Braganรงa Paulista
Sexta
15 Dezembro 2017
Nยบ 931 - ano XVI jornal@jornaldomeio.com.br 11 4032-3919
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Jornal do Meio 931 Sexta 15 • Dezembro • 2017
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919
Cultura
E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli
Médico conta algazarras de Jorge Amado em ‘Crônicas do Coração”
por JOANA CUNHA/Folhapress
Quando a ambulância
Mas o livro não é um tratado de
gargalhar Amado e virou chacota
médico pelo rio Paraguaçu, antes
teve dificuldade de en-
cardiologia, como outros escritos
na viagem.
de desembocar na baía de Todos
Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS
contrar o número da casa
por Jadelson Andrade. Ele traz
Na extensa lista de lembranças
os Santos, foram pegos por um
de Jorge Amado para socorrer o
também as intimidades da turma
cômicas há também a ocasião
mau tempo. “Minha ansiedade
escritor que infartava, em 1993,
de amigos do autor de “Capitães
em que o médico e sua mulher
cresceu ao pensar quem eram
foi Jorginho, o neto de oito anos
da Areia”.
vão acompanhar Jorge Amado
as pessoas a bordo”, relata o
de idade, quem disparou pela rua
O médico passou a integrar a
e Zélia Gattai numa visita à
médico.
atrás do carro de emergência para
“cambada de fogueteiros”, apelido
personagens. “Ora, não sei por
residência do então ministro
O paciente também socorreu o
orientar o motorista perdido.
dado por Jorge Amado à turma
que está tão aflito. Hospital da
da Cultura francês, Jack Lang,
amigo. Quando este, numa cri-
A cena é descrita no livro “Crônicas
formada pelos artistas Carybé,
Bahia não lhe parece um bom
em Paris.
se de falta de criatividade não
do Coração”, lançado neste mês
Calasans Neto e suas respectivas
nome?” Dito e feito.
No caminho, os casais trombam
foi capaz de escolher um nome
por Jadelson Andrade, médico
mulheres, junto com a compa-
CRÔNICAS DO CORAÇÃO (bom)
com uma apresentação de esco-
para o hospital que iria fundar
que acompanhou Jorge Amado
nheira do escritor, Zélia Gattai.
AUTOR Jadelson Andrade
la de samba e, ao notarem que
em Salvador, recorreu ao amigo
até a morte do escritor, em 2001.
Certa vez, num camarote do show
EDITORA Caramurê
estava faltando mestre-sala e
que já havia batizado tantos
O prefácio de Paloma Amado,
de Daniela Mercury em Aracaju
QUANTO R$ 50 (128 págs.)
porta-bandeira, Andrade e Gat-
filha do autor, diz que “o leitor
(SE), a convite da cantora, os
tai foram dançar para regozijo
ficará sabendo como um mé-
fogueteiros se estranharam com
do escritor, sentado num banco
dico e seu paciente podem se
o vice-prefeito da cidade.
da praça.
tornar grandes amigos assim de
Ao ser cumprimentado pelo
Para além da algazarra, o médico
imediato”.
político no fim do show, Carybé
relata encontros do ex-presidente
Andrade descreve a situação
retrucou: “você é muito mal-
Fernando Henrique Cardoso e
clínica e os aborrecimentos de
-educado. Entrou aqui sem falar
Antônio Carlos Magalhães que
Jorge Amado com os problemas
com ninguém e ficou o tempo
presenciou na casa de Amado
de visão no fim da vida. Conta
todo com essa tropa de gente
em Paris.
que se preocupava com o excesso
na nossa frente, balançando
Não foi só de risos a jornada dos
de peso do paciente, um glutão
essa bunda grande, quase não
zombeteiros: ao voltarem de
cuja segunda preferência na vida
me deixando ver o espetáculo”.
uma festa de aniversário de dona
era a comida, depois da escrita.
A descompostura do amigo fez
Canô navegando na escuna do
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
Preposição de união Molécula que transporta energia
Cobrador de impostos na Roma Antiga Último processo no fabrico do queijo
Baralho divinatório com 78 cartas
Altar dos hebreus
Rasgar com força Rocha, em francês
Estúdio (?), programa da Globonews Praticante do MMA Rato, em inglês Pouco espessa Oculto; escondido
A batalha que marcou a derrota de Napoleão
Significado do "&" Lá; acolá
Período da Revolução Francesa Casa de Candomblé (bras.)
Símbolo do conjunto vazio (Mat.)
Oceano onde se localiza Madagáscar Uso culinário do fígado de ganso
Moléstia; doença Vitamina que atua na cicatrização
Triste; melancólico
Ferramenta do jardineiro (pl.)
Corta com os dentes Solenidade Opõe-se ao zênite
Que come de tudo Espada, em inglês
"Dr. (?)", peça de Dias Gomes Aliança militar sediada na Bélgica (?) x h / 2: fórmula da área do triângulo Log-(?), operação de saída de um site
Meio de propagação da gripe O tratamento que dispensa anestesia Leste, em francês Categoria de estreia no Automobilismo
Letra que precede o cifrão no Real
Coleção de tratados de Aristóteles Papa, no alfabeto fonético
Que não se deteriora 24
Solução
D
O
R B I R C O RA D R O A L E W M A O N
E F N D E C O A T A R R A D O I N D I O O PA N A U T G U E R O L O U U P T
S O M B R I O C
O
E M P I R I
BANCO
A R G A S O O A T O R T R R I L A C E C L U T R A R A A R I A T E R L L C E I V O RO N I N O R D A T I N D I A R T N C O R R
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
Baseado na experiência e na obserPonto, em inglês vação
Diz-se do tecido amarelado
3/dot — est — out — rat — roc. 5/nadir — sword. 6/coator — gotica. 7/organon.
terária e linguística, mais precisamente, no nosso sonho ou exercício, na Política. Dentro do objetivo expresso de ensinar a arte de persuadir através da manipulação verbal, se interessa não por alcançar a verdade, mas sim por refutar ou defender determinado argumento conforme a conveniência. Soa estranho que a conveniência de alguns, neste local de sonho, se sobreponha ao Bem Comum e conte com o silêncio, estrondoso, vergonhoso e oportunista, de quem criticava o existia antes e que era tão ruim quando aquilo que se vê hoje, mas que contava com uma vantagem ímpar – havia a certeza sobre quem governava, mal, mas que governava. Entretanto, se acreditava que o mundo do mau, do que era ruim, acabou... Ou deveria ter acabado com o início de uma nova era, de um novo momento que criou a seguinte pergunta, dentre tantas outras – quando tal era de prosperidade, de crescimento e de certezas teria início? Qual seria a sua marca? Seu início? O próximo ano? Década? Sem exagero, milênio? Por ora, as coisas não vão bem na nossa abstração, no nosso exercício e não podemos fugir, a menos que estejamos embriagados ou sejamos cegos. A cidade imaginária continua definhando, seus problemas se acumulam e o que deveria ser um conto de fadas, uma história com final feliz, se mostra um pesadelo, sem rumo, sem direção e que, perversamente, não nos deixa acordar ou tentar imaginar um final feliz, a menos que você faça parte dos privilegiados ou dos que sonham acordados. Para os demais, está difícil acordar ou imaginar algo melhor, mesmo com a proximidade de um novo ano.
Mapa (?), base do horóscopo "Perguntar não (?)" (dito)
por pedro marcelo galasso
Façamos um exercício de abstração, quase um sonho, e imaginemos um local hipotético, que não existe na realidade, mas que serve de parâmetro para a análise da nossa atual situação política, econômica e social. É, portanto, um sonho, um exercício sobre um local que não existe. Neste local imaginário, teríamos vários problemas, sempre recorrentes e considerados normais, talvez até desejados por muitas pessoas que se aproveitam de tal situação e lutam, ferozmente, por sua perpetuação. O mais incomum dos problemas aí encontrados pode ser apresentado com a seguinte pergunta – quem governa? Pergunta curiosa, pois a indicação correta e precisa de quem governa cria a estabilidade e indica o caminho que tal local, chamemos de cidade, pretende trilhar e a quem pretende ou espera atender. No entanto, não é claro que governa já que as informações sobre o assunto são especulações, boatos ou conversas que as pessoas têm olhando para os lados e atentas com quem pode ouvir ou participar. Tornemos o problema pior – imaginemos que esta cidade escolheu, através do voto direto, o governante que não sabemos se governa. Pior ainda, ele foi colocado como o grande redentor da cidade, capaz de expurgar tudo o que havia de ruim, contando com a participação popular e o apoio de várias pessoas, personalidades locais, da mídia e de seus pares no Poder Legislativo. Será preciso, neste caso, dar um nome a ele. Talvez o mais apropriado seja o Sofista, uma alusão ao livro de Platão, um notório filosofo grego. Quem ou que é o sofista? É alguém que se apresenta como sábio, mestre, especialista e que pretende ensinar a arte da sabedoria expressa através da gramática, da retórica, da lógica, do direito, da matemática, das análises li-
© Revistas COQUETEL
Presidente do STF em 2016 A literatura de Horace Walpole
S W E S K I
Imaginação
Causa frequente de lesões corporais (pl.)
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por PHILLIPPE WATANABE/FOLHAPRESS
Pacientes acreditam em chazinhos curativos e médicos ainda não têm conhecimento suficiente sobre o câncer, o que atrasa tratamentos. Esse é o panorama oncológico no país, segundo Sergio Simon, que recentemente assumiu a presidência da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc). Simon afirma que a desinformação de pacientes sobre o câncer não é uma característica exclusivamente brasileira e que é difícil fazer com que as pessoas entendam que tratamentos alternativos, como a fosfoetanolamina (conhecida popularmente como “pílula do câncer”), não têm ação significativa sobre a doença e não podem ser usados como terapias principais. O novo presidente da Sboc, empossado em novembro, diz também que, além de clínicos gerais precisarem de mais treinamento oncológico, é necessário haver mais multidisciplinaridade na área. Reportagem - Recentemente a oncologia clínica foi reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de Medicina. Qual a relevância prática disso? Sergio Simon - A importância prática é que o câncer, a partir de 2030, vai ser o maior responsável por mortes no Brasil. Então ainda precisamos aumentar muito o número de oncologistas no país. Temos pouco mais de 2.000 profissionais para cuidar de 200 milhões de pessoas. É pouco. Como a população está vivendo mais tempo e a incidência de vários tipos de câncer tem aumentado, vamos precisar treinar e certificar um grande número de profissionais.
porcional o sistema de saúde? A análise farmacoeconômica evidentemente pende para um aumento dos gastos. Mas medicações mais modernas são mais eficazes e você precisa levar isso em consideração. Para tratar um tipo de câncer de mama, as pacientes com doença metastática até dez anos atrás viviam em média de 20 meses. Com o tratamento moderno, elas passaram a viver 56 meses. Uma mulher poder viver cinco anos em média com doença metastática ao invés de um ano e meio é muito importante. Sabemos que a gestão pública do dinheiro não é muito eficaz. Talvez tenha um trabalho de gestão melhor que precise ser feito, talvez pela centralização de compras para o país inteiro, pela construção de laboratórios centrais específicos para testagem rápida dos tumores. Vi isso no Nepal. Você viu algo que poderia servir de inspiração para o Brasil? A testagem de tumores de pulmão para mutação do EGFR é feita para todos os pacientes a um custo muito barato em um laboratório na Índia. O tratamento que aqui
sai por R$ 4 mil lá custa US$ 60 por mês, cerca de R$ 200. Se o governo estivesse disposto a sentar com os laboratórios e comprar a medicação para o país inteiro, acho que daria para chegar em preços bem próximos disso. Mas existe a vontade por parte dos laboratórios de fazer esse tipo de acordo? Acho que é possível. Um laboratório que faz anticorpos não vendia para o governo, que então decidiu pagar o tratamento em 2014. O preço diminuiu em 70% para a compra centralizada para o governo. Sentar com o laboratório e falar que os pacientes serão tratados e é necessário um preço especial para o sistema público é uma articulação política importante que precisa ser feita. A população em geral desconhece informações corretas sobre o câncer? Isso é universal. As pessoas sabem pouco e acabam inventando histórias e fantasias. Chamou a atenção nessa pesquisa [estudo recente da Sboc] que poucas pessoas sabem algo sobre câncer de intestino, um dos mais prevalentes no país. Obesidade é
outra coisa importante. As pessoas precisam saber que obesidade e sedentarismo são causas importantes de vários tipos de câncer, como de mama, de endométrio, de pâncreas. ¬¬Qual o mito que você mais escuta no dia a dia clínico? A força dos tratamentos alternativos, como chazinhos e a fosfoetanolamina, tem uma influência grande sobre a população. Até podem ser usados, mas isso não deve fazer com que o paciente evite tratamentos tradicionais. Esse tipo de mito de que tratamentos naturais conseguem curar é ruim. Temos uma grande dificuldade de fazer as pessoas entenderem que a fosfoetanolamina não tem atividade em praticamente nenhum paciente. O estudo no Icesp mostrou que é uma droga sem atividade antitumoral e a Assembleia Legislativa de SP faz uma CPI para saber mais sobre a fosfoetanolamina. Virou um problema político e não médico-científico.
Faltam oncologistas no país? Sem dúvida. Há cidades relativamente grandes que ainda não dispõem de um serviço estruturado de oncologia. O acesso à radioterapia é outro problema. Temos filas de espera que ultrapassam seis meses. Evidentemente, é péssimo para o paciente, porque a doença não fica parada. As faculdades de medicina têm alguma relação com isso? As faculdades no Brasil ainda não incluíram a oncologia como um currículo específico no currículo médico. Algumas já têm cursos de oncologia estruturados e os estudantes têm pelo menos uma ideia básica da área. Mas acho que o sistema como um todo precisa melhorar. É preciso que os não oncologistas, principalmente os clínicos gerais, saibam mais oncologia do que eles sabem. Muitas vezes o paciente está na frente do médico e não tem os exames pedidos de maneira correta, o que impede um diagnóstico precoce com maior chance de cura. Recentemente você se tornou presidente da Sboc. Quais os planos da gestão? Uma das funções da sociedade, provavelmente a mais importante, é a interação junto às entidades governamentais para estabelecer tratamento oncológico de qualidade no sistema público. Para que o acesso seja o menos díspar possível em relação ao sistema privado. As novas drogas são caríssimas e os benefícios que elas trazem às vezes são de menor importância para o paciente. Essa análise do que vale a pena pagar, o que se traduz num benefício real de sobrevida e qualidade de vida para o paciente, é um exercício difícil. Mas o que não podemos permitir é que várias doenças no sistema público não tenham nenhum tratamento moderno à disposição. Um exemplo é o câncer de rim e o câncer de pulmão com mutação genética. São doenças que no sistema público de saúde estão totalmente desassistidas. Totalmente? Elas têm um tratamento totalmente fora de qualquer padrão internacional. O câncer de pulmão com mutação do EGFR é um câncer que, em geral, ocorre em não fumantes. Essa doença com mutação tem um tratamento bastante específico feito por via oral, que é altamente eficaz, bem menos tóxico, mas é um tratamento ainda caro, da ordem de R$ 4 a R$ 5 mil por mês. A maioria dos pacientes no sistema público nem sequer é testada para a mutação. Economicamente, é possível atualizar tratamentos sem onerar de forma despro-
Sergio Simon, novo presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
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Como chamar Até empresas gigantes foram rebatizadas; aprenda com seus erros
por FLÁVIA G. PINHO/FOLHAPRESS
A escolha do nome da empresa é o primeiro dilema do empreendedor, segundo especialistas em gestão de marca ouvidos pela reportagem. Quem acerta sai na frente na hora de fazer com que as pessoas falem da sua empresa. É questão de dosagem: repetir fórmulas muito surradas, usar palavras genéricas demais (não funcionam como diferenciais) e ficar nas saídas óbvias são atitudes que apontam para o fracasso na criação do nome. Por outro lado, excesso de originalidade, apego à própria ideia e criação de palavras que não querem dizer nada para o cliente são, também, atitudes que dificilmente levam a uma boa solução. O momento da criação do nome deve vir depois de o modelo de negócio estar bem imaginado e colocado no papel, após definição do espaço que a empresa quer ocupar no mercado, da es¬colha de parceiros, do público-alvo e dos pontos de venda. A decisão deve ser tomada com cuidado, já que o nome é a primeira palavra que clientes e parcei¬ros ouvirão ou lerão sobre uma empresa. MENSAGEM CERTA Antes de tudo, o nome precisa reforçar de forma sintética e criativa elementos que definem a empresa, como seu posicionamento no mercado e seu público-alvo. “Um posicionamento bem resolvido é o grande patrimônio das marcas”, diz o consultor Jaime Troiano, da Troiano Branding. Para ele, o nome é a primeira ferramenta de marke¬ting da nova organização. OUTRAS OPINIÕES Quando teve de escolher um nome para a sua li¬vra¬ria virtual, hoje a maior empresa de e-commerce do pla-neta, o ameri¬cano Jeff Bezos, nascido no Novo México, pensou em vá¬rias alternativas: “Re¬lentless.com”, “Awake.com”, “Aard.
com”, “Brows.com”. Quase decidiu-se por “Cadabra” (de “Abracadabra”). Até que seu advo¬gado o lem¬brou que ela poderia ser confundida com “cadáver”. Ele partiu para Amazon: tinha a vantagem de co¬meçar com “A”, ser fácil de pronunciar em inglês e outros idio¬mas, além de dar a ideia de algo vasto e abrangente. ESCOLHA ATEMPORAL Não é preciso escolher nomes por moda, como o prefixo “digi”, de “digital”, que expressava modernidade e já deu sinais de cansaço. Dá para buscar referências na arte ou na literatura, como fez a rede de cafeterias americana Starbucks. O nome veio da família Starbuck, da obra “Moby Dick”, de Herman Melville. Já Yahoo! veio de “As Aventuras de Gulliver”, do inglês Jonathan Swift. Seus fundado¬res, os americanos David Filo e Jerry Yang, se inspiraram na tribo de criaturas selvagens, os yahoos. Apple já existia como o nome da gravadora dos Bea¬tles, mas ganhou uma nova identidade ao batizar a empresa de computadores pessoais de Steve Jobs. BUSCA DO INUSITADO Para o consultor Jaime Troiano, o ideal é que o nome possa embutir de forma clara o ramo do negócio, mas dá para pensar em algo mais inusitado. O gaúcho Felipe Sisson buscou uma variação da palavra “água” em tupi-guarani para mudar o nome da sua Companhia das Piscinas para “iGUi”. Além de ser mais sonoro, se prestaria melhor como base para um logotipo criativo. “Seguir um caminho muito evidente pode fazer com que a empresa seja confundida, o que é uma péssima ideia, ainda mais para quem está começando”, diz Troiano. ALCANCE GLOBAL Em coreano, a marca Samsung quer di¬zer “três es¬trelas”. Em português, francês ou in¬glês ela é apenas um som, embora seja fácil de falar. Ponto para o fundador
da empresa, Byung Lee. Mas, por mais sonoro e adequado que seja, um nome fácil de ser lembrado e pronunciado é apenas o ponto de partida. “Não dá para esperar que o nome sozinho vá garantir o sucesso da empresa”, diz Troiano. “Mas ter uma palavra única e simples faci¬lita a missão de criar um bom logotipo e identidade visual para a marca.” SEM GENÉRICOS Em qualquer ramo de atividade ou tipo de produto, é vital que a marca seja lembrada com facilidade. “Um nome improvável, que surpreenda, sempre marcará mais do que os óbvios”, diz o francês Marcel Botton, fun¬dador da Nomen, principal agência de criação de nomes de em¬presa e marcas da França. Ele e sua equipe já bolaram cerca de 1.800 nomes, alguns célebres, como o do Vélib, serviço de comparti¬lha¬mento de bicicletas na região de Paris. PRONÚNCIA SIMPLES Fuja de nomes di¬fíceis de serem pronuncia¬dos, e, por consequência, memorizados. Hoje, quando na maioria dos casos um dos primeiros contatos da empresa com seu público pode se dar por uma busca na internet, é fundamental que o nome seja simples na fala e na escrita. Nomes muito longos também podem ser dispensados. Nos seus primeiros tempos, em 2003, a marca Skype era conhecida como “Sky-Peer-to-Peer”. Mudou logo em seguida, quando os fundadores perceberam que o nome precisava ser mais conciso. BOA SONORIDADE Palavras difíceis de serem pronunci¬adas sempre são ruins para batizar uma empresa. “Se além de um bom som elas conseguirem vender bem a ideia do ramo do seu negócio, com atitude será ótimo”, diz Jaime Troiano. Uber quer di¬zer “através de” em alemão. Mas é uma pa¬lavra fácil de ser pro¬nunciada em vários idiomas. Nada mal para uma empresa especi¬alizada em
mobilidade, que atua em 84 países. Adidas nasceu da mistura entre o apelido “Adi”, dimi¬nutivo de Adolf, com a primeira sílaba de “Dassler”, nome e so-brenome do funda¬dor da marca de artigos esportivos. É sonoro e fácil de pronunciar em qualquer língua. Lembre que nomes estrangeiros podem gerar pronúncias erradas. Isso pode confundir, mais do que ajudar o seu negócio. LICENÇA POÉTICA No caso de consultorias, cons¬truto¬ras ou escritórios de ad-Foto: Adriano Vizoni - 04.10.2017/Folhapress vocacia, a clássica utilização de nomes e sobre-nomes dos proprietários ainda é muito valorizada porque coloca em evidência a reputação dos sócios, emprestando a credibilidade da pessoa para o negócio. Mas essa fórmula pode não funcionar em outros ramos de atividade. E mesmo para consultorias e escritórios de profissionais liberais, é desejável que o nome, o sobrenome ou o conjunto de nomes soe bem e seja fácil de pronunciar e de lembrar, reforçam os especialistas. CORREÇÃO DE ROTA Blue Ribbon Sports foi o nome da antecessora da Nike, nos tempos em que a empresa era apenas uma importadora de equipa¬men¬tos esportivos japoneses nos EUA. O nome atual foi inspirado na deusa grega da vitória e ajudou a tornar a empresa célebre. Outro gigante também mudou seu nome: o Google. Em 1996, o americano Larry Page e o russo Sergey Brin, lançaram o BackRub, motor de buscas nos servidores da Universidade de Stanford. Um ano depois, rebatizaram a empresa com uma referên¬cia a “googol”, termo da matemática que de¬signa o algarismo “um” seguido de cem zeros. Em 2015, a empresa matriz do conglomerado passou a chamar-se “Alphabet” e o Google passou a ser uma das suas unidades. A ideia é explorar novas atividades sem o risco de vincular o nome célebre a eventuais insucessos
Retrato de Anderson Thees, sócio fundador do fundo Redpoint eVentures e mentor da Endeavor.
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WhatsApp anuncia teste de ferramenta para empresa falar com clientes por FILIPE OLIVEIRA/FOLHAPRESS
O WhatsApp anunciou nesta terça-feira (5) que começará testes de novas ferramentas para serem usadas por empresas para sua comunicação com consumidores. É a primeira vez que a empresa, criada em 2008 e comprada pelo Facebook seis anos depois, cria uma iniciativa para o mercado corporativo. A ação também indica um caminho para a companhia começar a gerar receita -a empresa tem mais de 1 bilhão de usuários ativos em seu aplicativo por dia, todos usando o serviço gratuitamente. Os testes serão feitos a partir de pilotos com companhias selecionadas. O WhatsApp não informou quantas empresas participam desta etapa do desenvolvimento das ferramentas. A empresa afirmou que ainda não há uma data de lançamento das novas funções, mas elas devem chegar ao mercado em alguns meses. Segundo o WhatssApp, é possível que empresas venham a pagar uma taxa pelo uso do app, mas isso não deve acontecer no curto prazo. Em um post em seu blog oficial, o WhatsApp afirma que o aplicativo já é usado para a comunicação entre consumidores e companhias, porém de modo rudimentar. A ferramenta deverá trazer novas formas de gerenciar múltiplas conversas e maneiras mais eficientes para reconhecer se uma comunicação corporativa vem de conta confiável, desafios que o WhatsApp reconhece existir para empresas que usam o app hoje. Haverá um aplicativo gratuito para pequenas empresas e uma solução mais robusta para grandes, como companhias aéreas, lojas virtuais e bancos. Elas poderão usar o serviço para oferecer informações como horários de voos e confirmações de entrega, por exemplo. BRASIL No Brasil, o serviço é testado pelo banco Itaú. Inicialmente ele é oferecido para alguns clientes do banco na categoria Personnalité Digital (segmento de contas digitais para alta renda). Os participantes do piloto podem se comunicar com seus gerentes a partir do aplicativo, além do e-mail, chat e mensagens SMS.
Do lado dos gerentes, as mensagens que chegarem pelo aplicativo irão para uma caixa junto com as mensagens recebidas pelos outros canais, com cores diferentes identificando a origem de cada uma delas. Ricardo Guerra, diretor-executivo do Itaú, diz que o banco rotineiramente recebe pedidos para incluir o canal do WhatsApp em seu atendimento. A participação no piloto vem com o objetivo de atender essa
demanda reprimida, segundo ele. A princípio, o Itaú não terá uma conta verificada que garanta aos clientes que receberem mensagens que o conteúdo é realmente do banco. Para garantir o máximo de segurança aos clientes, a empresa deverá divulgar o número com o qual atende para que eles o reconheçam ao serem contatados. O projeto deverá ser ampliado aos poucos.
Entre as funções que o banco estuda incluir estão envio de notificações e alertas. O Itaú não informa qual o número de clientes que já têm acesso ao piloto nem quantos são membros da categoria onde ocorre a primeira implantação do WhatsApp. O banco diz que a iniciativa contará com o envolvimento de mais de 50 profissionais em contato direto com a matriz do WhatsApp no Vale do Silício (EUA). Foto: Freepik
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Celular
Uso incorreto de computador e celular pode causar dor crônica, postura errada e uso excessivo levam a doenças de coluna e articulações, além de dano à saúde mental por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS
Pelo último levantamento do
Rached, do Hospital das Clínicas.
IBGE (Instituto Brasileiro
“A articulação é uma dobradiça.
de Geografia e Estatística),
Se você fizer muita força puxando
o Brasil tem 207.660.929 habitantes.
só para frente e não para trás, terá
A Anatel (Agência Nacional de
um desequilíbrio. Se não equilibrar
Telecomunicações), por sua vez,
essa articulação, não adianta dar
destacou, em setembro, que existem
analgésico, pois o problema vai
241.062.955 linhas de celulares. Ou
persistir”, completa
seja, existem mais telefones móveis do
Fazendo a comparação com uma
que pessoas no país. Nesse cenário,
alavanca, quanto mais inclina do o
são cada vez maiores os problemas
pescoço no movimento da pessoa
de saúde causados pelos eletrônicos.
ao manusear o celular, maior será
“A incidência [de doenças] tem
o peso que ela carregará. “A cada
aumentado de maneira espantosa,
10˚ que a pessoa inclinar o pescoço
principalmente entre os jovens. Hoje,
para frente, aumenta 1 kg sobre a
crianças de 14 anos já apresentam
coluna. Se dobrar a 40˚, por exemplo,
problemas causados pelo uso desses
será como se ela carregasse 4 kg na
aparelhos”, diz Luiz Cláudio Lacerda
cabeça”, diz Rodrigues.
Rodrigues, especialista em ortopedia e traumatologia pelo Hospital Santa
*
Marcelina. “Sintomas locais como
Danos mentais ainda são estudados
dor nas costas, no pescoço, dor de
O cérebro também é prejudicado
cabeça, vão ficando cada vez mais
pela dependência tecnológica, mas
frequentes.”
os danos ainda não são claros. “Ainda
Para os médicos, o problema maior
não se sabe exatamente qual a rela-
não é o uso do aparelho celular, tablet
ção da dependência de tecnologias
ou notebook, mas sim a forma desse
com outros problemas psiquiátricos.
uso. “As dores acontecem muito em
Imagina-se que possa ser uma via
função do uso desses aparelhos. A
de duas mãos, podendo ser causa
posição sobrecarrega o pescoço, faz
ou consequência de outros proble-
pressão sobre a cervical. O dedão
mas”, diz Vitor Breda, psiquiatra
também sofre por causa da digi-
e membro do Grupo de Estudos
tação”, afirma o fisiatra Roberto
sobre Adições Tecnológicas. (EV)
Arte: Folhapress
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