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ANO XXI - Nº 1080 - 31 DE JULHO A 06 DE AGOSTO DE 2020 - R$ 4,00

SOB SUSPEITA

Coronel Rocha Lima deixou pegadas na cena do crime

Minutos após o assassinato do empresário Kleber Malaquias, no dia 15 deste mês, em Rio Largo, o militar chegou ao local do homicídio para realizar investigações, usurpando a competência da Polícia Judiciária. 2

CÂMARA CRIA NOVA CEI PARA CASSAR PREFEITO DE RIO LARGO n É a segunda investigação

contra Gilberto Gonçalves por desvio de recursos públicos

AGROECONOMIA

ALAGOAS PERDE 35% DA ÁGUA POTÁVEL QUE SERIA DISTRIBUÍDA À POPULAÇÃO

SUPLEMENTO

n Prefeito já teve o mandato

cassado em 2019, mas TJ anulou decisão dos vereadores 7

GUERRA NAS URNAS

XADREZ DO VOTO EMPURRA ELEIÇÃO EM MACEIÓ PARA O SEGUNDO TURNO 5

PLENO DO TJ DECIDE DIA 4 SE ACATA DENÚNCIA CONTRA JUIZ DE PENEDO 6


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COLUNA

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

MACEIÓ, ALAGOAS - 31 DE JULHO A 06 DE AGOSTO DE 2020

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Na cena do crime 1

- O tenente-coronel Antônio Marcos da Rocha Lima garante que não está sendo investigado pelo assassinato do empresário Kleber Malaquias, assim como também nega seu envolvimento em outros crimes a ele atribuídos.

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- Exonerado do comando do 8º Batalhão de Polícia Militar (8°BPM), de Rio Largo, dois dias após o assassinato do empresário, Rocha Lima esteve no local do crime minutos depois do homicídio e deixou algumas pegadas.

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- Após fazer diligências sobre a existência de câmeras de vídeo no local do crime (Casa da Buchada) e em residências vizinhas, o militar dirigiu-se à casa dos pais da vítima para requisitar um notebook de uso pessoal de Kleber Malaquias.

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- Frustrado nessa tentativa, Rocha Lima ligou para o prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves, colocando-o em linha com o pai da vítima, mas ainda assim saiu de mãos vazias. O militar foi informado de que Kleber Malaquias não guardava seus pertences na casa dos pais dele.

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– Não sendo competência da Polícia Militar investigar crimes, as providências tomadas pelo tenente-coronel Rocha Lima são, no mínimo, suspeitas. E, como tal, devem ser investigadas pelo delegado que preside o inquérito policial.

Braskem à venda

A Odebrecht recebeu sinal verde da Justiça para vender a Braskem até fim de 2021 e espera conseguir cerca de R$ 17 bilhões por sua fatia de 50,01% na mineradora, avaliada em R$ 19 bilhões. Os gastos só com as indenizações dos estragos ocorridos nos bairros de Maceió devem chegar a R$ 5 bilhões.

Empatados

As pesquisas eleitorais em Capela indicam que a disputa entre o prefeito Adelmo Calheiros e o ex-prefeito Eustáquio Moreira será decidida voto a voto. O empate técnico entre os dois candidatos deve continuar até o dia da eleição.

Ideia de jirico

A Prefeitura de Maceió deve estar nadando em dinheiro ou então é incompetência mesmo. Essa semana, um contribuinte do IPTU cujo valor supera os R$ 2.500 tentou liquidar seu débito em uma única parcela. Não conseguiu já que a prefeitura só autorizou à rede bancária a receber valores em cash até R$ 1.500. O máximo que obteve foi uma orientação para fazer o pagamento de duas vezes ou então comparecer à sede da Secretaria Municipal de Finanças para realizar a operação. Isso em tempo de pandemia e com recomendação formal da própria prefeitura para se evitar aglomerações. Há que se perguntar: de que cabeça pode ter saído ideia tão “brilhante”?

Aperto fiscal

Termina hoje o prazo para estados e municípios aprovarem a Reforma da Previdência. Quem não o fizer fica impedido de receber empréstimos e benefícios fiscais do governo federal. É o que diz a Emenda Constitucional 103/2019, aprovada pelo Congresso, determinando que estados e municípios aumentem suas alíquotas de contribuição previdenciária para 14%, no mínimo.

O rejeitado

Pesquisa do Ibrape consagra o ex-prefeito de Maragogi, Marcos Madeira, como o mais rejeitado dos pré-candidatos a prefeito em Alagoas. A consulta revela que 46% do eleitorado não votarão em Madeira “nem que vaca tussa e o boi espirre”. É o povo tomando consciência da importância do voto na hora de escolher seus representantes.

Força da lei

Em Palmeira dos Índios, a força moral da ex-juíza Sônia Beltrão está forçando alianças políticas jamais imaginadas. Pré-candidata à vaga do prefeito Júlio Cezar, a juíza aposentada desarticulou os planos de reeleição do prefeito e enfraqueceu as demais candidaturas.

Bandidos da lei

A cada dia cresce a participação de advogados alagoanos em organizações criminosas. É o caso dos acusados de usar informações sigilosas para ajudar na fuga de réus. Mesmo depois de tantas denúncias envolvendo seus membros, a OAB só tem feito ouvidos de mercador. Até o TJ cobrou uma posição da Ordem, que se mantém em silêncio.

Baixo clero

Após renascer no governo Bolsonaro como nova força política na Câmara, o Centrão está condenado a voltar a ser um bloco de pequenos partidos comandado por deputados do baixo clero, sem ideologia nem projeto de País.

Novas urnas

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai gastar mais de R$ 800 milhões na compra de novas urnas eletrônicas que serão utilizadas apenas na eleição municipal deste ano.

Candidaturas femininas

O TSE avisa que vai suspender candidatos a vereadores que fraudarem a cota obrigatória de candidaturas femininas. E adverte: o juiz eleitoral terá permissão para derrubar toda a lista de candidatos da legenda antes mesmo da votação.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Perdendo espaço

Má fase

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fraco desempenho do senador Rodrigo Cunha neste início de mandato, em Brasília, prejudica a influência nas eleições municipais deste ano, quando já decidiu ir à luta pelo deputado federal JHC, um dos cotados para a Prefeitura de Maceió. Com atuação discretíssima no Senado, Cunha já não tem o mesmo poder de fogo quando se submeteu

Atirando só

O deputado JHC, um sério candidato à Prefeitura de Maceió, sabe que a influência do senador Cunha na sua eleição é muito pequena e aposta nas suas próprias armas – as redes sociais onde é especialista -, para consolidar a votação que obteve nas últimas eleições.

Garantia

O deputado Davi Davino, inserido entre os quatro que poderão substituir Rui Palmeira, aposta no poder de fogo político, inclusive nos quatorze deputados estaduais que irão apoiá-lo e que têm redutos consolidados na capital.

Reforço

Sabendo que seus padrinhos políticos não estão nada confortáveis nas pesquisas de opinião, o candidato Alfredo Gaspar de Mendonça investe nos contatos com lideranças comunitárias e passa a discutir as prioridades para a cidade de Maceió. Como no momento nem Renan Filho nem Rui Palmeira garantem um caminhão de votos, o alvo agora é a periferia da capital e tentar convencer de que é o melhor entre os candidatos que disputam com reais chances a prefeitura da capital.

Dificuldades

Cotado como um candidato forte, mas sem os meios necessários para bancar uma campanha majoritária, Ronaldo Lessa perde também com a divisão da esquerda. A esperança, no momento, é convencer Heloísa Helena a fazer uma nova dobradinha como vice e arrastar um eleitorado fiel onde tem demonstrado isso em outras eleições.

ao julgamento popular nas últimas eleições e sem aquela confiança do eleitorado que o elegeu ao invés de continuar com Benedito de Lira, este com grandes serviços prestados ao estado de Alagoas. Sua participação nas próximas eleições do ponto de vista estratégico, pelo grupo de JHC, é bastante duvidoso e dificilmente terá maior motivação junto ao eleitorado por um candidato indicado por ele.

O PT e o PcdoB, que poderiam estar ao lado de Ronaldo Lessa, têm compromissos com o governador Renan Filho que banca a candidatura de Alfredo Gaspar. Portanto, com a esquerda dividida, quem perde mesmo é Ronaldo Lessa.

Sem policiamento

O que resta de imóveis abandonados no bairro do Pinheiro é de fazer dó. Ladrões fazem a festa na região, saqueiam imóveis e raramente a polícia aparece. Além de não receberem suas indenizações, os antigos moradores não têm mais a quem apelar.

Fogo cruzado

Fogueira

O incêndio vai a todo vapor entre os grupos de Rui e de Renan Filho. O confronto entre os dois em eleições passadas ainda não foi digerido por nenhum dos lados e parece que essa união em torno do candidato tende a ser mais um casamento de jacaré com cobra d´água.

Impasse

Considerado com um espinho na garganta, Tácio Melo, presidente do Podemos, navega para ser escolhido vice de Alfredo Gaspar. Se depender do Palácio dos Martírios, não será, embora seu nome seja bancado pelo prefeito de Maceió, Rui Palmeira.

Fraude

Se for mesmo verdade que alguns advogados usavam indevidamente senhas de acesso ao sistema do Tribunal de Justiça de Alagoas, a situação é muito mais grave do que se pensa. Além de manchar o nome da instituição, os supostos delinquentes prejudicavam o cumprimento de medidas judiciais.

Do outro lado

Superar o abismo que ainda existe entre grupos palacianos e a turma do prefeito Rui Palmeira é um dos desafios de Alfredo Gaspar de Mendonça. Entre o fogo cruzado, a convivência entre as partes é cada vez mais difícil e complicada.

A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Alagoas (OAB-AL), vem passando por turbulências nos últimos meses. As ações policiais contra advogados têm sido uma constante e urgem que a instituição aja com rigor, oferecendo o direito ao contraditório e punindo seriamente se os fatos forem comprovados.

Missão

Uma missão que parece impossível, pelo menos no momento, é fazer com o funcionalismo público estadual e municipal se unam em defesa da candidatura de Alfredo Gaspar à Prefeitura de Maceió. Gaspar vai ter muita dificuldade de ganhar o apoio desse importante segmento eleitoral.

Alvo

O deputado federal Arthur Lira, que se revelou um hábil político no Congresso Nacional e passou a ter a preferência para se eleger presidente da Câmara, tem sido o alvo preferido dos adversários. Na mídia nacional, sem ter mais o que dizer, as histórias contra Arthur são requentadas como se a população não entendesse isso. Até as eleições para presidente da Câmara dos Deputados, Lira vai sofrer novos ataques, embora eles já estejam fora de moda.

Abandono

O bairro do Pinheiro, incluindo aí o Jardim das Acácias, se tornou uma terra devastada, sem dono, sem que as autoridades protejam ainda quem esteja por lá. Enquanto isso, as rachaduras e fissuras vão aumentando na região e ninguém sabe o que pode acontecer.

Simulação

A simulação programada para o mês de agosto pela Defesa Civil e outras instituições públicas demonstra que a situação ali no Pinheiro não está para brincadeira. O dia da simulação deverá ser anunciada na imprensa, o que deve ocorrer nos primeiros dias do próximo mês.

No Supremo

Depois da liminar concedida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, não resta outra alternativa aos aposentados e pensionistas do AL Previdência do que levar o caso à apreciação do pleno daquela Corte. Ou isso, ou nada, segundo especialistas no assunto. Os 14% descontados nos contracheques e mais a alíquota do imposto de renda levam quase a metade dos rendimentos destas duas categorias.


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GUERRA NAS URNAS

Xadrez do voto empurra eleição em Maceió para segundo turno

Dez candidatos disputam e três concentram os mais poderosos na política

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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governador Renan Filho (MDB) e o líder do Centrão, deputado federal Arthur Lira (PP), buscam construir um caminho juntos, para neutralizarem o deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB), e o senador Rodrigo Cunha (PSDB), que miram o protagonismo eleitoral em Alagoas, começando por ganhar as eleições em Maceió. Na prática, existem 3 candidatos a prefeito na capital fortemente ligados ao poder econômico e político dominando Alagoas há décadas: Alfredo Gaspar de Mendonça, resultado da união entre Renan e o prefeito da capital, Rui Palmeira (sem partido); JHC, aliado de Cunha, atual mandachuva do PSDB e; o deputado estadual Davi Davino (PP), nome apoiado pelo presidente da Assembleia, Marcelo Victor (SDD) e Arthur Lira. Correndo por fora: Ricardo Barbosa (PT), Basile Christopoulos (PSOL), Lenilda Luna (UPP), Corintho Campelo (PMN), Ronaldo Lessa (PDT), Flávio Moreno (PSL) e Cícero Filho (PC do B). DÚVIDAS O deputado federal Marx Beltrão (PSD) ainda não escolheu quem vai apoiar nas eleições da capital. Levando em conta o passado, o parlamentar não se aliaria a Alfredo Gaspar por conta de João Beltrão, pai de Marx, morto em 21 de dezembro do ano passado. A atuação de Gaspar à frente do Ministério Público contra JB seria motivo para a separação de ambos nes-

VOTOS Na geografia dos votos em Maceió, levando em conta as eleições de 2018, JHC acumula mais vantagem: foi o deputado federal mais votado nas urnas da capital e seu aliado, Rodrigo Cunha, o mais votado ao Senado, em Maceió. Olhando como ficaram as posições dos dez nomes mais votados para a Assembleia Legislativa, somente levando em conta as urnas de Maceió, o quadro (sujeito às alterações das costuras eleitorais) está assim: - O deputado estadual mais votado em Maceió, Cabo Bebeto (PTC), deve seguir com JHC; - Davi Davino, o segundo mais votado, segue ele mesmo; - O vereador Lobão, do PR, terceiro mais votado, está no partido comandado por Maurício Quintella, secretário Estadual de Infraestrutura, e que declarou voto a Alfredo Gaspar; - O quarto, Dudu Ronalsa (PSDB), deve ficar com Davi Davino; - Marcos Barbosa (Cidadania), em 5º lugar, tem a mulher, a vereadora Silvânia Barbosa, como segunda suplente do senador Renan Calheiros. Deve apoiar Alfredo Gaspar; - JHC escolheu o vereador Francisco Sales para assumir o comando do PSB na capital. Sales foi o sexto mais votado; - O deputado estadual Galba Novaes (MDB), 7º, fica com Alfredo Gaspar; - O deputado Léo Loureiro, que vem em seguida, fica com Davi Davino; - Judson Cabral, PDT, disputa a vaga de vereador em Maceió. Em 8º lugar está com Ronaldo Lessa; e - O vereador Chico Filho (PP), 10º, está com Davi Davino.

te momento, o que não torna impossível futuras alianças. Marx Beltrão é aliado de Renan Filho; ele e seu partido tem indicações em cargos comissionados na administração estadual. É provável que ele siga Davi Davino, que apoiou Marx em 2018 à Câmara Federal. Só que os governistas apostam em segundo turno entre Alfredo Gaspar e JHC. Para onde iriam os votos de Marx? Equipe Alfredo Gaspar escolheu seus dois assessores para lidarem com a imprensa: Mário Lima e Guilherme Lamenha. Mário foi sub-secretário de Comunicação e Guilherme, secretário, quando o governador era Teotonio Vilela Filho (PSDB). Visitou esta semana o bairro do Jacintinho e se reuniu com donos de hotéis. JHC mantém a jornalista Naara Lima Normande na assessoria de sua campanha. Ela é de sua assessoria, em Brasília. Divulga seus compromissos em Brasília, como reunião com ministros, ou votação para melhor parlamentar. Entrou na Justiça para que o Governo Renan Filho elabore plano emergencial aos mais pobres na pandemia, com verba do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecoep). Davi Davino ainda monta sua estrutura de campanha. Basile Christopoulos foi definido esta semana como pré-candidato do PSOL à Prefeitura da capital. Lenilda Luna vem discutindo com setores populares uma agenda para Maceió. Objetivo é montar um programa popular, com participação pela internet. Investe em lives com representantes populares para a construção de propostas.


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NA BERLINDA

Pleno do TJ decide se acata denúncia contra juiz JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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próxima terça-feira, 4, será decisiva para o juiz Claudemiro Avelino de Souza, da 2ª Vara de Penedo. O Pleno do Tribunal de Justiça (TJ-AL) irá decidir, ou não, pela abertura de reclamação disciplinar contra ele considerando o resultado do processo administrativo instaurado pela Corregedoria. O magistrado teria agido com falta de prudência, avalizando golpe de extorsão, segundo denúncia que chegou ao corregedor-geral da Justiça, desembargador Fernando Tourinho de Omena. A vítima seria um cidadão do Rio Grande do Sul, de nome Adão Becker, que também aparece no processo fraudulento conduzido pelo juiz Jairo Xavier, já punido com aposentadoria compulsória. O erro processual que teria sido causado por Souza foi identificado pelo juiz da 1ª Vara Judicial da Comarca de Taquari (RS). O magistrado, ainda conforme denúncia, teria deferido uma medida de forma antecipada sem sequer ouvir o réu do caso. Outro ponto levantado é que a ação de execução teve como base apenas uma nota promissória. Becker foi acusado de não ter honrado o pagamento com de uma carga de açúcar no valor de R$ 130 mil, fato ocorrido em meados de 2014. Foi então que Manoel dos Santos Paiva Neto, morador de Igreja Nova, resolveu acionar a Justiça para cobrar a suposta dívida. Em 2017, ano de execução do

débito, o valor foi atualizado para R$ 222.941,59. Neto informou, nos autos do processo, que Becker teria vendido, à época, alguns bens e que teria condições de quitar o que devia. Quatro dias após ajuizamento do caso, o magistrado, na data de 31 de março de 2017, decidiu pela antecipação de tutela e determinou a penhora e bloqueio de bens de Becker. O fato fez com que a quantia reajustada fosse bloqueada do Banco do Estado do Rio Grande do Sul. A denúncia que chegou à Corregedoria relata que Claudemiro Avelino de Souza conduziu a causa com descompasso e sem alguma prudência. A própria instituição financeira estranhou a decisão judicial, uma vez que a negociação entre as partes não tinha sido comprovada por meio de documentos. O processo que gerou desconfiança contra o juiz é de número 070035070.2017.8.02.0049, na qual a última movimentação ocorreu no dia 2 de fevereiro de 2018. HISTORIADOR No ano passado, Claudemiro Avelino de Souza foi destaque nacional, não como juiz, e, sim, como historiador. Protagonizou reportagem da Folha de S.Paulo sobre sua “via-crúcis” à procura de livros raros em sebos locais e de outros estados. Tratava-se de projeto pessoal para resgatar a memória da Justiça em Alagoas. Hoje é dono de uma coleção sobre o universo alagoano com cerca de 3.000 obras, do total do seu acervo, de cerca de 12 mil livros.

Claudemiro Avelino de Souza é acusado de avalizar golpe de extorsão Claudemiro Avelino de Souza, juiz da 2ª Vara de Penedo

APOSENTADORIA COMPULSÓRIA Adão Becker também teria sido vítima de esquema que envolve o filho de Jairo Xavier, Jairo Xavier Júnior. Em 2018, ele foi acusado de fraude de processos e associação criminosa causando prejuízos a Becker. Na ocasião, documentos foram apreendidos com intuito de evidenciar a participação de outros sujeitos no crime.

Quanto ao juiz Jairo Xavier, ele foi aposentado compulsoriamente pelo Pleno do Tribunal de Justiça em 2019. Acusado de graves desvios de função, o magistrado já havia sido aposentado em 2010, mas dois anos depois conseguiu reverter a punição. Xavier foi julgado em processo administrativo acusado de se envolver com golpistas para lesar proprietários de imóveis em áreas nobres de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Todos os atos ilícitos foram praticados pelo magistrado na comarca de Girau do Ponciano.


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RIO LARGO

Gilberto Gonçalves pode ser cassado pela segunda vez Câmara de Vereadores cria CEI para investigar JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves (PP), vai ser novamente investigado pela Câmara de Vereadores. O parlamento riolarguense decidiu na quinta-feira, 30, criar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar as denúncias de improbidade administrativa resultantes de um dossiê elaborado pela procuradora efetiva do município Karla Brandão Muniz Formiga da Carvalho. Apenas um vereador foi contra a investigação. Ismael Ferreira (PRTB) tentou convencer os colegas de plenário a conceder um pedido de vistas, o que adiaria a votação. Porém, a tentativa do edil acabou fracassada. A presidência da comissão estará a cargo da vereadora Patrícia Pinto (PSDB) e a relatoria sob os cuidados de Romildo Calheiros (PSC). A vereadora Daniela Pagão (MDB) é a vice-presidente da CEI. Caso as denúncias sejam confirmadas pelos parlamentares, Gilberto Gonçalves deverá perder o cargo pela segunda vez, o que impedirá seu projeto de reeleição. O primeiro afastamento do

Investigação da Câmara Municipal pode prejudicar projeto de reeleição de Gilberto Gonçalves gestor ocorreu em meados do ano passado, quando o prefeito foi investigado por nomear os filhos para gerir secretarias do município. Gabriela Cristina Gonçalves da Silva Cordeiro, por exemplo, exerceu o cargo de secretária municipal de Relações Institucionais (Serin) com 19 anos. A jovem sequer possuía idade mínima estabelecida por lei para exercer o cargo de secretaria municipal. O filho Geoberto Gonçalves da Silva Cordeiro também assumiu cargo público, junto à irmã, mesmo ambos sendo sócios de empresas, o que também não seria per-

mitido por lei. Com a cassação do gestor, a prefeitura caiu nas mãos de Cristina Gonçalves, esposa do prefeito. Porém, o afastamento foi breve (menos de dez dias). O presidente do Tribunal de Justiça, Tutmés Airan, anulou a decisão da Câmara Municipal e devolveu o cargo ao prefeito. As novas denúncias contra o prefeito, oficializadas pela procuradora do Município, também chegaram ao Ministério Público do Estado (MPE), que instaurou Procedimento de Investigação Criminal contra Gilberto Gonçalves para apurar suposta improbidade admi-

nistrativa. O prefeito teria firmado sem anuência da Procuradoria, contratos de locação de máquinas pesadas para reforma de escolas e compra de materiais de construção. A gestão municipal teria firmado contrato no valor de R$ 20 milhões com, pelo menos, duas empresas que funcionariam apenas de fachada. “Como procuradora do quadro efetivo há 18 anos, não tenho poderes para fiscalizar, mas, também, não posso me omitir diante de uma denúncia que recebi por terceiros, mas que apresentam indícios de irregularidades, já que os contratos de compra e aluguel, feitos no município, devem passar pela Procuradoria, mas estes não passaram”, informou Karla Brandão à imprensa, quando divulgou o dossiê que incrimina Gilberto Gonçalves. Na ocasião, a Prefeitura de Rio Largo, em nota, informou que toda contratação realizada pela atual gestão foi realizada com processos licitatórios seguindo os trâmites da lei. “É lamentável o claro equívoco a que foi levada a eminente procuradora, Karla Brandão Formiga de Carvalho, ao publicizar notícia em desamparo com a verdade dos fatos. A gestão do prefeito Gilberto Gonçalves prossegue firme no propósito de entregar melhores oportunidades de vida para todas as pessoas da cidade, e permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários”, finalizou a nota.


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PREPARE O BOLSO observem problemas de falha de detonação. Não há necessidade de nenhum ajuste nos veículos para o recebimento dessa gasolina. Muito pelo contrário. Ela está vindo justamente para se adequar às novas tecnologias e mesmo para um veículo antigo, não há nenhum problema.” Ednéia Caliman explica ainda que as mudanças estão alinhadas aos atuais requisitos de consumo de combustível dos veículos e de níveis de emissões atmosféricas, considerando o cenário das fases futuras do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve – Ibama) e do Programa Rota 2030 – Mobilidade e Logística, do governo federal.

Conheça a ‘nova gasolina’ que chegará aos postos de combustíveis

Produto consumido no país será mais caro a partir do dia 3 de agosto VINÍCIUS LISBOA Agência Brasil

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padrão da gasolina automotiva consumida no Brasil terá aumento de qualidade obrigatório na próxima segunda-feira, 3, de agosto. A partir das mudanças, os motoristas devem obter desempenho maior dos veículos e a fiscalização terá mais facilidade de identificar adulterações. Mas a qualidade maior também pode ter impacto no preço. A mudança se deve à Resolução nº 807/2020, publicada

pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em janeiro. O texto estabelece novos parâmetros para a destilação, a octanagem e a massa específica da gasolina automotiva vendida no país. Especialistas explicam o que cada uma dessas mudanças significa e como os motoristas vão se beneficiar delas. Com a nova norma, 100% da gasolina comprada pelas distribuidoras precisarão atender às especificações. Essas empresas terão 60 dias para vender os produtos que foram comprados

antes e não atendem às exigências. Da mesma forma, os postos de gasolina terão 90 dias, a partir de 3 de agosto, para vender os produtos que receberam antes de as especificações se tornarem obrigatórias. A doutora em química e especialista em regulação da ANP Ednéia Caliman conta que a mudança aproxima o padrão da gasolina no Brasil ao que é praticado na União Europeia, que já havia sido acompanhado por países como a Argentina e o Chile. Os parâmetros também ficarão mais parecidos com os usados nos Estados Unidos. “A gasolina está sendo melhorada para que os motoristas não sintam problemas com a qualidade, não sintam perda de potência, não sintam falhas de partida, não

DENSIDADE Uma das principais mudanças é o estabelecimento de um limite mínimo de massa específica para a gasolina automotiva. A partir de agosto, a gasolina vendida às distribuidoras precisará ter 715 quilos por metro cúbico. Antes, os fornecedores só precisavam informar os valores desse parâmetro e a ausência de um limite mínimo fazia com que a gasolina vendida no Brasil fosse menos densa que a de outros mercados. A massa específica da gasolina está relacionada à sua densidade e, quanto maior ela for, maior é a capacidade de um mesmo volume de combustível gerar energia. A gasolina mais densa tem mais energia disponível para ser convertida no momento da combustão e isso fará com que os veículos sejam capazes de circular mais com menos combustível. A redução do consumo poderá ser de 4% a 6%, estimam os estudos que embasaram a mudança publicada pela ANP. Outra novidade nas especificações é o estabelecimento de uma faixa com limite máximo e mínimo de temperatura para uma evaporação de 50% da gasolina, parâmetro que é chamado de destilação e mede a volatilidade do combustível. Antes, a ANP regulava apenas o limite máximo. Ednéia Caliman explica que um perfil adequado de destilação gera melhora na qualidade da combustão em ponto morto, na

dirigibilidade, no tempo de resposta na partida a frio e no aquecimento adequado. Esses ganhos favorecem a eficiência do motor, resume a especialista da ANP. RESISTÊNCIA À DETONAÇÃO A terceira mudança mais relevante nas especificações é na medição da octanagem, que é importante para controlar a resistência da gasolina à detonação. Quando o combustível tem uma octanagem adequada, ele resiste mais à detonação, o que faz com que ela ocorra apenas no momento certo dentro do motor. Esse parâmetro evita um problema conhecido como batida de pino, uma ignição precoce que causa danos ao motor. Antes da resolução publicada neste ano, só havia especificação prevista no país para a octanagem MON e o índice de octanagem (IAD), que é a média aritmética entre as octanagens MON e RON. A diferença entre as duas medições é que a octanagem MON mede a resistência à detonação em uma rotação mais alta, e a octanagem RON mede o mesmo parâmetro em rotações mais baixas. Ednéia explica que a evolução do conhecimento sobre os combustíveis permitiu concluir que o controle da octanagem RON é mais relevante que o da MON, e por isso as novas especificações exigem um mínimo de octanagem RON, que é de 92 para a gasolina comum, e de 97 para a gasolina premium. A partir de janeiro de 2022, o limite mínimo para a gasolina comum subirá para 93. Especialista em combustíveis da Petrobras, Rogério Gonçalves conta que a empresa começou a adaptar suas refinarias para atender às especificações desde a publicação da resolução e já está cumprindo as exigências que se tornarão obrigatórias a partir do dia 3 de agosto. A estatal é a maior fornecedora do combustível no país e Gonçalves afirma que, além de já atender à especificação que vai começar a vigorar este ano, a Petrobras se antecipou em relação à octanagem e já está produzindo a gasolina nos moldes do que será exigido para esse parâmetro em 2022.


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ECONOMIA

Estado aposta em festas de réveillon para aliviar déficit econômico Celebration, principal evento da virada em Alagoas, deve

confirmadas até o momento, o empresário trabalha com a possibilidade de contar com apenas 30% da capacidade total. “Acreditamos que na liberação da fase verde já tenhamos esse protocolo definido. A possibilidade do Celebration ser cancelado não existe por enquanto e estamos nos baseando nos protocolos de bares e restaurantes”. Além de membro da Abrape, Sérgio Feitosa também é integrante do Comitê de Gerenciamento de Impactos Econômicos da Crise, criado pelo governo de Alagoas no início da pandemia da covid-19.

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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esmo com as incertezas em relação à economia e ao turismo causadas pela pandemia da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, eventos tradicionais de final de ano em Alagoas tentam sobreviver às mudanças do “novo normal” e viram as apostas do governo do estado para evitar um déficit econômico ainda maior. A esperança dos empresários está no avanço de fases do chamado Distanciamento Social Controlado, elaborado pelo governo de Renan Filho, e na criação de protocolos de saúde. “Ainda não calculamos o déficit econômico para este período, exclusivamente porque seguimos com a possibilidade de realização das festas de réveillon no nosso estado. Torço para que os eventos possam ocorrer como nos outros anos, estamos trabalhando sob esta ótica. Mas é importante dizer que só quem vai poder determinar ou não esse cenário é a involução da doença”, declarou o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur), Rafael Brito. A covid-19 deve causar um prejuízo de aproximadamente R$ 1,2 bilhão no setor turístico em Alagoas. De acordo com

Secretário Rafael Brito torce para a realização de eventos de fim de ano

a pasta, as perdas provocadas apenas pela pandemia são maiores do que todo o ganho da última alta temporada. As perdas, no entanto, não correspondem ao rombo financeiro causado nas empresas. O empresário Sérgio Feitosa, representante de Alagoas na Associação Brasileira de Produtores de Eventos (Abrape) e CEO do Réveillon Celebration, acredita que a agenda em Alagoas possa ser retomada ainda este ano, mas que será preciso associar cautela com o sentimento de não causar pânico e desânimo à população. Em relação ao Celebration, evento de final de ano que movimenta a economia maceioense, a expectativa é que a festa aconteça mantendo a esperança do estado de

uma melhora econômica no período. Porém, haverá mudanças drásticas em sua estrutura. “A única viabilidade de eventos públicos com grande quantidade de pessoa acontecerem seria com a criação de uma vacina. Para nós que trabalhamos com eventos fechados, estamos no aguardo de um modelo de protocolo a ser aprovado pelos órgãos públicos para que possamos fazer o lançamento do réveillon. Hoje, o evento só está confirmado dentro dessa realidade de ter um protocolo específico”, explicou o empresário ao EXTRA. Tradicionalmente, em meados de maio e junho, as atrações e os valores da festa

da virada começam a ser divulgados, no entanto, nada está decidido até o momento. “Como não está tendo e nem vai ter tanta demanda de festas de fim de ano, os artistas estão bem solícitos em relação às contratações. Temos a nossa grade formada, mas ainda não fechamos contrato com todos dos cantores para as festas da Celebration Week”, contou o empresário. Apesar da expectativa de que o evento ocorra seguindo critérios sanitários estabelecidos pelos órgãos competentes, a principal mudança será em relação à quantidade de público. Neste ano, apesar das atrações não terem sido

QUEIMA DE FOGOS NA ORLA Após a polêmica sobre a realização ou não da tradicional festa de réveillon de Maceió, que concentra milhares de pessoas na orla da capital e também em diversos bairros da cidade, onde ocorrem queima de fogos, a prefeitura informou por meio de nota que “só fechará questão mais à frente”. “A gestão municipal está acompanhando a situação epidemiológica sobre a covid-19 e levará em conta os indicadores e orientações das autoridades sanitárias para a tomada de decisão sobre a realização do evento”, informou. Na sextafeira, 24, o prefeito de São Paulo (SP), Bruno Covas, anunciou o adiamento do carnaval e o cancelamento de eventos tradicionais, como a Marcha para Jesus e a Parada LGBTQI+ por causa da pandemia do novo coronavírus. O cancelamento está sendo seguido por outras cidades.


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FECOMÉRCIO

Alagoas pode iniciar retomada da economia ainda este ano

Setores já apontam recuperação, como a arrecadação do ICMS atacadista que apresenta alta de 8,7% de janeiro a junho TÂMARA ALBUQUERQUE Especial para o EXTRA

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Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, há seis meses, o surto da Covid-19, a doença provocada pelo novo Coronavírus, como Emergência de Saúde Pública. Isso aconteceu no fim de janeiro e, desde então, os países tentam conter a crise na saúde e seus efeitos na economia. Entre as consequências da pandemia, uma das mais danosas é o desemprego. A taxa de desemprego no Brasil chegou a 12,4% em junho, ante 10,7% em maio. O número de trabalhadores afastados em função da pandemia atingiu 14,8 milhões de pessoas no mês passado. Em Alagoas a pandemia também deixou rastros desalentadores. Este ano, o único mês com saldo positivo para o emprego foi junho, com 863 postos de trabalhos gerados. Pode ser o começo da recuperação econômica, segundo o economista Felipe Rocha, da Fecomércio Alagoas, uma das instituições envolvidas no processo que resultou no Protocolo Sanitário de Distanciamento Social Controlado do Governo de Alagoas.

É correto falar em retomada econômica ou ainda é cedo para pensar dessa forma? É correto falar em recuperação econômica, mas certamente até o final do ano, em Alagoas, poderá ocorrer uma retomada da economia com sinais bastante positivos para o ano que vem. Os dados são negativos para emprego, com taxa de desemprego pelo 1º trimestre, para o Estado, em 16,5%, com os dados mensais de abril e maio apontando para um saldo negativo na geração de empregos, ou seja, para ampliação da taxa de desemprego também no segundo trimestre, período em que o isolamento social foi mais forte. Contudo, a arrecadação de ICMS, que é uma boa proxy para o desempenho econômico, mostra até junho, queda de -4,1%, mas até maio o dado demonstrava queda de -5%. Alguns setores já apontam recuperação, tais como a arrecadação do ICMS atacadista que apresenta alta de 8,7%, de janeiro a junho, comparado com o mesmo período do ano passado. Para o setor esse é o único segmento do Comércio e Serviços que aponta retomada, os demais ainda pensam em recuperação do prejuízo. O mercado financeiro prevê recuo da economia

Economista Felipe Rocha mostra otimismo com a arrecadação do ICMS

em 5,95% este ano. Qual sua expectativa para Alagoas neste início de flexibilização? Todos os dados apontam para uma retomada em “V”, mas não extremamente acentuada, talvez uma espécie de “V” em formato parecido com uma logo de uma marca de produtos famosas internacionalmente. O momento de reabertura é interessante justamente porque casa com o melhor momento cíclico do Estado de Alagoas, o segundo semestre, onde é sabido que há a retomada da produção sucroalcooleira, gerando empregos temporários e injetando renda, juntamente com o Dia dos Pais,


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REABERTURA

das Crianças e os preparativos para o Natal, que costumam criar muitos empregos temporários, facilitando o consumo e acelerando a retomada para o Estado. Qual o quadro atual do varejo no Estado? O Estado de Alagoas, em termos de arrecadação de ICMS, entre janeiro a junho, comparado com o mesmo período do ano passado, caiu -4,1% em termos de arrecadação. O setor terciário, que abrange Comércio e Serviços, aponta queda de -7,8% em igual período, com o Varejo caindo 19,38% e o Atacado apresentando elevação de 8,7%. Os setores

de Serviços de Transporte já caíram 13,3% e o setor de Comunicação apresenta redução de 1,3%. Em termos de empregos, junho foi o primeiro mês de saldo positivo do ano, gerando 863 postos de trabalho no saldo geral, mas com perda de 169 postos de trabalho na Construção Civil e 263 empregos perdidos no setor de Serviços. O saldo geral do estado, entre janeiro a junho, é uma perda líquida de 28.766 mil postos de trabalho. Como foi o desempenho do varejo em 2019? O Varejo apresenta um desempenho muito abai-

xo do esperado devido a pandemia e ao isolamento social. O último dado, de maio, mostra uma queda de 19,5% no volume de vendas do setor comparado ao mesmo mês do ano passado e uma receita de 16,9% menor, igualmente comparado ao mesmo período. O prejuízo acumulado do ano é de 10%. Dá para arriscar o percentual de participação do setor no PIB ? O setor sempre foi o mais pujante da economia no Estado. O PIB do setor sempre variou entre 45% a 49% e deve se manter assim, mesmo em crise.

O retorno gradual das atividades econômicas não essenciais, iniciado no dia 3 de julho, em Maceió, foi considerado positivo por Gilton Lima, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL). “A expectativa era de que a reabertura alcançasse todo o Estado, o que não aconteceu. Mesmo assim, a permissão para o retorno das atividades não essenciais em Maceió já é um bom começo e demonstra que estamos no caminho certo no enfrentamento à pandemia. Esperamos, em breve, estender essa permissão às empresas do interior”, avaliou na ocasião. Na última terça-feira, o governador renan Filho estendeu a medida para os interiores, quando autorizou os municípios a migrarem para a fase laranja do protocolo de Distanciamento Social Controlado. Para Gilton Lima, falar em reabertura não significa defender somente a economia, mas os interesses da sociedade por meio do desenvolvimento do Estado.

NÚMEROS

Dados da Receita Federal do Brasil (RFB) indicam que Alagoas possui 166.223 empresas em atividade, das quais 76.407 situam-se em Maceió. Do volume geral do Estado, o Comércio detém 77.146 empresas, seguido por Serviços (66.270), Indústria (13.852), Construção Civil (8.057) e Agropecuária (898). Considerando apenas a capital, são 35.608 empresas no setor de Serviços, 29.937 no Comércio, 6.776 na Indústria, 3.944 na Construção Civil e 142 na Agropecuária. Os números de Maceió representam um aporte anual de R$ 21 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado – ou R$ 1,818 bilhão mensais -, demonstrando que a reabertura das atividades não essenciais, ainda que somente na capital, trará novo ânimo à economia. (Fonte: Fecomércio)


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Fins de vida

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

Já ouvi de uma cunhada: “Tudo que vem fácil, volta muito fácil”. E, com o passar do tempo, vou percebendo a pura verdade. Nos anos 50 morávamos na Avenida Fernandes Lima, no Farol, em Maceió. Perto da nossa residência morava um casal, ele, homem de posses, dono de uma empresa de ônibus, com três filhos. Os adolescentes tinham de tudo e brincavam com a vida. Num determinado momento foram mexer com a empregada doméstica. Ela reagiu e eles a mataram. Foi um escândalo enorme e a vida da família mudou totalmente.

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Morava ainda no Farol quando um moço rico casou com uma linda menina, filha de um parlamentar. Percebia-se facilmente que a moça estava casando sem gostar do noivo. Os anos foram passando e um belo dia o rapaz, acostumado a ter tudo, montou uma cena para provar que a esposa o enganava. Os jornais deram ampla repercussão ao caso. A mulher, com dois filhos, saiu de Alagoas e hoje vive muito bem, fora daqui. O homem, foi infeliz, perdeu tudo o que tinha e hoje, doente, mora na periferia de nossa cidade. Tais fatos ocorridos no passado nos dão a certeza: é de pequenino que se faz o homem. Nem sempre as crianças ricas conseguem crescer na vida. Em 1963, fui morar na Avenida Moreira e Silva e tive vizinhos maravilhosos. Um deles vindo de Pernambuco. Ele era representante comercial e ela simples dona de casa. Eu só tinha uma filha e ele ia lá em casa aplicar injeção na bebê. Fomos embora de Alagoas e voltamos em fevereiro de 1968. Reencontramos o casal já separado. Ele tinha feito horrores com a primeira mulher, que envergonhada, voltou para o Recife com os filhos. Nosso vizinho querido, muito infeliz num novo relaciona-

mento, anos depois foi assassinado. O crime ainda não foi desvendado. Um casal amigo separou-se por conta da bebida do marido. Ela refez a vida, casou-se outra vez. Ele bebeu tanto que virou morador de rua. Outro amigo, ainda meio aparentado, deu-lhe emprego e o trouxe ao convívio social. Mora só numa pensão, mas leva uma vida apenas razoável. Existe em nossa cidade um empresário que já foi figura no mundo social. Arrogante, humilhava seus empregados. Entrou na política e começou a ser usado pelos correligionários. Quem ia para o seu partido queria dinheiro. Hoje, velho, falido, os filhos tentam interditá-lo. Poucos são seus verdadeiros amigos e poucos relembram seus vividos tempos dourados. Quando meu irmão Sabino foi eleito deputado estadual, levou com ele três candidatos na quota partidária. Poucos reconheceram isso. Um só, de Junqueiro, sempre que me encontra, fala no meu irmão e de sua gratidão por ele. Tenho uma grande amiga, cujo pai era taxista e morreu muito cedo. Deixou viúva e filhos. Os amigos empregaram o mais velho e ele, inteligen-

te, sabido, cresceu profissionalmente, chegando a ser secretário de Estado. Infelizmente morreu cedo, mas deixou a família muito bem. O menino pobre aproveitou a oportunidade proporcionada pelos amigos do pai. Quando era adolescente, um vizinho nosso, deputado estadual, abrigou um colega que foi vítima de um atentado. O moço socorrido chegou a ser presidente do Poder Legislativo, mas morreu cedo bem longe daqui. Alagoas é um lugar bonito, cheio de praias lindas e terras maravilhosas. Mas infelizmente, ainda ocorrem crimes políticos, muita corrupção e negras histórias, principalmente nas famílias de políticos, novos ricos, criando seus filhos como se fossem príncipes. Fatos pitorescos, bem originais, acontecem e vamos observando o fim de cada um. Bons e maus exemplos se sucedem e, quase sempre o bem vence o mal. Pena que as pessoas envolvidas nos escândalos não entendam a realidade. Talvez a herança política, aliada a sinais exteriores de riqueza, não seja saudável para as novas gerações. É melhor deixar para os filhos uma boa educação!

Alagoas é um lugar bonito, cheio de praias lindas e terras maravilhosas. Mas infelizmente, ainda ocorrem crimes políticos, muita corrupção e negras histórias, principalmente nas famílias de políticos

Quando os governantes se prestam a meros operadores de “pare e siga”

ISRAEL LESSA

n Ex-superintendente Regional do Trabalho

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empre converso para entender as demandas e realidades das pessoas. Independentemente de classe social, ideológica, time de futebol, riqueza ou títulos acadêmicos sempre podemos aprender com o próximo. É esse contato que diferencia o fracasso e o sucesso da gestão pública. Como superintendente do Trabalho, mediava, todos os dias, os interesses das partes, às vezes, conflituosas, da relação de trabalho. Continuo fazendo isso. Nossas portas sempre estão abertas para sindicalistas, representantes das federações da indústria e do comércio, trabalhadores

de todas as profissões e categorias, empreendedores, jovens que buscam o primeiro emprego, enfim todos do mundo do trabalho. Mas é no chão da fábrica, no estabelecimento comercial, nas obras, nos canaviais, in loco, que a nossa presença se faz ainda mais importante. Nessas tantas histórias, lembro de quando conheci o nome de uma profissão bastante oportuna para os dias atuais: o operador de “pare e siga”. Em verdade, o ofício também é conhecido por outros nomes, como bandeirinha, auxiliar de estradas ou controladores de tráfego e denomina o trabalhador que, faça sol ou chuva, trabalha nas obras de rodovias por todo o Brasil, arriscando sua vida enquanto atuam para evitar acidentes. Para quem não conhece, ele geralmente trabalha na interdição parcial de estradas em obras, mostrando uma plaquinha vermelha escrita “pare”. Enquanto estamos do lado impedido de seguir em viagem, um outro trabalhador está no sentido oposto, “operando” uma plaquinha igual, só que mostrando o lado verde escrito “siga”. Quem pensa que tal função só existe nas obras de rodovias está enganado. Quando conversamos com quem

trabalha, quem tenta empreender, quem possui estabelecimentos comerciais, de todos os portes, em Maceió e em Alagoas, percebemos o desespero e o completo abandono pelos governantes que, ao invés de dar as caras, sem máscaras, e enfrentar os problemas junto com a população, se encastelam em redes sociais e se prestam a meros operadores de “pare e siga”, se limitando a trocar as cores de placas. O nome pode ser até mais bonito, mas as cores do distanciamento social funcionam como as placas de “pare e siga” e representam muito pouco na perspectiva econômica de quem vive em nossa cidade e Estado. Precisamos de uma política de efetivo enfrentamento da grave crise econômica decorrente da pandemia da covid-19. Trocar as cores das placas, como fazem os operadores de “pare e siga” não serve para nada se não forem acompanhadas, urgentemente, de uma política de crédito e subsídios para os empresários, bem como a garantia de emprego para os maceioenses e alagoanos. Olha que esses governantes já possuem o histórico muito ruim com o uso de cores. As experiências são péssimas. Simplesmente pintar faixas colo-

ridas na Avenida Fernandes Lima não chegaram nem perto de resolver os problemas estruturais de mobilidade de nossa cidade. Simplesmente pintar o mapa dos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto não amenizaram em nada a dor dos que estão vendo suas casas e estabelecimentos comerciais rachando e afundando nos buracos da cidade. A tragédia econômica está anunciada. Não adianta trocar a cor da placa, permitindo a abertura do comércio, dos bares, dos hotéis, das academias, se não garantirmos ao empresário as condições estruturais e financeiras para a manutenção dos estabelecimentos e dos empregos. Falta política pública para a reabertura, investimento e o fortalecimento das cadeias de valor aqui em Maceió. O breve fôlego de nossa economia local vai existir exatamente enquanto durarem as frágeis políticas federais de suspensão dos contratos de trabalho, redução de jornada e concessão do benefício emergencial que têm prazo para acabar. Mas e depois disso? Qual será a resposta de Maceió e Alagoas? Nossos governantes continuarão a se limitar a operar as cores do “para e siga”?

O breve fôlego de nossa economia local vai existir exatamente enquanto durarem as frágeis políticas federais de suspensão dos contratos de trabalho, redução de jornada e concessão do benefício emergencial que têm prazo para acabar.


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A venda da Braskem e o redesenho estratégico de Alagoas

ELIAS FRAGOSO n Economista

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esta semana a Odebrecht teve aprovado pela Justiça de São Paulo o seu plano de recuperação judicial que envolve recursos da ordem de R$ 100 bilhões. O fato acionou na empresa o sinal verde para a venda da Braskem, “a joia da coroa” do grupo, como parte do programa de reestruturação financeira. A Odebrecht detém 50,1% do capital votante da empresa, a Petrobrás tem 47% e os 2,9% estão pulverizados entre acionistas minoritários. Seu valor de mercado

está avaliado em US$ 19 bilhões, mas a Odebrecht estima vender sua participação por cerca de R$ 17 bilhões ou cerca de US$ 3,1 bilhões. A ver. A venda da Braskem não é definitivamente uma operação trivial. Muito ao contrário, antes disso acontecer a empresa terá que equacionar problemas de toda ordem, por exemplo: 1) O enorme passivo ambiental e criminal perante os governos federal, estadual, de Maceió e com a população residente nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto (cerca de 12 mil famílias, embora a companhia e, estranhissimamente a Defesa Civil da capital, esgrimam argumentos para reduzir esse número) decorrente da aceleração da subsidência da região fruto de exploração inadequada, para dizer o mínimo, das minas de sal-gema. A coisa é tão séria que no momento ninguém sabe informar onde foram parar duas dessas minas; o tráfego ferroviário na região foi suspenso e a retirada das famí-

lias das áreas de risco iminente acelerada transformando aprazíveis bairros em fantasmas no coração de Maceió. 2) Com o mercado de resinas em baixa e excesso de oferta pelo menos nos próximos dois anos, o “apetite” dos compradores anda meio rarefeito (o segmento da Braskem é um oligopólio global com número bem restrito de potenciais interessados no negócio). 3) Outra questão em estado latente que terá que ser resolvida antes da venda é a transferência do parque industrial da Braskem do coração de capital (onde ameaça diretamente de morte mais de meio milhão de pessoas) para outra área mais segura. 4) É inexplicável que Alagoas continue a renovar indefinidamente há mais de 40 anos os subsídios concedidos à empresa. Isso faz da Braskem um caso único de exploração da maior riqueza mineral de um dos Estados mais pobres na Federação sem nada pagar por isso. Como se vê, são temas de alta octanagem e óbices de grande porte

que a empresa terá que enfrentar. Sem condições mínimas qualquer transação não se materializa. Por outro lado, Alagoas não pode perder de vista o momento estratégico que a debacle da Odebrecht oportuniza para reposicionar o Estado na exploração do sal-gema, incluindo nisso, o compromisso da controladora da Braskem de transferir as indústrias de segunda geração que deveriam estar aqui, mas nos foram tomadas na mão grande dos interesses baianos da companhia, como também a reinstalação da sede da empresa no Estado. São mais de 40 anos de alta exploração que deram no que está dando. Chega. A classe política local, despreparada e uma das mais corruptas do país (tem suas raras exceções, claro) precisa exercer seu papel – uma vez na vida – e fazer algo de bom e consequente pelo Estado. A próxima eleição será um bom momento para se saber quem está de fato com Alagoas.

nenhuma doçura. Os adamados, ou doces, os conhecidos vinhos de sobremesa, como os Sauternes, da região que lhe empresta o nome na França, os Trockenbeerenauslesse na Alemanha, os Tokaji na Hungria, e também outros na Áustria, Califórnia e Austrália, que, além da demora na colheita para uma maior exposição ao sol, nestas regiões específicas, dá-se o ataque de uma espécie de fungo, Botrytis cinerea (podridão nobre), que age descolorindo os bagos, enrugando-os e concentrando seu conteúdo de açúcar. No resto do mundo, esse tipo de vinho é denominado ‘late harvest’ (colheita tardia). Na vinificação desses, necessário se faz um controle da fermentação para que o açúcar não seja totalmente convertido em álcool, conservando uma esplêndida doçura. Esses, sempre feitos de

castas brancas. Os fortificados, como o Porto, na região do Douro e Porto, o Madeira, da ilha do mesmo nome, em Portugal, e o Xerez, de Jerez na Espanha, diferenciam-se por sua fermentação ser interrompida pela adição de cachaça vínica, liberando um vinho licoroso, porém com um teor alcoólico alto, entre 15 e em alguns Porto, 22 Graus GL. Mas, como disse o pintor grego Apeles, “sapateiro, não vá além das sandálias”, sou apenas um amante do vinho, se muito um enófilo, ou como autodenomino-me: “Enocurioso”. Deixo a capacidade enológica para Galileu, quando, exprimindo esse sentimento, estava imaginando a elaboração de um vinho dos deuses, aproveitando o momento em que o sol nada mais tivesse a fazer senão maturar seus cachos de uvas.

São mais de 40 anos de alta exploração que deram no que está dando. Chega. A classe política local, despreparada e uma das mais corruptas do país (tem suas raras exceções, claro) precisa exercer seu papel – uma vez na vida

O vinho de Galileu

JOSÉ MAURÍCIO BRÊDA

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n Economista

osto de dar algumas pesquisadas em citações de figuras ilustres em todos os ramos da cultura. Certa vez, deparei-me com uma que me despertou a curiosidade. Astrônomo, físico e matemático italiano, Galileu Galilei (15641642), referindo-se ao astro-rei, diz: “O Sol com todos os planetas que giram a sua volta e dele dependem, ainda pode amadurecer um cacho de uvas, como

se nada mais existisse a fazer no universo”. Além da condição de astrônomo, já conhecida e tão combatida na época pelas suas convicções, vê-se o lado romântico e sentimental e, talvez enológico, quando ele vê o calor como o principal condutor para o amadurecimento das uvas. Poderia ter dito frutas, mas foi incisivo no “cacho de uvas”. Quem sabe não previa que isso iria determinar uma melhor qualidade e diversidade de vinhos, pois quanto mais maduras as uvas, maior será a quantidade de açúcar que pode ser transformado em álcool durante a fermentação. E será o trabalho do enólogo, que levará o vinho a ter um caráter, dando-lhe sempre um equilíbrio. Os secos terão uma fermentação total do açúcar, transformado em álcool, ou seja, sem

No resto do mundo, esse tipo de vinho é denominado ‘late harvest’ (colheita tardia). Na vinificação desses, necessário se faz um controle da fermentação para que o açúcar não seja totalmente convertido em álcool, conservando uma esplêndida doçura.


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A Lava Jato sob peias

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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primeira metade da década passada viu o início da transformação-ética do Brasil. Essa transformação foi obra, podemos dizer, exclusiva de jovens procuradores da República, policiais federais e estaduais dedicados, e dois juízes, um em Curitiba e outro no Rio de Janeiro. Incomodaram, sem dúvidas, o mundo político e empresarial, destruindo vários enclaves de corrupção, prevaricação, e outros crimes. A população aplaudiu – e ainda aplaude – bem como pas-

sou a acreditar que tudo mudaria para melhor. E mudou, embora não totalmente, não suficientemente, mercê de vários políticos e de empresários, que insistem na prática deletéria da antiética, ou aética, como preferirem. A mudança do governante federal, em 1919, apregoando realizar a limpeza da classe política, logo fez ver nuvens sombrias sobre a esperança ética do país. Deixemos de lado a ida do juiz Moro para o governo, um aparente passo para o credenciamento de um presidente quase desconhecido. As ações da família presidencial logo revelaram, para o bom entendedor, ao que vinha a nascente oligarquia. Hoje já se sabe que até aquela eleição que fora propaladamente ganha quase sem recursos, apenas utilizando a mídia eletrônica, era na verdade uma empulhação, pois a máquina eletrônica usada visava a criar ilusões, transformandose quando no poder – agora se sabe – no denominado gabinete do ódio.

A Lava Jato, porém, estava preservada, embora incomodando a muitos. Enquanto a estatura do agora ex-juiz e exministro Moro era o baluarte que impedia agressões maiores à limpeza ética. Não durou tanto quanto necessário. O então ministro Moro foi maquiavelicamente e grosseiramente induzido a afastar-se do governo. Por outro lado, o presidente deixou de lado qualquer pejo, aliou-se ao que de mais fisiológico existe na política brasileira, o denominado Centrão, do qual muitos próceres estão embolados na faxina moral iniciada em 2014, em Curitiba. O outro fator que levaria à destruição da Lava Jato, à sujeição, foi sem dúvidas a nomeação do senhor Augusto Aras para o cargo de procurador-geral da República. A coisa começou malparada, sendo escolhido alguém que sequer compunha a lista tríplice escolhida em eleição pelos procuradores da República a nível nacional. Quebrou-se, assim,

uma tradição que já se firmava, e que objetivava afastar o Órgão que tem também a função de acusador criminal do centro do Poder. Vinha sendo medida salutar de garantia, embora os grandes procuradores-gerais de outrora, como Sepúlveda Pertence e Aristides Junqueira, para citar apenas alguns, apesar de escolhidos pelo hóspede do Palácio do Planalto, tenham primado, em suas celebradas gestões, em deixar firme a independência ética da PGR. Eis agora que o procuradorgeral, como na música de Cazuza, mostra a sua cara. Esforçase, sem qualquer acanhamento, em submeter a Lava Jato ao seu tacão, sob a desculpa de ser necessário combater o que denomina “lavajatismo”. Certo que os procuradores da República do Paraná, assim como os do Rio de Janeiro, algumas vezes pecaram pelo excesso, mas são equívocos que podem ser corrigidas sem traumas e sem a necessidade de colocar a Lava Jato sob peias.

Eis agora que o procuradorgeral, como na música de Cazuza, mostra a sua cara. Esforça-se, sem qualquer acanhamento, em submeter a Lava Jato ao seu tacão, sob a desculpa de ser necessário combater o que denomina “lavajatismo”.


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

O genocídio à esquerda

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Para refletir:

m grupo de entidades sindicais brasileiras ingressou com uma ação no Tribunal Penal Internacional, em Haia (Holanda), contra o presidente Jair Bolsonaro, por crime contra a humanidade. A Rede Sindical Brasileira Unisaúde, formada por entidades de saúde e que representa mais de um milhão de trabalhadores do setor, acusa o presidente de “falhas graves e mortais” no combate à pandemia do coronavírus. Segundo ela, desde o início da crise sanitária o governo brasileiro tem adotado postura negligente e irresponsável que contribuiu para que o país atingisse a marca de mais de 90 mil mortes pela nova doença. A Unisaúde é coordenada pela UNI Américas, um braço regional da UNI Global Union, federação sindical que representa mais de 20 milhões de trabalhadores do setor de serviços em cerca de 150 países. “O governo federal deveria ser considerado culpado por sua insensível atuação frente à pandemia e por se recusar a proteger os trabalhadores da saúde”, afirmou o secretário regional da UNI Américas, Marcio Monzane. “Buscar a Corte Penal Internacional é uma medida drástica, mas os brasileiros enfrentam uma situação extremamente difícil”, acrescentou. Vamos aos fatos: O que é genocídio? - Essa palavra faz menção a qualquer tentativa de exterminar um grupo de pessoas por conta de sua etnia, raça, religião ou naciona-

lidade. É considerado um crime contra a humanidade por meio de uma determinação realizada pela ONU, em 1948. Para os representantes dos trabalhadores, o presidente colocou em risco a saúde da população ao promover aglomerações sem o uso de máscara e ao fazer propaganda de medicamentos como a hidroxicloroquina. Segundo o maior estudo feito no país sobre a substância, ela não tem eficácia no tratamento da doença. “O Brasil está há mais de dois meses sem um titular na pasta da saúde, no meio da maior crise sanitária do último século, que já ceifou milhares de vidas e deixou mais de 2 milhões de pessoas doentes”, afirmou o grupo de entidades de saúde em um comunicado. Para especialistas em Direito Internacional o documento não passará nem do nível preliminar na Corte. “Tenho convicção que essa queixa, como as anteriores não vai passar nem na análise inicial, vai ser barrada no início”, afirma Sylvia Steiner, ex-juíza do Tribunal Internacional. Nem precisa ser especialista para saber da burrada cometida pela esquerda exacerbada que não se conforma com a derrota nas urnas em 2018. É muito ruim para o Brasil que por irresponsabilidade dessa natureza é exposto à comunidade internacional com uma pauta negativa que desgasta nossa credibilidade.

E o “genocídio” petista?

O começo do fim da Lava Jato

Por que o mesmo grupo então não denunciou os governos petistas do passado, responsáveis pelo roubo descarado do dinheiro público, afetando o fornecimento de merenda escolar, fechando hospitais e atingindo em cheio uma imensa população de miseráveis que fingiam defender? Porque são iguais até na hipocrisia.

Governo desumano

Alagoas com indignação leu o texto postado pelo combativo jornalista Odilon Rios sobre o chocante caso em que o governo do estado se negou a ajudar uma criança de nove meses, que sofre da Síndrome de West cuja vida depende de um medicamento muito caro (R$ 14 mil). Pasmem que mesmo com uma decisão judicial através da juíza Joice Florentino que bloqueou o valor necessário à compra, o inusitado aconteceu: a conta indicada pela Defensoria Pública não tinha saldo suficiente para o confisco. “Estou nessa busca há oito meses pelo medicamento”, relatou a aflita mãe da criança, Patrícia Melo Santos Nogueira. A magistrada declarou: “a Justiça tentará outras contas do Estado. A luta é incessante, mas não depende só do Judiciário”. Resumindo: é preciso muita insensibilidade e falta de amor ao próximo de alguém que exerce uma falsa liderança política e é responsável pelo direito à vida dos alagoanos. Os alagoanos decepcionados certamente saberão dar a resposta adequada quando o govenador se apresentar candidato ao Senado.

A cada dia se evidencia que o procurador Augusto Aras chegou ao cargo máximo do Ministério Público fruto de uma poderosa trama com o principal objetivo: acabar com a Operação Lava Jato. Uma real ameaça para políticos corruptos, responsável pelo desmantelamento da maior quadrilha da história política brasileira, se encaminha para um final melancólico, diante aos olhos de um país apático e abatido pelo desânimo. Esta semana o ministro responsável pelas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) durante o recesso do tribunal, Dias Toffoli, mandou a Lava Jato compartilhar seus arquivos com a PGR, determinou o arquivamento de três investigações motivadas pela delação de Sergio Cabral e proibiu a Polícia Federal (PF) de fazer uma operação de busca e apreensão no gabinete do senador José Serra. Sinais dos tempos novos e sombrios. O entendimento de Toffoli transforma o Congresso em território livre e imune, uma espécie de templo sacrossanto onde os parlamentares podem ocultar provas, com a segurança de que seus gabinetes, além deles mesmos, serão protegidos pelo instituto do foro privilegiado.

Agora é hora de corrigir os rumos para que a Lava Jato não perdure”. (Augusto Aras – o homem que vai acabar com a operação Lava Jato).

Renan Filho: o algoz dos servidores

Os servidores públicos de Alagoas continuam na luta contra ações de perseguição mesquinha do governador Renan Filho contra as diversas categorias dos que trabalham para fazer a máquina administrativa funcionar. A exceção dos comissionados, aqueles que geralmente estão no serviço público por vias atrofiadas como o compadrio e as lambanças políticas tão maléficas para os cofres públicos, o funcionalismo tem sido a tônica da pauta repressora adotada pelo chefe do Executivo, desde o seu primeiro mandato. Ressalte-se que a caneta do governador jamais foi usada para beneficiar o funcionalismo, diferentemente dos seus antecessores que sempre reconheceram as demandas justas das categorias. Por vontade própria o governador se transformou no grande algoz dos servidores públicos e, por isso, vai amargar um preço amargo no futuro quer ele escolheu.

EXPRESSAS Senador Fernando Collor tem estreitado muito suas relações com prefeitos e lideranças do interior asfaltando sua caminhada em 2022. Sabe o que faz e sabe fazer. Ronaldo Lessa entra na disputa pra valer. Disputa a vaga com muita chance, se a justiça caolha não lhe perseguir mais uma vez


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Suspensão do Fies

Empresas inadimplentes

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s micro e pequenas empresas inadimplentes com o Simples Nacional não serão excluídas do regime especial em 2020, informou nesta semana a Receita Federal. O Fisco atendeu o pedido do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e decidiu suspender o processo de notificação e de expulsão do regime como forma de ajudar os pequenos negócios afetados pela pandemia do novo

Minha Casa, Minha Vida A Caixa Econômica Federal (CEF) passou a disponibilizar a possibilidade de ampliação da pausa nas prestações dos créditos habitacionais do Programa Minha, Casa Minha Vida (Faixas 1,5; 2 e 3), com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos para um período de até 180 dias. A medida faz parte das ações do banco para oferecer aos clientes alternativas para enfrentar os efeitos causados à economia pela covid-19.

Estudantes de todo o país, que são beneficiários do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), podem requerer a suspensão de até mais quatro parcelas durante o período de calamidade pública decretado por conta da pandemia do novo coronavírus. Para ter acesso ao benefício o estudante deve estar adimplente com os pagamentos até o dia 20 de março. Os interessados em aderir ao programa - válido para contratos em fase de utilização e carência, ou para aqueles que estão na fase de amortização - devem procurar a Caixa Econômica Federal (CEF) ou o Banco do Brasil até o dia 31 de dezembro.

Conta para crianças O Banco Inter lançou esta semana a Conta Kids, voltada para crianças e adolescentes. A conta é gratuita e dá acesso à plataforma de investimento do banco, possibilitando o investimento em modalidades como renda fixa (CDB, LCI e LCA), fundos de investimento, previdência privada, renda variável e ofertas públicas. Para abrir a conta para os pequenos investidores é necessário o CPF e RG da criança/adolescente e os documentos do responsável. .


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Eleições em Major Izidoro

PELO INTERIOR

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m Major Izidoro a disputa pela sucessão da prefeita Santana Mariano segue acirradíssima. São quatro pré-candidatos que colocaram seus nomes à disposição dos partidos. O pré-candidato da situação é Alexis Mariano, do MDB, que terá pela frente a difícil missão de defender a gestão da tia, envolta em denúncias de nepotismo e supostos atos de improbidade administrativa.

... O município de Arapiraca passou para a fase laranja. O governador Renan Filho fez o anúncio na terça-feira, 28, através de uma live nas redes sociais. ... Desde quinta-feira, 29, foi autorizada a reabertura de lojas de ruas com até 400m² (exceto shopping centers, galerias e centros comerciais); salões de beleza e barbearia com capacidade de atendimento reduzida em 50%; além de templos, igrejas e demais instituições religiosas com funcionamento reduzido para 30% de sua capacidade.

Oposição forte

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sobrinho da prefeita Santana Mariano, Alex Mariano, terá difícil missão de vencer o pré-candidato da oposição vereador Theobaldo Cintra, PP, que tem se destacado por sua atuação na Câmara Municipal e pelo trabalho que vem realizando em favor das comunidades das áreas urbana e rural.

Outros nomes

Também estão na corrida rumo à Prefeitura de Major Izidoro outros dois nomes não menos importante: Ítalo Amaral e Tonico Amaral. São políticos com serviços prestados ao município do Sertão alagoano e poderão crescer durante a campanha eleitoral, caso seus nomes sejam aprovados nas convenções dos partidos que estão filiados. Pelo andar da carruagem, a prefeita Santana Mariano terá dificuldades para eleger o seu sucessor.

Eleições em Palmeira

A deputada estadual Ângela Garrote e o prefeito de Palmeira dos Índios, Júlio Cezar, acertaram os passos rumo às eleições deste ano. Depois de idas e vindas fumaram, finalmente, o cachimbo da paz. Ângela colocou o filho-vereador Toninho Garrote para compor como vice na chapa encabeçada por Júlio que esqueceu os ataques e até o compromisso que tinha com o presidente da Câmara de Vereadores, Agenor Leôncio, que sonhava em ser o pré-candidato a vice-prefeito de Cezar.

“Paz e amor”

Muita gente ligada à área política palmeirense estranhou o “paz e amor” de Ângela com o ex-desafeto político Júlio, que até recentemente na imprensa da terra dos Xucurus-Kariris fizeram observações entre si nada abonadoras. Mas muitos apostam que o entendimento é pra valer, outros, no entanto, seguem a tese que diz que dois bicudos não se beijam e que se ganharem a eleição deste ano a paz será quebrada em tempo recorde. É esperar pra ver o que acontece.

Reação da oposição

Em tempo: a pré-candidata a prefeita de Palmeira dos Índios é Mosabelle Ribeiro, esposa do ex-prefeito James Ribeiro, hoje adversário político de Júlio Cezar e que em um passado recente já andaram juntinhos, bem coladinhos um no outro. Pois é. Política no interior não é diferente da capital. Amigos, amigos, negócios a parte.

Abrem no sábado

A Caixa abrirá oito agências em Alagoas neste sábado (1º), das 8h às 12h, para atendimento aos beneficiários do Auxílio Emergencial. Em todo o país, 717 agências estarão abertas. Os nascidos em fevereiro e março já poderão realizar o saque em espécie do benefício, conforme calendário de saque.

... O que era permitido na fase vermelha, permanece, como: postos de combustíveis, bancos e lotéricas, supermercados, papelarias, farmácias, bancas de revistas e livrarias, lojas de tecidos e aviamentos, oficinas mecânicas, lojas de plantas, entre outros.

Relação das agências

A relação de agências que estarão abertas pode ser conferida no site do banco: www.caixa.gov.br. Os ciclos de crédito em conta e saques em espécie seguem até dezembro para o pagamento das cinco parcelas definidas pelo Governo Federal para o público do CadÚnico e para quem se cadastrou pelo App CAIXA | Auxílio Emergencial ou pelo site auxilio.caixa.gov.br.

Atendimento

A Caixa reforça que não é preciso madrugar nas filas à espera de atendimento. Todas as pessoas que comparecerem às agências que abrirão neste sábado, das 8h às 12h, serão atendidas no mesmo dia. A mesma orientação é válida para o atendimento realizado de segunda a sexta, entre 8h e 14h, em todas as agências do banco.

... Já unidades de ensino, restaurantes e bares continuam fechados em Arapiraca. ... Faleceu na noite de terça-feira (28), o ex-prefeito de Mata Grande, Hélio Brandão. Ele tinha 76 anos e sofreu um infarto. O mesmo estava pré-candidato à prefeitura do município. ... Hélio Brandão foi prefeito de Mata Grande por três mandatos, sendo o último deles entre 2005 e 2008. Era casado com Cristina Brandão, ex-prefeita de Joaquim Gomes, no mesmo período de sua gestão no município sertanejo. Hélio era pai do também ex-prefeito de Mata Grande, Jacó Brandão e do ex-presidente da Câmara de Vereadores do município, Júlio Brandão. ... Outra vítima da covid-19: morreu na quarta-feira, 29, o ex-vereador por Lagoa da Canoa Eronildes Francisco dos Santos, 73 anos. O exvereador estava internado no Hospital Arthur Ramos, em Maceió, e não resistiu às complicações provocadas pelo novo coronavírus. ... O vice-prefeito Paulo Aguiar, nas redes sociais publicou uma foto ao lado do ex-vereador, que também é primo dele. Paulo Aguiar ressaltou que Eronildes lutou bravamente pela vida mas que a hora de partida tinha chegado. (Com 7 segundos). ... E o Hospital de Emergência do Agreste, em Arapiraca, registrou no início da tarde até a noite de terça-feira (28), o seu maior número de altas médicas de pacientes recuperados da covid-19. ... Treze pessoas, sendo sete homens e seis mulheres foram curados da doença e liberados para as suas residências e, com isso, desfrutarem novamente dos momentos de convivência ao lado dos familiares. ... Muita paz e saúde para nossos leitores nesse difícil momento da pandemia do novo coronavírus. Um ótimo final de semana para todos. Até a próxima edição.


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FERNANDO CALMON

n fernando@calmon.jor.br

Avanços de segurança e conectividade na S10

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az 25 anos que a GM criou o segmento de picapes médias com a S10. Produziu um milhão de unidades, 25% delas exportadas. Agora, no modelo 2021, introduziu mudanças na topo de linha High Country para que se diferencie das demais de forma explícita. São novos os seguintes itens nas versões mais caras: grade, para-choque (aumentou o ângulo de ataque de 27 para 29 graus), lanternas (as traseiras com LED), faróis (agora de LED), luz de rodagem diurna, rodas de 18 pol. pintadas de preto, estribo e arco de segurança (“santantônio”). A marca Chevrolet está estampada na grade e até a tradicional “gravata” símbolo da marca foi deslocada, pela primeira vez, do centro para a lateral esquerda e com dimensões reduzidas, apenas nesta versão. A caçamba não mudou e permanece como a maior da categoria (1.329 litros). As versões LS, LT, LTZ e High Country, todas a diesel de cabine dupla e 4x4, mantiveram os preços de R$ 169.200, R$ 187.590, R$ 206.190 e R$ 213.290, respectivamente. Continua a versão cabine dupla com motor flex por R$ 125.390 (câmbio manual e 4x2). Seis airbags são de série a partir de agora em toda a gama e houve reforços estruturais no veículo (ganho de 20%). Grande salto em segurança ativa foi a frenagem autônoma de emergência que funciona entre 8 e 80 km/h, independentemente da ação do motorista. O sistema é capaz de aplicar força máxima nos freios, mesmo que o motorista não perceba a iminência ou a gravidade de uma possível colisão. A novidade é a câmera de monitorização no alto do para-brisa. Ela percebe o risco de atropelamento de pedestre e faz aplicar os freios, o que não acontece com hatches e SUVs compactos recém-lançados como Onix e Nivus, por exemplo.

ESTILO É O PONTO FORTE DO NOVO PEUGEOT 208 A nova S10 recebeu câmera de ré de alta definição e zoom ativado por um botão para facilitar o engate de reboque por meio de uma linha-guia específica. Conectividade subiu para nível 4, o maior hoje disponível entre veículos do segmento. Além de roteador Wi-FI e internet a bordo que estrearam no Cruze em 2019, há o sistema de concierge OnStar. É possível, ainda, projetar sem necessidade de cabos Android Auto e Apple CarPlay diretamente para o sistema multimídia com tela tátil de 8 pol. Introduziu-se também GPS nativo e disponibilidade de baixar aplicativos como os de previsão do tempo. O sistema continua gratuito por três meses, mas depois há necessidade de adquirir um plano de dados. É a única picape a oferecer esse pacote mais completo de conectividade no mercado brasileiro. Para as picapes, que têm grande participação no agronegócio e percorrem longas distâncias, o sistema de uma segunda conta de celular é mais atraente em relação a automóveis. A antena amplifica em até 12 vezes, segundo a GM, o alcance e a estabilidade do sinal 4G em relação aos smartphones. O motor diesel recebeu novo turbocompressor para melhorar respostas em baixas rotações, porém potência e torque se mantiveram: 200 cv e 51 kgfm. Aceleração informada de 0 a 100 km/h é de 10,1 s (0,2 s melhor que antes). Consumo de diesel teve ganho entre 3% e 10%, em função de diferentes condições de uso.

Lançado na Europa em outubro do ano passado, a segunda geração do Peugeot 208 foi planejada para chegar ao Brasil apenas cerca de seis meses depois, porém a pandemia provocou atraso de três meses. Projetado sobre a arquitetura CMP, a mais atual do grupo francês (em processo de fusão com a FCA para formar o Stellantis), conquistou o título de Carro do Ano 2020 na Europa. O modelo atrai por seu desenho arrojado e que se destaca entre hatches compactos. Em fevereiro último, um grupo de jornalistas participou de uma missão de rodagem secreta na Argentina, onde o carro passa a ser fabricado. Estive lá e constatei que a evolução sobre o atual 208 foi bem marcante, em especial quanto ao comportamento em curvas e à estabilidade direcional. Menos no motor, pois se esperava uma versão turbo do atual tricilindro de 1,2 L que no mercado europeu entrega 100 ou 139 cv. No entanto, como esse motor teria que ser importado, haveria impacto direto sobre o preço a ser anunciado só em 4 de agosto (estimativa de R$ 65.000 a R$ 85.000, fora opcionais). Aqui se manteve o veterano quatro-cilindros, EC5M flex produzido em Porto Real (RJ), de aspiração natural, 1,6 L e 118 cv (etanol), que acoplado sempre a uma caixa automática de seis marchas, deixa algo a desejar em relação a concorrentes como Polo e Onix, ambos turbo, sendo que o HB20 aspirado entrega 130 cv. A Peugeot importará da França o elétrico 208 e-GT, de 136 cv. Lá ele custa 60% a mais que a versão de topo Allure. O interior é aconchegante com teto solar panorâmico e inclui o inédito quadro de instrumentos com tecnologia holográfica em 3D, carregamento por indução do celular (só na versão de topo) e projeção (com cabo) de Android Auto e Apple CarPlay. O porta-malas encolheu 20 litros (agora, 265 litros), embora um dos rivais, o líder Onix, só tenha 10 litros a mais.

www.fernandocalmon.com.br


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TEOTÔNIO VILELA

PREFEITURA INTENSIFICA AÇÕES NA LUTA CONTRA A COVID-19

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esde o início da pandemia da covid-19, a Prefeitura de Teotônio Vilela não mede esforços para combater à doença e diminuir os impactos causados pelo novo coronavírus no município. No início da semana, com a retomada do transporte intermunicipal, a prefeitura se preparou para preservar a saúde dos profissionais da categoria e dos passageiros. Todos os veículos que circulam de Teotônio Vilela para outras cidades do estado, fazendo o transporte complementar intermunicipal, foram higienizados. A prefeitura cumpriu a exigência da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas (Arsal) e a higienização foi realizada através na Secretaria Municipal de Urbanismo e Serviços Públicos. Depois da limpeza dos veículos, coordenada pelo secretário de Urbanismo e Serviços Públicos, José Domingos, e pelo presidente da Associação de Transportes Complementares de Teotônio Vilela, Jorge Zeferino, foi realizada uma carreata com a frota pelas principais ruas da cidade. Nos veículos é obrigatório o uso de máscaras. Cobradores devem usar também o protetor facial. Ainda é obrigatória a verificação da temperatura de usuários e funcionários nos pontos de origem e

destino. Funcionários do transporte também vão ter que fazer teste de covid-19, além de oferecer álcool em gel dentro do veículo aos passageiros. E as janelas deverão permanecer abertas durante o trajeto. Para o prefeito Joãozinho Pereira, a prevenção não pode parar e a saúde do povo vilelense vem em primeiro lugar. “Fico preocupado, pois a população tem a impressão que a pandemia acabou. Fiz a compra de mais de 10.000 mil testes para testarmos em massa nos bairros em que identificamos uma situação mais grave”, disse. Pereira também têm trabalhado na retomada da economia. “Finalizei na quinta-feira o pagamento da 1ª parcela do 13º salário a todos os funcionários. Isso deve injetar 6.5 milhões no comércio local”, pontuou. São diversas as frentes da atuação da Prefeitura de Teotônio Vilela. Mais kits de higiene e de merenda estão sendo montados para a distribuição em toda a cidade. “Estou investindo mais de R$ 2 milhões em uma central de imagens. Vai ter tomografia, eco, colonoscopia, endoscopia, tudo isso para nossa cidade. Quero que meu povo cuide da saúde aqui, sem ter que viajar”, finalizou.

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www.novoextra.com.br

Secretaria do Tesouro atesta desequilíbrio na saúde fiscal de Maceió MUNICÍPIO RECEBEU PIOR CLASSIFICAÇÃO EM ÍNDICE QUE MEDE EXCELÊNCIA

PESQUISA COVID-19 AFETA AGRICULTORES FAMILIARES E VAI REPERCUTIR NA OFERTA DE ALIMENTO 12 TRABALHO

ALAGOAS FECHA MÊS DE JUNHO COM QUADRO POSITIVO DE ADMISSÕES 5

NO CONTROLE DE

CRÉDITO RURAL

QUESITOS FINANCEIROS 3

PLANO SAFRA DISPONIBILIZA R$ 236,3 BILHÕES PARA PRODUTORES EM TODO PAÍS 10


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CRIME AMBIENTAL

Alagoas perde 34% da água potável que seria distribuída à população PARA CADA 100L DE ÁGUA CAPTADA, TRATADA E POTÁVEL, 34L NÃO CHEGAM A NENHUMA RESIDÊNCIA EM ALAGOAS

Brasil tem 104 milhões de pessoas sem serviço de coleta de esgoto e 35 milhões sem água tratada

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á exatamente dez anos, em 28 de julho, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o acesso à água limpa e segura e ao saneamento básico como direitos humanos fundamentais. A realidade coloca em xeque a resolução, assinada na sede do órgão em Nova Yorque em 2010. O Brasil tem hoje aproximadamente 104 milhões de pessoas sem serviço de coleta de esgoto e outras 35 milhões sem água tratada. Pelo menos na legislação, essa realidade vai mudar até 2033. O novo marco regulatório do saneamento básico, que entrou em vigor este mês, propõe que em 12 anos o acesso à água potável deva ser ampliado para 99% da população. Já o tratamento e a coleta de esgoto terão de alcançar 90% dos brasileiros no mesmo período. A nova lei aumenta as possibilidades de empresas privadas prestarem os serviços, sendo que as vencedoras de licitações terão de se comprometer com as metas de eficiência e universalização. Tido como uma das infraestruturas mais atrasadas do Brasil, o saneamento básico enfrenta dificuldades diversas e que vão além da expansão do acesso das pessoas às redes de água e esgotos. Estudo do Instituto Trata Brasil, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), mostra os problemas graves de eficiência no setor que comprometem a quantidade e qualidade dos serviços ao cidadão e à sustentabilidade financeira dos operadores. Em relação ao abastecimento de água, o estudo que tem ano base 2018 evidencia que o combate às perdas nos sistemas de distribuição é uma das ações menos priorizadas no setor de saneamento. Em Alagoas, o percentual de

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perda na distribuição de água potável é de 34%, igual ao registrado em Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais e um pouco abaixo da média nacional, que é de 38,45%. Para cada 100 litros de água captada, tratada e potável, 34 litros não chegam de forma oficial a nenhuma residência em Alagoas, se perdem em vazamentos, roubos (“gatos”), fraudes, erros de leitura dos hidrômetros, entre outros problemas, informa o Trata Brasil. Em 2018, o desperdício de água no País significou 6,5 bilhões de m³, equivalente a 7,1 mil piscinas olímpicas por dia. A perda de faturamento total foi de R$ 12 bilhões, equivalente aos recursos investidos em água e esgotos no Brasil naquele ano. “Esses indicadores não têm melhorado nos últimos anos, além de ter piorado em muitos locais do país”, aponta o instituto. O Trata Brasil alerta que o índice de perdas de água no sistema de distribuição (IPD) no país é muito alto, mas as

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EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL CEP: 57.000-580

médias ainda escondem as disparidades regionais. No Norte, por exemplo, que tem os piores índices de abastecimento de água, coleta e tratamento dos esgotos, as perdas são enormes: 55,53%. Significa que mais da metade da água produzida não chega oficialmente à população. No Nordeste, o índice de perda é de 45,98%. “É desanimador ver que, mesmo importantes regiões do país tendo sofrido crises hídricas recentes, as autoridades e empresas operadoras continuam não priorizando o combate às perdas de água potável. Estamos tirando mais água da natureza, não para atender as pessoas, mas para compensar a ineficiência do setor”, comenta Édison Carlos, presidente do Instituto. A redução das perdas implica em disponibilizar mais água para a população sem a necessidade de captação em novos mananciais. Em todo o País somente 6% das cidades são atendidas pela iniciativa privada no sistema de

EDITOR: Fernando Araújo JORNALISTA RESPONSÁVEL: Tamara Albuquerque (tamarajornalista@gmail.com)

abastecimento de água atualmente. Em 94% dos municípios, o serviço é feito por estatais. O novo marco do saneamento básico criou expectativas para a economia, sobretudo para a retomada pós-pandemia do Coronavírus. A medida era uma das prioridades do Ministério da Economia para atrair investimentos privados para o país. O potencial de investimentos estimado para a universalização dos serviços, segundo o relator da proposta do marco, senador Tasso Jereissati (PSDBCE), e membros do governo é de R$ 700 bilhões no período. O ministro Luiz Ramos (Secretaria de Governo) afirmou antes da aprovação que a nova lei poderá gerar até 1 milhão de empregos em cinco anos. Em razão das carências do setor, a nova legislação é vista como um ponto de estímulo do crescimento da atividade. O Instituto Trata Brasil ainda não se manifestou oficialmente a respeito da aprovação da Lei.

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LEVANTAMENTO

ALAGOAS B

Secretaria do Tesouro atesta desequilíbrio na saúde fiscal de Maceió MUNICÍPIO RECEBEU PIOR CLASSIFICAÇÃO EM ÍNDICE QUE MEDE EXCELÊNCIA NO CONTROLE DE QUESITOS FINANCEIROS

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saúde fiscal da capital alagoana não é boa. Maceió está entre os municípios que possuem situação financeira desconfortável para manter o funcionamento dos serviços públicos essenciais, segundo aponta o último levantamento quadrimestral da Secretaria do Tesouro Nacional (STN). O atual governo sofre para manter a gestão segura e essa realidade é visualizada através das notas do Índice CAPAG, responsável por diagnosticar o quadro financeiro de estados e municípios, garantindo políticas e diretrizes bem definidas no que diz respeito a conter riscos operacionais e inadimplência. A metodologia é pautada em três indicadores: endividamento, poupança corrente e índice de liquidez. Com isso, após avaliar o grau de solvência, a relação entre despesas e receitas correntes e a situação de caixa, é feito o diagnóstico sobre a capacidade dos estados e municípios honrarem suas obrigações financeiras, podendo se enquadrar nas categorias de notas A, B e C. A classificação de Maceió no quadro nacional é “C”, a pior em termos de excelência no controle dos quesitos avaliados e cumprimento das regras previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal. Pode representar um sinal negativo de que o município corre o risco de insolvência. Entre os indicadores, Maceió só apresenta bom desempenho

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no nível de endividamento, que corresponde a 21,80% e recebeu no levantamento da STN a classificação “A”. Este indicador mostra qual o percentual da Receita Corrente Líquida seria consumido, caso toda a Dívida Consolidada do município fosse paga. No entanto, no indicador que avalia a poupança corrente, a capital alagoana recebeu nota “C”, com percentual de comprometimento de 98,76%. No terceiro indicador, o índice de liquidez, que consiste na relação entre as obrigações financeiras e a disponibilidade de caixa bruta do exercício anterior, o município também ficou com nota “C”. A segunda maior cidade alagoana, Arapiraca, também foi avaliada com a nota “C” pelo índice CAPAG. Apenas o aspecto de endividamento é que a prefeitura do município sertanejo recebeu nota A, correspondente a 8,37% no nível de endividamento. Entre diversas vantagens, um bom posicionamento na classificação da Secretaria do tesouro Nacional permite, por exemplo, a solicitação de créditos dos estados e municípios com a União. Entretanto,

Maceió aparece em levantamento com desequilíbrio nas contas públicas

apenas cinco capitais brasileiras mostraram ter excelência em relação à situação fiscal, segundo o levantamento da STN. Rio Branco, no Acre; Palmas (TO), Curitiba (PR), Vitória (ES) e Aracaju (SE) são as únicas capitais que possuem o chamado Triple A, ou seja, nota máxima nos três quesitos. Das 5.570 cidades brasileiras, apenas 648 têm a classificação Triple A. Além de poder prestar melhores serviços, os municípios com excelência em relação à saúde fiscal têm maior capacidade de investimentos e mostra que a gestão não está gastando mais do que pode pagar. No mercado financeiro o Triple A é a classificação mais alta que pode ser atribuída pelas agências de rating (agência de classificação de risco de crédito ou, mais simplesmente, agência de classificação de risco) a um governo ou empresa. Um ativo AAA tem alto nível de credibilidade, pois o governo, empresa ou organização emissora é uma boa pagadora, tem facilidade para cumprir com suas obrigações financeiras e o risco de calote é o menor possível.

Em plena epidemia de Covid-19, o governo federal decidiu revisar as notas do Índice CAPAG dos estados, referente ao exercício de 2019. Alagoas manteve a nota B de Capacidade de Pagamento no rating da Secretaria do Tesouro Nacional, com garantia da União, de acordo com a nota técnica da Coordenação-Geral de Relações e Análise Financeira dos Estados e Municípios (Corem/STN). O Estado apresentou os números requisitados e permanece com sua capacidade de pagamento em todos os cenários projetados, segundo informação da Seplag, a Secretaria de Estado da Fazenda. A nota técnica do Corem aponta que os resultados dos cálculos indicam que o Estado de Alagoas deve continuar a atender ao requisito de elegibilidade e, por isso, não é necessária a revisão da sua classificação final de capacidade de pagamento. Segundo o Secretário da Fazenda, George Santoro, essa análise demonstra que o Estado fez seu dever de casa, adotando medidas para garantir o equilíbrio fiscal e a cobertura das despesas em dia. São Paulo, Espírito Santo, Paraná e Paraíba tiveram suas notas rebaixadas com base no que alegaram em suas ações Judiciais.

RECURSOS

No próximo dia 3 de agosto os municípios devem receber a terceira parcela dos R$ 60 bilhões, previstos na Lei Complementar nº 173/2020, para o enfrentamento do Coronavírus. A União já repassou R$ 30 bilhões desse valor aos estados e municípios. O repasse previsto para a Prefeitura de Maceió é de 99.807.447.34. A primeira parcela foi destinada em 9 de junho e a segunda, de R$ 15 bilhões, caiu na conta das prefeituras no último dia 13 de julho. O último repasse ocorrerá em 11 de setembro. Os recursos, não apenas estão ajudando as cidades a investir em ações de saúde e assistência social como estão sendo primordiais para a manutenção das prefeituras, que estão conseguindo quitar suas folhas de pagamento e honrar com os demais compromissos da unidade frente à queda na arrecadação provocada pela pandemia. Dos R$ 60 bilhões que serão disponibilizados, R$ 50 bilhões são para livre destinação, de acordo com a necessidade do município, e os R$ 10 bilhões restantes precisam ser aplicados, obrigatoriamente, em ações de Saúde e de Assistência Social.


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PROGRAMA DO LEITE

Governo deve R$ 14 milhões ao pequeno agricultor de Alagoas PROGRAMA SUSPENSO TIROU DA MESA DE 80 MIL FAMÍLIAS VULNERÁVEIS UM PRODUTO ESSENCIAL PARA NUTRIÇÃO

de Estado da Agricultura (Seagri), pague a contrapartida prevista na parceria. O pagamento aos agricultores está atrasado há seis meses e a dívida chega a R$ 14 milhões, segundo informação do presidente da Cooperativa dos Produtores de Leite de Alagoas (CPLA), Aldemar pequeno agricultor familiar de Alagoas vive a expectativa Monteiro. Através de cooperativas, os da retomada do Programa produtores distribuem o leite para do Leite, suspenso desde junho por falta de recursos federais. O repas- cerca de 80 mil famílias em situação de vulnerabilidade no estado. se financeiro do convênio efetuado com o Ministério da Cidadania pode A suspensão do programa tirou da mesa dessas pessoas um dos mais ser reativado, desde que o governo importantes e nutritivos alimentos do estado, através da Secretaria

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Através de cooperativas, os produtores distribuem o leite para cerca de 80 mil famílias de que dispunham. O Programa foi criado em 2002 e absorvia cerca de 20% da produção. A interrupção da atividade agravou a crise financeira para mais de 3 mil pequenos agricultores, que além de perder a renda estão com problema para escoar o produto. Parte da produção está sendo enviada ao mercado de estados vizinhos como Pernambuco e Sergipe ou para pequenas fábricas de queijo. No mês passado, a Seagri garantiu a renovação do convênio com o ministério e um aporte de recursos de R$ 19,5 milhões para manter o

programa funcionando regularmente até março de 2021, mas uma das exigências para liberação da verba é que o governo do Estado pague o valor devido aos produtores, além do comprometimento da contrapartida de 20% da renovação do convênio. O repasse da verba federal ao Programa deveria ser feito até o dia 15 deste mês. A esperança da categoria é que isso venha a ocorrer em agosto. Cada produtor distribuía pelo programa uma média de 17 a 20 litros diários de leite. O valor do litro, segundo Aldemar, era de R$ 1,28.


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CONSIGNADO

País fechou 10,9 mil postos de trabalho em junho, especialmente no setor de serviços

TRABALHO

Alagoas fecha mês de junho com quadro positivo de admissões ESTADO REGISTROU 5.560 TRABALHADORES ADMITIDOS CONTRA 4.697 DEMITIDOS, UM SALDO DE 863 POSTOS DE TRABALHO

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DÍVIDAS O percentual de famílias com dívidas atingiu 67,4% em julho, o maior nível da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O crescimento se deve ao aumento do endividamento das famílias com até 10 salários mínimos de renda, que chegou ao recorde de 69% em julho, acima dos 68,2% de junho e dos 65,4% de julho de 2019. Por outro lado, o grupo de famílias com renda superior a esse patamar teve uma redução do endividamento, chegando a 59,1% em julho, abaixo dos 60,7% em junho. Apesar disso, o percentual ficou acima dos 58,7% de julho de 2019. A pesquisa é realizada mensalmente com 18 mil consumidores e considera como dívidas as despesas declaradas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa, ainda que estejam em dia. A Peic também questiona os entrevistados sobre dívidas ou contas em atraso, percentual que chegou a 26,3% no geral, o maior valor desde setembro de 2017.

SAFRA 20/21

REDAÇÃO com Assessoria MTE

Brasil fechou 1.198.363 postos de trabalho de janeiro a junho deste ano, sofrendo os impactos da pandemia de Coronavírus, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado na última terça-feira, 28, pelo Ministério da Economia. Foram 6.718.276 contratações e 7.916.639 demissões no ano. Em junho, o país fechou 10.984 postos de trabalho. Foram registradas 895.460 contratações e de 906.444 demissões no mês. O setor de serviços foi o mais impactado no mês, com saldo negativo de 44.891, influenciado principalmente pelo fechamento de 35.340 postos de trabalho em alojamento e alimentação. Alagoas, no entanto, apresentou resultado positivo na geração de postos de trabalhos. Em junho, o estado registrou 5.560 trabalhadores admitidos contra 4.697 demitidos. O saldo é de 863

O empréstimo consignado para aposentados do INSS tem novas regras. Desde a última segunda-feira, 27, começaram a valer as alterações para pensionistas e aposentados do Instituto. As medidas são válidas durante o estado de calamidade pública, que vai até dia 31 de dezembro de 2020. De acordo com as novas regras, fica autorizado o desbloqueio para consignados em 30 dias após a concessão do benefício. O prazo anterior era de 90 dias. O desbloqueio do benefício é realizado pela internet por meio de uma pré-autorização. Além disso, foi criado o tempo de carência para desconto da primeira parcela. As instituições financeiras ou entidades de previdência complementar poderão ofertar novos prazo nas modalidades consignação e retenção, no prazo máximo de 90 dias, a contar do início do contrato. O limite máximo concedido no cartão de crédito para pagar despesas contraídas com a finalidade de compras e saques passa de 1,4 para 1,6 vez o valor mensal do benefício (ou para cada R$ 1 mil de valor de benefício o segurado poderá realizar operações de até R$ 1.600). Esse limite, ao contrário das outras duas medidas, terá vigência permanente.

postos, uma variação relativa de 0,27%. Em todo o Nordeste, o estado só perdeu em percentual de admissões para os estados do Rio Grande do Norte (0,43%) e Maranhão (0,82%). O salário médio de contratação era de R$1.696,22 em junho. O comércio fechou 16.646 vagas formais e a indústria geral, 3.545. Na contramão, a construção e a agricultura, pecuária produção florestal, pesca e aquicultura abriram novas vagas (17.270 postos) e 36.836 postos, respectivamente. De todas as unidades federativas do país, 17 tiveram saldos positivos e 10, negativos. Os melhores resultados foram registrados em Mato Grosso (+6.790), Pará (+4.550 postos) e Goiás (+4.334 postos). Já Rio de Janeiro (-16.801 postos), São Paulo (-13.299) e Rio Grande do Sul (-4.851) foram os locais que mais fecharam empregos formais no país.

A Cooperativa Pindorama deve iniciar a safra 20/21 no próximo dia 15 de agosto. A expectativa é moer mais de 1 milhão de toneladas de cana um crescimento entre 10% e 15% em relação ao ciclo anterior. Segundo Klécio Santos, presidente da cooperativa, a quantidade de cana plantada e das precipitações pluviométricas contribuem para a alta. Investimentos também estão sendo realizados na infraestrutura do parque industrial para alcançar a meta estipulada, como a garantia de mais potência à geração de vapor nas caldeiras. A cooperativa também ampliou a geração de energia elétrica e na primeira navalha, foi ampliado o diâmetro de giro, que resultou em alta de 15% na moagem. A usina já beneficia diariamente 6 mil toneladas de cana e busca com maior intensidade a excelência de rendimentos nos seus setores.

QUEIMADAS O Sindaçúcar-AL afirma que a publicação do decreto presidencial que suspende a permissão do emprego de fogo no território nacional pelo prazo de 120 dias, não afetará o início da nova safra da cana do setor sucroenergético na região Nordeste, prevista para começar em agosto. O presidente do sindicato, Pedro Robério Nogueira, informa que o decreto trouxe algumas exceções, a exemplo das queimadas controladas e autorizadas por órgãos ambientais estaduais como “é o caso da queima de cana-de-açúcar para corte e moagem em Alagoas e no Nordeste. Também estão mantidas as queimadas controladas em áreas não localizadas na Amazônia Legal e no Pantanal, quando imprescindíveis a realização de práticas agrícolas, desde que autorizadas previamente pelo órgão ambiental estadual.


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INVESTIMENTO

Pindorama faz testes com fertilização pelo processo foliar COOPERATIVA BUSCA POTENCIALIZAR A PRODUÇÃO EM QUALIDADE E QUANTIDADE

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om investimentos no campo para potencializar ainda mais a qualidade da produção, a Cooperativa Pindorama realiza testes com a aplicação de fertilizantes foliar – por meio de um avião de pequeno porte – para ampliar a produção dos cooperados. “Esta ferramenta tem a finalidade de promover o aumento da produtividade/produção. Estamos aplicando o fertilizante em algumas áreas de teste. Todo esse esforço é para que o cooperado possa produzir cada vez mais”, afirmou o geren-

te Agrícola, Danilo Wanderley. De acordo com ele, após o encerramento da aplicação do produto, serão analisados os resultados obtidos nas lavouras para avaliar o potencial produtivo do fertilizante foliar. “Com esse tipo de aplicação, o ganho de produção pode variar de cinco a sete toneladas por hectare que o associado e a cooperativa terão a dispor com essa ferramenta”, destacou Danilo. A adubação consiste em fornecer à planta nutrientes necessários e que não estão disponíveis de forma natural, garantindo um melhor desenvolvimento. Na adubação via solo, os adubos químicos e/ou orgânicos são incorporados no solo e a absorção dos nutrientes ocorre por meio das raízes da planta. Na adubação foliar, os nutrien-

tes são absorvidos pelas partes aéreas, principalmente pela superfície das folhas, por meio da cutícula e dos estômatos, de forma passiva

e ativa. Os fertilizantes aplicados sobre as folhas são mais rapidamente assimilados pela planta do que via solo


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SONEGAÇÃO

Gigantes ligadas ao Agronegócio lideram débitos com a União DÍVIDA DE MIL EMPRESAS COM A UNIÃO PAGARIA O AUXÍLIO EMERGENCIAL DE R$ 600 POR 14 MESES

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Brasil tem a receber R$ 754,7 bilhões de sonegação praticada por empresas de vários segmentos econômicos com predominância do setor de agronegócio. Se o valor das maiores dívidas ativas da União fosse pago, o país teria recursos para, por exemplo, manter por 14 meses o auxílio emergencial destinado a trabalhadores informais, autônomos e desempregados nesse período de pandemia do Coronavírus. De acordo com Ministério da Economia, cada mês do benefício custa R$ 51 bilhões. Os dados da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional revelam que, entre as mil empresas que mais devem aos cofres públicos quem lidera a lista é a Petrobrás, com uma dívida de R$ 40,4 bilhões referentes a Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ). Entretanto, levantamento realizado pela redação do Brasil de Fato mostra que as maiores sonegações são de empresas ligadas ao agronegócio. Das dez primeiras devedoras, seis pertencem ao setor. A primeira no topo das devedoras do agronegócio é a Vale, com uma dívida de R$ 39,7 bilhões. A outra mineradora da lista é a Samarco, que pertence ao mesmo grupo comercial, com R$ 5,3 bilhões. A Parmalat, controlada pelo grupo francês Lactalis desde 2011, mantém duas empresas entre as dez maiores dívidas do país, a Carital Brasil Ltda, em terceiro, com débitos acumulados de R$ 29 bilhões e a PPL Participações Ltda, em sexto, que deve R$ 8,8 bilhões aos cofres públicos. Outras três empresas do conglomerado estão entre as mil maiores dívidas: a Zirconia Participações Ltda (34ª), que deve R$ 2,6 bilhões, a Padma Indústria de Alimentos S/A (154ª), com débito de R$ 932 milhões e a Isii Empreendimentos e Participações Ltda (173ª), que sonegou R$ 852 milhões. Ao todo, o grupo soma R$ 42,3 bilhões de passivo com a União. Confira a lista das 10 empresas com maiores débitos com a União, segundo informações da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.

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Pagamento das maiores dívidas ativas com a União daria para manter o auxílio emergencial por mais 14 meses

DIA DO AGRICULTOR Na última terça-feira, 28 de julho, celebramos, oficialmente, o Dia do Agricultor. A data faz referência à criação do Ministério da Agricultura em 1960, no mandato de Juscelino Kubitschek. É uma homenagem a todos que trabalham com o campo, considerada a mais antiga profissão do mundo, atividade primária na economia. O Brasil começou na atividade com a extração de Pau Brasil, passando pelos engenhos de canade-açúcar, chegando ao café e alcançando a posição de maior produtor de soja do mundo. Com técnicas de produção que vieram com o carro de boi, até modernos tratores, plantio direto, sistemas integrados, conectividade, genética e tecnologia, os agricultores brasileiros colheram uma das maiores safras de grãos da história e devem bater recorde em exportações, na casa US$ 106 bilhões. Mesmo na pandemia de Covid-19 os agricultores não pararam e seguem na missão de alimentar, preservar e, acima de tudo, dedicar amor à atividade todos os dias. Agricultura é resultado e paixão. Aquela sensação inexplicável de conexão com a terra e respeito ao que ela oferece. (Fonte: Agrolink)

AFTOSA: NOVAS REGRAS O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou a Instrução Normativa Nº 48, que regulamenta ações de vigilância, controle e erradicação da febre aftosa no Brasil. Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, a medida atualiza as diretrizes para vigilância da doença, além de garantir mais segurança jurídica, menos burocracia e simplificação dos processos para o produtor rural. Uma das principais mudanças é no trânsito de animais. Na normativa anterior, os produtores eram obrigados a manter os animais em seus estabelecimentos por determinado período após a vacinação. Agora, os produtores poderão emitir Guia de Trânsito Animal (GTA) assim que regularizarem a situação cadastral no Serviço Veterinário Oficial (SVO). Outra novidade é a ampliação do prazo de vacinação para animais destinados ao abate imediato, de 60 dias para 90 dias antes, o que dará mais flexibilidade ao pecuarista. A nova norma também regulamenta a entrada de bovinos em Zonas Livres Sem Vacinação (ZLSV), desde que sejam destinados ao abate de forma imediata ou à quarentena em Estabelecimentos Pré-Embarque.


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CRÉDITO RURAL

Plano Safra disponibiliza R$ 236,3 bilhões para produtores em todo País CONTRATAÇÃO DA SAFRA 2019/2020 FOI 11% MAIOR QUE A ANTERIOR

Produtores terão R$ 179 bilhões para custeio, comércio e industrialização e R$ 56,92 bilhões para investimentos

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safra 2020/2021 começou e os produtores já podem acessar os recursos para financiamento nos bancos que operam com crédito rural e nas cooperativas de crédito. São R$ 236,3 bilhões disponíveis, valor 6,1% maior que o da safra anterior e o maior da história. Do total programado, R$ 179,38 bilhões serão destinados para custeio, comercialização e industrialização e R$ 56,92 bilhões para investimentos. Para o seguro rural de 2021 o governo disponibilizou R$ 1,3 bilhão. Os pequenos produtores rurais terão R$ 33 bilhões para financiamento pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar (Pronaf), com juros de 2,75% e 4% ao ano, para custeio e comercialização. Para os médios produtores rurais, serão destinados R$ 33,1 bilhões, por meio do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produ-

GARANTIA-SAFRA

O Ministério da Agricultura (Mapa) publicou portaria que determina o pagamento do benefício do Garantia-Safra, encerrando o ciclo 2018/19. Neste mês de julho, 60.170 agricultores de 78 municípios dos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, tiveram a autorização para recebimento do benefício, valor é aproximadamente R$ 51 milhões. O benefício será realizado integralmente, em parcela única de R$ 850, em decorrência do estado de calamidade pública e as medidas de enfrentamento da propagação da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Normalmente, o benefício é pago em cinco parcelas.

VENDAS CASADAS

O agronegócio vê como avanço a plataforma de denúncias lançada este mês pelo Ministério da Agricultura. O objetivo é denunciar à prática de venda casada de serviços financeiros para produtores rurais. Com o sistema, os produtores poderão fazer reclamações anônimas sobre a prática, que ocorre quando bancos condicionam a liberação do crédito à aquisição de outros produtos financeiros. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, reforçou que a nova plataforma dá segurança para aqueles que são coagidos quando vão tomar financiamento de custeio ou investimento do Plano Safra.

AUXÍLIO

tor Rural (Pronamp), com taxas de juros de 5% ao ano (custeio e comercialização). Nos financiamentos para grandes produtores, a taxa anual de juros será de 6% para custeio e de

A Câmara dos Deputados aprovou projeto que prevê medidas de auxílio a agricultores familiares, no âmbito das ações emergenciais adotadas diante da pandemia de coronavírus. O texto avaliado pelos parlamentares foi um substitutivo apresentado pelo deputado Zé Silva (Solidariedade-MG) ao projeto de lei 735/2020. O projeto prevê o pagamento de um auxílio emergencial rural de R$ 3 mil, divididos em parcelas de R$ 600. O valor dobra no caso de mulheres agricultoras. Os requisitos do auxílio aos agricultores são: não ter emprego formal; não receber outro benefício previdenciário, exceto Bolsa Família ou seguro-defeso; e ter renda familiar de até meio salário mínimo (R$ 522,50) ou renda familiar total de até três salários mínimos. O texto deixa claro que o recebimento do auxílio emergencial ou benefício não faz o agricultor perder a condição de segurado especial perante a Previdência Social, cujas regras para acesso a seus benefícios são diferenciadas.

AUXÍLIO II

7% para investimento. Os recursos podem ser contratados até 30 de junho de 2021 e vão garantir a continuidade da produção no campo e o abastecimento de alimentos no país durante e após a pandemia do novo coronavírus. O desembolso do crédito rural para safra de 2019/2020, que encerrou em junho, foi de R$ 191,8 bilhões. Foram 11% por cento a mais que no período anterior. De acordo com o Ministério da Agricultura, somados aos recursos da fonte Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) referentes às aquisições de Cédulas de Produto Rural (CPRs) e às operações com agroindústrias, o valor chegou a R$ 225 bilhões.(Redação com Assessoria/MAPA)

O texto permite ao Conselho Monetário Nacional (CMN) criar linhas de crédito, no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), para agricultores com renda familiar total mensal de até três salários mínimos (R$ 3.135,00) e que tenham efetuado cadastro simplificado junto a entidade de assistência técnica e extensão. A taxa prevista será de 1% ao ano, com dez anos para pagar e carência de cinco anos incluída nesse tempo. O valor máximo do empréstimo será de R$ 10 mil por beneficiário. Os interessados terão até 30 de dezembro de 2021 para pedir o empréstimo, podendo usar até 20% do valor obtido para a manutenção da família.


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AGRONORDESTE

Projeto de cooperação entre Embrapa e Chesf beneficia produtores de Alagoas, Bahia, Sergipe e Pernambuco

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Projeto começa a desenvolver agricultura familiar no

Baixo São Francisco PEQUENOS AGRICULTORES RECEBEM CAPACITAÇÃO E TECNOLOGIA PARA MUDAR A DINÂMICA PRODUTIVA E GERAR MAIS RENDA

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cooperação entre a Embrapa Semiárido e Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) introduziu inovações tecnológicas para milhares de pequenos agricultores que vivem em municípios de Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe. São famílias com pequenas propriedades e atividades que apenas lhe garantiam a subsistência, mas que estão adquiriram nova dinâmica produtiva, passando a gerar volumes de renda que melhoraram a qualidade de vida de comunidades rurais inteiras. Os pequenos agricultores envolvidos no projeto, que se estenderá até 2022, estão em municípios localizados no entorno das Barragens do Complexo de Paulo Afonso e das Usinas Hidrelétricas de Itaparica e Xingó. Em Alagoas, o projeto está em Pariconha, Olho D’Água do Casado, Delmiro Gouveia e Piranhas. No estado da Bahia, está em Paulo Afonso, Rodelas e Glória; em Pernambuco, Petrolândia e Jatobá e nos municípios sergipanos de Canindé do São Francisco, Poço Redondo e Nossa Senhora da Glória.

O projeto é denominado “Ações de desenvolvimento para produtores agropecuários e estudantes dos Lagos do São Francisco”. De acordo com Rebert Coelho Correia, pesquisador da Embrapa Semiárido, o projeto possui 10 planos com estratégias de responsabilidade social aliada a metodologias de construção de conhecimentos e de transferência de tecnologias. As ações têm colocado em operação uma rede de instituições públicas e organizações da sociedade civil para alcançar metas como a formação e capacitação de, no mínimo, 4 mil agricultores, técnicos e estudantes de escolas rurais. Os planos de ação buscam elevar as produtividades da olericultura (cebola, tomate e melancia), bovinocultura (leite e carne), caprinovinocultura, avicultura, apicultura, fruticultura de sequeiro (umbu e maracujá, principalmente), e dos cultivos alimentares (milho, feijão e mandioca). A atuação é estendida à fruticultura irrigada (manga, goiaba, coco, banana e citros), à recuperação de mata ciliar do Rio São Francisco e ao beneficiamento de produtos da agricultura familiar (leite e frutas). O projeto Lagos do São Francisco fomenta a apropriação de alternativas tecnológicas, valoriza os recursos naturais e o empreendedorismo por meio de um arranjo institucional local e interestadual que envolve Prefeituras Municipais e organizações da sociedade civil no território do Médio São Francisco.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou a portaria que coloca sob sua responsabilidade o Plano de Ação para o Nordeste (AgroNordeste). O plano tem como meta “apoiar a organização das cadeias agropecuárias de relevância atual ou potencial” tanto do Nordeste como do norte de Minas Gerais e Espírito Santo. Além disso, o AgroNordeste pretende ampliar e diversificar os canais de comercialização, de forma a “aumentar a eficiência produtiva e o benefício social”, diz a portaria. O programa será coordenado pela Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação, tendo entre suas diretrizes a integração das ações empreendidas pelo Ministério da Agricultura e suas unidades vinculadas. Ainda no âmbito das diretrizes figuram dar apoio para a melhoria dos sistemas produtivos, beneficiamento e processamento de produtos agropecuários; a ampliação do acesso dos produtos aos mercados de sua região; e o apoio à ampliação do acesso dos produtores a crédito, assistência técnica e tecnologias. (Fonte: MAPA)

HORTIGRANJEIRO Os preços da maioria das hortaliças analisadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nas principais Centrais de Abastecimento (Ceasas) do país, no mês de junho, apresentaram redução. Foi o caso da batata, da cenoura, da cebola e do tomate. O resultado está no 7º Boletim Prohort, publicado pela Companhia. De acordo com o levantamento, dentre as verduras e legumes com maior representatividade na comercialização, apenas a alface teve a predominância de alta nos valores praticados no atacado do último mês. Os preços menores do tomate já eram previstos para junho. A oferta pulverizada e crescente do produto, situação típica para esta cultura no período, pressionam os preços para baixo. Além disso, com as medidas de combate ao novo coronavírus, a demanda pelo consumidor se encontra em patamares inferiores. As diminuições nos valores comercializados variaram entre 21,88% em São Paulo e 55,80% em Vitória (ES). A cebola não demonstrou reduções tão significativas quanto as outras hortaliças. Elas ficaram entre 4,36% em Vitória e 13,54% em Fortaleza. O mercado, antes abastecido sobretudo pela oferta do Sul do país, recebe agora, também, a do Nordeste, do Sudeste e do Centro-Oeste. (Redação)

AÇÚCAR As exportações brasileiras de açúcar podem encerrar este mês em torno de 3,37 milhões de toneladas, perto do recorde mensal de 3,5 milhões alcançado em setembro de 2017, caso a média de embarques por dia útil se mantenha até o fim do mês, apoiada pelo câmbio, demanda firme e ampla disponibilidade de oferta. O ritmo de exportação do adoçante saltou 85% até esta quarta semana, com a média diária de vendas externas somando 146,4 mil toneladas, ante 79,18 mil toneladas em julho do ano passado. Com isso, o país já exportou 2,63 milhões de toneladas de açúcar em julho, volume superior ao total de 1,82 milhão embarcado no mesmo mês de 2019, informou a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Na ponta da oferta, a produção de açúcar do centro-sul do Brasil aumentou 55,6% na primeira quinzena de julho, com as usinas direcionando mais cana para a fabricação da commodity, que está mais rentável que o etanol, e contando com o tempo seco favorável à colheita da safra 2020/21. (Fonte: NovaCana. com)


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PESQUISA

Covid-19 afeta agricultores familiares e vai repercutir na oferta de alimento

Efeitos da pandemia afetam intensamente os agricultores familiares de América Latina e Caribe, aponta pesquisa

FALTA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO, DIFICULDADE PARA VENDER E PREVISÃO DE REDUÇÃO NA PRODUÇÃO SÃO CITADOS POR CATEGORIA CLÁUDIA DIANNI IICA

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maioria dos agricultores familiares da América Latina e do Caribe, essenciais para a segurança alimentar, tem trabalhado com falta de equipamentos de proteção e protocolos sanitários durante a pandemia de Covid-19. Eles enfrentam limitações para vender seus produtos, um cenário que, com o menor poder de compra dos consumidores, afeta a produção e terá consequências no fornecimento de alimentos básicos por parte deste setor. É o que mostra uma pesquisa do Instituto Interamericano de Cooperação Agrícola (IICA), realizada entre maio e junho, com 118 referentes da agricultura familiar em 29 países das Américas. A pesquisa identificou três aspectos principais entre as dificuldades enfrentadas pelos agricultores familiares na atual pandemia: a primeira delas é a falta de equipamentos de proteção e protocolos sanitários e de biossegurança que permitam aos produtores trabalhar com segurança. O segundo aspecto são as limitações de transporte e para a distribuição da produção, devido a restrições de tráfego e mobilidade, o que dificulta a movimentação comercial de produtos; ou pela reduzida disponibilidade de mo-

toristas e transportadoras, devido a medidas preventivas; ou como consequência do medo associado aos riscos de circulação e contágio. Além disso, nem todos os países têm regulamentações definidas e adequadas sobre os protocolos sanitários e de biossegurança que protegem as transportadoras. Por fim, as limitações no acesso ao crédito para a produção e reprodução da unidade familiar, em um contexto em que as instalações financeiras e as medidas de apoio do governo para amortecer a contração das atividades econômicas não tiveram agricultura familiar como uma prioridade. RAIO X “Este é um raio-x muito preciso do setor de agricultura familiar, realizado em um contexto muito desafiador. Juntamente com esse retrato, a pesquisa apresenta opções de políticas públicas diante da pandemia para servir a um setor chave

para a criação de emprego agrícola, suprimento de alimentos, segurança alimentar e nutricional e mitigação do êxodo rural. Em outras palavras, um setor estratégico que deve ser prioritário ”, afirmou o engenheiro agrônomo Mario León, gerente do Programa de Desenvolvimento Territorial e Agricultura Familiar da Diretoria de Cooperação Técnica do IICA e coordenador da pesquisa. O trabalho também constatou uma crescente preocupação no setor de agricultura familiar em relação às possibilidades de comercialização de alimentos nos mercados locais, devido à redução no fluxo de consumidores por medo de serem infectados. Com relação ao suprimento produtivo da agricultura familiar, a maioria dos pesquisados disse perceber repercussões negativas causadas pela pandemia. Além disso, em geral, a opinião dos entrevistados é que os produtos mais afetados são

grãos e cereais, vegetais, seguidos de frutas, raízes e tubérculos e carnes. A maioria prevê que nos próximos seis meses a produção de milho, feijão, cereais andinos, sorgo, batata e mandioca aumentará ou será mantida, mas a produção de tomate, cebola, repolho e produtos da aquicultura diminuirá. PÓS-PANDEMIA “Diante de um cenário pós-pandêmico, surge a necessidade de considerar a agricultura como um setor estratégico para a reativação da economia, sendo essencial fortalecer o desempenho dos agricultores familiares e os circuitos curtos de comercialização de alimentos. Nesse sentido, é importante garantir a implementação de boas práticas de segurança e de higiene para esses agricultores, além de políticas que concedam ao associativismo e ao cooperativismo um papel muito mais importante “, afirmou o diretor geral do IICA, Manuel Otero. Também nas propostas de políticas públicas em face da pandemia de Covid-19, é preciso fortalecer a cooperação horizontal e os laços regionais, a construção de políticas estaduais, estruturais e permanentes, que atendam às necessidades dos setores rurais e agrícola, com ênfase na agricultura familiar, responsável principalmente pela produção de alimentos na América Latina e no Caribe. O IICA destaca ainda a necessidade de os países elaborarem políticas de curto, médio e longo prazo e específicas para atender à atual emergência, e recomenda a formulação de planos de contingência e de prevenção que contenham ações definidas com base em mecanismos de coordenação interinstitucional e intersetorial e a incorporação de organizações da sociedade civil. O IICA é o organismo internacional especializado em agricultura do Sistema Interamericano. Sua missão é estimular, promover e apoiar os esforços de seus 34 Estados-membros para alcançar o desenvolvimento agrícola e o bem-estar rural, por meio da cooperação técnica internacional de excelência.


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