909 Edição 14.07.2017

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Braganรงa Paulista

Sexta 14 Julho 2017

Nยบ 909 - ano XV jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

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Para pensar

Jornal do Meio 909 Sexta 14 • Julho • 2017

Métodos de gigantes

inspiram pequenos Empreendedores adotam versões compactas de sistemas de grandes corporações para melhorar produção e venda, algumas soluções estão disponíveis na internet, em sites de empresas ou instituições ligadas ao setor de negócios

por Mons. Giovanni Baresse

Grandes corporações, que precisam criar padrões adequados a diferentes unidades industriais, acabam desenvolvendo métodos globais capazes de aumentar a eficiência nas linhas de produção. Essas soluções podem ajudar pequenas empresas a melhorar seus processos. “Testamos diversas alternativas até chegarmos ao Lean [modelo de gestão inspirado em práticas e resultados do Sistema Toyota], e conseguimos melhorar nossos resultados”, diz Expedito Eloel Arena, fundador da rede de franquias Casa do Construtor, criada em 1995. A implementação do método japonês é feita individualmente pelos franqueados. “Logística, vendas e manutenção são três áreas fundamentais, só que elas não se conversavam. Com o Lean, conseguimos promover interações, otimizar nossos serviços e comparar o desempenho em diferentes unidades”, afirma Arena. Algumas soluções estão disponíveis na internet, em sites de instituições ligadas ao empreendedorismo ou mesmo

nos portais das empresas que criaram o método. Além disso, há no mercado palestras e cursos que ensinam como adaptar processos e aumentar a eficiência. Contudo, as fórmulas são apenas parte do caminho e podem exigir investimento. A rede Outer Shoes, do setor de de calçados, gasta cerca de R$ 5.000 por loja para a implementação de um sistema de controle inspirada na telemetria da Fórmula 1. “Na F-1, os problemas com o veículo são resolvidos durante a corrida. Se deixarem para depois, o piloto jamais subirá no pódio”, diz Filipe Lamim, diretor de expansão da Outer Shoes. “Fazíamos reuniões mensais em busca de soluções, mas já era tarde demais, a venda perdida não volta. Agora, identificamos os problemas e tentamos solucioná-los imediatamente”, explica o executivo. Colocado em prática há cerca de um ano, o sistema de telemetria é um compilado de vários aplicativos e softwares disponíveis no mercado. As ferramentas monitoram as lojas e as vendas,

dando um panorama de tudo em tempo real. Segundo Lamim, este ano a empresa apresenta expansão de 40%. “O incremento no fluxo de clientes foi de apenas 10%, o restante de deve à mudança na gestão”. “A tendência é que os custos para importar práticas de grandes corporações caiam cada vez mais, já que mais empresas passarão a usar esses novos sistemas e a venda ou compartilhamento em escala leva à redução dos custos”, diz Maria Fernanda Junqueira Victaliano Ferreira, consultora do Sebrae-SP. A empresa de tecnologia Reamp optou por adotar os métodos Scrum e Kanban, ambos baseados em agilidade e interatividade. “Há diferentes grupos de funcionários, e cada um possui uma liderança própria. Com foco nos feedbacks, eles fazem reuniões diárias de cinco minutos para repassarem o andamento dos projetos”, explica Emmanuel Santana, executivo da Reamp. Dessa forma, conta ele, as decisões são tomadas de forma mais rápida, descentralizadas. “Todos têm voz ativa na companhia,

evitamos que problemas sejam mascarados pela hierarquização”, destaca Santana. Caso a Caso Para a consultora do Sebrae-SP, é importante que o empreendedor adapte o programa à sua realidade. “Aplicar um método que está dando certo em uma empresa não necessariamente dará em outra”, afirma Ferreira. E só a adoção de uma lista de regras não é suficiente. “Métodos contribuem para a produtividade, mas é necessário que haja mudança na cultura empresarial”, diz Guto Ferreira, da ABDI (Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial). LEAN Baseado no Sistema Toyota de Produção, o método consiste em reduzir desperdícios. Em alguns casos, a simples mudança de posição dentro de uma linha de montagem já garante ganhos KANBAN Por meio de um quadro e cartões coloridos (“kanban” é cartão em japonês), a empresa consegue sinalizar fluxos de produção, otimizar estoque e programar pausas para ma-

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

nutenção SCRUM Sistema que prevê agilidade no desenvolvimento de produtos. Os projetos são divididos em ciclos, e as equipes fazem breves reuniões regularmente para acompanhar o andamento de cada atividade TELEMETRIA DE F-1 Controle dos processos de produção e vendas por meio de reuniões diárias e softwares que medem o desempenho e permitem resolver problemas sem perda de tempo COMO FUNCIONA Sites que ajudam a entender os modelos de produção Lean Institute Brasil - lean.org.br Endeavor - endeavor.org.br Lean TI - leanti.com.br


Reflexão e Práxis

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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

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a ex-presidente Dilma Rousseff, ou se as acusações serão arquivadas pelo STF, que, a muito tempo, não inspira mais tanta confiança e nem clareza em suas decisões, empoladas por palavras difíceis e um discurso vazio, mas cheio de pompa e circunstância. Se o STF abre possibilidades de questionamentos e dúvidas, o que esperar da isenção da Justiça e do cumprimento das leis? Para completar a semana, foi noticiado que a Operação Lava Jato chega ao Estado de São Paulo. Não sabemos o que esperar por conta da força do PSDB no Estado e da força deste partido no STF, com ministros abertamente partidários e simpáticos aos tucanos. As investigações podem escancarar fatos de corrupção em diversas áreas, dentre elas, o metrô paulista, os estádios da Copa do Mundo e outras tantas que são inumeráveis. E este é um dos problemas. São tantos casos, que trazem à tona, outros tantos, que fica quase impossível crer que o nosso quadro burocrático administrativo e jurídico, contaminados até as suas entranhas pela corrupção, serão capazes ou terão a vontade de resolver problemas que os incriminam. Mais do que isso, como os corruptores irão investigar e julgar a si próprios? O mais triste deste contexto é que ele parece não ter fim. Como se o fundo do poço ficasse cada vez mais fundo, como se estas pessoas fizessem o possível para que o fundo do poço nunca chegue e, com isso, consigam esconder o mal que fazem a todos diariamente. Como uma última lembrança, após o favorecimento claro da Justiça brasileira para a esposa do ex-governador do Rio de Janeiro, Adriana Ancelmo, foi a vez do ex-médico Roger Abdelmassih conseguir um benefício que deveria ser garantido a todos os presos na mesma condição, mas que não corresponde a realidade dos fatos. Enfim, outra semana assustadoramente normal no Brasil.

Vivien Leigh, atriz Retirava-se

Dirige preces a Deus Vestuário de magistrado

Planta que fornece óleo comestível Rapaz, em inglês Conclui por inferência

A usuária de aparelhos auditivos O inverso da cossecante (Trigon.) Título do dirigente de Abu Dhabi

Pintura que ocupa toda a parede

Saudação esotérica Cachaça (bras. BA)

Inimigo imaginário de Dom Quixote Método de avaliação do Enem (sigla)

Retesamento de um músculo Multiplicidade de sentidos de uma palavra

BANCO

Incomoda (a ferida) Aparelho Cidade catarinense integrante do "home fundada por imigrantes alemães theater" Figura do Reisado Ósmio (símbolo) Freguesia do (?), bairro de São Paulo

(?) Couto, escritor de "Terra Sonâmbula"

55, em romanos Opositor do vilão

O primeiro Aeronáutifilme a ca (abrev.) ganhar o Gravata, Oscar em inglês

Monge budista Acusada de crime

Tamanho intermediário de roupas

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Solução V P A N D A I V L A R D A C B O I O L O S U R DA M I A LV D E I N H O A E R T U R A I O D E M I A

Outra semana desastrosa de um governo que não consegue mais esconder seu fracasso e que expressa seu desespero com frases vazias e com a compra de apoio político para se salvar e para aprovar reformas que favorecem a poucos, impostas a uma maioria indefesa e que não tem a consciência do que se apresenta. As notícias são tão ruins e inacreditáveis que fica difícil escolher as mais relevantes ou embaraçosas. Comecemos pelo perdão concedido ao senador Aécio Neves pelos seus pares no Congresso Nacional. É desnecessário dizer o quão inaceitável é a alegação do Senado para a não aceitação das acusações contra o senador depois de tudo o que foi noticiado, exposto e analisado. Somente uma Política degenerada como a nossa, em uma casa que nem de longe inspira confiança, pode tomar uma decisão tão afrontosa a todas as pessoas honestas e de bom senso. Caso fosse uma pessoa comum, cujos exemplos não faltam, seria execrada, condenada ao ostracismo, se metade do que foi dito ou feito pelo nobre senador fosse fruto de uma pessoa comum, sem segredos ou fatos que comprometem a classe política brasileira. Constrangedor é assistir aos membros do PSDB defenderem tal figura política e, o que é o pior, mas nem de longe uma novidade, a possibilidade de costurarem um acordão entre PSDB, PT e PMDB numa tentativa vexatória de salvar o maior número possível de culpados ou de acusados destes partidos. Talvez as penas contra Palocci e outros membros do PT quebrem a chance de um acordão, o que pode mudar quando os políticos dos outros partidos sofram o mesmo. Algo que já deveria ter acontecido. Entretanto, o rito que vale para Chico, vale para Francisco? A aceitação das denúncias de corrupção passiva contra o presidente Temer, o pior presidente da História recente de nossa República, aquele que salvaria o país, abrem inúmeros precedentes que vão desde a chance de continuidade do rito, tal qual o circo realizado durante o processo contra

Função do dobermann no pátio de fábricas

Diz-se de governante como Direção da Bachar al- libido, no Assad narcisista

Residência oficial do presidente do Brasil

F C A R A D EG U I O D T E A S S D O S R E EN M O I T R A SA R I S S

por pedro marcelo galasso

Indica a insatisfação da plateia

R J A M O L C Ã O O A G O G I R L A B D E P R A O T I C O N E P O L

os perdões...

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A semana, os ritos,

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por Shel Almeida

Um relacionamento pode durar

que organizou tudo isso para nós”, fala.

uma vida toda? E quanto tempo

A festa foi preparada em conjunto por

dura uma vida? 70 anos de união

filhos e netos. Para a família foi gratifican-

não é apenas algo raro como também

te poder organizar um novo casamento

inimaginável para a maioria das pessoas.

para o casal, com direito à história de

No entanto o casal Mathilde Muñoz Gu-

vida contada em fotos e à bênção do

tierrez e Antônio Gutierrez Garcia estão

Padre Marcelo. Na preparação para

aí para provar que sim, é possível e real.

a festa Dona Mathilde e Seu Antônio

No último dia 25 de junho os senhores que

passaram por toda a preparação, como

hoje têm 88 e 92 anos, respectivamente,

verdadeiros noivos: cabelo, maquiagem

comemoraram Bodas de Vinho de uma

e, dias antes, um romântico ensaio fo-

casamento que começou em 1947.

tográfico que fez tanto sucesso online

Cinco filhos, dezesseis netos e onze

que a própria fotógrafa se surpreendeu.

bisnetos depois, o casal lembra como

Comemorar a união do casal é sempre

tudo começou, ainda na adolescência,

uma felicidade para toda a família. Quan-

quando eram vizinhos de sítio, no bairro

do completaram 50 anos de casamento,

do Campo Novo. Dona Mathilde e Seu

Dona Mathilde e Seu Antônio fizeram a

Antônio se conhecem, na verdade, desde

renovação de votos. A partir de então,

a infância, mas foi época dos festas da

passaram a celebrar a cada cinco anos,

juventude que o interesse de um pelo outro

com uma nova missa. “Nunca podería-

despertou. Ela recorda que o primeiro

mos imaginar, quando nos casamos, que

pedido de namoro aconteceu quando

chegaríamos tão longe, que depois de

tinha 16 anos. Como se achava ainda

tanto tempo estaríamos aqui juntos”,

muito nova para um relacionamento,

emocionam-se

pediu que ele aguardasse ela completar 17 anos, e assim ele fez. Foram dois

Dia-a-dia

anos de namoro. Nesse período ficaram

O casal vive no bairro da Santa Luzia

um ano afastados, quando ele precisou

desde quando tinha quatro anos de ca-

servir o exército. Se comunicavam por

samento e apenas o casal de filhos mais

carta a cada três meses. Ela guarda uma

velhos. Ali permanecem, com a família

dessas cartas, escrita com “saudações

ao redor. Cada um dos filhos mora nas

de amor”, até hoje. A carta surpreendeu

proximidades. Ambos vindos também

até os netos, que descobriram a relíquia

de família numerosa, se acostumaram

na festa de comemoração das sete dé-

a ter a casa cheia aos domingos, dia em

cadas de união.

que os netos e bisnetos chegam para a

25 de junho de 1947 - Há 70 anos Dona Mathilde e Seu Antônio se casaram

visita. “Sempre tem alguém por aqui, Bodas de Vinho

mas domingo é quando todo mundo

Dona Mathilde se emociona ao falar da

se reúne. Nossos filhos Clarice, Gentil,

mais recente festa de celebração da união

Vera, Sérgio e Sandra sempre estiveram

com Seu Antônio. “Agradeço a família

por perto”, falam.

que tenho e também por ter chegado à

A maioria das lembranças do casal são

essa idade junto com ele. Até chorei de

em casa, no dia-a-dia, com a família ao

emoção. A família toda estava lá, amigos

redor. De acordo com Dona Mathilde,

mais próximos e afilhados também. As

na época em que se casaram, tudo era

irmãs dele que ainda estão vivas também

mais difícil. “Não tinha tudo pronto

vieram. Temos uma família muito boa,

como tem hoje. Tinha que fazer tudo

Bodas de Ouro: nos 50 anos de união o casal fez a renovação de votos e troca de alianças

Em Aparecida com os cinco filhos. A caçula ainda era bebê de colo.


Jornal do Meio 909 Sexta 14 • Julho • 2017 em casa, pão, café, tirar água do poço,

coroa, tem que ser pura.’ Então eu segui

lavar roupa no ribeirão. Tudo tomava

o exemplo dela. Fui no altar em frente

muito tempo, a gente trabalhava mui-

de Nossa Senhora e São José do jeitinho

to. Ele foi caminhoneiro, carpinteiro e

que minha mãe falou, pura. Casamos na

pedreiro. Construiu todas as casas em

Catedral. Ele sempre foi um bom pai,

que moramos, da fundação até o telhado.

um bom marido, sempre foi uma pessoa

Eu costurava para fora, porque também

honesta e trabalhadora.

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precisava ajudar, mas trabalhava em casa mesmo porque tinha que cuidar

Para a vida toda

dos filhos”, lembra.

Dona Mathilde e Seu Antônio são a prova

Mesmo com todas as dificuldades da

de que o amor não precisa ser efêmero.

época, eles se lembram com saudosismo,

Pode durar para sempre sim, mas com

da lua de mel que passaram em Santos

uma pitada de realidade no meio do conto

“fomos de trem, aqui a gente só andava

de fadas. É nas dificuldades e na maneira

de charrete”, da viagem com os cinco

de enfrentá-las juntos que se estabelece

filhos para Aparecida “a Sandra ainda

a união duradoura, companheira, aquela

era bebê de colo” e claro, do namoro.

que não se acaba no primeiro sinal de

“Tanto a minha família quanto a dele

contrariedade. Até hoje, eles não se

sempre quiseram que nos casássemos.

largam. Quando um dos dois adoece e,

Mas naquele tempo não era como hoje,

eventualmente, precisam se distanciar,

não.. Não pegava nem na mão. Andava

contam as horas para estarem juntos de

junto, conversava, Depois de uns me-

novo. Dona Mathilde tem a saúde melhor

ses é que a gente pegava na mão, não

que Seu Antônio. E, por conta disso, faz

abraçava e nem beijava. A minha mãe

questão de ela mesmo cuidar dele, apesar

falava assim: ‘para aparecer na frente

das próprias limitações da idade. Como

de Nossa Senhora, no dia do casamen-

prometeu a 70 anos, em frente à Nossa

to, para estar de vestido branco, véu e

Senhora: amar por toda a vida.

Aos 92 e 88 anos, com os cinco filhos: Clarice, Gentil, Sandra, Sérgio e Vera fotos: Patrícia Segati

Bênção pelo 70 anos de união fotos: Patrícia Segati

A comemoração das Bodas de Vinho foi um novo casamento, preparado por toda a família, com direito a ensaio fotográfico.


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Férias

Paranoia de demissão pós-férias não é razão para adiar descanso Por LEANDRO NOMURA/FOLHAPRESS

Depois de três anos trabalhando sem férias numa agência de publicidade, o programador Victor Rodrigues, 28, decidiu tirar 30 dias de descanso no começo de 2013. Quando voltou, foi demitido com a justificativa de corte de custos. Desde então, o período de descanso garantido pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) nunca mais foi sinônimo de paz e sossego para Rodrigues. “É um trauma”, conta ele, que agora trabalha numa grande empresa de tecnologia, onde diz se sentir mais seguro. “Mas sempre fica a desconfiança.” Casos como esse não são raros, de acordo com Lidiane Miquilini, da consultoria P2B Capital Humano. Por uma questão financeira, muitas empresas aproveitam a oportunidade para demitir. “Elas não querem pagar indenização com férias pendentes.” O coach de carreiras Maurício Sampaio explica, no entanto, que trabalhar sem descanso também não é garantia de permanência no emprego. Ao contrário, o profissional “workaholic” não é bem visto no mercado. “Quem passa mais do que dois anos sem tirar férias perde capacidade de reter informações e fica menos pró-ativo. É uma bomba-relógio”, diz Sampaio. Christian Barbosa, especialista em produtividade, concorda. Para ele, a pausa é importante para o trabalhador melhorar a performance. O tempo necessário para

que isso ocorra é variável. “Há quem consiga ‘desligar’ depois de três dias dentro de casa. E tem gente que só depois de 15 dias”, explica. Porém tirar 30 dias de férias direto não é uma opção para profissionais de algumas áreas e para quem ocupa cargos mais altos. “Diretores e presidentes costumam tirar férias picadas, porque as tomadas de decisões são deles. A ausência desse profissional gera um impacto muito maior no negócio”, afirma Miquilini. Funcionários do mercado financeiro também encontram dificuldades de férias longas por causa da volatilidade da área. “O corretor de valores sai de férias com a possibilidade de aprovação da reforma trabalhista. Ela não é aprovada, o dólar dá um pico e os fundos caem. Ele precisa voltar, caso contrário perde dinheiro”, exemplifica Barbosa. TREINAMENTO As férias também podem ser uma oportunidade para crescimento na carreira. A Elektro usa o período para treinar funcionários para as sucessões internas. A empresa implantou um sistema no qual todos os colaboradores preenchem um formulário com suas informações profissionais, além dos cargos que almejam alcançar. O mais preparado assume a vaga que deseja durante as férias do titular. Se for bem sucedido, passa a ser avaliado para

uma eventual substituição definitiva.”Eu tenho três opções: diretor de serviços, diretor de operações ou diretor comercial”, diz Bruno Szarf, 34, executivo de recursos humanos, comunicação e segurança. Ele foi escolhido para cobrir as férias do responsável pela área de serviços no mês que vem. Mesmo com esse treinamento para sucessões, o executivo afirma que não há o receio na empresa de os funcionários serem substituídos compulsoriamente quando voltam do recesso. “Na cultura que nós temos hoje, se você quer pleitear uma nova vaga, é preciso ter algumas pessoas para assumir o seu lugar”, afirma. Em 2014, quando era recepcionista de uma agência de propaganda, a publicitária Tabhyta Wohlers, 29, treinou uma colega para ficar no seu lugar durante as férias. Noiva de Victor Rodrigues, ela conta que, por conta da experiência traumática do companheiro, ficou com receio de ser mandada embora, mas acabou tendo uma surpresa quando voltou do descanso. “Fui promovida para uma vaga de atendimento. Eles já sabiam que eu queria, que tinha experiência, mas queriam que eu treinasse alguém para o meu lugar na recepção”, diz Wohlers. PLANEJAMENTO Na hora de tirar férias, rotina flexível não é garantia de sossego de profissionais liberais, como médicos, dentistas e empresários. Nesses casos, os receios

são financeiros ou por excesso de centralização do trabalho. “Desde que você avise o seu cliente, você pode parar a qualquer momento. Mas é preciso planejamento, pois nesse período não vai ter receita”, afirma o coach de carreiras Maurício Sampaio. Dono de uma consultoria de marketing e de um bufê, o empresário Cleber Nunes, 41, ficou oito anos sem férias porque sentia que sua ausência poderia afetar os negócios. Até que, em 2008, acabou internado com uma crise de estresse e obrigado pelo médico a tirar alguns dias de descanso. Depois do susto, Nunes começou a dar mais valor para os períodos de folga. “Percebi que essa história de trabalhar 14 horas por dia sem parar é um conceito furado de empreendedorismo. É possível produzir de uma forma equilibrada. Agora tiro várias férias”, diz ele, que folga por um período de até 60 dias por ano, em pequenos blocos de uma semana. FERIADO ESTENDIDO Nunes segue os conselhos do especialista em produtividade Christian Barbosa, para quem esses profissionais devem aproveitar as emendas dos feriados para descansar. “Quando cai numa quinta-feira, ele pode parar a semana toda. De um sábado ao outro domingo, são nove dias de descanso”, explica. “O cliente tem a sensação de que você está sempre presente. E você tem a sensação de que está sempre de férias.”


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Remédios para emagrecer Liberação dos remédios para emagrecer divide os médicos, uma parte se mostra favorável ao uso das substâncias, mas outra ala aponta sérios riscos à saúde

por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS

A Câmara dos Deputados aprovou no último dia 20 a lei que libera a produção e a comercialização dos remédios inibidores de apetite contendo as substâncias sibutramina, anfepramona, femproporexemazindol. A lei revoga a proibição feita pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que diz não haver comprovação da eficácia das substâncias. A exigência da receita médica foi mantida. A polêmica divide os médicos. Uma parte é favorável à liberação, enquanto outra aponta um grande erro. “Não é o melhor caminho para se colocar o medicamento no mercado, mas essa foi a única forma de disponibilizar esses medicamentos”, diz a endocrinologista Maria Edna de Melo, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica). “[As substâncias] São eficazes, caso contrário ninguém iria querer usar”, completa. Já a nutróloga Letícia Fontes, da clínica MEI Medicina Inteligente, vai na direção contrária. “A liberação dessas substâncias oferece bastante risco à saúde das pessoas. São muitos os efeitos colaterais durante a utilização. As pessoas perdem peso, mas, quando param de usar a medicação, voltam a ganhar mais peso do que tinham antes de usar os medicamentos”, afirma. Para Melo, a questão não é a proibição da substância. O problema é o uso irresponsável da medicação. “Tem que haver um controle mais rígido em termos de prescrição. Com uma orientação racional, responsável, os resultados são muito bons”, diz. Por outro lado, Fontes vê risco de buscar perder peso sem se preocupar com efeitos. “A maioria das pessoas quer emagrecer, mas não quer seguir muito um caminho para isso. Espera passe de mágica, procura fórmula para fazer perder peso sem esforço. Isso que leva a pessoa a recorrer a esses tipos substâncias.”

Anvisa diz que a lei é preocupante A Agência Nacional de Vigilância Sanitária continua mantendo a sua posição contrária à liberação dos remédios emagrecedores. “Essa lei, além de inconstitucional, pode representar grave risco para a saúde da população. Legalmente, cabe à agência a regulação sobre o registro sanitário das substâncias, após rigorosa análise técnica sobre sua qualidade, segurança e eficácia”, diz a Anvisa, em nota.

Arte: Folhapress


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