Braganรงa Paulista
Sexta
25 Agosto 2017
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Jornal do Meio 915 Sexta 25 • Agosto • 2017
Brasil Game Show ‘Adoraria andar por São Paulo rasgando coisas’, diz ilustrador de jogos GTA que participará da Brasil Game Show
por BRUNO SORAGGI/FOLHAPRESS
O inglês Stephen Bliss queria muito andar por São Paulo arrancando pedaços de cartazes velhos colados em muros da cidade –como já fez em Nova York (EUA), onde mora atualmente. Lá, ele usou o material coletado em uma exposição chamada “I, Frankenstein”, exibida em galerias americanas. Aqui, ele não sabe se terá tempo para fazer o mesmo. Trazendo no currículo os 15 anos em que trabalhou, entre 2001 e 2016, como artista-sênior na Rockstar Games –empresa responsável por jogos como “Bully”, “Red Dead Redemption”, “L.A. Noire” e todos os títulos da série “GTA” (“Grand Theft Auto”)–, o artista e ilustrador é uma das atrações que falará ao público na BGS (Brasil Game Show), evento dedicado ao entretenimento eletrônico que ocorre entre os dias 11 e 15 de outubro, no Expo Center Norte. Na feira, Bliss compartilhará um pouco de sua experiência na empresa e também em outras atividades que exerceu ao longo de sua carreira de “35 anos no mercado”. “Sou muitíssimo grato à Rockstar e às oportunidades que me deram. Ali estão alguns dos melhores artistas de games do mundo”, diz sobre a empresa fundada em 1998 e na qual ele foi
um dos responsáveis por desenhar e pintar capas de jogos, pôsteres e outros materiais. Segundo o próprio, tudo começou por causa do trabalho que ele fez para na capa do álbum “No Protection”, da banda de trip hop Massive Attack. “Eles [a gigante dos games] viram que eu conseguia pintar coisas realistas e cenas de ação. E viram meu design de lifestyle para a marca de camisetas que eu tinha na época, chamada Steroid”, lembra. O primeiro trabalho de Bliss para a Rockstar Games foi na capa de “GTA 3”. “A versão que seria usada na Europa era como uma cena de um filme do James Bond, com coisas explodindo e pessoas com armas”, conta. “Aí veio o 11 de Setembro [de 2001, quando atacaram as Torres Gêmeas, em NY, mesmo ano em que o game foi lançado] e tivemos que mudar. Fizemos outra, com os quadrinhos e rostos, sem violência.” Bliss diz que não tinha “a menor ideia” que a franquia se tornaria algo tão grande quanto é hoje. “São jogos que têm um impacto enorme na cultura contemporânea. Foi um processo maravilhoso fazer parte, de dentro, de toda a evolução de algo que se tornou tão incrível. Foi algo como estar nos Beatles ou na cabeça do Elvis [Presley]. Uma experiência
fenomenal.” Para ele, games podem ser considerados arte. “Muito do que é feito atualmente deveria estar em museus e galerias.” Mas Bliss não vem ao Brasil só para palestrar sobre seus tempos de GTA. A bem da verdade, ele quer falar mais sobre sua carreira para além da empresa. “Tenho muito mais histórias que não só as da época na Rockstar”, diz”. [Na BGS] Quero entreter as pessoas, fazer com que elas se sintam inspiradas a serem elas mesmas e também falar sobre o que tenho feito atualmente.” Ele se refere ao seu trabalho de ilustração comercial para marcas e sua produção artística –em 2015, por exemplo, Bliss pintou uma imagem da roqueira americana Debbie Harry, da banda Blondie, em um muro de Miami na feira de arte Art Basel. “Saí [da Rockstar] porque queria enfrentar medos e novos desafios. Queria ter novas aventuras e nunca mais usar a palavra chefe”, explica o inglês, que começou a desenhar fazendo pôsteres para sua banda de punck-rock Militia. “Minha habilidade com a guitarra não era tão boa, então comecei a rabiscar”, brinca Bliss sobre sua adolescência no fim dos anos 1970, quando era leitor voraz de quadrinhos da Marvel e da DC –
duas de suas maiores influências no trabalho até hoje. “Era para eu ter me alistado na Marinha –minha família toda serviu na Marinha”, conta o ilustrador, que, no entanto, cursou arte na universidade. Depois de formado, mudou-se para o Japão, onde viveu por quatro anos e trabalhou em uma marca de moda chamada Hysteric Glamour. “Foi uma época muito divertida. Tenho muitas histórias desse tempo, mas que só posso contar ao meu terapeuta. [Risos]” A vinda à feira de games será sua primeira visita ao Brasil. “Tenho
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
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amigos que dizem que São Paulo é uma selva de pedras. É verdade?” Depois da BGS, ele vai à Inglaterra para estrear uma nova exposição, ainda em desenvolvimento. Foto: Divulgação
O designer, ilustrador e desenhista Stephen Bliss
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
© Revistas COQUETEL
Título nobre do inventor do zepelim O pedal esquerdo do piano
Terapias (?): florais e acupuntura
Título Direito católico adquirido de Orani pelo dono Tempesta
Pecado, em inglês Adversários
Experiência (fig.) Atracada (lancha)
Opõe-se ao ativo, no balanço contábil
(?)-Codi, centro de torturas na Ditadura
Vogal de ligação em "habilidade"
Pinot (?), uva para vinho tinto Presenteia
Vitamina abundante no cháverde
Fruto que faz parte da dieta paraense Formato de módulos Perna, em inglês
Jorge (?), crítico e historiador da arte Diz-se do trânsito nas metrópoles brasileiras
Cometa, em inglês Bacia de uma pia
Organização cujos membros controlam 78% das reservas mundiais de petróleo
O "eu" racional Ar, em inglês
A primeira do Brasil foi Dona "Memory", Leopoldi- em RAM na (Hist.) (Inform.)
(?)-Paraná, município de Rondônia Iguaria do café da manhã do nordestino
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Solução C O M E T D A G O D T
P I C O A N E N TE M H A D E N OI R A C Ç A I Ã L O L I E O G A L I J U R I Z
BANCO
(?)-Natura, entidade ecológica Resumo; epítome A classe dos excluídos (Econ.)
C G NO S D U V E R D U R I S N O R A I I V O A T I C S U B E R A
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
Oposto; discordante Despidos
3/air — god — leg — sin. 4/coli — noir. 5/comet. 7/surdina.
germânico como elemento de motivação política e social, o qual afirmava ser capaz reconstruir a Grande Alemanha fazendo com os países que lhe impuseram o vergonhoso Tratado de Versalhes se curvassem frente à força do Reich alemão. Para isso apontou-se um inimigo interno definido, o povo judeu, acusando de contaminar o espírito germânico e trazer a impureza e a fraqueza externa para a Alemanha, desestruturando-a econômica e politicamente. Como disseram Adorno e Horkheimer: “O antissemitismo burguês tem um fundamento especificamente econômico: o disfarce da dominação na produção”, Dialética do Esclarecimento. Assim, deve ser possível, por exemplo, encarar e compreender o fato, chocante decerto, de que fenômenos tão insignificantes e desprovidos de importância na política mundial como a questão judaica e o antissemitismo se transformaram em agente catalisador, primeiro, do movimento nazista; segundo, de uma guerra mundial; e, finalmente, da construção dos centros fabris de morte em massa (os campos de extermínio). Também há de ser possível compreender a grotesca disparidade entre a causa e o efeito que compunham a essência do imperialismo, quando dificuldades econômicas levaram, em poucas décadas, à profunda transformação das condições políticas no mundo inteiro; (...). p 12. A ideologia alemã pregava algumas ideias como a superioridade da raça ariana e a crença fascista na unidade social, expressa em um único partido que contemplaria todos os setores e desejos nacionais. Para a execução de seu plano político Hitler faz renascer a ideia da construção do Terceiro Reich alemão recuperando símbolos nacionais, como a Lança de São Guilherme, ideais de superioridade deturpados, como ocorreu na leitura nazista do super-homem de Nietzsche, e as teorias antissemitas dirigidas, principalmente, contra os judeus, pois já existia um sentimento antissemita na Europa Ocidental, e por aquele ser o segmento mais rico da Alemanha. Ao canalizar o ódio do alemão médio contra os judeus, Hitler legitimou sua ação contra o povo que teria desgraçado o orgulho e a glória germânica, o que permitiu e legitimou a apropriação dos bens acumulados pelos judeus, os quais foram revertidos para a reafirmação do Estado alemão.
Cartão-postal de Florianópolis (SC) Serviço de correios veiculado pela FAB
Prefixo de Tesla (símbolo) "analgia" Deus, em Emissão inglês de odores
Apelido de "Eduardo" O sonho do órfão
por pedro marcelo galasso
A pensadora Hannah Arendt, em seu livro As origens do Totalitarismo, nos indica como podemos pensar no fenômeno antissemita e no nazismo, bem como na aberração histórica chamada de neonazismo. Duas guerras mundiais em uma geração, separadas por uma série ininterrupta de guerras locais e revoluções, seguidas de nenhum tratado de paz para os vencidos e de nenhuma trégua para os vencedores, levaram à antevisão de uma terceira guerra mundial entre as duas potências que ainda restavam. O momento de expectativa é como a calma que sobrevém quando não há mais esperança. Já não ansiamos por uma eventual restauração da antiga ordem do mundo com todas as suas tradições, nem pela reintegração das massas, arremessadas ao caos produzido pela violência das guerras e revoluções e pela progressiva decadência que sobrou. Nas mais diversas condições e nas circunstâncias mais diferentes, contemplamos apenas a revolução dos fenômenos – entre eles o que resulta no problema dos refugiados, gente destituída de lar em número sem precedentes, gente desprovida de raízes em intensidade inaudita. Aí estão as pistas que Hannah Arendt nos apresenta e é a partir delas que vamos pensar no antissemitismo, no nazismo e no neonazismo para tentarmos entender os atuais movimentos de massa e de direita que ocorrem nos países europeus, principalmente na Europa Ocidental, os quais marcam, particularmente, as comemorações do Dia Internacional do Trabalho, o 1º de Maio, e, portanto, devemos recuperar o que pregava a ideologia doutrinária nazista. O pensamento nazista surge no contexto do Período Entre Guerras, quando a Alemanha é obrigada a assinar um tratado que moralmente a humilha, o Tratado de Versalhes, em que ficou estabelecido que as maiores consequências e perdas da 1a Guerra Mundial ficariam a cargo da própria Alemanha. Tal imposição mexeu com o orgulho germânico que é um dos caracteres mais importantes da formação do Estado Nacional alemão habilmente utilizado por Bismarck e que permanece até hoje em suas formações culturais. Nesse contexto pós-Versalhes, surge a figura de Adolf Hitler, líder do até então inexpressivo Partido Nazista, ou Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores da Alemanha, que terá uma ascensão meteórica na política alemã ao resgatar o orgulho
Ganhador do Prêmio Camões de 2016
H P R O R A L D I N U S M A T N I A N C A A PA S S S C A O O R P E I M P
Movimentos neonazistas
Previsão comum em resenhas esportivas
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Jornal do Meio 915 Sexta 25 • Agosto • 2017
por PHILLIPPE WATANABE/FOLHAPRESS
Mulheres que deram à luz há pouco
importante para trabalhar a postura.
primeiro filho e, para se exercitar, corria só
tempo não precisam mais escolher
Borges afirma que mulheres que tiveram
no quarteirão de casa, para estar próxima
entre cuidar do bem-estar físico
parto normal e sem maiores complica-
ao bebê caso ele precisasse.
ou cuidar do bebê recém-nascido. Aulas
ções podem começar a fazer caminhadas
Para facilitar a malhação, alguns projetos
em grupo repaginadas e serviços on-line,
leves do 10º ao 30º dia, aumentando a
oferecem aulas on-line, como é o caso do
que oferecem vídeos, unem a prática de
intensidade a partir do 40° dia. Depois
Mamãe Sarada, idealizado pela educadora
exercícios para todos os gostos com o
de 60 dias, as atividades podem ser feitas
física Gabriela Cangussu.
contato com bebês.
quase normalmente, dependendo de como
Por meio do projeto, as mães têm acesso
“Eu quero ficar com meu filho. Não ia
correu a gravidez.
a vídeos de orientação para dez exercícios
deixá-lo com uma babá e passar uma tarde
Em casos de cesarianas, é aconselhável um
funcionais e mais dois feitos junto com
de madame. Eu tive um bebê para cuidar
repouso maior, entre 30 e 45 dias, segundo
os bebês. Os exercícios diários, segundo
dele”, afirma a florista Marina Gurgel, 31,
Ajeje. De toda forma, é importante que,
Cangussu, duram 14 minutos e dispensam
mãe de Benjamin, 9 meses.
antes de iniciar qualquer tipo de atividade
o uso de qualquer acessório.
Gurgel é uma das mães que frequenta o
física, haja avaliação e liberação do obstetra.
Na mesma linha, o Pós-Parto em Forma,
Projeto Umbigo, em São Paulo. A iniciativa
“Quando nasce o bebê, já vamos para o
de Gizele Monteiro, oferece um e-book,
começou com a necessidade da mulher de
quarto com a expectativa de ter sumido a
vídeos e planilhas para monitorar treina-
Pedro Sobral, professor de educação física,
barriguinha”, diz a arquiteta Fernanda Regolin,
mentos e buscar a melhora física. Nesse
de voltar às atividades físicas.
39, mãe de duas crianças. Ela participa do
caso, não há opção de atividades com o
“O foco era acolher essas mães, tirá-las
Mães Ativas, na cidade de Campinas (SP).
bebê –só com consultoria personalizada.
de casa e trazê-las para a vida social”, diz
O projeto, que ensina exercícios numa
Os preços de todos os serviços variam
Sobral, segundo o qual também há uma
academia de crossfit e possibilita a pre-
bastante –começam de R$ 70 por uma
ideia de troca de informação sobre a ma-
sença dos bebês na aula, surgiu quando a
aula avulsa até cerca de R$ 1.000 por pa-
ternidade nas aulas do projeto.
educadora física Joana Magalhães teve seu
cote on-line.
Do ponto de vista prático, Sobral usa pilates
Foto: Giovanni Bello/Folhapress
e treinamento funcional para fortalecer a musculatura, melhorar a postura e, com isso, evitar dores pelo corpo. No mesmo caminho, o Dança Materna, também em São Paulo, aposta –como o nome indica– na dança como atividade física e como forma de “fortalecimento do vínculo entre mãe e bebê, com pais sendo bem-vindos”, segundo a professora Tânia Silva. Letícia Penedo, 35, professora de artes e mãe de Olívia, com quase 5 meses, conta que, além da vontade de vencer o dia a dia “maçante sozinha em casa com a filha”, a dança é uma forma de se resgatar. “Eu sinto o corpo pedindo socorro. Tenho
Luciene Coelho, 30, gerente de planejamento e mãe da Luíza,4 meses, em aula de dança para mulheres no puerpério. Foto: Marina Martensem/Divulgação
dor no braço, na lombar e nas costas, e ela é levinha, imagina um bebê grandão”, diz Penedo, após a aula de dança, que acabou servindo para ninar Olívia. Para Marco Borges, obstetra do Hospital das Clínicas da USP e autor de um livro sobre atividades no puerpério, é interessante levar a criança, mas talvez não em todas as aulas. “A mãe quer um momento dela. Há tanto envolvimento com a amamentação e o cuidado com o bebê que aquela atividade física vira higiene mental”, afirma ele. De acordo com Renato Ajeje, obstetra da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, além do bem estar físico, o exercício no pós-parto é
Projeto Mães Ativas possibilita presença de bebês em aula.
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Adote uma galinha Plataforma conecta horta real a agricultor virtual e permite receber em casa seus produtos orgânicos
Por CAROLINA MUNIZ/FOLHAPRESS
Comer verduras orgânicas da sua
empresa tem dois funcionários que cuidam
consumismo e da clareza de que o consumo
criar um laço entre elas”, afirma o engenheiro
própria horta e criar uma galinha
do cultivo, e o transporte é terceirizado. Hoje,
tem custos humanos, sociais e ambientais”,
de gestão Tomás Abrahão, 26, fundador da
sem precisar abandonar a vida na
são 20 clientes com hortas e galinhas próprias
afirma ela.
Raízs, que opera em São Paulo.
cidade grande. Essa é a proposta da Garde
e cerca de 70 que só recebem as cestas de
“Existe um movimento de aproximação
As vendas on-line tiveram início há pouco
Manger, plataforma on-line que permite ao
produtos orgânicos.
entre clientes e produtores, um fluxo livre de
mais de um ano. Hoje, a cartela de clientes
cliente ser o agricultor virtual de um pedaço
A ideia é chegar aos 500 para essa área de
ideias e de colaboração que se iniciou com a
chega aos 3.000, sendo 1.192 deles ativos.
de terra que realmente existe e fica em Tatuí,
produção e, aos poucos, abrir fazendas em
internet”, completa Stein.
O faturamento mensal da empresa fica em
no interior de São Paulo.
outras localidades. “As hortas têm de estar
Foi também nessa linha que surgiu a Raízs,
torno dos R$ 100 mil.
“Os joguinhos em que as pessoas cuidam de
o mais perto possível dos clientes, para que
plataforma de venda de orgânicos que estampa
“Não é apenas o desejo por uma alimentação
fazendas fazem o maior sucesso. Agora, elas
possam visitá-la.”
em cada produto a foto da família de agricultores
saudável, mas um conjunto de valores que
podem receber em casa o que cultivam”, diz
Tête-à-tête
que o produziu –são 72.
envolvem também dar importância à pro-
o francês Antoine Dubacq, 29, idealizador do
Cada vez mais as pessoas estão interessadas
Além disso, o site disponibiliza textos e vídeos que
dução local e ao vínculo emocional com ela”,
negócio, que começou suas operações em
em conhecer bem o modo de produção daquilo
contam a história de alguns desses produtores.
diz Gustavo Carrer, consultor do Sebrae. “O
maio deste ano.
que consomem, segundo Luciana Stein, pes-
Em setembro de 2016, a empresa começou
grande desafio desse tipo de negócio é conse-
No site da empresa, o usuário pode escolher
quisadora de tendências da TrendWatching.
um programa de visitas às propriedades
guir entender bem o público e se comunicar
entre três tamanhos de horta e os produtos
“Trata-se de uma reação ao aumento do
rurais. “A ideia é juntar essas duas pontas e
com ele da melhor forma.”
que deseja plantar nela –legumes, verduras,
Foto: Marcelo Justo/Folhapress
frutas, ervas e flores. Ali, ele também dá nome à sua própria galinha, que fornece, em média, três ovos por semana. As aves ficam soltas em uma área de mil metros quadrados e recebem uma etiqueta, afixada ao pé. Atualmente, vivem nesse espaço Clotilde, Doralice, Mafalda e outras 17 galinhas. Os planos de assinatura custam de R$ 250 a R$ 450 por mês, com entregas aos sábados –por enquanto, apenas na zona oeste da capital paulista. Pela plataforma, o cliente acompanha o status da sua plantação e pode vender ou trocar alimentos com outros usuários. Quem quiser pode agendar uma visita à sua horta. “O serviço oferece personalização do início ao fim. A pessoa está no controle de tudo”, afirma Dubacq, que mora em São Paulo há quatro anos. Especialista em tratamento de imagem, ele começou a desenvolver a plataforma sozinho em março do ano passado. Em paralelo, saiu em busca de terrenos para materializar a sua ideia. Depois de muita procura, encontrou uma área sem uso de 4.500 metros quadrados em uma fazenda, que arrenda por R$
Antoine Dubacq, 29, criador da Garde manger, em seu apartamento em São Paulo.
1.000 ao mês. O investimento inicial foi de R$ 60 mil. A
Como superar a dor da separação?
Por MIRIAN GOLDENBERG /FOLHAPRESS
Eles querem minimizar ou anestesiar a dor; no caso delas, o processo é mais demorado e verbalizado Como homens e mulheres superam a dor de uma separação? Observei algumas diferenças de gênero marcantes nas minhas pesquisas. Muitas mulheres “ruminam” durante meses, às vezes anos, as possíveis causas da separação. Elas se sentem angustiadas, deprimidas, fracassadas e, principalmente, culpadas por não terem conseguido manter o relacionamento. “O que eu fiz de errado? O que eu poderia ter feito diferente? E se eu tivesse agido de outra forma?” Já alguns homens parecem superar mais facilmente o fim de uma relação de duas maneiras: bebendo com os amigos e encontrando rapidamente um novo amor. Eles não se sentem responsáveis pela separação. A culpa é sempre dela: “Ela reclamava de tudo! Ela estava sempre insatisfeita! Ela cobrava e exigia demais! Era o tempo todo DR!”. Eles querem minimizar ou anestesiar a dor, enquanto elas maximizam o sofrimento em um luto interminável. O processo feminino de superação é muito mais demorado, verbalizado e compartilhado, especialmente com as amigas. Elas procuram refletir sobre os possíveis erros, para não errarem novamente. E também preferem cicatrizar as feridas antes de buscarem um novo amor. Algumas resolvem
investir em novos projetos de vida para se sentirem mais fortes: estudar, trabalhar, viajar, cuidar do corpo e da saúde, reformar a casa etc. Apesar de agirem de formas diferentes, eles e elas revelam que uma coisa é certa: um dia a dor acaba. Por mais clichê que possa parecer, o tempo é o melhor remédio. Saber que vai passar, mesmo que demore muito, ameniza bastante a dor de uma separação. E, como me contaram, apesar de todo o sofrimento, a separação pode ter sido a melhor coisa que aconteceu em suas vidas. Muitos encontraram um novo amor, mais saudável, equilibrado e feliz, com mais risadas e menos brigas. Outros fizeram viagens incríveis ou investiram em um trabalho mais interessante, por se sentirem mais livres para assumir novos desafios. Alguns descobriram que é possível, sim, ser feliz sozinho. E que a pior solidão é a solidão a dois. Para lidar com o sofrimento inevitável de uma separação, aprendi que a melhor saída é repetir o seguinte mantra: “Acabou! Posso sofrer, posso chorar, mas, mais cedo ou mais tarde, vai passar!”. MIRIAN GOLDENBERG é antropóloga, professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de “A Bela Velhice” (ed. Record) miriangoldenberg@uol.com.br
Foto: Divulgação
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Segredos
Empresas adotam métodos para evitar vazamento de informações Por ANNA RANGEL/FOLHAPRESS
O vazamento de informações de uma empresa não acontece só em casos de espionagem. Uma postagem nas redes sociais ou até uma conversa informal pode revelar segredos e acabar em demissão por justa causa. Foi o caso do jogador de futebol Felipe Melo, do Palmeiras, desligado da equipe nesta semana após a divulgação de um áudio em que faz críticas ao técnico Cuca. Se para o funcionário o vazamento pode terminar em demissão, para a empresa há o risco de que dados valiosos cheguem às mãos da concorrência ou de que algum comentário cause danos à imagem da organização. Entre as estratégias para evitar problemas estão treinamentos periódicos, que explicam quais informações são confidenciais, e monitoramento das mensagens trocadas com outras empresas. “Repassar informações de um pré-contrato, com dados da companhia e dos clientes, é uma das falhas que podem render não só demissão, mas processos cíveis e criminais. Por isso as regras devem ficar sempre muito claras”, diz o professor de ética empresarial da FGV (Fundação Getulio Vargas) Daniel Tonon. Os maiores focos de problemas, segundo o advogado Rodrigo Azevedo, especialista em direito digital do Silveiro Advogados, são os e-mails e as redes sociais. Para Azevedo, a maioria dos profissionais não entende que, em algumas áreas, até uma “selfie” na fábrica pode vazar segredos se mostrar algum equipamento exclusivo. Mesmo no escritório, deve-se observar se vão aparecer em em fotos computadores com programas abertos -um zoom pode mostrar o que está escrito na tela. “Até em setores informais, como o marketing, no qual o uso das redes para divulgar projetos é encorajado, as postagens têm de ser feitas com cautela”, diz Azevedo. Na dúvida, o empregado deve consultar o código de conduta, em geral disponível na intranet, ou rede interna da empresa, o gestor ou o a área de recursos humanos. Em alguns casos, a companhia pede que o funcionário assine um termo de confidencialidade. A White Martins, que produz gases para a indústria, promove encontros para mostrar aos profissionais o que pode e o que não pode ser postado nas redes sociais. A gestora de RH Cristina Fernandes diz que a empresa adotou a medida após identificar que outras firmas tiveram de se manifestar publicamente sobre declarações inapropriadas de funcionários. “É uma estratégia que ajuda o profissional a se proteger e evita dano de imagem para a organização”, afirma. A empresa recomenda que, em redes sociais, o funcionário não diga onde trabalha e evite fazer postagens a respeito de suas funções. A publicitária Mariana Simões, 34, trabalha com eventos na White Martins e, ao lidar com convidados e jornalistas, aprendeu a não dar informações, mas indicar o porta-voz para aquele assunto. “Quando vou passar uma informação para
alguém de fora, checo se ela já consta nas apresentações que enviamos a clientes e ao público em geral. Se não está, presumo que não posso divulgá-la. Um erro desses pode atrapalhar a minha carreira, diz. Ela também removeu referências à empresa das redes sociais e passou a usar mais o telefone para não encaminhar e-mails a pessoas que não deveriam lê-lo. Isso acontece quando a mensagem é enviada para toda a equipe, mas só parte dela deve saber do conteúdo. Nesse caso, vale redobrar a atenção para não clicar em “responder a todos”. Na dúvida, o empregado deve consultar o código de conduta, em geral disponível na intranet, ou rede interna da empresa, o gestor ou o a área de recursos humanos. Em alguns casos, a companhia pede que
o funcionário assine um termo de confidencialidade. A White Martins, que produz gases para a indústria, promove encontros para mostrar aos profissionais o que pode e o que não pode ser postado nas redes sociais. A gestora de RH Cristina Fernandes diz que a empresa adotou a medida após identificar que outras firmas tiveram de se manifestar publicamente sobre declarações inapropriadas de funcionários. “É uma estratégia que ajuda o profissional a se proteger e evita dano de imagem para a organização”, afirma. A empresa recomenda que, em redes sociais, o funcionário não diga onde trabalha e evite fazer postagens a respeito de suas funções. A publicitária Mariana Simões, 34, trabalha
com eventos na White Martins e, ao lidar com convidados e jornalistas, aprendeu a não dar informações, mas indicar o porta-voz para aquele assunto. “Quando vou passar uma informação para alguém de fora, checo se ela já consta nas apresentações que enviamos a clientes e ao público em geral. Se não está, presumo que não posso divulgá-la. Um erro desses pode atrapalhar a minha carreira, diz. Ela também removeu referências à empresa das redes sociais e passou a usar mais o telefone para não encaminhar e-mails a pessoas que não deveriam lê-lo. Isso acontece quando a mensagem é enviada para toda a equipe, mas só parte dela deve saber do conteúdo. Nesse caso, vale redobrar a atenção para não clicar em “responder a todos”. Foto: divulgação
A publicitária Mariana Simões, 34, no escritório em São Paulo.
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Exames certos
Conheça quais os exames são indicados para cada faixa etária, é preciso fazer testes anualmente. Mais jovens se cuidam menos do que quem tem mais idade por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS
Cuidar da saúde é impor-
Clínicas de São Paulo, é impor-
tante em qualquer idade.
tante individualizar os exames.
Mas exames específicos se
“Há exames fundamentais quan-
fazem mais necessários a medida
do se muda a faixa etária. Mas
que envelhecemos. Mas a partir
quem fuma, por exemplo, deve
dos 60 anos, quando tem início a
ter mais atenção constante”,
terceira idade, é essencial realizar
afirma Camiz.
todos os testes com regularidade,
A partir dos 70 anos, o médico
e sempre com pedido médico
lembra que é primordial ter
em mãos.
atenção à osteoporose, mais
Nessa faixa etária, homens e
comum nessa idade. “Ajuda a
mulheres devem fazer anual-
evitar quedas.”
mente exames de hemograma,
Entre os 50 e 70 anos, ele expli-
para detectar anemia, além de
ca, são fundamentais exames
ureia e creatinina, para checar
de próstata, para os homens, e
as funções renais.
mamografia, para as mulheres.
“Quanto antes os exames forem
Camiz destaca, ainda, a importân-
feitos, melhor para diagnosticar
cia dos exames ginecológicos e de
e curar uma eventual doença.
doenças sexualmente transmissí-
Mas o sedentarismo, diabetes e
veis para garotas, após a primeira
obesidade são fatores que têm
relação sexual. “O papanicolau é
feito com que alguns problemas
essencial a partir desse momento”.
de saúde aconteçam mais cedo”,
Teste do pezinho é essencial
explica João Vicente da Silveira,
Um dos mais importantes testes
cardiologista do Hospital Sírio-
ao recém-nascido é o do pezinho.
-Libanês. “Os jovens, porém,
Obrigatório e gratuito, é feito em
são os que menos se cuidam.
48 horas após o nascimento da
Alguns usam drogas ilícitas que
criança, onde o sangue do bebê
machucam o coração. Por isso
também é colhido a partir de um
é fundamental fazer um check
furinho no calcanhar.
up anual em qualquer idade”,
“O objetivo é detectar doenças
conclui o médico, que explica
genéticas. Com a descoberta
que as doenças do coração são
precoce, é possível tratar antes
as que mais matam no Brasil.
mesmo de os sintomas aparece-
Para Paulo Camiz, geriatra, clínico
rem”, alerta o cardiologista Anis
geral e professor do Hospital das
Mitri, do Cecam.
Arte: Folhapress
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