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ANO XX - Nº 1006 - 25 A 31 DE JANEIRO DE 2019 - R$ 3,00 DESARME-SE

DOBRADINHA

Alagoas reinicia campanha pelo desarmamento

Sucessor de Rui Palmeira pode sair do MP

Indenização por arma de fogo vai de R$ 150 a R$ 450 e é paga pelo governo federal. 11

Alfredo Gaspar de Mendonça e Eduardo Tavares podem unir forças para disputar a Prefeitura de Maceió em 2020. 4

extra SALGEMA MACEIÓ - ALAGOAS

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1998 - 2018

BRIGA INTERNA

Simone Tebet entra na disputa pelo comando do Senado Partido terá que escolher entre Renan Calheiros e a senadora do Mato Grosso do Sul; nos bastidores, a vitória do alagoano é tida como favas contadas. 2

Sonho virou pesadelo e pode acabar em tragédia n40 anos depois, redenção econômica não veio e pobreza aumentou nBraskem nega culpa e atribui à Casal as rachaduras no Pinheiro 6a9

TRABALHADORES DA CEAL TÊM EMPREGO GARANTIDO SÓ ATÉ ABRIL A partir de maio, a empresa que comprou a Ceal terá carta branca para demitir os 1.800 fucnionários da ex-estatal. 15


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COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Jogo jogado

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- A cada mandato, Renan Calheiros se reinventa como político para manter-se no poder e escrever seu nome na história da República.

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- Para o bem ou para o mal, o alagoano de Murici já se consolidou como uma das maiores lideranças do Senado e agora briga contra tudo e todos para reassumir o comando da Casa pela quinta vez.

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- De tanto se reinventar, Renan corre o risco de passar à história como o maior camaleão da política brasileira.

- Calheiros já integrou a tropa de choque de Collor, detonou o ex-presidente, aliou-se a Itamar Franco, José Sarney e Lula. Apoiou o impeachment de Dilma, mas salvou os direitos políticos da ex-presidenta.

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EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

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- Na última eleição, aliou-se a Lula contra Bolsonaro e renovou seu mandato de senador. Agora, virou defensor dos filhos de Bolsonaro e já prepara seu ingresso triunfal no time do Planalto, com apoio do PT e de Lula.

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- Com esse currículo, alguém duvida que Renan Calheiros vencerá essa nova batalha pelo comando do Senado?

Usinas fechadas

A Usina Ibéria, do Grupo Toledo, de Borá, localizada no estado de São Paulo, não vai operar em 2019. A informação é de Ricardo Pinto, sócio-diretor da RPA Consultoria. Até setembro de 2018, o levantamento realizado pela consultoria RPA apontava que 93 usinas estavam de portas fechadas, o que correspondia a uma capacidade instalada de moagem de 98,9 milhões de toneladas de cana por safra. Este número representava 21% das 443 unidades instaladas no país. São Paulo, que abriga o maior polo sucroalcooleiro do Brasil, é também onde se concentrava o maior número de usinas paradas — eram 36. Alagoas e Minas Gerais empatavam em segundo lugar nesse ranking, com nove unidades cada.

- Nos bastidores do Senado diz-se que a entrada da senadora sul-matogrossense Simone Tebet, do MDB, na disputa, faz parte do jogo para sacramentar a vitória do alagoano.

Justiça “jabuticaba”

O governo trabalha para viabilizar a extinção da Justiça do Trabalho, “justiça jabuticaba” que não existe em qualquer país desenvolvido. Aos olhos do governo virou um monstro que devora dinheiro público e afugenta investidores geradores de empregos. Ações raramente são julgadas improcedentes: juízes ativistas preferem “distribuir renda”, tomando dinheiro do “rico”, mesmo uma dona de casa de classe média, em vez de fazer justiça à luz da lei. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder. Devia incluir nesse pacote outra sinecura nacional chamada Justiça Eleitoral, que custa mais de R$ 20 milhões por dia, mesmo em ano sem eleições.

A partir de abril boa parte dos 1800 funcionários da Ceal serão demitidos pela empresa que comprou a estatal elétrica. Os comissionados, muitos deles apadrinhados políticos, serão os primeiros a perderem o emprego. Os celetistas serão indenizados e poderão ficar como terceirizados. A privatização da estatal não atingirá apenas os trabalha-dores. Os contratos de prestação de serviço serão rescindidos e até o prédio-sede da companhia será colocado à venda.

O “instinto político” de Renan

Braskem se defende

A Braskem diz que possui 35 poços de extração de salmoura nos bairros Mutange e Pinheiro, sendo sete deles localizados no Pinheiro e cinco estão desativados. Segundo a empresa, os dois últimos poços ativos tiveram suas atividades paralisadas preventivamente após o abalo sísmico, ocorrido em março de 2018. Alega que a falha geológica existente no bairro foi agravada pela rede de esgotamento de águas pluviais deteriorada. Mas não basta a empresa eximir-se de responsabilidade. Tem que apresentar estudos consistentes comprovando que a exploração mineral não tem relação com os abalos sísmicos que transformaram a região em bairro condenado.

Tesourada na Ceal

Prefeito espertinho

Os moradores da Barra de São Miguel foram surpreendidos essa semana com a chegada dos carnês do IPTU deste ano. O prefeito Zezeco, caladinho, mandou colocar nos referidos carnês uma nova taxa de Limpeza urbana, em média no valor R$ 201,70 para cada casa ou terreno. A bronca dos moradores é que a prefeitura não divulgou nada sobre essa nova taxa, e o STF já disse em outros casos no Brasil que é inconstitucional. E a revolta é que a cidade possui uma péssima limpeza, principalmente nas localidades pobres, onde o carro do lixo passa dias sem recolher o lixo. Alô MP Estadual, cadê você???

De um dos senadores do MDB mais próximos de Renan Calheiros: “Eu acho que ele está aguardando para ver de que lado a maioria da bancada vai ficar. Mas ele já sabe que há um equilíbrio muito grande [entre Renan e Simone Tebet], e isso é um dado novo para ele. O resultado das eleições [de outubro do ano passado] não foi bom para o MDB, a gente precisa reposicionar o partido: com essa leitura todos concordam, acredito que até ele.” E mais: “Renan tem um instinto político muito grande. Tem faro. Acho que conseguiremos chegar à eleição [da presidência do Senado] com a bancada unida.” (O Antagonista)


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Ninguém escreve ao capitão Barra de S. Miguel, AL - Os nossos líderes parecem de papel, rasgam-se à toa. Depois da ditadura, os que apareceram foram tragados por escândalos. Os brasileiros, coitados, que tentam se agarrar a esses messias de celulose geralmente se frustram. Collor, o primeiro presidente eleito com o fim do golpe militar, apresentou-se como o combatente das oligarquias. E antes do PT já falava contra as “elites” na fantasia do caçador de marajás. Evaporou-se dois anos e meio depois da posse. Lula está preso por corrução. E Bolsonaro, o mais novo salvador da pátria, está sendo incinerado em fogo lento já nos primeiros dias de governo. Se analisarmos o cenário político com frieza, sem paixão, partidarismo ou ideologia, vamos constatar que o Bolsonaro é o novo da velha política adornado com uma frágil fantasia de papel. Por isso, por mais que se esforce, não consegue esconder seus antecedentes fisiológicos, nem apagar as suas digitais das velhas práticas políticas. A ética e a honestidade tão apregoadas na campanha não resistiram aos primeiros dias de governo. Nada mais eram do que conceitos vazios de propaganda que não se sustentariam por muito tempo. Tenho alertado aqui para as ações frágeis desse governo. Às vezes sou mal interpretado nas minhas análises frias e desapaixonadas, mas, sobretudo, verdadeiras. Por exemplo: disse aqui em artigo anterior que “um ministro qualquer do STF” iria engavetar o processo do Queiroz, o assessor do Flávio, filho do Bolsonaro, enrolado na transação financeira atípica na sua conta corrente. Acertei por saber, como todos os brasileiros, que o STF é movido por interesses nem sempre confessáveis. É uma Corte previsível, colaborativa e parcial. O governo do Bolsonaro derreteu cedo porque é administrado por falsos moralistas que procuram passar a imagem de únicos defensores do bem público, quando sabemos que alguns deles respondem a processo na justiça e outros são investiga-

Fritura

O presidente está sendo fritado pelo próprio azeite que esquentou. Ao trazer a defesa da ética e da honestidade da campanha para o governo – como fizeram também os petistas esqueceu-se de deletar o histórico do Queiroz, o “fazedor de dinheiro,” que saqueava os salários dos empregados do gabinete de Flávio para alimentar a família Bolsonaro. Investigado, Flávio agora apela ao STF para silenciar o Ministério Público do Rio. Jura inocência, mas insiste em trancar o inquérito e anular as provas como uma confissão de culpa.

dos na Lava Jato, como Onyx. Bolsonaro, inseguro desde a posse, delegou poderes demais a muita gente e deixou que fossem criados vários governos paralelos civis e militares. Como disse em outro comentário, existem os governos dos generais, dos filhos, do Guedes, do Moro e do Onyx. Só não existe o dele próprio. Além disso, a situação doméstica o atormenta, obrigando-o a vir público defender os malfeitos dos seus filhos rebeldes.

JORGE OLIVEIRA arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Veja aqui um pouco do antes e depois do Bolsonaro: • deputado medíocre, nunca apresentou um projeto relevante na Câmara; • defensor de tortura; • homofóbico; • combate com ódio os quilombolas e os índios; • envolvido com a rapinagem dos salários dos funcionários do filho na assembleia do Rio; • recebeu auxílio mudança de R$ 37.000,00, mesmo já morando em Brasília, quando deixou o mandato de deputado federal; • não consegue esclarecer o cheque de R$ 24.000,00 na conta da Michele, sua mulher, depositado por Queiroz, o laranja da família; • aceitou, sem questionar, o nepotismo do filho do general Mourão no BB; • levou puxão de orelhas dos seus auxiliares ao falar sobre economia; • e até agora não apresentou um plano consistente de governo. Isso é apenas um aperitivo de um governo que parece que acabou antes de começar. Alguém já disse que a grande contribuição de Bolsonaro ao país seria ele vir a público e pedir desculpas pelo caos dos seus primeiros dias de governo. E jurar, jurar mesmo, que vai tentar acertar desestimulando a influência dos filhos no comando do governo e assumindo as rédeas da nação.

Laranja

Não adianta, nessa panela quanto mais se mexe a comida mais ela fica salgada. Bolsonaro já foi à imprensa dizer que Queiroz não é seu laranja quando apareceram os depósitos dele na conta da sua mulher. Tenta se livrar do abacaxi jogando o filho na fogueira e vive, já nos primeiros dias, aquilo que só acontece com outros governantes em final de mandato: o isolamento. Ninguém do seu governo, ninguém mesmo, sai em sua defesa com medo de sujar a farda. Ninguém escreve ao capitão.

Milícia

Na entrevista que deu em Davos, Jair Bolsonaro mostrava-se tenso, impaciente. O semblante fechado mostrava sinais do que estava para acontecer. Na noite de terça-feira (22), o Jornal Nacional botava no ar uma notícia estarrecedora que iria comprometer Flávio, o filho do

presidente.

Enrolado

O noticiário do JN mostrava com documentos o envolvimento de Flávio com as milícias do Rio e ainda revelava um discurso dele na Assembleia Legislativa defendendo esses policiais corruptos que são expulsos da corporação e passam a explorar as comunidades pobres sob ameaça de morte. Muitos deles envolvidos com o tráfico de drogas, dominam a periferia do Rio de Janeiro.

No gabinete

O JN revelou também que Flávio empregou em seu gabinete a mulher e uma filha do policial Magalhães, um ex-oficial da PM, envolvido em crimes de extorsão de homicídios, depois de expulso da polícia. Magalhães recebeu votos de louvor e foi homenageado por Flávio na Assembleia por bravura e bons serviços prestados à população carioca.

Marielle

Presos por ordem do Ministério Público do Rio, os milicianos são suspeitos da morte da vereadora Marielle e do seu motorista no Rio. Na verdade, o que o JN mostrou é uma evidente conexão entre Flávio e os milicianos bandidos do Rio. Essa ligação criminosa era intermediada por Queiroz, seu ex-assessor que extorquia os salários dos empregados do deputado, que agora tenta se defender com versões vazias sobre o seu envolvimento criminoso com o seu ex-auxiliar.


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Milton Lyra, de novo

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empresário Milton Lyra, velho conhecido dos alagoanos em eleições passadas, se enrola novamente na Lava Jato. Agora é acusado de repassar ao senador Renan Calheiros propina de R$ 1 milhão no dia 31 de maio de 2012, o que o parlamentar vem negando. Mas segundo os procuradores federais que investigam o caso, “Milton Lyra atuava como um verdadeiro intermediário do parlamentar, e assim era reconhecido pelas pessoas que buscavam en-

Risco calculado

A candidatura do senador Renan Calheiros à presidência do Senado motivou uma série de protestos pelo país afora. E ele sabia disso. Pagou pra ver seu nome estampado nos noticiários nacionais acusado de uma série de supostas ações suspeitas e que está latente junto aos procuradores da Lava Jato.

Mergulhado

Quem conhece bem Renan sabe que ele é um obstinado pelo poder, embora, neste momento, fosse melhor estar longe de uma candidatura polêmica. Até lá vai levar paulada de todos os lados e novas denúncias são esperadas até o dia da eleição no Senado.

Alguém acredita?

O senador Renan Calheiros disse no início da semana que não deseja ser presidente do Senado, mas alertou que a decisão será da bancada do MDB, que deverá acontecer na próxima segunda-feira.

Demora nas ações

As rachaduras em prédios, casas e apartamentos no bairro do Pinheiro não são de agora. O que se observou foi a omissão das autoridades durante todo esse tempo. Como a situação piorou como ninguém esperava, o corre-corre é grande. Resta saber qual o destino de milhares de pessoas e o que pode acontecer a qualquer momento.

Prejudicando

Os constantes boatos sobre a situação do bairro do Pinheiro estão causando pânico à população daquela região. São notícias desencontradas nas redes sociais e as informações dos técnicos que acompanham o fenômeno geológico ainda não são devidamente esclarecedoras.

trar em contato com o senador”. As ações de Milton Lyra, já conhecidas nas rodas policiais, estão sendo desvendadas pela Procuradoria Geral da República mediante delações premiadas de doleiros também envolvidos na Lava Jato. Como se vê, embora venha se desfazendo de outras acusações, o senador Renan Calheiros, às vésperas de se candidatar à presidência do Senado, vem sendo torpedeado com novas denúncias.

Desvalorização

Uma das áreas mais agradáveis do bairro do Farol, o Pinheiro pode virar uma região fantasma. Agora ninguém compra nem vende imóvel, cuja desvalorização chegou à estratosfera. O futuro é incerto e os problemas geológicos também podem atingir outros bairros próximos ao Pinheiro.

Meia volta

Como viu que os deputados estaduais não atenderam aos seus apelos, o governador Renan Filho agora tenta se aproximar de Marcelo Victor, virtual presidente da Assembleia Legislativa. Diz um velho ditado que quando não se pode vencer o adversário é melhor se aliar a ele, o que está acontecendo com o governador.

Sem perdão

Para amigos de deputados que foram perseguidos pelo governador no episódio da Assembleia Legislativa, o troco deverá vir em breve. É só esperar, alertam eles. A resposta deve acontecer no primeiro projeto enviado pelo governo para a Assembleia Legislativa.

Pegando no pé

Bastou Mellina Freitas perder o foro privilegiado que o Ministério Público escalasse promotores para acompanhar as denúncias que, aliás, não são poucas, sobre os supostos desvios de recursos quando ela era prefeita de Piranhas. Não vai demorar muito para que o Ministério Público peça sua prisão.

GABRIEL MOUSINHO n gabrielmousinho@bol.com.br

Alto lá

A informação de que o deputado federal Marx Beltrão pode vir a assumir uma secretaria de Estado para ceder seu lugar a Ronaldo Lessa ainda está muito longe de acontecer. Beltrão já sabe, de antemão, que secretarias de peso não ficarão com ele, a exemplo da Educação, Segurança Pública, Fazenda e Saúde. As outras são negociáveis.

Perde força

Se por um lado Marx Beltrão ganharia politicamente num trabalho de fôlego numa boa secretaria, por outro ele perderia visibilidade em nível nacional, o que ele alcançou quando foi ministro do Turismo. O que Marx deseja atualmente e naturalmente, se tudo der certo, é disputar a Prefeitura de Maceió no próximo ano.

Mais distante

Já Maurício Quintella, Givaldo Carimbão e Ronaldo Medeiros continuam na incerteza se irão participar do governo de Renan Filho. Os espaços estão cada vez mais reduzidos e os compromissos políticos são muitos. Além do mais o governador pensa seriamente em suprimir algumas secretarias em nome da economia, fundamental nesse início do segundo governo.

Dobradinha

Uma possível dobradinha política está sendo construída nos bastidores. Bem avaliados perante a opinião pública pelas gestões eficientes exercidas ao longo do tempo, Eduardo Tavares e Alfredo Gaspar de Mendonça são promessas para as próximas eleições. Eles desconversam sobe candidaturas, mas não negam que o futuro a Deus pertence.

Recorde

A Prefeitura de Maceió na gestão do prefeito Rui Palmeira está batendo todos os recordes na construção de casas populares. São milhares em toda a periferia de Maceió com um projeto de construir mais 2 mil nos próximos doze meses. Essas ações se devem ao senador Benedito de Lira, ao deputado Arthur Lira, ao prefeito Rui Palmeira e à eficiência do secretário Mac Lira.

Devedoras

Algumas prefeituras do interior do estado ainda não pagaram e não devem pagar o 13º salário de 2018 aos comissionados e terceirizados. A coluna já recebeu denúncias sobre isso e o caso deve ser apurado pelo Ministério Público e a Procuradoria do Trabalho.

De fora

Depois de muito ser questionado sobre a participação no município de Maceió e no Estado, finalmente o deputado Maurício Quintella perde os espaços na prefeitura. O prefeito Rui Palmeira, com essas modificações, dá o primeiro passo para a reforma administrativa que terá continuidade nos próximos dias.

Candidato

Maurício Quintella preferiu optar por ficar aliado ao governador Renan Filho e alimenta a esperança de sair candidato a prefeito de Maceió nas próximas eleições. Embora não tenha tido um tratamento republicano por parte do governador na reta final das últimas eleições, Quintella achou melhor ficar do lado de lá. Questão de opção, disse um amigo do deputado.


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Um sonho que virou pesadelo

Prometida redenção econômica não veio; empresa pode acabar em tragédia FERNANDO ARAÚJO faraujofilho@yahoo.com.br

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naugurada em dezembro de 1977, a estatal Salgema Indústrias Químicas S/A, atual Braskem, se implantou em Maceió prometendo ser a redenção econômica de Alagoas, até então dependente da monocultura da cana-de-açúcar e dos repasses federais. À época, vendeu-se a ideia de que a exploração das jazidas de sal-gema iria viabilizar a implantação do primeiro polo alcoolquímico do país, que geraria milhares de empregos de primeira linha, duplicaria a renda dos alagoanos e reduziria a desigualdade social no estado. Um paraíso à beira do Atlântico. O ufanismo quebrou a resistência dos órgãos ambientais e suplantou a guerra dos ecologistas contra a implantação de uma indústria química dentro da cidade, com todos os riscos que isto representa para a população. Temia-se pela possibilidade de vazamento de gases tóxicos ou explosões devastadoras. Tragédia sempre repelida pela estatal, mas até hoje não descartada. No início da década de 1990 - auge de suas operações - a Salgema contabilizou cerca de 1.200 empregos diretos, pagando salários acima da média de mercado. A partir de 1995, quando foi privatizada e passou para o controle da Odebrecht, os empregados com carteira assinada passaram a ser substituídos por terceirizados com salários 30% menores. Hoje, o número de empregos formais não passa de 400 e das cinco unidades da

Braskem no país, o menor salário é o de Alagoas, segundo dados do Sindipetro. Com exceção dos cargos de confiança, todos os setores da indústria foram terceirizados por empresas baianas. A terceirização sem limites preocupa o Sindipetro, não só pela redução dos salários, mas também na questão da segurança das instalações e integridade da planta. “Sem a manutenção desses equipamentos aumentam os riscos de um acidente”, alerta Paulo Roberto, do Conselho Diretor do sindicato. Quarenta anos depois, o que seria um avançado polo químico para gerar emprego e renda não decolou, e a prometida redenção econômica virou pó. E mais grave: o paraíso virou pesadelo e pode se transformar em tragédia de grandes proporções, caso se confirmem as suspeitas de que a extração do sal-gema estaria causando abalos sísmicos na região do Pinheiro e Jardim Acácia, onde mais de 20 mil famílias já vivem esse pesadelo. Relatórios da indústria garantem que a exploração mineral não tem nada a ver com o tremor que transformou o Pinheiro em bairro condenado. Mas os técnicos independentes não têm tanta certeza assim e sugerem um estudo aprofundado para se chegar a uma conclusão. Caso seja responsabilizada, a Braaskem, dona de 50,1% do negócio, deve pagar a conta dos estragos junto com a Petrobras, que tem 47% das ações da empresa, e a União, que autoriza as atividades de exploração mineral no país.

Empresa perfura o solo atrás de minério para a fabricação de produtos químicos

INDÚSTRIA CONTRIBUIU PARA AUMENTAR DÍVIDA PÚBLICA DE ALAGOAS Deste que se instalou em Maceió empresa é beneficiada com recursos públicos a custo zero

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ela natureza, tamanho e risco de suas operações, a Braskem deveria ser o maior pagador de impostos de Alagoas, mas na prática pouco ou nada recolhe aos cofres públicos. Extrai as riquezas do subsolo alagoano e pouco contribui em receita para os combalidos cofres do Estado. Os privilégios de que goza a indústria vêm da época de sua implantação, há mais de 40 anos, quando recebeu, a custo zero, toda a área que ocupa no Trapiche e Pontal da Barra, além da área do polo químico, em Marechal Deodoro. Sua implantação em Maceió desvalorizou os imóveis e travou investimentos em novos projetos imobiliários, provocando a decadência da região. Entre 1979 e 1980, o governo estadual fez três empréstimos externos no valor total de 135 milhões de dólares destinados à expansão da Salgema Indústrias Químicas, até então estatal ligada à Petrobras. Esse endividamento externo iniciado no governo de Guilherme Palmeira foi o pontapé inicial para o crescimento da impagável dívida pública de Alagoas, que hoje ronda a casa dos R$ 10 bilhões.

Mesmo depois de privatizada, a empresa continuou recebendo recursos públicos em nome da industrialização do estado baseada na química fina para chegar à tão almejada redenção econômica de Alagoas. Mas 40 anos depois nada disso aconteceu e o estado só fez aumentar seu índice de pobreza e desigualdade social. Dados oficiais analisados pelo economista José Menezes Gomes revelam que um terço da população alagoana vive na pobreza extrema, sem nenhuma renda formal, enquanto outro terço vive com renda de até um salário mínimo. Os que ganham de 1 a 2 salários ou entre R$ 937,00 e R$ 1.874,00 chegam a 303.759 trabalhadores. De 2 a 3 mínimos, ou entre R$ 1.874,00 e R$ 2.811,00, temos 77.617 pessoas. De 3 a 5 salários mínimos, ou entre R$ 2.811,00 e R$ 4.685,00, encontramos 64.876 habitantes. De 5 a 10 salários mínimos, ou de R$ 4.685,00 a R$ 9.370,00, temos 54.063 habitantes. O segmento que recebe a maior renda mensal atinge apenas 18.217 habitantes, percebendo de 10 a 20 salários mínimos ou entre R$ 9.370,00 e R$ 18.740,00. “Com isso verifica-se que os indicadores de pauperização atingiram 2,3 milhões de alagoanos que ganham até dois salários mínimos”, diz José Menezes, professor do curso de Economia da Ufal, em artigo sobre a dívida pública alagoana.


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Braskem faz compensação tributária ilegal com aval da PGE Denúncia de fraude fiscal é do Sindifisco e está sendo investigada pelo Ministério Público Estadual

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esde janeiro de 2017 o Ministério Público Estadual investiga denúncia de irregularidade fiscal praticada pela Braskem. A base da ação civil pública instaurada pelas promotorias de Justiça e da Fazenda Pública foi uma representação em que o Sindicato do Fisco de Alagoas denuncia a Braskem por fraude fiscal e acusa a Procuradoria Geral do Estado (PGE) por usurpação de atribuições. A denúncia do Sindifisco refere-se a uma ação em que a Braskem requereu certificação de crédito no valor de R$ 61 milhões, referente a ICMS-Exportação. Ocorre que a empresa integra o Prodesin, programa de incentivos fiscais do Estado, e nessa condição, não tem crédito fiscal a reivindicar. Ainda assim, segundo o Sindifisco, a Procuradoria Geral do Estado, usurpando atribuições da Sefaz, avalizou o pedido e certificou o crédito milionário, atropelando as autoridades fazendárias. A presidente do Sindifisco, Lúcia Beltrão, explica que o regime de tributação incentivada optado pela Braskem impede a existência de saldo credor na sua escrita fiscal. “Além de ilegal, tal operação possibilitou a transferência de crédito a empresas coligadas sob investigação da Lava Jato por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro”, destacou. Na denúncia ao Ministério Público, o Sindifisco lembra que a Braskem está sendo investigada na Operação Lava Jato por crimes que envolvem empresários e políticos no maior escândalo de corrupção já visto na história do país. Além do fiasco na geração e emprego e renda, a Braskem é um fracasso também como pagadora de impostos. Segundo o Sindifisco, a empresa gerou, no exercício fiscal de 2018 um total de R$ 56 milhões em tributos, mas não recolheu um centavo aos cofres públicos. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA - A Braskem está usando esse crédito ilegal de R$ 61 milhões na compra de precatórios do

Lucia Beltrão lembra que a Braskem é uma das investigadas na Lava Jato

Estado, operação também ilegal por tratarse de empresa beneficiária do Prodesin. “Mesmo que tivesse recolhido o ICMS relativo a 2018, no valor de R$ 56 milhões, seria uma arrecadação insignificante para uma empresa do porte da Braskem”, diz Lúcia Beltrão, em tom de revolta. Segundo o Sindifisco, qualquer supermercado de porte médio recolhe mais ICMS do que a Braskem. Nesse mar de ilegalidade, o sindicato do Fisco aposta na atuação do Ministério Público, que está investigando o caso.

O QUE DIZ A PGE Por meio de sua assessoria de Comunicação, a Procuradoria Geral do Estado negou qualquer operação tributária ilegal com a Braskem. Confira a nota: “A Procuradoria Geral do Estado volta a refutar os argumentos utilizados pelo Sindicato do Fisco de Alagoas assim como fez em 2016 - quando pela primeira vez essa notícia foi ventilada. Inclusive, toda a documentação foi enviada ao Ministério Público Estadual para análise. Vale salientar ainda que os decretos aos quais o Sindifisco acusa a Braskem de ser beneficiada sequer foram editados pelo atual governo, que segue fazendo um procedimento de certificação de crédito existente há mais de 10 anos”.

MODELO EXPORTADOR AUMENTA DESIGUALDADE SOCIAL

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modelo adotado pela Braaskem - segundo o historiador Fabiano Duarte Machado - segue a ótica capitalista da produção voltada para a exportação. É o mesmo caminho trilhado pelo café, o algodão, a cana-de-de açúcar e outras comodities que ao longo dos séculos só têm produzido pobreza e miséria social. Para o professor do Ifal, a criação da indústria química proposta pela Sudene deve ser interpretada como parte de uma estratégia da burguesia açucareira para garantir reprodução de seu capital. Em seu livro “História Econômica de Alagoas”, o professor Fabiano explica que o processo de industrialização de Alagoas é

limitado aos moldes da produção açucareira, que inibe alternativas econômicas e potencializa a exploração dos trabalhadores. Para ele, o polo alcoolquímico de Alagoas foi implantado para fortalecer a cadeia produtiva sucroalcooleira em seu modelo exportador, sujeito às crises externas. Na sua análise, a indústria química chegou ao estado para reforçar as características econômicas já existentes, não para garantir o avanço da diversificação industrial e a quebra da hegemonia açucareira. “O polo cloroquímico é um desdobramento das necessidades da reprodução do capital”, diz o historiador. Fabiano Machado lembra ainda que a Salgema foi vendida ao Grupo Odebrecht na esteira do Programa Nacional de Privatizações, que só favoreceu o capital privado em detrimento dos interesses públicos. “Nesse caso”, diz ele, “o polo químico de Alagoas assume a função de complementação do desenvolvimento da cadeia produtiva da holding Odebrecht no processo de integração da burguesia nacional no mercado mundial”. O historiador destaca que, ao contrário da prometida redenção econômica, o polo químico não contribuiu para um projeto de desenvolvimento econômico em Alagoas capaz de se apresentar como alternativa histórica. “À medida que não conseguiu atrair outros capitais regionais, o PCA converteu-se em uma multinacional com produção voltada para o suprimento primário e secundário de uma cadeia produtiva extremamente tecnológica, mas que não transfere esses avanços para o conjunto da sociedade alagoana, dado o reduzido número de postos de trabalho”, conclui o professor do Ifal.


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Área para alojar moradores do Pinheiro em caso de evacuação já está definida; terreno pertence ao Hospital do Açúcar

BAIRRO CONDENADO

Braskem culpa Casal por rachaduras no Pinheiro Empresa informou que não voltará a extrair salgema na região JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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falha geológica que existe no Pinheiro, em Maceió, estaria sendo agravada devido a rede de esgotamento de águas pluviais deterioradas da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal). Pelo menos é o que acredita a Braskem sobre um dos fatores que pode estar causando tremores e rachaduras no bairro. Essa declaração foi de representantes da empresa durante o encontro com o presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas

(TJ-AL) Tutmés Airan, que ocorreu na quarta-feira, 23. A Braskem, por meio do gerente de relações institucionais, Milton Pradines, frisou ainda que não tem pretensão de ativar os poços que estão no Pinheiro e que a movimentação que a população vê próximo aos poços desativados é para realização de estudos. Segundo ele, esses levantamentos completos irão comprovar que a Braskem não possui interferência nos problemas que o bairro vem enfrentando. E não foi só a mineradora que se reuniu com a presidência do

TJ. Moradores das casas e apartamentos atingidos pelas rachaduras também foram recebidos pelo magistrado. Na segunda-feira, 21, populares externaram sua insatisfação contra o prefeito de Maceió Rui Palmeira (PSDB) e acusaram o Executivo de ocultar informações sobre a realidade da situação do bairro. Segundo Geraldo Vasconcelos, líder do grupo SOS Pinheiro, muitos estão abandonando os pontos de riscos e sendo entregues à própria sorte. Já a crítica contra o prefeito tucano é referente a sua ausência nas atividades do bairro que aos

poucos começa a ficar inabitado. Um exemplo é que as escolas municipais não estão mais realizando matrículas no bairro, sem contar as famílias que foram obrigadas a abandonar seus lares. No mesmo dia, ao saber do encontro entre moradores e Judiciário, a prefeitura emitiu nota informando que a Defesa Civil e o Serviço Geológico do Brasil não guardam qualquer sigilo na investigação do caso, mas que é necessária precisão total no levantamento e apuração dos dados técnicos que estão sendo investigados.


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IMA terá que suspender licença da empresa BRUNO FERNANDES

Representantes da Braskem se reuniram com o Ministério Público de Alagoas Enquanto isso, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) informou à imprensa que não irá se pronunciar, por enquanto, sobre as declarações do procurador geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, o Ministério Público Estadual (MPE-AL) resolveu pedir a suspensão da licença operacional concedida pelo IMA que permite a Braskem realizar as atividades de exploração na região do bairro do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Lagoa Mundaú. Mendonça Neto disse que o IMA não tem capacidade nem estrutura para conceder tal licença devido à falta de fiscalização do órgão ambiental. Durante

EXTRAÇÃO

Em relação à licença operacional concedida pelo IMA, os representantes da empresa afirmaram que após a liberação do documento que permite a extração de salgema, há mais de 40 anos, o órgão não tem realizado estudos técnicos na região.

reunião na sede do MPE, no Poço, na terça-feira, 23, Alex Cardoso, responsável pela mineração da Braskem, afirmou que, antes de março de 2018, a empresa nunca teve conhecimento sobre tremores de terra na região. Em relação à licença operacional concedida pelo IMA, os representantes da empresa afirmaram que após a liberação do documento que permite a extração de salgema, há mais de 40 anos, o órgão não tem realizado estudos técnicos na região. EVACUAÇÃO A data do simulado de evacuação dos 20 mil moradores das áreas de risco foi alterada para o próximo dia 16 de fevereiro. A decisão

foi tomada durante reunião no 59º Batalhão de Infantaria Motorizada (BIMtz), no Farol, também realizada na quarta-feira. Participaram representantes da Defesa Civil Estadual, Defesa Civil Municipal, Exército, Marinha, Corpo de Bombeiros, Algás, além de outros órgãos municipais. Até a última semana, durante divulgação do plano de contingência, o simulado estava marcado para o dia 23 de fevereiro. Um terreno localizado nas dependências do Hospital do Açúca, no Farol, será utilizado como abrigo para os moradores do Pinheiro em caso de emergência. A medida faz parte do plano de contingência elaborado pela Defesa Civil nacional, estadual e municipal. SOLIDARIEDADE O Conselho Regional de Psicologia (CRP-15) resolveu mobilizar psicólogos para atender voluntariamente os moradores do Pinheiro. “Diante dos últimos acontecimentos, o Conselho, muito em breve, irá organizar ações que envolverão plantões para atendimentos psicológicos a fim de buscar minimizar o sofrimento das famílias que tiveram seus imóveis atingidos por rachaduras e por estarem em possíveis áreas de risco”, informou a presidente do CRP, a psicóloga Laeuza Lúcia da Silva Faria. Os interessados devem se dirigir à sede da entidade, que fica situada na Rua Professor José da Silva Camerino, 291, Farol. Informações: (82) 3241-8331. ALERTA A diretoria do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol), preocupada com a situação de emergência no bairro do Pinheiro, em Maceió, solicita aos policiais civis que residem no referido bairro, que procurem o sindicato. O presidente do Sindpol, Ricardo Nazário, informa que a entidade sindical estudará junto à Assessoria Jurídica medidas cabíveis em prol dos policiais civis. Ricardo Nazário coloca à disposição o número do seu celular para qualquer emergência: (82) 99971-1904.


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DEPOIS DO TIRO

Atirar em legítima defesa também acarreta investigação

Para o advogado Thiago Pinheiro, posse de armas não deve aumentar o número de homicídios

Procura por armas de fogo aumenta após decreto presidencial

SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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om o decreto que flexibiliza a posse de armas de fogo assinado pelo governo do então presidente Jair Bolsonaro (PSL), a procura pela informação e pela compra de armamento aumentou em Nordeste. E Alagoas não ficou de fora. Mas, segundo Sandro Rodrigues, dono de uma loja que vende armas de fogo na capital alagoana, ainda não é possível perceber os reflexos dessa procura no comércio. “As pessoas ligam e se informam, pois muitas confundem o porte com a posse. Ao descobrir que não podem circular armadas, desistem da compra”, relatou Rodrigues, no ramo há 22 anos. A posse de arma garante que o cidadão pode tê-la no interior da sua residência; enquanto portar é ter o direito de estar com ela na rua. “Acredito que só vamos ter reflexo nas vendas quando for flexibilizado o porte, como o porte rural, prometido pelo presidente”, relata. É necessário, no entanto, instruir a população que a compra

destes artifícios não garantem legítima defesa, como alerta o advogado criminalista e especialista em ciências criminais Thiago Pinheiro. “A legítima defesa abrange até mesmo quem não tem porte legal de arma. Em suma, é uma reação para preservar a integridade física sua ou de outrem, funciona também para terceiros. A mudança na flexibilização da posse, que é diferente do porte, não garante a ação em legítima defesa, apenas flexibilizou o registro aqueles que têm direito de uso em casa. Na realidade muitas dessas pessoas já possuem a arma na residência, mas não obtinham o registro”, explicou Pinheiro. O especialista acredita ainda que a flexibilização não deve aumentar diretamente o número de homicídios, pois se limita a posse. “O porte pode intensificar o aumento da violência nas ruas, mas ainda não foi modificado pelo atual governo”. Sandro Rodrigues também acredita que as mudanças feitas agora não irão induzir a população a agir mais “facilmente” em legítima defesa. “A mudança realmente importante foi a quantidade de tempo para o registro ser re-

novado. Isso não deve influenciar, ainda, na reação das pessoas”. Caracterizada pelo Código Penal Brasileiro como uso moderado dos meios necessários para repelir “injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”, a legítima defesa, se comprovada, não é caracterizada como crime. Mas para isso um inquérito policial deve ser aberto para investigar as circunstâncias do fato. Após a investigação, o Minis-

RELATÓRIO

No último dia 17, um relatório divulgado pela organização não governamental Human Rights Watch (HRW), apresentou em dados que o Brasil bateu recorde de mortes violentas em 2017, com 63.880 casos. No mesmo ano, as mortes cometidas por policiais em serviço e de folga

tério Público oferece ou não a denúncia contra o autor que agiu supostamente em legítima defesa. Se oferecer, no trâmite final, o juiz pode entender que realmente foi legítima defesa ou não. Caso o MP não oferte denúncia, o caso é arquivado. A Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) foi procurada pela reportagem para se posicionar sobre a flexibilização da posse e sobre o reflexo disso na atuação da população em legítima defesa, mas se limitou a dizer que não irá comentar sobre o assunto por ora. RELATÓRIO No último dia 17, um relatório divulgado pela organização não governamental Human Rights Watch (HRW), apresentou em dados que o Brasil bateu recorde de mortes violentas em 2017, com 63.880 casos. No mesmo ano, as mortes cometidas por policiais em serviço e de folga cresceram 20% na comparação com 2016. A ONG internacional que analisa a situação de mais de 90 países critica a lei aprovada em 2017 pelo Congresso Nacional que permite que militares das Forças Armadas, acusados de cometerem execuções extrajudiciais contra civis, sejam julgados pela Justiça Militar. De acordo com a entidade, a mesma lei transferiu o julgamento de policiais militares acusados de tortura e outros crimes para o âmbito da Justiça Militar.


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ENTREGA VOLUNTÁRIA

Recomeça campanha contra as armas em Alagoas

Armas são destruídas após entrega voluntária

Decreto de Bolsonaro não afetou, até o momento, desarmamento no estado ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão da Redação

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m 2018, apenas sete armas foram entregues por populares de forma voluntária à Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev). O baixo índice de arrecadação se deve à suspensão da Campanha de Entrega Voluntária de Armas de Fogo no mês de junho do ano passado, quando iniciou a paralisação do projeto devido ao período eleitoral. A campanha chegou em Maceió no ano de 2015 com objetivo de conscientizar a população a diminuir o número de armas em circulação, orientando os cidadãos do risco que elas representam como causadoras de acidentes, suicídios, homicídios intrafamiliares e entre conhecidos. Esta estratégia de conscientização e mobilização da população tinha o auxílio de dois ônibus itinerantes que percorriam bairros da capital alagoana e diversos municípios do interior. Após a entrega, a arma é destruída e o antigo dono recebe um cupom referente à indenização, que varia de R$ 150 a R$ 450, a depender do tipo da arma. O valor da indenização é pago pelo governo federal, por meio do Sistema Desarme do Ministério da Justiça. Desde que foram adquiridos os

dois ônibus itinerantes da Campanha de Entrega Voluntária de Armas de Fogo, em 2015, a Seprev arrecadou 2.071 itens, entre armas, munições e acessórios. COMO FUNCIONA O ônibus chega ao território, com técnicos e profissionais da Seprev, que realizam uma mobilização e orientação da população. Os interessados em entregar armas de fogo, munições e acessórios se dirigem ao ônibus para pegar a guia de trânsito. O documento permite que o cidadão possa circular com a arma durante o trajeto até o ponto itinerante da entrega. De acordo com a Seprev, a campanha é totalmente voluntária e não arrecada dinheiro. Apesar da ação ser coordenada em Alagoas pela Seprev, é também vinculada ao Sistema Desarma do

Ministério da Justiça, que estava fora do ar até início desta semana. Os ônibus da Seprev retornarão com o seu cronograma normalizado já na próxima segunda-feira, 28. Questionada se o decreto do presidente Jair Bolsonaro que libera a posse de arma afetará a campanha, a Seprev afirmou, em nota, que “o Brasil está passando por um momento de transição polí-

tica, cuja algumas políticas públicas seguem aguardando definições da nova gestão do Governo Federal. Assim também está a situação da Campanha de Entrega Voluntária de Armas de Fogo. Apesar de existir muitos questionamentos e indefinições em torno desta nova política, o Sistema Desarma do Ministério da Justiça regularizou o seu funcionamento nesta semana’’.


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Parque aquático era uma opção de lazer na parte alta da capital; ao lado, estabelecimento durante época de chuva

MESMO EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Ecopark vai a leilão por dívida com CEF Empresa tenta reverter decisão da Justiça Federal JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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Ecopark Aquático, localizado na Serraria, em Maceió, pode ter novo dono. Avaliado em R$ 13,1 milhões, o estabelecimento irá a leilão às 9h30, no dia 8 de março pela Justiça Federal. Caso não haja interessados na primeira praça, o parque aquático voltará à venda no dia 22 do mesmo mês, mas a partir da metade do valor: R$ 6,5 milhões. A hasta acontecerá no miniauditório da Justiça Federal e terá como leiloeiro Fernando Gustavo Alencar de Albuquerque Lins.

O motivo da venda são três processos ingressados pela Caixa Econômica Federal (CEF) que cobra uma dívida de aproximadamente R$ 600 mil (R$ 595.677,19), valor que ainda deve ser atualizado. A decisão é do juiz Frederico Wildson da Silva Dantas. O Ecopark Aquático faz parte do Gpi - Grison Participações e Investimentos Ltda., que tem como proprietário o empresário Roberto Grison. Segundo o site institucional da empresa, o grupo atua em diversas áreas, segmentos e estados do país. Também fazem parte dos bens de Roberto Grison a Tutto Tras-

porti, empresa de transporte de mercadorias, situada no Tabuleiro do Martins. O grupo ainda investiu no estabelecimento chamado Já Compras, além do Frango da Hora, o Frigorífico Santa Luzia, Compet Comércio e Distribuição, Laticínios Guimarães e a Brunata e Aretta Comésticos. É possível assistir propagandas de alguns negócios da empresa no canal do Grupo Grison, no Youtube, que não recebe atualizações há mais de três anos. A Gpi - Grison Participações e Investimentos Ltda. entrou em recuperação judicial em janeiro de 2017. O processo tramita na 12ª Vara Cível da Capital e está sob os cuidados do juiz Jerônimo dos Santos. O advogado do grupo, Gustavo Martins Delduque de Macedo, disse ao EXTRA que a decisão da Justiça Federal é desnecessária. “Estão atropelando as coisas. Entramos com uma ação contra o leilão. O grupo está trabalhando para voltar aos negócios”, informou. Com as atividades suspensas, o

Ecopark Aquático sofreu com um alagamento devido às chuvas em maio de 2017. Na ocasião, internautas lamentaram pela situação do parque e pela ingerência do estabelecimento. A área do Ecopark foi adquirida em 1994 e foi residência da família de Roberto Grison. No ano de 1997 foi lançado o empreendimento chamado Hotel Fazenda Pesqueiro. A casa sede foi transformada em restaurante e a piscina do sítio foi liberada para as crianças. Além do pesque -pague, havia campo de futebol, área para passeio a cavalo e de charrete. E em 2000 inaugurado o Ecopark Aquático, com entrega de piscinas e equipamentos aquáticos. Durante funcionamento, o Ecopark chegou a ser autuado pela Prefeitura de Maceió por depositar lixo irregularmente em suas dependências. A empresa jogava entulhos na área verde no entorno do parque. Os resíduos eram enterrados e cobertos com folhas para dificultar a identificação.


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extra Lixo jogado em terreno baldio preocupa população do município

RETROCESSO

Maribondo volta a depositar lixo na cidade Resíduos produzidos pela população são jogados durante a noite em terreno baldio MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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ndar pelas ruas de Maribondo, município do agreste alagoano, nos últimos dias tem sido tarefa difícil. A deficiência na coleta do lixo tem deixado moradores preocupados e como se não bastasse, os resíduos são depositados durante a noite no espaço do antigo matadouro, próximo a fábrica de queijo, se transformando em um novo lixão. A informação aponta que a Prefeitura deixou de pagar ao Consórcio Regional de Resíduos Sólidos do Agreste Alagoano – Conagreste, localizado em Craíbas, e assim impedida de continuar utilizando a área para depositar seus resíduos sólidos. Algumas autoridades locais foram procuradas, por telefone, mas não quiseram se pronunciar sobre o caso do destino dos resíduos, jogados a céu aberto. Quanto à ineficiência

na coleta do lixo, afirmam que é fato e que existe apenas uma caçamba para recolher o material. Como se não bastasse, o serviço é feito uma vez por semana, o que deixa as ruas tomadas pelo lixo. No entanto, o secretário de Infraestrutura do município, Alexandre Costa, desmentiu a informação de que o espaço desativado estaria sendo reutilizado e se limitou a dizer que “o lixo não está sendo jogado no antigo lixão, está sendo levado para o Conagreste”. Quando apresentada uma fotografia do acúmulo de lixo em um terreno do município e questionado onde seria aquela área, não respondeu. Também não falou sobre a coleta do lixo em Maribondo. Um morador do município afirmou que o antigo matadouro, próximo à fábrica de queijo, está se transformando em um novo lixão, já que o antigo foi desativado dela Justiça. O diretor do Centro de Apoio

Operacional (CAO) do Ministério Público Estadual, promotor de Justiça José Antônio Malta Marques, disse, através de sua assessoria, que o MP não foi informado sobre o caso do lixão em Maribondo, mas vai acionar o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), que é órgão fiscalizador, para se certificar de que os espaços foram realmente fechados ou se os locais estão sendo novamente utilizados. Após relatório do IMA vai ver que medida adotar.

DESCONHECE

Quando apresentada uma fotografia do acúmulo de lixo em um terreno do município e questionado onde seria aquela área, o secretário não respondeu. Também não falou sobre a coleta do lixo em Maribondo.

Extrato bancário mostra parcelas não pagas pela Prefeitura de Maribondo

EMPRÉSTIMOS NÃO PAGOS Os problemas com a gestão atual continuam. A informação é de que nomes de funcionários da Prefeitura de Maribondo estão indo parar no SPC/Serasa por falta de repasse à Caixa Econômica Federal dos valores referentes ao empréstimo consignado dos servidores municipais. Na realidade, o desconto é feito diretamente na folha de pagamento do trabalhador, mas ao que parece, não está sendo enviado ao banco. O promotor da Comarca, Ricardo Libório, disse que não recebeu nenhuma denúncia relacionada ao consignado. No entanto, alguns servidores o procuraram para reclamar que parte deles não receberam o último salário. Por conta disso, Libório vai oficiar a Prefeitura para saber sobre o atraso salarial. Afirmou, ainda, que existe uma sinalização sobre a necessidade de concurso público no município.


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TRANSPORTE ESCOLAR

Municípios serão investigados por contratações irregulares Impasse pode atrasar início do ano letivo BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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ilhares de crianças e adolescentes podem ter o início do ano letivo atrasado devido a irregularidades em ônibus escolares municipais constatadas pelo projeto Transporte Legal, do Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE-AL), que até o momento constatou falhas em todos os municípios visitados entre o final de 2018 e o início de 2019. Segundo o órgão, União dos Palmares, São Luís do Quitunde, Campo Grande e São Sebastião, possuíam irregularidades que vão da falta de cinto de segurança a motoristas sem cursos para efetuar o transporte de alunos. Ao todo 140 veículos foram impedidos de continuar a transportarem estudantes. Conforme o promotor de Justiça Lucas Sachsida, após a fiscalização os gestores foram notificados do prazo de 10 dias para regularizar a situação, porém, todos perderam o prazo e foram acionados na Justiça para que fossem obrigados a regularizar a situação do transporte escolar. Entre as irregularidades, a que mais chamou a atenção do órgão ministerial é o fato de os ônibus, alugados pelas prefeituras a empresas especializadas, não possuírem categoria escolar aprovada pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran/AL), a exemplo de União dos Palmares, que tem como fornecedora de transportes a Associação Municipal de Transportes de União dos Palmares e

que mensalmente recebe cerca de R$ 27 mil pelo serviço. Com 15 mil alunos matriculados na rede municipal, dos quais pouco mais de 7 mil utilizam o transporte, as aulas em União estão previstas para começar no dia 11 de fevereiro. De acordo com o secretário municipal de Educação, Lindolfo Cabral, mesmo após findo o prazo dado pelo MP, os veículos já foram recolhidos pela empresa e estão passando pelas adaptações necessárias para serem categorizados como escolar. Ele não informou, contudo, quando tudo deve ficar pronto. “A associação foi alertada sobre a classificação dos ônibus amarelinhos e já está realizando a manutenção. Os motoristas também já realizaram o curso exigido pelo Detran após a fiscalização”, explicou o secretário. Em São Luís do Quitunde, o também secretário de Educação Cícero Alberto informou que a empresa Total Terra, responsá-

Em CAMPO GRANDE,

foi ajuizada uma ação civil pública que pede ao Poder Judiciário que obrigue a Prefeitura a renovar sua frota de veículos, uma vez que a Promotoria local constatou que alunos estavam sendo transportados em caminhões pau de arara.

vel pela locação dos veículos, foi notificada para regularização dos veículos sob pena de cancelamento do contrato. “Devemos estar entregando toda a documentação até a próxima semana para que o Detran possa emitir a classificação”, afirmou. O EXTRA não conseguiu informações das prefeituras de Campo Grande e São Sebastião uma vez que os portais da transparência destes municípios estão inativos, sem informações, e não houve sucesso nas tentativas de contato telefônico. No caso de Campo Grande, foi ajuizada uma ação civil pública que pede ao Poder Judiciário que obrigue a Prefeitura a renovar sua frota de veículos, uma vez que a Promotoria local constatou que alunos estavam sendo transportados em caminhões pau de arara. “Pudemos comprovar que alguns dos ônibus não tinham tacógrafo (aparelho medidor de velocidade) funcionando e estavam com

Promotor Lucas Sachsida confirmou que municípios fiscalizados perderam o prazo para regularizar situação pneus carecas, dentre outras irregularidades. Constatamos também que nenhum dos veículos possuía a vistoria semestral em dia, conforme determina o art. 136 do Código de Trânsito Brasileiro”, explicou Lucas Sachsida Carneiro. Ainda segundo o promotor de justiça, os promotores titulares das regiões devem investigar o motivo de os municípios não tomarem nenhuma atitude em relação aos veículos entregues. “Se eles viram que os carros não eram classificados como transporte escolar, por que não cancelaram a licitação, ou exigiram que fossem adaptados antes das fiscalizações, ou até mesmo punisse de alguma forma a empresa vencedora da licitação? Isso tudo ficará a cargo do promotor titular do município que deve investigar essa falta de ação dos gestores”, disse.


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CEAL PRIVATIZADA

Demissões devem começar no mês de maio Sindicato tentará acordo com a Equatorial Energia S.A. JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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s servidores da Companhia Energética de Alagoas (Ceal) têm emprego garantido somente até o dia 30 de abril, data que finaliza acordo coletivo entre o Sindicato dos Urbanitários e a ex-estatal. A companhia foi comprada pela Equatorial Energia S.A., durante leilão realizado no final de dezembro do ano passado. A empresa irá assumir os serviços da Ceal a partir de março. Porém, o acordo vigente não é garantia de segurança ao servidor. Isso porque a Equatorial, que também adquiriu, em julho, a Companhia de Energia do Piauí (Cepisa), realizou, até o momento, 60 demissões descumprindo o que foi combinado com sindicalistas. A informação é do presidente dos Urbanitários em Alagoas, Nestor Silva Powell. “Desobedeceram a uma cláusula do acordo que não permite a demissão em massa de trabalhadores. As demissões da Cepisa já foram judicializadas. Esperamos que a Equatorial não cometa os mesmos erros aqui em Alagoas e que tenham outra postura com o servidor”, destacou o presidente sindical. A Eletrobras, operadora da Ceal e de outras companhias já leiloadas, abriu na segunda-feira, 21, novo programa de demissão voluntária (PDV) com previsão de saída de dois mil funcionários a nível nacional. Essa decisão,

segundo a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), pode colocar em risco as operações e a manutenção das usinas do sistema Eletrobras e provocar apagões elétricos em todo o país. Powell alertou que esse possível enxugamento da folha de funcionários para diminuir os custos trabalhistas irá gerar um sobrecarregamento na carga de trabalho. “Nosso serviço é essencial à população e muito perigoso. A rotatividade nesses setores não é indicada, ainda menos por empresas terceirizadas, que nem sempre estão aptas”. O engenheiro Ícaro Chaves, dirigente do Sindicato dos Urbanitários no Distrito Federal (STIU-DF), compartilha a mesma opinião do sindicalista alagoano. “Com as demissões, os trabalhadores estão fazendo cada vez mais jornadas exaustivas e viagens longas. Tem casos de servidores que chegam a passar um mês longe de suas casas”, considerou Chaves. Apesar da Equatorial Energia S.A. assumir definitivamente a Ceal no mês de março, funcionários da “nova dona” já perambulam pelos corredores da companhia para a transição da administração. “Vamos buscar o diálogo com a Equatorial, no entanto, não temos nenhuma sinalização se isso realmente acontecerá”, destacou Powell. O LEILÃO A Ceal foi a última das seis distribuidoras, que ainda esta-

Nestor Powell, do Sindicato dos Urbanitários

vam sob controle da Eletrobras, a ser privatizada. A empresa foi arrematada por R$ 50 mil, preço de um carro popular, no dia 28 de dezembro de 2018, em leilão realizado na B3, antiga BM&F Bovespa, na capital paulista. A proposta da Equatorial Energia S.A foi a única apresentada. A companhia atende a cerca de 3,3 milhões de habitantes do estado de Alagoas. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o nível de endividamento da Ceal aumentou em média R$ 210 milhões por ano, nos últimos cinco anos. O novo concessionário deverá realizar aporte de capital de R$ 545,7 milhões antes de assumir a empresa e realizar investimentos da ordem de R$ 837,2 milhões durante os primeiros cinco anos da concessão. O leilão da Ceal permaneceu impedido por decisão liminar, obtida pelo Estado de Alagoas no Supremo Tribunal Federal (STF), desde em junho passado. A decisão foi suspensa no dia 3 de dezembro pelo ministro Ricardo Lewandowski.   A Equatorial já controla a Companhia Energética do Ma-

ranhão (Cemar), a Centrais Elétricas do Pará (Celpa) e a Cepisa e tem participação no capital da Termoelétrica Geranorte.

JURISTA QUESTIONA VENDA Para o jurista Richard Wagner Cavalcanti Manso, a estatal foi vendida em termos. Segundo ele, tudo será anulado em razão das Ações Civis Originárias - ACOs 1767 e 3132- que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) e que tentam barrar a negociação. Além desses processos que ainda serão julgados, a CPI da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) sobre a Ceal teve decisão de retornar o controle das ações da companhia para o governo de Alagoas. Outro entrave é que apenas uma empresa participou da licitação, valor com subfaturamento e aporte financeiro que vem do próprio governo de Alagoas e União em razão dos contratos que existem.


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extra presidente da Assembleia Nacional. Ele se declarou presidente da República em exercício e jurou em nome de Deus. Apontado como principal líder da oposição, Guaidó fez o juramento comprometendo-se a assumir o poder interinamente e promover eleições gerais. O juramento foi feito durante um protesto contra o governo Maduro em Caracas. “Hoje, 23 de janeiro de 2019, em minha condição de presidente da Assembleia Nacional, ante Deus todo-poderoso e a Venezuela, juro assumir formalmente as competências do Executivo nacional como presidente em exercício da Venezuela.” Antes do juramento, Guaidó reiterou a promessa de anistia aos militares que abandonarem Maduro e apelou para que fiquem “do lado do povo”. Segundo ele, é preciso reagir à “usurpação” do poder por parte do presidente da República, instaurar o governo de transição e eleições livres.

VENEZUELA

Brasil reconhece Juan Guaidó como novo presidente O anúncio foi feito por Bolsonaro pelas redes sociais diretamente de Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial

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presidente Jair Bolsonaro reconheceu na quarta-feira (23) o deputado Juan Guaidó, de 35 anos, como presidente interino da Venezuela e prometeu apoio político e econômico para que “a democracia e a paz social voltem” ao país. O anúncio foi feito por Bolsonaro pelas redes sociais diretamente de Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial. Ele seguiu o mesmo posicionamento do presidente norte-americano, Donald Trump. “O senhor Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional venezuelana, assumiu hoje, 23/01, as funções de presidente encarregado da Venezuela, de acordo com a Constituição daquele país, tal como avalizado pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). O Brasil reconhece o senhor Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela. O Brasil apoiará política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social voltem à Venezuela”, escreveu Bolsonaro. Trump havia se manifestado no mesmo sentido: “Os cidadãos da Venezuela sofreram muito tempo nas mãos do regime ilegítimo de Maduro”. O presidente Nicolás Maduro foi reeleito em uma eleição cercada

VIOLÊNCIA

Juan Guaidó é engenheiro, tem 35 anos e preside a Assembleia Nacional, o Parlamento venezuelano de suspeitas de fraude, segundo seus opositores. O atual mandato, iniciado em 10 de janeiro, está previsto até 2025. Além do Brasil e dos Estados Unidos, também reconheceram Guaidó como presidente da Venezuela, até o momento, os seguintes países: Argentina, Paraguai, Colômbia e Canadá. MANIFESTAÇÕES Manifestantes saíram às ruas de Caracas e das principais cidades da Venezuela no terceiro dia de protestos contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. A convocação foi feita por Guaidó,

LIBERDADE

Antes do juramento, Guaidó reiterou a promessa de anistia aos militares que abandonarem Maduro e apelou para que fiquem “do lado do povo”. Segundo ele, é preciso reagir à “usurpação” do poder por parte do presidente da República, instaurar o governo de transição e eleições livres.

Nas ruas, organizações não governamentais, como Observatório Venezuelano de Conitividade Social (OVCS), denunciam violência e confrontos entre manifestantes e forças policiais. Segundo a OVCS, um adolescentes de 16 anos foi baleado em um dos protestos. “Condenamos o assassinato do jovem Alixon Pizani [16] por ferimentos a bala durante uma manifestação em Catia, Caracas”, informou o OVCS em sua conta no Twitter. Ontem houve vários protestos contra Maduro nas ruas de Caracas e região. Imagens divulgadas pelas entidades civis organizadas mostram embates entre manifestantes e agentes do Estado, barricadas nas ruas e uso de coquetel Molotov. O porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU), Farhan Haq, disse hoje que a entidade acompanha de perto os desdobramentos da crise na Venezuela e as manifestações. Ele disse que a entidade rechaça qualquer tipo de violência e aguarda pelo avanço de negociações. (Com informações da Agência Brasil)


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“EU SOU E EU VOU”

Campanha contra câncer reforça impacto do diagnóstico precoce Dia Mundial do Câncer não tem engajamento das secretarias de Saúde do Estado e de Maceió MARIA SALÉSIA Com assessoria

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o próximo dia 4 de fevereiro é celebrado o Dia Mundial do Câncer, data em que instituições ao redor do globo chamam atenção para ações efetivas para ampliar o acesso ao diagnóstico precoce. De acordo com a projeção da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), a cada ano cerca de 9,6 milhões de pessoas em todo o mundo perdem a vida em decorrência do câncer. Até 2030, esta deve ser a principal causa de morte. Organizada pela União Internacional de Controle do Câncer (UICC), a campanha trianual (2019-2021) tem como mote “Eu Sou e Eu Vou” e busca colocar cada indivíduo, instituição, empresa, governo ou comunidade como potencial vetor de transformação e redução do impacto do câncer. Apesar da mobilização, em Alagoas não há engajamento das secretarias de Saúde do Estado ou do município de Maceió para atividades voltadas ao Dia Mundial. Porém, no próximo dia 4 de fevereiro, vai acontecer atividades de conscientização, a partir das 19 horas, na Praia de Ponta Verde, Maceió. A iniciativa é fruto de parceria com o Sesc e conta com apoio das ONGs Grupo de Mama Renascer e Rede Feminina de Combate ao Câncer Alagoas. Aplicada no Brasil pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA), a entidade está à frente das ações com

foco em fortalecer a luta pelo avanço de um projeto de lei que pode contribuir com o aumento de diagnósticos em estágios mais iniciais da doença, o PLC 143/2018, ou PLC dos 30 Dias, aprovado pela Câmara em dezembro de 2018 e enviado ao Senado. O projeto determina que, em casos nos quais há a hipótese de um diagnóstico de câncer, os exames necessários à elucidação da doença, bem como sua confirmação em biópsia, devem ser realizados em um prazo máximo de 30 dias no Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje não há um prazo definido para a confirmação do câncer e a espera indeterminada pelo início do tratamento pode fazer com que a doença evolua. Dados da Sociedade Americana do Câncer (ACS) mostram que nos Estados Unidos as chances de sobrevida após cinco anos de uma paciente com câncer de colo de útero que teve diagnóstico nos estágios iniciais é de 93%, contra apenas 15% nos casos em que o diagnóstico é feito em estágios mais

avançados, por exemplo. O tratamento em estágios iniciais também é expressivamente mais econômico quando o diagnóstico é precoce. No caso do câncer de mama, o investimento feito em uma paciente na rede pública de saúde brasileira em 2016 era de R$ 49.488,00

CHANCES

Dados da Sociedade Americana do Câncer (ACS) mostram que nos Estados Unidos as chances de sobrevida após cinco anos de uma paciente com câncer de colo de útero que teve diagnóstico nos estágios iniciais é de 93%, contra apenas 15% nos casos em que o diagnóstico é feito em estágios mais avançados.

quando o diagnóstico era feito no primeiro estágio da doença, mas passava para R$ 93.241,00, quando diagnosticado no terceiro estágio. O aumento do custo do tratamento e a redução expressiva nas chances de cura da doença são realidades em qualquer tipo de câncer quando esses são descobertos e tratados tardiamente. PARTICIPE É possível mobilizar-se para o avanço do PLC dos 30 Dias online: no portal do Senado E-cidadania, toda a população pode votar “SIM” no questionamento “Você Apoia essa Proposição?” sobre o PLC 143/2018. Todos podem enviar o link da votação para seus amigos, colegas e parentes e aumentar ainda mais o alcance da consulta. Para votar, acesse: http://bit.ly/ ApoioPLC30Dias Outra forma de contribuir com o avanço da proposta é participar do banco de relatos sobre a demora no diagnóstico do câncer na rede pública de saúde no Brasil. Pacientes que estejam enfrentando ou tenham passado por dificuldades na obtenção do diagnóstico oncológico podem publicar sua história no site da campanha para dar visibilidade à questão, e ajudar a consolidar a urgência do tema. O formulário para participar está disponível em http://bit.ly/DMCFemama19. Com a hashtag #DiaMundialDoCâncer e um filtro especial para Facebook criado pela UICC, a FEMAMA disseminará pelas redes sociais diversas informações importantes e maneiras de apoiar e difundir a causa.

SOBRE O DIA MUNDIAL DO CÂNCER O dia 4 de fevereiro é marcado pela conscientização a respeito do câncer. Para ampliar a discussão acerca do acesso a diagnóstico e tratamento, desde 2008, a União Internacional de Controle do Câncer (UICC) convoca, em 4 de fevereiro, campanhas globais de conscientização sobre o câncer cujo objetivo é, até 2020, alcançar uma redução do número de pacientes de câncer que perdem a vida por falta de informação e assistência adequada.


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Mentira: começo

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uem nunca já ouviu a frase: - Mentira tem pernas curtas!!!! E tem mesmo! Pois é. Mas quem, ou como se pode medir uma mentira, no convívio diário, com a esposa ou esposo, entre amantes, entre filhos e pais, enfim? É possível, depois de algum tempo (não se sabe quanto) descobrir as mentiras ditas. E depois, o que acontece? E o que elas – mentiras - representam nos com-

portamentos humanos? E quando são produzidas – deliberadamente - por instituições ou por um grupo de pessoas, para impor algo ou alguma ideologia, ou, para obter algum tipo de vantagem? O que fazer? No dicionário Aurélio, mentira é o ato de mentir; engano dos sentidos ou do espírito; erro, ilusão. Já mentir é: afirmar coisa que sabe ser contrária a verdade; enganar. A mentira, então, seria uma ilusão causada por aqueles que pretendem enganar.

Mentira e criança

Nem sempre a mentira é um sinal de uma patologia comportamental. As crianças, especialmente, entre os dois e cinco anos praticam a mentira, não como sendo perverso, mas como uma ilusão ou fantasia. É como se ela estivesse passando por um processo de experimentar dizer mentiras e verdades. Nada demais. É extremamente natural no processo de desenvolvimento da psique da criança.

Mentira patológica

Existem alguns transtornos mentais em que a mentira é sinal ou sintoma muito presente. Entre eles a histeria, que um dos seus principais comportamentos é enganar o(a) outro(a). Embora seja uma prática mais intensa entre as mulheres, os homens também podem desenvolver esse comportamento.

Mentira patológica II

Um dos transtornos mentais mais temidos pela população é encontrar com alguém que apresente o comportamento psicopata, ou antissocial, talvez, pelo estigma de mau que ele apresenta nas telas do cinema. O sinal ou síndrome mais presente nessa psicopatologia é exatamente a mentira e ausência de sentimentos. É preciso está atento. Dizer a verdade Lacan, discípulo de Freud, afirma que dizer a verdade toda é impossível. “Digo sempre a verdade. Não toda... pois, dizê-la toda, não se consegue... Dizê-la toda é impossível, materialmente... faltam as palavras”. Mas é preferível dizer a verdade do que a mentira.

Fake news

Exclusivamente sobre os famosos Fake News, o que se pode fazer é tomar alguns cuidados para que a “verdade” apresentada seja sempre questionada. Será que a informação é, realmente, verdadeira? E porque está sendo dita, replicada, distribuída? Qual é o objetivo da informação? São esses alguns cuidados que as pessoas devem tomar para não serem enganadas, de novo. Mas, uma vez engadas, o que se pode fazer? a) assumir que foram enganadas. Essa atitude ou esse comportamento é ex-

Fake news III

tremamente salutar, porque, uma vez consciente podem enfrentar o problema; b) pode continuar achando que as mentiras “sejam” verdades (o que é bastante cômodo); c) podem também se revoltar e procurar disseminar as (verdadeiras) verdades sobre um fato ou sobre alguém, o que é muito, muito mais complexo, mas não é impossível.

Fake news II

Basta ter discernimento sobre si mesmo e sobre um determinado fato, que a pessoa achava que era verdade, mas que era mentira e assumir. Foi o que fez o jornalista Gilberto Dimenstein ao dizer: “Peço desculpas aos leitores por ter ajudado a criar uma imagem heroica de alguém que não a merecia.”, referindo-se ao então juiz e agora ministro Sergio Moro.

Todos nós estamos vulneráveis em receber um Fake News e achar que o fato é verdadeiro. Mas, uma vez, descoberta a mentira, nada mais salutar do que assumir que foi enganado. Por que? Ninguém está isento de ser engando(a). Mas, o mais importante é o que se faz depois do fato.

Mentira: fim

A questão patológica comportamental não é não poder dizer a “verdade toda”; é dizer mentiras, mentiras e mais mentiras. Qualquer que seja o discurso da linguagem, mentira ou verdade, terá sempre os significantes, ou seja, o que representa as palavras, em cada verdade ou cada mentira. E assim, o que importa é que se possa dizer a verdade, mesmo que doa, porque a mentira, tem, sim, pernas curtas. Dizer uma mentira não é o fim/objetivo de dizer um fato. Ela até ocorre, mas num período de vida de uma pessoa (primeira infância), nada mais nada menos. Fora desse período, pode se instalar uma patologia e nesse caso precisa de psicoterapia.

SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Reflexão Guerra é paz / Liberdade é escravidão / Ignorância é força. (George Orwell)

Mais sobre esquizofrenia

O esquizofrênico tenta construir uma neo-realidade que esteja de acordo com suas exigências internas. A pessoa queixa-se de que todos os seus pensamentos são conhecidos, suas ações vigiadas e supervisionadas e é informado sobre o funcionamento desses agentes por vozes. Esses pensamentos também são resultado de sintomas da paranoia.

Suicídio e esquizofrenia

O suicídio e a tentativa de suicídio são muito prevalentes nas pessoas que tem esquizofrenia. O suicídio ocorre em 10% das pessoas nos primeiros dez anos, depois de instalada da doença; que tem início, geralmente, no final da adolescência. Ela apresenta-se lenta e gradual durante meses sem muitos sintomas.

Suicídio e esquizofrenia II

Muitas vezes a família confunde a depressão (que é um sintoma da doença - esquizofrenia), isolamento social, como rebeldia do adolescente e isso dificulta a busca de um diagnóstico mais preciso. O diagnóstico é realizado por psiquiatra e psicólogo. . Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico CRP-15/4.132. Atendimento virtual pelo site: www.vittude.com. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também na CLÍNICA HUMANUS: Rua Íris Alagoense 603, Farol, Maceió-AL. (82) 3025 4445 / (82) 3025 0788 / 9.9351-5851 Email: arnaldosanttos@uol.com.br arnaldosanttos.psicologo@gmail.com.


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Privatizar e estatizar BRASÍLIA - Dois especialistas em economia, Ubiratan Jorge Iorio e Leandro Roque, no site Mises Brasil, iniciam competente abordagem sobre o tema privatização citando o professor Roberto Campos: “No Brasil, empresa privada é aquela que é controlada pelo governo, e empresa pública é aquela que ninguém controla”. Estaria certo o mestre da economia brasileira? O Brasil é um país em que campeiam solene e impunemente o furor arrecadador, o cartório regulatório e as descomunais estatais. Basta um rápido passeio na internet para perceber isso. A primeira e despretensiosa pesquisa mostra que existem, atualmente, perto de 150 empresas estatais no âmbito federal. É ou não uma quantidade de causar perplexidade? A expressão “empresa estatal” já abriga, por si só, um conflito, uma contradição, uma incoerência, porque se quisermos falar de uma empresa de verdade, definida — de acordo com a concepção da escola austríaca — como a aglutinação de fatores de produção com o fim de executar uma dada atividade empreendedora, ela não pode ser estatal. E, se considerarmos uma organização econômica constituída pelo Estado para explorar a mesma atividade, essa organi-

As dificuldades

zação pode ser qualquer outra coisa, mas nunca será uma empresa. Mais: uma empresa ser gerida pelo governo significa que ela opera sem precisar se sujeitar ao mecanismo de lucros e prejuízos. Todos os deficits operacionais serão cobertos pelo Tesouro, que vai utilizar o dinheiro confiscado via impostos dos desafortunados cidadãos. Uma estatal não precisa de incentivos, pois não sofre concorrência financeira — seus fundos, oriundos do Tesouro, em tese são infinitos. Por que se esforçar para ser eficiente se você sabe que, se algo der errado, o Tesouro irá fazer aportes? Como mostram os esquemas de propinas em licitações, estatais não operam de acordo com os sinais de preços emitidos pelo mercado. Elas não operam segundo a lógica do sistema de lucros e prejuízos. Se uma empresa genuinamente privada se dispusesse a pagar um preço mais alto que o de mercado para contratar empreiteiras para fazer obras, seu capital (patrimônio líquido) seria destruído, seus acionistas se desfariam de suas ações, o valor de mercado da empresa despencaria e, na melhor das hipóteses, ela teria de ser vendida para outros controladores “a preço de banana”.

Por que, então, é tão difícil privatizar empresas do Estado? Não há necessidade de coçarmos a cabeça antes de responder. Primeiro, porque empresas estatais representam uma porta permanentemente aberta para políticos indicarem protegidos para ocuparem cargos em sua direção, como atesta a velha tradição patrimonialista. Apenas pense: por que os políticos disputam acirradamente o comando das estatais? Por que políticos reivindicam a diretoria de operações de uma estatal? Simples: é nas estatais que está o butim. As obras contratadas por estatais são mais vultosas do que obras contratadas por ministérios. O dinheiro de uma estatal é muito mais farto. E, quanto mais farto, maior a facilidade para se fazer “pequenos” desvios. Quando políticos e sindicalistas gritam “o petróleo é nosso”, “o minério de ferro é nosso”, “a telefonia é nossa”, “a Caixa é nossa”, saiba que eles estão sendo particularmente honestos: aquele pronome possessivo “nosso” se refere exclusivamente a “eles”, os únicos que ganham com todo esse arranjo. No mais, como dizia Roberto Campos em suas sempre fundamentadas críticas à Petrobras, “soberania é ter a panela cheia” — e, no caso do petróleo, é tanque cheio com combustível de qualidade a preço de mercado. Quanto à “exploração”, é fácil perceber que os verdadeiros explorados, no caso da Petrobras, têm sido os consumidores brasileiros.

Não basta privatizar é necessário desestatizar A privatização, por si só, já é um avanço. Mas pequeno. Pouco efeito terá caso a empresa privatizada continue operando dentro de um mercado protegido pelo governo, no qual não há liberdade de entrada para novos concorrentes. Sob esse arranjo, a empresa continuará sendo ineficiente. Por isso, ainda mais importante que privatizar, é desestatizar: ou seja, retirar do Estado seu poder de controlar um mercado, escolhendo quem pode e quem não pode entrar nele.

PEDRO OLIVEIRA n pedrojornalista@uol.com.br

Para refletir:

“Não existe opinião pública, existe opinião publicada”. (Winston Churchill)

Qual a causa real?

Por que não será feito

Mas, infelizmente, há uma diferença clara entre o que é possível e o que seria de fato necessário — ou seja, entre aquilo que os obscuros meandros políticos permitirem privatizar e a simples e sumária privatização de estatais das três esferas de governo, sem alarde, sem leilões e seus martelos, e sem qualquer tipo de favorecimento, os quais caracterizam o capitalismo de compadres que infecta nossas instituições. Impossível deixar de levar em conta que a lógica econômica e a lógica política são naturalmente diferentes. Na economia, os objetivos são a procura pelo lucro e pela maior satisfação; na política, a busca pelo poder — ou por mais poder. Convenhamos ser muito difícil encontrarmos pessoas assim tão altruístas no mundo político.

Comício no Pinheiro

Quem passava pelo local imaginava que estava havendo um comício eleitoral no bairro de Pinheiro. Em cima de um caminhão políticos e membros do Ministério Público bradavam discursos inflamados, alguns até emocionados, prometendo ação para resolver o gravíssimo problema que ameaça o bairro, à beira de uma catástrofe. Um mais exaltado prometeu “interdição dos serviços da Braskem enquanto não se tiver um laudo conclusivo da situação”. Um absurdo se aproveitar de um momento de vulnerabilidade das pessoas com atos de pura demagogia e pautas eleitoreiras.

Proposta indecente

O coordenador de Defesa Civil de Alagoas, tenente-coronel Moisés Ferreira de Melo, perdeu uma boa oportunidade de ficar calado ao pronunciar uma infeliz declaração diante da situação de moradores do Pinheiro que se veem ameaçados de perder suas casas: “Solicitamos que a população que reside nas áreas de risco saia das residências, vá para casa de praia ou qualquer outro local”. Se quis fazer piada em momento tão crítico, não teve a menor graça.

Sobre os tremores e problemas geológicos que causam danos graves ao bairro do Pinheiro e fizeram mais de 500 famílias abandonarem seus imóveis com medo de problemas mais graves, o diretor-geral substituto da ANM, Tarço Mendonça, disse que os técnicos trabalham com base em quatro hipóteses: exploração nas minas de sal-gema da Braskem, esvaziamento do aquífero da cidade por exploração desordenada em sistema de poços, vazamento na rede de saneamento e abastecimento de água no bairro; e o somatório de causas geológicas que teriam começado na década de 70 com a ocupação urbana daquele bairro. O problema é que se tem conversado demais e nenhuma informação segura é passada aos moradores da região do Pinheiro, que estão aflitos e temendo por seus imóveis e suas famílias.

CONTA-GOTAS OPOSIÇÃO irresponsável não perdoa e aposta em um país pior. Esquecem os erros que cometeram e até os bilhões que assaltaram. GOVERNADORES do Nordeste se unem à esquerda marginal também apostando na derrota do governo. Vão quebrar as caras cínicas e eleitoreiras. POR FALAR EM OPOSIÇÃO, começa a se articular uma frente ampla preparando para as eleições de prefeito da capital. Nomes fortes estão no páreo.


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ELIAS Não temos bandido de estimação FRAGOSO

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sta frase é uma adaptação livre da frase do jornalista Augusto Nunes, mas certamente representa a posição de 57 milhões de brasileiros que votaram e elegeram a mudança como saída para o imbróglio criminoso que a esquerda provocou na sociedade brasileira e no país. Nos últimos dias, o noticiário tem sido farto em indicativos com relação ao senador eleito Flávio Bolsonaro quanto à lisura de sua atuação quando deputado estadual no Rio de Janeiro e de suas ligações com elementos do crime organizado daquele Estado. Fatos que ele nega sistematicamente e joga a responsabilidade para o motorista. Embora pouco convincentes em suas explicações até agora, é preciso dar-lhe o direito de defesa. Aliás, não custa lembrar que os três ladravazes que passaram recentemente pela presidência da república, tiveram e estão tendo todos os seus direitos de

defesa assegurados, apesar das fartas provas existentes contra eles. Dois deles respondem em liberdade (Dilma e Temer) pelas suas traficâncias e o outro (Lula), mesmo preso, continua utilizando-se desrespeitosamente da justiça para tentar se livrar da cadeia (ao que consta já são mais de uma centena os seus reclamos). A grande diferença entre a postura desse novo governo em relação aos anteriores é abissal. Lula, Temer e Dilma, utilizaram-se criminosamente da máquina estatal e da política para tentar se livrarem dos seus malfeitos. Continuam tentando, mesmo fora do poder. Já a atitude dos atuais dirigentes deste país mostra bem o novo rumo que se pretende dar ao Brasil. O ministro do gabinete civil, Ônix Lorenzoni, afirmou que “temos que aguardar” (os inquéritos e ações), mas, o “governo não vai

Jardim das Acácias

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campo onde outrora existiam acácias transformou-se, por obra da engenharia, em um conjunto habitacional bastante atrativo à classe média maceioense. Algum burocrata ou político sensível denominou-o Jardim das Acácias. Ao falar no agradável logradouro, lembro-me do final da Copa Mundial de Futebol de 1970. Estávamos naquela tarde na bela, confortável e tinindo de nova residência do meu ex-professor e então colega de magistério e amigo Nasson Pinto de Amorim, um dos primeiros moradores do Acácias. A confiança na seleção brasileira era total, malgrado a excitação da esperança. Fomos recompensados, os brasileiros, com a inesquecível vitória da canarinha. Passados quarenta e nove anos, sou testemunha pessoal do stress vivido pelos habitantes daquele conjunto residencial e de outros, como o habitacional

Divaldo Suruagy. Pessoas que se esforçaram por tantos anos para terem uma residência digna, um lar, vêm-se agora sob risco de retirada de suas casas, os casos mais graves; ou têm seus imóveis desvalorizados mais ainda pelas fake News difundidas nas redes sociais, e pelas notícias na mídia conservadora que nada explicam e só fazem aumentar o nível de stress. Não vêm que não é hora de furos noticiosos, ou de busca de bombásticas notícias, quase sempre sem fundamentos científicos. A hora é de cobrança às autoridades municipais e estaduais, que pouco caso parecem ter feito do abalo sísmico do ano passado. Milhares de reais, talvez milhões, são gastos anualmente com publicidade pelas autoridades. São matérias publicitárias que os louvam, mostram a construção de estradas, a pavimentação de ruas, a construção de escadarias, e na subliminar revelam a guerra surda entre

n Economista

perder o rumo”. O ministro Moro disse: “os fatos precisam ser esclarecidos”, o vice presidente, Hamilton Mourão foi ainda mais enfático. E sucinto: “apurar e punir, se for o caso”. O presidente da república (e pai do senador eleito), condoído afirmou que “se ele errou e ficar provado, eu lamento como pai, mas ele terá que pagar”. Embora a falta de explicações convincentes de Flávio e de seu motorista ameace arranhar

CLÁUDIO

VIEIRA n Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

prefeito e governador. Que tais obras são de interesse coletivo não há como negar, e são elas benvindas. São também monumentos à vaidade. Obras outras, também de interesse para a sociedade, como saneamento, transporte coletivo de qualidade, essas são impunemente negligenciadas. O caso do bairro do Pinheiro é demonstração dura e crua dessa negligência, não apenas dos administradores do Município

a imagem do novo governo, a enorme diferença de atitude dos principais atores deste governo, quando comparada às mentiras deslavadas e às criminosas desculpas recorrentes dos partidos e pessoas que nos governaram nos últimos 20 anos é abissal. Este país precisa ser passado a limpo. De cabo a rabo. Foi para isso que o atual presidente foi eleito. A enorme legião de brasileiros votou nele por que viu a oportunidade de se safar dos ladrões que sempre nos roubaram acintosamente nos três níveis do governo federal, nas 27 unidades da federação e nos mais de 5.500 municípios brasileiros. O início titubeante, sua falta de traquejo institucional, a resistência em fazer uma verdadeira reforma da previdência e alguns outros “tropeços de inicio de governo”, são perfeitamente sanáveis no decorrer do tempo. O caso de Flávio Bolsonaro, no entanto, merece maior acurácia do governo para não se deixar enlaçar por ações que não lhe dizem respeito. O país aguarda.

e do Estado, mas de todas as autoridades públicas, notadamente os políticos. A prospecção do sal-gema deveria vir sendo, desde o início, seriamente fiscalizada por todos os que têm a responsabilidade política. Os fatos comprovam que não. Não pretendo dizer que a culpa será de empresa tal ou qual, pois isso só os cientistas que ora se dedicam a buscar respostas poderão responder. Mas, de há muito se advertiu que o revolver do solo em busca do sal-gema poderia trazer consequências caso não se observassem cuidados especiais. A pergunta que hoje busca resposta é: foram? Se assim, por que o silêncio de governador e prefeito, que bem poderiam tomar a frente dos trabalhos em busca de solução para as agruras do habitante do bairro? E também ocupar os espaços publicitários para esclarecer as questões, ou ao menos transmitir à população segurança e interesse, o que se espera de mandatários efetivamente preocupados com o bem -estar dos cidadãos.

A grande diferença entre a postura desse novo governo em relação aos anteriores é abissal. Lula, Temer e Dilma utilizaram-se criminosamente da máquina estatal e da política para tentar se livrarem dos seus malfeitos.

O caso do bairro do Pinheiro é demonstração dura e crua dessa negligência, não apenas dos administradores do Município e do Estado, mas de todas as autoridades públicas, notadamente os políticos.


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Quem nasceu primeiro?

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om toda sinceridade, essa é a pergunta que não me interessa saber a resposta. Estou me referindo à história da galinha e o ovo. Quem chegou primeiro? Até hoje não consegui descobrir, e ninguém conseguiu explicar direitinho a questão. Por isso, não me interessa quem foi. Trazendo para os dias atuais, é o que parece ser essa história do deputado/senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, acusado, agora, pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, no envolvimento de transações financeiras próprias não declaradas e de um possível envolvimento com as transações financeiras do seu ex-assessor, ou ex-motorista, Fabrício Queiróz. Na verdade, entendo que, quanto mais o Queiróz demora para ir depor, mais complica a vida do Flávio. Acho, também, que se o deputado/senador não fosse filho do presidente ou não tivesse mandato algum, prova-

velmente estaria fora dos holofotes, como estão todos os outros acusados pelo MP/RJ, com base nos relatórios do COAF. Tem exfuncionário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro muito mais comprometido do que o filho do presidente e ninguém fala mais nisso, inclusive com seus patrões deputados presos. Não acho que por ser um valor menor dos esquemas do Fabrício Queiróz, que o caso tenha que ser esquecido. Se você juntar as denúncias de todos os ex-funcionários de deputados do Rio de Janeiro, chega-se a uma astronômica soma de 50 milhões de reais em contas de pessoas humildes, de salários pequenos e com movimentações financeiras além da realidade de cada um. Que tudo isso precisa ser investigado bem direitinho, não tenho a menor dúvida. Mas a investigação precisa ser dirigida para todos, e não só para o filho do presidente. Voltando ao Fabrício Quei-

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MORAES n Jornalista

roz, por que esse homem não vai logo depor? Tudo bem que ele fez uma operação difícil - um câncer no intestino -, mas já deu tempo - e bota tempo nisso - para se justificar diante da justiça. Desde que essa bomba caiu no colo do Flávio Bolsonaro que o assunto vem rendendo todo dia na mídia. Até agora, uma entrevista ao SBT/Nacional, quando disse que é um homem de “rolo”, é preciso saber com profundidade que

ALARI ROMARIZ

Altos e baixos caso do bairro do Pinheiro, na parte alta de Maceió, virou assunto nacional. Centenas de famílias vão perder suas casas e voltarão a pagar aluguel. Opiniões diversas são ouvidas todos os dias e não se chega a um diagnóstico preciso. O terror que está sendo causado atinge sérias proporções. As pessoas estão completamente sofridas. Não sabem o que fazer. Há casos de indivíduos que acabaram de financiar um imóvel e devem continuar pagando algo que poderão perder. Outros herdaram de pais e avós casas antigas e também não sabem o que fazer. Coloco-me no lugar deles e minha cabeça pesa. Aqui, em Paripueira, um rio mudou o curso, gerando prejuízo para muita gente. Nada foi feito pelo poder público a fim de descobrir a causa da tragédia. Se reunião resolvesse o problema (e era tão simples a solução: apenas abrir um pequeno canal de 30 metros de comprimento por 5 metros de largura na areia da praia), o rio teria voltado para seu caminho natural. Porém, nada de concreto foi realizado. Quem teve danos, arcou com todas as perdas e despesas. Nosso condomínio pagou a um técnico para realizar estudos da situação. A TV apareceu duas ou três vezes para filmar o local. Entretan-

JORGE

to, nenhuma solução foi apresentada pelo poder público, prefeitura municipal inclusive. Se analisarmos a classe média no Brasil, verificaremos a luta de todos por um lugar ao sol. A criança nasce, vai estudar, termina o ensino médio, entra na faculdade ou não. Procura um emprego e o primeiro sonho a ser realizado é comprar uma casa para morar. De repente, mais que de repente, um bairro inteiro é ameaçado de desaparecer. Lá se foi o sonho da pobre classe média! Quanto aos mais pobres é bem pior. Eles não terão como adquirir outro imóvel. Aí vêm as esmolas temporárias do governo e não se sabe até quando. Em 1949, meu pai estava comprando uma casa na antiga “entrada do Poço”. Antes de ele terminar o negócio, caiu uma barreira e levou várias casas na enxurrada. Por sorte nossa, o negócio não foi concluído. Mas morreram várias pessoas e um lado da rua ficou no terreno. Morávamos no outro lado da rua e saímos de casa pelos fundos, pulando o muro que dava para a Avenida Maceió, onde ainda hoje passa a linha férrea. Um drama terrível e pouca ajuda do governo. Quem teve sorte partiu para outro empreendimento.

TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

Quem não teve, morreu ou ficou sem nada. Através da imprensa tomamos conhecimento de várias tragédias no Brasil ou no exterior e é deprimente ver a situação das famílias que perdem entes queridos e tudo que conquistaram durante toda vida. São anos e anos de luta na Justiça para conseguir receber alguns tostões. Relembramos aqui incêndios ocorridos no Sudeste e tudo caiu no esquecimento. No início, a imprensa fala muito no assunto; depois só as vítimas se lembram. O pior de toda tragédia do Pinheiro é que já se fala em outros bairros que serão atingidos, que a culpa é da Braskem, que por baixo

rolo é esse, e, ao mesmo tempo, ele inocenta o Bolsonaro filho de qualquer envolvimento nos recursos movimentados em sua conta pessoal, no valor de 1 milhão e 200 mil reais. Em relação aos demais envolvidos, é pouco dinheiro. Mas em relação a sua função e o que recebia, oficialmente, é muito dinheiro. Pergunto: comprando e vendendo carro chegaria a tanto? Será que ele não emprestava dinheiro a juros? Se confirmar essa informação, complica mais ainda a sua situação. Por que ninguém, que não seja agência bancária, pode sair emprestando dinheiro por aí. Isso dá prisão. Será que esse dinheiro todo é aquele toma lá dá cá. O cara recebe a grana e devolve, pelo menos a metade. Isso o Brasil todo faz. Todo mundo sabe, inclusive as autoridades policiais, e ninguém faz nada. Então, se pudesse daria uma sugestão ao Fabrício Queiróz: abre logo essa caixa preta e condena de vez ou libera, com provas suficientes, o seu ex-chefe dessa agonia diária, companheiro.

do asfalto corre bastante água ou tudo está oco. Quem mora por lá não consegue mais dormir em paz. Para as autoridades também não será fácil deslocar um bairro inteiro. O que fazer com tantos moradores? Qual o destino das casas que cairão? E se aparecer um grande buraco? O problema é mais sério do que se pensa. Só Deus na causa! Existe um hino na Igreja Católica que diz: “Nada é meu; tudo é do Pai!” Baseado nisso, precisamos aprender a não nos apegarmos às coisas materiais. Quando morremos só levamos a roupa do corpo e o sapato. Tantos desastres que acontecem nos levam a meditar de maneira mais abstrata. Sei que não é fácil, mas não há outra saída. Gostaria de levar mensagens mais amenas para o povo do Pinheiro, pois já fui vítima de um desastre (1949), com apenas 8 anos. Ainda sonho com uma noite chuvosa, minha mãe grávida de sete meses, eu e meus irmãos passando pela ponte do Salgadinho. Reconstruída a vida, a tragédia virou sonho ruim. Que Deus apresente uma solução para os habitantes do bairro do Pinheiro, mostrando-lhes que depois da tempestade vem a bonança. Dias melhores virão, conseguirão novas casas, suas famílias ficarão protegidas. Para Deus nada é impossível! Ele existe. Não duvidem!

Tem exfuncionário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro muito mais comprometido do que o filho do presidente e ninguém fala mais nisso, inclusive com seus patrões deputados presos.

O pior de toda tragédia do Pinheiro é que já se fala em outros bairros que serão atingidos, que a culpa é da Braskem, que por baixo do asfalto corre bastante água ou tudo está oco. Quem mora por lá não consegue mais dormir em paz.


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Argumentação racional

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uando o economista Steven D. Levitt escreveu seu primeiro Freakonomics – Editora Campus - junto com o jornalista Stephen J. Dubner, havia pouco recebera a medalha Clark, comenda concedida a cada dois anos ao economista americano com menos de quarenta anos de idade e contribuições notáveis à profissão. Fora um trabalho seu que dera motivo para o livro. Com o recebimento da comenda foi entrevistado por Dubner, para o The New York Times Magazine em 2003, nascendo daí a parceria em vários livros. Prefaciador deste, Claudio L.S. Haddad, presidente do Ibmec São Paulo, conta como o conheceu em 1999 na Universidade de Chicago, onde lecionava. Descreve-o como simpático, cara de garoto e sem nenhuma arrogância, dando pra perceber que seus interesses estavam longe dos de um

economista tradicional, aquele que trata da macroeconomia, tais como juros, câmbio e inflação. Diz que, mesmo tendo um doutorado pelo MIT, não se considerava proficiente em matemática, em econometria ou em macroeconomia. Exatamente por isso, seu livro tornou-se um best-seller nos Estados Unidos, trazendo no subtítulo: “o lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta”. Um dos temas mais abordados e que causou grande comoção, foi a redução da criminalidade nos EUA a partir de 1990, quando faz ligação direta com a legalização do aborto vinte anos antes. As crianças pobres e indesejadas não nascidas àquela época seriam os jovens envolvidos com o tráfico e o crime em 1990. Porém tem um assunto muito pertinente ao momento em que vivemos aqui, em terras tupiniquins: a liberalização da

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JOSÉ MAURÍCIO

BRÊDA n Economista

posse de arma de fogo. Nesse tópico, ele cita Peter Sandman, que se autointitula “consultor de riscos”. Ele diz que “os riscos que assustam as pessoas e os riscos que causam suas mortes são muito diferentes”. Exemplifica com uma historinha onde o pai de uma garota de 8 anos proíbe sua filha de frequentar a casa de uma amiguinha por saber que os pais da mesma têm uma arma em sua residência. Por esse motivo sua filha pas-

sa um bom tempo na casa de outra coleguinha, onde existe uma piscina na parte dos fundos. Acha que fez uma escolha inteligente para a segurança da filha. Pelo contrário. Segundo pesquisas, há um afogamento infantil para cada onze mil piscinas residenciais naquele país. Com seis milhões de piscinas, resulta num montante aproximado de 550 crianças, de menos de dez anos, afogadas anualmente. Enquanto que a possibilidade de morte infantil por arma de fogo é de uma para cada um milhão de armas; “num país com um número estimado de 200 milhões de armas, resulta em 175 mortes de crianças, anualmente, por arma de fogo”. Ou seja, a filha do cidadão tem cem vezes mais possibilidade de morrer afogada na casa de uma amiga do que ser morta por um tiro na casa da outra. “A emoção é inimiga da argumentação racional e entre as emoções, o medo é mais forte que as demais”.

Segundo pesquisas, há um afogamento infantil para cada onze mil piscinas residenciais naquele país. Com seis milhões de piscinas, resulta num montante aproximado de 550 crianças, de menos de dez anos, afogadas anualmente.


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Fundo de investidores

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ocê sabia que investimentos na Bolsa de Valores no Brasil têm uma proteção semelhante ao Fundo Garantidor de Créditos? Trata-se do Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos, que protege investidores de perdas causadas por erro das corretoras. Esse fundo serve para quem compra ações ou outros produtos negociados na B3 (antiga Bovespa) e pode ser acionado caso seja provado que a perda foi provocada por falha da corretora responsável pela operação.

Aprendendo sobre finanças

Uma cartilha produzida pela empresa de informações sobre crédito Boa Vista, dona do Serviço Central de Proteção ao Crédito, pode ajudar qualquer um a sair do vermelho, manter as finanças em dia ou realizar o sonho prometido para 2019. A empresa divulgou uma versão atualizada da Cartilha do Orçamento Doméstico, com orientações práticas para manter a vida financeira em ordem e ainda poupar. A cartilha pode ser acessada através do site www.consumidorpositivo.com.br.

Dívidas em testamento

Muito se ouve o ditado: herdeiro apenas das dívidas. Pois bem, segundo especialistas, não é bem assim que isso acontece, isso porque nenhum filho é obrigado por lei a quitar uma dívida deixada em testamento. Nesse caso, o falecido pode solicitar no documento que seja quitada uma dívida, contanto que essa não ultrapasse o valor da herança deixada. Segundo o advogado Samir Choaib, da revista Exame, a legislação estabelece que os herdeiros devem quitar as dívidas desde que não ultrapassem o limite do patrimônio e, o que exceder, não são obrigados a pagar.

Empregos no comércio

Alagoas começou a gerar mais empregos. Pelo menos é o que mostra uma análise divulgada pelo Instituto Fecomércio com base em números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Segundo os dados, ao longo do ano de 2018, o comércio admitiu cerca de 22.941 colaboradores e desligou 21.461, gerando um saldo positivo de 1.480 entre janeiro a novembro. No mesmo período, em 2017, o saldo foi negativo, pois houve perda de 721 postos de trabalho.

ECONOMIA EM PAUTA n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com


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O poeta Silvestre Péricles - Isto aqui vai mal. Muito mal. O sangue correrá em Alagoas. Ah, mas não serei eu quem irá derramá-lo. É o povo. Um dia, a massa, esgotada em sua paciência quase sem limites, irá à Assembleia e botará fogo naquilo. Este texto foi dito por Silvestre Péricles, governador alagoano, aos jornalistas Davi Nasser e Jean Manzon, da revista O Cruzeiro, em reportagem publicada em 18 de fevereiro de 1950. A fúria, o destemor, a bravata e a clareza eram sinônimos para o governador nascido em 1896, em São Luiz do Quitunde, e morto em 1972, no Rio de Janeiro, que constatavam com a humanidade de seus versos (na política, foi deputado federal, de 1946 a 1947, governador de Alagoas, de 1947 a 1951, ministro do Tribunal de Contas da União, de 1956 a 1959, senador de Alagoas, de 1959 a 1967). Realmente, o governador-valentão era a antítese do poeta Silvestre Péricles, que escrevinhou No Tempo das Rimas, obra literária prefaciada pelo poeta modernista Menotti Del Picchia, em 1947, muito antes de governar o estado. Aliás, começou cedo na literatura, aos 15 anos. ...Entro na tua casa. O sol fulgura. Mas, dentro em mim, há frêmitos dolentes De incertezas, saudades e ternura. Surge, por fim. No teu olhar sem cores Releio o meu destino: estão presentes Nossas recordações e nossas dores.

MANOEL FERREIRA LIRA Jornalista

Ou, como disse o poeta-governador em dezembro de 1946: “Declarando-me amador da poesia, e não poeta, estarei, contudo, justificado?” O alagoano famigerado de arroubos e atos de coragem se mostra um amante da terra que lhe gerou, deitando loas a Alagoas: “Terra natal, formosa entre as formosas Abriste para nós a tua luz. E no teu seio, trescalante a rosas, Criaste um povo altivo que seduz. As fibras imortais e generosas Daquele que te honraram, faze, a flux, Que as imitem, viris e justiçosas, No culto à liberdade que transluz. Ó gleba de operários e guerreiros! No trabalho geral ou na cultura, Ante a paz, nunca fomos derrotados. Tu, Alagoas, que o valor constróis, Orgulha-te de ler a história pura: Nos campos de batalha – teus heróis. Que dizer de um poeta que derrama homenagens a Castro Alves (que disse ser ele o poeta maior da Bahia e do Brasil), poucos anos depois de ter governado Alagoas por quatro anos, construindo fama de brabo! Ou, quando diz aos jornalistas de O Cruzeiro, abrindo o paletó, mostrando um revólver de cano longo, calibre 38: “Faço o bicho virar peneira. Não tenho capangas. Ando sozinho, vou

a qualquer parte, mas não se atrevam a mexer o dedinho. Eles gostam desta coisa boa que é a vida”. Dele, falou o poeta e médico paraense Paulo Fênder, em 1º de janeiro de 1965: “Acabo de ler o ‘Homo Consciens’, o maior dos sonetos de todos os poetas. Muito me distinguiu o privilégio, entre os seus leitores mais íntimos, de ter sido o primeiro a conhecer esta obra-prima da teologia bíblica, em língua portuguesa”. Mas, teria sido, realmente, o “perigoso” Silvestre Péricles esta figura ímpar da poesia brasileira? Vamos ao soneto citado: Um dia, no longínquo da memória, meditei teu princípio em fundos mares. Quem és? Donde vieste? E aonde vais, na história do globo e do universo pelos ares?/ De teses e doutrinas – transitória tem sido toda seita que firmares. Na evolução da ciência e da arte, a glória só nos pósteros brilha, em seus cismares./ E quem és? – Um instante no finito. Donde vieste? – Do ciclo das idades. E aonde vais? – Para os rumos do infinito./ Mas, esse instante, e o ciclo, e os rumos teus são efeitos da suma das verdades: - luz da consciência humana para Deus. (Brasília, setembro de 1962) Depreende-se, de tudo isto: vale o poeta humano, que começou a versejar aos quinze anos; ou o político sanguinário, de quando foi militar, governador e senador de Alagoas? Quem desejar se enveredar nos caminhos do poeta Silvestre Péricles deve conhecer, ler o livro No Tempo das Rimas, editora Pongetti, 3ª edição, 1965 (pode ser encontrado, em pdf, no site www.historiadealagoas.com.br). Vale a pena!

Que dizer de um poeta que derrama homenagens a Castro Alves (que disse ser ele o poeta maior da Bahia e do Brasil), poucos anos depois de ter governado Alagoas por quatro anos, construindo fama de brabo!


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PREFEITURA DE UNIÃO DOS PALMARES INVESTE EM INFRAESTRUTURA Ações marcam festejos em homenagem à padroeira Santa Maria Madalena

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cidade de União dos Palmares deve receber mais de 20 mil pessoas nos festejos de Santa Maria Madalena que começaram no domingo, 20 de janeiro, e se estendem até o dia 3 de fevereiro. Com apoio e organização da prefeitura da cidade, a comemoração, tradição de União há quase dois séculos, é um verdadeiro exemplo de renovação de fé e devoção dos fiéis palmarinos à padroeira da cidade. Prefeito de União dos Palmares em seu segundo mandato, Kil Freitas acredita que além de toda importância religiosa e afetiva que os festejos têm para o povo, eles são de grande potencial turístico e atraem fiéis e turistas de diversos lugares

do estado. “Não poderíamos deixar de dar um suporte que não fosse à altura do prestígio que esse evento tem em toda a região. Reúne toda a sociedade palmarina e ainda nos traz visitantes de todo canto. Isso aquece demais a economia, nosso comércio”, afirmou o prefeito. Palco da grande maioria da programação, a Praça Basiliano Sarmento vem sendo alvo de importantes investimentos da prefeitura. Entre as melhorias e os reparos estruturais, a praça foi revitalizada pela Secretaria de Infraestrutura, os banheiros foram reformados para proporcionar mais

higiene para a população. Além disso, o calçamento foi recuperado e mudanças na iluminação do local foram efetivadas, como a instalação de lâmpadas de LED nos poste laterais. Todos estes investimentos feitos pela prefeitura do município são para garantir segurança, conforto e tranquilidade para a sociedade palmarina. Os festejos em homenagem a Santa Maria Madalena foram abertos oficialmente no dia 20 de janeiro, com a procissão do mastro. Kil Freitas acompanhou a caminhada ao lado do deputado federal Isnaldo Bulhões. No dia 23 de janeiro, milhares de fiéis

e devotos percorreram as ruas de União dos Palmares na procissão da bandeira luminosa que recebe a bandeira com a imagem da santa. No mesmo dia, também ocorreu a missa solene de abertura da festa. No dia 24 teve início a programação festiva, incluindo shows musicais, missas, novenas, leilão de gado e celebração eucarística. Para finalizar o penúltimo dia de festa, 2 de fevereiro, as bandas Pitu Rei da Farra, Caio Baía e Dorgival Dantas farão apresentações na cidade. No dia 3 de fevereiro acontece a celebração eucarística e o descerramento da bandeira.


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NO PAÍS DAS ALAGOAS

A Escabiose de Cícero Ferro

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operação taturana fervilhava. A Assembleia Legislativa de Alagoas vivenciava um dos piores momentos de sua história. Muitos deputados estavam afastados das suas funções. Suplentes assumiam, sem ser obedecida uma ordem decrescente de votação. Algo inédito na ALE. O deputado Jota Cavalcante assumiu a primeira secretaria da casa. Cícero Ferro, deputado afastado, o procurou. - Deputado Jota, gostaria de falar com Vossa Excelência. - Espere um pouco, Ferro, estou ocupado. Após uns vinte minutos de espera, Cícero Ferro se impacientou: - Dr. Jota, o senhor pode me atender ou não? - Entre, Ferro. O que deseja? - Olhe, deputado Jota, eu estou precisando que me resolva duas situações, de pessoas minhas. Duas gratificações! - Ferro, o nosso duodécimo não comporta mais nada. Acabamos de conceder várias gratificações, atendendo aos pleitos dos suplentes de deputados que assumiram recentemente. - Seu Jota, ajude o seu amigo. Garanto que não virei mais lhe abusar.

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TEMÓTEO

CORREIA n Ex-deputado estadual

- Sinto muito, Ferro. Eu preciso trabalhar. Cícero Ferro foi se inflamando, o rosto ruborizando-se; porém, tentando mostrar-se calmo, fez nova abordagem: - Jota, por favor, dê uma coçadinha aqui, nas minhas costas. Estou com uma escabiose da peste! - Respeite-me, Ferro, tá me desconhecendo? - Jota, não há nenhum desrespeito, eu sou médico, estou lhe pedindo, por favor, me ajude! Jota Cavalcante cedeu aos inusitados apelos do colega Cícero Ferro. Passou a mão em suas costas, tomando o maior susto, ao perceber o engodo do qual foi vítima. Ao correr a mão, verificou tratar-se de uma enorme pistola. Estremeceu. O sangue subiulhe à cabeça. Aguçou os sentidos, mas rendeu-se à mensagem que o tato enviara ao seu cérebro. - Vai, Ferro. Vá embora e não me procure mais. O seu problema já está resolvido. Passou a mão na testa suada, foi se afastando e dizendo: - Entregue os nomes à minha secretária. (Reproduzido por incorreção)


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De fatos a boatos

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omeço de ano dos mais movimentados, tanto no Brasil quanto no exterior. Entre as notícias que chamaram atenção, um comunicado interno da GM interpretado como possibilidade da empresa se retirar do País. Não há sustentação nos fatos. Depois de anunciar, em 2018, 20 novos produtos, de 2019 a 2022, além de 10 “séries especiais”, fica claro que este risco é remotíssimo. Frases de um comunicado interno na sede de São Caetano do Sul (SP), vazado para a Imprensa, referindo-se à presidente mundial da companhia, Mary Barra, ter anunciado que não vai “investir onde perde dinheiro” e que poderia lançar mão de “opções”, é muito vago. Nada de novo, pois investir e perder dinheiro continuamente é para quem pratica dumping (impensável) e descontinuar uma operação pequena na Colômbia, por exemplo, se enquadraria na afirmativa. Estratégia de comunicação da empresa certamente não foi a melhor e o silêncio, depois, em nada ajuda. O ano passado, apesar do crescimento de 14,6% do mercado, foi ruim em resultados para quase todos os fabricantes pela desvalorização cambial, greve de caminhoneiros e grandes descontos em vendas diretas. A própria GM, no entanto, conseguiu avanços nos últimos anos na América do Sul. Agora, em 11 de janeiro, relatou a investidores nos EUA ter reduzido em 40% o ponto de equilíbrio do seu balanço na região. Financeiramente resolve pouco, mas vai na direção correta. Antes, Ford e VW anunciaram no segundo dia do Salão de Detroit, semana passada, que vão colaborar no desenvolvimento de picapes, vans comerciais, além de carros autônomos e elétricos. Trata-se de uma aliança, mas sem capital acionário envolvido. Confirmaram que em 2022 a nova Amarok terá a mesma base da futura Ranger. Essa é só metade da história. Se a Ford tornou-se a maior fabricante de picapes do mundo, a VW tem essa posição em automóveis e nas vendas mundiais de veículos. A marca americana há pouco anunciou drástico enxugamento na Europa, resultado de prejuízos acumulados e do Reino Unido se retirar da União Europeia até dezembro de 2020. Então a contrapartida óbvia seria a fabricante alemã produzir automóveis e crossovers para a Ford, em nível mundial. Prematuro prever sinais de fusão ou algo parecido, porém a aproximação entre as duas marcas será muito

FERNANDO CALMON n fernando@calmon.jor.br

maior do que o estabelecido nesse momento. Operações da Autolatina no Brasil, criada em 1987 e desfeita entre 1994 e 1996, mostram que as duas empresas sabem, perfeitamente, o certo e o errado. O Salão de Detroit mostrou entre as atrações o Shelby GT 500 (Mustang modificado com mais de 700 cv), o novo SUV Ford Explorer e o retorno do Toyota Supra (base mecânica e chassi do BMW Z4), um cupê que estava fora de produção há 17 anos. Para o Brasil surgiu o novo Toyota RAV4 e o presidente da FCA, Mike Manley, confirmou a exportação dos EUA da picape média RAM 1500, mas não falou sobre produção aqui. Carro-conceito Nissan IMs antecipou a visão de um sedã grande com um motor elétrico em cada eixo. Exposição de Detroit sofreu outro esvaziamento (a partir de 2020 será em junho, não mais em janeiro) em razão da feira de produtos eletrônicos, em Las Vegas, uma semana antes. O evento com mais de 4.000 empresas foi “invadido” por fabricantes de automóveis. Este ano havia nove grupos, inclusive uma nova marcha chinesa, a Byton, com um sedã e um crossover elétricos de estilo audacioso. Exibiam uma tela multimídia de nada menos que 48 pol. de largura, ou seja, de uma porta até a outra. Lá ocorreu a apresentação mundial da nova geração do Mercedes-Benz CLA. A marca alemã não esteve em Detroit. A Ford demonstrou a tecnologia CV2-X para interação entre veículos, infraestrutura viária e pedestres, por meio da rede de dados, para evitar acidentes. O sistema funcionou bem na atual rede 4G, mas a empresa só vai disponibilizá-lo em 2022 quando a 5G estiver mais difundida.

ALTA RODA n DESENHO da aliança Renault-Nissan permanece indefinido até se decidir quem vai mandar, de fato, na futura companhia holding. Fontes do exterior afirmam que estaria esgotado o modelo de participação acionária cruzada, existente há 20 anos. Ainda preso no Japão, renúncia de Carlos Ghosn ao posto máximo na diretoria da Renault, prevista para breve, abriria alternativas.

NOVO MERCEDES-BENZ Classe A 250 Vision demonstra como um hatch moderno deve ser. Atualização de linhas, melhor aerodinâmica (Cx 0,25), motor 2-litros turbo, 224 cv (antes, 211 cv) com respostas vigorosas e porta-malas de 370 litros (29 litros mais). Experiência de interação por comando de voz (MBUX) funciona bem e é grande destaque do modelo. R$ 194.900. RESSALVA: cronograma de transferência de produção entre fábricas da Honda, de Sumaré (atual) para Itirapina (nova), mostra WR-V em agosto próximo e HR-V no início de 2020, segundo fonte da Coluna. Sedãs City e Civic migrariam apenas no final de 2020 e começo de 2021. A marca japonesa confirma que o Fit começará nas instalações novas agora em fevereiro.


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Disputa entre mulheres A atual prefeita de Lagoa da Canoa, Tainá do Dr. Lauro - cidade conhecida internacionalmente por ser berço do poli instrumentista Hermeto Pascoal, é candidata à reeleição em 2020 e deverá enfrentar adversários de peso, a exemplo do deputado estadual Jairzinho Lira, que já anunciou a pré-candidatura da esposa Fabiana Lira, irmã do atual prefeito de Feira Grande, Flavio Apostolo de Lira. Outra mulher que entra na disputa é a ex-vereadora e funcionária pública Edilza Alves, esposa do político e empresário Elialdo Alves. Pelo andar da carruagem será uma disputa acirradíssima.

Voto a voto

Não será uma tarefa fácil derrotar os adversários, mas a prefeita canoense está realizando uma boa gestão e acredita na força dos eleitores que a elegeram. Ao que parece, em 2020 serão três mulheres disputando a prefeitura de uma das cidades mais importantes do Agreste alagoano, terra também do ex-goleiro da seleção Brasileira Dida.

De olho

Em Arapiraca, o Fórum de Prevenção e Controle Social, que abrange várias entidades da sociedade civil organizada, com ações no combate à corrupção e à improbidade administrativa, detectou um empenho global envolvendo a irmã do vereador Fábio Henrique de Lima Bezerra para o suposto fornecimento de lanches, coffee break e alimentação para órgãos da Prefeitura de Arapiraca.

Investigação

Expedientes serão encaminhados para os órgãos de controle e fiscalização de recursos públicos, cobrando uma rigorosa investigação sobre a empresa da irmã do vereador Fábio Henrique. Serão acionados o Ministério Público de Contas, Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Polícia Federal, Polícia Civil, Controladoria-Geral da União, TCU e TCE.

Sem salários

Com Éder Patriota - Aposentados da Prefeitura de Maribondo reclamam que estão sem receber seus vencimentos há três meses. Novembro, dezembro e o décimo terceiro salário se encontram em atraso, o que vem trazendo sérios prejuízos para eles e seus familiares, sendo que em muitos casos as famílias dependem do recurso mensal depositado na conta deles para manter todos.

Prejuízos

Conforme uma aposentada, que não deseja ser identificada com medo de sofrer represálias, há três meses não vê dinheiro ser depositado na sua conta bancária e dessa maneira vem tendo prejuízos dos mais diversos para se alimentar, pagar as despesas mensais e mantê-las religiosamente em dia.

ABCDO INTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

PELO INTERIOR ... 27.736 mil inscrições já foram feitas para o primeiro ano dos ensinos Fundamental, Médio e Profissional e Educação Infantil da rede municipal de ensino de Arapiraca. ... Segundo a Secretaria de Educação e Esporte, o número de vagas preenchidas corresponde a cerca de 90% do total. Ainda de acordo com a pasta, há vagas restantes distribuídas entre alguns segmentos de ensino. ... O calendário de matrículas 2019 teve início no dia 10 de dezembro de 2018 para renovação de matrículas e no dia 7 iniciaram as matrículas dos novatos.

MP se manifesta

De acordo com o promotor de Justiça da cidade, Ricardo Libório, ele recebeu uma comissão de servidores públicos, que alegou estar com um mês de salário atrasado, sendo que ele já oficiou a prefeitura para os gestores públicos entregarem documentos e explicarem essa situação. Já sobre o processo seletivo que foi aberto na terça, 22, Libório expediu ofício à prefeitura local para saber como o certame está sendo realizado.

Outro lado

Segundo o assistente Financeiro do Fundo Previdenciário do Município de Maribondo (Funprema), Diego César, não procede a informação de atraso no pagamento dos salários de novembro e dezembro, além do décimo-terceiro do ano de 2018.

Foi feito acordo

“Em assembleia realizada, com os servidores inativos, foi firmado um acordo, para que o décimo-terceiro salário fosse pago em doze parcelas, ou seja, todo o dia 10 quando receber o salário do mês cairá uma parcela da dívida existente até quitá-la. Além disso, quando a gestão atual assumiu, foi pago o décimo-terceiro referente ao ano de 2016 deixado pela gestão passada e no ano de 2017 pagamos ele em dia”, justificou.

Violência

Apesar dos esforços do comando do 3º BPM de Arapiraca, os índices de violência continuam crescendo, o que preocupa a população. Além dos marginais que usam motocicleta para abordar suas vítimas em plena luz do dia, o número de homicídios chama atenção das autoridades. Na quarta-feira (23), uma pessoa conseguiu sair ilesa de uma tentativa de homicídio na Rua Marechal Deodoro da Fonseca, no bairro Brasília, parte alta da cidade. O nome da vítima não foi revelado pela polícia. Um popular que passava no local ficou ferido devido a estilhaços dos projéteis.

... “A previsão para início das aulas para a grande maioria das escolas é para o dia o dia 18 de março. Ainda temos cerca de três mil vagas disponíveis para algumas modalidades e esperamos preenchê-las até o primeiro dia de aula”, destaca Andresa Bispo, diretora de Organização Escolar. ... Essa aconteceu em Arapiraca. “Uma mulher foi agredida e despida em via pública, na Rua 16, Centro de Arapiraca. A vítima, que não teve a identidade revelada, tem 22 anos e foi levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para a Unidade de Emergência do Agreste. ... De acordo com a vítima, o agressor é seu marido, que a deixou apenas de roupas íntimas. Não há informações sobre qual a motivação do ato. A vítima foi socorrida por outra mulher e pelo ex- marido, que estavam passando pelo local. ... A Rua 16 é conhecida em Arapiraca como ponto de prostituição e boemia. Menores já foram flagradas pela polícia nos bares que funcionam no local. ... Ainda Arapiraca: Para se configurar um surto de diarreia, Ana Lúcia Alves Lima, assistente social e coordenadora do Departamento de Vigilância Epidemiológica, explica que há alguns fatores que devem ser avaliados. ... É a partir deles, monitorados pela Secretaria de Saúde, que a equipe técnica do município chega à conclusão de que, no momento, não há registro de surto de diarreia em Arapiraca, apesar de casos chegarem a unidades de saúde. ... De acordo com a coordenadora, pode ser considerado um surto se durante uma semana for registrado um número anormal de casos de diarreia aguda e os pacientes apresentarem pontos em comum, como sintomas clínicos semelhantes (diarreia aquosa ou sanguinolenta). ... Aos leitores desejamos um final de semana cheio de paz e saúde. Até a próxima edição!


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É FOGO!

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Alagoas registra dois incêndios por dia em 2019

BRUNO FERNANDES

Falta de atenção e de informação aumentam número de ocorrências SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

O

aumento na quantidade de incêndios registrados em Alagoas é considerado alarmante pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBM). No comparativo entre o período do ano de 2017 e 2018, o CBM notou um acréscimo em média de 15% no número de ocorrências. “Existe um aumento considerável no número de incêndios, entretanto, são muitas variáveis a serem levadas em consideração no que diz respeito a essa estatística”, salienta o major Alexandre Lima, subcomandante do grupamento de incêndio do Corpo de Bombeiros. Entre agosto de 2017 e dezembro do mesmo ano foram registrados 483 incêndios no estado. Já o ano de 2018 registrou 1373 ocorrências. E até o momento, em 2019, foram identificados 54 incêndios. No quadro comparativo, a média de aumento entre 2017 e 2018 é de 97 incêndios por mês em 2017 e 115/ mês em 2018. O subcomandante Alexandre Lima alerta que dentre as variáveis encontram-se instalações elétricas mal dimensionadas; imprudência no armazenamento de materiais combustíveis; equipamentos eletroeletrônicos com defeito; problemas com umidade em instalações elétricas; sobrecarga e sobretensão. Além destes agravantes, a falta de informação e educação no que se refere à prevenção de acidentes domésticos e incêndios é um dos fatores que colabora para o aumento do número de ocorrências. Lima ressalta que a questão ambiental também tem papel fundamental nesse aumento, visto que no ano de

Até bituca de cigarro já provocou grandes incêndios, como o registrado em um ferro-velho em Maceió em 2018 2017 foi registrado um maior número de chuvas do que o ano de 2018. Quanto menor o índice de umidade relativa do ar, mais seco o ar fica e isso aumenta as chances de ocorrerem incêndios em pastagens e florestas. Entre as medidas preventivas citadas pelo subcomandante para evitar os incêndios está a realização de vistorias nos estabelecimentos comerciais e residenciais periodicamente. Com essa visita, o CBM emite um certificado anual de conformidade com as normas garantindo a segurança elétrica do local, desde que haja um projeto de incêndio também analisado pela corporação. “Além disso, temos projetos sociais que visam educar a população, como o projeto Bombeiro Mirim destinado a crianças residentes em locais vulneráveis”, pontuou o subcomandante. O Bombeiro Mirim auxilia na formação integral de crianças, pré-adolescentes e adolescentes de famílias em estado de vulnerabilidade social

por meio do ensinamento de noções de primeiros socorros, combate a incêndio, salvamento aquático, educação ambiental, prevenção de acidentes no lar, defesa

Desatenção e imprudência causam acidentes irreversíveis No último dia 17, a cozinha de um bar localizado na orla do município de Maragogi, litoral Norte de Alagoas, ficou destruída depois de uma panela esquecida no fogão causar um incêndio de grandes proporções no estabelecimento. Apesar do susto, ninguém se feriu e o fogo foi controlado com a

chegada dos bombeiros. No final do ano passado, um mercadinho na cidade de Arapiraca, Agreste de Alagoas, ficou completamente destruído após esquecerem ligado o pisca-pisca de uma árvore de Natal. Incidentes como estes são frequentes e corriqueiros na rotina do Corpo de Bombeiros, e como sinalizou o subcomandante, poderiam ser evitados.

GRÁTIS O CBM também realiza palestras gratuitas em exposições, seminários estudantis, entre outros, com o intuito de informar e instruir cada vez mais a população de forma abrangente.


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