Edição 1077

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e CORRUPÇÃO

ANO XXI - Nº 1077 - 10 A 16 DE JULHO DE 2020 - R$ 4,00

ELEIÇÕES 2020

Futuro prefeito de Maceió sairá da disputa entre Alfredo, JHC e Lessa

Indicativo é da MB Pesquisa após consulta eleitoral realizada em vários bairros da capital. Alfredo Gaspar e JHC são os mais bem avaliados, mas Lessa tem capital político e pode surpreender. 2 e 19

extra MACEIÓ - ALAGOAS

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Mais um juiz é condenado à aposentadoria Galdino Vasconcelos libertou traficantes presos com 620 quilos de maconha e autorizou retorno dos criminosos ao Paraná

Mesmo residindo em imóvel cedido por prefeitura, magistrado solicitou e recebeu auxílio-moradia durante oito meses 6 e 7

GRUPO JOÃO LYRA

PRECATÓRIO DE R$ 690 MILHÕES QUITARÁ DÍVIDA COM TODOS OS TRABALHADORES

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Justiça vai decidir destino de R$ 84 milhões do Fecoep 8e9

GRILAGEM

TJ DEFINIRÁ COMPETÊNCIA SOBRE PROCESSO CONTRA ÁLVARO VASCONCELOS 13


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COLUNA Vendedores de ilusões

- O futuro prefeito de 1entre Maceió sairá da disputa Alfredo Gaspar de Mendonça, Ronaldo Lessa e João Henrique Caldas. Os demais candidatos entrarão no pleito municipal deste ano apenas para marcar espaço.

bairros da capital pela MB Pesquisa e Consultoria, sob a coordenação do analista político Marcelo Bastos.

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

O indicativo é de 2ral-recente consulta eleitorealizada nos diversos

EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- Dos três candidatos, os 3eleitorado, mais bem avaliados pelo segundo a pes-

quisa, são Alfredo Gaspar e João Henrique, mas Lessa pode surpreender. Afinal, é o que tem mais experiência administrativa e bom trânsito entre os servidores públicos.

Se conseguir unir as 4sua-esquerdas em torno de candidatura – o que é

pouco provável – o ex-governador e ex-prefeito de Maceió terá vaga garantida no segundo turno, apesar de seu alto índice de rejeição.

- Segundo a MB Pesqui5cotados sa, dos três nomes mais para comandar Maceió, o que tem menor índice de rejeição é Alfredo Gaspar de Mendonça, seguido de João Henrique Caldas e Ronaldo Lessa, o mais rejeitado do trio.

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- Mas em meio à tríplice crise – sanitária, econômica e social – o que vai mesmo decidir a eleição deste ano é o desempenho de cada candidato em campanha. Frustrado e ressentido, o eleitor saberá distinguir o candidato sério dos vendedores de ilusões.

pessoalmente.

Novo golpe

Após aplicar um golpe milionário em dezenas de famílias com a venda de apartamentos que nunca foram entregues, o empresário Moacyr Brêda tenta agora enganar a ex-companheira do pai e dois herdeiros menores de idade. Na condição de administrador do espólio da família, Moacyr Brêda está tentando excluir do inventário dois irmãos menores, frutos de dois relacionamentos conjugais do falecido tabelião Taí Brêda. Condenado por crime de estelionato a 5 anos de cadeia em regime fechado, Moacyr Brêda corre o risco de aumentar sua merecida temporada na prisão. Outros processos contra ele tramitam na Justiça.

Sentença em dobro

O juiz Galdino Vasconcelos entrou para a história como primeiro magistrado condenado à aposentadoria compulsória por duas vezes em processos diferentes. No primeiro julgamento, Galdino foi condenado por receber auxílio-moradia ilegal, e no segundo, foi sentenciado por soltar traficantes de drogas em troca de propina. Condenado à compulsória por duas vezes, temese que o juiz acione a Justiça para receber duas aposentadorias. Leia a reportagem exclusiva nesta edição do jornal EXTRA.

Novos tempos A condenação do juiz Galdino Vasconcelos pelo voto da maioria absoluta dos desembargadores do TJAL deixou muitos magistrados de barba de molho. Sobretudo os que respondem a denúncias de improbidade junto à Corregedoria-Geral de Justiça do tribunal. Novos tempos estão surgindo.

Cofres cheios Os municípios alagoanos nunca viram tanto dinheiro extra em seus cofres, graças aos repasses federais para enfrentar a pandemia. Só de reposição do FPM, entrou nos cofres das prefeituras este mês mais de R$ 1,6 bilhão. O Ministério da Saúde também repassou recursos extraordinários para os municípios, dinheiro carimbado para enfrentar a pandemia de coronavírus. As cidades que mais receberam dinheiro da Saúde foram Maceió, com R$ 37 milhões; Arapiraca, R$ 8,6 milhões; São Miguel dos Campos, R$ 7,2 milhões; Palmeira dos Índios, R$ 6,7 milhões; e, Penedo, com R$ 5 milhões. Os menores valores foram para Mar Vermelho, R$ 400 mil; Jundiá, R$ 405 mil; Feliz Deserto, R$ 428 mil; Palestina, R$ 458 mil; e, Belém, R$

495 mil.

Nada a perder Luciano Barbosa não confirma nem descarta a possibilidade de disputar a Prefeitura de Arapiraca, o segundo colégio eleitoral de Alagoas. Na condição de vice-governador, só tem a ganhar e nada a perder. Se vencer, realiza o sonho de voltar a governar sua terra e a partir de lá alçar voos mais altos na política alagoana. Se perder a eleição, continua como vice de Renan e dever virar governador-tampão – com direito a reeleição. Mas para disputar a prefeitura pelo MDB ainda precisa convencer os caciques do partido de que terá mais chances de vitória do que o deputado Ricardo Nezinho, candidato dos Calheiros e donos do MDB em Alagoas.

Rei da internet Fernando Collor adotou de vez as redes sociais como canal de comunicação direta com seus correligionários. O senador usa todas as plataformas disponíveis na internet e não para de dar entrevistas, produzir lives e acompanhar o feedback

A quem serve a Aneel? A crise se agrava, mas a agência “reguladora” de energia elétrica Aneel continua agindo como parceira de empresas e distribuidoras, em vez de regular em benefício do consumidor que a sustenta. Após a demagogia de proibir o corte de luz de famílias de baixa renda, por falta de pagamento na pandemia, liberou aumento na conta para “compensar as perdas”. Como outras agências, usou a antiga lorota: “a alta no dólar”. Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder

CNJ: 15 anos O Conselho Nacional de Justiça comemora 15 anos de atuação e tem se mostrado um órgão atento aos parâmetros que regem a vida funcional dos magistrados e a conduta dos 18 mil juízes, desembargadores e ministros que compõem a Justiça brasileira. Um dos marcos do CNJ é o Código de Ética da Magistratura, criado há 12 anos, que tem contribuído para resgatar a credibili-


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MASSA FALIDA DA LAGINHA

PRECATÓRIO

O João Lyra perdeu Laginha e mais quatro usinas

Créditos trabalhistas serão quitados com precatório de R$ 690 mi Valor também é suficiente para pagar débitos extraconcursais JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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Massa Falida da Laginha vai contar com R$ 690 milhões e 180 mil em seu caixa. O valor é referente a um precatório que tramita no Tribunal Federal da 1ª Região (TRF-1). Trata-se de uma ação impetrada nos anos 90 contra a União que tem como base a Lei 4.870, que estipula ressarcimento de danos patrimoniais em virtude dos preços praticados pelo extinto Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) para comercialização do açúcar e do álcool pagos em desacordo com a legislação vigente a partir da safra de 1983/1984.

De acordo com administrador judicial José Luiz Lindoso, detalhes quanto aos recursos já constam do site do Tribunal de Justiça de Alagoas. “Os valores estão depositados em conta vinculada ao processo do precatório na Justiça Federal, em Brasília. Mas tal recurso ainda não está disponível para a Massa Falida. A informação que recebemos é que o valor de pouco mais de R$ 690 milhões já está depositado em uma conta no Banco do Brasil”, explicou. Lindoso já faz planos de como essa quantia será utilizada tão logo seja disponibilizada à Massa Falida: “Com os recursos deste precatório serão quitados o restante dos credo-

res trabalhistas e os demais créditos extraconcursais, ou seja, todas as dívidas incorridas após o ajuizamento da recuperação judicial, que foi em 2008. Após o pagamento dos credores extraconcursais, ainda havendo recursos disponíveis, prosseguirão os pagamentos das dívidas anteriores à recuperação judicial, as chamadas dívidas concursais, até esgotar o saldo proveniente do precatório”. USINAS LEILOADAS EM MINAS GERAIS A maior parte dos direitos trabalhistas dos ex-funcionários do falido Grupo João Lyra foi quitada com as vendas das usinas Vale do Paranaíba e Triálcool, localizadas em Minas Gerais. Os empreendimentos, leiloados no final de 2017 ren-

deram ao processo de falência cerca de R$ 340 milhões. “Até o momento, 90% dos R$ 275 milhões devidos aos credores trabalhistas foram pagos com os recursos da venda dessas usinas. Depois de dois anos de efetivado o leilão, entraram na Justiça para suspender a negociação. Porém, todo o trâmite do certame foi realizado dentro da legislação. O dinheiro já foi utilizado e não acredito que essa ação judicial prospere”, disse Lindoso ao EXTRA. Ainda faltam ser pagos aproximadamente R$ 27 milhões aos 15 mil trabalhadores. Com o precatório, ex-funcionários que têm direito a receber mais de 150 salários mínimos também serão contemplados. O débito nesse caso chega a R$ 40 milhões. Fora dívidas com a União, bancos e empresários, a Massa Falida planeja pagar ainda este ano, com o precatório: R$ 27 milhões para trabalhistas extraconcursais; R$ 24 milhões de garantias reais extraconcursais, aquelas em que a satisfação do direito do credor encontra-se garantida; e R$ 400 milhões para quirografários, inclusive trabalhistas acima de 150 salários mínimos; e R$ 22 milhões de impostos após decretação da falência, totalizando R$ 473 milhões.

dinheiro que está para ser recebido pela massa falida é parte do precatório, cujo valor corrigido em 2012 superava R$ 1,7 bilhão. Durante a fase instrutória da referida ação foi realizada perícia a qual apontou em favor da Laginha, enquanto sucessora da Unisa (União Industrial do Nordeste S.A.) e da Companhia Açucareira Alagoana, um crédito de R$ 604.955.083,13, com a data/base de junho de 1992. O juízo entendeu que havia ocorrido a prescrição referente às safras anteriores a 1985 e em relação às demais safras. Sendo assim, julgou o pedido improcedente por entender que a Laginha não havia sofrido qualquer prejuízo efetivo, mas apenas redução de lucro. Diante da sentença de improcedência, a Laginha interpôs apelação e obteve provimento pelo TRF-1 no sentido de condenar a União a indenizar os prejuízos sofridos desde a safra 1985. Contra este acórdão, a União interpôs Recurso Especial, negado pelo próprio TRF. A decisão favorável à Laginha transitou em julgado no dia 14 de janeiro de 2000, levando em conta a perícia com data/base de junho de 1992, de forma que somente seria necessária uma atualização destes valores. Mas a justiça indeferiu a execução, sob o fundamento de que os cálculos elaborados deveriam ser desconsiderados. Após anos de entraves judiciais, a ação foi julgada em 25 de julho de 2007, e os embargos infringentes da Laginha foram julgados procedentes em 2 de dezembro de 2014, reformando a decisão em favor da Laginha Agro Industrial S.A. Foi então decidido, na apuração da contadoria do Juízo, o valor devido de R$ 1.709.358.119,67 atualizados até junho de 2012.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Candidatos a prefeito de Maceió saem da toca

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astou o coronavírus dar uma pausa nos últimos dias para que os pré-candidatos a prefeito de Maceió saíssem correndo para as ruas. É o caso do deputado Davi Davino, do Progressista, e do próprio candidato do governo, Alfredo Gaspar de Mendonça. Nas ruas eles fazem contatos com lideranças da periferia da cidade, enquanto montam planos de governo. Não muito longe, vêm o

deputado JHC, especialista em utilizar as redes sociais, e Ronaldo Lessa, que tenta montar um grupo forte para angariar mais apoios e disputar as eleições de igual para igual. A campanha, pelo visto, está começando agora pra valer.

Dificuldades

Uma aliança política entre Rodrigo Cunha e Fernando Collor é a única coisa no momento difícil de acontecer. Isso desfaz os boatos de que Collor e Cunha estariam votando juntos no Senado Federal. Daí para uma aliança, a distância é muito grande.

Aliança

Jogo pesado

Vice em definição Está tudo pronto e o MDB só falta mesmo anunciar o nome do candidato a vice de Alfredo Gaspar de Mendonça, que deverá ser Tácio Melo, presidente do Podemos e escolha pessoal do prefeito de Maceió, Rui Palmeira.

De olho neles O deputado JHC não perde tempo e tem uma comunicação permanente com a classe estudantil jovem, que pode definir as eleições de novembro. Acompanhando de perto as dificuldades de jovens estudantes, ele informou que eles já podem, pelo aplicativo, pedir a suspensão de até quatro parcelas do Fundo de Financiamento Estudantil, o Fies.

Sem um controle mais efetivo na periferia de Maceió, principalmente nas feiras livres, está muito difícil de controlar o alastramento do coronavírus. No final da última semana o comércio de Maceió mais parecia um formigueiro, com muita gente com e sem máscaras de proteção.

Sem chances

Com alguma dificuldade de formar uma grande aliança de esquerda, Ronaldo Lessa joga no seu prestígio junto ao funcionalismo público e tenta convencer o seu eleitorado com lives e provável apoio da ex-vereadora Heloísa Helena. A princípio, Ronaldo se afasta do PT e PC do B, estes já aliados do governo de Renan Filho.

O deputado Davi Davino, que assumiu a presidência do Partido Progressista em Maceió, terá no seu palanque o Republicanos, o PSL e o Solidariedade, comandado em Alagoas pelo presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, campeão em eleições.

Complicação

Pressão Muito embora o prefeito de Arapiraca, Rogério Teófilo, esteja disposto a concorrer à reeleição, adversários políticos invadem as redes sociais para dizer exatamente o contrário. Divulgam que Teófilo, que se recupera de uma enfermidade infecciosa, não estaria em condições de participar de uma campanha política. O prefeito deve se pronunciar nos próximos dias sobre o assunto, que tem incomodado sua base de apoio.

Como todos sabem, a aliança entre Rodrigo Cunha e JHC vem desde as últimas eleições, quando a mãe do deputado figurou como primeira suplente do Senado, se comprometendo, naturalmente, com os projetos políticos dos dois para os próximos anos.

Desgaste

Enquanto as ruas estão apinhadas de gente, candidatos aproveitam o momento atrás de promoção. São os políticos de ocasião que querem levar vantagem neste momento de pandemia nas próximas eleições marcadas para 15 de 29 de novembro, respectivamente.

A discussão no grupo do pré-candidato Alfredo Gaspar de Mendonça é se ele vai mesmo abraçar o apoio do governador Renan Filho e do prefeito Rui Palmeira, desgastados nesta crise de pandemia do coronavírus. É exatamente neste aspecto que os adversários querem minar a candidatura oficial.

Apoio do Sertão

Desnecessária

Promoção

O deputado Inácio Loiola saiu do outro lado do estado e parou em São José da Laje. Agora, o parlamentar, com larga de folha de serviço prestado ao estado, vai apoiar para prefeito daquele município da Zona da Mata Flávio Catão, do Podemos. Para Catão, um grupo está sendo criado para tirar a Laje do atraso e acabar com “os currais eleitorais e levantar a bandeira do desenvolvimento”.

A pressa em reabrir o comércio pela pressão sofrida pelas entidades de classe na capital e no interior, pode custar muito caro à saúde dos alagoanos. As estatísticas não são nada boas em alguns municípios e isso pode fazer sufocar o sistema hospitalar que já vive a trancos e barrancos.

Demissão No decorrer da semana as informações davam conta de que na Federação das Indústrias de Alagoas, em nome da pandemia, as demissões de trabalhadores correram soltas, sem muitas explicações. Com a palavra o presidente da entidade, José Carlos Lyra.

O fim O bairro do Pinheiro parece mesmo ter virado terra de ninguém depois da bagaceira que a Braskem proporcionou a todos os seus moradores. Desta vez foram demolidos quatro prédios perfazendo um total de 96 apartamentos e ninguém sabe o que será feito da área completamente destruída.

Tempo de eleições Como o coronavírus dá sinais de que está indo embora, com certeza agora candidatos a vereadores e a prefeito irão voltar com força na campanha que se avizinha, aparecendo como os salvadores da pátria e com soluções milagrosas para a região praticamente dizimada.


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ELEIÇÕES 2020

Cristiano Matheus promete “transformar” Pão de Açúcar JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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morosidade da Justiça e brechas da lei fazem com que candidatos fichas-sujas concorram livremente às eleições. E em 2020 não será diferente. O ex-prefeito de Marechal Deodoro Cristiano Matheus (MDB) é um dos que se aproveitam das falhas da Lei da Ficha Limpa. Retirado à força do cargo de líder do Executivo deodorense pela Justiça Federal em setembro de 2016, Matheus mira agora a Prefeitura de Pão de Açúcar, município sertanejo onde nasceu. No Instagram a campanha já rola solta. “Quero Pão de Açúcar com empregos e oportunidades para todos”, diz em uma postagem. Em outra: “Diga não ao atraso e ao de sempre. Chegou a vez do futuro. Do seu futuro!”. E o narcisismo político continua: “Tenho a experiência para trazer as transformações que Pão de Açúcar precisa”. Isso porque, segundo ele, decidiu voltar para o município porque “eu sei como resolver os problemas daqui”. Uma das competências de Matheus é mostrada explicitamente como administrador da rede social apagando comentários negativos, uma vez que não há nenhuma referência - nas postagens de internautas quanto à sua passagem conturbada em Marechal Deodoro. A reprovação popular ainda é uma ferida aberta que sangra na carreira política do emedebista. Em março deste ano, foi vaiado e recebido com gritos de “ladrão” por populares durante a inauguração de uma escola estadual no povoado de Massagueira.

Cristiano Matheus durante solenidade em que foi vaiado Matheus, que é do mesmo partido do governador Renan Filho, foi convidado a fazer parte da frente de honra na solenidade e, no momento em que teve o nome anunciado, foi vaiado. Tentando amenizar a situação e defender o colega de partido, o governador afirmou em seu discurso que Matheus havia solicitado a construção de duas unidades para o município. Não adiantou e o governador acabou sendo também alvo de vaias. A revolta dos eleitores tem um motivo: o rosário de acusações de corrupção que o ex-prefeito enfrenta na justiça tanto estadual quanto federal. ACUSAÇÕES No Foro da Capital, tramita na 23ª Vara Cível da Capital / Família ação de execução de alimentos. O autor é o filho,

CONDENADO EM 2019, O PLENO DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE ALAGOAS (TRE-AL) DECIDIU MANTER A MULTA APLICADA AO EX-PREFEITO EM PROCESSO NO QUAL FOI CONDENADO EM 1º GRAU POR CONTA DE GASTOS EXCESSIVOS COM PUBLICIDADE.

de três anos, que o ex-prefeito teve com a publicitária Mayane Souza, que o acusou de expulsá-la de casa logo após dar à luz. No Foro de Marechal, processos de improbidade administrativa, crimes da Lei de Licitações e violação aos princípios administrativos. Atualmente funcionário da Assembleia Legislativa, Matheus enfrenta também a acusação de chefiar um esquema de lavagem de dinheiro e desvio de verbas que teria saqueado os cofres públicos de Marechal Deodoro. Investigação do Ministério Público Federal (MPF/AL) considera que os crimes teriam começado em 2009 envolvendo engenheiros, empresários, amigos pessoais e motoristas. E para a troca de dinheiro, ou de favores, era utilizada a empresa FP Construções. As negociações ilícitas consistiam em nomear funcionários da empresa em cargos na Prefeitura de Marechal. Também foi identificado que até a reforma de um apartamento teria sido bancada ilegalmente por dinheiro público. A FP Construções tinha uma série de regalias. Foi responsável pela reforma do Canteiro Central da Praça das Cocadeiras, no Povoado da Massagueira; pavimentação e drenagem de águas pluviais do arruamento do Loteamento Terra da Esperança; recuperação e construção da Orla Lagunar; terraplanagem de diversas ruas do município, entre demais obras. Ainda conforme o MPF, Matheus mantinha relação bem próxima com a empresa. Como resultado, o desvio de verbas públicas teria se estendido à área da educação, através de verbas destinadas para do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e do

Ex-prefeito, réu em vários processos por corrupção, mira município sertanejo Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate). Já em 2015, o ex-prefeito conseguiu interromper andamento de Comissão Especial de Investigação (CEI) instaurada na Câmara de Vereadores que investigava a situação do transporte escolar. De acordo com investigações, o total faturado pela quadrilha ainda é calculado pela Polícia Federal. No entanto, para se imaginar o valor, um dos proprietários da FP Construções movimentou mais de R$ 14 milhões em sete meses. O MPF acredita que Matheus tinha conhecimento de todos os desvios e crimes praticados durante sua administração. Em 2012, concorreu e venceu as eleições privilegiando com pavimentação áreas mais carentes do município. Em 2019, o Pleno do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL) decidiu manter a multa aplicada ao ex-prefeito em processo no qual foi condenado em 1º grau por conta de gastos excessivos com publicidade. A sentença que havia condenado Matheus foi proferida pelo juízo da 26ª Zona Eleitoral, por conta de evidências que comprovavam que o Município havia gastado mais de R$ 950 mil em publicidade em 2016, ano de eleições. Ainda em 2019, a Justiça extinguiu o processo que determinava que o ex-prefeito devolvesse mais de R$ 17 milhões aos cofres públicos. A acusação contra Cristiano Matheus partiu da Prefeitura de Marechal. Na ação, o Município afirmava que enquanto prefeito, o político praticou atos de improbidade administrativa que resultaram em danos de R$ 17.544.871,77.


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FIM DE LINHA

Rosário de irregularidades levam TJ a punir juiz com aposentadoria Galdino Vasconcelos foi condenado pela soltura de traficantes e pelo recebimento ilegal de auxílio-moradia VERA ALVES veralvess@gmail.com

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pós anos de irregularidades como magistrado que já lhe haviam rendido duas penas de censura e uma de remoção compulsória, o juiz Galdino José Amorim Vasconcelos foi punido esta semana com duas sentenças de aposentadoria compulsória pelo Pleno do Tribunal de Justiça de Alagoas. A decisão se deu em sessão virtual na última terça, 7, por maioria de votos, no julgamento de dois procedimentos administrativos disciplinares instaurados em julho do ano passado. O mais grave deles envolve a libertação de traficantes de drogas presos em flagrante pela Polícia Federal no dia 26 de setembro de 2018 com 620 kg de maconha e cuja prisão preventiva havia sido decretada pelo juiz plantonista Cláudio José Gomes Lopes. Como o flagrante se deu nas imediações do Aeroporto Zumbi dos Palmares, o magistrado determinou que o processo contra Antônio Gabriel de Salles Filho, Hugo Gomes de Souza, Alisson Rodrigo Fernandes dos Santos Topa, Abraão Eliano Dadalt e Gilberto Alves Lima fosse encaminhado para a Comarca de Rio Largo. Galdino Vasconcelos era o juiz titular da 3ª Vara Criminal de Rio Largo e no dia 7 de novembro, contrariando pare-

cer do Ministério Público, revogou a prisão preventiva de dois dos cinco traficantes – Abraão Eliano Dadalt e Gilberto Alves Lima – sob o argumento de que “Em sintonia com os ditames constitucionais, o direito de ir, vir e permanecer livremente deve ser a regra, restando, pois, a segregação como medida excepcionalíssima nos casos autorizadores por lei”. Um mês depois, Galdino foi mais além e, mais uma vez acatando pedido da defesa dos dois acusados, determinou a retirada das tornozeleiras eletrônicas, medida restritiva que havia determinado quando da revogação das preventivas. O

SOLTURA GALDINO VASCONCELOS ERA O JUIZ TITULAR DA 3ª VARA CRIMINAL DE RIO LARGO E NO DIA 7 DE NOVEMBRO, CONTRARIANDO PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO, REVOGOU A PRISÃO PREVENTIVA DE DOIS DOS CINCO TRAFICANTES FLAGRADOS COM 620 QUILOS DE MACONHA.

Galdino Vasconcelos recebeu duas penas de aposentadoria argumento desta vez foi ainda mais esdrúxulo, o de que os presos residiam no Paraná e para lá deveriam retornar para cumprir as medidas na Comarca de Foz do Iguaçu. A 16 de janeiro do ano passado, o MP se posicionou pela revogação da preventiva dos demais acusados mediante pagamento de fiança e monitoramento eletrônico, o que foi acatado pelo juiz. No mesmo dia, o Ministério Público denunciou a pediu a condenação dos cinco acusados por crimes previstos nos artigos 33 e 35 e combinados com o artigo 40, inciso V da Lei 11.343/2006, conhecida como Lei Antidrogas. De acordo com o artigo 33, está sujeito a pena de reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 a 1.500 dias-multas quem “Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,

adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. Já o artigo 35 prevê reclusão de 3 a 10 anos e pagamento de 700 a 1.200 dias-multa para quem se associar a “duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei”, enquanto o 40 aumenta de um sexto a dois terços a pena quando for caracterizado o tráfico entre estados da federação ou entre estes e o Distrito Federal. No caso dos cinco traficantes presos, as investigações haviam sido iniciadas três meses

antes pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, Polícia Federal, Batalhão de Operações Especiais (Bope) e Polícia Rodoviária Federal (PRF). Nelas descobriu-se que o grupo do Paraná comercializava ilegalmente drogas para Alagoas e que os 620 quilos apreendidos iriam abastecer a Grande Maceió. A conduta suspeita e tida oficialmente como negligente do juiz Galdino Vasconcelos passou a ser investigada pela Corregedoria Geral de Justiça depois que os defensores dos outros três traficantes entraram com pedido de cancelamento do monitoramento eletrônico, tal qual se dera com Dadalt e Lima, mas o juiz negou os pedidos. A defesa de Antônio Gabriel de Salles Filho, Hugo Gomes de Souza, Alisson Rodrigo Fernandes dos Santos Topa recorreu então ao TJ mas não obteve sucesso junto ao desembargador Sebastião Costa Filho. Ocorre que o desembargador estranhou a conduta do magistrado no caso, sobretudo a revogação da prisão preventiva dos paranaenses, manteve o monitoramento eletrônico dos acusados e remeteu o processo para análise da Corregedoria Geral de Justiça, o que acabou redundando na instauração do procedimento disciplinar após investigação por parte de seus juízes auxiliares. O entendimento da maioria dos desembargadores na última terça-feira foi de que ele cometeu uma falta grave, em total desrespeito à legislação vigente.


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O caso do auxílio-moradia J

uiz da Comarca de Pão de Açúcar por vários anos, Galdino Amorim Vasconcelos foi acusado pelo Ministério Público de recebimento ilegal de auxíliomoradia durante o tempo em que residia em um imóvel cedido pela prefeitura. A denúncia chegou à Corregedoria Geral de Justiça em 2015, mas somente em julho do ano passado o TJ aprovou a abertura de processo administrativo contra o magistrado. Pelos valores vigentes do auxílio-moradia em 2014 e 2015, Galdino Vasconcelos pode ter embolsado mais de R$ 34 mil a título de indenização com gastos de moradia sem que tivesse direito. É que até setembro de 2014 o valor do conhecido penduricalho era de R$ 3.629,49. A partir de outubro daquele ano foi reajustado para R$ 4.377,73, sendo que o recebimento ilegal se deu no período de setembro de 2014 a abril de 2015. Questionado, o magistrado alegou em sua defesa que residir em imóvel cedido pela Prefeitura Municipal de Pão de Açúcar era uma prática de seus antecessores ao longo de 20 anos e argumentou não ter pedido o auxílio, mas não negou que o recebeu. As investigações da comissão de juízes auxiliares nomeada pela CGJ, contudo, revelaram que o juiz pediu, sim, o auxílio, o que, somado ao fato de que ele já havia sido punido por três vezes por condutas inadequadas à ética da magistratura, levou à instauração do procedimento administrativo após análise do Pleno do TJ. Durante o tempo em que esteve em Pão de Açúcar,

Nancy Andrighi coniderou remoção branda para teor da irregularidade; juiz Jairo Xavier também foi aposentado por duas vezes Galdino Vasconcelos recebeu duas penas de censura por conta de acusações de envolvimento irregular com candidatos à Prefeitura de Palestina – subordinada à Comarca de Pão de Açúcar – no ano de 2012, inclusive com a acusação de recebimento de vantagens indevidas. O magistrado deixou a comarca do município sertanejo por conta de uma terceira penalidade, a de remoção compulsória após processo disciplinar que investigou irregularidades na adjudicação de imóveis localizados em outros estados e em benefício de pessoas que sequer residiam na comarca. Foi então removido para Rio Largo, o mais importante município da Região Metropolitana de Maceió, o que levantou questionamentos acerca de ter sido de fato uma punição. O caso gerou um procedimento de revisão disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2016 a pedido da então corregedora

Nacional de Justiça, Nancy Andrighi que considerou a punição aplicada pelo TJ de Alagoas incompatível com a gravidade das condutas irregulares praticadas pelo magistrado. O processo de revisão disciplinar foi concluído em 2018, quando o Pleno do CNJ acatou o relatório do então conselheiro Valdetário Andrade Monteiro no sentido de que a pena de remoção era adequada. Uma decisão igualmente questionável frente ao teor do relatório da Corregedoria Nacional de Justiça, segundo o qual o juiz também fixava o valor das causas de adjudicação de imóveis localizados em outros estados em valores muito inferiores ao valor dos mesmos: “Das cópias acostadas nestes autos, verifico que na demanda tombada sob o n° 0000187-47.2011.8.02.0048, uma ação de obrigação de fazer com pedido para antecipação de tutela, que busca a adjudicação compulsória de um bem localizado em

Pirapora/MG, dá-se o valor da causa a quantia de R$ 1.000,00 (um mil reais), quando o valor do contrato, que se pretende executar é de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais). Mesma situação se verifica nos autos do processo n° 0000188-32.2011.8.02.0048, cujo valor do contrato é de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), porém foi dado como valor da causa apenas R$ 1.000,00 (mil reais); nos autos do processo n° 000066203.2011.8.02.0048, o valor do contrato é R$ 14.800,00 (catorze mil e oitocentos reais), sendo dado como valor da causa a mesma quantia das demais ações, ou seja, R$ 1.000,00 (mil reais); nos autos do processo n° 000066385.2011.8.02.0048, em que o valor do contrato é R$ 16.340,00 (dezesseis mil trezentos e quarenta reais), também foi dado como valor da causa os mesmos R$ 1.000,00 (mil reais). Além desses feitos, ainda temos cópia dos autos do processo n° 000080844.2011.8.02.0048 (valor do

contrato – R$ 300.000,00 – trezentos mil reais), 0000809-29.2011.8.02.0048 (valor do contrato – R$ 100.000,00 – cem mil reais), em todos os casos foi informado como valor da causa a quantia de R$ 1.000,00 (mil reais)” , diz o relatório, ao lembrar que, pela lei, “o valor da causa, em regra, deve corresponder ao proveito econômico buscado pela parte autora no processo”. Galdino José Amorim Vasconcelos é o segundo juiz a ser duas vezes aposentado compulsoriamente este ano por conta de irregularidades na condução de processos. Em maio último o Pleno do TJ aplicou a mesma pena ao juiz Jairo Xavier Costa pelo bloqueio suspeito de R$ 45 milhões via Bancejud. Dois meses antes os desembargadores já haviam referendado a mesma punição para Jairo Xavier por conta de uma prática similar à de Vasconcelos: a adjudicação de imóveis localizados em outros estados a pessoas residentes fora de Alagoas.


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PEDALADA FISCAL

Destinação do Fecoep a hospitais vira disputa judicial ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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destino de parte das verbas do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecoep) - R$ 84 milhões - durante a pandemia do novo coronavírus, para os alagoanos em situação de miséria, virou uma briga judicial entre governo do Estado e entidades não-governamentais, que querem o dinheiro sendo utilizado não apenas na distribuição de cestas básicas, mas também investido em projetos. A ação civil pública é movida pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos Zumbi dos Palmares (Cedeca). Só que a Justiça anda a passos de tartaruga diante Pastor Wellington: ‘Cesta básica é esmola’ Rafael Machado diz que não há políticas de uma questão tão grave e públicas para os mais vulneráveis complexa, cuja demora para encontrar uma solução custa de junho, por exemplo, agri- para a construção e manua vida de milhares de alagocultores suspenderam as en- tenção de hospitais. Leva em anos: negou a antecipação de tregas diárias do Programa do conta que 90% dos alagoanos tutela da ação do Cedeca e Leite, mantido com recursos dependem do SUS - por isso, intimou o Estado para que, do fundo. Três mil agriculto- precisam de leitos hospitalaO FECOEP É ABASTECIDO em 30 dias úteis, ofereça conres familiares estavam há 5 res, em especial na pandemia, COM 2% DO ICMS QUE testação, informando ainda meses sem receber o paga- e, principalmente, leitos de ALAGOAS ARRECADA. SEse tem interesse em conciliar, mento. A maior parte dos re- UTI. além, é claro, de produzir proA lotação dos leitos de UTI GUNDO O CEDECA- USANDO cursos (75%) do Programa do vas sobre o destino dos miLeite é federal. E o restante é é critério adotado em todo o DADOS DO PORTAL TRANS- contrapartida alagoana. lhões do fundo. País para decisões que afrouOu seja: nem tão cedo o asxam ou endurecem medidas PARÊNCIA - DO DINHEIRO sunto será decidido, pelo meARGUMENTOS sanitárias adotadas pelo poder QUE VEM SENDO APLICADO nos na Justiça. O Fecoep é abastecido com público. Se esta ação estivesse vaPELO FUNDO, SOBRAM 2% do ICMS que Alagoas arO Consórcio Nordeste, por lendo na prática, o governo recada. Segundo o Cedecaexemplo, recomenda: se a loEXATOS R$ 84.049.735. seria obrigado a construir usando dados do portal Trans- tação das UTIs ultrapassar EXCESSIVOS COM uma proposta de erradicação parência - do dinheiro que vem 80%, cidades devem apertar as da miséria em Alagoas, plano sendo aplicado pelo fundo, so- medidas de isolamento social. PUBLICIDADE. que vem sendo cobrado, por bram exatos R$ 84.049.735. É Do contrário, pode faltar leiexemplo, pela deputada estaesse valor que a organização tos de UTI para quem precisar dual Jó Pereira. não-governamental quer que e os médicos serem obrigados Ao contrário do que se poseja aplicado para as pessoas a decidirem quem deve viver der ver, o dinheiro do Fecoep vítimas da pandemia e em ex- ou morrer, porque não haverá é aplicado de forma irregular trema pobreza. leito para todos os que precisaexatamente pela falta de um O Estado justifica: os re- rem. plano contra a pobreza. Em 9 As entidades, porém, dizem cursos do fundo estão indo

PUBLICIDADE

ONGs querem projetos contra pobreza, governo resiste e Justiça demora a decidir que a decisão de aplicar parte dos recursos do fundo em saúde é desvio de finalidade do Fecoep, criado para retirar todas as pessoas da miséria. O “mentor” do fundo, o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) - hoje pré-candidato a prefeito de Maceió - critica a decisão do governador Renan Filho (MDB) sobre aplicar o dinheiro em hospitais. “Foi um dos motivos de minha saída da administração estadual”, revelou. “Tem que ver se o Fecoep pode construir e manter os hospitais. Existem dúvidas nas duas questões”, afirma o deputado Davi Davino. Para ele, é uma incógnita saber até quando o governo vai conseguir arcar com a construção e os custos dos novos hospitais, com as verbas do Fecoep. O pastor Wellington Santos, da Igreja Batista do Pinheiro, diz que a montagem atual do Fecoep na pandemia humilha exatamente quem deveria receber tratamento especial pelo Estado. “Não queremos esmolas, não queremos migalhas. Cesta básica, com todo respeito, é esmola”, diz. No meio disso, os números. Segundo dados do IBGE, Alagoas é o segundo estado com maior percentual de pessoas em situação de pobreza, ficando atrás apenas do Maranhão. São 570 mil pessoas em situação de pobreza extrema. Um terço da população estadual. Situação que piora na pandemia do novo coronavírus. Depois dos bairros mais ricos em Maceió liderarem o contágio e a morte por covid-19, agora são as áreas mais pobres que preocupam.


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Em Maceió, Benedito Bentes e Vergel do Lago encabeçam as mortes. O que existe em comum entre eles: o saneamento básico não atinge todas as casas e ruas. Boa parte da população não tem água encanada e sabonete suficientes para lavar as mãos várias vezes ao dia, uma das medidas sanitárias fundamentais no combate ao vírus. A população de rua é mais pobre ainda que o mais pobre dos alagoanos. Desde 2009, segundo o Movimento Nacional do Movimento de Popu-

lação de Rua em Alagoas, não há contagem oficial das pessoas nestas condições. Números conservadores indicam que, em Maceió, existem 4 mil pessoas que se enquadram neste contexto. Os equipamentos específicos destinados a este público funcionam de maneira precária e em pequeno número. “Não somos invisíveis porque não nos calamos e provocamos o poder público”, diz Rafael Machado, coordenador Nacional do Movimento de População de Rua em Alago-

as. Ele também é membro do Conselho Estadual de Assistência Social. “Parece que essa pandemia veio para mostrar não só a exclusão social, mas para mostrar a falta de políticas públicas para as pessoas mais vulneráveis”, diz. Para ele, quando o governo defende que parte dos recursos do Fecoep seja destinada para a construção e manutenção de hospitais, mostrar que “não existe compromisso com a população de rua, sempre marginalizada pela socieda-

de”. “Trabalhar com pessoas em situação de vulnerabilidade ou de rua não é fácil. Precisa de capacitação e preparação. São pessoas que possuem diversas situações de vida, diversas histórias, rompimento de seus vínculos. Mas isso também aponta como o governo é irresponsável por não ter equipamentos sociais e públicos para atender esse pessoal”, afirma. No fim das contas, o Fecoep, que deveria buscar políticas públicas para garantir a

sobrevivência a curto, médio e longo prazo destes alagoanos, também inviabiliza os moradores das ruas. E vem o efeito-dominó. Sem acesso a saneamento básico, um rebanho de pessoas sem o auxílio emergencial e sem o dinheiro do fundo contra a pobreza, os mais pobres são obrigados a saírem de casa para trabalhar ou arranjarem bicos, em busca de dinheiro. Se ficarem doentes, eles não procuram os postos de saúde porque nos postos o quadro da pandemia é bem pior.

Cabo de guerra O vice-governador Luciano Barbosa (MDB) defende que o fundo siga sua função atual: bancar a abertura e manutenção dos hospitais. Justifica: “O SUS é o plano de saúde do Nordeste”. E como 90% da população alagoana depende do SUS e “nenhum hospital em Alagoas seria viabilizado sem o SUS”, o alagoano “só tem acesso à saúde se ela for pública, do contrário vai morrer”. Criador do fundo, quando era governador, Ronaldo Lessa diz que o dinheiro do Fecoep não é usado para manter os hospitais que estão sendo construídos, e sim para construção. “Ele [o governo] não bota dinheiro na manutenção [do hospital]. Ele bota dinheiro na estrutura, no prédio, no equipamento. Eles também colocam dinheiro para os dependentes químicos, que não é papel do Fecoep. Não que não seja importante, mas neste caso o dinheiro deve vir de outro canto”, explicou Lessa, revelando ter saído do Governo Renan Filho (era secretário de Agricultura) porque discordava da forma como o investimento do fundo estava sendo conduzido. “Esse foi um dos motivos de minha saída do governo: fui contra

Lessa, criador do Fecoep, diz ter saído do governo por discordar dos rumos do fundo

Luciano Barbosa: 90% dependem do SUS, por isso o fundo vai para novos hospitais

essa proposta. O papel do Fecoep é combater a pobreza e erradicá-la, com projetos. Inclusive poderia se complementar a renda destas pessoas [na pandemia]”. O pastor Wellington Santos diz que, nas condições atuais, o governo admite estar fazendo pedalada fiscal com o fundo. “Uma presidente da República foi derrubada com o argumento de que houve pedalada fiscal em seu mandato. Depois, quando o golpista Michel Temer assumiu, o Congresso deu um jeito de transformar o que meses atrás não era correto em lei”, explica. E segue o raciocínio: “Se você tem um dinheiro carimbado, resultado dos nossos impostos, é para o combate à miséria, à fome”, explica o pastor. Segundo ele, os 570 mil alagoanos abaixo da linha da pobreza não estão nesta condição “porque gostam de estarem assim ou são aventureiros sociais”. “Essa miséria é produzida, é proposital. A pandemia surgiu de março para cá em Alagoas. Daqui a pouco todo o dinheiro não aplicado na educação, na saúde, no salário dos professores, e na merenda escolar será justificado por conta da pandemia”.


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PLANOS DE SAÚDE

Alagoas registra aumento de 12% no número de queixas Mudança no rol de procedimentos da ANS pode diminuir reclamações SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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número de reclamações gerais sobre planos de saúde aumentou mais de 12% em Alagoas no período de pandemia do novo coronavírus. No estado foram contabilizadas 332 reclamações contra as operadoras recebidas pelos canais de atendimento da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), no período de março a maio de 2020. Em 2019, no mesmo período, foram registradas 295 reclamações. Os principais temas são cobertura, contratos, regulamento, mensalidades e reajustes, nesta ordem. No entanto, a agência esclarece que o número de reclamações registradas não reflete, necessariamente, condutas infrativas por parte da operadora e que cada caso é analisado individualmente para se ter essa definição. Segundo a ANS, houveram 51 queixas relacionadas ao coronavírus do dia 5 de março ao dia 31 de maio de 2020. Dessas, 12 foram relativas a dificuldades relacionadas à realização de exame ou tratamento e 34 relativas a outras assistências afetadas pela pandemia. Uma das situações que pode diminuir algumas dessas

Juliano Pessoa considera avanço a obrigatoriedade de os planos cobrirem exames de sorologia

SÃO MAIS DE 49 MILHÕES DE USUÁRIOS NO PAÍS. ANTES DESTA ALTERAÇÃO, QUE SÓ ACONTECEU POR CONTA DE UMA DECISÃO JUDICIAL, OS PLANOS ESTAVAM COBRINDO O RT -PCR E ALGUNS OUTROS EXAMES COMPLEMENTARES. JULIANO PESSOA Presidente da Comissão de Direito Médico da Ordem dos Advogado do Brasil em Alagoas

queixas substancialmente é a mudança pela ANS no rol de procedimentos obrigatórios de cobertura pelos planos de saúde em março, logo no início da pandemia. Na última semana, a agência incluiu também o teste sorológico, que identifica os anticorpos do vírus. Antes somente era feito o exame diagnóstico do tipo pesquisa por RT-PCR, em pacientes considerados quadro suspeito ou provável da doença, de acordo com a indicação médica. Agora com o exame sorológico, do tipo pesquisa de anticorpos IgA, IgG ou IgM, que detectam a presença de anticorpos produzidos pelo organismo após exposição ao vírus, pacientes com planos de saúde podem realizar o teste caso apresentem ou tenham

manifestado um dos dois quadros clínicos relacionados à covid-19, mas também com indicação médica. Para o advogado Juliano Pessoa, presidente da Comissão de Direito Médico da Ordem dos Advogado do Brasil em Alagoas, esta foi uma grande conquista para uma parcela da sociedade. “São mais de 49 milhões de usuários no país. Antes desta alteração, que só aconteceu por conta de uma decisão judicial, os planos estavam cobrindo o RT-PCR e alguns outros exames complementares. Após a Resolução 458/20 da ANS, este leque foi ampliado e também o teste sorológico passou a ter cobertura, o que possibilita, na prática, que os profissionais tenham uma melhor precisão no diagnóstico dos

pacientes, podendo indicar aquele teste que melhor se enquadre no caso do paciente”. Ele diz ainda que a alteração pode diminuir as subnotificações dos casos. “Há também um componente epidemiológico, no que diz respeito a passar a existir pelo menos alguma ideia - mesmo que ainda distante do ideal - de qual o percentual de pessoas já estão ‘imunizadas’ em relação ao vírus, mesmo que ainda não haja uma informação precisa da ciência sobre o tempo de imunização”. Antes desta cobertura, a população que desejava realizar o teste sorológico por exemplo, deveria arcar com os custos. Agora, aquele cidadão que dispõe de plano de saúde, passou a ter esta cobertura, não havendo mais a necessidade de desembolsar determinado valor para tal. O advogado, no entanto, reitera, que esta análise sobre a real necessidade de testagem ou não cabe ao médico, não sendo o paciente que decide. “Torna-se natural o desejo de todos em querer fazer o teste sorológico para saber se já tiveram contato com o vírus, porém existem critérios para essa prescrição, e o profissional médico é a pessoa mais habilitada para essa aferição. A própria resolução da ANS traz em seu bojo uma diretriz de utilização. Nela, existem alguns requisitos que o médico terá que observar para prescrever o teste. Então, no mínimo, o paciente terá que estar apresentando ou já ter apresentado os sintomas característicos da doença”.


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Direitos dos usuários

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aso a operadora do plano de saúde não esteja realizando este atendimento e dispondo destes testes de forma correta, direcionados pela ANS, estas instituições poderão sofrer sanções administrativas, incluindo multas, por descumprimento da norma, além da possibilidade de medidas jurídicas, já que o consumidor pode buscar o Poder Judiciário pleiteando a reparação dos prejuízos suportados, a depender do caso concreto. “É preciso deixar claro que não cabe a estas instituições questionarem as prescrições dos profissionais. É o médico que está assistindo o paciente que sabe a sua real necessidade, e não o gestor do plano ou qualquer outra pessoa”, afirmou Pessoa. “A agência inseriu esses exames no rol de procedimentos obrigatórios, sendo assim, não há o que contestar. A estas instituições resta cumprir a determinação da norma, atendendo da melhor maneira possível os seus beneficiários”. Caso isso não aconteça, é indispensável que o paciente solicite formalmente o motivo da negativa à operadora. Aliado a isso, é possível contatar o Procon e outras instituições de amparo e defesa da sociedade, como a própria OAB. O beneficiário do plano também pode acionar diretamente a própria ANS, abrindo uma reclamação contra a sua operadora, para que a agência possa averiguar e empreender as medidas cabíveis. Por fim, há a possibilidade de o beneficiário procurar um advogado de sua confiança para receber orientações sobre como

JUDICIALIZAÇÃO DOS CASOS

agir nesses casos. “O que não pode acontecer é deixar de procurar auxílio, seja de uma entidade ou de um profissional”. A ANS ressalta que atua fortemente na intermediação de conflitos entre beneficiários e operadoras através da Notificação de Intermediação Preliminar (NIP), ferramenta que soluciona as demandas dos consumidores de maneira ágil. A partir de uma reclamação registrada na ANS, uma notificação automática é encaminhada à operadora responsável, que tem até cinco dias úteis para resolver o problema do beneficiário nos casos de não garantia da cobertura assistencial, e 10 dias úteis

para as demandas não assistenciais. Se o problema não for resolvido pela NIP, é aberto procedimento administrativo, que pode resultar na aplicação de multa em face da operadora. A NIP tem alcançado, ano a ano, índices cada vez mais altos de resolutividade: em 2019, mais de 90% das reclamações registradas foram resolvidas pela intermediação. Os canais disponíveis são o disque ANS através do telefone 0800 701 9656; a central de atendimento para deficientes auditivos pelo número 0800 021 2105; e formulário eletrônico na Central de Atendimento em www. ans.gov.br.

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e acordo com dados do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), durante o período de pandemia, existiram 687 processos, foram proferidas 1.287 decisões, 82 sentenças, 1.110 despachos e 27.401 atos cumpridos pelos serventuários. No entanto, estas demandas não são exclusivas da área da saúde, são números gerais da corte e contemplam as mais variadas ações. Não há ainda dados atualizados e informações direcionadas sobre saúde especificamente. Para Juliano Pessoa, por uma característica natural, algumas demandas devem ter chegado ao poder Judiciário pleiteando a realização de procedimentos cirúrgicos, medicamentos, entre outros. Ainda segundo ele, há alguns anos o Judiciário vem manifestando preocupação

com o aumento exponencial das demandas ligadas à saúde. Segundo o CNJ, entre os anos de 2008 e 2017 as demandas judiciais relativas à saúde cresceram 130% no país. Em junho deste ano inclusive, o CNJ promoveu um seminário virtual intitulado de “Como será o amanhã? - o futuro da judicialização da saúde”. No encontro ministros manifestaram preocupação com o pós-pandemia, por acreditarem que o período está criando uma demanda reprimida que poderá afogar o judiciário. “Atualmente, discutese muito a viabilidade de medidas extrajudiciais para auxiliar na redução das demandas. De fato, é algo que poderia auxiliar bastante, tendo em vista que o poder Judiciário, diante do grande volume, nem sempre consegue oferecer a agilidade que o paciente muitas vezes necessita”, finalizou o presidente da comissão.


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FAZENDA DUAS BOCAS

Procura-se juiz para julgar ação contra Álvaro Vasconcelos MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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m 1984, o agricultor Antônio Candido José da Silva teve as terras da Fazenda Duas Bocas, no complexo Benedito Bentes, em Maceió, invadidas pelo empresário Álvaro Vasconcelos, que se defende ao afirmar que é o verdadeiro dono das terras. Acusações à parte, o que chama a atenção é que, embora dure quase 40 anos, o caso continua em banho maria e desta vez, caberá ao Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) decidir qual juizado tem competência para julgar o processo. Este é apenas mais um capítulo da novela “Duas Bocas”, já que não tem prazo para o final. Quem acompanha o enredo assistiu cena em que sentença foi proferida, embora o autor da ação estivesse morto. Viu em 2006 o juiz Ayrton de Luna Tenório anular tal decisão, acendendo a esperança dos herdeiros em reaver suas terras. Teve também o jogo de empurra com o troca-troca de juízes, cenas de acusações de ambos os lados e bastante torcida para que o desfecho seja feliz. A lentidão da Justiça para julgar o processo instaurado há quase quatro décadas e que traz o aviso em letras vermelhas de “tramitação prioritária”, tem causado danos materiais, mas nada comparado à dor da perda do patriarca da família, que lutou para ter suas terras de volta e não conseguiu. É que em 2001 Antônio Candido não resistiu a tanta injustiça e morreu de desgosto, conforme afirma um dos filhos que prefere se manter no anonimato. O herdeiro de Antônio disse que não sabe o que fazer para reaver suas terras e critica a mudança de juízes no caso. “Já está virando brincadeira. Ninguém quer julgar esse processo. Agora vai para o Tribunal

Área da fazenda invadida por Vasconcelos e recibo da venda para Antônio Cândido para definir a competência de qual é o juiz que vai julgar a causa. Essas manobras são para procrastinar o processo. O senhor Álvaro Vasconcelos fica no conforto usufruindo da terra que não lhe pertence. Enquanto isso, os verdadeiros donos ficam na esperança de que um dia se faça justiça”, desabafou. O detalhe importante é que o processo 0005763-13.1984 tem prioridade de julgamento porque a viúva do agricultor já tem mais de 80 anos e a saúde é fragilizada. Porém, na prática, não é isso que acontece. O herdeiro lembra que o caso complicou quando o juiz Ayrton Tenório se aposentou, mas já tinha decretado para o réu (Álvaro Vasconcelos) pagar o perito que deveria fazer o levantamento topográfico das terras e apresentar laudo pericial com a nova linha demarcatória. Para surpresa dos herdeiros de Antônio, o juiz substi-

tuto Henrique Gomes de Barros mudou a decisão do juiz titular e determinou que o autor da ação é quem deveria pagar os honorários da perícia. Mais uma mudança para compor a coleção de juízes do caso. Dessa vez assume o juiz titular da 4ª Vara, Cícero Alves da Silva, que devido à Lei estadual nº 8176 se julgou incompetente mandando o processo para 29ª Vara Civil da Capital. Mas, o juiz também se julgou incompetente, encaminhando o caso para o TJ tomar providências. Até lá, o processo encontra-se suspenso. “Agora o Tribunal é que vai resolver só para atrasar o processo que já dura quase 40 anos. Fica neste jogo mudando de juiz e a sensação é de que essa ação nunca vai acabar”, reclamou o herdeiro. A indignação da família e o descrédito se dão pelo fato de que logo após a invasão de suas terras, que contam com 150 hectares, Antônio Candido ajuizou uma ação contra o

empresário denunciando a grilagem e pedindo reintegração de posse e nada foi feito. Sem contar que os vários juízes e desembargadores designados no processo se julgaram suspeitos de atuar no caso. Com esperança de que um dia justiça seja feita, os herdeiros seguem na luta. Foram muitas provas de fogo e perseverança. Em 2001, depois de 16 anos de luta para rever seus direitos, a família de Antônio Candido assistiu ao juiz Antônio Manoel Dória julgar a ação improcedente e assim o processo chegaria ao fim se não fosse a persistência dos donos da terra. Embora o agricultor não tenha vivido para assistir a tal decisão, pois faleceu um ano antes, os herdeiros apelaram da sentença e o processo teve segmento. Em 2016 o juiz Ayrton Tenório anulou a sentença de Dória e ordenou a demarcação das terras. Isto de-

Após quase 40 anos, TJ vai decidir qual juizado tem competência no caso pois de, em 2009, o escândalo ter ido a público ao parar nas mãos do CNJ. O descaso foi denunciado ao ministro Gilson Dipp, que recebeu dossiê das mãos da família do agricultor. O filho de Antônio Candido afirma que Álvaro Vasconcelos usa a argumentação de usucapião como meio de defesa, porque quer ganhar no grito. “Essa história mentirosa é argumento dele tentando justificar a atrocidade cometida ao invadir nossas terras. Ele não tem documentos, invadiu nossa área. Quer ser dono de uma coisa que não comprou. É acostumado a fazer isso. Eu provo com documentos que a terra é nossa, ele não prova nada. Prova disso é que na ação já houve até pedido de demarcação de terras. Se a gente não tivesse documento comprovando, isso não teria acontecido. Queremos apenas nossa terra, o que nos é de direito e foi tomado há quase 40 anos”, afirmou. O EXTRA teve acesso a documentos que mostram que Antônio Cândido adquiriu parte das terras, “na propriedade Barra do Pratagy, antigo engenho Duas Bocas”. O documento apresenta ainda extensão da propriedade, limites, data e valor da compra, além de assinaturas dos antigos donos afirmando no ato da venda que receberam o dinheiro das mãos do comprador. “Ele invadiu as terras, botando as máquinas dentro de nossas terras e meu pai, homem simples, procurou a justiça e dura até hoje essa espera. Ele (Álvaro) é um dos maiores pecuaristas do estado desse jeito, tomando as terras do povo. Apesar da morosidade, acreditamos na justiça e temos esperança que um dia as terras voltem para seus verdadeiros donos. Só espero que minha mãe ainda esteja viva para ver”, disse o filho de Antônio.


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ELEIÇÃO NO CREA

Candidatos à presidência apresentam suas propostas Escolha dos dirigentes do Sistema Confea/ Crea está marcada para o próximo dia 15 MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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Comissão Eleitoral Federal (CEF) manteve o dia 15 de julho para as Eleições Gerais do Sistema Confea/Crea e Mútua 2020. A votação acontecerá das 8h às 19h, com cédulas oficiais em urna convencional. Em Alagoas, o engenheiro civil Fábio Augusto Vasconcelos Loureiro e a engenheira civil Rosa Maria Barros Tenório disputam a presidência do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-AL). Fábio Loureiro, que terá o número 40 na urna, disse que é candidato à presidência do Conselho porque é o desejo de um grupo que pensa na renovação com credibilidade, respeito, transparência., além de fazer valer e honrar os compromissos assumidos com os profissionais das engenharias, tecnólogos, geólogos e pessoas que querem uma entidade forte. O candidato ressaltou que vai trabalhar com pessoas que estão comprometidas com o bem-estar e a valorização das categorias. A meta é a melhoria do mercado de trabalho, o cumprimento e a fiscalização das leis, “situações que merecem um cuidado todo especial”, disse. Loureiro afirmou que seu diferencial é que está cercado de profissionais que representam os mais antigos e os jovens que buscam um espa-

ço no mercado alagoano, e, às vezes, não recebem o apoio necessário. E enfatiza que seu trabalho prestado ao longo dos anos o credencia para o cargo. “Está na hora de o Crea mudar e crescer, e me vejo preparado e com projetos para que isso ocorra”, diz. Ao ser questionado sob a polêmica do pleito presencial em tempo de distanciamento social, o candidato afirmou que irá continuar aguardando a decisão da justiça, mesmo entendendo que todas as medidas de segurança sejam providenciadas pela atual diretoria, para a tranquilidade de todos. Loureiro apresenta ampla proposta. Seu programa de trabalho será pautado na fiscalização, gestão participativa, incentivo financeiro, apoio ao profissional, entre outros. A candidata Rosa Tenório, que aparece nas cédulas com o número 30, disse que sua trajetória de trabalhos bemsucedidos a credencia para o cargo. Ela garantiu que está preparada para ser presidente do Crea porque quer somar, incluir, inovar. “Serei a primeira presidente mulher eleita no Crea Alagoas em mais de 50 anos de existência. Por onde passei, pude trabalhar com união e gestão eficiente, dialogando com vários setores”, afirmou. Rosa Tenório foi controladora-geral do Estado, diretora de Fiscalização dos Municípios do TCE e é atual

secretária Municipal de Desenvolvimento Territorial de Maceió. Foi também conselheira e diretora financeira do Crea. A candidata implantou, ainda, a Lei de Acesso à Informação no Estado e aprimorou o Portal da Transparência. E afirmou que tem como perfil ser uma gestora com força na transparência. Segundo ela, esta é uma eleição atípica em razão da pandemia da covid-19. “Isso nos impediu de uma campanha presencial forte. Desde o início da pandemia adotamos as lives e as reuniões virtuais como meio de diálogo com a classe”, afirmou, lembrando que há, em alguns estados, decisões por adiamento e votação virtual. “Como candidata, estou pronta para acatar a melhor decisão da Comissão Eleitoral e da Justiça”. Rosa Tenório tem como proposta o fortalecimento e modernização das ações do Plenário e das Câmaras do Crea, ampliação do apoio às entidades, ampliação dos mecanismos de transparência, fortalecimento do Crea Júnior e implantação do programa Mulher no âmbito do Crea/AL , entre outras. Os locais de votação serão nos municípios de Maceió, Palmeira dos Índios, Santana do Ipanema, Delmiro Gouveia, Arapiraca, Penedo e São Miguel dos Campos. No entanto, devido a pandemia, a data (prevista para próximo dia 15) e os locais ficaram para ser analisados pela comissão federal.

Rosa Maria Barros Tenório

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osa Tenório é Alagoana, graduada pela UFAL, tem especialização em Gestão de Recursos Hídricos pela UFSC/ UFAL. Na sua área de atuação, merecem destaque a participação no projeto de concepção do Aterro Sanitário de Maceió, a coordenação da elaboração do Plano Diretor de diversos municípios alagoanos e a publicação de trabalhos e artigos na área de Engenharia Ambiental. Possui sólida carreira desenvolvida na área pública, atuando em cargos estratégicos e de liderança com expertise em gestão pública. Foi Superintendente de Limpeza Urbana de Maceió – SLUM (2002-2004), Superintendente de Planejamento e Gestão da Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social de Alagoas – SEADES (20082010), Controladora Geral do Estado – CGE/AL (2010-2014), Diretora de Fiscalização Municipal do TCE/AL (2015-2017), assessora no Ministério Público de Contas – MPC/AL (20182019). Ocupou, também, os cargos de Conselheira e Diretora Financeira do CREA/AL (2007-2008), Diretora de Sustentabilidade e Meio Ambiente da ADIT (2010), Presidente e VicePresidente do Conselho Nacional de Controle Interno – CONACI (2011- 2013), Membro do Conselho Estadual de Proteção Ambiental de Alagoas – CEPRAM e Membro do Fórum de Combate à Corrupção de Alagoas – FOCCO/AL (2010-2014). Responde, atualmente, pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente de Maceió – SEDET e Coordena o Conselho Municipal de Proteção Ambiental de Maceió.

PROGRAMA

Programa 1 - Fortalecimento e Modernização das ações do Plenário e das Câmaras do CREA. 2 - Ampliação do apoio às Entidades 3 - Ampliação da capacitação e valorização de colaboradores do CREA 4 - Continuidade nas ações de desburocratização de processos e de registros de atendimentos, além do aperfeiçoamento de redes sociais e canais de comunicação do Conselho

e da presidência. 5 - Ampliação dos mecanismos de transparência e aperfeiçoamento dos modelos de excelência de gestão administrativa e financeira 6 - Criação de uma agenda ambiental e sustentável e integração com os novos objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 7 - Maior Integração/Aproximação com Academia (Universidades, Faculdades, Instituto Federal, dentre outros), entidades civis e órgãos públicos para fortalecimento do sistema Confea/Crea/Mútua. 8 Ampliar mecanismos de fiscalização em todas as cidades com uso de Inteligência Artificial, Georreferenciamento e Business Intelligence. 9 Fortalecimento de ações para adoção da plataforma BIM pelos órgãos públicos, visando a melhoria dos projetos e execução de obras. 10 Ampliação de Convênios com órgãos Públicos visando o fortalecimento da fiscalização 11 - Implantação do Banco de Oportunidades de empregos e estágios em parceria com as entidades 12 - Fortalecimento do CREA Júnior e formação de Jovens Líderes 13 - Valorização da Remuneração Justa para profissionais do CREA 14 - Implantação de debates virtuais usando multiplataforma dos principais temas das áreas de interesse do CREA e plataforma virtual de educação. 15 - Implantação do programa Mulher no âmbito do CREA/AL e formação de lideranças femininas.


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Fábio Augusto Vasconcelos Loureiro

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ngenheiro Civil graduado pelo Centro Universitário CESMAC.  Pós-graduado em Engenharia de Segurança no Trabalho pela UNIFAL (União de Faculdades de Alagoas e FIC).  Diretor Geral da Caixa de Assistência dos Profissionais do CREA-AL (MÚTUA) – Gestões 2015 a 2017 e 2018 a 2020.  Atua como empresário da construção civil desde 2010, trabalhando em diversas obras nos estados de Alagoas e Sergipe.  Secretário Adjunto da SEMSCS (Secretaria Municipal de Segurança Comunitária e Convívio Social) de Maceió – 2018.

PROGRAMA 1. FISCALIZAÇÃO a. Descentralização da fiscalização:  Reabertura da inspetoria de Arapiraca;  Firmar parcerias para viabilizar a abertura dos escritórios em Delmiro Gouveia, Palmeira dos Índios, Santana do Ipanema, Penedo e em cidades do Litoral Norte. b. Abranger a fiscalização para todas as áreas atendidas pelo sistema: engenharias, agronomia e geociências. c. Desenvolvimento de canal aberto para denúncias com inclusão da sociedade como peça fiscalizadora. d. Parceria com órgãos públicos para intensificar a fiscalização dos profissionais e empresas irregulares. e. Capacitação constante dos colaboradores do CREA. 2. GESTÃO PARTICIPAVA a. Colégio de entidades de classe:  Ativar o colégio e efetivar ações reais. b. Colégio de entidades de ensino:  Prover capacitações dos profissionais do sistema junto as entidades de ensino;  Apoio na reformulação dos projetos pedagógicos dos cursos;  Orientação das revisões das atribuições profissionais dos cursos. c. Ouvidoria dos profissionais:  Criar espaço aberto aos profissionais para críticas, dúvidas e

Medidas preventivas A

decisão da CEF em realizar a eleição em 15 de julho leva em conta a necessidade de “garantir o período dos mandatos de três anos, sem colocar em risco a legitimidade do processo democrático de escolha dos dirigentes do Sistema”. Para tanto, estabelece medidas que deverão ser adotadas pe-

sugestões;  Criar calendário de reuniões para aproximar a presidência e os profissionais do sistema. 3. INCENTIVO FINANCEIRO a. Redução de taxas abusivas que competem ao CREA. b. Redução do valor da anuidade de profissionais que possuam empresas individuais em dia com o conselho. c. Ampliar desconto da anuidade de profissionais com mais de trinta e cinco anos de registro para homens e trinta para mulheres. 4. APOIO AO PROFISSIONAL a. Redução do período de liberação de CAT (Certidão de Acervo Técnico) e ART (Anotação de Responsabilidade Técnica). b. Criação de coworking, otimizando espaços físicos do CREA. c. Banco de currículos:  Local onde o profissional tenha um espaço para se cadastrar e apresentar seu portfólio. d. Criação de manuais de orientação para utilização dos serviços do sistema: primeira ART, como fazer acervo técnico, cadastro de curso, cadastro de empresa, cadastro de instituição. e. Apoio as ações do programa CREA Junior. f. Defender junto ao CONFEA a aprovação da criação de proposta para que percentual das ARTs seja destinado ao fundo de previdência privada dos profissionais.

los mesários, com objetivo de prevenir a disseminação da covid-19 durante a votação. Entre os cuidados, estão a distribuição de luvas de plástico descartáveis aos eleitores no ingresso do recinto de votação, desinfecção com álcool 70% de locais acessíveis às mãos, uso obrigatório de máscaras e a limitação de

acesso aos elevadores para uma pessoa por vez. Este ano, serão escolhidos profissionais para os cargos de presidentes do Confea e dos Creas, conselheiros federais (BA, TO, MA, PR e RS) e diretores-gerais e administrativos das Caixas de Assistência dos Profissionais dos Creas (Mútua).


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BAIRROS AFUNDANDO

MPs tentam ampliar indenizações antes da venda da Braskem Relatórios do Serviço Geológico revelam expansão das áreas atingidas BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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possibilidade de agravamento do afundamento do solo que atinge os bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto e sua expansão para outras regiões levou o Ministério Público Estadual (MPE) e o Ministério Público Federal (MPF) a negociarem com a Braskem -, acusada pelo Serviço Geológico do Brasil de ser a causadora do problema - a garantia de futuros pagamentos de indenizações a moradores que futuramente também venham a ser atingidos pelo afundamento. De acordo com relatórios da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), que abriga o Serviço Geológico do Brasil, as regiões afetadas estão afundando e expandindo de forma mais rápida. Um desses relatórios, o Informativo Técnico Nº 01/2020 publicado pelo EXTRA ainda em maio, revelou que as primeiras atualizações do monitoramento apresentaram intensidades de velocidade que vão de -235,7 até -100 mm/ano, representando uma intensificação do processo de afundamento. A nível de comparação, em 2018 as análises apresentaram intensidades de velocidade de -187,99 até -72 mm/ano. O avanço da subsidência trouxe novas áreas ou inten-

sificação das já atingidas do setor com criticidade 1. Nos últimos levantamentos de campo foram identificadas novas áreas na região sul do bairro do Bebedouro, próximas à Rua Faustino Silveira, por exemplo. Como recomendação, a CPRM orientou que essas áreas sejam tratadas da mesma forma que as áreas de Criticidade 0 (risco iminente) pela Defesa Civil. Assim como o problema se agravou nessas regiões, o órgão ministerial acredita que o mesmo aconteça em outras. “Estamos realizando reuniões com a Defesa Civil Nacional e Estadual para ampliar a área de desocupação do Pinheiro, pois uma hora ou outra elas também serão atingidas”, explica o promotor Jorge Dória, da 66ª Promotoria de Justiça da Capital. O pedido do órgão é para que a região verde escura do Mapa de Setorização e que abrange em maior parte o bairro do Pinheiro, seja incluída no acordo para que os moradores tenham uma garantia de compensação no futuro. Para a área considerada com criticidade 0,01, que compreende a área no entorno do Mapa de Feições, a Defesa Civil Municipal recomenda, por enquanto, apenas o monitoramento, podendo no futuro haver realocação dos moradores de edificações ou de áreas inteiras. Os moradores, no entan-

A BRASKEM ESTÁ PARA SER SER VENDIDA E DAQUI HÁ 10 OU 15 ANOS PESSOAS DE OUTRAS REGIÕES PODEM AINDA SER ATINGIDAS PELO DANO CAUSADO PELA EMPRESA.ESTAMOS TENTANDO GARANTIR QUE SE A EMPRESA REALMENTE FOR VENDIDA E O PROBLEMA VOLTE A ACONTECER, EXISTA DINHEIRO EM UMA CONTA JUDICIAL PARA REALIZAR O PAGAMENTO DESSAS INDENIZAÇÕES” JORGE DÓRIA Promotor de Justiça

to, que pensam em voltar a construir casas ou negócios na região ainda não foram informados oficialmente sobre a possibilidade de serem atingidos de forma mais grave. “As reuniões estão sendo para afinação e coleta desses dados para discussão de providências efetivas para a região”, explica Dória. Nesta sexta-feira, 10, acontece um outro encontro virtual entre os órgãos e a petroquímica para decidir sobre o caso. Enquanto isso, moradores de Bebedouro, onde foi constatada significativa expansão do problema, realizam hoje uma manifestação, marcada para às 7h com concentração na Praça Lucena Maranhão intitulada “Luto por Bebedouro”. Apesar

de o problema ter sido identificado há dois anos, nem a Defesa Civil Municipal nem a Braskem possuem uma estimativa exata de quantas pessoas no bairro estão sendo ou serão afetadas pelo afundamento pois trabalham com “zonas”. A Zona D, que engloba partes de Bebedouro e do Pinheiro, possui uma estimativa de 2.421 imóveis. Deste total, 563 não fazem parte do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação, os demais já deixaram seus imóveis e passaram a receber o auxílio aluguel da Braskem. “A Braskem está para ser ser vendida e daqui há 10 ou 15 anos pessoas de outras regiões podem ainda ser


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Mapa de criticidade que norteia as ações dos MPs e Defesa Civil

atingidas pelo dano causado pela empresa. Estamos tentando garantir que se a empresa realmente for vendida e o problema volte a acontecer, exista dinheiro em uma conta judicial para realizar o pagamento dessas indenizações”, conta o promotor. O valor, segundo o representante ministerial já existe e faz parte dos R$ 3,7 bilhões que foram bloqueados pela Justiça de Alagoas no ano passado. Uma parte deste montante já está sendo usado no Programa de Compensação Financeira. “Nessa conta não pode deixar de ter no mínimo R$ 150 milhões até que todo mundo seja indenizado se for preciso”. A expectativa é que a petroquímica aceite a proposta para “se ver livre do problema”, como explica o promotor, em decorrência do desejo de venda por parte do grupo Odebrecht, que detém o controle acionário da empresa. Os planos do grupo são de que a venda, apesar de todos os problemas, ocorra em até três anos. A Petrobras, que detém 47% do capital da Braskem, também tenta vender sua parte. A estimativa é que todo o processo envolvendo a estatal possa ser concluído em seis meses. A informação foi confirmada pelo presidente da estatal, Roberto Castello Branco, durante live promovida pelo banco Citti na última semana. A venda dos ativos foi um dos principais assuntos da entrevista concedida por Castello Branco, que classificou a empresa em Alagoas como um problema. “Ainda temos um longo caminho. Espero que estejamos prontos em seis meses. Há alguns atrasos. Estamos acelerando as negociações para resolver o problema em Alagoas”, disse o presidente da Petrobras.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

O que você quer pra você?

Ficção A verdade só pode ser dita nas malhas da ficção. (Jacques Lacan)

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odas as pessoas terão, num momento da vida, um momento de tristeza, frustração, decepção, enfim. O que se faz com esses sentimentos? O que se deve fazer? A pessoa pode DECRETAR o que ela quiser, de acordo com o que ela sente, vivenciou e também de acordo com sua perspectiva de vida, de futuro, de consciência, enfim.

--CLÁUSULA OITAVA: Pobre é qualquer pessoa que, ainda, não percebeu a grandeza do Universo e suas possibilidades de ter paz e ser feliz.

O mais importante é a pessoa tentar superar, da melhor forma, o que aincomoda. A primeira coisa que deve fazer é procurar um psicólogo. Não é nada demais, ninguém é louco ou louca por procurar um profissional. Para fazer uma pequena reflexão superficial do que seja felicidade; individualismo; Universo; ser humano; economia, enfim, elaborei um DECRETO

EU DECRETO Decreto número 1 de 1.1.1111 - Eu Decreto - Considerando a pandemia da COVID-19 decretada em dezembro de 2019; - Considerando que as relações sociais entre os Seres Humanos estão em nova fase Universal; - Considerando que a economia Universal não é capaz de tornar o Ser Humano totalmente feliz; - Considerando que o Ser Humano é o único animal capaz de rever todas as ações que são implantadas no Universo; - Considerando que a pandemia da COVID-19 não tem data, ainda, para acabar; - Considerando, ainda, que a busca da felicidade continua sendo uma das prioridades do Ser humano, eu Decreto que: --CLÁUSULA PRIMEIRA: A partir de hoje, 1.1.1111, nada vai abalar a minha consciência de que sou Universal e que sou e posso ser feliz. --CLÁUSULA SEGUNDA: Conforme está escrito na Bíblia Sagrada, sou imagem e semelhante

--CLÁUSULA NONA: Felicidade individual existe, mas ela só é integral se for coletiva.

– 1.1.1111 - , com o intuito de ponderar sobre o que estamos vivendo na atualidade e o que cada um pode fazer, isto é, o que pode DECRETAR para si mesmo.

do Criador do Universo e, portanto, tudo que está no Universo foi feito para que eu possa usufruir, conforme Ele determinou com a família. --CLÁUSULA TERCEIRA: Qualquer Ser Humano é mais importante do que qualquer outra coisa do Universo; depois de Deus. --CLÁUSULA QUARTA: Um abraço a um Ser Humano, que ora está suspenso devido à pandemia da COVID-19, é o ato mais importante do Ser Humano. ----PARÁGRAFO PRIMEIRO: Escutar uma pessoa e deixá-la falar sem julgamento e nem interrupção é um princípio fundamental para ser feliz e viver bem com outro Ser Humano.

----PARÁGRAFO PRIMEIRO: A busca incessante pela felicidade é inerente ao Ser Humano, contanto que a sua felicidade respeite (conforme expressa a palavra no PARÁGRAFO SEGUNDO da CLÁUSULA QUARTA) todos os direitos dos outros Seres Humanos de serem felizes. ----PARÁGRAFO SEGUNDO: Ninguém pode ser feliz se existe alguém que é infeliz, portanto, amenizar a dor de uma pessoa, seja ela qual for, é o primeiro princípio para ser feliz. ----PARÁGRAFO TERCEIRO: Não existe felicidade pronta. Toda forma de ser e viver e que não incomode a qualquer outra pessoa, pode ser considerada felicidade. --CLÁUSULA DÉCIMA: Felicidade é existir e contribuir, também, para que a outra pessoa exista e também possa ser feliz; no mais amplo sentido da palavra. -------Maceió-AL, 1.1.1111------------Arnaldo Santtos------

----PARÁGRAFO SEGUNDO: O respeito - na sua total interpretação - a um Ser Humano é o principal princípio básico de viver. --CLÁUSULA QUINTA: Rico é toda aquela pessoa que oferece afeto, carinho e respeito (conforme expresso no PARÁGRAFO SEGUNDO da CLÁUSULA QUARTA) a qualquer outra pessoa. --CLÁUSULA SEXTA: Ganhar uma guerra e ser competitivo significa, depois da pandemia da COVID-19, ser um melhor Ser Humano todo os dias, sem guerra ou competição com outro Ser Humano, seja a outra pessoa quem for. --CLÁUSULA SÉTIMA: Rico é qualquer pessoa que trabalha todos os dias, respira, anda, tem o Universo a seu dispor, além de ter consciência de que pode ser feliz.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@uol.com.br Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Eis aqui o prefeito de Maceió

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eremos este ano uma eleição completamente atípica para prefeitos e vereadores por vários fatores, sendo o primeiro deles a realização do pleito em plena pandemia do coronavírus. O calendário eleitoral foi alterado para que o primeiro turno seja realizado em 15 de novembro e nas cidades onde haja segundo turno que este ocorra em 29 do mesmo mês. Nisso tudo há uma enorme expectativa: como estarão as condições de saúde pública? E se com o fim do isolamento social o vírus se expandir e a contaminação aumentar? Supondo que dê tudo certo, quais as providências para a preservação dos eleitores, as aglomerações nas filas de votação, o contato com as urnas eletrônicas, entre mesários e eleitores e outros cuidados necessários à defesa individual? Uma coisa é certa em minha visão: a abstenção será recorde em todo o País. Em Maceió, pelas previsões reais, a disputa será voto a voto. Com muitas dificuldades para os candidatos em campanha por conta da pandemia e o contato

Ronaldo Lessa (PDT) Considerado um dos melhores prefeitos de Maceió (1992/1996), fez sua carreira política deslanchar por sua atuação eficiente e contestatória. Carismático e bom orador, empolga a população principalmente as de mais vulnerabilidade. Foi vereador por Maceió, deputado estadual com uma passagem marcante no plenário da Assembleia Legislativa. Em 1998, já filiado ao PSB, torna-se governador de Alagoas, eleito ainda em primeiro turno, reelegendo-se em 2002. Obteve uma vitória histórica enfrentando todos os caciques da política alagoana e a grande maioria das bancadas da Assembleia Legislativa e do Congresso Nacional. Implantou mudanças estruturais importantes em seu governo. Valorizou o servidor público e dialogou sempre com as lideranças de classe. Deixou obras importantes, a exemplo do Centro de Convenções, um equipamento de incremento ao turismo há muito reclamado, melhorou o sistema rodoviário e teve uma política de gastos responsável. Corajoso, enfrentou setores com viés político no Judiciário e Ministério Público, que o perseguiram covardemente. Isso lhe custou algumas ações, a maioria sem a mínima procedência. Fez um governo empreendedor, mudou a feição da Educação, Saúde e Assistência Social. Cometeu um erro no seu relacionamento com prefeitos e lideranças políticas do interior e por conta disso perdeu a eleição para o Senado para Fernando Collor, quando todos já contavam com uma vitória certa. Em 2014 foi eleito deputado federal, onde desempenhou um mandato com eficiência, sendo considerado como o de melhor desempenho entre a bancada alagoana. Candidato à reeleição em 2018, obteve uma excelente votação, mas por pouco não conseguiu se reeleger, fruto de controvérsias sobre a validade ou não de sua candidatura, uma vez que permaneceu sub judice até as vésperas da eleição, por mais equívocos do Poder Judiciário. Traído pelo governador Renan Filho, pois era o candidato natural do governo, reformulou seu grupo político e parte para a disputa com muita chance de vencer.

com eleitores. Diferente de eleições anteriores, outro fato que vai pesar e que é positivo, é a imoral compra de votos e os famigerados “cadastros eleitorais”, elemento fundamental para as “quadrilhas” que elegem bandidos. Mas eles darão um jeito. São “especialistas”. Para a prefeitura três nomes de peso, tornando impossível antecipar qualquer avaliação pelo menos até o momento. Eis eles: Ronaldo Lessa, João Henrique Caldas e Alfredo Gaspar. Qualquer nome fora dos três é “figuração”. Fortes o suficiente para um enfrentamento com resultado imprevisível. Para os leitores mostro nesta edição o perfil de cada um dos candidatos. Cartas na mesa. O jogo vai começar e é pesado. Que ganhe o melhor para Maceió.

PARA REFLETIR: Existe uma deformação lastimável na consciência política coletiva do nosso povo: o povo adora ser enganado”. (Renée Venâncio)

João Henrique Caldas (JHC)

Alfredo Gaspar de Mendonça

Filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Foi o candidato a deputado federal mais votado nas eleições de 2018 em Maceió, obtendo 89.376 votos, conseguindo também ser o mais votado no estado, cravando a marca de 178.645. Foi deputado estadual aos 23 anos de idade e se destacou com um mandato proativo Entre as ações desempenhadas, destacam-se a criação da Comissão de Ciência e Tecnologia, Parlamento Jovem, Comissão de Defesa do Consumidor e Contribuinte, Comissão Especial das Enchentes e denúncias de irregularidades que mais tarde culminariam com o afastamento da Mesa Diretora então presidida pelo deputado Fernando Toledo (PSDB). Em junho de 2013, João Henrique apresentou documentos que indicavam possíveis irregularidades na movimentação bancária da Assembleia Legislativa. Segundo o deputado, R$ 4,7 milhões teriam sido sacados sem justificativa no ano de 2011. Foi eleito deputado federal em 2014, para a 55ª legislatura (2015-2019), quando se elegeu nas eleições daquele ano como deputado federal mais votado de Alagoas, conseguindo mais de 68 mil votos apenas na capital. Nas eleições de 2016, ficou em terceiro lugar como candidato a prefeito pelo PSB, obtendo 21,78% dos votos válidos (menos de 3% de diferença para o segundo colocado, Cícero Almeida do PMDB) na disputa contra Rui Palmeira que obteve mais de 46%. É considerado um parlamentar atuante e influente no âmbito do Congresso Nacional, com trânsito livre no Palácio do Planalto e ministérios. Bem articulado, jovem com vasta experiência do processo legislativo e exímio negociador político.

Neófito na política, é uma grande incerteza ainda no campo eleitoral. Vai fazer o seu primeiro teste em uma luta que será disputada palmo a palmo com fortíssimos adversários. A seu favor conta com uma grande vantagem: deverá ser apoiado pelo governador Renan Filho e o prefeito Rui Palmeira, o que já lhe garante bastante fôlego. Nisso tudo há um “senão”... O governador vai chegar às eleições com um índice de rejeição altíssimo. Suas ações equivocadas na pandemia, as acusações de desvios de finalidades que virão à tona na campanha e sua perseguição aos servidores públicos poderão tirar muitos votos do candidato por ele apoiado. Alfredo Gaspar teve uma carreira brilhante no Ministério Público Estadual, aonde chegou ao mais alto cargo, de procurador-geral da Justiça. Líder nato, defensor intransigente da moralidade pública, é a representatividade do político modelo ideal. No Executivo teve uma experiência exitosa como secretário de Defesa Social, fato que fez ascender sua popularidade na população da capital. Participou diretamente de diversas operações policiais de resultados muito positivos, desbaratando gangues, exterminando perigosas quadrilhas e sempre estava à frente de seus comandados nas ações, tornando-o um “Eliot Ness” na versão tupiniquim. Só o tempo dirá do seu potencial


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Recursos externos tem e muito

ELIAS FRAGOSO

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n Economista

as perdemos as condições para captá-lo no curto prazo. Seis trilhões de dólares. O equivalente a 33 trilhões de reais, ou mais especificamente, um volume de dinheiro quase 6 vezes maior que o PIB brasileiro, a 9ª maior economia do mundo. Esta foi a grana que os bancos centrais dos países ricos despejaram em suas economias durante a fase emergencial da pandemia da covid-19, segundo dados coligidos pelo FMI – Fundo Monetário Internacional.

E parte desses recursos já iniciou – ainda que timidamente – a busca por maiores rentabilidades nos mercados emergentes (a maior parte dos países ricos está praticando juros zero ou negativos). O Brasil, que a partir do Governo Temer e sua ótima equipe econômica havia retomado paulatinamente espaço junto à banca internacional, desta feita está ficando de fora do radar dos investidores e da banca. As notas negativas das agências de risco, fruto da deterioração fiscal das contas do País, o ambiente político de risco muito elevado, o baixo retorno real dos ativos – que piorou com a recente queda da taxa de juros –, a péssima imagem que o País construiu com a incompetente condução da pandemia pelo governo federal, a imagem altamente negativa do presidente da República mundo afora e a recessão que bate à porta, são

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fatores que estão pesando diretamente na posição arredia dos investidores em relação ao Brasil. Segundo o Instituto Internacional de Finanças, durante a pandemia cerca de 100 bilhões de dólares aportados em países emergentes fizeram o caminho de volta para a segurança do dólar ou para países que remunerem melhor e com menos risco o capital. Nessa toada, o Brasil viu sumir nada menos que 33 bilhões de dólares, 1/3 do capital que saiu dos emergentes. Desse montante que saiu, 4,3 bilhões de dólares retornaram, mostrando a pouca disposição e apetite dos investidores pelo País. Com os juros baixos perdemos a atratividade de investidores em renda fixa. E com a brutal crise que vamos ter que enfrentar pelo menos nos próximos dois anos, nossas empresas não são, no momen-

to, atraentes o suficiente para investimentos em renda variável ou imobiliária, a não ser aquelas que queiram vender seus patrimônios na bacia das almas. Se o País não fizer – e logo – sua lição de casa para que a recuperação se dê efetivamente a partir de 2022 (o que não é fácil), vai ter que se contentar em captar recursos de fundos “abutres” e de outros fundos, em condições leoninas que irão dificultar ainda mais sua recuperação. Dinheiro novo e bom, só veremos a partir da recuperação da economia e dos lucros das empresas. Que, como vimos, não é para agora. Uma aposta para 2023 seria a minha opinião para o retorno – sempre bem vindo – do capital estrangeiro de qualidade ao País. Mas é preciso acelerar o passo e fazer tudo certo. Se não...

Segundo o Instituto Internacional de Finanças, durante a pandemia cerca de 100 bilhões de dólares aportados em países emergentes fizeram o caminho de volta para a segurança do dólar ou para países que remunerem melhor e com menos risco o capital.


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Bons filmes, belas histórias

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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empre gostei de filmes que me fizessem entender o enredo todo: princípio, meio e fim. Atualmente, há películas “sem pé nem cabeça”. Terminam de repente e não se sabe porque. Uma história recentemente me marcou muito: um casal de idosos, com três filhos e netos. Ela fica de repente esquecida e ele vai morar com ela num asilo. Todos os dias, o marido lia um livro para ela contando uma história, que seria a vida deles. Todos ficavam intrigados, inclusive o médico, sem saber o motivo da insistência do idoso. Ele ainda tinha esperança que ela recuperasse a memória. Nada disso aconteceu, mas

ele foi até o fim. Emocionei-me bastante. O que me choca um pouco é saber que o casamento nos momentos atuais deixa de ser “até que a morte nos separe”. É raro ver dois jovens se casarem e ficarem juntos por muitos e muitos anos. A ideia de separação já vem embutida no matrimônio. Vou dar um exemplo da minha própria família: tenho quatro filhos e dois são separados. O que as mulheres do meu tempo administravam, as mais modernas desistem. Talvez um dos motivos seja a independência financeira das mulheres. O homem não é mais o único provedor da família. A pandemia está proporcionando tempo, para aqueles que se encontram em isolamento social, de ver mais filmes. Na semana passada vi um bem interessante: um homem maduro vai ao Japão fazer propaganda de uma bebida. Não leva a mulher nem os filhos. Lá encontra uma jovem casada com um fotógrafo, cansada de ficar só num quarto de hotel. Começam a sair juntos e se apaixonam. Mas voltam para suas casas e seus familiares. Foi só um caso de amor entre dois solitários. Esse filme lembrou-me a vida de transferências que o emprego de meu marido nos proporcionou: moramos em várias cidades por esse imenso Brasil.

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Nossa lei era de irmos juntos para a nova residência. Nesses trinta anos de vida itinerante, vi muitos casais se separarem. No momento em que chegava a ordem de mudança, o marido ia só. A mulher se ligava em algum motivo e não o acompanhava. Na maioria dos casos, em pouco tempo, eles se separavam. Vi outro dia num filme a história de um casal que se separou e, depois de algum tempo, houve o reencontro. Os dois namoravam escondido dos filhos, criando algumas situações engraçadas e, no fim, não deu certo. Procuro trazer a imaginação para a vida real e é interessante. O grande motivo da separação de casais, ontem e hoje, é a infidelidade. As mulheres do tempo da minha mãe suportavam as traições dos maridos, pois não havia divórcio. Conheci homens em Alagoas que possuíam duas famílias e assim criavam os seus filhos. Outros tiveram filhos fora do casamento, que se chamavam bastardos, sofrendo muito preconceito. No cinema, sempre foi comum a história dos antigos coronéis, com filhos de outras mulheres dando origem a dramas fortes e apaixonantes. Quantos escândalos vimos e ouvimos de políticos com filhos fora do casa-

mento, as esposas sabem, não se separam e aceitam a traição. Chocante foi a história de um casal que criou o filho para estudar em Harvard, universidade famosa dos Estados Unidos. Depois de um escândalo numa escola pública, o filho perde o direito de entrar em tal instituição. O pai chega ao ponto de oferecer a esposa a um dos conselheiros para ajudar o filho a ser universitário. Uma vida dedicada ao menino estudioso que não fez o tal curso. Parece enredo de cinema ou teatro, mas na nossa vida já vimos algo parecido: crianças ricas criadas para serem substitutas do pai na política, na medicina e em outras áreas e nem sempre são bons profissionais. Conheci um médico alagoano, já falecido, que copiava os livros de medicina, pois o pai, funcionário público com mais dois filhos, não podia comprar livros tão caros. E foi um excelente profissional. Quero deixar bem claro para os meus leitores que a grande maioria das histórias de cinema e teatro é baseada na vida real. Conhecemos casos de separação em Alagoas que chocaram a opinião pública. Mas como diz a velha canção: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”.

Procuro trazer a imaginação para a vida real e é interessante. O grande motivo da separação de casais, ontem e hoje, é a infidelidade. As mulheres do tempo da minha mãe suportavam as traições dos maridos, pois não havia divórcio.


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Não deixaremos a população e a história de Bebedouro serem jogadas no buraco

ISRAEL LESSA

n Ex-superintendente Regional do Trabalho

A pior das doenças não é causada por vírus, mas pelo próprio ser humano. Não há perda maior do que a destruição de nossa história, de nosso patrimônio imaterial e da razão de sermos o que somos. É muito triste ver tamanho prejuízo bem diante dos olhos, principalmente quando sentimos que parte da nossa história pessoal também está sendo destruída. No último domingo, na Rua Cônego Costa, presenciei o desabamento do muro que separava a minha casa da casa da nossa querida vizinha Dona Sinhá.

O estrago vem ocorrendo da mesma forma em outros muros, paredes e telhados de milhares de casas e estabelecimentos comerciais no bairro de Bebedouro que tiveram a estrutura comprometida pela predatória extração de sal-gema realizada pela Braskem. Ao percorrer os mesmos caminhos que trilhei em boa parte da minha vida, especialmente nas ruas Carteiro João Firmino, Dr. Antônio Nunes Leite e na Ladeira do Calmon, vejo a tristeza de familiares, antigos vizinhos e amigos de infância que hoje encontram-se completamente abandonados pelo poder econômico que tanto explorou silenciosamente o subsolo do bairro. Foram igualmente esquecidos pelos gestores públicos que nada fizeram apesar dos tantos apelos. Não são apenas rachaduras nas paredes, mas na alma de uma população. Você já imaginou dormir sob um teto que pode cair sobre sua cabeça? Qual é a paz que você teria em um dia de chuva, sob essas condições? Certamente nenhuma.

Tamanha omissão e descaso não deveriam existir justamente com as famílias e empreendedores que há décadas fazem do bairro sua morada e ali trabalham para conseguir o seu sustento. A Lagoa Mundaú é testemunha de tanta indiferença. Tenho certeza de que ela sofre, assim como eu, ao presenciar tamanha desgraça. Muitas histórias lutam para não desaparecer, dentre elas a das órfãs da Guerra do Paraguai que receberam abrigo no secular Asilo das Órfãs Desvalidas Nossa Senhora do Bom Conselho, onde há 140 anos funciona o Colégio Bom Conselho, onde tive a honra de estudar; da Praça Coronel de Lucena Maranhão que foi palco de tantas festas; bem como das tantas missas celebradas na Paróquia de Santo Antônio de Pádua. Não se trata de indenização apenas para os prejuízos materiais. É preciso ressarcir a sociedade alagoana dos incalculáveis prejuízos em apagar parte

da história de um dos bairros mais importantes de Maceió. Nossa memória não tem preço e a luta pela necessária e justa reparação dos danos materiais e imateriais não será fácil. Estamos apenas no começo. Contudo, nunca nos faltou disposição e compromisso pelo bairro. Comecei minha vida laboral em Bebedouro, quando aos 18 anos fui administrador do mercado público. Não pouparemos esforços nessa caminhada na busca pela justiça. Agora nossa missão é estreitar o diálogo com as autoridades, em especial com o Ministério Público Federal, para exigir o cumprimento das medidas e prioridades contidas no relatório da CPRM e que já deveriam estar contemplando toda a população de Bebedouro. Não deixaremos nossa causa, história e cultura irem para o buraco.

menosprezo. O mundo sempre enfrentou essa “guerra” de status, e foi esse entendimento tortuoso que fez nascer, em épocas perdidas nas brumas do tempo, a escravidão, e a inferioridade do comum do povo às classes dominantes. Domingo à noite, em logradouro do Rio de Janeiro, constatamos espetáculo explícito de ignorância e menoscabo de profissionais, aparentemente inferiores para os baderneiros. Bares da Zona Sul carioca, abertos quando do relaxamento do distanciamento social, receberam grande afluência de pessoas, sedentos de uma liberdade que lhes parecia perdida. Despidos das máscaras anti-covid19, festejando barulhentamente o descuido com a saúde, sua e de outros, foram advertidos por agentes da Vigilância Sanitária, pessoas que, como tantas outras, vêm se sacrificando para que atravessemos essa pandemia com danos os menores

possíveis. Eis que de algum canto surge um festivo, mas agressivo casal, a opor-se ao trabalho dos abnegados servidores públicos. Em dado momento, a senhora que acompanhava o interpelado, ofendida – pasmem – porque o agente tratara o seu companheiro respeitosamente de “cidadão”, saiu-se com o idiota “cidadão não; ele é engenheiro civil, formado, melhor que você”. Como prêmio por esse absurdo, recebeu providencial demissão do seu emprego, além da notoriedade, péssima por sinal. O ofendido, esse teve a sua graduação revelada e louvada: médico veterinário, pós-graduado e doutor. Desnecessária, mas verdadeira a revelação. Esse fato comento por não se tratar de único, sendo algo comum ocorrências semelhantes. Quem não lembra do ridículo de certo parlamentar a dar a sua “carteirada” na orla da Pajuçara?

Não se trata de indenização apenas para os prejuízos materiais. É preciso ressarcir a sociedade alagoana dos incalculáveis prejuízos em apagar parte da história de um dos bairros mais importantes de Maceió.

Bacharéis com anel e papel

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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ntiga ironia afirmava que o Brasil é o país dos bacharéis. A origem da crítica remonta ao Império, quando o parlamento brasileiro era dominado pelos bacharéis em Direito, assim como o Magistério. A constatação despertava nos pais a importância de serem os seus filhos bacharéis, com anel e tudo. Esse sonho embalava famílias ricas e menos ricas, os mais pobres contentando-se com a admiração

dos orgulhosos anéis ornamentando dedos anulares dos doutores. Após o Direito, a Medicina passou a ser a ambição de muitos. Outras graduações foram surgindo, a conquista do bacharelato democratizada ao ponto de, em certa época, a sociedade preocupar-se com o excesso de bacharéis e doutores, as atividades técnicas minguando. Esse nariz de cera faço para abordar a questão da semana, sem sentido e vergonhosa, que se originou em abominável atitude de soberba e absoluto desrespeito pelos honrados homens e mulheres, muitos sem qualquer graduação acadêmica, que contribuem para o engrandecimento da Nação. São milhões de trabalhadores sem qualquer formação universitária, com estudos médios ou não, alguns até sem alfabetização, mas sem os quais a vida nacional seria de fato impossível. Infelizmente alguns não reconhecem o mérito desses cidadãos, tratando-as com

O mundo sempre enfrentou essa “guerra” de status, e foi esse entendimento tortuoso que fez nascer, em épocas perdidas nas brumas do tempo, a escravidão, e a inferioridade do comum do povo às classes dominantes.


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SAÚDE

Especialista alerta para os cuidados na flexibilização do distanciamento social No mês de junho, número de internações por covid-19 caiu na Santa Casa de Maceió

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aceió tem registrado uma queda no número de internações e de busca por atendimento em razão do novo coronavírus (Covid-19). A Santa Casa de Maceió, que chegou a registrar 147 internações por causa da doença, no dia 5 de julho, tinha 92 em suas unidades de internação, sendo 28 delas nas UTIs do hospital. Desde fevereiro, quando iniciou o atendimento de pacientes infectados, a instituição havia atendido 1446 casos confirmados, com alta recuperada dada para 378 pacientes que precisaram de internação; 175 dessas altas aconteceram apenas no mês passado. Seguindo os decretos estadual e municipal, a capital alagoana entrou na Fase Laranja (risco moderado alto) na pandemia da covid-19 e iniciou medidas menos rígidas de distanciamento social e da abertura gradativa de serviços não essenciais. Mas quais os cuidados que a população precisa ter em casa e fora dela para manter a flexibilização e afastar o perigo da contaminação?

Pneumologista Fátima Alécio reforça que as pessoas só devem sair em caso de extrema necessidade

A pneumologista Fátima Alécio, da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, alerta que os cuidados devem continuar e até serem redobrados quando for necessário sair de casa. “Entendemos que a retomada das atividades normais é necessária, porém temos que ter muito cuidado. Algumas cidades brasileiras que abriram suas economias precisaram recuar. Em Alagoas, a curva ainda está muito alta, com um grande número de casos de contaminação e o aumento da ocupação em UTIs. Por isso é importante que as pessoas continuem com a consciência de que o isolamento social continua, só se deve sair em momento de extrema necessidade e sempre utilizar todas as regras de higiene e de distanciamento”, disse a especialista. Quem precisa ir ao mercado, por exemplo, deve preparar uma lista de compras para duas semanas para reduzir o número de idas ao local. Chegando ao mercado, higienizar com álcool gel o apoio de mão do carrinho e não tocar olhos, nariz e boca. Além disso, outras recomendações básicas devem ser seguidas, como manter a distância mínima de um metro e meio das pessoas, evitar aglomerações e usar máscaras. Ao chegar em casa, o calçado deve ficar do lado de fora de casa e higienizar a roupa que usou na rua. Lavar bem as mãos e todas as áreas expostas, como braços e rosto, também é fundamental.

REGRAS PRECISAM SER SEGUIDAS Em Maceió, além das lojas com até 400 m², praças e a orla foram reabertas para a população com a permissão da prática de atividades físicas nestes espaços – corrida, caminhada, ciclismo – respeitando a distância de 10 metros no mesmo fluxo e 2 metros no fluxo contrário. Já é possível o acesso à praia e banho de mar (o uso de máscara é obrigatório antes e depois), porém, a utilização de equipamentos e mobiliários de uso coletivo (mobiliários urbanos esportivos, parquinhos infantis, academias), o uso de mesas, cadeiras, bancos, caixas térmicas e guarda-sóis, consumo de bebidas alcoólicas e comércio de qualquer ordem segue proibidos. O estacionamento de veículos nos espaços públicos da orla será liberado, mas em vagas intercaladas. Com a flexibilização das atividades, os grupos de risco deve continuar atento. “Não temos um nenhum número confortável para que essas pessoas possam voltar às suas atividades. Todo cuidado é pouco. Também alertamos que todas as pessoas que apresentarem sintomas leves precisam procurar ajuda médica o mais rápido possível. Hoje isso é mandatório para que o médico possa acompanhar e ver se há sinais de gravidade. Inicialmente, a recomendação é era ficar em casa; hoje o conhecimento da pandemia nos mostra que todo paciente com sintoma deve procurar ajuda médica”, disse Fátima Alécio.


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ENERGIA SOLAR

Brasil já produz 3 gigawatts de potência instalada São 255 mil sistemas gerando energia suficiente para abastecer uma cidade com 4,5 milhões de habitantes DA REDAÇÃO

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pesar do desserviço da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que deveria fiscalizar o setor de energia solar, o País atingiu em junho último a marca de 3 gigawatts de potência instalada. São 255 mil sistemas solares conectados à rede elétrica nacional, o suficiente para abastecer uma cidade com 4,5 milhões de pessoas. Esse potencial de energia renovável poderia ser bem maior não fosse a campanha antipatriota promovida pela Aneel, mais preocupada com os lucros do setor energético do que com os interesses sociais e ambientais do País. Não fosse a reação do mercado, a intervenção do presidente Jair Bolsonaro e a ação do Congresso, o Brasil estaria hoje na contramão da história, pagando

extorsivos impostos pelo uso da luz do Sol. A Aneel estudava mudança nas regras da Resolução Normativa 482/2012, que normatizou a geração distribuída no País, propondo o pagamento da chamada taxa-fio às distribuidoras de energia. Após críticas, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não “iria taxar o Sol”. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o Brasil, no entanto, ainda está apenas no começo desse processo de transição energética para uma matriz mais limpa e sustentável, já que a tecnologia fotovoltaica representa apenas 0,4% das unidades consumidoras existentes no território nacional, A entidade destaca ainda que o setor solar fotovoltaico brasileiro já gerou mais

Energia solar foi implantada em conjunto habitacional de Curitiba há dois anos de 165 mil empregos desde 2012, espalhados por todas as regiões do País. Só nos primeiros cinco meses deste ano, o mercado criou mais de 37 mil postos de trabalho, mesmo em meio à crise econômica e sanitária da pandemia do coronavírus. Dados da Absolar revelam que os consumidores residenciais lideram o ranking

de sistemas instalados, com 72,4% do total. Em seguida, estão as empresas dos setores de comércio e serviços (18,0%), consumidores rurais (6,6%), indústrias (2,6%), poder público (0,4%) e outros tipos, como serviços públicos (0,04%) e iluminação pública (0,01%). Já em termos de potência instalada, os consumido-

res dos setores de comércio e serviços lideram o uso da energia solar fotovoltaica, com 39,5% da potência instalada no Brasil, seguidos por consumidores residenciais (38,5%), consumidores rurais (11,7%), indústrias (8,7%), poder público (1,4%) e outros tipos, como serviços públicos (0,1%) e iluminação pública (0,02%).


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ECONOMIA EM PAUTA

Finaciamento imobiliário

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Caixa Econômica Federal anunciou que vai passar a incluir o valor do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e os custos cartorários em novos contratos de financiamento imobiliário. Além disso, o banco público anunciou que o registro de imóveis passará a ser eletrônico, o que deve reduzir o tempo de espera de 45 para cinco dias. A inclusão do ITBI e dos custos cartorários já está disponível para novos contratos de financiamento assinados em todas as agências da Caixa no País.

Comércio local O Brasil vai contar com mais um aplicativo para ajudar os pequenos comerciantes neste momento de crise. Presente em sete países da América Latina, o Wabi funciona como um marketplace para os pequenos lojistas, mas com uma diferença fundamental em relação aos outros já presentes no mercado: não há cobrança de taxas para o comerciante. O aplicativo tem foco no comércio local, como mercados de bairro, e alcança consumidores em um raio de até três quilômetros de distância do estabelecimento.

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

PicPay x Caixa

Fortuna

Usuários do PicPay beneficiários do auxílio emergencial têm se queixado sobre a instabilidade na transferência do auxílio do Caixa Tem para a carteira digital. Transferências não são concluídas ou aparecem como “saque cancelado” em uma pequena parcela de contas da plataforma. Segundo o PicPay, as falhas no aplicativo são culpa da Caixa Econômica. “Por instabilidade do sistema do Caixa Tem, um pequeno percentual das transações entre o aplicativo e o PicPay não é concluído”, explicou em comunicado para a imprensa. O sistema do Caixa Tem está sofrendo com instabilidades desde a última semana. O aplicativo apresenta mensagens de erro e lentidão para milhares de usuários.

O que você faria com R$ 1 trilhão? Apenas uma pessoa no mundo pode colocar em prática quase todos os desejos relacionados a dinheiro. Jeff Bezos, fundador da Amazon, quebrou seu próprio recorde anterior de homem mais rico do mundo. De acordo com o Bloomberg Billionaires Index, o ranking de bilionários da Bloomberg, a fortuna de Bezos alcançou US$ 171,6 bilhões, superando seu recorde anterior, de US$ 167,7 bilhões, em 4 de setembro de 2018. Considerando a cotação atual do dólar, de R$ 5,35, a fortuna chega a R$ 918,042 bilhões.


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NO PAÍS DAS ALAGOAS

O demagogo

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stava havendo um embate, bastante acirrado, no plenário da Câmara Municipal de Maribondo, entre os vereadores Zezinho e Biu da Batata. No paroxismo da discussão, Zezinho bate no peito e fala: - Digo sem nenhum sobrosso, nobre vereador, que ninguém, nesta egrégia casa, tem mais serviços prestados ao povo desta terra do que este que vos fala. Biu rebate com duas pedras na mão:

TEMÓTEOCORREIA

n Ex-deputado estadual

-Vossa excelença é um demagogo, nobre vereador. Zezinho vai à réplica: -Vossa Excelência, por acaso, sabe o que é demagogo? -Num sei não! Nunca estudei num dicionaro! Mais, pelo jeito, deve ser um sambudinho safado como vossa excelença. Aí, então, entrou a turma do aparta, aparta.


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FERNANDO CALMON

n fernando@calmon.jor.br

Dirigibilidade do Nivus é um ponto marcante

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o mês passado a VW assumiu pela primeira vez em 10 anos a liderança no mercado de automóveis e comerciais leves (não no acumulado do ano) e o Nivus reúne tudo para ajudar a marca nessa batalha. Ele atrai pelo estilo único de SUV compacto cupê no segmento mais disputado, hoje, do mercado brasileiro. Sua base é a do Polo, mas à exceção das portas, tudo é novo. Vão livre do solo 27 mm maior que o hatch e 15 mm menor que o T-Cross permite passar por valetas e lombadas, sem retirar praticamente nada do prazer de dirigir. O trabalho de ajustes da suspensão ficou muito bem feito. Avaliei a versão de topo Highline. Chama atenção o isolamento acústico. Também dá para notar o acerto melhor entre motor e câmbio, em especial quando se desloca a alavanca da posição N para D e se observava antes um pequeno tranco à frente ao retirar o pé do freio. Aceleração de 0 a 100 km/h informada pela VW é de 10 s, coerente por pesar 50 kg mais que o Polo e 100 kg menos que o T-Cross, todos com o motor de 1 litro turbo de 128 cv (etanol). O volante é novo e a direção eletroassistida, precisa e comunicativa. Há vários comandos a partir do volante. Ainda bem que a VW manteve um manual impresso no porta-luvas com 2/3 menos de páginas para quem estranhar as orientações por voz e imagem. A nova central multimídia de 10,1 pol. tem resolução de tela impressionante e vários aplicativos úteis já instalados. Pareamento do celular com sistema iOS é sem fio, mas Android o exige. Porém, se o telefone tiver roteador Wi-Fi é possível conectar-se com o Waze pré-instalado na central e seguir a rota na tela grande usando plano de dados do celular. O espaço interno do Nivus, inclusive no banco traseiro para pernas e cabeça, é praticamente o mesmo do Polo, incluindo a saída de ar-condicionado atrás. Porta-malas de 415 litros é 115 litros maior do que o do hatch e tem 42 litros a mais que o T-Cross.

ESTATÍSTICAS DE VENDAS SUBVERTIDAS PELA CRISE Os números são conflitantes por razões conhecidas. Com o fechamento dos Detrans e das concessionárias (que continuaram a vender por meios digitais) as vendas de veículos leves e pesados sofreram um grande efeito de represamento em maio. Assim em junho houve aumento de 129,1% sobre maio, mas em relação a junho de 2019 a queda foi de 57,7%. Na comparação dos primeiros semestres, 2020 encolheu 50,5% sobre 2019. Projeções da Anfavea estimam o ritmo efetivo de vendas diárias em torno de apenas 5.000 unidades em junho e o estoque nas fábricas e concessionárias de 46 dias (normal seria de 30 a 35 dias), apesar da paralisação da produção. O que mais preocupa é a possibilidade de demissões quando se esgotarem os efeitos dos acordos de redução de jornadas de trabalho. A entidade manteve estimativas para 2020: queda sobre o ano passado de 40% nas vendas, 45% na produção e 53% nas exportações, baseadas no encolhimento do PIB brasileiro em torno de 7%. No entanto, há previsões um pouco menos pessimistas. Maior banco privado do País, o Itaú prevê queda do PIB de 4,5% e, se confirmada, efetivamente vai amortecer um pouco a queda do mercado. A Bright Consulting estima que as vendas caiam 29% este ano e os números de 2019 só voltarão em 2024. A consultoria avalia que os SUVs começarão a avançar também sobre o mercado de hatches em razão da perda de poder aquisitivo. O setor tem esperança de alguma medida de estímulo ao consumo por parte do Governo Federal, a exemplo do que acontece na Europa e nos EUA. A indústria automobilística representa 5% do PIB e gera, direta e indiretamente, cerca de um milhão de empregos.

SISTEMA ANTIDERRAPAGEM COMPLETA 25 ANOS

Um dos mais úteis e eficientes recursos de segurança ativa para qualquer tipo de veículo surgiu em 1995. Trata-se do ESP (Programa Eletrônico de Estabilidade, em inglês) para evitar derrapagens. As primeiras pesquisas começaram nos anos 1980 por iniciativas individuais da Bosch e da Daimler-Benz (hoje, Daimler). A partir de 1992, as duas trabalharam em conjunto, mas a empresa de autopeças tinha liberdade de entregar o produto a qualquer interessado. Na época era um dispositivo caro. Em 1995 Mercedes-Benz Classe S e BMW Série 7 ofereceram o ESP quase simultaneamente. Em 1997, um Mercedes-Benz Classe A capotou durante teste de desvio de obstáculo de uma revista sueca. A fabricante decidiu, então, tornar o ESP equipamento de série para todos os seus modelos. ESP combina controle de tração (TC) e antibloqueio dos freios (ABS). É particularmente útil em pistas escorregadias, mas pode evitar até 80% das derrapagens. Estima-se que na União Europeia 15 mil vidas foram poupadas em 25 anos. Só a Bosch já produziu 250 milhões de unidades. O sistema tem nome genérico ESC (Controle Eletrônico de Estabilidade), produzido também por outros fornecedores, e está em 82% dos automóveis novos no mundo. No Brasil, desde o início de 2020, é equipamento de série nos novos projetos e em 2022 passará a ser obrigatório em todos os automóveis e comerciais leves vendidos no País.

www.fernandocalmon.com.br


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RANDONÁUTICA

Aplicativo leva usuários a seguirem destinos perigosos Febre entre os jovens provoca agitação na internet ao prometer jornada de aventuras ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão

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m meio a pandemia do novo coronavírus jovens curiosos e inquietos de todas as partes do mundo descobriram um aplicativo chamado Randonautica que entrega coordenadas aleatórias para os usuários prometendo uma jornada de aventura. Os usuários são levados para lugares estranhos e não encontram surpresas muito agradáveis ao chegar no destino. A febre começou nos Estados Unidos e se espalhou rapidamente pelo mundo inteiro. O caso que chamou mais atenção foi de um grupo de adolescentes que encontrou restos humanos em uma praia de Seattle enquanto se divertiam utilizando o aplicativo, transmitindo o passeio pela rede social TikTok. O vídeo somou milhões de visualizações em apenas dois dias e a internet foi tomada por relatos de outras experiências bizarras relacionadas ao aplicativo. Na ocasião, os adolescentes estavam andando pelas pedras quando avistaram uma mala preta jogada. Dentro da mala havia um saco plástico com pedaços de um corpo humano. O caso aconteceu no dia 20 de

junho. Os jovens afirmaram no vídeo gravado que chamaram a polícia assim que identificaram o conteúdo do saco. CUIDADOS QUE DEVEM SER TOMADOS De início, logo ao logar no aplicativo é pedido para que o usuário permita usar a sua localização atual através do Google Maps para que as coordenadas possam ser emitidas. Com isso os dados pessoais dos usuários são expostos e podem correr o risco de acontecer um ataque de hackers. Além disso as pessoas colocam a localização onde moram, aumentando ainda mais as chances de estranhos terem acesso à residência dos usuários. Outro problema é que os locais onde o app manda os aventureiros explorarem são lugares desconhecidos, portanto existe a probabilidade de se perder ou se machucar. Vale lembrar que invadir propriedade privada é crime. De acordo com o Art. 150 do Código Penal, “Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa. Se o crime é

cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, além da pena correspondente à violência. Há de se destacar, ainda, que o mundo ainda está vivenciando uma pandemia e há o risco de as pessoas contraírem o vírus e espalhar para familiares ou amigos. RELATOS “Eu só fui em uma localização. Era uma área uns 4 quilômetros da minha casa. Quando cheguei próximo vi que era uma rua sem saída, e a localização era no meio do mato, atrás das casas. Não tive receio de algo paranormal, ou coisa do tipo, mas tive desconfiança de andar em propriedade privada, ou até mesmo de encontrar com bandidos ou bichos peçonhentos, pois a área era de mata bem fechada’’, contou Diogo Soares, de Lagoa Santa-MG, 31 anos. Ele disse ainda que baixou o aplicativo devido a curiosidade de saber como funcionavam as localizações e o que nelas eram possíveis de encontrar, mistérios, coisas paranormais e estranhas. ‘’Embora eu seja bem cético, fico muito curioso com esses assuntos’’, completou. ‘’ Foi uma experiência diferente, não imaginei que a localização fosse bater em locais estranhos, fiquei com re-

Mala com corpo encontrada por usuários do app nos EUA ceio de ser aplicativo planejado por algum serial killer. Até agora o aplicativo só te leva a lugares incomuns, apenas locais abandonados. Das vezes em que utilizei fui parar em um armazém abandonado, dois terrenos vazios e último em um matagal, não relatei algo paranormal, mas que o app é estranho é’’, relatou Ronnivan Silva, 25, Várzea Grande-MT. Ronnivan falou que bai-

xou o aplicativo depois de um amigo próximo falar sobre ele e do que viu na rede social Tik Tok, e isso despertou sua curiosidade.


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ABCDOINTERIOR Improbidade em Pão de Açúcar

Não se posicionou

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ervidores nomeados para cargos inexistentes e sem dar um dia no serviço público, vice-diretora nomeada para escola onde nunca compareceu, mas recebe salário em dia, além de funcionários “fantasmas” que residem em outras cidades. Essas denúncias fazem parte de um dossiê formulado pelo Sindicato dos Funcionários Municipais de Pão de Açúcar (Sifumpa) que será entregue ao Ministério Público e que aponta supostas irregularidades na gestão do prefeito Clayton Farias Pinto.

Tem provas

MDB indeciso

A presidente do sindicato, Maria de Lourdes Cardoso, divulgou as denúncias nas redes sociais, onde relata os crimes contra o gestor da cidade sertaneja, afirmando ter provas. A sindicalista afirma que as denúncias da prática de improbidade administrativa estão no portal da transparência da Prefeitura e que serão encaminhadas pela entidade ao MP.

O MDB de Arapiraca está entre a cruz e a espada. Não sabe se fica com o vice-governador Luciano Barbosa ou o deputado estadual Ricardo Nezinho na corrida rumo à Prefeitura de Arapiraca. É aquela velha história: se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. Nezinho e Luciano querem a cadeira do prefeito Rogério Teófilo, que assiste a pendenga com uma certa tranquilidade.

Reajuste salarial A presidente do Sifumpa, Maria de Lourdes Cardoso, em vídeos postados na internet, critica a insensibilidade do prefeito e do secretário de Educação quanto à proposta de reajuste salarial para professores e demais trabalhadores, que deveria ter sido resolvida desde maio último, mês da data-base do funcionalismo municipal de Pão de Açúcar.

Servidores “fantasmas” Ela afirma que o sindicato tem como provar todas as denúncias que envolvem também o secretário de Educação, José Antônio Vieira dos Santos. “Tem até servidor ‘fantasma’ que recebe um bom salário como professor e não aparece para trabalhar e que sequer mora em Pão de Açúcar”, disse a sindicalista para afirmar que é absurda a justificativa apresentada pela administração que alega impossibilidade financeira para conceder o reajuste salarial. “Vamos seguir em frente e mostrar à sociedade as improbidades administrativas que ocorrem na atual gestão”, completou.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Braços cruzados Ao que parece essa história deve descambar para a convenção do partido, onde os dois importantes políticos arapiraquenses vão travar uma verdadeira queda de braço. Quem vencer, de qualquer forma, sairá perdedor. Explico melhor: o derrotado, com toda certeza, vai cruzar os braços, dificultando a vitória do “amigo”, o que deixa Teófilo numa boa vantagem. Devemos, também, levar em consideração que por ser prefeito, Rogério tem no mínimo 30% de vantagem em relação aos seus oponentes. Isso é fato.

Favorecem a situação Outra vantagem de Teófilo em relação a Luciano e Nezinho é que a disputa pela Prefeitura de Arapiraca contará com outros nomes, como da vereadora Gilvania Barros, vice-prefeita Fabiana Pessoa e dos advogados Hector Martins e Claudio Canuto, que dividem os votos da oposição e não da situação.

Quanto ao deputado Tarcizo Freire, que é um nome que deve ser levado em consideração pelo trabalho social que tem realizado em prol das pessoas necessitadas, até o momento não tomou nenhuma posição, o que deixa ainda mais cómoda a situação política do atual gestor que continua trabalhando sem muitos alardes, bem ao seu estilo.

Vendo a banda passar Lembrando que nas eleições passadas, seus adversários não o levaram a sério e ele acabou virando o jogo, numa eleição que entrou para história política, já que Teófilo desbancou de uma só vez o candidato que era apoiado pelos governos Municipal, Estadual e Federal. Portanto, se Luciano e Nezinho continuarem nesse “nhenhenhém”, será um desastre. E, parafraseando o magnífico Chico Buarque de Holanda, vão ficar à toa na vida, vendo a banda passar...

Disputa acirrada Em Palmeira dos Índios, a corrida pela Prefeitura Municipal promete ser uma das mais acirradas do interior alagoano. O prefeito Júlio Cezar (PSB), que vai para reeleição, deve enfrentar uma parada duríssima, encarando uma oposição que desde já lhe tira o sono. De um lado, já em plena articulação política, está a pré-candidatura da deputada Ângela Garrote (PP) e de outro, um nome que merece respeito: Mosabelle Ribeiro (MDB), esposa do ex-prefeito daquele município, James Ribeiro (MDB).

Quer Estrela Por falar em James Ribeiro, ele é pré-candidato a prefeito de Estrela de Alagoas, cidade sob o domínio da família Garrote e que terá como pré-candidato da situação Aldo Lira, do PP. Pelo andar da carruagem, o pleito nas cidades de Palmeira e Estrela

PELO INTERIOR ... Vítima de complicações do novo coronavírus, foi sepultado na tarde de quarta-feira (8), o corpo do prefeito de Santana do Ipanema, Isnaldo Bulhões, 78 anos. A população do município saiu às ruas para acompanhar o cortejo. ... Moradores da cidade, trabalhadores do setor essencial, autorizados a trabalhar durante a pandemia, acompanharam das calçadas o trajeto e as homenagens prestadas ao prefeito. Com aplausos, acenos e cânticos, a população santanense se despediu de Isnaldo Bulhões. ... O deputado estadual arapiraquense Tarcizo Freire (PP) encerra o primeiro semestre como um dos mais atuantes da Assembleia Legislativa do Estado (ALE). Freire apresentou inúmeras proposições, entre Projetos de Lei Ordinária (PLO), Moções, Requerimentos e Indicações. ... O parlamentar, que ocupa a vice-presidência da Comissão de Educação, Saúde, Cultura e Turismo da Assembleia Legislativa de Alagoas, chegou a apresentar na Casa de Tavares Bastos um requerimento que solicitava o cancelamento do recesso Legislativo. ... Entre as principais matérias do parlamentar está o Projeto de Lei Ordinária 344/2020 que visa promover a divulgação do Disque Denúncia Nacional, Estadual e da Central de Atendimento nas contas mensais dos serviços públicos de abastecimento de água, de distribuição de energia elétrica, de gás natural e de dados. ... Preocupado com o aumento considerável do número de casos de covid-19, no município de Arapiraca, inclusive com vítimas fatais, o deputado solicitou através de uma indicação a implementação urgente de um Hospital de Campanha no município, com leitos clínicos e leitos de UTI para combater a pandemia do novo coronavírus. ... O ex-presidente da União dos Vereadores de Alagoas (Uveal), Fabiano Leão, lamentou a morte do prefeito de Santana do Ipanema, Isnaldo Bulhões, ocorrida na manhã de quarta-feira (8) no Hospital do Coração, em Maceió. Ele tinha 78 anos e estava em tratamento da covid-19 desde o mês de maio. ... Aos nossos leitores, desejamos um excelente final de semana, com paz e muita saúde. Até a próxima edição!


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MEIOAMBIENTE

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Consumo consciente

Calor recorde

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mês de junho de 2020 foi o mais quente registrado no mundo, empatado com junho de 2019. É o que constatou o Programa Copernicus da União Europeia sobre mudanças climáticas, que destaca a persistência de anomalias preocupantes e incêndios na Sibéria. O “calor excepcional” na Sibéria Ártica foi o que mais chamou a atenção do serviço europeu. A temperatura média na região ficou até 10°C acima do que é considerado normal para junho. Em 20 de junho, durante uma hora, uma temperatura de 37°C foi registrada na Sibéria oriental, um recorde dentro do círculo do Ártico, de acordo com o Programa Copernicus. Na mesma data, na mesma região, a estação da cidade russa de Verkhoiansk registrou temperatura máxima de 38°C, um possível recorde de calor paro o Ártico que está em processo de verificação pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). Em consequência do aquecimento global, o planeta já ganhou mais de 1°C desde a era pré-industrial, o que provoca muitos eventos meteorológicos extremos, como as ondas de calor, secas ou inundações. O ano de 2019 foi o segundo mais quente no planeta, depois de 2016, e especialistas acreditam que a temperatura mundial deve superar um novo recorde no próximo período quinquenal (2020-2024).

Um estudo feito para entender mudanças de comportamento dos brasileiros que compram on-line durante a pandemia revelou que 54% dos brasileiros optam por comprar produtos e apoiar empresas focadas em ajudar o meio ambiente. A pesquisa encomendada pelo Google e realizada pela Ipsos mostrou também que, mesmo com a reabertura do comércio, esses consumidores devem manter hábitos adquiridos no isolamento. A pesquisa ouviu mil consumidores on-line do País entre os dias 18 e 21 de junho. Também foram consultados, seguindo a mesma metodologia, consumidores de outros 15 países.

Máscaras no mar A pandemia de covid-19 vem trazendo um enorme desafio para o meio ambiente. Máscaras e luvas usadas estão acabando nos oceanos. Ambientalistas têm alertado que a pandemia poderia levar a um aumento significativo de poluição ambiental. Segundo Doug Cress, vice-presidente de Conservação da ONG Ocean Conservancy, o mundo vem descartando 129 bilhões de máscaras e 65 bilhões de luvas plásticas todos os meses no meio ambiente. É preciso conscientização da população para o descarte correto desses materiais, evitando assim o desequilíbrio de outros ambientes, como o marítimo.

Geleiras no Peru

Ufal pesquisa girinos

O aquecimento global causou o derretimento de 51% da superfície das geleiras do Peru nos últimos 50 anos, o que causou a formação de novas lagoas, informou a Autoridade Nacional da Água (ANA). O setor de Avaliação de Geleiras e Lagoas da ANA (1948-2019) revela no relatório que novas lagoas relacionadas ao recuo das geleiras foram identificadas. O Peru tem mais de 8 mil lagoas em suas 18 cadeias de montanhas cobertas de neve no país. O Glaciar Pastoruri, com 5.200 metros de altura e localizado na região de Ancash (norte), uma das joias do turismo no Parque Nacional Huascarán, é o mais afetado, com mais de 50% de sua superfície derretida pelas mudanças climáticas. As geleiras de Uruashraju e Yanamarey, também localizadas em Ancash, recuaram em média um quilômetro entre 1948 e 2019.

Para conseguir identificar sapos, rãs e pererecas com base na morfologia do girino - a fase inicial de desenvolvimento - um grupo de pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) e Museu de História Natural (MHN) da Universidade Federal de Alagoas, em conjunto com outras universidades do país, desenvolveu uma chave dicotômica capaz de realizar a identificação de todas as espécies com fase larval conhecida e já registradas no bioma da Mata Atlântica ao norte do Rio São Francisco. A área abrange os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Para elaborar as caracterizações morfológicas e possibilitar o fácil uso da chave taxonômica, os pesquisadores analisaram características de mais de mil girinos pertencentes a 63 espécies e 28 gêneros em 32 localidades. O estudo conta, ainda, com uma prancha, com proposta de padronização das características de formas do corpo dos girinos, a lista atualizada dos sapos da região e fotos das espécies da área de estudo.


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