Braganรงa Paulista
Sexta
2 Fevereiro 2018
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Jornal do Meio 938 Sexta 2 • Fevereiro • 2018
Expediente
Versão sem cortes Nova edição de diários de Sylvia Plath resgata passagens importantes suprimidas por Ted Hughes, marido da autora
por LAÍS MODELLI/folhapress
Após anos fora de catálogo no país, “Os Diários de Sylvia Plath” ganham segunda edição em português, com uma versão apurada e contextualizada dos escritos pessoais da poeta, antes parcialmente censurados por seu marido, o também poeta Ted Hughes (1930-1998). Poderia esse apanhado de diários ser considerado um conjunto confiável das memórias de Plath, após o espólio da escritora e seus direitos autorais terem passado décadas sob a guarda de Hughes? Sim, mas há ainda lacunas. Karen V. Kukil, curadora das coleções especiais do Smith College, explica que Hughes editou diversas passagens -chave dos manuscritos antes de publicá-los. A nova edição inclui dois diários do arquivo da autora que haviam sido lacrados por duas décadas por ele. No final dos anos 1990, os filhos do casal, Frieda e Nicholas, pediram que os diários fossem publicados sem edições. Ela não inclui, contudo, dois diários que Plath escreveu nos últimos três anos de vida. Segundo Hughes, um desapareceu, e o outro, cujos registros iam até três dias antes da morte da escritora, foi destruído por ele mesmo.
Plath nasceu em 1932, em Boston. Ela não recebeu reconhecimento em vida, tendo diversos poemas rejeitados por editores e publicado somente um livro, o romance “A Redoma de Vidro”, em 1963 –ano em que se matou por inalação de gás, aos 30. Plath, que sofria de depressão, teve com o marido uma relação conturbada, marcada por casos extraconjugais dele. Em cartas, ela o descreve como abusivo e violento. Os volumes dessa segunda edição abordam a carreira dela como professora no Smith College, que hoje detém seu acervo, e sessões de terapia. Em entrevista à Folha, Karen V. Kukil afirma que o Smith College e a Universidade de Indiana mantêm ainda em privado diversos documentos de Plath, como contos e rascunhos de memórias e de poemas. Não há, porém, previsão de publicação. Folha - É fato que Hughes teria retirado ou alterado partes dos diários de Plath antes de torna-los públicos, assim como destruído os últimos diários da escritora? Karen V. Kukil - Plath não estava divorciada quando morreu, então Hughes herdou seus direitos autorais. Depois da morte dela, poemas, diários e cartas só poderiam ser publicadas com a
permissão dele. Ele reorganizou e eliminou passagens-chave dos manuscritos de Plath antes de publicá-los. Em 1975, Aurelia Plath, mãe de Sylvia, publicou “Letters Home: Correspondence 1950-1963”, uma versão selecionada e editada das cartas da filha. Hughes também cortou partes desses textos. Até sua morte, Hughes controlou os direitos autorais e se sentiu livre para publicar qualquer coisa que ele desejasse, sem interferências. É possível ler os diários sem tomar o partido de Sylvia Plath ou o de Ted Hughes? A edição completa de “Os Diários de Sylvia Plath” é composta por transcrições historicamente precisas dos diários da escritora, que foram contextualizadas com notas de rodapés e com um índice completo. Essas transcrições, não adulteradas, revelam pensamentos e observações pessoais de Plath de 1950 a 1962. O leitor tem acesso direto às próprias palavras dela e poderá elaborar suas próprias conclusões. É possível afirmar que Sylvia Plath tinha ideias feministas e emancipatórias? Sim. Ela esteve exposta aos ideais feministas enquanto estudou no Smith College [escola de artes para mulheres, onde também
estudaram Barbara Bush, Julia Child, Betty Friedan, Margaret Mitchell, Nancy Reagan e Gloria Steinem]. Muitas de suas professoras e sua própria terapeuta, Ruth Beuscher, foram seu modelo de mulheres progressistas. Ela também foi inspirada na Universidade de Cambridge, onde teve aulas com jovens professoras no Newnham College. Por meio dos diários de Plath, conseguimos traçar um retrato das questões de gênero contemporâneas à escritora? Os anos da década de 1950 foram muito conservadores na América. Em seus diários e cartas, Plath constantemente ataca as diferenças entre homens e mulheres nas culturas americana e europeia. Ela queria uma boa educação, um marido, uma família e também uma carreira. Plath foi uma mulher ousada para a sua época e antecipou algumas das mudanças que a segunda onda do movimento feminista inaugurou na sociedade americana. A sra. também cuida dos manuscritos de Virgínia Woolf. Parece ser mais comum a publicação de diários íntimos de escritoras mulheres. Isso corresponde à realidade? Plath usou seus diários para registrar conversas pessoais e incidentes que, mais tarde, incorporou a seus
Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
escritos, como em “A Redoma de Vidro”. Também há belas passagens descritivas e observações perspicazes nos diários íntimos de Virgínia Woolf, que ajudaram a escritora inglesa a criar seus trabalhos futuros. Já cuidei de manuscritos de escritores homens. Nomes como Horace Walpole, Ted Hughes, T.S. Eliot e Jean Toomer mantiveram detalhados diários e registros de memórias íntimas. Independentemente do gênero, qualquer escritor sério pratica sua habilidade de escrever em diários, cadernos, cartas ou em qualquer pedaço de papel que estiver à mão. No alto, Sylvia Plath com os filhos Frieda e Nicholas, em 1962; à esq., manuscrito da autora; acima, ela e a amiga Elizabeth Cantor; abaixo, com o marido e poeta, Ted Hughes OS DIÁRIOS DE SYLVIA PLATH ORGANIZAÇÃO: Karen V. Kukil TRADUÇÃO: Celso Nogueira EDITORA: Globo Livros QUANTO: R$ 89,90 (824 págs.)
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
Previu a queda de Nínive (Bíblia)
Banda inglesa do vocalista Dave Gahan
3a nota Revestimento de piscinas
Presenteará
O correio da FAB Ponto de mira Número (abrev.) Nesse lugar
Levar na (?): não se empenhar (pop.)
Instrumento de corda (red.) Aquela que fracassou nos negócios Émile (?), escritor naturalista francês O segundo bioma brasileiro em extensão Espécie de palmeira da faixa litorânea
Benicio (?) Toro, ator Errar, em inglês
Exploração da credulidade pública Artigo definido masculino plural
Base da contagem do tempo de trabalho
Estrada; caminho Período de 24 horas
Criatura Rio da represa de Assuã
Popa Uma das luas de Urano
Grama (símbolo) Aluno; estudante
Lógica (abrev.) Filho, em inglês Durante o reinado de A 12a letra grega
Objeto de reparos no sapateiro Tipo de viga que sustenta viadutos
Elemento de mesmo número atômico Patife; velhaco 30
Solução
E R D E C A N O
A L V O A M A
C L O DE U M D A N I DA I A G E S R E G A D A
BANCO
N C I L O O L A T R
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
Procura por bens e serviços afetada pela retração da economia mundial
C R I H E N A C I F A L A D U I T A A S R O O N
e de barganhas politiqueiras e de enriquecimento criminoso e ilícito, mas tido de bom tom e até necessário para fazer funcionar a coisa pública. Ao manter as alianças construídas antes dele, o PT se comprometeu com tudo aquilo que jurava lutar contra, que dizia ser capaz de pôr um fim. Não, pelo contrário, o PT alimentou a fera, se aproveitou dos antigos canais de corrupção e vendeu sua alma, sua essência a um plano de poder insano, irresponsável que engoliu suas figuras históricas e o colocou no mesmo patamar de seus supostos adversários. Talvez a paixão desenfreada com relação a Lula e o apoio internacional que recebe, somado a mandos e desmandos da Justiça brasileira, tornem a leitura do que ele representa e se tornou difícil de ser construída com isenção e objetividade. Fato é que Lula errou, Lula traiu sua base, Lula traiu suas ideias em nome de um suposto bem maior. Bem maior, mas a que preço? Ao preço de manter laços de corrupção que lesam os cofres públicos, que reforçam a opressão e que mantém a desigualdade social que é, perversamente, utilizada com fins eleitorais para um plano de enriquecimento que contamina a coisa pública e nos deixa impotentes. O PT se tornou o PSDB exceto em um ponto. Ponto histórico e político que, por isso, é desprezado e esquecido. O PT nasceu do movimento operário, fora das esferas de poder e da elite brasileira, nas lutas sindicais durante a ditadura militar. O PT não partilha da mesma estirpe da nossa inculta e opressora elite, uma elite mesquinha, tacanha e vingativa. A mesma que usou o PT quando lhe era interessante, a mesma que usou o PT para enriquecer, para acalmar as camadas populares, para ascender social e economicamente. Os dados sociais e econômicos provam tal leitura. Essa elite, aliada histórica do PSDB nunca aceitou de fato o PT e o Lula, muito menos seus simbolismos e bandeiras históricas, agora esquecidas, de luta. Ela se aproveitou como sempre o fez e o faz. O julgamento de Lula não é um julgamento, é um ato de vingança, pois se fosse um ato de Justiça levaria consigo todos os demais. Como não o fez e nem o fará, o julgamento de Lula só seria justo se fosse acompanhado por outros e é, por esses motivos, injusto e perigoso para todos nós.
Nuvem, em inglês Dama de companhia
A R I E L
O julgamento do ex-presidente Lula pode ser visto sob as mais diversas posições políticas e alimenta um debate sem razão e sem sentido que envolve figuras conhecidas e desconhecidas, especialistas e palpiteiros, amor e ódio, razão e desrazão, sobre a seguinte pergunta – existe corrupção justa? É possível defender práticas corruptivas de forma seletiva? Quando é afirmado que o PT se tornou o PSDB para poder governar o Brasil, muitos entusiastas e fanáticos de ambos os lados ficam indignados e começam a escolher pontos e exemplos que lhes são convenientes para derrubar algo que é claro e notório – o PT e o PSDB são idênticos, com exceção de um ponto crucial e que será retomado depois. O PT se tornou o PSDB quando se associou a grupos que formam o ranço e simbolizam o nosso atraso político, basta ler os nomes dos nossos políticos profissionais, para conseguir o apoio necessário e vencer as eleições presidenciais por quatro vezes seguidas. Entretanto, se afastou de sua base, de sua militância e adotou uma agenda de crescimento perigosa, explosiva e cujo limite estava aquém do que era preciso para um crescimento econômico sustentável. Era populista, midiático, carregado de aparências e de propagandas que ocultavam seu cerne corrompido, pois na medida em que incluiu milhões de pessoas, enriqueceu exponencialmente a elite brasileira que usou o PT quando lhe foi conveniente sem nunca conseguir superar seu horror e aversão com a inclusão das camadas mais pobres na esfera do consumo, ainda que os produtos consumidos fossem de ordem totalmente diferente. A questão era inclusão das camadas mais pobres e a chance remota destas pessoas frequentarem ou se apropriarem dos mesmos espaços que os mais ricos. Velho preconceito com nova forma. A inclusão destas pessoas era a chave mestra do crescimento lulista e deu certo, mas se esgotou e para o esgotamento não havia solução já que o projeto era, portanto, limitado a possibilidade de inclusão. Surgiu a pergunta – o que fazer a partir de então? Parece que a resposta ainda não foi encontrada. O PT se tornou o PSDB quando abraçou as práticas de corrupção como forma de governo, como mecanismo para a garantia de apoio, para a sua manutenção no poder. Em troca, como sempre, foi preciso favorecer empresas, ceder a favores políticos, se render as bancadas do Congresso Nacional, local de trocas
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A soma dos conhecimentos humanos
Sub-reitor de universidade Possuir
P M A T D E P E D A R I M C E L Z O L A S D C E R U B R I H C A R L H N O O S I S O M B I
por pedro marcelo galasso
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A insanidade
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Jornal do Meio 938 Sexta 2 • Fevereiro • 2018
por REINALDO JOSÉ LOPES/FOLHAPRESS
É ilusão esperar que o desenvolvimento de medicamentos ou vacinas será capaz de derrotar a dengue e a zika, defende o infectologista americano Michael Callahan, da Escola Médica de Harvard. As interações complexas entre os diferentes vírus que causam ambas as doenças provavelmente inviabilizam esse tipo de solução, e o melhor caminho é investir em tecnologias precisas de combate ao transmissor das moléstias, o mosquito Aedes aegypti. “Eu sou médico, então o que acontece no caso dessas doenças é que eu preciso receitar um tratamento que valha não para uma pessoa só, mas para uma cidade inteira”, disses Callahan à reportagem em visita recente ao Brasil. “Em vários lugares da Ásia, é possível que as estratégias de larga escala, como o uso de inseticidas, tenham piorado o problema em vez de melhorá-lo. Não é fácil acertar essa coreografia -às vezes os efeitos das diferentes estratégias acabam se anulando.” Callahan é o executivo-chefe da Fundação Zika, cujo objetivo é arquitetar parcerias internacionais que sejam eficazes no combate à doença. Ele esteve em Piracicaba (interior paulista) para conhecer a fábrica de mosquitos geneticamente modificados da empresa de biotecnologia Oxitec. Os Aedes transgênicos machos desenvolvidos pela companhia, que estão passando por testes em municípios como Juiz de Fora (MG) e Piracicaba, acasalam com as fêmeas selvagens da espécie e dão origem a filhotes inviáveis, que não chegam à fase adulta. Com isso, a população de mosquitos tende a cair bastante, o que, espera-se, também reduziria a transmissão das doenças carregadas pelo A. aegypti. “Os resultados que eles nos mostraram aqui parecem bastante promissores, e já tivemos algumas ideias a respeito de como otimizar o processo e torná-lo ‘escalável’, ou seja, para que a produção possa ser descentralizada e ajustada de acordo com o tamanho de cada cidade”, disse. PROVA DOS NOVE Por ora, não há evidências definitivas de que a diminuição da população dos mosquitos leva a menos transmissão de doenças, embora alguns resultados preliminares em Piracicaba sugiram isso. Para Callahan, de qualquer maneira, a conta faz sentido porque, para começo de conversa, uma proporção relativamente pequena dos insetos carrega o vírus, mesmo num contexto de epidemia -a maioria deles está “limpa”, o que sugere que uma massa crítica grande de A. aegypti é necessária para manter os vírus circulando. “Outro ponto importante é que, diferentemente do que acontece no caso dos inseticidas, os mosquitos transgênicos afetam apenas uma espécie. Se você se propõe a matar todos os Aedes com inseticidas, inevitavelmente vai afetar as libélulas e outros insetos predadores, ou mesmo as lagartixas que comeriam as fêmeas de mosquitos que estão cheias de sangue e prestes a botar seus ovos”, afirmou. “Isso”, prossegue o infectologista, “faz com que, paradoxalmente, a contagem de mosquitos numa casa até aumente depois que passa o efeito inicial do inseticida, porque nós eliminamos as espécies que naturalmente controlam aquela população.” Finalmente, a vantagem de pensar em soluções que afetem o inseto vetor de maneira específica é que elas têm o potencial de barrar todas as doenças que ele transmite hoje -só no Brasil, a lista inclui os quatro tipos da dengue, zika, febre amarela e chikungunya- e as que ele ainda pode vir a transmitir. “Com a globalização, a presença do Aedes nas Américas significa que ele está pronto para transmitir uma grande variedade de vírus africanos e asiáticos que ainda não chegaram até aqui”, disse. Para Callahan, o uso de vacinas contra a dengue e a zika deve ser visto com cuidado por causa da relativa proximidade
genética entre as doenças, a qual, por sua vez, leva a uma imunidade cruzada parcial entre elas. Na prática, isso significa que, no organismo de uma pessoa que já teve um dos vírus, o sistema de defesa fica “pré-programado” para lidar com o outro -mas de uma maneira pouco eficaz, que pode até potencializar os efeitos nocivos do novo invasor. Algo muito similar poderia acontecer no caso de uma vacina. “Isso é arriscado
porque vacinamos pessoas sadias, que não podem ser ‘desvacinadas’ mais tarde”, argumenta o infectologista. No caso dos remédios, o grande problema é que os vírus da dengue e seus parentes costumam se multiplicar de tal maneira no organismo dos hospedeiros que a grande maioria das partículas virais não tem grande capacidade de infectar as células, diz ele -elas estão ali apenas para enganar o sistema imune, enquanto uma pequena
minoria dos vírus mantém a infecção acontecendo. Isso significa que um medicamento projetado para exterminar as formas mais comuns do vírus talvez não afete as variantes do patógeno que de fato estão causando a doença -e podem até aumentar a frequência delas na população viral, com efeitos mais severos sobre os doentes no futuro. “Com isso, a tendência é você ficar correndo atrás do próprio rabo”, resume Callahan. Arte: Folhapress
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Empreendedores Executivos sugerem livros para inspirar empreendedores
por ALESSANDRA MILANEZ/FOLHAPRESS
Por onde começar as mudanças na carreira? Como planejar uma trajetória de sucesso para o ano que começa? Sete líderes de organizações de grande porte e empreendedores de sucesso indicam, a pedido da Folha, as leituras que foram mais proveitosas na condução de suas empresas e carreiras. Para esses executivos, não é preciso se pautar apenas por volumes que ensinem o básico do empreendedorismo ou da gestão de pessoas. “Atualizar-se nunca é má ideia. Essa busca pode acontecer por intermédio dos livros, em bate-papos com profissionais de áreas de interesse ou pela participação em cursos e eventos. O importante é procurar experiências reais, sejam elas de empresários, gestores e especialistas ou esportistas de alto desempenho”, afirma Fernando Mantovani, diretor-geral da consultoria de desenvolvimento profissional Robert Half. Segundo Mantovani, os livros podem trazer pontos de vista de quem já viveu dilemas de gestão que, muitas vezes, também fazem parte da vida do leitor, e podem servir como inspiração para resolver os problemas do dia a dia. Entre as opções há romances, biografias de empresários e de um técnico de futebol, além de obras sobre personalidades que marcaram a história mundial e reflexões nas áreas de psicologia e desenvolvimento de empresas. * “Gengis Khan e a Formação do Mundo Moderno” Autor Jack Weatherford Editora Bertrand Preço R$ 71,27 RECOMENDADO POR Alexandre Hohagen, que foi vice-presidente do Facebook
e do Google na América Latina “Gengis Khan foi um grande conquistador e, apesar de ser um líder violento e guerreiro, tinha um respeito muito grande pela cultura dos povos que conquistava. Soube respeitar as diferenças entre as populações” “Liderança” Autores Alex Ferguson e Michael Moritz Editora Intrínseca Preço R$ 30,50 RECOMENDADO POR Strickland Faro, presidente-executivo do Vigilantes do Peso no Brasil “O livro conta a vida de um dos técnicos de futebol mais bem-sucedidos do mundo, Sir Alex Ferguson, do Manchester United. Há lições de perseverança que vão além do esporte e podem ser usadas em qualquer função” “O Coração da Mudança” Autor John P. Kotter Editora Elsevier Preço R$ 75,90 RECOMENDADO POR Dany Muszkat, presidente-executivo da construtora Even “O livro de Kotter mostra como engajar os profissionais das equipes para efetuar as mudanças necessárias dentro das empresas. A leitura me ajudou a repensar minha forma de promover mudanças necessárias para o desenvolvimento da companhia” “A Loja de Tudo - Jeff Bezos e a Era da Amazon” Autor Brad Stone Editora Intrínseca Preço R$ 25,99 RECOMENDADO POR Alexandre Hohagen, foi vice-presidente do Facebook e do Google na América Latina “A determinação de Jeff Bezos, líder da Amazon, é impressionante. Ele não se
deixou abalar por comentários negativos. Já pensava em executar as coisas que está fazendo hoje há 20 anos, mas soube esperar o momento certo” “Por Quê? - Como Motivar Pessoas e Equipes a Agir” Autor Simon Sinek Editora Saraiva Preço R$ 30,72 RECOMENDADO POR David Vélez, CEO do Nubank “Esse livro é uma das nossas grandes ‘bíblias’ no Nubank. Ele fala sobre a importância de não apenas procurar um propósito muito bem definido quando se toma uma atitude, mas saber comunicá-lo de forma cada vez mais eficiente para seus funcionários” “Antifrágil” Autor Nassim Nicholas Taleb Editora Best Business Preço R$ 40,50 RECOMENDADO POR Guilherme Soárez, presidente da HSM Educação Executiva “Taleb descreve com muita clareza uma qualidade fundamental no mundo de hoje: a capacidade de abraçar o caos diante de transformações constantes. Inspira ao mostrar qual deve ser o papel do líder nas organizações em momentos de crise” “Rápido e Devagar” Autor Daniel Kahneman Editora Objetiva Preço R$ 35,38 RECOMENDADO POR Sergio Fajerman, diretor-executivo de RH do Itaú “Kahneman apresenta o pensamento rápido, intuitivo e emocional, e o devagar, lógico e ponderado, e até onde se pode confiar neles. Para o autor, entender como funcionam essas duas formas de
pensar pode ajudar nas decisões” “Previsivelmente Irracional” Autor Dan Ariely Editora Elsevier Preço R$ 63,68 RECOMENDADO POR Sergio Fajerman, diretor-executivo de RH do Itaú “Ariely desmonta preconceitos sobre a tomada de decisões com base em critérios puramente racionais, para entender o que move aqueles que rodeiam o gestor. Para ilustrar sua tese, autor apresenta experiências científicas, descobertas e situações que são, em muitos casos, divertidas” “Organizações Exponenciais” Autores Salim Ismail, Michael S. Malone e Yuri Van Geest Editora HSM Preço R$ 41,21 RECOMENDADO POR Roberto Prado, diretor da Microsoft Brasil “O volume fala sobre a transformação digital e traz exemplos de organizações mais rápidas do que as tradicionais. Como atuo na área de computação em nuvem, foi útil para ter uma visão mais moderna e usar esse conceito para melhorar nossa performance” “Sidarta” Autor Hermann Hesse Editora BestBolso Preço R$ 19,50 RECOMENDADO POR David Vélez, CEO do Nubank “’Sidarta’ é um romance filosófico que exalta a busca pela sabedoria e é inspirado na vida de Siddartha Gautama, fundador do budismo. As lições mais importantes não podem ser ensinadas, mas vividas. Por isso, muitas vezes a ficção pode ser muito inspiradora” Foto: Divulgação
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Rinocerontes Na África do Sul, rinos têm chifres cortados para protegê-los da caça ilegal
por CLÁUDIA COLLUCCI/FOLHAPRESS
Sob risco de extinção, rinocerontes estão tendo os chifres cortados preventivamente em parques nacionais e reservas privadas da África como forma de protegê-los da caça ilegal e da morte. Na medicina tradicional asiática, os chifres são tidos como “remédios” para diversas doenças, que vão do câncer à impotência. Eles contêm queratina, substância encontrada no cabelo e nas unhas e não há nenhuma evidência científica desses benefícios. Ainda assim, um quilo chega a ser vendido por US$ 60 mil. Em gramas, o valor supera ao do ouro e do diamante. Na última década, estima-se ao menos 8.000 rinos foram mortos na África do Sul, país que abriga mais de 20 mil desses animais, 80% da população mundial da espécie. Só em 2016, foram 1.054 mortes, quase três por dia, segundo a organização “Save the Rhino”. A maior parte ocorreu no Kruger, uma área protegida de 19.485 km2 no nordeste sul-africano, que faz fronteira com Moçambique. Ao contrário das presas de elefantes, os chifres dos rinocerontes voltam a crescer em até dois anos após a remoção. Mas os caçadores ilegais costumam matar os animais antes de remover os chifres. No corte preventivo, são adotados vários procedimentos para que o animal não sofra, como a sedação. A Namíbia foi o primeiro país a cortar preventivamente os chifres e diz que conseguiu praticamente zerar a matança. Depois, foi seguido pelo Zimbábue. Nos últimos anos, reservas privadas da África do Sul, que que detém um terço dos rinocerontes, também vêm adotando a medida e observando redução de mortes. Depois de cortados, os chifres, são pesados, etiquetados e guardados em segurança fora das reservas. Para os ambientalistas, porém, apenas o corte de chifres não é suficiente para proteger os rinos. Alguns parques nacionais do Zimbabwe, por exemplo, registraram mortes de rinos sem os chifres. Ocorre que, após a remoção, ainda fica um pedaço (cerca de 10%) para que não haja refluxo do novo corno. Então, mesmo menos lucrativo, esse pedaço ainda pode render alguns dólares. Outra hipótese é que a matança ocorra por vingança -pelo fato de o chifre já ter
sido previamente retirado- ou porque o caçador só percebe a falta depois do abate. Estudos mostram que o corte preventivo não traz impacto à saúde dos rinos, mas, na selva, eles podem perder a habilidade de defender suas crias contra predadores, como hienas e leões. A principal controvérsia, porém, é a venda dos chifres. Há uma proibição mundial ao
comércio, imposta por uma convenção das Nações Unidas, mas no ano passado a África do Sul passou a autorizar venda legal de chifres no mercado interno, uma vitória dos criadores comerciais de rinocerontes. Para Pelham Jones, presidente da Associação dos Proprietários de Rinocerontes, o comércio legal e controlado de chifres colocará fim à caça ilegal e ajudará a cobrir
o custo das medidas protetivas. “É uma irresponsabilidade vender chifres”, afirmou via email Paula Kahumbu, diretora da organização WildlifeDirect. “Não só cria uma demanda e, portanto, uma ameaça todos os rinocerontes, mas é uma exploração cruel de pessoas ignorantes, vulneráveis, que pensam que o chifre irá curá-las de câncer.” Foto: Divulgação
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Insônia
Doenças podem levar idosos a sofrer mais com a insônia, a partir dos 60 anos, são mais comuns problemas do coração e dos nervos que causam o distúrbio por JESSÍCA LIMA /FOLHAPRESS
A necessidade de dormir
comer alimentos pesados antes
varia ao longo da vida e
de dormir”, diz Porto.
reduz conforme a idade
Problemas pulmonares e apneia
avança. Apesar da insônia ser um
do sono também podem causar o
distúrbio causado por diversos
problema. O distúrbio costuma
fatores, quem passa dos 60 anos
atacar com mais intensidade
sofre mais.
mulheres, quem já teve insônia
Isso porque é na velhice que
e quem tem histórico familiar.
problemas neurológicos e car-
“Sempre que o ‘funcionamento
diovasculares (que podem causar
da pessoa’ estiver comprometido,
a insônia) tendem a aparecer,
seja em hábitos noturnos ou na
segundo explica Fabio Porto,
produtividade e comportamento
neurologista do Hospital das
diurno, é hora de procurar um
Clínicas.
médico”, afirma Mello.
“A insônia é uma insatisfação com
O tratamento depende do diag-
a quantidade e a qualidade do sono
nóstico e pode ser feito apenas
associado à dificuldade em iniciar
com mudanças de hábitos. O
e/ou manter sua frequência”, diz
paciente não deve se automedi-
Luciane Mello, especialista do
car, pois há remédios que causam
sono pela Sociedade Brasileira
dependência e podem não resolver
de Sono.
o problema.
A causa pode surgir por duas
4 em cada 10 brasileiros têm
frentes: a primária, quando o
distúrbio
único problema é a insônia, ou a
A insônia afeta quatro em cada
secundária, quando o distúrbio
dez brasileiros, segundo a OMS
é sintoma de outro problema ou
(Organização Mundial da Saú-
doença, como a depressão.
de). Dados de uma pesquisa do
Ficar sem dormir diminui a
Instituto do Sono mostram que
concentração, causa sonolência
77% dos paulistanos sofrem de
durante o dia, aumenta o risco de
algum tipo de distúrbio do sono
quedas, acidentes e até fraturas.
e 60% se queixam de insônia.
“Atitudes comportamentais
O médico Fabio Porto diz que o
podem afetar o sono, como a
sono reparador pode variar para
irregularidade de horários, pre-
cada pessoa entre 5 e 9 horas.
ocupação, ansiedade, consumo
Para dormir bem é preciso ter
de bebidas com cafeína à noite e
horários regulares.
Arte: Folhapress
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