Braganรงa Paulista
Sexta
13 Outubro 2017
Nยบ 922 - ano XVI jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
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Jornal do Meio 922 Sexta 13 • Outubro • 2017
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Cristão azedo? por Mons. Giovanni Baresse
Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão.
José Saramago, escritor
à mente por conta de um trecho
de uva como figura. Em Isaías
não era seu. A crítica de Jesus
português que se dizia
da Carta de Paulo aos Filipenses
se apresenta o agricultor que
segue a visão de Isaías: longe
ateu, afirmava que no dia
(4,6-9) e das comparações de
prepara a terra, em melhor lugar,
de corresponder à confiança de
em que visse cristãos católicos
Isaías (5,1-7) e a que Mateus traz
compra cepas das mãos nobres
quem lhes entregou a plantação
saindo das igrejas com o rosto
no seu Evangelho (21,33-43). No
uvas. Canta o cuidadoso gesto e
os arrendatários matam que veio
alegre por terem recebido o
escrito aos cidadãos filipenses,
espera, no tempo da colheita, as
buscar o resultado da colheita
Cristo na Eucaristia ele teria um
Paulo exorta a comunidade
excelentes uvas para fazer o vinho.
(os profetas e o Filho do Dono
a ver o honroso, amável, digno
forte argumento para começar a
cristã a ser alegre, sempre ale-
Decepção! Aparecem uvas azedas!
da Vinha!). Os doutores da Lei
e virtuoso. Refiro-me ao gesto
buscar a fé. Está certo que a sua
gre e a ocupar-se com “o que é
A decepção leva à cólera. Esta à
apresentam à pergunta de Jesus
heroico da professora da creche
assertiva caminhava na linha da
verdadeiro, nobre, justo, puro,
destruição da vinha descrita com
sobre o que se esperaria, a mesma
de Janaúba que morreu porque
certeza para crer (um pouco São
amável, honroso, virtuoso ou de
imagens fortes: derrubar cercas,
solução de Isaías: destruição! Je-
arriscou sua vida para salvar o
Tomé!). Saramago desejava uma
qualquer modo mereça louvor”.
deixar os animais pisotearem e
sus vai em outra direção: a vinha
maior número de criancinhas que
evidencia tangível para mudar
Se quiséssemos dissecar cada
pastarem, arrasar tudo. A lição
não será destruída, será entregue
pudesse! Este gesto, trise na cir-
seu modo de enxergar a fé reli-
um desses termos teríamos uma
da comparação de Isaías quer
a outros trabalhadores. Jesus
cunstância, faz forte a esperança
giosa. E nós sabemos que “a fé
visão imediata que, muitas vezes,
lembrar às pessoas do seu tempo
afirma que, uma vez que Israel
que o Bem ainda está presente!
é um modo de já possuir o que
fazemos exatamente o contrário:
que Israel era a vinha amada do
não foi fiel a seu Deus, o Reino
E por pessoas como essa mártir
se espera, um meio de conhecer
ocupamo-no9s com a mentira,
Senhor e, apesar do cuidado de
será aberto àqueles que eram
não podemos renunciar a alegria
as realidades que não se veem”
com o que é baixeza, com o modo
seu Deus, esse povo só deu frutos
considerados “cães”, os pagãos!
que se traduz como serenidade
como é ensinado na magistral
injusto de ser, com que é atitude
ruins. Consequência: o que não
Tanto Isaías como Jesus foram
para enfrentar as dificuldades. E
Carta aos Hebreus no capítulo
de violência, etc. E é claro que os
presta se joga fora! Jesus fala
perseguidos por conta de suas
que a fé deve ficar estampada no
11. E que recomendo para uma
frutos só podem ser azedo9s e
da vinha como um lugar onde
afirmações. E, certamente, é o
rosto de todos os que creem no
boa meditação nestes tempos de
amargos. Na mesma direção vão
o dono confia a trabalhadores a
que acontece a todo aquele que
Senhor. Para que os “saramagos”
liquidez! Saramago me incitou
as palavras do profeta Isaías e de
expectativa dos frutos. Estes ou
crê e quer dar frutos e ou cuidar
que existem possam ter a certeza
a refletir sobre a falta de alegria
Jesus no Evangelho de Mateus.
foram preguiçosos e não tinham
da vinha. Termino estas linhas
de que os que creem sabem em
e serenidade que atinge muitos
Os dois textos fazem crítica ao
frutos s dar ou, levados pela ga-
para, lembrando Paulo, falar de
quem creem e procuram levar
crentes. Sua provocação me veio
povo de Israel usando a plantação
nância, tentaram usurpar o que
um acontecimento que nos leva
isso a sério!
As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
Local de filmagens Bebida como o "anisete"
Rodovia (abrev.) Litro (símbolo) O galgo, por sua velocidade Análogo
Pó branco com que se pintam muros
A família (fig.) Camada do ar essencial à radiodifusão O britânico, em relação a Elizabeth II Povoação; lugarejo Máquina têxtil
O centro do furacão Indígena dos EUA
Símbolo do De, em Dia de Ação inglês de Graças Ervilha, (EUA) em inglês Marca do bom investimento
A paciente do geriatra Clínica de combate à obesidade 250, em romanos Sucesso do Jota Quest
Lena Olin, atriz sueca de "O Leitor"
Ato Institucional (sigla) Envoltório do tutano Roupa informal
O carro do chofer de praça Faz uso do coador Governo (abrev.) Depósito de vinhos Companhia (abrev.)
Afonso Arinos, jurista mineiro
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Solução
T S M T
BANCO
Que sofre de inapetência (Med.)
S A
Tipo de cerveja Caracterizam as metrópoles em longos feriados
T N I A M M E O D R E A R D E O F R U G A I R A D C O A S
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
A mim Armadilha para pássaros
Anexo de cozinhas
I
uma nova dimensão, mais próximas das práticas terroristas realizadas após a Revolução Islâmica do Irã, em 1979. O que isto significa? Significa que os conflitos se tornaram menores, mais pontuais, com causas cada vez mais confusas e com um grau de violência sem precedentes no que tange a esfera coletiva. O Horror dos atentados que seguem esta lógica é simples – procurar pânico generalizado, inutilizar as formas tradicionais de controle e de combate aos atentados e não ter alvos particulares, no máximo grupos que se pretendem ferir ou exterminar. Há, ainda, um caráter messiânico às avessas quando estas figuras são exaltadas e reverenciadas, tidas como heroínas de causas sem causas, nas quais a violência por si só é o que se busca e se espera. Uma violência cega que atira, fere e mata a esmo, sem razão, sem motivo. E o que parece sua fraqueza, sua (i)razão, se transforma na sua maior força na medida que ela se encaixa em qualquer ideologia perversa e, por isso, pode justificar e legitimar tudo a despeito de ser injustificável e ilegítima. Discursos como os do presidente dos EUA somente inflamam e fazem alastrar o Ódio, alimenta dissensões e conflitos, dentro e fora dos EUA, com sua postura irresponsável e perigosa ao tratar de questões de interesse global, como a delicada questão da Coreia do Norte. Seus apelos e suas palavras de baixo calão nos discursos oficiais ofendem a muitas pessoas, mas incentivam outras a praticarem atos extremados e violentos, desumanos e inaceitáveis, e travestidos de ideologias, de defesa de (des)valores excludentes nos EUA e em todo o mundo.
Brigam Afastados da vida social
V P I G U A R A L U T A Y OL U A R E A T S E T R A L C E L E D I T O L O C A L I D A O L H O P A R I N E P I D O S A A O C L S S O F IL T H O JE E A G E D A A N O R E X U A S V A Z I
Atentado em Las Vegas. Discursos de Trump. Fortalecimento da extrema-direita na Europa. Defensores de políticos violentos no Brasil. Pobreza em escala global. Falta de aceitação. Abusos da força e recrudescimento violência. Os pontos acima podem ser listados como razoes ou justificativas para o aumento assombroso da violência em todo o mundo, ou seja, a violência não é exclusividade de um país ou de um grupo, na verdade, ela se apresenta como o panorama para a resoluções de problemas que, paradoxalmente, são criados pela própria violência. Neste contexto, o atentado em Las Vegas é um ato cego, disforme, irresponsável e inaceitável. As balas perdidas, pois não tinham nomes e nem alvos definidos, expressam o ódio coletivo e cego, um ódio por tudo e por todos. Um ato atroz, sem razão, desumano e que aumenta o turbilhão de dúvidas que pairam sobre nossas cabeças, que ensandecem e que torna as tentativas de explicações em meras conjunturas e especulações. Como o ato não tem razão de ser, resta pensar na sua execução. Ato premeditado e planejado cuidadosamente, o que aumenta sua perversão e seu horror, se resumiu ao atirar a esmo contra uma multidão que assistia um show musical em um hotel. Aparentemente, nada de ruim nesta escala poderia ocorrer já que a demência do ato quebrou todas as possibilidades de defesa e de prevenção. Para muitos, o caráter quase leviano das legislações sobre posso e porte de armas, nos EUA, é o fator responsável pelo ocorrido. Para outros, a insanidade do ato não pode ser atribuída a legislação citada. É justo, portanto, pensar que o atentado é parte da discussão sobre o porte a posse das armas sem que posso se resumir a ela. Fato é que desde o final da Guerra Fria, na década de 1990, os conflitos ganharam
Agnaldo (?), cantor Código da Rússia, na internet Famoso instituto de tecnologia
Grupo de 10 atletas que competiram sob a bandeira olímpica (2016) Fora Homem daqui! com muitas "ficantes"
C U R R I C U L O E S C O L A R
por pedro marcelo galasso
Conjunto de atividades que serão Vale três desenvolvidas durante o período pontos, na de aprendizagem de estudantes sueca O papel de cadernos Polo e rulê, na Moda
2/of. 3/ale — mit — pea. 4/rela. 5/rayol. 9/ionosfera.
O alimento do Ódio
© Revistas COQUETEL
Família linguística indígena do Brasil
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Jornal do Meio 922 Sexta 13 • Outubro • 2017
por Shel Almeida
No próximo domingo, dia 15 de
das regiões rurais. A construção desse
outubro, o Mercado Municipal de
mercado local se dá em um período de
Bragança Paulista completa 130
urbanização do final do século XIX, com
anos de existência. O espaço, localizado
uma série de outros surgindo pelo Brasil
no centro da cidade é ponto de referência
cuja motivação é a de se ter um espaço
e também de encontro da diversidade
nas cidades que seja instalado justamente
presente hoje no município. Patrimônio
onde há a movimentação de pessoas não
histórico, agrupa, no mesmo local, o novo
letradas. Nesse contexto os Mercados
e o antigo, o tradicional e o moderno, a
Municipais são espaços para se educar
Bragança central e a periférica. Quem
uma sociedade não escolarizada, ou seja,
passa por ali pouco nota, mas as paredes
onde aquela pessoa que nunca pegou em
que sustentam o prédio de dois andares,
um lápis, que sempre trabalhou com a
carregam a história secular de transição
enxada vai aprender a lidar com o peso e
de uma cidade que persiste em retomar
medida das coisas, a lidar com dinheiro.
velhos hábitos. O Mercado Municipal
É a modernização da época, que começa
mudou desde sua fundação. Sua trans-
na arquitetura monumental e continua
formação mais notável é, sem dúvida,
com o que chamado de ‘educação pela
a arquitetônica, depois de passar por
sensibilidade’ da população, a fim de que
algumas reformas ao longo das décadas.
se encaixe no padrão social da época, a
Mas é aquela transformação silenciosa e
partir de um aprendizado que não é o
lenta a que mais carrega significados: a
escolar.
social. O espaço foi perdendo, aos poucos,
Nesse período, Bragança tinha um peque-
a essência inicial, mas conserva a história
no núcleo urbano e a extensão, inclusive
da cidade e, principalmente, das pessoas
muito próxima de onde o Mercado é ins-
que transitam por ali. Sua mudanças e
talado, era formada por chácaras e sítios,
transformações podem ser encaradas
onde os alimentos eram produzidos para
como um retrato da própria cidade, que
a subsistência dos próprios agricultores
também já não é mais a mesma, um sé-
e familiares. Em um segundo momento,
culo depois.
a cidade criou uma forte ligação comer-
Inaugurado em um momento de transi-
cial com a capital ao enviar os alimentos
ção histórica, em que o país deixava ser
excedentes para lá. Não por acaso, o
imperial e escravagista para se tornar
primeiro local pensado para a Praça de
República e foco imigratório, saber mais
Mercado foi próximo à Igreja do Rosário,
sobre sua origem é também reconhecer
que naquela época ainda era ‘dos homens
as bases onde Bragança se sustenta. Para
pretos’. O que se pode perceber é que
isso, o Jornal do Meio conversou com a
essa relação com o comércio na cidade
historiadora Lilian Godoy, autora do tra-
se constituiu a partir das pessoas mais
balho “Do Toucinho a Café: O Mercado
simples, provenientes da região rural e
Antigo de Bragança (1884 - 1887). Ela é
não a partir da elite que estava surgindo
Mestranda em Educação pela Universi-
por meio da indústria cafeeira. Portanto,
dade São Francisco onde realiza pesquisa
a essência do Mercado está no povo rural
sobre a História do Mercado Público de
desta cidade, nos pequenos produtores,
Bragança e a Educação das Sensibilida-
nas pessoas que por longos anos iam para
des, imbricados na História Social e na
São Paulo no lombo de um burro levar
História Cultural. É professora de His-
alimentos, porque a capital não produzia.
tória e pesquisadora do Grupo Rastros
É importante lembrar, nesses 130 anos do
(CDAPH-USF). Desenvolve projetos na
Mercado, a importância dessas pessoas
área de Patrimônio Cultural Regional de
que tiveram suas histórias apagadas e
Bragança Paulista. Sua pesquisa se baseia
colonizadas. Tudo isso aconteceu devido
em edições do jornal Guaripocaba, em
a um processo histórico e de consequên-
atas de registro da Câmara Municipal da
cias”, analisa a historiadora.
A historiadora Lilian Godoy desenvolve pesquisa sobre o Mercado Municipal. “A essência mudou, já não é o mesmo lugar de 130 anos atrás”.
Andreia trabalha no Mercado há 35 anos, de domingo a domingo. É a 3ª geração da família que está no espaço.
Maria Inês e a filha Luana. Função ultrapassa gerações.
cidade e, ainda, em códigos de postura e regulamentos da época de inauguração.
Trabalho que ultrapassa gerações Muitos comerciantes que trabalham atual-
Contexto Histórico
mente no Mercado cresceram ali. Função
“A inauguração do Mercado está relacionada
que atravessa gerações, é fácil encontrar
com as necessidades de ordem e higiene
quem frequenta o espaço desde criança
nos espaços públicos, que passaram a
e que viu o avô e o pai começar o que se
surgir devido ao aumento gradativo da
tornou o negócio da família. E as transfor-
população e do núcleo urbano que eram
mações sociais se revela nisso também. Se
os principais disseminadores de doenças
antes os homens comandavam o comércio
ocorridas durante os séculos XIX e XX.
de alimentos em bancas, hoje muitas
A criação de uma Praça de Mercado, co-
mulheres ocupam esse lugar. Exemplo
mo era chamada na época, tinha como
disso são Maria Inês Olivato e Andreia
intenção organizar os vendedores am-
Cristiane Olivato Azzi, tia e sobrinha e
bulantes, cuja grande maioria provinha
também Cássia Marisa Alves. As três se
Mercado mudou muito com o passar dos anos. Onde hoje é estacionamento, era local de comércio de animais vivos e flores.
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emocionam ao relembrar do tempo que, ainda criança, passaram a frequentar o lugar. Na verdade, para elas, o Mercado faz parte da história pessoal de cada uma de tal forma que sequer conseguem lembrar desde quando convivem com o espaço, porque é desde sempre. “Meu pai começou aqui na época em que se ainda usavam carroças e no piso inferior vendiam animais vivos e sacarias. É um trabalho que ultrapassa gerações. Quando ele começou, tudo o que se vendia aqui era produzido na chácara da família. Hoje apenas revendemos. Continuamos com a chácara, mas o que é produzido ali vai para a feira, que é onde meus irmãos trabalham. O público mudou junto com o Mercado e hoje exige outro tipo de mercadoria. Quem
Espelhos, cristaleiras, lustres, criados-mudos, mesas, aparadores. As antiguidades do Arco da Velha são restauradas e reformadas antes de ir para exposição.
compra aqui também pegou o costume dos pais, é uma clientela que também passou por gerações”, conta Maria Inês. Andréia é a terceira geração da família que trabalha no Mercado. O precursor foi seu avô, Orlando Olivato, pai de Maria Inês. Ela está há 35 anos na banca, trabalhando de domingo a domingo. Primeiro foi ajudante do pai, Roberto Olivato, depois ajudante da tia e já há um bom tempo é dona da própria banca. Quando o pai faleceu, o marido Emerson Rogério Azzi passou a trabalhar com ela, fazer o serviço que o sogro fazia, de buscar mercadoria no Ceasa. Hoje o casal tem mais dois estabelecimentos dentro do mercado. “A dedicação é total, eu cresci aqui, então para mim é natural. Com o tempo as coisas foram mudando, meu avô é da época em que colocavam os bornais
Cássia mantém o armazém que começou com o avô e durante muito tempo foi do pai.
com as mercadorias em pedras. Ele dizia ‘se for plantar alguma coisa, plante algo que gere frutos. Foi o ensinamento que ele passou para toda a família, ele nos ensinou a plantar e a trabalhar. Hoje é tudo diferente, fomos nos adaptando à clientela. Fazemos entrega. Depois comecei a picar frutas e verduras e colocar em bandejas porque uma cliente viu um pote que minha filha levava para a escola. Quando comecei as pessoas vinham comprar com sacolas de lona”, fala. A história de Cássia é um pouco diferente, apesar de também frequentar o espaço desde pequena, ela só veio trabalhar no local depois que se aposentou. “Meu pai, Geraldo Alves tinha uma grande preocupação em quem continuaria o negócio da família, que começou com meu avô, Cesarino Alves. Eu sempre pensei em vir para cá, mas não disse isso a ele. Hoje muitos conhecidos passam por aqui e me dizem ‘seu pai ficaria muito feliz em ver você dando continuidade. É realmente impressionante, o Mercado é uma referência para a cidade e pensar que hoje eu tenho a possibilidade de estar aqui me deixa emocionada”, fala. De acordo com a Secretária de Desenvolvimento de Agronegócios, Gislene Cristiane Bueno, existe um projeto para melhorar a estrutura do espaço. “O Mercado recebeu atrações do Maio Cultural e do Festival de Inverno. É um espaço de tradição para a cidade é a ideia é atrair o público com atrações culturais. Nossa referência é o Mercado Municipal de São Paulo”.
130 de história da cidade; Espaço foi construído na transição do Império para a República e tinha intenção de modernizar a cidade.
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Flor certa
Paisagistas ensinam a escolher a flor certa para cada canto da casa Por CAROLINA MUNIZ/FOLHAPRESS
Dentro de casa, as flores ajudam a dar cor a ambientes mais sóbrios e destaque para móveis e cantos especiais. “Elas complementam a decoração como poucos objetos conseguem”, afirma a designer de interiores Daniela Cianciaruso. Mas a escolha de onde colocar cada tipo de flor não deve levar em consideração apenas o critério estético. “A pessoa precisa pensar que está lidando com um ser vivo, que, se não estiver num local adequado, depois de um tempo começa a definhar”, diz a paisagista Catê Poli. Se a planta está exigindo um cuidado excessivo, ela provavelmente está no lugar errado, alerta a jardineira Carol Costa, autora do livro “Minhas Plantas Jardinagem Para Todos (Até Quem Mata Cactos)”, da editora Paralela (280 págs., R$ 99,90). “As plantas não precisam de babá, elas produzem o próprio alimento. Só necessitam de adubo, rega e luminosidade corretos”, afirma. Mesmo as espécies que não gostam de incidência direta da luz do sol precisam dela para realizar a fotossíntese. Isso significa que devem ficar em cômodos com boa claridade, a no máximo quatro metros da janela. Para ambientes sem iluminação natural, como halls de elevador, lavabos e corredores, vale investir em flores artificiais ou arranjos, trocados de tempos em tempos. Já em banheiros com janela, deve-se optar por espécies que também resistam bem à umidade e ao calor do banho, como o antúrio e o lírio-da-paz. “Desde que tenha luz e circulação de ar”, ressalta a paisagista Chris Pierro. Violetas, flores-de-maio e begônias ficam bem na cozinha ou na área de serviço, próximas de uma janela onde não bate sol. Também não há restrições sobre ter plantas no quarto, ao contrário do que muitos pensam. À noite, os vegetais liberam gás carbônico pela respiração, como qualquer outro ser vivo. “Ninguém tem medo de dormir com um cachorro ou um companheiro do lado. Com a planta é a mesma coisa”, diz Costa. Para o cômodo, ela recomenda orquídeas como a borboleta, a chuva-de-ouro e a olho-de-boneca. O ideal é que recebam sol por pelo menos duas horas por dia -pode ser através do vidro da janela. “Muita gente que tem orquídea reclama que há anos ela não dá flor. Em geral, é porque não recebe luz suficiente”, afirma. Se o local onde se deseja colocar a flor não bate sol, a pessoa pode ficar trocando-a de lugar, mas a especialista não recomenda fazer isso. “Nos dias mais corridos a pessoa pode se esquecer de tirar a planta da sombra ou acabar deixando-a tostando no sol. Não vale a pena.” Se o quarto tem ar-condicionado, a única dessas orquídeas que resiste bem às baixas temperaturas e umidade é a borboleta, cujas folhas são mais grossas. Mesmo assim, é bom posicioná-la o mais longe possível da saída de ar. Na sala, além de orquídeas, outra opção é usar bromélias de sombra, que não exigem incidência solar direta. “Elas provocam
um impacto grande na decoração, com folhagem bonita e eflorescência colorida, e saem um pouco do óbvio”, afirma Pierro. ALERGIA Qualquer pessoa pode ter flores em casa, mesmo aquelas que são alérgicas ao pólen,
de acordo com o médico Nelson Augusto Rosário Filho, diretor da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia). Ele explica que flores ornamentais não causam alergia porque seu pólen não se dispersa no ar como o das flores de capim. “Em geral, o problema está fora de casa,
não dentro”, afirma.. “O problema está fora de casa, não dentro”, diz. O único cuidado é evitar o acúmulo de água e material orgânicos nos vasos para que não haja proliferação de micro-organismos que podem desencadear outros tipos de alergias ou doenças. Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Para decorar a mesa de jantar dessa sala de cem metros quadrados; em um apartamento em Pinheiros (zona oeste); a designer Daniela Cianciaruso; do escritório Díptico; escolheu uma bromélia dentro de um vaso de latão. Foto: Divulgação
Para decorar a mesa de jantar dessa sala de cem metros quadrados; em um apartamento em Pinheiros (zona oeste); a designer Daniela Cianciaruso; do escritório Díptico; escolheu uma bromélia dentro de um vaso de latão.
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Fibromialgia
Doença de Lady Gaga causa dores insuportáveis pelo corpo, fibromialgia tem diversos sintomas, como fadiga e perda de memória, e está ligada à depressão por EMERSON VICENT/FOLHAPRESS
Arte: Folhapress
A cantora norte-ame-
diz Rached.
ricana Lady Gaga, 31
Nos anos 1990, um estudo
anos, cancelou a sua
apontava os pontos prede -
apresentação no Rock in Rio,
terminados para as dores da
na semana retrasada, por causa
fibromialgia. Em 2003, um novo
de uma fibromialgia, doença
estudo norte-americano passou
crônica que causa muitas dores
a dar mais importância aos
pelo corpo e uma sequência
demais sintomas. “Passou-se
de sintomas. Na maioria dos
a valorizar os sintomas que
casos, ela está atrelada a um
aparecem junto com a dor,
estado de depressão.
como o cansaço, a alteração de
“É uma doença crônica, com
memória, o intestino irritável”,
períodos de instabilidade, que
diz Alexandra Raffaini.
deixa o paciente sem poder
Pelo fato de atacar os neu-
fazer muitas atividades no seu
rotransmissores, os médicos
cotidiano. Ele vai precisar de
adotam o uso de antidepres-
um tratamento com psicólo-
sivos para controlar a doença.
go e com terapeuta”, afirma
“A fibromialgia não é diferente
Alexandra Raffaini, médica
de uma doença crônica, que se
anestesiologista com área de
arrasta por muito tempo. Tem
atuação em dor pela Associação
tratamento, difícil, depende
Médica Brasileira.
muito do médico e muito mais
Segundo os médicos, uma forte
do paciente”, diz Rached.
crise de fibromialgia realmente
9 em cada 10 pacientes são
limita as ações da paciente.
mulheres
“Os sintomas são todos que
A fibromialgia atinge cerca de
você possa imaginar, incluin-
2,5% da população mundial,
do muita dor”, diz Roberto
segundo os médicos. Não existe
Rached, fisiatra do Hospital
uma explicação científica, mas
das Clínicas. “Está sempre
90% dos pacientes afetados
acompanhado por fadiga, a
pela doença são mulheres, na
pessoa começa o dia muito
faixa dos 30 aos 50 anos. Porém,
cansada.”
existem casos de pessoas mais
Na fibromialgia, o cérebro po-
jovens com a doença.
tencializa os estímulos da dor.
“Hoje, infelizmente, a gente
“A dor que qualquer pessoa
vê crianças e adolescentes
sente é multiplicada por dez
sofrendo com fibromialgia”,
para quem tem fibromialgia”,
diz o fisiatra Roberto Rached.
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