Edição 1082

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extra MACEIÓ - ALAGOAS

ANO XXI - Nº 1082 - 14 A 20 DE AGOSTO DE 2020 - R$ 4,00

ELEIÇÕES 2020

Ronaldo Lessa muda campanha de adversários

O bom desempenho de Ronaldo Lessa nas redes sociais está mexendo com a campanha dos principais adversários na disputa pela Prefeitura de Maceió. O ex-governador, pré-candidato do PDT, já é cotado para figurar no segundo turno das eleições de novembro. 5

RIO LARGO

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PANDEMIA

RESTAURANTES INVESTEM EM SEGURANÇA SANITÁRIA PARA RECONQUISTAR CLIENTES 10 e 11

DESVIO DE DINHEIRO

DEPUTADA É ACUSADA DE ENRIQUECIMENTO ILÍCITO 6 e 7

PREFEITO VAI GASTAR R$ 600 MIL EM REFORMA DE PRAÇA SEM LICITAÇÃO Para burlar a lei, Gilberto Gonçalves contratou artista plástica especialista em “obra de arte” Caso será investigado na CEI criada pela Câmara para apurar outras denúncias de corrupção 8

Flávia Cavalcante

PRIVATIZAÇÃO

CONCESSÃO DA CASAL PODE INVIABILIZAR PAGAMENTOS DE USUÁRIOS 9


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COLUNA Muleta jurídica

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- A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) deverá se escorar no velho juridiquês e abusar de piruetas jurídicas para defender a vaga do ex-deputado Cícero Amélio, no Tribunal de Contas, para a cota do Poder Executivo. - Aberto com a aposentadoria de Amélio, o cargo vitalício é um dos mais disputados do estado e, pela Constituição, deve ser preenchido por indicação do Poder Legislativo, que indicou o ex-deputado em 2008.

3 EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

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- A vaga surgiu após a publicação do ato de aposentadoria voluntária do conselheiro Cícero Amélio, dia 5 último. Imediatamente começou a temporada de caça ao cobiçado cargo público cuja remuneração está no topo da pirâmide social.

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- A vaga do Poder Executivo no TC, de livre indicação do governador, foi preenchida em abril de 2002 pelo conselheiro Otávio Lessa, indicado pelo então governador Ronaldo Lessa, mesmo sendo da Assembleia.

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- Diz a Constituição que depois de providos, os cargos de conselheiros passam a ser cativos de quem os indicou. Assim, a vaga de Amélio deve ser preenchida por indicação da Assembleia. Ao governador caberá indicar o sucessor de Otávio Lessa, quando este se aposentar.

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- Vale lembrar que o colegiado do TC é composto de 7 conselheiros, sendo 4 vagas do Legislativo – indicadas pelos deputados – e 3 do Executivo, assim distribuídas: uma da livre escolha do governador, a outra do Ministério Público de Contas e a última dos Auditores de Contas.

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- Como o tema suscita questionamentos jurídicos os mais diversos, é esperar o final do imbróglio para ver quem será o novo marajá de Alagoas. Sobre a questão, a própria PGE publicou pareceres jurídicos contra e a favor, tudo de acordo com o figurino das circunstâncias políticas.

Sem conserto

Se for para revisar as indicações dos conselheiros do Tribunal de Contas ocorridas ao longo dos anos, é preciso reconhecer que Assembleia e Ministério Público de Contas falharam no preenchimento de suas vagas. A Assembleia aceitou, sem contestar, a indicação de Otávio Lessa pelo então governador Ronaldo Lessa para uma vaga que era do Legislativo. Já o Ministério Público de Contas cedeu sua vaga para Anselmo Brito, que é ligado aos auditores de Contas.

Consenso

Em 2002 os deputados aprovaram o nome de Otávio Lessa – imposto pelo então governador – para uma vaga da Assembleia. Agora, os tempos são outros, mas a história pode se repetir, desde que haja consenso entre os dois Poderes. O que não é nada bom para os contribuintes.

Nome certo

Olavo Calheiros seria o nome certo no lugar certo para resolver essa disputa entre governo e Assembleia em torno da vaga de conselheiro do TC aberta com a aposentadoria de Cícero Amélio. Na condição de deputado, Olavo pode ser indicado pelos colegas na vaga Assembleia, e na condição de tio de Renan Filho, pode ser indicado pelo governador, desde que o Legislativo concorde. Mas tudo depende dos interesses eleitorais dos dois lados e da disposição em negociar o cargo vitalício mais cobiçado de Alagoas.

Caso Pinheiro

A contenda entre promotores e procuradores de Justiça trouxe à tona detalhes até então pouco conhecidos do acordo entre Braskem e órgãos públicos sobre a questão dos bairros de Maceió atingidos pela extração do sal-gema. Tidos como danosos para as milhares de famílias enxotadas de suas residências, os termos do acordo – considerado leonino e unilateral – poderão ser revistos via judicial. O caso tramita no CNMP e já desembarcou no Conselho

Nacional de Justiça (CNJ).

Revisão do pacto

Costurado por MPE, MPF e Defensorias Públicas do Estado e da União, o pacto com a mineradora pode ser revisto via ações de impugnação junto à Justiça Federal, que o homologou. As associações dos bairros – que sequer foram ouvidas – querem alterar as cláusulas que dão à Braskem o poder de arbitrar o valor das indenizações e ampliar o número de imóveis atingidos pela mineração, que hoje contempla apenas 3.500 residências. As associações também questionam a cláusula que tira dos moradores o direito de mover ações judiciais contra a Braskem pelo prazo de dois anos. Também reivindicam a inclusão de cláusula que garanta a indenização por dano moral no valor de R$ 80 mil para cada proprietário.

Negócio fechado

Os cartolas do CSA bateram o martelo e fecharam a compra do terreno para a construção do novo CT do clube. A área de 14 hectares foi adquirida da família Paiva ao preço camarada de R$ 3,5 milhões e fica atrás do Aeroporto Zumbi dos Palmares.

Eleição em Arapiraca

Uma possível vitória do MDB na eleição de Arapiraca passa pelo consenso entre o vice-governador Luciano Barbosa e o deputado estadual Ricardo Nezinho. As pesquisas revelam que ambos têm chance de vencer a disputa, desde que marchem unidos, seja quem for o candidato do partido. Se for o escolhido, Luciano Barbosa nada tem a perder, mesmo em caso de derrota. Mantém o cargo de vice-governador e a opção de disputar a sucessão de Renan Filho.

Filé do Zezé

O restaurante Filé do Zezé saiu na frente da concorrência e investiu pesado na aquisição de equipamentos e alta tecnologia para garantir a segurança sanitária de seus clientes. Preocupado com a saúde da clientela, o empresário Ricardo Scavuzzi foi além das exigências protocolares. A tecnologia de prevenção ao coronavírus está presente desde o acesso ao restaurante até a cozinha, sem esquecer a área de lazer das crianças.

Justiça caolha

A direção da Ademi aproveitou o Dia do Advogado para homenagear os operadores do Direito: “A mais bela função da humanidade é a de administrar a justiça”, escreveu a entidade ao destacar o primado do que é justo. Em sua última campanha, a Ademi homenageou a empreiteira Vivendi, que lesou vários clientes com empreendimentos imobiliários nunca concluídos.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Panos quentes

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epois do anúncio do prefeito Rui Palmeira de que Tácio Melo seria o candidato a vice na chapa de Alfredo Gaspar de Mendonça, começou no Palácio República dos Palmares sinais de confusão política. Calheiristas se mostravam indignados com a indicação de Tácio que, nas últimas eleições, fez críticas ácidas ao senador Renan Calheiros e, por isso, não seria bem-vindo ao time que ele próprio criticou. O desconforto na área governamental com

o nome de Tácio Melo é grande e todo mundo sabe disso, mas nada indica que haja uma mudança de rumo. Ao se analisar a situação, verifica-se que, crítica por crítica, Renan Filho e Rui Palmeira foram os protagonistas nas campanhas passadas e mesmo assim estão agora juntos politicamente.

Na área

Conciliação Como as confusões políticas no âmbito do candidato dos Calheiros é visível, o ex-diretor do Detran, Antônio Carlos Gouveia, o Cacá Gouveia, foi escalado para coordenar a campanha de Alfredo Gaspar. A missão: conciliar os times de Renan e de Rui Palmeira que no momento vivem às turras.

Ponto final Mudar a indicação de Tácio Melo para vice de Alfredo Gaspar não passa pela cabeça do prefeito Rui Palmeira. É ele e ponto final. Pelo menos é o que indicam pessoas ligadas ao prefeito, que não abre mão de sua indicação. Ou seja, pode até complicar a aliança com a família Calheiros, mas a situação está definida.

Ailton candidato Nascido em Bebedouro e criado no bairro do Bom Parto, o jornalista e escritor Ailton Villanova está sendo instado para sair candidato a vereador por aquela região. Único que habitualmente está junto aos moradores atingidos pela catástrofe provocada pela mineração da Braskem, Villanova tem defendido maior empenho das autoridades para solucionar o problema da população da região. Filiado ao PDT de Ronaldo Lessa, o jornalista é reticente sobre o assunto, mas não descarta uma convocação popular.

Impasse Uma das preocupações do pequeno time de Cícero Almeida, ex-prefeito de Maceió, é a sua instabilidade emocional, que já afastou muita gente do seu redor. Para chegar mais longe e consolidar sua posição nas pesquisas eleitorais, Almeida precisa formar um grupo sólido para tentar voltar à prefeitura, onde candidatos mais fortes disputam o poder.

Outro lado Conversando com um, conversando com outro, o presidente do Democratas em Alagoas, José Thomás Nonô, ainda não decidiu quem apoiará para prefeito nas eleições de novembro próximo. Sua preocupação reside na formação de uma chapa para vereador, já que o DEM não terá candidato majoritário para Maceió.

Afastada Pelo andar da carruagem, se Nonô optar em apoiar algum candidato, certamente não deverá ser JHC, que não tem nenhuma relação política com Rui Palmeira. Ou seja, Nonô dificilmente apoiaria o candidato do PSB em face do afastamento dele com Rui, o que seria, na visão de pessoas ligadas ao presidente do DEM, um contrassenso.

Suspense No caso de uma opção para prefeito de Maceió, Nonô teria três alternativas: apoiar Alfredo Gaspar que foi seu colega no Ministério Público, Ronaldo Lessa ou mesmo Davi Davino, os três com excelentes intenções de voto.

Para evitar um desgaste maior na indicação para o Tribunal de Contas, surgem os boatos de que a bola da vez seria o chefe do Gabinete Civil, Fábio Farias, para ocupar a vaga deixada por Cícero Amélio. Essa, talvez, seria a alternativa numa grande composição entre o Palácio República dos Palmares e a Casa de Tavares Bastos. Pesa em favor de Farias seu grande relacionamento no próprio governo e na Assembleia Legislativa, onde tem transitado com muita competência.

Vaga da Assembleia No frigir dos ovos, ficará mesmo a cargo do presidente da Assembleia, Marcelo Victor, a missão de indicar o substituto de Cícero Amélio, o que pode ocorrer nos próximos dias. Na parada, também, o primeiro-tio do governador Renan Filho, Olavo Calheiros. Mas aí é outra história.

Não abre mão E se depender da disposição de Marcelo Victor, conforme informações de bastidores, a indicação do nome para o Tribunal de Contas do Estado na vaga de Cícero Amélio vai sair mesmo da Assembleia. Mesmo que isso deflagre uma briga jurídica com o Executivo.

Arrastão O presidente da Assembleia, Marcelo Victor, de uma canetada só exonerou 139 servidores comissionados que se habilitaram e até receberam indevidamente o auxílio emergencial. Uma demonstração de que velhas práticas não têm vez nesta nova fase na Casa de Tavares Bastos.

Pés pelas mãos O Ministério Público de Contas do Estado perdeu uma grande oportunidade de não se meter numa enrascada. Atropelando a presidência do TC, cobrou providências da Assembleia Legislativa, que deu uma resposta dura aos seus integrantes. Além do mais, sobre a questão do recebimento de servidores do auxílio emergencial indevido, nenhuma solicitação até agora foi feita pela CGU, embora a Assembleia tivesse adotado rapidamente as medidas pertinentes.

Transparência As ações, assim como a relação de todos os servidores do Poder Legislativo, estão devidamente divulgadas no Portal da Transparência. Nada a esconder, assegura o presidente da Assembleia, Marcelo Victor. Isto demonstra a nova fase que a Casa de Tavares Bastos está atravessando.

A vez dos prejudicados Com o anúncio da empresa Odebrecht de se desfazer da Braskem, a situação dos moradores do Pinheiro, Mutange e Bebedouro que já foram desalojados de suas residências é muito pior. Se a negociação for concluída, certamente as autoridades judiciárias exigirão o compromisso de que as indenizações sejam feitas o mais rápido possível.

Incerteza No local onde foram derrubados prédios de apartamentos ainda não se sabe o que a Prefeitura de Maceió pretende fazer. Nem a Braskem. Será uma missão para o próximo prefeito a ser eleito no mês de novembro.


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ELEIÇÕES 2020

Lessa no 2º turno acende sinal amarelo para Alfredo Gaspar e JHC Ex-deputado federal já obriga ajustes em campanha de adversários ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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lerta amarelo nas campanhas de João Henrique Caldas (PSB) e Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB). O ex-deputado federal Ronaldo Lessa (PDT) aparece bem posicionado na disputa eleitoral para a Prefeitura de Maceió. É tratado como surpresa no cenário, inclusive para um segundo turno. Aliados de JHC veem Lessa e o deputado federal neste confronto. Alfredo Gaspar de Mendonça adaptou seu discurso: quer ser o candidato “com CPF próprio” e pensando soluções para os problemas, mostrando que os críticos não são nada mais que isso: críticos. O recado é para Lessa. Em estilo franco-atirador, o pedetista ataca o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), cujo patrimônio eleitoral em Maceió é disputado por Gaspar e JHC. O ex-parlamentar federal já foi governador duas vezes, prefeito de Maceió, deputado estadual. Bocudo, de gestos teatrais e opositor ferrenho (quando ocupa esta posição), é tratado com temor pelos senadores Fernando Collor e Renan Calheiros. Em 2002, Collor e Lessa se enfrentaram nas urnas numa das eleições mais ruidosas no país. O enfrentamento virou guerra misturada a baixaria, onde Lessa venceu a reeleição ao governo só que, mais adiante,

perdeu ao disputar o Senado contra o ex-presidente, em 2006. Experiente, Lessa é presença quase diária nas redes sociais. Organiza encontros de perguntas e respostas pela internet. A facilidade de conversar com o público é uma vantagem; o pouco manejo com as redes é superado por uma ótima assessoria. Alfredo Gaspar, ao contrário, é mais sisudo. Porém, vai mais para as ruas ouvir representações profissionais (como taxistas) e integrantes do setor produtivo. Na internet, ainda é excessivamente protegido por uma bolha construída por apoiadores onde críticos, por exemplo, são afastados. Entrevistado pelo aliado e vereador Chico Filho na última quarta-feira (12) via Instagram, Alfredo Gaspar disse que não respeitava quem se comportava como “papagaio” nas redes sociais, aqueles que criticavam e não ofereciam soluções aos problemas sociais. Mostrava ter “CPF próprio” (construir imagem autônoma em relação aos padrinhos de sua candidatura, o governador Renan Filho e o prefeito de Maceió, Rui Palmeira) e insistia em parcerias para administrar a cidade. “Sozinho ninguém transforma nada, precisamos de união para superar os obstáculos”, resumiu Alfredo Gaspar. A vaga de vice do ex-procurador-geral de Justiça era

Desempenho de Lessa nas redes sociais pode levá-lo ao 2° turno

DISPUTA A POSSE DE FABIANA PESSOA VIROU UMA DISPUTA POR CARGOS COMISSIONADOS NA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL. DEVERIA TER ACONTECIDO NA SEGUNDA-FEIRA - UM DIA APÓS O ENTERRO DO PREFEITO ROGÉRIO TEÓFILO - MAS A CÂMARA DE VEREADORES VETOU COM O ARGUMENTO DO LUTO OFICIAL.

disputada pelo presidente estadual do Democratas, José Thomáz Nonô, mas acabou prevalecendo Tácio Melo, do Podemos, o que deve transferir Nonô para o palanque do deputado estadual Davi Davino (PP), também candidato a prefeito de Maceió e buscando apoios agora em Arapiraca. Ele apoia e está na administração da prefeita Fabiana Pessoa (mais informações ainda nesta matéria). Longe de tudo isso está JHC. Ele leva uma campanha sem polêmicas à vista. Afastou-se mais de Brasília para se aproximar do dia a dia da cidade. Esta semana esteve no bairro do Jardim Petrópo-

lis. Nas redes, o parlamentar federal diz ter destinado R$ 11,5 milhões em emendas para a saúde em Maceió. Estava ao lado do presidente municipal do PSB, vereador Francisco Sales. E no Centro de Maceió buscou mostrar familiaridade com os camelôs, parcela dos votos disputada pelo delegado Fábio Costa, pré-candidato a vereador pelo PSB. ARAPIRACA Já o deputado estadual Davi Davino buscou ajudar a descascar um abacaxi eleitoral: a complicada eleição de Arapiraca. Foi para a posse da vice-prefeita para o comando da administração municipal, Fabiana Pessoa, esposa do deputado federal Severino Pessoa. Ela assumiu a vaga de Rogério Teófilo, que morreu na sextafeira, 7 de agosto. Prefeito e vice estavam rompidos politicamente. A posse de Fabiana Pessoa virou uma disputa por cargos comissionados na administração municipal. Deveria ter acontecido na segunda-feira - um dia após o enterro do prefeito Rogério Teófilo - mas a Câmara de Vereadores vetou com o argumento do luto oficial. Fabiana Pessoa ameaçou entrar na Justiça. A confusão nos bastidores estava instalada: na segunda-feira, 12 secretários e superintendentes municipais assinaram cartacoletiva de demissão dos cargos. Ela também foi acusada de trancar a cadeados o Centro Administrativo de Arapiraca, situação desmentida por Davi Davino ao EXTRA. Um dia depois, com a posse da nova prefeita, a situação estava aparentemente resolvida. Davi Davino foi um dos bombeiros na primeira crise. A disputa em Maceió promete ser bem mais dura ao jovem parlamentar.


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DESVIO DE DINHEIRO

Flávia Cavalcante é acusada de enriquecimento ilícito JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail. com

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ma denúncia do Ministério Público do Estado (MPE) resultou no bloqueio dos bens da deputada Flávia Cavalcante (PRTB), acusada de haver apresentado notas fiscais falsas para comprovar despesas reembolsáveis pela verba indenizatória da Assembleia Legislativa no exercício financeiro de 2014. O processo de número 080053328.2019.8.02.0001, de enriquecimento ilícito, tramita na 16ª Vara Cível da Capital / Fazenda Estadual - Foro de Maceió. O valor da ação é de R$ 1.223.160,18. Conforme autos do processo, o MP afirma que Flávia lançou mão de documentos inidôneos para prestar contas e receber, a título de indenização, por compras ou serviços nunca contratados. “Ela ainda lançou, para fins de ressarcimento, despesas que contraiu no seu interesse particular, quer para seu uso ou consumo pessoal, quer para fins outros, como aquelas despesas contraídas para atendimento de fins eleitoreiros”, destaca a denúncia do órgão fiscalizador. Afirmou ainda que “deputada se valeu de notas fiscais de diversas gráficas, empresas de venda de produtos alimentícios e de limpeza, vestuário e serviços, em que os alimentos e os produtos de limpeza são incompatíveis com a utilização de um gabinete, mas de uma família, da mesma forma os gastos com

roupas, na qual muitas notas fiscais demonstram que o as roupas não guardam compatibilidade com o cargo eletivo, mas pessoal da ré e sua família”. As despesas de combustíveis apresentaram um consumo diário de 63.647 litros de gasolina durante todo o ano de 2014. Sobre a prestação de serviços e das gráficas, o Ministério Público destacou que notas foram emitidas sem a efetiva prestação do serviço, sendo outras falsificadas. “Em ambos os casos, os proprietários das empresas sequer conheciam Flávia Cavalcante e confirmaram nunca ter prestado serviços a ela”. Situação semelhante teria acontecido com aluguéis de carros e de combustíveis: “Foi constatado que não havia descrição dos veículos abastecidos nas notas fiscais”. As notas de aluguéis também seriam frias por divergência da assinatura dos proprietários. Um dos depoimentos co-

INDENIZAÇÃO CONFORME AUTOS DO PROCESSO, O MP AFIRMA QUE FLÁVIA LANÇOU MÃO DE DOCUMENTOS INIDÔNEOS PARA PRESTAR CONTAS E RECEBER, A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO, POR COMPRAS OU SERVIÇOS NUNCA CONTRATADOS.

Deputada teve bens bloqueados por fraude com notas fiscais

Flávia Cavalcante apresentou notas em que consumo de gasolina teria sido de 63 mil litros por dia lhidos pela Justiça alagoana foi de um proprietário de empresa de conserto de aparelhos celulares, em Rio Largo, que ficou surpreso ao saber que o pai, que estava desempregado há sete anos, à época, estaria sendo acusado de emitir notas fiscais de serviços gráficos, uma vez que nunca tinha emitido nenhuma nota fiscal, seja eletrônica ou manual, quando trabalhava na área, para Flávia Cavalcante, deputada que sequer conhecia. A argumentação do Ministério Público foi suficiente para o juiz Alberto Jorge Correia de Barros Lima bloquear os bens da parlamentar. “Ante o exposto, defiro o pedido de indisponibilidade dos bens da ré, cujo bloqueio deve englobar o quantum apontado a título de apropriação ilícita – R$ 203.860,03, acrescido

de multa civil, que, por hora, fixo em três vezes o valor do acréscimo patrimonial obtido, R$ 611.580,09, no total de R$ 815.440,12”, decidiu o magistrado no dia 17 de setembro de 2019. Em 19 de dezembro do ano passado, a deputada estadual tentou conseguir o desbloqueio das contas. “Flávia Cavalcante (...) veio a juízo requerer que seja apreciado o pedido de reconsideração contido em sua defesa preliminar, de sorte que seja deferido o desbloqueio dos seus bens, sobretudo porque se encontra atualmente com suas contas bancárias bloqueadas, inclusive a conta em que recebe seus subsídios. Alternativamente, requer que este juízo caso não atenda de imediato o pleito de revogação integral do decreto de indisponibilida-

de, portanto, requer, a determinação do desbloqueio das contas bancárias”, encaminhou a defesa da parlamentar ao Judiciário. No entanto, o pedido não foi acatado pela juíza Maria Ester Fontan Cavalcanti Manso. “Rejeito o pedido no tocante a liberação da conta bancária objeto do depósito da verba indenizatória, e, por outro lado, ratifico a ordem para que não ocorram bloqueios na conta bancária da requerente no tocante aos recebimentos de seus subsídios”, determinou a magistrada. O caso ainda está em tramitação na primeira instância, na qual última movimentação ocorreu no dia 7 de março deste ano, quando houve a conclusão de mandado de intimação de partes e testemunhas.


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GASTOS IRREGULARES IDENTIFICADOS PELO MP ● despesas com data-show, buffet e filmagem, mas a documentação não informava os eventos realizados, com notas fiscais impressas em bloco, ao invés de notas fiscais eletrônicas; ● serviços de assessoria nas áreas contábil, mas os comprovantes de pagamentos emitidos não informavam de forma detalhada os serviços mensais inerentes às atividades parlamentares prestados ao gabinete pelo técnico de contabilidade Jonas Gomes de Lima; ● as despesas de combustíveis apresentavam um consumo de 63.647 litros de gasolina diário durante todo o ano de 2014; notas fiscais impressas em bloco, ou seja, não emitida a nota fiscal eletrônica quando a empresa já era credenciada para emitir nota fiscal eletrônica desde 03/10/2012; ● despesas de alimentação, material

de limpeza e expediente com aquisição em grandes quantidades de gênero alimentício e carnes em estabelecimento atacadista, com fortes indícios de utilização para além da manutenção do gabinete parlamentar; ● locação de veículos com a maioria das notas fiscais de serviços convencionais, impressas em blocos e não a nota fiscal eletrônica, conforme exigência de lei, bem como ausentes de justificativas quanto à destinação dos veículos locados e as matérias divulgadas em carros de som; ● despesas de pesquisa com levantamentos e análise de dados, sem demonstrar os objetivos da pesquisa e os resultados de tais levantamentos e análises; ● despesas com material gráfico informadas de maneira genérica, como “Serviços de Impressão Gráfica” ou “Material Gráfico para Escritório em Geral” sem esclarecer quais materiais gráficos foram confeccionados, ou se os assuntos veiculados no material gráfico eram de interesse público; ● gastos de hospedagem em Arapiraca sem informar o beneficiário, motivo, diárias e o valor unitário da diária; ● notas fiscais de vestimentas, joias, cosméticos e utensílios femininos sem que tais produtos estejam previstos na Resolução nº 531/2013 como reembolsáveis; ● despesas com a aquisição de materiais permanentes, utensílios do lar e reparos de celulares; e ● notas fiscais inelegíveis.


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RIO LARGO

Prefeito gasta meio milhão de reais para reformar praça sem licitação Caso vai ser incluído em inquérito da Câmara que pode cassar Gilberto Gonçalves JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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construção e reforma de praça são primordiais para o combate à covid-19, doença causada pelo novo coronavírus? A resposta a esta pergunta parece ser sim na concepção do prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves (PP), que contratou, sem licitação, em época de pandemia, a empresa Santos Artes Indústria e Serviços Eireli para uma obra com valor total de R$ 598.227. O extrato do contrato está registrado no Diário Oficial do Município da sexta-feira passada, dia 7 de agosto. Com a declaração de “contratação direta para revitalização da Praça Padre Cícero”, a Secretaria de Infraestrutura de Rio Largo informou que fez valer a situação de inexigibilidade de licitação com base no artigo 25, inciso III da Lei Federal Nº 8.666/93, a Lei das Licitações, para a contratação de artista plástica. Porém, os opositores do prefeito não “engoliram” o investimento superior a meio milhão de reais para revitalização da praça logo no final do mandato do prefeito sem licitação e em plena pandemia do novo coronavírus. A reforma da praça é considerada, além de suspeita, como uma obra meramente eleitoreira, uma vez que Gonçalves tentará se manter na prefeitura por meio da reeleição. O contrato firmado entre prefeitura e empresa, sem licitação, vai ser incluído na investigação da Comissão Especial de Inquéri-

to (CEI) da Câmara de Vereadores de Rio Largo, que apura denúncias de improbidade administrativa contra o prefeito e aberta a partir de um dossiê elaborado pela procuradora efetiva do município Karla Brandão Muniz Formiga Carvalho. O prefeito é acusado de ter firmado sem anuência da Procuradoria, contratos de locação de máquinas pesadas para reforma de escolas e compra de materiais de construção. A gestão municipal teria firmado contrato no valor de R$ 20 milhões com pelo menos duas empresas que funcionariam apenas de fachada. “Como procuradora do quadro efetivo há 18 anos, não tenho poderes para fiscalizar, mas, também, não posso me omitir diante de uma denúncia que recebi por terceiros, mas que apresentam indícios de irregularidades, já que os contratos de compra e aluguel, feitos no município, devem passar pela Procuradoria, mas estes não passaram”, informou Karla Brandão à imprensa, quando divulgou o dossiê que incrimina Gonçalves. No caso da revitalização da praça, segundo a legislação brasileira, que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública, é inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial “para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública”.

Gilberto Gonçalves contratou empresa sem licitação para reformar a Praça Padre Cícero

A empresa beneficiada por Gonçalves, de CNPJ 24.573.664/0001-08, está localizada no município de Boca da Mata, na ativa desde o dia 12 de abril de 2016, data de abertura com capital social de R$ 88 mil. E como atividade principal, a Santos Artes Indústria e Serviços Eireli informou à Receita Federal que realiza “a construção de obras de arte especiais e fabricação de outros artefatos e produtos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso e materiais semelhantes”. A proprietária é Marize Parreira dos Santos, que já firmou contratos com outras prefeituras, como Lagoa da Canoa, Boca da Mata e Palmeira

dos Índios. Em Boca da Mata, por exemplo, a contratação da empresa aconteceu em 2016. O serviço prestado, de acordo com Diário Oficial, seria trabalhos artísticos de criação e execução de projeto de recuperação do espaço público às margens da AL-215, contemplando ambos os canteiros que margeiam a rodovia. O valor global: R$ 683.462,50. Para pular a etapa licitatória, a prefeitura usou o mesmo discurso: inexigibilidade de licitação para contratação de trabalhos artísticos através da Lei Federal nº 8.666/93. Já em Lagoa da Canoa, o valor foi de R$ 286.500 para

reconstruir a Praça Nossa Senhora Aparecida, no Conjunto Maria Gorete. A assinatura de contrato aconteceu em 2018. O menor valor foi um serviço em Palmeira dos Índios, em agosto de 2015, um ano antes da empresa ser fundada. Também sem licitação, Marize Parreira dos Santos recebeu R$ 181.230,75 para ampliar e revitalizar a Praça Monsenhor Macedo. OUTRO LADO Procurada pelo EXTRA, a Prefeitura de Rio Largo enviou a seguinte explicação: “A Prefeitura de Rio Largo informa que o contrato para revitalização da Praça Padre Cícero, no valor de 598 mil, se deu por meio da inexigibilidade de licitação, caracterizada pela impossibilidade de competição, já que o serviço é específico e só um artista em Alagoas o realiza. A Prefeitura informa, ainda, que preza sempre pela legalidade e que vem seguindo o que determina o art. 25 da Lei de Licitações e Contratos”.


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PRIVATIZAÇÃO

Concessão da Casal pode inviabilizar pagamentos de usuários Economista afirma que universalização deve estabelecer tarifa que o consumidor possa pagar SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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leilão da Companhia de Abastecimento de Águas e Saneamento do Estado de Alagoas (Casal) segue gerando polêmica e colocando em xeque a atual e as futuras condições de pagamento de tarifas da população do estado. Previsto para o dia 30 de setembro, a concessionária vencedora do leilão deverá fornecer água e esgotamento sanitário na Região Metropolitana de Maceió. Com promessas de universalização do abastecimento de água em seis anos e ampliação da rede de esgoto para 90% da população até o 16º ano de contrato, que está previsto para durar 35 anos, a concessão da companhia, segundo o governo do Estado, assegura o investimento necessário para ampliar o sistema de água, as redes de esgotamento e o tratamento de forma mais célere. No entanto, todo esse projeto pode trazer prejuízos mais rápido para os alagoanos, como explica o economista Diogo Vasconcelos. “Será que o usuário terá condições de pagar por esse serviço? Pela estrutura que está sendo montada, a concessão, de uma forma geral, deve acarretar no aumento considerável da tarifa, sendo que essa tarifa já é a maior do Nordeste segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento”. Atualmente a tarifa mínima concedida aos usuários da Casal é de R$ 49,70/m³. Vasconcelos pontua ainda que no estado quase 17% da população está desempregada e que 40% da população depende da distribuição de renda do Bolsa Família. Esses usuários teriam dificuldades para realizar o pagamento das taxas e

seriam beneficiados com a tarifa social, pagando 50% do valor da conta. “O edital de concessão aponta que 8,5% da população será beneficiária da tarifa social. Se esse percentual na prática for maior, ou seja, exceder 8,5%, haverá um aumento adicional da tarifa para os usuários comuns”. Ele ainda questiona se esse percentual de usuários de Tarifa Social, definido no Contrato de Concessão, foi calculado considerando os fatos de que a região tem o menor Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil (0,631), Alagoas ter a segunda menor renda domiciliar per capita (R$ 730,86) e 386,7 mil famílias receberem ajuda do governo federal pelo Programa Bolsa família. “Importante ainda ressaltar que, considerando os dados sobre a renda da população local, é provável que a proporção de usuários com direito à Tarifa Social esteja subestimada e, nesse caso, provocará aumentos na tarifa em decorrência do desequilíbrio econômico financeiro do contrato”. Para o economista, a universalização dos serviços, através de massivo investimento privado sem considerar as peculiaridades locais, tais como a capacidade de pagamento dos contribuintes e o nível de renda da população usuária do sistema, provocará, possivelmente, um desequilíbrio econômico-financeiro. “Se uma parcela relevante dos usuários não puder pagar pelos serviços, a concessão não é eficiente nem economicamente sustentável, uma vez que haverá a necessidade de compensar as perdas da concessionária”. Além do abastecimento e sanea-

Seda da Casal, no Centro de Maceió: área meetropolitana da empresa vai a leilão em setembro mento, outros objetivos e princípios fundamentais previstos no artigo 2° da Lei Nacional de Diretrizes do Saneamento Básico (11.445/2007) devem ser garantidos, segundo o economista. Ele cita como exemplos a redução da miséria e pobreza em Alagoas, a redução do custo de vida dos residentes, a preservação do poder de compra de todos os residentes da Região Metropolitana de Maceió e, por fim, o aumento da competitividade dos produtos e serviços produzidos em Alagoas. “A desconsideração da capacidade de pagamento dos usuários nesse projeto impede que todos os princípios fundamentais dos serviços públicos de saneamento básico do artigo 2º da Lei nº 11.445, considerando a nova redação da Lei nº 14.026, de 2020, sejam atendidos”, diz Vasconcelos, acrescentando que a concessão e a revisão da estrutura para universalização do saneamento são necessárias, mas em Alagoas, é preciso pensar na capacidade de pagamento do usuário. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 48,9% da população ala-

goana vive em situação de pobreza. A renda domiciliar per capita é de R$ 730,86 (setecentos e trinta reais e oitenta e seis centavos), a segunda mais baixa do Brasil. Com a concessão, a empresa que adquirir a companhia e ficar responsável pela área metropolitana deverá reajustar a tarifa visando lucro. O restante que deve ficar a cargo do governo do Estado terá também que aumentar o valor da tarifa, por não ter mais a ajuda dos municípios que arrecadavam mais o chamado subsídio cruzado, quando uma cidade mais rica ajuda a pagar os custos da água de cidades menores e mais pobres. Quem vencer o leilão ficará responsável pelo abastecimento de água em Maceió e outros 12 municípios que compreendem a Região Metropolitana. Um outro ponto sobre o qual ainda não se tem definições é de como ficará a situação das outras regiões que estarão de fora do plano de concessão, como Sertão e Agreste. Neste questionamento fica a dúvida de como ficará o abastecimento de água em regiões mais pobres e menores como o Sertão.

Segundo o economista, o próprio marco regulatório do saneamento descreve os princípios de equipamento básico e de que forma é possível que o modelo atenda às necessidades da população. Entre as principais mudanças está o recebimento de subsídios pelas famílias de baixa renda para cobrir os custos dos serviços e gratuidade na conexão à rede de esgoto. Outros critérios também deverão ser atendidos, como não interrupção dos serviços, redução de perdas e melhoria nos processos de tratamento. O novo marco legal também define metas de universalização até 31 de dezembro de 2033: garantir o atendimento de 99% da população com água potável e de 90%, com tratamento de esgotos. “É de fundamental importância que a modelagem da concessão também tenha como objetivo claro a redução da tarifa cobrada aos usuários do sistema no futuro. É necessário preservar o poder de compra do cidadão nas concessões de serviço de saneamento básico”, finalizou Vasconcelos.


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DE PORTAS ABERTAS

Bares e restaurantes de Maceió inovam na reabertura Medidas de segurança sanitária vão desde álcool em gel a cabine de desinfecção

Cabine de desinfecção foi adotada por restaurante na Jatiúca

MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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om a flexibilidade nas restrições às atividades econômicas em função da pandemia da covid-19, vários setores começam a respirar e usam a criatividade para tentar se recuperar da maior crise econômica dos últimos tempos. No caso de bares e restaurantes, os temores são os mais variados por parte da clientela que resiste ao desejo de voltar a frequentar. Para mostrar que todas as medidas de segurança foram tomadas, alguns estabelecimentos inovaram em estratégias, indo além do exigido pelos órgãos de vigilância. Em Maceió, um dos principais polos gastronômicos do Nordeste, o setor começa a respirar e espera o público de portas abertas para se deliciar com os melhores pratos da gastronomia alagoana, espalhados nos quatro cantos da capital. É o caso do restaurante Filé do Zezé que se reinventou e tomou todas as medidas cabíveis para que o cliente aprecie o que há de melhor na casa com segurança e comodidade. Prova disso é que as exigências do protocolo sanitário foram cumpridas e logo na entrada estão ins-

talados termômetro digital a laser, toten de álcool em gel e a cabine de desinfecção, podendo ser a única do Norte/ Nordeste a contar com esta novidade que já caiu no gosto da clientela. “Tudo é pensado para seu conforto e segurança”, segundo o proprietário Ricardo Scavuzzi. Otimista, ele

afirma que “chegou a hora de matar a saudade do novo Filé do Zezé”, convidou. Ambiente aconchegante e com amplo salão, localizado no bairro da Jatiúca, em Maceió, o Novo Filé do Zezé reabriu suas portas na sexta-feira da semana passada (7) e já comemora a aceitação do público nesta nova fase. É que

além de servir os melhores pratos e bebidas, proporciona conforto e segurança para os frequentadores. As novas medidas incluem, ainda, distanciamento e separadores entre as mesas, máscaras, cuidados no manuseio dos alimentos, utensílios e conscientização dos colaboradores. E o que dizer do espaço kids, atrativo à

parte, que volta com novidades para a criançada. “O pessoal está maravilhado com acolhimento e as medidas de segurança que adotamos. É gratificante ouvir do cliente que se antes não tinha um lugar seguro para ir com a família ou amigos, agora tem. Esta é a melhor recompensa”, comemorou Scavuzzi. Nas redes sociais as manifestações são as mais variadas, após reabertura do Filé do Zezé. Há quem comemore ao destacar que foi o primeiro restaurante em alta no quesito de preocupação com a covid-19. “Tudo era muito limpo e higienizado. Inclusive, mediante utilização de um equipamento de sanitização logo na entrada. Ponto muito positivo em tempos de pandemia”, afirmou um turista de Porto Alegre ao acrescentar que o restaurante é uma excelente pedida para quem vem a Maceió, “pois assegura um atendimento ímpar, uma comida deliciosa e um toque musical para deixar a noite extremamente agradável”. Difícil mesmo é escolher um prato, entre tantas variedades e sabores. Quem frequenta o Filé do Zezé precisa voltar mais vezes para apreciar a gastronomia da casa. O tradicional filé saboroso e suculento, o sorvete de tapioca, petiscos, peixes e frutos do mar e uma variedade para agradar a criançada são algumas das opções. E o que dizer do charque de cordeiro com feijão na nata que voltou para ficar? E para os apreciadores da pizza, é só aportar a partir das 18 horas para escolher a sua preferida.


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No Restaurante Wall Street, mesas também obedecem distanciamento seguro entre os clientes O restaurante Wall Street, no Bairro do Poço, ao lado do Ministério Público Estadual, também teve de se reinventar após quase quatro meses de portas fechadas. Além de poder solicitar o pedido pelo app iFood com delivery ou retirada no local, o cliente tem a opção presencial. Basta dar um pulinho até lá e saborear a melhor comida caseira da região. As sobremesas deixam qualquer um com água na boca, sem contar que a simpatia da proprietária Fernanda Menezes Mendes é um convite para o cliente voltar. Funcionando com 50% de sua capacidade, mesas com distanciamento de mais de 1,50 metro, disponibilização de álcool em gel, higienização rigorosa de

todo ambiente e manuseio dos alimentos, disponibilização de embalagens descartáveis para colocação de máscara durante a refeição e cardápio virtual, assim o restaurante tem atraído seu público fiel que volta para apreciar seu prato preferido, em um cardápio variado e saboroso. Mesas higienizadas a cada troca de cliente, redução do tempo de funcionamento e aferição de temperatura dos comensais na entrada do centro comercial Wall Street, onde o restaurante está localizado, são outras medidas adotadas pela proprietária. “Tivemos que nos reinventar para esse novo momento. Estamos otimistas e a expec-

tativa é de que em breve tudo se normalize. Mas até lá, continuamos a oferecer conforto e segurança, cumprindo todos os protocolos, porém de forma humanizada”, garantiu Fernanda que mantém laços de amizades com seus clientes-amigos que aproveitam a ida ao restaurante para, no intervalo das refeições, bater papo, jogar conversa fora, trocar informações e desejar um até logo. EXPERIMENTE MACEIÓ Com a reabertura de bares, restaurantes e similares, a Prefeitura de Maceió autorizou o uso de vias públicas pelos estabelecimentos desde que atendam a critérios legais e determinações do protocolo

Experimente Maceió. Calçadas e estacionamentos poderão ser aproveitados pelos proprietários desses negócios para ampliarem seus espaços. Porém, para solicitar a autorização, o estabelecimento deve atender aos requisitos organizados em um formulário online no site oficial. Embora o setor comemore a retomada das atividades, o presidente da Associação de Bares e Restaurantes de Alagoas (Abrasel), Thiago Falcão, disse que ainda está muito lenta a retomada do movimento. No setor de restaurantes, cerca de 20 a 30% de faturamento em relação

ao normal (pré-pandemia) e barzinho cerca de 50% de faturamento. “A Abrasel acredita numa recuperação gradual a partir desse mês de agosto. A expectativa é que chegue em dezembro com 100% de faturamento normalizado”, diz. Porém, ele é prudente quanto à recuperação do prejuízo. “Vai demorar anos, já que o prejuízo foi financiado através de empréstimo ou bancado por um bem ou fundo de reserva que o empresário tinha. Isso vai demorar o mínimo um ou dois anos”, prevê Falcão.


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PANDEMIA

Receitas médicas serão aceitas em formato digital Congresso rejeita vetos a dois trechos da lei que regula a telemedicina durante a emergência do coronavírus AGÊNCIA CÂMARA

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Congresso Nacional derrubou na quartafeira (12) diversos vetos presidenciais a projetos de lei. Entre eles, os vetos a dois itens do Projeto de Lei 696/20, da deputada Adriana Ventura (Novo-SP), relacionados ao uso da telemedicina na pandemia de covid-19. Um dos vetos atribui ao Conselho Federal de Medicina a regulamentação da atividade após a pandemia; e o outro valida as receitas médicas digitalizadas, mantidas aquelas em papel. As novas normas serão encaminhadas para promulgação pelo presidente Jair Bolsonaro. O líder da Minoria no Congresso, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), afirmou que não havia motivo para o projeto da telemedicina ser vetado. Ele lembrou que o texto foi apresentado por várias mãos, pela Comissão Externa do Coronavírus. “Esperamos que a telemedicina de fato faça avançar a saúde do nosso Brasil”, afirmou. Para o deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), a telemedicina é uma realidade que deve ser regulamentada pelo Conselho de Medicina. “Não ganha o Parlamento ou o governo, ganha o País como um todo, as pessoas que necessitam”, disse. Os dois pontos sobre telemedicina serão incluídos na

Com a rejeição dos vetos a outras propostas, também entrarão para o ordenamento jurídico:

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o Projeto de Lei 5815/19, do deputado Marcelo Calero (Cidadania-RJ), que prorroga incentivos do audiovisual por meio de regime especial de tributação (Recine);

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Lei 13.989/20. Também foram mantidos vetos que envolvem outras 12 iniciativas. Para que um veto seja derrubado, é necessário ao mesmo tempo o apoio mínimo de 257 votos na Câmara e 41 no Senado. Um acordo dos líderes partidários assegurou margem ampla para a votação dos vetos selecionados e, também, para o adiamento da votação dos itens relacionados ao pacote anticrime (PL 6341/19), considerados polêmicos. TRÊS REUNIÕES A votação no Congresso Nacional aconteceu por meio de três reuniões, duas na Câmara dos Deputados e uma no Senado, pois desde março a pandemia impede o trabalho presencial dos parlamentares. Essa metodologia poderá ser revista pelos líderes em próximas sessões, e vários deles afirmaram que o acordo político firmado nesta quartafeira não servirá como precedente. Na primeira reunião do dia, na Câmara, quatro vetos foram rejeitados pelos deputados, e os senadores seguiram o posicionamento. Depois, o Senado rejeitou o veto relativo à profissão de historiador ‒ pelas regras, a votação deve começar pela Casa de origem da proposta. Por fim, na terceira reunião, os deputados confirmaram a derrubada desse último item.

VETOS DERRUBADOS

o Projeto de Lei 10980/18, do deputado Efraim Filho (DEM-PB), que dispensa de licitação a contratação de serviços jurídicos e de contabilidade pela administração pública;

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o Projeto de Lei 4699/12, do senador Paulo Paim (PT-RS), que regulamenta a profissão de historiador; alguns trechos que haviam sido vetados na chamada MP do Agro (Medida Provisória 897/19), que prevê a renegociação de dívidas de produtores rurais.

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Zarattini: projeto da telemedicina foi amplamente debatido

VETOS MANTIDOS Na MP do Agro, transformada em abril último na Lei 13.986/20, deputados e senadores resolveram manter os vetos parciais de Bolsonaro à previsão de descontos nas alíquotas de PIS/Cofins para quem possui o Selo Combustível Social (dos produtores de biocombustíveis). Na justificativa, o Poder Executivo alegou falta de previsão orçamentária.

Derrubada de veto garante que receita digitais sejam aceitas


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MELHOR EM CASA

Ministério da Saúde suspende repasses para três municípios alagoanos Ausência de cadastramento de profissionais leva à retenção de valores de exames e cirurgias BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

dos e Municípios.

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Ministério da Saúde suspendeu temporariamente a transferência de recursos do Bloco de Atenção de Média e Alta complexidade (MAC) para os municípios de Cajueiro, Coruripe e Maragogi. A Portaria Nº 2.034, foi publicada em 7 de agosto no Diário Oficial da União e é assinada pelo ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello. Tratam-se de recursos destinados ao custeio de Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e Equipes Multiprofissionais de Apoio (EMAP) da área de saúde, também conhecido como Programa Melhor em Casa. Em Alagoas, todos os 102 municípios recebem esses recursos do Ministério da Saúde, de acordo com o perfil populacional e o número de habitantes. Os recursos são repassados aos municípios pelo governo federal para serem aplicados em ações de média e alta Complexidade, como exames e cirurgias. De acordo com a portaria, os recursos foram suspensos devido ao não cadastramento das equipes multiprofissionais no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), ou na ali-

Portaria foi assinada pelo general Eduardo Pazuello mentação de dados de produção das equipes no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB). O recurso foi estabelecido na Portaria nº 3.654/GM/ MS, de 17 de dezembro de 2019, que habilitou no Brasil equipes multiprofissionais de atenção domiciliar e equipes

multiprofissionais de apoio, além de estabelecer recursos ao Bloco de Custeio das Ações e Serviços Públicos de Saúde, que abrange o Grupo de Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar, que foi incorporado ao limite financeiro de Média e Alta Complexidade dos Esta-

VALORES Cajueiro e Coruripe deixarão de receber R$ 90 mil por mês durante os meses de setembro, outubro e novembro. Em relação a Maragogi, a menor parcela suspensa é do mês de setembro, no valor de R$ 6 mil. O EXTRA entrou em contato com as prefeituras para saber um pouco mais sobre quais foram os termos descumpridos do edital de contemplação. Cajueiro foi contemplado pelo Bloco de Atenção de média e Alta complexidade no início do programa, em dezembro de 2019, mas, mesmo com a aprovação, a equipe foi criada apenas em abril, tendo recebido regularmente o valor durante os três primeiros meses (janeiro, fevereiro e março). Atualmente, o município recebe mensalmente R$ 36 mil do EMAD e outros R$ 6 mil provenientes do EMAP. De acordo com o secretário de Saúde do município, Giorlanny Bezerra, apenas as próximas três parcelas foram suspensas. “Como fomos contemplados em dezembro do ano passado e recebemos em janeiro, fevereiro e março sem termos uma equipe criada e cadastrada no Ministério da Saúde eles decidiram suspender os recursos pelo mesmo pe-

ríodo em que recebemos sem termos uma equipe, ou seja, pelos próximos três meses”, explicou. Questionado sobre o motivo pelo qual a equipe não foi criada pouco tempo depois da contemplação, Bezerra informou que uma mudança no comando da pasta municipal impossibilitou a criação. Como consequência, o município terá que passar os próximos três meses sem recursos do programa no combate ao coronavírus. “Houve uma mudança de gestão na pasta da Saúde e logo depois iniciou-se a pandemia do novo coronavírus. Devido a isso, voltamos toda a nossa atenção ao combate à pandemia. Formamos a equipe no mês de abril, mas recebemos os recursos entre janeiro e março. Vamos ter que aguentar mais três meses sem esse recurso”, afirmou. Em relação a Maragogi, a secretária Elba Vasconcelos informou que “o problema já foi superado e os profissionais já estão cadastrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde”. Segundo ela, o recurso do próximo mês foi suspenso devido a um processo de transição de profissionais de outra equipe. O município de Coruripe não respondeu aos questionamentos.


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TRATAMENTO PRECOCE

Médicos alagoanos divergem sobre medicamentos contra covid-19 Presidente do Sinmed defende autonomia dos profissionais para utilizarem o que acreditem ser eficaz MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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polêmica envolvendo qual a melhor medicação para tratamento da covid-19 tem dado ao que falar. Nas redes, profissionais divergem e há até notícias falsas afirmando que caso o médico se recuse a utilizar determinado tipo de medicação pode perder seu registro ou até ir preso. O fato é que como não há nenhum remédio comprovadamente eficaz contra a doença, até o momento, a principal orientação das entidades brasileiras da área da saúde é que o médico decida individualmente o tratamento que adotará, sempre citando os benefícios e riscos para o paciente. Em Alagoas, o contexto é o mesmo. Para o presidente do Sindicato dos Médicos (Sinmed/ AL), Marcos Holanda, que é contrário ao uso de hidroxicloroquina, o médico deve ter sempre a autonomia de utilizar a medicação de acordo as necessidades e respostas de cada caso. Segundo ele, em todas as pandemias que houveram sempre há divergências em condutas. Em relação a cloroquina não é diferente aqui no Brasil. “No sindicato não existe consenso. Eu não acredito. Logo no início, antes de começar a sair trabalhos [cien-

tíficos], eu ainda cheguei a medicar alguns pacientes com a hidroxicloroquina. Em seguida, saindo os trabalhos, mostrando algumas coisas, eu particularmente passei a não acreditar na eficácia”, posicionou o presidente do Sinmed. Holanda informou que hoje confia mais na ação do corticoide e da enoxaparina no tratamento contra a covid-19 em casos leves ou de internação. Em relação à hidroxicloroquina, disse que não utiliza pelo fato de não ter nenhum trabalho respaldando até hoje. “Pelo contrário, trabalhos feitos no Canadá, Espanha e outros lugares, mostram que todo mundo recuou. Até o próprio Estados Unidos. A gente aqui terminou ficando com isso. Acho que quem a defende é mais por uma questão política do que da própria defesa da droga”, frisou o médico. Como presidente da entidade, ele defende que o médico deve ter sempre a autonomia. “Não é porque eu sou contra a hidroxicloroquina que eu vá condenar o colega médico porque ele acredita e usa. Defendo e vou defender enquanto sindicato que o médico tenha autonomia de utilizar a medicação que ele quiser”, argumentou Holanda. E acrescentou que há quem defenda mais a iver-

Remédios sem eficácia garantida são sendo usados contra covid-19

mectina e em outros trabalhos, que mostram que quem tem nível de vitamina D “lá em cima” não desenvolveu a doença e quem tem baixa, a maioria que contraiu a doença evoluiu para óbito. No entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já se manifestou contra o uso da ivermectina no tratamento da covid-19. O que antes era um remédio de piolho acabou viralizando como a nova “pílula mágica” da vez. É

que a Anvisa reforçou que a ivermectina deve ser usada conforme as indicações da bula. O uso do medicamento para indicações diferentes das apoiadas em bula é de escolha e responsabilidade do médico prescritor. Polêmicas à parte, o Código de Ética Médica proíbe a divulgação fora do meio científico de tratamentos ou descobertas que não sejam reconhecidas cientificamente por órgão competente. Desta forma, médicos que fazem

publicidade de tratamentos contra a covid-19 podem estar infringindo as normas da profissão. A Organização Mundial de Saúde (OMS) esclarece que não existem opções para tratamentos profiláticos, ou seja, medicamentos que usados precocemente impeçam o desenvolvimento de formas graves da covid-19. Por enquanto, não há comprovação científica de que uma medicação possa prevenir a doença ou evitar, se usada no início dos sintomas, que o quadro de um paciente infectado se agrave. A Anvisa não reconhece qualquer medicamento como indicado para a covid-19 por não haver estudos conclusivos sobre o tema. Enquanto não há uma vacina ou remédio comprovadamente eficaz contra o novo coronavírus, as entidades de saúde mostram que a melhor forma de combater a pandemia é adotar medidas como a higienização frequente das mãos, o isolamento social e o uso de máscaras. O Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal), ao EXTRA, informou que nenhum paciente, até o momento, registrou queixa contra algum médico que tenha se negado a prescrever a hidroxicloroquina. Segundo o presidente do conselho, Fernando Pedrosa, o médico tem autonomia de decidir o melhor tratamento para o paciente. Caso não concorde com o profissional, o paciente tem o direito de ir atrás de outro médico.


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SAÚDE

Santa Casa de Maceió retoma atividades cirúrgicas Queda nos casos de covid-19 e novos protocolos de segurança possibilitaram a volta dos procedimentos eletivos

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combate ao novo coronavírus (Covid-19) exigiu medidas duras das instituições de saúde espalhadas pelo mundo. Para evitar a disseminação da doença, a Santa Casa de Maceió precisou, entre outras medidas, cancelar todas as cirurgias eletivas que pudessem ser postergadas sem que houvesse prejuízo para o paciente. Com a diminuição dos casos de internação em razão da doença, foi iniciado, em julho, o processo de retomada das atividades cirúrgicas no hospital. “Houve uma conversa com diversos setores para estabelecer um alinhamento sólido de segurança tanto para o corpo clínico como para os colaboradores e pacientes. Com a pandemia, ficou muito grande a demanda de pacientes que precisavam se submeter a procedimentos cirúrgicos e conforme a situação epidemiológica foi melhorando na região começamos a colocar o planejamento feito ao logo desse tempo em atividade para esse retorno”, disse o cirurgião Rogério Bernardo. Antes da pandemia, a Santa Casa de Maceió fazia uma média de 200 cirurgias por semana. No auge do novo coronavírus passou a fazer de

três a quatro procedimentos por dia, entre cirurgias de urgências e oncológicas. Até 15 de julho, o centro cirúrgico do hospital ficou fechando dispondo apenas de quatro salas: uma preparada com pressão negativa e utilizada para a paramentação do paciente com covid-19, e outras três salas para cirurgias de urgência dos pacientes que já estavam internados, mas sem a doença. Durante o auge da pandemia, um novo fluxo de circulação foi feito por uma equipe multiprofissional. “Fizemos um levantamento de todos os procedimentos por especialidade da fonte pagadora SUS e que foram suspensos. No dia 15 de julho voltamos com a regularização dos relaxantes (medicação anestésica que é utilizada por pacientes de covid-19) e com as cirurgias de urgência em pacientes que precisavam operar, pois tinham o risco de uma complicação maior e já aguardavam há quatro meses por cirurgia. Em agosto retomamos as eletivas”, explicou a gestora da Linha Cirúrgica, Nair Gusmão. Para a segurança das cirurgias, o paciente precisa ficar em quarentena e, caso seja necessário, realizar o teste do novo coronavírus. O hospital também dispõe de um checklist no pré-operatório que é aplicado durante a marcação cirúrgica. Ao dar entrada no hospital, a enfermagem segue gerenciamento de risco. O paciente é acompanhado até o 14º dia após a cirurgia. “A Santa Casa de Maceió foi o primeiro hospital de

Centro Cirúrgico em atividade após implantação de novos protocolos de segurança

CHECKLIST O HOSPITAL TAMBÉM DISPÕE DE UM CHECKLIST NO PRÉ-OPERATÓRIO QUE É APLICADO DURANTE A MARCAÇÃO CIRÚRGICA. AO DAR ENTRADA NO HOSPITAL, A ENFERMAGEM SEGUE GERENCIAMENTO DE RISCO. O PACIENTE É ACOMPANHADO ATÉ O 14º DIA APÓS A CIRURGIA.

Alagoas a receber pacientes com covid-19, e, provavelmente, será o último a deixar de ter. Somos referência pela qualidade na assistência. O hospital já tem um perfil na prestação de serviço de alta complexidade ao paciente SUS. São vários procedimentos feitos apenas pela instituição. E o papel da instituição durante a pandemia ficou muito claro. O do centro

cirúrgico também. Além de ter que parar pela disponibilidade de leito, nossa recuperação pós-anestésica foi adaptada para uma UTI Não Covid. O paciente que sofreu um AVC, um infarto ou precisou fazer uma cirurgia de urgência teve espaço livre de contaminação nessa instalação”, ressaltou Rogério Bernardo.


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Quem será o prefeito

de Maceió?

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as próximas eleições, adiadas por causa da pandemia para o dia 15 de novembro e havendo segundo turno 29 do mesmo mês teremos um embate aguerrido, com candidaturas para todos os gostos na capital alagoana. Irão se apresentar, após as convenções, mais de dez candidatos, porém apenas quatro candidaturas competirão, Alfredo Gaspar (MDB), JHC (PSB), Ronaldo Lessa (PDT) e Davi Davino (PP). Já se observa que por conta do momento que vivemos e certamente perdurarão até o pleito, inúmeras restrições impostas para evitar contágios. Por conta desses fatos não acontecerá a efervescência natural das eleições anteriores. Outro detalhe a se esperar é a maciça abstenção geral de eleitores que não pretendem se arriscar por causa do coronavírus, quando a própria Justiça Eleitoral teme pela falta de mesários e pessoal de apoio pelos mesmos motivos. Diria que essa eleição é um tiro no escuro e, como diz a história, nela “pode acontecer tudo, inclusive nada”. Para que possamos conhecer os candidatos e suas propostas para Maceió a coluna vai publicar entrevistas com os quatro

O que o motivou a deixar uma carreira sólida no Ministério Público para encarar o desafio de uma pré-candidatura a prefeito de Maceió? Eu quero transformar a vida das pessoas para melhor, essa é a minha motivação principal. Sempre gostei de enfrentar desafios e posso garantir que o meu caminho se mantém o mesmo, porque ele é pautado por princípios, mas também por

postulantes melhor colocados, nas pesquisas eleitorais, oferecendo ao leitor um perfil adequado para que possa escolher o melhor prefeito para a capital alagoana. O ex-procurador-geral de Justiça de Alagoas Alfredo Gaspar de Mendonça é o primeiro entrevistado. Alfredo Gaspar de Mendonça Neto foi promotor público por quase 25 anos, ou seja, metade de sua vida. Na condição de representante do MP de Alagoas, participou também das investigações de casos de grande repercussão no estado, compôs o Conselho Estadual de Segurança Pública (Conseg) e coordenou o Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) do MP. Em 2015, assumiu a tarefa de comandar a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas e implantou um duro modelo repressivo que fez cair os números oficiais de mortes decorrentes de crimes violentos em todo o estado. Por seu trabalho pela paz e contra a violência, Alfredo Mendonça foi eleito presidente do Grupo Nacional de Combate ao Crime Organizado (Gncoc). No início desse ano abriu mão de sua carreira no MP e aceitou o desafio de ser pré-candidato a prefeito de Maceió.

ideais. Tudo o que construí, inclusive no MPE e no período em que estive à frente da Secretaria de Segurança Pública, teve esta base. A minha maior motivação, para cogitar o que chamaria de um passo à frente nesta trajetória, é a vontade e a disposição para fazer mais pelas pessoas. A população pode esperar de mim o que sempre teve: autenticidade, dedicação e determinação. O que me levou a ingressar no Mi-

nistério Público, onde defendi e pratiquei o que acredito, agora me estimula a seguir em frente nessa nova etapa da minha vida. Aprendi muito, amadureci, conquistamos muitas vitórias e creio que posso fazer muito mais pela minha cidade. Uma campanha política nem sempre é marcada por ações éticas e discussões propositivas. Como senhor irá reagir às

Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, pré-candidato a prefeito provocações, ataques e até fake news? Espero que as instituições estejam prontas para manter a campanha dentro da legalidade. Da minha parte, essa jornada será exclusivamente de propostas e conteúdo. Os ataques sempre vão fazer parte e vou reagir da forma madura, dentro do bom senso. O mais importante é manter o equilíbrio, ouvir as pessoas, apresentar um projeto consistente e defender essas propostas com objetividade e determinação. Hoje o mundo está sendo bombardeado por notícias falsas, seja no campo da política, seja no combate à pandemia do coronavírus. Temos que nos resguardar na verdade e nos princípios por ela regidos. Estou pronto para enfrentar qualquer adversidade para alcançar a realização deste sonho que, na verdade, é coletivo.

Falando em pandemia, a campanha desse ano vai ser atípica, com muitas restrições. Como senhor tem se preparado para isso? É verdade. A pandemia tem nos trazido um aprendizado constante, tanto na vida quanto na política. A maior dificuldade até agora, neste período de pré-campanha, está na impossibilidade de encontrar com um grande número de pessoas, como acontecia em outros pleitos. Procuramos fazer visitas pontuais e planejadas, já que precisamos ouvir de perto as pessoas e dialogar as soluções dos problemas existentes. Mas sempre atendendo às recomendações das autoridades de saúde. Também temos usado as redes sociais e demais ferramentas de comunicação, como os aplicativos de mensagens rápidas a exemplo do WhatsApp, para manter esse contato sempre


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NTREVISTA

próximo. A prioridade é passar nossas propostas de forma objetiva e ouvir a demanda das pessoas. Estamos chegando próximo ao período das convenções partidárias e da montagem da chapa majoritária. O seu candidato a vice será mesmo o ex-secretário Tácio Melo? Eu sempre fui muito transparente nas minhas decisões. Eu tenho acompanhado a trajetória de Tácio Melo faz algum tempo, ele foi meu aluno na faculdade, o conheço desde muito jovem. O presidente estadual do Podemos já mostrou muita competência em sua vida profissional, desde quando ingressou na

Polícia Rodoviária Federal até os cargos que ocupou na gestão municipal. Por tudo isso, tê-lo como parceiro na eleição municipal muito me honra. Foi essa carreira exitosa que o credenciou a compor a nossa pré-candidatura. Ao construir essa convergência, tive o apoio do governador, de quem fui secretário de Segurança, e do prefeito, com quem sempre tive uma relação respeitosa. A chegada de Tácio vem consolidar essa união de propósitos. Uma vez eleito prefeito de Maceió, qual o maior desafio a ser enfrentado? Quais as prioridades? Tenho cada vez mais convicção de que precisamos

ouvir as pessoas. Por isso a missão na pré-campanha tem sido manter um diálogo aberto com as comunidades, com especialistas de diferentes áreas, representantes dos muitos segmentos da nossa cidade, como as entidades de classe, os setores produtivos, o terceiro setor, as instituições religiosas, o setor cultural e o setor esportivo, dentre outros. Desse modo estamos coletando quais as demandas, os verdadeiros anseios. Saúde, Educação, Desenvolvimento Econômico, Geração de Empregos e Renda, Mobilidade, tudo isso já faz parte das demandas de todos os cidadãos. Mas onde podemos fazer a diferença? Onde podemos evoluir para um desenvolvimento mais amplo? Acho que esse é o grande desafio. Só poderemos avançar com humanidade, quando garantirmos uma maior igualdade entre os diversos grupos que formam a sociedade, principalmente a parcela mais vulnerável da população. Qual seria o perfil de uma eventual gestão de Alfredo Gaspar na prefeitura? A minha característica principal é a autenticidade e é isso que as pessoas podem esperar de mim. O projeto com o qual estamos sonhando pensa no melhor para os maceioenses. A minha experiência profissional e de vida só me fez renovar essa disposição. As muitas batalhas que enfrentei legaram ainda mais vontade de fazer. Me sinto pronto para novos desafios, porque tenho a disposição e a prática de quem viveu e aprendeu muito ao longo dos últimos 25 anos de trabalho.

OPINIÃO DE ESPECIALISTA

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coluna também ouviu o analista político, professor Marcelo Bastos sobre o momento das eleições em Maceió. Confira abaixo sua análise: A corrida para a Prefeitura de Maceió já deu seu pontapé inicial e alguns institutos já apresentaram algumas pesquisas em relação a intenção de votos. As pesquisas realizadas têm uma mesma linha de entendimento. É bom lembrar que pesquisa é a fotografia do momento, nós temos aí pela frente mais de três meses para o pleito que vai acontecer. Nessas primeiras pesquisas que nós tivemos acesso o candidato JHC (PSB) aparece em primeiro lugar, em segundo lugar aparece Alfredo Gaspar (MDB), em terceiro o candidato Ronaldo Lessa (PDT) e em quarto Davi Davino. Mas ainda temos muitas pesquisas à frente e muitos fatos irão acontecer. Essa é uma eleição atípica, pois diante da pandemia, aquele trabalho de corpo a corpo, aquelas caminhadas, principalmente nas periferias, com um mundo de gente, é muito provável que isso não venha a acontecer, pois se o candidato o fizer será uma anti-propaganda para ele. A tônica dessa campanha será dada pelas redes sociais, que serão o grande instrumento que os candidatos vão ter para chegar mais próximo do eleitor, e, pelas circunstâncias, o Guia Eleitoral também terá maior visibilidade. Teremos em Maceió uma eleição com certeza de segundo turno. Com o quadro que se mostra nenhum candidato irá conseguir atingir um número de votos para vencer em primeiro turno. Temos hoje treze (13) pré-candidatos, porém são esses quatro candidatos que vão brigar. É uma eleição que promete ser uma das mais acirradas dos últimos tempos. Porém política e eleições são um processo dinâmico e basta um fato relevante para mudar todo o cenário. Temos que aguardar os novos capítulos, os novos fatos e situações. Teremos outra rodada de pesquisa nos próximos dias para a gente ver como o eleitor está se comportando a cada mês nessa corrida à Prefeitura de Maceió.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

PAAFS, o que é isso?

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experiência no atendimento clínico em psicoterapia, tenho observado que para uma pessoa sair de um quadro de ansiedade, depressão, síndrome do pânico e outros transtornos, apenas a psicoterapia é insuficiente para que se consiga bons resultados dos pacientes em curto prazo. Por esse motivo, em várias pesquisas e relatos de pacientes, criei uma sigla: PAAFS. Ela significa Psicoterapia, Alimentação Adequada, Atividade Física e Sono. O objetivo é que os pacientes possam lembrar com facilidade e não só isso, tem que cumpri-la. Esse conjunto de ações, se levada a sério, vai reduzir os índices de agravos mentais em pouco tempo.

PAAFS: sono

Não é novidade que o sono descansa o corpo, mas não é só isso. Ele mantém o equilíbrio físico e emocional. Mas, muita gente não consegue devido a insônia, preocupações, enfim. O sono adequado também fortalece o sistema imunológico (menos doenças porque elas são derrotadas pelos leucócitos –“soldados” para proteger o corpo). Também reduz a obesidade. Por que? Com o sono adequado o corpo produz o hormônio leptina, que é responsável pela sensação de saciedade. Ou seja, quem dorme bem desenvolve um controle (químico-cerebral) do comer compulsivamente. As pesquisas indicam que quem tem insônia tem mais probabilidade de ter obesidade.

PAAFS: sono II

As principais consequências de um bom sono são: menos irritabilidade, menos estresse; menos cortisol (hormônio que provoca mal-estar), mais serotonina (hormônio do bem-estar). As quantidades ideais são: adolescentes (14-17): 8 a 9 horas por dia; adultos jovens (18-25): 7 a 9 horas por dia; adultos (26-64): 7 a 9 horas por dia e idosos (65 anos ou mais): 7 a 8 horas por dia. Uma observação: se não está conseguindo dormir nessa média é bom procurar um clínico-geral e um psicólogo.

PAAFS: atividade física A atividade física é uma das mais importantes para reduzir a depressão, que é considerada o mal do século. As pesquisas indicam que 30 minutos em dias alternados, tem a mesma eficácia que a medicação no combate à depressão em curto prazo. Esse relato é de Jonh Ratey, professor de neuropsiquiatria da Escola de Medicina da Harvard.

PAAFS: alimentação adequada As pessoas que costumam comer alimentos à base de doces e frituras têm a tendência de ter uma espécie de preguiça intelectual, ou seja, as sinapses não funcionam adequadamente. Além disso, as pesquisas indicam que há também risco de desenvolver depressão. Nesses alimentos estão muitos ácidos graxos trans, como as batatinhas fritas e nas frituras. Quimicamente, eles causam tristeza.

PAAFS: bem-estar

Muitos alimentos propiciam bem-estar porque são ricos em ácidos graxos (ômega 3), dentre eles: peixes (sardinha); semente de linhaça, soja, castanhas (caju, do Pará) espinafre, couve e pepino; abóbora e semente de abóbora. Além de produzirem bem-estar, deixam as pessoas mais criativas.

Remédio Que o teu alimento seja o teu remédio e o que o teu remédio seja o teu alimento. (Hipócrates)

PAAFS: alimentos II Alguns chás também contribuem para reduzir esses agravos, como erva cidreira, kava-kava, Erva de São João, assim como o inhame, aveia, ovo e linhaça porque reduzem a produção do hormônio denominado cortisol, responsável pela deterioração do corpo e cérebro.

PAAFS: hormônio da felicidade - triptofano Esses alimentos também são fundamentais para produzir serotonina, hormônio responsável pelo bem-estar físico e mental. Os alimentos são: castanha-do-Pará, avelã, castanha de caju, ovos, amêndoa, peito de peru, linguado, arroz e espinafre cru. Esses alimentos possuem triptofano que produzem a serotonina.

PAAFS: psicoterapia Todas estas ações: psicoterapia, alimentação adequada, atividade física e um bom sono, frequente vão proporcionar uma melhor qualidade de vida para a pessoa. Muita gente ainda acha que ir ao psicólogo é porque está louco. Não é. Pelo contrário, quem procura ajuda demonstra maturidade intelectual. Por que? No consultório a pessoa vai entender, melhor, um pensamento ou um comportamento que tanto a incomoda. E isso só é possível com psicoterapia.

PAAFS: auxilia e reduz

Se for colocada em prática a PAAFS é possível, sim, reduzir o surgimento de Transtorno Bipolar, Transtorno de Personalidade Bordeline, suicídio e a depressão.

PAAFS: alimentos Vários alimentos podem auxiliar na redução de transtornos mentais, entre eles os peixes que tem ômega 3, como sardinha. A abóbora e semente de abóbora, semente de linhaça, soja, castanhas (caju e do Pará), espinafre, couve e pepino também têm elementos químicos que reduzem o surgimento dessas doenças.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@uol.com.br Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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Uma paixão antiga

JOSÉ MAURÌCIO BRÊDA n Economista

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erguntei-me se não seria pretensão de minha parte escrever mais sobre vinhos. Porém, pensei um pouco e vi-me na situação de quem, gostando de vinho e sempre curioso por novidades, quer levar para aqueles que também o apreciam, mas não têm a oportunidade de pesquisar, uma compilação modesta de alguns fatos e notícias ligados à enomania. Essa paixão foi adquirida há cinquenta e seis anos, quando comecei a conviver com meu saudoso sogro, Prof. Ib Gatto Falcão, que me fez conhecer mais uma de suas grandes virtudes. Mas, falar sobre vinho sempre é prazeroso. Não só pelo seu cheiro e gosto, mas pelo que ele pode nos proporcionar de conhecimentos. Indo às suas origens, no Velho Testamento, vemos citações como: “... florescerão como uma videira, cuja fama igualará a do vinho do Líbano” – OSÉIAS (14, 9) – e ainda em ISAÍAS (1, 32) – “De prata te transformaste em escória, de vinho puro, em vinho aguado”, ou no Novo Testamento, em LUCAS (5, 39), quando Jesus, fazendo juízo de valor sobre a bebida, compara o vinho novo e o vinho velho: “Ninguém que tenha bebido do vinho velho quer beber do novo; pois diz: o velho é melhor”, ou, ainda na Carta de Paulo a Timóteo (5, 23): “Deixa de beber só água, mas toma um pouco de vinho por causa do teu estômago e das tuas freqüentes indisposições”. Vemos o néctar migrando do entorno do Mar Vermelho para a Europa e todo o mundo. Porém, o que mais me chama a atenção é exatamente a sua atualização

constante, resultado desta facilidade de transferência de continentes. Os grandes vinhos dos anos 70 eram muito caros e com muita fama, incluídos aí os franceses, reservados apenas para os de mais posse. Porém, foi exatamente nesta década que o vinho se espalhou, não só como produto em si, mas como objeto de consumo com qualidade, atingindo também, e aí o mais importante, outras faixas que até então estavam impossibilitadas de apreciá -lo. Enquanto o comércio mundial teve um aumento e alguns países até o descobriram, em outros, produtores tradicionais viram

seu consumo interno cair de mais de cem litros “per capita”, ao ano, para menos da metade, em outros tempos. É quando aparecem Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Chile e Argentina. A explicação que se tem é o uso de tecnologia, desde o plantio da uva até sua transformação em vinho. Aí se incluem novas técnicas de elaboração, como fermentação a frio, aumento da densidade do plantio, poda verde, redução de rendimentos, movimentação do mosto por gravidade, bombas peristálticas, pesquisas de novos clones de uvas, aprofundamento do estudo do terreno e clima, amadurecimento em madeira nova, tecnologia de ponta e até o puro “marketing” na comercialização. Por falar em “marketing”, entra um capítulo à parte, que é o rótulo. Até então, os rótulos europeus não designavam a uva ou uvas que compunham o vi-

nho. Hoje, algumas vinícolas, a maioria de Portugal, já o fazem. Os conhecedores sabem que um vinho da Borgonha (França), sendo branco, é da uva Chardonnay, se tinto, da uva Pinot Noir. Outras regiões europeias trazem o mesmo princípio, ou seja, a simples menção da região já diz de qual variedade é feito o vinho. Como disse, os interessados sabem desta informação, que o Novo Mundo trouxe com simplicidade, para todos. Pegue-se uma garrafa de qualquer vinho californiano, chileno, africano, neozelandês ou argentino e ver-se-á impressa no rótulo a cepa ou cepas que compõem aquele vinho. Mas saliente-se que, ainda hoje, os grandes “chateaux”, como Hout Brion, Latour, Lafitte, Margaux e Mouton-Rotschild, para citar apenas alguns, não se renderam a esse costume, até porque estão acima do que acontece entre o céu e a terra. Isto tudo nos trouxe um vinho chamado moderno, que segue um padrão mais frutado, alcoólico, macio, com madeira, menos ácido e, já pronto para beber, ou seja, sem necessidade de envelhecimento. São tintos geralmente com muita cor, bom nariz e excelente paladar. Toda esta mudança fez influenciar o pensamento dos grandes produtores mundiais, principalmente em Portugal, onde, ainda hoje, sentimos acompanhar essa tendência. Mas, o que me chamou mais a atenção foi quando, relendo uma edição da Revista de Vinhos, publicação portuguesa da Média Capital Edições Ltda., vejo uma entrevista com o herdeiro e administrador de uma das maiores vinícolas de Portugal, a José Maria da Fonseca. Para os que gostam de vinho, é a produtora

do Periquita e do Periquita Clássico, produzido com a uva que lhe dá o nome e é também conhecida como Santarém ou Castelão Francês nas Terras do Sado e dos notáveis José de Souza e José de Souza Mayor, sem falar nos Domini e Domini Plus, após associação com a van Zeller. Domingos Soares França, recebendo o legado dos seus avós e após curso do Liceu de Setúbal, foi para os Estados Unidos, em 1974, estudar no Menlo College, tipo inglês, disciplina rígida, onde fez a base; matemática, física, química, inglês, etc., indo, após para Davis, onde fez, durante dois anos e meio, o curso de Fermentação (na época, não se falava em Enologia). Voltando a Portugal, só no ano seguinte conseguiu de seu pai o crédito de chefiar a enologia, função até então exercida pelo mesmo, não sem antes aprender “como se fazia vinho cá na terra”. A partir daí, sempre voltava aos Estados Unidos, para acompanhar a evolução da vitivinicultura, tomando contato com novas tecnologias. E, pasmem, é dele a afirmação, à época, que segue: “A Europa está caduca e velha e quem quiser vender deve optar por uma postura próxima do Novo Mundo, já que é este que vende e domina os principais mercados” e, ainda, “podem acusar-me de estar a destruir a tipicidade mas não sei o que isso é”. São a uva e o vinho sempre em evolução, trazendo cada vez mais emoções, como a guerra travada entre as duas grandes escolas do Velho e Novo Mundo – percebendo que precisavam buscar, em uma, a experiência e o amor pelo vinho e, em outra, a tecnologia e o aprimoramento necessários a fazer com que ambos possam proporcionar a nós outros grandes vinhos, para nos inebriar com a “sinfonia da música líquida”, como disse o médico e enólogo autodidata paulista José Ruy Sampaio, falecido recentemente vítima do coronavírus.

Os grandes vinhos dos anos 70 eram muito caros e com muita fama, incluídos aí os franceses, reservados apenas para os de mais posse. Porém, foi exatamente nesta década que o vinho se espalhou, não só como produto em si, mas como objeto de consumo com qualidade.


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Debandada

ELIAS FRAGOSO

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n Economista

om a equipe se esfarelando - já perdeu sete dos seus membros nos últimos 60 dias e outros dois estão com o pé fora – o ministro Guedes foi obrigado a admitir a debandada em seus quadros. E isso tem um simbolismo grande: é o fim da tentativa de implantação do liberalismo econômico como política de governo, mesmo com a ainda presença de Guedes no governo. A saída dos sete está ligada à insatisfação com a nova vertente gastadora do governo, com a descoordenação do trabalho no

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âmbito do ministério e à perda de confiança na condução do chefe, o ministro Paulo Guedes. Ninguém fala isso, claro. Para Bolsonaro, Guedes foi uma conveniência de campanha, como foi Moro, simples assim. O ministro da Economia vem sendo seguidamente desautorizado por Bolsonaro desde a reforma da Previdência parcialmente aprovada depois do esforço pessoal do presidente da Câmara dos Deputados e do Congresso, já que o presidente jogou contra todo o tempo. A chegada da covid-19 ao país, aliada aos parcos resultados obtidos pela economia no primeiro ano do governo, mostrou um ministro acuado e reticente na formulação e implementação de programas de ajuda às pessoas e empresas. Escapou da ridícula proposta de ajuda emergencial de 200 reais às pessoas pela proposta vencedora de 600 reais originada do Congresso. Mas não se livrou do fracasso da ajuda a micros e pequenas empresas que está levando

à quebradeira milhares delas. Para salvar o pescoço, o “novo Guedes” busca agora desesperadamente viabilizar recursos para o tal Renda Brasil, uma bolsa família melhorada que vai ajudar na penetração do presidente nas camadas mais pobres, já que vem perdendo apoio de ricos e da classe média. O ministro “esqueceu” dos compromissos liberais e batalha para emplacar um aumento de impostos via CPMF com outro nome, tentando fabricar dinheiro à custa dos brasileiros quebrados pela pandemia da covid-19 para bancar a gastança que se prenuncia para os próximos 2 anos do governo Bolsonaro. Que embora continue jurando “fidelidade” aos projetos de Guedes, namora abertamente a turma da gastança de olho na sua reeleição. A reforma administrativa não sairá. Bolsonaro não quer. O teto de gastos, apesar de todas as juras contrárias, vai virar pó, as privatizações previstas de 1 tri-

lhão de reais viraram um traque, a economia do país vai sofrer um tombo gigante de 6% do PIB este ano e, até o momento, não há indicações sérias de como vamos sair dessa. O caos se aproxima a galope. Guedes ainda não caiu porque Bolsonaro já entendeu que não pode se indispor com o mercado que o apoiou nas eleições e não quer assumir o risco de criar marolas para sua campanha reeleitoral. Suas declarações recentes de que “nosso norte continua sendo a responsabilidade fiscal e o teto de gastos” tiveram endereço certo: a Avenida Paulista. Mas é só da boca pra fora. Guedes vai sair – mais cedo ou mais tarde – com a pecha de incompetente, afinal nada do que prometeu aconteceu e ainda por cima agora se veste de desenvolvimentista e passa a defender uma iconoclastia do ponto de vista liberal: o aumento de impostos. Uma lástima.

A reforma administrativa não sairá. Bolsonaro não quer. O teto de gastos, apesar de todas as juras contrárias, vai virar pó, as privatizações previstas de 1 trilhão de reais viraram um traque, a economia do país vai sofrer um tombo gigante de 6% do PIB este ano.

Corrigindo injustiça: MPF recebe informações sobre novas áreas afetadas pela Braskem

ISRAEL LESSA

n Ex-superintendente Regional do Trabalho

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u aprendi desde criança que, quando há uma injustiça, ela precisa ser corrigida. Mais de 1 mil famílias foram ignoradas pela Defesa Civil e não estão na área de criticidade 00 do mapa de risco da CPRM. Não pude ver tamanha injustiça e ficar quieto. Com moradores e empreendedores, colhemos centenas de assinaturas e solicitamos uma audiência junto ao Ministério Público Federal, para pedir que o órgão possa ajudar a resolver essa

questão. O documento já está protocolado e o MPF ciente da situação. Para tentar dar um alento aos moradores e já ter algo para apresentar que possa balizar a correção desta injustiça, ou ao menos servir de norte, entre os dias 3 e 7 de agosto, o Movimento Luto por Bebedouro levou um engenheiro civil para inspecionar os imóveis danificados pelas atividades de mineração da Braskem no Flexal de Baixo e no Flexal de Cima, que fazem parte do nosso amado bairro de Bebedouro. A inspeção foi um alento para os moradores e empreendedores locais, que até agora pareciam ser invisíveis para o poder público, não tendo a quem recorrer diante das ameaças de desabamento das casas, que agora estão tomadas por rachaduras, fissuras, trincas, com o piso cedendo e apresentando estalos. De acordo com a avaliação do engenheiro, das 45 casas vistoriadas, uma pequena amostra, já que são mais de mil casas no Flexal de Baixo e de Cima, apenas 13 estavam em condição regular, ou seja, precisariam de uma boa reforma e reparos estruturais para não

oferecer risco. As outras 32 residências foram classificadas como em condições críticas, não deveriam estar sendo habitadas por não oferecem o mínimo de segurança para as famílias. As avarias nos imóveis são semelhantes e os relatos de aparecimento compatível com os dos outros bairros que já estão na área de criticidade 00 (Pinheiro, Mutange e Bom Parto) e criticidade 01 (grande parte de Bebedouro). No laudo, o engenheiro mostrou preocupação, lembrando que, por muitas casas serem geminadas (uma colada à outra), alguns problemas na estrutura podem ter sua gravidade mascarada e recomenda “fortemente que as autoridades locais sejam acionadas e que a CPRM seja convocada imediatamente para realizar os estudos de solo necessários para descobrir qual é a real causa desses recalques de fundação comuns a tantas casas em uma mesma região e se o problema representa um risco crescente à população local para que as autoridades possam tomar as medidas cabíveis”. Em plena pandemia do coronaví-

rus, um agente patológico ainda em estudos e sem uma vacina com testes suficientes que comprovem sua eficácia para ser recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para onde vão essas famílias? Na maioria são pais e mães de família, sem muitos recursos, muitos deles trabalhando na informalidade por causa da crise econômica ou por falta de qualificação profissional, e cujo único bem que conseguiram foi uma casa para chamar de sua. Sonhos de uma vida inteira estão dentro daqueles imóveis, que mais do que o valor monetário, têm um imensurável valor pessoal, de lembranças, ancestralidade e construção de vida e ser humano. Essas famílias e os empreendedores precisam ser tratados com dignidade, afinal, além de sermos todos filhos de Deus, a lei terrena diz que somos iguais perante ela. E eu me pergunto: por que não lutar por essa tão grande causa? A empresa causadora do problema precisa ser responsabilizada e as autoridades lançarem um olhar sobre esses maceioenses.

No laudo, o engenheiro mostrou preocupação, lembrando que, por muitas casas serem geminadas (uma colada à outra), alguns problemas na estrutura podem ter sua gravidade mascarada e recomenda.


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Destruindo a ilha

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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esde 1999 moramos em Paripueira no Condomínio Atlântico Norte. Na época o Rio Sauaçuy desembocava no mar a 800 metros ao sul de nossa casa. Na frente um mar calmo, não muito fundo, uma praia linda, um lugar maravilhoso. Mas os humanos adoram modificar a natureza e alguém resolveu fazer um bar embaixo da ponte sobre a AL-101 Norte, aterrando uma parte do rio. Daí então houve uma alteração no curso das águas. Elas começaram a derivar para a esquerda na foz do rio, quase chegando ao centro da

cidade de Paripueira. Tudo isso aconteceu em 2013. Os moradores da orla sul da cidade colocaram pedras na frente de suas casas como proteção. O avanço tornou-se menos forte e formou-se uma longa ilha de areia e vegetação nativa entre o mar e o rio. Ficamos tranquilos até 2018. Havia dois sítios vizinhos à nossa casa, que resolveram fazer negócio com um grupo da cidade, incorporando suas terras. Surgiram dois novos condomínios luxuosos, com excelente estrutura. Foi muito bom para todos nós, porque animou a área com novas residências. Deu-nos satisfação. Antes era um lado meio deserto, apenas com duas casas. Agora estava tudo iluminado, mais bonito, de muito bom gosto. Um belo dia, em 2019, apareceram, na praia, em frente ao novo condomínio, umas máquinas enormes, cavando o mar para fazer uma obra de contenção. Achamos errado e fomos visitar a obra. Para nossa surpresa, havia uma grande placa do IMA – Instituto do Meio Ambiente, autorizando os trabalhos. Falamos com o engenheiro responsável, dizendo da nossa preocupação com tão gigantesca contenção

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apenas na frente do Condomínio Rio Mar. Ele nos tranquilizou, afirmando que nada aconteceria e que o rio voltaria ao seu leito normal. E se fizéssemos na frente da nossa casa, quanto gastaríamos? Seiscentos mil reais, disse ele. E a obra continuou, sendo gasto bastante dinheiro com o grande volume de concreto. Não sabemos quem é o dono do empreendimento; conhecemos apenas o engenheiro responsável pela obra, no momento um potente dique de uns 200 metros de extensão, na nova foz do Rio Sauaçuy. Estamos em 2020 e o que vemos é assustador: o rio está avançando para as casas do Condomínio Atlântico Norte. Pior, muito pior: a ilha que se formou entre o mar e a desembocadura do rio está sendo destruída; consequência da mudança de direção das águas do mar que quando a maré está enchendo, vai de encontro ao dique recém construído e alarga o curso natural do rio. Várias pessoas já procuraram o engenheiro responsável pela valiosa contenção e ele sempre afirma que o rio voltará para seu leito anterior. Como leigos que somos: se ele conseguiu autorização do IMA para cavar a praia e fazer o dique, por que não a

consegue para abrir a foz antiga e salvar várias casas? Resposta do técnico: “Dou a estrutura toda, máquinas e mão-de-obra, para quem quiser se responsabilizar, mas não faço”. Falo como moradora do Atlântico Norte, e tudo que digo é de minha inteira responsabilidade. O sofrimento é grande. Vejo o rio avançando em nossas casas e do outro lado surgindo uma obra faraônica. Se o IMA autorizou a dispendiosa contenção e a Prefeitura vê e não toma providências, deduzo que a responsabilidade por tão grave crime ambiental é dos dois órgãos. Estou afirmando, de público, que perderemos nossas casas por conta do sonho megalomaníaco de um grupo estranho e desconhecido. Enquanto os responsáveis protegem seu patrimônio, até criando uma extensa faixa de praia particular, as águas avançam na maré alta destruindo o que se encontra em suas margens. De um lado, a ilha; do outro, as casas do Atlântico Norte. Espero que a Prefeitura e os órgãos responsáveis pelo meio ambiente venham ver o que está acontecendo e protejam as vítimas de tão grave crime.

Estamos em 2020 e o que vemos é assustador: o rio está avançando para as casas do Condomínio Atlântico Norte. Pior, muito pior: a ilha que se formou entre o mar e a desembocadura do rio está sendo destruída; consequência da mudança de direção das águas do mar.


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Médico de homens e de almas*

MAURÍCIO MOREIRA n Empresário

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á pessoas que já nascem vocacionadas, uma desta pessoa é o meu querido amigo que tenho o privilégio de ter como médico, Dr. Sérgio de Moraes Carneiro. Nasceu para curar! Não só as doenças do corpo, mas também as da alma! Filho, pai, esposo, irmão, amigo, afetuoso, corajoso e leal. Sim, porque é preciso muita coragem para abraçar a profissão tão nobre que escolheu por uma vocação nata. Quis o destino trazê-lo para

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Iniciou seu trabalho na terra do pioneiro Delmiro Gouveia, onde vem se dedicando há 19 anos, de corpo e alma, em salvar vidas. Mais do que nunca a população sente a importância de ter um médico no meio de tantos políticos ainda com velhos vícios, com a velha política carcomida, desgastada e desacreditada aos olhos da maioria da população. Este é um nome novo, que nasce no meio caótico, criado e aumentado por estes políticos viciados. Atendendo ao chamado da população mais carente que ele cuida e cura, também dos seus amigos, ele coloca seu nome como pré-candidato a vereador. Ganha com isto Delmiro Gouveia e o Sertão alagoano, cuja população clama por socorro urgente e salva vidas com a visão de um médico.

Alagoas, conhecendo uma palmeirense bem nascida, filha de Itamar Malta, um dos maiores empresários da região (pioneiro na área de cinema, autorizada da Volkswagen) e neta do grande líder da sua época o famoso cacique Juca Sampaio, que foi vicegovernador na década de 70. Filho de uma família tradicional de Pernambuco, onde nasceu, foi para São Paulo fazer residência médica (Beneficência Portuguesa), integrando a equipe do professor Dr. Euryclides de Jesus Zerbini, pioneiro em transplantes do coração no Brasil e na América, concluir sua graduação e pós-graduação em cardiologia no Incor /FMUSP, onde foi seu conselheiro curador e a seguir foi gestor do Ministério da Saúde no estado de São Paulo. Falou mais alto a vocação de médico humanista que é, deixando São Paulo e veio cuidar do povo em uma das regiões mais carentes do Nordeste do nosso Brasil.

Atendendo ao chamado da população mais carente que ele cuida e cura, também dos seus amigos, ele coloca seu nome como pré-candidato a vereador.

*O título deste artigo é da biografia de São Lucas

A incógnita da semana

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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ode-se acusar os governos brasileiros de tudo, menos de monótonos. Notadamente os últimos. O governo Bolsonaro nada fica a dever aos demais nesse particular. A cada mês, ou semana, ou dia, é comum acontecer algum fato político desagradável com algum ministro, e quase sempre com o próprio presidente. Ainda ontem (11/08) ocorreu um fato que não só nos deixa

perplexos, mas deve preocuparnos, pois quando essas coisas começam no núcleo do Poder há algo e nada será como d’antes no quartel de Abrantes. O País sempre teve ciência, desde o primeiro dia do governo Bolsonaro, até mesmo desde antes, quando da campanha política, que o domínio do ministro Paulo Guedes é quase absoluto, ao menos no que tange à economia, mas com influência em qualquer dos outros ministérios. O próprio presidente nunca escondeu que o ministro da Economia é soberano no seu mister, sendo praticamente o voto de minerva nas questões que envolvam estratégias atinentes a questões econômicas, isto é, em tudo, pois afinal a economia é de amplo leque. E Paulo Guedes jamais se fez de rogado em desfrutar desse prestígio. Bolsonaro até em algumas ocasiões voltou atrás nas suas decisões intempestivas, em

seguida ao “desaprove-se” de Guedes. Agora a coisa não parece tão absoluta, definitiva. Ontem ouvimos declarações do ministro Guedes de que a sua pasta está sofrendo forte debandada de assessores estratégicos, todos insatisfeitos com os rumos que as coisas vêm tomando na economia brasileira, notadamente o desrespeito a planos e projetos, cuidadosa e tecnicamente elaborados. O ministro foi bem claro em dizer que a efetivação dos planos do seu ministério é subordinada à vontade e decisão do presidente, o que é bastante natural no presidencialismo. Foi mais adiante, todavia, na crítica a assessores e conselheiros do Bolsonaro, que, segundo ele, Guedes, aconselham mal e poderão levar o presidente até ao impeachment. Uma boa leitura das palavras do ministro levanos a pensar, com um certo

grau de certeza interpretativa, que a crítica na verdade é ao chefe maior, porquanto, afinal a decisão última é dele, colmo afirmara o próprio Paulo Guedes. O segundo capítulo na novela política ocorreu logo hoje (12/08). Bolsonaro apressou-se a dizer que é a favor da responsabilidade com as contas públicas e com o controle de gastos, no que foi secundado pelos presidentes da Câmara e do Senado. Aparentemente, mais uma declaração presidencial de apoio ao superministro. No fundo, porém, parece crítica e insatisfação com as palavras de Guedes. Até porque o ministro, diferentemente do que aconteceu em outras ocasiões, sequer foi convidado para o palanque. O que virá amanhã? Vamos esperar para ver. A semana ainda tem alguns dias para terminar.

O segundo capítulo na novela política ocorreu logo hoje (12/08). Bolsonaro apressou-se a dizer que é a favor da responsabilidade com as contas públicas e com o controle de gastos, no que foi secundado pelos presidentes da Câmara e do Senado.


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REAL

Cédula de R$ 200 não trará impacto para a economia do Brasil Especialista afirma que não há risco de aumento da inflação ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão

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Banco Central anunciou no final de julho a aprovação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) da produção da cédula de R$ 200, que terá como personagem o lobo-guará. A nova cédula deverá entrar em circulação no final deste mês de agosto, e a previsão é que sejam impressas 450 milhões de notas em 2020. Logo após o anúncio muitos analistas econômicos, e até mesmo os brasileiros, se questionaram quanto ao impacto da nova cédula na economia. Para sanar as dúvidas, o EXTRA entrevistou o economista alagoano Rômulo Fernandes para analisar o eventual impacto da nova cédula e o que os brasileiros podem esperar desta novidade no mercado. Os brasileiros devem temer a volta da inflação? Sobre a “volta” da inflação e sendo bastante rigoroso no sentido da palavra “inflação” gostaria de deixar claro que ela – a inflação – nunca foi embora. Atualmente a meta de inflação da economia brasileira é 4% por ano podendo variar 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. A inflação acumulada em 12 meses medida pelo IPCA está neste momento em de

Nova cédula, que deve começar a circular no final deste mês, traz imagem do lobo-guará 2,13%, isto é, abaixo do piso da meta, 2,5% a.a, significando uma economia em estado de letargia. Entretanto a inflação continua presente no nosso dia a dia e, de certa forma, controlada, respeitando os limites estabelecidos pela autoridade monetária é benéfica para a economia. Basta lembrarmos que os contratos de trabalhos, os contratos de aluguel, tarifas de energia elétrica, contas de internet e planos de saúde, são, em geral, anualmente corrigidos por algum índice de inflação. Qual impacto na economia que a circulação desta nota poderá causar? A princípio, impacto zero na economia, além de eventuais dificuldades de se passar troco nos pequenos

negócios da economia, no dia a dia. Contudo, há de se ter em mente que o uso do dinheiro em espécie está entrando em desuso nas principais economias do mundo. As transações por meio digital está se sobrepondo às do meio físico. Apenas pequenas quantias ainda são utilizadas para compras na padaria e mercadinhos de bairro, por exemplo. Então, inflação existirá com cédula nova de R$ 200 ou sem ela. O valor estampado na cédula, seja ele qual for, não tem relação com a inflação. O fato de a Casa da Moeda imprimir uma nova cédula não tem ligação nenhuma com a política monetária, a qual é realizada pelo Banco Central através do aumento/redução da base monetária - papel moeda em poder do público e dos depósitos à vista -, entre vários

outros instrumentos. Nossa economia continua fortemente indexada, assim como nossa memória hiper inflacionária. O Plano Real tem apenas 26 anos, logo é normal associar o lança-

mento de uma nova cédula às mudanças de moedas que tivemos, afinal passamos por seis moedas diferentes no longo do combate à hiperinflação antes de chegarmos no Plano Real.

DINHEIRO NA PANDEMIA

Segundo dados do IBGE, a pesquisa PNAD Covid Mensal revelou que no mês de junho cerca de 43% dos domicílios receberam algum tipo de auxílio emergencial, alcançando 49,5% da população, com a injeção de R$ 27,3 bilhões. O que parece ter ocorrido agora na pandemia foi a preferência dada por parte dessa população por manter o dinheiro em espécie em casa, para evitar o risco de contaminação pelo novo coronavírus ao ir aos bancos ou caixas eletrônicos para fazer saques. O entesouramento, aliás, foi a justificativa dada pelo Banco Central para aprovar a fabricação das cédulas de R$ 200. Por fim vale ressaltar que o lançamento de uma nova cédula, de maior valor de face, é diferente de criar uma nova moeda.


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Assinatura Uber

Auxílio Emergencial

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suários da Uber podem, a partir desta semana, assinar um plano de assinatura mensal do aplicativo no Brasil. O país é o primeiro fora dos EUA a receber a novidade. Ao assinar, o usuário terá descontos nesses serviços - a assinatura valerá a pena dependendo do uso. O valor da assinatura mensal chamada Uber Pass será de R$ 24,99. Por esse preço, estão inclusos: 10% de desconto em todas as viagens de UberX, em qualquer cidade do país e entrega grátis em todos os pedidos de Uber Eats de mais de R$ 30. Para incentivar as assinaturas, quem optar pelo plano nos próximos 30 dias ganhará um mês grátis, além de 10% de desconto em um pedido

Investimentos internacionais

Conta digital Oi Em meio a tantas dificuldades financeiras e à tentativa de vender sua operação de telefonia móvel, a Oi (OIBR3) fechou uma parceria para lançar sua própria conta bancária digital. Embora ainda não haja previsão para o lançamento, a Oi terá participação minoritária na sociedade formada com a empresa Conta Zap, que será o principal acionista no lançamento das contas bancárias digitais. A Conta Zap é um aplicativo ainda em versão beta que tem um serviço bancário online integrado ao WhatsApp.

Investir em ações americanas, ou de qualquer outro país, até hoje, era algo restrito a grandes investidores com mais de R$ 1 milhão, com poucas exceções. Mas, a partir do mês que vem, qualquer investidor poderá investir em ações como Apple, Microsoft, Facebook e Nike. A partir de 1º de setembro, todos os investidores brasileiros passarão a ter direito a investir em mais ações internacionais a partir de BDRs, sigla em inglês para certificado de depósito de valores mobiliários. A CVM anunciou a mudança da regra que dizia que apenas grandes investidores com mais de R$ 1 milhão investidos podiam ter acesso às BDRs nível 1, que representam a maioria das BDRs.

Um estudo realizado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) mostrou que o auxílio emergencial de R$ 600 foi responsável por manter a economia ativa durante a pandemia em municípios de menor renda e Produto Interno Bruto (PIB) e alta vulnerabilidade. Segundo um dos autores do estudo, as regiões Norte e Nordeste tiveram maior impacto com o recebimento do auxílio.


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NO PAÍS DAS ALAGOAS

TEMÓTEOCORREIA

n Ex-deputado estadual

Convocação - Meu amigo -, enfatizou Tenório -, mais uma vez, depois da Copa do Mundo a gente agiliza tudo isso. - Deputado, não me leve a mal, mas o senhor por acaso está na lista do Dunga? - Como? Não entendi. - O senhor vai jogar pela seleção, na África do Sul? - Quer mangar de mim é, Zome? Zome recuou: - Nunca, Deus me livre! Mas, se o senhor fosse mesmo, eu aceitava ir até na sua bagagem para ser seu gandula. - Vamos falar de voto, Zome. De voto. É o que interessa.

O deputado federal Francisco Tenório recebeu, em sua residência, o vereador e aliado político de codinome Zome, do município de Novo Lino. Reivindicava o vereador: - Deputado, os nossos adversários já começaram a trabalhar. O que a gente faz? Francisco Tenório respondeu: - Tenha calma, Zome. Depois da Copa do Mundo a gente se organiza. Um mês após, o vereador retorna. - E aí, deputado? Estou de braços cruzados, o povo já começou o pede-pede. É um bujão de gás aqui, uma conta de energia atrasada ali, uma passagem de ônibus, e vai por aí...

FIEA


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FERNANDO CALMON ANFAVEA PEDE MAIS PRAZO PARA EMISSÕES E SEGURANÇA

Tecnologia e conforto destacam-se no Territory

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esde que foi apresentado, no Salão do Automóvel de 2018, como “teste” de mercado, a Ford já tinha decido trazer da China o SUV médio-grande Territory. O modelo que chega agora ao Brasil recebeu nova grade e para-choque dianteiro, embora o estilo se identifique menos com a marca americana e mais com sua parceira oriental JMC. Os para-lamas dianteiros bojudos explicam a largura de 194 cm, 10 cm superior ao Equinox, um dos 10 rivais que compõem o segmento amplamente dominado pelo Jeep Compass. Embora o Territory tenha distância entre-eixos de 276 cm, só perdendo por 1 cm para o Equinox, o espaço para as pernas, joelhos e ombros no banco traseiro, de fato, surpreende. Exigência típica do consumidor chinês, mas que levou a sacrificar a capacidade do porta -malas: 348 litros contra 410 litros do Compass. Uma vantagem indiscutível é o acabamento interno com bons materiais e o conforto também nos bancos dianteiros. A ergonomia dos comandos dos vidros elétricos, outro destaque. Tecnologia de bordo inclui central multimídia de 10,1 pol. que contém um modem e um chip de tráfego de dados para o aplicativo de celular FordPass (primeiro ano grátis). É possível checar remotamente nível de combustível e várias outras funções. É o único no segmento com quatro câmeras de alta definição de 360°. Tem quatro portas USB, sendo uma no alto do para-brisa para acoplar câmera de gravação de vídeo, apreciada em países como China e Rússia. Controle de velocidade de cruzeiro adaptativo inclui a função para-e-anda. Há freada automática de emergência, a partir de 30 km/h e também função de estacionamento automático. Ao contrário de outros chineses a volante de direção dispõe de regulagem de distância e altura. Freio de estacionamento eletromecânico tem função autohold. Motor a gasolina turbo, injeção direta de 1,5 L, 150 cv e 22,9 kgfm, acoplado a um câmbio CVT de oito marchas, formam um conjunto suave e silencioso (a 120 km/h, motor gira a apenas 1.900 rpm). Consumo de combustível homologado entre 9,2 km/l (urbano) e 10 km/l (estrada). No uso diário os números efetivos são um pouco melhores em estrada (pouco mais de 11 km/l). O peso em ordem de marcha, 1.632 kg, limita o desempenho: 0 a 100 km/h, 11,8 s (dado de fábrica). Suspensão independente nas quatro rodas, além de eficiente, bem silenciosa em qualquer tipo de piso. Preços: R$ 165.900 (SEL) a R$ 187.900 (Titanium). Tudo incluído, sem opcionais.

As normas técnicas para veículos leves no Brasil costumam ser muito discutidas e lentas. As de segurança, conduzidas pelo Contran/Denatran, e as que envolvem emissões pelo Conama. Especificamente sobre emissões o País tem avançado mais que os seus vizinhos porque nossas regras são mais severas. O Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) existe há quase 40 anos e desde o início se inspirou nas normas dos EUA que eram até mais duras que as europeias. Os níveis de emissões de poluentes, em seis fases do Proconve, reduziram em 95% monóxido de carbono (CO), 98% hidrocarbonetos (HC) e 96% óxidos de nitrogênio (NOx). No Estado de São Paulo, nas principais cidades monitoradas pela Cetesb entre 2006 e 2018 a queda foi de cerca de 50%, em média, apesar da frota ter aumentado 66% no mesmo período. A Anfavea pediu adiamento por dois anos da próxima fase, que começa em 2022, para veículos leves. Os desenvolvimentos foram interrompidos pela crise pandêmica e a brutal queda de

faturamento. Representantes do Ministério Público Federal (MPF) são contra e indicam os casos de Índia e México que mantiveram seus cronogramas. Mas há uma diferença: nos dois países podem conviver carros novos com a fase anterior e a mais restrita (estes mais caros, claro). No Brasil, todos os modelos novos que não atendem a legislação devem ser retirados de linha. Não há uma transição para diluir os altos investimentos. Estivesse o MPF realmente interessado em melhorar o ar que respiramos, cobraria a Inspeção Técnica Veicular que existe há décadas nos EUA e na Europa. Está no Código de Trânsito Brasileiro faz 23 anos e simplesmente não aparece coragem política para tal exigência mesmo de forma bastante gradual. Agora, menos ainda, com a grave crise de saúde e econômica.

AUDI PROMOVE AVANT-PREMIÈRE

Numa ação audaciosa, a Audi importou temporariamente alguns modelos (que pretende vender entre este ano e o próximo) e os colocou à disposição de clientes selecionados no Autódromo Capuava, em Indaiatuba (SP). Jornalistas também puderam ter as primeiras impressões em cada um dos veículos da linha de maior desempenho da marca: RS Q8, RS Q3 Sportback, RS 6 Avant, RS 7 Sportback e R8 (versão especial). Os cinco carros, entre perua, SUV e cupê, somavam 1.810 cv de potência com cinco, oito e dez cilindros. Fiquei particularmente impressionado com o R8 e seu motor V-10 de aspiração natural, 610 cv, que divide com os Lamborghini, marca administrada pela Audi. www.fernandocalmon.com.br


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ABCDOINTERIOR Morte e caos em Arapiraca

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morte prematura do prefeito de Arapiraca, Rogério Teófilo, aos 63 anos, criou um clima de comoção entre familiares, população e amigos. Mas não é de se estranhar a euforia de um grupo formado por políticos e empresários que ajudou a eleger Teófilo mas que se afastou de uma forma esdrúxula e passou para a oposição.

Parto nada saudável

E foi um parto nada saudável, com uma onda de denúncias escabrosas em jornais e emissoras de rádio que acabaram no esquecimento, talvez por falta de provas ou outros elementos que justificassem o rompimento político entre os chefes do grupo, o deputado federal Severino Pessoa e sua esposa, a vice-prefeita Fabiana Pessoa.

Pressionou a Câmara

Nota de repúdio

Nas últimas semanas alguns episódios esquisitos mostram claramente a ferida aberta entre o deputado e esposa com a atual gestão. Por duas vezes seguidas ela invadiu a Câmara Municipal para pressionar os vereadores para que tomassem uma atitude quanto ao afastamento, possivelmente para tratamento de saúde, do então gestor, que sempre aparecia em lives e vinha assinando documentos pertinentes à administração, o que comprova que ele estava sim no cargo, principalmente em meio à pandemia do novo coronavírus, que o obrigava a evitar aglomerações em virtude do seu estado de saúde.

Esse episódio lastimável gerou uma nota de repúdio por parte dos então secretários de Gestão Pública, Antônio Lenine Pereira Filho, de Desenvolvimento Social, Anadja Gomes de Almeida, e de Desenvolvimento Rural, Carlos Henrique Lúcio da Silva.

Cadeados nos portões Mas Fabiana Pessoa estava com muita sede de poder e na fatídica sexta-feira, 7, quando foi anunciado o falecimento de Rogério Teófilo, parece ter surtado de tamanha alegria e contentamento. Mal Rogério havia sido sepultado, ela surge no Centro Administrativo em plena madrugada e, acompanhada de seguranças, pede para os vigilantes passarem os cadeados nos portões. Foi o ápice da estupidez.

Na calada da noite Na nota, os secretários relatam que “na noite do dia de ontem (09/08/2020), de forma ilegal, imoral e de total demonstração de despreparo administrativo e espírito público, compareceu na calada da noite as dependência do Centro Administrativo da Prefeitura de Arapiraca, a futura prefeita, seu esposo e seu segurança, e determinou aos servidores que estavam trabalhando na segurança que os portões fossem fechados a cadeado e por eles nenhum servidor poderia entrar na data de hoje para trabalhar”.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Fato lamentável

PELO INTERIOR

Ainda de acordo com a nota: “Um fato lamentável e demonstrativo do que virá para cuidar dos destinos de nossa cidade nos próximos 4 meses e 20 dias, até seu muito provável desaparecimento da vida pública, sem nenhuma honra e respeito ao povo de Arapiraca”.

... Mal o prefeito de Arapiraca tinha sido sepultado e na segunda-feira, 10, Fabiana Pessoa, o esposo Severino Pessoa e alguns assessores colocaram um vídeo nas redes sociais com uma manifestação comemorativa pra lá de estranha. Juntos e sorridentes entoaram o grito de “guerra”: “Avante Arapiraca”.

Carta coletiva

... Com a morte do prefeito Rogério Teófilo muda praticamente tudo em relação às eleições municipais deste ano. O MDB, que tem dois nomes de peso, o vice-governador Luciano Barbosa e o deputado estadual Ricardo Nezinho, deve decidir que caminho tomar, já que o jogo é bem diferente.

Já na segunda-feira, 10, secretários e superintendentes da Prefeitura Municipal de Arapiraca entregaram uma carta de exoneração coletiva destinada à vice-prefeita da cidade, Fabiana dos Santos Cavalcante (Republicanos), que assumiu a vaga do prefeito Rogério Teófilo.

Recado dado Em um trecho, a carta assinada por 12 dos 16 titulares da administração municipal, diz que “na certeza de que o legado de Rogério Teófilo não morrerá com a sua morte, mas continuará através dos bons exemplos, desejamos que V. Ex. tenha discernimento e a responsabilidade de gestora pública, preocupada com os destinos dos arapiraquenses, acima de tudo, deixando os interesses pessoais em segundo plano, buscando evitar a profecia do grande escritor e poeta Willian Shakespeare, quando afirmou que os ‘covardes morrem várias vezes antes de sua morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez’”.

... Pelo amor de Deus, ela sequer tinha assumido em definitivo o cargo onde vai passar quatro meses e mais alguns dias. Diga aí, pode uma coisa dessas?????!!!!!

... Eles apostam no desgaste de Teófilo e Luciano deveria ser o candidato do partido com aval de Nezinho. O deputado arapiraquense só não aceita que o filho de Barbosa, Daniel, seja o candidato a prefeito. ... Agora, no entanto, o “inimigo” é amigo, pelo menos, de Luciano Barbosa, com quem vinha mantendo constantes diálogos sobre a sucessão municipal. ... Nos bastidores, é tido como certa que a agora prefeita Fabiana Pessoa seria a vice de Luciano Barbosa na corrida pela sucessão de Teófilo. Quem diria, hein? Teófilo morre e Fabiana cai de paraquedas no Centro Administrativo. É a vida. Ou melhor: é a minha política. ...Os mais sábios costumam dizer que em se tratando de política até boi voa. E deve voar mesmo. ... Em tempos de pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 100 mil brasileiros, políticos encontram uma forma de provocar aglomerações, levando riscos à população. ... Esse mau exemplo ocorreu na cidade de Lagoa Canoa durante o lançamento da pré-candidatura do deputado estadual Jairzinho Lira, que reuniu centenas de pessoas para, também, anunciar o nome do atual presidente da Câmara Municipal, Simonal, como seu pré-candidato a vice-prefeito. ... A reunião convocada pelo deputado Jairzinho aconteceu na tarde do último sábado, 8, no sítio pertencente ao ex-prefeito Álvaro Melo, no povoado Antonica. ... A todos um excelente final de semana. E que Deus tenha piedade do povo arapiraquense. Até a próxima edição!


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MEIOAMBIENTE

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Máscaras e luvas

Carvão para vacas

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riadores de gado ao redor do mundo estão utilizando biorochar (ou biocarvão) para tentar reduzir as emissões de metano das vacas e fazer com o que o solo absorva mais carbono através das fezes dos animais. Atualmente, há mais de 1,4 bilhão de cabeças de gado no mundo que, juntas, liberam 65% de todos os gases de efeito estufa da agropecuária. Os esforços para reduzir as emissões de metano das vacas vão desde vacinas até alimentá-las com algas. Essa substância preta quebradiça é muitas vezes produzida como subproduto da silvicultura e de outras indústrias. É criada quando a biomassa é colocada em condições de alta temperatura e baixo oxigênio, e passa por um processo chamado pirólise. No entanto, para saber se realmente existem resultados nesta adição, são necessários mais estudos. Em 2012, um grupo de pesquisa no Vietnã descobriu que a adição de 0,5% a 1% de biochar na alimentação dos gados poderia reduzir as emissões de metano em mais de 10%, enquanto outros estudos identificaram reduções de até 17%. Pesquisas sobre gados de corte nas Grandes Planícies dos EUA revelaram que o acréscimo de biochar na alimentação dos animais reduz as emissões de metano das vacas de 9,5% a 18,4%. Dado que o metano constitui 90% das emissões de gases de efeito estufa da pecuária, isso pode reduzir consideravelmente o impacto ambiental do gado.

Uma equipe de cientistas da Universidade de Estudos de Petróleo e Energia, na Índia, sugeriu uma estratégia para minimizar o impacto ambiental de materiais como máscaras e luvas que estão sendo descartados ainda mais durante a pandemia: convertê-los em biocombustível. Publicada no dia 3 agosto no periódico Biofuels, a pesquisa mostra como bilhões de EPIs podem ser reaproveitados dessa forma. De acordo com Sapna Jain, líder do estudo, a transformação desses materiais em combustível sintético “não apenas impedirá os graves efeitos colaterais para a humanidade e o meio ambiente, mas também produzirá uma fonte de energia”. Após revisar diversos estudos sobre o descarte dos EPIs, o priolipropileno (polímero que os compõe) e a viabilidade de convertê-los em biocombustível, os cientistas indianos concluíram que o melhor método é a pirólise. Esse processo químico quebra o plástico em alta temperatura — entre 300 e 400 graus centígrados por uma hora — sem oxigênio.

Calor oceânico Peixes e outras espécies marinhas podem ser obrigados a fugir por milhares de quilômetros para escaparem das ondas de calor oceânicas, segundo um estudo publicado no início do mês pela revista Nature, que destaca os danos causados por estas elevações repentinas na temperatura da água. Estas ondas caniculares são terríveis para os ecossistemas marinhos, pois causam o branqueamento dos corais, matam aves marinhas e obrigam algumas espécies, como peixes, baleias ou tartarugas a buscarem águas mais frias, saindo de seu habitat natural. Estes picos de temperatura, que muitas vezes podem durar meses e até anos, impõem uma pressão adicional aos oceanos, que já sofrem com um aquecimento progressivo devido às mudanças climáticas. Este estudo indaga até que distância as espécies marinhas devem viajar para encontrar uma temperatura marítima “normal” para elas.

Branqueamento de corais

Seca na Europa

O branqueamento de colônias de corais acontece em razão da perda das algas que vivem em associação mutualística com o coral, as chamadas zooxantelas, causando a morte desses corais. Tal fenômeno vem ocorrendo em nível global e está diretamente ligado ao aquecimento das águas dos oceanos causado pelas mudanças climáticas – e não parou por conta da pandemia. Uma recente expedição nos recifes de coral da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (APACC) constatou que uma grande onda de branqueamento de várias colônias de corais está acontecendo em zonas de preservação e de visitação da APA em Maragogi, Alagoas, famoso ponto turístico. De acordo com a pesquisa, esse é o pior evento de branqueamento dos últimos 35 anos. O monitoramento foi realizado entre os dias 20 e 24 de julho.

Um estudo publicado no último dia 6 na revista Scientific Reports mostra que a seca sem precedentes em 250 anos que afetou a Europa em dois verões consecutivos, em 2018 e 2019, pode se repetir com mais frequência antes do final do século por causa do aquecimento global. Em 2003, a Europa já foi afetada por uma onda de calor e uma seca excepcionais que provocaram sérios danos à agricultura. Em 2018 e 2019, o fenômeno aconteceu novamente. A pesquisa utiliza dados desde 1766 e demonstra que “as secas de dois verões consecutivos em 2018 e 2019 não têm precedentes em 250 anos e seu impacto combinado com o crescimento dos vegetais é mais forte do que o da seca de 2003”. As secas consecutivas dos anos 1949-1950 estão classificadas em segundo lugar, mas o território afetado foi muito menor. Os pesquisadores estimam que o episódio de 2018-2019 afetou mais da metade da Europa Central (da França à Polônia, passando pela Itália e Alemanha). Devido às mudanças climáticas, se nada for feito para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, um evento como esse tem sete vezes mais probabilidade de se reproduzir na segunda parte do século XXI. Mas se o mundo conseguir reduzir as emissões de CO2, essa repetição pode ser reduzida significativamente, em até mais da metade.


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CULTURA

OXE lança clipe de “Mais solto” Vídeo propõe viagem psicodélica ao interior de nossas mentes

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ASSESSORIA

os 22 anos, a OXE tem muita história para contar. Três discos lançados, dezenas de shows, vários prêmios, presença em festivais nacionais e internacionais. Tudo isso embasada nas batidas poderosas e guitarras eletrizantes que marcam sua trajetória fincada no ritmo nordestino do maracatu, do frevo, caboclinho, baião e coco de roda. Com mais de duas décadas de existência também tem sido testemunha do galope veloz das revoluções do mercado fonográfico e, antenada com o contemporâneo, ao invés de gravar mais um álbum de inéditas, vem priorizando singles para mostrar seu novo repertório. O mais recente, “Mais solto”, marca, ao lado de “Tiro de canhão”, um novo momento da banda formada por Bruno Oxe (guitarras, violões e voz principal), Hugo Oxe (percussão, voz e programação) e Michell (bateria). A música, lançada em março deste ano, ganha clipe esta semana, dia 14 de agosto, com estreia no canal do Youtube, Oxe Oficial, e nas redes sociais do grupo (IGTV, Instagram e Facebook). Com arte e produção de Hugo, o vídeo propõe uma viagem psicodélica ao interior de nossas mentes, um mergulho ao próprio eu através das ilustrações em preto e branco.

MAIS SOLTO

Com produção musical de Bruno e do mestre e parceiro Fernando Nunes, “Mais solto” fala de como a vida pode ser leve quando conflitos internos são superados. “É a música mais intensa que eu já fiz, fala de decepção, desafios e superação. Na verdade, uma previsão de alguns momentos turbulentos que eu iria viver logo após gravá-la. É intensa, mas com um toque angelical. Uma música para ouvir com fone de ouvido e sentir todas as texturas e elementos que formam uma atmosfera sonora única. Com a nossa assinatura OXE”, conta Bruno.

Banda OXE une o ritmo nordestino às guitarras eletrizantes

TEXTURAS E TECNOLOGIA

“Acreditei num mundo sem dor e sem razão pra chorar / Sei que amanhã posso não estar aqui quando o sol acordar e a noite dormir / Eu quero ficar um pouco mais solto e depois dormir sob o céu azul / Eu só quero ter um dia pra mim.” Diz a letra da canção que assinala esta fase mais dinâmica e coesa da banda definida por novas texturas e tecnologia. Tudo, obvio, sem perder a essência e os tambores potentes que caracterizam o som dos meninos. Foram convidadas quatro alunas do músico para gravar as vozes: Mariana, Ana Júlia Scelza, Laurinha e Isa Patruni. “Também chamei o Tuco Marcondes (guitarrista

MERCADO COM MAIS DE DUAS DÉCADAS DE EXISTÊNCIA TAMBÉM TEM SIDO TESTEMUNHA DO GALOPE VELOZ DAS REVOLUÇÕES DO MERCADO FONOGRÁFICO E, ANTENADA COM O CONTEMPORÂNEO, AO INVÉS DE GRAVAR MAIS UM ÁLBUM DE INÉDITAS, VEM PRIORIZANDO SINGLES PARA MOSTRAR SEU NOVO REPERTÓRIO.

do Zeca Baleiro), um grande amigo e parceiro, para gravar as guitarras slids e o dobro (um violão com um cone de metal na caixa acústica). Ficou com uma sonoridade incrível, muito lindo. Eles foram fantásticos! Vamos circular pelo país, fazendo o chão tremer por onde o OXE passar”, garante Bruno. “Mais solto” está disponível em várias plataformas como Spotify, Google Play, Deezer e iTunes.

HISTÓRIA

OXE surgiu em Maceió mesclando fortes influências do bom ritmo nordestino,

como maracatu, frevo, caboclinho, baião e coco de roda, com batidas poderosas e guitarras eletrizantes. Sempre trazendo novidades, OXE vem construindo uma história de sucesso e reconhecimento. O primeiro CD “Que Peste é isso?” rendeu duas faixas na trilha sonora do filme “Deus é Brasileiro”, de Cacá Diegues. O segundo álbum, “Karranka”, lançado com sucesso nos Estados Unidos, no festival SXSW em Austin, Texas. Levantou 10 mil pessoas num show inesquecível no Maceió Music Festival e garantiu aos meninos de Alagoas o Prêmio Levi’s Be Original, em duas categorias – melhor música e melhor vídeo clipe, com as canções ‘Música Popular’ e ‘Verumar’. O seu terceiro disco foi premiado em duas categorias no Prêmio Profissionais da Música 2018 – melhor artista Rock e Melhor Projeto Artístico do ano. Com atuações em festivais nacionais e internacionais, como o circuito SESC e SESI de música, Virada Cultural de São Paulo e South by Southwest (SXSW), a OXE traz em seus shows uma experiência cultural nordestina, um mergulho no universo da música popular brasileira.


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