Edição 1085

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ANO XXI - Nº 1085 - 04 A 10 DE SETEMBRO DE 2020 - R$ 4,00

ELEIÇÕES EM ARAPIRACA

Governador é quem decide destino político de seu vice

Caberá a Renan Filho decidir quem será o candidato do MDB a prefeito de Arapiraca e acabar a disputa entre o vice Luciano Barbosa e o deputado Ricardo Nezinho. 2

Construtora acumula 625 processos, a maior parte por quebra de contrato e obras inacabadas 6 e 7

CERUTTI DÁ CALOTE EM CENTENAS DE FAMÍLIAS n

BAIRROS AFUNDANDO

BRASKEM VAI ANTECIPAR VISTORIAS EM BEBEDOURO Líder do Movimento Luto por Bebedouro, Israel Lessa diz que vistorias foram antecipadas em cinco meses. 11

TRANSPORTE URBANO

HÁ 17 ANOS VELEIRO NÃO PAGA ISS À PREFEITURA DE MACEIÓ 8 e 9

FORÇA FEMININA

ACUSADO DE ASSÉDIO, JÚLIO CEZAR VAI DISPUTAR ELEIÇÃO COM TRÊS MULHERES 3


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COLUNA

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Última palavra

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- Luciano Barbosa é quem manda no MDB de Arapiraca, mas quem manda no vice-governador é o governador. Renan Filho é quem definirá o candidato do partido em Arapiraca e o fará atendendo aos seus interesses políticos para 2022. O resto é lero-lero.

2 EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- O sucesso do projeto político de Renan Filho para chegar ao Senado passa, necessariamente, pela vitória de seus candidatos nas eleições de novembro em Maceió e Arapiraca.

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- O governador também precisa resolver outro gargalo político nada fácil: negociar com a Assembleia o cobiçado cargo vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas, na vaga do ex-deputado Cícero Amélio.

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- Sem um nome confiável para lhe suceder no governo e sem um aliado no TC para julgar suas contas, Renan Filho corre o risco de uma derrota no pleito de 2022, quando disputará com Fernando Collor a única vaga de senador.

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- Por isso o governador precisa eleger os candidatos do MDB na capital e em Arapiraca, e manter Luciano Barbosa no cargo de vice-governador. É uma tarefa e tanto.

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- Com a morte de Rogério Teófilo, o MDB tem chances reais de vitória em Arapiraca desde que marche unido em novembro próximo. Ao governador não interessa a vitória de Luciano e muito menos a derrota de Ricardo Nezinho.

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- O gargalo maior é administrar vaidades e acomodar interesses pessoais que, não raro, estão acima dos interesses partidários.

Terra de ninguém Em Alagoas, o Executivo não cumpre decisões do Judiciário e o Legislativo muito menos. Por isso o BPTran não respeita a recente lei promulgada pela Assembleia que proíbe a apreensão de veículos com IPVA e outros impostos atrasados. Ouvido pela imprensa, o comandante do BPTran, tenente-coronel Felipe Lins, disse que só cumpre o Código Nacional de Trânsito. Nesse samba do crioulo doido o estado acaba virando terra de ninguém.

Usinas não desistem A decisão do STF que salvou a União de pagar R$ 72,4 bilhões às usinas a título compensação pelo tabelamento de preços do açúcar e do álcool nas décadas de 80 e 90 pelo extinto IAA não encerrou a bilionária disputa judicial que já dura mais de 20 anos. Após o Supremo exigir a comprovação do prejuízo econômico em cada caso concreto, as usinas de açúcar e álcool decidiram refazer os cálculos dos danos e garantem que a reparação será bem maior.

Beltrão X Beltrão

Na divisão política da família Beltrão, Coruripe deve mudar para ficar no mesmo. É o que revelam as pesquisas de intenção de voto que mostram os primos Marcelo e Maykon Beltrão praticamente empatados. Ao pré-candidato da oposição, Edinho Castro, resta torcer para que os mais de 48% dos eleitores indecisos decidam por sua candidatura.

Peso morto

Os pré-candidatos a prefeito apoiados pelo deputado Antônio Albuquerque estão comendo poeira, com remotas chances de vitória. É o que confirmam as últimas pesquisas eleitorais realizadas pela Falpe. Em Dois Riachos, o candidato Jorge Duca, apadrinhado

pelo deputado, estagnou em 26,25%, enquanto Ramon Camilo surfa nos 60% das intenções de voto.

Massacre

Pulando do Sertão para o Litoral, o candidato de Albuquerque a prefeito de Roteiro, Tiago Cursino - com 11,5% das intenções de voto - é massacrado pelos 54,5% do candidato Alysson Reis. Além do apoio do deputado de Limoeiro, Tiago Cursino é o candidato do atual prefeito Wladimir Brito, em fim de mandato. O ex-prefeito Gabriel Jatobá tem apenas 1,5% das intenções de voto.

Frase da semana

“Não sou carreirista nem faço da política profissão, meio de vida para me locupletar”. Sônia Beltrão, juíza aposentada e pré-candidata a prefeita de Palmeira dos Índios.

Rio Largo

A oposição corre o risco de chegar dividida às eleições em Rio Largo e com isso facilitar a vitória do prefeito Gilberto Gonçalves. Vaidades e ambições pessoais dificultam a união em torno de um projeto oposicionista. Na Câmara, os vereadores cuidam de enterrar a CPI criada para cassar o prefeito pela segunda vez. Em troca, receberam mais cargos na prefeitura para acomodar os aliados.

Força feminina

Denunciado por assédio sexual e moral, o prefeito de Palmeira dos Índios vai enfrentar três mulheres nas urnas: Ângela Garrote, Sônia Beltrão e Mosabelle Ribeiro. Além da indignação feminina, Júlio Cezar também terá que prestar contas à Justiça sobre os malfeitos de sua administração.

Poca-urnas

Dos mais de 20 candidatos a vereador por Maceió lançados na convenção do PRTB, pelo menos um deles tem chance de vitória. Apenas o Pastor João Luiz tem densidade eleitoral; os demais formam o time dos conhecidos “poca-urnas”, sem nenhum futuro.

Casa própria

O mercado imobiliário superou todas as expectativas com o aumento no preço de imóveis na planta. Com isso, apartamentos usados e seminovos ficaram com preços defasados em até 60% do valor do novo. Com um estoque superior a mil imóveis usados em Maceió, a hora é de comprar um apartamento ou uma casa usada enquanto os preços não forem reajustados. E com a queda nos rendimentos das aplicações financeiras, o mercado imobiliário volta a ser a melhor opção de investimento, seja em imóveis novos ou, sobretudo, usados.

Quebradeira

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou novas recomendações ao Judiciário para enfrentar os pedidos de falência pós-pandemia. Com isso, os tribunais brasileiros


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ELEIÇÕES 2020

Deputada Ângela Garrote, juíza Sônia Beltrão e Mosabelle Ribeiro pretendem disputar prefeitura contra Júlio Cezar

Palmeira dos Índios tem três mulheres contra o “imperador” Júlio Cezar e seu projeto de reeleição terão de enfrentar a força feminina

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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rês mulheres vão travar uma disputa pelo Executivo de Palmeira dos Índios. O atual prefeito Júlio Cezar (PSB) terá que sobreviver à força feminina caso queira conquistar a reeleição. O fato chega a ser irônico, já que Cezar, nas últimas semanas, enfrentou denúncias de assédio sexual por parte de duas ex-servidoras. Uma retirou a queixa, outra fez questão de formalizar o abuso na Polícia Civil, a advogada Margareth Alves da Costa. Mais do que representantes das mulheres na política, cada pré-candidata que anseia a prefeitura palmeirense já tem todo um histórico

(às vezes nenhum pouco orgulhável) no poder público. Mesmo exercendo o cargo de deputada estadual, Ângela Garrote (PP) parece achar que ser chamada de “prefeita” seja algo mais interessante. Ela, que já foi gestora de Estrela de Alagoas, enfrentou em 2017 um júri popular. A acusação: ser mandante da execução de José Roberto Rezende Duarte, crime que aconteceu em março de 1999. Ângela afirmou ser vítima de armação por parte do ex-deputado federal Helenildo Ribeiro, já falecido. O motivo seria uma proposta que ela teria recusado. Ribeiro queria o apoio dela em uma eleição. Na época do crime, a viúva de Antônio Garrote era primeira-dama do muni-

cípio. Em 2009, ela também foi a júri popular acusada de ter planejado o sequestro e a morte de Maria Jaciara, que seria amante do marido. Também foi absolvida. Devido a esse histórico de acusações, Ângela Garrote ficou enfurecida, no ano passado, com o prefeito Júlio Cezar, quando este disse que estava sendo ameaçado de morte. Apesar de não ter o nome citado, a deputada estadual disse que abriria mão de seu foro privilegiado se tivesse seu nome citado em investigação policial. De lá para cá, até um namoro entre os dois políticos chegou a acontecer. Segundo boatos de bastidores, Ângela indicaria o vice-prefeito da chapa de Júlio Cezar, que seria Toninho Garrote. No entanto, o sentimento de “amor” dos dois durou pouco. Agora, a deputada é uma das pré-candidatas à Prefeitura de Palmeira dos Índios. O elo, que já era frágil, se rompeu de

vez após acusações contra o prefeito de assédio sexual. Outra ex-primeira dama também está no jogo. Précandidata a prefeita pelo PTB, Mosabelle Ribeiro, esposa do ex-gestor James Ribeiro, já tem feito declarações e críticas direcionadas a Júlio Cezar. Em vídeo compartilhado nas redes sociais, ela aparece na zona rural do município “vivenciando de perto todas as dificuldades” da população que reside no local. Destacou o abandono de uma quadra esportiva e a situação precária de estradas finalizando com a promessa de que “dias melhores virão”. Ainda pelas redes sociais, denunciou suposto descaso de Júlio Cezar no combate à covid-19. Mosabelle mostrou, em vídeo, a ausência de trabalhadores nas barreiras sanitárias aos domingos no município. “Por que não existe trabalhador nas barreiras sanitárias aos domingos? Ninguém se contamina de covid-19 aos domingos?”, ironizou. Em agosto, a ex -primeira-dama salientou que sua candidatura teria o apoio do governador Renan Filho. “As famílias Calheiros e Ribeiro são amigas há muitos anos. Creio que o governador me apoiará na campanha eleitoral”. James Ribeiro foi acu-

sado de ser participante da Máfia das Sanguessugas, deflagrada em maio de 2006 pela Polícia Federal. Na época, ele era o prefeito de Palmeira dos Índios. Contudo, foi inocentado em 2014 pela Justiça Federal, que não viu fundamento na denúncia que envolvia o seu nome. A corrida pela Prefeitura ainda contará com uma magistrada. E, por incrível que pareça não será a desembargadora do Tribunal de Justiça Elisabeth Carvalho, que não tem “papas na língua” quando o assunto é criticar Júlio Cezar e dar sua opinião sobre Palmeira dos Índios, sua terra natal. A integrante do Judiciário que irá encarar “o Imperador”, apelido do prefeito, é a juíza aposentada Sônia Beltrão, que se filiou ao Patriota. Quando se trata de fazer campanha pelas redes sociais, ela não fica atrás. “Dinheiro que entra é preciso saber para onde foi. Tem que mostrar ao povo”, criticou sobre a suposta falta de transparência do atual prefeito. “Ainda tem mulher com sangue nos olhos. É preciso que o povo saiba que tem mulher que trabalha”, disse em vídeo. Sônia Beltrão é ex-professora de Direito na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e trabalhou na comarca palmeirense por mais de 15 anos. O anúncio da pré-candidatura da magistrada aposentada foi encarado como “uma mudança no quadro político de Palmeira”. “Não quero corruptos ou pessoas que tenham o passado inidôneo que venha arranhar a moral, os bons costumes, e os princípios constitucionais que regem a administração pública”, declarou, em abril, quando seu nome começou a ser ventilado para as urnas.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

PSDB em baixa

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PSDB nunca passou uma situação tão constrangedora como agora, tendo sido protagonista de várias eleições majoritárias com sucesso. Com Téo Vilela fora de circulação, mergulhado na política, Rodrigo Cunha muitos discreto, Rui Palmeira que deixou o partido, Rogério Teófilo que faleceu e Célia Rocha sem musculatura eleitoral, só resta mesmo, parece, a deputada federal Tereza Nelma. A fase ruim demonstra que o PSDB perdeu em qualidade e

Escolha organização, fatal para as pretensões nesta campanha eleitoral dos que ainda permanecem na legenda. O cenário, nunca visto antes, permite vislumbrar que os tucanos deverão ter um trabalho imenso nos próximos meses para tentar voltar aos tempos em que davam as cartas na política alagoana.

Sem influência

Mudança radical

A não ser pelo tempo de televisão, o PSDB, nessas eleições, não deve chegar a lugar nenhum. Está se submetendo a indicar um candidato a vice para salvar a pele, mas demonstra que não tem mais aquele poder de fogo.

Fraca atuação Quem esperava uma atuação forte, presente, capaz de mudar os rumos da política em Alagoas, se decepcionou com o primeiro ano de atuação do senador Rodrigo Cunha. Aliás, em vez de somar, ele afastou lideranças, a exemplo do prefeito Rui Palmeira, quando decidiu apoiar o deputado federal JHC para prefeito de Maceió.

O fim Se o ex-governador Ronaldo Lessa não topar sair candidato e se contentar em ser coadjuvante em qualquer chapa majoritária, deve entregar o boné. Esta é a oportunidade, embora tenha dificuldades na campanha, de manter acesa sua chama política, para tentar novos voos em 2022.

Meia volta As informações de que Ronaldo Lessa poderia compor com JHC para sair como candidato a vice, é um desprestígio para quem foi governador duas vezes, prefeito, vereador, deputado estadual e deputado federal. Seria uma pá de cal nas futuras pretensões políticas de Lessa.

Jogo perigoso A oposição em Rio Largo não se entendeu até agora e quem vai ganhar com isso é o prefeito Gilberto Gonçalves. Com a seus adversários divididos, Gonçalves deve abocanhar uma boa parte do eleitorado e continuar por mais quatro anos à frente da prefeitura.

Projeção O prefeito Rui Palmeira, que encontrou sérias dificuldades para fazer um grandioso trabalho em Maceió, aposta nos últimos quatro meses de mandato para consolidar sua liderança política e chegar forte às eleições de 2022, quando deverá sair candidato ao governo do Estado.

Adversários Mesmo sem comentar sobre o assunto de eleições para 2022, o deputado Arthur Lira pode, sim, também disputar o governo. Com sua pretensão de disputar a presidência da Câmara dos Deputados, Lira tem essas duas opções, inclusive com o apoio do presidente Jair Bolsonaro.

Contraponto Como os Calheiros são literalmente contra o presidente Jair Bolsonaro e a favor do ex-presidente Lula, com certeza Arthur Lira receberia apoio do Palácio do Planalto. Esta seria uma maneira de Bolsonaro ajudar Lira e consequentemente ferir de morte politicamente seus adversários políticos em Alagoas. É esperar pra ver.

Bastou apenas alguns dias para a prefeita Fátima Pessoa, de Arapiraca, mudar o quadro político na Câmara de Vereadores. Fraca politicamente no parlamento dias atrás, a prefeita reverteu a situação com a ajuda do marido, deputado Severino Pessoa, e agora passa a ter maioria para consolidar sua reeleição.

Denúncias graves Graves denúncias vieram a público nos últimos dias pelas redes sociais, envolvendo conhecidos prefeitos alagoanos e outras autoridades. Um bom momento para uma investigação séria pela polícia. Se as denúncias forem verdadeiras, é claro.

Rei das diárias Em um município próximo de Maceió foi descoberto que um secretário bateu todos os recordes de diárias, robustecendo seu contracheque no final do mês, além de outras mazelas aprontadas, ferindo de morte os cofres públicos. Até agora ninguém se pronunciou a respeito.

Ampliado O Horário de votação foi ampliado pelo Tribunal Superior Eleitoral. A votação começará às 7 da manhã e, até às 10, a prioridade será para pessoas acima dos 60 anos. O encerramento da votação continua mantido para às 17 horas.

O presidente do Democratas, José Tomaz Nonô, deve mesmo fazer opção para apoiar o deputado Davi Davino, candidato a prefeito de Maceió. Na sua agenda nada que indique apoiar Alfredo Gaspar de Mendonça, candidato do governador Renan Filho. Aliás, Nonô sempre teve uma certa resistência para integrar o grupo dos Calheiros.

Comigo, não A promotora Louise Maria Teixeira quer saber direitinho se duas prefeituras de Alagoas, as de Paripueira e de Barra de Santo Antônio, manipularam licitação para compra da merenda escolar. A prefeita de Barra de Santo Antônio, em nota, já disse que não tem nada com isso e que a questão se refere à gestão anterior. Já a Prefeitura de Paripueira jura que tem toda transparência no sentido do controle público. Ah, bom.

Nas ruas O deputado Davi Davino entendeu que já era hora de colocar a campanha nas ruas. E não tem perdido tempo, a exemplo de JHC e Alfredo Gaspar de Mendonça. Para o Guia Eleitoral, Davino já começou a se mexer e escolher com sua assessoria temas que venham ao encontro da população maceioense.

Sem medida Todos os candidatos, sem exceção, têm se exposto nas reuniões com cabos eleitorais e lideranças na capital. Fazem aglomerações, abraços pra um lado, abraço pra outro, somente não esquecendo de usar máscara. Pelo menos isso.

Quem avisa... Não votar nos candidatos que fazem aglomerações é uma recomendação sutil do governador Renan Filho, cujo endereço também vai para o seu escolhido, Alfredo Gaspar de Mendonça, que ultimamente tem demonstrado que a partir de agora vale tudo.

Suspense Até o dia 16 de setembro os candidatos deverão formalizar o nome dos vices em Maceió, afora o MDB que já tem a indicação de Tácio Melo através do prefeito Rui Palmeira. Vale salientar que o nome de Tácio não está sendo bem digerido pelo Palácio República dos Palmares. Mas, o que fazer? Nada, por enquanto.


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ELEIÇÕES 2020

Dividido, PSDB disputa com PDT e PSD vice de JHC Partido de Rodrigo Cunha vira nanico e corre risco de perder espaço nas eleições ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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svaziado, o PSDB prepara sua convenção que vai definir o candidato a prefeito de Maceió. O cenário interno não é dos melhores. Sem nomes de peso político -eleitoral e nada de entusiasmo suficiente para disputar a Prefeitura, o presidente do partido, senador Rodrigo Cunha, exportou do PSB o escolhido na empreitada municipal. É o deputado federal JHC, do PSB. Cunha quer indicar o vice. A presidente municipal da legenda, deputada federal Tereza Nelma, também quis. Num ato de força, Rodrigo destituiu a direção municipal. A disputa pelo poder entre os tucanos é o retrato da dissolvição do PSDB alagoano, que, nos tempos de Teotonio Vilela Filho, tinha voz, prestígio e posição em Brasília e em Alagoas. Hoje, o partido está às moscas. Sobrevive do que foi num passado distante, quando Fernando Henrique Cardoso presidia o país. O prefeito de Maceió, Rui Palmeira, era presidente estadual do PSDB. Determinou que seria candidato ao governo em 2018. Desistiu. Dois

anos depois, fora do PSDB, aliou-se ao senador Renan Calheiros e ao governador Renan Filho, ambos do MDB. Rui quer ser governador em 2022 pela lei do menor esforço, para compensar o próprio fracasso como gestor municipal. Sua principal promessa de campanha, quando disputou e ganhou a reeleição, foi o Maceió de Frente Pra Lagoa. Projetava uma estrutura que tiraria milhares de pessoas da miséria na orla lagunar na capital. Só que esta promessa será cumprida pela metade e sem resolver a miséria. Para onde vai o dinheiro dos empréstimos bilionários tomados por Maceió de bancos para o De Frente Pra Lagoa? Não se sabe. Levando em conta o desânimo do eleitor, o racha da esquerda e a falta de candidatos competitivos nas urnas, Rui deve ser eleito por exclusão ou WO ao governo. REVOADA Já no PSDB, Rodrigo Cunha ganhou o Senado e, também, poderes no partido. Mas, nem Rui nem Rodrigo seguraram a revoada de prefeitos e vereadores. Tereza Nelma aproveitou para cra-

Tereza Nelma foi alijada da presidência do Diretório Municipal por Rodrigo Cunha var seu espaço internamente. Quis indicar Adriana Vilela Toledo como vice de JHC. A direção municipal terminou destituída. Até o dia 12 de setembro, data da convenção municipal, haverá muitas bicadas entre os dois líderes. Um acordo entre o PDT e o PSB no plano nacional pode atrapalhar os planos do PSDB em Maceió. Ciro Gomes busca uma composição para disputar a presidência em 2022. Para isso, o ex-governador Ronaldo Lessa deve desistir da disputa pela Prefeitura. Teoricamente, ele seria o vice de JHC, por imposição do acordo nacional. Onde fica o PSDB? Ainda não há resposta para esta pergunta. PDT NA BRIGA Lessa, por sua vez, insiste: diz seguir firme para as urnas. Mas o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, avisou que o apoio financeiro para a campanha de Ronaldo não virá. Campanhas preci-

sam de equipes, marqueteiros e estrategistas. Tudo isso custa dinheiro. Não há almoço grátis nas eleições. O PSD também quer cravar o vice de JHC. O nome é o vereador de Maceió, José Márcio Filho. Zé Márcio, como é chamado, tem forte articulação nos bastidores da política. A jogada do chefe do PSD alagoano, o deputado federal Marx Beltrão, é decisiva. O celeiro dos votos de Marx é o litoral sul. Maceió sempre deu menos votos aos Beltrão porque o pai de Marx, o deputado federal João Beltrão, com seu método do trabuco e xerifesco, assustava os eleitores da capital. Marx se apega à imagem do pai sem o “método João Beltrão” de combate à violência. Se cravar o vice de JHC e o deputado federal vencer as eleições, Marx tem chance de esticar votos na capital alagoana e, em 2022, disputar o governo do Estado ou o Senado. Seu atual desafio é maior. Coruripe, terra dos Beltrão, assiste este ano a uma eleição inusitada e a primeira sem a participação direta de João Beltrão. Maycon Beltrão,

irmão de Marx, disputa as urnas pela Prefeitura com o apoio do atual prefeito, Joaquim, tio de Marx. O outro candidato também é Beltrão: o deputado estadual Marcelo, ex-presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) e ex-secretário de Educação em Marechal Deodoro. Alfredo Gaspar de Mendonça segue na disputa pela Prefeitura de Maceió. Após intervenção do senador Renan Calheiros, a campanha de Alfredo ganhou mais entusiasmo. Agregou o PRTB do calheirista Adeilson Bezerra. Tácio Melo, do Podemos, ainda é tratado como o vice. Melo é indicação de Rui Palmeira, condição para o prefeito garantir o governo em 2022. O Democratas, do secretário Municipal de Saúde, José Thomaz Nonô, busca espaço junto ao PP, cujo candidato a prefeito é o deputado estadual Davi Davino. A vitrine nacional do PP é o líder do Centrão, deputado federal Arthur Lira. Davi Davino pode mostrar o presidente Jair Bolsonaro em sua campanha. O tempo e os acordos eleitorais dirão.


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OBRAS INACABADAS

Terceira torre do Paradise Beach Guaxuma está com as obras paralisadas, assim como o Infinity Coast e vários outros empreendimentos da construtora

Cerutti coleciona centenas de processos por quebra contratual Construtora é alvo do Ministério Público; clientes pedem devolução de dinheiro JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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Cerutti Engenharia está sendo alvo de investigação no Ministério Público do Estado (MPE). Segundo denúncia, que virou um procedimento preparatório pelo órgão fiscalizador, o engenheiro Gelson Luiz Cerutti, proprietário da empresa, teria descumprido contrato por não entregar dentro do tempo previsto uma sala comercial no Edifício Comercial Empresarial Design Office

Center, localizado no bairro do Farol, em Maceió. Previsto para ser entregue no dia 30 de abril de 2018, o edifício, segundo site da própria construtora, ainda está em obras. “Paguei antecipadamente o valor total em poucas parcelas. Posteriormente, os serviços de engenharia não andaram conforme disciplinados em contrato e isso culminou com o atraso na entrega da obra. Aguardei 180 dias posteriores e, em seguida, notifiquei a empresa da minha opção pela resti-

tuição do valor, pois não mais havia interesse pela sala. Com a sua devida correção, cobrei o pagamento de multa contratual, tudo previsto em contrato, o que não foi cumprido pela empresa”, contou o denunciante ao Ministério Público. Lesado, o contratante, que é médico e tem 80 anos, ainda relatou que decorridos mais seis meses de tentativas, por telefone, e-mail e WhatsApp, conseguiu uma reunião com a direção da construtora, formada pelos irmãos Gelson e Marcos Cerutti, quando foi apresentada a proposta de aguardar até o mês de agosto de 2019 para regularizar a situação, mediante restituição

do valor devidamente corrigido do investimento e o consequente distrato. “Compareci em horário e local marcados, no dia 28 de agosto do ano passado, e os representantes haviam saído, sem dar nenhuma satisfação ou telefonema, alegando por recado à secretária uma emergência externa”. “Estou deixando de obter renda decorrente do meu trabalho de medicina nos ramos de geriatria e clínica geral desde novembro de 2018”, finalizou. Ciente do fato, o promotor de Justiça da Capital Max Martins de Oliveira e Silva determinou na segunda-feira, 31 de agosto, que o

Procon de Alagoas informe em 15 dias o quantitativo de representações contra a Cerutti Engenharia no que diz respeito ao Design Office Center, no período de 2018 a 2020. O prédio tem a previsão de ser composto ao todo de 99 salas, com áreas de 29,60 a 50,80 m², cujo investimento seria a partir de R$ 163 mil. Tramitam em primeiro grau, a Corte alagoana, 321 processos contra a Cerutti e 26 em desfavor de Gelson Cerutti, proprietário da empresa. Além desses, 278 processos tramitam no Tribunal Regional do Trabalho. No total, a construtora responde por 625 ações judiciais.


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Caso semelhante ao médico, a contratante Patrícia Costa Alves Pinto também acionou a Justiça contra a Cerutti pelo atraso na entrega do Design Office Center. Segundo autos do processo, ela arcou com o pagamento de R$ 144 mil à construtora. Porém, sustentou que passados seis anos desde a celebração do contrato não houve evolução na obra, o que a fez notificar extrajudicialmente, via e-mail, a empresa exigindo um posicionamento. No dia 21 de julho, o juiz Erick Costa de Oliveira Filho impediu que a Cerutti promovesse qualquer tipo de cobrança ou negativação de nome da reclamante aos órgãos de restrição ao crédito já que a empresa não estaria honrando o próprio contrato sob pena de pagar R$ 200/dia. A autora também pleiteia a devolução do dinheiro investido. “Defiro o pedido de inversão do ônus da prova em favor da parte autora, determinando à parte demandada que promova, no prazo da contestação, a apresentação do relatório de evolução da obra do Empreendimento Design Office Center, bem como o contrato firmado com o agente financiador da suso mencionada obra”, frisou o

magistrado da 10ª Vara Cível da Capital. Uma busca no site do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ -AL) permite ver que a construtora também não tem cumprido contratos que envolvem outros empreendimentos. Os temas dos conflitos “Indenização por Dano Material” e “Rescisão do contrato e devolução do dinheiro” são recorrentes. Ainda estariam em obras o edifício Saint-Louis, na Jatiúca; o Paradise Beach Residence, em Guaxuma; o Infinity Coast, em Jacarecica. Fora da capital alagoana, investidores ainda aguardam a entrega do Reserva Saint-Michel, na Barra de São Miguel. “Determino a suspensão dos efeitos do contrato formalizado entre as partes litigantes, e por conseguinte, a suspensão do pagamento das prestações mensais. Determino que a parte requerida se abstenha de inserir o nome dos autores nos órgãos de proteção crédito. Em caso de descumprimento da presente decisão, desde já, fixo multa diária no valor de R$ 300 sem prejuízo de eventual responsabilização em dano subjetivo”. Essa decisão, embora parecida com a do juiz anteriormente citado, foi proferida pelo magistrado Jerônimo Roberto Fernan-

A TELEFÔNICA BRASIL S.A, 02.558.157/0401-13, localizada na Rua Joana Rodrigues Da Silva, 364, Bairro Alto das Mangabeiras, CEP 57040-130, Maceió/AL torna público que requereu à Secretaria de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente - SEDET a Autorização Ambiental (Regularização da Operação), para atividade econômica (Central de Comutação e Controle) no local Rua Joana Rodrigues Da Silva, 364, Bairro Alto das Mangabeiras, CEP 57040-130, Maceió/AL

des dos Santos em processo que envolve o Infinity Coast, em ação de autoria de Gilmar de Oliveira Santos. Na internet, desabafos no Reclame Aqui: “Olá, venho atrás desse meio relatar minha indignação a respeito com a Cerutti Engenharia, uma construtora que até o momento não cumpriu com sua palavra. No dia 6 de abril de 2018, nós, em comum acordo, fizemos um destrato de um apartamento na planta e a empresa ficou de me ressarcir o valor de R$ 3.876,11 sem juros e sem nenhuma correção no dia 10 de maio. Eu aceitei, porém a empresa não cumpriu em nada. Quando eu ligo para o escritório eles sempre prorrogam o prazo”, relatou uma internauta não citando o nome do empreendimento envolvido. No site institucional, a Cerutti se denomina “especialista em construção de empreendimentos imobiliários de grande porte, que alia em suas obras a sustentabilidade”. “A Cerutti Engenharia está no mercado da construção há 15 anos como uma das líderes de mercado alagoano aliando sua crescente trajetória a grandes prémios, e é por isso que a marca ocupa o pódio de uma das melhores construtoras do mercado”, se gaba.

RELEMBRE Em março do ano passado, o EXTRA noticiou que as duas torres de apartamentos residenciais Infinity Coast, localizadas na Avenida Gustavo Paiva, em Jacarecica, em Maceió, prestes a serem entregues, estavam com as obras paralisadas. A Caixa Econômica Federal (CEF) tinha entrado com um pedido na Justiça para solicitar que a Cerutti largasse a construção a fim de outra incorporadora assumir o compromisso de finalizar os apartamentos. A CEF é credora fiduciária dos contratos particulares de compra e venda de terreno para a construção da unidade habitacional, com recursos provenientes do Programa Nacional de Habitação Urbana (PNHU), imóvel na Planta Associativo e Minha Casa Minha Vida (MCMV). Mais de um ano depois, o Infinity Coast, conforme o site da empresa, ainda estaria em obras, resultando em processos de quebra de contrato e danos morais.


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TRANSPORTE URBANO Trabalhadores têm realizado protestos frequentes contra atraso de salários

Veleiro acumula dívida de ISS com a Prefeitura de Maceió há 17 anos

Empresa continua funcionando com ônibus ultrapassados e sem pagar direitos trabalhistas a demitidos BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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ma dívida que perdura há 17 anos da Auto Viação Veleiro, que presta serviço de transporte urbano na cidade de Maceió com a prefeitura municipal voltou à tona esta semana, depois da novela envolvendo a empresa ganhar um novo capítulo. Um segundo protesto realizado em menos de uma semana, dessa vez na Avenida Fernandes Lima por funcionários e ex-funcionários, parou o trânsito na região durante a manhã de quarta-feira, 2.

Um dia antes, uma reunião foi realizada no Ministério Público do Trabalho (MPT) com 140 demitidos. De acordo com o processo de número 000667628.2003.8.02.0001, que tramita na Justiça de Alagoas, a empresa - que está envolvida em outros 19 processos - deixou de realizar o pagamento entre os meses de outubro a dezembro de 1998 e de janeiro a julho de 1999 do Imposto Sobre Serviços (ISS), que é um tributo que incide na prestação de serviços realizada por empresas e profissionais autônomos. Ele é recolhido pelos municípios e quase todas as operações

envolvendo serviços geram a cobrança deste tributo, o que faz dele extremamente importante para o orçamento municipal. Pelo tempo que a dívida existe, ela já foi passada até de mãos, em 2012. Os empresários José Bartolomeu de Almeida, Francisco Augusto da Silva Melo e Márcio Simões Calheiros apresentaram Exceção de Pré-Executividade alegando sua ilegitimidade para figurarem no polo passivo da ação por não serem mais sócios da empresa sobre o qual incidira o ISS. A dívida foi repassada então para os empresários Sérgio Rodrigues da Rocha que entrou no quadro de sócio da Veleiro em 1995 e seu filho, Gustavo Barbosa da Rocha, tendo este ingressado na empresa em 1999. Tais nomes não são desconhecidos das empresas de

transporte coletivo da capital. A presidência da Transpal, empresa responsável pela bilhetagem eletrônica na capital, vem sendo passada de pai para filho há 9 anos, o que gerou indignação de outros empresários na última eleição, realizada em 2018. Mesmo sem o apoio de 70% das empresas associadas, o presidente da Transpal à época, Sérgio Rodrigues da Rocha – dono da Empresa Veleiro – quis eleger o filho, Gustavo Rodrigues, para presidente da entidade no triênio 2018/2021. Representantes das empresas argumentam que a chapa apresentada por Sérgio Rodrigues foi ilegítima por não ter apresentado a documentação necessária à inscrição para o pleito. Os empresários alegaram ainda que a diretoria da Transpal impugnou a candidatura de

uma chapa legítima, impedindo assim a participação de outras empresas na eleição da entidade. Apesar das reclamações, Gustavo Rodrigues foi eleito e a parte que se sentiu prejudicada recorreu na Justiça pela anulação da eleição. Desde então, a Transpal, mesmo com um presidente, não possui uma função definida devido ao impasse na Justiça. Todas as suas funções estão sendo desenvolvidas pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Maceió (Sinturb). E sobre a dívida de mais de 17 anos, no dia 30 de junho a empresa entrou com um recurso na Justiça pedindo a prescrição da dívida. O pedido, que ainda não tem data para ir a julgamento no Tribunal de Justiça, tem o desembargador Klever Rêgo Loureiro como relator.


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Demitidos não conseguem seguro-desemprego No dia 19 de agosto o Ministério Público do Trabalho ajuizou uma ação civil pública contra a Veleiro para pedir à justiça que a empresa realize o pagamento de salários atrasados, férias, rescisões contratuais e outras verbas devidas. A decisão liminar a favor dos trabalhadores foi expedida na última quarta-feira. De acordo com a decisão do juiz titular da 7ª Vara do Trabalho de Maceió, Alan da Silva Esteves, a Veleiro Transportes e Turismo e a Auto Viação Veleiro devem realizar o pagamento dos salários dos seus empregados até o 5º dia útil do mês subsequente ao trabalhado. Uma das demandas que o MPT levará para a primeira audiência judicial sobre o caso, marcada para o dia 24 de setembro, é a solução para o pagamento, a curto prazo, do seguro-desemprego dos 140 rodoviários demitidos. Além de não cumprir com os direitos trabalhistas, a empresa é conhecida pelos usuários por circular com ônibus velhos. Em janeiro deste ano, a Prefeitura de Maceió, por meio da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) chegou a lacrar 49 ônibus da Veleiro. Os

Em janeiro, 49 ônibus da Veleiro foram lacrados pela prefeitura veículos estavam com a idade acima do que é permitido pelo contrato firmado após licitação do transporte público da capital. Pouco tempo depois, a Portaria n° 01/2020, que gerou a apreensão dos veículos foi revogada a pedido do Ministério Público do Estado de Alagoas. Em ofício, o MPE solicitou ”medidas alternativas e menos gravosas” para solucionar o problema de renovação de frota na cidade. No dia 21 de agosto, a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas (Arsal) recebeu uma

cobrança por parte do Ministério Público Estadual, o mesmo que pediu a revogação da portaria que apreendeu os veículos que funcionam na capital, para que seja feita uma nova licitação para substituir a empresa Veleiro na operação do serviço de transporte que atende o município de Rio Largo. Para o MP, a empresa não vem atendendo de maneira adequada os passageiros e também não respeita os direitos trabalhistas de seus empregados, o que resulta em greves e prejudica toda a população. O órgão entende que

a única forma de promover uma melhoria na linha entre as cidades Maceió e Rio Largo é uma nova empresa assumir a operação. O EXTRA entrou em contato com a Prefeitura de Maceió e com a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas, responsável por regulamentar o transporte intermunicipal e questionou como a empresa, mesmo com todos os problemas relatados pelos funcionários, e pelo órgão ministerial, veículos ultrapassados e todo seu histórico, além da dívida com a própria prefeitura, continua mantendo o contrato estabelecido na licitação do transporte público de Maceió. Além desses, também foi questionado o valor atualizado da dívida que a empresa tem com o município. Por meio de sua assessoria de comunicação, a agência reguladora informou, sem especificar prazos ou datas, que já existe uma licitação para substituição da empresa e de outras que prestam serviços em outras regiões do estado e que aguarda apenas a liberação da Procuradoria Geral do Estado. “Estamos trabalhando para que esse processo licitatório aconteça o mais rápido”,

informou. A Prefeitura de Maceió, por sua vez, enviou a seguinte nota:“A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) informa que segue trabalhando para garantir a qualidade dos serviços prestados pelo Sistema Integrado de Mobilidade de Maceió (SIMM). O órgão esclarece que tem acompanhado de perto a situação da empresa Veleiro e reforça, ainda, que tem dialogado com representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público de Contas (MPC/ AL) e do Ministério Público do Estado (MP/AL), em busca de medidas que beneficiem, principalmente, os usuários do transporte público da capital”. O município não informou, no entanto, o valor atualizado da dívida de 17 anos atrás, relativa ao ISS, nem explicou como a Veleiro, mesmo sendo alvo da cobrança em ação judicial impetrada em 2003, foi habilitada e vencedora da concorrência pública do transporte urbano realizada em 2015 e com a qual foi firmado contrato para exploração do Lote 300, relativo às linhas Circular I e II, do Trapiche da Barra e do Pontal da Barra.


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HOMENAGEM

Profissionais da Santa Casa de Maceió são homenageados pela Arquidiocese A oitava noite da Novena de Nossa Senhora dos Prazeres, Padroeira de Maceió, foi marcada por uma homenagem aos profissionais de diversas instituições de saúde da capital alagoana que atuam na linha de frente no combate ao novo coronavírus (Covid-19). A Santa Casa de Maceió participou da celebração realizada em 25 de agosto, na Catedral Metropolitana, com 22 de seus colaboradores que receberam Bíblias da edição comemorativa do centenário da Arquidiocese de Maceió. Entre os homenageados estavam médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, membros da equipe multidisciplinar (assistente social, psicólogos, nutricionistas, entre outros), maqueiros, seguranças, além de colaboradores dos setores de Higienização, Hotelaria, Copa e Recepção. A médica intensivista Cláudia Falcão foi uma das profissionais que receberam a homenagem. “Esta missa foi, sem dúvida, um dos momentos mais especiais durante essa pandemia, pois pudemos orar por aqueles que sobreviveram à doença e por aqueles que faleceram por causa dela. Também foi possível agradecer à Santa Casa de Maceió que nos deu a oportunidade de, com cinco UTIs dedicadas ao tratamento dos pacientes com covid-19, fazer com que muitos pudessem sobreviver a essa

pandemia. Ficamos extremamente gratos e honrados com essa homenagem que a Igreja Católica prestou aos profissionais da saúde”, disse. “Foi com o coração cheio de gratidão que participamos dessa noite tão especial, uma missa direcionada, uma linda homenagem. Não arredamos dos desafios impostos pela covid-19. Foram dias difíceis, mas que a gente se manteve forte, pois apoiamo-nos uns nos outros para

seguir com o nosso maior propósito que é cuidar do próximo. Então a palavra para este momento é gratidão pelo sentido de equipe que conseguimos ressignificar nessa pandemia”, disse a coordenadora de Enfermagem, Daniela Broad, outra homenageada da noite. Padre Cícero Lenisvaldo, capelão da Capela de São Vicente de Paulo da Santa Casa de Maceió, destacou a importância da instituição durante a pandemia. “De-

pois de uma noite vivenciada junto com a comunidade, a Arquidiocese e a família Santa Casa de Maceió é como se sentíssemos que não estávamos sozinhos nessa batalha. Havia alguém, uma força superior que nos acompanhava. Agora temos a certeza disso. Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Mãe Santíssima guiaram a instituição. Deixamos nessa fase da pandemia uma marca de qualidade, de serviço e de identidade católica, que, de fato, o hospital deve

ter e que transpareceu. Pudemos agradecer a Deus e saborear essa alegria que Nossa Senhora nos dá”, destacou. A novena cumpriu as diretrizes estabelecidas para a fase azul do Plano de Distanciamento Social Controlado, onde as igrejas de Maceió podem utilizar 75% de sua capacidade de lotação. Os fieis usaram máscara, mantiveram às distâncias indicadas, higienizaram os calçados antes de entrar e utilizaram álcool em gel 70%.


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AFUNDAMENTO DE BAIRROS

Petição consegue antecipar em 5 meses vistorias em Bebedouro Moradores cobram cumprimento de orientações da CPRM DA REDAÇÃO

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ma petição feita pelo exsuperintendente Regional do Trabalho em Alagoas e morador do bairro, Israel Lessa, conseguiu antecipar em pelo menos cinco meses o início das análises dos imóveis residenciais e comerciais da parte central do bairro de Bebedouro. A resposta do pedido feito em julho chegou na última sexta-feira via Ministério Público Federal (MPF). “Conseguimos adiantar o início das visitas técnicas, que deveriam acontecer entre dezembro deste ano e janeiro do ano que vem e foram antecipadas para julho e agosto deste ano, mas quando essas famílias serão indenizadas?”, questiona Israel Lessa afirma que moradores querem remoção imediata Lessa. O órgão federal se mostrou sensível ao drama enfrentado na área de criticidade 00 ou 01, ção e compensação financeira), pelos moradores da região, que queremos colocar todo o bairro inclusão e indenização (prevista apesar de terem seus imóveis como área de risco, conforme para começar em janeiro), não severamente avariados pelo as notas técnicas da CPRM foram assuntos tocados nos doafundamento de solo em fun- que determinam que as áreas cumentos. “A Defesa Civil e a Braskem ção dos anos de atividade da em verde escuro sejam conBraskem em Maceió, estão em vertidas em verde cítrico. Mas não esclareceram a morosidade sua maioria na área de criticida- essa situação não foi reavaliada e a falta de informação. Essa rede 01, que é apenas de monitora- pela Braskem nem a Defesa Ci- lação entre tempo e ação é muimento, e sequer tinham passado vil, nem solicitada pelo MPF”, to perigosa, quanto mais tempo por vistoria pela Defesa Civil avalia Israel Lessa, lembrando as famílias ficam ali, maior é o que quase 2 mil casas foram in- risco de uma tragédia. Não pomunicipal. “Mas as respostas dos órgãos cluídas recentemente na área demos esperar a protelação da foram evasivas, ressaltando o verde cítrico, mas quase a tota- solução. Nós insistimos na reaque eles se mobilizaram, mas lidade de Bebedouro continua lização de uma audiência pública, presencial ou virtual, para nada de concreto para os mora- excluída. Ele lembra que a velocidade ouvir os moradores e uma dilidores em relação às indenizações. Nosso propósito é a gene- da selagem (início do processo gência do MPF para que os proralização do dano, visto que todo para que as famílias possam curadores possam ver de perto a o bairro tem risco potencial. Seja entrar no programa de realoca- situação”, explica Lessa.

Um projeto de revitalização das áreas que sofreram com a mineração foi apresentado pela Prefeitura de Maceió na semana passada, deixando evidente que o bairro de Bebedouro é inviável e fatalmente será desocupado. “Para nossa surpresa, na semana passada o prefeito de Maceió, Rui Palmeira, apresentou um projeto para transformar as áreas desocupadas por causa do afundamento do solo em uma floresta urbana. Pelo mapa apresentado pela prefeitura, Bebedouro inteirinho e mais três bairros vão virar floresta. Ora, se o poder público já antecipou o novo uso da área, porque a Defesa Civil não reconhece o direito dos moradores, incluindo-os na área de criticidade 00, fazendo com que a Braskem os indenize? A Prefeitura de Maceió vai fazer a floresta por cima das casas?”, questiona Israel Lessa. “Defendemos uma desocupação maciça e imediata. Os moradores clamam para que sejam removidos dali e indenizados, antes de morrerem soterrados em suas casas. Nosso pedido é que seja agilizado o processo de indenização, para que as pessoas possam o mais rápido possível sair destes imóveis de risco crítico e viver em um outro lugar mais seguro”, completa o líder do movimento Luto Por Bebedouro. Os imóveis em questão estão situados na região central de Bebedouro, incluindo o Loteamento Caiçara, o Cardoso, ruas próximas ao cemitério do bairro, além das ruas Manoel Sampaio, Camaragibe, da Lira e Carteiro João Firmino. Cerca de 500 assinaturas foram coletadas num abaixo-assinado representando a comunidade inteira, que foi encaminhado ao MPF junta-

mente com a petição. A busca pela intervenção do MPF neste caso é para fazer cumprir o que determinam as notas técnicas da CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) do Serviço Geológico do Brasil, que toda a área de Bebedouro, que está classificada como verde escura, passe para a classificação verde cítrico, condição para agilizar o processo de negociação com os moradores e, consequentemente, a retirada deles dos imóveis mediante pagamento de indenização. O Movimento Luto por Bebedouro não se deu por satisfeito, tendo em vista que as respostas foram tangenciais e não trouxeram o esclarecimento das dúvidas dos moradores nem algo conclusivo. E os órgãos serão questionados novamente. O advogado Bruno Araújo, que auxilia o Luto por Bebedouro com a elaboração e análise dos documentos, lembra que “o MPF não se posicionou. Restringiu-se a nos encaminhar as respostas da Braskem e da Defesa Civil. Em ambas as respostas o órgão público e a empresa foram evasivos, apenas relatando que estava cumprindo o cronograma e relacionando, dentre os endereços informados no abaixo-assinado, as casas que já foram visitadas pela junta técnica, e as que já foram seladas. Na resposta deles, se colocam praticamente como heróis da causa, que estão trabalhando pelas soluções”, assinala. “Juntamos uma tréplica, que argumenta a total inviabilidade de se manter moradores e empresas no bairro de Bebedouro, e reitera a necessidade de remoção imediata de todos, com indenização no momento da selagem e melhoria do valor de danos morais. Pedimos transparência para informar aos moradores a destinação dos equipamentos públicos (escolas, posto de saúde, mercado público e cemitério)”, conclui.


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SETEMBRO AMARELO

Cresce número de suicídios entre jovens e adolescentes Especialista afirma que combate ao tabu é principal passo para maior prevenção dos casos SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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scolhido em razão do Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, dia 10, o mês denominado Setembro Amarelo surgiu com o objetivo de conscientizar as pessoas ao redor do mundo sobre este problema, principalmente através da informação. A data é organizada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e tem a Organização Mundial da Saúde (OMS) como copatrocinadora. Segundo a mestre em psicologia escolar e educacional, professora doutora Luiza Elena Leite Ribeiro do Valle, o mês em alusão à data surgiu justamente pela necessidade de combater os tabus acerca da problemática. Segundo ela, é preciso “tratar do assunto para prevenir o suicídio, além de discutir entre profissionais de saúde sobre as melhores formas de conduzir soluções. Sabe-se, no entanto, que mudanças não ocorrem facilmente e precisam ser construídas passo a passo para alcançar resultados satisfatórios”. No Brasil, o Setembro Amarelo foi implantado em 2014 por iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria e pelo Conselho Federal de Medicina. De acordo com a OMS, mais de 90% dos casos de suicídio estão associados a distúrbios mentais e, portanto, podem ser evitados se as causas forem tratadas corretamente. Mas a desinformação tem atrapalhado o manejo adequado da depressão e do suicídio, segundo a psicóloga. “A depressão, por exemplo, não é uma simples tristeza e precisa ser diferenciada de um momento normal de aborrecimento. A ansiedade, campeã

de transtornos mentais, que está envolvida no estresse e em diversos transtornos, como a Síndrome do Pânico, que são comprometimentos na saúde mental, que não se referem à loucura, mas a distúrbios que são frequentes em relação à nossa cultura atual”, afirma Luiza Elena. Para ela, apesar dos avanços alcançados na divulgação de possibilidades científicas, tanto teóricas como em práticas, ainda há um preconceito em relação a pensar em doenças mentais. Dados do último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde em relação as tentativas e óbitos por suicídio no Brasil apontam que, em 2018, 13.463 óbitos por suicídio foram registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) em todo o território nacional. No período de 2009 a 2018 foram 115.072 casos de morte por suicídio. Este mesmo balanço aponta que a taxa de mortalidade por suicídio é de 2,4 mulheres a cada 100 mil, enquanto, para os homens, chega a 9,2 para cada 100 mil. Eles se matam cerca de quatro vezes mais. “As mulheres, em geral, são menos impulsivas, planejam, mas continuam pensando e isso abre um espaço para um tempo que permite se adaptar à dor. As mulheres têm uma tolerância maior à dor, até por condição social em que o homem não aguenta se sentir perdedor nas diversas situações. Existe todo um funcionamento cerebral diferenciado por gênero”, explica Luiza Elena. Os dados apontam também que, apesar do número de idosos ainda prevalecer encabeçando o ranking de suicídios, ultimamente o número de jo-

Luiza Elena R. do Valle vens que se matam tem aumentado. “A própria condição de adolescente, que é uma fase de um bombardeio de hormônios que causam instabilidade e vulnerabilidade, já merece compreensão, atenção e, às vezes, limites. Os jovens têm necessidade de respostas mais imediatas aos seus sentimentos até por características de imaturidade, de menor tolerância à frustração”, afirma. Para o enfrentamento da causa, a especialista acredita que falta conscientização. “É necessário um movimento amplo para chegar a cada família, escola, comunidade. Normalmente, os adultos valorizam suas próprias dificuldades e vamos reconhecer que não são poucas, já que são os responsáveis pelos menores. Por isso, parece-lhes impossível que existam necessidades para aqueles que não têm a mesma responsabilidade e, especialmente os adolescentes, que sendo maiores, deveriam entender e pronto! Há uma tendência ao afastamento, a ficar cada um com seus problemas, só que os adultos tiveram mais chance de desenvolver recursos

defensivos. Em segundo lugar há necessidade de desenvolver recursos para dar suporte aos casos que são detectados e, isso acontece, quanto maior for o resultado dessa conscientização”. Sobre o questionamento e as divergências da sociedade sobre falar abertamente ou não a respeito do suicídio, Luiza Elena diz que parece que, para a população, não falar do problema é uma forma de não atraí-lo, mas para ela isso é apenas uma fantasia que acomoda a ansiedade das pessoas que não querem lidar com o sofrimento. “É claro que notícias sensacionalistas que apresentam o suicida como um tipo de herói que enfrentou problemas e entregou a própria vida como resposta, não ajudam a resolver nada. Deve haver, nas notícias, sempre o comentário de especialistas que analisem o problema sem criar modelos de comportamento, como se faz em publicidade. O que estamos falando é em respeito, em reconhecimento dos sentimentos de pessoas que precisam ser fortalecidas, de pais e professores que precisam entender que devem estar atentos e que devem falar a respeito dessas preocupações com os jovens, saber como se sentem e responder ao que precisam, se unirem um pelo outro, já que o suicídio é um sentimento de falta de pertencimento”, frisa. O foco principal da campanha Setembro Amarelo é a prevenção, afinal de contas, o suicídio pode causar traumas que se arrastam por anos em familiares e amigos da vítima. “Quando tudo parece perdido, sem valor, sem interesse ou traumático é quando mais se precisa de ser ouvido e de poder perceber outro caminho; uma esperança surgindo faz diferença. Essa luz não vem espontaneamente para quem está no fundo do poço. O mais triste é que, realmente, é possível ver saídas, especialmente, em relação aos problemas dos ado-

lescentes, que muitas vezes são relacionados a uma carência por algum motivo, a uma frustração consigo e com o mundo. Saber o que fazer, pode representar a necessidade de procurar um auxílio com profissionais de saúde, mas isso requer a capacidade de perceber o problema, de ter um olhar apurado para acompanhar o que acontece com aquela pessoa que demonstra precisar de alguma coisa”. A especialista completa enfatizando que é preciso conversar, perguntar para entender. Em um dos seus livros, Adolescência: as contradições da idade, publicado pela Wak Editora, Luiza aborda exatamente sobre as dificuldades da fase e como a sociedade precisa fazer mais do que apenas criticar. “Traz explicações sobre esta fase de mudanças físicas e psicológicas e o quanto é necessário compreender como lidar com este período”. Afirma, ainda, que a depressão na adolescência e a desmotivação são desafios nos dias atuais. “O mundo cobra muito de todos, atualmente, especialmente, a partir de uma pandemia que alterou rotinas e criou novas exigências, que são opostas aos padrões anteriores”. FATORES DE RISCO Por fim a psicóloga pontua que diversos são os fatores de risco associados ao suicídio, entre eles os transtornos mentais, presentes em 96,8% dos casos. “Depressão, violência, abusos, não só sexuais como intimidações, a própria presença da ameaça da covid-19, a solidão e sentimentos de não pertencimento, de ser desimportante ou de ser rejeitado”. Ela reitera ainda que os pais e responsáveis podem colaborar para a prevenção: “Um ambiente saudável, de respeito, de sentir-se amado, referencial social, a religiosidade, a participação em algo que faça a pessoa se sentir útil, envolvida no que gosta, é essencial”. E conclui lembrando que, apesar de diversos recursos atualmente na saúde para lidar com casos de suicídio, o primeiro passo tem que partir do paciente, ou dos que estão à sua volta e normalmente isso só parte daqueles indivíduos que valorizam o bem-estar.


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DRIVE-IN

André Amado

Especialista alerta para cuidados com o carro ao curtir cinema

André Amado explica que o veículo deve estar em dia com as revisões previstas no manual MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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aposta da volta dos drive-in como alternativa para o cinema convencional ganha fôlego. Popular nas décadas de 1960 e 1970, ressurge como uma tendência momentânea e movimenta o cenário cinematográfico em tempos de pandemia de coronavírus. Maceió conta com dois cinemas no modelo drive-in, onde o cliente permanece dentro do carro, impedindo o contato direto com outras pessoas, o que evita aglomeração. Ficar dentro do carro por muito tempo, consumir alimentos no interior do veí-

culo, usar o rádio e manter ar-condicionado ou sistema de ventilação por muito tempo requer cuidados. André Amado, especialista da Allianz Partners, empresa de assistência 24h para automóveis, dá dicas de como curtir o lazer sem preocupação. Segundo Amado, com a atual tecnologia de produção dos veículos, não há prejuízos mecânicos ou de manutenção pela utilização dos equipamentos de conforto. O único ponto que deve ser observado é estar em dia com as revisões padrão previstas no manual de manutenção. Mas ele alerta que, por uma questão de higiene, é sempre bom realizar uma boa lim-

peza interna no veículo após consumir alimentos. Esse processo pode ser feito pelo proprietário do veículo ou por empresas especializadas (lava-rápidos e estéticas automotivas), limpando os tapetes e aspirando todo o seu interior, incluindo bancos. O especialista diz que antes de buscar esse tipo de lazer, os cuidados devem ser somente com a bateria para que essa não esteja com sua vida útil muito avançada e com a capacidade de retenção de carga e, consequentemente, sua autonomia, gerando dor de cabeça com o divertimento. Para rádios e faróis, a orientação é que os mantenham desligados para não ser mais um item consu-

midor de energia da bateria. No entanto, para quem é adepto a esse tipo de entretenimento, aconselha que o cliente saiba quanto tempo o áudio do seu carro será utilizado. Isso porque se a vida útil da bateria do veículo estiver prestes a se esgotar, o carro poderá apresentar falhas – como luzes enfraquecendo durante a sessão de cinema ou som alternando – e requerer ações emergenciais para não ficar na mão. Para tanto, envolve desligar todos os dispositivos que estejam gastando energia e dar a partida no carro para a bateria recarregar. Para prevenir qualquer problema durante o evento, é fundamental o acompa-

nhamento da idade ou vida útil da bateria. De acordo com ele, uma bateria possui em média vida útil que pode variar de 18 a 28 meses conforme sua utilização. Mas, na dúvida, basta levar seu veículo até um mecânico de confiança ou revendedor autorizado de baterias para que façam um teste e validem as condições atuais da bateria. Sendo necessário, a substitua. André Amado orienta, ainda, que o cliente deve estar atento ao prazo em que adquiriu o veículo ou realizou a troca da bateria. “Esse comportamento favorecerá que ele não fique na mão quando mais precisar. Além desse ponto, alguns sinais podem evidenciar o problema: se o cliente vai dar a partida e percebe dificuldades para o carro funcionar, nota que o motor está com um giro fraco ou que a primeira partida é forte, mas a segunda oscila, ele precisa verificar a bateria ou o alternador”. Outro ponto importante, afirmou, é que tendo ciência do prazo de validade da bateria, o consumidor pode realizar a sua manutenção em postos de bateria, com um mecânico de confiança ou na concessionária. Esses locais dispõem de maquinários que realizam testes bem assertivos. Mas se na hora do lazer algo der errado, o cliente deve acionar o seu seguro ou o serviço de assistência que julgar mais apropriado e avisar imediatamente a administração do shopping e a segurança. “Como se trata de um local privado, caso não ocorra essa sinalização, o socorro pode demorar a chegar onde o veículo está, pois é necessário que todos os envolvidos tenham conhecimento para liberar a entrada do prestador de serviços”, ressaltou.


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UFAL NA PANDEMIA

Estudantes de Medicina entram com ação para ter aula à distância Após ter representação arquivada, grupo ingressa com recurso para colegiado do MPF e aguarda decisão MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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á quase seis meses fora da sala de aula, devido à pandemia da covid-19, um grupo de estudantes do curso de Medicina da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) entrou com uma representação contra o reitor da universidade, Josealdo Tonholo, junto ao Ministério Público Federal (MPF) para que adotasse a modalidade de ensino à distância, já que várias universidades públicas e privadas no País aderiram ao modelo. Para surpresa dos alunos, a procuradora da República Niedja Kaspary determinou o arquivamento da representação alegando autonomia da universidade. Inconformados, no último dia 19 de agosto eles ingressaram com recurso administrativo para o colegiado no MPF e aguardam decisão. Segundo João Uchôa, advogado dos futuros médicos, a procuradora Niedja Kaspary confundiu autonomia com soberania, pois “a autonomia consiste na capacidade de autodeterminação e de autonormação dentro dos limites fixados na Constituição Federal. Enquanto que, a soberania é o poder que dita, o poder supremo, aquele acima do qual não haja outro. Portanto, tratando-se a Ufal de

uma autarquia federal, que lida com verbas públicas, ela tem limites de ação”, afirmou ao acrescentar que, no despacho de arquivamento da representação, Niedja Kaspary “arvorou-se de advogada do reitor e criou embaraços de toda ordem para não dar prosseguimento à representação. Dentro do prazo legal, Uchôa ingressou com um recurso administrativo para o colegiado no MPF.“É importante salientar que a atitude de inércia do senhor reitor da Ufal, em retardando ou deixando de praticar, indevidamente, ato de ofício, não estabelecendo ações concretas no sentido de deliberar sobre o retorno das aulas, ao menos na modalidade EAD, caracteriza afronta a um dos princípio constitucionais que regem a administração pública, que é o princípio da eficiência da administração pública”. ALUNOS Confiante em um retorno às aulas em breve, Zuíla Caroline Olegário, estudante do 4º período de Medicina, relembra que este ano os estudantes tiveram apenas um dia de aula (16 de março) e desde então não vê nenhuma perspectiva de retorno. Consciente que a universidade pública passa por questões sociais sérias, acredita que a partir do momento que ou-

Procuradora Niedja Kaspary é criticada por arquivar representação alegando autonomia da Ufal tras faculdades federais liberaram um plano de retomada das aulas isso também pode ser plausível para a realidade da Ufal. Ela argumenta que em nenhum momento pediram ao MPF que “obrigasse a implementação” das aulas remotas. “Solicitamos que o reitor desse um prazo para a resolução disso por meio de um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) que seria intermediado pelo MPF de forma amistosa”.

Quanto ao reitor, ela reclama da morosidade das ações, embora ele seja visto como aberto ao diálogo. “Eu esperava que o posicionamento do MPF fosse solidário à causa de todos os estudantes da Ufal, não de impor uma resolução, mas como forma de cobrar que tenhamos alguma resposta ou até de pressionar por recursos, se for de sua competência”. Zuíla diz que ao assistir na quarta-feira, 2, a reunião

do Conselho Universitário para discutir o período letivo excepcional (PLE), percebeu que ele (reitor) tem boa vontade em colocar em prática esse projeto, mas tem muitos do conselho que ficam retomando tópicos já discutidos o que atrasa a discussão da pauta do dia. “A impressão que tive dessa reunião é que estamos andando em círculos. A verdade é que a PLE nunca será 100% para todos”.


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O estudante de Medicina João Inácio Uchôa também faz parte do grupo e diz que é a favor da volta dos estágios e do ensino remoto com garantia de acessibilidade. Embora reconheça que o reitor seja visto como uma pessoa aberta ao diálogo e disposta a ajudar principalmente a questão dos alunos no internato, afirma que a Ufal é a única IES (Instituição de Ensino Superior) do estado que não retornou. “A situação está complicada para todos, principalmente para os acadêmicos dos últimos períodos nos cursos de saúde, que enfrentam dificuldades na conclusão, já que o estágio obrigatório foi interrompido. Essa inércia causa sérios prejuízos, pois, quanto maior for a demora em retomar as aulas, maior será o tempo para a conclusão dos cursos”, relatou Uchôa. Eduardo Nasko faz um comparativo do cenário atual, onde instituições de ensino superior têm retomado gradativamente suas atividades, em especial de forma remota, até que possam viabilizar o retorno integral às atividades presenciais respeitando as recomendações de biossegurança. “Seis meses se passaram desde o começo da pandemia, e diversas pesquisas sobre acesso dos alunos a equipamentos e acesso à internet já foram realizadas sem dar aos alunos perspectivas de quando haverá início ao retorno gradual às aulas em caráter emergencial”. Nasko defende que a volta deve ser inclusiva a todos, e que garanta o acesso dos alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Para tanto, já teve posicionamento do MEC favorável à liberação de 11.000 chips para estudantes em condição de vulnerabilidade no que se refere ao acesso. Alex Omari, também estudante do curso de Medicina da Ufal, reclama que era papel do MPF cobrar providências, mas agiu como advogado da universidade. E afirma ser inaceitável que em mais de seis meses de paralisação, não haja sequer aulas remotas efetivas. “Em outros estados, como Santa Catarina, o MPF escolheu defender o lado mais frágil da relação, os discentes, entretanto aqui em Alagoas agiu na contramão, fazendo a defesa da inércia da universidade que foi extremamente ágil na suspensão das atividades, o que eu não critico, mas a morosidade com reuniões subsequentes que não deliberam nada e a clara tentativa de tornar essa quarentena uma greve informal e de duração indefinida não deveria prosperar”, lamentou. Para Omari, fica a sensação de descaso com os discentes. “E por mais que se diga

Advogado João Uchôa representa alunos que haverá reposição, os prejuízos estão aí não há como repor quase um ano sem ensino. A universidade tem como atividade fim um tripé Ensino-Pesquisa-Extensão, mas não há tripé manco. Universidade há seis meses sem ensino e sem previsão de retorno, sem previsão de medidas pra mitigar isso? É um descaso absurdo”, criticou. FALA, REITOR “Não recebemos nenhum documento neste sentido do MPF. O Consuni, desde ontem, (terça-feira 1º) está reunido exatamente para discutir o retorno não presencial. Alertando que o retorno não é uma vontade individual do reitor, mas depende de deliberação do Consuni, considerando vários aspectos, como disponibilidade de acesso e tecnologias, contratações de sistemas, conexão de internet, etc. Alerte-se que temos um problema grave com a vulnerabilidade econômica dos nossos estudantes, já que a Ufal é uma das universidades federais com maior percentual de vulnerabilidade estudantil do país. Toda e qualquer solução de retorno deve prever as garantias de acessibilidade. A gestão e o Consuni estão trabalhando arduamente nisto, como se pode observar pelas quantidades de horas de reuniões já realizadas no Consuni, Câmara Acadêmica, Comissões Especiais, GTs, Colegiados de curso, entre outros. Apenas no Consuni/Câmara já completamos mais de 50 horas de reuniões plenárias sobre o tema.” Vale ressaltar que a reunião em questão já se estende para o terceiro dia de discussão, onde o Conselho Universitário da Universidade Federal de Alagoas realiza sessão extraordinária virtual, com pauta única: retomada não presencial, conforme encaminhamento da Câmara Acadêmica do Consuni/Ufal”.

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Eleições em Maceió: o embate já começou

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stamos nesta edição publicando a última entrevista com os principais pré-candidatos à Prefeitura de Maceió. O nosso convidado desta semana é o deputado estadual Davi Davino, jovem parlamentar que vem se destacando com uma atuação muito positiva e grande aceitação por parte do eleitorado. Apesar de muito jovem, tem como característica sua movimentada articulação, principalmente nos meios sociais e nas camadas mais carentes. Nascido em 1° de outubro de 1987, Davi Davino Filho é filho do vereador Davi Davino e da empreendedora social Rose Davino.

O que motivou para encarar o desafio de uma pré-candidatura a prefeito de Maceió? Davi Filho – Normalmente as candidaturas em Maceió nascem nos palácios. Os poderosos escolhem alguém que eles sabem que vão defender seus interesses e o colocam como candidato para tudo permanecer do jeito que está. No meu caso foi bem diferente. Eu tenho uma história com a cidade, trabalho desde os 16 anos. Na Funbrasil, fundação criada pela minha mãe, já realizamos mais

Casado com Carolina, é pai de Davi Neto e Laís. Inspirado pela trajetória política e social de seus pais e pelo espírito empreendedor de seu avô, João Davino, Davi Filho já consolida sua posição de liderança em nossa capital. Aos 32 anos, filiado ao Progressistas, está exercendo seu segundo mandato de deputado estadual, após ter obtido quase 40 mil votos dos alagoanos, metade dos quais conferida pelo eleitorado maceioense. É um dos mais destacados políticos da sua geração, tendo direcionado sua ação parlamentar para a defesa das causas relacionadas à saúde, ao meio ambiente, à juventude, ao bem-estar social, à cultura, ao esporte e lazer.

de 400 mil atendimentos aos maceioenses. Meu pai, de quem tenho muito orgulho de carregar o nome, é vereador e junto com ele conheci cada rua, cada beco dessa cidade. Costumo dizer que o meu gabinete como deputado são as ruas. Eu conheço as pessoas e as pessoas me conhecem. E nessas muitas andanças pela cidade eu sempre ouvia “Davi, por que você não se candidata a prefeito?”, “Davi, o prefeito nem sabe que a gente existe”, “Eu queria um cabra que nem você na prefeitura”, “Tá faltando gente da gente

lá na prefeitura Davi”. Foram muitos pedidos e palavras de incentivo. Por outro lado, eu sou indignado com a forma que tratam o maceioense, não posso ficar de braços cruzados vendo que os anos passam e os problemas permanecem, e percebi que como deputado não consigo fazer nem 10% do que eu sonho para o povo de Maceió, me sinto de mãos atadas. Eu quero poder fazer mais e sei como fazer porque conheço Maceió e seus problemas como a palma de minha mão. Chegou a vez da nossa gente.

Davi Davino afirma que Maceió tem problemas crônicos

Uma campanha política nem sempre é marcada por ações éticas e discussões propositivas. Como o senhor irá reagir às provocações, ataques e até fake news? Davi Filho – Quem me conhece sabe que sou sério, ético, transparente. Gosto de ouvir, debater, aprender. Então, podem ter certeza que a minha campanha vai ter a minha cara: propositiva, com participação ativa da nossa gente. O que me interessa é construir junto com o povo de Maceió um futuro melhor para a cidade, apresentar ideias inovadoras para superar velhos problemas. Fake news é crime e quem fizer vai ter que responder à justiça.

Falando em pandemia, a campanha deste ano vai ser atípica, com muitas restrições. Como o senhor tem se preparado para isso? Davi Filho – Infelizmente a pandemia escancarou ainda mais o abismo social que existe no Brasil e em especial em Maceió. Mais uma vez a população mais carente foi a principal prejudicada, muitas vidas foram perdidas, uma realidade extremamente dolorosa. Diante de um cenário desse precisamos ter muita responsabilidade na campanha, seguir os protocolos de segurança para proteger a todos. Pra candidato que só faz campanha do gabinete vai ser mais fácil do que pra mim, que estou

NO DE ALG BE DE EO CA PE QU

QU ES CO MIN VEZ


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NTREVISTA

PARA REFLETIR “O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados por aqueles que gostam”. (Arnold Toynbee) Deputado diz que seu gabinete são as ruas

NORMALMENTE AS CANDIDATURAS EM MACEIÓ NASCEM NOS PALÁCIOS. OS PODEROSOS ESCOLHEM ALGUÉM QUE ELES SABEM QUE VÃO DEFENDER SEUS INTERESSES E O COLOCAM COMO CANDIDATO PARA TUDO PERMANECER DO JEITO QUE ESTÁ”

EU QUERO PODER FAZER MAIS E SEI COMO FAZER PORQUE CONHEÇO MACEIÓ E SEUS PROBLEMAS COMO A PALMA DE MINHA MÃO. CHEGOU A VEZ DA NOSSA GENTE.

Uma vez eleito prefeito de Maceió, qual o maior desafio a ser enfrentado? Quais as prioridades? Davi Filho – Hoje no Brasil ainda morrem em média mil pessoas por dia vítimas do coronavírus. Aqui em Maceió, graças a Deus, já conseguimos reduzir consideravelmente esse número. Mas se antes da pandemia a vida em Maceió já estava bem difícil para milhares de pessoas, agora ficou ainda pior. São milhares de desempregados, o turismo e o comércio vivem seu pior momento. O meu primeiro desafio será liderar essa retomada econômica e social da nossa cidade, priorizando os que mais precisam. Mas não podemos esquecer que Maceió tem outros grandes e históricos problemas: longas filas no atendimento da saúde, faltam creches para as crianças, o saneamento chega para poucos, nossa gente se espreme no transporte público, só para citar alguns exemplos. O desafio é enorme, mas a vontade de fazer é maior ainda.

acostumado com as ruas, o contato, o olho no olho. Mas vamos utilizar a tecnologia para ouvir e conversar com a população. Tenho certeza que seremos milhões de Davis nas redes sociais. Estamos chegando próximo ao período das convenções partidárias e da montagem da chapa majoritária. Qual o perfil de sua coligação e do seu candidato a vice? Davi Filho – Nesse momento tão difícil do Brasil a gente tem que construir pontes, juntar o máximo pos-sível de forças pra tirar o país desse buraco. E a mes-

ma coisa tem que acontecer aqui em Maceió. Estamos construindo uma grande aliança em torno de ideias e projetos que transformem de verdade a vida de nossa gente. É claro que o meu vice será alguém alinhado com esse pensamento. Sempre tive um bom diálogo com as mais diversas correntes políticas e hoje tenho boa interlocução tanto com o governo federal quanto com o governo estadual. Me sinto preparado para liderar essa mudança que Maceió precisa. Agora, eu quero reafirmar que as alianças políticas são muito bem-vindas, mas a principal aliança é com o nosso povo.

Qual seria o perfil de uma eventual gestão de Davi Filho na prefeitura? Davi Filho – Acho que a minha grande missão é transformar a Prefeitura de Maceió em uma prefeitura que olhe, sobretudo, para as pessoas que mais precisam. E para cumprir essa missão vou reunir os melhores quadros, gestores com perfil técnico, mas também com olhar social. Como deputado sempre fiz uma política de corpo a corpo, próximo à população. Como prefeito isso vai continuar, pode ter certeza: o meu gabinete serão as ruas de Maceió.

Calendário eleitoral A seguir o calendário Eleitoral a ser cumprido por coligações, partidos e candidatos até as eleições - 31 DE AGOSTO A 16 DE SETEMBRO: realização das convenções partidárias para definição de coligação e escolha dos candidatos. As convenções poderão ser por meio virtual. - 26 DE SETEMBRO: último dia para registro das candidaturas; início do prazo para que a Justiça Eleitoral convoque partidos e emissoras de rádio e TV para elaboração do plano de mídia. - APÓS 26 DE SETEMBRO: início da propaganda eleitoral, inclusive na internet. - 9 DE OUTUBRO: início da propaganda gratuita em rádio e televisão. - 27 DE OUTUBRO: divulgação de relatórios pelos partidos, coligações e candidatos discriminando os recursos recebidos do Fundo Partidário, do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e outras fontes, bem como os gastos realizados. - 15 DE NOVEMBRO: 1º turno das eleições - 29 DE NOVEMBRO: 2º turno das eleições


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

É preciso agir de setembro a setembro

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mês de setembro é dedicado à conscientização sobre a prevenção do suicídio. E no dia 10 comemorase o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A prevenção ao suicídio deve ser um processo contínuo; durante todo o ano. O Brasil registra cerca de 12 mil suicídios por ano. No mundo são cerca de 900 mil. A faixa etária entre 15 e 29 anos é a que registra o segundo maior índice de casos no mundo, perdendo apenas para os acidentes de trânsito. A população de idosos também tem crescido bastante devido a não valorização dessa população, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil. Boa parte dos casos registrados indicam que

Sinais

A pessoa que pode cometer o suicídio apresenta ou dá sinais de que está passando por um processo ansioso, depressivo e de falta de esperança. Ela demonstra, no dia a dia, frases e comportamentos que podem ser sinais de alerta.

Sinais II

Muitas vezes ela expressa no dia a dia frases do tipo: - “Eu estou dando muito trabalho para a minha família”. – “Eu queria dormir e não acordar mais”. – “A vida só tem problemas”. Essas frases e alguns comportamentos estranhos tipo: começar a praticar atividades perigosas (esporte radical) ou mesmo colidir com veículo (carro ou moto), podem ser sinais de que a pessoa possa estar passando por um processo depressivo e já tenha tentado ou pensando um ato suicida.

a pessoa que comete o suicídio é devido a um problema de saúde mental (transtorno). Depressão, transtorno bipolar e uso de substâncias. Essa percepção tem mudado. Hoje, qualquer pessoa que esteja passando por uma situação emocional fragilizada pode entrar num processo depressivo e cometer o suicídio. O mais importante é que em qualquer situação – com transtorno mental instalado ou não – o suicídio pode ser prevenido. Principalmente quando a família colabora na identificação e no tratamento a que a pessoa pode se submeter. Assim, é preciso agir de setembro a setembro para que os índices possam ser reduzidos.

Fala / Pensa / Planeja

A pessoa que está num processo de pensamento suicida pode apresentar um conjunto de sinais articulados. Primeiro ela fala sobre os problemas; num segundo momento ela pensa de que forma e num terceiro momento ela já indica – com atos – como pode planejar o suicídio. O mais importante é identificar que a pessoa esteja numa dessas fases para que seja abortada a intenção dela de praticar o ato. Em qualquer fase é possível bloquear a intenção da pessoa. É necessário que a pessoa seja convencida por um colega, amigo ou familiar para procurar ajuda de um psicólogo. É preciso que ela seja convencida de que qualquer que seja o problema que ela está enfrentando tem solução.

Sentimento ambivalente

Ação Chega sempre a hora em que não basta apenas protestar: após a filosofia, a ação é indispensável. (Victor Hugo)

de ajuda. Nesse momento há um profundo isolamento de todos. É preciso convencê-la de que não é nada demais procurar ajuda de um psicólogo.

Ajuda

A ajuda pode ser para um ambulatório que disponibiliza do profissional de psicologia. Pode ser um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Centro ou Unidade de Saúde, Hospital Geral do Estado (HGE) e também as Organizações Não Governamentais (ONG), como o Centro de Amor à Vida (Cavida), Centro de Valorização da Vida (CVV) e também a Acolha-me. É preciso que a pessoa seja escutada sem nenhum tipo de julgamento, por mais que o problema que ela apresenta alguém ache que seja uma “tolice” ou uma “besteira”. Não é. Para ela é um grande problema e precisa ser respeitado.

Em qualquer fase do processo depressivo ou de um transtorno que a pessoa esteja passando, ela apenas quer o fim da dor e não a tirar a própria vida.

4Ds

Quando a pessoa está num sofrimento psíquico ela apresenta alguns sentimentos muitos claros e que precisam ser observados por colegas, amigos e familiares. Ela apresenta DESESPERO, ou seja, não sabe resolver um problema (pressão de trabalho, faculdades, com o cônjuge ou com um familiar). Pode expressar também DESAMPARO, isto é, sente-se desamparada por todos: colegas, amigos e familiares. Sente também uma profunda DESESPERANÇA de vida. E nesse momento pode entrar num processo de falar, pensar e planejar o suicídio. Nesse momento o processo de DEPRESSÃO já está instalado, o que requer que os colegas, amigos e familiares possam acolhê-la, principalmente, sugerindo e convencendo-a de que precisa

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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Um preço muito alto

ELIAS FRAGOSO n Economista

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m junho deste ano, quando governo federal e parte do “mercado” apregoavam uma queda do PIB para o segundo trimestre na faixa de 5%, nós alertávamos aqui nesse espaço que a coisa tendia na verdade para algo em torno de -10%. Fatal: deu -9,8%, a maior queda do PIB em todos os tempos. Pior, o IBGE esta semana revisou para baixo os dados relativos ao PIB do primeiro trimestre de -1,5% para -2,5%, o que desnudou a falácia do ministro Guedes de que o país estava “arrancando” para um robusto crescimento no início do ano. Fake news.

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A queda do PIB nos dois primeiros trimestres de 2020 colocou o país em situação de recessão técnica. Dada a magnitude do tombo de mais de 12% no semestre, mesmo que o país cresça entre julho/dezembro os 5% positivos projetados pelos especialistas (a meu ver, não passa de 3,5%), ainda assim o PIB de 2020 será 6% menor que o de 2019 e 11% menor que o de 2014! Navegamos 6 anos para voltarmos aos números do petismo ladravaz. Caminhamos para uma depressão – algo muito mais grave que uma recessão – que é quando um país vivencia longo período de desemprego em massa (desde 2014, o Brasil tem mais gente sem trabalhar do que trabalhando); forte aumento de falências de empresas (nos primeiros 6 meses de 2020 foram fechadas mais de 716 mil empresas e há grande número delas em situação pré-falimentar); baixo nível de produção (60% da indústria opera com capacidade ociosa superior a 40%) e o nível de investimento do país cai fortemente (é o menor dos últimos 50 anos, num gap cres-

cente em relação aos países emergentes que investem o dobro, por exemplo). Também contribuem diretamente: o desarranjo das contas governamentais (o país, quebrado, precisa de fortes reformas econômicas que não irão ocorrer com este governo); a insegurança jurídica e política dos credores do país (para cada 1 dólar emprestado recebe de volta U$ 0,13 em média após 4,5 anos de litígio nos tribunais); o crescente aumento da desigualdade de renda (apenas 6 pessoas no Brasil detêm renda igual à dos 100 milhões de brasileiros mais pobres deste país, o que reduz fortemente o poder de compra dos nacionais), etc. E nesse imbróglio, entra a variável política de um país rachado (40%/60%) quase que ao meio. Não vamos nos safar de problemas dessa magnitude com discursos sonháticos do ministro da Economia (“vamos crescer em V”) insinuando uma retomada que não haverá, e menos ainda, com um presidente cujos dois únicos focos são livrar a

sua cara e dos filhos do criminoso esquema das rachadinhas e a sua reeleição, não importa a que preço. Da sua perspectiva o que lhe interessa é que o ministro da Economia, agora travestido de animador de auditório, invente a quadratura do círculo, como bem afirmou editorial do jornal o Estado de São Paulo, de modo a atender suas demandas demagógicas, “num Orçamento cada vez mais apertado, pois assim entende que ganhará o apoio popular de que necessita para atravessar a crise, enfrentar questionamentos sobre milícias, cheques e rachadinhas e tentar tomar o lugar de seu antípoda Lula da Silva como generoso pai dos pobres”. O velho, arcaico e funcional populismo que desde sempre elegeu e reelegeu corruptos, ladrões e os batedores de carteiras identificados pelo codinome de baixo clero do Congresso Nacional. E isso é tudo o que não se deve fazer pelo nosso futuro enquanto Nação. O país irá pagar muito alto por essa desventura.

bre, vindo exatamente do nome que deu a sua empresa. Figura alegre, bom papo sempre misturando espanhol com o português com sua voz gutural, logo conquistou a amizade da moçada da época. Sua primeira loja foi instalada entre a Praça Sergipe e a Embratel. Sabia o número pois em uma publicidade no rádio gravada por ele próprio, com sua inconfundível voz, dizia: “Hombre, moda masculina. Av. Moreira e Silva, número tal”. Depois, instalou-se no então Hiperbompreço da Gruta, quando nos encontrávamos para bons papos regados a uma boa cerveja. Certa feita, fomos comer um galeto na Churrascaria Três Irmãos, do nosso amigo Carlinhos, falecido recentemente. Corria um bom papo - e o Hombre é muito bom nisso - quando veio o som de um urro de leão. Como o televi-

sor do salão estava ligado, mas sem estar voltado para ele, de pronto disse-me: “Isto é filme de Tarzan?”. De pronto olhei para a tela e vi que não se tratava de Jane nem Tarzan. Era outra coisa, totalmente diferente. Foi quando lembrei que o Carlinhos tinha um leão aprisionado em jaula nos fundos da churrascaria. Disse ao Hombre do que se tratava e narrei um fato de que tive conhecimento envolvendo Carlinhos e seu leão. O longo convívio fez com que seu dono conseguisse acariciar sua juba sem nenhum problema. E isso se tornou um hábito até o dia em que, ao colocar o braço para dentro das grades, o felino abocanhou seu braço e, para sorte dele não o arrancou. Ficou apenas segurando com suas grandes presas. Angustiado e sem saber o

que fazer, apenas chamava seu nome que, se não me engano, era Nero. E apelava: Nero pra lá, Nero pra cá, meu bichinho, meu amigo, e a fera não largava seu membro. Quem o salvou de tal sofrimento foi seu cozinheiro. Informado do aperto pelo qual passava seu patrão, foi pelo lado posterior da grade e passou o facão de cozinha pelos ferros, chamando a atenção do animal. Automaticamente, a fera largou o braço de nosso amigo e correu para receber aquilo que sempre vinha após aquele som: sua comida. Após contar essa historinha, pagamos a conta e convidei o Hombre para conhecer o Nero. Quando me dirigia para os fundos do restaurante, voltei-me para falar com meu amigo. Lugar mais limpo, Rettore tinha tomado caminho inverso.

Caminhamos para uma depressão – algo muito mais grave que uma recessão – que é quando um país vivencia longo período de desemprego em massa (desde 2014, o Brasil tem mais gente sem trabalhar do que trabalhando).

O urro do leão

JOSÉ MAURÌCIO BRÊDA n Economista

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e se falar pelo seu nome de batismo, ainda hoje, poucos saberão identificá-lo. Parece-me ter dado com os costados por essas plagas na segunda metade do século passado. É argentino da gema. Com o advento de sua loja especializada em roupas para homens, ainda em atividade nos principais centros de compra, Luiz Rettore rendeu-se ao apelido de Hom-

Certa feita, fomos comer um galeto na Churrascaria Três Irmãos, do nosso amigo Carlinhos, falecido recentemente. Corria um bom papo - e o Hombre é muito bom nisso - quando veio o som de um urro de leão.


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Um grande susto

ALARI ROMARIZ TORRES

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n Aposentada da Assembleia Legislativa

uma bela manhã de domingo recebemos a notícia de que nossa igrejinha, em Paripueira, reabriria as portas e haveria missa dominical. Felizes, saímos de casa para agradecermos a Deus por termos sobrevivido aos quatro meses de pandemia. Mas, o homem de lá de cima resolveu mudar nossa rotina: meu marido passou mal e fomos parar na emergência da Santa Casa. Uma semana de luta, exames, médicos, enfermeiros e voltamos para nosso paraíso menos preocupados.

Caímos na dura realidade: nada sabemos de nossas vidas. Somos regidos por forças superiores e tudo se modifica em questão de segundos. Mas Deus nos ajudou e o resultado não foi tão triste. Comecei a lembrar de fatos ocorridos durante tantos anos em nossa passagem pela terra. Em 1979, morávamos no Rio de Janeiro e fomos chamados às pressas para Maceió. Meu pai tinha tido um derrame. Chegamos num dia e no outro ele faleceu. Entristecidas, eu e minhas irmãs, voltamos para nossas cidades. Em 1981, residíamos no Recife e nossa mãe, com 60 anos, faleceu com problemas de fígado. Mais uma vez, voltamos a Maceió, para enterrar aquela que nos deu a vida. Essas pancadas que recebemos servem para nos mostrar que não somos quase nada no tempo terreno. Precisamos aproveitar cada momento, curtir bem os entes queridos, porque, de repente, algo de grave acontece. Muitas vezes valorizamos coisas pequenas, perdemos tempo com bobagens e deixamos o tempo passar bem depressa.

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Estivemos seis dias no hospital e não recebemos visitas de parentes e amigos por causa da pandemia. Apenas um amigo querido, quase filho, veio visitar Rubião, ultrapassando todas as barreiras do momento angustiante porque passamos. Dois filhos chegaram de outros estados para apoiarem os pais idosos, mas nem puderam entrar no hospital. Deram-nos apenas ajuda logística. Os outros dois, sempre atentos aos acontecimentos, telefonavam todos os dias. Isso tudo me vem à lembrança, verificando como a covid-19 alterou a vida de todos nós, pelo mundo inteiro. Preocupava-me o receio de não poder ficar com meu marido no hospital. Graças a Deus me deixaram entrar e de lá só saí com ele. Ouço, pela imprensa, diversos comentários de pessoas que perderam parentes e algumas nem souberam o verdadeiro dia da morte da mãe, do pai, ou de outro qualquer amigo durante esta pandemia. Como o brasileiro é uma criatura sentimental, pensa em acompanhar os seus numa doença séria.

Uma amiga minha, psicóloga, disse-me que durante esse tempo de coronavírus sua clientela dobrou por vários motivos: isolamento social, medo de contágio e, principalmente, ver um ente próximo entrar no hospital, sem direito de receber visitas ou de um acompanhante. Virou um problema sério, levando pessoas à terapia. Interesso-me por fatos que alteram nosso dia a dia e essa história de abandonar nossos doentes mexeu muito comigo. Graças a Deus nosso caso ocorreu numa fase boa da pandemia. Daí, começamos a pensar na fragilidade da criatura humana. Basta um vírus invisível para transformar o modo de viver do mundo inteiro. Não podemos beijar, abraçar, fazer um carinho e muito menos enterrar dignamente nossos mortos. Deixemos nossa vaidade para trás e raciocinemos da seguinte maneira: vivamos bem o dia de hoje, pois quando morrermos não escolheremos nem a roupa que iremos usar. Deus na causa!

Deixemos nossa vaidade para trás e raciocinemos da seguinte maneira: vivamos bem o dia de hoje, pois quando morrermos não escolheremos nem a roupa que iremos usar.


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A arrogância na política (II)

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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á alguns poucos anos, neste mesmo espaço, escrevi artigo sob esse mesmo título (sem o numeral romano). Discorri sobre a arrogância com que alguns políticos tratam a coisa pública. Moveume a crítica, então, o fato de que alguns dos próceres deste País consideram res privata a res publica. E não são poucos esses alguns. Pior! Entram governos, governantes saem, e ainda as-

sim nada muda. A arrogância, agora, tentou o prefeito Marcelo Crivella, bispo de profissão religiosa entrado na política. Ignorando toda a sensatez que se devia esperar de um líder religioso, mesmo exercendo qualquer atividade paralela, utiliza-se do erário para criar, no Rio de Janeiro, grupelho denominado “guardiões”, cuja função única diária é cercear a atividade da imprensa na frente dos hospitais municipais cariocas, impedindo, de forma grosseira, que pessoas utilizem veículos de imprensa para exercerem o sagrado direito de crítica a sua pessoa e à administração que preside. Ao ver o noticiário do fato, fiquei a imaginar se o ilustre prefeito não teria uma assessoria para alertá-lo da afronta à Constituição Federal que sua pretensão efetivava, além de crimes comuns que praticava. Ou talvez mesmo alertado fez o que

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os antigos denominavam “ouvidos de mercador”. O exemplo do prefeito carioca não é isolado. Longe de ser exceção, é réplica do que vêm fazendo de há muito outros prefeitos, governadores, e até presidentes da República, todos que haviam jurado respeitar e defender a Constituição. Ainda estão vivas em nossas mentes as entrevistas do presidente Bolsonaro, distribuindo agressões verbais, e até ameaças físicas, a jornalistas que “ousam” criticá-lo ou lhe fazer perguntas ácidas. Não esqueçamos, também, o uso do erário federal para comissionar pessoas que lhe dão apoiamento político, ou lhe são simpáticas, para difundir notícias falsas, as conhecidas fake news, contra seus adversários, ou favoráveis ao tosco grãomestre. Essas anomalias se repe-

tem em prefeituras e governos estaduais, sob o beneplácito da nossa omissão, embora a gravidade dos fatos. Importante termos em vista que, apesar do extenso uso de servidores comissionados, todos bem remunerados pelo Tesouro, são absolutamente desnecessários ao serviço público. São tantos, que os governantes se dão ao luxo de dispensá -los de qualquer trabalho ou prestação de serviço ao povo, até mesmo porque não têm a mais mínima função na máquina estatal. Enquanto isso, temos que aturar uma equipe econômica que, embora tenha pretensões corretas de corte de gastos, é conivente com seus chefes e visa, até com certo prazer, o funcionalismo público efetivo, esse sim necessário à máquina administrativa. Até quando?

Ainda estão vivas em nossas mentes as entrevistas do presidente Bolsonaro, distribuindo agressões verbais, e até ameaças físicas, a jornalistas que “ousam” criticá-lo ou lhe fazer perguntas ácidas.


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#SUAATITUDESALVA

Série de lives encerra mês contra violência doméstica Profissionais falam dos grupos de apoio e da importância de denunciar o agressor MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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o Agosto Lilás, mês de conscientização pelo fim da violência contra a mulher encerrado na última segunda-feira, o Ministério Público de Alagoas (MP/AL) promoveu uma série de lives para chamar a atenção sobre violência doméstica e familiar contra a mulher. Com o slogan #SuaAtitudeSalva, a campanha do MP ganhou vários adeptos. Prova disso é que o evento virtual “A violência sexual contra a mulher nos moldes da Lei Maria da Penha e a assistência às vitimas”, realizado na semana passada, foi bastante concorrido. Nele, a promotora de Justiça e coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher do MP (Nudemp), Hylza Torres, e as psicólogas Camille Wanderley e Regina Japiá apresentaram números, falaram dos grupos de apoio às vítimas e da importância de denunciar o agressor. A promotora Hylze Torres expos um resumo da campanha de 2020 que mostra várias maneiras de a mulher e outras pessoas, inclusive de forma anônima, denunciarem os agressores. Ela relembrou que a violência familiar contra a mulher envolve diversos tipos de crimes. “Temos a violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral”. E alertou que o assunto é complexo e delicado, pois além de ser um crime de cunho sexual, deixa a mulher bastante abalada.

violência, já que até então essa política no estado foi tão negligenciada. A psicóloga relembra o estudo mundial que aponta que em 2017 uma a cada 3 mulheres no mundo sofre algum tipo violência doméstica ou sexual. Na mesma pesquisa, 30% das mulheres que tiveram qualquer tipo de relacionamento colocam que sofreram algum tipo de violência. No Brasil, no período de pandemia, os estes dados se apresentam de forma diferente porque teve uma diminuição no número de ocorrências por conta do isolamento social, mas um aumento no atendimento no 180. O relato pode ser confirmado no Fórum Brasileiro de SeApp Proteção Mulheres: qualquer pessoa pode denunciar violência gurança Pública, que apontou um aumento de 22,2% nos números de violência letal entre A campanha deste ano chegará ao promotor competen- os meses de março e abril, se também apontou o aumento te, através da ouvidoria, e ele comparado ao mesmo período do crime de violência domésti- (promotor) terá as atribuições de 2019. Em Alagoas, somente ca contra a mulher nesse mo- dele e fará tudo que estiver dis- na capital, as três promotorias mento de pandemia, onde ela é ponível para que essa denúncia de Justiça com atribuições para isolada com esse agressor. Por seja verdadeiramente encami- atuar em casos enquadrados isso, a importância de quebrar nhada até que seja completada na Lei Maria da Penha fizeram o silêncio de violência a que toda parte de denúncia e as pro- cerca de 4.105 peticionamentos ela se submete denunciando vidências sejam tomadas. em processos ano passado. E, o agressor, fazendo com que a Alertou, ainda, que caso a agora em 2020, entre os meses essa situação de violência seja violência esteja sendo realizada de janeiro e julho, foi requerida dada um basta. Para tanto, diz no momento, basta discar para a instauração de 784 inquéritos a promotora, a mulher precisa o 190 - que é da Polícia Militar, policiais. Além disso, 512 mediter atitude de mudar de vida, o 180 da ouvidoria nacional e das protetivas foram requisitade mudar essa situação que se outros canais como TJ, OAB, das ao Poder Judiciário e mais encontra, sabendo que ela pode Defensoria Pública, Polícia Ci- 223 denúncias ajuizadas contra ser feliz novamente, ter novas vil. agressores. conquistas, novos sonhos, novas Psicóloga e coordenadora A psicóloga Regina Jepiá, esperanças. da Rede de Atenção da Vítima que atua no programa da pes“Lançamos em abril e maio de Violência Sexual no estado soa vítima de violência sexual, desse ano o aplicativo Proteção de Alagoas, Camilly Wander- alerta para os cuidados que as mulher, que é um aplicativo de ley falou que a rede (criada em pessoas devem ter ao trabalhar denúncia contra a violência à 2018) vem se estruturando den- com este público, apontando mulher. Ele pode ser utilizado tro do setor de saúde no intuito 10 tópicos importantes para o por qualquer pessoa, inclusive de promover a qualificação dos trato com essa clientela. Segunde forma anônima, para relatar pontos de assistência, seja da do a profissional, estatísticas o fato, pedir medida protetiva, atenção primária, média ou de mostram que mais de 70% de anexar fotos, vídeos. Isso é de alta complexidade para poder pessoas que vivem em situação fundamental importância, prin- acolher essa vítima da melhor de violência têm grande dificulcipalmente porque ele abrange forma possível, para que possa dade de denunciar, procurar todo estado de Alagoas”, disse dar um atendimento humani- ajuda. “Quanto menos acesso, ao acrescentar que a denúncia zado e integral a essa vítima da mais vulnerável ela é”.

AUTONOMIA FINANCEIRA

Outra preocupação do MP é com a autonomia financeira da mulher vítima de violência doméstica e familiar. A promotora de Justiça do MP de São Paulo, Gabriela Mansur, e a pedagoga Luiza Jaborandy se uniram aos membros do MP de Alagoas para falar sobre o tema. Gabriela Mansur iniciou os trabalhos falando da admiração pelo trabalho desenvolvido pela promotora de Alagoas, Maria José Alves, que muito a inspirou e ensinou. destaca que atualmente existem homens que são grandes apoiadores no combate à violência contra a mulher. Para ela, quando se luta pelo fim da violência contra a mulher, deve levar em conta que existem mulheres que são realizadas profissionalmente, que buscam seu espaço, sua independência financeira e essas tem mais condições de não entrar ou até de sair de um relacionamento abusivo, já que tem a base fortalecida. Além de ajudar outras mulheres impedindo que continue nesse ciclo da violência, rompa o silêncio e busque seu lugar ao sol. Mansur dá uma dica para as mulheres ao aconselhar que trabalhem, estudem, corram atrás de seus sonhos, se unam a outras mulheres para fazer a diferença na sua vida e na vida de outras pessoas. “Isso pra mim já é 30, 40% de uma segurança que essa mulher não passará por violência doméstica ou qualquer violência de gênero ou, se passar, saberá enfrentar melhor”. A pedagoga Luiza Jaborandy com experiência do projeto Mulheres Mil, lembrou que na questão preventiva, que é a educação, pouco tem sido investido. “É a educação que eleva a autonomia, a autoestima e a elevação da escolaridade dessas mulheres. Alagoas assume em números absoluto o primeiro lugar em analfabetismo no país e a classe de jovem e adulto assume 17% de analfabeto. E essa população está mais exposta à vulnerabilidade que a que não é analfabeta. E a mulher analfabeta também está mais vulnerável. A educação é a base de tudo”.


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ENGENHARIA DE VIDA

Obra visa autoconhecimento para construção de sonhos

Novo livro de Ronaldo Patriota busca contribuir com quem tem dificuldades em saber o que quer ou não sabe como chegar ao seu objetivo e conquistar mais qualidade de vida ASSESSORIA

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s restrições necessárias contra o avanço do novo coronavírus, como fechamento de estabelecimentos não essenciais, incluindo bares, restaurantes e até mesmo escolas, vêm provocando graves consequências econômicas e potencializando a desorganização de projetos pessoais e situações financeiras de muitos brasileiros. Enquanto alguns ainda tentam se recuperar do impacto no bolso, muitos seguem perdidos, sem nem mesmo saber por onde começar para se reerguer. E um lançamento nesta sextafeira (4) pode ser perfeitamente o guia moral e prático para este momento de reconstrução. Quem garante esse elo entre o início de uma nova oportunidade – planejada – e a conquista de um objetivo de vida é o engenheiro civil, coach e vice -presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) Ronaldo Patriota, que lança, às 18h30, no Clube de Engenharia de Alagoas, a sua obra Engenharia Vida: Como usar estratégias da engenharia e construir a melhor existência possível. SUCESSO O livro de Patriota é uma obra sensível, poética e ao mesmo tempo extremamente atual e objetiva, que busca nortear o seu leitor em questionamentos que identifiquem nossos desejos – para os duvidosos e inseguros – e iniciar a caminhada em busca dos objetivos de vida. O autor da obra afirma que

o livro explora o autoconhecimento de cada ser. “A importância de cada pessoa saber identificar o que deseja para si, como planejar, traçar metas e executá-las é a construção que o livro oferece para o leitor”, diz. Patriota ainda complementa que a obra, que vinha sendo escrita desde 2017, é uma contribuição deixada para a sociedade, em especial às pessoas que carregam consigo dúvidas e dificuldades em se organizar ao ponto de garantir o sucesso. “No livro, trabalho para fazer o leitor encontrar a sua essência. É por meio dos questionamentos que conseguimos compreender nossos desejos. Como também é por meio de nossos sentimentos que garantimos forças e vontades para ter uma vida harmônica e de vitórias”, explica. O método Engenharia de Vida conta histórias, parábolas, lições e oferece conselhos de como organizar a vida em todos os seus aspectos. Ronaldo nos brinda com um verdadeiro manual sobre como construir uma vida sólida e indestrutível nas mais distintas esferas que a alicerçam. “O que está no passado foi concretado, endureceu, gerou aprendizado e passou. O futuro é só uma ideia no papel à espera de que a pessoa possa criá-lo e executá-lo, como fazem os bons engenheiros de vida”. O engenheiro José da Silva Nogueira Filho, 1º vice-presidente da Federação das Indústrias de Alagoas, afirma que Patriota cria uma metáfora poderosa para explanar sua meto-

SOBRE RONALDO PATRIOTA

Engenheiro civil e coach, Ronaldo Patriota lança novo livro nesta sexta dologia. “Seu método foca na introdução de mudanças positivas e efetivas em busca da realização dos sonhos de cada um. A leitura de Engenharia de Vida trará reflexões e transformações na vida de todos”, conclui Nogueira Filho. Lançando mão de conceitos utilizados na engenharia, ele pavimenta o caminho para que o leitor possa aproveitar ao máximo as dicas pessoal e profissionalmente. Muito mais do que lições, o autor propõe uma verdadeira mudança de mindset, mostra como a mente é a grande responsável pelas conquistas de cada um.

Ele também passeia pelo coaching, pela PNL e propõe um plano prático para que já comece a realizar transformações e possa acompanhar os resultados. Suas ferramentas ainda têm o intuito de preparar e blindar o ânimo face aos desafios enfrentados na jornada. O coach também mostra soluções ao contar histórias com humor. Conversas entre personagens que criam um bate-papo descontraído. “O leitor, sem perceber, acaba sendo levando para um processo de reflexão, que vai se questionando com o objetivo de mudança e traçar suas próprias metas”, acrescentou Ronaldo.

Formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Alagoas, Ronaldo é empresário da construção civil com mais de 30 anos de experiência em obras públicas e imobiliárias. Por seis anos presidiu o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL) e também já foi presidente do Sindicato da Indústria do Estado de Alagoas (Sinduscon). Coautor do livro Realizar: o modo coaching de alcançar objetivos pelo IBC, Patriota ainda é autor de dois e-books com os temas Como acelerar seu desenvolvimento profissional e Como fazer seu negócio decolar. Tem experiência como palestrante e coach financeiro, transformando a vida de mais de 3.000 pessoas. Atualmente, o mentor coach possui um programa especial voltado para o desenvolvimento pessoal de engenheiros, com o objetivo de estruturar as emoções e erguer carreiras e sonhos. Ronaldo já tem em seu currículo mais de 50 palestras e workshops em 2 anos. Já ajudou milhares de pessoas a subirem os degraus do sucesso financeiro e profissional, iniciando um projeto de Mentor Coach para engenheiros. SERVIÇO Lançamento O quê: Engenharia de Vida, de Ronaldo Patriota Quando: Sexta-feira, 4 de setembro no, às 18h30 Onde: Clube de Engenharia - Rua Capitão Samuel Lins, 11 - Farol, Maceió


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Limpa nomes

Auxílios negados

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O Ministério da Cidadania fez um acordo com a Dataprev e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para dar mais eficiência e celeridade aos processos de contestação do auxílio emergencial. Na prática, a ideia é agilizar os processos de quem teve o benefício negado. O documento prevê a integração de dados entre os poderes Executivo e Judiciário, possibilitando aos juízes o acesso às informações que resultaram no processo de indeferimento do benefício.

feirão Limpa Nome Serasa, que permite a renegociação de dívidas online, foi prorrogado até o dia 8 de setembro. De acordo com a empresa, o feirão oferece até 98% de desconto em dívidas que vão de R$ 200 a R$ 1.000, permitindo que as mesmas sejam quitadas por R$ 100. As ofertas são válidas para clientes com débitos em empresas como Tricard, Recovery, Ativos, Itapeva, Credsystem, Avon, Pernambucanas, Casas Bahia, Ponto Frio, Anhanguera, Unopar, Pitágoras, Unime, Iuni, Uniderp, Unirondon, Unique, Hoepers, Algar, Calcard e Vivo.

Artistas alagoanos Alagoas foi o segundo estado do País que mais inscreveu artistas para receber auxílio de R$ 600 através da Lei Aldir Blanc, sancionada há dois meses. De acordo com os dados, 4.153 artistas alagoanos se cadastraram, seguido de Rondônia, com 3.257. Minas Gerais encabeça a lista com 4.378. Além do auxílio emergencial para artistas, o dinheiro pode ser usado em subsídios à manutenção de espaços artísticos e em instrumentos como editais e chamadas públicas.

Conta Digio O banco digital Digio pode ser o próximo a ganhar compatibilidade com o serviço de pagamentos Apple Pay, do iPhone. Conforme apontado pelo site MacMagazine, ao tentar vincular um cartão de crédito do banco ao aplicativo da maçã, o cliente tem acesso aos termos e condições de uso. Apesar da novidade, os correntistas ainda não conseguem usar os cartões Digio no Apple Pay. Conforme relatado por usuários, ao tentar adicionar um cartão, o serviço exibe uma mensagem de erro.


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NO PAÍS DAS ALAGOAS

TEMÓTEOCORREIA

n Ex-deputado estadual

Por um detalhe Wellington perdeu a eleição Wellington Salgado, ex-senador por Minas Gerais, dono de uma das maiores universidades particulares de seu estado e detentor de um invejável patrimônio, procurou o senador Renan Calheiros, seu amigo, para se aconselhar sobre a estratégia e gestão de sua campanha eleitoral para deputado federal em seu estado. Queria saber sobre a estrutura de marketing e gestão. Falou do orçamento e possíveis gastos. O deputado Olavo Calheiros, que estava ao lado, antecipou-se a Renan e manifestou a sua opinião sobre o que acabara de ouvir: - Olha, Wellington, lá em Alagoas existe um camarada que, administrando toda essa dinheirama, levará você à Câmara federal com a maior votação de Minas. Chama-se Neno da Laje. Renan esbugalhou os olhos. Salgado, percebendo a reação de Renan, resolveu escolher outra estratégia que não a de Olavo. Neno, numa sala próxima, ouvindo tudo, ficou a lamber os bei-

ços. Salgado não acolheu a sugestão alagoana e perdeu a eleição. Moral da história: a sutileza da expressão facial do senador Renan Calheiros, provavelmente, fez com que Neno da Laje deixasse de ganhar um bom BDI, que na linguagem técnica da construção civil significa: benefícios diretos e indiretos mais lucros. E, Salgado, quem sabe, poderia ter conquistado o almejado mandato de deputado federal por Minas Gerais.


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FERNANDO CALMON Mercado cai em agosto menos que o esperado

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o contrário de previsões catastróficas de queda de vendas de veículos em 2020 em razão da pandemia e do isolamento social, o cenário do mercado brasileiro no mês passado apontou um quadro menos ruim que o esperado. Pelo critério mais preciso de vendas diárias, que ameniza distorções sazonais como dias úteis, agosto deste ano apresentou redução de 21% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação que considera o mês corrido a queda foi de 24,8%. Nos oito primeiros meses de 2020 e 2019 as vendas encolheram 35,7%, 10 pontos percentuais abaixo do que muitos pensavam. Não se trata aqui de “comemorar” uma possível queda de 20% de 2020 sobre 2019, no final do ano, mas sim que em 2021 há grande possibilidade de se repetirem os números de 2019. Os presidentes da BMW, Aksel Krieger, e da Nissan, Marco Silva, admitiram serem estas as suas previsões para as respectivas marcas, durante o evento on-line #ABPlanOn, organizado pela Automotive Business na semana passada. Os pessimistas achavam que só em 2025 poderíamos voltar ao patamar de 2019, o que sempre achei um exagero e um cenário bastante improvável. Os 10 modelos mais vendidos no mês passado foram, de acordo com a Fenabrave: Onix hatch, HB20 hatch, Ka hatch, Strada, T-Cross, Gol, Argo, Renegade, Kwid e Toro. Acompanhar o vai-e-vem dos números de curto prazo é como mirar a árvore e não a floresta, em momentos de volatilidade como os atuais. Muitas vendas ficaram represadas, fábricas voltaram a operar de forma lenta e em ritmos diferentes dependendo da região do País. Só em meados deste semestre o desempenho de cada modelo tende a se consolidar, considerando lançamentos recentes e os próximos. O Nivus, por exemplo, ainda está em fase de aceleração de produção como acontece com todo modelo novo. O que vem influenciando o mercado é um movimento defensivo e de antecipação de compras por parte dos compradores em relação à alta do dólar frente ao real. Óbvio que isso aconteceria com modelos importados e até os nacionais porque nenhum veículo fabricado aqui tem 100% de peças locais. Os modelos usados estão dando sustentação a esta queda menor que o esperado. Outro indicador positivo: percentual de 70% de fichas de crédito aprovadas retoma os níveis de janeiro, de pré-pandemia. Em agosto a VW voltou a liderar o segmento de automóveis e comerciais leves, seguida de perto pela Fiat, que também ultrapassou a GM. No acumulado dos oito primeiros meses de 2020, a empresa americana ainda está à frente, porém tecnicamente empatada com a alemã: 17,4% contra 17,3%. A italiana vem em terceiro com 15%.

n fernando@calmon.jor.br

INTEGRAÇÃO FCA E PSA AVANÇA COM RAPIDEZ Antes mesmo de concluída a fusão FCA e PSA, prevista para o primeiro trimestre de 2021, a Stellantis toma decisões estratégicas ainda não anunciadas oficialmente por questões legais. Mas o site Automotive News Europe teve acesso a um comunicado recente da FCA que pedia aos fornecedores para suspender todos os investimentos em carros compactos (no Brasil, o segmento mais vendido). Dessa forma o sucessor do Punto, que saiu de produção na Europa em 2018, terá a mesma arquitetura CMP utilizada pela PSA nos Peugeot 208 e 2008 (ambos reservados para produção na Argentina), DS3 Crossback e Opel/Vauxhall Corsa e Mokka. Uma das grandes vantagens da CMP é terem sido previstas motorizações térmica, híbrida e elétrica, o que significa redução substancial

de custos e assim se adaptar a demandas de diferentes continentes. A lógica da fusão de marcas francesas, italianas e alemãs é a escala de produção. Na América do Sul isso também ocorrerá em médio prazo. Além do 208, do 2008, do futuro SUV compacto da Citroën na fábrica de Porto Real (RJ) previsto para meados de 2021, os sucessores do Argo e de seu SUV-cupê (este no final de 2021) poderão compartilhar a mesma arquitetura CMP. Outra integração considerada certa são os motores Firefly turbo de três e quatro cilindros, produzidos em Betim (MG) pela FCA para Fiat e para Jeep no ano que vem, também estarem nos Peugeot e Citroën fabricados tanto no Brasil quanto na Argentina, em até dois anos.

MITSUBISHI AMPLIA OPÇÕES DA L200

A partir da segunda quinzena deste mês, a linha de picapes médias L200 passa de cinco para oito opções. A L200 Sport teve a dianteira completamente redesenhada com certo exagero de cromados, porém estilo ousado o diferencia dos principais concorrentes. Faróis são de duplo LED, na versão mais cara. As lanternas traseiras impressionam bem.

Motor turbodiesel não mudou (190 cv e 43,9 kgfm), porém a caixa de câmbio agora é de seis marchas (cinco antes). Há quatro opções de tração, sendo três 4x4, incluindo sistema ativo de controle de tração. Oferece sete airbags de série, alerta de ponto cego e frenagem autônoma. O ar-condicionado (bizona na frente) tem saídas pelo teto para o banco traseiro. Multimídia JBL de 7 pol. integra-se a celulares de qualquer marca. Preços: R$ 188.990 a R$ 232.990. www.fernandocalmon.com.br


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

RETA FINAL DOS PLAYOFFS DA NBA

A temporada da NBA vai chegando ao fim e diferente dos últimos anos a incerteza de quem levantará o troféu está presente no território norte-americano. Poucos favoritos, jogos disputados até o último minuto, times sem o apoio das torcidas, é esse o cenário em que a ‘’bolha’’ na Disney se encontra. No lado oeste, as equipes de Los Angeles não tiveram dificuldades na primeira fase dos playoffs. Pela semifinal o Clippers pega o Nuggets e o Lakers enfrenta o Houston Rockets; a expectativa é que aconteça o duelo entre os rivais de LA na final. Caso aconteça será jogão. No lado leste, as semifinais começaram mais cedo. O Miami não tomou conhecimento do líder Bucks e vem dando trabalho para a equipe do atual MVP da liga. A forte defesa e o bom arremesso de três são as habilidades que a equipe da Flórida possui de me-

lhor. Boston e Toronto fazem o outro jogo da semifinal e quem vem levando a melhor é a equipe alviverde. A expectativa é que o atual campeão da liga fique pelo caminho. Palpite para a final: Los Angeles Clippers x Boston Celtics

BAGUNÇA AZULINA

Neymar merece o prêmio de melhor do mundo?

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ão. Para a tristeza de muitos brasileiros que torcem pelo seu futebol, provavelmente o craque brasileiro não será eleito o melhor jogador do mundo este ano. A finalíssima da Champions era determinante para quem iria ficar com o prêmio. O único que poderia tomar inédita a conquista de Neymar era o camisa 9, Lewandowski, que fez uma temporada absurda pelo Bayern, a melhor da sua carreira por sinal, anotando inúmeros gols e sendo decisivo. Assim, depois de levantar o troféu da Champions League ficou mil passos à frente do brasileiro na disputa do ‘‘The Best’’. Falar menos e jogar mais. Foi exatamente o que Neymar decidiu fazer nesta temporada pelo PSG. Sua trajetória no Paris foi muito marcada por lesões e um extracampo polêmico, mas quando o craque brasileiro coloca a cabeça no lugar e foca somente no seu futebol, a história muda de rumo. Diferente de outras temporadas, nessa ele foi líder no vestiário e teve responsabilidade dentro e fora dos gramados. Por fim, vale ressaltar que Neymar fez uma ótima temporada pela equipe parisiense e deve figurar no Top 3 do mundo, mas a derrota custou caríssimo para o atleta.

A vitória do CRB em cima do CSA no último domingo deixou a semana dos azulinos pegando fogo. A torcida azulina não aprovou a vinda do técnico Argel Fucks e ficou revoltada com a contratação. Velho conhecido pelo lado azul e branco, o treinador abandonou o clube alagoano no fim do ano passado faltando três rodadas para o término da Série A, indo para um clube que era concorrente direto do Azulão na briga contra o rebaixamento para segunda divisão. Na porta do Estádio Nelson Feijó alguns torcedores cobraram posicionamento do presidente Rafael Tenório e o circo pegou fogo. A campanha está longe de ser das melhores: o clube marujo venceu apenas uma partida de cinco disputadas, figurando na 17ª posição da tabela.

CRB SEGUE CEDENDO PONTOS PRECIOSOS PARA O ACESSO À SÉRIE A Quando o CRB se guiava para conquistar os três pontos e entrar no G4 da Série B, deu tudo errado. Em mais uma oportunidade, na quarta, 2, cedeu o empate no fim do jogo para o lanterna Sampaio Côrrea. Parece um déjà-vu, mas não é. Sempre que o Galo fica à frente do placar o técnico Marcelo Cabo opta por fazer alterações que deixam o time mais defensivo. Não é de hoje que a torcida alvirrubra vem sofrendo com as bobeadas e apagões no final dos jogos, e para um clube que tem a ambição de disputar a Série A estes pontos perdidos custam caro na reta final da temporada.


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ABCDOINTERIOR Feira de animais

E o prefeito sabe?

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No mesmo ofício, os vereadores foram informados que R$ 1.556.904,95 se refere à ausência de repasse da Educação (FUNDEB 40% e 60%). Daí vem a pergunta: será que o prefeito Ediel Leite tem conhecimento da covardia que estão fazendo com os aposentados? Com a palavra o Ministério Público do Estado de Alagoas.

deputado estadual Ricardo Nezinho (MDB), durante pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa de Alagoas, defendeu a reabertura das feiras de animais no estado por entender que, além de ser uma cultura do nordestino, é uma forma de promover e fortalecer a cadeia produtiva local, integrando diversos criadores que desejam vender e comprar animais, que procedem de todas as regiões de Alagoas, e também de estados vizinhos como Pernambuco e Sergipe, funcionando como um “termômetro” econômico rural.

Débito com INSS

Movimenta comércio “As feiras de animais também movimentam o comércio do município, pois muitos criadores aproveitam para realizar compras nas lojas da cidade, irem a lanchonetes e restaurantes, e o comércio informal de ambulantes também é aquecido, como por exemplo, os vendedores de chapéus, botas e apetrechos de couro para a lida diária com os animais”, ressalta o parlamentar.

Vários municípios

Rombo em Craíbas

Ainda de acordo com o deputado, que recebeu o apoio de colegas parlamentares, em 2019 ocorreram uma média de 500 feiras de animais, citando entre elas as principais de Alagoas, que ficam localizadas nos municípios de Campo Grande, Dois Riachos, Palmeira dos Índios, Arapiraca e São José da Tapera.

Anote aí: o rombo no Instituto de Previdência, Aposentadoria e Pensões dos Servidores de Craíbas pode chegar a R$ 10 milhões. Para se ter uma ideia da traquinagem que a atual gestão está fazendo com os incautos aposentados, de fevereiro a julho deste ano a Prefeitura deixou de repassar para o CraíbasPREV R$ 1.882.287,81.

Guerra em Palmeira Agora é pra valer. A deputada estadual Ângela Garrote é pré-candidata a prefeita e não abre nem para um trem carregado de dinamite com um maquinista maluco fumando charuto. O clima é de tensão. A queda de braço entre a deputada e o prefeito Júlio Cezar vai “estremecer” a cidade que outrora já foi administrada pelo mestre Graciliano Ramos. Após as convenções, bombas e mais bombas devem estourar. Que não sobre para o incauto povo palmeirense, que não anda nada satisfeito com a atual gestão.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Está documentado A informação foi repassada para o presidente da Câmara Municipal de Vereadores, José Sérgio Leandro da Rocha, através do ofício 052/2020, assinado pela diretora-presidente, Claubênia da Silva Barbosa, e pelo diretor-financeiro, Josivan Pereira da Silva.

Diante do rombo na previdência de Craíbas, o chefe do Conselho de Fiscalização do órgão, vereador Auberaldo, pediu informações à Prefeitura sobre o repasse para o INSS dos servidores contratados. Denúncias que chegaram a Câmara informam que a Prefeitura também está em débito com o órgão. “Solicitamos informações e estamos agurdando”, disse o vereador.

Rogério Teófilo A família do saudoso prefeito Rogério Teófilo apresentou prestação de contas do período que ele governou a cidade mais importante do interior alagoano. Seu filho, Moacir Teófilo, disse nas redes sociais que protocolou junto ao Ministério Público do Estado (MPE) e a Câmara de Vereadores um relatório da gestão de 2017/2020. Rogério Teófilo faleceu no último dia 7 de agosto.

Vale Verde A Mineração Vale Verde (MVV) anunciou a interrupção das atividades de sondagem no solo do território remanescente do Quilombo do Carrasco, localizado na zona rural de Arapiraca. A informação foi passada aos moradores da comunidade formada por descendentes de escravos negros durante audiência realizada no povoado.

PELO INTERIOR ... Em Arapiraca, o MDB deve decidir em sua convenção marcada para o próximo dia 15 quem de fato será o candidato do partido para disputar a Prefeitura de Arapiraca. ... Por enquanto, o vice-governador Luciano Barbosa e o deputado estadual Ricardo Nezinho são os nomes que estão à disposição do partido, que deverá mesmo formar uma chapa puro sangue para disputar o pleito. ... A informação divulgada por um blogueiro de que a irmã do deputado Ricardo Nezinho, a advogada Raulene Santos, seria a pré-candidata a vice de Luciano não procede, segundo relato de familiares e correligionários do próprio Ricardo. ... Enquanto a convenção do MDB não acontece, o que existe no momento é o desejo de Luciano e Ricardo de disputarem no próximo dia 15 de novembro a cobiçada cadeira de prefeito da cidade mais importante do interior de Alagoas. ... O recuo da multinacional Vale Verde, que explora minério de ferro em Craíbas, município vizinho de Arapiraca, oficializa o posicionamento que a MVV adotou após denúncia formalizada pela Associação de Desenvolvimento da Comunidade Remanescente de Quilombo do Carrasco contra a mineradora. (Com Fernando Vinicius) ... Duas mulheres acusam o prefeito de Palmeira dos Índios de assédio moral cometido no local de trabalho. Júlio Cezar foi denunciado à Polícia Civil pela ex-coordenadora do setor de licitação do seu governo, no período de 2017 a 2019, a advogada Margareth Alves Costa. ... A pregoeira Luciene Oliveira também se apresenta como vítima do comportamento que registrou em áudio publicado no portal de notícias 7 Segundos, mas recuou após a repercussão do registro com relatos de irregularidades cometidas pelo gabinete e setor administrativos do gestor, que busca a reeleição no segundo mais importante município do Agreste alagoano. ... No registro formalizado por Margareth Alves na quinta-feira passada, 27 de agosto, Júlio Cezar é acusado de assédio moral e sexual, caso que tem acompanhamento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). (Com Fernando Vinicius) ... A todos, desejamos um excelente final de semana, com paz, saúde e alegria. Até a próxima edição!


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MEIOAMBIENTE

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Mais Verde O projeto Alagoas Mais Verde pretende realizar o plantio de mais de 10 mil mudas de espécies nativas em vários municípios. O objetivo do projeto é recuperar as áreas degradadas, seja de Mata Atlântica ou de caatinga. Criado desde 2015 pelo Instituto do Meio Ambiente, o Alagoas Mais Verde já plantou mais de 450 mil mudas.

Frutas geram energia

Desperdício de alimentos

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egundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla do inglês), se o desperdício de alimentos fosse um país, seria o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa depois dos Estados Unidos e da China. Um terço das emissões de gases do efeito estufa no mundo é proveniente da agricultura e 30% dos alimentos que produzimos são desperdiçados — cerca de 1,8 bilhão de toneladas por ano. Se, como planeta, parássemos de desperdiçar comida como um todo, eliminaríamos 8% de nossas emissões totais. É importante lembrar que toda vez que se joga restos de comida fora, não está apenas descartando-se o almoço do dia seguinte — cada garfada foi responsável por emissões de gases de efeito estufa antes mesmo de chegar no prato de cada cidadão.

Benefícios das árvores Não muito tempo atrás, muita gente não tinha certeza se as árvores deveriam ter um lugar nas cidades. Para colher os benefícios das paisagens urbanas, ecologistas dizem que é fundamental que as árvores sejam vistas como mais do que uma mera adição estética às cidades. Isso é especialmente verdade agora que metade da população mundial vive em espaços urbanos – até 2050, estimase que outras 2,5 bilhões de pessoas se mudarão para cidades. Árvores são chave quando se trata de regular os microclimas, filtrando a poluição do ar, fornecendo sombra, absorvendo CO2, ajudando a evitar inundações repentinas. Além disso, atuam como um antídoto importante para o efeito de ilha de calor urbana, que torna as cidades muito mais quentes do que as áreas rurais vizinhas.

As baterias de íon de lítio transformaram a capacidade da população de armazenar e transportar energia e, por sua vez, revolucionaram os dispositivos que são usados. Baterias de celular, de carro, elas estão em diversos equipamentos do dia a dia e com isso sua demanda tende a aumentar. Por isso, um grupo de pesquisadores não está apenas tentando encontrar novas maneiras de fornecer energia aos dispositivos, mas também lidar com o problema do desperdício de alimentos ao mesmo tempo. Vincent Gomes, engenheiro químico da Universidade de Sydney, e sua equipe estão transformando os resíduos da fruta mais fedorenta do mundo, o durião, e da maior fruta do mundo, a jaca, em um supercapacitor que pode carregar telefones celulares, tablets e laptops em minutos. Os supercapacitores são uma forma alternativa de armazenamento de energia. Eles agem como reservatórios, capazes de carregar rapidamente e, em seguida, descarregar energia em rajadas. Eles tendem a ser feitos de materiais caros como o grafeno, mas a equipe de Gomes transformou partes não comestíveis de durião e jaca em aerogéis de carbono - sólidos superleves porosos - com propriedades “excepcionais” de armazenamento natural de energia. Eles aqueceram, liofilizaram e depois assaram o núcleo esponjoso não comestível de cada fruta em um forno a temperaturas de mais de 1.500°C. As estruturas pretas, altamente porosas e ultraleves que resultaram desse processo poderiam ser transformadas em eletrodos de um supercapacitor de baixo custo. O sonho dos pesquisadores é usar esses supercapacitores sustentáveis para armazenar eletricidade de fontes renováveis de energia para uso em veículos e residências.

Neve no Brasil No Brasil uma imagem de flocos de neve caindo do céu e repousando sobre as árvores, carros e telhados é rara, mas já aconteceu diversas vezes este ano, principalmente na região Sul. É raro porque necessita da combinação de uma série de fatores para ocorrer. De acordo com meteorologistas, os principais são a formação de nuvens, local de altitude elevada e ação de uma massa de ar frio. Para eles, a neve é basicamente uma chuva no inverno. Então, ela precisa de todas as condições para a formação de uma chuva aliadas a baixas temperaturas para se formar e cair. É necessário umidade e um mecanismo que favoreça a formação de nuvem. Normalmente, você tem movimentos de baixo para cima, que carregam umidade e favorecem a formação de nebulosidade. A passagem de uma frente fria associada a esse cenário gera a neve. Em temperaturas baixas, isso causa a formação de flocos de neve dentro da nuvem, e eles caem. Este é outro momento importante para que a neve consiga chegar até a copa das árvores e telhados das casas.


MACEIÓ, ALAGOAS - 04 A 10 DE SETEMBRO DE 2020

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MACEIÓ, ALAGOAS - 04 A 10 DE SETEMBRO DE 2020


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