Edição 1078

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ELEIÇÕES 2020

TONINHO LINS DIZ AGUARDAR SINAL DE DEUS PARA SABER SE VAI DISPUTAR PREFEITURA 5

ANO XXI - Nº 1078 - 17 A 23 DE JULHO DE 2020 - R$ 4,00

ESCOLA LIVRE

Lei alagoana será julgada pelo Supremo em agosto

Idealizada pelo deputado Ricardo Nezinho, a Lei da Escola Livre será julgada em agosto pelo Plenário Virtual do STF. Chamada por alguns de “Lei da Mordaça”, ela chegou a ser vetada pelo governador Renan Filho, mas o veto foi derrubado pelos deputados. 11

Assassinato de Malaquias teve motivação política, diz família

R$ 690 MILHÕES

ADVOGADOS ACUSAM HERDEIROS DE JL DE QUEREREM SE APODERAR DE PRECATÓRIO 3

Empresário era conhecido por denúncias contra políticos e magistrados alagoanos Última queixa dele no CNJ foi contra Washington Luiz e o juiz Galdino Vasconcelos 6 e 7

Lurdinha Lyra, filha de JL

BAIRROS AFUNDANDO

BRASKEM ACEITA NOVO MAPA DE RISCO E MAIS 1.900 IMÓVEIS SERÃO EVACUADOS 12 e 13


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COLUNA

CNPJ: 04246456/0001-97

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EDITOR Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Justiça é para ricos O processo judicial que 1sário-envolve o rico empreÁlvaro Vasconcelos e um pequeno agricultor dá bem a medida de que a justiça – na maioria dos casos – só existe para proteger as elites dominantes, incluindo aí membros do próprio Judiciário.

2 EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- Dono de fazendas, hotéis e outras empresas, Álvaro Vasconcelos é acusado de invadir as terras de um pequeno agricultor vizinho ao seu latifúndio, nas franjas do bairro Benedito Bentes.

O caso se arrasta há 3hoje-quase 40 anos e até o réu não apresentou provas irrefutáveis de que a terra lhe pertence, como afirma sua defesa nos incontáveis recursos protelatórios que nunca acabam.

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- Quanto mais a vítima se legitima como verdadeiro dono da área invadida, mais enfrenta barreiras judiciais e burocráticas levantadas por ricos escritórios de advocacia e aceitas pela justiça.

O processo está sendo 5que-tocado pelos filhos, já o pai morreu sem

ver a devolução de suas terras. Após passar pelo crivo de vários juízes, o caso empacou no primeiro grau porque os últimos magistrados se averbaram suspeitos e caíram fora.

- Com o impasse, cabe6Justiça rá agora ao Tribunal de de Alagoas definir

qual juiz julgará esse caso, que inclusive já chegou ao CNJ, mas que também não deu solução. E tome tempo e protelações.

Viva Alagoas

O mundo jurídico nacional condenou a decisão de um ministro do STJ de conceder liminar ao miliciano Fabrício Queiroz, preso em Bangu, e à esposa dele, foragida da justiça. Os mais indignados alegam que a decisão é caso único na justiça brasileira. Com certeza desconhecem o processo da ex-prefeita Mellina Freitas, de Piranhas, que ganhou um salvo-conduto antes mesmo de ser denunciada por improbidade.

Vara de família

Para quem não lembra, Mellina é filha do desembargador Washington Luiz e apesar de acusada pelo MP em 16 processos por desvios de recursos públicos, seu processo, que já tramitou no TJ, repousa agora nas gavetas da justiça de primeiro grau. Se quiser, está livre para disputar a prefeitura este ano e, se eleita, voltar a comandar o município, readquirir foro privilegiado e o seu processo voltar ao tribunal do papai.

Briga de cartolas

Não convidem Raimundo Tavares e Rafael Tenório para o mesmo restaurante. O ex-diretor do CSA abandonou a diretoria do clube xingando o presidente de tudo o que não presta. A discórdia tem a ver com a destinação dos R$ 42 milhões que o clube recebeu da Braskem a título de indenização pelo Campo do Mutange.

Negócio fechado

Tavares lutou para o CSA comprar o Campo do Corinthians, do prefeito João Feijó, por R$ 13,5 milhões, mas o presidente refugou. Tentou outra opção no polo de Marechal Deodoro, mas Rafael Tenório não topou. Depois de idas e vindas, foi acertada a compra de uma área de 14 hectares logo depois do Aeroporto Zumbi dos Palmares pelo

valor simbólico de R$ 3,5 milhões.

Homenagem

Em valores de mercado a área onde será construído o CT do CSA está avaliada em R$ 14 milhões, mas a família Paiva, dona do terreno, cobrou apenas 25% do valor real. Em troca, o clube dará ao novo complexo esportivo o nome do comendador Gustavo Paiva, patriarca da família que outrora doou ao CSA o terreno onde funcionou o Campo do Mutange até ser tragado pela mineração da Braskem.

Candidato xerófilo

O ex-deputado Edival Gaia tentará sua última cartada política como candidato a prefeito de Igaci, pelo PP, com boas chances de pendurar as chuteiras. Conhecido no Sertão como legítimo mão-de-vaca, Val Gaia anda reunindo seus correligionários debaixo de umbuzeiros para evitar gastos e economizar alguns trocados para a campanha. No último encontro foi sugerido a Val Gaia usar o mandacaru como símbolo de sua campanha. Assim como o candidato, a planta xerófila não dá sombra nem encosto.

Crime e castigo

Os mais de 20 mil servidores públicos estaduais e municipais que receberam o auxílio emergencial do governo federal terão que devolver o dinheiro e provar que não agiram de má-fé. Do contrário, enfrentarão ações penais e poderão perder o emprego.

Até no TC

Entre os que receberam os R$ 600 do auxílio emergencial estão alguns servidores do Tribunal de Contas do Estado, onde a média salarial passa de R$ 2 mil. O presidente do TC, Otávio Lessa, já mandou abrir inquéritos para apurar o caso e punir os responsáveis.

Propaganda enganosa

Enquanto alguns candidatos a prefeito de Maceió usam e abusam das redes sociais para divulgar propaganda

enganosa e prometer o que jamais entregarão, Alfredo Gaspar faz campanha na baixa, conversando com entidades e discutindo os problemas da capital.

Força das mulheres

O clima em Palmeira dos Índios não está nada bom para o prefeito Júlio Cezar, que pleiteia a reeleição. Brigado com a desembargadora Elizabeth Carvalho, que o acusa de traição, o imperador agarrou-se à saia da deputada Ângela Garrote, temendo ser esmagado pela ex-juíza Sônia Beltrão, que promete acabar com a corrupção no município. Na luta para se manter no cargo, Júlio Cezar enfrentará ainda a candidatura da ex-primeira dama Mosabele Ribeiro, que também lutará para destronar o imperador.

Preço do esbulho

Em meio à pandemia do coronavírus, que devora vidas, empregos e votos, o governador Renan Filho terá pela frente mais um grande pepino a resolver, herdado do antecessor Téo Vilela. É a disputa judicial em torno de uma desapropriação fraudulenta da chamada área B do polo de Marechal Deodoro, onde hoje estão várias indústrias, que correm o risco de serem despejadas. Após ter sua ação de usucapião legitimada pelo Tribunal de Justiça, o dono da área


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MASSA FALIDA

Curadora do pai, que foi interditado por senilidade, Lourdinha Lyra quer tirar José Lindoso da administração judicial

Advogados acusam herdeiros de João de Lyra de má-fé Grupo afirma que família do ex-usineiro quer se apossar do precatório de R$ 690 milhões MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

O

anúncio de que a Massa Falida da Laginha está prestes a receber R$ 690 milhões com os quais pretende continuar com os pagamentos de ex-trabalhadores do falido Grupo João Lyra se transformou em mais um embate envolvendo os herdeiros do ex-usineiro, que querem a destituição do advogado José Lindoso do posto de administrador judicial. O pedido foi formalizado junto à comissão de juízes que preside o processo falimentar e gerou revolta entre advogados dos credores de Alagoas e de Minas Gerais.

Em petição entregue na quarta, 15, 43 advogados que representam os interesses de antigos funcionários das usinas e demais empresas outrora pertencentes ao ex-deputado federal pedem que ele e seus familiares sejam multados por má-fé. O entendimento do grupo é de que está havendo “mais uma tentativa espúria para tumultuar e dificultar o andamento do processo falimentar”. Na petição, os advogados afirmam que desde a interdição de João Lyra, a família do mesmo tenta a todo custo prejudicar o andamento regular da falência, utilizando-se de sua influência, inclusive política, no estado de Alagoas.

Interditado judicialmente por problemas de saúde, João Lyra, que em junho último completou 89 anos, está sob a tutela da filha Maria de Lourdes Pereira de Lyra, a Lourdinha Lyra, que foi vice-prefeita de Maceió na gestão do ex-prefeito Cícero Almeida. Em nome dos credores, os 43 advogados dizem não mais aguentar tamanha aberração, alegando que estão prontos para efetuar denúncias ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e outros órgãos, pedindo a aplicação de multa pela máfé. O grupo também alerta que a tentativa de destituir o administrador judicial, sem que haja qualquer fundamento para tanto, é no mínimo suspeita e desesperada e que o falido estaria “coincidentemente” tentando mais uma vez conturbar o processo, diante da iminência de

transferência de valores que possibilitariam o pagamento de milhares de credores. “É no mínimo suspeita esta açodada e desesperada tentativa de destituir o administrador judicial por parte dos representantes do falido quando se tem notícia do depósito dos valores, por parte da União Federal, de parte dos créditos decorrentes da Ação Judicial da 4870, fruto de um precatório que tem a massa falida como credora”, diz trecho do documento. Nos autos, os credores manifestaram sua irresignação com relação às novas tentativas dos representantes do falido de retardar o desenvolvimento do processo falimentar, principalmente quanto a última exposta no requerimento de fls. 93.431 a 93.433 para destituição do administrador da massa falida. Para eles, a alteração do administrador judicial nesse momento, sem que haja qualquer fundamentação relevante para tanto, demonstra-se numa tentativa desesperada dos representantes de JL para impedir o início dos pagamentos, em uma “manobra” que ignora os milhares de credores que esperam há mais de 10 anos para receber seus créditos. “Alguns dos quais nunca se recuperaram do calote recebido”, frisa. Procurado pelo EXTRA

para falar sobre o caso, o administrador da Massa Falida, José Luiz Lindoso, informou que sempre obedeceu aos ditames da lei e que continuará respeitando as decisões judiciais, já tendo apresentado nos autos da falência todos os esclarecimentos solicitados pelo falido. Quanto aos pagamentos, afirmou que com a chegada do valor proveniente do precatório, será possível efetuar os pagamentos de todos os credores trabalhistas, impostos e extraconcursais, o que faria da Laginha um caso de sucesso no sistema falimentar brasileiro, além de injetar milhões na economia alagoana.

ENTENDA O CASO

U

m crédito de R$ 690 milhões e 184 mil está para ser pago à Massa Falida da Usina Laginha e vai garantir o pagamento dos direitos de trabalhadores e credores extraconcursais do antigo Grupo JL, que entrou em recuperação judicial em 2008. O dinheiro é fruto de um precatório que tramita no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). Trta-se de uma ação dos anos 90 que cobra da União o ressarcimento de danos patrimoniais devido aos preços abusivos praticados pelo extinto Instituto de Açúcar e do Álcool (IAA) para comercialização do açúcar e do álcool e que estavam em desacordo com a legislação vigente a partir da safra de 1983/1984. A proposta é que o recurso seja usado para pagar aos trabalhadores que ainda precisam receber e para créditos extraconcursais, que são as dívidas que vieram após ser declarada a recuperação judicial.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

DEM vai fazer a diferença

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nquanto outros partidos políticos se ajeitam para participar de uma ampla coligação, o Democratas, presidido por José Thomaz Nonô, ainda não sabe pra que lado penderá, embora esteja bem claro que não participará de uma aliança com o MDB de Renan Calheiros. Ao indicar que poderá tomar essa decisão, o DEM pode fazer a diferença nas eleições de novembro, já que adicionará ao partido de quem será seu candidato pelo menos 35 segundos no Guia Eleitoral, um baita tempo na televisão. Mesmo que mantenha um relacionamento cavalheiro com o précandidato Alfredo Gaspar de Mendonça, uma aliança com o MDB é

Mudança de rumo Pelo que foi noticiado pela imprensa durante a semana, o atual secretário de Saúde de Maceió, José Thomaz Nonô, pode levar um drible do deputado João Caldas. É que o apoio do Democratas estaria sendo decidido diretamente com a Executiva Nacional, no caso ACM Neto, presidente do partido. Pelo jeito, ou Nonô aceita de goela abaixo a decisão ou racha com o DEM.

Outra história Para muitos políticos experimentados, essa movimentação é antiga nos bastidores, meses antes de uma eleição majoritária. Pode ser que sim, mas pode ser que não.

Entrou na briga A candidatura à Prefeitura de Maceió do deputado Davi Davino não é para ser subestimada por ninguém. Experiente juntamente com seu pai vereador, Davino é inegavelmente uma força política na capital, que o digam as eleições em que participaram nos últimos anos.

bastante improvável, já que Nonô sempre mostrou que os Calheiros estando de um lado, ele está de outro. Desta forma, fica bastante claro que o candidato a prefeito de Rui Palmeira não deve ser o mesmo do que Nonô. Agora, outros partidos passam a disputar a preferência pelo Democratas, que tem no seu presidente regional um político hábil, decente e bom de briga.

Apoio de Bolsonaro Se depender da lógica e tiver que decidir, o presidente Jair Bolsonaro vai eleger seu candidato a prefeito de Maceió o deputado Davi Davino. Como Davino é apoiado pelo deputado Arthur Lira e muito ligado ao presidente, é provável que na eleição para prefeito o presidente tenha o seu candidato.

De fora A possibilidade de o presidente da República apoiar Alfredo Gaspar de Mendonça, do MDB, é muito remota, principalmente porque ele faz parte de um grupo que é literalmente contra a política bolsonarista, no caso o senador Renan Calheiros, adversário político em Brasília.

Apoio

Campanha nas ruas

Além de possuir bons e grandes redutos eleitorais em Maceió, Davi Davino ainda conta, por cima, com o apoio de alguns deputados e até de Marcelo Victor, presidente da Assembleia Legislativa e que já foi muito bem votado na capital. Afora isso, sua candidatura é avalizada pelo deputado federal Arthur Lira, um dos políticos com mais força no governo federal e que poderá traduzir isso em votos para o seu candidato a prefeito.

Todos os pré-candidatos a prefeito de Maceió já estão com o pé na estrada. São encontros, visitas a lideranças políticas na periferia da cidade e, em cima da mesa, pesquisas eleitorais para saber como se comportar daqui pra frente. Na lista dos que podem vencer as eleições, além de JHC, Alfredo Gaspar e Ronaldo Lessa, podem acrescentar o nome de Davi Davino. É esperar pra ver.

Sobre demissões

dos assuntos discutidos com a direção nacional da CBTU, na pessoa do seu presidente José Marques de Lima e do prefeito Rui Palmeira, foi a situação crítica de alguns bairros de Maceió na passagem dos VLTs, especialmente na área localizada no Mutange. Várias alternativas foram discutidas e que poderão ser colocadas em prática daqui pra frente.

A hora H Por força do Projeto de Lei de Conversão (PLV) 17/20, que cortou pela metade a contribuição das empresas para manutenção do Sistema S, e das dificuldades econômicas do país, agravadas pela pandemia da covid-19, todas as entidades privadas vinculadas ao sistema sindical patronal tiveram que reduzir suas despesas. A assessoria de imprensa da Fiea diz, em nota à coluna, que é esta a justificativa da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas para, entre outras medidas de contenção de gastos, ter definido a redução do seu quadro de colaboradores. Enquanto a redução de recursos chegou a 50%, o índice de demissão atingiu apenas 10% de seus colaboradores, frisando que todos tiveram assegurada a quitação plena e total de seus direitos.

Exagero A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Alagoas, está questionando o Ministério Público Estadual sobre publicidade abusiva de imagens de operações policiais realizadas ultimamente. Uma delas foi com a participação de advogados flagrados pela Polícia pelo suposto envolvimento em facilitação de benefícios nos presídios locais.

Prestígio O deputado federal Arthur Lira foi o protagonista da recente visita do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, na inauguração de obras em diversos municípios do interior de Alagoas. Lira, um dos homens mais fortes do Congresso Nacional e que conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro, está sendo muito importante para a vida de toda Alagoas no momento atual.

Discussão

Na vinda do ministro Rogério Marinho, um

Alagoas vai saber, a partir da próxima segunda-feira, se as autoridades estavam certas de reabrir grande parte do comércio em Maceió, mesmo com os levantamentos indicando que a pior fase do coronavírus está passando. Com a abertura de shoppings, bares e restaurantes, além de outros segmentos, o perigo é que a covid-19 volte com mais força.

Mais rapidez

Os moradores da região do Pinheiro que ainda não tiveram suas casas devidamente indenizadas pela Braskem esperam que as autoridades apressem as medidas, inclusive com a participação do Ministério Público.

Sem garantia

Até agora, pelo menos, não existe nenhum laudo técnico conclusivo de que as fissuras e rachaduras no Pinheiro e nos outros bairros estão sob controle. A informação é de que os serviços de acompanhamento das instituições envolvidas estão aquém das reais necessidades. Ou seja, não se tem garantia de que algum problema mais grave não venha a acontecer.

Prevenção

O Tribunal Superior Eleitoral está tomando providências para que o eleitor, nas eleições de novembro, possa votar sem susto, com toda a segurança para não se expor ainda mais ao coronavírus. Para isso quer a participação de instituições nacionais para pôr o plano em execução.


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Toninho Lins reaparece no cenário político como o melhor para Rio Largo Mesmo cumprindo prisão domiciliar, ex-prefeito não descarta disputar a Prefeitura

cursos para a administração e não vemos aqui nenhuma grande obra”, critica. Sem citar nomes, o ex-prefeito falou do passado e da existência de um consórcio político para lhe tirar do poder. “As pessoas são falíveis. Mas a minha imagem foi trucidada por ações orquestradas. Hoje, entendo que meus erros, por causa da vaidade e do orgulho, me permitiram ter os adversários que tive na atividade política”.

TAMARA ALBUQUERQUE Especial para o EXTRA

A

s incertezas sobre a realização das eleições deste ano, em função da pandemia do coronavírus, não retardaram em Alagoas as mobilizações e acordos da pré-campanha. Nos bastidores, o ex-prefeito de Rio Largo, Antônio Lins de Souza Filho (PSB), o Toninho Lins, é cotado para disputar à Prefeitura com o atual titular Gilberto Gonçalves (PP). Mesmo cumprindo prisão domiciliar desde setembro do ano passado pela condenação por organização criminosa e falsidade ideológica, o ex-prefeito reapareceu no cenário político do município e não descarta a possibilidade de ser candidato. Conta a seu favor para essa possível empreitada com as brechas na Lei da Ficha Limpa e a morosidade da Justiça, que vem abrindo espaços para que outros políticos condenados falem em candidaturas. Em entrevista concedida recentemente à Folha na TV, Toninho Lins, que atualmente tem se dedicado ao trabalho evangélico pela Igreja Assembleia de Deus (AD Brás), afirmou que não

Toninho Lins diz aguardar sinal de Deus para saber se deve disputar Prefeitura de Rio Largo estaria em seus planos o retorno à carreira política, mas que não pode descartar totalmente essa possibilidade. “Não vou para a eleição sem receber a confirmação que é isso que Deus quer pra mim”, disse na entrevista. Aos 40 anos, o ex-prefeito evangélico falou na disposição de participar de grandes projetos nacionais e evangelização pela igreja. Segundo Lins, seu nome ficou na memória da população em função do trabalho realizado em mandatos anteriores e por ser filho de um grande líder político da região. “Minha preocupação com quem vai gerir essa cidade é grande. Torço

CONDENADO EM 2016, O EX-PREFEITO DE RIO LARGO FOI CONDENADO PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE ALAGOAS A 16 ANOS E 2 MESES DE PRISÃO POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, INCLUINDO A PRÁTICA DOS CRIMES DE DESVIO E APROPRIAÇÃO DE RENDAS PÚBLICAS

para que apareça alguém da oposição com perfil para disputar as urnas com o atual gestor, apesar de ouvir da comunidade nas últimas semanas que só eu derrotaria o prefeito Gilberto Gonçalves”, comentou sem modéstia. Na avaliação do ex-prefeito, todo cidadão é um ser político e isso dificulta a ele afirmar que “não existiria mais um homem público, um político” em seu íntimo. Filiado ao PSB desde o início da carreira política, Toninho Lins é um crítico ferrenho da atual gestão, que considera uma tragédia. Ele afirma que a população sabe fazer comparações. “Rio largo nunca dispôs de tantos re-

CONDENAÇÃO Em 2016, o ex-prefeito de Rio Largo foi condenado pelo Tribunal de Justiça de Alagoas a 16 anos e 2 meses de prisão por improbidade administrativa, incluindo a prática dos crimes de desvio e apropriação de rendas públicas, falsificação de documento particular, falsidade ideológica em documento público, uso de documento falso, associação criminosa e fraude a licitação. Pesam sobre ele várias outras acusações, algumas transformadas em processos que ainda tramitam no Foro de Maceió e em Rio Largo, alguns caminhando a passos lentos. Chama atenção, por exemplo, os processos de números 000045434.2016.8.02.0051, que tramita na 3ª Vara de Rio Largo e trata de um ajuntado de seis ações por improbidade administrativa, e 070128-16.2015.8.02.0068, que tramita na 2ª Vara de Rio Largo e trata de danos ao erário, com prejuízos no valor de R$ 1,4 milhão.


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EXECUÇÃO EM RIO LARGO

Família de Malaquias acredita em crime político VERA ALVES veralvess@gmail.com

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amiliares e amigos do empresário Kleber Malaquias de Oliveira, assassinado a tiros na tarde da última quarta-feira, 15, não têm dúvida de que o crime ocorreu por motivação política. As próprias circunstâncias em que se deu o homicídio reforçam a suspeita da família. De acordo com o Boletim de Ocorrências da Secretaria de Segurança Pública, ele foi emboscado por dois homens quando se dirigia ao banheiro no Bar da Buchada, localizado na Mata do Rolo, em Rio Largo, onde comemorava com amigos o aniversário de 41 anos. O histórico de Malaquias ao longo dos últimos oito anos também aponta para a forte possibilidade de que o assassinato tenha sido praticado por vingança, além das características de crime de execução. Ele foi atingido por três disparos de arma de fogo, um deles na nuca. A família e amigos acreditam que tenha havido luta corporal, já que ele estava com as roupas rasgadas quando foi encontrado, já morto, no acesso ao banheiro do estabelecimento. De acordo com as testemunhas, dois homens desconhecidos na região foram os autores do crime que está sob investigação do delegado Lucimério Campos. Procurado pelo EXTRA, o delegado preferiu não adiantar qualquer detalhe, lembrando que ainda estava na fase de coleta de provas

Empresário foi assassinado em bar onde comemorava aniversário de 41 anos

que possam levar aos atiradores e eventuais mandantes. Lembrou, contudo, que o histórico de denúncias de Malaquias dá margem à possibilidade de ter havido uma emboscada. Kleber Malaquias era uma figura conhecida da imprensa local. Há oito anos, ele chegou a pedir proteção ao Conselho Estadual de Segurança (Conseg). Na época, afirmou que vinha sofrendo ameaças por conta de denúncias feitas contra o então prefeito de Rio Largo, Antônio Lins de Souza Filho, o Toninho Lins. O pedido, contudo, foi negado, já que ele mesmo revelara estar residindo em outro estado. Em 2015, entrou com ação contra a Prefeitura de Mata Grande, acusando a gestão de Jacob Brandão de calote. Sócio da locadora de veículos Vem Pra K Rent a Car – fundada em abril de

AMEAÇAS KLEBER MALAQUIAS É UMA FIGURA CONHECIDA DA IMPRENSA LOCAL. HÁ OITO ANOS, ELE CHEGOU A PEDIR PROTEÇÃO AO CONSELHO ESTADUAL DE SEGURANÇA (CONSEG). NA ÉPOCA, AFIRMOU QUE VINHA SOFRENDO AMEAÇAS POR CONTA DE DENÚNCIAS FEITAS CONTRA O ENTÃO PREFEITO DE RIO LARGO, ANTÔNIO LINS

Malaquias se notabilizou pelas denúncias contra políticos e juízes 2008 e com sede na Mata do Rolo, em Rio Largo – ele cobrava o recebimento de R$ 350 mil, valor do calote que recebera e que, segundo suas denúncias, envolviam um esquema de desvio de recursos com a participação do então vereador Júlio Brandão, irmão do prefeito e presidente da Câmara Municipal. A denúncia foi alvo de reportagem do EXTRA em sua

edição de número 820, de maio de 2015. O ano de 2016 seria o período de maior visibilidade de Malaquias, inclusive perante a mídia nacional. Ele foi entrevistado pelo Fantástico, programa dominical da Rede Globo, como testemunha-chave contra o desembargador Washington Luiz Damasceno de Freitas, então presidente do Tribunal

de Justiça de Alagoas e alvo de investigações no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Tratavam-se de reclamações disciplinares que levaram ao afastamento do magistrado por mais de dois anos, mas que acabaram arquivadas diante da ausência de provas concretas. O caso mais contundente alvo da reportagem do Fantástico envolvia a tentativa de assassinato contra o juiz Marcelo Tadeu. Segundo Malaquias, o crime teria sido encomendado pelo desembargador e um de seus irmãos, – Wellington Damasceno Freitas, conhecido como Xepa, da Prefeitura de Olho d’Água do Casado – , insatisfeitos com a atuação do magistrado. Malaquias afirmou ter testemunhado uma conversa entre Washington Luiz e o irmão na qual decidiram pela morte do juiz. A tentativa de assassinato de Marcelo Tadeu se deu em julho de 2009 e resultou na morte de um turista, o advogado mineiro Nudson Harley de Freitas, executado por sua semelhança com o magistrado alagoano. Embora tenha chegado ao CNJ, o caso foi arquivado por conta da existência de uma ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que já investigava o possível envolvimento do desembargador na tentativa de assassinato contra o juiz. Até hoje não se sabe o desfecho do processo, cuja tramitação em segredo de justiça sequer possibilita saber em que fase o mesmo se encontra.


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Ligações perigosas

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leber Malaquias e a jornalista Maria Aparecida de Oliveira se tornaram as principais testemunhas de acusação contra o ex-prefeito Cristiano Matheus, de Marechal Deodoro, e o juiz Léo Dennisson. Por vários anos titular da única Vara da Comarca do município, o magistrado acabaria afastado por determinação do CNJ, alvo de uma investigação para apurar as suspeitas de venda de sentenças num esquema que beneficiaria o então prefeito e do qual receberia mensalmente a quantia de R$ 50 mil, o que lhe valeu o apelido de “Léo Cinquentinha”. Da mesma forma que Dennisson, que continua afastado, Washington Luiz também foi acusado de manter suspeitas ligações com Cristiano Matheus, seu ex-genro. O ex-prefeito foi casado com a secretária Estadual de Cultura, Mellina Torres Freitas, filha do desembargador. Malaquias e Maria Aparecida depuseram duas vezes, por meio de videoconferência, como testemunhas nos procedimentos instaurados pelo CNJ, a primeira em maio de 2017, no procedimento que apurava a conduta do desembargador. A segunda se deu em outubro de 2018 no âmbito da reclamação disciplinar contra o juiz Léo Dennisson. O empresário morto a tiros na última quartafeira era, aliás, um dos maiores provocadores de processos no Conselho Nacional de Justiça, autor de 13 reclamações contra magistrados alagoanos no

Léo Dennisson, Cristiano Matheus e Washington Luiz: trio foi denunciado por Malaquias, assim como o juiz Galdino Vasconcelos período de 2015 a 2019. Algumas foram arquivadas pela própria Corregedoria Nacional de Justiça após ouvido o Tribunal de Justiça, uma praxe comum para saber se a reclamação merece ou não prosperar. GALDINO E WASHINGTON A reclamação mais recente de Malaquias no CNJ envolve novamente Washington Luiz. Trata-se da Reclamação Disciplinar n° 000710069.2019.2.00.0000, que deu entrada em setembro do ano passado e na qual acusa o desembargador e o juiz Galdino Vasconcelos de perseguição. O processo teve sua primeira movimentação em janeiro último, quando o corregedor Nacional de Justiça substituto Emma-

noel Pereira determinou que o TJ fosse ouvido acerca da denúncia. Pereira é quem conduz os processos que envolvam magistrados alagoanos em função do fato de o titular, Humberto Martins, ser de Alagoas. Em fevereiro último ele recebeu da Corregedoria Geral de Justiça alagoana a informação de que a denúncia envolvendo o juiz Galdino Vasconcelos integra o procedimento administrativo 000008702.2020.8.02.0073 e foi encaminhada para análise do presidente do TJ, Tutmés Airan. Já no caso de Washington Luiz, a CGJ destacou não possuir competência para investigá-lo por se tratar de um desembargador. Desta forma, a apuração deve ficar no âmbito do CNJ.

SEQUESTRO E TORTURA Também em setembro do ano passado Kleber Malaquias usou as redes sociais para denunciar ter sido vítima de sequestro e tortura e apontou como autor um homem que identificou apenas por “Léo” e que seria aliado do prefeito Gilberto Gonçalves, de Rio Largo. Durante quase dois anos Malaquias fez severas críticas à gestão de Gonçalves, a ponto de o prefeito ter entrado com uma ação de injúria contra o empresário em 2017, acusando-o de denegrir sua imagem. O processo, contudo, não prosperou porque, segundo o juiz – Galdino Vasconcelos, então titular da 3ª Vara Criminal de Rio Largo – não foram apresentadas

provas de autoria. Galdino Vasconcelos foi aposentado na semana passada por decisão do Pleno do Tribunal de Justiça. Foram duas punições de aposentadoria compulsória, uma pelo recebimento ilegal de auxílio-moradia durante o período em que foi juiz de Pão de Açúcar e residia em um imóvel cedido pela prefeitura e outra pela revogação da prisão preventiva e soltura injustificada de narcotraficantes que haviam sido presos em flagrante com 620 quilos de maconha. De acordo com amigos, Kleber Malaquias havia se aliado a Gilberto Gonçalves recentemente e trabalhava atualmente como assessor na Prefeitura de Rio Largo, embora seu nome não conste da lista de servidores consultada pelo EXTRA no portal da transparência do Município.


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MAJOR IZIDORO

Vereadores da oposição são acusados de golpe para destituir o presidente da Câmara Salvio Alexandre, conhecido como Chaveiro do Gado, tenta na Justiça reaver o cargo

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ocalizado no Sertão Alagoano, o município de Major Izidoro preserva suas tradições, inclusive na maneira pitoresca de fazer uma política efervescente, marcada por disputas acirradas com nomes de famílias igualmente tradicionais. Neste ano eleitoral, por conta das incertezas no calendário provocadas pela pandemia de coronavírus, o clima na cidade começou a esquentar somente agora e literalmente. Na última terça-feira à tarde um grupo de vereadores que faz oposição à prefeita Santana Mariano (MDB) destituiu das funções o presidente da Câmara Municipal e apoiador da gestora, vereador Salvio Alexandre da Silva, conhecido como “Chaveiro do Gado”. O vereador destituído garante que o objetivo do grupo, autodenominado G7, é tentar afastar a pre-

Prefeita Santana Mariano e o vereador Salvio Alexandre feita do cargo. “O grupo quer usar a presidência da Câmara para benefício próprio, uma vez que o chefe é pré-candidato a prefeito”, afirmou Chaveiro. O vereador já constituiu advogado e tenta na Justiça conseguir um mandado de segurança para garantir seu retorno ao comando do Legislativo. “Na verdade, o meu afastamento sem nenhum motivo e totalmente ilegal, tem um objetivo claro que é atingir a prefeita San-

tana Mariano porque eles [vereadores de oposição] sabem que numa eleição normal não têm a menor chance de derrotar o candidato da prefeita. Então, com um presidente [da Câmara] do lado deles, a ideia é tentar afastar a prefeita do cargo pra facilitar a eleição, uma vez que o atual vice-prefeito [Leopoldo Amaral] também faz parte desse grupo político como pré-candidato a vice-prefeito. Havendo isso, ele assumiria o cargo

Trecho do vídeo em que o presidente da Cãmara denunciou o golpe num suposto afastamento da prefeita”. Santana Mariano considerou a ação dos vereadores da oposição arbitrária e imoral. No dia do ocorrido, a prefeita gravou um vídeo se solidarizando com o vereador Chaveiro e denunciando a ilegalidade do ato. Segundo a prefeita, o grupo de vereadores do G7, que seria encabeçado por Teobaldo Cintra, infringiu a Lei Orgânica do município e o próprio Regimento Interno da Câmara ao realizar uma sessão sem obediência às normas e votar a destituição de Chaveiro. “Absolutamente, o ato cometido não é justo nem legal e a Lei terá de prevalecer nesse caso”, disse. No vídeo, a prefeita se dirigiu à população de Major e pediu que o povo “refletisse sobre o que os vereadores fizeram”. Ela encerrou a gravação deixando como questionamento uma pergunta: “O que eles vão fazer se chegarem à Prefeitura?”. O grupo de oposição ao qual a prefeita faz referência é formado pelos vereadores Teobaldo Cintra, Russor Vitorino, José Morais de Miranda, Manoel Francisco Neto, Marcondes Ramiro, Jivanildo Ramos de Lima e Divânia Alves. A Câmara Municipal de Major Izidoro é composta por 11 vereadores.

O EXTRA tentou fazer contato com os vereadores do G7 e chegou a falar com Marcondes Ramiro para ouvir a versão do grupo, mas o vereador só se prontificou a dar entrevista de forma presencial. A exigência inviabilizou a matéria, já que a direção do jornal adotou desde março o trabalho remoto para evitar o contágio pelo coronavírus, como recomendam as autoridades sanitárias. Chaveiro do Gado explicou que a “manobra” da oposição para destituí-lo do cargo teria começado quando ele recebeu a solicitação para realizar uma sessão extraordinária, já que a Câmara está em recesso regimental, sem citar a pauta a ser discutida como exige o regimento. Antes que o pedido percorresse as comissões da Casa, fosse apreciado em plenário e a data da reunião extraordinária fosse marcada, o grupo do G7 invadiu a Câmara e “fez a sessão com o aval do vice-presidente, José Morais de Miranda, para destituí-lo”. O G7 também teria usado de truculência e obrigado funcionários a abrirem o prédio da Câmara.


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SAÚDE

Santa Casa Câncer Center trata tumor do peritônio com quimioterapia aquecida Procedimento é realizado diretamente no abdome e melhora sobrevida de pacientes

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a última década houve uma grande evolução tanto no diagnóstico quanto no tratamento de casos oncológicos. Recentemente, o Serviço de Oncologia da Santa Casa de Maceió realizou em Alagoas as primeiras cirurgias de citorredução (CRS), cirurgia para retirada do tumor peritoneal, combinada com quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC), uma quimioterapia altamente concentrada e aquecida, administrada diretamente no abdome durante a cirurgia. No final de junho, a equipe multidisciplinar do hospital operou um paciente de 42 anos com câncer no apêndice com comprometimento do peritônio (carcinomatose peritoneal mucinosa). “Quando o paciente descobre que tem uma doença no peritônio, em geral, ela já está em estágio avançado. Então, antes desse tratamento, não havia muito a ser feito. A doença era considerada incurável e apenas passível de cuidados paliativos, pois a quimioterapia feita por meio da veia do braço não chegava em níveis terapêuticos ao peritônio. A combinação de CRS com HIPEC trouxe a esperança de controlar a doença, pois, com essa técnica, de forma racional, passou-se a colocar a quimioterapia diretamente no local afetado, promovendo o controle da doença e melhora da sobrevida desses pa-

Equipe multidisciplinar da Santa Casa de Maceió durante cirurgia de CRS com HIPEC cientes”, explicou o cirurgião oncológico Aldo Barros. O tratamento trouxe uma luz para quem sofre de algumas malignidades da superfície peritoneal, tanto as que iniciaram no próprio peritônio (mesoteliomas), quanto as que surgiram em outros órgãos (apêndice ou ovário) com variante mucinosa (caracterizado pela produção de um líquido espesso pelas células do tumor) e enviaram doença ao peritônio. Apesar de ser realizado por alguns poucos centros do país há mais de 20 anos, ele ainda está em análise do Ministério da Saúde para entrar na lista das cirurgias disponibilizada pelo SUS. A técnica consiste em infundir na cavidade peritoneal uma solução de quimioterapia aquecida a 40-42°C,

por um período de 30 a 90 minutos, após a ressecção de todo o tumor visível. Com o aquecimento, a célula cancerosa remanescente se “abre” e facilita a entrada do fármaco. O procedimento pode induzir alterações fisiológicas e potencialmente patológicas, com implicações para o cuidado perioperatório, representam um considerável desafio ao anestesista e a toda equipe multidisciplinar. Dada a complexidade, essas cirurgias são bem longas, esta última durou 11 horas. O sucesso desta cirurgia depende fundamentalmente da interação da equipe médica/multidisciplinar e estrutura hospitalar. “Esse tipo de procedimento só é possível ser realizado em um local com estrutura física adequada e equipe capacitada e eficiente. A Santa Casa de Maceió disponibiliza esses itens, indispensáveis para a segurança e sucesso da cirurgia, e segue pioneira e exclusiva no Estado na realização desta. Quem necessita desse tipo de tratamento, não precisa mais sair do estado”, disse o especialista. SELEÇÃO DE PACIENTES

Aquecimento faz a célula cancerosa se “abrir” e facilita a entrada da quimioterapia

Obedecer critérios rigorosos de seleção para a citorredução completa é fundamental para alcançar bons resultados. Uma boa saúde de base, sem doença cardiorrespiratória significante, e idade abaixo de 70 anos são condições ideais, mas não indispensáveis. Pacientes com indicação para CRS e HIPEC não devem apresentar progressão de doença durante a quimioterapia pré-operatória, nem doença fora do abdome.


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ESCOLA LIVRE

Lei aprovada em Alagoas será julgada pelo Plenário Virtual do STF Proposta pelo deputado Ricardo Nezinho, ela também é conhecida como Lei da Mordaça MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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uatro anos após ter dado entrada no Supremo Tribunal Federal (STF), uma ação direta de inconstitucionalidade contra a Lei da Escola Livre aprovada pela Assembleia de Legislativa de Alagoas será julgada pelo Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal (STF). O julgamento da lei que foi alvo de acirrado debate em todo o País começa no dia 14 de agosto. O projeto que deu origem à lei é de autoria do deputado Ricardo Nezinho (MDB), foi vetado pelo governador Renan Filho, mas o veto foi derrubado pelos parlamentares. Vale ressaltar que a lei que instituiu o programa Escola Livre em Alagoas foi promulgada em 2016 após ter sido aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa, mas não está em vigor devido liminar do relator da ação no STF, ministro Luís Barroso. Na verdade, são duas ações diretas de inconstitucionalidade -ADI 5537 e ADI 5580 - que foram juntadas em uma só. Em março de 2017, Luís Barroso suspendeu a lei

que proibia professores da rede pública de Alagoas de opinarem sobre diversos temas em sala de aula e determinava que os docentes mantivessem neutralidade política, ideológica e religiosa. O ministro atendeu a um pedido de liminar feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino, que entrou no STF com uma ação direta de inconstitucionalidade contra a lei. De acordo informações da Agência Brasil, em sua decisão Barroso entendeu que os parlamentares estaduais não poderiam legislar sobre a organização do ensino, atribuição exclusiva da União, de acordo com a Constituição. “O estado não pode sequer pretender complementar tal norma”, disse o ministro. A lei alagoana foi rejeitada, também, pelo Ministério da Educação que, através da Advocacia-Geral da União, se manifestou contra. “O cerceamento do exercício docente, portanto, fere a Constituição brasileira ao restringir o papel do professor, estabelecer censura de determinados conteúdos e materiais didáticos, além de proibir o livre debate no

LIBERDADE X MORDAÇA

ambiente escolar”, disse o MEC em nota. À época, o então ministro da Educação do governo Dilma Rousself, Aloizio Mercadante, viu com preocupação a legislação aprovada em Alagoas. Para ele, não se deve impedir o docente de ter opinião. “O que temos de buscar é uma formação que assegure aos professores a pluralidade das ideias e visões de mundo a partir do princípio da liberdade”, afirmou. E sinalizou que um professor, ao abordar o preconceito e trabalhar o desenvolvimento de uma cultura de paz e o respeito e tolerância em sala de aula, cumpre os objetivos fundamentais da Constituição Federal, que pretende garantir um Brasil sem discriminação.

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pelidada de Lei da Mordaça, a Lei nº 7.800, de maio de 2016, também tem seus defensores. Para eles, a lei procura atuar na defesa a “neutralidade” ideológica, política e religiosa dos professores. Para outros, ela fere os princípios sobre os quais está alicerçada a institucionalidade democrática brasileira e interfere decisivamente na construção da reflexão crítica e no processo de ensino-aprendizagem das escolas, limitando a potencialidade transformadora da educação. A lei que criou o programa Escola Livre prevê a vedação, em sala de aula, no âmbito do ensino regular no Estado de Alagoas, da prática de doutrinação política e ideológica, bem como quaisquer outras condutas por parte do corpo docente ou da administração escolar que imponham ou induzam aos alunos opiniões político-partidárias, religiosa ou filosófica. Também determina que o professor “não abusará” da

inexperiência, da falta de conhecimento ou da imaturidade dos alunos com o objetivo de cooptá-los para qualquer tipo de corrente específica de religião, ideologia ou político-partidária; não favorecerá nem prejudicará aos alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas; e não fará propaganda religiosa, ideológica ou político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos ou passeatas. Segundo o autor da proposição que deu origem à norma, a liberdade de aprender compreende o direito a que o conhecimento transmitido pelos ensinadores não seja manipulado para fins políticos e ideológicos. Ele entende que “nem o governo, nem a escola, nem os professores têm o direito de usar das disciplinas obrigatórias [...] para tratar de conteúdos morais que não tenham sido previamente aprovados pelos pais dos alunos”.


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BAIRROS AFUNDANDO

CPRM critica medidas adotadas pela Braskem e Defesa Civil Associação dos Empreendedores do Pinheiro obteve nota técnica através da LAI DA REDAÇÃO

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omente na última terçafeira (14), após três meses de sua conclusão, o último Informe Técnico da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) chegou ao conhecimento da população por meio da Associação dos Empreendedores do Pinheiro, que obteve o documento através da Lei de Acesso à Informação. O documento, de abril deste ano, é o levantamento mais atualizado sobre o afundamento do solo em vários bairros de Maceió provocado pela mineração realizada pela empresa mineradora Braskem. A CPRM, que abriga o Serviço Geológico do Brasil, apontou que as medidas tomadas pela Defesa Civil e a Braskem não são suficientes para garantir a segurança dos moradores dos bairros atingidos pelo afundamento do solo em Maceió. O bairro de Bebedouro, um dos mais afetados pelo desastre ambiental provocado pela empresa subsidiária da Odebrecht, segue sem uma definição sobre a evacuação das residências. A CPRM concluiu em seu último estudo, finalizado em abril, que a instabilidade do solo da região tem se agravado e que as medidas tomadas pelo poder público e pela mineradora não estão sendo eficazes. “Ressalta-se que a situação da instabilidade do terreno vem se agravando, sendo necessário o cumprimento dos termos de

cooperação e a implementação de todas as medidas de monitoramento previamente estabelecidas no PAI [Plano de Ação Integrada]. Considera-se, portanto que as medidas tomadas até o momento não são capazes de eliminar o risco à população e a infraestrutura”, disse a CPRM em nota. O presidente da Associação dos Empreendedores do Pinheiro, Alexandre Sampaio, lamentou a postura da Braskem e das autoridades públicas, que - segundo ele - não estão priorizando a vida e a segurança de moradores e trabalhadores da região. “A minha avaliação sobre essa nota técnica é de que fica claro que todas as medidas da Defesa Civil e da Braskem não defendem e não priorizam a vida e a segurança dos moradores e dos próprios trabalhadores terceirizados da Braskem neste processo, o que torna ainda mais necessária a agilidade no processo de indenização e evacuação. Há somente uma forma de preservar a vida das pessoas, que é a evacuação com indenização imediata. Do contrário é expor e fazer roleta russa com a vida das pessoas. Quando a nota diz que nenhuma medida foi adotada de cautela adicional, significa que os órgãos públicos sabem do risco, sabem que não há nenhum processo capaz de evitar os riscos e mesmo assim mantêm os moradores”, afirmou. Sampaio criticou a falta

Israel Lessa viu o muro da sua residência cair de transparência das autoridades públicas por não terem divulgado o informe técnico anteriormente. O presidente da associação ressaltou que a CPRM concluiu que as medidas adotadas pela mineradora são inadequadas. “Como presidente, ao analisar a segunda nota técnica que mais uma vez não foi publicizada pelas autoridades de Alagoas, chegamos à conclusão de que há um descompasso entre as recomendações técnicas e as medidas adotadas pela Braskem e Defesa Civil, sendo elas validadas pelos Ministérios Público Estadual e Federal e Defensoria Pública. Ou seja, na prática, o acordo não está conseguindo ter mecanismos de garantia de segurança. Eles defendem o acordo, mas este é um instrumento de protelação, pois há uma série de residências correndo riscos e mesmo assim os moradores estão demorando em até quatro meses para o primeiro agendamento de remoção. Que prioridade é essa?”, questionou Sampaio.

Sampaio diz que é preciso priorizar a vida

O advogado e morador do bairro de Bebedouro, Israel Lessa, afirmou que os residentes estão abandonando as casas com medo de um desastre que pode ocorrer a qualquer momento. “As autoridades estão sendo negligentes. Não é de agora que a CPRM vem alertando para o fortalecimento do monitoramento do solo. As evidências que temos na área são claríssimas. Tenho andado e fotografado várias residências pelo bairro de Bebedouro. O medo toma conta da população e pessoas estão abandonando suas casas com medo de serem pegas de surpresa. O muro da minha casa caiu há 15 dias e até este momento nunca recebemos ligações da Braskem e nem da Defesa Civil. Isso foi divulgado e nenhuma autoridade nos procurou para saber como estava a família. É um descaso a forma como estão agindo com a população de Bebedouro”, disse. “Essa nota técnica é a segunda. A primeira já havia alertado a interdição do VLT e determinou que o bairro de Bebedouro

fosse inserido na área de criticidade 00, que é de evacuação imediata. Nós procuramos saber qual a justificativa para deixar o bairro de fora, haja vista as rachaduras na maioria das residências. Faz medo a pessoa residir em um local como esse com todas essas evidências. A gente está vivendo a pandemia e a ordem é de ficar em casa. Mas não temos como ficar em casa com este medo de uma iminente catástrofe”, acrescentou. E, concluiu: “Nós estamos nas mãos de autoridades que não estão levando em conta a gravidade relatada nos laudos técnicos da CPRM, que diz que a rede sismográfica é deficitária e que a coleta de interpretação de dados é bastante prejudicada. A CPRM diz que não há recursos para instalação de equipamentos adequados. Isso é uma piada! Estamos falando de uma empresa bilionária que sugou o sangue, o suor e a vida dos moradores da região afetada durante 40 anos. O pior de tudo isso é o silêncio das autoridades”.


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BAIRROS AFUNDANDO

Mais de 1.900 imóveis são incluídos em acordo de desocupação Aditivo acrescenta todos os imóveis de criticidade 00 do novo mapa da Defesa Civil ASSESSORIA

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Termo de Acordo assinado entre o Ministério Público Estadual de Alagoas, a Defensoria Pública de Alagoas, o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública da União e a Braskem, em janeiro, acaba de receber um aditivo que amplia a área que receberá os apoios à desocupação nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto. Essa ampliação considera a inclusão de 1.918 imóveis localizados na área de criticidade 00 do novo mapa da Defesa Civil, que passa a integrar o acordo. Do total de imóveis, 1.485 estão nos bairros do Pinheiro e Bebedouro, 120 no Mutange e 313 no Bom Parto. Com isso, toda a área de criticidade 00 do novo mapa da Defesa Civil passa a fazer parte do acordo e contará com o atendimento no Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação. O cronograma de ingresso dos moradores dessa nova área no Programa está em discussão com as autoridades e será divulgado nos próximos dias. O aditivo também estabelece que os custos de desocupação da área ampliada e indenização dos moradores serão arcados pela Braskem, como já vem sendo feito. As

demais cláusulas do Termo de Acordo permanecem inalteradas. O aditivo será submetido agora à homologação judicial na 3ª Vara Federal de Alagoas, e entrará imediatamente em vigor. O acordo de janeiro estabeleceu a desocupação de cerca de 4.500 imóveis das áreas de resguardo (em torno dos poços de sal da Braskem) e de criticidade 00 do mapa da Defesa Civil de junho de 2019 Na primeira etapa, encerrada em 1º de abril, 2.217 famílias das zonas A e B do mapa de desocupação foram realocadas, recebendo auxílio financeiro de R$ 5 mil reais e auxílio aluguel de R$ 1 mil mensais. Atualmente, moradores das zonas C e D estão ingressando no Programa. Mesmo com o fechamento temporário da Central do Morador criada exclusivamente para essa finalidade, como medida de prevenção ao coronavírus, o atendimento segue sendo feito à distância e o programa prossegue normalmente. Outras 1.739 famílias foram migradas do aluguel social pago pelo Governo Federal para o Programa da Braskem, passando também a receber o auxílio aluguel e as mudanças das áreas de risco já somam 2.618 famílias. Até agora, 721 propostas de compensação financeira foram aceitas. Todos os indicadores são permanentemente apresentados às autoridades, que acompanham de perto o andamento do programa.

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ENERGIA

Alagoas tem a menor redução no consumo desde o início da pandemia Em todo o País, a queda foi de 4,6%, enquanto no estado ficou em 0,8% SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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omo reflexo dos impactos das medidas de isolamento social para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus, em Alagoas o consumo de energia elétrica recuou 0,8% em junho de 2020 comparando com igual período de 2019, passando de 512,1 MW médios para 507,9 MW médios, de acordo com informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Essa foi a menor redução desde o início do isolamento social em março, o que pode

indicar uma possível retomada da demanda usual, com a flexibilização das medidas de isolamento. O levantamento aponta que a média de todo o período das medidas de restrições por conta da pandemia até agora (21 de março a 30 de junho), se comparada com o mesmo período de 2019, apresenta uma queda de 6% no consumo de energia. De acordo com a Câmara, passando de 567,2 MW para 531 MW médios em 2020. Em âmbito nacional, o estado que mais recuou neste período de isolamento foi o Rio de Janeiro com 15%, seguido pelo Espírito Santo,

com uma queda de 13% e Bahia com 11%. Três estados tiveram alta neste período: o Amapá (3%) e Maranhão (1%) e o Pará, com 5%. As diminuições do consumo de energia nos estados foram pelo impacto das medidas governamentais de contenção da doença, mas agora com a retomada gradual da economia, a situação deve se normalizar. Segundo a CCEE, o consumo de energia no mercado cativo (distribuidoras) recuou 14,1% assim que houve a determinação das medidas restritivas. Essa comparação foi a média de 20 dias anteriores ao isolamento, com o período de medidas restritivas até 30 de junho. Em todo o país houve retração média de 4,6% em

junho na comparação com o mesmo mês no ano passado. A câmara, que é responsável por viabilizar e gerenciar a comercialização de energia elétrica no país, apontou ainda que o segmento em Alagoas que registrou a maior queda no consumo de energia foi o de madeira, papel e celulose que faz parte do Ambiente de Contratação Livre (ACL). DIVISÃO DA ENERGIA O mercado de energia no Brasil está dividido em ACR (Ambiente de Contratação Regulada) onde estão os consumidores cativos, e ACL (Ambiente de Contratação Livre) formado pelos consumidores livres. Os consumidores cativos são aqueles que compram

a energia das concessionárias de distribuição às quais estão ligados. Cada unidade consumidora paga apenas uma fatura de energia por mês, incluindo o serviço de distribuição e a geração da energia, e as tarifas são reguladas pelo governo. Os consumidores livres compram energia diretamente dos geradores ou comercializadores, através de contratos bilaterais com condições livremente negociadas, como preço, prazo, volume, etc. Cada unidade consumidora paga uma fatura referente ao serviço de distribuição para a concessionária local (tarifa regulada) e uma ou mais faturas referentes à compra da energia (preço negociado de contrato).


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ECONOMIA EM TEMPOS DE COVID-19

Alagoas registra 43% de aumento na renegociação de dívidas Plataforma ajuda consumidor a negociar descontos com bancos e empresas ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão

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pandemia do covid-19 introduziu uma crise econômica que tem assustado não só o Brasil, mas também várias partes do mundo. Com a possível recessão global batendo à porta, milhares de pessoas veem a renegociação de dívidas como uma forma de amenizar os impactos na vida financeira. A QuiteJá, plataforma que trabalha 100% digital na recuperação de crédito, registrou que em Alagoas houve um aumento de 43% em números de acordos realizados nos últimos dois meses. ‘’O resultado para Alagoas é muito positivo. Março, como foi o primeiro mês de impacto do coronavírus, as pessoas ficaram mais capitalizadas e seguraram um pouco a mão em relação a negócios. Já no mês de abril teve um aumento e aquela parcela da população que não foi tão impactada pela pandemia viu como uma oportunidade de renegociar seus débitos e aproveitou. Como os descontos, de forma geral, que o mercado tem utilizado são mais agressivos, aquelas pessoas que de alguma forma têm capacidade de desembolso aproveitaram a oportunidade. Então, assim, tende a apresentar uma curva de aquecimento da economia muito positiva para o estado’’, explicou o CEO da startup, Luiz Henrique Garcia. Em Alagoas no mês de março foram realizados 155

acordos, já em abril houve um aumento para 222 acordos. O próximo levantamento de dados da empresa tem previsão para acontecer no mês de agosto e deve mostrar um crescimento girando em torno de 85 a 90 milhões de CPFs inadimplentes no Brasil. Segundo Garcia é difícil mensurar qual o tamanho de inadimplentes em Alagoas, porém o estado tem apresentado de uma forma bem positiva uma curva de renegociação. “No momento, o estado alagoano apresenta uma curva de desenvolvimento mais aquecida do que o resto do país. Ou seja, tende a uma recuperação um pouco mais acelerada. Se você pegar as médias por estado, hoje, Alagoas está no top 10 com maiores índices de crescimento. É um momento delicado, ainda não é melhor do que fevereiro, mas mostra uma curva de crescimento bem acentuada’’, pontuou. A inadimplência é um movimento cíclico, no qual os brasileiros passarão por altos e baixos até que chegue o momento em que ganhe uma determinada estabilidade. “A situação econômica do país ainda é delicada, a tendência é que você ganhe mais espaço e aumente esse percentual. Ou seja, mais pessoas estão renegociando dívidas, o que será muito positivo. Depois que gerar um certo equilíbrio, aí sim vai fazer sentido você manter uma taxa mais estável’’, explicou o CEO.

Plataforma 100% digital ajuda na recuperação do crédito

De acordo com dados da Confederação Nacional de Comércio (CNC), a taxa de endividamento entre brasileiros chegou a 66,5%. Dentre as principais dívidas, estão as de cartão de crédito, cheque especial, crédito pessoal, consignado e financiamento de carros e imóveis. Conforme o CEO da plataforma, mesmo vivendo um momento de crise e com o quadro econômico frágil, a época é adequada para renegociar dívidas e manter o nome limpo na praça. “Posso afirmar que o momento é o ideal para negociar, talvez seja o melhor dos últimos anos. Com estes índices de forma geral, praticamente todos os bancos ou redes varejistas estão com excelentes opções e ofertas de desconto, prazos para pagamento e taxas de juros favoráveis”, declarou. A QuiteJá traz as ofertas de flexibilização para o pagamento, além de facilidades para entrada e prestação a prazo. A empresa se aproxima da faixa de 2 milhões de boletos pagos, com uma média mensal de 110 mil boletos quitados.

NÚMEROS

Luiz Henrique Garcia, CEO da QuiteJá

- Acordos pagos pela QuiteJá: 600 mil - Valor aproximado recebido e repassado aos credores: R$ 220 milhões, dos quais mais de R$ 55 milhões só nos 4 primeiros meses de 2020 - Média de boletos pagos por mês: 110 mil boletos - Desconto concedido aos usuários: R$ 1,2 bilhão


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ITAÚ SOCIAL

Inscrições para novos projetos terminam hoje Em Alagoas, organizações já receberam R$ 1,3 milhão em ações que atendem mais de mil crianças e adolescentes ASSESSORIA

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m Alagoas, oito ações sociais receberam R$ 1.348.120,50 para financiar ações voltadas à melhoria das condições de vida e à garantia dos direitos de mais de mil crianças e adolescentes. Os projetos foram selecionados em 2019 pelo Edital Fundos da Infância e da Adolescência (Edital FIA), realizado pelo Itaú Social, para serem apoiados com recursos da destinação do imposto de renda devido pelo Conglomerado Itaú Unibanco. As inscrições para a edição 2020 do Edital se encerram nesta sexta, 17, e podem ser realizadas pelos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCAs) de todo o país, gestores dos fundos, no site editalfia.prosas.com.br. Na edição 2020 do Edital, os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) podem também inscrever propostas que contribuam para a garantia de direitos diante dos desafios impostos pela pandemia do

novo coronavírus. A partir de um olhar para as principais necessidades locais, podem ser inscritos projetos que ofereçam informações, orientações e recursos que contribuam para prevenção e/ou melhoria das condições de vida, saúde e bem-estar de crianças, adolescentes e famílias afetadas pela pandemia. “O Itaú Social realiza o edital todos os anos, uma oportunidade que ajuda a fortalecer a sociedade civil no trabalho pela garantia de direitos. Esses recursos serão ainda mais relevantes diante dos impactos causados pela pandemia de Covid-19, que acentuará as desigualdades sociais e educacionais, que já são graves no país”, avalia Milena Duarte, coordenadora de Fomento do Itaú Social. PROJETOS APOIADOS No município de Anadia, interior de Alagoas, o Instituto Girassol criou o projeto Diagnóstico Situacional da Criança e do Adolescente de Anadia, que recebeu R$ 130.778,00 para diagnóstico sobre a situação da infância e da adolescência na cidade.

Projeto Novo Horizonte, em São Miguel dos Campos, foi contemplado no edital de 2018

MAIS DE 100 CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DE MAUS TRATOS DOMÉSTICOS E TRABALHO INFANTIL SÃO ATENDIDAS POR MEIO DA OFERTA DE OFICINAS DE MÚSICA, ESPORTE, ARTE, INFORMÁTICA, LEITURA E ESCRITA, NO MUNICÍPIO DE DELMIRO GOUVEIA.

O projeto consiste na realização de um mapeamento dos problemas e violações que atingem esse público e que fundamente a elaboração de um plano para viabilizar e orientar a implantação e o aprimoramento dos serviços e programas locais voltados à promoção dos direitos das crianças e adolescentes. Já em Campo Alegre, o projeto CoMviver utiliza R$ 220.350,00 no atendimento de cerca de 300 crianças e adolescentes nos Serviços

de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do município, com prioridade para as que já vivenciaram situações de trabalho infantil, violência sexual ou negligência familiar. O público tem acesso a oficinas de dança, teatro, música e esporte e os pais recebem apoio e orientações para o fortalecimento dos vínculos de convivência familiar. Na cidade de Capela, a 62 quilômetros de Maceió, o projeto Meninos de Ouro atende cerca de 120 crian-


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Mais de 130 crianças e adolescentes participam do Dentro do Jogo, em Maragogi, um dos projetos selecionados no ano passado ças e adolescentes que sofrem maus tratos no ambiente familiar, revelados em estudo diagnóstico realizado no município. O público recebe atendimento psicossocial personalizado para reparação de danos sofridos, tem acesso a oficinas de esporte em diversas modalidades e é acompanhado em seu desenvolvimento escolar. No total, R$ 187.750,00 em recursos foram repassados ao projeto. Mais de 100 crianças e adolescentes vítimas de maus tratos domésticos e trabalho infantil são atendidas por meio da oferta de oficinas de música, esporte, arte, informática, leitura e escrita, no município de Delmiro Gouveia. O Programa de Atendimento a Vítimas de Exclusão Escolar: Conhecer para Crescer, executado pela Paróquia Nossa Senhora do Rosário, objetiva melhorar o desempenho escolar do público alvo e reduzir as tendências de reprovação e abandono escolar. No total, R$ 167.480,00 em recursos foram repassados ao programa. Em Maragogi, o projeto Dentro do Jogo recebeu R$ 189.252,00 para atender cerca de 130 crianças e adolescentes

vítimas de violências e residentes em regiões vulneráveis da periferia do município, por meio de oficinas de esporte educacional, lazer e formação sobre direitos humanos. No Sertão de Alagoas, o Pé na Bola de Olho na Escola recebeu R$ 175.150,00 para atender 350 crianças e adolescentes, do município de Olho d’Água das Flores, em situação de vulnerabilidade social e em risco de evasão escolar, por meio de oficinas educativas de leitura, inclusão digital e esportes. Por outro lado, em São Miguel dos Campos, a Secretaria Municipal da Infância da Juventude e da Promoção Paz coordena o MCI - Medidas de Cidadania, projeto que beneficia cerca de 50 adolescentes com histórico de envolvimento em atos infracionais, que residem em comunidades com altos índices de violência. Os recursos passados ao projeto somam R$ 105.580,00 e foram investidos em um plano de atendimento individual de cada adolescente, considerando suas necessidades pessoais. Eles têm acesso a cursos profissionalizantes nas áreas de panificação, confeita-

ria, alvenaria, pintura e eletricidade. Em 2018, um outro projeto foi selecionado em São Miguel dos Campos, o Novo Horizonte. Além da prevenção de maus tratos, a iniciativa promove a inclusão social de adolescentes em conflito com a lei. Ao todo, são beneficiados 100 crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, por meio de atendimento psicológico e social individualizado e em grupo, oficinas esportivas e culturais (teatro, música e dança). Aos adolescentes que estão cumprindo medida socioeducativa são oferecidos também cursos de qualificação profissional. Em Teotônio Vilela, o projeto Semente do Futuro oferece apoio a cerca de 120 crianças e adolescentes com histórico de violências domésticas e que se encontram com baixa frequência ou em risco de evasão escolar. As crianças recebem atendimento psicológico individualizado e participam de oficinas de canto, violão, teatro, inclusão digital e esporte. No total, R$ 171.780,00 em recursos foram repassados para a iniciativa.

DESTINAÇÃO DE RECURSOS AOS FUNDOS Muitas pessoas não sabem, mas todo contribuinte (indivíduo ou empresa) pode destinar parte do Imposto de Renda devido aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, cujos recursos são utilizados para financiar iniciativas que garantam os direitos do público infantojuvenil e melhoria de suas condições de vida. A possibilidade foi criada há mais de 25 anos no âmbito do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei Federal 8069/1990). A gestão dos fundos é feita pelos Conselhos dos Direitos da Criança e da Adolescência. São órgãos paritários, com representantes governamentais e da sociedade civil, que desenvolvem um plano de ação para aplicação dos recursos em iniciativas/ organizações sociais conforme as necessidades identificadas a partir de diagnóstico local.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Frescobol e o ego

Tudo Quando se recusa a partilhar alguma coisa, corre-se o risco de perder tudo”.

E

m comemoração ao Dia do Frescobol – 10 de julho – vou fazer uma breve análise do que representa esse esporte para a saúde mental das pessoas. Criado no Rio de Janeiro, em Copacabana, na década de 50, pelo arquiteto Caio Rubens Romero Lyra, o Frescobol é um esporte que tem uma “filosofia” contrária a todos os esportes que conhecemos, ou seja, não existe perdedor. Em todos os outros tem que existir um ganhador e um perdedor, seja um único atleta ou uma equipe. Ser competitivo é a “filosofia” que é introduzida especialmente nos esportes e, também, no meio laboral, além de todos os setores do convívio social, ou seja, de que é preciso ser competitivo para ter sucesso na vida. Será preciso? Até mesmo nos grupos de “amigos” muitos membros buscam, de várias maneiras, o holofote para si, ou seja, quer ser o mais inteligente, o mais

Frescobol e ‘zap’ Nos grupos de WhatsApp quando se discute algo, sempre tem alguns membros do grupo que querem ser melhores do que os outros. Ganhar notoriedade, saber de tudo, ganhar a conversa, pela inteligência, pelo conhecimento apresentado, enfim. No ambiente escolar, desde a alfabetização até faculdade a competitividade também é uma “filosofia” empregada. Desde cedo as crianças são induzidas a ganhar do coleguinha, ser melhor do que o outro.

Frescobol e Damas Nos jogos, até para se divertir, como é o caso do Jogo de Damas, tem sempre um perdedor. Ou seja, num simples divertimento tem sempre um que vai perder. Precisa mesmo que alguém ganhe e outro perca, até para se divertir? Toda essa “filosofia” – competitividade – que foi e ainda está sendo incitada nas cabeças das pessoas, expressa que somente os competitivos terão sucesso na vida. Será?

Frescobol: 2

(Desmond Tutu)

mulherengo, o mais criativo, enfim. No ambiente laboral, os colegas de trabalho “brigam” entre si para ser o melhor vendedor, o mais inteligente, às vezes para agradar o chefe e aí ganhar um aumento salarial, enfim.

Durante toda a vida de uma pessoa, claro, vão existir ganhos e perdas. Mas isso é algo natural. A competitividade deve ser instigada às pessoas; para quê? Quem disse que é preciso de um perdedor para que outro tenha sucesso, ou satisfação? Muitos têm, sim bastante prazer em derrotar o outro. Pois bem, o Frescobol é um esporte que tem, no mínimo, dois jogadores e o objetivo final do jogo é que os dois consigam passar o maior tempo possível jogando a bola um para outro, cada um com uma raquete. Ou seja, não vai haver perdedor. A “filosofia” é contrária: os dois ganham.

Frescobol e a derrota

E o que tem tudo isso a ver com saúde mental da pessoa? Tudo. Fazendo um breve paralelo com o Tênis de Mesa, em que as regras podem ser também com dois jogadores, o que se percebe é que nele um jogador tem que, necessariamente, derrotar o outro para ganhar. Essa é a “filosofia”. Enquanto que no Frescobol o jogo é colaborativo e os jogadores são parceiros e se distingue por ser colaborativo, enquanto o Tênis de Mesa é competitivo.

Esse comportamento remete numa situação do Ego da pessoa de que ela é melhor do que outra ou outros, ou seja, apresenta sinais de vários transtorno mentais, os quais podem, durante a vida, ser um empecilho para que haja uma verdadeira harmonia entre o que a pessoa é, realmente, e o que ela pensa que é. Concluindo, a “filosofia” da competitividade está ficando obsoleta. Estudos recentes indicam que onde existe colaboração, seja em qualquer área da vida de uma pessoa, seja na família, trabalho e nos relacionamentos sociais, a probabilidade de a pessoa ser feliz é maior.

Frescobol e a nova “filosofia” Portanto, que tal começar a ter uma nova “filosofia”, afinal de contas, a PANDEMIA DA COVID-19 está mudando os conceitos humanos. Porque não adotar a “filosofia” do Frescobol, isto é, que todos, todos possam ganhar, seja em qualquer área da vida: familiar, social, ou laborativa?

Nada demais Não consegue “jogar na vida” sem, necessariamente, derrotar o outro? Precisa, mesmo, derrotar? Isso incomoda? Então não é nada demais procurar um psicólogo.

Frescobol e o prazer Não vou aqui destacar o que representa cada modalidade, haja vista que o Tênis de Mesa é um esporte olímpico, enquanto que o Frescobol é um jogo para se divertir, embora ambos tenham similaridades. O importante aqui é analisar que as relações sociais, sejam elas quais forem, estão cheias da “filosofia” competitiva. As pessoas chegam a ter prazer em derrotar o outro, em se sentir superior (e até dizer, às vezes direta e às vezes indiretamente), ou seja, que sabe mais do que o outro; em acreditar ou insinuar que é mais inteligente do que o outro, enfim.

Frescobol e os sinais ...

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@uol.com.br Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Juiz não é pop star

PARA REFLETIR:

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onvivi muito tempo com um magistrado, daqueles que hoje quase não mais existem, meu sogro e primo, desembargador Luís Oliveira Sousa, que entre muitas lições sempre fazia duas afirmações: “Juiz que der sinais de riqueza, sem ter herdado merece ser investigado e juiz não é artista nem jogador para dar entrevista sobre processos ou decisões, suas falas devem estar apenas nos autos”. Ocupou o mais alto posto da Magistratura alagoana, como presidente do Tribunal de Justiça, sempre avesso a entrevistas e exposições desnecessárias. No ambiente institucional da harmonia dos poderes e pela deferência de Divaldo Suruagy, chegou a ocupar por alguns dias o cargo de governador. Cercado de jornalistas falou apenas de sua honra em colocar na sua história que governou Alagoas por cinco dias. Nada mais a acrescentar a não ser cumprir a liturgia do cargo e despachar uma agenda mínima que o titular deixou. Não tinha, nem queria ter vocação para a política, mas havia naquele dia em sua agenda a audiência com uma senhora, pobre residente na periferia de Maceió. A secretária do Gabinete Civil, sua amiga Marlene

Lanverly (que nos deixou há poucos dias), preocupada com a condução dessa audiência foi lá para ajudar. Ao entrar no gabinete deparou-se com o seguinte quadro: a mulher se acabando de chorar e o governador-interino também. Assustada perguntou do que se tratava e ele falou que a senhora havia pedido uma casa da Cohab para morar e ele havia dito que não tinha poderes para isso. De imediato Marlene falou: “Pode sim governador, pode assegurar que a casa está garantida”. A senhora ganhou a casa e quanto a ele acho que considerou o mais importante ato do seu “governo”. Hoje ao assistir o desfile ridículo de magistrados midiáticos, ávidos por serem notícia, alguns falando demais e muitos envolvidos em atos de corrupções, lembro-me das lições de dignidade e humildade que recebi de alguém que foi exemplo do bom juiz.

Enviado de Deus?

Quando Chico não é Francisco O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu conceder prisão domiciliar ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB). A decisão foi tomada no fim da noite de terça-feira pelo ministro presidente da Corte, Dias Toffoli. A defesa diz que o motivo do pedido foi o estado de saúde de Geddel. O ex-ministro tem 61 anos e é hipertenso. Por isso, estaria no grupo mais vulnerável à pandemia de covid-19. O teste de Geddel deu positivo para a doença. Mas a contraprova deu negativo. Mesmo assim a decisão foi mantida. Só para lembrar: Geddel é aquele em cujo apartamento a Polícia Federal encontrou malas com R$ 51 milhões roubados do dinheiro público. “Como se sabe, zelar pela segurança pessoal, física e psíquica dos detentos, constitui dever inafastável do Estado”, escreveu Toffoli na decisão. Já o também ex-deputado Nelson Meurer não teve essa sorte. O mesmo Supremo que protegeu Geddel, não concedeu a ele o benefício. Ressalte-se: contraiu a doença na Penitenciária, teve o diagnóstico confirmado, tinha 77 anos, sofria de comorbidades acentuadas como diabetes, cardiopatia e problemas renais graves. O mesmo faleceu na prisão. O ministro Edson Fachin veio a público apresentar os pêsames e pedir desculpas à família. Tarde demais.

O mico do governador A notícia repercutiu em Brasília, principalmente no Palácio do Planalto e no Congresso, com direito até a comemoração. Com a determinação do presidente em “tolerância zero” com o governador de Alagoas, a ordem foi cumprida à risca. Na inauguração de obras do governo federal no interior foi retirado da placa comemorativa o nome de Renan Filho propositalmente. Até o prefeito da cidade teve direito à honraria. Na ocasião também muitos risinhos disfarçados, de políticos que fazem oposição ao governo local. Renan não passou recibo, mas intimamente sabe-se que foi grande o constrangimento. O ministro Rogério Marinho, que visitava Alagoas, se esmerou em atenções ao prefeito Rui Palmeira (também por recomendação de Brasília) e com o governador apenas o tratamento institucional. Para quem tem a vaidade como uma de suas marcas, deve ter se sentido “ferido de morte”. Eu acho é pouco.

Diante do aumento da pressão das Forças Armadas para tentar se dissociar da gestão de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro divulgou uma mensagem em que defende o general e rebate as críticas de que existe uma militarização excessiva da pasta. Segundo Bolsonaro, Pazuello é um “predestinado” e motivo de orgulho para o Exército. O texto do presidente foi publicado em meio à crise aberta com as declarações do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para quem o Exército, ao ocupar postos-chave na Saúde em meio à pandemia do coronavírus, está se associando a um genocídio. “Quis o destino que o general Pazuello assumisse a interinidade da Saúde em maio último. Com 5.500 servidores no ministério, general levou consigo apenas 15 militares para a pasta. Grupo esse que já o acompanhava desde antes das Olimpíadas do Rio”, afirmou Bolsonaro.

Rui Palmeira prestigiado O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, trouxe boas novas para a administração do prefeito Rui Palmeira e seu projeto de uma “Nova Maceió”. A retomada das obras do Residencial Vilas do Mundaú, no bairro do Vergel do Lago, que beneficiará 1.776 famílias com unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida, além de outros investimentos do governo federal. Rui Palmeira destacou a novidade que beneficiará moradores da orla lagunar. “Ficamos muito felizes com a visita do ministro Rogério Marinho, que trouxe boas novas para Maceió. Foram várias ações positivas aqui na nossa cidade, e a gente agradece, mais uma vez, ao presidente Jair Bolsonaro”. Ao contrário do governador, o prefeito é bem visto em Brasília.

Os juízes decidem com base em suas próprias satisfações e ouvem com parcialidade, rendendo-se aos contendores em vez de julgá-los” (Aristóteles)

Collor em ação O senador Fernando Collor tem se revelado a figura mais importante da bancada alagoana no Senado. Sua aceitação junto aos prefeitos do interior é estratégica e certamente lhe trará bons resultados na disputa pela vaga em 2022. Conhece da política como poucos, transita em todos os setores e tem proximidade muito estreita com a imprensa. Sempre muito cordato, é um senador com prestígio no Congresso Nacional e visto com simpatia no Palácio do Planalto. Pelo andar do “cortejo” é bom que o governador Renan Filho repense uma candidatura a deputado federal, pois ao que parece a cadeira do Senado permanece com o titular. Eu aposto.

CURTAS

O governador Renan Filho terá adversários fortes caso seja candidato em 2022. Sindicatos, entidades de classes e o funcionalismo público, que ele despreza, não o perdoarão. No governo do Estado dois secretários se destacam e fazem a diferença. Maurício Quintella (Infraestrutura) e Rafael Brito (Desenvolvimento Econômico e Turismo). O resto é “bijuteria”.


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Ranking incestuoso

ELIAS FRAGOSO n Economista

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brasileiro infelizmente foi “amestrado” pelos políticos para receber com raro estoicismo e paciência as desculpas mais esfarrapadas possíveis para que eles não façam o prometido em campanha e o esperado pelos cidadãos que neles acreditaram. Acontece que é preciso de uma vez por todas que o eleitor entenda – e daí não vote neste tipo de gente – que eles lá estão para, na seguinte ordem de prioridades, realizar o seu “trabalho”: foco total nos seus interesses pessoais sejam eles políticos (o que seria justo) ou

financeiros (neste caso, com corrupção, o que o leitor já está careca de saber). Em segundo lugar, eles lá estão para atender aos diversos lobbies que varejam em qualquer casa legislativa em defesa dos seus interesses (que quase nunca são os da Nação) e por eles são regiamente “remunerados” por dentro (em forma de doação legal) ou por fora (corrupção mesmo). Em terceiro lugar no ranking de prioridades do político “eleito pelo povo” (quer dizer com o voto comprado a peso de ouro, dinheiro este furtado dos governos ou por ele oferecido sob as mais diversas formas), está a infame pauta da defesa do Estado voraz, ladrão, ineficiente e do funcionalismo público. Outra pandemia que o brasileiro tem que enfrentar no seu dia a dia, traduzida pela entrega de um dos piores serviços públicos do mundo civilizado. Em quarto lugar, já quase na rabeira das prioridades dos políticos deste país, está uma rasa e amorfa atenção às comunidades que os elegeram. Mas não para

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atender suas reinvindicações, e, sim, para levar projetos ou verbas da cota parlamentar que, claro, têm um “custo” que pode chegar a impraticáveis 50%. Não é à toa que este país está coalhado de obras inacabadas. Em quinto lugar do seu ranking particular se situa uma “categoria” para a qual suas atenções são mínimas ou nenhuma. As matérias de interesse da Nação, como as reformas que vêm sendo postergadas há dezenas de anos, que quando sai, pouco avançam no sentido de prover soluções adequadas aos ingentes problemas do país. A falta de interesse está ligada diretamente ao fato de que – nesse caso - pouco têm a ganhar financeiramente. Mas existe uma categoria extra ranking para a qual suas atenções são maximamente priorizadas: nenhum projeto de moralização do setor público, ou de combate à corrupção endêmica, ou que possa ameaçar os seus mandatos, passam incólumes em qualquer casa legislativa. Nem mesmo com o

povo na rua. Está aí 2013 que não deixa a gente mentir. Bem que os órgãos de controle, os ministérios públicos Federal e Estadual, a Polícia Federal poderiam acelerar e dar ampla divulgação aos processos que esses sujeitos respondem por improbidade e até por crime comum, única forma de o eleitor tomar conhecimento de quem é quem na podridão que se tornou o meio político brasileiro. E fiscalizar bem mais de perto as eleições que se avizinham. Que, pelas características de que se reveste dada a epidemia da covid-19, tem tudo para ser uma das mais corruptas dos últimos tempos, devendo reeleger predominantemente os atuais ocupantes das casas legislativas. As surpresas podem ficar por conta da dificuldade dos candidatos a prefeito apoiados pelos chefes de executivos estaduais e/ou das capitais em ganhar corações e mentes por conta da alta rejeição de todos eles. Quem sabe daí não sai alguma coisa melhor do que o que aí está?

eram os da Educação, Saúde e Segurança. Os candidatos aos cargos eletivos já tinham suas listas de assessores no bolso do colete antes mesmo das eleições e sempre eram compostas por pessoas conhecidas da maioria da população esclarecida. Evidente que eram aliados políticos, mas não era só esse atributo que lhes valia. Com o tempo, as coisas foram mudando de tal forma que, até gestões passadas, mais valia a indicação de um chefe político que qualquer outra coisa. A ocupação de um ministério estritamente militar por um civil foi uma das maiores estratégias da esquerda. E quando se quer mudar essa atual regra de indicação, que só proporciona o aparelhamento político partidário ideológico da máquina administrativa, começa a histérica gritaria da

esquerda. Seus sonhos de eterno poder estão se esvaindo. Vai ser difícil o desmonte, pois inicia-se na educação de nossos filhos e netos, com a pregação ideológica de esquerda nas escolas e universidades, indo até a Suprema Corte de Justiça, onde seus ocupantes, antes de terem notável saber jurídico e reputação ilibada, estão, na sua maioria, comprometidos com aqueles que lhes fizeram o favor de ali os colocarem. Eram advogados de partido, esposo de amiga da primeira dama, defensor de organização criminosa, sem falar no decano, que foi desmoralizado por telefone pelo seu padrinho de indicação, com a pecha de “juiz de merda”, em pleno exercício de seu supremo cargo ministerial. Sabemos que vai ser difícil. Mas haverá de ser feito.

Outra pandemia que o brasileiro tem que enfrentar no seu dia a dia, traduzida pela entrega de um dos piores serviços públicos do mundo civilizado.

Haverá de ser feito

JOSÉ MAURÌCIO BRÊDA n Economista

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á poucos dias compartilhei postagem no Facebook onde dizia que Benedita da Silva fora ministra da Educação sem nenhum atributo para tal cargo. Isso motivado pelas exigências da esquerda para a escolha de ministros pelo presidente Bolsonaro. Logo recebi mensagem de amigo avisando que Benedita não fora da Edu-

cação e sim de um outro ministério. Respondi que era difícil saber quais ministros de Lula ocupavam quais ministérios, uma vez que, em seus dois governos, dispôs, nada mais, nada menos, de 104 ministros. Porém, puxando pela cuca, lembro perfeitamente de um deles, da Cultura, que não tinha o menor potencial para desempenhar tal função: Gilberto Gil. Sua bagagem cultural se resume a cantor, compositor, instrumentista, produtor musical e partícipe da trupe que roía a Rouanet. E, pasmem, chegou a ser, por indicação petista, embaixador da ONU para a Agricultura e a Alimentação. A planta que ele gosta, parece-me, não é comestível. Loucura total. Sou do tempo em que secretários de Estado ou ministros eram escolhidos de acordo com o ramo de suas atividades e os principais

Os candidatos aos cargos eletivos já tinham suas listas de assessores no bolso do colete antes mesmo das eleições e sempre eram compostas por pessoas conhecidas da maioria da população esclarecida.


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Política, religião e futebol

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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s redes sociais deram aos pobres mortais o direito de exporem suas opiniões, fazerem denúncias, reencontrarem amigos. Muitos acham errado, criticam-nos e transformam em crimes as fake news. Na minha modesta ótica, foi aberto um caminho para o povo se pronunciar. Alguns assuntos são mais complicados e provocam violentos debates entre determinadas pessoas. Um deles é a política. Qualquer que seja a posição de alguém, provoca reações imediatas de outras criaturas. No momento atual, quando o Partido dos Trabalhadores saiu do poder depois de 14 anos dominando o Brasil, não se

pode falar do atual governo. Para alguns radicais, o presidente é um louco e nada de positivo pode sair dele. Um companheiro de Facebook afirmou que uma sindicalista não pode apoiar Bolsonaro. Aí vem a dúvida: todo sindicalista tem que ser de esquerda? Vivemos em um país sofrido, de um passado recente cheio de escândalos como o Mensalão, Lava Jato, Petrolão e muitas prisões. O povo cansado, resolveu eleger o atual presidente. Virou uma briga infernal. Uma perseguição incansável ao atual chefe do Executivo. O moço não pode abrir a boca. Os ministros nomeados têm a vida de vinte ou trinta anos atrás completamente revirada. Até os mortos da covid-19 são culpa do Bolsonaro! Tudo que for errado, mesmo sendo assunto antigo, veio do presidente. A imprensa dividida, os outros poderes acusam o Executivo por tudo que acontece, culpam o moço que derrotou o PT pelo que não está dando certo. E se alguém tem coragem de dizer que acredita no governo, provoca reações agressivas de muita gente. Cada dia fica mais difícil falar sobre política! O pior é que os políticos cheios de processos na Justiça condenam o atual governo. Nosso Supremo Tribunal Federal persegue abertamente o Bolsonaro. Incrível mesmo é

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ver seus membros concederem entrevistas atacando até as Forças Armadas. Nunca vi isso em minha longa vida! Arrisco-me a falar dos assuntos que se espalham pelo Brasil e recebo agressões e até apelidos pejorativos. Infelizmente, ou felizmente, sou teimosa e vou continuar dizendo o que acho certo e criticando o errado. Na própria família, há parentes que discordam de mim, mas respeitamos a posição de cada um. Respeito é a palavra-chave! Se pensarmos em religião, as opiniões divergem. Conheço um casal, ele católico, ela evangélica e vivem muito bem, obrigado. Em matéria de religião, minha vida é complicada: meu pai se dizia ateu; minha mãe era católica, mas quase não frequentava a igreja; em nossa casa, nada era obrigado em matéria de religião. Frequentei a Igreja dos Capuchinhos porque queria jogar voleibol depois das reuniões das cordígeras. Casei com um homem extremamente católico; fiz um acordo com ele para ir à missa aos domingos; comecei a apreciar os ritos, as leituras semanais e os cânticos; gostei de ser católica por adesão. Para surpresa nossa, uma filha resolveu ser evangélica, da Igreja Batista. Pediu nossa opinião e dissemos

a ela que o Deus é um só e a vida é dela. Em nossa família há evangélicos, católicos, espíritas e todos se respeitam. Conversamos tranquilos sobre religião e vamos vivenciando as leis de Deus. Mas amigos, que tal falar de futebol? Aí, “toca horror”, como se diz entre amigos do Exército. Em Alagoas, os principais times são CSA, CRB e ASA. Nosso futebol não é dos melhores; é um tal de “sobe e desce”. Pessoas importantes do estado assumem a direção dos clubes, tentando conseguir um desempenho melhor. Infelizmente as dificuldades são muito grandes e nosso futebol não se destaca tanto entre os times brasileiros. Conheço um casal dividido: ela torce pelo CRB e ele torce pelo CSA. Ela gosta do Bolsonaro e ele é fã do Lula. Vivem juntos há 58 anos, têm filhos, netos e bisnetos. Vão muito bem, obrigado; tudo muito divertido! Fui dirigente de sindicato durante nove anos. Lidei com companheiros de direita e de esquerda. Enfrentei críticas, elogios e sobrevivi. Digo e repito: o importante é o respeito pela opinião do outro. Em todo lugar há gente do bem e do mal. Inexiste a perfeição. Procurando o caminho do bem, chegaremos a um final feliz. Deus existe. Não duvidem!

A imprensa dividida, os outros poderes acusam o Executivo por tudo que acontece, culpam o moço que derrotou o PT pelo que não está dando certo. E se alguém tem coragem de dizer que acredita no governo, provoca reações agressivas de muita gente.


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A culpa não é do ministro

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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uito se tem debatido nos dias presentes, estressados por uma pandemia que vem resistindo, creio que por culpa nossa, sobre o Ministério da Saúde brasileiro, e o interino general Pazuello. Anotemos, primeiro, que em curtíssimo espaço de tempo o Ministério da Saúde teve três titulares, inúmeros pretendentes, terminando por cair nos braços

de um general de Exército. O foco das críticas resume-se a) vários ministros; b) o interino é militar e vem sendo mantido no cargo como se efetivo fosse; o MS perdeu o protagonismo e ao que tudo indica vem perdendo a batalha e omitindo resultados. No curto espaço de tempo da saída do ex-ministro Mandetta, bem como do dr. Nelson Teich, o presidente Bolsonaro vem-se esforçando por escolher um nome para ocupar a titularidade do MS, e parece infrutífero o seu esforço. O fato é que os debates sobre a o interino e a vacância, e nomes insinuados, tem-se olvidado da pergunta fundamental: por que ainda não foi escolhido alguém para o prestigiado cargo de ministro da Saúde? Talvez a pergunta seja também outra: por que ninguém tem pretendido a honraria? Penso que a atitude autoritária do presidente venha sendo o maior empe-

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cilho. Após o entra-e-sai, quem de renome quererá assumir um cargo no qual a autonomia é reduzidíssima, para não dizermos nenhuma? Não concordo que o ministro da Saúde deva ser um exclusivamente um médico. Temos exemplos de alheios à Medicina ocupando cargos de comando da saúde que não têm graduação na área. Para não irmos muito longe, vejamos a Secretaria Municipal de Saúde de Maceió. José Thomaz Nonô, apesar de nãomédico, realiza excelente administração. O mesmo se pode dizer do secretário Estadual. Em suma: a Saúde, como qualquer secretaria ou ministério, necessita é de bom administrador, que se cerque de profissionais competentes da área, e tenha ouvidos para ouvir. Além de que, naturalmente, seja prestigiado pelo mandatário que o chefia.

Observando-se o governo Bolsonaro é inevitável nele vermos dose avolumada de autoritarismo, à beira do absolutismo. Talvez Pazuello, competente militar, venha se mantendo no cargo em governo assim pelo simples fato que, enquanto soldado, tenha em altíssima conta o que os militares denominam “cadeia de comando”. Confúcio, o maior mestre da milenar sabedoria chinesa, ensinou, em um dos seus analectos, que “um cavalheiro mostra autoridade, não arrogância; um homem comum mostra arrogância, mas não autoridade”. Pensando sobre este ensinamento de mais de dois mil e quinhentos anos, tenho por certo que na política brasileira, via de regra, há apenas homens comuns, no sentido do confucionismo. O presidente Bolsonaro, sem dúvidas, é um desses próceres.

No curto espaço de tempo da saída do ex-ministro Mandetta, bem como do dr. Nelson Teich, o presidente Bolsonaro vem se esforçando por escolher um nome para ocupar a titularidade do MS, e parece infrutífero o seu esforço.


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Você não é seus pensamentos Pare de acreditar em tudo o que você pensa

@startupdareal

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a semana passada, em alguma das vezes que abri a caixa de perguntas do Instagram, surgiu a comum questão: Qual conselho você daria para seu “eu” de 20 anos. A parte curiosa é que, com muita frequência, penso em ideias que são importantes e que gostaria de ter aprendido muito mais cedo. Por isso, existem inúmeros conselhos que diria para minha versão pré-vida-adulta. Essa semana mesmo, vendo pessoas se exercitando na academia, pensei “po, eu diria muito para meu eu de 20 anos cuidar da postura e da coluna. Um monte de gente com o corpo trabalhado, mas andando todo curvado.” Mas minha resposta oficial sobre a lição mais importante que eu ensinaria, e que respondi no sticker de perguntas do Instagram, foi que eu me ensinaria bem mais cedo que eu não sou meus pensamentos. Apesar dessa ideia ser muito clara na minha cabeça, muita gente ficou confusa com o que eu quis dizer. E por achar que este é um princípio importante, nada mais normal que fazer um textão sobre isso. Sabe aquele dia que você saiu do trabalho ao fim de um dia cansativo? Que entrou no carro, colocou algo para tocar no som e, quando percebeu, já tinha chegado em casa sem se dar conta do caminho? Ou de forma mais simples, sabe quando eu pergunto quanto é 2+2 e sem precisar pensar e passar pelo processo de realmente somar os números, a resposta surge automaticamente na cabeça? Em 2011, Daniel Kahneman escreveu um daqueles livros que todo mundo conhece,

muita gente começa a ler, mas quase ninguém termina. Rápido e devagar: duas formas de pensar é uma importante obra para entender como nosso sistema cognitivo funciona e as limitações naturais da nossa mente. É muito comum ouvirmos que a mente é poderosa e pode fazer coisas inimagináveis, mas dificilmente nos explicam quais são as limitações e os problemas que nosso cérebro impõe. Kahneman divide os sistemas cognitivos em dois — e ele já explica desde o início que é uma visão simplificada da coisa. O que o autor chama de Sistema 1 são nossos pensamentos automáticos. Tudo aquilo que a gente não precisa se esforçar para fazer. 2+2? Nome da mãe? Nome do pai? Andar sonâmbulo até a geladeira? O Sistema 1 nos fornece milhões de respostas que foram automatizadas ao longo de nossa vida. Evolutivamente pensando, se precisássemos refazer todo raciocínio sempre que fôssemos repetir uma atividade, nossos antepassados não teriam chance de chegar até 2020. Saber encontrar o acampamento da sua tribo mesmo exausto, ferido e com fome deve ter nos ajudado bastante. No livro, Daniel Kahneman também introduz o Sistema 2, que ao oposto dos pensamentos rápidos e das ações automatizadas, é lento e exige esforço para ser recrutado. Diferente de quando eu pergunto “quanto é 2+2” e o sistema 1 assume a resposta, quando eu pergunto “qual é o total de ovos sendo que tenho 2 cestas com 18 ovos cada, e 2 cestas somando 8 ovos” por mais simples que seja o problema, é preciso parar e pensar na resposta. Existe a necessidade de entender que o processo será um pouco mais lento e empenhar certo esforço para encontrar o resultado. De uma forma bem simplificada, muitos dos conflitos de pensamentos que temos é a briga do que é automatizado e do que precisamos parar e pensar para concluir algum resultado. A parte difícil é que não somos capazes de recrutar o sistema 2 o tempo todo. Não temos como usar 100% do tempo nossa parte mais consciente

e estratégica. Inclusive, a estimativa é de que em apenas 5% do tempo a gente consiga fazer uso dessa parte mais analítica da nossa mente. O mais assustador é que é muito fácil sobrecarregar o sistema 2 e bloquear qualquer processo cognitivo mais profundo. Só de pedir alguém para memorizar momentaneamente um número de telefone, é possível impedir a pessoa de realizar contas simples de multiplicar e dividir. O raciocínio simplesmente não acontece. Isso significa que quase tudo o que pensamos são impulsos automatizados pelo nosso cérebro, sendo esses impulsos bons ou não. Sabe quando você está seguindo a dieta perfeitamente, mas quando sai do trabalho depois de um dia exaustivo não consegue negar um bom hambúrguer? É seu sistema 2 sobrecarregado e incapaz de tomar decisões que exijam certo esforço. Sabe quando você, ou alguém, está procurando um endereço e sente a obrigação de diminuir o volume da música para continuar procurando? Seu sistema 2 está sobrecarregado com a música, por isso é incapaz de processar a busca por endereço. Agora considere que você é um observador de uma “máquina” imprimindo pensamentos sem parar, de forma incessante. Da hora que acorda até o momento que vai dormir, esses pensamentos não param de chegar. Seja sobre percepções do que está acontecendo, ou considerações sobre situações passadas ou futuras. A gente nunca para de pensar. Mas se existem tantos pensamentos automáticos e que surgiram, em muitos casos, de influências e experiências que não temos um controle qualitativo, podemos mesmo confiar nesses pensamentos? A verdade é que muitos dos pensamentos automáticos são úteis e estão corretos, mas existe uma outra parte completamente equivocada. E esse é o problema quando nosso cérebro automatiza tudo o que é exposto por muito tempo. Pensamentos ruins, preconceituosos ou violentos também entram nessa conta. E é assim que grande parte

da população acaba vivendo, principalmente os mais conservadores. Seus pensamentos automáticos e com soluções ultrasimplificadas, sem observar dados ou apoiar-se em reflexões mais profundas, acabam sendo os que guiam suas decisões. Bandido? Tem que morrer. Drogas, prende todo mundo. Imposto? Claro que é roubo. Segurança? Só me dar uma arma. É claro que quando eu penso automaticamente sobre alguém que roubou meu carro, meu pensamento imediato é: eu quero matar esse cara. se eu tivesse uma arma ele ia ver. vou correr atrás dele e bater nele. Do mesmo jeito, um homem que cresceu numa sociedade cristã ouvindo que moças de roupa curta não se dão o valor ou são putas, vão reproduzir esse pensamento automatizado, ao menos que sejam levados à entrar em conflito com essas ideias e construir uma visão diferente, mais profunda e contextualizada. E mesmo com essa visão diferente construída, até que ela seja a ideia repetida milhões de vezes automatizada pelo sistema 1, sua reação instintiva sempre será a de julgar pelo que está automatizado. O processo é simples: Viu algo >>> a mente reage pela automação >>> sabendo que o pensamento não condiz com o que realmente acredita, recruta o sistema 2 para reforçar o porquê do pensamento mais rápido estar errado. A grande batalha de entender que não somos o que pensamos, é assumir responsabilidade por policiar e entrar em conflito com os próprios pensamentos automáticos. Se eu me irritei e pensei em fazer um xingamento racista no impulso, cabe a mim reprimir este impulso, que sei, não faz parte de quem eu sou ou quero ser, mas é uma reprodução do que foi automatizada por referências e influências ao longo de toda uma vida. É por isso que batemos tanto na ideia de que sexismo e racismo em obras de entretenimento e que normalizam estes comportamentos na sociedade, possuem um impacto mais profundo do que imaginamos. Depois de automatizado, o trabalho para quebrar essas ideias é enorme. Criamos uma sociedade estruturalmente preconceituosa sem que ativamente sejamos capazes de entender que estamos sendo racistas ou sexistas.

A boa notícia é que em dado momento, com repetição e muita exposição ao pensamento oposto, é possível perder a automação antiga e adequar novos impulsos. Mas esse é um longo e doloroso treinamento. Quando budistas chamam a meditação de treinamento da mente — e aqui, o motivo que eu não gosto quando usam meditação como receita mágica para produtividade ou qualquer tipo e busca por resultado — é porque o processo de meditar implica (simplificando bastante) em enxergar seus próprios pensamentos na terceira pessoa. Entender que estes pensamentos são como um rio que corre sem controle e, que observando com atenção, é possível entender a origem e questionar a validade dos impulsos que surgem. Aqui cabe muito bem uma citação de Alan Watts, um escritor conhecido por divulgar filosofia oriental para o ocidente: “Nossa mente é um ótimo servente, mas um péssimo mestre” Se formos seguir cegamente todos os pensamentos e ideias que surgem na nossa cabeça, o resultado é sem dúvida catastrófico. Por tudo isso, é importante entender que você não é seus pensamentos. Que muito dos nossos julgamentos errados e comportamentos injustificáveis vem de aceitar e reproduzir tudo o que chega. O que fazemos depois é só malabarismo para justificar atitudes que nem pensamos sobre. Alan Watts também diz que a melhor saída para esses pensamentos é observar o mundo real. Quando gastamos tempo demais pensando, acabamos pensando apenas sobre nossos próprios pensamentos. Nos distanciamos do que acontece no mundo e perdemos a perspectiva da realidade. Eu, particularmente, acredito que devia ter aprendido essa lição muito mais cedo. Me pouparia decisões ruins por ego, comportamentos egoístas que só me prejudicaram e posições pessoais que me arrependo bastante e magoaram muitas pessoas que eu achava importante. Sabendo de tudo isso, era possível me tornar uma pessoa muito melhor bem mais cedo. Porque hoje sigo me esforçando para evitar tudo aquilo que conscientemente sei que é errado, mas ciente de que num vacilo do impulso posso levar tudo a perder.


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CENAS DO NORDESTE

Companhia alagoana Teatro da Poesia apresenta espetáculo sobre refugiados Mostra online começa hoje e será encerrada no dia 24 pela plataforma Zoom ASSESSORIA

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om o período de isolamento social imposto pela pandemia da covid-19, teatros e cinemas tiveram suas portas fechadas e atividades culturais suspensas. Vendo a possibilidade de adaptar um evento que seria para o público de forma presencial, a Ardume Produções, de Natal, em Rio Grande do Norte, teve a ideia de criar um espaço online para exibir filmagens dos espetáculos mais aclamados de companhias nordestinas. A companhia alagoana Teatro da Poesia também está compondo a programação do evento com o espetáculo “Os que vêm de longe”, que será exibido na próxima segundafeira (20), às 17h, através da plataforma de conferências Zoom. O público interessado pode adquirir os ingressos por meio do site (https://www.sympla.com.br/cenas-do-nordeste--1-edicao---virtual__885513). “Os que vêm de longe” foi dirigido por Jadir Pereira, e retrata as histórias de cinco refugiados que estão em um barco à deriva, buscando uma terra em que possam viver seguros. A pesquisa para composição dos personagens se deu através de filmes, reportagens, documentários, depoimentos de refugiados e investigação corporal. Em suas narrativas são encontradas a fuga de guerras, violência, a

saudade da família, a fome, o desespero e a incerteza de ter um filho. “É um espetáculo que fala sobre raízes, fala sobre empatia, lugar, sobre casa, ele fala sobre a atenção ao outro e sobre fronteiras. Essas fronteiras que existem ou não existem e que colocamos uns para os outros. É um espetáculo muito importante para o momento atual em que vivemos, cuja falta de empatia vem sendo estimulada, inclusive”, declarou a atriz Louryne Simões, que participa da peça. Os personagens são: Abbah, um idoso que gosta de poesia e que perdeu sua família na guerra; Faruk, homem robusto que tem um passado doloroso; a Gina, a mãe de todos e o símbolo da resistência; Lola, a menina sonhadora que viveu um pesadelo antes de ir ao barco; e Sunamita, a senhora menina com seu amor maior que tudo por suas cabras. Estrangeiros que se encontram no mesmo barco e dividem memórias, dores e esperanças, enquanto derivam rumo a novas fronteiras. Segundo Jadir Pereira, a peça foi feita com limitações, no entanto, ele contou que todos decidiram navegar pelo “limite improvável”, e espera do público a troca de energias. “Participar do ‘Cenas do Nordeste’ é uma oportunidade de comungar nossos corpos prenhes de poesia. Esperamos que o espectador, ao abrir a janela do seu aparelho e ver nossa

CENAS DO NORDESTE

peça, sinta a brisa, o frescor da arte que resiste em duros tempos”, disse. Outro espetáculo que também será exibido no mesmo dia, às 21h, é o “Negreiros”, da companhia alagoana La Casa. A obra dirigida por Abides Oliveira e Fátima Farias aborda a questão da abolição da escravatura no Brasil, trazendo ao palco as dificuldades que ainda vivemos em tratar sobre respeito, humanidade e cidadania. Após a exibição das peças, terá um bate-papo com os diretores ou os atores das obras.

Apresentação de ‘Os que vêm de longe’ será na segunda

O Cenas do Nordeste é uma mostra de teatro, dança e performance. Nesta primeira edição, o evento terá um formato virtual e apresentará nove registros audiovisuais de espetáculos de diversos artistas e grupos da região Nordeste do país. As obras cênicas foram filmadas antes da pandemia em seus respectivos locais de apresentação em diferentes cidades. O evento online vai acontecer entre os dias 17 e 24 de julho, e os valores dos ingressos são acessíveis, variam entre R$ 10 e combos de R$ 30 ou R$ 60, dentre outros valores. Serão dezesseis espetáculos para o público adulto às 17h e às 21h, além de três espetáculos destinados ao público infanto-juvenil na Mostra Matinê, realizada às 10h00. Artistas e grupos de todos os estados do Nordeste estarão presentes nesta edição: Piauí, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Maranhão e Ceará, com destaque para obras do Rio Grande do Norte, de onde surge a iniciativa. Para mais informações ou dúvidas o Instagram @cenasdonordeste está disponível. SERVIÇO

Espetáculo “Os que vêm de longe” no Cenas do Nordeste Direção: Jadir Pereira Data: 20/07/2020 Horário: 17h Classificação indicativa: 12 anos Local online: Plataforma Zoom Ingressos pelo site: https://www. sympla.com.br/cenas-do-nordeste---1-edicao---virtual__885513 Jamerson Soares - 82 9 99829628 (Assessoria do Teatro da Poesia)


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Golpe na Netflix

Aumento nas entregas

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s vendas por delivery cresceram quase 100% entre janeiro e maio deste ano na comparação com igual intervalo do ano passado, segundo pesquisa realizada pela Mobills, startup de gestão de finanças pessoais. A empresa analisou dados de mais de 160 mil usuários de aplicativo e constatou que os gastos com os principais aplicativos de entregas focados no delivery de comida cresceram 94,67% no período. Mas ao contrário do que a quarentena poderia sugerir, o primeiro mês da pandemia (março) registrou queda de 16,98% na comparação com fevereiro.

Motos em falta Além do aumento nas entregas, a pandemia do novo coronavírus gerou um inesperado desequilíbrio no mercado de motocicletas. A produção despencou, com a suspensão das atividades das fábricas para proteger funcionários do risco de contágio. A demanda por motos, porém, foi estimulada pelos serviços de entrega, que cresceram durante o período de isolamento social. Resultado: chegou a haver falta de motos no mercado, em especial os modelos mais baratos, para atender à demanda crescente dos entregadores.

Vazamento de dados O Banco do Nordeste tornou públicos mais de 3.500 pedidos de crédito solicitados por pequenos empresários acompanhados de dados pessoais. A falha no site ficou disponível por pelo menos quatro dias na última semana. Segundo nota divulgada pela assessoria de imprensa do banco, foi instaurado um procedimento interno para apuração das falhas, “inclusive de possível desvio de conduta por vazamento de informação”.

Um novo golpe circulando pelo e-mail, que se utiliza do nome do serviço de streaming Netflix, já atingiu, segundo uma empresa de segurança da informação, pelo menos seis mil usuários. O ataque utiliza uma mensagem falsa, que chega na caixa de entrada dos usuários, pedindo por uma atualização de cadastro. O visual do e-mail é convincente: utiliza os padrões de design da Netflix, com o mesmo logo, esquema de cores, e até o “tom” das mensagens usadas em comunicações da empresa. “Estamos trabalhando para melhorar a Netflix”, diz a mensagem. “Como parte desse processo, alguns


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MÃE DENUNCIA

Falta de medicação põe em risco vida de adolescente Sesau garante que remédios já foram enviados, mas Farmex nega ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão

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ortador de uma doença rara, o garoto Pedro Arthur, de 13 anos, teve que ser internado no hospital da Santa Casa no Farol, na última quarta-feira, devido à falta de uma medicação especial de imunoglobulina humana que é fornecida pelo Estado. A mãe do adolescente infor-

mou que tenta contato com a Farmácia de Medicamentos Excepcionais (Farmex) desde o dia 7 de julho e não obtém respostas. Pedro sofre de miastenia grave, uma doença crônica que impede a comunicação natural entre nervos e músculos e causa fraqueza e fadiga incomuns. ‘’Eu fiz o cadastro do meu filho para conseguir a medicação, que é a imunoglobulina

humana. Já tinha aplicado a primeira dose em junho e foi marcado para eu buscar a medicação no dia 7 de julho. Quando cheguei para buscar não tinha na Farmex. Informaram que a culpa [pela falta Pedro tem 13 anos e é portador de uma doença crônica do medicamento] era do Ministério da Saúde e que não tinha com a espera de informações dicamentos que são necessáprevisão de chegada. Para pio- e com o sofrimento do filho. A rios a Pedro haviam chegado à rar a situação, quando eu ligo incerteza na aquisição do me- Farmex na última sexta-feira, o número de lá sempre dá ocu- dicamento, que pode custar até 10. A informação surpreendeu pado’’, contou Elaine Abreu, R$ 1.200 no mercado, tem de- a mãe do garoto, pois, segundo mãe de Pedro. sesperado a família. ela, havia ligado na terça-feira, A Farmex fica localizada Procurada pelo EXTRA, a 15, para a farmácia e recebido no bairro do farol, vizinha ao Assessoria da Secretaria de novamente a resposta de que Hospital Portugal Ramalho. Estado da Saúde (Sesau) de as medicações não haviam sido Elaine tem vivido angustiada Alagoas garantiu que os me- enviadas.


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

OS MAIS VENDIDOS NO PRIMEIRO SEMESTRE

O Strada Volcano vai atrair novo público

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espera foi longa, mas a Strada tinha que mudar depois de duas décadas na liderança. Mesmo sem ameaças à vista, a nova versão topo de linha Volcano de cabine dupla, quatro portas e cinco lugares vai seduzir um comprador que não cogitava utilizar uma picape no dia a dia sem levar carga. A geração anterior de cabine dupla, além de levar um passageiro a menos, representava apenas 5% das vendas e a dirigibilidade não era tão boa. Além do estilo atraente, a Volcano traz entre várias novidades faróis de LED e direção eletroassistida que fazem toda a diferença. Seu comportamento em curvas surpreende, mesmo com 1,6 cm a mais de vão livre e é tão bom no asfalto quanto na terra. O motor de 1,33 L de 109 cv (etanol) tem 21 cv a mais que o antigo 1,4 L, ainda disponível na versão intermediária. Com 79 kg a menos que a Strada Adventure anterior com motor de 1,8 L, o novo modelo só vai sentir redução de desempenho com carga total. Em rodovias a relação final de transmissão aumenta o nível de ruído (a 120 km/h, 3.900 rpm), apesar da melhora no isolamento acústico da cabine. A posição de dirigir ficou melhor e até as saídas de arcondicionado foram realocadas (antes o fluxo incomodava as mãos). Volante e quadro de instrumentos são do Mobi (sem regulagem de distância do volante), mas a nova central multimídia permite pareamento sem fio para qualquer marca de celular. A câmera traseira facilita as manobras, pois a caçamba é alta. O espaço para pernas e cabeça no banco traseiro é bom para quem tem até 1,80 m de altura, além do acesso facilitado pelo ângulo de abertura das portas. A caçamba tem volume de 844 litros, 24% maior que a Strada anterior. A carga útil de 650 kg não mudou. Sua tampa, porém, ficou agora muito mais leve de operar.

ranking semestral de vendas por segmentos, que organizo há mais de 20 anos, foi o primeiro afetado pela pandemia do Covid-19. Naturalmente houve distorções com a paralisação dos emplacamentos. Outra mudança foi o aumento percentual de vendas de modelos caros em razão da alta do dólar, para aproveitar estoques a preços mais baixos. Os SUVs compactos e grandes, além das picapes médias, tiveram quedas percentuais menores sobre o primeiro semestre de 2019. No primeiro caso trata-se de tendência de avanço que se consolida e, no segundo, pelo crescimento do agronegócio no País. Entre os 16 segmentos apenas dois tiveram novos líderes: BMW Série 7 (72% com apenas mais dois concorrentes) e Porsche 911 (57%, entre 15 concorrentes). Houve, praticamente, dois empates técnicos: Renegade superou o T-Cross por 112 unidades (0,1 p.p.) e o SW4 bateu o Tiguan por apenas 23 unidades (0,2 p.p.). Nosso ranking tem base técnica com classificação por silhuetas. A referência principal é distância entre eixos, além de outros parâmetros. O enquadramento às vezes im-

plica dúvidas e a escolha, em pouquíssimos casos, torna-se subjetiva. Base de pesquisa é o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais representativos (mínimo de três) e em função da importância do segmento. Compilação de Paulo Garbossa, da consultoria ADK. Hatch subcompacto: Kwid, 53%; Mobi, 38%; up!, 9%. Liderança consolidada. Hatch compacto: Onix+Joy, 25%; Ka, 13%; HB20/X, 12%; Gol, 11%; Argo, 10%; Polo, 9%; Sandero/R.S./Stepway, 6%; Yaris, 4%; Fox, 3,7%; Uno, 2,5%; Etios, 2,1%. Sem ameaças ao Onix. Sedã compacto: Onix Plus+Joy, 30%; HB20S, 13%; Virtus, 10,3%; Ka, 10%; Cronos, 6,2%; Voyage, 5,7%; Versa, 5,4%; Logan, 5,2%; Yaris, 5%; Grand Siena, 4%, City, 2,7%; Etios, 2,1%. Onix Plus com mais folga. Sedã médio-compacto: Corolla, 48%; Civic, 21%; Cruze, 16%; Jetta, 9%. Líder de praxe. Sedã médio-grande: BMW Série 3/4, 52%; Mercedes Classe C, 30%; Audi A5, 5%. BMW deu salto à frente. Sedã grande: BMW Série

5/6, 29%; Mercedes Classe E/ CLS, 20%; Panamera, 17%. Série 5 ainda firme. Sedã de topo: BMW Série 7, 72%; Mercedes Classe S, 19%; Jaguar XJ, 9%. Novo líder e com grande folga. Cupê esportivo: Mustang, 67%; BMW M2, 14%; Camaro, 8%. Mustang amplia vantagem. Cupê esporte: 911, 57%; 718 Boxster/Cayman, 24%; BMW Z4, 11%. 911 voltou a liderar. SUV compacto: Renegade, 15,4%; T-Cross, 15,3%; Creta, 12,4%; Kicks, 12,1%; HR-V, 9,7%; Tracker, 8,3%; EcoSport, 7,3%; Duster, 5%; Captur, 3,8%, C4 Cactus, 3,7%. Empate técnico. SUV médio-compacto: Compass, 59%; ix35/Tucson, 35,7%; RAV4, 5%. Compass inabalável. SUV médio-grande: SW4, 26,9%; Tiguan, 26,7%; Equinox, 14%. Outro impacto técnico. SUV grande: Trailblazer, 28%; Range Rover/Sport, 11%; Cayenne, 10%. Trailblazer manteve. Monovolume: Fit/WR-V, 59%; Spin, 39%; C3 Aircross, 2%. Fit continua seu domínio. Picape pequena: Strada, 56%; Saveiro, 31%; Montana, 8%. Strada imbatível. Picape média: Toro, 30%; Hilux, 22%; S10, 15%. Toro ainda destacada.

NOVO DEFENDER UNE TRADIÇÃO À MODERNIDADE

Novo Land Rover Defender com toda a tradição de robustez e desempenho nos piores terrenos chegou ao Brasil. Inicialmente, virá uma de duas opções de distância entre eixos. Há oferta agora de duas ou três fileiras de bancos, além do tradicional aparato de tração 4x4 e capacidade de submersão de até 90 cm. Essa é a quinta geração do SUV que surgiu em 1948. Monobloco inteiramente em alumínio tornou-se um desafio à parte e tem 10 vezes mais resistência à torção que o modelo anterior. Câmbio é automático epicíclico de oito marchas com diferencial central de travamento ativo. Suspensão a ar, de série, pode elevar a carroceria de modo ativo em até 14,5 cm. Motor a gasolina, 2 litros turbo, 300 cv e 40,8 kgfm. Preços: R$ 400.750 a R$ 461.150. www.fernandocalmon.com.br


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EMANCIPAÇÃO POLÍTICA

JUNQUEIRO COMPLETA 73 ANOS COM AÇÕES E FOCO NO COMBATE À PANDEMIA

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m meio a pandemia da covid-19, a cidade de Junqueiro comemorou no dia 9 deste mês os 73 anos de sua emancipação política. Por conta do isolamento social, o aniversário deste ano teve que ser comemorado de maneira diferente, mas não menos importante para todo o município. Sabendo da necessidade e pensando na ampliação da assistência de saúde à população junqueirense, o prefeito Carlos Augusto fez a entrega de três ambulâncias para completar os serviços ofertados na cidade e atender as demandas mais urgentes da região. Com uma gestão sempre voltada à execução de projetos e obras que priorizam o desenvolvimento da região e a qualidade de vida de seus moradores, o prefeito também assinou uma ordem de serviço para pavimentação em paralelepípedo de algumas ruas da cidade. Além disso anunciou que, com recursos próprios do município, irá pavimentar outras vias. Junqueiro é uma cidade que valoriza muito a agricultura e incentiva a produção local, por isso entregou simbolicamente - em virtude da pandemia - 84 outorgas de água para agricultores

do município, para assegurar o controle quantitativo e qualitativo da água para parte dos pequenos produtores. Além dessas ações o prefeito e acompanhou a celebração da missa em ação de graças que foi transmitida de forma virtual. Carlos Augusto anunciou também a reforma de dois postos de saúde e apresentou a reforma de quatro novas casas do programa Morar Melhor - programa da gestão que reforma casas de moradores da cidade. O hasteamento de bandeiras, no início da manhã, se deu sem aglomerações, apenas com a presença do prefeito e algumas autoridades. Na luta contra a covid-19, o município conta com uma unidade sentinela que funciona 24 horas exclusivamente para cuidar dos casos da doença, com toda uma equipe multidisciplinar preparada para atender a população. “As pessoas vão até a unidade onde recebem atendimento adequado e realizam os testes. Tudo isso é resultado da soma de esforços contra a doença”, afirmou o prefeito. A unidade conta também com leitos para casos mais sérios da doença.

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ABCDOINTERIOR Fim da novela? Quem será o futuro candidato a prefeito do MDB, Ricardo Nezinho ou Luciano Barbosa? Conversamos com algumas autoridades ligadas ao governador Renan Filho e membros do MDB arapiraquense. Bom, todos foram unânimes em afirmar que não têm dúvida de que o candidato será Ricardo Nezinho. Daí vem a pergunta: por que Luciano decidiu colocar o carro na frente dos bois? Estratégia do se colar colou? Ora, o desgaste veio e no ar paira a dúvida: se realmente for Ricardo Nezinho, Barbosa entra com tudo ou vai de meia sola? Do tipo beicinho com biquinho e braços cruzadinhos. Mas um fato é certo: independente do resultado, o MDB já entra no jogo acabrunhado, com a difícil tarefa de juntar os cacos.

Sem alardes Daí vem outra pergunta: tem chances? Claro que tem, mas é um jogo difícil e o prefeito está bem preparado e trabalhando, seguindo o seu estilo politico que é não fazer alardes. O exemplo está nas eleições em que derrotou por um pouco mais de 200 votos um candidato que tinha o apoio dos governos municipal, estadual e federal. Ora, naquele período, a chapa Ricardo Nezinho e Yale Fernandes era tida como imbatível. Deu no que deu.

O jogo é outro Agora, o jogo é outro. Entre erros e acertos, Teófilo está no páreo e especialistas apostam que ele entra na disputa com uma vantagem de pelo menos 30%, por ser o atual gestor e comandar a máquina. Não se engane. Não será fácil para nenhum dos lados, mas a ponta do equilíbrio está em outros pré-candidatos de oposição. Estão no jogo a vereadora Gilvania Barros, vice -prefeita Fabiana Pessoa (ex-aliada de Teófilo) e os advogados Hector Martins e Claudio Canuto. Outro nome que pode entrar pelo PDT, é o ex-vereador e ex-deputado Cícero Valentim. Até o momento, o deputado Tarcizo Freire não se manifestou se pretende ou não disputar as eleições

deste ano.

Facilita reeleição Diante desse intricado número de candidatos da oposição, quem sai ganhando? Para o prefeito Rogério Teófilo é uma perfeita zona de conforto, já que os candidatos da oposição dividem os votos entre si, o que facilita a reeleição do atual gestor.

Muita força E pelo menos em três cidades importantes do interior alagoano, a deputada estadual Ângela Garrote tem tudo para eleger o prefeito. Em Estrela de Alagoas, Palmeira dos Índios e Igaci, Garrote já está com os nomes a tiracolo e prontos para a campanha eleitoral. Dificilmente perde e ainda por cima deve eleger um significativo número de vereadores nos três municípios.

Novo nome É aguardar o fim das convenções partidárias. Pode ser que pelo menos nas cidades sob o domínio político de Ângela brote algum nome que promova uma virada de jogo. É aguardar. Nada é impossível. Principalmente em se tratando de política, onde até “boi voa”.

Bom trabalho O deputado estadual arapiraquense Tarcizo Freire (PP) encerra o primeiro semestre como um dos mais atuantes da Assembleia Legislativa do Estado (ALE). Freire apresentou inúmeras proposições, entre Projetos de Lei Ordinária (PLO), Moções, Requerimentos e Indicações. O parlamentar, que ocupa a vice-presidência da Comissão de Educação, Saúde, Cultura e Turismo da Assem-

n robertobaiabarros@hotmail.com

bleia Legislativa de Alagoas, chegou a apresentar na Casa de Tavares Bastos um requerimento que solicitava o cancelamento do recesso Legislativo.

Disque denúncia Entre as principais matérias do parlamentar está o Projeto de Lei Ordinária (344/2020), que visa promover a divulgação do Disque Denúncia Nacional, Estadual e da Central de Atendimento nas contas mensais dos serviços públicos de abastecimento de água, de distribuição de energia elétrica, de gás natural e de dados.

Combate à covid-19 Preocupado com o aumento considerável do número de casos de Covid-19, no município de Arapiraca, inclusive com vítimas fatais, o deputado solicitou através de uma indicação a implementação urgente de um Hospital de Campanha no município, com leitos clínicos e leitos de UTI para combater a Pandemia do novo coronavírus.

Insalubridade Já na Indicação 598/2020, Freire solicita que o Estado efetue o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, para profissionais na rede de saúde. A proposta garante aos trabalhadores o equivalente a 40%, mais a contratação de seguro de vida em benefício desses profissionais, enquanto persistir a pandemia de covid-19.

PELO INTERIOR ... O cenário político de Limoeiro de Anadia para as eleições de 2020 já está definido. A população já pode começar a escolher entre quatro grandes nomes que disputarão a cadeira de gestor no Executivo municipal. ... Marcelo Rodrigues será candidato à reeleição, mas ele terá que enfrentar o ex-prefeito Marlan Ferreira, o ex-secretário de Estado Arthur Albuquerque e o presidente da Câmara de Vereadores, Valmir Filho. ... Apesar do período de pandemia, os précandidatos já estão se mobilizando. Em suas redes sociais, na terça-feira, 14, o ex-prefeito Marlan Ferreira postou uma imagem com indicativo de que está se preparando para a disputa. (Com Já é Notícia) ... A Secretaria Municipal de Educação e Esporte de Arapiraca está criando o plano de ação de volta às aulas “Escola Aberta, Escola Segura”. ... Segundo divulgação feita pela gestão municipal, o plano objetiva propor estratégias de desenvolvimento pedagógico e administrativo para o retorno das aulas presenciais, a depender do calendário criado pelos órgãos sanitários responsáveis. A pesquisa inicial já está sendo feito e o formulário deve ser assinado nesta sexta-feira (17). ... Em seu quarto mandato, já tendo ocupado a presidência da Casa, Gilvania Barros destaca a importância do seu nome ser ventilado na imprensa alagoana, compondo, segundo as notícias veiculadas, em vários cenários políticos para a disputa eleitoral ao executivo arapiraquense. ... “Recebo com muita surpresa esse fato. O engraçado, o curioso e o gratificante, também, é estar vendo meu nome circulando nas redes sociais, nas mais variadas condições de alianças políticas. Isto, eu creio, pela importância do nosso nome e projeto, justamente pelo meu jeito de fazer política em favor de Arapiraca e da nossa população”, observou. ... “Eu só fico sabendo dessas notícias quando me mostram as postagens dando conta de possíveis acordos políticos em torno da minha pré-candidatura. São fatos fabricados, é claro. Tudo com relação a nossa pré-candidatura, eu mesma anuncio, não tenha dúvida disto”, completou a vereadora. ... Aos nossos leitores desejamos muita saúde e paz. Até a próxima edição!


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MEIOAMBIENTE

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Alimentação sustentável

Jogo da tartaruga marinha

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ma estudante brasileira de 21 anos criou um jogo de temática sustentável e foi premiada em um desafio de programação da Apple. Jessica Matsuura foi uma dos 350 estudantes premiados no Swift Student Challenge 2020 da Apple —destes, cerca de 80 foram brasileiros. O jogo The Sea Turtle: Protecting sea turtle from waste in the ocean (Protegendo as tartarugas marinhas dos lixos no oceano) foi feito para ser simples, explicou a brasileira durante o encontro com Lisa Jackson, vice-presidente de Meio Ambiente, Políticas e Iniciativas Sociais da empresa. “Na primeira fase, o usuário tem que desviar do lixo no mar, o que é fácil. Na segunda, o jogador precisa desviar do lixo e achar comida, o que fica mais difícil porque também tem a visão da tartaruga [com cenas mais escuras]”, explicou. A estudante criou o jogo com o objetivo de ir além de entretenimento. Ela quer fazer os jogadores pensarem sobre a importância real da sustentabilidade e do descarte adequado de lixo.

103 toneladas de lixo O navio do Instituto Ocean Voyages quebrou o recorde que havia sido estabelecido pela própria organização. Depois de uma expedição de 48 dias, 103 toneladas de redes de pesca e materiais plásticos foram retirados da região conhecida como a Grande Porção de Lixo do Pacífico. Em comparação à missão do ano passado, a instituição dobrou a quantidade de resíduos recolhida do mar. Para encontrar os locais certos, a ONG usou recursos de tecnologia. O instituto vem apostando em rastreadores de GPS desde 2018. Navios e embarcações que colaboram de forma voluntária colocam os dispositivos em redes que encontram no mar. O mapeamento por satélite mostrou que a localização de uma rede pode levar a muitas outras, como se o oceano produzisse uma convergência natural. Drones e avistamento pela tripulação também aprimoram a “caça” ao lixo. Depois de recolhido, o material é colocado em sacos industriais e armazenado no navio até ser destinado à reciclagem.

Estima-se que até 2050 a população mundial ultrapasse a marca de mais de 9 bilhões de pessoas e a expectativa é que a demanda global por alimentos de proteína animal aumente para 445 milhões de toneladas por ano até lá ou em mais 70% se comparado com os dias atuais. Paralelamente, a procura por uma alimentação mais saudável, balanceada e rica em nutrientes, cresce exponencialmente, impulsionada não apenas pelo aumento populacional, mas pelas mudanças de hábitos e de conscientização dos consumidores em relação à saúde. Como resultado, a disponibilidade por proteínas de origem animal como carne, leite, peixe e ovos, que são altamente nutritivas e ocupam uma posição central em uma dieta saudável, terá um papel fundamental na mesa de milhões de pessoas em todo o mundo. Realizar uma mudança para sistemas de alimentação mais sustentáveis e saudáveis é complexo e, para a indústria, esse movimento exige inovação e disposição na adoção de novas tecnologias, garantindo a melhoria dos índices zootécnicos das espécies para que mantenham um alto desempenho em relação à produtividade e qualidade dos alimentos.

Temperatura maior até 2024 A ONU informou na última semana que a temperatura média do planeta em cada ano entre 2020 e 2024 será pelo menos 1°C maior que a era pré-industrial, com picos prováveis superiores a 1,5°C. De acordo com as novas previsões meteorológicas publicadas pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), durante o período 2020-2024, quase todas as regiões, exceto algumas áreas oceânicas do sul, terão temperaturas mais altas do que as atuais. As condições climáticas serão mais secas do que nos últimos anos no norte e leste da América do Sul. Ventos mais fortes a oeste ocorrerão no norte do Atlântico Norte, causando mais tempestades na Europa Ocidental. Devido às atividades humanas, o planeta já ganhou pelo menos 1°C desde os anos 1850-1900, e as catástrofes climáticas se multiplicaram. Os últimos cinco anos foram os mais quentes já registrados. A temperatura média global deve permanecer acima de pelo menos 1°C até 2024, de acordo com a OMM. E a probabilidade de exceder os níveis pré-industriais em 1,5°C por pelo menos um desses cinco anos é de 20%. No entanto, essas previsões não levam em consideração as mudanças nas emissões de gases de efeito estufa registradas durante o confinamento imposto para conter a pandemia da covid-19, o que provavelmente pode mudar este cenário.

Alerta da Nasa O aumento da temperatura na superfície do Oceano Atlântico poderá levar ao maior registro de incêndios na Amazônia e à formação de furacões nos Estados Unidos. O alerta é de cientistas da Agência Espacial Americana (Nasa) da Universidade da Califórnia. Essa previsão é baseada nas altas temperaturas da superfície do Oceano Atlântico em 2005 e 2010 que provocaram uma série de furacões graves e secas recordes no Sul da Amazônia. As águas mais quentes na superfície do Oceano Atlântico na altura do Equador atraem umidade para o norte, retirando-a da Amazônia. O deslocamento desta massa úmida leva à formação de furacões nos EUA e a uma temporada mais seca na floresta, aumentando os riscos de incêndios se propagarem. Os estados brasileiros com o maior risco de incêndio projetado nesta temporada – Pará, Mato Grosso e Rondônia – estavam entre as regiões com maior atividade de desmatamento no ano passado, que registrou o maior número de detecções ativas de incêndio na bacia amazônica desde 2010.


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