Braganรงa Paulista
Sexta
3 Novembro 2017
Nยบ 925 - ano XVI jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
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Jornal do Meio 925 Sexta 3 • Novembro • 2017
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Sobre a morte por Mons. Giovanni Baresse
Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão.
Por ocasião do Dia de
palavra grega “mistérion” que
somos marcados pelas nossas
dado condicionante da existência
Finados, de certa forma,
significa “sinal”. O sinal é uma
contingências e emoções. É
terrena. E morreremos todos. De
muita gente para diante
realidade que podemos tocar,
importante recordar que não
diversas maneiras. Mais cedo ou
do recordar parentes e amigos
fazer, manusear. Mas é apenas
seria humano enfrentar o fato
mais tarde. Não porque Deus
que já não fazem parte do nosso
um tatear numa realidade que
da morte desvestindo-nos dos
determinou. Mas porque é do
dia a dia. No muito que se pensa
é muito maior. Portanto nossas
nossos sentimentos. A reflexão
existir natural chegar ao fim.
certezas: ninguém morre porque
e se fala nesse dia, alguém me
palavras e nossas reflexões são
que faço quer ser ajuda para
Esgotadas todas as reservas
Deus quis. Ninguém morre porque
questionava sobre as críticas
inexoravelmente limitadas. E
que os sentimentos possam
do ser vivo ele fenece. Para o
era tão bom que já não tinha mais
feitas às famosas frases ditas
nós não nos conformamos com
encontrar porto seguro. Creio
ser humano, todavia, Deus deu
o que fazer por aqui. Ninguém
em nossos velórios: “Vontade
isso! Queremos tomar conta do
que a fé cristã proporciona isso.
uma vocação substancialmente
morre porque era a hora. Nossa
de Deus”, “Deus quis assim”, “Já
mistério. Isso nos daria todas
Esta fé se baseia na Ressurrei-
diversa do restante da criação:
morte está na linha do horizonte
tinha cumprido sua missão”, “Era
as respostas. E nos livraria dos
ção de Jesus Cristo. Sem esse
sua imagem e semelhança. Sua
do factível. As circunstâncias
tão bom que Deus levou” e outras
questionamentos. A realidade do
acontecimento o cristianismo
eternidade. Morrendo viveremos.
de nossa vida, de nossa saúde,
mais. Fiz e faço ressalva. Tenho
dia a dia, contudo, nos mostra
seria vazio. Ao aderir a Jesus
Deus nos amou de tal forma
do ambiente em que estamos,
certeza que essas manifestações
que o caminhar se faz tateando.
Cristo faz-se uma escolha por
que na morte no tempo nos dá
das profissões que exercemos,
vão em direção à busca de con-
Caindo. Levantando. Alegres.
quem está vivo. Cremos que
a eternidade. Todo o cristão
dos riscos a que nos submetemos
solação e de uma tentativa de
Tristes. Saudosos. Esquecidos.
Ele morreu e ressuscitou. Ao
sabe disso. O saber, porém, é
ou somos submetidos, do tempo
explicação do porquê da morte.
Recordando e recordados. Não
lado desse fato o cristão crê
vivido em nossa fragilidade. Por
que passa, isso é que marca nossos
Embora saibamos que nossa
há outro modo de viver por aqui.
que Deus é Pai. E nenhum pai
isso buscamos palavras nossas
passos para o fim de existência
vida terá um término, apesar da
Com isso, como fica a vivência
cria filhos para a morte. Para a
para expressar algo que escapa
terrena. Mas sendo isso certo,
fé que professemos numa vida
da fé dos cristãos numa vida
tradição bíblica a morte não tem
à nossa possibilidade de cotejar
olhamos sempre com serenidade
além da morte, as interrogações
após a morte? Que certezas
origem em Deus. Deus quer a
saber-sentir-expressar. Nossas
e esperança. O passo incompleto
subsistem. Afinal a morte não
podemos ter? Como encarar
vida. Não cabe dizer, portanto,
palavras e conceitos pobres
aqui será o salto para a perfeição da
deixa de ser um mistério. Corro
a perda dos que amamos? E a
quando alguém morre que era a
tentam explicitar uma fé que
Casa do Pai. Isso nos deve encorajar.
o risco de ser repetitivo: misté-
nossa própria morte? Não são
vontade de Deus, etc. Cabe ter a
é vivida nos condicionamentos
Trememos sim. Mas há um abraço
rio é a tradução portuguesa da
questões fáceis. Mesmo porque
consciência que o morrer é um
das nossas emoções. Tenhamos
seguro à nossa espera!
As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
Descansar das tensões diárias
Gore Vidal, romancista dos EUA
Rio do Mato Grosso do Sul
Motivo de tombos em locais úmidos Gruta Cultura; lavoura
Rei de Portugal que transferiu a Corte para o Rio de Janeiro em 1808
Documento do seguro Erro de "exceço" Naipe do baralho
Pilar do casamento Medida agrária Progenitor Fuga, em inglês
Nascidos no país de capital Nairobi
Adorno de jarras Arma química
Conjunção que indica alternativa
Código do Catar na internet
Espécie de pílula adocicada
Ave mutualista do boi Região de países do noroeste da África (?) Reeves, ator De (?): de frente
Parques de animais exóticos Macaxeira Rival do Paysandu (fut.)
Ingrediente do arroz à grega (Cul.)
Trending Topics (Twitter)
Errar, em inglês
Realização do TSE Cadeia (?), extensão de terreno como a Serra do Mar
BANCO
(?) Bittencourt, cantora (?) Häkkinen, bicampeão de F1 Nêutron Diálogo (símbolo) platônico
Ácido genético Liame; atilho
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Solução C N T O U A S B T L A PA I C E M O R O N Q A N U M R E B A N U I C L AN A I O N O S A
de corrupção que alimentam a máquina pública. O que se construiu foi um poder público que alimenta estes mesmos setores produtivos e favorece os empreendimentos privados, sejam eles nacionais, estrangeiros ou associados, em detrimento do abastecimento dos setores públicos sociais, como as escolas, postos de saúde, habitação e outros setores estratégicos para o desenvolvimento a longo prazo do país. Na contramão da ideia moderna de economia, que defende a redução das desigualdades sociais como forma de desenvolvimento nacional, os governos brasileiros são especialistas em aumentar a desigualdade e a nos condenar a gerações de problemas sociais, econômicos e políticos. Muitos dirão – mas as desigualdades sociais e econômicas são históricas e virtualmente sem soluções. Pensamento fechado, obtuso, reducionista e legitimador da desigualdade, mesmo assim, sedutor e que encontra defesa em vários setores, mas que não diminui a responsabilidade do Estado em se esforçar para construir uma sociedade mais justa, mais honesta e que promova a busca incessante pela equidade social, ou seja, tal pensamento não diminui a responsabilidade do Estado de construir ou lanças as bases para a consolidação da democracia, da inclusão e da superação de nossas desigualdades históricas. Cabe a sociedade civil tomar as rédeas das ações governamentais e ampliar uma ideia de cidadania que hoje se encontra de forma precária e que exclui e condena à morte milhões de pessoas, todos os dias, através da tomada da consciência política e da retomada e da extensão do direito à cidadania para as camadas mais populares e menos favorecidas.
A M E A L A O A R P O L A A A V L O R A A M A G K E P I M R M O A N H
Não há um consenso sobre o quão democrático é o Brasil, mas a discussão se encerra quando nos perguntamos se a nossa democracia é plena, segura e inclusiva ou se ela se resume a alguns repentes e pequenos momentos democráticos, engolidos após uma breve existência. Neste caso, a segunda perspectiva é a mais aceita, a não ser que algum grupo político tenha interesses em defender a primeira perspectiva. De fato, as conquistas democráticas se encontram restritas a alguns setores mais ricos ou ao acaso e desmando dos movimentos de manipulações populares, típicos de uma sociedade que assiste ao espetáculo midiático de alimentar ações populares que em nada são democráticas. Podemos citar como exemplos os Caras Pintadas ao longo do impeachment de Fernando Collor, as últimas e estapafúrdias manifestações que pediam o impeachment de Dilma Rousseff ou, ainda, as manifestações durante os depoimentos de Lula para a Operação Lava a Jato, ou seja, a manipulação ocorre da direita para a esquerda e abrange todos os setores sociais. Além disso, outro traço comum é que a imensa maioria das pessoas dos mais diversos setores não sabe ao certo o motivo ou as razões de tais manifestações porque lhes falta o caráter legítimo da participação política. Nota-se, ainda, a forte ligação entre os setores econômicos, e suas esferas como a agricultura, a mineração e a indústria, que conseguem dos governos aquilo que julgam necessário contando com o ônus da sociedade em geral. De forma geral, enriquecem os mais ricos e empobrecem os mais pobres com base no discurso dos sacrifícios para a superação das dificuldades. No entanto, os gastos para a aprovação de emendas parlamentares e para a notória compra de votos, fenômeno antigo no Brasil, colocando em xeque tal discursos e escancaram práticas
Deimos e Titã Suporte do pneu
A I S O L E N I G M V G O R E L A X N A A Ç E R J Ã O V I O O U F D R AG E Z O O S P S S A A P A I E R R P L E I T M N T O
por pedro marcelo galasso
Pilha de Área que tem como atrações as praias brinque- de Porto de Galinhas e Boa Viagem dos ele- Médio Ponto de Planta associada trônicos (abrev.) ligação ao câncer pulmonar
3/apa — err — lam — lio. 4/lana — mika. 6/magreb.
Antidemocracia
© Revistas COQUETEL
Oficial que cuida Castigo Feito de depósito imposto atribuído ao chinês ao preso Iniciais que identifiT'sai Lun cam uma instituição da solitária Base da adivinhação
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Jornal do Meio 925 Sexta 3 • Novembro • 2017
por PHILLIPPE WATANABE/FOLHAPRESS
A medicina atual e os restaurantes fast-food têm mais em comum do que se poderia imaginar -pelo menos segundo um movimento italiano que prega atendimentos médicos mais humanizados. O italiano Marco Bobbio vê na medicina atual desperdício de recursos, excesso de velocidade em vários momentos e ainda falta de conexão com os pacientes. “A medicina hoje é muito efetiva. Temos tantos procedimentos e tratamentos disponíveis que, às vezes, estamos fazendo demais. Isso significa que usamos drogas e tratamentos quando o paciente não precisa”, diz Bobbio. Ir além do necessário é o assunto de seu novo livro, “Troppa Medicina” (medicina demais, em tradução livre; ainda não disponível no Brasil) e também é parte dos temas tratados pela Slow Medicine (medicina lenta), movimento do qual é secretário-geral. Bobbio diz que deve haver mais conversa e decisões compartilhadas entre médico e paciente sobre qual caminho de tratamento seguir. O italiano também diz acreditar que, por mais que as indústrias farmacêuticas e de diagnóstico tenham interesse na realização de mais exames, talvez os maiores responsáveis pelos excessos sejam os próprios médicos. “Para elas, é um negócio; para os médicos, não. Para eles, o negócio é dar o melhor para cada paciente.” Reportagem - Hoje os médicos fazem mais procedimentos do que o necessário? Marco Bobbio - Sim. Normalmente, os pacientes querem mais testes e os médicos prescrevem mais exames do que o necessário. Temos que entender quando usar os procedimentos de forma apropriada, se não é desperdício. Economistas avaliam que um terço dos gastos de saúde nos países ocidentais -no Brasil deve ser o mesmo- é desperdício. Gastamos dinheiro que não produz saúde.
comparada a uma cadeia de fast food? Claro que há grandes diferenças, mas a ideia é quase a mesma. Temos uma forma de ‘fast medicine’. Isso não significa que os médicos devam ficar relaxados. Eu sei que a medicina precisa ser muito rápida às vezes. Mas também há várias situações nas quais você pode pensar um pouco mais e discutir com o paciente qual a melhor conduta. Os médicos não costumam ouvir os pacientes? Por quê? Os médicos têm que fazer mais e mais procedimentos. Os hospitais fazem com que eles realizem muitos atendimentos, então o tempo para a consulta é reduzido ano a ano. Além disso, hoje tanto médicos quanto pacientes confiam mais em tecnologia do que na experiência do próprio médico. Pacientes acham que exames trazem verdades objetivas? Sim. Em geral, se pensa que o corpo é como um carro. Se pisca a luz vermelha, você precisa levar para o conserto. Mas o corpo não é isso. Há uma certa dose de autocura, então, em alguns casos, as doenças passam sem você fazer nada. Foram feitos estudos apontando que, se você mostra raios-x para radiologistas, a concordância entre eles será entre 60% e 70%. Cada um dá uma interpretação pessoal. Estudos mostram também que
se você mostra o mesmo raio-x para um mesmo radiologista com alguns meses de diferença, ele terá interpretações diferentes. Nós precisamos falar que a tecnologia não é objetiva. Quando um exame é crucial? Depende do paciente. Fazer exames sem sintomas, o check-up, não tem sentido. Mesmo para os mais velhos? De acordo com o paciente, com o histórico dele e da família, ou como ele se sente, pode ser útil. Quem ganha com mais testes sendo feitos? As indústrias farmacêutica e de diagnóstico. Elas gastam um bom dinheiro para incentivar médicos a prescreverem o máximo possível. A maioria dos congressos médicos é patrocinada por elas. Não as culpo. Tenho a tentação de culpar os médicos que prescrevem de modo incorreto. Para elas, é um negócio; para os médicos, não. Para eles, o negócio é dar o melhor para cada paciente. Como conciliar slow medicine e cargas pesadas de trabalho? Para ser amigável, empático, não é necessário mais tempo. Se você tem pouco tempo, você precisa decidir como usá-lo. Você pode usá-lo de modo lento ou rápido. Lento não significa ser devagar, mas, sim, ter que ser positivo com o paciente.
Pacientes têm de exigir médicos mais atenciosos? Pacientes precisam ter papel ativo. Toda vez que um médico prescrever um procedimento, eles devem perguntar se o teste é realmente necessário, o que irá acontecer se ele não fizer o teste. Posso adiar o procedimento? Posso esperar que a doença se cure sozinha? Quais são as alternativas? “Nós gastamos um dinheiro [com exames] que não produz saúde Temos uma forma de ‘fast medicine’. Isso não significa que os médicos devam ficar relaxados. Mas há situações nas quais você pode pensar mais e discutir com o paciente qual a melhor conduta Em jantares, as pessoas não dizem ‘gosto’ ou ‘não gosto dessa comida’. Elas dizem ‘posso’ ou ‘não posso comer’. Confiamos em supostas regras científicas que muitas vezes não o são. São só coisas que as pessoas leram na internet NOME Marco Bobbio, 66, filho do filósofo Norberto Bobbio FORMAÇÃO Medicina na Universidade de Turim, na Itália TRAJETÓRIA Secretário-geral do movimento Slow Medicine (medicina lenta). Autor dos livros “O Doente Imaginado” (ed. Bamboo Editorial) e “Troppa Medicina” (muita medicina, em tradução livre; sem distribuição no Brasil) Foto: Karime Xavier/Folhapress
Fora o fator econômico, qual o perigo de muitos exames? Muita medicina também é um perigo. Pacientes usam drogas que não precisam e têm todos os efeitos colaterais, sem efeitos positivos. Quando você faz um procedimento sem indicação real, pode-se achar algo que não é patológico, mas não é completamente normal. O paciente começa a ter ansiedade com o que irá acontecer se o achado evoluir para uma doença. As pessoas se sentem bem, elas não têm nada, mas estão preocupadas com o que irá acontecer no futuro. Fazem testes, tomam remédio só pelo medo de uma doença. Qual o impacto dessa preocupação excessiva com a saúde? É por isso que há pessoas que tomam montes de drogas todas as manhãs, estão comendo comidas saudáveis -que chamam de saudável, mas eu não tenho certeza de que o sejam-, porque pensam que isso pode salvar a vida delas de tudo. Elas não apreciam a vida. Passam a maior parte da vida tentando gerenciá-la. Não vivem, de fato. E não vivem melhor. Em jantares, as pessoas não dizem “gosto” ou “não gosto dessa comida”. Elas dizem “posso” ou “não posso comer”. Perdemos a subjetividade da relação com a vida, com a comida. Confiamos em supostas regras científicas que muitas vezes não são científicas, são só coisas que as pessoas leram na internet. Como ter uma vida saudável? Só relaxe. Faça o que você gosta. Claro que algumas preocupações sobre doenças e riscos são necessárias. Claro que é bom evitar fumar e ser sedentário. Você precisa fazer algum exercício. Não se deve exagerar em nada. Exercício intenso não é saudável. E comida, você pode comer qualquer coisa, mas de forma moderada. Você pode comer manteiga, mas não um monte todo dia. Você deve direcionar sua alimentação para uma dieta vegetariana, mas isso não significa que você não deva comer carne nunca. Tudo com moderação. Você conhece o movimento slow food? Quer dizer que a medicina hoje pode ser
O médico italiano Marco Bobbio.
Jornal do Meio 925 Sexta 3 • Novembro • 2017
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Leilão imobiliário Imóvel sai até 40% mais barato em leilão, mas compra exige cuidados
por CAROLINA MUNIZ/FOLHAPRESS
Comprar um imóvel em leilão pode garantir um desconto de até 40% em relação ao seu valor de mercado. Mas, antes de dar o lance, é necessário investigar se há dívidas relacionadas ao imóvel, seu estado de conservação e ler o edital de venda com cuidado para não sair no prejuízo. Existem dois tipos de leilão: judicial e extrajudicial. O primeiro envolve imóveis penhorados após alguma ação de cobrança de dívida contra o proprietário -condomínio atrasado, por exemplo. O processo é conduzido por um juiz, que escolherá leiloeiros cadastrados no tribunal em questão para divulgar e organizar oleilão. O novo Código Civil, que entrou em vigor em 2016, acelerou o processo de penhora de imóveis de moradores com dívidas condominiais. Agora, ele precisa pagar o que deve em até três dias a partir do momento em que é comunicado sobre o processo. Caso contrário, corre o risco de perder a propriedade. Já o leilão extrajudicial inclui casas e apartamentos confiscados pelos bancos por inadimplência no financiamento imobiliário. O procedimento, como o nome diz, é resolvido fora dos tribunais. A instituição financeira informa a um cartório sobre a pendência, geralmente após duas ou três parcelas atrasadas, e o cliente é notificado para quitar a dívida em no máximo 15 dias. Caso não pague, o banco tomará a unidade e a levará a leilão, como explica Luis Rodrigo Almeida, especialista em direito imobiliário e sócio da Viseu Advogados. A crise impactou o mercado de leilões. De 2015 para 2016, houve um aumento de mais de 80% no número de unidades retomadas pela Caixa Econômica Federal, segundo dados da instituição -um total de 15.881, contra 8.775 no ano anterior. Uma das vantagens de arrematar uma casa em um leilão do tipo é o seu potencial de valorização, diz Paulo Porto, especialista em negócios imobiliários da FGV. Segundo ele, o imóvel normalmente tem poucos anos de uso. O empresário Antonio Afonso, 56, viu esse potencial e transformou em negócio a compra de propriedades em leilões, todos extrajudiciais. “O processo judicial é muito demorado”, diz. Ele arremata, reforma e vende os espaços. “Compramos por R$ 200 mil um imóvel que vale R$ 400 mil, e revendemos por R$ 300 mil”, afirma ele, que começou no ramo há cinco anos e já adquiriu cerca de 70 unidades. PROBLEMAS Após o arremate, o primeiro passo é atualizar o registro do imóvel em cartório, afirma Porto. Principalmente para evitar que ele vá a leilão novamente -o proprietário pode responder a mais de uma ação de cobrança. Dívidas, má conservação da propriedade
e até conflitos com o antigo morador são outros problemas que o novo dono pode enfrentar. A corretora Gabriela Villas, 45, comprou por cerca de R$ 300 mil um apartamento no Guarujá, litoral de São Paulo, durante um leilão em 2004. Pouco depois, o proprietário entrou com uma ação e bloqueou o processo. Ela só conseguiu reaver o dinheiro depositado dois anos depois. “Foi tudo muito lento. Entrava uma ação atrás da outra”, conta. “Deveria ter consultado um advogado mais experiente.” O empresário Joel Garcia, 56, já participou de cerca de dez leilões em 15 anos. Um dos apartamentos que arrematou, no bairro do Limão (zona norte de São Paulo), estava alugado, e o inquilino não queria sair. Decidiu não entrar com uma ação para retirá-lo. “A solução menos traumática foi indenizá-lo”, conta ele, que pagou em torno de R$ 20 mil para o ocupante -o imóvel já tinha custado R$ 200 mil. “Foi por uma questão social. Ele iria para a rua, já que não tinha para onde ir.” No leilão extrajudicial, o morador do imóvel tem 60 dias para desocupá-lo a partir da arrematação, segundo Almeida, da Viseu Advogados. No judicial, não existe um prazo determinado, que varia de acordo com a ação.
do em imobiliárias e portais de imóveis, para fazer um bom negócio. CONTRATE UM ESPECIALISTA Um advogado pode ajudar no processo, atuando tanto antes do leilão -lendo o edital e checando as pendências- quanto depois, ajudando na regularização da unidade e em eventuais ações. ENTRE EM PORTAIS CONFIÁVEIS Antes de participar de um leilão on-line, em site especializado, cheque a reputação do leiloeiro e se está devidamente matriculado na Junta Comercial do Estado em que vive. QUEM DÁ MAIS? Veja bancos e sites que realizam leilões BANCOS Caixa Econômica Quita condomínio e IPTU em atraso. Imóvel pode ser financiado; caixa.gov.br. Bradesco Oferece nos leilões on-line 10% de desconto para pagamento à vista e parcelamento
em até 48 meses; banco.bradesco. Banco do Brasil Pagamento à vista ou por meio de financiamento imobiliário; imovelbb.com.br. Santander O pagamento pode ser por crédito imobiliário. Anuncia cerca de 50 imóveis por mês em SP; santander.com.br. SITES Mega Leilões Realiza judiciais e extrajudiciais. Tem mais de 300 unidades anunciadas; megaleiloes.com.br. Sato Leilões Promove leilões nas modalidades on-line, presencial ou misto. Tem mais de 250 propriedades cadastradas; satoleiloes. com.br. Sold Oferece imóveis em 16 Estados. Leiloeiros fazem avaliação e verificam pendências; sold.com.br. Zukerman Site tem geolocalização, que permite ao usuário ver imóveis próximos. Tem cerca de 600 unidades; zukerman.com.br. Foto: Avener Prado/Folhapress/Folhapress
LEIA O EDITAL O documento terá todas as informações e regras sobre o leilão, como data, horário e condições de pagamento. Os editais também costumam informar se há dívidas ou pendências. VISITE O LUGAR Caso o imóvel esteja em mau estado e exija muito investimento em reformas, talvez não valha a pena arrematá-lo. É recomendável levar um arquiteto ou engenheiro junto para uma avaliação mais precisa. CHEQUE SE HÁ DÍVIDAS Todas as pendências relacionadas ao imóvel serão transferidas para o novo proprietário. Se não há informações no edital, busque na prefeitura, na Receita Federal e no condomínio. CALCULE OS GASTOS Quem arrematar uma unidade terá que pagar uma comissão para o leiloeiro, que em geral é de 5% do valor do imóvel. Também precisará arcar com os custos da regularização do imóvel, que incluem o ITBI e os gastos com cartório. VEJA SE O LUGAR ESTÁ DESOCUPADO Caso o antigo morador se recuse a sair, caberá ao arrematante ingressar com uma ação judicial de imissão de posse ou tentar chegar a um acordo. ESTIPULE UM LIMITE PARA O LANCE É fundamental determinar um teto para a oferta, baseado em pesquisas de merca-
O empresário Antonio Afonso, 56, transformou a compra de imóveis em leilão em negócio.
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Meditação Pode ser praticada por qualquer pessoa, em qualquer lugar
por ANNA RANGEL/FOLHAPRESS
O interesse de estudiosos do estresse sobre programas de atenção plena, ou mindfulness, está crescendo: o número de publicações científicas sobre iniciativas do tipo saltou de 12 em 2000 para 674 em 2015, segundo estudo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). A popularização veio depois que o pesquisador norte -americano Jon Kabat-Zinn, da Universidade de Massachusetts (EUA), criou um programa de redução de estresse baseado em atenção plena, no fim dos anos 1970. Kabat-Zinn, que meditava, fazia ioga e era um estudioso do budismo, viu uma oportunidade de apresentar as práticas de um ponto de vista não religioso. A maioria dos programas oferecidos por universidades, como Yale (EUA) e Unifesp, dura cerca de oito semanas e envolve técnicas de meditação, ioga e respiração sistematizadas pelo especialista. “Com essa uniformização, foi possível iniciar pesquisas para mapear a eficácia da prática, e isso impulsionou o interesse por ela no Ocidente”, explica o psiquiatra Paulo Mattos, do Instituto D’Or. O processo de meditação é simples e pode ser conduzido por qualquer um, em qualquer lugar, segundo o médico Marcelo Demarzo, coordenador do centro de mindfulness da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Para pessoas saudáveis, não há contraindicação. “Basta se sentar com a coluna reta -no chão ou até em uma cadeira- e respirar fundo. A ideia é que a pessoa fique bem atenta à respiração.” Cinco minutos já podem ser suficientes para relaxar, mas, com mais experiência, a pessoa pode dedicar mais tempo à atividade. E não é preciso não pensar em nada para meditar. “Não há problema em deixar a mente viajar, mas não se deve dar atenção, e sim deixar esse pensamento ir e vir”, afirma Demarzo.
ORIENTAÇÕES QUE AJUDAM NA PRÁTICA DA MEDITAÇÃO SILÊNCIO Procure um lugar calmo e que não ofereça distrações, sobretudo nos primeiros meses de prática. Se isso
não for possível, vale usar protetores auriculares, que barram o som externo AGENDA É preciso treinar um pouco por dia, mesmo que cinco minutos. Reserve um horário com antecedência e mantenha-o. Para facilitar, no início, coloque um alarme para indicar o fim da prática
APOIO Para que a sessão seja eficaz, é vital se sentir confortável. Pode-se usar colchonetes ou almofadas para acomodar as costas. As roupas também devem ser de tecidos leves POSIÇÃO Iniciantes podem sentir algum descon-
forto. Para evitar dor, a coluna deve estar bem reta, com os ombros alinhados e as mãos apoiadas nas pernas. Os olhos podem ficar um pouco abertos
Fonte: Marcelo Demarzo, coordenador do núcleo de “mindfulness” da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Foto: Adriano Vizoni/Folhapress
A especialista em marketing da Vivo Karina Hassen na sala de meditação da empresa. Foto: Adriano Vizoni/Folhapress
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Sucos industrializados
e refrigerantes Crianças devem evitar sucos industrializados e refrigerantes, consumo excessivo de açúcar pode levar a doenças futuras, como diabetes e males do coração
por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS Arte: Folhapress
A batalha contra o alto consumo de açúcar entre crianças continua forte entre os médicos. Para muitos, não é nem questão de taxar o açúcar como vilão, mas sim o excesso de seu consumo. Com a correria do dia a dia e a maior dificuldade de acesso a produtos frescos, os alimentos industrializados ganham cada vez mais espaço na mesa do brasileiro. E isso é muito perigoso, principalmente para as crianças. “A introdução precoce do próprio açúcar interfere no paladar da criança, predispondo a várias doenças”, diz a nutricionista Isabel Jereissati, da Sociedade Brasileira de Nutrição Funcional. Doenças vasculares e diabetes são alguns desses males. Segundo o Ministério da Saúde, 60,8% das crianças abaixo dos 2 anos no Brasil consomem bolachas recheadas e 40,5% de menores de 5 anos tomam refrigerante. “Tem alimentos que são muito práticos. No dia a dia, os pais acabam utilizando produtos industrializados, altamente palatáveis, com embalagens chamativas para as crianças, com excesso de gordura, sal e açúcar”, diz. Muitas vezes, os pais se preocupam demais com alguns alimentos tidos como vilões e esquecem outros. “A batata frita, feita em casa, comparada a produtos industrializados talvez não seja tão maléfica quanto um iogurte com corante e açúcar”, afirma a especialista. Um estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde), indica que o máximo que uma pessoa deve consumir de açúcar por dia é 25 gramas. Mas, na prática, isso é praticamente impossível. “Ninguém consegue fazer essa contabilidade”, diz Maria Edna de Melo, presidente da Abeso (Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica). “A questão é que o consumo rotineiro que é excessivo”, completa. Cantina de escola ainda preocupa Para Maria Edna de Melo, presidente da Abeso, a alimentação servida em escolas da rede pública melhorou, apesar de ainda contar com muito carboidrato, como as massas. Porém, o que merece atenção são as cantinas. “Precisava haver uma regulamentação nas cantinas escolares. Existe uma venda muito grande de produtos ricos em açúcar e gordura. Alguns pais têm dificuldade de falar ‘não’ aos filhos.”
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