Edição 1063

Page 1

e

ANO XXI - Nº 1063 - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020 - R$ 4,00

COVID-19

Azul deixa de operar em Alagoas e coloca funcionários em licença não remunerada Pelo menos até o final de abril a Azul não vai operar qualquer voo em Alagoas. É o reflexo da crise provocada pela pandemia do novo Coronavírus e que alterou a malha aérea em todo o País. 13

extra CORTE AMEAÇA MACEIÓ - ALAGOAS

www.novoextra.com.br

DESTROÇAR SISTEMA S EM ALAGOAS

BAIRROS AFUNDANDO

Redução de 50% da receita já começa a fechar unidades, demitir trabalhadores e aprofundar a crise no estado Sesi e Senai são os mais afetados com fechamento de escolas profissionalizantes e fim de serviços comunitários 3

PANDEMIA

SOLIDARIEDADE

Alagoanos produzem máscaras-escudo Seguindo exemplo de outros estados, voluntários que possuem impressora 3D estão ajudando a confeccionar EPIs para profissionais da saúde. 12

DOCUMENTO DA CPRM ACENDE SINAL DE ALERTA E CBTU SUSPENDE TRÁFEGO DE TRENS NO MUTANGE 6 e 7

Davi Davino

JHC

Alfredo Gaspar

ADIAMENTO DA ELEIÇÃO SÓ BENEFICIA CANDIDATURA DE ALFREDO GASPAR

5


2

e

extra MACEIÓ - ALAGOAS

www.novoextra.com.br

e

COLUNA Nem tudo é tragédia

1

- Em meio ao pandemônio causado pelo afundamento de três bairros de Maceió e projeções catastróficas do novo Coronavírus em Alagoas, uma boa notícia vem da área tecnológica e trás perspectivas positivas para o estado. Trata-se da Bioflex, usina pioneira na produção de etanol extraído do bagaço e da palha da cana-de-açúcar, instalada em São Miguel dos Campos.

2

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

- Operando no prejuízo desde que foi inaugurada em 2014, a indústria registrou resultado positivo na safra 2019/20 com recorde de produção de 99 mil litros/dia de etanol celulósico, o equivalente a 40% de sua capacidade instalada.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

3

- A boa notícia foi dada esta semana por Paulo Nigro, executivo do Grupo GranBio, formado por ex-acionistas da Odebrecht que apostam no desenvolvimento de novas tecnologias para produção de energia de segunda geração, aproveitando a biomassa como matéria-prima.

4

- “Podemos alcançar 30 milhões de litros em um ano”, disse Paulo Nigro ao Jornal Cana. Atualmente a usina utiliza seu estoque de bagaço e de palha de cana para produzir energia elétrica e deve retomar a produção de etanol em agosto, um mês antes do início oficial da safra canavieira no estado.

5

- “O objetivo maior da planta de Alagoas é concretizar o nosso aprendizado. Antes, estávamos em um processo de validação tecnológica. Agora, isso já está validado”, garante o executivo da GranBio. Mais que uma destilaria de álcool, a Bioflex é uma unidade industrial pioneira que investe pesado em novas tecnologias capazes de revolucionar a produção de energia alternativa no mundo.

6

- O processo, chamado de hidrólise, quebra as paredes celulares da cana e extrai açúcares da celulose por meio de enzimas. Os açúcares são depois transformados em etanol pela fermentação do caldo de cana com levedura. Inicialmente, a GranBio utilizou tecnologias da Holanda, Dinamarca e Itália, que não garantiram a viabilidade econômica do empreendimento.

7

- Foi preciso investir em tecnologia própria em parceria com uma empresa americana especializada na utilização de biomassa para produção de energia, com viabilidade comercial. O projeto tem o apoio do BNDES, que investiu R$ 300 milhões.

Novos-velhos

O candidato Alfredo Gaspar de Mendonça pode até perder alguns pontos por sua aliança político-eleitoral com Renan Filho, mas certamente não perderá um só voto por ter se filiado ao MDB, partido do governador e do pai-senador. Quem alimenta tal possibilidade desconhece o fato de que em Alagoas o eleitor não vota em partido, sobretudo em disputa majoritária, onde o voto não tem cor partidária nem viés ideológico. Mais que em outra parte do país, aqui se vota na probidade e na competência do candidato, independentemente da filiação partidária. A menos que o eleitor seja engazopado por certos candidatos que oferecem facilidades e ilusão para encobrir a fraude que representam. São os chamados novos-velhos da política alagoana.

A voz das urnas

As ações conjuntas de Renan Filho e Rui Palmeira para conter a disseminação do Coronavírus desagradaram o setor empresarial, mas têm o apoio unânime da população, mesmo dos segmentos mais prejudicados com as medidas restritivas. Seja qual for o resultado dessas ações, governador e prefeito colherão as consequências de seus atos no pleito de outubro próximo.

Santo vírus

A quarentena da pandemia interrompeu a campanha eleitoral em Alagoas e deu um tempo aos candidatos para escaparem de aliados oportunistas, vigaristas e facadistas de todos os naipes. Em ano eleitoral e dinheiro curto, o isolamento social dos políticos é uma ajuda e tanto. Alguns candidatos até se aproveitam da comoção social para faturar politicamente vendendo ilusões. Mas espera-se que os eleitores estejam vacinados contra esse novo tipo de parasita do dinheiro público.

Cai a máscara

A pandemia que grassa no Brasil e no mundo serviu ao menos para desmascarar os Valdemiros da vida, falsos profetas que vivem explorando a população pobre do País com receitas milagrosas para cura de tudo o que é doença, além da salvação eterna. Pelo menos até agora nenhum desses pastores do diabo apareceu para ajudar na cura do Coronavírus que pôs de joelhos a humanidade. Vade retro satanás!

Mau exemplo

A Uchoa Construções, uma das poucas construtoras que trabalham para o governo, foi obrigada pela Justiça do Trabalho a paralisar suas obras em todo o estado por desrespeitar as normas de segurança no trabalho, com relação à prevenção do Coronavírus. Além de solapar os esforços do governo estadual no combate à pandemia, Jubson Uchoa, dono da empresa, dá o mau exemplo aos membros da Ademi, associação do mercado imobiliário que preside há décadas.

Isso pode, Arnaldo?

Juízes do Ceará iriam receber um adicional de 15% para trabalhar em casa. Ainda bem que o ministro Toffoli vetou a nova aberração.

Mais rombo

A suspensão dos contratos de trabalho por três meses, com pagamento aos trabalhadores de uma compensação pelo governo, vai gerar um rombo de R$ 50 bilhões ao combalido Tesouro Nacional.

A vez da toga

A entrada da juíza aposentada Sônia Beltrão na disputa eleitoral em Palmeira dos Índios tirou da zona de conforto o prefeito Júlio César, que vendia sua vitória na reeleição como favas contadas. Nos 15 anos em que comandou a Comarca do município, Sônia Beltrão impôs o respeito à Justiça e marcou sua atuação como juíza séria, chegando inclusive a se desentender com colegas que não respeitam a toga. Se eleita, com certeza vai tirar Palmeira dos Índios da indigência administrativa a que foi submetida nas últimas décadas.

Viva Alagoas

Até agora, Alagoas lidera o ranking dos estados com menos pessoas contaminadas pelo novo Coronavírus, com 18 casos confirmados. A única morte atribuída à Covid-19 está sendo contestada pela família da vítima, que discorda do laudo cadavérico. Ponto para o governador Renan Filho, que mesmo enfrentando a ira do setor empresarial, tem garantido o isolamento social da população como forma de conter a disseminação da doença no Estado.

Tira a máscara!

Conhecidos políticos e gestores corruptos estão pegando carona na pandemia do Coronavírus para sair de casa e caminhar nas praias vazias de Maceió. Usam máscaras não por temer o vírus, mas para evitar possíveis impropérios de indesejáveis transeuntes.


MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

e

3

extra

MAIS CRISE À VISTA

Corte ameaça destroçar Sistema S em Alagoas Sesi e Senai serão os mais afetados pela redução de 50% de suas receitas FERNANDO ARAÚJO faraujofilho@yahoo.com.br

A

facada do ministro Paulo Guedes nos recursos do Sistema S já começou a fazer estrago em Alagoas com o fechamento de unidades educacionais e serviços comunitários, demissão de técnicos e professores, e mais grave: a extinção de centenas de matrículas no ensino profissionalizante gratuito. A Medida Provisória propondo um corte de 50% na receita dessas entidades ainda precisa do aval do Congresso, mas os gestores do Sistema em Alagoas se anteciparam ao desastre que ameaça destroçar toda uma estrutura destinada ao treinamento profissionalizante, pesquisa e assistência técnica e social voltados à pequena empresa. Das nove organizações do Sistema S, as mais afetadas serão Sesi e Senai, que juntas empregam em Alagoas mais de mil profissionais das mais diversas áreas de atividade. No setor educacional as duas entidades garantiram, em 2019, ensino gratuito para milhares de alunos da educação básica, jovens e adultos, e na educação corporativa. Na área de segurança e saúde no trabalho foram atendidas mais de 245 mil pessoas, sem falar na educação profissional, que ultrapassou a casa dos 20 mil beneficiários no ano passado. “Todo esse trabalho corre o risco de ser reduzido à metade, o que vai aprofundar ainda mais a crise econômica e social por que passa o estado”, disse ao jornal EXTRA o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), José

Carlos Lyra de Andrade, preocupado com a quebra do Sistema S e o agravamento da crise em Alagoas. A proposta do governo de cortar 50% da receita do Sistema vale por três meses, mas os dirigentes dessas corporações temem a possibilidade de a medida emergencial durar mais tempo do que o previsto, provocando o desmonte dessa estrutura produtiva. Para se ajustar à tesourada do governo federal, a diretoria da Fiea já fechou duas unidades do Sesi/Senai em São Miguel dos Campos e em Coruripe, provocando a demissão de 27 técnicos. Os que escaparam da degola serão remanejados para a unidade de Arapiraca, que passará a atender a região. Além das demissões, haverá redução salarial de 30% para todos os trabalhadores e de 40% para os diretores do Sistema. O presidente e demais diretores da Federação das In-

DESMONTE A proposta do governo de cortar 50% da receita do Sistema vale por três meses, mas os dirigentes dessas corporações temem a possibilidade de a medida emergencial durar mais tempo do que o previsto, provocando o desmonte dessa estrutura produtiva.

José Carlos Lyra prevê agravamento da crise social com os cortes no Sistema S dústrias não têm remuneração, assim como todos os conselheiros do sistema Sesi/Senai. “Estamos cortando na carne para preservar o maior número possível de empregos e tentar evitar o desmonte do Sistema”, destacou José Carlos Lyra. Além de Sesi e Senai, integram o Sistema S o Senac, o Sesc, o Senar, o Sescoop, o Sest, o Senat e o Sebrae, todos com garantia constitucional. Em âmbito nacional, somente Sesc e Senac terão que fazer mais de 10 mil demissões imediatas, fechar 265 mil unidades e cortar quase 30 milhões de atendimentos em serviços comunitários. Será o desmonte de um sistema de forte atuação no desenvolvimento do setor produtivo com ênfase nas pequenas e médias empresas. Publicada no Diário Oficial da União na última quarta-feira, a Medida Provisória reduz em 50% as alíquotas das contri-

buições destinadas aos serviços sociais autônomos (Sistema S) até o dia 30 de junho próximo. Além do corte nas alíquotas, a MP determina que a taxa de retribuição à Receita Federal devida pela arrecadação das contribuições será duplicada de 3,5% para 7%. FACADA CALCULADA Ainda durante a campanha presidencial, Paulo Guedes declarou guerra a essas instituições sem fins lucrativos - que dependem de contribuições compulsórias das empresas - e por diversas vezes manifestou seu desejo de “meter a faca” no Sistema S por considerá-lo improdutivo e de pouca transparência. Após a eleição, líderes dessas instituições fizeram um movimento de pressão junto ao Congresso Nacional e Guedes recuou, mas não desistiu da ideia, que ressurgiu agora

em plena emergência do novo Coronavírus. Deve ter calculado que em meio à comoção nacional criada pela pandemia ninguém iria reclamar, temendo ser taxado de oportunista e antidemocrático. Mas esqueceu de calcular também os estragos da tesourada, que certamente serão maiores que a economia gerada pelos cortes. Para tornar a medida permanente, o ministro Guedes enfrentará obstáculos legais garantidos pela Constituição de 88, e para fazer qualquer mudança no Sistema, o governo precisa aprovar um Projeto de Emenda Constitucional, que dificilmente será aceito pelo Congresso, tamanha é a força política dessas corporações. Nesse caso, as bancadas federais dos estados são mobilizadas pelo Sistema e certamente se recusarão a mexer na Constituição para atender aos caprichos de um ministro.


e

4

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

extra

GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Cofres abarrotados

O

governo do Estado de Alagoas não tem nada do que reclamar sobre recursos públicos. Além de ter o pagamento de suas dívidas com a União suspensas por uma ação da Procuradoria Geral, ainda recebeu transferências para combate ao Coronavírus. Mesmo neste momento de dificuldades, o Estado também teve seu pedido de empréstimo aprovado e encaminhado pelo governo federal ao Congresso Nacional, que por certo

Desemprego

Embora o estado de Alagoas venha cumprindo as recomendações do Ministério da Saúde, o setor de serviços vem sofrendo um abalo nunca visto até hoje. Com bares, restaurantes, o comércio e a indústria e a área de informalidade parados, a crise atinge principalmente as camadas mais necessitadas, promovendo a fome e o desemprego.

Uso político

Algumas poucas ações desenvolvidas por alguns políticos alagoanos têm o claro objetivo de faturar politicamente. Tanto partindo do Congresso Nacional como da Assembleia Legislativa, como se algumas sugestões fossem determinantes para acabar com o caso que está causando o Coronavírus.

Observação

Até o deputado Antônio Albuquerque fez críticas a alguns colegas de parlamento que botaram a boca no trombone sobre algumas medidas que seriam postas em prática pelo governo do Estado. Um momento extremamente inoportuno.

Nos bastidores

Enquanto as autoridades se revezam a cada dia para prestar contas das providências que estão sendo tomadas para combate ao Coronavírus, por outro lado os candidatos a prefeito de Maceió não param um instante nos bastidores. As conversas continuam e as composições políticas avançam.

Força total dará o sinal verde para Alagoas caminhar na rota do desenvolvimento. Como é muita grana que está em jogo e o governo tem se atrapalhado nos últimos meses com operações da Polícia Federal, urge que as instituições de fiscalização, a exemplo do Ministério Público Estadual e do Ministério Público de Contas, fiquem acompanhando contratos e pagamentos aos prestadores de serviços.

Corrida difícil

Mesmo sem cunho oficial, algumas pesquisas demonstram que o deputado JHC continua na frente para a Prefeitura de Maceió. Como as pesquisas refletem o momento, pode ser que o quadro político se modifique daqui pra frente.

Tempo para recuperar Pré-candidato pelo MDB, Alfredo Gaspar vai ter tempo suficiente para se recuperar do abalo político que sofreu ao anunciar sua filiação ao partido comandado pela família Calheiros. Não era o que todos esperavam, inclusive de uma parceria duvidosa entre Renan Filho e Rui Palmeira. Esta composição ligou o sinal de alerta na prefeitura e no Palácio República dos Palmares.

Abandonado

Muito embora não tenha passado recibo, o PSDB não almeja grandes avanços nas eleições para vereador em Maceió. Com a saída de pesos-pesados, Rodrigo Cunha vai rodar para emplacar algum forte candidato.

Revoada

Como já era previsto, a revoada de políticos do PSDB começou forte depois da saída do prefeito Rui Palmeira na briga com o senador Rodrigo Cunha. Agora, também saem do partido Kelmann Vieira, presidente da Câmara de Vereadores, e Eduardo Canuto. Eles dois foram para o Podemos, partido comandado por Tácio Melo que, inclusive, pode ser indicado por Rui Palmeira para ser o vice da chapa que tem como candidato a prefeito Alfredo Gaspar de Mendonça.

Uma das surpresas para as eleições proporcionais é o partido Podemos, do Tácio Melo. Com o apoio do prefeito Rui Palmeira, a legenda quer fazer pelo menos quatro vereadores. Aliás, vai contar com reforços de peso como Kelmann Vieira e Eduardo Canuto.

De fora

Depois da briga entre Rui Palmeira e Rodrigo Cunha, o ex-governador Téo Vilela tem se mantido distante do imbróglio. Desapareceu de cena e parece que não vai se expor nas próximas eleições.

Alto lá

O deputado Davi Davino, bem situado nas pesquisas de opinião para prefeito de Maceió, precisa tomar uma série de cuidados neste momento de crise geral sobre o Coronavírus. Não perdeu a oportunidade de dizer que foi ele quem conseguiu sensibilizar o governo para doação de cestas básicas aos mais necessitados em Maceió.

Até o dia 4

Até amanhã, dia 4, os candidatos podem se filiar a outros partidos de acordo com a legislação eleitoral. Além do PSDB, tem muita gente que pulou do barco de alguns partidos, o que ainda pode ser feito fazer até a zero hora do domingo.

Conveniência

A mudança de partido não leva em conta esta história de defender as cores partidárias. O que conta mesmo é as chances de poder chegar à Câmara de Vereadores. Como a legislação continua falha com relação à fidelidade partidária, os candidatos navegam do jeito que querem.

Máquina calculadora

A única preocupação no momento dos candidatos a vereador em Maceió é com a máquina calculadora. As contas são analisadas pelos especialistas para saber se em determinado partido há chances para chegar lá. Questão de partido, isso é lá outra história.

O risco

Se vingar uma mudança nas eleições municipais, quem sofre o maior abalo é o ex-procurador de Justiça, Alfredo Gaspar. Apostando que as eleições iriam mesmo se realizar em outubro deste ano, o que não é tanta certeza, Gaspar, se elas forem adiadas, passará pelo menos dois anos fora da vitrine política, o que seria péssimo para sua candidatura. Quem também vai pensar duas vezes para se aventurar a uma candidatura majoritária em Maceió são os deputados federal JHC e o estadual, Davi Davino. Eles abririam mão de uma reeleição ou topariam disputar a majoritária? Este, é o assunto da ordem do dia.


MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

e

5

extra

POLÍTICA E PANDEMIA

Coronavírus pode adiar eleições e embaralhar xadrez do voto em Maceió JHC e Davi Davino teriam de escolher entre reeleição e Prefeitura; Gaspar é beneficiado

este sábado (4 de abril). Também termina amanhã o prazo para Alfredo Gaspar de Mendonça se filiar a um partido, que pode ser o MDB, com aval de Renan Filho e apoio de Rui Palmeira, que deve indicar o vice. Em tempos de Coronavírus, não pode haver festa nem para os novos filiados nem para quem vai mudar de partido, com a janela da infidelidade eleitoral, que, aliás, fecha as suas portas nesta sexta-feira (3 de abril).

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

O

Tribunal Superior Eleitoral (TSE) classifica como fake news o adiamento das eleições municipais, mas o tema está, sim, na pauta do Congresso Nacional e é tratado com discrição nos bastidores da política alagoana. Quem primeiro levantou essa bola foi o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em 22 de março: “Faço aqui até uma sugestão. Está na hora de o Congresso falar: ‘adia’, faz um mandato desses vereadores e prefeitos. Eleição no meio do ano… uma tragédia, porque vai todo mundo querer fazer ação política”. Já no Congresso, o principal argumento é financeiro: a eleição custará, em média, R$ 1,5 bilhão, dinheiro dos cofres da União, isso num momento em que o país se mobiliza para o combate ao Coronavírus, com medidas de restrição ao setor produtivo e empregados, além dos trabalhadores informais e os sem emprego. Uma das alternativas é adiar a eleição para 2022, ou seja, ao mesmo tempo da votação majoritária, pondo em prática uma velha ideia: unificar as eleições.

Possível adiamento mexe com planos de Davi Davino e JHC; Alfredo Gaspar seria o mais beneficiado O senador Major Olimpio (PSL) encaminhou ofício ao TSE pedindo o adiamento. Os atuais mandatos de vereadores e prefeitos seriam estendidos por mais 2 anos, proposta que precisa de uma emenda à Constituição Federal. O TSE rejeita: “Em momentos de crise e de vulnerabilidade, como o que ora se apresenta, é necessário zelar mais do que nunca pela segurança jurídica, princípio fundamental da ordem jurídica estatal, responsável pela estabilidade das relações jurídicas, econômicas e sociais, e pela não deterioração dos Poderes ou instituições”, disse o vice-procurador-geral Eleitoral, Renato Brill de Góes. Porém... Se a tese do adiamento valer, o xadrez eleitoral alagoano não apenas embaralha, como muitos personagens, com força nas urnas, ficam de fora na corrida pela Prefeitura de Maceió. O deputado federal João Henrique Caldas (PSB), por

exemplo, teria de optar: buscar a reeleição em 2022 ou se arriscar concorrendo à Prefeitura da capital. Mesmo dilema do deputado estadual Davi Davino (PP): reeleição ou um salto que pode lhe custar o mandato? Quem não tem mandato poderia ser beneficiado. O ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), por exemplo, teria tempo para trabalhar a rejeição ao seu nome, que pontua nas pesquisas. O advogado Alfredo Gaspar de Mendonça, que vem se reunindo com nomes cortejados pela elite local em busca de um plano de governo municipal, teria mais dois anos para construir pontes e se desvencilhar da associação ao presidente Jair Bolsonaro, enrolado no próprio desgaste de sua administração. Outros sem mandato teriam mais tempo para serem reconhecidos pelos eleitores: a jornalista Lenilda Luna (UPP),

o professor Basile (PSOL), a economista Luciana Caetano (PT), o advogado Ricardo Barbosa (PT). Luciana e Ricardo disputam, entre os petistas, a maioria nas prévias para saber quem será o escolhido da legenda. DEMISSÕES Enquanto as eleições não são adiadas, os prazos do calendário eleitoral continuam valendo. Na semana passada, os secretários Eduardo Canuto (PSDB), Marcelo Palmeira (PP) e Vinícius Palmeira (futuro PDT) deixaram seus cargos na administração Rui Palmeira (sem partido). Buscarão uma das 25 vagas no legislativo mirim. Em junho do ano passado, a Câmara aprovou, por maioria, mais 3 vagas na próxima eleição. Hoje são 21. Pelo Governo Renan Filho (MDB) ainda não houve demissões no primeiro escalão que, se acontecerem, devem ser até

DATAS QUE PREOCUPAM

O que preocupa mesmo é uma data bastante próxima: o eleitor será chamado aos cartórios eleitorais até o dia 6 de maio. É o prazo final para a regularização do título de eleitor. Todos os cartórios estão fechados e não se fala em abertura deles neste mês de abril. Também não existe, oficialmente, um plano do TSE para que isso seja feito pela internet. As convenções preocupam menos, mesmo assim dependem da pandemia. Elas devem ser realizadas de 20 de julho a 5 de agosto. Eleição é sinônimo de aglomeração, o que pode espalhar o vírus. Também pode ser um teste duro de rejeição a quem agregue o próprio nome ao de Jair Bolsonaro, um presidente criticado pelo mundo, com um pedido de afastamento tramitando na mesa do ministro do STF, Marco Aurélio Mello, e cujo futuro é uma incógnita. Mas, isso é outra história.


e

6

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

extra

CASO PINHEIRO

CBTU suspende linha do Mutange Relatório pede mais monitoramento em áreas críticas JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

A

lém de modificar – negativamente – a vida de milhares de famílias dos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto, a instabilidade do solo causada pela mineração da petroquímica Braskem para extração de sal-gema afetará os usuários do transporte público. Os trens e Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) ganharam novos horários desde quarta-feira, 1°. As alterações foram necessárias por causa da suspensão da linha férrea do Mutange. O “Caso Pinheiro” e suas consequências ainda são um mistério para o engenheiro Marcos Carnaúba, ex-presidente do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA-AL), uma vez que até hoje não teria sido mensurado exatamente o deslocamento de terra no solo da região. “Sabe-se que ele afunda, mas quantificar isso, não vi ninguém ainda falar. O bairro do Pinheiro, entre 2018 e 2019, abateu 25 centímetros, aproximadamente e se deslocou seis centímetros em direção à Lagoa Mundaú. Ao longo do tempo, as casas, prédios e ruas começaram a apresentar rachaduras, danos de toda natureza, mas que já vinham ocorrendo há dez anos. No caso do Jardim das Acácias, há 30 anos”. Sobre a circulação do VLT na área, Carnaúba disse que sempre foi uma de suas preocupações. “Foi quando fui

Processo de afundamento do solo se agrava e tráfego do VLT é suspenso

Marcos Carnaúba afirma que ainda faltam respostas saber, via Salvador, que os trilhos do VLT de Maceió estavam sendo corrigidos a cada oito dias para o nivelamento. Eles [os trilhos] estavam cedendo no Mutange”, explicou. Segundo Carnaúba, a cavidade resultante da mineração era preenchida por água sob pressão. “Em tese, havia um equilíbrio. Só que nessa injeção, acontece como uma bola de criança, ela começa a murchar. Não posso afirmar com certeza que isso ocorre, mas há um escondimento de isso tudo. Na hora que se parou de fazer essa injeção, o solo da lagoa começou a se acomo-

Demolição de casas e estabelecimentos comerciais muda paisagem do Mutange

dar e a área do Mutange a se inclinar. Minha dúvida era o VLT, cuja paralisação poderia causar um caos no trânsito de Maceió, atingindo todos os bairros”. Para o especialista, o preenchimento dessas cavidades seria uma das soluções para que futuros incidentes e acidentes não aconteçam na região. “Há a intenção de injetar concreto, mas que seria prejudicado com o contato com o sal, que é agressivo e irá dissolvê-lo. Terão que criar uma bola para encher como se fosse um útero. Ou enche de areia e pedrisco, argamassa ou outra tecnologia”, comple-

menta. As preocupações de Carnaúba são condizentes com nota técnica do Serviço Geológico do Brasil, vinculado à Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), de março deste ano, que apontou a velocidade média da subsidência no trecho onde se localiza a linha férrea da CBTU. Conforme o documento, os fenômenos de deformação do terreno podem atingir a linha de 4 maneiras distintas: surgimento de crateras, fissuras no solo, inundação permanente e danos ocasionados por tensão aplicada no trilho pela deformação acumulada do terreno.

“A CPRM reforça a importância e necessidade da instalação de uma rede sismográfica de alto detalhe, com sensores em profundidade, com precisão suficiente para seja possível a individualização do colapso de cada mina, com transmissão e processamento automático de dados. Uma rede sismográfica com tal configuração é necessária para o acompanhamento do processo contínuo de colapso das cavidades que vem ocorrendo e fundamental para que possam ser identificadas variações inesperadas no padrão do processo”, informou.


e

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

7

extra

SISTEMA DE ALERTA É FALHO, DIZ CPRM

Diante da confirmação do avanço do processo de instabilidade, o Serviço Geológico sugere para monitoramento do avanço dos colapsos das cavidades, a instalação de uma rede sismográfica de alta resolução, com sensores em subsuperfície que não sofram com o ruído ambiental do meio urbano. “A velocidade de avanço dos processos no futuro é de difícil previsão, cabendo o princípio da precaução na preservação da vida dos habitantes. Vistorias contínuas possibilitam a atualização constante do estágio de desenvolvimento do processo, dando subsídio às tomadas de decisão”, apontou. E, prossegue: “A instrumentação hoje instalada no bairro não fornece as informações necessárias para um eventual sistema de alerta. Para implantação de sistemas de alerta é necessário considerar o seguinte: Formação de ‘Sinkholes’ - é necessária uma rede sismográfica de altíssimo detalhe com

transmissão e processamento automáticos; Formação de Fissuras e Processos Erosivos - não são conhecidos sistemas de alerta automático eficientes, sendo o objeto ainda alvo de estudo; Danos aos trilhos - é necessário que sejam consultados especialistas com conhecimento específico no campo da engenharia deste meio de transporte; Zonas de inundação permanente - é possível o preparo de mapas, com necessidade de atualização constante, e previsão das áreas de atingimento em função do tempo”. Ainda na nota, a CPRM reforçou “a importância e necessidade da instalação de uma rede sismográfica de alto detalhe, com sensores em profundidade, com precisão suficiente para seja possível a individualização do colapso de cada mina, com transmissão e processamento automático de dados. Uma rede sismográfica com tal configuração é necessária para o acompanhamento do processo contínuo de colapso das cavidades que vem ocorrendo e fundamental para que possam ser identificadas variações inesperadas no padrão do processo”.

Sinteal é expulso do bairro O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal) foi informado no dia 26 de março, quinta-feira, através da imprensa, que a rua em que está alocada sua sede, localizada no Mutange, seria interditada de forma permanente. No dia seguinte, em conversa dos advogados do Sinteal com representantes da Braskem, a empresa pressionou a entidade para desocupar o prédio com urgência até esta sexta-feira, dia 3. A medida surpreendeu a diretoria e funcionários, que, em meio à quarentena para prevenir a Covid-19, precisaram organizar uma força-tarefa às pressas para retirar todos os móveis e pertences do sindicato em pouquíssimos dias. Consuelo Correia, presidente do Sinteal, afirmou estar indignada com o tratamento que todas as vítimas estão recebendo. “É desumano o jeito com que todos nós estamos sendo escorraçados do nosso próprio teto, da nossa sede histórica onde

investimos o dinheiro da nossa categoria, onde construímos ao longo de décadas a história da luta da classe trabalhadora em Alagoas. Tudo isso sendo apagado”. “Na hora de assinar o termo, planejamos com um prazo para reformar o local da nova sede e deixá-la em condições de funcionamento até a construção de um novo prédio definitivo, mas já se passaram mais de 30 dias e não pudemos sequer começar. Agora nos expulsaram e estamos na rua. É contraditório que a Prefeitura de Maceió tenha pressa para que desocupemos o bairro, mas nem uma autorização para reforma no novo local nos concederam”, explicou a presidente. Nesta semana circularam nas redes sociais vídeos e fotos de dezenas de imóveis sendo demolidos e moradores do Mutange se despedindo do bairro. Caminhões de mudanças levando móveis, mas deixando muitos sonhos para trás.

Imóveis localizados no Mutange estão sendo demolidos

Braskem determinou imediata desocupação da sede do Sinteal; prazo termina nesta sexta-feira


e

8

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

extra

COVID-19

BC pode liberar até R$ 650 bilhões na economia AGÊNCIA BRASIL

N

a noite da quarta-feira (1º), em reunião extraordinária, o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou o Banco Central (BC) a conceder empréstimos aos bancos tendo como garantia as carteiras de crédito dessas instituições. As operações terão prazo de, no mínimo, 30 dias e, no máximo, 359 dias corridos. Segundo o BC, a Linha Temporária Especial de Liquidez (LTEL) tem o objetivo de oferecer a liquidez (recursos disponíveis) “necessária para que o Sistema Financeiro Nacional possa se manter estável frente ao aumento da demanda observada no

mercado de crédito, fruto dos reflexos da propagação da Covid-19”. O BC informou em nota, divulgada ontem (2), que a adoção dessas linhas especiais de liquidez pelos principais bancos centrais no mundo tem sido instrumento “amplamente utilizado” como uma das respostas à crise. “A fim de conferir maior segurança à operação, os créditos serão dados em garantia no âmbito de registradora de ativos financeiros e transferidos ao BC mediante a emissão de uma Letra Financeira Garantida (LFG), depositada em depositário central”, diz o BC. De acordo com o BC, serão aceitos créditos com ní-

Operações terão prazo de, no mínimo, 30 dias e, no máximo, 359 dias

veis baixo de risco, avaliados como AA, A e B, mediante exigência de garantia em valor superior ao do empréstimo, de forma proporcional ao risco das operações de crédito ofertadas em garantia. O BC informou que estabelecerá os critérios e as condições operacionais. CONTRATO COM O FED Na reunião extraordinária, o CMN também autorizou o BC a firmar contrato de swap (troca, em inglês) com o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. No último dia 19, o BC e o Federal Reserve anunciaram o estabelecimento de

uma linha de swap de liquidez em dólares americanos no montante de US$ 60 bilhões, ampliando a oferta potencial de dólar no mercado doméstico. O acordo de swap entre o Banco Central do Brasil e o Federal Reserve permanece-

rá em vigor por pelo menos seis meses. “A linha de liquidez soma-se ao conjunto de instrumentos disponíveis do BC para lidar com a alta volatilidade dos mercados em decorrência da pandemia da Covid-19”, disse o BC.

Orçamento de guerra será votado hoje CONGRESSO EM FOCO

A

Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do chamado “orçamento de guerra” foi apresentada na noite da quarta-feira (1º) em sessão da Câmara dos Deputados e já começou a tramitar na Casa, dispensando alguns prazos e procedimentos regimentais. A proposta permite a separação do orçamento destinado ao combate à pandemia de covid-19 do orçamento geral da União. Em votação remota, os deputados aprovaram a admissibilidade da proposta de orçamento paralelo, permitindo que se prosseguisse para o exame de mérito. Por acordo entre os líderes, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM

-RJ), anunciou que a votação do mérito ocorrerá nesta sexta-feira (3) pela manhã. “Todo mundo negociou o texto antes”, disse Maia, frisando que a PEC não surgiu de dentro do governo, e sim através de diálogos com economistas. O texto é assinado por Maia e outros nove deputados de diferentes partidos. O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) foi o relator pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e também leu o parecer pela comissão especial. Depois da leitura, a sessão foi encerrada sem discussão do relatório. A PEC estipula que durante o estado de calamidade pública, a União adotará um regime extraordinário fiscal,

financeiro e de contratações. A proposta cria o Comitê de Gestão da Crise, responsável por coordenar o regime especial, que terá a seguinte composição: - Presidente da República, que o presidirá; - Ministros da Casa Civil, das Secretarias Geral e de Governo da Presidência, da Saúde, da Economia, da Cidadania, da Infraestrutura, da Agricultura, da Justiça e Segurança Pública e da CGU; - Dois secretários de saúde, dois secretários de fazenda e dois secretários de assistência social de estados ou do DF – sem direito a voto; - Dois secretários de saúde, dois secretários de fazenda e dois secretários de assistência social de municípios

– sem direito a voto; - Quatro membros do Senado, quatro da Câmara, um do CNJ, um do CNMP e um do TCU – sem direito a voto. O texto dispensa de restrições legais e constitucionais as proposições e atos do Poder Executivo com propósito de enfrentar pandemia, no caso de aumento de despesas ou renúncia de receitas. REGRA DE OURO A chamada “regra de ouro” também é suspensa enquanto durar a calamidade pública. Esse mecanismo, previsto no artigo 167 da Constituição, proíbe a realização de operações de crédito (emissão de títulos) que excedam o montante das despesas de capital (investimentos

e amortizações). Durante a crise, o Banco Central fica autorizado a comprar e vender direitos creditórios e títulos privados de crédito em mercados secundários de capitais e de pagamentos. Cada operação da autoridade monetária deverá ter a anuência do Ministério da Economia e imediatamente informada ao Congresso. Além disso, é exigido aporte de capital de pelo menos 25% pelo Tesouro. É dada, ainda, uma salvaguarda ao Congresso Nacional, que poderá sustar qualquer decisão do Comitê Gestor de Crise ou do Banco Central que entender ser contrária ao interesse público.


e

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

9

extra

DEPOIMENTO

Médica sergipana é infectada pelo

Coronavírus

Em isolamento domiciliar, Martha Licia observa movimento da rua pela janela

Martha Licia ressalta a importância da quarentena

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

S

e proteger com luvas e máscara para fazer uma tarefa rotineira: sair à rua para levar o lixo. Contato com amigos e familiares só a partir da tecnologia. Na TV, o presidente do Brasil Jair Bolsonaro sendo mostrado de forma jocosa pela mídia devido às suas considerações sobre o Coronavírus. É assim que tem sido o dia a dia da médica sergipana Martha Licia, de 48 anos. Ela, que reside em Madri, capital da Espanha, há seis anos, jamais pensou que estaria no ‘olho do furacão’ de uma pandemia. Em quarentena desde o começo do mês de março, Martha e o marido foram contaminados pela Covid-19. Fraqueza, diarreia, falta de olfato e mal estar foram os principais sintomas. Após recuperação, Martha fala com certeza: “Definitivamente não é uma gripezinha”. A frase faz menção ao descaso de Jair Bolsonaro, que tem falado na mídia que o Coronavírus, em pessoas saudáveis como ele, só de-

senvolveriam um “resfriadinho”. “Nunca peguei uma gripe que me desestabilizou por mais de 20 dias”, contou a médica ao EXTRA. “Aqui a população está bastante consciente da gravidade do problema”, disse. Mas a conscientização não foi imediata. A “ficha” só começou a cair quando surgiram casos em países da Europa. “Quando chegou na Itália, percebemos que já estava próximo. Mas mesmo assim demorou um pouco. Bem, o vírus acabou chegando e estamos em uma situação muito grave”, contou. Assim como as autoridades de Milão, na Itália, que se arrependeram de não ter acendido o alerta vermelho logo no começo da pandemia, o prefeito de Madri José Luis Martínez Almeida, após a Espanha ficar em segundo lugar no número de mortos no mundo, perdendo só para Itália, também fez sua mea culpa. “Até o presidente e autoridades de saúde assumiram que as medidas foram tomadas de forma tardia. Ainda assim, aqui na Espanha, as decisões foram mais rápidas do que na Itália”. Enquanto no Brasil, a preocupação

do governo federal é mais focada na economia, na Espanha o caos já dominou a rede hospitalar. “O sistema de saúde daqui é semelhante ao SUS do Brasil e funciona muito bem. É um país preparado em termos de saúde pública, porém não para uma pandemia. Hoje, nosso principal problema é o colapso hospitalar. Também há falta de equipamentos de proteção para trabalhadores da saúde e de respiradores para pacientes que necessitam ficar entubados nas UTIs. Ainda não temos falta de alimentos, por enquanto. Aqui sabemos que haverá queda na economia, mas aqui existe a União Europeia e os países são mais ricos do que da América Latina”. Antes de começar a sentir os primeiros sintomas da Covid-19, Martha usou o transporte público, encontrou amigos e foi a restaurantes. “Nessa circulação eu posso ter contaminado muitas pessoas. E o contrário. Pessoas com o vírus incubados, sem sintomas, podem ter me contaminado. Quando o vírus está circulando livremente, como é o que já acontece no Brasil,

é praticamente impossível saber quem te contaminou”, relatou. Impossibilitada de sair de casa, ela e o marido estipulam que têm compras suficientes para se manterem por uma semana. “Não podemos sair porque temos que ficar mais 15 dias em quarentena para não contaminar ninguém. Um amigo deverá fazer compra no supermercado e deixará na nossa porta”. Até o fechamento desta edição, a Espanha contabilizava 10.003 mortes, chegando a registrar 950 óbitos em um único dia. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o número de mortos por dia de Covid-19 já é maior do que a média diária de mortos de tuberculose, a doença

infecciosa mais letal do mundo. Só na quarta-feira, 1º de abril, foram mais de 4,6 mil mortos, segundo dados do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças. Na quintafeira, esse número já havia ultrapassado a marca de 5 mil mortos por dia. A tuberculose matou cerca de 1,5 milhão de pessoas no mundo, ou 4,1 mil por dia, em 2018, os últimos dados disponíveis. No entanto, a Covid-19 é uma doença nova e cuja real letalidade só será conhecida ao fim da pandemia. ONLINE Confira a entrevista completa, em vídeo, com a médica Martha Licia no site www.novoextra.com.br.


e

10

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

extra

PANDEMIA

Crianças seriam agentes transmissores em caso de quarentena vertical Álcool em gel pode não ser tão eficaz contra a Covid-19, diz veterinária

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

O

Coronavírus foi criado pelo regime comunista da China como estratégia econômica. E mais. Durante o governo petista, a gripe causada pelo vírus H1N1 fez mais vítimas e nem teve quarentena. Frases travestidas de argumentos como essas se tornaram constantes nas redes sociais. Apesar de o mundo passar por uma pandemia que vitima milhares de pessoas, a Covid-19 tornou-se debate político no Brasil. Mas o Coronavírus foi mesmo fruto de experimento laboratorial? A professora de Parasitologia da Uninassau, a médica veterinária Dra. Pomy Kim descarta a questão. “Essa informação recebeu bastante publicidade ao ser altamente difundida em redes sociais, porém a comunidade científica foi eficiente em comprovar sua inviabilidade”, frisa. Em março deste ano, pesquisadores da Revista Científica Nature Medicine analisaram os dados públicos das sequências genômicas de SARS-Cov-2. O resultado foi unânime. “Não encontraram evidências de que o vírus tenha sido produzido em laboratório ou manipulado de outra forma, mas, sim, originado a partir de processos

de recombinação genética natural. Tal comprovação baseia-se principalmente em diferenças substâncias do esqueleto molecular do SARSCov-2 quando comparado a outros Coronavírus conhecidos. Caso alguém estivesse tentando projetar um novo Coronavírus como patógeno, o teria cons-truído a partir do arcabouço molecular de um vírus conhecido como causador de doença grave. A análise genética refutou tal cenário conspira-tório, deixando claro o processo de recombinação natural”, explica a professora. Sobre o H1N1, Pomy Kim explica que o Brasil tinha um cenário diferente quanto ao surto quando comparado ao que foi vivenciado em outros países, como número de doentes e óbitos. Em abril de 2009, a Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmou a transmissão humana/humana e emitiu alerta nível 4, indicando aumento significativo para risco de uma pandemia, o que resultou após um ano e meio de surto em cerca de meio milhão de óbitos ao redor do mundo. “Quando comparamos o tipo de disseminação de H1N1, temos um modelo semelhante à dispersão de outros vírus Influenza, com menor intensidade de transmissão. Uma pessoa com H1N1 pode ser capaz de infectar cerca de 1,6 pessoas, enquanto uma pessoa com SARS-Cov-2 pode infectar três pessoas ou mais. Logo temos taxas superiores de transmissibilidade e letalidade do SARS-Cov-2 do que H1N1 de acordo com os órgãos oficiais”. Ainda segundo a especialista, esse tipo diferenciado

de dispersão se baseia principalmente pelo tropismo (afinidade) do vírus quanto ao tecido-alvo onde se replica: “O SARS-Cov-2 infecta ativamente as vias áreas superiores, portanto é altamente transmissível, além de infectar de forma massiva indivíduos idosos, com taxas de letalidade dez vezes superior ao H1N1”. Outro assunto bastante polêmico é quanto à necessidade de quarentena. Há quem defenda que apenas o grupo de risco, como idosos e pessoas com problemas de saúde, deveriam ficar reclusos, a chamada quarentena vertical. Já o restante deveria sair de suas casas para trabalhar e movimentar a economia. “A quarentena se baseia exatamente pelas altas taxas de transmissibilidade e letalidade do SARS-Cov-2, uma vez que um indivíduo portador do vírus, mesmo que assintomático, representa um potencial transmissor para ou-tras pessoas suscetíveis”, diz Pomy Kim. Quanto à quarentena vertical, a médica salienta que dentro desse tipo de panorama, sendo considerado apenas como grupo de risco idosos e imunodeficientes, há indivíduos fora desse contexto. “São aqueles que forneceriam subsídios, comida, remédios e outros itens, de forma direta, para essa população em confinamento. Porém, uma vez que esses indivíduos hígidos expostos ao vírus são altamente suscetíveis a adquirirem a infecção, re-presentariam uma fonte de transmissão direta aos indivíduos confinados, não ga-rantindo assim a se-

Pomy Kim diz que usar álcool em gel com as mãos sujas não evita contaminação

guridade na implementação desse tipo de quarentena. Quantos indivíduos em idade produtiva deixam os filhos aos cuidados dos avós enquanto trabalham? Crianças expostas ao ambiente contaminado pelo vírus - escolas, creches, utilizando meios de transporte - também seriam agentes transmissores potenciais para essa população idosa. Não podemos desassociar nenhum grupo de outro, principalmente dentro do nosso contexto socioe-conômico”, frisa.

LAVE AS MÃOS! Conforme Pomy Kim, a humanidade, devido à pandemia, está reaprendendo a importância de lavar as mãos. O vírus foi denominado como “Corona”, coroa em italiano, pela estrutura proteica em formato de espinhos. Logo abaixo dessa estrutura, encontra-se a camada externa composta por lipídios, popularmente conhecidos como moléculas de gordura. “Pensando em nosso dia a dia doméstico, um bom detergente é excelente em remover os restos de gordura da louça. A lógica é semelhante; uma substância detergente inativa fisicamente o vírus, rompendo sua camada lipídica, assim impedindo que este ancore em

qualquer célula do hospedeiro”, orienta. Já o uso do álcool em gel 70% é aconselhado quando não existem condições de realizar a lavagem das mãos com água e sabão. “A ação do álcool depende de seu contato direto com os microorga-nismos. Se um indivíduo está com as mãos sujas por outro tipo de substância, como muco ou fuligem, forma-se uma barreira, logo o álcool não entraria em contato direto com o patógeno”, alerta. Sobre as especulações de que as aves em migração também podem trazer o vírus, Pomy Kim afirma que não há evidências de que elas atuem como agentes transmissores de SARS-Cov-2, o vírus causador da Covid-19. “Mas tais animais participam ativamente na cadeia de transmissão de outros agentes virais, como membros pertencentes ao grupo Coronaviridae, principalmente espécies causadoras de doenças em aves domésticas, como a Bronquite Infecciosa Aviária, doença que traz prejuízos econômicos diretos na cadeia produtiva avícola. Como medida preventiva, há uma rede nacional ativa de vigilância epidemiológica-ambiental direcionada à detecção de tais agentes virais nessas espécies migratórias”, revela.


MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

e

11

extra

TELEMEDICINA

Médicos atendem online e de graça pessoas com dúvidas sobre Coronavírus Ação de voluntários visa descongestionar unidades e postos de saúde ASSESSORIA

A

plataforma de telemedicina “Missão COVID” já possui 250 médicos cadastrados para dar apoio à população De acordo com balanço diário divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira, 1, o Brasil chegou a 6.836 infectados pelo Coronavírus (causador da doença Covid-19) e 241 vítimas fatais da doença infecciosa. Diante deste cenário, líderes de todo mundo todo vêm seguindo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e incentivado o isolamento social como medida de combate à proliferação da doença. No Brasil, várias administrações estaduais e municipais estão seguindo as

recomendações para combater o Coronavírus e optaram pelo fechamento de escolas, incentivo ao distanciamento social e ainda o fechamento de negócios não essenciais. Iniciativas individuais também vêm surgindo neste momento para ajudar aqueles que têm dúvidas se têm ou não a doença sem que precisem se deslocar até o hospital. O Missão COVID (www. missaocovid.com.br) - projeto idealizado por médicos e profissionais de tecnologia - é uma dessas ações e visa acolher especialmente a população de baixa renda que não possui muitas alternativas. Depois que o Conselho Federal de Medicina autorizou, em caráter de excepcionalidade, o uso da telemedicina para atendimento de casos de Covid-19, a plataforma Missão COVID foi criada para abraçar a causa reunindo médicos com CRM ativo de todas as especialidades e realizar atendimento gratuito da população pela internet. Até o momento já são cerca 250 médicos que

aderiram ao projeto como voluntários. Para utilizar como paciente, basta acessar o site, fazer um breve cadastro e aguardar que um dos médicos entre em contato por chamada de vídeo para fazer as devidas orientações àqueles que possuem sinais e sintomas que levem a suspeita do Covid-19. O tempo de espera até o atendimento é de cerca de 10 minutos. O objetivo da ação é aten-

der a população para evitar o deslocamento desnecessário aos hospitais, o que acabaria por sobrecarregar o sistema de saúde, principalmente o público. Sendo assim, qualquer pessoa que esteja com dúvidas e até mesmo sintomas relacionados ao Coronavírus pode obter auxílio de maneira simples, prática e sem sair de casa. A velocidade de contágio do Coronavírus no país tem avançado cada vez mais ra-

pidamente. A marca dos 600 infectados foi superada em 19 de março. Em 21 de março já haviam sido registrados 1.128 casos e, quatro dias depois, chegou a mais de mais 2.000 casos. Sem fins lucrativos e com médicos voluntários, o Missão COVID tem o objetivo de prestar assistência à saúde por meio da tecnologia e da humanização neste momento sem precedentes na história.


e

12

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

extra

SOLIDARIEDADE

Alagoanos usam impressoras 3D para produção de máscaras-escudo Material vai ser distribuído aos profissionais da saúde que atuam contra o Coronavírus BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

C

om ajuda de voluntários, pesquisadores do Instituto de Matemática da Universidade Federal de Alagoas estão formando uma rede em Alagoas para produzir equipamentos de proteção individual usando impressoras 3D. O material será doado gratuitamente a instituições de saúde e profissionais que, no exercício de suas atividades, podem eventualmente ter contato com pacientes da Covid-19. Inicialmente, a ideia é produzir prendedores para segurar viseiras faciais de acetato, produzidas em outro local pois necessitam de corte a laser e que têm se mostrado mais eficientes na proteção contra o novo Coronavírus. Para conseguir produzir em grande escala, o grupo fez campanhas de chamamento para reunir mais pessoas que possuam impressoras a ajudar. O projeto funciona na Universidade Federal de Alagoas e no Colégio Fantástico, no Tabuleiro do Martins. E para quem não pode ficar se deslocando até o local para acompanhar a produção por morar com

pessoas que se enquadram no grupo de risco ou até mesmo pela distância, também pode apenas deixar o equipamento no local que a equipe se responsabiliza pela impressora, configuração e produção. “A gente fica feliz porque algo que seria usado para lazer ou para o nosso hobby está sendo utilizado para ajudar os profissionais da Saúde a não se contaminarem enquanto estão salvando, diagnosticando e curando as pessoas”, afirma o arquiteto Lucas Vicente, um dos voluntários do projeto. “Sabemos da dificuldade de EPIs no mundo inteiro, então este esforço coletivo é muito importante”, frisa Paulo Roberto Mendes dos Santos, coordenador da produção no Colégio Fantástico. A iniciativa acontece em quase todos os estados do País e que encontraram na impressão 3D um jeito de baratear a produção de um

Paulo Roberto (E) explica o projeto ao arquiteto Lucas Vicente, que cedeu sua impressora para ajudar na produção de EPIs

item tão essencial. O protetor facial é para ser usado por cima da máscara durante atendimento dos médicos a pacientes infectados em UTIs. Esse protetor é usado por médicos na China e em outros países e dá maior proteção. Com ele, os profissionais podem usar a máscara por mais tempo. A compra de matéria prima, os filamentos usados na modelagem dos objetos, até

o momento é bancada em parte pelo governo estadual. Empresas privadas ajudam os voluntários com lanches, já que a produção funciona durante 24 horas. A produção dos materiais começou em um momento crucial para o estado, que confirmou a primeira morte por Covid-19 na terça-feira, 31. O paciente era um homem de 64 anos, natural do Acre, mas que morava em Maceió.

Se você tem impressora 3D e reside em Maceió. Então, saiba que pode ajudar na luta contra o Coronavírus. Mande uma mensagem para o WhatsApp de número 82-99323-1945. Se não tiver a impressora 3D, compartilhe a campanha até chegar ao conhecimento de quem tenha. A iniciativa integra as ações do Dashboard Covid-19 que reúne diferentes departamentos e profissionais da Universidade Federal de Alagoas com o objetivo de, ao longo dos próximos 18 meses, envolver os melhores recursos científicos e tecnológicos de Alagoas para diminuir os danos humanos e sociais da pandemia. ALUNOS PRODUZEM ÁLCOOL EM GEL E estudantes, professores e técnicos voluntários também estão participando da produção de álcool em gel 70% que será doada ao Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU). Empresários de Alagoas, dos mais diversos ramos de atuação, vêm colaborando com a doação de materiais, a exemplo de etanol, hipoclorito de sódio e luvas, entre outros insumos. Os trabalhos na Ufal são realizados no laboratório do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB). O grupo permanece aberto à comunidade universitária e empresariado. Os interessados devem entrar em contato com as professoras Valéria Malta ou Tatiana, do IQB.


MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

e

13

extra

EFEITOS DA COVID-19

Azul coloca funcionários em licença não remunerada Alagoas está com apenas dois voos diários da GOL e Latam

Para minimizar os impactos econômicos, a empresa optou pela criação de um sistema de licença não remunerada voluntária - quando o profissional pode se ausentar do trabalho por um período de tempo sem que seja desligado da empresa.

SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

C

om a crise mundial gerada pelo novo Coronavírus, a Agência Nacional de Aviação junto com as companhias aéreas decidiu pela redução da malha aérea em todo o Brasil. Em Alagoas a medida já pode ser vista através do impacto gerado nos empregos. Antes com 26 voos diários nacionais, e três companhias aéreas operando, agora o Aeroporto Zumbi dos Palmares conta com apenas dois voos diários das companhias GOL e Latam. A Azul Linhas Aéreas deixou de operar no estado, a princípio, até o fim de abril. Com essa paralisação, 25 funcionários se viram inseguros quanto ao futuro dos seus empregos. Para minimizar os impactos econômicos, a empresa optou pela criação de um sistema de licença não remunerada voluntária - quando o profissional pode se ausentar do trabalho por um período de tempo sem que seja desligado da empresa. De todos os colaboradores, oito continuaram a trabalhar e a cumprir carga horária, e outros 17 já foram afastados na quarta-feira, 1° de abril. Os demais ficaram para atender eventuais clientes. A previsão de retor-

pamentos médicos. As companhias aceitaram o esquema, mas pedem que o governo abra linhas especiais de financiamento. VOOS EM OPERAÇÃO EM ALAGOAS Pelo menos até o final de abril a Azul não terá voos com destino ou saindo de Alagoas no é para maio. Os oito que decidiram continuar trabalhando, segundo apurou o EXTRA, não aceitaram a licença. A avaliação dos próprios funcionários é de que, se todos fossem para o aeroporto fazer os turnos normalmente, poderia haver demissões, embora a empresa não tenha cogitado sobre essa possibilidade. O programa de licença não remunerada se deu mediante acordo entre os funcionários e a própria empresa. Em nota a Azul explicou que em virtude das incertezas geradas pela propagação do Coronavírus, adotou um plano de contingência que contempla a possibilidade de licenças não remuneradas. “Obedecendo a diversos critérios, a iniciativa permite

que tripulantes possam aproveitar o período para se dedicar a projetos pessoais sem perder o vínculo empregatício com a companhia, preparando, ao mesmo tempo, a empresa para o futuro”. A companhia disse ainda estar implementando várias medidas para reduzir o custo fixo de suas operações, que representa em torno de 40% do total de custos e despesas operacionais. De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério Público do Trabalho em Alagoas, casos como este, de licença não remunerada feita em massa, perpassam por acordo ou convenção coletiva “Como a categoria dos aeroviários é nacional, teria que ver se o sindicato nacional firmou um acordo ou convenção

coletiva neste sentido com a classe patronal”. O plano de revisão da Anac, aprova a redução, que analisa as propostas e faz ajustes quando necessário. Na sexta-feira, 27, foi definido que apenas 1.241 voos iriam operar nas 26 capitais e no Distrito Federal. São 723 voos no Sudeste, 153 no Sul, 153 no Nordeste, 135 no Centro-Oeste e 75 no Norte. Esta operação é 91,6% inferior à malha aérea regular nacional. Diferentemente de outros países, que fecharam o espaço aéreo, o governo brasileiro quer manter o mínimo de voos para garantir a circulação de profissionais de saúde e o abastecimento das cidades, especialmente com medicamentos e equi-

Os dois voos diários do aeroporto de Maceió são com origem e destino em São Paulo, no aeroporto de Guarulhos e acontecem no período da tarde. De acordo com o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur), Rafael Brito, a medida temporária também pretende minorar a crise causada pela pandemia. “Neste momento, o isolamento social é comprovadamente a solução mais viável para contenção do vírus, por isso é importante que as pessoas fiquem em casa neste momento. Quanto mais efetiva forem estas medidas, mais rápido voltaremos à normalidade, fazendo com que o segmento do turismo volte a movimentar a economia do estado o mais rápido possível”, frisou.


e

14

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

extra

PESQUISA

Fapesp seleciona primeiros projetos para combate ao Coronavírus Propostas de implementação contra Covid-19 podem ser apresentadas até 22 de junho REVISTA FAPESP

A

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) selecionou os dois primeiros projetos da chamada Suplementos de Rápida Implementação contra Covid-19 (Coronavirus Disease 2019). Os projetos serão coordenados pelos professores Licio Augusto Velloso, na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, e Marcelo Urbano Ferreira, no Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Os pesquisadores redirecionaram recursos de seus auxílios para os temas associados à Covid-19 e tiveram aprovados recursos e Bolsa de Pós-Doutorado no Auxílio Regular Suplemento de Rápida Implementação (APR-SRI). Para direcionar iniciativas de pesquisa ao combate da Covid-19, provocada pelo vírus SARS-CoV-2 (Coronavírus), a chamada de propostas foi lançada no dia 20 de março. Submetidas no dia 27, as propostas foram analisadas e, no dia 31, aprovadas e anunciadas pela Fapesp. A chamada continua aberta até 22 de junho de 2020 a propostas de pesquisa de até 24 meses como suplementos

em auxílios vigentes nas modalidades Auxílio à Pesquisa – Projeto Temático, Jovens Pesquisadores, Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) ou Centros de Pesquisa em Engenharia (CPE). Os projetos deverão redirecionar parte de seu esforço de pesquisa para contribuir de forma significativa ao entendimento e superação do risco representado pelo vírus SARS-Cov-2 e/ou possíveis caminhos para sua gestão ou prevenção. O valor oferecido na chamada é de R$ 10 milhões. A duração dos projetos de pesquisa propostos deve ser de 24 meses. Cada proposta pode solicitar até o valor máximo de R$ 100 mil por ano. Além desse valor, as propostas podem solicitar uma Bolsa de Pós-Doutorado, com duração de até 24 meses. A chamada de propostas está publicada em www. Fapesp.br/14082.

Propostas selecionadas

1

.Ensaio Clínico de Inibição de Bradicinina em Adultos Hospitalizados com Covid-19 Grave Processo: 2020/04522-5 Acordo: Covid-19 Pesquisador Responsável: Licio Augusto Velloso Instituição sede: Faculdade de Ciências Médicas / Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Resumo: A pandemia do novo vírus de síndrome respiratória aguda grave (SARSCoV-2) já foi confirmada em mais de 330 mil pessoas sendo responsável por mais de 14 mil mortes em todo o mundo (Organização Mundial de Saúde-dados oficiais do dia 23 de marco de 2020). O tratamento atual para os casos graves se baseia em suporte respiratório, uso de uma va-

riedade de antibióticos com eventual oxigenação extracorpórea; entretanto os resultados ainda são insatisfatórios. Pesquisadores demonstraram que o vírus se liga a Enzima Conversora de Angiotensina 2 (ECA2) para ter acesso às células. Essa enzima é fundamental na inativação da Angiotensina II (ANGII) e da bradicinina. O acúmulo de bradicinina nos pulmões é um efeito comum após o uso de inibidores da ECA com consequência aumento de tosse. Em estudos com modelos animais, a inativação de ECA2 leva a pneumonite grave após administração de lipopolissacarídeos (LPS) e a inibição da bradicinina recupera completamente a função e estrutura pulmonar. Como a pneumonia é o quadro de maior intensidade e marcador da progressão da doença, nossa hipótese é de que o aumento de bradicinina é o principal elo entre a infecção pelo SARS-CoV-2 e a inibição da ECA2 resultando numa síndrome respiratória grave. OBJETIVO: Avaliar a eficácia de dois inibidores farmacológicos da bradicinina, o inibidor de C1 esterase/calicreina (Berinert®, CSL Behring GmbH) e o inibidor do receptor 2 de bradicinina, o icatibanto (Firazyr®, Shire) em pacientes graves hospitalizados por SARS-CoV-2. METODOLOGIA: Este é um ensaio clínico aberto randomizado a ser realizado no Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, Brasil. Cento e oitenta pacientes serão divididos na proporção 1:1:1 para receber: i, o suporte básico estabelecido por ensaios clínicos

já publicados, que incluem suporte de oxigênio, ventilação mecânica invasiva e não invasiva, uso de antibióticos, uso de vasopressor e terapia de suporte renal; ou, ii, Berinert, 20 U/Kg por via endovenosa, uma dose no dia da inclusão no estudo e uma dose no quarto dia; pacientes desse grupo receberão o mesmo procedimento de suporte básico oferecido para o grupo controle; iii, Firazyr, 30 mg por via subcutânea 8/8 h por quatro dias; pacientes desse grupo receberão o mesmo procedimento de suporte básico oferecido para o grupo controle. Os desfechos primários são, recuperação completa com alta hospitalar ou morte; o acompanhamento será feito por 28 dias. Os critérios de inclusão serão: homens e mulheres com idade de 18 anos ou mais com RT-PCR positivo para SARS-CoV-2; pneumonia confirmada por tomografia computadorizada (CT) do tórax; saturação de oxigênio em ar ambiente de 94% ou inferior. Critérios de exclusão: Gestantes ou lactantes; pacientes com doença hepática grave (alanina aminotransferase e/ou aspartato aminotransferase >5x acima do normal); nefropatia grave (transplantado de rim ou dialise), infecção por HIV, câncer, angioedema hereditário, outras imunodeficiências, doença isquêmica do miocárdio pregressa, doença tromboembólica pregressa. Todos os pacientes do estudo e/ou seus parentes serão informados sobre os objetivos e riscos da pesquisa e deverão ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.


e

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

15

extra

2

. Mapeando a disseminação de SARS-CoV-2: dimensão do surto, dinâmica de transmissão, desfechos clínicos da infecção e duração das respostas de anticorpos em uma pequena cidade amazônica (FOTO: MÂNCIO LIMA) Processo: 2020/04505-3 Acordo: Covid-19 Pesquisador Responsável: Marcelo Urbano Ferreira Instituição sede: Instituto de Ciências Biomédicas / Universidade de São Paulo (USP) Resumo: O vírus SARSCoV-2 disseminou-se globalmente e representa agora um importante desafio para os países de baixa e média renda, onde a infraestrutura de saúde pode rapidamente tornar-se sobrecarregada. Esta proposta parte de nossas pesquisas de campo em andamento, financiadas pela Fapesp, para investigar a epidemiologia e o controle da infecção por SARS-CoV-2 em Mâncio Lima, uma pequena cidade amazônica. Tem-se como objetivo geral traduzir as informações geradas pelo estudo de campo em evidências para orientar o controle de Covid-19 em uma das regiões mais pobres do Brasil. Partimos da hipótese de que muitas infecções por SARSCoV-2 permanecem despercebidas e os portadores assin-

tomáticos de infecção podem continuar disseminando o patógeno em suas interações sociais cotidianas até sua eliminação espontânea, tornando-se imunes a reinfecções ou, pelo menos, à doença grave. Os meios propostos para testar esta hipótese são: (a) utilizar ensaios sorológicos seriados para detectar retrospectivamente eventos de soroconversão, estimar o tamanho do surto de SARSCoV-2 e identificar fatores de risco associados à soroconversão na comunidade; (b) identificar as interações sociais e os espaços compartilhados, como o domicílio, o local de trabalho, as escolas e as igrejas, que possam ter contribuído para a transmissão local de SARS-Cov-2; (c) calcular a proporção de infecções por SARS-CoV-2 diagnosticadas retrospectivamente que permaneceram assintomáticas ou cursaram com sintomas leves, geralmente sem diagnóstico prévio, e aquelas associadas à doença (Covid-19), resultando em visitas a serviços de saúde e até mesmo em hospitalização, e (d) determinar a proporção de indivíduos que, ao se tornarem soropositivos durante o surto, permanecem com anticorpos contra SARS-CoV-2 ao longo dos 12 meses seguintes.

Tecnologias para combater a

Covid-19

A Fapesp lançou outra chamada com foco na Covid-19, na qual oferece uma linha especial de financiamento, no âmbito do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE-Fase III), em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). São R$ 20 milhões para apoiar micro e pequenas empresas e startups dispostas a aplicar ou escalonar processos ou produtos inovadores relacionados à doença, a exemplo de kits diagnósticos, ventiladores pulmonares, equipamentos de proteção aos profissionais da saúde, soluções de tecnologias digitais e inteligência artificial para os serviços de saúde ou atendimento aos pacientes. A chamada está publicada em www.fapesp.br/14087.

CRISE

Pequenas e médias empresas lutam para sobreviver É possível reduzir os impactos da pandemia sobre os negócios ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão

E

m meio ao caos da pandemia do Coronavírus não é só a saúde pública que vem sofrendo danos. Há também os atingidos indiretamente no setor econômico, que são os micro e pequenos negócios, trabalhadores informais e os mais pobres. Depois da prorrogação por mais oito dias do período de isolamento social em Alagoas, pequenos empresários e trabalhadores autônomos têm se preocupado com a situação financeira de seus negócios. Segundo o economista alagoano Marcelo de Arruda, é possível que o período de quarentena seja sustentável se houver atuação do Estado para diminuir o efeito econômico da paralisação. No estado alagoano, os trabalhadores informais representam 44,7% dos empregos e as micro e pequenas empresas significam mais de 88% dos negócios ativos. Marcelo de Arruda esclareceu que os micros e pequenos negócios são empresas que não possuem reservas de capital para sustentar longos períodos sem receita, o que é preocupante no cenário alagoano. “No caso dos mais pobres é considerado que modelos de transferência direta de renda sejam a forma mais eficiente, com uma ampliação da extensão e valor do Bolsa Família”, avaliou o economista. Algumas dessas medidas já foram sinalizadas pelo governo federal. No caso do Bolsa Família, foi anunciado um aumento

Economista Marcelo de Arruda de R$ 3 bilhões no programa e a redução das exigências cadastrais como forma de agilizar a proteção social. O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que o governo irá injetar R$ 147 bilhões na economia nos próximos três meses para blindar o país dos impactos do avanço do Coronavírus. Além disso ficou definido um auxílio de R$ 600 mensais para um período de três meses para autônomos, trabalhadores sem carteira assinada, microempreendedor individual (MEI), pessoas de baixa renda (com renda familiar até três salários mínimos, sendo que esse valor é ampliado para R$ 1.200 em caso de mães solteiras). “Segundo estudo da JP Morgan com 600 mil pequenos negócios nos Estados Unidos, a média de capital de giro do segmento era de 27 dias. A situação era mais grave em bares e restaurantes, onde foi encontrado um capital de giro de 16 dias. Ressaltando que isso foi feito no cenário americano, onde existem

melhores condições econômicas, menor informalidade e maior acesso crédito do que Alagoas”, alerta Arruda. A pandemia de Covid-19 tem causado turbulências em grande parte do mundo. Até o momento os problemas estão concentrados na área da saúde, mas em algumas semanas governos e empresários terão questões igualmente grandes para lidar na área econômica. “O momento delicado exige a análise por parte dos líderes empresariais antes da tomada de qualquer decisão. No entanto, os impactos inevitáveis do cenário mundial aos negócios podem ser minimizados, desde que seja colocada em prática uma estratégia direcionada às diferentes características de cada negócio”, destaca o economista. CONFIRA DICAS - Reavaliar os custos, despesas e projetos é importante. Além de analisar todas as saídas de caixa, interrompendo ou suspendendo tudo o que não comprometa a retomada segura da atividade principal da empresa. - Adotar um acordo coletivo ou individual de compensação de horas. Caso a situação se agrave, considere a redução de jornada. Demissões devem ser evitadas para não gerar ainda mais problemas de caixa. É preciso garantir, no entanto, que o trabalhador tenha acesso ao fundo de garantia e ao seguro desemprego imediatamente. - Toda ajuda profissional é válida: a empresa deve estar preparada para uma nova reestruturação, ou até mesmo para uma recuperação judicial. Qualquer que seja o caminho escolhido durante a gestão dessa crise, quanto mais rápido ele for percorrido, maior será a chance de êxito na retomada do crescimento do negócio.


e

16

MACEIÓ, ALAGOAS -

extra

PESQUISA

Colapso na saúde, desemprego e recessão são maiores preocupações do brasileiro Estudo realizado pela Demanda Pesquisa monitora impacto das medidas de combate à pandemia ASSESSORIA

E

ntre os dias 18 e 21 de março, a Demanda Pesquisa e Desenvolvimento de Marketing entrevistou 1065 pessoas de todo o País. Os resultados identificaram os níveis de preocupação, de atitudes

tomadas para prevenção e de informação acerca da pandemia da Covid-19 (Coronavírus). O estudo tem nível de confiabilidade de 95% e margem de erro de 3%. “Uma das armas contra a pandemia do coronavírus é a informação, por isso dedicamos nossa expertise em análise de infor-

mação e mapeamento de tendências para entendermos o verdadeiro impacto do coronavírus na vida das pessoas. Dessa forma, a Demanda pretende dar sua parte de contribuição ao país em um momento que exige união de todos”, explica Gabriela Prado, diretora executiva da Demanda Pesquisa,

Desenvolvimento e Marketing. Confira abaixo os principais resultados da pesquisa que pode ser acessada na íntegra pelo endereço eletrônico http://www. demanda5.hospedagemdesites. ws/Apresentacao/20.056-Covid-19_DEMANDAPESQUISA_270320.pdf.

Homens e mulheres têm diferentes preocupações

O

que mais preocupa os brasileiros no período de pandemia é o colapso no sistema brasileiro de saúde, mencionado por 52% dos entrevistados. “A preocupação com algo que afeta o coletivo vem em

primeiro lugar, antes do que reflete individualmente”, destaca Gabriela. Muito mencionados também são o temor pelo aumento do desemprego (50%) e uma eventual recessão econômica (43%), bem como a possível

quebra de empresas (41%). Um ponto fora da curva nessa questão é o medo do desabastecimento: a paralisação na fabricação de produtos (6%) e a redução de oferta de produtos (6%) aflige pouco as pessoas.

Quando os grupos são separados por gênero, percebese uma diferença grande nas preocupações de homens e mulheres em alguns pontos. É possível identificar que as mulheres pensam um pouco mais na saúde enquanto

homens pensam mais nas questões financeiras. Por exemplo, o colapso na saúde foi citado por 58% das mulheres e por 47% dos homens, já a falência das empresas foi lembrada por 39% e 43%, respectivamente.


AS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

e

17

extra

Internet é o principal canal de busca de informação

C

omo canais de busca de informação sobre a pandemia e o coronavírus, a internet foi a mais citada, por 86% dos entrevistados, seguida pela TV (72%) e o jornal impresso (50%). A consulta a amigos e parentes (22%) ficou bem acima das entidades da saúde, como unidades do SUS (5%), hospitais privados (4%), hospitais públicos (3%) e clínicas privadas (2%). Apesar da obviedade da internet figurar no topo da lista, Gabriela alerta que é um detalhe que merece atenção. “Sabendo que quase 3 em cada 4 brasileiros se informam pela internet, é um sinal de que o cuidado com informações erradas ou mesmo as fake news deve ser extremamente grande, começando dentro das casas e criando essa consciência nos cidadãos”.

Atividades ao ar livre foram as mais prejudicadas

S

obre as alterações de rotina, entre as maiores privações estão as atividades ao ar livre (87%), eventos (83%) e visita a bares e restaurantes (82%). Nos cuidados com a higiene, os hábitos mais inseridos no dia-a-dia das pessoas foram lavar as mãos com maior frequência (93%), evitar beijos e abraços (90%) e o uso do álcool gel (90%). Mudanças também foram identificadas no abastecimento do lar. 36% dos entrevistados disseram que modificaram seu comportamento de compra adquirindo mais itens do que o normal. Entre os produtos que tiveram maior aumento de consumo estão os alimentos não perecíveis (76%), produtos de higiene pessoal (60%) e produtos de limpeza doméstica (56%). Já os medicamentos estão sendo mais estocados por 36% dos entrevistados.

SOBRE A DEMANDA

A

Demanda é uma boutique de pesquisa de mercado que desde sua fundação em 1967 já desenvolveu mais de 6.400 projetos de pesquisa de mercado e opinião pública para mais de 800 empresas e entidades governamentais do Brasil e do mundo. Gabriela Prado, diretora Executiva da Demanda, é pesquisadora com mestrado em Infraestrutura Sustentável pelo Royal Institute of Technology (Kungl Tekniska Högskolan), Stockholm, Suécia e doutorado em Política e Administração de Recursos Minerais pelo IG-UNICAMP. Tem 20 anos de experiência em pesquisa de mer-

cado e atuado na empresa desde 2007. Lidera estudos qualitativos e quantitativos no Brasil e LatAm, Silvio Pires de Paula fundou, em 1967, a empresa da qual hoje é presidente. Sob sua responsabilidade direta, a Demanda já desenvolveu mais de 6.400 projetos completos de pesquisa de mercado e opinião pública tanto no Brasil como em 20 outros países. Ele é graduado e pós-graduado em Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, e ocupou cargos de presidente ou vice-presidente de instituições como ABIPEME, ABEP, CFA e, atualmente, é vice-presidente do CRA-SP.


e

18

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

extra

SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Superar incertezas e obstáculos

N

a história de vida, ninguém escapa: haverá sempre vários OBSTÁCULOS pare serem superados. Eles estão na sua frente; ultrapasse e vá mais longe. É a única maneira de chegar nalgum lugar. O destino? É viver; apenas. Mesmo com OBSTÁCULOS. Tudo que se faz/fez em qualquer lugar do mundo tem, necessariamente, uma consequência material implícita, mesmo que essa consequência seja invisível, como um vírus, por exemplo, ou através de uma boa/má ação, não importa. Tudo está conectado. Somos um corpo HUMANO: HUMANIDADE. Esse momento de quarentena é uma excelente oportunidade para OLHAR PARA DENTRO

O pensar e agir diferente

A Covid-19 está fazendo as pessoas, do mundo todo, a repensarem sobre o que realmente tem valor. Essa questão – valor – é muito subjetiva, mas está sendo unificada num aspecto: é preciso mudar. Tudo está mudando muito rápido e agora, mais ainda. É preciso pensar e agir diferente. A Covid-19 surgiu e vai deixar muitas sequelas: positivas e negativas nos sentimentos humanos. Espera-se que a HUMANIDADE aprenda a respeitar e tolerar os outros. É começo de uma nova era. É preciso ver o(a) outro(a) de forma diferente. Ter respeito e tolerância é um caminho. Que tal exercitar? É um momento ímpar da HUMANIDADE para perguntar: o que estou fazendo no mundo?

Cautela e cautela

Sobre a Covid-19 e a quarentena, as autoridades governamentais estão estudando a melhor forma de resolver essa situação, dentro do que é científico e da ciência econômica. É claro que ser obrigado a ficar em casa, numa quarentena, é muito estressante. É preciso CAUTELA e CAUTELA.

de si mesmo que é o lugar onde se encontram todas as soluções humanas coletivas, e, inclusive, individuais. É importante nesse momento fazer algumas perguntas. O que estou fazendo? O que eu estou produzindo. O que é família? O que é trabalho? Quem sou eu? O que eu posso ajudar? O que eu posso melhorar em mim mesmo e o mundo; a outra pessoa? Nesse momento de muita IMAGINAÇÃO sobre o que está acontecendo no mundo; as incertezas e os obstáculos são muitos, mas é preciso ter TRANQUILIDADE e PACIÊNCIA. Isso é fundamental para se atingir a CURA física e espiritual, não é fácil. Mas é possível.

Ansiedade

O estresse e a ansiedade, num primeiro momento, fazem bem porque a mente se prepara para algo novo (estresse) que está acontecendo, o agora. Quanto à ansiedade, o raciocínio é o mesmo, só que a mente se prepara para o futuro, sempre incerto, com muitas inseguranças. O que vai acontecer? O que fazer então? Repetindo: é preciso CAUTELA e CAUTELA. Não é fácil.

Eu posso mudar?

Numa situação de incerteza e insegurança, a primeira coisa a perguntar, é: eu posso mudar o que está acontecendo? Se positivo, excelente. É só se planejar para realizar as mudanças que forem necessárias fazer. Caso contrário, é preciso ter resignação. Se não posso mudar a situação de incerteza então é preciso, repetindo, CAUTELA e CAUTELA. As situações, por si só irão se ajustar. Não tem outra alternativa, é preciso esperar. Não é fácil. Enquanto isso (...).

Proteja sua mente

Para reduzir a ANSIEDADE é preciso muita CAUTELA. O sentimento de incerteza é extremamente natural, mas pode ser enfrentado. Escute uma música de sua preferência; todos os dias.

Mais

Muitas vezes o silêncio diz mais do que a própria fala. (Arnaldo Santtos, psicólogo)

Leia um livro ou revista agradável, fora do conteúdo de seu trabalho, telefone para um amigo(a)/familiar que você não conversa faz tempo. Tudo vai passar.

Alimentação ajuda

Para AJUDAR a desenvolver o BEM-ESTAR CEREBRAL é prudente ingerir alimentos ricos em ácidos graxos (ômega 3-sardinha); abóbora semente de linhaça, soja, castanhas (caju e do Pará), espinafre, couve, salada e pepino.

Triptofano e a felicidade

Algumas substâncias que estão nos alimentos ajudam bastante no fortalecimento e no desenvolvimento do processo químico cerebral adequado. O triptofano, por exemplo, é a substância base para a produção da SEROTONINA, encontrada, principalmente, na castanha de caju, castanha do Pará, pó de cacau sem açúcar, grãos de cacau que provocam efeito estimulante e melhora o humor. Outros alimentos como avelã, ovos, amêndoa, peito de peru, linguado, arroz, espinafre cru, também ajudam no processo químico saudável. A falta de triptofano pode causar ANSIEDADE e DEPRESSÃO. Assim, uma ALIMENTAÇÃO adequada, junto com ATIVIDADE FÍSICA e PSICOTERAPIA, ajudam bastante no enfrentamento da ANSIEDADE e DEPRESSÃO nesse momento de incertezas por conta da quarentena. Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@uol.com.br Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

e

19

extra

PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Estou de volta

J

á dizia o escritor paraibano, José Américo de Almeida, que “Ninguém se perde no caminho da volta, porque voltar é uma forma de renascer”. E aqui estou retornando ao exercício prazeroso de escrever minha coluna, após meses de regime sabático imposto por questões de saúde e depois por minha indecisão de continuar ou não falando sobre política, como o faço há muitos anos. Refleti bastante sobre o retornar e sempre respondia aos queridos leitores que me abordavam na rua, nos supermercados e locais que frequento: “Volto em breve”, mas no intimo a indecisão batia mais forte. Sei que meu estilo de fazer jornalismo incomoda muitos, mas agrada a outros tantos. Estes tempos de ódios ideológicos, fanatismo político e protagonismo de um governo desastroso e políticos corruptos em sua maioria, me levam a cravar em meus textos uma indignação que não consigo esconder e isso me faz ganhar muito mais inimigos gratuitos, que não toleram a exposição de suas mazelas e falcatruas. Não sou de “meias palavras”,

Em Alagoas, a política

Já no final da década de 60, chamado pelo meu editor no Diário de São Paulo fui recomendado a voltar a Alagoas, pois minha vida poderia estar correndo perigo. Não foi fácil para mim, pois amava aquela cidade e sabia que minha carreira ali tinha muito futuro, tinha feito muitos amigos e apesar dos meus apenas 21 anos de idade já era acreditado e procurado como jornalista. Não dava para ficar. Com a turma do famigerado delegado Fleury (DOPS) de olho em mim, era morte certa. Voltei triste, não me despedi dos amigos, coração partido por meu amor por “Sampa” e ainda hoje sou apaixonado. Ao chegar a Maceió vim direto para o velho Jornal de Alagoas (Diários Associados), comandado então pelo competente jornalista e meu amigo Ricardo Neto, onde ocupei todas as funções hierárquicas da redação chegando a seu editor. Fundei com o extraordinário Noaldo Dantas o semanário Opinião, que bateu recordes de leitores. Também criei com meu inesquecível e querido amigo Pedro Collor o jornal Correio de Alagoas, que disputou acirradamente com a sua Gazeta de Alagoas e foi fechado por Fernando Collor, mas só porque o Pedro faleceu abruptamente. O primeiro político alagoano que conheci foi Guilherme Palmeira, através do amigo comum Manoel Cavalcante (Manduca). Que sorte, pois seria o mais digno homem público da história política de Alagoas. Fui seu chefe de Gabinete na presidência da Assembleia e secretário em seu governo. Andávamos tanto juntos que o brilhante jornalista Arthur Gondim, em sua mais lida coluna da imprensa local, se referia a mim como “a sombra do Guilherme”. Durante anos essa amizade só cresceu e por ele tenho um amor infindo. É o meu guru. Conheci e fui amigo de muitos políticos dignos (naquele tempo havia isso), apenas não citarei nomes para não esquecer algum. Mas também conheci um “magote” de cabras safados (essa espécie tem em profusão). São 53 anos de jornalismo bem vividos e com muita história para contar. Um dia escreverei todas. Mas o importante é que estou de volta e estou feliz. Aqui é minha trincheira de luta, falando pelos que não podem falar, denunciando quando preciso, elogiando quando merecido. Me aguentem...cheguei!

não me toleraria assim. Não tenho dúvidas que minha família gostaria de me ver fora dessa “carnificina imoral” que é a política, mas sei também que ao mesmo tempo minha mulher, minha filha, têm orgulho de como exerço o meu sagrado exercício de escrever, com ética, dignidade sem jamais temer qualquer que seja a circunstância, a convivência com a verdade, doa a quem doer. Na minha caminhada perdi alguns amigos (será que eram mesmo amigos?) e fui perseguido politicamente e sofri represálias por parte de governadores, senadores e outros. Durante a famigerada ditadura militar, escrevia para o Diário de São Paulo e Jornal da Tarde (SP) na editoria de Cultura e fui perseguido apenas por conviver com alguns artistas como Gianfrancesco Guarnieri, Chico Buarque, Nara Leão, Plinio Marcos, Paulo Autran e toda a turma do Teatro Opinião, Procópio Ferreira, Ciro Del Nero, Jô Soares e outros. Com certeza se já escrevesse sobre politica não estaria contado essa história.

Por uma causa

Não quero por enquanto fazer qualquer análise sobre a união do governador Renan Filho com o prefeito Rui Palmeira com vistas às próximas eleições. Nem levo em conta o nome que apoiarão para a Prefeitura de Maceió. Falarei apenas dos benefícios institucionais dessa reaproximação. Ambos são duas lideranças, as maiores de Alagoas, e juntos poderão não só construir um vigoroso caminho politico mas também um sólido projeto para o estado. São maduros o suficiente para enxergar isso e certamente o farão.

Palmeira viva

Caiu como uma bomba a provável candidatura da juíza aposentada Sônia Beltrão à Prefeitura de Palmeira dos Índios. Após atuar por 15 anos como magistrada na comarca deixou sua marca de seriedade, humanidade e conquistou a comunidade palmeirense em todas as camadas. De tradicional família política alagoana, tem esse sangue nas veias e foi convocada pela sociedade para participar da disputa que se parecia tranquila para o atual prefeito Júlio Cezar. Minha opinião: Palmeira tem a chance de se redimir de anos de votos equivocados.

Cuidando da Educação O educador Hélio Laranjeira, alagoano, é hoje o maior empresário em plataformas de cursos online no País, dono do Grupo Residência Educação, com atuação em todo Brasil e está atento ao grave problema que o setor poderá enfrentar com a pandemia de Coronavírus e a real possibilidade da continuidade da suspensão das atividades escolares. Procurado já pelo governo de Brasília, firmou parceria para atendimento de toda rede de ensino do Distrito Federal prevendo a extensão do período em aulas presenciais. Priorizando o seu estado natal, o professor Hélio Laranjeira já encaminhou expediente ao prefeito Rui Palmeira solicitando uma audiência em videoconferência para “apresentação de soluções para o enfrentamento dos desafios da educação presencial em tempos de pandemia”. O prefeito se mostrou muito interessado no assunto.

Para refletir:

Não é a política que faz o candidato virar ladrão. É o seu voto que faz o ladrão virar político.

Alagoas bem cuidada

O governador Renan Filho e o prefeito Rui Palmeira têm dedicado suas agendas praticamente em tempo integral na busca de soluções para minorar os efeitos da pandemia de Coronavírus em Alagoas. Renan foi um dos primeiros governadores no País a tomar medidas protetivas e com recursos próprios fez andar os segmentos de saúde. Ambos (governador e prefeito) cuidaram da preservação de vidas ao decretar paralisações de algumas atividades e optarem pelo “confinamento social”. Os resultados mostram que estavam certos. Alagoas agradece pelo cuidado com a saúde de seu povo.

EXPRESSAS Trégua – Um internauta me pergunta: “Fez as pazes com o governador”? – Respondi – Não. Dei uma trégua. Eleição já – Dificilmente as eleições serão adiadas. Terão que mudar a Constituição e muitas leis. TSE não quer. Fiasco – Esse é o trôpego mandato do senador Rodrigo Cunha. Seus votos viraram decepção. JHC agindo – Disparado o mais atuante da bancada federal em tempo de pandemia. O deputado JHC tem sido muito proativo.


20

O fim de uma era

ELIAS FRAGOSO n Economista

M

esmo ausente por quase quarenta anos de Maceió, nascido e criado na Cambona, não poderia ser outra coisa que não azulino (embora o time e seus dirigentes só nos tenham passado raiva desde a medíocre e injustificável passagem pela série A). Lembro vividamente na minha infância e juventude da festa em que se transformava a Cambona, o Bom Parto, o Mutange e Bebedouro em dias de jogos do CSA. Da verde, na parte alta do Pinheiro. Da ladeira do Calmon (que era de barro),

do Bebedouro do banho do Né Fragoso, meu tio querido, que também era o “dono” do Clube 29 de julho, das festas animadas no Colégio Brandão Lima, em Bom Parto e tantas outras doces lembranças... Tudo isso está se esvaindo. Inacreditavelmente se esvaindo. Criminosamente se esvaindo. O que era para ser a base de exploração da principal riqueza mineral do estado de Alagoas, o sal-gema e, fonte para a materialização do tão sonhado e desejado desenvolvimento econômico do estado, está miseravelmente se esvaindo. Em plena crise do Coronavírus, uma tempestade perfeita se abate sobre Maceió. Sua população majoritariamente pobre ou miserável está ameaçada pelo vírus que vem da China e está abatendo milhares (serão milhões) de pessoas no mundo. A essa enorme ameaça se junta a tragédia de quatro bairros da cidade, o Pinheiro, o Bom

e

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

extra

Parto, Bebedouro e o Mutange, do estádio do CSA também conhecido como o Azulão do Mutange (como vamos chamá-lo agora se não haverá mais Mutange?!!!). Tudo se esvai. De quem é a culpa por mais de 12 mil famílias estarem sendo obrigadas a deixar tudo para trás? Ameaçadas atrozmente de verem seus bairros se destroçarem no que pode vir a ser o maior acidente urbano do mundo, com o deslocamento de bilhões de toneladas de terras em direção à Lagoa Mundaú, arrastando consigo sonhos das pessoas e uma parte das entranhas de Maceió. Tudo se esvaindo. E as autoridades incólumes, ignorantemente passivas, criminosamente corresponsáveis, absurdamente insensíveis ao terceirizar informalmente suas incompetências e corrupções para que a “raposa tome conta do galinheiro”, ao liberar a gestão informal do processo à Braskem. De quem são as responsabi-

lidades? Não é só da Braskem, certamente. Quem foram os beneficiários de “ajudas” da empresa para campanhas eleitorais? Quem desmontou o IMA para deixá-lo à mercê da empresa exploradora durante todo esse tempo? Cadê os relatórios de fiscalização do IMA e dos órgãos do governo federal que nunca apareceram? Por que a prefeitura de Maceió nunca estruturou um órgão de fiscalização para supervisionar a principal empresa do estado? Que políticos alagoanos ajudaram a empresa controladora da Braskem na corrupção petista que culminou com o indiciamento da empresa na Lava Jato? Essas perguntas precisam ser respondidas. Afinal são 4 bairros importantes da cidade que estão em vias de desaparecerem. Pelo silêncio sepulcral, falta apenas os moradores serem responsabilizados pela tragédia.

sar. Pelos passados, sempre foi nosso costume comemorarmos em família. Mas a vida nos prega peças. De repente, um filho transfere-se para o exterior e uma filha para o sul do país. Os dois com suas famílias. Nossa mesa que veio da casa de meus pais, em um tempo era grande. Apenas nós e nossos filhos. Em outro, ficou pequena com a chegada de netos e bisnetas. Agora, tornou-se grande novamente. E maior ainda com essa restrição de convivência. Para nos aquietarmos, a tecnologia da informática vem prover essas faltas físicas de

uma maneira inusitada; todos em suas casas, na mesma hora, com um jantarzinho para cantar os parabéns ao vivo pelo grupo da internet. Porém, são momentos como esses que nos fazem refletir com o grande poeta da língua portuguesa, Fernando Pessoa, o que nos legou: “Há momentos em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.

De quem é a culpa por mais de 12 mil famílias estarem sendo obrigadas a deixar tudo para trás? Ameaçadas atrozmente de verem seus bairros se destroçarem no que pode vir a ser o maior acidente urbano do mundo.

Março, outra vez

JOSÉ MAURÌCIO BRÊDA n Economista

Pois é, estamos em março, mais uma vez. Já me nominei, certa feita, de marciano, pois nasci neste mês dedicado a Marte. Lembrei também que, marcianos como eu, outras duas pessoas da minha maior estima, fizeram-me companhia neste nascedouro: meu saudoso pai, Carlos

Lôbo Moreira Brêda, e meu, não menos saudoso, sogro, Ib Gatto Falcão. E, sempre que chegam suas datas natalícias, lembramos, e a eles dedicamos nossas orações. Passaram-se anos para que nos acostumássemos com a intransponível distância. Mas aqui fiquei e, comigo, uma dúvida quando me perguntam quantos anos tenho. Se devo dar os que já vivi ou o tempo que me falta viver. Com certeza, 76 já foram passados, mas fica uma enorme interrogação quanto aos que ainda possam vir. Momento de reflexão nos tempos de Coronavírus. Agradecer pelo que atravessei e entregar ao Divino pelo que possa pas-

Há momentos em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.


e

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

21

extra

Alagoas: a economia no tempo da epidemia

CÍCERO PÉRICLES

n Professor de Economia da Ufal

N

este momento de dificuldade econômica gerada pela epidemia do Coronavirus, o Congresso Nacional aprovou a renda mínima emergencial, a mais importante medida de proteção das pessoas, das empresas e dos empregos até agora definida. Essa renda deverá cobrir a maior parte da população atingida pela crise: os trabalhadores informais, os microempreendedores individuais e os desempregados, com a única exigência de que eles estejam inscritos no Cadastro Único. Todos terão direito, por três meses, a uma renda de R$ 600,00. Em Alagoas, segundo o IBGE, mais de 150 mil alagoanos trabalham no setor privado e não têm nenhum contrato formal; 50 mil trabalhadores domésticos vivem, também, sem carteira; 240

mil pessoas trabalham como autônomos, por conta própria, sem carteira ou CNPJ. Os microempreendedores individuais (MEI) são 94 mil. Como se não bastasse, 160 mil alagoanos estão desempregados. Esses trabalhadores, na sua ampla maioria, estão entre os membros das 650 mil famílias inscritas no Cadastro Único do Ministério da Cidadania. Se o programa de renda mínima cobrir 500 mil pessoas em Alagoas entregará uma renda de R$ 300 milhões mensais, o que significam R$ 900 milhões nos três meses previstos. Para efeito comparativo: o governo federal paga, mensalmente, R$ 196 a cada uma das 390 mil famílias inscritas no Programa Bolsa Família, o que representa R$75 milhões mensais. O pagamento do programa emergencial de renda mínima representará quatro vezes mais, chegará rapidamente a quem mais necessita e poderá gerar um forte impacto positivo na economia, principalmente nos setores mais afetados: os de comércio e serviços. Por outro lado, o governo federal está alinhavando uma linha emergencial de crédito que destina recursos para pagamento da folha de pessoal das empresas de pequeno e médio porte, unidades que faturam de R$ 360 mil a R$ 10 milhões por ano. A empresa fecha um acordo com um banco, que pagará até dois salários mínimos por cada trabalhador, durante dois meses,

com prazo de carência de seis meses e juros de 3,7% ao ano, com a garantia de que a empresa não demitirá. Neste desenho, serão 10 mil empresas com essa possibilidade de acessar o crédito. No entanto, o BNDES sinalizou a possibilidade da inclusão das microempresas, as que têm até nove empregados e faturam até R$ 360 mil por ano. Com essa ampliação, mais 40 mil microempresas alagoanas poderão acessar esse crédito, empresas que empregam em torno de 100 mil pessoas. O ambiente para empresários e trabalhadores vai se desanuviando. A prorrogação do decreto emergencial do Estado flexibilizou, para alguns setores, a volta à atividade, como o setor industrial, que poderá reativar sua produção, mas sob controle e limites de cuidados que a epidemia exige; já a rede de restaurantes poderá utilizar o sistema “pegue e leve” e, as lojas comerciais podem funcionar pelos serviços de entrega. Essas medidas aliviam a vida dessas empresas, mas não resolvem plenamente seus problemas. É fundamental que o tecido empresarial conte com o apoio financeiro da rede bancária, por meio de linhas especiais, e que as famílias alagoanas tenham recursos para a aquisição de alimentos e outros produtos básicos. Essa construção, um caminho seguro para minimizar as perdas econômicas, teve uma boa notícia: o Supremo

Tribunal Federal (STF) suspendeu o pagamento da dívida do Estado com a União por seis meses. A parcela mensal é de R$ 32 milhões, que deve ser utilizada exclusivamente no plano de combate ao Coronavírus. Serão R$ 200 milhões a mais para que o Estado de Alagoas exerça seu papel, neste momento, que é o de planejar o trabalho na área da saúde, coordenar as ações de prevenção, atuar de maneira clara para que a população se sinta mais tranquila e segura. O papel do Estado de Alagoas de intervenção direta na economia é muito limitado pelos recursos orçamentários escassos, principalmente em época de crise. O que o Estado pode fazer, neste sentido, junto com as prefeituras, representação empresarial, sindical e entidades civis, é apoiar o acesso a esses recursos, como os da renda mínima e o crédito bancário para as micro, pequenas e médias empresas e, desta forma, que a cidadania tenha garantida a renda para suas despesas básicas; as empresas sobrevivam a esses três meses, mesmo amargando algumas perdas; e, os empregos fiquem garantidos. A epidemia deverá durar alguns meses e a resposta, na área da prevenção de saúde, é o isolamento social; e na economia será sempre a busca de mais renda para as famílias necessitadas e melhores condições para que as empresas possam sobreviver.

adiantava tentar convencê-la de que havia chegado a hora de dividir os extras com os “deserdados”. Acreditava no que não existia. Ouvia conversas de todos os lados. Não percebia que, enquanto ela tinha cinquenta anos, os outros irmãos estavam acima dos setenta e todos com doenças graves. Apelava para o choro, para a vitimização. Impossível fazê-la ver a realidade. Jogou uns contra os outros. Não ouvia ninguém! E o pior de tudo: adoeceu gravemente. Para acalmar os ânimos, os envolvidos deixaram o tempo passar e pararam de consultar os doutores da lei do reino. “O tempo é senhor da razão”, pensam uns. “Ela cairá na realidade”, dizem outros. No fim, ela é uma criatura do bem. A princesa, no entanto, ficava cada dia mais brava. Afastou-se de todos! Não recebeu a irmã mais velha em sua casa. Isolou-se! Esqueceu-se de que não somos ninguém sem amigos! De repente, mais que de repente, houve uma grande epidemia no reinado. Sobre ele apareceu um vírus que pode matar qualquer pessoa. Mas existem grupos de risco que são os idosos, os hipertensos, os cardíacos, os diabéticos e os doentes do pulmão. Uma

verdadeira bomba! A princesa e os “deserdados” são alvos fáceis para o vírus. O momento atual no reino é para pensarem em preservar a vida! Todos precisam se proteger, correr da doença, da internação obrigatória e da morte. Até nisso o velho rei era visionário. Do lugar de onde está, administra seus filhos, mostrando-lhes porque protegeu a princesa caçula: era a mais frágil de todas. Quer ser forte, abraçar os mais fracos, contudo ela é a mais necessitada hoje, agora, já. Está no mesmo barco que os irmãos. Precisa proteger-se do vírus e não só pensar na herança e seus dividendos. De que vai adiantar tanto dinheiro se não puder gastá-lo? O seu problema de saúde é bem maior do que o de todos os outros irmãos. Precisará de muita oração. Vi esse filme esta semana no Netflix e os leitores vão querer saber do final. Claro que contarei. A princesa, doente, curte sua pequena família, esquece dos irmãos, mas lembra-se diariamente do velho rei afirmando: “Todos são iguais perante o vírus! Cuide-se e olhe para seus irmãos”! Deus existe! Não duvidem!

É fundamental que o tecido empresarial conte com o apoio financeiro da rede bancária, por meio de linhas especiais, e que as famílias alagoanas tenham recursos para a aquisição de alimentos e outros produtos básicos.

Tempo de vírus

H

avia um certo reinado, bem longe daqui, onde o rei e a rainha eram pobres. Entretanto, o soberano era visionário e previa fatos futuros. Tiveram vários filhos e, depois de algum tempo, nasceu uma linda princesa, por quem se apaixonaram perdidamente. Cresceu a bela menina sem certos limites, porque os pais tinham medo de morrer e deixá-la órfã. Apesar das críticas dos irmãos mais velhos, a caçulinha foi crescendo tendo tudo do bom e do melhor. Estudiosa, inteligente, arisca, meio tímida, chegou à faculdade, mas não terminou o curso, pois apaixonouse por um jovem rapaz, com quem se casou bem cedo. Aos trancos e barrancos, tiveram filhos e se separaram. Os pais dela morreram cedo e ela já morava em outro reino. Apesar de pobre, o rei era inteligente e deixou para a bela menina uma herança que duraria enquanto ela vivesse. Com a renda deixada pelo rei, a princesa educou seus filhos. De vez em quando apareciam remotos dividendos, mas a menina nunca de lembrou de reparti-los com os outros irmãos. Na cabeça dela, tudo que o pai deixou era dela e, agora, de seus filhos.

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

O tempo foi passando e a herdeira foi ficando madura. E a herança continuava rendendo seus frutos, agora já por mais de trinta anos. Nesse intervalo, surgiram outros prêmios, em dinheiro, deixados pelo velho monarca. Os irmãos foram chamados pela Justiça para conseguirem da irmã a divisão dos extras. Isso ocasionou uma revolta da princesa, que não se conformou com o novo fato. Como sempre foi tímida, mas arisca, resolveu atacar os irmãos, agredindo a todos e deles se afastando. Não

O momento atual no reino é para pensarem em preservar a vida! Todos precisam se proteger, correr da doença, da internação obrigatória e da morte.


e

22

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

extra

Brasil: cada um por si contra o Coronavírus

ISRAEL LESSA

O

n Ex-superintendente Regional do Trabalho

mundo está travando uma luta contra a Covid-19, que além de desestruturar a saúde de muitos países, também está afetando a economia, mesmo em grandes países, como os Estados Unidos da América, por exemplo. O principal agravante da proliferação do vírus são os impactos causados na sociedade devido a quarentena implantada em diversas regiões para conter o avanço da doença, mas isso significa retrocesso financeiro e o preço dessa conta é alto! Líderes políticos de diversos países estão em uma atividade constante para que a população não sofra tanto

com o surgimento dessa doença que paralisa negócios mundo afora. Nos EUA, será implantado o maior pacote de estímulos econômicos da história do país. Em reais, considerando o valor do dólar no dia que foi divulgado a ação - R$ 5,05 - , o valor do investimento equivale a R$ 10,14 trilhões. Lógico que temos consciência da proporção da grande potência econômica que representam os americanos, comparados ao Brasil, mas precisamos que o nosso país caminhe de uma maneira prudente para salvar a economia de modo geral, não só os cofres dos empresários. Na Argentina, por exemplo, o impacto econômico ainda não foi mensurado de forma abrangente, mas algumas medidas já adotadas pelo presidente mostram a maturidade com que estão lidando com a situação. Segundo a correspondente da BBC em Buenos Aires, o presidente reforçou em um comunicado em rede aberta que os argentinos que estavam em regiões onde o vírus já se espalhou respeitem a quarentena ou podem ser punidos criminalmente. Além de suspender as aulas, o governo afirmou que as autoridades vão verificar residência por

residência se as pessoas que estavam em zona de riscos estão respeitando a recomendação de isolamento. No Equador, apesar do baixo número de registro de casos, o presidente do país se posicionou e já implantou as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) com intuito de conter o avanço do vírus. Uma das restrições foi a suspensão de eventos e aglomerações, enquadrando também as igrejas e templos religiosos. “As igrejas devem manter seus serviços por meio da televisão, da internet e de outras mídias alternativa”, diz parte do comunicado. O Brasil vai na contramão e Bolsonaro é o principal responsável por tamanha insanidade. O presidente incluiu igrejas na lista de serviços básicos que devem ser mantidos mesmo durante a quarentena. Atitude que vai de encontro com as recomendações da OMS e do próprio Ministério da Saúde do nosso país. Isso não é nada se comparado à atitude que Bolsonaro tomou contra a classe trabalhadora do Brasil. Sem dúvidas a mais covarde de todo essa crise que estamos enfrentando. Medida Provisória publicada no dia

22 de março permitia a suspensão de contratos dos trabalhadores por 4 meses, dando assim liberdade ao empregador de deixar milhares de trabalhadores por todo país sem ajuda financeira, sem a remuneração já tão pouca - pelo seu trabalho. Por sorte, a MP foi derrubada e assegura o trabalhador dos seus direitos, mesmo num período tão delicado como esse. Está em andamento a aprovação de um auxílio emergencial para os trabalhadores informais, na condição de Microempreendedor individual (MEI),ser contribuinte individual ou facultativo do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) ou ter cumprido o requisito de renda média até 20 de março de 2020. A proposta já foi aprovada pelo Congresso Nacional, Câmara e Senado, dependendo apenas da sanção do presidente da República. A proposta inicial do poder Executivo era de que a ajuda fosse de apenas R$ 200, quadro que foi revertido pelo Congresso Nacional, alterando o valor para R$ 600.

No Equador, apesar do baixo número de registro de casos, o presidente do país se posicionou e já implantou as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) com intuito de conter o avanço do vírus.

andado na contramão deste pensamento, tendemos e tentamos ser, cada vez mais, ilhas. Não se dá mais bom dia nas ruas, não se oferecem sorrisos gratuitos e amistosos, não se pergunta mais ao próximo se podemos ajudar de alguma forma. Agora os olhos são para o WhatsApp, para a foto do amigo/a nas redes sociais ou para os bens de consumo. Não que eu esteja reclamando, estou apenas constatando. É assim que as coisas são agora, este é o nosso estilo de vida. E daí surge a percepção de que como não somos ou não podemos ser “ilhas”, precisamos, de uma forma ou de outra, de uma companhia, real ou virtual, externa ou interna, precisamos do diálogo, necessitamos nos expressar, opinar, manifestar ou simplesmente fofocar. E para isso temos os meios eletrônicos, os amigos de ocasião, nossa família ou mesmo o cabelereiro ou o professor da academia. Às vezes serve!

Mas a melhor companhia continua a mesma. Você! Sim, o mais necessário está bem dentro de si. Gostar de estar consigo mesmo, de conversar, de se aceitar e de se amar é, no mundo de hoje, uma característica essencial para a convivência social. Se libertar de clichês, pensar por si mesmo, gostar do que gosta ou de quem gosta, enfim, ser você mesmo, sem culpa ou autopiedade, ser sincero e autêntico, reconhecendo as falhas, as virtudes e dialogando consigo mesmo todos os dias é um fator chave para atrair companhias reais, verdadeiras e desinteressadas. É impressionante como a resposta a várias das nossas maiores dúvidas na vida está ridiculamente perto, tão perto que não enxergamos: está dentro de nós mesmos! Aprenda a se curtir, a se gostar, a se divertir consigo mesmo, a se enxergar como sua melhor companhia. Daí a cada dia, não importa, sorria, saia da correria, curta sua melhor companhia com muita alegria. O mundo ganhará novas cores para você, tu vais ver! Seja sua melhor companhia.

Somos hoje ilhas, andamos na reta oposta do pensamento de Hemingway que dizia que nenhum homem é uma ilha. Hoje, temos andado na contramão deste pensamento, tendemos e tentamos ser, cada vez mais, ilhas.

A melhor companhia

PAULO NICHOLAS n Advogado e escritor

M

eio do mundo, pessoas passam tocando suas vidas como se nada mais existisse ou importasse, como se seus problemas, seus interesses, seus entes queridos e suas ambições fossem o alvo único da humanidade. Se alguém fez ou falou algo, foi unicamente para ajudar ou destruir seus interesses ou sua paz, nada mais. Já parou para perceber que quanto mais cheio, mais intenso e mais movimentado o lugar, mais sozinhos estamos? Não importa se

é o centro de uma grande cidade, no elevador de um prédio comercial ou em um grande condomínio, cada um vive por si, por seus problemas, pelos seus. O mundo moderno é surpreendentemente solitário, por nossa culpa, afinal não gostamos nós mesmos de ater nosso tempo atenção e energia nos problemas alheios, crendo que os nossos já nos bastam. O autoisolamento que a gente se autoimpõe é uma característica do mundo atual, imutável, intransponível, inserido na nossa cultura e inerente ao nosso modo de vida. Quanto mais gente por perto, mais nos protegemos, mais nos isolamos, menos a vida do outro nos é valiosa, menos os problemas alheios nos importam. Exceto quando por algum motivo somos obrigados a nos isolar. Aí um fato curioso ocorre: queremos companhia, queremos interação, queremos saber do outro. Somos hoje ilhas, andamos na reta oposta do pensamento de Hemingway que dizia que nenhum homem é uma ilha. Hoje, temos


MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

e

23

extra

DURANTE A PANDEMIA

Conselho de Medicina alerta médicos e a população sobre medidas de segurança

O

Conselho Regional de Medicina de Alagoas (CREMAL) comunica aos médicos e a sociedade alagoana recomendações e medidas a serem tomadas no atual momento de pandemia, provocado pela Covid-19. Em alinhamento com as autoridades e avaliando de forma técnica as ações para prevenção, o CREMAL define: • A continuidade dos atendimentos ambulatoriais e procedimentos eletivos (consultas, exames e cirurgias); • Restrição às visitas

hospitalares, com redução do número de pessoas e tempo de permanência; • Exigência do fornecimento de EPIs necessários para todos os médicos e unidades de saúde do Estado; • Recomenda à população cautela e que siga as orientações básicas de higiene e isolamento, procurando as unidades de saúde apenas se houverem sintomas respiratórios; • Aos médicos, a entidade solicita que todos os esforços sejam realizados, com o único objetivo de oferecer aos pacientes o melhor atendimento possível.

Ainda em pequena escala no estado de Alagoas, a disseminação do Covid-19 pode ser uma realidade. “Cabe ao cidadão restringir suas atividades, cuidar de sua higiene e principalmente, observar se está com sintomas da doença, para que inicialmente haja um período de isolamento”, afirma o presidente, Fernando Pedrosa. “Procurar uma unidade de saúde a qualquer sinal de resfriado é um erro, isso será necessário apenas se o quadro evoluir para problemas respiratórios mais graves”, completa. Aos médicos, o conselho

conclama que todos estejam a postos e que as unidades de saúde preparem-se para receber os pacientes. “Temos profissionais muito preparados em todo o estado, então estamos certos que independente de ser na rede pública ou privada, os casos serão tratados com toda a seriedade e profissionalismo que o momento exige”, avalia Pedrosa. TREINAMENTO Em uma das primeiras iniciativas do país, o CREMAL reuniu no final de fevereiro cerca de 300 médicos e estudantes de Medicina para

assistir um workshop, evento realizado antes da explosão da Covid-19. No evento a doença foi amplamente discutida e os médicos tiveram além das informações básicas de prevenção e variáveis dos sintomas, orientações sobre como notificar os casos suspeitos às autoridades competentes, como tratar e como se protegerem.

COVID-19 Conselho de Medicina de Alagoas alerta médicos e a população sobre medidas de segurança durante a pandemia O Conselho Regional de Medicina de Alagoas (CREMAL) comunica aos médicos e a sociedade alagoana recomendações e medidas a serem tomadas no atual momento de pandemia, provocado pela Covid-19. Em alinhamento com as autoridades e avaliando de forma técnica as ações para prevenção, o CREMAL define: • A continuidade dos atendimentos ambulatoriais e procedimentos eletivos (consultas, exames e cirurgias); • Restrição às visitas hospitalares, com redução do número de pessoas e tempo de permanência; • Exigência do fornecimento de EPIs necessários para todos os médicos e unidades de saúde do Estado; • Recomenda à população cautela e que siga as orientações básicas de higiene e isolamento, procurando as unidades de saúde apenas se houverem sintomas respiratórios; • Aos médicos, a entidade solicita que todos os esforços sejam realizados, com o único objetivo de oferecer aos pacientes o melhor atendimento possível. Ainda em pequena escala no estado de Alagoas, a disseminação do Covid-19 pode ser uma realidade. “Cabe ao cidadão restringir suas atividades, cuidar de sua higiene e principalmente, observar se está com sintomas da doença, para que inicialmente haja um período de isolamento”, afirma o presidente, Fernando Pedrosa. “Procurar uma unidade de saúde a qualquer sinal de resfriado é um erro, isso será necessário apenas se o quadro evoluir para problemas respiratórios mais graves”, completa. Aos médicos, o conselho conclama que todos estejam a postos e que as unidades de saúde preparem-se para receber os pacientes. “Temos profissionais muito preparados em todo o estado, então estamos certos que independente de ser na rede pública ou privada, os casos serão tratados com toda a seriedade e profissionalismo que o momento exige”, avalia Pedrosa. TREINAMENTO Em uma das primeiras iniciativas do país, o CREMAL reuniu no final de fevereiro cerca de 300 médicos e estudantes de Medicina para assistir um workshop, evento realizado antes da explosão do Covid-19. No evento a doença foi amplamente discutida, tiveram além das informações básicas de prevenção e variáveis dos sintomas, também foram orientados de como notificar os casos suspeitos às autoridades competentes, como tratar e como se proteger.


e

24

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

extra

CORRUPÇÃO NO JUDICIÁRIO DE ALAGOAS Herílio Machado, escritor, jornalista e acadêmico de Letras

O

Judiciário de Alagoas tem se revelado uma instituição nociva à classe plebeia. Sobre essa avaliação, um juiz aposentado escreveu num artigo seu que, para alguém ser vitorioso no nosso Judiciário, esse precisa ter dinheiro para pagar o advogado e comprar a sentença. Creio que o Judiciário está enfermo de um modo geral. Fiz uma denúncia, neste jornal, de que a Caixa Econômica Federal estava se apropriando, ilegalmente, de dinheiro dos correntistas. Como disso também fui vítima, impetrei segurança pela restituição do indébito. O relator no TRF-5, desembargador Paulo Roberto de Oliveira Lima, induziu a turma a julgar protegendo os interesses da vilã, empresa pública. Esse desembargador foi meu advogado e, ao ascender a juiz federal, ajudou a CEF a tomar minha casa por meios fraudulentos, critério ratificado pelo TRF-5. Agora, nessa matéria, denuncio a 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Alagoas que, para desconstituir sentença de 1º grau, em usucapião julgado a meu favor, o relator, desembargador Celyrio Adamastor Tenório Accioly, fez constar em sua relatoria dados falsos, que induziram seus pares a erro, o que configurou julgamento e acórdão criminosos, pelo ato se enquadrar no art. 347 do Código Penal, que legisla ipsis litteris: “Art. 347. Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito”. ISSO CONFIGURA CRIME DE FRAUDE PROCESSUAL Nesse delito se enquadra o ato do relator e irei processar esse por crime de abuso de autoridade. O abuso se agrava, face esse denegrir a imagem do juiz prolator da sentença a quo, ao acusá-lo de praticar cerceamento de defesa contra a Morada Engenharia, representada por Osvaldo Augusto Santos Costa. Também acusa omissão do prolator da sentença em não considerar que havia contra mim a ação de reintegração de posse de nº 0000043-49.2013.8.05.0001, ainda não julgada e, caso julgada pelo reconhecimento do esbulho, isso esvaziaria a minha tese de posse mansa e pacífica. Na edição do EXTRA de 10 a16 de outubro de 2014, no artigo que fiz publicar com o título SHAMMARA DE DEUS, denunciei o conceito do senhor Osvaldo na Polícia Federal. Esse senhor Osvaldo, quando estudante no Colégio Marista, já então era conhecido como Osvaldinho Safadeza e nunca desmereceu essa alcunha, pois invadiu minha propriedade com falsos policiais e falsos agentes do IBAMA. Levei o fato à Superintendência desse órgão e recebi um ofício, que se acha anexo às provas dessa denúncia, de ordem da então Superintendente do IBAMA, Sandra Meneses, informando que não mandou ninguém fiscalizar minha propriedade. Procurei a Polícia Federal para denunciar a falsidade ideológica. Quando o agente me indagou a identidade do algoz, informei que era Osvaldo da AutoStar Veículos. Ao que o agente replicou: Quase todo dia aqui chega queixa desse cabra safado. Só que são queixas fora da nossa competência. Quando chegar uma de nossa alçada, ferraremos o patife. Já sabemos que ele tripudia de suas vítimas, porque tem certos desembargadores envolvidos nos seus negócios ilícitos”. Esse incidente, declarado pelo agente da Polícia Federal, que tem desembargadores envolvidos com as falcatruas de

Osvaldinho safadeza, eu tornei público na matéria do EXTRA edição de 10 a 16 de outubro de 2014. Agora, pela denúncia nesta matéria, verdadeiramente comprovei, que existem certos desembargadores envolvidos com Osvaldo, até em tráfico de maconha. Comprei o imóvel usucapindo a José Murilo Cirino Nogueira em 1978. A assessora jurídica do IBAMA informou a então superintendente Sandra Meneses que o imóvel era meu, pois foi ela quem fez a escritura do negócio, quando então secretária do tio Murilo Nogueira. Como à época eu vivia mais no interior, exercendo a função de auditor fiscal e não podia cuidar do imóvel, o arrendei em comodato a Walther Tenório. Esse era também piloto do avião do senador Carlos Lyra. Como o imóvel em querela tem 15.000m² de mata, Walther fez uma grande plantação de maconha, que era contrabandeada para os Estados Unidos no avião do senador. Desse tráfico participavam Osvaldinho e até certos desembargadores, conforme gravação em meu poder. Quando, com o processo de usucapião querelado, ainda no Cartório da 10ª Vara Cível da Capital, ao constatar que juntadas intempestivas eram tornadas tempestivas por alteração da data na autenticação mecânica, denunciei o expediente ilegal e pedi providências ao Conselho Nacional de Justiça. Foi relator o ministro João Otávio de Noronha, que cuidou de engavetar a denúncia. Logo esse ministro foi eleito presidente do STJ. Estranho que todos os meus Recursos Especiais ao STJ sempre caíam na relatoria do ministro Noronha e esse logo cuidava em prejudicar os mesmos. No caso presente fiz agravo ao STJ, por inadmissão manipulada pelo desembargador Sebastião Costa, que também caiu na relatoria do presidente Noronha, que se empenhou em validar o Acórdão criminoso. Criminoso por ser este resultado do crime de fraude processual. Chego a crer que o Excelentíssimo Min. João Otávio de Noronha, pelo seu zelo em proteger a fraude, me acudiu a suspeição de que esse bem poderia ter também mamado nas tetas do negócio da maconha. Senhores leitores, é bom que saibam agora porque nas pesquisas de credibilidade das instituições, a Polícia Federal e as Forças Armadas sempre lideram essas consultas. A credibilidade do Judiciário fica sempre na rabeira das pesquisas. Já começou a reação contra a corrupção no Judiciário e vai crescer a hostilidade contra magistrados que vendem sentenças. No próprio STJ, o ministro Paulo Medina foi afastado por vender sentença. Em Craibeiras-Pe, um juiz e um promotor se acoloiaram para vender o direito de propriedade de um agricultor com terras próprias. O juiz despachou favorável a usurpação, fundamentando o seu ato no parecer do promotor. O matuto perdeu o bem pelo qual lutou a vida toda e o promotor perdeu a vida, pois, o matuto o matou. Ao lado desta matéria se acham as provas de que o acórdão em favor de Osvaldo foi fraudado, resultando um julgamento criminoso, que se revela na sua origem como manipulado por fraude processual. Observem os leitores que, para um Osvaldo que abandonou o processo por um ano e três meses, o que o enquadra no art. 485, II, do CPC/2015; nunca atendeu intimação nem do juiz nem por edital; tão pouco atendeu, na Apelação, o disposto no art. 932, III, do CPC/2015. Fato que pode gerar a inadmissão

do recurso. Assim suspeita a conduta do querelante, Osvaldo, que deveria ser mais assíduo no respeito às normas processuais, caso almejasse vitória lícita. A conduta estranha de Osvaldo Costa reflete que ele estava tão convicto de que certos desembargadores não o deixariam perder a lide, talvez devido à ameaça de perda do lucro da maconha, que deixou por conta desses criar álibis para beneficiá-lo, como aconteceu. O lucro do negócio da maconha era tão significativo, que o arrendatário Walther, um modesto funcionário do INSS, cedido para pilotar o avião do senador Carlos Lyra, construiu uma casa no valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Leitores, o relator Celyrio Adamastor fechou os olhos a todos os abusos praticados pela Apelante, representada por Osvaldo Costa que, para anular a sentença a quo, em favor do Apelado, ora denunciante, lhe foi conferida por justo título e boa-fé. A evidente vitória do ora denunciante fez Osvaldo induzir o Relator a inventar que havia o processo nº 0000043-49.2013.8.02.0001, da Morada Engenharia contra o ora denunciante e, com esse álibi, a 3ª Câmara Cível do TJAL anulou a sentença de 1º grau em favor do denunciante e determinou que o processo voltasse à Vara de origem para receber nova sentença. Como sabem que o prolator da primeira sentença não é corrupto, tiraram dos demais juízes a competência de julgar a ação de usucapião e transferiram esse mister para a 29ª Vara Cível da Capital, onde, sem dúvida, o juiz é confiável aos manipuladores. Agora, vamos às provas da fraude. O processo nº 000004349.2013.8.02.0001, que no Acórdão a 3ª Câmara Cível do TJAL foi usado como sendo contra o denunciante, a fim de anularem a sentença em seu favor. Contra essa fraude fica aqui provado que o processo acima é da Morada Engenharia, representada por Osvaldinho, contra JOSÉ ADILSON DOS SANTOS e não contra HERÍLIO MACHADO. Esse é o nosso Judiciário, onde certos membros desse poder não vacilam em adulterar e sabotar decisões judiciais quando lhes é conveniente, o que fazem sempre à revelia da lei e em favor de seus interesses pessoais. Na petição de Apelação, não consta no embasamento do recurso nenhum argumento mencionando que o processo acima é contra o denunciante. Assim, patente que o álibi foi inventado pelo relator Celyrio Adamastor. Já comuniquei a fraude ao STJ, onde a denúncia foi manipulada pelo ministro Noronha; já denunciamos a fraude ao Conselho Nacional de Justiça, que ainda não se manifestou, e também denunciamos a fraude ao Ministério Público Federal. Li no jornal EXTRA, edição de 12 a 18 de abril de 2019, que o Tribunal de Justiça do Ceará condenou o desembargador Carlos Rodrigues Feitosa à perda do cargo e a pena de 13 anos de prisão em regime fechado, por venda de sentença. Esses desembargadores de tamanha envergadura de caráter é que deveriam compor o Conselho Nacional de Justiça. Espero que Celyrio Adamastor, pelo menos, tenha seus atos fraudulentos anulados e seja afastado do cargo ou encaminhado para ser julgado pelo Tribunal de Justiça do Ceará. Advirto que quem invadir meu terreno amparado em acórdão falsificado, vai ser recebido a bala. Pois preciso praticar o que aprendi com Che Guevara.


e

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

25

extra

ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Câmara Federal

Bancos x Coronavírus

O

s grandes bancos do País lançaram na semana passada uma ação conjunta com objetivo de diminuir o impacto das medidas para conter o avanço do novo Coronavírus sobre a economia. A promessa anunciada era permitir a clientes a possibilidade de adiar, por até 60 dias, o pagamento de parcelas de empréstimos. Mas quando os correntistas entraram em campo para obter o benefício, a grande maioria se decepcionou. Os canais de atendimento não funcionam, falta informação entre

A Câmara dos Deputados aprovou na última semana um projeto que dispensa o trabalhador infectado por Coronavírus de apresentar atestado médico para justificar a falta e garantir o recebimento de salário. O objetivo é evitar uma corrida aos hospitais por parte de quem tem sintomas leves apenas em busca do atestado e conter a propagação o vírus. A matéria ainda precisa ser aprovada pelo Senado para virar lei.

INSS O INSS lançou um novo site para aposentados, pensionistas e beneficiários da Previdência Social acessarem o informe de rendimentos do Imposto de Renda (IR) – ano-base 2019. A medida, segundo o órgão, tem como objetivo minimizar limitações decorrentes da pandemia do Coronavírus, diante da proximidade do prazo final para declaração, que acontece em 30 de abril. Para acessar o informe de rendimentos é preciso informar o número do benefício do INSS, data de nascimento, CPF e nome do beneficiário.

Coronavoucher Nos últimos dias, algumas mensagens têm sido compartilhadas via WhatsApp prometendo facilitar a liberação do auxílio emergencial de R$ 1,2 mil durante o período de quarentena para evitar a disseminação do Coronavírus. Porém, o governo federal alerta que se trata de um golpe. As mensagens fraudulentas compartilhadas têm links maliciosos que direcionam para supostas páginas oficiais. Anunciado na semana passada, o auxílio emergencial durante a quarentena da Covid-19 ainda precisa ser sancionado pelo presidente da República para ser disponibilizado à população que tem direito ao benefício.


26

e

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

extra

NO PAÍS DAS ALAGOAS

O cemitério, um alvo da campanha

A

cidade alagoana de Pão de Açúcar se agitava com mais uma campanha para eleger os membros do poder municipal. Elísio Maia era o prefeito. Seu filho, Elísio Sávio Maia, disputava o maior cargo daquela contenda com Jorge Dantas. Elísio Maia havia construído, meses antes das eleições, um moderno cemitério que haveria de impor mais respeito e dignidade aos munícipes quando chegasse a “hora fatal”. Algo estranho, porém, estava acontecendo naquela bela e aprazível cidade. Ninguém morria naquele período, o que impedia o prefeito de inaugurar aquele campo santo. O adversário político dos Maias, Jorge Dantas, aproveitou-se daquela situação para comparar Elísio Maia com Odorico Paraguaçu, o lendário prefeito de Sucupira. Elísio Maia não gostava daquela comparação. Passavam-lhe coisas ruins pela cabeça, entretanto, apenas reclamava daquele casuísmo político do candidato Jorge Dantas. Certo dia, o prefeito recebeu, em sua residência, o deputado federal José Thomaz Nonô, a quem o velho cacique

TEMÓTEOCORREIA

n Ex-deputado estadual

devotava uma amizade que existia desde a época do pai do parlamentar, Aloísio Nonô, que também havia sido deputado federal. Elísio Maia se sentiu à vontade para desabafar: - Olha, Nonô, esse rapaz está passando dos limites. Vai e vem, ele está me comparando com o tal do Odorico Paraguaçu. Ninguém morre por aqui, portanto, eu não posso inaugurar o cemitério, uma obra tão bonita. Não sei o que faça. Thomaz Nonô: - Elísio, por que você não arranja um cadáver e inaugura logo esse cemitério? Elísio Maia: - Me respeite seu Thomaz! Estou começando a sentir falta do seu pai, que era um homem sério. - Você me interpretou mal, Elísio. Eu me referi a um cadáver de morte natural. - Seja mais claro, seu Thomaz. Eu vou lhe dizer uma coisa: cemitério que se preza, não escolhe cadáver de morte natural ou desnatural. Mas, como manda a democracia, eu vou deixar para o meu sucessor inaugurá-lo naturalmente.


MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

e

27

extra

FERNANDO CALMON Vendas podem cair de 10% a 20% em 2020

O

motorista brasileiro está rodando com seu veículo bem menos por causa da crise provocada pela Covid-19 e o consequente distanciamento social. Pelo menos duas referências comprovam isso. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estimou que a queda foi de 50% em relação à primeira semana deste mês de março. A referência parte de indicadores do aplicativo de rotas Waze amplamente utilizado no País. Esses dados alinham-se ao do aplicativo de manutenção monitorada em tempo real Vai, da startup brasileira Wings, que faz levantamento do perfil de rodagem a partir de modem e GPS instalados nos carros. A empresa relata impacto de cerca de 50% acarretado principalmente por uma parcela bem alta de veículos que simplesmente deixou de circular desde o início do mês. A queda só não foi maior em razão de frotistas ainda não terem diminuído o ritmo, em grande parte por prestarem serviços essenciais. A referência é 1º a 27 de março. Difícil fazer projeções sobre o que acontecerá no mercado de automóveis novos em abril e nos próximos meses. Na primeira quinzena de março as vendas vinham relativamente bem, em torno de 9.000 unidades diárias. Entretanto ocorreu queda brusca, na segunda quinzena, de aproximadamente 80%. O resultado deve-se também às dificuldades de emplacar carros em mercados fundamentais como os de São Paulo e Rio de Janeiro. O consultor Francisco Mendes, que acumula grande experiência no setor varejista de veículos novos, conversou comigo sobre cenários de abril até dezembro. Ele disse ter traçado duas hipóteses para 2020, ambas negativas, sobre os números de 2019. Tudo dependerá do tempo da inevitável quarentena para achatar a curva de expansão da doença virótica

n fernando@calmon.jor.br

ALTA RODA originada na China, no fim do ano passado. Se na maior parte do País o isolamento horizontal continuar até 22 de abril, logo após o feriado de Tiradentes, a queda no ano será de até 10% em relação a 2019. Basicamente porque abril será fortemente negativo, refletindo em maio e junho. Os estoques estão altos e ficará difícil encontrar compradores. As fábricas de veículos continuarão fechadas no mínimo até 30 de abril. A produção voltará lentamente, mas não dá para projetar em que ritmo. O segundo cenário é uma queda de até 20% no ano com consequências ainda mais sérias, inclusive no PIB do País. Mendes afirma que, por dever de ofício, tem de projetar também esta hipótese bastante dolorosa. Neste caso, a maioria das concessionárias estará sem capital de giro no terceiro trimestre. “Sou economista, mas confesso que a economia muitas vezes não se comporta como ciência exata. Difícil prever o humor dos consumidores. Podem tanto iniciar um processo de otimismo e voltar às compras, quanto manter o pessimismo e adiar o retorno às lojas. Acredito que se o ambiente político em Brasília ajudasse e as reformas econômicas avançassem, seria melhor para todos”, finalizou Mendes. De fato, há muita incerteza no horizonte. Ocorreu, anteriormente, uma queda no mercado interno de 27%, de 2014 para 2015 e de 20%, de 2015 para 2016. Foram graduais, no entanto. O mergulho brusco assusta muito quando se esperava até 9% de crescimento em 2020.

n EVENTO virtual, na Colômbia, mostrou Onix n RS já flagrado rodando no Brasil. O modelo, porém, só apresenta mudanças estéticas: teto e rodas pintadas de preto, aerofólio vistoso e apliques vermelhos no interior. Mercado colombiano pode até aceitar essa configuração. Quanto a Brasil e Argentina, sigla RS teria de incluir mecânica atraente. n RANGER STORM traz visual e desempenho que remete ao uso fora de estrada, além de soluções próprias como snorkel, alargadores de para-lama estruturais, estribos tipo plataforma, arco de proteção e lanternas traseiras exclusivas. Grade frontal bem chamativa. Motor é o mais potente da gama (200 cv; 47,9 kgfm). Recebe pneus de uso misto especiais da Pirelli. R$ 150.990.

n TOYOTA prepara reestilização leve da picape média Hilux, fabricada na Argentina, mas só estreará em 2021. Mudanças se concentração em grade, faróis e lanternas, além do sistema multimídia. Modelo lidera entre picapes no país vizinho (lá é líder absoluta em virtude da forte queda na venda de automóveis) e também no Brasil. Potência do motor básico deve aumentar. n AUDI iniciou processo de compensação de emissões de CO2 em suas atividades no Brasil. Começou no seu centro técnico em São Paulo (SP) por meio de energia solar. Outros painéis fotovoltaicos de maior potência foram instalados em terreno na cidade vizinha de Cajamar. Recurso é comumente utilizado na Alemanha por vários fabricantes. Aqui a Honda usa parque eólico com mesmo fim. n DOIS salões de automóveis internacionais estão cancelados por causa da pandemia de Coronavírus. O de Detroit já tem data marcada em 2021: de 19 a 26 de junho para o público geral. Salão de Paris é bienal e só deve voltar em 2022 por se realizar apenas em anos pares. Em anos ímpares a vez é da Alemanha, neste caso em Munique.


28

e

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

extra

CORONAVÍRUS

Limoeiro de Anadia distribui renda a famílias carentes afetadas por medidas de prevenção

O

prefeito de Limoeiro de Anadia, Marcelo Rodrigues, é um defensor do isolamento social como estratégia para frear a disseminação do novo Coronavírus. Por decreto, ele implantou no município as orientações dos organismos de saúde e do governo estadual, suspendendo as atividades comerciais consideradas não essenciais, além daquelas que exigissem ou favorecessem a aglomeração de pessoas. Limoeiro é um município pobre, encravado na região Agreste de Alagoas e com a população predominantemente rural. Para reduzir os impactos dessa medida [quarentena] na economia local, que ainda padece os efeitos da crise econômica iniciada em 2014, e também auxiliar as famílias carentes que contavam com a merenda escolar para alimentar os filhos, o prefeito instituiu o Benefício Emergencial (BEM), um programa social para distribuição de renda. O BEM foi criado em março para atender 1.300 famílias com um auxílio de R$ 70. O benefício é pago na moeda local, chamada Livre, para que, dessa forma, seja garantido que o dinheiro circule no município. A maioria dos estabelecimentos de Limoeiro aderiu à moeda, que está conseguindo movimentar e aquecer as vendas no comércio local. Para conseguir acesso ao BEM, as famílias precisam ter filhos matriculados na rede pública e ser beneficiária do Bolsa

Marcelo Rodrigues faz apelo para população permanecer em isolamento social

Família. A prefeitura também distribuirá 2 mil cestas básicas para as famílias em situação de vulnerabilidade utilizando o cadastro do BEM. Limoeiro já dispõe, desde o ano passado de outro programa social, chamado de Renda Melhor e cujos beneficiários recebem igualmente R$ 70 de auxílio. Durante a situação emergencial decorrente da pandemia, essas famílias também terão acesso ao cartão BEM.

“A prefeitura está organizada, fazendo sua parte. Eu peço à população que fique em casa; que aconselhe aos parentes e amigos fazerem o mesmo. Esse momento vai passar, mas temos que fazer a nossa parte com responsabilidade”, comenta Marcelo. Em relação as medidas para contenção ao novo Coronavírus, a prefeitura de Limoeiro coloca em prática iniciativas adotadas em outros estados, como a pulverização de equipamentos e prédios públicos com produto químico para desinfecção. A técnica da sanitização, é um processo reconhecido pela Anvisa no combate ao patógeno e que garante a segurança de quem precisa circular pela cidade, segundo enfatiza Marcelo Rodrigues. Esta semana, o município de Limoeiro de Anadia respirou aliviado com o resultado negativo para Coronavírus no teste realizado em uma paciente, moradora do distrito de Pé Leve. A paciente apresentava insuficiência respiratória e foi encaminhada para assistência no Hospital Regional de Arapiraca, que é referência para esses casos. O resultado do exame foi anunciado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).


e

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

29

extra

ABCDOINTERIOR Sucessão em Palmeira

A

corrida pela sucessão do prefeito Júlio Cezar, de Palmeira dos Índios, ganhou mais empolgação com a definição da pré-candidatura da juíza aposentada Sônia Beltrão, que se filiou ao Patriotas com a finalidade de disputar o pleito contra o atual gestor que já anunciou que vai para a reeleição nas eleições de outubro deste ano.

Criou laços

Sônia Beltrão é ex-professora de Direito na Ufal e foi juíza da Comarca palmeirense por mais de 15 anos. “Ela criou laços com o povo palmeirense e é sem dúvida a grande surpresa eleitoral deste ano”, disse Sóstenes Dantas, secretário-geral do partido Patriotas para revelar que ela vem recebendo apoio de grande parcela do eleitorado de Palmeira dos Índios, cuja cidade já foi administrada pelo consagrado escritor Graciliano Ramos.

A filiação

A filiação ao Patriotas ocorreu na manhã da última terça-feira (31). Naquela oportunidade, o presidente do partido em nível regional, advogado Cláudio Canuto, abonou a ficha partidária da ex-magistrada juntamente ao coordenador nacional do partido.

Estavam presentes

Estavam presentes ao ato de filiação o coordenador Nacional do Patriota, Oliveira, presidente Estadual Cláudio Canuto, presidente em Palmeira Josildo Brás, secretário geral Sóstenes Dantas, secretária do partido, Dra. Simônica (cardiologista) e o secretário de Comunicação Weverton.

Briga boa

Em Arapiraca, para a sucessão municipal, cujas eleições serão realizadas em outubro deste ano, já estão definidos para concorrer ao pleito o próprio prefeito Rogério Teófilo, deputado estadual Ricardo Nezinho (ou o vice-governador Luciano Barbosa), advogado Cláudio Canuto, ex-deputado Cícero Valentim e o advogado e ex-presidente da OAB local, Hector Martins.

O PT está vivo

O presidente do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores (PT), Joãozinho Braúna, não descartou a possibilidade de o partido lançar candidato próprio a prefeito em Ara-

piraca. Ele informou que haverá uma importante reunião com os membros do partido neste sábado, dia 4, quando também haverá uma discussão para definir a formação dos pré-candidatos para disputa proporcional.

Ouras cidades

Nas cidades de Feira Grande, Lagoa da Canoa e Girau do Ponciano, os atuais gestores já informaram que vão disputar as eleições. A oposição também está definindo nomes para concorrer ao pleito, como é o caso da terra do mestre Hermeto Paschoal, onde poderá entrar na disputa o deputado estadual Jairzinho Lira.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Combate à Covid-19

Depois de apresentar requerimento, que foi aprovado em sessão online na Assembleia Legislativa Estadual (ALE), o deputado estadual arapiraquense Ricardo Nezinho (MDB) usou as redes sociais para anunciar que desde quarta-feira, dia 1º, o Hospital de Emergência do Agreste, em Arapiraca, já conta com estrutura para receber possíveis pacientes com o novo Coronavírus (Covid-19).

Pediu ao governador

“Estive reunido com o governador Renan Filho e com o secretário estadual da Saúde, Alexandre Ayres, solicitando em nome dos moradores de Arapiraca e de toda a região do Agreste a montagem dessa estrutura para atender à população”, disse o deputado.

Equipamentos e profissionais

Nezinho também parabenizou o governador Renan Filho, que se antecipou aos fatos do novo Coronavírus, e atendeu ao seu pedido para o enfrentamento da pandemia que atinge o Brasil e o mundo. Com o apoio da Sesau, o Hospital de Emergência do Agreste vai disponibilizar sete leitos de UTI, com equipamentos e profissionais de saúde preparados para receber pacientes com possíveis casos de Covid-19. (Com assessoria)

Período de quarentena

“Estamos ainda no período de quarentena, em virtude da pandemia pelo Covid-19, o conhecido Coronavírus. Conforme o decreto estadual assinado pelo governador Renan Filho, os supermercados podem funcionar obedecendo alguns cuidados que garantam a proteção dos seus clientes e colaboradores”. A afirmação é do vereador Léo Saturnino, que se diz preocupado com as aglomerações que acabam se formando nos estabelecimentos comerciais.

PELO INTERIOR ... O deputado estadual arapiraquense Tarcizo Freire protocolou na Assembleia Legislativa do Estado (ALE) a Indicação de nº 556/2020, que solicita a distribuição de frascos de álcool em gel e máscaras de proteção para população de Alagoas. ... A iniciativa do parlamentar tem por objetivo reforçar a necessidade de prevenção da transmissão da Covid-19 (Coronavírus) e de outros vírus que circulam em ambientes com grande movimentação de pessoas, onde o risco de contaminação é alto. ... Na proposição, Tarcizo solicita que o governo do Estado de Alagoas, através da Secretaria Estadual de Saúde, empreenda esforços no sentido de viabilizar a distribuição do material. ... Na justificativa, Freire falou que a saúde é direito de todos e é dever do Estado garantir, mediante políticas sociais e econômicas, a redução do risco de doenças e de outros agravos. O parlamentar disse, ainda, que a atual situação da doença infecciosa é um dos problemas mais graves de saúde pública, que afeta milhares de pessoas. ... “A pandemia da Covid-19 vem alarmando o país e todo o mundo, e por isso, demanda o emprego urgente de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos. O momento é de cautela, cada um deve fazer sua parte para impedir a transmissão do vírus e, se Deus quiser, com o apoio e a colaboração de todos, venceremos mais essa batalha,” concluiu o deputado Tarcizo Freire. ... Para isso, a Prefeitura de Arapiraca coloca em prática estratégias eficientes já utilizadas e também novas contra o Coronavírus. Na quarta-feira (1°), lançou plataforma inédita no Brasil para acompanhar a saúde da população, pelo celular, com busca ativa, monitoramento e engajamento. ... A proposta é buscar os melhores meios de combate ao Coronavírus. Para isso, equipes de saúde estão recebendo o treinamento e já cadastrando usuários. ... Aos nossos leitores desejamos um excelente final de semana, repleto de paz e saúde. Até a próxima edição!


e

30

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

extra

NOVO CORONAVÍRUS

Santa Casa de Maceió reforça medidas contra covid-19

Cancelamento de cirurgias e suspensão temporária de visitas estão entre as determinações

O

novo coronavírus (Covid-19) é uma doença infecciosa causada por um vírus que nunca havia sido identificado em humanos. Para seguir as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Santa Casa de Misericórdia de Maceió implantou uma série de adequações para evitar a aglomeração de pessoas no ambiente hospitalar e garantir a segurança dos pacientes, colaboradores da instituição, de seu corpo clínico e da comunidade. Entre as medidas adotadas pela instituição estão a suspensão do atendimento no ambulatório geral, exceto para casos que necessitem de atendimento inadiável (não de emergência), como, por exemplo, os pacientes de oncologia, o cancelamento de todas as cirurgias eletivas que possam ser postergadas sem que haja prejuízo para o paciente e a suspensão de visitas aos pacientes internados no hospital. “As medidas vêm sendo adotadas por outros hospitais, dentro e fora do Brasil, para diminuir o número de pessoas circulando dentro das casas de saúde. O paciente poderá ter um acompanhante, como previsto na legislação, mas o contato com outros familiares e amigos só poderá ser mantido por meio e um canal disponibilizado pela Santa Casa de Maceió”, disse o diretor médico da ins-

tituição, Artur Gomes Neto. A Visita Virtual é uma ferramenta que permite o envio de mensagens para os pacientes internados na Santa Casa de Maceió. Os interessados em se comunicar com estes pacientes devem acessar o site da instituição (http://www.santacasademaceio.com.br/visita-virtual/), preencher os campos solicitados e enviar a mensagem. Diante da grande procura pela Emergência do hospital, o gestor alertou que é preciso ter calma e tentar reconhecer

os sintomas que necessitam deste tipo de atendimento. “O risco de quem tem apenas um resfriado ou uma gripe comum é de se contaminar com quem está na Emergência e tem o novo coronavírus. Devemos ser prudentes, seguir as recomendações do Ministério da Saúde e redobrar os cuidados com higiene, além de fazer o isolamento recomendado. Caso os sintomas piorem, aí sim, deve-se procurar assistência médica”, disse Artur Gomes Neto. O cuidado redobrado da

instituição também se baseia nos números progressivos da doença no Brasil. Até a quinta-feira (02), o país contabilizava 201 óbitos e 5.717 casos confirmados da doença. Em Alagoas, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) registrava 18 casos confirmados e uma morte. Outros 344 eram suspeitos e estavam sendo investigados pelas autoridades de saúde. A covid-19 causa uma doença respiratória semelhante à gripe e tem sintomas como tosse, febre e, em casos mais

graves, pneumonia. É possível se proteger ao lavar as mãos com frequência e evitar tocar no rosto. A principal forma de contágio do novo coronavírus é o contato com uma pessoa infectada, que transmite o vírus por meio de tosse, espirros, gotículas de saliva ou coriza. Segundo o Ministério da Saúde, as pessoas não devem procurar unidade de saúde se tiverem apenas tosse, apenas coriza, apenas mal-estar ou sensação de moleza no corpo ou apenas febre.


MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DE 2020

e

extra

31


32

e

extra

MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE ABRIL DEE 2020


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.