901 Edição 19.05.2017

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Braganรงa Paulista

Sexta 19 Maio 2017

Nยบ 901 - ano XV jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

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Para pensar

Jornal do Meio 901 Sexta 19 • Maio • 2017

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Na casa do meu Pai

E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br

há muitas moradas

Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

por Mons. Giovanni Baresse

No início do chamado “discurso de despedida”, no evangelho de São João, capítulo 14, no versículo 2, consta a afirmação que dá título ao presente artigo. Esse discurso de Jesus na última ceia é tico como uma espécie de testamento. Para compreender o que Jesus quer dizer com as “muitas moradas” é bom valer-se do conjunto dos textos da Escritura Sagrada trazidos à celebração do quinto domingo da Páscoa. São Pedro na sua carta (1 Pedro 2,4-9) afirma que Jesus é a pedra angular – alicerce - do edifício espiritual-concreto que é a Igreja e que os que creem em Jesus são pedras vivas que vão sendo colocadas sobre esse alicerce. Muito bem. Essa construção alicerçada em Cristo como é? Magnífica, perfeita, irretocável, não precisa de acertos, correções, reformas? Nos Atos dos Apóstolos temos uma resposta. Logo no início do livro temos o retrato de uma igreja ideal. Diz o capítulo 2,42:

“ Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos (fidelidade à doutrina), à comunhão fraterna (partilha dos bens), à fração do pão (celebração da Eucaristia) e às orações (oração em comum) ”. Mas, no capítulo 6, 1-7 vem descrito um problema: a diferença de tratamento entre os cristãos judeus nascidos na Palestina e os cristãos judeus nascidos fora da Palestina e que já estavam marcados pela cultura grega. A situação levou os apóstolos a perceber que não podiam fazer tudo sozinhos. Não podiam concentrar tudo em suas mãos. Era preciso encontrar pessoas que desempenhassem funções à serviço da comunidade. Nasce aí a consciência de uma comunidade, de uma igreja ministerial. E qual deveria ser o espírito dessa igreja ministerial. Nos dá a resposta final o texto do evangelho de João citado acima. É preciso ter consciência do caminho de Jesus e assumir esse caminho.

E qual é esse caminho? O caminho de Jesus é o da doação da vida, é o serviço da doação até o fim (não esqueçamos que estamos nas últimas palavras, na última ceia). Se o caminho é o da doação onde se realiza essa decisão? Na Casa do Pai! Onde é a casa do Pai? Onde Jesus e o Pai, que são um, estão! Onde Jesus está? Na construção onde ele é o alicerce! E essa construção é a Igreja. Nela há muitas moradas, muito lugar. Nela cabe todo mundo. Não há limites. Não há lugares marcados, privilegiados. Não há lotação esgotada! O que é preciso para estar na cada do Pai? Fazer o caminho de Jesus! Certamente os leitores já ouviram falar das “muitas moradas” em referência ao céu, à vida eterna. Mas essa não é uma interpretação plena. Pode servir como uma palavra de encorajamento para dizer da misericórdia de Deus que tem um lugar para todos os seus filhos e para que nós não pensemos que para ir para o céu dependa dos nossos merecimentos! O que

o texto do evangelho quer deixar claro é que a vida plena, que se dá pela presença de Deus em nossas vidas, só acontece se seguimos o mesmo caminho do Senhor. Não é sem motivos que o Papa Francisco tem falado em “igreja em saída”, “igreja como hospital de campanha”, “igreja acolhedora”, etc. Para nos ajudar a compreender melhor o que somos como igreja, os bispos do Brasil, reunidos em Aparecida na realização da 55ª Assembleia da CNBB, nos deram o resultado das suas reflexões num documento que, brevemente, estará à disposição e que leva o título de “Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários”. Os bispos lembram o já existente “Ritual de Iniciação Cristã de Adultos” (RICA), e notando que, pela diversidade de realidades em nosso país, seria necessário afirmar os pontos fundamentais apresentados por esse ritual, nos dão o documento da assembleia. Trata-se de rever os caminhos da formação cristã que são vividos e buscar novos modos que respondam às inquietações de

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

nossos tempos. A lembrança de São Paulo e São Barnabé em sua missão na Licaônia (Atos 14, 5-18) nos dá ideia da sensibilidade na pregação do Evangelho: em seu discurso Paulo fala aos judeus, invocando os profetas para que se entendesse que eles preparavam a chegada do Messias, Jesus de Nazaré; falava aos pagãos, que acreditavam na presença dos deuses em suas vidas, para que soubessem que havia um só Deus, na pessoa de Jesus! Não se trata de desprezar o que já se fez e o que se faz. Trata-se de renovar, de buscar novos caminhos, para que o Evangelho possa ser a luz para todos. Procuremos ler e refletir sobre a palavra dos nossos bispos. O documento que produziram será um grande auxilio para a missão que é de todos nós: evangelizar!

Como a coceira pega? Por SUZANA HERCULANO-HOUZEL /FOLHAPRESS

Pesquisadores descobriram que é o hipotálamo que controla o ato de se coçar, assim como o de bocejar Há comportamentos que são tão contagiosos que só de pensar neles já dá vontade. Bocejar é um deles. O bocejo parte do hipotálamo, estrutura na base do cérebro que cuida de todos os aspectos da fisiologia do corpo, como integrar o nível de sonolência com a respiração. Como a respiração é controlada diretamente pela base do cérebro, sem depender de ordens do córtex, uma vez que o hipotálamo passa o comando para o bocejo ele é inevitável. No máximo, dá para tentar ser discreto. Como o bocejo, coceira também pega. Ela é tão contagiosa que posso apostar

que o seu rosto, seu queixo, seu couro cabeludo vai começar a coçar nos próximos segundos. Eu comecei a querer me coçar assim que escrevi o título desta coluna. Esses comportamentos contagiosos têm um componente social: são mais comuns entre pessoas familiares e que têm um certo grau de empatia umas com as outras. Por isso, era esperado que o contágio envolvesse o córtex cerebral e talvez fosse exclusividade de primatas ou outros animais cerebralmente bem dotados. Aliás, um grupo mostrou ano passado que quanto mais neurônios uma espécie tem no córtex cerebral, mais contagioso é o bocejo. No entanto, um estudo da Universidade

Washington, em Saint Louis, nos EUA, acaba de mostrar que camundongos também começam a se coçar só de ver um colega se coçando. Nem é preciso ver a fonte do contágio ao vivo ou sentir seu cheiro: ver a imagem em vídeo de outro camundongo se coçando é suficiente. Usando um teste genético que mostra quais neurônios se tornaram mais ativos durante uma tarefa, a equipe de Zhou-Feng Chen descobriu que o sítio mais ativo nos camundongos que pegavam a coceira dos outros fica no hipotálamo, como é o caso do bocejo –mas em uma parte inusitada: no núcleo supra-quiasmático. Esta é a estrutura que recebe informação dos olhos sobre a luminosidade ambiente e, portanto, sobre se é

dia ou noite, e regula o comportamento de acordo. O que este núcleo poderia estar fazendo monitorando a coceira alheia? Coincidência não é: com um arsenal de ferramentas genéticas, Chen e sua equipe mostram que a ativação do núcleo é necessária para os animais pegarem a coceira dos outros e suficiente para eles começarem a se coçar em segundos. Meu núcleo supra-quiasmático que o diga: já perdi a conta de quantas vezes me cocei escrevendo esta coluna... Suzana Herculano-Houzel é neurocientista, professora da Universidade Vanderbilt e autora do livro “The Human Advantage” (Amazon.com) suzanahh@gmail.com


Reflexão e Práxis

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Jornal do Meio 901 Sexta 19 • Maio • 2017

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

Jay-(?), "rapper" americano Peleja Intenção criminosa (jur.)

Caloria (símbolo) Sinal de nasalação

A parte da frente do navio Energia de sobra nos mais jovens Inoculado

Nome da 8a letra Ferro, em inglês Acolá Instrumento dos querubins

Cuidado; dedicação Inflamação cutânea comum em peles oleosas

"(?) de Vingança", HQ de Alan Moore (?) de Atalaia, atração de Aracaju

Stephen Hawking, físico inglês cuja vida foi retratada no filme "A Teoria de Tudo" Alberto de Oliveira, poeta parnasiano

Ninfa amada por Zeus (Mit.)

Conserto O de gordura é alto no bacon

Último colocado da competição

Cerimônia como a do batismo Sinistra Publicitário que atua em campanhas políticas

"Estacionamento" do dirigível

Entidade dos capacetes azuis (sigla) Medida agrária que vale 100 m2

(?)-branco, ave que Ver, em banha-se inglês na poeira

BANCO

(?)-benta: repele vampiros (Folcl.)

Saudação comum entre os jovens (?) de São Marcelo, postal de Salvador

Em (?): em volta Estrada, em inglês

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Solução

E D

P R E P R O V V A Z

U A R O D N C I A A L M A U A G D A D E O E O L I V O R L A O G I N H A O A B O N U A G N R O A D E I R O

a ser seguido, perpetuando práticas que prejudicam a todos nós. Isso sem considerarmos as decisões questionáveis da Justiça brasileira que trata as pessoas segundo suas posições sociais desrespeitando de forma clara a isonomia dos direitos republicanos que estão presentes em nossa tão aviltada e mutilada Constituição. Neste contexto, parece ser hipócrita ficar assustado com a violência que é praticada pelo Estado e pelas dezenas de formas de violência praticadas pela sociedade civil que vão desde os crimes contra o patrimônio, os latrocínios, o tolerado e escancarado tráfico de drogas até os desrespeitos no trânsito que fazem do Brasil o país que mais mata no trânsito, um índice de violência e de corrupção aceita por todos e praticada por milhões de pessoas todos os dias cujo saldo é um número de mortes maior que os índices vistos em regiões controladas por grupos de terroristas ou de narcotráfico. Além disso, o espetáculo midiático e mentiroso que se viu no depoimento do ex-presidente Lula que foi interpelado por um novo herói, o juiz Moro, explicita, novamente, que a verdade dos fatos está fora da discussão, pois o espetáculo vale mais que a apuração rigorosa dos fatos e a parcialidade da mídia e do próprio poder Judiciário na escolha de quem é ou não investigado deveria nos deixar envergonhados. Nada mudou, nenhuma melhora ocorreu porque a classe política corrupta, que tira nossos direitos, que mutila a Constituição e que se coloca acima de todos nós, é a mesma que governa a República Nova desde o governo Sarney. Agora, a luta é para a prisão do controverso ex-presidente Lula para que ele não concorra as próximas eleições, pois ele tem chances monumentais de se reeleger graças as ações desastrosas e vergonhosas do atual presidente e do Congresso Nacional, ou seja, uma falácia que alimenta outras falácias, de esquerda e de direita. Nada há de Novo, além da falácia do Novo.

Integram a tubulação de um imóvel

Animação da Disney que conta a história de uma cocker spaniel e um vira-lata (Cin.) O dia decisivo Engana; burla

C S A R C E I P U G N A O A Z L C A L I T A L I C I N A D E L O A S H N E A O N T E R N R E PA R T O O E F A S T O N E R Q U E T

Durante alguns meses, grupos políticos fervorosos, messiânicos, obtusos e violentos culparam um único partido político como a fonte de todo o Mal e o elevaram a categoria do que pior existia no Brasil, mas passados alguns meses a falácia do único partido político corrupto se desdobrou em um cenário econômico e social aterrador e derrubou a pouquíssima confiança que as pessoas de bom senso tinham sobre os poderes republicanos. A falácia do Novo se torna explícita quando vemos um Estado que procura, de formas vexatórias e abusivas, garantir que pessoas que possam entregar cadeias de corrupção que nos consomem, que pretendem proteger políticos e seus fisiológicos partidos políticos numa tentativa de salvar um governo tão ilegítimo quanto o anterior por ser resultado de práticas corruptivas que elegeram inúmeros presidentes e vices, dentre eles o atual presidente do Brasil e sua antecessora, não sejam presas e tenham seus pecados perdoados com as danosas e inaceitáveis delações premiadas. Aqui cabe uma pergunta retórica – se inúmeros governos foram eleitos com o financiamento de campanhas de várias empresas, como a Odebrecht que teve o disparate de criar um setor que administrava as práticas corruptoras, qual é a legitimidade destes governos? Se a ideia da eleição é escolher o grupo mais preparado para a criação do Bem Comum e para a manutenção do Estado de direito, qual a legitimidade de governos eleitos para praticarem atos de corrupção que lesam o Bem Comum e o Estado de direito? Como exigir consciência dos eleitores se ela de nada serve para a escolha justa e honesta de nossos governantes? A falácia do Novo é o resultado de instituições corruptas e corruptoras que se associam no âmago do Estado para que a apropriação de recursos públicos se concentre nas mãos de poucos o que aumenta as mazelas e a miséria de muitos e as mentiras que alimentam o processo são tão intensas que ninguém acredita que o Brasil tenha solução e, portanto, é logico participar dos processos de corrupção e não lutar ou resistir a eles. Como todos fazem, talvez seja o único caminho

A "prova de fogo" de todo político

A C L A M R I N H M A

por pedro marcelo galasso

do Novo

© Revistas COQUETEL

Alojamento de escravos (Hist.)

3/see. 4/iron — orla — road. 5/forte. 6/hangar. 8/parceiro. 10/vitalidade.

A falácia

Autor da Condição da carne do bife tártaro "Certidão de Nascimento do Contrato Brasil" (Hist.) de seguro Tom, em relação a Vinícius Aversão

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

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Jornal do Meio 901 Sexta 19 • Maio • 2017

Por MARILIZ PEREIRA JORGE/FOLHAPRESS

Todos os meses, sinto como se meu corpo passasse dias armando uma bomba-relógio. No dia em que ela explode na forma de um tecido vascularizado que se despedaça e transborda pelo corpo, preciso correr para cama com meu arsenal de proteção que inclui remédio para cólicas, para dor de cabeça, bolsa de água quente. Dói tudo, o ventre, a lombar, a cabeça, revira o estômago. É uma sensação triplicada de ressaca. Quem vive a mesma tortura sabe que a dor pode atingir níveis insuportáveis, como se o útero vivesse momentos de rebelião e objetos pontiagudos fossem lançados aleatoriamente, acertando o baixo ventre com a precisão de um míssil Tomahawk. Eu tomaria veneno, se dissessem que a dor passaria. Supositório de maconha me pareceu bem mais divertido. Desde que os efeitos terapêuticos da Cannabis foram comprovados no tratamento de doenças como câncer, Aids, esclerose múltipla e glaucoma, a indústria passou também a focar a pesquisa dos efeitos do THC e do CBD, princípios ativos da Cannabis, em outros problemas de saúde, em cosméticos e em produtos com foco no bem-estar, como banhos de imersão, aromatizadores –esses últimos com o propósito óbvio de deixar o usuário “numa relax, numa tranquila, numa boa”. No que diz respeito à saúde da mulher, já há alguns produtos desenvolvidos com o uso da Cannabis para aliviar o desconforto causado no ciclo menstrual. Há desde manteiga de cacau comestível e cremes esfoliantes a sais de banho, tudo com maconha na formulação. Alívio Na semana passada, ganhei uma caixinha de supositórios vaginais da marca Foria Relief, que prometiam acabar com as cólicas. Li um relato de que o produto demorava para fazer efeito, mas outro que dizia ter sido eficaz em 20 minutos. O Foria Relief é vendido apenas nos Estados da Califórnia e do Colorado e foi comprado na capital do último, Denver, diretamente de uma prateleira, sem a necessidade de qualquer autorização ou indicação médica. Custa U$ 44 (cerca de R$ 140) a caixinha com quatro supositórios. Segui as instruções de deitar na cama, com o quadril elevado por um travesseiro, apliquei o supositório na vagina e fiquei olhando para o teto. Pensei em ler um livro, mexer no celular, quem sabe publicar um stories no Instagram #pepekalouca #pepekahigh #pepekaviajandona. Antes que eu pudesse terminar de pensar na melhor hashtag, a dor começou a diminuir. Olhei no relógio e apenas cinco minutos haviam se passado. Chequei o site novamente, na seção de perguntas e respostas. O produto é feito com manteiga de cacau, que deixa o produto meio escorregadio e faz lembrar que o pompoarismo tem realmente mil e uma utilidades. Segundo os pesquisadores, o THC e o CBD presentes na fórmula relaxam a musculatura da região pélvica, que tem o maior número de receptores canabinoides, depois do cérebro, e aliviam a dor. Devo estar doidona e já não sinto mais nada. Nem 10 minutos e adeus cólicas, dores na lombar, mal-estar. Será que o mundo vai girar quando me levantar, terei um acesso de riso, estou xaropona? Nada. Exatamente como diziam os depoimentos. Em comum, todo mundo satisfeito com o resultado, mas decepcionado porque o supositório vaginal é só medicinal e não dá barato na pepeka. Funcionou para mim também, mas ainda não tem previsão de venda no Brasil. Produto ainda não passou pelo crivo da FDA Mais da metade dos Estados americanos legalizou o uso medicinal da maconha. Apenas em sete ela pode ser usada de forma recreativa, e cada um tem suas próprias leis. Na Califórnia, é preciso de receita médica, mas, ao andar por Los Angeles, é possível ver placas com anúncios de consultas por U$ 40, o que pode garantir acesso a manipulados ou à erva. No Colorado, onde o uso recreativo também foi liberado, há uma enorme indústria de produtos à base da cannabis crescendo. O Brasil é um dos países em que o uso medicinal só é autorizado mediante pedidos na Justiça. Em novembro, porém, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou critérios para permitir o registro, a venda e o uso de medicamentos à base de maconha. O supositório de maconha para aliviar cólicas menstruais, lançado nos EUA, ainda não passou pelo crivo do FDA (agência que regula remédios nos EUA) pela falta de pesquisas que comprovem a sua eficácia e segurança. Sem esse carimbo, muito médicos americanos são bastante cautelosos em indicar o produto. Os relatos das usuárias, contudo, são em sua maioria positivos. A empresa afirma ainda que não foram observados efeitos colaterais significativos porque os compostos do supositório agem localmente, diferente do que acontece quando a maconha é inalada ou ingerida. “O supositório usa o componente da maconha que tem efeito analgésico e cuja eficácia foi comprovada contra a dor em casos de câncer. Ginecologicamente, seria uma alternativa aos analgésicos tradicionais, que podem ter efeitos colaterais, desde que a segurança seja estabelecida em estudos clínicos”, diz Carlos Alberto Petta, presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose. A indicação da dosagem é variável e, segundo o site da empresa, depende da intensidade da dor. Fumar maconha teria o mesmo efeito? Não. “A concentração dos ativos na fórmula é para efeito analgésico. Além disso, ele é absorvido diretamente na mucosa vaginal e funciona localmente”, diz Petta.


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Chileno revela em seriados

desafios da própria vida de cientista Por RONALDO LEMOS/FOLHAPRESS

O chileno Cesar Hidalgo é um dos mais importantes cientistas latino-americanos em atividade. Ele tem 37 anos, aparência de rockstar, com cabelos grandes, barba, bigode e jaqueta de couro de motociclista (sua vestimenta oficial). Ele é um dos mais conhecidos professores do MIT. Se fosse há 20 anos, muita gente descreveria seu trabalho como “epistemologia”, ou seja, a ciência que estuda a própria ciência. No entanto, como vivemos na era da internet e palavrões como esse são cada vez mais raros, sua especialidade é usualmente descrita como “data visualization” (visualização de dados). Em suma, ele transforma imensos arquivos do conhecimento humano (especialmente dados científicos) em gráficos interativos e acessíveis, que permitem que até um leigo compreenda as informações só de bater o olho. Para fazer isso, obviamente, ele precisa ter um conhecimento profundo dos dados com que trabalha, e da própria ciência de modo geral. César lançou um seriado sobre sua própria vida de cientista, chamado “In My Shoes” (algo como “No meu lugar”). São oito episódios, de cerca de 18 minutos cada um. Eles não estão no Netflix (deveriam estar!), mas podem ser assistidos gratuitamente on-line (inmyshoes.info). Neles Hidalgo conseguiu criar uma “visualização” do que é a vida de um cientista no mundo de hoje. Comprou uma câmera semiprofissional, aprendeu a filmar e passou a gravar a si mesmo no dia a dia profissional e pessoal de fazer ciência. A série desvenda um tipo de personagem raro no imaginário brasileiro (ou latino-americano): o cientista. Acompanhando os périplos de Hidalgo, fica claro que dedicar a vida à ciência não é fácil. Há embates, cansaço, viagens intermináveis, a preocupação sobre como financiar

seu trabalho. Há também o desafio do convívio familiar em meio a uma agenda sufocante e a responsabilidade de ser pai de uma filha pequena. Todo esse esforço está na série. No entanto, Cesar lida com esses desafios com tanta leveza e bom humor (na maioria dos casos) que dá para ver que ele tem mesmo vocação para herói picaresco moderno. Assistindo à série, lembrei-me dos textos

recentes publicados na Folha sobre o lançamento do Instituto Serrapilheira, a nova instituição privada de fomento à ciência no Brasil. Uma das razões mencionadas para sua criação é justamente a necessidade de apoiar os muitos “César Hidalgos” que existem hoje no Brasil. São vários os cientistas brasileiros capazes de inspirar, com seu trabalho e conquistas, admiração geral. Muitos deveriam já figurar em nosso

imaginário de heróis nacionais. Quem quiser ter uma aula de epistemologia contemporânea pode ler o livro mais recente de Hidalgo, “Por que a Informação Cresce: A Evolução da Ordem, de Átomos à Economia”. Já quem quiser mergulhar na experiência “pop” do que significa ser cientista hoje, do ponto de vista público e da vida familiar, deve embarcar na série “In My Shoes”. É um Big Brother cujo prêmio é o Nobel. Foto: Divulgação

O cientista chileno Cesar Hidalgo; professor do MIT.

Trago seu cliente de volta

Empresas lucram com estratégias para recuperar carrinhos virtuais deixados de lado antes da finalização da compra pela internet Por JUSSARA SOARES/FOLHAPRESS

Cerca de 70% dos produtos nos carrinhos das lojas virtuais são abandonados antes do fim da compra. Para recuperar parte desses negócios, empresas estão se especializando em atrair o cliente de volta ao site. A estratégia consiste em abordar por e-mail, com um lembrete, a pessoa que desistiu das compras. Caso não tenha efeito, um segundo e-mail é enviado em 24 horas, com promoções e recomendações de outros itens. A última tentativa acontece a partir do terceiro dia e costuma oferecer alguma vantagem ao consumidor, como desconto ou frete grátis. A taxa média de recuperação é de 10%, segundo empresas do setor. Não é preciso que o consumidor tenha se registrado com o seu e-mail no site para receber as mensagens. Softwares conseguem identificá-lo a partir do cruzamento dos dados de navegação. Foi a partir da experiência com a loja virtual Look Store que Felipe Rodrigues, 29, criou em 2016 a start-up Enviou, que tenta recuperar carrinhos abandonados. “Percebi as perdas com negócios não concluídos e criei um sistema para buscar quem não finalizava a compra.” A estratégia aumentou as vendas e despertou o interesse de outros lojistas. A Enviou tem hoje 18 mil empresas cadastradas, que pagam a partir de R$ 39 por mês para serem atendidas. A taxa de conversão dos carrinhos abandonados fica entre 8 a 15%, segundo Rodrigues. A expectativa do empresário é chegar a 40 mil clientes na América Latina em 2017 e fechar o ano com um faturamento de R$ 2 milhões.

Outra empresa que corre atrás da compra abandonada é a ShopBack. Fundada em 2015, tem cerca 900 clientes e ganha um percentual “”que varia de 8 a 12%”” em cada venda concretizada. “Nosso foco é entender quem é o usuário do site, o que ele viu e onde passou o mouse. A partir daí criamos reações em caso de abandono”, explica Isaac Ezra, presidente da ShopBack. Entre as estratégias está a emissão de alertas avisando o consumidor que o produto desejado está se esgotando.

Fazemos um esforço muito grande para levar o cliente ao site e por isso é preciso investir para que ele compre”, avalia. Diretor de e-commerce da Poloar, empresa especializada na venda de aparelhos de ar-condicionado, Anderson Teixeira afirma que teve boa taxa de sucesso na reconquista dos clientes depois que passou a utilizar o sistema de recuperação, a partir de 2015. Teixeira percebeu que as perdas com vendas on-line não concluídas chegavam a R$ 1 milhão por ano, e não havia funcionários

suficientes para entrar em contato com todos os consumidores que desistiam de fechar o negócio no meio do caminho. Foi criada uma assistente virtual chamada Michele, que entra em contato com os visitantes do site e apresenta as vantagens concedidas para que os clientes “fujões” sejam estimulados a finalizar suas compras. “Melhoramos nosso relacionamento com o cliente, e hoje recuperamos cerca de 20% das vendas, o que é uma taxa ótima para os padrões da internet”, diz Teixeira. Foto: Adriano Vizoni/Folhapress

PLATAFORMA Para Carlos Medina, diretor da São Paulo Digital School e especialista em “e-commerce” (comércio eletrônico), não há mais a possibilidade de ter um negócio na internet sem sistema que vá atrás do cliente. O especialista alerta que, na hora de montar o site de venda, é preciso escolher uma plataforma que tenha capacidade de conversar com os softwares de recuperação de carrinhos abandonados e interagir com o consumidor. “Muitos empreendedores ainda não usam esse tipo de recurso porque o desconhecem. Não é um serviço caro, e a maioria também não precisa de muita habilidade técnica ou um desenvolvedor, é uma ferramenta de autoatendimento” diz Medina. Programa dá vantagens para os arrependidos Há oito meses, Edielson Gones da Silva, da H2O Purificadores, implantou em seu site uma ferramenta que recupera carrinhos abandonados. “Não vejo mais um e-commmerce operando sem esse sistema.

Felipe Rodrigues, 29, fundador da start-up Enviou, no seu escritório em São Paulo.


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Jornal do Meio 901 Sexta 19 • Maio • 2017

Sobreposição de peças Por ANNA RANGEL/FOLHAPRESS

Febre entre as mulheres antenadas

com a ajuda de acessórios e sapatos certos.

armário, em dias mais frios, roupas compra-

brinco (R$35), da Balonè; e bolsa (R$ 79,99),

em moda na Europa, a combinação

Entre as composições mais usadas, as que

das para o verão, pois os vestidos admitem

da Le Postic

de vestido e camiseta volta com

incluem camisetas básicas e brancas por

o uso de mangas longas sob eles.

Vestido (R$89,99), da Brenda Lee para

força, fazendo uma releitura dos anos 1990.

baixo da peça principal deixam a produção

Confira as dicas e arrase!

Passarela; blusa (R$ 109,99), da Hering;

A sobreposição é mesmo uma tendência

mais descolada e casual.

Vestido (R$209,99) e blusa (R$ 79,99), da

sandália (R$ 129,99), da Passarela; e

nesta temporada e pode ser modernizada

A vantagem desse “look” é poder tirar do

Hering; sandália (R$99,99), da Passarela;

colar (R$59), da Balonè

Foto: Robson Ventura/Folhapress

Vestido (R$ 219,90) e camiseta (R$49,90), da Sétima Essência; e sandália (R$ 129,99), da Passarela.

Foto: Robson Ventura/Folhapress

Vestido (R$ 209,99) e blusa (R$ 169,99), da Hering; e bota (R$ 189,90), da Azaleia

Foto: Robson Ventura/Folhapress

Vestido (R$ 139,99) e blusa (R$ 139,99), da Hering; sandália (R$ 88,99), da Lara para Passarela; e brinco (R$ 29), da Balonè


Jornal do Meio 901 Sexta 19 • Maio • 2017

Salões de beleza

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Salões de beleza sem cuidados podem levar doenças a clientes, produtos vencidos e equipamentos sem esterilização são os fatores que mais expõem a riscos por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS

O cliente que não tem

maioria dos salões de beleza não

por hábito verificar as

esteriliza seus materiais.”

condições e qualidade

Para Shirlei, a maneira como é

dos produtos que usa em salão

feito o tratamento das unhas

de beleza pode acabar pegando

requer mais atenção. “No Brasil,

doenças, como micose e hepatite.

é costume tirar a cutícula das

Em março, durante fiscalização

unhas de uma maneira mais

do Procon (Fundação de Proteção

agressiva, que causa ferimentos

e Defesa do Consumidor) em 34

nas unhas. Se o material utilizado

salões nos bairros mais nobres

não estiver esterilizado, existe o

de São Paulo, foram encontra-

risco de transmissão de doenças.

das irregularidades em 30 deles,

Além disso, cria uma infecção

sendo que 76% contavam com

muito dolorosa ao redor da

produtos vencidos.

unha”, diz a dermatologista, que

“Não é costume do cliente veri-

recomenda esterilização até nos

ficar a validade do produto que

equipamentos que leva de casa.

usará no salão. Muitas vezes

“Ele precisa estar esterilizado.

esse produto pode estar venci-

Só de ficar de canto, em casa,

do, causando problemas”, diz a

o material acumula sujeira e

dermatologista Shirlei Borelli,

bactérias”, afirma. Há quem use

dona da clínica que leva seu nome

sabonete antibacteriano para

e membro da SBD (Sociedade

fazer essa limpeza.

Brasileira de Dermatologia).

Barba também precisa ter mais

Produtos vencidos podem causar

atenção

irritações e alergias.

Com a nova onda de barbearias

Outro problema recorrente é a

modernas, é mais comum ver

falta de esterilização dos mate-

homens lotando os salões de

riais, como alicate de cutícula, por

São Paulo. E também é preciso

exemplo. “Um objeto contaminado

cuidado.

pode transmitir qualquer doença

Lâminas, somente descartáveis e

relacionada com o sangue, como

máquinas, só esterilizadas. E há

micose, hepatite C e, em alguns

jeito certo para evitar a irritação

casos, até mesmo o HIV”, diz a

da pele.

dermatologista Carolina Mourão,

“A irritação é causada pela forma

da Clínica de Cirurgia Plástica

como se faz a barba. Tem que

Landecker e também da SBD.

ser feita no sentido que cresce

“Uma pesquisa feita recente-

o pelo, não ao contrário”, diz a

mente mostrou que a grande

dermatologista Shirlei Borelli.

Arte: Folhapress


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Jornal do Meio 901 Sexta 19 • Maio • 2017


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