioso. Uma linha de pesquisa mais acessível é estudar “como as pessoas realmente se envolvem em redes terroristas –por exemplo, como elas se radicalizam e são recrutadas, passam à ação ou abandonam a causa”, dizem os cientistas. Segundo os especialistas, a juventude, maior parte dos recrutas terroristas atuais, é um dos principais pontos no qual a pesquisa deve se focar. “Para prevenir o terrorismo, precisamos de pesquisa sobre prevenção, promovendo o desenvolvimento positivo da juventude através de possibilidades concretas para realizar as esperanças e os sonhos dos jovens”, afirmam. “Para serem mais bem-sucedidos na luta contra o terrorismo, os governos devem observar como se pode construir capacidade de pesquisa adequadamente financiada, independente da interferência governamental e fundamentada na coleta, verificação e análise sistemática de dados desprovidos de política”, diz Atran. Segundo Fischhoff, da Carnegie Mellon, as
dificuldades para isso são grandes, considerando as diversas especialidades necessárias e a falta de oportunidades e incentivo. Mesmo os EUA, país interessado no tema, não gastam muito com a pesquisa social do terrorismo. O financiamento do Departamento de Defesa para as ciências sociais não tem sido maior do que 2% do seu orçamento anual entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões para pesquisa em ciência. Mesmo o financiamento federal para psicologia e pesquisa em ciências sociais nas universidades tem sido constante (US$ 958 milhões de US $16 bilhões) na última década. Projeto mapeia atentados e suas intensidades De 1970 até 2015, o mundo foi afetado por cerca de 150.000 atentados terroristas, com diferentes níveis de gravidade. O cálculo foi feito pelo Consórcio Nacional de Estudo do Terrorismo e Respostas ao Terrorismo da Universidade de Maryland (conhecido pela sigla em inglês Start). Um mapa reunindo as informações desses ataques terroristas durante 45 anos produzido pelo Start mostra a intensidade (combinação entre número de mortos e feridos) dos atentados –cores frias, como verde, para baixa intensidade, cores quentes, como amarelo e vermelho, para alta. Os locais mais “quentes” do planeta neste período foram Peru, Colômbia e América
Central no continente americano; Nigéria, Congo e Argélia, no continente africano; Israel/ Palestina, Jordânia e Síria, na Ásia. Irlanda do Norte e país Basco eram os mais “quentes” na Europa. Quando de trata de terrorismo, a pesquisa acadêmica precisa se tornar verdadeiramente interdisciplinar, para que análises de dados, unindo teoria e experiência de campo, prestem atenção a conexões significativas. O sucesso do Estado Islâmico se deve, em parte, ao trabalho de campo, ao aprender as nuances de palavras e conexões sociais necessárias para alistar seguidores. Pesquisas sugerem que quase três quartos dos que se juntam ao Estado Islâmico ou à Al Qaeda o fazem em grupos, através de redes sociais pré-existentes em pequenas cidades ou bairros específicos. Portanto, as políticas de prevenção precisam focar menos em personalidades individuais e mais em dinâmicas de grupo. O Estado Islâmico conseguiu recrutar militantes em cerca de 100 países; logo, a investigação de campo e seu financiamento precisariam ser uma cooperação multinacional. Além disso, os modelos de crescimento de redes terroristas poderiam se basear numa “epidemiologia” de ideias radicais nas redes sociais, permitindo uma abordagem da saúde pública, e não puramente criminosa, ao extremismo.
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“A Terceira Onda da Internet” Criador da AOL escreve sobre passado e futuro da internet
Por GIULIANA MIRANDA/FOLHAPRESS
O livro “A Terceira Onda da Internet”, do cofundador da AOL Steve Case, tem a ambição de ser várias obras em apenas uma. A primeira delas, que dá origem ao título do livro, trata de uma organização da história da internet em três eras proposta por Case. Na mais antiga das ondas, que Case situa nas décadas de 1980 e 1990, a AOL foi uma das protagonistas. O período foi dominado por empresas que forneciam infraestrutura que permitia aos primeiros usuários se conectar à rede. Superada essa fase, entrou-se em uma época de desenvolvimento de serviços que se beneficiaram do acesso disseminado e, mais tarde, da mobilidade criada pelos smartphones. É a era de companhias como Google, Facebook e Amazon. O que mais interessa o autor, porém, é a nova onda que começa a se levantar. Nela, deixaria de fazer sentido falar em conectar-se à rede, pois objetos estariam conectados o tempo todo em toda nossa volta. Essa seria a era da “internet de tudo”, em que não fará mais sentido falar em entrar na internet. O autor faz apostas de que essa nova fronteira aberta pela internet das coisas irá revolucionar áreas como saúde e educação, o que não chega a ser novidade. Infelizmente ele não aponta bons casos concretos em desenvolvimento, fora um punhado de start-ups investidas por sua própria firma de capital de risco. O autor identifica tendências interessantes trazidas pela mistura entre empresas da internet e setores tradicionais. A mais intrigante delas é uma descentralização dos polos de inovação, especialmente nos EUA. Como serão necessários especialistas em novas áreas para construir, junto com os engenheiros de computação, as empresas de ponta da nova internet, poderá valer mais a pena instalar start-ups em polos de conhecimento em medicina ou agricultura do que ter sede no Vale do Silício (região da Califórnia onde estão empresas como Google, Apple e Facebook). BIOGRAFIA A segunda obra que poderia ser extraída do livro escrito por Case é uma autobiografia do autor, dedicando especial atenção à história meteórica de ascensão e queda da AOL, empresa responsável por colocar dezenas de milhões de americanos na internet pela primeira vez. O fio que uniria as coisas, segundo Case,
seria uma semelhança entre o modo como se fazia negócios na internet nos anos 1980 -dependendo de regulações governamentais e da construção de infraestrutura- com os desafios que serão enfrentados pelos futuros empreendedores. Case narra sua atuação em start-ups do setor de tecnologia nos anos 1980, desde sua passagem por firma que faliu tentando vender jogos on-line até a criação da AOL e sua saída da empresa, em 2003. O resultado, porém, é frustrante. Autocentrada e superficial, a narrativa não traça cenário informativo do momento em que surgia a internet. O texto segue as empresas pelas quais o empreendedor passou e o que fez em cada uma delas, quase como um currículo reforçado que pouco explica sobre a época do autor. O livro se torna mais interessante conforme a AOL se torna uma empresa relevante e, depois, um colosso de valor bilionário. Case escreve sobre a oferta inicial de ações
da companhia, em 1992, quando a AOL foi avaliada em apenas US$ 70 milhões, e conta como surgiu a vinheta “You Got Mail”, dita quando cliente da empresa recebia e-mail. Também passa por conflitos, como a tentativa agressiva de Bill Gates de comprar a AOL durante os anos 1990, rejeitada por Case, e a fusão entre AOL e Time Warner, no ano 2000, maior negócio da história até aquele momento e um fracasso retumbante. Case reafirma suas convicções de que a fusão fazia sentido no papel. Atribui o fracasso do negócio à diferença de cultura entre as empresas. Enquanto ele, do lado da AOL, pensava em aproveitar sinergias entre as companhias e fazer investimentos de longo prazo (Case conta ter se interessado em comprar o Google e criar serviços parecidos com os da Netflix), os executivos da Time Warner se preocupavam mais com os ganhos no curto prazo e muitos desdenhavam da internet. O livro de Case também traz um pequeno
guia para empreendedores da terceira onda, sugerindo atenção ao diálogo com o governo e pedindo perseverança, pois a terceira onda exigirá mais deles do que a era dos apps. Demonstrando uma veia de líder setorial, Case também separa espaço na obra para falar sobre o risco de os Estados Unidos ficarem para trás no cenário global de inovação. Pede uma simplificação das regras de imigração, melhora no ambiente de negócios e investimentos em pesquisa e desenvolvimento. No fim das contas, o livro tem boas passagens, mas o mosaico proposto por Case não satisfaz o leitor em quase nenhum assunto tratado.
A TERCEIRA ONDA DA INTERNET QUANTO: R$ 54,90 (256 PÁGS.) AUTOR: STEVE CASE EDITORA: HSM
O cofundador da AOL Steve Case apresenta ferramentas para internet do portal AOL; no ano 2000
Saúde
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Mioma Mioma pode deixar mulher com barriga igual à de grávida por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS Arte: Folhapress
Sintoma aparece em um tipo específico do tumor, mas na maior parte dos dos casos mioma nem dá sinais O mioma, tumor que não é câncer e nasce dentro ou fora do útero, é mais comum do que se possa imaginar. Na maior parte dos casos, a mulher nem sabe que o tem. Mas, dependendo do lugar do útero onde surge, pode fazer a barriga crescer a ponto de aparentar gravidez “No geral, 30% das mulheres com mioma têm sintomas, como sangramentos e dores abdominais. As outras 70% não sentem nada”, diz Marcos Messina, ginecologista do Hospital Samaritano de São Paulo. Pesquisa apresentada em documento do Ministério da Saúde aponta que 7% das mulheres tiveram diagnóstico de mioma no país -dentro de grupo com idade entre 15 e 49 anos. Na maioria dos casos, o tumor foi detectado em mulheres com idades entre 30 e 40 anos. Não existe uma explicação para o surgimento. Estudos mostram que ele está relacionado aos hormônios progesterona e estrogênio, que preparam o útero para a gravidez. Por isso há maior incidência entre mulheres durante a idade fértil. Segundo o ginecologista e obstetra Fábio Muniz, do Hospital e Maternidade São Cristóvão, as mulheres negras são mais propensas a terem o tumor, embora não se saiba a razão. “O surgimento dos miomas é duas a três vezes mais comum nesse grupo”, diz o médico. Muniz também afirma que o tumor pode demorar para apresentar sintomas, ficando estável por alguns anos para crescer em poucos meses. O tratamento, na maioria das vezes, é feito à base de medicamentos para controlar o fluxo menstrual. “Sem receber sangue, o mioma encolhe”, diz Messina. “Caso seja preciso de cirurgia, é feita a retirada do mioma. Em alguns casos, é retirado o útero”, completa. Outras situações podem pedir que os médicos façam um processo chamado embolização, em que uma espécie de sonda é inserida para cortar a artéria que leva o sangue ao mioma. Sem sangue, o mioma tem seu crescimento interrompido.
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