Edição 1010

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ANO XX - Nº 1010 - 22 A 28 DE FEVEREIRO DE 2019 - R$ 4,00 NA MIRA DA JUSTIÇA

Vereador do Pilar é acusado de improbidade Paulo Bugarim teria comprado materiais de construção com recursos públicos durante campanha eleitoral. 11

INDEPENDENTE

Marcelo Victor dá novo rumo ao Legislativo Presidente da Assembleia reafirma projeto de manter a independência do Poder e de seus membros. Daqui para frente, grupo seguirá caminhos próprios. 2

PREDADORES

1998 - 2018 QUEDA DE BRAÇO

Ufal corta reajuste e reduz salário de professores Após 25 anos de reajustes incorporados ao contracheque de docentes e aposentados, a Ufal suspendeu esses proventos, reduzindo os salários de mais de 1.700 professores. O presidente da Adufal, Jailton Lira, recorreu à Justiça. 16 e 17

SALGEMA ATROPELOU TUDO E TODOS PARA SE INSTALAR EM ALAGOAS 1 - Empresa iniciou operações sem licença ambiental;

para isso exerceu todo tipo de pressão, até ameaça de morte

2 - “É mais fácil transferir a cidade do que tirar a Salgema de Maceió”, diziam os dirigentes da indústria, à época

3 – Para não morrer, primeiro secretário estadual

do Meio Ambiente largou tudo e foi embora de Alagoas

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COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

A bomba de Maceió

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- Quem assistiu recente entrevista do professor José Geraldo Marques, à TV Assembleia, ficou indignado com a omissão do governo estadual frente às pressões da Salgema para se implantar em Maceió, 40 anos atrás.

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- Coordenador do órgão responsável pela política ambiental da época, Marques revelou que a atual Braskem passou por cima de tudo e de todos, atropelou os órgãos de fiscalização e se instalou sem as licenças ambiental e de operação.

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- “Por negar a licença de instalação da indústria, sofri até ameaças de morte”, disse o ambientalista, que foi forçado a renunciar ao cargo e ir embora de Alagoas para não morrer.

1998 - 2018

EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

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- José Geraldo Marques conta que Alagoas sempre se curvou aos interesses econômicos da petroquímica, inclusive contraindo empréstimos externos em favor da indústria, dando origem a uma impagável dívida pública, que hoje beira os R$ 10 bilhões.

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- Segundo o ecologista, o impasse maior era a localização da indústria química em área de restinga e dentro de uma cidade populosa. Ele defendia a tese de que a empresa deveria se instalar em Marechal Deodoro ou no Pilar, mas foi vencido pelo milionário lobby da empresa.

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- O medo maior, na época, era a possibilidade de vazamento de gás venenoso ou uma possível explosão nos tanques do terminal de cloro, que ainda hoje ameaçam Maceió como uma bomba relógio, sem data para explodir.

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- Sobre os abalos sísmicos que ameaçam engolir o bairro do Pinheiro, o professor diz não saber as reais causas do fenômeno, mas não descarta a responsabilidade da Braskem.

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- Ele lembra que a extração do sal-gema produz vazios no subsolo e que essas cavernas são preenchidas com água para segurar o solo. “Mas é preciso monitorar essas ações para verificar o nível da segurança hidráulica, mesmo nos poços já desativados”, alertou.

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- Nunca é demais lembrar os milhares de mortos de Bhopal, pequena cidade indiana palco de uma das maiores tragédias da história provocada por vazamento de gás tóxico em uma fábrica de inseticida.

Caindo fora

O Grupo Odebrecht tem pressa na venda da Braskem para a gigante global LiondellBasell, fato que tem chamado a atenção da Petrobras, dona de metade das ações da petroquímica. Quem sabe toda essa pressa seja para livrar-se do pepino chamado Pinheiro, o bairro ameaçado de ser engolido por crateras atribuídas à mineração do salgema na região.

Novos tempos

Até agora nenhuma rede de televisão deu destaque ao drama vivido pelos 20 mil habitantes do Pinheiro, ameaçados de serem tragados por crateras que surgem a cada abalo sísmico. Domingo último, Alagoas foi manchete em uma dessas redes de tv, mas quando se esperava que o tema fosse o caso do Pinheiro, aparece como celebridade um gari gago fazendo teste de locutor esportivo. Tem jeito?

Mestre do jornalismo

Sebastião Nery, mestre do jornalismo brasileiro, político e escritor consagrado, está em férias nas Alagoas desfrutando das belezas naturais de São Miguel dos Milagres. Entre uma caminhada e um banho na famosa Praia do Toque, visita a tradicional adega do empresário Maurício Moreira, seu amigo e anfitrião oficial. Em conversa informal com amigos, Nery tem demonstrado preocupação com o momento político atual e lamentado as décadas perdidas e suas consequências para o Brasil profundo. O Brasil dos currais eleitorais e dos milhões de miseráveis transformados em moeda de troca a cada eleição.

Pragmatismo da toga

O presidente do TJ, Tutmés Airan, optou por uma convivência pacífica entre seus pares ao agir mais como político e menos como gestor. Tumés não só descentralizou atribuições próprias da presidência da Corte como distribuiu cargos com todos os membros do tribunal, satisfazendo a gregos e troianos. E a paz voltou a reinar na casa da justiça.

Aliança trincada

Os recentes movimentos políticos do grupo liderado pelo deputado Marcelo Victor devem deixar o governador Renan Filho de orelha em pé e barbas de molho. Pelo andar da carruagem, o Legislativo seguirá caminhos próprios nas eleições de 2020 e 2022, deixando para trás antigas alianças com o governo estadual. A senha foi dada pelo próprio Marcelo Victor ao presidir a abertura dos trabalhos da legislatura que se iniciou esta semana. Em seu discurso deixou claro que vai defender a independência do poder e de seus membros, numa alusão à interferência do governador na eleição da Mesa Diretora. A menos que ofereça outros caminhos, Renan Filho corre o risco de perder aliados indispensáveis à consolidação de seu projeto político. Quem viver, verá.

Não é parente

O general Floriano Peixoto Vieira Neto, novo ministro da SecretariaGeral da Presidência da República, é mineiro da cidade de Tombos. Apesar do nome, não tem qualquer relação com o alagoano marechal Floriano Vieira Peixoto (1839-1895), sucessor de Deodoro da Fonseca e o segundo presidente da República.

Alô, CNJ

O tempo passa e o deputado Arthur Lira vai ganhando tempo para enganar a Justiça e escapar da prisão por não pagar pensão de alimentos aos filhos. A ação tramita na Vara de Família e já provocou o afastamento da juíza titular, que saiu do caso alegando foro íntimo após atuar no processo por cinco anos. Uma outra juíza assumiu o comando da Vara de Família há mais de um ano, mas o processo continua em banho-maria. E o deputado continua usando documentos falsos para não pagar a pensão de alimentos nem ir para a cadeia.


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O indigente Rafina, Grécia - A foto exibida por Bolsonaro no Palácio da Alvorada, residência oficial do governo, cercado por seus ministros, onde ele aparece de chinelos, é o retrato mais fiel do desprezo que o capitão tem pelo cargo que exerce. Lá na minha terra, em Maceió, dava-se a isso o nome de maloqueiro, sinônimo de: maltrapilho, esfarrapado, farrapo, grosso, grosseirão. É dessa forma, com essa roupagem de indigente, que o capitão pretende conduzir o país pelos próximos quatro anos. Se observarmos a imagem com mais atenção, é perceptível o constrangimento estampado na cara de cada um dos seus auxiliares com o flagrante. Como desabafou Bebianno, seu principal ministro, ao ser chutado do Palácio do Planalto, o país está sendo governado por um louco. Diante dessa constatação, ele agora pede desculpa à população por tê-lo ajudado a chegar à presidência. É com o diagnóstico de esquizofrênico e adotando esses modos grosseiros, rudimentares e incivilizados que Bolsonaro se apresenta aos seus eleitores para governar o Brasil. Confunde bons modos, respeito e civilidade com populismo barato como se ainda estivesse no palanque. Falta pouco, muito pouco, para desfilar à beira-mar com um isopor na cabeça, como fez Lula nos seus dias de glória. Incrível como os dois se parecem na demagogia. Bolsonaro avacalha-se na postura. Está longe de ser um grande líder, um estrategista que guia a nação com sobriedade e equilíbrio. Sem precisar, necessariamente, aparecer em cenas grotescas para se aproximar

Piranha

Ora, ora, sacrificar Bebianno como boi de piranha é tentar enterrar apenas um cadáver do seu governo, deixando outros insepultos. Bebianno é acusado de fazer o que ainda é comum em eleições: o golpe das candidaturas laranjas. Como político longevo Bolsonaro conhece muito bem como funciona esse tipo de operação. Essa conversa de que fez uma campanha franciscana só convence seus eleitores ingênuos que ainda acreditam em cegonha e em Papai Noel. Bebianno sai do governo e leva com ele uma montanha de segredos financeiros. Se começar a soltar a língua, o governo estará à beira do brejo.

Articulador

Bebianno foi o principal articulador financeiro da campanha. O caso de Minas Gerais e Pernambuco, que envolve candidatos laranjas, não é o primeiro nem será o último. Outros escândalos vão surgir nas contas do PSL e de outros partidos. Acontece que Bolsonaro sabe como essas operações foram articuladas pelo seu tesoureiro. Agora, depois de chegar ao poder, mostra-se surpreso com o escândalo. E para exorcizar rapidamente o problema, prefere colocar o pescoço do amigo leal na forca a reconhecer a sua gratidão.

do seu povo, humilhando-o, desrespeitando-o, tratando-o como se ele fosse uma caricatura à sua semelhança. Bolsonaro mostra-se um jeca. Ainda está longe, muito longe de ser respeitado como um chefe de Estado quando posa para fotografia como um mulambento. O capitão nunca foi e jamais mais será um líder de massa. Obscuro como político, elegeu-se deputado sempre pela força dos militares que tinham nele seu principal escudo para defender os interesses da corporação. Chegou ao poder na canoa da corrupção petista. E mesmo assim governa com apenas um terço do eleitorado (Haddad e os votos nulos e brancos somam mais de 90 milhões dos eleitores). Portanto, não deve brincar de presidente, pois a grande massa está de olho. Depois da posse, todos os dias são dias de crise. As domésticas, as mais graves. O filho Flávio, o Zero Um, é acusado de acobertar familiares de milicianos em seu gabinete na Assembleia do Rio e de lavagem de dinheiro nas negociatas de imóveis. Pesa contra ele a cumplicidade com Queiroz, um ex-policial carioca, lotado no seu gabinete, que extorquia dinheiro dos salários dos empregados do gabinete dele. Bolsonaro também não esclareceu como os 25 mil reais do Queiroz foram parar na conta da Michele, sua mulher. A versão de que a grana surgiu de um empréstimo entre ele e o policial é lorota, conversa pra boi dormir. Não devemos esquecer que as maracutaias do atual presidente apareceram antes das eleições com a descoberta

Fidelidade

Uma coisa o eleitor do Bolsonaro já percebeu: ele não é fiel a ninguém. Entre ficar com os filhos – ingênuos e despreparados na política – a auxiliares que o ajudaram a chegar ao poder, ele opta pelos garotos que vão levá-lo mais cedo ou mais tarde à mesma árvore dos enforcados. Os zeros do Bolsonaro – o Um, o Dois e o Três – conhecem de política como Lula conhecia de fissão nuclear: nada.

Mentiras

Bebianno, depois da demissão, disse à rádio Jovem Pan que Bolsonaro está enfeitiçado pelo filho Carlos que faz a sua cabeça. De fato, o presidente tem seguido à risca os conselhos do Zero Três, que age como se fosse ele próprio o presidente da República, demitindo e admitindo os auxiliares do pai.

Complicados

JORGE OLIVEIRA arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Zero Um

Zero Um, o Flávio, está encrencado com o ex-policial Queiroz que extorquia os salários dos empregados do seu gabinete quando exercia o cargo de deputado estadual no Rio. Além disso ainda responde a processo por lavagem de dinheiro na transação de imóveis no Rio.

Bolsonaro parece querer apagar a mágoa que Carlos tem dele, que deixou de falar com o pai por dois anos depois da separação. O Zero Três não se conformava com a separação de Bolsonaro para casar com Michele. E de pirraça rompeu as relações com ele, de quem só se aproximou no ano das eleições.

Zero Dois

Os militares que cercam o presidente já o alertaram do perigo que representam os seus filhos como conselheiros. Carlos, o deputado federal, filiou-se – e hoje representa no país – a um comitê de direita internacional, comandado por Bannon, o norte-americano que ajudou eleger o Trump e depois queria comandar o país. Foi demitido sumariamente pelo chefe que o chamou de “filho da puta”, como consta no livro “Medo”.

Perdeu

Bolsonaro, além de outros atributos imorais politicamente, acaba de perder o processo no STF para Maria do Rosário, que o processou por se sentir ofendida pela frase: “Você não merece ser estuprada porque é feia”. Foi condenado a pagar R$ 10 mil por danos morais. Mas do que a condenação, prevalece o castigo por ter sido infeliz na frase e no desrespeito às mulheres do país.


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Mal explicada

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contratação de um “digital influencer” pela Prefeitura do Pilar foi mal explicada pela administração do prefeito Renato Filho. Ao custo de R$ 31.590,00, o profissional, pelo visto, é um dos mais bem remunerados na história do agradável município. Esta arrumação precisa de uma justificativa bem maior, pois afinal de contas isso é dinheiro público e com dinheiro do povo é necessário que tudo seja bem explicado. O caso, denunciado na semana passada

Sumiu

Depois da derrota de Renan Calheiros para a presidência do Senado, a bancada de Alagoas parece ter diminuído de tamanho. E deve ficar assim por muito tempo. Renan, agora, é uma voz isolada no Senado, sem exercer o que ele mais gostava: o poder. Só o tempo dirá quando Alagoas, naquela instituição, voltará a ser protagonista.

Por baixo

A indicação da senadora Simone Tebet para presidir a Comissão de Constituição e Justiça do Senado foi mais uma derrota de Renan depois de sua desastrada candidatura à presidência do Congresso Nacional. Este ano ele perdeu todas. O filho, perdeu a primeira na Assembleia Legislativa.

Sem avançar

Parece que a síndrome do Procon acompanha o senador Rodrigo Cunha. No Senado sobrou pra ele a Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor, uma réplica que ele fez durante muito tempo em Alagoas, no governo de Téo Vilela. Ou seja, muito pouco para um senador do PSDB que foi eleito com quase 1 milhão de votos.

Freio de mão

Sem o apoio de muitos aliados e com uma oposição capaz de atanazar seu segundo mandato na Assembleia Legislativa, o governador Renan Filho parece ter dado uma pausa para definir o seu secretariado. Por isso está tendo dificuldades de acomodar Ronaldo Lessa, Maurício Quintella, Givaldo Carimbão e Ronaldo Medeiros.

pelo vereador Paulinho Bugarin e repercutida na Tribuna Independente, tem que ser devidamente esclarecido, mesmo que o assunto passe a ser investigado pelo Ministério Público e a Polícia Federal. Gastar dinheiro público, desta forma, é querer fazer a população de boba e idiota. Afinal de contas, existem agências de publicidade e profissionais do ramo para cuidar da imagem da aprazível Pilar. Realmente, dá para desconfiar.

Muita conversa

O governo do Estado até agora teve muita conversa e pouca ação no problema do bairro do Pinheiro. Quando se fala em aluguel de imóvel é com o município. Se falar em sirene de alerta, também em caso de uma tragédia, idem. Sobre a investigação no solo afetado é o município de Maceió e técnicos de fora. Afinal, o que faz exatamente o Estado para amparar os moradores abandonados à própria sorte?

Emperrada

Os trabalhadores da Massa Falida do Grupo JL andam insatisfeitos com a demora no pagamento dos seus créditos pela administração judicial. Com mais de R$ 60 milhões em caixa, as indenizações estão sendo esquecidas nas gavetas da burocracia. Nenhum dos credores ainda entendeu por que esta demora toda para receber o que lhes é devido.

A hora é agora

Como a Assembleia Legislativa está se mostrando nesse início de legislatura uma instituição independente, sem as amarras do governo, seria muito interessante os deputados voltarem a discutir pra onde vai o dinheiro do Fundo de Pobreza instituído no governo de Ronaldo Lessa, o Fecoep. Pelo que se sabe ele é completamente desvirtuado do seu conceito inicial. Está servindo para bancar despesas da construção civil, como centros de segurança pública e o povo pagando a conta nos recibos de energia elétrica.

GABRIEL MOUSINHO n gabrielmousinho@bol.com.br

Revoada

Como todo o segundo mandato não é igual ao primeiro, bons auxiliares de Renan Filho preferiram entregar o boné. É o caso de Christian Teixeira, que durante dois anos ficou à frente da Secretaria de Saúde. Como sabe que a maré não está pra peixe, preferiu entregar o cargo e cuidar de sua banca de advocacia.

Sem solução

Até agora o secretário da Fazenda, George Santoro, não conseguiu transpor a barreira do Banco Central para assumir no Conselho de Administração do Desenvolve, banco de Fomento de Alagoas. Complicado em processo no Rio de Janeiro oriundo da administração do então governador Sérgio Cabral, condenado com mais de 100 anos de cadeia por roubar a administração pública, Santoro não sabe quando vai se livrar do Imbé. Se conseguir.

Fora do jogo

O nome do empresário Fábio Farias para assumir novamente o Gabinete Civil parece que não deve decolar. Farias mergulhou nos seus negócios particulares e alguns amigos confidenciam que assumir uma das pastas mais importantes do governo só lhe trouxe prejuízo. Mas o ex-chefe do Gabinete Civil era o único que ainda era ouvido pelo governador.

Humilhação

Notícias de bastidores dão conta de que as famílias Damasceno e Pereira podem voltar a fazer parte do governo, depois de terem sido humilhadas com a decisão de exoneração feita pelo governador Renan Filho. O governo quer demonstrar que tudo pode, até mesmo fazer com que os humilhados retornem aos cargos.

O golpe

A utilização de recursos do Ministério do Turismo para fins nada republicanos ensejou uma ação da Polícia Federal na manhã da última terçafeira e que atingiu diretamente a Casa da Indústria, que participa do Sistema S (Senai, Sesc, Senac e outros mais). A prática, segundo a PF, é antiga: vício em licitações e superfaturamento em eventos públicos. Deve pegar muita gente em Alagoas.

Coisa velha

As piruetas em contratações de bandas superfaturadas para animar eventos em municípios alagoanos, e no Brasil como um todo, diga-se de passagem, é coisa do arco da velha. Muitos políticos saíram com os bolsos recheados de dinheiro desviado dos cofres públicos. Se a Polícia Federal for fundo, vai pegar muita gente do ano de 2000 para cá.

Quem comanda?

Aí é onde está o X da questão. Até o fechamento desta coluna a Polícia Federal guardava sob sigilo o nome da família importante que praticava o desvio de recursos públicos nos mais diferentes moldes de crimes financeiros. Os nomes desses ladrões devem mesmo vir a público.

Operação Fantoche

A prisão de José Carlos Lyra, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas, foi um golpe para seu curriculum. Uma situação constrangedora para um homem que sempre foi referência no empresariado local. Resta, agora, provar que não teve nenhuma participação na suposta organização criminosa do suposto desvio de R$ 400 milhões.


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NOTA À SOCIEDADE ALAGOANA

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s entidades abaixo, por meio de seus presidentes constituídos, vêm a público solidarizar-se com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas, José Carlos Lyra de Andrade, diante dos fatos ocorridos nessa terça-feira, 19. Além de integral apoio para as ações e providências que se fizerem necessárias em resposta ao acontecido, destacamos o trabalho eficiente e digno de José Carlos Lyra em favor do desenvolvimento socioeconômico de nosso Estado. O presidente da Federação das Indústrias de Alagoas dignifica a Indústria alagoana, representando para todos nós o ideal de crescimento pelo qual a sociedade anseia.

Alberto Cabús

Sindicato das Indústrias Alimentares de Congelados, Supercongelados, Sorvetes, Sucos e Concentrados, Doces e Conservas do Estado de Alagoas - SINCONGEL (www.sicongel-al.org.br)

Arthur José Machado Vasconcelos

Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado de Alagoas - SILEAL (www. sileal-al.org.br)

José Fernandes Souza de Holanda

Sindicato das Indústrias de Beneficiamento de Mármore e Granito do Estado de Alagoas SIMAGRAL (www.simagral-al.org.br)

Pedro Robério Melo Nogueira

Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas - SINDAÇUCAR (www. sindacucar-al.com.br)

Juarez Bastos Ferro

Sindicato das Indústrias de Engarrafamento de Água Mineral do Estado de Alagoas SINDAGUA/AL (www.sindagua-al.org.br)

Frederico Gondim Carneiro de Albuquerque

Sindicato da Indústria de Produtos Cerâmicos do Estado de Alagoas - SINDICER/AL (www.sindicer-al.org.br)

Esta nota é um desagravo em favor de José Carlos Lyra, uma declaração de confiança em sua integridade pessoal e lisura no exercício do cargo de presidente da entidade de representação do setor produtivo alagoano. Em sua atuação, José Carlos Lyra tem se mostrado um homem honrado, exemplo de eficiência e capacidade de realização. As entidades abaixo nominadas estão à disposição para dar apoio ao presidente José Carlos Lyra a fim de manter, sem mácula, sua trajetória profissional. Maceió, 20 de fevereiro de 2019

Alfredo Raimundo Correia Dacal

Sindicato da Indústria de Panificação, Confeitaria, Bolos, Bolachas, Biscoitos e Massas Alimentícias do Estado de Alagoas - SINDIPAN/ AL (www.sindipan-al.org.br)

Francisco José Acioli da Silva

Sindicato da Indústria do Vestuário do Estado de Alagoas - SINDIVEST/AL (www.sindivest-al.org.br)

Jerlane Carneiro de Almeida Leite

Sindicato da Indústria de Marcenaria, Móveis e Esquadrias do Estado de Alagoas SINDMOVEIS/AL (www.sindmarc-al.org.br)

Edenir Moreira Peixoto

Sindicato das Indústrias de Extração Mineral do Estado de Alagoas - SINDMINERAL/AL

Maria Aparecida Parisotto Lucas

Sindicato da Indústria de Calçados do Estado de Alagoas - SINDUSCAL (www.sinduscal-al.org.br)

Alfredo Guttenberg de Mendonça Breda

Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Alagoas - SINDUSCON/AL (www.sinduscon-al.org.br)

Floriano Alves da Silva Júnior

Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado de Alagoas - SINGAL (www.singal-al.org.br)

Álvaro Cezar Oliveira Almeida

Sindicato das Indústrias Químicas, Petroquímicas e de Resinas Sintéticas do Estado de Alagoas SINPERAL

Gilvan Severiano Leite

Sindicato das Indústrias de Plásticos e Tintas do Estado de Alagoas SINPLAST (www.sinplast-al.org.br)

Tiago Nascimento Pessoa Leite

Sindicato das Indústrias de Produtos de Cimento do Estado de Alagoas (SINPROCIM/AL)

Marconi Cavalcante Alves

Sindicato da Indústria do Milho, Torrefação e Moagem de Café de Maceió SINTORMOC

Renato Saraiva Coutinho

Sindicato das Indústrias de Cachaça, Cerveja, bebidas destiladas e bebidas fermentadas do Estado de Alagoas - SINDCACHAÇA/AL

Carlos Oiticica Pinto Guedes de Paiva

Sindicato das Indústrias de Energia do Estado de Alagoas SINDENERGIA


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IMPASSE

Casal gera briga de foice entre Governo e engenheiros Relatórios descartam necessidade de empréstimo do BNDES para ‘salvar’ companhia; Executivo contesta ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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esde o início das discussões sobre o futuro da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), técnicos do Governo e da estatal buscam argumentos para provarem a viabilidade ou inviabilidade da empresa. O Governo contratou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para implantar um modelo de negócio na companhia. Busca R$ 6 bilhões- maior parte deste dinheiro via banco- para a universalização do abastecimento. Dois relatórios assinados por engenheiros da Casal, porém, derrubam a defesa do Governo pelo dinheiro. A administração estadual justifica: a companhia não tem verba suficiente para levar água e esgotos para todos, por isso a necessidade de um empréstimo e a execução destes serviços por empresas, através de uma parceria com o poder público. Os papéis obtidos com exclusividade pelo EXTRA contestam: nos dois relatórios, somando 21 páginas, mostram-se falhas no levantamento do banco, incluindo previsões financeiras furadas porque os projetos estão em prática pela estatal, além do encarecimento das taxas a quem vai sacar o dinheiro para pagar a conta no final disso tudo: o consumidor. O Governo contraria: os R$ 6 bilhões vão para substituições de rede, recuperação de reservatórios mais estações de tratamento, novas ligações domiciliares, aquisição de micromedidores. Por

Relatórios técnicos afirmam que a Casal não precisa de novo modelo de negócio

NEGÓCIO

Os técnicos da Casal rejeitam a lógica do Executivo: os superávits seguidos da estatal mostram a existência de caixa, sem a necessidade de fechar o negócio com o BNDES, atraindo empresas num negócio bilionário que, aí sim, inviabilizando a Casal.

isso, o dinheiro é necessário. Os técnicos da Casal rejeitam a lógica do Executivo: os superávits seguidos da estatal mostram a existência de caixa, sem a necessidade de fechar o negócio com o banco, atraindo empresas num negócio bilionário, aí sim inviabilizando a Casal. Na companhia foram criadas 3 comissões para avaliar este modelo de negócio: jurídica, econômico-financeira e de engenharia. POR PARTES A receita da companhia era de R$ 300,9 milhões em 2014; em 2017, R$ 483,8 milhões. Aumento de 60,7%. Neste mesmo período, a despesa cresceu em 34,2%. Em 2016, lucro de R$ 7,530 milhões; em 2017, R$ 7,543 milhões. Os dois saldos positivos vieram após anos de números mergulhados no vermelho. Esse é o fio condutor do relatório

da Gerência de Projetos e Custos e da Gerência Técnica de Novos Negócios, assinado pelos engenheiros Diogo Pereira Tavares Oliveira, Luiz Emanuel de França Costa e Júlio César Moura Menezes Junior, e apresentado em 14 de janeiro deste ano. Eles consideram que a companhia já tem infraestrutura suficiente para abastecer Alagoas pelos próximos anos, sem precisar da implantação de um novo modelo de negócio. Esse modelo de negócio veio em 2017, quando o BNDES, via Governo, contratou um consórcio formado pelas empresas Ernest Young, EMA Engenharia, Felsberg Advogados e Muzzi Advogados para elaborar um modelo de negócio para a Casal. O assunto foi abordado pelo EXTRA, na semana passada. O documento chega à conclusão que o melhor modelo de negócio para a companhia é o que estabelece parcerias regionais. E em Alagoas, o melhor modelo é a divisão do Estado em 3 blocos. Pela proposta, o A atenderia Maceió e Região Metropolitana e o B, o sertão. Nestes dois, o sistema é dividido: a Casal trata a água bruta. O consórcio privado opera, mantem, distribui a água, se relaciona com o usuário e trata o esgoto. O bloco C vai atender as bacias independentes mais o agreste- incluindo Arapiraca. Coleta, tratamento de esgoto; produção e distribuição de água ficam a cargo exclusivamente do setor privado, sem participação da Casal. Os investimentos mais altos devem ser realizados no bloco A: R$ 1,3 bilhão em água e R$ 1,1 bilhão em esgoto; para o bloco B, R$ 637.440 em água e R$ 930.671 em esgoto; bloco C, R$ 591.759 em água e R$ 580.043 em esgoto. Total nos 3 blocos: R$ 2,54 bilhões em água; R$ 2,6 bilhões em esgoto.


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Engenheiros dizem que há falhas nas análises E

ngenheiros da Casal denunciam falahas nas análises feitas pelo governo. Por exemplo: pelos dados do consórcio devem ser investidos R$ 116,5 milhões em cidades do sertão. Mas, 7 municípios (Delmiro Gouveia, Pariconha, Água Branca, Olho d’Agua do Casado, Inhapi, Mata Grande e Canapi) já são atendidos com dinheiro para o mesmo objetivo: universalização da água, que incluem alguns povoados, além de investimentos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para esgotamento sanitário em Delmiron Gouveia (fase de licitação) e Canapi. A conclusão dos engenheiros é que, ao invés dos R$ 116,5 milhões dos investimentos do banco, podem ser injetados R$ 2,3 milhões via Casal, verba que existe nos cofres da companhia porque, em novembro do ano passado, a arrecadação da unidade sertão da Casal foi de R$ 2,2 milhões. A mesma coisa acontece no sistema de abastecimento da Bacia Leiteira. O consócio levantou que precisam ser investidos R$ 239,6 milhões, número contestado pelos engenheiros da companhia. Seriam suficientes, dizem eles, R$ 5 milhões, mas a arrecadação da água em novembro do ano passado na bacia foi de R$ 2,8 milhões. “Portanto o valor de R$ 239.668.322,50 deve ser descartado pois não condiz com a realidade para implantação de um novo sistema coletivo”, anotam os técnicos da estatal. Em Arapiraca, explica o relatório, o consórcio levanta que serão necessários R$ 130 milhões, R$ 45 milhões apenas para a troca de hidrômetros, serviço que já está em prática hoje, explica o relatório, e sem o dinheiro do banco. O sistema de abastecimento de água de Murici tem previsão, diz o consórcio, de investimentos alcan-

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çando R$ 22 milhões, incluindo a captação de água mais estações de tratamento. O sistema- defende a Casal- não precisa ser implantado porque está em atividade e com um contrato assinado com a empresa Telesil Engenharia no valor de R$ 7,9 milhões. Pelos cálculos do consórcio, conforme detalham os técnicos da Casal que analisaram o modelo de negócios, no interior a recuperação e manutenção dos sistemas de abastecimento custaria R$ 29,1 milhão por ano (pouco mais de R$ 1 bilhão em 35 anos, prazo dado pelo consórcio para a universalização dos serviços). Em Maceió, o consórcio levanta que serão necessários R$ 25,9 milhões por ano pelos próximos 35 anos (R$ 907,7 milhões). Segundo o relatório, nos anos de 2017 e 2018 a Casal investiu apenas em Maceió R$ 60,9 milhões, acima, portanto, da média do BNDES. Sem todos, não há acordo Relatório de engenharia, apresentado em 28 de setembro do ano passado, é assinado por 4 engenheiros da estatal: Ricardo de Castro Martins Vieira, Moisés Vieira da Rocha Neto, Luiz Cavalcante Peixoto Neto e Jorge Briseno Torres. Em 10 páginas, o relatório explica que o modelo de negócio é uma forma de privatização da companhia, porque os serviços- menos a extração da água bruta- serão realizados por empresas. “Ressalta-se que o “Parceiro” gere todos os serviços e enquanto a Casal executa apenas a produção de água e é remunerada por isso. Neste contexto, a Companhia estadual deixa de ser contratante para atuar como contratada”, destaca o relatório. Para que o modelo de negócio dê certo, todas as cidades alagoanas têm de aderir ao projeto- situação considerada inviável. Porque nem todos os municípios são atendidos pela estatal (possuem sistemas próprios de sane-

através de Parceria Público-Privada. “Novamente, a alteração dos contratos hoje vigentes é tarefa de difícil realização pois implicaria em alteração de todo o modelo já acordado de reembolso dos investimentos feitos e dos custos de operação e manutenção das estruturas que lhes são correspondentes”, escreve o relatório a respeito da segunda cidade mais habitada de Alagoas. E quanto às áreas rurais nas cidades, mais distantes e, portanto, mais difícil para a chegada da água? Diz o relatório que abastecer estes lugares mais distantes implica investimentos maiores “cujo retorno é, evidentemente, impossível através de tarifas”. O modelo apresentado, diz o relatório, não tem informações a respeito destes lugares onde a chegada da água será mais cara. amento). O maior obstáculo, aponta este relatório, é que todas as leis municipais teriam de ser alteradas para que o modelo de negócio pudesse valer, na prática, em todo o território alagoano. Existe um componente político. Maceió, por exemplo, é governada pelo prefeito Rui Palmeira, rival político do governador Renan Filho. O prefeito teria de concordar em alterar a legislação municipal, com aval da Câmara de Vereadores, para o modelo de negócio ser aplicado em Maceió, o “filé” do sistema, conforme linguagem em voga nos corredores da Casal. Além disso, Rui briga na Justiça para cancelar o contrato de concessão com a Casal. E reverter o que se arrecada em dinheiro na cidade pela estatal para a própria cidade. E não dividir com o restante do Estado. Em União dos Palmares, que não é abastecida pela Casal mas pelo Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE), o sistema funciona a baixos custos. Diz o relatório que, se acaso o modelo de negócio for implantado em União, as tarifas cobradas para a população ficariam mais caras. Daí teria de se incluir não apenas o prefeito e os vereadores no acordo, mas o povo. E ainda por cima pagando mais caro pela água. O sistema de Arapiraca funciona

RESUMO

2/5/2017- o Governo firmou um contrato com o BNDES de prestação de serviços para a implantação de um modelo de negócios para a Casal. Valor: R$ 10,1 milhões, divididos assim: R$ 1,8 milhão pagos ao banco e R$ 8,3 milhões para as consultorias. 30/5/2017- o BNDES contratou um consórcio formado pelas empresas Ernest Young, EMA Engenharia, Felsberg Advogados e Muzzi Advogados. 11/12/2017- Modelo de negócios é apresentado ao Governo, no Rio. 27/4/2018- Casal recebe o diagnóstico, transformado em um plano de trabalho com metas. 28/09/2018- Engenheiros da companhia dizem que modelo de negócio privatiza empresa e enfrentará dificuldades nas prefeituras e câmaras de vereadores 14/01/2019- Relatório de 2 gerências da companhia atesta que Casal tem infraestrutura suficiente para universalizar água e esgoto. 19/02/2019- Governo e Casal se reúnem no Rio com integrantes do BNDES para discutir modelo de negócio. Conteúdo da conversa é segredo.


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BAIRRO CONDENADO

Ex-secretário quer prisão dos responsáveis pelo Caso Pinheiro Ecologista relembra as pressões e ameaças de morte ao lutar contra instalação da Salgema em Maceió JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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pós vinte anos sem morar em Maceió, a volta do doutor em Ecologia José Geraldo Marques à capital alagoana foi turbulenta. Em seu segundo dia morando no bairro do Pinheiro, acordou assustado com os tremores de terra e um forte barulho. Hoje, Marques faz parte dos moradores que pretendem processar os responsáveis pela instabilidade do solo da região. Mas o ecologista aceita negociação com a Justiça: “Troco o valor da minha indenização pela prisão dos culpados”. O que ele não esperava com seu retorno a Maceió era o destino o colocar novamente em frente a um algoz de sua carreira: a petroquímica Salgema, atual Braskem. Em 1975, Marques presidia a Secretaria Executiva do Grupo de Controle da Poluição do Estado de Alagoas, que cuidava do meio ambiente, no primeiro governo Divaldo Suruagy, já falecido. O que seria uma oportunidade para colocar em prática sua luta em defesa da natureza se transformou em um pesadelo com perseguições, telefonemas anônimos e ameaças de morte. Fatos que o fizeram abandonar o cargo e assistir, como ele mesmo diz, a Salgema se instalar em Alagoas de maneira desenfreada, contra tudo e todos. “Fui convidado por Suruagy para comandar a secretaria, que existia apenas no papel. Eu, militante, vi com bons olhos o convite do governador em uma época que pouco se falava em preservação ao meio ambiente. Topei na hora, era um entusiasta. E caiu no meu colo, logo de cara, o caso Salgema”, contou ao Jornal EXTRA. A pasta contava com o secretário e dois ajudantes na parte técnica em uma pequena sala alojada na Secretaria de Estado de Saúde (Sesau). Preocupado com os impactos que poderiam

ser causados à população e à natuereza, pela Salgema, o professor José Geraldo Marques fez estudos, cobrou pesquisas e apresentou relatórios. Toda argumentação embasada por sua formação foi posta em xeque por técnicos da empresa. E só teve certeza sobre com quem estava lidando ao ouvir, durante simpósio na reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), segundo ele, uma frase que o deixou boquiaberto: “É bom você saber que é mais fácil transferir a Capital do que tirar a Salgema de Maceió”. A declaração de um diretor da indústria foi em tom de arrogância, relembra. As pressões contra seu trabalho aumentaram após a execução de seu pai, o ex-prefeito de Santana do Ipanema e ex-deputado Adeildo Nepomuceno Marques em 1978. O político da Arena, antigo partido que apoiava a ditadura militar, tinha bom relacionamento com Suruagy. Sem o pai, o ecologista se sentiu ainda mais inseguro no cargo estadual. “Começaram, primeiramente, com meu assassinato moral. Inventaram que eu era maluco, comunista”. À época, a principal acionista da Salgema

EXECUÇÃO

As pressões contra seu trabalho aumentaram após a execução de seu pai, o ex-prefeito de Santana do Ipanema e ex-deputado Adeildo Nepomuceno Marques em 1978. O político da Arena, antigo partido que prezava a ditadura militar, tinha bom relacionamento com Suruagy.

Fiz uma carta em que me autodemitia. Informei ao governador que a partir daquela hora deixava de ser funcionário do governo de Alagoas”. JOSÉ GERALDO MARQUES

Ecologista

era uma empresa suíça, que até certo ponto, era conversável. “Comecei a emitir pareceres contrários à empresa. O problema não era a extração do sal-gema e, sim, a instalação da fábrica em local inapropriado. Mas se negaram. Derrubaram dunas, tão importantes para o turismo e a estética de Maceió, da noite para o dia”. Após instalação da indústria na restinga do Sobral, a região que era um cartão postal de Maceió se transformou em um lugar de alto risco. Outro episódio que marcou a luta de Marques contra a Salgema foi quando um pesquisador químico da empresa informou, também durante encontro, que desconhecia as substâncias que seriam produzidas pela mineradora. “Interrompi e disse uma lista de substâncias e suas possíveis consequências para a população. Foi quando comecei a receber telefonemas anônimos perguntando se estava querendo ser o próximo Tiradentes”. Considerado um mártir, Tiradentes lutou pela independência de Minas Gerais do domínio dos portugueses.

Sua ideologia o condenou à forca, no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792. As ameaças continuaram passando a ser presenciais. Um dos casos foi quando um ex-secretário fez questão de mostrar uma arma dentro de uma pasta enquanto conversava com o ecologista. “Fiz uma carta em que me autodemitia. Informei ao governador que a partir daquela hora deixava de ser funcionário do governo de Alagoas”. Agora, Marques acompanha atento os estudos sobre o bairro do Pinheiro. Não acredita que sejam falhas em placas tectônicas e lamenta que ainda não haja nenhum laudo preliminar sobre as causas dos tremores. José Geraldo Marques relembra a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que o “afundamento” do Pinheiro seria devido à mineração. “Com certeza ele teve alguma informação privilegiada. Jamais falaria aquilo sem embasamento algum”. De maluco a possível vítima da Braskem, o ecologista só quer que os responsáveis sejam apontados. Uma reviravolta que demorou 40 anos para acontecer.


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ENGENHARIA DIAGNÓSTICA

Mapa de risco no bairro deveria ser mais detalhado, diz especialista TRIBUNA HOJE

Falta de análise aprofundada desvaloriza imóveis no Pinheiro

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BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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ão basta descobrir, precisamos saber as repercussões do fenômeno na estrutura dos imóveis”, defende o especialista em Engenharia Diagnóstica, Fernando Régis Azevedo, sobre as avaliações estruturais realizadas em residências e prédios do bairro do Pinheiro, pela Defesa Civil de Maceió e pelo Serviço Geológico do Brasil. Para o engenheiro, nem todos os prédios e casas localizados nas áreas de risco: vermelha, laranja e amarela - alto, médio e baixo risco, respectivamente - apresentam perigo aos moradores, como mostrado no relatório elaborado pelo órgão municipal em parceria com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). O mapa, segundo Azevedo, deveria ter sido elaborado com a participação de engenheiros especializados em diagnóstico. Para estar de forma mais completa e detalhada, do ponto de vista do especialista, seria necessário, além dos estudos dos geólogos, levar em consideração a idade do prédio, a vida útil do mesmo, o histórico de manutenção, as inspeções realizadas, entre diversos outros fatores, algo semelhante ao que é especificado pela Lei Municipal 61451/2012, uma análise que apenas especialistas em Engenharia Diagnóstica podem realizar, mas que não está sendo requisitado pelos donos dos imóveis ou pelo Município. “A investigação está sendo feita, ela é necessária e imprescindível, mas terminada essa conclusão da

SEGURO E INDENIZAÇÃO

Fernando Azevedo: mapas deveriam ser elaborados através de regiões análise, é deixada uma lacuna em aberto. A população não está interessada em saber o que acontece no bairro, ela quer saber o que vai acontecer com seu patrimônio, se será possível habitá-lo em segurança”, explica Azevedo, que cita a lei que obriga edifícios multiresidenciais, comerciais, de serviços, industriais, institucionais, edificações integrantes do patrimônio, monumentos, escolas, igrejas, auditórios, teatros, cinemas e locais para eventos e espetáculos a realizar vistorias técnicas periodica-

mente. “Edificações deverão sofrer vistorias técnicas, registradas em relatórios ou laudos técnicos, de responsabilidade de seus proprietários ou gestores conforme o caso”, diz a lei aprovada em 2012. Algo que não foi realizado pela maioria dos empresários locais, segundo o engenheiro. “Os mapas divulgados até o momento mostram as áreas demarcadas por regiões, não por imóveis, ficando algo muito generalizado. Não podemos uniformizar a região”, explica.

ste tipo de avaliação mais especializada, é uma das mais indicadas na hora de calcular o valor do imóvel no momento da venda, do seguro ou de uma possível indenização. “Não se pode aceitar a utilização do método comparativo direto de dados do mercado devido às claras evidências de que sua utilização é predatória para aquela população”, diz o engenheiro. Segundo o método comparativo direto, utilizado por corretores da capital, as incertezas em relação ao bairro fizeram a desvalorização chegar a mais de 50% do valor dos imóveis. No último mês, dirigentes de empresas do mercado imobiliário confirmaram ao EXTRA que a procura por imóveis no bairro do Pinheiro caiu bastante e consequentemente o preço também. Um apartamento que antes custava R$ 240 mil teve o valor de venda reduzido para R$180 mil, por exemplo. Esse método, segundo o engenheiro, pode prejudicar moradores que acabam sendo vítimas de pessoas mal intencionadas. As avaliações podem e devem ser realizadas por um perito em avaliações de imóveis, que seja membro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) para que possa detalhar de forma precisa o valor total, e que deve ser levado em consideração no momento em que for requisitado o seguro junto à Caixa Econômica Federal, ou a qualquer outra instituição financiadora. De acordo com a Caixa, o número de moradores que possuem financiamento no bairro através do ‘Minha Casa, Minha Vida’ e que podem receber ou já receberam o seguro oferecido pelo banco chega a 600 pessoas.


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Pinheiro e sua recuperação

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ALOISIO FERREIRA Eng. Civil e Presidente do Clube de Engenharia de Alagoas

uito se tem falado sobre o fenô- falar no despreparo da Prefeitura e do meno de subsidência, ou seja, Estado que não têm equipes suficientes o afundamento do solo que e qualificadas para atender as demanvem ocorrendo gradualmente no bairro das, pois há quase 30 anos não realizam de Pinheiro, sobretudo após o abalo sís- concursos públicos na área de engenhamico ocorrido em março de 2018, poste- ria, ou seja, não existem profissionais rior às chuvas intensas que castigaram para fiscalizar, planejar e dialogar com o período. O abalo, importante abrir órgãos e empresas especializadas no asesse parêntese, atingiu 2.4 na escala sunto, diante de um evento de tamanha Richter - nessa magnitude ocorrem gravidade. Portanto, a população está desprote1000 por dia no mundo -, devendo-se destacar que até a escala de 4.0 pou- gida pela inércia dos poderes Municipal cos danos são causados nas habitações, e Estadual, cujas equipes técnicas são as quais dificilmente vêm a desabar, a basicamente formadas por cargos comisnão ser aquelas extremamente frágeis. sionados que não preservam a memória da infraestrutura de Em relação a esse fenômeno nossa cidade. O poder natural ocorrido no tradicional público é o principal bairro da cidade, a prefeitura responsável pelo caos e o governo estadual, num priexistente! Urge, pois, meiro momento, permaneceram planejar desde já a em silêncio letárgico. Louve-se solução para os problea Defesa Civil que se empenhou mas do bairro. Vamos bastante para encontrar uma O Pinheiro aguardar o resultado explicação. Além disso, vários das sondagens e dos profissionais se manifestaram deverá ser estudos das sísmicas apresentando teorias e possibilireurbanizado, que irão ser concluídades das possíveis causas. Houimplantandodas para o veredicto ve também alguns exageros e se piscinão nas ou diagnóstico dos fefake news deixando a população partes mais nômenos ocorridos na insegura e levando muitos mobaixas, onde região, entretanto, em radores a se mudarem, mesmo minha opinião, entre aqueles fora das chamadas áreas nunca deveas causas prováveis, a de risco. A UFAL apresentou esriam existir drenagem falha e datudos demonstrando falhas geoconstruções. nificada poderá estar lógicas na área. A UFRN realicarreando solo subsuzou estudos preliminares e fez perficial da formação recomendações para monitoramento da região afetada. Recentemen- de barreiras, provocando, assim, vazios te, o governo federal, através do Servi- e acarretando acomodações e subsidênço Geológico do Brasil, destacou grande cias na superfície, causando danos nas equipe de especialistas, os quais ainda construções das chamadas áreas de risrealizam medições e prometem um lau- co. A engenharia com bom projeto deverá solucionar os problemas existentes. O do conclusivo para mês de junho. A verdade é que, se não fosse o Pinheiro deverá ser reurbanizado, immovimento SOS Pinheiro, a situação plantando-se piscinão nas partes mais provavelmente estaria ainda na estaca baixas, onde nunca deveriam existir zero. Hipóteses surgidas de falha geo- construções, por se tratar de bacia enlógica, excesso de exploração de águas dorreica: aquela que não tem saída para subterrânea, drenagem de águas plu- o mar, assim como um lago. Além disso, viais e mineração poderão ser compro- também deve ocorrer a demolição dos vadas com os estudos geológicos. A per- conjuntos habitacionais mais antigos, gunta é: quem vai pagar o prejuízo da -Jardim Acácia e Divaldo Suruagy - que desvalorização imobiliária e o sossego na época foram construídos nas áreas dos moradores? Isso porque, até ago- mais baixas da bacia, talvez por serem ra, nada se falou acerca das propostas terrenos mais baratos, como sempre. Por de remediação, tais como: injeção de fim, é preciso refazer toda a drenagem areia ou solo cimento para preencher e implantar rede de saneamento, elimios vazios porventura existentes; im- nando os sumidouros existentes no bairplantação de sistema de drenagem e de ro. Creio que, assim, o Pinheiro voltará esgotamento sanitário eliminando de a normalidade e será um dos melhores vez os sumidouros, entre outros. Sem bairros de Maceió para se viver.

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PILAR

Vereador é denunciado por improbidade administrativa Paulo Bugarim nega crime, mas também é acusado de ter contratado funcionário fantasma

DA REDAÇÃO

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vereador por Pilar, Paulo Cavalcante Soares - Paulo Bugarim (PSC), está sendo acusado de improbidade administrativa, crime praticado quando era chefe de gabinete do ex-prefeito Carlos Alberto Canuto (PMDB). O processo, que tramita na Comarca da cidade, relata que em época de campanha eleitoral, Bugarim teria utilizado o cargo público para a aquisição de materiais de construção de forma irregular. A compra não teria justificativa muito menos licitação. A ação civil de dano ao erário pode ser consultada no site do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) pelo número processual 070061493.2017.8.02.0047. A última movimentação do caso se deu no dia 24 de setembro. Segundo denúncia, as notas expedidas no ano de 2016 por Bugarim apresentam valores de R$ 104.400 e de R$ 62.620. Esses valores foram utilizados durante período eleitoral. A autora do processo é a Prefeitura do município e o valor da ação é de R$ 167.020. À época, o então chefe de gabinete já tinha sido exonerado para fazer campanha à vereança. Porém, mesmo assim despachou solicitação do pedido com o aval do ex-prefeito. O caso está nas

mãos do juiz Sandro Augusto dos Santos. Entre os materiais adquiridos pelo vereador estão: sacos de cimento, telhas, tijolos, tintas, caixas d’água, ferros de construção, carrinhos de mão, reatores, lâmpadas, brita, areia e outros. A compra foi realizada no dia 12 de julho de 2016, dois meses antes das eleições municipais. Em conversa ao EXTRA, Paulo Bugarim disse que está sendo perseguido pelo atual prefeito de Pilar, Renato Filho (PSDB). “É porque estou fazendo denúncias contra a gestão dele. Esse processo existe, é uma denúncia ainda em investigação. Nem cheguei a ser ouvido. Eu e o ex-prefeito Carlos Alberto Canuto estamos com a consciência tranquila”, disse. Em julho do ano passado, uma empregada doméstica entrou com uma representação no Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE-AL) denunciando o ex-patrão, o vereador Paulo Bugarim, por utilizar seu nome para receber dinheiro da Prefeitura de Pilar. De acordo com o documento enviado ao MPE, Viviane Rogéria Ferreira da Silva trabalhou na casa do vereador recebendo 500 reais/mês durante 1 ano e 9 meses, mas não sabia que o dinheiro pago a ela correspondia a

Paulo Bugarim é acusado pela compra irregular de material de construção em época de campanha

Tabela mostra os valores dos gastos suspostamente ilícitos

50% do valor recebido como servidora comissionada do município. Segundo Viviane Rogéria Ferreira da Silva, “Ao ler os documentos, suspeitei, então, que o Sr. Paulo teria engendrado esforços para que houvesse a minha nomeação junto a Prefeitura

já que à época em que era chefe de Gabinete do prefeito”, relatou na representação. Ela só soube da manobra depois que saiu do emprego. Naquela ocasião, Bugarim também se defendeu alegando perseguição política.


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VAI OU RACHA

Reforma da Previdência: veja os principais pontos Proposta foi levada pelo governo federal ao Congresso Nacional

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) A outra opção é a aposentadoria por tempo de contribuição (35 anos para homens e 30 anos para mulheres), desde que tenham a idade mínima de 61 anos (homens) e 56 anos (mulheres), em 2019. A idade mínima vai subindo seis meses a cada ano. Assim, em 2031 a idade mínima será 65 anos para homens e 62 para mulheres. Os professores terão redução de cinco anos na idade.

AGÊNCIA BRASIL

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presidente Jair Bolsonaro entregou quarta-feira 20, a proposta de reforma da Previdência na Câmara dos deputados. Acompanhado dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ele chegou por volta das 9h30 ao prédio do Congresso Nacional. O texto elaborado pelo governo propõe idade mínima para aposentadoria para homens (65 anos) e mulheres (62 anos), além de um período de transição. Inicialmente, a proposta será submetida à análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, e depois será discutida e votada em uma comissão especial da Casa, antes de seguir para o plenário. No plenário, a aprovação do texto depende de dois dois turnos de votação com, no mínimo, três quintos dos deputados (308 votos) de votos favoráveis.Em seguida, a proposta vai para o Senado cuja tramitação também envolve discussão e votações em comissões para depois, ir a plenário. Veja o que propõe a reforma da Previdência: IDADE MÍNIMA O texto propõe idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, com contribuição mínima de 20 anos. Atualmente, aposentadoria por idade é 60 anos para mulheres e 65 anos

ser a regra de acesso. O tempo de contribuição é 35 anos para homens e 30 para mulheres. Em 2019, essa soma terá que ser 96 pontos para homens e 86 anos para mulheres. A cada ano, será necessário mais um ponto nessa soma, chegando a 105 pontos para homens e 95 para mulheres, em 2028. A partir deste ano, a soma de pontos para os homens é mantida em 105. No caso das mulheres, a soma sobe um ponto até atingir o máximo, que é 100, em 2033.

para os homens, com contribuição mínima de 15 anos. A idade mínima para a aposentadoria poderá subir em 2024 e depois disso, a cada quatro anos, de acordo com a expectativa de vida dos brasileiros. Nessa proposta, não haverá mais aposentadoria por tempo de contribuição. CONTRIBUIÇÃO Os trabalhadores da iniciativa pública e privada passarão a pagar alíquotas progressivas para contribuir com a Previdência. E quem ganha mais, contribuirá mais. As alíquotas deixarão de incidir sobre o salário inteiro e incidirão sobre faixas de renda, num modelo semelhante ao adotado na cobrança do Imposto de Renda. No fim das contas, cada trabalhador, tanto do setor público como do privado, pagará uma alíquota efetiva única. Pela nova proposta, quem ganha um salário mínimo (R$ 998) contribuirá com 7,5% para a Previdência. Acima disso, contribui com 7,5% sobre R$ 998, com 9% sobre o que estiver entre R$ 998,01 e R$ 2 mil, com 12% sobre a renda entre R$ 2.000,01 a R$ 3 mil e com 14% sobre a renda entre

R$ 3.000,01 e R$ 5.839,45 (teto do INSS). Dessa forma, um trabalhador que receber o teto do INSS contribuirá com alíquota efetiva (final) de 11,68%. De acordo com a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, as alíquotas efetivas ficarão em 7,5% para quem recebe o salário mínimo, de 7,5% a 8,25% para quem ganha de R$ 998,01 a R$ 2 mil, de 8,25% a 9,5% para quem ganha de R$ 2.000,01 a R$ 3 mil e de 9,5% a 11,68% para quem recebe de R$ 3.000,01 a R$ 5.839,45 (teto do INSS). No setor público será aplicada lógica semelhante. Pelas novas regras, o sistema de alíquotas progressivas será aplicado, resultando numa alíquota efetiva (final) que variará de 7,5% para o servidor que recebe salário mínimo a 16,79% para quem recebe mais de R$ 39 mil. REGRAS DE TRANSIÇÃO O tempo de transição do atual sistema de Previdência para o novo será de 12 anos. A regra de transição para a aposentadoria prevê três opções:

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) A soma do tempo de contribuição com a idade passa a

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) Quem está a dois anos de cumprir o tempo de contribuição para a aposentadoria – 30 anos, no caso das mulheres, e 35 anos, no de homens – poderá optar pela aposentadoria sem idade mínima, aplicando o fator previdenciário, após cumprir o pedágio de 50% sobre o tempo restante. Por exemplo, uma mulher com 29 anos de contribuição poderá se aposentar pelo fator previdenciário se contribuir mais um ano e meio. APOSENTADORIA INTEGRAL Para aposentar-se com 100% da média do salário de contribuição, o trabalhador precisará contribuir por 40 anos. A nova fórmula de cálculo do benefício substituirá o fator previdenciário, usado atualmente no cálculo das aposentadorias do INSS. Pelas novas regras, o trabalhador com 20 anos de contribuição começará recebendo 60% da média das contribuições, com a proporção subindo dois pontos percentuais a cada ano até atingir 100% com 40 anos de contribuição. Caso o empregado trabalhe por mais de 40 anos, receberá mais de 100% do salário de benefício, algo vetado atualmente.


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extra APOSENTADORIA RURAL Também houve mudança na aposentadoria rural: 60 anos tanto para homens quanto para mulheres, com contribuição de 20 anos. A regra atual é 55 anos para mulheres e 60 anos para os homens, com tempo mínimo de atividade rural de 15 anos. No caso da contribuição sobre a comercialização, a alíquota permanece em 1,7% e é necessária a contribuição mínima de R$ 600 por ano para o pequeno produtor e sua família. Para se aposentar, nessa categoria, serão necessários 20 anos de contribuição. APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE Rebatizada de aposentadoria por incapacidade permanente, a aposentadoria por invalidez obedecerá a novos cálculos. Pelo texto, somente receberão 100% da média dos salários de contribuição os beneficiários cuja incapacidade estiver relacionada ao exercício profissional. A proposta prevê o pagamento de 100% do benefício somente para os casos de acidente de trabalho, doenças relacionadas à atividade profissional ou doenças comprovadamente adquiridas no emprego, mesmo sem estarem relacionadas à atividade. Caso a invalidez não tenha relação com o trabalho, o beneficiário receberá somente 60% do valor. Hoje, todos os aposentados por invalidez recebem 100% da média de contribuições. APOSENTADORIA PARA PARLAMENTAR Os futuros parlamentares – em nível federal, estadual e municipal – passarão para o INSS caso a reforma da Previdência seja aprovada. Haverá uma regra de transição para os parlamentares atuais. Pela proposta, os futuros parlamentares poderão se aposentar com idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, com teto de R$ 5.839,45. Os parlamentares atuais passarão por uma regra de transição, sujeitos a pagar um pedágio (trabalhar mais) de 30% do tempo que falta para atingir os 35 anos de contribuição. Atualmente, os deputados federais e senadores aposentam-se com 60 anos de idade mínima (homens e mulheres) e 35 anos de contribuição. Eles recebem 1/35 do salário

para cada ano como parlamentar, sem limitação de teto. PENSÕES O cálculo das pensões por morte será relacionado ao número de dependentes, sistema que vigorou até a década de 1980. Inicialmente, o beneficiário com até um dependente receberá 60% da média de contribuições. O valor sobe em 10 pontos percentuais a cada dependente, atingindo 100% para quem tiver cinco ou mais dependentes. Atualmente, o pagamento de pensões obedece a cálculos diferentes para trabalhadores do INSS (iniciativa privada) e servidores públicos. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC) Pela proposta, a partir dos 60 anos, os idosos receberão R$ 400 de BPC. A partir de 70 anos, o valor sobe para um salário mínimo. Atualmente, o BPC é pago para pessoas com deficiência, sem limite de idade, e idosos, a partir de 65 anos, no valor de um salário mínimo. O benefício é concedido a quem é considerado em condição de miserabilidade, com renda mensal per capita inferior a um quarto do salário mínimo. POLICIAIS E AGENTES PENITENCIÁRIOS Os policiais civis, federais, agentes penitenciários e socioeducativos se aposentarão aos 55 anos. A idade valerá tanto para homens como para mulheres. Os tempos de contribuição serão diferenciados para homens e mulheres. Os agentes e policiais masculinos precisarão ter 30 anos de contribuição, contra 25 anos para as mulheres. A proposta também prevê tempo mínimo de serviço de 20 anos para policiais homens e agentes homens e 15 anos para policiais e agentes mulheres. Progressivamente, o tempo de exercício progredirá para 25 anos para homens e 20 anos para mulheres nos dois cargos (agente e policiais). As duas categorias não estão submetidas a aposentadorias especiais. A proposta não contempla os policiais militares e bombeiros.

MILITARES O governo quer aumentar o tempo de contribuição dos militares de 30 para 35 anos. O projeto de lei específico para o regime das Forças Armadas será enviado aos parlamentares em até 30 dias. A proposta também englobará a Previdência de policiais militares e de bombeiros, atualmente submetidos a regras especiais dos estados.

REGIME DE CAPITALIZAÇÃO Os trabalhadores que ingressarem no mercado de trabalho após a aprovação da reforma da Previdência poderão aderir a um regime de capitalização.

O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, informou que o governo pretende aumentar a alíquota única dos militares de 7,5% para 10,5%.

O trabalhador poderá escolher livremente a entidade de previdência, pública ou privada, e a modalidade de gestão de reservas, com possibilidade de portabilidade.

Por esse sistema, será garantido o salário mínimo, por meio de um fundo solidário.

EM DEFESA DA APOSENTADORIA A Força Sindical reafirma sua posição contrária a proposta de reforma apresentada ao congresso Nacional, pois trata-se de uma perversidade que só prejudica os trabalhadores menos favorecidos economicamente. Lutamos por uma Previdência universal e sem privilégios. Quaisquer alterações precisam ter como princípio básico que os aposentados recebam benefícios com valores suficientes para oferecer-lhes uma vida saudável e digna. Pagar um valor abaixo do estabelecido pelo salário mínimo é entregar apenas uma “esmola” para os milhões de aposentados que ajudaram a construir este País. Somos totalmente contrários e não aceitaremos esta proposta que, para nós, nada mais é do que um retrocesso que penaliza e impede cada vez mais que a população tenha uma velhice digna. Não podemos permitir a aprovação de uma reforma que dificulte a adesão à aposentadoria. Caso a reforma seja aprovada, os trabalhadores que começaram a contribuir mais cedo ao INSS serão os mais afetados. As pessoas acreditaram em um sistema que permite a aposentadoria sem idade mínima, apenas com o tempo de contribuição de 30 anos para mulheres e de 35 anos para homens. O novo sistema vai aumentar em cerca de dez anos o tempo de trabalho. Por exemplo: um homem que começa a pagar o INSS com 20 anos, terá de contribuir por 45 anos para ter o direito de se aposentar. Ou seja: vai ter de pagar mais para receber a mesma coisa. Reafirmamos que a Previdência Social é um patrimônio dos brasileiros. Entendemos que quaisquer mudanças na Previdência devam ser amplamente discutidas com a sociedade e com os representantes dos trabalhadores de forma democrática e transparente. Vale ressaltar que, no próximo dia 20, as centrais sindicais irão realizar um ato na Praça da Sé, em São Paulo, como forma de protesto contra o fim da aposentadoria. Não podemos deixar de destacar que valorizar as aposentadorias é uma forma sensata e justa de distribuição de renda. Visando contribuir para a melhoria da gestão e da arrecadação do sistema, bem como para o fortalecimento institucional, a Central sugere ao governo as seguintes medidas: 1. Revisão ou fim das desonerações das contribuições previdenciárias sobre a folha de pagamento das empresas; 2. Revisão das isenções previdenciárias para entidades filantrópicas; 3. Alienação de imóveis da Previdência Social, e de outros patrimônios em desuso, por meio de leilão; 4. Fim da aplicação da DRU – Desvinculação de Receitas da União – sobre o orçamento da Seguridade Social; 5. Criação de Refis para a cobrança dos R$ 236 bilhões de dívidas ativas recuperáveis com a Previdência Social; 6. Melhoria da fiscalização da Previdência Social, por meio do aumento do número de fiscais em atividade e do aperfeiçoamento da gestão e dos processos de fiscalização; 7. Revisão das alíquotas de contribuição para a Previdência Social do setor do agronegócio; 8. Destinação à Seguridade e/ou à Previdência das receitas fiscais oriundas da regulamentação dos bingos e jogos de azar, em discussão no Congresso Nacional; 9. Recriação do Ministério da Previdência Social. A sociedade deseja liberdades democráticas e respeito aos seus direitos, que só virão com a garantia do emprego, salário digno e do acesso a direitos fundamentais, como saúde, educação e aposentadoria digna. Miguel Torres Presidente da Força Sindica


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LAGINHA

Justiça suspende leilão da Usina Guaxuma e estuda arrendamento Industrial João Lyra anuncia interesse de três empresas de Alagoas em investir na massa falida JOSÉ FERNANDO MARTINS COM ASSESSORIA josefernandomartins@gmail.com

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desembargador Klever Rêgo Loureiro, do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), determinou ontem a suspensão do leilão da Usina Guaxuma, iniciado na última quarta (20). A decisão foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico. A usina faz parte da Massa Falida da empresa Laginha Agro Industrial, do Grupo João Lyra. A suspensão do leilão atendeu a pedido feito pelo próprio João Lyra, que anunciou haver interesse no arrendamento da Guaxuma por parte da Usina Coruripe Açúcar e Álcool, Usina Caeté e Cooperativa de Colonização Agropecuária e Industrial Pindorama Ltda. Os bens seriam vendidos pelo site Canal Judicial com lance a partir dos R$ 401,3 milhões. Até ontem, nenhum comprador mostrou-se interessado pela Guaxuma nas 1.393 visitas ao site. O industrial João Lyra sustentou à Justiça que as empresas interessadas na Guaxuma planejam cultivar cana e otimizar as áreas produtivas da usina, contribuindo para a criação de empregos e gerando riquezas para a região. Afirmou ainda que o arrendamento da Guaxuma seria a melhor opção para os credores da massa falida, tendo em vista

a maximização dos ativos que ela geraria. O desembargador Klever Loureiro deferiu o pedido de suspensão do leilão, a fim de que seja analisada a referida proposta de arrendamento. “No caso ora em análise, claramente restaram comprovados, objetivamente, os requisitos ‘fumus boni iuris’ e o ‘periculum in mora’ a justificar o deferimento da medida ora pretendida, sobretudo quanto ao segundo requisito, eis que a demora na prestação jurisdicional poderá ocasionar grave dano ao impetrante, permitindo-se a alienação, medida extremada, quando seria possível o arrendamento, medida menos onerosa à massa falida”.

LEILÃO

O leilão dos imóveis rurais e do parque industrial da Usina Guaxuma teve início na quarta-feira, 20. Os imóveis e os equipamentos foram avaliados em R$ 667.200.000,00 e R$ 151.927.200,00, respectivamente. Na primeira praça, que iria até 28 de fevereiro, os interessados precisariam dar lance mínimo de 49% do valor avaliado dos bens. Caso não houvesse comprador, seria aberta a segunda praça, com lance mínimo de 45%, até o dia 12 de março. A maior parte dos imóveis está localizada em Coruripe, mas há terras também em Campo

Usina Guaxuma faz parte da massa falida da Laginha e seria leiloada

Alegre, Teotônio Vilela e Junqueiro. Os terrenos somam 17 mil hectares. Entre os equipamentos que iriam a leilão estavam balança rodoviária, ponte rolante, caldeira de alta pressão, distribuidor de bagaço, secador de açúcar, destilaria, gerador de energia e compressor de ar.

POLÊMICA

Como toda venda das propriedades da massa falida, o leilão da Guaxuma também estava cercado de polêmica. O impasse, dessa vez, era com o movimento rural Via do Trabalho que afirmava que a Justiça de Alagoas estaria vendendo parte de terra que não pertenceria mais ao industrial João Lyra. O movimento encaminhou, por meio de advogados, uma liminar encaminhada ao Judiciário para que o leilão fosse suspenso. Segundo o advogado do Via do Trabalho, Saulo Brito, as partes autoras tomaram conhecimento do leilão judicial de terras da Guaxuma, que no decorrer de mais de cinco anos são ocupadas e cultivadas. “O Movimento Via do Trabalho já se encontra de posse pacífica em algumas fazendas”, explicou. E denunciou: “o Instituto de

Terras de Alagoas teria que fazer a demarcação, porém não cumpriu o que foi determinado e acordado com o movimento agrário”. Conforme exposto na liminar, “uma gleba de terra encontrase dentro dos limites definidos pelo leilão, visto que ele [o leilão] está em caráter “ad corpus”, sendo cultivada pelos posseiros e de propriedade da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, devidamente escriturada por sentença e registrada no 1º Serviços Notarial e Registral de Coruripe, sob número de matricula 0739 de 2 janeiro de 1981, fato esse, até hoje, não levado ao conhecimento dos magistrados responsáveis pela falência e nem abordado pelos administradores da massa falida”. “Ad corpus” é o termo para venda de imóvel “por inteiro” ou “na forma em que se apresenta”. Trata-se de denominação empregada em transações imobiliárias para representar a venda na qual o preço é estabelecido sobre a propriedade como um todo, na forma como é apresentada para o comprador, não havendo referência à metragem do imóvel.


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Sindicalistas e ex-reitores da Ufal se reúnem em defesa da manutenção das rubricas judiciais

TENSÃO

Docentes da Ufal ameaçados de corte salarial Medida afetaria mais de 1.700 trabalhadores entre ativos e aposentados MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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pós mais de 25 anos de reajuste aprovado e incorporado ao contracheque de docentes e aposentados, oriundo de perdas dos planos econômicos, a atual gestão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) suspendeu esses proventos. O clima ficou tenso para mais de 1.700 servidores que foram afetados, a ponto de representantes da categoria entrarem com mandado de segurança. O alívio poderia ter vindo no último dia 15, quando a 4ª Vara da Justiça Federal deferiu liminar suspendendo cortes nos salários dos servidores que possuem rubricas judiciais em seus vencimentos. No entanto, a queda de braço continua. A Justiça determinou que a de-

cisão deve ser cumprida imediatamente e o corte deve ser suspenso até a conclusão dos procedimentos administrativos instaurados. A ordem judicial aponta ainda que, caso a gestão da Ufal tenha suprimido alguma parcela das rubricas, recomponha os referidos valores em folha de pagamento suplementar. O presidente da Associação dos Docentes da Ufal (Adufal), Jailton Lira, reclama que a gestão da universidade se antecipou ao entender que o Acórdão 6492/2017 do TCU determinava a retirada dessas rubricas judiciais. No entanto, argumentou Lira, o acórdão solicitava informações sobre pagamentos que eventualmente fossem irregulares. O sindicalista acrescentou que como não conseguiram negociar com a reitora Valéria Correia, resolveram entrar com ações judiciais. “Queremos que a reitora cumpra o que determina a liminar. Caso contrário, vamos pedir providências ao juiz do caso”, alertou Lira. O sindicalista disse ainda que o Departamento de Administração

Reitoria da Ufal publica nota sobre cumprimento de liminar das rubricas judiciais de Pessoal (DAP) não agiu de forma correta ao segurar os processos administrativos, deixando de os enviar para análise da reitora. Dessa forma, “não respeitou os trâmites processuais”. Para ele, o DAP teria procedido dessa forma porque a folha de pagamento iria fechar segunda-feira, 18. “Fomos informados de que tiraram da folha de pagamento os valores sem esperar o trâmite normal que é a reitora se pronunciar”, completou. EM DEFESA O caso ganhou repercussão a ponto de sindicatos e ex-reitores da Ufal defenderem a manutenção das rubricas judiciais. A reunião aconteceu no último dia 14, com a diretoria da Adufal e com a coordenação geral do Sindicato dos Trabalhadores da Ufal (Sintufal), para dialogar e elaborar uma carta-manifesto direcionada à reitora Valéria Correia, pedindo que se abstenha de retirar as rubricas dos servidores até a conclusão dos procedimentos administrativos. O documento mostra a importância de defender a autonomia da universidade e de seus servidores. Para o ex-reitor Rogério Pinheiro, “no momento em que nós vivemos no país, onde nós já temos uma defasagem salarial que vem de alguns anos sem haver a reposição, retirar qualquer ganho que o funcionário ou o servidor da universidade teve durante esses anos através de ações judiciaisseria extremamente grave para a instituição”. Os ex-reitores Delza Leite Goes Gitai, Fernando Cardoso Gama, Eurico de Barros Lobo Filho e Ana Dayse Rezende Dorea também participaram do encontro, entre outras partes interessadas.

Valores retirados vão ser pagos em março

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a quinta-feira, 21, a Universidade Federal de Alagoas emitiu nota sobre cumprimento de liminar das rubricas judiciais. O documento aponta que o mandado de segurança só chegou na Ufal após fechamento da folha, motivo pelo qual não foi possível reverter a situação de imediato. Mesmo assim, foi tentado junto ao Ministério da Economia mudar os lançamentos da folha, mas não foi possível. Porém, garantiu que esses valores vão ser pagos no próximo mês com os retroativos a todos os servidores. “A Universidade aguarda a reabertura do sistema Siape pelo ME, previsto para o dia 25 de fevereiro, para inserir os percentuais referentes as rubricas do mês de fevereiro na folha de março corrente. Lamentamos os fatos, mas como é de conhecimento de todos, a conjuntura nacional impóe limites administrativos, jurídicos e institucionais, inclusive os atinentes à autonomia universitária”, diz trecho da nota. Para entender o caso, após a comunidade acadêmica receber a notícia, por meio do DAP, no ano passado, de que medidas administrativas seriam implementadas no sentido de retirar dos vencimentos dos servidores as rubricas representativas das implantações judiciais (26,05% – URP, 3,17%, 28,86%), a Adufal e o Sintufal têm agido no sentido de proteger e resguardar o direito dos servidores, sempre na expectativa de uma resolução favorável pela via administrativa. Foram realizadas diversas assembleias com a base de associados das duas entidades, bem como divulgada nota de esclarecimento no dia 30 de outubro. No dia 1º de novembro foi realizada a primeira assembleia unificada para informar aos servidores os direcionamentos a serem tomados. Nos meses seguintes, foram tomadas outras providências no sentido de resolver o impasse.


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TEMPO DE FOLIA!

Barra de São Miguel promete atrair turistas e melhorar economia local Prefeitura investe em grandes atrações para o Carnaval 2019

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Barra de São Miguel está preparada para mais um ano de sucesso do CarnaBarra. O prefeito José Nicolau, conhecido como Zezeco, trabalhou para que o evento seja realizado com segurança, muita alegria e organização. “A festa este ano acontece como os outros anos, na praça central, em um espaço fechado, com segurança, revista. Tudo para garantir a tranquilidade de quem irá se divertir”, disse o prefeito. Além do reforço na segurança, o prefeito acredita que o período de festa pode movimentar a economia local, não só no fluxo de turistas e nas redes hoteleiras, mas na contribuição de uma renda extra para muitas famílias do município. “No espaço dos shows, 40 barracas de venda de produtos serão instaladas para que os comerciantes locais possam fazer um dinheiro extra e contribuir para o aumento da renda das suas famílias”. A cidade não é só marcada pelas belas praias de águas calmas e cristalinas, mas também pela folia e boa programação no período carnavalesco. Este ano a prefeituras investiu mais de R$ 80 mil com atrações para os quatro dias de folia, que começa no sábado, 2. “Espero que a festa aconteça de forma tranquila, que as pessoas brinquem com bom senso e responsabilidade”, enfatizou o prefeito.

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Suicídio e amigos ão resta nenhuma dúvida de que o suicida causa um impacto em todas as pessoas que de alguma maneira convivera com ela. A estimativa é que, em média, um único suicídio afete, pelo menos, outras seis pessoas. Se o fato ocorreu em escola, faculdade ou no lugar de trabalho, afeta cerca de oitenta a cem pessoas. É o que preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS). Como assim afeta? Os estudos indicam que quando o fato ocorre há uma

espécie de questionamento imediato sobre o porquê ocorreu. E isso é extremamente estressante e faz todas as pessoas ficarem ansiosas, pelo menos, quinze dias depois do acontecido e pode perdurar por mais tempo. Portanto, o mais importante não é saber quem foi o culpado ou os culpados, o mais importante é como as pessoas (próximas: familiares, colegas e amigos) poderão ser acolhidas para que não fiquem fragilizadas, também, e possam, por algum motivo, pensar em praticar o mesmo ato. Daí a importância de essas pessoas serem acolhidas adequadamente, principalmente familiares e amigos.

Suicídio e OMS

Ressignificar

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De acordo com a OMS, nos últimos cinco anos a média de suicídios aumentou em 60%. São cerca de 900 pessoas que cometem o suicídio todos os anos. As tentativas são mais ainda, são cerca de 10 milhões de pessoas. Os números impressionam e podem ser reduzidos se houver políticas públicas que possam esclarecer melhor como as pessoas podem procurar ajuda pelas entidades que se disponibilizam para amenizar o sofrimento psíquico. Na população idosa, ou seja, com mais 60 anos, os índices de suicídio são, também, alarmantes.

Suicídio e estatística

Segundo notícia da BBC, o Brasil é o quarto país da América Latina com o maior crescimento de suicídio entre o período de 2000 a 2012. Os dados são confirmados pela Organização Mundial de Saúde. É um problema mundial que precisa ser enfrentado com políticas públicas.

Ainda tabu

O tema suicídio ainda é tabu em todos locais, seja escola, faculdade (inclusive em cursos de Psicologia), na família, no trabalho, com amigos e colegas, enfim. É um erro. Falar sobre o tema não significa incentivar ninguém a cometer o suicídio, pelo contrário vai despertar na pessoa como ela está vivendo com sua saúde mental. Na conversa com alguém que esteja tendo algum tipo de sofrimento é sempre bom mostrar, seja ele qual for, que tem uma alternativa de solução. Para isso é preciso saber a origem do sofrimento (qual ou quais motivos), as possíveis alternativas, e, caso o problema não tenha solução, como viver da melhor forma, mesmo com esse problema.

Um caso clássico é o de alguém que perdeu, por exemplo, um membro (perna ou braço). Esse fato pode ser ressignificado. A pessoa pode até viver melhor depois do fato. Um exemplo disso é quando ela participa de paraolimpíada e consegue superar, ganhando medalhas. A pessoa, por exemplo, pode também se socializar mais com outras pessoas que estejam enfrentando o mesmo problema, enfim. Passar por um processo psicoterápico ajuda a pessoa a ressignificar o sofrimento.

Louca?

A pessoa não é louca se pensou, um dia, em suicídio. Antes do pensamento, com certeza ela passou ou está passando por um ou mais problemas, seja desarmonia com o cônjuge, seja com o(a) filho(a), seja na escola/faculdade, seja no ambiente do trabalho; pode ser que esteja com dívidas, enfim. O fato de pensar não significa dizer que a pessoa esteja louca ou que isso jamais irá sair da cabeça dela. Mas, para isso é preciso ter maturidade intelectual e que se conscientize em aceitar ajuda, o que é extremamente salutar. A ajuda de um psicólogo, através de psicoterapia, é fundamental. Dependendo da situação de ansiedade ou depressão que ela está passando, o psicólogo pode solicitar ajuda de um psiquiatra para ministrar medicamento, caso seja necessário.

Acerto ao noticiar

Não fazer da “vitima” um herói. Tipo, a pessoa teve ‘muita coragem’ (sic) em cometer o suicídio. Essa afirmativa pode encorajar outra pessoa (que esteja fragilizada) a cometer o ato, caso ela se identifique com o fato noticiado de “coragem”. Lembrando que a pessoa não quer cometer o suicídio e sim acabar com o sofrimento, seja ele qual for.

Acerto ao noticiar II

As estatísticas devem ser interpretadas cuidadosa e corretamente, além de buscar informações com fontes confiáveis e autênticas. Generalizações baseadas em pequenas imagens devem ser evitadas, além de uma atenção particular em expressões como: “epidemia de suicídio”, que pode deixar a entender que é “natural” que esteja ocorrendo a “epidemia”. Não precisa noticiar os detalhes do local onde ocorreu o suicídio pelas mesmas razões: se a pessoa está fragilizada querer fazer o mesmo.

SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Alternativa

Ressignificar um fato negativo para positivo é a única forma de viver bem consigo mesmo; não tem outra alternava. (Arnaldo Santtos)

Acerto ao noticiar III

Depois de noticiar o fato, é fundamental orientar o leitor / telespectador que existem entidades que podem ajudar em caso de sofrimento emocional/psíquico, como o Centro de Valorização da Vida (CVV 188); os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS), Centro de Amor à Vida (CAVIDA); além das Unidades de Saúde, que geralmente tem psicólogo para atendimento.

Muita conversa

Outra forma de ajudar a pessoa que esteja fragilizada emocionalmente é comentar das possíveis consequências que poderão ocorrer: vai deixar filho (quem vai cuidar?); esposo (mostrar os momentos alegres que conviveu), enfim mostrar que o problema que a pessoa expressou pode ter, sim, uma alternativa de solução que não seja o suicídio. Pode também falar sobre possíveis consequências numa tentativa de suicídio, como danos irreversíveis no corpo, como amputação, além de causar vários transtornos para os familiares, amigos, colegas. O mais importante é deixar que a pessoa fale sobre o sofrimento, sem nenhum julgamento ou juízo de valor. É deixar a pessoa livre para dizer o que quiser. Depois é tentar convence-la que seria interessante procurar ajuda de um psicólogo. Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico CRP-15/4.132. Atendimento virtual pelo site: www.vittude.com. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também na CLÍNICA HUMANUS: Rua Íris Alagoense 603, Farol, Maceió-AL. (82) 3025 4445 / (82) 3025 0788 / 9.9351-5851 Email: arnaldosanttos@uol.com.br arnaldosanttos.psicologo@gmail.com.


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EM ALERTA

Alagoas registra um caso de meningite a cada 3 dias Mortes pela doença deixam autoridades preocupadas

Defensoria denunciou falta de medicamentos. Vacina está disponível na rede pública

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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o início de janeiro até o dia 19 de fevereiro, o Hospital Escola Hélvio Auto atendeu um total de 22 casos suspeitos de diversos tipos de meningite, sendo 15 confirmados, o que significa um caso da doença a cada três dias. Até o momento, três pacientes vieram a óbito, sendo duas crianças em janeiro. Já nesse mês, um adulto de 23 anos deu entrada na unidade no dia 5 em estado grave e acabou morrendo dois dias depois. Os casos de morte foram ocasionados pela temida meningite meningocócica, uma infecção bacteriana aguda e fatal, causada pela Neisseria meningitidis. Essa bactéria pode causar inflamação nas membranas que revestem o sistema nervoso central (meningite) e infecção generalizada (meningococcemia). No início da semana, a Defensoria Pública de Alagoas inspecionou o Hospital Hélvio Auto, que é administrado pela Universidade Estadual de Ciência da Saúde em Alagoas (Uncisal). Conforme informações divulgadas à imprensa pela Defensoria, os óbitos registrados por meningite poderiam ter sido ocasionados por falta de medicamento, como é o caso do fármaco Ceftriaxona. O defensor público do Núcleo de Direitos Coletivos e Humanos da Defensoria Pública do Estado, Daniel Alcoforado, solicitou do hospital um relatório dos pacientes atendidos pela instituição para apurar o possível descaso do poder público com o desabastecimento. Em conversa ao EXTRA, o presidente do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal), Fernando Pedrosa, informa que

fica imunizado por toda vida. A vacinação é fundamental, evita mortes e surtos epidêmicos”. O ser humano é o único hospedeiro natural da Neisseria meningitidis, que causa a meningite meningocócica. Cerca de 10% dos adolescentes e adultos são portadores assintomáticos da bactéria na orofaringe (garganta) e podem transmitir a bactéria, mesmo sem adoecer. também aguarda essa documentação, além dos prontuários de cada paciente. “Uma equipe do Cremal se mobilizará na próxima semana para investigar os motivos dos óbitos”. Porém, de acordo com a assessoria de comunicação do Hospital Hélvio Auto, todos os enfermos que sofrem ou sofriam de meningite contaram com a medicação adequada. “Nenhum paciente, admitido pelo Hospital Escola Dr. Hélvio Auto, com suspeita dos diversos tipos de meningite, veio a óbito pela falta de medicamentos na unidade de saúde. O hospital ainda esclare-

DADOS Em 2017, 87 casos de meningite foram registrados em Alagoas. No ano passado, esse número saltou para 114 casos, um aumento de 31%. Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinam).

ce que todos os seus prontuários e documentos estão disponíveis para consulta e análise dos órgãos competentes e reitera que qualquer informação a respeito de números e agravos é emitida e validada pelo Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) do hospital, que por sua vez, encaminha para a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau)”, destaca em nota. Em 2017, 87 casos de meningite foram registrados em Alagoas. No ano passado, esse número saltou para 114 casos, um aumento de 31%. Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinam). A meningite é uma inflamação das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Fernando Maia, médico infectologista do Hélvio Auto, explica que cuidados simples de higiene podem evitar a doença. “Evitar coçar o nariz e os olhos com as mãos sujas. Também é sempre bom evitar aglomerações”, ressalta. Mas, para o profissional, a melhor prevenção é a vacinação: “Não acreditem na onda difamatória que estão fazendo contra as vacinas. Uma vez vacinado, o corpo humano

VACINAÇÃO A vacina preventiva contra a Meningite C está inserida no Calendário Nacional de Vacinação, sendo disponibilizada em todas as unidades de saúde da capital alagoana. A dose é aplicada de forma intramuscular e a Gerência de Imunizações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) recomenda que os pais ou responsáveis levem sempre o cartão de vacinação da criança. A vacina meningocócica é aplicada nas crianças em três doses: uma com três meses, uma com cinco meses e a última com um ano. Caso a mãe/pai/responsável perca o cartão da vacina ou não tenha completado o esquema vacinal (três doses), poderá ainda imunizar a criança até os quatro anos com uma dose e reforço na adolescência (11 a 14 anos). A vacinação pode ser feita ainda na adolescência, na faixa etária de 11 a 14 anos, para aqueles adolescentes que nunca tomaram a vacina, em dose única. Segundo a SMS, “não há disponibilidade de vacinas contra a Meningite C para adultos na rede pública, apenas na rede privada”.


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Salvem o Pinheiro: chega de lambanças!

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a edição anterior do EXTRA, nosso laureado colega-articulista Cláudio Vieira, morador do aprazível bairro do Pinheiro, agora sob ameaça, nos brinda com sua reconhecida acuidade intelectual com um texto conciso, articulado, veemente e emotivo sobre a ingente questão da ameaça de afundamento do bairro, cujo titulo diz tudo: Saiam e virem-se! Duro, cobra dos entes envolvidos com o problema o que nunca tiveram com o cidadão: respeito e responsabilidade com a coisa pública. Na semana anterior, em entrevista ao jornalista Wendel Palhares no programa Ponto de Vista na TV Assembleia, o prof. Dr. José Geraldo Marques certamente uma das pessoas mais abalizadas neste Estado de pouquíssima competência para o assunto, versa sobre a questão do Pinheiro e da história – pontuada de irregularidades – da implantação do

Salgema em Alagoas. Também morador do bairro, nos traz informações preciosas sobre a ameaça de subsidência da região como vocês podem observar nesta edição do EXTRA. E discute três hipóteses recorrentemente tidas como prováveis causas para o problema atual: 1) ser o bairro uma área tectônica ativa (que ele descarta como raiz da questão); 2) Que são os poços perfurados por particulares ou vazamentos da sempre loteada politicamente Casal os responsáveis (que ele também descarta); e, finalmente, a tese que entende ser a mais provável: 3) A ação exploratória das minas de sal-gema pela empresa Braskem na região e seu entorno. O que nos parece, como leigos no assunto, opinião mais que razoável. Até citada semanas antes pelo presidente Bolsonaro (que certamente tem razões fundadas para tal em informes dos seus órgãos de segurança e geológicos

Perguntas sem respostas no Pinheiro

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odo aquele que pretende uma pesquisa científica há de focar nas expressões quis (quem), quid (o que), ubi (onde), quibus auxiliis (por que meios), cur (por que?), quomodo (como), quando (quando). As expressões são obras do pensamento de Cícero (106 aC-43 aC), orador, advogado, filósofo e senador romano, e foram cunhadas com vistas à pesquisa do fato jurídico, mas perfeitamente aplicáveis a todos os fatos humanos. Apesar da importância de Cícero no pensamento sócio-político-jurídico, não dizer sobre o pensador o meu objetivo aqui neste espaço. Movem-me os fatos ora vividos pelos moradores do Pinheiro, as indagações e dúvidas que imagino povoam a mente de milhares de cidadãos idosos, adultos, jovens, crianças, homens e mulheres que habitam o bairro,

outrora tão calmo e aprazível, hoje, graças a ocorrências inexplicáveis e à inércia e omissão das autoridades, fonte de pesadelo para todos. Final da semana passada, a Defesa Civil (não sei se do Estado ou do Município talvez de ambos) inventou treinamento de evacuação do bairro que, segundo a grande maioria das pessoas, não teve significado maior à salvatagem das pessoas. Melhor resultado obterse-ia, penso eu, se a comunicação do poder público editasse folheto ou panfleto com as instruções aos moradores, enquanto que os servidores a serem envolvidos em caso de necessidade de socorro treinassem o que fazer em favor do povo. Infelizmente o que se viu no sábado foi mero espetáculo político que demandou bom volume de recursos públicos sem respostas satisfatórias ao desassossego da população.

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ELIAS

FRAGOSO n Economista

sobre o assunto). O que não se compreende é o verdadeiro batecabeça das autoridades estaduais e municipais nos seus três níveis sobre a temática. O esconde-esconde de informações que já deveriam ser de domínio público há tempos (qualquer técnico sabe que relatórios preliminares são perfeitamente possíveis de ser emitidos antes de qualquer laudo final). Nem a troca de farpas na imprensa entre entes estatais disputando quem é o “dono” da gestão do problema, quando se sabe

CLÁUDIO

VIEIRA n Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

E onde estavam os representantes do povo? Certamente passando sebo nas canelas para escafederem-se dos questionamentos dos eleitores. Senhores políticos, cientistas e técnicos, o que os moradores do Pinheiro esperamos são respostas às indagações cicerianas: (a) QUEM OU O QUE vem causando o afundamento do bairro? Por favor, não culpem a natureza. Por aqui sempre choveu, sem problemas para os habitantes, a não ser os alaga-

serem todos incompetentes para lidar com a questão. Um litígio de lesa-cidadão e um desserviço com a comunidade ameaçada. Gente, pessoas, história humanas por detrás de uma quase tragédia não escrita por eles. Desserviço também prestado pela empresa Braskem, afinal a única detentora de conhecimentos técnicos sobre o assunto, que tergiversa e se esconde atrás de notas edulcoradas que nada esclarecem desta insidiosa situação. No momento, não se está acusando a empresa de responsabilidade. Mas ela tem a obrigação comunitária e cidadã com este Estado e com Maceió, principalmente. Precisa parar de se omitir e oferecer objetiva ajuda técnica (que o Estado não está apto a dar) para que a sociedade alagoana e nossos deficientes órgãos possam tomar decisões mais assertivas que as atuais. Os políticos aquinhoados com doações eleitorais da referida empresa não podem mais se omitir, se esconder por detrás de discursos vazios que nem mais a velhinha de Taubaté acredita. É hora de cobranças e não de salamaleques com seus financiadores. Salvem o Pinheiro! Chega de lambanças!

mentos que devem ser creditados à inércia das autoridades em dotar o logradouro de saneamento eficaz; (b) o ONDE ocorrem os fatos nós já sabemos e dispensamos respostas elaboradas, como soe acontecer nos discursos políticos; (c) POR QUE MEIOS, ou seja, o que fizeram no subsolo do bairro que está causando essa instabilidade? Foi a prospecção industrial? Ou o desleixo do órgão estadual de águas, que não renova os condutos e se preocupa apenas em faturar? (d) POR QUE as autoridades não enfrentam o problema de frente e esclarecem de vez o que realmente está ocorrendo, quem é o causador dos riscos às pessoas e ao patrimônio privado? Essa pergunta é talvez a de maior importância, porque estabelece responsabilidades. Calarem-se é induzir-nos a suspeitar de acumpliciamento de quem deveria defender o povo. (e) COMO E DE QUE MODO o Município e o Estado, por todos os seus poderes, pretendem garantir a nossa sanidade e a integridade do nosso patrimônio. Fora isso, é pura manipulação política!

O esconde-esconde de informações que já deveriam ser de domínio público há tempos (qualquer técnico sabe que relatórios preliminares são perfeitamente possíveis de ser emitidos antes de qualquer laudo final).

Infelizmente o que se viu no sábado foi mero espetáculo político que demandou bom volume de recursos públicos sem respostas satisfatórias ao desassossego da população. E onde estavam os representantes do povo?


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O simulado que não deu certo

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or mais que as autoridades tenham a boa intenção quanto aos problemas verificados no bairro do Pinheiro, não consegui enxergar até agora o que pode ser tirado de proveito, caso, que Deus nos livre, ocorra uma tragédia na região, como está sendo visto por muita gente, moradores e eles próprios. Há um ano começaram as rachaduras em casas e prédios, com ruas danificadas por enormes crateras, e, hoje, ainda não se sabe o que realmente está acontecendo, e é isso o que mais assusta a população. Sem falar nas notícias falsas que estão circulando por aí nas redes sociais. Por mais que o tenente-coronel Moisés, um oficial sério, dedicado e respeitado na corporação, diga que tudo está sendo feito para o mais rápido possível descobrir as causas, já se passaram meses e pouca coisa sobrou de concreto. O que todos sabem é que o problema existe e é muito sério.

Diria, seríssimo. A população foi convocada para o simulado do último final de semana e somente um pequeno número compareceu aos pontos indicados, saindo de suas residências sem saber o que fazer, por mais que as autoridades tenham anunciado, antes, as medidas e os pontos de apoio. Costumo dizer que os moradores do Pinheiro esperaram tanto tempo por uma solução, que não acreditam mais em nada. Quando encontro um morador do bairro e falo sobre a situação, a resposta é sempre a mesma: “De discurso já ando cheio”. Foi fato na segunda-feira seguinte ao simulado, as pessoas dizendo nos microfones de rádio e televisão que não acreditam mais em nada, e, até o simulado foi fora de propósito e que não resolveria nada. Nesses mesmos microfones ouvi de um geólogo que veio do Serviço de Geologia do Brasil afirmando que o caso do Pinheiro, em outras palavras, é muito

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MORAES n Jornalista

mais sério do que se imagina. Paralelamente, alguns moradores resolveram não participar do simulado, mas foram às ruas para protestar pela falta de informação mais concreta sobre os episódios registrados e, ainda, cobrando responsabilidades do governo do Estado, Prefeitura de Maceió, Braskem, Casal e outros órgãos públicos, que, até agora, não chegaram a nenhuma conclusão, mesmo que os prazos dados ainda estejam sendo cumpridos

ALARI ROMARIZ

Era uma vez... ra uma vez um menino loiro, de família numerosa, nascido no Nordeste. Adolescente, resolveu partir para a cidade grande e tentar uma vida melhor. Deixou a casa dos pais, ingressou na faculdade e na vida pública. Logo começou a aparecer na política estudantil. Casou, teve filhos e foi esquecendo os familiares. Nas capitais a vida é diferente e, logo, logo, a pequena cidade natal também foi sendo esquecida. Os valores do interior vão parecendo ridículos e novos amigos e a nova família vão ganhando espaços. Visitar os pais, só nas grandes festas do ano e, assim mesmo, acompanhado de bajuladores, “laranjas” e cabos eleitorais. Com tantas atitudes erradas, criou os filhos longe da família inicial, tornando-os estranhos aos parentes mais velhos. Alguns deles, na verdade, nem sabiam os nomes dos tios e primos. Pela primeira vez, a mãe reclamou: “Filho, apareça mais; sentimos sua falta”. No entanto, as maravilhas da cidade grande, a nova família conquistada, faziam dele o “herói do segundo livro”, como dizia minha avó. Foi crescendo, crescendo, envolveu irmãos e sobrinhos no seu pla-

JORGE

no político. As artimanhas da nova vida endureceram seu coração e fizeram crescer seu patrimônio. Chegou quase ao topo da carreira. Mas a vida não perdoa e algumas pauladas foram dadas no valente homem do interior. Foi aprendendo que nem tudo são flores e amigos verdadeiros são poucos; os de festa são muitos e perigosos. A família foi crescendo, problemas aparecendo, doenças, intrigas e inimigos. O moço amadureceu na marra e viu que poder e dinheiro são duas armas perigosas, responsáveis por muitos desastres. Envolveu-se com pessoas duvidosas. E a mãe sempre dizendo: “Sinto sua falta; apareça mais”. De nada adiantava o sofrimento da coitada. Ria e respondia: “Mãe, já saí de casa há muito tempo; tenho outra vida”. Chorosa e triste a pobre mãe respondia: “Mas não deixou de ser meu filho”. Eu o via de vez em quando: calmo, gentil, educado, vaidoso, arrodeado de assessores. Morria de pena só em pensar que tudo aquilo era passageiro. Mas a vaidade cegava o pobre coitado. Escândalos na mídia, processos estourando, não o faziam enxergar que tudo na vida passa e um belo dia só a família e os poucos amigos

TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

verdadeiros ficam. O Homem lá de cima puxou a primeira cordinha, dando o aviso: “Olhe pra seus filhos; só a mãe cuida deles”. Não ouviu e continuou querendo crescer mais e mais. O tempo mudou! Novos políticos apareceram, os recursos foram encurtando e sendo mais fiscalizados. Quase tem uma segunda derrota! Logo, em seguida, veio outra paulada e ficou sem chão nos pés. Gritou, esperneou, esbravejou, mas foi derrotado. E a velha mãe não deixou de acompanhar o sofrimento do filho. Triste, a senhora rezava e pedia a Deus que lhe devolvesse seu menino. Pensava, caladinha, nas amarguras

para as devidas e conclusivas respostas. Mas, para quem está dentro do problema, esses prazos representam uma eternidade. Vou louvar, novamente, o empenho e a coordenação do tenente-coronel Moisés, com todos os órgãos envolvidos, mas se tem uma coisa que eu não acredito é nesses simulados. E sabe por quê? Vamos lá: caso, mais uma vez, que Deus nos livre dessa hora, ocorra algum trágico acidente na área, por onde essas pessoas vão correr, se algumas ruas estão, hoje, com rachaduras e verdadeiras crateras? Se ocorrer alguma coisa mais séria, onde estarão as ambulâncias, as pessoas do trânsito e os abrigos para recebê-las? E o pior é que, nessas horas, o aviso pode chegar tarde e, por isso, a preocupação. Enquanto medidas mais rápidas não surjam, respostas convincentes não sejam dadas, os cadastros concluídos e os recursos para ajuda liberados, vamos convivendo com o drama de tantos moradores que, diariamente, não dormem, amanhecem assustados e rezam, rezam muito.

porque passava sua criança de olhos claros: “Deus, meu Deus, cuide dele por mim”. Os filhos que saem de casa, constituem novas famílias, vão esquecendo os velhos pais, de, apenas visitá-los. Certa feita uma amiga me disse que a filha estava preocupada porque a sogra, com câncer, vinha passar uns dias com ela. “O que faço?” perguntou à mãe. Sabiamente, a velha senhora respondeu: “Dê seu quarto para ela e trate-a muito bem”. Assim foi feito e o marido ficou agradecido. De tal maneira devem ser as relações entre filhos e pais. Pouco se fala no moço sabido. Sumiu da imprensa. Pouco vai ao local de trabalho. Os companheiros que o traíram continuam levando a mesma vida. Sua sorte é que ainda tem parentes exercendo mandato, que seguram sua barra. Coloco-me no lugar das mães que veem seus filhos casarem e saírem de perto delas. Na maioria dos casos, se forem homens, vão se afastando e pouco ligam para os velhos que ficaram pensando neles. O menino loirinho está numa fase ruim, com toda a opinião pública contrária, mas sabe que no interior do estado, sua mãe reza por ele. Deus puxa a cordinha, avisa aos terrestres onde reside o perigo, mas eles não entendem. Ele existe. Não duvidem.

Moradores resolveram não participar do simulado, mas foram às ruas para protestar pela falta de informação mais concreta sobre os episódios registrados e, ainda, cobrando responsabilidades do governo do Estado, Prefeitura de Maceió, Braskem, Casal e outros órgãos públicos

O tempo mudou! Novos políticos apareceram, os recursos foram encurtando e sendo mais fiscalizados. Quase tem uma segunda derrota! Logo, em seguida, veio outra paulada e ficou sem chão nos pés. Gritou, esperneou, esbravejou, mas foi derrotado.


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Mais vida em nossos anos

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uando Severn Cullis Suzuki pronunciou um discurso na Eco-92, com apenas 12 anos, representando um grupo de quatro crianças de sua faixa de idade, tentando fazer a diferença, disse que elas levantaram todo o dinheiro para vir do Canadá ao Brasil. “Atravessamos oito mil quilômetros para dizer a vocês adultos que vocês devem mudar seu modo de agir. Eu não preciso disfarçar o motivo. Estou lutando pelo meu futuro. Perder meu futuro não é como perder uma eleição ou alguns pontos na bolsa de valores. Estou aqui para falar por todas as gerações vindouras”. Esse alerta dirigido aos delegados das maiores nações do mundo focava exatamente nas agressões que a natureza vinha sofrendo, dei-

xando aquelas crianças sem perspectivas de futuro. Foi um discurso de seis minutos, onde uma jovenzinha abalou o mundo. Vinte anos depois, em 2012, volta essa mesma criança, transmudada em uma mulher de 32 anos, para proferir quase que o mesmo discurso, pois “houve ecossistemas que continuaram a declinar em terrível velocidade de acordo com biólogos. O crescimento econômico, o sucesso da nossa atual economia continuam a principal meta para políticos e instituições em busca de poder”. E é dessa forma que continuam e vão continuar presenteando-nos com catástrofes como a das barragens de Mariana e Brumadinho. E com a nossa anunciada tupiniquim destruição do bairro do Pinheiro, os motivos, pelo

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JOSÉ MAURÍCIO

BRÊDA n Economista

que se indica, seriam os mesmos? Exploração de minas? Diante do exposto, fico a pensar na atitude de uma pequena comunidade italiana, onde sua população optou por não aceitar nenhum tipo de implantação industrial ou grandes corporações que venham tirar a tranquilidade bucólica local. Mesmo sendo uma região de grandes belezas na-

turais, nem as instalações de hotéis são aceitas. A própria população aluga cômodos em suas casas. Há algum tempo, a esposa daquele que corresponderia a um prefeito era brasileira. E ela comentando o sossego em que vivia, usou uma expressão interessante: “Aqui nós caminhamos caminhando, comemos comendo, e tantas outras coisas que comumente são feitas sem dar atenção àquilo que se faz. Quantas vezes andamos e pouco depois não sabemos por onde passamos, deixando de admirar paisagens como a de nossa inigualável orla. Comemos sem ter saboreado a comida e até, algum tempo após, esquecendo o que comemos”. George Carlin (19372008), comediante norte-americano, dizia que “aprendemos a sobreviver mas não a viver. Adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos”.

E é dessa forma que continuam e vão continuar presenteandonos com catástrofes como a das barragens de Mariana e Brumadinho. E com a nossa anunciada tupiniquim destruição do bairro do Pinheiro, os motivos, pelo que se indica, seriam os mesmos? Exploração de minas?


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Seguro

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odos os anos é comum ver notícias de chuvas que deixam um rastro de destruição pela capital, mas será que para quem tem seguro do automóvel ou imóvel, esse tipo de prejuízo tem cobertura garantida? Segundo especialistas, tudo depende do contrato. Por isso, é preciso prestar atenção aos detalhes das cláusulas. Para os carros, a cobertura mais básica normalmente inclui apenas danos relativos a incêndio e roubo. É possível incluir outros tipos de eventos a serem cobertos pela seguradora, como enchentes e batidas. O recomendável é dar uma revisada no contrato assinado.

Renda Fixa Uma das maiores corretoras de investimentos do Brasil realizou uma mudança radical em sua plataforma, não agradando alguns usuários que já pensam em trocar de empresa. Enquanto plataformas online vêm reduzindo o valor de entrada em seus produtos financeiros, o grupo XP aumentou para R$ 30 mil o valor mínimo para investir em renda fixa. Em outros serviços, é possível encontrar títulos deste tipo com aplicação a partir de R$ 1. São eles: BTG Pactual, Easynvest, Genial, Inter, Mirae Asset, Modalmais, Necton, Órama, Sofisa Direto, entre outros milhares. Porém, antes de investir, é necessário pesquisar a credibilidade da corretora.

Wall Street e B3 Ainda falando em investimentos, é comum falar no mercado que a bolsa brasileira só abre de verdade quando Wall Street inicia os negócios. Isso acontece porque, os investidores estrangeiros no Brasil, hoje, respondem a quase metade do volume negociado. Levando isso em conta, a partir desta semana o horário irá mudar. Se até o início de fevereiro o mercado brasileiro tinha uma liquidez mais fraca por duas horas e meia, com Wall Street abrindo às 12h30 agora este tempo cai para uma hora e meia, com a bolsa norte-americana iniciando os negócios às 11h30 e fechando às 18h.

Golpe do IR

ECONOMIA EM PAUTA n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

A Receita está alertando aos brasileiros para uma mensagem falsa de e-mail que está circulando em nome da instituição. A mensagem informa que o destinatário está em malha fiscal e indica um link que supostamente levaria a um relatório do Imposto de Renda 2018. A Receita destaca que não envia e-mails para informar se o contribuinte está ou não em malha fiscal e nem autoriza outras instituições a enviarem e-mails em seu nome. Para saber se a declaração está na malha, o contribuinte deve acessar o Extrato de Processamento da DIRPF via e-CAC, no site da Receita Federal, o www.rfb.gov.br.


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Anjos assassinados

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uem nasceu em Craíbas, quem vive em Craíbas, ou mesmo quem passou por Craíbas não conhece a história do assassinato dos 14 anjinhos. Nem os fins que levaram as assassinas, Antônia e Rosa. A origem deste próspero município alagoano, que é visto como “a menina dos olhos” da Vale, em Alagoas (por sua riqueza mineral) remonta a 1865, quando advindo de Flores, Pernambuco, aqui chegou a família de Manoel Nunes da Silva Santos. Daí, o primeiro nome do lugar: Carahybas dos Nunes, ou mesmo como ainda é chamada hoje, Craíbas dos Nunes. A história, que está sendo escrita pelo autor deste artigo, remonta a 1902, quando apareceu morto o primeiro anjo de nome Cecília, com dois anos de idade; depois vieram Manoel, Maria, Thomazia Maria, Maria Angélica, Antônia, Josepha, Joana Maria, Rozendo, Izabel, José Joana, Joana, Antônia, Pedro. Todos os anjos tinham entre três meses a doze anos de idade, filhas e filhos que eram de Clara da Conceição e Felipe José dos Santos, Maria Antônia e Antônio Raymundo, Maria Thereza da Conceição e Manoel Nunes, Maria Francisca e João Nunes da Silva. Essas mortes foram de mortes morridas, a pedido de Clara Maria da Conceição ao “bom Deus”, como acreditava piamente depois de promessa feita, ou morte matada? Nesta história, participa o pároco de Limoeiro de Anadia, que abrangia a capela de Nossa Senhora da Conceição, no Brejo dos Sulinos (hoje conhecido como Brejo dos Teófilos), padre Pedro Vital da Silva. Ele ouviu a confissão de Clara Maria da Conceição, mãe de alguns dos anjos. Ou o arapiraquense José Gomes Correia, que, em notícia enviada ao jornal semanário A TRIBUNA, edição de 19 de março de 1902, acredita ser uma moléstia grave, uma epidemia que se abateu sobre Craíbas e seus anjinhos. E pede providências das autoridades. Enquanto isto, o cabo Laudelino Barboza, de Traipu, também toma as providências pois acredita que os anjos morreram de mortes matadas: prende os pretensos envolvidos e encaminha o que apurou ao juiz substituto de Limoeiro, Antônio Barboza da Silva. Estarrecido pelas notícias de A

MANOEL FERREIRA LIRA Jornalista

TRIBUNA, GUTENBERG, ALMANAK ALAGOANO e O EVOLUCIONISTA , o governador Euclydes Vieira Malta encarregou o secretário do interior do estado, que não por acaso era seu irmão, Joaquim Paulo Vieira Malta, para desvendar o mistério: mortes morridas ou mortes matadas? Depois de lerem o processo enviado pela justiça de Limoeiro de Anadia, ouvirem as meninas-moças de nome Antônia e Rosa, que foram recolhidas à Casa de Detenção, os irmãos governador e secretário resolveram nomear uma comissão de mé-

dicos notáveis de Alagoas para estudar, à luz da ciência, o assassinato dos anjos de Craíbas. Os medicos nomeados foram: Manoel Sampaio Marques, alagoano, médico, formado em 1891 pela Faculdade de Medicina, Phamacia e Odontologia da Bahia. Foi um dos fundadores da Sociedade de Medicina de Alagoas, Intendente Municipal e professor do Lyceu Alagoano e diretor da Caixa Comercial; Antonio Francisco de Gouveia, alagoano, médico formado em 1887 pela Faculdade de Medicina, Pharmacia e Odontologia da Bahia, diretor geral de Instrução Pública, médico de saúde do Porto e presidente da Previdência Alagoana; Francisco Augusto da Silveira, alagoano, farmacêutico, formado em 1887 pela Faculdade de Medicina, Pharmacia e Odontologia da Bahia; Luiz Barreto Correia de Menezes, pernambucano, médico; Sylvio Moeda, alagoano, médico; Alfredo de Araujo Rego, alagoano, médico sanitarista, diretor da Instrução Pública e diretor da Higienização e Saneamento de Maceió. No parecer, disseram os medicos: “Nós, abaixo assignados, médicos residentes nesta cidade, commissionados pelo Exmo. Snr.

“Secretario do Interior, Dr. Joaquim Paulo Vieira Malta, para dar parecer sobre o estado pshychico de Antonia Maria da Conceição e Rosa Maria da Conceição (irmãs) a primeira de 15 e a segunda de 14 annos de idade, filhas legítimas de Felippe José dos Santos, e D. Clara Maria da Conceição (primos), residentes no sítio denominado Carahybas, situado nos limites do municipio de Limoeiro de Anadia com o de Traipú, accusadas do estrangulamento de 14 creanças (irmãs e primos) ocorrido nos primeiros mezes do corrente anno, temos a honra de apresental-o, cabendo-nos o dever de declarar que este parecer foi baseado no estudo e na observação escrupulosa de mais de sessenta dias a que submettemos as duas accusadas, procurando ao mesmo tempo conhecer com minuciosidade todos os factos de sua vida passada, de seus costumes, de sua educação e de sua instrução; que investigamos com calma o isenção de animo tudo quanto podesse esclarecer-nos e guiar-nos na descoberta da verdadeira causa que levou essas duas infelizes mocinhas á pratica de actos de verdadeira selvageria, que alarmaram a sociedade e as fizeram derramar, no seio da propria familia, o lucto, a dôr e a desolação, tornando-as para sempre desgraçadas.” E finalizam: “Devemos confessar que este nosso humilde trabalho ressente-se de grandes lacunas, pelo facto de não sermos especialistas em medicina legal; entretanto contem elle o resultado de uma observação conscienciosa e o de um estudo attento de tudo quanto podemos obter sobre tão delicado assumpto, mostrando que deve ser absolvida na irresponsabilidade de seus actos, com diz o Conselheiro Rodrigues da Silva, a infeliz a quem Deus fechara os olhos á luz da razão. - Maceió, 24 de setembro de 1902. Dr. Antonio Francisco de Gouvêa, Dr. Alfredo de Araujo Rego; Dr. Manoel Sampaio Marques; Dr. Luiz Barreto Correia de Menezes; Dr. Francisco Augusto da Silveira; Dr. Sylvio Moeda.” Ao governador Euclydes Malta não restou, baseado no parecer medico, dizer: “Insanidade gera irresponsabilidade. Irresponsabilidade não era crime. E não sendo crime, as meninas deveriam ser soltas. E dava-se como resolvido a questão”. Euclydes Malta, então, mandou soltar as meninas-moças, devolvê-las ao seu pai Felipe. Depois, comunica o fato em mensagem ao Congresso Alagoana (hoje Assembléia Legislativa): “Deploro não possuirmos uma casa ou estabelecimento, onde podessem ser convenientemente observados e tratados indivíduos em tais condições, e mesmo educados no caso no caso de lhes voltar a integridade da razão. Estivessem em melhor pé as nossas finanças e eu não teria dúvida em vos pedir meios, para que se fundasse mais esta pia instituição”. Esta história está sendo escrita.

. Todos os anjos tinham entre três meses a doze anos de idade, filhas e filhos que eram de Clara da Conceição e Felipe José dos Santos, Maria Antônia e Antônio Raymundo, Maria Thereza da Conceição e Manoel Nunes, Maria Francisca e João Nunes da Silva.


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Prefeitura de Paripueira lança programação

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o que depender de organização e alegria, a população de Paripueira pode se preparar para um grande carnaval este ano. A programação da folia para um dos melhores eventos do estado já foi divulgada e agora o folião só tem que aguardar. Com investimentos próprios e acreditando no potencial turístico da cidade,

2019 o prefeito Haroldo Nascimento programou quatro dias de shows, além de seis dias de desfile de blocos na região. Entre as atrações principais estão Trio da Huanna e Kuarto de Empregada. Além de proporcionar momentos de lazer para o povo de Paripueira, o prefeito lembra que o carnaval

Folia será marcada por boa estrutura e organização

do município é uma tradição, um movimento de incentivo à cultura. “É uma tradição em nossa cidade e não poderíamos deixar de celebrar os festejos de momo, que tanto alegram nossa população e ainda ajudam a movimentar nossa economia com a vinda de turistas alagoanos, do Brasil e do mundo”, enfatiza. Até a economia da cidade sai

ganhando com a vinda de turistas de todo o estado. “Mais um ano em que trazemos excelentes atrações, para realizar um ótimo carnaval, para a população de Paripueira e para os turistas que sempre passam as festas em nossa cidade” reforça Cristhiano Santana, secretário de Turismo. Todos os shows acontecerão na orla da cidade, das 21h até às 2h.


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TEMÓTEO

CORREIA

NO PAÍS DAS ALAGOAS

n Ex-deputado estadual

Presente para sessentão

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ecidi realizar uma confraternização no nosso sítio, localizado no distrito de Ipioca-AL, em comemoração aos meus 60 anos. Convidei vários amigos. Estava assistindo os convidados, quando, de chofre, sou abordado por Val-2000, político folclórico da cidade de Maribondo-AL, que já havia sido candidato a vereador, por seis vezes, sem jamais alcançar a casa dos 30 votos e estava em campanha novamente. Val chamou-me a atenção, apontando: - Temóteo, olha quem vem ali, três malas sem alça. Quando olhei, pude vislumbrar: Zica Pedrosa, Adriano, presidente do IMA-AL, e Elias Vilela. Deu-me uma

vontade enorme de gargalhar diante de tamanha ousadia, mas contive-me e disse apenas:

- Tá vendo, Elias, dê dinheiro, mas não dê liberdade. Elias retrucou: - Dinheiro, não! Dinheiro,

não! Era um momento de reencontro entre Elias e eu. Estava feliz pela sua presença e máxime pelo fato de que ele trazia em suas mãos uma elegante bolsa, parecendo ser de alguma grife famosa. Ainda pensei: seria algum notebook de última geração? Bem, no mínimo, um presente de grande valor. Ele, porém, não me entregou e sentou-se à mesa, onde estavam o vice-governador Thomaz Nonô, sua esposa e filha. Quando chegou mais gente, bem ao estilo do ‘’homem da cobra’’ das feiras livres, vendedores de cachetes, abriu a bolsa e declarou: - Galego, eu gosto muito de você, e nessa nova fase, após os 60 anos, nada melhor do que

esse sacolão de amendoim. Eu, comigo: filho de uma mãe, parcimonioso contumaz, Tio Patinhas. Você ainda me paga! Mesmo assim, agradeci: Obrigado, Elias, pela presença e pelo presente. E ele o valorizou, dizendo: Isso é um produto orgânico, e até já me resolveu alguns probleminhas. É tiro e queda. O amendoim foi um sucesso. No dia seguinte, recebi uma ligação do senador Renan Calheiros, parabenizando-me pela festa. - Galego, a festa foi maravilhosa. Agora, sinceramente, aquele amendoim, estava ótimo!


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Reflexo da realidade

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ra notícia esperada, contudo não deixa de causar tristeza. Há cerca de um ano havia fortes rumores de que, depois de anunciar o encerramento da produção do Focus na Argentina, a Ford tomaria a decisão de fechar a fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Esta unidade fabril foi construída pela Willys -Overland, fundada em agosto de 1952. A produção se iniciou dois anos depois com o utilitário Jeep CJ-5, seguido pela perua Rural (precursora do que seria, hoje, um SUV), uma picape, além do sedã Aero-Willys (1960) e sua versão de luxo Itamaraty. A empresa também fabricou sob licença da Renault os compactos Dauphine e Gordini e, ainda, o Alpine A108, pequeno carro esporte rebatizado aqui de Interlagos, com mecânica Renault, nas versões berlineta, cupê e conversível. A Willys apostou muito no Projeto M, tendo por base o médio-compacto Renault 12. Porém, dificuldades financeiras levaram à venda para a Ford de toda a operação brasileira, em 1967, incluindo as instalações às margens da Rodovia Anchieta. O Projeto M se transformou no Corcel, em 1968, cuja carroceria era completamente diferente do modelo francês, só lançado um ano depois na Europa, e também produzido na Argentina pela IKA. No ano em que a Ford completa o centenário de sua fundação no Brasil, encerrar as atividades em uma unidade com tanta história é especialmente doloroso para os cerca de 2.800 empregados entre horistas e mensalistas. Toda a linha de montagem dos caminhões médios e pesados Cargo, dos caminhões leves F-350/F-4000 e do Fiesta hatch será interrompida de imediato. A marca não produzia caminhões na matriz há mais de uma década e o lançamento do Ka enfraqueceu muito o Fiesta com qual compartilha arquitetura. A empresa reservou US$ 460 milhões (R$ 1,7 bilhão) para indenizar funcionários, concessionárias e fornecedores. Prejuízos financeiros na região da América do Sul foram de quase US$ 700 milhões (R$ 2,6 bilhões) em 2018. Estima-se

FERNANDO CALMON n fernando@calmon.jor.br

que cerca de 60% originaram-se nas operações brasileiras, que incluem fábricas de veículos e motores em Camaçari (BA), motores e câmbios em Taubaté (SP) e campo de provas em Tatuí (SP). Atividades nessas cidades continuarão. Há quem lembre a Ford contabilizar 24 trimestres consecutivos de lucro de 2007 a 2012. Apenas isso não garante a uma empresa manterse saudável e gerar caixa suficiente para investir, em especial se o mercado local minguar quase 50%, como aconteceu aqui. Opção pode ser encolher ou, em caso extremo, sair de um país. É bastante provável que a GM tenha chegado a um acordo em São José dos Campos (SP) porque estava próximo o anúncio sobre o encerramento das atividades de outro fabricante no mesmo estado. Tais informações vazam nos bastidores e a preservação dos empregos falou mais alto aos sindicalistas. Precisa ficar claro: produzir veículos no Brasil com a carga fiscal insana sobre os produtos, baixa produtividade, alta burocracia e deficiências graves em infraestrutura, só para citar alguns entraves, é um fato, apesar de oportunidades poderem surgir no futuro. Diminuir investimentos ou fechar uma fábrica são alternativas dolentes, incontornáveis. Não se trata de vã ameaça, porém reflexo do mundo real.

ALTA RODA n VOLKSWAGEN confirmou preços do T-Cross, seu primeiro SUV nacional: R$ 84.990 (motor 1-L turboflex) a R$ 109.990 (1,4-L, idem). Versões superequipadas passarão de R$ 125.000. Série zero começou a ser produzida em São José dos Pinhais (PR), mês passado. Nas vitrines em março (motor mais potente, de início); primeiras entregas em abril, como previsto pela coluna. n VERSÃO HÍBRIDA flex do novo Corolla, primeira desse tipo no mundo, chega às concessionárias em outubro próximo. Unidades convencionais da quinta geração do modelo, no início daquele mês. Toyota ainda não confirma, mas SUV a partir do Yaris é dado como certo para 2021. Ela tem R$ 1 bilhão a receber do governo paulista em ICMS atrasado. n DOS TRÊS modelos Nissan, em sua ofensiva elétrica, mais interessante para o Brasil é o do Note e-Power. Tração totalmente elétrica, mas fica longe de tomadas: gerador a combustão carrega uma bateria de porte pequeno. Autonomia até 1.200 km. Avaliado no autódromo de Interlagos mostrou-se silencioso e ágil. O conjunto estará no Kicks, em 2020.

n CAOA CHERY ampliou gama de SUVs: Tiggo 7, cinco-lugares e 4,50 m de comprimento. Pontos fortes, estilo e equipamentos de série. Motor 1,5-L turboflex, 150 cv/21,4 kgfm e câmbio automatizado de dupla embreagem, os mesmos do sedã Arrizo 5, reclamam um pouco do peso extra de um SUV. Preços competitivos, mas não de arrasar: R$ 106.990 e R$ 116.990. n SUV médio-grande, T80 completa a linha JAC na faixa de R$ 139.990 a R$ 145.990. Espaço é ótimo para cinco adultos e duas crianças na última fileira. Motor turbo 2-litros, 210 cv/30,6 kgfm e caixa automatizada de duas embreagens dão conta do recado, embora não passe sensação de mais de 200 cv. Tela multimídia tem 10 pol. Há câmeras de ré e com visão de 360 graus.


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Delegada de Polícia, Raquel Kobashi

CARNAVAL COM SEGURANÇA

A partir deste ano, assédio sexual é crime Delegada dá dicas de como evitar situações constrangedoras SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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empo de diversão e de cair na folia, cada um do seu jeito, cada um com sua brincadeira. Carnaval é isso, sinônimo de alegria e curtição para quem gosta do período da maior festa de rua do Brasil. Mas junto com a euforia, vem o excesso, e não é por se tratar de Carnaval que está tudo liberado, principalmente quando se trata de assédio. Mulheres relatam todos os anos episódios constrangedores nas festas de rua. Por isso, a delegada de Polícia e presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, Raquel Kobashi Gallinati, alerta sobre como evitar este tipo

de situação constrangedora. “Em um mundo ideal, campanhas anti-assédio não seriam nem necessárias, mas hoje em dia são imprescindíveis para evitar os crimes de importunação sexual”, afirmou. As cenas que se repetem ano após ano, de mãos indesejadas e beijos roubados durante a curtição dos foliões pode estar com os dias contados. Este ano, pela primeira vez, o assédio sexual contra foliãs e foliões será tratado como crime. Em setembro de 2018, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, então no exercício da Presidência da República (ele substituía Michel Temer, que viajara ao exterior), sancionou a lei que define como crime de importunação sexual praticar ato libidinoso contra alguém sem consentimen-

to para satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro, a Lei nº 13.718. De acordo com Kobashi, antes da nova lei, os atos eram ora definidos como contravenções penais, ora como estupro, hoje, após sanção da lei, este tipo de ação é enquadrada como importunação sexual. “Toque repentino no corpo, beijo roubado, toque nos seios, abraço forçado por trás hoje são tipificados como importunação sexual, antes a definição era variada”. A punição prevista é de 1 a 5 anos de prisão, mais dura do que para homicídio culposo (quando não há intenção de matar), cuja pena é de 1 a 3 anos. Antes disto, a única punição era a assinatura de um termo circunstanciado, (com o resumo dos fatos) e o pagamento de multa. A estudante de Engenharia, Melina Canário, 24, conta que já foi coagida durante um aperto no carnaval. “Eu estava passando com minhas amigas entre um bloco e outro, um homem entrou no meio de nós, me pegou pelo pescoço e me deu um beijo. Eu fiquei assustada e enojada, empurrei ele e comecei a agredí-lo, quando minhas amigas me puxaram”, relatou. Ela disse que não prestou queixa pois foi tudo muito rápido e nunca conseguiria identificar o suspeito. A delegada afirma que em situações como esta a vítima deve ligar para o telefone 180 e se dirigir para a delegacia de polícia mais próxima. “No meio da multidão a identificação do autor é mais difícil, mas não é impossível. Temos diversos

tipos de monitoramento nas ruas, com câmeras, testemunhas, então sempre há alguma forma de tentar identificar e responsabilizar aquele que praticou o crime”, diz Kobashi. “É importante também que a vítima saiba quem foi, e se não souber, ela deverá ter alguns elementos que durante a investigação consigam identificar a autoria e materialidade”. Camila Cardoso, administradora, passou por uma situação bem constrangedora no último carnaval. “Estava em um bloquinho com meu namorado e amigas quando alguém me abraçou por trás e começou a me beijar. No mesmo instante percebi que não era meu namorado e me afastei. Mas mesmo assim fiquei muito incomodada”. Kobashi acrescenta também que para coibir a prática desses crimes, não são somente os novos ordenamentos jurídicos, nem a nova lei, mas sim a conscientização e a educação de que a mulher não pode ser tratada como um objeto, mas sim com respeito e igualdade. “Isso também inclui os momentos de lazer como o carnaval”.

DICAS

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ara o período carnavalesco, a delegada dá algumas dicas de como evitar ou tentar minimizar o assédio: durante a noite neste período de festa, tente não andar sem amigos, ou também durante o dia, mesmo entre multidões; tomar muito cuidado ao ser surpreendida nos blocos; marcar pontos de encontros com amigos, combinando hora e local; evitar beber álcool em excesso para que não fique em uma situação de vulnerabilidade acentuada; ter sempre um ponto de referência para saber o local que está; prestar atenção em outras mulheres que podem estar em situação de perigo. “O mais importante é que você aproveite o carnaval em segurança. Todos sabem que neste período festivo o índice de assédio e de intolerância é maior. O principal objetivo é pregar o sentimento de respeito ao longo do carnaval para que a mulher se manifeste e que ela não seja permissiva, nem condescendente com esta prática de crime”, finalizou a delegada.


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Arapiraca esclarece

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obre a polêmica na mídia arapiraquense que ganhou as redes sociais envolvendo a cunhada do prefeito Rogério Teófilo, a servidora Andrea Almeida de Souza Teófilo, que além de trabalhar como médica alergista do município prestou serviços especializados em 2018 no valor de R$ 96.765 para Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a Prefeitura de Arapiraca emitiu nota oficial onde informa à população que a médica Andréa de Almeida Souza Teófilo, especialista em Alergia e Imunologia, através da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), é servidora efetiva do município arapiraquense, aprovada por meio de concurso público, e, dentro das suas especificidades, presta serviços especializados e ambulatoriais aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

Serviço especializado

A nota esclarece que Andréa foi efetivada no dia 5 de fevereiro de 2002, e desde então presta serviços em Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município e que desde 2003 ela presta serviços especializados no município, recebendo em contrapartida pelos atendimentos em crianças, adolescentes e adultos no que se refere aos testes alérgicos, serviços de espirometria e tratamento de imunoterapia realizados em cada usuário.

Tabela do SUS

Ainda de acordo com o esclarecimento do Poder Executivo, cada atendimento especializado é cobrado de acordo com a tabela complementar do Sistema Único de Saúde, com compra efetuada pela Secretaria Municipal de Saúde devido à necessidade desses atendimentos que não são ofertados pelo SUS.

Valor não é fixo

Diz à nota que ao contrário do que foi noticiada pela mídia alagoana, a médica não recebe o valor fixo mensal conforme mencionado na matéria, ele é um empenho médio, global e anual, que varia de acordo com os exames realizados em cada mês.

Autorização da SMS

Finalizando, a Prefeitura afirma que vale lembrar que os pacientes passam pelo setor de autorização da Secretaria Municipal de Saúde antes de quaisquer atendimentos pela médica especialista.

Grande guerra

A expectativa em Arapiraca é que a sucessão de Rogério Teófilo, em 2020, se transforme numa verdadeira guerra entre políticos da terra do fumo em corda. A queda de braço reúne forças e um enorme poderio financeiro entre grupos de oposição que não devem marchar juntos. De um lado a família Pessoa, que tem como estrela maior o deputado federal Severino Pessoa.

Família Pessoa

Bem articulados e decididos, Severino Pessoa rompeu com Teófilo e afastou a esposa Fabiana Pessoa, que é vice-prefeita de Arapiraca. Severino é um nome de peso e não deve se entender com o vice-governador Luciano Barbosa que ainda está engasgado com a derrota de Ricardo Nezinho nas últimas eleições municipais. Nezinho, que na época tinha apoio dos governos federal, estadual e municipal perdeu por uma diferença de um poucos mais de 200 votos. Foi deprimente, diante do poder que estava à disposição do candidato da situação.

ABCDO INTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

PELO INTERIOR ... Mais uma grande notícia para a educação de Olho D´água Grande. Em recente encontro, o secretário de Estado da Educação, Luciano Barbosa, anunciou uma premiação para os municípios que conseguiram avançar nos indicadores do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). ... Com resultados crescentes nos anos finais, a cidade está - ao lado de outras 20, como um dos maiores destaques de Alagoas.

Ricardo Nezinho

Como cada eleição tem capítulos inimagináveis, Luciano Barbosa deve ser decisivo na formação da chapa que disputará as eleições, podendo até apoiar Ricardo Nezinho na cabeça de chapa. Ricardo é um nome fácil, que saiu recentemente de uma eleição para deputado estadual na qual se consagrou com uma votação histórica, com mais de 40 mil votos. Para compor a sua chapa, Barbosa tem a sua disposição uma infinidade de nomes, dentre eles Yale Fernandes e o próprio filho Daniel Barbosa, que está fora de Alagoas se preparando para entrar na política.

Celso Pessoa

Mas, no meio das aspirações de Luciano Barbosa está a família Pessoa, que já colocou o nome do empresário Celso Pessoa à disposição. Dificilmente haverá uma composição e a oposição deverá mesmo seguir dividida, já que a família não vai querer migalhas, como por exemplo, indicar um nome para ser o vice-prefeito.

Tem tempo

Por outro lado, apesar dos altos e baixos, Rogério Teófilo segue tranquilo, já que ainda tem dois anos para arrumar a casa, reverter a má fase e disputar as eleições com condições de se reeleger. Não será uma tarefa fácil, porém, não é impossível a julgar pelo resultado das eleições que, apesar dos ventos desfavoráveis, garantiram a sua vitória para administrar a segunda cidade mais importante de Alagoas.

... O prefeito Zé Adelson defende que o resultado positivo obtido, é o reflexo do empenho, dedicação e comprometimento de todos que compõem a educação, desde a equipe pedagógica ao pessoal administrativo. ... “Estamos muito felizes por mais essa conquista da rede municipal de ensino. Não é fácil administrar com limitações de recursos e com problemas que herdamos de gestões passadas, mas essa premiação e reconhecimento do Governo, comprova que o esforço de fazer com que nossa cidade siga avançando em todas as áreas, está valendo a pena”, disse Zé Adelson. ... “Vamos continuar investindo na capacitação e valorização dos nossos profissionais – que são peças chaves nesse processo, além de manter o padrão de qualidade da merenda, reparos e melhorias da estrutura das unidades, e claro, mais ações positivas para ofertar um ensino cada vez melhor para nossos alunos”, afirmou. (Com Ascom). ... Atendendo a uma antiga reivindicação dos condutores e pedestres que transitam pela íngreme e perigosa ladeira de acesso ao Sítio das Amoras em Santana do Mundaú, o prefeito Arthur Freitas, o secretário de Infraestrutura Neno Freitas, o ex-prefeito Zé Lino e a equipe da infraestrutura, vistoriaram a obra de rebaixamento que está sendo executada na área. ... O prefeito destaca que a equipe está concentrada em concluir esse serviço, mas, dentro do cronograma de conservação e manutenção das estradas, a Infraestrutura realizará ações em outros importantes trechos da zona rural. ... A todos, desejamos um excelente final de semana, repleto de paz e prosperidade. Até a próxima edição.


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SEGURANÇA E DIVERSÃO

MARECHAL DEODORO TERÁ 120 BLOCOS NO CARNAVAL PREFEITO CACAU ANUNCIA TAMBÉM MATINÊS E MUITO FREVO EM TODA A CIDADE

Com a proposta de promover diversão e momentos de lazer para o povo deodorense, a Prefeitura de Marechal Deodoro caprichou na programação do Carnaval 2019. Além de reforço na segurança e na manutenção da limpeza, o prefeito Cláudio Filho Cacau irá auxiliar 100 blocos com ajuda de custo e orquestras de frevo. O objetivo é que todos curtam o carnaval com “Alegria Por Toda a Cidade”. Cacau afirmou que os festejos devem ser com segurança, organização, alegria e comodidade para os foliões deodorenses e visitantes. “É assim que tem que ser o Carnaval, de paz, com união entre os blocos, com a comunidade, obedecendo as normas e fazendo juntos uma linda festa, de muita alegria”. Além dos tradicionais blocos que animam as ruas de todo o município e os típicos shows populares no Centro Histórico, a festa de Momo contará com a segunda edição do Baile Municipal e do bloco O Proclamador, sucesso no último ano. Visando também a diversão dos turistas e da criançada, o prefeito criou uma programação matinê na Praia do Francês, no Espaço de Cultura e Gastronomia. Elas começam no sábado, dia 2, a partir das 15h30, e seguem até terça-feira, 5, com orquestras circulando em toda a orla marítima. Esse período contagia todos os bairros e comunidades de Marechal Deodoro. Este ano, são mais de 120 blocos percorrendo o município. A abertura oficial acontece na quintafeira, 28, com o II Baile Municipal, uma festa à fantasia aberta ao público que contará com premiação para a melhor fantasia da noite.

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