912 Edição 04.08.2017

Page 1

Braganรงa Paulista

Sexta 4 Agosto 2017

Nยบ 912 - ano XVI jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


2

Para pensar

Jornal do Meio 912 Sexta 4 • Agosto • 2017

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br

Qualquer semelhança... por Mons. Giovanni Baresse

Estamos assistindo os

sentado na liturgia da Palavra

espiritual da presença de Deus

mas pediste discernimento para

embates entre o presi-

do domingo que passou: o fim

que lhe fala. O sonho aparece

ouvir e julgar... dou-te um coração

dente da República, seus

Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS

do reinado de Davi e o começo

muitas vezes como o lugar da

sábio e inteligente, como ninguém,

colaboradores mais próximos e

do reinado de Salomão.

As

revelação de Deus ao homem.

teve antes de ti e ninguém terá

a Câmara dos Deputados. Para

primeiras linhas do Primeiro

Deus diz a Salomão que lhe

depois de ti. E também o que

ver se ele, presidente, pode

Livro dos Reis trazem o clima

peça o que deseja. Este diz:

não pediste, eu te dou: riqueza e

ser transformado em réu – por

de intrigas, invejas. Entre fi-

“Tu demonstraste uma gran-

glória tais, que não haverá, entre

pedido baseado no valor do ser

conta da mala recheada de

lhos de Davi havia disputas.

de benevolência para com teu

os reis, quem te seja semelhante.

humano. O discernimento entre

dinheiro – ou a ação não pros-

Sabendo das pretensões Natã

servo Davi, meu pai, porque

E se seguires meus caminhos,

o que é bom e o que é mal dá a

perará. Temos acompanhado

e Betsabéia, mãe de Salomão,

ele caminhou diante de ti na

guardando os meus estatutos e

coordenada para um agir ético.

os esforços da situação e da

vão interferir junto a Davi para

fidelidade, justiça e retidão de

os meus mandamentos, como fez

E para que não pensemos só nas

oposição em contabilizar quem

que cumpra a promessa feita

coração para contigo... Agora,

teu pai Davi, dar-te-ei uma vida

esferas mais elevadas, isso serve

é contra e quem é favorável. E

que Salomão seria o sucessor. O

pois, Javé, meu Deus, consti-

longa”. O relato bíblico sempre

também para o quotidiano de

denúncias sobre conchavos,

capítulo dois traz a decisão de

tuíste rei a teu servo em lugar

vai se referir a Salomão como o rei

nossas vida e lugares. Num tem-

emendas parlamentares que

Davi e a sagração de Salomão.

de meu pai Davi, mas eu não

de maior esplendor e realizações.

po em que governantes vão até

milagrosamente, encontram

O capítulo três fala da ida de

passo de um jovem, que não

A lição que se tira deste fato da

matando (vejamos a Venezuela)

seus pretendentes, são prato do

Salomão a Gabaon para ofe-

sabe comandar... Dá , pois, a

história de Israel é opção de fé de

para se manter no poder; criando

dia. Manobras para ver quem

recer a Deus um sacrifício no

teu servo um coração que es-

pedir a Deus a capacidade de ver

armas cada vez mais devastadoras,

assume ou não. Enfim um qua-

lugar mais alto da região. Na

cuta, para governar o teu povo

o que é necessário para a vida do

há necessidade que se retome a

dro tristíssimo apresentado à

época, não havia templo, e se

e para discernir entre o bem e

povo e coragem para executa-lo.

razão do bem comum. A visão

Nação que luta para encontrar

acreditava que Deus morava

o mal...”. Diz o texto sagrado

Diante dos fatos que vivemos

personalista, temperada com o

o caminho da superação. E não

nos lugares mais altos. Esta

que Deus se agradou desta

hoje, sem dúvida, este deveria ser

senso do antagonismo, está mi-

deixa de ser extraordinário o

referência aparece muitas vezes

oração e respondeu a Salomão:

o pedido para ser feito a Deus por

nando as relações. Basta pensar

poder de continuar andando

no \antigo Testamento. E aqui

“ Porque este foi o teu pedido,

parte de todos os que assumem

diferente para ser visto como

apesar de todos os entraves

se fixa a ideia central daquilo

e já que não me pediste para

cargos de serviço e autoridade a

inimigo. E inimigo a gente mata!

e obstáculos. Pensando nisso

que proponho. A oração do

ter vida longa, nem riqueza,

favor da sociedade. E se alguém

Triste sina, se não ficarmos

lembrei-me de um fato apre-

rei. Salomão tem a experiência

nem a vida dos teus inimigos,

não tiver crença religiosa seria o

atentos, que nos destruirá!

Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.


Reflexão e Práxis

Jornal do Meio 912 Sexta 4 • Agosto • 2017

3

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

Profissionais que prestam primeiros socorros

Roentgen (símbolo) Está aí (pop.)

Árvore conífera do Canadá

Agente da evaporação Defender; resguardar Princesa da Disney Investiga corruptos

Objeto usado no treinamento de cães Gênero do filme "Django Livre" Pé, em inglês Presume; conjetura

Lista Material de móveis de jardim Opostas; contrárias (?) do Valongo, local histórico do Rio

Feitio do ancinho

Vida, em francês

Obra de Euclides da Cunha sobre a Revolta de Canudos

Ir e (?), direito básico do cidadão

Cavalo usado por crianças, na equitação

Figura geométrica com três dimensões

Protozoário causador da disenteria Tira de tecido que arremata decotes

Rio mais extenso da Europa

Ancelmo Gois, colunista de "O Globo" Cada integrante do ranking da CBF E, em Dá rumo inglês ao navio

Poema cantado Sufixo de por aedos "coesor" (Ant.)

BANCO

Escória social Também não

Uma das mulheres de Xangô (bras.)

1

Solução A C O S O N E L C I A R T E O O T S A VI R N E I S A A G I M E E R O B A I A L

Que acontece por um feliz acaso

Cumprimento entre amigos

Elétronvolt (símbolo)

C A M ED I N I C O Ç C A V P A F R OL E R S A S U R E P O R T Õ E V I E S A T R A L E N EM I D E NC

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

A classe média baixa (Econ.)

O século iniciado em 401

3/and — obá — vie. 4/elsa — foot. 5/abeto. 6/cediça. 8/acólitos.

de corrupção, a sonegação de impostos, dentre outras tantas causas, como as formalidades burocráticas do Estado brasileiro que facilitam os desvios do dinheiro público e os altos salários pagos à classe política e burocrática, explicam o porquê de o Estado ser incapaz de cumprir suas funções e obrigações constitucionais. Além disso, as ações afirmativas do Estado, como a segurança pública, a educação gratuita ou as ações contra a fome, são tidas como ações que “sustentam vagabundos e pessoas que não querem trabalhar”, ou seja, as ações constitucionais são consideradas ações que sustentam quem não pretende e nem quer trabalhar, os acusados de viverem às custas do dinheiro público. Toda esta leitura é necessária para que cheguemos ao aumento dos impostos sobre os combustíveis decretado pelo governo federal e, segundo o mesmo governo, fundamental para salvar as contas públicas brasileiras. Afirmação estranha, mas que, segundo o ministro da Fazenda, se justifica porque este seria o imposto mais fácil de ser aumentado e com uma cobrança imediata que favorece as contas públicas. Nem podemos comentar as ações de donos de postos de gasolina que aumentaram os seus preços mesmo com os tanques de combustíveis com os preços antigos. Qual é, após toda essa volta, a razão do pretendido e por enquanto barrado aumento dos impostos nos combustíveis? Aumentar a arrecadação do Estado para salvar as contas públicas? Salvar as contas públicas para quem? De que forma? De fato, sabemos, pois foi algo noticiado e criticado até mesmo por setores que apoiavam o atual governo Temer que este mesmo governo gastou bilhões de reais na compra de votos e na liberação mais que oportuna de emendas parlamentares numa tentativa vexatória e inaceitável de comprar votos dos nossos nobres parlamentares, que mudam de opiniões com o incentivo correto, para barrar as ações contra o próprio governo que espera, sabe lá como, moralizar e salvar o mesmo país que ele corrompe, vilipendia e oprime.

Expressão da arte bizantina Alimento fino exportado pelo Irã

por pedro marcelo galasso

Nas últimas semanas, a discussão sobre os impostos e seu papel fundamental para o bom funcionamento da coisa pública tem tomado conta de todo o cenário nacional e ocorre no momento em que a insatisfação com o atual governo Temer alcança índices negativos históricos que desagrada, inclusive, os setores populares e produtivos que tanto lutaram para a sua posse após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A façanha do atual governo é ter conseguido piorar um cenário macroeconômico que já era ruim e fazer com que ele ficasse pior ainda. Os motivos para tanto têm uma ligação visceral com a questão dos impostos. Entretanto, alguns apontamentos são necessários e irão percorrer parcas questões históricas e econômicas. Quando as primeiras civilizações foram criadas, por volta de 4 mil a.C., um dos seus elementos primordiais eram os impostos, pagos com trabalho e produtos, para sustentarem as classes dirigentes, bem como os aparatos burocráticos do Estado, com impostos pagos até para a classe sacerdotal. Nesta época de formação dos primeiros Estados, os impostos se mostraram essenciais para as pretensões de uma estrutura que visava regular a vida social, política e econômica de grupos humanos cada vez maiores. Portanto, o pagamento dos impostos, prática usual, é comum e faz parte de nosso ordenamento social. Todos sabem que as estruturas estatais são mantidas com recursos públicos oriundos dos impostos pagos por aqueles sob a proteção ou tutela de um determinado Estado. A chamada carga tributária, a diferença entre o PIB e a arrecadação de impostos, no Brasil está entre uma das maiores do mundo, mas esta não é a questão central. A pergunta é – como um país com uma das maiores cargas tributárias do mundo, está sempre quebrado ou é incapaz de devolver a que é direito aquilo que foi arrecadado, mesmo depois de seus cidadãos trabalharem 151 dias para pagar seus impostos? Alguns países com cargas tributárias muito maiores que as nossas e outros tantos com cargas tributárias muito menores que a nossa, oferecem serviços e uma qualidade de vida superiores as que são oferecidas e mantidas pelo Estado. A má aplicação do dinheiro público, os altos e explícitos índices

Ajudantes; assistentes Órgão que administra os programas elaborados pela ONU

Igor Cavalera, baterista brasileiro

P P A R A L A B E T E L S A O T I C P I I N V C A I A M O S S E S O V O L G I O D E P R O V

Impostos

© Revistas COQUETEL

Região-palco de Sabida conflitos entre árabes por todos e israelenses O bissexto ocorre a cada 4 anos

Pintor cujas obras foram expostas no Instituto Tomie Ohtake na metade de 2016 (SP)


4

Jornal do Meio 912 Sexta 4 • Agosto • 2017

por MARIANA VERSOLATO/FOLHAPRESS

Coisas que eu aprendi depois de passar uma noite no Hotel do Sono, em São Paulo: quarto e banheiro com iluminação indireta de fato ajudam a ligar o botão da sonolência, não é só o chá de camomila que ajuda a dormir melhor (alface, cereja e aveia também estão na lista) e é muito, muito difícil desapegar do celular pelo menos duas horas antes de dormir, como foi recomendado. Confesso que, na falta de TV no quarto, às vezes uso o aplicativo da Netflix como sonífero. Eu sei que muitos médicos torceriam o nariz – tanto para as luzes fortes a essa hora como para a proximidade do aparelho na cama–, mas para mim funciona. Infelizmente, não sou do tipo que deita na cama e apaga. Mas, depois de ter recebido várias recomendações para ter um sono melhor, me senti na obrigação de colocá-las em prática. Fiz uma refeição leve, bebi suco de maracujá, tomei um banho quente à meia luz e fui pra cama já com sono. Fiquei quietinha por uns 50 minutos, mas barulhos inusuais (caminhões passando, o ruído do frigobar) não ajudaram. Ansiosa, não resisti e peguei o celular (no modo noturno, com pouca luz). Sanada a abstinência, o sono veio. Como funciona Instalado em um casarão na Vila Mariana onde normalmente funciona o We Hostel, o Hotel do Sono é temporário e talvez se torne itinerário, dependendo de seu sucesso. Ele funcionou até o dia 24 de julho e, ofereceu atividades gratuitas ao público: palestras com médicos do sono, tour guiado com dicas de como dormir melhor e exemplos de um bom quarto e aulas de meditação e respiração. Só foi preciso agendar um horário em hoteldosono.com.br. A hospedagem, porém, não é aberta ao público. A iniciativa é da Medley, que não revela quanto gastou no empreendimento, que incluiu uma reforma no hostel e novo mobiliário. A empresa, junto com a Sanofi, lidera o mercado de tratamentos terapêuticos para a insônia, segundo Carlos Aguiar, diretor da Medley. “Mas não estamos fazendo propaganda de remédio, não há nenhuma menção a isso no hotel. Estamos levantando a bandeira do problema e dizendo ‘você precisa cuidar do seu sono e, se não conseguir melhorá-lo mudando o comportamento, procure seu médico’”, afirma ele. “Não dormir bem não é normal. Ter problema no sono é um problema de saúde e pode ter consequências a curto e longo prazo, mas muita gente não reconhece isso”, diz Rosa Hasan, neurologista especialista em sono e médica assistente no laboratório do sono do IPq (Instituto de Psiquiatria do HC da USP). Segundo ela, dormir mal pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, de obesidade e de alterações cognitivas, perda de libido e piora a aparência da pele. O quadro é pior em cidades grandes. Segundo estudo publicado na revista científica “Sleep Medicine”, até 40% das pessoas que moram na cidade de São Paulo sofrem de insônia em algum grau. O transtorno é a dificuldade de manter o sono (e não só de pegar nele) e causa cansaço, irritação, dificuldade de concentração e dor de cabeça. Além das dicas já conhecidas para ter uma boa e reparadora noite de sono (veja ao lado), Hasan faz uma recomendação pertinente e atual: quando estiver prestes a dormir, evite entrar em contato com conteúdo que cause preocupação, aborrecimento e brigas (leia-se: talvez seja a melhor hora para silenciar aquele grupo no WhatsApp). A jornalista Mariana Versolato se hospedou no Hotel do Sono a convite da Medley.

Foto: Bruno Santos/Folhapress

local mostra quais são os alimentos ruins (à esq.) e bons (à direita) para o sono e tem exemplo de quarto ideal. Foto: Bruno Santos/Folhapress

Yara Savoia faz aula de meditação e respiração no Hotel do sono, em São Paulo; local oferece também palestras e dá dicas de como dormir melhor. Foto: Bruno Santos/Folhapress

Foto: Danilo Verpa/Folhapress

Exemplo de quarto ideal


Jornal do Meio 912 Sexta 4 • Agosto • 2017

5

Emprego Novo Veja código de conduta para sobreviver aos primeiros meses no emprego Por ANA LUIZA TIEGHI/FOLHAPRESS

No mercado de trabalho, a primeira impressão nem sempre é a que fica. Para os novatos ansiosos em mostrar serviço, saber disso pode ajudar a controlar as expectativas e os nervos. “As empresas costumam ser complacentes com quem está começando, principalmente os jovens. Raramente alguém é excepcional na primeira semana. O desempenho se mostra no dia a dia”, diz a psicóloga Myrt Cruz, professora da PUC-SP. Ela e outros especialistas são unânimes em afirmar que para passar pelos primeiros dias de trabalho de forma tranquila é preciso anotar tudo: tarefas, sistemas utilizados e nomes de chefes, colegas e clientes. A estratégia foi usada por Matheus Campanhã, 26, advogado sênior do escritório Schroeder & Valverde, contratado há menos de um mês. “Eu me sentia bobo, não sabia nem usar a impressora.” A mudança deixou o advogado inseguro, porque ele estava saindo de uma companhia grande e indo para uma empresa pequena, onde teria mais responsabilidades. Para se acalmar, encarou a novidade com um desafio. No fim, foi mais simples do que ele pensava. “Meus colegas e chefes estavam me esperando. Aqui, as pessoas são mais próximas do que no meu emprego anterior”, afirma. Uma regra de ouro para os novatos, de acordo com Cruz, é ir com calma. Isso vale inclusive na hora de tirar dúvidas. É preciso bom senso do profissional para não importunar colegas e chefes ou invadir o espaço do outro. “Tento estar sempre dentro das conversas da equipe. Uma parte do aprendizado é perguntar para os outros, mas a outra é observação”, diz Natalia Cardoso, 27, recém-contratada como gerente de planejamento de uma agência de publicidade. MOTIVAÇÃO Para Fátima Motta, consultora de carreira e professora da ESPM, é fundamental ser humilde e mostrar boa vontade. “Cada vez mais precisamos de profissionais sem frescura, que façam o que precisa ser feito.” Érika Avelino, 21, foi bem recebida em seu novo trabalho (uma operadora de turismo, onde é assistente de produto), mas considera que sua motivação foi essencial para garantir um aprendizado rápido. “Não fiquei parada. Tem que mostrar entusiasmo, porque quanto mais interessada você está, mais conteúdo vão te passar.” Ela teve uma experiência diferente em seu emprego anterior, também no setor de turismo. “Me deixaram em um canto até alguém ter paciência para vir falar comigo.” Quando isso acontece, a aproximação com a equipe precisa partir do próprio contratado. Segundo o coach Jorge Oliveira, a hora do café é um bom momento para começar a se relacionar com os colegas. A partir daí, o profissional pode se mostrar aberto para almoçar ou ir a um happy hour. “Mas se eles almoçam juntos todos os dias e não te chamam, você tem que pensar no que está fazendo.” Convidar os outros para ir almoçar já no primeiro dia não é uma boa ideia -só em empresas muito informais. Outra recomendação é agir com naturalidade, para não ganhar fama de puxa-saco. EXPERIÊNCIA Profissionais mais velhos são contratados também pela bagagem que adquiriram em empregos anteriores, mas precisam tomar cuidado para não deixar suas experiências passadas contaminarem o novo trabalho. De acordo com Cruz, eles não devem insistir em trabalhar da mesma forma, ainda que essa maneira tenha funcionado antes. É preciso respeitar a cultura e a identidade da empresa atual. Gustavo Tadao, 43, é gerente de estatísticas de negócio da Sodexo desde o começo deste mês. Antes, passou mais de 11 anos em outra empresa. Entre um trabalho e outro, contou com a ajuda de uma agência de recolocação e contatou antigos colegas -estratégia que deu certo. O novo trabalho mudou seu campo de atuação -ele deixou a área de TI para virar um analista de dados. “Meu desafio é trazer a experiência que tive lá atrás para fazer algo novo”, afirma.

FESTA E CARTA Empresas têm feito festas e até enviado cartas e presentes aos novos funcionários para motivar e ajudar na integração com o resto da equipe. Poucos dias antes de começar no emprego novo, o cientista de computação Gustavo Tadao, 43, recebeu um envelope em sua casa com um kit de boas-vindas: mensagens para ele e sua família, explicação sobre a cultura da empresa, crachá, calendário e caderno. “Senti que eles estavam estavam realmente me esperando”, conta. Segundo a psicóloga Myrt Cruz, ações como essas já acontecem há algum tempo, mas ficaram mais comuns neste ano. “É uma sacada interessante das empresas, porque aproxima o funcionário o mais rapidamente possível da equipe de trabalho.” A assistente de produto Érika Avelino, 21, chegou com medo ao primeiro dia de trabalho, mas encontrou uma pequena festa montada em sua mesa. “Fizeram uma cartinha para mim e deixaram presentes”, lembra. A relações públicas Natalia Cardoso, 27, também encontrou uma recepção calorosa. Seu chefe a esperava, havia uma placa de

“bem-vinda, Natalia” em sua mesa e foi marcado um almoço com os colegas para o seu primeiro dia. “É uma forma de humanizar o ambiente de trabalho”, diz o coach Jorge Oliveira. Mas, se o profissional é tímido, a recepção calorosa pode assustar. “A pessoa não se sente à vontade. O importante mesmo é ter uma abertura para acolher o recém-chegado e alguém que o ajude a decodificar a empresa.” Quanto mais depressa isso acontecer, melhor para o contratante. “O funcionário vai produzir mais rápido”, afirma. Avelino sentiu o efeito positivo da sua acolhida. Em apenas quatro dias de empresa, já era capaz de ajudar as outras funcionárias. “É uma troca.” PERÍODO DE EXPERIÊNCIA Como se comportar no emprego novo RECÉM-FORMADO Seja humilde Por mais que tenha estudado, você ainda não tem a experiência no mundo real. Aprenda como funcionam as relações de trabalho na empresa e respeite as

hierarquias Tenha interesse Quanto mais você mostrar que quer aprender, mais irão lhe ensinar. Porém, busque equilíbrio no período de experiência e não tente fazer mais do que consegue Não puxe o saco Cuidado com a vontade de agradar os superiores. Se passar do ponto, pode ficar com má fama entre os colegas EXPERIENTE Foque no trabalho Siga a regra dos relacionamentos amorosos: não fale do “ex” na frente do atual nem compare os dois empregos, a não ser que lhe perguntem Seja dedicado Não lamente se o novo trabalho for em uma posição inferior em relação ao antigo. A empresa não tem culpa e espera sua dedicação Pergunte sem medo Não tenha receio de questionar, mas também saiba observar. Ao sugerir mudanças baseadas na sua experiência anterior, tenha cuidado para não parecer que quer transformar uma empresa na outra. Foto: Bruno Santos/ Folhapress

O advogado Matheus Campanhã, 26, no escritório em que trabalha, em São Paulo. Foto: Karime Xavier/Folhapress

Gustavo Tadao, 43, na empresa em que trabalha, em Barueri.


6

Jornal do Meio 912 Sexta 4 • Agosto • 2017

Negócio de ‘ser-humaninho’ Com mercado pet em baixa, produtos e serviços que tratam bichos como gente ganham espaço, de padaria a fisioterapia

Por LEANDRO NOMURA/FOLHAPRESS

Numa esquina da rua Oscar Freire, zona oeste de São Paulo, uma sorveteria gourmet deu lugar a um espaço que vende bolos, bombons, petiscos diet e pratos feitos com carne de cordeiro e coelho, além de opções de cervejas e vinhos. Mas, agora, quem consome no local, a Padaria Pet, são os bichos de estimação. Oferecer produtos e serviços similares aos de consumo humano foi a alternativa encontrada pelos irmãos gêmeos Rodrigo e Ricardo Chen, 36, para crescer num período de crise econômica e desaquecimento do mercado. Eles abriram a primeira unidade, no bairro de Pinheiros, em 2015, ano em que, pela primeira vez desde 2011, o crescimento do setor foi menor que a inflação registrada (7,59% contra 10,67%). Em 2016, o resultado foi o mesmo: 4,94% ante 6,29%. De acordo com Ricardo Calil, gerente regional do Sebrae-SP, a tendência de humanização dos animais é um “caminho sem volta”. “Num setor que vinha crescendo a passos largos, o modelo padrão de lojinha e banho e tosa começa a estagnar e virar commodity. A decisão de escolha fica baseada apenas em preço e atendimento”, diz. “Por isso, as pessoas que inovam têm uma possibilidade muito grande de sair na frente e ter crescimento maior do que a média. Há mercado para isso.” Ao lado do amigo Arquelau So, 40, os irmãos Chen investiram R$ 500 mil para a criação dos produtos humanizados e para a reforma do ponto. Foi o início de um negócio que hoje vai além de uma confeitaria para bichos. Desde então, eles franquearam a primeira loja, abriram o espaço conceito nos Jardins e ainda esperam inaugurar outras duas franquias, na Chácara Klabin, em São Paulo, e em Vila Velha (ES), entre outras iniciativas. Ao todo, faturaram cerca de R$ 1,5 milhão em 2016 e há expectativa de crescer 10% em 2017 com a maturação do negócio. “O dono quer que o pet tenha o mesmo estilo de vida dele. Trata o bicho como filho, quer que tenha o melhor alimento, a melhor escola”, diz Ricardo Chen. ozônio e Ouro Na clínica Fisioanimal, a veterinária Maira Formenton, 33, abriu mão do banho e tosa e investiu em serviços para saúde e bem-estar dos animais, como fisioterapia, acupuntura e tratamentos feitos com aplicação de ozônio, implantes de células-tronco e ouro. Os preços variam entre R$ 95 e R$ 2.500. Com a crise, caiu o número de clientes, diz a veterinária, mas quem ficou está disposto a pagar mais por esses serviços. O resultado: crescimento de 130% no faturamento nos últimos três anos.

“Os bichos são entes da família. Quando o assunto é saúde, os donos não poupam recursos”, diz Formenton. “Às vezes, o animal recebe um tratamento até melhor que os humanos.” Com o mesmo conceito de adaptar comportamentos humanos para cães e gatos, Gaspar Marçal, 37, abriu em 2013 um clube de assinatura voltado para pets, a Maskoto. Por R$ 59,90, o assinante recebe por mês uma caixa surpresa, que tem entre quatro e seis itens, como petiscos e produtos de saúde e beleza. “Em 2013, aconteceu um ‘boom’ no mercado de assinaturas, mas havia uma lacuna no setor pet”, diz Marçal. A empresa começou com 30 assinantes e hoje conta com 1.200. Fechou 2016 com um faturamento de R$ 800 mil e há a expectativa de crescimento de 25% em 2017. Para o presidente da Abinpet (associação da indústria de produtos para pets) , José Edson Galvão de França, esses negócios descobriram novos nichos de mercado e, por isso, atingiram números expressivos de crescimento. Segundo França, também há uma tendência de o setor sair da estagnação em 2017. Mas, de modo geral, é preciso cautela na hora de investir no segmento. “Serviços como banho e tosa, adestrador, hotelzinho e creche representavam 20% do negócio há dois anos. Em 2016, o índice caiu para 16,7%.” “Quem dava banho semanal passou a dar uma vez por mês.”

Foto: Bruno Santos/Folhapress

Clientes na loja conceito da Padaria Pet, na rua Oscar Freire, zona oeste de SP Foto: Bruno Santos/Folhapress

O border Collie Kobawsky recebe tratamento com ozônio, na Fisioanimal


Fratura de fêmur

Jornal do Meio 912 Sexta 4 • Agosto • 2017

7

Fratura de fêmur é o que mais preocupa na queda de um idoso, paciente tem de ficar de cama, o que pode causar problema mais grave de saúde, como embolia e pneumonia

por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS Arte: Folhapress

Um problema recorrente na melhor idade são as quedas. Para muitos médicos, trata-se de um assunto mais grave do que se imagina. Segundo dados do Ministério da Saúde, um a cada três idosos acima dos 65 anos sofre com quedas, sendo que grande parte delas acontece dentro de casa. “A partir do momento em que o idoso começa a apresentar uma mobilidade reduzida, é preciso fazer um trabalho dentro de casa, tirando tapetes do caminho, mesas de centro. Não pode dar brecha”, diz João Bergamaschi, ortopedista da clínica Kenenedy São Paulo. “Até incontinência é um fator de risco. A pessoa corre para o banheiro, perde o equilíbrio e cai”, afirma Paulo Camiz, geriatra e professor do Hospital das Clínicas. As lesões mais graves para o idoso em uma queda são as fraturas de fêmur, coluna e punho. Ocorrem com o avanço da osteoporose, que é o desgaste da massa óssea. A mais perigosa, de acordo com os médicos, são as do maior osso da perna. “Se pegar uma fratura de fêmur, aquele indivíduo acima de 70 anos tem, nos próximos dois anos, um risco maior de evoluir a óbito. É muito mais grave do que se imagina. Um problema desses afeta muitas outras coisas. O paciente fica acamado, então pode desenvolver uma embolia, uma pneumonia ou doenças cardiovasculares”, diz Bergamaschi. A opinião do ortopedista é compartilhada por Camiz. “Alémdo trauma psicológico, uma pessoa, ficando imóvel, aumenta a degeneração de todos os sistemas. Tem que quebrar esse ciclo de algum jeito, com exercícios, tratar o humor... Temque agir”, diz. Os médicos também alertam para os cuidados na hora de socorrer um idoso. “Tem que ter calma, ver primeiro se ele sofreu alguma lesão. Se ver que a pessoa não consegue se levantar, chame uma ambulância”, diz Bergamaschi. Médico aponta problema de saúde pública Por causa da gravidade da fratura do fêmur na queda de um idoso, médicos afirmam que o assunto tem sido discutido constantemente. “Já foi motivo de discussão como problema de saúde pública. Existem hospitais que já possuem programas de reabilitação do idoso nos quais ele é tratado de forma otimizada. Quanto mais demorar o tratamento, maior o risco de ele morrer”, diz João Bergamaschi.


8

Jornal do Meio 912 Sexta 4 • Agosto • 2017


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.