Edição 1070

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ANO xxi - Nº 1070 - 22 a 28 de maio de 2020 - R$ 4,00

VENDA DE SENTENÇA

Juiz é punido com aposentadoria compulsória a pela 2 vez

extra Maceió - Alagoas

www.novoextra.com.br

n Jairo Xavier foi condenado pelo Pleno do TJ por avalizar golpe milionário contra advogado paulista

n Magistrado ainda enfrentará mais

dois processos por corrupção e pode até ser expulso 3

pandemia líder EM DEBATE

Historiadores defendem Zumbi contra presidente da Fundação Palmares 10 e 11

Covid-19 afasta do trabalho 30% dos médicos alagoanos n Liberação da cloroquina e novo protocolo geram embate no País n Equatorial é acusada de lesar consumidor por calcular conta de energia pela média 12 a 17 n


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extra Maceió - Alagoas

www.novoextra.com.br

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COLUNA Tragédia social

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- Maceió tem mais de 60 mil famílias que sobrevivem do trabalho informal e de programas sociais como Bolsa Família, agora complementados com o auxílio emergencial de R$ 600 enquanto durar a pandemia. - Com a economia praticamente paralisada, os empregos sumiram e ninguém sabe como resolver o drama dessas famílias quando acabar o coronavoucher da ajuda emergencial.

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa, 796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

Editor Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO Vera Alves Conselho Editorial

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

Serviços Jurídicos Rodrigo Medeiros

Arte Fábio Alberto - 9812-6208 Redação - DisK denúncia 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

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EDITORA NOVO EXTRA LTDA

Maceió, ALAGOAS - 22 a 28 de maio de 2020

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- Como uma desgraça sempre vem acompanhada de outra, a tragédia sanitária decorrente da pandemia certamente trará fome e miséria para essas famílias pobres. E quando acabar a quarentena e a economia voltar a funcionar não haverá ocupação para todos, mesmo para os que vivem de bicos e do trabalho informal.

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- A situação se agravará ainda mais com a quebradeira dos pequenos negócios informais e das pequenas e médias empresas – responsáveis pela geração de milhares de empregos – que não sobreviverão à pandemia sem um programa oficial de ajuda ao setor, o que não vem ocorrendo.

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- Enquanto prefeitos e governadores brigam com o presidente da República, que briga com as esquerdas, que defendem a política da terra arrasada, o País caminha célere para a maior recessão de sua história.

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- Perdidos nessa sizânia, só nos resta rezar para que o pandemônio que nos espera lá na frente não resvale para uma convulsão social de consequências imprevisíveis.

Fim da esperança

Enquanto a nação discute a validade do isolamento social e do uso da cloroquina, as raposas do Centrão avançam sobre o galinheiro do país com muita fome. Emparedado entre o risco de impeachment e a possibilidade de não poder governar, Bolsonaro entrega os anéis para preservar alguns dedos. Ao ceder postos-chaves do governo ao balcão de negócios liderado pelo PP, o presidente capitulou e pôs fim à esperança do brasileiro na construção de um país mais sério e menos corrupto.

Collor na rede

O senador Fernando Collor pegou gosto pelas redes sociais e não tem poupado esforço e tempo na produção de lives, vídeos e postagens no Instagram, YouTube, Twitter e Facebook. Sobre a possibilidade de adiar as eleições elle escreveu: “Neste momento, seria prematuro adiar as eleições municipais. Pior ainda seria prorrogar os mandatos dos atuais eleitos. Os interessados diretos, prefeitos e vereadores, não cogitam essa hipótese. Seria um desatino e um desvio grave na nossa ordem constitucional”.

Alô, Unimed

A Unimed Maceió está negligenciando o sistema de atendimento ao público no momento em que seus clientes mais dela precisam. Os canais telefônicos e digitais colocados como opção de atendimento direto simplesmente não funcionam, uma maneira cruel de forçar o usuário a desistir do serviço. Há relatos de casos de clientes de plano regional (Norte-Nordeste) que tiveram o atendimento recusado na rede de prestadores de serviços sob alegação de falta de pagamento de serviços prestados. Estamos falando de uma empresa da área da saúde, líder em número de clientes em Alagoas e cujos serviços têm tudo a ver com o momento atual, o estado de calamidade pública devido à pandemia.

Farra do vírus Muitos prefeitos estão fazendo a festa com o dinheiro enviado pelo governo federal para o combate à pandemia. A gastança é incentivada pelo estado de calamidade que isenta os gestores da exigência de licitação na compra de equipamentos e contratação de serviços. Em Palmeira dos Índios, o prefeito Júlio Cézar está usando os recursos públicos em campanhas publicitárias, combustíveis e outros serviços que têm a ver mais com campanha eleitoral. Pelo jeito, a promotoria local vai ter muito trabalho pela frente.

Pão de Açúcar

O ex-prefeito Cristiano Matheus ainda não decidiu se vai disputar a prefeitura de sua terra natal. Seu sonho era voltar a comandar Marechal Deodoro, mas foi alijado do processo pelo próprio partido (MDB), que vai lutar pela reeleição do atual prefeito Cacau. Cristiano tem promessa de apoio do governador Renan Filho para disputar a Prefeitura de Pão de Açúcar, mas sua candidatura depende de uma costura com o ex-prefeito Jorge Dantas e outros caciques da política local.

Fecha a cortina

Com o principal ator fora de combate e os demais protagonistas recolhidos em casa para escapar da Covid-19, a campanha eleitoral deste ano também entrou em ritmo de quarentena, sem prazo para acabar. Nocauteado pelo vírus, e ainda enlutado pela morte do pai em decorrência da Covid, Alfredo Gaspar de Mendonça continua hospitalizado e sem data para tocar sua campanha pela Prefeitura de Maceió. Nesse vácuo político gerado pela pandemia, vez por outra surgem nas redes sociais alguns oportunistas tentando vender ilusão aos eleitores. Muito deles já foram aposentados pelas urnas, mas insistem em se manter no picadeiro, enquanto outros, em início de carreira, tentam passar gato por lebre.

Vitória de Pirro

Depois de uma guerra que derrubou dois ministros da Saúde e opôs o presidente da República e governadores, a cloroquina finalmente está liberada para tratamento de todos os casos da Covid-19, dos mais leves aos mais agressivos. Até agora não se sabe quem venceu essa guerra da cloroquina, droga que poderia ter salvo milhares de vidas, ou matado outros tantos. Só o tempo dirá.

Aperto geral

A crise do modelo de negócios do jornalismo tradicional se acirrou com a pandemia de Coronavírus. No Brasil, jornais estão demitindo, reduzindo salários e cortando jornadas de trabalho de jornalistas com o argumento de que já estão sentindo os efeitos da crise econômica. Segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), há registro de cortes de até 70% na remuneração dos profissionais.

Mapa da fome O Brasil caminha para voltar a integrar o Mapa da Fome. É o que afirma o economista Daniel Balaban, chefe do escritório brasileiro do Programa Mundial de Alimentos (WFP, na sigla em inglês), a maior agência humanitária


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CRIME E CASTIGO

Jairo Xavier é aposentado pela segunda vez por corrupção Magistrado foi condenado por golpe de R$ 45 milhões contra advogado paulista Vera Alves veralvess@gmail.com

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ela segunda vez em 60 dias, o juiz Jairo Xavier Costa foi punido com a aposentadoria compulsória por atos contrários à ética da Magistratura. Na terça, 19, o Pleno do Tribunal de Justiça de Alagoas decidiu, por unanimidade, em aplicar a punição máxima a magistrados no julgamento de um processo administrativo instaurado no ano passado a partir da Reclamação Disciplinar n° 0500008-97.2019.8.02.0073. A acusação: o bloqueio via Bacenjud de mais de R$ 45 milhões de um advogado paulista transferidos para a conta de um suposto credor alagoano. O problema é que se descobriu tratar-se de um golpe com a conivência de dois cartórios, um da capital e outro de Delmiro Gouveia. O caso foi descoberto por denúncia da própria vítima. Residente em São Paulo e sem jamais ter vindo a Alagoas, o advogado Dennis Phillip Bayer (falecido) teve suas contas bloqueadas em fevereiro de 2017 no valor total de R$ 45. 349.332,45 no bojo de uma ação de execução de título extrajudicial

ajuizada por Jorge Luiz dos Santos que tramitava na Comarca de Girau do Ponciano, na qual Jairo Xavier, então titular da 3ª Vara de Palmeira dos Índios, atuava como substituto. Documentos falsificados e incongruências no processo acabaram levando à descoberta do golpe, em que se constatou que tanto exequente quanto executado sequer residiam nos endereços apontados na ação. As investigações também levaram à constatação do envolvimento dos cartórios de Registro Civil da Comarca de Delmiro Gouveia e o Serviço Notarial e Registral do 2º Distrito da Comarca de Maceió, ambos alvos de procedimentos administrativos por parte da Corregedoria Geral de Justiça por falsidade no reconhecimento de firmas. A ação de execução contra o paulista, dono de um renomado escritório de advocacia em São Paulo, deu entrada na Comarca de Girau de Ponciano no dia 6 de fevereiro de 2017. Nela, Jorge Luiz cobrava do advogado paulista R$ 13.965.000,00 relativos a um negócio jurídico consistente em Contrato Particular de Mútuo, no valor total de R$ 15.665.000,00. A dívida, segundo ele, perfazia o montante de R$ 45.359.332,45 em valores atualizados. Um dia depois, o juiz Jairo Xavier, em liminar, determinou o bloqueio dos recursos. No dia 13 do mesmo mês, reafirmou o bloqueio dos mais de R$ 45 milhões

na época patrono de Jorge Luiz e que renunciou à defesa do mesmo em outubro de 2018, um ano após a juíza Renata Malafaia Vianna haver determinado o desbloqueio das contas do paulista e a remessa imediata dos autos (processo n° 070006069.2017.8.02.0012) ao Ministério Público Estadual “diante da possibilidade de ocorrência de crime”.

REINCIDENTE

Jairo Xavier: reincidência em decisões duvidosas e negligência levaram TJ a decidir novamente por aposentadoria compulsória

em três contas bancárias de Dennis Phillip Bayer indicadas por Jorge Luiz dos Santos em decisão na qual assinalou: “Realizada a indisponibilidade dos valores necessários à satisfação do crédito, proceda-se a intimação da parte

executada, nos termos do art. 854 do CPC , bem como para, querendo, oferecer embargos à execução, nos termos do art. 16 da Lei 6.830/80”. O caso envolve, ainda, o advogado Felipe de Albuquerque Sarmento Barbosa,

Há dois meses, o Pleno do TJ manteve uma decisão do ano passado que havia aposentado compulsoriamente Jairo Xavier por outra irregularidade: a alienação de imóveis de valores milionários localizados em outros estados e mediante o uso de documentos igualmente falsificados. O caso foi investigado em processo administrativo a partir da Reclamação Disciplinar n° 0500050-49.2019.8.02.0073 e detalhado pelo EXTRA em sua edição de n° 1042 com a reportagem de capa “TJ aposenta juiz por tomar imóveis de luxo de herdeiros”. O juiz responde ainda a outros processos por outras irregularidades, dentre as quais a de envolvimento no esquema da ciranda dos consignados, ainda a serem julgados pelo Pleno do TJ. Todos estão sob acompanhamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). E em caso de ação penal, se condenado, pode até ser expulso da Magistratura.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Eleição diferente

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om as eleições de outubro indefinidas quanto ao dia e mês em que serão realizadas, os partidos políticos vivem uma situação inusitada nunca vista em todos os tempos. Mesmo insistindo que o pleito eleitoral deve acontecer ainda este ano, o Tribunal Superior Eleitoral aguarda, ainda, uma definição dos órgãos de saúde para marcar a data das eleições do primeiro e consequentemente do segundo turno. Enquanto o TSE não define, candidatos a prefeito e vereador vivem num dilema. Não podem fazer campanha, estão distantes do eleitorado e lideranças políticas e não sabem até agora

Adiamento em estudo Mesmo que não seja prioridade do TSE permitir o adiamento das eleições, nos bastidores já se aventa esta possibilidade. Isso vai depender do combate à Covid-19, que pode ser estancado, ou mesmo avançar, dependendo da atuação de cada governador e prefeito. Por ora, está tudo completamente indefinido.

Pé no freio Mas se depender do TSE e mesmo da Câmara dos Deputados, mesmo que as eleições sejam adiadas não haverá prorrogação de mandatos. Ou seja, as eleições devem mesmo acontecer até o final de dezembro.

Prazos cumpridos Até a definição, entretanto, os candidatos devem obedecer o calendário eleitoral que será feito virtualmente, ou seja, sem a presença física dos candidatos. Acaba, porém, o grande jeitinho da entrega da ata dos candidatos, que poderia ser entregue alguns dias depois do ato formal.

Algumas baixas Além de Alfredo Gaspar, pré-candidato a prefeito de Maceió pelo MDB, que foi infectado pelo Coronavírus, outros também estão na mesma situação. Até o controle da pandemia, que ninguém pode prever, a campa-

Ninguém, a priori, sabe mais o que fazer. Se toma o medicamento tem risco, se não toma, morre.

o que fazer. Em Maceió, a exemplo de outras capitais, não é muito diferente. Ações isoladas são feitas sutilmente nas redes sociais, mas o corpo a corpo, fundamental em processo eleitoral, está mesmo muito longe de acontecer. As eleições devem ser ganhas mais pelas redes sociais do que mesmo pelo contato físico e isso deve demorar ainda muito tempo para acontecer. Talvez em 2022.

nha toma um ar de suspense.

Sem entender

Com a situação se agravando com o aumento do número de infectados e mortos em todo o estado, a população fica na grande expectativa sobre quando finalmente poderá retornar às atividades normais. As medidas que foram endurecidas demonstram que a coisa não está nada fácil.

Quebradeira A perspectiva econômico-financeira do estado é cada vez mais delicada. Com o comércio e a indústria praticamente parados, a previsão é de que muitas empresas não aguentem o sufoco e venham a quebrar. O setor de turismo deixou de faturar mais de 1 bilhão de reais nos últimos meses e o desemprego aumenta a cada dia. A situação vai piorar depois que terminar a ajuda do governo federal.

Equação Vários candidatos a prefeito de Maceió que estão alinhados com o governador Renan Filho ainda não alinharam suas posições. É o caso do PT, que já tem Ricardo Barbosa como seu candidato, o PC do B que deverá lançar o jornalista Cícero Filho, além de Marx Beltrão que tem participação no governo, mas não disse para que lado irá pender. Todos esses, sem exceção, são vinculados com o Palácio República dos Palmares, que tem como candidato Alfredo

Gaspar. A melhor explicação é de que a arrumação somente será feita no segundo turno.

A todo vapor

Enquanto alguns candidatos a prefeito se mantêm mergulhados neste momento de pandemia, Corintho Campelo, que já foi prefeito de Maceió e desembarcou ultimamente do PDT, entra em cena. Nas redes sociais circula um vídeo onde ele diz, naturalmente e já como pré-candidato, que é preciso ter uma Maceió diferente e apresentar sugestões como o combate ao empreguismo, o cuidado com praças e o Riacho Salgadinho, enfim, cuidar bem da capital do estado.

Sinuca As medidas postas em práticas pelo governo de Alagoas dividem a opinião pública. Se uns defendem o fechamento completo das atividades comerciais e o isolamento, outros querem a flexibilização aos poucos para reativar a economia já bastante abalada. Ou seja, o governador ficou com uma batata quente nas mãos e, de qualquer forma, será responsabilizado por qualquer decisão, o que se verá nos próximos dias.

Dúvida O governo precisa investir muito mais nas informações que chega a toda a população. Enquanto segmentos defendem o uso da cloroquina, outros alertam para os graves efeitos colaterais.

É bronca

No início da semana o governador Renan Filho foi alvo de protesto por não ter autorizado logo pela manhã o funcionamento do Centro de Triagem, no Benedito Bentes. Logo em seguida as redes sociais viralizaram ele utilizando uma Pajero que, a princípio, não tinha registro no Denatran, ou seja, supostamente utilizando uma placa fria.

Alcançando metas O trabalho de juízes e desembargadores está sendo bem recebido por advogados e a população. E há quem diga que os despachos e sentenças estão fluindo mais rapidamente, já que não existe a preocupação de um atendimento presencial. O desembargador Tutmés Airan é que tem comandado pessoalmente a atuação do Judiciário.

Casos frequentes A Prefeitura de Maceió deve adotar alguma providência para proteger pessoas na conhecida ponte do Vale do Reginaldo. As tentativas e suicídios têm se sucedido com maior frequência neste momento de pandemia e urge uma providência por parte da municipalidade. Colocar grades, talvez fosse a medida mais prática e emergente.

Ninguém liga O isolamento social é coisa pra inglês ver. Nas feiras livres na capital e no interior pessoas circulam livremente sem máscaras ou outras medidas de higienização. Pelo visto, o Coronavírus não vai acabar nunca.

Pra inglês ver A Câmara dos Deputados aprovou o texto-base de um projeto de lei que obriga toda a população brasileira a usar máscaras nos lugares públicos, transporte coletivo e locais privados acessíveis ao público. E diz, também, que quem não obedecer vai pagar uma multa de R$ 300 e se descumprir dobra para R$ 600. Projeto fraco que indica que estados e municípios devem bancar a conta com a população vulnerável. Alguém vai cumprir


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MONITOR DE SECAS

Chuvas reduzem a estiagem em Alagoas

Volume de água nos reservatórios hídricos do estado está acima de 70%

Sofia Sepreny s.sepreny@gmail.com

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lagoas apresentou em abril, uma redução considerável das secas graves no estado, principalmente na região que era considerada mais crítica no mês de fevereiro. Os dados são do mapa mais recente do Monitor de Secas, divulgado dia 18 de maio. Com base nos indicadores, as áreas que haviam registrado seca preocupante no estado foram a metade oeste, englobando o Agreste, Sertão e Sertão do São Francisco, no entanto, desde março esta área vem apresentando melhora. Essa região registrou chuvas acima da média histórica. “No início do ano a seca era classificada como seca grave, e com as chuvas que vêm ocorrendo desde o fim de março, hoje a classificação é de seca fraca. Essa classificação geralmente é dada quando se está entrando ou saindo de uma seca, que é o caso”, afirmou o meteorologista Vinicius Pinho, da Secretaria de Estado de Recursos Hídricos. Estes fenômenos contribuíram para a atenuação da intensidade da seca no Sertão alagoano (porção oeste), que passou de moderada para fraca. Dados do mapa apontam ainda que as chuvas foram acima da média também em uma porção do litoral sul do estado. Para o meteorologista, as condições do Oceano Atlântico estão bastante favoráveis à ocorrência de chuvas no Nordeste, e essa situação era previsível. Todos os modelos de previsão climática de longo prazo já apontavam chuvas acima da normalidade em todo leste da região para este ano. A justificativa para ocorrência dessas chuvas é que a região próxima à costa leste do Nordeste no Oceano Atlântico está bastan-

te aquecida, isso é sinônimo de maior evaporação, o que significa mais combustível para a formação de nebulosidade, resultando nas chuvas. A diminuição da seca no estado traz diversos benefícios, principalmente para os agricultores no Sertão. “Tanto a saúde vegetal, quanto a quantidade de água armazenada no solo favorecem a agricultura familiar e a pastagem da região. Além disso, essas chuvas encheram todos os principais reservatórios do estado e os barreiros do Sertão”, pontuou Pinho. A seca fraca – que teve maior incidência em Alagoas em abril - segundo o Monitor das Secas, ocasiona a diminuição do plantio e crescimento de pastagens. Os municípios pertencentes a esta faixa começam a apresentar deficits hídricos prolongados e o plantio quase não são recuperados. A seca moderada ocasiona

perda de córregos, reservatórios ou poços com níveis baixos, algumas faltas de água em desenvolvimento. A seca grave representa perda total das pastagens programadas, escassez de água e restrições de água impostas. O meteorologista reforçou que na última atualização do monitor, nenhuma região de Alagoas está classificada com índices de seca moderada ou grave. Já a seca extrema gera grandes impactos negativos como perdas das pastagens e a escassez de água é generalizada, assim como a seca excepcional. Sem registros em Alagoas este ano, ela gera perda total das plantações, escassez de água nos reservatórios, córregos e poços de água, criando situações de emergência. Apesar das chuvas, o Nordeste ainda tem 143 dos seus principais 530 açudes com volume abaixo dos 30%, de acordo

com dados atuais da Agência Nacional das Águas (ANA). No entanto, segundo Pinho, Alagoas está em uma situação favorável neste ponto, pois todos os principais reservatórios utilizados tanto para abastecimento humano, quanto para uso animal e irrigação estão com seus volumes acima de 70%. Além de Alagoas, outros estados do Nordeste apresentaram diminuição da seca como Paraíba, Bahia, Ceará, Maranhão e Pernambuco. Segundo o relatório, a região tem apresentado chuvas consideráveis em 2020 e o acumulado chegou a ser maior que 100 milímetros em relação à média registrada na maioria dos estados. A situação que continua preocupante no estado da Bahia, interior do Nordeste, onde 89,7% do território está com alguma das categorias de seca. O Monitor de Secas abrange hoje os nove estados do Nordeste,

Espírito Santo, Minas Gerais e Tocantins, e vem sendo utilizado para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessado tanto no site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos Android e iOS. De acordo com o diretor-presidente da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), Fábio Ahnert, a chuva ajuda a abastecer as áreas de recarga hídrica. “Com vazões adequadas, os rios conseguem atender com mais equilíbrio às demandas ambientais, sociais e econômicas de água, por isso saímos do mapa da seca neste período”, avalia. No entanto, Ahnert alerta: “A chuva dá um alívio, mas, infelizmente, não é garantia de segurança hídrica. É preciso somar o que a natureza nos dá ao uso racional do solo e da água, mesmo quando o recurso é abundante”.


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caso pinheiro

Comparativo da velocidade da subsidiência através de imagens captadas nos dias 7 de dezembro de 2018 (E) e 30 de dezembro do ano passado

Afundamento do solo se intensifica e atinge novas áreas Região localizada no Bebedouro entra na mira do Serviço Geológico

Bruno Fernandes b-fs@outlook.com

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s bairros do Pinheiro, Mutange, Bom Parto e agora uma região maior do Bebedouro estão afundando de forma mais rápida segundo o Informativo Técnico Nº 01/2020 divulgado pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), que abriga o Serviço Geológico do Brasil. As primeiras atualizações do monitoramento (entregues em fevereiro) apresentam intensidades de velocidade que vão de -235,7 até -100 mm/ ano, representando uma intensificação do processo de afundamento. A nível de comparação, em 2018 as análises apresentavam intensidades de velocidade de -187,99 até -72 mm/ano. “Isso já era esperado, o processo vem se intensificando há anos e sem previsão de quando poderá se estabilizar”, explica o geólogo Thales Sampaio, coordenador da

equipe de pesquisadores da região e segundo o qual não existe de uma estimativa de que o fenômeno passe a ser considerado estável. Como não bastasse a velocidade com que os eventos acontecem, outro fator de risco apontado pelo geólogo é que para uma possível atualização mais precisa do raio de locais atingidos, seria necessário encontrar 5 minas de extração de sal-gema da Braskem (ele não citou quais) que estão “desaparecidas”. Sendo assim, não foi possível examiná-las com sonar até o momento, mesmo com a perfuração de furos auxiliares. “Para equilibrar o processo a área precisaria entrar em equilíbrio. Em tese, esse equilíbrio poderia ser alcançado pela acomodação dos espaços ‘vazios’ das cavidades ou pelo preenchimento adequado das mesmas. Nos casos semelhantes no mundo, esse processo de subsidência chega a durar muitas déca-

das”, explica o especialista. A região onde mais foram encontrados indícios de aumento da velocidade média da subsidência se encontra próxima ao antigo Centro de Treinamento do CSA, que também foi abandonado devido ao problema, especificamente pelo avanço da lagoa provocado pelo afundamento do terreno. Sobre as áreas de resguardo criadas ao redor das minas encontradas, a CPRM, informou que ao identificar as regiões, não considerou o princípio da precaução e que foi considerando tanto curto como longo prazo e “a alternativa mais segura para a população é que se considerem todas as minas para efeito de proteção da superfície sobrejacente”. A companhia enfatiza ainda que não é possível descartar o aparecimento de crateras a partir da informação atualizada divulgada no novo boletim.


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Conforme esperado, o avanço da subsidência trouxe novas áreas ou intensificação de áreas já atingidas do setor com criticidade 1, com danos nas edificações que ameaçam imediatamente sua integridade e, consequentemente, a vida dos moradores. Nos últimos levantamentos de campo foram identificadas novas áreas na região sul do bairro do Bebedouro, próximas à Rua Faustino Silveira. Como recomendação, a CPRM orienta que essas áreas sejam tratadas da mesma forma que as áreas de “Criticidade 0” (risco iminente) pela Defesa Civil. Por ser considerada uma nova região para os estudos e por não serem conhecidos sistemas de alerta automático eficientes, sendo o objeto ainda alvo de estudo, o EXTRA questionou o geólogo se é recomendável a evacuação também dessa região, já que foi recomendado que seja considerada como criticidade 0. “Os critérios de avaliação são definidos pela Defesa Civil”, afirmou Sampaio. O órgão municipal foi procurado pelo EXTRA, e mesmo com a orientação da CPRM, a Coordenadoria Especial Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec) informou

que toda a área com criticidade 01 do Mapa de Setorização de Danos e de Linhas de Ações Prioritárias vem sendo vistoriada para possível. “Até o momento, 46 imóveis inseridos nesta área de monitoramento já têm recomendação de realocação diante da evolução do processo de subsidência e as famílias passarão a ser atendidas pela empresa Braskem no Programa de Apoio à Realocação e Compensação Financeira”. Outra preocupação enfatizada no documento é o período chuvoso que já se iniciou em Alagoas, porém não existem cálculos seguros capazes de prever o agravamento do problema, uma vez que muitas variáveis teriam que ser consideradas, segundo o geólogo. “Para isso exigem instrumentação adequada e o desenvolvimento de um modelo de alerta, ainda não disponível na área afetada. Por enquanto, as pessoas devem se guiar pelas diretrizes da Defesa Civil”, enfatizou.

Região sul do bairro do Bebedouro também está afundando

DESOCUPAÇÃO DOS IMÓVEIS Um balanço do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação (PCF) da Braskem mostra que 2.275 de 4.500 famílias

afetadas pelo problema já foram realocadas para novos imóveis desde o início dos trabalhos, em dezembro de 2019. O programa faz parte do acordo assinado entre a empresa e a Defensoria Pública, Ministério Público do Estado, além de Ministério Público Federal e Defensoria Pública da União Em relação aos acordos de indenização, mais de 1.500 famílias ingressaram com pedido, das quais mais de 300 já receberam propostas de compensação e, até o fim de maio, o objetivo é chegar a 500 propostas apresentadas, segundo a empresa. A empresa informou também que já recebeu no programa aproximadamente 1.000 famílias que estavam recebendo a Ajuda Humanitária do governo federal, e que já deixaram os seus imóveis. “A migração dos lotes segue acontecendo, assegurando a continuidade dos pagamentos para as famílias. Por meio dos programas de Apoio à Realocação e de Compensação, a empresa já pagou mais de R$ 32,4 milhões entre auxílios financeiros temporários e acordos de compensação”, disse por meio de nota.


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VIOLÊNCIA SEXUAL

Alagoas registra 19 casos contra crianças e adolescentes Sofia Sepreny s.sepreny@gmail.com

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á 20 anos, o dia 18 de maio é marcado pela luta no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes. A data não foi escolhida à toa. Ela homenageia a menina Araceli Sánchez Crespo, assassinada aos 8 anos, no dia 18 de maio de 1973, em Vitória, no Espírito Santo. Ela foi raptada, torturada, estuprada e morta por jovens de classe média alta daquela cidade, que acabaram inocentados. O crime até hoje está impune. O caso emblemático virou símbolo da luta contra crimes de pedofilia e exploração sexual de crianças e adolescentes. Mesmo com a data comemorada na última segundafeira,18, instituída através de Lei Federal nº 9.970 de 2000 e com as campanhas de sensibilização e informação da sociedade para garantir a crianças e adolescentes o direito ao desenvolvimento de sua sexualidade de forma segura, os números em todo o país são crescentes e preocupantes. Para o psicólogo Robson Menezes, coordenador técnico do Conselho Regional de Psicologia, o que acontece é que esse número não tem uma perspectiva de redução. “Existe muita impunidade frente a esse crime, pelo silêncio das vítimas, isso acaba estimulando a continuidade, além da dificuldade da comprovação do crime. Muitas vezes é difícil

essa comprovação, acontece entre uma criança e um adulto sem ninguém presente e nem sempre deixa marcas no corpo. Isso resulta no embate da palavra da criança contra a palavra do adulto. Aí o adulto não tem antecedentes criminais, a criança muitas vezes está confusa, diante disso, o crime acaba ficando sem punição”. Ele pontua que estes e outros fatores estimulam o aumento desses registros, mesmo com tanta campanha de conscientização. O balanço do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) aponta que violência sexual contra crianças e adolescentes correspondeu a 11% dos 159 mil registros feitos pelo canal de denúncias do governo, ao longo de 2019. Ao todo, no último ano, foram mais de 17 mil ocorrências desta natureza. Em 2018, a pasta registrou 76 mil vítimas em todo Brasil. Ainda de acordo com o ministério, em 73% dos casos, o abuso sexual ocorre na casa da própria vítima ou do suspeito e é cometido por pai ou padrasto em 40% das denúncias, o que preocupa ainda mais durante este período de isolamento social por causa da pandemia do novo Coronavírus. “Considerando que o agressor prioritariamente é uma pessoa acessível à família e considerando que elas estão agora mais próximas, há uma perspectiva do aumento dos casos de abusos. Ainda não há a

confirmação por não termos dados concretos. Ao mesmo tempo, também temos o entendimento de que mesmo com essa aproximação, o cenário de denúncia diminui pelo fato de que as crianças não estão na escola. Muitas vezes esse abuso é constatado na escola pela mudança do comportamento, através dos educadores, e dos professores e aí a denúncia acontece através de terceiros. Essa criança dentro de casa, pode ser que fique ainda mais difícil, por não ter ninguém fora desse ciclo familiar para conseguir identificar e fazer a denúncia”, constatou o psicólogo. Segundo dados do Fórum de Segurança Pública, entre 2017 e 2018, quatro meninas de até 13 anos são estupradas a cada hora no país. Em 2018, o país também bateu o triste recorde de ocorrências de abuso sexual infantil: 32 mil vítimas. Em Alagoas, de acordo com dados do Tribunal de Justiça (TJAL), de março a maio de 2019 foram registrados 14 casos - entre abuso, assédio, favorecimento de prostituição ou outra forma de exploração sexual. Este ano, no mesmo período, foram registrados 19 casos. Atualmente, existem 88 processos em tramitação, ainda aguardando conclusão. Para o psicólogo, mesmo com estes números, os dados ainda são muito distantes da realidade social. “Quando a gente pensa no cenário do abuso sexual in-

Números são referentes ao período de março a maio deste ano Araceli foi estuprada e morta em 1973; ela tinha 8 anos

fantil precisamos entender que o que sempre é apresentado como dado, é subnotificação. Mesmo que a gente tenha um cenário do Disque 100, que de 2011 a 2017 recebeu 200 mil denúncias, isso é subnotificado. Abuso sexual é um crime silencioso; muitas vezes o crime acontece dentro da casa das pessoas e o agressor pode ser um parente e a situação acaba se resolvendo dentro de casa mesmo. O agressor pode até ser afastado, ou então o crime é silenciado”. Segundo ele, o discurso é ou para preservar a vítima, para que ela não seja exposta à sociedade como uma vítima da violência sexual, ou para preservar o próprio agressor, que mesmo cometendo aquele crime ainda é um membro da família.

O TJAL divulgou também que nos últimos 18 meses, 162 acusados foram condenados à prisão pela 14ª Vara Criminal da Capital por crime de exploração sexual de crianças e adolescentes. “A maioria foi condenada pela prática de estupro de vulnerável”, explica a juíza Juliana Batistela. “É preciso ensinar as crianças, em linguagem acessível e respeitando sua faixa etária, quais são as partes íntimas do corpo, ensinando-lhes que, nesses locais, não se pode deixar as pessoas tocarem, a não ser as pessoas responsáveis pela sua limpeza, sendo dever dos pais indicar quem são essas pessoas e como deve ser realizado cada ato”, destacou.


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SINAIS

Para Menezes, os sinais que as crianças e adolescentes apresentam são variáveis. “A gente não pode acreditar que toda criança ou adolescente vai apresentar o mesmo tipo de sinal porque precisamos entender como eles percebem o abuso. Temos o cenário de crianças que sofrem o abuso e que entendem que aquilo é uma violência, e outras crianças que têm um vínculo afetivo tão forte com esse agressor que não conseguem entender aquilo como uma violência, e pior, muitas vezes criam um vínculo ainda maior, porque tem o contato, a carícia. O agressor entende que ele está cometendo um crime, a vítima não, isso resulta em uma violência ainda mais silenciosa”. Ele pontua que a criança pode vir a perceber posteriormente, por isso que a literatura

liar o discernimento, para que a criança consiga identificar o que é um ato carinhoso e o que é um abuso sexual. “Esse professor que fará as instruções, também pode ser aquele que consegue coletar a informação, pois representa uma figura de segurança, fora do leito familiar, e acaba sendo a pessoa que pode levar a informação para o conselho tutelar por exemplo”.

Robson Menezes diz que isolamento traz mais riscos às vítimas

LEIS

descreve que existem cenários e dados durante esse período que ela está sendo abusada - dificuldade de aprendizagem, perda de apetite, insônia, agressividade, comportamento ansioso -, e existem os sintomas pós-abuso, que acontecem na adolescência - automutilação, tentativa se

suicídio, tentativa de fugir de casa, desprezo ao próprio corpo -, consequências de uma agressão que ela recebeu na infância, e teve que silenciar. O psicólogo defende a importância da orientação sexual na escola em especial na primeira infância, pois ela pode auxi-

Visando adequar as necessidades dos alunos diante do complexo momento econômico em função da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), após diversas tratativas com o Ministério Público, o Cesmac concluiu o plano de flexibilização para mensalidades referentes ao exercício do primeiro semestre de 2020. Nesta terça-feira (19), a proposta foi formalizada por meio de procedimento administrativo no Ministério Público Estadual de Alagoas (MPAL), entre a 24ª Promotoria de Justiça da Capital, especializada em fundações e demais entidades de interesse social, conjuntamente com a Fapec e a Fundação Jayme de Altavila (Fejal), mantenedora do CESMAC. Neste sentido, o CESMAC informa que na próxima semana emitirá comunicado com os procedimentos adotados pela instituição para atender ao acordo. Link do texto do MPAL sobre a formalização da proposta: https://bit.ly/2zdwlyU

Além da Lei Federal nº 9.970 de 2000 que determinou o dia 18 de maio como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, existe a Lei nº 11.829, de 2008, oriunda do projeto de lei do Senado (PLS) 250/2008, que prevê oito anos de reclusão mais multa pela posse de material pornográfico envolvendo crianças ou adolescentes. A pena é aumentada em um terço se o abusador ti-

ver proximidade ou parentesco com a vítima, como pais, tios, padrastos, por exemplo. Em 2009 foi sancionada a Lei nº 12.015, que trata dos crimes contra dignidade sexual. Essa lei determina o estupro de vulnerável como tipo penal da constituição brasileira e substituiu o antigo artigo 224 do Código Penal, que por sua vez tratava da presunção de violência. Com o novo crime, a presunção de violência passa a ser, em tese, absoluta, e não mais relativa. A mesma lei também foi responsável pela alteração no texto do crime de corrupção de menores, incluindo o abuso sexual de menores no rol dos crimes hediondos e estabelecendo pena de 8 a 15 anos de prisão para quem tiver conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com menor de 14 anos. A exceção é apenas dos casos de prostituição.


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fundação palmares

Presidente da instituição ataca Zumbi e gera polêmica

Historiadores alagoanos repudiam atitude de Sérgio Camargo

Maria Salésia sallesia@hotmail.com

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olêmica à vista que nada. Ele é pura polêmica. Em tuite publicado na sexta-feira (17), o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, atacou músicos do rap ao afirmar que “Projetos com rappers serão aceitos na Fundação Palmares somente após rigorosa checagem da vida pregressa dos ‘artistas’”. Essa é apenas mais uma de Sérgio Camargo diz que líder negro suas falas polêmicas, já que era assassino o uso do site da instituição para desqualificar o herói da raça negra Zumbi em 13 de Este é um dever de todos os maio, dia em que a abolição brasileiros e Zumbi é símboda escravidão no Brasil com- lo pátrio. “Estranho que um pletou 132 anos, ainda é um governo que se diz patriota dos assuntos mais discutidos difame um dos personagens no momento e tem provocado mais destacados de nossa a ira de muita gente, a ponto história, que, inclusive, está de deputados entrarem com no Livro de Aço da Pátria e é ação popular com tutela de símbolo da resistência e luta urgência no Ministério Pú- pela manutenção das vidas blico Federal (MPF) contra negras”, disse. E acrescentou que “tentar deslegitimar Camargo. Historiadores alagoanos um símbolo como Zumbi obetambém repudiam a atitude dece à estratégia grotesca de fazer emergir do esgoto da do presidente da Fundação. É o caso do professor de história figuras como a do História, Faculdade de Ser- conhecido torturador Ustra viço Social (FSSSO)- Univer- ou do não menos asquerosidade Federal de Alagoas so Domingos Jorge Velho”, (Ufal)- Aruã Silva de Lima. comparou. Segundo Lima, os textos Ele relembra que a Fundarecentemente publicados no ção Palmares foi fundada sítio eletrônico da Fundação por lei de 1988 e dentre suas Palmares não têm respaldo atribuições estão promover e apoiar eventos relaciona- acadêmico, científico. “São dos com os seus objetivos, panfletos ideológicos dos inclusive visando à interação terraplanistas da área de cultural, social, econômica e História, da mesma estirpe política do negro no contexto daqueles que dizem ser o social do país. Inclusive, dis- nazismo de esquerda – messe, não é atribuição formal mo tendo o nazismo instituda Fundação Palmares cul- cionalizado o assassinato de tuar a memória de Zumbi.

pessoas, alemães também, que por ventura se identificassem com bandeiras de esquerda”, criticou. O professor argumentou que essas pessoas, incluindo Sérgio Nascimento de Camargo, têm um projeto ideológico autoritário, antipovo, racista e homofóbico (por isso tornar Zumbi homossexual, para supostamente destituí-lo do pretenso respaldo hétero para continuar a ser herói nacional). “Em plena pandemia, quando a população negra é a mais atingida proporcionalmente pela letalidade do novo Coronavírus, a Fundação Palmares deixa de cumprir sua função legal e replica a tática do presidente, ao retirar o foco das coisas que realmente importam.

Aqui, me refiro ao combate à pandemia nas áreas de quilombos e de promover ações para que a desproporcional letalidade da Covid-19 em populações negras seja combatida. É, enfim, o retrato da degeneração política e moral do nosso país, dirigida pelo atual governo”, afirmou Lima. E concluiu que cabem às organizações de trabalhadores do campo e da cidade reestabelecerem os laços ancestrais e continuarem a secular resistência. “Na terra onde as classes dirigentes protagonizaram um dos eventos mais vergonhosos da história do Brasil (Quebra de Xangô), símbolo do racismo brasileiro, não basta lamentar, é preciso repudiar ideias como a que o senhor

Sérgio Nascimento de Camargo propaga”. Quem comunga desta vertente é o também historiador e professor da Ufal Osvaldo Maciel que vê o episódio com indignação. Ele diz que a Fundação Palmares é uma resposta institucional do Estado brasileiro sobre uma longa demanda de resistência de luta dos próprios afro descendentes. E esta resposta é pequena diante de toda reparação histórica que precisa ser feita em relação ao povo negro. “A fundação é um símbolo que tem papel importante no processo de revisão de determinados aspectos das políticas públicas e do próprio modo como o passado histórico brasileiro foi construído pelos historiadores. Então, é bizarro e contraditório você ter este equipamento (a Fundação Palmares) instrumentalizada por neofascistas para atacar discursivamente um símbolo importante da luta e resistência negra do afro ativismo no Brasil”. Para ele, destacar que a esquerda está fazendo uma leitura esquerdista do Zumbi dos Palmares é um grande equívoco porque a gente não pode entender direito o que foi o Quilombo dos Palmares e a importância de Zumbi, que na história do escravismo moderno é a maior de todas as revoltas, a que tem maior durabilidade. Além do que, a figura e a liderança de Zumbi são extremamente importantes para o que vai significar historicamente esse embate.


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O historiador diz que é preciso perceber a grandiosidade histórica que foi esse processo de construção dos mocambos em Palmares e da liderança de Zumbi. Embora reconheça que alguns historiadores mais progressistas diminuam a figura de Zumbi e elevem mais Ganga Zumba, “dizer que Zumbi está sendo instrumentalizado pela esquerda é não ter consciência nenhuma do debate que os historiadores e cientistas sociais vêm fazendo em relação ao papel que Zumbi cumpre dentro desse processo”. Osvaldo Maciel criticou Camargo por escolher o 13 de maio para prestar homenagem à princesa Isabel. De forma didática, explicou que a exaltação do ato que ela assinou - a Lei Aurea - é de fato um ataque bárbaro a toda essa construção histórica de Zumbi dos Palmares. “O que é o 13 de maio? É

a Lei Aurea. Imagine uma mulher branca, da alta sociedade brasileira, limpa, ela estar construindo a liberdade do negro sujo, pobre, escravizado, daquele que não quer ser atacado. Tudo aquilo que é mais desejável do ponto de vista do pensamento dominante da época. Ela assina uma lei áurea, que brilha. Veja a simbologia que está por traz de tudo isso. É absolutamente perversa. Isso não tem nenhum lastro do ponto de vista da construção histórica que foi aquele processo e como ele foi de fato sendo construído ao longo de anos de resistência”. Segundo ele, Camargo teve um gesto insano de tentar dar uma coloração totalmente contrária do que foi a realidade histórica que foi vivida naquele momento. ENTENDA A Fundação Palmares – su-

Osvaldo Maciel e Aruã Silva criticam tentativa de criminalizar Zumbi

bordinada à Secretaria Especial de Cultura – criada para cultuar a memória de Zumbi como herói nacional e libertador da raça negra – vem desconstruindo o mito desde a nomeação do jornalista Sérgio Camargo para

presidir a instituição. No último dia 13, Camargo publicou três estudos que afirmam ser uma farsa o mito cultivado pelos movimentos de esquerda, além de apresentarem o líder quilombola como escravagista, as-

sassino e traidor dos negros e homossexual. Ao longo do dia, ele usou as redes sociais para atacar Zumbi, que afirma não ser um “herói autêntico”, e sim “uma construção ideológica de esquerda”. No dia 17, o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT -PE) entrou com a ação conta Camargo. O parlamentar foi acompanhado por Bira Pindaré, Benedita da Silva e Áurea Carolina. Vale ressaltar que a chegada de Camargo ao posto de presidente da Fundação Palmares foi bastante conturbada. Indicado em novembro de 2019, sua nomeação foi suspensa por uma ação civil pública protocolada pela Justiça do Ceará, mas em fevereiro deste ano o presidente do STJ, ministro João Otávio de Noronha, derrubou a decisão e Camargo voltou ao cargo.


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situação de risco

Alagoas tem 30% dos médicos infectados pela Covid-19

Além da luta contra o Coronavírus, profissionais da saúde sofrem com o abalo emocional

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

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erca de 30% dos médicos que atuam na linha de frente contra a Covid-19 no estado já adoeceram devido ao novo Coronavírus. A estimativa é do presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed), Marcos Holanda. Até o dia 13 de maio, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) precisou afastar 112 médicos com suspeitas de infecção, no entanto, até o momento, só 20 tiveram o diagnóstico comprovado. “Nós, do Sinmed, acreditamos que o número seja maior. Não nos compete fazer esse acompanhamento rigoroso. Acho que tem mais colegas doentes. Pelo menos no Hospital Geral do Estado, onde trabalho, 15 cirurgiões testaram positivo para Covid-19, fora outros tantos da área clínica. No Arthur Ramos, tínhamos três casos no começo do mês e, no Veredas, tenho conhecimento de um anestesista afastado com suspeita. Creio que deve ter mais em todas as unidades de atendimento. Na Santa Casa fiquei saben-

Marcos Holanda (D) diz que 50% de todos os profissionais de saúde podem estar infectados

do de um cardiologista que também chegou a ser isolado”, disse o líder sindical. Até agora, houve um caso de óbito entre a classe médica, que foi da pediatra Eliana Buarque de Freitas Machado, diretora administrativa da Pediatria 24 horas, que não estava trabalhando na linha de frente contra o vírus. Holanda ressalta que, além dos locais citados, em diversas outras unidades de saúde também há relatos de médicos vítimas da pande-

mia. “Se incluirmos todos os profissionais da área da saúde, a estatística deve subir para 50% e a situação pode se agravar se as pessoas não cumprirem a rigor o isolamento social e demais medidas protetivas”, alertou, lembrando que outro cuidado importante para evitar a contaminação entre os médicos (e profissionais de saúde, como um todo) é a qualidade dos EPIs. “Os gestores precisam

ser rigorosos nos critérios de escolha do material comprado. O material tem que ser confiável. Infelizmente temos recebido denúncias de que alguns gestores estão comprando gato por lebre e isso nos preocupa demais. Por enquanto são suspeitas, mas, devido à gravidade, merece ser apurado. Caso isso esteja de fato acontecendo, cabe punição. Vale investigar se é verdade, e se é propositadamente, com conivência”, afirmou.

Sobre a saúde mental dos profissionais da saúde que trabalham nas salas de emergência e UTIs de hospitais, Holanda disse que a luta contra um vírus pouco conhecido está causando ansiedade em apresentar resolutividade. “Somado a isso tem desconforto da sensação de impotência, as limitações, o medo de nos contaminar e o estresse com a demanda crescente de casos. Ou seja, o abalo emocional é intenso”. “Nossa responsabilidade é gigantesca e nos preocupamos não somente com os pacientes, mas também com cada membro da equipe, observando sintomas, medidas protetivas, tudo, enfim, ao mesmo tempo, além de consultarmos a literatura médica para atualização. No nível de estresse que estamos, não adianta terapia psicológica on line. Disponibilizar um telefone ou canal interativo é inócuo. Precisamos de tratamento presencial personalizado, com técnicas que favoreçam relaxarmos da cabeça aos pés, por dentro e por fora. Nosso corpo está travado, e nossa alma, densa”, finalizou.


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EM ALAGOAS

Equatorial é acusada de cobrar energia por média para aumentar valor da conta Procon já tem vários processos administrativos contra a empresa

NOTA da EQUATORIAL

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Maria Salésia sallesiaramos18@gmail.com

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m plena crise gerada pelo novo Coronavírus, consumidores reclamam que a Equatorial Alagoas tem prejudicado usuários do interior de Alagoas e pede providências aos órgãos competentes. Segundo um dos reclamantes, desde março, quando a empresa terceirizada que faz a medição do consumo para a estatal deixou de atuar, a Equatorial passou a calcular o consumo “pela média dos últimos 12 meses”, aumentando os valores das contas. O reclamante disse, ainda, que a empresa diz que age com base na Resolução 878/2020 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “O que é uma meia verdade, e meia verdade, na situação atual, é pouco mais que uma mentira. O que a resolução diz, e não poderia ser diferente, é que devido à pandemia, as empresas distribuidoras de energia podem fazer a leitura tradicional ou, caso estejam impedidas, acatar a auto-leitura feita no medidor pelo titular da conta e, só em último caso, aplicar a média dos últimos 12 meses”, explicou. O usuário criticou que, na prática, todo o sistema de atendimento virtual ao con-

Fatura pela média dos últimos 12 meses só em último caso, diz

sumidor da Equatorial Alagoas trabalha para dificultar o cumprimento da norma da Aneel. “Uma vergonha”, finalizou. Daniel Sampaio, diretor -presidente do Procon Alagoas, disse que devido ao grande aumento de reclamações quanto ao fornecimento de energia em Alagoas, notadamente a partir do começo das atividades da Equatorial no estado, o órgão tem procurado a solução da questão. Tem participado de audiências públicas e de reuniões juntamente à concessionária, tudo a fim de solucionar a crise que se instalou entre a concessionária e os consumidores alagoanos. De acordo com Sampaio, em audiência pública, realizada em parceria com a OAB no dia 13 de fevereiro deste ano, especialistas no assunto expuseram uma série de irregularidades cometidas nos cálculos dos valores a título de consumo de energia elétrica, além de outras ilegalidades relacionadas sobretudo

a cortes indevidos e troca de medidores. Por conta disso, afirmou, um grande volume de processos administrativos foi aberto no âmbito do Procon-AL, acarretando em multas para a empresa. E acrescentou que o Procon Alagoas está à disposição do consumidor, que pode buscar atendimento no 151, WhatsApp (98876-8297) ou autoatendimento (www. procon.al.gov.br). “Ao buscar auxílio do Procon, nossos atendentes realizarão análise detida do caso trazido pelo consumidor, sendo este direcionado à Justiça se o seu caso demandar realização de perícia”. Destacou, ainda, que as concessionárias de serviço de fornecimento de energia elétrica encontram-se impedidas de realizar cortes de energia durante o período da pandemia, conforme determinação da Aneel adotada em Reunião Pública Extraordinária, lembrando que os valores devidos pelo consumidor poderão ser cobrados com juros.

Equatorial Alagoas emitiu nota de esclarecimento em relação à leitura e entrega de contas durante a pandemia do Coronavírus. Confira abaixo: A Equatorial Energia Alagoas esclarece que os serviços de leitura e entrega das contas de energia continuam sendo realizados normalmente pelos colaboradores da Equatorial Energia Alagoas para os clientes que possuem medição externa. As atividades seguem em curso com autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A empresa tem adotado medidas para proteger tanto os profissionais da distribuidora quanto os clientes, implantando ações de prevenção ao coronavírus e seguindo as orientações dos órgãos de saúde mundial, nacional e local. Para os clientes que possuem o medidor dentro do imóvel ou algum impedimento de acesso, o faturamento será feito pela média dos últimos 12 meses, conforme previsto na resolução 878 da Aneel sobre orientações para o período de pandemia. A Equatorial escla-

rece ainda que o ideal é que a medição seja externa, já que o equipamento pertence à distribuidora e que ela precisa ter livre acesso ao aparelho. Entretanto, os clientes que tiverem o faturamento por média neste período não serão prejudicados. Após o período de isolamento social, o serviço será retomado plenamente, será feito ajuste na fatura posterior com base na leitura atual (o que estiver marcando no medidor) e o registro do histórico de consumo do sistema. A distribuidora solicita que as administradoras de condomínio e síndicos não impeçam a entrada dos leituristas, já que o acesso deles é restrito ao quadro de medição, pois não há necessidade de contato com os moradores. Além disso, os colaboradores da companhia têm seguido orientações dos órgãos de saúde para executar o serviço de maneira segura. Em caso de dúvida, os clientes devem entrar em contato com a Central de Atendimento pelo telefone 0800 082 0196. A ligação é gratuita e pode ser originada de celular.


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EM ALERTA

Soberania alimentar em Alagoas está fragilizada

Mesmo em tempo de pandemia agronegócio visa apenas o lucro, diz professor da Ufal Maria Salésia sallesiaramos18@gmail.com

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professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Lucas Lima critica operadores do agronegócio ao afirmar que eles não se guiam pela necessidade de abastecimento da população de um país, mas pelos lucros. Segundo ele, em Alagoas não é diferente e, como no resto do País, mesmo em tempos de pandemia a soberania alimentar está fragilizada. Afirma, ainda, que a saída seria priorizar agricultura familiar e realizar reforma agrária. Ao ser questionado se não teria exagerado ao afirmar em seu artigo publicado no dia 1º de maio, no portal Carta Campinas, que “se depender do agronegócio, a população do Brasil morrerá de fome na pandemia”, garantiu que seu ponto de vista está coerente com a realidade. “Não penso que seja exagero da minha parte. O agronegócio é um modelo de produção no campo, baseado, predominantemente, na grande propriedade, no monocultivo e na produção para o alcance do lucro. Parte expressiva

dos produtos do agronegócio se destina à exportação e/ou são commodities (mercadorias cujos preços são determinados pelas especulações nas bolsas de valores), como milho, soja, café e carne animal”, disse. “O que quero dizer é que os operadores do agronegócio (grandes proprietários, grandes empresas comercializadoras, fundos de investimento, etc.) não se guiam pela necessidade de abastecimento da população de um país, mas pelos lucros”, acrescentou. E exemplificou que nesse momento de pandemia no Brasil, em que se verifica dificuldade de acesso aos alimentos, bem como um certo encarecimento de alguns dos seus itens nos supermercados, o segmento exportador de commodities do agronegócio está radiante com os preços elevados de seus produtos no mercado internacional e com a valorização do dólar. “De acordo com o Ministério da Agricultura, em informe divulgado no dia 5 de maio, as exportações de soja, farelo de soja, carne bovina e suína bateram recorde, superando o mês de abril do ano de 2019. Em resumo, o agronegócio não está preocupado com a soberania alimentar”, frisou. Lima foi além, ao falar que o apoio do governo ao agronegócio, que já dura pelo menos três décadas, fez com que se enfraquecesse a capacidade do Estado de intervir em momentos de crise, como

o que estamos enfrentando agora, durante a pandemia. Segundo ele, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) está em frangalhos. “Nossa capacidade de estocagem foi privatizada. Basta verificar os dados oficiais dos estoques públicos de milho, feijão e outros gêneros: quase não há estoque. Ou seja, o Estado já não consegue ser protagonista na regulação da oferta e dos preços dos alimentos, pois abriu mão dessa prerrogativa em favor do agronegócio. É isso que busco evidenciar no artigo”. No boletim, ele aponta que a tônica do agronegócio é assegurar lucros e proteger negócios. Portanto, é preciso fortalecer a agricultura camponesa e de povos tradicionais. E que a disseminação da pandemia em terras brasileiras apenas acendeu o sinal de alerta, já que a soberania alimentar foi rifada ao longo de décadas. Vale ressaltar que a publicação do estudo é parte de uma série de boletins sequenciais sobre o Coronavírus e Ciências Sociais. Trata-se de uma ação conjunta que reúne a Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais (Anpocs), a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), a Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) e a Associação dos Cientistas Sociais da Religião do Mercosul (ACSRM).

Lucas Lima: agricultura familiar precisa ser valorizada

OS NÚMEROS DE ALAGOAS

Quando se trata de Alagoas, Lucas Lima garante que a situação não é diferente do resto do país. E relembrou que há décadas as melhores terras do estado, localizadas na parte leste, estão à disposição do setor sucroalcooleiro. Agora também se destinam ao cultivo de eucalipto. E critica que nós não comemos eucalipto e álcool e o açúcar tem como destino outras partes do país e exterior. Logo, a soberania alimentar do estado está igualmente fragilizada. O professor afirmou que as pesquisas identificaram, a partir de dados da Conab, que a superfície cultivada com feijão (um item essencial na mesa dos alagoanos) no estado diminuiu de 83.500 hectares, em 2008/09, para 27.600 hectares, em 2018/19. Uma redução de quase 70%. Por outro lado, a superfície cultivada com eucalipto aumentou extraordinariamente em Alagoas. Em 2008 eram somente 15 hectares. Em 2017, conforme dados do IBGE, esse número alcançou 15.630 hectares. Uma elevação de 104 mil por cento em 10 anos. E reforça que para fortalecer a soberania alimentar é preciso com urgência priorizar a agricultura familiar, com mais crédito e apoio logístico; fortalecer programas como o PAA e o PNAE, pois priorizam a agricultura familiar; reestruturar os estoques públicos de alimentos, fortalecendo a Conab e outras empresas públicas, além de realizar a reforma agrária a fim de assentar famílias dispostas a produzirem alimentos.


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MARAGOGI

Defensoria vai à Justiça contra abertura de salões e academias TJ já decidiu, em caso idêntico, que prefeitos não podem contrariar determinações de decreto estadual

Bruno Fernandes bruno-fs@outlook.com

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Defensoria Pública do Estado tomará providências administrativas e judiciais contra o decreto municipal de Maragogi que libera o funcionamento de salões de belezas e academias, assinado pelo Fernando Sérgio Lira Neto (PP) nesta quinta-feira, 21. De acordo com o defensor público-geral do Estado, Ricardo Melro, a instituição entende que o Decreto Municipal Nº 021/2020 afronta o estadual, de Nº 69.844, além de uma decisão cautelar da Justiça de Alagoas. “O presidente do TJ, em ação cautelar preparatória, proibiu a todas as prefeituras de fazerem decretos contrários ao que foi disposto pelo decreto estadual quando prejudiciais às medidas de isolamento. Isso porque, aos municípios resta a chamada competência suplementar, ou seja, eles podem fazer o que o decreto estadual não tratar”, disse por meio de nota. Além disso, Melro explica que a preponderância do interesse para combater a pandemia (saúde pública) é regional. Não é local. “Portanto, vamos peticionar junto ao presidente do TJ informando que o citado prefeito está des-

Ricardo Melro afirma que abertura também põe em risco saúde da população

respeitando sua decisão, e pedir para suspender imediatamente o mencionado decreto”. Procurada, a Prefeitura de Maragogi informou via assessoria, que a ordem de reabertura tem como base decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e a lista de serviços essenciais criadas pelo presidente Jair Bolsonaro. Na decisão do STF, fica estabelecido que governadores e prefeitos têm poderes para baixar medidas restritivas no combate ao Coronavírus em seus territórios. No dia 11, o presidente Jair Bolsonaro incluiu as atividades de salões de beleza, barbearias e academias de esportes na lista de “serviços essenciais”. Isso significa que, no entendimento do governo federal, as atividades podem ser mantidas mesmo durante a pandemia do Coronavírus. O decreto foi publicado em uma

edição extra do Diário Oficial da União. Com essa inclusão, o número de atividades consideradas essenciais chegou a 57. No entanto, a inclusão apenas classifica academia e salões de beleza como serviços essenciais, mas o funcionamento deste tipo de estabelecimento continua proibido pelo decreto estadual. A decisão citada pelo defensor público-geral do Estado, Ricardo Melro, foi proferida no começo do mês, quando o presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, Tutmés Airan, suspendeu o Decreto nº 13, de 08 de abril de 2020, do prefeito de Teotônio Vilela, que objetivava a reabertura do comércio local. Na decisão cautelar apresentada pela Defensoria Pública contra a flexibilização do isolamento social na cidade, o desembargador também proibiu, com base na Consti-

tuição Estadual e na Constituição Federal, que todos os demais prefeitos alagoanos baixem medidas semelhantes. “Qualquer decreto expedido por Prefeito Municipal está eivado de inconstitucionalidade se afrontar as regras previstas em decreto do Governador do Estado, na forma dos arts. 187 e 188 da Consti-

tuição Estadual e do art. 24, XII, da Constituição Federal, com a interpretação da competência estadual exposta na ADPF nº 672”, diz a decisão cautelar. O decreto da Prefeitura de Maragogi foi questionado pela Defensoria Pública Estadual, que o considerou “uma medida sem competência federativa, atentatória à saúde pública, que esvazia as iniciativas já tomadas em outros âmbitos (federal e estadual), direciona e joga a sociedade local contra um severo risco de sanitário de contaminação sem qualquer parâmetro ou respaldo médico ou científico por trás”. O decreto de Maragogi afirma que os salões de belezas, as barbearias e os congêneres poderão funcionar com um cliente por vez no recinto, tomando todos os cuidados de higiene. Academias, centro de ginástica e estabelecimentos similares, vão funcionar em número não superior a dez clientes por turno e, obrigatoriamente, com higienização reforçada dos aparelhos para musculação e ginástica.

Juízo de Direito - 10ª Vara Cível da Capital. EDITAL DE CITAÇÃO – EXECUÇÃO. PRAZO DE 20 (VINTE DIAS). O(a) Exmo(a) Dr(a). Erick Costa de Oliveira Filho, Juiz(a) de Direito da 10ª Vara Cível da Capital, na forma da Lei, etc. FAZ SABER a todos que o presente Edital virem ou dele tomarem conhecimento que tramita por este Juízo os autos de Execução de Título Extrajudicial n.º 0016733-42.2002.8.02.0001, requerida pelo(a) Banco Industrial e Comercial S.A - Bicbanco, em desfavor de Comercial de Bebidas V.F. Ltda (nome de fantasia Alto Astral) e outro, este(a) atualmente em local incerto e não sabido, com prazo de validade de 20 (vinte) dias, nos termos do art. 829, Caput, do NCPC. Honorários advocatícios em 10% (dez por cento) do valor da execução, reduzindo-o à metade na hipótese de pagamento do débito de forma integral, no prazo de 03 (três) dias (art. 827, § 1º, do NCPC). ficando o(a) mesmo(a) CITADO(A) para em 03 (três) dias, contadas do transcurso do prazo deste edital, efetuar o pagamento do principal, acessórios, honorários advocatícios e despesas processuais, facultando-se, em momento posterior adequado, a interposição de embargos, em 15(dez) dias. Não ocorrendo o pagamento, proceder-se-á a penhora ou arresto de bens do executado. E, para que chegue ao conhecimento de todos, partes e terceiros, foi expedido o presente edital, o qual será afixado no local de costume e publicado na forma da lei. Maceió, 25 de abril de 2020. Erick Costa de Oliveira Filho. Juiz de Direito.


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PANDEMIA

Médicos se dividem entre cloroquina e tubaína Tratamento contra a Covid-19 se transforma em disputa política

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

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bipolarização da política brasileira foi atualizada. Agora, o país está com dois times: o que acredita na cura da Covid-19 a partir da cloroquina e da hidroxicloroquina e o que segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que vê com ceticismo o tratamento contra o Coronavírus a partir desses medicamentos. É a cloroquina versus a tubaína, conforme palavras do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O conflito de ideias e ideais também divide médicos do país. Em Alagoas, há os que apostam no protocolo de tratamento sugerido esta semana pelo Ministério da Saúde. Já outros preferem seguir o que dizem associações da própria categoria. O cardiologista alagoano Luís Eduardo Lima faz parte dos profissionais que acreditam que a cura é possível a partir das polêmicas medicações. Em vídeo divulgado

nas redes sociais, ele fez um apelo à população: “Se vocês procurarem por serviço médico e saírem de lá com a receita de um analgésico e vitamina C, não aceitem e procurem outro profissional. Ou entrem em contato comigo para receberem outra recomendação. É na primeira fase que se deve fazer o melhor tratamento, evitando que a doença passe pelas fases seguintes, até mesmo a internação em UTI”, disse. Lima, que é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia de Alagoas, também destacou que não há tempo para esperar resultado de exames. “A perda do olfato se chama anosmia e a perda do paladar se chama ageusia. O que vocês têm que fazer é começar o tratamento de maneira imediata. Esperar o exame é uma balela. Estamos em pandemia e o diagnóstico é clínico. Vocês mesmos podem fazer, pelo que estou falando. O tratamento aceito pela maioria dos bons médicos e bons serviços é azitro-

Médicos contrários ao uso da droga destacam efeitos colaterais

micina, hidroxicloroquina, vitamina D e zinco”. O coloproctologista e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Mário Jorge Jucá, também aderiu à campanha a favor da hidroxicloroquina e cloroquina para tratamento contra a Covid-19. Assim como o colega cardiologista, usou as redes sociais para defender o uso dos medicamentos. “Precisamos do apoio da sociedade nesse momento crítico, que terá maiores gravidades. Estamos recebendo os protocolos do município e Estado em que a hidroxicloroquina e a cloroquina só estão sendo colocadas para pacientes graves ou em grupo de risco. Sabemos que isso deve se dever à falta da medicação, mas temos que assumir que a recomendação é para todos, principalmente na fase precoce”, frisou. “Já temos provas que hidroxicloroquina e a cloroquina competem com o vírus na célula, evitando sua multiplicação. As pessoas estão morrendo e isso pode ser evitado. Vamos nos unir e exigir isso. Estamos dispostos a ajudar, mas precisamos da sociedade para enfrentar essa situação”. E finalizou o vídeo com um questionamento: “Os medicamentos estão sendo indicados para pacientes em grupo de risco e graves. Então, por que essa indicação se a literatu-

ra diz que não há evidência nenhuma para ser usada? Precisamos ser coerentes. Se não tem nenhuma indicação, não deve ser usada em fase nenhuma”, finalizou.

OUTRO LADO

Luciene Alencar, médica hematologista, participou na quarta-feira, 20, de uma live no canal Médicas e Médicos pela Democracia Alagoas, no YouTube, que teve como tema o “Tratamento da Covid-19 e o uso indiscriminado de medicamentos”. De acordo com ela, o ideal seria uma medicação antiviral realizada na fase inicial da doença. “Pacientes na fase 2 deveriam usar medicamentos que reduzissem a atividade inflamatória do organismo para não evoluir para fase gravíssima”, destacou. A cloroquina e hidroxicloroquina, segundo a médica,

Se vocês procurarem por serviço médico e saírem de lá com a receita de um analgésico e vitamina C, não aceitem e procurem outro profissional. Luís Eduardo Lima Cardiologista alagoano

impediriam que o vírus entrasse na célula. “Foi visto uma ação in vitro, em laboratório, que esses medicamentos têm ação contra diversos vírus, contra zika, chikungunya e HIV. Mas não são usados em nenhuma dessas doenças. Diante de um quadro tão grave, fomos atrás de medicamentos que já foram testados, que apresentou efeito in vitro e que poderia ser utilizada nos seres humanos. Mas quando a gente ingere [o medicamento], ele passa por todo um outro processo, como metabolização e excreção, que pode alterar e muito a droga”, explicou. Também participou da conversa Roberto Verçosa, médico cardiologista. “A cloroquina já derrubou dois ministros e agora temos um documento do Ministério da Saúde que recomenda o uso do medicamento também em casos leves. Temos visto pacientes chegando ao hospital tomando cloroquina, azitromicima, corticoide, entre outros. Vemos pacientes chegando em estado grave porque estavam tomando corticoide em fase de replicação final e agravam a doença. Enquanto isso, temos colegas médicos estimulando a automedicação, mandando que as pessoas tomem remédios. Precisamos deixar o campo político e trazer o fato para o campo da ciência”.


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hospitalizados com as formas graves da Covid-19. Já em relação à hidroxicloroquina, o governo estadual informa ter destinado 22.959 comprimidos entre 1º de abril e 19 de maio para os pacientes em tratamento da Covid-19. Destes, 12.796 unidades já foram distribuídas – o que corresponde a cerca de 43% do total. Ainda há em estoque 15.060 comprimidos para serem entregues segundo a necessidade de cada unidade de saúde.

EX-MINISTROS

Mário Jorge Jucá também aderiu à campanha pró cloroquina

Luís Eduardo dá receita para tratamento no início dos sintomas

PARECER

Também essa semana, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), em documento publicado e encaminhado à imprensa, destacou: a recomendação para a hidroxicloroquina ou cloroquina é considerada fraca e com nível de evidência baixo. E citou algumas recomendações: “Sugerimos não utilizar hidroxicloroquina ou cloroquina de rotina no tratamento da Covid-19; sugerimos não utilizar a combinação de hidroxicloroquina ou cloroquina e azitromicina de rotina no tratamento da Covid-19; recomendamos não

utilizar oseltamivir no tratamento da Covid, em pacientes sem suspeita de infecção por influenza; e sugerimos não utilizar antibacterianos profilático em pacientes com suspeita ou diagnóstico da Covid-19”. Ainda segundo a SBI, as terapias que estão sendo utilizadas atualmente foram analisadas por um grupo de 27 especialistas que integraram uma “força-tarefa” formada pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira, pela Sociedade Brasileira de Infectologia e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Uma das preocupações do estudo, além da

possível ineficácia do tratamento, são os efeitos colaterais dos medicamentos. No caso da hidroxicloroquina, conforme a bula, o paciente pode desenvolver: depressão da medula óssea, anemia, anorexia, comportamento suicida, visão borrada devido a distúrbios de acomodação que é dose dependente e reversível e cardiomiopatia, que pode resultar em insuficiência cardíaca e em alguns casos com desfecho fatal. Em Alagoas, assim como

Os medicamentos estão sendo indicados para pacientes em grupo de risco e graves. Então, por que essa indicação se a literatura diz que não há evidência nenhuma para ser usada? Mário Jorge Jucá

Coloproctologista e professor da Ufal

outros estados, para o paciente receber o tratamento precisa assinar, ou o responsável, um termo de termo de consentimento livre e esclarecido. Já o médico responsável também deve assinar um termo de declaração de que explicou detalhadamente ao paciente ou aos seus responsáveis legais acerca do tratamento e seus efeitos colaterais. O termo também deixa claro que o paciente também pode desistir do tratamento com cloroquina ou hidroxicloroquina. Conforme a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), mais de 50% da cloroquina enviada ao estado pelo Ministério da Saúde entre 1º de abril e 19 de maio já foi distribuída aos pacientes. Dos 32.500 comprimidos recebidos, 16.440 unidades foram encaminhadas às unidades hospitalares da rede pública estadual, com indicação para administração sob orientação médica em pacientes necessariamente

Os dois médicos que ocuparam o cargo de ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, apostas de Bolsonaro para chancelar a cura da Covid-19 com a hidroxicloroquina e cloroquina, preferiram sair do cargo. O maior medo, ao que tudo indica, foi de mancharem suas carreiras se tornando uma versão médica da economista Zélia Cardoso de Mello, que assumiu o risco de aplicar um desastroso plano econômico contra a inflação durante gestão do ex-presidente Fernando Collor. Após congelamento da poupança de grande parte dos brasileiros e a reação negativa da população, Zélia Cardoso precisou ‘espairecer’ nos Estados Unidos.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Enxergar; além: im(perfeição) humana Todos, TODOS os dias recebemos pedaços de notícias, sejam vídeos ou textos, em nossas redes sociais. Na maioria das vezes esse material é descontextualizado, ou simplesmente alguém recorta um pedaço de uma fala, às vezes de uma ou duas horas e publica o que lhe convém, conforme suas concepções ideológicas e sentimentais, enfim. Isso é extremamente nocivo do ponto de vista da comunicação adequada porque se induz a “uma conclusão” equivocada do que foi publicado na íntegra – de uma ou duas horas. Em outras palavras, “se quer que a mensagem” produza a mesma interpretação de quem elaborou, ou seja, de acordo com os “óculos” da pessoa que publicou. Lamentável. O fato se torna criminoso, isto é, quando alguém, propositadamente, “investiga” exatamente as “incoerências” nos textos ou nos vídeos exatamente para desqualificar a fala ou o texto de alguém. Deveria ser criminalmente penalizada a pessoa que, deliberadamente, faz isso? A verdade é que, se a “mensagem” tem uma pitada de “humor”, há uma probabilidade de se replicar e ser “aceita” pelos pares, além de ter intensa “aceitação”. Estamos vivendo num mundo de mudanças, onde o pensar sobre mais de uma possibilidade num fato qualquer, parece, é algo “perturbador” da ordem e da moralidade ou “fora da realidade” ou até “inaceitável”. Que coisa! É preciso ter a possibilidade de ter, pelo menos, uma segunda interpretação dum fato, fala, entrevista de alguém seja quem for. Fazer, falar, discutir sobre uma possível “negociação” do que foi publicado; ou esmiuçar o fato em pontos de vistas diferentes, é extremamente salutar.

Homem Deus sabe o que se agita por trás deste fantoche que se chama homem. (Jacques Lacan)

Anedonia e comportamentos

Os seres humanos são subjetivos; não existe ninguém igual; não existe história de vida igual. Não existe certeza absoluta. Tudo está em movimento. Não existe perfeição no faz, muito menos no que se diz, enfim. A pandemia é um excelente exercício para movimentar os neurônios. Afinal de contas, nossos neurônicos fazem infinitas conexões e é, exatamente, o que nos faz diferentes de outros seres vivos. Nenhum, NENHUM computador é capaz de fazer essas conexões neurais com tanta IM(PERFEIÇÃO) humana; que bom.

Ansiedade

Anedonia?

O sentimento de ansiedade está presente em qualquer pessoa em algum momento da vida. Às vezes é mais intenso em algumas e em outras não. Mas todas as pessoas passam por algum tipo de ansiedade. Num primeiro momento, a ansiedade é benéfica porque a mente e o corpo se preparam para o desconhecido. Mas, se essa ansiedade implica em que a pessoa não consiga realizar as tarefas do dia a dia, pode ser um sinal de que precisa ser investigado, compreendido e superado. Somente uma psicoterapia pode amenizar esse “desconforto” da ansiedade. Essa situação faz a pessoa não realizar uma simples tarefa em casa ou em qualquer lugar que esteja. Ou seja, não consegue realizar as tarefas do dia a dia ou não consegue ter uma convivência amena com alguém, que pode ser o próprio cônjuge, filho(a), enfim. Ansiedade tem tratamento. A psicoterapia, além de medicamento ministrado por psiquiatra, se for necessário, são os tratamentos.

É a perda da capacidade de sentir prazer no dia a dia (depressão grave). Assemelha-se à neurastenia (neuro=cérebro e astenia=fraqueza). Seria o transtorno psicológico resultado do enfraquecimento do Sistema Nervoso Central. Está associado com baixos níveis de serotonina, dopamina, noradrenalina no sistema nervoso central.

As pessoas não mudam porque não acreditam que possam mudar. Muitas pessoas gostam de reclamar, isso é tudo o que sabem fazer (é a “muleta psicológica” que elas têm). Se tirar isso delas, podem “desconcentrar-se na vida” e não conseguirá fazer mais nada. Daí a importância de se fazer psicoterapia para se conhecer.

Anedonia e comportamentos II

Para se ajudar alguém através de psicoterapia, é necessário que se adote alguns cuidados, porque senão pode prejudicar a pessoa em vez de ajudar. As mudanças devem ser aos poucos, mesmo que esteja fazendo psicoterapia.

Anedonia e comportamentos III

Pouco a pouco, sem querer resolver tudo de uma única vez, pode-se “reconfigurar” ou “reprogramar” o cérebro só com atitudes positivas, apesar das circunstâncias serem boas ou não.

Tratamento: anedonia

Tanto terapia cognitivo-comportamental ou terapia analítico-comportamental podem ser auxiliares do tratamento medicamentoso para a anedonia. Uma pessoa com anedonia, em geral, dificilmente adere ao processo terapêutico espontâneo, por isso é importante a participação da família como apoio.

Anedonia? II Para amenizar a anedonia, os especialistas indicam praticar exercício físico frequente; ter atitudes prazerosas todos os dias, como escutar músicas, ler um livro de conteúdo leve e fora de assuntos de trabalho, conversar com amigos, enfim.

Anedonia e atividade física Estudos (professor de neuropsiquiatria da Escola de Medicina da Harvard Jonh Ratey) comprovaram que 30 minutos em dias alternados alcança a mesma eficácia que a medicação no combate à depressão em curto prazo.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@uol.com.br Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

O impeachment vai acontecer? (BRASÍLIA) - No dia de ontem (21), os partidos de esquerda PT, Psol, PC do B e PCB protocolaram um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. A ação tem o endosso de mais de 400 entidades civis e movimentos populares. “Até agora este é o pedido de impeachment mais amplo, unitário e significativo da oposição de esquerda brasileira”, diz o Psol em comunicado enviado para a imprensa. “Desde 25 de abril o Psol vinha liderando a construção desse pedido de impeachment. Convidamos todas as legendas de oposição a se somarem, além das organizações e movimentos sociais. Agora temos uma iniciativa ampla e forte, que, de fato, representa uma parcela importante da sociedade”, afirma Juliano Medeiros, presidente nacional do partido. O pedido elenca uma série de ações praticadas por Bolsonaro e questionadas pela oposição, como “a convocação e comparecimento nos atos contra a democracia e pelo fechamento do Congresso e do STF, a interferência nas investigações da Polícia Federal no Rio de Janeiro, a falsificação da assinatura de Sérgio Moro na exoneração de Maurício Valeixo do comando da PF e as declarações durante a reunião ministerial de 22 de abril”, dentre outras. Também estão na argumentação “os discursos de Bolsonaro atentando contra o STF, a convocação de empresários para a ‘guerra’ contra governadores no meio da pandemia, o bloqueio da compra de respiradores e outros equipamentos de saúde por estados e municípios, o apoio à milícia paramilitar conhecida como ‘Aca-

mpamento dos 300’, a incitação de uma sublevação das Forças Armadas contra a democracia brasileira, além de seus pronunciamentos e atos durante a pandemia que configuram crimes contra a saúde pública”. “É uma longa lista de crimes contra o livre exercício dos poderes constitucionais; dos direitos políticos, individuais e sociais; contra a segurança interna do país e contra a probidade administrativa. Não há mais como justificar a permanência de Bolsonaro no cargo. Ele precisa sair urgentemente”, conclui Medeiros. O pedido de impeachment, porém, não conta com a união de todos os partidos de esquerda, ficando de fora Rede, PSB e PDT, que fazem parte da frente progressista. Segundo juristas que se pronunciaram sobre o pedido, trata-se do mais robusto entre os mais de 30 apresentados até agora. Consultado pela coluna o cientista político Natanael Alencar (UnB) faz a seguinte análise: “No momento dificilmente a Câmara pautará qualquer pedido. As esquerdas desorganizadas apostam na derrubada de Bolsonaro, esquecendo que tem o Mourão no meio do caminho antes de uma nova eleição na qual mais uma vez perderiam “. Em minha opinião acredito que mesmo diante de tantos desacertos Bolsonaro terminará o seu mandato, com chances de se reeleger, a não ser que o governo com seus novos e temerários aliados descambe para atos de corrupção. Na política brasileira, nos próximos meses tudo poderá acontecer. Inclusive nada.

A imprensa agredida

O incentivo à agressão

Os jornalistas brasileiros, mesmo vivendo em período democrático e com liberdade de expressão, passam por uma fase inusitada em seus direitos de informar e exercer suas atividades. O absurdo das agressões sofridas pela imprensa é o incentivo do próprio presidente da República quando ele mesmo desrespeita atacando irresponsavelmente profissionais em frente ao Palácio da Alvorada. Quando questionado sobre a mudança no comando da Polícia Federal do Rio de Janeiro, o presidente mandou os repórteres calarem a boca. Bolsonaro ainda atacou o jornal Folha de S. Paulo, chamando o veículo de “canalha”, “patife” e “mentiroso”. Segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), foram monitoradas 179 agressões contra a imprensa vindas do presidente da República somente nos primeiros quatro meses de 2020. Desde o início de seu desgoverno um presidente tresloucado e destrambelhado quase que diariamente usa sua verborragia para agredir jornalistas e incentiva essas agressões por parte de sua manada de seguidores fanáticos.

O cinegrafista Robson Panzera, da TV Integração, afiliada da Rede Globo em Barbacena (MG), foi agredido por um militante que gritava palavras de ordem contra a emissora na quarta-feira (20). O profissional teve sua mão quebrada ao ser atingido pelo tripé da câmera. O agressor, Leonardo Rivelli, agrediu o cinegrafista e depois chutou a câmera. Em seguida, deixou o local de carro. Ele é empresário do ramo alimentício e acabou sendo encaminhado à delegacia para prestar depoimentos. Panzera foi levado para a Santa Casa de Misericórdia de Barbacena para ser atendido Durante sessão da Câmara dos Deputados, o líder do PDT, Wolney Queiroz (PE), se solidarizou com os jornalistas agredidos. No domingo (17), a repórter Clarissa Oliveira, da Band, também foi agredida durante uma manifestação contra o isolamento social. Por meio de nota, a Abraji repudiou as agressões e afirmou exigir “que as autoridades policiais apurem o ataque e punam os responsáveis. Os jornalistas, cada vez mais vulneráveis à fúria e aos desatinos de militantes radicais, precisam de segurança para trabalhar e circular, pressupostos básicos em regimes democráticos. [...] Se os fanáticos temem os fatos e resolvem fazer justiça com as próprias mãos, instamos que os governantes cumpram, nos âmbitos federal, estadual e municipal, o que é garantido por lei e lembrado em uma cartilha do próprio governo federal. Nela está escrito que agentes do serviço público não devem adotar “discursos públicos que exponham jornalistas a maior risco de violência ou aumentem sua vulnerabilidade”, conclui a entidade.

Para refletir: O bolsonarismo é um desserviço à direita e ao conservadorismo. São caricatos, agressivos, estúpidos. Digo mais, Bolsonaro é o Lula da direita. Nada mais que isso”. (Adriana Vandoni-Jornalista)

Crime hediondo Esta semana circulou com muita força em Brasília a ideia de formalizar uma legislação emergencial tratando como crime hediondo qualquer desvio de recursos destinados ao combate ao Coronavírus por parte de agentes públicos nas áreas federal, estadual e municipal. Os órgãos de controle externo estão abarrotados de denúncias e mesmo de fartos indícios de fatos que comprovam contratações irregulares, fraudes em contratos e superfaturamento na aquisição de equipamentos e serviços, principalmente nos estados e municípios. Alguns órgãos trabalham com a possibilidade da instalação de uma força tarefa, integrada também pela Polícia Federal, para uma varredura consistente nos locais onde as denúncias ou a constatação de indícios indicarem haver suspeitas de corrupção. Uma pena, as pessoas morrem e os políticos fazem festa.

Expressas

Alagoas está entre os três estados onde são apontadas mais suspeitas de desvios de verbas do combate ao Coronavírus, nas prefeituras municipais. Não me surpreende. O governo do Estado não deu nenhuma resposta às graves acusações do Ministério Público sobre a retenção de medicamentos para salvar vidas da Covid-19. Quem cala... Bancada alagoana em Brasília fala muito, mas na realidade não mostra nenhuma ação prática de ajuda ao combate á pandemia. À exceção do deputado JHC.


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O brasileiro que se exploda ou tome tubaína como quer o Messias

ELIAS FRAGOSO n Economista

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esperança da economia brasileira finalmente entrar nos trilhos a partir de 2019 e acertar o passo para afinal, embicar rumo ao desenvolvimento econômico sustentado, foi um sonho de verão acalentado pelo ministro Guedes, um quadro competente e que frustrou a Nação. Seu chefe, o presidente da República, boicotou todas as suas principais iniciativas. Para ficar na mais importante, a Reforma da Previdência. A proposta era se conseguir uma economia de 1,2 trilhão de reais com as medidas propostas. Mas como com Bolsonaro sempre tem um mas, suas brigas sem

sentido com o Congresso, o boicote sistemático a qualquer medida que mexesse com o funcionalismo e a imposição na marra de um tal plano de carreira para os militares, fez com que a economia de uma montanha do tamanho de 1,2 trilhão de reais parisse um rato de menos de 600 bilhões de reais em 10 anos. Que até podem parecer muito, mas não é. O deficit com a previdência que era de 5% do PIB foi reduzido para 3%. Ou seja, não se zerou o problema e vamos ter que continuar a pagar a aposentadoria dos nababos do setor público e a parcela ínfima do setor privado. São 324 bilhões de reais anuais! E pior: em 5 anos teremos que voltar a tratar do problema da previdência. Mal o ministro se recompôs dessa derrota, tentou emplacar as reformas administrativa e tributária, e aí o bicho pegou. Não conseguiu sequer encaminhar os dois textos ao Congresso. O presidente não deixou, com receio de perder apoios por conta da primeira e pela pressão dos lobbies econômicos que iriam perder posições com a segunda. E lá se foi embora o ano. E veio o

tsunami sob a forma de pandemia que obrigou o ministro a tomar medidas (depois de muita relutância e tropeços) distantes do seu projeto e pouco ambiciosas para salvaguardar empresas e pessoas neste momento crucial de crise epidêmica. Nesse instante, a Nação assiste estupefata o belicoso presidente, desnorteado e ameaçado politicamente, destruir as bases da democracia neste país, prejudicar o combate à epidemia e operar de forma errática na economia, agora sob o olhar complacente do ministro que, parece, rendeu-se ante a perspectiva de perder o cargo como os que ousaram se contrapor às loucuras pensadas do imperador do desgoverno. E isso só tem criado insegurança no mercado e nos investidores estrangeiros. E todos sabem o quão o capital é arisco a riscos. O investidor estrangeiro já se foi há algum tempo, e não volta tão cedo. Tem mais com o que se preocupar do que com o sonho psicodélico do ministro de capturar 1 trilhão de dólares com privatizações para a

retomada da economia pós epidemia. Mas não fica nisso, a sintomática desvalorização do dólar em 45% apenas neste ano aumentou a dívida externa de empresas e bancos em 900 bilhões de reais. Nosso endividamento saiu de 1,9 trilhão para 2,8 trilhões de reais em apenas 5 meses. Pior: 20% das empresas endividadas não possuem mecanismo de defesa da variação cambial. Esses são apenas alguns exemplos dos danos causados à economia pelas desarrazoadas ações do presidente, o que tem deixado o mercado de orelha em pé. Não se trata mais apenas de manter a responsabilidade fiscal ameaçada pela entrado do Centrão no governo, mas também de como se dará a saída da crise. Até o momento muito lero da área econômica, ameaças de retomada do roto Plano Brasil pelos militares do governo e muita, muita confusão provocada pelo presidente. Nada de novo no front. O brasileiro que se exploda, ou tome tubaína como deseja o Messias.

O investidor estrangeiro já se foi há algum tempo, e não volta tão cedo. Tem mais com o que se preocupar do que com o sonho psicodélico do ministro de capturar 1 trilhão de dólares com privatizações para a retomada da economia pós epidemia.

apesar de “gordo” como autor. E as séries pela Netflix, após o cafezinho das cinco? Nem vou falar em escrever, pois é o que estou fazendo. Mas tem uma coisa que gosto muito, porém, reconheço, é viciante. Já estão pensando que é a bebida. Nada disso. Para ela, também tem os dias e as horas certas. Estou me referindo aos conhecidos, antigamente, como os passatempos: palavras cruzadas, charadas, sempre presentes em grandes revistas, como Manchete e Cruzeiro, e que há muito são oferecidos em pequenas edições especializadas e com novas opções de quebra cabeça. Dois de que gosto muito são o Duplex e o Criptograma, da Coquetel. Resolvendo um, esta semana, apareceu

uma questão, facílima de responder, mas que suscitou pesquisa para tirar-me uma dúvida: “antiga província romana conhecida como Lusitânia”. Evidente que é Portugal. Mas, na minha ignorância, pensava que Lusitânia, luso, lusitano, faziam referência a “Os Lusíadas”. Porém, vi que era exatamente o inverso. Na antiguidade, os gregos e romanos chamavam o que viria a ser Portugal de Lusitânia, que, de acordo com a mitologia romana, teria sido fundada por Luso, suposto filho ou companheiro de Baco, o deus romano do vinho. Portanto, Lusíada é adjetivo/substantivo relativo à Lusitânia ou Portugal. Eita, tá na hora, vou voltar pra “terapia”.

Na antiguidade, os gregos e romanos chamavam o que viria a ser Portugal de Lusitânia, que, de acordo com a mitologia romana, teria sido fundada por Luso, suposto filho ou companheiro de Baco, o deus romano do vinho.

Não basta “ter a pia”

JOSÉ MAURÌCIO BRÊDA n Economista

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miga de minha esposa disse que o marido, além de lavar pratos e panelas, fazia o mesmo com as frutas e verduras que acabavam de ser entregues. Eu disse que isso era terapia. Nesses tempos de trancafiados, tem-se que conseguir uma boa terapia. E para

isso, nada melhor do que “ter a pia” sempre cheia. Mas, apesar dos pesares, é uma hora, e nem chega a isso, em que imaginamos coisas - nascem até motivos para textos - e ajuda a passar o tempo. Tempo que não falta. Lembrei agora de Marcelo Barros reclamando, depois de aposentado, que tinha tanto tempo que não achava tempo para resolver as coisas que precisava. Assim é esse momento. Temos que fazer uma agenda. Além da “terapia”, que não precisa de agenda, pois está lá nos esperando, resolver alguns negócios pela internet ou telefone, ler bons livros - estou lendo dois uma ficção policial americana e outro, “O Livro de Jô - uma autobiografia desautorizada”, que nos ajuda a desopilar o fígado,


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Todos são iguais perante o vírus

ALARI ROMARIZ TORRES

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n Aposentada da Assembleia Legislativa

stamos presos em casa há mais de sessenta dias. Graças a Deus o vírus não nos pegou. A casa é grande, tem muito espaço, bastante sol e piscina. Diria eu tratar-se de um bom isolamento social. Entretanto, o juízo ferve, o pensamento voa e começamos a imaginar uma agenda diária. A tecnologia ajuda e até estamos pensando em fazer um bom curso de inglês pela internet. A secretária de vinte anos conosco não entendeu a seriedade da crise. Por mais que tentemos explicar vantagens e desvantagens do momento, ela acha que as amigas estão em casa e recebem salário. Não

adianta mostrar que o salário pode ser reduzido, que pode ficar no auxílio-desemprego. Só enxerga o que ouve das colegas. Vou falando devagar e pedindo para que Deus a proteja! Os amigos estão morrendo infectados e as famílias nem podem ir ao enterro. Um outro viu a esposa ser hospitalizada e nem pode visitá-la. Está muito triste e terminantemente proibido de sair do apartamento onde mora. Só fala ao telefone com a acompanhante. O interessante é que a pandemia está deixando certas pessoas mais humanizadas. Algumas sobrinhas ligam para se prontificarem a ajudar os velhos tios. Emocionante mesmo! Os filhos ligam quase todos os dias e as saudades vão aumentando, mas sei que estão preocupados. Sempre nos passam mil e uma recomendações. Procuramos cumprir algumas e fingir que cumprimos outras. Os irmãos estão, em grupo, falando diariamente pelo “zap”. Poesias, piadas, fatos pitorescos são contados para amenizar o sofrimento da separação. Quando um adoece, os outros correm para ajudá-lo, de longe, é claro. Mas, todos estão sempre conversando. Vez em quando, um amigo ou amiga

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que mora longe fica preocupado, pois sabe que os dois velhinhos de quase oitenta anos correm o risco maior de serem contaminados pelo vírus invisível. Temos alguns deles no país inteiro por conta da profissão de meu marido e nos comunicamos normalmente. Os noticiários de rádio e TV são alarmantes. Poucos são confiáveis, porque cada um segue a orientação dos donos das emissoras, ligados à esquerda ou à direita. É preciso ouvir e digerir o assunto para entender algo. Coitados dos menos esclarecidos! A política no Brasil é terrivelmente corrupta. Eles, os dirigentes, brigam entre si e não se preocupam com o povo. O presidente anda perturbado: diz algo hoje, nega amanhã; tira máscara, bota máscara, abre o comércio, fecha o comércio. Perdeu a credibilidade e se juntou à velha política dos governos anteriores. A oposição complica tudo e só pensa em derrubar o Bolsonaro. Falar em saúde é difícil. O que o PT e seus aliados querem é confusão e não percebem a gravidade da situação nacional. O Congresso endoideceu de vez! Senado e Câmara estão perdidos. Querem impedir os atos do presidente, atrapalhar o

Guedes e fingir que agradam o povo brasileiro. Mas nem pensar em mexer no Fundo Partidário! Em Alagoas nada é diferente! A economia do Executivo só passa pelo servidor público: corta salários até dos inativos! O Renanzinho, cada dia mais vaidoso, só faz o que quer. O Legislativo, calado, continua pagando salários dobrados a novecentos comissionados, cortando valores mensais de ativos e inativos. O Judiciário segurou o processo que analisa os descontos da previdência, modificando-os de 11 para 14% e alterando a contribuição previdenciária dos idosos doentes; omitiu-se e deixou o governador sacrificar os velhinhos. Aí, eu penso, onde estão as atitudes de nossos dirigentes para com a sociedade durante a pandemia do Coronavírus? Eles estão mais humanos? Estão com medo do inimigo invisível? Que nada, amigos, estamos lutando contra o terrível mal que vem acabando com o mundo inteiro, sós, sem a proteção dos três Poderes. Esses homens que dirigem nosso país só pensam neles e se esquecem de que todos são iguais perante o vírus!

O Congresso endoideceu de vez! Senado e Câmara estão perdidos. Querem impedir os atos do presidente, atrapalhar o Guedes e fingir que agradam o povo brasileiro. Mas nem pensar em mexer no Fundo Partidário!


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Dinheiro contra a crise não está chegando às empresas

diretrizes da Medida Provisória 936. O Ministério da Economia informou que mais de 7 milhões de trabalhadores com carteira assinada entraram no programa. Desse total o estado de Alagoas representa apenas 1%, sinalizando que poucos empregos foram preservados e que nosso estado é um dos piores do Nordeste nesse ranking de preservação dos empregos. A única MP que alcança os microempreendedores e trabalhadores informais, com fa-

turamento anual de até R$28 mil, é a MP 937, que trata do auxílio emergencial. O governo chegou a reconhecer que existe uma grande parcela de micro e pequenas empresas que estão com dificuldade devido à crise, mas até agora nada foi feito para que essa categoria fosse socorrida. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirma que seis em cada dez empresas estão com dificuldades para pagar as contas. As medidas provisórias estão sendo criadas, mas parece que o governo não quer ajudar essas empresas com a mesma vontade que vem ajudando os bancos. Vale lembrar que desde março, no começo da pandemia, o governo anunciou a intenção de liberar mais de R$1 trilhão para os bancos. A realidade é que nesse governo existe muita propaganda e efetividade zero.

De igual modo, as regras de convivência social mudaram radicalmente nos últimos anos. O fato de se poder conviver virtualmente com outras pessoas fez com que possamos conviver com muito mais gente do que antes, mesmo no mundo real. Podemos encontrar e reencontrar pessoas, conhecer outras e confraternizar com um número inimaginável de “amigos”. Só que... Eles não são amigos! E esta é a grande dificuldade de hoje em dia: ter o cuidado de como se expressar em um mundo “politicamente correto” no falar, mas traiçoeiramente falso no conviver. Quem nunca passou por uma situação constrangedora por achar que está entre amigos, quando de fato a situação não era esta? De minha parte, foram diversas. Para se proteger deste tipo de contratempo, é necessário seguir algumas regras básicas, vigen-

tes desde os tempos pré-virtuais: não discutir futebol, política ou religião; não falar dos parentes dos outros; não falar nem decidir na hora da raiva; não se gabar de suas conquistas, etc. Pensar e analisar o ambiente (real ou virtual) e as pessoas que ali estão é, no mundo de hoje, uma decisão básica. Saber se comportar nos mais diversos ambientes sempre foi uma questão de etiqueta. E o mais importante: entenda que o fato de determinadas pessoas te tratarem bem, com educação e serem gentis contigo, não quer dizer que são tuas amigas. Hoje, mais do que nunca, o bom convívio social é uma regra, mas não confunda isso com amizade. Aprenda esta lição. Reavalie as situações parecidas que já aconteceram com você e tente enxergar que cordialidade não é amizade. Sua vida vai melhorar, tenho certeza!

ISRAEL LESSA

n Ex-superintendente Regional do Trabalho

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governo federal editou algumas medidas provisórias para amenizar os impactos da crise causada pela pandemia na economia brasileira. Foi implantado um financiamento para folhas de pagamento através da Medida Provisória 944 para diminuir os impactos econômicos causados pela pandemia do novo Coronavírus, direcionado para empresas com faturamento anual entre R$

360 mil e R$ 10 milhões. Válido somente para empresas que pagam os salários de seus funcionários por folhas de pagamento atreladas aos bancos. Só que não está funcionando. Foi disponibilizado através dos bancos um crédito de R$ 40 bilhões para essas empresas, mas a taxa de adesão foi apenas de 1% do total disponibilizado. A solução mais adotada por essas empresas tem sido a redução de jornada ou suspensão dos contratos de trabalho, seguindo as

O governo chegou a reconhecer que existe uma grande parcela de micro e pequenas empresas que estão com dificuldade devido à crise, mas até agora nada foi feito para que essa categoria fosse socorrida.

Eles não são seus amigos

PAULO NICHOLAS n Advogado e escritor

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ode ser um desabafo, um pileque ou uma fofoca mesmo. Por vezes é um comentário infeliz, uma bravata ou mesmo um pensamento, uma ideia que passou pela cabeça. O fato é que frequentemente entramos em situações indesejadas ou constrangedoras por acharmos que estamos em um ambiente fechado, seguro ou cercado de pessoas que nos querem bem. Só que não! Entenda: no mundo de hoje, e

com o advento dos aplicativos de mensagem e redes sociais, conseguimos interagir com um número enorme de pessoas. Tudo o que falamos, digitamos ou postamos, por mais besta que possa parecer, pode ser usado para te desgastar. É o preço da exposição. Ao mesmo tempo que hoje temos liberdade plena de expressão, temos a consequência disso: a obrigação de lidar com o efeito que nossos ditos e/ou feitos geram para diferentes tipos de pessoas, nossos amigos, nossos colegas de trabalho, aqueles que não vão com a tua cara, aqueles que te odeiam, os que te invejam ou simplesmente pessoas fofoqueiras que precisam deste tipo de informação para se sentirem importantes ao transmitirem algo que vai depor contra você. É o que chamo de “ditadura da liberdade”. Somos livres para falar fazer o que quisermos, mas ficamos atrelados aos nossos atos e palavras.

De igual modo, as regras de convivência social mudaram radicalmente nos últimos anos. O fato de se poder conviver virtualmente com outras pessoas fez com que possamos conviver com muito mais gente do que antes, mesmo no mundo real.


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Conspiração antipatriótica satânica contra a nação

MAURÍCIO MOREIRA n Empresário

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onfesso que nunca pensei que viveria para assistir um quadro tão perverso e mesquinho, com requintes satânicos contra a nação. Meu saudoso pai, Napoleão Moreira, filho de usineiro e usineiro também, sempre teve simpatia pelas causas progressistas e eu mesmo, quando estudante, como todo idealista e romântico, também tinha simpatia pelas mesmas causas, além das socialistas, mas eram tempos românticos onde queimava na alma o patriotismo e o espírito do ideal em prol da nação, onde imperasse principalmente a justiça social. Reconheço que, como milhares de brasileiros, votei em Lula duas vezes e repeti meu voto também em Dilma. O primeiro mandato de Lula, sem dúvida nenhuma, deu certo na maioria de suas ações. já o segundo mandato, muita decepção e muita corrupção, só a nós apresentada mais tarde pelas investigações ocorridas na Operação Lava Jato. Nos mandatos de Dilma já começou meu arrependimento com a constatação do fato de que, como milhares de brasileiros, fomos totalmente enganados pelo maior esquema de corrupção que o Brasil já viu em toda a história do mundo. Aqui quero fazer uma observação importante, não só na história atual; nunca teve um de tamanha dimensão. Mas o que estamos presenciando hoje é uma espécie de confederação perversa e antipatriótica de governadores, li-

derada por um psicopata amoral e frio, um homem com cara e alma de plástico, destruindo e desmontando vidas, empregos, valores e sonhos de uma nação, usando a morte dos inocentes para aumentar os números da destruição e da corrupção. Suas ações calculadas e planejadas nos bastidores das diversas viagens para China com alguns governadores dos estados brasileiros, tendo como líder maior a figura satânica e perversa de João Dória, cujo objetivo, além de derrubar o governo, é quebrar a nação propositalmente para lucrar com vendas para o governo chinês, do patrimônio desvalorizado já por conta dessas manobras desumanas e maquiavélicas, nunca imaginadas e praticadas aqui no Brasil e digo mais, no mundo. A perversidade chega a um ponto de negarem a liberação do uso de medicamentos que podem ajudar no combate à pandemia e que tem recomendação das entidades de classes médicas, profissionais da saúde, chefes de estado de diversos países, inclusive o tão amado e apoiado pelos bandidos de colarinho branco, presidente Nicolás Maduro, e que já tem sua utilização há anos no tratamento de doenças diversas em todo o mundo, com o único objetivo de dificultar o controle do vírus e ter um aumento no número de contaminados e mortos. Requintes só vistos na Segunda Guerra Mundial. Atos como o do prefeito de São Paulo, subserviente e moleque do seu governador, impedindo as pessoas de usarem seu transporte próprio e colocando a população nos metrôs, em uma aglomeração que facilmente disseminaria uma contaminação sem precedentes. Esse é apenas um dos tantos atos infames acontecidos na mais rica e importante cidade do país. No Brasil afora, o que se viu nos últimos dias, foram atitudes insanas e assassinas. Os

governadores criando números para aumentar a corrupção, proibindo a distribuição de medicamentos, criando falsos hospitais, superfaturando equipamentos médicos, entre tantas outras atitudes criminosas, cujo objetivo era o de derrubar o governo federal e quebrar o país. Temos que observar na cronologia do tempo recente, que desde o início do governo Bolsonaro, o mafioso e cruel boneco de plástico, João Dória, que foi eleito na sombra do nosso presidente e o traiu, de forma bem planejada e sórdida, já viajava à China com seus comparsas governadores, fazendo negociatas inescrupulosas para vender o que sobrasse do nosso país, quebrado por eles mesmos, e sabe-se lá o tamanho dos prêmios que ele levaria para jogar no lixo a sua carreira política e de seus seguidores, os governadores. Precisamos, neste momento, observar que não foram todos os estados do Brasil que participaram desse movimento demoníaco. Temos que reconhecer o trabalho competente de alguns governadores, como o do estado de Minas Gerais, por exemplo. Este estado, que tem quase o tamanho da Espanha, com 853 municípios e uma população de mais de 21 milhões de habitantes, anunciou pouco mais 167 mortes por Covid-19 em todo estado. Em estados bem menores que Minas Gerais, tivemos um número infinitamente superior de óbitos pelo mesmo vírus, segundo as secretarias de Saúde de cada um deles. Absurdo, tudo na tentativa de derrubar um presidente sem nenhum ato de corrupção. Não sou bolsonarista, mas votei nele por considerar que era o melhor para o país diante das opções que me eram oferecidas. Perante a situação de caos que vivemos, antes que seja tarde demais, antes que a nação se esfacele por completo, é necessário uma intervenção

dura e que venha a colocar ordem no país, levando de uma vez os corruptos para a cadeia, porque o futuro tem um lugar reservado e garantido para todos eles. Vergonhosamente vão para o lixo da história. E já está mais do que na hora de nossas gloriosas forças armadas agirem com extremo vigor antes que nossa pátria vire uma Venezuela, que foi tão apoiada pelos que, hoje, promovem o caos no Brasil. A proteção física para empresários, políticos que não comunguem dos crimes contra a pátria, religiosos ou qualquer cidadão que passe à frente de seus interesses ou para que possam se apoderar de seus bens e posses, precisa ser garantida. Estamos cansados de ver, todos os dias, pessoas sendo assassinadas por estarem no caminho desses psicopatas cruéis. O nível de crueldade é tão grande que assistimos abertamente, nas redes sociais, o ladrão e cínico ex-presidente Lula, comemorando o impacto da pandemia na política econômica do país. E este desequilibrado está nas ruas, solto graças “aos amigos” do STF. No futuro a nação cobrará, caso elas não hajam neste momento, diante da situação atual, para trazer a lei e a ordem ao Brasil, onde até a Corte máxima fere diariamente a constituição, salvo exceções de alguns ministros. Citando o poeta português Fernando Pessoa: “Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Portugal, hoje és nevoeiro...”. Aí, digo eu, plagiando o poeta, “tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Brasil, hoje és nevoeiro...´´ A hora é agora Brasil. termino com a frase do grande Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silencio dos bons”.

Absurdo, tudo na tentativa de derrubar um presidente sem nenhum ato de corrupção. Não sou bolsonarista, mas votei nele por considerar que era o melhor para o país diante das opções que me eram oferecidas.

O nível de crueldade é tão grande que assistimos abertamente, nas redes sociais, o ladrão e cínico ex-presidente Lula, comemorando o impacto da pandemia na política econômica do país. E este desequilibrado está nas ruas, solto graças “aos amigos” do STF.


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assistência

Jó Pereira cobra distribuição de cestas básicas aos trabalhadores Milhares de famílias aguardam ajuda do governo do Estado neste período de pandemia

DA REDAÇÃO

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deputada estadual Jó Pereira (MDB) denunciou na quarta-feira, 20, em pronunciamento durante sessão ordinária virtual na Assembleia Legislativa, a situação calamitosa pela que estão passando uma gama de profissionais em Alagoas. São ambulantes, serventes de pedreiros, balconistas e diaristas, entre outras categorias de trabalhadores, que devido ao isolamento social por causa da Covid-19 estão passando por dificuldades financeiras. Adriano Lima, líder comunitário da Vila Emater, em Jacarecica, participou de uma campanha virtual com a finalidade de cobrar ajuda do governo do Estado. “Quero deixar um recado ao governador Renan Filho e ao prefeito de Maceió, Rui Palmeira: queremos a entrega imediata de cestas básicas. Muitos estão com fome”. Admilson ‘Negão’, líder comunitário do Novo Mundo, questionou se as cestas básicas estão “vindo de jumento”. “Já era para ter sido distribuídas,

com certeza”, criticou. “Vamos agilizar essas cestas, tem muita gente passando por dificuldades”, disse Lorinaldo, do Vale do Reginaldo. O vídeo ganhou repercussão nas redes sociais. De acordo com a parlamentar, o Executivo estadual ainda não conseguiu beneficiar a metade das 403 mil famílias que estão no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). Em discurso, frisou ainda que falta diálogo com os técnicos que executam a política, seja a política da assistência, educação ou saúde. “Precisamos que o líder do governo seja uma larga rodovia de mão-dupla e não apenas um porta-voz do governo. Essa união que o deputado Silvio Camelo pede, e eu concordo com ela, não pode soar como um pedido de silêncio desse parlamento”, criticou. “Sabemos que todo Estado precisa de ajuda nesse momento, mas é necessário que haja planejamento, transparência e prioridade para as pessoas em extrema pobreza na distribuição dessas cestas. Os critérios definidos pelo Conselho do Fecoep precisam ser respeitados”, pontuou, mencionando também casos de entrega de cestas básicas a pessoas que não fazem parte do CadÚnico em municípios como Arapiraca e Maceió, por exemplo”.

Jó Pereira fez cobrança durante sessão virtual da Assembleia realizada na última quarta-feira


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Dicas de finanças

Fintechs fora do auxílio

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presidente Jair Bolsonaro vetou a possibilidade de usar fintechs (Nubank, Inter, Original) no pagamento do auxílio emergencial de R$ 600. A medida havia sido aprovada pelo Congresso no projeto que amplia o auxílio. Bolsonaro também vetou outros trechos. Segundo o presidente, a proposta relativa às fintechs criava despesa para o governo federal sem indicar uma fonte de recursos como contrapartida. Ele também afirmou que o Congresso não demonstrou qual o impacto da proposta no Orçamento.

Débito Google O Google solicitou ao Banco Central uma autorização para operar como instituidora de arranjos de pagamento com contas pré-pagas, popularmente conhecidas como “débito”. O pedido foi feito pela Google Brasil Pagamentos, responsável pelo Google Pay no país, e caso seja aprovada, pode permitir que a gigante de tecnologia lance por aqui um serviço semelhante à NuConta (do Nubank), Mercado Pago (do MercadoLivre) e PagBank (do PagSeguro), por exemplo.

O Banco BMG lançou um blog para abordar desde os temas mais simples até os mais complexos sobre finanças pessoais. Batizado de Conta Especialista, o portal tem como foco educação e serviços financeiros. Dentre os conteúdos já disponíveis, estão explicações sobre quais as diferenças entre renda fixa e variável, cuidados ao contratar um cartão de crédito, o que é empréstimo consignado e como economizar dinheiro com uma conta digital.

Educação

A possibilidade de uso do cartão de débito virtual da Caixa para os segmentos pós-pago e controle de clientes da TIM já está disponível. Os usuários poderão pagar suas faturas de forma simples e rápida, escolhendo a opção “pagar com cartão” na área logada do site www.tim. com.br. Já os usuários de planos pré-pagos podem fazer recargas com o auxílio emergencial por meio da plataforma de autoatendimento. Basta discar *244# no celular TIM e inserir os dados necessários.

Oportunidade Senac facilita acesso para cursos a distância

Escola Sesc de Ensino Médio, localizada no RJ, prorroga o período de pré-inscrições até 26 de junho de 2020 A Escola Sesc de Ensino Médio (ESEM) oferece ensino gratuito e de qualidade. O período para fazer a pré-inscrição com vistas ao ano letivo de 2021 foi prorrogado. O candidato terá até 26 de junho de 2020 para preencher os dados no site w w w.escolasesc.com.br/ inscricoes2021 e concorrer a uma das duas vagas disponibilizadas para Alagoas. O processo seletivo é gratuito. São oferecidas vagas para a 1ª série do ensino médio/ano letivo 2021, em regime integral para

Faturas TIM

Continuar evoluindo é a escolha de quem quer estar preparado para o futuro. Por isso, o Senac oferece diversas opções em cursos para você aprimorar o conhecimento nas áreas de Gestão, Saúde e Segurança, com descontos especiais, neste mês de maio. Acesse www.ead.senac .br/cursos-livres, confira as opções e inscreva-se agora mesmo!

Proteção Fecomércio inicia distribuição de máscaras de tecido Estudantes de todo o Brasil podem participar das pré-inscrições

estudantes do Rio de Janeiro e regime residencial, para candidatos dos outros estados do Brasil. Os estudantes selecionados terão bolsa de estudo integral, com validade para os três anos do Ensino Médio, com cobertura das despesas relativas à instrução, livros didáticos,

alimentação e hospedagem. Para participar, o candidato deve ter concluído ou estar cursando o 9º ano do Ensino Fundamental e ter nascido entre 1º de janeiro de 2005 e 31 de dezembro de 2007. Você pode conferir o edital no site www.escolasesc .com.br. Inscreva-se já e boa sorte!

www.fecomercio-al.com.br

As 4.500 máscaras produzidas pelas costureiras contempladas no edital de credenciamento, lançado pela Fecomércio AL, começaram a ser distribuídas para pessoas em situação de vulnerabilidade social, com a ajuda do Mesa Brasil e sindicatos filiados. Mais uma contribuição do Sistema Fecomércio no combate à propagação do novo coronavírus.

www.sescalagoas.com.br

www.al.senac.br


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NO PAÍS DAS ALAGOAS

O couro da onça

O ex-deputado Pedro Ferreira, à época das vacas magras, quando sequer sonhava em ser deputado, ganhou um couro de onça no interior de Pernambuco. Certo dia, resolveu dirigir-se à cidade de Recife em busca de emprego e, à tiracolo, levava o couro da felina. Pretendia vendê-lo para fazer algum dinheiro. Fez a viagem de trem, em vagão de 2ª classe. Um conhecido o encontrou e o indagou com ironia: - Oi, seu Pedro! Por que o senhor vai em vagão de 2ª? - Porque não tem de 3ª. - Isso é uma onça? - Não, é só o couro. - Esse couro é seu? - Não, é de onça. - Vai vendê-lo? - Vou vender, sim. - Que é isso seu Pedro, pra que tanta arrogância? Diga pelo menos se Deus quiser. - Se ele não quiser vendo a outro.

TEMÓTEOCORREIA

n Ex-deputado estadual


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FERNANDO CALMON

n jornalista

Curiosidades do VW Gol quarentão

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ançado em 8 de maio de 1980, o Gol completa 40 anos de produção e tem uma coleção de títulos ao longo destas quatro décadas. Foram produzidas 8,5 milhões de unidades, das quais 1,5 milhão exportadas, além de manter a liderança no Brasil por 27 anos seguidos (1987 a 2013), contando o primeiro e o último ano. Destaco duas curiosidades em sua longa história. O Gol foi lançado com motor longitudinal de 1,3 L do Fusca com um só carburador e estepe no cofre do motor. Ao chegar o motor 1,6 L de dois carburadores, o estepe passou para o porta-malas por falta de espaço. Mas a concessionária Condor, de São Paulo, teve a ideia de recolocar o estepe no cofre do motor invertendo a posição de montagem. Pouco tempo depois a própria fábrica adotou a solução. O Gol nasceu para usar motores longitudinais e o capô alto atrapalhava a visibilidade para motoristas de menor estatura. Por isso a fábrica colocou uma regulagem básica de altura do banco, algo que só existia em carros mais caros na época. Na quinta geração, em 2008, o motor passou a ser transversal, a visibilidade melhorou, mas manteve a regulagem do banco.

NOVO RODÍZIO NÃO DEU CERTO Durou apenas uma semana a experiência da prefeitura de São Paulo em impor um rodízio radical de veículos na cidade. O sistema previa que os finais de placas ímpares só poderiam circular nos

dias ímpares e os finais de placas pares, nos dias pares. A ideia era retirar 50% dos veículos leves de circulação numa tentativa de aumentar o isolamento social para ajudar a frear os casos de Covid-19 na cidade e utilizar mais o transporte coletivo. Táxis e profissionais da saúde eram exceção, embora estes fossem obrigados a redigir um pedido de isenção em um momento que estavam sobrecarregados de trabalho. A medida tinha alguma lógica (até a Anfavea concordou), mas partiu de premissas erradas. Cerca de 40% de todas as viagens na capital paulista são feitas por automóveis normalmente, incluindo táxis e aplicativos. Nesse período de pandemia a circulação já havia caído e depois aumentou porque as pessoas precisam trabalhar. Porém, com 50% da frota de carros fora das ruas o transporte coletivo ficou sobrecarregado. As aglomerações nos terminais aumentaram e também no interior de ônibus, trens e metrô. Mesmo usando máscaras, a proximidade entre os usuários piorou. Ônibus mais modernos com ar-condicionado têm sistemas eficientes de renovação do ar interno, mas isso não é garantia de não contaminação pelo novo coronavírus. Além disso, corrimões e alças só podem ser desinfetados no final do dia. O único ponto positivo desse imbróglio foi o reconhecimento de que a iniciativa não deu certo e a sua revogação.

INFLUÊNCIA DA PANDEMIA NA MOBILIDADE URBANA Um dos aspectos mais discutidos no mundo hoje é a mobilidade urbana. A brasileira Bright Consulting preparou um relatório aprofundado sobre os Novos Serviços de Mobilidade (NSM), por empresas de aplicativos e de compartilhamento em geral, para os próximos anos no mundo e no Brasil, incluindo aspectos em que o novo coronavírus terá influência. Obtive acesso com exclusividade às conclusões do estudo, aqui resumidas. • O crescimento dos NSM estará concentrado em áreas urbanas mais densas em razão dos desafios da mobilidade e de oferecer variedade de opções. Deslocamentos de ponta a ponta, vinculando diferentes modos de transporte e fazendo melhor uso de serviços existentes em determinada área, são uma solução parcial no curto prazo. Isso porque um grande número de pessoas não tem acesso a esses serviços. • Os fabricantes de carros veem boa oportunidade de transformar os NSM em clientes confiáveis para seus negócios. Além disso, as vendas para frotistas (em especial locadoras) vêm compensando em parte a menor procura do comprador tradicional (pessoa física). • Frotistas tendem a substituir

veículos em ritmo mais acelerado e haverá concorrência entre eles para cativar clientes com modelos mais novos e atraentes. Mas o impacto será relativamente pequeno nas vendas nos próximos cinco anos. • Neste momento cresce a necessidade de se aprofundar sobre transformações digitais. As empresas terão que ser mais ágeis e desenvolver estratégias para entender seus usuários. • Municípios devem procurar uma sinergia entre transporte público e automóveis em busca da mobilidade mais eficiente. • Muitas pessoas mudarão para um modal que reduza risco de infecção, mas dependerá de seus hábitos pré-Covid-19. Quem possui veículo próprio irá usá-lo com maior frequência; no lugar do transporte público os que puderem andarão de bicicleta, patinete ou mesmo a pé. • A pandemia trouxe mudanças como o trabalho remoto, provocando diminuição da quilometragem percorrida por veículos. Impactos em longo prazo no transporte público e mobilidade compartilhada não podem ser previstos agora. • Estimativa do balanço entre veículos deixados de serem adquiridos pelo consumidor final versus veículos adquiridos para NSM podem gerar uma perda de 2% a 4% nas vendas totais em 2025.


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RADAR LITERÁRIO

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Força poética

Imprensa Oficial Graciliano Ramos revela grandes talentos femininos da literatura contemporânea Há uma grande potência criativa que se mantém ainda pouco conhecida entre os leitores e leitoras alagoanos: a arte literária que vem sendo produzida pelas mulheres em sua terra natal. Temos uma diversidade de vozes femininas que compõem um painel rico e vigoroso, tanto na temática quanto na linguagem, que vem sendo elaborado pelas nossas autoras contemporâneas. Muitos desses talentos vêm sendo revelados a partir de editais públicos realizados todos os anos pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos que visam selecionar os melhores livros inéditos, independentemente do gênero de seus criadores. E embora sejam uma minoria num universo ainda dominado pelos homens, essas escritoras vêm se destacando, inclusive nacionalmente, com obras que revelam originalidade e empoderamento. Uma delas é Natasha Tinet, autora de Veludo Violento, segunda colocada na categoria Poesia do Prêmio Literário da Biblioteca Nacional, em 2019. Seu livro reúne 32 poemas bem-humorados que versam sobre temas sombrios e triviais do nosso cotidiano, dialogando sempre com o fantástico. A seriedade dos temas é contrabalanceada com o uso da ironia e da paródia, estabelecendo uma relação jocosa com o trágico. Há poemas que abordam questões de gênero, como Uma Mulher com uma Dor, e na série Barbielônicas/Babilônicas, que narra a luta de uma garota pneumônica contra uma boneca Barbie. Há também a presença de temáticas “noturnas” que versam sobre madrugadas de insônia, solidão e ansiedade. A boa recepção do livro deu segurança para que Natasha se afirmasse como poeta. “Eu sou poeta! É isso mesmo! Porque é difícil aceitar que você é escritora. Pra mim, foi difícil. Mas, agora, com mais de 30 anos, posso dizer que, sim, sou escritora”, afirma Natasha Tinet. Sobre o uso da palavra poeta e não poetisa, ela ainda ressalta: “Embora a gramática defina as mulheres que escrevem poesia como ‘poetisas’, minha geração rejeita o termo. Somos poetas, porque em ‘poetisa’ todo mundo pisa”, ressalta divertidamente.

As mulheres têm presença marcante na poesia que vem sendo publicada pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Pela editora, já foram lançados grandes sucessos editoriais: Grão, de Ana Maria Vasconcelos; Monocromático, de Gabriela Hollanda; Não Conte Comigo, de Débora Omena; Elos e Nós, de Bruna Wanderley; Livro D’Água, de Lillian Lessa; Cavia Porcellus, de Ana Íris Silva dos Santos; Pedra Perdendo Seiva, de Amanda Prado; Solidões, de Karen Pimentel; Valsa Triste, de Fátima Costa; e Giz Morrendo, de Sara Albuquerque. Já Fabiana Freitas desponta no catálogo da editora com seu livro de microcontos intitulado João & Seus Ais Miúdos.

Novidades em não ficção

Está em fase de produção duas novas obras não ficcionais escritas por mulheres que serão publicadas em breve pela editora da Imprensa Oficial Graciliano Ramos: O Dom do Segredo – A negociação do segredo ritual nas religiões afro-alagoanas, da antropóloga Larissa Fontes, e Em Pau d’Arco, muitas flores: memória, território de parentesco e fronteira étnica, da antropóloga Anna Kelmany da Silva Araújo. Ambos os livros foram selecionados também por edital público e, em comum, exploram temas relacionados à cultura negra de Alagoas. Também está previsto ainda este ano, o lançamento da segunda edição do ensaio Cor, Som e Sentido – A Metáfora na Poesia de Djavan, de Maria Heloisa Melo de Moraes, também organizadora do livro Memória e Ficção – A narrativa de Aloísio Costa Melo, publicado em 2014. Depois do sucesso dos livros Receitas das Alagoas – Cozinha de boteco, de chef, de rua e de tradição, de Nide Lins, e das Receitas das Irmãs Rochas, a Imprensa Oficial Graciliano Ramos está preparando o livro de Receitas Afro-ameríndias, da Mãe Neide.

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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Denúncias gravíssimas

PELO INTERIOR

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prefeito de Palmeira dos Índios, Júlio Cezar, tem sido alvo de denúncias gravíssimas no semanário Tribuna do Sertão, cuja sede do impresso está instalada naquele município. O “imperador”, que recentemente fez uma live exibindo uma pistola importada em cima da mesa, fato que provocou uma reação imediata da desembargadora Elizabeth Carvalho e de internautas, parece não se importar com o conteúdo bomba publicado toda semana pelo jornal, que tem à frente o advogado e jornalista Vladimir Barros.

Gastos com Covid-19

Tribunal de Contas

Em sua última edição, o jornal denunciou que o prefeito palmeirense gastou R$ 230 mil em publicidade e R$ 300 mil de gasolina com recursos do combate à Covid-19. Na matéria, o semanário informa que o município recebeu três milhões, setecentos e trinta e seis mil, oitocentos e noventa reais. O jornal denuncia que o cidadão comum não tem acesso claro no Portal da Transparência para conferir a aplicação dos recursos.

O semanário revela, ainda, aos seus leitores, que segundo “informações enviadas a este jornal na última semana, a prefeitura de Palmeira dos Índios adquiriu os produtos em um mercadinho de uma cidade sertaneja de Alagoas. O denunciante pede que o Tribunal de Contas investigue a suposta irregularidade, se houve fraude na contratação e a punição dos responsáveis”.

Perseguição implacável

Continua a matéria: “Mercadinho do interior - localizado na cidade de Batalha - venceu pregão presencial e forneceu condicionadores de ar à prefeitura; denunciante achou estranho. Pelas imagens do mercadinho apresentadas na denúncia e à redação deste jornal, a empresa é de pequeno porte e vende usualmente produtos alimentícios e de limpeza, o que causa estranheza comercializar produtos como condicionadores de ar ou similares, equipamentos que nem eles próprios usam em suas instalações”.

O “imperador” não tem deixado barato as denúncias gravíssimas publicadas pelo semanário e passou, como vingança, a perseguir implacavelmente Vladimir Barros e seus familiares. Servidor concursado do município e que move uma ação milionária para receber salários atrasados de gestões anteriores, Vladimir foi obrigado a se instalar em uma sala do antigo Hotel São Bernardo, que encerrou as atividades não só por conta da falta de hóspedes, mas pela perigosa estrutura física do prédio, que ameaça desabar.

Mais denúncias Outra matéria polêmica publicada pelo semanário Tribuna do Sertão tem como manchete principal: “Prefeitura de Palmeira adquiriu condicionadores de ar em bodega do Sertão – denúncia está no TCE”. Diz um trecho da matéria: “A denúncia protocolada em 2018 na ouvidoria do Tribunal de Contas e chegada ao conhecimento desta Tribuna do Sertão levanta suspeita de fraude na aquisição de equipamentos condicionadores de ar com recursos do Fundo Municipal de Saúde, do Município de Palmeira dos Índios no final do ano de 2017, durante a gestão do prefeito Júlio Cezar (PSB) e que tinha como secretária de Saúde Katia Born, exonerada do cargo em junho de 2018”.

“Venceu Pregão”

Com a palavra o MP Pois é. Já é hora de o Ministério Público de Alagoas entrar no caso e apurar essas e outras denúncias veiculadas no semanário palmeirense Tribuna do Sertão. Com tantas e gravíssimas denúncias do semanário envolvendo a gestão de Júlio Cezar, invoco aqui a célebre frase de William Shakespeare: “Há algo de podre no Reino da Dinamarca”. Será? Com a palavra as autoridades alagoanas.

Reunião com prefeito O prefeito Rogério Teófilo recebeu, na terça-feira (19), em seu gabinete, o presidente da Câmara Municipal de Arapiraca, vereador Jário Barros, para tratar de alguns assuntos relacionados ao desenvolvimento de Arapiraca, dentre os quais o combate à pandemia de Coronavírus.

. ... Devido à pandemia do novo Coronavírus que o mundo vem enfrentando nos últimos meses, muitas pessoas estão cumprindo um período de quarentena, em isolamento social, por recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), fato que vem trazendo enormes prejuízos financeiros.

Não foram utilizados “Um dos papéis da Câmara é a fiscalização dos atos públicos e, prezando pela transparência dos gastos, nós antecipamos algumas ações e convidamos a Câmara e outros órgãos importantes, como MPE, Conselho Municipal de Saúde, Defensoria e OAB, para participarem de perto do combate à Covid, orientando e fiscalizando a utilização dos recursos federais”, disse o prefeito Rogério Teófilo, que lembrou que tais recursos ainda não foram utilizados pelo Município. Ainda segundo o gestor arapiraquense, o trabalho é harmonioso entre o poder Executivo e o Legislativo.

Dois poderes “Através do diálogo que eu tenho com a Câmara, através da presidência que representa os 17 vereadores, garantimos a parceria entre os dois poderes. É importante o acompanhamento e as sugestões da instituição, principalmente durante este período que passamos para que possamos alcançar o nosso objetivo maior: proteger a vida do arapiraquense”, disse Teófilo.

Importância do diálogo O presidente da Câmara, vereador Jário Barros, ratificou a importância desse diálogo e destacou que a Câmara está dando prioridade às medidas para o combate a essa crise proveniente da pandemia. Durante o encontro, o prefeito aproveitou para falar sobre alguns projetos importantes para o desenvolvimento de Arapiraca e que aguardam votação dos vereadores na Câmara.

... Na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), o deputado estadual Tarcizo Freire (PP) apresentou uma indicação como forma de minimizar esses impactos negativos da Covid-19. ... No documento o parlamentar pede a suspensão de cobranças dos empréstimos consignados adquiridos pelos servidores estaduais junto às instituições financeiras. ... A Indicação de nº 633/2020 solicita ao Governo do Estado e ao secretário de Estado e Planejamento, Gestão e Patrimônio do Estado de Alagoas para que seja suspensa a cobrança dos empréstimos consignados, contraídos pelos servidores públicos estaduais, durante o período de 90 dias. ... Para o autor da indicação, o deputado Tarcizo Freire, a iniciativa, traz aos trabalhadores um grande alívio financeiro e folga no orçamento. ... “Com a suspensão da cobrança das parcelas dos empréstimos consignados, durante o prazo de 90 dias, os servidores públicos estaduais terão um grande alívio financeiro e a possibilidade de folgar o orçamento, já que esse tipo parcela compromete boa parte da remuneração desses trabalhadores”, concluiu. ... O juiz Raul Cabus, da Vara Única de Maribondo, decidiu pelo recebimento da denúncia em ação de improbidade administrativa contra o ex-prefeito da cidade, Leopoldo César Amorim Pedrosa. ... Também são acusados no processo sua cunhada Magna Cleone Leão Guimarães e um sobrinho, Victor Amorim Pedrosa Silva. ... Segundo a denúncia, Leopoldo contratou ilegalmente a cunhada para o cargo de secretária adjunta de Assistência Social e o sobrinho como secretário adjunto de Administração. ... Aos nossos leitores, desejamos um final de semana seguro e com muita saúde e paz. Até a próxima edição!


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MEIOAMBIENTE

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Animais domésticos

Sistema meteorológico

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ONU alertou, no início do mês, que a diminuição do tráfego aéreo causada pelo novo Coronavírus afeta a coleta de informações sobre fenômenos meteorológicos como os furacões. Desde o início da pandemia, o número de medições realizadas por aeronaves comerciais diminuiu em média entre 75 e 80% e até 90% em algumas regiões do globo, como nos trópicos ou no hemisfério sul. “Quando a temporada de furacões no Atlântico chegar, a pandemia da Covid-19 representará um desafio adicional”, disse Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), citado em comunicado. Os serviços e produtos meteorológicos que os países oferecem a seus cidadãos são baseados no Sistema de Observação Global da OMM.

Os animais domésticos precisam se adequar à nova rotina durante a pandemia de Covid-19, assim como seus criadores. O Decreto Estadual Nº 69.722 veda o acesso a locais públicos, como praças e praias, e a permanência em ruas, como forma de diminuir a aglomeração e combater a proliferação do novo Coronavírus. Ainda assim é possível realizar atividades dentro de casa para exercitar o físico e evitar o estresse de cães e gatos. Gatos arrumam sua própria diversão. Caixa vazia, bolinha de papel, cinto, cadarço, planta seca são objetos que despertam a curiosidade dos felinos. É só dispor parado ou balançar o brinquedo para chamar atenção e todo o resto é por conta da criatividade deles. Cachorros podem ser mais complicados durante a quarentena, pois costumam fazer suas necessidades fora de casa. Diferente dos gatos, os cachorros pedem maior atenção na hora das brincadeiras, o que não deixa de ser divertido. Bola, corda, mordedor, bichinho de pelúcia ou borracha podem ser objetos arremessáveis e de disputa entre cão e dono. Ossos de pet shop também são recomendados para aliviar o estresse. Caso o animal esteja em apartamento e possa descer ao térreo, é aconselhado que no retorno as patas sejam borrifadas em uma solução de sabão ou shampoo, assim como fazemos com nossos calçados. É importante saber que cães e gatos também podem carregar o vírus para o lar.

Agrotóxicos O Ministério da Agricultura publicou no último dia 12 a liberação de mais 22 agrotóxicos para o uso dos agricultores. No dia 27 do mês passado, o governo havia autorizado outros 16 pesticidas para que a indústria possa formular novos produtos. Na soma, são 150 novas autorizações só este ano. Segundo o governo, todos esses princípios ativos, ou seja, a base do agrotóxico, já estavam liberados no país, são os chamados “produtos formulados equivalentes”. Na última, são 19 produtos químicos e 3 produtos biológicos, normalmente utilizados na agricultura orgânica.

Gestão de florestas Um decreto do presidente Jair Bolsonaro (10347/2020) altera a Lei 11284/2006, que trata da gestão de florestas públicas para produção sustentável. A modificação transfere do Ministério do Meio Ambiente para o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento o poder para concessão de florestas públicas. Essas concessões definem quem terá o direito de praticar o manejo sustentável das florestas por meio da exploração de produtos e serviços. No entanto, os senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Fabiano Contarato (Rede-ES) querem derrubar os efeitos do ato do Poder Executivo. Carvalho apresentou projeto de decreto legislativo (PDL 226/2020) nesse sentido. Para eles a medida é injustificável e absolutamente incompatível com a prática Internacional. Segundo Rogério Carvalho o risco de prejuízos ambientais é enorme.

Desmatamento recorde O desmatamento da Amazônia em abril foi o maior dos últimos dez anos, com 529 km² da floresta derrubada. Os dados divulgados na segunda-feira (18) são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que não é ligado ao governo. A região teve, no mês passado, um aumento de 171% em relação a abril de 2019. Segundo a organização, quase um terço (32%) de toda a área desmatada está dentro do Pará, estado que liderou o ranking dos que mais perderam área de floresta neste mês.


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saúde

Ação seguiu todas as recomendações de segurança passadas pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)

Capelão abençoa pacientes com Covid-19 da Santa Casa de Maceió

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ara levar alento aos pacientes internados na Unidade Osvaldo Brandão, área reservada ao tratamento de covid-19, na tarde da quarta-feira (20), o padre Cícero Lenisvaldo, capelão da Capela de São Vicente de Paulo da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, abençoou os internos com o Santíssimo Sacramento. A ação atendeu ao pedido de alguns pacientes que compartilharam este desejo com a equipe médica “Foi uma visita com o Santíssimo Sacramento,

onde todos os enfermos e os profissionais que atuam no combate à covid-19 foram abençoados. Quisemos mostrar também que eles não estão sozinhos, que Jesus Cristo está junto deles. Aqui no Brasil, o ano é o da Eucaristia, do Congresso Eucarístico, e queremos recordar que Nosso Senhor Jesus Cristo é o Senhor de tudo. Essa pandemia não vai durar para sempre. Nosso Senhor está preparando tempos melhores para todos nós”, disse o padre Cícero.

Padre Cícero Lenisvaldo, capelão da Capela de São Vicente de Paulo, dá a benção aos enfermos

Durante o percurso foram seguidas todas as recomendações de segurança passadas pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da instituição para evitar o contágio pela doença. Carlos André de Mendonça Melo, superintendente de Engenharia e Infraestrutura do hospital, por meio da Humanização, alinhou com o Serviço Social, o Serviço de Psicologia e a Coordenação de Enfermagem os detalhes para a execução deste momento de fé e esperança.


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