Edição 1014

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1998 - 2018

ANO XX - Nº 1014 - 29 DE MARÇO A 04 DE ABRIL DE 2019 - R$ 4,00 PINHEIRO

INQUÉRITO

Jurista quer R$ 23 milhões da Braskem para reparo de danos

Advogado alagoano é o primeiro investigado por ataques ao STF

Richard Manso entra com ação popular cobrando providências da mineradora e da Prefeitura de Maceió. 24

Adriano Argolo, que teve a casa vistoriada por agentes da Polícia Federal, presta depoimento no dia 8 de abril. 8

CERUTTI É AFASTADA DE OBRA DE LUXO

BRUNO FERNANDES

n Justiça Federal

PESQUISADORAS DO NORDESTE CONCORREM A FINANCIAMENTO NOS EUA Projeto criado por Anna Luísa Beserra quer garantir água potável no semiárido. 16 e 17

reconhece quebra de contrato e atende pedido da Caixa n Construtora

afirma que 99% do Residencial Infinity Coast está concluído 9

BANCADA

JHC é o mais faltoso dos 9 deputados federais alagoanos Parlamentares têm atuação tímida, com proposições que em sua maioria se resumem a pedidos de audiências públicas. Única representante feminina do estado, Tereza Nelma tem apenas uma proposta. 6 e 7

BANCO PAN É ACUSADO DE DAR GOLPE EM APOSENTADO

José de Araújo Persiano denuncia desconto de parcelas de empréstimos já quitados. 10


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COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Capitania das Alagoas 1

- Quase 200 anos depois da extinção definitiva do regime de capitanias hereditárias, em fevereiro de 1821, Alagoas ainda não se livrou desse sistema de governo, e até hoje é comandada por herdeiros do engenho banguê.

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- Ao longo da história esses novos donatários capturaram o estado e passaram a dominar todos os postos de mando nos três poderes da República, formando a elite retrógrada que há décadas governa Alagoas. É assim no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.

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EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

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- O vergonhoso caso dos cartórios dá bem a medida desse descalabro administrativo a que chegamos. Com exceção de Alagoas, todos os estados brasileiros já fizeram o concurso público para provimento de vagas em cartórios extrajudiciais, como determina o artigo 236 da Constituição Federal.

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- E por que Alagoas será o último a cumprir a determinação constitucional? Simplesmente porque todos os 15 desembargadores do Tribunal de Justiça têm parentes ou agregados inscritos no concurso ou ocupando ilegalmente os cartórios do estado.

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- O nepotismo desavergonhado levou os desembargadores do TJ-AL a considerarem-se impedidos ou suspeitos para presidir a Comissão do Concurso, obrigando o CNJ a designar o desembargador Marcelo Berthe, do Tribunal de Justiça de São Paulo, para presidir o certame, que vai preencher quase 200 vagas de tabeliães, notários e registradores em todo o estado.

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- As inscrições foram iniciadas em abril de 2014, mas o novo presidente da Comissão terá total autonomia para gerir o concurso, incluindo começar do zero e contratar nova empresa para aplicar as provas. Ao TJ-AL caberá a incumbência de pagar todas as despesas necessárias e oferecer mão de obra técnica para que o desembargador paulista exerça sua atividade no estado.

Vespeiro

Desde a apresentação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, em dezembro de 2014, o País não focava tanto nos crimes da ditadura militar como nos últimos dias. Movimentos sociais já anunciaram para 1º de abril manifestações em todas as regiões para denunciar a tortura, perseguição e assassinatos do período em que o Brasil foi regido pela caserna. A conta dos atos deve ir para Jair Bolsonaro, que mexeu num verdadeiro vespeiro ao determinar que as Forças Armadas comemorem o 31 de março de 1964.

“Se o Governo não sair de 64 está fadado ao fracasso” (Janaína Paschoal em declaração à revista Exame)

Descomemoração

Em Maceió, o Ditadura Nunca Mais será às 15 horas da próxima segunda-feira em frente à sede do antigo Produban, na rua do Comércio, e está sendo denominado de “ato de descomemoração do golpe de 1964”.

Divergências

O procurador-geral de Justiça de Alagoas Alfredo Gaspar Mendonça, no ano passado, chegou a conversar com Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, sobre suas pretensões políticas. Gaspar resolveu recuar e não disputar as eleições. Um ano depois do encontro, o Conselho Nacional de Procuradores-Gerais - CNPG, entidade da qual Gaspar faz parte, emitiu nota contra o pedido de Bolsonaro de comemorar o Golpe de 64. Nem mesmo os “aliados” estão engolindo as ideias da direita radical.

Mágoas de família

Tadeu Lyra, sobrinho do falido usineiro João Lyra, quer ser indenizado por ter sido chamado de “louco” quando, em julho de 2014, denunciou o tio por lavagem de dinheiro. Ele está pedindo pouco mais de R$ 44 mil por danos morais e materiais. O processo, ajuizado pelo advogado paranaense Leandro Cesar Lopes de Souza perante a 1ª Vara Cível da Justiça Estadual de Alagoas, vai ser redistribuído para uma das varas da Fazenda Pública, já que tem o Estado como réu.

Panamá Papers

Nunca é demais lembrar que a acusação de Tadeu terminaria sendo confirmada quase dois anos depois, em abril de 2016, pelo Panamá Papers, a investigação de um conglomerado de veículos da imprensa nacional e internacional que encontrou uma conta de João Lyra em um paraíso fiscal.

SOS Unimed

Pinheiro I

Mau cheiro

Pinheiro II

Pacientes com cirurgias prescritas por profissionais da Unimed Maceió têm passado até um mês à espera de autorização para as intervenções. A operadora de saúde está literalmente segurando as autorizações, mesmo para usuários idosos e que há anos arcam mensalmente com mais de R$ 1 mil de mensalidade. Não tem Estatuto do Idoso nem Procon que dê jeito nisso!

Quem caminhou pela orla nesta semana sentiu odor fétido em grande parte da Pajuçara. Turistas tapavam as narinas ao passear enquanto os moradores da capital transitavam envergonhados pelo descaso do poder público. O cheiro, que se assemelha ao de esgoto, seria do sargaço em decomposição acumulado na areia. Um “aroma” nada atraente para uma capital que vive do turismo.

Não faltaram críticas quanto à reunião no Senado, realizada na semana passada sob a coordenação de Rodrigo Cunha (PSDB), sobre o bairro do Pinheiro, que pode estar “afundando” em Maceió. Muitos avaliaram a iniciativa do senador como autopromoção. Mas qual senador alagoano faria uma comissão para levar esse problema do estado ao palco do governo federal?

Isso porque Renan Calheiros (MDB) e Fernando Collor (Pros), além de nunca terem pisado no bairro após os tremores, jamais iriam levantar dúvidas sobre os trabalhos da Braskem, do grupo Odebrecht. Vale lembrar que Calheiros e Collor são investigados “até as tampas” pela Operação Lava Jato.


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Bolsonaro visita escola de tortura Atenas, Grécia - Ao chamá-los de cretinos e incompetentes, o ministro Gilmar Mendes, do STF, jogou pesado contra os procuradores da República do Paraná, liderados pelo Deltan Dallagnol. Não conheço, na minha carreira jornalística, tamanha ofensa a um poder constituído. Mas também devo dizer que jamais vi tamanha cara de pau como a desses procuradores da Força Tarefa que tentaram se apropriar de R$ 2,5 bilhões da Petrobras para criar uma fundação que só eles – isso mesmo, só eles! – iriam administrar o dinheiro. A indignação de Gilmar reflete muito bem o autoritarismo de que se revestiu a turma dos procuradores paranaenses que acha que pode criar uma república independente aproveitando-se do apoio popular à Lava Jato. Evidentemente que há uma desordem institucional no país. Mas nesse caso, as instituições movimentaram-se imediatamente para impedir a criação da fundação. Apenas as associações corporativas acenaram com apoio aos procuradores, pois estão aí para isso: não deixar que a lama suba ao andar de cima. Raquel Dodge, procuradora-geral da República, disse “não” à República do Paraná. Por isso sofre repúdio da classe pela sua independência, zelo e honestidade à frente do PGR. Mas como já demonstrou em outras ocasiões prefere a lisura dos seus atos ao spiritus corpus. A apoiá-la, o STF. O ministro Alexandre de Moraes de uma tacada só impediu o desenvolvimento da fundação e bloqueou todo o dinheiro que Dallagnol negociava na Caixa Econômica como se fosse um agente financeiro. Menos de uma semana depois, viu, com espanto, seu padrinho Michel Temer, que o indicou para o STF, ser preso, sem culpa formada, depois de ter seu carro inter-

Acuados

Acuados, os procuradores agora acusam o STF de esvaziar a Lava Jato quando transfere para justiça eleitoral os crimes de caixa 2 e seus agregados. Cobram postura e mais coerência dos ministros, mas, no fundo, estão ressentidos com a decisão da Corte de cortar suas asinhas financeiras.

Aniversário

A Lava Jato faz cinco anos. Deixa um resultado positivo, pois durante certo tempo, sob o aplauso e apoio irrestrito da população, trabalhou para tentar limpar o país dos empresários e políticos corruptos. Mas, agora, diante dessa aberração da manipulação do dinheiro público que a fragiliza, passa um filmezinho pela cabeça de cada um de nós e algumas perguntas.

ceptado em uma rua de São Paulo por policiais fortemente armados, que cumpriam um mandado de prisão do juiz Marcelo Bretas, do Rio de Janeiro. Ora, já disse aqui – e repito: os procuradores transformaram a repartição pública onde trabalham numa célula política. Com perfil de direita, eles tentam contrapor o avanço de outros partidos que não se alinham aos seus propósitos. Não foi à toa que Sérgio Moro rasgou a toga e jogou-se nos braços do Bolsonaro, não sem antes fazer-lhe um grande favor às vésperas das eleições: revelar as delações premiadas do Palocci que detonavam o Lula e a Dilma, consideradas até hoje denúncias vazias e inconsistentes. Agora, depois de desautorizado por Maia, presidente da Câmara, que o criticou por ter copiado o projeto anticrime do então ministro Alexandre de Moraes, quando esteve na justiça, Moro assistiu a prisão do ex-ministro Moreira Franco, sogro do ex-presidente da Câmara, de camarote, notícia que sabia 24 horas antes. Coincidências, apenas isso. Gilmar Mendes denunciou a República do Paraná, acusando-a de agir como um partido. E perguntou, desconfiado, como seria gerida essa fortuna nas mãos dos procuradores. Descontados os arroubos do nobre ministro – que não tem papas na língua – e os seus excessos verborrágicos não muito bem digeridos pelos procuradores -- o certo é que a nação estaria sendo engambelada por quem exatamente tem a obrigação de cumprir a lei. O esquema com o dinheiro público foi abortado. E se a operação obedeceu aos critérios da decência, por que então o senhor Dallagnol desistiu da criação da fundação ante ao clamor das críticas?

Ilusão

Não se trata aqui de condenar ou absolver o Temer e a sua turma. Trata-se de fazer justiça. As acusações do juiz Marcelo Bretas e dos procuradores do caso chegam a ser hilárias de tão fantasiosas. Por isso mesmo, eles foram soltos e as investigações colocadas sob suspeita de parcialidade.

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Idiotas

Essa peça de acusação não resiste à mínima análise de uma investigação porque é capenga, carece de veracidade e é fantasiosa. Imaginemos que esse cara estivesse blefando, pois ninguém é maluco para chegar numa agência com 20 milhões de reais, que dariam para encher uma Kombi, para fazer um depósito sem avisar previamente. Além disso, os caras que trabalham com essa montanha de dinheiro não são tão idiotas como foi o Geddel que guardava 50 milhões de reais em um apartamento de um bairro em Salvador.

Investigação

Injustiças

Será que não se cometem injustiças contra pessoas denunciadas pelas delações premiadas? Será que os procuradores não foram contaminados pela mosca azul, quando se intitularam de “intocáveis”, de paladinos da honestidade? Será que não se criou no Brasil a indústria das delações, fazendo a fortuna de advogados (muitos recém-formados) e novos escritórios de advocacia desta nova modalidade de trabalho? Será que os procuradores não agem com conotação política, criando um poder paralelo? Será que não estamos vivendo uma ditadura do judiciário? Ditaduras, sejam de esquerda ou de direita, nenhuma delas é palatável à democracia. E quando ela é instituída pela própria justiça, infelizmente, tem outro nome: tirania.

JORGE OLIVEIRA

O que está acontecendo no país é que os procuradores substituíram a Polícia Federal nas investigações e não têm mecanismo eficiente para investigar a fundo as denúncias, pois não foram preparados para isso. Acham, por exemplo, que só a delação premiada é suficiente para botar os corruptos na cadeia sem que sejam necessários juntar provas ao processo para embasar as denúncias.

Montanha

Veja: um desconhecido chega no Banco do Brasil e se diz dono de 20 milhões de reais. Quer depositar a montanha de dinheiro numa conta que ele não revela o número, não se identifica e nem tampouco mostra a grana. O gerente se nega a fazer o depósito, mas em nenhum momento checa se realmente o dinheiro existe. Pronto, essa foi uma das peças em que os procuradores se basearam para pedir ao juiz Breta a prisão de Temer e seus rapazes.

Nas coxas

Exatamente por concluírem processos nas coxas é que muitos corruptos já se livraram da prisão. Os procuradores trabalham com fantasias, politizam as investigações e depois veem suas caças deixarem a cadeia pela porta da frente. Ora, o processo investigativo é feito pela polícia técnica, que tem a obrigação de reunir provas incontestáveis para levar um suspeito à cadeia e depois a julgamento. A simples palavra de um delator – sem apresentar provas e evidências – não é suficiente para condenar um suspeito, como aconteceu com o Temer e seus asseclas, que agora se beneficiam da falha dessas investigações dos procuradores da Lava Jato. E ponto final.


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Hora imprópria

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s senadores que têm contas a prestar no Supremo Tribunal Federal prudentemente não assinaram o requerimento para a instalação da CPI da Toga, que foi arquivada momentaneamente pelo presidente do Senado. Da bancada de Alagoas, só Rodrigo Cunha se dispôs a assinar o documento, que objetivava investigar possíveis desvios de conduta de pessoas ligadas ao Poder Judiciário. Já se sabia, de antemão, que a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito não seria fácil de alcançar seus objetivos, a partir da não disposição de Davi Alcolumbre, que já manifestara publicamente

ser contra essa ação parlamentar. A propósito, embora ele diga que as demandas a que responde nada tenham a ver com o momento atual, o presidente do Senado sempre achou que essa CPI não faria bem ao Brasil. Na verdade tudo girou sob a pressão contra ministros do Supremo Tribunal Federal principalmente depois que o senador Kajuru, de Goiás, fez graves denúncias contra Gilmar Mendes. Dependendo do parecer da Comissão de Constituição e Justiça que fatalmente será levada ao plenário do Senado, a CPI pode, sim, ser instalada. Mas até lá muita água vai correr por baixo da ponte.

De molho

O presidente da Federação das Indústrias de Alagoas, empresário José Carlos Lyra, desapareceu do circuito social habitual enquanto cumpre afastamento de noventa dias determinado pela Justiça. Ele aguarda as investigações que estão sendo feitas pela Polícia Federal sob a suspeita de licitações irregulares na instituição e que culminou com seu afastamento e de outros em Pernambuco e até da CNI. Assume as funções em seu lugar o vice-presidente, Zezinho Nogueira.

Longevidade

Com olho no Sistema S o governo deve apertar o cerco contra várias instituições e saber por que os seus dirigentes praticamente se perpetuam no poder. Em Alagoas, a coisa não é diferente e isso tem levantado muitos questionamentos. Em média, os dirigentes do Sistema S estão lá há dezessete anos.

E os outros?

Dois ex-presidentes do Brasil já foram bater atrás das grades, mas a grande pergunta é: e os outros que não têm uma infinidade de processos na sua maioria no Supremo Tribunal Federal? Terão o mesmo destino? Isso é o que a população espera.

Devagar

Mesmo com a identificação de grandes fortunas movimentadas pelo Coaf, a Receita Federal precisa apertar todos aqueles que possuem, por baixo dos panos, fortunas incalculáveis conseguidas à custa de propinas nos últimos anos. Se a Polícia Federal e a Receita investigarem a fundo, irão saber quem faz esta estripulia e os laranjas que se dispõem a fazer o jogo sujo da corrupção.

No governo

Onde tiver cargo o deputado Marx Beltrão se faz presente, mesmo que não tenha lá essa importância toda. Beltrão deve ficar com a Secretaria de Assistência Social, embora seus aliados tenham sido defenestrados da Casal e da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, onde tinha participação.

Loteamento

Afora algumas secretarias tidas como inegociáveis como Fazenda, Saúde e Segurança Pública, o governador Renan Filho resolveu lotear as demais para fortalecer sua base política. Faz isso projetando sua candidatura ao Senado em 2022, quando deverá enfrentar nas urnas o senador Fernando Collor.

Desconfiando

O deputado Sílvio Camêlo, cobra criada na política alagoana, deve ficar atento com a mudança de humor do governador Renan Filho. Deve tomar como exemplo seu colega de parlamento, Galba Novaes, que foi alijado sem mais nem menos do governo.

Compensação

Mesmo que venha negando a indicação de cargos no governo, o deputado Sílvio Camêlo não vai exercer a função de líder do governo na Assembleia Legislativa apenas como uma missão da sua consciência. Deverá ter lá suas compensações.

Independência duvidosa

O Partido Progressista anuncia que terá uma posição de independência na Assembleia Legislativa, mas deixa brecha para uma composição com o governador Renan Filho. Pelo menos é isso que deixa transparecer nas declarações do deputado Davi Filho.

Alerta geral

A suposição de que a instabilidade na região do Pinheiro pode comprometer outros bairros, é pra lá de preocupante. Um relatório da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) abrange mais localidades, a exemplo do Farol, Chã da Jaqueira e Cambona. Pinheiro, Mutange e Bebedouro já na área vermelha. É pena que o relatório venha em doses homeopáticas.

Precipitação

Depois das declarações do coordenador da Defesa Civil do Estado, tenente-coronel Moisés de Melo, de que todas as casas na região do Pinheiro estariam na área vermelha, o pânico aumentou junto à população. A própria prefeitura através da sua área jurídica considerou precipitadas as declarações do coronel, que não esperou pelo laudo definitivo da CPRM.

GABRIEL MOUSINHO n gabrielmousinho@bol.com.br

Caindo fora

Como o EXTRA noticiou no seu site, a Odebrecht quer se livrar da Braskem e negocia sua venda com a gigante holandesa LyondellBasell. O momento talvez seja inoportuno, já que ela está diretamente envolvida no imbróglio do bairro do Pinheiro.

Daqui não saio

O presidente do CSA, Rafael Tenório, assegurou que só deixará o seu Centro de Treinamento no bairro do Mutange se não houver outra solução. Depois de investir pesado na sua estrutura, o dirigente azulino vai esperar o laudo definitivo da Companha de Pesquisa de Recursos Minerais, que deverá somente sair no final de abril.

Todos juntos

O decreto de calamidade pública publicado no início da semana pelo prefeito Rui Palmeira fatalmente vai chamar todos à responsabilidade. Sozinho o município de Maceió não terá muito que fazer e é necessária a presença forte do Estado e da União.

Sem disputa

Nos bastidores se observa muito o aproveitamento político da situação do bairro do Pinheiro e a hora é de união para tentar resolver o problema sério que atravessa toda a população da região e adjacências. Disputa política só a partir do próximo ano.

Comemorando

O Iate Clube Pajussara comemora no dia 13 de abril seu 67º aniversário de fundação. O comodoro Moacir Albuquerque anuncia uma festa com a participação da banda Versátil, de Pernambuco. O Iate é ainda o único clube da capital que mantém suas atividades sociais.


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BANCADA FEDERAL

Atuação dos deputados alagoanos é tímida na Câmara

Única representante feminina, Tereza Nelma apresentou sua primeira proposta na última quarta-feira; veterano MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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atuação dos deputados federais alagoanos na atual legislatura tem deixado a desejar. São quase dois meses de trabalhos, mas alguns novatos e veteranos ainda não disseram ao que vieram. Foi o caso da única representante feminina Tereza Nelma (PSDB), que apresentou a primeira proposta apenas na quarta-feira, 27, e de Arthur Lira (PP) que não mostrou trabalho. Os dados da bancada são baseados em informações do Portal da Câmara dos Deputados que apresenta um relatório de cada um dos parlamentares, cujo salário mensal bruto é de R$ 33.763,00. Quanto à verba de gabinete, “não há dados para o período”. Outros parlamentares têm participação tímida como Paulo Fernandes dos Santos-PT- (Paulão), Isnaldo Bulhões (MDB), Sérgio Toledo (PR) e Severino Pessoa (PRB), ambos com uma iniciativa protocolada. Nivaldo Albuquerque (PTB) aparece com quatro, Marx Beltrão (PSD) com cinco e o campeão João Henrique Caldas-JHC(PSB) com oito propostas. Os nove representantes alagoanos juntos apresentaram 20 proposições. Presenças e ausências nas sessões plenárias também têm chamado a atenção. Até a quarta-feira, 27, Arthur Lira, líder do Progressista, teve 13 presenças e 10 ausências justificadas. Gastou em cota parlamentar durante os

Tereza Nelma

Arthur Lira

Paulo Fernandes dos Santos

Isnaldo Bulhões

SALÁRIO

Sérgio Toledo

Os dados da bancada são baseados em informações do Portal da Câmara dos Deputados que apresenta um relatório de cada um dos parlamentares, cujo salário mensal bruto é de R$ 33.763,00. Quanto à verba de gabinete, “não há dados para o período”.

meses de janeiro e fevereiro R$ 46.249,99. Isnaldo Bulhões ocupa alguns cargos como titular e suplente. Além de 3º suplente de secretário na Mesa, é titular da comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e da Comissão do Esporte e suplente na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. O parlamentar participou de 21 sessões e teve duas ausências justificadas. Em fevereiro e março gastou da cota parlamentar R$ 6.000,00. JHC, que é suplente na comissão de Ciências e Tecnologia, Comunicação e Informática, teve 17 presenças e quatro reuniões de comissões. Porém, teve seis ausências não justificadas. Os gastos de cota parlamentar em janeiro e fevereiro foram de R$ 78.527,11. Marx Beltrão, da Comissão de Seguridade Social e Família e suplente na comissão de Educação, teve 23 presenças e não teve falta. Utilizou da cota no mês de janeiro R$ 26.890,48, fevereiro R$ 27.080,03 e março R$ 27.080,03. Nivaldo Albuquerque, titular da comissão de Minas e Energia, teve 23 presenças e nenhuma ausência. Total gasto de cota em fevereiro e março foi de R$ 62.133,92. Paulão teve 21 presenças e duas ausências justificadas. Total gasto em janeiro R$ 17.176,85, fevereiro R$ 17.241,58 e março R$ 2.546,97. Sérgio Toledo, titular da comissão de Constituição e Justiça e Cidadania e suplente da comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e da comissão de Minas e Energia, teve 20 presenças e três ausências não justificadas. Utilizou de cota em janeiro R$ 1.973,56, fevereiro R$ 7.284,41 e março R$ R$ 155,36. O deputado Severino Pessoa, titular da comissão de Viação e Transportes e suplente na comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural teve 19 presenças e quatro ausências não justificadas. Gastou da cota R$ 1.828,44, em fevereiro. Tereza Nelma, titular da comissão de Seguridade Social e Família, teve 19 presenças e quatro não justificadas. Em fevereiro utilizou da cota R$ 12.042,31 e, em março, R$ 12.042,31.


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Maioria das propostas é de pedido de audiência pública Os tipos de propostas apresentadas pela bancada alagoana são as mais variadas e a maioria está em tramitação. Dos nove parlamentares, JHC é o mais atuante, apresentando oito propostas, das quais sete em tramitação. Ele requereu no âmbito da Comissão Permanente de Educação da Câmara dos Deputados a “constituição de Subcomissão Permanente de Valorização dos Professores e Profissionais da Educação”. Sugeriu, ainda, a realização de audiência pública para debater a violência contra o professor e profissionais de educação e o aumento dos índices de violência nas escolas pelo país. Propôs a constituição da Subcomissão Permanente dos Precatórios do FUNDEF e do Novo FUNDEB no âmbito da Comissão de Educação; institui o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) como número suficiente para identificação do cidadão nos bancos de dados de serviços públicos; requereu o registro da Frente Parlamentar Mista da Economia e Cidadania Digital. Além disso, solicitou a realização de Sessão Solene em homenagem ao jornalista Ricardo Boechat, morto em acidente aéreo. Outra iniciativa relevante do deputado foi propor a criação da Comissão Temporária Externa para realizar o acompanhamento do procedimento de apuração, liberação e aplicação dos recursos referentes às parcelas calculadas de forma equivocada pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) nos municípios e estados brasileiros. O veterano apostou também no desarquivamento de proposições. Em seguida, aparece Marx Beltrão com seis propostas. O parlamentar pediu informações ao ministro de Minas e Energia sobre os investimentos das constantes interrupções no fornecimento de energia elétrica (apagões) regis-

Severino Pessoa

Nivaldo Albuquerque

Marx Beltrão

JHC

trados nos últimos dias em Maceió e em outras cidades do interior de Alagoas. Requereu, ainda, a realização de Audiência Pública para discutir o tema “Castração de animais - cães e gatos - como saúde pública”. Beltrão quer saber do ministro de Estado da Saúde como anda o Programa do Glaucoma no Estado de Alagoas. Su-

geriu também a criação da Área de Livre Comércio do Nordeste. Requereu informações ao ministro de Estado da Economia sobre a possível privatização do Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB). Outra emenda tipifica o enriquecimento ilícito de funcionário público. Nivaldo Albuquerque aparece com seis propostas, sendo que cinco estão

em tramitação. Ele sugere que haja isenção dos impostos sobre produtos industrializados e importação de produtos estrangeiros aos produtos agropecuários destinados aos pequenos produtores rurais; que seja fixada diretriz e estabelecimento critério de isenção do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana. O parlamentar requereu também o desarquivamento de proposições. Para tornar obrigatória a instalação de detector de metal nas entradas das instituições de ensino públicas e particulares; realização de Audiência Pública para debater os “Desafios da Agricultura Familiar frente à aposentadoria rural e os programas de incentivo direcionados aos agricultores familiares e aos empreendimentos familiares rurais”; A proposta legislativa do deputado Paulão foi a de que Marcos Cesar Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, seja convocado para prestar esclarecimentos perante a comissão, em Audiência Pública, sobre o acordo de salvaguarda entre o Brasil e os Estados Unidos que permite o uso da base de lançamento de foguetes em Alcântara. Sérgio Toledo, Severino Pêssoa e Isnaldo Bulhões, junto com parlamentares de outros estados, apresentaram proposta de realização de Audiência Pública para debater os “Desafios da Agricultura Familiar frente à aposentadoria rural e os programas de incentivo direcionados aos agricultores familiares e aos empreendimentos familiares rurais”. Tereza Nelma, que só apresentou proposta na quarta-feira, 27, requereu o registro da Frente Parlamentar do Congresso Nacional em Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência.


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extra Argolo é conhecido por seus posts pró-esquerda

TWITTER

“Inquérito do STF é ilegal”, diz advogado investigado Adriano Argolo mantém teor crítico mesmo após ser alvo da Polícia Federal JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

“N

a primeira denúncia consistente contra Bolsonaro, ele cai! Não vai ter perdão, setores já abandonaram o amigo dos milicianos, só a ultradireita está com ele, ela não tem força política para aprovar nada no Congresso e não terá como evitar a defenestração do protofascista. Pega!”. Essa postagem do Twitter, publicada na quarta-feira, 27, pelo advogado Adriano Argolo mostra que o ativismo pró-esquerda do alagoano vai perseverar mesmo após ter sido alvo de operação da Polícia Federal. Na quinta-feira, 21, ele saltou da cama por volta das 5h30. Ao averiguar quem estaria em seu portão, em residência localizada no bairro de Guaxuma, em Maceió, viu que se tratava de agentes federais. Mandado apresentado, mandado cumprido. O advogado ficou sem o aparelho celular. “Também procuraram armas na minha casa, mas não encontraram. Até ouvi um

elogio de um policial falando que isso era uma raridade durante operações”, contou ao EXTRA. Com mais de 27 mil seguidores no Twitter, o alagoano sentiu o quanto suas críticas incomodavam até o Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a abertura de inquérito

Faço críticas como quase 60% da sociedade brasileira faz do Judiciário. Eu me baseio em decisões e não crítico os ministros como pessoas. ADRIANO ARGOLO

Advogado

´para apurar supostas ameaças a seus ministros. Mas, ele também provou do amargor de ser alvo das fake news, consideradas um câncer do mundo cibernético. Segundo o advogado, a operação realizada pela PF é frágil, sem grandes embasamentos e com alvo errado. “Usaram o meu nome para fazer ameaças ao presidente do STF Dias Toffoli”, disse. O teor das postagens tratava-se de apavorar o magistrado com juras de morte. Não o bastante, o autor das fake news também envolveu o irmão de Toffoli, um portador de Síndrome de Down. “Não escrevi os posts que me exibiram. Disseram que eu gostaria de entrar no STF para dar tiros nas costas do presidente da Corte. A postagem teria sido feita no dia 14 de novembro do ano passado. Até então, eu não fazia ideia de que alguém tinha feito isso. E eu nem sabia também que Dias Toffoli tinha um irmão deficiente”. E declarou: “Faço críticas como quase 60% da sociedade brasileira faz do Judiciário. Eu me baseio em decisões e

não crítico os ministros como pessoas. Nunca disse que iria apedrejar o STF. Nunca disse que bastava um cabo e um soldado para fechar a Corte, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro disse. Nunca pedi para fechar o STF como a atriz Regina Duarte. Mas no fundo, já esperava algo parecido, que poderia sofrer uma violação de meus direitos constitucionais como sofri na semana passada”. Com a consciência tranquila quanto sua inocência, Argolo tem outras preocupações. O telefone celular guarda conversas e arquivos sigilosos que envolvem seus clientes: “Podem violar meus segredos profissionais, que é sagrada e garantida pelo estatuto da Ordem dos Advogados. Espero que a investigação do inquérito 4.781 não viole esses segredos profissionais e siga por outros caminhos”. Ao contrário que pensam, Adriano Argolo torce para que o processo continue tramitando. Segundo ele, não haverá de sua parte o pedido de trancamento da ação. “Pedi a cópia do inquérito, que é físico. Eu e meu advogado sabemos que o inquérito é inconstitucional. Mas não quero enveredar por esse caminho. Quero provar a minha inocência no mérito da apuração. O inquérito é ilegal porque o STF não tem competência juridicional para fazer o que fizeram. O STF só pode pedir abertura de inquérito quando infração penal é cometida dentro de suas dependências em Brasília”, explicou. A operação da PF também cumpriu mandado contra um guarda civil de Indaiatuba, no interior de São Paulo. O próprio presidente do STF, Dias Toffoli, instaurou o inquérito, que corre em sigilo, no dia 14, e designou o ministro Alexandre de Moraes seu relator. Questionado se as críticas contra os mandos e desmandos da Justiça brasileira e sobre o Governo Bolsonaro irão continuar, o alagoano declarou que não mudará sua conduta e que se emocionou com as mensagens de apoio. “A minha conta é basicamente política. Vou continuar. Estou com a tranquilidade de um inocente, se bem que no Brasil isso não vale muita coisa. Considero o país atual um estado de exceção fascista e autoritário onde as pessoas têm suas prerrogativas constitucionais rompidas por uma simples acusação e perseguição política. Sem motivo plausível para que isso aconteça. Tenho ao meu lado grandes nomes do Direito que vão ajudar na minha defesa”, frisou o alagoano, que deve prestar depoimento às autoridades no dia 8 de abril na sede da Superintendência da Polícia Federal em Alagoas.


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JUSTIÇA FEDERAL

Segundo empresa, prédio tem 99% das obras concluídas

Cerutti Engenharia terá de abandonar obra de residencial Caixa alega que empresa paralisou a construção do Infinity Coast JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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restes a serem entregues, as duas torres de apartamentos residenciais Infinity Coast, localizadas na Avenida Gustavo Paiva, em Jacarecica, na capital alagoana, estão com as obras paralisadas. A Caixa Econômica Federal (CEF) entrou na Justiça para solicitar que a Cerutti Engenharia largue a construção a fim de outra incorporadora assumir o compromisso de finalizar os apartamentos. O pedido foi acatado pelo juiz federal da 3ª Vara, Frederico Wildson da Silva Dantas, em decisão proferida no último dia 19. Conforme os autos do processo, a CEF é credora fiduciária dos contratos particulares de compra e venda de terreno para a construção da unidade habitacional, com recursos provenientes do Programa Nacional de Habitação Urbana (PNHU), imóvel na Planta Associativo e Minha Casa Minha Vida (MCMV): “De acordo com o contrato firmado entre as partes e os adquirentes do empreendimento, ficou acertado que a construtora receberia da Caixa os valores dos mútuos [empréstimos] após as respectivas medições, com prazo de 37 (trinta e sete) meses para finalização das obras, tendo como garantia a alienação fiduciária”. O contrato previu, ainda, garantia para a finalização da edificação, com a previsão de contratação, pela construtora, de seguro de obra, que não foi renovado em razão de

pendências da construtora. A CEF alegou à Justiça que o instrumento contratual prevê a substituição da construtora encarregada da execução da obra se essa se tornar inadimplente na obrigação de promover a edificação, o que acabou acontecendo. A Caixa afirmou ainda que houve paralisação na construção, razão pela qual notificou a construtora informando que o “retardamento ou paralisação da obra” são motivos de sua substituição. A construtora, conforme o processo, manifestou intenção de prosseguir com a execução da obra até o final, mas que até o momento não apresentou proposta objetiva que viabilizasse a conclusão do empreendimento, não se retirando do canteiro de obra e permanecendo na posse do terreno até o momento, violando, assim, os direitos da CEF e dos compradores das unidades do edifício. “A demora injustificada na retomada das obras só atrasa a satisfação do direito dos mutuários, trazendo mais e mais prejuízos aos mesmos. A construtora não apresentou proposta satisfatória à retomada do empreendimento, não se eximindo de provar que podia resistir à pretensão da Caixa, deixando de colacionar aos autos documentos que justifiquem sua resistência”, destacou o magistrado quanto à sua preocupação ao consumidor. No caso, mutuário é a pessoa que recebe por empréstimo recursos para a compra do imóvel, em contrapartida fica obrigado a pagar o empréstimo em parcelas mensais. E continuou: “No mais, reputo prejudicado o requerimento de intimação dos 63 mutuários para que os mesmos informem se desejam atuar como assistentes simples da autora, tendo em vista que restou esclarecido que, segundo previsto no con-

NOTIFICADA

A Caixa afirmou ainda que houve paralisação na construção, razão pela qual notificou a construtora informando que o “retardamento ou paralisação da obra” são motivos de sua substituição. trato, a substituição da construtora prescinde da concordância dos mutuários quando ‘não for concluída a obra, objeto deste financiamento, dentro do prazo contratual’ e ‘se ocorrer retardamento ou paralisação da obra, por período igual ou superior a 30 dias corridos, sem motivo comprovadamente justificado e aceito pela Caixa’”. Em conversa com o EXTRA, o ad-

vogado da Cerutti Engenharia, Bruno Santa Maria Normande, informou que a empresa já recorreu da decisão. Disse ainda que as obras já estão quase concluídas em fase de acabamento. “A conclusão chega a 99,9%”, destacou. Normande declarou também que as obras nunca foram paralisadas, mas que no início do ano, a construção teve uma redução em seu ritmo. A razão seria a falta de repasses finais por parte da CEF. A Caixa, em nota à reportagem, reforçou que já foi dito no processo: “Sobre o empreendimento Infinity Coast, informamos que a obra estava paralisada, motivo que justificou a solicitação de substituição da construtora, conforme cláusula contratual”. Além do Infinity Coast, a construtora tem outras obras ativas em Maceió: o edifício Saint-Louis, na Jatiúca; Paradise Beach Residence, em Guaxuma; e Design Office Center, no Farol. Sem contar o Reserva Saint-Michel, localizado em Barra de São Miguel.


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GOLPE

Aposentado denuncia Banco PAN por cobrança indevida Segundo Procon, vítima deve ser ressarcida em dobro JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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advogado e professor aposentado pelo Estado José de Araújo Persiano, 83, se assustou ao conferir o depósito de sua aposentadoria em sua conta bancária. Em janeiro, ao checar o valor do vencimento, constatou que o Banco PAN estava debitando quantias referentes a empréstimos consignados que já tinham sido pagos. O mesmo aconteceu nos meses de fevereiro e março. Revoltado, ele acionou a financeira, no entanto, não teve seu problema resolvido. “Vou entrar com ação contra o Banco PAN por apropriação indébita e fraude. Irei requerer a devolução do meu dinheiro. Lugar de ladrão é na cadeia”, disse. Também resolveu acionar o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pedindo a suspensão de empréstimo na modalidade de consignação e solicitando a devolução dos valores. O documento foi encaminhado à instituição no dia 8 de fevereiro. Porém, até o momento, já foram descontados do salário do aposentado cerca de R$ 450. “Para quem tanto trabalhou para ganhar pouco, esse valor faz muita falta no meu orçamento. Fico revoltado porque estão cobrando esse empréstimo sem nenhuma assinatura minha, muito menos permissão”. O relacionamento entre aposentado e financeira nem sempre foi de revolta.

Persiano chegou a pedir empréstimos, para serem debitados em folha, entre os anos de 2016 e 2018. “Foram seis empréstimos que terminaram no ano passado. Em dezembro venceram todos, mas o banco acabou renovando a transação. Nem tenho mais idade para conseguir empréstimo”, contou. A idade máxima para contratar empréstimo consignado é de até 80 anos e 11 meses. Porém, nesta idade existem algumas restrições em relação ao prazo e valores liberados após 79 anos e 11 meses. Ao EXTRA, o diretor do Procon Maceió, Leandro Almeida, informou que o aposentado iniciou corretamente suas reivindicações ao acionar a financeira e o INSS, um procedimento padrão. A situação também pode ser levada ao Judiciário. “O lesado tem direito ao ressarcimento, inclusive do valor em dobro, uma vez ser uma cobrança indevida sem o contrato assinado por ele. Caso não tenha a devolução por parte da empresa, deve procurar os órgãos de proteção ou a Justiça”, explicou o diretor. Quanto à infração cometida pela financiadora, Leandro Almeida informou que é uma prática abusiva bem comum quando se trata de bancos. “Podemos estimar que das reclamações que envolvem instituições financeiras, pelo menos 40% é por causa de cobranças indevidas”. NOTA Em nota enviada por sua assessoria de imprensa, o Banco PAN informou que irá entrar em contato com o reclamante para resolver o impasse.

O professor aposentado José de Araújo irá processar Banco PAN

BMG CONDENADO O juiz Henrique Gomes de Barros Teixeira, da 4ª Vara Cível de Maceió, condenou o Banco BMG ao pagamento de mais de R$ 21 mil a uma cliente por cobranças indevidas. A decisão declara de inexistência de débito da cliente e

80 ANOS

A idade máxima para contratar empréstimo consignado é de até 80 anos e 11 meses. Porém, nesta idade existem algumas restrições em relação ao prazo e valores liberados após 79 anos e 11 meses.

determina indenização por danos morais. As cobranças referiam-se a um contrato de cartão de crédito com descontos mensais consignados em folha de pagamento, modalidade diferente dos cartões de crédito comuns. Na decisão, o magistrado Henrique Gomes apontou que a modalidade contratual é onerosa e lesiva ao consumidor, pois mesmo com os descontos mensais em seus proventos, a dívida aumenta de forma progressiva. O banco deve pagar R$ 5 mil por danos morais, além de reembolsar mais de R$ 16 mil, valor que havia sido descontado da folha de pagamento da cliente sem autorização. O valor total do ressarcimento seria de mais de R$ 23 mil, o que corresponde ao dobro do que foi cobrado indevidamente. No entanto, uma parte já havia sido depositada pela empresa. O juiz afirmou que o dever de indenizar por danos morais decorre da falha do serviço prestado. Segundo a sentença, a cliente afirmou categoricamente que nunca fora informada que o cartão de crédito efetuaria tais descontos em seu salário, desconhecendo totalmente essas cobranças, que nunca foram autorizadas.


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ESTELIONATO

Homem é preso por aplicar golpes se passando por ex-presidente do Crea Vítima foi alertada pelo EXTRA sobre uso do seu nome

BRUNO FERNANDES

Falso engenheiro é suspeito de aplicar golpes há quase de 20 anos em Alagoas e Pernamcubo

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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m homem foi preso por suspeita de aplicar golpes há 19 anos em mais de 100 pessoas nos estados de Alagoas e Pernambuco se passando por fiscal do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL). O estelionatário preso na quarta-feira, 27, se passava por ex-presidente da entidade para praticar o crime. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que efetuou a prisão após uma “caça” de aproximadamente seis horas, Mario Antônio Lima procurava obras em bairros humildes e questionava os moradores quanto à apresentação de projeto para construção. O valor da “multa” aplicada pelo estelionatário variava entre R$ 8 mil a R$ 10 mil. Caso a vítima não tivesse a quantia, o suspeito diminuía para R$ 1.500. “Ele ia nas obras, multava e pedia para ligarem duas horas depois para realizar o pagamento do valor total da multa e é claro, dificilmente alguém humilde tem R$ 8 mil ou R$ 10 mil guardados em casa, então ele negociava”, explicou um policial que não quis se identificar. Lima foi preso em flagrante com cerca de R$ 6 mil oriundos de um golpe aplicado no bairro do Trapiche, e já estava enganando um morador do Jaraguá no momento da voz de prisão. Também foram apreendidos plaquetas, notificações e carimbos com o emblema do Crea. A polícia no entanto, informou que todo o material é falsificado. À reportagem, o acusado se declarou inocente e disse ser apenas

um motorista particular. “Fui levar um passageiro no aeroporto e quando estava voltando, a polícia fechou meu carro e me acusou disso. Nada disso é meu”. Sobre as fotos em documentos falsificados, Mario alegou que não é ele nas imagens e que seu advogado cuidaria disso. Uma das vítimas do golpe foi o ex-presidente do Crea, Aloisio Ferreira, que hoje preside o Clube de Engenharia de Alagoas (CEA). Segundo ele, Mario Antônio já usava identidades e carteirinhas de fiscais do conselho há vários anos, mas nunca era apanhado. O engenheiro foi informado pelo EXTRA que estava sendo vítima do crime de falsidade ideológica poucos minutos após a prisão do suspeito. “O modelo da minha carteirinha que ele está usando nem existe mais, foi um modelo provisório criado em 2011 durante minha gestão”, explicou. Ainda segundo Ferreira, por

enquanto não pretende tomar providências judiciais e deve deixar as acusações por conta do Crea. “Sabem que foi uma falsificação então o Conselho vai cuidar disso”, disse.

MAIS DE 100 DENÚNCIAS

De acordo com o gerente de Fiscalização do Crea, Rafael Helvis, ao longo de quase 19 anos foram realizadas mais de 100 denúncias contra Mario Antônio Lima, mas que nunca conseguiam identificá-lo por sempre usar documentos falsos. Sobre a carteirinha com o emblema do Crea-PE, foi informado que ainda estão sendo colhidas informações junto ao conselho pernambucano para saber a quantidade de pessoas que foram vítimas. Segundo Helvis, apenas nos últimos três anos começaram a ser

recolhidas mais informações sobre o suspeito, incluindo alguns Boletins de Ocorrências feitos por fiscais do Crea que foram usados para comprovar perante a polícia a forma como o suspeito agia durante seus golpes. “Existiam muitos documentos sobre ele. Vários fiscais também tinham feito denúncia contra ele nesses anos de atuação. É claro que ele não passaria em branco após todo esse tempo”, disse Rafael. Mario Antônio foi encaminhado para a Central de Flagrantes 1, no bairro do Pinheiro onde foi ouvido pelo delegado plantonista e posteriormente indiciado por falsidade ideológica e estelionato.


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BAIRRO CONDENADO

Jurista pede bloqueio de contas da Braskem Valor para reparos no Pinheiro pode chegar a R$ 23 milhões JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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mineradora Braskem poderá ter que depositar R$ 11,5 milhões na conta da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil para despesas com a evacuação do bairro do Pinheiro, em Maceió. Esse é um dos pedidos da ação popular protocolada na quarta-feira, 27, pelo jurista Richard Manso na 14ª Vara Civel da Capital. E o valor indenizatório pode aumentar. Segundo a ação, Manso sugere “que a mesma quantia, ou seja, o valor em

dobro, seja destinada a fim de iniciar a garantia de reparos aos danos causados ao meio ambiente, à saúde humana e animal, sob pena de bloqueio de contas a qualquer título nos valores indicados, tornando definitiva a liminar, no julgamento do mérito”. Ao todo, a Braskem pagaria R$ 23 milhões. Pede também que a mineradora apresente dados e estudos a partir de sua existência em Maceió na década de 70, sobre a possibilidade de suas atividades de mineração estarem relacionadas ao surgimento de fissuras no solo e em imóveis do bairro. E tendo em vista a emissão do decreto de calamidade pública nos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro em decorrência do agravamento das fissuras em imóveis e vias

Richard Manso cobra também transparência nos dados da Braskem

públicas, o jurista acha necessário que a Prefeitura de Maceió proíba o trânsito nas regiões em evidência de veículos pesados, “bem como que seja efetivada a evacuação sistemática e estudada, urgente, de toda modalidade e espécie de vida ecológica, ambiental, humana e animal, para áreas seguras”. O documento também faz exigências ao Congresso: “Solicite ao Senado Federal, a ata da audiência pública convocada pelo senador Rodrigo Cunha, realizada no dia 21 do corrente mês e ano, seus vídeos e gravações de TV do Senado, notas taquigráficas, e relatório final, acerca do objeto que foi, a situação dos

bairros de Maceió do Pinheiro, Mutange e Bebedouro, para servir como meio de provas do objeto da presente ação”. “A ação foi proposta tendo em vista o amparo da norma constitucional e da norma infraconstitucional, notadamente, no caso, para garantir os danos ambientais e da vida humana e animal que estão já a acontecer. Não podia me furtar a esse ato de cidadania e de justiça. Tenho certeza que a Justiça de Alagoas irá aplicar as normas e garantir a todos os cidadãos o direito à vida e à natureza saudável”, explicou Manso ao EXTRA.

Relatório ao MP isenta Braskem por fissuras em imóveis SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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oi parafraseando o escritor Franz Kafka, escritor judeu de língua alemã, que o procurador de Justiça Antiógenes Marques de Lira, iniciou o relatório encaminhado ao chefe do Ministério Público Estadual, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto definindo a problemática atual do bairro. “Atrelado à ideia do surreal, do absurdo; confusão entre o real e a ficção, estado hipotético de penumbra, de danação absoluta e de submissão ao imaginário. Crise de identidade entre o mundo e o indivíduo”. No relatório, são destacadas as falhas do poder público, que na avaliação do procurador estariam criando um clima de caos não só para os moradores do bairro, mas para toda população maceioense. “Observemos que dada a sua localização e a desocupação desenfreada dos imóveis do bairro, quer por recomendação da Defesa Civil (estadual e municipal) ou de modo voluntário, por temor, justificado ou não, isso gerará um problema sistêmico em Maceió [...] os imóveis desocupados assim não ficarão por muito tempo, além de estarem sujeitos a saques e depredações, certamente se deslocarão para a região pes-

soas abaixo da linha de pobreza, como sem-tetos, drogados e sicários”, diz trecho do documento que classifica a situação como grave e inquietante. Coordenador da força-tarefa criada pelo Ministério Público para acompanhar a situação no bairro, Lira critica o poder público que, segundo ele, orienta o cidadão a “abandonar” sua residência por um risco inespecífico e nem sequer toma as medidas necessárias para proteger esse imóvel desocupado pelo proprietário, após ordem pública. Destaca, ainda, divergências de informações sobre os aparecimentos das rachaduras nos imóveis: relatos informam que os primeiros registros das trincas, tanto nas residências quanto nas ruas, surgiram no dia 15 de fevereiro de 2018 após fortes chuvas na região e que com o tremor do dia 3 de março essas trincas teriam aumentado de tamanho, um trecho da nota oficial do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo que informou que o tremor que teve magnitude de 2.4 na escala Richter não costumam provocar impactos nas construções e a afirmação da Secretaria Adjunta Especial de Defesa Civil do Município de Maceió, que informou que a grande trinca surgiu antes do evento sismológico.

E, acrescenta: “Há mais de 10 anos há registros deste tipo de danos, porém, de menores proporções”. De forma geral, Antiógenes de Lira diz acreditar que as fissuras em imóveis e artérias do Pinheiro estejam relacionadas ao excesso de água no solo, tanto em decorrência da falta de escoamento das águas das chuvas quando da rede obsoleta de abastecimento de água na região. Quanto à recomendação de saída dos moradores do bairro, enfatiza que a decisão final deve ser tomada por profissionais qualificados a emitirem laudos técnicos sobre as condições estruturais de imóveis. “A decisão final em relação à saída dos moradores e/ou interdição da residência deve ser tomada por parte de engenheiros civis da própria Defesa Civil ou do CREA-A[…]. Todos os imóveis trincados devem ser vistoriados”. O procurador também critica o que considera como excessiva exposição de técnicos do Serviço Geológico do Brasil na mídia, cujas declarações, a seu ver, têm tom alarmista e assustador, onde são anunciadas catástrofes e eventos inusitados em caráter global. Depois de abordar contradições entre a Defesa Civil Municipal e a CPRM, o procurador

avalia que o fato de muitos estarem culpando a Braskem pelos problemas no Pinheiro esteja relacionado às tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais. “Tudo isso mexeu e mexe com o espírito popular, levando a uma associação automática entre a atividade mineradora e os seus riscos potenciais para as populações locais, não importando as garantias dadas e as medidas de segurança adotadas”. Diz ainda que neste contexto não faltam “experts”, com ares “professorais superiores, a fazer associações desprovidas de qualquer fundamento técnico, vaticinando o apocalipse a partir do bairro do Pinheiro ou mesmo os terríveis males da mineração”. Ainda em relação à Braskem, afirma que, “adotando uma posição conservadora, é possível que a extração da Braskem esteja afetando o bairro, mas, é improvável”. O que prova que até o momento não há indícios, nem provas, mas a constante divulgação de que a empresa seria a causadora do problema do bairro. O relatório diz ainda que são “apenas especulações e teorias vãs que não ajudam em nada a população do bairro, nem a encontrar as causas para o problema”.


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Recomendação de engenheiros sobre região foi ignorada pelo poder público

Gabinete de crise foi proposto há um ano ao Estado e Prefeitura de Maceió pelo Clube de Engenharia e pelo Crea BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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ma recomendação para criação de um grupo de trabalho com profissionais especializados em geologia com ênfase em abalos sísmicos feita em 12 de março de 2018 poderia ter agilizado os estudos que estão sendo realizados no bairro do Pinheiro, Mutange e Bebedouro, se não tivesse sido ignorada pela Prefeitura de Maceió e pelo governo do Estado. É o que revela o presidente do Clube de Engenharia de Alagoas (CEA-AL), Aloisio Ferreira de Souza. De acordo com Aloísio Ferreira, durante reunião com engenheiros alguns dias após o tremor que aconteceu em 3 de março do ano passado, cuja magnitude foi de 2,7 graus na Escala richter, foi elaborado um documento em parceria com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL) sugerindo uma série de medidas. O documento foi encaminhado aos órgãos competentes, mas foi ignorado. Para o especialista, as recomendações poderiam auxiliar a mapear melhor o que está acontecendo no bairro e ajudar nos estudos que estão sendo realizados pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Entre as medidas que deveriam ter sido tomadas está a criação de um grupo de trabalho com profissionais em caráter

Novas recomendações e questionamentos

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lém das recomendações feitas há mais de um ano e que não foram atendidas, durante fórum promovido pelo Clube de Engenharia de Alagoas, na segunda, 25, com exposições do engenheiro José Vieira Passos, especialista em drenagem; Luciana Vieira, professora de geotecnia da Ufal; e o professor. Abel Galindo, especialista em fundações, foram defindidas novas recomendações e questionamentos junto ao poder público, ao Serviço Geológico do Brasil e à Braskem. Entre os questionamentos está a data exata para disponibilização da integralidade dos dados dos estudos de interferometria, parcialmente apresentados na audiência pública do Senado, na última semana, se a Braskem já divulgou, publicamente, o seu Plano

de emergência, além da criação por parte da Prefeitura e do Estado, de um núcleo especializado em geologia com a responsabilidade de estudar e acompanhar fenômenos geofísicos na região, propondo aos poderes medidas de segurança e normas mais rígidas para construção de edificações, capazes de suportar pequenos tremores, causando um mínimo de danos nas residências. “Se isso tivesse feito com a devida orientação, e se a prefeitura e o Estado criassem um gabinete de crise quando recomendamos que fosse feito, as coisas seriam diferentes”, explicou o presidente. Além das medidas, o engenheiro alertou à época para a falta de profissionais suficientes na prefeitura para analisar e fiscalizar as obras que estavam sendo construídas no bairro. “Necessário a realização de concurso público para contratação de profissionais na área de engenharia pois não o fazem há mais de 20 anos”, diz o documento. A falta de engenheiros especializados em inspeções prediais é uma queixa que moradores ressaltam em relação Defesa Civil de Maceió, que possui apenas dois engenheiros em seu quadro. Aloisio Ferreira ressalta que até o momento não tomou conhecimento se as medidas foram adotadas ou não, mesmo após a repercussão que o caso ganhou. de Fechamento das minas de sal-gema entregue à Agência Nacional de Mineração e se ocorreram avaliações estruturais realizadas por profissionais qualificados nas residências e demais construções que, de alguma forma, foram afetadas pelos eventos no bairro. Além dos questionamentos, os engenheiros fizeram novas recomendações, já com base no cenário apresentado pelo Serviço Geológico do Brasil, como por exemplo: que seja determinada a realização de inspeções técnicas, por profissional qualificado, para que seja tomada a decisão sobre a remoção de pessoas e demolição de edificações que, eventualmente, não apresentem condições de remediação e que sejam disponibilizados os dados referentes a todas as minas sob a responsabilidade da Braskem. O EXTRA entrou em contato com a Prefeitura de Maceió e com o Governo de Alagoas para saber o motivo pelo qual as primeiras recomendações foram ignoradas mas, até o fechamento desta edição, não houve retorno.

Ferreira revelou que medidas sugeridas foram ignoradas

BRUNO FERNANDES

Afundamento da Levada já era conhecido, afirma especialista O afundamento de terra encontrada em regiões do bairro da Levada e divulgadas recentemente pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) é um problema velho e conhecido dos engenheiros e especialistas de Alagoas e não tem relação com o que ocorre no bairro do Pinheiro, revelou a professora Luciana Correia Laurindo, do Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV), da Universidade Federal de Alagoas e o mestre em geotécnica, Abel Galindo Marques. Segundo a especialista, o local é conhecido pelos engenheiros por ser uma área urbana construída em solo tipo argiloso e as ocorrências de afundamento não são surpresa. “Aquela região da Levada é uma região de lama, então é algo normal”, diz a professora. A informação foi

Luciana Correia explica que afundamento da Levada já era conhecido

confirmada pelo Clube de Engenharia de Alagoas. De acordo com o CPRM, o local está literalmente afundando aproximadamente 36 mm por ano, mas a professora ressalta que o processo que está acontecendo na localidade é o de adensamento ou seja, o solo é argiloso e está se compactando de forma natural. Em relação ao Farol, o mestre em geotécnica Abel Galindo Marques informou que, ao contrário das demais áreas, o bairro não está afundando, como divulgado equivocadamente em alguns veículos de comunicação. “Toda a área verde mostrada na apresentação do Senado Federal não está se movimentando ou afundando”, explicou. Como as imagens compradas de um satélite italiano são apenas de dois anos atrás, ainda não é possível dizer se o fenômeno de afundamento nas demais regiões é progressivo ou se em determinados períodos o solo subiu.


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COQUEIRO SECO EM BOAS MÃOS Decele Damaso é homenageada como Destaque Mulher Brasil

empre trabalhando pelo fortalecimento sustentável da cidade de Coqueiro Seco e em busca de melhorias constantes para seus munícipes, a prefeita Decele Damaso teve mais uma vez seus esforços reconhecidos. A gestora foi homenageada com a Medalha Destaque Mulher Brasil, instituída pela União dos Vereadores do Brasil (UVB) e entregue ao final do Encontro Nacional de Legislativos Municipais e Encontro Nacional do Fórum da Mulher Parlamentar, que aconteceram no último dia 23. “O reconhecimento é apenas um indicativo de que estamos no caminho certo. Temos uma equipe que trabalha coletivamente, na busca dos resultados previamente planejados”, afirmou Decele. Sempre defendendo a educação como pilar para a construção de pessoas autoconfiantes, dignas e convictas de suas potencialidades, a prefeita também traça metas na sua gestão para fortalecer ainda mais a economia, gerando novas oportunidades com o objetivo de transformar vidas. “Tem dado certo, e a população também reconhece, justamente porque o foco é fazer gestão valorizando as pessoas, através da educação, base de tudo, e promovendo oportunidades”, finalizou a prefeita. Como gestora, Decele também foi homenageada na 16ª Edição do Prêmio Radialista Odete Pacheco e vencedora na 10ª Edição do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor, na categoria Inovação e Sustentabilidade.


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PRESÍDIOS

Sistema prisional à beira do colapso

Denúncia sobre situação de caos chega ao CNJ SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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m dos maiores impasses do sistema prisional alagoano é a falta de agente penitenciários nas unidades prisionais. Segundo o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas (Sindapen), Petrônio Lima, não há quantidade necessária de servidores para o alto número de presos. “Isso coloca em risco a execução das atividades para manutenção da segurança de rotina das unidades do estado”. Em 2013, o Tribunal Regional do Trabalho determinou que o governo do Estado praticamente dobrasse o número de agentes penitenciários, abrindo 550 vagas através de concurso público para agentes. Seis anos depois, a determinação até hoje não foi cumprida. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a profissão de agente penitenciário é a segunda mais perigosa do mundo e apesar dos percalços, Lima afirma que mesmo com o aumento da população carcerária e a redução do efetivo dos agentes, eles não deixam de realizar as ações de segurança, social e educativa. Segundo a estatística do sindicato, 619 profissionais se desdobram e correm riscos diários para prestar serviços à 4.832 internos; são 13 presos para cada agente. Um índice que mostra quase o triplo do recomendado pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, que determina apenas 5 presos para cada agente. Mas o presidente do Sindapen ressalta que não são os 619 funcionários ativos, entre eles estão os agentes de férias, de licença médica e os que trabalham em regime diário – cargos de gestão. “No final são cerca de 450 agentes divididos em escala de plantão entre 9 presídios e o regime semiaberto. Isso aumenta muito a media. Quando você divide esses agentes por plantão, fica em média 100 por dia, para o mesmo número de presos, 4972. São quase 50 presos para cada agente”. Ainda segundo Lima, no presídio do Agreste, que é privatizado, por exemplo, segundo o contrato com o Estado deveria ter no mínimo 90 agentes lotados e só

tem 70 .“Todo o sistema prisional trabalha com o efetivo muito reduzido”. Dados apresentados pelo Sindapen revelam que pelos menos 4 dos presídios de Alagoas estão com população carcerária excedente. Na penitenciária masculina Baldomero Cavalcante de Oliveira, o número de presos excedente, de acordo com o último balanço, feito em fevereiro é de 151 presos. No presídio de segurança médica professor Cyridião Durval e Silva o número é de 368. Na Casa de Custódia da capital são 314 internos a mais do que a capacidade e na Penitenciária de Segurança Máxima são 286. A categoria se movimentou e no último dia 18 apresentou a problemática para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Eles pretendem cobrar o governo do Estado a realização de concurso público, para reduzir ao máximo o deficit de agentes atuando no sistema prisional. VIOLAÇÃO DE DIREITOS Além de não poder ter a segurança necessária para o exercício da função, o baixo contingente de agentes também afeta direitos invioláveis dos presos. De acordo com o advogado criminalista, Thiago Pinheiro, hoje praticamente 100% dos presos não pode ir a audiência pessoalmente. “Os agentes não dispõem de efetivo suficiente para acompanhá -los, por isso se criou a ferramenta de audiências por vídeoconferências. Isso retira do réu o direito previsto em tratados internacionais: direito de presença à audiência”, relatou o jurista. Ainda segundo Pinheiro, a falta de efetivo arranha o direito de visita entre advogado e preso/cliente que por vezes não são retirados por baixo número de agentes. “Isso se constitui em tensão frequente entre as duas classes”. Lima também enumera todos os pontos prejudicados com a falta de funcionários necessária para a população carcerária. “O atendimento a psicologia é interrompido, médico, assistência social, visita de advogado, educaçã por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), visitação dos familiares e a própria segurança interna”, afirmou o presidente do Sindapen.

Gráfico disponibilizado pelo Sindapen

O QUE DIZ O GOVERNO

a oportunidade de Serviços Extraordinários remunerados para valorizar or meio de nota, a Secretaria de a categoria. A Seris e Seplag estudam Ressocialização e Inclusão Social equalizar a situação de efetivo no siste(Seris) informou que trabalha ma prisional alagoano e apresentar diariamente para manter a ordem e uma solução para otimizar os serviços disciplina nas unidades prisionais e penais no Estado”. reconhece a importância do agente Quando questionada sobre o sistepenitenciário para a consolidação deste ma utilizado para impedir a expansão processo. das facções no sistema prisional, foi Quanto ao que se refere a decisão informado que “o secretário de Resdo Tribunal Regional do Trabalho socialização e Inclusão Social (Seris), (TRT), a Seris ressaltou que “participa- coronel PM Marcos Sérgio de Freitas, rá de uma audiência nesta sexta-feira reconhece que essa é uma demanda (29), ao tempo em que a Procuradoria nacional, mas Alagoas tem apresentaGeral do Estado (PGE) e a Secretaria do o diferencial de extremo controle, de Planejamento e Gestão (Seplag), acompanhamento e duríssima, mas tomam as devidas providências em constitucional, intervenção em desfarelação à realização de concurso”, vor dessas organizações criminosas A Seris informou também que o e seus integrantes, não admitindo Governo de Alagoas reconhece a nequaisquer ação negativa perante a cessidade de efetivo. “Por isso propicia sociedade”.

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Aqualuz purifica água através de placas solares tornando-a própria para consumo

MENTES BRILHANTES

Startup nordestina quer garantir água potável para todo o semiárido brasileiro Grupo é o primeiro formado por mulheres do Nordeste a concorrer a prêmio em Harvard SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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entando mudar a realidade de muitas famílias do semiárido brasileiro, um grupo de estudantes criou um método para purificar água tornando-a potável e própria para o consumo humano. Com este projeto, será o primeiro grupo de mulheres do Nordeste a participar do Brazil Conference 2019, em Harvard, nos Estados Unidos. A startup Safe Drinking Water For All (SDW) criada por Anna Luísa Beserra, 21, uma estudante baiana recém formada em Biotecnologia, tem o ideal de desenvolver novas tecnologias hídricas que possam mudar a vida das pessoas. Segundo ela, a SDW tem o propósito de ajudar a resolver um dos maiores problemas de acesso à água

potável que afeta a região do semiárido brasileiro, buscando maneiras de tornar a água disponibilizada em cisternas da zona rural em potável. O projeto denominado Aqualuz é um método de purificar a água através de painéis solares instalados nas cisternas. O sistema desenvolvido consiste na filtragem baseado em luz solar, em reservatórios de 15 litros. O processo demora cerca de duas horas para ser concluído. “Hoje, temos dez unidades em funcionamento desse dispositivo que possibilita desinfetar água por meio da radiação solar. Estamos ampliando e queremos expandir mais, possibilitando dar água tratada de modo rápido, eficiente e barato, sobretudo para as populações do semiárido”, afirma a biotecnologista. Segundo Anna Luiza, no Brasil mais de 14 milhões de pessoas vivem

no semiárido com problema de acesso à água potável, e geralmente a principal solução para o tratamento é através do filtro de barro. “Porém, tanto o filtro de barro quanto a cloração e a fervura da água não consideram os aspectos sociais da família para manter a tecnologia, o que termina tornando inviável o seu funcionamento a longo prazo”, explica. A biotecnologista relata ainda que a Aqualuz é a única tecnologia do mundo voltada para cisternas e que pensa também no contexto social dessas pessoas, especificamente em relação ao preço e manutenção. “Por isso, buscando melhorar a saúde e qualidade de vida dessas pessoas, desenvolvemos o projeto. Ele é simples e muito eficiente usando apenas a luz solar para eliminar os causadores de doenças de veiculação hídrica”. Segundo ela, o custo é de R$ 500 e seu funcionamento pode ser dado em três simples passos: o usuário bombeia a água, espera que o indicador mude de cor, e retira toda a água do equipamento para consumo. De acordo com o último relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), na última segunda-feira, 18, mais de dois bilhões de pessoas não têm acesso à água potável no mundo e mais de quatro bilhões de pessoas vivem sem instalações básicas de saneamento. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que para cada U$S 1 investido em saneamento, economizam-se U$S 4,3 em saúde. O grupo – formado por mulheres universitárias Anna Luísa Beserra, de Universidade Federal da Bahia,

da área de Biotecnologia; Marcela Sepreny, estudante de Engenharia Química, e Letícia Nunes, de Engenharia Ambiental, chegou na final da competição e será apresentado fora do Brasil para uma banca de jurados formada pelos principais nomes do mercado de fundos de investimento e capital de risco do mundo. O vencedor da disputa entre as startups selecionadas ganhará um prêmio de R$ 75 mil para o desenvolvimento do projeto, o segundo lugar será recompensado com R$ 25 mil. De acordo com Beserra, a SDW, que em português significa Água Segura Para Todos, é uma startup socioambiental focada no desenvolvimento de tecnologias hídricas que mudam vidas. “Acreditamos que nosso papel na sociedade é transformar vidas através da água, seja melhorando o acesso, a qualidade ou a gestão da mesma. Por isso, nossa equipe é diversificada e multidisciplinar com um sonho em comum: fazer do mundo um lugar melhor”. As jovens não pretendem parar apenas no projeto Aqualuz e esperam que, com a participação no evento, outros projetos se desenvolvam e parcerias sejam firmadas para a implantação de sistemas que beneficiem as pessoas não só no Brasil, mas também ao redor do mundo. “Neste evento nossa expectativa é que a visibilidade que teremos seja transformada em parcerias e mais projetos de implantação que beneficiarão milhares de vidas, inicialmente pelo Brasil mas depois ao redor do mundo nas zonas áridas que sofrem com a falta de acesso à água”, finalizou a jovem.


e Projeto se expande e chega a Alagoas MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE MARÇO A 04 DE ABRIL DE 2019

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lém de participar da competição, o grupo deve implantar 50 unidades do sistema de purificação de água em municípios de Alagoas (AL) e Rio Grande do Norte (RN), além dos protótipos que já funcionam na Bahia (Feira de Santana e Valente) e no Ceará. Em Alagoas, no último dia 24, cinco unidades do Aqualuz foram instaladas na Zona Rural de Piranhas, na Comunidade Sítio Poço Doce 2, região do Xingó. “Nossa expectativa é de demonstração da tecnologia inicialmente para que outros municípios em torno se interessem em tornar o Aqualuz uma realidade na região beneficiando milhares de famílias”, contou Anna Luiza. A startup contou com o apoio da Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Meio Ambiente de Piranhas (Semagri) e do Centro Xingó para implantação inicial.

COMO FUNCIONA

O sistema foi pensado para tratar a água de cisternas de famílias que residem, sobretudo, em áreas distantes do abastecimento do sistema hídrico.

No primeiro passo, ela passa por um filtro hoje em dia feito de manta acrílica ou pano de algodão. Após passar pelo filtro, a água fica armazenada na caixa e exposta ao sol. A radiação ultravioleta e a alta temperatura ativam o chamado DNA de patógenos, e depois do ciclo de em média 2 horas, a água já está pronta para uso. Futuramente o filtro será substituído por fibra sisal, que após o processo poderá servir como adubo para o meio ambiente local. De acordo com a estudante Marcela Sepreny, a fibra de sisal é mais eficiente se comparada com os atuais materiais utilizados “A fibra de sisal, proveniente da folha da planta de sisal, se mostrou, diante de experimentos realizados, cerca de 10% mais eficiente que o filtro sintético. Enquanto a eficiência do filtro de sisal pode chegar a 92%, o filtro sintético tem 82% de eficácia”, pontuou ela, ressaltando ainda que o Brasil é o maior produtor de planta de sisal do mundo. Segundo Letícia, estudante de Fortaleza, a Aqualuz pode permitir que as famílias com dificuldade de acesso à água tenham uma melhor qualidade de vida. “A intenção é qualidade para famílias que às vezes têm

Anna Luiza Beserra, fundadora da startup SDW

acesso à água da chuva, mas que não realizam um tratamento adequado”, reforça ela. A ideia inicial surgiu em 2013, quando Anna Luiza tinha 15 anos e queria participar do Prêmio Jovem Cientista com alguma solução simples, escalável para um problema real. Na época não ganhou o prêmio, mas seguiu adiante aperfeiçoando o projeto, até que durante a faculdade de

Biotecnologia criou a startup. Segundo ela, a Aqualuz trata-se de uma tecnologia com inúmeras vantagens frente aos concorrentes (filtro de barro, cloração e fervura da água), sendo a principal a durabilidade e facilidade de manutenção, com a troca de filtro por materiais da região e limpeza com água e sabão.


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Alô pais: boneca Momo de volta

dos jogos, a boneca aparece e pede que as crianças pratiquem atos com mensagens assustadoras. Surgem cenas de braços cortados e sangrando e diz: “Se doer,

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a semana passada imagem da “boneca” Momo voltou a ser comentada nos meios de comunicação e nas redes sociais. A boneca (com um rosto sinistro) é uma escultura de um artista japonês, de 2016, de Tokyo. A imagem tem sido utilizada para incitar crianças e adolescentes a praticarem atos de autolesão (com lâminas e facas) e até suicídio. Ela aparece em jogos infantis e pede para as crianças praticarem atos agressivos. Caso a criança não faça, ela faz chantagem de terror. Pede que a criança deixe o botão do fogão do gás ligado; tomar medicamentos e outros atos. Os relatos dão conta de que o surgimento da “boneca” é, inclusive, na plataforma do Youtube Kids. Nas cenas

não pare. Você precisa ser corajoso”. Os pais precisam estar atentos sobre o que os filhos estão assistindo, inclusive jogos infantis. Caso apareça nos jogos é preciso denunciar às autoridades policiais. Pergunte aos filhos se têm visto cenas estranhas nos jogos.

Silenciosa

Uma manifestação silenciosa está surgindo nos meios de comunicação, especialmente na Internet. A intenção é desestabilizar o equilíbrio emocional das pessoas e especialmente de crianças e adolescentes. Isso não é uma situação esporádica e sim intencional, planejada. Pode-se dizer, com segurança, que pode haver pessoas (com transtornos mentais) com a intenção de praticarem o terror psicológico. Isso é um sintoma de que a sociedade está doente e que precisa de ajuda, de tratamento.

Sintoma nefasto

Quando não se incita ou estimula nas crianças sentimentos de respeito, compaixão e sensibilidade, ou se faz o contrário – é o que está sendo observado no habitat familiar, isso é um indicativo de que algo muito sério está ocorrendo e precisa ser investigado. São inúmeros os casos de suicídio entre jovens e nos adultos (já na primeira frustração da vida). As pesquisas e a própria mídia têm divulgado esses fatos, cotidianamente.

Questionar

O que indica é que precisamos questionar: o que estou/estamos dizendo aos meus filhos e demais familiares está contribuindo ou prejudicando a vida deles? O que é eu/nós posso/podemos fazer para amenizar essa situação? Vale lembrar que a frustração faz parte do aprendizado da criança ou do adolescente. Não é porque fica triste que vai ter algum tipo de transtorno mental na fase adulta; pelo contrário, vai aprender a suportar e superar. Por que numa simples frustração a pessoa perde o controle emocional?

Estimular

Os pais devem estimular que é possível superar uma frustração, qualquer que seja a situação de adversidade da criança ou, principalmente, do adolescente. Ficar triste com algo concreto, palpável, não é problema; problema é não sentir a tristeza ou tentar camuflá-la, inclusive com presentes ou com medicamentos. Sentir tristeza, raiva, querer ser agressivo é extremante natural, o mais importante é saber o que fazemos com esses sentimentos. Eles precisam ser sentidos, e, se for o caso, superá-los.

Natural

Ter sentimento de tristeza, repetindo, é extremamente natural e no momento certo não faz mal. Mas, o que está acontecendo é que os pais não deixam os filhos, já desde criança, vivenciarem uma frustração. O que indica que está havendo uma superproteção e isso é extremamente perverso para o desenvolvimento psíquico deles.

Respeito

O que nos diferencia de um animal irracional é exatamente o poder que temos de perceber tudo aquilo que está ocorrendo em torno de nós mesmos. Portanto, é necessário que preservemos essa capacidade, que, em resumo, é ser solidário, ter compaixão, ter respeito pelo outro. É não menosprezar, não ser indiferente com a dor de outrem.

Sensibilidade

Mas, o que está acontecendo? Uma desestabilização emocional generalizada. Quem está por trás da difusão, em massa, dessa desestabilização? Será que existe algum grupo político? Será que o ser humano está perdendo o respeito pelo seu semelhante? Quem ganha e quem perde quando uma população está com esse sintoma: insensibilidade?

Tirar a vida

É mito dizer que a pessoa não fala que quer se matar. Ela fala sim. Ela diz, por exemplo, que está dando muito trabalho para as pessoas. Que é melhor sumir. Que a vida não vale nada e assim por diante. Se estes sinais são muitos frequentes, é provável que a pessoa esteja num processo inicial de depressão, que é um transtorno que pode levar a pessoa a cometer o suicídio.

SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Verdade

Não se deve esquecer que a relação analítica está fundada no amor à verdade. (Jacques Lacan)

Tirar a vida II

Um dos sinais que pode ser decisivo para que possa se desenvolver o desejo de tirar a própria vida é o embotamento afetivo, ou seja, a pessoa deixa de conviver com os familiares, amigos; não vai trabalhar, não tem vida social; nada tem sentido.

Tirar a vida III

Outra característica é ficar irritada sem motivo específico, o que chamamos motivo difuso. Fica com tristeza frequente, tem insônia, perda de concentração e negligência com higiene pessoal.

Tirar a vida IV

A família tem um papel fundamental para amenizar o sofrimento. Ela pode também ser um fator estressor. A primeira coisa que a família deve fazer é se informar sobre se os sinais de depressão estão presentes. Caso positivo, jamais dizer que é frescura da pessoa, que o problema vai passar, que ela não tem motivos para ficar depressiva. Este tipo de atitude, com a pessoa com depressão, só piora o sofrimento.

Tirar a vida V

É preciso que se busque uma pessoa, da confiança dela, para que ela possa conversar. Essa pessoa deve incentivá-la a dizer o motivo do sofrimento, e convencê-la a procurar um psicólogo para uma avaliação, para detectar o nível de depressão que a pessoa se encontra e fazer, também, psicoterapia. Quanto mais cedo a pessoa entrar num processo psicoterápico mais rápido ela vai sair do processo depressivo. A pessoa que comete suicídio não quer acabar com Aa própria vida e sim acabar com o sofrimento, que pode ser circunstancial. Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Atendimento virtual pelo site: www.vittude.com. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também na CLÍNICA HUMANUS: Rua Íris Alagoense 603, Farol, Maceió-AL. (82) 3025 4445 / (82) 3025 0788 / 9.9351-5851 Email: arnaldosanttos@uol.com.br arnaldosanttos.psicologo@gmail.com.


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Pinheiro, uma história mal contada que pode terminar em tragédia

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publicação no Diário Oficial de Maceió com o decreto de estado de calamidade pública nos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro em decorrência do agravamento das fissuras em imóveis e vias públicas nestas regiões foi mais uma decisão responsável e necessária do prefeito Rui Palmeira ao tempo que comunicou ao Ministério Público Estadual o chamando à responsabilidade de seu papel institucional. Ao tempo em que oficializa a situação de gravíssimo risco de desastre em uma vasta região, atingindo vários populosos bairros da capital, o prefeito faz um chamamento cívico a todos os segmentos da sociedade alagoana, pois cada um em sua área tem a responsabilidade com a vida e o patrimônio dessas pessoas. Há a possibilidade real de um desastre sem precedentes, em que ocorrendo, muitas vidas serão perdidas e prédios

destruídos pela fatalidade ou irresponsabilidade de alguns. A administração pública municipal não possui recursos financeiros, estruturais e equipes técnicas capazes de enfrentar uma situação de desastre nas proporções previstas. Será preciso então que o governo do Estado, que pouco tem feito pelo caso, assuma o seu papel de responsável para segurança pessoal e patrimonial do alagoano em risco. O governo federal precisa com urgência desviar um pouco o olhar das redes sociais políticas e passar a perceber que o caso de uma previsível catástrofe em Maceió é de gravidade extrema e com consequências imprevisíveis. Não podemos entrar na soma de tantas tragédias que têm ocorrido ultimamente no país, muito mais por negligência e tolerância do poder público e a criminosa visão do lucro do empresariado bandido.

Muita conversa e pouca ação

Há meses as famílias residentes nos bairros ameaçados esperam uma resposta sobre afinal o que está acontecendo e o que pode acontecer agora ou mais adiante. Muitos comerciantes estão apavorados com o declínio de seus negócios e o ameaçador futuro que os ameaça. Milhares de pessoas já se mudaram, largando seus imóveis, e o bairro está ficando deserto. Equipes de técnicos especialistas vindos de várias partes do país trabalham dia e noite, cavando, medindo, contando e estudando as causas e os possíveis efeitos do problema. As declarações têm sido imprecisas, sem fundamento, cheias de termos técnicos que a população não entende e depois o resultado: “Até agora nada. Vamos aguardar”. Aguardar o quê? O desastre anunciado? Ou catástrofe devastadora. Ninguém fala claramente ou por não saber do contrário falarão após o fato acontecido.

Audiências midiáticas

Para quem conhece as entranhas de Brasília e do Congresso sabe que um senador inexperiente, de primeiro mandato e do baixo clero quase não tem o que fazer em Brasília, até porque têm as mais capacitadas assessorias à sua disposição. Mas o senador Rodrigo Cunha sempre acha o que fazer. Promoveu uma audiência pública em uma das salas do Senado tendo como pauta o anunciado desastre no bairro do Pinheiro. Confesso que não vi muita utilidade na ideia. O local estava lotado de alagoanos que se deslocaram a Brasília, certamente ninguém pagando dos seus bolsos, para conversar o dia inteiro sobre o óbvio. Se a audiência tivesse sido feita em Maceió teria efeito mais positivo e menos gastos, certamente. Como positivo apenas a transmissão ao vivo pela TV Senado (aí todo mundo se mostrou na fita). Não compareceu um parlamentar de destaque para prestigiar a audiência. Foi uma conversa entre alagoanos, desfrutando os ares de Brasília. E exibidos na televisão do Senado para afagar o ego de cada um.

Barrado no “baile”

Como estava durante toda a semana em Brasília e o tema dizia respeito a Alagoas e em especial ao Pinheiro, me dispus a abrir um espaço em minha agenda para participar do encontro. Necessitando de algumas informações antecipadas tentei marcar formalmente uma audiência com o senador Rodrigo Cunha. Após dois dias o seu gabinete manda comunicar que eu não poderia ser recebido, pois “o senador estava muito ocupado e talvez eu conseguisse falar com ele em Maceió”. Não sei se minha secretária deu o recado como mandei, mas vou repeti-lo aqui: “Diga ao senador que não tenho nenhum interesse em falar com ele em Maceió e aqui em Brasília já não tenho também” (ainda acrescentei algumas palavras que não é conveniente repetir neste espaço) Foi deselegante, descortês e prepotente. É a velha história:quer conhecer um homem? Dê-lhe o poder, Assisti à audiência pela TV Senado e como disse achei inócua, as mesmas conversas, os mesmos dramas, as mesmas indecisões e tudo tratado apenas por alagoanos. A grande mídia nacional não tomou nem conhecimento.

Para refletir:

PEDRO OLIVEIRA

“Não dá para governar o país e ‘brincar’ nas redes sociais. O governo precisa de um comandante”. (De um deputado aliado ao presidente Bolsonaro)

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Todos juntos por Alagoas

Os políticos alagoanos precisam urgentemente descer dos palanques, guardar suas “bandeiras partidárias” com relação à grave anunciada tragédia dos bairros ameaçados por uma catástrofe anunciada. Brasília e em especial o Palácio do Planalto, precisam olhar com urgência e maior atenção para esse acontecimento de proporções alarmantes, apavorando uma cidade, destruindo uma região e ameaçando vidas e patrimônios. Não adiantam as ações individuais políticas ou técnicas, pois não conseguirão sensibilizar as autoridades nacionais, inclusive o presidente da República. Alguma coisa só acontecerá se unir todas as forças sociais e politicas rumo a Brasília e expor diretamente ao presidente Jair Bolsonaro (não a seus confusos ministros) a gravíssima situação de ameaça, o convencendo de que neste momento Alagoas é prioridade nacional para se evitar mais uma tragédia de altas proporções. Senadores, deputados federais, deputados estaduais, governador, prefeito da capital, Poder Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas, Câmara Municipal, lideranças empresariais, entidades de classe, instituições civis e militares, formando uma grande Frente em Defesa de Alagoas. Ou acontece um movimento robusto, do tamanho que a crise exige, do contrário estaremos fadados a aguardar o pior e depois lamentarmos e passar a sermos manchetes como uma das maiores tragédias nacionais, por negligência, irresponsabilidade e ganância empresarial com a conivência do poder público. Vamos esperar quem será o primeiro a abraçar a formação da Frente em Defesa de Alagoas. Se é que vai aparecer.

É meu, eu posso

Muitos criticaram o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por ter emprestado seu avião particular para transportar o ex-presidente Michel Temer do Rio de Janeiro para São Paulo, após sair da prisão. O governador confirmou que emprestou o avião e disse: “Não ia deixar um homem idoso, que é presidente do meu partido, ter que pegar um avião de carreira para voltar para casa achincalhado, após uma prisão considerada ilegal pela Justiça Federal. O avião é meu, o dinheiro é meu. (O valor gasto) não importa”, respondeu a repórteres. Gostei muito da resposta do governador. Quem não deve não teme. Feio seria viajar em aviões de empresas suspeitas. Mas só quem tem razão e está com a verdade pode dar respostas desse tipo.


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Pinheiro: quem será responsabilizado?

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m janeiro travei conversa em voo Goiânia- SP- Maceió com técnico da CPRM que esteve atuando em Maceió no bairro do Pinheiro. Naquele momento eu (e a rigor o restante do país) desconhecia o real tamanho da questão já que até a undécima hora governo do Estado e Prefeitura sofismaram sobre o problema ao invés de publicizá-lo adequadamente e tomar as medidas sérias e cabíveis que o caso sempre requereu. Disse mais ele: que não entendia por que não estavam providenciando a evacuação do bairro, dada a gravidade do problema. O que me motivou a escrever alguns artigos sobre o problema. Que hoje se sabe – infelizmente - se estende do Calmon em Bebedouro até às franjas do CEPA na parte alta da cidade (e em profundidade, até o inicio da Av. Rotary), englobando também na parte baixa o Mutange e parte do bairro do Bom Parto.

Foram quase dois anos perdidos de anomia governamental, incompetência técnica e tergiversações sobre a principal empresa suspeita de ter causado o problema. “Bateção de cabeça” que continua com declarações e ações desprovidas de senso prático, em alguns casos beirando o ridículo. Todas visando resguardar posições indefensáveis. Tentam transferir responsabilidades para “Brasília” (sic!) ao informarem estar buscando “levantar recursos” que só alcançaram até agora mero 1% dos potenciais atingidos. Também buscam envolver subliminarmente a CPRM “que ainda não entregou relatório conclusivo” (mera forma de escape do problema conhecido há tempo nos bastidores, como agora se sabe). Onde estiveram o governo do Estado (e sua gritante e injustificável ausência?) e a Prefeitura (que somente agora declara si-

Abracem o Pinheiro

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erdoem o tom panfletário do artigo, assim como dos anteriores sobre o tema, mas o caso do bairro do Pinheiro, por encerrar uma grande carga de emoção, requer veemência nos discursos. Muito se tem dito nos últimos meses sobre o afundamento do solo do Pinheiro. São notícias desencontradas, muitas alarmistas e sem qualquer embasamento técnico. Uma hora condenada está a área vermelha; outra, todas as outras áreas (laranja e amarela) estão comprometidas; afirma-se que o desastre ronda o bairro do Farol; pessoas que moram na Gruta de Lourdes, distante do Pinheiro, assustam-se com boatos e notícias sobre o seu logradouro. Em tal situação facilmente apreensão transforma-se em pânico; pânico em pavor. Técnicos dizem uma coisa, a mídia interpreta ao seu modo, alimentando o fogo de mon-

turo dos temores e justos receios. Pessoalmente, prefiro aguardar, não as palavras ocasionais de um e de outros, mesmo dos geólogos, mas os seus relatórios, quando as suas assinaturas imprimirão responsabilidade às palavras que grafarem. Até lá, é de se ter cuidados e cautelas. Não apenas isso. Há que se agir organizadamente. Recentemente o senador Rodrigo Cunha envolveu-se com vigor na questão, uma presença política importante, principalmente por ser o único dos senadores, eleitos pelo povo, a fazer alguma coisa produtiva em benefício do Pinheiro. Não são bastantes as gestões, porém. É necessário que o povo, os moradores do bairro, protagonizem ações, pressionem as autoridades por soluções, menos simplórias do que aquelas apontadas por representantes da Defesa Civil, dentre as quais a mais

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ELIAS

FRAGOSO n Economista

tuação de calamidade pública)? Sequer realizaram um simples e burocrático cadastro das cerca de 50 mil pessoas que podem potencialmente ser atingidas... Se acontecer o desastre anunciado, nossos hospitais estão aptos e aparelhados para tal catástrofe? Os profissionais da saúde estão treinados e qualificados para a emergência? Os bombeiros têm os equipamentos e recursos humanos suficientes para emergência de tal gravidade e magnitude? A Polícia Militar foi treinada para atuar no caso de

CLÁUDIO

VIEIRA

n Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

recorrente é “saiam do bairro”, “evacuem a região”, e assim por diante. Estimular, por pressão, o prefeito afinal desperto para o problema cruciante vivido pelo povo. Acordar também o governador, que parece ter assumido aquela posição de estátua dos brinquedos infantis. Por outro lado, buscar amparo junto aos Ministérios Público Estadual e Federal é impositivo, por serem eles os únicos órgãos em

um incidente deste porte? São respostas – dentre várias outras - que sabemos, infelizmente, serem negativas. Não se prepararam para antecipar e prevenir o problema, nem para mitigar efeitos deletérios que desastre dessa envergadura provocaria. Louve-se a atitude do senador Cunha (que não conheço e nem votei: meu domicilio eleitoral é Goiânia) por ter rasgado o véu negro que estava encobrindo a verdade sobre o Pinheiro e adjacências e a sempre presente ação dos ministérios Público Federal e Estadual no caso. São ilhas de excelência responsáveis por trazer à tona a verdadeira face do problema para a população. Obrigando os entes responsáveis a “saírem da casca” e se expor (o que eles detestam e evitam de todas as formas possíveis) suas incapacidades latentes. O Estado mais uma vez dá atestado cabal do porque somos o penúltimo do País em quase todos os rankings. Os cidadãos daqueles bairros, quase 50 mil pessoas, poderão pagar caro por incompetência. Quem será responsabilizado?

condições de apresentar respostas satisfatórias sobre as medidas a serem tomadas e, principalmente, sobre as responsabilidades com o apregoado desastre. Afinal, o MPE e o MPF são imunes à prática político-partidária, aos financiamentos de campanha que escravizam políticos à tirania de grupos econômicos. Por que venho insistindo nisso? Não mais há dúvidas de que no processo de colapso do Pinheiro há a mão humana. De quem? Só o relatório da geologia poderá apontar. O contrário será absoluta frustação dos moradores do Pinheiro, espoliados em seus sossego e patrimônio. Nesse ponto, é de grande importância a presença do Ministério Público. Autoridades como o procurador-geral Alfredo Mendonça, o procurador Antiógenes de Lira, o promotor José Antônio Malta Marques e seus pares, pessoas de seriedade comprovada, precisam abraçar com calor o Pinheiro e seus sofridos moradores. Mais uma vez, perdoem o tom panfletário do pedido de socorro.

Foram quase dois anos perdidos de anomia governamental, incompetência técnica e tergiversações sobre a principal empresa suspeita de ter causado o problema. “Bateção de cabeça” que continua com declarações e ações desprovidas de senso prático, em alguns casos beirando o ridículo.

É necessário que o povo, os moradores do bairro, protagonizem ações, pressionem as autoridades por soluções, menos simplórias do que aquelas apontadas por representantes da Defesa Civil, dentre as quais a mais recorrente é “saiam do bairro”, “evacuem a região”, e assim por diante.


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Problemas diferentes, mas diários

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o Brasil temos mais de uma centena de problemas. Problemas, como costumam dizer os políticos e os gestores, de todas as ordens. Não faltam problemas e situações vexatórias na educação, saúde, segurança, meio ambiente, nas áreas da indústria e do comércio, não tem emprego, com 13 milhões de desempregados, e isso passa a ser um grande problema. De sobra ainda temos políticos safados, com honrosas exceções, governadores e prefeitos larápios, alguns presos, como no Rio de Janeiro, e, entre outras situações, até um ex-presidente da República preso e outro perto disso. No entanto, mesmo com tantos problemas e muitos outros que poderiam ser apontados, duas situações chamam a atenção, diariamente, do povo e dos espaços da grande mídia. Em Alagoas, ou melhor, em Maceió, mesmo que a situação penalize todos os alagoanos, a catástrofe anunciada para o bairro do Pinheiro é, sem dúvi-

da, o grande assunto e a grande preocupação do momento. Não é mais possível conviver com o que está sendo anunciado. Pior: com o que não está sendo anunciado ou conclusivo para mais de 22 mil famílias que ali residem. Quando o secretário de Defesa Civil de Maceió, Dinário Lemos, vem chorar em depoimento, imagine quantas pessoas já se derreteram em lágrimas, sem saber o dia de amanhã, sem nenhuma perspectiva de continuar no lugar onde nasceram e vivem, sem um lugar definido para morar, sem uma certeza quanto ao futuro. Agora, o quadro divulgado triplicou. Se antes era apenas o Pinheiro, agora juntam-se a ele os Bairros do Mutange e Bebedouro, com as pessoas já sendo alertadas que podem abandonar, a qualquer momento, suas residências. Esse é o primeiro grande problema e assunto. O segundo tema deste artigo está relacionado à reforma da Previdência. Por causa dessa des-

Mulheres famosas Março está terminando. Como é considerado o mês das mulheres, nada mais justo do que falar um pouco sobre elas. No tempo da minha mãe e da minha sogra, os homens estudavam, se formavam e iam trabalhar. Casavam com pessoas que não trabalhavam fora de casa e eram educadas para criar filhos. A única profissão exercida pelas “Evas” era a de professora. Mais adiante um pouco, eu, ainda menina, descia do Farol no ônibus com duas estudantes de medicina: Estela e Eleuza. Foram, durante muitos anos, ginecologistas e obstetras famosas em Maceió. Meu pai criou as filhas dizendo que casamento não era profissão. “Estudem e vão trabalhar, depois casem e tenham filhos”, lembrava ele. Assim fizemos. Morei em Garanhuns na década de 70 e na Vila Militar poucas esposas de oficiais e sargentos saíam de casa para trabalhar. Eram mães e donas de casa. Na política os homens mandavam e desmandavam. Poucas Marias podiam ser candidatas. Nessa área conheci algumas corajosas que se lançaram na luta. Um exemplo digno de ser seguido é o de Heloísa Helena.

Enfermeira, professora universitária, corajosa, foi deputada estadual, senadora e hoje é vereadora. Quando o PT estava por cima, ela saiu do partido e começou a gritar ao Brasil inteiro, de verdade, quem era o Lula. Na Câmara Municipal de Maceió, luta com vários Golias. Merece nossa homenagem. Quem não se lembra da Zilda Arns? Médica, católica, lutou bravamente pelas crianças do Brasil, criou um tipo de alimentação natural e morreu miseravelmente vítima de um terremoto no Haiti. Grande mulher! Ruth Cardoso, socióloga, mulher de presidente, não se empolgou com a posição e foi trabalhar pela população pobre. Criou o Bolsa Família e outros projetos mais tarde assumidos de forma deturpada pelo Partido dos Trabalhadores, virando moeda de troca nas eleições. Na área sindical, nos últimos vinte anos, várias mulheres se destacaram. Brigar com gestores públicos não é fácil; eles têm o poder e o dinheiro nas mãos e pisam os representantes dos trabalhadores Em Alagoas, no Legislativo, há dois sindicatos dirigidos por mulhe-

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JORGE

MORAES n Jornalista

graçada reforma, o país parou e não tem mais nada para fazer. O presidente Jair Bolsonaro, e seus ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Paulo Guedes (Economia) não fazem mais nada. Para eles, tudo gira em torno dessa famigerada reforma, determinando prazos para sua aprovação, mesmo que isso caiba ao Congresso Nacional, primeiro à Câmara dos Deputados e, depois, ao Senado da República, discutir, votar e aprovar ou não.

ALARI ROMARIZ

TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

res. Zilneide Lages, no Sindicato dos Trabalhadores e Dione Camerino, no sindicato dos aposentados. Ambas proporcionando dias melhores aos companheiros da Casa de Tavares Bastos. Meus mais sinceros respeitos a essas duas mulheres. Acabei de ver o retrato de cem anos da Academia Alagoana de Letras. Várias mulheres escritoras conhecidas e famosas. Dentre elas, minha irmã Vera Romariz, que me deixou orgulhosa e emocionada. No meio artístico poderíamos citar várias cantoras, compositoras, locutoras, pintoras, musicistas. Para não ser injusta e não me esquecer de ninguém, prestarei minhas home-

Com certeza, a oposição vai fazer muita confusão, ainda, para que não seja aprovada essa reforma da Previdência. Segundo, os prazos iniciais dados pelos defensores da ideia podem não ser atingidos. Além do mais, quem pensa diferente, como a classe trabalhadora, não vai deixar isso passar tão facilmente. Teremos, com absoluta certeza, manifestações populares pelas ruas do Brasil, quebradeiras, bagunça, confronto e reações das mais diversas. Pelo lado dos parlamentares, a tropa de choque do Bolsonaro já está fechando questão pela aprovação. Por outro lado, as arestas ainda não foram aparadas em relação ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e os filhos do presidente. Mesmo que eles deixem transparecer que a situação tende a melhorar, a cara do Maia não é das mais católicas, quanto às últimas publicações do Bolsonaro e de seus zero um, zero dois e zero três. A reforma da Previdência pode ser até aprovada do jeito que está, mas não acredito que seja com a facilidade que eles imaginam.

nagens à nossa Floracy Cavalcante, representando todas elas. Beijos, Flora! Lembram-se daquela mulher que trancou recentemente cinquenta crianças na cozinha de uma escola em Suzano, salvando a vida de todas elas? O que merece tal criatura? Beijos, abraços e nossa sincera homenagem. Na Justiça encontramos promotoras, advogadas, juízas, desembargadoras. Está diminuindo a diferença na atuação de homens e mulheres na carreira jurídica. Como só há uma mulher no pleno do Tribunal de Justiça, homenageio a desembargadora Elizabeth Carvalho. E aí chegamos ao rol de mulheres simples: as empregadas domésticas que cuidam de nossas casas e de nossos filhos para que possamos trabalhar fora. Tenho uma Mara, comigo há vinte anos. Merece um forte abraço. Este assunto é tão palpitante que me faz lembrar as mães dos ladrões, assassinos, corruptos, drogados. Mulheres que lutam para salvar os filhos. Sem querer ser vaidosa, lembrome de Dona Alari, menina pobre, adolescente feliz, mulher madura e idosa valente. Eu mereço meu abraço!!!

Com certeza, a oposição vai fazer muita confusão, ainda, para que não seja aprovada essa reforma da Previdência. Segundo, os prazos iniciais dados pelos defensores da ideia podem não ser atingidos. Além do mais, quem pensa diferente, como a classe trabalhadora, não vai deixar isso passar tão facilmente.

No meio artístico poderíamos citar várias cantoras, compositoras, locutoras, pintoras, musicistas. Para não ser injusta e não me esquecer de ninguém, prestarei minhas homenagens à nossa Floracy Cavalcante, representando todas elas. Beijos, Flora!


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Memória, consciência e vida

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o examinar as aulas do filósofo Olavo de Carvalho em busca de assuntos ou temas que me despertassem interesse, deparei-me com uma onde se estuda a biografia, o pensamento e a obra de Louis Lavelle. Em breve resumo, Louis Lavelle foi um filósofo católico francês, nascido em Saint-Martin de Villeréal em 1883 e morto em Parranquet em 1951. A região em que Louis Lavelle nasceu deu à humanidade outros filosósofos e pensadores a exemplo de Montaigne, Fénelon e Maine de Biran. Entre 1924 e 1940, ensina em diversos liceus e cursos particulares de Paris e, em outubro de 1941, é indicado para a cadeira de filosofia do Còllege de France, chegando a ocupar cadeira na Academia das Ciências Morais e Políticas. Em suas obras – Tratados de filosofia, Obras morais; crônicas filosóficas e obras fragmentárias –, entre outras coisas, dedicou-se à filosofia, estudo da mente e suas conexões com a ciência cognitiva. Em razão de sua profundidade e saber, foi chamado por A.D. Sertillanges de “O Platão de nosso Tempo”.

Em toda sua vida, dedicouse ao estudo do enigma essencial que envolve o homem e sua existência, afastando-se, por assim dizer, do brilho fácil e postiço da fama. Absorve influências de Octave Hamelin e René Descartes, mas sua genialidade vira tais influências pelo avesso. Muito resumidamente, foi isto que apreendi na mencionada aula sobre a pessoa de Lavelle. Quanto ao seu intelecto e obra, necessário se faz dedicar uma vida inteira ao seu estudo para que se apreenda minimamente o que ali está contido. Nesse breve momento de contato com o pensamento do filósofo, não pude deixar de fazer uma particular observação em seu discurso sobre o enigma essencial do eu e da memória humana, no que isto possa representar em relação ao portador do Mal de Alzheimer. O que pode nos parecer desconexo em termos de identidade dos assuntos, na verdade, ao bem examinar-se, torna-se conexo quando soubermos que ambos têm relação com o eu e a memória de cada sujeito e sua condição humana. Segundo Lavelle, o poder da memória define a verdadeira

O outro lado do petrolão

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á exatos dezenove anos entrei com um processo de prestação de contas contra a Petrobras. Em 1999 assinei um contrato de pagamento de royalties com a mesma. Porém, durante muito tempo, a empresa sequer prestava contas e depositava na minha conta corrente pagamentos referentes aos royalties do petróleo sem nenhuma planilha. Há muito tempo desconfiava que a empresa estava fraudando não só aos proprietários, mas também aos Municípios, Estados e consequente-

mente a Receita Federal. Esta época era o período do Governo FHC. Acompanha através da imprensa nacional diversos escândalos envolvendo não só a Petrobras e principalmente a ANP – Agência Nacional de Petróleo. E já cansado de pedir administrativamente que a Petrobras cumprisse uma das cláusulas do contrato, onde diz que a empresa tem por obrigação prestar contas mensalmente do gás e petróleo extraído por período. Entretanto, a empresa nunca deu satisfação da

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ISAAC SANDES

DIAS n Promotor de Justiça

essência do eu. A consciência do que somos, nossa identidade, surge da interação entre o eu, o ser e o objeto (mundo exterior). O mundo exterior ou dos fatos, como no entender de Lavelle, é instântaneo e, por isso, tais fatos, à medida que existem, imediatamente se evanescem e são sobrepostos por novos fatos. Cabe à memória guardar e transformar tais fatos em ato de consciência que constrói seu eu. Assim, sem memória e sem esse eu consciente contido na memória, você não existe. Ou seja, a memória é a própria e única substância do eu. Por tal, é de se adivinhar o drama e o sofrimento que acomete uma pessoa que, aos poucos, vai perdendo essa substân-

cia e esvanecendo a consciência de si mesmo. Esse é o drama e sofrimento inicial do portador do Mal de Alzheimer. Até que, ao final da doença, esvaziado de todo seu conteúdo de memória e consciência, torna-se um robô de carne e osso com duas janelas nos olhos que não servem nem para introjetar percepções, nem para transmitir sensações ou seu sentir. Em seu mundo que é uma folha em branco, o portador de Alzheimer, não tem passado, presente nem futuro, uma vez que cada um desses estados são todos originários de conjunto de memórias. O passado, como o próprio nome o diz, é um acervo de memórias, o presente é o momento que vivemos ao usar as percepções dos fatos e os compreendemos em face de nossas memórias anteriores, e o futuro para Lavelle é, em última análise, um passado antecipado já que só pode ser elaborado com elementos e fatos e percepções que estão na nossa memória. Assim, ao contrário do que afirma Mallarmé em um dos seus poemas, para o portador de Alzheimer o momento de sua morte não significará a completitude de sua essência. Ele terá completado essa essência ainda em vida, mas vivendo como um espantalho.

Segundo Lavelle, o poder da memória define a verdadeira essência do eu. A consciência do que somos, nossa identidade, surge da interação entre o eu, o ser e o objeto (mundo exterior).

MAURÍCIO

MOREIRA n Engenheiro civil

não prestação de contas. Foi quando no ano de 2000 entrei com uma ação de prestação de contas na Justiça Esta-

dual, alicerçado no contrato firmado com a mesma. Juntei ao processo várias matérias publicadas na imprensa de escândalos contra a empresa, matérias que inclusive relatava uma ação de sonegação de impostos devidos da Receita Federal contra a Petrobras. Como também uma entrevista do então vice-governador Geraldo Sampaio, publicada no Jornal Gazeta de Alagoas, onde ele afirmava que Alagoas não sabia ao certo quanto recebia de royalties, porque a empresa não prestava contas.

Há muito tempo desconfiava que a empresa estava fraudando não só aos proprietários, mas também aos Municípios, Estados e consequentemente a Receita Federal.


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Novo cartão

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Apple entrou no serviço de cartões de crédito. A empresa apresentou o Apple Card, um cartão de crédito oferecido diretamente pela companhia. O cartão não tem anuidade e é livre de outras taxas. Para usar, basta acessar o app da Apple Pay, se cadastrar e começar a usar. O novo serviço também terá um programa de fidelidade que oferece de volta diariamente 2% do valor das transações e estará disponível em todos os países que aceitam o Apple Pay, incluindo o Brasil.

Investimento automotivo

O Banco RCI Brasil, braço financeiro do grupo Renault-Nissan, lançou o primeiro Certificado de Depósito Bancário do Brasil emitido por um banco ligado a uma montadora. O produto será destinado exclusivamente para investimento de pessoas físicas. O CDB terá liquidez diária, ou seja, permitirá resgates a qualquer momento, e pagará juros equivalentes a 102% do CDI. Outros CDBs disponíveis no mercado com liquidez diária geralmente pagam entre 95% e 100% do CDI.

Cadastro positivo

A aprovação do cadastro positivo automático, que torna obrigatória a inclusão de consumidores em bancos de dados sobre pagamentos de serviços como luz, gás e água, pode abrir uma brecha para que o brasileiro limpe seu nome. Isso porque, de acordo com as empresas que administram essas informações, só serão coletados os dados gerados no momento em que o texto sair do papel. A lei original, de 2011, previa o recolhimento dos dados de inadimplência de até 15 anos antes. Esse ponto, porém, não está explícito na lei agora aprovada pelo Senado.

ECONOMIA EM PAUTA n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Uber das encomendas

Em busca de ampliar o leque de atividades, os Correios planejam entrar no mercado de entregas compartilhadas como Uber e iFood. Pelo projeto em elaboração, divulgado pela Folha de S.Paulo, a estatal faria uma parceria societária com o setor privado para criar uma espécie de “Uber das encomendas”. Hoje, a pessoa que deseja enviar uma encomenda pelos Correios precisa ir a um ponto de atendimento e fazer uma postagem convencional. No projeto de entrega compartilhada e que já é praticado por empresas no mercado, o usuário acessa um aplicativo de celular e faz o pedido por um alimento ou produto. A entrega é feita por colaboradores definidos pelo sistema.


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Progresso caótico

MENDES DE BARROS n Advogado

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exploração de jazidas de Salge- fazer “jazz” e sopram seus trompetes com ma em Alagoas representa, sem o vigor dos pulmões limpos. dúvida, esperança para um fortaAlagoas não deve optar por São Paulo, lecimento econômico do Estado com con- cada dia mais poluída e oferecendo a cada sequência inestimável para a sociedade hora em sua atmosfera elementos cancealagoana. rígenos, implacáveis verdugos da saúde e Indiscutivelmente o complexo indus- etéreos destruidores da qualidade de vida trial decorrente dessa atividade incorpo- humana. rará o nosso Estado dentre as unidades Lembremo-nos que Tókio e Osaka, da federação brasileira de maior renda abrigando cerca de 50 milhões de habi“Per Capita”. tantes em suas áreas metropolitanas, a Todavia é urgente e indespeito de centros indusdispensável que não despretriais dos maiores do munzemos a qualidade de vida do, são cidades limpas e perhumana a ser usufruída com feitamente habitáveis. o progresso econômico. Temos visto que a inLembremo-nos Para assegurar a qualidústria de Salgema em imdade de vida bastaria que obplantação nesta cidade vem que Tókio e servássemos o exemplo dos procedendo a testes na orla Osaka, abrigrandes centros industriais marítima visando fixar o gando cerca de do estrangeiro, aonde as podestino de seus despejos no 50 milhões de pulações ali fixadas já sofreOceano Atlântico. habitantes em ram cruelmente os benefícios O corante vermelho em suas áreas medo progresso industrial. que se baseou os referidos tropolitanas, a LONDRES, capital do ex testes representa antes de -império britânico mas ainda tudo o sinal convencional de despeito de cencapital da imortal Inglaterperigo para a saúde e para tros industriais ra, foi uma cidade altamente a beleza das pras com que dos maiores poluída e manteve por longo Deus ornou a terra alagoado mundo, são tempo desprezo quase total na. cidades limpas pela natureza, constituindo, Num preito de justiça lee perfeitamente artificialmente, uma névoa vamos o nosso agradecimenhabitáveis. altamente nociva à saúde to ao senador Teotonio Vilela e à paisagem, conhecida no de quem costumamos dismundo todo como o “fog” loncordar politicamente, mas drino. que, por isso mesmo, merece o nosso apoio Essa névoa, resultante da combustão quando procura defender o futuro do nosso e da industrialização de diversos elemen- meio ambiente. tos, transformava o ar de Londres numa Na realidade reconhecemos que a exatmosfera irrespirável que enegrecia os ploração do Salgema é um dos fatos mais prédios, a vestimenta e os pulmões de significantes para o engrandecimento do quantos ali eram edificados e habitavam. nosso Estado, não esquecemos outrossim LOS ANGELES, CHICAGO e NEW que este engrandecimento econômico há ORLEANS, nos Estados Unidos, tam- de servir, tão somente, ao bem estar da sobém sofreram a impiedosa ação da polui- ciedade alagoana e, para tanto, há de ser ção industrial. disciplinado, fiscalizado e sobretudo subHoje, pela ação consciente e inteli- metido à ação do Governo, para que não gente do governo e povo inglês já não há degenere em lucros fabulosos para pouo “fog” londrino e os habitantes daquela quíssimos e em prejuízos insanáveis para grande cidade voltaram a divertir o seu a coletividade. ócio pescando às margens do velho TâQue venha a Salgema S/A e tudo o misa. mais que dela possa aparecer, constituinTambém nos Estados Unidos a po- do uma estrutura econômico-social capaz luição foi controlada a tal ponto que de ser usufruída pelos habitantes que esHollyood já pode voltar a filmar e reviver tão colaborando com o seu enriquecimensua glória cinematográfica, os gangste- to, mas que não se destrua a própria terra res já não abalroam seus veículos com a que generosamente lhe dá a matéria pripolícia por falta de visibilidade nas ruas ma. Enriqueçamos para viver; aos mortos da grande metrópole do norte-americano carece fortuna. (Artigo publicado originalmente e os negos do Golfo do México voltaram a em 1975 no Jornal de Alagoas)

Eliane Santos de Lima, CPF: 494.694.954-20 em Povoado Ilha do Ferro, S/N, Zona rural, Pão de Açúcar - AL torna público que requereu ao IMA/ AL, a Regularização de Licença de Operação, para Piscicultura em Tanques-rede, no rio São Francisco, no Povoado Ilha do Ferro, S/N, Zona rural, Pão de Açúcar AL. Não foi determinado estudo de impacto ambiental.

Antônio Vieira Dantas, CPF: 240.048.394-91 em Povoado Traíra, S/N, Zona rural, Pão de Açúcar - AL torna público que requereu ao IMA/ AL, a Regularização de Licença de Operação, para Piscicultura em Tanques-rede, no rio São Francisco, no Povoado Traíras, S/N, Zona rural, Pão de Açúcar - AL. Não foi determinado estudo de impacto ambiental.


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JÓ PEREIRA TEM ATUAÇÃO RECONHECIDA A

deputada estadual Jó Pereira, conhecida por fortalecer prioritariamente a educação básica e a saúde pública, teve mais uma vez o resultado dos seus trabalhos reconhecido. Prova disso é que a parlamentar em apenas um mês recebeu dois prêmios: Destaque Mulher Brasil e o Prêmio Selma Bandeira. No último dia 23, a União dos Vereadores do Brasil (UVB) promoveu o Encontro Nacional de Legislativos Municipais e o Encontro Nacional do Fórum da Mulher Parlamentar, no Centro de Convenções de Maceió. Nele, Jó Pereira recebeu a medalha de Destaque Mulher Brasil e se sentiu motivada para continuar lutando por uma Alagoas melhor. “Se uma única mulher decidir participar da vida política motivada pelo trabalho que buscamos realizar a favor de todos os alagoanos, principalmente os mais carentes dos serviços básicos estaríamos de fato rumo a um futuro melhor. E nós, mulheres órfãs de Estado, devemos reconhecer que prêmios e homenagens como essas nos deixa agradecida e feliz, ao mesmo tempo que nos motiva”. A deputada agradeceu ainda a UVB por colaborar para que as mulheres provoquem e alcancem o equilíbrio necessário dentro da política. Na mesma solenidade, a prefeita de Campo Alegre, Pauline Pereira, também foi homenageada. Já na quinta-feira, 28, a deputada recebeu o Prêmio Selma Bandeira, que homenageia diversas mulheres de diferentes segmentos por atuações expressivas à sociedade. “É uma grande honra estar entre as agraciadas com esse prêmio, que tem um forte simbolismo, pois presta uma justa homenagem à médica e militante política Selma Bandeira, que faleceu em 1986, enquanto ocupava o cargo de deputada estadual. Uma mulher que militou em defesa daquilo que

Deputada é agraciada com Medalha Destaque Mulher Brasil e recebe Prêmio Selma Bandeira acreditava, defendendo as mulheres, os necessitados e oprimidos”, destacou a parlamentar. Jó Pereira, formada em Direito, casada e mãe de três filhos, foi a deputada mais votada nesta legislatura entre os 27 deputados alagoanos. Após parafrasear Selma Bandeira, com uma declaração sobre libertação do povo brasileiro, a parlamentar afirmou defender “posições do cordão vermelho e do cordão azul, em um pastoril de equilíbrio e fortalecimento da democracia. Democrata, me fortaleço no imortal Sobral Pinto, enxergando atuação e posições dos Paulos Freires, das Selmas, das Miladas do mundo”.


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TEMÓTEO

CORREIA

NO PAÍS DAS ALAGOAS

n Ex-deputado estadual

A finada O ex-prefeito do município de Viçosa, José Manoel da Silva (in memorian), mais conhecido como Dinha, quando se encontrava, numa mesa de bar com os amigos mais chegados, invariavelmente presenteava-os com tiradas ou relatos pitorescos. Certo dia, saboreando uma cerveja bem gelada, dirigiu-se ao amigo aposentado Pedrosinha, e confessa: - Ontem, eu me acordei com a Zezé (esposa) me futucando. E já era mais de meia noite. Eu fui claro: Olha, Zezé, a finada já não se bole mais.

E a coitada respondeume: - É, Zé Manoel, ela, em vida, nunca foi lá grande coisa, mas, mesmo assim, faz falta. Como diz o ditado: ruim com ela, pior sem ela. - Olha, Pedrosinha, eu confesso que fiquei emocionado. Foi tão grande a emoção que eu cheguei a pensar que ela fosse ressuscitar, mas a bichinha me enganou. - Negão, tenha fé em Deus, mas quando será mesmo a missa de sétimo dia? - Me respeite, seu moleque! - admoestou-o Dinha.

O clima ficou tenso. Pedrosinha ousou mais uma vez: - E ficou só nisso? - Não. Ela me perguntou: - Preciso botar luto? - Respondi: não, meu amor. Os meus amigos vão querer saber o porquê. E, resignada, a esposa murmurou: - Como você quiser, Zé Manoel. - Eu disse: agradeço a compreensão. Dinha mostrava um semblante tenso, que inspirava preocupação. Enquanto todos em torno da mesa, consternados, sofriam com o “drama” do

velho guerreiro, eis que, de repente, Dinha toma mais uns goles da loira gelada e, surpreendendo a todos, cai em estrondosa gargalhada. Depois, para e diz: - Obrigado, amigos, pela solidariedade, neste momento, mas fui ontem, ao Dr. Pedro Carnaúba e ele me passou esses comprimidos milagrosos, prometendo que a bichinha vai ressuscitar. Segundo seus amigos, Dinha faleceu sem usufruir do prometido milagre!


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Exportar é crucial

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omo o Brasil poderá se inserir no contexto de abertura de mercado que vem sendo prometida pelo ministro da Economia Paulo Guedes? Este foi um dos temas mais debatidos no Congresso Latino-Americano da Indústria Automobilística, que acaba de ser realizado pela Editora Autodata. Há duas frentes imediatas em discussão em relação aos veículos: comércio sem barreiras tarifárias com União Europeia e com o México. Pelas regras do Mercosul, só o bloco de quatro países (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) pode negociar. Um acordo esteve próximo no ano passado e a transição seria longa, de 10 a 15 anos, até o Imposto de Importação sobre veículos passar a ter alíquota zero. Para aumentar as incertezas, o novo governo brasileiro estuda alternativas, entre elas um acerto direto com os europeus. Seria um sério revés para o Mercosul que, depois de 24 anos, nem ao menos conseguiu se estabelecer como zona de livre comércio. No entanto, o Brasil se entendeu, há pouco mais de uma semana, com o México. Ao contrário do regime vigente no Mercosul (para cada dólar importado por um país, 1,5 dólar pode ser exportado para o outro), passou a vigorar o livre comércio, sem cotas ou impostos alfandegários. Os mexicanos hoje produzem mais que o Brasil e ainda receberam grandes investimentos de marcas europeias e asiáticas. Significa que vários modelos, inclusive de marcas premium, poderiam chegar aos portos por preços bastante competitivos, pois os custos de fabricação no México são de 20% a 25% menores que os daqui. Pablo Di Si, presidente da Volkswagen no Brasil, lembrou durante o congresso um ponto importante. O nível de componentes realmente produzidos no México é baixo. Para exportar, agora livremente para cá, pelo menos 40% das peças precisariam ser de origem mexicana. E isso está difícil de comprovar, pois eles se beneficiam de componentes bem mais baratos, importados em altos volumes de vários países, em especial

FERNANDO CALMON n fernando@calmon.jor.br

dos EUA. Aqui, ao contrário, a indústria de autopeças tem forte presença, mas enfrenta o penoso custo Brasil. O presidente da GM América do Sul, Carlos Zarlenga, apontou as distorções ao comparar preços. Excluídos os impostos, aqui e no exterior, o Brasil apresenta valores menores. Seríamos, então, competitivo para exportar, mas isso deixa de ocorrer porque não há desoneração total quando se vende ao exterior, como outros países o fazem. Com exportações maiores, escala de produção subiria e cairiam custos internos. Isso o México faz muito melhor que o Brasil. Um programa sério de exportação teria de começar com a total retirada de tributos, sem gerar créditos que se acumulam, como os do ICMS. Só no Estado de São Paulo as fabricantes têm entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões a receber. Também seria necessário aumentar o conteúdo tecnológico (comprando e vendendo, de e para o exterior, isento de impostos), a produtividade nas fábricas e, claro, investir muito, mas muito mesmo, em infraestrutura. O País precisa abrir sua economia. Mas sem um processo ordenado e simultâneo de aumento de competitividade da indústria e do setor de serviços, isso não será possível.

ALTA RODA n ONIX passa a ser nome mundial em compactos da GM, inclusive na China. Haverá cinco silhuetas: hatch, sedã, SUV (Tracker), monovolume (Spin) e picape (Montana). Prisma poderá se chamar Onix sedã, vai crescer e ocupar o lugar do Cobalt. Coluna antecipa início de produção em Gravataí (RS): setembro e novembro deste ano, sedã e hatch, respectivamente. No mercado, 30 dias depois. n OITAVA geração do Porsche 911 chega em maio ao Brasil. Carrera S, R$ 679.000 e 4S (tração 4x4), R$ 719.000. Potência (450 cv) e torque (54 kgfm) subiram. Em dirigibilidade surpreende: ainda melhor em curvas. Apesar de mais largo e usar rodas de 20 pol. de diâmetro na frente e 21 pol. atrás, massa diminuiu 24 kg. Eletroassistência melhorou resposta do pedal de freio. n PRIMAZIA mundial do novo 911, detecção de pista molhada por meio de microfones nas caixas de rodas reprograma parâmetros de desempenho. Linhas estão ainda mais harmônicas: teto em angulação pronunciada, maçanetas das portas embutidas, desenho do defletor atrás e fina faixa luminosa unindo as lanternas traseiras. Interior foi todo renovado.

n JEEP Renegade Limited recebeu retoques frontais com inspiração moderna no utilitário original dos anos 1940. Boa evolução foi o para-choque dianteiro igual ao da versão 4x4 a fim de aumentar o ângulo de entrada, agora compatível à proposta do modelo. Antes raspava facilmente em lombadas e valetas. Nova tela multimídia ficou bem melhor que a anterior. n BURACOS de todos os tipos e tamanhos em ruas e até em estradas infernizam a vida dos brasileiros. Depois das fortes chuvas de verão, situação piorou. A ponto de a Dunlop relembrar que, desde 2015, oferece garantia de reposição de pneus danificados de forma irreversível, quando vendidos na sua rede autorizada. Verdadeiro seguro contra irresponsabilidade dos governos.


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Trator foi utilizado para amedrontar famílias e para criar barreira nas entradas do terreno

CONFLITO AGRÁRIO

Vice-prefeito de União é acusado de ameaçar 150 famílias Zé Alfredo quer que sem-terras desocupem imóvel que alega ser seu

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á seis dias, cerca de 150 famílias de sem-terra do movimento Terra Livre estão sendo ameaçados pelo vice-prefeito da cidade de União dos Palmares, José Alfredo Soares, caso não desocupem as terras que ele afirma serem de propriedade dele, na Zona Rural da cidade. A denúncia é de representantes do movimento, segundo os quais o político não tem o documento de posse das terras.Desde o último domingo, quando o movimento saiu da praça central da cidade e se deslocou para ocupar parte das terras, Alfredo ameaça as famílias para que elas deixem o local. Em entrevista a uma rádio local, ele alega que caso isso não ocorra ele terá que juntar “200 homens para tomar medidas cabíveis”.

Walkiria Maria da Silva, 40 anos, faz parte do movimento há 18 anos. Ela afirmou que o vice-prefeito não tem a documentação que comprove a compra da terra, que ele teria adquirido com um homem já falecido, identificado como José Ricardo. Ela diz ainda que os herdeiros deste empresário, inclusive, estão em briga com Zé Alfredo por conta da propriedade, que ele não teria quitado. “Algumas famílias deixaram até de construir seus barracos por medo dele, pelas ameaças. Ele tentou colocar máquinas e tratores em cima das nossas crianças”, afirmou Walkiria Além de ameaças feitas em entrevistas nos veículos de comunicação locais, José Alfredo colocou tratores próximos à propriedade para tentar intimidar as famílias ali localizadas. Além disto, ele fechou todas as entradas para o terreno com barro para impedir o livre trânsito no local.

Vice-prefeito José Alfredo

“Aqui tem gestantes, idosos, pessoas de resguardo; nós só queremos estabilidade, terras. Se ele mostrar que é dele, a gente sai quando houver a ordem de despejo. Se a propriedade é dele, que ele mostre para a justiça e consiga o despejo”, disse ela. Ainda segundo outro representante, funcionários de Zé Alfredo foram até o local para aterrorizar as famílias durante a noite e dizendo que tirariam todos “na bala”, de uma forma ou de outra. O próprio Zé Alfredo foi até o local, mas a polícia já estava lá e não o deixou permanecer para evitar confrontos. Em entrevistas locais, o vice-prefeito se mostrou furioso e alegou que a polícia deveria estar presente para proteger

e não para deixar que invadam a propriedade. “Se fosse ladrão roubando banco estariam trocando tiro com eles, mas aqui não me deixam nem entrar na terra”. Em áudios divulgados durante a discussão entre os representantes do grupo e Zé Alfredo, ele alega que não é justo que ele pague a conta de ter que dar as terras dele para o movimento. “Não posso pagar uma conta pelos outros, preciso tomar conta do meu negócio. Estou vendo que não vai ter acordo, vamos começar a desocupar agora”, afirma ele. Cita, ainda, o nome do prefeito da cidade, Areski Freitas, com o qual rompeu politicamente. Em um dos momentos da discussão com as famílias, questiona: “O prefeito também tem terra, porque vocês não vão invadir a terra dele?”. “A gente precisa de um local para colocar essas famílias, estamos há cinco anos pulando de galho em galho. Estávamos na praça da cidade e decidimos tentar lutar pelas nossas terras. Há cinco anos o próprio Zé Alfredo nos encorajou para ocupar as terras do Zé Ricardo, dizendo que com a desapropriação ele teria alguns hectares e nos ajudaria. De lá fomos despejados e ocupamos a praça, mas não é nosso lugar, não é lugar da gente morar.”, afirmou Gilvan Severo da Silva, 51 anos, e que há 16 é ligado ao movimento. “Zé Alfredo trouxe aqui um documento, mas não aquele que comprova que as terras são dele. Ele trouxe uma planta, apenas”, disse.


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Bateram de frente

ABCDO INTERIOR

Ex-aliados políticos, a deputada estadual Ângela Garrote (PP) e o prefeito de Palmeira dos Índios, Júlio Cézar (PSB), se estranharam. Ângela é, assumidamente, pré-candidata a prefeita da terra dos Xucurus-kariris, fato que tem tirado o sossego e o sono do atual gestor. Destemida e determinada nas suas convicções políticas, a ex-prefeita de Estrela de Alagoas promove um verdadeiro festaço no sábado, 30, para comemorar a sua vitória no último pleito eleitoral, com direito ao show do Trio Huanna.

n robertobaiabarros@hotmail.com

E para esquentar as coisas, a Secretaria Municipal do Desenvolvimento da Infraestrutura Rural e Urbana de Palmeira dos Índios também divulgou release onde informa que, “por determinação do Excelentíssimo Senhor Juiz Eleitoral da 10ª Zona Eleitoral José Miranda Santos Júnior, notificará todos os proprietários de outdoors instalados no município, para a quitação imediata da Taxa de Publicidade e a regularização das licenças da prefeitura, em vista da determinação, para manifestação sobre a eventual revogação de permissão feita pela Comarca”.

E adianta que os proprietários de publicidade em placas, os chamados outdoors, têm até esta sexta-feira, 29, para quitar a Taxa de Publicidade e regularizar as licenças, sob pena de todas as propagandas irregulares serem retiradas pela prefeitura, em atendimento ao disposto no Código de Postura do Município e à determinação do MPE.

Ânimos acirrados

Coincidência ou não, Ângela contratou empresa e espalhou outdoors na cidade convidando a população para sua festa, que acontece no sábado, 30. Seus outdoors também serão retirados, fato que acirrou ainda mais os ânimos entre a deputada e o prefeito palmeirense.

Razão da comemoração

Sobre a festa em Palmeira, a assessoria de imprensa divulgou release onde informa que “foram 26.845 votos que conduziram Ângela Garrote à Assembleia Legislativa de Alagoas para o seu primeiro mandato de deputada estadual. A “Festa da Vitória” acontecerá em Palmeira dos Índios pelo fato de o município ser a maior base política - onde Ângela conquistou nas urnas quase 10 mil votos - e ficar numa região estratégica das bases sertanejas da deputada: Estrela de Alagoas (4.867 votos) e Igaci (2.027 votos).

... A Legião da Boa Vontade (LBV) celebrou na quinta-feira, 28 de março, os seus 37 anos de atuação em Maceió e no Estado de Alagoas. Para marcar a data, a Instituição, entregou kits pedagógicos da campanha Criança Nota 10 - Proteger a Infância é acreditar no Futuro. ... A festividade foi em sua sede na capital alagoana, no Barro Duro, localizada à Avenida Muniz Falcão, 964.

Retirada de outdoors

Véspera da festa

PELO INTERIOR

Redes sociais

Em suas redes sociais, a parlamentar destacou o sentimento pelo município, que é conhecido como “Princesa do Sertão”. “Palmeira dos Índios me recebeu de braços abertos e de uma forma tão carinhosa que eu não poderia deixar de retribuir esse meu povo lindo que aprendi a amar. Chegou a hora de rever todos vocês e comemorar, pois, o povo de Palmeira ganhou um mandato e uma deputada de verdade. Tenham a certeza que estarei mais próxima de vocês, com uma vontade enorme de transformar a Princesa do Sertão numa verdadeira rainha”, diz o post.

Girau do Ponciano

Em Girau do Ponciano, cidade localizada a 26 km de Arapiraca, o prefeito David Barros impôs um ritmo de trabalho que vem agradando a população. Inaugurações de obras estruturantes, beneficiando áreas prioritárias como saúde e educação tem sido constantes. Isso sem falar na pavimentação de ruas.

Reeleição garantida

Pelo andar da carruagem, Girau do Ponciano reencontrou o caminho do desenvolvimento, bem distante do caos admi-nistrativo e moral da gestão do ex-prefeito Fabinho Aurélio. Para se ter uma ideia, em menos de um ano Fabinho foi preso três vezes, acusado de improbidade.

Família Aurélio

Por conta da boa gestão, as apostas nas praças e ruas da cidade são de que David Barros será reeleito sem aperreios. Já a família Aurélio ficou com o nome manchado por políticos como José Aurélio – o Zé da Água, e seu filho Fabinho Aurélio, que foram acusados de praticar irregularidades.

Palestra na Regional

Na tarde de quinta-feira (28), no Hospital Regional de Arapiraca, aconteceu a 1ª Reunião Científica sobre Gerenciamento e Conservação de Sangue do Paciente. Com palestras abordando opções terapêuticas e aspectos éticos e jurídicos relacionados às transfusões, o público presente teve a oportunidade de esclarecer dúvidas sobre testemunhas de Jeová e o tabu da rejeição de transfusão sanguínea, por exemplo.

Público-alvo

Para o diretor médico do Regional, Ulisses Pereira, foi uma grande oportunidade para os profissionais da saúde. “O tema é de total interesse do público-alvo. Médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros e outros profissionais da saúde podem enriquecer seu conhecimento através de técnicas clínicas e tratamentos a posição ética e religiosa sobre o tema”, concluiu.

... Foram 300 crianças matriculadas em escolas dos municípios de Batalha e Maceió. Os kits pedagógicos são compostos com estojo, lápis preto e de cor, canetas, apontadores, borrachas, tesoura, tubos de cola, dicionário da língua portuguesa, cadernos universitário e de brochura, mochila, régua, entre outros. ... A iniciativa apoia as famílias que não tem recursos para a compra do material escolar e contribui com a permanência das crianças em sala de aula, beneficiando mais de 19 mil estudantes em 90 municípios brasileiros. ... Todo esse trabalho é mantido somente com a colaboração e generosidade do povo brasileiro. Colabore pelo site www.lbv.org ... Considerada uma das cidades mais violentas do Sertão, Batalha volta a ser manchete na imprensa alagoana. ... É que a Polícia Federal, por meio de denúncia anônima localizou, na noite de terça-feira (26), armas de fogo e munições que podem ter sido utilizadas em assaltos e crimes de mando no estado. ... O material foi encontrado na zona rural do município de Batalha, no Sertão de Alagoas. ... As investigações foram iniciadas, através de denúncia anônima, dando conta de que uma quadrilha especializada em assaltos e crimes de mando que opera no Estado de Alagoas, teria enterrado armas de fogo de grosso calibre e munições em uma localidade rural próxima à cidade de Batalha/ AL. ... Realizadas buscas naquele local, foram encontradas 2 espingardas calibre 12 e 14 munições do mesmo calibre como, também, luvas tricotadas de algodão e luvas cirúrgicas. Junto a todo este material, foram encontrados mapas da região com indicações de rotas de fuga destacadas. ... Aos nossos leitores desejamos um excelente final de semana. Até a próxima edição!


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Plástico nos oceanos

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ma baleia foi encontrada morta com 40 quilos de plástico no estômago em Mabini, na costa das Filipinas. O animal da espécie bicuda de Cuvier morreu, segundo o biólogo marino Darrell Blatchley, de desidratação e inanição, além de ter vomitado sangue antes de morrer. Entre sacas de arroz, sacolas de supermercado, sacolas de plantação de banana e sacolas plásticas em geral, presentes no estômago da baleia, alguns começaram a se calcificar. Essa foi a maior quantidade de plástico já registrada dentro do estômago de uma baleia segundo cientistas do grupo D’Bone Collector Museum, organização que visa educar as pessoas sobre a preservação do meio ambiente.

Descartáveis

O Parlamento Europeu aprovou na quarta-feira (27) uma legislação para banir em toda a União Europeia (UE) uma série de produtos plásticos descartáveis, incluindo cotonetes, canudos, copos, pratos e talheres. A proibição entrará em vigor em 2021. A medida proíbe o uso de plásticos descartáveis aos quais existem alternativas de outros materiais no mercado e e, em caso de produtos para os quais não existem, reduzir seu consumo e criar novas obrigações para os produtores em relação a gestão e limpeza de resíduos.

Falta de água

Poluição x natalidade

Um alerta feito pela Organização das Nações Unidas mostra que um quarto das mortes prematuras e das doenças que proliferam atualmente no mundo estão relacionadas à poluição e a outros danos ao meio ambiente provocados pelo homem. O relatório sobre o estado do planeta, chamado de GEO (Global Environement Outlook), é resultado do trabalho de 250 cientistas de 70 países, durante seis anos. O documento utiliza uma base de dados gigantesca para calcular o impacto da poluição sobre centenas de doenças, além de listar uma série de emergências sanitárias no mundo e foi apresentado em Nairobi, no Quênia.

Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o acesso à água e ao saneamento básico como um direito universal. Desde então, os países membros precisam trabalhar para que as pessoas tenham acesso a estes direitos até 2030. A meta, no entanto, parece distante. Em relatório divulgado no último dia 18, a ONU aponta que mais de dois bilhões de pessoas não têm acesso à água potável e mais de quatro bilhões não têm acesso a esgoto sanitário. Além disso, a demanda por água seguirá crescendo e pode afetar a produção de alimentos e gerar conflitos.

MEIO AMBIENTE Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Base da Antártida

Sete anos depois de ter sido destruída por um incêndio, a base brasileira para pesquisas científicas na Antártida deve ter a reconstrução concluída no final deste mês, mas ainda levará um ano para ser ocupada por pesquisadores. Com 4.500 metros quadrados construídos por cerca de R$ 100 milhões, a Estação Antártica Comandante Ferraz ainda precisará testar os sistemas no limite das condições de uso e segurança. A inauguração oficial está marcada para o começo de 2020, um atraso de dois anos em relação à data prevista, mas cientistas acreditam que só em 2021 a estação esteja em condições adequadas de uso.

Coleta seletiva

A Secretaria de Meio Ambiente, Saneamento, Pesca, Agricultura e Aquicultura de Marechal Deodoro iniciou uma série de encontros para falar sobre a coleta seletiva no município. A ação pretende atender cinco órgãos com o objetivo de sensibilizar ambientalmente os servidores para que a coleta seja implantada em setores públicos e estes se tornem também pontos de entrega voluntária. Os resíduos deixados nos locais serão coletados pela Cooperativa dos Catadores de Marechal Deodoro (Coopmar) para que possam reutilizar os resíduos. Nas ações, são realizadas explicações sobre os tipos de resíduos e a importância da coleta seletiva, além da inclusão dos catadores na gestão compartilhada dos resíduos sólidos.


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