Braganรงa Paulista
Sexta
10 Novembro 2017
Nยบ 926 - ano XVI jornal@jornaldomeio.com.br
jornal do meio
11 4032-3919
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Jornal do Meio 926 Sexta 10 • Novembro • 2017
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919
A celebração de finados
e de todos os santos por Mons. Giovanni Baresse
E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão.
O tema une duas cele-
vocação de todo der humano.
já. Ainda não vivemos a plenitu-
quer? Se Deus quer nosso bem,
brações do cristianismo
No livro do Gênesis, quando se
de. Caminhamos na penumbra
por que as dores? Por que a
ocidental. Os temas es-
fala da criação do homem (do
da fé. Mas, um dia, veremos a
morte? E por que não nos atende
tão especialmente presentes no
ser humano) o autor sagrado
Deus face a face. E viveremos, de
segundo aquilo que pedimos?
calendário da Igreja Católica.
expressa a decisão divina com a
forma plena a filiação divina. São
Penso que convém recordar que
A comemoração de Todos os
frase “Façamos o homem segundo
Paulo, na carta aos Efésios (1,3ss)
é uma questão fundamental ter
Santos tem sua evidência mais
a nossa imagem e semelhança”
afirma que, desde sempre, nós
certeza de que a única vontade
dos momentos alegres e dos
próxima, na vida da Igreja, nos
(cf. 1,26). A consequência da
somos predestinados, escolhidos,
de Deus para todo ser humano
momentos tristes, do sucesso
inícios do século IX. Há indícios
decisão divina encaminha para a
destinados a ser “filhos no Filho
é o bem. Se houvesse em Deus
e do insucesso, de tudo o que
de uma festa de todos os Santos
afirmação que todo ser humano
Jesus Cristo. A comemoração
qualquer outra vontade que não
nos cerca está na certeza de
por volta do ano 609, quando o
deve ser, nas atitudes e palavras,
de Finados, por sua vez, é uma
fosse o bem, ele seria limitado e
que o Criador-Pai não deu vida
Papa São Bonifácio IV consagrou o
um sinal poderoso daquele que
profissão de fé na ressurreição.
não seria o nosso Deus. O lidar
ao homem e à Natureza como
Panteão romano a Nossa Senhora
o criou. As ações e as palavras
Pedimos a Deus pelos nossos
com as limitações e com os mis-
um brinquedo de uma vontade
e a Todos os Mártires. Quanto a
que dizemos deveriam externar
mortos porque acreditamos que
térios que envolvem nossa vida
onipotente. A existência é um
Finados constata-se que o primeiro
sempre a nossa origem. E aquele
eles vivem. E porque acreditamos,
nos coloca a buscar em Alguém
transbordamento daquele que
testemunho de uma celebração
que nos deu essa origem. E se
também, que Deus nos ouve e nos
a razão daquilo que, para nós,
sendo tudo quis partilhar aquilo
coletiva por todos os mortos tem
desejarmos aprofundar mais
atende. Esta “certeza” da vida
amedronta e para o que não sa-
que é com o que não era. Só o
data do século IV. A celebração
é lembrar que Jesus Cristo
eterna e de que a oração não é
bemos como responder de forma
Amor gera vida plena! E Deus
era vivida especialmente nos
ensinou que podemos chamar
perda de tempo nós as vivemos
plena e definitiva. Acolher, com
nos fez vir à vida para que, mes-
mosteiros que escolhiam um dia
o Deus Altíssimo, do Velho
na fragilidade do nosso dia a dia.
coração de criança, aquele que
mo marcados pela vontade de
para lembrar todos os mortos
Testamento, pelo suave nome
Sem dúvida cremos. Mas o cotejo
nos ama com amor fiel e eter-
sermos autossuficientes, fizés-
da comunidade. A celebração,
de “Pai” (Mt. 6,9). Deveríamos
com o sofrimento, com a morte
no, sendo capazes de crer sem
semos a experiência que só na
como hoje a conhecemos, foi
ser a expressão tangível do Pai
e com a oração que nos parece
precisar de provas além daquela
totalidade da doação amorosa
determinada pelo Papa Bento
de todos! Este tema da filiação
não atendida por Deus – porque
dada por Jesus Cristo na sua
seria possível viver o chamado
XV por volta de 1915, durante
divina é retomado muitas vezes
as coisas não aconteceram co-
entrega total, é um caminho de
enraizado no fundo do coração
a Primeira Guerra Mundial. A
no Novo Testamento. São João,
mo pedimos – nos questionam
busca continuada da vocação
e passar da finitude que a morte
celebração de Todos os Santos
na sua primeira carta (3,1-3), faz
sempre. Como crer que o nosso
plantada em nossos corações.
manifesta para a eternidade que
quer chamar a atenção para a
a afirmação: Somos filhos desde
bem é sempre aquilo que Deus
O sentido da vida e da morte,
ela esconde!
As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
Comissão investigativa do Legislativo Oscar de Melhor Animação em 2012 A classe socioeconômica do milionário
(?) poder: a imprensa, por sua influência Saliva (?), indício de mau hálito
(?) nuclear, instalação como Angra I Meio de defesa de soldados na mata
Formação de largada da corrida de F1
Substituto do milho em rações Ruídos Dígrafo de produzidos "carro" durante Goiás o sono (sigla) Orlando (?), time de basquete dos EUA Utilidade laboratorial do ácido clorídrico
Expressão sonora de reprovação Em todo o tempo Objeto como o hijab islâmico
(?)-in, técnica de massoterapia Aqui está! Forma das rampas de skate O do K2 alcança 8.611 m de altura
"The (?)", inscrição no final de filmes
"(?) à Ale- Condição gria", hino do interno da União no maEuropeia nicômio
Perplexo; abismado
Capítulo final de um livro Opulenta
Divisão (?) Galvão, horária primeiro santo do globo terrestre brasileiro Contam; relatam
A Nona (?): História em Quadrinhos
Niels Bohr, físico dinamarquês
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Solução
V
E
V V L
BANCO
Região com nove Estados (abrev.)
R F
Tipo de espíritos de baixa evolução (Espirit.)
"(?) sem bater", aviso em portas
S M T O E C P I A N G O O P O R G O R R A G I C O D E D N O N I TO N A F U S O R R A M E N E I R O S
Sapo, em inglês
A V E N S T I N I E A T S E R R U A R T O E S N O S A M P R E E N A T O G O E N A N T R B E TE
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
Comer, em inglês
Rendimento adicional da poupança, que se soma à variação da Taxa Referencial
S C I A E M U F P I L C A O G E O M
Um Estado que, cinicamente, defende a educação para criar sujeitos não pode tratar de forma tão afrontosa e desrespeitosa a classe de professores. Deveria oferecer melhores condições de trabalho, melhores renumerações e lhes oferecer uma melhor formação acadêmica e pedagógica. A reflexão sobre o Enem pode passar pela seguinte pergunta – por que há tanta distância entre a proposta teórica da avaliação e o cenário atual da educação, notadamente, a educação pública do Brasil? Ou, por que o Estado brasileiro se ocupa com a aparência da educação e com a apresentação de dados sobre investimentos e resultados, mas, de modo geral, a educação continua com suas deficiências e carências? Quem se beneficia com a apresentação de dados que nem de longe refletem a realidade educacional do país? Quem fica com a maior fatia do orçamento público destinado à educação? Isso sem considerarmos as mudanças anunciadas para a educação e que devem ser implantadas até 2019 e sobre as quais pouco se sabe. Como será possível mudar tanto a educação com a quantidade enormes de problemas que ela apresenta? Quem será o órgão responsável por mudanças tão grandes? Por quais razoes a sociedade civil foi excluída da discussão sobre a nova proposta? Não se sabe ao certo as razões que geram tais perguntas, mas o que se sabe, de concreto, é que a propaganda sobre as mudanças e sobre o próprio Enem mascaram uma realidade triste e complexa sobre a visão do Estado com relação a importância humana e estratégica da educação na construção de um país mais justo, honesto e igual.
Sintonia entre integrantes de uma equipe
I S A Q U I A S Q U E I R O Z
A proposta norteadora da avaliação diz que a educação deve criar sujeitos, ou seja, o papel social da educação brasileira é o de criar pessoas capazes de grandes realizações, capazes de tomarem seus conhecimentos e os transformarem em ações cujas repercussões sociais e históricas nos levem a construção de um país melhor. No entanto, longe disso o que assistimos é o oposto. Comecemos pela infraestrutura das escolas públicas que, com raras exceções, se encontram em péssimo estado de conservação e que não oferecem um ambiente que estimule o aprendizado, algumas delas lembram, de fato, instituições correcionais ou presídios por conta da quantidade de grades em suas construções. Há uma carência de material e de recursos para práticas esportivas ou laboratórios de informática, data-shows e outros equipamentos. Além da deficiência em infraestrutura, não há uma ética de valorização da educação e as cenas lastimáveis de alunos dispersos nas salas de aula são frequentes, pois a educação é vista como uma obrigação e não como uma possibilidade de acesso a melhores empregos, a melhores universidades. Curioso já que está também é uma função do Enem, ser uma avaliação que valoriza o vínculo entre a educação escolar, o mundo do trabalho e a prática social. Temos ainda a relação entre o Estado, nas suas esferas municipal, estadual e federal, que humilha a classe de professores, que ridiculariza o seu papel social e que faz o possível para desestimular a formação de uma profissão estratégica e fundamental para o crescimento social e econômico do país e que, ao contrário, pretende engessar as práticas pedagógicas com programas e propostas educacionais que valorizam áreas do conhecimento que fomentam a formação de uma mão-de-obra barata e que, por isso, condena a sociedade como um todo a uma situação de carência material e educacional.
© Revistas COQUETEL
(?) expressa, estrada Item imobiliário com valorização excessiva nos últimos anos
3/eat — end — véu. 4/frog — grid. 5/magic — rango — sorgo. 8/reagente. 15/isaquias queiroz.
por pedro marcelo galasso
Enem
Canoísta baiano que foi três vezes medalhista na Olimpíada do Rio, em 2016 "(?) Secreto", filme com Demi Moore Radiação que pode cortar o aço
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Jornal do Meio 926 Sexta 10 • Novembro • 2017
por PHILLIPPE WATANABE/FOLHAPRESS
Além de servir para pedir comida
há quase 20 anos a aprender técnicas
afirma Luís Roberto Demarco, um dos
“helper” –como o nome diz, destinado
e compartilhar novidades nas
de ensino para jovens com TEA (Trans-
criadores do app CureNetwork.
a quem quer dar apoio a pessoas que
redes sociais, os smartphones
torno do Espectro Autista).
O aplicativo possibilita que pacientes
estejam com câncer.
podem ser um grande aliado na hora
Outro aplicativo, este em desenvolvi-
insiram qual tipo de câncer eles têm
“O aplicativo permite visualizar a cura
de obter apoio para quem passa por
mento, é o ReceTEA, que, por meio de
(ou tiveram). A partir disso, o programa
–uma pessoa encontra a outra e acredita
dificuldades, ou mesmo para facilitar
imagens e infográficos, permite que
cria um filtro para aproximar pessoas
que vai se curar”, diz Demarco.
a comunicação quando há algumas
pessoas com TEA preparem alguns
com patologias semelhantes, formando
Segundo o responsável pelo app, até o
barreiras.
pratos simples sozinhas.
uma rede de apoio.
fim do ano, todos os tipos de câncer estarão
Um exemplo é o aplicativo ChatTEA,
Os aplicativos estão disponíveis para
A iniciativa nasceu após a filha de De-
cadastrados no programa e, a partir do ano
que nasceu após os pais de uma criança
download em Android. Para iOS, é ne-
marco morrer devido a um neuroblasto-
que vem, a cada mês, uma doença rara tam-
com síndrome do X frágil se unirem a
cessário enviar um e-mail solicitando
ma –câncer que afeta células nervosas
bém passará a fazer parte das opções da rede.
desenvolvedores para lançar aplicativos
acesso (info@apdif.com).
e normalmente acomete crianças de
Com o aplicativo, disponível nas lojas de apps
pouca idade.
do Google e da Apple, Demarco pretende
voltados para o uso de pessoas com autismo.
CÂNCER
Demarco diz que a ideia é criar uma
passar a mensagem de que o paciente “não
O app se baseia em programas como o
“As pessoas que tiveram câncer não têm
rede de solidariedade. Pode-se criar
está sozinho e que conta não só com o apoio
WhatsApp para desenvolver ferramentas
nenhuma consideração pela opinião de
um perfil de “curado”, “curando” (uma
familiar mas com o de todos os que têm
que facilitem a comunicação.
alguém que não teve a experiência”,
forma de evitar a palavra paciente) ou
a mesma doença”.
Os uruguaios Daniela Sniadower e Gerardo Wisosky descobriram que o filho Ilan, 22, possuía a síndrome quando o garoto tinha três anos. A síndrome do X frágil tem origem genética e hereditária. Pode provocar autismo e atraso do desenvolvimento intelectual e comportamental de seus portadores, além de alterações físicas e dificuldades na fala e no uso da linguagem. Daniela conta que após o diagnóstico foi necessário adaptar livros e a rotina da criança –e daí surgiram aplicativos especializados. “Percebi que precisava baixar os estímulos, porque esses programas apresentam informações demais. Começamos desenvolvendo um método de comunicação com apoio visual, usando pictogramas.” No ChatTEA, para uma pergunta como “tudo bem?”, a pessoa com autismo tem três opções de resposta: um rosto feliz, um neutro e um triste. O app é capaz de antecipar ao máximo o desenrolar de uma conversa. Dependendo do perfil da pessoa –familiar ou amigo, profissão, idade–, o programa oferece opções de início de diálogos, situações e temas que poderão ser abordados. “Quando você antecipa esses detalhes, está reduzindo a possibilidade de medo e estresse de quem utiliza”, diz Daniela. O casal apresentou o projeto durante o GX27, encontro da Genexus, empresa de desenvolvimento de softwares, em Montevidéu, no Uruguai. A Genexus é uma das companhias que apoia a Apdif (Aprendizaje Diferente), empresa criada pela dupla para o desenvolvimentos dos apps. Engenheira, Daniela abandonou a carreira para cuidar do filho e fez uma pós-graduação sobre as necessidades de pessoas autistas. Ela vem se dedicando
Arte: Folhapress
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Iluminação natural ganha
mais espaço em escritórios A iluminação no ambiente de trabalho pode influenciar o sono e a saúde mental das pessoas, mostram estudos no Brasil e no exterior: quanto maior a exposição à luz natural, melhor para o corpo. por FERNANDA REIS/FOLHAPRESS
Com o bem-estar dos funcionários -e a conta de energia- em mente, empresas têm optado por usar luz solar na iluminação. É o caso do escritório do AirBnb em São Paulo, reformado em 2016. Para a arquiteta responsável, Mila Strauss, a claridade do sol ajuda a melhorar o humor das pessoas. “Elas se sentem mais em casa. A luz natural traz uma conexão com o mundo de fora.” A sustentabilidade, acrescenta, é outro ponto positivo. Essas duas razões também motivaram a SulAmérica a utilizar a iluminação natural em seu escritório inaugurado em 2015 em
São Paulo. “Do ponto de vista ambiental, há uma associação direta com menor gasto de energia. O projeto do prédio foi pensado para colher esses benefícios. E, do lado do trabalho, como temos uma filosofia de bem-estar, a gente não poderia deixar de olhar para o ambiente dos escritórios”, diz Tomás Carmona, superintendente de sustentabilidade da SulAmérica. Segundo ele, pesquisas mostram que os funcionários estão satisfeitos com a mudança. Em toda a circunferência do prédio há sensores de luminosidade que regulam a necessidade de luz artificial -em
áreas bem iluminadas, como a recepção, às vezes as lâmpadas não são acesas. Esse projeto já foi colocado em prática pela Serasa Experian, cujo escritório em São Paulo tem, desde 2002, uma fachada toda em pele de vidro, que permite a entrada da luz solar no prédio. Cada setor tem controle sobre sua iluminação: se for um dia ensolarado e não houver necessidade de lâmpadas, elas são apagadas pelos funcionários. Caso queiram, eles mesmos as acendem. “A claridade natural ajuda o usuário a não se sentir só dentro de um caixote corporativo. A ideia é trazer um ambiente mais
agradável, não só térmico e visual, mas sensitivo”, diz Aline Navarrete, coordenadora de engenharia da Serasa Experian. Além do conforto dos funcionários e da economia de energia, há por trás da decisão de investir em luz natural uma preocupação sustentável, de usar adequadamente os recursos esgotáveis. “Essa luminosidade natural do sol também contribui contra a poluição luminosa, questão muito crítica nos grandes centros urbanos, que prejudica muito a vida no planeta”, diz Andrea Regina, gerente de sustentabilidade corporativa, da Serasa Experian.
Paulo Parente/Divulgação
Luz natural ilumina escritório do Airbnb no bairro Vila Madalena, em São Paulo
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Livrarias investem
em público de nicho Pode ser praticada por qualquer pessoa, em qualquer lugar
por ANNA RANGEL/FOLHAPRESS
Se não dá para competir com os preços, a logística ou o estoque das megalivrarias, a alternativa para as pequenas lojas é investir em nichos onde as grandes não conseguem ou não querem entrar. Há quem se especialize em uma área, como música ou arquitetura, ou invista em títulos que as líderes do setor só entregam sob encomenda. “Assim, o livreiro oferece duas coisas que as grandes não podem: uma curadoria bem apurada dos volumes e um atendimento cuidadoso, de saber o que o cliente quer”, diz Bernardo Gurbanov, presidente da ANL (Associação Nacional de Livrarias). Segundo a entidade, os negócios de menor porte representam 70% das cerca de 3.100 livrarias brasileiras. Para selecionar bem os volumes que estarão no catálogo, o empreendedor precisa dominar o assunto. A sommelier Alexandra Corvo, 42, que abriu neste ano uma pequena livraria especializada em sua escola de vinhos, a Ciclo das Vinhas, desistiu de “ter todos os livros possíveis no acervo”. “Entendi que ser livreiro significa aprender a escolher. Tem muito material ruim, e precisamos filtrá-lo”, diz. O investimento no estoque foi baixo, segundo Corvo, já que a maioria das editoras trabalha sob consignação -ou seja, eventuais encalhes são devolvidos. Mas, se a ideia é investir em um número grande de títulos, como a Free Note, livraria especializada em música,
a empreitada pode custar mais. “Se recebemos 2.000 livros, são cerca de 1.500 capas diferentes. Mas precisamos ter estoque para que o cliente possa pegar os livros e decidir ali mesmo pela compra”, diz o administrador Vinícius Grossi. Para ele, vale a pena assumir o custo extra. A empresa, que faturou R$ 900 mil em 2016, espera crescer cerca de 10% em 2017. Mas, além de ter o livro, é preciso indicá-lo para as pessoas certas. Por isso, o empresário deve estar atrás do balcão, ajudando o cliente a construir sua biblioteca. “Entender a necessidade do freguês é um trabalho artesanal, que leva tempo, mas é indispensável”, afirma Gurbanov, da ANL. Esse contato direto é o maior ativo da livraria Vilanova Artigas, especializada em arquitetura, segundo o proprietário, Antonio Ricarte, 54, o Toninho dos Livros. Em 2016, sua empresa faturou cerca de R$ 600 mil. Há 45 anos no ramo, quando circulava pelas faculdades paulistanas vendendo livros, ele se tornou fornecedor e amigo de arquitetos de renome, à época calouros. “Eles nos pediam títulos e criamos um grande acervo de raridades porque aprendemos o que vale a pena vender”, afirma Ricarte. O grande desafio do empreendedor, segundo a consultora editorial Juliana Ribeiro, é capacitar a equipe de vendedores. Sem isso, fica difícil criar essa relação de confiança, funda-
mental para manter o negócio de pé. E, para Ribeiro, é preciso se desapegar do anseio de oferecer o menor preço. Isso porque as grandes têm uma margem de negociação maior com as editoras. “O público de nicho busca qualidade, e isso custa”, diz. PESQUISA DE CAMPO Para identificar espaços no mercado, é preciso investigar os gargalos das líderes, diz Ribeiro. “O problema da grande é o sucesso da pequena.” A produtora de eventos Elisa Ventura, 53, proprietária da livraria Blooks, descobriu na prática seu nicho: caçar itens já esgotados ou só disponíveis por encomenda nos grandes estabelecimentos. “Os clientes relatavam dificuldades em encontrar alguns livros e fomos direcionando nossos esforços em função disso”, afirma. Um jeito barato de descobrir essas lacunas é usar as redes sociais, segundo Ribeiro. A dica é postar capas e testar a reação do público. Depois, basta entrar em contato e oferecer o título. “As redes são o novo balcão, mas a maioria dos livreiros não percebeu isso”, afirma Ribeiro. 13º lugar é a posição do Brasil no ranking mundial dos maiores mercados de livros 70% das livrarias brasileiras são de pequeno porte R$ 37,74 é o tíquete médio nas livrarias do país 27,54% é o desconto médio dado aos livros, em relação ao preço de capa Foto: Thays Bittar 16.01.2017/Folhapress
A sommelier Alexandra Corvo na escola Ciclo das Vinhas, que abriu livraria especializada em vinhos.
Foto: Adriano Vizoni/Folhapress
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Menopausa precoce Põe em risco o sonho da maternidade, só 10% das mulheres que deixam de menstruar antes dos 40 anos engravidam de forma espontânea
por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS
No último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado em 2014, em dez anos houve um aumento de 17,6% no número gravidezes após os 40 anos. Porém, o sonho da maternidade acaba para muitas que nem chegaram aos 40. São as acometidas pela falência ovariana precoce, ou menopausa precoce. “Os hormônios alteram, falta ovulação e a menstruação fica irregular, cessando gradativamente até o desaparecimento. Assim, é constatada a falência ovariana prematura, que é natural em mulheres de 45 e 55 anos. Mas quando ocorre antes dos 40, consideramos precoce”, afirma Waldemar Pereira de Carvalho, ginecologista especialista em reprodução humana da Clínica Genics. O período da menopausa começa 12 meses após a última menstruação. Ao entrar em uma menopausa precoce, apenas 10% das mulheres conseguem engravidar espontaneamente. As chances aumentam com a fertilização in vitro, que ocorre em um processo onde o embrião é formado fora do corpo, depois introduzido no útero da mulher. É o chamado bebê de proveta. “Quando a mulher posterga a maternidade, tem mais dificuldades para engravidar”, diz o ginecologista Alessandro Scapinelli, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). “A mulher nasce com uma reserva ovariana, que é gasta mês a mês. Vai chegar um período no qual haverá um esgotamento”, completa. No caso de a mulher entrar em uma menopausa precoce, é necessário que ela procure ajuda médica, não apenas no que diz respeito à fertilidade. “Mulheres com falência ovariana precoce ficam mais sujeitas a doenças cardiovasculares e osteoporose”, diz Scapinelli. Puberdadenãoinfluenciaamenopausa Segundo os médicos, a puberdade precoce, quando a mulher começa a menstruar cedo, em alguns casos ainda na infância, não está associada à menopausa precoce. “Não influencia na menopausa precoce. A mulher já começa a perder folículos [estruturas onde são desenvolvidos os óvulos] desde o momento em que o ovário é formado”, explica o médico ginecologista Alessandro Scapinelli.
Arte: Folhapress
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