Braganรงa Paulista
Sexta 5 Janeiro 2018
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Jornal do Meio 934 Sexta 5 • Janeiro • 2018
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Não se deixem roubar nem a alegria
nem a esperança! por Mons. Giovanni Baresse
Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão.
Com toda probabilidade
da invasão dos assírios. O fato
so de composição, impossível
fechando os olhos à realidade,
esta frase já é conhecida
aconteceu porque Acaz, rei de
se der reconstituído em todas
temos que aprofundar a consci-
de todos. Foi fala do Papa
Judá (reino do Sul), fraco e me-
as suas etapas. Podemos dizer
ência do dever de cidadãos para
Francisco quando da sua visita
droso, temendo ações contrárias
que outros profetas, chamados
buscarmos pessoas e propostas
à Colômbia no ano que passou.
das tribos do Norte fez aliança
de Segundo e Terceiro Isaías,
para que a crise que vivemos seja
O caminho de pacificação do
com o poder assírio. Isaías se
fizeram a atualização de suas
superada. A lide das eleições de
país ainda passava e passa pela
preocupava com a corrupção
palavras até o ano 538 quando
outubro exige de cada cidadão
vivendo. É oportuno lembrar que
estrada difícil da reconciliação.
moral que a prosperidade tinha
do edito de Ciro, rei da Pérsia,
o dever de escolher pessoas que
nada acontece de-repente. É um
Os anos de embates entre as
provocado no reino do Sul e das
permitindo a volta dos exilados.
possam dar rumos a uma ação
longo processo de convencimento e
FARC e governo, o envolver de
alianças espúrias feitas com reinos
No meio de todo infortúnio, que
política que coloque o país nos tri-
conscientização.Tambémnãodepende
pessoas inocentes nas disputas,
estrangeiros. Não sendo ouvido,
caracteriza as ameaças de castigo
lhos da Justiça, da transparência,
de decisões divinas ou de milagres
as mortes e sofrimentos provo-
retirou-se por um bom tempo
pela situação do afastamento
da reta intenção de buscar o Bem
a mudança da realidade! A Bíblia já
cados criaram os entraves para
da vida pública. Voltou a pregar
de Deus, progressivamente, o
Comum. É importante não cair
nos deixou claro que Deus nos quer
o sonho de horizontes de Paz!
pelo ano 705 quando Ezequias
profeta falará da reconstrução.
na armadilha de arranjarmos um
abençoados (Números 6,22-27). E ele
Creio que o Papa Francisco se
se revoltou contra a Assíria. A
Despertando a alegria e a es-
“salvador da pátria”! Por melhores
nos abençoou! Agora é a nossa vez
reportou, como inspirador, ao
participação nos assuntos do país
perança num povo que julgava
intenções que alguém possa ter, nin-
de colocarmos nossas capacidades
profeta Isaias. A introdução a
fez de Isaías um herói nacional.
que não merecia perdão e por
guém conseguirá governar sozinho.
para realizar o projeto divino. Sabe-
Isaías, que se encontra na Bíblia
Mas o que sobressai nos seus
isso Deus o tinha abandonado.
A escolha de senadores e deputados
mos que há um caminho árduo a ser
de Jerusalém, nos dá indicações
escritos é a grandeza de sua fé.
O profeta afirma a fidelidade
federais e estaduais comprometidos
percorrido. Mas tendo a esperança
para entender melhor o profeta.
Marcou sua época e fez escola.
de Deus apesar da infidelidade
com a ética, junto aos governadores
(do verbo esperançar, como ensina
Este iniciou sua missão por volta
Suas palavras foram conservadas
do povo! Neste vasto contexto
e presidente da República possi-
o professor Mário Sérgio Cortella)
do século VIII antes de Cristo.
e sofreram acréscimos ao longo
podemos situar o chamado do
bilitará o embate para as soluções
a alegria alicerçará o que cada um
Quando prenunciava a destruição
do tempo. Como todos sabem
Papa Francisco. Vivemos tempos
que favoreçam a cidadania. O voto
e todos deveremos fazer! Por isso,
e ruina sobre o reino do Norte
o livro que traz seu nome é o
difíceis. Restringindo nosso olhar
consciente e livre será chave para
diante dos desafios, não percamos
(Samaria e Galileia) em virtude
resultado de um longo proces-
para o campo da Política e não
modificar aquilo que hoje estamos
nem a alegria nem esperança!
As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
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Jornal do Meio 934 Sexta 5 • Janeiro • 2018
www.coquetel.com.br Total de orações no período Desonrar; simples infamar (Gram.) (fig.)
Gordo, em inglês Prêmio irônico concedido aos piores do Cinema nos EUA Etapa Erro; engano
por pedro marcelo galasso
Número inteiro indeterminado Último livro de José Saramago Venceu a Batalha da Inglaterra (Hist.)
(?) da perna: a panturrilha
A vogal da vaia Substância descoberta no planeta Marte Ato, em Tem o inglês hábito de
Provê Ave que renasce das cinzas
Sôfrego Esvaziou "(?)-Man", antigo videogame
Caráter da lição, no método Kumon de ensino
Pedra, em tupiguarani
Correio Aéreo Nacional (sigla)
Rapper que lançou Deixar de o CD "Life confiar is Good"
Cachaça Monte mais alto de Creta
País cuja capital é Quito
Mordacidade Santa (?) Kali, padroeira dos ciganos
Oferecido Pacto, em inglês Tiranossauro (?), grande réptil carnívoro do Período Cretáceo Tchau, em italiano Tenso; ansioso
Formato da curva de 180 graus
Criminais (jur.) Linha Internacional de (?): situa-se em Telefone posição oposta (abrev.) à do meridiano de Greenwich
Braço sindical do PT
Clave de (?) símbolo musical
Armação da cesta de basquete Conteúdo do cárter do motor do carro
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Solução
U M A N C H R A R
C A R U U A N A D V A I D E O Q U T A D D O O R O
L
BANCO
Odilon Redon, pintor francês
A S E R I S S T A T A A G A S T A C O U T I T I O T C I D A A D O N A I S D A T O R E S S A L E O
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
Pousar (aeronave)
F R A M B O E S A D E O U R O
mais feliz. Feito isso, a multidão se une de tal maneira em uma só pessoa que é chamada de Estado. É assim que surge o Grande Leviatã, ou melhor, aquele deus mortal a quem devemos, sob o deus imortal, a nossa paz e defesa. Essa autoridade pode usar de tanto poder e força quanto lhe pareça necessário para garantir a paz interna e a ajuda mútua contra os inimigos externos. Aquele que representa essa multiplicidade de vontades e exerce esse poder em nome de todos é o soberano, os demais são súditos. Alcança-se esse poder soberano por força natural, por guerra ou quando os homens acordam voluntariamente confiando serem protegidos por ele contra todos os demais. Constitui-se, assim, o Estado-instituição. Da instituição do Estado derivam todos os direitos e faculdades daquele ou daqueles que detém o poder que lhes foi conferido pelo consentimento do povo. Por sua vez, o povo é obrigado e permanecer fiel ao compromisso assumido e não pode, sob nenhum pretexto, voltar à confusão da multidão desunida, e tampouco transferir o poder a outrem. É prerrogativa do soberano ser juiz das opiniões e das doutrinas, conduzir a paz e regulamentar as ações de onde resulta a concórdia. Ao soberano compete prescrever as regras sem as quais ninguém teria a segurança na posse da propriedade, ou seja, as regras do meu e do teu, do bem e do mal, do legal e do ilegal nas ações, o que se denomina leis civis. A ele compete o direito de julgar, ouvir e decidir todas as controvérsias que surgem com respeito à lei, civil ou natural, ou com respeito aos fatos. A ele compete o direito de declarar ou executar a guerra ou a paz com outros Estados e tomar as providencias para concretizá-las. A ele cabe escolher todos os conselheiros, ministros, magistrados e oficiais em função do bem público, premiar os que servirem o Estado e castigar os que e desacatarem. Esses direitos constituem a própria essência da soberania e são, portanto, intransferíveis e inalienáveis. Todavia, contanto que proteja os cidadãos, o poder é igual em todas as formas de governo, e o pior dos governos é preferível às misérias e às calamidades da guerra civil, ou àquela condição dissoluta do homem sem governo, sem leis e sem o poder coercitivo que o proteja da rapina a da vingança dos seus semelhantes. A liberdade de que falam os gregos e os romanos não é a liberdade de homens particulares, mas sim do Estado que tem a liberdade de fazer o que lhe apraz e o que considera mais condizente com o bem-estar da coletividade. Muito para se pensar e aprender, exercícios fundamentais para o ano de 2018.
Furna "Hotel (?)", filme que retrata o genocídio de tútsis na África, em 1994
3/act — art — fat — ida — nas — oti — sia. 4/ciao — ébia — pact. 10/dicacidade.
2018 nem começou e já abre uma série infinitas de questionamentos, de dúvidas e de discussões sobre o atual e péssimo governo Temer e as eleições que apontam para um cenário incerto com a possibilidade do retorno de Lula como presidente de um partido político desgastado, o PT, e que se tornou igual aos demais partidos políticos, ou seja, abraçou a lógica das mentiras, da corrupção, da ineficiência e todos os demais adjetivos ruins que eles merecem. Além disso, algo ruim e nefasto por si só, corremos o risco dos retornos apavorantes de candidatos/candidatas salvadores/salvadoras ou oportunistas, como Marina Silva, o próprio Lula, ou novas farsas, como deve apresentar o rachado PSDB, e os candidatos de véspera, como o detestável e violento Bolsonaro. Horizonte ruim, mas realista de um país que levará décadas para se reconstruir, para superar seu passado de desigualdades, de injustiças e de exclusões que ainda persistem por lições não aprendidas ou convenientemente escondidas, pela força de uma classe política que não visa o Bem Público ou Comum, mas que vê e usa a máquina estatal como fonte de enriquecimento ilícito e que deflagra uma onda de exclusão sem precedentes na História de um país que se construiu sobre a exclusão, a violência e o descaso público, como a escravidão, a força dos coronéis e de uma elite rica e inculta, marcada por sua mesquinhez. Horizonte ruim, mas realista frente ao que assistimos e ajudamos a perpetuar e construir. E é aqui, neste ponto, que o pensador inglês Thomas Hobbes tem muito a nos ensinar, pois mesmo discordando de algumas de suas colocações e propostas, ele segue como fundamental para a compreensão da Política. Ao se preocupar com a filosofia política, ele estudou e analisou as características e os problemas humanos enquanto animais políticos ou sociais e trabalhou com as origens, natureza, finalidade e importância do governo, dos Estados e instituições no decorrer do desenvolvimento humano, classificando os governos e explicando as suas estruturas em termos de ideal e de realização; elaborou utopias enquanto ideias da realidade política; procurou relacionar o indivíduo e o governo em termos de poder, obediência, supressão e censura, mas definindo os direitos mútuos dos Estados, analisando os valores sociais e políticos, tais como a justiça, a igualdade, a liberdade, os direitos, a propriedade e o uso da propriedade e, prol de um Estado que deveria ser, da forma pensada por Hobbes, justo e fundamentado na razão e natureza humana. Defendeu o Estado civil contra os abusos religiosos e para evitar a situação natural em que as pessoas agem como predadoras entre si, o Estado torna-se meio de previdência e preservação do gênero humano e de uma vida
© Revistas COQUETEL
Aprovado em 2003, determina (?) déco: teve seu para os maiores de 65 anos desauge nos Cantora conto em Narrativa anos 30 australiana teatros que fundia a História à Mitologia, na cultura viking
F A T E B A I A F E P N A I C X P I A C S T O
com Hobbes?
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
D R E S C R E A R
O que aprender
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Jornal do Meio 934 Sexta 5 • Janeiro • 2018
por PHILLIPPE WATANABE/FOLHAPRESS
O segurado que trabalha em atividades prejudiciais à saúde vive a expectativa de antecipar a aposentadoria do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Quem não tem tempo suficiente em atividade insalubre para pedir o benefício especial pode converter esse período e antecipar a aposentadoria por tempo de contribuição. Na maior parte dos casos, cada ano em atividade insalubre representa um aumento de 40% na contagem do tempo, para os homens, e de 20%, para as mulheres. Esse reconhecimento, porém, não é nada fácil. A lista de exigências varia de acordo com a época em que a atividade foi exercida. Desde 2004, porém, o formulário PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) deveria ser o suficiente para o segurado conseguir a contagem. Na prática, não é bem assim. O advogado João Badari explica que profissionais da área da saúde, eletricistas e vigilantes armados com frequência precisam ir à Justiça para terem seu direito reconhecido. Ele diz que a maioria não tem os 25 anos mínimos atualmente necessários para ter a aposentadoria especial, que dá direito ao benefício integral, igual à média salarial do segurado. RUÍDO Badari explica que a exposição ao ruído também leva segurados em diversas atividades a buscarem a Justiça pelo reconhecimento do direito. O INSS cria dificuldades na concessão do tempo especial sempre que o formulário PPP informa que o segurado usava equipamento de proteção. No STF (Supremo Tribunal Federal), os ministros definiram que o equipamento de proteção pode acabar com a insalubridade. O entendimento, porém, não vale para o ruído. Mesmo assim, os segurados dependem da Justiça para ter o bônus. * QUEM MAIS CONSEGUE O DIREITO Até 28 de abril de 1995, o INSS considerava uma lista de profissões com direito ao tempo especial Depois, passou a exigir o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário), e laudos como o LTCAT, para ruído Dificuldades Quem preenche esses formulários são as empresas Muitas vezes, o segurado só descobre, anos depois, que o documento tinha um erro ou estava incompleto Pedido judicial Na Justiça, o segurado tem mais chances de conseguir o reconhecimento do direito O trabalhador não pode esquecer de fazer o pedido no posto do INSS antes de ir à Justiça AS PRINCIPAIS PROFISSÕES COM TEMPO ESPECIAL Profissionais da área de saúde Enfermeiros Médicos Auxiliares de laboratório As dificuldades desses profissionais O INSS considera que a exposição a agentes insalubres não é permanente e habitual, duas exigências para o tempo especial Para a Justiça, a comprovação da exposição a agentes químicos e biológicos configura o direito à contagem mais vantajosa Eletricistas Assim como os vigilantes, os eletricitários podem antecipar a aposentadoria com a contagem especial O que a Justiça decidiu A exposição à eletricidade não é enquadrada propriamente como atividade insalubre,
mas ela compromete a integridade física do trabalhador Além do risco de uma descarga elétrica, o segurado convive com níveis exagerados de cautela e estresse
Foto: Pixabay
Metalúrgicos Quem trabalha em diversas funções na indústria de metais pode ter o reconhecimento Em muitos casos, o INSS exige laudos para a comprovação da insalubridade, além do PPP, formulário preenchido e fornecido pela empresa O que a Justiça decidiu Essas atividades são expostas a diversos tipos de agentes nocivos, desde os físicos, como ruído, aos químicos, como poeira de sílica Para a Justiça, os laudos são obrigatórios, desde 2004, somente para o ruído Os demais agentes nocivos são comprovados somente com as informações do PPP Vigilantes e guardas municipais armados O conceito de atividade perigosa, em que há o risco de morte, foi excluído da legislação sobre o tempo especial em 1997 Com isso, essas atividades têm grande dificuldade em conseguir o tempo especial O que a Justiça decidiu O agente nocivo estaria presente durante toda a jornada de trabalho desses profissionais Portanto, o INSS não pode exigir um laudo técnico para reconhecer o potencial risco de morte dessas atividades Setor de combustíveis Frentistas, motoristas, transportadores e trabalhadores das indústrias de tintas, plásticos e siderúrgicas são alguns dos segurados expostos a vapores químicos e orgânicos O que a Justiça decidiu Esses trabalhadores dependem dos laudos fornecidos pelas empresasTodos os agentes nocivos a que estão expostos devem ser relacionados no formulário entregue pelo patrão O trabalhador deve ter seu formulário, mas não precisa entregar o laudo, que é o documento completo que fica na empresa REGRAS ATUAIS DO BENEFÍCIO A aposentadoria especial é concedida para quem comprova de 15 a 25 anos de atividade reconhecida pelo INSS como insalubre Para a maioria dos casos, vale o tempo mínimo de 25 anos especiais Quem não consegue comprovar ou não trabalhou pelo tempo mínimo em atividade prejudicial à saúde pode converter o período especial em comum Principais atividades ineração no subsolo, perfurador, transportador e cortador de rochas e explosivos, condutor de vagonetas e outros que atuam diretamente na mineração Tempo mínimo exigido - 15 anos Quanto cada ano especial vale na aposentadoria por tempo de contribuição: 2 anos (mulheres) e 2,33 anos (homens) Trabalho no subsolo, motorista, carregador, eletricista e outros trabalhadores de galerias, rampas, poços e depósitos mais afastados da extração de minérios Tempo mínimo exigido - 20 anos Quanto cada ano especial vale na aposentadoria por tempo de contribuição: 1,5 ano (mulheres) e 1,75 ano (homens) Demais atividades com insalubridade: metalúrgico, engenheiro (químico, metalúrgicos ou de minas), técnico em laboratório de análises, técnico em raio-X, enfermeiro, gráfico, estivador, estampador, caldeireiro, vidreiro, selador de couro, misturador de tintas Tempo mínimo exigido - 25 anos Quanto cada ano especial vale na aposentadoria por tempo de contribuição: 1,2 ano (mulheres) e 1,4 ano (homens)
Foto: Pixabay
Jornal do Meio 934 Sexta 5 • Janeiro • 2018
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Renda extra Aluguel de carro parado rende até R$ 700 todo mês
por LEANDRO ALVARES/FOLHAPRESS
Você emprestaria seu carro para um desconhecido por algumas horas ou até mesmo dias? E se recebesse dinheiro por isso? A oportunidade de conseguir uma renda mensal extra tem motivado motoristas a praticar o desapego e anunciar seu próprio veículo em sites ou aplicativos de compartilhamento. Empresas como Moobie, Parpe, Pegcar e Olacarro são algumas das start-ups que conectam proprietários e interessados em alugar um carro. “Dá para faturar, em média, R$ 500 por mês sem dificuldade”, afirma Beni Derdyk, 32, arquiteto e dono de uma caminhonete Chevrolet Montana 2010 pouco utilizada nos últimos anos. “Eu parei de usar a picape com frequência no trabalho e, por ter me mudado para uma região que tem tudo perto, adotei a bicicleta como meio de transporte. O carro, portanto, passou a ficar na garagem. Cogitei vendê-lo, mas aí me lembrei do compartilhamento. Resolvi arriscar e deu certo”, diz. Desde o início de 2016, já foram mais de 50 aluguéis. No site em que Derdyk cadastrou seu perfil, o Pegcar, há atualmente outros 500 veículos, 90% deles registrados em São Paulo. “Estamos batendo 25 mil usuários na plataforma, e crescendo 70% em média a cada trimestre”, destaca Conrado Ramires, sócio da empresa PegCar. O processo para ser um locador é fácil. Primeiro, o proprietário informa seus dados e os do carro no site ou diretamente no aplicativo de celular. Depois, a empresa checa as informações com o Detran, verifica o e-mail, o celular e até o perfil nas redes sociais. Se aprovado, o anúncio passa a integrar a base de dados para que interessados façam suas reservas. “Antes de aceitar um pedido, você pode ver detalhes do ‘cliente’, como número de telefone, perfil do Facebook e ainda trocar mensagens ou telefonar, caso tenha alguma dúvida. Em geral, faço tudo pelo WhatsApp, mais prático para definir o local da entrega e devolução”, diz Islane Lemos, 40, instrutora
Foto: Rodrigo Capote/Folhapress
de cursos e dona de um Ford Fiesta 2014 que compartilha desde julho deste ano. Os valores para quem precisa do carro são até 30% menores do que em uma locadora tradicional e já incluem o seguro. O combustível é por conta do usuário: se pegou o veículo com tanque cheio, precisa devolvê-lo nas mesmas condições. PRÓS E CONTRAS Uma porcentagem da transação fica para a empresa de compartilhamento. No caso de Derdyk, 20% vai para o site. “Acho esse valor elevado”, afirma o arquiteto. Outro porém, na opinião dele, são os riscos da transação. “Por mais que haja cobertura de seguro, há sempre a possibilidade de o seu carro ser devolvido com um amassado, pneu furado ou risco na pintura. Tudo isso já aconteceu comigo, mas felizmente o cliente assumiu as despesas”, conta Derdyk. Para evitar transtornos, a inspeção do automóvel é necessária tanto na entrega quanto na devolução. “Acaba tomando tempo, mas é fundamental para não ter surpresas depois.” Até os objetos mantidos no porta-luvas devem ser anotados no check list. Islane se esqueceu disso uma vez e acabou perdendo um GPS e o manual do carro. “Hoje, até o estepe eu checo”, afirma. Apesar dos imprevistos -seu carro já foi multado enquanto estava locado-, ela ainda considera o compartilhamento vantajoso. “É preciso ter paciência para lidar com as pessoas. Nem sempre os clientes são legais, mas o ganho extra no fim do mês compensa. Costumo faturar R$ 400 e já cheguei a conseguir R$ 700”, diz. Além da renda, Derdyk vê como vantagem o fato de colaborar com o ambiente e com a mobilidade em São Paulo. “Eu me sinto bem por contribuir com a redução do trânsito e da emissão de poluentes. Quando decidir vender meu carro, acredito que vou me tornar um cliente dessas empresas. É mais barato”, afirma Derdyk.
O arquiteto Beni Derdyk, 32, com a picape Chevrolet Montana 2010 que aluga para terceiros, na Vila Madalena (SP).
O livro do aprendizado
Entremeadas à ficção, experiências pessoais fizeram Bernardo Kucinski cogitar pseudônimo para o seu novo romance, ‘Pretérito Imperfeito’ por MARCOS AUGUSTO GONÇALVES/FOLHAPRESS
“Eu virei um ficcionista tardiamente, há seis ou sete anos, e me dei conta de que já passei dos 80. Tenho uma vida útil pela frente limitada. Quantos anos mais? Cinco, seis? Sei lá, vai saber... Essa foi a questão que me levou a esse livro: eu preciso escrever aquilo que só eu posso escrever”, diz Bernardo Kucinski, à espera de uma xícara de café, sentado na sala de seu apartamento no bairro de Pinheiros, em São Paulo. O livro em questão é “Pretérito Imperfeito”, no qual o narrador conta a história de um filho adotivo que se perde pelos caminhos tortuosos da busca por paraísos artificiais. O processo de dependência do uso de drogas –álcool, maconha, crack e substâncias sintéticas– deflagra uma série de conflitos e angústias que afeta de maneira irremediável a vida dos pais e, claro, a do próprio rapaz, em sua passagem da adolescência para a idade adulta. Mas é tudo verdade? “O objetivo foi fazer uma criação literária inspirada numa história de vida real”, responde o escritor. “Os cenários na grande maioria são reais e os episódios aconteceram, embora apenas parte deles.” Outras situações e personagens foram criadas, e o enredo submetido a montagem literária, com a multiplicação de capítulos curtos (57, mais um “Post-Scriptum”), a intervenção de vozes múltiplas e o uso pontual de textos prontos –como um despacho de agência de notícias. Dessa maneira, o autor distancia-se do relato propriamente biográfico (que também tem lá suas fantasias e, em certos casos, boa literatura). “A carta, por exemplo, é pura invenção”, diz Kucinski, referindo-se ao início da história, quando o narrador relata a decisão extremada de remeter ao filho único, que vive fora do país, uma correspondência encerrando relações, num gesto que é ao mesmo tempo de libertação pessoal: “Há anos te excluíste de nossa família; há
anos vens cometendo indignidades, não uma vez, nem duas; e não por descuido”, escreve o pai, saturado pelas noites insones, pelos sobressaltos e pelas surpresas chocantes: “A carta é de uma alforria que tardava. A minha alforria”. Kucinski deu ao livro o título “Pretérito Imperfeito”, mas o arquivo eletrônico do texto sobre o qual trabalhou ficou guardado em seu computador como “O livro de meu aprendizado”. “Foi de fato um aprendizado” afirma o escritor, “que eu achava importante compartilhar”. Além dos tormentos e das peripécias decorrentes do drama familiar, que se passam em vários países, o narrador volta-se para suas próprias tentativas de encontrar explicações e entender o que estava acontecendo –o que inclui leituras de artigos especializados e consultas a psiquiatras. Por envolver situações reconhecíveis e delicadas, Kucinski pensou inicialmente em assinar o livro com um nome falso. “Havia uma preocupação, por se tratar de uma história de vida que ainda está aí. Eu não queria prejudicar pessoas, familiares, parentes, filhos. A minha intenção era usar um pseudônimo”, conta. Depois Kucinski acabou convencido, por amigos e por interlocutores, a assumir a autoria. Restava a decisão espinhosa de submeter ou não o texto ao filho. “Pessoas me aconselharam a mostrar, mas ele só soube e só viu depois que estava pronto. Submeti, e ele achou importante publicar. Concordou com a ideia que eu tinha de que o livro poderia ser muito útil para muita gente.” O escritor também fez consultas literárias. Escolheu algumas pessoas para mostrar os escritos antes de dá-los por finalizados. Quem mais o estimulou a fazer mudanças foi Julián Fuks, autor do premiado “A Resistência” –que foi seu aluno. “Eu criei dois capítulos por palpite dele”, diz. TRAJETÓRIA
Bernardo Kucinski teve movimentada trajetória como jornalista, militante de esquerda e professor universitário. Opôs-se à ditadura militar, estudou em Londres, trabalhou para grandes veículos, como a revista “Veja”, a BBC e o jornal britânico “The Guardian”. Também foi personagem importante na configuração da chamada “imprensa alternativa”, na década de 1970. É um dos fundadores do semanário “Movimento” e dirigiu o “Em Tempo”. Fez carreira acadêmica na USP, deu aulas e trabalhou como assessor especial da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Quando deixei minhas atividades profissionais, senti um vazio. Me veio então a ideia de escrever”, lembra. “Na primeira etapa, comecei fazendo contos. Vi que tinha facilidade para aquilo, que era bom nos contos, quase uma coisa instintiva, que já nascia com aqueles elementos essenciais.” Em 2011 as experiências com o gênero ganharam formato de livro em “K - Relato de uma Busca”. Veio então a segunda etapa, a presente. “Eu não tenho fôlego para um ‘Guerra e Paz’, um ‘Grande Sertão’ ou mesmo um ‘A Maçã no Escuro’, mas procurei avançar na qualidade literária, buscar um vocabulário melhor e um estilo melhor. Comecei a virar um escritor que trabalha mais o texto. Aí ficou mais complicado, já é uma outra exigência”, diz. Para deixar as coisas claras e tentar enfrentar a contaminação do ficcionista pelo jornalista, decidiu abandonar por completo a sua atividade original e mudar a assinatura, passando a firmar B. Kucinski nas suas criações literárias. “São etapas que às vezes um escritor leva 30 anos para cumprir, e eu estou tendo que fazer isso em poucos anos”, compara, enquanto se serve de mais uma xícara de café. “Eu sempre fui careta, o café é minha única droga.”
“Quando deixei minhas atividades profissionais senti um vazio. Me veio então a ideia de escrever “Eu não tenho fôlego para um ‘Grande Sertão’ , mas procurei avançar na qualidade literária. Comecei a virar um escritor que trabalha mais o texto. Aí ficou mais complicado BERNARDO KUCINSKI PRETÉRITO IMPERFEITO AUTOR B. Kucinski EDITORA Companhia das Letras (2017) QUANTO R$ 39,90 (152 págs.) e R$ 27,90 (e-book) TRECHO Confesso que já o quis morto. Pensamento que depressa afastei, assustado comigo mesmo. Necessitava tanto e tão imediatamente de alívio que não levava em conta o incomensurável sofrimento da perda do único filho. Ou talvez julgasse a perda definitiva mais suportável que a agonia infindável. Em todos esses anos, só tivemos sossego, paradoxalmente, durante os seis meses de abstinência forçada, em que cumpriu pena na cadeia pela agressão à companheira. Muitas vezes, me perguntei: para que serve um filho desses? Se eu fosse crente, diria que veio ao mundo para nos pôr à prova. Desperdiçou todos os talentos. Deturpou todos os sentimentos. Fingiu afeição aos pais quando quis dinheiro, fingiu lealdade a amigos quando precisou de um teto. Cedo ou tarde, todos o abandonam. Seguem sua vida e o deixam para trás como a um traste. Tornou-se tão insignificante que, se deixasse subitamente de existir, apenas nós –seus pais– perceberíamos. O homem pode existir de muitas formas e pode sempre mudar a forma de existir; porém o tempo de uma existência é limitado. Metade de seu tempo se foi. Por isso, me pergunto: para que serve um filho desses? Capítulo 54 de ‘Pretérito Imperfeito’, quinto livro de ficção de B. Kucinski
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Jornal do Meio 934 Sexta 5 • Janeiro • 2018
Metas climáticas Brasil está longe de cumprir suas metas climáticas
por ANA CAROLINA AMARAL/FOLHAPRESS
Quem acompanha a implementação dos compromissos que o Brasil impôs a si mesmo no âmbito do Acordo de Paris não tem dúvida: o país caminha na contramão de suas próprias políticas climáticas. Para além das crescentes emissões de carbono no país -que subiram 8,9% em 2016, tornando mais distante a meta de redução de 37% até 2025-, o que mais preocupa as organizações ligadas ao clima são a falta de coordenação entre os atores estatais e a descontinuidade na implementação da agenda ambiental. A medida provisória 795, que concede incentivos fiscais ao setor de óleo e gás (principal emissor de carbono no mundo), é citada como o exemplo mais recente da falta de diálogo dentro do governo. Aprovada na quarta (29) na Câmara dos Deputados, a iniciativa segue para o Senado sem ter passado por consulta no Ministério do Meio Ambiente. O presidente da Comissão Mista de Mudanças Climáticas, senador Jorge Viana (PT-AC), disse contar “com o juízo do Senado” para barrar a medida. Entidades calculam que os benefícios cedidos ao setor podem chegar a R$ 1 trilhão até 2040. A proposta, contudo, não constitui um ponto fora da curva. Para Viviane Speranza, uma das autoras da mais recente análise do WRI (World Resources Institute) sobre as políticas climáticas brasileiras, o Plano Decenal de Energia (PDE) mostra o descolamento entre as agendas de clima e de desenvolvimento no governo brasileiro. Embora a Política Nacional de Mudança do Clima tenha em 2009 estipulado o PDE como um instrumento para reduzir as emissões de carbono no setor energético, “a previsão para os próximos dez anos é que 74% dos investimentos sejam em fontes de energia fósseis”, aponta Speranza. Segundo ela, para conseguir cumprir o que prometeu no Acordo de Paris, o Brasil deveria estar cumprindo promessas anteriores, previstas na Política Nacional de Mudança do Clima. Além do planejamento energético, o documento propõe a criação do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões, em que setores poluidores poderiam comprar créditos de carbono daqueles que contribuem para reduzir as emissões na atmosfera. Para que o mercado funcione com credibilidade, é preciso ainda o cumprimento de outra medida que também não saiu do papel: o sistema de monitoramento e avaliação de resultados, que contém métodos para garantir a transparência e a legitimidade das ações climáticas. Entre as medidas que saíram do papel, foram criados dois instrumentos financeiros para incentivar a economia de baixo carbono: o Fundo Clima e o Programa de Crédito para Agricultura de Baixo Carbono. No entanto, os incentivos não seriam suficientes, porque “o montante de recursos é ainda marginal, especialmente se comparado ao
que é alocado para alavancar atividades não orientadas para a descarbonização da economia”, diz o estudo do WRI. SEM CONVERSA Em 2007 foi criado um comitê interministerial com 16 pastas do governo para orientar a elaboração conjunta das políticas climáticas. O grupo, no entanto, não se reúne desde 2013. A Casa Civil está atualmente revendo o decreto que deu origem ao comitê e pode instituir uma nova governança climática. A iniciativa preocupa organizações por não prever a participação da sociedade civil. “Se a sociedade não tiver licença para opinar, as chances de se implementar uma forma mais republicana e efetiva de governar a política de mudança do clima vão se esvair”, critica Natalie Unterstell, secretária executiva adjunta do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima. O órgão, com representantes do governo e da sociedade civil, foi criado justamente para ampliar a participação social na implementação das políticas do clima. Para Unterstell, a participação social deveria ser encarada como método de governança. O Fórum responde diretamente ao presidente da República e também não se reunia desde 2013. Reativado neste ano, ele está entregando ao governo um conjunto de recomendações para a implementação das metas climáticas no país -com propostas que vão da iluminação pública ao tratamento de resíduos sólidos. A integração entre ministérios e a sociedade civil poderia diminuir o custo do cumprimento do Acordo de Paris, segundo Marcelo Furtado, coordenador da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. “O custo de transação seria mais rápido e mais barato com ações transversais”, ele defende. “Hoje corremos o risco de ter mais de um órgão cuidando do mesmo assunto, ou com políticas setoriais opostas, que não nos direcionam para o mesmo rumo”, diz. Apesar das dificuldades, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, vê com otimismo os avanços obtidos até agora, aproveitando a COP do Clima, que terminou no último dia 17 na Alemanha, para desencalhar a tramitação de políticas ambientais. Depois de meses em repouso na Casa Civil, o Planaveg, que prevê restaurar 12 milhões de hectares de florestas, foi aprovado no mesmo dia em que o ministro discursou na COP. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a pasta conta com a COP para “aumentar a visibilidade e o engajamento dos diferentes setores do governo” e aposta que a participação de outros atores do governo nas COPs “amplia a priorização da respectiva pauta política no Brasil”. Durante a conferência, uma reunião entre deputados e senadores que compõem as comissões de meio ambiente e de mudanças climáticas refletiu sobre a atuação da bancada ambientalista no Congresso e
teve até bronca do embaixador Antônio Marcondes, chefe da delegação brasileira na COP. “Precisamos parar de tratar o clima como ‘nós x eles’, ‘ambientalistas x ruralistas’; porque clima não é só sobre meio ambiente, é sobre desenvolvimento”, disse Marcondes. Parlamentares deixaram a reunião pedindo mais diálogo em Brasília. “Seria bom que a gente não precisasse vir até a COP para conseguir conversar”, afirmou o deputado Nilto Tatto (PT-SP). * META BRASILEIRA Como o país pretende cumprir Acordo de Paris EMISSÕES As emissões de carbono devem ser 37% menores até 2025 e 43% menores até 2030 BIOMASSA
Foto: Freepik
Aumentar a participação de biomassa na matriz energética brasileira para aproximadamente 18% até 2030 CÓDIGO FLORESTAL Fortalecer o cumprimento do Código Florestal, em âmbito federal, estadual e municipal DESMATAMENTO Alcançar o desmatamento ilegal zero até 2030 ENERGIA RENOVÁVEL Expandir o uso de fontes renováveis solar e eólica na matriz total de energia para uma participação de 28% a 33% até 2030 MAIS ENERGIA COM MENOS Alcançar 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico até 2030. SETOR AGRÍCOLA Restauração adicional de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas até 2030. Foto: Adriano Vizoni/Folhapress
Área de desmatamento no Estado do Mato Grosso; meta brasileira prevê restaurar 12 milhões de hectares de florestas.
Jornal do Meio 934 Sexta 5 • Janeiro • 2018
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Alzheimer
SUS vai distribuir novo remédio para o tratamento de Alzheimer, expectativa é que o medicamento passe a ser distribuído na rede no primeiro semestre de 2018 por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS
O Ministério da Saúde irá
“Algumas pessoas podem viver
disponibilizar no SUS (Sis-
mais, outras, menos. Quanto
tema Único de Saúde), no
antes você faz o diagnóstico
primeiro semestre deste ano, um
do alzheimer, melhor, porque o
novo medicamento para o trata-
tratamento faz mais efeito. Mas,
mento do alzheimer. Trata-se da
independentemente disso, a do-
memantina, que ajuda a diminuir
ença vai progredir”, afirma Paulo
a velocidade da progressão da
Camiz, geriatra do Hospital das
doença. Segundo dados da pasta,
Clínicas.
33% da população com mais de
O número de casos de alzheimer
85 anos (1,1 milhão de pessoas)
no Brasil aumenta na mesma
sofrem com a doença no Brasil.
proporção da expectativa de vida.
com a doença no Brasil. “Esse
Nos últimos 40 anos, a média de
medicamento [memantina] é
vida do brasileiro passou de 52,6
recomendado para casos graves
anos para 73,4.
e moderados. Só tem dois tipos
“A quantidade de pessoas com al-
de medicamentos na rede pú-
zheimer tem aumentado conforme
blica e esse éum deles. O outro
o envelhecimento da população. O
[rivastigmina] já esta há muito
principal fator de risco é a idade”,
tempo no SUS. Com a chegada
afirmou Camiz.
da memantina, está ‘duplicando’ a possibilidade de tratamento”, diz
Pneumonia pode ser fatal com
Jerusa Smid, médica neurologista
a doença
e membro da Academia Brasileira
Por ser uma doença sem cura e
de Neurologia.
progressiva, o alzheimer desenca-
O alzheimer não tem cura. Ele
deia outros problemas de saúde
compromete os neurônios que
nos pacientes. Os mais graves
controlam a memória, linguagem,
são a pneumonia e a embolia
orientação e coordenação motora.
pulmonar. “As principais causas
Em seu último estágio, o paciente
de morte de pessoas com alzhei-
fica restrito à cama.
mer são a embolia pulmonar e a
Os médicos procuram prolongar a
pneumonia. A pessoa chega a um
vida o máximo com o tratamento.
estágio que esquece a forma como
A média de expectativa de vida
mastigar, engolir a comida”, diz o
de pacientes diagnosticados com
geriatra Paulo Camiz, do Hospital
a doença é de oito anos.
das Clínicas.
Arte: Folhapress
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Jornal do Meio 934 Sexta 5 • Janeiro • 2018