Braganรงa Paulista
Sexta
18 Agosto 2017
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Jornal do Meio 914 Sexta 18 • Agosto • 2017
Almoço rápido Pesquisa aponta que 40% dos brasileiros almoçam em menos de meia hora
por JULIA ZAREMBA/FOLHAPRESS
Cerca de 40% dos profissionais brasileiros levam menos de meia hora para almoçar, segundo uma pesquisa de 2016 feita pela empresa de benefícios Edenred, que investigou hábitos alimentares de 2.500 trabalhadores em 14 países. O dado pode parecer ruim, mas há casos piores. Nos EUA, 64% dos que saem para almoçar voltam ao trabalho em menos de 30 minutos, segundo o estudo. A contabilista Camila Marinho, 26, que mora e trabalha em São Paulo, é adepta do almoço de dez minutos, muitas vezes ingerido na mesa de trabalho. “Posso até perder chances de estreitar relacionamentos, o que tento compensar na hora do café, mas economizo tempo, sobretudo quando tenho prazos mais apertados.” O problema é quando as demandas consideradas urgentes prendem o profissional no escritório todos os dias, aponta Guy Cliquet, doutor em comportamento organizacional, do Insper. “Se sempre há algo inadiável, é sinal que a área ou até a pessoa não consegue se organizar direito, e a maioria muda apenas quando tem um prejuízo de saúde”, diz. O intervalo na rotina de trabalho é vital. Entre os problemas que podem surgir em consequência desse pouco caso com a hora do almoço estão a queda na produtividade, na concentração e na criatividade e, em casos extremos, estafa grave, afirma o médico e doutor em psiquiatria Mario Louzã. Algumas empresas já estipulam
almoços longos, de uma hora e 15 minutos, o que também serve como estratégia para manter os funcionários satisfeitos, diz Leonardo Berto, especialista em RH da consultoria Robert Half. Mesmo mais longa, a pausa não pode ser usada para responder e-mails ou mensagens de trabalho, um erro comum entre os profissionais. É preciso interagir com os colegas e arejar a mente, afirma a especialista em gestão de pessoas e professora da FGV (Fundação Getulio Vargas) Anna Cherubina. “Quem só descansa quando chega em casa não vai conseguir desempenhar bem suas funções no médio e longo prazo”, reforça Louzã. PARADA ESTRATÉGICA A administradora Victória Menon, 25, acha que comete mais erros e fica dispersa se não consegue sair para almoçar com calma, o que tenta fazer todos os dias. Ela procura cumprir uma dieta controlada, para ganhar peso. “Gosto de comer com os colegas e falar de faculdade, namorado, qualquer coisa que não seja trabalho. Conheci muita gente assim e fiz alguns amigos.” Na consultoria Crowe Horwath, onde trabalha, a pausa dura 1h15. Para Berto, da Robert Half, não é preciso comer fora todos os dias, mas buscar no cotidiano formas de interromper a rotina do trabalho. A analista de planejamento da Tokio Marine Luana Feliciano, 30, aderiu à marmita saudável e come no refeitório da empresa. O tempo que sobra é aproveitado
em caminhadas após a refeição. “Levo um tênis na mochila e sinto que fico mais calma durante a tarde”, diz. A ideia surgiu com um programa da empresa, que estimula alimentação saudável e prática de exercícios, do qual Luana participou. O horário de almoço na empresa também é um pouco mais longo, com 1h15. Não adianta só parar de trabalhar: é preciso escolher alimentos de boa qualidade nutricional, seja na marmita ou no self-service, diz a médica endocrinologista Erika Parente, professora da Santa Casa. Parente ressalta a importância de equilibrar carboidratos, proteínas magras e gorduras boas, como o azeite, que dão energia sem pesar no estômago durante a tarde. São diretrizes básicas, mas que muitas vezes são trocadas por lanches rápidos em redes de fast food. Quando a oferta de alimentos é grande, como nos restaurantes por quilo, vale seguir as regras da boa mesa e se servir primeiro da salada e depois dos pratos quentes, explica Maria Aparecida Araújo, especialista em etiqueta corporativa. “É mais educado, e a pessoa reflete melhor sobre o que deve comer”, diz. No Brasil, os restaurantes por quilo são os favoritos: segundo a pesquisa, 23% das pessoas comem em locais do tipo cinco vezes por semana. * O QUE ELES QUEREM Diferenças culturais na hora da
refeição Entre os brasileiros, uma refeição de qualidade pressupõe algo saudável, saboroso e que permita passar tempo com colegas e amigos Para os gregos, o aspecto mais importante é a qualidade dos ingredientes. Eles destacam as saladas como prato favorito No Japão, valoriza-se a refeição em grupo, com colegas e amigos, que deve ser balanceada e relaxante A praticidade dos alimentos é o mais importante para os norte-americanos, que privilegiam comidas doces e que deem saciedade rapidamente . Na Itália, comida mediterrânea e massas são vitais para uma refeição prazerosa 30% dos brasileiros acham que o almoço deve ser um momento de prazer, mesmo durante a semana,
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contra 16% dos profissionais do resto do mundo . 82% dos profissionais no Brasil priorizam restaurantes que estejam muito próximos do escritório. 4% dos trabalhadores consultados no país levam marmita todos os dias Fonte: Pesquisa “Refeição Ideal”, da Edenred Foto: Keiny Andrade/Folhapress
Profissional leva almoço para o escritório na região da avenida Paulista, zona central da capital paulista.
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
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Lei que serve ao cidadão como Transmite referência de transparência pública a posse de Sonho, em inglês (algo) a
Romance de Lêdo Ivo Prefixo de estradas estaduais de Rondônia
Sem acento tônico Sufixo de "etanol"
O tempo que ainda virá
Estado da Rota dos Espumantes (sigla)
(?) da Raposa, CT do Cruzeiro (fut.)
Partes laterais da armação dos óculos Música (?) vivo, atração de bares Saudação feita com as mãos
por pedro marcelo galasso Cobertura Gênero do do canapé filme "PaGrosseiro; ra Sempre Alice" descortês
Momento do processo dialético (Filos.)
Letra inicial de produtos da Apple
Cério (símbolo) Regra eclesiástica Deus-Sol egípcio
Liga de basquete profissional (EUA)
Recurso terapêutico da Psicanálise A banda de Jon Anderson
Desligado, em inglês Hiato de "paetê"
Tipo de flexão do adjetivo (Gram.)
Tamanho de roupas (abrev.)
(?) Richthofen: o Barão Vermelho
Subdivisão de uma janela (Inform.) Forte, em inglês Tornar a examinar
Parente que é tema de peça de Mauro Rasi Planta da (?) por ouvinícola tra: ocasionalmente Fator que varia no mimetismo
Indicam sentido figurado, no texto
Tubo que alimenta o paciente em coma Elin Nordegren, modelo sueca
Braço, em inglês Os valores exigidos ao bom profissional "(?) Giovanni", ópera de Mozart Material dos documentos medievais
Expositora de feiras hippies
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Solução Z E A C R P
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A T A C A M A
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R S E R T O A P S
N I D N O H A O D R E C A O B A R E A S O I T M I
A D E R S ST E S A O A M A C I E N O N O F F L O V E R O M N D A I C E S Ã N H O A
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BANCO
Criatura mitológica Prato, em inglês
Árvore do Nordeste, resiste à poluição
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Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
Negligente no cumprimento dos deveres
N E R B A A S T I R C O S O N R G A
que ele o faça. Criamos um cenário de guerra de todos contra todos, parafraseando Hobbes, e vendo a sociedade como um local de guerra, de violência, de atrocidades sem salvação e, por isso, a única saída é o aumento da própria violência, travestidas em outros nomes ou justificativas, mas sempre a mesma. Há um caráter sedutor na violência atual, fruto de uma sociedade machista que transforma todos nós em meros predadores e competidores, nos afastando do bom senso. E os exemplos sobre tal absurdo são fáceis de serem listados. O pedido por governos ditatoriais no Brasil, o aumento da força física das instituições da segurança pública, o clamor pela pena de morte, a banalização da violência racial e homofóbica, além da violência relacionada pelas questões de gênero são alguns parcos exemplos vistos aqui, em nosso país, o que não nos distancia do que foi visto nos EUA já que algumas das propostas absurdas daqui são idênticas a algumas das propostas de lá. Muitos veem com bons olhos algumas das ações do Estado Islâmico no Oriente Médio condenando não a violência contra os homossexuais ou as execuções públicas e nem, para o espanto das pessoas de bom senso, a violência sexual contra crianças, mas colocam como ressalva o fato do movimento ser islâmico, ou seja, a questão que mais incomoda é a religiosa o que nos faz pensar que se a religião fosse outra, talvez a que domina o mundo ocidental, tal ressalva desapareceria. É perigoso ver a manifestação nos EUA como um fato isolado, pois ela não é. É sim, resultado do aumento insano da violência em um mundo cada vez mais cindido e que assiste a tudo inerte. Nem mesmo as críticas ao presidente Trump devem ser isoladas, afinal, não pedem alguns ignorantes políticos, a eleição de uma figura próxima a ele, aqui no Brasil?
3/arm — off. 4/dish. 5/dream. 6/strong. 7/catarse.
Existem elementos históricos e sociais que podem nos fazer entender a razão de tamanha violência que contamina as mais variadas sociedades e momentos cotidianos. É importante aqui lembrar que as explicações nem de longe devem servir como justificativas por serem somente maneiras de explicar o que ocorre. Dentre inúmeros elementos explicativos, uma regra comum e comprovada é a lógica dos extremos, ou seja, os elementos que motivam as ações violentas estão em lados opostos como a extrema pobreza e a opulência vazia, entre povos menos desenvolvidos e entre os considerados mais desenvolvidos, entre as pessoas com muita fé e aquelas que são descrentes. A oposição é um fator complicador já que extremistas se caracterizam pela incapacidade de verem além de suas opiniões por mais estúpidas que elas sejam e por mais atrozes que elas sejam. O ato ocorrido nos EUA só explicita uma lógica que se dissemina a tempos em todo o mundo, mas que não encontra as reações esperadas e necessárias. A manifestação antissemita, homofóbica e racista encontrou um terreno fértil e uma incomum aceitação para ser realizada com tamanha contundência e proporção em um país cujo histórico de ações deste tipo é comum e realizado a muito tempo, como nos aponta a História. Vale lembrar da luta pelos direitos civis dos cidadãos negros estadunidenses nas décadas de 50, 60 e 70 do século XX, após mais de cem anos da abolição da escravidão naquele país. Entretanto, é perigoso dizer que a manifestação é um fenômeno estadunidense. Não, ela é resultado de um recrudescimento de violência que assistimos passivamente em todo mundo. O elemento violência assusta e intimida, além de criar o receio de ações contrárias. A violência explicitada nos EUA é resultado de uma dinâmica global que nos faz ver o Outro como inimigo, como alguém a ser combatido, temido e atacado antes
O S R T O E L G A T Y ES G E A S P S E V T I D P E
O Ódio
Filósofo e Deserto onde está ativista político espa- instalado nhol, autor de "A Re- o Telescóbelião das Massas" pio Alma
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Jornal do Meio 914 Sexta 18 • Agosto • 2017
por RONALDO LEMOS/FOLHAPRESS
Nesta edição, a novidade foi que hackers investigaram pela primeira vez a segurança das urnas eletrônicas. A conclusão não é animadora. Todos os modelos testados, invariavelmente, foram facilmente invadidos em menos de duas horas. Esse experimento acende uma luz amarela para o Brasil, grande usuário de urnas digitais, especialmente em face das eleições vindouras. A Defcon acontece desde 1993. Neste ano, atraiu mais de 20 mil pessoas, incluindo profissionais de segurança, advogados, jornalistas, agentes governamentais e, obviamente, hackers. A decisão de se debruçar sobre as urnas eletrônicas decorre de um contexto em que ciberataques internacionais estão se tornando cada vez mais comuns nos processos eleitorais das democracias do Ocidente. Nesse cenário, qualquer sistema digital pode ser vítima de manipulação, e as urnas não são exceção. Mais de 30 máquinas foram testadas, de várias marcas e modelos, incluindo Winvote, Diebold (que fabrica as urnas brasileiras), Sequoia ou Accuvote. Algumas foram hackeadas sem sequer a necessidade de contato físico, utilizando-se apenas de uma conexão wi-fi insegura. Outras foram reconfiguradas por meio de portas USB. Houve casos de aparelhos com sistema operacional desatualizado, cheio de buracos, invadidos facilmente. O fato é que todas as urnas testadas sucumbiram. Nas palavras de Jeff Moss, especialista em segurança da internet e organizador
da conferência, o objetivo do experimento foi o de “chamar a atenção e encontrar, nós mesmos, quais são os problemas das urnas. Cansei de ler informações erradas sobre a segurança dos sistemas de votação”. Um problema é que a manipulação de uma urna digital pode não deixar nenhum tipo de rastro, sendo imperceptível tanto para o eleitor quanto para funcionários da justiça eleitoral. Uma máquina adulterada pode funcionar de forma aparentemente normal, inclusive confirmando na tela os candidatos selecionados pelo eleitor. No entanto, no pano de fundo, o voto vai para outro candidato, sem nenhum registro da alteração. Há medidas para se evitar esse tipo de situação. Por exemplo, permitir que as urnas brasileiras possam ser amplamente testadas pela comunidade científica do país, em busca de vulnerabilidades. Quanto mais gente testar e apontar falhas em uma máquina, mais segura ela será. Outra medida é fornecer mais informações públicas sobre as urnas. No site do TSE, o único documento sobre segurança é um gráfico que não serve para qualquer tipo de análise. Nenhuma dessas soluções está em prática hoje no Brasil. Com isso, ou acreditamos que as urnas brasileiras são máquinas singulares, muito superiores àquelas utilizadas em outros lugares do planeta, ou constatamos que elas são computadores como quaisquer outros, que se beneficiariam e muito de processos de transparência e auditabilidade.
Foto: Divulgação
Foto: Diego Herculano 26.09.2016/Folhapress
Urna eletrônica utilizada em votações no Brasil
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A ética dos carros autônomos O conceito de inteligência artificial faz 50 anos neste mês. O termo é creditado a John McCarthy, professor de matemática do Dartmouth College, nos Estados Unidos
Por RONALDO LEMOS/FOLHAPRESS
Ele adotou a expressão em 1956 em uma conferência para trabalhar “a conjectura de que todos os aspectos do aprendizado e outras características da inteligência podem em princípio ser precisamente descritas de modo que uma máquina seja capaz de simulá-las”. Para celebrar a data, vale voltar a 1942, quando o escritor de ficção científica Isaac Asimov criou suas três leis da robótica. A primeira diz que “um robô não pode ferir um ser humano”. A segunda diz que o robô “deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos”, exceto se houver conflito com a primeira lei. A terceira diz que o robô “deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a primeira ou segunda lei”. Nessa época, a ideia de automação ainda pertencia ao território da ficção. Hoje, essa questão não só está entre nós de forma prática como gera questões que dão curto-circuito nas leis de Asimov. Criar princípios éticos para automação deixou de ser um exercício literário para se tornar uma questão prática urgente. Basta perguntar à Alemanha. Em junho, o Ministério do Transporte e da Infraestrutura Digital daquele país publicou um relatório estabelecendo os princípios básicos que deverão ser aplicados pelos carros autônomos. Como se sabe, estamos no limiar do momento em que esses carros começarão a tomar as ruas das cidades. A questão é que inevitavelmente haverá situações em que a máquina (guiada por software) precisará tomar decisões “éticas” que terão impacto na vida e na integridade física de seres humanos. Em outras palavras, as leis da robótica clássicas são insuficientes para resolver essas situações.
Tanto é que o documento alemão traz não três, mas 20 princípios que deverão ser respeitados pelos carros autônomos. A leitura do documento é fascinante. Há princípios gerais como a determinação de que “o propósito das modalidades autônomas de transporte é melhorar a segurança” e que “a proteção de indivíduos tem precedência sobre qualquer outra consideração utilitária”.
No entanto, acidentes muitas vezes serão inevitáveis. Nesses casos, “os sistemas devem ser programados para aceitar danos a animais ou a propriedades se isso significar a segurança de pessoas”. Além disso, em tragédias iminentes, “é estritamente proibido fazer distinções com base em características pessoais (idade, gênero, estado mental etc.)” sobre quem será atingido. É também proibido por con-
siderações utilitárias “sacrificar qualquer pessoa não envolvida na geração dos riscos de mobilidade”. Em outras palavras, vamos precisar ensinar às máquinas coisas que nós, humanos, nem sequer sabemos enunciar precisamente, como moralidade e bom senso. Se John McCarthy estivesse vivo, convocaria uma conferência para trabalhar com a “ética artificial”. Foto: Nissan/Wieck/Divulgação
Volante e painel de um Nissan Leaf adaptado para rodar sem motorista.
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Jornal do Meio 914 Sexta 18 • Agosto • 2017
Sonho ou pesadelo
Dormir menos, sonhar mais, pegar no sono facilmente: leitores mandam suas dúvidas sobre sono. Dormir demais pode causar problemas de saúde? Por ANNA RANGEL/FOLHAPRESS
A sonolência excessiva tem de ser vista do ponto de vista médico. É preciso avaliar se a pessoa tem apneia ou doenças como depressão ou hipersonia (excesso de sono). Seis meses depois de ter feito a cirurgia bariátrica, ainda não consigo dormir bem. Há alguma explicação? A cirurgia é indicada para tratar obesidade, que muitas vezes está associada a um problema respiratório. Só um médico pode dizer se o problema de sono está ligado. Tenho mal de Parkinson, durmo pouco e tomo Rivotril. Isso pode me prejudicar? O Parkinson deve ser a causa da insônia, e tratá-lo pode aliviá-la. Já benzodiazepínicos podem alterar o sono e estão ligados ao mal de Alzheimer. A redução deve ser feita com ajuda profissional. Não consigo pegar no sono de maneira natural. Mesmo quando estou muito cansada e faço a higiene do sono não apago. Gostaria de me livrar do remédio hipnótico que uso. A higiene do sono é importante, mas sozinha pode não ser efetiva. A terapia comportamental é o tratamento sem remédios mais importante. Dicas personalizadas também podem ajudar. Costumo dormir bem, mas acordo todos os dias de madrugada e logo em seguida volto a pegar no sono. Isso compromete minha saúde? Se o sono for reparador, se dormir de novo logo e se houver poucos despertares, não há problema. Caso as respostas sejam negativas, o ideal é procurar um médico. Depois dos 50 anos, passei a ter problemas de sono. Passei a tomar melatonina, que tem sido eficaz. Há contraindicação? Não há contraindicação para o uso da melatonina, mas é necessário ter indicação precisa. Ela pode funcionar melhor para distúrbios de ritmo de sono, idosos com
baixa produção do hormônio, trabalhadores em turnos e jet lag, por exemplo. Fonte: Luciano Ribeiro Pinto Jr., presidente da Associação Brasileira do Sono Meu filho acorda no meio da noite com terror noturno ou sonambulismo. O que pode ser feito? É preciso primeiro proteger a criança –evitar que ela caia de escadas, por exemplo. Também é preciso fazer diagnóstico preciso, para evitar a confusão com outras doenças. Sonhos com a consciência de que estamos sonhando são comuns? É normal acordar e continuar o mesmo sonho? Ter a consciência de que o sonho é um sonho e mudar seu enredo se chama sonho lúcido. Cerca de 20% das pessoas têm esse tipo de sonho naturalmente. Treinar para isso, porém, é muito difícil. Por que às vezes quatro horas de sono podem nos fazer descansar mais do que uma noite de sono de dez horas? Uma noite bem dormida depende da quantidade de horas e da qualidade. Se a pessoa dormir poucas horas mas passar por todos os estágios do sono, vai acordar bem. A quantidade ideal varia, mas em geral é de 7h a 9h. Tenho muitos sonhos e isso tem me deixado exausto e irritadiço, como se não tivesse descansado à noite. O sonho é uma atividade mental, mas, em alguns casos, ela pode ser mais intensa e causar o que se chama de sonho épico, que são sonhos cansativos. Não há nenhuma causa aparente. Se o problema for muito intenso a ponto de atrapalhar a produtividade durante o dia, talvez seja preciso consultar um médico do sono –terapia comportamental ou medicamentos podem ser necessários. Depois que tive filho, sempre durmo em alerta. Tem como reverter isso? O estado de alerta é normal no início,
quando o bebê nasce, mas depois deve passar. A terapia comportamental pode ajudar a melhorar. Tenho pesadelos todos os dias. Já tentei de tudo para corrigir. Vou começar a usar o CPAP [máscara para tratar apneia]. O que pode ser? O pesadelo é considerado um distúrbio do sono e pode ter causa biológica (um problema de saúde, por exemplo) ou psicológica. Se a pessoa recebeu a recomendação de usar o CPAP, é provável que ela tenha apneia do sono, que pode causar sufocamento. Nesse
caso, os sonhos podem estar incorporando o desconforto respiratório. Gostaria de sonhar mais. Há algo que eu possa fazer? Os sonhos ocorrem na fase REM (de movimentos rápidos de olhos, na sigla em inglês) do sono, que corresponde de 20% a 25% das nossas noites –ou de 1h a 2h, em geral. Todo mundo sonha, mas nem todo mundo se lembra daquilo com que sonhou. Para reter os sonhos na memória, é possível treinar para acordar com calma e se concentrar nisso logo cedo. Foto: divulgação
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Depressão
Família é essencial para ajudar a detectar e a tratar depressão, pessoas próximas não devem isolar o paciente e precisam ser boas ouvintes, afirmam especialistas por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS
Quem convive com uma
vez mais entre a população. No
pessoa que tem depressão
último mês, dois casos chocaram
tem que entender a doença
o mundo da música: o suicídio dos
para poder ajudar o paciente a
americanos Chester Bennington,
sair desse quadro. Um parente,
da banda Linkin Park, e do can-
a namorada, o marido e até um
tor Chris Cornell. Ambos tinham
amigo próximo podem ajudar a
depressão.
detectar e a tratar a depressão.
“Estudos mostram que até 2020
“Alguns sintomas são bem eviden-
o maior índice de morte será por
tes, como bastante tristeza, falta
meio de suicídio, por um transtor-
de ânimo. Coisas que a família, a
no mental. É uma doença grave e
namorada, o marido pode perceber
deve ser tratada”, diz Busin.
na pessoa e começar a suspeitar”,
Segundo dados da Pesquisa Na-
diz o psicólogo Yuri Busin, diretor
cional de Saúde, são mais de 11
do Centro de Atenção à Saúde
milhões de brasileiros diagnosti-
Mental.
cados com depressão. Segundo
Saber o que falar com a pessoa,
a OMS (Organização Mundial
não a deixar isolada e conversar
da Saúde), a doença é a segunda
com o médico sobre as formas de
maior causa de incapacidade no
tratamento são algumas ações que
país, ficando atrás apenas das
as pessoas próximas ao paciente
causas traumáticas.
podem fazer (veja quadro ao lado).
Drogas podem influenciar na
Às vezes, algumas frases que pare-
doença
cem ajudar acabam atrapalhando
Estudos mostram que drogas e
ainda mais.
depressão caminham em uma
“A primeira recomendação é sentar
linha estreita. No caso dos dois
e conversar com essa pessoa para
astros do rock que se mataram
ver o que está acontecendo. Não
(leia acima), ela esteve presente
falar frases como ‘você não é assim’,
no cotidiano de ambos. Tanto as
‘você precisa levantar’. Isso só faz
controladas quanto as ilícitas.
a pessoa piorar. Não é porque ela
“A busca da droga não é neces-
não quer, é porque não consegue”,
sariamente voltado por causa
diz a psicóloga Ghina Machado, da
da depressão. Muitas vezes é o
clínica Estar Saúde Mental.
contrário, a droga que acaba le-
Chamada de mal do século, a
vando o indivíduo à depressão”,
depressão vem crescendo cada
diz a psicóloga Ghina Machado.
Arte: Folhapress
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