Braganรงa Paulista
Sexta
6 Outubro 2017
Nยบ 921 - ano XVI jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
2
Jornal do Meio 921 Sexta 6 • Outubro • 2017
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br
A culpa é
por Mons. Giovanni Baresse
dos outro!
Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão.
O mês de outubro, para
angústias e as esperanças” das
são atribuídos aos antepassados.
que tenhamos consciência que o
a Igreja Católica é im-
pessoas. É preciso a aprofundar,
A geração do presente não quer
diabo tem nome, endereço, RG e
portante para recordar a
à luz do Evangelho, o diálogo e
assumir a responsabilidade por
CPF! Ou o leitor acha que a ope-
participação de todo o batizado
a colaboração dos cristãos com
sua acomodação lamurienta. E
ração “Lava Jato” foi tramada no
na Missão de Jesus Cristo. Chama-
a sociedade, buscando identifi-
reclama daquilo que pensa ser
Averno? “Petrolão”, “Mensalão”
mos outubro de “mês missionário
car as questões que desafiam a
o modo de agir de Deus a quem
e infinita quantidade de outras
ou das missões”. Por um tempo
dignidade da pessoa humana, a
continua culpando por um cas-
intervenções capitaneadas pelo
exterior aos projetos de Deus. Sem
era o momento de caracterizar
construção da paz, a superação das
tigo que vê como perene. Não é
Ministério Público e Polícia Federal
sua efetivação, de nada servirá. Um
a entrega da vida de muitos ho-
discriminações raciais e religiosas,
difícil em nossos dias continuar
são “obras” humanas! Sem dúvida
posicionamento negativo, que venha
mens e mulheres que, deixando
dos preconceitos, da violência.
atribuindo a outros a culpa de
inspiradas pelo espírito do mal!
a ser mudado, torna real a afirmação
pátria, família dedicavam-se à
A caminhada dos cristãos deve
tudo o que acontece de ruim.
Mas as atitudes e sua execução
de vida, afastada num momento
evangelização em terras distantes.
prosseguir na atualização dos
Até mesmo ao diabo! E o que o
dependeram das vontades dos
inicial. Nosso caminho é fazer com
Este modo particular, embora
métodos para um anúncio mais
diabo tem a ver com isso? Mui-
envolvidos. Esta afirmação, de
que nossos atos de culto, nossas
digno, de encarar a Missão, foi
aderente da razão de sua missão:
to! Há uma forte tendência, em
nossa responsabilidade, encontra
convicções de fé, não separem Vida
sendo aprofundado, esclarecido e
o Evangelho de Jesus. Lembra-se
determinadas visões religiosas,
seu apoio no Evangelho de Mateus
e Crença. Nossa fé deve ser vivida
ampliado pelos ensinamentos do
a presença da Igreja em diversos
em atribuir a ação diabólica os
(21,28-32) onde se coloca o fato
com os pés no chão, no barro do
Magistério da Igreja. Já o exemplo
campos. Instiga-se a enfrentar
nossos males e mazelas. Joga-se
de dois filhos que respondem, de
dia a dia. Para que se perceba que a
de Santa Terezinha do Menino
metas desafiadoras: a reforma
para o campo do sobrenatural o
forma diferente, aos pedidos do
maldade é fruto daquilo que sai do
Jesus tinha sido um forte sinal:
política, o relacionamento com
que é realizado no campo humano.
pai. Chamados ao trabalho, um
coração (Marcos 7,14-23). A maldade
sem sair do Carmelo fez de sua
os meios da comunicação, os
Para justificar falta de trabalho,
diz que vai e não vai. O outro diz
é fruto da aceitação da inspiração
vida uma consagração missio-
avanços das diversas tecnologias e
desventuras matrimoniais, perda
que não vai e vai. Desta parábola
do Mal. Só será superada pela con-
nária de levar Jesus a ser amado
os princípios éticos que as devem
de bens, doenças, invoca-se a
se infere que não adianta uma
versão. Um gesto religioso pode ser
por todos! Mais perto de nós, o
nortear, a relação com o aspecto
presença do tinhoso. Tal como
obediência externa que não leva
motivador. Mas por si só não muda
documento do Concílio Vaticano
laico do Estado, a superação da
no tempo de Jesus, para ficar-
a atitude de fazer o que se deve.
nada. É tal como um anestésico que
II “Gaudium et Spes” já recordava
cultura do descartável, etc. O
mos dentro do contexto bíblico.
Uma resposta negativa, num pri-
pode aliviar a dor, mas não pode
que a missão de todos os crentes
grande desafio que se tem hoje é
Por que atribuir ao demônio a
meiro momento, superada pela
curar doença em andamento. Esta
em Cristo é a participação ativa na
apontado, em sua atualização, às
causa das nossas desventuras?
adesão num momento posterior,
precisa de intervenção que elimine o
construção da história de todos
palavras do profeta Ezequiel na
Porque a coisa se resolverá com
realiza o que se devia fazer. Isto
processo causador do desconforto.
os povos. Os cristãos não podem
Babilônia (Ez 18,25-28). As limita-
rito religioso e não com a busca
serve para chamar a nossa aten-
A culpa é do diabo? Em parte. A
ignorar “as alegrias e tristezas, as
ções, os sofrimentos do presente
das causas dos males! É preciso
ção para uma adesão meramente
parte maior é nossa!
As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
Tonsura circular dos monges O de 1960 elegeu Jânio Quadros
por pedro marcelo galasso
Se, em inglês Grama (símbolo)
Jogo de (?): sua exploração foi proibida no Brasil em 1946
Próton (símbolo) A origem da rocha como o granito e o basalto Mato Grosso do Sul (sigla)
O cupido, na Grécia "O Mágico de (?)", filme
Tonelada (símbolo) (?) 80: a Década Perdida do Brasil, no campo da Economia Interjeição vocativa
(?) falho, conceito da teoria freudiana Até; também Queijo de soja
Com ela a anta apanha os alimentos
Locais de pesquisas arqueológicas
Trunfo eleitoral de FHC em 1994 Partícula atraída pelo íon positivo
Isto é (abrev.)
Jovem que auxiliava o cavaleiro medieval
A 17a letra do alfabeto grego
Casa de (?): o prego (pop.) Pulo Divindade cultuada pelos dervixes Lógicos (?) cósmico, formação que teria precedido o universo (Fil.) Momento da Missa no qual o vinho se transforma no Sangue de Cristo (Catol.)
BANCO
Elemento usado no fabrico de vidros de alta resisBenévola tência
O século que inicia Ânsia; soa Idade freguidão Média
Estado natal de Barack Obama Argila rica em óxido de ferro
Ouro de (?): a pirita (Min.)
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Solução P N T I R L I T O T A O N D A O F U S T R O J E M A A L T V A I F C Ç Ã O
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
Relação vantajosa entre seres vivos
A A A L A V C A A P L E S I F I G N E M A I B A T I T I O C O O S P A E NT E S N C B H A O L O T A G R A
cabendo o julgamento violento sobre o tema. Segundo, durante todo o alvoroço sobre o MAM, nosso governo federal propôs uma série de negociações do REFIS que ultrapassaram os limites do aceitável e que marcam a postura de um governo ilegítimo que compra, da forma que for possível, apoio para a sua manutenção enquanto onera a sociedade brasileira e a corrompe com suas falsas promessas de sacrifício para o desenvolvimento e perdoa dívidas milionárias em até 90% e premia o saldo devedor com prazos de pagamentos de 14 anos. Vergonha imaginar que tal ação não tenha tido a mesma repercussão na vendida e corrupta mídia brasileira. Terceiro, neste pacote de perdões milionários não é surpresa a notícia de que a Receita perdoou mais de 200 milhões do jogador Neymar, símbolo de tudo o que o Brasil expressa de pior e, por este motivo, elevado ao patamar de herói para um país que nem de longe expressa o mínimo de decência e de honestidade, cuja construção se faz sobre figuras desprezíveis como o jogador acima. Em quarto lugar, fica o desespero de figuras como Bolsonaro, com seu discurso violento e inconstitucional, e Frota, ator de péssima categoria e cujo final de carreira é marcado por filmes que apresentam a temática que agora ele critica, ganharem força em uma sociedade civil que critica as apresentações artísticas, mas que alimenta suas crianças e jovens com músicas de baixa qualidade e com letras que estimulam o comportamento criticado, que reclama da corrupção, mas que é incapaz de agir de forma íntegra no que tange a coisa pública, que critica a cobrança abusiva de impostos, mas que não se move quando assiste ao perdão milionário de dívidas para setores e figuras que nem de longe contribuem para a construção de um país melhor e mais justo, que critica a pornografia e a pedofilia, mas tem um dos maiores índices de consumo de pornografia infantil via internet do mundo. Enfim, a dissimulação cai muito bem para uma sociedade que caminha com a razão e a desrrazão lado a lado.
Expressão que descreve o efeito da crise na Petrobras sobre a economia do País
2/if — rô. 4/boro. 5/coroa — ígnea. 6/tromba. 8/simbiose.
Tem sido cada vez mais comum o embate entre os setores mais conservadores e mais progressistas da sociedade brasileira que, por definição e História, é inculta, raivosa e violenta, além de incapaz do diálogo e da compreensão de seus próprios defeitos, imputando-os aos demais, ao povo ou a quaisquer outras denominações da moda e do acaso. A questão fundamental é – qual será o final deste embate? Qual desses setores, se é que são tão diferentes assim, é capaz de propor um horizonte que seja inclusivo ou que procure resolver nossos problemas mais urgentes, como a fome, a exclusão e a violência? Qual o cenário que se apresenta para a construção coletiva de um futuro, julgando que haja esse interesse coletivo, mesmo com as centenas de ações que tornam tal possibilidade improvável? Para ilustrar tal cenário, as últimas semanas foram exemplares. Primeiro, a polêmica do MAM. As mostras de arte são eventos específicos em um país que dificulta e impede o acesso e o acesso as concepções artísticas que nem sempre são palatáveis ao público mais conservador e desavisado. As críticas ao espetáculo são legítimas, pois nem sempre temos o consenso sobre nossa liberdade de expressão e nem sobre o que é a arte, mas os argumentos e a violência contida neles são tão assustadores com relação a performance, ou seja, as críticas ao espetáculo e sobre a participação de uma criança, acompanhada pela mãe que estava ciente sobre o teor do espetáculo segundo os avisos e indicativos no local do evento, devem ser construídas sem os argumentos da violência, da perseguição, das ameaças de morte e até de ataques ao MAM. Existem vias legais e jurídicas para as pessoas que se sentiram ofendidas ou que viram na apresentação um ato de pedofilia se posicionarem sobre o que foi apresentado. Tudo isso é normal em uma democracia que pretende desenvolver suas noções de aceitação ou de limite. No entanto, os discursos de ódio que vimos ao longo da semana ferem todas as noções de civilidade e ameaçam o horizonte constitucional do país. De novo, existem mecanismos legais e jurídicos para as contestações ou defesa do que foi apresentado no MAM, não
© Revistas COQUETEL
Dispositivo que controla a aeronave sem interferência humana Tribunal que julga questões trabalhistas em primeira instância
Tipo de pilha elétrica de alta durabilidade Ambiente Virtual de Aprendizagem (sigla)
G D I C C O R O A Z A R E R O P O Z T R O M O S I E O T L A C O E R T C O R O V O C O N S
A dissimulação
Rodar Grupo de canto orfeônico
Pintor cuja A pressão musa era arterial Marina ideal Montini (Fisiol.)
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Jornal do Meio 921 Sexta 6 • Outubro • 2017
por PHILLIPPE WATANABE/FOLHAPRESS
Em uma sala espelhada, 40 pessoas
e na saúde mental
e criadora do projeto Balleterapia.
quadros de dor.
enfileiradas fazem caretas e fecham
O tratamento da depressão, diz a profes-
Monsano suavizou e redesenhou posições e
Ele afirma que antes de iniciar qualquer
os punhos perto da cabeça: é a
sora, abrange medicamentos, psicoterapia
movimentos do balé clássico, como grandes
atividade é importante a realização de uma
hora do macaco. Destinado a pessoas com
e também atividade física. Ela afirma que
piruetas e giros, para possibilitar que seus
avaliação para determinar riscos cardíacos
depressão, o ensaio de dança é encerrado
as três formas de terapia trabalham jun-
42 alunos –maior parte entre 60 e 70 anos–
e de quedas.
com a mímica de um leão –acompanhada
tas, daí a importância de mantê-las em
pratiquem a dança. “É uma forma segura
Os especialistas também podem auxiliar
de tentativas de rugidos por alguns.
dia.”Independente da idade, atividades
para trabalhar com um organismo que já
na escolha de uma atividade que melhor
“No teatro oriental, os bichos são arquétipos
criativas promovem transformação pessoal”.
tem limitações”.
se enquadre às limitações do idoso, como
gestuais humanos, eles revelam emoções
Já outro projeto usa “pas de bourrée”,
“Em geral, quando as pessoas começam a
tai chi chuan e dança circular, modalidade
interessantes”, diz o coreógrafo Ivaldo Ber-
“sous-sus” e “arabesque” para incentivar
dançar, vemos que há um cuidado diferen-
que pode ser feita com as pessoas sentadas.
tazzo, um dos responsáveis pelo “Próximo
atividades sociais entre idosos. Se o leitor não
te com o corpo, mais amoroso. Aumenta
Segundo o geriatra, esse tipo de atividade
Passo - O Espetáculo”, projeto que, usando
está entendendo nada, calma, não precisa
o autocuidado”, diz Santana, da Unifesp.
traz ganhos cognitivos. “É como se estivesse
dança como terapia complementar, busca
pesquisar. A resposta é balé.
Segundo Alexandre Busse, geriatra do
dando uma reserva para o cérebro. Se essa
ajudar pessoas a enfrentar a depressão.
“Como temos uma sequência coreográfica
Hospital das Clínicas da USP, a atividade
pessoa estiver eventualmente sendo acome-
“Quando fazemos os bichos estamos pen-
diferente a cada aula, ela força a memorização
física para idosos é importante para manu-
tida por Alzheimer, ela demora mais tempo
sando em forças primitivas. Para o público é
e a capacidade de concentração. Eu percebo
tenção e desenvolvimento do equilíbrio e da
para desenvolver os sintomas, diz Busse.
uma expressão estética, mas internamente
um grande avanço nisso nos alunos”, diz
flexibilidade, o que auxilia na prevenção de
“A atividade física é a verdadeira pílula do
são músculos para serem trabalhados nas
Priscila Monsano, fisioterapeuta, bailarina
quedas. Além disso, pode ajudar a reduzir
envelhecimento bem-sucedido.”
forças mais essenciais.”
Foto: Patricia Stavis 20.09.2016/Folhapress
O resultado dos quatro meses de ensaios será apresentado no Sesc Vila Mariana a partir de 6 de outubro. “A depressão traz sensação de peso, as pessoas perdem a autoestima, a corporalidade”, diz Giuliana Cividanes, pesquisadora da Unifesp e consultora da Libbs, farmacêutica que patrocina o projeto. “A dança é um movimento lúdico ligado ao ritmo, à música, e atinge o corpo. É algo também feito com a mente.” Aranaí Guarabira, 44, diz que os ensaios para o espetáculo ajudaram-na a olhar para si mesma, “rasgar o corpo e falar ‘olha quem você é’”, numa espécie de processo de aceitação da doença. “Eu estava bem contida, um pouco com vergonha de estar passando por isso”, diz. Frequentadora de mais de uma década das corridas de São Silvestre, Ana Cintra, 60, se viu forçada a parar por causa de uma lesão. Usou os ensaios como “uma tábua de salvação” num momento em que começava a temer a chegada de outra crise depressiva. Carmen Santana, professora de saúde coletiva na Unifesp, afirma que estudos mostram que atividades como coral, artes plásticas e dança têm benefícios na qualidade de vida
Integrantes do projeto “Próximo Passo - O Espetáculo” durante ensaio. Foto: Marlene Bergamo/Folhapress
Aula do projeto Balleterapia, que adapta posições e movimentos do balé clássico para que idosos pratiquem a dança.
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Seguro ideal Saiba como escolher o seguro ideal para a sua casa por CAROLINA MUNIZ/FOLHAPRESS
Apenas 14,5% dos domicílios brasileiros têm seguro, de acordo com estudo da Fenseg (Federação Nacional de Seguros Gerais). O desconhecimento do consumidor em relação ao preço do serviço é o que explica a baixa contratação, segundo Danilo Silveira, porta-voz da instituição. “Imagina-se que, se o seguro de um automóvel de R$ 40 mil é R$ 1.500, por exemplo, o de uma casa de R$ 300 mil será muito mais caro, mas não existe essa relação”, diz. O valor médio do seguro residencial no país é de R$ 325 por ano, ainda segundo o estudo da Fenseg, publicado em fevereiro deste ano. Segurar um imóvel, em geral, sai mais barato por conta da menor frequência de danos. “Afinal, você presencia acidentes de trânsito a toda hora, mas é mais raro ver uma casa pegando fogo”, explica Federico Salazar, gerente de seguros patrimoniais da Caixa Seguradora. O pacote básico protege sempre contra incêndio, raio e explosão. Mas as seguradoras oferecem uma infinidade de coberturas adicionais, que variam de acordo com a necessidade de cada cliente. As mais comuns cobrem roubo, fenômenos da natureza, despesas de aluguel, danos elétricos e a terceiros. Na hora de contratar o serviço, é importante avaliar quais as coberturas são de fato essenciais para aquela residência. Se na região nunca houve ocorrência de ventos fortes, talvez não valha a pena incluir a proteção contra vendavais, por exemplo. Além disso, o seguro deve ser pensado para cobrir os sinistros de alta severidade, que são menos recorrentes e, por isso, custam pouco. “A cobertura daquilo que acontece com mais frequência fica mais cara, como danos elétricos e roubo”, diz Silveira. Esses também são eventos que têm prejuízos mais baixos e, assim, mais fáceis de serem recuperados. “A pessoa deve segurar só aquilo que vai quebrá-la se ela tiver que pagar”, afirma Alberto Ajzental, professor da escola de economia da FGV-SP. Segundo ele, as variações de preço do seguro são grandes. “Vale fazer várias simulações em diferentes empresas, para não acabar comprando nada a mais nem a menos do que se precisa.” A arquiteta Albertina Alves, 54, paga R$ 715 por ano para proteger sua casa na zona norte de São Paulo. O pacote cobre, além do básico, roubo, vendaval, queda de aeronave e responsabilidade civil familiar (danos a terceiros). Inclui também assistência 24 horas com vários serviços -desde chaveiro até reparo de eletrodomésticos. “Foi o que me ofereceram. O valor não é muito elevado e dá uma segurança”, diz ela. Já o diretor de importação Marco Antonio Franco Junior, 26, só contratou o seguro para o apartamento de 60 metros quadrados que aluga, próximo ao Horto Florestal (zona norte), porque foi uma exigência da imobiliária. “Se pudesse, não teria feito. Uma casa está muito mais suscetível a danos”, diz. Em um prédio, de fato, alguns riscos são reduzidos. Mas, no caso de um incêndio, o seguro obrigatório do condomínio só cobrirá a edificação e as áreas comuns, diz Jarbas Medeiros, superintendente da Porto Seguro.
Protege o imóvel contra eventos, onde quer que tenham se originado. Inclui tanto a edificação quanto os bens no seu interior Raio Segura contra qualquer dano causado por um raio que caia dentro da propriedade. Porém, se a descarga acontecer a poucos metros da residência, danos elétricos decorrentes dela não estarão inclusos ADICIONAIS Danos elétricos Cobre prejuízos a aparelhos e instalações elétricas em razão de curto-circuito e variações de tensão. Também inclui os danos causados por queda de raios fora do terreno Furto e roubo A cobertura é válida para os bens que foram levados da residência mediante violência física ou arrombamento. Para ter direito ao valor assegurado, é preciso apresentar o boletim de ocorrência Fenômenos da natureza Geralmente cobre vendaval, furação, ciclone, tornado e queda de granizo. Na maior parte das vezes, perdas causadas por enchentes não estão inclusas Responsabilidade civil familiar Contempla os danos materiais ou corporais causados involuntariamente pelo segurado, familiares, empregados domésticos e
animais de estimação a terceiros Perda ou pagamento de aluguel Se o imóvel precisar ser desocupado por causa de algum sinistro, o segurado recebe o reembolso dos aluguéis que deixar de receber ou que tiver que pagar Tumultos e greves Dá proteção contra manifestações e outros tipos de aglomerações que causem prejuízos à residência Impacto de veículos terrestres e queda de aeronaves Garante o imóvel no caso de choque de motos, carros, ônibus, caminhões, aviões e helicópteros * TIRA-DÚVIDAS 1. Tenho um seguro contra incêndio de R$ 500 mil, mas o fogo destruiu apenas R$ 200 mil da casa. Quanto eu recebo? A seguradora pagará R$ 200 mil, relativos ao custo de recuperação do imóvel e do que havia dentro. Se o prejuízo fosse maior que R$ 500 mil, o reembolso não excederia esse valor 2. O seguro é mais barato para quem mora em apartamento? Sim. Por estarem mais protegidos de roubos e fenômenos da natureza, imóveis em prédios, em geral, ganham descontos. Casas em condomínios fechados também
levam vantagem sobre residências na rua 3. Se fizer uma reforma no imóvel, preciso avisar à seguradora? Mudanças que possam alterar a característica do que foi contratado devem ser comunicadas, sob o risco de perda da cobertura -uma reforma grande, a compra de um aparelho caro ou uma viagem de mais de 30 dias 4. Para ser ressarcido no caso de roubo, é preciso ter nota fiscal do que foi levado? Sim, mas, se o segurado não tiver mais isso guardado, é importante que ele apresente provas de que os equipamentos estavam na casa -pode ser o manual de instruções, o controle da TV ou fotos 5. É preciso pagar franquia em algumas coberturas? As de incêndio e responsabilidade civil familiar não têm essa exigência. Nas outras, varia de acordo com cada seguradora. Danos elétricos e por fenômenos da natureza quase sempre só são cobertos acima de um valor pré-determinado Fonte: Danilo Silveira, porta-voz da Fenseg (Federação Nacional de Seguros Gerais); Federico Salazar, gerente de seguros patrimoniais da Caixa Seguradora; e Jarbas Medeiros, superintendente da Porto Seguro Foto: Patricia Stavis 14.09.2016/Folhapress
A arquiteta Albertina Alves; 54; em sua casa na zona norte de São Paulo. Foto: Patricia Stavis 14.09.2016/Folhapress
CÁLCULO CERTO Cabe ao consumidor sozinho ou com a ajuda de um corretor calcular o valor a ser segurado. Um erro é colocar o preço de venda do imóvel. O que conta, na verdade, é o montante necessário para a reconstrução da residência mais os bens no seu interior. “Ou pelo menos o suficiente para que, se a casa for destruída, a pessoa tenha como comprar uma nova”, afirma Ajzental, da FGV-SP. No caso do valor a ser ressarcido na ocorrência de um furto ou roubo, a conta deve ser feita em cima do que é mais fácil de ser levado -aparelhos eletrônicos. Joias e obras de arte geralmente exigem uma cobertura à parte. * É MELHOR PREVENIR Veja os planos que existem no mercado BÁSICOS Incêndio e explosão
O diretor de importações Marco Antonio Franco Junior em seu escritório em SP.
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Tédio
Casais devem abraçar o tédio, diz autora francesa em livro. A previsibilidade do dia a dia seria combustível para a confiança e para o apoio mútuo dentro da relação Por PHILLIPPE WATANABE/FOLHAPRESS
O tédio de saber quase tudo que seu companheiro fará pode ser um obstáculo para casais que estão juntos há muito tempo, principalmente em um mundo que valoriza o brilho e “as cores que nunca desbotam”. Esse sentimento, contudo, deveria ser abraçado e considerado algo que nutre o relacionamento. É o que diz Claude Habib, autodenominada conjugalista, professora da Universidade Sorbonne e autora do livro sobre relacionamentos “O Gosto pela Vida em Comum” (recém-lançado no Brasil), no qual, fugindo de respostas fáceis e dicas para casais, ela divaga sobre o valor do tédio para um relação. “O romantismo nos ensinou tão bem a reverência ao amor, compreendido como a mais alta experiência humana, que nós o retiramos da normalidade dos dias”, escreve Habib. Tal distanciamento da vida cotidiana não faz sentido, segundo a autora. Ela diz que, na normalidade dos dias, há dois tipos de tédio: aquele considerado normal, que também é sentido quando se está sozinho; e aquele que se aproxima da angústia. “Se é esse último o sentimento em questão, minha opinião é que você se afaste. Quanto antes melhor”, diz Habib à Folha, em entrevista por e-mail. A preocupação da autora é com os casais normais, razoavelmente felizes que, à procura de alguma coisa melhor –talvez até uma busca infantil por uma vida sem tédio–, se separaram. No Brasil, para cada 100 casamentos em 2005, houve 18 divórcios. Já em 2015, o “índice de divórcios” aumentou 61% e foi de 29 para cada 100 casamentos, totalizando 328.960 separações. “A busca constante por excitação não leva a lugar algum, não ajuda a conhecer melhor a pessoa amada. Essa procura é normal entre adolescentes, mas adultos precisam saber seus objetivos e viver de acordo”, diz a autora, segundo a qual é na previsibilidade e no conhecimento –mesmo que nunca pleno– do próximo que reside a segurança e o apoio que dão sentido à vida a dois. VIDA QUE VALE Com 13 anos, Maria Jerusia Neri, hoje com 49, conheceu seu marido. Na semana passada, eles comemoraram bodas de madrepérola (traduzindo, 31 anos de casamento). Mesmo com longos anos juntos, Neri fala com doçura que é impossível cansar de seu companheiro, por ele ser muito divertido, “muito palhaço”. Aos 24 anos, Letícia (nome fictício)
já está há uma década com seu namorado. “Um relacionamento de dez anos tende a ter um pouco de previsibilidade. Mas a gente não é o mesmo de dez anos atrás, nem de cinco, nem mesmo do mês passado, então nem tudo é sempre igual”, diz. “Parece bastante, mas não ‘pesa’, sabe?”. Em comum, tanto Maria Jerusia quanto Letícia dizem que tratam seus longos relacionamentos com um ar de leveza cotidiana. “Eu acho que seria difícil uma vida sem ele. A gente já está tão acostumado um com o outro”, diz Maria Jerusia. “Até onde eu sei, a vida é mais agradável quando compartilhada”, afirma Habib. Mesmo sem relação alguma, a frase lembra uma das afirmações de Christopher McCandless, que chegou a essa conclusão após renunciar a uma vida em família que ele considerava conformista, mudar o nome para Alexander Supertramp e isolar-se no Alasca, onde acabou morrendo. Sua história deu origem ao livro e filme “Na Natureza Selvagem”. Com a sentença, Habib busca atacar a ideia –uma “trapaça moderna” segundo ela– de que a escolha pessoal pela solidão tenha algum significado além da própria vida solitária. “A falta de laços propriamente dita não significa nada”, diz. “A ausência é só ausência.” A esta altura, o leitor pode estar se perguntando: “mas e a independência emocional?” Para a autora, a busca por essa independência faz pouco sentido nos dias atuais. “Nós não consideramos mais que a sabedoria esteja associada a resistir às nossas paixões. Elas são apreciadas por nós”, diz. “Eu não vejo motivo para perseguir a independência emocional, a não ser na cadeia.” O leitor, agora, talvez indague: “Legal, todo mundo gosta de falar de casais fofinhos envelhecendo juntos, mas e os embustes?” Para relacionamentos abusivos, o conselho de Habib é direto: “Você precisa terminá-lo. Quando uma relação inclui insanidade, insano mesmo é tentar melhorá-la.” Por fim, caso você esteja se perguntando, Habib é divorciada. Ela vive desde 1984 com uma mesma pessoa, com a qual não pretende se casar. E como a relação do leitor com esta reportagem não é amorosa, antes que chegue o tédio, ela é que acaba aqui. O gosto pela vida em comum Autora Claude Habib Editora Objetiva Quanto R$ 24 (119 págs.).
Foto: Divulgação
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Suco
Bebês só devem tomar suco após o primeiro ano de vida, para especialistas, excesso de frutose, tipo de açúcar que está nas frutas, faz mal aos pequenos por FOLHAPRESS
A grande maioria dos
tose, o preparo do suco tira o
pais costuma introdu-
essencial das frutas. “Quando
zir o suco de frutas aos
o suco é preparado, acaba se
bebês ainda no primeiro ano
jogando fora a fibra da fruta.
de vida. Mas um novo estu-
Fica só caldo concentrado de
do divulgado neste ano pela
frutose”, diz a gastropediatra
AAP (Academia Americana de
Cylmara Gargalak Aziz, médica
Pediatria) recomenda que as
do Hospital Sírio Libanês.
crianças não consumam sucos
Até mesmo a mãe, desde o
até os 12 meses de idade.
período da gestação, precisa
A característica saudável da
ter hábitos saudáveis na ali-
fruta acaba sendo substituída
mentação. “Tudo que a criança
pela frutose, um carboidrato
receber de alimento desde o
que é tão vilão quanto o açú-
primeiro mês de gestação até
car. “A questão é que o suco
o segundo ano de vida, vai pro-
não é uma fruta, são várias ao
gramar a sua alimentação”, diz
mesmo tempo. Com a ingestão,
Cylmara. “Se a mãe tiver uma
a criança estará consumindo
alimentação saudável, o líquido
muita frutose, que é um açúcar,
amniótico já vai desenvolvendo
e isso faz mal ao pâncreas e ao
o paladar da criança”, completa
fígado”, diz Nelson Douglas
a especialista.
Ejzenbaum, pediatra e neonato-
Suco em caixa e refrigerantes
logista, membro da Sociedade
são vilões
Brasileira de Pediatria.
O pediatra Nelson Douglas
A frutose é processada mais
Ejzenbaum afirma que o con-
rápido que a glicose pelo fígado,
sumo de refrigerantes tem
onde acaba se transformando
que ser evitado ao máximo.
em gordura.
“A gente condena o uso de
Segundo o médico, nos primeiros
refrigerantes, pois são bebidas
seis meses de vida, o bebê tem
ricas em açúcar e gaseificadas,
que ser alimentado exclusiva-
que não devem ser dadas para
mente pelo leite materno. A
crianças.”
partir daí, entram as sopinhas
Isso também vale para sucos
e a papa de frutas. Só a partir
industrializados. “Dá mais
do 12º mês entram os sucos, em
trabalho fazer o suco do que
quantidades limitadas.
comprar pronto, mas é o cor-
Fibras
reto”, diz a pediatra Cylmara
Além de concentrar mais fru-
Gargalak Aziz.
Arte: Folhapress
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Jornal do Meio 921 Sexta 6 • Outubro • 2017