Braganรงa Paulista
Sexta
1 Setembro 2017
Nยบ 916 - ano XVI jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
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Jornal do Meio 916 Sexta 1 • Setembro • 2017
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br
Autoridade e serviço por Mons. Giovanni Baresse
Nas leituras bíblicas
recorda das pirâmides do Egito?
na linha da tradição judaica: ele
ridade está radicada no serviço
propostas na celebração
Sobna sonha com um monumento
é um profeta assemelhado aos
com caráter paternal. Não se
Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS
do final de semana (26-
à sua memória. Como não tem
outros profetas. Jesus pergunta
trata de paternalismo. Trata-se
27) deste mês ficou patente a
todo o dinheiro, mas administra
aos seus mais próximos: Para
de cuidar como pai. Penso que
reflexão sobre o que significa
as riquezas do rei, aí encontra a
vocês quem sou eu? Pedro toma
esta intuição e orientação pro-
ter, exercer, autoridade. A leitura
solução. Com conchavos e acertos
a dianteira: Você é o Messias, o
fundas deveriam nortear todos
do profeta Isaias (22,19-23) faz
vai tecendo seu sonho. Descoberto
filho do Deus vivo! Jesus elogia
os que são chamados a governar,
compartilham a defesa do bem
relato sobre o, chamemos, mor-
é destituído. Perde o cargo. Em
a Pedro pela resposta e lhe dá o
a tomar conta daquilo que se
comum. Seja achegar-se ao Rei
domo do rei de Judá. Estamos
seu lugar o rei coloca Eliacim. O
poder, a autoridade das chaves!
chama bem comum de um povo,
dos Reis. Na ânsia do encontro
no século VIII antes de Cristo.
cerimonial de sua posse fala em
Promete que o inferno não vencerá
de uma comunidade, da Igreja.
com Ele para confirmar a espe-
O mordomo chama-se Sobna.
vestes significativas, na entrega
a sua igreja, o seu povo, e que ele,
Cuidar como pai! Em tempos
rança que vale a pena segui-lo!
O que aconteceu? Ele sonhava
das chaves pesadas (levava nos
Pedro, teria a missão de ligar ou
complicados, como estes que
Temos muito a aprender tanto
em construir para si mesmo um
ombros) e missão de ser um pai
desligar o relacionamento com
vivemos, nota-se como é impor-
na esfera civil como no caminho
mausoléu que o eternizasse. Por
para os que dependiam do rei.
o céu. Que sentido fundamental
tante ter consciência da grave
das nossas comunidades de Fé!
que? Não havia, naquela época,
Importa aqui lembrar que quem
encontramos na entrega das cha-
missão de quem tem as chaves
E vale aqui, como final destas
a certeza da vida eterna. A con-
recebia as chaves tinha poder no
ves a Eliacim e a Pedro? Cuidar
na mão! Não é o voluntarismo
linhas, lembrar que Jesus orde-
cepção da vida plena era vivida
palácio. Ele é aquele que permitia
do povo de Deus (Judá e Igreja)!
pessoal que deve comandar o que
nou que, depois da declaração
na vida terrena: família grande,
ou não a chegada das pessoas
A autoridade não está fundada
fazer! Muito menos a exacerbar-
de Pedro, os discípulos não fa-
saúde e riqueza (lembram do
até o rei. Também aquele que
nas pessoas. Está fundada na
-se diante as dificuldades que
lassem a ninguém que ele era o
livro de Jó?). O que acontecia
tomava decisões para socorrer
missão que lhes é dada. No caso
dificultam, atrasam ou emperram
Messias. Exatamente porque na
após a morte? Ida para o sheol,
os mais pobres. Coloquemos em
de Pedro o fundamento está na
os caminhos a serem seguidos. A
cabeça de todo mundo só cabia
a casa dos mortos. Lá se ficava
paralelo o trecho do Evangelho
sua missão de manter a Igreja
arte de ter as chaves e de poder
o Messias rei. Que cuidaria do
como larvas. A morte igualava
de Mateus (16,13-20). Jesus faz
fiel na mesma profissão de Fé
manuseá-las implica nunca perder
seu povo, sem dúvida, mas teria
todo mundo! Então, de que jeito
pergunta a seus discípulos, não
que ele proclamou! Sua missão
a paciência diante daqueles que
inimigos a serem derrotados!
se viveria o desejo profundo da
por mera curiosidade, mas para
é cuidar do povo de Deus como
desejam chegar até o Rei. Seja
E Jesus é o que deu a vida por
felicidade? Por aqui mesmo! Para
ver se sua palavra e suas atitu-
um pai. Para que o povo não se
rei aquele que tem a responsa-
todos! A raiz da profissão de Fé
não ser esquecido era importante
des estavam revelando ao povo
desvie de proclamar que Jesus é
bilidade de ver o que é melhor
em Jesus e a convicção que
ter um memorial. Quem não se
quem ele era. As respostas vão
o Senhor! A concepção de auto-
para seu povo, ouvindo os que
sua autoridade é Amor!
Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
"(?) frias, coração quente" (dito) Pasta doce colocada em torradas
Ter uma profissão 1.100, em romanos
Dotar de asas
Função matemática Topete de penas As "baleias assassinas" Informe
Jet (?), efeito de voos prolongados
Ron Dennis, diretor de escuderia da F1
Os cônjuges cujo matrimônio foi dissolvido
Metal mais precioso Hábitos nocivos Base de uma serra Oferenda (Rel.)
(?) Araújo, atriz de "Mister Brau" Antigo Testamento (abrev.) Letra marcada em provas de múltipla escolha
Vulcão italiano Mais, em inglês Mover ritmadamente (berço) (?) Madruga, personagem de "Chaves"
Parte mais profunda da psique (Psican.) (?) letivo, período ativo de escolas
Desinfetar São José dos (?), um dos municípios mais frios do Brasil (RS) 32
Solução
C L A U D I O
BANCO
I S MO S I R M C L U E L OG C A S R D I O S S O PE T N A A L AR I D A N O T E S
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
Sucesso de Gilberto Gil
Indica o superlativo em "facílimo"
S U M I N L E S I M O I G O B A L AR S O R L A G V I C E I A I S E E M B S O O E A R U S E N
os turcos, africanos e latino-americanos. No entanto, o alemão de classe média que promove tal tipo de acusação se esquece de que este grupo específico de estrangeiros exerce atividades distantes daquelas realizadas por um alemão médio. Um estrangeiro trabalha normalmente nos chamados subempregos como aqueles realizados na construção civil, em minas de carvão, como lavadores de pratos, na prostituição, tráfico de drogas e não nas atividades mais bem remuneradas ou especializadas, ocupadas habitualmente por um europeu ou mesmo um norte-americano de classe média. Outro aspecto a ser considerado é o crescimento dos movimentos políticos de direita e ultradireita que, muitas vezes, se apropriam das teorias nazistas para afirmar planos de governo que privilegiam as camadas médias de seus países. Um exemplo desta postura política foram as manifestações de caráter abertamente neonazista que varreram toda a Alemanha no 1o de maio de 2001 e que se repetiram nos anos seguintes. Em uma época que aprendeu a utilizar o terror como mecanismo de política de Estado, em uma época de mudanças intensas, constantes e incompreendidas, fica a seguinte pergunta: será a corrente que originou o antissemitismo nazista não deixou em seu legado uma corrente com os mesmos princípios, mas com alvos mais diversificados? Novamente a indicação é de Hannah Arendt: A diferença fundamental entre as ditaduras e as tiranias do passado está no uso do terror como meio de extermínio e amedrontamento dos oponentes, mas como instrumento corriqueiro para governar as massas perfeitamente obedientes. O terror, como conhecemos hoje, ataca sem provocação preliminar, e suas vítimas são inocentes até mesmo do ponto de vista do perseguidor. (...); em nosso contexto, tratamos apenas da arbitrariedade com que as vítimas podem ser escolhidas, e para isso é decisivo que sejam objetivamente inocentes, que sejam selecionadas sem que se atente para o que possam ou não ter feito.
P L A T I N A
Isso é fácil de ser entendido porque na medida em que o Estado alemão procura se reerguer, sem poder contar com ajuda de financiamentos internacionais, que poderiam promover seu desenvolvimento. Ideia expressamente perigosa para a França e para a Inglaterra. Em decorrência disso, a Alemanha procura outra forma de angariar capital se apossando dos bens disponíveis em seu próprio país, neste caso, os bens dos judeus. Além disso, os nazistas conseguiram transformar o antigo antissemitismo, aquele presente no século XIX, pautado no ódio religioso ao judeu em algo novo colocando o antissemitismo como algo normal, corriqueiro e socialmente necessário. Percebe-se que a Teoria Antissemita oculta motivações econômicas responsáveis pelo extermínio do povo judeu durante a 2a Guerra Mundial, ocorrido nos chamados campos de extermínio, onde a racionalidade fordista das grandes indústrias foi utilizada para aniquilar pessoas, em um evento conhecido como o Holocausto. Em 1945, o Partido Nazista foi dissolvido e proibido em todo mundo; no entanto, mascarou-se nos partidos de ultradireita e começou a se manifestar mais abertamente a partir de 1992, com manifestações públicas com um grande contingente de integrantes, o que passou a preocupar a opinião pública em todo mundo, levando o povo judeu a se levantar contra tais movimentos e organizações de ideologia nazista. Aqui podemos traçar um paralelo com outro ponto do texto de Hannah Arendt: Ambos os fenômenos – o antissemitismo e o totalitarismo – mal haviam sido notados pelos homens cultos, porque pertenciam à corrente subterrânea da história europeia, onde, longe da luz do público e da atenção dos homens esclarecidos, puderam adquirir virulência inteiramente inesperada. Com o aumento do desemprego em todo mundo, os neonazistas normalmente culpam os estrangeiros que se estabelecem nos países europeus para buscarem trabalho sem se darem conta de que as condições de trabalho e as mudanças do próprio capitalismo são as grandes responsáveis pelo seu desemprego. No caso alemão, as principais vítimas são
Título nobre inglês de Elton John
I S E I N Ç M Ã O D G E T A X S A
por pedro marcelo galasso
Ciência que estuda Treino para Os únicos as ondas de choque a prova mamíferos capazes Nêutron teórica, disponibilide voar (símbolo) zado pelo Detran
3/lag — sir. 4/more. 8/ausentes. 10/índigo blue.
Movimentos neonazistas Parte 2
© Revistas COQUETEL
(?) Bravo, goleiro do Manchester City (2017) Gentil; A forma amorosa do sifão
Benefício concedido a candidatos de baixa renda em concursos públicos Movimento defendido por Voltaire Dom Eugênio (?), cardeal brasileiro Pessoa ausente no modo imperativo
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Jornal do Meio 916 Sexta 1 • Setembro • 2017
por GABRIEL ALVES/FOLHAPRESS
Na hora de combater a obesida-
nou para alguém que é referência para
que a obesidade é uma doença complexa,
de, há dois caminhos: os longos
ORIGEM
elas, é real.”
crônica e recidivante. Os pacientes são
e dolorosos e os que não levam a
Bianca Naves, do grupo de comunicação
A nutricionista especialista em fitoterapia
vítimas fáceis de qualquer um desses
lugar algum.
do Conselho Regional de Nutricionistas
Heloisa Piccinato diz que há compostos
tratamentos milagrosos, já que essa é
Atalhos e fórmulas mágicas para quem
SP-MS, afirma que as modas têm origem
com poder de reduzir a ansiedade ou de
uma doença que não dá para esconder
quer perder alguns (ou vários) quilos
no exterior, com celebridades que tes-
melhorar a qualidade do sono –fatores
de ninguém.”
existem aos montes, mas o problema é
tam algo pontual ou algum achado de
auxiliares no processo do emagrecimento.
“As pessoas gostariam de ter uma solução
que, via de regra, ou são alternativas com
algum profissional de saúde, que acaba
“Há muita coisa ainda para ser estu-
milagrosa, de perder peso sem ter que
pouco ou nenhuma eficácia ou trazem
indo a público sem validação ou testes
dada. O problema da fitoterapia é que
mudar hábitos, comendo e bebendo o
risco inaceitável para a saúde.
mais abrangentes, muitas vezes só com
ela é muito barata e há pouco interesse
que gostam. Isso não existe. Vão atrás
Entre as que têm algum fundinho de
estudos em animais.
comercial para bancar os estudos.”
do que está na moda porque querem uma
verdade estão os alimentos termogênicos
“Antes de acontecerem estudos maiores,
A homeopatia também não encontra
solução mágica, mas percebem que não
–aqueles que, de alguma forma, fazem o
esses produtos acabam caindo na mídia,
respaldo. “Pode servir para outras coisas,
adiantou e partem para a próxima onda
metabolismo da pessoa funcionar mais
justamente por causa das celebridades.
mas não para tratar a obesidade”, afirma
milagreira”, diz a endocrinologista Maria
rapidamente e aumentam o gasto caló-
E as pessoas acreditam que, se funcio-
Cintia Cercato. “As pessoas esquecem
Victória Descalzo.
rico. Gengibre, pimenta e vinagre são desse time. O problema é que, para terem algum efeito prático, eles teriam de ser consumidos em quantidades impraticáveis. “Não dá para comer quilos de gengibre para tentar compensar o efeito de um cupcake”, exemplifica Cíntia Cercato, endocrinologista do Hospital das Clínicas da USP. Outros alimentos e substâncias emergiram como “soluções” para a obesidade como a cafeína e, mais recentemente, o óleo de coco. Embora este último encontre apoio entre entusiastas e até acadêmicos, não há evidência de que ele tenha efeito na perda de peso, segundo as “Diretrizes Brasileiras de Obesidade”, publicação da Associação Brasileira de Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica. Já a cafeína, presente naturalmente em uma série de grãos e bebidas, tem conhecido poder estimulante, mas, apesar disso, não há evidência científica de que consiga reduzir o peso corporal. A indústria de suplementos nutricionais à base de fitoterápicos, termogênicos e micronutrientes como cálcio e cromo também não inspiram muita confiança de especialistas ouvidos pela Folha. “Agências de saúde sérias como a FDA [americana] já encontraram hormônio tireoidiano, diuréticos e até anfetamina em cápsulas que eram para ser à base de chá. A cada nova moda, muda o chá e as demais substâncias são as mesmas”, diz Bruno Geloneze, endocrinologista e professor da Unicamp.
Arte: folhapress
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Geração ‘Z’
Geração ‘Z’ é mal-educada e mais pé no chão que a ‘Y’, diz especialista Por ANNA RANGEL/FOLHAPRESS
A nova onda de profissionais que chega às empresas é menos educada, mais realista e tão exigente quanto a turma “Y” -caracterizada pelo interesse por maior autonomia no trabalho, pela baixa fidelidade às empresas e a necessidade de feedbacks constantes de seus chefes. Enquanto os “Y” cresceram em meio ao avanço econômico dos anos 1990, a nova leva, “Z”, foi marcada pela crise de 2008 e a ascensão do terrorismo, diz Bruce Tulgan, consultor norte-americano em recursos humanos. O resultado é uma força de trabalho mais pé no chão, cínica e desconfiada. “Eles não creem que as empresas possam dar segurança no longo prazo”, diz Tulgan, autor de “O que Todo Jovem Talento Precisa Aprender” (Sextante, R$ 38,90, 228 págs.). Gestores se queixam da falta de iniciativa dos jovens, que querem ser acompanhados de perto por superiores. É como se esperassem do chefe uma atitude mista entre mentor e pai. Folha - Quais as diferenças entre profissionais “Y” e “Z”? Bruce Tulgan - São duas levas de um grupo só: o dos millenials. A primeira, “Y”, nasceu entre 1978 e 1990, e a segunda, os “Z”, a partir dos anos 1990. Os “Z” são parecidos com a geração nascida logo após a Grande Depressão, nos anos 1930, pois viram a incerteza econômica pós-2008 e o terrorismo. Mas também foram muito protegidos por pais e professores. São precoces, mas imaturos. Esperam que o empregador lhe ofereça aconselhamento, apoio e espaço para errar. Qual foi o impacto da crise de 2008 nos jovens “Z”? Esse contexto fez com que os “Z” baixassem suas expectativas de rápida ascensão e confiassem ainda menos nas empresas como provedoras de estabilidade, se comparados aos “Y”. Esperam, mais do que os mais velhos, que os chefes lhes acompanhem e abram exceções, permitindo que escolham tarefas e horários com base em suas preferências. Quais as queixas dos empregadores em relação aos “Z”? É que muitos não têm competências comportamentais básicas. Têm dificuldades para dizer “por favor” e “obrigado”, não entendem por que respeitar as regras de vestuário e passam tempo demais no celular durante o trabalho. É um ponto cego na formação. Como reduzir o número de demissões por comportamento? Muitas empresas, após a contratação, dão lições ao funcionário sobre como se conduzir em uma reunião ou se comunicar por e-mail. Basta mostrar por que isso é importante para a ascensão profissional dele e incentivar que busque isso por conta própria. Como os gestores devem lidar com esses mais jovens? Essa geração não quer só se divertir e receber tudo de mão beijada. Isso é mito. Quer saber o que se espera dela. É preciso deixar clara essa expectativa e agir como coach ou professor. Se o jovem não melhorar, deve ser responsabilizado pela falha. E como o jovem pode cuidar do próprio desenvolvimento? Ele deve aprender com o dia a dia e se gerir sozinho, o que vai até contra a forma como foi criado. Vale fazer reunião de aconselhamento com o gestor. E é vital anotar tudo, coisa que muitos não fazem. Empresas trocam dinâmicas por games e vídeos na seleção de trainees ANA LUIZA TIEGHI As tradicionais -e temidas- dinâmicas de grupo estão perdendo espaço para novas formas de filtrar candidatos em processos seletivos, entre elas a disputa de jogos no computador e a gravação de programas de televisão. “Quando comecei, muitas dinâmicas eram incompreensíveis, havia uma ideia de que quanto mais rigoroso fosse o processo, melhor”, afirma Bell Gama, relações públicas e sócia-diretora da Air Branding, empresa especializada em estratégias para atrair
novos talentos. A gravação de um programa de perguntas e respostas num estúdio de TV foi a etapa final da seleção para o programa de trainee de um banco, organizada pela Hub Talent, empresa de recrutamento do grupo da Air Branding. Na Unilever, uma das etapas de seleção dos cerca de 30 mil candidatos ao programa de trainee da empresa é um jogo virtual que permite observar as habilidades e paixões dos jovens, explica Joana Rudiger, gerente de recursos humanos da companhia. O Itaú também faz um tipo de jogo com seus aspirantes a trainee, lançando um desafio on-line que deve ter sua solução apresentada via vídeo, gravado pelo candidato. Durante o período de inscrições, ex-trainees que ficaram na empresa postam mensagens nas redes sociais do banco para responder a perguntas enviadas por interessados no programa. Já na CI&T, empresa de desenvolvimento de software em Campinas, a seleção de novos funcionários é feita por meio de uma maratona de programação, conhecida como “hackathon”, na qual os pretendentes são divididos em equipes e precisam solucionar um problema. Foi assim que o engenheiro de software Diego Bandoch, 30, começou na empresa do interior paulista. “Eu me inscrevi por diversão, não imaginava que resultaria em um trabalho.” Bandoch foi tão bem na atividade que a companhia o chamou para uma vaga. O entrosamento com a equipe na maratona fez com que ele avaliasse melhor suas próprias qualidades. “Eu estava em um ponto da carreira em que tinha que decidir entre seguir para a área técnica ou de gestão. No dia do hackathon me decidi pela gestão”, afirma. A forma diferente de conhecer os novos funcionários dá resultados. De acordo com Marilia Honório, engenheira de dados e gerente de recursos humanos da CI&T, a taxa de retenção dos novos contratados chega a mais de 90%. SEM PADRÃO Segundo Joana Rudiger, da Unilever, não há um perfil ideal de trainee. Restringir os admitidos a um grupo de instituições de ensino, por exemplo, está caindo em desuso. “Tentamos não usar filtros de faculdade, porque podemos perder uma turma fantástica que não teve as mesmas oportunidades, mas que pode fazer a diferença”, diz Andreas Auerbach, diretor-executivo da Nexo HW, empresa de recursos humanos. De acordo com especialistas, os critérios usados antigamente já não dão mais conta de filtrar o que as empresas esperam de um colaborador, porque as profissões estão mais multidisciplinares. “Se antes os processos se concentravam muito em conhecimento técnico, hoje falamos também em propósito de vida”, afirma o administrador Carlos Eduardo Dias, sócio-fundador da Hub. Os candidatos a uma vaga na Unilver estão bem preparados, segundo Rudiger, com currículos que incluem experiências internacionais e estágios. No no entanto, ela sente falta de maturidade. “Falta segurança nas escolhas, autoconhecimento, resiliência, determinação e saber lidar com frustrações”, diz. “Não é só a preparação escolar, é mais do que isso.”
As companhias mais desejadas pelos jovens, em 2007 e 2017 2007 1 - Petrobras 2 - Unilever 3 - CVRD (Vale) 4 - Natura 5 - Nestlé 6 - Microsoft 7 - Google 8 - Rede Globo 9 - IBM 10 - Gerdau
2017 1- Google 2 - Petrobras 3 - Nestlé 4 - Ambev 5 - ONU 6 - PwC 7 - Vale 8 - Itaú 9 - Unilever 10 - Globo Fonte: Pesquisa Carreira dos Sonhos (Grupo DMRH e Cia de Talentos) Foto: Divulgação
O especialista em RH Bruce Tulgan. Foto: Keiny Andrade/Folhapress
Formada em administração pelo Mackenzie, a analista comercial Izabella Tafelli Mendes Vieira, 23, vai participar dos processos de trainee do Itáu, Santander, Whirpool, Cremer e Ambev. Foto: Keiny Andrade/Folhapress
DIVULGAÇÃO Anunciados de maneira intensa, os processos seletivos ainda são utilizados para promover a companhia, segundo Auerbach. A prática, porém, pode atrapalhar a busca por funcionários que se encaixem no perfil da empresa. “Divulgações amplas são ruins, porque depois é preciso usar critérios massificados para fazer o filtro. Seria mais efetivo buscar candidatos em universidades”, diz. Confira aqui os programas de seleção com vagas abertas. * EMPRESAS DOS SONHOS
Bruno Galeazzo, 21, está no quarto ano de engenharia de energia na UFABC e participa do processo seletivo do Itaú, onde entrou como estagiário em 2015.
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Jornal do Meio 916 Sexta 1 • Setembro • 2017
Olho vivo Descubra se a corrupção chegou ao seu condomínio
Por JÚLIA ZAREMBA/FOLHAPRESS
A marcação está cerrada sobre os síndicos. Com novos mecanismos de fiscalização, como aplicativos de celular, há pouca margem para desvios e fraudes. Mas nem tudo pode ser detectado pelos moradores -às vezes é preciso contratar um profissional para avaliar os gastos. Há duas formas de saber se há irregularidades nas contas de um prédio: analisar a pasta de prestação de contas e o balanço mensal. A primeira deve conter todas as despesas do condomínio, desde a compra de canetas até de materiais para obras. Pode ser consultada pelos moradores a qualquer hora, na própria administração. Em geral, cada pasta é referente a um mês. “É importante que ela seja transparente, bem organizada e de fácil leitura e interpretação”, diz Renato Tichauer, presidente da associação de síndicos de São Paulo. “As folhas devem ser numeradas, para que nenhuma página seja arrancada.” Já o balanço é enviado mensalmente aos moradores, geralmente no próprio boleto do condomínio, e contém um resumo do que foi arrecadado e gasto no período. Na prática, cabe ao conselho fiscal, composto por cerca de três condôminos escolhidos em assembleia, analisar as contas todo mês. “Eles devem atuar de forma ativa, não só chancelando o que foi feito pelo administrativo”, diz Marina Araújo, professora de compliance do Insper. Mesmo quem não é do conselho deve participar de assembleias e reuniões para ficar por dentro da vida do prédio. “Quem tiver más intenções pode se aproveitar da omissão da maioria para praticar desvios”, afirma Hubert Gebara, que é vice-presidente do Secovi-SP. AJUDA EXTERNA Se ainda houver motivo para desconfiança, talvez seja interessante contratar uma empresa especializada e independente para analisar os recibos e contas. O instituto Pró-Síndico lançou neste mês um serviço gratuito chamado Raio-X do Condomínio, cujo objetivo é analisar a situação financeira e operacional dos prédios. “Não realizamos uma auditoria, porque não nos aprofundamos muito na análise, mas emitimos um relatório”, diz Dostoiévscki Vieira, diretor da ONG. “Apontamos, por exemplo, se os gastos estão compatíveis com os preços do mercado ou se houve superfaturamento em contratos.” A inspeção pode durar de uma semana a 40 dias, dependendo da quantidade de papéis do condomínio. Os interessados devem se cadastrar no site do serviço (raioxcondominial.com.br) e anexar alguns documentos. Depois, basta aguardar (no momento, o tempo de espera é de cerca de 20 dias). As auditorias independentes são outra alternativa para afastar suspeitas de irregularidades. O trabalho consiste em analisar todas as receitas e despesas, explica Windsor Veiga, professor de ciências contábeis da PUC. Ele observa, no entanto, que nem sempre
os problemas são fruto de más intenções do síndico. “Podem ocorrer equívocos operacionais, não necessariamente corrupção”, diz. “Mas, se houver tentativas de esconder informações, é hora de acender o alerta vermelho.” Como as auditorias são mais detalhadas, não é preciso realizá-las todo mês. Rubens Carmo Elias Filho, presidente da Aabic (associação de administradoras de condomínio de São Paulo), recomenda que sejam feitas a cada seis meses ou um ano. “Condomínios grandes costumam contratar o serviço antes da assembleia anual para respaldar gastos”, diz. Fiscalizar não significa que os moradores devem controlar todos os passos dados pelo síndico. Obras emergenciais e compras menores não precisam ser aprovadas em assembleia. “O administrador precisa ter autonomia para tomar algumas decisões. Senão, a administração é engessada”, afirma Angélica Arbex, gerente da Lello. PLATAFORMAS CONTROLAM GASTOS ON-LINE A prestação de contas também pode ser feita on-line pelos síndicos, por meio de plataformas e aplicativos. A Condomob (condomob.net), criada em 2016, permite que o administrador do edifício informe receitas, despesas,
demonstrativos financeiros e taxas de consumo aos moradores virtualmente. O síndico ainda pode incluir na página atas de assembleia e contratos. Para usá-la, o condomínio deve pagar uma taxa mensal que custa a partir de R$ 50 e varia de acordo com a quantidade de apartamentos do prédio. Hoje já são cerca de 20 mil usuários cadastrados. A plataforma de gestão Superlógica (superlogica.com) tem proposta semelhante. A partir de relatórios on-line, permite que os condôminos vejam os gastos e a situação financeira do prédio. Oferece ainda o serviço de automatização da cobrança de taxa condominial e de pagamento dos débitos por meio de cartão de crédito, para ajudar a reduzir a inadimplência. O software é usado por mais de 25 mil condomínios no país e custa a partir de R$ 299 por mês às administradoras. O sistema Condobox (condobox.com.br) reúne dados financeiros e administrativos sobre o edifício, como o balanço mensal de gastos e o valor da taxa de condomínio. A mensalidade custa a partir de R$ 1 por apartamento. A rotina administrativa do prédio pode ser controlada ainda por meio do Severino (severinoapp.com), aplicativo que permite ao síndico ou administrador criar pastas, organizar e publicar documentos. A licença mensal custa R$ 5 por apartamento, variando de acordo com o tamanho do empreendimento.
“Com o acesso direto às receitas pela internet, não é mais preciso ir até a administração para buscar informações”, afirma Bruno Gurgel, que é diretor comercial do aplicativo. MORADORES 1. Participar de assembleias e reuniões para monitorar os gastos e acompanhar discussões. As contas costumam ser submetidas a aprovação uma vez ao ano 2. Monitorar a pasta de prestação de contas do prédio. Ela pode ser consultada mediante agendamento na própria administração 3. Estabelecer, por meio de assembleia, regras sobre contratação de serviços e transparência que não estejam previstas na convenção SÍNDICO 4. Antes de contratar qualquer serviço, solicitar ao menos três orçamentos para que a melhor opção seja escolhida pelos condôminos 5. Criar um canal on-line que possa ser acessado de forma fácil pelos moradores que contenha todos os gastos com serviços e manutenção 6. Anexar à pasta de prestação de contas todos os recibos e notas fiscais, mesmo aqueles relacionados a pequenas compras 7. Informar mensalmente aos moradores as despesas com o prédio, o que costuma vir no verso do boleto do condomínio. Foto: divulgação
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Colírios
Uso incorreto de colírios pode provocar glaucoma e até cegar, pingar em excesso prejudica a visão. Médicos recomendam que tratamento seja seguido com rigor por TATIANA CAVALCANTI/FOLHAPRESS
O uso incorreto ou demasiado de colírios à base de corticoide pode causar o aumento da pressão dentro dos olhos e, com isso, desenvolver uma doença silenciosa, que pode demorar anos a mostrar os sintomas, e até levar à cegueira: o glaucoma. Os maus hábitos ao cuidar dos olhos vão ter consequências no futuro, e o problema pode ser irreversível, já que o glaucoma não tem cura. Por essa razão, destacam os especialistas, a importância de pingar os remédios nos olhos no horário indicado e quantas vezes forem solicitadas pelos médicos. Nem mais, nem menos. “Colírios à base de corticoide, quando usados cronicamente e sem acompanhamento médico, podem causar aumento da pressão intra- ocular que é um dos fatores que causam glaucoma”, afirma Lísia Aoki, oftalmologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Os sinais do glaucoma, segundo ela, são aumento da pressão ocular, perda de campo visual (vê adiante, mas não laterais) e perda da visão (sintoma tardio). “Dor pode aparecer em casos específicos de glaucoma, como o agudo”, explica Lísia. A oftalmologista revela os erros mais comuns no uso de colírios. “O paciente esquece de usar o remédio na dose adequada. Às vezes pinga uma vez ao dia ou nenhuma. Outros, ainda, pingam mais do que deveriam”, afirma. A facilidade para comprar esses colírios nas farmácias, sem receita, é criticada pelo oftalmologista Marcelo Pereira de Macedo, da Clínica Megamed. “Antibióticos que às vezes causam menos danos que colírios à base de corticoides precisam da receita médica. Um remédio que, se usado de forma errada, pode levar à cegueira, é livremente comercializado. Ele explica que o corticóide nos colírios pode se tornar um vilão. “Se usado indiscriminadamente, danifica a estrutura do olho. O aumento da pressão intra-ocular provocado pelo glaucoma, que causa lesões no nervo ótico, compromete a função visual.”
Arte: Folhapress
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