Edição 1023

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ANO XX - Nº 1023 - 31 DE MAIO A 06 DE JUNHO DE 2019 - R$ 4,00

XADREZ POLÍTICO

Governador e presidente da Assembleia disputam aliança com Davi Davino Filho De olho nos votos que precisam obter em 2022, Renan Filho e Marcelo Victor movem suas peças e prometem apoiar Davino Filho para prefeito de Maceió no pleito do ano que vem. 6 e 7

extra ACUSADOS DE MACEIÓ - ALAGOAS

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1998 - 2018

CORRUPÇÃO QUEREM VOLTAR AO PODER Cícero Almeida pretende disputar vaga de vereador e Cristiano Matheus sonha em voltar a ser prefeito 5 n

ALAGOAS PERDE UM DEFENSOR DA JUSTIÇA SOCIAL CRIME AMBIENTAL

MPF investiga contaminação de praias pelo Aterro Sanitário O inquérito da Polícia Fede-ral que investigou a denúncia de contaminação de praias por chorume mal-tratado está agora com o MPF. O caso é investigado desde 2012 e está sob segredo de Justiça. 16 e 17

De advogado a preso político, Moura Rocha (D) participou dos grandes momentos da vida política do País 8 a 11


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EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

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COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Braskem acuada

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- O desastre ambiental da Braskem em Maceió vem derrubando o preço de suas ações em bolsas de valores e gerando pressão dos investidores e incertezas no mercado.

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- Desde que o Serviço Geológico do Brasil responsabilizou a mineradora pelos estragos ambientais em três bairros de Maceió, as ações da petroquímica recuaram mais de 7%. Um baita prejuízo para o braço petroquímico da Odebrecht.

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- Outra consequência negativa para a mineradora é a interrupção da venda de seu controle acionário para a holandesa LyondellBasell, que estava na fase final das negociações. Um negócio bilionário que tiraria a Odebrecht do buraco financeiro cavado pelo esquema corruptivo flagrado durante a operação Lava Jato.

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- Frustrados com a demora, os investidores estão avaliando se vale a pena esperar pela venda da Braskem ou se desfazer das ações da maior petroquímica brasileira. A própria Braskem terá que pagar R$ 3,5 bilhões em multas por malfeitos revelados pela Lava Jato, sem considerar as futuras indenizações pelos estragos ambientais em Maceió.

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- Com muitas incertezas e poucas saídas, a empresa certamente será levada a fazer um acordo extrajudicial com as vítimas dos bairros atingidos pela mineração do sal-gema. O objetivo é evitar a judicialização da tragédia, o que pode levar anos a fios, sem uma solução.

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- Essa hipótese está sendo considerada pelo alagoano Nabor Bulhões, advogado da holding Odebrecht, que está em Maceió em constantes reuniões com os órgãos envolvidos na questão. É esperar para ver.

Uma desgraça atrás da outra

Enquanto desaba o mundo da Braskem, braço petroquímico da Odebrecht, a Atvos, seu braço sucroenergético, afunda sob o peso de uma dívida bilionária. Como uma desgraça sempre vem acompanhada de outra, o medo agora é que a recuperação judicial da gigante de açúcar e álcool da Odebrecht acabe contaminando também as demais empresas do grupo, incluindo aí a mineradora. Segunda maior produtora de etanol do país, a Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial), pediu concordata na quartafeira, 29, prometendo apresentar um plano de recuperação judicial dentro de 60 dias. Com nove unidades industriais em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, a empresa tem 11 anos de atuação e 12 mil funcionários, gerando mais de 40 mil empregos diretos e indiretos. Além de etanol, a empresa produz açúcar e energia gerada a partir de biomassa. Tem capacidade para moer 36 milhões de toneladas de cana-de-açúcar para produzir 3 bilhões de litros do combustível e 700 mil toneladas de adoçante. Com uma dívida de R$ 12 bilhões, o pedido de recuperação ocorre após a Justiça bloquear suas contas. No mercado financeiro a concordata da Atvos é vista como uma espécie de senha para outros pedidos de recuperação judicial de empresas do grupo Odebrecht que virão em curto prazo.

Caso Martha Moreira

Divulgado esta semana, o resultado do laudo que confirma o suicídio da advogada Martha Moreira, esposa do promotor Sidrack Nascimento, não encerra a questão nem isenta o ex-marido de culpa na tragédia. Algumas dúvidas e indagações precisam ser esclarecidas pela polícia antes que o caso seja arquivado. Por que o promotor fugiu de casa logo após a morte da esposa? Como a pistola do marido foi parar nas mãos da esposa? Quantos disparos foram deflagrados por Martha Moreira antes de se matar? Qual a relação do casal com uma igreja evangélica e outros negócios comandados pelo promotor?

Cadáveres eleitorais

Pedetistas reclamam que o governador Renan Filho não tem dado o devido apoio a Ronaldo Lessa na Secretaria de Agricultura, para fortalecê-lo politicamente nas próximas eleições. Ainda não perceberam que Ronaldo é carta fora do baralho político de Renan Filho e, assim como Cícero Almeida, outro ex-aliado do governador, Lessa virou cadáver eleitoral. Lessa e Almeida há muito estão com prazo de validade vencido. Eles próprios cavaram suas sepulturas eleitorais ao abandonarem os aliados de primeira hora para se isolarem no narcisismo doentio.

Vereador GB?

O Diário Oficial de 28 de maio publicou decreto em que o governador Renan Filho decreta luto oficial “em virtude do falecimento do vereador Geraldo Bulhões”. Ao que se sabe, GB foi procurador de justiça, deputado federal por cinco mandatos e governador do Estado, menos vereador.

Parasitas do poder

O ex-prefeito Pedro Vieira e o vereador Aderval Viana foram os políticos que mais sentiram a morte do ex-governador Geraldo Bulhões. Mais que aliados de primeira hora, os dois foram os únicos amigos que conviveram com GB até seus últimos dias de vida. Os “amigos do poder” sumiram tão logo o ex-governador caiu no ostracismo político. Divaldo Suruagy, o mais poderoso político do estado, que governou Alagoas por três mandatos, também viveu o seu ocaso. No final da vida, tal qual um leproso, mal era cumprimentado por ex-amigos de conveniência e demais parasitas do poder.

Dupla da pesada

Pelo andar da caravana a eleição para prefeito de Maceió passa, necessariamente, pela dupla Rodrigo Cunha/JHC. As pesquisas do momento indicam que tanto o senador quanto o deputado federal têm chances reais de suceder a Rui Palmeira, com ou sem o apoio do prefeito. Bem mais articulado e com sinal verde entre os eleitores mais jovens, JHC acredita nesse potencial para chegar à vitória. Mas ficaria feliz da vida em eleger Rodrigo Cunha; afinal, sua mãe ganharia um mandato de senadora e ele voltaria à Câmara.


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Corrupção nos jardins do capitão Cascais, Portugal - O Brasil ainda não acertou os ponteiros com a sua ideologia. Parecia mais produtivo e divertido politicamente quando as paixões partidárias eram menos odientas e mais bem-humoradas. Via-se, inclusive, jograis em programas de TV satirizando a política e os políticos. Mas como se todos os brasileiros tivessem ficado emburrados da noite para o dia, o país ficou amargo depois que as disputas ideológicas e partidárias entre esquerda e direita afloraram a raiva na política. A esquerda que se foi destroçou a economia e implantou um sistema corrupto jamais visto na história do Brasil. Levou com ela pedaços das empresas estatais que foram ficando pelo caminho depois do governo de terra arrasada dos petistas. Desolados e impotentes, desiludidos e sem esperança, os brasileiros foram às urnas o ano passado tentando se livrar para sempre da incompetência petista. Viu-se novamente frustrado, pois a direita chega aos seis meses de governo sem convencer. A desarrumação da casa é avassaladora. Bolsonaro já deu demonstrações de que é incapacitado e incompetente para governar. O capitão, que parece mais biruta de aeroporto, tem atropelado o próprio pensamento, comportamento típico de um desequilibrado mental. Pensa, por exemplo, que armar crianças a partir dos 14 anos de idade vai resolver a criminalidade, enquanto – em contrapartida – esvazia os recursos das universidades,

levando uma geração de jovens à bancarrota. Não se passa um dia em que o capitão não se envolva em uma trapalhada. Seus auxiliares, principalmente os do PSL, seu partido, vivem se justificando quando descobertos em falcatruas e fraudes com dinheiro público. O capitão não se entende com os parlamentares, critica os que contestam o seu governo e acha que a Reforma da Previdência vai resolver todos os problemas do país. Trata-se de um governo de projeto único. Como não tem outra alternativa, é de se supor que o país derreta depois da reforma cujos resultados na recuperação da economia serão somente a médio e longo prazo. O Brasil vive, portanto, à beira de um abismo e para chegar ao caos social basta um empurrãozinho que o próprio capitão ensaia, já que demonstra total inaptidão para o cargo. O capitão pensa em corrigir a violência, por exemplo, a curto prazo. E isso se resolve matando gente, na sua concepção turva de governar. Isso mesmo, Bolsonaro quer ensinar meninos a pegar em armas logo cedo. Não pensa em levá-los às escolas. Pela sua lógica a educação passa primeiro pelas armas, treinamento de tiros. Para combater os bandidos, ele libera a compra de fuzis de alta precisão para que o povo se arme e enfrente a criminalidade que bate às suas portas. Decreta, assim, a falência da força pública que deveria constitucionalmente defender as famílias dessa violência desenfreada.

Sem projetos

O capitão não pensa em criar mais empregos com projetos de infraestrutura para movimentar a economia. Não tem programas sociais e até hoje não se sabe quais as suas intenções para a habitação popular, saúde e educação. Mas insiste em desmanchar o trabalho de seus antecessores como “coisa de comunista”. E repete sempre, como um alucinado, que quer varrer do mapa todos os projetos de “esquerda”, mesmo que isso desmantele a máquina púbica e provoque um atraso secular no desenvolvimento do país.

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Insegurança

Parceiro do Bolsonaro na ideia de armar a população e na tese de que “bandido bom é bandido morto”, o governador vem incentivando os policiais do Rio a abrir fogo contra pessoas nas favelas. Muitos inocentes estão sendo executados em nome do combate à violência. Crianças assustadas deixam de ir às escolas quando avistam no céu os helicópteros com policiais com armas de alta precisão de fogo com medo de serem alvejadas, como já ocorreram algumas vezes.

Carona

Witzel pega carona nas ideias do capitão que só pensa em armar as pessoas desde que assumiu a presidência como se isso fosse combater com eficácia a violência no país. Enquanto isso, Bolsonaro corta recursos para as universidades e atrasa o ensino e a pesquisa no Brasil.

Denunciado

Ratazanas

Como se pode ver, não se constrói uma nação sob o prisma da esquerda ou de direita. Mas com gente competente, preparada e qualificada. Não é o caso do governo do capitão como também não foi o das ratazanas petistas. Percebe-se, portanto, que existem semelhanças entre os governos do PT e o do capitão. Pelo menos em um ponto os dois já se aproximam: a corrupção. A corrupção que entrou sem bater às portas do PT durante quatorze anos, também chega aos jardins do PSL. E por tabela fere de morte a família do capitão agora enlameada pela descoberta da intimidade dos seus filhos com a milícia do Rio de Janeiro, uma organização envolvida em crimes e extorsão.

JORGE OLIVEIRA

Violência

A Polícia do Rio é uma das mais violentas do mundo. Depois que o governador Wilson Witzel tomou posse, os policiais foram estimulados a matar. O número é assustador: 558 pessoas foram mortas nos primeiros quatro meses do ano. Nelas estão trabalhadores sem ficha na polícia, jovens e crianças. A ordem é disparar os fuzis a qualquer movimento suspeito visto lá do alto pelos helicópteros da polícia.

Chefe

A operação da matança foi aberta pelo próprio Witzel que chefiou uma equipe de atiradores de elite para invadir as comunidades pelo ar. Ele mesmo participou da blitz que saiu a procura de bandidos, mas não distinguia o alvo entre marginais e trabalhadores.

Wilson Witzel já foi denunciado a ONU pela maneira truculenta como ataca os moradores das comunidades no Rio. Entidades de direitos humanos ao redor do mundo vêm se manifestando contra o governador e pedem para ele repensar a forma de combater a criminalidade sob o risco de responder em tribunais internacionais pelos excessos cometidos. As estatísticas mostram que o número de pessoas mortas nos últimos quatro meses é alarmante durante as invasões feitas pelo ar e por terra com veículos blindados e no confronto cara a cara com traficantes de drogas, quando as balas perdidas atingem pessoas inocentes, muitas delas crianças.


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Sem reajuste

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perspectiva real de não haver reajuste salariais para os servidores públicos estaduais incomodou todo o funcionalismo, que não acredita, na sua maioria, que o Estado venha a passar por esse sufoco todo nos próximos meses. Muitos servidores alegam que o governo tem investido muito, tanto na periferia da cidade para a construção de escadarias com cerca de R$ 200 milhões, como em outras obras onde estaria visando as eleições do próximo ano. Além disso, eles também questionam gastos exorbitantes com buffets com iguarias especiais para

Na China é melhor

O Estado reclama da situação financeira, mas não poupa recursos para uma turma de secretários viajar para a China. O que vai fazer lá tanta gente, ninguém sabe.

Crescendo

O desemprego em Alagoas chegou às estratosferas e a tendência é aumentar. Pobre de um estado onde a situação da população é cada vez mais difícil.

Recomeçando

O ex-prefeito Cícero Almeida, que acumulou várias derrotas nos últimos anos com votações decepcionantes e inexpressivas, vai às urnas no próximo ano para disputar uma vaga na Câmara Municipal. A perspectiva é boa, mas Almeida precisa repensar seu comportamento político de fazer aliados para retornar à vida pública. Talvez seja sua última chance.

Passa por Rui

Embora muitos candidatos admitam disputar a Prefeitura de Maceió em 2020, a eleição para prefeito necessariamente vai passar por Rui Palmeira. Com uma administração voltada para cumprir compromissos, manter os salários dos servidores em dia e realizar obras nas regiões carentes da cidade, Palmeira tem força suficiente para fazer seu sucessor.

receber convidados no Palácio República dos Palmares e a utilização de aviões e helicópteros que tem custado os olhos da cara. Se o governo economizasse como deveria, com certeza sobraria alguma coisa para repassar para o funcionalismo público, dizem servidores. Por sua vez o secretário da Fazenda, George Santoro, faz um “bicho” do que pode vir a acontecer, como uma grave recessão a partir de agora. Se isso não se concretizar, por que o Estado não fazer pelo menos a reposição da inflação e contemplar os servidores?

De volta

Se o ex-deputado Ronaldo Lessa continuar desprestigiado no governo de Renan Filho, onde não tem espaço para nomear seus inúmeros aliados, seu destino parece ser voltar ao grupo do prefeito Rui Palmeira. Seria uma maneira de se renovar politicamente. Do jeito que está não irá a lugar nenhum.

Candidato em Chã Preta

O atual secretário de Finanças do município de Chã Preta, Lucas Coimbra, é um forte candidato a disputar a prefeitura local com o apoio do deputado Francisco Tenório e da atual prefeita, Rita Coimbra. Com boa aceitação popular, Lucas tem se revelado como um administrador sério, competente e que tem se destacado na administração pública de Chã Preta.

Explicações

O ex-deputado Ronaldo Medeiros, novo presidente da Arsal, se vê às voltas em ter de explicar ao Ministério Público sobre as denúncias que envolvem o órgão na gestão passada. O governo, como sempre, preferiu silenciar e deixar as águas rolarem. As acusações do MP são graves e Medeiros vai ter que remexer no fundo do baú para descobrir o que realmente aconteceu na Arsal. Afinal de contas a empresa está sendo denunciada pelo MP como envolvida em “organização criminosa” com desvio de recursos.

Crescendo

O nome do procurador de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça está crescendo junto ao eleitorado e pode ser a surpresa das eleições para prefeito em Maceió no próximo ano. Mas resta saber se Alfredo topa abandonar o Ministério Público para se aventurar numa candidatura majoritária. Como já deverá ter tempo para a aposentadoria, talvez o projeto seja viável.

Liderando

O nome de Alfredo Gaspar de Mendonça sobe nas pesquisas e com certeza será candidato à sucessão do prefeito Rui Palmeira. Antes tido como aliado do governador Renan Filho, nos últimos dias o panorama mudou. Gaspar deve mesmo se aliar a Rui e disputar a eleição.

Impasse

Um dos problemas que pode tirar Alfredo Gaspar da corrida à Prefeitura de Maceió é seu relacionamento com o governador Renan Filho desde quando foi secretário de Segurança Pública no seu primeiro governo. Afora isso, não há porque Gaspar não ser candidato.

Bateu na trave

Ocorre, porém, que não existem amarras entre Alfredo com o governador Renan Filho. É bom lembrar que o procurador-geral de Justiça quase disputa uma vaga para o Senado, naturalmente batendo de frente com o candidato do governador, no caso o seu pai. Daí dá pra entender que esse não será um obstáculo, principalmente porque Alfredo seria um candidato de oposição ao governo.

GABRIEL MOUSINHO n gabrielmousinho@bol.com.br

Contrassenso

O governo diz que está acelerando as obras de cinco hospitais, principalmente o Metropolitano, mas enquanto isso a Maternidade Santa Mônica agoniza com a falta de materiais básicos o que tem trazido problemas para os próprios profissionais de saúde, além das parturientes. A semana passada foi um Deus nos acuda. Ou é falta de planejamento da área de saúde que deixa faltar fios para suturas e até álcool, ou é incompetência mesmo.

Empenho

A população está vendo o Estado de braços cruzados com relação ao problema no Pinheiro e adjacências, enquanto o prefeito Rui Palmeira arregaça as mangas para tentar conseguir recursos para remover centenas de famílias das encostas do bairro do Mutange.

Preocupação

A preocupação maior do governo do Estado ao que parece, é do fechamento da Braskem. Deveria, isso sim, lutar para resolver a grave situação da população, como intermediar junto à empresa uma maneira de indenizar as milhares de residências afetadas pelas rachaduras e erosões e evitar a judicialização.

Sinal amarelo

As conversas de bastidores indicam que Davi Davino foi sondado pelo governador Renan Filho para se filiar ao MDB. Assim, o chefe do Executivo joga tudo para ganhar a Prefeitura de Maceió no próximo ano. Fica também a interrogação sobre Maurício Quintella, que hoje seria o preferido de Renan Filho para disputar as eleições.

Derrota iminente

O lançamento prematuro pelo PT da candidatura de Ricardo Barbosa para a Prefeitura de Maceió é fogo de palha. Mesmo que Barbosa seja um político atuante principalmente nas campanhas eleitorais, não tem força suficiente para ganhar uma eleição majoritária. Pelo menos por enquanto.


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PROCESSOS

Cícero Almeida e Cristiano Matheus foram afastados do cargo pela Justiça; ambos colecionam processos

ELEIÇÕES 2020

Acusados de corrupção querem voltar ao poder Pesquisas apontam que eleitores ainda confiam em Cícero Almeida e Cristiano Matheus JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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cusados de corrupção, o ex-deputado federal Cícero Almeida (PHS) e o ex-prefeito de Marechal Deodoro Cristiano Matheus (MDB) já planejam a volta à política. E, segundo pesquisas, os dois ex -repórteres têm grandes chances de conseguir um cargo eletivo. Pesquisa Ibrape divulgada no dia 23 de maio mostra que Almeida é o nome mais cotado para a Câmara de Vereadores de Maceió, ficando na frente do atual presidente da Casa, Kelmann Vieira (PSDB), do popular Lobão (PR) e do também ex-deputado federal Givaldo Carimbão (PHS). Já a TDL Pesquisa e Marketing mostrou, em abril, que o

próximo pleito a prefeito em Marechal Deodoro deverá ser um embate entre o atual gestor Claudio Roberto Ayres da Costa, o Cacau, e o investigado Cristiano Matheus. Na pesquisa espontânea, Cacau lidera com 26% das intenções de votos, seguido de Matheus, com 16%. A carreira de Cícero Almeida, que conquistou grande público pela televisão e por sua afinidade com o forró, se tornou um pesadelo tanto para o político quanto para o povo. De origem humilde, Almeida tinha um apelo popular. Um taxista que ganhou a mídia alagoana. A partir daí, o ingresso na política seria questão de tempo. Foi eleito vereador em 2000 e dois anos depois migrou para a Assembleia Legislativa, onde os problemas começaram.

Deflagrada em 6 de dezembro de 2007, a Operação Taturana desmontou uma organização criminosa, nome bonito para não mencionar quadrilha, instalada na Assembleia Legislativa , acusada de cometer um rombo nos cofres públicos de R$ 300 milhões no período de 2003 a 2007. Conforme a Polícia Federal, a quadrilha se apropriava de recursos do Legislativo a partir da folha de pagamentos, com a inclusão de funcionários fantasmas e laranjas. A lista de envolvidos é longa e com nomes ilustres, como Arthur Lira (PP), João Beltrão (PRTB), Paulo Fernando dos Santos - Paulão (PT), Celso Luiz (MDB), Antônio Albuquerque (PRTB) e Cícero Amélio (PMN), entre outros. Na época do escândalo, Al-

A carreira de Cícero Almeida, que conquistou grande público pela televisão e por sua afinidade com o forró, se tornou um pesadelo tanto para o político quanto para o povo. Além das alianças suspeitas, Cristiano Matheus, assim como Almeida, também coleciona processos em âmbito estadual e federal, com direito a afastamento do cargo de prefeito e bloqueio de bens. meida já era prefeito de Maceió. Resultado: hoje também é réu na chamada Máfia do Lixo, esquema de favorecimento a empresas de coleta do lixo por parte dele durante suas duas gestões, entre 2005 e 2012. O prejuízo aos cofres públicos foi estimado em R$ 200 milhões. Investigações do Ministério Público do Estado (MPE) concluíram que, ao invés de realizar licitação para contratação de empresa, o Executivo forjou a renúncia da Construtora Marquise S/A ao contrato vigente e fabricou uma emergência para justificar a celebração de contrato com a Viva Ambiental e Serviços Ltda. Porém, a “pá de cal” da carreira de Almeida aconteceu em 2018, quando tentou uma vaga na Assembleia Legislativa, mas acabou ficando de fora. Um mês depois, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou Ciço por infidelidade partidária por ter trocado o PRTB pelo PSD fora da janela permitida pela legislação eleitoral. Perdeu o cargo deixando o restinho do mandato para o suplente Val Amélio (PRTB). CRISTIANO MATHEUS O ubatubano foi eleito vereador por Maceió em 2004, deputado federal em 2006, licenciouse para concorrer à Prefeitura de Marechal Deodoro quando foi eleito em 2008 e reeleito em

2012. Foi casado com Mellina Freitas, ex-prefeita de Piranhas, atual secretária de Estado de Cultura e filha do ex-presidente do Tribunal de Justiça Washington Luiz Damasceno Freitas. A ex-mulher é acusada de desviar R$ 16 milhões dos cofres públicos da cidade sertaneja, enquanto o ex-sogro passou dois anos afastado do Judiciário sob a acusação de fazer parte da Máfia da Merenda. No entanto, Washington Luiz foi inocentado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) voltando ao cargo de desembargador. LARANJAS Além das alianças suspeitas, Cristiano Matheus, assim como Cícero Almeida, também coleciona processos em âmbito estadual e federal, com direito a afastamento do cargo de prefeito e bloqueio de bens. Segundo relatório do Ministério Público Federal, que denunciou Cristiano Matheus por lavagem de dinheiro e desvio de verba pública, ele usava a prefeitura como moeda para troca de favores particulares, nomeava laranjas e assinava projetos de obras que nunca seriam concluídas. Em 2018, o ex-prefeito de Marechal Deodoro teve R$ 17 milhões em bens bloqueados para restituir a contribuição descontada de servidores mas não repassada ao Regime Próprio de Previdência Social do município no ano de 2014. Em 2016, quando foi afastado do cargo, Matheus foi acusado de improbidade administrativa e desvio de mais de R$ 102 milhões. A vida pessoal do ex-prefeito também foi recheada de escândalos. Após fotos polêmicas em um jatinho e lancha em Angra dos Reis, foi acusado de expulsar de casa a ex-companheira Mayanne Souza, que tinha acabado de dar à luz ao filho do casal. Em vídeo, Matheus aparece desmontando o quarto do bebê. Uma vez de volta à política, tanto Cícero Almeida quanto Cristiano Matheus devem garantir novos trabalhos investigativos ao Ministério Público e Polícia Federal.


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XADREZ POLÍTICO

Renan Filho e Marcelo Victor disputam votos de Davino Filho Os dois querem apoiar jovem deputado à Prefeitura de Maceió; Guerreiro se mexe

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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construção da candidatura a deputado federal movimenta as articulações do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor (SDD), e encontra rival poderoso: o governador. Renan Filho (MDB) quer atrair o deputado estadual Davi Davino Filho (PP) para o MDB. O que ele ganha em troca? Ser o candidato dos Calheiros à prefeitura da capital. Só que o parlamentar também está nos sonhos eleitorais de Victor. A proposta: ele tem o apoio do staff legislativo para a Prefeitura de Maceió. Em troca, tem de apoiar o presidente da Assembleia para a vaga de federal em 2022. Aparentemente, Davi Davino Filho teria de escolher a lista dos nomes a federal apoiados pelo governador. E nela não estaria o presidente da Assembleia. Como o EXTRA adiantou, Marcelo Victor quer o deputado Galba Novaes (MDB) como prefeito de Rio Largo e, em troca, o apoio dele na disputa a federal. Por isso, ele ganhou aval de Victor e virou presidente da Comissão de Constituição, Redação e Justiça - a principal da Assembleia porque é a responsável pelo verniz da legalidade a todos os projetos da Assembleia ou palacianos. E deixou para trás pretenso favorito ao cargo, Francisco Tenório (PMN). Marcelo está em campo para viabilizar Ângela Garro-

te para a Prefeitura de Palmeira dos Índios. Só que ela é filiada ao PP e, se ganhar, terá de apoiar a reeleição de Arthur Lira (PP) para a Câmara Federal. Além de se livrar do fantasma da cadeia, conforme o EXTRA revelou com exclusividade em março: ela foi condenada a 23 anos e 2 meses de prisão, em regime fechado, mais o pagamento de R$ 17.140,27 em multas por integrar uma quadrilha que desviou dinheiro da merenda escolar de Estrela de Alagoas, uma das cidades mais pobres do país. Segundo a Justiça, na época dos crimes (anos de 2005 a 2009), Ângela Garrote ou era prefeita de Estrela de Alagoas ou tinha influência nas gestões seguintes. Ela foi condenada em fraude à licitação, desvio de verba pública em 11 contratos, corrupção passiva e formação de quadrilha. À sentença cabe recurso. E a demora da Justiça favorece a atual deputada.

APOIO

Marcelo está em campo para viabilizar Ângela Garrote para a Prefeitura de Palmeira dos Índios. Só que ela é filiada ao PP e, se ganhar, terá de apoiar a reeleição de Arthur Lira (PP) para a Câmara Federal.

Governador Renan Filho e Marcelo Victor, presidente da ALE, ‘brigam’ pelo apoio de Davino Filho

MANDATO IRRELEVANTE E MUITOS VOTOS

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as o golpe de sorte está mesmo em Maceió. Davi Davino Filho é a carta na manga para disputar a prefeitura da capital. E não é pela atuação do parlamentar, que é irrelevante. Seus projetos de lei são para garantir o dia estadual da ciência, tecnologia e inovação ou definir a cavalhada como patrimônio imaterial do Estado. Na última quartafeira (29), em discurso, falava sobre o glaucoma, agradando gregos e baianos, lendo e tropeçando nas palavras.

Mas na última eleição foi o segundo mais bem votado na capital, com 19.435 votos. O mais votado em Maceió foi Cabo Bebeto, com 22.066. E o quinto mais bem votado no estado, somando 39.422 eleitores. Resultado do trabalho assistencial junto aos evangélicos, garantido pelo pai, o vereador de Maceió, Davi Davino, mas principalmente a mãe do deputado, Rose, bastante engajada nas comunidades. Davi Davino-pai quase seria presidente da Câmara

de Vereadores da capital. Desistiu porque, além de estar com Kelmann Vieira (PSDB) - atual presidente- ele prefere os bastidores, longe dos holofotes, nada de discursos e aparições na imprensa. Mas, para o filho dar um salto para a chefia do Executivo na capital, os planos pedem enfrentamento do público. Daí que o herdeiro, mesmo tropeçando nas palavras, arrisca discursos na Assembleia em busca do espaço da família no próximo ano.


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DANOS MORAIS

Empresário se revolta ao ser processado por Paulão Edgar Falcão Pedrosa alega que “só falou a verdade” sobre o petista JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

Marcelo Palmeira pode ‘complicar” planos políticos de Davino Filho

PDT se mexe S

ó que esta operação é acompanhada pelo vice-prefeito de Maceió, Marcelo Palmeira (PP), mesmo partido de Davi Davino Filho, e o secretário Estadual de Agricultura, Ronaldo Lessa, cujo PDT está na base do Governo Renan Filho e quer disputar as eleições em 2020. O partido se reuniu esta semana. E três pessoas se apresentaram como pretensos candidatos à prefeitura: o ex-deputado estadual Judson Cabral; a ex-prefeita de Maceió, Kátia Born e; o ex-prefeito, também da capital, Corintho Campelo da Paz. Dos três, quem mais se movimenta, pelo menos nas redes sociais, é Campelo. Ele foi prefeito biônico por 10 meses, entre 1982 e 1983, substituindo Fernando Collor, que na época se candidatou a federal. Hoje, com cabelos bem pintados, roupas elegantes e gravando vídeos no início amadores, com muitos erros de português - e agora mais bem elaborados - Campelo se coloca como o novo na disputa eleitoral. Ao EXTRA, Ronaldo Lessa não se incluiu na lista de pretensos candidatos. É provável que mude de ideia pela força eleitoral que ainda carrega na cabeça do maceioense. GUERREIRO Já Marcelo Palmeira, chamado de Marcelo Guerreiro, pode desarticular a candidatura de Davi Davino Filho, levando em conta que ele está filiado ao PP. E, ao mesmo tempo, evitar que ele migre para o MDB, atrapalhando os planos do atual vice na capital de virar titular da prefeitura. Ou os dois se unirem. Mas, isso é outra história.

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costumado a tecer comentários sobre a política nacional e local em programas de rádio, o empresário e veterinário Edgar Falcão Pedrosa, 70 anos, se surpreendeu ao saber que está sendo processado pelo deputado federal Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT)). O petista acionou a Justiça alegando que Pedrosa o teria ofendido, o que caracterizaria crime contra honra e danos morais. O valor da ação pode ser superior a R$ 30 mil. Revoltado, Pedrosa, que já disputou ao cargo de prefeito de Anadia, disse ao EXTRA que não se intimidará com o processo. “Continuarei falando o que penso. Tudo o que disse sobre o Paulão é o que já foi estampado nas manchetes de jornais”, afirmou. Segundo o empresário, após participação no programa Cidadania com França Moura, em fevereiro, os advogados de Paulão pediram cópias do áudio para montar a ação judicial. “Sempre digo a realidade. Há sete anos eu já falava que o Lula tinha um sítio em Atibaia. Quem me disse foi um colega quando eu fui para São Paulo. E como que um limpador de zoológico, filho do ex-presidente, vira um criador de gado? Até que eu falei do Paulão, que inclusive já votei nele. Como ele tem um apartamento de valor milionário na Ponta Verde? Ele tem processo na Polícia Federal, é taturana e estava envolvido no mensalão. Um bandido que não tem moral”, disse ao semanário, reforçando sua revolta. E continuou: “Se eu estivesse sendo processado por alguém de boa conduta, mas não! Deve estar

Para Edgar, ‘deputado não tem moral para se ofender com críticas’

Como ele tem um apartamento de valor milionário na Ponta Verde? Ele tem processo na Polícia Federal, é taturana e estava envolvido no mensalão. O cara tem vários processos nas costas. Eu estou desmoralizando-o em quê? EDGAR FALCÃO PEDROSA empresário e veterinário

pensando que tenho muito dinheiro. O cara tem vários processos nas costas. Eu estou desmoralizando-o em quê? Ele já é desmoralizado politicamente. São dois processos: um ele pede R$ 30 mil e outro quer R$ 998”. A audiência de conciliação e instrução será realizada no dia 23 de julho. O processo tramita no 1º Juizado Especial Cível da Capital e está nas mãos da magistrada Maria Verônica Correia de Carvalho. “Mas irei pedir para antecipar porque tenho uma consulta em São Paulo perto da data. Faço quimioterapia por causa de um câncer no intestino. Faço críticas contra o PT há cinco anos e só agora que ele [Paulão] se manifestou. A cúpula do partido está toda presa. Não aceito um condenado processar um cidadão de bem”, finalizou.


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MOURA ROCHA

Alagoas perde um defensor da justiça social

José Moura Rocha foi advogado e militante político

Alagoano se notabilizou por participar dos grandes momentos da vida política do País EDIBERTO TICIANELI Especial para o EXTRA

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aleceu em Maceió na noite de domingo passado, 26, o advogado que deixou marcas na recente história política de Alagoas José Moura Rocha nasceu em Capela, Alagoas, “nos idos de 1932”, como ele próprio declarou. Era filho de Pedro Araújo Rocha e Corália Moura, filha de Manoel Brandão de Moura, o Né Moura. Seu nome de batismo era Nehemias, em homenagem ao avô paterno. Ainda criança, Moura Rocha se rebelou contra esse nome e resolveu encontrar outro. Entrou no Cartório da Rua Pedro Paulino, em Capela, e, impostando a voz, disse: — Seu Artur Francino, Nehemias é nome de doença... O pai mandou o senhor fazer o registro sem essa anemia. Saiu da instituição de registro como José Moura Rocha. E assim frequentou a Escola do Padre Monteiro e depois a escola elementar na vizinha Viçosa. Era criança quando a família estabeleceu uma pensão num sobrado situado na esquina da Rua da Alegria com o Beco São José, em

Maceió. Passou a estudar no Colégio Diocesano, dos irmãos Maristas, na Rua do Macena, nº 69. Local em cuja vizinhança foi morar após o fechamento da pensão. Foi nesta nova casa que perdeu o pai no dia 6 de agosto de 1942, quando este tinha apenas 32 anos de idade. A família foi morar em Capela, onde Moura continuou os estudos no Grupo Escolar Torquato Cabral. Voltou a morar em Maceió após ser aprovado no exame de admissão ao ginásio no Colégio Guido e ter ganho uma bolsa graças à intervenção do seu primo e futuro padre Humberto Cavalcante, que tinha amizade com o padre Teófanes, diretor daquela instituição de ensino. Sua primeira atividade como militante político ocorreu em 1946, quando, de férias em Capela, organizou com amigos uma manifestação em defesa da campanha O Petróleo é Nosso. Em 1948, já morando com a mãe em Maceió, que voltou a abrir uma pensão, agora na Rua Dias Cabral, nº 58, concluiu o ginásio e iniciou os chamados preparatórios para o vestibular de Engenharia. Filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), ouvia semanalmente as palestras

UESA

Foi um dos fundadores, em 1948, da União Estadual dos Estudantes Secundários de Alagoas (Uesa). Seus companheiros nessa empreitada foram Igor Tenório, Theobaldo Barbosa, Eraldo Malta, Murilo Vaz e outros. proferidas por Aurélio Vianna na sede do partido, um sobrado da Casa Normande na Rua do Comércio. Foi um dos fundadores, em 1948, da União Estadual dos Estudantes Secundários de Alagoas (Uesa). Seus companheiros nessa empreitada foram Igor Tenório, Theobaldo Barbosa, Eraldo Malta, Murilo Vaz e outros. No ano seguinte, foi eleito presidente da entidade. Após desistir da Engenharia, foi aprovado para o curso de Direito em Maceió no início de 1952. Era o único curso superior a funcionar em Alagoas. Também conseguiu aprovação no concurso para o Instituto de Aposentadoria

e Pensões dos industriários (IAPI). Na inscrição, escolheu como segunda opção a sua locação no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano foi escolhido delegado ao Congresso da União Nacional dos Estudantes em Goiânia e começou a participar da Juventude Comunista. Assumiu o emprego no IAPI do Rio de Janeiro ainda em 1952. Na capital federal, em poucos dias encontrou uma forma de voltar a Alagoas. Permutou com seu primo Cleófas de Moura Rizzo a lotação e foi transferido para Rio Largo. Foi em Rio Largo, quando ainda pouco sabia sobre Direito, que recebeu do juiz Oswaldo Miranda a incumbência de realizar a defesa dativa de alguns réus. Do advogado e diretor do Ginásio Municipal Judite Paiva, Jovino Lyra, ganhou a tarefa de lecionar Português e de preparar turmas para concursos ensinando a mesma disciplina e mais a Matemática. Ainda no primeiro semes-

tre de 1952, em Rio Largo, proferiu uma palestra para aproximadamente 20 jovens sobre a vida do líder comunista Luís Carlos Prestes. Desde então passou a ter livros apreendidos e ser vigiado pelo delegado de Polícia do município. Em Rio Largo conheceu Ibelza Barbosa, com quem se casaria em 1955. Tiveram três filhos: Bruno (1956), Breno (1962) e Bolívar (1964). Após o fim do período de permuta de um ano, Moura voltou ao IAPI do Rio de Janeiro, onde retomou os estudos na Faculdade Nacional de Direito e a militância estudantil. No segundo semestre de 1953, por suas participações no Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (CACO), foi acusado pelo jornal O Globo de ter sido transferido pelo Partido Comunista de sua terra natal para reorganizá -lo naquela faculdade. Deixou o movimento estudantil em 1956 para estagiar e receber o diploma no final daquele ano.


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O advogado com a mulher e os filhos em foto de 1964

Os pais, Cora e Pedro Rocha

De advogado a preso político A

inda no Rio de Janeiro, trabalhou inicialmente com Sinval Palmeira e pouco tempo depois com Calheiros Bonfim. Seu primeiro escritório foi em sociedade com o colega Márcio Augusto Ribeiro Maciel. Também durou pouco. Márcio teve que se dedicar aos estudos para prestar vestibular da carreira diplomática. Em 1959, após alguns anos de atividade advocatícia autônoma, foi convidado a assessorar o recém-eleito deputado federal Abrahão Moura. Murilo Rocha Mendes e Humberto Cavalcante foram os responsáveis por sua indicação. Com prestígio no governo federal, Abrahão conseguiu que Moura fosse transferido do IAPI para o Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERU) em Alagoas. Era um órgão ligado ao Ministério da Saúde. Quando, em 1961, Abrahão se preparava para ser o candidato de Muniz Falcão ao governo do Estado, Moura foi deslocado para Maceió. Em Maceió, Moura também foi contratado para ensinar História Econômica do Brasil na Escola de Comércio. Já havia rompido com a Juventude Comunista por não concordar com falta de li-

berdade de discussão do Relatório do XX Congresso do PCUS. Ainda em 1961, houve mudança no Ministério da Saúde e Moura foi convidado a retornar ao seu posto no Rio de Janeiro. Não foi e Abrahão Moura, para compensar, indicou-o como procurador da Assembleia Legislativa Estadual. Quando ocorreu o Golpe Militar de 1964, Moura Rocha não mais se posicionava como na juventude. “Não constituíamos, contudo, ameaça a ninguém; a perversa sociedade dominante, um dos sustentáculos do chamado Brasil oficial, podia dormir de portas escancaradas. Trabalhávamos; criávamos os filhos; imaginávamos ajudar o próximo, socialmente”, declarou no livro Os ricos tugem e os pobres mugem. De nada adiantou seu afastamento da militância socialista. Foi perseguido e preso em 21 de abril de 1964. Da mesma forma, Abrahão Moura foi atingido e em outubro de 1966 perdeu o mandato de deputado federal. Posto em liberdade no início de 1965, retomou suas atividades advocatícias e reassumiu seu cargo de professor contratado da Faculdade de Direito de Alagoas.

Ao lado da esposa, Ibelza, durante a campanha eleitoral

Moura Rocha discursando nos comícios eleitorais


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O assassinato do secretário de Segurança

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uando parecia que sua vida retornaria à normalidade, foi preso novamente na tarde do dia 6 de abril de 1965. Desta feita a acusação era a de ser o autor intelectual do assassinato do secretário de Segurança Pública de Alagoas, Luiz Augusto de Castro e Silva, o Tininho. “Um furacão, a partir desse dia, varreria nosso lar, açoitando nossa frágil família”, lamentou Moura Rocha. O advogado José de Oliveira Costa, que também foi preso ao tentar defender Moura Rocha quando este ainda estava incomunicável — depois o defendeu no processo —, aponta que o motivo do crime de Tininho foi a disputa entre as facções que tentavam controlar a segurança pública em Alagoas. Em depoimento para uma plateia de estudantes e professores da Ufal durante a Mesa Redonda História Reveladas pelos Presos Políticos e Familiares, realizada no dia 31 de março de 2014, no Auditório da Reitoria da Ufal, o ex-deputado federal esclareceu as circunstâncias da morte do secretário. “Um determinado dia em 1964, o delegado Rubens Quintella foi informado que três pessoas estavam nas imediações do Clube Fênix aguardando a saída dele para matá-lo, e que estas pessoas estavam ali a mando de outro delegado de Polícia, Albérico Barros, o Barrinhos, um matador exímio. Quintella conseguiu prender essas três pessoas, que foram eliminadas, mas com elas foram encontradas carteiras de porte armas concedidas pelo secretário Tininho. Rubens Quintella entendeu que a emboscada que ele estava sofrendo tinha como autor intelectual o Barrinhos”, destacou José Costa. Revelou ainda que Barrinhos morreu assassinado logo em seguida, em julho de 1964, e o seu executor também foi

eliminado. Sobre a morte de Tininho, José Costa indicou o mandante: “E aí resolvem apurar o crime e dr. Rubens, que teria sido o autor intelectual desse crime, apurou a autoria em cima do dr. José Moura Rocha, alegando que a morte do Tininho, um notório anticomunista, era um atentado terrorista, coisa de comunista”. Essas mesmas razões apontadas por José Costa surgiram subliminarmente em algumas reportagens da época. Um jornal pernambucano informava que o bacharel Luiz Augusto de Castro e Silva “vinha imprimindo uma ação enérgica à frente da sua pasta, disposto mesmo a desvendar crimes bárbaros que estavam impunes, como a eliminação do chefe da Polinter, Albérico Barros”.

O JULGAMENTO O julgamento, que teve início às 14 horas do dia 21 de junho de 1966, foi presidido pelo juiz Gerson Omena Bezerra e teve transmissão ao vivo pelo rádio. Moura Rocha fez sua autodefesa e contou ainda com a atuação do advogado José de Oliveira Costa. Atuaram na acusação o promotor João Batista Góes e o advogado João Uchôa. Em sua defesa, Moura explorou algumas falhas no processo, entre elas os depoimentos assinados por My Friend e Cabeleira, os executores, com data de 9 de abril, quando os mesmos tinham sido presos no dia 12 de abril. Após 17 horas, já na manhã do dia 22 de junho, foi proclamado o veredito e Moura Rocha foi absolvido por 6 a 1. Cabeção, um dos executores do crime, foi penalizado com 22 anos de prisão, reduzida para 19 anos. Cabeleira e My Friend tiveram os julgamentos adiados. O primeiro sob a alegação deque estava doente e o segundo por divergência na escolha dos

Julgado com Urbano Malta e Gerson de Souza en junho de 1966, ele fez sua autodefesa

Moura e o advogado e ex-secretário de Segurança Antônio Aleixo

jurados. O Ministério Público interpôs recurso e novo julgamento foi marcado. Este foi encerrado no dia 15 de fevereiro de 1967, com José Moura Rocha sendo absolvido pela segunda vez, desta feita por unanimidade do júri. O julgamento teve a presidência do desembargador Eraldo Castro Vasconcelos. Ao final, Moura Rocha foi aplaudido de pé pelos presentes. Atuaram na defesa os advogados José de Oliveira Costa, José Ribeiro da Costa, Antônio Aleixo e o professor Oscar Stevenson. Na acusação estavam os advogados Antônio Uchoa e João Uchoa. Moura Rocha, após deixar a prisão, saiu de Alagoas. Avaliou que não tinha mais condições de exercer a advocacia em sua terra natal e, junto com a família, foi morar em Brasília. “Cercearam-nos toda a atividade profissional. Açularam os preconceitos da sociedade local contra nós e nossa família, tornando-nos um réprobo”, desabafou.


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O recomeço em Brasília

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stabelecido em Brasília com a família a partir de fevereiro de 1967, Moura relutou em retomar a advocacia. Mas não tinha outra profissão e precisava manter a família. Incitado por dois alagoanos — advogado José Camelo da Costa Júnior e Oséas Cardoso, ex-deputado federal — montou escritório e passou a defender os interesses de importantes empresas do país, entre elas algumas de Alagoas. Trabalhava de forma “bem remunerada”, como admitiu. Representava “dezenas e dezenas de ilustres colegas, perante os Tribunais Superiores, sediados na Capital”. Dez anos depois, a mosca azul da política voltou a picá-lo. “Aos quarenta e cinco anos de idade, o amadurecimento político não chegara totalmente”, reconheceu autocriticamente. Convidado pelo então deputado federal José Costa, aceitou disputar uma das vagas de senador por Alagoas. A outra seria entregue “bionicamente” a Arnon de Mello. “Santa estupidez. Aceitamos”, comentaria muitos anos depois. Em 1978, Moura e Vinicius Cansanção eram os candidatos do MDB ao Senado, e enfrentariam a chapa da Arena formada pelo Major Luiz Cavalcante (tentava a reeleição), Rubens Villar e José Sampaio, então deputado federal. Vinicius Cansanção, após o prazo que permitiria substituições, desistiu da candidatura, deixando seu correligionário sozinho contra três pretendentes à cadeira senatorial. Moura revelou que às vésperas da renúncia o viu num reservado do restaurante da Motonáutica, no Pontal da Barra, a conversar com Theobaldo Barbosa, presidente estadual da Arena e antigo auxiliar de Arnon de Mello. Os eleitores deram 157.703 votos a Moura. Luiz Cavalcante recebeu 117.302 votos, Rubens Villar conseguiu 51.402 votos e José Sampaio, 21.024. Foi vencido pelo somatório dos votos das duas sublegendas. A Arena, com esse artificio, conseguiu 189.728. Derrotado eleitoralmente, mas vitorioso moralmente, Moura voltou a Brasília para mais uma vez recomeçar. Entretanto a “atividade profissional escasseara” e uma hérnia de disco passou a torturá-lo. “Felizmente os filhos, passados esses tumultuados anos, deram largos passos nos estudos; haviam amadurecido”, exaltou.

Moura Rocha era o candidato de Teotônio Vilela ao governo

Andanças com o Menestrel Ainda sofria com as dores provocadas pela hérnia de disco quando recebeu a visita do velho senador Teotônio Vilela. O experiente político viçosense queria que Moura fosse o candidato ao governo de Alagoas nas eleições de 1982. Vilela, que tinha deixado o PDS no dia 25 de abril de 1979, seria o candidato ao Senado pelo PMDB, embalado pela pretensão de chegar à Presidência da República na primeira eleição que ocorresse após o fim do regime ditatorial, que enxergava próximo. Após uma delicada cirurgia, Moura voltou a Maceió e mergulhou de cabeça na campanha que entraria para a história, principalmente pelas circunstâncias especiais que envolveram Teotônio Vilela. Agora o embate era entre o PMDB, que ganhou estrutura com a presença de Vilela, e o PDS de Divaldo Suruagy, que ainda cambaleava após perder o ilustre senador para a oposição. Parecia que tudo ia bem, quando, em maio de 1982, a cúpula do PMDB nacional convocou uma reunião em Brasília e nela, com a presença de Ulisses Guimarães e Miguel Arraes, foi anunciado que Teotônio Vilela estava se afastando da campanha definitivamente por recomendação médica. Tinha nódulos cancerosos no pulmão e no cérebro. Teotônio se referia

à doença, apontando para o peito e dizendo que era um “bichinho solerte que está roendo aqui dentro...”. Sem Teotônio, o PMDB alagoano avaliou que a candidatura de Moura ao governo não fazia mais sentido, pela dificuldade que teria em conseguir recursos. Apresentaram o nome do então deputado federal José Costa. Moura foi convidado a disputar novamente uma vaga no Senado. Mesmo com Teotônio tendo alguma participação na campanha, o PMDB foi derrotado. Divaldo Suruagy foi eleito com 257.898 votos contra 206.856 dados a José Costa. Guilherme Palmeira teve 259.581 votos, vencendo Moura Rocha que conseguiu 202.573 votos. Moura, após o processo eleitoral de 1982 e uma tentativa de chegar à Constituinte em 1986, quando já estava filiado ao PDT, somente voltou a se aproximar da política alagoana em fins de 1992, contratado pelo presidente Fernando Collor de Mello para defendê-lo diante a da ameaça de impeachment. No dia 28 de dezembro, em um jantar com Collor, o presidente apresentou a ele uma carta do advogado Evaristo de Morais Filho, recomendando a renúncia para não sofrer o impeachment. Indagado se existia alternativa, Moura respondeu: — Imediata, não vemos. Só se for adiada a sessão, presidente.

Moura concordava com Evaristo. “As cartas estavam marcadas”, escreveria mais tarde. Foi autorizado então a preparar a carta renúncia, que foi redigida por Octaciano Nogueira e lida por Moura Rocha durante a sessão do Senado do dia 29 de dezembro de 1992. Não adiantou a renúncia. No dia seguinte, por 76 votos a favor e 3 contra, Fernando Collor foi condenado. Perdeu o mandato e foi declarado inelegível por oito anos. Poucos anos depois, Moura e Ibelza deixaram Brasília e foram morar no pequeno, mas aprazível, Sítio Santa Mônica em Ipioca, na fronteira norte de Maceió, onde recebiam amigos e passaram os últimos anos de suas vidas. Em 2011, no dia 29 de agosto, Ibelza faleceu em Brasília, vítima de câncer. No dia 3 de março de 2012, seu filho Breno Moura Rocha, com 42 anos de idade, também perdeu a vida em um acidente com sua moto na rodovia AL-101 Norte. Desde então, Moura vinha administrando, com valentia, o sofrimento por estas perdas. Faleceu na noite de 26 de maio de 2019 deixando um imenso legado de coragem e dedicação às mais nobres causas da justiça social. (Fotos do arquivo de Ediberto Ticianeli)


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BAIRROS AFUNDANDO

Braskem escondeu informações do IMA Comissão de Inquérito da Câmara diz que documentos da mineradora apresentaram inconsistência Francisco Sales preside comissão especial que investiga o afundamento de solo em três bairros BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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Braskem omitiu informações ao Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) sobre a real situação dos poços da empresa instalados nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro. A informação foi confirmada ao EXTRA pelo presidente da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal de Maceió que investiga os problemas de afundamento nos bairros, o vereador Francisco Sales. Segundo o parlamentar, a CEI teve acesso aos relatórios elaborados pelos técnicos da Braskem sobre a renovação da licença ambiental, dos relatórios de desempenho ambiental, assim como os relatórios do parecer técnico dados pelo IMA para conceder a renovação da licença ambiental. Sem mencionar que tipo de irregularidade específica foi encontrada, o vereador informou apenas que “foram constatadas algumas informações já fornecidas pelos técnicos do IMA de que re-

almente a Braskem omitiu informações ao órgão, já que a empresa era responsável por elaborar os estudos e comunicar ao mesmo em caso de alguma anomalia”. A Braskem foi procurada pelo EXTRA para responder às acusações feitas pela comissão. Por meio de nota disse que “reafirma seu compromisso com a sociedade alagoana e com a atuação empresarial responsável. Em mais de quatro décadas presente em Alagoas, a petroquímica sempre apresentou aos órgãos responsáveis, de forma transparente, as informações necessárias referentes às suas operações”. Ainda de acordo com Sales, como são relatórios altamente técnicos, deve levar um tempo para que a comissão possa chegar a uma conclusão e posteriormente elaboração de um relatório final sobre a posição dos vereadores. “Com a conclusão do relatório da CEI será possível ofertar uma posição mais concreta sobre essa documentação do IMA”, concluiu. Essa não é a primeira vez que a empresa é acusada

de “errar” em informações prestadas aos órgãos fiscalizadores, ou responsáveis por estudar o solo da região. O estudo sobre o afundamento da região do Pinheiro, desenvolvido pela Braskem, foi colocado em xeque pelo assessor da diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil, Thales Sampaio, durante apresentação do laudo oficial no dia 8 deste mês que apontou a empresa

RELATÓRIO

Em relatório desenvolvido pela própria empresa, apresentado no dia 6 de maio no auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL), as causas pela instabilidade do solo seriam a falta de drenagem adequada aliada às falhas tectônicas.

como responsável pelo que está acontecendo nos bairros de Maceió. Conforme o especialista, a mineradora apresentou um levantamento com erros grosseiros. “Os dados de subsidência fornecidos pela Braskem não estavam corretos”, declarou durante apresentação do laudo. Em relatório desenvolvido pela própria empresa, apresentado no dia 6 de maio no auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL), as causas pela instabilidade do solo seriam a falta de drenagem adequada aliada às falhas tectônicas. NOVO MAPA Ainda sem uma data exata, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil e a Defesa Civil de Maceió deverão estar apresentando até o final do mês de junho o mapa denominado de operacional, que mostrará, detalhadamente, as regiões dos bairros de Pinheiro, Bebedouro e Mutange que precisarão ter os imóveis desocupados,

assim como as áreas que devem continuar em monitoramento constante e que podem apresentar algum risco de acordo com o volume de previsão de chuvas. O mapa é elaborado com base nos dados obtidos através do estudo realizado pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. De acordo com a Defesa Civil municipal, o mapa operacional está em fase de elaboração, envolve diversos órgãos e aspectos de alta complexidade. Até o momento, sabe-se apenas que a maior região sujeita a uma evacuação em caso de chuva acima de 70mm fica entre o Hospital Sanatório e o Conjunto Divaldo Suruagy, no bairro do Pinheiro. Mutange Bebedouro e uma pequena região do Bom Parto também devem ser evacuados em decorrência do período chuvoso. As regiões foram confirmadas pelo próprio Serviço Geológico do Brasil no Mapa de Integração de Processos de Instabilidade do Terreno divulgado no dia 21 deste mês.


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USINA LAGINHA

Massa Falida paga 90% das dívidas trabalhistas em junho

Administrador judicial diz que venda da Guaxuma é essencial para quitação total do débito JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

Lindoso afirma que dívida trabalhista deixada por JL era de R$ 270 milhões

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té o final do mês de junho, segundo estimativa do administrador judicial da Massa Falida da Laginha, José Luiz Lindoso, 90% da dívida trabalhista deixada pelo ex-usineiro João Lyra terá sido quitada. O valor total do débito é de R$ 270 milhões. O pagamento será possível com o dinheiro arrecadado com a venda, por meio de leilão, das usinas Triálcool e Vale do Paranaíba, ambas localizadas no estado de Minas Gerais. “Em junho, a massa receberá nova parcela de pagamento desses leilões no valor de R$ 52 milhões, que também será destinado ao pagamento dos referidos credores trabalhistas”, informou Lindoso ao EXTRA. Ainda conforme o administrador judicial, até o momento, a massa falida recebeu R$ 189 milhões referentes à venda das duas usinas e a totalidade do valor recebido foi destinado ao pagamento dos trabalhadores, o que corresponde a 70% do total. A Usina Triálcool, situada em Canápolis, foi arrematada por R$ 133,8 milhões. Já a Vale do Paranaíba, de Capinápolis, conseguiu um lance de R$ 206,3 milhões. Os leilões dos dois ex-empreendimentos de Lyra ocorreram em dezembro de 2017. “Caso o leilão da Usina Guaxuma tivesse sido bem sucedido, a dívida dos credores já estaria 100% quitada neste próximo pagamento. Havendo sucesso no próximo leilão de Guaxuma, a quitação ocorrerá de forma imediata, considerando que em

dezembro já não haverá valor a receber por conta da venda da Triálcool que já estará quitada, restando apenas as parcelas referentes à venda da Vale do Paranaíba”, explicou o administrador, ao alertar para a importância da venda de mais uma usina de João Lyra. E nesta sexta-feira, 31 de maio, a Massa Falida da Laginha deve receber o valor de R$ 336.542,44 da empresa Agropecuária Araporã LTDA relativos ao contrato de compra e venda de cana-de-açúcar. Outra parcela do mesmo valor deverá ser paga no dia 30 de junho. A dívida perdura desde o ano passado. Segundo os autos do processo, a Araporã não efetuou os pagamentos que se obrigou a efetuar, tampouco apresentou justificativa para o inadimplemento. Em dezembro de 2018, o responsável legal da empresa entrou em contato com representantes da Massa Falida demonstrando interesse na quitação do débito, apresentando proposta de pagamento em duas parcelas: 50% do valor em

maio e 50% em junho de 2019. NÚMEROS Os dados detalhados dos pagamentos a credores trabalhistas e seus advogados estão disponíveis no endereço eletrônico www.grupojl.com.br. De abril de 2018 a março de 2019 foi destinado às quitações de dívidas com ex-trabalhadores do falido Grupo JL o valor de R$ 179.4 milhões. Desse total, R$ 5,2 milhões foram pagos a advogados. O Tribunal Regional do Trabalho de Alagoas (TRT19), nas três remessas de valores efetuadas pela Massa Falida recebeu R$ 81,4 milhões, valor que foi repassado a 1.154 trabalhadores. Já a Justiça de Minas Gerais recebeu R$ 83,4 milhões para 8.696 credores. Também houve repasses para as Justiças do Piauí (R$ 1,5 milhão) e de Goiás (R$ 1,8 milhão) para 350 credores. E 230 trabalhadores enquadrados na categoria Credores Com e Sem Processos, receberam um total de R$ 1,3 milhão. O total de credores trabalhistas é de quase 18 mil.

COLLOR É DENUNCIADO POR AJUDAR JOÃO LYRA

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procuradora-geral da República (PGR), Raquel Dodge, apresentou na quarta-feira, 29, ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra o senador licenciado Fernando Collor (Pros-AL) pelo crime de peculato. Ele é acusado de atuar para que a BR Distribuidora fechasse três contratos fraudulentos com a empresa Laginha Agro Industrial, de seu amigo e aliado João Lyra, que, à época, encontrava-se à beira da falência. O crime teria sido cometido em 2010, quando Collor era filiado ao PDT, partido pelo qual foi candidato derrotado ao governo de Alagoas. Segundo a denúncia, Collor teria atuado para que os contratos fossem assinados “em tempo recorde”, de apenas 10 dias, mesmo diante da situação de crise financeira da Laginha Agro Industrial. Os acordos permitiam que Lyra utilizasse recebíveis futuros como garantia para obtenção de crédito junto a instituições financeiras públicas, diz a acusação. “Pelas circunstâncias em que foram celebrados e executados, conclui-se que os negócios jurídicos firmados, e de alto risco para a BR Distribuidora S.A., eram, na verdade, espécie de instrumento para a apropriação e o desvio de recursos em proveito da Laginha Agro

Industrial S.A e de seu proprietário João Lyra, graças à participação do senador da República Fernando Collor de Mello”, escreveu Raquel Dodge. A PGR aponta que, no momento de assinatura dos contratos, a empresa respondia a ações de cobrança no valor de R$ 175,4 milhões e era alvo de mais de 6,5 mil protestos de dívidas, no montante de R$ 72,7 milhões, além de ter tido pedidos de empréstimos negados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). “Apenas o poder do senador Fernando Collor e seu exercício sobre os funcionários da BR Distribuidora S.A. justificam a superação de obstáculos intransponíveis para que fossem firmados contratos com a empresa”, afirmou a PGR. Na denúncia constam provas de que a Laginha Agro Industrial não cumpriu os contratos, gerando prejuízo milionário à BR Distribuidora. A empresa de Lyra teve falência decretada em 2012. A participação do empresário João Lyra e do diretor da BR Distribuidora José Zônis no esquema é investigada em um inquérito separado na 13ª Vara Federal de Curitiba, após o relator do caso no STF, ministro Edson Fachin, ter determinado o desmembramento dos autos. (Agência Brasil)


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19 ANOS DEPOIS

Estado tem que reintegrar soldado à Polícia Militar de Alagoas

Justiça determina retorno imediato de José Élcio Martins Sarmento MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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espera vem de longa data, mas no último dia 24 a Justiça determinou que o soldado da reserva José Élcio Martins Sarmento voltasse aos quadros da Polícia Militar de Alagoas. Na decisão, o juiz José Cavalcanti Manso Neto, da 13ª Vara Criminal da Capital, intimou o governador Renan Filho a proceder o retorno do soldado ao “serviço da PMAL, no prazo de 10 dias, contando a partir da intimidação. O magistrado entendeu pela nulidade “do Decreto emitido pelo Estado de Alagoas”. De acordo com o processo, José Élcio Sarmento havia sido reformado em procedimento administrativo instaurado pelo Conselho Disciplinar da corporação em 1990 para apurar “acerca da acusação que pairava sobre ele, qual seja, a de procedimento incorreto no desempenho das atividades policiais militares, conduta irregular e comportamento ‘mau’”. Porém, conforme verifica-se no Boletim Geral Ostensivo (BGO) nº 188, de 10 de outubro de 1989, apesar de a decisão proferida no processo disciplinar ter sido no sentido de que as acusações dirigidas a José Élcio serem

verdadeiras, tal ato não o reformou. A reforma aconteceu quase seis meses depois da data do BGO, através do ato do governador do Estado de 5 de abril de 1990. Na tentativa de tornar nula tal decisão, o militar apresentou requerimento administrativo de reconsideração em 1991 sem que houvesse manifestação da administração. Em 2002, 2003 e 2008, José Élcio fez outras tentativas, mas os pedidos foram negados. À época, a Corregedoria da PM entendeu que seu direito estaria prescrito. Mas o militar alegou que não teria tido respeitado naquele processo administrativo que culminou com a sua transferência para a inativida-

ARGUMENTOS Em seu recurso, o Estado alegou que o cumprimento da decisão geraria lesão à ordem, saúde, segurança e economia públicas, mas a desembargadora considerou infundados os argumentos.

José Élcio comemora decisão e espera retorno aos quadros da PM de o seu direito à ampla defesa e ao contraditório. Em 2003, o policial recorreu à Procuradoria-Geral do Estado que solicitou diligências da Polícia Militar de Alagoas pedindo informação da Seção de Inativos da Diretoria de Pessoal da PMAL de 23 de setembro de 2003, mas não foi encontrado o processo que tratou da reforma de Élcio. Ainda assim, os membros do Conselho de Disciplina estabelecido

para análise de sua condição de permanência na carreira militar foram unânimes em afirmar que foi concedido o direito à ampla defesa e ao contraditório. Vale ressaltar que o Conselho foi instaurado para apurar acusação que pairavam sobre o militar. A via crucias do soldado reformado foi longa. Em 2010, a então presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, desembargadora Elisabeth Carvalho

Nascimento, negou o pedido impetrado pelo Estado de Alagoas de suspensão da sentença proferida pelo juiz da 2ª Vara da Comarca de União dos Palmares que reintegrava o soldado José Élcio Martins Sarmento à corporação. Em seu recurso, o Estado alegou que o cumprimento da decisão geraria lesão à ordem, saúde, segurança e economia públicas, mas a desembargadora considerou infundados os argumentos. “No que se refere a tais lesões, torna-se necessário esclarecer que seu reconhecimento depende de demonstração em concreto, ou seja, não bastam simples alegações, sendo imperiosa a comprovação da suposta lesão a ser gerada com a permanência dos efeitos da decisão proferida”. “Assim, verifica-se que embora o ente público demonstre toda sua a irresignação acerca da decisão do magistrado de primeiro grau, em nenhum momento chegou a apontar o fato que causaria ofensa à ordem social e saúde pública, ou seja, não há que se falar em comprovação de grave lesão à ordem social e saúde pública”, afirmou a desembargadora-presidente na ocasião. José Élcio nunca desistiu de retornar aos quadros da Polícia Militar de Alagoas. Dessa vez, com a decisão do juiz de Direito José Cavalcante Manso Neto, ele espera que a Justiça seja feita e possa exercer sua função.


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Ameaça de contaminação do Rio Mundaú pela estação de transbordo que está sendo construída vai ser discutida em audiência promovida pelo Ministério Público

RISCO AMBIENTAL

MP investiga construção de estação de transbordo em União dos Palmares Denúncia de que ela pode provocar poluição do Rio Mundaú é alvo de inquérito SOFIA SEPRENY s.sepreny@Gmail.com

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possibilidade de contaminação do Rio Mundaú por uma estação de transbordo em União dos Palmares está sendo investigada pelo Ministério Público Estadual de Alagoas (MPAL). Um inquérito civil público foi instaurado pelo órgão para analisar as possíveis consequências e danos ao meio ambiente que o empreendimento de resíduos sólidos no Km 40 da BR-104, na zona rural da cidade, pode causar. Licenciada previamente pelo Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), a estação de transbordo está sendo construída pelo Consórcio Regional

de Resíduos Sólidos da Zona da Mata (Corszam), composto pelos municípios de Vale do Mundaú, Branquinha, União dos Palmares, Murici, São José da Laje, Ibateguara e Santana do Mundaú, e deve ficar pronta em no máximo um mês. A denúncia recebida pelo MP ressalta a proximidade da estação ao Rio Mundaú, além da possibilidade de afetar outras nascentes próximas. Segundo o promotor responsável, Maurício Mannarino Teixeira Lopes, o processo ainda está em fase inicial e uma audiência deve ser realizada em julho com o consórcio investigado, o IMA e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh).

“A denunciante contesta diversos pontos da licença prévia expedida pelo IMA, entre eles a vegetação nativa e a presença de agricultura local e são estes pontos que iremos investigar. Segundo ela, o parecer técnico do IMA carece de informações técnicas importantes acerca da instalação do empreendimento no local”, afirmou o promotor. A denunciante aponta questões relevantes que impediriam a construção da estação de transbordo no local. “Existe um parecer técnico de licença ambiental prévia número 208, Gelic 2018, confeccionado pelo IMA no qual existem alguns aspectos a serem analisados. Inicialmente ao se manifestar sobre o abastecimento de água no local, informa o parecer que o serviço é realizado através do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de União dos Palmares, que irá abastecer o empreen-

dimento. Porém o mesmo parecer não se manifesta acerca de como ocorre o abastecimento de águas das propriedades e redências locais sendo essas abastecidas diretamente pelas águas nascentes do Rio Mundaú”, diz trecho. Em um segundo momento, o parecer técnico informa que a formação vegetal do local é densa e alta, que na região prevalecia, anteriormente, a cultura da cana-de-açúcar restando apenas poucas áreas com remanescente. No relato, a denunciante acrescenta ainda que o local abriga centenas de propriedades rurais e um assentamento do Movimento Sem Terra, os quais utilizam a agropecuária e a agricultura como meio de sustento. De acordo com o IMA, foram emitidas apenas as Licenças Prévia e de Instalação para a referida área de transbordo. “Na prática isso significa que ainda não está em funcionamento. Entretanto, caso venha a ser emitida a Licença de Operação, não está previsto o depósito de lixo na área”, afirmou em nota, acrescentando que a estação será um local de pesagem e transferência dos resíduos entre caminhões, sem depósito no solo. O EXTRA esteve no local e de acordo com Cícero Hora, que se apresentou como responsável pela obra, não há perigo de contaminação do rio por diversos fatores. “O primeiro é devido à grande caçamba que

receberá o lixo ser toda vedada e não correr risco de vazamento. O segundo é que a estação de transbordo fica longe do rio”, afirmou. O Ministério Público no entanto irá investigar a licença considerando “que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondose ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo, preservá-lo e recuperá-lo para as presentes e futuras gerações”. Além disto o promotor de justiça, requereu ao IMA a cópia do processo da concessão da licença prévia ao consórcio. Outra justificativa para a abertura do inquérito foi que o MP é incumbido de tomar todas as medidas necessárias para a implementação do equilíbrio ambiental, sejam elas positivas (provocando o Poder Público para a elaboração de planos, controlando a omissão pública e privada), sejam elas negativas (coibindo condutas dos diversos agentes envolvidos que de alguma forma intentem contra seus princípios). Atualmente a população que recebe assistência do consórcio, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chega a 264.958 habitantes. O EXTRA tentou contato com o presidente do consórcio, Rodrigo Valença, mas não obteve sucesso.


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CHORUME

MPF investiga contaminação de praias pelo Aterr Diligências foram realizadas pela Polícia Federal a partir de denúncia recebida em 2012 BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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Polícia Federal (PF) encerrou na última semana a investigação que apura denúncia de contaminação com metais pesados em percentuais acima do permitido pelo Aterro Sanitário de Maceió em praias da capital. O inquérito agora volta a ser analisado pelo Ministério Público Federal (MPF), autor do pedido de diligências, que deve decidir até a primeira quinzena de junho se o material produzido será enviado à Justiça. O processo tramita em segredo. O inquérito 0207/2012-4 SR/PF/AL foi instaurado a partir de denúncia recebida pelo órgão ministerial em 2012 e apura se o chorume descartado no local sob administração da empresa Estre Ambiental e enviado ao emissário submarino nas praias do Sobral, Avenida e Pontal da Barra estaria causando ou se teria causado danos ao meio ambiente. As diligências foram realizadas ao longo de quase um ano pela delegada Tatiana Bonaparte e agora serão analisadas pela procuradora Raquel Teixeira. “As diligências do inquérito foram finalizadas e o material foi enviado para o MPF”, informou ao EXTRA. “Trata-se de inquérito policial instaurado para apu-

rar a possível ocorrência de crime de poluição hídrica, previsto no art. 54, §2º, incisos IV e V da Lei nº 9.605/98, tendo em vista notícia de irregularidades no tratamento do chorume oriundo do aterro sanitário de Maceió/AL, o qual é destinado ao emissário submarino, que, por sua vez, despeja os efluentes no mar, na Praia da Avenida”, confirmou o MPF sobre a denúncia e o fim das diligências por meio de nota. Os procedimentos da empresa administradora do Aterro Sanitário há quase 10 anos já foram alvo de um laudo elaborado pelo Instituto do Meio Ambiente em 2018 e que também foi enviado à Polícia Federal para análise. O IMA afirmou que um novo laudo deve ser concluído nos próximos dias, mas o do ano passado já havia constatado que o sistema de tratamento de efluentes não atende as condições de tratamento de chorume. O laudo afirma “a) QUE o sistema de tratamento de efluentes do Aterro Sanitário de Maceió, NÃO atende as condições de tratamento de chorume produzido no Aterro Sanitário, no que estabelece a Resolução do CONAMA nº 430/2011 para as Condições e Padrões de Lançamento de Efluentes, principalmente em cumprimento a Resolução nº 357/2005, Arts 15, 18 e 42”. De acordo com o artigo 3º da mesma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores após o devido tratamento. Sendo assim, é necessário obedecer às condições, padrões e exigências dispos-

tos na resolução e em outras normas para que o material seja lançado ao mar. O emissário submarino de Maceió é operado pela Companhia de Abastecimento de Água e Saneamento do Estado de Alagoas (Casal). A companhia recebe o chorume do Aterro Sanitário e aplica a técnica de “Efeito Diluitivo”, antes de ser despejado no mar. Ou seja, faz-se uma mistura do chorume tratado com esgotos sanitários “in natura” e posteriormente é realizado o lançamento ao oceano por meio do emissário. Porém, além de a empresa não realizar o tratamento adequado, como constatado no laudo, a Casal confirmou ao EXTRA que suspendeu o transporte do líquido poluente de cor escura para o emissário. A companhia informou ainda que a decisão foi tomada em outubro de 2018 após pedido do Instituto do Meio Ambiente, pouco tempo depois da divulgação do laudo. O EXTRA entrou em contato com a Estre Ambiental para saber quais providências foram tomadas desde o último laudo e para que pudesse detalhar o que está sendo feito com o chorume tratado pela empresa, além de comentar sobre as supostas irregularidades constatadas pela PF, mas até o fechamento desta edição os questionamentos não foram respondidos. Em contato com a Superintendência de Limpeza Urbana (Slum), responsável por fiscalizar os serviços de coleta domiciliar, limpeza urbana e destinação final de resíduos de Maceió, foi informado que todas as informações pertinentes às operações nos equipamentos da Central de Tratamento

de Resíduos (CTR) da capital foram devidamente apresentadas aos órgãos ambientais controladores e fiscalizadores, com todos os índices que garantem a eficácia dos serviços prestados à população sem que haja qualquer dano ambiental. Ainda de acordo com a pasta “a CTR é monitorada diuturnamente por técnicos em diversas áreas de engenharia, com emissão de relatórios periódicos”. A Slum informou também que recentemente, em visita técnica nas instalações do local, representantes de órgãos como os Ministérios Públicos de Contas e do Estado, da Secretaria de Estado de Recursos Hídricos e membros do Conselho Municipal de Proteção Ambiental constataram a eficácia e avanços no trabalho referente à destinação final


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rro Sanitário de Maceió NOVO LAUDO

D Chorume produzido no aterro (abaixo) era lançado no mar através do emissário submarino

e acordo com informações do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas, um novo laudo previsto para ser divulgado ao final da próxima semana está sendo elaborado após visita de técnicos do órgão no início do mês de maio. Este novo documento é considerado mais completo pelo próprio órgão e deve apontar de forma detalhada se permanece ou não contaminação das regiões onde o chorume estaria sendo descartado. O último laudo produzido em 2018, no entanto já havia constatado que o riacho Jacarezinho, que desagua nas praias de Guaxuma e Riacho Doces

apresentou presença de metais pesados e altamente danosos ao meio ambiente e principalmente a saúde humana. Os testes laboratoriais realizados pelo Instituto de Tecnologia e Pesquisa de Sergipe constaram que a quantidade de Arsênio, Cádmio, Ferro, Manganês e o Níquel estão fora do padrão exigidos pela legislação brasileira. O material descartado está sendo colocando em contato também com os resíduos orgânicos do sistema de saneamento básico da capital. Os metais em contato com a matéria orgânica gera uma reação química faz surgir, em várias partes das praias do Pontal da Barra, Trapiche, Sobral e Avenida da Paz, manchas escuras e uma densa espuma marrom.


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A modelar o quê; quantos? Sem exceção...

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presidente Bolsonaro verbalizou algumas frases que são as principais ferramentas de trabalho diuturno da mídia (jornal, TV, rádio e redes sociais) contemporânea quando colocadas em prática, o que ocorre todos os dias; todas as horas; todos os minutos e todos os segundos: “Idiotas úteis” e “massa de manobra”. A mídia é uma aliada da população e é também o carrasco dessa mesma população.

O que fazer, então? Ler, estudar, discutir, debater, aprender e também desaprender. O que essas frases têm a ver com psicologia, psiquiatria; com Freud e Lacan, globalização, capitalismo e comunismo; direita e esquerda? Vamos ver. Disse ele com propriedade: “São idiotas úteis que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo das universidades federais”; (https://vejasp.abril.com.br/cidades/idiotas-inuteis-bolsonaro-mec/), referindo-se a estudantes e professores por não concordaram com cortes nos orçamentos das universidades e institutos federais e por terem feito mobilização nas ruas para protestar contra cortes de verbas para as instituições.

Vamos às frases

Quem são os idiotas úteis desse país? Não são os ministros que fazem “questão” de serem “úteis”, falando bobagem para não despertar a discussão sobre assuntos fundamentais, como a reforma da previdência, direitos individuais e sociais, meio ambiente, entre outros? Quem são os idiotas úteis desse país? Não foram os eleitores que tiveram boa-fé e foram utilizados como “massa de manobra” para um projeto de governo que até agora não foi publicado nenhuma lei ou decreto, no Diário Oficial da União, que tenha como característica principal “ser útil” para o povo brasileiro...

“Ralar”

Quem é a “minoria espertalhona”? Está na universidade? Está no Legislativo? Está no Executivo? Está no Judiciário? Se estiver na universidade não é inútil e também não é idiota, porque nas universidades, me parece, só tem pessoas que “ralaram” muito para estudar, principalmente em escolas públicas, para ter um diploma e tentar construir um país melhor.

“Idiotas úteis”

É exatamente na universidade onde a discussão de temas da sociologia, antropologia, comunicação social, psicologia, matemática, física, biologia, ecologia, ciência, astronomia, enfim, são discutidos para que os estudantes não sejam “idiotas úteis”. É na universidade onde se discute, por exemplo, qual o papel do Estado e do governo para uma população que está sendo induzida a não ver o que se deve ver, ou seja, são mensagens, muitas vezes, subliminares, que a mídia e redes de TV sabem tão bem divulgar, aliás em noticiários e em novelas, milimetricamente produzidas para “dizer” que vermelho é azul e azul é vermelho.

Guerra / Liberdade / Ignorância

E não somente na universidade. Nos sindicatos, nos grupos de trabalhos das empresas, também podem ser discutidos temas fundamentais como os processos de trabalhos estão sendo desenvolvidos e quem vai usufruir do produto desse trabalho.

SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Melhor Faça o bem e viva melhor. (Arnaldo Santtos)

Será que está sendo implantada uma nova linguagem; uma espécie de atualização da novilíngua (“Guerra é Paz / Liberdade é Escravidão / Ignorância é Força”) ou é uma cópia do que foi exposto no livro “1984”? A quem interessa essa “nova linguagem”? De que país ou continente vêm esses “métodos revolucionários” de discutir o futuro de um país em desenvolvimento?

“Bancária?”

O que diria Paulo Freire, que escreveu “Pedagogia do Oprimido”, ao ver que o pensar, discutir, debater, entender, é algo perigoso e “pode fazer mal” para um governo? Que governo? De quem é o governo? Para que ele serve? Não pensar e não refletir (nos bancos das universidades e das escolas) não seria instituir, “governalmente” (existe essa palavra?) a “educação bancária” como “melhor método de ensino” a partir de agora? A quem serviria esse método e para que serve? Não seria interessante praticar o “Método Paulo Freire” de ensino (no país inteiro), em que o conteúdo de estudo do pedreiro seria/será sempre, por exemplo, ter uma noção sólida de quantos sacos de cimento são suficientes para manter uma parede; ou quantos tijolos são suficientes para construir uma casa segura, ou um país?

Ratos x saúde mental

Não seria interpretar melhor o romance de John Steinbeck, no livro “Ratos e homens”, sobre o que está acontecendo, ainda hoje, ou seja, da busca do viver, nem que essa busca seja uma viagem que, necessariamente, terá um fim, inusitado, mas que o mais importante é a viagem e não o destino? Aliás, construir o próprio destino. Não seria achar como no livro “Comédia Humana”, de Honoré de Balzac, uma possível comédia no ser humano, impondo que ele dever achar que vermelho seja azul e azul seja vermelho? Isso é saúde mental?

Freud, cadê você?

E onde está Freud (que “explica” tudo), Lacan (que “instiga” tudo), Carl Rogers (que toda pessoa tem um potencial “infinito”), psicologia (que estuda a mente humana) e a saúde mental (que comportamentos são “normais”) em tudo isso que foi descrito, narrado? Por todos os questionamentos e inserções de alguns livros e interpretações, cabe-nos pensar o que

está acontecendo com o conhecimento/ensino, com as instituições, com a nossa cultura, com o nosso modo de pensar e viver.

Quem somos?

Quem somos nós, brasileiros? Quem somos nós nordestinos? Quem somos nós trabalhadores? Quem somos nós empresários? Quem somos nós estudantes? Quem somos nós profissionais autônomos? Quem somos nós aposentados? Quem somos nós militares e civis? A resposta está em cada um. Mas a resposta pode estar, também, nos representantes de cada instituição, desde o representante do Executivo até o síndico de um prédio. O mais importante é que tenhamos discernimento, percepção do que está acontecendo e possamos resistir para não recuar na história, na história do país.

... Modelar quem; quantos?

Não podemos deixar nos modelar, a mim, nem aos meus amigos, nem a meus irmãos, nem a meus colegas, nem meus vizinhos, nem a população do meu bairro, nem o povo da minha cidade, e nem a população do meu Estado e muito menos a população do meu país. Todos nós somos úteis, somos seres humanos, somos imperfeitos, somos pensantes. E somos, apesar de tudo, responsáveis por mudanças, mas mudanças que dignifiquem o viver de todos os seres humanos, SEM EXCEÇÃO.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Atendimento virtual pelo site: www.vittude.com. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também na CLÍNICA HUMANUS: Rua Íris Alagoense 603, Farol, Maceió-AL. (82) 3025 4445 / (82) 3025 0788 / 9.9351-5851 Email: arnaldosanttos@uol.com.br arnaldosanttos.psicologo@gmail.com.

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Ataques sob encomenda

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prefeito de Maceió, Rui Palmeira, tem sido alvo de uma avalanche de ataques injustos e mentirosos, publicações em sites nada respeitáveis e já conhecidos pela convivência de seus espaços abertos a negociatas do mais asqueroso nível. A cada dia inventam uma história diferente com a finalidade de denegrir a sua imagem, com a nítida intensão de chantagear. Montam farsas nas redes sociais e procuram atingir inclusive a família do prefeito. Conheço e convivo com o Rui e sua família desde o dia que nasceu, pois nesse dia eu estava no interior com seu pai, Guilherme Palmeira, em campanha e voltamos às pressas para Maceió por motivo do seu nascimento. Ele nasceu e cresceu moldado em um lar onde impera a dignidade e os valores familiares. Era seu destino e sua vocação entrar para a política para dar continuidade

Caravana alagoana

Alagoas vai ficar alguns dias sem a presença do governador Renan Filho e gorda fatia de seu secretariado. Um “representativo” e volumoso grupo de auxiliares do primeiro escalão tem viagem marcada para a China. A justificativa seria “uma viagem de prospecção, em busca de novos projetos para Alagoas”. Tudo conversa fiada para justificar gastos excessivos do tesouro estadual, anunciado com dificuldades pelo próprio governador. Já perdi a conta do número dessas “missões turísticas” que no final não resultam em absolutamente nada em benefício do povo alagoano, Para não dizer que sou do contra e como já estarão por lá mesmo gastando nosso dinheiro, ninguém do grupo fala chinês, sugiro contratar um bom guia de turismo e se esbaldar na farra visitando alguns pontos imperdíveis como: uma viagem diurna a Guangzhou (Cantão), na China, partindo de Hong Kong, excursão de um dia a Hong Kong a partir de Guangzhou pelo trem-bala Round-way, excursão fotográfica ao pôr do sol completa / meio dia Xingping com o Pescador; cruzeiro noturno no Rio das Pérolas em Guangzhou com transporte particular; excursão privada de um dia à ponte de vidro do desfiladeiro de Gulong a partir de Guangzhou; cruzeiro fluvial Li e excursão diurna Yangshuo saindo de Guilin. Ainda como amigo deixo uma recomendação: tudo começou assim com o governador Sérgio Cabral e sua quadrilha.

à história de dois grandes exemplos de homens que orgulharam Alagoas no cenário nacional: seu avô Rui Soares Palmeira e seu pai Guilherme Palmeira, considerado o mais honrado político alagoano dos últimos tempos. A trajetória política de Rui Palmeira, e os alagoanos a conhecem bem, lhe deu o seu primeiro mandato de deputado estadual, em seguida consagrado deputado federal com expressiva votação. Prefeito de Maceió e reeleito pela confiança e reconhecimento ao seu trabalho sério e voltado para o interesse público. Tem sofrido muito com a retração de recursos e a queda na arrecadação, mas não tem parado de buscar alternativas para terminar seu mandato ao final do próximo ano entregando ao maceioense uma administração de resultados positivos. Os ataques de encomenda de seus adversários não o alcançam e a chantagem marginal não o incomoda.

Até que enfim uma luz

Os presidentes do Senado, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal participaram de um café da manhã esta semana no Palácio do Alvorada com o presidente da República, no qual estiveram também os ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Eles discutiram um pacto entre os três Poderes que será assinado, provavelmente, na semana do dia 10 de junho no Palácio do Planalto. As informações à imprensa foram dadas pelo chefe da Casa Civil. De acordo com Onyx Lorenzoni, a ideia é ter um conjunto de metas ou ações pelos quais os Poderes vão trabalhar em conjunto. Da reunião se consolida a ideia de que se formalize um pacto de entendimento e algumas metas de interesse da sociedade brasileira a favor da retomada do crescimento brasileiro. “Daqui até o dia 10 de junho, nós vamos continuar dialogando com os Poderes para a construção do texto, que será então assinado nesse dia e apresentado ao país. O saldo do café da manhã foi altamente positivo porque estabelece uma continuidade do diálogo, estabelece uma construção de uma harmonia”, disse Lorenzoni.

PEDRO OLIVEIRA n pedrojornalista@uol.com.br.com

Para refletir: “O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta”. (Maquiavel)

Bancada feminina Como papai

O governador Renan Filho teve participação destacada na reunião da Sudene, com a presença do presidente Jair Bolsonaro. No encontro, em Recife, defendeu uma agenda própria de desenvolvimento do Nordeste. Além de tratar a pauta da região, falou sobre a reforma da Previdência e a impopularidade do governo federal. Mostrando desconforto com a Previdência tomar o centro das atenções da agenda política e econômica, Renan questionou que o Brasil não pode parar para esperar a reforma. “Precisamos discutir a Previdência, mas ela não pode se transformar num samba de uma nota só. Precisamos de outras alternativas para retomar o crescimento. Todos nós, governadores do Nordeste, somos a favor da Reforma da Previdência. Nós não somos a favor é da retirada de direito dos mais pobres”, ressaltou. Ao ser indagado sobre uma declaração de seu pai, o senador Renan Calheiros, sobre o governo ter “envelhecido rapidamente”, ele respondeu que concorda com a maioria das opiniões do pai, mas como governador do Estado deve “trabalhar institucionalmente e torcer para que o governo acerte”. “Ele não tem acertado muito até agora”. (Com informações do Diário de Pernambuco).

Mesmo composta por deputadas supostamente atuantes e empreendedoras, a bancada feminina da Assembleia Legislativa (Jó Pereira, Cibele Moura, Ângela Garrote, Fátima Canuto e Flávia Cavalcante) não tem correspondido ao que se esperava de sua força nas atividades parlamentares da atual legislatura. Ao que parece falta uma coordenação e um projeto de atuação conjunto em pautas de defesa da mulher, das famílias em situação de risco e ações sociais. Para o externo parece que o lema é “cada uma cuida de si e Deus de todas”. Se mirem na pequena bancada feminina da Câmara de Palmeira dos Índios, onde apenas duas vereadoras fazem a diferença, inclusive com o apoio do presidente da Casa, vereador Agenor Leôncio. Ao trabalho senhoras deputadas!

De olho no futuro

A dedicação do deputado Marcelo Vector na gestão da presidência da Assembleia Legislativa impressiona aos observadores mais atentos. Dirige a casa com uma liderança de conciliação nunca vista em outros tempos. Tem o respeito do governo e da oposição e isto aumenta seu poder e influência. Tem planos para administrar a casa e prestigiar os servidores que colaboram na realização de suas metas. Seu trabalho está sendo plantado agora, mas com certeza está de olho no futuro que não vai demorar.


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O rugido das ruas

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eleição presidencial de 2018 decretou o rompimento do Brasil com um dos seus períodos mais nefastos: o reinado vermelho-ladrão-petista-comunista-entreguista que não apenas quebrou a economia, como quase conseguiu vergar os padrões de moral, decência e respeito incutidos há séculos em nossa sociedade. Para consertar o tsunami vermelho há muito a se fazer. A escola pública (e parte da privada) continua dominada pelo stalinista PC do B, uma praga pior que o PT. Também dominam há décadas a UNE (e se fartam com as verbas recebidas do governo federal). Não à toa nossa educação está entre as piores do mundo! É preciso fazer uma limpa geral nessa área sob pena de continuarmos chafurdando no atraso e subdesenvolvimento tão desejado pelas esquerdas. Será preciso extirpar também o que o petismo comunista associado aos nababos do serviço público principalmente do judiciário

e dos legislativos exponenciaram: a sacanagem dos milionários salários e penduricalhos mil que está quebrando a previdência, o país e deixando no abandono milhões de aposentados do famigerado INSS. Também foram os vermelhos do PT e seus asseclas do MDB, PP, PSD, PR, PSDB e uma dezena de siglas nanicas que promoveram a maior pilhagem dos cofres públicos de uma nação em todos os tempos e em todo o mundo. Um escândalo universal que o judiciário começa a “esquecer” livrando a cara dos envolvidos. Pelo andar da carruagem, o ladrão maior logo estará na rua arrotando “honestidade”(sic!). Foi o petismo comunista (sic!) que promoveu a alavancagem dos já então indecentes e imorais lucros dos banqueiros (que tomam na “mão grande” o pouco dos recursos que sobram da Nação, após a pilhagem dos ladrões do setor público) e dos impostos exorbitantes cobrados do cidadão sem retorno mínimo em termos de segurança, saúde, educação ou bem estar.

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ELIAS

Num país cuja coletividade difusa paga cada vez mais a alta conta dos privilégios dos ladrões de todas as matizes, ver o povo nas ruas se manifestando a favor das reformas (75% das pessoas que estiveram nas ruas domingo o fizeram em defesa das reformas prometidas, conforme pesquisa do cientista Paulo Ortellano) que políticos salafrários, lobbies de funcionários públicos, a esquerda ladravaz e retrógada e as viúvas da roubalheira do PT tentam impedir, é o sinal mais claro de que o povo cansou. Manifestações populares são expressões legítimas da democracia. São também termômetros da sociedade, indicam preferências da população. O brasileiro roubado, acuado, violentado em seus princípios e padrões morais, ameaçados diuturnamente de roubo, agressões e morte, recebendo um salário mínimo vergonhoso e de fome está dizendo com todas as letras: queremos as mudanças prometidas. Mas aquela cafajestada aqui nominada tenta a todo custo

Torcedor e dirigente

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erta feita, estava assistindo a um jogo do CSA, sentado nas grandes arquibancadas, reduto de nossa torcida. Era o clássico maior: CSA x CRB. Minha postura durante a maior parte do jogo fez um vizinho perguntar por qual time torcia. Parece estar contando piada, mas além de azulino, àquela época, em 1973, respondia pelo cargo maior de nosso clube. Disse-lhe: sou torcedor e presidente do CSA. Jovem, tinha 29 anos, ali calado, sem externar essas duas qualidades de azulino e presidente, levaram o torcedor a indagar: “Mas você não torce?” Expliquei que era muito difícil, na maioria das vezes, um dirigente ser um torcedor. Acabara de assumir o CSA com uma infinidade de débitos, que só poderiam ser sanados

com rendas de jogos, e tinha me posicionado naquele lado para ter uma visão maior do estádio e imaginar a renda do jogo. Expliquei que havia uma tênue separação entre o torcedor e o dirigente. As vitórias, por exemplo, podem até ser propagadas pela imprensa e curtidas pela torcida, mas para o dirigente elas são efêmeras, pois ele já está pensando na próxima, e na próxima... E principalmente como montar e manter o plantel. O meu relato é motivado pela reação que a torcida teve à decisão da atual direção azulina de vender o mando de campo, no jogo contra o Flamengo. Se por um lado a torcida queria ter a oportunidade de ver o Flamengo atuando no Trapichão, por outro nosso estádio, encolhido em sua capacidade de abrigar mais tor-

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FRAGOSO n Economista

impedi-las. Precisam saber que é melhor entregar os anéis que perder os dedos... O principal resultado das manifestações de domingo confirma que a eleição de Bolsonaro não foi episódio isolado. Ocupou vácuo político e se consolida com a rejeição à chamada “velha” política. A maioria da população clama pela moralização dos costumes, por reformas liberais, pelo combate ao crime e acaba (de novo) de rejeitar nas ruas a política tradicional, a roubalheira de sempre e os nababos e ladrões do dinheiro público. Bolsonaro é controverso, mas a simbologia que ele representa é forte. Precisa saber usar bem o rugido das ruas.

O brasileiro roubado, acuado, violentado em seus princípios e padrões morais, ameaçados diuturnamente de roubo, agressões e morte, recebendo um salário mínimo vergonhoso e de fome está dizendo com todas as letras: queremos as mudanças prometidas.

JOSÉ MAURÍCIO cedores, não correspondia ao que o clube iria auferir na venda do mando. E ele precisa contratar mais craques, sem esquecer que a probabilidade de uma vitória do CSA seria pequena. Por coincidência, naquele mesmo ano de 1973, com as dificuldades financeiras que já citei, resolvi convidar o CRB para disputar em campo o campeonato de 1971, que estava sub judice. Para alguns, ganharíamos na justiça, mas a dúvida e o tempo subsistiam. O CRB aceitou e jogamos uma melhor de três, de onde saímos vencedores. Foi uma das maiores comemorações de campeonato, mas antes do feito, a torcida taxou-me de venal em panfletos espalhados pela cidade. Enquanto o torcedor é entusiasmo e muito amor pelo seu clu-

BRÊDA n Economista

be, o gestor tem, por obrigação, que ser, além disso, estrategista para que possa dar a alegria e os títulos que a torcida espera e, como sócio contribuinte, exige. E, pasmem, esquecendo desse mantra, cheguei a telefonar para um dirigente amigo indagando sobre essa venda. Agora, sou um torcedor. (Reproduzido por incorreção)

Enquanto o torcedor é entusiasmo e muito amor pelo seu clube, o gestor tem, por obrigação, que ser, além disso, estrategista para que possa dar a alegria e os títulos que a torcida espera e, como sócio contribuinte, exige.


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Promessa não cumprida

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inha prometido que só voltaria a falar em política neste espaço no ano que vem. Ano de eleição para prefeitos e vereadores de todas as cidades brasileiras e, com certeza absoluta, o processo que mais envolve as comunidades em época eleitoral. Dizem os entendidos em política que, nas campanhas para prefeitos e vereadores, os bairros recebem tantas visitas e se apresentam com tantos candidatos, que, na resenha, ou seja, na brincadeira, vai faltar eleitor, de tanta gente interessada em defender a população. Quebrei a promessa por me lembrar de um fato que ocorreu esta semana, em uma solenidade ocorrida no Centro Universitário Cesmac, quando a instituição recebeu parte do acervo do Menestrel das Alagoas, Teotônio Brandão Vilela, em um evento bastante concorrido e, entre algumas autoridades, familiares do homenageado, a exemplo do exgovernador Teotonio Vilela Filho. O reitor João Sampaio contou uma história curiosa que, algum tempo

depois, foi registrada em um discurso do menestrel, no plenário do Senado da República, citando as fontes do episódio. Na época, um exportador de pinha, lá das bandas de Palmeira dos Índios, tentava negociar a sua produção na cidade de São Paulo e não conseguia emplacar quase nada. Enquanto isso, um produtor japonês vendia tudo que produzia. Essa situação deixava o nosso produtor muito intrigado. Certo dia, resolveu mudar o nome da empresa. Passou a exportar suas pinhas para a cidade de São Paulo pela nova empresa criada: a Kome Keto. Depois disso, nunca mais teve problemas com sobra. Vendia tudo e, ainda, antecipava os pedidos da safra seguinte. Era a concorrência japonesa de Palmeira dos Índios que estava chegando ao mercado. Perguntado tempo depois se alguém descobrisse que o dono da empresa não era japonês, ele disse que se preciso fosse faria até a cirurgia dos olhos, deixando-os bem esticadi-

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nhos. Pois bem, transportando essa história do ex-prefeito João Sampaio para a política, é que me fez quebrar a promessa e falar nas eleições de 2020. Com certeza, vamos nos deparar com muita gente que vai tentar, mais uma vez, levar vantagem no ano que vem, o que é muito natural. Quem já está no mandato precisa mostrar o que fez nesses últimos anos e, mesmo assim, ainda não tem a garantia de sua reeleição. Com mandato ou sem mandato, não conheço eleição fácil, mas ninguém desiste de sua candidatura. Mesmo sabendo que vai aparecer todo tipo de gente, quem come e quem quer comer, é muito natural que o processo seja democrático e que dê espaço para todo mundo. Agora, o mais importante é o eleitor saber quem merece ou não receber o seu voto. Nessa hora, vai aparecer todo tipo de gente, com trabalho e serviços prestados no seu mandato, honestidade nas suas propostas e oportunistas também. Claro que é ainda muito cedo

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quietos. Alguns falam, outros fazem seu trabalho e pouco se manifestam. Moro já levou tanta pancada, que não sei até onde resistirá. Deputados e senadores morrem de medo do ministro e fazem tudo para derrubá-lo. Entretanto, o moço tímido e valente resiste, reage e não para de trabalhar. Vejo excelentes juristas criticando o Moro e não consigo entender por quê. Sustentam-me os resultados obtidos pela Operação Lava Jato. Se ele está tão errado, como dizem alguns juristas, por que tanta gente presa? O Guedes é outra vítima da esquerda e do Congresso. Já o convocaram e os resultados são sempre escandalosos. Acredito na luta dele para tirar o Brasil da crise, mas, convencer o Legislativo não vai ser fácil. Falam na desistência do Guedes; seria muito ruim para todos nós. A mulher do Bolsonaro trabalha o lado social do governo com muita competência. Não se envolve em problemas políticos e procura atender crianças carentes e doentes. Bela lição de vida! O vice-presidente Mourão conta com minha simpatia. Recebe ataques de várias pessoas, pouco responde e vai “tocando o barco” até onde seu limite permite. Acho que poderia fazer mais, entretanto sou uma pobre ido-

JORGE

MORAES n Jornalista

para se pensar nisso ou falar em nomes. Em 2020 tem o come quieto e até quem vai fazer cirurgia para não ser reconhecido, sem dúvida. Muitas costuras ainda serão feitas até lá, seja saindo de dentro da Prefeitura de Maceió, em especial, do Palácio do governo de Alagoas, ou lá de Brasília, com os bolsonaristas. Trago de volta o assunto para lembrar o que diz o radialista França Moura: “O último que se meteu a entender de eleição, está, até hoje, internado no hospício”.

Com certeza, vamos nos deparar com muita gente que vai tentar, mais uma vez, levar vantagem no ano que vem, o que é muito natural. Quem já está no mandato precisa mostrar o que fez nesses últimos anos e, mesmo assim, ainda não tem a garantia de sua reeleição.

ALARI ROMARIZ

Para onde vamos? stamos vivendo uma situação complicadíssima neste Brasil. Direita e esquerda brigam, discutem e não chegam a nenhuma conclusão. Vamos começar pelo Congresso Nacional: seiscentos e tantos deputados e senadores querendo aparecer. Velhos conhecidos nossos, cheios de processos, reúnem-se em grupos com finalidades múltiplas: derrubar o presidente, perseguir o Moro, fazer o Guedes desistir. Eles só não pensam numa solução para melhorar o país. Nosso Supremo Tribunal Federal, completamente perdido, decidindo soltar bandidos, chegou a um ponto em que os ministros não podem sair às ruas. Era um órgão respeitado, dava a última palavra em decisões judiciais. Alguns de seus membros perderam a credibilidade. O Executivo tenta encontrar-se, mas já cede às pressões do Legislativo. Bolsonaro vai e volta. O que diz hoje, desdiz amanhã. Alia-se a velhas raposas da política brasileira. O lado bom é reconhecer o erro. O lado ruim é falar demais e voltar atrás. Existem alguns pilares que ainda sustentam o presidente: os militares, o Moro, o Guedes e a primeira dama dedicada ao lado social. Os militares estão aparentemente

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sa que acompanha os acontecimentos pela imprensa. A TV está anunciando uma reunião dos três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Vão analisar a situação do Brasil depois das manifestações pró Bolsonaro, realizadas em todo o país. Esperamos que decisões sérias sejam estabelecidas e que todos pensem numa saída honrosa. Logo após a notícia da citada reunião, vem a Miriam Leitão, jornalista da Globo, e diz que até aqui nada foi feito. Como o radicalismo cega as pessoas! Todas as mágoas guardadas pela moça em épocas anteriores afloram agora. A esquerda continua torcendo para nada dar certo! Leio comentários negativos, maldosos e até inconvenientes. E fico pensando se não poderiam ser apresentadas soluções. Vejo e conheço na esquerda pessoas brilhantes que poderiam ser de grande valia no processo de recuperação nacional, herança dos anos PT. Houve erros e acertos! Corrijamos os erros e aprimoremos os acertos. A primeira coisa que o Bolsonaro tem que fazer é falar menos, ouvir mais. Ser bom aluno de pessoas mais experientes, tentar segurar os bons assessores e se livrar dos aproveitadores. Não baixar a cabeça para o

TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

Legislativo e o Judiciário. Combinar com os filhos para assumirem atitudes mais ponderadas. Os militares, experientes que são, controlem o Bolsonaro e tapem os buracos encontrados no Brasil inteiro. Moro e Guedes não desistam, trabalhem e tirem o este país do atoleiro. Congresso Nacional: calma! O desgaste é grande e os processos muitos. Ministros do STF: parem, raciocinem, corrijam os erros. Meus leitores vão pensar: que velhinha atrevida! Pensa o que da vida? Respondo eu: num Brasil melhor, sem corrupção, sem violência, que nos permita andar livremente pelas ruas. Deus existe! Não duvidem!

A primeira coisa que o Bolsonaro tem que fazer é falar menos, ouvir mais. Ser bom aluno de pessoas mais experientes, tentar segurar os bons assessores e se livrar dos aproveitadores. Não baixar a cabeça para o Legislativo e o Judiciário. Combinar com os filhos para assumirem atitudes mais ponderadas.


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PILAR

Prefeito denuncia vereador ao Coaf, Polícia e MP por improbidade administrativa Paulo Bugarim também é acusado de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal

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prefeito Renato Filho, da cidade do Pilar, protocolou na terça-feira, 28, denúncia contra o vereador Paulo Cavalcante Soares, o Paulo Bugarim (PSC), a quem acusa de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e improbidade administrativa. A denúncia foi enviada ao presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), à Polícia Civil e ao promotor do Pilar. Segundo consta da denúncia, o caso chegou ao conhecimento da prefeitura após ser decretada de utilidade pública uma área de 2,20 tarefas localizada na Rua Antônio Serafim Costa. Este terreno, de acordo com a denúncia, pertencia a um morador do Pilar que procurou o prefeito Renato Filho logo após a publicação do decreto, informando que estava tendo dificuldades de fazer a escrituração do terreno no cartório, tendo em vista a averbação do decreto no registro no terreno. Segundo relatou o morador,

o terreno lhe foi vendido pelo vereador pelo valor de R$ 800 mil, mas o parlamentar não estava querendo passar a escritura do imóvel e o documento do veículo que foi dado como parte do pagamento. Renato Filho explicou que decidiu levar o caso à Polícia e outras esferas “considerando a negociação e a declaração de bens do vereador na eleição de 2016 não há nenhum bem cadastrado, mostrando-se pertinente, a averiguação da situação, tendo em vista a evolução patrimonial incompatível com os valores percebidos na condição do vereador”. O promotor de Justiça da Comarca de Pilar, Silvio Azevedo Sampaio, recebeu a denúncia e iniciou as investigações. Por meio da assessoria do Ministério Público, Sampaio informou que todo o processo está sob sigilo e que só se pronunciará após conclusão das análises.

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O risco de perda do poder político

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uando falamos em Estado, invariavelmente evocamos Montesquieu, atribuindolhe a teoria da separação harmônica dos poderes, que preconiza o equilíbrio no exercício do poder derivado, ou seja, aquele que emana do povo e que faz a democracia. Na verdade, o sábio francês do Iluminismo aprimorou a criação dos gregos (sempre eles, graças a Deus!), ou seja, a teoria da partição dos poderes, que estabelece o equilíbrio das forças dos entes públicos, isto é, entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, sendo que a função desse último é o controle dos atos dos outros dois, através de um sistema de pesos e contrapesos. Naturalmente não pretendo, nesse espaço eminentemente popular, prelecionar sobre questões de Direito, coisa aliás para a qual não estou pedagogicamente autorizado. O sentido da crônica é apenas a observação do atual estágio do nosso governo, no qual

o poder vem sofrendo sensível mudança de localização, pondo em risco o próprio Estado. Antes, porém, faço menção àquele princípio da prática política bem conhecido de todos: em política não existe lugar vazio. Ou seja, cochilou... E o governo Bolsonaro vem cochilando amiúde, dando azo a que o Legislativo, formado por águias ávidas de poder, assuma protagonismo agigantado, sufocando o Executivo. Isso é bom? Tenho ouvido de alguns – e nisso têm eles razão – que esse sufocamento do Executivo é resultado da inépcia do presidente e equipe, nesse âmbito incluídos os seus filhos e o tal “pensador” Olavo de Carvalho. E que o Legislativo dominando os ineptos e doidivanas do Executivo faz muito bem e garante a continuidade democrática. É bom refletirmos sobre isso tudo. Inegável que o presidente tem demonstrado tanta inaptidão para o exercício do poder que

até o seu vice, general formado na caserna, tem revelado inusitado e bem-vindo trato político. No todo, porém, à falta de uma liderança alguns ministros batem cabeça, desmotivam-se, e já ensaiam pular fora do barco, até porque o comando exercido por Bolsonaro parece bem espelhado no Dom Quixote, de Cervantes, sem o brilhantismo e o cavalheirismo do nobre espanhol maluco. Nessa situação já por si estranha, surgem os filhos do presidente, criando casos e intrigas, minando o poder do pai, causando desconfianças e inseguranças na equipe, sem esquecermos o indefectível Olavo de Carvalho que se arvora, e disso se ufana, em teórico político de real influência no pensamento bolsonarista. Há pois um vácuo de poder, inexorável e voluptuosamente ocupado por figuras até pouco tempo desconhecidas do povo, como os presidentes da Câmara dos Deputados e do

CLÁUDIO

VIEIRA

n Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

Senado, ora comandando as hostes anti-Bolsonaro, embora ladinamente arvorem-se de magistrados. A desfaçatez de ambos é tamanha que a intenção usurpadora de comando escapa a observadores. Embora seja do estado moderno a necessidade de um Legislativo forte, na presença de um Executivo fraco a situação é preocupante. Não bastam, então, os movimentos de aparência popular em apoio a Jair Bolsonaro se o presidente não assume de vez o governo, que se espera democrático.

No todo, porém, à falta de uma liderança alguns ministros batem cabeça, desmotivam-se, e já ensaiam pular fora do barco, até porque o comando exercido por Bolsonaro parece bem espelhado no Dom Quixote, de Cervantes, sem o brilhantismo e o cavalheirismo do nobre espanhol maluco.


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Uma cidadania atípica

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destino reservou-me o privilégio de renovar minha nova morada. Chegava a Santana do Ipanema com apenas 25 anos de convivência entre os vivos, alimentando o sonho de iniciar uma nova experiência profissional e construir novas amizades, convicto de que os meus devaneios seriam tão avassaladores como a glória de um guerreiro imbatível. Ao cair da tarde do dia 31 de março de 1969, há precisamente 50 anos, pude contemplar o crepúsculo do entardecer e sentir o contentamento de poder assistir, atônito, a estrela de 5ª grandeza recolher seus instrumentos de trabalho, dando asas a uma nova noite de outono, em torrão sertanejo. Aquele dia, para mim, era um presente do Altíssimo, apesar de saber que a sociedade brasileira, em falso regozijo, comemorava o primeiro quinquênio do Golpe Militar de 64, cujas consequências resultaram no amargo dissabor para um universo de famílias que, desoladas pela insensatez da truculência, choravam a dor de seus familiares, mutilados ou sucumbidos pela “guilhotina” da inclemência. Passados 4 anos e um mês, mais precisamente em agosto de 1972, o destino infelicitou-me o infortúnio da interrupção do vínculo empregatício, passando a amargar o fel do desemprego, até fevereiro de 1974, quando iniciei, em março daquele ano a função de professor do antigo Ginásio Santana. Em 1º de setembro de 1974, a inspiração profissional e o sentimento patriótico que sempre cultivei, desde minha adolescência, estimularam o meu fecundo afã, com a criação da 1ª Corrida do Fogo Simbólico da Pátria, em homenagem à Semana da Pátria.

J.V. GUIMARÃES n Procurador e professor aposentado

Durante minha permanência, de to – Sebastião Guimarães quase duas décadas, na Santana dos em decorrência da criação meus amores, como bem definiu o poe- da Semana da Pátria, em ta Remi Bastos, contribuí para seu de- 1º de setembro de 1974. senvolvimento, como fiscal Orientador Diante de tantos beneda Agência Produban; avaliador do fícios dadivosos presenteaBanco do Brasil, por indicação do sau- dos à comunidade santadoso amigo e funcionário da referen- nense, é que no dia 12 de ciada instituição financeira - Ulisses dezembro de 1983 recebi um Braga – por um peofício do ríodo de 5 anos, nas P o d e r gestões de Rosálio e LegislaJosé Ventura; profestivo Musor de duas unidades nicipal, educacionais, colaboconcedenMesmo reconhecendo mirando para a criação do-me o nhas imperfeições, porque a das escolas cenecistas Título de perfeição absoluta é atridas cidades de MaCidadão buto da Divindade, sempre ravilha, onde exerci Honorálutei, incansavelmente, para o magistério por um rio, por votrilhar na estrada da vida período exíguo, Ouro tação unâornamentando o troféu da Branco e Olivença, nime. decência, da honradez, do culminando com miP o r caráter e, acima de tudo, a nhas tarefas na terironia do dignidade de não torpedear a destino, o Título de ra do saudoso Breno virtude suprema da probidaAciole, como executor Cidadão Honorário, de, porque hoje, com quase 76 do Projeto Fundiário lamentavelmente, anos de convivência terrena, que está sob a subornão ocorreu por mojamais tive vergonha de ser dinação da autarquia tivos desconhecidos. honesto. estadual – Instituto Apesar de ter o de Terras de Alagoas imenso prazer de – Iteral, no período de 16 de janeiro de me considerar um santanense, mesmo 1984 até 7 de dezembro de 1986. não tendo recebido o título respectivo, A nobreza dos que praticam a so- a Comissão Organizadora dos Festejos lidariedade humana tem reflexos no em homenagem aos 60 anos de fundanobre sentimento de altruísmo e por ção do antigo Ginásio Santana outorplausível razão ao chegar à Terra do gou-me, no dia 14 de agosto de 2010, a Panema recebi o honroso convite para Comenda Dr. João da Silva Yoyô Filho. integrar como membro da Câmara JúMinha pretensão em redigir estas nior e tempos depois a instituição mile- palavras, como forma de manifestação nar e esotérica, que tem como patro- da verdade, é em comemoração ao cinno – o Grande Arquiteto do Universo quentenário que marcou a minha che– que é Deus, além de ter recebido a gada a Santana do Ipanema. comenda outorgada pelo Tiro de GuerMesmo reconhecendo minhas imra, comandada pelo tenente do Exérci- perfeições, porque a perfeição absoluta

é atributo da Divindade, sempre lutei, incansavelmente, para trilhar na estrada da vida ornamentando o troféu da decência, da honradez, do caráter e, acima de tudo, a dignidade de não torpedear a virtude suprema da probidade, porque hoje, com quase 76 anos de convivência terrena, jamais tive vergonha de ser honesto. Cidadania Atípica é o titulo que escolhi, porque está em consonância com a realidade dos fatos, restando-me, portanto, agradecer aos conterrâneos da “Princesa do Sertão” minha gratidão pela receptividade e pelo gesto afetuoso que recebi e ainda recebo, vendo resplandecer na galeria dos santanenses o meu nome sem qualquer resquício de inimizade.


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Ações da Telebras

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uem comprou um telefone fixo antes das grandes privatizações do final dos anos 1990 e da evolução tecnológica que se seguiu pode possuir ações de empresas de telefonia listadas na B3, a Bolsa de Valores brasileira, e nem saber. Como plano de expansão, a Telebras vendia os papéis para se financiar e, só então, cedia aos compradores dessas ações a linha telefônica. Foi assim que muita gente adquiriu os papéis da estatal mesmo sem saber exatamente o que estava levando. Os interessados em saber se possuem alguma ação das empresas devem ir a qualquer agência dos bancos Itaú, Bradesco e Banco do Brasil com RG e CPF em mãos e pedir a verificação.

Taxas zeradas

Em meio a uma onda no mercado financeiro de zerar taxas de fundos, a Mint Capital é a mais nova corretora a lançar um fundo de ações sem taxa de administração. A empresa vai remunerar a gestão com uma taxa de 30% de desempenho acima do índice de referência, percentual mais alto que os costumeiros 20% entre gestores de ações. A decisão da gestora de fundos com R$ 94 milhões sob gestão e dez anos de existência chega em um momento de discussão no mercado sobre novos modelos de negócios que combatem custos velados ao investidor e defendem o “cashback” de comissões de vendas.

Leão na Bolsa Investiu na Bolsa de Valores pela primeira vez neste ano? Você precisa pagar Imposto de Renda (IR) sobre os ganhos mensalmente sempre que realizar vendas de ações, opções ou outros produtos negociados na B3. Apenas as vendas de ações em montante inferior a R$ 20 mil dentro de um mesmo mês estão isentas de IR. Operações do tipo compra e venda no mesmo dia não contam com isenção, independente do valor. Se você deixar para recolher o imposto apenas na época de fazer a declaração anual do IR (entre março e abril) já estará devendo uma multa para a Receita Federal de até 20% sobre o imposto não pago mais juros.

Cartão Caixa

ECONOMIA EM PAUTA n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

O cartão de crédito consignado CAIXA Simples já pode ser contratado em todo o país. O produto, destinado inicialmente a beneficiários do INSS, tem taxa de juros de 2,85% ao mês e limite de crédito de até 1,4 vez o valor do benefício. O cartão pode ser usado para compras, tem 95% do limite disponível para crédito em conta, não tem cobrança de anuidade e pode ser utilizado no exterior, entre outras vantagens. O contratante poderá comprometer até 5% do valor do benefício, margem consignável que não concorre com o limite de 30% do empréstimo consignado. Será possível ainda receber em conta 95% do limite concedido para o cartão.


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TEMÓTEO

CORREIA

NO PAÍS DAS ALAGOAS

Lurdes e seu brado de socorro

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stávamos no ano 2000. Os deputados eleitos e os reeleitos articulavam-se para ganhar a eleição da nova Mesa Diretora. Eu convalescia na residência da minha sogra, professora Maria Wanderley de Jesus, de uma cirurgia que havia me submetido há um mês. Em razão dessa peculiaridade, os deputados que costumavam reunir-se em hotéis, com o fito de formar um grupo majoritário para alcançar a vitória, foram à minha casa. Com certa pontualidade, iam chegando, um a um. Por

n Ex-deputado estadual

último, fez-se presente o deputado João Beltrão, estabelecendo-se o quórum almejado. Alguns quietarrões esperavam o início da reunião serenamente. Outros, mais azougados, ficavam a fustigar alguns colegas com brincadeiras picantes. Como anfitrião, eu procurava tratá-los urbanamente. Chamei Lurdes, que trabalhava nos serviços da casa, para servir uma fatia de torta com refrigerante a João Beltrão. A nossa secretária, ingênua, tanto quanto solícita, trouxe numa bandeja o manjar para Beltrão.

Entretanto, ao parar e fitar o nosso ilustre convidado, foi abordada pelo deputado Francisco Tenório, que num tom quase de alerta e terror, interrogou-a: - Minha filha, você sabe quem é esse homem? - Não, sinhô – respondeu ela timidamente. - É João Beltrão, minha filha, é João Beltrão! Ela, numa atitude de surpresa e desespero, soltou a bandeja e bradou: - Valei-me, meu padim Ciço! Ninguém se conteve e todos riram daquele quadro absolutamente atípico.


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Fusões inevitáveis

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otícia era esperada, mas causou agitação no mundo da indústria automobilística. No início da semana, a proposta da FCA de se fundir com a Renault refletiu a atual e gravíssima pressão de custos do setor. Embora a marca francesa deixasse transparecer uma posição mais passiva que ativa, admitiu publicamente estudar a fusão. Há algumas implicações em aberto. Olhando com profundidade o que ocorre hoje na Europa, a Renault está mais bem estabelecida na maioria dos mercados quanto aos automóveis, mas não produz SUVs de raiz como a Jeep e nem uma gama de picapes, a exemplo da RAM. FCA, por sua vez, apresenta situação financeira algo mais delicada e se atrasou nos pesados investimentos exigidos em elétricos e conectividade, além de depender da Waymo (Google) para veículos autônomos. Por sua vez, a Renault tem participação do governo francês. Se este já foi contra uma fusão com a Nissan/ Mitsubishi sem que os franceses dessem as cartas, o que diria da FCA? Aliás, nem mesmo se sabe o que acontecerá à aliança franco-nipônica sem a mão de ferro do executivo Carlos Ghosn responsável pela união, mais tempo que o esperado, de culturas tão diferentes. Uma integração franco-italiana significaria, também, vicissitudes históricas a superar. No Brasil, Fiat apresenta posição de mercado mais forte que a Renault, ao contrário da Europa. Como já comentado aqui, a irreversível consolidação de grupos automobilísticos ainda reservará surpresas adiante. Apesar dos desmentidos e do Brexit, PSA (Peugeot-Citroën-Opel) reúne mais complementaridade com Jaguar Land Rover do que Renault-FCA. E a Nissan, se desvinculada da Renault, de qual grupo se aproximaria? Por outro lado, a hipotética megafusão Renault-Nissan-Mitsubishi-Fiat-Alfa Romeo-Maserati -Lancia-Jeep-Chrysler-Dodge-RAM superaria eventuais óbices de órgãos de defesa da concorrência? Um só país que fosse contra já atrapalharia... Na mesma segunda-feira do anúncio oficial do “noivado” Renault-FCA, o Congresso Automotive Business Experience 2019 atraiu cerca de 2.000 participantes e nada menos de 151 palestrantes. Entre os vários pontos em debate, a coluna destaca alguns: • Indústria aqui instalada ainda está longe da

FERNANDO CALMON n fernando@calmon.jor.br

produtividade do exterior, mas em oitos anos o tempo gasto nas linhas de produção caiu 25%, automação subiu de 50% para 70% e houve redução de até nove meses no processo de desenvolvimento de um produto novo. • Ambiente no campo da inovação ainda precisa melhorar bastante no Brasil. Há poucos sinais neste sentido. • No futuro, com aumento de várias opções de compartilhamento e as fabricantes entrando profundamente no negócio de serviços, a busca tradicional da liderança de vendas deve ser substituída pelo maior número possível de quilômetros rodados. Os carros ficarão menos tempo parados do que hoje. • Em algum momento, o avanço de SUVs observado em muitos mercados pode esbarrar em limitações de consumo de combustível, massa adicional e aerodinâmica menos refinada. Tendem a adotar mais rapidamente hibridização e eletrificação. • Não há sinais de que veículos autônomos se tornem corriqueiros tão cedo. Os de Nível 4, onde volante e pedais podem ser até escamoteados para uso apenas eventual, utilizam equipamentos específicos que custam de 60 a 100 vezes mais que o atual Nível 2. Trazem reflexos insuportáveis ao preço final, salvo em aplicações comerciais intensivas, roteiros pré-estabelecidos e com infraestrutura compatível.

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ALTA RODA n DENTRO do novo ciclo de investimentos da FCA no Brasil, que incluirá motores turboflex e os primeiros SUVs da marca Fiat, há outra iniciativa que chamou menos atenção, mas igualmente importante. Será construído, em Betim (MG), um centro de segurança veicular capaz de realizar testes de colisão. Até agora, só GM e VW dispõem desse tipo de instalação. n TOYOTA oferece a quinta geração do RAV4 apenas na versão híbrida (gasolina), a partir de 13 de junho. O SUV utiliza a mesma arquitetura do sedã médio-grande Camry, o que garante generoso espaço interno e amplo porta-malas (580 litros). Há três motores elétricos (no total, 120 cv) e motor a combustão 2,5 L (178 cv) com potência combinada de 222 cv. R$ 165.990 a R$ 179.990.

n PORSCHE 718 Boxster GTS é um roadster (conversível de dois lugares) com qualidades ímpares de dirigibilidade. Destacam-se motor central traseiro (4-cilindros opostos dois a dois, turbo de geometria variável, 365 cv) e suspensões ajustáveis do conforto à firmeza esportiva ao giro de um botão no volante. Freios potentes, direção muito precisa e acabamento primoroso. n HERE e Mitsubishi Electric (separada da fabricante japonesa) anunciaram novo avanço na conectividade entre veículos. Combina sensores capazes de detectar de um carro avariado a buracos na pista ao compartilhamento em tempo real, em “nuvem”, de forma automática. Outros usuários da via teriam informações com antecipação a fim de evitar transtornos e acidentes.


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HISTÓRIA DA LBV

ESPERANÇA

LBV lança campanha para ajudar famílias do interior de Alagoas Entidade vai distribuir 12.500 cestas básicas e cobertores em todo o País ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão

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tradicional campanha ‘’Diga Sim!’’ promovida pela Legião da Boa Vontade (LBV) chega a Alagoas no mês de agosto para ajudar e acolher as famílias das cidades de Taquarana e Batalha, no Agreste e Sertão alagoanos, respectivamente. Essa é uma campanha emergencial para assistir famílias que sofrem com a estiagem nesse período. A LBV atenderá 300 famílias, sendo 200 famílias em Batalha e 100 famílias em Taquarana. A escolha das duas cidades se deve aos baixos

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), apontados em 0,540 em ambas as localidades, e ao alto índice de desemprego na zona rural por falta de chuva, com isso os agricultores perdem bastante na plantação de subsistência. É uma ação pontual que acontece três vezes ao ano, no interior de Alagoas. Há cinco anos que a LBV vem fazendo esse trabalho no Sertão e Agreste alagoano. Além de Alagoas, a LBV percorre outros estados das cinco regiões brasileiras entre os meses de maio a agosto. Haverá uma distribuição de mais de 12.500 cestas de alimentos não perecíveis e

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17.500 cobertores a famílias em situação de pobreza que sofrem principalmente nesse período do ano com as estiagens, as cheias e as baixas temperaturas. A campanha tem o objetivo de mobilizar a sociedade a fazer doações. Também destaca a importância do alimento para a sobrevivência das famílias ou de, pelo menos, um cobertor para que estejam aquecidas no inverno. Segundo Vânia Besse, assessora de Comunicação da LBV em Alagoas, o problema da pobreza é alarmante, mas a esperança não pode ser deixada de lado nestes momentos difíceis. “A ação da LBV é emergencial no país, sabemos que não resolve os problemas da pobreza, contudo levamos esperança a essas famílias que com o

alimento terão forças para enfrentarem seus desafios financeiros, advindos da falta de chuva para o plantio e o desemprego. Com o apoio da sociedade civil, juntos renovamos a esperança daqueles que se encontram em situação crítica no nosso país e no estado de Alagoas. Esperança é a palavra da campanha ’Diga Sim!’ da LBV’’, declarou Vânia.

COMO AJUDAR?

Para colaborar com a ação basta acessar o site da LBV - www.lbv.org/doe - ou ligar no 0800 055 5099, e quando o telemarketing da instituição entrar em contato com o interessado, a pessoa deve dizer sim à campanha de acordo com as suas possibilidades financeiras.

Legião da Boa Vontade (LBV) foi fundada em 1º de janeiro de 1950 (Dia da Paz e da Confraternização Universal) pelo poeta e radialista Alziro Zarur e hoje tem como diretor-presidente o jornalista, escritor, radialista e educador José de Paiva Netto. É uma associação civil de direito privado, beneficente, filantrópica, educacional, cultural, filosófica, ecumênica, altruística e sem fins econômicos, reconhecida no Brasil e no exterior por seu trabalho nas áreas da assistência social e da educação. Atua em prol de famílias de baixa renda, somando ao auxílio material os valores da espiritualidade ecumênica e sempre buscando esperança para aqueles que mais necessitam. A Legião da Boa Vontade atua em dezenas de cidades brasileiras, prestando atendimento de qualidade que abrange de crianças a idosos e se estende a suas famílias. No Brasil, a LBV possui 82 unidades de atendimentos, divididas em 72 Centros Comunitários de Assistência Social espalhados pelo país, um Centro de Assessoramento (Rio de Janeiro/RJ), três lares para idosos (Teófilo Otoni, Uberlândia/MG e Volta Redonda/RJ), cinco escolas (São Paulo/SP; Belém/PA; Taguatinga/DF; Curitiba/ PR e Rio de Janeiro/RJ) e uma escola de Capacitação Profissional (São Paulo/SP).


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Barra pesada

ABCDO INTERIOR

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disputa pela Prefeitura de Palmeira dos Índios preocupa não só a população como as autoridades alagoanas. O atual prefeito Júlio Cézar, que e candidato a reeleição, foi atacado recentemente pela deputada Ângela Garrote, que já anunciou que é pré-candidata a prefeita da terra dos índios Xucurus-Kariris. Garrote, que já foi prefeita de Estrela de Alagoas, chamou o prefeito palmeirense de “moleque e cabra fraco” durante um evento realizado na zona rural daquele município.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Em seu discurso na zona rural, Ângela disse que “O cara (Júlio Cézar) não pode dizer que eu o traí porque queria secretaria ou que exigi que meu filho (vereador de Palmeira Toninho Garrote) fosse vice-prefeito na próxima eleição. Quero dizer ao povo que não fiz acerto algum. Agora, cabra fraco quando não é homem para ter palavra gosta de contar história”, afirmou. Ângela também citou a Câmara Municipal como um dos motivos da gestão municipal não dar certo. Segundo ela, os parlamentares “sugam a prefeitura”.

Dissemina o ódio

Antigos aliados, Júlio e Ângela andaram de mãos dadas durante a campanha vitoriosa do prefeito e por motivos ainda não revelados se desentenderam e passaram a se atacar mutuamente. Em resposta aos ataques da ex-amiga, Júlio Cezar não deixou barato e disse que “enquanto a deputada Ângela Garrote e seus pupilos disseminam o ódio e palavras fortes sem nexo algum, responde aos ataques com obras e mais obras no município”.

Arapiraca está em alerta com o surto de doenças provocadas pela picada do mosquito Aedes Aegypti, o que provocou um aumento de mais de 300% de atendimentos no Hospital Regional de Arapiraca e postos de saúde. Apesar do alerta da Prefeitura, desde janeiro último, os riscos de contrair doenças como a dengue, zika e chikungunya continuam por conta do descaso e falta de cuidado dos proprietários de imóveis como é o caso da antiga sede da Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA), em Arapiraca, onde foi flagrado água parada em uma piscina.

Não é responsável

De acordo com a diretoria do clube alvinegro, o prédio está sub judice e sob os cuidados da Justiça. Um advogado do clube informou que o processo tramita no Tribunal Regional Federal da 5ª Região (PE). “E, portanto, o problema em questão não é de responsabilidade da Agremiação Sportiva Arapiraquense”, disse.

... Ao concluir os trabalhos na última reunião entre marchantes e diretores da Frigovale, o presidente da Câmara Municipal de Arapiraca, Jário Barros, disse, em nome dos demais 16 vereadores, que o Poder Legislativo de Arapiraca tem sido um interlocutor entre as partes, para que ninguém saia perdendo nesse processo. ... E a violência continua em Arapiraca. Um homem foi morto a tiros na noite de quartafeira (29), na Rua Coronel Costa Ramos, bairro Olho d’Água dos Cazuzinhas.

Sugam a Prefeitura

Arapiraca em alerta

PELO INTERIOR

Surto de infecções

A denúncia de água parada ocorre no mesmo mês em que o município foi decretado na zona vermelha de surto das infecções, de acordo com o Ministério da Saúde. Segundo dados da própria Secretaria Municipal de Saúde, de janeiro a abril deste ano Arapiraca registrou mais de 1.400 casos suspeitos de dengue. Um grande volume de pessoas com sintomas de dengue, zika e chikungunya tem lotado postos de saúde e Hospital Regional de Arapiraca.

Impasse continua

Com o objetivo de conciliar o impasse sobre a cobrança da taxa da Frigovale aos marchantes, que já vem se arrastando há vários meses, a Câmara Municipal de Arapiraca realizou, em uma semana, duas reuniões, tendo como local o plenário da Casa, com a presença do presidente a Casa, Jário Barros, do vice-presidente Thiago ML, do primeiro secretário, Dr. Fábio e do segundo secretário, Fabiano Leão, além dos vereadores Willomaks da Saúde, Sérgio do Sindicato e Gilvânia Barros.

Frigovale e marchantes

Também participaram do encontro o secretário de Agricultura de Arapiraca, Carlos Lúcio, o presidente da Associação dos Mar-chantes de Arapiraca, Marlos Santos, além dos representantes da Frigovale, Adelmo Pereira, Controller, Lucas Melo, Coordenador Administrativo e Alison Jones, Coordenador Comercial.

Propostas

Segundo o presidente Jário Barros, nas duas reuniões ocorridas entre a empresa e os marchantes, a primeira no dia 21 deste mês e a outra na terça-feira (28), foram discutidas as propostas da Frigovale com relação à cobrança na taxa de abate. “Esta proposta está sendo apreciada pela categoria dos marchantes, ficando para a próxima semana mais uma reunião, quando será conhecida à contra proposta dos marchantes”, disse Jário Barros.

... Segundo uma fonte policial, a vítima foi identificada como José Roberto de Souza. Ele estava sentado em frente à residência onde morava, quando um veículo se aproximou e houve vários disparos que o atingiram na região do tórax. ... O Projeto Transporte Legal, uma iniciativa do Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL) em parceria com o Detran/AL, constatou, na terça-feira (28), que melhorou a qualidade dos veículos que transportam crianças e adolescentes para as escolas da rede pública de ensino, no sertão alagoano. ... Dos 27 ônibus e kombis inspecionados nos municípios de Major Izidoro e Jaramataia, apenas nove foram reprovados. ... A fiscalização foi acompanhada de perto pelo procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, pelo coordenador do Núcleo de Defesa da Educação da instituição, Lucas Carneiro Sachsida, e pelo promotor de Justiça das duas cidades, Guilherme Diamantaras. ... A violência doméstica é um assunto em evidência e foi com o tema “Você não está só. Tamo Juntas”, que a Prefeitura Municipal de Arapiraca, através do Centro de Referência e Atendimento à Mulher em Situação de Violência (CRAMSV), esteve durante o mês de maio ajudando mulheres e adolescentes do município a entender que é necessário denunciar o abuso e a violência. ... A proposta da Superintendência de Políticas para a Mulher foi chamar a atenção da população para o problema da violência contra a classe feminina, informar sobre os tipos e onde buscar ajuda. ... Aos nossos leitores, desejamos um excelente final de semana com muita paz e saúde. Até a próxima edição!


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HIPERTENSÃO

Maceió é a 2 capital com mais hipertensos a

Doença é diagnosticada em 24,7% da população, segundo a pesquisa Vigitel ASSESSORIA/MS

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s idosos com mais de 65 anos são os mais afetados pela hipertensão. Ao todo, 60,9% dessa população que vive nas capitais brasileiras afirma ter o diagnóstico. Dados do SIM também mostram 388,7 mortes por dia em 2017. Em 2018, 24,7% da população que vive nas capitais brasileiras afirmaram ter diagnóstico de hipertensão. Os novos dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2018) mostram também que a parcela da sociedade mais afetada é formada por idosos: 60,9% dos entrevistados com idade acima de 65 anos disseram ser hipertensos, assim como 49,5% na faixa etária de 55 a 64 anos. Essa última edição da pesquisa foi realizada por telefone com 52.395 pessoas maiores de 18 anos, entre fevereiro e dezembro do ano passado. No Dia Mundial da Hipertensão, celebrado no último dia 17, o Ministério da Saúde novamente reforçou o alerta: a prevenção contra essa doença, popularmente conhecida como “pressão alta”, está diretamente relacionada a hábitos de vida

saudável, ou seja, grande parte dessas mortes é evitável. A redução do consumo de sódio (principal componente do sal) é um fator preponderante para ficar livre dessa doença, já que seu consumo excessivo aumenta o risco de risco de hipertensão e outras doenças do coração. A pesquisa Vigitel 2018 destaca ainda que as pessoas com menor escolaridade são as mais afetadas. Do público com menos de oito anos de estudo, 42,5% disse sofrer com a doença; dos com 9 a 11 de estudo, 19,4%; e 12 ou mais, 14,2%. CAPITAIS As capitais com maior prevalência são Rio de Janeiro (31,2%), Maceió (27,1%); João Pessoa (26,6%); Belo Horizonte (26,5%), Recife (26,5%), Campo Grande (26,0%) e Vitória (25,2%). E as com menores índices: São Luís (15,9%); Porto Velho (18,0%); Palmas e Boa Vista (18,6%). Dados preliminares do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, também mostram que, em 2017, o Brasil registrou 141.878 mortes devido a hipertensão ou a causas atribuíveis a ela. Esse número revela uma realidade preocupante: todos os

dias 388,7 pessoas se tornam vítimas fatais da doença, o que significa 16,2 óbitos a cada hora. Grande parte dessas mortes é evitável e 37% dessas mortes são precoces, ou seja, em pessoas com menos de 70 anos de idade. A hipertensão arterial ou pressão alta é uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Acontece quando os valores máximo e mínimo são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9), fazendo com que o coração exerça um esforço maior do que o normal para fazer a distribuição do sangue no corpo. A doença é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC), enfarte, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca. A prevenção está ligada a uma dieta equilibrada e a realização de atividades físicas.

SAL DE COZINHA, UM VILÃO Um dos principais vilões da doença é sódio, principal componente do sal de cozinha. Presente em alimentos industrializados e adicionado voluntariamente em pratos comuns no dia a dia, ele potencializa as chances de um indivíduo sofrer com pressão alta. Por isso, a recomendação é reduzir o consumo excessivo de sal, já que os brasileiros ingerem atualmente 12 gramas de sódio por dia, mais que o dobro do máximo sugerido (5g) pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, 388 pessoas morrem por dia por hipertensão Desde de 2011, o Ministério da Saúde possui um acordo com a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA) para reduzir a quantidade de sódio nos alimentos in-

dustrializados. Por meio dessa ação, até 2017, 17 mil toneladas de sódio foram retiradas de 30 tipos de produtos alimentícios. A maior redução foi observada nos temperos, com queda de 16,35% seguida pela margarina com 7,12%. Outras categoriais também registram queda: cereais matinais (5,2%), caldos e cubos em pó (4,9%), temperos em pasta (1,77%), tempero para arroz (6,03%). Caldos líquidos e em gel é a única categoria que teve aumento na concentração de sódio (8,84%). Atualmente, há um outro acordo vigente com a ABIA que tem por meta, até 2020, retirar, voluntariamente, 28,5 mil toneladas de sódio dos alimentos industrializados. A primeira fase tem como foco pães, bisnaguinhas e massas instantâneas.


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