Edição 1020

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ANO XX - Nº 1020 - 10 A 16 DE MAIO DE 2019 - R$ 4,00 TATURANAS

CANAL DO SERTÃO

Ministério Público quer pressa no julgamento das apelações

Deputados denunciam desvio de água e subutilização do projeto

Onze anos após a condenação dos réus, ninguém devolveu um centavo ao erário nem perdeu os direitos políticos. 2

Obra proclamada como redenção econômica do Sertão se arrasta há três décadas e já consumiu R$ 2,5 bilhões. 19

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CASO MARTHA MOREIRA

MACEIÓ - ALAGOAS

www.novoextra.com.br

Fuga de promotor gera suspeita de homicídio

1998 - 2018

SIDRACK NASCIMENTO SE DIZ INOCENTE E MANTÉM VERSÃO DE SUICÍDIO 5 GAZETAS

Fernando James assume direção comercial nas empresas do pai

Atendendo a pedido do pai, o senador Fernando Collor, o jornalista Fernando James Collor está encarregado de salvar as empresas da família da falência. 6

MP QUER BANIR BRASKEM DE ALAGOAS

Mineradora é responsabilizada por afundamento de três bairros n Empresa anuncia suspensão de suas atividades em Maceió n Moradores querem celeridade no pagamento das indenizações 8 A 12 n


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1998 - 2018

EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

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COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Batalha vencida 1

- Maior que o prejuízo material causado pela Braskem na região do Pinheiro é o dano moral imposto a centenas de famílias que desenvolveram depressão e outras doenças provocadas pelo drama a que foram submetidas nos últimos dois anos.

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- Por maior que sejam as indenizações a serem pagas pela mineradora, dinheiro nenhum vai pagar o preço da tranquilidade perdida nem reparar os danos provocados à saúde dessas pessoas.

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- Agora que se conhece as causas reais do drama que atinge mais de 20 mil pessoas, o mínimo que se espera da Braskem é que não tripudie sobre o sofrimento das vítimas com chicanas jurídicas para protelar o pagamento das indenizações.

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- Sabe-se que além de seu poderio econômico, a Odebrecht (sócia majoritária da Braskem) conta com apoio aberto ou implícito - de muitos políticos que foram financiados pela mineradora ao longo da história.

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- Nesse quadro de incertezas e omissões, a única esperança é o Ministério Público do Estado que vem se antecipando aos fatos com ações pontuais para evitar a esperteza da mineradora e garantir as indenizações das vítimas. Mas esta é apenas a primeira vitória de muitas batalhas que virão.

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- Comportamento idêntico é cobrado do governador do Estado e do prefeito de Maceió.

Impunidade sem fim

O STF decidiu por 6 x 5 que as Assembleias Legislativas agora podem revogar prisão preventiva de deputados estaduais e suspender ações penais contra seus membros. Com a decisão, é de se prever que ao menos em Alagoas a partir de agora nenhuma prisão contra deputado será mantida, mesmo que fundamentada, comprovando autoria e materialidade delitiva. E o que é pior: a decisão vai desestimular que magistrados apliquem essa medida cautelar, aumentando com isso a sensação de impunidade.

No reino da impunidade

A maioria dos deputados e ex-deputados envolvidos no desvio de R$ 300 milhões da Assembleia Legislativa de Alagoas já foi condenada a penas de suspensão dos direitos políticos e devolução do dinheiro público surrupiado. Mas até hoje – 11 anos depois da Operação Taturana que denunciou o bando – ninguém devolveu um centavo aos cofres públicos e nem perdeu os direitos políticos. Uns até já faleceram e outros renovaram seus mandatos, mesmo condenados.

Brechas da lei

Todos eles se prevalecem das brechas da lei e da morosidade da Justiça para protelar o processo ad infinitum até a prescrição das ações por decurso de prazo e outros artifícios nada ortodoxos. Podem até contar com a complacência do Judiciário, mas embarram no Ministério Público do Estado, cuja atuação tem dado aos alagoanos a esperança de que nem tudo está perdido no reino da impunidade.

Morosidade

Desde fevereiro de 2016 os recursos de apelação dos réus estão prontos para julgamento no TJ-AL. Mas sempre que entram na pauta do tribunal, os condenados pedem adiamento e o processo volta a hibernar nas gavetas da Justiça.

Esperança

A esperança do MP é que o desembargador Paulo Barros Lima, novo relator de um dos processos (0002619-54-2009.8.02.0001), considere o relatório já concluído pelo desembargador Fernando Tourinho e julgue as apelações “em nome dos princípios da economia processual e da duração razoável do processo”, como destacou a procuradora de Justiça Denise Guimarães em sua última manifestação.

Fora, Olavo de Carvalho

Reportagem da agência Reuters aponta que um dos nomes mais respeitados nas Forças Armadas, o general Villas Bôas, hoje assessor especial do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general da reserva Augusto Heleno, deu pelas redes sociais o recado que os militares querem passar: Olavo de Carvalho precisa “deixar o governo”. “Mais uma vez o senhor Olavo de Carvalho, a partir de seu vazio existencial, derrama seus ataques aos militares e às Forças Armadas demonstrando total falta de princípios básicos de educação, de respeito e de um mínimo de humildade e modéstia”, escreveu.

Doente mental

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o general Villas Bôas disse que Olavo de Carvalho dá a impressão de ser uma pessoa doente, que vem agindo com total desrespeito aos militares e às Forças Armadas. “É muito grave a maneira como ele se refere com impropérios a oficiais da estatura dos generais Mourão, Santos Cruz e Heleno, e aos militares em geral”, alertou Villas Bôas. Para o general, Olavo de Carvalho presta grande desserviço ao País. “Em um momento em que precisamos de convergências, ele está estimulando as desavenças. Às vezes, ele me dá a impressão de ser uma pessoa doente, que se arvora com mandato para querer tutelar o País”.

Ataque covarde

Olavo de Carvalho respondeu atacando o general Villas Bôas, que sofre de uma doença degenerativa: ‘’Há coisas que nunca esperei ver, mas estou vendo. A pior delas foi altos oficiais militares, acossados por afirmações minhas que não conseguem contestar, irem buscar proteção escondendo-se por trás de um doente preso a uma cadeira de rodas. Nem o Lula seria capaz de tamanha baixeza”.


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Governo é um caos Cascais, Portugal – O governo do capitão entra nos seus cinco meses de desarranjos e muita bagunça. Durante esses 120 dias que se findam, o saldo, infelizmente, é lamentável. Senão vejamos fatos acontecidos até hoje, sem ordem cronológica, que mostram claramente o desastre de uma administração desorientada, sem liderança e sem comando:  Já assume o governo envolvido em escândalos  Queiroz entrou no cenário da família quando a Polícia Federal descobriu que ele era o representante das milícias cariocas no gabinete de Flávio, filho do capitão, quando exercia o cargo de deputado estadual  Queiroz, homem de confiança do parlamentar, é acusado de extorquir salários dos servidores do gabinete e tanto ele como Flávio respondem a processo  Bolsonaro não consegue explicar os 20 mil reais que saíram da conta de Queiroz para a conta de Michele, sua mulher  Viaja aos Estados Unidos e numa vassalagem explícita isenta de visto, sem exigir reciprocidade, os americanos que entram no Brasil  Ainda nos EUA, visita a CIA, na Virgínia, para conhecer pessoalmente a diretora da agência, acusada de comandar tortura  Faz uma viagem inútil para Israel e comete a grande gafe da história – por ignorância, claro – ao dizer que é “perdoável” o massacre contra os judeus, conhecido como holocausto  No Carnaval, retransmite vídeo pornográfico na sua rede social  Quer projeto para evitar a amputação do pênis do brasileiro por falta de água e sabão  Interfere no aumento do diesel e provoca prejuízo de 35 bilhões de reais à Petrobras e diz, depois, desconhecer como funciona a política de preços da empresa  Incentiva os filhos a enxovalhar o general Mourão, o vice, acusando-o de conspirar contra o governo, abrindo uma crise institucional  Mantém no Ministério da Educação o cabeça de bagre Ricardo Vélez, o colombiano, até Olavo de Carvalho mandar demiti-lo  Mantém no Ministério do Turismo o deputado Marcelo Álvaro Antônio, chefe dos laranjas mineiros, que saqueou os cofres do PSL nas eleições  Interfere no BB e demite o diretor de Marketing porque não gostou da publicidade onde aparecem jovens negros, tatuados e descolados  Derruba as ações do BB ao falar para agricultores em Brasília que vai reduzir os juros do banco e

Avacalhação

Nunca os generais brasileiros foram tão avacalhados como no governo de Bolsonaro. Já está provado que é ele que estimula o astrólogo Olavo de Carvalho, seu guru, a enxovalhar os militares. Irritado quando um de seus discípulos é demitido do governo, Carvalho destila a sua ira em cima dos generais, chamando-os de merdas e de outros impropérios.

depois manda o porta-voz desmentir o que ele mesmo disse  Em solenidade na Itaipu Binacional elogia o generalíssimo Alfredo Stroessner, ditador paraguaio, um dos mais sanguinários da América do Sul  Demite o ministro Gustavo Bebianno da Secretaria Geral da Presidência depois de uma discussão entre ele e seu filho Carlos, que chamou o auxiliar do pai de mentiroso  Tentou reavivar, com comemorações, o fatídico golpe militar de 64 e queria que os alunos cantassem o hino nacional enquanto eram gravados em vídeo  Quer eliminar das universidades os estudos de filosofia e sociologia, pois acha que as disciplinas só servem para criar focos de comunistas  Corta recursos das universidades federais que não rezam na cartilha ideológica do seu governo  Desautoriza o secretário da Receita Federal, Marco Cintra, que propõe aumentar impostos e cobrar tributos de dízimos das igrejas e até de contrabandistas (!?). Para defender seu auxiliar, Guedes diz que ele foi “mal interpretado”  No governo digital, Moro disputa na internet e ganha o direito de ficar com o comando do Coaf que o capitão queria deixar sob o comando de Guedes  Abre uma guerra contra Rodrigo Maia, paralisa as ações do governo que dependem do parlamento e agora está com a base esfacelada na Câmara.  Negocia uma homenagem com a Câmara-Comércio Brasil Estados Unidos, mas é declarado persona non grata pelo prefeito de Nova Iorque, e rejeitado pelo Museu de História Natural da cidade, primeiro local escolhido para recebê-lo  Não controla a inflação, o dólar e os combustíveis que dispararam desde que assumiu o governo.  Em queda no governo Temer, desemprego cresceu em 12,7%, beirando a casa dos 14 milhões de desempregados  Estimula que proprietários de terras reajam a tiros invasões de suas propriedades, atiçando uma guerra entre sem-terra e latifundiários sem intermediação de conflitos  No programa do Sílvio Santos não sabe explicar a Reforma da Previdência e deixa o apresentador falar um monte de besteira para iludir o trabalhador, tudo combinado antes da apresentação. E agora, depois desse aperitivo, você ainda tem dúvidas quanto à incompetência do capitão-trapalhão para administrar o país?

Condecoração

Olavo de Carvalho, que mora nos Estados Unidos, é amigo dos filhos do capitão. Há quem afirme que Bolsonaro acompanha todas agressões feitas aos militares que ele gostaria de demitir, mas se omite. Assim, incentiva os próprios filhos a promover uma verdadeira avacalhação do seu próprio governo.

JORGE OLIVEIRA arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Insatisfação

Para mostrar que prestigia o astrólogo, na semana passada Bolsonaro o condecorou com uma das mais importante honrarias, alimentando as divergências internas entre o seu guru e a ala dos generais que compõem o seu staff. A insatisfação na área militar é grande. E o capitão ainda não percebeu que se os generais que auxiliam o seu governo puxarem o tapete, o capitão está fora do cargo no outro dia.

Mourão

Um dos mais insatisfeitos é o Mourão, o vice, que diverge de Bolsonaro quase sempre e publicamente. O general Mourão é dos que já foram alvo das pornografias de Olavo de Carvalho. Descobriu, também, que nas agressões a ele tem o dedo dos filhos do presidente que já disseram publicamente que o general conspira para derrubar o pai deles.

E aí?

E aí é que em Brasília ninguém acredita mais que Bolsonaro tenha como controlar mais o governo. Acham, alguns iluminados, que o capitão perdeu o controle da administração e de que daqui pra frente vai ser na base do “salve-se quem puder”, já que ele definitivamente mostrou-se inapto para o cargo.


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Enfim, o laudo da CPRM

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laudo da CPRM foi taxativo durante a audiência na última quarta-feira: a Braskem contribuiu para o afundamento em certas áreas do bairro do Pinheiro e adjacências. O técnico Thales Queiroz Sampaio não fez arrodeio e demonstrou que os moradores nas áreas mais críticas deverão deixar o bairro. Afora essas medidas emergenciais, principalmente quando se aproxima a quadra chuvosa, outras deverão ser implementadas urgentemente pelo poder pú-

Mutirão

O Tribunal de Justiça está disposto a fazer um mutirão permanente para funcionar como conciliador para os milhares de moradores do bairro do Pinheiro. Uma operação nunca vista em Alagoas. O presidente, Tutmés Airan, está otimista com os resultados, que irão abarrotar as Varas Cíveis da Capital se não houver conciliação.

Guarda Judiciária

O TJ deve estar muito bem com seu orçamento. Prevê para os próximos dois anos a contratação de 200 homens que formarão a guarda judiciária para a segurança dos fóruns na capital e no interior. O presidente anuncia que deverá aproveitar policiais que já estão na reserva.

Almoço indigesto

A presença de cerca de 24 deputados no Palácio dos Martírios num almoço regado a especiarias da terra não chegou a convencer os parlamentares sobre a participação na base de sustentação do governo. Foi um rega-bofe de primeira qualidade, mas ninguém se atreveu a falar das relações com o governo e o assunto apoio e política não chegou explicitamente a se concretizar.

Gozação

Depois do encontro de mesa farta, com os alagoanos pagando a comilança de suas excelências, alguns deputados apenas riram do almoço festivo e entroncharam a cara quando o assunto foi integração com o governo. Ou seja, o almoço só serviu mesmo para encher o bucho dos deputados.

blico. Mas resta, agora, a Braskem encontrar soluções rápidas para os moradores atingidos pelo problema e que por certo passariam por indenizações dos imóveis. Se haverá consenso nisso tudo e o Tribunal de Justiça está determinado a colaborar para solucionar o caso, só o tempo dirá. Se isso não acontecer, só Deus sabe quando os moradores serão indenizados. Afinal de contas, podem ser milhares de ações que poderão ser intentadas contra a empresa, o que viria a congestionar a Justiça de primeiro grau.

Indiferente

O estilo do senador Rodrigo Cunha tem incomodado adversários e aliados políticos. Cunha parece não querer entrar em conflito com quem quer que seja, seja na polêmica Reforma da Previdência, seja no caso, agora, do corte substancial de recursos das universidades federais. Como bom tucano, tem se mantido em cima do muro, talvez esperando o momento oportuno para se decidir. É lamentável porque seus eleitores não pensam assim.

Aliado ao governo

O deputado Francisco Tenório passou mesmo de mala e cuia para a bancada governista na Assembleia Legislativa. Depois de emplacar sua filha no Estado, Tenório passa a ser um dos que integram o apoio ao governador Renan Filho.

Insatisfação

Mas nem tudo são flores no Palácio dos Martírios. O governo sabe que muitos deputados estão insatisfeitos com o tratamento que têm recebido e podem se insurgir em votações polêmicas na Casa de Tavares Bastos.

Em forma

O ex-senador Benedito de Lira reapareceu em grande estilo na inauguração do centro pesqueiro inaugurado pela Prefeitura de Maceió. Biu foi o alvo das atenções, conversou com a população pesqueira e demonstrou satisfação pelo empreendimento, cujos recursos foram conseguidos por ele em Brasília. “Biu está vivo como nunca na política”, disse um deputado que esteve presente no evento.

GABRIEL MOUSINHO n gabrielmousinho@bol.com.br

Força de Galba

Depois, é claro, do presidente Marcelo Victor, quem está demonstrando mais força na Assembleia Legislativa é Galba Novaes. Além de ser presidente da mais importante da Casa, a Constituição e Justiça, ele ainda é vice-presidente do Poder Legislativo. Com isso, aumenta sua força para tentar disputar o mandato de prefeito do município de Rio Largo, que hoje já tem muitos pretendentes na fila.

Esforço concentrado

O secretário Fábio Farias tem se reunido, mantido contatos com deputados e mostrado jogo de cintura, o que ele faz desde criancinha. Mas não tem conseguido muitas vitórias nesse primeiro mês como secretário do Gabinete Civil na interlocução entre Assembleia Legislativa e governo do Estado.

Limite

Nomeado com pompas e muitos bajuladores presentes na solenidade de posse, Fábio Farias sabe que não tem essa carta-branca anunciada por aliados do governador Renan Filho. Por isso mesmo os deputados que a princípio integram a bancada governista querem mais. O ciúme entre os próprios parlamentares para saber quem leva mais é que tem dificultado sobremaneira a relação entre os dois poderes.

Palavra final

Repatriado ao governo como a solução política, o secretário Fábio Farias sabe perfeitamente que tem muitos limites. Está liberado para negociar cargos pequenos, sem influência nenhuma no governo e isso não tem agradado a alguns parlamentares. A palavra final é sempre do governador Renan Filho. Se insistir cai fora.

Sem conversa

O prefeito Rui Palmeira se mostrou sereno e duro o suficiente para tratar sobre a situação do bairro do Pinheiro. E não é pra menos. Até agora a prefeitura tem assumido praticamente tudo sozinho e a responsabilidade não é só dela com relação às providências a serem tomadas. “Quem deve que pague”, tem dito o prefeito nos contatos com a imprensa.

Falta fiscalização

A SMTT parece que anda fazendo vistas grossas com táxis que rodam em Maceió. Além de terem uma faixa própria, a faixa azul onde também circulam ônibus, é comum se observar eles invadirem a faixa dos pobres usuários particulares. Ou seja, circulam de um lado e circulam do outro. Se o condutor de veículo particular entrar na faixa azul, é multa na certa. Com essas facilidades aos táxis e também aos ônibus que sofrem do mesmo mal, o trânsito fica cada vez pior nas avenidas Durval de Góes Monteiro e Fernandes Lima.

A lista cresce

O prefeito Rui Palmeira vai demorar a anunciar o apoio à sua sucessão, mas cresce o número de candidatos nas eleições do próximo ano. Agora, nos bastidores, os nomes de Alfredo Gaspar de Mendonça e Eduardo Tavares são comentados com os prováveis candidatos à Prefeitura de Maceió. Tavares e Alfredo, ambos do Ministério Público, têm história de trabalho, decência e honestidade.

Por cima

O senador Renan Calheiros, aos poucos, vai se livrando de denúncias e, por fora, ganhando um dinheirinho extra. Foi o caso, esta semana, da condenação do PSOL por danos morais ao senador. Na sentença, Renan vai levar uma grana de R$ 10 mil.


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CASO MARTHA MOREIRA

Fuga do promotor Sidrack Nascimento levanta suspeita de homicídio Familiares e amigos do casal não descartam nenhuma hipótese e exigem rigor nas investigações policiais DA REDAÇÃO

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nunciado como suicídio, o caso da morte da mulher do promotor Sidrack Nascimento, Martha Moreira, pode tomar um novo rumo. A fuga do marido logo após a morte da esposa gerou nas redes sociais a suspeita de homicídio. A polícia instaurou inquérito e a delegada Lucy Mônica tomou o depoimento do promotor, que foi ouvido na noite de quarta-feira na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, mas nem a polícia nem o MP liberaram informações sobre a tragédia. Como o jornal EXTRA informou em sua versão on-line, Martha Moreira teria se matado com a arma do próprio marido, com um tiro na cabeça. O caso ocorreu no final da tarde de quarta-feira 8, no condomínio Alamedas do Horto, Tabuleiro dos Martins, onde residia o casal. Os policiais do 4º BPM (Batalhão da Polícia Militar) que atenderam ao caso informaram que após o ocorrido o promotor Sidrack Nascimento saiu desesperado do condomínio e não mais retornou à residência, fato que levantou a suspeita de homicídio. Segundo versão que cir-

culou nas redes sociais, uma vizinha do casal teria dito que houve briga corporal antes do desfecho fatal. Outra versão diz que o jardineiro teria testemunhado a desavença e que Martha Moreira teria disparado dois tiros para o ar antes de atirar contra a própria cabeça. Amigos e familiares do casal ouvidos pelo jornal disseram que até a divulgação oficial da perícia criminal não se pode descartar nenhuma possibilidade, inclusive a hipótese de homicídio. Parentes da vítima disseram que Martha Moreira não tinha perfil de

DEFESA

‘‘Não estávamos em crise e não brigamos antes da morte dela”, diz promotor, que foi impedido de participar do velório da esposa

Em 2014, o casal viajou a Israel para visitar o Monte das Oliveiras, na cidade antiga de Jerusalem

suicida. A promotora Fernanda Moreira, irmã de Martha, acompanha o caso de perto e exigiu rigor nas investigações. Membro de tradicional família de Capela, Martha Moreira era filha do promotor aposentado Arlindo Lopes de Almeida. Ela e Sidrack Nascimento, que também é pastor de uma igreja evangélica, eram casados em segundas núpcias há quase 20 anos. A Associação dos Promotores de Alagoas e o próprio MP também acompanham as investigações do caso. O EXTRA também apurou que o casal vivia às turras por problemas conjugais chegando ao ponto de agressões físicas. Na véspera da morte, Martha Moreira esteve na Procuradoria Geral de Justiça para tomar satisfações com o

marido, mas foi contida pelos seguranças do MP, enquanto o promotor teria se refugiado no prédio do Gaeco, a 200 metros da sede do Ministério Público do Estado. O semanário também constatou que, a despeito de a ocorrência ter sido registrada em Maceió e atendida por militares do 4º BPM, não foi incluída no boletim de ocorrências divulgado diariamente pela Secretaria de Segurança Pública, o que não é comum, sobretudo em se tratando de um caso com morte e envolvendo uma autoridade. O corpo de Martha Moreira foi sepultado no início da noite de ontem no Parque das Flores sob grande comoção. A pedido da família, o promotor foi impedido de participar do velório e do enterro da esposa.

VERSÃO DO PROMOTOR Ao EXTRA, o promotor Sidrack Nascimento deu sua versão sobre a morte da esposa. Afirmou que Martha, com quem era casado há 19 anos, atirou na própria cabeça no jardim da residência. “Eu estava a cerca de um metro e meio dela”, informou. Falou que acionou o socorro, avisou a família e que também participou de perícia, além de prestar depoimento à delegada que apura o caso, Luci Mônica Moura Ribeiro. Declarou que realizou exame residuográfico nas mãos para comprovar que, em nenhum momento, esteve com a arma nas mãos. “Não estávamos em crise e não brigamos antes da morte dela”, afirmou. E confirmou que não esteve no velório e sepultamento da esposa, ontem, porque foi impedido pela família dela.


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GAZETAS

Fernando James assume direção comercial nas empresas do pai Fernando Collor busca no filho o irmão Pedro para salvar grupo da falência ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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odos os dias ele está lá na Gazeta de Alagoas. Chega sorrindo, dá bom dia pelos corredores, perguntam pela Luísa (a primeira filha dele, de 11 meses), abre a sala do ex-diretor Comercial Leonardo Simões, recentemente seu mais novo espaço de trabalho, e procura se encontrar depois de passar por muitas funções nas empresas do pai e não se encaixar em nenhuma. Aos 39 anos recém-completados (11 de abril) e um patrimônio declarado de R$ 743,4 mil, Fernando James Braz Collor de Mello - ou o jornalista Fernando James ou ainda Fernandinho - ganhou uma difícil missão do pai, o senador Fernando Collor: salvar as empresas fundadas pelo avô Arnon da extinção. Mês passado, a procuradora-geral da República Raquel Dodge pediu que a Justiça decretasse 22 anos, 8 meses e 20 dias de prisão para Collor no âmbito das investigações da Lava Jato. Ela diz que o senador recebeu R$ 50,9 milhões de propina em contratos da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Diz a chefe do MPF que o senador transformou o dinheiro da propina em lanchas, salas comerciais, imóveis e carros de luxo, quadros. Parte disso estava em nome das empresas, hoje dirigidas comercialmente por Fernando James - menos a TV Gazeta, afiliada da Globo.

NASCE UM HERDEIRO Fernando James quase não dá entrevistas. Mas, conversou com o jornal EXTRA por telefone. Falou sobre política e as empresas. Disse que o pai lhe pediu para manter as empresas como uma das referências no Nordeste em jornalismo. Pediu ainda que fosse persistente na direção comercial. “Sei o tamanho da tarefa”, disse. Funcionários da Gazeta confirmam o esforço de Fernando. “Ele tem dedicação, talento”, diz um dos ouvidos pelo EXTRA. Nem todos concordam. “É inexpressivo. O Departamento Comercial está entregue ao nada. É onde ele está alojado”, afirma outro. “Para mim ele deveria estar na programação. É jornalista, não tem cara de comercial”, analisa outra fonte. Poucos acreditam em mudança de rumo nas empresas. Números extraoficiais do Sindicato dos Jornalistas indicam 140 jornalistas, radialistas, gráficos e pessoal administrativo demitidos desde o final do ano passado. Os números podem crescer porque a tesoura passou

AFILIADA

O senador só não pede recuperação judicial por causa da joia da coroa: a TV Gazeta, afiliada da Globo, não pode estar ligada a uma organização com o pires na mão.

Fernando James assumiu a pedido do pai, Fernando Collor, compromisso de recuperar empresas pela redação do jornal Gazeta, da rádio Gazeta e a próxima é a TV Mar. “Não podemos ainda avaliar o Fernando. Torço para que faça uma boa administração”, resume o presidente do sindicato, Izaías Barbosa. O senador só não pede recuperação judicial por causa da joia da coroa: a TV Gazeta, afiliada da Globo, não pode estar ligada a uma organização com o pires na mão. Ao chamar o filho para a direção comercial, Collor lembrou dele mesmo, quando começou a trabalhar como estagiário do Jornal do Brasil e corretor de imóveis. Deixou tudo a pedido do pai, Arnon de Mello (na época senador), e veio a Alagoas para se tornar superintendente da Organização Arnon de Mello em 1973 até 1979, quando foi prefeito de Maceió indicado por Guilherme Palmeira, pai do patual refeito de Maceió, Rui Palmeira. Aos 39 anos - idade hoje do

filho - Fernando era governador de Alagoas. Aos 41, presidente da República. Impeachment aos 43. Aos 58, voltou à vida pública: foi eleito senador. Hoje, aos 70 anos, ele busca um Pedro Collor para suas empresas e terá uma dura reeleição pela frente: o governador Renan Filho está com os dois olhos na única vaga ao Senado em 2022. Fernando James é a esperança de Collor para continuar o legado da família na política e nos negócios. Elle buscou seus sucessores em Joaquim e Arnon, os irmãos de Fernando. Joaquim tinha perfil mais empresarial; Arnon mais “cara” de político. Ambos construíram carreira longe de Alagoas e dos negócios do pai. Não pretendem voltar a Alagoas. Collor queria mesmo um Pedro - o irmão que o denunciou à Veja e acelerou seu ocaso presidencial - à frente das empresas. Sonha ver ímpeto e caráter empresariais no filho, que par-

ticipa do grupo político que faz oposição ao prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves. James é um dos nomes para a disputa pela Prefeitura. O consenso na oposição é que o nome mais citado nas pesquisas será não apenas o escolhido pelo grupo mas receberá o apoio dos demais. Há duas semanas, ele teve um encontro reservado com Arnaldo Paiva, irmão de Vânia Paiva, ex-prefeita de Rio Largo. Fernando já disse que, após sua experiência de vereador em Rio Largo, não voltaria para a política. Voltou atrás. Era promessa a deputado federal, pelo menos para o pai. Não vingou. No prédio das Gazetas, cada vez mais vazia pelo tanto de demissões que acumula, Fernando James pode se encontrar na função de herdeiro. Por enquanto, é apenas o “Fernandinho, filho do Collor”.


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CHÃ PRETA

Prefeita Rita Tenório é condenada por improbidade administrativa Esposa do deputado Chico Tenório perde direitos políticos e terá que ressarcir cofres públicos tratação do Posto Posbral, em dezembro de 2012, no importe de R$ 27 mil, dinheiro de verbas de convênio com o governo federal. Conforme os autos do processo, a denúncia era de que o dano ao erário teria chegado ao valor de R$ 81.255,23, porém a magistrada entendeu que o denunciante alegou o fato genericamente sobre o repasse ilegal de tais valores, sem declinar ou comprovar a forma como se deu a suposta improbidade. Diante dos fatos, a juíza julgou parcialmente procedente a ação civil pública por ato de improbidade administrativa impetrada pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE-AL).

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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prefeita de Chã Preta, Rita Coimbra Cerqueira Tenório, esposa do deputado estadual Francisco Tenório (ambos do PMN), foi condenada neste início do mês de maio em dois processos por improbidade administrativa e terá que ressarcir os cofres públicos. As ações são referentes a dispensa de licitação e por deixar de realizar o devido repasse de valores descontados dos salários dos servidores, a título de empréstimo consignado, ao órgão bancário credor. No primeiro caso, a juíza Joyce Araújo dos Santos, em decisão expedida no dia 3, fixou pena de suspensão dos direitos políticos em oito anos e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, também pelo prazo de oito anos. Rita Tenório ainda terá que devolver aos cofres públicos o valor de R$ 27 mil. Essa denúncia de improbidade foi acatada pelo Judiciário alagoano em julho de 2013. Prefeita à época, Rita Tenório foi acusada de ignorar resultado de procedimento licitatório que segundo o processo, seria para obter “vantagem indevida” em realizar diversos pagamentos de combustíveis com verbas oriundas do governo federal, além dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), sem passar por certame. “O que afronta a importância da licitação, e, por consequência, violação à su-

EMPRÉSTIMOS Já a denúncia de “calote” nos servidores públicos é de

REPASSE

Rita e Chico Tenório: casal enfrenta processos na Justiça premacia do interesse público sobre o particular e à indisponibilidade do interesse público”, destacou a magistrada na sentença. Provas documental e testemunhal constante nos autos

evidenciaram que a prefeita, mesmo após o procedimento de licitação concluído, com adjudicação de empresa de posto de combustível vencedora (Posto Boiadeiro), dispensou a licitação e efetivou a con-

Conforme os autos do processo, a denúncia era de que o dano ao erário teria chegado ao valor de R$ 81.255,23, porém a magistrada entendeu que o denunciante alegou o fato genericamente sobre o repasse ilegal de tais valores, sem declinar ou comprovar a forma como se deu a suposta improbidade.

abril de 2013. Rita Tenório foi condenada por não haver repassado dos valores descontados dos salários dos servidores de empréstimos consignados ao Banco do Brasil. A conduta gerou um prejuízo ao erário no valor de R$ 12.375,97, relativos aos valores recolhidos dos contracheques dos funcionários públicos. No dia 6 de maio, a juíza Joyce Araújo dos Santos condenou a prefeita a ressarcir o erário no valor anunciado, suspensão dos direitos políticos em três anos com também a proibição da gestora de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios no mesmo período. O ressarcimento aos cofres públicos deverá ser corrigido monetariamente pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) desde cada pagamento e juros de mora legais. TATURANA Vale lembrar que o marido da prefeita é um dos deputados estaduais envolvidos com o escândalo dos taturanas, como ficaram conhecidos parlamentares da Assembleia Legslativa de Alagoas após a operação da Polícia Federal e Receita Federal que desmantelou um esquema de desvio de recursos do Legislativo entre os anos de 2003 e 2007. O desvio teria chegado a R$ 300 milhões. Chico Tenório também responde a ações penais por crimes de mando e pistolagem.


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BAIRROS AFUNDANDO

MPE quer Braskem fora de Alagoas “Bomba” cai na mão de Renan Filho, que já teve campanha patrocinada pela mineradora JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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audo oficial divulgado: Braskem é culpada pelo afundamento de bairros em Maceió. Tanto é que anunciou o processo de paralisação da atividade de extração de sal e a consequente paralisação das fábricas de cloro-soda e dicloretano localizadas no bairro do Pontal da Barra. E agora, o Judiciário alagoano será ringue de uma batalha entre gigantes. O Ministério Público do Estado (MPE), órgão fiscalizador, quer a mineradora longe de Alagoas. Um desejo que poderá ser difícil de concretizar, uma vez que a empresa é ligada à Organização Odebrecht, grupo envolvido em escândalos de corrupção com a permissão e anuência de senadores, deputados e presidentes. Durante 40 anos de exploração no estado, a Braskem se tornou influente na política e mídia alagoana. Mudou o ponto do turismo em Maceió, fazendo a Praia da Avenida se tornar um paraíso deserto, perigoso e decadente com a instalação de reservatórios de cloro. A poucos quilômetros dali, três bairros estão esfarelando e, com eles, famílias, comércios e empresas. Logo após divulgação do laudo pelo Serviço Geológico do Brasil, durante audiência pública realizada na quarta-feira, 8, no prédio da Justiça Federal, na Serraria, a Defensoria Pública e o MPE pediram ao governador do Estado, Renan Filho (MDB), a suspensão da Licença Ambiental de Operação concedida pelo Instituto de Meio Ambiente (IMA) à Braskem, referente aos poços 32, 33, 34 e 35 de extração da sal-gema, ainda em funciona-

mento, e de outros que estejam em atividade na área lagunar, no Pinheiro, Mutange e Bebedouro. O pedido pode colocar Renan Filho “entre a cruz e a espada”. Isso porque, em dezembro de 2018, durante delação, executivos da Odebrecht declararam que a construtora fez doações oficiais para a campanha de Filho, para governador em 2014, depois de discutir com o senador Renan Calheiros (MDB) apoio aos interesses dela no Senado. A Odebrecht queria a renovação de contratos de fornecimento de energia para empresas do grupo no Nordeste, com condições mais favoráveis. Se o jogo de interesse foi real, a Justiça ainda averigua. Mas doações da Braskem foram registradas na conta do governador no valor de R$ 320 mil pagos com transferência eletrônica e cheques. Os dados são do site Divulgacand. As transações aconteceram no mês de agosto de 2014. O documento encaminhado ao governador ainda solicitou que a paralisação das atividades de mineração da empresa seja acompanhada, planejada

CHEQUES

Doações da Braskem foram registradas na conta do governador no valor de R$ 320 mil pagos com transferência eletrônica e cheques. Os dados são do Divulgacand.

Após laudo sobre o Pinheiro, Braskem anunciou paralisação de suas atividades em Maceió e orientada pela Agência Nacional de Mineração (ANM), pelo IMA e Serviços Geológicos do Brasil, a fim de garantir a segurança do procedimento. Conforme defensores e promotores públicos, não é possível permanecer ao alvitre da empresa a decisão de operar ou não ações de mineração em solo tão instável. Durante audiência pública, o MP informou que já tinha entrado com recurso solicitando bloqueio integral dos R$ 6,7 bilhões das contas da Braskem, valor que foi acatado parcialmente pela Justiça alagoana. Para o procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar Mendonça, o bloqueio será necessário para a população não sair prejudi-

cada. No dia 15 de abril, o Tribunal de Justiça determinou o bloqueio de R$ 2,67 bilhões da Braskem. O bloqueio é garantir reparos por danos morais e materiais aos residentes moradores das localidades.

BRASKEM SE DEFENDE

Em nota divulgada ainda na quarta-feira, a empresa declarou ter tomado conhecimento com a sociedade alagoana do laudo divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil sobre o bairro do Pinheiro e que “se solidariza com todas as famílias atingidas na região”. Disse ainda que analisará os

resultados apresentados frente aos dados coletados por geólogos e especialistas independentes. Além disso, a companhia informou que está avaliando os impactos da suspensão da extração de sal-gema na planta de PVC em Marechal Deodoro e nas suas plantas do Polo de Camaçari/BA, uma vez que estão integradas na cadeia produtiva. “A empresa usará todos os padrões de segurança aplicáveis para esse processo. Essa medida ocorre em função dos desdobramentos decorrentes da divulgação do Relatório n.1 pelo Serviço Geológico do Brasil – CPRM, que discorre sobre as causas dos eventos geológicos que afetaram o bairro do Pinheiro”, assinalou na nota.


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IMA já havia anunciado interdição L

ogo após a divulgação do laudo, na quarta, o Estado, por meio do IMA, comunicou que concorda com as recomendações do Ministério Público e da Defensoria. “Assim, com os órgãos ambientais das esferas municipal e federal, o IMA adotará as providências no sentido de interditar os poços da Braskem números 32, 33, 34 e 35, verificada a segurança técnica para tanto e considerando os cuidados necessários apontados no laudo da própria CPRM”. Segundo o Instituto, a interdição será feita sem prejuízo de outras sanções, como a aplicação de multas conforme a lei. “O IMA ressalta ainda que acompanhará a evolução dos estudos da CPRM quanto aos demais poços e operações da Braskem, não se furtando a adotar todas medidas que forem necessárias”, concluiu. Pouco antes, também por meio de nota, o governador Renan Filho, que na quarta estava em Brasília, se manifestou sobre as conclusões do Serviço Geológico do Brasil: “Acompanho com atenção os acontecimentos nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro e os desdobramentos nesta quartafeira 8, após a divulgação do laudo do Serviço Geológico

do Brasil (CPRM). Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que os moradores das regiões afetadas tenham seus direitos assegurados. Este é o dever de todas as instâncias do poder público – federal, estadual e municipal, nesta situação de emergência. O Governo de Alagoas continuará ao lado da população atingida para cobrar dos responsáveis pela tragédia as devidas indenizações e para garantir que não haja injustiça. A Ação Civil que a Defensoria Pública do Estado e o Ministério Público Estadual estão encaminhando, para a reparação aos atingidos pelos danos, tem o integral apoio do Governo de Alagoas. Contamos com o reforço das instâncias jurídicas municipais e federais. Adotaremos todas as medidas necessárias para minimizar o sofrimento e a aflição das famílias moradoras e para ajudar na realocação das empresas, escolas, hospitais e órgãos públicos da área de risco. Seguiremos integralmente e com toda agilidade as recomendações da CPRM”. Já o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), se pronunciou por meio do Instagram sobre o resultado. O tucano, que esteve na audiência pública de quarta mas saiu antes de seu término e

Poço de extração de sal-gema localizado no bairro do Mutange era um dos quatro em atividade sem falar com os moradores ou a imprensa, afirmou que está trabalhando com a Procuradoria Geral do Município nas ações que vão entrar contra a empresa: “Pessoal, agora temos o resultado dos estudos da CPRM nos bair-

ros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro. A mineração feita pela Braskem foi apontada como a principal causadora do problema. Já estou tocando com a Procuradoria Geral do Município para entrarmos com ações judiciais

contra a Braskem para os devidos ressarcimentos aos moradores dos bairros e ao município de Maceió’’. Agora é esperar para ver os próximos capítulos desta triste novela que já dura mais de um ano.


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40 ANOS DE EXPLORAÇÃO

Braskem provocou afundamento de bairros em Maceió

Geólogo Thales Sampaio foi resposável por coordenar estudos na região

Relatório apresentado pela empresa possuía erros grosseiros, diz especialista BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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onfirmando as suspeitas de moradores, autoridades e pesquisadores, o Serviço Geológico do Brasil, afirmou durante audiência pública na última quarta-feira, 8, que a instabilidade do solo nos bairros do Pinheiro, Bebedouro e Mutange, em Maceió, foi provocada pela extração de sal-gema realizada ao longo de mais de 40 anos pela Braskem. O assessor da diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), Thales Sampaio, explicou que quatro hipóteses foram levantadas, porém, apenas duas, que estariam correlacionadas, foram conclusivas. As primeiras teriam relação com a falta de saneamento básico e de drenagem, além da extração de água subterrânea na localidade. Porém foram descartadas pois não explicariam o que está acontecendo na região. Conforme os dados colhidos ao longo de quase um ano de estudos, a desestabilização das cavidades provenientes da extração de sal-gema, localiza-

Minas de sal se movimentaram verticalmente aproximadamente 200 metros entre 1989 e 2019 segundo Serviço Geológico / Arte: CPRM das entre 1200 e 1600 metros de profundidade, provocou um fenômeno chamado halocinese (movimentação do sal) criando uma situação dinâmica com reativação de estruturas geológicas antigas, subsidência (afundamento) do terreno e deformações rúpteis na superfície (trincas no solo e nas edificações) em parte dos bairros. “Três sismos que aconteceram no Pinheiro condizem com três cavidades de extração de sal-gema”, salientou o geólogo. De acordo com o laudo, cavidades de salmoura, que deveriam estar estabilizadas, não passaram por esse procedimento. O especialista declarou ainda que o movimento do solo da região não é algo novo levando em consideração depoimentos de moradores que vinham consertando rachaduras de suas residências há décadas. Sampaio usou como exemplo duas minas de exploração, a 7 e a 19, para explicar o que aconteceu e o que pode ter acontecido nas demais. Segundo os dados, a mina 7 foi paralisada em junho de 1987 (32 anos) e os resultados dos sonares de 1989 e 2019 mos-

tram uma grande variação vertical de aproximadamente 200 metros na posição da cavidade. O acontecimento pode ser explicado pelo contínuo desplacamento do teto da cavidade. Em relação à mina 19, foi detectado, por meio de sonar, uma forma geométrica muito irregular e inusitada para o padrão esperado. O reduzido volume, em comparação ao levantamento do sonar anterior, leva à hipótese do colapso quase total dessa cavidade. Segundo estudos do Serviço Geológico, áreas do Pinheiro afundaram cerca de 40 centímetros em dois anos. Algo semelhante ao que foi revelado pelo mestre em geotecnia, especializado em geologia de engenharia, Abel Galindo. Segundo o professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em recentes entrevistas à imprensa, um estudo realizado por ele desde 2010 revelou que o bairro estaria se movimentando alguns centímetros em direção à Lagoa Mundaú, porém, a falta de estrutura o impossibilitou de realizar a medição correta do fenômeno.

LAUDO DA BRASKEM

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estudo sobre o afundamento da região do Pinheiro, divulgado esta semana pela Braskem, também foi colocado em xeque pelo assessor da diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial, Thales Sampaio. Conforme o estudioso, a mineradora apresentou um levantamento com erros grosseiros. “Os dados de subsidência fornecidos pela Braskem não estavam corretos”, declarou durante apresentação do laudo. O relatório desenvolvido por especialistas contratados pela empresa, apresentado na segunda-feira, 6, no auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL), afirmava como causas da instabilidade do solo a fal-

ta de drenagem adequada aliada às falhas tectônicas, questões descartadas pelo Serviço Geológico do Brasil. Na ocasião, o advogado da Braskem, Bruno Maia, chegou a sugerir uma resolução para os problemas. “Consertar a tubulação que leva água para a lagoa o mais rápido possível”. Em resposta ao laudo oficial do Serviço Geológico, a Braskem informou, por meio de nota, que continuará com as ações emergenciais que já executa no bairro, o que inclui a inspeção dos sistemas subterrâneos de drenagem, a instalação de estação meteorológica e de equipamentos de GPS de alta precisão para detecção da movimentação do solo, entre outras medidas. Ainda segundo a empresa, os resultados apresentados serão analisados frente aos dados coletados por geólogos e especialistas independentes.


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FALHA DO MUTANGE

Bairro passou a ser foco principal de problema Serviço Geológico constata que o afundamento do solo no bairro é mais acentuado do que o do Pinheiro

SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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pesar da instabilidade do solo e afundamentos que chegam a 40 centímetros nos últimos dois anos no Pinheiro, a situação do bairro do Mutange, pouco falado se comparado ao Pinheiro, pode ser considerada mais grave. A declaração é do geólogo Assessor de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Thales Queiroz Sampaio, responsável por apresentar aos maceioenses o Relatório Técnico sobre a instabilidade do solo nos bairros do Mutange, Bebedouro e Pinheiro. Denominada como falha do Mutange, chamada pelo geólogo de escarpa, ela é uma estrutura geológica que já existia no bairro e que foi reativada devido a alguns poços de extração de sal-gema pela mineradora Braskem que interceptarem a zona desta falha. De acordo com o relatório apresentado, a reativação destas estruturas geológicas antigas foi causada pela desestabilização das cavi-

dades provenientes da movimentação do sal (halocinese) em consequência da extração de sal-gema. Não há evidência de que exista esta mesma falha no Pinheiro, no entanto, ela é paralela à maioria das trincas mapeadas no bairro, por isso afetaram diretamente a região. O especialista afirmou ainda que as rachaduras dos bairros se intensificaram em 2016 quando esta área em processo contínuo de subsidência começou a aumentar de maneira mais veloz. Segundo Sampaio, a falha é profunda, considerada de alto risco e atinge até 1500 metros.

FALHA

Não há evidência de que exista esta mesma falha no Pinheiro, no entanto, ela é paralela à maioria das trincas mapeadas no bairro, por isso afetaram diretamente a região.

Situação do Mutange, onde reside uma população de 16 mil pessoas, preocupa Serviço Geológico Segundo o geólogo Jorge Pimentel, também da CPRM, a região do Mutange está sujeita simultaneamente a pelo menos dois processos geológicos: um de potenciais com água que são os deslizamentos e movimentos de massa e o outro com a possibilidade de subsidência acelerada em relação a extração do sal. “Em 2017, o Serviço Geológico esteve em Maceió para fazer um mapeamento de riscos geológicos para deslizamentos e inundações. O bairro do Mutange foi uma das 27 áreas mapeadas. Lá existe a escarpa, uma ocupação desordenada de uma população de baixa renda clássica e suscetível a processos de movimento de massa. Isso faz com que os habitantes daquela região estejam sempre expostos a estes processos, principalmente na quadra chuvosa. Soma-se isto este processo de subsidência

do solo”, pontuou ele. A revelação da situação crítica do bairro do Mutange não foi recebida bem pela comunidade. Segundo o líder comunitário Arnaldo Manoel, ela deixou todos muito assustados. “Quanto à culpabilidade da Braskem isto já não era novidade, mas sobre a nossa área ser a mais perigosa isso realmente nos pegou de surpresa”, afirmou. Apesar do susto, ele comentou que em conversa com Thales Sampaio, o geólogo assegurou que não há a necessidade de se desesperar, e que o melhor é que a população da região aguarde o novo mapa de risco, onde provavelmente todos do bairro estarão incluídos para receber os auxílios e amparos necessário. “Nós já tínhamos uma opinião formada quanto a responsabilidade de mineradora. Mas a comprovação disto nos fez satisfeitos.

Agora precisamos aguardar os próximos passos e ações dos órgãos responsáveis”, disse Manoel, acrescentando que até o momento Mutange e Bebedouro estão desprovidos de devido atendimento. De acordo com o líder comunitário, no bairro moram 5 mil famílias e cerca de 16 de mil pessoas. Com a divulgação do novo mapa da situação de risco, o Mutange deverá aparecer em destaque. Essa mudança deve ajudar na liberação de recursos para assistência daquela população. “Vamos nos juntar e solicitar também ao Tribunal de Justiça, através do Ministério Público Estadual, o bloqueio de quase R$ 7 bilhões da Braskem, além dos valores já bloqueados, para podermos ter esperança de toda nossa comunidade receber indenizações pelos prejuízos”.


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BRUNO FERNANDES

Audiência pública para divulgação do laudo oficial não trouxe soluções para moradores

Residentes dos bairros afetados continuam sem saber o que fazer

PINHEIRO, MUTANGE E BEBEDOURO

vai se instalar em Maceió para prestar assessoria aos órgãos estaduais e municipais a fim de ajudar na busca de soluções. Durante a audiência, o secretário também explicou que um novo mapa, dessa vez de risco, já foi elaborado, mas precisa de um aperfeiçoamento para melhor entendimento do público. O novo documento, tem previsão para ser divulgado em até duas semanas. Até lá, nada será feito em relação aos moradores. Apenas após a análise de outros 27 poços da empresa será possível analisar uma possível solução, explicou o geólogo Thales Sampaio. Até o momento, apenas oito poços de 35 foram analisados. Os outros, desativados entre as décadas de 70 e 80 estão vedados, o que dificulta o estudo de forma rápida feita pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). Enquanto não é apontada uma luz no fim do túnel, os populares se apoiam em uma ação impetrada pelo Ministério Público Estadu-

Futuro dos moradores continua indefinido CPRM e Defesa Civil não sabem como parar processo de afundamento dos bairros BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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láudia, Geraldo e Vera Lúcia são apenas alguns nomes dos mais de 30 mil prejudicados pelo afundamento que assola os bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro há pelo menos 10 anos, e que continuam sem saber qual será o futuro de seus imóveis na região. A indefinição continua mesmo após o Serviço Geológico do Brasil confirmar a extração de salgema, praticada pela Braskem como principal causadora dos problemas das localidades. Embora o culpado tenha sido apontado, uma solução para o que será feito adiante ainda não foi divulgada pelos órgãos a frente do problema. Enquanto isso, os moradores permanecem com uma grande interrogação em suas vidas, como é o caso de

Vera Lúcia Albuquerque, moradora há quase 40 anos do bairro do Pinheiro e que não sabe o que fazer daqui pra frente. “Ficou uma interrogação bem grande. Ninguém falou se tem jeito. Quero saber como fica minha casa. O prefeito foi embora e ninguém resolveu nada. O que eu tenho que fazer?”, indagou a moradora ao fim da audiência pública realizada no auditório da Justiça Federal, no bairro da Serraria, em Maceió. Vera Lúcia também questionou a pouca atuação do prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), que foi duramente criticado por sua ausência em reuniões sobre o problema. O gestor deixou o local logo após o encerramento das explicações por parte do assessor da diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial, Thales Sampaio. Uma das lideranças do

grupo SOS Pinheiro, que reúne moradores do Bairro do Pinheiro, em Maceió, Geraldo Castro culpa a omissão do poder público, principalmente na esfera municipal, sobre a falta de informações repassadas à comunidade e principalmente a falta de soluções para a população, embora reconheça que “infelizmente é necessário esperar mais um tempo, até que divulguem um laudo final e que de fato possam ser elaboradas soluções a curto e longo prazo para os afetados da região”, explica. Para Geraldo “temos uma Defesa Civil omissa e temos um prefeito omisso. Sabemos que o principal problema nisso tudo foi a negligência”, afirmou. Segundo o coronel Alexandre Lucas Alves, secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, a partir da próxima semana uma equipe do órgão

POÇOS

Apenas após a análise de outros 27 poços da empresa será possível analisar uma possível solução, explicou o geólogo Thales Sampaio. Até o momento, apenas oito poços de 35 foram analisados.

al de Alagoas (MPE-AL) e pela Defensoria Pública do Estado de Alagoas para o bloqueio de R$ 6,7 bilhões da empresa. O valor, segundo as instituições, será usado para pagamento de indenizações e reparos. Cláudia Mendes, moradora do condomínio Divaldo Suruagy, um dos mais afetado pelo tremor de terra registrado no dia 3 de março de 2018, e dos eventos subsequentes, explica que “antes mesmo da divulgação do laudo oficial, já havia sido elaborada uma ação civil pública junto ao defensor Othoniel Pinheiro e que foi anexada ao pedido feito pelo Ministério. Enquanto não nos dizem se o problema dá para resolver ou não, o que provavelmente deve acontecer nas próximas semanas, pelo menos um grande passo foi dado para os moradores que agora podem sim, no futuro ser indenizados”, contou. A falta de respostas também foi questionada pela Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (oAB-AL). Por meio das redes sociais, o presidente Nivaldo Barbosa Jr. disse que esperava caminhos. “Foi apresentado um resultado, mas depois de tanta espera era necessário serem apresentados caminhos e possibilidades. Elas já sofreram muito, porque tiveram suas vidas alteradas. É preciso respeitá-las. É preciso respeitar a dor dessas pessoas que viram seus sonhos indo embora”.


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IMPROBIDADE

TC desaprova contas de Cristiano Matheus

Corte constatou irregularidades na gestão do ex-prefeito de Marechal Deodoro em 2010 ASSESSORIA

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Plenário do Tribunal de Contas de Alagoas, em sessão da terça-feira, 7, aprovou o parecer prévio de autoria do conselheiro Rodrigo Siqueira Cavalcante, recomendando à Câmara Municipal de Marechal Deodoro, que o julgamento das contas do ex-prefeito Cristiano Matheus, referentes ao exercício financeiro de 2010, seja pela constatação de irregularidades na documentação apresentada. Dentre as irregularidades apuradas, destacam-se gastos com manu-

tenção e desenvolvimento do ensino no montante de R$12.086.457,08, equivalente a 22,91% da receita proveniente de impostos compreendida e as transferências, em descumprimento ao disposto no art. 212 da Constituição Federal; a inexistência de sistema de controle interno no âmbito do Poder Executivo municipal, em desacordo com disposto no art. 59 da Lei de Responsabilidade Fiscal; e a divergência no valor entre a variação positiva do saldo patrimonial financeiro e o resultado da execução orçamentária, após deduzidos o valor referente

ao cancelamento de restos a pagar, em desacordo com as normas de direito financeiro estabelecidas na Lei 4.320/1964. O conselheiro Rodrigo Cavalcante destacou ainda que, ao receber os autos, oriundos da Auditoria, deferiu a Decisão Simples 18/2017-GABCRSC, determinando a notificação/citação do ex-prefeito Cristiano Matheus para que apresentasse a documentação relativa às irregularidades constatadas. Entretanto, durante o prazo estabelecido, o ex-gestor não apresentou documentos em sua defesa.

Chamado a explicar irregularidades, Cristiano Matheus não apareceu


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RECONHECIMENTO

Rubens Canuto é eleito para o CNJ Magistrado será o segundo alagoano a integrar colegiado

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Desembargador Rubens Canuto foi indicado pelo STJ para compor CNJ

vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5, desembargador federal Rubens Canuto, foi indicado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para ocupar uma das vagas de conselheiro no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Canuto recebeu 26 votos dos 31 ministros do STJ que participaram da eleição. Agora, o nome do magistrado será sabatinado pelo Senado Federal e, caso aprovado, segue para a sanção do presidente da República. Natural de Maceió, Ru-

bens de Mendonça Canuto Neto é graduado em Direito pelo Centro de Estudos Superiores de Maceió e pósgraduado em Direito Tributário pela Fundação Getúlio Vargas. Foi delegado da Polícia Federal (1999-2000) e advogado da União (20002002), tendo ingressado na Justiça Federal na 4ª Região em agosto de 2002, no cargo de juiz federal substituto. Em outubro do mesmo ano, foi removido para a 5ª Região, que abrange os estados de Alagoas, Sergipe, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Rubens Canuto foi nomeado desembargador do TRF5 em 2015 pela então presidente Dilma Rousseff. Tomou posse em dezembro do mesmo ano, depois de passar pela 2ª Vara da Justiça Federal de Alagoas. Canuto será o segundo alagoano a integrar o CNJ, colegiado responsável pela fiscalização do Judiciário em todas as esferas. No ano passado, o ministro do STJ Humberto Martins foi eleito e empossado corregedor Nacional de Justiça, órgão vinculado ao conselho.


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PINHEIRO, MUTANGE E BEBEDOURO

O Desenvolve oferece linha de crédito diferenciada a empreendedores

s empreendedores dos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro, afetados por rachaduras e afundamentos, vão poder contar com a Desenvolve – Agência de Fomento de Alagoas, por meio de uma parceria com o Sebrae e a Fecomércio, para obter uma linha de crédito diferenciada. O objetivo é ajudar os empresários que deverão sair do bairro para continuar com seus empreendimentos em outra localidade. O presidente em exercício da Desenvolve, Flávio Dória, informou que donos de buffet, salão de beleza, mercado e restaurante já procuraram a agência interessados no crédito, que terá juros de 0,5% a.m., carência de 12 meses e prazo para pagamento de 60 meses. Pesquisa da Fecomércio apontou que, após surgimento de rachaduras, 95% dos empresários do Pinheiro tiveram queda no faturamento. “A Desenvolve busca apoiar iniciativas que incentivem e ajudem os empreendedores

do estado, bem como promover ações que fortaleçam a economia”, destacou Dória. A criação da linha de crédito foi formalizada em um Termo de Parceria com a Associação de Empreendedores do Bairro do Pinheiro. Os benefícios se estendem aos comerciantes da Chã da Jaqueira e do Farol. Segundo Alexandre Sampaio, presidente da associação, “a oferta de uma taxa de 0,5% ao mês, que é competitiva e diferenciada, dará um suporte nesse momento tão difícil aos comerciantes”. O diretor de Desenvolvimento de Projetos da Desenvolve, Israel Lessa, destacou a importância da iniciativa para reduzir os transtornos pelos quais passam as empresas da região. “Desenvolver uma linha de crédito voltada especificamente para os empreendedores do Pinheiro e demais regiões atingidas demonstra a nossa responsabilidade social”, salientou.


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Edson Mateus e o vice José Ailton do Nascimento foram cassados por crime eleitoral; vereador Beto Policial assumiu prefeitura; eleito no domingo, Márcio Lima assume dia 30

SANTA LUZIA DO NORTE

Cidade tem quarto prefeito em três anos

Ex-gestores são acusados de estupro, crime eleitoral e estelionato JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

Santa Luzia do Norte tem novo prefeito. Trata-se do engenheiro Márcio Lima (PP), que foi escolhido em eleição suplementar com 40,95% dos votos válidos. O pleito aconteceu no último domingo, 5. Com uma população estimada de 7.272 pessoas, o município passou por momentos turbulentos na política. De 2017 a 2019, quatro gestores terão pela prefeitura. O primeiro foi o prefeito eleito nas eleições de 2016, Edson Mateus da Silva (PRB), cassado um mês depois, chegou a comandar a cidade preso no Quartel Geral do Corpo de Bombeiros sob a acusação de estupro de vulnerável. Ainda em janeiro de 2017, o vice José Ailton do Nascimento (PTC) assumiu o cargo de prefeito interinamente. Edson Ma-

teus conseguiu sua soltura no mesmo mês e garantiu a volta na maior cadeira do Executivo municipal. No entanto, a instabilidade política devido às denúncias fez com que o presidente da Câmara de Vereadores, José Alberto Hermenegildo da Silva (Pros), mais conhecido como Beto Policial, acabasse assumindo as rédeas da prefeitura. Márcio Lima, que tomará posse no dia 30 de maio, será o quarto prefeito a gerenciar a cidade. O caos na cidade se instalou no dia 15 de dezembro de 2016, quando Edson Mateus foi preso devido a vídeos que teriam sido gravados pelo próprio acusado. O material mostrava o então prefeito eleito praticando atos libidinosos contra um casal embriagado e encorajando um menor a participar do crime. À época, o mandado de prisão preventiva foi expedido pela

juíza Juliana Batistela, da Comarca de Santa Luzia do Norte, a pedido do Ministério Público do Estado (MPE). O estupro teria ocorrido em janeiro de 2016 em uma chácara localizada no bairro Rio Novo, em Maceió. Mateus sempre negou o crime alegando que tudo não se passou de uma armadilha política. A última movimentação do processo de estupro de vulnerável, cujo número da ação no Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) é 080002148.2016.8.02.0034, ocorreu no dia 11 de março deste ano. Foi quando aconteceu audiência de interrogatório em cumprimento à Carta de Ordem Criminal entre as testemunhas de defesa do acusado. Edson Mateus também ostenta duas condenações criminais, sendo uma por roubo majorado e a outra pelo crime previsto no art. 89 da lei nº

8.666/93 (Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade). Mas a cassação de Mateus não envolve o crime sexual e, sim, eleitoral. Em setembro de 2017, o Pleno do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL), acompanhando parecer do Ministério Público Eleitoral, manteve a sentença da juíza da 41ª Zona Eleitoral, que cassou o registro da candidatura do prefeito e do vice José Ailton Nascimento. A sentença decorreu da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Ajie) na qual foi imputado aos acusados a prática de captação ilícita de voto e abuso de poder econômico durante as eleições de 2016, condenando os candidatos eleitos em cassação do registro, em multa individual no valor de R$ 53.205,00 e inelegibilidade pelo período de oito anos. À época, o MP constatou que houve contratação de servidores públicos de forma irregular, fornecimento de transporte gratuito para eventos e viagens de família, bem como financiamento de Curso de Formação de Condutores na Autoescola do Agreste, ao preço de R$ 1 mil por eleitor. Em março, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Baldroca, com o apoio da Controladoria Geral da União e da

QUADRILHA

O ex-vereador de Santa Luzia do Norte Roberval Francisco de Sales (PV) foi cassado do cargo após ser preso, em setembro de 2017, acusado de comandar uma quadrilha de estelionatários. . Receita Federal do Brasil e desarticulou grupo criminoso responsável por fraudes licitatórias no município de Santa Luzia do Norte. Foi constatada dispensa irregular de licitação e de certame licitatório para fornecimento de combustíveis com direcionamento de contratação e de sobrepreço. As fraudes teriam ocorrido no período de 2017 durante a rápida gestão de Edson Mateus e teriam resultado no desvio de R$ 1,1 milhão do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate). O ex-vereador de Santa Luzia do Norte Roberval Francisco de Sales (PV) foi cassado do cargo após ser preso, em setembro de 2017, acusado de comandar uma quadrilha de estelionatários. Ele era o vice -prefeito interino da cidade em caso de ausência de Beto Policial.


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FALTA DE SOSSEGO

Poluição sonora na orla da capital vira alvo de investigação do MP

Problemática pode afetar saúde da população SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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busca por um ambiente calmo e tranquilo nem sempre é fácil em uma capital turística como Maceió. Há tempos moradores de edifícios da orla da cidade sofrem com a poluição sonora na Praia de Pajuçara. Uma luta contra o que eles chamam de descaso e desrespeito. Para investigar tais denúncias, o Ministério Público Estadual (MPAL) instaurou no último dia 2 um inquérito civil público para apurar a produção de sons e ruídos em eventos musicais realizados em um espaço vizinho à Feirinha de Artesanato da Pajuçara, De acordo com os moradores dos edifícios Pallais Royal, Palazzo Imperiali e Sete Coqueiros, os sons são acima dos limites permitidos pela lei, além de perturbarem o sossego e o bem-estar coletivo. Na portaria publicada no Diário Oficial de Alagoas, o promotor de Justiça Alfredo Fonseca justifica a abertura do inquérito civil ressaltando que “o licenciamento ambiental às atividades ou empreendimentos efetiva ou potencialmente poluidores ou degradantes do meio ambiente é uma exigência legal, baseada no art. 34 da Lei Municipal nº 4.548, de 21 de novembro de 1996 do Código Municipal de Meio Ambiente de Maceió”. Segundo ele, a questão da poluição não engloba somente prejuízo ao meio ambiente, mas

também a perturbação de sossego alheio. “Só para se ter uma ideia, o combate à poluição sonora é um trabalho que fazemos na promotoria que vai completar 10 anos e ainda assim representam de 30% a 40% dos casos da 4º Promotoria de Justiça da Capital. Maceió melhorou muito, mas é uma tarefa de permanente fiscalização”. Ainda de acordo com o promotor, uma primeira audiência foi realizada antes do inquérito civil com os moradores, com a comissão de administração da Feirinha da Pajuçara e com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet). “Os responsáveis pela feirinha afirmaram que os eventos não eram organizados por eles, e a Sedet também afirmou que os eventos não possuíam licença ambiental para acontecer. Nessa reunião preliminar, com base no que foi apresentado, instaurei o inquérito para apurar todas as denúncias. Verificar se os volumes estão acima do permitido e quem são os responsáveis pelos eventos são um dos principais focos da investigação. Temos denúncia de grupo de atabaque, outro de voz e violão realizando produção musical sem que haja isolamento acústico eficiente. Vamos apurar”. A licença ambiental para a realização de eventos é fornecida pela Sedet, assim como a fiscalização rotineira, de acordo com o promotor, deve ser feita pela pasta. No âmbito federal, a Lei de Contravenções Penais diz que quem perturba o “sossego alheio” com barulho pode passar até três meses preso, e a Lei de Crimes Ambientais pune com até quatro anos de prisão quem

trados acima do padrão podem provocar perturbação da saúde mental, ofender o meio ambiente e, consequentemente, afetar o direito difuso e coletivo. “À medida em que os níveis excessivos de sons e ruídos causam deterioração na qualidade de vida, na relação entre as pessoas, sobretudo quando acima dos limites suportáveis pelo ouvido humano ou prejudiciais ao repouso noturno e ao sossego público, em especial nos grandes centros urbanos”.

PERTURBAÇÃO DO SOSSEGO

causa “poluição de qualquer natureza”, inclusive a sonora, em níveis que possam prejudicar a saúde. Além da briga pelo sossego, a conquista por um ambiente silencioso é questão de saúde pública. A Organização Mundial da Saúde estima que 10% da população mundial está exposta a níveis de pressão sonora que potencialmente podem causar perda auditiva induzida por ruído. Considerado por muitos especialistas como um mal invisível, a OMS afirma ainda que este tipo de poluição afeta consideravelmente a qualidade de vida

das pessoas, desencadeando reações de estresse no organismo que levam a diversos danos. Doenças metabólicas e cardiovasculares, déficits cognitivos em crianças, zumbidos nos ouvidos, distúrbios do sono, danos ao aparelho auditivo e até mesmo à obesidade podem ser causados pelo excesso de ruído, segundo a organização. A portaria também levou em consideração os padrões estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e pela Norma Brasileira Regulamentar- (NBR), segundo os quais caso ruídos sejam regis-

No início deste mês, o Ministério Púbico Estadual lançou uma força-tarefa com o objetivo de fortalecer as fiscalizações contra a poluição sonora em todo o estado. As denúncias que envolvem este tipo de ocorrência representam mais de 50% das reclamações registradas pela central de operações da Polícia Militar (190), sobretudo nos fins de semana. Em dois anos de acompanhamento, uma média de 81 mil ligações foram registradas. As fiscalizações já existiam, mas, de acordo com o promotor José Antônio Malta Marques, a campanha foi criada para que os municípios que sofrem com este tipo de problemática possam implementar medidas com um maior apoio da instituição. Denominado “MP conectado com você: Perturbar o sossego alheio é escolha sua”, a força-tarefa tem a missão de relembrar a sociedade que a perturbação de sossego é passível de ação penal e não precisa ter uma vítima específica, pois protege interesse e os direitos da coletividade.


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Céu e inferno

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que têm em comum duas pessoas da mesma família e duas pessoas amigas? As duas pessoas da mesma família têm o mesmo sangue; e as duas pessoas amigas não têm o mesmo sangue, têm amizade. Nada impede de que duas pessoas da mesma família sejam amigas. Certo? E aí? Muitas pessoas podem está perguntando: sim, e o que isso quer dizer? Primeiro, embora estejamos numa mesma família, cuja função primordial seja a responsabilidade de preservar os membros biologicamente, socialmente e emocionalmente, não significa que todo mundo – da família – esteja usufruindo dessas premissas só porque

são da família, são sangue do mesmo sangue. Não! Às vezes, um membro (ou mais de um) da família é capaz de ser o pior educador ou pior carrasco de uma pessoa da mesma família. Ou pode ser a pior pessoa do mundo para os parentes de mesmo sangue. Assim, ninguém é obrigado a suportar um parente que todo dia ou toda hora xinga, faz bullying ou desrespeita um parente. Os exemplos são muitos. Exemplos: a filha sendo abusada sexualmente pelo pai biológico. O irmão mais velho sendo o carrasco do irmão mais novo. A tia sendo agressiva com a sobrinha. E assim por diante. Assim, uma família bem estruturada emocionalmente pode ser o céu e a desestruturada pode ser o inferno.

Valores morais

É na família que são transmitidas experiências dos mais antigos, que são responsáveis pela educação e também pelos comportamentos; é responsável pelo desenvolvimento de cada membro, que são transmitidos os valores morais e sociais que servirão de base para o desenvolvimento do sujeito. Mas nem sempre é assim. Cada vez mais, mães e pais não têm sequer tempo de ouvir uma queixa ou uma dificuldade do(a) filho(a). Na família deveriam ser preservados e estimulados o afeto, a compreensão, a harmonia, a responsabilidade social, mas nem sempre as relações familiares são benéficas para seus membros.

C. Roger e família

Cars Roger dizia que família equilibrada, criança equilibrada; família desequilibrada, criança desequilibrada. Em parte, ele tem razão. Mas Psicologia não é matemática. O ser humano é subjetivo, tem sua própria vivência e experiência. Embora concorde com ele quando diz que todo ser humano é movido por uma tendência inerente para desenvolver todas as suas potencialidades. Se tivermos potencialidades, essas mesmas potencialidades podem ser aniquiladas se tivermos um parente que as impeça de surgir. Depende da estrutura psíquica de cada família, ou seja, consciência do papel ou da responsabilidade que deve ter para incentivar cada membro da família.

Pesadelo

Nem sempre uma família é sinônimo de segurança, cumplicidade, amor, enfim. Às vezes é exatamente, o contrário. Torna-se um ambiente inseguro,

desarmonioso, e sem amor. Ou seja, a família pode ser, sim, um pesadelo, para algum (alguns) membros.

Mãe? Certeza?

Um caso clínico me chamou a atenção. Uma mulher de 38 anos. Bem resolvida com o marido e com a vida, tinha conflitos frequentes com a mãe (biológica). Nas primeiras sessões dizia que a mãe sempre achava “defeitos” no marido dela. O pior, a cliente verbalizou diversas vezes que a mãe sempre fazia questão “de me colocar para baixo”. – Que cabelo feio! Que roupa esquisita! Enfim, depois de quase um ano de psicoterapia, descobre-se que o problema dela não era o Transtorno Afetivo Bipolar, como tinha sido “diagnosticada” num primeiro momento, e nem esquizofrenia, num segundo momento. E sim uma total desordem relacional entre mãe e filha, com “pitadas” de inveja. Enquanto a filha estava tentando ter uma vida razoavelmente equilibrada, com filhos e esposo, a mãe foi abandonada pelo marido e “não suportava me ver feliz”, foi o que disse, posteriormente. Ou seja, nem sempre mãe é, realmente, uma mãe. A expressão também server para pai e filho(a).

Alienação parental

A mãe pode ser a pior pessoa para um filho ou para uma filha. Isso pode acontecer quando numa separação judicial a mãe não elabora bem o luto da perda do casamento e utiliza o(a) filho(a) para conseguir do ex-cônjuge recursos materiais, ou mesmo a presença do(a) filho(a), exclusivamente. Para isso pode fazer, inclusive, chantagem emocional: - Seu pai não presta! - Ele não está nem aí com você. - Não pense que ele está preocupado com você! E assim por diante. Nesse momento pode estar sendo instalada a Alienação Parental. O mais prejudicado será o(a) filho(a) que está sendo disputado(a) pela mãe. E para isso ela não mede esforços para denegrir a imagem do pai para ter o(a) filho(a) por perto, como uma espécie de vingança pelo ex-cônjuge, muitas vezes, por ter reconstituída a vida.

Alienação Parental II

Para os filhos, as consequências podem ser raiva e ódio do pai; a criança/adolescente pode desenvolver desequilíbrio emocional, como agressividade; alcoolismo, uso de drogas, relacionamentos amorosos futuros conflituosos, doenças psicossomáticas, insegurança baixa autoestima ansiedade, síndrome do pânico, depressão e até tentar o suicídio.

SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Fórmula 1

O atendimento clínico está para a Psicologia assim como a tecnologia está para os carros de Fórmula 1. (Arnaldo Santtos)

Pai ou carrasco?

O pai pode ser a melhor referência para a filha e também pode ser a pior. Quantas meninas de 12, 13, 15 e até de 9 anos não são abusadas pelo pai biológico ou pelo avô? São inúmeros os casos. O fato não ocorre apenas nas classes “menos favorecidas”. São em todas as classes: A, B, C, D e E. Há, portanto, um desequilíbrio na função familiar, que seria a proteção e o afeto.

Unida

Tem família que consegue ser unida por vários laços saudáveis capazes de manter os membros coesos e unidos materialmente e culturalmente durante várias gerações. O objetivo maior de uma família é exatamente que os seus respectivos membros sejam protegidos, saudáveis e felizes, mas nem sempre é assim.

Positiva e negativa

Na clínica é muito comum a pessoa ter receio de dizer exatamente o que se passa na vida familiar, tamanha é a gravidade que em que está inserida. Portanto, a família pode ser o céu ou o inferno de um dos membros e que pode marcar, para sempre, os comportamentos que eles vão apresentar no futuro, que podem ser bastante positivos, como sentimento de afeto, coerência, respeito; como também negativos, como concorrência, desrespeito, desafeto, hipocrisia, entre outros. Lembrando que Psicologia não é matemática, e que um membro de uma mesma família (com histórico negativo) pode, sim, não ser influenciado, mas geralmente é a família que molda os comportamentos dos seus respectivos membros, seja positiva ou negativamente. Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Atendimento virtual pelo site: www.vittude.com. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também na CLÍNICA HUMANUS: Rua Íris Alagoense 603, Farol, Maceió-AL. (82) 3025 4445 / (82) 3025 0788 / 9.9351-5851 Email: arnaldosanttos@uol.com.br arnaldosanttos.psicologo@gmail.com.

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ACESSO

Durante a audiência pública várias autoridades apontaram caminhos para o funcionamento correto do projeto. Outros dão receitas prontas e há até quem questione qual a verdadeira intenção do Governo Renan Filho em relação ao Canal do Sertão.

CANAL DO SERTÃO

Abandono reacende debate pelo uso racional da água

Obra que se arrasta há quase 30 anos foi orçada em R$ 600 milhões para construção de 250 km de canal, mas já consumiu R$ 2,5 bilhões em apenas 113 km MARIA SALÉSIA COM ASSESSORIA sallesia@hotmail.com

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o final do século XIX o beato Antônio Conselheiro gritava aos quatro cantos: “o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”. Em 1992, com o início das obras do Canal do Sertão Alagoano pelo governo de Geraldo Bulhões, a população daquela região chegou a acreditar que a profecia iria se concretizar e água iria jorrar para matar a sede e garantir renda para os futuros ribeirinhos. Quase 30 anos depois, o abandono é total e pouco

foi feito para mudar o cenário caótico que não tem data de acabar. As denúncias de irregularidades se arrastam no mesmo ritmo dos trabalhos, deixando um rastro de revolta para cerca de um milhão de pessoas que seriam beneficiadas pela segunda maior obra hídrica do Brasil. A subutilização das águas do canal foi tema de audiência pública na Assembleia Legislativa de Alagoas na segunda-feira, 6. Autoridades e população afetada exigiram o fim da impunidade e o uso imediato da água. A construção do Canal, que até a sua conclusão contará com

250 km de extensão e beneficiará 42 cidades alagoanas, continua uma incógnita e as políticas públicas de combate à seca e o avanço de culturas irrigadas de pequenos e médios produtores não saíram do papel. Agricultores amargam o drama da estiagem e a falta de projetos para uso múltiplo da água é visível em cada trecho construído. Para 2019 a previsão de gastos na execução da obra é de R$ 64 milhões. Mas o secretário de infraestrutura Maurício Quintella afirmou que o Governo de Alagoas está tentando garantir mais recursos em Brasília para

acelerar os trabalhos. Até arriscou em dizer que seriam necessários mais R$ 2 bilhões para o término do polêmico Canal do Sertão. O secretário-executivo de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas, Alex Gama, minimiza o problema e diz que o Estado está a par da situação e elabora um plano de ação para dar resposta imediata à população beneficiada pelo canal. Enquanto isso, a situação está um caos. Falta gestão, falta foco, falta manutenção, falta o sertanejo ter acesso à água de acordo com suas necessidades. A dívida do Estado com essa população é incalculável e tende a crescer. Durante a audiência pública várias autoridades apontaram caminhos para o funcionamento correto do projeto. Outros dão receitas prontas e há até quem questione qual a verdadeira intenção do Governo Renan Filho em relação ao Canal do Sertão. Porém, há quase três décadas o discurso é o mesmo e o descrédito só tende a aumentar. O grande volume de dinheiro gasto em uma obra que ainda não mostrou sua função social e econômica também foi motivo de críticas. Para Givaldo Teles, presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetag), é preciso mais comprometimento do poder público para tocar a obra. Os trechos concluídos e abandonados também foram motivos de críticas. A ausência de gerenciamento da política de agricultura e a burocracia para liberação da outorga para uso da água foram

alguns dos pontos questionados por ele. Por sua vez, o governo defendeu a criação de uma Agência de regulação para o canal do Sertão. Em 2015, o então ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, disse que o sonho da integração do Rio São Francisco a Arapiraca era possível. Ao longo do canal, existem projetos de irrigação rudimentar, com tecnologia ultrapassada que podem levar a graves danos ambientais. O alerta é do presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco- CBHSF, órgão ligado ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos, Anivaldo Miranda, defensor de projetos sustentáveis com água do Canal do Sertão.

HISTÓRIA DO CANAL

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ma das maiores e mais modernas obras de engenharia hídrica do mundo, iniciada em 1992, o Canal do Sertão teve sua obra paralisada por pelo menos 10 anos por falta de estudos técnicos que garantissem sua viabilidade. Somente em 2002, após a execução de um amplo estudo técnico que envolveu ministérios, órgãos federais e estaduais, e a partir de um convênio com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Alagoas pode comprovar a viabilidade do canal. Para isso, foram apontadas as alternativas socioeconômicas de engenharia e os impactos ambientais. Tudo levando em conta o aproveitamento da água de parte da bacia hidrográfica do Rio São Francisco, desde o lago do Moxotó, no município de Delmiro Gouveia, até as imediações de Arapiraca, numa extensão de 250 km. Em 2004, o custo total da obra era estimado em R$ 531,4 milhões; depois o projeto foi orçado em mais de R$ 600 milhões. Inicialmente as obras do canal do sertão estavam previstas para serem concluídas até 2010, porém, por motivo de paralisação esta expectativa não foi concretizada.


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Sempre sobra para os mais fracos O desastre do Pinheiro vem se somar à extensa crônica da ausência do Estado enquanto ente responsável pelo bem estar e segurança de nossa sociedade. Nossos gravíssimos índices de violência urbana e rural, um dos maiores do mundo; as horrendas posições da educação de Alagoas na rabeira de todos os rankings do segmento; a calamidade da saúde pública onde tudo falta e as mortes evitáveis se acumulam, é o retrato em preto e branco de Alagoas. O ensurdecedor e eloquente silêncio das autoridades estaduais e dos órgãos vinculados ao grave (e evitável) problema do Pinheiro é sintomática. É só olhar a “foto” dos acontecimentos. Onde esteve (e está) o IMA, responsável direto na estrutura do Estado pela coordenação e fiscalização das atividades de mineração? Por que não responde aos questionamentos quanto aos relatórios de fiscalização e acompanhamento que deveriam ter sido realizados na Braskem, nas áreas do problema e nas demais onde a empresa atua? Fo-

ram feitas? O órgão nessas quatro décadas se preparou para isso? Adivinhem a resposta... O resultado da inação são mais de 30 mil pessoas ameaçadas de morte, obrigadas a abandonar seus patrimônios e com suas vidas transtornadas pela incúria de uns e a ganância de outros. Agora, é quase certo: logo, logo, os arautos da ausência e os maganos das causas resolvidas irão aparecer. Aliás, já começam a palpitar. Deputados estaduais parecem que “descobriram” um novo filão a ser explorado. Antes ausentes e calados, agora se arvoram de guardiões do bairro. Acenam até com CPI (que sabemos como termina)... O mesmo a dizer da bancada federal que, à exceção do senador Rodrigo Cunha, que teve a coragem de “acender o fogo” da informação verdadeira sobre o Pinheiro (até então cozinhada em “banho Maria”), passou de fininho sobre o problema com discursos inócuos voltados a seus eleitores. A se ressaltar mesmo, as ações dos ministérios

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públicos Federal e Estadual e Defensoria Pública, exceções à regra daqueles que deveriam ter enfrentado o problema. O resultado do relatório da CPRM é constatação e resultado do conjunto de não ações que poderiam ter evitado a tragédia e confirmação da exploração desregrada de um dos mais preciosos bens desse estado por uma mega empresa aqui instalada há mais de 40 anos que quase nenhum retorno trouxe para Alagoas. Quem duvidar leia seus relatórios anuais. Quanto às indenizações, é bom que os atingidos se preparem. Será uma luta de muito tempo. Aliás, a empresa tem a sua disposição um dos mais famosos escritórios de advocacia do país para isso. E ontem mesmo deu pista segura de como será o seu comportamento quando seu vice-presidente admitiu que sabia (mas sempre negou) da gravidade do problema. Se mente às autoridades, o que fará com o cidadão comum e indefeso? Não há solução fácil para o

Fahrenheit 451 ou as estripulias de um ministro contra a educação

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assunção de Hitler ao poder na Alemanha teve como uma das primeiras consequências a queima de livros, evento que enfumaçou as grandes cidades alemãs entre os dias 10 de maio e 27 de junho de 1933. Afirmam os historiógrafos críticos que o lamentável fato não teria recebido veemente repúdio da sociedade germânica de então, que começava a imbuir-se da propaganda nazista capitaneada por Goebbels, ministro da propaganda alemã naquela quadra, hoje desprezada pela História. Em 1966, talvez com algum suporte no monstruoso ato nazista, Hollywood produziu Fahrenheit 451, sob a provocante direção de Truffaut, imaginando uma sociedade futura dominada pela tecno-

logia, nos quais os livros e a cultura seriam banidos. Lamentavelmente, ao longo da história humana livros de argila, papiro ou papel sempre foram alvos fáceis daqueles cuja fúria não aceita a crítica. O Brasil do presente parece ter ressuscitado, ao seu modo, essa preocupação negativa contra a cultura. Eis que o ministro da Educação e Cultura atual investe de forma agressiva contra a cultura humanística. Corta verbas das universidades, e o faz indiscriminadamente, apenas com o intuito de produzir superavits financeiros para o País. Não se percebe no ato do ministro Weintraub base em critérios técnicos que demonstrem desperdícios financeiros pelas instituições de ensino superior. Ao menos os noticiosos na-

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cionais não têm revelado tais cuidados. Aliás, o próprio fato de ter sido medida generalizada, depõe contra a seriedade do corte. O ministro não se deteve nessa estripulia. Não satisfeito, ressaltando o privilégio às ciências exatas e da tecnologia, investe insanamente contra as ciências humanas, notadamente a filosofia e a sociologia. Alguém precisa dizer ao ministro do entrelaçamento das exatas com as humanas. Aliás, aquelas foram iniciadas por filósofos que não se detinham a pensar tolices, mas em desenvolver o autoconhecimento do ser humano e o conhecimento das coisas do mundo, no que trataram da matemática, da física, da química, da astronomia, da biologia e seus derivados. Desdenhar da Filosofia

ELIAS

FRAGOSO n Economista

imbróglio, mas um bom caminho seria um plano executivo de curto, médio e longo prazo para a região (que não está providenciado) e, da forte mão da justiça para fazer valer os direitos espoliados dos cidadãos e os prejuízos de Alagoas. Outra questão tão ou mais importante, diz respeito à operação da Braskem em pleno coração de Maceió. Ou as autoridades de novo irão fazer vistas grossas ao perigo e esperar que a bomba exploda para tomar a decisão que grita à frente de todos que é a transferência da unidade da Braskem para local seguro e distante do aglomerado urbano onde hoje se situa?

Quanto às indenizações, é bom que os atingidos se preparem. Será uma luta de muito tempo. Aliás, a empresa tem a sua disposição um dos mais famosos escritórios de advocacia do país para isso.

CLÁUDIO

VIEIRA

n Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

e da Sociologia é podar de forma danosa a cultura, tal qual tentou Goebbels e os personagens fictícios de Fahrenheit 451. Parodiando o poeta alemão Heine, do século XVII e XIX, “aqueles que começarem a queimar livros, logo acabarão queimando pessoas”. Exagero na atualidade, claro, mas dificultar a formação de pensadores e sociólogos não será “queimar” a cultura, assim como queimaram-se livros?

Em 1966, talvez com algum suporte no monstruoso ato nazista, Hollywood produziu Fahrenheit 451, sob a provocante direção de Truffaut, imaginando uma sociedade futura dominada pela tecnologia, nos quais os livros e a cultura seriam banidos.


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Aumento da crise na educação

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corte na verba destinada às universidades certamente vai aumentar a crise há muito tempo anunciada. Não é de hoje que reitores, professores e estudantes reclamam da falta de investimentos no ensino superior público. Recentemente, a onda de assaltos no Campus da Universidade Federal de Alagoas era justificada pela falta de recursos federais para investimentos em segurança, como a compra de equipamentos, câmeras e contratação de pessoal para a tranquilidade da população acadêmica, em especial. Esse é só um problema entre tantos outros, como a falta de estrutura para o trabalho diário, salários achatados e defasados ao longo dos tempos, ambientes sem conservação e reclamação de toda ordem. O que ainda se salva, hoje, é o seu quadro docente, remando contra a maré, e a falta de programas que possam, por exemplo, levar a pesquisa como uma oportunidade de crescimento acadêmico para professores e estu-

dantes. Ouço essas reclamações há um bom tempo, isso sem falar nas greves alternadas entre professores, setor administrativo e de alunos, por falta de estrutura e condições de aula. No último dia do mês de abril, o Ministério da Educação anunciou um corte de 30% na verba destinada no orçamento das universidades federais. Pergunto: como é que você corta o que já não é suficiente hoje? Como principal justificativa, o presidente Jair Bolsonaro disse que “a ideia é investir em educação básica”. Que a decisão do governo é “estudada e que não está cortando só por cortar”. Disse, ainda, o presidente: “não adianta ter um excelente telhado na casa, se as paredes estão podres”. Por isso, segundo ele, “investir na educação básica é o caminho”. Para o presidente Bolsonaro não adianta colocar na universidade quem não sabe sequer a tabuada. Ao mesmo tempo, pergunto: será que todo mundo é assim? Será que

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o governo federal não tem de onde tirar para aplicar na educação básica sem cortar do ensino superior? O que vejo é, cada vez mais, as pessoas largando o ensino superior, porque não têm como pagar a conclusão de seus estudos em faculdades particulares. Acho que o caminho tem que ser o inverso a essa decisão: mais incentivo e mais vagas no ensino público. Se existe outro motivo não justificado pelo nosso presidente, que se apure. Dizem, e o próprio MEC sinalizou com essa conversa, que o dinheiro chegava às universidades e não era bem aplicado. Não entendo que tenha que pagar o justo pelo pecador. Será que é assim em toda universidade? Que se abra uma investigação profunda sobre essa verba pública enviada e que sejam punidos os infratores. A preocupação, agora, é saber como vão se comportar os maiores prejudicados com esses cortes: os estudantes. Faz tempo que não ouço falar nas famosas greves da Ufal, dos es-

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primeiro casamento e na adoção. Está reagindo bem aos testes impostos por Deus Vi um filme de uma mãe que, ao adotar uma criança, estava grávida e não sabia. A diferença entre as duas crianças foi de sete meses. Criadas as duas, todos percebiam que a “filha do coração” era muito melhor do que a biológica. Perderam a mãe precocemente, mas a lição de vida, ficou para todos nós. Nos anos 50 ser mãe solteira era muito raro e os preconceitos enormes. Uma amiga nossa engravidou do noivo, que fugiu para outro estado, deixando-a sozinha com a criança. Sofreu bastante a linda moça, mas casou com outro e teve mais filhos. Durante algum tempo, desencontrei-me dela. Anos depois, eu já casada, com filhos, nós nos achamos pelos caminhos da vida. Passei a vê-la sempre e para minha surpresa, o menino mais velho tornou-se um filho exemplar. Acompanhou a mãe durante toda vida com carinho, amor e dedicação. Morreu a mãe e o filho, choroso, passou para todos nós uma esplendorosa lição. Coisas de Deus! Na minha infância, no Farol, havia um casal que passou dez

JORGE

MORAES n Jornalista

tudantes saindo pelas ruas em passeatas e protestando pela falta de condições no ensino superior. O que ouço dizer, e é fácil comprovar, que as universidades estão sucateadas, sem manutenção em equipamentos, como computadores, livros, etc. Se o dinheiro está sendo desviado, que se investigue, mas reduzir 30% do que já é pouco, não acho uma atitude correta e simpática. Resumo: especialmente na Ufal, já começaram as reclamações e lamentações.

Para o presidente Bolsonaro não adianta colocar na universidade quem não sabe sequer a tabuada. Ao mesmo tempo, pergunto: será que todo mundo é assim? Será que o governo federal não tem de onde tirar para aplicar na educação básica sem cortar do ensino superior?

ALARI ROMARIZ

Mães também morrem erdi minha mãe aos quarenta anos. Ela se foi com sessenta anos, muito nova. Era uma menina forte, mimada por um homem de bem e, no fim da vida, guiada por suas filhas. Na minha frente havia uma nuvem escura que a levou. Hoje, idosa, continuo com a mesma impressão: a morte é uma incógnita, nos amedrontando sem avisar o dia de sua chegada A primeira grande perda de minha vida foi aos quatorze anos; morreu minha avó paterna, uma loira baixinha, de olhos verdes, que mantinha por mim um grande amor. Está chegando o Dia das Mães e agora me vejo num lugar diferente. Sou mãe de quatro filhos, velha, lutando com várias doenças e me escondendo da morte. Sei, no entanto, que ela me encontrará. Durante a semana, revi a filha de uma grande amiga, que adotou uma menina há 32 anos. Falava-me da luta empreendida durante todo esse tempo, e me dizia estar cansada. “A culpa deve ser minha”, dizia minha sobrinha de coração. Mas, acompanhei sua vida desde que nasceu; uma menina boa, bem-criada, sem sorte no

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anos sem ter filhos. Adotou uma menina morena e, depois de cinco anos, nasceu uma filha biológica, loira dos olhos verdes. Nasceram mais dois homens. Todos percebiam que a primogênita não era filha do casal. Só ela não sabia! Quando fez dezoito anos, os pais contaram a verdade à pobre adolescente. Tornou-se uma moça revoltada, rabugenta! Morreu aos cinquenta anos, levando uma grande mágoa. A triste realidade é que adoção ainda é um caso difícil de ser entendido. Se formos pelo lado bom, é uma criança que encontra um lar, com pais que quiseram amá-la e procuraram cobrir uma grande lacuna de sua vida. Caso olhemos pelo lado ruim, poderíamos contar casos e casos que não tiveram um bom final. Gosto sempre de citar fatos conhecidos que nos levam a tentar entender a adoção: uma amiga de minha mãe tinha uma empregada doméstica que engravidou. Teve um menino e ficou trabalhando na casa da patroa. Saiu do emprego, mas o menino ficou e virou filho do casal. Cresceu, estudou, formou-se, trabalhou, teve uma filha. Morou com a mãe até ela morrer

TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

e hoje dá assistência a uma irmã mais velha que está doente. Como dizia a velha música: “Não quero choro nem vela...Dedico este artigo às mães adotivas que conheci. Grande missão é criar um “filho do coração”. Quanto à morte, deixo meu recado: não estou esperando por ela. Adoro a vida, tenho uma linda família, sou mãe, avó e bisavó. Espero que ela custe a me achar. Dizia o Chico Anísio: “Não tenho medo da morte, mas gosto muito da vida”. Continuo sem saber para onde iremos, mas Deus segurará na minha mão. Ele existe! Não duvidem!

Quanto à morte, deixo meu recado: não estou esperando por ela. Adoro a vida, tenho uma linda família, sou mãe, avó e bisavó. Espero que ela custe a me achar. Dizia o Chico Anísio: “Não tenho medo da morte, mas gosto muito da vida”.


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Preciosa realidade líquida

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fluidez dos tempos, a pressa da vida, onde passamos a contar o tempo por eventos, como Copa do Mundo, Olimpíadas etc., a urgência de termos que encontrar uns aos outros imediatamente, onde quase nada pode esperar para o dia seguinte, tudo isso aliado ao um ilusório mundo das redes, onde todos são felizes, onde todos são bens sucedidos e belos, graças a recursos técnicos, tudo isso tem gerado no homem moderno níveis de ansiedade nunca vistos. As principais vítimas de tudo isto são aqueles jovens que, protegidos por uma geração de pais que viveram tempos de frugalidade e escassez, e que por isso mesmo, fazem tudo para fornecer a estes filhos tudo aquilo que não tiveram. Tais fatores têm provocado inestimáveis danos à formação da resiliência necessária aos desafios da vida. O ser humano desde sempre tem se deparado com dois

grandes momentos de perplexidade que modificam sua vida para sempre. O primeiro existencial é aquele momento que corresponde, em termos bíblicos, à expulsão do paraíso ou, em termos práticos, o momento em que a criança toma consciência de sua finitude como ser, perde a inocência e passa a viver até seus últimos dias de sua vida com esse fantasma e inafastável medo. O segundo, de natureza material, é o momento que, como cidadão participante de um corpo social, depara-se com o dilema de que, em algum momento, terá que lutar por sua subsistência, uma vez que descobre que aqueles que tudo proveem em determinado momento desaparecerão. Embora o primeiro momento seja impactante em sua personalidade, aos poucos vai sendo absorvido pelo ritmo que a vida impõe ao jovem, assim como a vitalidade

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ISAAC SANDES

de que é dotado o faz olvidar e colocar o evento morte num futuro que ele julga quase inalcançável. Enquanto o segundo, que nos parece mais suportável, mostra-se como um desafio gerador de profunda ansiedade, a qual, se não for bem administrada ou trabalhada, poderá causar ao jovem danos e males que o perseguirão por toda vida como determinantes de sua personalidade. Por estas razões últimas é que a nova ordem do mundo digital tem causado tantos danos aos jovens, que tomam o mundo das redes digitais como verdade última. Fato este que gera medos e frustrações, uma vez que julga-se incapaz de alcançar ou competir com aquele mundo que, não sabe ele, é falso e irreal. Talvez resida em tudo isto a causa de tantos jovens necessitarem hoje em dia de acompanhamento psicológico e pior, quando tal acompanhamento ou ajuda fa-

DIAS n Promotor de Justiça

lham, a causa de tantos atos extremados contra a própria vida. Frente a isto, já é tempo de se pensar em uma política governamental de saúde mental voltada para os infantes e adolescentes, a qual forme um adulto mais resiliente e preparado para viver nesse mundo onde, no dizer de Zygmunt Baumman, os tempos são líquidos, o amor é líquido, os afetos são líquidos e a modernidade é líquida. Onde, talvez, o homem só encontre solidez na fuga para a morte.

As principais vítimas de tudo isto são aqueles jovens que, protegidos por uma geração de pais que viveram tempos de frugalidade e escassez, e que por isso mesmo, fazem tudo para fornecer a estes filhos tudo aquilo que não tiveram.

PAULO

A culpa é tua

NICHOLAS

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endo curto e grosso: você é responsável por onde está agora. Está tudo em você e não dá para culpar ninguém pelo seu lugar no mundo. A maioria das pessoas adora reclamar sobre o que ocorre em suas vidas: circunstância, coincidência ou azar. É sempre algo ou culpa de alguém. Aquele acidente de carro em que você se envolveu? A culpa é sua, mesmo se a outra pessoa estava dirigindo como um idiota. Você poderia ter dirigido melhor para evitar o acidente. Seu trabalho não te realiza? Definitivamente sua culpa. Você aceitou ele ou não se esforçou por um mais legal. Tudo se resume a escolhas. Fazer escolhas implica em fazer renúncias. Você fez uma escolha para trabalhar em algo que você odeia apenas para pagar suas despesas. Pode não ter sido uma má escolha, mas é sua culpa. Você desiste de algum tempo com sua família agora achando que isso não vai durar para sempre. Que isso vai mudar quando

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n Advogado e escritor

estiver financeiramente estável o suficiente para fazer uma pausa. Isto pode ser bom ou ruim. Você começou a economizar dinheiro quando era jovem, recuperando cada centavo extra que tinha e agora é um milionário quieto, de quem ninguém nunca ouviu falar. Isso é sua culpa. Bom trabalho! Você tem assumido novas despesas e ainda não parou de trabalhar para passar tempo com as pessoas que importam. Sua família está desmoronando sem o seu envolvimento. Isso é sua culpa. Você desperdiça seu tempo nas redes sociais, depois se pergunta por que não pode fazer nada de bom com sua vida. Isso é com você.

Todo mundo reclama e reclama de como a vida é difícil, e não é! Todos nós temos problemas, é fato, mas pare de reclamar e conserte. Reclamar não faz nada além de irritar as pessoas. E não conserta nada. Se você precisa reorganizar sua vida financeira, encontre um emprego melhor, faça uma renda extra ou corte suas despesas. Livre-se do supérfluo e leia um bom livro de desenvolvimento pessoal. PROBLEMAS TÊM SOLUÇÕES Você pode optar por encontrar

soluções para seus problemas ou ignorar a possível solução e ficar o resto da vida a reclamar. Este artigo faz parte de uma solução para um problema que notei. Talvez com um pouco de choque e lógica, eu possa ajudar a diminuir algumas das reclamações do mundo. Então, onde você cai no espectro? Você presta atenção a problemas em sua vida e procura soluções ou ignora os problemas, vive reclamando e aceita lentamente sua prisão autoimposta? Eu desafio você a cair no primeiro grupo de pessoas. Comece a procurar soluções para todos os problemas que você tem. Aceite essa responsabilidade e sua vida mudará.

Todo mundo reclama e reclama de como a vida é difícil, e não é! Todos nós temos problemas, é fato, mas pare de reclamar e conserte. Reclamar não faz nada além de irritar as pessoas. E não conserta nada.


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HAND TALK EM ALTA

Empresa de Alagoas recebe R$ 3 milhões do Google

GOOGLE

Além do investimento, as organizações também vão ganhar mentorias e auxílio dos profissionais de IA (Inteligência Artificial) do Google.

Criadora do boneco Hugo vai levar seu intérprete virtual para o estrangeiro MARIA SALÉSIA COM ASSESSORIA sallesia@hotmail.com

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gigante da internet Google premiou a alagoana Hand Talk com R$ 3 milhões para investir em inteligência artificial. A criadora do aplicativo Hugo (intérprete virtual que traduz português para Libras (Língua Brasileira de Sinais), além de investir na melhoria da qualidade das traduções, vai iniciar a tradução do inglês para ASL (a língua Americana de Sinais). O plano é levar o Hugo para terras estrangeiras. Com o investimento, os responsáveis pela Hand Talk- ferramenta gratuita que traduz o português para Libras - vão focar nos objetivos e prosseguir no propósito de ampliar a acessibilidade para a comunidade surda. A meta é quebrar a barreira entre surdos e ouvintes do mundo inteiro. “Recebemos um investimento do Google para investir em inteligência artificial. Fomos uma das 20 organizações selecionadas dentre mais de 2.600 que concorreram. Estamos muito felizes de representar o Brasil dentro desse time de organizações com propósitos tão importante”, anunciou a empresa em sua rede social. A Hand Talk foi uma das 20 organizações selecionadas para receber o aporte compartilhado de 25 milhões de dólares do Google.org, por meio do programa Google AI Challenge. Além do investimento, as orga-

nizações também vão ganhar mentorias e auxílio dos profissionais de IA (inteligência artificial) do Google. O Google AI Challenge é um programa que investe em organizações sociais, institutos de pesquisa e negócios de impacto social, tendo como objetivo utilizar inteligência artificial para atender causas humanitárias ou que estejam relacionadas ao meio ambiente. “Ficamos muito felizes de termos sido selecionados e de estarmos representando o Brasil dentro desse time de organizações com propósitos tão importantes”, comemorou um representante da Hand Talk na rede social, Ronaldo Tenório. Durante cinco dias, as 20 organizações vão se juntar aos profissionais de IA do Google e com os especialistas em startup do Google Launchpad Accelerator, em São Francisco, na Califórnia (EUA). O programa acontecerá de maio até novembro de 2019. Segundo o IBGE 2010, o Brasil possui 9,7 milhões de deficientes auditivos e maior parte deles tem dificuldade de ler e escrever em português, já que o aprendizado da língua escrita é pela fonética. E o Hugo chegou para ajudar essa comunidade. Mas o magrelo é mesmo um herói. Ele até já ajudou a um médico no interior alagoano a salvar uma adolescente deficiente auditiva. A garota de 13 anos reclamava de dor, foi quando o médico lembrou do intérprete virtual do aplicativo Hand Talk. Utilizando o Hugo como

Com a ajuda do Hugo, intérprete virtual, a comunicação em Libras fica mais acessível auxiliar a consulta, o médico percebeu pelos sintomas que poderia ser um caso e tomou as devidas providências. E em mais uma parceria, a empresa anunciou recentemente a nova função do seu aplicativo. Lançou um projeto inédito que tem como objetivo difundir a educação de surdos no Brasil. Agora, o Hand Talk tem um dicionário, onde estão catalogados mais de 2 mil sinais relacionados às disciplinas escolares do ensino fundamental. Vale ressaltar que desde 2002 a Libras é considerada língua oficial do Brasil, junto com o português. Em 2013, o aplicativo Hand Talk (Mãos que Falam), criado por três jovens alagoanos (Ro-

naldo Tenório, Carlos Wanderlan e Thadeu Luz) foi escolhido como o melhor na categoria Inclusão Social do prêmio WSAMobile em um concurso promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

TECNOLOGIA 3D

O boneco Hugo, que se tornou a estrela do Hand Talk, foi criado em 2012. De aparência simpática, é o interlocutor entre o Hand Talk e os deficientes auditivos usuários da tecnologia. Os criadores realizaram estudos de linguagem corporal e tiveram o cuidado de garantir que Hugo fosse um personagem atrativo.


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Hipoteca reversa

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equipe econômica do governo está se preparando para implementar uma medida que vai funcionar como uma renda extra para idosos sem herdeiros: a chamada hipoteca reversa, que pode ser considerada um novo tipo de financiamento. Na prática, é um contrato de crédito feito entre o dono do imóvel e uma instituição financeira. Ao contratar a hipoteca reversa, o proprietário opta por ceder seu imóvel como garantia em troca de uma renda vitalícia paga pela instituição financeira - que, por sua vez, no futuro, se tornará proprietária do imóvel. Há, ainda, a opção de receber o montante de uma única vez, caso o proprietário prefira. No Senado tramita desde o ano passado um projeto de lei (PL 52) de autoria do senador Paulo Bauer (PSDB-SC) propondo este tipo de hipoteca.

Melhores ações Após liderar por muitos meses a preferência dos analistas, Petrobras (PETR4) divide em maio o pódio com Banco do Brasil (BBAS3) como as melhores ações para se comprar. Ambas as empresas receberam oito recomendações de casas de análise, segundo levantamento realizado pelo site especializado InfoMoney, com 13 carteiras de ações. No ano, os papéis da Petrobras e BB podem subir em média 16,58% e 7,63%, respectivamente, ante alta de 7,71% do Ibovespa. Dentre as justificativas para as escolhas, as equipes de análise apontam o valor atrativo da Petrobras, com os papéis negociados abaixo de seus pares globais, bem como o processo de desalavancagem da companhia e a sólida geração de fluxo de caixa.

Isenção para deficientes Errou durante a declaração do Imposto de Renda 2019? Contribuintes que enviaram a declaração com erros, mas dentro do prazo, ainda podem realizar a retificação. A correção é realizada pelo mesmo programa utilizado no preenchimento da declaração original, disponível no site da Receita Federal. Ao abrir o programa, é possível selecionar a declaração a ser corrigida no item “Declaração Retificadora” com a informação do número (12 dígitos) do recibo da declaração a ser retificada. É possível acessar o número a partir do menu “Imprimir” na barra à esquerda da tela. Após alterar as informações incorretas, basta clicar em ‘entregar declaração’ normalmente. Vale lembrar que a data da retificação se sobrepõe à declaração original – portanto, quem retificar entrará novamente na fila caso tenha restituição a receber.

Valor Investe

ECONOMIA EM PAUTA n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Mais um site especializado em finanças pessoais e investimentos foi lançado com o objetivo de ajudar quem tem dúvidas. O Valor Econômico lançou o ‘Valor Investe’, um portal com foco em investimentos e educação financeira. Com acesso gratuito, seu objetivo é ajudar o brasileiro a investir de um modo mais eficiente e a lidar melhor com seu dinheiro. Ainda que com foco principal em investimentos, o site não deixará de trazer informações e orientações para quem ainda precisa sair das dívidas e buscar alternativas de aumento de renda.


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Fuso horário

n Ex-deputado estadual

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testemunha. E João: - É verdade, governador. Às vezes, o senhor chega até antes das 8h.

EDITAL DE CONVOCAÇÃO PARA A CONSTITUIÇÃO DA COOPERATIVA DOS CENTROS DE FORMAÇÕES DE ALAGOAS (COOPCFCAL ) Convoca se todos os interessados em criar a cooperativa para a Assembleia de sua Constituição (Fundação), a realizar se em: DATA: 25/05/2019, às 08:00 horas. LOCAL: Rua Paulo Lobo Assunção, nº 134, Serraria, CEP: 57840-000, Maceió – Alagoas. Tendo como ordem do dia a seguinte pauta: 1. Leitura, Análise e Aprovação do Estatuto Social; 2. Eleição do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal; 3. Subscrição do Capital. Maceió – AL, 02 de maio de 2019

TEMÓTEO

CORREIA

NO PAÍS DAS ALAGOAS

campanha eleitoral vitoriosa de Geraldo Bulhões ao governo do Estado em 1990 teve a participação ativa do ex-deputado federal João Caldas, razão pela qual foi um dos políticos mais prestigiados no governo GB, ao ponto de, em algumas audiências, Caldas se fazer presente como fator inibidor de demandas políticas. Certo dia, já tarde da noite, o deputado Elísio Maia, em audiência, indagou ao governador: - Olhe, Geraldo, quero que você me diga os horários que você atende. Um sertanejo como eu, é o mesmo que tirador de leite, me acordo às 5h da manhã e também durmo cedo. O governador, de pronto, respondeu: - Deputado Elísio, eu começo a despachar aqui a partir das 8 horas da manhã, veja, já são 3h da manhã e ainda tem muita gente para eu atender. Está aqui o João Caldas como

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Elísio Maia assuntou, assuntou e disparou - Deixe de charme, governador. Quando você está começando o seu ex-

pediente, eu estou terminando o meu. E deu seu recado: - Geraldo, eu não moro no Japão, não! Se o povo votou em você pelo dia, foi para você governar pelo dia. E foi embora. GB: - Era só o que me faltava, João, Elísio Maia vem me fazer pedido político e ainda quer mudar o meu fuso horário. João Caldas empinou o peito e empostou a voz: - Não se dobre, governador. Não negocie o seu conforto com ninguém. Quem é Elísio Maia? Qualquer coisa, me ordene que irei enquadrá-lo. GB: - Deixe de bravata, homem! Você não tem topete, não tem tutano para isso. João arrefeceu e foi chamar o próximo.


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Torcer para dar certo

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a primeira quarta-feira de maio de 1999, esta coluna estreou em 12 jornais brasileiros. Agora, duas décadas depois, mais de 80 jornais, revistas, portais, sites e blogs espalhados pelo País a reproduzem. Entre os assuntos daquele primeiro artigo estava a guerra fiscal. O Estado do Rio Grande do Sul tinha resolvido romper unilateralmente o contrato para construção, com incentivos, de uma nova fábrica de automóveis da Ford em Guaíba (RS). A Bahia, no entanto, aceitou as condições e a empresa se instalou em Camaçari. Vinte anos se passaram e é fácil concluir quem saiu ganhando nessa história, inclusive nas contas públicas e no nível de emprego industrial. Naquele primeiro artigo foram citados vários exemplos de cidades ou estados ao redor do mundo, inclusive o Estado de Nova York (EUA), que concederam descontos nos impostos para atrair investimentos. Interessante notar que o Estado de São Paulo não entrou nas batalhas fiscais e, ainda assim, recebeu algumas fábricas novas. Mas, como o mundo dá voltas, quem participa agora das escaramuças? O governo paulista. Em decisão pragmática, criou o programa IncentivAuto que teve adesão da GM e, possivelmente, da Toyota e da Scania para começar. Pela boa infraestrutura, o nível de incentivo (2,5% de desconto no ICMS para cada R$ 1 bilhão aplicado) é muito menor do que em outros Estados. Competitividade, porém, para garantir investimentos, continua sendo a palavra-chave. Quando o peso dos impostos é grande demais, distorções aparecem. O Brasil usa e abusa desse expediente: o automóvel de menor preço recolhe, nominalmente, cerca de cinco vezes mais que nos EUA e 2,5 vezes mais que na União Europeia (à exceção da Dinamarca). A indústria automobilística instalada aqui precisa também exportar muito, sem ficar dependente só do mercado argentino, na prática, mera extensão do nosso. O México, por exemplo, tem custos de produção 18 pontos percentuais menores que o Brasil, segun-

FERNANDO CALMON n fernando@calmon.jor.br

do estudo da consultoria PwC. Eles se beneficiam não apenas da proximidade do mercado americano. Assinaram 12 tratados de livre comércio com 46 países e 32 acordos bilaterais. No nosso caso, são seis tratados com 11 países e 21 acordos bi e multilaterais. A carga fiscal sobre automóveis no mercado mexicano é igual à da Europa, como deveria ocorrer aqui. O livre comércio de veículos entre Brasil e México, sem cotas ou imposto de importação, começou no último mês de março. Mas só em 2020 incluirá caminhões pesados, segmento em que o País é bastante competitivo e nunca pôde vender livremente para lá, desde o primeiro acordo em 2002. Outra característica, que dificulta para quem quer exportar para o México, é a importação de veículos usados dos EUA. Esse problema já foi maior, mas ainda existe. Luiz Carlos Moraes, novo presidente da Anfavea, sabe que o atual governo federal tem posição econômica liberal e antiprotecionista. Ele sugere medidas para estimular o comércio exterior, melhorar a logística e reduzir a carga tributária. “Trará nova dinâmica em diversos segmentos da economia, não somente o automobilístico”, acrescenta. Resta torcer para tudo dar certo.

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ALTA RODA n ENQUANTO as vendas de automóveis e veículos comerciais acumuladas no primeiro quadrimestre deste ano, em relação a igual período de 2018, continuam 10,1% superiores, a produção na mesma comparação estagnou. Cenário provocado pela queda de 45% nas exportações em razão da depressão econômica na Argentina. Aqui, estoques de 40 dias estão 14% acima do normal. n OUTRO termômetro do mercado interno – venda de veículos usados – mostra uma “tênue linha de recuo (1,2%) nos números acumulados de janeiro a abril, em relação a 2018”, segundo a Fenauto, associação nacional de comerciantes desse ramo. A entidade atribui a sinais de pequena queda no Índice de Confiança do Consumidor, mas não tem previsão ainda para 2019.

n HYUNDAI CRETA Prestige, SUV compacto mais vendido em 2018 e segundo em 2019, destaca-se pelo espaço interno, porta-malas amplo e recursos como saídas de ar-condicionado para o banco traseiro, TV a bordo, ventilação do banco do motorista e pulseira-relógio que serve como chave presencial. Motor é bastante elástico, mas cilindrada de 2 litros cobra em consumo. n LEMA deste ano da campanha Maio Amarelo, do Observatório Nacional de Segurança Viária, é simples e direto: “No trânsito o sentido é a vida”. No filme de divulgação, crianças pedem aos adultos para respeitar as regras de boas atitudes ao volante. Inspirado nos cinco sentidos humanos, chama atenção para a sinalização de trânsito que costuma ser desrespeitada. n DÉCIMA versão do sistema operacional Android para smartphones chega ao Brasil no segundo semestre. Traz um prático recurso, que tem por base a tecnologia de predição, no intuito de antecipar os próximos passos do usuário. Quando alguém enviar um endereço, bastará tocar na tela para abrir diretamente no Google Maps e navegar até o destino.


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PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA

Especialista faz alerta sobre Lúpus Doença autoimune que afeta principalmente mulheres gera danos irreversíveis e pode levar à morte prematura. País tem 200 mil casos MARIA SALÉSIA COM ASSESSORIA sallesia@hotmail.com

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esta sexta-feira, 10, a atenção dos órgãos de saúde está voltada para o Dia Internacional de Atenção à Pessoa com Lúpus, doença autoimune que ataca principalmente as mulheres (90% dos casos) e gera danos irreversíveis aos tecidos e órgãos, podendo levar à morte prematura. Mundialmente, o Lúpus afeta aproximadamente 40 pessoas a cada 100.000 habitantes. No Brasil, estima-se uma prevalência de 98 casos para cada 100.000 brasileiros, sendo aproximadamente 200 mil casos no país. A doença autoimune é aquela em que o sistema imunológico do paciente ataca o seu próprio organismo. No caso do Lúpus, a incidência de morte em pacientes com a doença que têm menos de 40 anos é 10 vezes maior do que a população em geral. Na verdade, o Lúpus está relacionado à predisposição genética e pode ser desencadeado por fatores hormonais e ambientais, tais como luz solar, infecções e alguns medicamentos. Segundo Frederico Marcondes, reumatologista e gerente médico de vacinas da indústria farmacêutica GSK, a doença pode ser classificada de três formas. O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), onde um ou mais órgãos internos são acometidos é a forma mais séria da doença e a mais comum afetando aproximadamente 70% dos pacien-

tes com o problema. O Lúpus Cutâneo, que é restrito à pele e o Lúpus Induzido por Drogas, que surge após a administração de medicamentos, podendo haver comprometimento cutâneo e de outros órgãos – há melhora com a retirada do medicamento que desencadeou o quadro. O especialista alerta que sintomas desencadeados pela doença, como dores nas articulações, podem impedir atividades simples, como a prática de atividades físicas, e a rotina de trabalho. Com isso, mais de 50% dos pacientes param de trabalhar em até 15 anos após o diagnóstico de Lúpus. Não há cura para a doença, mas é possível controlar e conviver com ela com o acompanhamento médico regular. O LES pode afetar qualquer órgão do corpo e os sintomas podem variar muito em termos de gravidade e de intensidade. Alguns dos sintomas mais comuns incluem fadiga debilitante, febre baixa, perda de apetite, queda de cabelo, inflamação nas articulações - sendo esta observada em mais de 90% dos pacientes. As lesões de pele mais características são manchas avermelhadas no rosto, conhecidas como “lesões em asa de borboleta”. Podem ocorrer ainda manifestações em outros órgãos como rins, pulmão, coração e cérebro. O Lúpus é diagnosticado através da presença de um conjunto de sinais e sintomas e alterações em exames. O diagnóstico prematuro de LES é

ESPONDILITE ANQUILOSANTE

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Frederico Marcondes diz que em casos mais graves a doença, se não tratada adequadamente, pode matar

difícil devido aos sintomas não -específicos, como mal-estar, dor nas articulações ou fadiga. Já os sinais externos da doença podem ser poucos. A doença não escolhe a quem atacar. O tratamento deve ser individualizado para cada paciente, dependendo das manifestações apresentadas. O médico reumatologista é quem determina o tratamen-

to mais adequado. Um dos grandes desafios dos médicos é fazer um equilíbrio entre o tratamento dos sintomas e a minimização dos eventos adversos causados pelas medicações comumente utilizadas. Milhares de pessoas são afetadas no mundo inteiro. Famosas como Lady Gaga, Selena Gomez e Astrid Fontenelle possuem a doença.

dia 7 de maio marcou o Dia Mundial da Espondilite Anquilosante (EA), doença reumatológica que provoca a calcificação da coluna, causando muitas dores e debilitando a vida do paciente. Se não tratada, pode evoluir para a perda irreversível dos movimentos da coluna vertebral causados pelos anos de inflamação. Os discos vão se juntando, a coluna vai encurvando e fica rígida, o que provoca muitas dores. É mais frequente em homens jovens e afeta também as articulações dos quadris, ombros, joelhos e tornozelos. Doença autoimune, estimase que até 1 em cada 100 indivíduos da população sofra com a doença. Por ainda ser pouco conhecida, pacientes com EA enfrentam uma jornada longa até chegar ao diagnóstico correto, levando em média de 8 a 10 anos para tal. Além do que, a dor e a rigidez podem levar a algumas limitações, incluindo funções laborais. A causa é desconhecida. Os especialistas apontam que a espondilite anquilosante é provavelmente causada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Quem sofre com essa doença rara e debilitante vive em constante inflamação. Há ainda comorbidades (existência de duas ou mais doenças em simultâneo na mesma pessoa) associadas à EA, dentre elas uveíte e doenças inflamatórias intestinais. Existe, no entanto, um horizonte positivo para os pacientes com EA que atualmente contam com avanços nos tratamentos. Anti-inflamatórios, corticoides e medicamentos biológicos são terapias que ajudam a melhorar a qualidade de vida dos pacientes.


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Briga boa

Em Palmeira dos Índios, começou a todo vapor a corrida pela Prefeitura Municipal. De um lado, o prefeito Júlio Cezar tenta reverter o quadro de inércia que tomou conta da sua gestão, fato que fez cair a sua popularidade. Do outro, a ex-prefeita de Estrela de Alagoas, a atual deputada estadual Ângela Garrote já anunciou a sua pretensão de disputar a prefeitura. A pré-candidatura da deputada Ângela Garrote tem tirado o sono de Júlio, que também não anda bem com a maioria dos vereadores palmeirenses.

Morte de ex-procurador

Ex-procurador de Marechal Deodoro e de Arapiraca, o advogado José Soares morreu na quarta-feira, 8. Em Arapiraca, ele exerceu a função nas gestões de Luciano Barbosa e Célia Rocha De acordo com informações de familiares, José Soares estava internado na UTI há alguns dias, em virtude de problemas pulmonares. O advogado já havia realizado um transplante de fígado. Em 2010, o ex-procurador-geral recebeu a medalha “Olavo Bilac” pelos serviços prestados ao município de Arapiraca.

Pestalozzi de Arapiraca

A nova presidente da Associação Pestalozzi de Arapiraca, a empresária Susemilda Santiago, tomou posse no cargo na manhã de quarta-feira, 8, no Espaço de Convivência do Centro de Reabilitação da entidade, em solenidade que contou com a presença de diretores, funcionários e usuários. Mida, como é conhecida, assume o lugar da também empresária Zélia Azevedo, que recentemente foi nomeada secretária municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo e agora passa a ocupar a vice-presidência da instituição.

Desafio à frente

Durante a cerimônia, Mida se emocionou ao comentar que será um grande desafio estar à frente de uma entidade tão importante para centenas de crianças e adolescentes do estado e lembrou que seu trabalho na Associação Pestalozzi começou na década de 90. “Amizade, compromisso e gestão, tudo isso a gente encontra na Pestalozzi. E estarei como presidente para fazer bem ao próximo. Pois, quem não vem pra servir, não serve pra viver”, declarou.

Grande momento

“Este é um grande momento. Assumir a presidência da instituição é de uma responsabilidade enorme, mas estou com muito prazer e vontade de continuar o trabalho belíssimo dos presidentes anteriores. Nosso principal objetivo é atender com qualidade e com coração”, acrescentou.

Acidentes de trânsito

O superintendente de Transportes e Trânsito de Arapiraca, Ricardo Teófilo, considerou como alto o número de acidentes de trânsito que ocorreram no mês de março último. De acordo com a assessoria do Serviço de Atendimento Móvel Urgência (Samu), foram registrados341 acidentes, fato que preocupa as autoridades locais. Maio é o mês da prevenção de acidentes de trânsito.

ABCDO INTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

PELO INTERIOR ... A juíza Carolina Valões, titular da 4ª Vara de Palmeira dos Índios, promoveu na terça (7), audiência pública para discutir a criação de uma rede de enfrentamento à violência contra a mulher na comarca. ... Segundo a magistrada, 30% dos processos criminais em tramitação na unidade envolvem delitos praticados no contexto da violência doméstica. ... E o senador Rodrigo Cunha quer investigar o vazamento de informações de dados do INSS, que atinge especialmente a população idosa.

Novo vereador

Na sessão da última terça-feira, 7, a Câmara Municipal de Arapiraca empossou o vereador Márcio Marques (PSL). Ele assumiu no lugar da vereadora Professora Graça (PDT), que foi convidada pelo prefeito Rogério Teófilo para a pasta da secretaria Municipal de Articulação Política.

O retorno

O vereador Márcio Marques classificou como “muito importante” o seu retorno à Casa Herbene Melo, por entender que vai dar continuidade ao trabalho desenvolvido pela então vereadora Professora Graça e continuar trabalhando pelo desenvolvimento de Arapiraca.

Projeto aprovado

E também na sessão de terça-feira, os vereadores arapiraquenses aprovaram projeto do Poder Executivo, que dispõe sobre a concessão de gratificação pela participação em Conselho Tributário Municipal em Coordenação e Julgamento no âmbito da Secretaria Municipal da Fazenda. Depois de uma ampla discussão sobre o projeto, a matéria foi aprovada por 9 votos favoráveis, 2 contrários e duas abstenções.

Célia vice de Teófilo

A ex-prefeita Célia Rocha, que chegou a revelar ao radialista Paulo Marcelo a sua disposição de disputar uma cadeira na Câmara de Vereadores de Arapiraca em 2020, parece que mudou de planos. Nos bastidores, fontes informam que Célia deverá mesmo disputar a Prefeitura de Arapiraca em uma chapa que seria encabeçada pelo atual prefeito Rogério Teófilo. É a política arapiraquense com suas manifestações inimagináveis.

... Essas vítimas, que já são naturalmente mais vulneráveis, têm sido alvo de práticas abusivas de bancos que as abordam de forma agressiva com ofertas de empréstimos consignados. ... Para dar um basta nesses atos de má-fé, o senador alagoano teve aprovado na terça-feira na Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC) requerimento de sua autoria para que seja realizada uma audiência pública para apurar os vazamentos. ... Provocou grande repercussão a operação da polícia alagoana que resultou na apreensão de aproximadamente 20 quilos de cocaína que, se vendidos, poderiam render à quadrilha lucro avaliado em R$ 1 milhão. ... A droga foi apreendida durante operação deflagrada nos municípios de São Sebastião e Arapiraca. Um dos integrantes da quadrilha foi preso e outro, já identificado, está sendo procurado pela polícia. ... O resultado da operação conjunta da Delegacia de Narcóticos (Denarc), Gerência da Polícia Judiciária (GJP3) e 2ª Seção da Polícia Militar, com o apoio da Secretaria de Segurança Pública, foi apresentado na manhã de terça (7) em entrevista coletiva na sede do órgão em Maceió. ... O secretário estadual da Saúde, Alexandre Ayres, esteve em Penedo na quarta-feira, 8, ao lado do deputado estadual Marcelo Beltrão (MDB). Ambos conheceram os serviços prestados pelo município aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). ... Um ótimo final de semana para todos, repleto de paz e muita saúde. Até a próxima edição!


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Emergência climática

Mar vermelho

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turismo no Egito tem aumentado muito e isto vem impactando as águas cristalinas de cor turquesa, do Mar Vermelho, cujos corais espetaculares estão ameaçados pelo aumento do contingente populacional na região. Na costa da localidade turística de Hurghada, no leste do país, os peixes-palhaço, peixes-porco e peixes-borboleta nadam entre recifes de coral verdes e violetas, a uma dezena de metros de profundidade. Junto com eles, pés de pato, cilindros de oxigênio, guia e turistas contemplam o espetáculo sereno que contrasta com a agitação em terra firme. Em 2018, a contribuição do turismo ao Produto Interno Bruto do país aumentou 16,5% até alcançar seu nível mais alto desde 2010, segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo. De acordo com a ONG Hurghada Environmental Protection and Conservation Association (Hepca), o aumento do turismo no Egito é positivo, mas aumentou a pressão sobre os recifes. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep), no mundo, ao menos 20% destes “ecossistemas mais belos, com mais diversidade biológica e os mais delicados” do planeta foram destruídos, e 60% estão ameaçados pela mudança climática, pelo turismo, ou a pesca predatória.

O Parlamento do Reino Unido aprovou, no dia 1º deste mês, uma moção para declarar “emergência climática” no país. A medida foi apresentada pelo Partido Trabalhista, que é de oposição ao governo, mas foi aprovada de forma unânime. Ela traz uma série de medidas que o governo deve agora se mobilizar para tirar do papel, como aumentar o ritmo de redução das emissões de dióxido de carbono e, até 2030, a taxa de emissões globais no país tem que ter sofrido redução de 45% em comparação a 2010. Em 2050, essa taxa de emissões deve chegar a zero. Entre outras medidas deve reconhecer o impacto devastador que o clima volátil e extremo terá na produção de comida no Reino Unido, além de no volume de água, na saúde pública e nos danos de enchentes e incêndios florestais.

Agrotóxicos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou na última semana que vai reavaliar o grau de risco à saúde de alguns agrotóxicos e que pode retirar produtos do mercado até 2020. A expectativa é de que quatro compostos passem pelo “pente-fino” neste primeiro ano. A lista dos compostos que serão reavaliados será divulgada “em breve” e será definida por meio de uma pontuação calculada com base nos princípios ativos contidos na fórmula. Essa metodologia levará em conta o risco de provocar câncer ou mutações genéticas e o uso do produto fora do setor agrícola, por exemplo, e utilizará referências internacionais de entidades como a Autoridade Europeia para Segurança Alimentar (EFSA, na sigla em inglês) e a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Usepa). Diferentemente de outros produtos regulados pela Anvisa, o registro de agrotóxicos não prevê legalmente a revisão ou renovação. Por isso, segundo a agência, a revisão será “fundamental para a proteção da saúde da população”.

Preocupação mundial Um manifesto publicado na revista Science no fim de abril chamou atenção da comunidade científica internacional e da classe política brasileira. Mais de 600 pesquisadores pediram à União Europeia que condicione as parcerias com o Brasil à proteção ambiental. A preocupação internacional é por conta de o Brasil ser tão importante para o equilíbrio ambiental do mundo inteiro. Além de ser o país mais biodiverso do mundo, está entre os líderes de produção de alimentos no planeta. Os dados recentes que chamaram a atenção foram da perda de 18% de floresta da Amazônia em três décadas e a colocação do Brasil como o país que mais desmatou em 2018.

MEIO AMBIENTE Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Sustentabilidade zerada

Na área ambiental, as intervenções contra o aquecimento global estão entre as mais afetadas pelo bloqueio de recursos feito pelo governo federal - que também atingiu outras áreas, como a educação. Dos R$ 11,8 milhões que seriam usados neste ano na Política Nacional sobre Mudança do Clima, para atender a compromissos assumidos pelo Ministério do Meio Ambiente, R$ 11,3 milhões foram contingenciados (96%), sobrando apenas R$ 500 mil. Os repasses ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), inicialmente previstos em R$ 368,3 milhões, foram reduzidos para R$ 279,4 milhões - um corte de 24%, que não havia sido detalhado. Só que a faca também atingiu as operações do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), além de programas do próprio MMA.


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PILAR

Servidora registra boletim de ocorrência contra vereador Paulo Bugarim

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ais uma vez o vereador por Pilar Paulo Cavalcante Soares, conhecido como Paulo Bugarim (PSC), se envolve em escândalos na cidade. Desta vez, uma funcionária pública do Posto de Saúde de Pilar, Maria Edna da Silva Conceição, registrou boletim de ocorrência na manhã da quarta-feira, 8, no 23º Distrito Policial de Pilar, relatando agressões verbais e abuso de poder por parte do vereador. Segundo as informações do BO nº 041387/2019, o vereador teria chegado de maneira exaltada no Programa Saúde da Família (PSF) em busca da médica responsável pelo local, quando foi informado por Edna que ela estaria de licença maternidade. De acordo com a vítima, Paulo reclamou de maneira abusiva que fazia mais de dois meses que não havia médicos para atendimento no local. Maria Edna informou que tentou acalmá-lo dizendo que o município já teria passado por situações piores e que as coisas estariam melhorando. “Foi quando ele bateu com a mão na recepção do balcão e passou a fazer um vídeo de todos os funcionários do posto se saúde, sem autorização”, disse ela. Ainda segundo seu relato, em momento nenhum o vereador foi tratado mal e os funcionários no local só justificaram a ausência da médica e falaram da atual

IMPROBIDADE

O vereador se envolveu em fevereiro deste ano em um escândalo em que foi acusado de improbidade administrativa quando era chefe de gabinete do ex -prefeito Carlos Alberto Canuto (PMDB). De acordo com o processo, em época de campanha eleitoral, Bugarim teria utilizado o cargo público para a aquisição de materiais de construção de forma irregular. situação administrativa do local. Em vídeo divulgado, Edna aparece chorando afirmando estar com medo de andar na cidade “Não esperava que ele chegasse da maneira que chegou naquele ambiente, de maneira agressiva, e não me senti bem. Não admito isto, estou triste e abatida, afinal ele, como um vereador da cidade, era para servir de exemplo e não agir da maneira que agiu”. Edna finaliza o vídeo afirmando estar com medo, por morar na cidade e não conhecer a personalidade de Bulgarim e o que ele pode fazer após a denúncia. Além da denunciante, outra funcionária identificada como Margarete Maria dos Santos Silva também registrou o boletim como vítima do vereador.

Segundo a denúncia, as notas expedidas no ano de 2016 por Bugarim apresentam valores de R$ 104.400 e de R$ 62.620. Esses valores foram utilizados durante período eleitoral. A autora do processo é a Prefeitura do município e o valor da ação é de R$ 167.020. Em julho de 2018, o vereador também foi alvo de uma denúncia de uma ex-empregada doméstica que entrou com uma representação no Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE-AL), afirmando que Paulo Bugarim teria utilizado seu nome para receber dinheiro da Prefeitura de Pilar. De acordo com o documento enviado ao MPE, Viviane Rogéria Ferreira da Silva trabalhou na casa do vereador recebendo R$ 500 por mês durante 1 ano e 9 meses, mas não sabia que o dinheiro pago a ela correspondia a 50% do valor recebido como servidora comissionada do município.


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