905 Edição 16.06.2017

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Braganรงa Paulista

Sexta 16 Junho 2017

Nยบ 905 - ano XV jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


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Para pensar

Jornal do Meio 905 Sexta 16 • Junho • 2017

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A festa do corpo

E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br

de Cristo

Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

por Mons. Giovanni Baresse

Escrevo esta reflexão às vésperas da Festa de Corpus Christi. Festa de antiga tradição entre nós, trazida para nossa terra pelos colonizadores. Vale a pena recordar suas origens. Ela remonta ao século XIII. Movimentos negavam a presença real de Jesus no pão e no vinho. Essas idéias desembocaram, depois, na afirmação protestante da presença simbólica. O Magistério da Igreja sentiu necessidade de realçar a presença real do “Cristo todo” no pão e no vinho consagrados. O papa Urbano IV, na época o cônego Tiago Pantaleão de Troyes, arcediago do Cabido Diocesano de Liège, na Bélgica, recebeu o segredo das visões da freira agostiniana Juliana de Mont Cornillon, que afirmava ter tido visões de Cristo demonstrando desejo de que o mistério da Eucaristia fosse celebrado com destaque. A Festa foi aos poucos se estendendo para toda a Igreja. Se a festa teve origem como resposta à negação ou imcompreensão da herança deixada pelo Senhor na celebração da Ceia que

precedeu sua prisão, tornou-se cada vez mais consciencia de que a Igreja viveu e vive da Eucaristia, como nos recordava o Papa João Paulo II numa carta enviada para a Quinta Feira Santa, há alguns anos. A celebração da Eucaristia é o centro e o ápice da vida cristã, ensina o Concílio Vaticano II. São Lucas no livro “Atos dos Apóstolos” nos recorda que a primeira comunidade reunia-se no Dia do Senhor para celebrar o que Jesus disse que deveria ser feito em sua memória. Temos como afirmação de fé que a celebração da Eucaristia é o memorial da Redenção do Senhor Jesus sobre todo o criado. A categoria de memória (zikarón) na Bíblia não quer dizer renovação. Quer dizer tornar presente. Uma coisa é renovar (fazer de novo) outra coisa é entrar na categoria do tempo eterno de Deus (onde tudo é presente). A missa não renova a morte de Cristo, o seu sacrifício. Ele morreu uma vez por todas. De uma vez por todas ofertou o sacrifício perfeito, como fala a carta aos Hebreus. Por isso mesmo a celebração

eucarística é sempre a celebração da Páscoa do Senhor. Não é celebração da sua morte. È celebração da vida dada e repartida. Isso nos deve fazer pensar sobre a maneira como participamos do nosso culto. Celebrar a Eucaristia não é um dever legal. É um dever de amor derivado do mandato de Jesus. Faz parte dos sinais que identificam os discípulos do Senhor chamados a segui-lo e a formar comunidade. Penso que a dificuldade de muitos cristãos em relação à Eucaristia é a de não se preocuparem em conhecer mais e melhor o sentido desse sinal da Graça de Deus para nós. Há uma enorme responsabilidade em buscar uma participação ativa, frutuosa e consciente para superar o risco da mera assistência ao culto. Já houve época que a celebração era mais dos ministros ordenados do que da comunidade. Mas já faz muito tempo que o Magistério da Igreja redirecionou caminhos e comportamentos. A celebração da Festa da Eucaristia é ocasião para testemunhar o que cremos e o que procuramos

viver. Ao recebermos o Corpo e Sangue de Cristo mostramos nosso desejo de que sua vida seja nossa vida, de que seus gestos sejam nossos gestos, suas palavras nossas palavras. Se a Eucaristia é necessariamente participação, a sua festa deve manifestar esse desejo de compartilhar nossa vida com todos, sem exceção. E ao fazer nossa demonstração pública de fé, que se possa ver o empenho em tornar este mundo melhor a partir de uma vida alicerçada na presença de Jesus Cristo em nossas vidas e comunidades. Quem bom que tenhamos recebido a herança da fé na presença real de Jesus na Eucaristia! Isso nos conforta. Nos dá coragem. E nos deve fazer testemunhar que desejamos a mesma vida para todos. E que nos empenharemos para que todos tenham vida e vida plena. Finalizo recordando que a bela tradição dos tapetes pode ser uma forma de testemunhar a fé no Cristo feito alimento e remédio. O trabalho solidário e alegre, que vai desde o armazenamento do que será usado até ao auxílio daqueles que vão

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

dando suporte, pode ser um belo testemunho nestes nossos tempos tão carentes. E, penso, que cada vez mais deveremos encontrar “enfeites” que tenham utilidade. Faz alguns anos, juntamente com os conselhos paroquiais de pastoral e economia, fizemos em Atibaia a experiência de coletar roupas e alimentos, cobertores e outras coisas úteis. Colocamos nas ruas faixas de TNT de muitas cores. Sobre elas o que se queria doar. Após a passagem do Cristo sacramentado uma caminhonete ira recolhendo os dons e as faixas. Nada se desperdiçava. Essas faixas recebiam, também, flores e enfeites. Acredito que foi uma boa atitude na realidade daquela paróquia. Não sou contrário aos tapetes de serragem, pó de café, etc. Mostram a criatividade e a engenhosidade das pessoas. Fica aí uma sugestão.

Ter ou não ter filhos: eis a questão Por MIRIAN GOLDENBERG/FOLHAPRESS

Não fiz defesa militante da opção de não ter filhos, mas fui muito questionada, especialmente por mulheres Os dados do IBGE mostram que cresceu significativamente o número de casais brasileiros que optam por não ter filhos. Hoje, são 19,9%. Em 1960, a média de filhos por mulher era 6,3. Hoje, é 1,7. As brasileiras, especialmente as que têm maior escolaridade e renda, além de terem menos filhos (ou não terem), estão adiando a maternidade para depois dos 30 anos. Para a minha geração, a principal identidade feminina era (e, para muitas, ainda é) a de mãe e esposa. Apesar da cobrança social e da pressão

das amigas, decidi, desde muito jovem, que não teria filhos. Nunca fiz uma apologia ou defesa militante da minha opção, mas fui muito questionada, especialmente pelas mulheres. “Você acha normal não querer filhos? Você tem alguma doença? Algum trauma psicológico?” “Quem vai cuidar de você na velhice? Você quer ser uma velha infeliz, solitária e abandonada?” “Você não sabe que só tendo filhos vai se sentir plena como mulher, conhecer o verdadeiro amor incondicional?” “Lembra do poema do Vinícius? ‘Filhos? Melhor não tê-los. Mas se não os temos, como sabê-lo?’”

Recentemente, no entanto, tenho escutado um discurso oposto de algumas mulheres que, no passado, criticaram duramente a minha opção. Uma amiga, com filhos de 23 e 25 anos, disse: “Você fez a decisão mais certa e corajosa. Meus filhos só me dão trabalho. Só me procuram para pedir dinheiro e quando estão com problemas. Nunca me ligam para saber se estou bem, de uma forma desinteressada”. Outra, com filhos de 29 e 32 anos, contou: “Com o que ganho como aposentada, não tenho mais como dar muito dinheiro para meus filhos. Eles estão revoltados, não reconhecem tudo que sempre fiz por eles. Dizem que sou egoísta, já que minha obrigação seria sustentá-los pelo resto da

minha vida. Eles acham que são artistas. Na verdade, são dois parasitas”. A opção por não ter filhos está se tornando cada vez mais ampla e legítima em nosso país, como já acontece em outras sociedades. Cada casal, cada mulher e cada homem têm o direito de escolher livremente a sua forma de viver, de amar e de ser feliz, sem sofrer preconceitos e violências. Você acredita que as mulheres e os homens que decidem não ter filhos vão, na velhice, se arrepender de suas escolhas? MIRIAN GOLDENBERG é antropóloga, professora titular da UFRJ e autora de “A Bela Velhice” (ed. Record) miriangoldenberg@uol.com.br


Reflexão e Práxis

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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

Travessura Detalhes da arquitetura moura

A raiz que possui o índice 3 (Mat.)

Número de pinos do boliche Italo Svevo, romancista Vilão de "O Rei Leão" (Cinema) Símbolo dos ancestrais de uma tribo Hélio e xenônio (Quím.)

BANCO

População Economicamente Ativa (sigla) Haste do salsichão Micro da Apple Análogos (?)-pererê, mito brasileiro

Apêndice da ânfora Tipo sanguíneo

Erva odorífera de saladas Ainda

Nome da letra "M" Capa de confrarias

Móvel de quarto Condições climáticas

Susana Vieira, atriz Abrandar (Med.)

Psiu! Saque indefensável (vôlei) Puxar para cima Meu, em francês

Pequena árvore copada da caatinga

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Solução A R A B E S C O S

DO R I C A

C C R O N B E F D E I O S G A R T E T E S E M T A S A I C A Z C O A I P A R A T E M E S NO B

E M O L I R A PE

I A R A

A R C O E S C R O M A T I S M O

DA EI

D A D O S V E

PA

A CH

em fraseologia inútil a ideia de Direito Constitucional que carece de objetividade por atender os ditames do poder político e dos interesses partidários. A falta de isenção é tamanha que os réus são visitados por seus juízes que declamam, de forma questionável e condenável, uma isenção e uma objetividade que nem de longe existem. O pior é assistir a tudo como incrédulos e sem saber como agir, tal qual disse certa vez Aristides Lobo, “assistimos a tudo bestializados”. Bestializados pela nossa ignorância, alimentada e aumentada pela distância entre o Poder Judiciário e a sociedade civil, e por sermos os responsáveis por sustentar ou carregar em nossas costas o fardo pesado de um país injusto que escolhe os interesses de poucos em detrimento da moral e do caráter correto que deveria mover a nossa ideia de Justiça. De forma afrontosa, o STF desconsidera fatos pertinentes e por conveniência, amizades ou indicações políticas deixa um recado claro para a sociedade – a Justiça não é justa, mas sim conveniente. Como crer em uma instituição que julga segundo interesses de poucos? Como explicar o grau de politização e de comprometimento de alguns ministros com a atuação esfera política? Como defender que a Justiça foi feita, se elas, as Leis, ferem a noção de Direito, com toda a carga normativa e moral que se espera? Como não provocar indignação frente a decisões tomadas por pessoas que, direta ou indiretamente, têm interesses pessoais e partidários? Como propor algo novo com o que temos de pior, seja na esfera Executiva, Legislativa e Judiciária?

São utilizados na Medicina Nuclear (?) Geo, canal da TV por assinatura Grupo de esposas de um sultão

Rodovia (abrev.) Feito heroico

3/icó — mac — mon. 4/scar. 5/gesta. 6/emolir.

É notório que atravessamos uma imensa crise institucional nas esferas dos três poderes e é fato que o Poder Público não atende as demandas sociais e, na verdade, pouco se importa com aquilo que é a razão de sua existência, não disfarçando seu descaso com a Coisa Pública. Não podemos nem mesmo recorrer as instâncias jurídicas que são, em teoria mais que abstrata, nossas salvaguardas dos constantes abusos dos poderes constituídos. Quando a própria esfera judiciária se deixa macular por ações políticas que ferem a ideia da Justiça e da Lei, um sentimento de impotência e de impunidade toma as esferas sociais aumentando o abismo que separa o Direito e a Lei, ou seja, nossos direitos como pessoa humana, guardados na Constituição, se tornam letras mortas já que as leis desrespeitam tais princípios e cumprem seus deveres de forma política, tendenciosa e, por isso, perniciosa a todos. Fato é que o julgamento da Chapa Dilma-Temer se caracterizou por um julgamento político, de interesses e de indicações que mancharam ainda mais o momento de absurdos infindáveis que experimentamos e são noticiados diariamente. Além disso, a pompa, as palavras técnicas e os ritos, encenações que confundem o público comum, na verdade, a maioria de todos nós, marcam os espetáculos midiáticos e cercam nossos ministros, apresentados como as pessoas mais sábias do país, uma presunção que deveria envergonhar e indignar os espíritos republicanos, além de escancarar os disparates da nossa cambaleante e embriagada noção de Justiça. As leis que regem nossa sociedade são contrárias aos direitos que deveriam defender e alimentar, transformando

Outorgue; conceda Barco de marinas

Iguaria de lanchonete árabe

por pedro marcelo galasso

Crítica ferina (fig.) Ponto cardeal

Q U T R I N H A B C U D I S T G A

Direito e Lei

© Revistas COQUETEL

Região goiana de A vogal Bailado marcada de Fran- interesse ufológico no jogo cisco Emprego harmonioso da velha Mignone das cores

Conjunto de princí- Aquele que concede pios fundamentado financiamento nos ensinamentos de Endinhei- Caixa-baixa Sidarta Gautama (abrev.) rada Caracteriza a fibromialgia e o lumbago

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

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Por LUCILENE OLIVEIRA/FOLHAPRESS

Pais devem ficar atentos a sintomas de infecções por vírus e bactérias nesta época do ano A chegada da temporada de frio marca também o início do período em que ficam mais rotineiras as idas dos pais com crianças pequenas aos prontos-socorros. A bronquiolite está entre as principais causas de internação neste período do ano e chega a ampliar em até três vezes o número de internações de crianças até 2 anos. A doença, responsável pela inflamação dos bronquíolos (os menores tubos que, dentro dos pulmões, levam o ar aos alvéolos, onde ocorre a troca de oxigênio por gás carbônico), é causada pelo VSR (vírus sincicial respiratório). A infecção pode causar desde sintomas simples, como tosse e secreção nasal, a um quadro grave de falta de ar, que, aliado a febre alta, não cessa integralmente mesmo após a medicação. “É uma categoria de inflamação mais grave do que os resfriados ou a gripe. É uma doença que pode ficar muito grave, e até 2% das crianças com bronquiolite podem necessitar de internação na UTI”, diz o vice-presidente do Departamento de Pneumologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo, Alfonso Eduardo Alvarez. Pneumonia Entre as crianças com mais de 2 anos, a pneumonia é o principal vilão no período mais frio. O infectologista Daniel Wagner, do Hospital São Luiz Jabaquara e do Hospital da Criança, diz que, quanto mais perto do pulmão for a infecção, maiores são os riscos de agravamento da doença. A criança pode ser infectada tanto pelo vírus como pela bactéria pneumocócica neste caso, há vacina, que deve ser aplicada em crianças menores de 2 anos. “A doença causa a inflamação do bronquíolo, que produz muco e dificulta a entrada de ar para os pulmões”, afirma o especialista. As doenças virais se proliferam com muita rapidez nesta época do ano devido a alguns fatores. O primeiro é o ar mais seco, que fere mais as vias aéreas, deixando-as mais sensíveis às infecções. Locais fechados Outro motivo é que o frio leva as pessoas a ficarem mais juntas, em locais fechados e com pouca ventilação (o que facilita a transmissão dos vírus). Por fim, a variação de temperatura em um único dia (frio

pela manhã, tempo quente à tarde e frio novamente ao anoitecer) baixa a imunidade porque o corpo precisa se esforçar mais para manter sua temperatura. “Essas doenças, de modo geral, são contagiosas e transmitidas facilmente após a criança tossir ou espirrar e também por objetos compartilhados. O vírus é transmitido por meio de gotículas de salivas”, diz o pediatra Hamilton Robledo, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. Principais doenças que atingem Foram dias desesperadores, diz mãe que teve filho na UTI Aos 22 dias de vida, Renan Morais Brilhante, hoje com dois meses de idade, foi internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Samaritano, em Higienópolis (região central), com bronquiolite. Após dar entrada no centro médico com um quadro agudo de falta de ar, o pequeno ficou 15 dias em tratamento para a plena recuperação. “Os sintomas começaram com o nariz entupido, não conseguia mamar direito, ficava cansado e teve um quadro de falta de ar intensa”, conta a mãe, a estudante Luciana Brilhante, 26 anos. Ao chegar à unidade de saúde, o recém-nascido foi internado imediatamente com baixa saturação sanguínea (pouco oxigênio no sangue). Nas duas semanas seguintes, Renan teve algumas pioras, inclusive com um quadro de atelectasia, espécie de colapso do pulmão, uma das principais causas de sufocamento de recém-nascidos. “Foram dias desesperadores. O meu filho era o menorzinho na UTI”, diz Luciana. Com a evolução do quadro, o bebê precisou passar por uma fisioterapia respiratória para a retirada de secreções. Um aspirador foi introduzido pelo nariz para a remoção dos mucos. Um mês após a alta, a mãe permanece fazendo nebulização diariamente para auxiliá-lo na respiração. Pronto-socorro só com febre alta e tosse forte Ao contrário do que muitos pais pensam, a criança não deve ser levada ao pronto-socorro quando apresenta sinais amenos de doenças respiratórias - a ida desnecessária pode agravar o quadro. “O pronto-socorro é uma emergência, não é um consultório. Se a criança estiver só com o nariz escorrendo

e tosse controlada, os pais devem evitar levar ao hospital”, diz o pediatra Hamilton Robledo, dos Hospitais São Camilo. Os casos mais simples devem ser tratados com o pediatra da criança. Os casos de falta de ar, febre superior a 38oC e tosse que leva a vômitos devem ser tratados imediatamente. “Para verificar se a criança está mais cansadinha, deve monitorar se a frequência respiratória está acima de 50 a 60 por minuto”, diz Felipe Lora, pediatra do Hospital Infantil Sabará. O pronto socorro é uma emergência, não é um consultório. Se a criança estiver só com o nariz escorrendo e tosse controlada, os pais devem evitar levar ao hospital diz Hamilton Robledo, pediatra Aluno deve faltar até se tiver sintomas leves Os pediatras recomendam que o afastamento de atividades escolares da criança deve ocorrer mesmo que ela apresente apenas sintomas amenos de um resfriado. “Os pais devem evitar levar o filho doente para a escola. A tosse e o espirro têm um alto índice de contágio. Acontece de a criança passar para a outra e quando a primeira está melhorando, ela é contaminada novamente”, diz o infectologista Daniel Wagner, do Hospital São Luiz Jabaquara e do Hospital da Criança, da Rede D’Or

São Luiz. Ele afirma que, ao contrário do adulto, a criança tosse e espirra sem pôr a mão na boca. Os pais devem evitar levar o filho doente para a escola. A tosse e o espirro têm um alto índice de contágio. Bebê não consegue respirar direito filho da dona de casa Danielle Lima Moreira da Rocha Nascimento, 26 anos, tem cinco meses e, há dois, foi diagnosticado com um quadro de bronquite asmática. A doença, que não tem cura, causa um estreitamento dos bronquíolos, o que dificulta a passagem do ar para os pulmões. Desde o diagnóstico, Lucca passou a usar diariamente a bombinha com anti-inflamatório para prevenir as crises. Ainda assim, sofre com falta de ar praticamente todas as semanas. “São quadros de muita falta de ar e, como ele é muito neném, não consegue respirar direito. Ele toma o remédio da bombinha no espaçador”, diz Danielle. A mãe afirma ter contado seis quadros de alta intensidade de falta de ar no último mês. “Ele vai iniciar um acompanhamento com o pneumologista para começar a fazer um tratamento de prevenção para evitar as crises constantes. Ele sofre muito com elas”, afirmou a mãe. O bebê faz inalação diariamente.


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Redes sociais Redes sociais refletem a sociedade, diz diretora do YouTube sobre polêmicas

Por DIOGO BERCITO/FOLHAPRESS

Para Fernanda Cerávolo, diretora do

Na versão para crianças, lançada em 2015,

controlando o tempo que a criança passa

Em um teste feito pela Folha, em maio,

YouTube Brasil, conteúdo violento

o algoritmo de seleção de vídeos opera

assistindo a vídeos.

havia paródias feitas por crianças, como

ou polêmico em redes sociais é um

de uma maneira muito mais restrita.

Para Cerávolo, é importante reforçar

um vídeo em que a princesa Elsa, de

“reflexo da sociedade”, já que Facebook e

Ainda assim, o Google recomenda que

que o YouTube é um ambiente voltado

“Frozen”, perde o vestido e é socorri-

YouTube “são plataformas democráticas

os adultos fiquem alertas para denunciar

à educação, que deve ser seguro para

da pelo Homem-Aranha -mas nada de

e muito acessíveis”.

vídeos inadequados.

todas as idades.

cunho sexual.

Em entrevista à Folha, Cerávolo afirma

O aplicativo permite que os pais desabi-

Assim que foi lançado, há dois anos, o

Já na versão liberada para adultos,

que o YouTube quer coibir “pornografia,

litem a busca, reduzindo a experiência

YouTube Kids foi posto à prova e fo-

vídeos “sujos” com personagens de de-

violência e tudo o que não deve estar em

dos filhos apenas aos vídeos recomen-

ram encontrados vídeos inadequados,

senho são abundantes em canais como

uma rede social”.

dados. Também há a possibilidade de

como piadas sujas e clipes de filmes

“Smile Kids TV” e “RezendeEvil”,

Após o YouTube ter problemas com

limpar o histórico e de usar um timer,

para adultos.

entre outros.

anunciantes devido à existência de

Foto: Divulgação

vídeos neonazistas, em março, o Facebook sofreu críticas por ter hospedado vídeos ao vivo de homicídios levantando debates sobre o que pode ser permitido nessas plataformas. No YouTube, só quem tem mais de mil inscritos pode gravar ao vivo, então casos de violência são menos comuns. “Violência, conteúdo controverso, sempre vai existir. Já há mecanismos que impedem que esses conteúdos sejam publicados, ou que os rastreiam rapidamente depois da publicação. Mas não é perfeito, ainda está em desenvolvimento”, diz Cerávolo. Outro aspecto que preocupa pais é conteúdo adulto “disfarçado” de infantil, como vídeos da personagem Peppa Pig e do jogo “Minecraft” com sexo e violência, muitas vezes produzidos pelas próprias crianças e adolescentes que frequentam a rede. A respeito disso, Cerávolo e o Google, quando questionado, são categóricos: o YouTube não é para crianças. “Nós seguimos à risca a política de uso do canal. Quem tem menos de 13 anos não pode usar o YouTube”, afirma. “Para isso, existe o [aplicativo] YouTube Kids, que tem um filtro muito mais pesado do que o resto do site. Desafio você a encontrar conteúdo inadequado

Fernanda Cerávolo, diretora do YouTube Brasil.

ali. Não tem.”

Imóveis

Casa pode deixar você doente; veja maneiras de evitar Por CAROLINA MUNIZ/FOLHAPRESS

De nada adianta tratar os sintomas “Já lixei a parede e fiz reformas, mas sempre volta”, afirma Zuccolotto. Os sintomas, como espirros e alergias de pele, pioraram no último ano, quando ele passou a trabalhar em casa. “O mofo é algo que precisa ser resolvido. A exposição prolongada ao fungo pode gerar até quadros pulmonares graves em pessoas de qualquer faixa etária”, alerta o pneumologista José Eduardo Cançado, professor da faculdade de medicina da Santa Casa de São Paulo. Para acabar com o bolor, é necessário solucionar a causa: a umidade, que pode ser resultado de vazamentos, infiltrações ou falta de ventilação -como no apartamento de Zuccolotto. “Nesse local, uma saída seria instalar um exaustor ou um desumidificador de ambiente”, diz Leonardo Cozac, engenheiro especializado em qualidade do ar interno. Para remover o mofo de paredes, aplicar cloro sobre a mancha não é suficiente. “É preciso removê-la com um pano úmido e aspirador de pó, tomando cuidado para não levar a contaminação para outros espaços”, afirma. Se persistir, é sinal de que o bolor pode

ter se espalhado por dentro da parede. Aí, o mais indicado é abri-la para verificar sua dimensão. Segundo o especialista, a tinta antimofo pode ser uma aliada, já que dificulta o crescimento dos fungos, mas não resolve o problema sozinha. Outro cuidado para conter o desenvolvimento de micro-organismos é optar por materiais com superfícies lisas e fáceis de serem higienizadas. “Carpetes e papéis de parede devem ser evitados”, afirma Maria Augusta Justi Pisani, professora de arquitetura e urbanismo da Mackenzie. O ar-condicionado também deve receber manutenção regular (a cada seis meses), para que não se torne um veículo de propagação de vírus, bactérias e fungos. AR RENOVADO A troca do ar é fundamental para diminuir a concentração tanto de contaminantes biológicos como químicos dentro de casa. Os compostos orgânicos voláteis, como o formaldeído, podem ser emitidos por colas, tintas, vernizes e móveis. Alguns deles são tóxicos e considerados cancerígenos. Para facilitar a renovação de ar, o ideal é

que os imóveis tenham janelas em mais de uma face. “Isso possibilita que o ar entre por um lado e saia por outro”, afirma o engenheiro Luiz Henrique Ferreira, diretor de uma consultoria especializada em sustentabilidade. O biólogo Allan Lopes, especialista em biologia da construção, área que estuda

o impacto das edificações na saúde humana, defende que, mesmo em cidades poluídas, as janelas fiquem abertas. “Com a casa sempre fechada, o ar interno pode ficar mais poluído do que o externo”, diz. Cançado, da Santa Casa, concorda, mas faz uma ressalva: “Evite ventilar a casa nos horários de pico do trânsito”. Foto: Zanone Fraissat/Folhapress

O matemático Guilherme Zuccolotto no seu quarto.


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Comida viva

Fermentados probióticos cultivados em casa viram os novos queridinhos da alimentação funcional, com a promessa de melhorar a imunidade Por RICARDO AMPUDIA/FOLHAPRESS

Uma nova onda de alimentos funcionais tem surgido nas lojas de produtos naturais e cozinhas brasileiras. Liderada pela kombucha e pelo kefir, a revolução fermentada vem ao estilo faça você mesmo. Esses produtos do Oriente são culturas de bactérias e leveduras capazes de fermentar leite, chá ou suco de frutas, produzindo substâncias que chegam vivas ao intestino, conhecidas como probióticos. Para o médico microbiologista Djalma Marques, que pesquisa e produz o kefir há mais de duas décadas, nunca a procura esteve tão em alta. “Só consigo atender 5% da demanda, que inclusive, vem de fora do país”, diz ele, que faz planos para a expansão da Biologicus, marca de produtos à base de kefir que começou no Maranhão e se prepara para abrir uma fábrica em Recife (PE), para atender o mercado nacional. Os probióticos em si não são novidade. Há décadas iogurtes “aditivados” e leite fermentado com bactérias vivas são consumidos. A novidade é a produção caseira e a diversidade de micro-organismos, que vêm na esteira do “boom” das pesquisas sobre a microbiota intestinal. “O alimento com probiótico reduz o risco de doenças. Se consumido regularmente, ele ajuda a manter o equilíbrio da microbiota e o indivíduo fica menos exposto a infecções quando consumir um alimento contaminado. Mas ele não cura doenças”, explica Suzana Saad, professora do departamento de tecnologia bioquímico-farmacêutica da Farmácia da USP. A microbiota é o que se costumava chamar de flora intestinal –termo hoje não mais utilizado por especialistas. É do equilíbrio desse conjunto de micro-organismos que depende a saúde do intestino. A FAO, braço da ONU para agricultura e alimentação, define como probióticos “micro-organismos vivos, administrados em quantidades adequadas, que conferem benefícios à saúde do hospedeiro”. Mesmo antes do Yakult, os lactobacilos já vinham frequentando a cozinha e tinham provado seu valor nutricional. Na região do Cáucaso, na Europa Oriental, pastores de ovelhas costumavam guardar o leite em bolsas de couro. O líquido coalhava e deixava uns grãos no fundo. Esses grãos, de sabor azedo, mostravam ter efeito sobre a imunidade. A região tem um dos povos mais longevos daquele continente, que associam uma dieta pobre em proteína animal ao consumo do kefir, que em turco quer dizer “sentir-se bem”. “Durante meu mestrado na Europa, soube desse probiótico e fui visitar a região da

Chechênia. Lá, eles vendem kefir até no semáforo. Os probióticos também eram muito usados nos hospitais em que atuei. A partir daí, voltei toda minha pesquisa para isso e trouxe para o Brasil”, conta Djalma Marques. couve-flor amassada Os cultivos de kefir têm a aparência de uma couve-flor amassada. Após alguns dias no leite ou suco, eles são coados e podem ser reproduzidos e reutilizados. Já a kombucha tem origem asiática e há relatos do seu uso desde cerca de 200 a.C, na China. A bebida é produto de uma fermentação do chá feita por um conjunto de micro-organismos vivendo em simbiose na chamado zooglea. Trata-se de um disco gelatinoso, apelidado pelos entusiastas da kombucha de “Scoby”. Ao repousá-lo por alguns dias em chá adoçado com açúcar, ele fermenta a bebida, dando um gosto ácido e levemente gaseificado, que ainda pode ser adicionado de sabores e temperos. Os entusiastas da kombucha e do kefir mantêm a tradição de doar “mudas” de seus cultivos de micro-organismos aos amigos, mas algumas lojas especializadas

e sites já vendem “culturas-mães” por cerca de R$ 50. Uma revisão de estudos publicada no periódico americano “Journal of Food Science” reuniu pesquisas ao longo da década passada com a kombucha em vários países, mostrando resultados positivos principalmente na proteção do fígado e na melhora da imunidade. O artigo, porém, conclui que ainda é cedo para apontar resultados definitivos e que a pesquisa com a bebida ainda engatinha, apesar da sua popularidade. “A kombucha é conhecida no Ocidente desde 1960. Só agora está sendo resgatada como um probiótico caseiro, com um benefício que não se encontra em qualquer alimento”, diz a empresária Cláudia Cardoso, da Biozen Kombucha, que fabrica e envasa a bebida em Curitiba (PR). Ela diz que as dificuldades em popularizar a kombucha pronta no Brasil vêm da própria natureza da bebida. “Ela é um alimento vivo, tem seu tempo de fermentação.” Os produtores dizem que o consumo é seguro, mas pessoas com diabetes, mães amamentando e pessoas com alergias a algum dos ingredientes devem ter aten-

ção extra. Também é preciso estar atento para a contaminação das culturas por fungos tóxicos –seja por causa de utensílios não esterilizados ou armazenagem incorreta. Veja como fazer a kombucha em casa Kefir Bastante difundido na Europa Oriental, trata-se de uma colônia de dezenas de cepas de bactérias e leveduras. Depois de alguns dias no leite ou na água, ela produz ácidos, vitaminas e um pequeno volume de álcool Lactobacilos São bactérias em forma de bastonetes que se proliferam no leite. Eles protegem as “dobras” intestinais e criam ambiente propício para outras bactérias benéficas. As pesquisas mais famosas nessa área vêm do Japão Kombucha Uma zooglea, um tipo de comunidade de leveduras e bactérias, alimenta-se do açúcar presente no chá e produz ácidos e vitaminas, que resultam na bebida. De origem chinesa, os primeiros relatos do consumo são de 221 a.C. Foto: Divulgação


Jornal do Meio 905 Sexta 16 • Junho • 2017

Mal de Parkinson Pacientes com mal de Parkinson podem não apresentar tremores

por GISLAINE GUTIERRE/FOLHAPRESS

Em vez de ter esse sintoma, pessoa pode apresentar rigidez muscular e lentidão nos movimentos Tremores não são um sintoma obrigatório do mal de Parkinson. A doença, descoberta há 200 anos, pode se manifestar de outras maneiras, incluindo, por exemplo, lentidão de movimentos, escrita com letras pequenas e até perda ou redução da capacidade de sentir cheiros. “Não é tão raro haver pacientes sem tremores, mas não sabemos por que isso ocorre”, diz o professor de neurologia da Unifesp (Universidade Federal de SP) e membro da ABN (Associação Brasileira de Neurologia) Henrique Ballalai Ferraz. João Carlos Papaterra Limongi, neurologista do Grupo de Distúrbios do Movimento do Hospital das Clínicas e também da ABN, diz que os sintomas motores clássicos são tremores, rigidez muscular e lentidão. A presença de dois deles costuma indicar o diagnóstico. Mas a doença é bem mais complexa que isso. Limongi conta que, antes de sinais motores, o paciente pode ter depressão, ansiedade, intestino preso e redução ou perda do olfato. A pessoa também pode gesticular conforme o que sonha. Na fase tardia, pode haver dores, fadiga, sonolência excessiva e, em alguns casos, demência. Em uma explicação simples, o que ocorre no parkinson é que o cérebro deixa de produzir a dopamina, neurotransmissor que mantém os movimentos do corpo (sejam os automáticos, como caminhar, ou aqueles que permitem duas tarefas ao mesmo tempo). “O paciente sai do automático e tem de pensar cada gesto, cada ação”, explica Limongi. A dopamina também age na parte emocional. Embora não haja cura para o mal, os médicos dizem que é possível viver bem por anos. Ferraz diz que fisioterapia e fonoaudiologia podem auxiliar. As causas do parkinson não são conhecidas, mas o risco de filho ter a mesma doença do pai é de cerca de 1,5%, segundo Limongi.

Cirurgia só é feita na fase avançada O tratamento do parkinson é feito com remédios para reduzir sintomas, mas que, com o tempo, podem provocar movimentos involuntários. A cirurgia, sempre na fase avançada, pode ser implantação de eletrodo ou em microlesões no cérebro, para inibir atividade em certas áreas do cérebro. A diferença, dizem especialistas, é que é possível tirar os eletrodos depois. Na microlesão, não tem como “voltar atrás”.

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