Braganรงa Paulista
Sexta
15 Setembro 2017
Nยบ 918 - ano XVI jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
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Jornal do Meio 918 Sexta 15 • Setembro • 2017
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br
Atenção constante, prudência ativa
compromisso fraterno por Mons. Giovanni Baresse
Os três pontos que dão
na cabeça, o celebrante afirma
to de repúdio com a situação.
oferecida para a leitura se coloca
título a esta reflexão
que o batizado é inserido em
Começa o questionamento,
o que chamamos de correção
Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS
foram oferecidos pela
Cristo, que é sacerdote profeta
também entre os cristãos, se essa
fraterna. Quando alguém erra,
Palavra de Deus própria do 23º
e rei. Sacerdote porque oferece
autoridade deve ser obedecida
o primeiro passo é ir conversar
terceiro do domingo do tempo
sua vida para que o projeto da
e se as suas determinações de-
discretamente. Se isso não der
comum das celebrações da Igre-
salvação se realize; profeta por-
vem ser cumpridas. Paulo, num
certo, buscam-se mais duas ou
ja. O ponto inicial é o escrito
que olha a realidade com o olhar
primeiro momento, fala do res-
três pessoas. Não havendo su-
tenham sua raiz numa aventura,
do profeta Ezequiel (33,7-9).
de Deus e deve auxiliar os seus
peito que se deve ter para com
cesso na correção, coloca-se a
mas nos levem a ação concreta
Partindo da realidade da missão
irmãos a não errar o caminho;
quem exerce a autoridade. Num
comunidade a par da situação.
de auxiliar a redenção de pessoas
das sentinelas das cidades do
rei porque irmãos e irmãs do
segundo momento vai lembrar
Não ouvindo a comunidade essa
e situações que causem sofri-
seu tempo, ele traz o senso da
Senhor não fomos feitos escra-
que se a lei é injusta ela deve ser
pessoa não fala nem age mais
mento, dor, injustiças e sirvam
responsabilidade e da vigilância
vos de nada nem de ninguém.
desobedecida. Mas, aqui vem o
em nome da comunidade. Não
de estopim para o ódio e a raiva.
constante. Segundo as normas as
A primeira palavra, tirada do
desafio para a ação: qualquer
pertence mais a ela: é um pagão,
As atitudes do Papa Francisco
sentinelas eram responsáveis pela
texto de Ezequiel, para quem é
atitude deve ser marcada pelo
um pecador público. Necessita
em sua visita a Colômbia cami-
segurança das cidades. Deviam
cristão e membro da Igreja é a
cumprimento dos mandamentos.
converter-se para poder voltar.
nharam para este horizonte. Sua
alertar a população na observação
que lembra a responsabilidade
E eles se resumem em amar o
Todos passamos pela experiência
proposta de perdão e reconcilia-
de qualquer perigo. Se fossem
profética. Estar sempre vigilante
próximo como a si mesmo. A
de saber erros, especialmente
ção entre a sociedade civil e os
desatentas responderiam com
para que os caminhos da vida
revolta contra leis injustas deve
dos outros! E o caminho mais
guerrilheiros das FARC parece
a própria vida pelos danos. Se
levem à plena realização do Rei-
ser marcada não pelo ódio, raiva
fácil é falar disso aos quatro
impossível. Como perdoar quem
dessem o alerta e ninguém dessa
no de Deus e para que ninguém
ou vingança, mas sim na busca
ventos ou, numa expressão mais
matou familiares; quem seques-
atenção não seriam consideradas
se perca. A prudência ativa é
do bem. E isso exige prudência
chula, “jogar no ventilador”! O
trou crianças? Como perdoar
responsáveis. Este trecho intro-
trazida pelo trecho da carta de
ativa, isto é, ação não aventu-
caminho que o Senhor propõe é
autoridades que abusaram do
duz a análise da consequência,
Paulo aos Romanos (13,8-10).
reira na busca do bem comum.
não esquecer a fraternidade que
poder constituído? A Palavra
para os cristãos, de que ao re-
Estamos na época do imperador
Por fim o texto do Evangelho de
une e se sente corresponsável em
de Deus desafia a cada um de
ceberem o batismo participam
Nero, conhecido por sua excen-
Mateus nos coloca no capitulo
resgatar quem erra. O exercício
nós. Mas no fundo nós sabemos
daquilo que Jesus Cristo é. No
tricidade e falta de escrúpulos
(18,15-20) que tem como linha
da profecia (olhar a realidade à
que só o perdão, a reconciliação
rito batismal, no momento da
no gasto do dinheiro público.
mestra o desejo de buscar quem
luz da Palavra de Deus) nos deve
podem reconstituir laços de
unção com o óleo do Crisma
Começa a brotar um sentimen-
erra para que se corrija. Na parte
mover a tomar atitudes que não
convivência.
Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
(?) do Oriente: dividiu a Igreja em 1054
Apontou (?) Ullmann, atriz
Elemento central do romance policial
"(?) Dollar", conto machadiano Salada, em inglês 501, em romanos
Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica (Geol.)
Índia, no alfabeto fonético Museu Oscar Niemeyer (sigla) Família tipográfica criada em 1996
Arma do troglodita Massa (símbolo)
O réu julgado ainda que ausente
"Federal", na sigla DF A resposta verbal mais lacônica Desgastou progressivamente "(?) Man", canção do Black Sabbath
Metal do grupo das terras-raras Base de uma composição musical
Acontecimento desastroso
Maior ave da fauna brasileira Personagem de Mário de Andrade conhecido como o Herói sem Nenhum Caráter
Atração da festa de Parintins (?) Vox, vocalista da banda U2
Opõe-se a "d.C.", em datas históricas
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Solução
E S S U G R D I M R A
O V U A I V R C O U I S S S I M O N A F S L O E U A D E A N B Z I M A
BANCO
Auge Um dos pecados capitais
Tecido da lapela do "smoking"
O
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
Roentgen (símbolo)
A V E R D A N A
a Educação. É fácil perceber que os cenários acima são profundamente distantes daquilo que assistimos no Brasil. O desmonte do Estado intervencionista, iniciado no governo Collor, é perverso por se aplicar em uma sociedade que nem de longe possui a justiça social e a correção econômica que permitam aos seus cidadãos atravessarem esta mudança sem um custo social e humanitário altíssimo. Não temos as condições objetivas para que as privatizações, realizadas sem estudos e sob a influência de setores econômicos privados que, comprovadamente, compram partidos políticos e seus políticos para a aprovação de medidas que os beneficiam em detrimento do abandono de milhões de pessoas lançadas a própria sorte sem nenhum controle sobre o que lhes espera. O projeto perverso de privatização é realizado para que alguns grupos e algumas empresas se apropriem do patrimônio público que, no Brasil, não funciona por culpa dos diversos governos e grupos políticos que veem o Estado como um elemento de enriquecimento ilícito e cuja lógica é pervertida ao custo da morte e da miséria de milhões de pessoas. Para comprovar a mentira da privatização, bastam algumas perguntas, com respostas mais que óbvias – o quanto em dados oficiais as privatizações já realizadas aliviaram o orçamento público? O quanto em dados oficiais a suposta economia do Estado foi revertida em melhorias para a população? O quanto em dados oficiais as privatizações tornaram o Estado mais eficiente? O quanto em dados oficiais a redução do Estado significou numa maior agilidade para a resolução de questões sociais e econômicas que nos afligem? O quanto em dados oficiais as privatizações melhoram de fato os serviços que se tornaram privados? O quanto em dados oficiais do dinheiro adquirido pelo Estado ao longo das privatizações foi destinado para o serviço público e não desviado em forma de corrupção para apartamentos e afins? A privatização realizada no Brasil é tão mentirosa, ineficiente e corrupta como a nossa classe política e a nossa sociedade civil que aplaude a tudo isso e a defende, além de praticá-la, como um mal necessário.
I R O N
São tantos os escândalos que tomam conta dos noticiários que a questão da privatização de setores econômicos importantes e estratégicos controlados pelo governo fica em segundo plano e, o que é pior, se apresenta como a solução para nossos problemas econômicos e políticos o que, por sua vez, é uma mentira. Antes de pensar sobre a quantidade de dinheiro encontrado em um apartamento, cuja posse é de um político que tem uma série de acusações a mais de 30 anos, é necessário refletir sobre o significado profundo do que é a privatização. A privatização de setores econômicos e estratégicos geridos pelo Estado é parte de um modelo de Estado adotado no final da década de 70, do século XX, quando o chamado EBES, Estado de Bem-Estar Social, apresentou seu limite de operação e de funcionamento o que levou aos governos de alguns países, como os EUA e a Inglaterra, os países paradigmáticos desta mudança, a abandonarem o severo intervencionismo econômico e implementassem um programa de privatizações dos mais variados setores controlados pelo Estado. No entanto, estes países apresentavam condições materiais, sociais e econômicas para que tal mudança ocorresse, ainda que os seus efeitos nefastos sejam sentidos até hoje, de forma mais ordenada, ou seja, existiam condições objetivas para a mudança da política de Estado que as privatizações mais “responsáveis” fossem realizadas. Outros países mantiveram a estrutura do EBES e alcançaram altos níveis de desenvolvimento econômico e altíssimos padrões de vida, mesmo sob as mais severas condições geográficas, como a Noruega e a Suécia, com altos índices educacionais e uma drástica redução nos índices de criminalidade em uma associação entre melhora no padrão de vida e de educação, fazendo com que inúmeros presídios fossem fechados nos últimos anos por conta da falta de presos. Não são paraísos na Terra, enfrentam alguns problemas, mas são capazes de resolvê-los de maneira eficiente. Além disso, possuem os políticos mais eficientes e baratos de todo o mundo, onde a corrupção é virtualmente inexistente. Isso sem contar o Canadá que adota um sistema misto, com intervencionismo e a manutenção do EBES em áreas consideradas fundamentais, como
País que pertenceu ao Brasil até 1828
Negligente com seus deveres
P P R E M I O U R G T R A M A A I N M S A L A D D I E R E V E L M C L I TR I O L P H T A L E I M A A C U
por pedro marcelo galasso
Microrganismo que matou cerca de 40 milhões de pessoas entre (?) da Praça de Maio, 1918 e 1919 associação argentina que busca desaparecidos da ditadura
F A G E M
Privatização
Esporte em que se utiliza o florete
4/iron — miss. 5/clava — revel — salad. 7/verdana. 10/pirandello.
A Mentira da
© Revistas COQUETEL
Autor de "O Falecido Mattia Pascal" "Ocupante" do sarcófago egípcio
Recompensa das companhias aéreas aos seus clientes fiéis
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Jornal do Meio 918 Sexta 15 • Setembro • 2017
por Shel Almeida
Hoje se tornou comum a reutili-
nostalgia que, invariavelmente, se en-
zação de itens, seja reformando-
contra em antiquários. O bairro, assim
-os, seja repassando para alguém
como a Vila Aparecida, também um dos
aquilo que não lhe agrada mais. Roupas,
mais antigos, é uma mistura do moderno,
móveis, eletrônicos, utensílios de casa,
(há um prédio espelhado bem em frente
não importa. Por mais que seja algo
à Igreja), com o datado, com construções
antigo, ou mesmo ultrapassado para
que parecem ter parado no tempo e nos
alguns gostos pessoais, sempre é possível
fazem imaginar a cidade na época das ruas
encontrar um novo uso ou um novo dono
de terras, quase rurais. Curiosamente, os
para determinado objeto. Em uma época
dois antiquários refletem essa caracte-
em que quase nada é feito para durar, ou
rística do lugar, já que são opostos entre
porque é um produto frágil, como alguns
si. Enquanto um tem a desorganização
móveis ou acessórios, ou porque a tecno-
como atrativo decorativo, o outro parece
logia avança ano a ano, como celulares
uma exposição de design de interiores.
e computadores, o consumo é o que
Pode parecer que não há semelhança
determina o prazo de validade e de uso
entre eles, mas há. Além do fato, óbvio,
dos itens que nos acompanham no dia a
de trabalharem com objetos antigos, é
dia. No entanto, há um movimento que
evidente o gosto pelo que fazem e como
tenta repensar essa maneira de consu-
isso passou de geração à geração.
Parece parte de um portão mais é um tipo de coroa que ficava em cima de grutas em fazendas, onde se faziam oratórios para imagens de santos, na época do império.
mir. Primeiro, por questões ecológicas, já que quanto mais consumo, mais lixo
Antiquário Bacana
e menos matéria prima natural. Segun-
Quem comanda o Antiquário Bacana é
do, por questões financeiras e de crise
Antônio Ferreira dos Santos junto com
econômica mesmo. Se não dá mais para
a filha Lara Inaê da Silva Santos. O
comprar roupas novas a cada estação,
lugar existe há 10 anos e ali é possível
por que não trocar com as amigas ou
encontrar de tudo. Desde videocassetes
comprar em brechós? Se o seu celular já
e máquinas de escrever, até placas de
não atende mais as suas necessidades,
trânsito e carteiras escolares. Segundo
que tal vender ou mesmo doar para
o proprietário, tudo começou por seu
outra pessoa? Mas, por mais que esse
gosto em adquirir coisas antigas. Aos
repensar o consumo pareça algo novo,
poucos os objetos foram se acumulando,
não é. Além dos motivos já citados, há
alguns conhecidos foram se interessando
também quem procure coisas usadas ou
e ele decidiu montar um espaço para
antigas principalmente pela questão do
que pudessem ser expostos e vendidos.
gosto pessoal e da valorização da história
O objeto que mais tem procura são as
por trás daquilo que parece velho. Mas
facas soracabanas, usadas por tropeiros
quem disse que o que é velho ou antigo
que atravessam o país e que as tinham,
é ruim ou não serve mais?
também, como objeto de troca. “Eu nem
O Jornal do Meio visitou dois antiquários
consigo colocar essas facas para expor
para descobrir o que motiva as pessoas
aqui na loja. Quando chega uma já ligo
a procurarem por algo que já tem alguns
para algum interessado, enquanto outros
anos de uso. E encontrou curiosidades e
estão na fila de espera. Quem compra
uma maneira de enxergar o mundo que
são colecionadores. Essas peças não são
pode até ser considerado peculiar.
fáceis de repor porque elas nunca param
Rádios e máquinas de escrever. Alguns mais antigos que os outros, mas todos funcionando.
aqui”. Muitas vezes Antônio acaba sendo Nostalgia
apenas o intermediário entre quem quer
Coincidência ou não, os dois antiquários
vender e quer comprar.
que visitamos ficam no bairro Santa
A bagunça organizada do espaço é o
Luiza, um dos mais antigos da cidade.
que mais gera curiosidade dos clientes.
A região em si já traz um certo clima de
São objetos amontoados, pendurados,
Antônio tem o Antiquário Bacana há 10 anos. Começou com o gosto de guardar coisas antigas até que virou negócio.
Máquinas de costura e chaleiras com mais de cem anos. Objetos eram resistentes e pesados.
Aparelhos da época da discagem telefônica e um gravador de modelo usado durante a ditadura.
Jornal do Meio 918 Sexta 15 • Setembro • 2017 acumulados e misturados. E esse é o
com as peças que não levaram.
charme do lugar. Quem chega ali fica
“É importante participar da feira para
perdido sem saber para onde olhar pri-
conquistarmos clientes novos. Porque o
meiro e, segundo Antônio, as pessoas
problema de se trabalhar com esse tipo
gostam que seja assim para poderem
de antiguidade é que os clientes ficam
ter o prazer de garimpar. “Tem gente
com a peça por um bom tempo, então
que chega aqui procurando por uma
demoram para voltar. Mas às vezes re-
coisa e acaba encontrando outra que
tornam, depois de uns quinze anos, com
nem imaginava. Gente de fora da cidade
um cartãozinho antigo”, brinca Ieda.
vem até aqui, porque viu alguma coisa
O trabalho no Arco da Velha é minucioso.
pela internet. Já aconteceu de objetos
De forma geral os móveis chegam em
que saíram daqui irem parar em cenário
um estado desgastado. Para entrar no
de novela ou filme. Tudo aqui é antigo,
catálogo passam antes por uma reforma:
muitos têm mais de cem anos, outros
troca de estofados, pintura, o que for
são dos primeiras décadas do século
necessário. E ficam como novos. “Alguns
passado Mas está tudo em perfeito es-
desse móveis têm mais de cem anos,
tado e funcionando”, conta. Às vezes
outros são réplicas de móveis franceses,
ele recebe encomendas também, a mais
por exemplo. Tem gente que chega aqui
inusitada foi de uma pessoa que queria
dizendo que queria muito um móvel an-
um penico. Decoradores passam sempre
tigo, mas a família não aceita. Quando
por ali, procurando algo que pode ser
volta com a família, consegue mostrar
reutilizado ou transformado. O maior
que antiguidade não é exatamente o
público é de mulheres, pelo mesmo
que eles estão imaginando. quem diz
motivo, estão à procura de objetos para
que não gosta, quando chega aqui se
decoração. O próprio Antônio, muitas
surpreende”, conta Dona Geny.
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Espelhos, cristaleiras, lustres, criados-mudos, mesas, aparadores. As antiguidades do Arco da Velha são restauradas e reformadas antes de ir para exposição.
vezes, faz essas adaptações. Uma cama virou uma espreguiçadeira. Televisões de
“As pessoas que nos procuram querem peças
tubo serão transformadas em aquário.
únicas. Acontece, por exemplo, de procurarem
Cada objeto ali é único, e é isso que a
uma poltrona que temos aqui, mas de outra
clientela procura; exclusividade.
cor. Aí reformamos para deixar como a pessoa deseja. Outras mandam mensagem dizendo
Arco da Velha
que procuram uma cristaleira de determina-
Mais do que um antiquário, o Arco da
do modelo. Apresentamos as que temos no
Velha é um lugar de aconchego. Não só
mesmo estilo, porque idêntica nunca vai ser.
porque o espaço é repleto de cadeiras e
As peças de antigamente eram realmente
poltronas convidativas, mas porque as
feitas para durar, e eram todas feitas à mão,
responsáveis pelo lugar, a senhora Geny
por isso, exclusivas”, explica Ieda. Elas já
Mestre Silveira e as filhas Ieda Gomes
chegaram a vender, pela internet, peças para
Carneiro e Maria Zilda Silveira Santos
um comprador que vive em Belém do Pará.
são muito boas de papo. Tudo começou
Outro, do Piauí, as conheceu em São Paulo e
a cerca de trinta anos, como uma loja
pretende visitar a loja pessoalmente, em breve.
comum de móveis usados, só depois que
O que as proprietárias salientam é que
se tornou um espaço de antiguidades,
móvel usado não é móvel antigo, Para ser
basicamente com móveis também, porém
considerado antigo, precisa ter pelo menos
móveis diferenciados.
um século de fabricação. Móveis de 20, 30, 40
Hoje, as vendas ocorrem, na maior
anos, não são antigos, apenas usados. Os da
parte, graças a internet. Segundo Ieda
década de 1970 para frente são considerados
o público em Bragança é bem restrito.
móveis de época.
Público desse tipo de antiguidade de uma
“A antiguidade entra e sai de moda de tempos
forma geral é, então nada melhor do que
em tempos. Hoje estão procurando muito
a rede mundial de computadores para
os dos anos 70. Mas logo voltam a procurar
unir possíveis compradores aos locais
novamente pelos antigos realmente”, falam.
Reutilização: o que antes era usado como prateleira para livros hoje costuma ser comprado como móvel para a cozinha
de venda. Outra forma de aproximar da clientela é participar semanalmente da
Para conhecer mais sobre os antiquários,
feira do bairro do Bixiga, em São Paulo.
acesse:
E lá vão elas, todo domingo, selecionar
www.facebook.com/antiquariobacana/
peças, carregar caminhonete, descarregar
www.facebook.com/pg/antiguidadesar-
caminhonete, mostrar álbum de fotos
codavelhabp
Objetos de decoração também são procurados, mas em menor quantidade.
Dona Geny e as filhas Ieda e Zilda. Antiguidades Arco da Velha existe há cerca de 30 anos no mesmo local.
Espelhos com molduras únicas e exclusivas são destaque entre as antiguidades
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Jornal do Meio 918 Sexta 15 • Setembro • 2017
‘Tribalistas é férias,
não pode ser trabalho’
Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown destacam a diversão como maior razão para retomar projeto, segundo disco do trio é lançado 15 anos depois da estreia, mas artistas nunca pararam de fazer músicas em parcerias Por THALES DE MENEZES/FOLHAPRESS
“Tribalistas” está nas lojas e nas plataformas digitais. Leva o mesmo título do disco de estreia do projeto conjunto de Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte, que foi o grande sucesso da música brasileira em 2002. O segundo trabalho vem num pacote farto. O CD com dez faixas inéditas terá nas lojas a companhia de um DVD que mostra os músicos tocando todas as músicas no estúdio e no mundo digital o formato “hand album”, que traz além do áudio encarte com letras, ficha técnica e fotos. Quem esperar ruptura musical vai encontrar na verdade as certeiras harmonizações vocais e o instrumental rico do primeiro disco, em versão mais depurada. “A gente não foi atrás de um conceito musical novo, não é uma banda fazendo carreira e querendo se renovar a cada disco. É só vontade de mostrar essas músicas”, diz Arnaldo à Folha, dando entrevista em Copacabana. “Do jeito que a gente toca na varanda”, acrescenta Marisa. Brown entra na conversa, como se fizesse uma solene declaração de intenções dos Tribalistas, arrancando risos: “Não transgredir nem agredir nem agradar!”. Na verdade, o trio nunca parou de trabalhar junto. Nos discos individuais que lançaram entre os dois álbuns dos Tribalistas estão 23 canções escritas pelo trio. Se foram contadas também parcerias de apenas dois deles, o número sobe para 57 músicas. O álbum surge como lugar para reunir novas canções, que poderiam seguir espalhadas nos discos de cada um. “A gente achou que essas músicas ganhariam potência gravadas pelos três. Se um de nós gravasse ‘Diáspora’ ia ser lindo, mas com os três é mais forte”, diz Marisa. As quatro músicas liberadas na internet antes do lançamento apontavam uma sonoridade semelhante ao primeiro disco, mas se “Aliança” e “Fora da Memória” retinham uma leveza que marcou a estreia, “Diáspora”, sobre refugiados, e “Um Só”, sobre a política, mostraram o trio mais contundente. a mudança é o mundo Para Marisa, há uma mudança importante entre 2002 e 2017 que se reflete nas canções, mais do que mudar timbres ou textura do som. “A mudança é do mundo. O trabalho reflete o que vivemos.” “Tem músicas, como ‘Fora da Memória’ e
‘Ânima’, que são mais reflexivas”, continua. “Já ‘Feliz e Saudável’ e ‘Aliança’ falam com está do seu lado, ‘Diáspora’ e ‘Lutar e Vencer’ falam do mundo.” Esta última poderia ser trilha da ocupação das escolas pelos estudantes em protestos. Marisa visitou as ocupações no Rio, e Arnaldo fez o mesmo em São Paulo. Se o disco passa uma sensação de alegria na música do trio, o DVD deixa isso escancarado. “É muito prazeroso”, diz Arnaldo sobre o trabalho. Eles gravaram uma música por dia, “das três da tarde até a hora que
terminasse a faixa”, lembra Marisa. “A gente quis preservar isso”, explica a cantora. “Essa intimidade, esse conforto. A gente não precisa de muito. Com nosso material e poucos amigos em volta, a gente tem tudo o que deseja.” Brown diz que o importante é a diversão, e deixa a frase de impacto para a parceira: “A gente não quer transformar isso em trabalho. Queremos que continue sendo férias para a gente!”. REVELAÇÃO
Quando fizeram o primeiro álbum, não tinham expectativas. Sabiam que não eram uma banda, mas ganharam até prêmio de grupo revelação. “E aceitamos!”, riem. Arnaldo define o trabalho como algo próximo de discos de colaboração, de muita tradição na música brasileira, “como Elis e Tom, Bethânia e Chico, Doces Bárbaros”. Turnê? Neste ano não vai acontecer. Brown está na TV, no “The Voice”, Marisa viaja para shows com Paulinho da Viola, e Arnaldo acaba de lançar DVD gravado em Lisboa. Em 2018, quem sabe? Foto: Zo Guimaraes/Folhapress
Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown posam para sessão de fotos em uma sala do hotel Copacabana Palace.
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Meningite C
Sintomas da meningite C são similares aos de uma virose, transmissão acontece no contato próximo com pessoas, pelas vias respiratórias. A bacteriana é grave por TATIANA CAVALCANTI/FOLHAPRESS
Mais predominante no Brasil, a meningite C é uma doença transmitida pelo ar e merece atenção especial. Os sintomas podem facilmente ser confundidos com uma simples virose. Em casos mais extremos, pode até levar à morte, se não for tratada adequadamente. Em geral, a transmissão acontece no contato de pessoa a pessoa, por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz. Para tal, é preciso haver convívio próximo com residentes da mesma casa, quarto, creche, escola, ou até contato direto com as secreções respiratórias do paciente. “A meningite C pode ser muito agressiva. É uma bactéria que passa pelo organismo, vai para a corrente sanguínea, inflama as meninges e ataca o cérebro. Por isso é fundamental a rápida detecção da doença”, afirma Vanessa Lentini Spilleir, professora de infectologia da Faculdade Santa Marcelina. “É a bactéria do mal”, resume. A especialista afirma que os sintomas, alguns similares aos de uma virose, podem aparecer entre três e cinco dias após a contaminação. “Os mais comuns são dor de cabeça, febre alta e vômito. A diferença é que o paciente com meningite chega ao consultório mais debilitado. Esse quadro é mais grave”. Os grupos mais suscetíveis à doença são crianças menores de 5 anos, com mais risco aos menores de um ano, e maiores de 60 anos. Pacientes com doenças crônicas ou que baixam a resistência, como insuficiência renal crônica, diabetes e HIV, também possuem maior risco de contrair meningite. O pediatra e neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que a meningite viral também pode se assemelhar a um resfriado, mas não deixa sequelas. “Já a bacteriana é grave. Pode causar convulsões e lesões no cérebro, até levando à morte”, afirma. Vacinação é ampliada a adolescentes O Ministério da Saúde ampliou, este ano, a faixa etária para vacinação contra a meningite C. Além das três doses para menores de um ano, os adolescentes de 12 e 13 anos também devem ser imunizados em três etapas. “Essa é uma doença que se espalha facilmente em locais de grande aglomeração, como metrô. Por isso, entrou no calendário vacinal”, afirma a infectologista Vanessa Lentini Spilleir.
Arte: Folhapress
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