Edição 1083

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ANO XXI - Nº 1083 - 21 A 27 DE AGOSTO DE 2020 - R$ 4,00

MARAGOGI

Marcos Madeira é condenado a 15 anos de cadeia por corrupção

Ex-prefeito perde direitos políticos, mas poderá recursar em liberdade. Condenação da 17ª Vara Criminal da Capital tira Madeira da disputa eleitoral este ano. 3

CNMP ABRE INVESTIGAÇÃO CONTRA SIDRACK NASCIMENTO Denunciado por acusação caluniosa, promotor também é acusado de fraudar inventário da falecida esposa 10 e 11

RIO LARGO

SUSPEITO DE HOMICÍDIO

CORONEL ROCHA LIMA É DENUNCIADO POR USUFRUIR DE PRIVILÉGIOS NA PRISÃO 6

NOVA INVESTIGAÇÃO DA PF PODE DEVOLVER TONINHO LINS AO PRESÍDIO 5 CASO PINHEIRO

ENTIDADES QUEREM REVISÃO DO ACORDO COM A BRASKEM 7 a 9


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COLUNA

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Culpa de Lessa

Diogo Mainardi.

Caso Malaquias

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- Apesar de o governo insistir na tese de que a vaga de conselheiro do TC é da cota do Poder Executivo, a Assembleia Legislativa fechou questão e já se mobiliza para indicar um de seus membros ao cargo mais cobiçado do poder público.

A cada dia toma corpo a versão de que a prisão do tenente-coronel Rocha Lima teve como motivação o assassinato do empresário Kleber Malaquias, ocorrido dia 15 de julho em Rio Largo. Oficialmente, o militar está preso sob suspeita de participação na morte de outro empresário, crime ocorrido há um ano, no Tabuleiro do Martins. O pedido de prisão do oficial é anterior à morte de Kleber Malaquias, mas a decisão de prendê-lo só saiu uma semana após o assassinato de Malaquias. Terá sido coincidência?

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- Após a corrida inicial pela vaga do ex-conselheiro Cícero Amélio, o consenso no meio jurídico é de que esse cargo é da indicação do Poder Legislativo, visto que a vaga de livre escolha do governador foi preenchida com a nomeação de Otávio Lessa.

3 EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- A disputa começou em 2002, após a morte do conselheiro José Bernardes, que foi indicado pela Assembleia. Mas a vaga de Bernardes, que era do Legislativo, foi preenchida por Otávio Lessa, indicado pelo irmão-governador.

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- Na verdade, Ronaldo Lessa impôs o nome de Otávio, e os deputados, à época sem força política para enfrentar o governador, aceitaram a exigência e aprovaram a indicação.

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- Com a morte de José Bernardes e a sua substituição por Otávio Lessa, a Assembleia ficou com 3 vagas de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado, então preenchidas por Isnaldo Bulhões, Edval Gaia e Roberto Torres.

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- A quarta vaga do Poder Legislativo surgiu em 2007, com a aposentadoria do conselheiro José de Melo Gomes, que foi substituído por Cícero Amélio, indicado pela ampla maioria dos deputados.

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- Desde então o governo sustenta a tese de que Otávio Lessa foi indicação da Assembleia e não do governador. Mas a Constituição diz que ocupados os cargos de conselheiros do TC, estes passam a ser cativos do Poder que os indicou.

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- José de Melo Gomes foi nomeado conselheiro do Tribunal de Contas antes da vigência da Constituição de 1988, que definiu os critérios para o provimento desses cargos. Até então, o governador indicava todos os integrantes do colegiado.

Denunciado Dono do cargo

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Victor, deverá ser indicado pelos colegas para assumir o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, no lugar do ex-deputado Cícero Amélio. A vaga também pode ser preenchida por indicação de Renan Filho, desde que o indicado seja o deputado Olavo Calheiros. Nesse caso, tudo vai depender de negociações políticas entre o governador e o Legislativo. A decisão final, no entanto, fica condicionada ao resultado das eleições em Arapiraca e Maceió, ou mais exatamente ao futuro político de Luciano Barbosa, que deve disputar a Prefeitura de Arapiraca. Se eleito, abrirá a vaga de vice-governador, que pode ser oferecida aos deputados em troca do cargo de conselheiro.

Arapiraca

A morte de Rogério Teófilo precipitou a corrida pela Prefeitura de Arapiraca, segundo maior colégio eleitoral de Alagoas. A ausência de Rogério aguçou a imaginação de grupos políticos que antes sequer cogitavam em disputar a eleição.

Frase do ano

“O Brasil não tem partido de direita, de esquerda, de nada; tem um bando de salafrários que se reúnem para roubar juntos”.

Envolvido em uma série de acusações, Rocha Lima sempre escapou da prisão, mesmo depois de denunciado pelo Ministério Público por um homicídio praticado 10 anos atrás em São José da Lage. No mesmo dia em que foi preso por decisão judicial, Rocha Lima foi destituído do Comando do Batalhão Militar de Rio Largo, onde o oficial era conhecido como “braço armado do prefeito Gilberto Gonçalves”.

Inquérito

O inquérito que apura o assassinato de Kleber Malaquias corre em segredo de Justiça, mas a coluna foi informada de que as investigações estão em fase final, e que ainda este mês o crime será esclarecido.

Recordista

A Corregedoria-Geral de Justiça do TJ-AL nunca trabalhou tanto para dar conta das reclamações contra magistrados. O recordista em malfeitos é o juiz Pedro Jorge Melro Cansanção, com mais de 30 processos disciplinares em andamento. Qualquer dia ele processa o Tribunal de Justiça por danos morais à sua imagem.

Escapou

Investigado por avalizar um golpe de extorsão, o juiz Claudemiro Avelino de Souza, de Penedo, foi absolvido pelo Pleno do Tribunal de Justiça, que considerou o caso como “falta de prudência no exercício do cargo”.

Pegou mal

Na pendenga entre promotores e procuradores de Justiça, quem ficou mal na foto foi Alfredo Gaspar de Mendonça, que entrou em linha de colisão com seus ex-colegas do Ministério Público. Ao subscrever uma reclamação disciplinar contra procuradores de Justiça, o ex-chefe do MP provocou mágoas e decepções que só o tempo pode apagar.

Favas contadas

A reeleição da prefeita Emanuella Moura, de Barra de Santo Antônio, é tida nos meios políticos como favas contadas, não só pelo trabalho da gestora em seu primeiro mandato, como pela falta de adversários


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MARAGOGI

Marcos Madeira é condenado à prisão Ex-prefeito também perdeu direitos políticos e terá que ressarcir os cofres públicos em mais de R$ 94 mil JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ex-prefeito de Maragogi e ex-deputado estadual Marcos José Dias Viana, o Marcos Madeira (MDB), foi condenado à prisão por juízes integrantes da 17ª Vara Criminal da Capital. No entanto, a pena de oito anos e onze meses de reclusão, mais a de cinco anos e dez meses de detenção, num total de 15 anos, poderá ser cumprida em liberdade. Isso porque, segundo os magistrados, o réu, que permaneceu em liberdade durante todo processo, não precisou ter a prisão decretada já que colaborava com as investigações. “Concedo ao réu o direito de, neste processo, apelar em liberdade”, destacaram os juízes na decisão, publicada no dia 7 de julho. Porém, Madeira terá que pagar a quantia de R$ 94.645,78, ainda a ser atualizada pelos índices de correção monetária, valor que será encaminhado aos cofres de Maragogi. E a sentença não para por aí. A Justiça também tornou o ex-prefeito inapto, pelo prazo de cinco anos, para o exercício de cargo ou função pública, eletivo

ou de nomeação. A decisão deve limar Marcos Madeira das eleições deste ano, uma vez que é pré-candidato à Prefeitura de Maragogi, aparecendo como segundo colocado nas recentes pesquisas eleitorais de consumo interno, atrás de Sérgio Lira (PSDB), atual prefeito. O Ministério Público do Estado (MPE) denunciou Madeira, em 2013, por dispensar licitação durante contratação de serviços ilegalmente por 42 vezes; e por se apropriar de bens ou ren-

OS CRIMES FORAM IDENTIFICADOS PELO ANTIGO GRUPO ESTADUAL DE COMBATE ÀS ORGANIZAÇÃO CRIMINOSAS (GECOC), QUE CONSTATOU IRREGULARIDADES NA CONTRATAÇÃO DAS EMPRESAS: FARIAS OMENA, SEA COMÉRCIO, ARQUITEC, CONSTRUTORA DO VALLE E CINTHIA CONSTRUÇÕES.

Marcos Madeira é acusado de fraudar licitações e usar documentos falsos para desvio de dinheiro das públicas ou desviá-los em proveito próprio, crime cometido 114 vezes. E a lista continua: cometeu falsidade ideológica por 169 vezes e usou 57 vezes documentos falsos. Também foi acusado de formação de quadrilha, organização que também envolvia Marcondes Antônio Dias Viana, irmão de Marcos Madeira e na época integrante da comissão permanente de licitação; e os servidores públicos Marileide Lima de Luna, Maurício Henrique Santos da Silva e Rosineide de Oliveira. “O réu, na qualidade de prefeito municipal de Maragogi, deu impulso inicial ao crime investigado, contando com manipulação, falsifica-

ção de documentos particulares, falsidade ideológica e uso de documento falso para mascarar ordens de pagamentos. Neste sentido, os mecanismos de fraude que foram utilizados durante as etapas do procedimento, bem como o modo de execução do crime, implicam em significativa valoração negativa para o fato. O delito trouxe consequências lesivas, além da ofensa ao próprio bem jurídico, tendo em vista a repercussão negativa que trouxe o caso para o estado de Alagoas e especialmente em razão da Administração Pública de Maragogi, que à época dos fatos, rebaixou a honradez

daquela administração”, destacaram os magistrados. Os crimes foram identificados pelo antigo Grupo Estadual de Combate às Organização Criminosas (Gecoc), que constatou irregularidades na contratação das empresas: Farias Omena, Sea Comércio, Arquitec, Construtora do Valle e Cinthia Construções. “A referida associação criminosa teve seu nascedouro com o objetivo de desviar dinheiro público de maneira despreocupada com a lisura no trato da coisa pública, mantendo a rotina de mascarar pagamentos através de documentação irregular e fraudada”, concluíram os magistrados.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Suspense em Arapiraca

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epois do falecimento precoce de Rogério Teófilo, a política de Arapiraca transformou-se num caldeirão efervescente. As composições andam a passos rápidos e tudo indica que o vicegovernador Luciano Barbosa está sendo empurrado para disputar a prefeitura nas eleições de novembro. O problema, entretanto, reside na conveniência política de grupos do Palácio República dos Palmares. Eleito Luciano Barbosa e com a saída prevista de Renan Filho para disputar um mandato de senador, assumiria no seu lugar o presidente da Assembleia Legislativa, Mar-

Vai topar? Esta alternativa sobre a sucessão no governo de Alagoas é o xadrez do jogo político e ninguém sabe se Renan Filho e Renan pai aceitariam uma candidatura de Luciano Barbosa para a prefeitura de Arapiraca.

Força política

Em Arapiraca, os grupos de oposição ou de situação já estão com o palanque armado. A prefeita Fabiana Pessoa, mulher do deputado Severino Pessoa e gente ligada a Arthur Lira, está na área e isso forçaria uma candidatura de oposição no segundo maior colégio eleitoral de Alagoas.

Imprevisível

Como a situação é bastante imprevisível, os pré-candidatos se abstêm de anunciar suas pretensões antes das convenções partidárias que se aproximam. Arapiraca, tanto quanto Maceió, terá uma das eleições mais movimentadas dos últimos anos e demonstrarão, governador e adversários, quem tem panos para as mangas no embate de 2022.

Previsão

Se tudo der certo e as composições políticas florescerem, o deputado Arthur Lira, que deverá disputar a presidência da Câmara, poderá ser uma opção para o governo de Alagoas. Com prestígio no Congresso Nacional e amplo apoio junto aos municípios alagoanos, Lira pode ser o diferencial nas eleições de 2022.

Pra rachar celo Victor. Isso seria da conveniência da família Calheiros? Ninguém sabe. A verdade é que Victor é um político ligado ao deputado federal Arthur Lira com virtual liderança no Congresso Nacional, o que tem incomodado os Calheiros em Alagoas. Ademais, nem Lira, nem Renan Filho nutrem afeição um pelo outro, o que poderia ser uma pedra no sapato nas pretensões do governador.

Decisão tomada Mesmo que o nome de Tácio Melo não agrade ao Palácio República dos Palmares para vice de Alfredo Gaspar, a decisão já foi tomada pelo prefeito Rui Palmeira e pronto. Agora é avaliar como vai ser esse relacionamento com os contrários durante a campanha que praticamente já foi iniciada.

Escolha do vice

Além das chapas proporcionais, os partidos estão ligados para apresentarem os seus candidatos a vice. Até agora, entretanto, só está indicado o presidente do Podemos, Tácio Melo, faltando o vice de Davi Davino, JHC e Ronaldo Lessa, os candidatos mais fortes até então.

De fora O deputado José Thomaz Nonô, presidente do Democratas, está fora da composição para apoiar Alfredo Gaspar de Mendonça, o candidato do governador Renan Filho e do prefeito Rui Palmeira. Nonô está preocupado, como já reiterou várias vezes, com a chapa para as eleições proporcionais, querendo emplacar de três a quatro vereadores na próxima legislatura.

Enfraquecido

O PSDB passa por uma crise interna e vai para as eleições de novembro apenas como coadjuvante. Sem grandes expressões políticas, além do senador Rodrigo Cunha, o PSDB está abalado com denúncias contra o alto escalão tucano, como José Serra e Geraldo Alckmin.

Se a Assembleia Legislativa aprovar o projeto de lei oriundo do governo do Estado que prevê multa até R$ 100 mil por estabelecimento que desobedecer as regras do decreto emergencial, a dose será grande para uma economia que já está em frangalhos. Mas, aprovada, é bom ninguém pisar na bola.

Com força Voltando O ex-deputado Judson Cabral, que se notabilizou como uma peça importante quando participou de embates importantes pelo PT, está querendo retornar à Câmara de Vereadores. Assim como ele, Givaldo Carimbão, depois de vários mandatos na Câmara dos Deputados, também quer recomeçar sua trajetória política por Maceió. Outro personagem importante, pela sua luta e transparência política, é Heloísa Helena, que quer voltar à Casa de Mário Guimarães. Há, também, a possibilidade de mais uma vez ela fazer uma dobradinha com o ex-governador Ronaldo Lessa, candidato a prefeito da capital.

Força total

A campanha para as eleições de novembro já está nas ruas. Os candidatos mais fortes fazem reuniões, mantêm contatos com lideranças e evitam, por enquanto no momento, aglomerações e abraços em eleitores. No mais, tudo como antes.

Quem se habilita?

Depois de definidos praticamente todos os candidatos a prefeito de Maceió que serão homologados em convenção partidária, os cabeça de chapa escolhem agora o seu candidato a vice. Afora o MDB de Alfredo Gaspar, que já tem o presidente do Podemos, Tácio Melo, como vice, os outros partidos ainda estão estudando indicações. Cícero Almeida, por exemplo, ainda analisa quem poderá marchar na sua caminhada para tentar retornar à Prefeitura de Maceió.

A passagem da fase amarela para a fase azul, em Maceió, estimulou empresários e a população em geral. Bares, restaurantes, shoppings e até templos religiosos começaram a receber frequentadores e fiéis, mesmo com certas restrições e regras adotadas pelo município e pelo Estado. A prova de fogo será neste final de semana, quando as autoridades sanitárias terão uma avaliação de como está se comportando o número de infectados pelo coronavírus.

Vaga no TC

O nome do secretário do Gabinete Civil, Fábio Farias, para conselheiro do Tribunal de Contas do Estado na vaga de Cícero Amélio vem se fortalecendo a cada dia. Com um curriculum de sucesso na sua vida profissional e conduta irrepreensível, Farias é uma das grandes opções para integrar a Corte de Contas. Isso vai depender, entretanto, de um acordo com o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, que acha ser a vaga pertencente ao parlamento alagoano.

A vez do governo?

Pelo entendimento da Procuradoria Estadual, a vaga pertence ao governo de Alagoas e não à Assembleia Legislativa, que diz exatamente o contrário. No meio desse imbróglio está Fábio Farias, que transita com facilidade tanto no governo do qual faz parte, como juntos aos deputados estaduais.


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RIO LARGO

PF procura documentos que podem prejudicar Toninho Lins JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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Polícia Federal está de olho na Prefeitura de Rio Largo, tanto é que solicitou auxílio do Ministério Público do Estado (MPE) para ter acesso a documentos para apurar ilicitudes em contratação de empresa pelo Município. Foi publicado no Diário Oficial do MPE, no dia 13 de agosto, um ofício da PF encaminhado para a Procuradoria-Geral de Justiça. No documento consta a investigação acerca da empresa Ômega Locação e Terceirização Ltda (Jenilda Gomes de Lima ME), contratada entre os anos de 2013 e 2018 para a prestação de serviços de locação de automóveis diversos. A corporação investiga suposta fraude no procedimento licitatório, uma forma de empresário e Executivo obterem dinheiro a partir de desvios com notas fiscais maquiadas. “Após cumprimento de mandado de busca e apreensão pela Polícia Federal na sede da prefeitura do referido município, no dia 27/11/18, constatou-se que a aludida contratação teria ocorrido a partir do Pregão Eletrônico n. 05/13, bem como através do posterior contrato emergencial n. 05/14, e termo aditivo a este. Entretanto, apesar das diligências até agora empreendidas, não foi possível localizar o mencionado procedimento licitatório”, informou a PF ao Ministério Público. Ainda segundo a corporação, em pesquisas na inter-

net constata-se que o MPE, anteriormente, já teria realizado outros procedimentos persecutórios criminais envolvendo o referido município e o então prefeito, Antônio Lins de Souza Filho, mais conhecido como Toninho Lins. “Acaso dentre os documentos eventualmente apreendidos, esteja o mencionado Pregão Eletrônico n. 05/13, bem como o procedimento atinente ao contrato emergencial n. 05/14, que sejam remetidas cópias integrais de tais procedimentos para esta Superintendência Regional da Polícia Federal em Alagoas, a fim de instruir o citado Inquérito Policial”. Como resposta, o MP informou que “consultado o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) obtivemos as informações de, segundo as quais não está sob sua posse quaisquer dos documentos solicitados”. “Inobstante, por cautela, pugnamos pela remessa de expediente à 2ª Promotoria de Justiça de Rio Largo, com atribuições para os ilícitos civis na órbita do referido ente federativo, para informe se está sob a posse das informações requestadas na peça de pórtico ou se as mesmas compõem algum de seus processos já ajuizados em desfavor do ex-prefeito Antônio Lins de Souza Filho”. ÁNOMOS A empresa Omega Locação e Terceirização, que responde pelo CNPJ 03.194.877/0001-59, foi aberta no dia 20 de maio

Instituição pede ajuda ao Ministério Público para localizar contratos de licitação de 2013 e 2014

Ex-prefeito de Rio Largo, Toninho Lins firmou contrato com empresa investigada por corrupção

CRIMES SEGUNDO A CORPORAÇÃO, EM PESQUISAS NA INTERNET CONSTATASE QUE O MPE, ANTERIORMENTE, JÁ TERIA REALIZADO OUTROS PROCEDIMENTOS PERSECUTÓRIOS CRIMINAIS ENVOLVENDO O REFERIDO MUNICÍPIO E O ENTÃO PREFEITO, ANTÔNIO LINS DE SOUZA FILHO, MAIS CONHECIDO COMO TONINHO LINS.

de 1999 com um capital de R$ 500 mil. Está situada no bairro do Farol, em Maceió, e, segundo consta na própria descrição de atividades, presta serviços variados. Além do transporte rodoviário coletivo de passageiros, realiza coleta de resíduos perigosos e não-perigosos; constrói edifícios; realiza pinturas em pistas rodoviárias e de aeroportos; realiza obras de urbanização; faz manutenção de redes de energia elétrica; terraplenagem; vende materiais para construção e artigos de papelaria, roupas e acessórios para viagem; trabalha com transporte de carga; serviços de entrega rápida; serviços de arquitetura; realiza locações de automóveis; aluga palcos e faz tratamento e distribuição de água.

A proprietária Jenilda Gomes de Lima já foi investigada pelo Ministério Público. Em 2018, foi presa preventivamente na Operação Ánomos. Ela foi acusada de falsidade ideológica, omissão de documentos, fraude em processo licitatório, desvio de bens públicos e lavagem de dinheiro. A operação desarticulou uma organização criminosa que envolvia empresários do ramo de locação de veículos que prestavam serviço às prefeituras do estado de Alagoas, além de ex-agentes públicos que supostamente teriam enriquecidos com recursos públicos. À época, a ação do MP aconteceu em Maceió e nas cidades de Santana do Ipanema, Mata Grande e Paulo Jacinto.


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SUSPEITO DE HOMICÍDIO

Coronel Rocha Lima goza de privilégios na prisão JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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tenente-coronel Antônio Marcos Rocha Lima, preso acusado de participar do assassinato do empresário Luciano Albuquerque Cavalcante, crime que aconteceu no dia 25 de outubro do ano passado, no Conjunto Village Campestre II, em Maceió, está no centro de outra polêmica. Denúncia que chegou ao EXTRA expõe a revolta de militares ao verem que Rocha Lima estaria sendo beneficiado com privilégios dentro do Batalhão de Radiopatrulha (BPRp), fato que não acontece com os outros detidos pela operação da Polícia Civil que investiga o crime. Também foram presos em meados de julho o militar da reserva José Gilberto Cavalcante Góes e os civis Wagner Luiz das Neves Silva (segurança particular) e Gilson Cavalcanti de Góes Júnior. Rocha Lima encontra-se alojado no Batalhão onde estaria recebendo visitas e tendo acesso a telefones celulares, o que poderia atrapalhar a investigação e a elucidação do crime de homicídio. Conforme o Estatuto da Polícia Militar de Alagoas, policiais militares presos preventivamente devem ficar alojados em batalhões da corporação, porém, por não terem estrutura adequada, os acusados são encaminhados para o Presídio Militar. No entanto, é aí que mora o impasse. Ainda segundo o estatuto, o Presídio Militar é o destino apenas de militares com condenação, o que não é o caso de Rocha Lima. Porém, Lima também pode acabar em presídio comum. O Estatuto da PM deixa claro que militares acusados têm direito a “prisão especial, em quartel da corporação, à disposição da autoridade judiciária competente, quando sujeito à prisão antes da condenação irrecorrível”. E mais: o PM também poderá

cumprir pena privativa de liberdade em unidade da própria corporação ou presídio militar, nos casos de condenação “que não lhe impliquem na perda do posto ou da graduação, cujo comandante, chefe ou diretor tenha precedência hierárquica sobre o preso ou detido”. Um dos questionamentos dos denunciantes é o fato de o militar da reserva José Gilberto Cavalcante Góes não ter tido o mesmo destino de Rocha Lima, além de o Presídio Militar abrigar outros militares que estão presos preventivamente. “Será que o tenente-coronel Rocha Lima é beneficiado por questões políticas e não legais?”, indagaram. VAQUINHA O tenente-coronel Rocha Lima é uma figura controversa. Em 2010, o então comandante geral da Polícia Militar de Alagoas, Dário Cesar, solicitou a demissão do à época capitão Rocha Lima das fileiras da PM “por ser considerado indigno ao oficialato e a ele incompatível, e não possuir condições de permanecer nesta briosa de bravos”. Na ocasião, Cesar pontuou uma lista de crimes nas quais Rocha Lima estaria envolvido, como desordens em locais públicos, associação ao tráfico e extorsão, homicídio e formação de quadrilha. Por outro lado, há quem considere Rocha Lima um militar honrado e que cumpre com suas obrigações de oferecer segurança de qualidade à população. Tanto é que circula nas redes sociais uma campanha para arrecadar dinheiro para o PM pagar por sua defesa. “Todos nós sabemos do caso emblemático que envolveram nosso coronel Rocha Lima. Pois é! Nosso coronel contratou advogados renomados para provar sua inocência e depois processar quem caluniou o comandante seja lá quem for. Vários amigos estão colaborando com 100 reais para pagar os

PMs são convidados a participar de vaquinha para pagamento de advogados do oficial

honorários dos advogados que cobraram 60 mil reais, contudo quem puder ajudar, Rocha Lima agradece”.

Rocha Lima está preso no Batalhão da Radiopatrulha

DENÚNCIA

O Ministério Público do Estado denunciou o coronel da Polícia Militar Rocha Lima, o militar da reserva José Gilberto Cavalcante Góes, o segurança particular Wagner Luiz das Neves Silva e Gilson Cavalcanti de Góes Júnior pelo crime de homicídio duplamente qualificado contra o empresário Luciano Albuquerque Cavalcante, morto na manhã do dia 25 de outubro do ano passado, no Conjunto Village Campestre II. A ação penal foi proposta pelo promotor de justiça Antônio Luis Vilas Boas Sousa, da 68ª Promotoria de Justiça da capital – que tem atuação perante o Tribunal de Júri. Segundo ele, o inquérito relatado pela Polícia Civil contém provas suficientes da autoria

OUTRO LADO Os advogados de Rocha Lima, Álvaro Costa e Fernanda Noronha Albuquerque, informaram que receberam a notícia com perplexidade, “sobretudo pela intenção de macular a conduta de fiscalização e controle da Briosa Polícia Militar do Estado de Alagoas em face do tenente-coronel Antônio Marcos da Rocha Lima, que permanece custodiado no Batalhão de Polícia Radiopatrulha - BPRp, com um rigoroso sistema de revista e controle de visitantes”. A defesa destacou ainda que “seria humanamente impossível o tenente-coronel receber visitas fora dos padrões estabelecidos e ter acesso a aparelhos eletrônicos, isso porque todos os visitan-

do crime. “A investigação está bem fundamentada, com provas, documentos e testemunhos que deram ao Ministério Público a certeza da autoria delitiva do homicídio”, informou Vilas Boas. O crime, conforme MP, ocorreu porque Luciano Albuquerque havia prometido vender um terreno, na Forene, ao PM aposentado José Gilberto e que, após essa negociação ter sido combinada entre os dois, o militar teve despesas de cerca de R$ 3 mil com documentos relativos a esse lote, só que a vítima, apesar de receber constantes cobranças, não teria honrado com o pagamento da dívida. Para o Ministério Público, a participação do coronel Rocha Lima está igualmente configurada. “Sabe-se que o

tes passam por controle rigoroso na portaria do respectivo batalhão”. Segundo os advogados, todas as pessoas autorizadas para visita, assim como os advogados que estão na defesa dos interesses de Rocha Lima, passam por detectores de metais e revista pessoal. “Ademais, é fato que o tenente-coronel vem sofrendo uma execração pública, não se sabe com que intuito, para criar uma ligação ao crime ocorrido em idos de 2019 sob a frágil suspeita de ter o mesmo fornecido munições aos três outros acusados, estando a defesa confiante na sobriedade e senso de imparcialidade da justiça alagoana, ante a ausência total de elementos para qualquer tipo de julgamento onde a inocência do militar será devidamente confirmada”, finalizaram os advogados Álvaro Costa e Fernanda Noronha Albuquerque.

acusado conhecido por ‘coronel Rocha Lima’ é muito amigo do corréu Wagner Luiz, inclusive, na casa deste foram apreendidos fardamentos da PM com o nome de ‘Rocha Lima’ e certificado do curso CETE assinado por ‘Rocha Lima’, havendo fortes indícios de que ele teria fornecido as munições para o cometimento do crime, uma vez que o mesmo foi comandante do BPE (Batalhão de Policiamento de Eventos) e do 4º BPM, locais que receberam munições com lote BLK 43, calibre .40”, apontou. No dia 23 de julho, um dia após ser preso, Rocha Lima foi exonerado do cargo de comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar, em Rio Largo. A exoneração foi assinada pelo sub-comandante geral da Polícia Militar, coronel Wilson da Silva.


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CASO PINHEIRO

Rachaduras se avolumam em imóveis do Flexal Laudo independente feito a pedido de moradores foi entregue ao MPF BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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desastre ambiental provocado pela Braskem que tem causado o afundamento do solo em quatro bairros da capital alagoana está se expandido para outras regiões. É o que comprova um laudo técnico elaborado pelo engenheiro civil Moura Sampaio realizado nas comunidades do Flexal de Baixo e Flexal de Cima, no bairro do Bebedouro, durante os dias 3 e 7 deste mês e divulgado esta semana. As residências ficam a poucos metros dos principais locais já inseridos oficialmente no Mapa de Risco. De acordo com o engenheiro, diante das manifestações patológicas identificadas em 45 edificações inspecionadas ao longo das comunidades, levando em consideração todo o contexto construtivo e à análise do perfil das manifestações patológicas encontradas, foi possível diagnosticar as causas da maioria esmagadora das fissuras, trincas e rachaduras encontradas como sendo recalques de fundação, o que, pela distribuição de manifestações espalhadas ao longo da comunidade, leva a crer que há um problema de solo ao longo de toda a região afetada. “Levando em consideração o tempo de construção, o con-

texto geológico da região e a semelhança das manifestações patológicas encontradas nas edificações inspecionadas com às apresentadas nas edificações que já se encontram dentro do Mapa de Setorização de Danos e de Linhas de Ações Prioritárias elaborado pela Defesa Civil Municipal, levanto a suspeita de que os recalques nas fundações das edificações inspecionadas podem estar sendo causados pelos mesmos problemas de solo que afetam os bairros do Pinheiro, Mutange, Bom Parto, Pitanguinha e o restante do bairro do Bebedouro”, explica o engenheiro ao fim das análises. Moura ressalta que, apesar das edificações inspecionadas estarem situadas à beira da Lagoa Mundaú, o que naturalmente pode causar problemas de recalque de fundação em edificações que não sejam executadas de maneira apropriada, os danos causados são semelhantes ao que está acontecendo em outras regiões. Até o momento, Pinheiro, Mutange, Bom Parto e Pitanguinha e parte do Bebedouro estão inseridos no Mapa de Setorização de Danos e de Linhas de Ações Prioritárias, mapa que demarca as zonas que apresentam risco geológico devido a problemas pela operação irregular de mineração na região. O mapa foi elaborado pela Secretaria Adjunta Especial de Defesa Civil em colaboração com o Serviço Geológico do Brasil. A zona de risco demarcada pelo mapa engloba apenas um trecho da Rua Santo Amaro, rua esta que marca o início do

Paredes trincadas preocupam moradores

Flexal de Baixo. “Recomendo fortemente que as autoridades locais sejam acionadas e que a CPRM seja convocada imediatamente para realizar os estudos de solo necessários para descobrir qual é a real causa desses recalques de fundação comuns a tantas casas em uma mesma região e se o problema representa um risco crescente à população local para que as autoridades locais possam tomar as medidas cabíveis”, finaliza o especialista. Questionada sobre a possibilidade de inserir a comunidade no mapa de criticidade, a Defesa Civil de Maceió confirmou, através de nota, que está ciente do que está acontecendo na região, mas que, apenas laudos realizados por órgãos oficiais podem ser levados em consideração e “que trabalha desde o mês de junho na atualização do Mapeamento de Feições no bairro de Bebedouro, além de coleta de dados em campo para que as informações sejam avaliadas junto com o Serviço Geológico do Brasil”. O órgão informou ainda que vem atendendo a solicitação de vistoria nas edificações no bairro e que os dados servem de subsídio para análise quanto a identificação da causa do problema. MPF A elaboração do laudo teve como objetivo mapear as manifestações patológicas em comum que diversas casas da região têm apresentado ao longo dos últimos anos, de maneira que fosse possível evidenciar se são problemas individuais de

cada edificação ou se podem ser problemas que têm uma origem desencadeadora em comum. Com o laudo em mãos, os moradores, que criaram o movimento Luto por Bebedouro, entraram com uma manifestação no Ministério Público Federal. Os moradores esperam ser inseridos no acordo entre os órgãos ministeriais e a petroquímica, que prevê a remoção e a compensação financeira dos moradores das áreas afetadas pela mineração. Solicitam, ainda, que seja oficiada a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais para ampliação dos estudos geológicos com abrangência na região a fim de que seja identificado tecnicamente por órgão oficial se está havendo movimentação de solo. Em maio, o EXTRA já havia exposto que os bairros do Pinheiro, Mutange, Bom Parto e uma região maior do Bebedouro estão afundando de forma mais rápida. As primeiras atualizações do monitoramento (entre-

gues em fevereiro) apresentam intensidades de velocidade que vão de -235,7 até -100 mm/ano, representando uma intensificação do processo de afundamento. A nível de comparação, em 2018 as análises apresentaram intensidades de velocidade de -187,99 até -72 mm/ano. Em entrevista à época, o geólogo Thales Sampaio, coordenador da equipe de pesquisadores da CPRM, confirmou que o aumento da velocidade de afundamento já era esperado e que não há previsão de quando poderá se estabilizar. Nos últimos levantamentos de campo realizados pela equipe do especialista, foram identificadas novas áreas na região sul do bairro do Bebedouro, próximas à Rua Faustino Silveira. Como recomendação, a CPRM orientou que essas áreas sejam tratadas da mesma forma que as áreas de “Criticidade 0” (risco iminente) pela Defesa Civil. Mas, até o momento, o mapa não foi atualizado.


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CASO PINHEIRO

SOS Pinheiro pede mudanças em acordo de indenização Plano de revitalização das áreas evacuadas também é questionado VERA ALVES veralvess@gmail.com

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ete meses após ter sido homologado pela Justiça Federal, o acordo para desocupação das áreas de risco dos bairros de Maceió afetados pela extração de sal-gema pela mineradora Braskem ao longo de mais de 40 anos é alvo de intensa polêmica. A principal crítica é de que as entidades que representam os moradores e comerciantes/empresários das áreas atingidas não foram ouvidos, a despeito de estarem sendo obrigados a abandonar suas casas e estabelecimentos por força do agravamento da situação. Com 55 cláusulas, o Termo de Acordo para Apoio na Desocupação das Áreas de Risco foi firmado em dezembro no ano passado e homologado pela 3ª Vara da Justiça Federal em Alagoas em janeiro deste ano. É subscrito por quatro defensores públicos do Estado, um defensor público da União, quatro procuradores da República

(MPF) e seis promotores de Justiça - dentre eles o então procurador-geral de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça Neto - e o representante legal da Braskem, Fernando Mota dos Santos. A avaliação do coordenador do Movimento SOS Pinheiro, Geraldo Vasconcelos, é de que o acordo é prejudicial aos moradores, na medida em que os obriga a desocuparem suas casas e transferirem os imóveis à Braskem sem que tenham sido ouvidos. Vasconcelos também questiona o fato de o termo de acordo não apontar critérios para definição dos valores a serem pagos pela mineradora a título de indenização moral e estabelecer um valor para indenização material no caso da Encosta do Mutange – R$ 81.550 – sem especificar a forma de cálculo. O coordenador do SOS Pinheiro destacou a ausência de um parâmetro para avaliação dos imóveis dos demais bairros. Sua avaliação é de que o termo deveria ter apontado o preço por metro quadrado.

Plano de ação proposto pela prefeitura e Braskem prevê reflorestamento e estrada-parque

REVITALIZAÇÃO

O Movimento SOS Pinheiro também está questionando o plano de revitalização das áreas afetadas pelo afundamento do solo. De acordo com Geraldo Vasconcelos, mais uma vez os moradores deixaram der ser ouvidos sobre a questão, ao se referir ao Plano de Ações Estratégicas para os Bairros Bebedouro, Mutange, Pinheiro e Bom Parto, documento que está sendo compartilhados nas redes sociais. O plano foi elaborado pela Braskem e Prefeitura Municipal de Maceió, via Secre-

taria de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet) e prevê a implantação de um corredor ecológico e o reflorestamento da região onde os imóveis estão sendo demolidos, além da implantação de uma via perimetral e a implantação de uma estrada-parque na Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, no Mutange. “É preciso que nos expliquem o que está acontecendo. Nos expulsaram de nossas casas e agora somos surpreendidos com um plano que prevê o tráfego de trem, carros e até ciclovia”, questionou Vasconcelos, ao lembrar que de acor-

do com o Serviço Geológico do Brasil, a revitalização dos bairros afetados somente poderia ser implementada num período de cinco a dez anos. Procurada pelo EXTRA, a Prefeitura de Maceió informou, via Secretaria de Comunicação, que o plano “é um estudo preliminar sobre a viabilidade técnica de ocupação das áreas que serão desocupadas nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto. Após aprovação da parte técnica, o estudo será debatido com a sociedade, os órgãos de controle e as instituições de ensino superior”.


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CASO PINHEIRO

Força-tarefa explica acordo 1- Por que os moradores não foram ouvidos através de suas entidades representativas ao longo das negociações que ensejaram o referido acordo? Desde o início de 2019, as instituições públicas (DPU, DPE, MPF e MPE) vêm atuando em diversas frentes para solucionar e amenizar os efeitos nocivos decorrentes da extração mineral realizada pela empresa Braskem em 4 bairros de Maceió/AL (Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto). Até a pactuação do acordo judicial, formalizado em janeiro de 2020 perante a Justiça Federal, os membros das referidas instituições participaram de várias reuniões com as equipes técnicas da Defesa Civil Municipal e Nacional, bem como com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), bem como com a empresa. Em todas as reuniões com participação da Braskem, a possibilidade de acordo foi tratada. A empresa, por negar ser responsável pela instabilidade no solo da região, sempre rejeitou essa possibilidade. Ao longo de todo o ano de 2019 foram várias as reuniões com a comunidade. Nestas reuniões os anseios e as preocupações dos moradores foram ouvidos. Após a celebração do Termo de Acordo, as instituições realizaram uma audiência pública para explicar o documento. Importante ressaltar que o acordo não é impositivo, todos os moradores e empresários que não quiserem fazer o acordo ou não concordarem com a proposta da empresa podem recorrer ao Judiciário, como já podiam antes deste Termo de Acordo. Este é apenas uma possibilidade mais rápida para aqueles que considerem o acordo mais viável. Os acordos têm sido negociados com a empresa, inclusive com casos em que a proposta não foi aceita, os motivos apontados pela defesa do morador e a empresa reconsiderou sua proposta até um valor que o cidadão aceitou. O Termo de Acordo também não estabeleceu valor fixo de dano moral. O acordo impôs que ele fosse pago. O valor deve ser negociado entre morador/empresário e a Braskem. Se não houver consenso o cidadão deve buscar na Justiça o que entende devido, razão porque a ação que busca a indenização dos moradores continua tramitando na Justiça Federal; o Termo de Acordo celebrado com as instituições não a extinguiu. Importante ressaltar que na

Ação Civil Pública se busca uma sentença declaratória de responsabilidade e consequente condenação da empresa a indenizar os cidadãos, enquanto a situação/indenização de cada atingido será feita em fase posterior, de liquidação e execução da sentença desta ACP. No caso do acordo, a situação de cada atingido será analisada durante a negociação com a empresa, caso não seja aceito o valor ofertado o morador poderá buscar o Judiciário. A única questão no acordo que foi específico foi o Mutange, justamente para evitar uma indenização de valor muito ínfimo, considerando a avaliação que já tinha sido feita anteriormente. Frise-se que o acordo formalizado pelas instituições públicas e a Braskem é inovador no âmbito nacional, em razão do seu caráter preventivo e por garantir extrajudicialmente a indenização para, atualmente, mais de 24 mil pessoas atingidas pelo problema socioambiental, cuja satisfação ocorrerá no prazo máximo de 2 anos. 2- Quais os procedimentos que foram/ou estão sendo adotados pela Força-Tarefa em relação a imóveis de prestação de serviços, tais como hospitais, clínicas, escolas, igrejas, etc? No âmbito do MPF foi instaurado um procedimento administrativo (nº 1.11.000.000227/2020-78) por meio do qual a força-tarefa do MPF para o Caso Pinheiro acompanha a situação dos grandes equipamentos de saúde, assim como também foi autuado um procedimento administrativo para acompanhamento da situação do abrigo de idosos Casa de Marilac. 3- Por que não se estabeleceu o que vai acontecer com as áreas em que estão localizados os imóveis desocupados por força do acordo? O acordo foi firmado na Ação Civil Pública (nº 080383661.2019.4.05.8000) que tratava da indenização dos moradores, portanto este ponto não foi objeto do acordo. O que acontecerá com as áreas em que estão localizados os imóveis depende da continuidade do monitoramento e de alguns estudos, assim como das ações de preenchimento de minas, o que ainda demanda tempo. Sobre o preenchimento das minas, o MPF ajuizou, em maio

de 2019, Ação Civil Pública (nº 0803662-52.2019.4.05.8000) visando à paralisação responsável das operações da empresa na região, com a realização de todos os estudos de sonar – essenciais para um diagnóstico adequado da situação do subsolo e para a busca por uma solução. Esta ACP já possui sentença favorável ao MPF, em fase de execução, nela a empresa está obrigada a realizar os estudos e apresentar os planos para o fechamento definitivo das minas que sejam adequados e devidamente aprovados pelos órgãos/entidades de fiscalização. Já na ACP (nº 080657774.2019.4.05.8000), cujo objeto principal é a responsabilização socioambiental da empresa, com a recuperação da área degradada, bem como a adoção de uma série de medidas emergenciais, e a condenação por danos morais coletivo. Nesta ação, o MPF requer a elaboração de plano socioambiental a partir do qual será realizado diagnóstico da área e a fim de propor formas de recuperação do ambiente. 4- Qual a posição da Força Tarefa frente às críticas de que a Braskem é que teria sido beneficiada pelo acordo? Os representantes das instituições que firmaram o Termo de Acordo com a Braskem recebem as críticas de forma consciente e ponderada, afinal faz parte do Estado Democrático de Direito, mas muitas dessas críticas são fundadas em informações inverídicas, ou por total desconhecimento sobre o assunto ou, infelizmente, por interesses diversos. O fato ocorrido aqui em Maceió não encontra precedentes no mundo. Estamos diante de um problema de dimensão e complexidade gigantescas, onde as recomendações expedidas por referenciados órgãos geológicos apontam para a necessidade de desocupação imediata das residências de quatro bairros de Maceió ante a possibilidade real de um desastre, em razão da instabilidade do solo. Como realizar uma desocupação tão grande? Para aonde iriam os moradores afetados? Como ressarci-los se a ação civil pública ainda está em tramitação e pode levar anos até seu trânsito em julgado? Questões desta magnitude foram preponderantes para que o Termo de Acordo fosse firmado.

A preservação de vidas e a urgência da situação foram as razões por que MPF, MP/AL, DPU e DPE se empenharam tão firmemente neste acordo, agindo pela proteção e defesa da sociedade. O acordo proporciona um caminho viável para que parcela dos moradores afetados possa desocupar suas residências com valores compensatórios justos, dignos e compatíveis com seus imóveis, que são avaliados por empresas especializadas e os moradores aceitam se quiserem. Atualmente, segundo a empresa, há uma elevada taxa de aceitação das propostas ofertadas. Recentemente, houve a divulgação de um novo mapa da área de risco, onde o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) recomendou a desocupação de mais 1.900 imóveis, totalizando quase 7 mil. Foi feito um aditivo no acordo para que a empresa mineradora pudesse também inclui-los no Termo de Acordo inicial. Assim, apesar de haver críticas pontuais, os membros representantes das instituições continuam enxergando o Termo de Acordo como um importante avanço para a preservação da vida das vítimas do Caso Pinheiro. Aqueles que não concordam com o documento podem – e devem – recorrer à Justiça. Todas as ações ajuizadas pelas instituições que celebraram o acordo com a empresa continuam tramitando na Justiça Federal. 5- Por que os imóveis desocupados por força do acordo – em que o proprietário tenha aceito o valor da indenização – estão passando ao domínio da Braskem, o que a fará, ao final de dois anos, detentora da vasta área que compreende os quatro bairros afetados pela subsidência? Primeiramente, é preciso esclarecer que a necessidade de evacuação da área não se deu “por força do acordo”, mas em decorrência de avaliação técnica da Defesa Civil. O acordo pavimentou um caminho para viabilizar a desocupação tecnicamente recomendada com a respectiva indenização, evitando que os moradores dessas áreas permanecessem em constante risco de morte ou precisassem sair sem indenização. Acordo é um caminho para encurtar o tempo em que os atingidos receberão suas indenizações materiais e morais em razão do desastre que está acontecendo. O atingido é indenizado pelo bem que, em decorrência do fenômeno, não pode mais ser habitado em segurança. A Braskem passa a ter a propriedade do bem, não só os direitos, mas

também as obrigações, o que hoje engloba o controle de pragas, a segurança dos bairros, bem como a limpeza de entulhos e o amparo a animais abandonados. À Braskem também está imposta a decisão técnica da Defesa Civil que considerou a área de risco e, portanto, inadequada para habitação. Os valores pagos a título de indenização remontam ao período anterior aos tremores, de forma que preservou-se o valor do imóvel, favorecendo o atingido. Lembramos que, em razão da ACP dos Sonares (resposta 3), a Braskem, ainda que futuramente titular de vasta área, não pode voltar a explorar a atividade de mineração na região. Bem como que na ACP Ambiental (resposta 3) pleiteia-se a obrigação de reparar os danos à área. 6- Quais parâmetros foram utilizados na definição do valor de R$ 81.500 para os imóveis situados na Encosta do Mutange? Antes do acordo, como não havia alternativa para indenização e nem de aluguel social para as famílias da barreira do Mutange, as instituições utilizaram a alternativa de incluir aquelas famílias para realocação nos equipamentos públicos de Minha Casa, Minha Vida que estavam em construção no Benedito Bentes e no Rio Novo. Com o decorrer do processo, como houve o acordo, então não seria mais necessária essa realocação, de modo que a lista previamente elaborada pode ser retomada e respeitada, conforme o programa federal. O valor mínimo foi definido com base nos parâmetros do Programa Minha Casa, Minha Vida, visando preservar a possibilidade do atingido retomar sua vida, ampliando as possibilidades de encontrar uma moradia adequada. Nas avaliações dos imóveis realizadas quando o processo ainda estava na Justiça Estadual, muitas unidades foram avaliadas com valores mínimos, diante da informalidade e vulnerabilidades dos imóveis, de forma que percebeu-se que a indenização pura e simples do valor dos imóveis não era suficiente para garantir o direito do atingido de encontrar um novo local para morar. Trata-se de uma medida facultativa que beneficia moradores de residências que não alcançariam este valor se fossem para uma negociação com a empresa sem esta garantia. Portanto, acaba sendo uma proposta mais justa que beneficia a parcela mais vulnerável dos atingidos.


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CASO MARTHA MOREIRA

Sidrack Nascimento é alvo de investigação no CNMP Conselho acata denúncia de falsa acusação contra filho e irmã da falecida esposa JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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Conselho Nacional do Ministério Público instaurou processo administrativo disciplinar para apurar a conduta do promotor de Justiça do Ministério Público do Estado (MPE) Sidrack José do Nascimento. Durante a 11ª Sessão Ordinária de 2020, realizada na terçafeira, 18, o Plenário do CNMP decidiu por unanimidade que a denúncia de que o promotor imputou falsamente a prática de crime de furto a outras pessoas tem base suficiente para abertura de investigação. A penalidade sugerida é de censura. A decisão se deu com base em parecer do corregedor Nacional do Ministério Público, Rinaldo Reis, que relatou que, no dia 14 de maio de 2019, o promotor de Justiça protocolou, perante a ProcuradoriaGeral de Justiça em Alagoas, o Ofício nº 30/2019, no qual imputou falsamente a prática de crime de furto a Arlindo Lopes, filho de sua falecida esposa Martha Moreira - que cometeu suicídio em 2019 com a arma do próprio marido. Sidrack Nascimento é acusado de ter informado que “no dia 9 de maio de 2019 o Sr. Arlindo Lopes Moreira Neto ingressou

Promotor Sidrack Nascimento já é um velho conhecido do CNMP nas dependências do Colégio Batista Moriá, sem autorização, levando alguns computadores”. Dentre os quais haveria um laptop pertencente ao Ministério Público que estaria sob a guarda do promotor. O comunicado do promotor de Justiça deu causa à instauração de pedido de providências na Procuradoria-Geral de Justiça. Na instrução do referido procedimento administrativo, Sidrack foi inquirido no dia 26 de novembro de

2019, ocasião na qual tornou a reiterar a acusação contra Arlindo e ainda afirmou falsamente que Flávia Maria Moreira de Almeida, irmã de sua falecida esposa, também havia cometido o delito. Quando foi reinquirido, no dia 29 de novembro do mesmo ano, Sidrack Nascimento, embora tenha “confirmado o teor da inicial”, aduziu que não poderia precisar quem foi o responsável pela subtração do computador integrante do pa-

trimônio do Ministério Público que estava em seu poder e que “desapareceu juntamente com os outros aparelhos eletrônicos”. Ainda conforme o corregedor nacional do MP, “ao assim proceder, o processado deixou de cumprir os deveres legais de manter ilibada a conduta pública e particular e de zelar pelo prestígio da justiça”. Disse ainda que o promotor “violou o dever de ética-funcional de manifestar-se, no exercício das funções ou em qualquer ato público, com elevação compatível ao cargo que exerce”. A censura foi sugerida ante a presença de indícios suficientes de cometimento da infração disciplinar por violação ao disposto nos artigos 72, I e II, e 74, IV, da Lei Complementar nº 15/1.996 do Estado de Alagoas (Lei Orgânica do Ministério Público do Estado de Alagoas), combinados com os artigos 79, II, e 81, II, do mesmo diploma legal. De acordo com o Regimento Interno do CNMP, o processo será distribuído a um conselheiro, que será designado relator. Durante a sessão, a conselheira do CNMP, Fernanda Marinella, questionou ao corregedor Nacional se o caso que envolve Sidrack Nascimento seria apenas a falsa denúncia. Ela reforçou dizendo que por ser Alagoas, embora não tenha nenhuma aproximação com o acusado, ficou sabendo de outras denúncias contra o promotor de Justiça. Rinaldo Reis revelou que, durante correição no MP de Alagoas, em Maceió, foi procurado pela promotora de Justiça Feernanda Moreira, irmã da ex-esposa de Sidrack

Nascimento. “Ela relatou uma série de fatos que poderiam configurar ilícitos por parte do promotor de Justiça. Para todos eles nós instauramos reclamações disciplinares. Um já foi arquivado por não ter tido comprovação. Mas percebemos que nem tudo foi apurado pelo Ministério Público, por isso, achamos que mereceria atenção do Conselho. Mas ainda há outros procedimentos em instrução na corregedoria”, contou. Fernanda Marinella sugeriu que o CNMP analise todas as acusações contra o promotor em conjunto, o que poderia acarretar em uma pena mais firme contra Sidrack Nascimento.

REINCIDENTE

O promotor de Justiça já é figura conhecida do Conselho Nacional do Ministério Público. Em abril de 2012, Sidrack Nascimento foi acusado de conseguir a cessão de um veículo do Corpo de Bombeiros de Alagoas e de seu motorista para que pastores evangélicos participassem de um congresso em Porto Seguro (BA). O CNMP decidiu pela abertura de processo disciplinar ao enxergar indícios da prática de faltas funcionais e de ato de improbidade administrativa, pela iniciativa do promotor, que é fundador e pastor da Igreja Batista Moriah, ao solicitar o veículo modelo Sprinter para benefício de sua congregação religiosa. O caso foi arquivado em setembro de 2013 pelo colegiado do CNMP.


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CASO MARTHA MOREIRA

Promotor também é acusado de fraudar espólio da esposa EXTRA acompanha polêmicas envolvendo Sidrack Nascimento

Em afronta à legislação, ele é sócio-administrador de empresa que gerencia colégio VERA ALVES veralvess@gmail.com

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esde o suicídio da advogada Martha Moreira, com quem foi casado por quase 20 anos, o promotor de Justiça Sidrack Nascimento é alvo de polêmicas em função de suas atitudes. A principal delas continua sendo o fato de que, um dia antes da tragédia, ele estava de posse da arma usada por ela para se matar no dia 8 de maio de 2019. Martha havia ido à sede do Ministério Publico Estadual, no Poço, no dia 7 de maio, à procura do marido. Visivelmente transtornada, empunhava a arma pertencente a ele e ameaçava matá-lo. Contida, ela deixou a sede do MP e foi encontrada momentos depois na orla, tendo a arma sido entregue diretamente a Sidrack. O promotor jamais explicou como a arma voltou às mãos da esposa, que, segundo os familiares, atravessava uma grave crise depressiva e estava à base de remédios. Presente no momento em que Martha atirou contra si, o promotor deixou o local – na pérgula da piscina da residência em que o casal morava, no Condomínio Alameda do Horto – antes da chegada da Polícia, o que ainda hoje é alvo de severas críticas por parte da fa-

mília dela. Menos de uma semana após o suicídio da advogada, o promotor acusou o filho dela (fruto de uma relação anterior), de haver furtado computadores do Colégio Moriah, dentre os quais um laptop pertencente ao MP. Além de Arlindo Lopes de Almeida Neto, o promotor também acusou uma irmã da advogada pelo desaparecimento dos equipamentos, a fiscal de Tributos Flávia Moreira. Ambos entraram com representação contra Sidrack na Corregedoria do Ministério Público. Registradas pelo EXTRA, as desavenças envolvendo o promotor não param por aí. Sidrack Nascimento também é acusado de tentar esconder o patrimônio real que possuía em conjunto com a advogada para não ter de dividi-lo com o herdeiro de Martha. O le-

vantamento dos bens, agora, está sob responsabilidade de um oficial de Justiça e deve ser concluído até o final deste mês. Em outro processo, o promotor tanta dissolver a sociedade que tinha com a advogada e através da qual era administrado o Colégio Batista Moriah, vinculado à Igreja Batista Moriah e da qual Sidrack Nascimento é fundador e um dos pastores. Em janeiro, o promotor fundou uma nova empresa – Novo Colégio Batista Moriah Ltda – para administrar a unidade de ensino e na qual figura como sócio-administrador, contrariando o inciso III do Artigo 43 da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei N° 8625 de 12 de fevereiro de 1993), segundo a qual os membros do MP apenas podem participar de empresas como sócio-cotista.

Ao criar uma nova empresa, o promotor estaria tentando burlar decisões judiciais que o proibiram de movimentar as contas bancárias e o dinheiro em espécie arrecadado pelo colégio, o que ele teria

continuado a fazer segundo denúncia feita pelo administrador judicial designado para gerir a unidade de ensino até uma decisão final sobre a disputa com o herdeiro da advogada.


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IMPASSE Moradores acusam prefeitura de permitir poluição

Estação de esgoto ameaça área comunitária de loteamentos Prefeitura afirma que obra integra programa de revitalização e que impacto será mínimo SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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s moradores dos Loteamentos Guaxuma e Gurgury travam uma batalha para garantir a qualidade de vida da região. No início da semana, através da Associação de Moradores, enviaram ofício à Prefeitura

de Maceió para tentar suspender a construção de uma estação elevatória de esgoto na região. As obras de esgotamento sanitário fazem parte do Programa Revitaliza Maceió, que está realizando serviços de drenagem, esgotamento sanitário e pavimentação na capital alagoana. No entanto, segundo os

moradores, ninguém na região foi informado sobre as obras. Eles disseram que por informações de terceiros ficaram sabendo que uma estação elevatória seria construída “em sua única área pública de lazer, em pleno coração do conjunto mais adensado de residências locais, a ser composta por um grande reservatório de esgotos, um conjunto de duas bombas submersas e um gerador elétrico”, diz trecho do ofício. De acordo com eles, desde o primeiro momento a popu-

lação local demonstrou preocupação visto que não foram informados previamente a respeito de nenhuma construção. Segundo o documento enviado à prefeitura, o problema ficou ainda maior quando souberam que as modificações no projeto original realmente concentrarão todo o esgoto a ser coletado no Conjunto Elias Bonfim e nos prédios construídos ou a serem construídos na orla de Guaxuma ao lado das casas “nos locais de maior significado comunitário dos nossos loteamentos”.

Os moradores dizem ainda que morar em Guaxuma é uma escolha de vida, para aqueles que optaram por viver um pouco afastado da cidade e que mantêm nos entornos “um modelo unifamiliar de ocupação do solo urbano com excelente nível de cuidado – visto que não temos problemas de esgoto a céu aberto – e visível nível de bem estar coletivo”. Para Silvana Albuquerque, moradora do bairro há 28 anos, as obras não são para os moradores e sim para atender as demandas da expansão imobiliária na região. “Não existe falta de saneamento no Gurguri, temos fossas sépticas, aprovadas pela legislação ambiental e pela própria prefeitura. Agora eles querem sacrificar a nossa única área de lazer, de bem estar da região, e trazer todo o esgoto dos novos prédios para o lado das nossas casas, sem sequer nos consultar”. Todo o imbróglio se dá porque o local em que se construirá a estação elevatória é na única praça de lazer da região. Os moradores fazem três solicitações para a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) responsável pelo projeto e pela execução das obras. O primeiro pleito é para que seja liberado o acesso a todo o projeto de Esgotamento Sanitário e processo de licenciamento antes que seja iniciada a construção da Estação Elevatória prevista, uma vez que os moradores não foram consultados e cuja implantação avança rapidamente.


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Uma fábrica de polêmicas ANIVALDO MIRANDA

Jornalista

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Segundo Prefeitura, área escolhida para construção de elevatória não faz parte de área verde O segundo é a sugestão de que se mantenha a Estação Elevatória de Bombeamento de Esgoto localizada antes da ponte do Clube do Sesc, como segundo eles, era o planejamento inicial. “Essa estação bombeará o esgoto proveniente da comunidade Elias Pontes de Bonfim, dos prédios já construídos, dos que ainda serão construídos a montante e das futuras ocupações advindas da Av. Ecovia Norte”. A terceira e última demanda é a mudança no local onde em projeto seria construída a Estação Elevatória de Bombeamento de Esgoto dentro do loteamento Gurguri. “O atual projeto prevê construí-la na praça central de nosso loteamento, é o nosso principal equipamento urbano comunitário. Nela temos parque infantil, campo de voleibol, todos nossos eventos comunitários como São João, Natal, final de ano, ponto de coleta de nosso material reciclável, espaço de reunião ao ar livre da associação”. Eles afirmam ainda que se opõem que qualquer das áreas protegidas (áreas verdes) venham a ser utilizadas com esse propósito. “A AMGG não se contrapõe e nunca se contrapôs ao sanea-

mento do Litoral Norte, mas tão somente às decisões unilaterais e impositivas de determinados aspectos lamentáveis inseridos sem conhecimento público no projeto de implantação da pretendida rede coletora de esgotos’. Em nota ao EXTRA, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) informou que os serviços de esgotamento sanitário, drenagem pluvial e pavimentação beneficiam quatro regiões de Maceió. “Para implantação do esgotamento sanitário nos bairros do Litoral Norte foram necessárias a construção de uma Estação de Tratamento de Efluentes (obra em execução no bairro da Saúde) e a instalação de Estações Elevatórias em vários bairros da região para o bombeamento do esgoto coletado até a estação de tratamento”, diz trecho da nota. A Seminfra alegou ainda que a área escolhida para construção da estação elevatória dos loteamentos Guaxuma e Gurgury foi a única disponível para a localidade que está fora de área verde e que atende aos critérios técnicos exigidos como levantamento topográfico detalhado e identificação de áreas destina-

das a equipamentos urbanos, Diz também que o equipamento foi projetado e dimensionado de acordo com os parâmetros das normas brasileiras e não trará transtornos à comunidade local, tendo funcionamento automatizado, além de dispor de grupo gerador exclusivo para atender a eventual falta de energia elétrica na região. “O poço de sucção e demais equipamentos ficarão totalmente enterrados, causando menor impacto visual, ocupando apenas 10% da área escolhida, de forma a preservar o espaço de lazer, sem prejuízos à comunidade”. Os técnicos da Seminfra afirmam, ainda, que o sistema de fossa séptica e sumidouro, preferido pelos moradores, é primário e rudimentar, utilizado apenas quando inexiste rede pública coletora de esgotos. Por fim, a Seminfra informou que em reunião com representantes da Associação, na sede da secretaria, no dia 12 de agosto de 2020, apresentou o projeto e explicou o funcionamento do equipamento e os critérios de escolha do local. A nota diz também que a obra foi precedida de estudo ambiental e possui as licenças ambientais necessárias à sua execução.

s obras de implantação de uma rede coletora de esgotos para atender parte das populações do Litoral Norte de Maceió podem afundar em várias polêmicas desgastantes dada a maneira impositiva, unilateral e pouco transparente com que foram idealizadas e começam a ser executadas. Prova disso é o que já está acontecendo em seu primeiro trecho, no bairro de Guaxuma. Ali, no loteamento Gurguri, as pessoas só ficaram sabendo que seu único espaço público, situado no coração das residências, iria se transformar em uma grande estação de coleta e bombeamento dos esgotos de todos os edifícios espigões da orla, conjuntos e residências do entorno quando, numa bela manhã, foram despertadas por um batalhão de homens e tratores quebrando o asfalto de suas ruas. Por terceiros e disse-me-disse ficaram sabendo, também, que a escolha do local é resultante de uma decisão da Prefeitura de Maceió visando o barateamento das obras, independentemente dos dissabores, danos ambientais e prejuízos que tal decisão possa vir a causar. Numa canetada decidiu-se diminuir o número de estações elevatórias, usar arbitrariamente espaços públicos e lançar mão de soluções “mais em conta” em nome de razões que as comunidades a serem afetadas desconhecem solenemente. Sem muitas alternativas dada a exiguidade do tempo, pois o ritmo das máquinas é frenético, os moradores, que não querem a vizinhança incômoda de um lagoão de dejetos em sua praça central, ainda mais turbinado por bombas submersas e gerador elétrico em área de intensa oscilação da rede de energia, já pediram ao prefeito Rui Soares Palmeira que paralise os serviços até que uma solução aceitável seja encontrada. O prefeito, figura invariavelmente lacônica e distante, ainda não se pronunciou. Fica, portanto, a expectativa de que não aprofunde os equívocos que a cultura prepotente da burocracia de estado sempre comete quando não inclui os contribuintes, pagantes dos impostos municipais, entre os seus interlocutores frequentes. O que essa “ninguemzada” – como diria o imortal Darcy Ribeiro – quer, não é se contrapor aos benefícios do saneamento, mas simplesmente ter acesso irrestrito aos estudos, processos e projetos das obras, entender do porquê da pressa em implantar uma rede coletora em local que já tem um sistema sanitário consolidado e aprovado de fossas sépticas com sumidouros e do porquê serão obrigados a conviver com o cocô dos “espigões” que já começaram a desfigurar a nossa bela orla de coqueirais.


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PRODUTO EDUCACIONAL

Etnias Indígenas Alagoanas retrata aspectos da história e organização social Trabalho de mestrado da jornalista Adriana Cirqueira é direcionado a estudantes do Ensino Médio, mas aberto para qualquer pessoa que se interesse pelo tema

Crianças Katokkin em roda de toré

MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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ara início de conversa, a jornalista e mestra Adriana Cirqueira juntou sua descoberta ancestral com o desejo de dar voz ao povo indígena e trouxe para o chão da escola a história reproduzida no livro “Etnias Indígenas Alagoanas”. De origem indígena, Adriana apresenta e-book que contém textos, imagens e infográficos que podem ser trabalhados com jovens e adolescentes em sala de aula de maneira interdisciplinar. O trabalho comprova que entre tantos desafios, o maior problema indígena é o problema da terra. Mesmo tendo resistido a uma sucessão de genocídios, etnias inteiras desapareceram, territórios foram tomados, milhões assassinados e há ainda quem diga que índio é preguiçoso, que fica observando o mato pra ver crescer e que tem muita terra pra pouco índio. Polêmicas à parte, o fato é que pouco se sabe ou se tem interesse por esse povo. O livro de Adriana Cirqueira busca de forma didática e dinâmica responder

Cacique Nina Katokkin e Adriana Cirqueira, autora do trabalho

Casamento Kariri-xocó em igreja católica da aldeia

algumas questões como quem são e como vivem os índios alagoanos? Por que sabemos tão pouco a respeito de nossos indígenas? Como foi produzido esse silenciamento através das gerações? Por que há tanta morosidade no reconhecimento dos direitos desses povos, entre tantas indagações que ficam sem respostas. Na verdade, a proposta é abrir um universo de inquietações e reflexões que poderão ser desenvolvidas em sala de aula

garante Adriana. Em Etnias Indígenas Alagoanas, o leitor é convidado a fazer uma viagem pelo universo indígena. A dica é ficar atento a cada detalhe das 64 páginas e assim descobrir o que é cunhadismo, relembrar a Guerra dos Bárbaros, quem sabe arriscar um passo com as crianças na dança do toré, ou até mesmo atravessar a linha do tempo e participar de alguns marcos importantes da luta por seus direitos.

por meio do diálogo com os conhecimentos de docentes no ambiente escolar. “Meu produto educacional é um livro didático com imagens, infográficos e informações que podem ser de interesse de jovens e adolescentes, pois foi escrito de forma que eles não se sintam entediados a folhear. Por isso, tem muitas cores, imagens e quebra de raciocínio com colocação de textos isolados. É um produto multidisciplinar”,

Também poderá colocar sua melhor veste e pedir dicas de pintura corporal para assistir a um casamento Kariri-xocó na igreja católica da aldeia. É só virar a página e encontrar dona Zefinha Kariri-xocó, que ensina um remédio da medicina indígena e popular para curar inflamações. E depois de todos esses ensinamentos, que tal jogar uma pelada com Geralda, capitã do time de futebol feminino da aldeia Wassu cocal.


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RAÍZES Retratar um perfil do indígena alagoano e trazer o conteúdo para o jovem e adolescente no universo escolar exigiu esforço e comprometimento. Porém, foi um trabalho prazeroso para a autora, que é descendente da etnia Pankararu do Pernambuco e dos Katokkin de Alagoas. Adriana confessa que a redescoberta de suas origens, experimentada no seio de sua família, pisar o chão das aldeias, e o acesso a importantes trabalhos acadêmicos produzidos sobre os indígenas alagoanos, como os de Sávio de Almeida, Abelardo Duarte, Clóvis Antunes, Amaro Hélio Leite da Silva, Siloé Soares de Amorim e outros deixa um misto de sentimentos que só quem vivencia pode descrever. “Foi trabalho feito com esmero, mas não seria capaz de esgotar os mais importantes debates apresentados naquelas obras, que merecem ser folheadas para que se alcance maior conhecimento empírico e reflexão teórica e analítica. E, enquanto produzido por uma jornalista, foi reconhecido por sua banca de avaliação enquanto material rico em informações, possibilidades e debates introdutórios, sobretudo por instrumentalizar professores a tratar de temática tão negligenciada e ausente nos livros didáticos conhecidos”, diz trecho da apresentação assinada pela professora e doutora Beatriz Medeiros de Melo – orientadora da mestranda. A leitura é dinâmica e de fácil compreensão. Embora seja direcionada a professores e estudantes do Ensino Médio, qualquer pessoa poderá se debruçar nas 64 páginas distribuídas em textos ricos em detalhes e fotografias exuberantes, entre outros atrativos. A primeira parte do trabalho faz breve relato da presença, dispersão e sobrevivência dos indígenas brasileiros, com algumas referências que alcançam o contexto alagoano. A segunda parte, baseada em pesquisas

etnográficas, historiográficas e sociológicas, apresenta resultados de pesquisas científicas, informações censitárias, documentos oficiais e fotografias. Além do que, por conter uma multiplicidade de fontes, possibilita a utilização em diversas disciplinas como História, Geografia, Sociologia, Língua Portuguesa e Artes. Segundo a autora, o interesse pelo tema se deu não apenas por sua origem indígena, mas pelas dificuldades que essas populações enfrentam e pela invisibilidade a que foram submetidas no decorrer dos anos. Embora reconheça que muito ainda tem a ser explorado e ciente de sua incompletude, “esperamos que esse material construído com esforço e amor, possa contribuir para o debate dessa temática importante e negligenciada, e nela avançar,

porque, conforme afirmou Maninha Xucuru, “hoje sabemos o lugar que queremos ocupar na história do país.” Vale ressaltar que o projeto que deu origem ao material foi conduzido cumprindo os objetivos expressos na fundação dos mestrados e doutorados profissionais, dentre os quais destaca o de “transferir conhecimento para a sociedade, atendendo demandas específicas com vistas ao desenvolvimento nacional, regional ou local” (Portaria MEC 389/2017). Por sua vez, o produto Educacional Etnias Indígenas Alagoanas retrata aspectos da história e organização social dos indígenas alagoanos, temática ausente em livros didáticos no PNLD. O conteúdo, que relacionase com os componentes curriculares de História, Artes, Língua Portuguesa e Sociologia, foi pro-

duzido pela mestranda Adriana Cirqueira Freire, sob orientação da Profa Dra. Beatriz Medeiros de Melo no Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfETP) do Instituto Federal de Alagoas (IFAL), a partir de metodologia da pesquisa-ação, associada a revisão bibliográfica e produção e coleta de fotografias em aldeias indígenas de Alagoas. Para quem tem interesse na obra, o material pode ser baixado pelo endereço eletrônico https://educapes.capes.gov.br/handle/capes/573426. CENSO INDÍGENA De acordo com o Censo Indígena 2010, a população autodeclarada indígena alagoana é de 14.509 indivíduos, distribuídos em todos os municípios do estado, dos quais 4.486 habitam nas terras indígenas e 10.023 fora

dessas terras. O Censo Indígena destacou ainda que 1782 pessoas residentes em terras indígenas do estado, apesar de, no quesito “raça” não se autodeclararem indígenas, se consideravam indígenas, o que amplia a população indígena alagoana. Desta forma, Alagoas teria 16.291 indígenas, sendo 6.268 residentes em terras indígenas e 10.023 fora delas. Ainda conforme o Censo de 2010 do IBGE, são faladas hoje no Brasil 274 línguas indígenas, - a maioria nas terras indígenas. Sobre a contribuição indígena para nossa língua, é do Tupi-Guarani que advém a maior influência na língua portuguesa falada no Brasil. O Tupinambá foi a língua franca dos primeiros séculos de contato e depois foi adaptada como Língua Geral pelos missionários jesuítas.


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Maceió:

o embate já começou

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ando sequência a série de entrevistas com os pré-candidatos à Prefeitura de Maceió, a coluna publica uma conversa com o ex-governador Ronaldo Lessa – que postula mais uma vez o cargo máximo do executivo da capital, após já ter exercido o mandato anteriormente. Pesquisas recentes apontam Lessa como um dos fortes concorrentes na disputa que se avizinha, com uma campanha atípica motivada pela pandemia do coronavírus. É uma eleição com muitas dúvidas, muitos temores e que poderá trazer também grandes surpresas ao abrir das urnas. Ronaldo Augusto Lessa Santos nasceu em Maceió, em 25 de abril de 1949. É pai de Nina e de Nivaldo. Formado em engenharia pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), foi destacado atleta de vôlei. O que o motivou para encarar o desafio de uma pré-candidatura a prefeito de Maceió? A princípio, atendendo um chamamento do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que esteve aqui em julho do ano passado, durante uma convenção, e disse que não era o momento de eu me aposentar, que a situação do país não permitia que nos afastássemos da política. Naquela época, havia outros

Na universidade teve início sua trajetória de líder estudantil, chegando a ser preso pela ditadura. No início dos anos 70 mudou para o Rio de Janeiro, onde foi vice-presidente do Sindicato dos Engenheiros. Trabalhou em obras como o metrô e a construção da ponte RioNiterói. Retornou a Maceió e elegeu-se deputado estadual em 1982, pelo PMDB; depois vereador,1988, prefeito de Maceió, em 1992. Em 1996, foi consultor do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) nos Estados Unidos. Em 1998 foi eleito governador de Alagoas e reeleito com grande aprovação popular. Em 2015 assumiu uma cadeira na Câmara Federal e escolhido coordenador da bancada. Lessa foi também presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) e coordenador da Frente Nacional dos Prefeitos. Ingressou no PDT em 2015.

dois pré-candidatos dentro do partido, Kátia Born e Judson Cabral, mas eles me chamaram e pediram que aceitasse o desafio. Então, houve uma conjunção de apelos. Além disso, a realidade, o fato de sentirmos que precisávamos participar da vida nacional, sobretudo em nosso estado, em Maceió. Do ponto de vista pessoal, tem o fato de já ter sido prefeito de Maceió e ter deixado o cargo com aprovação máxima da sociedade.

Acho que a experiência conta, e como disse Ciro Gomes numa live que fizemos: não é hora para estagiários. Uma campanha política nem sempre é marcada por ações éticas e discussões propositivas. Como o senhor irá reagir às provocações, ataques e até fake news? Vou reagir com tranquilidade, tentando sair desse debate. Acho que fake news é

Voz da esquerda: Ronaldo Lessa pretende voltar à Prefeitura algo que a sociedade tem que rejeitar, não pode alimentar esse tipo de coisa. Querer se destacar usando o ódio, a calúnia contra outra pessoa. Ninguém constrói uma sociedade desse jeito. Espero que a ética prevaleça e que a gente faça um bom debate. E que a sociedade escolha o melhor baseada em fatos, em propostas; não em falsas notícias.

a modernidade trouxe e que é importante para facilitar a comunicação. Nesse período de quarentena foram meses de lives, até reuniões do partido, votações. Nos reinventamos para nos adaptarmos aos novos tempos. Estamos chegando próximo ao período das convenções partidárias e da montagem da chapa majoritária.

Falando em pandemia, a campanha desse ano vai ser atípica, com muitas restrições. Como o senhor tem se preparado para isso? A vida é um eterno aprender. A vida lhe ensina, mas nem tudo. Essa pandemia me obrigou a fazer algo que nunca tinha feito em 40 anos de vida pública. Tive que recorrer às redes sociais, às diversas plataformas, ou seja, a toda essa parafernália que

Qual o perfil de sua coligação e do seu candidato a vice-prefeito? Tenho conversado com partidos de esquerda e partidos de centro. Não tenho como juntar à direita. Onde a direita prevaleceu no mundo, foi um desastre. Meu campo é o campo democrático, é onde busco me situar e montar uma chapa com esse perfil. O vice você não pode pré-estabelecer. É lógico que eu gostaria que fosse uma mulher.


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NTREVISTA

PARA REFLETIR “O primeiro requisito para uma ordem social melhor é o retorno à liberdade irrestrita de pensamento e de expressão”. (Ludwig von Mises)

Calendário eleitoral A seguir o calendário Eleitoral a ser cumprido por coligações, partidos e candidatos até as eleições - 31 DE AGOSTO A 16 DE SETEMBRO:

Lessa durante atuação em Brasília como deputado federal Acho que as mulheres precisam ocupar mais espaço na política. Quando fui prefeito, minha vice foi Heloisa Helena, e tivemos um ótimo resultado. Quando sai indiquei Katia Born. Quando fui governador criei a primeira Secretaria da Mulher do Brasil, Vanda Menezes foi a secretária. Mas não é necessariamente uma obrigação. Até o final do mês vamos ver entre os partidos quem vai ser o vice ou a vice, a partir de um consenso. Uma vez eleito prefeito de Maceió, qual o maior desafio a ser enfrentado? Quais as prioridades? Os desafios são muitos, mas acho que o principal, depois dessa pandemia, é você cuidar da população com prioridade total. Porque o nível de desemprego e de gente precisando do olhar do governo é grande, e o governo tendo uma política de aconchego, de abrigar, de puxar os outros setores para trabalhar juntos, vai ser fundamental para responder às necessidades depois da pandemia. Mas há outras coisas que são desafios: o mer-

cado público, a orla lagunar, o Salgadinho, são problemas que precisam de atenção, além, evidentemente, de pôr todas as crianças na escola, lugar de criança é na escola, e trabalhar para aperfeiçoar o sistema de prevenção à saúde em Maceió. Qual seria o perfil de uma eventual gestão de Ronaldo Lessa na prefeitura? Não mudaria meu conceito de humanismo. As pessoas em primeiro lugar. É por isso que existe o governo, é o equilíbrio. A sociedade é formada por diferenças, econômicas inclusive. O papel do Estado é de abrigar. Quando governei Alagoas, criei a Secretaria de Proteção às Minorias, de Direitos Humanos. Além disso, tem a questão técnica. Sou engenheiro, fui professor, é a minha marca, minha cara. O que tem que mudar é dar respostas novas a problemas novos. Quando fui prefeito, Maceió tinha uma população menor do que tem hoje. O perfil é esse. Uma gestão voltada para o povo, ouvindo, demo-

cratizar isso. Democratização participativa, não apenas a democracia dos poderes, que tem que prevalecer, não defendo qualquer tipo de ditadura. Defendo a democracia participativa, aquela onde as escolas são controladas por professores, alunos e funcionários. Vamos precisar de regiões administrativas com conselhos, opinando sobre orçamento e estabelecendo prioridades. A Justiça Eleitoral, sempre equivocada e com decisões arbitrárias, lhe trouxe sérios problemas em eleições anteriores. Resuma o seu sentimento para esta eleição. Não gosto de ficar olhando para trás. A gente tem que seguir em frente, olhar para frente e imaginar que o melhor vai vir. Então espero que os erros cometidos, as injustiças não se repitam. O tempo amadurece, os poderes vão amadurecendo, a sociedade obriga a isso. Eu tenho a esperança que a gente possa atravessar isso sem os problemas do passado.

realização das convenções partidárias para definição de coligação e escolha dos candidatos. As convenções poderão ser por meio virtual. - 26 DE SETEMBRO: último dia para registro das candidaturas; início do prazo para que a Justiça Eleitoral convoque partidos e emissoras de rádio e TV para elaboração do plano de mídia. - APÓS 26 DE SETEMBRO:

NÃO GOSTO DE FICAR OLHANDO PARA TRÁS. A GENTE TEM QUE SEGUIR EM FRENTE, OLHAR PARA FRENTE E IMAGINAR QUE O MELHOR VAI VIR. ENTÃO ESPERO QUE OS ERROS COMETIDOS, AS INJUSTIÇAS NÃO SE REPITAM. O TEMPO AMADURECE, OS PODERES VÃO AMADURECENDO, A SOCIEDADE OBRIGA A ISSO.

início da propaganda eleitoral, inclusive na internet. - 9 DE OUTUBRO: início da propaganda gratuita em rádio e televisão. - 27 DE OUTUBRO: divulgação de relatórios pelos partidos, coligações e candidatos discriminando os recursos recebidos do Fundo Partidário, do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e outras fontes, bem como os gastos realizados. - 15 DE NOVEMBRO: 1º turno das eleições - 29 DE NOVEMBRO: 2º turno das eleições


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

A águia, a pandemia e o autoconhecimento Ela tem uma visão privilegiada: vê longe, muito longe; aprende muito com o próprio sofrimento e toma decisões minuciosas. O resultado de tudo isso é que ela vive mais, pelo menos 30 anos do que outros. Esses são os comportamentos da águia, que vive em torno de 70 anos. É a ave mais longeva da criação divina. Vamos à história da águia. Pois bem, quando a águia chega aos 40 anos ela já não está com suas garras afiadas, ou seja, as unhas estão compridas e flexíveis. Fazendo um

A águia com 40 anos Depois dos 40 anos a águia não consegue pegar as presas com facilidade porque o bico ficou alongado, pontiagudo e se curva. As asas ficam pesadas em função da grossura e peso de suas penas devido a idade. E agora? Mas a natureza é sábia e o Criador deu mais uma oportunidade para ela viver mais, pelo menos mais 30 anos. Como? Fazendo novamente um paralelo, o Criador sempre dá uma oportunidade para as pessoas reverem seus comportamentos para que, a partir daí, possam viver mais e melhor, enfim.

A águia depois dos 40 anos

Depois dos 40 anos a águia tem duas alternativas: ou deixar-se morrer porque não consegue sobreviver por não conseguir os alimentos (presas) ou vai a um local alto e seguro de outros predadores (montanha) num paredão. Fazer o que? Pois bem, ela começa um processo de metamorfose (autoconhecimento) bastante doloroso. Começa a bicar a montanha dura até o bico cair. Imagina a dor? Ter que destruir sua melhor ferramenta para sobreviver. Ela espera pacientemente o novo bico nascer. Para que isso?

comparativo, nos seres humanos a pele começa a enrugar aos 50 anos e a pessoa não tem mais aquele vigor de antes, mas pode fazer voos mais altos. Para a águia, que sobrevive se alimentando das presas com garras fortes e afiadas, é fundamental que as unhas estejam funcionando para que possa resistir às adversidades que a natureza impõe. Ela se alimenta das presas, sejam peixes ou qualquer outro animal.

Dilema da águia

O surpreendente da águia é que depois de ter nascido o novo bico (pronto para pegar as presas e sobreviver, vem um dilema: somente um bico novo não é suficiente para sobreviver, já que a asas estão pesadas e grossas. E agora? Mais uma vez ela resolve com bastante determinação e dor, arrancar suas próprias penas e também as garras (unhas) que estavam longas e flexíveis. Imagina a dor? Fazendo um paralelo com os comportamentos das pessoas, o que se pode destacar é que muitas vezes as pessoas precisam tomar algumas decisões que também são bastante doloridas, e terão que ser tomadas para poder viver mais e melhor.

Na clínica: virar águia

No atendimento clínico, ao perceber que tem que tomar uma decisão, a pessoa chora, questiona, reflete e analisa todas as consequências: viver como está ou mudar. Bom, imagina que o processo da águia ocorre num período de cinco meses, isso mesmo. É mais ou menos o tempo de um processo psicoterápico razoável, se for ininterrupto, para que a pessoa possa entender, melhor, a si mesma. Esse processo pode ser mais longo e quanto mais se conhecer melhor, mais acertadas serão as decisões que a pessoa vai tomar.

Águia com 70 anos

Pois é, a águia depois de quebrar o bico, arrancar as suas próprias penas e arrancar as velhas garras, num processo doloroso consegue viver mais e melhor por mais, pelo menos, 30 anos. Ou seja, sai para o voo de renovação total. Fazendo um breve paralelo, muitas pessoas têm que fazer uma reflexão do que está fazendo na vida e não é só isso, é preciso tomar algumas decisões, muitas vezes dolorosas para que possa viver mais e melhor. Não é fácil, mas não é impossível.

Melhor Quem voa com os pés no chão consegue ver melhor o Céu e a Terra. (Arnaldo Santtos, psicólogo)

Processo psicoterápico Portanto, é preciso não apenas refletir ou saber do que acontecendo para mudar, mas dar início a um processo de renovação pessoal, muitas vezes doloroso, ou seja, desprender de pré-conceitos, maus comportamentos. É preciso também outras atitudes, como desapegar de coisas e até de pessoas. Ou seja, de tudo que não faz bem à própria pessoa. O processo psicoterápico faz exatamente isso. Assim como a águia, a pessoa precisa destruir os bicos dos ressentimentos, arrancar as unhas do medo e dos preconceitos; substituir as penas pesadas por pensamentos mais leves, enfim.

Voar mais e melhor Essa pandemia da covid-19 é um excelente momento para que a pessoa possa se livrar das barreiras e pesos do passado e poder aproveitar ao máximo tudo aquilo que, realmente, é valioso para ela. Ou seja, rever sua história de vida e que, muitas vezes, está no inconsciente. Aflorando esse inconsciente ou a origem de cada medo ou adversidade, a pessoa pode fazer uma profunda renovação de vida e, com certeza, continuar voando mais e melhor.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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A DOR DO ADEUS

Alagoas conta com crematório de animais Conheça o serviço para finalizar a jornada do seu pet SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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á menos de um mês o arquiteto Lucas Vicente perdeu sua grande companheira. Se engana quem pensa que ele teve que se despedir da esposa ou de algum membro da família - ser humano. Durante 9 anos a cachorrinha Mel, da raça labrador, alegrou a casa em que Lucas mora com a avó. No início do ano Mel foi diagnosticada com câncer e infelizmente, depois de muito lutar contra a doença, não resistiu. A dor do adeus ao perder um animal de estimação é latente. É difícil conhecer uma pessoa que ao perder seu companheiro animal não tenha sofrido com sua partida, ao relembrar momentos, relembrar situações já vividas e saber que aquela relação não ocorrerá mais, não poderá ser substituída. Lidar com o adeus para o arquiteto não foi fácil, e para amenizar a dor da perda de alguma forma, ele decidiu cremar a Mel, fechar o ciclo de vida dela de uma forma mais digna. “Faltando menos de uma semana para o retorno à clínica ela já estava fraca. Voltamos à clínica, fizemos exames e descobrimos que ela estava com metástase e que tinha tomado completamente o fígado, não poderia retirar; realmente era esperar e dar realmente a qualidade de vida possível até ela ir embora. Decidimos não a deixar

internada; a levamos para casa, porque ela estaria com a gente. Estávamos sempre a monitorando, dando soro, remédio, comida na boca, mas com o tempo foi ficando cada vez mais fraca, parou de comer e acabou não aguentando mais. Na madrugada do dia 30 de julho ela acabou morrendo”, contou Lucas. Ele disse ainda que, por saber que ela não resistiria à doença, procurou as alternativas para fechar o seu ciclo de vida. “A gente procurou um cemitério para cães, mas aqui não tem, e aí pensamos em cremar. Sempre pensei em cremar o corpo dela e jogar as cinzas no jardim, depois plantar umas flores, porque era um lugar que ela adorava ficar. Minha vó também pensou em jogar as cinzas no mar. A Mel sempre gostou muito de água, afinal era labradora!”. O arquiteto então ligou para o Pet Fênix, único crematório de animais de Alagoas. Lá ele encontrou informações sobre como funcionava o processo, ajuda para lidar com a perda, superar o luto e o acolhimento necessário para se despedir da sua cachorrinha. De acordo com Thiago Pereira, gerente operacional da Pet Fênix em Maceió, a forma de lidar com a perda varia muito de pessoa para pessoa. “Temos clientes que chegam com um formato de luto muito grande, que não sabem lidar com a perda e nem querem entregar o animal para a gente, e já tem outros casos de pessoas mais preparadas para esse momento. A gente trabalha exatamente com esse acolhimento; todos os nossos funcionários são preparados para fazer esse suporte,

sagem de apoio, falando sobre o momento delicado, se colocando à disposição para retirada de dúvidas e ainda enviaram um vídeo com uma Oração Pet. O Brasil é o segundo país com a maior população canina do mundo, e além disso, também tem o segundo maior mercado pet do mundo, ambos atrás somente dos EUA. A cremação é o método mais indicado pelos veterinários, pois não agride a natureza. A empresa diz que a forma de despedida é considerada por muitos a melhor opção para dar o adeus ao pet com a dignidade e o respeito que ele merece.

SERVIÇO

Lembrança: família recebe cinzas e molde com a pata da Mel de ajuda às pessoas que chegam enlutadas e desejam fechar o ciclo do animal de forma digna. Disponibilizamos também o suporte psicológico para aqueles clientes que estão com um processo de aceitação mais difícil. A gente pega o número do cliente, temos uma psicóloga na equipe que entra em contato com o cliente, para tentar amenizar o luto, tentar fazer com que a dor seja sentida de forma mais amena”. A empresa chegou a Alagoas há mais de quatro anos, mas oferecia o serviço de cremação fora do estado - o animal era armazenado em câmara fria e a cremação acontecia em Sergipe. Desde setembro de 2019 o serviço completo está sendo feito em Maceió e tem sido muito procurado pela população. “A gente vem em uma crescente muito grande principalmente desde que instalamos a unidade em Maceió. Primeiramente era um processo cultu-

ral o enterro, sempre era o sepultamento o mais procurado, o pessoal achava que a forma mais digna para fechar o ciclo da vida do seu pet era fazendo o enterro, mas com o passar do tempo isso tem mudado. Principalmente desde que estamos fazendo o serviço aqui em Maceió, as pessoas conhecem melhor o processo, procuram saber como funciona e até visitam a nossa unidade para entender todas as etapas”, afirmou Thiago. Depois que Mel foi cremada, Lucas ficou com as cinzas dela e está decidindo se as joga no jardim de casa ou no mar - a Mel amava ir à praia. Ele ainda recebeu um quadro como recordação, com um molde da pata dela. “Só conversamos pelo WhatsApp, eles vieram aqui no dia que ela morreu para recolher e depois trouxeram as cinzas. Disponibilizaram também o atendimento psicológico gratuito”, contou o arquiteto, acrescentando ter recebido uma men-

O Pet Fênix funciona 24 horas e faz desde a remoção do corpo na casa ou clínica, até a entrega das cinzas, que pode ser em sacos lacrados, urnas ecológicas ou urnas personalizadas. A empresa disponibiliza três tipos de cremação: a coletiva, onde o animal é cremado com outros pets e o cliente não quer o retorno das cinzas, a cremação individual, onde o cliente tem direito a um velório de despedida do animal, e a cremação imediata, em que o cliente também faz o velório e pode ainda acompanhar o processo de cremação do animal. Nas duas últimas opções o cliente leva as cinzas. Segundo Thiago Pereira, há casos em que as pessoas solicitam a exumação do animal para poder fazer a cremação. “Não é tão frequente, mas já aconteceram cinco casos como esse em Maceió, três deles foram dias após o enterro e outros já tivemos em que o cliente depois de um mês pediu a exumação do animal para realizar o processo crematório”. O preço inicial do serviço é de R$ 200, para a cremação compartilhada. Já a cremação individual e a imediata podem chegar ao valor de R$ 1.000, a depender do peso e porte do animal. Em todos os casos, é emitido um certificado de cremação assinado por veterinário com os dados do pet e entregue ao dono. Somente na cremação compartilhada esse certificado é digital.


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Travas para o desenvolvimento do Nordeste

ELIAS FRAGOSO n Economista

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Nordeste sempre foi tratado como curral eleitoral pela corrupta elite política regional e por todos os mandantes demagogos que estiveram à frente desta Nação. Para ficar apenas nos quatro últimos: quem entre os mais velhos não lembra de FHC aboletado em cima de um jegue, com chapéu de vaqueiro na cabeça na sua campanha presidencial pela região e depois sua inação após eleito para com o Nordeste? Ou de Lula que criou a bolsa esmola e virou “dono” da região até a última eleição (neste caso, participando via o poste Haddad?) Ou

de Dilma “a mãe do PAC” (sic) com sua votação estrondosa no Nordeste (inclusive na elite local que votou em peso na semianalfabeta)? Temer foi o único que não deu as caras: não podia sair do palácio sob o risco de protestos... O demagogo da vez é Bolsonaro (que, aliás, já nos chamou pejorativamente de paraíbas) que pretende ser o “próximo Lula” graças ao auxílio emergencial (vai mudar para Renda Brasil e terá valor menor que os 600 reais, mas superior à miséria da bolsa família), o novo instrumento de dominação dos milhões de pobres, analfabetos e desempregados da região. E ele não se fez de rogado, já anda pela região lépido e fagueiro a explorar as benesses da “ajuda”, aproveitando-se do fato de que metade da população nordestina tem sobrevivido com a miséria de 260 reais mensais e os 10% mais pobres com menos de 60 reais. Gerar empregos e desenvolvimento que é bom, nada. Pelo que se vê, o Nordeste continuará a ser tratado como sempre foi, com desdém, descaso e precon-

ceito. Continuará sem projetos estruturantes de longo prazo que ajudem a mudar o seu quadro de atraso e pobreza generalizada, ou sem recursos sequer para concluir as milhares de obras inacabadas, fruto da corrupção e da roubalheira petista na região. Mas, não, a grana que vem para cá é para servir de esmola e deixar tudo como está. A região na verdade nunca esteve (exceto nos discursos) no rol de prioridades do governo brasileiro. Nunca houve real preocupação com sua inserção no contexto econômico nacional e menos ainda internacional (apesar, nesse caso, da alta potencialidade que ela encerra), nunca tivemos políticas concretas, consistentes e permanentes voltadas para eliminar de vez a chaga da pobreza e do atraso econômico regional. O que sempre se viu por aqui foram projetos e programas carimbados para beneficiar a elite empresarial local ou servir de valhacouto para políticos corruptos e ladrões que infestam a região se locupletarem dos recursos em de-

trimento dos milhões de pessoas aqui residentes. A grande maioria pobre ou miserável. Chega de esmolas. Chega de mais do mesmo. O maior desafio para o desenvolvimento da região não é a falta de diagnósticos, mas a simples implementação de propostas que já estão aprovadas e transformadas em lei. Mas para isso, é preciso vontade política para se criar uma nova agenda de desenvolvimento regional. O que bate de frente com a oposição da parte retrógada da elite local que domina as fontes de recursos vindos para a região; com os políticos ladrões aboletados nos DNOCS e Sudenes da vida, antros de corrupção endêmica; com a máquina estatal perdulária, incompetente e comprometida com o continuísmo e o apadrinhamento e, com o coitadismo alienante impregnado no inconsciente coletivo da população mais simples. É esse o “design” do atraso que nos desqualifica competitivamente e trava o avanço regional. Vamos voltar a falar mais disso.

Avenida. Em uma, ainda na infância, entre o Coreto e a Fenix. Em outra, na juventude, entre o hoje Colégio Deraldo Campos e a Assis Chateaubriand. Na primeira vi-me passando, em fins de semana, pela porta do Emílio Cardoso com suas irmãs, nas janelas; pelos irmãos Cintra, Marcos e Mozar; acenando para Wertey e Waldo Wanderley e mais adiante parando para a benção do meu padrinho Albérico Lima, seu tio, na calçada, em confortáveis cadeiras, com as manas. Vi minha madrinha Santina, sempre nos trinques, com Albertina e Cuca, e descendo pelos desníveis da casa até a rua Silvério Jorge, saí bem em frente da residência de seu pai, Cel. Mário de Carvalho Lima, de quem a farda não conseguia tirar o espírito amável, e tia Zeca, sua mãe, Peixoto como minha, primas em segundo grau do Marechal de Ferro. Alegremente, fui falando com Rosita, Betuca, Lelé, Socorrinho e o futuro Capita. Voltei correndo à avenida e o Dr. Ulisses acompanhava Gui-

lherme, sempre falante, e Ricardo Braga. Os “camaradas” Miranda, capitaneados pelo velho “seu” Manoel, todos em seu Atlântico. Passei a ponte e quase não vi o dr. Lavenere, Marcelo, Babi e Silvia, às margens do riacho, olhando os peixes. Deparei-me com o sr. Geraldo Barbosa, Draute, e irmãs, de folga da Galeria Cruzeiro e dos fogos Caramurú - os que não davam chabú. De raquete a tiracolo, bermuda, saía de casa o sr. Dalmo Peixoto, elegante em qualquer traje, acenando para D. Zélia, Dalminho, Ricardo e Cristina, para jogar tênis. Chegando em frente à casa do dr. Paulo Machado, da joalheria, eis o Clube Fenix, que antes de ser um separador de águas, foi um misturador de todas as nossas fases etárias Na outra parte da avenida, agora na juventude, namorando Juju, que passava fins de semana em casa dos padrinhos dr. Mariano e D. Hilda Teixeira. À sombra das amendoeiras, nas ilhas cen-

trais da rua, ouvíamos Dick Farney, Frank Sinatra e bons papos com Selma, Sônia, Ana e Isadora, já com Zé Moura, todas Calheiros Teixeira. E Lívia Campos, Marília Morcef, Antônio e Sofia Araújo. Vi o sr. Cláudio “Arara” Araújo, saindo para acampar e imaginei o poeta Anphilófio de Melo, o grande Jaime de Altavila, se inspirando com a beleza do mar e de sua Emilia. E ouvindo D. Hilda ao piano, esperando seu amado ao cair da tarde, e como o sonho não tem cronologia, despertei com a explosão de uma bomba que acidentou-me a mão direita. Entre acordado e dormindo, vi-me de novo criança, sendo socorrido pelo Cel. Comandante do 20° Batalhão de Caçadores, seu pai, meu caro Carlito, com uma bisnaga tamanho família, do Exército, de Ungüento Picrato de Butesin, o que de melhor existia para queimaduras. Obrigado velho Capita, por me levar a, ou trazer, tão boas lembranças de tempos idos.

Pelo que se vê, o Nordeste continuará a ser tratado como sempre foi, com desdém, descaso e preconceito. Continuará sem projetos estruturantes de longo prazo que ajudem a mudar o seu quadro de atraso e pobreza generalizada.

Ao velho Capita

JOSÉ MAURÌCIO BRÊDA n Economista

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esmo sendo leitor de sua coluna aos domingos, fui dar uma relida agora com o seu “Histórias do Velho Capita” em mãos e com especial dedicatória. O fato da sua condição de “Duque de Jaraguá”, que renomearia como “Duque da Paz” pelo seu espírito aliado ao nome da principal avenida, a da Paz, trouxe-me ou levou-me, em duas épocas distintas, àquela que sempre foi a mais linda de nossas praias: a praia da

(Escrito em novembro de 2007)

À sombra das amendoeiras, nas ilhas centrais da rua, ouvíamos Dick Farney, Frank Sinatra e bons papos com Selma, Sônia, Ana e Isadora, já com Zé Moura, todas Calheiros Teixeira. E Lívia Campos, Marília Morcef, Antônio e Sofia Araújo.


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n Aposentada da Assembleia Legislativa

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o tempo em que convivi com políticos, vi muita coisa acontecer. Pessoas arrogantes e famosos menosprezavam os mais humildes e, de repente, eram castigados, passavam mal, adoeciam ou morriam. Fui amadurecendo e aprendendo que tudo na vida é rápido, passageiro, só por um dia. Você sai de casa e não sabe se volta. Conheci vários políticos vaidosos, donos da verdade. Fui humilhada por um candidato durante uma campanha e vi, anos depois, ele levar uma bela rasteira de outros compa-

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Os avisos do céu

ALARI ROMARIZ TORRES

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nheiros de partido. Encontrou-me na rua e disse: “Lembrei-me de você; fui passado pra trás”. Campanha política é um ambiente de selva. É um engolindo o outro! Outro deputado sabido terminou sendo prefeito de uma cidade do interior. Afastou-se de todos, ficou muito vaidoso e de repente sofreu um infarto quase letal. Era um aceno do céu. Não entendeu. Voltou para a prefeitura, correndo de um lado para o outro. Num dia sinistro, sofreu um acidente de carro e faleceu. Cheguei ao Legislativo alagoano em 1959 e conheci figuras de renome do nosso estado. Não havia a corrupção que ocorre hoje, mas havia “coronéis” chefiando vários municípios e existia o “Sindicato do Crime”. Vi um deputado do Sertão ser assassinado em plena Rua do Comércio. Se o parlamentar fosse de uma área do estado e avançasse em outra, era o bastante para ser ameaçado ou morto. Entravam armados no plenário do Poder e um não dava as costas ao outro. Uma exceção naquela época: Penedo, situado às margens do Rio São Francisco. As traições políticas eram feitas às escondidas e nunca ouvi

falar em crime naquela cidade. Os cabos eleitorais se passavam de um lado para outro, sem ser preciso matar alguém. Na Assembleia do meu tempo, havia respeito pelos servidores. Os deputados nos chamavam para redigir emendas e outros documentos, aceitavam opiniões, conversavam com todos da Casa. Depois da Constituição de 1989, quando o duodécimo passou a ser administrado pelas Mesas Diretoras, surgiram uns ditadores, donos do dinheiro, formando grupos para humilhar os servidores. Esquecem que são pessoas comuns e amanhã será outro dia. Recentemente um reizinho desses perdeu um ente muito querido. Pensei que ia melhorar, pois havia recebido uma puxadinha de lá de cima. Que nada! Ficou pior. Continua com as “rachadinhas” e pisando nos ativos e inativos. A lição não valeu! No Brasil todo, os políticos-gestores ignoram os avisos e continuam agindo como ditadores. De vez em quando a Polícia Federal baixa em algum estado e prende um desses ilustres. Poucos são castigados e a corrupção continua solta em todas as áreas. Quem não se lembra do ho-

mem que levava dinheiro na cueca? Ele continua livre, leve e solto. Mas não é só entre políticos que campeiam a vaidade, a corrupção, os crimes variados. Em todo lugar vemos gente vaidosa, pisando nos menores, pensando ser o dono do mundo. Pelo modo como somos recebidos em qualquer lugar, reconhecemos o tipo de pessoa com que lidamos. Em qualquer dos três Poderes, se um cidadão comum tentar falar com o governador, um desembargador ou um deputado, duvido que consiga. É preciso ter um bom padrinho. Eu mesma, vi o governador quando menino, na casa de amigos. Hoje, se passar por ele, nem sei quem é. Outro dia, o coronavírus pegou o pobre coitado. Foi um aviso! De vez em quando nós mesmos passamos um susto: uma indisposição nos leva ao hospital e lembramos logo do possível chamado. A pandemia nivelou nós todos por baixo. Ela não escolhe ninguém e é invisível. Daí porque precisamos viver só por hoje. O amanhã a Deus pertence e Ele tem os cordões para nos avisar quando estamos ficando vaidosos.

Mas não é só entre políticos que campeiam a vaidade, a corrupção, os crimes variados. Em todo lugar vemos gente vaidosa, pisando nos menores, pensando ser o dono do mundo. Pelo modo como somos recebidos em qualquer lugar, reconhecemos o tipo de pessoa com que lidamos.


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Cala a boca Padilha HERMES C. ARAÚJO

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n Advogado

PT é coisa do passado. O PSOL é uma espécie de PT retrô dos anos 80”. Fosse essa frase dita por um tucano ou por um bolsonarista de raiz, daqueles que querem um jipe com um cabo e um soldado para fechar o STF, o mundo já teria desabado e a Jandira Feghalli subiria na tribuna para desancar a malta tucana e os terraplanistas. Mas o autor dessa besteira é o deputado federal Orlando Silva, que ao contrário do que o nome indica, não tem sua voz tão admirada quanto aquele que lhe emprestou o nome. O que não faz o delírio de uma candidatura? As críticas do homem do “acarajé corporativo” parecem aquelas bravatas do seu conterrâneo ACM, que quando ficava contrariado falava de sua

própria sombra. O PC do B é uma das agremiações partidárias que não resistiram à primeira eleição com cláusula de barreira, sobrevive atualmente numa espécie de saprofitismo com um partido de aluguel, me parece o Avante, aonde o Bolsonaro foi inquilino por alguns dias. O estatuto do PC do B defende entre outras coisas a coletivização dos meios de produção: “O objetivo essencial deste Programa é a transição do capitalismo ao socialismo nas condições do Brasil e do mundo contemporâneo. O socialismo tem como propósito primordial resolver a contradição essencial do capitalismo: produção cada vez mais social em conflito crescente com a forma de apropriação privada da renda e da riqueza”. Tudo leva a crer que o “espoca urna” sequer leu o estatuto partidário. E aí a contradição do deputado candidato é patente. Quem está como o PT retrô dos anos 80 é o PSOL? Ou o PC do B que defende

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uma coisa que ele atribui a outrem? E olhe que o estatuto do PC do B foi reformulado após o falecimento do seu presidente João Amazonas. Ainda assim, defende coisas ultrapassadas. O velho comunista presidente deve estar se revirando na tumba, observando o seu partido tomar o mesmo caminho do velho pecebê, que sucumbiu perante o adesismo desenfreado do seu dono, ex-deputado Roberto Freire, que alugou a sigla aos tucanos em troca de um emprego no governo paulista. O candidato precisa botar os pés na terra, como ele próprio diz, essas contradições do dia a dia não podem prosseguir. O PC do B em Maceió deverá apoiar um candidato nitidamente nazifascista, enxertado no MDB e com o vice oriundo de parcela do tucanato local. No Maranhão o PC do B tem como aliado o DEM e em São Luís o seu candidato, um comu-

nista de araque, sequer encontra apoio do governador Flávio Dino, o grande eleitor dessa disputa. Provavelmente o PC do B rumará para o novo socialismo na ilha, de braços dados com o sarneismo, como de resto acontece desde os anos 90. O governador Flávio Dino, a quem o candidato disse que iria copiar o seu modelo de gestão, tem um governo bem avaliado, é verdade, mas já esteve com a imagem melhor. Mesmo antes da pandemia seu governo vinha perdendo folego, escapou do desgaste pois quem tem um adversário como o Bolsonaro tem sempre uma válvula de escape, e aliás os bolsonaristas estão de corpo e alma povoando o governo “comunista”. A pergunta que não quer calar é só uma: será que aquele acarajé que o ministro Orlando Silva pagou com o cartão corporativo, é responsável por essa diarreia mental do mesmo?

goas. O mesmo se pode dizer das festas particulares, mesmo em residências, onde, para usar uma expressão bem em uso, notadamente entre os jovens, liberou geral. Domingo passado fomos surpreendidos com barulhenta carreata na orla, quando profissionais ligados ao turismo, ao entretenimento e às festividades, pressionavam para o retorno dos shows públicos. É compreensível que todos estejam ansiosos por reatarem as suas atividades, promovendo a vinda e exibição de cantores, conjuntos, bandas e orquestras. É natural, claro, e toda a sociedade, principalmente o poder público, deve preocuparse com a condição de sobrevivência econômica dessas empresas, pequenas e individuais. A volta à atividade por certo representa a recuperação de um setor que abriga empregos e famílias. Mas, será certo liberar o chamado show business na forma tradicional? Como será possível controlar as

aglomerações, o uso de proteção, o distanciamento entre os fãs, o seu natural entusiasmo? A Itália, onde o controle da pandemia já está bem adiantado, mostrou imagens de bares, shows etc, nos quais jovens esqueciam todos os cuidados e já cogita regredir na liberação, retornar à fase mais dura do distanciamento social. A doença volta a recrudescer por lá! Aqui em Alagoas, graças a Deus, as mortes estão reduzindo, como todos sabemos. Os casos de contaminação, no entanto, continuam crescendo, e Arapiraca, por exemplo, onde parece ter sido levada ao extremo a liberação, é hoje o epicentro de contaminação em nosso estado. É nesse ponto onde reside o perigo, porquanto o crescimento dos casos de infecção pode levar ao caos na saúde, e portanto, mais óbitos. Boa aplicação é velho conselho do mítico Barão de Itararé: cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

No Maranhão o PC do B tem como aliado o DEM e em São Luís o seu candidato, um comunista de araque, sequer encontra apoio do governador Flávio Dino, o grande eleitor dessa disputa.

Cautela e caldo de galinha

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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companho diariamente os gráficos da média móvel da covid-19 no Brasil. Alegrame ver que Alagoas, no mapa ilustrativo da incidência do vírus nos estados brasileiros, mantém-se firme, há várias semanas, entre os que apresentam baixa na ocorrência de óbitos causados pela doença pandêmica. Malgrado seja pouco, alguma coisa há para ser comemorada. Decorrente disso, o governo do Estado, que tem também seu mapa ilustrativo, vem liberando,

passo a passo, o convívio social, a reabertura de bares e restaurantes, as praias etc. É uma retomada gradual, sempre de acordo com a evolução dos casos de incidência da infecção e de mortes. Tudo muito bastante razoável, muito bem sob controle, ao menos no papel: uso de máscaras, distanciamento entre as mesas dos restaurantes, limitação de clientes, proibição de aglomerações, e assim por diante. Dentro dessas circunstâncias, Maceió foi guindada à faixa azul, em que a abertura é maior. Ocorre, todavia, que assusta ver quantas pessoas desfilam no centro da cidade e nas ruas sem a preocupação de usar máscara protetora, típica do novo normal que esperamos provisório. Nos bares, restaurantes e shoppings, onde a fiscalização da edilidade é mais fácil de ser executada, deve haver maior cumprimento das condutas restritivas. As praias, no entanto, tornaramse território absolutamente livre dos cuidados contra o mal que hoje assola a humanidade, não só Ala-

Aqui em Alagoas, graças a Deus, as mortes estão reduzindo, como todos sabemos. Os casos de contaminação, no entanto, continuam crescendo, e Arapiraca, por exemplo, onde parece ter sido levada ao extremo a liberação, é hoje o epicentro de contaminação em nosso estado.


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ECONOMIA EM TEMPOS DE COVID-19

TOMAR ESSE CRÉDITO?

Os problemas relacionados ao crédito consignado vêm antes mesmo da pandemia, sendo que esse modelo de crédito estava crescendo muito e se tornando uma das principais formas de endividamento da população. O resultado são recordes de inadimplência, portanto é preciso tomar muito cuidado na hora de utilizar essa linha de crédito. Mesmo diante da crise, ainda tem muitos trabalhadores querendo tomar essa linha de crédito. Para esses, o presidente da Abefin preparou dez orientações que devem ser levadas em conta:

Crédito consignado, alternativa ou armadilha? Especialista explica cuidados ao se optar por esta modalidade de empréstimo ASSESSORIA

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omo resultado da crise financeira em decorrência da pandemia da covid-19, muitos trabalhadores estão com problemas financeiros, contudo, a situação se agrava para os que solicitaram crédito consignado antes desse período. “O crédito consignado é uma modalidade de empréstimo na qual o trabalhador vincula o pagamento ao seu salário, ou seja, as parcelas são descontadas antes mesmo de o dinheiro cair na conta. O lado positivo é que isso faz com que os juros sejam menores, já o lado negativo é que se tem uma dificuldade muito maior em negociar em momentos extremos como a atual”, explica o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros

(Abefin), Reinaldo Domingos. Essa dificuldade já vem sendo sentida pelos trabalhadores da iniciativa privada, sendo que os bancos já anunciaram medidas para postergar os prazos de empréstimos e financiamentos, contudo, na maioria dos casos o consignado ficou de fora desses benefícios. “Resta ao trabalhador que está passando por dificuldade buscar a área de recursos humanos e a instituição bancária e procurar uma alternativa individual nesse momento, mas o caminho não é simples, sendo que vivemos um período de grande risco”, alerta Domingos. Ainda em relação a essa linha de crédito, a grande preocupação fica para quem foi demitido. A notícia boa é que a Lei 14.020, que re-

gulamentou a suspensão de contrato e redução de jornada durante a pandemia, permitirá que trabalhadores nessa situação possam renegociar seus empréstimos consignados, financiamentos e cartão de crédito com desconto em folha. Essa medida terá validade até 31 de dezembro deste ano (período de calamidade pública) para todos os empregados e não somente aqueles que assinaram acordos individuais. Domingos ainda recomenda: “Para quem quer tomar o crédito consignado, antes mesmo de assinar o contrato com a instituição financeira, é importante fazer uma boa reflexão e analisar se este valor, que será descontado diretamente no salário, não fará falta para os compromissos essenciais mensais”.

• É importante conhecer a sua real situação financeira antes de tomar qualquer crédito, fazendo um diagnóstico financeiro, descobrindo para onde vai cada centavo do dinheiro durante o mês e registrando as dívidas caso existam • Não permita que este empréstimo e que os problemas financeiros reflitam em seu desempenho profissional, pois será muito mais complicado pagar as contas sem nenhum salário • Antes de buscar pelo crédito consignado é preciso ter consciência de que o custo de vida deverá ser reduzido em até 30% do ganho mensal, isto porque a prestação deste reduzirá o seu ganho mensal diretamente em seu salário ou benefício de aposentadoria • A opção do crédito consignado é muito usada para quitação de cheque especial, cartão de crédito e financeiras, porém a troca simplesmente de um credor por outro, sem descobrir a causa do verdadeiro problema, apenas alimentará o ciclo do endividamento • A linha de crédito consignado pode ser bem utilizada, mas não deve fazer parte da rotina de um assalariado ou aposentado. Sua utilização deve ser pontual e ter um objetivo relevante • Tem sido comum o empréstimo do nome a terceiros por parte de aposentados e até mesmo funcionários, mas este procedimento é prejudicial a todos, por isso deve ser proibido • Caso encontre taxas de juros mais baixas, a portabilidade também deste crédito é necessária. Para os funcionários o caminho será falar com a área de Recursos Humanos, para os aposentados as possibilidades são inúmeras, é preciso pesquisar • Os juros também são um grande perigo. Mesmo com taxas baixas, a cada ano esses valores representam um quarto do valor total emprestado. Exemplo: por R$ 1.000,00 emprestados se pagará R$ 250,00 de juros por ano.


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CEO AOS 16 ANOS

Jovem alagoana é dona de duas empresas e fatura R$ 210 mil anuais Rompendo padrões, Ana Alice se destaca como social media e incentiva outros adolescentes a empreenderem ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão

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ara quem pensa que só é possível ganhar dinheiro após terminar um curso superior, uma jovem alagoana prova o contrário. Quebrando padrões e com o empreendedorismo no sangue, a maceioense de apenas 16 anos, Ana Alice Custódio, também conhecida pelos seus seguidores por ‘’Galega Profissional’’, é dona de duas empresas e, por incrível que pareça, já ganha mais que seus pais e os ajuda nas contas de casa. Alice, que descobriu o Social Media no início deste, atualmente já é referência na área e já acumula mais de 35 mil seguidores em seu Instagram. No momento ela comanda uma equipe de sete pessoas que fazem serviços de gestão de redes sociais para empresas já consolidadas no mercado. Além disso, possui sua marca própria de roupas, que tem previsão para lançamento em outubro. Segundo a CEO Ana Alice, o faturamento anual da WeGenious, uma das empresas da jovem, está avaliado em torno de R$ 210 mil, sendo que neste mês a equipe de vendas fechou contrato com mais alguns estabelecimentos. “Com as novas aquisições temos a estimativa de faturar R$ 2 milhões anuais logo em breve. Nossa agência conta com sete pessoas, porém estaremos contratando mais nove pessoas devido ao cresci-

mento da empresa’’, contou. Buscando conhecer mais sobre a trajetória da jovem empreendedora, o EXTRA conversou esta semana com Ana Alice vive, cuja rotina é diferente da maioria dos jovens da sua idade. Quando você decidiu começar sua jornada no social media? Você imaginou que isso poderia trazer bons resultados? “Eu decidi começar a carreira de social media em janeiro deste ano, quando descobri este mercado e me aprofundei. No início eu só tinha conhecimentos sobre design, que era uma coisa que eu gostava, e comecei a fazer artes para uma ótica daqui de Maceió. No começo meus resultados não foram tão expressivos como os de agora. Em média faturava R$ 480 por mês com esta loja’’. Seus pais te apoiaram quando decidiu sair do colégio? E por que decidiu fazer essa escolha? “Sempre me dava bem no colégio, tirava notas boas, mas quando comecei a trabalhar com marketing no ano passado, comecei a me esforçar mais para isso e consequentemente minhas notas caíram um pouco. Sempre achei que o colégio não me agregava em nada e porque desde pequena soube que seria empresária. Após aumentar meus ganhos e minha visibilidade, tive que conversar com meus pais. Eles foram bem

dade impõem’’. Como surgiu a ideia de ensinar centenas de pessoas com a sua mentoria? “A princípio eu não tinha pretensão de abrir turmas para ensinar sobre social media. Mas eu não tinha noção de quanto esse mercado estava crescendo no Brasil. Então um amigo meu que faz lançamentos de infoprodutos me incentivou a abrir uma Ana Alice ministra aulas de empreendedorismo turma de mentoria. E foi um sucesso. Hoje tenho mais de 163 mentorados nessa pripassivos de escutar o que eu que eu estou alcançando’’. meira turma e foram os metinha pra dizer e decidir por lhores momentos da minha Como é gerir duas em- vida, impactar pessoas com o eles. Nunca tive vontade de fazer faculdade e nunca quis presas com apenas 16 conhecimento que tenho’’. seguir esse caminho padrão anos? “Atualmente tenho duas que a sociedade nos impõe’’. Quem são suas referênempresas. Uma é a WeGe- cias no mundo do markeQual foi a reação dos nious, na qual fazemos servi- ting digital/ social media? seus pais ao saber que ços voltados ao social media “No marketing digital eu você estava ganhando e gestão de marketing cor- tenho como referência quatro bastante dinheiro com o porativo e agora começamos pessoas. Isabella Matte, que a lidar com empresas mais semelhante a mim também social media? “No começo eu guardei consolidadas no mercado, e começou essa jornada empara mim o lucro, mas daí é ela que toma maior par- preendedora bem cedo e hoje a gente começa a querer te do meu tempo, pois fica já tem uma marca bem concomprar umas coisas. Mas o puxado para lidar com uma solidada. Também o Raiam boom mesmo, e que eles per- equipe grande. Já a Prooud Santos, que me ensinou basceberam que eu realmente Wear é minha marca de rou- tante sobre esse ramo, Breno estava ganhando uma grana pas, comecei o projeto em Perrucho que é um jovem inboa, foi quando eu lancei mi- abril e estaremos lançando vestidor que me inspira muinha mentoria e a nossa equi- em outubro. A marca veio to e o Álvaro Schocair, admipe de lançamento conseguiu com o propósito de valorizar nistrador da página Além da faturar mais de R$ 110 mil. as pequenas conquistas da facul; acho todos os conselhos Eles ficaram muito felizes pe- pessoas e também mostrar a dele muito bons e são os que los resultados e pelas coisas quebra de padrão que a socie- admiro’’.


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Imposto sobre ações

Aluguel no Brasil

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governo Jair Bolsonaro apresentou até agora somente uma parte da sua proposta de reforma tributária. Mas o ministro da Economia, Paulo Guedes, já adiantou outras mudanças que devem vir por aí. Uma delas afetaria diretamente o bolso de quem compra ações: a criação do imposto sobre dividendos, que hoje são isentos. Se essa proposta for levada adiante, as empresas terão um estímulo a menos para distribuir parte de seus lucros. Dessa forma, o investidor que aplica em ações da Bolsa de olho na renda proporcionada pelos dividendos poderá perder duplamente: terá acesso a uma menor distribuição de lucro e, sobre essa parte, terá que pagar imposto.

Aumento na mensalidade Ainda falando sobre a reforma tributária, a criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), novo imposto de alíquota única de 12% proposto pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido) no pacote da reforma tributária, pode aumentar o preço das mensalidades escolares entre 6% e 10,5%, de acordo com o Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular. Este acréscimo de carga tributária impactaria cerca de 10 milhões de estudantes da educação básica e do ensino superior, afirma o estudo.

E-mail no Auxílio Emergencial Principal motivo para o bloqueio do auxílio emergencial, os erros de cadastro no e-mail dos beneficiários só podem ser corrigidos nas agências da Caixa Econômica Federal. A informação foi dada pelo presidente do banco, Pedro Guimarães, durante a semana. Segundo ele, o cadastramento por e-mail representa a maior fonte de fraudes, o que justificou a interrupção preventiva do pagamento do benefício. Segundo Guimarães, assim que o problema for corrigido, o dinheiro será depositado na conta poupança digital no dia seguinte.

O aluguel de imóveis ficou mais caro no Brasil. É o que aponta o indicador medido pela Fundação Getúlio Vargas divulgado nesta semana. De acordo com a pesquisa, a segunda prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado no reajuste dos contratos de aluguel em todo o país, indicou alta de 2,34% no segundo decêndio de agosto, na comparação com o mesmo período do mês anterior, quando ficou em 2,02%. A taxa em 12 meses passou de 9,05% para 12,58%.


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TEMÓTEOCORREIA

NO PAÍS DAS ALAGOAS

n Ex-deputado estadual

Com Loló não se brinca

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ex-governador Divaldo Suruagy (in memoriam) encontrava-se no cafezinho do Senado Federal acompanhado do colega senador Artur da Távola (in memoriam), quando aproxima-se deles a senadora por Alagoas Heloísa Helena, que os cumprimentou afavelmente. Beijinhos pra lá, beijinhos pra cá. Após uma breve, porém amável conversa, a senadora despede-se. O senador Artur da Távola comenta: - Olha, Divaldo, como essa moça é um doce. Agora, quando ela sobe àquela tribuna parece que encarna o espírito de Exu, endiabra-se e bate em todo mundo. Divaldo Suruagy acrescentou com grande conhecimento de causa: - Ah! Artur, já apanhei muito dessa moça!

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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

MERCEDES COMPLETA SUA LINHA AMG

Tráfego urbano será mais seguro e fluido

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arros autônomos ainda não têm data certa para se tornarem corriqueiros no chamado mundo desenvolvido. Alguns cálculos já foram feitos para quando essa tecnologia estiver madura e de uso mais amplo: hoje a média é de um acidente fatal para cada 100.000 km rodados pela frota mundial. Quando chegar o nível quatro, chamado de autonomia avançada (um estágio antes da autonomia total), a previsão é de um óbito para cada 10 milhões de quilômetros rodados. Embora os EUA já tenham avançado no planejamento da primeira estrada para carros autônomos, a cidade de Ulm, na Alemanha, tornou-se centro de teste para sensores utilizados na iluminação pública e tecnologias de conectividade. Com até seis metros de altura, os postes se posicionam acima do tráfego urbano e proporcionam visão precisa dos cruzamentos. Fornecem informações imprescindíveis que beneficiarão carros autônomos no futuro. Apesar de equipamentos atuais (câmeras, radares e sensores lidar) oferecerem visão 360 graus, a perspectiva do solo nem sempre detecta um pedestre oculto por um caminhão, um automóvel surgindo de repente ou um ciclista se aproximando por trás. O sistema processa imagens e sinais recebidos dos sensores instalados nos postes, combina-os com mapas digitais de alta resolução e os transmite ao veículo. Lá, os dados são mesclados com informações a bordo para criar uma imagem precisa da situação, incluindo todos os usuários e objetos na rua. A principal tarefa das comunicações móveis otimizadas não é apenas a transmissão sem fio e instantânea de dados virtuais, mas também o processamento destes dados o mais próximo possível da fonte. A tarefa é realizada por computadores integrados diretamente à rede celular. Eles combinam dados dos sensores que estão nos postes com informações ao redor do veículo autônomo e de mapas digitais altamente precisos. A partir disso, gera-se um modelo da situação do tráfego em tempo real e se o disponibiliza por meio do ar. No futuro, instalações - como centros de controle do tráfego das cidades - poderão ser equipadas com estes servidores e compartilhar dados com toda a frota, independentemente do fabricante, ou de outros usuários das ruas e estradas. O projeto começou em 2018 ainda com a rede celular atual LTE (4G). Mas com a tecnologia 5G que começa a chegar agora nos países centrais, a transmissão de informações dos sensores terá latência (atraso) extremamente baixa. Tal desenvolvimento tornará o tráfego urbano não só mais seguro, como também mais fluido. A pesquisa recebeu aporte de 5,5 milhões de euros (R$ 36 milhões) do governo federal alemão e contou com a liderança da Bosch no consórcio e apoio da Daimler, Nokia, Osram, TomTom, IT Designers e das universidades de Duisburg-Essen e Ulm.

Com um total inédito de 24 modelos de alto desempenho entre hatches, sedã e SUVs, a Mercedes-AMG acaba de disponibilizar nas concessionárias os médio-compactos hatch A 45 S 4MATIC+ e sedã-cupê CLA 45 S 4MATIC+, ambos equipados com motor novo de 2 litros, 421 cv de sua filial AMG e tração integral. Entre os superlativos destes modelos está a extraordinária densidade de potência de 210,5 cv/litro, sem similar em qualquer outro motor de quatro cilindros produzido atualmente no mundo. Além do capô baixo e alongado, receberam pela primeira vez a grade específica AMG que tornou o visual ainda mais arrojado. Arco de rodas foram alargados para receber pneus 245/35 R19 e 255/35 R19. Por dentro, além do tradicional bom gosto e

ótima ergonomia, foi usado um material refinado vindo da F-1, chamado de Dinâmica (microfibra de alta aderência), para revestir volante e bancos. Ambos podem ter várias combinações de cores externas e interiores sob encomenda. Um recurso bem interessante, que só deve ser usado por quem tem habilidade e conhecimento para tal, é a função drift. Torna possível deixar tração apenas nas rodas traseiras e forçar o carro a fazer curvas “atravessado”, apenas controlado pelo volante e acelerador. A velocidade máxima de 270 km/h (limitada eletronicamente). Apesar dos pesos em ordem de marcha de 1.635 kg e 1.675 kg, respectivamente, as acelerações de 0 a 100 km são muito fortes: 3,9 s e 4 s (hatch e sedã-cupê).

TIGGO 8 COMPLETA LINHA CAOA CHERY

O mercado de SUVs médio-grandes de sete lugares é limitado a apenas 5% do segmento. Mas o Tiggo 8 chegou com bom preço (R$ 168.800), espaço interno amplo (terceira fila até oferece certo conforto para dois adultos), motor 1,6 L turbo (gasolina) de 187 cv, 28 kgfm e câmbio automatizado de duas embreagens e sete marchas. Relação peso-potência de 8,6 kg/cv é razoável, suficiente para garantir acelerar de 0 a 100 km/h em 9,9 s. Pormenores interessantes: volante com regulagem de altura e distância (esta pela primeira vez na marca) e saída dupla de escapamento real (não está lá como enfeite). Faróis de LED, câmeras 360 graus e imenso porta-malas de 889 litros (no caso de cinco passageiros) são outros destaques. www.fernandocalmon.com.br


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RADAR LITERÁRIO ÁGUA COMO METÁFORA DOS SENTIMENTOS

A poesia inovadora dos músicos e compositores de Alagoas

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inegável o vínculo entre a boa música e a poesia. Por isso, não é rara a digressão de músicos-compositores pela literatura, revelando um eu-lírico singular que se traduz em versos que trazem um frescor tanto na linguagem, quanto na temática, quanto no ritmo. Alagoas é berço de grandes músicos e de grandes poetas e atualmente há uma nova geração de artistas multitalentosos que transpõem parte de suas características musicais para suas poesias e vice-versa. Um dos principais expoentes desta safra artístico-musical é o cantor, compositor, escritor e artista visual Wado Schlickmann, autor dos livros Água do Mar nos Olhos (2018) e Cadernos de Anotações (2019), ambos selecionados a partir de editais públicos da Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Depois de 17 anos de uma consolidada carreira como músico, Wado enveredou pela literatura, demonstrando grande versatilidade criativa, apresentando obras que refletem muito da sua personalidade musical. Em Água do Mar nos Olhos, Wado reuniu as letras de todas as canções de sua autoria, registradas em nove discos, que comprovam toda sua verve poética. Sua poesia versa sobre temas diversos que vão desde questões sócio-políticas, como racismo e desigualdade, mas também sobre temas existenciais como o amor, desilusão, impermanência e solidão. Outro toque de arte agregado ao livro são as reproduções de telas e desenhos assinados pelo artista que ilustram a obra. O traço de Wado aponta para uma forte influência da arte urbana e da pop art, além de elementos presentes na sua música, como a malícia, a ironia e o humor. Já em Caderno de Anotações, Wado reuniu frases, aforismos, reflexões aleatórias e letras mudas de música que durante anos foram registradas em diversos moleskines que sempre leva consigo. O resultado surpreendente desta obra revela como funciona parte do processo criativo

do autor, que pensa em som, palavras e imagens.

Subvertendo a lógica literária mantida sob o eixo da relação entre o autor e sua musa, a poeta Lillian Lessa, cantora, compositora, baixista, integrante das bandas Necro e Messias Elétrico, inspirou-se no Livro das Mágoas, de Florbela Espanca, para criar o seu Livro D’Água, obra poética que marcou sua estreia na literatura, em 2017. O elemento água, como metáfora dos sentimentos, foi o ponto de partida dos seus poemas que refletem sobre sentimentos como melancolia, inconformidade e ansiedade. Na poesia e nas rimas de Lillian Lessa é perceptível a influência de alguns gêneros musicais como o rock e MPB.

POESIA CONFESSIONAL E BEATNIK DE SEBAGE

JOÃO DIONÍSIO SOARES

Já o jornalista e músico Sebage, imprimiu sua veia hedonista, rock’n’ roll e beatnik em seu livro Álbum de Família (2017) que reúne poesias e textos de prosa poética de teor autobiográfico, repleto de reminiscências e reflexões humanas. Seus versos livres traduzem a alma inquieta do autor, assim como o seu senso crítico em relação às convenções e às suas origens.

ROCK, HAICAI E IRREVERÊNCIA

Uma pitada de rock’n’ roll também faz parte da poesia do músico e jornalista arapiraquense Breno Airan, autor do livro Meio Chá de Pólvora (2016). Esta obra poética do jovem artista reúne uma série de haicais inteligentes e irônicos, além de versos livres e prosa poética com grande diversidade temática que trazem um ponto de vista bem irreverente sobre a realidade e o cotidiano e uma visão autocrítica do artista e do fazer poético em si.

UMA PAUSA PARA O SILÊNCIO

A ruptura do silêncio foi o ponto de partida do cantor, compositor, poeta, documentarista e produtor cultural Igor Machado na criação do livro Pausas Corrompidas, publicado em 2017, pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Esta obra poética do jovem escritor nascido em Traipu, mas radicado em Arapiraca, tenta corromper nossas pausas com poemas que buscam se reconectar com as razões que nos levam ao silêncio, entre elas, a contemplação, o encanto e a dor. Nos poemas curtos, repletos de jogo de palavras, o significado vem da ausência de ruídos e daquilo que não foi dito e escrito.


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ABCDOINTERIOR Prefeita busca apoio

Decisão liminar

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De acordo com a decisão liminar, devem ser afastadas das atividades do hospital as empregadas gestantes e lactantes e trabalhadores com idade superior a 60 anos. Também devem ser afastados, mediante comprovação, os trabalhadores hipertensos, diabéticos e com outras comorbidades, a exemplo de cardiopatias graves ou descompensadas, doenças hepáticas e renais crônicas em estágio avançado, imunodepressão, pneumopatias graves ou descompensadas, obesidade e doenças cromossômicas com estado de fragilidade imunológica.

om a morte do prefeito Rogério Teófilo, a campanha para Prefeitura de Arapiraca tomou novos rumos. A prefeita Fabiana Pessoa entra com força na disputa e abriu diálogo com lideranças políticas e empresariais, buscando apoios para disputar as eleições deste ano.

Desgaste no MDB Por outro lado, o MDB poderá sofrer desgastes irreversíveis com a queda de braço entre o deputado estadual Ricardo Nezinho e o vice-governador Luciano Barbosa, que poderá culminar com a implosão do partido em Arapiraca. Nezinho, em conversa com amigos, deixa bem claro o seu descontentamento com Barbosa, que trabalha nos bastidores costurando apoios como pré-candidato “oficial” do MDB.

Nezinho confirma

Um grande exemplo

Em conversa com um amigo, Ricardo Nezinho, que obteve mais de 44 mil votos para deputado estadual, foi bem claro: “Continuo como pré-candidato a prefeito de Arapiraca. Disso não abro mão”.

Teófilo foi deputado estadual, deputado federal, secretário estadual de Educação e de Articulação Política, vice-prefeito e prefeito da cidade que tanto amava. É um exemplo como pai, educador e político. Sem dúvida, seu nome faz parte da história da terra de Manoel André.

Ângela mais forte O prefeito Arlindo Garrote, (PP) filho da deputada estadual Ângela Garrote, deixa a Prefeitura de Estrela de Alagoas para assumir a Coordenadoria Estadual do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Com isso, a deputada mostra a sua força política e se consolida como uma das mais importantes lideranças do interior alagoano. Em tempo: Garrote trabalha para eleger prefeitos de cidades do Agreste e Sertão.

Importante legado Rogério Teófilo deixou um importante legado de honestidade e trabalho com seriedade. Por onde passou, o saudoso prefeito arapiraquense deixou incontáveis amigos. Seu currículo é o espelho da sua vida, dedicada ao povo alagoano, em especial de Arapiraca.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Santana do Ipanema Após o Ministério Público do Trabalho (MPT) ajuizar ação civil pública (ACP), a Vara do Trabalho (VT) de Santana do Ipanema determinou que o Hospital Regional Dr. Clodolfo Rodrigues de Mello e o Instituto Nacional de Pesquisa e Gestão em Saúde (Insaúde) - atual gestor do hospital - afastem de suas atividades os profissionais de saúde que se enquadrem em grupos de risco enquanto durar a pandemia da covid-19. A decisão liminar foi concedida após o MPT constatar que as instituições realocaram alguns dos trabalhadores idosos, portadores de comorbidades e gestantes para outras atividades.

Projetos de lei Na manhã de quarta-feira, 19, a Assembleia Legislativa votou durante sessão ordinária diversas matérias, entre requerimentos, indicações e projetos de lei. Dentre elas, destaque para a Indicação de nº 649/2020, de autoria do deputado estadual Tarcizo Freire (PP), aprovada pela Casa.

Instalação de leitos Na indicação, o parlamentar solicita ao Executivo estadual que providencie com urgência a instalação de leitos de UTIs no Hospital de Campanha do município de Arapiraca. A iniciativa surgiu depois de Freire acompanhar o aumento considerável do número de casos de covid-19 na cidade de Arapiraca, através de indicadores epidemiológicos.

São insuficientes “Com base nos resultados de estudos epidemiológicos, solicitamos através dessa indicação que o Hospital de Campanha do município disponha de leitos de UTIs e respiradores. No momento, os leitos disponíveis são insuficientes para atender pacientes de covid -19, já que a cidade também atende pessoas de diversos municípios do estado”, pontuou o deputado.

PELO INTERIOR ... Seção de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de Alagoas cumpriu na terça-feira (18), na cidade de Craíbas, no Agreste alagoano, mandado de busca em desfavor de um suspeito de praticar extorsão contra uma jovem, ameaçando divulgar uma foto íntima dela, caso a mesmo não efetuasse pagamento no valor de R$ 1.000,00. ... A ameaça de divulgação ocorreu através de um perfil falso na rede social Instagram e a jovem não sabia como o suspeito teve acesso à imagem. ... Após investigações, segundo o delegado José Carlos, titular da Seção de Crimes Cibernéticos, o suspeito foi identificado e, na terça-feira, o mandado de busca foi cumprido com o objetivo de apreender dispositivos eletrônicos que pudessem comprovar o crime, o que ocorreu. ... Além do mandado de busca, foram impostas pela justiça outras medidas cautelares, inclusive a proibição de utilização da rede social Instagram pelo suspeito. ... Referência no acolhimento a mulheres que sofreram algum tipo de violência, o Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca, atendeu 419 vítimas do sexo feminino violentadas sexual e fisicamente no período de janeiro a julho deste ano. ... Os dados, divulgados pelo Serviço de Epidemiologia Hospitalar, mostram uma redução da ordem de 10,7% no percentual de atendimentos a essa modalidade de assistência, quando comparados aos números do mesmo período de 2019, quando a maior unidade hospitalar do interior do estado recebeu 469 mulheres agredidas. ... Na tarde da quarta-feira (19), a assessoria de comunicação da 5ª Ciretran, sediada em Arapiraca, no Agreste de Alagoas, através do setor de comunicação do Estado, informou que o órgão está passando pelos últimos ajustes técnicos para o atendimento presencial, e só após esses ajustes a Ciretran terá suas atividades normalizadas. ... A assessoria também informou que tão logo os ajustes sejam finalizados emitirá nota à imprensa e usuários. ... O sonho de ter uma moradia digna para viver está se tornando realidade para mais 23 famílias de Campo Alegre e do distrito Luziápolis que foram selecionadas pelo Programa Minha Casa Renovada. ... A Secretaria Municipal de Infraestrutura e a Secretaria de Assistência Social iniciaram a demolição de antigas casas que se encontram com estruturas inadequadas no distrito e na sede do município para a imediata reconstrução, dando dignidade às famílias contempladas. ... Desejamos a todos um ótimo final de semana com saúde e paz. Até a próxima edição!


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MEIOAMBIENTE

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Tecnologia na agricultura

Água do mar

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ma equipe internacional de pesquisa desenvolveu uma tecnologia pioneira que pode tornar grandes volumes de água do mar seguros para beber em menos de 30 minutos. De acordo com um comunicado feito pela Universidade Monash, em Melbourne, Austrália, com o uso de energia solar, este avanço tecnológico pode fornecer água potável a milhões de pessoas em todo o mundo usando energia de forma mais eficiente do que as práticas atuais de dessalinização. O filtro projetado pode gerar centenas de litros de água potável por dia e requer apenas luz solar direta para purificar, tornando o processo energeticamente eficiente, de baixo custo e sustentável. Compostos organometálicos (MOF) — íons metálicos que formam um material cristalino — são usados para fabricar o filtro. Durante o processo de dessalinização, o filtro, que leva o nome de PSP-MIL-53, primeiro atrai e retém moléculas dos sais da água e é então colocado sob a luz do sol para regenerar o sal. Esse processo leva menos de quatro minutos, e então o filtro pode atrair o sal da água novamente.

Think Dirty Não é novidade, mas nem todos sabem da funcionalidade do aplicativo Think Dirty. Criada em 2015, a ferramenta mostra para o usuário se o produto que está utilizando tem toxinas, indicando o potencial tóxico daquele cosmético. Para verificar a composição basta escanear o código de barras do produto e o app fornece informações em linguagem acessível, ajudando a entender o impacto na saúde. Além de consultar as informações, os usuários também podem enviar códigos de barra para a ampliação do banco de dados do aplicativo. A ideia é que o consumidor faça escolhas mais responsáveis comprando itens sugeridos que não sejam prejudiciais tanto para saúde, quanto para o meio ambiente.

Uma nova tecnologia é capaz de medir o nível de sustentabilidade no campo. Chamada de TrustScore, uma espécie de “pontuação de confiança”, utiliza critérios e índices ambientais e sociais para monitorar propriedades sustentáveis, com destaque para propriedades da Rede ILPF - Integração Lavoura, Pecuária e Floresta. A inovação foi implementada e testada em uma fazenda no estado de Goiás, modelo do sistema. Desenvolvida pela empresa de tecnologia Ceptis Agro em 2019, a ferramenta foi apresentada em evento da ONU no mês de julho. “Trata-se de uma tecnologia disruptiva. É a primeira vez que a sustentabilidade é mensurada em larga escala no campo brasileiro, de maneira ampla e objetiva”, afirma José Pugas, um dos desenvolvedores do sistema e sócio da Ceptis Agro. A empresa desenvolvedora destaca que quando a propriedade mede os parâmetros ambientais pode ter uma dimensão do seu nível de sustentabilidade. No sistema ILPF, por exemplo, a pontuação vai de 0 a 100. Entre os 124 critérios avaliados estão a redução da emissão de carbono, o manejo adequado das florestas e o não desmatamento.

Vale da Morte O Vale da Morte, na Califórnia registrou no último domingo (16), 54,4°C na sombra, a terceira mais alta temperatura na história do planeta e a maior em 100 anos dos Estados Unidos, segundo o Serviço Nacional de Meteorologia (NWS). Os dados que registram a maior temperatura global em mais de um século vieram da estação meteorológica de Furnace Creek (Riacho da Fornalha), localizada dentro do parque nacional. No entanto, são dados preliminares e, devido à sua relevância, o índice precisará passar por uma revisão formal antes de ser confirmado, informou a instituição. A estação meteorológica atingiu o ponto máximo às 15h41, horário local. O recorde histórico no Vale da Morte, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), é de 56,7°C e foi registrado em 10 de julho de 1913 em Greenland Ranch. Essa leitura é também a mais quente já verificada na superfície do planeta, de acordo com a OMM.

Groenlândia As camadas de gelo da Groenlândia encolheram a um ponto irreversível, segundo dados publicados nesta semana na revista científica Nature Communications Earth & Environment. Esse derretimento já está fazendo com que os oceanos subam cerca de um milímetro em média por ano, tornando a Groenlândia a maior responsável por essa elevação. Em julho, o gelo marinho polar atingiu sua menor extensão em 40 anos. De acordo com o estudo, o derretimento ocorre independentemente da velocidade com que o mundo reduz as emissões que causam o aquecimento global. Os cientistas estudaram dados de 234 geleiras em todo o território ártico ao longo de 34 anos, até 2018, e descobriram que a neve anual não era mais suficiente para reabastecer as geleiras com neve e gelo perdidos no derretimento do verão.


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