Braganรงa Paulista
Sexta 12 Maio 2017
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Para pensar
Jornal do Meio 900 Sexta 12 • Maio • 2017
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A igreja e as reformas
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na política e na economia por Mons. Giovanni Baresse
Volta e meia se percebe, nas intervenções de pessoas e dos meios de comunicação, certa exigência em que a hierarquia da Igreja tome posição em relação a assuntos que envolvem a vivência política, dados da vida econômica, visões sobre o comportamento, etc. É da essência do Evangelho – e dos que o têm como norma de vida – pautar palavras e comportamentos pela Boa Nova. Mesmo porque a Palavra do Senhor é Vida. E, como diz São Paulo, caminhamos na penumbra da fé para lembrar que ainda não estamos na visão beatífica. Temos que lidar com os desafios que nos envolvem no quotidiano e buscar soluções de vida para nós e para os outros. Além do questionamento à hierarquia de serviço da Igreja, questionam-se também os cristãos leigos e leigas: há que se tomar uma posição, um partido. E não faltam sugestões e pedidos para que os cristãos de fé católica formem um partido (até com
o argumento que os cristãos protestantes, apesar de todas as suas divisões, estão cada vez mais presentes na política partidária). Dá-se a impressão que os membros da Igreja precisariam de intervenção quase direcional. O grande perigo desse tipo de pensamento é a substituição da consciência por uma norma derivada de autoridade ou grupo. E isso acarreta a falta de assumir posição, pensar e agir conforme a própria convicção. Minha impressão, em relação a esse tipo de “exigência”, é que o desconhecimento a respeito da Doutrina Social da Igreja continua grande. Creio que muita gente, até com certo saber acadêmico, nunca se aproximou de Documentos do Concílio Vaticano II (tais como “Gaudium et Spes” , “Apostolicam actuositatem”), de Encíclicas como “Rerum Novarum”, “Quadragesimo anno”, “Pacem in terris”, Populorum progressio”, “Octogesima adveniens”, Iustitiam et pacem promovere”,
“Laborem exercens”, “Sollicitudo rei socialis”, “Centesimus annus”, “Evangelii Gaudium”, “Laudato si”; de muitos pronunciamentos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nas coleções “Estudos” e “Documentos”; do Catecismo da Igreja Católica, etc. Se posso sugerir uma leitura palatável e, de certo modo, englobante, aponto o “Compêndio da Doutrina Social da Igreja” das Edições Paulinas. Aí está um bom resumo do pensamento da hierarquia da Igreja sobre a maneira que se deve agir e tomar posição. O conhecimento que nos é oferecido ajuda a entender o porquê de pronunciamentos do Papa, dos bispos e dos sacerdotes em situações como as apresentadas pelas tão faladas necessidades da Reforma Política, da Reforma Trabalhista e da Reforma da Previdência Social em nosso país. Quando da paralização do dia 28 de abril, muitos viram nos pronunciamentos da CNBB
um apoio à greve geral. Greve convocada por centrais sindicais, partidos políticos, etc. Na verdade o que a CNBB disse é que o povo tinha direito de se organizar e de se manifestar. A CNBB não tomou partido político. Cumpriu sua missão de convocar as pessoas a olharem as propostas em pauta e apresentar seu modo de ver. Em entrevista recente o arcebispo de Brasília Dom Paulo Sérgio Rocha deixou clara qual a missão da Igreja no que envolve Política e Economia: não tomar para si a missão de substituir as consciências e não ajudar a abrir caminho para “salvadores da pátria”! O desafio que subjaz os pronunciamentos da Igreja é que muitos a querem muda. A crença em Jesus Cristo apresenta exigências de fraternidade, solidariedade, honestidade, amor à verdade, etc. E isso, em nosso tempo, parece coisa a ser banida. Qualquer pronunciamento que chame a atenção em relação a interesses que não se coadunam com a dignidade das pessoas ou
Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
que firam as facilidades obtidas por grupos precisam ser caladas! Um caso: foi apresentada uma diretoria de sindicato - se não me engano no Rio de Janeiro – onde toda uma família desempenhava funções remuneradas com altos salários. Quem vai querer perder uma “boquinha” como essa? O que dizer dos “donos” dos partidos políticos? O que dizer da preocupação com o mundo do dinheiro que só defende seus interesses? Como não chamar a atenção ao crescimento da pobreza, do desemprego? Além de querer que a Igreja se cale (na hierarquia e no laicato) coloca-se em seus pronunciamentos algo que ela não disse! Cabe a quem assume a fé em Jesus Cristo e é Igreja conhecer melhor a voz dos seus pastores.
Efeito metálico Queridinho da vez, o batom metálico é a aposta de grandes marcas e já conquistou as famosas; maquiadores dão dicas de como usar Por KARINA MATIAS /FOLHAPRESS
A nova tendência da maquiagem é chamar a atenção para os lábios. O produto da vez é o batom metálico, visto em modelos nos desfiles internacionais e que já conquistou várias famosas brasileiras, como as atrizes Bruna Marquezine e Giovanna Antonelli. O diferencial, em comparação com os cintilantes tradicionais, é que os novos batons combinam o efeito metálico ao acabamento matte. “O efeito é um brilho mais seco e muito bonito”, destaca a maquiadora da Maybelline no Brasil, Juliana Rakoza. Os novos batons garantem um visual sofisticado e arrebatador. Para quem ainda está em dúvida, La-
voisier, maquiador oficial da Eudora, destaca que a maquiagem é também um instrumento para transformar e alegrar o dia a dia das mulheres. “Ela existe para realçar a beleza feminina e também para que cada uma explore novas facetas. Divertir-se e ousar às vezes também é fundamental”, diz. Para ajudar quem não sabe com o apostar na tendência, os profissionais dão algumas dicas. Uma delas é manter o equilíbrio. Se usar cor chamativa na boca, não carregue nos olhos. “Máscara para cílios e delineador são suficientes para uma ‘make’ mais leve”, indica Lavoisier. Isso não significa que não dá para usar
o batom metálico durante o dia. “Eu sou super a favor de usar brilho durante o dia, mas desde que a mulher goste e isso tenha a ver com seu visual”, afirma Juliana. Ela garante, ainda, que dá para combinar o batom metálico com sombras metálicas, também em alta. “É só saber dosar. Eu, por exemplo, não gosto muito de uma boca em um tom forte, como vinho ou vermelho, com um olho muito carregado, porque acho que fica demais. Mas é possível combinar com um marrom metálico esfumado no canto e até usar um delineador.” Os maquiadores salientam que os na moda e podem ser uma boa forma de começar
a apostar na tendência. “São fáceis de usar e de combinar”, ressalta Lavoisier. Outra dica dele é que as negras apostem nos dourados. “O resultado fica muito glamoroso”, avalia. Hidratação Para conquistar uma maquiagem mais bonita, a maquiadora Juliana lembra que é fundamental manter os lábios hidratados. “Passe o hidratante antes mesmo de começar a preparar a pele”, orienta. Outro truque é passar um gloss transparente por cima do batom, no centro dos lábios. “Esse efeito foi muito usado nas passarelas dos desfiles e dá a aparência de uma boca mais volumosa”, ensina a maquiadora.
Reflexão e Práxis
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
Jay-(?), "rapper" americano
Energia de sobra nos mais jovens Inoculado
Peleja Intenção criminosa (jur.)
Nome da 8a letra Ferro, em inglês Acolá Instrumento dos querubins
Cuidado; dedicação Inflamação cutânea comum em peles oleosas
"(?) de Vingança", HQ de Alan Moore (?) de Atalaia, atração de Aracaju
Stephen Hawking, físico inglês cuja vida foi retratada no filme "A Teoria de Tudo" Alberto de Oliveira, poeta parnasiano
Ninfa amada por Zeus (Mit.)
Conserto O de gordura é alto no bacon
Último colocado da competição
Cerimônia como a do batismo Sinistra Publicitário que atua em campanhas políticas
"Estacionamento" do dirigível
Entidade dos capacetes azuis (sigla) Medida agrária que vale 100 m2
(?)-branco, ave que Ver, em banha-se inglês na poeira
BANCO
(?)-benta: repele vampiros (Folcl.)
Saudação comum entre os jovens (?) de São Marcelo, postal de Salvador
Em (?): em volta Estrada, em inglês
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Solução
E D
P R E P R O V V A Z
C S A R C E I P U G N A O A Z L C A L I T A L I C I N A D E L O A S H N E A O N T E R N R E PA R T O O E F A S T O N E R Q U E T
U A R O D N C I A A L M A U A G D A D E O E O L I V O R L A O G I N H A O A B O N U A G N R O A D E I R O
com a qual se operam as relações de poder nas nossas casas parlamentares. É como se a classe política se julgasse acima de todos nós e, por isso, se sente no direito de olhar seus interesses e garantir seus privilégios sem que nós, os cidadãos, devêssemos ser considerados e consultados. Se o Poder Legislativo é o poder que representa o povo, por que este nunca é ouvido? Ao elegermos um parlamentar, em qualquer esfera do poder público, não lhe damos uma carta em branco com nossa assinatura, não lhe entregamos uma declaração de direitos absolutos para que ele faça o que queira. De fato, entregamos uma carta de intenções que deve respeitar o ideal do Bem Público e a Constituição. O parlamentar deve olhar para a sociedade civil e não para seu partido político ou seu interesse particular. Tampouco, deve pensar em formas de enriquecimento ilícito e não deve compactuar com ações corruptas, pois não é esse o seu papel. Mais curioso é pensar que não temos nenhum controle sobre as ações do parlamentar eleito, não temos como cobrar uma posição clara sobre suas decisões, não há como lhe cobrar o motivo de seus posicionamentos ou a quebra dos compromissos de campanha e nem mesmo sua mudança de partido ou grupo político. Somos reféns de uma democracia representativa hipócrita e excludente que se alimenta do sangue, da miséria, da violência e da morte diária de milhares de pessoas. O que esperar do futuro? Parece que muito pouco.
Integram a tubulação de um imóvel
Animação da Disney que conta a história de uma cocker spaniel e um vira-lata (Cin.) O dia decisivo Engana; burla
3/see. 4/iron — orla — road. 5/forte. 6/hangar. 8/parceiro. 10/vitalidade.
A conclamada greve geral do dia 28 de abril ainda não ocorreu, pois a coluna foi escrita nos dias que a antecederam, ou seja, seus efeitos são aguardados, bem como seus desdobramentos. No entanto, muito pode ser dito, caso a greve tenha sucesso ou fracasse. No dia 26 de abril, que deveria ser renomeado como o mês da mentira, a Câmara de Deputados vota, sem nenhuma consulta popular, as reformas trabalhista e previdenciária. Não sabemos quem os autorizou a votarem um tema tão importante e delicado sem que houvesse um debate popular, com a possibilidade de uma avaliação precisa e honesta do que estas reformas significam, histórica e socialmente, para todos nós. A simples velocidade das votações, todas em caráter emergencial, expressam de forma clara que não há a intenção de uma discussão sobre uma matéria que envolve a vida de milhões de brasileiros e cuja decisão arbitrária passa pelas mãos de um Congresso Nacional que não tem nenhuma credibilidade para pensar por si só nas reformas. O Congresso Nacional como casa de barganhas que supostamente representa os desejos populares tem a obrigação de ouvir o que desejam os mais diversos grupos populares e não nos fazer engolir um conjunto de reformas atabalhoadas e que apontam para a piora das relações trabalhistas e das questões previdenciárias, além de se mostrar excludente ao não se fazer valer para setores considerados importantes, como o funcionalismo público federal, as forças policiais e os militares e, principalmente, por não se referir aos privilégios da desonesta, onerosa, incompetente e corrupta classe política brasileira. É uma afronta a todos nós e aos parâmetros da nossa Constituição a forma
A "prova de fogo" de todo político
Caloria (símbolo) Sinal de nasalação
A parte da frente do navio
por pedro marcelo galasso
© Revistas COQUETEL
Alojamento de escravos (Hist.)
A C L A M R I N H M A
A mentira do Estado brasileiro
Autor da Condição da carne do bife tártaro "Certidão de Nascimento do Contrato Brasil" (Hist.) de seguro Tom, em relação a Vinícius Aversão
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
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Por CHICO FELITTI/FOLHAPRESS
O americano Kevin Frost, 54, gay e ex-aspirante a músico, tornou-se ativista na luta contra a Aids após ver amigos morrendo no início dos anos 1990 durante a epidemia que assustou o mundo. Hoje, porém, ele afirma que é mais difícil convencer pessoas a se proteger de uma doença da qual elas não têm medo. “A realidade é que os jovens não querem usar camisinha, assim como a maioria das pessoas, que só usam porque precisam.” Como presidente da amfAR, uma das mais importantes ONGs que atuam na área de HIV e Aids no mundo, um de seus desafios é entender como convencer os jovens dos riscos. E uma boa parte da epidemia está ligada à comunidade gay –segundo a Unaids, 10,5% da população gay tem o HIV, contra 0,6% da população geral. “Não dá para dissociar a militância em busca da cura da Aids de direitos gays”, afirma ele, que diz ainda que é preciso reconhecer as barreiras e as peculiaridades desse e outros grupos de maior risco. Na última semana ele esteve no Brasil para uma festa da qual participaram celebridades como Katie Holmes e que arrecadou US$ 1,3 milhão para as atividades e pesquisas científicas da ONG. “Hoje estamos muito perto da cura.” Reportagem - Hoje em dia as pessoas estão menos cientes do problema que é ter HIV e Aids? Kevin Frost - Não acho que as pessoas estejam menos cientes, mas há evidências que estão menos preocupadas –elas não estão se protegendo do modo como deveriam. É mais difícil convencer pessoas a se proteger contra uma doença da qual elas não têm medo. Quando eu era jovem, nós tínhamos medo de ter HIV. Jovens de hoje, não, porque eles enxergam a doença de outra forma. Quando você pensa em algo que só vai te fazer mal daqui 20, 30 ou 40 anos, é mais difícil convencer as pessoas a se proteger. É como fumar. Todos, inclusive os jovens, sabem que fumar faz mal à saúde, mas ainda assim muitos fumam –os problemas, se vierem, normalmente acontecerão em um futuro distante. E como é possível conscientizar essas pessoas? Nós temos que ser mais criativos. Temos que entender como convencer os mais jovens sobre suas vulnerabilidades. Isso significa que temos que ter mensagens específicas e que os atinjam. Uma grande parte da epidemia de Aids está conectada à comunidade gay. Também está conectada a usuários de drogas injetáveis. E também a transgêneros, profissionais do sexo. O que nós precisamos saber fazer é entender que há barreiras que essas comunidades enfrentam diariamente em suas vidas que fazem com que elas sejam vulneráveis ao HIV. Você não pode desconectar o trabalho com HIV dos direitos gays. Ao menos que essas conexões sejam reconhecidas e que lidemos com elas, não haverá sucesso nessa luta. É possível falar sobre direitos gays sem tocar no assunto HIV, já que a maioria dos gays não tem HIV. Mas não dá para falar sobre HIV sem falar sobre direitos dos homossexuais. Em relação ao Brasil, o mesmo raciocínio se aplica? No Brasil, os direitos dos homossexuais são um assunto controverso, da mesma forma como nos EUA. No baile de gala do ano passado, eu disse para a audiência: ‘No Brasil, um homossexual ou uma pessoa transgênero é assassinada todos os dias’. A sensação de vulnerabilidade, de barreiras sociais e estigma que existe sobre essas comunidades influencia a vulnerabilidade
ao HIV. Transgêneros, em especial, são infectados em altas taxas. E quanto a outros grupos de risco, como prostitutas, presidiários e usuários de drogas? É necessária uma mudança no nível mais fundamental do combate à Aids para que esses grupos marginalizados e vulneráveis tenham suas necessidades atendidas –e, de novo, não dá para isolar o HIV dessa questão. Mesmo se tivéssemos uma pílula para curar pessoas e mesmo que tivéssemos uma vacina para prevenir infecções, nós ainda teríamos essas barreiras sociais nas quais deveríamos prestar atenção e com as quais deveríamos lidar. No fim das contas, isso significa educar pessoas, tornar visíveis os problemas, tornar confortável falar a respeito. E talvez o mais importante: temos que convencer legisladores a fazer leis que protejam as pessoas e que estejam alinhadas com as preocupações dessas comunidades. Camisinhas ainda são a melhor opção para prevenir Aids? Há melhores alternativas. Há pessoas desenvolvendo camisinhas melhores, mas a realidade é que jovens não querem usá-las, assim como a maioria das pessoas, que só usam porque precisam prevenir doenças ou gravidez. Ninguém argumenta contra o fato de que sexo é melhor sem camisinha. Nós precisamos de ferramentas que permitam que as pessoas se protejam mesmo que não usem preservativos. Há uma pílula que você pode tomar uma vez ao dia que vai prevenir a infecção por HIV. Mas tornar essa pílula amplamente disponível para as pessoas é difícil. Falta vontade política. O sr. aposta no surgimento de uma cura nos próximos anos? É difícil dizer quão perto ou longe estamos –na verdade, ninguém sabe. No mês passado, ficamos sabendo de uma nova pesquisa que mostra como identificar o HIV que está escondido no corpo das pessoas. O vírus fica nos chamados reservatórios e há um consenso de que identificar e eliminar esses reservatórios são a maior barreira para chegar a uma cura. Não sou muito fã de jogos de azar, mas, se fosse, apostaria que temos uma chance extraordinária de chegar à cura até 2020. Dá para ser feito. A questão é: faremos os investimentos necessários? Há pessoas que acham que já existe uma cura para a Aids e que ela está sendo ocultada. Não acredito na ideia de que farmacêuticas, por exemplo, não querem achar a cura porque elas estão ganhando dinheiro com drogas para a Aids. Um bom exemplo disso é a hepatite C –há uma cura para a doença e a empresa que a desenvolveu está ganhando bilhões de dólares. A primeira companhia que descobrir uma cura para o HIV também irá ganhar bilhões de dólares. Quando a cura for encontrada, ela provavelmente será cara. Não sei como e se podemos evitar esse risco. Mas o nosso trabalho será, com o tempo, fazer essa cura mais barata e mais acessível. O tratamento que está salvando a vida das pessoas hoje se tornou acessível em 1997. Levou quase dez anos para termos 15 milhões de pessoas em tratamento. Há cerca de 40 milhões de pessoas vivendo com HIV hoje. Metade não tem acesso ao tratamento. Mas nós saímos de 1 milhão de pessoas em tratamento para 15 milhões relativamente rápido. A mesma coisa ocorrerá no caso de uma cura. Um grande talento seu é atrair famosos para sua causa, certo?
A verdade é que o HIV teve um efeito desproporcional na comunidade artística, musical, da moda. A lista de casos e mortes é muito grande. Essas comunidades responderam porque foram afetadas, elas entendiam que eram seus amigos, colegas que estavam morrendo. Essa conexão pessoal é insubstituível. “Uma grande parte da epidemia de Aids está conectada à comunidade gay. Também está conectada a usuários de drogas injetáveis. E também a transgêneros, prostitutas. Precisamos entender que há barreiras que essas comunidades enfrentam diariamente que as tornam vulneráveis “Jovens não querem usar camisinha. Elas só são usadas por que eles precisam prevenir doenças ou gravidez. Ninguém
argumenta contra o fato de que sexo é melhor sem camisinha. Precisamos de ferramentas que permitam uma proteção mesmo sem elas IDADE 54 anos FORMAÇÃO Graduação em música na Universidade do Texas, em Austin, nos EUA TRAJETÓRIA No início dos anos 1990, iniciou trabalho contra o HIV. Em 1994, entra na amfAR (Fundação Americana para Pesquisa da Aids).Em 2007, tornou-se se presidente da fundação; Em 2010, foi escolhido por Obama para integrar a comissão presidencial de aconselhamento contra a Aids Foto: Marlene Bergamo/Folhapress
O presidente da ONG amfAR Kevin Frost em hotel em São Paulo.
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Informática & tecnologia
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Uber, Easy e outros apps testam programas
de fidelidade e assinatura Empresas do mercado de chamada de motoristas por aplicativo estão desenvolvendo programas de fidelidade e assinaturas.
Por LEANDRO NOMURA/FOLHAPRESS
Funcionários da matriz americana da Uber estiveram no Brasil testando um programa desse tipo no fim de abril. O sistema de recompensas funcionaria em parceria com dezenas de restaurantes e lojas. O usuário que fizer compras nesses estabelecimentos e pagar com cartão de crédito de uma determinada bandeira, que deve fechar parceria com o aplicativo, ganhará crédito para corridas. Cerca de 20 usuários brasileiros foram selecionados para testar protótipos do serviço durante entrevistas. A versão de testes previa que de 10% a 30% dos gastos dos consumidores em parceiros seriam creditados na conta do consumidor na Uber. Cada participante ganhou R$ 300 em dinheiro após uma entrevista feita em casa. Ferramentas similares já estão disponíveis em outros países. Nos EUA, o Local Rides foi lançado em meados de 2016 e funciona como um sistema de pontos. Cada dólar gasto em restaurantes ou lojas selecionados dá direito a um ponto. Cem pontos podem ser trocados por uma corrida de até US$ 10. A empresa também demonstrou um vale-presente virtual, para que usuários possam presentear uns aos outros com créditos de R$ 50, R$ 100, R$ 150 e R$ 200. Esses valores poderiam ser usados para corridas e também para o Uber Eats, sistema de entrega de comida. A assessoria da Uber não quis comentar a iniciativa.
caro, a R$ 6 em 30 corridas. O serviço está disponível em 17 cidades, a maior parte no Nordeste e no Centro-Oeste. Deve chegar a São Paulo e ao Rio neste mês. Fernando Matias, diretor da companhia para o Brasil, diz que o programa foi lançado após seis meses de testes.
Matias afirma que a empresa buscará criar benefícios para quem assinar os planos, como prioridade na hora de encontrar motoristas ou maior chance de conseguir condutores mais bem avaliados. Outras competidoras desse mercado, Cabify e 99 têm apostado em descontos para pas-
sageiros e incentivos para motoristas fiéis. Um exemplo é o 99 Completa, ação feita em dias de maior demanda de corridas. Neles, a empresa dá ao motorista o valor que falta para ele atingir uma receita predeterminada no dia, caso faça um número mínimo de viagens. Foto: Nelson Gariba/Brazil Photo Press/Folhapress
DESCONTOS A Easy lançou no fim de abril o Club Easy, programa de assinaturas que oferece desconto em corridas. Ele tem três categorias, com preços mensais variando de R$ 24,99 a R$ 99. O plano mais barato dá direito a R$ 4 de desconto em dez corridas, e o mais
Funcionários da Uber estiveram no Brasil para testes de programa de fidelidade.
Gelo de pesquisadores
brasileiros pega fogo
Parte de amostras de gelo antártico, que têm dados sobre a atmosfera do passado, foi perdida no Rio Grande do Sul, os chamados testemunhos de gelo estavam em frigorífico ao lado de carnes por falta de câmara adequada Por GIULIANA MIRANDA/FOLHAPRESS
Cientistas brasileiros se embrenharam por mais de 3.000 quilômetros no continente antártico –um dos ambientes mais inóspitos do planeta– para recolher amostras puríssimas de gelo que ajudam a recontar a história do planeta Terra. Mas parte desse material, cuidadosamente transportado e armazenado, foi perdida durante um incêndio em um frigorífico comercial em Nova Santa Rita (RS), a 26 km de Porto Alegre, em abril. Sem recursos para construir e manter uma câmara de refrigeração adequada para os chamados testemunhos de gelo, que precisam ser conservados a -20°C, os pesquisadores tiveram de alugar espaço em um frigorífico comum para conseguir guardar o material. Por isso, os preciosos pedaços de gelo, que fazem parte de uma das mais promissoras áreas da pesquisa polar brasileira e internacional, acabaram sendo vizinhos de carregamentos de picanha, alcatra e outras inquilinas habituais das instalações frigoríficas gaúchas. Quando o frigorífico em que as amostras estão armazenadas pegou fogo no último dia 12, os pesquisadores quase perderam 200 anos de informações sobre a história da Terra “armazenada” no gelo dos testemunhos. O gelo científico só não evaporou e se perdeu por uma coincidência. “Foi por pouco que não perdemos tudo. Tínhamos movido as amostras para serem fotografadas para uma reportagem. Se não fosse por isso, o trabalho inteiro estaria perdido”, avalia o glaciologista Jefferson Cardia Simões, líder do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul e chefe da pesquisa. Simões avalia que, mesmo assim, cerca de 10% do material armazenado foi perdido. “Ainda estamos avaliando. Mas podia ter sido bem pior”, afirma ele. precioso Os testemunhos de gelo são amostras em forma de cilindro, com cerca de 10 cm de diâmetro e até vários metros de comprimentos, retiradas do solo da Antártida. Eles recebem o nome de testemunho porque o gelo antártico é uma espécie de máquina do tempo que permite conhecer a composição da atmosfera de anos atrás. Conforme a neve vai caindo, ela “empurra” impurezas, como metano e o CO2 para baixo. Esse material acaba ficando preso nas várias camadas desse gelo. Ao longo do tempo, esses elementos “capturados” permitem conhecer o ar de eras passadas e estudá-las. A pesquisa foi feita no polo Sul, entre 5.500 e 6.300 km ao Sul do Chuí (RS), e exige uma logística especial. O grupo de Simões foi o primeiro do Brasil a liderar um trabalho tão ao Sul do planeta –o trabalho está na vanguarda de pesquisa mundial. As dificuldades, porém, não se limitam ao ambiente pouco amigável do continente gelado. Cada expedição para a coleta dos testemunhos não sai por menos de US$ 300 mil dólares, uma vez que é preciso aluguel de avião especial para neve e toda a logística de transporte, com refrigeração adequada e sem risco de contaminação do material coletado. E embora a pesquisa seja liderada por um grupo brasileiro, as amostras vão
primeiro para os Estados Unidos, onde passam por uma análise inicial. “Trazer as amostras da Antártida para o Brasil exige uma série de laudos, autorização da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], entre outras coisas. É burocrático e, muitas vezes, não se tem a garantia de que os testemunhos vão ficar guardados nas condições adequadas”, diz o líder do trabalho, Jefferson Simões. “Para não correr o risco de vermos o material derreter e ter nosso trabalho e dinheiro literalmente indo pelo ralo, nós mandamos primeiro para os EUA, onde os trâmites são mais fáceis. Eu, como cientista, só preciso assinar um papel me responsabilizando e comprovando a origem”, explica o glaciologista. pesquisa ameaçada Para o pesquisador da UFRGS, além da burocracia brasileira, hoje a pesquisa sofre uma ameaça sem precedentes de falta de infraestrutura e verbas. “Nós temos uma câmara fria de emergência no nosso laboratório na universidade, mas não podemos ligá-la porque a energia do campus não dá conta”, indigna-se. Um dos principais nomes do programa antártico do Brasil, o pesquisador diz que o país pode ficar sem nenhum trabalho na Antártida no verão antártico de 2017 e 2018. “O Brasil pode passar pelo constrangimento de ter uma estação moderníssima, mas sem nenhum cientista para usufruir disso”, alerta. A nova base brasileira na Antártida está sendo construída pela estatal chinesa Ceiec, contratada por US$ 99,6 milhões
para a obra. A estação anterior foi destruída por um incêndio em 2012 que deixou dois mortos. O que são ? Os testemunhos de gelo foram retirados em expedições feitas pelos cientistas brasileiros, do grupo de estudo do glaciologista Jefferson Simões, entre 2013 e 2015 Para que servem? O gelo antártico é uma espécie de máquina do tempo que permite conhecer a composição da atmosfera do passado Como isso é feito? Conforme vai caindo, a neve “empurra” impurezas, como metano e o CO2, que acabam ficando presas nas várias camadas desse gelo. Os elementos enclausurados permitem a realização desse tipo de análise O projeto É uma pesquisa de ponta e considerada referência no mundo. São poucos os grupos que trabalham com testemunhos de gelo: é caro e altamente especializado Valor Cada expedição para retirar os testemunhos de gelo custwa cerca de US$ 300 mil. São várias as fontes de financiamento, incluindo o MCTIC (Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) Dificuldade O grupo não tem verbas para construir uma câmara fria especial para armazenar os testemunhos depois que eles chegam da Antártida. Por isso, eles ficam em um frigorífico comercial alugado Prejuízo Os pesquisadores ainda avaliam os danos, mas acreditam que apenas 10% do material foi perdido.
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Jornal do Meio 900 Sexta 12 • Maio • 2017
Só por hoje
Empresas fatiam seus serviços para vendê-los a preço menor e atrair novos clientes; desafio é lidar com as oscilações da demanda Por ANNA RANGEL/FOLHAPRESS
Em vez de cobrar um plano mensal
são o complemento”, afirma o turismólogo
ROTATIVIDADE
“O modelo vale para quem não investe
ou uma diária, pequenas e médias
Antônio de Pádua, 55, proprietário do spa.
Um dos desafios é vencer as flutuações de
em marketing e depende do boca a boca.
empresas do setor de serviços vêm
Nos últimos dois anos, o número dos que
demanda, uma vez que a rotatividade dos
É o nosso caso, e valeu a pena. Foi preciso
adotando o modelo “sob demanda”. São
buscam o “day pass” (passe de um dia)
clientes é muito alta, explica Zanni, da FGV.
achar um espaço maior para dar conta da
oferecidas apenas algumas atividades ou
cresceu 60%, segundo cálculos de Pádua.
No caso da Spin n Soul, são mais de 24 mil
demanda”, diz Morishita.
infraestrutura, sem que o cliente tenha de
“Sem a venda avulsa, teríamos sofrido grave
pessoas cadastradas.
Se a ideia é depender menos do marketing
arcar com um custo fixo.
queda de receita em 2016.”
Mas é possível ganhar pelo volume de
e mais da indicação, o esforço para causar
A ideia é manter o empreendimento menos
A empresa faturou cerca de R$ 400 mil no
clientes.
uma boa impressão ao freguês deve ser
ocioso e atrair clientes que, de outra forma,
ano passado, valor que se manteve estável
O estúdio de pilates da fisioterapeuta Mary
ainda mais intenso, afirma o consultor
não consumiriam o produto oferecido, explica
em relação a 2015.
Morishita, 29, viu um crescimento de 50% no
Márcio Bertolini, do Sebrae. “Ou se deixa
Pedro Zanni, professor de estratégia empre-
“A vantagem do ‘day pass’ é que o público
movimento desde que implantou o sistema
uma imagem favorável ou o cliente, além
sarial da FGV (Fundação Getulio Vargas).
não usa só a estrutura, mas compra uma
de visita única, a R$ 29,90, por meio de um
de não voltar, avisa a seus conhecidos nas
“Trazer 30% a mais de público para uma
massagem, volta mais vezes ou faz indica-
serviço que reúne outras empresas do tipo.
redes sociais que o serviço é ruim.”
academia, por exemplo, permite diluir o
ções, que já respondem por mais da metade
custo fixo da operação sem prejudicar a
da nossa base de clientes”, afirma Pádua.
experiência do consumidor que já paga pelo
Há quem já baseie o modelo de negócios
plano mensal ou anual fechado”, diz Zanni.
na venda unitária de seus serviços, como a
A estratégia é alternativa para enfrentar a
academia Spin n Soul. O foco são as aulas
crise, segundo o consultor do Sebrae-SP
de “spinning”, na bicicleta. Cerca de 40% da
Márcio Bertolini. Para 59% das empresas,
receita vem da comercialização de visitas
será preciso rever fórmulas de estimular as
únicas, a R$ 45. Também são oferecidos
vendas neste ano, de acordo com pesquisa
pacotes com descontos, de 5 a 30 aulas.
da instituição feita com 6.600 organizações
O sócio Daniel Nasser, 34, conta que, ao
de menor porte entre outubro e novembro
pesquisar o mercado, sentiu resistência do
de 2016.
público aos tradicionais planos de longo
O modelo garante uma receita extra para
prazo.
o spa Viktoria Garten, em Itapecerica da
“Um serviço ‘a granel’ permite que nos espe-
Serra (Grande SP), que oferece diária mais
cializemos em uma única modalidade, e isso
curta (de 8h às 17h) por R$ 165. O pacote
nos diferencia das academias tradicionais,
inclui quarto, café da manhã, almoço e
em que o cliente paga por atividades que
acesso à piscina.
não pratica”, afirma.
“Os pacotes de fim de semana, a preço
A empresa, aberta em 2014, já fatura R$ 2
cheio [R$ 375] garantem a receita para
milhões ao ano e cresce 5% ao mês.
financiar o negócio. As visitas de um dia
Foto: Marcelo Justo/Folhapress
O turismólogo Antônio de Pádua, 55, na piscina do spa Viktoria Garten, em Itapecerica da Serra, na Grande SP.
Saúde
Jornal do Meio 900 Sexta 12 • Maio • 2017
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Doenças pulmonares
Locais fechados elevam risco de contrair doenças pulmonares, clima seco e poluição também favorecem contaminação. Para bebês, vírus pode ser ainda mais perigoso
por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS
É só o termômetro cair
pessoa pode vir e colocar a mão
para as doenças pulmo-
no mesmo lugar e depois coçar
nares começarem a se
o nariz. Isso possibilita a trans-
manifestar como um enxame
missão do vírus”, afirma Gomes.
entre a população, principalmen-
No caso das crianças, a atenção
te em cidades como São Paulo,
tem que ser redobrada nesta
onde o clima seco e a poluição
época. Segundo a pneumologista
formam uma dupla infernal para
e pediatra Carla Guerra Ribeiro,
os pulmões. Bronquite, bron-
da clínica Camp, a bronquiolite
quiolite e broncopneumonia são
é perigosa para quem tem até
as doenças que mais afetam a
dois anos. “A bronquiolite é
saúde do brasileiro nesta época.
mais grave, pois atinge crianças
Segundo o último levantamento
muito pequenas, de 0 a 2 anos,
do Datasus (Departamento de
causando falta de ar perigosa”,
Informática do Sistema Único
diz a médica.
de Saúde), realizado em 2014, a
Na maioria dos casos, a bronquite
bronquite crônica e o enfisema
acaba virando caso de internação
pulmonar matam 40 mil pessoas
da criança. “O tratamento mais
por ano no Brasil.
eficaz é a fisioterapia respiratória,
“Bronquite é como é chamada
já que a criança, como não tem
popularmente a asma. É uma
uma tosse eficaz, acumula muita
doença crônica, que não tem
secreção”, afirma a pediatra.
cura. Precisa ser controlada.
Exagerar no agasalho não é
No Brasil, morrem três pessoas
aconselhável
por dia de asma”, diz o médico
A tradicional frase da mãe “leve
Mauro Gomes, chefe da equipe
um agasalho” mostra bem a
de pneumologia do Hospital
preocupação dos pais com o
Samaritano de São Paulo.
frio. Mas, segundo a pediatra
Com a chega do frio, o vírus
Carla Guerra Ribeiro, o excesso
encontra mais facilidade para
de roupas não é bom para as
se propagar, principalmente
crianças.
em lugares fechados, como no
“Não se deve agasalhar a criança
transporte público, no trabalho
exageradamente. Ela sua muito
e nas escolas.
e fica com a roupa úmida. Isso
“No transporte público, por
é ruim. Os recém- nascidos, até
exemplo, uma pessoa infecta-
dois meses, sentem mais frio.
da tosse, depois coloca a mão
Mas, depois, a criança sente o
naquele ferro de apoio. Outra
mesmo frio do adulto.”
Arte: Folhapress
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Jornal do Meio 900 Sexta 12 • Maio • 2017