932 Edição 22.12.2017

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Braganรงa Paulista

Sexta

22 Dezembro 2017

Nยบ 932 - ano XVI jornal@jornaldomeio.com.br 11 4032-3919


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Jornal do Meio 932 4FYUB t %F[FNCSP t

ExpEdiEntE Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br

Natal!

Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

por MONS. GIOVANNI BARESSE

Estamos no Natal. Mais uma vez celebrando o nascimento de Jesus Cristo. O fervilhar motivador do comércio se faz presente há um bom tempo. Os meios de comunicação falam da esperança, apesar da crise, “que o Natal seja bom”, isto é, que os resultados financeiros consigam amortizar as dificuldades vividas durante o ano que chega ao fim. Parece que a postura dos cristãos diante deva festa caminhar por outra estrada. O cristão é aquele que enxerga a profundidade da festa do Natal. E que consegue ver que essa data não é referencial que se esvai no dia seguinte... Para todos os que creem em Jesus Cristo como Filho Unigênito de Deus, que tomou carne humana no seio da Virgem Maria, a celebração do Natal é um compromisso que se prolonga por toda a vida. E a cada celebração que o Senhor da Vida nos dá realizar, esse compromisso torna-se mais “pesado” pela gratuidade de um gesto de amor totalmente incompreensível

para nós. O Criador, que nos amou desde sempre e nos deu liberdade para amá-lo ou não, diante da escolha da autossuficiência humana, buscou um jeito de “estar conosco” para que pudéssemos vislumbrar a imensidão da felicidade que nos quer dar, do amor que nos tem. Em Jesus Cristo elimina a distância que há entre o Infinito e o finito: “Felipe, quem me vê , vê o Pai!” (João 14,9). Todos nós temos sede de felicidade. Ela foi plantada por Deus em nosso coração. Só que a desejamos saciar olhando o horizonte da vida com nossos olhos míopes. Jesus Cristo é aquele que nasce para nos curar da visão curta e distorcida (Marcos 8,24). A data do Natal é, portanto, a afirmação de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo nos querem, tendo-nos feito à sua imagem e semelhança (Gênesis 1,26), como filhos no Filho (Efésios 1,5). Com sua encarnação Jesus Cristo nos redime da separação e nos faz participantes de sua glória, da glória da Trindade

Santa. Por essa razão, a celebração do Natal deve ser para todos nós um reafirmar do nosso discipulado. Do nosso seguir o Mestre. Assumindo suas palavras e seus gestos. Tornando presente, em gestos e palavras, o cerne de sua missão: a proclamação de que o Reino de Deus está em nosso meio! (Mateus 10,7). E o Reino de Deus é que todos sejam um. Que todos sejam irmãos. Que essa fraternidade se expresse na eliminação das injustiças, da maldade, da ganância, do ódio, da guerra, das desigualdades que criam seres humanos sem dignidade. (Mateus 23,8) Celebrar o nascimento de Jesus Cristo é declarar, de forma explícita, que se está ao seu lado para o que der e vier. É fazer da vida uma doação tão extremada como foi a sua. Sendo Deus, “rasgou” a sua divindade e se revestiu da nossa humanidade. Sendo rico se fez pobre... para nós. (2 Coríntios 8,9). Na alegria de podermos celebrar o Natal, ajudemos nossas famílias, as pessoas de nossa

convivência, a prestar atenção no essencial dessa celebração. Daí todo o resto tomará sentido. E as luzes do Natal perdurarão. Tudo o que é luz e enfeite em nossas cidades dever servir para apontar o Aniversariante. Claro que muita gente não tem interesse nisso. Interessa o lucro que se tem à custa Daquele que é a razão da comemoração. Para os que queremos viver o sentido profundo dessa festa fica a responsabilidade de não esvaziá-la. O que é feito no Natal deveria ser feito o ano todo. A beleza externa deveria ser expressão da beleza interna que nos leva a ser solidários. Penso, particularmente, nas festas natalinas oferecidas às pessoas carentes. Elas devem ser a “cereja” sobre as necessidades que são vividas o ano todo. O almoço de Natal deve ser o mais elaborado, consequência de almoços e jantas mais simples que oferecemos na participação das obras como a ação de todos aqueles que tomam a peito visitar as famílias carentes, promover seus direitos, buscar encaminhar para

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

trabalho, etc. São bonitos e louváveis todos os gestos que dão alegria no Natal. Devem, todavia, tornar-se motivadores de ações duradouras. Até o dia em que, sonhadoramente, ninguém mais necessite se não de um abraço, um beijo, um aperto de mão. Tudo por um desejo: Feliz Natal! Neste ano devemos ecoar a frase do Papa Francisco em sua visita a Colômbia: “Não se deixem roubar nem a alegria nem a esperança”. A alegria: não a deixemos roubar por saber que Deus está conosco. A esperança: não a deixemos roubar porque sabemos que Deus é fiel ao seu projeto de amor a respeito do ser humano. E conta conosco para buscar os caminhos que devolvam a todos a possibilidade da vida plena e digna. Feliz Natal!


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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br Instrumento natalino Pátio de usinas

© Revistas COQUETEL

Eventos artísticos competitivos que marcaram os anos 60 no Brasil, a partir de Época abril de 1965 histórica

Histórias sem fundamento Caladas

Newton (símbolo) Para cima, em inglês

por PEDRO MARCELO GALASSO

Que não condiz com a verdade (fem.) "Sem (?)!": nem pensar (pop.) Alfabeto

Mancha de sujeira Agente que atuava nos "porões" da ditadura militar (BR)

Piloto italiano, rival de Fangio e bicampeão de F1 Jurava lealdade ao suserano

Rocha, em francês De segunda mão

Situação na qual se usa o dinheiro de reserva Gesto de despedida Deserto onde vivem os tuaregues Senhor (abrev.)

Condição atribuída a Lady Gaga (Mús.)

Forma de conexão hidráulica Instância psíquica regida pelo prazer

Ponto calmo no centro do furacão

Autocolantes Rebordo de chapéu País africano "Menino", no RS Som característico do pardal Primitiva utilidade do ioiô nas Filipinas

Hillary Clinton, política dos EUA Mauna (?), vulcão ativo do Havaí 56

Solução

L A T C

E N T R E A U P A N D O A R M I D A L D I V O A L H L O

M U S I C A D

E

F E S T I V A I S

BANCO

Estado de Bonito e Corumbá (sigla)

O C U L T I S M O

Apupado (?)-guará: o maior canídeo da América do Sul, habita o cerrado

Falha no motor que causa a parada O Deus de do veículo Maomé Aflição Sílvio Santos, em relação a Patrícia O campo Abravanel das seitas esotéricas

H A B E A P E R M A N R I P U L A A R A D E P Z A A LA I E S S A V N E A R L BE R TO A S O R I N T U A E U S A R A A D E A D O P B O I A R M A

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

Desavergonhado e cínico (pop.) Zuzu Angel, estilista Carregar; conduzir

Estado capixaba (sigla) Insólito

C E D A R I O

defendem a “boa fé”. Ou nasce quando as tradições se tornam fracas ou incapazes de entender e manter a estrutura social sem, no entanto, deixar algo novo surgir, preferindo abraçar a decadência e ver ruir o que pode ser salvo, abrindo caminho e rompendo os limites morais, permitindo que alguém ou um grupo, sem consciência moral, tome o poder tendo por base a ambição pessoal ou do grupo. A questão é perturbadora porque tal processo não permite e nem pretende criar uma estrutura social capaz de resistir aos obstáculos políticos e não promove a construção de padrões morais virtuosos e com o horizonte da vida pública e do Bem Comum, alimentando uma corrida por interesses mesquinhos, por sonhos de enriquecimento a qualquer custo, o que alimenta conflitos internos e externos, abrindo caminho para a corrupção e para a perda da moralidade política, elemento essencial para formação de uma sociedade justa e rica. Podemos dizer, sem medo, que o Poder Nu é o poder pelo próprio poder ou, de outra forma, dizer que é o só o poder, rude, cru e sem objetivo além de si próprio. Aqui, a justiça deixa de ser justa e se torna expressão dos mais fortes, dos privilegiados, daqueles que detém o poder o que o usam sem a consideração dos interesses e necessidades dos demais. A ideia de que as coisas são como são e que a possibilidade ou luta pela mudança é impossível vem da superstição ligada ao poder e que diz que nada muda, independente de nossos esforços, o que barra ou elimina a chance do exercício do poder como exercício da inteligência. Enfim, o ano de 2017 não acaba no dia 31 de dezembro.

2/id — up. 3/loa — piá — roc. 4/mali. 7/vassalo. 13/alberto ascari.

O pensador inglês Bertrand Russel analisa, dentre várias questões, a ideia do Poder Nu e sua análise tem uma ligação profunda com a lógica de poder que toma conta do país naquilo que ela tem de pior já que os desmandos de hoje terão efeitos nefastos por um bom tempo. Tal poder analisado por Russel é aquele que precisa de consentimento e se coloca acima dos desejos e das necessidades dos governados operando e funcionando para uma parcela pequena do quadro social, atendendo não a interesses, mas sim a privilégios e colocando as necessidades de muitos como paliativos, como algo que pode ou não serem atendido desde que os privilégios sejam mantidos. A forma de construção histórica e institucional do Poder Nu pode ser apresentada em três fases que, como toda teoria filosófica, pode ser aplicada a diversas questões políticas e sociais – a primeira, seria a crença fanática, que alimenta com ódio e pseudocertezas seus seguidores de forma messiânica; a segunda, o assentimento dos dominados ou a tendência de aceitar tal poder como natural e até mesmo necessário; e, por fim, a terceira fase, a rejeição a tradição e os questionamentos acerca do próprio poder. É curioso notar que este fenômeno não se restringe ao Brasil e pode ser identificado em fatos contemporâneos dos mais diversos como o Estado Islâmico, a ditadura na Coreia do Norte e o desastroso governo Trump nos EUA. É necessário, então, responder a seguinte pergunta – onde e como nasce tal Poder Nu? Ele pode nascer das doutrinas fanáticas e suas “certezas” carregadas de dúvidas para quem está distante, mas que parecem carregadas de verdades e de uma visão reducionista dos fatos que acalenta e anima os espíritos e, por isso, cheias de possibilidades de manipulações e aproveitadas por pessoas de má fé que, ironicamente,

E V A S S V A L O

Poder Nu

Agradável (o lugar) Penteado que deixa os cabelos ondulados Dirigir (navio)


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Triatleta Economista que recebeu coração transplantado se torna triatleta

por PHILLIPPE WATANABE/FOLHAPRESS

“Eu nasci com um problema no coração. Com 20 dias eu estava no CTI porque eu não tinha força para mamar. Não dava para fazer tudo que as outras crianças faziam”, afirma a economista Patrícia Fonseca, 32, transplantada há dois anos. Enquanto esperava internada por um coração, a economista colocava bilhetinhos amarelos na parede do CTI (Centro de Tratamento Intensivo) com seus desejos. O principal era “coração de atleta”. Segundo Carlos Hossri, responsável pelo serviço de reabilitação cardiopulmonar do HCor (Hospital do Coração, em São Paulo), o caso de Patrícia é insólito, pela velocidade e forma da recuperação. A economista -que ganhou um coração novo exatamente no dia de seu aniversário de 30 anos- conta que a expectativa é que ela ficasse 15 dias no CTI após a operação; ficou cinco, sendo que no terceiro já estava andando. Logo em seguida, começou a reabilitação com auxílio de exercícios. “Foi emocionante a primeira vez que aumentaram a velocidade na esteira para eu correr. Eu chorei porque nunca tinha corrido na vida.” Um ano depois, diz Hossri, ela tinha atingido 100% da capacidade cardíaca. Sim, o caso de Patrícia não é o padrão entre pessoas com problemas cardíacos e transplantados, mas o cardiologista do HCor afirma que ainda há muitos mitos em relação a esses pacientes e a possibilidade e necessidade de atividade física. “Médicos têm medo de encaminhar para exercício porque na faculdade não nos ensinam fisiologia do exercício, mas, sim, do repouso”, diz Hossri. “Uma coisa precisa ficar na cabeça do cardiopata: o risco de um evento fazendo exercício é muito menor que o benefício do exercício físico constante, principalmente através de programas estruturados.” No caso de pessoas transplantadas, pela imunossupressão provocada pelos medicamentos contra a rejeição do novo órgão, os cuidados são um poucos maiores, mas nada que impeça uma prática de exercícios dosada, que respeite os limites da pessoa. “Com a reabilitação nos transplantados, melhoramos de forma significativa os fatores de risco para problemas cardíacos e podemos dizer também que conseguimos melhorar a sobrevida [dados nesse campo, contudo, ainda são limitados]”, diz Hossri, segundo o qual há evolução mais rápida de doenças cardiovasculares em transplantados. O cardiologista afirma que, logo após o transplante, ainda no CTI, é importante que já se iniciem atividades de fisioterapia para desenvolvimento de força nos músculos, com possibilidade até mesmo de se ter uma bicicleta ergométrica no leito, fatores que estimulam o organismo”. Na sequência, devem ser incentivadas, na medida do possível, caminhadas dentro do quarto e pelos corredores do hospital. O acompanhamento e manutenção focados na reabilitação devem seguir por, no mínimo, um ano. Esse foi exatamente o tempo que Patrícia levou para começar a correr, a ponto de superar o próprio fisioterapeuta que acompanhava o treinamento. Mais seis meses e ela já estava participando de uma corrida de rua. “Aos 30 anos eu rejuvenesci. Uma coisa meio Benjamin Button [refere-se ao filme ‘O Curioso Caso de Benjamin Button’, no qual um homem nasce velho e fica jovem com o passar do tempo]”, afirma Patrícia. Os bilhetinhos amarelos foram quase proféticos. Patrícia se tornou uma triatleta. “Em junho eu fui para as Olimpíadas dos Transplantados, que eu nem sabia que existiam. Ninguém sabe. É o ápice

do transplante”, diz, rindo, sobre ter sido a primeira brasileira com transplante de coração a participar do evento. 25 ANOS “É difícil esquecer o transplante. Foi no dia 23 de agosto de 1992”, diz Luiz Gustavo de Oliveira, 59. Na infância, o aposentado teve uma febre reumática (sequela de infecção que não foi bem tratada) que comprometeu as válvulas mitral e aórtica. Edileide Correia, chefe de miocardiopatia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, afirma que as duas cirurgias para substituição das válvulas

e o acometimento do músculo cardíaco levaram à necessidade, há 25 anos, de um transplante em Luiz. Faltava ar para tudo, até para conversar, conta o aposentado. “Eu era muito fã do Ayrton Senna. Eu quase morri de emoção uma vez em que ele estava correndo aqui em Interlagos com o Prost. Tive que desligar a televisão.” Até mesmo a participação na vida familiar ficou comprometida. Pela condição cardíaca e por não poder fazer muito esforço, Luiz não conseguia nem mesmo carregar seu filho direito.

“A gente não sabia nada desse negócio de transplante. O que ia fazer, falar para alguém morrer para receber um coração?”, diz o aposentado. Para Luiz e Patrícia, quando se fala em transplantes é essencial falar sobre a outra ponta da cadeia, os doadores. “O doador não salva só o paciente para quem ele doa, salva todas as pessoas que amam quem ele salvou”, diz Patrícia. “Eu vivi a doação de órgãos dos dois lados, porque minha mãe morreu e nós autorizamos a doação”, diz a economista. “Você pode ser o herói daquela vida.” FOTO GABRIEL CABRAL/FOLHAPRESS

Patricia Fonseca, queesta de coração novo ha dois anos. Apos o transplante, elatornou-se triatleta.


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Arrependido Saiba quando dá para voltar atrás em uma mudança na carreira, mesmo que bem planejada, uma mudança na carreira sempre envolve risco. Se o profissional faz a troca e descobre que era feliz e não sabia, deve avaliar com cautela se vale a pena tentar voltar para a colocação anterior. por FLÁVIA G. PINHO/FOLHAPRESS

“O arrependimento é mais comum do que se imagina, porque as pessoas criam expectativas altas, muitas vezes com pouca base na realidade”, diz a psicóloga Myrt Cruz, professora da PUC-SP. Quando a saída é planejada e o profissional cumpriu todas suas tarefas antes de deixar a empresa, é possível buscar uma reaproximação, afirma Raphael Falcão, diretor da recrutadora Hays. Mas antes é preciso avaliar como o retorno será encarado pelos ex-gestores e ex-colegas. “Se pedir para voltar pouco depois, vai passar uma imagem de imaturidade e falta de planejamento”, afirma. Para José Augusto Minarelli, presidente da consultoria Lens&Minarelli, a volta dificilmente dá certo, a não ser que aconteça por convite da empresa. “Quando o profissional pede demissão, há uma perda de confiança. Ele retorna com pouco poder de negociação. Mas, se o chefe antigo fizer uma nova proposta, é diferente.” Foi o que aconteceu com a publicitária Erika Martins, 23. Depois de ficar por um ano como estagiária em uma agência de publicidade, ela resolveu buscar uma nova experiência como assistente em uma outra empresa do ramo. Quando chegou à nova casa, viu que nem as gestoras nem os clientes seriam os prometidos na entrevista. Também percebeu que o salário não compensaria, porque o trabalho se estendia para além do expediente. Após duas semanas, presenciou uma cena de assédio moral e decidiu que não ficaria ali. Por sorte, suas antigas chefes souberam do caso e a chamaram de volta, com uma proposta melhor. “Voltei mais forte. Foi bom sair para

olhar de fora. Às vezes, você pensa que está no pior lugar do mundo e, quando experimenta outra posição, vê que estava bem”, diz. Já o administrador Maurício Nascimento, 42, não teve a mesma sorte. Em 2015, deixou uma multinacional de brinquedos, onde trabalhou por dez anos na área financeira, para abrir uma franquia de limpeza doméstica. O negócio não deu certo e acabou fechando um ano e meio depois. Durante esse período, Nascimento viu seus ex-colegas serem transferidos para outros países. Até tentou, mas não conseguiu voltar à companhia. “Talvez tenha saído na hora errada.” Após quatro meses de busca, conseguiu se recolocar em uma empresa de tecnologia, onde, agora, é gestor da área de tesouraria.

cêutica, viu-se desempenhando uma função limitada. Até cogitou voltar para a empresa anterior, mas preferiu ir em busca de novas oportunidades. Pesquisou a demanda do mercado e fez dois cursos de aprimoramento. Em um mês, foi chamado para um processo seletivo e venceu a desconfiança do entrevistador em relação à curta experiência. “Expliquei os motivos pelos quais entrei e quis sair, e ele viu que estava falando a verdade”, diz Silva, que hoje trabalha como gerente de contabilidade em uma consultoria de tecnologia. PLANEJAMENTO O risco sempre existe, mas diminui drasticamente quando se faz um mapeamaento prévio de todas as possíveis vantagens

e desvantagens do novo emprego, diz SigmarMalvezzi, professor do Instituto de Psicologia da USP. Também é importante não tomar uma decisão no calor da emoção -logo depois de uma discussão com o chefe, por exemplo. Conversar com alguém externo, que possa analisar a questão com mais objetividade, também ajuda. Antes de entrar em uma nova empresa, é fundamental buscar todas as informações sobre ela e conversar com quem trabalha lá. Já quem quer empreender só deve pedir demissão se tiver uma reserva que permita não depender do lucro do novo negócio, recomenda o coach Aristides Brito. O ideal é se capacitar com cursos de empreendedorismo e só sair do emprego quando a empresa estiver encaminhada. FOTO: KARIME XAVIER / FOLHAPRESS

TEMPO AO TEMPO Antes de voltar atrás, é importante dar um tempo para diferenciar se a insatisfação tem a ver com uma dificuldade de adaptação ou com um problema da empresa. “Os seis primeiros meses podem ser estressantes. É muita coisa nova”, afirma Beatriz Braga, professora da escola de administração da FGV. É preciso saber separar o que tem ou não solução. Se o profissional vir que ali de fato não há futuro, deve planejar a saída e não ter medo de queimar seu currículo com uma experiência curta. “Uma boa justificativa na hora da entrevista neutraliza a ideia de que a pessoa não é estável”, diz Minarelli. Foi o que fez o contador Augusto César Silva, 55. Depois de seis meses como gerente em uma multinacional farmaFOTO GABRIEL CABRAL/FOLHAPRESS

O administradorMaurícioNascimento, 42

A publicitária Erika Martins, 23, na agência em quetrabalha v


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HIV Diagnóstico de pessoas com HIV cresce 18% em 4 anos no país, diz relatório por FILIPE OLIVEIRA/FOLHAPRESS

A fração de pessoas que têm

Até 30 de junho, haviam no país 517 mil

HIV e que sabem que têm o vírus

pessoas em tratamento antirretroviral.

cresceu 18% no país entre 2012 e

A taxa de abandono ou interrupção do

2016. No mesmo período, aumentou em

tratamento se mantém em 9% -o índice

15% o percentual de pessoas com o vírus

segue constante desde 2013.

e que estão em tratamento. De acordo com o Relatório de Monito-

JOVENS COM HIV

ramento Clínico do HIV, lançado nesta

O relatório mostra ainda que o maior

quinta-feira (23) pelo Ministério da Saúde,

desafio do país é inserir os jovens no

estima-se que, em 2016, aproximadamente

tratamento. Apenas 56% das pessoas que

830 mil pessoas vivem com HIV no país.

vivem com HIV e que têm entre 18 e 24

Dessas, 694 mil (84%) são diagnosticadas.

estão tomando antirretroviral. E destes,

Nos primeiros seis meses deste ano, o

menos da metade apresentavam carga

levantamento aponta que quase 35 mil

viral baixa.

pessoas iniciaram tratamento contra a

O SUS (Sistema Único de Saúde) financia

doença.

toda a terapia antirretroviral do país. O

Em 2016, das pessoas que estavam to-

governo diz que gastou R$ 1,1 bilhão com

mando antirretroviral há pelo menos seis

o programa em 2017.

meses, 91% delas alcançaram a supressão

Lançado pelo segundo ano seguido, o

viral, quando a carga fica abaixo de mil

Relatório de Monitoramento Clínico do

cópias de vírus para cada miligrama de

HIV avalia as metas 90-90-90: (90% das

sangue, um indicador de sucesso porque

pessoas vivendo com HIV diagnosticadas);

quanto menor fora a quantidade de ví-

(90% das diagnosticadas em terapia an-

rus no organismo, menor é a chance de

tirretroviral); e (90% das diagnosticadas

transmissão. Em 2012, esse percentual

em terapia antirretroviral com supressão

era de 85%.

viral), até o ano de 2020 para o Brasil.

Também caiu o tempo que uma pessoa

As metas foram instituídas em 2014 pelo

leva, entre o diagnóstico e o início do

Programa das Nações Unidas para Aids

tratamento do HIV : de 161 dias para 42.

(UNAIDS).

FOTO: FREEPIK


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Computador e Celular Uso incorreto de computador e celular pode causar dor crônica, postura errada e uso excessivo levam a doenças de coluna e articulações, além de dano à saúde mental por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS

Pelo último levantamento do

Rached, do Hospital das Clínicas.

IBGE (Instituto Brasileiro

“A articulação é uma dobradiça.

de Geografia e Estatística),

Se você fizer muita força puxando

o Brasil tem 207.660.929 habitantes.

só para frente e não para trás, terá

A Anatel (Agência Nacional de

um desequilíbrio. Se não equilibrar

Telecomunicações), por sua vez,

essa articulação, não adianta dar

destacou, em setembro, que existem

analgésico, pois o problema vai

241.062.955 linhas de celulares. Ou

persistir”, completa

seja, existem mais telefones móveis do

Fazendo a comparação com uma

que pessoas no país. Nesse cenário,

alavanca, quanto mais inclina do o

são cada vez maiores os problemas

pescoço no movimento da pessoa

de saúde causados pelos eletrônicos.

ao manusear o celular, maior será

“A incidência [de doenças] tem

o peso que ela carregará. “A cada

aumentado de maneira espantosa,

10˚ que a pessoa inclinar o pescoço

principalmente entre os jovens. Hoje,

para frente, aumenta 1 kg sobre a

crianças de 14 anos já apresentam

coluna. Se dobrar a 40˚, por exemplo,

problemas causados pelo uso desses

será como se ela carregasse 4 kg na

aparelhos”, diz Luiz Cláudio Lacerda

cabeça”, diz Rodrigues.

Rodrigues, especialista em ortopedia e traumatologia pelo Hospital Santa

*

Marcelina. “Sintomas locais como

Danos mentais ainda são estudados

dor nas costas, no pescoço, dor de

O cérebro também é prejudicado

cabeça, vão ficando cada vez mais

pela dependência tecnológica, mas

frequentes.”

os danos ainda não são claros. “Ainda

Para os médicos, o problema maior

não se sabe exatamente qual a rela-

não é o uso do aparelho celular, tablet

ção da dependência de tecnologias

ou notebook, mas sim a forma desse

com outros problemas psiquiátricos.

uso. “As dores acontecem muito em

Imagina-se que possa ser uma via

função do uso desses aparelhos. A

de duas mãos, podendo ser causa

posição sobrecarrega o pescoço, faz

ou consequência de outros proble-

pressão sobre a cervical. O dedão

mas”, diz Vitor Breda, psiquiatra

também sofre por causa da digi-

e membro do Grupo de Estudos

tação”, afirma o fisiatra Roberto

sobre Adições Tecnológicas. (EV)

ARTE: FOLHAPRESS


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