edição 1022

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ANO XX - Nº 1022 - 24 A 30 DE MAIO DE 2019 - R$ 4,00

CNJ REVELA

Alagoas é o estado com maior número de presos sem julgamento Levantamento do Conselho Nacional de Justiça mostra que 67,43% dos encarcerados nos presídios de Alagoas são presos provisórios, à espera de julgamento pelos crimes dos quais são acusados. 16 e 17

extra Cícero Amélio dá última cartada para reverter condenação MACEIÓ - ALAGOAS

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1998 - 2018

Conselheiro do TC abre caminho no STJ para pedir revisão da sentença que o condenou à perda do cargo 6 e 7 n

CRISE DAS USINAS

Coruripe lança títulos para captar R$ 1 bi no mercado

Maior produtora de açúcar e álcool do Nordeste, a Coruripe volta ao mercado de recebíveis para captar recursos a juros mais baratos. A meta é conseguir R$ 1 bilhão para tocar os negócios das cinco unidades do grupo. 2

BAIRROS AFUNDANDO Serviço Geológico diz que solução para Pinheiro, Bebedouro e Mutange pode demorar até dois anos n

Braskem rebate laudo que a responsabiliza pelos problemas que afetam mais de 30 mil pessoas 9 A 13

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

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COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Coruripe precisa de R$ 1 bilhão 1

Hapvida nacional

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Duro na queda

- A previsão de grande deficit mundial de açúcar e a esperada recuperação de preços do produto no mercado internacional empurraram a Coruripe de volta ao mercado financeiro, com nova emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), essencial para tocar os negócios do Grupo Tércio Wanderley. - O registro da oferta pública para emissão de R$ 800 milhões em debêntures foi feito no último dia 16 junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), podendo chegar a R$ 1 bilhão, dependendo da demanda pelos títulos da usina alagoana. A venda antecipada da produção e créditos judiciais do IAA são a garantia do novo empréstimo.

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- Dona de 5 unidades produtores de açúcar e álcool com capacidade para produzir 20 milhões de sacos de açúcar e 500 milhões de litros de álcool, a Coruripe ainda não se recuperou da crise de 2009 que afetou todo o setor açucareiro nacional. Mesmo com a reestruturação dos débitos, arrocho administrativo e nova governança, a empresa fechou 2018 com uma dívida líquida acina de R$ 2,6 bilhões.

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- Maior produtora de açúcar e álcool do Norte/Nordeste, a Coruripe, assim como as demais usinas alagoanas, mantém em seus ativos créditos judiciais bilionários junto à União, decorrentes de ações indenizatórias contra o extinto IAA,Instituto do Açúcar e Álcool. São mais de R$ 2,5 bilhões só da Coruripe.

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- As usinas alegam que o congelamento de preços do etanol e do açúcar instituído pelo governo federal gerou grande impacto em seus negócios, com resultados negativos de suas operações. Essa briga judicial já dura anos, com a União usando de todos os recursos possíveis junto aos tribunais superiores, mas até agora as usinas vêm ganhando todas as batalhas. A decisão final caberá ao Supremo Tribunal Federal.

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- Vencida essa guerra judicial, as indenizações bilionárias certamente salvarão a lavoura de muitas usinas alagoanas, ao menos das que conseguirem sobreviver até lá, já que a maioria delas há muito fechou as portas e entrou em fogo morto.

Após abrir capital na Bolsa de Valores, o Grupo Hapvida acaba de comprar por R$ 5 bilhões a operadora de saúde São Francisco, que atua no Centro-Oeste e Sudeste, abrindo caminho para expandir sua atuação em todo o país. Com sede em Fortaleza, o Hapvida tem agora 6 milhões de clientes em seu plano de saúde. No Brasil, esse mercado já chegou a 50 milhões de usuários.

O conselheiro Cícero Amélio, condenado por improbidade administrativa, ganha fôlego para contestar a sentença do STJ e pode até voltar ao cargo. Há dois anos afastado do TC, Amélio teve deferido no STJ um pedido de acesso a todas as decisões do tribunal incluindo acórdãos e notas taquigráficas, que culminaram com sua condenação. Sua defesa considera que que houve excesso na dosimetria da pena e pretende pedir revisão da sentença. Quem não está gostando da notícia são os pretendentes ao cargo vitalício no Tribunal de Contas.

Concurso polêmico

A novela do concurso para cartórios de Alagoas, que estava suspenso desde 2014 por determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pode, enfim, ter um final com a publicação de um novo edital. O anúncio foi feito nesta quinta, 23, em reunião no Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL). De acordo com o presidente da comissão do certame, desembargador Marcelo Martins Berthe, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), a publicação do edital deve ocorrer “o mais breve possível”. “Vamos agora buscar uma organizadora com expertise comprovada e que tenha feito outros concursos com sucesso. Vamos também, o mais breve possível, publicar o edital com as regras que pretendemos adotar, evidentemente seguindo as resoluções do CNJ e pensando nas peculiaridades do estado”, explicou.

Vergonha!

O Ministério Público de Contas (MP de Contas) sugeriu que Tribunal de Contas do Estado (TCE) reforme sua decisão anterior e conceda medida cautelar determinando a suspensão imediata do pagamento da empresa Cielo Pirotecnia LTDA, responsável pelo show pirotécnico/ piromusical do réveillon 2018/2019 de Maceió. A suspensão deve acontecer até a comprovação das devidas compensações contratuais.

Para o concurso dos cartórios sair do papel foi necessário que magistrados de São Paulo gerissem todo o processo. Desembargadores de Alagoas se declaram suspeitos e preferiram ficar bem longe da organização do certame. Isso, claro, após o CNJ identificar diversas irregularidades, que vão de superfaturamento a nepotismo. De acordo com levantamento da Corregedoria-Geral da Justiça (CGJ), Alagoas tem hoje 198 serventias extrajudiciais vagas. Os candidatos já inscritos poderão receber o dinheiro de volta ou poderão manter a inscrição para participarem do concurso.

Perigo no Réveillon II

Damares, de novo!

Perigo no Réveillon

De acordo com o procurador de Contas Pedro Barbosa Neto, além da falha de segurança apontada pelos relatórios do Corpo de Bombeiros e da Capitania dos Portos, o que confirmam as condições precárias da execução do serviço, conclui-se que os fogos de artifício adquiridos pelo poder público não foram lançados em sua totalidade, uma vez que teriam tombado e causado o princípio de incêndio, o que pelo contrato obriga a redução do valor a ser pago pela Prefeitura de Maceió. O julgamento do processo deverá ocorrer na próxima terça-feira, 28, na sessão da 1ª Câmara do Tribunal de Contas de Alagoas.

Um vídeo da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, deu o que falar esta semana nas redes sociais. Durante discurso, Damares afirma que o “Nordeste tem manual prático de bruxaria para crianças de 6 anos”. Vale ressaltar que mesmo que tenha nascido no Paraná, na Região Sul do país, em sua página oficial no site do governo federal, a mi-nistra se apresenta como “uma mulher tipicamente nordestina”, justificando ter se mudado aos 6 anos de idade para o Nordeste, onde morou na Bahia e Alagoas.


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Bolsonaro esvazia Moro

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ascais, Portugal - Se o Moro tivesse, entre uma sentença e outra como juiz, folheado algumas páginas do Príncipe, escrito em 1512 por Nicolau Maquiavel, estaria assimilando melhor o que se passa na cabeça dos políticos. E assim entenderia com mais clareza o Bolsonaro. Saberia, por exemplo, que jamais será candidato a presidente da República com o apoio dele e que ao lançá-lo ministro do STF deveria fazer uma leitura inversa: Bolsonaro acaba de queimá-lo. E se ele tinha alguma chance, ela acabou quando o próprio capitão apoia seu nome para compor a Corte. Veja aqui se existe alguma semelhança entre o que Maquiavel queria com o seu livro e as atitudes de Moro até chegar a ministro da Justiça. O livro pretendia ser uma forma de Maquiavel ganhar a confiança do Duque de Urbino (Lorenzo II de Médici, 1492/1519) que imaginava ganhar algum cargo. Maquiavel, no entanto, não alcança suas ambições, mas deixa nascer a expressão os “fins justificam os meios”. Significa que não importa o que o governante faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade. Evidentemente que Bolsonaro nunca passou perto da

Moro

No caso do Moro, o capitão já está muito satisfeito com a contribuição dele à sua campanha quando às vésperas das eleições ele divulgou a delação premiada de Palocci, uma bomba que iria mexer – como mexeu – nas eleições presidenciais. Outras atitudes de Moro como juiz, que agora podem ser questionadas depois que ele assumiu um ministério de Bolsonaro, levaram a extrema direita a assumir o poder, facção fascista da qual Moro passou a fazer parte como um dos principais auxiliares do capitão.

Insatisfeito

Lê-se por aí que Moro está reclamando do tratamento que vem recebendo do chefe. Mas parece que não se arrepende de ter jogado pela janela os 22 anos de magistério para entrar na política pela porta da frente como ministro da Justiça. Mas ele sabe que o capitão vem restringindo sua atuação. Por exemplo: Bolsonaro não movimenta uma palha para aprovar seu projeto anticrime que, segundo Rodrigo Maia, presidente da Câmara, trata-se de uma cópia do de Alexandre de Moraes, quando esteve à frente da pasta da Justiça.

leitura do Príncipe, mas, por instinto, pratica Maquiavel como se fosse um leitor voraz do filósofo italiano. Há quase trinta anos na política, o capitão consegue neutralizar fatos contra o seu governo antecipando-se aos acontecimentos para quebrar o impacto da informação. Antes que a mídia investigasse, anunciou que outros 24 mil reais iriam aparecer na conta da Michele, sua mulher, quando foi descoberto um depósito no mesmo valor feito na conta dela por Queiroz, o miliciano que trabalhava para o seu filho Flávio na Assembleia Legislativa do Rio. Há dias anunciou que um tsunami iria ocorrer no seu governo. A notícia chega agora. Ao quebrar o sigilo fiscal de Flávio, o senador, seu filho, a justiça descobre que são “avassaladores” os movimentos bancários de Flávio. Ou seja: ele não tem como justificar tanto dinheiro depositado na sua conta em relação ao que ganhava como deputado estadual. Bolsonaro, mais uma vez, antecipa-se aos fatos dizendo que tudo isso é para “atingir politicamente seu governo”, o mesmo argumento usado por Lula quando as investigações chegavam próximo dele e de seus familiares.

O ego

O capitão evita massagear o ego do Moro. Sempre que pode puxa suas rédeas. Foi assim quando demitiu uma auxiliar do ministro depois que ele a convocou para fazer parte da sua equipe. Prometeu, mas não deixou o Coaf no seu ministério, levando-o para Economia, cortando-lhe as asas. Essas traquinagens do capitão visam enfraquecer uma provável candidatura de Moro à presidência que, ao ser perguntado sobre essa pretensão no programa do Bial, saiu-se com essa: “Não é o momento para falar sobre isso”.

Sucessão

Moro deixou uma brecha de que poderia discutir o assunto em outro momento. O capitão, então, em outra entrevista, deu o troco ao insinuar que pode disputar a reeleição. Convidado para dar ao governo de Bolsonaro uma grife, aos pouco o capitão vai reduzindo os voos do ex-juiz para não tê-lo como seu principal adversário, candidato forte se ele conseguir aprovar seus projetos e realmente derrubar a violência no Brasil. Não à toa, Maia, outro presidenciável, trava como pode o projeto do ministro na Câmara por ter certeza da capacidade de Moro de voar mais alto.

Fracasso

Diante de tantas armadilhas políticas visando a sucessão que já começou pelo fracasso de Bolsonaro governar, o próprio Maquiavel deixa aqui uma contribuição com uma de suas frases para quem quiser vestir a carapuça: “Todos veem o que você parece ser, mas poucos sabem o que você realmente é”.

Teste

Bolsonaro decidiu fazer um teste da sua popularidade depois das eleições. Quer também mostrar que o povo continua do seu lado. Incentivou os meninos, seus filhos, a convocar um ato de rua para criar o movimento do “Fica Bolsonaro”.

JORGE OLIVEIRA arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Luto

Os brasileiros foram às ruas, mas, para decepção de Collor, vestiam o preto do luto em vez do verde amarelo que ele tanto pediu. Ali começou a queda do caçador de marajás, depois que ele mesmo provocou a reação do povo em relação ao seu governo, uma espécie de plebiscito que julgou seu governo.

Impopular

Movimentos como esses são planejados quando um presidente começa a olhar pra trás e percebe que os apoios estão fugindo e a sua popularidade em queda, como mostram todas as pesquisas de opinião. É um filme antigo. Collor, quando desceu ladeira abaixo, também acionou seus eleitores para mostrar prestígio.

Dividida

A própria direita do Bolsonaro já está dividida. Um grupo, mais light, que apoiou a sua eleição diz que não vai para as ruas porque outro grupo mais radical prega o fechamento do Congresso Nacional e do STF. Ao discordar dos seguidores mais fanáticos, o movimento se dividiu, mas continua ativo para defender o capitão nas ruas.

Perdido

Na verdade, o que se constata é que o governo está perdido, no mato sem cachorro. Já vai para os seis meses de governo e até agora o que se viu foi uma atrapalhada geral do capitão e seus auxiliares que não conseguem encontrar o caminho para tirar o país do sufoco econômico. Inflação em alta, PIB revisado para baixo e o dólar crescendo como fermento de bolo. Trata-se de um governo de trapalhões, de incompetentes.


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O projeto de Renan

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o anunciar o investimento de mais de R$ 200 milhões em grotas na capital, o governador Renan Filho dá a partida para lançar Maurício Quintella como candidato a prefeito de Maceió. A decisão de candidatura do ex-ministro dos Transportes parece que já foi decidida pela cúpula do Palácio dos Martírios, que quer assumir o controle político do estado e viabilizar a candidatura do chefe do Executivo ao Senado em 2022.

Sem surpresa

Com a ascensão do senador Rodrigo Cunha à presidência do PSDB, é quase certo que o candidato à Prefeitura de Maceió será o deputado JHC, que prepara o terreno para disputar o governo do Estado em 2022. Assim, Rui Palmeira pouco poderá fazer, a não ser que migre para outro partido e rache com Rodrigo Cunha.

Sem perdas

O deputado JHC assumindo uma candidatura a prefeito de Maceió com o apoio de Rodrigo Cunha, cujos laços políticos são enormes, a partir da primeira suplente Eudócia Caldas, sua mãe, não tem o que perder. Se ganhar, tudo bem. Se perder volta para a Câmara dos Deputados terá mais dois anos de mandato para repensar seu projeto político.

Disputa interna

Mesmo assim, na Prefeitura de Maceió ninguém discute abertamente quem será o candidato a sucessor de Rui Palmeira no próximo ano, principalmente quando ele entrega o PSDB a Rodrigo Cunha. Nos bastidores se avaliam os nomes do vice, Marcelo Palmeira, do procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, de Eduardo Tavares, Eduardo Canuto e do presidente da Câmara, Kelmann Vieira. Nomes que podem somar para enfrentar o candidato do governo do Estado, no caso Maurício Quintella.

GABRIEL MOUSINHO n gabrielmousinho@bol.com.br

Racha esperado

A transferência do PSDB de Rui Palmeira para o senador Rodrigo Cunha, já era esperada. Pelo menos havia, nos bastidores, um movimento para tomar de Rui o partido. Começou com a deputada federal Tereza Nelma e aumentou o poder de fogo com Cunha.

JHC leva vantagem

A eleição para prefeito da capital está na ordem do dia no Palácio Floriano Peixoto, enquanto o grupo do prefeito Rui Palmeira analisa candidatos e chances para enfrentar Renan Filho e companhia. Entusiasmado com o projeto, o governador acha que esse é o melhor caminho para tomar a prefeitura do PSDB, mas falta, naturalmente, combinar com o eleitorado, que derrotou Cícero Almeida nas últimas eleições.

Como o prefeito Rui Palmeira não apoiará JHC para substituí-lo na prefeitura, está à vista um racha entre ele e os aliados do senador Rodrigo Cunha, o que não deve demorar a acontecer. Rui ao deixar a presidência do PSDB fez questão de dizer que nada afetará o relacionamento dele com o senador Rodrigo Cunha. Mas não é isso que a tropa ligada a Palmeira acha.

Bola da vez

Se topar mesmo sair candidato a prefeito de Maceió, o presidente da Câmara, Kelmann Vieira é forte. Fez amigos, aumentou o número de aliados, é fiel aos princípios políticos e goza de muito prestígio junto ao prefeito Rui Palmeira. É uma das grandes opções para disputar o cargo de prefeito com o governo do Estado.

Sem perspectiva

Se Rodrigo Cunha tiver a mesma disposição à frente do PSDB como demonstrou nos primeiros cinco meses de mandato no Senado, com certeza o partido não terá oxigênio suficiente para enfrentar as eleições do próximo ano. Além de não topar sair candidato a prefeito em substituição a Rui Palmeira, Cunha tem demonstrado que lhe falta apetite para desenvolver projetos políticos de maior amplitude.

Muitos prefeitos alagoanos estão com saudade das ações do ex-senador Benedito de Lira em Brasília. Biu trabalhava sem parar para ajudar municípios carentes e levar obras de infraestrutura para a população. Após cinco meses fora do Senado, muitos prefeitos perdem a esperança de ter um senador realmente comprometido com as comunidades mais pobres.

Previsto

Pressão

Como a eleição para prefeito de Maceió no próximo ano está na ordem do dia, o prefeito Rui Palmeira, bem ao seu estilo, ainda não sabe quem apoiará para substituí-lo. Mas dificilmente apoiaria JHC, embora sua pasta esteja recheada de pedidos. No meio dessa discussão toda está o DEM do secretário de Saúde, José Thomaz Nonô, que adoraria ver Rui fazendo parte do seu quadro político.

Agora é tarde

Desgastado

O ex-deputado Ronaldo Lessa deve decidir sua vida política nos próximos dias. Desprestigiado na Secretaria da Agricultura, onde não foi capaz de nomear seus aliados, ele pode romper com Renan Filho e fazer parte da estrutura da Prefeitura de Maceió mais uma vez. É questão de tempo, disse um amigo de longas datas de Lessa, que vê o ex-prefeito, ex-governador e ex-deputado estadual e federal em situação política bastante crítica.

Bagunça

A Prefeitura de Maceió precisa agir urgentemente em áreas vizinhas à UPA do Benedito Bentes. Os camelôs invadiram o local com barracas velhas caindo os pedaços e o mato tomou conta dos entornos da unidade de emergência. Os moradores da região pedem socorro à prefeitura.

A conversa de que o governo estadual possivelmente não conceda reajuste salarial aos servidores públicos já foi cantada nesta coluna há alguns meses. A história é de que se prepara para uma grande recessão na economia brasileira. Se economizar em gastos com buffet, viagens aéreas e outras coisas supérfluas, certamente encontraria um jeitinho de atender ao funcionalismo.

Sem fim

Com a possibilidade das ações de indenizações dos moradores do bairro do Pinheiro serem despejadas na Justiça Federal, a perspectiva é alongar ainda mais a reparação dos danos. Até o Ministério Público é contra essa possibilidade. Enquanto se discute a competência da justiça, a Braskem ganha tempo.

Xô, Braskem

Mesmo com o governo do Estado defendendo a todo o custo a permanência da Braskem em Alagoas, a população reage ao contrário. Pelo povo, principalmente das regiões mais atingidas, a empresa é persona non grata por tudo que fez até agora. O que Estado deveria fazer ao invés de defender sua permanência era ajudar na reparação dos danos causados aos milhares de moradores da região.


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PRESENÇA

Renan Filho vai a encontro com Bolsonaro, sem expectativas Governadores do Nordeste se reúnem com presidente nesta sexta, em Recife ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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ois dias antes das manifestações programadas a pedido do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro chega ao Nordeste pela primeira vez desde que venceu as eleições no ano passado. Está programada nesta sextafeira (24) a participação dele na reunião na sede da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) para o lançamento do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste, elaborado pela primeira vez. A Sudene completa 60 anos em 2019. Os governadores da região confirmaram a presença na reunião. Renan Filho (MDB) também irá, mas, de acordo com apuração do EXTRA, o chefe do Executivo alagoano não tem muitas expectativas. “Difícil dizer o que o governador levará como pauta de Alagoas. Seria preciso começar o Governo Bolsonaro todo de novo”, disse um aliado bastante próximo do governador. O secretário da Fazenda, George Santoro, acompanha as negociações para aprovação da reforma da Previdência em Bra-

sília. Não foi escalado para elaborar um plano específico a ser apresentado a Bolsonaro. Dois secretários estaduais e um deputado estadual não sabem o que o governador deve pedir a Bolsonaro. “Não temos governo em Brasília. O governador vai para ouvir, mas não tem tantas esperanças”, disse um deles. Convidado por Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, o deputado Cabo Bebeto (PSL) - mais votado parlamentar da capital - também não soube dizer o que pedirá ao presidente, sobre as demandas alagoanas. SINTONIA Renan Filho e o pai, o senador Renan Calheiros (MDB), estão na mesma sintonia quanto ao Governo Bolsonaro. O pai criticou esta semana, da tribuna do Senado, a era do capitão; o filho reclamou da falta de diálogo na decisão sobre o decreto das armas. “Está faltando diálogo com a sociedade, com o Congresso Nacional, com o Judiciário, diálogo com aqueles que têm um projeto para o país, diálogo com o setor produtivo. A política é importante, mas antes da política vem o diálogo. Não há política sem di-

Governador Renan Filho afirma que falta diálogo por parte de Bolsonaro para com os Estados

SINTONIA Renan Filho e o pai, o senador Renan Calheiros (MDB), estão na mesma sintonia quanto ao Governo Bolsonaro. O pai criticou esta semana, da tribuna do Senado, a era do capitão; o filho reclamou da falta de diálogo na decisão sobre o decreto das armas. álogo. Muitas vezes, o governo federal erra porque tem certeza de que está no caminho correto e, arrogantemente, abre mão de ouvir os outros. Eu acho que até pode ser discutida a questão das armas, mas do jeito que o decreto foi feito, ele é muito danoso para a sociedade. Ele deveria ser melhor discutido. Menos do que cumprir somente uma promessa de campanha, saber se aquele é o melhor caminho para o país”, disse o governador, en-

viando recados para as outras áreas, do mesmo governo. “O presidente da República não pode fazer as coisas sozinho. A gente vive em um sistema democrático. Ele tem que apresentar as propostas para discussão da sociedade por meio do Congresso Nacional. Ouvindo a todos, a gente identifica o melhor caminho. Por isso eu me posicionei contrário [ao decreto]”. A posição vem se repetindo, no mesmo roteiro: todos os governadores do Nordeste mais Renan Calheiros - apoiado pelos governadores da região na disputa pelo comando do Senado - criticam pontos comuns e atuam em bloco: contra os cortes nos orçamentos das universidades, contra a reforma da Previdência apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes e contra o fim da Sudene e do Banco do Nordeste. Renan Filho também fechou entendimento interno: não vai solicitar mais audiências com o presidente da República. Em janeiro, ele pediu encontro com Bolsonaro para discutir o afundamento dos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro. O Palácio do Planalto ignorou o pedido.

AGENDA

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olsonaro tem encontro previsto às 10 da manhã com os governadores do Nordeste na sede da Sudene, no Instituto Ricardo Brennand, na Várzea, zona oeste do Recife. Este encontro foi costurado pelo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). O presidente tem as piores avaliações na região, segundo pesquisa Ibope divulgada em abril: 40% avaliam que seu governo é ruim ou péssimo. Para agradar aos governadores, ele deve anunciar mais R$ 2,1 bilhões no Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, totalizando R$ 25,8 bilhões. Ele deve falar também do 13º a quem recebe o Bolsa Família, mais recursos para a saúde e atendimentos nas unidades de saúde no período noturno. Previsão é que Bolsonaro vá a Petrolina, no sertão pernambucano, inaugurar um conjunto habitacional. Na internet, protestos estão sendo programados contra o presidente. O deputado federal Carlos Veras (PT-PE) disse que Bolsonaro não esperasse ser recebido com festa em Pernambuco.


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DURO NA QUEDA

Cícero Amélio tenta último recurso para continuar no TCE

Cícero Amélio foi condenado por prevaricação e falsidade de documento público

Defesa alega contradições para reverter condenação de perda do cargo de conselheiro VERA ALVES veralvess@gmail.com

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epois de duas negativas ao mesmo pedido, a defesa de Cícero Amélio da Silva conseguiu convencer o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio Noronha, a lhe dar acesso às notas taquigráficas das sessões do julgamento em que a Corte Especial o condenou à perda do cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas pelos crimes de prevaricação e uso de documentos falsos. No dia 27 de março, Noronha já havia negado o acesso às notas taquigráficas solicitado por Amélio através de petição apresentada pelos advogados capitaneados pelo alagoano Nabor Bulhões, que voltou a insistir no pedido por meio de embargos de declaração analisados pelo ministro Herman Benjamin. Relator da ação penal que investigou o conselheiro afastado e o ex-prefeito Benedito de Pontes Santos (Bida), de Joaquim Gomes, Benjamin decidiu enviar o recurso para apreciação do presidente do STJ, que, no dia 10 deste mês, acatou o pedido. A defesa de Amélio tenta provar contradições no julgamento da Ação Penal 830 pela Corte Especial do STJ. Em síntese, o entendimento dos advogados é de que ele teria sido prejudicado na dosimetria da pena.

Afirma, ainda, haver dúvidas quanto ao veredito de perda do cargo de conselheiro do TCE, alegando que alguns ministros teriam mudado o voto na última sessão. A ação penal envolvendo Amélio e o ex-prefeito Benedito de Pontes começou a tramitar há três anos no STJ, em fevereiro de 2016. Em agosto daquele ano, o conselheiro foi afastado preventivamente do cargo por decisão monocrática do relator. O julgamento pela Corte Especial, com a apresentação do relatório do ministro Herman Benjamin, somente ocorreu no dia 6 de junho do ano passado, mas a sessão foi suspensa devido ao pedido de vista do ministro Og Fernandes.

3 ANOS

A ação penal envolvendo Amélio e o ex-prefeito Benedito de Pontes começou a tramitar há três anos no STJ, em fevereiro de 2016. Em agosto daquele ano, o conselheiro foi afastado preventivamente do cargo por decisão monocrática do relator.

A 15 de agosto do ano passado o julgamento foi retomado. Fernandes seguiu o voto do relator em relação à sentença de condenação dos réus de pena privativa de liberdade substituída por prestação de serviços à comunidade e pagamento de multa – mas divergiu quanto à perda do cargo de conselheiro. O julgamento foi novamente suspenso devido a um novo pedido de vista, desta vez por parte do ministro João Otávio Noronha, à época também corregedor Nacional de Justiça. Na mesma sessão, 12 dos 15 ministros que formam a Corte Especial votaram por manter Amélio afastado do cargo até o julgamento definitivo da ação penal, o que somente veio a acontecer no dia 6 de fevereiro deste ano. A decisão final do julgamento foi pela condenação do conselheiro afastado e do ex-prefeito, já que a maioria dos ministros decidiu acompanhar o voto do relator. As exceções foram o ministro Noronha (já então presidente do STJ), cujo voto foi de absolvição dos réus, no que foi acompanhado pelo ministro Raul Araújo, e o ministro Mauro Campbell, para quem não ficou provado que Cícero Amélio tenha cometido o crime de prevaricação e que por este motivo votou no sentido de que a pena privativa de liberdade fosse reduzida de 3 anos para 1. Em seu voto-vista, Noronha votou pela não aceitação da de-

núncia e absolvição sob o argumento de que “Cícero Amélio e Benedito de Pontes não se conheciam e não foi sequer mencionado o interesse do conselheiro em beneficiar o ex-prefeito. Nesse contexto, não se pode presumir o contrário, até porque não há elemento que embase isso”. Com a decisão dos ministros Luís Felipe Salomão, Benedito Gonçalves, Francisco Falcão e Nancy Andrighi de acompanharem o relator, anunciada na sessão do dia 6 de fevereiro, da mesma forma que votaram os ministros Napoleão Nunes Maia Filho e Jorge Mussi na sessão de junho do ano passado, prevaleceu a pena privativa de liberdade de 3 anos de reclusão, em regime inicial semiaberto, e a pena de 100 dias-multa ao valor de 1 salário mínimo da época. O ex-prefeito Benedito de Pontes Santos foi condenado à pena privativa de liberdade de

1 ano de reclusão, em regime inicial semiaberto, e pagamento de 20 dias-multa. Mas, assim como Amélio, teve a pena privativa de liberdade substituída por prestação de serviço comunitário e em prestação pecuniária. Cícero Amélio também foi condenado, por maioria de votos, à perda do cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, permanecendo afastado do mesmo até o trânsito em julgado. Ao acatar o pedido de acesso às notas taquigráficas, o ministro João Otávio Noronha justificou a decisão com base no argumento da defesa de Amélio de excepcionalidade reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a qual o exame de embargos de declaração deve considerar a circunstância de tratar-se de julgamento em única instância.


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extra Ex-prefeito Bida tentou barrar análise de suas contas pela Câmara

ENTENDA O CASO

Os argumentos da defesa A

defesa de Cícero Amélio questiona a dosimetria da pena imposta pela Corte Especial do STJ afirmando que na “fase de individualização da pena, estimouse com manifesto equívoco haver dados concretos capazes de justificar a exasperação das penas e a imposição de regime mais gravoso ao embargante, a despeito do quantum da reprimenda, da sua primariedade e dos seus bons antecedentes”, acrescentando se tratar de “patente contradição interna, pois, com pertinência, essas mesmas circunstâncias favoráveis ensejaram a substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos, nos termos do art. 44 do CP”. Diz, ainda, que “não há dúvida possível: as circunstâncias presentes que justificaram a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos são exatamente aquelas que desautorizam a exasperação da pena e a adoção de regime mais gravoso tendo-se em conta o marco temporal e as circunstâncias do citado art. 44,

I, II e III, do Código Penal”. E, reforça: “a causa de aumento de pena prevista no parágrafo único do art. 299 do CP foi aplicada ao embargante num contexto em que a circunstância ali registrada já havia sido considerada na primeira fase da fixação da reprimenda, em verdadeiro e odioso bis in idem. Isto para não falar na circunstância de que, a pretexto de unificar as penas em razão do concurso material, o acórdão majoritário transformou pena de detenção em pena de reclusão, o que é de todo inconcebível em nosso sistema, ainda que se diga que a soma das penas, nas circunstâncias dos autos, seja possível, por se tratarem ambas de penas privativas de liberdade, para fins de definição de regime”. Por fim, assinala que, “a par de se ter uma condenação proferida com manifesta afronta à prova inequívoca dos autos, verifica-se a ocorrência de omissão, obscuridade e contradição interna passíveis de correção na via dos embargos de declaração”.

RETENÇÃO

Amélio também foi acusado de reter o recurso por quase cinco meses, somente o encaminhando ao relator das contas no TC, o conselheiro Anselmo Brito, em setembro de 2014. E em 2016, quando já estava sob investigação no STJ, insistiu de todas as formas em tomar parte no julgamento das contas de Benedito de Pontes, o que levou o presidente da Corte na época, Otávio Lessa, a suspender a análise das contas do ex-prefeito.

Benedito de Pontes Santos, mais conhecido como Bida, então prefeito de Joaquim Gomes e aliado político de Cícero Amélio, teve as contas da gestão de 2009 reprovadas pelo TCE no dia 31 de outubro de 2013. A 19 de março de 2014 entrou com Recurso de Reconsideração contra a decisão tomada pelo Plenário da Corte de Contas recomendando à Câmara Municipal de Joaquim Gomes que as contas do ex-gestor não fossem aprovadas. No dia 23 de abril de 2014, Cícero Amélio, então presidente do Tribunal de Contas, produziu uma declaração afirmando que o recurso de revisão (na realidade era reconsideração) protocolado por Benedito de Pontes tinha efeito suspensivo e como tal ele não poderia ser processado, ou seja, a Câmara não poderia julgar as contas do ex-prefeito até o trânsito em julgado do processo no TCE. Ocorre que além de não se tratar de revisão, o recurso impetrado por Benedito não tinha o condão de impedir a análise das contas por parte da Câmara. O recurso também não poderia ter sido aceito pois foi protocolado quatro meses após a decisão do TC, quando o prazo pelo regulamento da Corte é de apenas 15 dias. O objetivo de ambos era evitar que, por ter as contas rejeitadas, o ex-prefeito ficasse impedido de disputar as eleições de 2014, pleito para o qual ele chegou a se candidatar mas renunciou antes da votação. Amélio também foi acusado de reter o recurso por quase cinco meses, somente o encaminhando ao relator das contas no TC, o conselheiro Anselmo Brito, em setembro de 2014. E em 2016, quando já estava sob investigação no STJ, insistiu de

todas as formas em tomar parte no julgamento das contas de Benedito de Pontes, o que levou o presidente da Corte na época, Otávio Lessa, a suspender a análise das contas do ex -prefeito. Amélio foi condenado pelos crimes de falsificação ideológica de documento público (art. 299 do Código Penal) e prática de prevaricação (art. 319 do Código Penal), enquanto o ex-prefeito Benedito de Pontes Santos foi condenado por uso do documento ideologicamente falso (art. 304 do Código Penal, combinado com art. 299, parágrafo único, do mesmo diploma).

UMA VAGA DISPUTADA O resultado do recurso de Amélio é esperado com expectativa no Palácio República dos Palmares que tenta emplacar o nome do deputado Olavo Calheiros (MDB), tio do governador Renan Filho, na vaga a ser aberta caso se confirme a perda do cargo decidida pela Corte Especial em fevereiro último. Mas Olavo não é o único a estar de olho no cargo vitalício de conselheiro do TC. Informações de bastidores da política alagoana dão conta de que o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, também é cotado para se alojar no Palácio da Fernandes Lima. A vaga de Amélio é de indicação do governador do Estado. De acordo com a Constituição Estadual, dos sete membros do TCE – definidos pela Constituição Federal – quatro são escolhidos pela Assembleia Legislativa e três pelo governador, sendo que um é de livre escolha e dois a partir de lista tríplice organizada pela própria Corte de Contas e de maneira alternada entre membros do Ministério Público de Contas e auditores de seus quadros.


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LAVA JATO

Começa julgamento de Arthur Lira no STF

Corte vai decidir se acata denúncia de que alagoano recebeu propina e integrava organização criminosa JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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deputado federal Arthur Lira (PP-AL), um dos principais líderes do chamado Centrão, tornouse um dos políticos alagoanos mais evidentes na mídia brasileira. Ao não poupar críticas contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o filho do ex-senador Benedito de Lira, também do PP, manteve sua posição de influente na Câmara dos Deputados, em Brasília, conquistada durante a passagem de Michel Temer (MDB) na Presidência da República. E assim como dois ex-presidentes e grupo de parlamentares, Lira também é figura investigada na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Porém, o alagoano tem se beneficiado da morosidade da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) com os vários adiamentos do julgamento que pode torná-lo réu em denúncia de participar de organização criminosa composta por membros do PP. O caso chegou à Corte em março de 2015. Lira não está sozinho. Sua trupe seria formada pelos deputados federais Aguinaldo Ribeiro (PB) e Eduardo da Fonte (PE), além do senador Ciro Nogueira (PI), que é presidente nacional do partido. O quarteto ganhou um nome “carinhoso”, que sempre estampa as manchetes: o Quadrilhão do PP. Na última terça-feira, 21, o colegiado do STF começou, enfim, a julgar se recebe ou não a acusação apresentada pela Procuradoria-Geral

da República (PGR). O relator do processo é o ministro Edson Fachin. Nomeada de Inquérito 3.989, a peça investigatória tem como objetivo esclarecer possíveis repasses indevidos de recursos pela empreiteira UTC Engenharia S/A. O termo “repasses indevidos” tem sido amplamente usado na Lava Jato como sinônimo de recebimento de propina a partir de esquema de lavagem de dinheiro, ambos crimes previstos na Constituição Federal. A acusação é de que MárioNegromonte, João Pizzolatti e Nelson Meurer, quando ocupavam o “primeiro escalão do partido” receberam valores indevidos no âmbito da Diretoria de Abastecimento da Petrobras S/A em quantia aproximada de R$ 21.600.000,00. Essa mesma fonte abasteceu indevidamente as contas dos parlamentares José Ger-

CRIMES

O termo “repasses indevidos” tem sido amplamente usado na Lava Jato como sinônimo de recebimento de propina a partir de esquema de lavagem de dinheiro, ambos crimes previstos na Constituição Federal.

mano, em R$ 2.970.000,00, Luiz Fernando Faria, em R$ 2.550.000,00 e o ex-senador Benedito de Lira, pai de Arthur, em R$ 1 milhão. “Entre 2010 e 2011, Benedito de Lira e Arthur de Lira obtiveram da empreiteira UTC ENGENHARIA S/A vantagens indevidas pagas por meio de doações eleitorais oficiais, custeio de despesas não contabilizadas de campanha eleitoral e repasse de valores em espécie, num total de R$ 2.600.000,00 (dois milhões e seiscentos mil reais) que foram pagos por meio do doleiro Alberto Youssef”, diz a denúncia. Contudo, a Segunda Turma do STF adiou a conclusão do julgamento. Até o momento, a data para retomada do julgamento não foi divulgada. Os ministros decidiram adiar o desfecho do caso devido à extensão dos votos do relator, Edson Fachin, e do presidente do colegiado, Ricardo Lewandowski. O subprocurador-geral da República Edson Oliveira, em sustentação oral, reiterou os argumentos apresentados pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. “O fato está narrado e o indício de autoria está nas provas. A consequência natural é o recebimento da denúncia”, assinalou. De acordo com Edson Oliveira, a denúncia descreve, de forma clara, objetiva e individualizada a atuação de cada um dos denunciados. “Ficou explicitamente demonstrado que os denunciados, na qualidade de membros do PP, promoveram, constituíram e integraram, com diferentes

Arthur Lira faz parte do conhecido “quadrilhão do PP” graus de envolvimento e de responsabilidade na atividade criminosa, dolosa e pessoalmente, essa organização criminosa, inclusive valendose de suas funções, objetivando o recebimento de vantagem econômica e política de todos os envolvidos”, apontou o subprocurador. Oliveira pontuou ainda que houve um trabalho de investigação que reuniu diversos elementos de prova, como registros de entrada em locais, análise do Tribunal de Contas da União, contratos e notas fiscais fictícios, depósitos em contas no exterior em nome de offshore, doação eleitoral oficial, depoimentos de testemunhas, dados fiscais e bancários, monitoramento telemático, e-mails, planilhas, registros de entrada no escritório de Alberto Youssef e de visita à Petrobras. “A colaboração premiada foi apenas o ponto de partida, e não o ponto de chegada da pretensão punitiva deduzida em juízo, como minuciosamente exposto na denúncia”, concluiu. Durante o julgamento, o advogado Pierpaolo Bottini disse que Arthur Lira não participou do suposto grupo criminoso e não defendeu a permanência do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, indicado pelo PP para a estatal e um dos delatores da Lava Jato. Segundo o defensor do alagoano, o parti-

do nunca foi dominado pelo mesmo grupo político ao longo do período que consta na denúncia. “Imputar ou usar fenômeno da organização criminosa sem elementos típicos visa unicamente criminalizar a política”, declarou Bottini. No caso de Benedito de Lira, como ele perdeu o foro privilegiado, a denúncia será apurada em primeira instância.

MAIS PROPINA Arthur Lira responde ainda a outra ação no STF por suspeita de recebimento de propina. Trata-se do Inquérito 4631. Segundo a acusação da Procuradoria Geral da República, negociatas com a Construtora Queiroz Galvão destinaram ao bolso dele, Ribeiro e Fonte, a quantia de R$ 1,6 milhão. As transações eram camufladas em doações eleitorais ao Diretório Nacional do Partido Progressista (PP). Na denúncia, a PGR sustenta que a atual cúpula do PP integrou uma organização criminosa para “arrecadar propina por meio da utilização de diversos órgãos públicos da administração pública direta e indireta”. As condutas teriam ocorrido entre 2009 e 2015


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BAIRROS AFUNDANDO

Solução deve demorar dois anos Serviço Geológico do Brasil revela locais que devem ser evacuados em caso de chuvas fortes BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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onvivendo com os constantes atrasos na divulgação de informações importantes sobre a região, moradores do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto, atingidos pelo afundamento dos bairros devem ficar mais dois anos sem respostas sobre a solução final para seus problemas, segundo documento divulgado esta semana pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). De acordo com especialistas que elaboraram o laudo oficial sobre as causas do afundamento do solo nos bairros, deverão “ser tomadas medidas de monitoramento desses processos, entre elas a interferometria, pelos próximos dois anos, ações de nivelamento topográfico e monitoramento sismológico para subsidiar a tomada de decisão quanto ao futuro uso e ocupação do bairro, além de medidas de engenharia para a consolidação e estabilização do bairro”. O Serviço Geológico do Brasil também divulgou o Mapa de Integração de Processos de Instabilidade do Terreno com informações cruciais para elaboração pelos órgãos municipais e es-

taduais de um novo Plano de Contingência e recomendou a evacuação temporária de algumas regiões caso o volume de chuva ultrapasse os 70 milímetros. Segundo o mapa, a maior região sujeita a uma evacuação fica entre o Hospital Sanatório e o Conjunto Divaldo Suruagy, no bairro do Pinheiro. Mutange Bebedouro e uma pequena região do Bom Parto também devem ser evacuados em decorrência do período chuvoso. “Remoção temporária ou permanente dos moradores considerando a previsão de chegada de chuvas intensas ou prolongadas e de acordo com a avaliação dos engenheiros da Defesa Civil estadual e municipal”, recomendam no documento. As chuvas que já começaram a atingir a capital preocupam os moradores afetados pelo afundamento, principalmente na região do Mutange, onde as encostas agravam a situação. “Meu telefone não para de tocar por causa das chuvas. Mesmo com o laudo, tudo continua do mesmo jeito que estava, sem nenhuma informação. O que nós esperamos é esse plano atualizado para saber o que realmente fazer”, desabafou na quarta, 22, o líder comunitário do Mutange, Arnaldo Manoel. Ao contrário do mapa de

Residências localizadas na região vermelha estão próximas às minas de extração de sal-gema e apresentam fissuras devido o afundamento do solo

feições atualizado até setembro do ano passado, as áreas classificadas como de graus Alto (vermelho), Médio (laranja) e Baixo (amarelo) foram reclassificadas como alto que passou a ser representado pela grade de cor preta. A nova área vermelha representa a região onde existem cavernas de extração de sal-gema. Os setores classificados anteriormente com o de grau baixo foram representados na cor amarela e a área verde agora significa a região que estará em constante monitoramento por parte de equipes da Defesa Civil Municipal. CONTINUA


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Região próxima à Casa de Saúde Miguel Couto está sendo invadida pelas águas da lagoa devido ao fenômeno de subsidiência

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mbora não apresente rachaduras nos imóveis, uma pequena região localizada entre o condomínio Bosque do Mundaú e a igreja Assembleia de Deus Eterno uma Missão, no bairro do Bebedouro, também passou a ser considerada com alto índice de afundamento. O local, segundo moradores passou a sofrer com a invasão da lagoa. “Foram observados no terreno afundamentos expressivos, como é o caso da Casa de Saúde Miguel Couto, localizado no bairro do Bebedouro e cujo terreno foi parcialmente invadido pela água da lagoa”, revela o relatório divulgado pelo Serviço Geológico. Moradora do condomínio, Sandra Aragão confirma a invasão das águas a depender da maré. “Quando a lagoa começa a encher a água invade a parte de trás de algumas casas. Foi colocado um muro de contenção, mas ele vai ser

reforçado”, afirmou. O Bosque do Mundaú está localizado em cima de duas minas de extração de sal-gema, e que, segundo especialistas, teriam se juntado. Apesar de ser considerada uma área crítica devido ao alto nível de subsidência, a evacuação do local por enquanto está descartada pela Defesa Civil Municipal e pelo Serviço Geológico do Brasil. Outro documento divulgado com base em monitoramentos realizados pela Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), por intermédio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), também revelou que desde o dia 1º de fevereiro de 2019, quando foram instaladas seis estações sismográficas no bairro Pinheiro, foram detectados até o momento seis eventos (sismos) abaixo da Lagoa Mundaú e também no subsolo do bairro do Pinheiro, com profundidade inferior a mil metros.


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POSSE LEGAL E INDENIZAÇÕES

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erviços essenciais para os atingidos, além de processos judiciais para decidir o futuro dos envolvidos no problema agora podem ter continuidade depois de quase 20 dias parados devido à demora na divulgação do documento. Exemplo disso é o programa Posse Legal, que regulariza gratuitamente a posse de imóveis das regiões afetadas, garantindo direitos aos moradores, como aluguel social e futuras indenizações. “Depende do mapa, mas também de recursos humanos, do apoio da Prefeitura e do Estado para conseguir atender a demanda”, informou o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), responsável pelo programa que

até o momento beneficiou 250 famílias apenas no bairro do Pinheiro. O Tribunal espera que nos próximos dias seja definida a quantidade trabalhadores a ser cedida pela Prefeitura de Maceió e o governo de Alagoas. Enquanto uma solução não é encontrada, o silêncio das ruas desertas e abandonadas por moradores dos conjuntos Divaldo Suruagy e Jardim Acácia, onde estão localizados os imóveis mais danificados, é quebrado pelo som dos equipamentos das obras que estão sendo realizadas pela Braskem, apontada como causadora dos problemas. A empresa realiza obras de melhorias na rede de drenagem, uma medida paliativa para os

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Condomínio Bosque do Mundáu, mesmo sem danos aparentes, está em área considerada crítica moradores que não sabem quando e se poderão voltar para suas casas ou o que fazer no caso de um incidente mais grave.

A Defesa Civil de Maceió informou na quarta que o Plano de Contingência atualizado com as informações do Serviço

Geológico - incluindo uma possível evacuação – anda estava sob avaliação dos órgãos responsáveis.


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AFUNDAMENTO DE BAIRROS

Em encontro realizado no Crea, o gerente da área de produção de cloro e mineração da empresa, Galileu Henrique, contestou os dados do Serviço Geológico do Brasil

Braskem rebate relatório da CPRM Mineradora alega haver inconsistências no estudo apresentado em audiência pública

SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

Apontada oficialmente como responsável pela instabilidade do solo nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro em Maceió, a mineradora Braskem afirma que o relatório divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais-CPRM) apresenta inconsistências. Em debate realizado no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL) na última segunda-feira, 20, a mineradora apontou quatro pontos que considerou incongruentes. Conforme o engenheiro químico e gerente de Produção da área de produção de cloro e mineração da Braskem,

Galileu Henrique, a suposta desestabilização de cavernas, a ausência de salmoura nas cavidades, a inexistência de relação entre o neotectonismo com os problema dos bairros e a negação de falha lístrica na região são os principais questionamentos quanto ao relatório síntese disponibilizado pela CPRM. Segundo ele, das oito cavernas analisadas, apenas uma não permite análise e seis delas tiveram aumento de volume coerente de acordo com a operação da época. Ainda segundo o engenheiro, a diminuição de volume de uma das cavernas foi decorrente de pelo menos dois fatores: um teste autorizado pelo Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) - de injeção de resíduo de perfura-

ção da Petrobras- , e o volume considerado no sonar inicial da análise, que considerou a soma do volume de duas cavidades, identificadas como 19 e 7. Outra questão levantada por Henrique foi sobre a in-

Sabe-se que para qualquer início de mineração é necessário um estudo, uma explicação, apresentação dos procedimentos e monitoramentos dos poços. Estranhei a CPRM não ter citado nenhum destes dados” OSWALDO ARAÚJO

Geólogo

formação obtida através do método audiomagnetotelúrico presente no relatório, a respeito de anomalias de alta resistividade em um dos poços perto da lagoa, ao invés de anomalias de condutividade (quando preenchidas com salmoura). “Na profundidade de 900 metros não haveria condutividade em regiões onde provavelmente em 2019 temos cavernas com salmoura. O topo da caverna da mina 27 se encontra abaixo da profundidade de 900 metros, a 922 metros. O que significa que a cavidade da mesma está toda abaixo da profundidade de 900 metros e portanto, nenhum efeito de condutividade seria visto num corte de 900 metros. O sonar de 2019 comprova que a cavidade está íntegra e cheia de salmoura

pois em cavidades vazias não haveriam imagens de sonar”, disse. De acordo com funcionário da mineradora, o que foi apresentado não é verídico. “Principalmente pela informação repassada. Realizamos sonar em 10 minas, como falado anteriormente e o sonar só pode ser realizado se tiver líquido dentro das cavidades. A técnica só é permitida com a presença de líquido, para que a propagação do som para bater na cavidade e volte. Este é um dos pontos. O outro é que especificamente nesta região que foram retiradas as informações, as cavidades dos poços estão abaixo de 900 metros, todos abaixo da lagoa. O método audiomagnetotelúrico não captaria resultados abaixo da lâmina d’água”.


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extra O terceiro tópico apontado pelo engenheiro é sobre a inexistência de relação do neotectonismo com os problemas do bairro. “O relatório da CPRM afirma que a energia sísmica liberada não teve intensidade suficiente para causar danos nas edificações. Mas temos exemplos de sismo no Rio Grande Norte e em Pernambuco, de 3.3 graus, que também causaram fissuras em casas e a afirmação da CPRM foi que sismos dessa magnitude não podem gerar este tipo de situação”, relata. A quarta e última colocação da mineradora foi apontar que ao negar a existência da falha lístrica na região do Pinheiro - fenômeno que se desenvolve à medida em que ocorre a sedimentação - o serviço geológico se baseou nos estudos de gravimetria que, segundo a Braskem, não seria o método adequado para determinação de falhas. O debate que reuniu engenheiros, conselheiros do Crea, representantes do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas, da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Alagoas (Sinduscon) e Defesa Civil Municipal contestou algumas das conclusões apresentadas no relatório que apontou a extração de sal-gema pela

mineradora como responsável pela instabilidade do solo nos bairros do Pinheiro, Bebedouro e Mutange, em Maceió. Além do engenheiro químico, conselheiros também se manifestaram. Para o engenheiro de minas e conselheiro do Crea, Wenner Glaucio, o relatório divulgado abriu margens para dúvidas. “Só analisaram os poços que estavam dentro de falhas. Apesar de o relatório ser apresentado como final, não vejo como conclusão de uma situação tão complexa”, considerou. De acordo com Osvaldo Araújo, suplente de conselheiro e geólogo, o relatório da CPRM em nenhum momento abordou os dados fornecidos pela Agência Nacional de Mineração (ANM), IMA e Braskem. No entanto, vale salientar que o IMA acusou a mineradora de mentir e/ou omitir dados sobre a área estudada. “Sabe-se que para qualquer início de mineração é necessário um estudo, uma explicação, apresentação dos procedimentos e monitoramentos dos poços. Estranhei a CPRM não ter citado nenhum destes dados”, disse Araújo. Procurada, a CPRM afirmou que não irá se manifestar a respeito das inconsistências apresentadas pela

Análise da CPRM sobre poços de sal-gema da Braskem teria sido equivocada mineradora por não estar presente na reunião e por acreditar que o relatório já foi apresentado. “A CPRM está tranquila em relação a isso pois tem

apoios do governo e acredita na responsabilidade e competência dos seus profissionais”, afirmou, através de sua assessoria de imprensa.


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BASTIDORES DO PODER

PSDB troca comando, mas Rui rejeita apoiar JHC e deve migrar para o DEM

Rodrigo Cunha assume legenda, mas quem manda é ex-governador Téo Vilela

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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passagem de comando do PSDB de Rui Palmeira para Rodrigo Cunha não foi tão pacífica como as fotos penduradas nas redes sociais e cheias de sorrisos entre ambos sugeriram. Mas está dentro do script tucano, levando em conta que quem manda na legenda em Alagoas é o ex-governador Teotonio Vilela Filho e o irmão, o usineiro Elias Vilela. O prefeito Rui é um estorvo nas atuais articulações do partido. Porque está em jogo a terceira geração dos Vilela, concentrada em Pedro, derrotado na disputa eleitoral mas primeiro suplente da coligação na Câmara Federal. E Pedro só pode ascender para a vaga de deputado federal se João Henrique Caldas (PSB) vencer as eleições para a Prefeitura de Maceió em 2020. Na renúncia de JHC, assume o primeiro suplente, que é o tucano. Rui Palmeira era um transtorno a mais por não apoiar JHC em nenhuma circunstância nas futuras eleições. E, de quebra, ele deve sair do PSDB e migrar para o DEM, facilitando uma linguagem única no ninho tucano para JHC ser prefeito de Maceió sem Rui nas tratativas. Assim, os planos do PSDB seguem o roteiro original: JHC disputando e vencendo as eleições de 2020; o senador Rodrigo Cunha disputando e vencendo o governo de Alagoas em 2022, renunciando ao Senado para empossar na vaga Eudócia Caldas, mãe de JHC e primeira suplente. Problema é que JHC, apesar de bom de voto para federal e mais votado na capital, não tem um grupo

JHC e Rodrigo Cunha: prováveis candidatos a prefeito e governador do Estado

político com estofo para se garantir na disputa, apesar do tempo de TV do PSB e do PSDB. E no meio deste caminho existem os Calheiros, com a máquina estadual nas mãos. A família discute apoiar o secretário de Infraestrutura e ex-ministro dos Transportes na era Michel Temer, Maurício Quintella, para a Prefeitura da capital. Quintella é um nome bastante palatável para Rui Palmeira. E, por incrível que possa parecer, o hoje prefeito da capital pode estar no mesmo palanque dos Calheiros daqui a dois anos, pedindo votos para o secretário de Renan Filho contra JHC.

Mas o ex-deputado federal que disputou o Senado e perdeu a votação, ainda tem de prestar contas com a Justiça: uma ação de improbidade administrativa derivadada Operação Gabiru. Quintella consta como um dos que se beneficiou em desvios de R$ 4,2 milhões quando era secretário Estadual de Educação. O processo está sobrestado no Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5). Quintella não está só nas alternativas. O procurador-Geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, é tratado como opção, assim como o deputado federal Marx Beltrão (PSD) e o secretário de Agricultura, Ronaldo Lessa (PDT).

Biu, Arthur Lira e Marcelo “Guerreiro” miram 2020 na capital

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or enquanto, Maurício Quintella é quem busca mais chances de disputar as eleições para a Prefeitura da capital e associa seu nome às grotas e ao programa do Governo Renan Filho que se transformou em vitrine da administração no primeiro mandato. Mas existe uma articulação que ganha visibilidade em Brasília para chegar a Alagoas. É o deputado federal Arthur Lira (PP), líder do Centrão com 150 deputados federais, pedra no sapato das votações que interessam ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) Lira filho, aliás, preocupa o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), por estar captando a atenção do líder do DEM na Câmara, Elmar Nascimento. Problema grande mesmo para Arthur é a ação que tramita contra ele e mais três integrantes do PP por organização criminosa, em esquema descoberto na Operação Lava na Petrobras. Esta semana, a Segunda Turma do STF adiou o julgamento. As acusações se baseiam em depoimentos do doleiro Alberto Yousseff e do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. “Tratase de uma tentativa de reciclagem de denúncia já analisada e já arquivada”, disse o advogado do deputado Pierpaolo Bottini. Exposto na vitrine nacional, Arthur Lira quer capitalizar apoios ao vice-prefeito Marcelo Palmeira, também do PP, para que ele cresça eleitoralmente. A fase de engorda inclui Marcelo empossado na Secretaria de Assistência Social mais a alteração do sobrenome por estratégia do marketing, de Palmeira para Guerreiro, referência ao espírito jovem do vice de Rui. Marcelo Palmeira reconhece o páreo duro para 2020. O atual vice turbina as aparições, e está responsável por apoiar os moradores dos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro - vitimas do afundamento do solo provocado pelas minas de sal-gema exploradas pela Braskem. O grupo político de Marcelo tem interesse em 2020: o ex-senador Benedito de Lira e Arthur Lira querem dominar o poder na capital, saindo dos bastidores. Enquanto isso, o PT insiste na candidatura do presidente estadual do partido, Ricardo Barbosa. A estratégia dos petistas é uma composição com o grupo do governador para abrir mão do nome. O PSOL articula o professor Basile Cristopoulos para prefeito e Cícero Albuquerque para vereador. Um cenário em construção. E com mais nomes para serem agregados nas eleições do próximo ano.


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PIONEIRA

Ex-presidente da OAB-AL vai representar a advocacia no Conselho Nacional do MP Entidade comemora indicação de Fernanda Marinela; “símbolo de luta e dedicação”, diz presidente Nivaldo Barbosa Jr. MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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pioneirismo na vida profissional da advogada Fernanda Marinela é marca registrada. Em 2016 foi eleita a primeira mulher a presidir a Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas. Esta semana, pela primeira vez, duas mulheres, Marinela (AL) e Sandra Krieger, (SC) foram eleitas para integrar o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Na ocasião, Marinela agradeceu a confiança da advocacia pela escolha, pela oportunidade de representar a OAB no CNMP. Embora reconheça que o caminho não terminou porque ainda terá que se submeter a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, para assim acontecer a nomeação pelo presidente da República, ela agradece a classe pela indicação. “De agora em diante é dar uma contribuição. É

reconhecer o trabalho que foi feito pelos colegas que nos antecederam lá no Conselho Nacional do Ministério Público e daqui pra frente é tentar avançar cada vez mais”, afirmou. A ex-presidente da OAB em Alagoas foi eleita na segunda-feira, 20, à vaga do CNMP com 25 votos dos 27 possíveis. Segundo ela, a ideia é conhecer a instituição, as comissões existentes para saber a que mais se adequa em sua experiencia profissional para que possa contribuir com o Ministério Público do País. “A ideia é que a gente consiga dar um pedacinho do direito administrativo, que é a minha atuação profissional, a minha experiência na advocacia, e dar essa contribuição junto ao Conselho”, garantiu. Para o presidente da OAB, Nivaldo Barbosa Jr., a indicação de Fernanda Marinela é motivo de comemoração para Alagoas. “Ma-

QUEM É FERNANDA MARINELA

Marinela comemora indicação e agradece apoio da categoria rinela orgulha a advocacia alagoana e brasileira. Como mulher, como profissional e como representante da Ordem, ela é um símbolo de luta e dedicação”, afirmou. Vale ressaltar que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) atua em prol do cidadão, executando

a fiscalização administrativa, financeira e disciplinar do Ministério Público no Brasil e de seus membros, respeitando a autonomia da instituição. O órgão foi criado em 2004 pela Emenda Constitucional nº 45 e teve sua instalação concluída em 2005.

Fernanda Marinela nasceu em Tanabi (SP). Aos 17 anos foi aprovada no vestibular da PUC São Paulo, mas em razão da distância e disponibilidade de morar na capital, optou em cursar Direito na Faculdade riopretense. Iniciou a atividade como advogada em um escritório na cidade de São José do Rio Preto durante um ano e meio, até decidir ir morar em São Paulo para fazer curso preparatório para concurso público. Mudou-se para Maceió para lecionar Direito Constitucional e paralelamente foi convidada a dar aulas em curso preparatório para concursos no Bureau Jurídico, onde conheceu seu marido, o também advogado Paulo Nicholas. Em 2005, escreveu seu primeiro livro pelas editoras JusPodivum e Impetus. Em 2009 publicou o livro Servidores Públicos. Atualmente seus livros são publicados pela Editora Saraiva. A advogada Fernanda Marinela é referência no direito administrativo. Em 2012 foi eleita conselheira federal da Ordem dos Advogados do Brasil pelo estado de Alagoas. Em 2013 tornou-se presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, permaneceu no cargo até 2015. Também fez parte da Comissão Nacional de Direito Administrativo e da Comissão Nacional de Ensino Jurídico do Conselho Federal da OAB. Em 2016 foi eleita primeira mulher presidente da seccional da OAB no estado de Alagoas.


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MOROSIDADE JUDICIAL

Alagoas lidera ranking de presos provisórios no De acordo com o CNJ, 67,43% dos encarcerados no estado estão à espera de julgamento MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

O

ranking de estados brasileiros com maior proporção de presos provisórios em relação ao total de detentos é liderado por Alagoas. Segundo dados do sistema Geopresídios, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 67,49% do total de presos do estado foram acusados de cometer um crime e estão atrás das grades aguardando um julgamento. A segunda colocação ficou com o estado do Ceará com 59,73%. O Distrito Federal vem na última colocação com 20,64%. De acordo informações do Sistema Prisional, Alagoas possui 793 presos em regime fechado, 341 em prisão domiciliar, 34 internos em cumprimento de medida de segurança, e 1642 provisórios. E conta com oito unidades prisionais com 1458 ofertadas. Porém, são 2596 presos, com deficit de 1152 vagas. A superlotação é um problema crônico nos presídios brasileiros. A média geral do país é de 69,3% acima da capacidade. Nos meses de março e abril desse ano, foram 704.395 presos para uma capacidade total de 415.960, um deficit de 288.435 vagas no País. Se contabilizar com os presos em regime aberto e os em carceragens da Polícia Civil, o número passa de 750 mil. Já os presos provisórios, que há um ano representavam 34,4% da massa carcerária, agora correspondem a 35,9%. Não existe apenas um culpado para o caos em que se transformou o sistema prisional brasileiro. Para tentar minimizar o problema, recentemente, por iniciativa da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, foi criado o comitê de Justiça. A meta é aproximar os mais diversos órgãos, como a Defensoria Pública, o Ministério Público, a polícia judiciária, o Poder Judiciário, a OAB, entre outros. Entre os principais objetivos do comitê está mudar o sistema prisional “caótico e desumano”, bem como o elevado número de prisões, injustificável para

quem convive em democracia. “A prisão preventiva é admitida pela Constituição Federal e pelo Código de Processo Penal, entretanto, tem se tornado regra, violando o princípio da presunção de inocência”, diz Leonardo de Moraes, secretáriogeral da OAB/AL. Ao acrescentar que o papel da OAB é fundamental na cobrança e atuação para a redução do número elevado de prisões, Moraes esclarece que em relação ao tempo do processo, é normal que aconteça uma certa morosidade e isso se dá porque o processo desde a fase da investigação até uma sentença, que eventualmente venha acontecer um recurso, ultrapassa fases que são mais demoradas. E justifica ao apontar que alguém quando é preso em flagrante é ouvido pela delegacia de polícia, e a depender do crime depende de uma perícia, depois os autos são enviados ao Ministério Público que poderá oferecer uma ação penal, pedir o arquivamento da investigação, ou novas investigações e diligencias. Caso ofereça ação penal, o processo vai passar por diversas fases. “Logo, é normal que haja uma certa lentidão na sua condução. Só que apesar disso, a constituição federal estabeleceu princípio a duração razoável do processo de modo que é normal que ele ultrapasse uma certa lentidão, mas não tão lento como aqueles casos que demoram anos para se encerrar, casos famosos que demoram 10, 12 anos para se encerrar. Portanto, é normal uma certa morosidade, mas dentro daquilo que se considera uma duração razoável a um processo ante suas fases e ante a complexidade que afeta a cada caso”, justificou o representante da OAB. Quanto à superlotação, ele argumenta que o mal acomete o estado de Alagoas. “Toda lógica do sistema foi feita para respeitar a presunção de inocência e na democracia para dar um super-valor à liberdade. Logo, a liberdade vai passar a ser a regra e a prisão como exceção. Baseada na presunção de inocência, enquanto durar o processo, ou seja, enquanto não houver uma sentença transitada

em julgado, presume-se o acusado como inocente, de forma que a sua prisão, por exemplo, uma prisão preventiva, só vai acontecer em casos excepcionais e de extrema e comprovada necessidade”, argumentou Moraes. Conforme ele, observando o percentual alagoano, onde mais de 67% de presos são decorrentes de prisão preventiva, se percebe que em Alagoas a ordem lógica é invertida. De modo que ao invés da prisão acontecer depois de uma condenação, ela acontece em forma de prisão preventiva. Confundindo, portanto, uma prisão preventiva - que é uma prisão cautelar -com a pena. “Pena e prisão preventiva não se confundem, mas esse percentual demonstra que a lógica aqui em Alagoas é invertida, de modo que a regra passou a ser a prisão e a exceção passou a ser a liberdade”, comparou. AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA Apesar da deficiência no sistema, Moraes disse que as audiências de custódia passaram a ser um grande avanço, pois muitas pessoas que ficavam presas

DEFICIT

De acordo informações do Sistema Prisional, Alagoas possui 793 presos em regime fechado, 341 em prisão domiciliar, 34 internos em cumprimento de medida de segurança, e 1642 provisórios. E conta com oito unidades prisionais com 1458 ofertadas. Porém, são 2596 presos, com déficit de 1152 vagas.

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o Brasil

iram a liberdade. Porém, recoue infelizmente esse percentué muito pequeno. prática, o Conselho Nacional ça foi que determinou a impleão das audiências de custódia. o feitas para que as pessoas presas em flagrante tenham idade de conversar com o juiz frente e justificar que sua prientiva é desnecessária e que o seja conduzido com o suspeito iormente o réu em liberdade. ão, ela serviu como um grande até para reconhecer que o sisteional como uma situação bem no Brasil como todo e especial do de Alagoas. Só que o que se é que falta uma mudança de dade. “É preciso que a autoudicial consiga absorver essa que a prisão ela vai passar a ção e a liberdade passará ser O que falta na verdade seria to maior à liberdade como restacando outras cautelares que er decretadas como monitora-

Gráfico aponta o estado de Alagoas na primeira colocação em presos provisórios no País / Arte: CNJ

mento eletrônico , pagamento de fiança, comparecimento mensal a juízo, justificativa sob suas atividades, ou seja, que todas as prisões sejam aplicadas e encarem a prisão como última e a mais extrema medida respeitando a liberdade como regra”, afirmou. Moraes garante que a OAB não tem feito vistas grossas para o problema. Prova disso, esclareceu, é que tem cobrado muito aos órgãos de persecução penal, como MP, Polícia e Poder Judiciário, que os números de prisões têm sido muito grandes. “As condições que existem nos presídios são as mais desumanas possíveis e os locais são insalubres, imundos, não se respeita a dignidade mínima do preso de forma reiterada e eles também não estão conseguindo acesso aos seus parentes que se encontram segregados. A CAB tem feito todo um trabalho para uma conscientização que a prisão é o pior lugar possível e só pode estar efetivamente preso quem foi condenado e quem durante o processo tenha sido comprovada uma efetiva necessidade justificada para que ele seja de forma excepcional preso preventivamente”.


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A Lei 13.819 e suas implicações

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governo Federal criou a Lei 13.819 de 26 de abril de 2019, que institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, a ser implementada pela União, em cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios “como estratégia permanente do poder público para a prevenção desses eventos e para o tratamento dos condicionantes a eles associados”.

O número de suicídios que ocorrem durante o ano, no mundo, chega a quase um milhão de pessoas, especialmente de jovens entre 17 a 25 anos. Também está crescendo o número de pessoas da terceira idade. São números alarmantes. O número de pessoas que praticam a autolesão ainda é desconhecido, mas sabe-se que a prática está mais para adolescentes, mas também pode ser uma prática de outros agravos mentais, como o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB).

... e suas implicações II

Não resta nenhuma dúvida de que a iniciativa de criar a lei é bastante louvável para nortear ações que possam reduzir os casos, especialmente de suicídios que, a cada dia vem crescendo e os motivos, agora, fogem de serem exclusivos para quem tem algum tipo de agravo mental. Qual estado ou município tem profissionais especializados e estrutura multiprofissional para se chegar a um estudo mais apurado para se planejar, melhor, as ações? Para que seja uma “estratégia permanente do poder público” é preciso estruturá-lo. Ação de prevenção não se começa hoje, tem que ter profissionais habilitados para realizar especialmente ações de prevenção de agravos como depressão, as tentativas de suicídio e também o comportamento de autolesão que têm origens multifatoriais. Parece, essas questões não foram levadas em consideração na lei.

...e suas implicações III

O que o governo federal está oferecendo, ao Distrito Federal, Estados e Municípios para que a lei seja cumprida a contento? O que os governos estaduais e municipais poderão fazer para colocar em prática ações que possam, efetivamente, trazer menos sofrimento psíquico para a população? Embora a lei determine que só vai entrar em vigor em 90 dias após promulgada, ou seja, em julho deste ano, é muito pouco tempo para se estruturar os três entes para salvaguardar o que preza o objetivo da lei.

...e suas implicações IV

Dentre outras coisas a lei determina, artigo 3º: I – promover a saúde mental; II - prevenir a violência autoprovocada; III - controlar os fatores determinantes e condicionantes da saúde mental; IV - garantir o acesso à atenção psicossocial das pessoas em sofrimento psíquico agudo ou crônico, especialmente daquelas com histórico de ideação suicida, automutilações e tentativa de suicídio; V - abordar adequadamente os familiares e as pessoas próximas das vítimas de suicídio e garantir-lhes assistência psicossocial.

Além de VI - informar e sensibilizar a sociedade sobre a importância e a relevância das lesões autoprovocadas como problemas de saúde pública passíveis de prevenção; VII - promover a articulação intersetorial para a prevenção do suicídio, envolvendo entidades de saúde, educação, comunicação, imprensa, polícia, entre outras; VIII - promover a notificação de eventos, o desenvolvimento e o aprimoramento de métodos de coleta e análise de dados sobre automutilações, tentativas de suicídio e suicídios consumados, envolvendo a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e os estabelecimentos de saúde e de medicina legal, para subsidiar a formulação de políticas e tomadas de decisão;

...e suas implicações V

E por último,IX - promover a educação permanente de gestores e de profissionais de saúde em todos os níveis de atenção quanto ao sofrimento psíquico e às lesões autoprovocadas.

Finalizando...

Será que em noventa dias dá para fazer ou colocar em prática tudo isso? Entre a lei e suas implicações tem muita, mas muita ação a ser discutida e não é nesse tempo que iremos reduzir o número de automutilação e nem o suicídio. A lei pode, por si só tornar-se automutilada, caso não se repense estratégias mais adequadas para lidar com os problemas que já são considerados de saúde pública mundial.

Autolesão

O comportamento da autolesão tem origem em vários fatores, os principais são a baixa autoestima, ansiedade, problemas de desestruturação familiar, bullying, abuso sexual infantil, entre outros. O comportamento está presente especialmente em meninas entre 12 a 17 anos. Alguns sinais comportamentais: isolamento social, timidez, inabilidade social e passam boa parte do tempo nos quartos, com frequência, além de vestirem roupas longas, para esconder as cicatrizes feitas com lâminas, facas, entes outras.

Paradoxo

Apesar de ferir o corpo, o comportamento da

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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Desafio O maior desafio do ser humano não é saber porque o conhecimento está na palma da mão; é colocar em prática o que sabe. (Arnaldo Santtos)

autolesão também se torna um “prazer”. A medida que há cortes, o próprio organismo libera endorfina, que ameniza a dor dando uma sensação de prazer. Na verdade, “troca-se” a dor física (menor) pela dor psíquica (maior). É uma espécie de redução de angústia, sem nome. A pessoa, muitas vezes, não quer nomear a dor psíquica.

Psicoterapia

Daí a importância da psicoterapia para investigar a real causa da angústia, que é uma depressão precoce por ser entre adolescentes. Quem pratica não quer aparecer e nem tem o intuito de praticar o suicídio e sim reduzir a dor.

Família

A família e os professores devem ficar atentos para os sinais que os adolescentes apresentam. É preciso acolher, escutar - sem julgamento - e encaminhar a um psicólogo. Quanto mais rápido encaminhar a profissional, menores serão as sequelas que poderão ter, desde uma síndrome do pânico, como cometer o suicídio. Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Atendimento virtual pelo site: www.vittude.com. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também na CLÍNICA HUMANUS: Rua Íris Alagoense 603, Farol, Maceió-AL. (82) 3025 4445 / (82) 3025 0788 / 9.9351-5851 Email: arnaldosanttos@uol.com.br arnaldosanttos.psicologo@gmail.com.

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IMPUNIDADE

Estupro no manicômio judiciário continua sem desfecho Agente penitenciário é acusado de estuprar detenta

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

P

restes a completar dois anos, o estupro da jovem Joyce Soares, 25, dentro do Centro Psiquiátrico Pedro Marinho Suruagy, em Maceió, ainda está sem desfecho. O acusado de cometer o crime é o agente penitenciário Hélio Henderson da Silva, que continua integrando a grade de servidores do Estado de Alagoas. Segundo o advogado da vítima, Cléber Brandão, Joyce não tem mais esperanças de que o caso resulte em punição. “Ela prestou depoimentos, acompanhei todo o trâmite, que está parado. Mas ela só quer esquecer o assunto. Já sofre demais pela morte do filho”, disse ao EXTRA. O que levou Joyce a ser internada no manicômio judiciário foi o suposto assassinato de Dyllan Taylor Soares, de 3 anos de idade. O ex-companheiro da jovem, Meydson Alysson da Silva Leão, teria espancado a criança até a morte. Ela foi acusada de ser conivente com a violência que resultou no falecimento do filho. O caso, que aconteceu no dia 21 de janeiro de

2016, no município de Arapiraca, chocou o estado. A mãe do garoto nega participação na morte do garoto e alega não ter ciência que o ex-companheiro era violento com o enteado. Em outubro de 2017, ambos foram soltos por decisão da Justiça. Conforme decisão do juiz Alfredo dos Santos Mesquita, a soltura ocorreu devido falhas burocráticas. À época, o magistrado explicou que os réus não foram levados pelo sistema penitenciário para as audiências de instrução e julgamento. Nem o sistema de videoconferência teria sido possível pela falta de colaboração do Estado. O fato foi agravado pela greve dos agentes penitenciários e pelo não comparecimento de testemunhas. Todo o imbróglio caracterizaria, ainda conforme Mesquita, “constrangimento ilegal na manutenção da prisão dos denunciados”. Em outubro do ano passado, Meydson voltou a ser preso depois de se envolver em um acidente de trânsito na cidade de Lagoa da Canoa. Policiais militares do 3º Batalhão (BPM) informaram que Meydson ti-

nha um mandado de prisão em aberto. Ele ainda foi autuado por porte ilegal de arma de fogo e porte ilegal de munições intactas. DESÍDIA Em fevereiro deste ano, a Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris) foi alvo de instauração de inquérito quanto à suposta “desídia ou prevaricação” no procedimento administrativo para apurar o caso de estupro. Através da 62ª Promotoria de Justiça da Capital, o Ministério Público de Alagoas (MP-AL) afirmou que até hoje o caso não foi concluído. As informações do inquérito de número 06.2019.00000150-7 estão protegidas com senha no site do órgão fiscalizador. A denúncia também tramita no Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistem Carcerário (GMF), do Tribunal de Justiça de Alagoas. Uma das últimas movimentações aconteceu há quase um ano, no dia 25 de julho de 2018. Na ocasião, o juiz coordenador do GMF/ TJ-AL, Josemir Pereira de Souza, pediu as infor-

Joyce ao lado do ex-companheiro Meydson e do filho Dyllan

mações colhidas no processo administrativo para efetivar as providências cabíveis e intimou a Seris a apresentar conclusões sobre a denúncia no prazo de cinco dias úteis. O magistrado repreendeu a Seris pelo fato de, transcorrido mais de um ano da ocorrência, não ter sido concluída a sindicância interna para apurar a denúncia da presa. O ESTUPRO O agente Hélio Henderson Silva teria abusado sexualmente da detenta Joyce Soares. Segundo informações da 2ª Delegacia de Defesa dos Direitos da Mulher, o inquérito foi enviado à Justiça. A chefe de serviço da Delegacia da Mulher, Zeina Oliveira, contou que durante interrogatório, o agente negou a acusação, embora as informações da época fossem de que câmeras de vigilância do manicômio teriam confirmado que o acusado esteve na cela de Joyce na noite do dia 14 de julho de 2017. As gravações teriam sido solicitadas pela Seris, à qual o centro psiquiátrico é vinculado. Na ocasião, ao ser questionado sobre o episódio, Hélio Henderson se limitou a responder que fazia ronda.

OUTRO LADO Por meio de sua assessoria de imprensa, a Seris afirmou que “preza pela legalidade e transparência em suas ações”. Afirmou que todas as medidas legais quanto à denúncia do estupro foram tomadas, como a abertura de sindicância e de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar o ocorrido. Acrescentou que após investigação realizada pela corregedoria da pasta, decidiu pela aplicação de penalidade ao agente penitenciário Hélio Henderson da Silva por infringir o art. 118, inciso da Lei nº 5.247/1991 (exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo), tendo encaminhado cópia do relatório final ao GMF. Não deu, contudo, detalhes do resultado final da investigação nem o tipo de penalidade aplicada. O TJ também foi acionado para mais detalhes do caso, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.


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Caso Braskem: incúria, omissões e cobranças

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bom profissional da saúde para obter um bom diagnóstico analisa em profundidade os dados fornecidos pelo paciente para proverlhe do tratamento adequado. Essa deveria ser também a atitude do político. Mas não é. Elegemos pessoas que (em sua quase totalidade) no poder se especializam em locupletarse dos mandatos em beneficio próprio, na arte de dissimular e, recorrentemente, “empurrar de barriga” os problemas de suas comunidades. Foi o que aconteceu no caso dos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro. O desastre anunciado tem sido o retrato fiel do descasamento entre o interesse público e a eterna verborragia política de autoridades. Que neste caso foi trocado por um silêncio sepulcral. Até onde puderam “nossos representantes” se mantiveram à margem do problema, fugindo como o diabo da cruz de qualquer envolvimento com o enorme, gravíssimo problema social, econômico e financeiro

que o desastre há muito anunciado vai trazer para Maceió e Alagoas. Aparvalhados e mal assessorados tecnicamente, se mantiveram até a undécima hora – a da apresentação do relatório da CPRM que implicou diretamente a Braskem no imbróglio – quase sempre em vergonhosa e, em alguns casos, suspeitíssima negação. Louve-se a atuação proativa do Ministério Público Federal e Estadual (embora haja fortes reações internas e externas contrárias a esta louvável atitude), do senador Rodrigo Cunha que rasgou o véu do caviloso e matreiro silêncio político e da inoperância estatal para trazer à tona a bombástica informação do CPRM em relação à gravidade do problema, a movimentação do prefeito Rui Palmeira e a atuação positiva do vereador Francisco Sales. Mas certamente o maior mérito e coragem (imagino as pressões que sofreram – e devem estar sofrendo – nos

bastidores) é dos técnicos da CPRM, sem o que, mais uma vez esse estado seria engabelado por relatórios fantasiosos da empresa acusada e pela conivência malsã de muita gente desse estado. Foram essas pessoas que desvelaram o novelo de meias verdades e grandes mentiras que vinham pautando a condução do problema localmente. Esperamos que continuem nesse rumo. Não conheço nenhum deles. Esse reconhecimento é porque sei o quão é difícil nessa terra de coronéis e sesmarias se ir além do que lhes foi “reservado” pelos senhores feudais locais. À distância, torço para que avancem nas medidas coercitivas a todos que falharam ao longo do tempo em suas responsabilidades (e não apenas à Braskem). Mas também pelo melhor encaminhamento de solução para os cidadãos atingidos pela incúria de uns e a volúpia de outros (embora não creia que a Braskem vá facilitar a vida deles).

Torcedor e dirigente

C

erta feita, estava assistindo a um jogo do CSA, sentado nas grandes arquibancadas, reduto de nossa torcida. Era o clássico maior: CSA x CRB. Minha postura durante a maior parte do jogo fez um vizinho perguntar por qual time torcia. Parece estar contando piada, mas além de azulino, àquela época, em 1973, respondia pelo cargo maior de nosso clube. Disse-lhe: sou torcedor e presidente do CSA. Jovem, tinha 29 anos, ali calado, sem externar essas duas qualidades de azulino e presidente, levaram o torcedor a indagar: “Mas você não torce?” Expliquei que era muito difícil, na maioria das vezes, um dirigente ser

um torcedor. Acabara de assumir o CSA com uma infinidade de débitos, que só poderiam ser sanados com rendas de jogos, e tinha me posicionado naquele lado para ter uma visão maior do estádio e imaginar a renda do jogo. Expliquei que havia uma tênue separação entre o torcedor e o dirigente. As vitórias, por exemplo, podem até ser propagadas pela imprensa e curtidas pela torcida, mas para o dirigente elas são efêmeras, pois ele já está pensando na próxima, e na próxima... E principalmente como montar e manter o plantel. O meu relato é motivado pela reação que a torcida teve à decisão da atual direção azulina de

ELIAS

FRAGOSO n Economista

Torço também para Maceió que convive há décadas com uma bomba altamente letal dentro do seu conglomerado urbano ameaçando diretamente mais de meio milhão de vidas no caso de acidente de grandes proporções. Refiro-me à localização da Braskem no Pontal da Barra. É preciso cassar as licenças de funcionamento da empresa naquela localidade. E o momento é esse. Existem outros locais onde ela poderá funcionar sem ameaçar pessoas. Os políticos não podem novamente sobrepor seus interesses aos de um milhão de pessoas. Nas próximas eleições isso deve ser cobrado dos que forem mais uma vez lenientes.

É preciso cassar as licenças de funcionamento da empresa naquela localidade. E o momento é esse. Existem outros locais onde ela poderá funcionar sem ameaçar pessoas. Os políticos não podem novamente sobrepor seus interesses aos de um milhão de pessoas.

JOSÉ MAURÍCIO vender o mando de campo, no jogo contra o Flamengo. Se por um lado a torcida queria ter a oportunidade de ver o Flamengo atuando no Trapichão, por outro nosso estádio, encolhido em sua capacidade de abrigar mais torcedores, não correspondia ao que o clube iria auferir na venda do mando. E ele precisa contratar mais craques, sem esquecer que a probabilidade de uma vitória do CSA seria pequena. Por coincidência, naquele mesmo ano de 1973, com as dificuldades financeiras que já citei, resolvi convidar o CRB para disputar em campo o campeonato de 1971, que estava sub judice. Para alguns, ganha-

BRÊDA n Economista

ríamos na justiça, mas a dúvida e o tempo subsistiam. O CRB aceitou e jogamos uma melhor de três, de onde saímos vencedores. Foi uma das maiores comemorações de campeonato, mas antes do feito, a torcida taxou-me de venal em panfletos espalhados pela cidade.

Enquanto o torcedor é entusiasmo e muito amor pelo seu clube, o gestor tem, por obrigação, que ser, além disso, estrategista para que possa dar a alegria e os títulos que a torcida espera e, como sócio contribuinte, exige.


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Um Brasil que preocupa

A

imagem que eu fazia do Brasil, após as eleições, é que teríamos dias de ordem e progresso, como está escrito na nossa bandeira nacional. Mas, lamentavelmente, não é isso que estou vendo. Como em toda democracia, existem aqueles que estão de um lado e os que estão do outro lado, senão, não seria democracia. Como definição, a palavra democracia “nasceu na Grécia, especificamente na cidade-estado de Atenas, no período clássico, sendo composta pelos radicais ‘demos’ e ‘kratos’, que significam, respectivamente: ‘povo’ e ‘governo’. Em linhas gerais, a democracia é definida, desde a antiga Grécia, como ‘governo do povo’, ou “governo popular”, em contraposição a outras formas de governo, que também remontam à Idade Antiga, como a aristocracia, a monarquia, a diarquia, a tirania, a oligarquia, entre outros”. Entretanto, quando pensamos em democracia no mundo contemporâneo, algumas nuances devem ser feitas. Está escrito: “Na demo-

cracia moderna, tal como se concebe, hoje, isto é, pautada em ordenamentos jurídicos e instituições políticas sólidas, que representam os três poderes (Executivo, Judiciário e Legislativo), só se tornou possível após a derrocada do Antigo Regime Absolutista, na transição do século XVIII para o século XIX. Com a Revolução Francesa e, depois, a Era Napoleônica, surgiram na Europa alguns dos alicerces do que viria a ser o nosso modelo de regime democrático: a formação de grandes centros populacionais, em virtude da Revolução Industrial; a noção de povo associada a uma nação; a soberania política da nação passou a ser vinculada a esse povo, e não mais ao rei; e a instituição do voto, ou sufrágio universal, como parte do sistema representativo direto”, que é o nosso caso e de muitos outros países. Mas, deixando de lado as definições sobre democracia, pois o assunto é bastante intenso nas discussões e deixo isso para os professores e historiadores Douglas Apratto, Ál-

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varo Queiroz e Claudio Jorge, só para citar alguns, vamos ao que interessa sobre a minha preocupação. Problemas já tivemos de sobra nos últimos anos, inclusive com ameaças de toda ordem, até a eleição de Jair Messias Bolsonaro para a Presidência do Brasil. Imaginei que, após o resultado do pleito e o início do novo governo, tudo se acalmaria e o país passaria a viver em função de um novo modelo de gestão, com menor apadrinhamento da classe política e mais ação de resultado para seu povo. Mas, verdadeiramente, não é isso que estamos vendo nos últimos meses ou dias, especialmente. Continuamos com um Brasil dividido. Quem votou no Bolsonaro, continua Bolsonaro, mas ficando preocupado com os rumos das coisas. Quem votou contra, continua, radicalmente, contra. Nas redes sociais, os áudios e vídeos que circulam são de assustar. Alguns falam em uma intervenção mais dura das Forças Armadas, para assumir de vez o comando, com o povo indo às ruas, inclusive, outra

Q

da Silveira, psiquiatra alagoana que acabou com o eletrochoque e investiu na terapia ocupacional? Sandra Farrapeira, uma jogadora de voleibol de nosso estado, chegou à seleção brasileira, campeã mundial. Débora Diniz, antropóloga, pesquisadora no ramo da ciência biológica, reconhecida nacionalmente pela Revista Veja no ano passado. Martha, filha de Dois Riachos, atleta de futebol feminino, eleita pela 6ª vez a melhor do mundo. A filha do Bernardino Souto Maior, Márcia, é cardiologista infantil em Fortaleza; famosa, competente e muito procurada. Nós, alagoanos, cometemos um grande pecado: não valorizamos a prata da casa. Elas, as mulheres brilhantes, precisam sair da terra natal para serem reconhecidas. Quando começou o ano de 2003, um neto tinha um sério problema: não queria comer. Não crescia, estava abaixo do peso. Encontramos uma médica em Recife, endocrinologista infantil, especialista no assunto. Ligamos para Dra. Dora Voss e descobrimos que era alagoana. Atendeu-nos de pronto e diagnosticou: falta de educação alimentar. Seguimos seus conselhos e

JORGE

MORAES n Jornalista

vez, os caminhoneiros juntos. Ao mesmo tempo, o próprio governo vem contribuindo com essa minha preocupação. O presidente Bolsonaro não larga as redes sociais e não para de falar absurdos e na hora errada. Isso inflama ainda mais. Não quero ver, novamente, o povo nas ruas. Quero, como diz a democracia, um Brasil “pautado em ordenamentos jurídicos e instituições políticas sólidas e que representem muito bem os três poderes”. É isso que espero.

Continuamos com um Brasil dividido. Quem votou no Bolsonaro, continua Bolsonaro, mas ficando preocupado com os rumos das coisas. Quem votou contra, continua, radicalmente, contra. Nas redes sociais, os áudios e vídeos que circulam são de assustar.

ALARI ROMARIZ

Vamos falar de coisas boas? uando minha filha mais velha tinha quatro anos, em 1968, morávamos na Vila Militar em Maceió, e uma vizinha, amiga, alfabetizava as crianças em inglês. Ela começou a frequentar as aulas e a professora me disse: “Cuide dela; ela vai longe”. E fomos investindo na moreninha que, quando nasceu, nossa tia Maria avisou: “Que barriga suja: ela vai ficar escurinha”. Estudou, fez Direito, casou e foi morar no sertão de Pernambuco. Passou de primeira no concurso de promotora pública. Atuou na área do crime e depois na de Meio Ambiente. Chefiou durante anos o Ministério Público da Comarca de Petrolina e finalmente se aposentou em 2018. Já vinha trabalhando com Economia Circular há uns dez anos. Finalmente, está sendo reconhecida e hoje se encontra em Paris, representando o Brasil no assunto a que se dedicou. Sou mãe coruja, curto o sucesso dos meus filhos e adoro falar dos quatro. Mas Alagoas é terra de mulheres inteligentes, que se destacam lá fora. Quem não se lembra de Nise

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Cadu hoje é estudante de Medicina. Existe uma médica alagoana que se estabeleceu no Rio de Janeiro, especializou-se em endocrinologia e se destacou por lá. Levei uma filha minha para ela e fui muito bem atendida. É a Dra. Tânia Pereira, desconhecida por aqui. Outro belo exemplo de alagoana que se destacou no Rio de Janeiro foi a professora Luithgard de Oliveira Cavalcanti. Menina do interior do estado, aluna do Instituto de Educação nos anos 50, socióloga, reconhecida no exterior, vem aqui periodicamente fazer palestras. Quando cito nomes, tenho medo de me esquecer de alguém, mas são muitas as conterrâneas que se destacam lá fora, em todas as áreas. É o resultado do investimento na criança e no adolescente. Se o nosso ensino público não estivesse tão fraco, teríamos resultados ainda melhores. É preciso investir no básico para nossas meninas brilharem mais. Trabalhei em Pernambuco durante doze anos e lá encontrei várias alagoanas ilustres. Na época de nossa juventude não existiam tantos cursos superiores em Maceió e as jovens iam estudar em Recife,

TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

quando os pais podiam. Daí, corriam para lugares maiores. Este artigo é um alerta para os pais jovens: invistam em suas filhas, acreditem nelas, sejam exigentes com os boletins. Vai valer a pena no futuro. Lembro-me de um encontro dos membros do Ministério Público pernambucano, quando escutei no banheiro duas colegas de minha filha dizendo: “Ela vai se perder no sertão do estado”. Ao que respondi de imediato: “Nem pensem nisso; ela levará a caatinga bem longe”. Pois bem, a Economia Circular do interior nordestino está em Paris, na França, defendida por uma alagoana radicada em Pernambuco. Viva a mulher alagoana!

Quando cito nomes, tenho medo de me esquecer de alguém, mas são muitas as conterrâneas que se destacam lá fora, em todas as áreas. É o resultado do investimento na criança e no adolescente.


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José, para onde?

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esde sua posse em 1º de janeiro até agora, podemos dizer que a gestão do Governo Bolsonaro teve, de efetivo exercício, cerca de dois meses. Entre procedimentos cirúrgicos e a instalação do Congresso que deu-se em fevereiro, podemos dizer que grande parte do início do seu mandato foi ali consumido pela paralisia natural que tais fatos ensejaram. No entanto, nunca se viu um presidente em início de mandato ser tão fustigado por todas as forças insatisfeitas com sua ascensão e tão prejudicado pelos próprios membros ou componentes de governo. Com exceção de uns poucos ministros, o que vimos até agora foi um governo com dificuldades de progredir em razão do embaraço de suas próprias pernas. Por outro lado, ressalta de tudo alguns fatos que até então estavam encobertos, quer seja pelo calor das

eleições, quer seja pela expectativa de mudanças que prometia. Em primeiro lugar e acima de tudo, ressalta a verdade de que a nação e suas cabeças pensantes jamais entenderam que o simbolismo do cargo de presidente da República não corresponde à concretude de poder. Estão todos, só agora, vendo que a legitimação das urnas não corresponde a uma imediata legitimação de poder. Por não ter uma base de militância atuante e estável. Por não possuir quadros sintonizados administrativamente, prontos para tocar a burocracia estatal. Por não ter uma base política estável e madura no Congresso, afiada com o discurso do Executivo, pronta e em sintonia fina para implementar as mudanças que o momento exige. Por ter apenas um bando desarticulado de legisladores eleitos. Por tudo isso e

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ISAAC SANDES mais, pelos problemas advindos das interferências domésticas, é que o novo governo tem deixado seu flanco aberto e vulnerável ao ataque de inimigos que muitos até julgavam moribundos políticos. A savana política não difere muito da savana africana quando o assunto é o ataque aos incautos ou àqueles que demonstram alguma deficiência ou fraqueza. O exemplo disso é a formação de um grupo que não sabia sequer a força que tinha, e que passou a se sentir forte, a achacar o governo e ter a pretensão de ser um pseudogoverno paralelo, represando e manipulando, com sua conduta, toda a expectativa de uma nação. Nunca o dito popular “morre o cavalo para o bem dos urubus” foi tão atual e verdadeiro, pois a continuarem os recuos do governo, chegará o momento em que ele dará com as costas nas cordas, restando aos atacantes apenas lhe aplicar o golpe

DIAS n Promotor de Justiça

de misericórdia. Sem o respaldo de tudo quanto enumeramos acima, e acossado pelas hienas da savana política, resta apenas ao nosso bem-intencionado presidente o socorro da cavalaria ligeira, representado pelo povo que, articuladamente ou não, vai às ruas nesse próximo domingo tentar mostrar aos oportunistas de plantão que não pretende ver frustradas as esperanças nos novos tempos que sucederiam às eleições e aos resultados das urnas.

Com exceção de uns poucos ministros, o que vimos até agora foi um governo com dificuldades de progredir em razão do embaraço de suas próprias pernas.

PAULO

Não desista

NICHOLAS

A

coisa mais difícil que eu já fiz foi CRER que eu poderia fazer coisas e alcançar objetivos que nunca achava que conseguiria. Mas existem horas que precisamos olhar pra dentro e decidir: “Eu estou no comando do meu destino” ou, como no poema invictus “Eu sou o capitão da minha alma, eu sou o capitão do meu destino”. Momentos em que entendemos que a hora de sonhar já passou e que agora é o momento de realizar, de fazer acontecer. E este momento é hoje! Agora é a hora de construir seu sonho, de saber o que realmente quer e correr atrás como se a sua vida dependesse disso! Podemos e devemos decidir ter o comando do nosso destino e começar a realmente viver nosso sonho! Independente da idade, do credo, da condição física ou social. Me leia com ATENÇÃO: insista, persista, não desista, e: Quando você chegar ao ponto em que diz CHEGA; Quando você chegar ao ponto de cair de joelhos; Quando chegar no ponto em que

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n Advogado e escritor

acha que não consegue mais seguir em frente; Quando você chegar neste ponto e insistir, persistir e não desistir, posso afirmar: as portas vão se abrir pra você, as oportunidades vão aparecer. Mas o que você não pode fazer é desistir durante este processo. Você não pode desistir porque acha que está longe, você pode persistir!!!

Vencedores continuam em frente, mesmo quando acham que não têm mais nada pra dar. Essa é a diferença pra quem faz sucesso. Quando você acha que não pode mais Quando você está cansada Quando você está frustrada Quando você acha que vai desistir

Quando você acha que deu sua última tentativa É justamente aí que a coisa começa!!! Quando você achar que está no fundo do poço, quando você achar que não tem mais forças, quando todos em sua volta imaginarem que não sobrou mais nada… ESSA É A HORA DO SHOW!!! É quando você acha uma saída num beco sem saída. Quando você toma mais um fôlego que não existia. Quando você encontra energias que nem você sabia que tinha e vence! Quando você tem um sonho e se propõe a tornar realidade, mas tá desanimado, eu te pergunto: Vai desistir logo agora?

Tem gente que costuma dizer que são essas horas que separam os homens dos meninos. Prefiro dizer que são as horas do EU, momentos em que a verdadeira personalidade aflora.


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Republicanismo e fisiologismo

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esde a adolescência travo uma batalha intelectual com os conceitos de esquerda e direita, abstraindo-me naturalmente do sentido originário que remetia ao lado dos assentos no parlamento. Hoje esquerda entende-se composta por aqueles que votarão sempre contra o governo; direita, no sentido diametralmente oposto, tudo que vem do governo é sempre bom e merece aprovação. Nessas condições, a esquerda adotaria a frase anarquista “Hay gobierno? Se hay soy contra”, enquanto que a direita teria sempre na ponta da língua o “amém” da concordância com tudo. Talvez idealisticamente sempre pensei que uma oposição é necessária à democracia, da mesma forma que o apoiamento ao governo é garantia de sustentabilidade mesmo. Também idealisticamente ainda penso que ambos, oposição e situação, hão de ser sempre críticas. Para mim, é desta forma que devem compor-

tar-se esquerda e direita, ambas empenhadas no bem comum e na vigilância republicana. A palavra república (do latim: res=coisa; publica=comum do povo, ou simplesmente pública) tem sido estudada por séculos desde Platão, Aristóteles e Cícero, sem destoarem do sentido etimológico, mas contribuindo cada vez mais com riquezas interpretativas. O senso comum, sem necessidade de aprofundar-se no sentido filosófico do termo, tem entendido, após Abraham Lincoln, ser a república o governo do povo, para o povo e pelo povo, ou seja, os governantes de quaisquer esferas são meros mandatários e como tal têm dever de defender os interesses da sociedade civil. Simples assim, e tal conceito vem ao encontro daquele meu entendimento sobre situação e oposição. O conceito de república hoje está associado a dois outros: republicanismo e fisiologismo. Lamentavelmente temos visto

CLÁUDIO crescer entre nós o fisiologismo, ou seja, a defesa pelos governantes de seus próprios interesses, alheios àquilo que interessa aos mandantes da relação, isto é, o povo. O presidente Jair Bolsonaro propôs-se, na campanha, realizar o poder sem ceder ao proverbial fisiologismo dos políticos. A primeira boa medida nesse sentido era reduzir o excesso de ministérios, fixando-os em quinze, o que diminuiria o apetite dos partidos. Antes de iniciar o governo, Bolsonaro já cedia ao fisiologismo que prometeu combater, aumentando o limite para os atuais vinte e dois ministérios. Mais cargos e mais verbas para as negociações. Naquele pré-governo também dizia preencher os cargos com pessoas técnicas, sem qualquer cessão aos interesses dos políticos. Exceto alguns ministérios, ficou apenas na intenção, tornando-se refém do fisiologismo, a princípio discretamente, hoje escancara-

VIEIRA

n Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

damente, em busca de apoios parlamentares. Nesse cadinho, chego à conclusão que aqueles conceitos meus sobre a atuação republicana de direita e esquerda – situação e oposição – são apenas um ideal de adolescente e de eleitor. Ao contrário, a situação é sempre voraz por cargos que assegurem a sua fidelidade ao governo; a oposição apenas magoada por não participar do bolo, mas louquinha para ser convidada ao convescote. Em ambos os casos, fisiologismo puro.

Lamentavelmente temos visto crescer entre nós o fisiologismo, ou seja, a defesa pelos governantes de seus próprios interesses, alheios àquilo que interessa aos mandantes da relação, isto é, o povo.


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HOTLAP

Alagoano é destaque em competições de automobilismo amador Com carro de rua, Leonardo Malta conquistou 1º lugar em competição disputada em Pernambuco

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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om pouco mais de 15 anos de existência, uma nova categoria de automobilismo começa a conquistar o coração dos apaixonados por velocidade. O Hotlap, que consiste em percorrer um kartódromo

usando carros de rua em um menor tempo possível, está se tornando aos poucos, uma das principais categorias amadoras do Brasil, e Alagoas já possui um representante de peso nas competições regionais. Com uma curta carreira, Leonardo Malta, 20, disputou apenas três competições, se desta-

cando em todas, porém seu maior êxito foi na última, disputada no dia 18 deste mês, em Recife, quando ficou em primeiro lugar na categoria de carros com motor entre 1.4 e 1.8. O esporte que está chamando a atenção dos aficionados por automobilismo não exige veículos superes-

Leonardo Malta pretende se aperfeiçoar no HotLap para só depois pensar em mudar para uma categoria profissional

portivos e preparados para potências astronômicas, nem ao menos um conjunto que se adeque a isso; basta apenas ter amor pela velocidade. O representante alagoano, embora tenha vencido em sua categoria, conquistou o tempo de 52.798 segundos, sendo considerado o melhor tempo entre competidores das categorias I, II e III para carros com motores 1.3, 1.4 a 1.8 e 1.9 a 2.5 respectivamente. Na competição geral, incluindo o tempo de todos os 24 competidores, Leonardo conquistou a quarta posição. A vontade de disputar corridas surgiu enquanto jogava videogame e se transformou em algo real. “Comecei a gos-

tar do esporte através de jogos, participando de corridas online em simuladores de corrida e decidi que queria trazer isso para a vida real. Descobri que existiam estas competições pelo Nordeste. Corri duas vezes na Paraíba e neste final de semana em Recife consegui ganhar o troféu”, revela o jovem estudante de Engenharia Civil. Vários entusiastas veem no HotLap uma forma de iniciar a carreira, como explica Leonardo. “São provas amadoras. A primeira corrida de muitos é nessas competições. Categorias mais altas não representam necessariamente algo mais importante, apenas divide os carros por potência para deixar a corrida mais acirrada”, explica. Um dos diferenciais do esporte é o baixo custo, pois não exige grandes investimentos financeiros. Para os interessados em sentir a emoção de entrar em um kartódromo o piloto explica os custos envolvidos na competição. “Quando você vai com carro voltado para vencer e fazer o menor tempo, o custo acaba sendo maior, pois é necessário trocar óleo, pneus, entre outros itens. Mas tem pessoas que correm pela primeira vez ou porque apenas gostam e usam seus carros com peças originais de fábrica e isso tem o custo de uma manutenção normal de um carro”, explica. Sobre o futuro em uma possível competição profissional, Leonardo, que começou sua carreira usando um carro emprestado de um amigo, diz que não pretende mudar de categoria, mas que vai continuar aprimorando seu próprio carro. Em relação às premiações, não é entregue uma quantia em dinheiro, troféus são distribuídos aos vencedores de cada categoria. A próxima competição do alagoano vai ser na Paraíba, no dia 17 de agosto no Kartódromo Paladino.


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Mercado de investimentos

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investidor conservador agora tem mais uma opção para diversificar seus investimentos. O Itaú Unibanco anunciou o início das negociações de sua versão do produto em parceria com o Tesouro Nacional. Sigla para Exchange Traded Funds, o ETF é um fundo de índice negociado em bolsa composto por uma cesta de ativos, no caso em questão, títulos públicos. Ele permite ao investidor replicar o desempenho de um índice de renda fixa ou variável sem precisar aplicar individualmente em cada papel, diversificando seu portfólio com uma única operação.

Minoria

parcela é de 30,3%.

Falando em investimentos, o número de investidoras mulheres não chega a 30% no Brasil, embora sejam 51% da população. Essa participação mais baixa das mulheres está presente nos investimentos em Bolsa. dados da Bolsa de Valores oficial do país mostram que o público feminino representa apenas 21,75% das pessoas físicas que compram ações. No caso do Tesouro Direto, a

Comprando da China O AliExpress, site de comércio eletrônico chinês pertencente ao grupo Alibaba, agora opera com uma nova modalidade de serviço para reduzir o tempo de entregas para o Brasil para menos de um mês - atualmente, as entregas podem levar entre 30 e 60 dias para chegar ao País. A empresa revelou o AliExpress Premium Shipping, que deve fazer o tempo de entregas cair para entre 22 e 28 dias. O novo programa é possível após uma parceria entre a AliExpress e a Cainiao Network, o braço logístico do Alibaba. A encomenda no Premium será rastreável mesmo dentro do Brasil e, segundo as empresas, proporcionará aos usuários economia de até 59% no custo de envio.

ECONOMIA EM PAUTA n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Desconto no usado

O Magazine Luiza começou mais uma campanha que quer ser “uma das maiores ações de vendas de smartphones da história”, de acordo com a própria varejista. Clientes que levarem smartphones usados poderão deduzir até R$ 2.500 do valor de compra de um aparelho novo nas 959 lojas ou no e-commerce. Lojas alagoanas também estão participando da promoção. O valor do desconto nos smartphones será calculado pelas características do aparelho usado e do modelo novo escolhido. De acordo com a empresa, o abatimento no valor final chega a passar de R$ 2.500.


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TEMÓTEO

CORREIA

NO PAÍS DAS ALAGOAS

n Ex-deputado estadual

Mistérios da política Amigo de infância e adolescência do ex-deputado federal Augusto Farias, o juiz de Direito Jerônimo Roberto costumava frequentar seu escritório político, fato que ocorria mais por um saudosismo que propriamente por gostar de política. Certo dia, presenciou um acontecido que, além de emblemático, marcou indelevelmente a sua memória. Apareceu um cabo eleitoral da cidade de Satuba-AL, querendo falar com Augusto que, ao tomar conhecimento, inquietou-se e, não se contendo, desabafou: - Não é possível! Eita atividade miserável! Eu ainda saio disso, Jerônimo. Você não pode nem conversar com um

amigo, que aparece um ladrão desse para incomodar. Esse vigarista me roubou descaradamente na campanha eleitoral passada. Levou uma grande quantidade de material esportivo e, ao invés de distribuir

com os times, soube que andou vendendo. Eu posso perdoar um fdp desse, Jerônimo? -Se foi assim, é claro que não! Dr. Jerônimo, entretanto, percebeu que após aquele

pico de estresse, começaram a conversar amenidades, e o amigo deputado se acalmou e comentou: - Aqui a arte de engolir sapo virou rotina. Eu vou receber esse canalha. Pediu a secretária: - Mande-o entrar! Diante do que presenciara, Dr. Jerônimo achou por bem não permanecer no recinto e disse: - Eu vou sair, Augusto. - Não, pode ficar. Não tem problema, não! Dr. Jerônimo contou que ficou, porém, bastante tenso e tomado por um certo desconforto pelo que poderia acontecer ali, naquele momento. Quando o cabo eleitoral en-

trou, Augusto abriu os braços e bradou: - Zequinha, quer me matar de saudade, seu filho da mãe! Como vai a nossa Satuba? Quer derrotar o seu amigo? A conversa entre os dois foi amistosa e calorosa. Ao final, Augusto indagou: - O que você está precisando? Material esportivo? Ajuda financeira? Estou aqui para resolver seus problemas. Aqui, você manda. Dr. Jerônimo Roberto ficou pasmo, embasbacado, saiu à francesa e, posteriormente, confessaria a amigos: - A política é outro mundo! Não daria para mim.


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Meandros de segurança

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s brasileiros dão mais importância a alguns recursos de conectividade do que motoristas de alguns outros países, conforme pesquisa comparativa feita pela operadora Telefônica, na Europa. Um exemplo: 30% dos brasileiros estão interessados em acessar as mídias sociais em automóveis contra apenas 9% no Reino Unido. No entanto, conectividade está intimamente ligada à segurança e esses dois temas levaram a AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva) a organizar um seminário semana passada em São Paulo (SP). Quando se trata do conceito mais amplo de Sistemas Avançados de Assistência ao Motorista (ADAS, na sigla em inglês) o viés de segurança se impõe. De acordo com a Bright Consulting, há diferentes taxas de aplicação dos sistemas ADAS. Controle Eletrônico de Estabilidade (ESC, em inglês) e câmera de ré estão em 40% e 35%, respectivamente, dos veículos vendidos no Brasil e em 100% dos comercializados nos EUA. No máximo 2% dos carros novos emplacados aqui vêm com detector de fadiga, assistente de manutenção de faixa e frenagem autônoma de emergência (AEB, em inglês). Na Europa a taxa de aplicação já supera 50% e os três itens estarão em 100%, obrigatoriamente, em 2021. As regulamentações no Brasil estão avançando e os cronogramas de adoção são mais lentos, basicamente pelo custo elevado das diferentes tecnologias e a necessidades de adaptações às condições de uso bastante severas no Brasil. Entre os dispositivos citados o AEB reúne maior potencial de aumento da segurança viária por diminuir atropelamentos (ou a sua severidade) e até 40% das colisões em baixa e média velocidades (contra carros estacionados, em movimento ou parados, além de obstáculos fixos). Todos são fruto de distração, imprudência, negligência e algumas vezes de inabilidade ao volante. Nos debates chamou-se atenção para o desenvolvimento de protocolos que levem em conta como os motoristas interagem com os sistemas de assistência e percebem as limitações. Os níveis de autonomia veicular variam de 1 a 5 em função da interatividade. Carros autônomos continuam a avançar, porém o prazo de sua chegada ao mercado ainda suscita

FERNANDO CALMON n fernando@calmon.jor.br

dúvidas. Mesmo o nível 4, que dispensa qualquer atenção ao volante e aos pedais (eliminados no nível 5), ainda será muito caro para automóveis particulares. Esperam-se, primeiramente, aplicações comerciais em frotas de uso intensivo e roteiros específicos. A STÄRKX Automotive lembrou um ponto importante que, se esquecido, traz sérios problemas. Todos os sensores ADAS aplicados em espelhos retrovisores, para-brisas, grades, parachoques e outros componentes menos visíveis precisam ser recalibrados após uma colisão, substituição ou simples remoção para manutenção. Também se deve considerar que carros elétricos estão suscetíveis a problemas de segurança específicos quando enfrentam alagamentos ou sofrem colisões mais severas. Nesse casos, melhor se afastar imediatamente e procurar socorro especializado. Por esses motivos companhias no exterior estão cobrando muito caro pelo preço do seguro.

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ALTA RODA n MINISTRO da Economia, Paulo Guedes, acenou para uma gradual redução das tarifas de importação. Uma curva progressiva: 1 ponto percentual (pp), no primeiro ano; 2 pp, no segundo; 3 pp, no terceiro; 4 pp, no quarto. No caso de automóveis significaria o imposto de importação cair dos atuais 35% para 25% ao longo de quatro anos, pela interpretação da coluna. 25% é tarifa máxima imposta pelos EUA à China, por exemplo. Resta saber se a indústria teria condições para exportar sem os impostos hoje incidentes. n RENAULT Kwid Outsider segue a fórmula aventureira, porém trilha o caminho de chamar atenção sem exageros. Preço de R$ 43.990 dentro do razoável. Há uma mudança mecânica estendida a todos os Kwids: freio dianteiro a disco ventilado, novo servofreio e pistões de pinça maiores. Sensação de toque e progressividade no pedal ficou melhor.

n VERSÃO intermediária Comfortline do VW T-Cross – motor turboflex de 1 litro e câmbio automático 6-marchas – tem boa desenvoltura em cidade e nem tanto em estrada. O modelo de entrada, com câmbio manual, surpreende pela agilidade em qualquer situação. Espaço interno, ergonomia e comportamento dinâmico superam a média dos concorrentes. n NISSAN inaugurou na semana passada um Estúdio de Design, em São Paulo (SP), para aproveitar talentos locais no desenvolvimento de séries especiais e colaborar em projetos no exterior que podem chegar ao Brasil e em outros mercados. Líder da equipe é o americano de origem vietnamita John Sahs e conta, inicialmente, com seis especialistas brasileiros. FERRAMENTA inovadora desenvolvida pelo consórcio digital www.carroparatodos.com.br, em parceria com o Grupo Disal, ajuda a planejar um possível lance vencedor por meio de simulações estatísticas e um algoritmo específico. Todo o processo é feito online e permite ao interessado uma flexibilidade na entrega do veículo, sem depender apenas da sorte.


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Murici comemora 127 anos de emancipação política Prefeito Olavo Neto comemora avanços da saúde e diversas conquistas no município

E

m comemoração aos 127 anos de emancipação político-administrativa do município, a Prefeitura de Murici montou uma programação especial para os moradores da cidade, com inaugurações, corrida, shows, além do tradicional desfile cívico. De acordo com o prefeito Olavo Neto, o desenvolvimento da educação, melhorias na saúde e fomento da economia são as marcas para a comemoração este ano. “É uma satisfação participar de uma data tão importante. A ampliação dos serviços de saúde no nosso município é uma marca muito forte, temos que comemorar estes avanços. E gostaria principalmente de parabenizar esta equipe. Nosso hospital, por exemplo, passa agora a funcionar não somente com urgência e emergência, mas com a disponibilização de leitos para internação”, relatou. Ele também citou como exemplo o Centro de Diagnóstico, onde são ofertados exames de raio-X, ultrassonografia, ecocardiograma, eletrocardiograma e mamografia, dentre outros procedimentos. Além da saúde, segundo o gestor, o povo muriciense tem sido beneficiado com diversas

conquistas. Marcando o dia de comemorações, que aconteceu no dia 16, também foi inaugurado o novo mercado público, a quarta creche de tempo integral do município, Professora Maria Salete da Silva Almeida, e assinada a ordem de serviço para construção de um Centro de Referência de Assistência Social (Cras). O governador Renan Filho esteve presente e assinou a ordem de serviço para construção do Parque Municipal de Murici, com obras orçadas em R$ 959 mil. “Essa obra vai urbanizar uma área onde existe um terreno baldio, que se transformará num parque para receber toda a população de Murici, destinado à prática de esportes, ao convívio social, enfim, à melhoria da qualidade de vida das pessoas”, destacou o governador, acrescentando que a obra é o pontapé inicial para execução de um grande projeto de urbanização de áreas em Murici. A execução da obra está a cargo da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra). Para encerrar as comemorações, houve shows do cantor Mano Walter e da Banda Forró Absoluto, na Praça Padre Cícero.

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Morte de ex-jogador

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ex-goleiro da base da Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA) Anderson Tiago Lira Souza, 35, foi encontrado morto no bairro Brasília, na quarta-feira (22), em Arapiraca. De acordo om informações, Anderson Tiago teria morrido por causas naturais, mas a informação ainda não foi confirmada pelo Instituto Médico Legal de Arapiraca. Segundo assessoria do clube alvinegro, ele atuou como goleiro há mais de 12 anos.

Crime cibernético

Notícias falsas

“Eles distorcem e criam notícias falsas para manchar o meu nome e destruir a minha gestão. Não permitirei que este tipo de crime abominável continue em nosso município e, para barrar estes ataques covardes de um site de notícia a serviço da oposição, estou contando com apoio da Polícia Civil alagoana que tem meios para investigar e punir os farsantes que cometem abusos na internet. Felizmente as investigações estão adiantadas e em breve esses criminosos pagarão pelos abusos e irresponsabilidades”, disse a prefeita Tainá Veiga.

A deputada estadual Ângela Garrote está empolgada com a sua pré-candidatura a prefeita de Palmeira dos Índios em 2020. E o motivo do ânimo, segundo revela a ex-prefeita de Estrela de Alagoas, é a aceitação popular ao seu nome.

Entusiasmada

“Tenho recebido o carinho e atenção dos palmeirenses por onde passo. Não abro mão de ajudar o povo palmeirense. Estou feliz e entusiasmada com esse projeto político e será uma honra administrar uma cidade que já teve como gestor Graciliano Ramos”, afirmou Ângela Garrote.

ABCDO INTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

A Polícia Civil, por meio da Seção de Crimes Cibernéticos da Deic, (Divisão Especial de Investigações e Capturas) está investigando um site de notícias da cidade de Lagoa da Canoa, que estaria sendo usado para atacar a prefeita Tainá Veiga. Cansada e indignada com noticias falsas, conhecidas no mundo virtual como fake news, a gestora fez um BO onde denunciou o responsável pelo site que estaria em conluio com um grupo de opositores para denegrir a sua imagem e jogá-la contra a população canoense.

Eleições em Palmeira

PELO INTERIOR

Incompetente

... “O hospital tem feito sua parte, mas precisamos ser conscientes quanto à importância de ações de divulgação e prevenção no combate ao mosquito”, frisou o diretor médico do HR. ... Ao todo, no mês de abril o número de atendimentos no ambulatório adulto e pediátrico do hospital cresceu 27%.

Surto de dengue

Febre, dor nas articulações, dor de cabeça e manchas pelo corpo são alguns dos sintomas presentes em doenças como a Zika e Chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti (mesmo transmissor da dengue), e que tiveram número de casos suspeitos aumentados durante abril em Arapiraca.

Hospital Regional

Nos bastidores da política da terra dos Xucurus-Kariris, comenta-se que o crescimento do nome de Ângela Garrote tem como motivo a gestão do prefeito Júlio Cezar, que até o momento não conseguiu emplacar obras importantes.

O levantamento foi feito pelo Núcleo de Epidemiologia do Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho. Os dados revelam aumento de 228% nos casos de suspeita para Chikungunya e 200% de Zika. Já os casos de dengue foram ampliados em 46%. Os números são comparados com o mês de março.

Uma decepção

Números de casos

“O Júlio decepcionou a população que acreditava que seria um bom gestor. Ledo engano. Ele infelizmente fracassou em virtude da sua incompetência”, disse um vereador que pediu para não ter seu nome revelado por fazer parte do bloco que apoia o governo municipal.

... Ainda sobre o surto de doenças provocadas pela picada do mosquito, o diretor médico do Hospital Regional, Ulisses Pereira avaliou como um sinal de preocupação, “pois se trata de um vírus que pode até matar”.

Ao todo foram registradas 538 pessoas com suspeita do vírus da Dengue - sendo que quatro delas foram internadas. Outras 46 foram diagnosticadas para investigação de Chikungunya e 6 para a Zika. Os dados também deverão crescer no mês de maio, segundo alerta do próprio hospital.

... “Realizamos mais de 14 mil intervenções simples e complexas. Sabemos que somos a única porta de entrada para população, mas é algo muito superior ao que a nossa demanda suporta”, comentou Pereira. (Com Live Comunicação). ... O procurador Geral do município de Penedo, Francisco Sousa Guerra – mais conhecido como Dr. Tico – volta a se apresentar publicamente como pré-candidato a prefeito da cidade histórica. ... Nas redes sociais, Tico Guerra aparece no início da semana ao lado do deputado federal Marx Beltrão e do vereador Derivan Thomaz. ... Assim, o procurador tenta confirmar a condição de alternativa para a disputa polarizada nos cinco últimos pleitos, em Penedo, entre Március Beltrão e Alexandre Toledo. ... A pretensão de Tico Guerra de candidatar-se a prefeito de Penedo causa problemas dentro do governo de Március Beltrão. ... O gestor atual faz seu terceiro mandato e mantém o compromisso assumido com o vice, Ronaldo Lopes. ... Tico Guerra pode até querer ser candidato, só não vai contar com o apoio do primo de Március, o deputado Marx. De longe, Alexandre Toledo assiste a disputa que pode lhe beneficiar em 2020. ... Com o objetivo de seguir avançando nos índices educacionais, os profissionais da rede municipal de ensino de Olho d´Água Grande estão implementando diversas atividades para contribuir no melhor aprendizado e rendimento do alunado. ... A todos, um excelente final de semana, com saúde e paz. Até a próxima edição!


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MEIO AMBIENTE Ponto mais fundo do oceano

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m uma expedição recordista com submarino, que chegou à maior profundidade já alcançada, um americano encontrou no fundo do mar mais do que uma amostra intocada da natureza ele se deparou com resíduos plásticos, como sacolas e embalagens de balas. Victor Vescovo chegou a quase 11km da região mais profunda do oceano - a Fossa das Marianas, no Pacífico. Ele ficou quatro horas explorando a base da fossa com um submersível construído para suportar a imensa pressão nestas profundezas.

Serra da Caiçara

O Conselho Estadual de Proteção Ambiental (Cepram) aprovou na semana passada a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra da Caiçara, que abrange cinco municípios do Sertão. A criação da unidade assegura a proteção dos sítios arqueológicos e paleontológicos. Agora cabe ao governador Renan Filho sancionar a criação da APA localizada no município de Maravilha, com abrangência nas cidades de Canapi, Ouro Branco, Poço das Trincheiras e Maravilha.

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Agricultura verde Projeto Arca Erosão do solo

A erosão do solo pode causar perdas de até 50% no rendimento de algumas culturas agrícolas. De acordo com diretora-geral adjunta da Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO), Maria Helena Semedo, a agricultura intensiva, a lavoura, a monocultura, a pecuária extensiva, a expansão urbana, o desmatamento, a indústria e a mineração contribuem para a aceleração da erosão. Calcula-se que a cada cinco segundos uma superfície de terra equivalente a um campo de futebol é degradada e que, seguindo a tendência atual, mais de 90% de todos os solos do planeta podem estar desgastados até 2050. Ainda segundo ela, a parte positiva é que “os solos podem ser recuperados em praticamente qualquer situação com medidas como coleta de água, proteção com coberturas vegetais e terraços”, indicou Semedo, que incentivou agricultores, cientistas e políticos a criarem programas conjuntos de combate à erosão.

O projeto de Avaliação, Recuperação e Conservação dos Animais Ameaçados de Extinção do Centro Pernambuco de Endemismo da faixa de Mata Atlântica ao norte do Rio São Francisco, em que está inserido Alagoas, agora terá o apoio do governo do Estado. A iniciativa que conta com recursos da ordem de R$ 2,5 milhões disponibilizados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), desenvolverá ações pelos próximos cinco anos em Alagoas, numa área de 10 mil hectares de mata atlântica. Dentre as espécies que serão beneficiadas está o mutum-de-alagoas (Pauxi mitu), ave-símbolo do Estado e que chegou a ser declarada extinta em ambiente natural.

A lista de preocupações da Europa em relação à agricultura é longa, mas muitas vezes é limitada ao que acontece dentro de suas próprias fronteiras. Mas enquanto a Europa luta para dar uma resposta política a seus cidadãos que exigem medidas mais vigorosas para combater a mudança climática, os cientistas advertem que sua política agrária é prejudicial aos ecossistemas da América Latina, ao continuar a depender de culturas menos ambientalmente corretas que vêm do continente latino-americano. De acordo com cientistas, o desmatamento na Amazônia, por exemplo, aumentou 54% em janeiro de 2019, em comparação com o mesmo mês de 2018, segundo dados da ONG brasileira Imazon. E uma das maiores causas dessa alta do desmatamento é o crescimento da produção de soja, principal alimento do gado europeu devido seu alto teor proteico. Segundo dados da Comissão Europeia, a UE importa cerca de 14 milhões de toneladas de soja por ano para fabricar ração animal.


MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 30 DE MAIO DE 2019

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TURISMO E SEGURANÇA

Recuperação da Ponte do Gunga garante fluxo turístico e benefícios para municípios do Litoral Sul Prefeito Wladimir Brito diz que obra trará fortalecimento econômico para Roteiro

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turismo em constante evolução em Alagoas deu mais um importante passo para o fomento do setor no Litoral Sul: a recuperação de pontes em todo o estado, começando pela reforma estrutural da Ponte do Gunga. O programa foi divulgado em solenidade realizada na Barra de São Miguel na última segunda-feira, 20, quando a ordem de serviço para a estrutura que integra o litoral sul alagoano, localizada no estuário da Lagoa do Roteiro, na rodovia AL-101 Sul, foi assinada. De acordo com o prefeito de Roteiro, Wladimir Brito, a recuperação da Ponte do Gunga fortalece o turismo na região, garante segurança e aumenta a auto-estima da população local. “Essa reforma traz diversos benefícios não só para Roteiro mas para todo o Litoral Sul. A ponte é onde existe o maior tráfego de turistas que vão em direção a Jequiá da Praia, Coruripe, Penedo, Praia do Gunga. Se tivéssemos algum tipo de interrompimento ou bloqueio a gente teria um prejuízo muito significativo para as famílias que vivem das barracas, do comércio e do turismo”, pontuou.

Segundo o governador Renan Filho, a ponte com 480 metros de extensão também é uma das mais importantes do estado. Por ela passam turistas, moradores de diversos municípios da região e boa parte da produção de açúcar e álcool. “Será um amplo programa, jamais feito em Alagoas, de manutenção, estabilização e de prevenção corretiva de todas essas estruturas. A gente tem construído novas pontes, duplicado rodovias e melhorado a infraestrutura do estado, mas nós também temos que fazer a recuperação do que já existe”, enfatizou. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) ficou responsável por executar a obra com investimentos de R$ 6,6 milhões provenientes do tesouro estadual. O prazo técnico para conclusão é de 180 dias. O secretário de Transporte e Desenvolvimento Urbano, Mosart Amaral, ressaltou que as obras possuem o caráter preventivo e não vão interferir no trânsito do local. Os trabalhos vão se concentrar na manutenção da parte estrutural, que sofre com o desgaste.


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