edição 1064

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ANO XXI - Nº 1064 - 10 A 16 DE ABRIL DE 2020 - R$ 4,00

DESAFIOS DA CRISE

Pindorama como exemplo e cuidados com alimentos em tempos de Covid-19 O acirramento da crise econômica com a pandemia da Covid-19 e os cuidados que a população deve ter na compra de alimentos, a exemplo da carne, são os destaques desta edição. AGROECONOMIA

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PROMOTOR PODE PERDER CARGO POR CRIME FUNCIONAL

MACEIÓ - ALAGOAS

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RIO LARGO

Vereadores se unem para impedir reeleição de Gilberto Gonçalves

n Sidrack Nascimento é acusado de burlar a Lei Orgânica do MP e fraudar processo de inventário da ex-mulher 3

Dez dos 11 membros da Câmara se filiaram ao PDT, que deve eleger de 7 a 9 vereadores e pretende aliar-se ao MDB em torno de um candidato capaz de barrar a reeleição do prefeito. 2

CONSELHEIRO ANSELMO BRITO É DENUNCIADO POR ASSÉDIO MORAL E PERSEGUIÇÃO 6

PALMEIRA DOS ÍNDIOS PRÉ-CANDIDATURA DE JUÍZA ACABA FESTA DO “JÁ GANHOU” DO PREFEITO JÚLIO CÉSAR 5 DEMOLIÇÃO NO PINHEIRO EMPRESA É ACUSADA DE DESCARTE IRREGULAR DE METRALHA 9


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extra MACEIÓ - ALAGOAS

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1998 - 2019

EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa, 796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

COLUNA

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MACEIÓ, ALAGOAS -10 A 16 DE ABRIL DE 2020

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Todos contra um

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- Os vereadores de Rio Largo marcharão unidos na eleição desde ano com o propósito de barrar a reeleição do prefeito Gilberto Gonçalves, que chegou a ser cassado pela Câmara, mas voltou ao cargo pela via judicial. Dos 11 membros, 10 se filiaram ao PDT, que trabalha para ter ampla maioria na Câmara, elegendo entre 7 a 9 vereadores.

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- Sem um nome forte para disputar a prefeitura, o PDT – de Ronaldo Lessa – pretende aliar-se ao MDB – de Renan Calheiros – para derrotar o atual prefeito, do PP de Biu de Lira. Já o MDB trabalha para lançar um candidato capaz de unir as oposições em torno de um projeto político para resgatar Rio Largo do ocaso em que se encontra.

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- Para tanto lançará um nome novo na política, mas de vasta experiência na esfera administrativa e comprometido com o desenvolvimento do município. Deverá ser um empresário da terra com amplos serviços prestados à cidade e ao estado, cujo nome será anunciado em breve.

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- Integrante da Região Metropolitana de Maceió, Rio Largo parou no tempo e virou cidadedormitório, com todas as mazelas sociais que isto acarreta. Vítima de maus administradores, o município há décadas é comandado por gestores incompetentes, que, via de regra, acabam na cadeia, numa sucessão de escândalos que não tem fim.

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- “Temos que acabar com a cultura da bandidagem que se instalou em Rio Largo, condenando o município ao atraso e ao subdesenvolvimento”, desabafa um dos empresários da cidade, que prefere manter o anonimato para evitar represália. “Quem sabe, dessa vez, a Câmara se conscientize de seus deveres constitucionais e deixe de ser mero puxadinho da Prefeitura a serviço de prefeitos corruptos”, desabafa.

Trapaça

O promotor Sidrack Nascimento criou uma empresa para administrar o espólio da ex-esposa Martha Moreira, que se matou com um tiro na cabeça deflagrado da arma do próprio marido, em maio de 2019. Ao transferir o patrimônio do espólio para a nova firma e se tornar seu único sócio administrador – o que é proibido pela Constituição – Sidrack burlou o processo de inventário e cometeu infração funcional que pode lhe custar o cargo de promotor de Justiça. (Leia matéria na página 3). Com a palavra o Ministério Público Estadual e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

A juíza e o imperador

O anúncio da pré-candidatura da juíza aposentada Sônia Beltrão a prefeita de Palmeira dos Índios agitou a cidade e fez o prefeito Júlio César se movimentar em busca de novas alianças. Para quem vendia a reeleição como favas contadas, a entrada da magistrada na disputa eleitoral foi um choque de realidade que tirou o prefeito da zona de conforto em que operava. Sônia Beltrão tem serviços prestados à comunidade palmeirense e ganhou o respeito de todos durante os 12 anos em que exerceu a magistratura naquela comarca, com zelo e seriedade. E como bem disse o sábio paraibano José Américo de Almeida, “ninguém se perde no caminho da volta”. Apesar de ter nome de imperador, o prefeito Júlio César fez mais barulho do que obras, o que dificultará a sua reeleição em uma disputa com Sônia Beltrão e todo o peso de sua credibilidade como magistrada que ganhou dos palmeirenses o cognome de “mãe dos pobres”.

Pão de Açúcar

Barrado em Marechal Deodoro no jogo político do MDB, o ex-prefeito Cristiano Matheus pegou a mala e partiu para Pão de Açúcar, onde pretende ser candidato a prefeito de sua terra natal. Deve disputar a sucessão do prefeito Flávio Almeida, que se revelou um desastre administrativo e mais um mandato perdido para o município. Outro político que pretende voltar ao poder é o ex-prefeito Jorge Dantas, que sujou as mãos e o currículo na Operação Gabiru, mas ainda exerce certa liderança, principalmente se tiver o apoio de Cacalo, outro ex-prefeito que ainda manda na cidade. Nessa disputa, ganhará o povo de Pão de Açúcar se eleger o médico Eraldo Almeida, o Dr. Eraldinho, que tem serviços prestados à população, e por pouco não se elegeu prefeito no pleito passado.

Reeleição certa

Com o ex-prefeito Cristiano Matheus fora da disputa e sem um adversário à altura, a reeleição de Carlos Roberto Ayres da Costa, o Cacau, em Marechal Deodoro, é pule de dez, segundo seus aliados políticos. Graças à boa administração, o prefeito tem alto índice de popularidade e conta com o apoio do governador Renan Filho.

Maragogi

Na Região Norte, o médico Fernando Sérgio Lira também navega em mares calmos e céu de brigadeiro rumo à reeleição, praticamente sem muito esforço. Além do trabalho sério que realiza no terceiro mandato, seu principal adversário, o ex-prefeito Marcos Madeira, caiu em desgraça política e dificilmente se recupera das trapaças que marcaram sua gestão. Até a eleição, a maior preocupação de Madeira é livrar-se dos agiotas.

Disputa em Viçosa

O ex-prefeito Flaubert Torres Filho está ouvindo as bases eleitorais para decidir sua candidatura a prefeito de Viçosa, que já governou por dois mandatos. Quer seguir os passos do pai, que comandou a cidade por quatro mandatos e fez história como um dos mais sérios administradores do município. A possibilidade da entrada de Flaubert Torres na disputa já começa a tirar o sono do atual prefeito Davi Brandão, que trabalha pela reeleição, mas enfrenta dificuldades para fazer uma boa gestão, com baixo índice de popularidade.

De volta ao passado

Após bater de frente com a cúpula da Igreja Católica e quase ser excomungado, Givaldo Carimbão perdeu força e poder e só não caiu no ostracismo graças ao amigo Renan Filho, que lhe deu uma secretaria para chamar de sua. Incentivado pelo governador, Carimbão vai recomeçar a vida política do zero, disputando uma vaga na Câmara de Maceió. Outro político e colega de Carimbão que segue no mesmo caminho é o ex-prefeito de Maceió e exdeputado federal Cícero Almeida, encalacrado na Máfia do Lixo e envolvido em outras falcatruas a ele atribuídas. Ambos apostam na falsa afirmação de que o povo tem memória curta.

Colapso na saúde

Pesquisa feita em todo o País revela que o colapso no sistema de saúde é o que mais preocupa os brasileiros nestes tempos de pandemia. Em segundo lugar vem o desemprego e por último o desemprego em massa com a quebra das empresas. A consulta foi realizada pela empresa Demanda Pesquisa e Desenvolvimento de Marketing, que ouviu 1.065 pessoas no Brasil. Dos canais de busca de informações sobre o Coronavírus, a internet foi citada por 86% dos entrevistados, seguida pela TV, com 72% e o jornal impresso com 50%.


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AFRONTA À JUSTIÇA

Promotor abre nova empresa para enganar enteado Sidrack Nascimento “passa a perna” em administrador judicial do espólio da falecida esposa VERA ALVES veralvess@gmail.com

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um mês do primeiro aniversário da morte da advogada Martha Moreira, o promotor de Justiça Sidrack Nascimento continua dando mostras de que não pretende dividir os bens da falecida esposa com o herdeiro dela, o universitário Arlindo Lopes de Almeida Neto. Não bastasse ter perdido a mãe de forma trágica – ela se matou com um tiro de revólver usando a arma do então marido – o jovem agora se vê na iminência de ver tudo o que ela conquistou em vida jogado ao léu. Na semana passada, o escritório de Advocacia que defende os interesses do filho de Martha Moreira na ação de dissolução

Sidrack Nascimento ignora determinações da Justiça parcial de sociedade impetrada pelo promotor denunciou ao juiz do caso que os bens da advogada estão sendo geridos de forma irregular através de uma nova empresa. O fato contraria decisões do próprio juiz que, no ano passado, nomeou um perito como administrador judicial do espólio

da advogada até a decisão definitiva sobre a divisão dos bens e da empresa que ela possuía em sociedade com Sidrack Nascimento, o Colégio Batista Moriah Ltda., fundado em 21 de outubro de 2010. Ocorre que, indiferente à determinação do magistrado, o promotor de Justiça também

aberta em nome do Novo Colégio Moriah que foram parar pouco mais de R$ 11 mil da unidade de ensino, enquanto pouco mais de R$ 59 mil teriam sido entregues ao pastor Jonas Bispo, segundo funcionários do colégio, contrariando a proibição do juiz que preside o processo de movimentação de qualquer fez o que se pode denominar de valor em espécie. “passar a perna” no administrador judicial. Simplesmente RELEMBRE abriu uma nova empresa na O CASO qual figura como sócio-administrador e passou a administrar A advogada Martha Motodos os bens à revelia da Jus- reira foi casada por quase 20 tiça. anos com o promotor de Justiça A nova empresa, Novo Colé- Sidrack Nascimento. O casal gio Batista Moriah Ltda., tem vivia uma relação conturbada como data de abertura o dia 20 que, de acordo com familiares de janeiro de 2020 e traz o mes- dela, a levaram a um estado mo endereço e mesmo número depressivo. No dia 8 de maio do de telefone da anterior. Nela, ano passado ela se matou com de acordo com os dados da Re- um tiro de revólver à beira da ceita Federal, Jonas Bispo Pe- piscina da casa em que o casal reira (pastor de 78 anos que por morava, no Condomínio Alamemais de 20 anos dirigiu o antigo da do Horto, em Maceió. Colégio Batista) figura como adAté hoje a família cobra ministrador, enquanto Sidrack explicações para o fato de ela Nascimento aparece como só- estar de posse da arma que cio-administrador em flagrante um dia antes fora entregue ao ilegalidade por desrespeito aos promotor logo após a esposa incisos III do artigo 44 da Lei ter surtado e tê-lo ameaçado de Orgânica do Ministério Público morte na sede do MP Estadual. (Lei 8.625/93) e da Lei ComTambém conhecida como plementar Estadual 52/96 (que pastora Martha, a advogadispõe sobre a organização, as da dirigia o colégio vinculado atribuições e o Estatuto do Mi- à Igreja Moriah fundada por nistério Público de Alagoas) que Nascimento com outros nove proíbem aos membros do MP pastores evangélicos. O filho “exercer o comércio ou partici- Arlindo é fruto de um relaciopar de sociedade comercial, ex- namento anterior ao casamenceto como cotista ou acionista”. to dela com o promotor de JusE foi em uma conta bancária tiça.

Cadastros do CNPJ junto à Receita comprovam que abertura de nova empresa visa ludibriar juiz do processo da divisão de bens da advogada


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Balde de água fria

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O alvo é outro

Sem querer se indispor com a cúpula do MDB, Cristiano Matheus virou sua metralhadora giratória para Júnior Dâmaso, eventual opositor do prefeito Cláudio Filho, o “Cacau”. Mesmo sabendo que foi detonado por Renan pai e Renan Filho, ele preferiu não polemizar com o senador e o governador.

Circulam nas redes sociais considerações sobre as medidas adotadas pelo governo do Estado e algumas delas que a população esperava que fossem tomadas: Prorrogação dos vencimentos do IPVA: não Redução do ICMS sobre as contas de energia: não Redução do ICMS sobre a indústrias: não Redução do ICMS sobre o comércio: não Redução do ICMS sobre os combustíveis: não Redução do ICMS sobre telefonia e internet: não Auxílio de renda mínima do governo estadual a trabalhadores informais e autônomos: não Ajuda do governo estadual para as empresas pagarem salários dos seus funcionários a fim de evitar demissões: não Redução dos salários do alto escalão do Executivo estadual e uso desta verba para a saúde: não. Como se vê, a coisa está preta mesmo.

Outra história

Petuba candidata

e depender do futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral, as eleições marcadas para outubro devem ser transferidas, no máximo, para o começo de dezembro. Esta perspectiva coloca um balde de água fria em prefeitos que gostariam que, em face do novo Coronavírus, as eleições fossem realizadas somente daqui a dois anos.

Arrumação

De última hora os partidos se arrumaram e partem com boa base para ter participação maciça na Câmara de Vereadores de Maceió. Nomes consagrados como Kelmann Vieira, Davi Davino, o pai, Eduardo Canuto e alguns outros estão com mandatos garantidos, o que não se pode dizer sobre alguns que sempre participam do pleito eleitoral.

Flávio na disputa

Depois de cumprirem o prazo de filiação partidária, um nome chamou a atenção do eleitorado. Trata-se do jornalista e advogado Flávio Gomes de Barros. Procurador de Estado, ex-presidente da instituição, ex-vereador por Maceió e também ex-presidente do CRB, Flávio assinou a ficha de filiação ao PSDB e é um dos fortes candidatos a conseguir uma vaga na Casa de Mário Guimarães.

Renovação

Além de Flávio, outros nomes também se apresentam como renovação na Câmara que, pelas contas, não deve passar de 30%.

Opção eleitoral

Depois de ser preterido pelo próprio partido, o MDB, o ex-prefeito de Marechal Deodoro, Cristiano Matheus, decidiu não ficar fora das eleições municipais. Ao transferir seu título para Pão de Açúcar, Cristiano tem revelado que ali tem chances de ganhar as eleições. Mesmo o MDB do governador Renan Filho tendo lhe dado as costas, Matheus não deixará o partido.

Avaliação do governo Além de estenderem o mandato, assim como os vereadores, os candidatos teriam muita folga de transpor a crise instalada por causa da pandemia e disputariam uma eleição juntamente com os deputados estaduais, federais, senadores, governadores e presidente. Nesse bolo, poderia ser mais fácil renovar o mandato e garantir as mordomias dos poderes Legislativo e Executivo.

O município de Boca da Mata vai bem, obrigado. Enquanto outras cidades usam carros modestos para fazer a segurança pública, Boca utiliza Pajero Dacar e Amaroks para proteger seus cidadãos contra a bandidagem.

A ex-secretária de Esportes, Cláudia Petuba, resolveu apostar numa candidatura a vereadora por Maceió. Aliada do governador Renan Filho, Petuba acha que essa aproximação ajuda na sua vontade de chegar à Casa de Mário Guimarães.

Mudou de rumo

Vai ser quando?

Faz duas semanas que as autoridades de saúde dizem que o pico do Coronavírus seria agora. Mas, pensando bem. Vai ser mesmo quando?

Em silêncio

Para não serem mal interpretados, os candidatos à Prefeitura de Maceió preferem se abster de declarações públicas para não parecer oportunismo político. Mas eles não perdem o radar da política e, nos bastidores, se reúnem, atraem novos apoios, selam compromissos e esperam como vai se comportar a crise do Coronavírus.

Divididos

Mesmo que o ex-procurador de Justiça Alfredo Gaspar tenha o apoio do prefeito Rui Palmeira e do governador Renan Filho, vereadores se dividiram na Câmara de Maceió. Uns apoiam Gaspar, outros Davi Davino ou JHC.

Perspectiva ruim

Todos os dias tem uma informação diferente sobre a Covid-19. Agora, as autoridades de saúde estimam que o vírus terá uma potencial circulação até o próximo mês de setembro. Pelo visto, ninguém vai sair mais de casa.

Vinicius Palmeira, que deixou a presidência da Fundação Municipal de Ação Social para se candidatar a vereador, deu uma guinada política antes do encerramento do prazo para filiação partidária. Ele não foi para o Podemos por questões ideológicas e rejeitou proposta para o PC do B por que estava com dificuldades de formar uma chapa. Mesmo com certa afinidade com o PT, Vinicius escolheu o PDT, sob a alegação de um maior diálogo com a sociedade e a política partidária.

Só Coronavírus

Ao que se constata ninguém morre de outra coisa no Brasil. Agora, só é Coronavírus ou assassinato na periferia de Maceió e no interior. Tuberculose, dengue, gripe H1N1, infarto, câncer, pneumonia, acidente vascular cerebral e outras doenças parecem fazer parte do passado. Morreu, a estatística é para Covid-19. Até quando?


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ELEIÇÕES

Em Palmeira, juíza quer enfrentar o imperador nas urnas Sônia Beltrão é a novidade eleitoral e quebra clima de “já ganhou” de Júlio Cezar ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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juíza aposentada Sônia Beltrão (Patriotas) é a principal novidade na disputa eleitoral em Palmeira dos Índios (102 km de Maceió). Sua missão é enfrentar o prefeito, o “imperador” Júlio Cezar (PSB), que vai para a reeleição. O “filho de verdureira”, hoje banhado em joias de ouro, acumula muito poder e críticas - o que pode ser uma vantagem para a magistrada aposentada. Não é uma boa ideia escrachar Sônia no palanque. Um dos seus filhos é delegado da Polícia Federal. É benquista na magistratura alagoana. Ela trabalhou 12 anos na comarca de Palmeira. Do outro lado do balcão, punia quem se excedia na eleição. “Nunca aceitei proposta indecente. Todos sabem como eu ajo”, avisa a juíza aposentada. “Não existe mais espaço para o rouba mais faz”, lembra Sônia. O lema é do político paulista Adhemar de Barros (19011969). Chamado de ladrão pelos opositores, os ademaristas diziam que a raposa política roubava, mas fazia. Sônia parece

MDB, PSDB e PTB. Júlio Cezar tem apoio de dois deputados federais: JHC (PSB) e Marx Beltrão (PSD). O deputado federal Severino Pessoa, ex-aliado, hoje é um poço de ódio ao se referir ao prefeito. O grupo político de James, aliás, perdeu a eleição para o “filho da verdureira”, graças a uma engenharia política do então governador Teotonio Vilela Filho. Para ajudar a eleger o hoje governador (então deputado federal) Renan Filho, Téo Vilela lançou um nome inexpressivo no tabuleiro eleitoral: o de Júlio Cezar. O assessor palaciano saiu do anonimato para ocupar tempo de TV como o candidato ao governo pelo PSDB. Claro que ele não ganhou, mas conseguiu visibilidade para disputar a Prefeitura de Palmeira. Venceu. Na era do imperador Júlio Cezar, teve de tudo, até nudes

DESPESAS

Juíza aposentada, Sônia Beltrão ameaça reeleição de Júlio Cezar saber a quem envia o recado. Não diz nomes. Ela virará vitrine e alvo em Palmeira. Sabe muito sobre a administração atual. Prefere não dizer. “O povo cobra muito por solução. Vou ouvi-lo; nunca fiquei no gabinete quando atuava na magistratura. Gosto de conversar e de ouvir”, resume. Hospedada em um hotel de Palmeira, Sônia Beltrão conversou por telefone com o EXTRA. Obedece a quarentena em tempos de Coronavírus. Disse que recebeu uma liga-

ção: da deputada estadual Ângela Garrote (PP), que pediu uma visita. “Ainda não apareceu”, disse. Ângela era cotada para disputar a Prefeitura de Palmeira. Parece ter desistido. Seu filho, Toninho Garrote, é vereador e vai para a reeleição. Outro quer ser candidato, mas prefere apoiar a mulher: o ex-prefeito James Ribeiro quer atrair aliados para Mozabele Ribeiro ou o filho, Helenildo Neto, que carrega o nome do avô, o deputado federal (falecido) Helenildo Ribeiro. Ele tenta formar uma frente com

Em tempos de Coronavírus e com as despesas apertadas em todas as cidades brasileiras, os vereadores fazem questão de mostrar que a cidade vive tempos de fartura financeira. exibindo seus dotes, denunciados por ele como montagem. Só não teve chuva de canivete no Lago do Goiti, um deslumbre da natureza, mas as obras de revitalização consumiram milhões de reais e nada de terminarem. A mais nova confusão foi um cambalacho aprovado pelos vereadores: aumentar os salários dos legisladores mirins e do prefeito, valendo para a próxima legislatura. Em tempos de Coronavírus e com as despesas apertadas

em todas as cidades brasileiras, os vereadores fazem questão de mostrar que a cidade vive tempos de fartura financeira. Aprovaram aumento de salário valendo a partir de 2021, de R$ 8.700 mais R$ 2.500 de auxílio-combustível, um mimo que faz os vencimentos saltarem para R$ 11.200. O prefeito Júlio Cezar, em caso de reeleição, também ganhará mais. Salário de R$ 27 mil. Seus secretários também tiveram aumento aprovado: R$ 8.700. Com o desemprego em alta e um Brasil enfrentando isolamento social por causa de uma pandemia, além de cortes nos salários dos trabalhadores da iniciativa privada, Palmeira dos Índios está em festa. Mesmo com todos os órgãos públicos fechados e escolas paradas e um hospital no aperto, o povo fica feliz ao ver seus eleitos se refestelarem com o dinheiro público. Vendo o escândalo estampado nos sites, Júlio Cezar disse que vetaria o reajuste. Antes, porém, tratou de carimbar o reajuste como fake news. A estratégia bolsonarista ruiu logo. Sem saída, teve de admitir e garantiu que vetaria. Até o fechamento desta edição, não havia agido neste sentido. Júlio parece também não ter agido para evitar o rompimento político com seu vice, Márcio Henrique, que também era secretário Municipal de Saúde. Entregou o cargo esta semana. Não conseguiu resolver um “vespeiro”: abrir a UTI do Hospital Santa Rita, que é 100% SUS, mas quem precisa tem de pagar R$ 90 para atendimento. Promessa de campanha de Júlio: abrir o hospital. Bravata. O raio X da UPA de Palmeira está quebrado há 3 meses. O reinado do Júlio Cezar palmeirense tem muito efeito especial. Realidade que é bom, nada.


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TRIBUNAL DE CONTAS

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Anselmo Brito é acusado de perseguição Sócia de instituto de ensino processa conselheiro JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ramita no Judiciário alagoano denúncia contra o conselheiro do Tribunal de Contas (TC) Anselmo Brito. A autora do processo, de número 0707401-77.2020.8.02.0001, é Fabricia Roberta Viana, empresária sócia/diretora do Instituto Universitário Atlântico Ltda, que acusa Brito de perseguição com o intuito de prejudicar o também conselheiro Cícero Amélio. A ação, cujo valor é de R$ 138.253,35, chegou nas mãos do juiz José Miranda Santos Júnior em março deste ano. Uma audiência de conciliação sobre o caso está marcada para o dia 20 de julho. A empresária relata que firmou um contrato com a Corte de Contas no dia 29 de novembro de 2013 com objetivo de viabilizar a participação dos servidores do quadro do TC no curso de pós-graduação “Mestrado em Gestão - Administração Pública” e que incluía intercâmbio com uma instituição de ensino em Portugal. À época, quem assinou o contrato foi Cícero Amélio. Membros do Tribunal foram até Portugal a fim de checarem, in loco, a idoneidade do curso. Após averiguação, houve a continuidade do processo de contratação.

“Ocorre que, após assinar o contrato com a empresa, e usufruir de dezesseis meses de aula, o Tribunal de Contas, sem alegar qualquer motivo plausível, deixou de pagar as mensalidades a que se obrigara por força de contrato, estando até a presente data em inadimplência, devendo as parcelas relativas aos meses de janeiro, fevereiro, março, abril e maio do ano de 2015”, destaca a denunciante, que já move ação contra o Estado de Alagoas por rescisão contratual e cobrança sob o número 0701268-19.2020.8.02.0001. O curso englobava duas partes distintas: a primeira a ser realizada no Brasil e em Portugal, constituída por um conjunto de oito seminários básicos, e a segunda na qual o aluno seria matriculado em uma instituição de ensino superior portuguesa com um orientador para a dissertação do mestrado. “Na segunda parte o próprio instituto conseguiu financiamento internacional para que os alunos que pretendessem concluir o curso assim procedessem, pois se tratava também do nome da instituição no mercado brasileiro, com o valor desembolsado da requerente de R$ 20.545,86 para custear as despesas já que o TCAL estava inadimplente”, diz a denúncia. Contudo, o Sindicato dos Servidores Públicos Estaduais, Analistas, Técnicos, e Auxiliares de Contas de Alagoas (Sindicontas), em fevereiro de 2014, impetrou mandado de segurança com pedido de liminar questionando os critérios de contra-

Anselmo Brito é reú em ação de assédio moral por ações que visavam atingir Cícero Amélio

ESTRANHEZA Ainda conforme consta da denúncia, Brito enviou cartas e e-mails para parceiros comercias da empresária fazendo inquirições de atuação acadêmica. Tal ação causou estranheza aos parceiros. tação do curso. Um mês depois, o desembargador do Tribunal de Justiça Tutmés Airan determinou a imediata suspensão do curso de mestrado em gestão pública. “Assim, o curso de especialização conducente ao mestrado que teve início em 29 de novembro de 2013, foi suspenso em 21 de março de 2014 e foi retomado por decisão judicial em 30 de maio de 2014. Portanto o curso teve seu regular prosseguimento por cerca de um ano e meio. O então conselheiro presidente delegou atribuição de gestão ao conselheiro, novo diretor geral da Escola de Contas Pública, Anselmo Brito, que inclusive

era aluno regularmente matriculado no curso, e que iniciou uma jornada de perseguição/ investigação contra a autora e a respectiva instituição no sentido de desqualificar o seu ofício de realização de cursos”, alega a defesa da empresária. De acordo com a denúncia, Brito começou a exigir documentações contratuais já encaminhadas pela instituição que ministrava o curso, além de convocar funcionários da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e de outras instituições para opinar sobre o reconhecimento dos diplomas dos alunos pelo Ministério da Educação (MEC). Em seguida, convocou a diretora Fabrícia Viana para discorrer sobre o mesmo tema. “Nesta reunião estava presente grande parte dos alunos do curso que não concordaram com a atitude promovida pelo diretor da escola. A autora percebeu que o objetivo do conselheiro Anselmo Brito era iniciar uma jornada investigativa ‘sem causa’ contra os atos administrativos da gestão passada”. Ainda conforme consta da denúncia, Brito enviou cartas e e-mails para parceiros comercias da empresária fazendo inquirições de atuação acadêmica. Tal ação causou estranheza aos

parceiros. Como resultado, o chanceler do instituto, João Barreiros teve que se deslocar até a cidade de Salvador, capital baiana, para prestar esclarecimentos sobre o motivo dos questionamentos. “Não satisfeito também questionou ao IPG - Instituto Politécnico da Guarda, em Portugal acerca das ações da autora. Com essas atitudes, o conselheiro tumultuou a credibilidade da instituição junto ao IPG e diversas instituições. Brito convocou a requerente para ir no Tribunal de Contas explanar novamente. A requerente mesmo se sentindo desrespeitada, respondeu todas as perguntas. No final, o conselheiro a chamou na escola e disse que o problema não era com ela ou com a empresa, mas sim com o presidente Cícero Amélio”. A perplexidade da empresária aumentou quando viu que o conselheiro, por questões de conflitos pessoais internos, estaria desencorajando os alunos a concluírem o curso afirmando que o diploma não seria reconhecido no Brasil. “A autora almeja a reparação pelos constrangimentos causados, pois a mesma se viu abatida pela conduta errônea do réu atingindo o seu direito inerente à dignidade da pessoa humana”, finaliza a ação. Procurado pelo EXTRA, o conselheiro Anselmo Brito informou que evitaria dar um posicionamento, alegando desconhecer o teor da denúncia.


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COMBATE À PANDEMIA

Cesmac vai antecipar formatura dos cursos da área de saúde Objetivo é reforçar atendimento aos pacientes da Covid-19

DA REDAÇÃO

O Centro Universitário Cesmac também vai antecipar a formatura dos concluintes dos cursos da área da saúde com o objetivo de reforçar o atendimento à população no que se refere à pandemia do novo Coronavírus. Nos próximos dias a instituição divulga o regulamento que vai nortear a colação de grau dos estudantes de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia que tenham preenchidos os requisitos da Medida Provisória nº 934/2020 e da Portaria MEC n° 374/2020. Ambas buscam atender a demanda de pacientes da Covid-19 nas unidades de saúde de todo o País, suprindo, assim, eventuais carências no período de pico da epidemia. A formatura antecipada, de acordo com o Cesmac, é de livre arbítrio dos estudantes, conforme nota à imprensa divulgada na quarta, 8. CONFIRA ABAIXO A ÍNTEGRA DA NOTA: O Centro Universitário CESMAC tem adotado posição de apoio à sociedade alagoana, dentro do seu âmbito de atu-

ação, por conta da disseminação do novo Coronavírus e das medidas protetivas recomendadas pela OMS, Ministério da Saúde, Governos estadual e municipal, bem como dos ajustes regulatórios dos órgãos da administração do ensino como o Ministério da Educação. Com o apoio da Fundação Educacional Jayme de Altavila, sua mantenedora, tem tomado medidas para o combate a pandemia, dispondo equipamentos, serviços e pessoal dos seus cursos da área de saúde aos órgãos envolvi-

dos com a política sanitária de prevenção e tratamento do vírus. No dia de ontem, com a regulamentação pela Portaria Ministerial que autoriza os Cursos voltados à formação de profissionais de saúde a abreviar sua conclusão, permitindo a antecipação da colação de grau de seus alunos, orientou as coordenações dos cursos de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia para atendimento a este regime de formatura. Tratando-se de ato de natureza opcional pelo aluno,

serão atendidos os que o requererem, observados os requisitos da Medida Provisória nº 934/2020 e Portaria MEC n° 374/2020, que incluem o compromisso de atuação, exclusivamente, na atividade governamental de combate ao Coronavírus e requisitos acadêmicos de aprovação em conteúdos, outras normas estatutárias aplicáveis e regularidade na reciprocidade da prestação dos serviços educacionais. Para tanto, estaremos em breve publicando Resolução regulamentado a Colação de

Grau Antecipada, de modo a nortear os procedimentos que deverão ser adotados pelos acadêmicos interessados, e que estão abrangidos pelo disposto na Medida Provisória nº 934/2020, na Portaria MEC n° 374/2020 e cumpriram os requisitos acadêmicos. Ao aderir a esta orientação oriunda do MEC o CESMAC entende que é também sua responsabilidade social o enfrentamento ao enorme desafio da saúde brasileira, oferecendo profissionais qualificados para a imprescindível emergência.


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ECONOMIA X COVID-19

Pandemia ameaça deixar 2 mil trabalhadores sem emprego em Maceió Sindicato tenta salvar vínculos trabalhistas de comerciários através de MP 936 BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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uase 2 mil pessoas podem perder seus empregos no Centro de Maceió devido a crise que assola o mundo causada pelo novo Coronavírus e que tem atingido em cheio a economia do País. A incerteza da prorrogação de decretos estaduais sobre o funcionamento de determinadas categorias de estabelecimentos aumenta a tensão na região que concentra boa parte da economia maceioense. Em Alagoas, desde o primeiro decreto de emergência que fechou o comércio em todo o estado, os comerciantes vêm sofrendo. No último domingo, 5, o governador Renan Filho (MDB) prorrogou até o dia 20 de abril o fechamento de estabelecimentos comerciais. O cenário de demissões em massa foi confirmado ao EXTRA pela Aliança Comercial. Em meio ao quadro de incertezas, uma solução para alguns empresários foi dar férias coletivas para os funcionários a fim de tentar conter a crise econômica e novas estratégias continuam a ser estudadas pelos comerciantes para minimizar o impacto na vida dos trabalhadores. De acordo com o presidente em exercício do Sindicato dos Comerciários de Alagoas (Secea), Wagner Tavares,

Com os estabelecimentos fechados para evitar a contaminação, centro da cidade ficou deserto a alternativa encontrada até o momento foi a Medida Provisória (MP) 936, que permite a redução de salário e jornada ou até a suspensão do contrato de trabalho e prevê a complementação da remuneração do trabalhador pelo governo, tendo como base o seguro-desemprego, que já está valendo. De acordo com a MP, as reduções de salários podem ser de 25%, 50% e 70%. Em alguns casos, a mudança pode ser feita por negociação individual, sem a participação do sindicato ao qual o empregado está vinculado. “O sindicato vem fazendo uma negociação com os patrões sobre essa questão dos comerciários e também sobre a questão da nova MP que visa a suspensão do contrato de trabalho. Até o momento estamos construindo uma proposta de prorroga-

ção da convenção coletiva 20182019 estabelecendo um prazo para que os termos durem até 30 de outubro de 2020“, informou Tavares. A proposta dos comerciários é fazer com que não ocorram alterações nos valores pagos com passagens e vale alimentação, entre outros benefícios, até 30 de outubro deste ano, sendo adicionado como proposta apenas a MP para que os empresários possam manter os funcionários. “É um acordo que fazemos todos os anos com os empresários e como contraponto oferecemos essa questão de manter os valores pagos durante o ano, sem que exista reajuste”, explica. A proposta também prevê, segundo o presidente em exercício do Secea, preservar pelo menos 90% dos empregos do Centro de Maceió dos quase 2 mil anunciados pela Aliança Co-

mercial. A negociação está prevista para ser finalizada até o início da próxima semana, quando começa a contagem regressiva da provável reabertura dos estabelecimentos comerciais. Ainda que tenha sido editada pelo governo como forma de garantir empregos e evitar demissões durante a pandemia do novo Coronavírus, a MP 936 não garante estabilidade no cargo aos trabalhadores ou sindicatos que aceitarem a redução salarial temporária ou a suspensão do contrato. Publicada no dia 1º de abril, a medida estabeleceu os critérios de como devem ser realizadas as reduções salariais e de jornada por até três meses. O artigo 10, por exemplo, diz que “fica reconhecida garantia provisória no emprego” pelo mesmo período do acordo – ou seja, o

trabalhador que tem redução salarial por dois meses, teria, na volta, seu emprego garantido por outros dois meses. No entanto, um parágrafo deste mesmo artigo permite a demissão sem justa causa, desde que seja paga uma indenização, além dos benefícios rescisórios já previstos na legislação trabalhista. Fato é que o movimento no maior centro comercial de Alagoas diminuiu durante o decreto e a posterior prorrogação do mesmo. De acordo com o serviço de georreferenciamento do Google, as medidas fizeram a mobilidade de pessoas nos estabelecimentos comerciais ao final de março reduzir dramaticamente. No varejo de rua, nos shopping centers, livrarias e cinemas houve queda de 71% na circulação de consumidores em todo o Brasil, sendo que as maiores quedas regionais ocorreram nos estados de Alagoas (-77%), Santa Catarina (- 80%) e Sergipe (-78%), concluí o relatório elaborado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo o estudo, os dados de georreferenciamento mostram queda no movimento mesmo no varejo essencial, como supermercados, minimercados, mercearias e farmácias. O relatório da entidade também lança dúvidas sobre a capacidade de os serviços de entregas ou o comércio eletrônico aliviarem as perdas de forma relevante.


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CRIME AMBIENTAL

Empresa é acusada de descarte irregular de metralhas Almeida Construções é uma das responsáveis pela demolição de prédios no bairro do Pinheiro DA REDAÇÃO

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Almeida Construções Ltda, localizada em Guaxuma, em Maceió, está sendo alvo de reclamações de moradores da região. O descontentamento é devido ao acúmulo de entulho, resto de construções, que está sendo empilhado no fundo da empresa. Porém, a preocupação aumentou. A Almeida Construções foi uma das contratadas pela petroquímica Braskem para demolição de edifícios, que começou na segundafeira, 7, no bairro do Pinheiro. Com maior volume de metralha, o medo dos moradores é que esses restos tenham o mesmo destino: Guaxuma. A empresa já esteve na mira do Ministério Público Estadual, do Federal e do

Tribunal de Justiça. Em 2016, recebeu multa por desmatar vegetação às margens do Rio São Francisco, no município de Piranhas. No mesmo ano, o Instituto de Meio Ambiente de Alagoas (IMA) expediu auto de infração à Almeida Construções por lançar resíduos sólidos na Área de Preservação Permanente (APP) Borda de Tabuleiro, em Maceió. As ações foram parar no Judiciário. Sem contar que a Almeida Construções foi uma das construtoras que teve o nome envolvido, segundo o Ministério Público, em esquema encabeçado pela ex-prefeita de Piranhas e atual secretária de Estado de Cultura, Mellina Freitas. O caso envolve manipulação de licitações nas quais Mellina teria conseguido desviar cerca de R$ 16 milhões. Segundo site institucional, a empresa foi fundada pelos sócios Omar e Inês Almeida em 1983 na cidade de Maceió e realiza serviços de infraestrutura (terraplenagem, escavação de subsolos, drenagem, pavimentação e expurgo de resíduos da construção civil), locação de equipamentos e consultoria técnica. Diz ainda ter

como objetivo “prevenir a poluição, minimizando os impactos ambientais decorrentes das atividades”. Conforme consta da autorização ambiental municipal de operação, expedida pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet) em 2019, a empresa tem autorização de realizar o transporte de solos, resíduos da construção civil e demolição. Em contraponto, a pasta proíbe o descarte irregular de resíduos. Atualmente, apenas três empresas possuem licença para reciclar os resíduos da construção civil no estado. São elas: Alagoas Ambiental, V2 Ambiental e Aliança Usina de Entulhos. O EXTRA entrou em contato com a Almeida Construções, que negou descarte irregular e informou que ainda não começou a recolher e transportar os resíduos do bairro do Pinheiro. A Superintendência Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes) informou que moradores que flagrarem qualquer descarte irregular podem denunciar pelo 0800 082 2600 ou pelo WhatsApp 9-8802-4834.


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TEOTÔNIO VILELA

Semana Santa é marcada por fé e solidariedade

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novo Coronavírus pode até ter mudado os hábitos dos católicos e da Semana Santa, mas no município de Teotônio Vilela a tradição foi mantida. Sem que os fiéis pudessem sair das suas casas em procissão no Domingo de Ramos, dia que marca o início da semana sagrada para a igreja católica, a prefeitura da cidade, junto com a Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, fez um cortejo para abençoar aqueles cidadãos que estavam na porta de casa com seus ramos.

A festa comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, um evento mencionado nos quatro evangelhos canônicos e por isso chamado de Domingo de Ramos. “Com a pandemia as pessoas não puderam acompanhar a procissão, foi aí que a paróquia pediu o apoio da prefeitura, cedemos o trio e o carro de apoio para que o cortejo com os padres rodasse a cidade abençoando toda a população vilelense”, afirmou o prefeito Joãozinho Pereira.

O trajeto iniciou na Praça da Liberdade, seguindo por diversas ruas da cidade e se encerrou no Santuário Santa Clara e São Joaquim.


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Entrega de cestas básicas: mantendo viva tradição com adaptações Mesmo em meio ao caos que a pandemia tem gerado em todo o mundo, o prefeito Joãozinho Pereira fez questão de manter viva a tradição que começou com seu pai, João José Pereira, conhecido como Prefeitão. Toda Páscoa eram distribuídos pescados para colaborar na refeição sagrada daqueles que mais necessitavam no município. Este ano, de forma adaptada e estratégica, o prefeito ao invés de entregar peixes, optou pela doação de cestas básicas. “Este ano decidimos não comprar o peixe e sim pegar o dinheiro que iria ser gasto com o peixe e comprar todo de cestas básicas. O peixe da Semana Santa poderia até beneficiar mais pessoas, como fazemos todos os anos, mas o

pescado só colabora com a alimentação dessa família por dois três dias, diferente da cesta básica. Vivemos uma pandemia, não podemos aglomerar e precisamos combater a fome; isso é uma estratégia para que a gente consiga atender por mais dias a população vilelense que mais precisa”, afirmou Joãozinho Pereira. São mais de 8 mil cestas básicas entregues à população. Preocupado com a saúde pública e bem estar do povo, o prefeito ainda fez questão de fazer as entregas porta a porta para que não haja aglomerações e para que as pessoas não se arrisquem ao sair de casa. As cestas começaram a chegar na casa da população na quinta-feira, 9. Joãozinho Pereira disse ainda que o número

de beneficiados pode aumentar. “Ao longo dos dias em que enfrentarmos essa pandemia, se o município conseguir e tiver condições de comprar mais cestas, não tenham dúvidas que não iremos medir esforços para fazer. Vamos combater o vírus, através da saúde, da limpeza das ruas, mas também salvando vidas, no combate à fome”. A Secretaria de Assistência Social, Trabalho, Direitos Humanos e Cidadania fez todo um levantamento e um estudo para que os alimentos fossem entregues para as pessoas que realmente necessitam. Um compromisso da gestão foi o mapeamento e a elaboração de um calendário para que a entrega desses mantimentos não gerasse aglomeração e que cada família recebesse a sua cesta na porta de casa. Antes mesmo de algum caso suspeito de Coronavírus aparecer em Teotônio Vilela, a prefeitura havia implementado uma série de medidas de prevenção para conter o avanço da Covid-19.


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Por onde anda o respeito?

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a minha infância, viajávamos de navio de Penedo a Piranhas acompanhados por nosso avô materno, que achávamos ser velho, quando na verdade devia ter cinquenta anos. Obedecíamos cegamente a ele e ai de nós se saíssemos da linha. Nunca bateu em nenhum dos netos, mas era devidamente respeitado apenas olhando-nos seriamente. Sua mulher, uma índia na aparência, era menos forte. Já a conheci com um tipo de Parkinson, cujos sintomas eram tremer a mão e o pé direitos; por isso era muito impaciente, mas nós, os netos, a respeitávamos. Do lado paterno havia três idosas: minha avó Sinhá e duas tias que a ajudaram a criar seus filhos homens. Nem pensar em responder mal a nenhuma. Uma delas teve derrame logo cedo e adorava beijar as crianças. Como ela babava muito, exalava mau cheiro e não gostávamos de seu beijo, mas meu pai nos obrigava a beijar as três. Este foi meu primeiro contato com os idosos da família. Pela minha cabeça sempre passou a ideia de que os mais velhos, pela experiência vivida, seriam pessoas privilegiadas. Deixar de cumpri-

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

mentar um tio ou uma tia, era absolutamente impossível! Claro que existem vários tipos de parentes: a velha tia chata que se mete na vida dos mais novos, mas recebia os sobrinhos de braços abertos; o velho tio militar, rigoroso, contudo muito feliz ao ver a casa cheia de amigos e parentes; os tios que moravam longe, mas sua casa servia de refúgio aos mais jovens; a tia mais jovem, que também foi morar longe, mas acobertava as loucuras dos sobrinhos e os tratava com carinho. No momento atual, os velhos da fa-

mília, nós, nem sempre somos tratados com o devido respeito. Ao menor aborrecimento, os jovens, não todos, se afastam dos idosos. Esquecem-se facilmente dos bons momentos vividos em outras épocas. Envolvem-se com os problemas dos pais e afastam-se de seus velhinhos. Perdem tempo com bobagens e não se lembram de que, se não morrerem antes, serão mais tarde os velhos da família. Eu tinha um filho que estudava em Resende e uma irmã que morava no interior de São Paulo. Durante quatro anos ele frequentava a casa da tia e ainda levava amigos. Certa manhã, acordou com a palavras severas da tia para uma das suas filhas: “Sofrível, nota sofrível. Precisa estudar”! Mãe, disse-me ele, pensei que estava em casa; as palavras eram as mesmas, a voz era idêntica. Ainda hoje ele tem imenso respeito pelos tios de Registro. Outro filho casou cedo e foi morar no Rio de Janeiro. Constituiu família, criou os filhos e foi muito feliz. Sua sogra, antes de morrer, disse-me: “Gosto muito do seu menino; ele é como um verdadeiro filho para mim”. E eu chorei emocionada. São tantos fatos positivos ocorridos nos meus 79 anos de vida, mostrando o

Capacidade de se reinventar na crise

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pandemia do novo Coronavírus colocou em risco a saúde financeira de muitos brasileiros, entre eles os pequenos empreendedores e os trabalhadores informais. Esse grupo tem se reinventado diante da crise para manter o fluxo de vendas. O último decreto do governador do Estado de Alagoas permitiu que empresas funcionassem através do delivery ou do pague e leve. O maior incentivo da campanha da quarentena, em vigor em Alagoas desde 20 de março, é que as pessoas respeitem o isolamento social e evitem espaços públicos. Bares e restaurantes retomaram as atividades seguindo as recomendações, sendo proibido o consumo do cliente no local, mas o que deveria servir como plano B nessa crise, tem se tornado a dor de cabeça de muitos empresários e trabalhadores informais. Os principais afetados pelos efeitos da pandemia do novo Coronavírus são os empresários e microempresários do setor de bares e restaurantes da capital alagoana. Mas o serviço de delivery não é a solução para esse grupo. Pequenas e grandes empresas precisam da ajuda do governo em um momento tão frágil como esse para que possamos evitar demissões em massa

ISRAEL LESSA n

no futuro. Nossa economia é muito frágil, poucos dias sem estar em pleno funcionamento pode quebrar muitos negócios. É preocupante, pois daqui a um mês ou dois estaremos visualizando milhares de demissões de empresas quebradas. Iracyane Mota, proprietária de uma luderia (bar especializado em jogos de tabuleiro), diz que as entregas por delivery são uma tentativa no meio do caos, mas que ainda não tiveram uma resposta positiva. “Ainda é muito cedo para falar sobre. A sensação que estamos tendo é que não supre

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nem 50% do que lucramos com a casa aberta, funcionando”, nos contou ela. O empresário Waldgelson Santiago, sócio na Lud House, nos disse que os impactos causados pela crise estão sendo cobertos pelo aluguel de jogos disponíveis no estabelecimento. “Criamos um processo de locação, por incentivo dos clientes, daí fazemos toda higienização e cuidados necessários até a entrega. Tem saído bem mais vantajoso alugar os jogos, do que as vendas de petiscos cujo retorno (financeiro) é menor”. Alguns entregadores de delivery relataram que os pedidos cresceram apenas em algumas regiões da cidade e isso tem preocupado muitos microempresários. A categoria está nas ruas realizando entrega diariamente para aplicativos e restaurantes, mas com a incerteza de que retornam com saúde para casa. “Estamos usando álcool em gel antes e depois de todas as entregas, além de higienizar a bag todos os dias”, diz Márcio Silva, um entregador de aplicativo. Há uma movimentação por parte da categoria de entregadores de delivery para que o Ministério da Saúde inclua o serviço prestado por eles como profissionais essenciais nesse período, para que assim possam ser conside-

respeito devido aos idosos, que passaria muito tempo falando sobre eles. Não falarei dos negativos para que eles caiam no esquecimento. Vejo meus filhos todos com mais de quarenta anos e repito sempre: Olhem para o futuro, vocês serão os tios e tias da nova geração. Sei que vivemos novos tempos. Filhos e netos espalhados pelo mundo todo. Alguns deles não vemos durante dois, três anos. Mas, a voz do sangue fala mais alto e não entendo, nem vou entender nunca, um sobrinho ou uma sobrinha não visitar seus velhos, ou mesmo não os cumprimentar. O tal do vírus que está percorrendo o mundo nos mostra uma grande lição: antes fazíamos questão de visitar nossos doentes; agora eles adoecem e não podemos visitá-los; morrem e não podemos enterrá-los. Pior que isso é impossível! Estamos em prisão domiciliar, eu e meu marido. Diariamente, recebemos ligações de filhos, parentes e amigos. Todos preocupados com dois idosos, alvos fáceis para o Coronavírus. Entendemos que plantamos bem, colhemos bem. Por outro lado, falamos pelo “zap” todo dia com parentes e amigos queridos para saber deles. Acho que encontramos o caminho do respeito e do amor. Deus existe! Não duvidem!

rados prioritários na campanha de vacina contra a gripe, como as demais categorias que já foram incluídas no processo. Precisamos de todos os profissionais que estão na linha de frente e o serviço deles tem sido essencial para manter vivo muitos negócios na capital da nossa cidade. Os grandes aplicativos, como iFood e Uber Eats, por exemplo, estão incentivando os usuários a comprarem através da plataforma, para continuarem movimentando a economia da região e para isso estão disponibilizando diariamente cupons. Mas não podemos ficar reféns apenas da iniciativa dessas plataformas; o governo tem que agir para amparar essas pessoas. É uma crise e devemos enfrentar de cabeça erguida. Para atrair os clientes, uma grande pizzaria da capital tem usado todos os artifícios possíveis nesse momento. “Mídias sociais é o meio que está mais em alta para divulgação, pois todos estão em casa de olho no celular, mas também fizemos outdoor e parcerias com influenciadores digitais”, revela o empresário responsável pela marca. Mesmo assim, ele afirma que todo esforço não tem trazido tanto retorno e que a situação é preocupante. “O movimento do delivery não compensa manter toda uma estrutura por trás, porém neste momento é a única arma que temos para lutar”, conclui.

No momento atual, os velhos da família, nós, nem sempre somos tratados com o devido respeito. Ao menor aborrecimento, os jovens, não todos, se afastam dos idosos. Esquecem-se facilmente dos bons momentos vividos em outras épocas.

Não podemos ficar reféns apenas da iniciativa dessas plataformas; o governo tem que agir para amparar essas pessoas. É uma crise e devemos enfrentar de cabeça erguida.


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A farra fiscal do Coronavírus

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incompetência política do chefe de governo e líder da Nação está em vias de provocar outra (mais uma) hecatombe nas contas do governo. A Câmara dos Deputados, aproveitando-se da sua anomia se prepara para votar a farra fiscal do Coronavírus, comandada pelo indefectível Rodrigo Maia. Mais um daqueles projetos vai que cola... Trata-se de arremedo de projeto de lei mal alinhavado às pressas, na calada da noite e com as piores intenções que a banda podre daquela casa é capaz de urdir, mesmo durante a maior crise de saúde pública que o mundo e o Brasil passam e que, certamente, irá levar a economia à lona após sua passagem. Frise-se que tramita naquela casa a passo de cágado o Plano Mansueto (secretário do Tesouro) que trata de estímulos fiscais a Estados com problemas em suas contas que

ELIAS FRAGOSO n Economista

teriam como contrapartida de fazer reforma fiscal e cumprir metas de desempenho. Pois bem, o presidente da Câmara e acólitos urdiram uma reviravolta altamente prejudicial ao Brasil e a cada um de nós ao trocar a apreciação do Plano Mansueto pelo projeto (sic!) costurado por ele que “cria um auxilio emergencial a Estados e Municípios durante a pandemia do Coronavírus”. E que “auxílios” seriam esses?

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Premia gestões irresponsáveis que dilapidaram recursos públicos da forma que todos sabem. Seria até ocioso retomar aqui o tema corrupção. E como isso seria feito? Liberando os entes federados para contrair empréstimos (praticamente todos estão inadimplentes e não teriam como fazê-lo) com garantia da União. E sem qualquer contrapartida em termos de saneamento das finanças daqueles entes federados! (grifo nosso). Ou seja, mais um calote na União. Não é mesmo uma gracinha com o nosso dinheiro?! Outra “gracinha”, o projeto (sic!) suspende até o fim do ano (o que seria razoável) o pagamento das dívidas de Estados e Municípios com a União, mas aí vem outra pegadinha com o seu bolso: sem qualquer garantia ou contrapartida dos devedores, ou seja, outro calote na União e no brasileiro que terá que pagar a conta.

A conta? Na visão deformada do presidente da Câmara é de 50 bilhões de reais, mas na verdade alcança 180 bilhões de reais (o projeto contempla outras tecnicalidades que o espaço aqui não permite estender e formaliza despesas já pactuadas para o período da crise). Esses 180 bilhões de reais equivalem a 2% do PIB. O deficit fiscal, que já ronda os 7%, dará outro salto se essa sandice de caso pensado vier a ser aprovada. De olho nos deputados federais das Alagoas. Será que além de amoitados durante a crise do Coronavírus ainda vão querer te espetar mais essa enorme conta? Em tempo: este artigo foi escrito na quarta à noite quando o indefectível Maia estava prometendo votar a anomalia na quinta-feira, quando o jornal estará sendo rodado. Torço para que mais essa calamidade não caia sobre nossas cabeças em plena hecatombe do Coronavírus.

General Costa e Silva para que o orientasse a estender a soberania marítima brasileira para duzentas milhas, por a nação já haver descoberto a existência de enormes jazidas de petróleo em nossa plataforma litorânea. Estudado o caso, necessária se fez a nomeação de Ráo para presidir a Comissão Jurídica Interamericana, órgão da OEA, com sede no Rio de Janeiro. Após incansáveis trabalhos, conseguiram jurisprudência em um caso que envolvia o Império Britânico. Uma de suas ilhas do Oceano Índico havia conseguido estender para cento e cinquenta milhas sua soberania. Ficou mais fácil obter, dos membros da comissão, declaração proclamando ser legítimo para as nações americanas estenderem sua soberania para além das doze milhas tradicionais. Ressalvando-se que “não colidisse com países próximos”, como Cuba em relação ao México e Estados Unidos. Costa e Silva já não era mais presidente. Coube ao

sucessor, general Garrastazu Médici, editar o Decreto-Lei nº 1098 de 25 de março de 1970, estendendo o mar territorial do Brasil para duzentas milhas. Uma excelente ajuda ao nosso pré-sal, dada a magnitude de tal riqueza. Mas não ficou por aí. Um dia, Médici ligou para o professor Ráo, asseverando que lhe era a pátria devedora de um feito inestimável e não havia honorários à altura. – “Há, sim senhor. Tenho um ex-aluno exilado no Chile, com família grande, filhos, que precisa voltar ao Brasil. Seu nome: Paulo de Tarso Santos”. Privilégio no regime - foram arquivados os processos - teve a volta do exministro da Educação de Jango, acolhendo-o como advogado, em sua banca. Como se vê, tudo isso o que os chamados ditadores fizeram para o crescimento econômico e financeiro da Petrobras, anos após, uma organização criminosa chamada PT quase a destrói por completo.

De olho nos deputados federais das Alagoas. Será que além de amoitados durante a crise do Coronavírus ainda vão querer te espetar mais essa enorme conta?

Revolução e petróleo

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uando um amigo facebookano, em postagem, mostrounos a capa do livro que iniciaria a leitura nestes dias de quarentena, logo lembrei, além da decepcionante mancada do ainda jovem ministro Celso de Melo, de um fato marcante na vida política e econômica brasileira, narrado exatamente nesta excelente obra de Saulo Ramos, “Código da Vida”, como veremos. Desde Monteiro Lobato (1882-1948), advogado, empresário visionário, intelectual e escritor sempre dedicado às causas nacionalistas, até nossos dias, o petróleo, como fator de independência econômica do País, tem sido motivo de inúmeras lides políticas. O próprio Lobato esteve preso em pleno Estado Novo de Getúlio Vargas, em virtude de sua luta em defesa do “ouro negro”. E, por ironia do destino, é em Lobato (Salvador) – nada a ver com o Monteiro – que teria sido descoberta a primeira jazida petrolífera. Porém, assim

JOSÉ MAURÌCIO BRÊDA n Economista

como o petróleo motivou a prisão do escritor, propiciou, bem mais adiante na história e também em regime autoritário, a soltura de um dissidente. O ex-ministro e jurista Saulo Ramos, em seu livro, traz um relato interessante. Trabalhava ele no renomado escritório jurídico de Vicente Ráo, quando este recebeu um pedido do então presidente

Após incansáveis trabalhos, conseguiram jurisprudência em um caso que envolvia o Império Britânico. Uma de suas ilhas do Oceano Índico havia conseguido estender para cento e cinquenta milhas sua soberania.


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NO PAÍS DAS ALAGOAS

Um governador com muito dinheiro Outubro de 2009. É dada a largada para a campanha eleitoral de 2010. O PRTB lança o nome do advogado Ademir Cabral para disputar o governo do Estado de Alagoas, que, turbinado, toma gosto e vai às urnas. À porta da Assembleia Legislativa, foi rodeado por lideranças políticas que queriam ouvi-lo. Cabral soltou o verbo: - Alagoas precisa avançar mais. Trago muitas ideias, muitos planos, que os outros candidatos não têm. Vou governar com vocês. Vamos à luta, minha gente. Um vereador manifestou-se: - Vamos aguardar um pouco, governador. Breve a gente toma uma posição. O pré-candidato alertou: - Olhem, o trem está quase cheio, quem deixar para se definir lá pra frente, pode não encontrar mais lugar. Por enquanto, ainda temos vaga até na primeira classe. Val 2000, suplente de vereador pela 4ª vez na cidade de Maribondo, não controlou a ansiedade: - Governador, Maribondo está com o senhor.

TEMÓTEOCORREIA

n Ex-deputado estadual

Mas quero saber um pequeno detalhe: tem dinheiro pra gente começar a trabalhar? Ademir Cabral parou, seu semblante tensionou-se, seus olhos brilharam, abriu um pálido sorriso e, finalmente, fixou seu olhar no interlocutor, respondendo na lata: - Dinheiro eu tenho e não é pouco, mas não posso usá-lo porque a legislação eleitoral não permite. Vamos aguardar pelas doações legais no próximo ano. E Val, entristecido com a resposta, declinou do compromisso assumido: - Infelizmente, não vou poder votar no senhor, governador, mas vou rezar muito pela sua eleição. Cabral irritou-se, mas não perdeu a estribeira e, na presença de todos, fulminou: - Olhe meu amigo você não é um homem de sorte. Com essa infeliz declaração, acaba de perder um grande cargo no meu governo. Mas, vou arranjar uma lugazinho para você no seminário. Lá, você vai poder rezar bem muito.


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Hora de darmos as mãos

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odos sabem da minha independência de pensamento exercida nesses anos todos de produção de textos críticos, principalmente se tratando de um combate sistemático aos maus políticos e aos desvios de finalidade na atividade pública. Nunca tive relação de amizade com o governador Renan Filho, como também de qualquer inimizade, apenas divergimos, o que é natural entre um jornalista e um político. Desde o início desse terror do Coronavírus, no entanto, tenho me revelado um admirador da coragem e da determinação do governador no comando de uma operação de guerra na busca de salvar a vida dos alagoanos. Por suas ações Alagoas tem sido protagonista e dá, ao País inteiro,

exemplo de maturidade e consciência no enfrentamento da terrível crise que nos ameaça. Com recursos próprios, uma vez que dinheiro federal anunciado e alardeado sempre tarda a aparecer, a situação está sob o controle possível e providências imediatas foram e estão sendo tomadas. Quem imaginou que em tempo recorde o nosso setor de Saúde estaria funcionando com o acréscimo de mais de 300 leitos de UTI em vários hospitais, com uma estrutura de insumos, profissionais e outros equipamentos capazes de conter o avanço da pandemia? Muito difícil, principalmente para um estado pobre e com um acentuado índice de miséria na região metropolitana e no interior.

O sacrifício é de todos

O governador Renan Filho foi dos primeiros em todo o País a decretar o isolamento social como forma acertada de conter o avanço da fatalidade. Mandou que os alagoanos ficassem em casa, suspendeu as aulas em escolas públicas e privadas e paralisou as atividades comerciais formais e informais. Ruim para muitos, porém melhor para todos. Ouvi de autoridades médicas e cientificas que “Alagoas superou a maioria dos estados no controle do avanço do vírus, por conta das medidas restritivas”.

O grito dos insensatos

No centro dessa pandemia que nos obriga a ficar resguardados em casa, sem contato com os amigos, com a família, até ninguém sabe quando, pois o governo poderá se ver forçado a estender o decreto de restrições quantas vezes for necessário, surgem pessoas de má fé, inescrupulosas e irresponsáveis com noticias falsas, provocações egoístas e até sugestões desprovidas de conhecimento jurídico, econômico e humano, com propostas incendiárias para que o governo reduza tarifas de impostos de determinados produtos, sem o menor sentido. É importante entender que qualquer redução nas fontes de receita de um estado como Alagoas compromete tudo a pagar, inclusive a folha de pagamentos. Tal redução ameaça especialmente os investimentos extras, já iniciados inclusive, para o enfrentamento do Coronavírus. Alagoas, assim como todos os estados brasileiros, deverá sofrer uma queda significativa na arrecadação por conta dos efeitos da indispensável quarentena e isso, obviamente, torna muito mais perigosa e explosiva a situação fiscal - o que impede qualquer iniciativa capaz de reduzir ainda mais essa arrecadação. Caso qualquer governo deseje fazer alteração em tributos como o ICMS, terá de ter aprovada essa proposta por unanimidade pelo Confaz. E por fim a política econômica é responsabilidade da União e só depois de iniciativas do governo federal é que Estados e Municípios podem se adequar às novas orientações e normas; não existem (até agora) novas orientações e normas emitidas pelo governo federal no campo econômico.

Em Minas Gerais só desculpa

Aqueles que pedem redução de impostos precisam entender que os estados, principalmente os mais pobres, não poderão sobreviver e aí a coisa vai piorar muito. Como dizia meu velho pai: “Além de queda, coice”. Em entrevista à imprensa, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), pediu desculpas e disse que ainda não há como prever quando os recursos estarão à disposição pra pagar servidores. “Peço desculpas. Eu não consigo tornar previsível o que não tenho como dar previsibilidade. Não é por uma decisão deliberada que estamos deixando de pagar. É porque, infelizmente, o recurso não existe. Temos de pagar na hora que o recurso entra no cofre. Não adianta, nem se eu quisesse emitir um cheque e mandar para todo mundo se o cheque estiver sem fundo. Peço essa compreensão”, disse.

Os irresponsáveis

Algumas pessoas incomodadas com as decisões de restrição em Alagoas, para agradar alguns segmentos inexpressivos e para alimentar seus próprios egos carentes de promoção, estão usando as redes sociais para satanizar o decreto que prorroga o recolhimento social e a não abertura total do comércio e serviços que possam aglomerar pessoas, apoiado pelas maiores entidades representativas do setor produtivo. Esses irresponsáveis vão além: pregam a desobediência ao decreto e incentivam a população a reagir contra o dispositivo legal que tem o objetivo de salvar vidas em Alagoas. Essas pessoas já deveriam ter sido recolhidas e presas, pois se anunciam com seus nomes e sobrenomes para provocar conturbação.

Para refletir:

O governo não é maior que a imprensa e a imprensa não é maior que o governo.

Muitos falam, poucos fazem

Momento de crise também é ocasião para políticos surgirem bradando à população seus “feitos” e suas “lutas” trazendo soluções invisíveis para um eleitorado ávido por notícias boas e que venham para solucionar seus problemas de desemprego, fome e saúde. Alguns deputados federais e um senador têm anunciado que conseguiram muito dinheiro para Alagoas. Então para onde foi esse dinheiro que até agora aqui não aportou? A não ser que cada um tenha uma máquina de produzir cédulas e as estejam trazendo em malas. Não duvido de suas ações, mas daí a esse dinheiro chegar por aqui a crise acaba.

EXPRESSAS

Prefeito Rui Palmeira tem dedicado praticamente toda a sua agenda na luta incessante de combate à pandemia que ameaça a população. Mas sabe que a coordenação da Saúde está entregue a quem mais se credencia em responsabilidade e seriedade: o secretário José Thomaz Nonô. Candidatura da juíza Sônia Beltrão em Palmeira dos Índios surpreendeu e já começa a mostrar mudanças no tom da disputa. Cesta nutricional distribuída pela Prefeitura de Maceió para a rede escolar, em substituição à merenda, merece elogios.


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Conta telefônica

Pequenos negócios

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ortalecer os pequenos negócios locais virou algo crucial para manter a economia nesse momento de pandemia. Por isso, o Google Maps fez uma atualização e, partir de agora, o serviço de localização e navegação da empresa exibe restaurantes próximos a você que realizam delivery. A medida é uma maneira de fornecer mais opções de alimentação para quem está em isolamento social por causa do novo Coronavírus. Normalmente, o serviço sugere estabelecimentos para você visitar, mas agora trocou essas sugestões por locais com entrega ou que disponibilizam alimentos para retirada no balcão.

A Vivo decidiu flexibilizar as condições de pagamento de seus clientes de telefonia fixa e móvel, banda larga e TV por assinatura devido à crise do Coronavírus. Os clientes inadimplentes poderão parcelar seus débitos em até 10 vezes, sem cobrança de multa e de juros adicionais sobre os acordos de parcelamento. A companhia também oferecerá aos inadimplentes um bônus de 15 dias extras para utilização de qualquer serviço contratado, caso ainda não esteja em período de bloqueio total.

Reajuste nos remédios

Cartão de crédito

O valor dos medicamentos no Brasil pode subir a qualquer momento. Apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter postergado por 60 dias o reajuste, a pandemia global do novo Coronavírus já está encarecendo a fabricação de remédios no País, e o custo extra pode ser repassado a distribuidoras, farmácias e consumidores antes do tempo previsto pelo presidente. Mesmo com o adiamento do aumento neste ano, as fabricantes têm margem para subir os preços dentro do atual limite legal.

Todos viram as notícias sobre a possibilidade de pedir o adiamento das parcelas de financiamentos de imóveis e automóveis, na esteira das medidas para aliviar o impacto econômico do Coronavírus. No entanto, a dívida que mais incomoda os brasileiros tem outro nome: cartão de crédito. Ainda assim, a fatura do cartão de crédito ficou de fora da lista das medidas anunciadas pela Federação Brasileira de Bancos e pelos bancos para minimizar o impacto econômico da pandemia. Sendo assim, as faturas dos cartões de crédito continuarão sendo emitidas de forma normal.


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ABCDOINTERIOR Pão de Açúcar que se cuide

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ex-prefeito de Marechal Deodoro e ex-deputado federal Cristiano Matheus anunciou sua intenção de ser o próximo gestor de Pão de Açúcar, cidade sertaneja banhada pelo Rio São Francisco. O anúncio feito em suas redes sociais também é acompanhado por críticas a Júnior Dâmaso, ex-aliado do político e comunicador com histórico de denúncias por improbidade administrativa e violência doméstica.

“Novo desafio”

Cristiano Matheus publicou um vídeo em suas contas, no Instagram e no Facebook, no dia 4 de abril, um dia após ter decidido investir sua carreira política na cidade alagoana onde chegou ainda criança, vindo com a família de Ubatuba-SP. Ele diz que recorreu às redes sociais para informar sobre seu futuro político: voltar à Prefeitura de Marechal Deodoro, reconquistar uma cadeira na Câmara de Vereadores de Maceió ou partir para o novo desafio, em Pão de Açúcar.

Uma porta fechada

“Eu fui até o Palácio e entreguei o diretório municipal do MDB ao governador, agradeci a ele e ao senador Renan Calheiros”, o apoio dos líderes do partido ao qual permanece filiado. Cristiano Matheus afirma que tentou construir um grupo para enfrentar o prefeito Cacau, atual gestor de Marechal Deodoro, conseguiu “99%” de retorno positivo para o diálogo, mas – estranhamente – abandonou a pretensão por esbarrar em apenas “uma porta fechada”, justamente a que ele imaginou que estaria aberta.

Júnior Dâmaso

O obstáculo para sua caminhada de retorno ao Poder Executivo do município de grande importância histórica e turística para Alagoas e o Brasil atende pelo nome de Júnior Dâmaso, situação que lamenta. “Eu já disputei duas eleições com Júnior, eu ganhei as duas e quando estava saindo do meu cargo, com mais de 76% de aprovação, eu tinha vário quadros para apresentar”, relata Matheus, citando o nome do ex-secretário de Infraestrutura, Albérico Azevedo; da vice-prefeita Iolanda Alcântara e até mesmo o de Cacau Filho, eleito prefeito de Marechal Deodoro na disputa mais acirrada de Alagoas, com apenas oito votos a mais da votação de Júnior Dâmaso, cabeça da chapa apoiada por Cristiano Matheus.

Vontade

da maioria

“Eu optei pelo Junior Dâmaso porque era a vontade da maioria, na política temos que estar aberto ao diálogo, mas, infelizmente ele não pensa assim. Depois de 2018, venho sentindo resistência e distanciamento por parte dele, toda vez que era convocado pra conversar sobre eleição, sempre se colocava para ser o candidato da oposição e discordando de tudo, mesmo as pesquisas e a classe política optando pelo meu nome.”, escreveu Matheus em seu perfil no Facebook. (Com Fernando Vinicius)

O “fenômeno” Júlio Cezar

Considerado o pai da Química Moderna, o francês Antoine Laurent Lavoisier (1743 – 1794) nos deixou a celebre frase: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Talvez esteja aí a explicação para o “fenômeno” Júlio Cezar da Silva, prefeito de Palmeira dos Índios, com largas chances de ser reeleito em outubro próximo.

Quem paga a conta?

n robertobaiabarros@hotmail.com

Júlio anuncia nos quatro cantos que é filho de verdureira, esquecendo de revelar alguns detalhes significativos da sua promissora carreira profissional. Vejamos: passou para a reserva da PM como cabo no auge da juventude e foi o “ás de copas” dos governadores Ronaldo Lessa e Teotônio Vilela, caindo, como o destino assim o quis, de paraquedas na Prefeitura de Palmeira dos Índios, onde, infelizmente, não faz uma boa gestão. E a conta? Ora, quem paga é o povo da cidade que um dia foi administrada pelo Mestre Graça. E o povo ó, ó, ó, ó...

E aí?

A propósito, persiste a dúvida: o projeto de lei que concede aumento salarial para vereadores, prefeito e cargos em comissão da Prefeitura de Palmeira dos Índios em plena agonia da pandemia do Coronavírus é da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores ou foi fruto de um parto malsucedido do Executivo daquela cidade? Com a palavra, o Executivo e o Legislativo.

Empurra-empurra

No jogo de empurra-empurra, quem sai perdendo mais uma vez é o povo da terra dos Xucurus-kariris, que continua dançando ao ritmo do toré. Se o tal projeto é da Câmara Municipal, não existe razão para o jogo de esconde-esconde.

Shakespeare explica

Essa situação nos faz lembrar a célebre frase do pensador William Shakespeare: “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar”. Em tempo: o prefeito conta com apoio da maioria dos vereadores.

PELO INTERIOR . ... O vice-prefeito de Palmeira dos Índios pediu exoneração do cargo de secretário de Saúde daquele município. Nas redes sociais, o prefeito Júlio divulgou uma nota oficial “agradecendo” o trabalho realizado por seu vice na pasta. ... Calado, Márcio Henrique ainda não falou sobre a sua saída, mas nos bastidores o circo pega fogo e o que se comenta não é nada bom para o prefeito palmeirense. Nos próximos dias a verdade virá à tona e Márcio deve mesmo passar para a oposição. ... O deputado estadual Tarcizo Freire (PP) vem trabalhando para montar uma das maiores bancadas no Legislativo do município de Arapiraca. O parlamentar fechou um grupo político composto por 29 pré-candidatos pelo Progressista, sendo 15 homens e 14 mulheres. ... De acordo com Tarcizo, com a formação do grupo, o partido se fortalece e cria condições necessárias para que os pré-candidatos disputem a eleição com chance de eleger de 4 a 5 vereadores. Freire ainda ressalta a participação da mulher nas eleições de 2020. ... “Às vésperas de nova disputa eleitoral no município de Arapiraca, estamos trabalhando pelo crescimento e o fortalecimento do Progressista. A formação de um grupo com 29 pré-candidatos, entre eles 14 mulheres, é excelente. Eu defendo muito a valorização e a participação da mulher nas eleições, pois a presença delas na política é algo extremamente fundamental para o fortalecimento da democracia”, concluiu Tarcizo. ... O deputado falou, ainda, que está satisfeito com a formação do grupo e com o engajamento de todos no projeto político do Progressista. ... Aos nossos leitores desejamos muita paz e saúde. Um ótimo final de semana para todos. E lembre-se: vamos nos prevenir contra essa pandemia do coronavírus que assola o País e tem tirado a vida de centenas de pessoas. ... Cuidem-se. Isolamento social é a melhor opção para preservar a vida. Até a próxima edição!


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FERNANDO CALMON

n Jornalista

Estilo e espaço na nova Fiat Strada

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rajetória da Strada no mercado brasileiro é uma das mais brilhantes em toda a história da indústria. A Fiat criou o segmento de picapes derivadas de automóveis compactos (no Brasil, pois antes houve um Datsun no exterior), quando apresentou o modelo baseado no 147, no Salão do Automóvel de 1978. Ford, GM e VW responderam depois com Pampa, Chevy 500, Saveiro e não demorou para o modelo da VW assumir a liderança. A Strada, porém, virou o jogo 22 anos atrás. Levou dois anos para ser a nova líder e e depois nunca perdeu a posição de ponta. Em 2014 completou um milhão de unidades vendidas. O segmento hoje é formado por Saveiro, Duster Oroch e Montana, mas a picape da Fiat domina com participação superior a 50%. A nova geração inclui a inédita versão de cabine dupla e quatro portas com estilo muito atraente e espaço interno. O capô, perfil e traseira têm semelhança proposital com a Toro, picape de grande sucesso de vendas e maior capacidade de carga. A Strada tem como base o subcompacto Mobi, mas dele só restaram para-brisa e portas. Manteve a suspensão traseira com molas semielípticas ao contrário de seus três concorrentes diretos que utilizam molas helicoidais. O mercado interpreta aquela solução como a melhor, embora tecnicamente os dois tipos de molas apresentem equivalência em robustez. Interior ficou espaçoso para cinco ocupantes e com amplo ângulo de abertura das portas – modelo anterior estava homologado para quatro passageiros e só tinha três portas. Bancos, volante e painel também são novos e a posição de guiar é boa, faltando, porém, regulagem de distância do volante. Central multimídia de 7 pol. é a primeira, entre veículos nacionais, a parear sem fio os aplicativos

ALTA RODA de rota Android Auto e Apple CarPlay. Esta comodidade seria mais útil se houvesse carregamento por indução do celular. Há duas portas USB, uma delas na parte de trás do console. Agora existem 11 porta-objetos espalhados pela cabine. A caçamba tem ótimo volume de 844 litros (como referência, Oroch, 683 litros) e 650 kg de carga útil. Sua tampa permite abertura e fechamento com mínimo esforço e sem necessidade de mola a gás. A capota marítima foi projetada para vedar água e poeira com maior eficiência. Estepe, de uso temporário, tem sistema antifurto simples e eficaz. O motor é o 4-cilindros flex, de 1,33 L, 109 cv (etanol) e 14,4 kgfm, igual ao utilizado no Argo e Cronos. São 11 cv a menos que os principais rivais ou 23 cv, se considerado o motor anterior de 1,75 L. Em princípio indicaria um veículo lento, mas essa sensação não se confirma na prática. Fiz uma avaliação inicial, em circuito fechado e sem carga. Deixou boa impressão em conforto e dirigibilidade. Ajudam bastante as relações de câmbio curtas (sem nível de ruído incômodo) e peso em ordem de marcha 79 kg menor que a Strada anterior. No entanto, com cargas média e alta, vai se ressentir em razão de valores de torque inferiores. A nova Strada, cabines simples e dupla, só terá preços anunciados em até um mês depois de fábrica formar estoques. A Fiat promete preços iguais e até menores que os atuais, se a cotação do dólar ajudar.

n CRONOGRAMA de lançamento do Nivus, o n SUV com teto arredondado com a mesma arquitetura MQB A0 do Polo, não será afetado pela paralisação atual em 95% das fábricas brasileiras. O novo modelo, entre os mais aguardados deste ano, está confirmado para junho. Em 15 de abril próximo, a VW revelará à imprensa detalhes relevantes do carro e sem embargo.

n MARÇO foi o primeiro mês a enfrentar queda de vendas acentuadas no mercado interno em razão da pandemia da Covid-19. Entre a primeira e a última semana do mês passado o ritmo de emplacamentos diários caiu 86,5%, segundo dados da Anfavea. Maior parte desse resultado se deveu ao fechamento de Detrans e concessionárias por decisão de vários governos estaduais. n RECUO foi de 8,1% no primeiro trimestre de 2020, em relação ao mesmo período de 2019. O efeito estatístico será profundo em abril porque haverá três semanas sob influência da paralisação contínua dos emplacamentos, fora as duas do mês passado. Última semana deste mês poderá ser caótica com acúmulo de serviços e filas nos pátios dos Detrans. Isso dificulta fazer previsões confiáveis. n GOVERNO do Estado de Nova York, o mais atingido pelos efeitos do coronavírus nos EUA, autorizou que mesmo na situação de isolamento social muito severo as concessionárias vendessem carros pela internet e fizessem entregas individualizadas no endereço dos compradores. Em escala bem menor isso também está ocorrendo em grandes centros urbanos no Brasil. n NOTÍCIAS da Argentina exageraram os desacordos entre Ford e VW sobre as novas Ranger e Amarok, previstas para 2022/23. Projetos continuam a se desenvolver em paralelo e até o presidente mundial da VW, Herbert Diess, mostrou um esboço, há duas semanas. As picapes poderiam ser feitas, individualmente, em General Pacheco, Buenos Aires, onde as duas fábricas são vizinhas.


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SEMANA SANTA

Sérgio Lira une tradição com valorização da produção local

Prefeito de Maragogi adquire peixes cultivados na região para distribuir à população

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pesar dos momentos difíceis de pandemia do novo Coronavírus, a Semana Santa em Maragogi será marcada por muita tradição e solidariedade. Isso porque este ano o prefeito da cidade, Sérgio Lira, decidiu que além de fazer a tradicional doação de pescados, iria ajudar os produtores do município. Toda a distribuição de peixes feita para a população este ano foi de produção local, dos cultivadores da Albacora e Tilápia de Maragogi. As entregas começaram na quarta-feira, 8 e seguem até sexta-feira, 10, beneficiando assim mais de duas mil famílias. Fornecer o pescado para que as famílias que não têm condições de adquiri-lo possam ter uma refeição de qualidade neste período de celebração, como forma de respeito às tradições religiosas, é um compromisso da atual gestão. O objetivo do prefeito este ano ao comprar toda a produção dos agricultores rurais que comercializam os alevinos no mercado da cidade, foi contribuir para o escoamento da produção, além de colaborar para

manutenção e valorização da economia local. “Este ano decidimos fazer diferente justamente para isso. Além de levar o tradicional peixe para a mesa do cidadão maragogiense, vamos contribuir com a renda dessas famílias, enquanto cuidamos de tantas outras. Estamos juntos nessa fase tão difícil para todos”, afirmou o prefeito. Com a pandemia do novo Coronavírus e o decreto estadual de isolamento social, a venda destes produtos diminuiu afetando diretamente a renda de muitas famílias maragogienses. Como em todos os anos, a entrega se deu de forma tranquila e organizada, e a população tanto da zona rural quanto da zona urbana foi agraciada. Para a distribuição dos pescados, a prefeitura conta com o apoio da Secretaria Municipal de Assistência Social e de colaboradores.


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TRADIÇÃO EM JUNQUEIRO

Distribuição de cestas básicas na Semana Santa beneficia 4.500 famílias

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antendo a tradição da Páscoa solidária, a Prefeitura de Junqueiro este ano distribuiu na Semana Santa mais de 4 mil e 500 cestas básicas para a população. A entrega destes suprimentos garante a alimentação da população mais carente. Todos os anos são entregues pescados nesta época, no entanto, devido à crise econômica gerada pela pandemia do novo Coronavírus, a prefeitura optou por distribuir alimentos que possam ter mais durabilidade e que reforcem a refeição durante as celebrações religiosas do feriado. “A entrega de peixe é tradição há mais de 40 anos, mas realmente teve que ser quebrada este ano diante da pandemia do Coronavírus. Essa decisão foi tomada em conjunto por vários municípios, que optaram por não fazer a doação de pescados neste ano, não só pela dificuldade de entrega, mas também de fornecimento. Decidimos então reverter o valor de compra de peixes em compra de cestas básicas”, relatou o prefeito Carlos

Augusto. Além das cestas entregues às famílias mais carentes do município - aquelas cadastradas em programas sociais e que também relataram algumas dificuldades este ano - foram comprados kits de alimentação para quase 2 mil alunos da rede municipal de ensino. Os kits servem como reforço para os estudantes que estão sem a merenda escolar. O auxílio e apoio a todos os munícipes é um compromisso que Carlos Augusto tem com a população junqueirense desde o início de sua gestão. Esta é só mais uma das ações presentes na administração do prefeito. Com o avanço da Covid-19, todo o foco da prefeitura está na saúde pública e assistência à população. “Só a entrega dos peixes não iria satisfazer as necessidades reais das famílias em situação de vulnerabilidade social do município”, finalizou o Carlos Augusto, pontuando a necessidade de uma nutrição adequada para todos.

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www.novoextra.com.br

Cooperativa supera pior momento da economia global com ‘descomoditização’

Agregar valores a produtos básicos é visto como chave para ampliar competitividade no mercado 6 e 7

Klécio Santos atribui boa performance da Pindorama à inovação e ousadia na gerência da cooperativa

QUESTÃO DE SAÚDE

Em tempos de crise, a procura por produtos mais baratos pode levar à compra de carnes sem qualidade. 11

TEMPOS DE CRISE

Cadeia produtiva do turismo é um dos segmentos da economia mais afetados pela Covid-19. 11


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Governo reduz malha aérea para prevenir contaminação pelo Coronavírus Cadeia produtiva do turismo é um dos segmentos econômicos mais afetados pela pandemia

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s efeitos nocivos da pandemia do novo Coronavírus no setor de turismo global se espalha com a mesma celeridade do vírus. As medidas adotadas pelos gestores para frear os casos da doença Covid-19 incluem, principalmente, o isolamento social, que implica o cancelamento ou adiamento das viagens (domésticas e internacionais); restrições da entrada de estrangeiros nos países e o fechamento de estabelecimentos, incluindo hotéis e similares. A cadeia do turismo, sem dúvida, é uma das mais impactadas com a pandemia. Na semana passada, o governo de Malha aérea foi reduzida em 24 voos diários Alagoas reduziu a malha aérea como pela pandemia e com efeitos a longo forma de conter o contágio de Coroprazo que podem durar até 2021, no navírus no estado. Os 26 voos diários cenário apontado pelos menos otipara diversos destinos no Brasil pasmistas. A maior sequela da pandesaram para dois, ambos com origem mia no turismo mundial, assim como e destino em São Paulo, no aeroporto em outros segmentos econômicos, de Guarulhos. Segundo a Secretaserá o desemprego. ria de Estado do Desenvolvimento “Infelizmente, vivemos uma Econômico e Turismo (Sedetur), no situação incomum a todos e que momento, só operam em Alagoas impacta negativamente o setor do as companhias aéreas Gol e Latam, turismo. Estamos acompanhando de com voos diários chegando e partinperto e pensando em soluções que do de Maceió. A redução foi adotada busquem minimizar os prejuízos ao em alinhamento com as empresas e setor. Neste momento, o isolamento levando em consideração as medidas social é comprovadamente a solução do Governo Federal e da Agência mais viável para contenção do vírus, Nacional de Aviação (ANAC) para o por isso é importante que as pessoas setor no país. fiquem em casa. Quanto mais efetiva Além das empresas de aviação, forem estas medidas, mais rápido outras de locação, hotelaria, agências voltaremos à normalidade, fazendo de viagens e eventos, operadoras, com que o segmento do turismo volte entre outras que suspenderam o a movimentar a economia do estado funcionamento, se preparam para o mais rápido possível”, pontuou o Rafael Brito: pensando em soluções que encarar meses, se não um ano insecretário de Estado do Desenvolviminimizem os prejuízos no setor teiro, de crise financeira provocada mento Econômico e Turismo, Rafael

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EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo JORNALISTA RESPONSÁVEL: Tamara Albuquerque (tamarajornalista@gmail.com)

Brito. Como medida posterior ao impacto econômico no turismo, o secretário informa que o governo planeja preparar um plano de mídia para colocar em prática quando as pessoas voltarem a se sentir seguras para viajar. “Para que Alagoas possa ser um dos estados mais beneficiados do Brasil com a demanda reprimida após a crise”, avalia. O turismo é uma forte agente indutor de crescimento econômico, social e territorial, pois movimenta diversos setores produtivos, gera emprego e renda para a população e melhora a infraestrutura local. Nos primeiros sete meses de 2019, o faturamento do setor no país foi de R$ 136,7 bilhões, o maior registrado nos últimos quatro anos. Em Alagoas, seis hotéis foram inaugurados no ano passado e mais de 11 estão em fase de construção este ano., de acordo com a Sedetur.

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO: 317.7245 - 99982.0322 CONTATO COMERCIAL: Jacinto Santos

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BARES E RESTAURANTES

Empresários apelam ao governo para antecipar MP dos Salários e evitar demissões

Auxílio não inclui pagamento da folha de março e empresas alegam caixa zerado após 20 dias sem faturamento

Restaurante vazio reflete danos provocados pelo novo Coronavírus

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s empresários do segmento de refeição fora de casa respiraram aliviados com a chamada MP dos salários, publicada pelo governo federal na semana passada. Entretanto, o cenário a curto prazo ainda é preocupante no setor. A reivindicação dos donos de bares e restaurantes em todo o país é conseguir recursos para pagar a folha salarial de março, o que deveria ter ocorrido na última segunda-feira (6). Segundo Thiago Falcão de Farias, presidente da Abrasel em Alagoas, a grande maioria dos estabelecimentos no estado não tem dinheiro em caixa para efetuar o pagamento, existindo a possibilidade real de demissão entre 20% a 30% dos trabalhadores nos próximos dias. “A MP é importante e permite que o empresário adeque sua realidade e preserve o colaborador. Mas, ela começa a valer para a próxima folha de abril e as empresas estão com o caixa zerado, após pouco mais de 20 dias fechadas, sem faturamento. Em Alagoas, os estabelecimentos funcionam no prejuízo desde quando começaram a falar em epidemia. Tivemos uma redução de 70% no número de clientes antes mesmo de o governo decretar o isolamento social. Não houve tempo para o empresário pegar o empréstimo subsidiado pelo governo e nem fazer avaliação e providenciar outras linhas de crédito nos bancos, comprometendo gravemente a folha salarial de março”, explicou. Thiago Farias calcula que 30% das empresas formais do setor de alimentação fora de casa, no estado, demitiram na semana passada. O quadro nacional é idêntico. O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, reforça que sem a ajuda do governo neste momento, as demissões vão acelerar a partir da próxima semana. O empresário também aponta como fator que atrapalha a falta de pers-

Clientes não podem fazer refeições no salão pectiva para a reabertura do setor em muitos estados. A Abrasel estima que o mês de abril pode fechar com um milhão de demissões em bares e restaurantes do país, o correspondente a 1/3 dos trabalhadores formais do setor. “Somando os informais, seriam seis milhões de trabalhadores desemprega-

dos no segmento”, disse o presidente da associação em entrevista. Thiago Farias reforça o coro e diz que “o futuro sobre os postos de trabalho no setor é uma incógnita. Depende do cenário e das medidas de prevenção e controle da pandemia adotadas pelos gestores”. A Medida Provisória nº 936, que

permite o corte de até 70% na jornada de trabalho e no salário, além da suspensão do contrato de trabalho entrou em vigor na última quinta-feira (2). O Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda vigorará durante o estado de calamidade pública provocado pelo novo Coronavírus. Entre as medidas do programa, está o pagamento de Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, a redução proporcional de jornada de trabalho e de salários, cuja primeira parcela pelo Seguro-desemprego será paga este mês; e a suspensão temporária do contrato de trabalho. Pela medida, se o corte salarial for de 25%, o trabalhador receberá 25% do valor do seu seguro-desemprego. Se for de 50%, receberá meta dedo seguro. E se for de 70%, terá direito a 70% do seguro. Atualmente, o seguro-desemprego tem três faixas. Se a média dos três últimos salários for até R $1.599,61, o trabalhador receberá 80% dessa média. A medida também permite o pagamento de boa parte do salário a fundo perdido. A empresa que usar essa linha do Fundo de Amparo ao Trabalhador não terá que reembolsar o Governo.


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SETOR TERCIÁRIO

Fecomércio prevê prejuízo de R$ 1,6 bi com suspensão das atividades Levantamento aponta para perdas diárias de R$ 53 milhões no movimento do Comércio e Serviços

SAQUE NO FGTS

O Presidente da República, Jair Bolsonaro, assinou a medida provisória que vai liberar um novo saque extraordinário do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), limitado ao valor de R$1.045 como uma das medidas de estímulo da economia contra os impactos financeiros provocados pela pandemia do novo coronavírus no Brasil. Segundo o Governo Federal, o período de saques será entre 15 de junho e 31 de dezembro deste ano, em calendário que deve ser anunciado pela Caixa nos próximos dias. A mesma medida provisória também extingue o fundo do PIS-PASEP (Programa de Integração Social e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público), transferindo todos os recursos financeiros destes programas para o FGTS. “A Medida Provisória também mantém as contas do Fundo PIS-PASEP como contas vinculadas do FGTS, preservando o patrimônio acumulado nelas, em obediência ao art. 239 da Constituição Federal”. (Fonte: R7)

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presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio/AL), José Gilton Pereira Lima, divulgou esta semana nota oficial onde lamentou a decisão do Governo do Estado em prorrogar, até o dia 20 de abril, a paralisação das atividades comerciais. O setor Terciário (Comércio e Serviços) representa, em Alagoas, 49% do PIB, sendo responsável por empregar 66% dos trabalhadores celetistas e por 83,33% dos empreendimentos existentes, respondendo por 44% da arrecadação do ICMS no Estado. Levantamento da assessoria econômica da Fecomércio já apontou que, excluindo serviços essenciais não afetados com a suspensão (eletricidade, água, gás, esgoto, alimentação e serviços de saúde privados), estima-se uma perda diária de R$ 53 milhões nas atividades do Comércio e de Serviços. Com a prorrogação até o dia 20 de abril, o prejuízo acumulado será de R$ 1,6 bilhão. A entidade afirma na nota reconhecer o momento difícil pelo qual passa a sociedade e a importância de somar esforços no combate à pandemia do Covid-19. Entretanto, defende que é preciso encontrar um equilíbrio entre os interesses econômicos e sociais. “Com uma participação tão ativa na economia, não há dúvidas de que uma paralisação massiva, embora voltada a um bem maior, afeta os negócios e prenuncia uma recessão. Por isso, desde a publicação do Decreto Legislativo nº 6, no dia 20 de março, a Fecomércio posicionase frente ao governo contra a prorrogação do não funcionamento das empresas”, cita a nota. De acordo com a Federação, o Community Mobility Reports (Relatório de Mobilidade da Comunidade)1, do Google, revela que, em Alagoas, houve queda de: 77% nas vendas e consumo por lazer; 79% nos estacionamentos; 76% nas

EXPORTAÇÃO DE AÇÚCAR

Gilton Lima assina nota que lamenta fechamento do comércio

linhas de ônibus; e 35% no ambiente de trabalho. Apenas o consumo residencial registrou aumento (17%). “Embora os dados sejam sobre mobilidade urbana, refletem queda de consumo também, pois se as pessoas não podem circular nestes locais, deixam de movimentar a economia nestes ambientes”. Em contrapartida, observa a entidade, as empresas continuam com compromissos financeiros a honrar e, embora medidas trabalhistas tenham sido anunciadas pelo governo federal,

assim como normas tributárias nas esferas federal, estadual e municipal, tais iniciativas não serão suficientes para equilibrar as contas face ao desaquecimento de suas atividades. “Como consequência, o desemprego, que já alcança 13,6% 2 dos alagoanos, certamente aumentará. Por todo o exposto, a Fecomércio reitera que é preciso equilibrar os interesses da sociedade e do setor produtivo para que o desenvolvimento seja contínuo, criando oportunidade a todos”.

As exportações de açúcar atingiram 1,45 milhões de toneladas no mês passado, um aumento de 10,4% em comparação ao mês anterior, quando 1,31 milhões de toneladas da commodity embarcaram pelos portos brasileiros. Na comparação anual, o aumento é ainda mais significativo: 43,9% a mais que o um milhão de toneladas exportadas em 2019, quando os preços estavam mais desfavoráveis. Neste ano, devido à queda do petróleo e consequente desvalorização do etanol, além do colapso no consumo, muitas usinas estão priorizando o açúcar e fixando os preços. Além disso, um dos únicos pontos favoráveis para os produtores parece ser a forte depreciação do real em relação ao dólar, conforme Nicolle Monteiro de Castro, da S&P Global Platts. (Fonte: Novacana)


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agro conomia COMO FUNCIONA

VALORES POSSIBILITARÃO INVESTIMENTOS E CAPITAL DE GIRO Pequenos empreendedores, cooperativas e informais terão mais um apoio do Governo Federal para enfrentar os prejuízos causados pela pandemia do novo Coronavírus. O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) vai oferecer até R$ 6 bilhões em linhas de crédito dos Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte (FNO), do Nordeste (FNE) e do Centro-Oeste (FCO). O objetivo é garantir capital de giro e recursos para investimentos nessas regiões. A aprovação pelo Conselho Monetário Nacional ocorreu na última segunda-feira (6). “Queremos pulverizar esses recursos para o maior número de beneficiários, justamente para preservar empregos e recuperar atividades produtivas”, destaca o ministro Rogério Marinho. O maior volume de recursos, R$ 3 bilhões, será destinado à região Nordeste, outros R$ 2 bilhões para o Norte, e R$ 1 bilhão para o Centro-Oeste. A expectativa do Governo Federal é de que sejam contratadas cerca de 85 mil operações. O custo para o Tesouro está projetado em R$ 439,6 milhões. Estão disponíveis contratos de financiamentos nas

Pequenos empreendedores e informais terão até R$ 6 bilhões em linhas de crédito emergencial modalidades capital de giro isolado e de investimentos, ambas com taxa efetiva de juros de 2,5% ao ano. Essa é a menor taxa do mercado, voltada exatamente para os pequenos empreendedores. Terão preferência no acesso às linhas de crédito emergencial as atividades vinculadas aos setores comerciais e de serviços.

Para a modalidade Capital de giro isolado, serão disponibilizados até R$ 100 mil por beneficiário. O recurso poderá ser utilizado em despesas de custeio, manutenção e formatação de estoques e, também, para o pagamento de funcionários, contribuições e despesas diversas com risco de não serem honradas por conta da redução ou paralisação das atividades produtivas. Já na modalidade Investimentos, serão disponibilizados até R$ 200 mil por beneficiário, com a finalidade do empreendedor investir e, ao mesmo tempo, utilizar o recurso como capital de giro. Nas duas situações, os financiamentos poderão ser contratados enquanto o decreto de calamidade pública estiver em vigor, limitado a 31 de dezembro de 2020. O prazo para quitação será de até 24 meses e carência até 31 de dezembro de 2020, de acordo com a capacidade de pagamento do beneficiário. As novas linhas de crédito entrarão em vigor a partir da publicação de Portaria do Ministério do Desenvolvimento Regional para cada região. Os recursos dos três Fundos Constitucionais são administrados pelo MDR e concedidos por meio do Banco da Amazônia, do Banco do Nordeste e, no Centro-Oeste, pelo Banco do Brasil. As pessoas físicas e jurídicas com contratos vigentes junto aos Fundos, mas que agora enfrentam dificuldades para honrar os pagamentos, poderão prorrogar por 12 meses as parcelas, inclusive as vencidas até 90 dias antes da publicação da portaria.


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PINDORAMA

Cooperativa supera pior momento da economia global com ‘descomoditização’ Agregar valores a produtos básicos é visto como chave para ampliar competitividade no mercado

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deterioração da economia atrapalha a vida da maioria das empresas, mas o cooperativismo vem mostrando ao mundo que pode ser um antídoto contra as crises nessa área. Apesar da instabilidade global, recessão econômica, alta do desemprego e queda no consumo, especialmente agora com a pandemia de Covid-19, esse modelo de negócio mostra sua força, incentiva o empreendedorismo e a solidariedade. Em Alagoas, a Cooperativa Pindorama, localizada no município de Coruripe, é um exemplo de superação no pior momento da economia brasileira nos últimos 20 anos. O faturamento da cooperativa neste início de ano já é 20% maior que o registrado em igual período de 2019, número considerado “extraordinário” pelo presidente do grupo, Klécio Santos, se for levado em conta a estagnação da economia, segundo avalia. “Nós temos tido ao longo dos 10 anos um crescimento interessante na medida que fomos agregando valores aos nossos produtos básicos”, enfatiza. A Pindorama tem quatro indústrias base: a de açúcar e álcool; de suco; coco e a indústria de laticínio. O carro-chefe é a cana de açúcar, mas a cooperativa investe em inovações para agregar valor aos produtos, abrindo novos negócios. Hoje, a Pindorama conta com 11 indústrias e um mix de produtos de grande aceitação no mercado local, regional e nacional. “Nós avançamos nessa linha de diversidade para agregar valor

aos produtos commodities. Na realidade temos procurado ‘descomoditizar’ nossa cooperativa para ter participação maior no mercado interno. Hoje, por exemplo, já absorvemos em torno de 7% da nossa produção de açúcar [1 milhão de sacas na safra 2019/2020] em outros produtos, como a bala de frutas, o suco, o achocolatado, entre outros, incluindo o recente que é a cocada cremosa”, comenta Klécio Santos. Descomoditizar é uma expressão que vem conquistando o mercado nacional. Na avaliação do presidente da Pindorama, pode ser a chave para a competitividade, especialmente no modelo de cooperativismo. “O cooperativismo, quando bem gerido, conduzido, é um caminho para superar dificuldades. Gera essa distribuição de renda para quem participa do processo. Ganha o cooperado e a comunidade, que em nosso caso envolve 30 mil pessoas. Nós temos driblado a crise no setor com essa visão estratégia, essa coragem de ousar e buscar novas frentes”, comenta Klécio Santos. A diversificação nos negócios garantiu à Pindorama o título de Usina do Ano na categoria Performance do prêmio MasterCana Nordeste, cujo objetivo é homenagear grupos empresariais, entidades, cooperativas e personalidades que se destacaram no segmento da cadeia produtiva da cana em várias iniciativas. A entrega do prêmio foi realizada no mês de fevereiro no Recife.

Klécio Santos atribui boa performance da Pindorama à inovação e ousadia na gerência da cooperativa

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e Pindorama investe num dos doces mais tradicionais do Nordeste extra

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Cocada conquista consumidor pela cremosidade e sabor tradicional do puro coco

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istoriadores afirmam que a cocada é um doce de origem africana e que foi introduzido no Brasil com os escravos. Contam que em 1808, quando a Família Real portuguesa veio morar no país, o rei Dom João 6º tinha o privilégio de comer as primeiras cocadas pretas saídas do tacho, enquanto os nobres aguardavam as sobras. Esse comportamento teria dado origem a frase “o rei da cocada preta”, usada por muita gente para debochar de pessoas arrogantes. Felizmente, hoje ninguém precisa ter reinado para saborear essa iguaria maravilhosa, que caiu no gosto do brasileiro e que no Nordeste é preparada em várias versões, com inúmeros sabores e diversas frutas adicionadas ao coco. Com matéria-prima em abundância e seguindo o conceito de agregar valores a seus produtos a Cooperativa Pindo-

rama lançou em março a cocada cremosa e tradicional, feita com a pura polpa do coco. O doce caramelizado vem pronto para ser consumido, mas também valoriza receitas diversas, em cobertura de tortas, recheios de bolos, pastéis doces etc. A produção está caminhando em torno de 500 caixas com embalagens de 335g e já ocupa prateleiras de supermercados em vários municípios. O presidente da Pindorama, Klécio José dos Santos, comenta que a produção será ampliada paulatinamente e que, em breve, a cocada cremosa estará à disposição de todos os alagoanos. A cooperativa assegura o escoamento de 90% da produção dos agricultores familiares associados, garantindo preço justo e estabilidade ao colono. Toda matéria-prima cultivada pelos colonos é absorvida pelo parque industrial da Pindorama.

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COMBUSTÍVEIS EM BAIXA

PANDEMIA

Agronegócio será determinante no impulsionamento da economia

PIB do setor não deve ser tão afetado quanto de outras áreas da economia ALINE MERLADETE (Portal Agrolink)

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agronegócio já havia sofrendo com crises econômicas nos anos que se passaram, principalmente em razão da quebra da safra de soja no final de 2018 e começo de 2019. Diante desta dificuldade econômica houve um crescimento exponencial nos pedidos de recuperações judiciais pelo setor agrícola, especialmente após decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) que permitiu a recuperação judicial para o produtor rural como pessoa física, sem a necessária comprovação de inscrição na Junta Comercial por dois (2) anos. As atividades do campo não foram paralisadas e os trabalhadores rurais estão produzindo mesmo em meio à crise da Covid-19. As safras agrícolas plantadas estão em fase de colheita, no entanto, há uma séria preocupação com a operacionalização da produção, tendo em vista as dificuldades logísticas deflagradas pelas medidas governamentais para combate ao Coronavírus. O Portal Agrolink conversou com Daniel Amaral, Sócio da DASA Advogados, especialista em recuperação judicial no segmento. Caso a pandemia se estenda, quais consequências o setor pode sofrer?

Uma das consequências já perceptíveis no mercado agrícola é a escassez no fornecimento de insumos, como fertilizantes, agrotóxicos e sementes. Além disso, houve um aumento considerável no preço destas matérias-primas. Por exemplo, os insumos importados apresentaram aumento de 15%, quando comparado com o valor de mercado antes da crise. Além disso, acreditamos que, diante do impacto da crise na economia, muitos produtores rurais precisarão rediscutir suas obrigações contratuais, principalmente com instituições financeiras, fornecedores e arrendadores mercantis. A revisão contratual será uma ferramenta essencial para todos os elos do agronegócio, tendo em vista que as condições de mercado se alteraram drasticamente com a Covid-19. Por fim, o setor agrícola vem apresentando também dificuldade no recebimento pelas vendas das commodities. A crise impactou negativamente nas relações de compra e venda dos produtos agrícolas, bem como na capacidade de cumprimento das obrigações contratuais. Em decorrência destas dificuldades, a DASA Advogados verificou maior interesse das empresas do agronegócio no processo de Recuperação Judicial,

uma vez que este instrumento jurídico é capaz de melhorar a saúde financeira das empresas auxiliando no reequacionamento das suas dívidas e, consequentemente, na reestruturação econômica. Podemos considerar que o agro pode “salvar” a economia? É certo que o PIB do Agronegócio não será tão atingido quanto outros setores da economia, como transporte aéreo e o mercado de varejo. Assim, é possível afirmar que o agronegócio será fundamental no impulsionamento da economia brasileira durante a crise econômica. Entretanto, isso não significa que o setor não sofrerá os impactos da pandemia do Coronavírus. O agronegócio brasileiro, já registra perdas na produção e descartes de produtos no campo, bem como sérias dificuldades de exportação de produtos por vias aéreas. Neste momento, é imprescindível o estímulo econômico por parte do governo, principalmente junto aos produtores rurais, haja vista a menor proporção de seus negócios. Abertura de linhas de crédito, diminuição na taxa de juros, e suspensão de pagamentos de algumas dívidas, principalmente bancárias, são medidas que certamente auxiliarão as empresas atravessarem essa crise econômica.

Os valores dos combustíveis nas refinarias e usinas brasileiras seguem em queda, acompanhando também uma queda no consumo. Em decorrência da Covid-19 a determinação é para isolamento da população. Na primeira semana deste mês, as usinas de etanol paulistas venderam o biocombustível a R$ 1,3049 o litro, em média, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP. Isso representa uma queda de 13,79% em relação à análise anterior. Já em Goiás, a redução da comercialização nas usinas foi de 11,91% e, em Mato Grosso, de 12,64%. O movimento acompanha o que também ocorre com o preço da gasolina que sai das refinarias, graças à queda no consumo e à redução nos valores internacionais do petróleo. O preço do etanol nos postos caiu em 22 estados e no Distrito Federal, subiu apenas na Paraíba, em Tocantins e no Acre, e não foi registrado no Amapá.

BACKSTAGE Apesar dos impactos causados pelo covid 19 no setor, o agronegócio buscou alternativas para manter suas atividades e seguir com o papel de um dos principais indicadores econômicos do país. As produções e colheitas não pararam, há contato constante com a terra, o cuidado com a lavoura e com os animais: são bovinos, suínos e aves já cuidados nas mais altas condições de higiene e tecnologia. Jeffrey Abrahams, sóciogerente da FESA Group, especializado em agronegócio afirma: A missão do agro não é linha de frente, mas é backstage. É um trabalho invisível, que pode não parecer essencial. Mas que é. E, no caso do Brasil, o agronegócio não abastece apenas às famílias brasileiras, mas a boa parte do mundo e garante renda e divisas. Não importa se somos pequenos ou grandes produtores ou uma indústria de processamento de alimentos”.


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9 Pauline Pereira diz que recursos vão mitigar dificuldades financeiras dos municípios decorrentes da pandemia

ATÉ O DIA 15

Municípios recebem FPM com valor recomposto por recursos da União Prefeitura de Maceió terá garantido o repasse de R$ 2,2 milhões

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apoio financeiro da União garantindo a recomposição dos Fundos de Participação dos Estados e Municípios (FPE e FPM) de 2020 no mesmo patamar de 2019, foi recebido com alívio pelos prefeitos dos municípios alagoanos para enfrentar o momento atual de crise com a disseminação do novo Coronavírus (Covid-19). A Medida Provisória (MP) 938/2020, publicada em edição extra do Diário da União no último dia 2 de abril, vai mitigar as dificuldades financeiras decor-

rentes do estado de calamidade pública instituído no País. Segundo a presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) Pauline Pereira, o governo federal atendeu um pleito municipalista, apresentado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), de extrema importância para a administração pública no cenário de gravidade sobre os efeitos da pandemia na economia global. “Com a medida, teremos a garantia de que pelos próximos quatro meses, será repassado

o mesmo valor de FPM do ano passado”, informou. A presidente da AMA, que é prefeita de Campo Alegre, elogiou o Congresso pela celeridade na aprovação da Medida Provisória. O repasse dos recursos deste mês deve ser depositado nas contas municipais do FPM até o próximo dia 15 com dedução de 1% referente ao Pasep. Pelos cálculos da Confederação, Alagoas receberá o depósito de R$ 11.857.594,09. Maceió terá o repasse de R$ 2.245.321,95. Em março, o FPM registrou uma queda de 6,47%, quadro que seria repetido este mês em função na queda da arrecadação. Pauline lembra que o FPM é mantido por recursos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto de Renda (IR), duas fontes que devem ser fortemente impactadas pela crise atual. “A perspectiva de queda nas transferências preocupava os gestores em cada repasse do Fundo por ser a principal fonte de receita para garantir a prestação de serviços à população”, comentou Pauline. A Confederação publicou em site uma matéria para esclarecer as principais dúvidas que devem surgir com o projeto. Segundo o trabalho, o valor de

apoio financeiro para estados e municípios será de até R$ 4 bilhões por mês e totalizará R$ 16 bilhões. Para o cálculo dos recursos serão considerados a variação nominal negativa entre os valores creditados do FPM e FPE, de março a junho do exercício de 2020, em relação ao mesmo período de 2019, considerando o valor bruto creditado. Os repasses serão efetuados até junho deste ano. Se a diferença apurada para determinado mês for maior que R$ 4 bilhões os recursos disponíveis para os meses seguintes poderão ser utilizados, desde que autorizados pelo Ministério da Economia. Na hipótese de a diferença apurada no total dos quatro meses do FPM e FPE for maior que R$ 16 bilhões, o repasse para cada ente federativo será realizado de forma proporcional ao valor disponível. Por se tratar de transferência não-ordinária de recursos da União para os Municípios (por meio de medida provisória), esses valores não compõem as receitas pré-definidas pelo art. 29A da Constituição para partilha com o Poder Legislativo, portanto também não comporão a base de cálculo para repasse ao Legislativo a título de duodécimo.


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IMPACTO

INFORMAÇÕES

Banco do Nordeste propõe repactuação emergencial para agronegócio Medida permitirá a adequação do fluxo de caixa dos empreendimentos neste momento de crise

ASSESSORIA

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mpreendedores do agronegócio podem se beneficiar das medidas adotadas pelo Banco do Nordeste visando minimizar impactos da Covid-19 na economia regional. Um dos benefícios é a repactuação emergencial das dívidas para clientes pessoa física e pessoa jurídica que estavam adimplentes até 17 de dezembro de 2019. A repactuação vai permitir a adequação do fluxo de caixa dos empreendimentos e pode ser efetuada em duas modalidades. A primeira consiste na prorrogação das parcelas vencidas até 90 dias e das parcelas com vencimento até setembro de 2020, ampliando o prazo final do financiamento em até 6 meses. A segunda opção é a renegociação das parcelas vencidas até 90 dias e vincendas até setembro de 2020, incorporando o valor às demais prestações previstas na operação, sem alteração do vencimento final, a depender do interesse do cliente. Com relação à taxa de juros e ao bônus de adimplência, serão asseguradas as mesmas condições do contrato original. Além disso, quando não for alterado o vencimento final da operação ou as garantias das operações, a repactuação pode ser efetuada por meio de Termo de Adesão, sendo dispensado aditivo no caso de mini, micro, pequeno e pequeno-médio empreendimentos. O processo de repactuação é simples, dispensa cobrança

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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) tem registrado aumento na procura de informações para encarar o Coronavírus pelo produtor pequeno e médio produtor rural. A guerra é contra o vírus, e em defesa do negócio, dos entes queridos e das equipes que trabalham no campo. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que mais de 15 milhões de pessoas trabalham nos estabelecimentos agropecuários do país. A CNA enfatiza que pelo fato de já existir no país uma rotina de cuidados constantes, poucas coisas vão mudar em relação aos procedimentos sanitários. Procedimentos como a limpeza constante de equipamentos e a não entrada de pessoas estranhas nos locais são cuidados já adotados na rotina do produtor. Quem lida com o animal deve dobrar os cuidados com sua higiene pessoal: lavar as mãos com frequência, evitar circulação e ambientes com aglomeração. Há também o cuidado de evitar que os animais de uma propriedade tenham contato com os de outra.

IMPACTO FINANCEIRO

de tarifas, amortização prévia, apresentação de certidões de regularidade fiscal e prevê, para registro do aditivo quando necessário, o prazo de até 30 dias após o retorno do funcionamento dos cartórios. Na conjuntura de crise provocada pela Covid-19, o Banco do Nordeste empreende esforço objetivando reduzir impactos da pandemia na economia da região. Nesse sentido, dispõe de recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) destinado a custeio e a investimento das demandas oriundas do agronegócio, oferecendo as menores taxas do mercado e com condições diferenciadas. Para custeio, por exemplo, o Planta Nordeste oferece aos

produtores rurais recursos voltados a custeio isolado e vinculado, compreendendo gastos do ciclo produtivo de cada atividade. O prazo é de até 24 meses, definido de acordo com o ciclo produtivo específico. O programa permite renovação automática do financiamento quando da liquidação da operação anterior. Outras linhas de financiamento, a exemplo do FNE Agro Inovação, possibilitam ao produtor agregar novas tecnologias ao empreendimento rural, financiando aquisição de máquinas e equipamentos, construção de silos, dentre outros itens. Nesses casos, o prazo máximo da operação é de até 12 anos, com até 4 anos de carência, conforme a localização do empreendimento e o porte do

A CNA não tem, até o momento, uma avaliação precisa do impacto da covid-19 para o agronegócio. Mas já sabe que, setorialmente, alguns produtores têm sido mais afetados. É o caso dos produtores de flores e plantas ornamentais, que são comercializadas principalmente em supermercado, feiras e eventos. A redução do faturamento chegou a 90% na comparação com o ano anterior. Este foi o primeiro setor a sentir uma queda drástica de consumo. Em um primeiro momento, pela queda nas compras e, depois, pelo cancelamento de novas compras pelos estabelecimentos que tiveram de fechar as portas. Essa tendência deve permanecer pelos próximos meses, por conta dos eventos cancelados.

HORTALIÇAS Outro setor que já sente os efeitos da pandemia de Covid-19 é o de hortaliças, que tem apresentado uma variação bastante grande tanto de demanda como de preços. “No começo da quarentena, a população fez compras iniciais bem grandes. Depois notamos um recuo nas vendas de tomates, frutas e, principalmente, hortaliças. Isso se explica também pelo fechamento de bares e restaurantes”, explicam técnicos da CNA.


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QUESTÃO DE SAÚDE

CONSUMO EM QUEDA

‘Consumidor é instrumento mais eficaz para reduzir o abate clandestino’ Em tempos de crise, a procura por produtos mais baratos pode levar à compra de carnes sem qualidade

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prática do abate clandestino de animais para o consumo ainda é uma realidade frequente em Alagoas, apesar do aumento da fiscalização pelo poder público. Em tempos de crise na economia, como a que vivemos atualmente em decorrência da pandemia do novo Coronavírus, a procura por produtos mais baratos pode levar à compra de carnes sem qualidade sanitária e com riscos à saúde. Em março, a Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal) tirou de circulação mais de 1 tonelada de carne imprópria para o consumo e que seriam negociadas na região Agreste, incluindo 300 kg de carne de cavalo. O empresário Jaelson Gomes, diretor-presidente da Frigovale, afirma que a redução dessa prática, que é nociva à saúde, depende do próprio consumidor. “O consumidor é o instrumento mais eficaz para combater o abate clandestino, porque decide o local e o tipo de produto que vai comprar”, avalia. O empresário reforça que o consumidor deve buscar fazer a compra de carne em locais certificados, de procedência segura e que ofereçam qualidade. Todo estabelecimento que comercializa carnes tem normas de funcionamento para cumprir e deve possuir a certificação dos serviços de inspeção federal, estadual e municipal (SIF, SIE e SIM). “O abate clandestino é uma prática difícil de combater por ocorrer em locais de difícil acesso, escondidos em quintais, em matas”. Jaelson Gomes faz um alerta ao consumidor para que não decida a compra apenas pelo preço, já que o

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A quarentena começa a influir no consumo de carne no mercado interno. A demanda tem dado sinais de arrefecimento, decorrentes do pico de compras realizadas no período ‘’pré-quarentena’’. Por enquanto, a estratégia adotada pelos frigoríficos permanece: trabalhando com escalas curtas, e comprando compassadamente. Do lado da oferta de boiadas, não é esperado um aumento significativo em curto prazo, porém, caso o consumo caia, não está descartado que o viés de alta observado nos últimos dias perca força. No primeiro dia deste mês, a referência de preço do boi gordo em São Paulo ficou estável em R$200,00/@, preço bruto, à vista, segundo levantamento da Scot Consultoria (Fonte: Agrolink).

CARNE HALAL

Cliente precisa buscar qualidade na cadeia produtiva da carne

Carne Halal tem comércio promissor no Brasil produto abatido clandestinamente é mais barato. Veja algumas dicas de compra segura: - Não comprar carnes em mercados abertos, onde os produtos ficam expostos ao tempo, pois ela se deteriora rapidamente. A carne deve estar resfriada. - Não comprar em bancas de feiras livres. Normalmente o produto é fruto do abate clandestino e pode

estar contaminado. - Ao escolher a sua carne no estabelecimento, dê preferência para aquelas de coloração avermelhada. Em geral, quanto mais vermelha, melhor ela foi conservada e mais fresca está. - Desconfie do produto vendido por preço muito abaixo do praticado na grande maioria dos estabelecimentos.

Você sabia que o Brasil é o maior produtor de carnes (bovina e frango) Halal do mundo? O país tem quase 80% de suas plantas frigoríficas habilitadas para processar alimentos Halal. Mas muitos ainda desconhecem o que compreende o termo Halal. A palavra Halal significa lícito ou permitido, ou seja, em referência aos produtos livres de qualquer componente que os muçulmanos sejam proibidos de consumir de acordo com o Sagrado Alcorão. Em relação a carne bovina e de frango, a produção deve seguir regras específicas como o abate com humanismo e respeito. Os processos de embalagem, armazenagem, certificação e embarque da carne Halal também é feito de forma segregada da produção comum. Só no primeiro semestre de 2019 as exportações para os Emirados Árabes Unidos cresceram 439,84% e para os demais países do bloco cerca de 48% de aumento. De acordo com o Relatório Global da Economia Islâmica os gastos com produtos halal pelos muçulmanos no mundo (comida, fármaco, cosmética, lifestyle e outros) podem chegar a US$ 3,2 trilhões até 2024. Um alimento Halal precisa estar livre de carne de porco e seus derivados (insumos e ingredientes), como, por exemplo, colágeno, sangue, enzimas, pelos, ossos e gordura e livres de impurezas ou de elementos venenosos, intoxicantes ou perigosos à saúde. Também não faz parte da alimentação dos muçulmanos qualquer tipo de sangue, animais repulsivos (como insetos e vermes), anfíbios e animais que tenham sido mortos de forma violenta. É importante ressaltar que, em todo o mundo, percebe-se claramente uma tendência de consumidores não-muçulmanos buscando produtos Halal por desejarem a segurança que eles oferecem. (Fonte: Agrolink e agências)


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ALERTA

Santana do Ipanema convive com ameaça de nova inundação Município foi invadido pelo Rio Ipanema, que espalhou destruição e medo há duas semanas

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município de Santana do Ipanema está sendo reconstruído com a solidariedade da população alagoana e o trabalho ininterrupto da prefeitura em várias frentes de ação. Mas, os habitantes da cidade, muitos já desalojados pelas enchentes no final de março, vivem dias de apreensão. Na semana passada, a população de Santana tomou conhecimento de que a região ribeirinha ao longo do Rio Ipanema pode sofrer nova inundação. A ameaça vem de uma barragem no município de Águas Belas, em Pernambuco, que apresenta erosões e fissuras graves em sua estrutura, podendo romper com o volume de águas que recebeu, acima da capacidade. Se for concretizada, a barragem jogará as águas represadas no Rio Ipanema, provocando inundações nas áreas ribeirinhas. Serão afetadas, também, comunidades nos municípios de Poço da Trincheiras, Olivença e Batalha. O coordenador da Defesa Civil de Santana, Paulo Américo, diz a situação de alerta mobiliza o poder público. Engenheiros de Pernambuco acreditam, no entanto, que o volume das águas das barragens chegue com pouca intensidade à Santana do Ipanema. A barragem é de porte médio, mas tem potencial para causar danos sérios. O rompimento faria a massa de água atingir os municípios alagoanos em 90 minutos. No final de março, o nível do Rio Ipanema subiu com as chuvas torrenciais que caíram na região e espalhou destruição por onde passou. Mais

de 800 famílias foram afetadas, 500 casas estão definitivamente comprometidas e outras 50 totalmente destruídas. Mais de 1.800 pessoas estão desalojadas na cidade. A prefeitura conseguiu limpar mais de 90% da lama que invadiu as ruas, mas a cidade ainda precisa de ajuda. Doações podem ser encaminhadas na sede da Defesa Civil em Maceió, localizada na rua Ciridião Durval, 85, Farol, das 7h às 17h; e na sede da Associação dos Municípios de Alagoas (AMA), na rua da unidade de emergência da Unimed, no Farol. Os desalojados precisam de colchões, alimentos não perecíveis, produtos de higiene pessoal e de limpeza, entre outros.

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