Edição 1076

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BRIGA NO CAMPO

EX-DEPUTADO TATURANA É ACUSADO DE AMEAÇAR FAMÍLIAS DE SEM-TERRA 9

ANO XXI - Nº 1076 - 03 A 09 DE JULHO DE 2020 - R$ 4,00

FARRA DO COTÃO

Deputados de Alagoas gastam quase meio milhão de reais com autopromoção

Nem mesmo a pandemia da covid-19 freou os ímpetos da bancada federal de Alagoas. No primeiro semestre deste ano os nove deputados federais gastaram R$ 469.763,80 com publicidade. O líder em gastança continua sendo Nivaldo Albuquerque. 5

ESTELIONATO Moacyr Brêda é condenado a 5 anos de cadeia em regime fechado

Dono de construtora falida dá calote no mercado e golpe contra várias famílias 7

PANDEMIA ALAGOAS TEM CONCEITO ÓTIMO EM TRANSPARÊNCIA DE GASTOS 14 MACEIÓ PERDE POSIÇÃO E ESTÁ ENTRE PIORES PRESTADORES DE CONTAS 15


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COLUNA

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EDITOR Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

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ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Eleição atípica

- A pandemia será o maior 1municipal inimigo dos candidatos no pleito deste ano. Ao pandemônio provocado pelo coronavírus some-se a crise econômica – que afeta a todos – e o desgaste dos governantes junto à população, sobretudo os segmentos mais carentes da sociedade.

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- Tudo somado e conferido, esses fatores formam a tempestade perfeita contra os candidatos às eleições deste ano, seja de esquerda, direita ou de centro. É o que diz recente consulta aos eleitores feita pela MC Pesquisa e Consultoria.

- Ao analisar os números da 3Bastos pesquisa, o professor Marcelo prevê uma abstenção his-

tórica no pleito deste ano. Lembra que esse indicador vem crescendo a cada eleição, mas será agravado pelos efeitos da pandemia.

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- Nas eleições gerais de 2018, quase meio milhão de alagoanos deixaram de votar, o que representou uma abstenção superior a 22%. No último pleito municipal, em 2016, a abstenção passou de 32%, somando-se aí os votos brancos e nulos.

consulta realizada em Ma5uma-ceióAabstenção pela MC Pesquisa revela acima de 26%,

índice que deve crescer substancialmente em função da pandemia e dos problemas dela decorrentes, segundo avaliação do professor Marcelo Bastos.

- Ele lembra que o pleito deste 6revoltado ano vai encontrar um eleitor com a situação econô-

mica, o desemprego em massa e a falta de perspectiva, mais a desilusão com os governantes, que nunca cumprem as promessas de campanha.

- “Além disso, o medo de 7candidatos contrair o vírus vai privar os de um contato direto

com as comunidades e afastar o eleitor das urnas”, prevê o Marcelo Bastos.

Fala o povo

Apesar do desgaste político com o agravamento da crise pela pandemia, o governo de Renan Filho é aprovado por 52,8% dos maceioenses. Já o prefeito Rui Palmeira tem aprovação de 53,9%, enquanto o Governo Bolsonaro é aprovado por 64%. Os números são da última consulta feita na Capital pela MB Pesquisas e Consultoria, do professor Marcelo Bastos.

Alto risco

A fadiga da população por fatores negativos da pandemia e da crise econômica deve afastar o eleitor das urnas e favorecer os candidatos afinados com as redes sociais. O risco é eleger um vendedor de ilusões sem qualquer compromisso com a ética na gestão pública.

Desgaste

As relações entre gover-nador e presidente da Associação Comercial de Maceió azedaram de vez. Kennedy Calheiros tem feito duras críticas a Renan Filho por manter a economia refém do isolamento social. O embate vem desde as primeiras reuniões para discutir o enfrentamento do coronavírus.

Canal aberto

A Federação das Indústrias de Alagoas tem alertado para o risco de quebradeira geral, desemprego em massa e graves problemas sociais com o fechamento das atividades econômicas. Mas o presidente da entidade, José Carlos Lyra, mantém aberto um canal de diálogo com o governador e com o prefeito de Maceió.

Vai piorar

Nada é tão ruim que não possa piorar. É o caso da Casal, que será privatizada e uma das empresas interessadas no leilão é a Equatorial. Ela mesma, campeã de apagões em Alagoas, líder de cobranças indevidas nas contas de energia e atendimento ao público da pior qualidade. Se consolidado o negócio, os alagoanos estarão ferrados, com energia cara e ruim e água, Deus sabe como.

Ninguém escapa

As vidas perdidas durante a pandemia e a roubalheira atribuída a prefeitos e governadores serão cobradas nas urnas pelo eleitor revoltado. As pesquisas de intenção já indicam que essa conta custará caro para os gestores sem escrúpulos. Os que escaparem do julgamento das urnas serão pegos pelo Ministério Público e demais órgãos de fiscalização.

Toga suja

O juiz Galdino Vasconcelos estará, de novo, no banco dos réus do Tribunal de Justiça terça-feira, 7, na primeira sessão presencial desde que começou a pandemia. O magistrado, que responde a vários processos por atos de corrupção, foi condenado à aposentadoria compulsória na última sessão remota do TJ, mas o processo continua em aber-to porque o desembargador Celyrio Adamastor pediu vistas. As acusações contra o juiz vão da cobrança de propina ao recebimento de vantagens ilegais, passando por ações em defesa de traficantes e outros crimes.

Venda de sentença

O STJ está investigando um desembargador de Goiás que teria recebido R$ 800 mil para beneficiar uma destilaria de álcool em recuperação judicial. Deve ser terrível viver em um estado onde desembargador do Tribunal de Justiça vende sentença.

Caos na saúde

A deputada-médica Fátima Canuto vem alertando o governo para um grave problema que ameaça centenas de alagoanos. É o caso da demanda reprimida de doenças que vêm sendo deixadas de lado. “Cirurgias seletivas e de urgência para pacientes com câncer não são realizadas nestes tempos de pandemia”, disse a deputada, ao cobrar um plano de emergência para atender essa demanda reprimida.

Malha fina

Mais de 1 milhão de contribuintes caíram na malha fina da Receita Federal. Mais de 42% das pendências são referentes a valores de rendimentos menores que os apresentados pelos contribuintes na declaração.


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ELEIÇÕES 2020

Alteração de calendário pode prejudicar candidatos de pequenas cidades Votação em 1º e 2º turnos serão a 15 e 29 de novembro, respectivamente SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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omo se não bastasse toda instabilidade na saúde e na economia que a pandemia do novo coronavírus vem causando desde que chegou ao Brasil, o cenário eleitoral também vive um impasse diante da doença. Aprovado em sessão do Senado no dia 23 de junho, e na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 1 de julho, o adiamento do primeiro turno das eleições municipais do dia 4 de outubro para o dia 15 de novembro tem dividido opiniões ao redor do país, e em Alagoas não é diferente. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que adia as eleições foi votada em dois turnos no Senado e aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados. O texto, votado em sessão remota, foi aprovado por 402 votos a 90, houve 4 abstenções. Por se tratar de uma alteração constitucional, o texto foi submetido ao segundo turno de votação na Câmara. Sem mudança pelos deputados, seguiu para promulgação pelo Congresso. Com a decisão, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem a prerrogativa de definir os horários de funcionamento das sessões eleitorais, bem como eventuais medidas de distribuição dos eleitores nas sessões para minimizar os riscos de aglomeração nos dias de votação. O TSE defende o adiamento como medida para minimizar

o risco de contágio da doença, mas desde que seja ainda para este ano. AMA Para a presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Pauline Pereira, o ideal é a realização das eleições garantindo a saúde da população. “Queremos que nosso regime democrático seja sempre fortalecido. Um dos pilares dessa democracia é a participação popular e o respeito às regras estabelecidas em nossa constituição, que determina os direitos e deveres de cada um de nós cidadãos. As eleições são importantes para dar o direito ao cidadão através de sua participação e voto decidir os rumos por um determinado período dos seus governos municipais e nacionais e de suas casas legislativas. é um momento único e importantíssimo na vida em sociedade onde elegemos projetos e representantes. O previsto, o ideal, é a realização das eleições”. “Devemos entender sempre que esse processo possibilita as renovações desejas ou também a continuação. Nesse momento a nível mundial estamos travando uma complexa luta contra uma grave crise na área da saúde, onde países democráticos modificam também suas agendas eleitorais. Agendas essas com suas particularidades e aspectos diferentes em suas organizações de pleitos e campanhas das nossas aqui do Brasil. Por isso, não devemos apontar soluções externas e sim fazermos a nossa solução, aquela que preserve primeiramente vidas”, afirmou a presidente da AMA. Pauline Pereira reforça a posição da Confederação Nacional dos Municípios, que defende a suspensão do pleito

físico e social?”, questiona. Em videoconferência promovida pela CNM, o presidente da Federação Catarinense de Municípios (Fecam) e representante da região Sul, Orildo Severgnini, segue a mesma linha de pensamento, reforçada por outro alerta. “A lei eleitoral traz princípio da igualdade de oportunidade, e como garantir, se somos 1.313 prefeitos acima de 60 anos em exercício e, desses, 1.040 teriam direito de concorrer à reeleição?”, questionou.

Presidente da AMA, Pauline Pereira defende eleições unificadas eleitoral enquanto houver riscos de contaminação. Segundo o presidente da CNM, Glademir Aroldi, a não realização da eleição neste ano não coloca em risco a democracia. “Muito pelo contrário, entendemos que estaremos preservando”. Pauline Pereira acompanha

Calendário

A partir do dia 11 de agosto as emissoras ficam proibidas de transmitir programa apresentado ou comentado por pré-candidato, sob pena de cancelamento do registro do beneficiário; Do 31 de agosto a 16 de setembro acontecem as convenções partidárias e a definição sobre coligações. O dia 26 de setembro é prazo período destinado às convenções partidárias e à definição sobre coligações. Depois desta data começa o prazo para que a Justiça Eleitoral convoque partidos e representação das emissoras de rádio e TV para elaborarem plano de mídia. Começa também a propaganda eleitoral, via televisão

a CNM e defende o adiamento das eleições e uma possível unificação em 2022. “Cidades pequenas não têm programas eleitorais em televisão; nossa campanha é feita olho no olho, em visitas, reuniões. Como correr campanha sem aglomerações? Com distanciamento

e internet Dia 27 de outubro é o prazo para partidos políticos, coligações e candidatos divulgarem relatório discriminando as transferências do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (Fundo Eleitoral), os recursos em dinheiro e os estimáveis em dinheiro recebidos, bem como os gastos realizados. Enfim no dia 15 de novembro, acontece o primeiro turno das eleições. Dia 29, o segundo turno e até o dia 15 de dezembro deve ocorrer o encaminhamento à Justiça Eleitoral do conjunto das prestações de contas de campanha dos candidatos e dos partidos políticos, relativamen-

DATAS FLEXÍVEIS Com a nova PEC, as cidades que não tiverem condições sanitárias para realizar a votação em novembro, poderão ter novas datas definidas pelo TSE, até a data-limite de 27 de dezembro de 2020. Caso um estado inteiro não apresente condições sanitárias em novembro, um novo adiamento das eleições terá de ser definido por meio de decreto legislativo do Congresso. A data-limite também será 27 de dezembro de 2020.

te ao primeiro turno e, onde houver, ao segundo turno das eleições. Até o dia 18 de dezembro será realizada a diplomação dos candidatos eleitos em todo país, salvo nos casos em que as eleições ainda não tiverem sido realizadas. Em 2021, o dia 12 de fevereiro é o prazo final para que a Justiça Eleitoral publique o resultado do julgamento das contas dos candidatos eleitos. E por fim, dia 1 de março é o último dia para que as coligações e os partidos ajuizem representações na Justiça Eleitoral para apurar irregularidades em gastos de campanhas de candidatos


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Prestígio abalado

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lém da pandemia que matou centenas de alagoanos e destroçou a economia, outra crise se avizinha: a política, que deve ter lances que ninguém espera daqui a alguns meses. Com a popularidade em baixa, o governador Renan Filho e o prefeito Rui Palmeira devem manter uma estratégia para recuperar o prestígio abalado pelas medidas tomadas e ter condições suficientes para apoiar o seu candidato a prefeito de Maceió, Alfredo Gaspar de Mendonça.

Medidas impopulares Todo mundo sabe que algumas medidas tomadas nesta pandemia, mesmo que necessárias do ponto de vista da saúde da população, por outro lado desagradaram aos segmentos produtivos, onde centenas de empresas fecharam e não reabrem mais suas portas e outras enfrentarão dias negros pela frente.

Reflexo Toda essa crise afetou diretamente a todos que se preparam para enfrentar as eleições deste ano. Se o apoio de Renan Filho e do prefeito Rui Palmeira a Alfredo aspar de Mendonça já foi muito bom, agora não se sabe mais. Alfredo deve analisar com calma o apoio dos dois e decidir se tem condições de marchar com uma candidatura independente.

Na mídia Alheio a tudo isso, o deputado federal JHC aperta o pé no acelerador e não perde oportunidade para difundir suas conquistas e ações nas redes sociais. Em pesquisas de opinião, tem aparecido como uma grande opção para prefeito de Maceió.

Com Heloísa Já Ronaldo Lessa, que luta para formar uma base de partidos para mostrar musculatura política, pode repetir a dobradinha com Heloísa Helena, mesmo que ela não faça parte de sua chapa para a prefeitura da capital. É também uma opção que não deve ser subestimada pelos seus adversários.

Nos últimos dias era clara a preocupação dos candidatos do governo com a insatisfação popular nas medidas de isolamento tomadas e a restrição da abertura do comércio e da indústria. Isso afetou diretamente prefeito e governador, que tentarão encontrar caminhos para chegarem fortes e com a credibilidade nas eleições deste ano. Os candidatos torcem que isso aconteça para não ver o caldo entornar.

A leitura é outra Se as eleições de 2022 fossem antecipadas, certamente ninguém iria cantar de galo. É o caso, por exemplo, do governador Renan Filho, que achava que as eleições seriam favas contadas para disputar a única vaga de senador. Equilibrado e consciente de que até lá as coisas podem mudar, Fernando Collor é um sério concorrente para continuar no Senado Federal.

Movimentação As últimas pesquisas feitas pelo Instituto de Pesquisas e Consultoria do competente professor Marcelo Bastos para consumo próprio, revelam uma cena atípica para este período pré-eleitoral. Ora os candidatos fortes à Prefeitura de Maceió estão em cima, ora estão navegando na intermediária. Ou seja, nenhuma definição, pois até o ex-prefeito Cícero Almeida, que muitos já rezavam na sua cova política, foi pontuado no quesito de pesquisa espontânea.

Roda gigante JHC, Alfredo Gaspar, Cícero Almeida e Ronaldo Lessa estão bem acima de outras candidaturas e, portanto, com chances reais de chegarem lá. Almeida surpreende e dispara na frente de Ronaldo, JHC e Alfredo e, para surpresa de muitos, o deputado Davi Davino alcançou uma discutida colocação. Pelas pesquisas, muita água ainda vai correr por baixo da ponte.

Assustador Nessa mesma pesquisa feita pela MB Consultoria, o número de indecisos e que votariam nulo e em branco é realmente assustador, quadro que deverá mudar com a aproximação das eleições.

Tempo de TV Os candidatos com partidos mais fortes terão, naturalmente, maior tempo no rádio e na televisão, o que consolidaria nomes já bastantes conhecidos. Outro artifício é o candidato sem recursos utilizar com sabedoria as redes sociais, onde a campanha esteve e sempre estará presente.

Limpando Aos poucos o Tribunal de Justiça vai fazendo uma limpeza nos seus quadros, graças a uma atuação firme da Corregedoria daquela instituição. Nos corredores do TJ se comenta que vem muito mais coisa por aí.

Palanque As redes sociais estão servindo de palanque para muitos candidatos, mesmo àqueles sem a mínima chance de chegar tanto na Câmara de Vereadores como na Prefeitura de Maceió. Eles levam a missão adiante para negociar depois. Dizem o que fazem e o que não fazem na esperança de sensibilizar o eleitorado, o que deverá ser proibido dentro de pouco tempo pelo Tribunal Regional Eleitoral.

Ação municipal As fortes chuvas que caíram no estado afetaram vários municípios que até agora estavam fora da área de risco. Foi o caso de Traipu, cujo prefeito, Cavalcante, iniciou a recuperação de várias ruas atingidas duramente pelas águas. Nas previsões do secretário de Obras, Edmar Ferreira, a reforma das ruas danificadas irá durar cerca de um mês. No litoral norte a situação também não foi diferente, com enchentes que atingiram os mais recomendados setores turísticos daquela região.

Trabalho duro Em Maceió, principalmente na parte alta da cidade, a situação é idêntica ao interior do estado. Em algumas ruas o asfalto desapareceu e o secretário de Infraestrutura, Mac Lira, tem trabalhado dia e noite para reorganizar as vias públicas.

Reação Entregadores de aplicativos, sentindo-se prejudicados, realizaram um protesto na última quarta-feira reivindicando melhores condições de trabalho. O mesmo aconteceu com vans que exigiram também que o setor fosse flexibilizado. A abertura parcial que acontece a partir de hoje não agradou a maior parte do comércio.

Hora do vice Enquanto partidos de oposição aceleram à procura de um vice para prefeito de Maceió, Alfredo Gaspar de Mendonça deve contar mesmo com Tácio Melo, do Podemos, pessoa da confiança do prefeito Rui Palmeira. Para JHC o vice deve mesmo ser indicado pelo senador Rodrigo Cunha, o que faz parte do acordo político.


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FARRA DO COTÃO

Deputados gastam quase R$ 500 mil com publicidade em plena pandemia No primeiro semestre do ano, bancada federal de Alagoas gastou mais de R$ 1 milhão às custas do contribuinte JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

O

s nove deputados federais por Alagoas gastaram, no primeiro semestre de 2020, em plena pandemia do novo coronavírus, o valor de R$ 1.031.380,69 custeado pela Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), uma mordomia bancada pelo povo brasileiro. Desse montante, R$ 469.763,80 (45,55%) foram destinados à divulgação da atividade parlamentar - a famosa publicidade; R$ 161.569,08 (15,67%) em consultorias, pesquisas e trabalhos técnicos; R$ 137.788,72 (13,36%) em locação ou fretamento de veículos; R$ 122.764,33 (11,90%) em manutenção de escritório; R$ 82.781,96 (8,03%) com combustíveis; e R$ 56.712,80 (5,50%) em despesas variadas. Vale ressaltar que de janeiro a junho os parlamentares JHC (PSB), Marx Beltrão (PSD), Nivaldo Albuquerque (PTB) e Tereza Nelma (PSBD) gastaram, ao todo, R$ 10.237,41 em passagens aéreas. No entanto, o único que se atreveu a viajar de avião em época de quarentena foi Beltrão, que utilizou o serviço aéreo três vezes em abril. A rota foi Brasília, Aeroporto de Garulhos (SP) e Maceió. O parlamentar foi um dos polí-

ticos alagoanos que contraiu a covid-19. Ele mesmo anunciou o diagnóstico em meados de maio informando que contraiu o vírus após ter contato com um amigo. Voltando ao ranking de gastos, sempre no topo, está o filho do deputado estadual Antonio Albuquerque, o Nivaldinho, já citado, que utilizou R$ 208.610,78 do Cotão. Entre os maiores uso do erário estão: R$ 104.000 com publicidade, R$ 60.000 em consultoria e R$ 42.000 na manutenção de escritório de apoio. A “tucana” Tereza Nelma aparece em segundo lugar com R$ 143.911,75 em despesas. Assim como o colega petebista, Nelma investiu maior parte de seus gastos em propaganda: R$ 50.500. Segundo dados da Câmara Federal, entre os parlamentares alagoanos, a deputada é a única que tem em suas despesas o serviço de segurança prestado por empresa especializada: R$ 21.550. A empresa Garra Segurança Patrimonial, que recebeu em média, R$ 4.300 por mês, está localizada no bairro Tabuleiro do Martins, em Maceió, onde funciona desde 2011. Em seguida, na terceira posição, está Severino Pessoa (Republicanos), que teve gastos de R$ 130.885,83, sendo R$ 94.400 em divulgação das atividades, R$ 28.523,69 com combustíveis e R$ 7.697,16

em participação de curso realizado em março com a empresa Informe Comunicação Integrada, situada em Brasília (DF). Em quarto lugar no ranking dos gastos aparece Sérgio Toledo (PL): R$ 128.403,84. Desse valor, R$ 36.000 foi utilizado com aluguel de veículo Toyota Hilux da empresa Dmtri Locações de Veículos, que funciona na Gruta de Lourdes, na capital alagoana. No primeiro semestre, no ano passado, os parlamentares gastaram o dobro deste ano: R$ 2.118.118,31. SOBRE A COTA A Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap) custeia as despesas do mandato, como passagens aéreas e conta de celular. Algumas são reembolsadas, como as com os Correios, e outras são pagas por débito automático, como a compra de passagens. Nos casos de reembolso, os deputados têm três meses para apresentar os recibos. O valor mensal não utilizado fica acumulado ao longo do ano - isso explica porque em alguns meses o valor gasto pode ser maior que a média mensal. SENADO Os senadores também dispõem de cota para gastos com o parlamento. No primeiro semestre deste ano, Fernando Collor (Pros) gastou R$ 169.548,32, sendo R$ 167.000 na contratação de serviços de apoio ao parlamentar e R$ 2.548,32 na utilização de passagens no mês de março.

RANKING Nivaldo Albuquerque (PTB) Gasto total: R$ 208.610,78 Gasto com publicidade: R$ 104.000

Paulão (PT) Gasto total: R$ 113.685,09 Gasto com publicidade: R$ 12.500

Tereza Nelma (PSDB) Gasto total: R$ 143.911,75 Gasto com publicidade: R$ 50.500

Marx Beltrão (PSD) Gasto total: R$ 90.757,77 Gasto com publicidade: R$ 77.000

Severino Pessoa (Republicanos) Gasto total: 130.885,83 Gasto com publicidade: R$ 94.400

JHC (PSB) Gasto total: R$ 48.334,45 Gasto com publicidade: 14.188,80

Sergio Toledo (PL) Gasto total: 128.403,84 Gasto com publicidade: R$ 75.000

Arthur Lira (PP) Gasto total: R$ 47.051,84 Gasto com publicidade: R$ 13.000

Isnaldo Bulhões Jr. (MDB) Gasto total: R$ 119.739,34 Gasto com publicidade: R$ 29.175

Em segundo lugar vem Rodrigo Cunha (PSBD) com despesas de R$ 99.942,41. Entre os principais gastos estão com contratação de serviços, assim como Collor (R$ 26.074,57) e publicidade (R$ 24.000). Cunha também gastou R$ 15.117,57 com passagens em viagens nos meses janeiro, fevereiro (maior gasto: R$ 9.828,99), março, maio e junho. Na terceira posição, Renan Calheiros (MDB) usou

R$ 80.944,76 do Cotão, desses R$ 47.000 a contratação de serviços de apoio, R$ 22.967,52 aluguéis para escritório e 10.977,24 com passagens em viagens realizadas em janeiro, fevereiro e março. No mesmo período do ano passado, de janeiro a junho, os senadores de Alagoas gastaram em torno de R$ 325.000. Em 2020, os gastos já ultrapassaram, mesmo com a pandemia, R$ 350.000.


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OBRA DE 27 ANOS

Canal do Sertão tira dos pobres para dar aos mais ricos

Terras são negociadas por endinheirados e mineradora está de olho nas águas

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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Canal do Sertão aumentou a compra de terrenos localizados próximos à obra. Quem compra estas terras e tem mais dinheiro, também tem mais facilidade em conseguir empréstimos bancários para comprar material para plantação. Um destes exemplos está no perímetro de Delmiro Gouveia, cuja cultura a ser desenvolvida é a do coco. Grandes indústrias de processamento de coco vão sendo contactadas e já mostraram interesse em ocupar estas terras. A Sococo é uma destas indústrias. Instalada em Maceió e referência no Brasil, a empresa tem ociosidade em sua planta industrial equivalente ao processamento do coco em 3 mil hectares. Também é assim em Pariconha, cujo potencial é a agropecuária. Grandes empresas são contactadas, como Marfrig, Friboi e Frigorífico Independência. Assim, a maior obra hídrica de Alagoas terá apenas uma pequena parte de seu potencial destinada à agricultura familiar. “O agronegócio busca se expandir em todo o território, deixando suas marcas avassaladoras, pois o que necessita é a acumulação do capital e o estado a valorização da região, mediante grandes obras, como a apresentada que visa o uso de sua maior parte de irrigação destinada ao agronegócio e poucas áreas para o desenvolvimento da agricultura familiar”. A conclusão é dos pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas Robson Xavier dos Santos (U fal/Sertão), Paloma Gomes Correia (Ufal/Sertão) e Ricardo Santos de Almeida

Plantação de milho no Distrito de Coelhos

(professor-bolsista do curso de Geografia da Ufal). A pesquisa “Canal do Sertão de Alagoas: território destinado para o agronegócio?” está publicada no Diversitas Journal, edição janeiro/março deste ano. “O Canal do Sertão, segundo o governo do Estado, seria destinado para a irrigação, beneficiando os pequenos agricultores e também as grandes empresas, sob o processo de valorização do território, onde a região se tornaria mais atrativa para o desenvolvimento das empresas do agronegócio e outras que se interessam por usufruir de um empreendimento grande que valoriza o território antes denominado atrasado e sem desenvolvimento”, explica a pesquisa. “As empresas buscam o melhor e mais vantajoso território para a sua instalação, onde ofereçam condições necessárias e

o Estado prepara o ambiente, como o uso das águas do Canal do Sertão, que, de certa forma, não irá beneficiar diretamente o pequeno agricultor, mas as empresas no desenvolvimento do estado”, analisa. Coordenadora nacional do Movimento dos Sem-Terra (MST), Débora Nunes disse ao EXTRA que o principal objetivo hoje do Canal do Sertão é atender à Mineração Vale Verde, entre Craíbas e Arapiraca. A empresa beneficia o minério de cobre. “O Canal passa um pedacinho num assentamento, pega uma comunidade de pequenos agricultores”, disse Nunes. “Temos denunciado, temos cobrado. É agricultura sim, mas não é para abastecer o pequeno. Não é para o sertanejo que produz historicamente para ter acesso à água. A ideia é repro-

duzir o modelo Juazeiro-Petrolina aqui no estado, inclusive com investimentos internacionais”, analisa a coordenadora nacional do MST. Para ela, não é problema pensar neste modelo, porém ele é excludente. “Prioriza-se um projeto e exclui-se o povo que vive e resiste no Sertão e é o que pode concretamente ajudar a desenvolver o nosso estado. Um desenvolvimento que inclua o povo, que inclua o pequeno, que garanta as condições para o nosso povo produzir”, explica Débora Nunes. HISTÓRIA A assinatura do primeiro contrato das obras do Canal do Sertão foi há 27 anos, em 23 de julho de 1993. São 10 mil hectares de faixa agricultável, 250 km de extensão (de Delmiro Gou-

veia, no Sertão, a Arapiraca, no Agreste). Mesmo com potencial extraordinário de produção, o Canal não alterou a realidade alagoana entre os sertanejos: dependemos de outros estados para comprar tomate, batata, macaxeira, inhame, batata-doce, cebola. E as terras agricultáveis do Canal do Sertão têm capacidade para cobrir o mercado interno e, no futuro, transformar-se em polo de exportação. Além disso, são muitos os escândalos de corrupção, superfaturamento, pagamento de propina envolvendo figurões da política alagoana. E as apurações andam tão lentas e sem prazo na Justiça quanto uma data para a conclusão das obras do Canal do Sertão. Mesmo assim, nas campanhas eleitorais, o Canal é uma obra que sempre funciona e já abastece a agricultura familiartudo mentira, para atender as conveniências do momento. Esta semana, o senador Fernando Collor escreveu nas redes sociais agradecimento ao presidente Jair Bolsonaro pela liberação de R$ 36 milhões para a obra que segue sem data para conclusão.


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ESTELIONATO

Moacyr Brêda é condenado a 5 anos de prisão Caso envolve golpe contra mercado imobiliário e pessoas idosas VERA ALVES veralvess@gmail.com

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uinze anos depois de dar início a um golpe no mercado imobiliário que abalou financeira e emocionalmente várias famílias, o empresário Moacyr João Beltrão Brêda foi condenado a 5 anos e 3 meses de reclusão em regime fechado. Poderá, contudo, aguardar em liberdade o trânsito em julgado da sentença do juiz Carlos Henrique Pita Duarte. Figura tarimbada nos meios judiciais, face às dezenas de ações em que figura como réu, Moacyr Brêda foi condenado em janeiro último por estelionato, agravado pelo fato de entre as vítimas figurarem pessoas idosas e vulneráveis. O caso envolve a Meta Empreendimentos Imobiliários Ltda, de sua propriedade, e o Edifício Celebrity, cujas unidades – nunca construídas – ele chegou a vender utilizando para isso um falso registro de memorial descritivo da obra. Brêda foi condenado no âmbito da ação penal 072790954.2014.8.02.001 em trâmite na 3ª Vara Criminal da Capital ajuizada pelo Ministério Público Estadual e 12 vítimas do golpe iniciado em 2005, quando ele fez uma permuta com os donos de quatro imóveis que foram derrubados para construção do Celebrity e aos quais também enganou.

Pela permuta, cada um dos três casais e duas irmãs teriam direito a duas unidades do novo empreendimento, com prazo de construção de três anos e, neste período, a Meta pagaria R$ 800 a título de ajuda para que os proprietários dos imóveis derrubados pagassem o aluguel. Um ano e meio depois, contudo, Brêda deixou de pagar a ajuda e sequer deu início às obras. O calote os levou a ajuizarem uma ação contra o empresário ainda em 2009. INDENIZAÇÕES Na ação penal em que foi condenado em janeiro – e onde já perdeu o primeiro recurso – Moacyr Brêda também foi condenado ao pagamento de indenizações às famílias que

CALOTE Ao tio de um corretor de imóveis (ambos enganados), a indenização é de R$ 500 mil. O idoso comprou três unidades pelas quais deu uma casa localizada na Gruta (avaliada em R$ 320 mil), R$ 240 mil em depósito e mais R$ 70 mil em 36 parcelas.

Moacyr Brêda falsificou registro de memorial descritivo da obra compraram os apartamentos do Celebrity. A um casal que deu um imóvel comercial avaliado em R$ 250 mil e localizado na Rua Dias Cabral (Centro de Maceió) como entrada e pagou 12 parcelas de R$ 5 mil, o juiz determinou que ele os indenize em R$ 340 mil. Ao tio de um corretor de imóveis (ambos enganados), a indenização é de R$ 500 mil. O idoso comprou três unidades pelas quais deu uma casa localizada na Gruta (avaliada em R$ 320 mil), R$ 240 mil em depósito e mais R$ 70 mil em 36 parcelas. Outro senhor, que adquiriu um apartamento para a filha, tem direito a R$ 228 mil de indenização, enquanto no caso de uma senhora viúva, que conseguira autorização na ação de inventário do marido para vender uma fazenda e comprou dois apartamentos para as filhas, o juiz determinou que Moacyr Brêda a indenize em R$ 340 mil. GOLPE SOBRE GOLPE

Mas as artimanhas de Moacyr Brêda não se limitaram apenas a embolsar o dinheiro pago pelas vítimas sem entregar qualquer unidade. Ele também vendeu a terceiros os imóveis dados em garantia e o fez mesmo sem que a escritura dos mesmos tivesse sido transferida pelos reais proprietários. Em 2008, anunciou a falência da Meta Empreendimentos, a despeito da mesma permanecer como empresa ativa no cadastro nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) da Receita Federal e em seu nome. Posteriormente, anunciou ter repassado a outra construtora os lotes localizados na Rua Hamilton Sobrinho, na Jatiúca, nos quais o Celebrity seria construído. O negócio com a Prime Construções e Incorporações Ltda, – fundada em agosto de 2010 e que tem como sócios a JLS Holding Serviços Ltda, o dono desta, José Luiz de Souza Soares, a Marka- Administração e Participações Ltda, o dono desta, Marcelo José Santos Filho, e

Marcelo Anthony Leahy Santos como administrador – ainda hoje é visto como suspeito pelas vítimas do golpe. Filho do tabelião Carlos Gonzaga Brêda (Taí Brêda), Moacyr também está sendo processado pelos antigos donos dos lotes, aqueles aos quais prometeu duas unidades do Celebrity e ajuda mensal para pagamento do aluguel. Assistido pela Defensoria Pública, em maio último ele perdeu um recurso contra a condenação do juiz Henrique Pita. Queria a nulidade do processo por citação de hora certa, o que acarretaria a nulidade de todos os demais atos subsequentes. Mas o juiz rejeitou o argumento, lembrando que por quatro vezes o oficial de Justiça tentou entregar pessoalmente a notificação ao empresário, deixando inclusive telefone e informando a data em que retornaria, mas sem sucesso, o que levou à suspeita de ocultação. Ou seja, Brêda se escondia para não assinar a citação, razão esta que levou o magistrado a determinar a nomeação de um defensor dativo para representá-lo no processo.

CASO DO CARTÓRIO Em maio último, a Corregedoria Geral de Justiça barrou um esquema montado pelo empresário para se apossar do 2º Cartório de Protesto de Títulos e Letras de Maceió, que tinha como tabelião seu pai, falecido em fevereiro deste ano. O objetivo era se apoderar da receita superior a R$ 1 milhão semestralmente arrecadada pela serventia. O caso foi alvo de reportagem publicada pelo EXTRA em sua edição de número 1073.


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BRIGA NO CAMPO

Trabalhadores rurais denunciam despejo por ex-deputado em Atalaia Em Joaquim Gomes, venda de fazenda vira alvo de inquérito do MP JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ois casos envolvendo fazendas ganharam destaque nesta semana em Alagoas, porém por razões diferenciadas. Uma delas envolve a ameaça de despejo de famílias em plena pandemia. Na outra ocorrência, uma agressão ao meio ambiente. No primeiro caso, que acontece em Atalaia, na Fazenda Santa Tereza, tratase do desespero de sem-terra que temem ficar sem um local para morar e produzir alimentos. São cerca de 150 famílias do acampamento Marielle Vive que denunciaram a ameaça de despejo por parte do ex-deputado estadual e suposto arrendatário José Nailton da Silva Souza, o Nailton Felizardo, que chegou a ser preso na Operação Taturana, da Polícia Federal, a partir dos famosos e temidos capangas. A fazenda, que é conhecida por abrigar um santuário ecológico, pertenceu ao usineiro falido João Lyra. As ameaças viraram boletim de ocorrência registrado no dia 28 de maio. No entanto, o apelo à Polícia Civil não fez com que o acampamento ficasse em segurança. Isso porque no dia 27 de junho, um mês depois da denúncia, segundo os sem-terra, os pistoleiros voltaram ao local e

promoveram a destruição de lavouras e barracas, tudo ao som de tiros. Para chamar a atenção da sociedade, os acampados promoveram um protesto social para mostrar o que produzem. Na terça-feira, 30, doaram uma série de alimentos produzidos no acampamento para as famílias do município, como forma de expor à sociedade a importância da terra e como ela está sendo cuidada e tratada pelo movimento agrário. A Fazenda Santa Tereza está dentro das terras da Usina Uruba, hoje arrendada pela administração judicial que cuida da massa falimentar da Laginha. Quem opera o maquinário para a moagem de cana é a Cooperativa Agrícola do Vale do Satuba (Coopervales). O EXTRA entrou em contato com o administrador judicial José Luiz Lindoso, que informou desconhecer qualquer ação de despejo envolvendo a fazenda. Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a ordem de despejo preocupa as famílias acampadas neste período de pandemia, pois fragiliza ainda mais a vida dos agricultores e agricultoras que vivem da subsistência. A Defensoria Pública foi acionada para avaliar o imbróglio.

Venda de área de proteção ambiental é investigada

T Famílias protestam contra ameaças de ex-deputado

Com fotos, elas mostram que área é cultivada

Nailton Felizardo foi preso em 2007 como taturana

ambém na terça-feira, 30, o Ministério Público do Estado (MPE) anunciou a instauração de inquérito civil para investigar o que se passa na Fazenda Palmeiral, localizada em Joaquim Gomes. Conforme o promotor de Justiça Paulo Barbosa de Almeida Filho, trinta e quatro famílias compraram terras no imóvel pela linha de financiamento Consolidação da Agricultura Familiar do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF). Porém, o órgão fiscalizador teria encontrado irregularidades que comprometeriam o meio ambiente. Conforme publicado no Diário Oficial do MPE, “o imóvel em questão não possui área suficiente para comportar a exploração por trinta e quatro famílias, além do que trata-se de Área de Preservação Permanente (APP), em sua quase totalidade, além de apresentar expressivo percentual com vegetação de Mata Atlântica, cuja exploração está condicionada a severas restrições”. O fato, ainda de acordo com o promotor de Justiça, encaixaria como atos de improbidade administrativa por causa das suspeitas de irregularidades no processo de aquisição. Esses atos teriam sido praticados por parte de servidores públicos e particulares envolvendo o Instituto de Terras de Alagoas (Iteral). Ao EXTRA, a assessoria de imprensa do Iteral informou que o instituto ainda não foi acionado formalmente pelo MPE.


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MENSALIDADE

Faculdades ignoram Justiça e não dão descontos a universitários Cursos de aulas teóricas e práticas deveriam estar com abatimento de 50%

Confira a posição encaminhada pelas universidades CESMAC

ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão

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evido a pandemia causada pelo novo coronavírus, a rotina dos universitários alagoanos foi mudada drasticamente. A sala de aula física foi substituída pela virtual e os cadernos e canetas foram trocados por notebooks e tablets. Porém, ainda existem problemas com esta nova modalidade de ensino. Além das dificuldades de aprendizado dos alunos, também deve ser notado o lado financeiro dos estudantes. Por determinação da justiça, as entidades educacionais deveriam reduzir em 30% as mensalidades dos estudantes matriculados exclusivamente em aulas teóricas e em 50% a dos matriculados em disciplinas teóricas e práticas. A decisão será válida enquanto as aulas presenciais estiverem suspensas devido a pandemia. Os descontos devem ser realizados a partir da mensalidade do último mês de maio. A Uninassau é uma das instituições que deveria ter reduzido a mensalidade cobrada aos seus estudantes. A redução foi garantida pela Defensoria Pública do Estado, por meio de ação civil pública, deferida pelo Judiciá-

rio, no último mês de junho. Já o Centro Universitário Tiradentes e o Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac) não seguiram a decisão da justiça, afirmando terem implantado, em comum acordo com o Judiciário, outras formas de auxiliar os estudantes que se sentirem prejudicados. Os descontos deverão ser mantidos enquanto os serviços da instituição de ensino não estiverem completamente restabelecidos, em razão da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). O prazo para o cumprimento da decisão passará a contar a partir da intimação da faculdade. O jornalista José Fernando Martins, que cursa medicina veterinária na Uninassau, é um dos estudos que aguardam o reembolso já que, segundo ele, pagou as mensalidades de maio, junho e julho sem nenhum desconto. “Espero que o valor a mais seja realmente descontado nas próximas faturas, como determina a Justiça, que atendeu pedido da Defensoria Pública”.

O CESMAC, sensível à difícil situação vivenciada por acadêmicos e colaboradores em função da pandemia, antecipouse a qualquer demanda e conjuntamente com a 24ª Promotoria de Justiça da Capital, especializada em fundações, em sintonia com o Núcleo de Defesa do Consumidor, órgão do Ministério Público do Estado de Alagoas, estabeleceu de imediato um Plano de Flexibilização de Mensalidades. Além das concessões dadas anualmente no período de negociações de mensalidades atrasadas, o referido plano possibilitou o perdão de juros e multas, e ainda a prorrogação de quarenta por cento das mensalidades referentes a esse período de pandemia, para pagamentos nos próximos semestres ou dividindo em até dez vezes sem juros. Para os alunos que se apresentaram comprovadamente penalizados em razão da pandemia, buscouse formas que possibilitasse a continuidade dos seus cursos. A Diretoria tomou as medidas necessárias e possíveis promovendo adequações internas, com o propósito de seguir firme na sua missão em desenvolver a educação superior no Estado de Alagoas.

Para tanto, é necessário manter a saúde financeira da Instituição, para seguir honrando com os compromissos assumidos e preservando ao máximo os empregos de seus colaboradores, administrativos e docentes. O CESMAC segue inovando e desenvolvendo suas atividades por via digital, com o empenho dos professores nas atividades acadêmicas, ministrando as aulas de forma remota em todos os cursos, seguindo as orientações dos órgãos de Saúde, aguardando que tudo volte à normalidade.

UNIT ALAGOAS Mesmo diante da pandemia do coronavírus, o Grupo Tiradentes permanece estreitando seu relacionamento com os alunos, prestando todas as informações necessárias para cumprimento do isolamento social com saúde e segurança, enquanto visa sua missão diária de inspirar pessoas a ampliar seus horizontes ainda que neste cenário desafiador de pandemia. Os efeitos econômicos da crise sanitária sob as famílias de nossos alunos não foram despercebidos. Em virtude da impossibilidade de aplicação de descontos, elaboramos políticas financeiras de atendimento individual ao aluno que se encontra em difícil situação

financeira, podendo ser verificadas e negociadas por um amplo canal de acesso. Diante disso, enviamos comunicados para o e-mail de todos os alunos sobre o Programa de Parcelamento das mensalidades que o Grupo Tiradentes estruturou pensando na saúde financeira de cada um e assim o fizemos nos dias 20, 29 de maio e 02 de junho. Por fim, ressaltamos que estamos construindo um Plano de Reabertura do Campus - estruturado com muito cuidado para primar pela segurança de todos. O referido Plano, será discutido com as autoridades governamentais locais e, assim que aprovado, poderemos compartilhar com toda comunidade acadêmica a nossa estratégia. O Plano contemplará a retomada gradual e escalonada das atividades acadêmicas e administrativas no campus.

UNINASSAU NÃO RESPONDE Igualmente procurada pelo EXTRA, a Uninassau não se posicionou sobre o descumprimento da decisão da Justiça até o fechamento desta edição. A Defensoria Pública e Ministério Público Estadual também ficaram de se posicionar sobre o assunto na próxima semana, tendo em vista o recesso da última semana do mês de junho.


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IDOSO CIDADÃO

Violência contra idoso aumenta durante pandemia MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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urante a atual pandemia do novo coronavírus, o isolamento social é um dos fatores para o aumento de violência contra a pessoa idosa. Levantamento do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos aponta que, de março até maio deste ano, os casos mais do que quintuplicaram, passando de 3 mil denúncias para quase 17 mil neste período. Na terça-feira, 30, durante a live Idoso cidadão - Amadurecendo o bate-papo, a professora da Universidade Federal de Alagoas Priscila Menezes e o secretário Nacional da Pessoa Idosa da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), Reginaldo Borges, debateram os cuidados e a promoção das pessoas idosas. Durante o bate papo virtual o reverendo Reginaldo Borges falou sobre o estatuto do idoso, inclusive lembrando que violência contra pessoas nesta fase da vida também é crime. Borges fez relato de algumas práticas exitosas desde acessibilidade, inclusão do idoso, até estrutura física da igreja ou da casa. Uma das práticas, relembra o reverendo, é o treinamento para voluntários na campanha Adote um Idoso. Nesta prática, a pessoa doa duas horas da semana para se dedicar ao idoso com ida a sua residência, saber sobre a saúde, medicamentos, contas a pagar e até a quantidade de água que está bebendo. Sem esquecer que o afeto é bastante importante, principalmente no distanciamento social imposto pelo novo coronavírus. “Em momento de pandemia

o compromisso com o idoso é bastante importante. É fundamental motivar o idoso a se assumir como idosos”, afirmou, ao acrescentar que uma das suas lutas é contra o preconceito de se negar o envelhecimento. Outro momento motivador durante a live foi quando Borges falou da experiência vivenciada em Porto Velho, no Acre, onde, uma vez por mês, idosos ensinam as crianças a confeccionarem brinquedos com material reciclável. Para descontrair, ele falou do medo do idoso que tratado como criança (só que não é) passou a ter do “cata-velho”, versão para o velho do saco quando na infância. Em tom ameno falou que “isso é bullying”, mas de forma séria alertou que é preciso desmistificar a ideia de algumas mídias que noticiavam que a covid-19 matava praticamente apenas idoso e isso construiu um medo, ficando isolado. “É preciso ter fé, mas também cuidar da saúde, se informar e se precaver da pandemia. Como o idoso não tem data para sair de casa, será que só acontecerá

Live discute cuidados e promoção dos direitos das pessoas com mais de 60 anos

bunal de Contas e Ordem dos Advogados do Brasil, desenvolvem uma série de atividades para promoção de direitos dos idosos, em especial, para a formação dos Conselhos Municipais da Pessoa Idosa. No projeto, Priscila Menezes atua no âmbito acadêmico com pesquisa e capacitação e a promotora de Justiça Marluce Falcão, do Núcleo de Direitos Humanos do MP, coordena as atividades junto aos promotores locais e sociedade em geral. O projeto que vem atuando há alguns meses deu uma pausa nas atividades presenciais devido a pandemia, mas tem amadurecido o debate através das novas práticas virtuais. Para Priscila Menezes o grande desfio é após a pandemia cultivar esse relacionamento com o idoso, através do cuidado maior da família, sociedade e Estado.

Priscila Menezes e Reginaldo Borges debateram realidade dos idosos frente à covid-19

depois de ser criada a vacina?”, indagou, ao acrescentar que diante da incerteza o correto é seguir as recomendações das autoridades competentes no assunto. A professora Priscila Menezes aproveitou para divulgar o projeto Idoso Cidadão, que em parcerias com o Ministério Público Estadual de Alagoas e colaboradores de diversas instituições do estado como o Tri-

INTERAÇÃO A live teve grande participação do público, que interagiu com os participantes. “Parabéns Dra. Marluce, Dra. Priscila e todos que fazem parte deste Projeto Cidadão”, disse um. “Projeto Idoso Cidadão, a voz da experiência, um resgate da cidadania à população idosa no estado de Alagoas. Parabéns professora Priscila. A parceria com a Ufal é muito importante”, elogiou outra. “O protagonismo da sociedade na defesa da Pessoa Idosa é essencial”, completou um participante. “Perfeito esse projeto de capacitação de conselheiros de idosos”, afirmou outro. “Excelente explanação sobre a importância do conselho para implementar as políticas públicas”, afirmou o internauta.

“Os conselheiros deveriam se conscientizar, quer do lado governamental, quer do lado da sociedade civil, que a função do Conselho é atuar a favor, neste caso, de todo e qualquer idoso”, ensinou diante da fala de que alguns não aceitam ser conselheiros por não ser uma atividade remunerada. Ainda teve mimos como “professor Reginaldo Borges eu já estou me tornando sua fã de carteirinha. Da professora e amiga Priscila Menezes eu já o sou há tempos”. Outro sugeriu: “Vamos adotar um idoso nessa pandemia, transformando dor em amor”. E houve até quem teve o cuidado de agradecer. “Parabéns Priscila pela condução. Você permitiu ao professor falar e explanar ao máximo”.

VOZ DA EXPERIÊNCIA O Projeto Idoso Cidadão, a Voz da Experiência, tem como meta estimular as pessoas idosas a participarem diretamente da formulação de políticas públicas para essa faixa etária, em seus respectivos municípios. A proposta do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL), por meio do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos, é que os direitos sejam respeitados, além de buscar concretizar por meio de uma interação entre a instituição e os Conselhos Estadual e Municipais do Idoso, a família e a sociedade, amparando, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes uma vida digna e com segurança.


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AULAS NA PANDEMIA

Estratégias exitosas atraem estudantes da rede pública de Alagoas Em Paulo Jacinto, professora cria consultoria de rotina com foco no Enem MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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chegada da pandemia do novo coronavírus obrigou a sociedade fechar suas portas e ficar em casa. Com as escolas o cenário não foi diferente. Milhares de estudantes foram obrigados a interromper seus sonhos, cruzar os braços e torcer para que a doença fosse embora a tempo dos livros e cadernos não se perderem na poeira. Como o caos se instalava, o setor educacional buscou soluções e a Secretaria de Educação de Alagoas – Seduc – pensou em ações e estratégias para continuar as atividades, agora, de forma remota. Ideias inovadoras surgiram e as práticas exitosas têm atraído estudantes de toda a rede pública estadual. As aulas remotas tiveram início em abril e as escolas mesmo com certas lacunas comemoram os resultados. Alguns deles podem ser comprovados nas publicações dos boletins apresentados pelas Geres (Gerências Regionais de Ensino) que exibem os exemplos que têm dado certo. Customização de capinha de celular, criação de pesos para a prática de atividades físicas, brinquedos e joguinhos de tabuleiro, porta lápis, porta trecos, feitos com material reciclável, são exemplos de promoção da sustentabilidade. Outra ideia que garante uma renda extra, sugerida pela Escola Estadual Djalma Barros Siqueira, em Coruripe, foi a produção de tapetes

com roupas em desuso. As experiências exitosas acontecem nas escolas da capital e do interior de Alagoas. Na E.E. Tarcísio Soares Palmeira, em São Miguel dos Campos, a criação de produtos com material reciclável, para trocar por alimentos a serem doados aos carentes da cidade, e o uso de roupas em desuso para a fabricação de máscaras para as pessoas que não possuem condições de comprar, são algumas ideias inovadoras. A E.E Fernandina Malta, em Rio Largo, produziu no Laboratório de Ideias Inovadoras um suco rico em fibras, atividade interdisciplinar realizada pelos alunos com objetivo de reconhecer os alimentos saudáveis que devem ser consumidos diariamente. A atividade busca, ainda, identificar os grupos alimentares que fazem parte da alimentação saudável. A Escola Estadual Muniz Falcão criou o Projeto Supera, que conta com três profissionais voluntários da área de psicologia que fazem atendimento virtual de professores, alunos, pais e comunidade local. A iniciativa surgiu com a percepção de que neste período de pandemia a saúde emocional é indispensável para a qualidade de vida, além de ser fundamental no processo de aprendizagem. Para amenizar os impactos da pandemia, a Padre Teófanes, em São José da Laje, no Laboratório de Atividades Lúdicas, propôs aos alunos que assistissem a um filme em família, cantassem música, fizessem uma

Estudante da rede pública partiipa de aula remota vídeo-chamada para parentes e amigos distantes e produzissem um texto explicitando os sentimentos vivenciados durante a atividade. A Jorge de Lima, que atende crianças e adolescentes, apostou no potencial dessa clientela para propagar as informações sobre o mosquito Aedes aeggypti e as doenças transmitidas por ele, inclusive no âmbito familiar. Prova disso é que um vídeo publicado no YouTube com explanação das crianças tem feito sucesso. Para o estudante do 3º ano do Ensino Médio Eduardo Vinicius Barbosa, da E.E. Deputado José Medeiros, em Paulo Jacinto, a iniciativa com aula remota é boa, mas por ter horário flexível para o estudo alguns alunos deixam de participar. “Há casos em que o celular não suporta baixar o aplicativo, daí dificulta a realização das atividades. Porém, nessas situações, a escola disponibi-

liza as atividades xerocadas”, disse o estudante. Pensando em preencher essa lacuna na Escola Deputado José Medeiros onde trabalha a disciplina Sociologia e Laboratório de Ciências Humanas, a professora Hellen Cristina Araújo resolveu fazer uma consultoria de rotina por perceber que com a chegada da pandemia muitos alunos, além de ficarem em situação de isolamento social, tiveram outras demandas que até então não tinham. Como exemplo, ela cita que os alunos passaram a fazer as atividades domésticas no horário que deveriam estar na escola, cuidar do irmão mais novo, do avô idoso ou trabalhar na roça. A professora disse que essa mudança de certa forma fez com que eles entrassem no ostracismo e não desenvolvessem as atividades com êxito, respondendo apenas pelo aplicativo como uma espécie de obrigação

e não buscando indo além, embora o Enem esteja aí. “Muitos alunos perdem o eixo de se organizar, já que eles iam para a escola todos os dias e no mesmo horário. Além disso, gera comodismo e a rotina é um elemento extremamente importante para os estudos. Aí a consultoria de rotina busca de forma conciliadora, através de um diálogo com os alunos, definir um cronograma de estudo com foco no Enem”, afirmou a educadora. Ela explica que a tentativa é conciliar dentro dessa rotina as limitações financeiras, questões psicológicas que acabam procrastinando e tendo ansiedade, conhecendo a realidade deles construir um cronograma de estudos para além das atividades do aplicativo. “Dentro dessa rotina dou dicas, por exemplo: se o aluno só pode estudar três horas por semana, a gente tenta organizar quais as disciplinas que ele tem mais dificuldades para dar prioridade. Outra dica é utilizar o aplicativo Pomodoro que cronograma o tempo de estudo. Assim consegue se dedicar e ter o compromisso perpetuando a rotina, intercalando com a própria dinâmica da escola como simulado, e aula com foco no Enem”, completou. Outra iniciativa que deu certo foi a da E.E. Prof. Theotônio Vilela Brandão, que criou um site onde o aluno acessa o Google Classroom, as páginas da Seduc e de Alagoas contra a covid-19 como também sessão de fotos e Sageal. Existe, também, uma página do professor e do visitante.


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AULAS NA PANDEMIA

Núcleo estratégico comemora

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egundo Jacielma Pereira Leite, gerente do Núcleo Estratégico de Acompanhamento Pedagógico da rede estadual de Alagoas, a situação atual levou a descobrir novas formas de construir aprendizagens, e propor um modelo de escola ideal e possível para esse momento, e não só tentar transferir a escola para a casa do estudante. “Esses laboratórios têm o objetivo de provocar uma aprendizagem significativa, que coloque o estudante como protagonista, e olhe para o território, o social, a casa e a rotina de cada um e o contexto que estamos vivendo”, disse, acrescentando que é preciso utilizar recursos que o aluno tem no momento e em casa, no entorno dele. “Há uma infinidade de possibilidades deles aprenderem”, frisa. Para ela, é importante saber que, mesmo passando por essa situação, de um momento desafiador, triste, angustiante, desenvolveu algo, trouxe a luz para esse momento e conseguiu trabalhar mais próximo das famílias dos estudantes. “Isso é muito gratificante como profissional, como pessoa”. A gerente explica que na primeira fase muitos trabalhos foram desenvolvidos e para acompanhar, a equipe organizou e as gerencias regionais montaram os informativos e a cada semana publicam com as escolas que são destaques nas atividades que foram propostas nos laboratórios. O primeiro evento com práticas exitosas já aconteceu e as escolas convidadas apresentaram os projetos que montaram. Uma segunda fase já está sendo implementada. “Todos os dados vão ser apresentado para a socieda-

enviados para os estudantes (pela internet ou por agentes comunitários, pontos fixos nas comunidades e outros meios de acordo com a realidade. Na verdade, cada roteiro é inspirado por um tema gerador e trabalhado em laboratórios de Língua Portuguesa, Matemática, Comunicação, Ideias inovadoras, Iniciativa social e comunitária, Atividades lúdicas e Clube de Leitura. Para que os estudantes continuem entusiasmados em prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a rede estadual organizou o Projeto Foca Enem, com aulões ao vivo on-line, simulados semanais e rotinas de estudo com temas norteadores. Também foram criados pela rede o Enem Flix (sugestão de filmes relacionados com conteúdos das provas) e o Enem News (divulgação das notícias sobre o exame).

EM BUSCA DO SONHO de. O importante é que nenhum trabalho foi imposto e que nenhum conteúdo novo foi cobrado no primeiro momento nos sete laboratórios de aprendizagem”, afirmou Jacielma.

BOAS PRÁTICAS A nova realidade criada pela pandemia da covid-19 levou o setor educacional a criar parcerias, a exemplo do Educação na Pandemia -

Guia de Boas Práticas. O material, elaborado em parceria com secretarias de educação de vários estados, está disponível on-line e apresenta iniciativas de diversas secretarias, gestores e professores Brasil afora para que os estudantes mantenham vínculo com a escola e continuem com o aprendizado. O guia tem como foco principal temas ligados ao protagonismo juvenil, reve-

lando ações que priorizam a função social da escola como um centro de produção de conhecimento, socialização e construção de projetos de vida. As boas práticas em Alagoas também estão inseridas neste guia. No caso de alunos do 1º e 2º anos do Ensino Médio da rede estadual, os roteiros de estudos, com propostas de atividades, dicas, sugestões e registros são

O Instituto Sonho Grande (ISG) é uma instituição sem fins lucrativos fundada em 2015. Desde então, atua para a melhoria da qualidade de aprendizagem dos jovens do Ensino Médio público brasileiro a fim de garantir a formação integral do indivíduo. Para tal, defende e trabalha em colaboração com o poder público em prol da implementação do Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI), um modelo escalável e de alto impacto.


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COMBATE À COVID-19

Nível de transparência de Alagoas é considerado “ótimo” Maceió avança muito pouco e hoje está ao lado de São Luís na 23ª posição do ranking das capitais ASSESSORIA-TI

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m mês após o lançamento, a Transparência Internacional - Brasil divulgou na segunda-feira, 29, a primeira atualização do Ranking de Transparência no Combate à Covid-19. Os níveis de transparência sobre contratações emergenciais no enfrentamento da pandemia de 26 estados brasileiros e suas capitais, além do Distrito Federal, foram reavaliados e mostraram que governadores e prefeitos sentiram a pressão da sociedade e reagiram. O estado de Alagoas teve alta de 37 pontos em relação à primeira avaliação, para 88,6 pontos, tendo subido 10 posições, para a 9ª colocação. Seu nível de transparência para compras emergenciais deixou de ser classificado como “regular” e passou a “ótimo”. Maceió, por sua vez, avançou somente 4 pontos ante o ranking anterior, totalizando a nota 43. A avaliação do nível de transparência da cidade deixou assim de ser considerada “ruim” para se enquadrar na categoria “regular”. No ranking das capitais, passou da 17ª colocação para a 23ª junto com São Luís. Existem hoje 22 capitais com melhor resultado que o de Maceió. A escala do ranking vai de zero a 100 pontos, na qual zero (péssimo) significa

que o ente é avaliado como totalmente opaco e 100 (ótimo) indica que oferece alto grau de transparência. Doze estados e 15 capitais deixaram para trás uma avaliação de “regular” a “péssima” e passaram para as categorias “bom” e “ótimo”. Espírito Santo, entre os estados, e João Pessoa, entre as capitais, consolidaram sua liderança no comparativo, melhoraram ainda mais e atingiram a pontuação máxima: 100 pontos. Hoje, entre as administrações públicas avaliadas, não há mais nenhuma cujo nível de transparência é classificado como péssimo. Não existe também mais nenhum estado avaliado como “ruim”. Quanto às capitais, nove delas tinham transparência classificada como “ruim” no ranking anterior e hoje isso ocorre com apenas uma - Porto Velho. PRESSÃO SOCIAL “Os resultados comprovam que, quando há pressão social, há mudança. É importante reconhecer o mérito dos gestores públicos nesse avanço, mas ainda mais importante é a lição que fica sobre o papel da sociedade. Quando lançamos a primeira avaliação, a imprensa deu ampla cobertura e a sociedade começou a pressionar, insatisfeita com os resultados ruins. Em seguida, fomos procurados

por prefeituras e governos estaduais do Brasil inteiro interessados em melhorar e aumentar a transparência das informações que fornecem, mas também porque sabiam que estariam sob os holofotes novamente na segunda rodada. E o trabalho não termina aqui. Ainda há o que melhorar e vamos subir mais a barra na próxima rodada da avaliação”, destaca Guilherme France, coordenador de pesquisa da Transparência Internacional - Brasil. A Lei Federal nº 13.979/2020 - que regulamentou as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da pandemia - estabeleceu requisitos específicos de transparência para as chamadas contratações emergenciais. Na construção desse ranking, a Transparência Internacional foi ainda mais criteriosa e fixou parâmetros mais elevados para avaliar em que medida essa divulgação de informações acontece de forma clara, fácil e acessível. Estes parâmetros se baseiam-se nas Recomendações para Transparência de Contratações Emergenciais em Resposta à Covid-19 elaboradas pela Transparência Internacional - Brasil e pelo Tribunal de Contas da União (TCU). De acordo com estas recomendações, não basta que os governos forneçam algumas informações, como o nome da empresa contratada e seu CNPJ. Outras informações, como a descrição do objeto

Transparência Estados

da contratação, seu local de execução, o valor unitário e as quantidades adquiridas, devem ser apresentadas para que a sociedade tenha condição de entender e monitorar os gastos públicos. Tampouco é suficiente que informações na internet se encontrem dispersas, incompletas ou escondidas em páginas com pouca visibilidade. Uma das questões consideradas essenciais hoje, e que já está contemplada no ranking, é a adequação dos portais para que possam oferecer dados em formato

aberto, que possibilitem a leitura por “robôs” - isto é, análises de dados feitas por programas de computador que podem detectar automaticamente indícios de corrupção e desperdício. Por fim, além da transparência ativa, o ranking também avalia o quanto os entes públicos se esforçam para criar canais para escutar a sociedade neste momento excepcional. Dessa forma, avaliaram-se os canais para recebimento de denúncias e de pedidos de acesso à informação.


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COMBATE À COVID-19

Medir, cobrar e usar transparência

“Q

ueremos agora promover estes mesmos avanços que foram obtidos nos governos de estados e capitais em todas as cidades do país, onde o problema da corrupção é ainda maior, pois os controles são mais precários. Começamos a transferir nossa metodologia e a apoiar grupos locais de ativistas que já estão medindo e cobrando transparência nos seus municípios. E depois vem o principal: o uso da transparência pela sociedade civil e pela imprensa para detectar corrupção e mau uso do recurso público dos contratos. É a sociedade mostrando que a luta contra a corrupção não está em quarentena”, afirma Nicole Verillo, gerente de Apoio e Incidência Anticorrup-

ção da Transparência Internacional - Brasil. Estão disponíveis na internet (https://transparenciainternacional.org.br/ranking/) a metodologia e um passo a passo para que a avaliação possa ser replicada por organizações da sociedade civil e ativistas de todo o país, como já aconteceu em alguns municípios em parceria com organizações como o Instituto Nossa Ilhéus, a Transparência Capixaba e os Observatórios Sociais do Brasil. CORRUPÇÃO, DIREITOS E DEMOCRACIA “Depois de anos a fio com mega esquemas de corrupção sendo revelados em sequência no país, a sociedade vai se

Transparência Capitais

anestesiando e o risco é que perca a capacidade de indignação. Mas veio a pandemia e os casos de corrupção na saúde são tão sórdidos, tão desumanos, que renovam a percepção da gravidade do problema e a consciência de que a luta contra a corrupção é uma luta por direitos. Conquistar mais transparência nos gastos que devem salvar vidas foi um passo importante e se deu graças a uma sociedade civil organizada, uma imprensa livre e atuante e políticos que têm de mostrar serviço pra se manter no poder. Isso deixa outra lição valiosa nos tempos atuais: é só com democracia que se vence a corrupção”, conclui Bruno Brandão, diretor executivo da Transparência Internacional no Brasil.

Sobre a Transparência Internacional-Brasil A Transparência Internacional é um movimento global com um mesmo propósito: construir um mundo em que governos, empresas e o cotidiano das

pessoas estejam livres da corrupção. Atuamos no Brasil no apoio e mobilização de grupos locais de combate à corrupção, produção de conhecimento,

conscientização e comprometimento de empresas e governos com as melhores práticas globais de transparência e integridade, entre outras atividades.

A presença global da TI nos permite defender iniciativas e legislações contra a corrupção e que governos e empresas efetivamente se submetam a elas.

Nossa rede também significa colaboração e inovação, o que nos dá condições privilegiadas para desenvolver e testar novas soluções anticorrupção.


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EFEITO CORONA

Empresas de turismo e bancos caem no conceito do consumidor Levantamento do Reclame Aqui revela que apps de delivery e planos de saúde conseguem se manter estáveis durante a pandemia BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

A

reputação online das empresas de turismo, assim como o setor, foram os mais afetadas pela crise econômica provocada pelo novo coronavírus no Brasil, segundo relatório elaborado pelo site Reclame Aqui. Divulgado na semana passada, o estudo considerando os períodos de 15 de março a 16 de abril de 2019 e o mesmo período em 2020. Com cadeias longas envolvendo muitos prestadores de serviço, as empresas de turismo foram duramente afetadas com problemas envolvendo principalmente reembolso e cancelamentos. Mesmo assim, algumas se destacaram e tiveram melhoria de notas, entre elas Zupper Turismo, CVC e Hotel Urbano. A melhoria envolve principalmente a avaliação que os consumidores fizeram do atendimento prestado pelas empresas, mesmo com o fechamento de atendimento presencial, choque nas cadeias de entrega, aumento no número de reclamações e a velocidade de adaptação ao novo normal do atendimento

ao público. A situação, segundo o Reclame Aqui, fez 7.585 novas empresas se cadastrarem no serviço. O índice de solução de problemas do Hotel Urbano, por exemplo, subiu de 79,22% para 84,78% e ela foi considerada a melhor empresa de turismo neste quesito. Por outro lado, a agência virtual Decolar caiu de 72% para apenas 36,77%. Enquanto a primeira apresenta taxa de resposta de até 3 dias, a última demora em média 15 dias para apresentar uma solução. A situação é semelhante quando se fala em empresas aéreas como Gol, Latam e Azul. Apesar do grande crescimento de reclamações no primeiro mês, as três principais companhias aéreas conseguiram manter os índices de solução e de “Voltaria a fazer negócio” acima de 60% na avaliação do consumidor. A Gol ainda conseguiu melhorar os dois índices enquanto a Azul melhorou apenas o índice de solução. Em relação ao índice de solução de problemas da Gol, a porcentagem subiu de 79,12% para 85,63% e foi considerada a melhor companhia aérea neste quesito. Por outro lado, a mexicana

Aeromexico caiu de 60% para meros 28,57%. Apesar de estar em primeiro lugar no ranking de solução de problemas, existe uma controvérsia entre as empresas. O tempo de resposta da Gol leva em média 16 dias e 15 horas, enquanto a Aeromexico apresenta taxa de resposta de até 3 dias e 1 hora. CASOS Com passagem de Maceió para o Rio de Janeiro marcada para abril, Lucia França se viu obrigada a remarcar a viagem à cidade maravilhosa e agora enfrenta a dor de cabeça de receber uma resposta por parte da agência sobre o que fazer. Com a malha aérea entre Maceió e Rio de Janeiro libe-

rada apenas para dois voos por dia operados pela Gol e pela Latam, a promotora de vendas não sabe o que fazer nem quando poderá viajar. “Comprei a passagem pelo Decolar para a empresa Azul. Quando cancelaram o voo eu entrei em contato com eles pelo telefone, mas ninguém atendia. No próprio site tentei fazer a mudança da data, mas não saia da opção de processando alteração e a passagem já constava como se eu já tivesse viajado. A alternativa foi o Reclame Aqui, fiz a reclamação por lá e a Decolar só me deu uma resposta no final de maio dizendo apenas que eles estavam cientes do problema e que estavam trabalhando para resolver”, explica.

SAÚDE, BANCOS E COMÉRCIO O setor de Saúde, mais demandado à medida que a pandemia avança, mesmo tendo queda no tempo médio de resposta e na resolução de problemas, conseguiu manter suas notas de atendimento ao público acima de 70%. O setor bancário também sofreu um choque de demanda na transição do atendimento físico para o online. Renegociação de dívidas, pedidos de financiamento e problemas com adaptação aos apps lideraram o crescimento dos atendimentos. Apesar de a maioria das instituições estarem passando pela crise com uma


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certa tranquilidade em relação ao atendimento ao público, a queda na avaliação dos “Não Recomendados” é concentradA na Caixa Econômica Federal, que realiza os atendimentos relacionados ao auxílio emergencial. Além da estatal, BMG, Santander, Nubank e Banco do Brasil sofreram uma leve queda com média de 6% em suas avaliações no site. Mesmo com protesto de entregadores de delivery cobrando melhores condições de trabalho, os aplicativos de entrega de comida como Ifood, Uber Eats e Rappi, que também funcionam em Alagoas, cresceram em relação ao atendimento ao público. “Os deliverys de comida investiram muito no atendimento, já sabendo que a demanda aumentaria consideravelmente com a pandemia”, aponta o relatório. Todos se saíram bem, destacando Rappi e ainda mais o Ifood, que possui uma demanda significativamente maior do que as outras empresas. Lojas online como Shoptime, Americanas, Submarino, Magalu, entre outras reagiram com agilidade. A maioria das que já prestam bons serviços manteve a evolução das notas de atendimento. Por outro lado, lojas físicas locais, muito afetadas pelas normas de restrição ao funcionamento apresentaram um aumento de reclamações principalmente em um novo ramo para elas. Segundo o relatório, a maioria das lojas físicas que passaram a entregar através de delivery passaram a apresentar problemas. “A adaptação a este novo serviço impediu uma elevação maior da nota no primeiro momento”. As quedas foram registradas principalmente entre Riachuelo, C&A e Havaianas.

SOBRE O RECLAME AQUI Apesar de não ser um órgão oficial, o Reclame Aqui exerce bastante influência entre as empresas nacionais e internacionais no momento de o cliente escolher com quais marcas quer se relacionar. Através dele, usuários fazem um cadastro de seus dados pessoais e podem enviar reclamações. A resposta da empresa em relação àquela situação revelará uma nota que servirá de parâmetro para futuros clientes.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Alimento e o bem-estar físico e mental

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alimento carrega bem mais que nutrientes para a constante construção das células do corpo e doses de energia que garantem aporte de glicose para os neurônios – o que mantém ativa a capacidade de memorizar e aprender. A forma como nós, humanos, nos alimentamos (ou deixamos de fazêlo) carrega representações psíquicas, projeções e memória afetiva, permeia a maneira como nos relacionamos e nos comunicamos. Segundo Winnicott, ao sugar o leite, o bebê não apenas aplaca a fome: também saboreia o contato com a mãe, o aconchego e o calor de seu corpo (qualquer associação com “caloria” não será mera coincidência).

O comer e o relacionar-se O comer é marcado por sentidos biológicos, culturais, religiosos e ritualísticos, sexuais, compensações emocionais, associações patológicas e inúmeras outras abordagens que fazem parte desse extenso cardápio. Como qualquer mãe sabe, grande parte do prazer final em relação a alimentos está em como os pais souberam sensibilizar uma criança. E esse mecanismo vale também para adultos, como décadas de campanhas de marketing de alimentos vêm demonstrando. Nem tudo depende da boca, ou da boca e da parte posterior do nariz, ou da boca e nariz e ainda das células gustativas no intestino. O resultado prazeroso do contato com a mãe, da infância, do local onde se alimenta, dos pratos utilizados e dos amigos que fazem companhia. É tudo mental e químico. O alimento marca profundamente a forma como nos relacionamos com o mundo.

Depressão Doces e frituras nos deixam intelectualmente preguiçosos e com maior risco de depressão; os ácidos graxos trans, abundantes nas batatinhas fritas e nas frituras causam tristeza.

Remédio

Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio”. (Hipócrates, considerado o

Pai da Medicina)

Alegria

Bem-estar Alimentos ricos em ácidos graxos ômega 3, como peixes (sardinha), abóbora, semente de linhaça, soja, castanhas (caju, do Pará), espinafre, couve e pepino favorecem sensações de bem-estar e nos deixam mais aptos a aprender. A comida age como um fármaco em nosso cérebro.

Para reduzir Distúrbio bipolar, distúrbio bordeline, o risco de suicídio e a depressão

Ácidos graxos O recomendável: Peixe (ômeca 3, sardinha e outros peixes), abóbora, semente de linhaça, soja, castanhas (caju e do pará), espinafre, couve e pepino. Erva cidreira, kava-kava, Erva de São João para depressão.

A digestão das proteínas, que podem ser encontradas em alimentos como ovos, o leite e o peixe (são fontes de proteínas completas) e também nas fontes vegetais como as leguminosas, principalmente o feijão, as lentilhas, a soja ou o grão-de-bico, fornece aminoácidos para o nosso corpo formar suas próprias proteínas. A tirosina (aminoácido que desempenha um papel importante no transporte e armazenamento de nutrientes) está relacionada com a produção de dopamina e adrenalina, que são neurotransmissores que promovem o estado de alerta e também a alegria. A falta do triptofano pode causar depressão e ansiedade.

Gordura trans: (prejudiciais) Bolos, doces e alimentos industrializados

Bom funcionamento do cérebro Os ômegas 3 são indispensáveis para o bom funcionamento do cérebro. Massa cerebral: 50% a 60% de gorduras (ácidos graxos) (Fonte: Psicologia da Alimentação – Revista Mente e Cérebro – XI-Dezembro/2015)

Hormônio da felicidade: triptofano Castanha-do-brasil, avelã, castanha de caju, ovos, amêndoa, peito de peru, linguado, leite de vaca, arroz e espinafre cru são alimentos que possuem triptofano, nutriente que produz a serotonina que auxilia na perda de peso Produto base para a produção da serotonina encontrado na castanha de caju, castanha do pará, pó de cacau sem açúcar, grãos de cacau (cafeína e teobromina) que provocam efeito estimulante e melhora o humor.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@uol.com.br Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Somos governandos por bandidos

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uvi certa vez, de um político experiente e sábio, a seguinte frase: “Quem é capaz de mentir, também é capaz de roubar”. Fico então a raciocinar: como a expressiva maioria dos políticos mente, por consequência não devemos nos surpreender com essa roubalheira que assola o país desde os primórdios da República. Sabemos que não foi o PT que inventou a corrupção, apenas ampliou os seus tentáculos e bateu todos os recordes de governos anteriores. Há de se imaginar que com o advento da Operação Lava Jato ficaríamos livres dessa corrupção endêmica? Comentei o assunto ainda em 2017, quando condenei a espetacularização promovida em torno do caso, o endeusamento de um juiz que mais à frente se revelou um agente político

aproveitador e deixou suspeitas de favorecimento a grupos não muito republicanos. Se formos contabilizar os resultados da Lava Jato e todo seu estardalhaço, veremos que essa conta não fecha. Os principais líderes da maior quadrilha de assaltantes do dinheiro público da nossa história política estão soltos (à exceção de alguns gatos pingados), Lula, o líder maior, alvo de investigações mirabolantes e condenações de araque pelo Judiciário que se desmoraliza a cada dia, continua desfrutando do seu “bel far niente”, com a complacência dessa mesma justiça. Em minha opinião, a maior lição deixada pela Lava Jato e as altas Cortes de Brasília é uma só: “Aqui o crime compensa”.

Os nossos corruptos

Outra mentira do governo Bolsonaro

A maior prova de que a corrupção é o grande patrimônio da política brasileira está em fatos que nos causam indignação, mas não surpreendem. Em meio a maior crise de saúde pública de nossa história, com milhares de mortos pelo coronavírus, falta de leitos e equipamentos para salvar vidas, pessoas próximas sendo enterradas sem uma despedida ou mesmo um velório digno, pobres morrendo em casa atacados pelo vírus ou mesmo até de fome, trabalhadores desempregados, empresários fechando suas portas, pelo menos 11 governadores estão sendo investigados por suspeitas de desvios de dinheiro da pandemia. Por outro lado, informações nos chegam de que a CGU, TCU e outros órgãos de controle externo estão sem condições de fiscalizar o roubo nas prefeituras, já passando de 5.000 denúncias em todos os estados.

Ao atravessar quase todo o estado da Bahia nos seus 1.527 km de extensão, as obras da FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) revelam a complexidade e o cuidado necessário ao desenvolvimento de projetos de engenharia. No desafio maior que é construir um empreendimento de grande porte como esse, estava a construção de uma ponte ferroviária que atravessa o leito do Rio São Francisco, entre os municípios baianos de Serra do Ramalho (margem esquerda do rio) e Bom Jesus da Lapa (margem direita). Trata-se da maior ponte ferroviária da América Latina, com 2,9 km de extensão. O empreendimento começou a ser construído em dezembro de 2014 pela Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias, estatal vinculada ao então Ministério dos Transportes. Por coincidência da vida ocupava eu a presidência do Conselho de Administração da Valec quando, em 2018, juntamente com seus diretores, fui inspecionar a obra já concluída. Faltou agenda ao presidente Temer para inaugurar. Sobre a obra o engenheiro da Valec, Luiz Guilherme Pinto fez um vídeo, contando a história desde o nascimento da ponte até o seu término. O canal no YouTube teve quatro milhões de visualizações. O governo bolsonarista chegou a publicar um texto que depois da repercussão negativa foi retirado das redes sociais. Um vídeo com a legenda: “Maior ponte ferroviária da América Latina, em 11 meses do governo Bolsonaro. Alguém viu isso na mídia”? Tremenda covardia. Mentem e ainda provocam a imprensa.

Um governo que mente descaradamente A mentira da transposição

Os fanáticos seguidores do governo Jair Bolsonaro, na alienação que lhes é peculiar, retrucam qualquer crítica às idiotices do presidente, aos seus disparates e à falta de preparo para conduzir o país com o já cansativo chavão: “Vocês queriam o PT de volta? Um ano e meio de governo e não se viu falar em corrupção”! E outras inconsistentes tolices. Claro que ninguém quer os petistas retornando para nos roubar outra vez. Mas esquecem que o tema corrupção continua habitando o Palácio do Planalto e a Esplanada dos Ministérios. Seus filhos e pelo menos três ministros são investigados por supostos atos de improbidade. A mentira se tornou uma marca dos “formadores de opinião” que apoiam cegamente o presidente Jair Bolsonaro. A última é a de que ele concluiu a obra de transposição do Rio São Francisco. O que Bolsonaro inaugurou na semana passada, foi apenas um trecho da obra, que estava 94% pronta quando ele assumiu o governo. O projeto de transposição do Rio São Francisco é do segundo governo do ex-presidente Lula e enfrentou uma série de críticas, principalmente de ambientalistas e artistas, à época, e tinha previsão para ser concluído em 2017. Na sexta-feira passada, quando Bolsonaro inaugurava um trecho no Ceará, o próprio ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, afirmou que se trata de uma obra do Estado Brasileiro e não de governo ou de governos. A primeira etapa foi inaugurada pelo presidente Michel Temer em 2017. A conclusão da obra ainda não tem previsão.

Maior ponte ferroviária da América Latina

PARA REFLETIR: A história vai registrar também aqueles que se omitiram, os que foram negligentes, os que foram desrespeitosos. A história atribui glória e atribui desonra, e história fica para sempre”.

Governo persegue servidores

A maior ponte ferroviária da América Latina

Diretores da Valec, inclusive o autor da coluna (D), visitam a ponte totalmente concluída

O governador Renan Filho nunca procurou esconder seu preconceito contra os servidores públicos. Tanto em seu primeiro mandato como no atual, além de travar em seu gabinete todas as reivindicações e benefícios da categoria, tem como pauta a perseguição mesquinha contra aqueles que sustentam com seus trabalhos o avanço da administração estadual. Esta semana entidades representativas dos servidores, impactadas pela pequenez do governador, protestaram com o seguinte documento levado ao público: “O SINDPREV-AL vem a público denunciar e repudiar a atitude antissindical por parte do governador Renan Filho e sua política de destruição do serviço público estadual. O governador Renan Filho ataca os sindicatos estaduais de defesa dos servidores públicos, numa clara demonstração de que quer subjugar o movimento sindical, destruindo toda e qualquer fonte de resistência à sua política de destruição de direitos. Fica evidente que o propósito do Governo é atingir, financeiramente, quem pode fiscalizar quem pode cobrar as atribuições das categorias profissionais do serviço público de Alagoas. O que a gente vê é um propósito de se chegar ao controle das instituições”.


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Suprema vergonha

ELIAS FRAGOSO n Economista

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os anos 1970 foi a crise do petróleo, na década de 1980 a crise da dívida externa, na década de 1.990, o Plano Collor, nos anos 2010, o quase default com a roubalheira petista da qual ainda não havíamos saído, e agora a crise causada pela epidemia do covid-19, que vai nos tomar no mínimo (sendo otimista) os primeiros 5 anos desta década. Desde os anos 1970 não tivemos sequer uma única década de sossego. É acabando de sair de uma crise e entrando em outra. Por que? Um país com o potencial do Brasil não tem quadros e expertise suficientes

para encontrar outras que não as que desemboquem em outra crise? Aparentemente parece que não. Basta ver os últimos três “líderes” (sic!) que este país elegeu à Presidência da República, um bêbado, mentiroso e ladrão, uma semialfabetizada (que disse que tinha doutorado e a mídia de esquerda escondeu) e levou o país à bancarrota em 4 anos e, este que aí está. Somos mesmo hours concours. Temos mesmo complexo de vira lata. Eleger figuras desse naipe é querer brincar com o futuro do país. E o resultado sempre vem a galope. Há 4 décadas este país parou de crescer e está ameaçado de perder esta que se inicia. Se não podemos contar com os políticos pelo histórico das traficâncias da grande maioria, poderíamos contar com a justiça? Com o Supremo? Também parece que não. Na mesma semana em que pesquisa Datafolha mostrou o total apoio da população ao STF contras as ameaças fascistas de defensores do governo federal (75% da população opinou em defesa da justiça), a resposta do STF veio em forma de um tapa na cara da Nação com sua

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decisão vergonhosa, imoral, indigna, capaz de corar até a velhinha de Taubaté do Veríssimo. Suas supremas figuras majestáticas decidiram contra o país, contra seu povo e contra o nosso futuro enquanto Nação, que a crise pós-pandemia da covid-19 é para ser paga pelo cidadão brasileiro, você, eu, nós. Exceto eles, os funcionários públicos. Isso mesmo. O STF acaba de elevar o serviço público nacional, esse portento de produtividade, eficiência e capacidade a uma bolha protetiva, ao determinar que a quebradeira do Estado brasileiro e dos entes subnacionais, deverá ser bancada pelo cidadão comum, médicos, professores, balconistas, auxiliares de serviços gerais... Você. Ao PROIBIR que se reduzam salários e jornadas de servidores públicos, o STF deixa de fora do brutal ajuste que terá que ser feito nas contas nacionais logo, logo, os privilegiados “barnabés” encastelados nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário deste pobre país. E a população ceifada pela epidemia, com enorme exército de 12

milhões de desempregados antes da crise, que acaba de perder mais 7,5 milhões de empregos, aos quais se somam mais de 9 milhões de trabalhadores em jornada parcial e/ou com redução salarial, além dos quase 40 milhões de informais, é quem vai pagar o pato. Este país tem hoje mais gente desempregada que pessoas empregadas. Uma calamidade! E são essas pessoas e nós, que vamos ter que segurar no lombo a carga dessa crise que já está à porta. Que vamos ter que sustentar o exército de parasitas do setor público. Que vamos passar apertos. Muitos de nós ficaremos sem comida em casa para que eles se refastelem em seus regabofes milionários e nas suas costumeiras roubalheiras. Somos nós que vamos ver nossas empresas fecharem. Que vamos penar para manter nossos filhos na escola, perder o plano de saúde e que estamos perdendo a vida. Obrigado STF por nada. A Nação que lhe apoiou num momento crucial agradece a retribuição. Até quando vai esse despautério?

antigas para se apresentar em shows. De outra feita, gostava de frequentar a AABB, ainda na Av. da Paz, quando um dos amigos lembrou que Djavan estava partindo naquela hora para o Rio de Janeiro. Levantou a ruma toda e partiu para o “bota-fora” na Rodoviária. Quase não tive contato com Djavan no seu tempo de Maceió. Gostava de ouvir e dançar ao som do conjunto LSD, no qual tocava e cantava. Mas, só isso. Um dia, de volta a Maceió, ele tem um encontro com amigos da época e tive a felicidade de participar. Ouvi, em determinado momento, Djavan referir-se a Guilherme Braga, hoje em outro plano, como patrão. Agora me veio à lembrança de ele ter trabalhado na distribuidora de revistas dos Braga. Para aclarar minha memória, ligo para meu cole-

ga de Diocesano e cunhado de Guilherme, Ricardo Peixoto. Confirmando o relacionamento patronal, contou-me que tem uma filha que mora em Atlanta, Estados Unidos, há vinte anos e ela foi para um show do Djavan. Quando acabou o espetáculo foi procurá-lo e disse que era sobrinha e afilhada de Guilherme Braga. No que o astro prontamente afirmou: “Meu patrão”. Outro momento legal foi no Broma, em Bica da Pedra. Estava eu cantando à capela em pé no bar e encosta um sujeito bem forte e canta comigo. De calção de banho, mas consegui reconhecê-lo: era Sidney Magal. À noite, no aeroporto, batem no meu ombro e quando me viro, ouço: “Qual é a música?”. Era Magal inquirindo-me. Não basta ser astro, tem que ter simplicidade.

Ao PROIBIR que se reduzam salários e jornadas de servidores públicos, o STF deixa de fora do brutal ajuste que terá que ser feito nas contas nacionais logo, logo, os privilegiados “barnabés” encastelados nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário deste pobre país.

Simplicidade dos astros

JOSÉ MAURÍCIO BRÊDA n Economista

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início dos anos 1970 lembra-me muita coisa. Indo buscar um empresário do Sul no Luxor Hotel, praia da Avenida, para jantar, e enquanto ele não descia do apartamento, fui até o balcão do bar e pedi uma bebida. Era início da noite, ambiente vazio, tinha um cidadão solitário sentado a uma mesa, parecendo-me conhecido. Perguntei ao barman se

era quem pensava. Confirmou e disse ser uma pessoa simples. Não tive dúvida. Amante de sua música, fui até ele e batemos um grande papo. Era Martinho da Vila. Como estava perto da hora de seu show no Deodoro, disse que podia ficar à vontade para ir trocar de roupa. “Não visto nada especial para aparecer em público. Já estou pronto”. E deu aquela sua risada característica. Boa conversa que se nota em suas apresentações e entrevistas. Na mesma década, estava em Campina Grande com o CSA. Uma noite, na casa de um empresário local, apresentaram-me uma jovem e perguntaram se eu a estava reconhecendo. Como neguei, um amigo cantarolou: “Canta, canta passarinho, canta, canta miudinho”. Foi quando vi que era Elba Ramalho. Ainda novinha, estava procurando, com a dona da casa, camisolas

Quase não tive contato com Djavan no seu tempo de Maceió. Gostava de ouvir e dançar ao som do conjunto LSD, no qual tocava e cantava. Mas, só isso. Um dia, de volta a Maceió, ele tem um encontro com amigos da época e tive a felicidade de participar.


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Vamos falar de flores

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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ecebi a ligação de um amigo preocupado com minhas postagens e meus artigos. “Você está muito negativa”, dizia ele, “e isso atrai fluidos ruins para uma pessoa alegre e feliz que é você”. Pois bem amigo, seguirei seus conselhos. Não falarei mais das ilegalidades cometidas pelas Mesas Diretoras da Assembleia Legislativa de Alagoas. Vamos fazer de conta que o Pequeno Polegar é um homem de bem e do bem. Ele planta rosas, conversa com as flores, não persegue os idosos, nem usa o dinheiro público indevidamente. Será entregue a Deus! Transformar-se-á

num homem santo, que adora rosas. O Brasil será um lindo país, administrado por pessoas idôneas, com boa educação, boa saúde, verbas devidamente aplicadas, tudo correndo às mil maravilhas. A Polícia Federal terá pouco trabalho e não percorrerá os estados, prendendo e revistando pessoas supostamente desonestas. Não virou polícia política, nem obedece a ordens, às vezes, absurdas. O Supremo Tribunal Federal, formado por onze ministros, indicados por vários presidentes da República, não se deixa envolver por casos políticos. Os julgamentos do nosso STF não deixam dúvidas de que pertencem a determinadas ideologias. Podemos criticar os ministros e nada acontece: ninguém vai preso, nem tem a casa revirada. Os ministros andam livremente pelas ruas e o povo está contente. As redes sociais, válvulas de escape dos pobres mortais, não estão sendo fiscalizadas. Você pode até dizer que o ministro careca é feio e fica por isso mesmo. Ninguém tentou invadir o prédio do STF. O povo adora os ministros e tem por eles muito respeito. Vamos plantar lírios nos jardins da linda casa da cúpula do Poder Judiciário do Brasil. O Congresso Nacional é um poder

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maravilhoso. Seus componentes primam por um país limpo, rico e sadio. Nenhum parlamentar está sendo processado por desvio de dinheiro público, por ter recebido propina de empresários ou comprar votos nas eleições. São homens honestos, ficha limpa, pensando num Brasil melhor. Orquídeas seriam flores dignas de enfeitarem o Congresso Nacional. Falar em idosos no Brasil seria bem fácil. Eles vivem bem em todos as cidades. Não foram infectados pela covid-19, recebem visitas constantes de filhos e filhas. São pessoas que lutaram pela vida, criaram suas crianças e elas, atualmente, não têm tempo para cuidar de seus velhinhos. Sabemos que famílias inteiras são sustentadas pela renda da avó, do avô, mas quando eles precisam de ajuda, são jogados em lares de idosos e lá morrem. Para filhos e filhas ingratos, vamos fazer um jardim de flores que contenham espinhos. Não vou falar mais de frases tristes que tenho ouvido de filhos, parentes, amigos. Agora, falarei de visitas que recebo dos sobrinhos quando chego em outras cidades, dos telefonemas quase diários dos meus filhos, das mensagens lindas e inspiradas que me chegam em datas festivas. Como diz meu amigo,

se me incomodo com fatos negativos, é porque eles me atingem. Jasmins São José bem cheirosos para mim. Chegou a hora de entregar a Deus tudo que perturba! Cuidar da saúde, acompanhar o movimento da Lua, agora em quarto crescente, aproveitar a vitamina D do Sol, fugir do vírus invisível. Dizia eu à minha mãe: “Não sofra por antecedência”! Então, preciso continuar lutando por dias melhores, esquecer os “vampiros” da Previdência estadual, o Pequeno Polegar, confiar na Justiça e acreditar nos homens de bem. Só me resta apelar para Deus! Não é possível que Ele não acompanhe o que se passa na Terra, não puna os culpados, não acabe com a violência, não proteja os idosos desamparados. Vamos fazer um belo jardim, com a pureza da rosa, a brancura do lírio, o perfume dos jasmins, a beleza das orquídeas, a dureza dos espinhos. Nele só entrará quem cultivar o bem, não roubar, não perseguir servidores, não usar o dinheiro público de maneira errada. Ao meu amigo do bem, um grande abraço. Que Deus o abençoe por sua sinceridade e sua espiritualidade. PARA VOCÊ UMA FLOR BEM CHEIROSA!

Não vou falar mais de frases tristes que tenho ouvido de filhos, parentes, amigos. Agora, falarei de visitas que recebo dos sobrinhos quando chego em outras cidades, dos telefonemas quase diários dos meus filhos, das mensagens lindas e inspiradas que me chegam em datas festivas.


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A greve dos entregadores de aplicativo representa o 1º de Maio para trabalhadores superexplorados

ISRAEL LESSA

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n Ex-superintendente Regional do Trabalho

is que no meio da pandemia, em tamanha polêmica do abre e fecha de estabelecimentos comerciais, bem como do descaso dos governantes que pouco ou em nada se preocupam, nem com saúde, nem com economia, fui surpreendido por uma pergunta interessante: quem não tem emprego, pode fazer greve? A reinvindicação agendada nesse 1º de julho pelos entregadores de aplicativo, simbolicamente, é uma espécie de 1º de Maio para grande parte dos

trabalhadores brasileiros, que fogem do desemprego estrutural de uma economia em séria crise, sem perspectiva de melhora, e se superam de todas as maneiras para garantir alguma forma de sustento. Aqui em Maceió, milhares de trabalhadores estão jogados na marginalidade das condições de trabalho. Estão excluídos de todas as garantias laborais e previdenciárias imagináveis. Sem direito a nada, ficam à disposição de empregadores virtuais, que lhes gerenciam durante 24 horas pelos aplicativos, e lhes remuneram por alguns poucos reais. E o poder público? Onde está? Nada faz. Nada regulamenta. E lava as mãos para esse absurdo. Não estamos falando apenas de questões ligadas à remuneração precária e jornadas de trabalho sem descanso. A superexploração também se impõe nas condições de saúde e segurança a que se submetem essas pessoas: por acaso algum desses jovens

que sai do Benedito Bentes pedalando para entregar lanches na Ponta Verde tem qualquer garantia em caso de acidentes? Ou banheiros para suas necessidades fisiológicas? Por acaso, em tempos de pandemia, recebem alguma orientação, máscara ou álcool gel para a prevenção da covid-19? Ao invés de direitos, os aplicativos só impõem deveres aos entregadores. Estabelecem bloqueios e desligamentos das plataformas, perseguem participantes de protestos, determinam pontuações injustas que restringem o acesso a determinadas áreas. Tais medidas claramente configuram direção e hierarquia de comando típicas das relações de emprego. Os tempos de pandemia nos mostraram, de uma forma muito cruel, que o futuro do trabalho não é tão futuro assim. O teletrabalho e o distanciamento da prestação de serviços já é uma nova realidade apenas

para parte de nossa mão de obra. Outra parte fica relegada a uma nova forma de exclusão: o trabalho sem direitos e sem vínculo que muitos, de uma forma profundamente equivocada, tentam chamar de empreendedorismo. A greve do dia 1º de julho, promovida por esse grupo de trabalhadores, que são excluídos do direito, nos mostra que a regulamentação dessas atividades é para ontem. Ou essa é a única política de trabalho que temos a oferecer? Parece que a política é justamente não ter uma política de proteção. Para a pergunta que me fizeram, não há dúvida. Desde que a escravidão em nosso país foi abolida, as pessoas têm o inequívoco direito de se negar a trabalhar como forma de reivindicar melhores condições de trabalho e de vida. Não seria diferente para esses superexplorados entregadores de aplicativos.

dente, o Bolsonaro número Um, quando este representava o Rio de Janeiro no Parlamento? Por que a mãe de outro miliciano tenha seu empreguinho, indicado pelo notório Queiroz, no nos gabinetes bolsonaristas? E sem lá precisar comparecer? Por que o mesmo Queiroz controlava os vencimentos dos demais assessores do deputado Flávio e auferia percentuais desses proventos? Por que teria ele movimentado tanto dinheiro, pago as escolas de filhos do seu chefe imediato? Pagamento em dinheiro, sem que as contas dos pais dos meninos tenham qualquer retirada correspondente? Esses e outros questionamentos veem sendo feitos, e só bolsonaristas empedernidos fazem vista grossa às evidências de tão estranha conexão. Eis então que, como soe acontecer nesses tempos bolsonaristas, nada é simples de explicar, e os fatos estranhos não se consumam em si mesmos. Passam a gerar novos fatos, novas notícias, em um

movimento de contínua renovação e revigor. Agora é o caso de advogado do notório senador Flávio esconder (dizia-se, antigamente, preservar) o tal Queiroz em casa utilizada como escritório profissional, e declarar, em cândida resposta, que não sabia da “hospedagem” do Queiroz em sua propriedade há um ano, mais ou menos. Nem o conhecia... Na sequência, veio a defender o Queiroz, que não era seu cliente, afirmando que o mesmo não estava foragido, e lá se encontrava por necessidade de tratamento médico. O presidente, descendo de sua cadeira presidencial, não ficou atrás na defesa do ex-assessor do seu filho, repetindo a mesma cantilena do advogado: Queiroz não precisava esconderse, pois não era procurado. Os porquês são muitos. Não me atrevo a respondê-los, deixando a cada um, bolsonarista ou não, buscar as respostas, usando da sua própria inteligência e perspicácia.

Aqui em Maceió, milhares de trabalhadores estão jogados na marginalidade das condições de trabalho. Estão excluídos de todas as garantias laborais e previdenciárias imagináveis.

A conexão Queiroz

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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ncialmente pensei em escrever sobre as trapalhadas no ministro-que-não-o-foi, o doutor Decotelli. Realmente o tema é provocante, considerando-se que o sujeito, em brevíssimo tempo, foi desmascarado por plágio e fraude curricular. Pergunto-me quão tamanha ambição de reverência leva o sujeito a despir-se de todo o senso ético-moral, arriscando-se a ficar, como ficou, ridicularizado e desmoralizado a nível nacional, sobretudo no meio aca-

dêmico ao qual se dizia pertencente. Indago-me ainda sobre o prosaico apoio dado pelo presidente ao seu escolhido para dirigir, logo, o Ministério da Educação. O assunto é tão surreal e hilário que resolvi mudar o tema para outro que vem tumultuando o noticiário e aguçando a imaginação popular, além de mais parecer um filme hollywoodiano, o affaire Queirós. Na verdade, após tantas descobertas sobre Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, quando este era deputado estadual no Rio de Janeiro, os personagens dispensam apresentação, graças ao bombardeio do noticiário. Todavia, as perguntas sem respostas são tantas, que sugerem um emaranhado criminoso. Vejamos algumas: por que uma pessoa ligada à milícia carioca teria feito parte da assessoria do então deputado Flávio Bolsonaro? Por que familiares desse mesmo indivíduo ocupavam cargos em gabinetes da Câmara Federal, inclusive no staff do atual presi-

Eis então que, como soe acontecer nesses tempos bolsonaristas, nada é simples de explicar, e os fatos estranhos não se consumam em si mesmos. Passam a gerar novos fatos, novas notícias, em um movimento de contínua renovação e revigor.


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CAPACITAÇÃO Uma das turmas no interior alagoano e, abaixo, professora do interior participando de um dos cursos junto com os dois filhos pequenos por não ter com quem os deixar

Projeto Escola de Administração Pública continua vetado Jornalista diz que objetivo é prejudicar o Instituto Cidadão DA REDAÇÃO

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ssa é uma história antiga, mas que merece ser trazida ao público, principalmente os servidores estaduais, que foram prejudicados e ainda cobram o seu retorno. Realizado nos anos 2010/2014, o Projeto Escola de Administração foi uma realização do governo do Estado através da Escola de Governo e durante sua realização promoveu a capacitação de mais de cinco mil ser-

vidores públicos estaduais. Com grande aceitação por parte dos funcionários estaduais do interior, o projeto percorreu todas as regiões administrativas, cobrindo todos os municípios do interior com uma grade de cursos voltada para o desenvolvimento profissional desses servidores e a consequente melhoria dos serviços prestados à população. No município de Arapiraca, que sediou várias etapas das capacitações e reuniu as demais cidades da região, há um movimento, principalmente de professores e servidores das áreas de saúde e educação, pedindo o retorno das atividades pedagógicas que tantos benefícios trouxeram, valorizando

o funcionalismo do interior. Procurado para falar a respeito do “Projeto Escola de Administração” o jornalista Pedro Oliveira, presidente do Instituto Cidadão, entidade responsável pela implantação do projeto nos anos anteriores, disse que há dificuldade do retorno do programa na atual gestão do governo estadual, uma vez que o governador não aprovou a volta dessa atividade tão valorizada pelo servidor do interior. ”Não houve vontade política do governador Renan Filho em continuar com esse valoroso programa para os servidores estaduais que exercem suas atividades laborais no interior. O ex-se-

cretário de Planejamento e Gestão, Christian Teixeira, demandou o processo com todo empenho e foi um entusiasta enquanto esteve na pasta e a própria direção da Escola estadual de Governo se empenhou para a volta do projeto, mas infelizmente não aconteceu”, disse o presidente do Instituto Cidadão, jornalista Pedro Oliveira. “Não havia necessidade de licitação para a contratação, segundo pareceres da Procuradoria Geral do Estado, como ocorreu nos anos anteriores. Diante das dificuldades, criadas propositalmente, vindas do Palácio do Governo, concordamos participar de uma licitação Chegamos a vencer o processo de

seleção efetuado pela Secretaria de Gestão, mas por determinação do governador, segundo me contaram seus próprios auxiliares, o certame foi anulado e o projeto esquecido, apenas porque foi o Instituto Cidadão o vencedor e o seu presidente é considerado ‘persona non grata’ ao governo por conta de sua posição crítica como jornalista. Saíram perdendo os servidores públicos e a administração”, conclui Oliveira. Mesmo com a negativa do governo do Estado, o Instituto Cidadão está buscando apoio de outras instituições no âmbito federal e na iniciativa privada para o retorno do Projeto Escola de Administração Pública.


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UNIÃO DOS PALMARES

Vereadores são acusados de receber auxílio emergencial

Filhos do vice-prefeito e pré-candidatos a prefeito também são denunciados

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esde quando foi anunciado o auxílio emergencial para os mais afetados economicamente pela pandemia do novo coronavírus, órgãos fiscalizadores entraram em jogo para investigar se os contemplados realmente se encaixam nas categorias estipuladas pelo governo federal: trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados. Em junho, a Controladoria Geral da União (CGU) solicitou aos prefeitos de Alagoas lista de relação de servidores efetivos e comissionados a fim de monitorar possíveis casos de recebimento ilegal do dinheiro. O balanço está sendo realizado por meio da análise do número de Cadastro de Pessoas Físicas, o linguarudo CPF. Porém, alguns supostos infratores, que poderão ser processados, além de ter que devolver o dinheiro aos cofres públicos, já começaram a ser expostos e denunciados. Dois deles são filhos do vice-prefeito de União dos Palmares, o empresário José Alfredo Soares Lins Wanderley, mais conhecido como Zé Alfredo (PTB). O caso já foi noticiado na imprensa, inclusive confirmado pelo vice, segundo o qual seus filhos Felipe Lopes Lins Wanderley e Victor José Lopes Lins Wanderley realmente foram aprovados para receber o auxílio do governo federal. Felipe Lopes, segundo o empresário, teria se cadastrado na “brincadeira” com amigos. Victor Lopes, estudante de direito, que seria pré-candidato a prefeito

Zé Alfredo diz que um dos filhos se cadastrou por ‘brincadeira’

no município, negou que tenha o cadastro. Os dois, ainda conforme Zé Alfredo, se comprometeram em devolver o dinheiro. A denúncia contra os filhos do vice-prefeito ganhou a luz do dia após perfil de Facebook revelar políticos de União dos Palmares que estariam se aproveitando do auxílio. Na lista, o vereador Ricardo Praxedes (PTC), que receberia o pagamento por meio da esposa Wesllaine Shirley Galvão da Silva.

O perfil do cidadão palmarino Paulo Pereira ainda denuncia, com prints do cadastro do governo federal, o vereador Cícero Aureliano, o Tita (PDT), e três de seus familiares. O mesmo ocorreria com o irmão do vereador Brunno Lopes (PP), também pré-candidato a prefeito de União, que seria engenheiro e criador de gado em Pernambuco. Ao EXTRA, o vereador Tita informou que a esposa fez o cadastro, foi aprovada, mas já de-

volveu o dinheiro. Segundo ele, o cadastramento teria sido apenas um teste para saber como funcionava. Quanto aos dois filhos, disse que ambos são maiores de idade, com suas vidas, não trabalham e não constam em sua declaração de imposto de renda. Brunno Lopes informou que tem ciência da denúncia e que se realmente o irmão recebeu o auxílio considera uma atitude errada. Também procurado, Ricardo Praxedes não respondeu.


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Taxa de corretagem A corretora Rico Investimentos anunciou uma redução na sua taxa de corretagem para o mercado fracionário. Com isso, investidores que operarem quantidades menores que o lote padrão de 100 ações pagarão apenas R$ 1,90 na corretagem, o que representa uma redução de 75% em relação ao valor anterior. É importante ressaltar que essa taxa coloca a Rico como uma das corretoras mais acessíveis do mercado.

Empréstimos e financiamentos

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s birôs de crédito, empresas que armazenam informações de bons e maus pagadores, estão lançando novos indicadores que podem atrapalhar a concessão de empréstimos bem no meio da crise do coronavírus. Esses novos indicadores podem barrar um financiamento dependendo de qual é o seu trabalho, idade ou de onde você mora. Os modelos tradicionais de análise de crédito, como cadastro positivo ou contas em atraso, olham para o passado. Mas esses novos indicadores tentam prever o futuro. As empresas dizem que

Programa habitacional Um novo programa habitacional que será uma “continuidade” do Minha Casa Minha Vida, chamado provisoriamente de Casa Verde Amarela, e que será uma das frentes da nova política social da gestão Jair Bolsonaro está travado. Na tentativa de ampliar o número de novos financiamentos para a população de baixa renda, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) tem encarado uma negociação dura com a Caixa para diluir o pagamento dos subsídios a duas faixas do programa habitacional ao longo do prazo dos contratos, que podem durar até 30 anos. O banco, no entanto, resiste à mudança, sobretudo num momento em que seu caixa já está pressionado pelas medidas adotadas na crise.

Intenção de consumo O coronavírus está causando uma crise na Saúde e também na economia das famílias brasileiras. Prova disso é o Índice de Consumo das Famílias (ICF), que caiu 18,8% na comparação mensal, saindo de 77,4 pontos em maio para 62,9 pontos no mês de junho, a quarta queda consecutiva e o menor resultado registrado na série histórica iniciada em 2010, segundo dados da Fecomércio. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a baixa foi ainda maior: 33,4%. Desde o início da quarentena, de março a junho de 2020, a retração do acumulado do índice foi de 40,7%.


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TEMÓTEOCORREIA

NO PAÍS DAS ALAGOAS

n Ex-deputado estadual

Aerofobia

Sábado, 24 de janeiro de 2009. Estávamos no sítio Vale das Cascatas, em Ipioca-Maceió, numa prazerosa confraternização. No decorrer do evento, convidei os procuradores do estado de Alagoas José Aurino de Lima (comendador do município de São José da Laje) e Antônio Moreira para conhecerem um platô, de onde se vislumbrava o mar e um imenso coqueiral que se estendia até a cidade de Paripueira. Um panorama realmente feérico. Ao nos apro-

ximarmos da borda da escarpa que forma o altiplano, o Dr. Aurino empalideceu, começou a suar e recusou-se a avançar. Dr. Moreira protestou: - O que é isso, Aurino? O seu pai foi paraquedista, serviu a FAB com louvor e você numa alturazinha desta está amarelando! Dr. Aurino justificou-se timidamente: - É que puxei mamãe que tinha fobia de altura.

calhau


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Strada será líder cada vez mais

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icapes são veículos comerciais e, assim, costumam mudar pouco. A Fiat lidera há 20 anos o segmento e chegou a hora de evoluir inclusive em razão da legislação de segurança. E o fez com grande competência na segunda geração da Strada. Não É a primeira compacta com cabine dupla, quatro portas e cinco ocupantes (Duster Oroch é de 2015). No entanto, criou um veículo novo de para-choque a para-choque e pretende ampliar o seu uso em lazer de 5% para 25% das vendas. Inspiração estilística na picape média Toro deu bom resultado. Dimensões principais tiveram poucas alterações. O espaço interno aumentou, em especial no banco traseiro, adequado para dois adultos e uma criança. As portas traseiras abrem-se num ótimo ângulo de 80°. Houve ganho no volume da caçamba (não tanto na cabine dupla) agora com tampa bem leve de manusear. O peso em ordem de marcha não aumentou e a carga útil subiu 20 kg. A nova Strada ganhou em ângulo de entrada e distância livre ao solo, o que faz diferença no uso para trabalho. Ergonomia melhorou e recebeu elementos do Uno e Mobi. Central multimídia de 7 pol. é a primeira que permite conexão sem fio com qualquer tipo de celular (iOS ou Android). Além do obrigatório controle de estabilidade há quatro airbags de série. Grande evolução na dirigibilidade e no desempenho graças à direção eletroassistida apenas quando utiliza o motor Firefly de 1,3 L e 109 cv (etanol). São 21 cv a mais que o veterano de 1,4 L, ainda oferecido nas versões de entrada com direção hidráulica. Preços começam em R$ 63.590 para a cabine Plus (estendida) e vão a R$ 79.900, cabine dupla, que inclui faróis de LED. Para a Strada faltam apenas sete anos para se igualar ao Gol, modelo que permaneceu líder por mais tempo.

NIVUS INFLAMA SEGMENTO DOS SUVS COMPACTOS Um dos lançamentos mais aguardados do ano foi muito bem planejado. A VW o dividiu em várias etapas até a revelação do preço na semana passada. O Nivus traz apenas duas versões: Comfortline, R$ 85.890 e Highline, R$ 98.290. As três primeiras revisões (R$ 1.600) são grátis. Só há um pacote de opcionais para a Comfortline por R$ 3.520 (central multimídia VW Play, controle de velocidade adaptativo (ACC, em inglês), frenagem autônoma de emergência (AEB, em inglês) e volante em couro). Primeiro SUV cupê compacto projetado no Brasil, o estilo é um dos pontos altos, inclusive bem diferente do seu irmão de segmento o T-Cross, a começar pelo número de janelas laterais: três contra duas. O T-Cross já andou disputando em alguns meses a liderança com o Renegade, líder ao longo de 2019. O Nivus é um produto até certo ponto sofisticado. Pode ser guiado com alguma esportividade mesmo com o vão livre do solo aumentado em quase 3 cm em relação ao Polo que usa a mesma arquitetura. A posição ao volante não é tão alta como a do T-Cross e outros 13 concorrentes. Oferece porta-malas de 415 litros, volume próximo aos do HR-V, Kicks e Creta. Com o motor turbo de 1 L e 128 cv (etanol), câmbio automático de 6 marchas e aceleração de 0 a 100 km/h em 10 s perde para o Tracker que tem 1,2 L e 133 cv. A VW, no entanto, deixará reservado o motor de 1,4 L e 150 cv para o T-Cross, o que faz todo sentido. Embora não seja o modelo de menor consumo, o tanque de 52 litros permite autonomia, pelo ciclo de aferição Inmetro, de 556 km (urbano) e 686 km (rodoviário) com gasolina. A central multimídia VW Play é uma das melhores do mercado pelo tamanho (10,1 pol.), qualidade da tela e aplicativos incluídos. Conexão sem fio só para Apple CarPlay, mas Android Auto exige cabo. O Nivus deve tirar mercado do T-Cross, mas a soma dos dois produtos talvez leve a VW a liderar o segmento.

ESTILO E PORTA-MALAS DESTACAM-SE NO ARRIZO 6

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m sedã de silhueta no estilo fastback, coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,28 e maior porta-malas do segmento (570 litros). Assim é o Arrizo 6, da Caoa Chery, em versão única e completa por preço competitivo de R$ 108.750. À exceção do comprimento maior (4,67 m) e altura (irrisórios 6 mm de diferença), distância entre-eixos, largura, conjunto de motor (1,5 L turboflex de 150 cv, sem injeção direta) e câmbio CVT de 9 marchas são os mesmos do Arrizo 5, porém o novo modelo tem estilo bem atraente. Entre os concorrentes estão Corolla, Civic, Cruze e Jetta. Destacam-se saídas de ar-condicionado horizontais bem largas e estreitas com comando eletrônico duplo, incluindo também o banco traseiro. Há duas portas USB dianteiras, uma traseira e tomada de 12 V. Sistema multimídia de 9 pol. tem conexão direta com Apple CarPlay, mas Android Auto exige programa de espelhamento. Câmeras com visão de 360° e indicador de fadiga são de série. Manteve o freio de estacionamento elétrico e função de autoacionamento bastante útil no dia a dia. A coluna de direção tem regulagem de altura, mas não de distância. Diferença de peso de apenas 8 kg em relação ao Arrizo 5 garante o mesmo bom desempenho: aceleração de 0 a 100 km/h em 9,98 s, de acordo com a fabricante. www.fernandocalmon.com.br


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Prefeitura de Cacimbinhas desenvolve ações eficientes no combate à pandemia

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esde o início da pandemia do coronavírus no Brasil, a Prefeitura Municipal de Cacimbinhas vem desenvolvendo ações que buscam minimizar os efeitos da pandemia em toda a cidade. Através de um controle mais eficiente do fluxo de pessoas, foram implantadas barreiras sanitárias no Centro da cidade e locais em que foi registrado algum tipo de aglomeração, monitorando principalmente a temperatura e possíveis sintomas gripais característicos da Covid-19. Segundo o prefeito do município, Hugo Wanderley, todas as ações possíveis para conter o avanço da doença no município devem ser tomadas. “Fizemos trabalho de orientação junto aos comerciantes, fizemos barreiras no comércio da cidade para evitar aglomerações, medir temperaturas e assim evitar a proliferação do vírus”, destacou. Cacimbinhas é uma cidade no Sertão de Alagoas que possui um comércio de rua expressivo, por isso as regras para funcionamento de feiras e mercados, por exemplo, precisaram ser mais rígidas e as medidas de higiene e segurança reforçadas para a proteção de toda população. O funcionamento da feira livre, por exemplo, foi suspenso. “Orientamos os comerciantes a comercializarem em casa e estamos monitorando. Já o Mercado da carne continua aberto, mas com restrições; só é permitida a entrada de uma pessoa por tarimba e orientamos a entrega em domicílio. Dessa forma diminuímos o fluxo de pessoas”. Como incentivo à população para realizar a lavagem frequente das mãos, lavabos foram instalados nos principais pontos de aglomerações na cidade. “Estamos avançando também com a desinfecção de diversas ruas do município, através de um maquinário, além da desinfecção manual de calçadas, nos principais pontos em que se concentram pessoas”, afirmou o prefeito. Para os atendimentos de saúde, a população conta com o Centro de Saúde, com funcionamento 24 horas, com médicos de plantão e toda uma equipe multidisciplinar de prontidão para atender os casos mais urgentes. “Fortalecemos também as ações das Unidades Básicas de Saúde do município para que a população seja atendida em casa, dentro das residências. Isso é muito importante e tem evitado diversos internamentos”, enfatizou Wanderley. A contratação de novos profissionais para a Vigilância Sanitária também foi uma medida efetiva adotada pela gestão. “Preservar a vida da população da cidade é o principal objetivo de cada uma dessas determinações”, frisa o prefeito.


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ABCDOINTERIOR É pelo diálogo Em release enviado a imprensa, na quarta-feira, 1, a vereadora Gilvania Barros confirmou a sua pré-candidatura rumo à Prefeitura de Arapiraca pelo Solidariedade. “Sou democrática, o meu diálogo continua, principalmente com o povo que exige de mim o compromisso que todas e todos esperam da política”, disse.

Formação de chapas Gilvania Barros recebe com muita surpresa o fato de ver seu nome ventilado na imprensa local e em postagens nas redes sociais, especulando a composição de formação de chapas em vários cenários com outros segmentos políticos, afirmando não existir nenhum entendimento nesse sentido.

Maneira conciliadora Ela prosseguiu dizendo que a divulgação do seu nome é por agregar os atributos que uma postulante à Prefeitura de Arapiraca deve ter: uma maneira conciliadora, trabalhando para resolver os desafios, colocando os interesses do povo arapiraquense em primeiro lugar e que é chegada a hora de atender à vontade das pessoas que acreditam e confiam na sua capacidade para implantar no Município uma gestão moderna, humana e que dê um salto de qualidade na prestação dos serviços públicos.

Não confronta Ao lembrar sua combativa atuação parlamentar, Gilvania destacou que conhece de perto os desafios das comunidades e que sempre esteve ao lado do povo, votando favoravelmente nos projetos que beneficiem a coletividade, classificando isso como governabilidade, na busca de soluções para o bem estar da população. “Sou eleita pra trabalhar dessa forma e não para confrontar posicionamentos políticos, prejudicando assim os interesses da coletividade”, disse.

Data histórica Ainda em seu release, Gilvania lembrou que Arapiraca completará 100 anos, data histórica que ocorrerá daqui a quatro anos e que o Município precisa dar uma demonstração da sua grandeza, sobretudo quanto ao seu macro desenvolvimento. “Precisamos modernizar o jeito de fazer política, sem disputas meramente eleitoreiras, sem rancor, mas com união e compromisso, que levem Arapiraca ao lugar que merece, que é o de destaque em nível nacional”.

Mortes pela covid-19 E o novo coronavírus avança pelo interior de Alagoas. Em Arapiraca, até a noite de quarta-feira, 1, o número oficial de mortos era de 98 e de casos confirmados 3.954. Especialistas revelam preocupação com a reabertura do comércio e com a falta de cuidado da população, que não segue as orientações, ficando exposta ao vírus. No Centro, muita gente circulando sem máscaras e outras as usando de forma incorreta.

Dedicação ao hospital Após passar 42 anos servindo ao Ministério Público, o ex-procurador Geraldo Magela Pirauá tem se dedicado de corpo e alma à causa da saúde de Arapiraca. Recentemente, construiu modernas enfermarias para o setor de ortopedia do Hospital Regional Nossa Senhora do Bom conselho. Diante da pandemia do novo coronavírus, em conversa com o governador Renan Filho e o vice Luciano Barbosa, Magela determinou, de imediato - e já funciona há um mês e meio -, que duas enfermarias fossem reformadas para atender aos pacientes com covid-19. Seu foco é o Hospital Regional.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Bem relacionado Com um grande acesso ao segmento empresarial da segunda cidade mais importante de Alagoas em termos econômicos e populacional, Geraldo Magela se relaciona bem com a classe política interiorana, mas não é filiado a nenhum partido político. Outro fato importante é o bom relacionamento que mantém com os segmentos sociais.

Banca de advocacia Como aposentado do MP, Dr. Magela, como é mais conhecido em Arapiraca, avalia a possibilidade de colocar uma banca de advocacia tão logo passe a pandemia da covid-19. Lembrando que também se destaca como um excelente orador e já foi professor de direito penal.

Quarentena Atualmente, Geraldo Magela está trabalhando em casa, na quarentena, e ainda encontra tempo para suas crônicas. Ele tem se dedicado a ler clássicos da literatura e tem escrito alguns contos. Em conversa com este colunista, Dr. Magela deixou claro que não tem nenhuma atividade político-partidária e tampouco deseja ser político. Mesmo em sua aposentadoria, não deixa de trabalhar.

PELO INTERIOR ... No Agreste, dois prefeitos estão se recuperando do coronavírus e nos próximos dias estarão de volta ao trabalho. O prefeito de Girau do Ponciano, David Barros, e a prefeita de Lagoa da Canoa, Tainá Veiga, seguiram todas as recomendações médicas e aguardam o período certo para retomarem as atividades. ... O Hospital Regional Santa Rita e Maternidade Santa Olímpia, em Palmeira dos Índios/AL, conta com um projeto inovador para auxiliar no tratamento aos pacientes com covid-19. ... A implantação da “UTI Virtual” pode ser considerada um avanço, onde a telemedicina possibilita que uma equipe multiprofissional do HRSR consiga debater o caso do paciente junto aos profissionais do Hospital do Coração em Maceió. ... Isso tudo em um ambiente virtual, onde se consegue anexar todos os dados do paciente como, por exemplo, os exames realizados, a evolução, a prescrição, entre outras informações, sendo ainda possível fazer vídeoconferência com os profissionais na central do HCOR, onde eles centralizam os avanços das instituições. ... O deputado estadual arapiraquense Tarcizo Freire (PP) solicitou na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), através de indicação, que o Governo de Alagoas e a Desenvolve - Agência de Fomento de Alagoas não considerem as negativações ocorridas desde o início da pandemia de covid-19, até o fim do decreto governamental. ... A Indicação de nº 655/2020 pede ao governador Renan Filho e o presidente da Desenvolve, José Humberto Maurício de Lira, para que desconsiderem as negativações ocorridas desde o início da pandemia do novo coronavírus, até o fim do decreto governamental, para que os optantes de créditos financeiros obtenham a aprovação. ... O deputado Tarcizo Freire, autor da indicação, destaca que os autônomos estão no rol dos mais atingidos pela crise da pandemia e que precisam de um apoio financeiro através de créditos bancários disponibilizados pela Desenvolve para retomarem suas atividades. ... De acordo com o parlamentar, as pessoas estão em isolamento social em suas residências, sem produzir suas atividades, principalmente os autônomos, que não têm como receber dinheiro para sua sobrevivência e realizar o pagamento de todas as suas obrigações. ... Aos nossos leitores, desejamos um final de semana com saúde e tranquilidade para vencer esse período difícil provocado por essa terrível pandemia. Até a próxima edição!


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SAÚDE

Cardiologia da Santa Casa de Maceió inova com próteses que podem evitar AVC Técnica é executada por meio de cateter com auxílio de aparelhos de imagem e anestesia geral

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ntroduzir métodos avançados na intervenção percutânea para as mais diversas patologias da cardiologia tem sido uma das marcas da Santa Casa de Misericórdia de Maceió. Em junho, os cardiologistas Edvaldo Xavier, Leilton Luna Jr e Evandro Martins, do Serviço de Hemodinâmica, Cardiologia Intervencionista e Eletrofisiologia Invasiva da instituição, realizaram dois procedimentos para oclusão percutânea do apêndice do átrio esquerdo, devolvendo qualidade de vida aos pacientes. A oclusão do apêndice atrial esquerdo é uma alternativa na diminuição do risco de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e outros fenômenos tromboembólicos nos pacientes portadores de Fibrilação Atrial permanente. “A Fibrilação Atrial é arritmia cardíaca mais prevalente na prática médica, principalmente nos pacientes com mais de 65 anos, e pode causar inúmeras complicações para seus portadores. Uma das mais temidas é justamente o AVC isquêmico, popularmente conhecido como derrame, devido ao maior tempo

de permanência do sangue nos átrios pela diminuição do bombeamento do sangue, o que favorece a formação de coágulos (trombos)”, explicou o cardiologista e eletrofisiologista Edvaldo Xavier. O procedimento é feito com anestesia geral e costuma durar de uma a duas horas. O cardiologista intervencionista insere um cateter (um tubo fino e flexível) em uma veia na virilha (veia femoral) e, com o auxílio de aparelhos de imagem na máquina localizada no laboratório de Hemodinâmica, como o ecocardiograma transesofágico, a prótese segue até a entrada do apêndice atrial esquerdo sendo liberada no lo-

cal, ocluindo o Apêndice Atrial Esquerdo (AAE) e impedindo a formação e saída de coágulos do apêndice atrial para a circulação sanguínea. Os dois pacientes submetidos ao procedimento na Santa Casa de Maceió já receberam alta hospitalar após 24h. “A técnica de Oclusão de Apêndice Atrial Esquerdo não elimina a formação de trombos por completo. Porém, é uma alternativa para prevenção de derrames e embolias com nível de eficácia muito semelhante ao do anticoagulante, que é uma “faca de dois gumes “, pois o paciente idoso tem risco elevado de quedas e traumas, além de sangramentos, podendo o

uso desses medicamentos ser um tratamento de risco nessa população específica. Um dos pacientes já havia sofrido de AVC, mesmo em uso de anticoagulantes. O segundo caso era completamente sensível a qualquer anticoagulante, causando-lhe uma hemorragia intestinal importante”, pontuou Edvaldo Xavier. Evandro Martins, cardiologista intervencionista responsável pelo programa de cardiopatias estruturais, explica que pacientes com fibrilação atrial tem de cinco a sete vezes mais chances de ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC) do que a população em geral. “Estudos atuais mostram que

mais de 90% dos coágulos (trombos) formados dentro do coração surgem em uma área conhecida como Apêndice Atrial Esquerdo (AAE). A partir dessa descoberta, desenvolveu-se ao longo dos anos a técnica de fechamento do apêndice atrial esquerdo também chamado auriculeta esquerda”. Antes, o fechamento dessa cavidade atrial só poderia ser realizado de forma cirúrgica, com abertura do tórax realizadas por cirurgiões cardíacos. Com a técnica avançada e disponibilidade de novos dispositivos e aperfeiçoamento das técnicas de imagem cardiovascular, o procedimento hoje é realizado através de acesso em uma veia periférica (geralmente a veia femoral na região da virilha), por via percutânea através de um pequeno furo. Isso permite uma recuperação precoce, alta hospitalar com menor risco de complicações e retorno da qualidade de vida dos pacientes com indicação para o procedimento. “Felizmente é um procedimento que pode ser contemplado no âmbito da saúde suplementar e, muito em breve, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). E o nosso objetivo é trazer melhores tratamentos para toda a população alagoana, concretizando a Santa Casa de Maceió sempre na vanguarda em cardiologia intervencionista no Estado de Alagoas”, disse Leilton Luna Jr, cardiologista intervencionista e coordenador médico da Hemodinâmica.


MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE JULHO DE 2020

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MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE JULHO DE 2020


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