Edição 1074

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ANO XXI - Nº 1074 - 19 A 25 DE JUNHO DE 2020 - R$ 4,00

PLANO SAFRA

Agropecuária terá R$ 236 bilhões para investimentos

O Plano Safra 2020/2021, lançado esta semana pelo governo federal e que destina R$ 236,3 bilhões para apoiar a produção agropecuária com juros de custeio de 2,75% a 6%, é um dos destaques da edição. SUPLEMENTO

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PANDEMIA

MACEIÓ - ALAGOAS

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CGJ

FERNANDO TOURINHO PROMOVE FAXINA ÉTICA NO JUDICIÁRIO 2

LEILÃO DA CASAL AMEAÇA ABASTECIMENTO DE METADE DOS MUNICÍPIOS ALAGOANOS n Privatização da parte

mais rentável da companhia está marcada para setembro

n Venda foi uma das

obrigações assumidas pelo Estado durante a crise de 1997 10 e 11

ARRECADAÇÃO DE ALAGOAS TEM QUEDA DE MAIS DE R$ 100 MILHÕES 6

PLANOS DE SAÚDE SÃO OBRIGADOS A REALIZAR SEIS NOVOS TESTES 8


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extra MACEIÓ - ALAGOAS

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COLUNA

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EDITOR Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Eleição atípica 1

- Por todos os ângulos que se analise, a eleição municipal de 2020 será um pleito incomum, não só pela crise econômica, mas sobretudo pela pandemia que afeta a todos.

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- Além do desgaste moral dos gestores públicos, os candidatos a prefeito e vereador enfrentarão um eleitor estressado pela pandemia e raivoso pela falta de emprego e dificuldade de sobrevivência.

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- Nesse clima de guerra, poucos candidatos terão condições de tocar uma campanha minimamente estruturada, capaz de fazer sua mensagem chegar ao eleitorado. E mais difícil, convencer o eleitor.

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- Em meio ao clima de ansiedade que tomou conta da população, o pleito municipal será mais um fator de revolta a ser enfrentado pelos candidatos.

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- Nessas circunstâncias serão beneficiados os candidatos que buscam a reeleição porque têm uma base assistencialista-eleitoreira e o poder da caneta azul. Os demais precisarão de um bom discurso e muito dinheiro para convencer os eleitores.

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- Programas de governo ilusórios, promessas vazias e retórica não enganam mais o eleitor. Mais ainda se o candidato for ficha-suja ou notório vendedor de ilusões. E desses exemplares temos muitos por aí.

Faxina ética

A coluna pede permissão aos leitores para louvar o desembargador Fernando Tourinho Filho pela firme atuação no comando da Corregedoria-Geral de Justiça do TJ. Desde que assumiu, tem dado mostras de que a sujeira dos togados não deve mais ser jogada debaixo do tapete. Suas decisões têm levado alguns desembargadores a mudar de ideia e trocar o velho corporativismo por ações no sentido de punir juízes que desonram a toga e assim reduzir a impunidade no Judiciário.

Novo comando

O desembargador Klever Rêgo Loureiro será o próximo presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas. Eleito por aclamação, Loureiro comandará o Judiciário a partir de janeiro em companhia do vice José Carlos Malta e do corregedor-geral Fábio Bittencourt.

Deus e o diabo

Condenado a vários anos de cadeia e posto em liberdade pela tolerância do Tribunal de Justiça de Alagoas, Toninho Lins admite disputar a Prefeitura de Rio Largo, de onde saiu algemado por desviar dinheiro do povo. Após deixar a prisão, o ex-prefeito virou pastor evangélico e continua enganando a boa-fé de muita gente. Aos tolos, promete a salvação eterna e o reino de Deus, fazendo-os acreditar na remissão de seus pecados. Dele. É o exemplo pronto e acabado de lobo vestido de cordeiro. Vade Retro. Satanás!

Olho neles!

Assim como Toninho Lins, outros ex-prefeitos condenados por corrupção e ainda na lista-negra do TCU, estão botando a cara de fora em busca de novos mandatos. Apostam na memória fraca do povo para entrar na disputa eleitoral. Para alertar os eleitores, o jornal EXTRA vai divulgar – nas próximas edições – a lista dos ficha-sujas de Alagoas e seus crimes contra os cofres públicos. Vamos ficar de olho neles.

Passando a limpo

O senador Fernando Collor tem ocupado as redes sociais para fazer uma releitura de seu governo e esclarecer aos mais jovens alguns pontos que ainda hoje lhe rendem críticas, como o confisco da poupança e a histórica entrevista do irmão Pedro, responsável pelo seu impeachment. Está tão à vontade que nem lembra a figura do carrancudo político bateu-levou que marcou o seu governo. Atende a todos os pedidos de entrevista e responde a todas as perguntas com a leveza de quem não tem compromisso com erros do passado. Nesse deserto de ideias em que mergulhou o País, suas lives e entrevistas são uma boa opção para ajudar a suportar a dureza da pandemia.

Incorrigível

O promotor Coaracy Fonseca ganhou uma nova punição por ofensas a colegas do próprio Ministério Público. Foi suspenso de suas atividades por mais 30 dias, acumulando um bom tempo fora do trabalho, mas recebendo salário integral. Após deixar o cargo de procurador-geral de Justiça, Coaracy Fonseca optou por brigar com tudo e todos. Parece que ainda não se readaptou à planície.

Até que a morte os separe

A Igreja Batista Moriah, que mal levantou o luto pela morte trágica da pastora Martha Moreira, realizou grande festa de casamento do pastor Sidrack Nascimento com Iranete Silva, noviça da congregação evangélica de propriedade do promotor. Mas pelo visto o homem da lei não terá vida fácil enquanto não livrar-se das acusações de fraudar o inventário da falecida esposa, que se matou com a pistola do próprio marido. O processo tramita no CNMP.

Causa ganha

Depois de 32 anos chega ao fim o processo dos exservidores da Febem contra o Estado. A pendenga envolve 400 ex-funcionários que pleiteiam direitos trabalhistas após a extinção do órgão. Condenado várias vezes, o Estado sempre apelou para os infindáveis recursos, mas esta semana o STF encerrou o caso ao reconhecer o direito dos trabalhadores. A dívida beirava os R$ 700 milhões, mas foi reduzida a pouco mais de R$ 100 milhões. O Supremo considerou indevidas as multas acumuladas de R$ 600 milhões contra o Estado.


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SAÚDE

Profissionais da Santa Casa de Maceió compartilham suas experiências durante a pandemia de Covid-19 Rotina modificada e medo do desconhecido fazem parte do dia a dia do corpo da instituição

DA REDAÇÃO

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udo mudou desde fevereiro de 2020. As emergências dos hospitais se viram cheias de pessoas com sintomas de síndromes gripais. O mundo já conhecia o novo coronavírus (Covid-19), mas o Brasil ainda não estava preparado para combater uma doença que chegaria com tanta força. Os primeiros casos atendidos na Santa Casa de Maceió iniciaram uma mudança na vida profissional e pessoal dos médicos da instituição. Era preciso enfrentar o desconhecido e se proteger do novo mal. Com 25 anos de experiência, a pneumologista Fátima Alécio foi apresentada à doença de forma inesperada. Enquanto atendia um paciente, percebeu que os novos sintomas relatados por ele eram compatíveis aos da covid-19. “Eu estava no ambulatório sem a menor segurança biológica, não estava paramentada, não estava esperando por aquilo. Isso foi logo no início da pandemia. O paciente, que já tinha tuberculose, me

A médica Eliane Lima Lopes durante rotina de trabalho contra o novo coronavírus relatou sintomas de covid-19. Olhei para ele, olhei em volta, e vi que não tinha nenhuma paramentação de segurança. Foi um momento de muita tensão, pois a covid-19 realmente tinha chegado e que ela estava na minha frente”, relatou. O profissionalismo a fez dar sequência no atendimento do paciente, que recebeu orientações do que deveria fazer quando fosse para casa. Em seguida, a sala foi higienizada e ficou pronta para o próximo paciente. “A partir daquele dia, entendi que todo paciente que sentasse na minha frente poderia ser um potencial portador da doença. Eu tinha que estar preparada. Assim, mudei todo o fluxo do consultório”, disse Alécio.

A doença foi se apresentando aos demais médicos da instituição. Eliane Rocha Lopes, que atua na Gerência de Riscos da instituição, e, além de exercer a medicina no grupo de clínica médica, também trabalha na UTI cirúrgica do hospital, conheceu um lado que também pode ser devastador: o isolamento. “Meu primeiro paciente foi uma senhora, cujo esposo estava internado na UTI da instituição também por covid-19. Ela estava angustiada e eu atentei como essa doença maltrata, pois ela mantém os pacientes isolados no momento quando estão mais sensíveis por sua condição de saúde”, contou a médica. E os desafios seguem a partir dos primeiros casos. Desde

26 de fevereiro, a Santa Casa de Maceió atendeu 1255 casos confirmados do novo coronavírus. Até a quinta-feira (18), 127 pessoas seguiam internadas, sendo 39 delas na UTI. A instituição também registrou 83 óbitos em pouco mais de três meses, mas, no mesmo espaço de tempo, 292 pacientes que foram internados com covid-19 receberam alta curada. “Todos os dias me sinto desafiada em relação à covid-19. É uma doença que não depende apenas de uma intervenção médica, pois, por muitas vezes, por mais que você se esforce, o paciente pode evoluir mal, pode ficar grave. A sensação de expectativa é grande, mas seguimos dando suporte e cuidando da evolução e tratando as intercorrências en-

quanto um remédio eficaz não chega, enquanto a vacina não chega”, desabafou a pneumologista Fátima Alécio. Cuidados redobrados para evitar o contágio fazem parte da rotina Para os profissionais de saúde, um dos grandes medos é ser um portador assintomático. “É um medo que nos ronda, pois ninguém quer levar para seus entes queridos uma doença que vem se mostrando um grande desafio, sem tratamento específico. Contra ela só temos opções terapêuticas e que precisam ser utilizadas no momento certo, porque existem várias fases da doença que não assume um tempo determinado, um tempo padrão. Então você precisa ter o time certo para lançar mão dessas opções terapêuticas no momento correto”, ressaltou Eliane Rocha. A Santa Casa de Misericórdia de Maceió realizou uma série de adequações para evitar a aglomeração de pessoas no ambiente hospitalar e garantir a segurança dos pacientes, colaboradores da instituição, de seu corpo clínico e da comunidade. Entre as medidas adotadas pela instituição estão a suspensão do atendimento no ambulatório geral, exceto para casos que necessitem de atendimento inadiável (não de emergência), como, por exemplo, os pacientes de oncologia, o cancelamento de todas as cirurgias eletivas que possam ser postergadas sem que haja prejuízo para o paciente e a suspensão de visitas aos pacientes internados no hospital.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Disputa na Câmara

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omente através de um grande acordo se pode definir quem será o futuro presidente da Câmara dos Deputados. Se por um lado o deputado Arthur Lira conta com a simpatia do presidente Jair Bolsonaro, por outro o pastor Edir Macedo, da Igreja Universal, quer emplacar um dos seus protegidos, o deputado Marcos Pereira, do Republicanos. Com rara habilidade e confiança de centenas de deputa-

Consenso

As lideranças do Centrão apostam num consenso entre Arthur Lira e Marcos Pereira o qual, não acontecendo, pode viabilizar uma terceira candidatura para suceder o atual presidente, Rodrigo Maia. E isso enfraquecerá o bloco que apóia hoje o governo federal.

Apoio

Nos últimos dias a participação da bancada federal e do bloco liderado pelo deputado Arthur Lira têm sido fundamentais para o estado de Alagoas. O governo federal tem dado uma atenção especial pelo Ministério da Saúde nesta pandemia, embora alguns parlamentares queiram, sozinhos, ser pai da criança.

Sem solução

Casos antigos dos, Arthur Lira se destaca por cumprir compromissos e defender intransigentemente o bloco que deve definir os próximos passos da Câmara dos Deputados. Para não colocar panos quentes na disputa que irá definir o substituto de Rodrigo Maia, o presidente Bolsonaro ainda não declarou quem vai apoiar nessa disputa, mas deixa bem claro sua simpatia pelo líder do Partido Progressista.

Vantagem duvidosa

Até agora não se chegou a nenhuma conclusão sobre a realização das eleições municipais. Não se sabe se elas ocorrerão em novembro e dezembro, já que outubro está praticamente descartado, ou no próximo ano. Neste caso forçaria uma prorrogação de mandatos, solução que não é bem vista pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso.

Um improvável, mas possível adiamento das eleições municipais este ano, a quem beneficiaria em Maceió? Ao candidato do governo ou da oposição? Esse é o questionamento que várias correntes têm feito nos últimos dias.

Prevenção

Desgaste

Logo no início da semana a Câmara de Vereadores de Maceió prorrogou as sessões virtuais e teletrabalho, com o objetivo de preservar a saúde de vereadores e servidores em face da curva ascendente dos casos de coronavírus. A medida, adotada pelo presidente Kelmann Vieira, foi ratificada pelos vereadores, que vêm na alternativa uma maneira de contribuir para combater a Covid-19.

Em parte desgastado por algumas medidas tomadas ao longo dos meses no combate à pandemia, o governador Renan Filho poderia atrapalhar o seu candidato, Alfredo Gaspar de Mendonça? Isso é o que se vai ver nos próximos meses.

Rapidez

Um dos atos que o Tribunal de Justiça vai apurar, é a concessão ultra rápida de uma ordem de habeas corpus para o filho do juiz Braga Neto quando ele ainda prestava depoimento na Polícia Civil. O caso chamou a atenção tanto da polícia como de integrantes da magistratura.

Alto lá

Como já existe uma pré-campanha em andamento em todos os municípios alagoanos, é bom a polícia ir se preparando para investigar a fundo acontecimentos que podem terminar em tragédia. Alguns deles, como já visto em épocas passadas, seriam para incriminar prováveis adversários políticos nas próximas eleições.

Na mira também dos investigadores, estão atos praticados há anos e que serão alvos de abordagem pela Polícia Civil. A situação dos envolvidos é cada vez mais difícil, mas, mesmo assim, os delegados que comandaram a operação são alvo de representação da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Alagoas, sob a alegação de não terem se restringido ao cumprimento da lei.

Chegando

Afastado

Embora a campanha não tenha começado e os candidatos não apareçam, nos bastidores se dá como quase certa a escolha do presidente do Podemos, Tácio Melo, como candidato a vice numa provável chapa encabeçada pelo ex-procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça. A indicação de Melo seria do prefeito de Maceió, Rui Palmeira.

O cerco está apertando em torno do juiz Braga Neto, envolvido em supostas denúncias sobre esquema de corrupção e extorsão a sentenciados no sistema prisional e que teve como um dos indiciados o seu filho. O juiz foi afastado de suas funções pelo corregedor-geral de Justiça, Fernando Tourinho de Omena na terça-feira, decisão referendada pelo Pleno do Tribunal de Justiça.

Abertura programada

Investigação

Risco

Paralelamente, Braga Neto deverá ser investigado pela Polícia Civil, que antes havia pedido permissão que foi negada pelo desembargador plantonista. Com a abertura de sindicância pelo Conselho Nacional de Justiça, a situação do juiz se complica ainda mais.

Outros alvos

Nas investigações da Operação Bate e Volta, onde várias personalidades estão envolvidas, novos lances deverão ser conhecidos nos próximos dias. A polícia, se autorizada, vem com mais detalhes sobre o esquema criminoso que vinha sendo praticado há anos em Alagoas.

A publicação do protocolo sanitário no início da semana pelo governo do Estado foi uma forma de evitar mais pressão pelo setor produtivo da indústria e do comércio. Sufocados financeiramente e com a perspectiva de demissão em massa de trabalhadores, o governo não teve outra opção. O início da reabertura deve acontecer na próxima segunda-feira. Mesmo sem muitas novidades, o protocolo divulgado é uma sombra do decreto emergencial que continua em pleno vigor. O problema é conscientizar a população de como se comportar neste momento crítico de pandemia, quando aumentam o número de mortos e de infectados pelo coronavírus.

Fiscalização

Uma das formas de evitar o recrudescimento do vírus é tomar algumas precauções amplamente recomendadas. O detalhe é fazer a população cumprir, principalmente nas feiras livres, onde centenas se deslocam sem a devida proteção. As equipes de fiscalização do Estado e das prefeituras deverão ter muito trabalho a partir da próxima semana.


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EQUATORIAL

Cobrança por média quadruplica valor real de conta de energia

Consumidor afirma que empresa está há 4 meses sem fazer leitura direta embora os medidores estejam acessíveis

DA REDAÇÃO

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pandemia está mostrando que muitas empresas não estavam preparadas para atuar em situações excepcionais como a que vivemos. Seus mecanismos de relacionamento estão muito aquém das exigências criadas pela situação do momento. A incapacidade de manter uma relação de qualidade, valorizando o cliente num contexto crítico como este, mostra o despreparo dessas organizações para lidarem com situações de anormalidade. Isso, apesar da variedade de recursos tecnológicos a serviço da comunicação a distância. Em Alagoas, a Equatorial é um exemplo – embora não o único – dessa incapacidade. O sistema de atendimento que a empresa alega haver colocado à disposição para fazer face ao distanciamento social é pra lá de crítico, levando seus clientes à exasperação, sugerindo que a Equatorial, assim como outras empresas de serviços em situação de quase ou total monopólio em suas áreas de atuação, estão ignorando o direito de seus clientes a um atendimento razoável. O atendimento virtual pode ser tanto uma solução de qualidade como uma cortina de fumaça para encobrir a incapacidade da empresa em atender às demandas que lhes são dirigidas. Se levarmos em conta que a Equatorial presta um serviço essencial, em situação de monopólio, podemos avaliar

Com atendimento presencial suspenso devido à pandemia, Equatorial é alvo de críticas de consumidores a situação de fragilidade do cliente frente à empresa. Como foi possível constatar pelo EXTRA, não tente resolver suas demandas através dos canais telefônicos ou virtuais da Equatorial. Não funcionam, é tempo perdido. Uma das reclamações mais frequentes dos clientes da Equatorial vem sendo o valor das contas de energia no período da pandemia. Em reportagem anterior o semanário revelou que a empresa não vinha respeitando o estabelecido pela Resolução Normativa 878 de 24/03/2020, que diz que, na impossibilidade de a empresa fazer a leitura no medidor, vale a autoleitura e, só em último lugar pela média dos últimos 12 meses.

Após a publicação da matéria, a Equatorial Alagoas disponibilizou em seu site um canal para que os clientes informem a autoleitura. Mas, as queixas recebidas pelo jornal são de que esse procedimento é quase impossível porque os canais disponibilizados pela empresa não funcionam e o cliente é deixado em espera infinita, até cansar e desistir. Segundo a Equatorial, a leitura direta só não é feita onde não é possível o acesso físico aos medidores pelos funcionários terceirizados. Mas as informações chegadas ao EXTRA são de que na maior parte dos municípios do interior a empresa parou de fazer a leitura desde março, mesmo naqueles medidores a que tem acesso.

Com isso, estaria aplicando o formato da média anual, que eleva as contas a valores estratosféricos, acima da realidade. Um exemplo vem de Passo de Camaragibe, onde a residência com medidor de n° 11849592 vem sofrendo com essa situação. Apesar de o equipamento estar acessível, desde março nenhum funcionário da empresa apareceu para fazer a leitura. Na conta de março, em 3/04, apresentou um valor de R$ 1.058,87 (consumo de 1246 kWh), com base na média anual, quando na verdade foram consumidos 346 kWh. Feita a reclamação, a Equatorial estabeleceu um novo valor para a conta: R$ 535,75, também acima do valor real registrado no

medidor. Na conta de vencimento em 21/05, a Equatorial fez novamente a média anual, achando um consumo de R$ 1.267,97; na conta do mesmo medidor com vencimento em 5/06, o valor foi de R$ 1.324,40. Levando-se em consideração o valor registrado pelo medidor em março 14.891 kWh e o valor atual, que é de 15.940 kWh, verifica-se que tais valores estão fora da realidade, já que o consumo real da residência nestes 4 meses foi de 1.049 kWh, quatro vezes menos do que o apresentado pela Equatorial em somente uma das contas. A propriedade tem outros dois medidores, todos em locais que podem ser acessados pelos funcionários responsáveis pela leitura (N. 11849444 e 11849541) em que o mesmo erro se repete, levando o consumo a ser 4 vezes o real, devido à aplicação do critério de média anual e não a leitura direta (medidores acessíveis) ou a autoleitura. Segundo o proprietário, é quase impossível falar com a Equatorial através dos meios de comunicação atuais. “Em plena época de pandemia, quando os recursos se tornam escassos não somente para as empresas, mas principalmente para o consumidor pessoa física, não é aceitável procedimentos que elevem as contas a quatro vezes seu valor real, até porque existe uma resolução prevendo essa situação”, argumenta o proprietário.


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EFEITO CORONA

Arrecadação de Alagoas despenca mais de R$ 100 milhões em três meses Números da Sefaz mostram maio como o pior mês para a receita do Estado BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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lagoas perdeu 10,6% da arrecadação durante os meses de março, abril e maio em comparação ao mesmo período de 2019, segundo levantamento encomendado pelo EXTRA à Secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas (Sefaz). A queda na arrecadação durante os 90 dias tem como causa as medidas de isolamento no estado para combater a pandemia de Covid-19. A principal arrecadação do estado é feita através do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS, mas apesar do auxílio emergencial disponibilizado pelo governo federal ajudar, ainda não faz a economia girar como nos mesmos meses de 2019. O pior período de arrecadação foi em maio, onde foram obtidos R$ 251.347.659,89. Comparado a maio do ano passado, quando foram arrecadados R$ 318.853.084,44, o prejuízo chega a R$ 67.505.424,55. Durante março, abril e maio de 2019, o total arrecadado pelo Estado foi de R$ 966.821.988,97, enquan-

to em 2020 o valor chegou a R$ 864.784.845,70. O prejuízo total durante os últimos três meses foi de R$ 102.037.143,27. Para o levantamento, a Sefaz analisa notas fiscais eletrônicas emitidas no período, avaliando os efeitos das medidas de isolamento social na economia. Na contramão da crise, três setores apresentaram alta: supermercados (31,38%), medicamentos (20,92%) e material de construção (11,65%). O setor de vestuários teve o pior desempenho no período, com queda de 81,55%. Nas lojas de departamento/ eletroeletrônico/móveis, a perda foi de 69,66% e, no de combustível, -22,58%. Mesmo com a continuidade do funcionamento em diversos setores da indústria, o setor também está no negativo: -3,28 durante os últimos três meses, mas alguns setores apresentaram desempenho positivo, como a indústria

agro (17,35%) e o químico (50,87%). IBGE Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam a

PREJUÍZO Durante março, abril e maio de 2019, o total arrecadado pelo Estado foi de R$ 966.821.988,97, enquanto em 2020 o valor chegou a R$ 864.784.845,70. O prejuízo total durante os últimos três meses foi de R$ 102.037.143,27.

queda na economia alagoana frente às medidas de distanciamento social para conter o avanço da pandemia. O setor de serviços alagoano sofreu a pior retração do Brasil, com recorde de 26,5% em abril, primeiro mês completo de quarentena no estado. Este foi o menor resultado da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), que passou a ser medida em 2011 pelo instituto. Ainda de acordo com o IBGE, os dados refletem diretamente os efeitos das medidas de distanciamento social e suspensão de atividades não essenciais como forma de evitar a contaminação pela Covid-19. “O mês de março trouxe os efeitos de paralisação das atividades econômicas apenas em seu último terço, em abril, o impacto se deu sobre o período todo, o que se traduziu em maiores perdas de receitas das empresas prestadoras de serviços”, pontua o instituto

em nota. A situação não foi diferente entre as micro e pequenas empresas do Brasil. Dados do Sebrae revelam que a crise afeta o funcionamento de 44% das empresas caracterizadas como pequenos e médios negócios durante os últimos três meses. Os segmentos menos afetados foram os de pets shops e serviços veterinários (-35%), agronegócio (-43%), oficinas e peças automotivas (-48%) serviços empresariais (-50%) e construção civil (-51%). A média geral na queda de faturamento nesses serviços chegou a 60%. Por outro lado, os mais afetados até o momento foram as micro e pequenas empresas dos setores da economia criativa (-77%), turismo (-75%), academias (-72%) e artesanato (-68%). Para contornar o prejuízo, as vendas on-line foram a solução adotada por 29% dos pequenos negócios.


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EFEITO CORONA

Desemprego em Alagoas poderia ter sido maior Decretos estaduais coincidem com ciclo de menor atividade econômica no estado

Cícero Péricles detalha os efeitos da pandemia sobre a economia

vende-se muito material de construção pois final de ano também é período de reformas. A safra da cana começa em agosto e geralmente é quando o comércio começa a fazer contratações temporárias”, analisa Cícero Péricles sobre a retomada da economia nos próximos meses. Para Péricles, no entanto, muita coisa vai depender do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. Em Alagoas, 72 mil pessoas foram cadastradas no programa. Nele a empresa é obrigada a pagar dois meses do salário e após esse

gencial tivesse coincidido com os meses anteriores de novembro de 2019-fevereiro de 2020 ou posteriores a agosto. “A doença demorou a chegar no Brasil. Ela foi registrada pela primeira vez no ano passado e a primeira morte em Alagoas aconteceu apenas no final de março. Se isso tivesse acontecido um pouco antes, entre dezembro, janeiro e fevereiro a situação seria bem pior”, explica Cícero Péricles ao EXTRA. Para o economista, da-

período o empregado passa a receber o chamado “benefício emergencial”, que tem como base o seguro-desemprego, em parte ou na íntegra, pago pelo governo como compensação. O programa está previsto para encerrar em agosto, mas a expectativa é de que seja mantido. Outro fator que conseguiu manter a “aparente tranquilidade”, como Cícero Péricles define, foi o Auxílio Emergencial. Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelam

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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número de demissões e os impactos na economia em Alagoas poderiam ter sido piores, segundo estudo sobre os impactos da epidemia de Covid-19 na economia alagoana, de autoria do especialista em economia e professor da Universidade Federal de Alagoas Cícero Péricles, divulgado esta semana. De acordo com o estudo, na semana do primeiro decreto emergencial, em 20 de março, a economia alagoana estava entrando no seu ciclo de menor movimento anual que, tradicionalmente, ocorre entre os meses de março e agosto, quando o período chuvoso influencia o ritmo de vários setores. Neste período, de março até agosto, o mercado de trabalho alagoano é naturalmente marcado pela estação chuvosa e pelo ciclo de menor movimento, apresentando sua fase de baixo crescimento, refletida no período por mais desligamentos e menos contratações. Para o economista, por essas características regionais, o impacto na economia teria sido muito maior caso o decreto emer-

tas como Natal, Ano Novo, Carnaval poderiam ter sido prejudicadas e consequentemente piorando a situação econômica. “Imagina Olinda sem ninguém, por exemplo. Os blocos em Alagoas saíram normalmente. A safra da cana-de-açúcar já tinha acabado. Esse ano o comércio perdeu Dia dos Namorados e Dia das Mães, mas até agosto as coisas devem começar a voltar ao normal”. “A indústria da construção civil inaugura mais edifícios entre o final e o começo do ano. Consequentemente

que o potencial de beneficiários para Alagoas chegava a 990 mil pessoas. No entanto, foram aprovados, no pagamento da primeira parcela, referente ao mês de abril, apenas 550 mil benefícios. “Nem todos foram aprovados, mas esse benefício ajudou muita gente. Ajudou também a impulsionar o comércio local e principalmente aos dependentes do programa Bolsa Família. Uma família com uma renda de em média R$ 100 passou a receber R$1.200 e conseguiu comprar mais, mantendo uma certa movimentação no comércio local”, explica. Apesar de ter contado com um pouco da sorte, durante abril, o primeiro mês totalmente com as atividades paradas, foram registradas 2,7 mil admissões contra 9,8 mil desligamentos em Alagoas, totalizando 7.095 mil empregos formais encerrados, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia. Nos quatro primeiros meses do ano foram contratados 27,9 mil trabalhadores no estado, enquanto outros 54,9 mil foram demitidos, gerando o terceiro pior saldo negativo do Nordeste e o oitavo do Brasil. Na região, Ceará (-25,6 mil), Bahia (-37,5 mil) e Pernambuco (-53,5 mil) tiveram perdas mais expressivas que Alagoas entre janeiro e abril.


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PLANOS DE SAÚDE infeção pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR). A proposta consiste na incorporação dos dois procedimentos para minimizar questões de disponibilidade e para aprimorar as possibilidades. O teste rápido para o VSR é útil no diagnóstico diferencial de Covid-19 em crianças com infecção viral grave respiratória.

ANS amplia cobertura para diagnóstico e tratamento da Covid-19 Operadoras estão obrigadas a fornecer seis novos exames para seus usuários ASSESSORIA/ANS

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Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) incluiu mais seis exames que auxiliam no diagnóstico e tratamento do novo Coronavírus na lista de coberturas obrigatórias dos planos de saúde. A decisão foi tomada pela Diretoria Colegiada em reunião realizada no dia 27 de maio, sendo que a medida começou a valer no dia 29 do mesmo mês, data de publicação da Resolução Normativa nº 457 no Diário Oficial da União.

As novas incorporações buscam ampliar as possibilidades de diagnóstico da Covid-19, especialmente em pacientes graves com quadro suspeito ou confirmado, e estão alinhadas às diretrizes e protocolos do Ministério da Saúde para manejo da doença. Dessa forma, auxiliam no diagnóstico diferencial e no acompanhamento de situações clínicas que podem representar grande gravidade, como por exemplo, a presença de um quadro trombótico ou de uma infecção bacteriana causada pelo vírus.

Os testes podem ajudar os profissionais de saúde a tomar a conduta certa na hora certa, salvando vidas, muitas vezes, em situações limítrofes, que dependem que abordagens terapêuticas específicas sejam instituídas com rapidez para que sejam eficazes. Passam a ser de cobertura obrigatória para os beneficiários de planos de saúde nas segmentações ambulatorial, hospitalar e referência os seguintes testes: - Dímero D (dosagem): o procedimento já é de cobertura obrigatória pelos planos de saúde, porém, ainda não era utilizado para casos relacionados à Covid-19. É um exame fundamental para diagnóstico e acompanhamento do quadro

trombótico e tem papel importante na avaliação prognóstica na evolução dos pacientes com Covid-19. - Procalcitonina (dosagem): o procedimento é recomendado entre as investigações clínico-laboratoriais em pacientes graves de Covid-19, auxiliando na distinção entre situações de maior severidade e quadros mais brandos da doença. - Pesquisa rápida para Influenza A e B e PCR em tempo real para os vírus Influenza A e B: esses testes são indicados para diagnóstico da Influenza. A proposta consiste na incorporação dos dois procedimentos para minimizar questões de disponibilidade e para otimizar o arsenal diagnóstico disponível. A pesquisa rápida é recomendada para investigações clínico -laboratoriais em pacientes graves. O diagnóstico diferencial é importante, pois a influenza também pode ser causa de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS). - Pesquisa rápida para Vírus Sincicial Respiratório e PCR em tempo real para Vírus Sincicial Respiratório: esses testes são indicados para diagnóstico da

COBERTURAS MÍNIMAS “A ANS permanece atenta às mudanças no cenário do enfrentamento da Covid-19 e está alinhada aos protocolos do Ministério da Saúde. A maioria dos testes diagnósticos citados nas diretrizes do órgão já são de cobertura obrigatória no âmbito da saúde suplementar. No entanto, observamos que alguns testes destinados à atenção de pacientes graves, que podem impactar na conduta terapêutica, não estavam listados no rol de coberturas mínimas dos planos de saúde ou, quando já incluídos, não contemplavam pacientes com quadro suspeito ou confirmado da Covid-19. Dessa forma, estamos incluindo esses exames para ampliar as possibilidades de diagnóstico e, assim, buscar uma resposta mais rápida e efetiva para salvar vidas”, explica o diretor-presidente substituto da ANS, Rogério Scarabel. A proposta de atualização extraordinária da cobertura assistencial será reavaliada até o final do processo regular de atualização do rol em curso, tanto quanto ao seu contexto de utilização no quadro pandêmico, quanto aos seus critérios técnicos, e será submetida a consulta pública, juntamente com as propostas de atualização elegíveis do atual ciclo de atualização. Esta é a segunda inclusão extraordinária de procedimentos relacionados ao novo Coronavírus no Rol de Procedimentos da ANS. Desde o dia 13 de março os planos de saúde são obrigados a cobrir o exame Pesquisa por RT-PCR, teste laboratorial considerado padrão ouro para o diagnóstico da infecção pela Covid-19.


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Hospital de Campanha começa a funcionar em Marechal Deodoro

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desafio no combate ao enfrentamento do novo Coronavírus é necessário e tem movido todos os setores da Prefeitura de Marechal Deodoro. Com um acompanhamento mais próximo da população, diversas medidas foram adotadas pela gestão municipal e uma delas foi a criação do Hospital de Campanha, entregue na última quarta-feira, 17. Mais um equipamento de extrema importância no combate à pandemia, o espaço disponibiliza 16 leitos e um leito de estabilização com respirador e irá funcionar todos os dias, 24 horas por dia, para a população deodorense. De acordo com o prefeito Cláudio Cacau Filho, o hospital irá salvar vidas. “Vamos continuar unidos para que a gente possa vencer este grande desafio”. Além de toda estrutura de qualidade, o hospital conta uma equipe multidisciplinar preparada, com médicos, enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos e técnicos de enfermagem, entre outros profissionais. Os deodorenses que serão atendidos no local devem ser encaminhados dos Centros de Triagem para Síndromes Gripais da Massagueira e do Centro Histórico, ou da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Irmã Dulce. Os casos mais graves que necessitem de transferência poderão contar uma Unidade de Terapia Intensiva móvel. Marechal Deodoro também tem apostado na identificação em massa dos casos, o que só foi possível depois da entrega dos Centros de Triagem, tendo mais chances de tratar e evitar a disseminação do vírus. “Dessa forma Marechal Deodoro continua unido, todos juntos para que possamos ampliar as ações e fortalecer ainda mais o combate ao Coronavírus”, destaca o prefeito.

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PRIVATIZAÇÃO

Efeito Produban obriga governo a vender Casal

Usineiros quebraram banco e a dívida, que rola até hoje, chega à estatal de água e esgoto

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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pesquisador e professor do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) José Menezes associa a venda da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), anunciada para setembro, aos efeitos das obrigações assinadas pelo governo do Estado com a União em 1997. Naquele ano, Alagoas e boa parte dos estados brasileiros estavam falidos. Sem pagar o funcionalismo há meses e à beira de um colapso social, o então governador José Menezes explica liquidação do Produban e sua relação com acordo de usineiros e venda da Casal Divaldo Suruagy foi obrigado a renunciar sob risco de a Assembleia Legislativa ser acordo adiou o pagamento parte, é do Produban. Vamos fazer o combate ao coronainvadida pelo povo. Era 17 por mais 20 anos e dois anos fazer a conexão: a dívida ro- vírus e é exatamente nesse de julho de 1997. de carência. lou para 30 anos, depois de momento em que se fala no Antes disso, a Compa“E esta lei complementar 20 teve que voltar a renego- combate ou criar formas de nhia Energética de Alagoas assinada em 2016, que rolou ciar, 60% dela veio do Produ- combate à pandemia, essa (Ceal) foi federalizada para a dívida por mais 20 anos, ban. Então, para rolar a dívi- dupla sabão e água, que já garantir o pagamento do que deu uma nova etapa de da que em grande parte é do não tem em todos os lugafuncionalismo. endividamento e permitiu Produban, está se exigindo res. Nesse momento em que Entrou também no acor- dois anos sem pagar a dívida, a privatização que não foi só o Estado deveria estar se do a extinção do banco es- é essa lei que está cobrando ela, foi também da Ceal. Está preparando para combater o tatal, o Produban, que foi à que todas as empresas esta- neste processo a privatização pico da pandemia e momenbancarrota após uma farra tais sejam privatizadas”, re- do estádio [Rei Pelé]. Privati- tos posteriores a ela, é muito administrativa dos usinei- sume Menezes. zação de tudo”. grave privatizar. Significa ros. No final deste texto exFenômeno que acontece E o pesquisador questio- criar mecanismos para que plicamos melhor essa histó- em todo o país: Acre, Amapá, na as consequências deste determinados setores firia. Santa Catarina, Alagoas, modelo: “Qual a função do quem de fora”. Uma armadilha jurídica Maranhão. Estado? É cobrar imposto de E esse programa de prie política transformou a dí“A dívida de Alagoas foi pobre, fazer renúncia fiscal vatização, assinado em 2016 vida dos usineiros, que nun- - e continua sendo - a res- para rico, pagar juro a ban- durante a rolagem da dívida, ca foi paga por eles, em um ponsável pela renegociação queiro e acabar com todos os propõe que o BNDES (banco débito bilionário arcado por e essa renegociação exige a direitos? É isso?”. público) dê 80% dos recursos todos os alagoanos. Daí nas- privatização, independente Toda esta discussão que para um fundo de apoio para ceu a nossa dívida pública. se a estatal for rentável ou envolve a privatização da estruturação de parceria. Em 1997, o acordo era não”, afirma. Casal acontece em meio a “Veja bem: está se falando que a dívida dos usineiros E segue: “Quem são os uma pandemia: em privatizar, mas parte do transformada em dívida de responsáveis pelo sucatea“Estamos vivendo um mo- capital vai ser estatal. Nada todos nós - deveria ser paga mento do Produban? A dí- mento difícil, em que preci- diferente do que foi o procesem 30 anos. Em 2016, novo vida de Alagoas, a maior samos de água e sabão para so de privatização”, constata

O CASO PRODUBAN

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uando Fernando Collor era governador de Alagoas (19871989), houve o acordo com os usineiros para que, em dez anos, eles recebessem 120 milhões de dólares, relativos a ICMS cobrados indevidamente sobre a cana. Mas, calculou-se que eles tinham sido ressarcidos através do Instituto do Açúcar e do Álcool (que defendia os interesses do setor). Em novembro de 1988, o Banco Central decreta a liquidação do Produban. Motivo: os usineiros deviam 76 milhões de dólares. Um ano depois (setembro de 1989), o Banco Central suspende a liquidação e permite a reabertura do banco, com a condição de Alagoas (o governo) assumir a dívida do banco junto ao Banco Central. Em 1993, o governador era Geraldo Bulhões. A dívida estava em 300 milhões de dólares - e ele anunciou a renegociação do débito junto ao BC. O Estado não pagou. A 23 de janeiro de 1995, o Banco Central decreta intervenção no Produban. No fim do ano, o governador Divaldo Suruagy (eleito com a ajuda dos usineiros) emite títulos públicos para pagar precatórios. Foram R$ 301 milhões, diz a imprensa da época. Mas o dinheiro foi usado para devolver o ICMS cobrado dos usineiros (Governo Collor) e pagar empreiteiros. Em 7 de março de 1997, a Assembleia Legislativa aprova mensagem para extinção do Produban - e o banco estatal entra em liquidação extrajudicial. Instalava-se a CPI dos Precatórios, um incêndio na Assembleia Legislativa destruiu a documentação. Em abril de 2002, a CPI do Produban conclui que, além dos usineiros serem responsáveis pela falência do Produban, empréstimos eram tomados até por telefone. Disse a CPI que a insolvência se deveu à má gestão administrativa dos diretores da instituição e do governo do Estado, “que distribuíram dinheiro sem pedir garantias”. O Produban tinha 23 agências e 900 funcionários quando fechou.


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Metade dos alagoanos pode ficar sem água após leilão da empresa ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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três meses do leilão da área metropolitana da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal)- o “filé mignon” da arrecadação da estatal - não se sabe ao certo qual o futuro do restante da companhia que fica de fora da transação nem como o sistema vai arcar com os custos para levar água ao Sertão e às outras regiões. Em um ponto o Sindicato dos Urbanitários e o vice-governador Luciano Barbosa (MDB) concordam: o fim do subsídio cruzado pode inviabilizar o funcionamento do que sobrar do leilão da Casal. Subsídio cruzado é quando um município maior e mais rico - como Maceió - ajuda a pagar Legena sdfdfdsf sds os custos da água em cidades menores e mais pobres. Sem o subsídio, os mais pobres jamais Sede da Casal, no Centro de Maceió: área metropolitana da empresa será leiloada em 30 de setembro teriam água da Casal em casa porque o valor da tarifa seria para pagar a água e a gente faça o subsídio cruzado”, reforaltíssimo. atender ao filé, como você falou, çou Barbosa. Segundo o IBGE, Alagoas dos melhores bairros ou o bairro Opinião semelhante é de DaHá quatro anos seguidos a é o segundo estado com maior onde está situada a classe mé- fne Orion, presidente do Sindi- Casal dá lucro. Ano passado, percentual de pessoas em situa- dia alta e entregar ao setor pri- cato dos Urbanitários. O prefeito fechou em R$ 65,8 milhões. Seção de pobreza: 48,9% da popu- vado esse ouro, digamos assim, de Maceió, Rui Palmeira, defen- gundo o edital de leilão, o lance lação, sendo que 570 mil alago- e deixar o Estado com o resto. de o fim do subsídio cruzado inicial de venda da área metroanos são extremamente pobres. Se fizermos isso, vamos estar para que o dinheiro arrecadado politana atendida pela compaQuem comprar a área me- pesando para o Estado, que vai na capital fique nos investimen- nhia é de R$ 15 milhões. Em tropolitana - que vai a leilão no ter de assumir a responsabili- tos a serem feitos na capital. 35 anos, a empresa vencedora dia 30 de setembro - vai reajus- dade com as comunidades mais “Como a Casal vai conseguir se terá de investir R$ 2,6 bilhões tar o valor da água em busca carentes sozinho e vai abrir sustentar para levar água para - R$ 2 bilhões em até 8 anos, de lucro. O que sobra da Casal mão do subsídio cruzado porque o Sertão, para a região serrana? divididos assim: universalizar o - e fica com o governo - terá de não está tirando de onde antes Essas perguntas não são res- abastecimento de água em seis aumentar o valor da tarifa ao tirava para poder suprir esta pondidas. Por que este projeto anos e rede de esgoto para 90% consumidor, sob o risco de fe- dificuldade”, explicou. não começou no Sertão ou na re- da área leiloada até o 16º ano do chamento da estatal. “No caso da Casal, no caso gião serrana? Porque ele começa contrato. 1,5 milhão de pessoas “Não podemos abrir mão do de abastecimento de água da onde dá lucro”, analisa. devem ser atendidas. Alagoas subsídio cruzado”, resume o vi- Casal, não existe formulação de E sentencia: “Sem o subsídio tem 3,3 milhões de habitantes. ce-governador. “Não tem condi- se privatizar a Casal, o abaste- cruzado, não tem água nas cidaCálculos do Sindicato dos ções de suprir as necessidades cimento de água, sem que você des do interior alagoano”. Urbanitários mostram que,

NÚMEROS

Parte mais rentável de estatal será vendida e o que sobra pode colapsar abastecimento neste período, quem comprar e administrar o “filé mignon” da Casal vai lucrar R$ 29 bilhões. “Comprou por R$ 15 milhões, vai lucrar R$ 29 bilhões e vai investir R$ 2,6 bilhões”, resume Dafne Orion, presidente da entidade. O vice-governador pensa diferente, ao fazer a defesa do leilão da Casal: ele diz que não adianta o lucro da estatal e a maior parte das pessoas não ter saneamento básico. “Lucro desse jeito é muito bom. Você fornece um serviço que não é de qualidade e ainda cobra por ele. Dessa forma você tem lucro. Mas nós precisamos de investimento alto, pesado, não só em Maceió mas no estado como um todo” 30% dos alagoanos ainda não têm acesso a água tratada. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que Alagoas investe 1/3 da média do Brasil em saneamento. Significa que a universalização do saneamento básico, neste caminhar lento de investimentos, só daqui a 100 anos. “Há uma necessidade de investimento do setor privado na área de saneamento. Por isso que o Brasil está muito atrasado em saneamento, o Nordeste está muito atrasado em saneamento. Maceió está muito atrasada em saneamento. A gente praticamente não vê saneamento nas segundas maiores cidades do Brasil e, no caso do Nordeste, isso é gritante e precisamos fazer isso. O Estado não tem recurso para fazer. O Estado precisa buscar em algum lugar. Ou toma emprestado e aí é preciso que o banco queira emprestar. Ou ele então vai ao setor privado e faz uma oferta”, resume o vice-governador.


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Esquerda e direita

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Brasil vive uma crise sem precedentes. O vírus invisível está solto pelo país inteiro. O sistema de saúde não dá conta do excessivo número de doentes. A economia se afunda num enorme buraco por conta dos gastos com a Covid 19. O comércio e a indústria estão praticamente parados e as escolas fechadas. Apesar de tudo isso, várias autoridades lutam para derrubar o presidente. Judiciário e Legislativo só pensam em aparecer na mídia. Prende fulano, solta beltrano, invade a casa de parlamentares, toma o celular do Bolsonaro, obriga o governo a tornar pública uma reunião ministerial. Ordens tão absurdas, nunca vistas em nossa terra. Os Poderes se misturam em funções que não são suas. O Legislativo devolve Medidas Provisórias do Executivo sem nem julgar. O Judiciário manda a Polícia Federal prender ativistas de direita, ligados ao Planalto, mas desconhece atos dos esquerdistas por achar que eles estão certos. Faz até medo ouvir os noticiários: as emissoras de rádio e TV apresentam os fatos de acordo com a opinião do dono. A mais radical de todas é a Rede Globo. Critica o presidente, elogia os presidentes da Câmara, do Senado e do STF. Se a matéria beneficiar o governo federal, logo em seguida a

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ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

distorce para criticar. Vejo sempre dois, três noticiários, para fazer um balanço e ver em quem acreditar. Vejo a internet e me assombro com a discrepância das informações. Darei um exemplo bem claro: Lula declarou que Bolsonaro deve morrer, Zé Dirceu informou que vai tomar o poder. Todos dois estão em liberdade condicional. Mas não vejo autoridade nenhuma fazer críticas a eles, tomarlhes o celular ou invadir as casas dos dois líderes da esquerda. O chefe do Executivo, que já anda meio perturbado com tanta pressão, afirmou nas redes sociais que está perdendo a paciência com o STF, pois

eles, os ministros, acusam, apuram e julgam. Foi uma loucura: ele quer intervenção militar, dizem uns, evocou o AI-5, dizem outros. Só faltam afastar o moço! Ouvi umas declarações do vice-presidente sobre a convocação das Forças Armadas e vi, nas entrelinhas, um recado para o Bolsonaro: “O presidente não quer intervenção, mas, mesmo que ele queira, as Forças Armadas não entrarão nessa”. Houve no sábado, 13 de junho, em São Paulo, um movimento de esquerda para derrubar o chefe do Executivo. Segundo a mídia, tudo transcorreu em plena normalidade. Centenas de pessoas juntas pelas ruas da capital paulista e nada aconteceu. Pouco foi filmado e nada comentado. Na mesma noite, em Brasília, a Polícia Militar desfez o acampamento de trinta ativistas de direita, fogos de artifício foram lançados contra o prédio do STF e na segunda-feira, dezenas de pessoas foram presas e parlamentares ligados a Bolsonaro tiveram suas casas revistadas. Esses dois fatos me fazem lembrar a célebre frase: “Para os inimigos, a lei; para os amigos, as benesses”. A imprensa e os dois Poderes, Legislativo e Judiciário, agem abertamente contra o Executivo.

Sinceramente, acho que o Bolsonaro e os filhos têm feito algumas bobagens. Mas uma série de medidas foram tomadas contra a corrupção que vinha assolando o país inteiro nos últimos anos. Outro fato que irrita quem votou no Bolsonaro foi a aliança dele com o Centrão. Acompanho alguns personagens desse grupo do Congresso Nacional e sei que “não dão murro em ponta de faca”. Vamos esperar para ver o resultado de tal aliança. Tenho certeza de que haverá arrependimentos depois. Enfim, os políticos ao invés de estarem preocupados com o vírus que se alastra pelo Brasil, só querem impedir o presidente de governar, sem imaginar o que virá pela frente. É a turma do “quanto pior ficar, melhor será”. Apesar de ser sindicalista, pouco participei de movimentos de rua. Vejo dos dois lados muitos aproveitadores, e alguns com interesses políticos: Lula, Zé Dirceu, Vicentinho, Paulinho da Força, Luís Medeiros, todos exemplos vivos. Preocupa no momento a Covid-19, que vem acabando com nosso país. A hora é de lutar contra o vírus invisível, porque ele não respeita ninguém: nem de direita, nem de esquerda.

O chefe do Executivo, que já anda meio perturbado com tanta pressão, afirmou nas redes sociais que está perdendo a paciência com o STF, pois eles, os ministros, acusam, apuram e julgam. Foi uma loucura: ele quer intervenção militar, dizem uns, evocou o AI-5, dizem outros.

A incompetência no atraso dos pagamentos do seguro-desemprego

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ico impressionado com o grande número de trabalhadores que, após serem demitidos, ainda não conseguiram receber o seguro-desemprego. Recebo diariamente várias reclamações de trabalhadores, escritórios de contabilidade e empregadores. Se não bastasse o medo de se tornar parte das terríveis estatísticas que nos colocam na segunda posição em mortes no mundo, o governo federal literalmente fechou as portas para o trabalhador. Há um verdadeiro apagão nos serviços. O aumento dos pedidos por causa dos efeitos da pandemia dificulta o processamento dos benefícios. Só aqui em Alagoas, entre abril e maio, os requerimentos cresceram quase 50% e milhares estão sem receber o seguro-desemprego. Justamente durante a Covid-19, o governo está omisso para a população que mais precisa. Dos mais de 8 mil pedidos no estado, quase 40% são para a faixa salarial entre um e 1,5 salário mínimos, mostrando a urgência que deveria

ISRAEL LESSA

n Ex-superintendente Regional do Trabalho estar sendo dada a esses pagamentos. Esses números não refletem a avalanche de pedidos que virá: o próprio governo estima que 200 mil brasileiros ainda não solicitaram o seguro-desemprego por alguma dificuldade. Problema é o que não falta: postos fechados, canais remotos que não respondem, logins e senhas que não funcionam, “erros” indicados durante o processo on-line que o trabalhador talvez jamais

saiba do que se trata. Querem botar a culpa no sistema para disfarçar a incompetência e a péssima gestão do governo, que parece tem prazer e crueldade em demorar para pagar benefícios. Recentemente, vimos as vergonhosas filas nas agências da Caixa Econômica para o pagamento do auxílio emergencial. Agora o mesmo absurdo com o seguro-desemprego. Isso é culpa da Covid? Claro que não. Antes da pandemia, o descaso com os beneficiários do INSS já estava nas capas dos principais jornais: mais de 1 milhão de brasileiros ainda sofrem na fila de espera do INSS. O vírus e o auxílio emergencial apenas tiraram de foco a crise dos serviços da Previdência. Aliás, o vírus também tirou o foco do grande absurdo proposto pelo governo pela MP 905, que tentava impor o pagamento de contribuição previdenciária para o beneficiário do seguro-desemprego. Ao invés de tributar grandes fortunas, o governo queria tirar mais dinheiro dos desempregados. Foi o

que nós chamamos de “taxação das grandes pobrezas”. Em verdade, todo esse descaso, agravado pelo problema do seguro-desemprego, é uma bomba relógio que vai explodir na economia alagoana. Além do desemprego, o atraso desses recursos vai agravar as já péssimas perspectivas: é menos dinheiro circulando, principalmente no comércio e nos serviços locais. A omissão de políticas públicas vai nos jogar na espiral da recessão porque com menos emprego, menos renda circulará na economia. A menor renda repercute na diminuição do consumo. Com menos pessoas consumindo, há diminuição das vendas. O menor faturamento das empresas gera mais demissões. E por aí vamos, desgovernados, até encontrar o fundo do poço. Enquanto isso, pergunto a todos vocês? Cadê o poder público? O que anda fazendo? Temos certeza de uma coisa: não está nem oferecendo serviços de qualidade, nem pagando benefícios em dia.

Querem botar a culpa no sistema para disfarçar a incompetência e a péssima gestão do governo, que parece tem prazer e crueldade em demorar para pagar benefícios.


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Incerteza é o seu nome Brasil

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e dezembro de 2019 a abril deste ano, o Brasil viu os fundos de investimentos se desfazerem de 3,4% dos seus títulos da dívida mobiliária brasileira e os investidores estrangeiros seguirem o mesmo caminho, só que num passo mais acelerado, se desfizeram de 10,3% de títulos da dívida externa brasileira que tinham em carteira. Somente no mês de abril (maio ainda não está fechado) eles retiraram do país 24 bilhões de dólares. Um claro indício de desconfiança na atual gestão do governo federal. Desde o ano passado que se tem observado que o apetite sempre voraz do capital estrangeiro, principalmente, vem diminuindo paulatinamente ao avanço do atual governo em sua guinada antidemocrática. Outro dia afirmei nesta coluna que o capital é bicho arisco. E é. Ao menor sinal de perigo, corre mais que o ex-velocista Usain Bolt em direção a “portos mais

ELIAS FRAGOSO n Economista

seguros”. E essa menor disposição somada às ações concretas de retiradas de grande porte, começam a colocar em risco a estratégia do governo federal quanto ao lançamento de títulos da dívida para financiar os seus deficits, vez que os maiores interessados estão batendo perna para longe. Entre maio de 2020 e abril do ano que vem, o Brasil terá que honrar 862 bilhões de reais da dívida interna mobiliária que vencem ao longo daquele período. E com o deficit fiscal des-

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comunal (estimado em cerca de 700 bilhões de reais) para 2020, restam poucas saídas para a captura de – no mínimo – uns 900 bilhões de reais, limitando as alternativas de momento às mais cômodas. Para zerar aquele passivo gigante que já nos espreita por detrás das frestas das persianas, o país vai precisar a) rolar parte dessa dívida – e certamente em valores superiores aos 14% atuais; b) colocar no mercado – e vender – papéis em montante superior ao saldo que irá vencer e/ ou c) se desfazer de parte do colchão das reservas em dólares que o país detém. Que num momento de alta insegurança econômica global e de alta octanagem política interna, pode não ser a melhor das opções por razões que também já tratamos anteriormente. E a porca continua a torcer o rabo. A dívida mobiliária deve chegar ao final deste exercício representando entre 90% a 100%

do nosso PIB e, em outro artigo mostrei os perigos que isso representa para o país. O teoricamente “aceitável” máximo vai até 70% do PIB (já estávamos em 76% antes da Covid-19 e, essa já era, certamente, uma das razões das inquietações dos investidores estrangeiros). O aumento abrupto para 90% a 100% do PIB pode promover a dúvida (já existente, na verdade, entre estrangeiros – embora, pessoalmente, ache isso exagero de aplicadores profissionais) em relação à solvência da dívida do país. Os próximos meses serão eletrizantes. O governo precisa convencer a sociedade e os políticos da importância da retomada das suas reformas estruturantes. Seria um sinal bastante positivo para os investidores e para ajudar a desanuviar um pouco as nuvens plúmbeas que ameaçam cair sobre nossas cabeças. Ao menos em relação a esse tema.

goas e solicitar um espaço em sua página esportiva para que levássemos aos leitores como era tratado o esporte dentro daqueles altos muros do velho casarão. E foi assim que Renan Rosas, gerente da Gazeta na Rua do Comércio, responsabilizou-nos pela coluna semanal “Esportes no Colégio Diocesano”. Cada um de nós três tinha um dia para assinar. E assim, para nosso prazer e entusiasmo dos outros colegas, passamos esses dois anos escrevendo naquela página. Interessante lembrar como eram descritos os gols, que se escrevia “goals”, o jogo que se denominava também como “porfia”, “pugna” ou mesmo “peleja”. Imaginem eu descrever meu próprio gol? Pois era ponta de lança da minha classe. Já em meados de 1959, Renan sugeriu

que eu assinasse uma coluna intitulada “Mosaicos Esportivos”, onde poderia comentar, também, sobre acontecimentos esportivos em geral. Quando dos dias de publicação, morava na Rua do Macena, ficava ansioso pelo jornaleiro fazer a entrega, abrir a página esportiva e ver meu nome assinando uma coluna. Mudança de colégio, início de trabalho, tudo concorreu para afastar-me do que tanto gosto. Expressar meus sentimentos no papel. Só em 2006, retornei à mesma Gazeta pelas mãos de Ênio Lins, publicando artigos na página “Opinião”, onde fiquei até meados de 2017, quando fui presenteado por Fernando Araújo com este espaço no EXTRA, onde até hoje me esforço para corresponderlhe. (Republicado por incorreção)

Os próximos meses serão eletrizantes. O governo precisa convencer a sociedade e os políticos da importância da retomada das suas reformas estruturantes.

Como tudo começou

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uem dos leitores lembra como eram vistos ou revistos os gols da era antes da televisão? As emissoras de rádio mostravam-nos as gravações. Mas na mídia impressa eram desenhados um lado do campo e umas figurinhas representativas de jogadores com uma linha pontilhada entre um e outro, e uma bolinha, como se fosse um passe. Aí era um jogador no meio de campo, lançando para um ponta, esquerda ou direita, e esse cruzando para o centroavante fazer o gol. Ou então eram descritos pelo repórter esportivo os lances que resultavam em gols. Foi exatamente nessa época, nos anos de 1958 e 1959, eu tinha entre 14 e 15 anos, que senti a impossibilidade de nossos entes queridos saberem o que se passava nas lides esportivas do velho Colégio

JOSÉ MAURÌCIO BRÊDA n Economista

Diocesano, da Rua do Macena. Não existia nenhum tipo de cobertura jornalística. Depois de conversarmos bastante, colegas da época, Isnaldo Bulhões, hoje conselheiro aposentado do Tribunal de Contas, Carlos Jorge Bezerra Barros, agora procurador de Justiça também aposentado e eu resolvemos visitar a Gazeta de Ala-

Quando dos dias de publicação, morava na Rua do Macena, ficava ansioso pelo jornaleiro fazer a entrega, abrir a página esportiva e ver meu nome assinando uma coluna.


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NO PAÍS DAS ALAGOAS

O candidato branco

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dgar Honorato da Silva, de codinome Branco, foi candidato a vereador pelo município de Capela quando ainda não existia urna eletrônica. Durante a apuração dos votos, um funcionário do cartório eleitoral, querendo produzir galhofa, passou a informação a Edgar Honorato de que estava havendo muito voto em branco. Branco não se conteve. Foi em casa e comunicou à esposa: -Filha, sou vereador. Hoje vou dormir de terno, só pra comemorar. -Branco, você está brincando! -É verdade. Estou sendo votado em todas as urnas. Branco voltou à central de apuração de votos, esboçando largo sorriso, saboreando a vitória. Porém, para certificar-se do sucesso alcançado, resolveu abordar, mais uma vez, o alvissareiro servidor público:

-E aí, como vai o Branco? -Olhe, realmente está tendo muito voto em branco. Branco enlargueceu, mais ainda, seu sorriso. Quando saiu o resultado da apuração, o candidato Branco obteve apenas 15 votos. Ficou perplexo, revoltado, transtornado. Foi tomar satisfação com o funcionário que lhe passou ‘‘falsas’’ informações: -Você me enganou, rapaz! -Não, seu Branco, houve mais de mil votos em branco. -Você devia ter respeitado pelo menos os meus cabelos brancos. -Desculpe, seu Branco. É que me deu um branco e terminei me atrapalhando. A Branco, só restou a alternativa de guardar o terno na esperança de uma melhor sorte no próximo pleito.

TEMÓTEOCORREIA

n Ex-deputado estadual


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Qualis artifex pereo!

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Para refletir:

ruel, insano, depravado? É pouco. Nero era um monstro. Foi para a cama com a mãe e mandou matá-la. Envenenou o meio-irmão, degolou a primeira esposa e chutou a segunda, grávida, até ela morrer. O imperador romano também castrou um liberto, vestiu -o de mulher e se casou com ele numa festa de arromba. Mas o problema mesmo era que adorava cantar e atuar em público, algo imperdoável para quem tinha o título de princeps (o Primeiro no Senado). Com poucos anos de governo (entre 54 e 68), Nero perdeu o apoio do Senado, dos magistrados, da terceira mulher e até de seu preceptor, o filósofo Sêneca. Aos 30 anos, ante um golpe de estado iminente, deu cabo da própria vida com uma punhalada no pescoço. Suas últimas palavras: Qualis artifex pereo! (Que artista morre comigo!). Ele foi capaz de crueldades inimagináveis e provavelmente eliminou boa parte de sua família - o que, aliás, era uma praxe na dinastia julio-claudiana. Mas não era o louco que nos pintaram, e sim um imperador que teatralizou a própria vida para atrair atenção do público. Tanto que, após seu suicídio, surgiram rumores de que não havia morrido tal como um Elvis Presley dos tempos modernos.

Ele se julgava um continuador da glória dos gregos e usava Roma e seu império como um grande palco para suas exibições. Claro, ele foi, sim, um tirano - possivelmente o mais cruel de sua dinastia. Mas sua necessidade de interagir com o povo o transformou em um tirano rockstar, alguém de quem a população gostava de ter notícia, de saber o que andava fazendo. Conhecido como imperador tirano e autoritário, Nero ascendeu ao poder em Roma e, desde então, conviveu com as várias artimanhas e conspirações que rondavam seu alto posto. Sobre o terrível incêndio de Roma muitos diziam que teria sido mais um dos frutos da mente perturbada e manipuladora de Nero. Para alguns, ele havia ordenado secretamente o incêndio criminoso para somente embelezar algumas partes da cidade de Roma que não o agradavam. Para outros, a mesma ação desastrosa seria executada com o objetivo de incriminar os cristãos, que não se submetiam ao reconhecimento do imperador como uma figural passível de devoção religiosa. Essa história nos é contada pelos historiadores Suetônio Tácito e Cassio Dio.

Bolsonaro tem algo de Nero

Longe de mim comparar a crueldade do imperador e os extremos de sua insanidade com o presidente Bolsonaro, mas em análise de suas histórias há sim coisas em comuns, a exemplo da sua necessidade de se mostrar ao povo como um popstar da moralidade e senhor da razão. Exercita um desgoverno cheio de conspirações, criadas por ele e seus fanáticos aliados, conturbando o país e promovendo uma guerra ideológica e ameaçadora entre brasileiros, com inconsequentes previsões. Mostrou-se um despreparado para o cargo que ocupa legitimamente, mas que o tornou um arremedo de líder ridículo e teatral. Por incompetência absoluta perdeu a articulação política e hoje enfrenta divergências perigosas com a Câmara e o Senado, repetindo a história de antecessores que perderam o cargo por esse mesmo motivo. Não precisava “se vender ao diabo”, mas confrontá-lo é arriscado e fatal. Não bastassem todas essas trapalhadas, abre uma frente de batalha contra o Judiciário, por decisões que contrariam seu governo e sua família, todos acusados de cometer ilícitos e investigados por desvios de conduta ou crime de responsabilidade. Conseguiu extinguir, por seus arroubos delirantes, a harmonia entre os poderes da República, estabelecida pela Constituição.

Preso o amigo Queiroz

A imprensa odiada

O presidente Jair Bolsonaro e seus fanáticos seguidores, pela intolerância ao contraditório e a desprezível condição de confrontar a verdade, criaram um sistema odioso contra a imprensa brasileira, com críticas generalizadas aos órgãos de comunicação, ameaças e até agressões físicas a jornalistas. Tal qual um ditadorzinho de província, o “chefete” quer a todo custo calar aqueles que apontam e criticam seu tresloucado desgoverno e os absurdos de sua gestão descompassada. O Brasil é considerado mundialmente como um dos países mais perigosos para o exercício do jornalismo, segundo dados da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro e amigo do presidente Jair Bolsonaro, foi preso nessa quinta-feira em Atibaia, no interior de São Paulo, em uma operação conjunta da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo. Queiroz estava em um imóvel do advogado Frederick Wassef, responsável pelas defesas de Flávio e do presidente Bolsonaro (tudo em casa). É figura constante no Palácio da Alvorada e em eventos no Palácio do Planalto Queiroz é investigado por participação em suposto esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. “Rachadinha” é quando funcionários são coagidos a devolver parte de seus salários. O filho de Bolsonaro foi deputado estadual de fevereiro de 2003 a janeiro de 2019. O Palácio do Planalto deve estar apavorado com o que pode acontecer no desdobramento dessa prisão.

Não tenho o poder político, nem econômico, mas tenho a palavra. E essa está a serviço de meus leitores e minhas convicções. (PO)

Quem alimenta tem fome

Bares e restaurantes do estado fechados há cerca de 90 dias ou funcionando apenas com serviços entrega ou pegue e leve, a perspectiva de retomada dos negócios para o setor ainda é incerta. A assessoria de Comunicação da Abrasel/AL noticiou que o segmento está com apenas 20% dos estabelecimentos faturando e que mais de 60% estão com portas fechadas e sem trabalhar com delivery ou pegue e leve. Lamentando mais de 30% de demissões já ocorridas no segmento, a perspectiva é de que nos próximos dias esse número chegue a 50%, destacou a assessoria, além de reforçar que é previsto, também, o fechamento de 50% dos estabelecimentos de bares e restaurantes nos próximos três meses. O que nos diferencia dos outros setores? Quem alimenta também tem fome. Nossas portas vão fechar definitivamente. Dizem as lideranças da instituição.

EXPRESSAS

Abraham Weintraub, menos um louco no governo. Agora é aguardar o próximo indicado do manicômio. Ronaldo Lessa, Alfredo Gaspar e João Henrique Caldas (JHC). Os candidatos a prefeito de Maceió. O resto será figuração. Câmara de Vereadores de Palmeira dos Índios é um exemplo vergonhoso de compadrio e “negócios”. Eleições adiadas, mas o jogo sujo começa agora. Voto + dinheiro desonesto = mandato comprado.


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ECONOMIA EM PAUTA Imposto de Renda

BC de olho no zap

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ma dúvida sempre surge no momento de declarar o tão detalhado Imposto de Renda: devo informar na declaração um imóvel comprado no valor a partir de R$4 00 mil? De acordo com a Receita Federal, está obrigada a apresentar a Declaração de Ajuste Anual referente ao exercício de 2020 a pessoa física residente no Brasil que, no ano-calendário de 2019, dentre outras condições existentes, “teve, em 31 de dezembro, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais)”.

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Isenção Ainda falando no Leão, aposentados pela Previdência Oficial têm direito à isenção de Imposto de Renda sobre uma parte de seus rendimentos da aposentadoria, a partir do mês em que completam 65 anos de idade. Na declaração de 2020, o limite mensal de isenção é de R$ 1.903,98, e o anual de R$ 24.751,74. No comprovante de rendimentos da Previdência Social, a parcela isenta virá informada em um campo próprio. A quantia deve ser declarada no campo 10 da ficha de “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”, referente à “Parcela isenta de proventos de aposentadoria, reserva remunerada, reforma e pensão de declarante com 65 anos ou mais”.

O WhatsApp anunciou nesta semana o lançamento de um novo recurso de pagamentos para usuários brasileiros. Agora é possível transferir dinheiro, sem taxas, entre pessoas físicas usando o app de mensagens, ou para pagar compras com empresas. Com a chegada da novidade, que estreia no Brasil antes de outras partes do mundo, a pergunta que fica é: é ideal lançar uma ferramenta do tipo onde o aplicativo é a principal arma de golpistas para atrair vítimas no ambiente on-line? Bom ou não, o Banco Central comunicou também durante essa semana que está monitorando a iniciativa.

Quitação de dívidas Uma nova iniciativa da Serasa permite que consumidores com dívidas entre R$ 200 e R$ 1 mil quitem as pendências integralmente pelo valor de R$ 100. A ação vale para dívidas que pertencem à securitizadora Ativos, que é parceira da Serasa. Securitizadoras de crédito, como é o caso da Ativos, são empresas que compram dívidas originadas por outras instituições e passam a ser as novas donas desse crédito a receber. Para participar da ação e renegociar as dívidas, o interessado deve acessar o site oficial do Serasa Limpa Nome. As condições de renegociação também se encontram no aplicativo do Serasa, disponível para Android e iOS.


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ABCDOINTERIOR Continua matando

descontos aplicáveis.

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rapiraca, a cidade mais importante do interior alagoano, vive momentos de angústia e pavor diante dos casos e mortes pelo novo coronavírus. Até a quarta-feira, 17, foram 60 óbitos confirmados e 2237 casos também confirmados. E a Covid-19 tem sido implacável, tirando a vida de inocentes, independente de status social e isso tem provocado pânico e medo.

Desabafo

Uma irmã de Mônica Malaquias desabafou nas redes sociais: “Acabou tudo. Mônica Deus carregou”. Nas redes sociais, foram postadas várias mensagens lamentando as mortes. Eram ao todo 12 irmãos, três dos quais acabaram falecendo.

Outra vítima

População em pânico

Essa semana o arapiraquense acompanhou atônito a morte do empresário mais conhecido como Gilberto da Farmácia. A sua esposa Rosane Vital ainda encontra-se internada na UTI da Santa Casa em Maceió. A morte mais recente que também abalou o município foi da professora Ivete Cavalcante Ribeiro Silva, de 74 anos. Ela foi Miss Alagoas na década de 70, e ensinou educação física em tradicionais colégios de Arapiraca. Segundo informações, Ivete Ribeiro estava internada no Hospital Artur Ramos, em Maceió, e não resistiu. Ela era casada com Perrone, funcionário do BNB.

Mais uma vítima

Apesar dos esforços das autoridades estaduais e municipais, o novo coronavírus continua fazendo vítimas em Arapiraca. Na quarta-feira, 17, faleceu mais um membro da tradicional família Malaquias. Trata-se de Mônica Malaquias que estava internada no Hospital Regional de Arapiraca. Ela era irmã de Luís Malaquias dos Anjos, que morreu em Maceió no dia 18 de maio, e de Linaldo Malaquias, que faleceu no dia 6 de junho.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Nos últimos dias, os casos têm aumentado bastante em Arapiraca. Os números passaram a ter nomes, rostos conhecidos e, conforme as notificações, muitas famílias estão sentindo de perto o drama de terem parentes infectados pela Covid-19. Enquanto não surge uma vacina para conter esse vírus letal, é tomar todos os cuidados e seguir recomendações de especialistas. Sem dúvida, o isolamento social ainda é a melhor alternativa.

Anistia de juros e multas

Na terça-feira (16), o prefeito de Arapiraca, Rogério Teófilo, encaminhou para a Câmara de Vereadores um projeto de lei com medidas tributárias para facilitar a vida do contribuinte e equilibrar as contas públicas.

Anistia de juros e multas 2

O projeto traz mais um conjunto de medidas tributárias para obtenção de receitas diante das dificuldades enfrentadas na crise socioeconômica decorrente da pandemia de Covid-19, cujos efeitos negativos são incalculáveis, com estímulo ao recolhimento espontâneo de tributos devidos e não recolhidos em tempo. Ela consiste na anistia de multas e juros aos contribuintes que quitarem seus débitos, entre elas a extensão do prazo para recolhimento do IPTU em cota única com

Hospital Chama

Desde a segunda-feira (15), Arapiraca e os municípios da 7º Região de Saúde devem encaminhar as gestantes de baixo risco para assistência de parto e nascimento ao Hospital Chama. Atendimento que, anteriormente, acontecia na Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora de Fátima.

Segue determinação

PELO INTERIOR . ... Ainda sobre o Hospital de Campanha de Arapiraca, o secretário estadual de Saúde, Alexandre Ayres, disse nas redes sociais que foi realizada uma requisição administrativa e o controle da gestão passa a ser da Saúde de Alagoas. ... E o MDB de Arapiraca continua dividido quanto à escolha do futuro candidato a prefeito de Arapiraca. A pergunta nos bastidores continua: deputado Ricardo Nezinho ou o vicegovernador Luciano Barbosa? Quem será o escolhido?

O Município de Arapiraca segue a determinação do governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Saúde, que passa a utilizar o prédio da Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora de Fátima para a assistência a casos de Covid-19, alterando o fluxo de atendimento de gestantes de baixo risco.

... Enquanto não se define, os dois continuam trabalhando nos bastidores. Luciano já colocou a cara nas ruas e parece que conta com a simpatia do governador Renan Filho, que em uma solenidade recente ocorrida em Arapiraca teceu elogios de toda ordem ao seu vice.

Leitos disponíveis

... Pela extraordinária votação que obteve nas eleições de 2018 (foi eleito deputado estadual com mais de 43 mil votos, dos quais 23 mil só em Arapiraca), o deputado arapiraquense parece tranquilo, esperando a hora certa para agir.

Maria Luíza Bezerra Oliveira, coordenadora da Saúde da Mulher/Rede Cegonha de Arapiraca, explica que Hospital Chama passa a funcionar com 38 leitos de obstetrícia e 10 leitos de Unidade de Cuidados Intermediários Convencional, conforme habilitação dos serviços da Rede Cegonha, que já funcionavam na Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora de Fátima. Os casos de alto risco continuam tendo o hospital regional como referência para o atendimento no município.

Hospital de campanha

O Hospital de Campanha para atendimento de pacientes vítimas do novo coronavírus iniciou as atividades na quarta-feira, 17, em Arapiraca. A tradicional maternidade Nossa Senhora de Fátima agora passa a se chamar Hospital Dr. José Fernandes, terá inicialmente 26 leitos clínicos e passa a ser de responsabilidade do governo do

... Nessa solenidade, Nezinho não apareceu, o que gerou uma série de perguntas dos próprios aliados.

... É aguardar os acontecimentos, que vem chumbo grosso por aí. ... E a violência continua no Sertão de Alagoas. De acordo com matéria do site Já é Notícia, um jovem, identificado como Lucivânio, foi assassinado a tiros, na tarde de quarta-feira, 17, em via pública, próximo de uma igreja na cidade de Major Isidoro. ... O jovem estava passando na rua quando foi atingido pelos disparos e morreu no local, sem tempo de receber socorro médico. Os autores do crime fugiram tomando destino ignorado. ... Agentes das polícias Militar e Civil foram ao local e acionaram os institutos de Criminalística (IC) e Médico Legal (IML) para perícia e recolhimento do corpo. Não há informações sobre a motivação do crime ou prisão dos autores dos disparos. ... Aos nossos leitores, desejamos saúde e paz. E sigam recomendação dos especialistas: isolamento social é a melhor forma de se prevenir e conter o crescimento da Covid-19. Até a próxima edição!


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Vendas vão reagir afirma Pablo Di Si

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mercado brasileiro de veículos já foi o quarto maior do mundo. Com as crises econômica e política iniciadas em 2013/14 o País caiu para oitavo. No ano passado, subiu para sétimo e o potencial de crescimento indicava que o Brasil poderia crescer nessa escala. Porém a pandemia da Covid-19 mudou demais o cenário. Conversei com Pablo Di Si, presidente da Volkswagen para América do Sul, América Central e Caribe, sobre como o mercado vai reagir com a reabertura ainda parcial das concessionárias. “É difícil de avaliar com grau de confiabilidade no momento. Depende muito, principalmente, do comportamento do consumidor nas próximas semanas para podermos fazer uma estimativa mais concreta. Mas, sem dúvida, a reabertura das concessionárias é o principal fator para a reação das vendas, mesmo que ainda tímida, considerando que já retomamos as atividades em nossas fábricas e a demanda do mercado vai ditar o ritmo de nossa produção”. “O mercado brasileiro é muito estratégico para a Volkswagen. Temos quatro fábricas aqui, sendo ao todo seis na América Latina, e no ano passado a região da América do Sul foi a responsável pelo maior crescimento da marca Volkswagen no mundo, com 3,7%. Nos últimos dois anos, o mercado automobilístico no Brasil cresceu 21% e a Volkswagen, 52%. Isso nos incentiva a continuar investindo no Brasil, oferecendo produtos com mais tecnologia, segurança e de acordo com o gosto e necessidades do consumidor brasileiro e da região como um todo”. Ainda estamos longe da normalidade? “Estou no Brasil desde 2000 e já passei por várias crises. Esta é uma crise atípica, pois afeta todos os países e todas as indústrias ao mesmo tempo. Porém, aos poucos, vejo as coisas voltarem ao normal. Retomamos as atividades em nossas fábricas e a percepção que eu tenho é que os empregados estão muito felizes com o retorno ao trabalho. Fizemos um lançamento totalmente digital de um novo carro, o Nivus, assistido por 100.000 pessoas, em 56 países. Isso mostra que o mercado continua interessado em consumir novos produtos. Além disso, o brasileiro é tradicionalmente um povo alegre, otimista e muito trabalhador, e isso ajuda na superação de momentos de crise como esta que estamos enfrentando”.

FROTA BRASILEIRA CRESCE, MAS ENVELHECE A frota circulante brasileira de automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas em 2019 cresceu 1,9% em relação a 2018, segundo relatório do Sindipeças publicado anualmente desde os anos 1960. O total atingiu 59.013.532 de unidades, das quais 13.099.707 são motocicletas. Com estes números o Brasil aparece em sexto lugar no mundo atrás de Estados Unidos, China, Japão, Rússia e Alemanha, considerando os 45.913.825 de veículos, sem motocicletas. Os dados são compilados a partir das vendas do ano anterior, levando em conta os índices de perda total em acidentes indicados pelas seguradoras, os registros de furtos e roubos sem recuperação informados pela polícia e uma taxa de sucateamento baseada em estudo próprio do sindicato. O Sindipeças não informa a percentual de veículos sucateados ou abandonados. Mas deve girar em torno de 4%, podendo ser um pouco maior ou menor dependendo das vendas de veículos novos. A idade média da frota de veículos atingiu 9 anos e 8 meses em 2019 e a de motocicletas, 8 anos. No período de seis anos (2014 a 2019), o envelhecimento da frota em circulação aumentou 1 ano e 2 meses. Reversão desse fenômeno depende do crescimento das vendas de novos veículos (que aumenta a taxa de sucateamento) ou um programa de renovação da frota como outros países fazem.

PAJERO SPORT EVOLUIU A Mitsubishi reagiu rapidamente e fez várias modificações na terceira geração do Pajero Sport, lançada em 2018 e importada da Tailândia. O discutível desenho das lanternas traseiras foi melhorado. O para-choque traseiro e o defletor de teto também receberam modificações para a linha 2021. A frente mudou bastante, da grade ao conjunto óptico. Suspensão dianteira foi modificada para melhorar desempenho em qualquer terreno. O novo sistema de tração tem comando no console e quatro modos de condução possibilitam definir as características de rodagem, conforme o local. O freio

de estacionamento agora é eletromecânico, incluindo a função auto-hold. O console central, assim, ficou mais estreito com ganho de espaço para motorista e passageiro. Na versão de topo o quadro de instrumento é digital com três configurações e há um aplicativo para celular que permite programar várias funções, inclusive abertura e fechamento da tampa do porta-malas de 571 litros. Há uma porta USB dianteira e duas traseiras. O console inclui tomada de 120 V com o padrão brasileiro de três pinos que pode recarregar notebooks. O isolamento acústico foi bastante aprimorado. Há duas versões, ambas com sete lugares: R$ 291.990 a R$ 318.990. __________________________________________ www.fernandocalmon.com.br


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Coqueiro Seco desenvolve ações importantes no combate à Covid-19

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Prefeitura de Coqueiro Seco tem se empenhado em diminuir os efeitos nocivos da pandemia de Coronavírus na cidade. Como prevenção, a prefeita Decele Damaso distribuiu 40 totens de álcool em gel para os estabelecimentos comerciais na cidade. Além disso, instalou um lavatório público na Praça Padre Cícero para que toda a população tenha acesso à limpeza e higienização correta das mãos com água e sabão. Os coqueirenses contam também com atendimento médico disponível 24 horas. A medida, que garante atendimento adequado e contínuo da população, serve tanto para prevenção como para identificar os possíveis casos confirmados da Covid-19 na cidade. Pensando na melhoria da assistência médica, a prefeitura também adquiriu uma nova ambulância para facilitar a mobilidade necessária para os atendimentos. As fiscalizações também estão a todo vapor na cidade. Segundo a prefeita, a compreensão e colaboração da população são fundamentais. “Vamos evitar que ações ainda mais enérgicas sejam necessárias. A colaboração e conscientização de todos são essenciais para a preservação da sua saúde e da vida de todos os coqueirenses”, destaca. Junto com a Polícia Militar, a prefeitura tem feito um trabalho importante de conscientização de empresários e da própria população. A garantia da entrega de medicamentos na residência das pessoas também é uma ação importante por parte da prefeitura. Dois entregadores foram contratados para fazer a entrega em domicílio de insumos para pacientes em tratamento da Covid-19, assim como para as demais necessidades junto à farmácia do município. Foram contratados ainda mais 11 sanitaristas, ampliando assim a capacidade de acompanhamento e assistência para prestação dos serviços de saúde necessários à população. Os coqueirenses contam, também, com um novo aparelho de saúde, uma máquina de hemograma que ajudará com resultados mais precisos, diferenciando Covid-19 de dengue e identificando outras possíveis patologias. Na cidade estão sendo feitos também coleta sorológica e PCR. Desde o início do isolamento social a prefeita Decele Damaso também se comprometeu em fazer a entrega correta do kit de merenda para os alunos que estavam sem aulas. Para a limpeza de todas as residências, também foram entregues à população kits de higiene. Como ainda não há vacina para combate à Covid-19, a limpeza tem sido cada vez mais enérgica nos postos de saúde e estabelecimentos públicos da região. “Nossa administração está atuando e segue vigilante para que essa pandemia passe logo”, afirma a prefeita.

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Plano Safra 2020/2021 tem juros de custeio de 2,75% a 6% Valores serão liberados por meio de operações de crédito agrícola a partir de 1º de julho 7

CAMPANHA COBERTURA VACINAL CONTRA FEBRE AFTOSA AINDA É IRRISÓRIA

ALAGOAS ADICIONAIS DO FPM GARANTEM R$ 199 MILHÕES EM DOIS MESES Crédito para Maceió nos meses de julho e dezembro somam R$ 37,5 milhões 3

MELAÇO EM PÓ PINDORAMA LANÇA PRODUTO PARA NUTRIÇÃO ANIMAL COM EXCLUSIVIDADE NO PAÍS 8


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ESTIMATIVA

EXPORTAÇÕES

Municípios vão receber R$ 10,5 bilhões a menos em 2020

O agronegócio brasileiro registrou valor recorde nas exportações de maio com US$ 10,9 bilhões (+17,9%) e correspondeu a 60,9% do total exportado pelo país. O desempenho reflete, principalmente, os embarques de soja em grão (US$ 5,2 bilhões), carne bovina (US$ 780 milhões), açúcar (US$ 767 milhões) e café verde (US$ 468 milhões). As importações de produtos do agronegócio diminuíram de US$ 1,18 bilhão (maio 2019) para US$ 835,78 milhões em maio deste ano, recuo de 29,3%. De acordo com o Boletim da Balança do Agronegócio, divulgado pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o saldo da balança totalizou US$ 10 bilhões.

Valor é referente ao FPM, que teve redução devido à baixa atividade econômica com a pandemia

FONTE: BRASIL 61

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m 2020, os gestores municipais vão ter que apertar o cinto para fechar as contas. A queda na arrecadação de impostos durante a crise do novo Coronavírus vai diminuir em mais de R$ 10,5 bilhões o valor repassado através do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). A Lei Orçamentária Anual (LOA) previa um repasse de R$ 115,1 bilhões. Por conta da pandemia, a estimativa atual é que no fim do ano o valor total do FPM seja de 104,5 bilhões. A projeção foi feita pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), com base nos dados do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do Ministério da Economia. O FPM é um valor que municípios recebem para complementar o orçamento. Ele tem na composição uma parcela da arrecadação da União

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em impostos federais. De acordo com a legislação, 22,5% do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) são transferidos aos municípios, de modo proporcional à população. Por isso, os valores do FPM e do Fundo de Participação dos Estados (FPE) são afetados pela crise econômica. “Quando a arrecadação desses tributos cai, o FPM cai também. Quando você tem uma queda de atividade econômica, como o que aconteceu esse ano, você tem menos lucro líquido, porque as empresas não estão vendendo. Com isso, há menos arrecadação de impostos sobre os produtos e sobre a renda”, explica o professor de finanças do IBMEC de Brasília, William Baghdassarian. Para tentar aliviar o impacto sobre municípios, o governo federal publicou em março uma medida provisória que “congelou” os valores dos FPM e FPE de março a junho. Sem essa MP,

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EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

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o impacto seria grande. O presidente da CNM, Glademir Aroudi, afirmou em entrevista ao site brasil61.com que a ajuda do governo federal não cobre a menor arrecadação de tributos estaduais e municipais. “O governo está fazendo uma recomposição de R$ 23 bilhões e nós teremos uma queda de arrecadação até o final do ano na ordem de R$ 74 bilhões. Isso nos preocupa muito”, alerta. A prefeita de Campo Alegre (AL) e presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Pauline Pereira, lembra que a pandemia de covid-19 aumentou os gastos dos municípios. “O FPM é sem dúvidas o principal repasse federal e a mais importante fonte de receitas dos municípios alagoanos. Especialmente agora que os municípios estão sofrendo com a queda das receitas próprias como o IPTU, o ISS e o ITBI”, explica. EDITOR: Fernando Araújo JORNALISTA RESPONSÁVEL: Tamara Albuquerque (tamarajornalista@gmail.com)

GRÃOS O 9º Levantamento da Safra 2019/2020, divulgado no final de semana pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), confirma o crescimento recorde da produção de grãos no país, estimada em 250,5 milhões de toneladas, ou seja, ou 8,5 milhões de t (3,5%) a mais do que o colhido em 2018/19. Em relação ao levantamento passado, houve queda de 400 mil toneladas na estimativa de produção. Mas o recorde da safra se mantém, resultado de uma área semeada de 65,6 milhões de hectares, com crescimento de 2,3 milhões de hectares (3,6%) sobre a safra passada.

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO: 317.7245 - 99982.0322 CONTATO COMERCIAL: Jacinto Santos

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O repasse do FPM para Alagoas em julho será de R$ 102 milhões em valores líquidos

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Adicionais do FPM garantem R$ 199 milhões em dois meses Crédito para Maceió nos meses de julho e dezembro soma R$ 37,5 milhões, segundo estimativa da CNM

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s contas municipais terão um fôlego mais longo em julho e dezembro, quando prefeituras vão receber o adicional de 1% do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Poderia ser melhor, se o repasse do governo federal não apresentasse queda em relação ao previsto inicialmente na Lei Orçamentária. Estudos Técnicos da confederação Nacional dos Municípios (CNM) apontam que o extra de julho deve somar R$ 4,549 bilhões, enquanto que o aguardado para dezembro é de R$ 4,343 bilhões. Inicialmente, a previsão em lei era de R$ 4,581 bilhões e R$ 4,682 bilhões, respectivamente. Além disso, o adicional de dezembro de 2020 deverá apresentar uma redução de 3,5% em relação ao do ano passado - resultado do fraco desempenho da arrecadação com a pandemia do novo Coronavírus. Pelos cálculos da CNM, o repasse em julho para Alagoas será de R$ 102.188.841,24 em valores líquidos. Em dezembro o estado terá R$ 97.550.245,26. A estimativa da CNM é baseada

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em informações oficiais divulgadas no Relatório de Avaliação Fiscal e Cumprimento de Meta do governo federal. Os números podem variar de acordo com o cenário da atividade econômica no país e da arrecadação, uma vez que o Fundo é composto por impostos. A prefeitura de Maceió contará com os repasses de R$19,2 milhões líquidos (descontado o Pasep) em julho, e R$ 18,3 milhões líquidos em dezembro. “Em julho, a transferência extra tem o objetivo de ajudar a minimizar o impacto da queda do FPM neste mês, que ocorre em função dos níveis de atividade econômica típicos de cada período”, informa a CNM. O repasse, diz a CNM, é fruto de “importante conquista da Confederação Nacional de Municípios (CNM) e do movimento municipalista e culminou com a aprovação das Emendas Constitucionais 55/2007 e 84/2014, resultando respectivamente no 1% de dezembro e no 1% de julho. Essas medidas alteraram o artigo 159 da Constituição Federal e elevaram, gradativamente, os recursos repassados pela União para o Fundo. Assim, o repasse passou dos então 22,5% do produto da arrecadação do IR e do IPI para 24,5%. Em particular, o repasse extra de julho veio no sentido de procurar normalizar a queda do FPM nesse mês”.

TRANSFERÊNCIAS O Portal das Transferências Constitucionais, colocado à consulta no site da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela que no 1º semestre deste ano, até o dia 11 de junho, Alagoas assegurou o repasse de R$ 2.186.090.091,68 da União provenientes da arrecadação de tributos federais ou estaduais, com base nos dispositivos constitucionais. Em termos de Nordeste, o estado recebeu 5,7% do montante repassado. As transferências para os demais estados nordestinos foram: Bahia R$ 10.998.632.326,29; Ceará R$ 5.062.943.776,50; Maranhão R$ 5.719.349.887,61; Paraíba R$ 3.132.690.334,49; Pernambuco R$ 4.558.069.512,86; Piauí R$ 2.770.225.056,94; Rio Grande do Norte R$ 2.609.195.630,89 e Sergipe R$ 1.382.448.825,62. Confira os valores acumulados do ano e repassados para Alagoas: FPM ...........R$ 1.143.796.424,02 FUNDEB ...........R$ R$ 934.367.201,11 Salário EDU....... R$ 18.302.604,74 ITR......................R$ R$ 319.984,67 CIDE...................R$ R$ 1.360.800,78 FEP..................R$ R$ 15.672.703,39 ANP.................R$ R$ 61.296.204,55 CFEM..............R$ R$ 5.940.066,05 CFH................. R$ 5.940.066,05 TOTAL..............R$ 2.186.090.091,68

RENEGOCIAÇÃO O estoque da dívida dos Estados saltou R$ 53,5 bilhões entre janeiro e abril deste ano, segundo dados do Banco Central. A quase totalidade do aumento, mais de R$ 52 bilhões, deve-se à variação cambial: alta de R$ 41,1 bilhões na dívida externa e R$ 11,1 bilhões na dívida interna atrelada à moeda americana. Ocorre que, com a liberação do socorro bilionário pelo governo federal, os governos estaduais poderão deixar de pagar as parcelas das dívidas com União, bancos públicos e organismos internacionais até o fim de 2020. Em tese, isso desafogaria o Orçamento dos estados em R$ 52,5 bilhões. Entretanto, eles terão que reincorporar esse débito (com correções) ao saldo restante dos contratos no início de 2022, o que aumentará o valor do serviço da dívida e pressionará o caixa dos governadores em pleno ano eleitoral. A situação promete levar os governos estaduais a uma nova rodada de resgates ou à renegociação da dívida, ou seja, eles sairão da crise mais endividados do que entraram. (Com Agências)


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R$ 1.045,00

Saque do FGTS perde caráter emergencial e se alonga até novembro Data de nascimento do trabalhador determina mês para ter acesso ao crédito e a retirada dos recursos

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calendário para saque de até R$ 1.045 do FGTS Emergencial, divulgado no último sábado pela Caixa Econômica Federal, jogou um balde de água fria no ânimo dos trabalhadores que contavam com esse dinheiro para junho. O crédito do Fundo só começa no próximo dia 29 e seguirá um calendário de acordo com o mês de nascimento do trabalhador. Para colocar as mãos no dinheiro, no entanto, será preciso esperar semanas ou até meses. Em princípio, a Caixa vai depositar os valores do FGTS Emergencial em poupanças digitais que serão abertas automaticamente. Dessa forma, o trabalhador poderá mexer

nesta conta apenas para pagamento de boletos, fazer compras online e compras através de algumas maquinhas de cartão. Os saques em dinheiro ou transferências para outros bancos seguirão outro calendário que começa em 25 de julho. O saque do FGTS Emergencial foi previsto na Medida provisória

nº 946, publicada no dia 17 de abril e fazia parte das medidas do governo para minimizar o impacto do novo Coronavírus na vida financeira da população. Contudo, perdeu o caráter emergencial visto que, a autorização para saques se esticará até 14 de novembro. Confira o calendário.

CALENDÁRIO MÊS DE NASCIMENTO

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

CRÉDITO EM CONTA

29 de junho 6 de julho 13 de julho 20 de julho 27 de julho 3 de agosto 10 de agosto 24 de agosto 31 de agosto 8 de setembro 14 de setembro 21 de setembro

SAQUE OU TRANSFERÊNCIA

25 de julho 8 de agosto 22 de agosto 5 de setembro 19 de setembro 3 de outubro 17 de outubro 17 de outubro 31 de outubro 31 de outubro 14 de novembro 14 de novembro Fonte: Caixa Econômica Federal

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SEGURO-DESEMPREGO A crise econômica decorrente da pandemia de Covid-19 levou 8.247 alagoanos a solicitarem o Seguro-Desemprego no mês de maio. O número representa uma alta de 2.871 requerimentos em relação ao mês de abril. Em todo país as solicitações do benefício cresceram 53% no mês passado, em relação a maio de 2019. Foram 960.258 pedidos, segundo o Ministério da Economia, o que representa um aumento de 28,3% se comparado a abril de 2020. A alta é atribuída à pandemia de Covid-19. No acumulado dos cinco primeiros meses de 2020, os pedidos de seguro-desemprego somaram 3,297 milhões, o que significa uma alta de 12,4% em relação ao período entre janeiro e maio de 2019, quando as solicitações foram 2,934 milhões. Os pedidos de seguro-desemprego em maio foram distribuídos entre serviços (42%), comércio (25,8%), indústria (20,5%), construção (8,2%) e agropecuária (3,4%). O Estado de São Paulo liderou o número de requerimentos no mês, com 281.360 solicitações, seguido por Minas Gerais (103.329) e Rio de Janeiro (82.584).

IMPOSTO DE RENDA O segundo lote de restituição do Imposto de Renda Pessoa Física 2020, cujo crédito ao contribuinte ocorrerá no próximo dia 30, não terá o acréscimo de juros Selic (atualmente em 3% ao ano). Segundo explicou a Secretaria da Receita Federal, isso ocorrerá porque a lei nº 9.250, de 1995, estabelece que só há correção “a partir da data prevista para a entrega da declaração”. Como este ano, excepcionalmente, a entrega das declarações terminou em junho por conta da pandemia do novo Coronavírus (o habitual é terminar no mês de abril) e o 2º lote de restituição será liberado durante a fase de entrega da declaração do IR, os valores não serão corrigidos. A correção pela Selic só acontecerá a partir de julho para os próximos lotes a serem liberados. “Em relação às restituições constantes do primeiro lote já liberado em 29 de maio, como também em relação às restituições constantes do segundo lote, a ser liberado em 30/6, não há correção a ser efetuada no valor apurado na DIRPF/2020 pelo contribuinte, por falta de base legal”, informou a Receita Federal.


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MELAÇO EM PÓ

Pindorama lança produto para nutrição animal com exclusividade no país Subproduto da cana-de-açúcar é rico em vitaminas e mais rentável que o melaço tradicional

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Cooperativa Pindorama, localizada no município de Coruripe, ampliou sua linha industrial com o lançamento do melaço em pó, único produzido em uma usina no país. O melaço é um subproduto líquido da cana-de-açúcar extraído durante o processo de refinamento, sendo uma fonte rica em cálcio, ferro, manganês, selênio, potássio e cobre. “Além de ser destinado ao mercado de alimentação animal, o melaço em pó também pode ser utilizado na indústria, na parte da siderurgia e da produção de cerâmica, entre

outros segmentos. É um produto estratégico e que abre as portas para um mercado considerado de grande interesse por parte da Cooperativa. Somos a única usina do Brasil a produzir o melaço em pó. Há cerca de cinco anos existia em São Paulo a usina Santa Eliza que dominava a técnica de produção do melaço em pó, mas diante da crise econômica ela parou com a operação. Então, resolvemos buscar esse conhecimento”, afirmou o presidente da Cooperativa Pindorama, Klécio Santos. A produção do melaço em pó é feita na fábrica de levedura da

Melaço em Pó, vendido em sacos de 20 Kg, é a grande novidade do ano para a a indústria e pecuária própria cooperativa, onde o produto é colocado para secagem. A Cooperativa Pindorama também lançou este ano outros produtos com valores agregados, como o álcool 70% na versão gel e líquido, para atender à grade demanda do estado, e a Cocada Pindorama. “Contamos hoje com um portfólio formado por 67 itens, comentou Klécio Santos, que insinuou a implementação de outros empreendimentos para breve. Segundo o gerente comercial da cooperativa, Daniel Lavenere, com uma linha variada de produtos para nutrição animal, a exemplo do óleo de coco para cavalos, leveduras em

pó (cana inativa e cerveja) além do melaço que já é comercializado em bombonas de 20 litros; o melaço em pó surge como uma grande novidade no mercado. “É um produto único que a Pindorama inicia a comercialização em nível estadual para toda a nossa comunidade agropecuária e seus segmentos. É um produto diferenciado e temos a certeza que será mais um caso de sucesso da Pindorama”, garantiu. O melaço em pó é comercializado em sacos de 20 Kg, de fácil manuseio e prático para a questão logística. Além disso, o produto tem uma rentabilidade maior que o melaço tradicional.


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R$ 236,3 BILHÕES

Tereza Cristina destacou o papel fundamental da agropecuária para o Brasil

Plano Safra 2020/2021 tem juros de custeio de 2,75% a 6% Valores serão liberados por meio de operações de crédito agrícola a partir de 1º de julho

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Plano Safra 2020-2021 contará com R$ 236,3 bilhões para apoiar a produção agropecuária nacional. O valor representa um aumento de R$ 13,5 bilhões em relação ao plano anterior. Os financiamentos podem ser contratados de 1º de julho de 2020 a 30 de junho de 2021. Do total, R$ 179,38 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização (5,9% acima do valor da safra passada) e R$ 56,92 bilhões serão para investimentos em infraestrutura (aumento de 6,6%). Todos esses recursos vão garantir a continuidade da produção no campo e o abastecimento de alimentos no país durante e após a pandemia do novo Coronavírus. Agricultores que se enquadram no Programa Nacional de Fortalecimento

da Agricultura Familiar (Pronaf) terão taxas de juro entre 2,75% e 4% ao ano. Para pequenos (que estão fora do Pronaf) e médios, o índice é de 5% ao ano. Para os médios produtores rurais, serão destinados R$ 33,1 bilhões, por meio do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp). Para os grandes produtores, a taxa de juros será de 6% ao ano. Para 2021, segundo o Ministério da Agricultura, o valor para subvencionar a contratação de apólices de seguro rural em todo o país será de R$ 1,3 bilhão, um novo recorde. Em 2020, o orçamento foi de R$ 1 bilhão e, no ano anterior, de R$ 440 milhões. No lançamento do Plano Safra 2020/2021, na última quarta-feira, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimen-

to, Tereza Cristina, destacou o papel fundamental da agropecuária para o Brasil e para o mundo, especialmente neste momento de pandemia. Ela explicou que o Plano Safra é focado nos pequenos e médios produtores, que são os que mais precisam do suporte do Governo Federal. Também observou que a agropecuária cresceu 1,9% no primeiro trimestre de 2020, enquanto outros setores sofreram retração. Além de abastecer o mercado interno, o agro exportou 17,5% a mais em relação ao mesmo período de 2019. O Plano Safra destaca linhas de crédito que contribuem para a sustentabilidade da agricultura. O

Programa para Redução de Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura (Programa ABC), que é a principal linha para financiamento de técnicas sustentáveis, terá R$ 2,5 bilhões em recursos com taxa de juros de 6% ao ano, uma ampliação de R$ 400 milhões. Na safra 2020-2021, os produtores terão acesso à linha ABC Ambiental, com recursos para restauração florestal, voltada para contribuir com a adequação das propriedades rurais ao Código Florestal. A taxa de juros é de 4,5% ao ano. A partir de 1º de julho os produtores poderão financiar aquisição de cotas de reserva ambiental, medida aprovada pelo Conselho Monetário Nacional.


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GARANTIA-SAFRA

AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS

Recursos estão disponibilizados para compra de alimentos em 85 municípios alagoanos

Portaria destina R$ 9,8 milhões para agricultores familiares em

Alagoas Estado tem prazo até 8 de julho para demonstrar interesse no recebimento dos recursos

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Governo Federal publicou a portaria que detalha as metas e os limites financeiros dos estados que participam do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o repasse faz parte do crédito extraordinário de R$ 500 milhões que o governo liberou em abril para o programa. Segundo a portaria assinada pelo ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, serão repassados R$ 150 milhões para a compra de alimentos desses pequenos agricultores. Alagoas tem garantidos R$ 9,8 milhões do programa para compra dos produtos que beneficiariam famílias em vulnerabilidade social em 85 municípios. A liberação das verbas visa minimizar o impacto da pandemia do novo Coronavírus na renda desses trabalhadores e no dia a dia de pessoas em situação de insegurança alimentar, segundo o ministro. Os estados têm até o dia 8 de julho

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para demonstrar interesse no recebimento dos recursos e apresentar uma proposta de execução desses repasses. A portaria prevê que o montante a ser repassado a cada estado levará em conta a relação entre a oferta de alimentos provenientes da agricultura familiar e a demanda requerida pela população em situação de insegurança alimentar e nutricional. O governo federal estima que 23.090 de agricultores de 3.194 municípios vão ser contemplados. Os recursos ampliam a disponibilidade orçamentária para que os estados possam comprar os alimentos dos agricultores familiares. Muitos agricultores estão perdendo produção porque há restaurantes e feiras fechados. Além disso, os recursos vão aumentar a quantidade de alimentos disponível nas entidades da rede socioassistencial. O texto da portaria indica ainda que para a efetivação da modalida-

de Compra com Doação Simultânea, a pasta realizará pagamentos a beneficiários fornecedores observando os limites por Unidade Familiar e as demais normas do programa, por unidade da federação, dentro dos limites financeiros indicados pela publicação. Segundo o censo agropecuário 2017, último levantamento do gênero, em 11 anos o setor de agricultura familiar perdeu 2,2 milhões de postos de trabalho. Mesmo assim, a área é a principal empregadora no campo e contabiliza uma força de trabalho total de 15,1 milhões de pessoas.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento encerra este mês, com atraso, o pagamento do Garantia-Safra referente a safra 2018/2019. Serão beneficiados 82.677 agricultores de 102 municípios de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte que sofreram perdas acima de 50% da produção de milho, feijão, arroz ou mandioca em decorrência de fenômenos naturais. O repasse de R$ 850 será em única parcela. Em Alagoas receberão agricultores de Cacimbinhas, Dois Riachos e Traipu. De novembro de 2019 a junho de 2020 foram investidos R$ 310 milhões no Garantia-Safra, segundo o ministério. Informações da Secretaria de Agricultura em Alagoas (Seagri), revelam que o programa injetou R$ 8, 3 milhões na economia do estado nos três primeiros meses deste ano.

GARANTIA DE PREÇOS A relação dos produtos do Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar (PGPAF) com direito ao desconto em junho nas operações de crédito nas instituições financeiras já está disponível. Alagoas integra a lista dos estados contemplados este mês. A lista tem validade até 9 de julho, conforme a Portaria nº 20, da Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura. Para os agricultores que têm operações de investimento sem um produto principal, que é a fonte de renda para pagamento do financiamento, há o bônus da cesta de produtos. Os produtos com bônus são: abacaxi, açaí, cana-de-açúcar, castanha de caju, castanha-do-Brasil com casca, feijão caupi, leite de vaca, maracujá, mel de abelha, raiz de mandioca e tomate. De acordo com a Conab, os produtos com maior percentual de recebimento de bônus neste mês são o abacaxi de Alagoas, o maracujá de Sergipe, e a castanha-do-Brasil do Acre e do Amapá.


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CAMPANHA

Cobertura vacinal contra Febre Aftosa ainda é pequena no Estado Levantamento oficiaç aponta apenas 8,64% dos rebanhos bovino e bubalino imunizados. Ausência da declaração contribui para baixa estatística

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vacinação contra a Febre Aftosa nos rebanhos bovino e bubalino será encerrada em Alagoas no próximo dia 30. Mas, faltando apenas 11 dias para o prazo final, o índice vacinal ainda é baixo: apenas 8,64%, segundo levantamento do último dia 12 realizado pela Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal). O estado registra atualmente 1,1 milhão de animais em aproximadamente 32 mil propriedades. A baixa cobertura vacinal, entretanto, pode ser resultado do pequeno número de declaração de vacinação, que deve ser realizada obrigatoriamente pelos criadores para alimentar as estatísticas no órgão estadual. O levantamento mais recente da Adeal mostra que os municípios com maior percentual de vacinação, até 37% do público-alvo, são Minador do Negrão, Tanque D`Arca, Campo Alegre, Messias e Campestre. O assessor executivo da Defesa Agropecuária, Hedivardo Otoni da Costa, explica que, apesar de baixo, o gráfico da vacinação é ascendente, ou seja, demonstra tendência de subida, e não difere muito de igual período do ano passado. Mas, a crise sanitária da Covid-19 também tem sido um entrave para alguns criadores oficializarem a vacinação do rebanho. A equipe técnica da Adeal tem usado a criatividade e parcerias para estimular tanto a proteção do

Vacinação de bois e búfalos contra a Febre Aftosa será encerrada no próximo dia 30

PLANO COLLOR RURAL

rebanho contra a doença quanto a declaração de imunização. Otoni informa que até a última sextafeira o número de doses da vacina comercializadas nas 64 revendas autorizadas no estado chegou a 300 mil, mas apenas 100 foram declaradas. Com as medidas de isolamento social para frear a disseminação do novo Coronavírus, a declaração poderá ser feita até 31 de agosto e forma online no site da Adeal (defesaagropecuária.al.gov.br), pelo Whatsapp (3515-2730) ou em um dos 15 escritórios da Adeal no interior, com agendamento. Em 2019, o estado vacinou 96,5% do rebanho contra a Febre Aftosa. A maior preocupação do técnico é vacinar e declarar a vacinação nas pequenas propriedades, especialmente nas regiões do Sertão e Agreste do estado. Muitos desses produtores não têm acesso aos meios virtuais e são idosos, considerados em situação de risco para agravamento da Convid-19. Para facilitar o trabalho nessas propriedades e reduzir a necessidade do atendimento presencial, a Adeal tem contado com a parceria de cooperativas locais, sindicatos rurais e até as próprias revendas das vacinas. Alagoas é considerada livre da febre aftosa com vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) garantiu aos produtores rurais o direito de recuperação de crédito após perdas com mudança dos juros do Plano Collor Rural em 1990. Na época, diante de uma crise financeira e altos índices de inflação, financiamentos rurais firmados com o Banco do Brasil tiveram juros reajustados de 41,28% para 84,32% de um dia para outro. O recurso foi julgado pela vice-presidente do STJ, ministra Maria Thereza de Assis Moura. A decisão é decorrente de uma ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal, com assistência de entidades de classe de âmbito nacional, contra o Banco do Brasil S/A, o Banco Central do Brasil (Bacen) e a União. A medida beneficia todos os produtores rurais, sejam pessoas físicas ou jurídicas, que tiveram financiamento rural contratado entre 1° de janeiro de 1987 e 30 de abril de 1990 no Banco do Brasil com correção monetária vinculada à caderneta de poupança. Não será preciso entrar com ação contra o Banco do Brasil ou a União Federal, pois o estágio é de cumprimento de sentença, ou seja, basta o produtor rural comprovar o financiamento à época. (Com Agrolink)

CAMINHÕES A crise econômica em decorrência da pandemia acelerou o segmento de locação de caminhões e está contribuindo com montadoras na retomada da produção. Segundo levantamento do Canal Rural, diante da falta de liquidez no mercado em razão da insegurança do setor financeiro em liberar crédito, várias empresas estão optando por essa modalidade pois, além de não imobilizar capital, o aluguel dispensa a empresa de serviços de manutenção. Cálculos indicam que o custo do aluguel chega a ser 30% menor que o da aquisição. Para as fabricantes dos veículos, ajuda a amenizar a alta ociosidade das fábricas, que este ano deve ficar em cerca de 80% da capacidade instalada. A Volkswagen Caminhões e Ônibus tem cerca de 15% de sua produção voltada às locadoras. Em 27 de abril, a empresa e a Scania foram as primeiras montadoras a retomar atividades após as paradas de mais de um mês em razão da pandemia. A Mercedes-Benz espera um aumento de mais de 50% nas vendas de caminhões para clientes de locadoras neste ano em relação a 2019.


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1º TRIMESTRE

Brasil supera seu próprio recorde na produção de ovos de galinha

Alagoas contribui com 5,1 milhões de dúzias para o mercado

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brasileiro sabe que ovos de galinha são uma importante fonte de proteínas e que, associados a uma alimentação balanceada, aparecem como essenciais à saúde. Por vários fatores o consumo do produto é intenso no país, assim como sua produção. No primeiro trimestre deste ano a produção de ovos em Alagoas foi de 5 milhões 188 mil dúzias, auxiliando o país a alcançar o recorde no período desde 1997, início da série histórica: 965 milhões de dúzias produzidas. O resultado nacional foi 3,9% maior que o registrado em igual período do ano passado, segundo a Diretoria de Pesquisas do IBGE. No total, o país produziu a mais 36,1 milhões de dúzias de ovos durante o primeiro trimestre e São Paulo se manteve como maior produtor, com 29,6% do volume nacional, seguido por Minas Gerais e Espírito Santo, ambos respondendo pela mesma proporção de 9,3%, e pelo Paraná com 9,1% da produção. Entretanto, a produção recorde de ovos não segurou os preços no atacado ou no varejo. O consumidor teve que desembolsar mais para comer ovos, principalmente na primeira semana deste mês. A caixa com trinta dúzias do produto ficou cotada, em média, em R$ 87,50 nas granjas paulistas, uma valorização de 2,3% nos últimos sete dias. No atacado, a alta foi de 2,2% neste mesmo período, com a caixa do produto negociada em R$ 92. Na comparação mensal, os preços subiram 3,4% e 3,6%, respectivamente, nas granjas e no atacado em São Paulo e em muitos outros estados. Para o curto prazo, a expectativa é de preços firmes. Em Maceió, o consumidor ainda pode adquirir a bandeja com 30 unidades de tamanho médio entre R$ 12 e R$ 15.

Produção nacional registrou mais 36,1 milhões de dúzias em três meses

OVO EM PÓ Por sua acessibilidade, preço e facilidade o ovo de galinha é um alimento que sempre aparece na mesa do brasileiro e é considerado rico em proteína e antioxidantes. Uma formulação que vem ganhando espaço são os ovos desidratados ou em pó. Não chega a ser uma novidade, mas as indústrias estão investindo no produto. A fórmula foi inventada pelo químico norte-americano William A. Mitchell, e foi usada durante os períodos de racionamento civil na II Guerra Mundial. Entre as vantagens está o peso reduzido, durabilidade estendida, facilidade de transporte e manuseio e o fato de não precisar de refrigeração para o seu armazenamento. A Katayama Alimentos, uma das maiores indústrias avícolas do país, afirma que o ovo em pó pode ser utilizado como substituto do ovo in natura tranquilamente. A diferença é que no ovo em pó, a água que estava presente no ovo com casca é extraída. Logo, para utilizá-lo novamente, é preciso acrescentar a água nas quantidades equivalentes.

OVO EM PO II O ovo integral pasteurizado desidratado é obtido através da quebra de ovos frescos, que depois são filtrados, resfriados, pasteurizados para inativar as Salmonellas e desidratados. Todo o processo é automático, para coibir qualquer contaminação. O prazo de validade do ovo em pó é de um ano, a partir da data de fechamento das embalagens. Segundo a Associação Paulista de Avicultura, o valor nutricional do ovo em pó é equivalente ao do produto “in natura” e sua utilização, além de segura, é lucrativa para o empresário do setor alimentício, pois com um quilo de ovo em pó, é possível preparar 80 porções de ovo mexido ou frito, de 51 gramas cada. O ovo em pó é utilizado em bolos, biscoitos, massas, pães, pães de queijo, doces, omeletes, tortas, panetones e em diversas outras receitas como substituto ao ovo in natura.

OVO EM PÓ III Clara de ovo pasteurizada desidratada: indicada para suspiros, mousses, recheios para chocolate, cobertura para bolos, torrones e em dietas hiperproteicas, em substituição à clara in natura; atua como agente aglutinante, ligante e clarificador de bebidas; Gema de ovo pasteurizada desidratada: utilizada em maioneses, molhos, bolos, biscoitos, sorvetes, panetones e em outras receitas em substituição à gema in natura; atua como agente ligante e emulsificante. (Com Agrolink)


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EM ALAGOAS

11 Aporte financeiro manterá Programa do Leite até março de 2021

Programa do Leite terá R$ 19,5 milhões para sobreviver até março 2021

Recursos federais serão repassados a partir de julho, garantindo a distribuição do produto para 8 mil famílias carentes.

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oi preciso muito argumento para convencer o governo federal sobre a importância da manutenção do Programa do Leite em Alagoas, que beneficia três mil pequenos produtores e mais de 80 mil famílias em situação de risco social. A verba destinada ao programa sofreu uma redução de 25% este ano, o que só garantia sua continuidade até o final deste mês. Depois de muitas idas e vindas de uma força tarefa envolvendo o secretário estadual da Agricultura (Seagri), João Lessa, cooperativas de produtores

e parlamentares federais, os recursos federais foram assegurados. O programa vai receber um aporte de R$ 19,5 milhões. Segundo o presidente da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), Aldemar Monteiro, os recursos financeiros vão viabilizar.o programa a partir do próximo mês de julho até março de 2021. Atualmente, os produtores convivem com um atraso de cinco meses no recebimento da produção entregue ao Programa do Leite em função do atraso na contrapartida federal, que repassa 80% dos valores pagos ao

produtor rural. O restante é garantido pelo Governo estadual. A Seagri fechou um acordo para pagar os recursos não repassados aos produtores de forma parcelada e a distribuição de leite voltará a ser realizada em todos os 102 municípios cadastrados. Atualmente, essa distribuição foi suspensa em mais de 20 municípios. O governo estadual recebe a verba federal e repassa R$ 4.500 pela entrega de leite a cada produtor, uma média de 17 a 20 litros diários. O valor do litro,

segundo Aldemar, é de R$ 1,28. O Programa do Leite em Alagoas foi criado em 2002 e beneficia mais de 80 mil famílias que vivem abaixo da linha da pobreza. Cada família assistida recebe 4 litros de leite por semana, segundo critérios de distribuição do programa. São beneficiadas pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricionais detentores do número de identificação social NIS, com perfil Bolsa Família e unidades recebedoras.


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Material disponível orienta empresários sobre adequações que serão necessárias para garantir o retorno das atividades

PANDEMIA

Sebrae orienta pequenos negócios para retomada das atividades Instituição disponibiliza gratuitamente conjunto de protocolos, como cartilhas e vídeos, para 47 segmentos setoriais

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Sebrae vai orientar as micro e pequenas empresas na retomada das atividades em todo o país. A instituição está disponibilizando gratuitamente em seu portal, o www.sebrae.com. br, um conjunto de protocolos que reúnem informações práticas, alinhadas às recomendações das autoridades de saúde, para auxiliar os empreendedores na adaptação dos seus negócios às exigências do poder público assim que eles tiverem o seu funcionamento liberado. O material é composto por 35 cartilhas, além de vídeos, áudios e diversos outros materiais, beneficiando 47 segmentos setoriais. Entre os setores contemplados pela medida estão o de moda, beleza, estética, bares, lanchonetes, restaurantes, lojas de rua e de shopping, academias de ginástica, clínicas e saúde. Há ainda conteúdos voltados aos empreendedores donos de confeitarias, panificações, minimercados e que atuam no mercado da construção civil e feiras livres.

Esses documentos trazem, por exemplo, orientações sobre como receber corretamente as mercadorias, os procedimentos a serem adotados durante a chegada de clientes e colaboradores aos estabelecimentos, higienização de superfícies e equipamentos, destinação do lixo, medidas para evitar aglomeração e contaminação cruzada, dentre diversas outras que contribuam para mitigar o risco de contágio das pessoas. Isso inclui materiais de visualização e sinalização para impressão, que podem ser utilizados na empresa tanto no piso quanto na parede, com orientações para distanciamento e medidas preventivas de higiene. A ideia é que as micro e pequenas empresas, com orientação do Sebrae, disponibilizem um QR Code para os clientes de forma a possibilitar a checagem das medidas implementadas nos estabelecimentos. “Estamos buscando fornecer aos empreendedores as orientações necessárias para que, no momento em que forem devidamente autorizados, retomem as atividades com segurança. Queremos apoiá-los nesse processo e também orientar

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 DE JUNHO DE 2020

PROTOCOLOS ALIADOS Os protocolos de retomada, organizados pelo Sebrae, serão os principais aliados das micro e pequenas empresas no retorno às atividades, com o fim gradual das medidas de isolamento social determinadas para enfrentamento da pandemia do novo Coronavírus. O conjunto de documentos, todos com base em informações oficiais, vai orientar os empreendedores sobre como atuar diante da crise, tanto na condução das empresas, quanto na relação com funcionários, fornecedores e clientes. O objetivo é assegurar a reabertura da economia acontecer de forma mais segura, evitando a propagação da doença. Segundo o presidente do Sebrae, esse conjunto de conteúdos produzidos pela instituição com o apoio de entidades setoriais vai unir a economia, buscando mais proteção.

ATENDIMENTO REMOTO os consumidores a fiscalizar a implementação dos procedimentos, valorizando aquelas empresas que se preocupam com a saúde e cobrando aqueles que não o fizerem”, explica o superintendente do Sebrae em Sergipe, Paulo do Eirado. Caráter informativo É importante lembrar que as cartilhas têm a função exclusiva de orientar os empresários em relação às adequações que serão necessárias para garantir o retorno das atividades, preservando a saúde e garantindo o máximo de segurança possível aos empreendedores, colaboradores e clientes. O Sebrae alerta que é importante sempre levar em consideração as medidas do poder público e o decreto vigente em cada região, no que rege os regulamentos e o funcionamento do comércio. Os conteúdos veiculados nas cartilhas foram elaborados em parceria com as entidades empresariais de cada setor, seguindo as recomendações dos órgãos de saúde.

Mesmo diante do isolamento social, devido ao novo Coronavírus, os empresários da pequena empresa têm atendimento garantido no Sebrae em Alagoas. A equipe do Sebrae está mobilizada para atender as demandas dos empresários, que também podem contar com a estrutura de cursos online e gratuitos do portal EAD Sebrae com mais de 100 opções de cursos. Basta acessar https:// www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/cursosonline. O empresário pode entrar em contato com a instituição pelos canais remotos e digitais, como o portal sebrae. com.br/alagoas, 0800 570 0800, Telegram (t.me/sebraealagoas), WhatsApp (82) 99999-5519, chat e e-mail fale.sebrae.com. br, Instagram (@sebraealagoas), Twitter (@sebraealagoas), Facebook (/SebraeAlagoas), Youtube (@sebraealagoas) e o LinkedIn (Sebrae Alagoas).


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