Edição 1060

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ANO XXI - Nº 1060 - 06 A 12 DE MARÇO DE 2020 - R$ 4,00

MERCADO DE TRABALHO

Rendimento das trabalhadoras alagoanas é 6% menor que o dos homens Levantamento feito pelo Dieese se baseia em dados do quarto trimestre de 2019. O desemprego também é maior entre a mão de obra feminina. 24

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ELEIÇÕES

MACEIÓ - ALAGOAS

ACORDO EM TORNO DE ALFREDO GASPAR DIVIDE CÂMARA E ASSEMBLEIA

www.novoextra.com.br

n Presidentes das duas Casas

apostam em outros nomes para a Prefeitura de Maceió n Ronaldo Lessa deve

manter dobradinha com a ex-vereadora Heloisa Helena

COTÃO

Deputados gastam quase R$ 200 mil em pleno recesso

Em um mês sem qualquer atividade legislativa, Nivaldo Albuquerque gastou R$ 46 mil da cota parlamentar. No total, a bancada de Alagoas usou R$ 197 mil em despesas durante janeiro e fevereiro, mesmo sendo época de recesso e mês de Carnaval. 8

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BAIRROS AFUNDANDO

FIM DE CAPITANIA

TREMOR QUE MUDOU A VIDA DE MILHARES DE PESSOAS COMPLETA DOIS ANOS 15 a 17

CARTÓRIO DE TAI BRÊDA VAI PARA DISPUTA EM CONCURSO PÚBLICO 6


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extra MACEIÓ - ALAGOAS

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COLUNA

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa, 796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Jogo do poder

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Mérito

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Os seguidos acertos do economista e professor Elias Fragoso no EXTRA em relação à estimativa das taxas anuais de crescimento brasileiro nos últimos três anos, têm sido superiores comparativamente aos de bancos, especialistas e governo. Não está sendo diferente para 2020. Enquanto aqueles indicavam avanços otimistas na economia entre 2,5% até 3,5%, ele, ainda em dezembro, projetou que a taxa não superaria a 1,5% a.a. E, chamava a atenção para o Coronavírus – uma ameaça – que, segundo ele, se confirmada poderia trazer aqueles números ainda mais para baixo. Esta semana, governo e mercado deram um cavalo de pau no otimismo de dezembro e reviram suas projeções para, em média, 1,5% a.a. Exatamente o que o professor Elias havia estimado. Ele agora projeta número ainda mais reduzido para 2020. Diz ele: “O Brasil passa do tradicional voo de galinha dos últimos anos (cerca de 1% a.a.), para uma mera corrida de pintinhos: algo em torno de 0,7% a.a.”. Quase metade da nova estimativa do mercado. Nesta edição, ele aborda a temática sob a ótica do câmbio. É bom ler...

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Talento alagoano

-Nem começou a campanha eleitoral e vídeos com antigas declarações do ex-procurador geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, já começaram a circular nas redes sociais. Após o anúncio de sua aliança política com o governador Renan Filho e o prefeito de Maceió, Rui Palmeira, para disputar o cargo de prefeito da capital, trecho de uma entrevista com Gaspar dizendo que ambos (Filho e Palmeira) seriam farinha do mesmo está rodando o estado.

2 EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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-Vale lembrar que o mesmo acontece com Rui Palmeira, que durante anos não escondeu sua antipatia ao governador, mas que, ao tudo indica, é menor do que a inimizade que nutre pelo deputado federal JHC. Foi só a aliança Rui-Renan-Gaspar ser confirmada que um vídeo da campanha de Rui para a Prefeitura também voltou a circular. Nele, o prefeito critica os Calheiros e lembra que ambos são investigados na Operação Lava Jato. Político tem memória curta. Infelizmente o eleitor também. -O que JHC tem que tanto incomoda o prefeito, a ponto deste engolir o orgulho e se aliar ao governador ainda é um mistério. De concreto mesmo, o que se sabe é que Rui saiu do PSDB, partido que o colocou na Prefeitura de Maceió, para não ter que apoiar o deputado federal, filho do sanguessuga João Caldas. -Quando Rui e JHC se enfrentaram na disputa pelo Executivo, em 2016, a divergência entre ambos era evidente. JHC exalava inexperiência nos debates, tendo sido humilhado várias vezes pela língua ferina de Palmeira. Agora o jogo mudou. Rui não conseguiu preparar um sucessor, o que fez com que se aliasse a velhos inimigos.

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-Será que ele esqueceu que Renan pai o chamou de “preguiçoso” e “dorminhoco”, afirmando que o empregou em Brasília para fazer um favor à Família Palmeira?

No mês dedicado à mulher, nada mais gratificante do que a premiação de uma alagoana no concurso internacional “Para mulheres na ciência”, promovido pela Fundação L’Oréal e a Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. A premiada é a etnobotânica da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Patrícia de Medeiros, vencedora da cate-goria Jovens Talentos/Ciências Biológicas.

A pesquisa

Patrícia de Medeiros desenvolve uma pesquisa com Plantas Alimentícias não Convencionais (Pancs), cujo objetivo é o de orientar pequenos agricultores sobre plantas comestíveis pouco conhecidas da população em geral, mas com potencial para agregar renda às comunidades. No ano passado, ela já havia sido contemplada na premiação nacional junto com outras seis pesquisadoras brasileiras.

Única brasileira

Patrícia de Medeiros é a única brasileira a figurar na lista de 15 pesquisadoras mais promissoras dentre quase 260 bolsistas distribuidas em cinco regiões do mundo: Europa, África e Estados Árabes, Ásia Pacífico, América Latina e América do Norte. Cada uma receberá 15 mil euros para a pesquisa que desenvolve. Na categoria principal, as cinco cientistas premiadas – uma de cada região – recebem 100 mil euros.

Tavares na PGE

Foi em pleno começo de Carnaval que o governador Renan Filho decidiu sacramentar a ida do ex-deputado Raimundo Tavares para a Procuradoria Geral do Estado. Por meio de decreto, anulou portaria de 1994 que teria transferido Tavares para o TC e determinou seu “retorno” à Procuradoria Geral do Estado. Tavares foi oficiamente reintegrado à PGE na segunda, 2, a despeito de os agora colegas de repartição afirmarem que ele jamais trabalhou na procuradoria. Nem tudo são flores para o ex-deputado. Primeiro porque o decreto do governador se baseia em uma decisão do TJ que ainda não transitou em julgado, e, segundo, porque ainda há um embargo de declaração da própria PGE a ser julgado, que, caso venha a ser rejeitado, pode levar a polêmica para o STJ.

Direito de Resposta

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“Diante das informações até agora existentes, surge para o Ministério Público a legítima pretensão (interesse processual) de perseguir judicialmente os envolvidos, a fim de que venham a responder pelos atos de improbidade praticados”. Trecho da Ação Civil Pública de Protesto proposta pelo Ministério Público Estadual para evitar a prescrição de ação de improbidade contra o ex-prefeito Cícero Almeida e o presidente do CSA, Rafael Tenório.

Direito de Resposta

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Na petição com data de 17 de dezembro de 2017, o promotor de Justiça Marcus Rômulo Maia de Mello afirma ainda: “O objetivo, portanto, da presente ação, além de buscar evitar a prescrição da ação de improbidade administrativa a ser proposta no juízo competente contra os protestados, é, ao mesmo tempo, dar-lhe conhecimento da pretensão do Ministério Público em deduzir em juízo fatos e fundamentos jurídicos que implicam no reconhecimento de que os mesmos praticaram atos de improbidade administrativa e, portanto, o desejo inequívoco de vê-los processados e efetivamente condenados nas sanções legais pelas práticas ilícitas a serem comprovadas”.

Direito de Resposta

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Ambos os trechos provam, portanto, que a autora da reportagem “Ex-prefeito de Maceió e presidente do CSA estão na mira da Justiça” não faltou com a verdade quando escreveu que o Ministério Público teria concluído pela possibilidade de veracidade da denúncia feita pelo PPS contra Almeida e Tenório.


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DIREITO DE RESPOSTA

CÍCERO RAFAEL TENÓRIO DA SILVA repudia veementemente a reportagem “Ex-prefeito de Maceió e presidente do CSA estão na mira da Justiça”, de autoria de Vera Alves, publicada na página 3, do jornal Novo Extra (edição de 31 de janeiro a 6 de fevereiro de 2020), vinculada também em site e canal do youtube do mesmo jornal. A reportagem mencionou partes de uma denúncia infundada realizada pelo Diretório Estadual do PPS em 2006, quando o senhor Cícero Rafael era Secretário da Indústria e Comércio de Maceió, e falta com a verdade quando menciona que o Ministério Público concluiu pela possibilidade de veracidade da denúncia. Ressalta o Sr. Cícero Rafael Tenório que ainda não existiu nos autos o momento processual do exercício do seu contraditório sobre a citada denúncia, e que não há no processo nenhuma decisão de mérito sobre as acusações realizadas pelo Diretório Estadual do PPS. Destaca que continua à disposição da justiça para quaisquer esclarecimentos dos fatos e busca da verdade fática. Faz ainda a aludida reportagem menção ao patrimônio do Sr. Cícero Rafael Tenório, olvidando de destacar que todo

seu patrimônio possui origem lícita, antecede o período que exerceu a função de Secretário e tem como procedência uma história de lutas e vitórias de um cidadão de origem humilde que com muita honestidade construiu todo seu patrimônio. Cabe ressaltar que o Sr. Cícero Rafael é cidadão honorário maceioense e alagoano, sendo um dos maiores e mais bem sucedidos empresários do estado de Alagoas, responsável pela geração de mais de 4 mil empregos diretos e indiretos. Desde 2015, quando assumiu a presidência do Centro Sportivo Alagoano (CSA), tradicional clube de futebol de Maceió, Rafael Tenório proporcionou grandes vitórias aos torcedores. Graças ao seu empenho e espírito vencedor, o time conseguiu o título de Campeão Alagoano 2018 e garantiu sua estreia na Série A do Brasileirão 2019. Maceió, 05 de fevereiro de 2020 Caroline Laurentino de Almeida Balbino OAB/AL 7224

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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Perigo à vista

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turma que pregou uma parceria política entre Rui Palmeira e Renan Filho, com certeza quis jogar uma pá de cal sobre o prefeito de Maceió. Rui, como todos sabem, foi sempre um ácido crítico da família Calheiros e sua eleição a prefeito da capital deveu-se à polarização que fez com o atual governador do Estado. Na avaliação de muitos simpatizantes de Rui Palmeira, fazer uma aliança com Renan é o mesmo do casamento de jacaré com cobra d´água e Rui,

Sem definição

Logo no início da semana durante uma aparição pública, o prefeito Rui Palmeira disse ainda não ter batido o martelo com relação ao candidato à sua vaga, mas, provocado, assegurou que Alfredo Gaspar é um bom nome para sua sucessão. Isso, entretanto, deverá, segundo ele próprio, passar pelo crivo dos partidos aliados.

Sem pressa

Depois de sair do PSDB Rui Palmeira ainda não decidiu a qual partido se filiará. Ele alega que não tem pressa para tomar essa decisão, uma vez que não é candidato nas próximas eleições. Ou seja, vai avaliar se vai mesmo para o DEM, Podemos, ou outro partido.

Sem conversa

Como já tem dito e repetido, não existe qualquer possibilidade de uma aproximação entre o prefeito e JHC. “Ele sempre foi meu adversário político e não seria agora que iria me aproximar dele”, disse Rui. Este, aliás, foi um dos motivos da saída de Palmeira do PSDB.

Melhorou conforme as avaliações, poderá perder muito politicamente. Um acordo para que recebesse apoio dos Calheiros para se candidatar ao governo em 2022, só na cabeça de quem quer realmente fazer muito mal ao prefeito de Maceió. Se a aliança prosperar, o que tudo pode acontecer no campo político, não adianta encontrar justificativas para grande parte da população. É um sinal de que o prefeito capitulou e fechou um acordo sem avaliar as consequências futuras, embora ele ache que não.

Consequências

Além do trabalho que tem realizado nos últimos meses em Maceió, o prefeito Rui Palmeira leva consigo o trunfo de que foi o único, nos últimos anos, que disputou a prefeitura da capital tendo como adversário o Palácio República dos Palmares. Quebrar este elo é ir de encontro ao seu fiel eleitorado o que poderá inviabilizar, em 2022, uma possível candidatura ao governo do Estado.

Entrevista polêmica

Um vídeo que vem sendo divulgado nas redes sociais com Alfredo Gaspar de Mendonça, futuro candidato a prefeito de Maceió, passa a nítida impressão de que ele transmite uma certa arrogância durante uma entrevista. E aproveita para fazer críticas ao governador Renan Filho e ao prefeito Rui Palmeira, exatamente os dois que disputam ser o seu padrinho político.

Entrevista polêmica 2

Durante a entrevista feita pelo jornalista Cícero Filho, que também é candidato a candidato pelo PC do B, Gaspar se reporta ao governador e ao prefeito dando a entender que os dois são farinha do mesmo saco.

Desconfiança

Para muitos eleitores de Rui Palmeira, confiar em qualquer compromisso futuro com a família Calheiros é pisar em terreno arenoso. São acordos nunca confiáveis, analisam amigos do prefeito.

Afastado de Renan Filho e Rui Palmeira, o exgovernador Ronaldo Lessa pode crescer e muito seu cacife político junto ao eleitorado da capital. Estaria aí, com uma candidatura independente e com um bom discurso durante a campanha que se aproxima.

Aliança

Por baixo dos panos está se falando de uma provável aliança entre Ronaldo Lessa e Luciana Caetano, que disputa a preferência com Ricardo Barbosa para uma candidatura a prefeito de Maceió. Esta possibilidade só com uma decisão da presidência nacional do PT. Por aqui, não passa.

Jogo duro

Lembranças amargas

Uma das maiores decepções da família Calheiros é não ter comandado a Prefeitura de Maceió. O senador Renan tentou uma vez, mas perdeu justamente para o pai de Rui, Guilherme Palmeira. Isso ficou atravessado na garganta da família que não perde por esperar a dar o troco na capital.

Ameaçada

Inicialmente defendendo uma candidatura independente, o procurador Alfredo Gaspar, ao se vincular a Rui e Renan Filho, perde o discurso inicial e passa naturalmente a oxigenar outras candidaturas paralelas, como de Davi Davino, JHC e Ronaldo Lessa. O caminho que passa a ser trilhado por Gaspar, a partir de agora, só atrapalha os seus objetivos.

Mais força

Numa aliança entre Renan Filho e Rui Palmeira, as outras candidaturas a prefeito de Maceió crescem. É o caso de JHC, com um eleitorado garantido em muitas regiões da capital.

A entrada de Alfredo Gaspar de Mendonça no processo eleitoral deste ano vai modificar muito o quadro político e as eleições para prefeito, ao contrário das passadas, será um osso duro de roer. Ninguém tem mandato garantido se levar em consideração que, desta vez, existem candidatos fortíssimos, como o próprio Alfredo, JHC, Davi Davino e Ronaldo Lessa, estes lembrados pelas recentes pesquisas feitas.

Muita luta

Ainda sem botar o bloco na rua, talvez esperando a iniciativa de Renan Filho e Rui Palmeira, Alfredo Gaspar vai ter que trabalhar muito, fazer composições e justificar porque está recebendo o apoio de grupos políticos tradicionais que não combinam com o seu perfil. A melhor opção seria uma candidatura independente, mas está longe de acontecer.

Biu na Barra

A candidatura do ex-senador Benedito Lira à Prefeitura de Barra de São Miguel está consolidada. Bem conceituado no município e um dos poucos políticos que contribuiu com o desenvolvimento da Barra, Lira promete trabalhar ainda mais por aquela região turística. Para conseguir recursos, Biu conta com sua experiência e livre trânsito no Congresso e nos ministérios, em Brasília.

Ano atípico

Se comparada com anos anteriores, a violência cresceu muito neste Carnaval e os números preocupam a Secretaria de Segurança Pública. Nas estatísticas conhecidas, os assassinatos subiram 24% e derrubam a argumentação do governo de que tudo vai bem, obrigado.


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ELEIÇÕES 2020

Câmara e Assembleia se dividem entre Alfredo Gaspar e Davi Davino Maioria dos vereadores na capital prefere ex-chefe do MP

Máquinas fortalecem Alfredo

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ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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lfredo Gaspar de Mendonça está fora do Ministério Público Estadual. Está programado para entrar na carreira política. Primeiro desafio é enfrentar a duríssima disputa à Prefeitura da capital. Não há nomes favoritos, mas tendências. O deputado federal João Henrique Caldas (PSB) intensifica sua agenda. Durante a semana está em Brasília. Aos fins de semana, recebe lideranças políticas, jornalistas. Dialoga com o deputado estadual mais votado de Maceió: Cabo Bebeto (PSL), que intensifica, na Assembleia, suas críticas ao governador Renan Filho (MDB), rival de JHC. Jota mantem conversas com o ex-deputado federal Ronaldo Lessa (PDT), também candidato a prefeito da capital. Lessa, por sua vez, testa a popularidade dele mesmo e da ex-vereadora Heloísa Helena (Rede) nas redes sociais. Os mais próximos falam que ela será sua vice. Dizem também que ela impôs duas condições para a aliança: não quer subir no palanque de Ronaldo ao lado do senador Fernando Collor (PTC) nem aceita o senador Renan Calheiros (MDB) ou o governador Renan Filho (MDB) por perto do ex-deputado federal. HH tem boas relações com o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (sem partido) e JHC.

Alfredo Gaspar deixou o MP e, por ora, tem mais apoios que Davino Rui e JHC se tratam como inimigos quase pessoais. Rui ainda é o maior cabo eleitoral para a Prefeitura. Fechou acordo com Renan Filho. Indicará o vice. O nome pelo qual os dois querem fazer campanha é o de Alfredo Gaspar de Mendonça. O vice pode ser Tácio Melo, da Superintendência Municipal de Iluminação Urbana (SLUM). É visto como de altíssima confiança de Rui. O outro é o vereador Eduardo Canuto (PSDB). Outro candidato - não menos importante e com força eleitoral na periferia da capital alagoana - é o deputado estadual Davi Davino (PP), do grupo político do líder do Centrão na Câmara, o deputado federal Arthur Lira (PP). Davi não está programado para desistir de ser candidato a prefeito. “O Arthur cumpre acordos. Quando diz que é, é,

não tem mais ou menos”, diz um entusiasta lirista. Arthur fechou acordo com o presidente da Assembleia, deputado estadual Marcelo Victor (SDD), que é candidato a deputado federal já em 2022. Recompensa? Apoio de pelo menos 10 deputados estaduais bem influentes em Maceió. Na Câmara, o presidente Kelmann Vieira (PSDB) avisou o prefeito: não está no acordo entre Rui e Renan em torno de Alfredo Gaspar. Portanto, vai se movimentar para outro lado, que pode ser de Ronaldo Lessa ou JHC. “Nada está definido”, disse ao EXTRA o presidente da Câmara. Nas contas iniciais, entre 12 a 15 vereadores fechariam com Alfredo Gaspar de Mendonça. JHC e Davi têm em torno de 2 ou 3, cada um.

uas máquinas públicas estarão com suas fornalhas acesas para fazer girar a campanha do ex-procurador-Geral de Justiça: a da Prefeitura e a do governo estadual. Para Rui, o acordo com Renan Filho é vantajoso, diz um influente deputado estadual: “O Alfredo não será candidato a governador em 2022, mas o Rui é. Então, se o Alfredo ganhar não vai ficar só dois anos da Prefeitura, ele vai querer mostrar o trabalho dele. Isso alivia o Rui porque, no futuro, não precisa se preocupar em ter um nome fortíssimo para enfrentar nas urnas”. Outro deputado avalia que não: “É um tiro no próprio pé que o prefeito de Maceió deu. Carregar os Calheiros numa eleição também significa ser traído. É como a história do escorpião e do sapo, que ajudou o escorpião a atravessar o rio e, do outro lado, picou o sapo, que reclamou: Eu não te ajudei a atravessar o rio?. Responde o escorpião: Mas segui meu instinto”. Só que sapos devoram escorpiões, é o que diz a natureza. E Collor? O senador Fernando

Collor poderá estar só na disputa ao Senado em 2022 e a união, em 2020, entre Renan Filho e Rui Palmeira preocupa o ex-presidente da República. Tanto que, na Gazeta de Alagoas, Collor deixou a elegância de lado e tratou como fake news a informação, apurada por jornalistas, sobre o acordo Rui-Renan em torno de Alfredo Gaspar de Mendonça. Collor tem um promessa com Rui Palmeira: apoiá -lo ao governo e, em troca, o prefeito ajudar na reeleição de Collor. Collor tem Renan Filho no caminho - ele quer ser senador- e o governador tem acordo com Rui e o prefeito quer ser governador. Acordos deste tamanho varam, pelo menos, duas eleições. Por certo, se Rui fechou entendimento com Renan Filho em torno de Alfredo Gaspar é porque espera que Renan Filho o apoie ao governo em 2022. Mas, para ser assim, Rui não poderia subir no palanque de Collor que disputará a reeleição ao Senado Federal. Porque se for assim, terá de atacar os Calheiros, e como fica o governo alagoano? O ex-presidente, ao contrário dos rumos da maré, vai esperar o cumprimento do acordo por Rui. No entendimento de Collor, no mundo dos sapos ou escorpiões, sobrevivem os mais fortes.


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MÁFIA DO CARIMBO

Cartório milionário vai para lista de concurso Súmula do STF e CNJ proíbem que serventia passe para as mãos dos filhos de Tai Breda JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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falecimento do empresário e titular do 2º Cartório de Protesto de Títulos de Maceió, Carlos Gonzaga Brêda, o Tai Brêda, fez com que a serventia entre na lista de vacância. Sendo assim, o cargo de tabelião deverá ser preenchido por meio de concurso público. A informação é da Corregedoria Geral de Justiça de Alagoas. “Por hora, enquanto o certame não for finalizado, um novo responsável assumirá o cartório, ressaltando a impossibilidade de indicação de parentes até o 3º grau, nos termos da regra de vedação do nepotismo estabelecida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF)”, informou a CGJ por meio da assessoria de imprensa. Tai Brêda foi um dos que mais faturou com cartórios em 2018. O 2º Cartório de Protesto de Títulos de Maceió registrou lucro de R$ 2.111.414,75. O número desatualizado é apenas uma das polêmicas que a serventia enfrenta. Enquanto outros cartórios, como da Família Toledo, com rendimentos milionários já prestaram suas contas, de Tai Brêda continua pendente. Em outubro de 2019, outro escândalo. O tabelião vi-

rou alvo de denúncia na Corregedoria Geral de Justiça ao emitir um cheque sem fundo com o CNPJ da instituição no valor de R$ 37.500 para a empresa Haroldo Móveis. Ele assinou o próprio protesto do cheque, mas não registrou o instrumento junto aos bancos de dados de inadimplência, a exemplo do SPC/Serasa. A denúncia feita pela vítima, Francisco Haroldo, relata que no dia 12/11/2018, foi feito um protesto de cheque em cartório e passados sete meses do registro não houve negativação do nome do devedor junto à instituição e computado em nenhum banco de dados de informações restritivas. Vale ressaltar que quando um cheque é protestado em cartório isto serve para fazer com que o emitente seja inserido nos cadastros de proteção ao crédito, além de criar uma ação de cobrança através de um advogado na justiça comum ou no juizado especial. Depois do ato de protesto, Francisco Haroldo esperou pelo registro do nome do tabelião nos órgãos de proteção ao crédito, mas isso não ocorreu. No mesmo mês de 2019 foi veiculado na mídia alagoana que o 2º Ofício de Protestos de Maceió teria criado uma pirâmide financeira. O tabelião teria cometido uma série de irregularidades com a concessão que possuía, desde não repassar dinheiro a credores – inclusive bancos –, à montagem de um esquema financeiro com a participação de investidores. As cifras que teriam sido movimentadas por Carlos Brêda em sua suposta pirâmide financeira seriam superiores a R$ 5 milhões.

No Tribunal de Justiça, outra acusação. Uma ação foi ajuizada por Tacio Rodrigues Batista de Oliveira contra o cartório de Tai Brêda. A acusação: inclusão indevida em Cadastro de Inadimplentes. A ação, de número 0732316-98.2017.8.02.0001, chegou ao Judiciário de Alagoas em dezembro de 2017. O processo está em grau de recurso. No Ministério do Trabalho também há denúncia de funcionários sobre atrasos de salário, férias sem receber e 13º atrasados. Caso que foi arquivado. A serventia, por enquanto, continua nas mãos da Família Brêda. Segundo denúncia que chegou ao EXTRA, o cartório está sendo administrado por Tadeu Brêda, filho do falecido, prática considerada nepotismo. No entanto, antes de morrer, Tai Brêda teria deixado um documento dando ao concunhado de outro filho, Moacyr Brêda, chamado Eugênio, os direitos de exercer a função de tabelião como substituto para que quando a intervenção judiciária aconteça, o cartório continue nas mãos da família. Oficialmente, contudo, de acordo com os dados do Justiça Aberta, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a substituta cadastrada é Lourdes Otília Beltrão Brêda, outra herdeira do empresário. O cartório da Família Brêda conta com 16 funcionários. Tai Brêda assumiu a função de tabelião em 17 de março de 1977, quando foi criada a serventia. De acordo com a legislação brasileira, a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de

Tai Breda era tabelião desde 1977

direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. O texto faz parte da Súmula Vinculante 13, do Supremo Tribunal Federal (STF). Pela norma, os chamados “concunhados” estão abrangidos no conceito de parente de 3º grau em linha colateral. Pelo menos foi o que considerou o ministro Edson Fachin em decisão monocrática durante processo julgado em setembro de 2019. “A Súmula Vinculante 13 é expressa em incluir a nomeação de parentes por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, no conceito de nepotismo. Tal formulação, é verdade, pode se entender que conflitaria com o conceito de parentesco delimitado na lei civil, que, conforme já ressaltado, limita-o aos ascendentes, descendentes e irmãos do cônjuge ou companheiro”, também considerou o ministro Ricardo Lewandowski. Mas se depender de concur-

so público dos cartórios para preenchimento de vagas, a Família Brêda poderá ficar tranquila. As provas do polêmico concurso para cartórios de Alagoas serão reaplicadas no dia 22 de março, em Maceió, após intervenção do Conselho Nacional de Justiça. A prova que havia sido aplicada em dezembro de 2019 foi anulada devido à violação de um lote dos cadernos. O certame tem como organizadora a Fundação Vunesp. O concurso oferece mais de 200 vagas na capital e no interior do estado. Vale ressaltar que o cartório da Família Brêda ainda não foi incluído na lista de serventias extrajudiciais vagas, trâmite que deverá levar tempo para acontecer. MORTE Tai Brêda morreu, aos 83 anos, no dia 23 de fevereiro último, após complicações devido a fratura do fêmur. Foi enterrado um dia depois no Cemitério Parque das Flores, no bairro do Tabuleiro do Martins, em Maceió. Breda era também poeta e compositor e gostava de registrar a cultura alagoana em suas criações. Na década de 1980, foi secretário do ex-governador Guilherme Palmeira, de quem era amigo.


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TRIBUNAL DE CONTAS

Conselheiro perde processo contra jornalista por falta de provas Anselmo Brito acusou Geraldo Câmara de usar TV estatal para ganhar dinheiro JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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conselheiro do Tribunal de Contas (TC) Anselmo Brito perdeu, por falta de provas, o processo administrativo que tentou abrir contra o diretor de Comunicação da Corte, Geraldo Câmara. A denúncia do conselheiro era de que o jornalista estaria usando a TV Cidadã, mantida com recursos públicos do duodécimo do TC, para o próprio enriquecimento. Brito chegou a postar no Facebook que Câmara seria um jornalista jabazeiro explorando o meio de comunicação estatal comercialmente. O jabá, no jornalismo, é uma propaganda oportunista que se faz sobre algum produto ou serviço comercial de forma espontânea, mas em momento inadequado. Também existe o jabá pessoal, em que o indivíduo ven-

Anselmo Brito teve processo administrativo contra Geraldo Câmara arquivado pela Corte de a própria imagem. Ainda na postagem do conselheiro, a TV Cidadã chegou a ser apelidada de TV Bajulação. A solicitação de instauração de procedimento disciplinar contra o diretor de Comunicação chegou à Corregedoria do TC no dia 3 de novembro de 2016. Lá ficou até o dia 18 de fevereiro deste ano, quando houve uma conclusão publicada no Diário Oficial da Corte de Contas. De forma sucinta, o corregedor Leonardo Alves ordenou que o processo fosse arquivado: “Proceda-se com o arquivamento, na forma do disposto às folhas 95 dos presentes

autos”. Anselmo Brito é acusado de não ter um relacionamento saudável e respeitoso com os servidores do Tribunal de Contas, postura que já foi denunciada pela presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Tribunal de Contas de Alagoas (Sindicontas), Ana Maria Gusmão. Em agosto de 2019, Brito foi acusado de humilhar e agredir verbalmente uma servidora no estacionamento em frente ao prédio da Corte. O conselheiro ainda teria acionado seguranças particulares e constrangido um menor aprendiz. Ao EXTRA, o jornalista Geraldo Câmara falou sobre a de-

núncia que foi arquivada após três anos. “Sozinho e sem advogados. Sou e continuarei limpo. Também houve inquéritos no Ministério Público: um criminal, por peculato, e outro por improbidade e ganhei os dois”. Nas redes sociais, um texto circulou em forma de desabafo. “O conselheiro Anselmo Brito, que é odiado pelos servidores e conselheiros do TC, esses últimos fazem de conta que o toleram e ele faz de conta que acredita, perdeu mais um processo em que tentava prejudicar o diretor de comunicação Geraldo Câmara. A Corregedoria, depois da decisão judicial em que Brito perdeu por falta de provas, decidiu arquivar o pedido. Esse é mais um que ele perde na Corregedoria. Para quem quiser ver no Diário Oficial Eletrônico do TC do dia 18 de fevereiro é bom usar uma lupa, pois as letras com o resultado da decisão estão quase invisível”. O pedido de processo administrativo está disponível para consulta no site do TC pelo número 11665/2016. DIÁRIAS Na semana passada, o deputado estadual Davi Maia

(DEM) informou que decidiu lançar mão da Lei de Acesso à Informação (LAI) para esclarecer o uso de diárias por parte do conselheiro Anselmo Brito. Uma solicitação já foi encaminhada ao presidente da Corte, Otávio Lessa. O pedido também inclui as diárias de Maria Aparecida Azevedo, servidora que trabalha no gabinete de Brito. Maia quer saber quais eventos ambos estiveram para que o pagamento de diárias seja justificado. Ao saber da desconfiança do deputado, Brito alegou que quem deverá prestar esclarecimentos será o próprio tribunal. Disse ainda à imprensa que as diárias foram publicadas em Diário Oficial como a legislação exige. A presidente do Sindicontas, Ana Maria Gusmão, informou que o conselheiro poderá responder por improbidade. O caso é referente a uma viagem a Recife, capital do estado pernambucano. Segundo a sindicalista, o conselheiro sequer fez credenciamento no evento do qual teria de participar. “Ele tem que comprovar o uso do dinheiro. Como a gente prova? Com credenciamento, certificados, recibos. Isso caracteriza improbidade”, frisou.


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COTÃO

Deputados alagoanos gastam quase R$ 200 mil durante recesso No Senado quem liderou a gastança foi Fernando Collor que em janeiro e fevereiro usou R$ 55 mil da cota SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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esmo estando em recesso, os deputados federais de Alagoas deram exemplo de como gastar aos montes os valores da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar. Somente em janeiro e fevereiro a soma de gastos dos parlamentares chega a quase R$ 200 mil (R$ 197.547,45). O deputado federal Nivaldo Albuquerque (PTB) se mantém em primeiro lugar no ranking dos parlamentares de Alagoas mais gastões na Câmara Federal. Em mais um balanço do EXTRA sobre como a bancada federal está usando o famoso “cotão”, Albuquerque lidera os gastos, como já de praxe, para se autopromover. O ano mal tinha começado e a Câmara retomado seus trabalhos e o deputado já havia investido R$ 39 mil em divulgação da atividade parlamentar. Somente em janeiro, ele usufruiu do montante de R$ 46.769,04. Para manutenção de escritório de apoio à atividade parlamentar os

custos foram mais tímidos, R$ 7 mil. Com passagens aéreas, R$ 691,00; serviços postais, R$ 76,72; e, em telefonia, R$ 1,32. Em fevereiro, mesmo que tenha sido um mês mais curto - por conta do recesso de Carnaval - o filho do deputado estadual Antônio Albuquerque não poupou na publicidade e desembolsou R$ 20 mil com divulgação das suas atividades. A soma de gastos do deputado nos dois primeiros meses chegou a R$ 73.769,04. No segundo lugar do ranking de gastos do erário está o deputado Severino Pessoa (PRB), que desembolsou no primeiro mês de 2020, R$ 24.800 com publicidade. Com combustíveis o custo foi de R$ 5.984,13; e telefonia R$ 19,55, totalizando R$ 30.803,68 gastos em janeiro. Já Paulão (PT) gastou a maior parte da cota com transporte. Somente com locação de veículos, o deputado gastou R$ 9.000,00 e R$ 3.217,95 em combustíveis. Outros R$ 5.500,00 foram destinados para assessoria, advogados e consultorias. Tais serviços se enquadram nas despesas como “consultorias, pesquisas e trabalhos técnicos”.

Para manutenção de escritório de apoio à atividade parlamentar, o parlamentar usou R$ 4.255,09 e R$ 1.037,04 para ligações. Sérgio Toledo (PL) declarou que em janeiro usou R$ 19.143,968 do Cotão. Desses, foram utilizados R$ 15.000,00 para sua publicidade com a divulgação de atividades realizadas pelo mesmo, seguindo uma despesa de R$ 3.813,50 para manutenção de escritório de apoio à atividade parlamentar. A lista prossegue com Thereza Nelma (PSDB), com gastos de R$ 15.503,14, Marx Beltrão (PSD), R$ 12.542,71, Arthur Lira (PP), R$ 5.807,26, JHC (PSB) R$ 4.271,91 e o mais econômico, Isnaldo Bulhões (MDB), com R$ 1.995,32 gastos em janeiro com combustíveis, serviços postais e telefone. Somando, os nove parlamentares gastaram em janeiro um montante de R$ 159.847,10, em média R$ 17.760,78 para cada um. Em fevereiro os gastos foram mais tímidos para alguns com um total de R$ 37.267,78. Uma média de R$ 4.140,86 por parlamentar. Porém, ao analisar as contas prestadas

pelos deputados, é possível ver que não há um equilíbrio nos gastos. Em fevereiro, por exemplo, Albuquerque gastou R$ 20 mil do erário em propaganda. A quantia é mais que o quádruplo da média do mês citada acima. Em fevereiro, todos os gastos do Cotão, com exceção do consumista Nivaldo Albuquerque, foram abaixo de R$ 5 mil. Severino Pessoa não usou valor nenhum do cotão em fevereiro. Os que economizaram no mês de Carnaval foram JHC, que gastou R$ 548,02; Marx Beltrão com R$ 336,17 de combustível; Sérgio Toledo com R$ 333,02 e Arthur Lira, que gastou R$ 37,08 com serviços postais. SENADO No Senado quem liderou a gastança foi Fernando Collor (PROS) que em janeiro e fevereiro usou R$ 55 mil da sua cota sem contudo ter detalhado os gastos. Em segundo lugar ficou Rodrigo Cunha (PSDB), com despesas de R$ 38.637 entre aluguel de imóveis para escritório (R$ 7.013,36), locomoção, hospedagem, alimentação e combustíveis

(R$ 3.078,45), serviços de apoio ao parlamentar (R$12.907,89), publicidade (R$ 8 mil) e passagens aéreas (R$ 7.637,55). Renan Calheiros (MDB) foi mais econômico: usou R$14.561,98 da cota divididos em serviços de apoio ao parlamentar (R$ 9.400), aluguel para escritório (R$ 4.460,17) e passagens (R$ 701,81).

A ACOTA Cota para o Exercício da

Atividade Parlamentar (CEAP) custeia as despesas do mandato, como passagens aéreas e conta de celular. Algumas são reembolsadas, como as com os Correios, e outras são pagas por débito automático, como a compra de passagens. Para reembolso, os deputados têm três meses para apresentar os recibos. O valor mensal não utilizado fica acumulado ao longo do ano - isso explica porque em alguns meses o valor gasto pode ser maior que a média mensal. O valor da cota mensal para cada parlamentar de Alagoas é de R$ 40.944,10.


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20 ANOS DE ESPERA

TJ mantém posse de agricultor a terras na área do polo de Marechal

Desembargador afirma que recurso da Carhp pedindo anulação de usucapião não tem fundamento MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

Terras de Florentino abrigam hoje várias empresas

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espera vem de longa data, mas no dia 27 de fevereiro último o desembargador Sebastião Costa Filho colocou um ponto final em uma disputa que envolve o agricultor Jorge Florentino dos Santos e a Carhp (Companhia Alagoana de Recursos Humanos e Patrimoniais) no caso que ficou conhecido como “grilagem oficial”. Na decisão, Costa Filho entendeu que o embargo de declaração impetrado pela Carhp pedindo anulação de ação de usucapião das fazendas Porto Alegre e Calmo, em Marechal Deodoro, não tem fundamentação, mantendo assim decisão do TJ que determinou a devolução das terras a Florentino. No processo nº 000032759.2012.8.02.0044, a decisão monocrática do vice-presidente do TJ apontou que “não se verifica violação aos arts. 489, § 1º, IV, e 1.022 do CPC/2015, na medida em que a eg. Corte de origem dirimiu, fundamentadamente, as questões que lhe foram submetidas. Entendendo o Tribunal de origem que foram preenchidos os requisitos necessários para a usucapião, a revisão de tal entendimento não está ao alcance desta Corte, por demandar o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, providência vedada nesta instância especial, nos termos da Súmula 7/STJ”. O terreno em questão, incluso na Área B do Polo Multifabril José Aprígio Vilela, no Polo de Marechal Deodoro, Alagoas, vem sendo disputado pelo Estado e o arrendatário, Jorge Florentino dos Santos, desde 2012, quando Florentino entrou com uma ação de usucapião. Porém, a tentativa de expulsar o agricultor do local data do ano de 2000, com pedido de reintegração de posse dos

quase 200 hectares de terra, sob alegação de que pertencia ao Estado. Sem êxito, em 2010 houve mais uma tentativa de decreto de desapropriação amigável entre Estado e Carhp. Embora produzindo e tirando seu sustento e o da família daquela área, em 2012 Florentino foi obrigado a deixar as terras, mesmo provando que lhe pertenciam. “Sem direito a nada, prejudicando a mim e a minha família pois era a nossa única fonte de renda. Recorri, mas o juiz tornou improcedente meu direito. Fez entender que eu quem agi de má fé”, lamentou Florentino.

Em 2017 uma decisão em primeira instância proferida pela 2ª Vara Cível e Criminal de Marechal Deodoro deu ganho de causa ao Estado. Porém, em 2019, os desembargadores Otávio Praxedes e Kléver Loureiro acompanharam o parecer da desembargadora Elisabeth Carvalho Nascimento favorável ao recurso de Florentino, anulando, assim, decisão em primeira instância. Desta vez, o Tribunal reconheceu todo o direito do legítimo possuidor da área. Na ocasião, os desembargadores constataram que a desapropriação da área total de

1.799.814,13 m² para instalação do polo multifabril se deu à revelia da legislação federal que disciplina o caso. Além do que, Florentino ocupava o Sítio Porto Alegre por mais de 10 anos antes que o Estado desapropriasse a área. Para tentar reverter a decisão em que o Estado foi condenado a devolver 182 hectares das fazendas Porto Alegre e Calmo ao agricultor, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) ingressou com os embargos de declaração. A tentativa não obteve êxito, pois o desembargador Sebastião Costa Filho determinou o cumprimento da sentença. Vale ressaltar que os imóveis rurais eram utilizados principalmente para o plantio de cana- deaçúcar. Porém, desde 2012 estavam em poder da extinta Carhp, que alegava que a área se tratava de terra pública. “Eu plantava cana, minha fonte de subsistência. Uma situação que eu não queria chegar. Sou uma pessoa que sempre quis o entendimento”, argumentou Florentino. O EXTRA foi o primeiro veículo a divulgar o imbróglio. Em 2016 manchete intitulada “Estado falsifica matrícula de terra para expandir polo de Marechal Deodoro” denunciava que o Estado desapropriou a área usando matrícula imobiliária forjada “num conluio que teria envolvido o Cartório de Registro de Imóveis de Marechal Deodoro, a Procuradoria Geral do Estado e a Comarca de Marechal”.

MAIS DE 25 ANOS DE TRABALHO NA TERRA

“A

gora é executar”. Foi assim que Jorge Florentino dos Santos resumiu seu sentimento de Justiça ao se referir à determinação de cumprimento de sentença pelo desembargador Sebastião Costa Filho. Detentor das terras há mais de 25 anos, disse que ainda continua na linha do bom entendimento, mas reclamou que são duas décadas totalmente de sacrifício, prejudicando seu crédito, na Receita Federal, o Imposto de Renda, além da educação e saúde sua e da família. “Vejo como o justo da situação. Nunca quis nada mais que meu direito. Me defendi de um poder de Estado, mas nunca entrei com processo contra ninguém. Sempre pedi consenso, mesmo sem ser ouvido. Apenas fui prejudicado por atos indevidos”, afirmou, para acrescentar: “Sempre confiei no direito justo. Direito é direito, não tem como ser diferente. Agora é executar”.


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COVID-19

Impasse deixa alagoanos inseguros sobre Coronavírus Vereador quer impedir que navio italiano atraque no litoral de Alagoas

Defensoria questiona estrutura do hospital

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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nquanto o número de casos suspeitos do novo Coronavírus aumenta em Alagoas, um impasse entre a Defensoria Pública do Estado e o Hospital Escola Dr. Helvio Auto, localizado no bairro do Trapiche da Barra, sobre a real condição da instituição de saúde para tratamento de pacientes, pode atrasar a tomada de medidas efetivas para a população alagoana que, assim como todo o resto do mundo, está preocupada com a expansão do vírus. A possível fragilidade do Helvio Auto é objeto de uma ação civil pública impetrada pela Defensoria cobrando melhoria estrutural. Entre os pedidos estão os de isolamento mecânico de todos os leitos da UTI e implementação de um sistema de pressão negativa nos leitos, o que já havia sido defendido pelo reitor Henrique de Oliveira, da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), durante coletiva na semana passada sobre o primeiro caso suspeito de Covid-19, em Alagoas. Enquanto a Defensoria afirma que o hospital não está preparado para casos dessa gravidade, a diretoria defende sua capacidade de conter casos deste tipo e afirma que o relatório que embasou a ação não condiz com a realidade atual por ser considerado antigo. Desde que os casos começaram a ser identificados como

suspeitos no estado, a população tem revelado dúvidas, através de comentários nas redes sociais, sobre a real capacidade da saúde alagoana em conter esse tipo de vírus. Alguns comentários, inclusive, alertam sobre a possível situação precária do hospital escola. Procurada pelo EXTRA, a diretora-geral do Hospital Escola Dr. Helvio Auto, Luciana Pacheco, garantiu que a unidade está preparada para medidas de contenção do vírus, apesar de não estar abrigando nenhum dos cinco casos suspeitos divulgados ao longo da semana. Para a médica infectologista, o ideal seria que os sete leitos do hospital possuíssem isolamento por pressão negativa, visto que normalmente são usados por quem possui tuberculose ou coqueluche e foram adaptados para o Coronavírus, mas até o momento apenas dois possuem isolamento e não são do tipo negativo. Os quartos de isolamento com pressão negativa têm a finalidade de evitar contaminações

em doenças respiratórias no âmbito interno, ou seja, dentro da própria sala. “A pressão negativa não é uma condição obrigatória para atender pacientes com Coronavírus. Seria a condição ideal, mas não é obrigatório”, afirmou a médica, acrescentando que um projeto para construção deste tipo está em andamento, mas sem data para ser entregue. “A gente discutiu sobre a pressão negativa com o secretário de Saúde no início de janeiro, quando começaram a ser notificados os casos na China. Foi feito um projeto que foi aprovado por nós e está pronto para ser discutido com a Sesau, mas não existe prazo para sua implementação”, reconheceu. A Sesau foi procurada para falar sobre o projeto e se existe previsão para reforma do local. Em nota, respondeu apenas que a reforma será realizada independentemente de Alagoas ter confirmado ou não casos de Covid-19. “Todos os trâmites legais estão sendo providenciados pelo Setor de Engenharia da Sesau.

Inclusive, técnicos da Secretaria de Estado da Saúde já estiveram no HDT para tratar sobre a reforma. A Procuradoria Geral do Estado (PGE) será comunicada, brevemente, sobre o processo para reforma do hospital”. Apesar de confirmar a reforma, não foi divulgada data para início ou conclusão. Sobre os cinco casos suspeitos notificados durante a semana, Luciana Pacheco afirma que nenhum dos pacientes está internado no hospital e que todos estão sendo mantidos em isolamento domiciliar. “O único que foi atendido por nossa equipe foi o primeiro suspeito, que logo depois o exame deu negativo para o vírus”. Quanto à ação da Defensoria Pública, a médica afirma que a ação com base em um relatório de novembro de 2019 não pode ser usada para definir a realidade hoje. “Eles estão usando uma visita feita em novembro, quando de fato havia defeito em ventiladores e em alguns leitos, mas ao longo desse tempo a situação foi resolvida”, garantiu. “É algo novo, não sabemos ao certo como o vírus se comporta e é claro não vamos colocar pacientes com Coronavírus em nenhum desses cinco leitos que temos aqui. Nosso hospital só recebe pacientes já encaminhados de outros locais já com a determinação de que ele precisará ficar isolado aqui”, afirma. Apesar de estar de acordo com o que é exigido pelo Ministério da Saúde, a diretora do Helvio Auto admite que o ideal seria que todos os leitos possuíssem isolamento negativo, mas o sistema é algo presente na minoria dos hospitais do Brasil e Alagoas não possui salas deste tipo. Ainda assim, Luciana Pacheco garante que “confirmando algum caso, o hospital conseguiria conter sem problema o vírus”.

NAVIO Enquanto o impasse entre Defensoria e o Hospital Helvio Auto não tem uma conclusão, outra polêmica envolve a chegada de um navio italiano em águas maceioenses. O vereador Anivaldo Luiz da Silva (PR), o Lobão entrou com uma ação para impedir que o cruzeiro atraque no Porto de Maceió. A medida devese ao avanço do novo Coronavírus no país europeu. “Peço desculpas aos italianos, mas é como diz o ditado popular: é melhor prevenir do que remediar. Minha preocupação é com a saúde dos maceioenses e alagoanos. Torço para que eu esteja completamente errado”, explicou o vereador sobre o pedido através de suas redes sociais. No Brasil já passa de 400 o número de casos suspeitos, com dois confirmados e local de infecção na Itália. Ambos são residentes em São Paulo e não possuem vínculo. Em Alagoas, aumentou de três para cinco em menos de 24 horas os casos suspeitos, segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Os cinco casos suspeitos, em investigação, são três mulheres de 71 anos, 47 anos e 34 anos e dois homens de 63 anos e 32 anos com histórico de passagem pela Itália, França e Alemanha. Apesar da tentativa de proibição, a Secretaria de Turismo tenta tranquilizar a população explicando que não há nenhum navio da Itália ou de outro país europeu chegando ao estado. Os quatro cruzeiros previstos para atracar no porto este mês estão navegando pela rota da costa brasileira desde o ano passado, quando terminou a alta temporada na Europa.


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SUSPEIÇÃO

Processo de grilagem vai para primo da esposa de acusado Herdeiros lutam há quase 40 anos para reaver terra invadida por Álvaro Vasconcelos MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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ano era 1984. No mesmo período em que a Emenda Dante de Oliveira, que previa as eleições diretas para presidente da República do Brasil era rejeitada pela Câmara dos Deputados em Brasília, o agricultor Antônio Cândido travava batalha judicial com o empresário Álvaro Vasconcelo pela reintegração e manutenção de posse das terras da Fazenda Duas Bocas, no Benedito Bentes, em Maceió. Nestes quase 40 anos, 11 juízes passaram pelo caso e a última movimentação chega como um balde de água fria para os herdeiros do agricultor. É que no dia 17 de fevereiro deste ano o processo 000576313.1984.8.02.0001 foi distribuído e no dia seguinte concluso para o juiz substituto Pedro Jorge Cansanção, que é primo da esposa do empresário. Familiares de Antônio Cândido pedem que o juiz se averbe suspeito no processo, que deve ser julgado pelo titular. O processo aponta que a tramitação é prioritária, mas verificando o histórico percebese que não é bem assim. “No caso em tela, verifica-se que a presente demanda tramita neste Juízo desde 2 de outubro de 1984”, diz trecho do documento. Para entender o imbróglio, Antônio Cândido José da

Área da fazenda foi invadida por Álvaro Vasconcelos

Silva comprou a propriedade no atual Complexo Benedito Bentes e começou a trabalhar na área. O pai de Álvaro Vasconcelo também tinha terras vizinhas e doou parte ao filho, que, segundo o denunciante, invadiu áreas próximas, inclusive a do agricultor. Inconformado, Antônio Cândido entrou com ação na Justiça e quase 15 anos depois o magistrado Ayrton de Luna Tenório, da 4ª Vara Cível de Maceió, determinou uma perícia para demarcação das terras, o que deveria solucionar o caso, com os custos a cargo do réu Álvaro Vasconcelos. Segundo o denunciante, nenhum perito alagoano se habilitou a efetuar o trabalho de perícia e daí ser intimado um sergipano para a missão. “Como se não bastasse, a decisão foi revogada quando o juiz titular saiu de férias e seu substituto, Henrique Gomes de Barros Teixeira, derrubou a decisão do titular ao entender que compete ao autor da ação promover o pagamento dos ho-

O perigo agora é ele (juiz) dar uma decisão a favor do Álvaro. O doutor Pedro Jorge não tem competência para julgar essa ação, já que possui grau de parentesco com o réu. Que o caso seja julgado pelo juiz titular. Esperamos que a Justiça seja feita” HERDEIRO DO AGRICULTOR

norários periciais”, recordou o herdeiro das terras. O processo passou para as mãos do juiz Cícero Alves da Silva, que em decorrência da Lei Estadual nº 8.176, de outubro do ano passado, enviou o processo para a 29ª Vara Cível da Capital, que trata de conflitos agrários. Quando o juiz titular da Vara entrou de férias, assumiu o caso o magistrado Pedro Jorge Melro Cansanção, e mesmo sendo primo da esposa de Álvaro Vasconcelos, o processo está concluso a ele. “O perigo agora é ele (juiz) dar uma decisão a favor do Álvaro. O doutor Pedro Jorge não tem competência para julgar essa ação, já que possui grau de parentesco com o réu. Que o caso seja julgado pelo juiz titular. Esperamos que Justiça seja feita”, concluiu o filho do agricultor Antônio Cândido. O herdeiro do agricultor reclama que Álvaro Vasconcelos expulsou sua família da terra e não tem documento que comprove sua posse, querendo ganhar por usucapião, na conversa. Diferente do empresário, diz o filho de Antônio, sua família tem a documentação da propriedade. “Fomos expulsos e ele (Álvaro) aproveita da lentidão da Justiça para usufruir da área. Ele tomou o que é nosso. São quase 40 anos, meu pai faleceu, alguns filhos também e será que também vou morrer e não vou ver essa vitória na Justiça, usufruir do que é nosso?”, indagou. Nestas mais de três décadas e meia de luta pela terra, o herdeiro disse que não perde a esperança e acredita na Justiça de que os 150 hectares da fazenda Duas Bocas que foram invadidos por Álvaro Vasconcelos voltarão para seus verdadeiros donos. “São quase 40 anos. Será que vamos esperar mais 40 anos para chegar ao fim? O medo é lutar tanto e no fim ter uma notícia contrária”, criticou, ao pedir um julgamento justo, que seja feito por um juiz titular e honesto e que “Álvaro devolva o que é nosso”.


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FALTA FISCALIZAÇÃO

Mineradoras ficam até cinco anos sem pagar taxas federais em Alagoas Agência Nacional de Mineração conta com apenas uma servidora para fiscalizar todo estado BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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azamentos na caixa d’água, infiltrações em paredes e partes do teto e empenamento das portas que separam os cômodos. É assim que funciona a sede da Agência Nacional de Mineração em Alagoas (ANM-AL). A falta de estrutura do local, tanto em seu prédio como também na falta de servidores, compromete a fiscalização de mineradoras em Alagoas que ficam até cinco anos sem pagar impostos de Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM). Relatório elaborado pela Controladoria Geral da União (CGU) divulgado em março de 2019 revelou as deficiências de pessoal que acabam prejudicando a arrecadação de receitas minerárias. De acordo com o relatório de 38 páginas, o órgão

regulador conta com apenas uma servidora no Núcleo de Arrecadação e CFEM, responsável pela análise de defesa e recursos administrativos, acompanhamento e cobrança da Taxa Anual por Hectare e de multas. A Gerência, segundo o Regimento Interno contava com dez servidores ativo. Porém, segundo informação dos gestores à CGU, durante o período de 2013 a 2018 apenas uma servidora estava lotada no Núcleo de Arrecadação e CFEM. O documento ressalta ainda que a ANM-AL não estabelece um fator de verificação periódico das regiões do estado e consequentemente, existem municípios onde a arrecadação é bastante irregular, como, por exemplo, Anadia, Coruripe e Flexeiras, onde ocorreram recolhimentos de CFEM em 2014 e ou 2015, ainda assim, não em todos os meses, e depois, somente em 2018 a CFEM voltou a ser recolhida. Além destes, em Branquinha, Canapi e Paulo Jacinto não ocorrem recolhimentos da CFEM desde o final de 2015. “Uma fiscalização in loco, devidamente planejada, poderia averiguar se a atividade minerária continua sendo realizada nesses municípios e, em caso afirmativo, autuar os responsáveis pelo não recolhimento da CFEM”, su-

gere o relatório sobre a falta de fiscalização e os recursos que poderiam ser arrecadados. ‘’Os recursos financeiros do órgão são insuficientes. A DIPAR precisa selecionar as fiscalizações mais relevantes para serem atendidas, pois não consegue atender a todas as demandas”. No relatório, os gestores justificam a ausência desse Plano de Fiscalização pelo fato de existir apenas uma técnica no setor de arrecadação da Gerência, “que acumula todas as funções desempenhadas pelo setor, que envolvem os trabalhos de fiscalização” e que é comum não realizar fiscalização, apenas a cobrança dos valores que não foram pagos no vencimento, bem como das multas por não pagamento ou pagamento em atraso. Devido a falta de pessoal e de viaturas para realizar a fiscalização, escolhe-se uma atividade ou substância, como produção de cimento ou comercialização de água mineral, cuja última fiscalização das empresas exploradoras ocorreu há mais de cinco anos. Atualmente o órgão conta com apenas dois veículos do tipo caminhonete (Ford/Ranger), sendo que um foi fabricado em 2004 e o outro em 2008. Apesar das deficiências, “é solicitado à Diretoria de Procedimentos Arrecadatórios do

antigo Departamento Nacional de Produção Mineral o envio de técnicos para a composição de equipes de fiscalização. Porém, devido ao contingenciamento de orçamento e a pouca quantidade de técnicos nos setores de arrecadação do órgão, existe pouca disponibilidade para fazer viagens”. Tal contingenciamento foi definido na Medida Provisória 791/2017. Na última década, houve momentos em que a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais chegou a R$ 1,5 bilhão e a R$ 2 bilhões de arrecadação no Brasil em um ano; e a fatia do DNPM/ ANM, que era de R$ 150 milhões e de R$ 200 milhões, passou a ser de apenas R$ 7 milhões e de R$ 10 milhões. Vale ressaltar que em 2018 a arrecadação da CFEM no estado de Alagoas aumentou em 105,1%, em relação ao que foi arrecadado em 2017, passando de R$ 3,39 milhões para R$ 7,20 milhões (aumento de 112,4% em valores nominais), fato que, segundo informações da Gerência da ANM/AL, foi devido à quitação de um processo de cobrança de CFEM de uma empresa que não teve o nome revelado Além da medida provisória de 2017, pouco mais de dois meses após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG),

que tem 225 mortes confirmadas, o governo do presidente Jair Bolsonaro anunciou o bloqueio de R$ 15 milhões do orçamento da Agência Nacional de Mineração, o que representa 22% do dinheiro que o órgão tem à disposição. Além disso, as únicas fiscalizações feitas são “realizadas pela única fiscal lotada no setor”. Portanto, não há equipes de fiscalização no âmbito da ANM-AL, fazendo com que o órgão peça ajuda e colaboração de servidores de outras regionais ou do Órgão Central para montar equipes, o que nem sempre é possível. Além de contar com apenas uma funcionária para realizar todo o processo de fiscalização, a Gerência da ANM no estado não reportou investimentos em capacitação durante o ano 2018. Neste ano foram liquidadas despesas em um montante de R$ 165,8 mil, com ações necessárias à manutenção das atividades diárias, como limpeza, fornecimento de água mineral, energia elétrica e abastecimento d’água e saneamento. Desse total, apenas 5,7% (R$ 9.464,63) foram gastos com diárias, utilizadas pelo Núcleo de Outorga e Fiscalização, e não houve gastos com passagens aéreas, evidenciando que os servidores não foram deslocados para treinamentos nem mesmo na sede da ANM, em Brasília.


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BAIRROS AFUNDANDO

Moradores reclamam da burocracia e falam de seus dramas Há dois anos, tremor que assustou Maceió revelou estragos pela extração de sal-gema MARIA SALÉSIA E ARTHUR FONTES

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tremor de terra que assustou moradores de várias localidades de Maceió no dia 3 de março de 2018 mudaria para sempre a vida de famílias residentes nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto. Dois anos após o abalo, o prejuízo material não se compara ao psicológico. Rachaduras se espalharam pelas residências e se estenderam pelo asfalto, mas as fissuras são bem maiores no corpo e na alma de quem fixou residência naquelas áreas. A partir daquele dia, pessoas passaram a ter sérios problemas de saúde, lares foram destruídos e

a maioria deixou tudo para trás em busca de um lugar seguro para viver. Na estatística oficial são 17 mil pessoas ocupantes de cerca de 4,5 mil imóveis, mas o número pode ser ampliado. Na Central do Morador montada pela Braskem, localizada no Trapiche da Barra, onde as pessoas se dirigem para tratar dos programas de realocação ou de compensação financeira, o EXTRA encontrou moradores do Mutange e Bebedouro revoltados com a burocracia, porém arredios para falar sobre seu drama. Houve quem se limitou a pedir que a mineradora cumpra as determinações dos írgãos oficiais, outros se diziam apressados e sem tempo para falar. Com sentimento de revolta,

por volta das 15 horas, Márcio Francisco ainda estava no local com a mãe, Josefa Francisco, desde as 9 horas à espera de atendimento. Com um frango abatido no início do dia dentro de uma sacola e amarrado no assento do passageiro da moto, ele criticou a demora e contou que tinha deixado os filhos em casa à espera da carne, que com certeza estaria estragada. Como se não bastasse o drama, disse que foi mandado para vários lugares na cidade em busca de documentos para provar que era proprietário do imóvel. Nada resolveu, pois por ser área de risco deixou sua casa em Bebedouro e mudou-se para um casebre no Benedito Bentes. O imóvel foi invadido e Márcio

“Lá onde eu morava tudo está afetado. As portas não fecham, piso fofo e rachaduras. Esse caso da Braskem vem de muitos anos e só agora se espalhou” MARIA DO CARMO, 53 anos, dona de casa

diz ter receio de pedir de volta. “Minha mãe está com depressão e passamos o dia todo pra cima e pra baixo e nada foi resolvido. Quando a gente morava aqui em baixo eu conseguia meu ganha pão, lá dependo de minha mãe”, reclamou. A diarista Maria Cícera estava com a irmã que tem transtorno mental. Segundo ela, a antiga moradora do Jardim Alagoas vive de favor na casa de um irmão no Cruzeiro do Sul. “Com a mudança de casa o problema dela se agravou. Hoje viemos para o primeiro contato de relocação e esperar a indenização. Mas ainda vai ter duas reuniões. Até agora não tenho do que reclamar. O medo é acertar tudo e depois nem aluguel e nem indenização”, afirmou. A situação do artesão Geraldo Manoel, 53 anos, é diferente. Morando de aluguel em Ipioca, disse que antes morava tam-

bém de aluguel no Mutange. Naquela tarde esteve na central para mudar o endereço e tentar receber R$ 5 mil e o aluguel. “Já dei 13 viagens aqui e ainda não resolvi. Isso não é indenização, é investigação. Vasculham tudo da nossa vida. Disseram que meu caso está no jurídico e só sai quando sair a indenização da casa do proprietário. Vamos esperar para ver no que vai dar”, argumentou. A dona de casa Maria do Carmo, 53 anos, antiga moradora de encosta no Mutange, mudou-se para o Jardim Petropólis e esteve na central para resolver as pendências. “O meu está correto. Lá onde eu morava tudo está afetado. As portas não fecham, piso fofo e rachaduras. Esse caso da Braskem vem de muitos anos e só agora se espalhou. Tenho fé em Deus que ele vai me ajudar, tomar as providências por nós”, apelou para a fé.


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BAIRROS AFUNDANDO

Pinheiro e seus fantasmas MARIA SALÉSIA E ARTHUR FONTES

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m passeio pelo Conjunto Divaldo Suruagy, no Bairro do Pinheiro, primeiro a ser atingido pelo afundamento causado pela extração de sal-gema pela petroquímica Braskem, foi o suficiente para perceber a situação de abandono em que se encontra um dos lugares antes mais festivos, movimentado e aconchegante de Maceió. O bate-papo e as conversas jogadas fora nas praças e até nas portas das casas e apartamentos deram lugar ao mato, cadeado nas residências, rachaduras e frases de protestos em muros. Quem se arrisca em permanecer na área diz não ter para onde ir e tem medo de nunca mais voltar para o lugar em que construiu sua vida, seus sonhos e fincou raízes. Outros aproveitam as ruas vazias e bancos para tirar um cochilo no horário de almoço até voltar ao trabalho. Taxistas dormem em seus veículos debaixo das árvores à espera de passageiro que teima em não chegar. Um casal sentado em frente aos prédios lacrados se adiantou em afirmar que não mora por ali. Um ex-morador do bairro que se mudou para Jatiúca mantém a rotina de visitar o prédio abandonado para saber a quantas anda seu apartamento. Sem querer se identificar falou de sua indignação e descaso com aquela população. “Hoje isso aqui está um esqueleto. Os políticos em todas as esferas só nos procuram em época de eleição e depois somem. O sentimento é catastrófico”, disse. Morador do Bloco 11 A, do conjunto, Inácio Pereira é um dos poucos que insiste em permanecer no local. Nos últimos dois anos viu sua moradia incerta, enfrentou um AVC e a esposa vive a base de remédios. Apesar do drama, não perde as forças e luta por seus direitos. “Aqui era um condomínio de paz e de gente boa, agora está um deserto. Às vezes acordo na madrugada e dou umas voltas por aí. Não encontro ninguém, mas não tenho medo. Vou sair pra onde? Só se me indenizar com o valor que eu propor. Ninguém até aqui me procurou. A Braskem veio para destruir nossos lares”, desabafou.

Implantada pela Braskem, central virou local de romaria para moradores dos bairros ati

“Já dei 13 viagens aqui e ainda não resolvi. Isso não é indenização, é investigação. Vasculham tudo da nossa vida” GERALDO MANOEL 53 anos, artesão

“Minha mãe está com depressão e passamos o dia todo pra cima e pra baixo e nada foi resolvido” MÁRCIO FRANCISCO

O UNIVERSO PARALELO DO PINHEIRO

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relato de Thayse Veiga é uma radiografia de sentimentos dos moradores do Pinheiro e demais bairros afetados. “Estava dormindo quando aconteceu o abalo sísmico de 3 de março de 2018. Quando acordei ouvi rumores pelo bairro e vi matéria no noticiário. Não dei a menor importância. Segui minha vida normalmente, de casa para o trabalho, raramente caminhando pelo bairro. Quando comecei a frequentar novamente o estúdio de pilates que ficava próximo do mercadinho Pilar, lá para o segundo semestre de 2018, notei que o solo estava diferente. Era visível, por exemplo, que um buraco estava sendo formado no meio do asfalto de uma das ruas transversais à rua principal. Comentei sobre esse fato com uma das donas do estúdio de fisioterapia e ela pediu para me adicionarem ao Whatsapp de um dos grupos de moradores. Depois disso descobri que o tranquilo bairro do Pinheiro só existia em minha cabeça. A impressão era a de ter entrado em um universo paralelo. No grupo, comecei a ler os depoimentos de pessoas desesperadas e observar brigas entre lideranças. Não havia nada

claro sobre o que estava acontecendo com o bairro, mas as pessoas estavam amedrontadas. Em busca de informações consistentes eu mergulhei de cabeça nessa história. Durante esses dois anos já participei de grupos de moradores, de grupos de voluntários, de reuniões com autoridades; busquei apoio de lideranças religiosas e acadêmicas, de profissionais da minha área, do conselho de minha categoria profissional; busquei informações de especialistas; fiz pesquisas sobre a história do bairro em bibliotecas públicas; entrevistei moradores; discuti, dialoguei, ignorei e pacifiquei com inúmeras pessoas. Em um certo momento de 2019 a situação do bairro me pareceu obra de ficção tamanha era a crueza do que eu estava vendo. Eram casas muito rachadas, solos afundados e crateras em todos os lugares; caminhões e outros carros de grande porte com máquinas estranhas trafegando dia e noite em um bairro já vazio; pessoas de outros estados do país, cientistas e técnicos uniformizados; ruas bloqueadas e casas marcadas de vermelho; gente chorando, gritando, adoecendo. O tal ‘universo paralelo do Pinheiro’ parecia filme antigo de sessão da tarde, daqueles que há invasão alienígena e as autoridades tentam conter sem explicar o que está acontecendo para a população.

As vivê intensas e dava para circunstân ileso de um que não so ridades m agora, per tões supér e sinto. Bu e alimenta boas. Isso maioria da o que vivi. passa por do que est pedir para para lá. O gerar uma novo senti materiais aprenda a Deus plan Atualm voluntária CRP-15 e que desse mesmo qu aliviar o s minha com um novo d E tenho n envolve co cia é ampl a solidarie erro basta ciando coi nova jorna


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DEFENSORIA PÚBLICA ORIENTA FAMÍLIAS

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atingidos pelo afundamento do solo e que tiveram de abandonar suas casas; Conjunto Divaldo Suruagy hoje é uma área deserta

ivências desse período foram s e caóticas. Penso que não ra ser diferente diante das âncias. E não dá para sair uma história dessas. Sinto sou mais a mesma. As priomudaram. Estou mais forte erco menos tempo com quesérfluas, falo logo o que penso Busco viver mais o presente ntar meu espírito com coisas so causa estranhamento na das pessoas que não viveu vi. Só quem passou e ainda or situações-limites sabe estou falando. Não adianta ara você ser ‘leve’ e deixar O que importa agora é ma nova história de vida, um ntido. Se as minhas raízes is foram arrancadas, que eu a a caminhar e florescer onde antar. almente continuo como ria do Nudec Pinheiro, do e do Cavida, pois acredito se modo posso contribuir, que minimamente, para o sofrimento de pessoas da omunidade. Trata-se de o direcionamento de vida. notado que quando você se com essas coisas, a tendênmpliar dentro de si o amor e riedade pelos outros. Ainda tante, mas tenho experienoisas maravilhosas nessa nada fora do bairro”.

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BRASKEM: REALOCAÇÃO É PRIORIDADE

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rocurada pelo EXTRA para falar sobre o caso, a Braskem enviou a seguinte nota: “A Braskem segue dedicada prioritariamente ao apoio à realocação de moradores, compensação financeira e desocupação das áreas de risco, conforme acordo firmado com autoridades, e na continuidade dos estudos para entendimento dos fenômenos geológicos. A operação dos poços de extração de sal da Braskem nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro foi encerrada definitivamente em maio de 2019. A empresa vem conduzindo as ações de fechamento desses poços em Maceió em conjunto com o órgão regulador, a Agência Nacional de Mineração (ANM). Em novembro de 2019, a Braskem anunciou que, dentro do plano de fechamento seguro desses poços, precisaria criar uma área de resguardo em torno de 15 deles, com a realocação de pessoas e desocupação de 500 imóveis. Em janeiro de 2020, a Braskem assinou um acordo com as Defensorias e os Ministérios Públicos Estaduais e Federais, ampliando o perímetro de desocupação para as áreas de criticidade 00 indicadas no mapa da Defesa Civil municipal de junho de 2019, além de incluir outros imóveis do bairro Bom Parto também indicados pela Defesa Civil. Assim, o novo mapa de desocupação passa a abranger áreas dos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto, totalizando cerca de 4.500 móveis nos quais vivem aproximadamente 17.000 moradores. A estimativa é que todas as realocações sejam concluídas em dois anos. O Programa contempla auxílio aluguel, compra do imóvel e pagamento de valores referentes a danos materiais e morais, além de auxílio para mudança e assistência social e psicológica. A Central do Morador, em Maceió, concentra os atendimentos. Hoje, 1.030 pessoas já iniciaram o processo de realocação e compensação

financeira na Central do Morador. A empresa também assinou termos de cooperação com o poder público para a adoção de medidas emergenciais de apoio à comunidade: Primeiro termo de cooperação (abril de 2019): a empresa doou e instalou equipamentos de medição meteorológica e aparelhos DGP S para identificar movimentações no solo, realizou a inspeção de imóveis e providenciou a execução de obras de drenagem e pavimentação das ruas, eliminando rachaduras e diminuindo a infiltração de água no terreno. Segundo termo de cooperação (dezembro de 2019): visa ampliar a estrutura e capacidade de monitoramento da Defesa Civil por meio da instalação de novos aparelhos de DGPS, computadores, nobreaks, câmeras e drones, a apresentação de novos estudos de sísmica e a instalação de uma rede de sismógrafos da UFRN. Terceiro termo de cooperação (janeiro 2020): tem foco nas ações estruturais para inspeções prediais e preenchimento de portas e janelas dos imóveis na área de desocupação. A Defesa Civil fica responsável pela coordenação das ações, incluindo informar os moradores, e a Braskem pela contratação de empresas especializadas para executar os serviços. Por último, um acordo firmado em fevereiro de 2020 entre Braskem, Ministério Público do Trabalho e a Prefeitura de Maceió, junto com Sebrae, Senai e Senac, prevê a disponibilização de recursos para a construção de escolas e a realização de programas de capacitação para os trabalhadores dos bairros afetados pelo problema geológico. Entre as ações previstas, estão a construção de quatro escolas e uma creche, que substituirão as que hoje encontram-se nas áreas de risco. Além disso, serão destinados fundos para fomentar a recuperação de negócios e empregos na região”.

rabalhando em conjunto com a Central do Morador, a Defensoria Pública de Alagoas (DPE) disponibilizou um caminhão que fica localizado ao lado da central. O serviço contribui com o auxílio das questões jurídicas e contratuais dos moradores das regiões afetadas pela mineradora Braskem. Para obter mais informações sobre o acordo, qualquer vítima do desastre pode procurar a Defensoria Pública. Já a assistência jurídica é avaliada individualmente, caso o morador se enquadre na condição de hipossuficiente, as Defensorias Públicas do Estado e da União prestarão a assistência jurídica gratuita. O caminhão equipado com três escritórios visa prestar atendimento individualizado a todas as vítimas da tragédia provocada pela mineradora. Lá os moradores são informados sobre os direitos garantidos e os documentos necessários para a formalização do acordo. Ao EXTRA, o subdefensor público geral, Carlos Eduardo Monteiro, falou sobre os imóveis nos bairros afetados que estariam sendo negociados, mesmo após serem lacrados. ‘’Os proprietários sabem que não podem vender os imóveis pois são imprestáveis para servirem de moradias, logo estariam obtendo um lucro em detrimento de um prejuízo de terceiros, o que pode configurar até crime. O comprador que pretenda obter vantagem com uma possível indenização vai ‘quebrar a cara’ pois todos os moradores que serão indenizados já foram devidamente identificados’’, explicou Monteiro. As supostas vendas feitas pelos moradores são consideradas nulas e os envolvidos podem responder por estelionato. Segundo o defensor público, as casas da área de encosta já foram cadastradas para os proprietários receberem os devidos benefícios. A sugestão da DPE é para que as pessoas procurem os órgãos envolvidos no acordo, Defensorias Públicas do Estado e da União, bem como os Ministérios Públicos Federal e Estadual, que estão sempre a disposição para acabar com as dúvidas. “Inclusive, essa atitude evitaria a propagação das fake news”, conclui o defensor.


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Despertar?

SAÚDE MENTAL

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que faz alguém despertar? Despertar para que? Despertar o quê? O despertar seria o saber que está acontecendo na política, na família, entre os colegas de trabalho? O que? O despertar talvez tenha o sentido de se isolar. Se isolar de quê? Bom, quanto mais despertamos para as possibilidades de coisas e situações positivas que nos rodeiam, menos a pessoa se encaixa em qualquer lugar, coisa ou situação. O encaixar perfeito seria o amor entre um homem e uma mulher, seria o côncavo e convexo; a mão e a luva, e assim por diante? Seria um click num “interruptor” para acender a própria luz? Isso pode mudar uma vida? Pois bem. Todos têm essa capacidade; todos.

Narcisista e psicopata

Os narcisistas e os psicopatas têm muitos comportamentos em comum. É bom esclarecer que todos os psicopatas são narcisistas, mas nem todos os narcisistas são psicopatas. Algumas frases preestabelecidas e que os dois usam frequentemente indicam que o objetivo é que o interlocutor(a) perca a autoconfiança e com isso fica mais fácil manipular. Na cabeça do narcisista está “preestabelecido” que o(a) interlocutor(a) dedique todo o seu tempo e atenção a ele. Já o psicopata quer controlar todas as áreas da vida do(a) interlocutor(a), ou seja, que a pessoa seja exclusiva para o bem-estar dele.

Frases manipuladoras

Uma das frases que eles mais usam é “eu odeio drama”, dizendo isso, a pessoa se sente receosa de “desagradar” e absorve que é culpada caso haja qualquer desentendimento. “Tudo” é culpa do(a) outro(a).

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

E quando se percebe que pode acender a própria luz, os encaixes são cada vez menos. Por que? Porque muitos encaixes estão cheios de escuridão; não que não possam ter luz, mas uma luz que já não representa mais os seus próprios encaixes. Ninguém é obrigado a encaixar-se em qualquer que seja o lugar, coisa ou situação. O mais importante é estar onde a pessoa se encaixa melhor, podendo ser luz do seu jeito e não em encaixes predeterminados. Mesmo porque os encaixes predeterminados estão cheios de escuridão. Por isso é bom aprender a acender o seu próprio “interruptor”. Não é fácil. Uma psicoterapia ajuda. Procure um psicólogo.

Frases manipuladoras II

Outra frase bastante utilizada pelos narcisistas e pelos psicopatas é dizer sempre que -Você é: louco(a), bipolar, ciumento(a), amargo, sem respeito e assim por diante. Geralmente os xingamentos se iniciam quando o relacionamento começa a ter atritos. E aí, tanto o narcisista quanto o psicopata começam a colocar a culpa no(a) outro (a).

Frases manipuladoras III

Eles passam o tempo todo fazendo elogios e depois ignoram a pessoa, para machucar. Depois dizem: -Você é muito sensível. Que é uma das características deles. Quando, realmente, a pessoa ignora, eles acusam a pessoa de sensível e até de carente. E mais uma vez para manipular. Além de insultar o(a) interlocutor(a), eles costumam também menosprezar e criticar, muitas vezes até de “brincadeira”, até a pessoa “explodir”.

Frases manipuladoras IV

É comum, também, eles dizerem: - Você entendeu mal, não foi isso que eu disse, ou que eu quis dizer. Ou seja, mais uma vez para que a pessoa se sinta culpada e aí eles pos-

Loucura Há sempre algo de loucura no amor, mas também há sempre algo de razão na loucura. (Nietzsche)

sam manipulá-la. Outras vezes até negam que tenham dito que a pessoa não entendeu, isto é, faz a pessoa ficar confusa.

Frases manipuladoras V

Como eles gostam que as pessoas tenham dependência para com eles, eles sempre vão usar essa frase: - Você não pode viver sem mim, eu sou a sua vida. Ou seja, eles usam e abusam de frases manipuladoras para que a pessoa se sinta inferiorizada e não consiga “viver sem ele”. Tanto os narcisistas quanto os psicopatas não almejam ter um relacionamento duradouro. Especialmente o psicopata, ele quer, apenas, usufruir de tudo que puder, seja uma vantagem sexual, financeira ou de poder. Já o narcisista sempre tem uma relação superficial, ou seja, ele adora, apenas, aparecer, e não está nem aí para fortalecer a relação com a pessoa. Quer esteja sempre no centro de “tudo”, seja lá o que for.

Não procuram

Tanto o psicopata quando o narcisista não costuma procurar tratamento psicológico. O psicopata porque acha que a vida é assim mesmo (ou seja, manipular as pessoas e ter vantagem em tudo). Já o narcisista corre dos psicólogos porque na sua narrativa vai perceber que a maioria dos desentendimentos que ocorrem na vida, inclusive numa relação amorosa, por exemplo, geralmente a culpa é dele e aí se esquiva.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@uol.com.br Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Casal reforça importância da tarifa para manutenção dos sistemas Cobrança é amparada por lei e é praticada em todas as cidades com rede coletora

Estação de Tratamento da Casal localizada no Benedito Bentes ASSESSORIA

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tarifa de esgotamento sanitário praticada pela Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) está embasada em uma legislação federal (Lei 11.445/2007) e é necessária para a manutenção dos sistemas. Em Maceió, a tarifa de esgoto equivale a 100% do consumo de água dos imóveis, sejam eles residenciais, comerciais, industriais ou públicos. “Assim como precisa-se de tarifa para captar, transportar, tratar e distribuir a água, que passa por um processo de transformação antes de chegar às casas das pessoas, precisa-se também de recursos para coletar, transportar e tratar o esgoto, por isso todas as companhias de saneamento do Brasil cobram a tarifa pelo serviço. Ela é necessária para manutenção dos sistemas”, explicou o presidente da Casal, Clécio Falcão, reforçando que a cobrança tem embasamento legal. No caso das famílias de baixa renda, a companhia oferece a tarifa social, cujo valor cobrado equivale a apenas 50% do valor normal da fatura, num consumo que pode chegar a até 20 mil litros por mês para cada imóvel.

Para se cadastrar na tarifa social da Casal, basta procurar qualquer Central Já! de Atendimento ao Cidadão, em Maceió, com os documentos pessoais e do imóvel. Será feita uma análise e, se o interessado se enquadrar nas normas da empresa, ele terá acesso ao benefício, que não tem prazo de validade. A companhia reforça que, onde já existe rede coletora de esgoto, é essencial que os moradores interliguem o seu imóvel a essa rede, contribuindo, dessa forma, para a preservação do meio ambiente e para a melhoria da qualidade de vida. Quando o esgoto é coletado e tratado corretamente, surgem vários benefícios à população, ajudando no combate à mortalidade de peixes, preservando o curso dos rios e mares, os quais, por sua vez, refletem na saúde da população. Por outro lado, o descarte incorreto do efluente pode causar doenças, tais como: cólera, leptospirose e hepatite. “É por isso que água tratada e de qualidade e esgoto coletado e tratado têm reflexos na saúde pública. A população deve fazer a parte dela e denunciar possíveis irregularidades”, finalizou Clécio Falcão.

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O Coronavírus é ameaça à economia global

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BC americano deu a senha e derrubou fortemente esta semana os juros (não ocorria desde a crise de 2008). Com isso, os juros reais americanos se tornaram negativos, como já o é há muitos anos no Japão e, há algum tempo, na Europa. Os países centrais logo seguem o jogo. O BC brasileiro mudando de atitude em relação à última reunião do Copom já sinalizou que vai na mesma toada da redução de juros para mitigar parte dos estragos que o Coronavírus já provoca na economia mundial e prevenir repercussões mais negativas em nosso país. Só que essa baixa dos juros sinalizada pelo BC traz embutido o aumento do dólar. E se ela tiver de ser mais rápida por aumento da crise global, pode gerar aumento nos preços. Ou seja, inflação. A redução mais acelerada pode levar a Selic dos atuais 4,25% para 3,5% (algo muito provável nestes próximos 45 dias). Neste caso, a taxa real de juros no Brasil vai a zero. É isso ou travar

ELIAS FRAGOSO n Economista

a economia. Outro dado, que não se pode deixar de lado neste momento, é que a economia brasileira desde os anos 1990 depende em cerca de 60% do desempenho da economia chinesa. O FMI havia projetado um crescimento para a China, em 2020, de 6%. As primeiras avaliações (pouco confiáveis) revisionais do PIB chinês para este ano, indicavam queda naquele número para 4,8% a.a. É cedo para se cravar um número final. Pessoalmente, acho que cai mais. O que, definitivamente, não é bom para

Relíquias de Mindlin

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quem se deu o prazer de ler “Uma vida entre livros – Reencontros com o tempo”, do bibliófilo José Mindlin (19142010), “amador da leitura e amador dos livros” no dizer do escritor Antônio Candido (1918-2017), percebeu que, além de tratar-se de suas memórias, escritas com muita vida, pois dizia “não faço nada sem alegria”, é um belo relato de fatos pitorescos para não dizer inusitados. A começar pela coincidência de, já estando com os originais de seu livro prontos, receber missiva de A. Candido sugerindo escrevesse suas memórias. No dia seguinte foi à casa do amigo e disse: “Meu caro, você, com sua carta, me deu um trabalhão danado. Passei o dia e a noite escrevendo, mas ao menos aqui está o livro que você sugeriu”. Nas tantas aventuras relatadas na busca incessante pelos livros, vem o interesse pelas primeiras edições. Uma delas, “O Guarany” (1857) de José de Alencar (1829-

JOSÉ MAURÌCIO BRÊDA n Economista

1877), foi oferecida no Rio, nos anos sessenta, por um grego que pedia a exorbitante soma de mil dólares. Nenhum colecionador comprou e quando soube já tinha ido embora. Aos que deixaram de adquirir disse estarem malucos: “A gente vende um terreno e compra o livro”. Quase dez anos à procura do grego, soube estar num catálogo de um leilão na Inglaterra a tal primeira edição. Pensando não atingir um preço alto fora do Brasil, perguntou a um livreiro amigo quanto achava que custasse. “Umas vinte libras”.

ninguém. E olha que só estamos no início deste imbróglio... Agora, numa crise como a que se avizinha, a política monetária tradicional enquanto ferramenta ortodoxa acaba por não atender situações emergenciais como a que estamos prestes a vivenciar mundo afora por conta do Coronavírus. O mesmo se dá com a politica de juros zero ou negativos que as nações ricas já praticam. Nestas circunstâncias elas não são o “remédio” urgente que as economias irão precisar. A heterodoxia monetária é o caminho. Foi o que ocorreu na crise de 2008, quando os países centrais “esqueceram” rápido suas receitas ortodoxas de política monetária que tanto prezam e trataram de implantar rapidinho medidas heterodoxas para salvar suas economias. Inundaram seus sistemas bancários com grana sem qualquer exigência séria de contraparte. Fizeram o mesmo com grandes grupos empresariais e para investimentos de grande porte. Irão fazer de novo agora.

Se a crise se agravar, e vai, afinal doscerca dos 180 países existentes ela mal chegou a pouco mais de 4 dezenas, a economia global e dos países irá passar perrengues. E naqueles de baixa e média infraestrutura de saúde (a quase totalidade dos ainda não alcançados pelo COVID-19) como o Brasil, já infectado, suas economias irão sofrer bastante esses efeitos. Não à toa, governo brasileiro e mercado já reduziram as exageradas projeções de crescimento para 2020 emitidas no final do ano. Dos 2,5% a 3% iniciais para em torno de 1,5%. Um corte médio de 40%. Exatamente a mesma que havíamos cravado no final do ano: 1,5%. E agora, vamos divergir novamente. Não creio que passemos de 0,7%/0,8% em 2020, que são exatos 50% a menos do que o mercado está precificando. O baixo crescimento de janeiro/fevereiro é forte indicativo para isso. Sairemos do nosso tradicional voo de galinha (1%) prá uma corridinha de pintinhos. A ver.

Alertou que chegaria a mais, porém queria comprá-lo. Estando em Nova York no dia do leilão, telefonou para saber por quanto havia comprado; não comprou por ter falado em vinte libras e quando chegou a sessenta, parou, pensando que Mindlin ficaria bravo. “Aborrecido estou agora”. Mas o livro não foi vendido. Em 1977, por insistência de sua esposa D. Guita, foi a um leilão, em Paris, de livros raros sobre o Brasil. Lá, encontrou outro livreiro que disse ter uma surpresa para ele: “O grego está aqui. O Guarany está comigo. Entenda-se com ele”. Diz ter sido uma epopeia a luta com o grego. Mas conseguiu comprar. De volta à casa disse à esposa: “ Sabe o que comprei em Paris? O Guarany”. “Não diga!”. “É, mas já perdi”. Havia deixado cair no avião e só três dias após a Air France localizou-o em Buenos Aires. João Cabral (1920-1999), quando esteve em sua biblioteca para lançar a edição de “O Rio”,

achou estranho haver três volumes iguais das “Poesias Completas” de Machado de Assis, publicadas em 1907, pela Garnier. Em certo trecho, Machado diz: “A afeição do meu defunto amigo a tal ponto extremo lhe cegara o juízo...”. Numa gritante falha, no “cegara” foi trocado o “e” pelo “a” e logo visto. Só que, quando Machado corrigiu à mão alguns exemplares, uns já tinham sido vendidos com o erro. Após é que foi lançada uma nova edição. Portanto, lá estavam os três: um com o erro, outro com ele corrigido à mão e outro sem erro. Mindlin imagina “como é que Machado não teve um ataque de apoplexia”. Uma outra relíquia, fruto de seu incansável garimpo, é a que chamou de “certidão de batismo”. “Vidas Secas” foi para o prelo com o título de “O Mundo Coberto de Pennas”. Na prova tipográfica, que está na biblioteca, Graciliano riscou o título e escreveu de próprio punho: “Vidas Seccas”.

Foi o que ocorreu na crise de 2008, quando os países centrais “esqueceram” rápido suas receitas ortodoxas de política monetária que tanto prezam e trataram de implantar rapidinho medidas heterodoxas para salvar suas economias.

Em 1977, por insistência de sua esposa D. Guita, foi a um leilão, em Paris, de livros raros sobre o Brasil. Lá, encontrou outro livreiro que disse ter uma surpresa para ele: “O grego está aqui. O Guarany está comigo. Entenda-se com ele”.


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Ao Sapucaia meu profundo agradecimento Sítio Conduru, ES - Em agradecimento póstumo ao meu amigo Antônio Sapucaia, com quem dividi a redação da Gazeta de Alagoas nos idos da década de 1960, publico aqui seu artigo na própria Gazeta do dia 7 de março de 2015 sobre o meu livro “Muito Prazer, eu sou a Morte”. E o que o Sapucaia previu no final artigo, não demorou a acontecer: acabo de dar um ponto final no meu primeiro romance O Voo da Alma. “Quando conheci o Jorge Oliveira, ele ainda mantinha o ornamento capilar e longíssimo estava de imaginar que um dia iria se unir a Ana Maria Rocha e se tornar pai de Zoca e Tuca. Mais: quem o conheceu antes de partir para o Rio de Janeiro, sabia que ele carregava no sangue e na alma, como se fosse uma ferradura, o descortino ou a vocação exclusiva para a reportagem policial. Jamais passaria pela cabeça de algum colega vê-lo trabalhando na ‘Gazeta Mercantil’, a lidar com assuntos econômicos, ou com uma filmadora a tiracolo, fazendo bons filmes, o que revelaria a sua versatilidade, além de tornar-se detentor de dois prêmios Esso de Jornalismo.

JORGE OLIVEIRA n Jornalista

Depois de haver publicado três livros e haver ralado em algumas redações no Rio de Janeiro e Brasília, deu-nos agora Muito prazer, eu sou a morte, publicado pela Editora Chiado, de Portugal, o que confirma sua sina para correr mundo. Mescla de ficção e realidade, autobiografia e memórias, há qualquer coisa que nos remete a Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, ou a Quase memória, de Carlos Heitor Cony, longe de comparação ou equivalência. Começa narrando a sua própria morte, no momento em que se preparava para fazer a cobertura do Carnaval para o ‘Jornal do Brasil’,

quando um tiro lhe atingiu a nuca, e a bala atravessou o crânio, abrindolhe um buraco na testa. A sua morte é descrita com muita frieza e riqueza de detalhes, passando pelo Instituto Médico Legal, com todo o procedimento ali exigido, e termina com as suas cinzas jogadas na praia do Sobral, aqui em Maceió. O repórter policial está mais vivo do que nunca, com toda esperteza e vivacidade, sem perder um só lance em derredor do defunto em que se transformara. Apesar de o tema principal ser a sua morte, temos momentos hilariantes, como aquele que levou o jornalista Tarciso Meira Cesar a bater com os costados no Pinel, lugar de loucos, depois de uma madrugada de porre no restaurante Lamas, dela participando o próprio Jorge e outros confrades de jornal e de farras. Também há momentos em que o Jorge nem parece aquele homem sem papas na língua, irreverente e debochado, como no episódio envolvendo o então presidente da Eletrobrás, Antônio Carlos Magalhães, que, diante de uma pergunta do repórter alagoano para a ‘Gazeta Mercantil’, disse que ‘quem está depositando o dinhei-

ro da Eletrobrás no Banco Econômico é a sua mãe e a mãe desse editor, filho da puta’. Quem conhece o Jorge Oliveira, sabe o quanto ele é corajoso, destemido, irriquieto, amigo dos amigos, sempre solidário. Mesmo morto, conseguiu ressuscitar os saudosos Noaldo Dantas e Freitas Neto, numa justa homenagem, levando-os ao seu velório. Do mesmo modo, de maneira inteligente e em forma de memórias põe em destaque inúmeros colegas com os quais conviveu, fazendo a caricatura de alguns deles, sem esquecer o panorama de alguns momentos da política brasileira, especialmente a do Rio de Janeiro, na época de Carlos Lacerda. A minudência e a frieza com que descreve a sua morte nos deixa cheio de saudades ao término da leitura do livro, o que nos faz desejoso de que ele descrevesse as missas de sétimo e trigésimo dias, para que estirasse um pouco mais a obra, que consolida de uma vez por todas a sua condição de escritor. Quem ler o livro vai esperar a partir de agora por um romance, pois imaginação e cultura não lhe faltam para tal”. Desembargador aposentado e jornalista, Antônio Sapucaia faleceu aos 81 anos no dia 3 de outubro do ano passado.

força popular e a corrupção sairá vitoriosa. Os eleitores vão pensar que o general Heleno não tinha razão. Vi, na imprensa, uma jornalista de oposição, radical, elogiar o trabalho da mulher do presidente. Achei interessante, porque ela, a Michelle, se dedicou ao social e pouco se envolve com as opiniões do presidente e dos filhos. Vi também uma sigla: “Meu partido é o Brasil”. Gostei e penso da mesma maneira: imaginar sempre o que é melhor para nós todos. Se melhorar o desemprego, se a taxa de juros cair, se a educação caminhar para o lado bom, será positivo para a esquerda e para a direita. O que for errado deve merecer nossas críticas. Por exemplo: as entrevistas diárias que o Bolsonaro concede, todas as manhãs, ao sair de casa. Não repercutem bem! Os jornalistas se aproveitam, o presidente se irrita, diz bobagens e o resultado é negativo. Até “banana” o presidente já deu aos jornalistas. E não foi a fruta! Dificilmente, um governo no Brasil é analisado por adeptos do progresso do país. É sempre o esquerdista que não gosta do Bolsonaro, ou

um direitista que não simpatiza com o Lula. São paixões políticas que nada acham de bom na oposição ou no governo. Minha história de vida me leva para o partido de centro. Meu pai era socialista, defendia a participação do governo na vida do povo. Caseime com militar, convivi com amigos militares e suas famílias. Procurei ver o lado bom dos dois lados. Despertei para a política no governo de Getúlio Vargas e acho que o “pai dos pobres” fez muito pelo Brasil. O Exército me ensinou muito sobre respeito, hierarquia e outros bons princípios. Claro que vi alguns exageros, mas o saldo positivo era bem maior. Do socialismo, escolhido pelo meu pai, também aprendi muito. Ambos me fizeram criar grande apreço pela democracia, pela liberdade de expressão. Passei para meus filhos o respeito pelo outro, principalmente pelos mais velhos. Hoje, com 79 anos, considero-me uma mulher feliz, lutando sempre pelo bem do Brasil. Ainda estranho o excesso de desrespeito da turma jovem pelos idosos. Vida que segue......

Quando conheci o Jorge Oliveira, ele ainda mantinha o ornamento capilar e longíssimo estava de imaginar que um dia iria se unir a Ana Maria Rocha e se tornar pai de Zoca e Tuca.

Vida que segue...

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velhice chegou. Com ela vem a maturidade, nos dando o direito de examinar com calma os fatos que acontecem perto de nós. Falando em política, vemos o Brasil complicado, cheio de altos e baixos. Essa semana, um militar do governo irritou-se com as exigências do Congresso Nacional e comentou com outros ministros não aceitar as chantagens dos parlamentares. Assustei-me com o fato de, só agora, alguém corajoso trazer o assunto a público. Trabalhei quarenta e três anos com políticos, ainda convivo em tal ambiente e acompanhei acordos irritantes entre os Poderes. Já citei vários exemplos dessa troca de benesses e hoje falarei de mais um. Certo deputado estadual resolveu ser conselheiro do Tribunal de Contas. Entrou tranquilo na escolha e recebeu a grande maioria dos votos dos companheiros. Ao parabenizá-lo, perguntei: “Foi fácil”? E ele me respondeu: “Custou-me o valor de um apartamento na Ponta Verde”! E rimos juntos! Sempre que havia eleição da Mesa no Poder Legislativo, a imprensa dizia que os deputados es-

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

tavam incomunicáveis em determinado hotel. Não conseguia entender por que. Um candidato me explicou: “Eles podem receber uma oferta maior e trocarem o voto”. As tais emendas parlamentares sempre foram bem negociadas. Elas iam para “fundações” familiares e poucas beneficiavam o povo. De repente, mais que de repente, um corajoso reclamou das negociações. Para minha tristeza, o Bolsonaro está perdendo tempo, negociando com o Congresso. Com isso, mina a

O Exército me ensinou muito sobre respeito, hierarquia e outros bons princípios. Claro que vi alguns exageros, mas o saldo positivo era bem maior. Do socialismo, escolhido pelo meu pai, também aprendi muito. Ambos me fizeram criar grande apreço pela democracia, pela liberdade de expressão.


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O remédio que terminou em tragédia

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m um povoado duma Comarca distante apenas 19 km de Maceió, na porta da bodega, dois indivíduos, completamente embriagados, estavam tendo uma calorosa discussão e cada qual portava uma amolada faca-peixeira, de umas 12’’ (doze polegadas) cada uma e dizia para o outro. “Eu vou lhe furar...’’ enquanto o outro respondia ‘’Fura nada cabra safado, eu é que vou lhe furar...’’. Passada aproximadamente uma hora neste lenga-lenga, que todos os presentes sabiam que não ia dar em coisa alguma, pois acontecia quase todos os dias, principalmente nos finais de semana, entre os dois bêbados (que quando sóbrios eram muito amigos e compadres), apareceu, ninguém sabe donde, um terceiro bêbado e disse: ‘’Ei, vocês dois aí, que frescura é essa de eu vou furar

FREDERICO MEDEIROS n Juiz de Direito (in memoriam)

você? Se vocês querem se furar mesmo, é assim’’. Pega na mão de um dos dois bêbados e direcionando a faca para a barriga do outro, empurra-a com força, fazendo a arma entrar até ao cabo, no abdome do pobre coitado que, ao ver a faca em seu ventre, começou a chorar dizendo: ‘’Puta merda home, você é doido, furou a minha barriga. E agora, o que vai ser de mim?’’

O homem mais rico do mundo

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io de Janeiro, zona rural da região das Serras, maio de 2019 e lá estava eu no meio do nada quando ouvi do meu mestre, Yaakov “Kobi” Lichtenstein, algo que me chamou atenção. Disse ele: “Você quer ser o homem mais rico do mundo? Mas rico de verdade? Então faça um, apenas um amigo de verdade por ano. Se você conseguir fazer um verdadeiro amigo por ano, em dez anos você será o homem mais rico do mundo”. Esta lição foi aprendida por ele por seu mestre, Imi Lichtenfeld. Um dos heróis da vida real preferidos. Essa lição me martelou na cabeça por meses para que eu pudesse digeri-la totalmente. Primeiro porque o conceito de riqueza deve ser repensado. O que significa ser rico não é ter dinheiro ou bens ou patrimônio. Eu sinceramente não queria ser rico sozinho. O valor que um amigo pode ter, tanto nas horas mais terríveis como nas mais bacanas, é inestimável.

PAULO NICHOLAS n Advogado e escritor

Pensando com calma e indo até o passado, pode-se perceber que o fato de termos pessoas confiáveis ao nosso lado foi essencial ao nosso desenvolvimento como espécie. Isso porque quando éramos caçadores/ coletores, dependíamos crucialmente de um grupo fiável para a divisão de tarefas e precisávamos contar uns com os outros para a nossa própria sobrevivência. Se não houvesse um grupo muito unido, ninguém sobrevivia por muito tempo.

O terceiro bêbado, que havia segurado na mão do que empurrou a faca, tomou uma atitude inusitada, dizendo “Psiu,psiu, ô viadinho chorão, fique quieto que eu tenho um remédio muito bom lá em casa e vou lhe curar!’’ Virando-se para o pessoal que estava no interior da ‘’venda’’ ordenou: ‘’Ô minha gente, me ajuda aqui a levar este chorão até lá em casa eu vou botar um remédio nesse ferimento dele’’. Atendendo ao chamado, os presentes levaram o ferido à casa do esfaqueador e em lá chegando, o mesmo manda por o pobre homem em uma cama, apanha um ‘’tubo’’ de ‘’Baygon’’ spray, retira a faca do corpo do ferido e no local da ferida barrufa, generosamente, com o conhecido e poderoso veneno, dizendo: ‘’Pronto, ele agora

está medicado. Logo, logo estará bom para outra, vai todo mundo para as suas casas, leva este cabra daqui que eu vou tomar outra pra dormir’’. Pondo o cortejo e o ferido/ medicado para fora de sua casa, enche um copo de ‘’pinga’’, fecha a porta e vai calma e serenamente dormir, como se coisa alguma houvesse acontecido, só sendo acordado horas depois pela Polícia, que o prende em flagrante, pelo assassinato do pobre homem que havia morrido minutos após ter sido ‘’ baygonizado’’ do lado de fora da residência do ‘’doutor’’, como ficou sendo conhecido na região. O ‘’doutor’’ foi processado e submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, que o condenou a 10 (dez) anos de reclusão.

Creio que ainda hoje é assim. Grupos conseguem ser muito mais competitivos do que indivíduos em todas as áreas da vida moderna: um sindicato é mais forte do que um trabalhador sozinho, uma cooperativa consegue fazer muito mais do que um produtor, um partido unido é mais poderoso do que um político solitário, uma sociedade consegue mais competências do que um profissional autônomo. Foi assim nos primórdios da humanidade e é assim no mundo profissional moderno; também funciona dessa forma na vida pessoal. Ter amigos de verdade, daqueles que te amam fraternal e incondicionalmente, é um presente tão gratificante quanto ter o amor da vida ao seu lado. O sentimento de uma amizade verdadeira, leal e legal atinge o nosso sentimento de grupo de pertencimento e preenche partes importantes de nosso caráter, ego e personalidade. Eu não sabia, mas pesquisas

apontam que o fato de não se ter amigos de verdade faz mais mal para a saúde do que o sedentarismo, alcoolismo e tabagismo!! Ter amigos é importante não só para nossa saúde mental, como também física. E amizade, como toda relação, precisa ser cultivada. Precisa de lealdade, de atenção, de companheirismo. Precisa ser despida de vaidade e ter admiração. Para ser e ter verdadeiros amigos, tem que se torcer pelo seu sucesso, tem que apontar os erros, tem que brigar, opinar e palpitar. Tudo isso sem julgar. Ter que, às vezes, só do lado estar. Fazer um amigo de verdade é coisa mais rara e difícil do que ganhar dinheiro, ter um amigo é ter uma riqueza, uma joia, um porto seguro. É ter alguém que anda com você no carrão ou no busão que tem você em todo tempo no coração. Em suma: o homem mais rico do mundo é aquele que tem mais amigos de verdade. A riqueza está dentro de você!

Atendendo ao chamado, os presentes levaram o ferido à casa do esfaqueador e em lá chegando, o mesmo manda por o pobre homem em uma cama, apanha um ‘’tubo’’ de ‘’Baygon’’ spray, retira a faca do corpo do ferido e no local da ferida barrufa, generosamente, o poderoso veneno, dizendo: ‘’Pronto, ele agora está medicado”.

Fazer um amigo de verdade é coisa mais rara e difícil do que ganhar dinheiro, ter um amigo é ter uma riqueza, uma joia, um porto seguro. É ter alguém que anda com você no carrão ou no busão que tem você em todo tempo no coração.


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CONTROLE SOCIAL

Revista dá visibilidade ao trabalho realizado por deputada em Alagoas

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acesso a informações sobre o trabalho dos parlamentares costuma ser difícil para o cidadão brasileiro comum, principalmente a população menos favorecida financeiramente. Os mecanismos criados para acompanhar o desempenho e as prioridades nas atividades políticas costumam fugir ao controle social e, muitas vezes, um mandato chega ao final sem que a sociedade saiba sua utilidade. Essa visibilidade embaçada sobre o trabalho parlamentar incomodou a deputada Fátima Canuto, que decidiu facilitar o processo de prestação de contas da sua atuação pública no primeiro ano do mandato, em 2019. Em formato de revista, a deputada publicou recentemente as principais ações nas quais esteve envolvida no ano passado. O material é de linguagem simples e será distribuído em lugares pontuais e pela internet, no link https://www.flipsnack.com/tdldigital/f-tima-canuto-365dias-de-mandato.html. Nele, Fátima Canuto lista 80 ideias transformadas em ações nas áreas de saúde, infraestrutura, recursos hídricos, agricultura, educação, assistência social e segurança. As ideias foram apresentadas à Assembleia Legislativa de Alagoas em forma de indicações, projetos de lei, projetos de resolução, etc. “Ser parlamentar é lidar diariamente com questões importantes que envolvem a vida de várias pessoas e ter a responsabilidade de cuidar do outro. O que sinto como deputada é que preciso me colocar em todos os momentos no lugar do outro. Foi minha escolha quando optei por ser candidata”, comenta. A deputada, formada em advocacia e economia, é natural de Alagoas e nasceu no município do Pilar Segundo mostra a revista, Fátima Canuto dedicou parte importante de sua atividade parlamentar às questões da saúde. A deputada já fazia trabalhos voluntários na área, a exemplo da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Alagoas e do Brasil, onde atuou por 20 anos. “Aprendi que é preciso ter claro nosso papel diante da chance de ajudar. A prevenção é a chance da vitória e a vitória é a saúde. Um dos projetos que sugeri, no meu primeiro ano de mandato, foi a criação de núcleos de prevenção e diagnóstico precoce oncológico para pacientes da rede hospitalar. Para 2020 quero fazer mais projetos para essa área que tanto precisa avançar ainda. Estou atenta às necessidades do povo e vou colocá-las em prática”. A revista também mostra iniciativas para melhoria de estradas, abastecimento de água e na assistência social. A revista é, na verdade, o fio da meada para quem quer desnovelar o trabalho da parlamentar e pleitear sua atuação em outros projetos.

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MERCADO DE TRABALHO

Mulheres ganham 6% a menos que os homens em Alagoas Estudo revela que o desemprego atinge mais a mão de obra feminina VERA ALVES veralvess@gmail.com

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lagoas é o estado com o menor percentual de diferença salarial entre homens e mulheres na Região Nordeste. É o que aponta o estudo A inserção das mulheres no Mercado de Trabalho, divulgado esta semana pelo Departamento Intersindical de Estudos e Estatíticas Sócioeconômicas (Dieese). Em média, o trabalhador alagoano recebe R$ 1.510 por mês, enquanto a trabalhadora que desempenha o mesmo cargo e funções e cumpre a mesma jornada recebe R$ 1.424: diferença de 6%. O estado nordestino onde a desigualdade é maior é a Bahia, onde a diferença de rendimentos entre homens e mulheres é de 21%. Os dados relativos ao quarto trimestre de 2019 também confirmam a discriminação contra as mulheres no mercado de trabalho no que se refere à taxa de desocupação. Enquanto 16,9% da força ativa feminina está desempregada, no universo masculino este percentual é de 11,1%. Em relação ao trabalho formal, Alagoas é o estado nordestino com maior número de mulheres com carteira assinada, que são militares ou servidoras estatutárias: 44,2%. Em contrapartida, 44,1% das trabalhadoras alagoanas não

contribuem com a Previdência Social. NACIONAL Em âmbito nacional, o estado onde a mulher é mais discriminada no mercado de trabalho é no Mato Grosso do Sul, onde o salário perce-

bido pelas trabalhadoras é 30% abaixo do que recebem os homens. Para quem possui ensino superior a diferença no país é ainda mais gritante: elas recebem 38% menos do que os homens.

E, enquanto os homens dedicam em média 10h54 por semana aos afazeres domésticos, as mulheres gastam 21h18 cuidando da casa, na chamada dupla jornada, já que possuem a mesma jornada que eles

fora de casa. Quando aposentadas, elas também ganham menos que eles. Enquanto o benefício para os homens é de R$ 2.051 em média, para as mulheres este valor é de R$ 1.707: 17% a menos.


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Audiência sobre reajuste Ainda falando em energia elétrica, o Conselho de Consumidores de Energia Distribuição Alagoas convida a sociedade para a primeira, de muitas audiências públicas a fim de debater o reajuste na tarifa em Alagoas. O primeiro encontro acontece nesta sexta-feira, 6, a partir das 15h, no auditório do Senac, em Maceió. O objetivo da audiência é debater o aumento de 12,02% na tarifa energética autorizado pela Aneel para a distribuidora em Alagoas, que vigorará a partir de maio.

Bandeira verde

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pós os recentes reajustes feitos pela Equatorial Energia, os alagoanos finalmente terão um alívio neste mês. As contas de luz terão bandeira verde, anunciou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ou seja, não haverá taxa extra nas tarifas de energia para os consumidores. Segundo a Aneel, a previsão para março é de manutenção das condições de chuva de fevereiro, quando os principais reservatórios de hidrelétricas do Sistema Interligado Nacional (SIN) apresentaram recuperação de níveis em razão do volume de chuvas próximo ao padrão histórico do mês.

Dólar no crédito Já está valendo a regra que estabelece que as compras internacionais realizadas no cartão de crédito sejam pagas com a cotação do dólar no preço do dia da compra, como já havia sido anunciado pelo EXTRA. A iniciativa tem como objetivo diminuir a imprevisibilidade. O Banco Central (BC) alterou as regras que regulamentavam as operações desse tipo no país justamente em um momento em que o dólar vem se valorizando em relação ao real.

Cor do carro A cor favorita de carro dos alagoanos é o cinza, segundo revelou uma pesquisa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. O mais curioso dessa análise é que 35% dos veículos vendidos no ano passado são da cor branca, confirmando a mudança na preferência dos brasileiros na última década. Segundo os dados, a tonalidade branca correspondia a apenas 12% dos veículos brasileiros novos em 2010. Em 2019, ficou com 43% do total emplacado no país.


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NO PAÍS DAS ALAGOAS

Passe depois de amanhã

Grilo, natural de Água Branca-AL, candidato a governador de Alagoas em 1982, procurou o deputado Jota Duarte, um dos mais pragmáticos políticos alagoanos que jamais perdeu uma eleição. De peso político eleitoral insignificante, Grilo disputava o governo com Divaldo Suruagy e José Costa, dois campeões de votos. Tentou aliciar Jota: - Deputado, eu preciso muito de seu apoio para chegar ao governo. Eu governador, você vai mandar muito mais neste

TEMÓTEOCORREIA

n Ex-deputado estadual

estado, vai ter prestígio como nunca teve antes. - Grilo, sempre votei no governo. Desculpe-me, mas vou votar em Suruagy que já é governador. - Deputado Jota, hoje eu não sou governo, mas, amanhã, poderei ser. A vida é assim! Jota Duarte resolveu sepultar as esperanças do pretendente: - É, Grilo, então passe depois de amanhã. Quem sabe? A vida é assim!


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FERNANDO CALMON Boas estrelas mesmo em salão cancelado

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cancelamento da 90ª edição do tradicional Salão de Genebra, marcado para 5 a 15 deste mês, em razão da epidemia de coronavírus, não deixou os fãs dessa exposição totalmente órfãos. Em primeiro lugar porque as novidades deste ano são muitas e importantes. Ao mesmo tempo a organização disponibilizou em seu site as apresentações à imprensa, ao vivo pela internet, nos dias 3 e 4 de março, pois todas estavam agendadas e prontas. Até mesmo a eleição do Carro do Ano da Europa (ler abaixo) foi transmitida. Tornou-se, assim, por mero acaso, o primeiro salão do automóvel virtual da história. Embora os carros elétricos continuem em alta nos salões pelo aspecto da novidade, sempre muito aguardada nesse tipo de exposição, a edição deste ano atende a todos os gostos, do Fiat 500 elétrico ao visceral Porsche 911 Turbo S. O primeiro confirma a tendência de subcompactos tornarem-se os modelos mais adequados para eletrificação. No uso urbano o alcance é suficiente e sem surpresas graças à capilaridade da rede de recarga. Nesse rumo seguem o Citroën Ami (dois lugares) e até o Dacia Spring (um Kwid elétrico mais barato, para quatro ocupantes). O 911 Turbo S, de oitava geração, continua em sua escalada de potência (650 cv) e torque (nada menos de 81 kgfm!) com aceleração de 0 a 100 km/h em incríveis 2,6 s e freios dianteiros com pinças de 10 pistões (!). Na divisão de carros convencionais de alto desempenho a Alfa Romeo revive o nome GTA no sedã Giulia, em série exclusiva de 500 unidades. Os hipercarros também estão bem representados desde a marca californiana Czinger com o modelo 12 C híbrido de 1.250 cv, volante em

n fernando@calmon.jor.br

ALTA RODA posição central (série de apenas 80 unidades) até o Pagani Imola de 838 cv e apenas 1.246 kg de peso. Pininfarina destacou o Battista Anniversario, automóvel mais potente já fabricado na Itália (1.900 cv!) que chega no fim do ano por nada menos de 2,6 milhões de euros (R$ 13 milhões em conversão direta, sem impostos). A Volkswagen segue a onda do alto desempenho com as versões GTI (gasolina), GTD (diesel) e GTE (híbrida) da oitava geração do Golf, o carro mais vendido na Europa. Também apresentou o SUV elétrico ID.4. Audi tem a nova geração do A3 Sportback. Mercedes-Benz continua a investir em híbridos plugáveis nos CLA Coupé e Shooting Brake (station), além da segunda geração do GLA com sistema EQC de hibridização leve. Chama atenção o inteiramente novo BMW i4, um cupê elétrico conceitual que chegará ao mercado em 2021, caracterizado pela grade frontal avantajada. Também no campo dos elétricos conceituais, porém um pouco mais distantes da produção seriada, há o duelo das marcas francesas. A Renault apresentou o Morphoz e a DS (marca premium do grupo PSA) o Aero Sport Lounge, ambos SUVs cupês de linhas muito arrojadas e equipamentos de ponta, ainda em desenvolvimento. A Volvo mostrou o Polestar Precept, seu sedã elétrico com novos materiais mais duráveis no interior. Entre veículos convencionais, era esperado o conceito do segundo SUV compacto da Toyota. Daria boas pistas de como será o modelo produzido em Sorocaba (SP) em 2022. Mas, a marca japonesa cancelou a apresentação.

n FORD mudou planos iniciais, mas continua a apos- n tar firmemente em SUVs, segundo fontes da Coluna. SUV médio chinês Territory, que chega em meados deste ano, não deverá ser produzido na Argentina, como cogitado. Mas há dois novos SUVs, mais baratos que o chinês, para fabricação em Camaçari (BA) em 2022/23, após lançamento da nova geração do EcoSport (2021).

n EMPLACAMENTOS não feitos em janeiro ajudaram os números de fevereiro. Média diária de vendas foi 20% superior a de janeiro, apesar de menos dias úteis em razão do Carnaval. Primeiro bimestre de 2020 ficou ligeiramente menor que o mesmo período de 2019: menos 1%. Mas, Fenabrave avalia que o mercado total (veículos leves e pesados) será 10% melhor este ano. n MÊS passado também foi bom para marcas da Abeifa – Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores. Apesar do avanço do dólar frente ao real, as associadas conseguiram segurar os preços dos veículos em estoque. Vendas subiram 10,8% em relação a janeiro. Situação deve mudar com a escalada da moeda americana. n PEUGEOT 208 venceu o prêmio de Carro do Ano 2020 na Europa. Esse evento, tradicionalmente na véspera do Salão de Genebra, reúne 60 jornalistas de 23 países e existe desde 1964. Porsche Taycan e Tesla 3, 100% elétricos, foram finalistas. Prevaleceu, porém, o “poder da escolha”, pois o modelo francês oferece versões tanto com motores térmicos (gasolina e diesel) quanto só elétrico. n RODAS de liga leve de alumínio muitas vezes têm o mesmo peso das de aço. Brasileira Maxion aceitou o desafio de uma marca japonesa (ainda por revelar) e projetou rodas de alumínio de 6,5 x 17 pol. que em conjunto diminuíram em 7 kg o peso total do carro. Vantagens: economia de combustível, desempenho e estabilidade, neste caso por reduzir massa não suspensa.


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SAÚDE

Santa Casa de Maceió investe no avanço da neurocirurgia Médicos da instituição aliam técnicas cirúrgicas e tecnologia no cuidado com os pacientes

A

s técnicas em microneurocirurgia evoluíram tanto nos últimos anos que hoje em dia é possível operar lesões que outrora eram consideradas não-operáveis. Casos com indicação cirúrgica que obrigavam os pacientes a procurar uma solução fora de Alagoas, muitas vezes em outros estados, como São Paulo, por exemplo, hoje são resolvidos pelo corpo técnico do Serviço de Neurocirurgia da Santa Casa de Misericórdia de Maceió. “Na busca pela qualidade tem sido feito um investimento contínuo em capacitação e aprimoramento das técnicas cirúrgicas. Outro ponto é o acesso muito mais fácil às novas tecnologias do mercado. Isso se traduz em cirurgias mais eficientes e com melhores resultados finais. Sabe-se que a minimização dos riscos inerentes aos procedimentos cirúrgicos é diretamente proporcional ao resultado. Desta forma houve investimento em técnicas minimamente invasivas ao longo dos anos. Por exemplo: no Serviço, temos realizado hoje técnicas minimamente invasivas no tratamento da coluna vertebral. Isso significa que com pequenas incisões, guiadas por aparelhos específicos, podemos ter resultados até melhores que com técnicas convencionais, pois diminui-se em muito as perdas sanguíneas e dor pós operatório. Isso é especialmente importante quando tratando populações mais idosas ou que tem riscos cirúrgico alto”, explicou o neurocirurgião Duarte Nuno C. Cândido. Ainda falando de avanços e desafios, pacientes com tumores extremamente graves, invasivos e raros como paragangliomas ju-

gulares, meningeomas petroclivais (região da base do crânio), neurinomas (schwanomas) do acústico, além de outras lesões invasivas da base do crânio, que são de difícil acesso e tem chance alta de morbidade e mortalidade aos pacientes, têm sido operados com sucesso no hospital alagoano. “Há patologias que são tão extensas que temos que remover quase que totalmente o osso da base do crânio, pois são muito profundas e invasivas. Estes procedimentos exigem grande dedicação, são cirurgias longas e de alto nível de destreza e comprometimento com o paciente” explicou o especialista. Hospital recebe casos de alta complexidade

Em 2019, o Serviço de Neurologia e Neurocirurgia da Santa Casa de Misericórdia de Maceió realizou a primeira cirurgia, em Alagoas, com um paciente acordado, aumentando seu rol de técnicas. Este é um tipo muito específico de indicação cirúrgica, pois visa tratar lesões que estão em áreas muito eloquentes cerebrais (por exemplo áreas motoras, de linguagem etc). A cirurgia foi executada pelos neurocirurgões João Gustavo Rocha Peixoto dos Santo e Duarte Cândido. Na subespecialidade da neurocirurgia vascular, a Santa Casa de Maceió tem oferecido constantemente tratamento definitivo para lesões como Aneurismas Cerebrais, Mal-Formações Arteriove-

Neurocirurgião Duarte Nuno C. Cândido nosas, Cavernomas Cerebrais entre outras. Os dois primeiros casos são de longe os mais frequentes e podem ter consequências devastadoras, pois em sua maioria tem seu diagnóstico apenas quanto se é sofrido o evento hemorrágico. Daí a importância da equipe em estar pronta para atender de imediato e evitar eventos subsequentes de hemorragia. Mensalmente, o Serviço de Neurocirurgia da Santa Casa de Maceió realiza em torno de 30 cirurgias de alta complexidade. “Temos lutado pela busca da ex-

celência do serviço de neurocirurgia. Tentando desmistificar o medo que se criou com a especialidade. Nosso objetivo sempre é a preservação da função neurológica normal do paciente e temos tido ótimos resultados quanto a isso. Hoje acreditamos sempre em retornar nosso paciente ao convívio de sua família mantendo sua qualidade de vida. Operamos casos tidos antigamente como inoperáveis e conseguimos resultados com a mesma perícia com a qual é realizado fora do Brasil”, destacou o neurocirurgião.


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ABCDOINTERIOR Eleições em Arapiraca

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corrida pela Prefeitura Municipal de Arapiraca ganha mais emoção com a possibilidade da pré-candidatura da vereadora Gilvânia Barros, do MDB. Esposa do ex-presidente da Câmara de Vereadores de Arapiraca, Ted Pereira, nora do ex-deputado estadual Ismael Pereira e tia do atual prefeito de Girau do Ponciano, David Barros, PTB, e do deputado estadual Gilvan Barros Filho, PSD, Gilvânia não confirma a sua pretensão de disputar a prefeitura da cidade mais importante do interior de Alagoas, mas correligionários e eleitores mais próximos informam que a vereadora já abriu diálogo com a sua base política para tomar a decisão de concorrer ao pleito que será realizado em outubro deste ano.

Abusos nas redes sociais

Nos bastidores, pré-candidatos a vereador e a prefeito de Arapiraca já estão em plena campanha e a maioria sequer respeita as regras da Justiça Eleitoral. Nas redes sociais, principalmente em grupos de WhatsApp e Facebook os abusos são praticados escancaradamente, sem que haja punição para os autores. Pesquisas eleitorais, disfarçadas como “enquetes”, são impulsionadas e apontam pré-candidatos bem à frente de adversários políticos. Se é crime ou não, a “bagunça” continua e tende a piorar, para indignação de alguns internautas que são obrigados a conviver diariamente com os excessos de políticos e seus partidários.

Nome forte

O deputado estadual Tarcizo Freire ainda não confirmou oficialmente se pretende disputar a Prefeitura de Arapiraca nas eleições municipais deste ano. Em seu segundo mandato, Freire é um nome que merece respeito, não só pela boa votação que obteve em Arapiraca, mas pelo trabalho social que comanda no Complexo Multidisciplinar Deputado Tarcizo Freire.

Troca-troca

Os vereadores Pablo Fênix e Melquisedec de Oliveira, ambos filiados ao Republicanos, devem deixar a legenda durante a janela partidária de 2020 que começou nesta quinta-feira (5). O troca-troca de partidos é permitido pela lei eleitoral brasileira, mas os parlamentares teriam sido “convidados a sair”.

Primeiro mandato

Os dois vereadores foram eleitos para seus primeiros mandatos em 2016, mas sequer estariam participando das reuniões do Diretório Municipal do PRB. A mudança de partido talvez não estivesse nos planos dos dois vereadores arapiraquenses, tendo em vista que ambos são candidatos à reeleição neste ano e a migração para outra legenda pode levá-los à não renovação do mandato.

“Despejos”

A direção do partido de Arapiraca ainda não se pronunciou sobre o “despejo” dos vereadores Pablo e Melquisedec, mas esta tem sido uma prática comum em outros partidos políticos que não aceitam candidatos com mandato de vereador. Outra razão seria porque o partido estaria

n robertobaiabarros@hotmail.com

buscando formar um grupo de pré-candidatos que defendam as causas da agremiação.

São parecidos Pablo e Melquisedec têm atuações semelhantes na Câmara Municipal de Arapiraca. Ambos quase não apresentam projetos ou indicações e mal usam a tribuna do Legislativo para defender suas propostas, cobrar explicações do uso dos recursos públicos pela administração ou para apresentarem seus projetos de lei. (Com blog do Gonçalves).

Oportunidade O Sistema Nacional de Emprego (Sine) Arapiraca está ofertando diversas vagas de emprego para candidatos com nível de escolaridade fundamental, médio e superior incompleto. Há vagas para auxiliar de escritório, personal treanning, lavador de automóveis, serralheiro e cabelereiro, dentre outros. Os candidatos devem se dirigir até o Sine/ Arapiraca, que funciona no mesmo prédio da Casa Integrada do Trabalhador, localizada na Rua São Francisco, 1234, no Centro de Arapiraca.

Armazenamento indevido O Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas esteve no município de São Sebastião para atender a denúncias da população no aplicativo IMA Denuncie. Foi constatado o armazenamento indevido de resíduo perigoso na Casa Maternal Nossa Senhora da Penha, de responsabilidade da prefeitura.

Risco à saúde O lixo hospitalar pode apresentar resíduos de alta periculosidade e elevado nível tóxico. Apesar da presença de toneis no hospital, foram encontradas sacolas plásticas jogadas no chão, com todo o material perigoso. A exposição indevida não é somente uma infração ambiental, mas também um risco à saúde.

Foi autuada Conforme as normas estabelecidas em leis e decretos, a Prefeitura de São Sebastião foi autuada e deve pagar multa de R$ 33.264,53. A gestão municipal também foi intimada a apresentar a destinação final dos resíduos sólidos dos últimos 3 meses.

PELO INTERIOR ... O vereador Júnior Miranda afirmou na sessão da Câmara de Palmeira dos Índios, realizada na manhã de quartafeira (4) que o presidente da Câmara Municipal, Agenor Leôncio, não cumpre o Regimento Interno da Casa ao permitir que os representantes do Legislativo palmeirense “atropelem” a fala dos próprios colegas, além de não responder aos requerimentos formulados pelo próprio vereador, Júnior Miranda. ... O vereador criticou também a falta de transmissão eletrônica em tempo real das sessōes legislativas. “No meu tempo de presidente todas as sessōes eram acompanhadas pela população em tempo real”, enfatizou Júnior Miranda. ... Já em Arapiraca, a Câmara Municipal realizou sessão ordinária na noite da ultima terça-feira (4), no entanto, nenhuma informação para a mídia local foi veiculada pela assessoria de imprensa da Casa. (Com Roberto Gonçalves) ... Na sede da Companhia de Saneamento de Água – Casal –, no final da tarde de segunda-feira, 2, participaram de reunião com o presidente Clécio Falcão, o deputado estadual Inácio Loiola, prefeita Jeane Moura (Senador Rui Palmeira) e o vereador Júnior Lisboa (Delmiro Gouveia). ... O encontro, segundo Inácio Loiola, foi um reforço à necessidade de melhoramento no sistema de abastecimento de água em Senador Rui Palmeira e também nos povoados e comunidades do município de Delmiro Gouveia. ... Deputado Tarcizo Freire afirma que o atual crescimento de ciclistas no estado de Alagoas é preocupante, devido o baixo número de ciclovias e a má conservação das mesmas para a prática do ciclismo, pois é necessário um olhar especial para essa área devido o número de ciclistas mortos entre 2016 a 2019. ... Aos nossos leitores, um ótimo final de semana!


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MEIOAMBIENTE

Alerta da ONU

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secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou que “grandes emissores” de gases causadores do efeito estufa deveriam se esforçar mais para chegar à neutralidade de carbono no combate às mudanças climáticas. Ele falou sobre um novo alerta de crise climática feito pela Organização Mundial de Meteorologia, indicando que concentrações de CO2 vão atingir seu recorde em 2020.O secretário afirmou que é importante que “grandes emissores”, incluindo os Estados Unidos, a China, Índia, o Japão e a Rússia, anunciem até novembro seu comprometimento em respeitar e assumir a meta de neutralidade de carbono até 2050.

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Abelhas Um estudo publicado na revista Science e analisado em reportagem no britânico The Guardian mostra que a probabilidade de uma população de abelhas sobreviver em qualquer local diminuiu 30% no decorrer de uma única geração humana. Os pesquisadores dizem que as taxas de declínio parecem ser consistentes com uma extinção em massa. A equipe que fez o estudo descobriu que as populações deste importante polinizador começaram a desaparecer justamente em regiões onde as temperaturas tinham ficado mais quentes.

Pinguins

Denuncie IMA Todo cidadão tem responsabilidade social com o meio ambiente e pode usar uma das ferramentas do Instituto de Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA/AL) para fazer sua parte. O aplicativo IMA Denuncie é uma ferramenta onde a população pode informar anonimamente ocorrências em todas as regiões do estado, da Zona da Mata ao Sertão. Para denunciar alguma infração por meio do aplicativo é preciso, apenas, informar o endereço, ponto de referência, descrição e classificação da ocorrência. São aceitas denúncias de poluição ou degradação ambiental e de infração contra a flora ou fauna. O caso é analisado pelo IMA e encaminhado aos fiscais do órgão ou à prefeitura competente. O aplicativo forma uma rede de colaboração com a participação da população e alimenta um banco de dados, constantemente atualizado. A ferramenta está disponível para Android e iOS.

Maior iceberg

O iceberg A68 é um colosso que se separou da Península Antártica em 2017 e foi se movimentando para o norte desde então. Agora ele está no limite da área do continente onde fica o gelo perene. Quando se separou, o iceberg tinha uma área de 6 mil quilômetros quadrados. Durante os últimos dois anos e meio ele perdeu um pouco de gelo, atingindo o tamanho de 5,8 km² (equivalente ao tamanho do Distrito Federal). Cientistas dizem que o A68 não vai se manter inteiro quando atingir as águas agitadas do Oceano Antártico. Estruturas deste tamanho precisam ser constantemente monitoradas porque representam um risco para a navegação. Imagens de satélite são uma forma de fazer isso.

Com base em números contabilizados desde a década de 1970, cientistas que estudam as mudanças do clima apontam uma redução de até 77% no número de pinguins de barbicha em algumas colônias da Antártica. O pinguim de barbicha habita as ilhas e costas do Pacífico Sul e os oceanos Antárticos. A espécie se alimenta de krill, animal invertebrado semelhante ao camarão. O número de pinguins na Ilha Elefante se reduziu em cerca de 60% desde a última pesquisa, em 1971, chegando a menos de 53 mil casais reprodutores na atualidade, segundo a expedição. De acordo com os pesquisadores, embora diversos fatores possam colaborar para a situação, as provas obtidas apontam para a mudança climática como responsável pelo que está sendo visto.


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MOTOTURISMO

Uma aventura sobre duas rodas Grupo alagoano optou por trocar o pé no samba e colocar o pé na estrada e percorreu mais de 1900 Km durante o Carnaval com destino à capital federal

ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão

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m grupo de cinco motociclistas de Maceió optou por trocar o pé no samba e colocar o pé na estrada. Eles percorreram mais de 1900 Km durante o carnaval em destino à capital federal, Brasília. Partiram na quinta-feira, 20, e chegaram no destino final dois dias depois. Durante a longa viagem eles passaram por cinco estados, Alagoas, Sergipe, Bahia, Tocantins e Goiás até o destino final no Distrito Federal. Caracterizado essencialmente pelo espírito de aventura, liberdade e descoberta, o mototurismo é praticado por pessoas de espírito aberto, que se adaptam a todas as situações que aparecem nas estradas. Em Alagoas a Federação dos Motociclistas e Moto grupos (FMC) funciona no Estádio Rei Pelé há 11 anos e conta com 61 federados. Além destes, o estado tem cerca de 300 motoclubes ativos. O presidente Tulio Vigílio conversou sobre o amor pela prática do mototurismo. ‘’O mototurismo começa pela paixão pelas duas rodas, é aquela pessoa que ama o moto, e que usa a moto para curtir, passear e viajar, não para trabalhar. A gente pilota com chuva, com sol, vento e poeira. Eu piloto há 35 anos e sou apaixonado por esse esporte. O nosso sonho é realizado quando caímos na estrada’’, falou Vigílio. Ubirajara Oliveira, um dos integrantes da diretoria da FMC, em entrevista ao EXTRA, contou sobre a rotina dos motociclistas e algumas experiências vividas nas estradas. Como é feita a preparação dos motociclistas antes das viagens? Primeiramente se seleciona

Ubirajara Oliveira já atravessou oito estados sozinho com sua moto

o trajeto da viagem conforme as especificidades e características de motociclista e motocicletas, pois isso faz toda a diferença no convívio em equipe. Em viagem de longa distância a primeira providência é a análise de cada componente da equipe, pois isso interage diretamente no trajeto a ser percorrido, bem como no tipo da viagem, clima, topografia com serras, o terreno onde será rodado dependerá do tipo de máquinas e integrantes. Para locomoções em rodovias e trechos urbanos qualquer tipo e marca de motocicleta pode participar, já viagens com montanhas, temperaturas baixas e estrada de terra batida em condições adversas as motocicletas devem ter características e apropriações ‘’off-road’’.

po de viagem os motociclistas gastam? Normalmente se começa a rodar cedo (entre 4h e 6h), pois os motociclistas aproveitam o máximo o frescor da manhã e fazem as primeiras paradas para abastecimento e café da manhã perto das 8h da manhã. O percurso em viagem entre estados normalmente é calculado por números de abastecimento realizados (onde todos param para abastecimento no mesmo tempo), independente do tamanho do tanque, e ao final da tarde onde o lusco fusco (momento de transição entre o dia e a noite) ,o qual já é programado antecipadamente a reserva de hotel ou pousada, a qual nos dá a tranquilidade de um bom banho e a devida recuperação para o próximo dia de Geralmente quanto tem- viagem.

Quais cidades são os destiNa viagem de moto não se mennos dos motociclistas? sura os custos, pois cada distância Em regra, as viagens de cur- ou período de revisão ou ainda de to percursos são planejadas para manutenção das motos ocorre em até 1000 km, pois são percursos tempo diferentes, porém os custos que se tem como realizar durante de hospedagem, alimentação e do a luz do dia (por motivos de segu- divertimento (que varia conforme rança), e que normalmente é feito costume individual), chega aproxipelos integrantes de motoclubes madamente a R$ 250,00 por dia. ou motogrupos no intuito de participar de eventos anunciados em Em quais locais ficam hoscidades diversas, durante o ano. pedados os motociclistas duAs viagens com quilometragem rante as viagens? maior, geralmente cruzando estaHotéis, hostel, pousadas, aldos, estas são planejadas confor- bergue, camping e casa de amigos. me a duração, que são variadas, pois depende da programação da Qual foi a aventura mais viagem. incrível e inusitada que você já viveu no mototurismo ? Existem patrocinadores A mais inusitada foi uma para ajudar nos custos das viagem que somente eu e minha viagens? moto fizemos para o sul do país. Os motociclistas de verdade, Viajei 5.600 quilômetros, cruzei 8 ‘’motociclista raiz’’, se auto patro- estados e uma viagem quase que cinam, pois são movidos pela pai- continental e não peguei um pingo xão da estrada e do companheiris- de chuva; voltei contando história mo de viagem, vontade de rever que parece de pescador. amigos no final do percurso. No momento do evento de motociclisQuais são os equipamentos mo, a paixão a suas máquinas e o que os motociclistas usam? calor do reencontro com amigos é O motociclista consciente e a justa moeda e o verdadeiro pa- prudente usa, além de um bom cagamento para os guerreiros da es- pacete, jaqueta e calça impermeátrada, independente do tamanho veis e com protetores para braço, de suas motos. joelhos e pernas, botas impermeáveis e resistentes a impacto, proEm média quanto é gasto tetor de coluna e credulidade na por cada motociclista? proteção divina.


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