Edição 1073

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ANO XXI - Nº 1073 - 12 A 18 DE JUNHO DE 2020 - R$ 4,00

RIO LARGO

Prefeito é acusado de usar pandemia para desviar recursos públicos Denúncia contra Gilberto Gonçalves foi feita junto aos órgãos de fiscalização e consta de documentos levantados pela própria procuradora do município. 6

BRAGA NETO E WASHINGTON LUIZ SÃO INVESTIGADOS NO CNJ n Juiz é suspeito de ajudar o filho no esquema de extorsão de presidiários

n Desembargador é investigado por soltar os advogados integrantes da gangue 3

FAMÍLIA BRÊDA TENTA SE APOSSAR DE CARTÓRIO GALDINO AMORIM

TJ JÁ TEM MAIORIA PARA PUNIR JUIZ COM APOSENTADORIA COMPULSÓRIA 5

A advogada Karoline Mafra foi designada para responder pelo 2º Cartório de Protestos de Títulos de Maceió depois que a CGJ descobriu uma trama dos filhos do tabelião Tai Brêda, falecido em fevereiro, para se apossarem da serventia. 7


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COLUNA

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Em nome da Ordem

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- Sempre rigorosa na cobrança das prerrogativas de seus associados, a OAB-AL tem se omitido em investigar graves denúncias envolvendo vários advogados, sobretudo a turma da nova geração.

- No caso mais recente, em que quatro jovens advogados são 2acusados de formação de quadrilha para extorquir presidiários, a OAB-AL sequer anunciou providências no sentido de investigar as denúncias contra seus membros.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- Ao invés disso publicou nota sugerindo a ocorrência de possível violação aos direitos dos advogados e prometendo punição para os responsáveis pela prisão dos envolvidos nas falcatruas.

- Na edição anterior, esta 4participação coluna publicou nota sobre a criminosa de advo-

gados e juízes em golpes milionários contra pessoas, empresas e os cofres públicos.

- Ao julgar esses processos de 5Justiça improbidade, o Tribunal de tem punido magistrados

envolvidos nas fraudes e enviado à OAB os nomes dos advogados acusados.

Mas até hoje a Ordem dos 6fez-Advogados de Alagoas nada para punir seus associados,

enquanto os malfeitores do Direito continuam em plena atividade. Agindo impunemente.

Em nome do pai O juiz Braga Neto, titular da Vara de Execuções Penais, responsável pela redução de penas e transferência de presos, não é investigado no caso dos advogados presos por formação de quadrilha e extorsão de presidiários. Difícil é entender como o juiz desconhecia as atividades criminosas do próprio filho, chefe da quadrilha que vinha extorquindo presidiários desde 2014, agindo debaixo de seu nariz.

Toga suja O Tribunal de Justiça de Alagoas mais uma vez dá mostras de estar disposto a cortar na própria carne para tirar de circulação juízes que desonram a toga e preservar a imagem do Judiciário. Na sessão da última terça-feira 9, o Pleno do tribunal votou pela condenação do juiz Galdino Vasconcelos à pena de aposentadoria compulsória por atos de corrupção. Oito desembargadores votaram contra o juiz formando maioria pela compulsória do acusado. O relator da ação administrativa é o desembargador Domingos Neto e o voto que deu maioria foi do desembargador Tutmés Airan, presidente do TJ. Mas o processo continua em aberto porque o desembargador Celyrio Adamastor (sempre ele) pediu vistas e o julgamento final deverá ocorrer no início de julho.

Miolo mole Depois de contrair o coronavírus, o deputado Antônio Albuquerque virou um trombone ambulante a condenar o isolamento social determinado pela Organização Mundial de Saúde. Ao que tudo indica, a Covid-19 deve ter avariado o cérebro do parlamentar que não para de difamar autoridades e instituições que defendem o afastamento social.

Governador tampão O afastamento do vice Luciano Barbosa para disputar a Prefeitura de Arapiraca coloca o presidente da Assembleia na linha de sucessão do governador Renan Filho. Se Barbosa vencer o pleito, Marcelo Victor assumirá o governo do Estado no lugar de Renan, que disputará o Senado em 2022, e nessa condição, pode até disputar a reeleição de governador.

Terror no canteiro

Um auditor fiscal da Delegacia do Trabalho publicou em suas redes sociais texto alertando e desencorajando os empresários a não retornarem ao trabalho, sob pena de receberem uma enxurrada de processos caso seus trabalhadores contraiam a Covid-19. Recentemente, os fiscais do trabalho passaram a exigir das construtoras o cumprimento de procedimentos que estão mais adequados a hospitais e consultórios médicos, como, por exemplo, acompanhar a sintomatologia do trabalhador durante a jornada de trabalho, dentro da obra.

Exageros

Entre as muitas exigências, cobra dos empresários a instalação de bebedouros e torneiras com acionamento automático ou pedais, substituir as máscaras dos trabalhadores a cada duas horas, como também fornecer uma infinidade de documentos. Exigem também a filmagem do canteiro de obras. Além da improdutividade, o custo é alto. A insatisfação e o temor em trabalhar são grandes. Quem defende o setor?

Máfia dos Cartórios

A Ademi protocolou na Corregedoria de Justiça do TJ ofício pleiteando redução nos prazos de registro de escritura de imóveis. Mesmo antes da pandemia, uma certidão de ônus reais, que era fornecida em 24 horas, passou para três dias e, em alguns casos, até mais. O registro de uma escritura tem levado até 22 dias, isto se não houver nenhuma pendência. Mesmo com toda a evolução tecnológica existente, o funcionamento desta serventia, somente tem piorado no que diz respeito a prazos de atendimento.

A quem interessar “No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou resolução que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo responsável”. (Art. 486 da CLT) Em alguns estados, as empresas que fecharam as portas em decorrência da pandemia já estão mandando a conta para o governador.

Marca própria

A Usina Coruripe lançou uma marca própria de álcool em gel. O produto estará disponível nos pontos de venda a partir desta semana. O gel antisséptico é composto por álcool etílico hidratado 70 graus INPM com hidratante aloe vera.

Lula está gagá

“Lula ficou biruta. Está completamente gagá. Não se leve o que ele disse ao pé da letra”, diz um ex-ministro do PT. Explica que o ex-presidente, depois que foi libertado, dá a impressão de não compreender o que se passa no país. Acha que a prisão, de fato, fez-lhe muito mal. E que ele parece ter perdido a capacidade de se antecipar aos fatos.

Setor aéreo

A pandemia do coronavírus levará o setor aéreo ao prejuízo anual recorde de 84 bilhões de dólares, marcando 2020 como o “pior ano da história da aviação”, afirma o principal órgão global do setor. O tráfego aéreo de passageiros deve aumentar 55% em 2021 em relação ao nível deste ano, enquanto ainda permanece 29% abaixo do nível de 2019, informou a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) em nova previsão atualizada.


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EXTORSÃO NOS PRESÍDIOS

Conselho Nacional de Justiça vai investigar juiz e desembargador Washington Luiz concedeu HC para evitar prisão do filho de José Braga Neto

VERA ALVES veralvess@gmail.com

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ma semana após a Delegacia de Investigações e Capturas (Deic) haver deflagrado a Operação Bate e Volta, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) entrou também na investigação que trata do esquema de extorsão contra reeducandos do sistema prisional alagoano e que tem como figura central o advogado Humberto Soares Braga. Filho do juiz José Braga Neto, o jovem de 32 anos é acusado de cobrar até R$ 25 mil para transferir presos do Presídio do Agreste, em Girau do Ponciano, para o Baldomero Cavalcante, em Maceió. Titular há vários da 16ª Vara Criminal/Execuções Penais, o juiz Braga Neto é desde a quarta, 10, alvo da Reclamação Disciplinar 0004494-34.2020.2.00.0000, instaurada pelo CNJ a pedido da Corregedoria Nacional de Justiça com base no noticiário local acerca da operação do Deic. O magistrado é o responsável pelas decisões que englobam a permanência dos detentos no

Braga Neto volta a ter atuação na Vara de Execuções questionada sistema prisional, cabendo a ele, por exemplo, as sentenças de remissão de pena e o atendimento ou não a pleitos dos advogados dos presos, como a transferência entre unidades penitenciárias. O CNJ também abriu reclamação disciplinar para in-

vestigar a conduta do desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas (000449871.2020.2.00.0000), que deferiu o habeas corpus impetrado pela defesa de Hugo Braga no mesmo dia da operação, impedindo, assim, que ele fosse preso. O advogado, contudo, se apresen-

tou à noite para prestar esclarecimentos à equipe do Deic responsável pela Bate e Volta. Apontado por reeducandos do sistema prisional como intermediário de Hugo, o advogado Fidel Dias de Melo Gomes, de 29 anos, também teve um HC assinado pelo desembargador Washington Luiz depois de ter sido preso durante a operação com outro colega, Ruan Vinícius Gomes de Lima, de 28 anos. E, embora igualmente levado para a delegacia, Rossemy Alves Doso, de 34 anos, terminou sendo liberado após prestar depoimento que, segundo ele, teria comprovado não ter qualquer envolvimento com o esquema. O Tribunal de Justiça de Alagoas foi informado ainda em março sobre as acusações que pesam sobre o advogado Hugo Soares Braga. Os delegados do caso remeteram ao TJ, junto com os depoimentos e um pen drive com áudios, o pedido de autorização para investigar o juiz Braga Neto por conta das suspeitas de atuação em favor do filho. O pedido, contudo, foi negado pelo desembargador José Carlos Malta Marques sob o argumento de que não haveriam evidências de participação do magistrado no esquema. Em 2017, uma sindicância instaurada pela Corregedoria Geral do TJ decidiu pela não abertura de processo administrativo contra o mesmo magistrado. Dentre as acusações, a mesma de tráfico de influência em benefício de Hugo Braga, inscrito na OAB desde 2015, mas que desde 2014 já visita-

va reeducandos do sistema prisional. O relatório da comissão que apurou as acusações na época, feitas pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários, traz informações detalhadas no que se refere ao filho do juiz, dentre as quais a de que ele realizou, “entre os anos de 2015 e 2016, mais de uma centena de visitas a reeducandos no sistema prisional”. Tal qual hoje, em 2017 alguns dos presos ouvidos pela comissão de sindicância confirmaram que o filho do magistrado negociava dinheiro em espécie e imóveis em troca da transferência do Presídio do Agreste – cujo sistema de segurança impede o uso de celulares – para unidades de Maceió, notadamente o Presídio Baldomero Cavalcante. Mas, a comissão, “não encontrou elementos probantes a indicar que Magistrado/Sindicado tinha ciência da atuação de seu filho, ainda que, através de outro causídico, na 16ª Vara Criminal da Capital/Execuções”. Nas investigações atuais, originadas por denúncia da juí-za Renata Malafaia Vianna (desde o ano passado ela e o juiz Diego Araújo Dantas integram a 16ª Vara), a Polícia já conseguiu confirmar algumas das denúncias feitas pelos presos, como a de transferência de um imóvel para uma pessoa indicada por Hugo. O filho do juiz, além de advogado, é proprietário de um posto de combustíveis no Clima Bom, fundado em dezembro de 2017 e cujo capital social é de R$ 105 mil.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Campanha em banho-maria

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crescimento da pandemia em Alagoas, que pegou um estado despreparado pelo sistema precário de saúde, fez com que a campanha para prefeito e vereador, principalmente em Maceió, ficasse paralisada. Afora alguns pré-candidatos que estão pulando de paraquedas e aparecendo nas redes sociais como o “descobridor do Brasil”, no mais ninguém sabe o que vai acontecer. Nem mesmo quanto às datas para a realização das eleições. Se por um lado a campanha esfriou, por outro os candidatos com real poder de fogo gostaram dessa estagnação, já que não lançam mão das reservas que devem ter feito

Recomendação

para disputar eleição majoritária ou proporcional. Este entendimento é de que a eleição deste ano ficará mais barata do que a de anos anteriores, por dois motivos: o primeiro é que o dinheiro não está fácil de se conseguir e, o segundo, é que os compromissos com cabos eleitorais normalmente nesta fase da campanha ficam para depois. Na reta final, entretanto, ganha quem mais se planejou e trabalhou para fazer uma campanha montada especificamente nas redes sociais. Quem não acompanhou a evolução dos meios tecnológicos, é bom ir se preparando para disputar cargo em outra oportunidade.

Fabricadas

Infringindo a lei

Além de utilizar as redes sociais para mostrar serviço antes das eleições, os candidatos ainda andam divulgando pesquisas fictícias por aí afora. Uma situação que não deve ser permitida pela legislação eleitoral. As pesquisas, na sua maioria sem utilização de critérios técnicos, só fazem confundir a cabeça do eleitor.

Embora alguns candidatos a prefeito de Maceió com chances reais de serem eleitos se mantenham recolhidos nesta fase de pandemia, outros fazem a festa nas redes sociais e se apresentam como a solução para a capital do estado. Como campanha antecipada é crime previsto em lei, esta é uma boa oportunidade para o Tribunal Regional Eleitoral punir exemplarmente os infratores.

Candidatos a vereador ou a prefeito, a exemplo de radialistas e jornalistas, devem deixar suas funções até o próximo dia 30, conforme a legislação eleitoral. Os profissionais podem, entretanto, exercer suas atividades nas redações. A medida é para evitar que alguns candidatos sejam beneficiados em detrimento de outros.

O delegado da Divisão Especial de Investigações e Capturas, Gustavo Henrique, deve ter ficado muito surpreso com a velocidade em que um dos advogados suspeito no esquema de extorsão de presos conseguiu uma ordem de habeas corpus. A autoridade policial ainda estava no interrogatório quando já chegava a ordem da Justiça para sua liberação.

Acusações graves Se as denúncias forem comprovadas como afirmou o delegado Gustavo Henrique em declarações à imprensa, os advogados estarão em má situação, tanto junto à Justiça quando à OAB, que deverá abrir sindicância para, com todo o direito ao contraditório, apurar o envolvimento deles no esquisito episódio. Se culpados, os advogados poderão sofrer sérias sanções disciplinares, que vão desde uma advertência até mesmo à cassação do registro profissional.

A inadimplência do governo no pagamento aos fornecedores de leite fez com que pelo menos 19 municípios tivessem o produto suspenso. Entre os municípios, está também a capital do estado.

O governo federal está estudando conceder mais duas parcelas da ajuda emergencial para as camadas mais pobres da população. Só que desta vez o valor deverá ser de R$ 300,00. Paralelamente, o estado de Alagoas e seus municípios devem pressionar os servidores que abocanharam o auxílio para devolveram a grana e ainda sujeitos às penas da lei.

Sinuca

Perguntar não ofende: o governo libera tudo, ou arrisca mais mortes pelo coronavírus?

Confusão

Nesta época de pandemia a população, com tantas e confusas informações, às vezes não sabe mais como proceder. TVs, rádios e jornais dizem uma coisa agora e horas depois dizem outra. São opiniões divergentes que nada contribuem para esclarecimento da sociedade. Em dúvida, fique em casa.

Bagunça As medidas restritivas impostas por decreto governamental viraram, em alguns pontos da cidade, uma bagunça generalizada, como, por exemplo, nos mercados e feiras livres da capital. É gente sem máscaras, aglomeradas, circulando sem a mínima preocupação da proteção individual, o que facilita a proliferação da Covid-19.

Sem estrutura

Pré-candidato Cavalcante, prefeito de Traipu, decidiu assumir uma pré-candidatura à reeleição depois da avaliação feita pela população local sobre o trabalho realizado nesses últimos anos no município. Com apoio das lideranças e com o objetivo de dar sequência ao trabalho desenvolvido, Cavalcante disputa a reeleição com grandes chances de partir para um segundo mandato.

Não pagou

Nova ajuda Exigência eleitoral

The flash

Os constantes suicídios que estão acontecendo na conhecida Ponte do Reginaldo agora são alvos do Ministério Público. O MP está recomendando à Prefeitura de Maceió que adote providências para evitar essas ações, recomendando, até, gradear os lados da ponte para dificultar as tentativas que se sucedem com frequência.

Devagar Pelo entendimento das áreas de saúde, a abertura do comércio e da indústria deve acontecer aos poucos. O secretário Fábio Farias, do Gabinete Civil do Estado, recomendou muita prudência para não ter problemas mais sérios depois. A verdade é que os hospitais já estão com suas capacidades praticamente esgotadas.

Sem estrutura para fiscalizar as medidas impostas, os governos estaduais e municipais enfrentam uma guerra sanitária. Pouca gente cumpre as recomendações de lavar bem as mãos e usar máscaras, o mínimo que se pode exigir. Por outro lado, a movimentação de pessoas nas ruas está atingindo os patamares anteriores à pandemia.

Aperto

O Batalhão de Trânsito vai apertar a fiscalização aos proprietários de motos em todo o estado e especialmente na região do Agreste, onde as estatísticas apontam um número excessivo de acidentes com vítimas fatais. A maioria dos desastres ocorridos é provocada por motoqueiros inabilitados.


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CASO GALDINO

Maioria do TJ vota pela aposentadoria compulsória de juiz Pedido de vistas atrasa possível afastamento de Galdino José Amorim Vasconcellos

sembargadores votem pela absolvição do juiz, o resultado do julgamento não será alterado. A menos que algum dos que votaram pela condenação muder o voto na última sessão administrativa prevista para o início do próximo mês. Por outro lado, com o tamanho da ficha corrida do magistrado, será difícil o magistrado escapar da penalidade de ficar em casa ganhando salá-

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

O juiz da 8ª Vara Cível de Maceió Galdino José Amorim Vasconcellos inverteu os papéis e esteve na condição de réu na terça-feira, 9, no Tribunal de Justiça. O Pleno julgou a denúncia que envolve o recebimento irregular de auxílio-moradia durante o período em que o magistrado atuava na Comarca de Pão de Açúcar. Vasconcellos recebeu o benefício de setembro de 2014 a abril de 2015 mesmo residindo em um imóvel cedido pela prefeitura. A maioria dos desembargadores votou pela aposentadoria compulsória do juiz, no entanto, Celyrio Adamastor pediu vistas depois que a defesa do réu alegou excesso de prazo no julgamento do processo. Votaram pela aposentadoria compulsória os desembargadores Domingos Neto (relator), Fernando Tourinho, José Carlos Malta Marques, Paulo Lima, Sebastião Costa, Alcides Gusmão, Fábio Bittencourt e o presidente do TJ, Tumés Airan. Sendo assim, o processo continua em aberto devido ao pedido de Adamastor. No entanto, mesmo que todos os demais de-

ROSÁRIO DE ACUSAÇÕES

Juiz coleciona acusações durante exercício da magistratura

Vasconcellos também responde pela liberação de traficantes com os quais foram apreendidos 650 quilos de drogas, que ainda está para ser julgado, processo que o CNJ também está acompanhando e cobrando. Atualmente na 8ª Vara Cível de Maceió, o magistrado momentaneamente chegou a ser afastado em julho do ano passado quando o TJ decidiu pela instauração dos processos administrativos. Uma de suas mais recentes sentenças foi no dia 19 de maio quando condenou o exvereador Paulo Corintho e as seguradoras HPE e Mapfre a indenizarem em R$ 70 mil a família de uma vítima de acidente de trânsito. Alysson Melo Silva Nunes estava em uma moto atingida pela Pajero do ex-vereador quando ele

rio de juiz. O caso já havia sido julgado pelo Judiciário alagoano, porém em 2016, a então corregedora Nacional de Justiça (CNJ), Nancy Andrighi, considerou que a penalidade imposta (remoção compulsória) havia sido branda, já que o juiz colecionava outras infrações disciplinares e o Pleno do CNJ aprovou o relatório determinado a revisão disciplinar.

saía de um motel no Barro Duro de ré e na contramão; o rapaz faleceu alguns dias depois. Em 2012, Galdino Vasconcellos foi afastado das funções de juiz da 11ª Zona Eleitoral de Palestina, acusado de receber propina de R$ 50 mil para liberar o carro da coligação apoiada pelo então prefeito de Palestina, Júnior Alcântara, que fazia propaganda irregular. Posteriormente, teria recebido mais R$ 150 mil para arquivar uma ação de impugnação da candidatura de Alberto Barbosa, o candidato da situação apoiado por Júnior Alcântara. Em outro procedimento, foi acusado da adjudicação irregular de imóveis localizados em outros estados. Isto quando era titular de Pão de Açúcar. Por esta irregularidade e pela do auxílio-moradia, foi removido para Rio Largo e de lá para Maceió.


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RIO LARGO

Dossiê denuncia contratação de empresas de fachada pela Prefeitura Fraude aos cofres públicos chega aos R$ 20 milhões JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ntra prefeito e sai prefeito, mas mesmo assim, Rio Largo não consegue se desvencilhar da corrupção. O escândalo da vez trata-se de esquema utilizado por muitos prefeitos de Alagoas: desvio de dinheiro por fraude em contratos firmados com empresas de fachada. A denúncia, que põe em xeque a administração do prefeito Gilberto Gonçalves, é da procuradora efetiva do município, Karla Brandão Muniz Formiga de Carvalho. Um dossiê que relata as falcatruas envolvendo a quantia de R$ 20 milhões foi encaminhado aos órgãos de fiscalização, como o Ministério Público de Alagoas (MP -AL) e Ministério Público Federal (MPF) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Karla Brandão se deparou com contratos entre Prefeitura de Rio Largo e empresas suspeitas, que deveriam prestar serviços de locação de máquinas pesadas para reforma de escolas, compra de materiais de construção, fornecimento de merendas e saneantes. São elas: JRA Construtora Ltda, de Marechal Deodoro; Litoral Construções e Serviços LTDA, de CNPJ 31.139.642/0001-08, antiga empresa GV Bezerra Serviços e Comércio, de Feliz Desert; Distribuidora Angeiras Ltda, de Maceió; e Reauto Serviços de Comércio de Peças, também localizada em Maceió. Para a JRA Construtora Ltda, segundo a denunciante, foram pagos, em 2017, aproximadamente R$ 2 milhões. Em 2018, o valor duplicou: R$ 4 milhões para reformas e obras em escolas. No ano

passado, o valor foi de R$ 1,7 milhão. “Observa-se que foram realizados os pagamentos para mesmas escolas, creches e praças em um curto intervalo de tempo, inclusive valores altos. Em 2020, foram empenhados valores de mais de R$ 3 milhões. Verificase que a mesma empresa vem ganhando recurso e executando serviços desde 2017 como se fosse exclusiva para executar serviços em Rio Largo. Os serviços foram pagos com valores oriundos de verba federal e precatórios”. A construtora foi fundada no dia 28 de abril de 2014, com capital inicial de R$ 1 milhão, em nome de Joelice Jéssica Basílio da Silva e Allison da Silva Correia. Ainda de acordo a procuradora, a Litoral Construções seria uma empresa fantasma que mudou de nome e endereço sem a devida substituição por termo aditivo ou termo de apostilamento nos contratos e atas de registro de preços com a Prefeitura de Rio Largo. “Nas licitações está como vencedora a empresa GV Bezerra, que realizou várias entregas, inclusive com verba de precatório e verba federal. Em seguida, com o mesmo CNPJ, aparece com o nome empresarial de Litoral Construções”, destaca a denúncia. Conforme o dossiê, tudo indica que os valores pagos não correspondem ao que foi entregue. Em 2019, a Prefeitura de Rio Largo pagou à Litoral Construções a quantia de R$ 957.200 e, em 2020, o valor já chega a R$ 918.275. Os proprietários da empresa são Gisele Veríssimo Bezerra e Adson Lima da Silva, que investiram inicialmente um capital de R$ 100 mil. A data de abertura do negócio é 7 de agosto de 2018. Quanto à Distribuidora Angeiras Ltda, a procuradora suspeita que teria sido criada com a finalidade de burlar um inquérito civil que investiga atos ilícitos da empresa BCOM Distribuido-

ra e continuar sendo contratada pela Prefeitura de Rio Largo. O representante da empresa que assina o contrato e a ata de registro de preços é Glaucio Barreto Angeiras, mesmo sócio-administrador da BCOM Distribuidora. “Verifica-se que o sócio-administrador da Angeiras, João Guilherme Lins da Fonseca Barreto Angeiras, aparenta ter grau de parentesco com Glauco Barreto Angeiras. Valores contratados em 2019 ultrapassam a ordem de R$ 3,7 milhões”. A empresa foi criada em 28 de novembro de 2011 com capital inicial de R$ 300 mil. De propriedade de Luciano Lima Lopes, a Reauto Serviços de Comércio de Peças teria recebido pagamentos no período de afastamento de Gilberto Gonçalves da Prefeitura, entre os dias 15 e 19 julho. O dossiê questiona o pagamento nesse intervalo que o gestor esteve fora do cargo. A empresa foi criada no dia 29 de setembro de 2014 com investimento de R$ 300 mil. Ainda consta na denúncia a Comercial Sol Nascente, de Murici, que estaria fornecendo merenda escolar e gêneros alimentícios no período que não está tendo aula. Mesma denúncia contra a P Galvão Distribuidora de Alimentos, de Maceió. Vale destacar que o Ministério Público acionou a Prefeitura de Rio Largo, em maio, para que continue fornecendo a merenda escolar aos alunos da rede municipal de ensino, que estão em situação de vulnerabilidade social com os impactos da pandemia do novo Coronavírus. “Como procuradora do quadro efetivo há 18 anos, não tenho poderes para fiscalizar, mas, também, não posso me omitir diante de uma denúncia que recebi por terceiros, mas que apresentam indícios de irregularidades, já que os contratos de compra e aluguel, feitos no município, devem passar pela Procuradoria, mas estes não passaram”, informou Karla Brandão à imprensa.

Empresas ‘funcionariam’ em galpões ainda em construção

OUTRO LADO A Prefeitura de Rio Largo esclarece que é de praxe, em toda contratação realizada pela atual gestão, os contratos serem feitos por meio de processos licitatórios (pregão eletrônico pelo sistema de registro de preços), seguindo rigorosamente os trâmites da Lei nº 8.666/93, o que inclui a aprovação das minutas dos editais e instrumentos contratuais pela Procuradoria Geral do Município. “A implantação de práticas modernas tem possibilitado a execução de um grande volume de obras. A construção da Feira Municipal, sete novas creches e quatro novas escolas, além do calçamento de dezenas de ruas e a implantação da iluminação em LED, que já atinge 78% da cidade, são exemplos do indiscutível avanço que vem alcançando todas as camadas sociais da população”, informou em nota ao EXTRA. “Acrescentamos que o contrato de locação de veículos para o uso administrativo teve sua fase interna aprovada pela PGM no dia 18/10/2017, enquanto que a fase externa foi chancelada em 25/07/2018. O contrato de material de construção teve sua fase interna aprovada pela PGM no dia 08/02/2018, enquanto que a fase externa foi chancelada em 16/03/2018. Cabe ainda esclarecer

que o valor informado da quantia desviada não corresponde ao montante empenhado e executado pela Prefeitura Municipal de Rio Largo. Isto porque, por meio do sistema de registro de preços adotado pela atual gestão de Rio Largo, a administração apenas registra os preços e pode realizar uma única licitação para produtos que pretende adquirir durante todo o ano, sem obrigatoriedade de contratar a integralidade dos produtos registrados. O regime de adesão à ata de registro de preços, largamente utilizado por administrações exitosas no país, tem se consolidado como alternativa indispensável para dar celeridade e economia, sobretudo aos processos de aquisição de bens de consumo, afastando o desperdício de recursos, pois permite pagamento por lote adquirido”, informou. “É lamentável o claro equívoco a que foi levada a eminente procuradora, Karla Brandão Formiga de Carvalho, ao publicizar notícia em desamparo com a verdade dos fatos. A gestão do prefeito Gilberto Gonçalves prossegue firme no propósito de entregar melhores oportunidades de vida para todas as pessoas da cidade, e permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários”, finaliza a nota.


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MÁFIA DOS CARIMBOS

Karolina Mafra durante homenagem em evento da Esmal ao lado de Fernando Tourinho (D)

Cartório milionário vira alvo de cobiça CGJ barra tramoia de filhos do tabelião Tai Brêda, falecido em fevereiro VERA ALVES veralvess@gmail.com

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rês meses após o tabelião Carlos Gonzaga Brêda haver falecido, a Corregedoria Geral de Justiça de Alagoas (CGJ) interviu para impedir que os filhos dele se apossassem de forma indevida dos emolumentos arrecadados pelo 2º Cartório de Protestos de Títulos e Letras de Maceió. E não são poucos. Desde 2013, a serventia da qual Tai Brêda, como ele era conhecido, era

titular, arrecada semestralmente mais de R$ 1 milhão. Fundado em 1977 e desde então sob o comando do advogado, que morreu em fevereiro deste ano, o cartório registrou em 2017 e 2018 faturamento superior a R$ 3 milhões – R$ 3.505.070,37 e R$ 3.272.060,83, respectivamente. Os dados referentes ao ano passado, que deveriam ter sido informados pelo próprio tabelião ao Conselho Nacional de Justiça, contudo, continuam pendentes. O ano de 2019 aliás, não foi dos melhores para o tabe-

lião, que se viu envolto em denúncias de irregularidades e de agiotagem, além dos muitos processos movidos contra o cartório por pessoas que se afirmam lesadas por não terem os protestos baixados mesmo após a quitação das dívidas e o pagamento das custas à serventia. Mas o que levou a Corregedoria Geral de Justiça a intervir no cartório em maio último não foram as dezenas de reclamações contra a serventia, mas sim a denúncia de que os filhos do tabelião haviam se apoderado dela

como se a eles pertencesse. E não é o caso. A Constituição Federal é clara ao determinar que no caso do falecimento do titular do cartório, o mesmo deverá ser declarado vago e preenchido mediante concurso público específico. E era essa a pretensão da CGJ quando, no início de maio, decidiu nomear como interina, até que o certame seja realizado, a escrevente Naira Maria Costa da Silva. Mas, uma semana após ter sido nomeada, a própria Naira pediu exoneração, depois de revelar que os filhos de Tai Brêda a estavam pressionando, pois queriam que ela apenas figurasse como administradora do cartório. Cabia a eles a administração e toda movimentação financeira envolvendo o cartório, estando em poder dos mesmos os cartões das contas bancárias da serventia. Na denúncia feita por videoconferência, Naira revelou, então, que se ofereceu para ficar à frente do 2º Cartório de Protestos a pedido de Eugênio (Eugênio Machado de Maya Gomes era o substituto legal de Tai Brêda quando este estava vivo), Moacir e Tadeu Brêda. Disse que “ao ser convocada pelo Moacir Brêda e pelo Eugênio, eles disseram que ela seria apenas a interina e eles que fariam toda a administração do Cartório. Falou que não possui ensino médio completo. Que continua recebendo como escrevente, em torno de 2 mil reais. Que quem autorizou seu pagamento desse mês foi Moacir Brêda. Que não possui nenhum cartão bancário das contas do cartório, que quem fica com isso tudo é o Eugênio”. As revelações e o fato de Naira Costa sequer possuir o ensino médio, levaram o corregedor Geral de Justiça, desembargador Fernando Tourinho, a não só aceitar

o pedido de destituição dela como interina, mas nomear uma terceira pessoa para administrar o cartório até a realização do concurso público para as serventias extrajudiciais. O certame está paralisado desde março por conta da pandemia do novo Coronavírus. “Ora, não há como admitir que a interina designada como responsável pela serventia não tenha poder nem autonomia para administrar seu cartório, o que lamentavelmente acontece no presente caso, em que a Tabeliã sequer possui os cartões bancários da unidade, se submetendo ao pagamento de salário por autorização de terceiros, familiares do antigo titular, que necessariamente devem ficar alheios ao funcionamento da unidade, friso, sem qualquer resquício de interferência”, destaca o desembargador. Desde o dia 21 de maio, o 2º Cartório de Protestos de Títulos e Letras de Maceió está sob o comando da advogada e professora universitária Karoline Mafra Sarmento Beserra, conhecida nos meios jurídicos por sua participação em cursos e eventos da área como palestrante. O desembargador também determinou que Naira Maria Costa da Silva e Eugênio Machado de Maya Gomes “prestem contas de todas as informações referentes ao respectivo Cartório, com relação aos livros, folhas e fichas notariais e registrais, mobílias, móveis, estantes, computadores, notebook, nobreak, cadeiras, impressoras, aparelho de arcondicionado, máquina datilográfica, fichários e afins”. O acervo ficará sob a responsabilidade de Karoline Mafra, cuja atuação, em regime probatório de 90 dias, será acompanhada pela CGJ.


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AUXÍLIO EMERGENCIAL

Investigação do CGU pode chegar na Assembleia e Tribunal de Justiça Servidores que solicitaram auxílio indevidamente podem ser processados JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

S

ó está começando o trabalho de cruzamento de dados da Controladoria-Geral da União (CGU) em Alagoas para identificar servidores públicos que estão recebendo irregularmente o auxílio emergencial do governo federal. Moacir Rodrigues de Oliveira, superintendente regional do órgão, informou, ao EXTRA, que a busca por irregularidades também poderá abranger o Tribunal de Justiça e a Assembleia Legislativa. Até o momento, servidores de oito prefeituras estão “na berlinda”: Maceió, Anadia, Jequiá da Praia, Canapi, Ouro Branco, Palmeira dos Índios, São José da Tapera e Limoeiro de Anadia. Nem o funcionalismo do governo estadual escapou. Já foram registradas 3.160 suspeitas de funcionários públicos que teriam se cadastrado para receber o auxílio sem necessidade. O rombo aos cofres do governo federal pode chegar aos R$ 15 milhões. A fiscalização deverá percorrer todas as prefeituras de Alagoas. Prefeitos têm até segunda-feira, 15, para encaminharem ao CGU a relação de seus respectivos servidores públicos efetivos, comissionados, temporários, em função de confiança e titulares de mandato eletivo, com vistas à realização do cruzamento de dados. A petição foi necessária, uma vez, que nem todos os por-

tais de transparência fornecem na íntegra os números de Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) de cada servidor, o que acaba dificultando a análise da CGU. O auxílio emergencial é um benefício financeiro concedido aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados, e tem por objetivo fornecer proteção emergencial no período de enfrentamento à crise causada pela pandemia do novo Coronavírus, não sendo os servidores públicos elegíveis para o recebimento do referido auxílio. “Faço questão de esclarecer que aqueles servidores que estavam cadastrados no Bolsa Família, o governo federal para dar agilidade ao pagamento automaticamente concedeu o auxílio emergencial para essas famílias. Podemos dizer que esses servidores não fraudaram deliberadamente porque não incluíram informação falsa no cadastro, apesar de terem usufruído do recebimento indevido. É diferente daqueles que não tinham o Bolsa Família e acessaram o cadastro registrando informações inverídicas”, informou o superintendente do CGU em Alagoas. Essas pessoas que mentiram ao governo federal para receber o auxílio, segundo Oliveira, podem responder até por falsidade ideológica. “Isso é uma tese, precisamos ver cada caso. Por isso estamos extraindo esses cruzamentos e mandando para as prefeituras. O

Moacir Rodrigues, do CGU-AL, irá analisar CPFs de servidores

Já foram registradas

3.160

suspeitas de funcionários públicos que teriam se cadastrado para receber o auxílio sem necessidade. O rombo aos cofres do governo federal pode chegar aos

R$ 15 milhões

Executivo municipal deve abrir um processo administrativo disciplinar para apurar o desvio de conduta do servidor”, ressaltou. O servidor também poderá ser acionado para devolver os valores ao erário. Quanto à expansão do cruzamento de dados, o superintendente informou que discute com o Ministério Público de Contas (MPC) em levar a investigação para fora do Poder Executivo. “Pensamos também em englobar outros poderes, como a Assembleia e o Tribunal de Justiça, que são passíveis de investigação. Se eles nos concederem os dados, também faremos os cruzamentos”, informou.

Quem recebeu R$ 600 ou R$ 1.200 de forma indevida, ou seja, não se enquadra nos critérios para ter direito ao auxílio emergencial, pode se cadastrar pela internet para devolver o dinheiro. O Ministério da Cidadania disponibilizou o site https:// devolucaoauxilioemergencial.cidadania.gov.br/ devolucao especialmente para o reembolso. Após o beneficiário informar o número de CPF, o sistema emite uma guia de recolhimento com código de barras que pode ser paga em aplicativos bancários ou terminais de autoatendimento. Estima-se que mais de 73 mil militares ativos, inativos e pensionistas receberam indevidamente o auxílio emergencial. O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que eles devolvam o dinheiro. Por lei, quem tem carteira assinada, é agente público ou recebe aposentadoria não tem direito ao auxílio emergencial de R$ 600. Existem ainda critérios de renda familiar que podem excluir a pessoa do programa de renda básica. Além dos militares, mais trabalhadores teriam recebido o dinheiro mesmo sem se enquadrarem nos critérios legais.


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UNIÃO DOS PALMARES

Recursos são priorizados para assistência social e combate à Covid-19 no município Frear a disseminação do novo Coronavírus é a meta da prefeitura, mas atendimento dos pacientes avança na cidade

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iante da crise provocada pela pandemia no País, a assistência à saúde e a social passaram a ser as prioridades do governo municipal de União dos Palmares, cuja estrutura voltou-se completamente para garantir à população o suporte necessário nessas duas áreas básicas. A meta da prefeitura é frear a disseminação do novo Coronavírus com ações que podem impedir a contaminação, mas o atendimento aos pacientes que contraíram a Covid-19 também avança no município em todas as etapas, desde o diagnóstico. Buscando a prevenção, a prefeitura implantou barreiras sanitárias para impedir que ocupantes de veículos com sintomas de síndromes gripais entrem no município sem passar por uma avaliação de saúde. Na barreira que fica na Avenida João Lyra Filho, uma das principais da cidade, os veículos recebem higienização exterior e interior, enquanto os ocupantes são orientados a evitar o contágio pelo vírus. A população é continuamente informada sobre a necessidade de higienização das mãos e uso de máscaras, assim como o isolamento social e o distanciamento social, que deve ser praticado quando alguém precisa sair de casa. A prefeitura tem seguido as determinações decretadas pelo governo do Estado em relação ao funcionamento das atividades econômicas e de todas que promovam aglomerações. Segundo o prefeito Areski de Freitas Júnior, conhecido como Kil, o município dispõe de cinco postos de saúde para atendimento exclusivo a quem apresenta sintomas gripais e Covid-19. Recentemente, a prefeitura investiu na ampliação do posto de saúde que fica no Conjunto Padre Donald para garantir assistência mais completa, permitindo o funcionamento das 7 às 22 horas, todos os dias. O município também será contemplado com recursos federais da ordem de R$ 3.437.541,32 para aplicação integral em ações contra o Coronavírus possibilitando, inclusive, a implantação de leitos para Covid-19 no Hospital São Vicente de Paula. O prefeito agradeceu ao governador Renan Filho pelo envio do primeiro respirador, doado ao hospital. União dos Palmares registra 253 casos da Covid-19 com 14 óbitos, segundo o boletim da Secretaria de Estado da Saúde do último dia 9, terça-feira. Mais de 100 pacientes já foram curados da doença até a semana passada.

O reforço na área social também vem ocorrendo. A prefeitura, através dos órgãos da assistência social, ampliou a distribuição de sopas, leite e cestas básicas para famílias carentes e passou a distribuir refeições prontas e kit merenda para os alunos da rede municipal de educação na cidade e zona rural. Foram garantidos recursos para intensificar cuidados dos idosos da Casa dos Pobres, segundo informações nas redes sociais do município, assim como investimento na capacitação profissional dos servidores públicos em cursos online.


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RACISMO

Processos de injúria racial estão parados ou foram descontinuados em Alagoas Casos de preconceito racial são comuns no estado; discriminação acontece tanto nas ruas quanto nas escolas

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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asos de racismo voltaram a ganhar evidência em Alagoas após o assassinato de George Floyd nos Estados Unidos por parte de um policial e um caso envolvendo um homem, de 57 anos, que foi preso na noite de domingo, 7, acusado de furtar oito latas de cerveja, em Maceió. Manoel Medeiros Costa Neto foi detido por um funcionário do estabelecimento, que acionou a Polícia Militar. Quando estava sendo colocado na viatura, o acusado disse para um PM que atendeu a ocorrência: “Não vou ser preso por um negro safado”. Casos assim não são incomuns em Alagoas. Porém, ao contrário do que aconteceu nos EUA, onde uma série de protestos foi desencadeada e o policial acabou preso, a Justiça alagoana caminha a passos lentos em relação a situações semelhantes. Entre 2019 e 2020 algumas vítimas também levantaram a voz para denunciar a atitude criminosa, principalmente no ambiente escolar. Em fevereiro deste ano, a professora do ensino médio Thaynara Cristina Silva, 25, trabalhava no Colégio Agnes, no bairro do Trapiche, em Maceió, e denunciou à Polícia Civil que foi vítima de um ato racista promovido pela diretora e proprietária da unidade de ensino, Suely Dias. Thaynara, que pediu demissão da instituição e atualmente é estagiária na Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh), estava dando aula na escola em uma turma do 3º ano do ensino médio quando a diretora entrou exaltada dizendo que a professora foi responsável por um aci-

Professora vítima de racismo realizou protesto contra escola dente de trânsito envolvendo o filho dela durante uma discussão por telefone. “Na discussão, na frente de toda turma, ela disse que eu era ousada. E depois falou que quem fosse à cidade Ouro Branco trouxesse um chicote de couro para me dar umas chicotadas e lembrar da época que tanto falo [escravidão] e temo”, relatou Thaynara Cristina. Passados quatro meses desde o acontecimento, nada foi resolvido. Em parte pela demora habitual do trâmite judicial e em outra pela pandemia do novo Coronavírus que suspendeu por tempo indeterminado o julgamento algumas ações. “Após o ocorrido eu fiz o boletim e depois abri uma ação trabalhista e uma ação criminal por injúria. A audiência deveria ter acontecido no dia 21 de março, mas elas precisaram ser suspensas e por isso não pudemos continuar”, explica a professora. Sobre o desejo de justiça, Thaynara conta que não vai descansar enquanto não conseguir. “Essa justiça precisa ficar escurecida para que todos vejam que racismo não é brincadeira”. Não bastasse a fala,

a diretora, que não foi afastada do cargo por ser a proprietária da escola, tentou entrar em contato com a professora para que pudesse retirar as acusações. “Assim que aconteceu a situação ela me ligou e pediu para que eu confirmar uma mensagem dizendo que ela não era racista e eu não confirmei para que depois ela não usasse isso contra mim”. Longe da sala de aula, a professora agora tenta levar seu exemplo para outras mulheres pretas em Alagoas através de palestras em cidades do interior do estado. “Nenhuma escola me chamou para trabalhar, e agora vai demorar um pouco por conta da quarentena. Estou fazendo estágio na Semudh e estou dando aulas particulares, apesar de elas terem diminuído devido a ida à casa dos alunos. Também faço algumas viagens para dar palestras e falar sobre o recorte da mulher preta”. RACISMO NA UFAL Um professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) também foi acusado de injúria racial por alunos. Em junho de 2019, alunos e entidades da Ufal se mobilizaram para pe-

dir providências à Corregedoria da universidade a respeito de declarações proferidas em aula pelo professor Alexandre Toledo, do curso de Arquitetura e Urbanismo. Segundo denúncia, durante aula sobre o conhecimento científico, o professor alegou que por teoria que relaciona ocupação terrestre e capacidade intelectual, o jovem negro só estaria na universidade graças à miscigenação. Na época, ao EXTRA, o professor que é defensor do regime monárquico, afirmou que as acusações não passavam de um complô relacionado a sua posição política na universidade e que apenas estava explicando uma teoria descrita no livro “Os Exilados da Capela”. Mesmo com grande repercussão, a corregedoria da Ufal não deu seguimento ao processo por falta de provas e não convocou oitiva com as testemunhas - todos estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo matriculados na disciplina. Os alunos, de acordo com o professor, não demonstraram interesse em pressionar a Corregedoria para que o processo fosse continuado. Sobre as acusações de que a denúncia teria ocorrido devido a sua posição política, Alexandre Toledo conta que abriu um boletim de ocorrência por calúnia na Delegacia de Polícia Civil e na Polícia Federal, mas que também não foi investigada. “Sugeriram que aguardasse o desfecho do processo administrativo na Ufal. Solicitei posicionamento da Corregedoria, por meio de e-mail, e estou sem resposta até o momento. Penso em dar seguimento ao processo por danos morais”, afirmou.

“MINHA EMPREGADA É NEGRA”

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ara o presidente da Comissão da Promoção da Igualdade Social da Ordem dos advogados do Brasil (OAB-AL), Alberto Jorge, a maior dificuldade em conseguir uma condenação para agressores é a falta de provas testemunhais ou audiovisual. Os casos continuam acontecendo todos os dias, mas a impossibilidade de tomar depoimentos impede as acusações de serem levadas adiante. Apenas neste ano, oito denúncias foram recebidas pela Comissão, mas apenas quatro puderam ser continuadas. “Um telefone que gravou a agressão seja em vídeo ou em áudio faz falta. Então quando não existe essa possibilidade de levarmos adiante, comunicamos ao agredido as razões de não poder darmos procedimento”, conta Alberto Jorge sobre a dificuldade em denunciar crimes de injúria racial. “Fazemos um alerta aos negros alagoanos, à comunidade LGBTQ+, ao povo da religiosidade afro-brasileira e a qualquer cidadão que seja acometido por qualquer ato discriminatório que é um ato violento, que essas pessoas olhem ao seu redor, busquem nome de pessoas, prova testemunhal, e tentem conseguir provas testemunhais. Todo agressor racista na presença do delegado diz “A minha empregada é negra. Na minha casa as festas são frequentadas por negros”, finaliza.


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ESPERANDO POR VOCÊ

PM viaja de Maceió até o Espírito Santo para adotar criança com microcefalia Guarda de Heloísa, de 1 ano e 3 meses, foi concedida em audiência realizada de forma virtual

teve acesso à rotina da menina e foi orientada sobre todos os cuidados necessários. Agora, o estágio de convivência será acompanhado pela equipe e pelo juiz da Vara da Infância e Juventude de Maceió, que se encarregará de finalizar o processo de adoção.

A CAMPANHA

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MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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doção não é gesto. É simplesmente a realização da vontade de ser mãe. A forma como a criança chega é o que menos importa para nós”. A fala é de Thaís Pereira Maraba, 32 anos, policial militar de Alagoas que viu seu sonho de ser mãe se concretizar com a adoção de Heloísa, garotinha de 1 ano e 3 meses portadora de microcefalia. Heloísa nasceu no estado do Espirito Santo e sua mãe viajou quase 1.500 km para reencontrá-la. É que mãe e filha já conviviam há algum tempo, graças à tecnologia que permitiu esse elo de amor, o encontro de almas, mesmo que de forma virtual. Natural de São Paulo e residente em Alagoas desde os 7 anos de idade, Thaís não tem outros filhos, mas pensa em ter, o que pode acontecer tanto por via biológica quanto por adoção. “Heloísa tem microcefalia entre outras peculiaridades em sua saúde, mas isso não é impedimento para deixar de ser mãe. Ao contrário, qualquer mãe acabaria desenvolvendo ainda mais forças diante das dificuldades de seus filhos”, afirmou a mamãe de primeira viagem. A policial disse que já esta-

va cadastrada no SNA (Sistema Nacional de Adoção) e pretendia criança de até três anos, independente de cor, sexo, deficiência ou doenças. Além do que seu perfil era nacional. Ela relembra que ao assistir vídeos de programas de busca ativa acabou encontrando o canal do TJES (Tribunal de Justiça do Espírito Santo) onde Heloisa participava da campanha Esperando por Você. Thaís confessa que sentiu que Heloísa realmente estava esperando por ela assim que a viu no vídeo do projeto de busca ativa. “Quando a vi parecia eu já tinha desenhado ela na minha mente. E o que senti foi uma saudade no reencontro”. Thaís ensina que enquanto só forem escolhidas crianças “perfeitas”, dezenas de outras padecerão à espera de um lar. “A adoção não é ato de caridade, adoção é expressão de amor in-

condicional. Quem está disposto a ser pai e mãe, ama o filho da maneira como ele é. Pouco importa como ele venha”. Emoção. Foi a palavra que descreveu o momento em que a guarda da criança com fins de adoção foi concedida pelo juiz da Vara da Infância e Juventude de Colatina, Ewerton Nicoli, em uma audiência realizada de forma virtual na semana passada. Heloísa era participante da campanha Esperando Por Você e deixou a instituição de acolhimento para viver com sua família na capital alagoana. Heloísa havia ingressado na campanha de adoção do TJES há cerca de três meses, após terem sido esgotadas as buscas pelo Sistema Nacional de Adoção (SNA), em todos os seus níveis, e também pelo cadastro internacional. Vale ressaltar que em sua decisão, o magistrado destacou

que a pretendente demonstrou preparo e sempre deixou muito claro o desejo de adotar a criança, mesmo sabendo de suas necessidades especiais: “Presenciar o desenvolvimento desta criança, diante de tantas dificuldades, mostrou-me que sua vida possui o mais nobre dos propósitos humanos: o de influenciar positivamente outras pessoas. E foi assim com todos os que tiveram a sensibilidade de olhar para seus olhos e seu sorriso com o coração aberto. Agora ela segue adiante para alegrar e transformar sua própria família”, destacou o juiz do caso. O amor de Taís e Heloísa não poderia mais esperar. Assim, em tempos de pandemia, as equipes técnicas da instituição de acolhimento e do Poder Judiciário do Espírito Santo permitiram a aproximação da criança com a família em Alagoas. Por meio de vídeo-chamadas, Thaís

sperando Por Você visa mudar o futuro de crianças e adolescentes que vivem há anos em instituições de acolhimento do Espírito Santo, especificamente as crianças mais velhas, os grupos de irmãos e aquelas que possuem alguma condição especial de saúde. Atualmente, no Espírito Santo, das cerca de 150 crianças acolhidas prontas para adoção, 86% têm mais de 8 anos de idade, 49% fazem parte de grupos de irmãos e 23,5% possuem alguma necessidade especial. Quando se fala no assunto em Alagoas, os dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), apontam que o estado tem 464 crianças em unidades de acolhimento e 32 aptas para adoção. Em todo o Brasil são 5.069 à espera de um novo lar. Ainda segundo o SNA, são 389 pretendentes no estado. Desde o ano passado, 22 crianças foram adotadas em Alagoas pelo Cadastro Nacional de Adoção. O perfil de criança desejado pelos pretendentes ainda é o principal obstáculo para que as adoções se concretizem.


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POLO TURÍSTICO

Maragogi se prepara para voltar à ‘normalidade’

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m dos polos turísticos mais importantes de Alagoas, Maragogi se prepara para reaquecer a economia, que esteve paralisada por meses devido à pandemia causada pela Covid-19. Até quarta-feira, 10, o município, conhecido como o Caribe brasileiro, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (Sesau), tinha registrado 166 casos e 6 mortes. Hoje, o prefeito Sérgio Lira, que também é médico reumatologista, analisa que as infecções pelo novo Coronavírus em Maragogi estão em fase de estabilização. Essa conquista se deve ao fato da vacinação contra síndromes gripais de parte da população do município, além de outras ações de prevenção. “Fomos além do estipulado pelo Ministério da Saúde para a vacinação contra a gripe. Ampliamos a cobertura vacinal. Então, quando surgia um paciente gripado, entrávamos em alerta: ele poderia estar com a Covid-19”, falou, sobre sua estratégia de combate à pandemia. “Vacinamos idosos, caminhoneiros, grávidas, profissionais da saúde e também pessoas fora do grupo de risco. Nossa UPA se tornou referência para tratamento de síndromes gripais e ainda montamos, com recursos próprios, um hospital de campanha com oito leitos, que também recebe pacientes de outros municípios”, explicou. Todo esquema de prevenção foi intensificado devido à proximidade do município com Pernambuco, estado castigado pela Covid-19. No dia 10 de junho, a pasta da saúde pernambucana contabilizou 41.935 casos e 3.531 óbitos. “Muitos pernambucanos vieram para Maragogi se refugiar e também trouxeram o vírus”, lamentou. A prefeitura do município ainda instalou

um atendimento de call center que entrava em contato com pacientes suspeitos de infecção pelo Coronavírus para averiguar os sintomas e, quando necessário, recomendar assistência médica. Lira também destacou que o combate à Covid no município teve a ajuda do professor de matemática Krerley Irraciel Martins Oliveira e do professor de física Sérgio Henrique Albuquerque, ambos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que montaram um sistema de monitoramento de casos a partir da curva de contágio local. E como será o turismo de Maragogi após a pandemia? Segundo o prefeito, o município se prepara para voltar à ativa dentro das normas de prevenção e segurança no mês de julho. “Temos um grupo de biossegurança para fazer um estudo focado também no turismo. Mas ainda não sabemos se haverá público. Os hotéis vão ter que adaptar o atendimento, sem aglomerações em atividades de lazer, esportivas e em buffets. Pousadas, que comportam menos pessoas, vão ser a ‘bola’ da vez”.

AÇÕES De acordo com a secretária de Saúde de Maragogi, Elba Vasconcelos, a luta contra a Covid-19 também contou com a pulverização com hipoclorito na residência de infectados e em locais públicos; a distribuição de máscaras para feirantes no centro do município; organização de logística para realização e indicação de testes rápidos; e, barreira sanitária na divisa entre Alagoas e Pernambuco, funcionando no posto policial.


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ALAGOAS

Coronavírus é combatido nas comunidades indígenas de AL

Medidas e barreiras preventivas são tomadas para a proteção de mais de 12 mil indígenas

DA REDAÇÃO

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om o aumento das contaminações de Covid-19 em Alagoas, aldeias indígenas se preparam para a prevenção da doença que ameaça o estado e o país. As medidas de precaução vêm originalmente de Brasília, entretanto, o órgão responsável faz alterações para a sua realidade e repassa para os profissionais da saúde de cada um dos 13 polos existentes, explica a enfermeira da sede do Distrito Sanitário Especial Indígena de Alagoas e Sergipe (DSEI-AL/ SE) Isabela Pereira, responsável pelo ponto focal da Covid-19. Para impedir o avanço das contaminações nos povoados indígenas, o DSEI-AL/SE, realiza seminários e palestras em escolas da região para conscientizar os moradores sobre os riscos do vírus, disponibilizando assim, instruções da Organização Mundial da Saúde (OMS), que são as medidas básicas de proteção como, higienizar as mãos e a utilização de máscaras para a proteção individual. Além de medidas educativas, barreiras sanitárias também estão sendo montadas nas entradas das aldeias, como explica Catherine Padilha, nutricionista e uma das responsáveis pelas estratégias de montagem. A nutricionista esclarece que é um processo burocrático já que depende de outros órgãos como a Funai e da ajuda dos municípios para a liberação de materiais essenciais como tendas, mesas, cadeiras e termômetros. Até o momento existem duas barreiras sanitárias ao

Coordenador do DSEI-AL/SE, coronel Ivaldo Melgueiro, destaca ajuda da Funai nas ações de combate à pandemia redor de aldeias indígenas de Alagoas, que se localizam em Porto Real do Colégio e Pariconha, mas de acordo com Catherine, o número dessas barreiras pode aumentar. Para entrar nessas aldeias, o indígena deve passar por uma triagem que mede sua temperatura para saber se há febre e uma entrevista sobre a condição de saúde para identificar quem pode ter os sintomas. Uma das maiores dificuldades encontradas pelos profissionais da saúde é convencer os indígenas da mudança de hábitos, como explica Benício Júnior, secretário executivo do Conselho Distrital de Saúde Indígena de Alagoas e Sergipe (CONDISI-AL/SE), responsável também pela comunicação entre as aldeias indígenas e a sede distrital. Para o secretário, existe certa resistência das aldeias e comunidades indígenas relacionadas ao isolamento social, “No primeiro momento, foi bem complicado, por conta do entendimento da população indígena. Mas com o passar dos

dias, com reuniões semanais dos comitês das lideranças indígenas e dos órgãos como o MPF, Funai e secretarias municipais, já há uma sensibilização das comunidades.” Diariamente, a DSEI-AL/ SE divulga para as aldeias e munícipios os dados de casos suspeitos, casos confirmados e óbitos pelo novo coronavírus. Até a última terça-feira (9), existiam 15 casos suspeitos, 21 confirmados e 1 óbito que está sendo investigado. A aldeia com mais casos confirmados é a de Kariri-Xocó, que fica nos limites de Porto Real do Colégio e tem 17 casos confirmados e 1 uma morte suspeita. De acordo com o farmacêutico Marcelo Maia, responsável pela distribuição de medicamentos, EPIs e materiais necessários para as equipes atuantes nos polos de saúde indígenas, os núcleos não estavam preparados para essa situação, mas com autorização do secretário, todos os equipamentos que eram necessários foram adquiridos e distribuídos. “Toda se-

Equipes de profissinais atuam na prevenção do Covid-19 mana recebemos material de Brasília. Eles veem o nosso estoque, devido ao aplicativo que utilizamos e enviam os materiais que estão se esgotando.”, relata o farmacêutico. Marcelo ainda relata que não houve dificuldade para a compra dos equipamentos,

e que todo o estoque é monitorado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI). Também houve a ajuda de instituições públicas e privadas como a Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau-AL), Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e da Cooperativa Pindorama que forneceram medicamentos e equipamentos para a proteção e cuidados à Covid-19. O coordenador distrital do DSEI-AL/SE, coronel Ivaldo Melgueiro, afirma que existem 12.513 mil indígenas em 30 comunidades de Alagoas e Sergipe, mas está confiante no combate da Covid-19, já que está tendo sucesso com as lideranças indígenas das comunidades e das medidas tomadas pelos profissionais de saúde. O coordenador ainda relata que, com o apoio da Funai, diversas cestas básicas estão sendo entregues nas residências de pessoas mais carentes como forma de minimizar os impactos da pandemia e do isolamento social.


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Teotônio Vilela no enfrentamento à Covid-19 Município tem investido em tecnologia, profissionais capacitados e fiscalizações

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cidade de Teotônio Vilela tem se tornado referência em ações de combate ao Coronavírus. Uma dessas iniciativas foi a criação de uma unidade referência para Covid-19, com atendimento de uma equipe multiprofissional, realização de exames laboratoriais e de eletrocardiograma. O prefeito Joãozinho Pereira acredita que com o diagnóstico precoce é possível combater de forma mais eficaz a doença e por isso, a prefeitura adquiriu máquina de testes e vem realizando cerca de 100 testes rápidos diariamente. Além disso, para manter o isolamento social e fiscalizar possíveis descumprimentos de decreto, a gestão municipal tem usado a tecnologia para as fiscalizações. Através de um drone, o município consegue mapear área, monitorando e evitando aglomerações de pessoas. O equipamento também colabora na fiscalização do distanciamento e do uso de máscaras, em filas e em estabelecimentos como supermercados, bancos e casas lotéricas por parte da população. A prefeitura também já contratou mais de 30 profissionais da saúde para auxiliar em todos os processos necessários, além de equipar todo o sistema de saúde da cidade oferecendo a assistência necessária a todos seus moradores. Ainda contando com a tecnologia, Teotônio Vilela agora disponibiliza de teleatendimentos através da Secretaria Municipal de Saúde. O serviço acompanha e monitora os pacientes com suspeitas ou com diagnóstico confirmado da Covid-19. De acordo com a secretária Izabelle Pereira, através desse monitoramento é possível entender as necessidades do paciente. “Com isso iremos preenchendo quaisquer brechas assistenciais deixadas pela nossa rede, assim, mostrando que estamos vendo cada um de vocês, que nos preocupamos e que estamos à disposição para auxiliar neste momento tão difícil de pandemia mundial”. Nas entradas da cidade também foram instaladas barreiras sanitárias para impedir que pessoas contaminadas entrem no município espalhando ainda mais a doença. Para atender melhor a população, o município também está realizando a entrega de medicamentos de uso contínuo na residência dos pacientes e adquirindo ainda mais equipamentos de proteção para manter os profissionais que atuam na linha de frente seguros. É com essas e várias outras ações que a prefeitura tem se empenhado e se dedicado ao enfrentamento da Covid-19.

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LEI MARIA DA PENHA

Violência doméstica pode estar subnotificada por falta de denúncia Isolamento domiciliar tem aumentado casos em todo o Brasil

SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora de coisa alguma, apenas destruidora”. A frase do filósofo Benedetto Croce, no início do século XX pode facilmente ser imputada à atual realidade em que se vive em tempos de pandemia. Apesar de “velha” conhecida, a problemática da violência de gênero ainda existe e se torna ainda mais explícita neste momento em que o isolamento domiciliar é necessário, mesmo que com seu algoz. O caráter abusivo e possessivo de algumas relações na intenção do homem de mostrar força, impor respeito e criar medo em seus familiares continua fazendo vítimas da violência doméstica mundo afora. Em Alagoas não é diferente. Somente a Patrulha Maria da Penha em Maceió, constatou um aumento sig-

nificativo dos casos de violência doméstica com as vítimas assistidas pelo programa. De fevereiro para março o aumento da violência de mulheres assistidas foi de 381,81% passando de 11 vítimas para 42. Em fevereiro a patrulha registrou 173 atendimentos fiscalizatórios e 5 prisões, já em março os atendimentos passaram para 301 - aumento de 173,98% - e duas prisões. Em abril, outras 47 novas assistidas foram cadastradas no programa, 261 atendimentos foram feitos e cinco prisões realizadas. Os números continuaram em alta no mês de maio com 32 novas assistidas, 296 atendimentos e cinco prisões. Até o dia 8 de junho seis novas mulheres estão sob os cuidados da guarnição, 105 atendimentos já foram feitos e duas prisões efetuadas. Ainda segundo as estatísticas do programa, no período da quarentena, 14 prisões foram realizadas, sendo 6 por descumprimento de medida protetiva e 8 por flagrante de violência física -

Caroline Leahy, da Comissão Especial da Mulher da OAB-AL lesão corporal dolosa. A Patrulha Maria da Penha tem a função de fiscalizar as medidas protetivas de urgência, por meio de visitas preventivas às residências das mulheres encaminhadas pelo Poder Judiciário. A mulher que já faz parte do programa possui atendimento mais célere, pois possui o contato telefônico direto da guarnição. São ações de proteção que tentam coibir qualquer nova ação dos autores da violência. Já os números da Secre-

taria de Segurança Pública (SSP) apontaram que se comparados com o mesmo período de 2019, não houve aumento no número de casos em que a Lei Maria da Penha foi aplicada. Segundo o balanço, em março de 2019, foram registradas 425 ocorrências, em abril 439 e em maio 391. Já em 2020 os números de acordo com os dados são menores: 242 em março, 256 em abril e 214 em maio. Para Caroline Leahy, presidente da Comissão Es-

pecial da Mulher (CEM) da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas, o momento requer atenção e é preocupante. “O número de denúncias diminuiu, mas isso não significa que a violência tenha diminuído, significa que as mulheres nesse período não estão encontrando meios para denunciar, seja pelo confinamento com o agressor ou por não ter como se locomover às delegacias nesse momento de quarentena. Inclusive por não conhecerem meios alternativos de denúncia”. Uma das importantes ações da comissão neste período foi a prorrogação de medidas protetivas de urgência às mulheres em situação de violência doméstica. O pedido foi acatado pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL). “A OAB vem participando de campanhas de divulgação da rede de atendimento às mulheres


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SINAL VERMELHO

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no estado, principalmente destacando que a rede está funcionando durante a pandemia e pronta para atender tanto a mulher vítima de violência, como para acolher e para atender as denúncias feitas por pessoas que presenciarem este tipo de crime, a violência de terceiros”, afirma. Ainda segundo Leahy, a violência física é o tipo mais perceptível e denunciado. “As mulheres ainda têm receio de denunciar por não conseguirem comprovações da violência psicológica, mas é importante destacar que a denúncia deve ser feita seja qual for o tipo de violência, doméstica ou familiar que a mulher vem sofrendo”. Para ela, principalmente neste período de quarentena em que as mulheres estão confinadas com seus algozes, a violência psicológica é mais nítida, mais notória, mais latente e mais sofrível.

ançada nacionalmente na última quarta-feira, 10, uma campanha denominada Sinal Vermelho ampliará a rede de ajuda para mulheres que sofrem de violência doméstica para farmácias. Agora, as vítimas poderão comunicar o caso de agressão a farmacêuticos e atendentes, que auxiliarão no contato com a Polícia Militar. Em Alagoas, 96 estabelecimentos conveniados à Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) participarão em um primeiro momento, mas o objetivo é contemplar os cerca de 1.600 estabelecimentos do estado. As mulheres que sofrem algum tipo de violência podem se apresentar com um “X” escrito de batom ou outro material na palma da mão. O farmacêutico ou atendente as conduzirá a uma sala reservada, discará 190 e chamará a Polícia Militar. Caso a vítima sinta necessidade de deixar o local, o profissional da farmácia anotará o nome completo dela, endereço e telefone. A campanha foi lançada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). No entanto, é importante frisar que os farmacêuticos e atendentes não têm responsabilidade de figurar como testemunhas da ocorrência, eles são os comunicantes.

Neste momento é importante manter o contato com os familiares, com as amigas, principalmente aquelas mulheres que já sabem que vivenciam uma situação de violência dentro de casa que com certeza deve estar se agravando neste período de confinamento. A presidente destaca que o fato de as

mulheres estarem afastadas do trabalho e junto aos homens, que também estão mais em casa, faz com que essa mulher veja cerceado o seu pedido de socorro. “É aí que vem a importância dos laços de amizade, o procurar saber de uma maneira ou de outra, e que essa mulher saiba que não está sozinha”.

CASA ABRIGO Muitas mulheres deixam de denunciar a violência doméstica por não conseguirem sair deste tipo de relação, por medo e até por não ter para onde ir. É por isso que a Prefeitura de Maceió, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, disponibiliza um local seguro que oferece moradia protegida e atendimento integral para essas mulheres. A Casa Abrigo de Maceió – Viva Vida – é a única unidade no estado e tem o papel fundamental de reintegrar, proteger e apoiar as vítimas de violência na capital alagoana. Essas Casas Abrigo funcionam em caráter sigiloso e temporário.

O espaço tem capacidade para atender até 30 mulheres. Em 2019, 12 vítimas de violência foram acolhidas. Elas são encaminhadas pelos órgãos de justiça para estes locais, mas é preciso que se faça a denúncia. APP A luta contra violência doméstica neste período de pandemia está com tanta força que o aplicativo de uma das maiores redes varejistas do Brasil se engajou na causa. O aplicativo Magalu ganhou um botão específico para denúncia de violência doméstica dentro do próprio app. Na campanha que lançou a função, a empresa diz “Ei, moça! Finja que vai fazer compra lá no APP Magalu. Lá tem um botão para denunciar a violência contra a mulher”, diz a publicação realizada no Instagram do Magazine Luiza. A legenda completa diz “Compartilhe essa imagem e ajude a fazer essa mensagem chegar ao maior número de mulheres possível. #EuMetoAColherSim DENUNCIE A Lei Maria da Penha estabelece que todo o caso de violência doméstica e intrafamiliar é crime, deve ser apurado através de inquérito policial e ser remetido ao Ministério Público. Como lei federal ela tem o objetivo principal de estipular punição adequada e coibir atos de violência doméstica contra a mulher. Todas as mulheres em situação de violência doméstica e familiar podem denunciar seu caso através dos canais disponibilizados abaixo: Polícia Militar: 190 Delegacia Interativa: http://www.delegaciainterativa. al.gov.br/ Defensoria Pública: (82) 98833-2914 Patrulha Maria da Penha: (82) 98867-6436 CEAM: (82) 3315-1740, 988676434, central.mdhal@gmail.com OAB: (82) 99104-7116 Central de apoio: 180 CDDM (82) 99922-5202


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Auto estima e pandemia

... ti mesmo

sentimento geralmente fica “em baixa” quando estamos enfrentando algum problema pessoal e mais especificamente quando ocorre uma crise financeira, social ou moral, ou quando afeta a pessoa de modo geral sem uma causa específica. Estou me referindo à autoestima. Às vezes pode ocorrer circunstancialmente e em outros momentos pode se tornar crônico. É preciso conhecer a origem desse sentimento, sendo circunstancialmente, ou crônico. Nos dois casos é necessário investigar. Para isso nada melhor do que se submeter a uma psicoterapia. Muitas vezes a pessoa “colabora” para desenvolver a baixa autoestima. Muitas vezes somos carrascos de nós mesmos, mas não devemos ser. Nessa pandemia é preciso muita resiliência (capacidade de se adaptar com as mudanças com bom senso) para que a

Autoestima alta, como? II

“Olhar” para dentro é difícil e muitas vezes doloroso, mas é extremamente necessário e se a pessoa conseguir torna-se libertador. Afinal de contas como disse Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”. É uma das “receitas” para se viver em paz com os outros, e principalmente, consigo mesmo.

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Ter conhecimento, certeza ou reconhecer os limites é fundamental. Ninguém pode mudar ninguém. Se não pode mudar algo é preciso que aceite.

baixa autoestima não se instale levando a pessoa a desenvolver uma depressão severa. Sempre há uma alternativa para aumentar a autoestima.

Autoestima alta, como? III

Adquirir pensamentos positivos. Em vez de focar nos pensamentos negativos, o melhor foco é como encontrar uma solução e não o que vai acontecer com o que está errado. Focar nos acertos que podem ocorrer.

Autoestima alta, como? IV Autoestima e adversidade

E o que fazer? II

A autoestima é um sentimento que tem um aprendizado, principalmente, familiar, nos primeiros anos de vida, mas também pode desenvolver no ambiente social como escola e trabalho. Autoestima são crenças que foram adquiridas ao longo da história de vida de cada pessoa. Se aceitas ficam com autoestima elevada, se não, perde ou diminui, o que pode levar a pessoa a desenvolver ansiedade, depressão e um sentimento de incapacidade para enfrentar as adversidades.

Se existe uma forma de fazer com que uma pessoa aprenda algo, faça elogios. Mas elogios verdadeiros. Essa é a segunda dica. Elogie quando o filho ou qualquer pessoa fizer algo assertivo. A autoestima da pessoa fica elevada. Fazer uma boa crítica, com argumentos, e em particular, não em público, também é aconselhável. Mesmo num erro a pessoa pode se sentir mais forte para acertar noutra oportunidade e, nesse caso, neutraliza ou pode neutralizar a baixa autoestima. Lembrando que Psicologia não é matemática. Há pessoas que podem apresentar baixa autoestima, mesmo sendo elogiadas. Assim, mais uma vez, é preciso pontuar sobre a importância de se submeter a uma psicoterapia para saber a origem do problema, da baixa autoestima.

Origem

Não existe uma fórmula pronta, acabada para se livrar da baixa autoestima. Mas é preciso, antes de qualquer julgamento, descobrir a origem. Ela se desenvolve, principalmente, no ambiente familiar nos primeiros anos de vida. Se houve um cuidado especial em dar afeto, carinho ao bebê, à criança, o sentimento de baixa autoestima pode ser amenizado, enfrentado com menos traumas. Mas a baixa autoestima pode ter origem no ambiente do trabalho, da escola/faculdade.

E o que fazer?

no ambiente familiar, os pais ou responsáveis podem amenizar ou até evitar que esse sentimento seja um problema no futuro. Veja as dicas... Antes de qualquer julgamento os pais devem aceitar, dar carinho aos filhos, independente se eles estão certos ou errados. O que é certo e o que é errado é muito relativo, é subjetivo. Essa é a primeira dica.

E o que fazer? III Embora o elogiar – verdadeiro – faça bem, naturalmente o contrário faz mal. Mas dependendo da autoestima da pessoa, isso também é relativo. Como vivemos num ambiente em que tudo é instigado a ganhar, ser melhor, ou seja, competir, competir. Muitas vezes esse clima se torna mais agudo à medida que a pessoa faz exatamente críticas contundentes em público, o que só piora se a pessoa já tem predisposição a ter autoestima baixa, que foi aprendido.

Autoestima alta, como?

Não existe forma ou fórmulas prontas, mas pode começar com: diminuindo as expectativas de perfeição. Todos erram. O erro pode ser um excelente catalizador do acerto, futuro.

A confiança e segurança passam pelo entendimento e disponibilidade em lidar com as frustrações. Não é fácil admitir uma frustração. Mas é preciso, antes de tudo, admitir que algo incomoda. Seja um pensamento, um comportamento, um fato e enfrentá-lo.

Autoestima alta, como? V

Somos bombardeados de informação negativa, em que se instiga que “o bom” é ficar calado. Não. Não é. Diga, com sinceridade, o que pensa, expresse suas ideias sem medo.

Autoestima alta, como? VI

Na convivência no dia a dia, escolha pessoas sinceras, agradáveis. Ninguém é obrigado a conviver com pessoas que não respeitam as outras. Seja dono de suas próprias atitudes e escolhas. Se errou na escolha, numa próxima oportunidade acerte.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@uol.com.br Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Eleição do Covidão

PARA REFLETIR:

Pandemia, desorganização, instabilidade política e jogo sujo marcam o adiamento ou não das eleições

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proximamo-nos dos prazos contidos no calendário Eleitoral para o pleito previsto para o mês de outubro. Há no ar, até o momento, uma grande incerteza sobre a realização, adiamento ou suspensão dos prazos e até a possibilidade de prorrogação de mandatos de prefeitos e vereadores (o menos provável). Diante das incertezas e deslizes do governo federal com a pandemia, e um presidente

“brincando” de governar, um Ministério da Saúde completamente perdido em meio a uma crise sem precedentes contaminando e matando milhares de pessoas, sem nenhuma noção de previsibilidade sobre o avanço do Coronavírus, a Justiça eleitoral aguardando uma ação que é Legislativa e um Congresso pensando só em tirar vantagens, fica difícil se fazer um prognóstico.

O calendário eleitoral

As posições divergentes

Enquanto os órgãos públicos que cuidam das eleições (TSE e Congresso) mergulham em uma linha de incerteza, o calendário eleitoral em vigor começa a ameaçar vencer prazos fatais para a realização do pleito. O mês de maio último marcou, no dia 15, o início da arrecadação facultativa de doações por pré-candidatos aos cargos de prefeito e vereador, por meio de plataformas de financiamento coletivo credenciadas na Justiça Eleitoral. Os recursos disponíveis para o financiamento de campanha mediante o Fundo Especial de Financiamento de Campanhas (FEFC), por sua vez, deverão ser divulgados no dia 16 de junho. Pré-candidatos que apresentem programas de rádio ou televisão ficam proibidos de fazê-lo a partir do dia 30 de junho. Já em 4 de julho, passam a ser vedadas algumas condutas por parte de agentes públicos, como a realização de nomeações, exonerações e contratações, assim como transferências de recursos, entre outras. As convenções partidárias para a escolha dos candidatos deverão ser realizadas de 20 de julho a 5 de agosto. No dia 16 de agosto, passa a ser permitida a propaganda eleitoral, inclusive na internet. Os comícios poderão acontecer até o dia 1º de outubro. A divulgação paga, na imprensa escrita, de propaganda eleitoral e a reprodução, na internet, de jornal impresso com propaganda relativa ao primeiro turno, serão permitidas até o dia 2. Já a distribuição de santinhos e a realização de carreatas e passeatas podem ocorrer até 3 de outubro. O horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão passa a ser veiculado de 28 de agosto a 1º de outubro. A Justiça Eleitoral estabeleceu o prazo de 14 de setembro para que todos os cerca de 500 mil registros de candidatura esperados para o pleito de 2020 tenham sido julgados pelos respectivos juízes eleitorais. Já a partir do dia 19 de setembro, candidatos não poderão ser presos, salvo no caso de flagrante delito. Eleitores, por sua vez, não poderão, em regra, ser presos a partir do dia 29 do mesmo mês. O primeiro turno de votação para vereadores e prefeitos acontecerá no dia 4 de outubro; o segundo turno, caso haja, para a eleição de prefeitos em municípios com mais de 200 mil eleitores, ocorrerá no dia 25 do mesmo mês. Todo esse calendário terá que ser modificado no caso da necessidade de adiamento das eleições.

O presidente do TSE, ministro Luis Roberto Barroso, está trabalhando com a ideia da prorrogação pelo menor tempo possível, já tendo externado sua opinião aos presidentes da Câmara e do Senado, que em princípio concordaram. Ele terá nos próximos dias reuniões com especialistas em infectologia para uma orientação em relação à pandemia e seu impacto no sistema de votação. O vice-procurador-geral eleitoral, Renato Brill de Góes, defendeu esta semana a manutenção das datas previstas para as eleições municipais de 2020. O representante da PGR (Procuradoria-Geral da República) explicou a proposta em parecer encaminhado ao Congresso Nacional. Há também uma forte corrente dentro do Congresso contra a prorrogação. O presidente nacional do MDB, o deputado federal Baleia Rossi (SP), disse que até o final deste mês de junho o Congresso definirá se as eleições municipais de 2020 serão ou não adiadas em função do Coronavírus, e que uma decisão consolidada ocorrerá antes de 4 de julho, quando vence nova etapa do calendário eleitoral.

TSE nada fala O deputado federal alagoano João Henrique Caldas (JHC) protocolou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no mês de março, consulta para saber se a pandemia do Coronavírus poderia levar ao adiamento do calendário eleitoral no Brasil, como datas de votação, prazos de pré-campanha, alistamento eleitoral e outros. Até agora o Tribunal não respondeu. O TSE tem, entre suas competências, responder dúvidas que podem levar parlamentares e partidos, por exemplo, a tomar decisões. No órgão, técnicos e ministros consideram ainda ser cedo (?) para dizer se haverá impactos no processo eleitoral por conta do Coronavírus. A expectativa é que se aguarde até julho para análise da situação. “Ocorre, porém, que o imponderável pode se fazer sentir, tornando inviável que o processo eleitoral se dê na forma prevista na Constituição, a exemplo de comoções internas causadas por emergências sanitárias ou mesmo de ordem tecnológica, em um mundo cada vez mais globalizado e dependente de meios telemáticos de informação”, diz o parlamentar.

Uma das vantagens do Coronavírus é que a gente não vai precisar apertar a mão suja do povo. Só dá o dinheiro e pronto”. (De um candidato a vereador).

Centrão é contra O Centrão, grupo parlamentar de grande influência em todas as votações – que agrega políticos do PP, PSD, DEM, PRB, PL, PSC, e Solidariedade – liderado pelo deputado alagoano Arthur Lira (PP-AL), já se pronunciou contra o adiamento. E esse numeroso bloco reúne três condições que faz dele um ator fundamental no parlamento: é numericamente significativo, tem os quadros mais experientes e é o fiel da balança, pois decide para onde vai a política pública, se para o governo ou para a oposição. Não é uma situação fácil de resolver, porque uma mudança no calendário eleitoral não ocorre por normativa do Tribunal Superior Eleitoral ou por projeto de lei. É necessária emenda constitucional. Então, quem define se a eleição vai ocorrer em 4 de outubro é a nossa Constituição. E são necessários 308 votos na Câmara e 57 votos no Senado para modificá-la.

EXPRESSAS

Arapiraca no foco da crise do Coronavírus mostra irresponsabilidade no controle das verbas recebidas para combater a pandemia. Como sempre. Caça aos ratos. Segundo informações da AGU, em pelo menos 12 estados já existem suspeitas consistentes de desvios de dinheiro do combate ao Coronavírus. PF logo entra em ação. Resposta de Bolsonaro sobre o adiamento das eleições: “Tô nem aí. Nem partido eu tenho”. Isso é um presidente pai d’égua.


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De que adiantou?

ELIAS FRAGOSO n Economista

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stamos caminhando para 90 dias da adoção do distanciamento social como remédio único para o problema da contaminação pelo Coronavírus. Durante esse período, na verdade, tivemos as duas ou três primeiras semanas com índices satisfatórios de recolhimento que oscilaram entre 60% a 70% nas grandes cidades (porque nas de menor porte isso nunca aconteceu) e nas capitais. De lá para cá a coisa veio desandando até culminar a

partir da última semana com a absurda, irresponsável e covarde liberação das pessoas dos programas de contenção da epidemia por parte de governadores e prefeitos, que medraram diante da pressão do presidente da República pelo liberou geral e dos empresários sufocados pela falta de auxílio financeiro do governo federal, insensível e incompetente em sua marcha batida enviesada que vai nos custar muito, muito caro. A epidemia trouxe consigo um fenômeno econômico novo, a queda abrupta e simultânea da oferta e da demanda, desarranjando por completo a economia que passou da noite para o dia por uma transformação radical, exigindo novas formas e usos das ferramentas econômicas para atender a nova realidade de “guerra” e criar as condições mínimas necessárias para que as pessoas e as empresas conseguissem sobreviver ao cataclisma que se abateu sobre elas. Qual o que...

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10 milhões dos 70 milhões de pessoas que solicitaram o auxilio emergencial até agora estão a ver navios. Não viram a cor de um único centavo dos mirrados 600 reais mensais prometidos. Pior ainda as empresas: 95% sem acesso a nada até agora. Parece até que povo e empresas são o inimigo a ser abatido, tal o tratamento que este governo vem dando a ele e a elas. Mas como o pior está sempre acompanhado, à tempestade econômica perfeita que se está desenhando à frente, soma-se agora o perigo real e objetivo do país ver o número de óbitos crescer vertiginosamente daqui para frente por conta do liberou geral promovido – agora em conjunto – por presidente da República, governadores e prefeitos. Este país está à beira de um precipício econômico com queda do seu PIB para algo em torno de -8%, somada a uma forte recessão e, por con-

ta de medidas absolutamente incongruentes em termos sanitários, de ser ver impedido de reagir adequadamente por ter sido obrigado a fechar tudo de novo para afinal controlar a epidemia. Isso pode acontecer de fato. Nunca na história das pandemias liberou-se a circulação de pessoas e o funcionamento da economia em plena fase de seu pico. Isso é uma loucura que certamente irá entrar para a história. Pelo número de mortes desnecessárias que irá provocar, pela brutalidade da crise econômica em que o país vai embarcar e pela inusitada – e errada – medida sanitária que está sendo tomada. Nunca este país precisou tanto de líderes. Não dos caquéticos ou ladravazes que aí estão. Mas de lideranças renovadas com gente de valor, respeitabilidade e competência. Este país não merece isso. Definitivamente.

sentado e eu resolvemos visitar a Gazeta de Alagoas e solicitar um espaço em sua página esportiva para que levássemos aos leitores como era tratado o esporte dentro daqueles altos muros do velho casarão. E foi assim que Renan Rosas, gerente da Gazeta na Rua do Comércio, responsabilizounos pela coluna semanal “Esportes no Colégio Diocesano”. Cada um de nós três tinha um dia para assinar. E assim, para nosso prazer e entusiasmo dos outros colegas, passamos esses dois anos escrevendo naquela página. Interessante lembrar como eram descritos os gols, que se escrevia “goals”, o jogo que se denominava também como “porfia”, “pugna” ou mesmo “peleja”. Imaginem eu descrever meu próprio gol? Pois era ponta de lança da minha classe. Já em

meados de 1959, Renan sugeriu que eu assinasse uma coluna intitulada “Mosaicos Esportivos”, onde poderia comentar, também, sobre acontecimentos esportivos em geral. Quando dos dias de publicação, morava na Rua do Macena, ficava ansioso pelo jornaleiro fazer a entrega, abrir a página esportiva e ver meu nome assinando uma coluna. Mudança de colégio, início de trabalho, tudo concorreu para afastar-me do que tanto gosto. Expressar meus sentimentos no papel. Só em 2006, retornei à mesma Gazeta pelas mãos de Ênio Lins, publicando artigos na página “Opinião”, onde fiquei até meados de 2017, quando fui presenteado por Fernando Araújo com este espaço no EXTRA, onde até hoje me esforço para corresponder-lhe.

10 milhões dos 70 milhões de pessoas que solicitaram o auxilio emergencial até agora estão a ver navios. Não viram a cor de um único centavo dos mirrados 600 reais mensais prometidos. Pior ainda as empresas: 95% sem acesso a nada até agora. Parece até que povo e empresas são o inimigo a ser abatido, tal o tratamento que este governo vem dando a ele e a elas.

Como tudo começou

VICENTE LIMONGI NETn Jornalista e servidor aposentado do Senado

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uem dos leitores lembra como eram vistos ou revistos os gols da era antes da televisão? As emissoras de rádio mostravam-nos as gravações. Mas na mídia impressa eram desenhados um lado do campo e umas figurinhas representativas de jogadores com uma linha pon-

tilhada entre um e outro, e uma bolinha, como se fosse um passe. Aí era um jogador no meio de campo, lançando para um ponta, esquerda ou direita, e esse cruzando para o centroavante fazer o gol. Ou então eram descritos pelo repórter esportivo os lances que resultavam em gols. Foi exatamente nessa época, nos anos de 1958 e 1959, eu tinha entre 14 e 15 anos, que senti a impossibilidade de nossos entes queridos saberem o que se passava nas lides esportivas do velho Colégio Diocesano, da Rua do Macena. Não existia nenhum tipo de cobertura jornalística. Depois de conversarmos bastante, colegas da época, Isnaldo Bulhões, hoje conselheiro aposentado do Tribunal de Contas, Carlos Jorge Bezerra Barros, agora procurador de Justiça também apo-

Foi exatamente nessa época, nos anos de 1958 e 1959, eu tinha entre 14 e 15 anos, que senti a impossibilidade de nossos entes queridos saberem o que se passava nas lides esportivas do velho Colégio Diocesano, da Rua do Macena.


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n Aposentada da Assembleia Legislativa

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e houve uma pessoa que marcou minha vida, foi meu pai. Desde tenra infância éramos amigos e suas frases sempre me marcaram. Em 1945 ouvi fogos e o rádio dando notícias incessantes dos acontecimentos ocorridos no mundo inteiro. Assustada, perguntei: “O que é isso? “Ao que meu pai respondeu: “É o fim da guerra. Alegre-se!” No Natal de 1947, esperei ansiosa pelo Papai Noel e, finalmente, adormeci. Vi aos pés da cama uma boneca negra. Fiquei com medo. Chorei e não quis o presente. Minha mãe brigava comigo e ele só olhava para mim. Sen-

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Meu velho guru

ALARI ROMARIZ TORRES

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tou-se ao meu lado e começou a falar de preconceito. E eu replicava: “Sabino ganhou um birô para estudar e eu uma boneca negra”. E ele insistia nos conselhos! Em maio de 1949, fomos vítimas de uma enchente na entrada do Poço. Saímos pelos fundos da casa, com muita chuva. A ponte do Salgadinho estava inundada e escorregadia. Ele, pegando na minha mão, com meu irmão José no braço, dizia: “Tenha calma, nada vai acontecer. Chegaremos já na casa de seu tio”. Ainda hoje, tenho relances dos fatos ocorridos naquele fatídico dia. Com 12 anos fui estudar no Instituto de Educação. Minha mãe foi contra. Procurei uma amiga de meus pais, que era amiga do diretor da escola e pedi que me levasse a ele. Acertamos tudo, mas o professor disse que, como eu era menor, precisaria de autorização de meu pai. Falei com ele, resolvemos tudo e, só depois de matriculada, levamos o fato para minha mãe. Assim fui crescendo: estudava pela manhã e trabalhava com ele no seu escritório no segundo horário. Com ele aprendi a redigir, contabilidade, fazia os pagamentos mensais e já ganhava salário mínimo com 12 anos. Ia às festas da Portuguesa, devidamente acompanhada por meus pais e lá comecei a namorar com Rubião.

Todos pensavam que ele, meu pai, não sabia do namoro, mas conversávamos muito sobre o assunto. Quando viajava ao Rio de Janeiro para encontrar o namorado, minha mãe achava que todos iam falar mal de mim, e ele me dizia: “Se você não se respeitar, nem ele a respeitará. Vá em paz”. Comecei a trabalhar na Assembleia Legislativa aos 18 anos. Lá cheguei com a cabeça cheia de advertências: “Trabalhe com roupas discretas, não aceite brincadeiras dúbias, respeite os outros, para ser respeitada”. Nas fases críticas de minha vida, ouvia de meu pai sábios conselhos. Certa vez, em 1966, sofremos um acidente de carro. Chegando ao Rio, passei um telegrama: “Chegamos Rio; aguarde carta”. Minha mãe vibrou achando que tudo tinha corrido normalmente. “Não”, disse ele, “Ela não disse chegamos bem; algo aconteceu”. Eu já casada, trabalhando em Recife, ele me chamou para pedir que olhasse pelo irmão mais velho. “Sabino não pensa no futuro; não o deixe morrer no SUS”. Quando o irmão adoeceu gravemente, tinha tentado cancelar o plano de saúde. Graças a Deus não conseguiu e foi muito bem atendido pela Copamedh, na Santa Casa de Misericórdia. Claro que meu pai foi lembrado. Era terrivelmente apaixonado por

minha mãe e, mesmo quando ela errava conosco, ele não a desautorizava. Insistia: “Tenha calma, sei que você tem razão; depois falo com ela”. E não falava! Ainda hoje, com 79 anos, tendo perdido ele antes dos 40, lembro-me constantemente de seus conselhos, das pessoas que foram ajudadas por ele, dos parentes e amigos que adoeceram e morreram em nossa casa. Vez por outra, chegavam alguns de Penedo, para resolverem problemas em Maceió. Em 1979 fui morar pela terceira vez no Rio de Janeiro. Ao despedir-me dele chorando, ele disse no meu ouvido: “Você não me verá mais”. Morreu em maio daquele ano. Não estou falando de nenhum herói. Apenas de um homem que, somente com o curso primário, chegou, através de concurso, a ser auditor Fiscal do INSS. Lia muito, escrevia poesias, sonhava com um futuro bem melhor. Criou 8 filhos, ajudou muita gente, um socialista visionário. Esse era meu pai, João Romariz. No momento atual, antes de dormir, converso com ele, conto meus problemas, peço conselhos. E ouço respostas! Desejo a cada um dos meus leitores um pai igual ao meu. Deus existe! Não duvidem.

Comecei a trabalhar na Assembleia Legislativa aos 18 anos. Lá cheguei com a cabeça cheia de advertências: “Trabalhe com roupas discretas, não aceite brincadeiras dúbias, respeite os outros, para ser respeitada”.


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A SAÚDE DE ALAGOAS ANDA DOENTE:

O descaso do poder público com os profissionais de saúde

ISRAEL LESSA

n Ex-superintendente Regional do Trabalho

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ssas semanas foram especialmente tristes para mim e para minha família. Por causa da pandemia, perdemos dois tios e vários amigos que deixarão grande vazio em nossos corações. Sei que quando falamos dos efeitos da Covid-19, não nos limitamos a comentar estatísticas, mas importantes e insubstituíveis vidas. Se não bastasse o sofrimento que o vírus impõe à população, ainda estamos sujeitos às barbaridades de

gestores públicos que fazem da doença uma disputa política. Polarizam o debate entre os que querem abrir a economia a qualquer custo e os que preferem o lockdown. Entre os que acham que a cloroquina é remédio e aqueles que pensam que é veneno. No Brasil, enquanto choramos mais de 39 mil mortes, a credibilidade do governo federal, que já vinha derretendo após a saída de dois ministros, parece valer muito pouco após o escândalo de domingo, quando além de omitir o número total de mortos, passou a faltar com a transparência para o povo brasileiro e para o mundo. Em Alagoas, estamos à beira do caos, no limite de ocupação de 80% dos leitos de UTI, com mais de 18 mil pessoas contaminadas e quase 700 óbitos. Por aqui, a Covid-19 piorou o que já era ruim. A saúde em Alagoas sempre foi precária e o governo envolvido em escândalos de desvios e má gestão dos recursos públicos. Quem já esqueceu da operação deflagrada pela PF no final de 2019 que constatou corrupção nos serviços de

próteses e materiais médicos? Mandados de prisão foram cumpridos na Secretaria de Saúde de Alagoas (Sesau) e no Hospital Geral do Estado (HGE). Será que aproveitam a Covid para abafar esse absurdo? Por isso, é que no meio de tanta incompetência e má-fé, agradeço a quem realmente vem fazendo a diferença no combate à pandemia e na proteção de todos os alagoanos. Quero prestar a minha homenagem a todos os profissionais da saúde de Alagoas e, em especial aqui de Maceió, onde a pandemia nos atinge com mais força. Meu carinho e reconhecimento a todos os médicos, enfermeiros, técnicos, radiologistas, maqueiros, psicólogos, assistentes sociais, auxiliares, motoristas de ambulância, socorristas... Enfim, a todos aqueles que dão sua saúde para cuidar da nossa. Infelizmente, a única coisa que esses profissionais vêm recebendo do poder público federal e estadual é o descaso. Ao invés de travar batalhas políticas, deveriam valorizar

esses profissionais que vêm sendo ma tratados desde a reforma trabalhista com a perda de vários direitos. A recente MP 927 tentou impedir que a Covid-19 fosse considerada como doença acidentária, atingindo diretamente esses profissionais que se arriscam encarando o vírus no seu ambiente de trabalho. Aqui nos estabelecimentos de saúde alagoanos, muitas vezes sem as proteções que deveriam ser fornecidas pelos empregadores, conforme várias denúncias. Querem inclusive colocar a culpa da crise econômica nas costas desses nossos profissionais, impondo o congelamento dos vencimentos por dois anos. Um tremendo absurdo. Uma tremenda injustiça. Profissionais da saúde merecem o reconhecimento e a valorização urgente do poder público federal e estadual e não basta só “tapinha nas costas”. Tem que melhorar urgentemente salário e condições de trabalho.

Em Alagoas, estamos à beira do caos, no limite de ocupação de 80% dos leitos de UTI, com mais de 18 mil pessoas contaminadas e quase 700 óbitos. Por aqui, a Covid-19 piorou o que já era ruim.


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PARIPUEIRA

O Prefeitura inaugura Centro de Triagem para combate à Covid-19

município de Paripueira, que chegou a ser destaque nacional em informe do Ministério da Cidadania por ser um dos que mais demoraram para confirmar casos de Coronavírus em Alagoas, segue trabalhando firme na prevenção e propagação de cuidados em relação à Covid-19. Na quinta-feira, 11, foi inaugurado o Centro de Triagem para pacientes com suspeita de Coronavírus no município. O local é caracterizado pela capacidade em diminuir o fluxo de pacientes em unidades de saúde. O Centro de Triagem é apenas uma das ações tomada pelo município para o enfrentamento à pandemia. Equipes auxiliam na higienização de pontos de maior fluxo, como praças, vias principais, mercado público e casa lotérica, onde também foram instaladas tendas e cadeiras para organizar as filas. “Instalamos lavatórios e totens com álcool em gel em algumas vias públicas, mantemos rigorosamente a limpeza e desinfecção das ruas, distribuímos máscaras às famílias mais vulneráveis socialmente, assim como cestas básicas e kits de merenda escolar”, conta o prefeito Haroldo Nascimento. Além da prevenção, Haroldo Nascimento reduziu salários, e cortou em 50% o seu e o do vice-prefeito por conta da pandemia do Coronavírus para que o valor possa ser investido no combate à Covid-19. Segundo o prefeito, houve ainda redução de 20% nos salários de secretários e procurador-geral do município. Manter a população informada, como recomenda a Organização Mundial da Saúde, também é crucial no combate ao novo Coronavírus e, para isso, um carro de som percorre a cidade levando informação para a população. Sobre as medidas de isolamento social, o futuro do município, que até a quinta, 11, registrava 46 casos confirmados e quatro óbitos, será decidido pelo governo estadual. “Vamos continuar seguindo o Estado e autoridades sanitárias, reforçando as orientações junto à população “, frisou o prefeito Haroldo Nascimento.


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PILAR

Renato Filho prioriza Saúde e Economia no enfrentamento à Covid-19

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Prefeitura Municipal do Pilar vem trabalhando diariamente no enfrentamento à Covid-19 na cidade. Com um dos menores índices de infectados da Região Metropolitana de Maceió, o prefeito Renato Filho e o secretário Municipal de Saúde, André Moraes, seguem à risca as recomendações de especialistas e do governo estadual. Além da distribuição de máscaras e álcool em gel, a saúde do Pilar está bem equipada com medicamentos para o enfrentamento ao novo Coronavírus. Ao todo, o município tem mais de 17 mil comprimidos de azitromicina, mais de 8 mil comprimidos de ivermectina e 2400 comprimidos de hidroxicloroquina. “Entregamos máscaras, álcool em gel e detergentes para as pessoas mais carentes; fazemos diariamente a sanitização de ruas, residências e estabelecimentos comerciais; criamos uma unidade Sentinela para atender os pacientes; disponibilizamos tomografias que saem no mesmo dia; e, estamos fazendo fiscalização de filas e aglomerações”, explica o prefeito Renato Filho. Conforme o secretário André Moraes, o paciente vai para a unidade de saúde, passa por uma triagem e vai para a avaliação médica. “Isso é só para os pacientes com síndromes gripais. Caso seja necessário ser feito um eletrocardiograma, o paciente vai fazer e pegar o resultado do exame no dia seguinte”. Além da saúde, outro setor importante é a economia do município, que, por sua vez, não foi deixada de fora. “Entregamos bags e bikes para quem quer trabalhar por meio de delivery”, conta o prefeito.

Para que o trabalho de prevenção continue, ele garante que “as ações de detecção precoce serão continuadas, além de aumentar testagem e abrir leitos de estabilização no hospital. “Durante o São João, vamos proibir os festejos juninos, fogos e fogueiras. Acredito que precisamos unir esforços neste combate ao vírus para que as vidas sejam salvas”, enfatiza. Em relação à reabertura do comércio local, Renato Filho avalia que será necessária uma orientação do governo do Estado para que possam ser determinadas as ações futuras. “Nós vamos seguir a orientação do governo do Estado com relação ao decreto. Tudo que eles estabelecerem, vamos seguir. Estamos sendo rígidos no combate à Covid-19”.


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Sodexo

Home office

Jornanda de trabalho

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Congresso Nacional pode alterar nos próximos meses a Medida Provisória 936, que autoriza a redução de jornada para os trabalhadores, e a 944, que libera crédito para pagamentos de salários e foca em micro e pequenas empresas. O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta semana. Ele defendeu que o Congresso precisa agir rápido para garantir a renovação e o aperfeiçoamento das medidas provisórias.

Falando em emprego e jornada de trabalho. A quarentena e adoção em grande escala do home office está fazendo cerca de 62% dos profissionais se sentirem mais ansiosos e estressados com o trabalho do que estavam antes. Os dados são de uma pesquisa do LinkedIn com 2 mil pessoas realizada em abril. Por outro lado, 33% dos entrevistados consideram que estão mais produtivos por causa da redução de interrupções relacionadas ao ambiente do escritório.

Auxílio emergencial Os brasileiros que suspeitam de fraudes no pedido de auxílio emergencial com o uso dos seus dados podem consultar a página do benefício através do portal Dataprev. Nessa página não é necessário autenticação via SMS. Para conferir, basta o cidadão informar CPF, nome completo, nome da mãe e data de nascimento. Na página também é possível conferir dicas de como se proteger de possíveis golpes.

O cartão de vale alimentação Sodexo entrou no mercado atualmente dominado por Uber Eats e Ifood e pode trazer mais uma plataforma para disputar a preferência dos usuários. Nas três primeiras semanas de testes da nova estratégia de entrega de comidas, a Sodexo entregou mais de mil refeições nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. O projeto marca a ampliação do foco no Brasil e pode chegar em breve a Alagoas. O estado está na mira devido a parceria com o aplicativo Rappi, que já atua em território alagoano.


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NO PAÍS DAS ALAGOAS

Uma decisão sutil

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ão de Açúcar, município do Sertão alagoano, estava vivenciando um processo eleitoral dos mais acirrados de sua história. De um lado, Elísio Maia, um dos coronéis mais temidos da política alagoana. Do outro, uma dupla formada por Jorge Dantas e Cacalo, dois jovens políticos que entendiam que chegara a hora de tomar o poder das mãos do velho cacique. Elísio Maia mandou dar um banho de pichação na cidade: VOTE EM ELÍSIO MAIA PARA PREFEITO. Os adversários, em provocação, onde havia uma pichação de Elísio, colocavam um Não, em letras garrafais, na frente do slogan, que assim ficava: NÃO VOTE EM ELÍSIO MAIA PARA PREFEITO. Dia seguinte, a casa de Elísio Maia amanhecera coalhada de partidários, querendo uma satisfação. Não aceitavam aquele deboche. As sugestões eram as mais radicais possíveis. Era um clima de guerra. Elísio Maia acalmou a todos com o compromisso de que daria uma resposta à altura. Convocou seus pichadores e deu a ordem: - Onde tiver NÃO VOTE EM ELÍSIO MAIA, coloquem uma vírgula e escrevam PRA VER!

TEMÓTEOCORREIA

n Ex-deputado estadual


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FERNANDO CALMON

n fernando@calmon.jor.br

FCA e TIM firmam acordo para internet a bordo

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epois de negociações longamente amadurecidas, a FCA e a operadora de telefonia celular TIM fizeram um acordo para que a nova central multimídia de 7 pol. Uconnect receba um chip para internet com Wi-Fi a bordo. Essa informação ainda não se tornou pública. Segundo minha fonte, isso deve acontecer em outubro para as marcas Fiat e Jeep. A central Uconnect, a primeira no Brasil que permite conexão sem fio para celulares e que facilita o uso de aplicativos de rotas como Waze, Google Maps ou Here tanto para telefones com o sistema operacional Android quanto iOS (Apple), foi anunciada como exclusividade da nova picape Strada. Outra vantagem desse sistema é que uma vez feita a primeira conexão, as posteriores são automáticas. Então, se você esqueceu ou extraviou o cabo não há problema para usar os aplicativos de rota tão úteis. A pandemia, no entanto, atrasou os planos de produção da Strada. O SUV cupê Nivus, cuja produção começou na semana passada, poderia chegar às concessionárias alguns dias antes e a nova central VW Play oferece a mesma facilidade. Mas a Fiat já começou a oferecer a Uconnect também na Fiat Toro, garantindo a primazia. A GM foi a primeira no Brasil a oferecer internet a bordo no Cruze, Onix, Onix Plus e Tracker. O chip tem custo de utilização, cobrado à parte pela operadora. CONFIANÇA, BOLSA E DÓLAR ALIVIAM PESSIMIMO GERAL

O balanço de vendas, produção e exportações, como se esperava, foi bastante negativo em maio. As quedas em relação ao período de janeiro a maio de 2019 alcançaram, respectivamente, 37,7%, 49,2% e 44,9%. Além de grande parte das concessionárias com seus departamentos de vendas presenciais fechados, os principais Detrans do País continuaram sem executar os emplacamentos em razão da pandemia do Covid-19. No entanto, um dado interessante não passou despercebido na videoconferência mensal da Anfavea com os jornalistas. Pesquisa do índice de confiança do

consumidor, no contexto de macroeconomia, inverteu a curva de queda pela primeira vez desde que começou a cair fortemente no início do ano. Para o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, “as primeiras autorizações para reabertura parcial do comércio e das concessionárias juntaram-se à esperança da volta gradativa do trabalho e da produção. A impressão é de que se chegou ao fundo do poço. Muda a percepção da sociedade em relação ao futuro. A economia de um país vive também de expectativas”. Os estoques na soma de concessionárias e pátios dos fabricantes, ainda muito altos, diminuíram bem de 119 para 97 dias, ainda assim quase três vezes superiores ao normal. Outros dois indicadores econômicos, porém, mostram surpresas animadoras. As quedas na bolsa de valores de São Paulo em 2020 reduziram-se para 15% (depois de afundar cerca de 50% no começo da pandemia); em relação a um ano atrás as perdas foram zeradas. O valor do dólar recuou de quase R$ 6,00, no pico do pessimismo, para R$ 4,90 no começo desta semana, aliviando pressões de custos que vêm sendo repassados parcialmente para os preços dos veículos. Uma linha de crédito especial negociada entre o governo e os bancos ligados aos fabricantes de veículos também dará suporte a prazos mais elásticos de financiamentos ao consumidor e às concessionárias. Deve continuar a tendência de postergação das primeiras prestações, em alguns casos por seis meses ou mais. Isso dá tempo ao comprador para reorganizar seu orçamento. A Anfavea também reviu sua projeção de venda anual. Estimou a queda em 2020 sobre 2019 em 40%, ainda sem previsões sobre produção e exportação por depender da reação do mercado dos países clientes do Brasil.

Mercado mundial decarros elétricos

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coronavírus também impactou as perspectivas de curto prazo para veículos elétricos puros (VEs), aqueles movidos só a bateria. A queda brutal do preço do petróleo (agora em recuperação) tirou competividade de fontes alternativas limpas a partir das energias solar e eólica. De janeiro a abril, o maior mercado de VEs do mundo, o chinês, caiu 50% enquanto a venda geral encolheu 35%. Os dados são da LMC Automotive, parceira da consultoria brasileira Carcon. Mas para esse ponto negativo há outros positivos. Na Europa, por exemplo, enquanto o mercado geral de veículos caiu no mesmo período 36% (quase igual ao Brasil de janeiro a maio), os elétricos subiram 38%, embora a partir de números muito baixos de participação, o que gera distorções estatísticas. Muitos governos europeus estão subsidiando a compra de um VE. O governo francês, por exemplo, aumentou o incentivo para 7.000 euros (R$ 40.000) para pessoas físicas, o que além de elevado não parece sustentável. Outro resultado positivo foi na América do Norte: a queda de venda dos elétricos de 17% foi um pouco menor que o encolhimento total do mercado (21%). Mas a consultoria não mudou sua projeção para 2032. Estima que serão vendidos18 milhões de carros elétricos em todo o mundo, aproximadamente 16 % do mercado global anual, sem incluir os híbridos. __________________ www.fernandocalmon.com.br


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BARRA DE SANTO ANTÔNIO

Prefeita corta o próprio salário e investe no combate à Covid-19

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município de Barra de Santo Antônio, que tem um dos menores índices de infecção pelo novo Coronavírus em Alagoas, continua atuando para combater ainda mais a propagação da Covid-19. Atitudes como a distribuição de máscaras de forma gratuita e a instalação de pias públicas são apenas algumas das ações realizadas pela prefeita Emanuella Moura (PSDB). Uma das primeiras atitudes diante da pandemia que assola o mundo foi a iniciativa de realizar o corte de 50% do próprio salário para direcionar os valores para a saúde pública e atendimento social durante a pandemia do Coronavírus. Além da prefeita, a vice-prefeita do município, secretários, Procuradoria Geral do Município e diretores de órgãos também tiveram os valores cortados. Dando exemplo de responsabilidade, a Prefeitura da Barra também tem seguido os decretos estaduais e as recomendações preventivas das autoridades de Saúde. Até o momento, além da distribuição de máscaras, foram realizadas distribuição de álcool em gel na periferia e centro da cidade, desinfecção das ruas, entrega de kit merenda para alunos da rede pública municipal, entrega de cestas básicas em parceria com o Estado e orientação em domicílio sobre

medidas preventivas. “Precisamos nos unir e amparar quem mais precisa do poder público, por isso essa decisão de reduzir o meu salário, o da vice-prefeita, de secretários”, explica a prefeita sobre o corte nos salários. Em relação às próximas ações, a chefe do Executivo municipal garante que seguirá as recomendações propostas pelos especialistas. “Vamos continuar seguindo os decretos estaduais sobre a pandemia e cuidando para manter as medidas de prevenção no município”. Além das ações dentro do município, a prevenção também pode ser encontrada nas divisas, com a criação de barreiras sanitárias nas entradas e saídas do município. Equipes da Secretaria Municipal de Saúde abordam os veículos para medir temperatura dos passageiros, falar sobre as medidas de prevenção à doença e orientar sobre o uso correto das máscaras de proteção. Todos os passageiros passam por aferição de temperatura, e, caso apresentem temperaturas elevadas, são encaminhados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Na Barra de Santo Antônio, até a quarta,10, foram confirmados 47 casos de pessoas com o novo Coronavírus, e quatro óbitos foram registrados pela doença.

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ABCDOINTERIOR Nezinho não abriu

Combate à Covid-19

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deputado Ricardo Nezinho continua como pré-candidato a prefeito de Arapiraca. Fontes fidedignas informaram a este colunista que ele jamais indicou algum membro de sua família para ser o pré-candidato a vice-prefeito numa possível chapa encabeçada por Luciano Barbosa.

Nas duas últimas semanas a população de Arapiraca acompanhou apreensiva o crescimento do número de casos de coronavírus no município. O salto de 387 casos registrados no dia 27 de abril, para 1.275 no dia 9 de junho, embora confirme a tendência de avanço do vírus no interior do estado, é também o reflexo bom trabalho de prevenção realizado pela prefeitura para identificação dos casos com maior agilidade.

Votação expressiva “Na verdade, Nezinho obteve uma expressiva votação em 2018 para deputado estadual, o que lhe credencia sem dúvida alguma para disputar a sucessão do prefeito Rogério Teófilo”. Vejamos: no estado ele obteve 43.961 votos, dos quais 20.321 só em Arapiraca.

Acesso aos testes

Ninguém viu

Vai à luta

Em meio à pandemia do novo coronavírus, três vereadores de Lagoa da Canoa prometeram, na presença do deputado estadual Jairzinho Lira, doar parte de seus salários a famílias carentes da terra do poliinstrumentista Hermeto Pascoal. Até o momento ninguém viu um centavo sequer dos parlamentares.

Com apoio do senador Renan Calheiros, o prefeito de Traipu, Cavalcante, decidiu que vai disputar a reeleição. “Sou pré-candidato. Essa decisão tomei depois de consultar nossos eleitores e correligionários”, observou o prefeito, que afirmou que abriu um diálogo permanente com a população para tomar a decisão.

Pequena doação A propósito, Jairzinho Lira, que é candidato a prefeito pela oposição, fez apenas uma pequena doação de cestas básicas. Bem que poderia melhorar a assistência à população carente, que vem sofrendo com esse vírus letal. A ausência do deputado naquele município tem gerado críticas até mesmo por parte de aliados.

PT com MDB Em reunião, o PT arapiraquense decidiu apoiar uma aliança com o MDB visando à disputa pela Prefeitura de Arapiraca nas eleições deste ano. Doze membros do partido disseram sim, contra nove que foram contrários à união. Apenas um membro da diretoria esteve ausente. O PC do B é outro partido que vai se juntar ao MDB na disputa pela prefeitura da cidade mais importante do interior alagoano.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Melhor perfil Cavalcante revelou que vem conversando com as lideranças políticas do município e que o vice para compor a sua chapa será alguém com o melhor perfil.

Perdeu apoio Com a decisão de Cavalcante, a pré-candidatura da ex-prefeita Conceição Tavares perdeu força e, provavelmente, ela não disputará as eleições majoritárias de Traipu. Conceição tinha como maior trunfo o apoio da atual administração

municipal.

Com a correta decisão do prefeito Rogério Teófilo de aumentar o acesso da população aos testes rápidos, o município ampliou a identificação precoce de pessoas infectadas. Essa e outras medidas estão permitindo o isolamento e o tratamento dos pacientes, em algumas situações, antes mesmo do início dos sintomas da Covid-19, impedindo a evolução da doença para um caso grave e evitando que assintomáticos ou pessoas com sintomas leves possam contaminar mais pessoas.

Medidas de prevenção As medidas de prevenção da Prefeitura de Arapiraca têm se mostrado eficientes com o percentual de recuperados – cerca de 50% de todos os casos já registrados – e o baixo número de internações, como observado nos boletins oficiais da Secretaria Municipal de Saúde que no dia 9 de junho demonstrou que dos 120 leitos ocupados no município, apenas 24 eram utilizados por moradores da cidade.

PELO INTERIOR ... Com mais de 3 mil testes rápidos realizados, cerca de 7 mil pessoas em isolamento, monitoramento remoto de mais de 2 mil casos, a Prefeitura de Arapiraca demonstra organização e seriedade no combate à pandemia do coronavírus. ... Mas alguns fatores podem comprometer todo o trabalho das equipes do município, transformando um cenário de recuperação promissor numa situação incerta. ... A baixa adesão da população às medidas do isolamento social e a pequena oferta de leitos do governo do Estado preocupam especialistas e profissionais da saúde. ... O município, responsável pelo atendimento de 1,1 milhão de pacientes do Agreste e do Sertão de Alagoas, tem hoje apenas 139 leitos, 80% deles ocupados por moradores das outras 46 cidades da segunda macrorregião do estado. ... Ainda sobre a Covid-19 em Arapiraca. O site de notícia 7Segundos denunciou que um estabelecimento comercial que, por decreto estadual não deveria estar funcionando, não só continua faturando em período de pandemia como também coloca a população em risco. ... De acordo com o site, a loja estava com as portas abertas na terça-feira (9), e os clientes estão sendo atendidos por funcionários que estão doentes ou suspeitam estar com a Covid-19. ... A propósito, populares circulam no Centro da cidade e não seguem regras ou recomendações de especialistas, se expondo à infecção do vírus que tem tirado a vida de muitos arapiraquenses. ... Diversos profissionais de saúde perderam a vida. Fátima Duarte, Francisca Amaral e Iza Castro, irmã do jornalista Igor Castro, foram vítimas recentes do novo coronavírus. Outro profissional que faleceu foi o médico Marden Washington, que trabalha na Unidade de Emergência Dr. Daniel Houly. ... Os diretórios municipais de Arapiraca do PT e do PCdoB se reuniram e decidiram por uma aliança com o MDB para disputar a Prefeitura de Arapiraca nas eleições municipais deste ano. ... O MDB falta decidir, no entanto, quem será o candidato a prefeito. Pelo andar da carruagem, o vice-governador Luciano Barbosa e o deputado estadual Ricardo Nezinho vão medir forças na convenção do partido que deverá acontecer em julho ou início de agosto próximo. ... Aos nossos leitores desejamos muita saúde e paz. Nunca é tarde para lembrar que o isolamento social é, no momento, a nossa melhor arma para combater esse vírus letal. Até a próxima edição!


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AMBIENTE

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Fake news ambiental

Hábitos on-line

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ada pequena atividade realizada on-line tem um custo para o meio ambiente. Seja enviar mensagens, e-mails, conversas por vídeo ou até mesmo uma pesquisa no Google. A energia necessária para rodar dispositivos e alimentar redes sem fio libera algumas gramas de dióxido de carbono. Além disto existem os datacenters e os servidores, necessários para armazenar, processar e distribuir todo conteúdo que consumimos na internet, que talvez sejam os maiores consumidores de energia. Embora a energia necessária para fazer uma simples busca na internet ou enviar um e-mail seja pequena, aproximadamente 4,1 bilhões de pessoas (53,6% da população global) estão conectadas hoje. Ou seja, esses pequenos fragmentos de energia, e os gases de efeito estufa associados a cada atividade online, são multiplicados.

Mensagens ecológicas Algumas pequenas mudanças podem reduzir as pegadas digitais de carbono. Uma das formas mais fáceis de começar é alterando o modo com que se envia mensagens. Talvez não seja surpresa, mas a pegada de carbono de um e-mail também varia significativamente – dependendo se é um e-mail de spam (0,3g de CO2e), um e-mail comum (4g de CO2e) ou um e-mail com foto ou anexo pesado (50g de CO2e). Por isso, se simplesmente a população parasse com sutilezas desnecessárias, como e-mails só para dizer “obrigada”, coletivamente pode-se economizar muitas emissões de carbono. Vários dos principais provedores de nuvem ao redor do mundo, por exemplo, se comprometeram a reduzir suas emissões de carbono – então armazenar fotos, documentos e executar serviços em seus servidores sempre que possível é uma abordagem que pode ser adotada. Do ponto de vista individual, o simples fato de trocar de aparelho com menos frequência é uma maneira de reduzir a pegada de carbono da tecnologia digital. Os gases de efeito estufa emitidos na fabricação e transporte desses dispositivos podem representar uma parcela considerável das emissões ao longo da vida útil de um equipamento eletrônico.

Foi lançada na última segunda-feira, a primeira plataforma online de combate à desinformação ambiental no Brasil. O site Fakebook.eco traz esclarecimentos sobre os principais mitos em meio ambiente, verifica o discurso de autoridades públicas e notícias falsas que circulam pelas redes. Iniciativa do Observatório do Clima, a plataforma tem parcerias com os portais de notícias ambientais e científicas Infoamazônia, Direto da Ciência, Oeco, Projeto Colabora, além do blog O que Você Faria se Soubesse o que eu Sei?, do climatologista Alexandre Araújo Costa. Ela surge para sistematizar, de maneira didática, o conhecimento essencial sobre os principais mitos, as distorções e os mal-entendidos que rondam o debate ambiental no Brasil. Por um lado, o site funciona como um repositório onde mitos comuns (as “falácias frequentes”) são desfeitos. Por outro, fará verificações rápidas (“verificamos”) de declarações de autoridades ou fake news diversas sobre meio ambiente. O site contém ainda um canal pelo qual o público pode enviar notícias suspeitas para averiguação.

Extração mineral Uma operação irregular de extração mineral no município de Atalaia foi flagrada no início desta semana pelo Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA). A atividade não possuía licença ambiental, portanto foi interditada e o responsável autuado em R$ 33.264,53. O prazo para apresentação de defesa é de 20 dias. Empreendimentos de extração mineral são um dos negócios que requerem maior trâmite de procedimentos, diante impacto ambiental e risco de graves acidentes. A regularização da atividade flagrada em Atalaia exigirá o comprometimento do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) no momento da concessão da licença ambiental.

Amazônia A área desmatada na Amazônia foi de 10.129 km² entre agosto de 2018 e julho de 2019, de acordo com números oficiais do governo federal divulgados na terça-feira, 9, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Trata-se de um aumento de 34,4% em relação ao período anterior (agosto de 2017 a julho de 2018), que registrou 7.536 km² de área desmatada. É a maior área desde 2008, quando o Prodes apontou 12.911 km² desmatados. Em novembro do ano passado, o Inpe havia divulgado que a área estimada de desmatamento entre agosto de 2018 e julho de 2019 foi sido de 9.762 km². Os números foram revisados em uma edição consolidada do relatório do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) e chegaram a um valor 3,76% superior ao divulgado anteriormente.


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