Edição 1086

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ANO XXI - Nº 1086 - 11 A 17 DE SETEMBRO DE 2020 - R$ 4,00

TIRO NO PÉ

Vice de Rogério Teófilo viabiliza candidatura de Luciano Barbosa

A luta de Fabiana Pessoa para assumir o poder em Arapiraca resultou em fracasso político e a prefeita acabou isolada e sem chances de reeleição. Até a família de Rogério Teófilo esqueceu as mágoas do passado e aderiu à candidatura do impopular Luciano Barbosa. 2

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LAVA TOGA FILHO DE MINISTRO COMANDA CORRUPÇÃO NO STJ

MACEIÓ - ALAGOAS

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MPF afirma que Eduardo Martins recebeu R$ 82 milhões da Fecomércio do Rio 6 e 7

MÁFIA DO LIXO

JULGAMENTO NO STJ PODE COMPLICAR SITUAÇÃO DE CÍCERO ALMEIDA 10

PEDRO VILELA TUCANO É SUSPEITO DE CRIME DE PECULATO 13

ELEIÇÕES 2020 RONALDO LESSA SE RENDE À TIRANIA DE LUPI E ACEITA SER VICE DE JHC 8

SAINT-MICHEL DONO DA CERUTTI É CONDENADO POR CALOTE CONTRA DONA DE TERRENO 12


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COLUNA

Os anéis da Cerutti

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- Após dar um calote milionário em centenas de famílias que compraram apartamentos em prédios que nunca saíram do chão, o empresário Gelson Luiz Cerutti – dono da Cerutti Engenharia - está passando à frente outro de seus negócios que também deu com os burros n’água. - Com a construtora em estado de insolvência, Gelson Cerutti tenta vender os anéis para salvar os dedos. Trata-se da Pure Energy, empresa que deveria ser a joia da coroa, com a fabricação de placas fotovoltaicas, mas também acabou fazendo água.

3 EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

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EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

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- Mesmo em fogo morto, a indústria tem potencial para comandar o negócio da energia solar no Norte e Nordeste, mercado em franca expansão hoje abastecido com placas fotovoltaicas e outros equipamentos importados.

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- Implantada no polo industrial de Marechal Deodoro e inaugurada em 2017, a Energy só conseguiu produzir a primeira placa fotovoltaica para captação de energia solar. De novo, a quebra de contrato com o BNDES – financiador do empreendimento – levou a indústria a fechar as portas.

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- Mesmo com o maquinário já superado por equipamentos de alta tecnologia, a Energy tem grande valor de mercado por sua localização estratégica e deve ser vendida a um grupo que já atua no setor da energia solar no Sul e Centro Sul do País.

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- Avaliada em mais de R$ 50 milhões pelo próprio mercado, a venda da Energy depende de negociações com o Governo de Alagoas, dono da área de 140 mil metros quadrados onde a indústria está instalada, e, sobretudo do BNDES, maior credor da empresa.

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- Gaúcho radicado em Alagoas, Gelson Luiz Cerutti pensou grande, mas foi com muita sede ao pote e acabou se perdendo no labirinto das ambições e na irresponsabilidade de vender o que não podia entregar.

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- Concretizado o negócio da Energy – que é bom para o Estado –, bem que o senhor Cerutti poderia indenizar algumas das centenas de famílias que investiram suas economias no sonho da casa própria e acabaram na legião de sem-tetos.

Outro calote

O condomínio Saint Michel, em Barra de São Miguel, é outro empreendimento imobiliário paralisado por quebra de contrato da Cerutti Engenharia Ltda. Adquirido há 10 anos, o terreno incorporado pela Cerutti ainda não foi pago, mesmo já tendo vendido cerca de 80% de lotes. A dona do imóvel recorreu à Justiça para interditar as obras do condomínio, parar com a venda de lotes e retomar a área. A briga judicial já dura anos, como revela reportagem na página 12 desta edição.

Sede de poder

A vice-prefeita Fabiana Pessoa – que lutou tenazmente para derrubar Rogério Teófilo até na véspera de sua morte – assumiu a Prefeitura de Arapiraca já pensando em herdar o capital político do falecido e virar prefeita pelo voto. Sua tirania contra Rogério Teófilo indignou não só os parentes e aliados do falecido, mas também outras correntes políticas que Fabiana esperava conquistar. Foi um tiro no pé. Fabiana acabou isolada e sem qualquer chance de vitória, pois até a família de Rogério Teófilo esqueceu as mágoas do passado e decidiu apoiar o impopular Luciano Barbosa, viabilizando sua candidatura a prefeito de Arapiraca.

Lava Toga

O advogado Eduardo Martins, filho de Humberto Martins,presidente do STJ, está entre os 25 denunciados pelo MPF na Operação E$quema S. Também Flávio Zveiter, filho do ex-presidente do TJ-RJ Luiz Zveiter, Ana Tereza Basilio, mulher do desembargador André Fontes, ex-presidente do TRF-2, e Tiago Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedraz. É começo da Lava-Toga. (O Antagonista)

Bancada nota zero

A bancada de Alagoas na Câmara Federal mal conseguiu nota de uma estrela no quesito transparência, em uma escala que vai até cinco estrelas. É o que revela pesquisa realizada pelo portal Congresso em Foco para medir as boas práticas dos gabinetes parlamentares. No Senado, a falta de transparência pública nos gabinetes de nossos senadores é quase total. Renan Calheiros, Collor e Rodrigo Cunha tiraram nota zero.

Ficha-suja

Na próxima terça-feira, 15, o STJ vai julgar um recurso do MP contra a decisão do TJ-Alagoas de aceitar, em parte, as acusações contra Cícero Almeida no processo da Máfia do Lixo. Denunciado por improbidade administrativa, o ex-prefeito de Maceió é acusado de desviar recursos do município via empresas de coleta de lixo. Uma prática delituosa que virou rotina em várias cidades do País.

Condenado

Já condenado no processo dos Taturanas também por desvio de recursos públicos da Assembleia, Cícero Almeida disputou a última eleição graças a uma medida liminar concedida pelo desembargador Celyrio Adamastor, do TJ-AL.

Arrombamento

Candidatado a prefeito de Maceió, Almeida vai disputar o pleito de novembro pendurado na mesma liminar monocrática, contestada pelo MP, mas ainda não julgada. Sem esquecer que o ex-deputado federal é réu em um inquérito aberto na Polícia Civil para investigar um escabroso caso de arrombamento de veículo.

Abraço de afogado

O deputado Antônio Albuquerque fechou aliança política para apoiar a candidatura de Cícero Almeida a prefeito de Maceió. Se depender dessa aliança, Almeida será fritado nas urnas pelo escasso prestígio de Albuquerque junto ao eleitorado, como vem ocorrendo com os candidatos do deputado em várias cidades. Assim como ocorreu na última eleição para a Câmara Federal e Assembleia Legislativa, o eleitor deve analisar bem a folha corrida de certos candidatos que não têm o menor respeito à coisa pública.

Crime e castigo

A 1ª Câmara Cível do TJ-AL manteve a sentença que condenou a ex-prefeita de Passo do Camaragibe por corrupção. Márcia Coutinho Nogueira de Albuquerque perdeu os direitos políticos por 10 anos e terá que devolver os R$ 375 mil (sem correção) que desviou dos cofres públicos. O ex-secretário de Finanças, Pedro Melo de Albuquer


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DIREITO DE RESPOSTA

Júlio Cezar afirma ser vítima de campanha “pequena e barata” patrocinada por adversários Denúncias de assédio contra prefeito de Palmeira dos Índios foram negadas pelas próprias denunciantes

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leito em 2016, após derrotar candidatos de famílias tradicionais do município de Palmeira dos Índios, o prefeito Júlio Cezar (PSB) virou notícia em todo o estado de Alagoas. Com quase 65% dos votos, o “Filho da Verdureira” chegou ao poder com promessas de mudança e crescimento. A cidade estava praticamente parada, o município mergulhado em dívidas, os salários dos servidores atrasados, a UPA fechada e obras paralisadas. O município estava negativado, com o nome no Cauc e impedido de receber recursos federais, transferências voluntárias, realizar operações de crédito para financiamentos e investimentos. Estava, também, com as políticas públicas locais totalmente prejudicadas. Este ano, no dia 15 de

novembro, teremos eleição para prefeito e para vereadores. Nas últimas semanas, o prefeito Júlio foi alvo de várias denúncias por parte de adversários políticos. Ele disse que foi vítima da política pequena e barata. “Meus adversários não se conformam com o sucesso da nossa gestão e estão fazendo uma política violenta, pequena e barata. Eu e o meu vice, doutor Márcio Henrique, não temos as mãos sujas. Nunca roubamos, nunca matamos e nem nunca mandamos matar. Roubar dinheiro de merenda, de livros, mandar matar, coagir, tirar a liberdade com a Lei da Mordaça, entre outros crimes, não é de nossa conduta. O povo palmeirense não quer mais isso em Palmeira. Estamos fazendo a mudança que o povo escolheu”, advertiu o

Júlio Cezar diz que adversários querem causar danos à sua honra

prefeito. Sobre os modos de fazer política dos adversários, Júlio foi enfático ao falar das denúncias de assédio contra ele.

“Repudio veementemente essa política pequena e cruel. Se aproveitar de um ser humano, em um momento de abalo psicológi-

co, como foi o caso das duas ex-servidoras do município, apenas para causar danos à minha honra e minha moral, atormentando o convívio com a minha família, isso não é política. São métodos vis, praticados por indivíduos sórdidos, apenas com o intuito de provocar danos e estragos à minha imagem de pai, marido, filho e de homem honesto”, destacou. Sobre as denunciantes, ele foi mais contido e disse que elas também foram vítimas. “Não condeno nenhuma das duas mulheres. Até perdoo. Para mim, elas são inocentes. Na verdade, são tão vítimas quanto eu. Elas foram usadas, por eles, para me prejudicar. São os modos da política pequena e barata. E esta eu não vou perdoar”, desabafou o prefeito. Todas as denúncias de assédios sexual e moral contra o prefeito Júlio Cezar foram negadas e devidamente esclarecidas, em vídeos e Boletim de Ocorrência, pelas próprias denunciantes.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Fora do páreo

Ficha-suja

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o anunciar sua desistência de concorrer à Prefeitura de Maceió, Ronaldo Lessa praticamente sacramenta a vitória de JHC, Alfredo Gaspar de Mendonça ou de Davi Davino, os três mais fortes candidatos de acordo com pesquisas feitas nos últimos dias. Para Ronaldo Lessa, neste momento, ele pulou uma fogueira, já que encontrava visíveis dificuldades de formar um grande palanque, e mais: seu partido em nível nacional decidiu se aliar

ao PSB de JHC. A situação já vinha sofrendo um grande desgaste nos últimos dias e se acentuou no final da semana passada. Resta saber se Ronaldo Lessa, coadjuvante deste processo eleitoral, vai mesmo ter o mesmo desempenho quando procurava apoio para disputar as eleições de novembro.

É bom pra Lessa?

Apoio no Sertão

A possibilidade de Ronaldo Lessa participar da chapa de JHC como vice é bom para ele? Esta é a indagação que os comentaristas políticos têm feito ao longo da semana. Lessa, aceitando essa missão, jogaria fora a força política que ainda detém no estado e ficaria sob as ordens de JHC caso este fosse eleito prefeito de Maceió. E as relações políticas seriam as mesmas? Bom, isso é um assunto para ver depois.

O presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, não tem ficado parado. Com uma aliança com o deputado federal Arthur Lira, que pode disputar a presidência da Câmara dos Deputados, Victor se movimenta com habilidade. Em Major Izidoro, onde esteve recentemente, o presidente da Casa de Tavares Bastos destacou “a importância de um gestor contar com fácil acesso às autoridades do estado aos integrantes do Parlamento alagoano. E que ainda conte com trânsito livre, em Brasília, através do nosso líder no Congresso Nacional, Arthur Lira”. Para Marcelo Victor, que apoia Theobaldo Cintra e Leopoldo Amaral para a Prefeitura de Major Izidoro, “além deles serem competentes, possuem as melhores condições para conduzir a municipalidade”.

Racha A provável aliança de Ronaldo Lessa com JHC vai deixar rugas no PDT. Pelo menos é o que se comenta nos bastidores, com insinuações, até, de deixarem de votar nessa dobradinha que apostaria em um segundo turno nas eleições de Maceió.

Casamento duvidoso Com um temperamento forte já bastante conhecido e com posições definidas, ninguém sabe se essa aliança com JHC vai dar certo. Dizem os mais experientes que esse pode ser um “casamento de jacaré com cobra d’ água” e que só o tempo, pelo menos em 60 dias, irá dizer como é que fica.

Em baixa Sem marchar unido nas próximas eleições, o PSDB vai ter dores de cabeça para reestruturar suas forças políticas. A dissidência entre a deputada Tereza Nelma e o senador Rodrigo Cunha abalou o partido que deve ter algumas baixas nos próxi-

mos dias.

Acusação Revoltada com a dissolução do diretório municipal, a deputada Tereza Nelma acusa Cunha de autoritarismo e de se desviar dos reais objetivos estatutários do PSDB. Uma briga que somente vai trazer prejuízos para o tucanato.

Reflexo Desde a saída do prefeito Rui Palmeira do PSDB, por não concordar com uma aliança do partido com o PSCB de JHC, que os tucanos, nos bastidores, não se acertavam. Enquanto o senador Rodrigo Cunha insistia numa aliança com JHC, Tereza Nelma e outros trabalhavam para uma outra alternativa. Deu no que deu.

Novidades O início da semana foi apenas para tanto Tereza Nelma e Rodrigo Cunha pensarem no que irão fazer a partir de agora. Uma coisa é certa: os dois tucanos não se bicam e pode haver uma debandada no partido pelos seus simpatizantes.

Liderando Pela participação ativa da dupla Arthur Lira-Marcelo Victor essa dobradinha vai marcar história na política alagoana. Em quase todos os municípios Lira e Victor estão juntos, numa amostragem que estão trabalhando rumo ao governo de Alagoas em 2022.

Nem tudo são flores para muitos candidatos no interior de Alagoas. Pelo menos 35 gestores estão com os nomes na mira do Tribunal Regional Eleitoral e podem não disputar as eleições deste ano. É porque, em outras oportunidades, eles tiveram suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas e, naturalmente, precisarão de um aval da justiça para saber se disputam ou não as eleições.

Prontos para o embate

Os principais candidatos à Prefeitura de Maceió estão com toda infraestrutura pronta para começar a campanha no rádio e na televisão. Com agências contratadas e um programa de governo aparentemente definido, os partidos vão bancar tudo com o generoso Fundo Partidário autorizado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Otimismo

Ao lançar a pedra fundamental para a construção do seu estádio no bairro do Benedito Bentes, o presidente do CSA, Rafael Tenório, saiu com a teoria de que o Azulão não cai e ruma à classificação para a série A do Brasileirão. Será? Sem vencer há vários jogos e na zona de rebaixamento, seria necessário o CSA vencer todas daqui pra frente e nenhum dos seus adversários ganharem. É, pode ser.

Por baixo dos panos

A doação de cestas básicas nas caladas da noite nos bairros periféricos de Maceió começou a todo o vapor. O estilo utilizado tem mudado nesta campanha. Para fazer chegar as doações às famílias carentes, uma verdadeira logística é montada por alguns candidatos, que apostam poder driblar mais uma vez a justiça eleitoral.

Reação

Apostando no 2º turno

Muitos eleitores que já compuseram as mesas eleitorais de recepção de votos questionam por que a Justiça Eleitoral não recompensa os mesários com pagamentos em dinheiro. Se os partidos recebem uma fortuna do Fundo Eleitoral, por que os mesários são instados a trabalhar de graça?

Até agora, e não deve ser diferente daqui pra frente, os candidatos a prefeito de Maceió, naturalmente com mais chances de substituir Rui Palmeira, irão para o confronto pessoal. Há uma expectativa de que os dois candidatos mais fortes, indo para o segundo turno, vão trabalhar para uma aliança de quem perdeu a oportunidade. Ou seja, unir forças para derrotar o adversário na final da disputa.

Enquanto o governo do Estado investe na construção de escadarias, corrimões e pontilhões, os verdadeiros e mais graves problemas não são encarados de frente. É o caso do Riacho Salgadinho, que político nenhum conseguiu resolver a grave situação e que atinge em cheio o turismo na capital. Entra governo e sai governo e o Salgadinho lá, todo formoso, despejando dejetos em uma das mais bonitas praias do litoral.

Aparência


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LAVA TOGA

Ex-presidente da Fecomércio delata presidente da OAB Felipe Santa Cruz é acusado de pedir dinheiro para campanha JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ex-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), Orlando Diniz, investigado pela Lava Jato, não poupou palavras quando se tratou do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, durante delação premiada. Foram cinco páginas dedicadas à denúncia. Segundo o empresário, Santa Cruz pediu até dinheiro em espécie para campanha de reeleição da OAB-RJ, que aconteceu em 2014. Diniz alegou não ter recursos, mas negociaram um contrato de fachada entre a Fecomércio e um indicado de Santa Cruz para firmar o contrato no valor de R$ 120 mil: Anderson Prezia. De acordo com a delação, a primeira vez que Diniz ouviu falar em Felipe Santa Cruz foi por intermédio do advogado Cristiano Zanin, que sugeriu a contratação. A evolução do encontro foi feito no escritório de Felipe Santa Cruz. “Cristiano Zanin disse que a contratação seria não do escritório de Felipe, mas sim do escritório de sua esposa”, contou Diniz. “Houve contratação, foi por meio da Fecomércio, com emissão de nota fiscal (...). Essa contra-

tação era importante para fazer lobby, atraindo Felipe Santa Cruz”, declarou. Mais à frente, teria havido uma nova aproximação, já diretamente com Orlando Diniz. “Felipe Santa Cruz já tinha o projeto de ser candidato à Presidência do Conselho Federal da OAB; QUE, a esta altura, já estava na Presidência da OAB/RJ e iria disputar a reeleição para, então, ser candidato à Presidência do Conselho Federal”, afirma o empresário na delação. Felipe Santa Cruz teria pedido recursos em espécie para Diniz, tanto para a reeleição quanto para o projeto nacional que àquela época já havia sido deflagrado. Ainda conforme delação, ele e Felipe Santa Cruz acordaram de fazer um contrato com Anderson Prezia Franco, cujo objeto seria consultoria e assessoria jurídica para a contratada, a Fecomércio, referente ao recurso ordinário oriundo da Ação Trabalhista nº. 001044283.2014.5.01.0033 c/c Medida cautelar Inominada nº. 0010495- 64.2014.5.01.0033, movida por Aldo Campos de Moura Gonçalves e Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro, em trâmite perante a 33ª Vara do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho 1ª Região, mas que o caso se referia à disputa das eleições da Fecomércio em 2014.

Presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, é acusado de ganhar dinheiro ilícito

ENCONTRO DE ACORDO COM A DELAÇÃO, A PRIMEIRA VEZ QUE DINIZ OUVIU FALAR EM FELIPE SANTA CRUZ FOI POR INTERMÉDIO DO ADVOGADO CRISTIANO ZANIN, QUE SUGERIU A CONTRATAÇÃO. A EVOLUÇÃO DO ENCONTRO FOI FEITO NO ESCRITÓRIO DE FELIPE SANTA CRUZ.

“O processo já estava englobado pela contratação de Ana Basílio, José Roberto Sampaio, Eurico Teles, Jamilson Farias e Henrique Maués. Essas contratações ultrapassavam R$ 8 milhões. Não havia, portanto, necessidade da contratação de Anderson Prezia (...). O objetivo era apenas promover uma transferência de recursos a Felipe Santa Cruz. (...) Os honorários de Anderson Prezia foram, no valor bruto, R$ 120.000, com vencimento em cinco dias após o julgamento no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que viesse a rejeitar o recurso ordinário, mantendo-se a sentença”. Anderson Prezia não prestou serviços efetivamente, uma vez que as causas já estavam cobertas por outros escritórios. “Para essas eleições, como já relatado, foram contratados também: 1) em 10/02/2014, o escritório Basílio, Di Marino e Faria, por R$

2 milhões líquidos iniciais, R$ 4 milhões após a conclusão, com a posse da Diretoria; o escritório José Roberto Sampaio Sociedade de Advogados, por R$ 1.652.000, por êxito na realização das eleições; o escritório Eurico Teles Advocacia Empresarial, representado por Eurico Teles, com honorários iniciais de R$ 230.000 e honorários de êxito de R$ 1.400.000; em 17/07/2015, o escritório Eurico Teles Advocacia Empresarial e o escritório Farias Advogados Associados, este representado por Jamilson Santos de Farias, no valor de R$ 752.000”. “Anderson Prezia Franco era o ‘homem da mala’de Felipe Santa Cruz”, disse o delator. Felipe Santa Cruz ainda teria dito ao empresário que o projeto dele também era político-partidário e que teria planos de concorrer ao governo do Rio de Janeiro.


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LAVA TOGA

Filho de Humberto Martins era pago para interferir nas decisões do STJ Advogado Eduardo Martins é acusado de desvio e lavagem de dinheiro JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ecém-empossado presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o ministro alagoano Humberto Martins mal teve tempo de esquentar a cadeira e já viu seu nome atrelado em um esquema milionário de corrupção dentro de sua própria corte. Um dos alvos da Lava Jato, o filho do magistrado, o advogado Eduardo Filipe Alves Martins, de 30 anos, é acusado de receber cerca de R$ 82 milhões da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio). O dinheiro seria pago para Eduardo Martins interferir em decisões de ministros, fato que põe em xeque a postura daqueles que compõem a corte, incluindo o próprio pai do advogado. Os escritórios de advocacia de Eduardo Martins em Maceió, Rio e Brasília foram vasculhados na quarta-feira, 9, por agentes da Polícia Federal durante a Operação E$quema S, que teve a participação da Receita Federal e do Ministério Público Federal (MPF). Eduardo Martins é sócio do escritório de advocacia Martins, no Lago Sul, em Brasília, e no Edifício The Square, na Jatiúca, em Maceió. No endereço de Brasília, a PF apreendeu R$ 100 mil em espécie e um cheque de R$ 700 mil. Se-

gundo denúncia do MPF, o filho do ministro Humberto Martins integrava uma organização criminosa que tinha por finalidade a prática de estelionato, peculato, tráfico de influência, exploração de prestígio, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Com a participação de Eduardo Martins, a quadrilha teria conseguido desviar pelo menos R$ 151 milhões, a maior parte referente aos valores mensalmente repassados pela Receita Federal aos cofres do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e do Serviço Social do Comércio (Sesc) no Rio de Janeiro vindos da ontribuição social compulsória incidente sobre a folha salarial dos empresários do comércio, sem prejuízo de outros supostos desvios, da ordem de R$ 204 milhões. A ação criminosa teria acontecido no período de 27 de abril de 2012 a 23 de fevereiro de 2018. De acordo com investigações do Ministério Público Federal, o ex-presidente da Fecomércio-RJ Orlando Diniz contratou o advogado Eduardo Martins, entre fevereiro e maio de 2014, pela quantia de R$ 5,5 milhões “a pretexto de influir em atos praticados por ministros do STJ”. A “ajudinha camarada” ficou mais cara no decorrer dos anos. Em setembro de 2015, o valor passou para R$ 77,5 milhões.

Humberto Martins, presidente do STJ, evita comentar sobre o caso O nome de Eduardo Martins aparece 183 vezes na denúncia oferecida pelo MPF que relata como funcionava a quadrilha, cujo processo tramita na 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Entre os ilícitos, Eduardo Martins também teria faturado, como parte de pagamento de honorários advocatícios, R$ 619.000 em único contrato falso firmado no dia 15 de abril de 2014 entre a Fecomércio/RJ e o escritório de sua propriedade. “De forma livre e consciente, entre 23 de dezem-

bro 2015 e 4 de julho de 2017, em 23 oportunidades diferentes, Eduardo Martins desviou para si, com a ajuda também livre e consciente de Orlando Diniz e Cristiano Zanin [advogado] R$ 40,1 milhões do SESC/RJ e do SENAC/ RJ, mediante formalização de cinco contratos de honorários advocatícios ideologicamente falsos firmados com a Fecomércio/RJ em nome de Antônio Coelho, Daniel Rossiter, Hermann de Almeida, Jamilson de Farias e Marcelo de Oliveira, feitos para con-

ferir aparência de legalidade à exploração de prestígio antes narrada, instrumentos contratuais estes ideologicamente falsos na medida em que, em dois deles, foram apostas datas retroativas e, quanto a todos eles, desde o início, os serviços previstos sabidamente não seriam prestados pelos escritórios contratados”, expôs o MPF. Cristiano Zanin e o também advogado Roberto Teixeira, ambos investigados na mesma operação, trabalharam para defender o ex-presidente Lula. A dupla é acusada de liderar o esquema de desvio no esquema que envolve a Fecomércio-RJ. Em depoimento, o ex-presidente da Fecomércio-RJ Orlando Diniz enalteceu a influência de Eduardo Martins no STJ. “Cristiano Zanin indicou a contratação do advogado Eduardo Martins; que o resultado da atuação de Eduardo Martins no STJ foi que a presidência do Senac continuou com o colaborador e o Sesc Rio continuou sob administração do Sesc Nacional”, disse em sua delação. Diniz se recordou de duas reuniões com Eduardo Martins, uma no scritório do Rio de Janeiro e outra no escritório do próprio em Brasília. “O contato feito com Eduardo Martins, em São Paulo, intermediado e com a presença de Cristiano Zanin, foi o passo inicial para a vitória no STJ”, disse, ressaltando que a quadrilha integrada pelo advogado Eduardo Martimns ainda não foi presa porque tem uma forte estrutura de defesa.


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Fecomércio do Rio de Janeiro “bancava” escritórios Entre maio de 2014 e abril de 2016, a Fecomércio-RJ pagou cerca de R$ 42,9 milhões ao Escritório de Advocacia Martins, de Eduardo Martins, tanto para sua sede, em Brasília quanto para sua filial, em Maceió. “A bem da verdade, os valores egressos do Sistema S praticamente foram a única fonte de rendimentos do escritório em Maceió, na medida em que a Receita Federal concluiu que os valores pagos pela Fecomércio-RJ representaram nada mais nada menos que 97,6% dos valores relevantes recebidos pela empresa. No caso da sede do escritório em Brasília, a Fecomércio-RJ foi responsável por 74,2% dos valores relevantes recebidos pela empresa”, informou o MPF. “Não à toa, os integrantes do núcleo duro da organização criminosa em comento viram em todo esse cenário mais uma oportunidade perfeita para sangrar os cofres, inicialmente da Fecomércio/ RJ e, mais tarde, do Sesc/ RJ e Senac/RJ, valendo-se, para tanto, de fraudulentos contratos de honorários ad-

MPF aponta que Fecomércio-RJ era a principal cliente dos escritórios de Eduardo Martins

Eduardo Martins teria acesso fácil às decisões do STJ

vocatícios como forma de remunerar, a preços vultosos, Eduardo Martins, não pela prestação dessa espécie de serviços, mas sim por uma pretensa e propalada influência sua no Superior Tribunal de Justiça, derivada de sua relação filial com o ministro desta Corte Superior, Humberto Martins”, continua a denúncia. Um recurso do Sesc-RJ (REsp 1.455.379/RJ) caiu nas mãos do ministro alagoano, que se declarou sus-

peito em 22 de maio de 2014, gerando a remessa do feito ao ministro Mauro Campbell Marques. Uma mudança no comando dos conselhos nacionais do Sesc e do Senac fez Campbell reconsiderar decisão que proibia o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro de julgar recurso apresentado pelo presidente dos conselhos. A 15ª Câmara Cível estava impedida de julgar se foi correta uma sentença que determinou a saída do presidente, Antônio de Oliveira

Santos, por contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Eduardo Martins também teria feito pagamentos ao escritório de Cesar Asfor Rocha, ex-presidente da Corte. Procurado pelo EXTRA, o STJ afirmou que nem a Corte e nem o ministrio Humberto Martins iriam comentar as acusações. O advogado Eduardo Martins também não emitiu qualquer nota sobre a operação da PF até o fechamento desta edição.


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ELEIÇÕES 2020

Pela segunda vez Ronaldo Lessa é obrigado a deixar eleição municipal Ex-governador vira vice de JHC após intervenção do PDT nacional em Maceió ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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a segunda vez que o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) é obrigado a desistir, no meio do caminho, da disputa pela Prefeitura de Maceió. A última delas foi esta semana, quando anunciou que será o vice do deputado federal João Henrique Caldas, do PSB, resultado de um acordo entre o PDT e o PSB em Brasília. A primeira desistência foi em 2012, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou-lhe por unanimidade o registro de candidatura. Naquela eleição, Lessa tinha o apoio dos senadores Renan Calheiros e Fernando Collor. Isso não foi suficiente para convencer os magistrados da Corte superior das condições do ex-governador nas eleições. O argumento: Lessa não havia pago, a tempo, R$ 41 mil (valores da época) de uma multa fixada pela Justiça Eleitoral, resultado de uma propaganda antecipada no ano de 2006. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) alagoano havia negado seu registro de candidatura; o TSE seguiu o entendimento. Desta vez, porém, os problemas não são jurídicos, mas das composições eleitorais nos estados. O PDT insiste em lançar o nome do ex-governador do Ceará, Ciro Go-

mes, na disputa presidencial de 2022. Para isso, uniu-se ao PSB no plano nacional num acordo simples: nas eleições para prefeituras das capitais, onde o PDT estivesse na frente, segundo as pesquisas, o PSB abriria mão da candidatura para indicar o vice do PDT. E vice e versa. Lessa aparece em terceiro lugar na mais recente pesquisa; JHC está em primeiro. Então, o Legenda ex-governador xs asdlkasjdsdasdl askdjasdl askjd aslkdjasl asjlas e ex-deputado federal abriu mão de concorrer à chefia do Executivo municipal, apesar do levantamento dos partidos Lessa e JHC em foto do encontro de quarta que selou o acordo apontarem chances de ele ir ao segundo turno. Agora, parecia que a na- ral de Justiça Alfredo Gaspar cional falava a sério e estava de Mendonça nas eleições à DECISÃO NACIONAL disposta a levar até o fim o Prefeitura. O acordo foi fechado em feCalheiros saiu de seu isolavereiro. O presidente nacional acordo: Judson Cabral assumiu a direção do PDT em mento em Murici para mexer do PDT, Carlos Lupi, e Lessa Maceió. Lessa pontuava bem na estrutura da campanha bateram o martelo e Lupi pronas pesquisas internas. Havia de Alfredo Gaspar. Adriameteu R$ 3 milhões do fundo chances de disputar o segundo no Gehres, o marqueteiro da partidário para a campanha turno. campanha, ajustou os ponteido ex-governador na capital Sem poder circular na pan- ros, tornando o ex-procurador alagoana. Ainda não se falademia, ele se adaptou às lives alguém mais provocativo, com va em uma composição com o nas redes sociais. Não sabia recados aos adversários. PSB. nem curtir uma foto no InstaEm resposta, Rui França O acordo foi interpretado como justo, segundo Lessa gram. Aliás, Lessa nem sabia virou o marqueteiro da camdisse a amigos do PDT. Em o que era Instagram. Apren- panha de Lessa. Maceió treoutras eleições, a direção na- deu tudo rápido, claro, sempre meria nestas eleições: Gehres e França levam as narrativas cional não achava importan- auxiliado por assessores. No final de julho, entrevisaté as últimas consequências. te honrar acordos financeitou Ciro Gomes, a estrela do Mas, PSB e PDT nacional ros, para pagar os gastos na PDT. Parecia que tudo andaacenam para campanhas juncampanha local. Não poucas va bem. O bom desempenho tos nos estados. Em São Pauvezes, Lessa reclamava desde Ronaldo nas redes sociais e lo, o ex-governador Márcio te comportamento, ameaçou nas pesquisas preocupou ReFrança, do PSB, acena para “chutar o pau da barraca”, mas era contido pela turma nan Calheiros, fiador da can- Jair Bolsonaro, numa aliança didatura do ex-procurador-ge- que pode incluir o PDT. do deixa-disso.

Os dois partidos também conversam em Recife. Tentam costurar a candidatura do deputado federal Túlio Gadelha à Prefeitura. Lessa, porém, estaria disposto a levar adiante a candidatura própria pelo PDT, mesmo contrariando a direção nacional. Como nas outras eleições, o partido titubeou mais uma vez na palavra: o prometido apoio de R$ 3 milhões para a campanha foi reduzido até chegar a R$ 1 milhão. E nem isso seria liberado. Há candidatos a vereador que ameaçam uma rebelião no PDT e não querem aparecer ao lado de JHC, que se mantêm em silêncio sobre as brigas no partido do novo vice e preferem comemorar o acordo: “Experiência do ex-governador, sua capacidade de articulação e gestão”, que ele espera sejam decisivas para a configuração de uma unidade futura, “cada vez mais plural e responsável”, segundo disse um deles a Ricardo Mota, em seu blog. Lessa também não falou sobre o clima interno no PDT: “O acordo em Maceió foi selado. Como JHC era o nome do PSB com melhor perspectiva de eleição em todo o país, cabe a ele, naturalmente, a cabeça de chapa. Vamos somar para que mais à frente possamos fazer Alagoas avançar, juntamente com todo o Brasil”. O fantasma da desistência marcou mais um ponto no placar da vida eleitoral do ex-governador. Porém, desta vez, ele pode voltar ao poder, ainda que como vice. Será sua última chance?


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Mesmo em meio às indefinições, Marx Beltrão (E) avisa: continua fiel ao governador Renan Filho (D)

Indeciso, Marx Beltrão deve fechar apoio com rival dos Calheiros Deputado federal pode levar PSD a compor com JHC ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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exto deputado federal mais bem votado em Maceió (18.070 votos), Marx Beltrão (PSD) ainda não decidiu quem vai apoiar nas eleições da capital alagoana. Uma das propostas era indicar o vice do deputado federal João Henrique Caldas (PSB). Seria o vereador José Márcio (PSD). Mas, a vaga de vice ficou com o ex-governador Ronaldo Lessa,

após intervenção do PDT nacional junto ao PSB. São remotas as chances de Marx e seu partido indicarem um vice entre os três candidatos mais bem colocados nas pesquisas da capital. Além de JHC/Lessa, o ex-procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB) terá como vice Tacio Melo (Podemos); o deputado estadual Davi Davino Filho (PP) programa como vice o médico Emanuel Fortes (PSL). A demora em escolher um

candidato a prefeito gera impaciência no Palácio República dos Palmares. Num gesto de fidelidade aos Beltrão ligados a Marx, o governador Renan Filho (MDB) foi a Coruripe em 1° de setembro entregar um Centro de Segurança Pública (Cisp) e o Pró-Estrada. Ouviu e fez elogios. Marx avisou que “vocês sabem que eu estou trabalhando junto com o governador Renan Filho para voos maiores” na política. Seria uma candidatura a governador em 2022? Reeleição a

federal? Marx, porém, não anunciou seu apoio a Alfredo Gaspar de Mendonça. É provável que feche com JHC, rival dos Calheiros. Os caminhos são complicados. O deputado estadual Marcelo Beltrão (PP), primo de Marx, é candidato a prefeito de Coruripe, onde Marx lançou o irmão, Maycon, para suceder o tio Joaquim, atual prefeito. Essa é a primeira eleição sem João Beltrão, pai de Marx, que não pode apoiar Davi Davino porque ele é do PP, partido do primo-rival Marcelo. Alfredo Gaspar, quando era procurador-geral de Justiça, foi quem denunciou João Beltrão por assassinato. O que escolher? A memória do pai? Os acordos políticos com os Calheiros? Sobra Cícero Almeida (DC), que caminha lado a lado ao deputado estadual Antônio Albuquerque (PTB). Almeida mantém a pré-candidatura a prefeito de Maceió. BOLSONARO Num gesto de agrado ao presidente Jair Bolsonaro, o PP em Maceió fechou com o PSL, ex-partido e provável destino político de Bolsonaro. O líder do Centrão, deputado federal Arthur Lira, do PP, é líder informal do governo no Legislativo. Lira quer ser presidente da Câmara. Ganhou apoio, ao menos nos bastidores, de Bolsonaro, que usa um argumento curioso aos que reclamam do parlamentar alagoano: “Querem um nome melhor? Arrumem um que tenha mais votos do que ele que eu apoio”, segundo a coluna de Lauro Jardim, no Globo. Nas redes sociais, o líder do Centrão é chamado de candidato a governador de Alagoas em 2022. JHC, por sua vez, mesmo sem atacar Jair Bolsonaro, não pode usar o presidente em seu palanque nem nos discursos. Porque o PSB integra o bloco

de oposição. CRISE TUCANA Aliado de JHC, o senador Rodrigo Cunha (PSDB) provocou um terremoto que pode destruir de vez o ninho tucano em Alagoas. Após destituir a Executiva municipal do PSDB em Maceió e Arapiraca, nomeou uma nova presidente que nem era filiada ao partido. Sua ficha no PSDB foi assinada após ela assumir a executiva provisória, responsável por organizar as futuras eleições da legenda: “A formação de um novo diretório municipal se deu de forma irregular, e para sanar problemas na condução da eleição das zonais e do diretório da capital, problemas esses que, segundo as normas do estatuto partidário, acabaram por anular as eleições”, explicou o senador. “A formação da nova composição é provisória, até que o partido consiga realizar todos os trâmites legais para a eleição de uma nova coordenação municipal permanente. Todos os novos ocupantes dos cargos estão devidamente filiados”. Raramente o senador Renan Calheiros (MDB) interfere nas discussões de outras legendas. Mas, desta vez, prestou solidariedade à deputada federal Tereza Nelma, destituída da presidência do PSDB/ Maceió. Ofereceu o partido para que ela dispute as próximas eleições Renan Calheiros e Rodrigo Cunha estão em lados diferentes porque Cunha integra uma força política ao lado de JHC. Se vencer as eleições em Maceió, João Henrique aproxima Cunha do Palácio República dos Palmares, circunstância que não interessa aos Calheiros. “O Rodrigo Cunha revelou sua verdadeira face. É autoritário, um coronel. É senador de um mandato só”, disse um tucano ao EXTRA. Por outro lado, o PSDB permanece de pé. Não se sabe por quanto tempo.


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MÁFIA DO LIXO

STJ julga na terça recurso que complica situação de Cícero Almeida Justiça de Alagoas autoriza quebra do sigilo fiscal dos réus

FICHA-SUJA

DA REDAÇÃO

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restes a ser confirmado candidato à Prefeitura de Maceió pelo DC (Democracia Cristã), o ex-prefeito e ex-deputado federal Cícero Almeida ainda tem muitos fantasmas a lhe perseguir. O maior deles é a Máfia do Lixo, esquema que teria provocado um rombo de mais de R$ 200 milhões aos cofres públicos durante suas gestões como prefeito da capital (2004/2008 e 2009-2012) e que terá um novo capítulo na próxima semana, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julga um recurso do Ministério Público Estadual que pede que suas denúncias contra Ciço sejam aceitas integralmente. Em termos sucintos, o MP quer que a Justiça alagoana acate dentre as acusações ao ex-prefeito a de omissão por não ter mandado apurar os prejuízos causados pela Construtora Marquise S/A aos cofres públicos quando esta decidiu abandonar a coleta do lixo em Maceió, em abril de 2005. Mesmo com Ciço esbanja otimismo na foto de perfil do Facebook a quebra de contrato, a empresa recebeu R$ 3 milhões. MP. O esquema teria a par- manece a despeito deste ter O ex-prefeito e seus as- ticipação dos empresários, sido levantado em maio de sessores da época são acusa- também réus na ação de 2017 pela comissão de juídos de haverem fraudado a improbidade administrati- zes que acompanham o prolicitação feita após a quebra va que tramita na 14ª Vara cesso. de contrato pela Marquise Cível da Capital / Fazenda Enquanto aguarda pela e uma contratação tempo- Municipal, sob o número decisão do STJ ao recurso rária em caráter emergen- 0078525-16.2010.8.02.0001 impetrado pelo MP, a juscial tida como suspeita pelo e cujo segredo de justiça per- tiça alagoana tomou outra

decisão. Determinou a quebra do sigilo fiscal dos réus da época dos fatos (2004 a 2006). O objetivo é saber se os rendimentos auferidos eram compatíveis com suas movimentações financeiras.

O ex-prefeito Cícero Almeida, que ao longo dos últimos 20 anos já se filiou e desfiliou de ao menos 13 legendas, deve encarar as urnas em novembro pela segunda vez como ficha-suja. Ele é um dos condenados em segunda instância pelo escândalo dos Taturanas, esquema que vigorou na Assembleia Legislativa de 2003 a 2007 e resultou em um rombo estimado pelo MP em R$ 300 milhões. Como resultado da condenação, Ciço está inelegível até 2026, mas em 2018 conseguiu participar – sem sucesso – da disputa por uma vaga na Assembleia amparado por uma decisão monocrática do desembargador Celyrio Adamastor. Adamastor simplesmente suspendeu os efeitos da condenação proferida em 2012 em primeiro grau e mantida em 2016 pela 3ª Câmara Cível do TJ, permitindo, assim, que mesmo sendo ficha-suja, o ex-prefeito disputasse as eleições de dois anos atrás. E é amparado nesta mesma decisão que Almeida pretende se eleger novamente prefeito da capital. Além de ter tido os direitos políticos cassados por 10 anos, Ciço foi condenado a devolver, corrigidos, R$ 195.575,54. O valor corresponde ao empréstimo pessoal que fez junto ao extinto Banco Rural quando era deputado (2003-2004) e pagou com a verba de gabinete.


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SAINT-MICHEL

Justiça condena Cerutti por calote que já dura 10 anos Dona de terreno de condomínio de luxo cobra mais de R$ 4 milhões JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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nunciado como em obras na página institucional da Cerutti Engenharia, o condomínio Reserva Saint-Michel pode ser outro empreendimento da construtora que deve ser entregue a fórceps. Tramita no Tribunal de Justiça (TJ-AL) processo que acusa de calote, que completou dez anos, o dono da empresa, engenheiro civil Gelson Luiz Cerutti, que também preside a Caamirá Empreendimentos Turísticos e Imobiliários. O condomínio está localizado em área nobre no litoral Sul de Alagoas, na Barra de São Miguel. A antiga proprietária da área, Joana D’Arc Correia da Rocha, conforme processo de número 071087595.2016.8.02.0001, relatou existência de violação contratual por parte da Cerutti porque não houve pagamento total do acordado. Ela informou ao Judiciário que, apesar de a escritura ter sido lavrada em 21 de maio de 2010, o empreendimento apenas veio a ser lançado no ano de 2015, ocasionando o engessamento de seu patrimônio por um período que já perdura mais de cinco anos. Alegou que, a despeito desse fato, não recebeu qualquer compensação por parte da empresa. Do valor global pactuado de R$ 6 milhões, R$ 4.9 mi-

lhões seriam quitados por meio de permuta com a entrega de unidades autônomas do próprio empreendimento. Como o loteamento não ficou pronto no tempo estipulado, a antiga dona do terreno se sentiu enganada e lesada pela empresa. Pontuou que notificou a Cerutti e a Caamirá por meio de carta para cumprir o contrato, obtendo resposta da segunda notificada., a qual alegou estar adimplente e que teria até o dia 19 de maio deste ano para cumprir com a obrigação. Joana D’Arc ainda informou que após uma nova notificação, foi realizada uma reunião com o sócio-administrador da ré Cerutti Engenharia Ltda. No encontro foi lançada uma proposta que

ACUSAÇÃO O CASO FOI JULGADO NO DIA 8 DE OUTUBRO DE 2019 PELO JUIZ LUCIANO ANDRADE DE SOUZA, DA 7ª VARA CÍVEL DA CAPITAL. EM DECISÃO, O MAGISTRADO CONSIDEROU GRAVE A ACUSAÇÃO DAS EMPRESAS DE A AUTORA TER COMPRADO MATÉRIA EM JORNAL SEM QUALQUER COMPROVAÇÃO.

Reportagem publicada pelo EXTRA há três anos denunciou calote ensejou uma contraproposta da autora que não foi respondida pela empresa. Em contraponto, as rés informaram à Justiça que atuam, exclusivamente na obra e que não há qualquer ilegalidade na pactuação da dação em pagamento de área construída como forma de adimplemento de suas obrigações e que não houve violação contratual. O EXTRA também é citado na ação processual. Em 14 de julho de 2017, o semanário publicou a matéria “Construtora é acusada de quebra de contrato” expondo o que estava acontecendo nos bastidores do empreendimento. A ré

Caamirá não gostou da publicação alegando que a reportagem seria de cunho comercial apenas para prejudicar um acordo entre as partes. Assim, solicitou a expedição de notificação para o jornal para que não publicasse mais matéria jornalística em relação à ação pedindo sigilo a fim de silenciar a situação. Tentaram ainda inverter a situação e transformar a denunciante em ré por causa da reportagem do periódico. O caso foi julgado no dia 8 de outubro de 2019 pelo juiz Luciano Andrade de Souza, da 7ª Vara Cível da Capital. Em decisão, o magistrado

considerou grave a acusação das empresas de a autora ter comprado matéria em jornal sem qualquer comprovação. “Desse modo, restou claro que as rés agiram alterando a verdade dos fatos”, destacou. Determinou também que as construtoras “deem cumprimento à obrigação de fazer, adotando todas as medidas para assegurar o fiel cumprimento do contrato celebrado”. Ainda fixou multa, em caso de não atendimento, pelas rés, no prazo estabelecido no acordo, no importe de R$ 2 mil por dia, limitados a 5% do valor atualizado do contrato celebrado. “Condeno, ainda, as rés, em honorários advocatícios, na ação principal, no percentual de 5% do valor da causa. Indo além, rejeito os pedidos formulados na reconvenção apresentada pelas rés Caamirá Empreendimentos julgando-a, com resolução do mérito, em virtude da ausência dos elementos configuradores da responsabilidade civil, bem assim da ausência do dano moral alegado. Condeno esta ré/reconvinte nas custas sucumbenciais e honorários advocatícios, no percentual de 5% sobre o valor da causa da reconvenção. Rejeito, também, os pedidos formulados na reconvenção apresentada pela ré Cerutti, nos termos do art. 487, I, do CPC, julgando -a, com resolução do mérito, em virtude da ausência dos elementos configuradores da responsabilidade civil, bem assim da ausência do dano moral alegado”. No dia 5 de agosto deste ano, Gelson Cerutti entrou com recurso contra a condenação. O empresário acumula centenas de outros processos por quebra de contrato em vários outros empreendimentos imobiliários nunca entregues, conforme mostra reportagem de capa publicada pelo EXTRA em sua edição de número 1.085.


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COTÃO

Ex-deputado federal Pedro Vilela é investigado por suspeita de peculato Sobrinho de Téo Vilela teria destinado recursos para empresa suspeita de lavagem de dinheiro TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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ex-deputado federal Pedro Torres Brandão Vilela (PSDB) responderá na Justiça Federal pelos indícios de irregularidades no uso da cota parlamentar para contratação de empresa de fachada, um crime de peculato. Vilela, que ocupou uma cadeira na Câmara de 2015 a 2019 e não conseguiu se reeleger em 2018, é citado em investigações que apontam outros 11 parlamentares, entre os quais o senador Romário (Podemos/RJ), como contratantes de serviços a empresas suspeitas de falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A pena para quem comete peculato é de 2 a 12 anos de prisão e multa. Na semana passada, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito para investigar atuais e ex-parlamentares no processo, atendendo ao pedido do subprocurador da República Humberto Jacques de Medeiros. Os parlamentares teriam pago aproximadamente R$ 2,5 milhões, entre janeiro de 2015 e junho de 2018, para as empresas Cloud Technology e Atos Dois Propaganda e Publicidade, que atuam com produtos e serviços de comunicação e são investigadas. Pedro Vilela, que hoje é suplente do deputado federal JHC e que já esteve no cargo de secretário de Esporte e Lazer de Maceió e é sobrinho do ex-governador Teotonio Vilela, teria utilizado R$ 13.603,04 da

cota parlamentar para pagar serviços contratados à empresária Fátima Ferreira, dona da Cloud Technology. Essa empresa é apontada nas investigações como peça de fachada do grupo, liderado pelos proprietários da Atos Dois. O ex-deputado federal de Alagoas disse ao EXTRA que não foi notificado da acusação e desconhecia o processo. Ele esclareceu que em seu gabinete havia uma pessoa específica, responsável pelas contratações de empresas de comunicação e que não recorda do trabalho com a Cloud Technology. Vilela afirmou que entraria em contato com os auxiliares do então gabinete para esclarecer a situação. No site da Câmara dos Deputados os dados informam que os parlamentares fizeram o dispêndio de R$ 802.809 para a Cloud Technology e R$ 1.727.151 para a Atos Dois, em períodos distintos. As duas empresas, segundo informou a Polícia Civil do Distrito Federal, seriam ligadas a Francisco Edielson, assessor parlamentar do ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM), atual candidato ao Palácio Buriti (DF). Fraga foi absolvido pela Justiça da acusação de concussão, ou uso do cargo público para obter vantagem indevida. O ex-parlamentar era acusado de receber R$ 350 mil em propina quando secretário de Transportes do DF. Segundo o delegado Virgílio Agnaldo Ozelami, à frente das investigações na Operação Blindness, que apura a denúncia de crime de peculato contra parla-

Pedro Vilela diz desconhecer acusação; abaixo, os pagamentos

mentares e ex-parlamentares, as duas empresas de comunicação faturaram mais de R$ 10 milhões nos últimos três anos, mesmo tendo como sócios pessoas de baixa renda, entre elas, uma ex-diarista. As atividades ilícitas envolveriam repasses de prefeituras e de verbas indenizatórias. A Operação Bledness foi deflagrada em setembro de 2018 pela Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado, aos Crimes contra a Administração Pública e aos Crimes contra a Ordem Tributária (Cecor) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Foram cumpridos, na ocasião, sete mandados de busca e apreensão nas organizações e em residências de pessoas ligadas as empresas.

FACHADA As duas empresas emitiram notas fiscais aos parlamentares com “fortes indícios de inconsistências”, as quais teriam sido usadas “para amparar a suposta utilização da cota parlamentar”, segundo denuncia a Procuradoria-Geral da República. A denúncia envolve os atuais deputados Federais Sérgio Luiz Lacerda Brito (PSD-BA), Carlos Henrique Amorim (DEM-TO), Silas Câmara (Republicamos -AM), Danilo Jorge de Barros Cabral (PSB-PE), Benedita Souza da Silva Sampaio (PT-RJ), Fábio de Almeida Reis (MDBSE), Hiran Manuel Gonçalves da Silva (PP-RR), Jéssica Rojas Sales (MDB-AC)e Fausto Ruy Pinato (PP-SP), bem como o senador Romário de Souza Faria. O grupo será investigado sob a

supervisão do STF, segundo a ministra Rosa Weber. A ministra também remeteu à Justiça Federal a investigação relativa aos ex-deputados e exsenadores André Moura (PSCSE), Alberto Fraga (DEM-DF), César Hanna Halum (PRBTO), Jozi Araújo (Podemos-AP), Marcelo Seram, Marcelo Aguiar (DEM-SP), Roberto Sales (PSD -RJ), Sebastião Bala Ferreira da Rocha, Raul Lima Sobrinho (PPRR), Milton Barbosa (PSC-BA), Iris de Araújo Rezende Machado (MDB-GO), Ronaldo Fonseca (Podemos-DF), Rebecca Garcia (PP-AM), Josiane Nunes (MDB-TO), Julia Marinho (PSC-PA), Rogério Rosso (PSDDF), Ezequiel Teixeira (Podemos-RJ) e Pedro Vilela, que não se reelegeram para os mesmos cargos nas eleições subsequentes aos fatos em apuração. Segundo a assessoria de comunicação do STF, Rosa Weber teria destacado na decisão sobre abertura de inquérito que a autorização para a apuração da materialidade e autoria de fatos “alegadamente criminosos” não implica antecipação de juízo de valor a respeito da responsabilidade criminal dos investigados. “Eles têm garantido a presunção de inocência”. Entretanto, a ministra foi categórica ao afirmar que a solicitação da PGR estaria acompanhada por elementos (relatórios técnicos de investigação, documentos e áudios obtidos em diligências de busca e apreensão, quebras de sigilo telefônico, bancário e fiscal) que embasam a acusação, com indicativos da possível prática de condutas. “Ao menos em tese, amoldam-se à gura penal proscrita no artigo 312 do Código Penal, entre outros ilícitos que podem vir a ser desvendados no curso das investigações” observou Weber.


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MOBILIDADE URBANA

Mineração da Braskem prejudica 12 mil usuários do VLT Fim do teletrabalho e volta às aulas vão sobrecarregar trânsito na Fernandes Lima DA REDAÇÃO

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erca de 12 mil usuários do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT): este é o quantitativo de pessoas na região metropolitana de Maceió que vem sendo prejudicado com a interrupção do trecho entre as estações do Bom Parto e de Bebedouro. A interrupção deu-se por causa dos laudos da CPRM, mostrando que o afundamento do solo em função da mineração da Braskem causou instabilidade severa na região e deixou de ser seguro o uso do transporte ferroviário naquele trecho. Apesar de a mineradora estar custeando o transbordo de passageiros (via ônibus locados pela Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito - SMTT) entre as duas estações de trem, os cidadãos que utilizam o serviço foram prejudicados. Um dos exemplos é a empregada doméstica Maria Correia, que mora na Vila Goiabeira, em Fernão Velho. “Deixei de pegar o VLT para ir de lotação ou de ônibus porque, com essa baldeação, eu estava chegando atrasada no serviço sempre. Agora gasto

mais do que o dobro de ônibus e meu marido vai me buscar de bicicleta, já que onde moro não chegam ônibus. Não adianta sair mais cedo de casa, tentei por vários dias e não deu certo. Está pesando no orçamento, mas não posso ficar desempregada”, desabafa. Por conta da baldeação (entra no VLT, vai até a estação, desce na estação, entra no ônibus, vai até a outra estação, volta para o VLT), passageiros com dificuldade de locomoção (como idosos, grávidas, obesos e pessoas com deficiência ou pais com crianças de colo) reclamam dos deslocamentos extras que precisam fazer e que, além dos riscos de acidentes, ainda consomem mais tempo nas viagens. O líder do movimento Luto por Bebedouro, Israel Lessa, destaca que a mobilidade urbana é mais um dos problemas que se somam ao conjunto de angústias pelas quais o descaso das autoridades e da Braskem têm deixado os moradores das áreas de risco à mercê. “O paliativo foi feito, mas o que a Braskem, a Defesa Civil, o poder público têm feito

Transporte sobre trilhos foi interrompido devido à instabilidade no solo do Bom Parto e Bebedouro

Lessa cobra projetos para compensar prejuízos à mobilidade para mitigar este problema? Há projetos para viabilizar novos traçados de linhas, compensar o prejuízo causado à mobilidade urbana? Não. Tiram os moradores das áreas de risco, aumentam os problemas com a mudança do fluxo de veículos, e ainda os deixam privados de usar de forma adequada, o meio mais cômodo e barato, que atendia

com horários fixos e de forma eficiente”, critica Israel Lessa. “Ministério Público Federal, Prefeitura, Defesa Civil, Braskem, poder público, resolvam esta situação!”, apela. SOBRECARGA Como se já não bastasse o problema para os usuários do VLT, a Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, em Bebe-

douro, foi interditada e a via alternativa que recebeu todo o fluxo que vinha da parte alta em direção ao Centro e orla, passou para a Ladeira do Calmon, que liga Bebedouro ao Farol, sobrecarregando-a. A via íngreme, agora, recebe fluxo intenso de carros e veículos pesados, como ônibus, carretas, tratores e todo o maquinário da Braskem que segue para os bairros afetados. Já fragilizados com o afundamento do solo, a sobrecarga no fluxo de veículos tem intensificado os danos nos imóveis na Ladeira do Calmon, que agora apresentam mais rachaduras. O desvio do fluxo via Ladeira do Calmon, dos veículos que vinham de Bebedouro, além das restrições do fluxo no Pinheiro, que eram as vias alternativas, contribuem para sobrecarregar a Avenida Fernandes Lima. “Essa questão pode não estar sendo notada com tanta intensidade, tendo em vista que as escolas e faculdades, assim como diversas empresas e órgãos públicos, estão em regime de teletrabalho, mas tão logo estas atividades retornem, os reflexos no trânsito ficarão bem evidentes”, assinala Israel Lessa.


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JUSTIÇA

Mais de 1.600 alagoanos aguardam reconhecimento de paternidade Estado teve 14 mil casos solucionados em 12 anos EMÍLIA LESSA Especial para o EXTRA

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esde 2008 mais de 14 mil casos de paternidade foram solucionados em Alagoas. Desses, uma pequena minoria segue sem esse reconhecimento, por ser impossível achar esse pai - em alguns casos por óbito ou desaparecimento sem nenhum dado. Mas, a maioria tem o nome do pai biológico ou do afetivo (adotado), o que é algo a ser comemorado, já que é fruto de um trabalho árduo e sem muitos recursos. Mas 1.665 processos ainda estão em andamento. Esses números representam crianças, adolescentes e até mesmo adultos que possuem somente o nome da mãe na certidão de nascimento. Os dados foram apresentados na última quarta, 9, pela juíza Ana Florinda Dantas, titular da 22ª Vara Cível da Capital - Família, durante a 10º Reunião do Fórum Permanente da Criança, do Adolescente e da Justiça Terapêutica, realizada pela Escola da Magistratura do Rio de Janeiro (Emerj) dentro da Semana do Bebê do Degase (RJ) com o tema paternidade. Outros nomes importantes do país, entre eles as juízas Raquel Santos e Ana Helena Rodrigues,

debateram a importância da presença física do pai, tanto socialmente quanto emocionalmente para a formação da criança. Destaque com seu trabalho e uma das principais referências quando o assunto é reconhecimento de paternidade no Brasil, a juíza contou com mais de 18 anos de experiência profissional para apresentar no webinário (seminário online) as evoluções dentro do Núcleo de Promoção a Filiação (NPF) do Tribunal de Justiça de Alagoas e a relevância do trabalho do Estado ao assumir a responsabilidade sobre as crianças que ainda não possuem o nome do pai na certidão de nascimento. Hoje Alagoas ganha notoriedade em todo país por inspirar outros estados com um trabalho eficaz e por possuir um núcleo que centraliza estratégias e dá prioridade para as questões de paternidade dentro da vara da família. Com uma equipe multidisciplinar, agregando diversos profissionais como psicólogos e enfermeiros dentro do tribunal, muitas mudanças são comemoradas. O sistema de banco de dados de DNA, uma das grandes inovações desenvolvidas pela Diretoria de Tecnologia da Informação do TJ (Diati), com monitoração da Coordenação de DNA da Escola Superior da Magistratura de Alagoas (Esmal), diminui uma espera de paternidade que poderia durar anos. Hoje

Juíza Ana Florinda destaca redução de crianças sem registro paterno

PROCESSOS UM DOS GRANDES PONTOS POSITIVOS NOS PROCESSOS, DE ACORDO COM A MAGISTRADA, É O RECONHECIMENTO ESPONTÂNEO EM MAIS DE 70% DOS CASOS.

os resultados podem chegar em um tempo médio de 15 dias. A coleta de sangue para o teste dentro da própria audiência minimiza o número de faltas em dias estabelecidos, o que era comum tanto por medo de serem afirmados como pais, como pela falta de recursos para o deslocamento das partes envolvidas, já que a maioria não tem renda ou ela é inferior a um salário mínimo. Um dos grandes pontos positivos nos processos, de acordo com a magistrada, é o reconhecimento espontâneo em mais de 70% dos casos. Mas por se tratar de pessoas e seus medos, ainda existem aqueles que se

negam a aceitar ser pai. Nas cidades do interior fica ainda mais difícil pela falta de dados e contato. O antigo espaço “pai não declarado”, hoje deixado em branco, é mais comum. O tal “Beto da feira” ou “Zé que trabalha no açougue” são algumas das situações encontradas pela juíza ao entrevistar as mães solteiras, quando questionadas sobre a paternidade dos filhos. Outro fato comum é o “Beto” ou “Zé” negarem ser os possíveis pais da criança. Ainda falando sobre o trabalho fora dos tribunais, Ana Florinda deu destaque às visitas feitas nas escolas de Maceió em busca de crianças que ainda não ti-

nham o nome do pai da certidão de nascimento, mostrando que com a ajuda das secretarias do Estado conseguiu reduzir em mais de 43% esse índice. O Núcleo também mantem a parceria com o sistema prisional, para realizar o reconhecimento por parte dos reeducandos, e assim possibilitar a visitação dos filhos. Com uma fala bastante elogiada pelos demais participantes do webnário, a juíza Ana Florinda contou, emocionada, como começou sua trajetória e como escolheu seguir esse lado do judiciário. “Diante da realidade que encontrei, achei meu lugar e quis deixar uma marca do meu trabalho”, falou.


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Portal orienta candidatos a prefeitos sobre ações voltadas à primeira infância Inclusão de crianças nos planos de governo pode mudar o destino de uma geração MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

A

s eleições municipais de 2020 serão diferentes devido ao impacto da pandemia de covid-19, quando a crise econômica ficou mais acirrada e a desigualdade social também. Em novembro, o eleitor vai escolher 57 mil vereadores e 5.570 prefeitos com a perspectiva de que seus representantes estabeleçam as prioridades, já que o cenário eleitoral está movimentado e a lista de promessas são as mais variadas. Para orientar os futuros gestores em seu mandatos que começam em 1º de janeiro de 2021, o portal Primeira Infância Primeiro (primeirainfanciaprimeiro.fmcsv. org.br/recomendações/) oferece ferramentas com políticas de apoio e proteção à primeira infância, fase que vai do nascimento aos 6 anos de idade. A proposta da Fundação  Maria Cecília Souto Vidigal, que criou a plataforma,  busca a sensibilização e mobilização dos candidatos nas eleições de 2020 ao montar um painel com os indicadores mais relevantes para a orientação de políticas municipais. Com isso, cada localidade terá o raio x da sua primeira infância e, assim, priorizar as políticas a adotar garantindo os direitos das crianças, principalmente das mais vulneráveis, e de suas famílias. De fato, o portal traz uma luz para os principais pro-

blemas que afligem as infâncias no Brasil e sugerir caminhos. Direcionada aos futuros prefeitos, a plataforma aponta diretrizes para ajudar os gestores a entender por onde devem começar e o que é mais urgente no tratamento das questões relacionadas à primeira infância. E os números só reforçam essas preocupações e a urgência na implementação de políticas e práticas voltadas às crianças menores. Levantamento do portal aponta que de quase 21 milhões de crianças entre 0 e 6 anos no Brasil, um terço vive na pobreza ou na extrema pobreza. Além do que, apesar da obrigatoriedade, existem cerca de 300 mil crianças de 4 a 5 anos fora da pré-escola. Já na faixa dos 2 a 3 anos, mais de um terço está fora da creche por falta de vagas ou de instituições de ensino em sua região. Nas famílias mais pobres da população, só 26% frequentam a creche. Diante da realidade nada animadora, o estudo mostra que há um universo de oportunidades de atuação em prol da primeira infância e que uma boa gestão exige foco não somente no esforço e no número de ações, mas na eficiência. Para tanto, oferece nove diretrizes prioritárias para a concretização dessa agenda, com recomendações de como incluí -las nos planos de governo. De acordo com o portal, são ações e políticas públicas que, se colocadas em prática, podem gerar grande impacto na vida das

crianças, suas famílias e toda a sociedade. CRECHES Uma das estratégias para o gestor é ampliar a oferta de creche para crianças de 0 a 3 anos, pois além de ser um direito constitucional, oferece estímulo às crianças, especialmente as de famílias mais vulneráveis. Assim, para atender este desafio, é preciso conhecer a real demanda por creches no município, que pode ser diferente da meta estabelecida no Plano Nacional de Educação (PNE) de 50%; planejar e implementar ações para atender essa população; estabelecer como prioridade as famílias mais vulneráveis, para oferecer estímulos adequados às crianças e garantir não apenas a quantidade, mas a qualidade do serviço, com profissionais qualificados, práticas pedagógicas enriquecidas, espaço físico e materiais apropriados. Implementar programas de visitação domiciliar é outra estratégia importante para promover a saúde, a parentalidade e o desenvolvimento humano, com benefícios para as crianças e suas famílias. Nesse tipo de estratégia, profissionais qualificados visitam as famílias em suas casas com uma determinada periodicidade para ajudar os cuidadores a entenderem melhor o desenvolvimento de seus filhos, orientá-los no exercício da parentalidade, com dicas para realizarem juntos atividades e brincadeiras.

De fato, são muitas as comprovações de que educação infantil de qualidade tem efeitos positivos, consistentes e duradouros na vida das crianças. A garantia de pré-escola a todas as crianças de 4 a 5 anos é outra estratégia apontada pelo portal. Apesar da obrigatoriedade, cerca de 300 mil crianças de 4 a 5 anos não estão matriculadas, contrariando uma das metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que é de até 2030 todas as crianças terem acesso a um desenvolvimento de qualidade na primeira infância. Assim, “cabe ao poder público municipal identificar as crianças que estão fora da pré-escola e fornecer as ferramentas que possibilitem o acesso a essa etapa da educação, crucial para a formação dos indivíduos”. EDUCAÇÃO E SAÚDE Integrar as políticas de educação, saúde e assistência social voltadas às crianças de 0 a 6 anos é outra estratégia indicada. Mas é preciso agir de forma intersetorial, para planejar e implementar as ações em prol da primeira infância. E indica que esse esforço conjunto deve se concentrar especialmente nos primeiros mil dias de vida da criança – da gestação até os 2 anos de idade. É o período em que a criança mais precisa de estímulos e no qual as negligências podem comprometer seu potencial. O novo gestor precisa, ain-

da, elaborar e implementar um Plano Municipal pela Primeira Infância (PMPI). Esse documento, que deve ser antes de tudo intersetorial, visa ao atendimento aos direitos das crianças na primeira infância no âmbito do município. O PMPI é um instrumento político e técnico, construído em um processo democrático e participativo, com o envolvi-


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Maceió é a capital com maior índice de mães adolescentes do País

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mento das diferentes secretarias e órgãos públicos da administração municipal, Poder Legislativo, Judiciário e sociedade civil, e deve contemplar a escuta e a participação das crianças. “É importante que ele saia do papel e se desdobre em políticas públicas a favor das crianças, principalmente as mais vulneráveis.” Priorizar a criança no or-

çamento municipal é outra medida importante para saber o quanto foi investido em programas para crianças até 6 anos. Garantir a qualidade da oferta da educação infantil do município também faz parte das recomendações. Para tanto, o primeiro passo é saber o que precisa ser aprimorado e assim investir na melhoria.

estudo Primeira Infância Primeiro direcionado aos futuros prefeitos aponta um panorama da primeira infância nada animador para o futuro gestor de Maceió. A capital alagoana aparece na primeira colocação no ranking de mães adolescentes no País. Um em cada cinco bebês tem mãe com menos de 19 anos. Outro dado alarmante é que três em cada quatro mortes de bebês com menos de um ano poderiam ser evitadas com cuidados simples como campanhas de imunização, exames pré-natal, ou atenção às mães na hora do parto. A cidade conta com 86 mil crianças entre 0 a 6 anos, de acordo com o último censo. A maternidade precoce no município ocorre praticamente entre as etnias preta e parda (que compõem 62% da população maceioense), além do que quase 8% dos bebês nascem com menos de 2,5 quilos, o que revela, na maioria das vezes, comprometimento nutricional durante a gestação. Porém o drama das mortes prematuras poderia ser evitado com ações eficazes, através do aumento

da cobertura do programa Estratégia Saúde da Família, que atinge pouco mais de um quarto da população, diz o estudo. A recomendação é que essa política pública atinja 100% das famílias e que haja melhores condições de trabalho e capacitação às equipes, para torná-las mais eficientes. Em relação à parentalidade, pouco mais da metade das gestantes maceioenses realizam sete ou mais consultas pré-natal, índice muito abaixo da média nacional, de 70%. Quanto à renda, quase 8 mil crianças de menos de 6 anos vivem em famílias pobres ou extremamente pobres, que não estão inseridas no Programa Bolsa Família, de acordo com as inscrições Cadastro Único para Programas Sociais. O estudo aponta que o dado só reforça a necessidade de rever os programas de enfrentamento da pobreza no município, priorizando o atendimento de famílias que tenham crianças de menos de 6 anos. De acordo com o levantamento, a violência contra crianças de até 4 anos havia caído em Maceió, mas o índice

de notificações dobrou em 2017. “Como só são contabilizados os casos que geraram atendimento médico ou hospitalar, este índice é a parte visível de um fenômeno bem maior, de situações que não chegaram a esse extremo. Uma vez que nesta idade as crianças não têm muita autonomia para sair, é em casa que esta violência acontece, na imensa maioria das vezes”, diz trecho do documento. A educação é outro ponto crucial na capital dos alagoanos. Com 30,6% de atendimento às crianças de até três anos, a oferta de creches está muito abaixo da meta proposta pelo Plano Nacional de Educação (PNE), de 50% até 2024. Quanto à real necessidade do município, de 59%, o índice está ainda mais distante. O estudo detectou também que a taxa de matrículas na pré-escola precisa melhorar. É que o município atende 90,2% das crianças de 4 a 5 anos. O documento mostra que Maceió conta com o programa Criança Feliz (criado pelo governo federal na gestão de Michel Temer), mas dados de 2019 revela que nem todas cidades alagoanas participam, sendo 98 municípios com adesão. Quanto à Unidade Executora do Serviço Família Acolhedora, informações de 2018 indicam que nenhum município de Alagoas possui o serviço.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Mitos e verdades: sofrimento e suicídio

Gozar Há alguma coisa que se repete na sua vida, que é sempre a mesma, essa é a sua verdade. E o que é essa coisa que se repete? É uma certa maneira de gozar. (Jacques Lacan)

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sofrimento é um comportamento inato do ser humano. Ao nascer, o bebê já apresenta um ato de sofrimento. Ele passa nove meses protegido no ventre da mãe, tendo tudo que é suficiente para viver em paz e com tranquilidade: tem alimento, ar puro, proteção e nenhum constrangimento. Mas isso é somente durante o período de gestação, até completar os nove meses, ou até mesmo antes. Mas, ao nascer ele tem que respirar com o seu próprio corpo, pedir alimento, tem sede, ou seja, tem que se adaptar com a “nova vida”: com o frio, o calor, o barulho, enfim, tem que superar todos esses eventos de “sofrimento”. Esses são alguns dos primeiros constrangimentos que ele tem que superar nos primeiros meses de vida. Não é fácil. Assim, a superação de qualquer adversidade que ele vai enfrentar precisa ser aprendida. Na vida adulta é a mesma coisa. Na mídia, e especialmente nas redes sociais, é intensa a quantidade de posts, frases, fotos

Mito: falar

A pessoa que fala sobre suicídio não tem intenção de se matar. A verdade: a maioria das pessoas que fala sobre o suicídio chega, sim, a cometer o ato.

Mito: sem aviso

A maioria dos suicídios acontece repentinamente, ou seja, sem aviso. A verdade: a maioria dos suicídios é “informada” por discretos sinais comportamentais ou verbais.

Mito: determinada

A pessoa que tem inclinação ao suicídio está determinada a cometer o suicídio. A verdade: a pessoa em risco de suicídio apresenta um comportamento ambivalente, ou seja, o de querer viver e o querer morrer.

Como acolher II

enfim, de material que apresenta uma felicidade intensa e nada mostra de sofrimento, de tristeza. É preciso analisar com cuidado esse comportamento. A alegria faz parte da vida, a tristeza também. Não é nada demais num momento apresentar um ou outro comportamento. O que ocorre é que a cultura impõe que ter tristeza ou sofrimento é coisa de gente “fraca” ou “louca”. Não é. Assim, é preciso falar sobre mitos e verdade sobre sofrimento e também sobre suicídio, que apesar de ser um ato humano, é extremamente natural e podem ser superados.

Mito: transtorno mental

Somente as pessoas que apresentam algum tipo de transtorno mental cometem suicídio. A verdade: a pessoa que tem um comportamento suicida (ou apresenta algum sinal, inclusive na fala) apresenta algum tipo de sofrimento psíquico intenso e insuportável, independentemente da existência ou não de algum transtorno mental.

Mito: conversar

Conversar sobre suicídio pode encorajar a pessoa a cometer o suicídio. A verdade: conversar abertamente sobre suicídio pode fazer com que a pessoa sinta-se acolhida e tenha a oportunidade de obter ajuda.

Mesmo que a família perceba que a pessoa queira ou tenha manipulado as pessoas (por esse comportamento já precisa de tratamento psicoterápico), é preciso que ela seja acolhida. Isso levanta a autoestima dela. E o mais importante: acolher sem nenhum julgamento.

Como acolher III

Transmitir esperança para resolver a situação que a pessoa esteja passando é fundamental. Pode-se dizer: “iremos achar uma alternativa para o problema”. Ou, “vamos procurar ajuda de um psicólogo”. A busca por um tratamento psicoterápico de imediato é fundamental para que a pessoa possa, no processo psicoterápico, ressignificar alguns fatos da vida e possa viver mais e melhor. Isso é possível.

Mito: covardia

O suicídio é um ato de covardia, coragem ou falta de Deus no coração. A verdade: o suicídio é um ato de desespero e de desesperança de quem já não percebe nenhuma alternativa para superar uma determinada dor, seja ela qual for.

Como acolher

Para quem tentou o suicídio. Muitas vezes uma pessoa quer, sim, demonstrar o sofrimento, mas tem medo de ser mal interpretada, de ser rotulada de fraca, de louca, enfim. Nesse caso a pessoa pode tentar o suicídio para chamar atenção (o ato não é uma demonstração de querer ajuda), muitas vezes inconscientemente.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Trama nacional

PARA REFLETIR:

O fim da Lava Jato

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otícia de Brasília – A eleição de Maia e Alcolumbre para presidentes da Câmara e do Senado, os vários julgamentos no STF, a demissão de Sérgio Moro,(foi enganado desde que recebeu o convite para ser ministro) a nomeação de Augusto Aras (PGR), as mudanças na Polícia Federal, a liberdade para Lula, a punição de Deltan Dallagnol , são apenas algumas peças das tratativas entre Governo, Senado, Câmara e STF para acabar

de vez com a Operação Lava Jato e livrar todos os bandidos denunciados ou mesmo condenados dos crimes de corrupção cometidos. Todos os envolvidos na trama sairão livres e milionários. E o pior: o povo brasileiro “engole” calado. Este não é um país de vergonha.

Quando a Justiça afronta

Ronaldo Lessa

As cabeças enlouquecidas dos ministros do Supremo há muito chegaram às raias do absurdo, com decisões equivocadas, provocativas e desrespeitosas aos demais poderes, ao povo e a Constituição. Deveriam ser salvaguardas da Democracia e se tornaram um bando de facínoras fazendo um poder ditatorial e abjeto, sem qualquer limite de responsabilidade. A última face cruel dessa justiça equivocada veio da lavra da ministra Cármen Lúcia, dando cinco dias para o Exército explicar sua presença na Amazônia. Pasmem onde chegaram! Faço minhas as palavras do mestre J.R Guzzo em memorável artigo quando diz: “Os atuais ministros do STF estão numa disputa cada vez mais agitada para ver quem, entre os onze, consegue fazer os piores papéis. Há, é claro, os grandes craques, gente da qualidade de um Gilmar Mendes ou Dias Toffoli, Edson Fachin ou Luís Roberto Barroso – especialmente esse Barroso, que se esforça todos os dias para ser nomeado guardião supremo da virtude no Brasil e, possivelmente, no resto do mundo. Mas sempre há um lugarzinho para a turma da segunda divisão tentar alguma coisa. É o caso da ministra Cármen Lúcia, que andava entregue à pequenez habitual de sua presença na mídia, hoje mais excitada com colegas que falam de ‘genocídio’, de ‘dictatorship’ etc. É a velha história. Se ninguém está prestando atenção em você, tenha um ataque de nervos; sempre haverá quem pare um pouco para olhar”. Como se pode admitir que um membro do colegiado da mais alta corte de justiça do país não saiba interpretar o texto da Constituição? Se soubesse não cometeria esse absurdo. Para mostrar que esse tribunal não tem nada de “supremo”, a resposta veio imediata através do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno: “A ministra Cármen Lúcia, do STF, acolheu ação de um partido político e determinou que o presidente e o ministério expliquem o uso das Forças Armadas na Amazônia. Perdão, cara Ministra, se a Sra. conhecesse essa área, sabe qual seria sua pergunta: “O que seria da Amazônia sem as Forças Armadas?” O vice-presidente Hamilton Mourão, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, disse que “é mais um uso político do STF”. Um país estarrecido assiste à politização absurda do Supremo Tribunal Federal exatamente na contramão da história. Até onde vamos suportar tamanha afronta aos brasileiros?

Até o fechamento da coluna a situação envolvendo o ex-governador não estava definida, mas bem adiantada. Se quiser será o vice de JHC no embate que vem aí. Traz consigo uma bagagem de experiência e um considerado potencial eleitoral, o colocando entre os melhores apontados em todas as pesquisas. Sabe jogar bem o jogo político e é um bom articulador. Apanhou muito em algumas eleições, foi perseguido injustamente pela Justiça Eleitoral alagoana e aprendeu com o tempo, foi traído algumas vezes, a última pelos insaciáveis Calheiros em suas trapaças para dominar Alagoas. (Até o fechamento da coluna o quadro era este – o que pode ter mudado até a saída da edição do jornal).

Um desagregador Ao que parece o senador Rodrigo Cunha não deverá ter mesmo vida longa na política se depender de sua habilidade no trato com lideranças e companheiros de partido, não bastasse a decepção de seu pífio mandato equivocadamente conquistado. Há ainda tempo de recuperar seu fôlego, porém terá que fazer uma longa e difícil reciclagem em sua caminhada, que tem sido permeada de tropeços e desgastes eleitorais. Não é raro encontrar pessoas que votaram nele na última eleição com sinais de arrependimento do voto dado na esperança de eleger um político de práticas diferentes, o que não aconteceu. Ultimamente entrou em conflito com líderes do seu partido (PSDB) em Maceió e Arapiraca, passando por cima de socialistas históricos e até afrontando a memória do ex-prefeito Rogério Teófilo, tudo para satisfazer seu ego repleto de vaidades infantis, nada recomendáveis para quem quer trafegar na história política. Tentou, a todo custo, emplacar o candidato a vice-prefeito na chapa de João Henrique Caldas (JHC), mas foi barrado em suas articulações sem consistência e está fora da jogada.

Eleições esvaziadas O Tribunal Superior Eleitoral está muito preocupado com o possível esvaziamento do eleitorado no dia das eleições (15/11) por causa do medo de pegar o coronavírus. Como a multa é irrisória (R$ 3,50) e o próprio TSE estuda como anistiar essa multa, surge a real possiblidade de uma debandada geral, inclusive atingindo pessoas que trabalharão nas secções eleitorais. Será, sem dúvida, uma eleição atípica e com uma abstenção nunca vista na história.

E jornalista é que nasci, jornalista é que eu sou, de jornalista não me hão de demitir enquanto houver imprensa, a imprensa for livre”. (Rui Barbosa)

Vereadores: limpeza radical Ao que tudo indica a mudança no plenário da Câmara de Vereadores de Maceió será bastante acentuada, e precisa ser para mudar os perfis clientelistas e inapropriados da atual composição em sua grande maioria. Nomes novos e outros não tão novos que prometem um parlamento municipal diferenciado. Entre esses Heloisa Helena, Flávio Gomes de Barros, Fábio Palmeira, Maria Tavares, Marcelo Palmeira, Joãozinho Gabriel, Sandra Menezes, Ailton Villanova, Judson Cabral e outros que citarei depois. Se a Justiça Eleitoral cumprisse seu papel na fiscalização da compra de votos teríamos um resultado de um pleito não comprado e negociado, sem os criminosos “cadastros”.

CURTAS

Heloísa Helena será a grande bandeira de dignidade das próximas eleições. Terá os votos mais conscientes do povo de Maceió. Governador está com o prestígio tão em baixa que não seria eleito nem vereador. É o peso do retorno da maldade. Anote: está cravado o destino de Maceió nos próximos quatro anos. Alfredo Gaspar ou João Henrique Caldas (JHC). Ambos capazes de fazer uma boa administração.


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Lula e o país de otários

ELIAS FRAGOSO n Economista

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orrupto, ladrão condenado em todas as instâncias da justiça e responsável maior pelo tsunami de corrupção acontecido neste país durante os anos petistas no governo federal, o ex-presidente analfabeto e cara de pau novamente tenta por as asinhas de diabo de fora. Vilipendiado pela população, abandonado pelos comparsas emedebistas, pepistas, pessedistas e pessebistas que, juntamente com o PCdo B, formaram o núcleo duro da corrupção nos governos liderados pelos petistas nos infames 13 anos em que, literalmente, quebraram o país com sua roubalheira e corrup-

ção desenfreada, o canalha há uma semana teve o desplante de “se colocar” à disposição dos brasileiros para reconstruir o Brasil (sic!). Num pronunciamento delirante, senil e irresponsável, tentou se descolar do desmonte do país e do desmanche dos fundamentos econômicos praticados durante seus governos. “Esquecendo” ser ele e seus comparsas os únicos responsáveis pelo que está acontecendo neste país nos últimos 19 anos. Na sua auto elegia, ele afirma não ter entrado (na política) pela porta dos fundos. Entrou sim. Foi uma “invenção” de intelectuais comunistas, socialistas aos quais traiu safadamente mais à frente, provocando a saída dos mesmos do PT. No seu “pronunciamento” volta a defender a política do pobrismo global, suas relações corruptas e ladravazes com ditadores mundo afora, governos africanos ladrões iguais ao dele e a vanguarda do atraso mundial em geral. Fala também que os ricos precisam pagar impostos, mas omite que,

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em 13 anos, os governos petistas não apenas fugiram do tema como o diabo da cruz, como se aliaram exatamente com o que há de pior da elite nacional para roubar o povo. Seu discurso de pai dos pobres não resiste a uma olhada mais aprofundada da exploração petista dos miseráveis através da infame Bolsa Família, um receituário do que não se deve fazer com programas de recuperação social de pessoas muito pobres. E por fim – suprema ironia – se põe à disposição

para “reconstruir” (sic) o Brasil. Seria lamentável, não fosse um desaforo à Nação, que um sujeito desqualificado desses se ponha a vomitar mentiras e aleivosias da mesma forma irresponsável de sempre. Justo ele, que não pode sair em público com medo de ser xingado em razão do seu passado criminoso. Seu “pronunciamento” esteve mais para um “festival de besteiras que assola o país”, como diria Stanislaw Ponte Preta, afinal ninguém pode se arvorar de salvador da pátria que ele mesmo levou à bancarrota. Julgado e condenado por suas falcatruas não pode se pretender “a solução” para o país que ele desconstruiu de caso pensado. Gastar tinta com essa figura é pura perda de tempo. É um morto político tentando se auto ressuscitar. É hora desse país deixar de vez o seu passado para trás. Os Lulas da vida (e são muitos) precisam saber que esta não é uma Nação de otários. Chega de salvadores da pátria.

Outra expressão é atribuída ao rei João V, muito conhecido como “Freirático” por sua apetência sexual por freiras. Com uma delas, Madre Paula, teve um grande romance e chegou a ter vários filhos que amparou e educou com esmero. Sua esposa era uma austríaca feiosa que, ao tomar conhecimento das traquinagens do monarca, procurou o bispo e confessou sua indignação por tal. Já sabedor das peripécias do amado amante e com o reforço da madame coroada, célere, o religioso foi procurar o rei reportando o que todo o seu povo vinha conversando à boca miúda. Para tornar-se agradável e tentar o perdão bispal, convidou sua santidade para umas férias no Palácio ao mesmo tempo em

que passava ordens para seu cozinheiro. Após alguns dias de total conforto, contrastando com sua vida de hábitos frugais, procurou sua majestade para uma ligeira conversa. Disse que estava recebendo tratamento muito acima daquilo que merecia, porém tinha um pedido a fazer. Que lhe fosse revisto o cardápio servido, pois desde o dia em que chegou só lhe serviram galinha nas três refeições. Placidamente, o monarca impingiu-lhe o que depois se tornaria um dito popular: “Com meus mais sacrossantos respeitos, porém, ‘Nem sempre galinha, nem sempre rainha’”. Ou, como popularizou-se: “Todos os dias, nem galinha nem rainha”.

Seria lamentável, não fosse um desaforo à Nação, que um sujeito desqualificado desses se ponha a vomitar mentiras e aleivosias da mesma forma irresponsável de sempre. Justo ele, que não pode sair em público com medo de ser xingado em razão do seu passado criminoso.

O provérbio do rei “Freirático”

JOSÉ MAURÌCIO BRÊDA n Economista

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ortugal sempre foi muito rico em provérbios e ditos populares que nós herdamos e multiplicamos em profusão. Muitos deles já sintetizam o que querem dizer sem despertar a curiosidade para o que levou a sua criação. Senão, vejamos: “o

apressado come cru”, “a desgraça não marca encontro”, “o preguiçoso trabalha dobrado”. Ou ainda “mente vazia, oficina do diabo”, “gato escaldado tem medo de água fria”, “se ferradura trouxesse sorte, burro não puxava carroça” e por aí vai. Já outros, mais específicos, trazem histórias onde, às vezes, misturam-se realidade e mito. Foi o caso de um herdeiro do trono português que teve sua amásia e grande paixão assassinada e, ainda assim, quis fazê-la rainha após a morte da esposa, legítima ocupante do trono. Colocou seu esqueleto em uma liteira para que o povo beijasse sua mão. Recebeu como resposta o “agora é tarde, Inês é morta”, muito usado ainda hoje entre nós, mesmo sem saber sua motivação.

Já sabedor das peripécias do amado amante e com o reforço da madame coroada, célere, o religioso foi procurar o rei reportando o que todo o seu povo vinha conversando à boca miúda.


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Silêncio nos bastidores

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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Brasil está vivendo tempos de instabilidade. Tudo que o presidente diz e faz é motivo de severas críticas. Apareceu na TV, recebe pauladas de boa parte da imprensa. Votei no moço atualmente no poder pensando num país melhor, pois os dezesseis anos do Partido dos Trabalhadores deixaram o Brasil bem ruim. Esperanças surgiram de que acabaríamos com a corrupção. Enganei-me! Estão voltando os mesmos aliados ao Lula e à Dilma. O Centrão está no auge, trazendo com ele velhas raposas da política brasileira. Difícil entender porque o governo

federal não cassou a concessão da Rede Globo. A empresa deve fortunas ao Imposto de Renda, à Justiça do Trabalho e ao INSS. Foram feitos vários acordos baseados em tais dívidas, mas a Globo não paga, e ninguém mexe com ela. Bastava cortar as verbas federais que vão para os Marinho e o problema seria resolvido. Até hoje, não vi nenhum gestor corajoso cobrar as dívidas da emissora, inimiga ferrenha do Bolsonaro. Posso até dizer, sem medo de errar, que o calcanhar de Aquiles do Bolsonaro são os filhos. Envolvidos na política há anos, ameaçam a vida política do pai. Um deles, Flávio, acusado de ser adepto das “rachadinhas”, todo dia é notícia na Rede Globo. No momento pediu à Justiça do Rio de Janeiro que seu processo corresse em sigilo. Esse tipo de manipulação do dinheiro público, através de salários de comissionados divididos com os patrões, ocorre no Brasil todo. Em Alagoas já houve até crimes por causa desse tipo de propina, inventada aqui, na década de 70, por uma deputada já falecida. Foram feitas denúncias por pessoas envolvidas na “maracutaia” mas não deu em nada. A comprovação é difícil. A falta de tato do presidente nas entrevistas concedidas diariamente e a

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aversão ao uso da máscara contra o vírus são pontos negativos para sua imagem. A imprensa provoca a fera e sai um bocado de tolice. Ele, o Bolsonaro, tem “pavio curto”. Perde as estribeiras e a desgraça está feita. Alguns ministros que não deixaram o governo, tentam fazer algo. Obras inacabadas, como a transposição do Rio São Francisco, estradas como a CuiabáSantarém, e ferrovias como a Norte-Sul, foram tocadas pelo ministro da Infraestrutura. A responsável pela pasta da Agricultura também faz um bom trabalho; prometeu investir no Nordeste; Deus queira que faça isto. O Paulo Guedes luta com unhas e dentes para equilibrar as finanças; está na corda bamba por conta das despesas do coronavírus; o presidente já o desautorizou publicamente. Outros não se destacam, mas são obedientes. Fato estranho é o silêncio das Forças Armadas. A imprensa ataca abertamente os militares e o único que ainda responde é o general Heleno. De uma maneira geral, parece até que elas não apoiam o atual governo. Na minha humilde opinião, a imprensa e a oposição tentam desestabilizar o governo. Outro fato positivo é atuação do vice -presidente. Ele se comporta como bom

subcomandante de um quartel. Fala pouco, não critica o chefe, embora nem sempre concorde com ele. Mas não deixa transparecer. Acredito no Mourão. A ajuda complementar que o governo concede às pessoas carentes virou fato político. O ministro da Economia tornou-se mágico: não sei de onde retira tanto dinheiro, mas tudo isso servirá para reeleger o presidente. Reconheço ser uma ajuda valiosa para os pobres, contudo existe muita gente se aproveitando indevidamente da pequena quantia. O Congresso Nacional e o STF lutam contra o Poder Executivo. A mais recente piada foi obrigar as Forças Armadas a informar o que estão fazendo na Amazônia. Vejo militares ali expondo suas vidas pela floresta, contraindo doenças, tipo malária, socorrendo populações, salvando vidas, ocupando o território e o mais importante: com pouquíssimas verbas. Conforme analisamos o desenrolar dos acontecimentos atuais, detectamos pontos positivos e negativos; rezamos para que tudo dê certo e consigamos minorar a corrupção, melhorar a qualidade de vida do povo, prender os ladrões do dinheiro público. Deus na causa!

A falta de tato do presidente nas entrevistas concedidas diariamente e a aversão ao uso da máscara contra o vírus são pontos negativos para sua imagem. A imprensa provoca a fera e sai um bocado de tolice. Ele, o Bolsonaro, tem “pavio curto”.


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Alfredo Gaspar de Mendonça

MAURÍCIO MOREIRA

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n Empresário

á pessoas especiais, que não precisam de explicações; suas obras, seu passado, seu legado pessoal e familiar comprovam a pessoa íntegra, digna, de caráter, idoneidade moral, ético e sem mancha, com uma trajetória brilhante. Alfredo Gaspar de Mendonça não é uma promessa, é uma realidade. Foi considerado o mais competente

secretário de Segurança Pública do estado de Alagoas e do Brasil. Que, apesar de uma população crescente e de um efetivo policial reduzido, diminuiu os índices de criminalidade, homicídios, tráfico de drogas e outros crimes afins. Decorrência de um grande trabalho de líder, com integração de esforços e de inteligência, com participação intensa de todas as forças da segurança de Alagoas. Assumindo o dever de preservar a harmonia, segurança e bem estar da sociedade. Uma gestão que foi realmente motivo de muita satisfação para os alagoanos. Alfredo Gaspar de Mendonça, um paladino vocacionado, cavalheiresco, destemido, de caráter inquestionável, que segue sempre o caminho da verdade, lei e ordem. Sempre disposto a lutar por causas justas, que herda em

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sua genética a competência, a cultura, o preparo, a honestidade e a coragem. Um cidadão que sempre atuou no serviço público. Ex-procurador-geral de Justiça, sempre respeitou as instituições, cumprindo com suas responsabilidades, enaltecendo e honrando os valores da sociedade, os deveres e direitos dos cidadãos. Sempre tendo um comportamento cívico exemplar, dedicando parte da sua vida ao interesse e serviço público. Honrando e sendo fiel ao estado de Alagoas. Alfredo Gaspar de Mendonça é um nome forte, é um homem de poucas palavras e muitas atitudes. A vida profissional, muitas vezes leva as pessoas para uma situação de luta ou fuga e Dr. Alfredo sempre optou por lutar, muitas vezes, no corpo a

corpo, nos combates traçados na vida pública. Atuou em instituições e cargos públicos, exercendo com eficácia a sua missão como ex-procurador-geral de Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do estado de Alagoas. Um homem que tem em sua essência o respeito, a honra e a dignidade ao serviço que lhe compete, a instituição que está inserido. Sempre fazendo a diferença, sendo ético, e identificado na realização de suas atividades e funções. Não é difícil de ver que Alfredo Gaspar de Mendonça é realmente preparado. As suas ações são fecundas e benéficas para a sociedade. Se identifica com a vida pública, caminha firme, sem medo e sem vacilar, porque está seguro da própria identidade e missão.

patrono, devem ser sempre preservados pelo texto de lei modificadora. A Constituição Federal de 1988 inovou quanto à função do advogado, daí resultando o art. 7º do Estatuto da Advocacia de 1994. Era a sacralização da profissão, assim como dos escritórios advocatícios, embora esse entendimento já viesse de antes, uma vez que o mister do advogado sempre mereceu o respeito das autoridades públicas. Infelizmente, com a proteção da inviolabilidade, alguns advogados – minoria ínfima – abriu suas portas aos crimes de colarinho branco, reconhecidos como prevaricação, corrupção, lavagem de dinheiro etc. Como resultado dessa complacência, a profissão passou a ser malvista pelos órgãos de persecução criminal, chegando-se ao ponto de a Lei nº 11.676 flexibilizar o que antes era sagrado, além de lançar carga de desconfiança

sobre a classe de advogados, a imensa maioria respeitadora dos princípios da moral e da ética. Ocorre ser preciso que se faça importante e necessária diferenciação: o advogado que procede como criminoso, não o faz como advogado (a repetição é enfática), mas sim como delinquente comum. Mesmo assim isso deve ser visto com certa reserva, pois nem tudo o que parece ser é. Lembro de quando presidi a Comissão de Defesa das Prerrogativas do Advogado, da OAB/AL, apenas dois escritórios foram devassados no triênio, suspeitos de prática criminosa e ao final inocentados. O deplorável espetáculo exibido esta semana pela mídia, com buscas e apreensões em vários renomados escritórios, por comportamento ético-penal duvidoso, não há de nodoar a profissão. Afinal, somos essenciais à prestação jurisdicional.

Alfredo Gaspar de Mendonça, um paladino vocacionado, cavalheiresco, destemido, de caráter inquestionável, que segue sempre o caminho da verdade, lei e ordem. Sempre disposto a lutar por causas justas, que herda em sua genética a competência, a cultura, o preparo, a honestidade e a coragem.

A queda dos templos sagrados

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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advogado, por ser considerado essencial à administração da Justiça, é privilegiado pela Constituição Federal com a inviolabilidade. Não é, e nunca foi, um privilégio negativo fruto do corporativismo, como podem pensar alguns. É sim, medida necessária, considerando ser ele um defensor dos direitos públicos ou privados, individuais ou coletivos. O exercício da Advocacia impõe ao operador do Direito a guarda de

segredos dos clientes. É próprio da função. Sem isso outro princípio constitucional restará desrespeitado, qual seja o direito de defesa dos acusados, além de ter o condão de negar a paridade de armas do cidadão perante a Justiça e a Administração Pública, ou seja, o poder do Estado. Considerando a disposição constitucional, para que a inviolabilidade do advogado se realize é também imprescindível a sacralidade dos escritórios de Advocacia. Isto foi afirmado pela Lei nº 8.906/94, alterada pela Lei nº 11.767/2008. Observe-se que essa lei de 2008 reafirma a inviolabilidade do escritório de advocacia, embora o § 6º, do artigo 7º imponha restrições, cedendo a proteção do local de trabalho do advogado a ordens judiciais consequentes de inquérito ou processo judicial. Assim mesmo, os dados e informações de clientes alheios à investigação sofrida pelo seu

O deplorável espetáculo exibido esta semana pela mídia, com buscas e apreensões em vários renomados escritórios, por comportamento ético-penal duvidoso, não há de nodoar a profissão. Afinal, somos essenciais à prestação jurisdicional.


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CONHEÇA O PIX

Novo sistema de pagamento nacional exige atenção redobrada de usuários Previsão é de que transações entre todos os bancos seja feita em apenas 10 segundos

Delegado orienta sobre como evitar golpes

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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Pix, novo sistema de pagamentos que será implantado pelo Banco Central em novembro, ainda tem um futuro nebuloso pela frente, principalmente no que se refere a sua futura relação com os órgãos de defesa do consumidor, como o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e delegacias que investigam crimes cibernéticos no Brasil. Com a premissa de priorizar o usuário, eliminando intermediários, o sistema que será uma alternativa ao DOC e ao TED, vai possibilitar enviar e receber dinheiro de maneira praticamente instantânea por meio de qualquer banco, fintech ou rede varejista - com um teto de 10 segundos para conclusão da movimentação -, sem limite de dia e hora para a realização de operações, funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana, incluindo feriados. Apesar da vantagem, nem tudo são flores no novo sistema de transferências e pagamentos desenvolvido pelo BC, que ainda está em fase de homologação com as instituições financeiras. Da mesma maneira em que a prioridade é o usuário, os problemas que vierem a acontecer em caso de transações erradas também poderão ser de total responsabilidade do usuário e sem possibilidade de estorno, ficando a vítima refém da boa vontade de quem recebeu o valor na conta. “Um ponto que nos preocupa está vinculado aos possíveis erros de transações pelos mais variados motivos, pode ser por erro do usuário,

Pix vai estar liberado a partir de novembro para todos os correntistas, segundo BC por desconhecimento, por fraude ou por abuso do fornecedor”, diz a economista e coordenadora do Programa de Serviços Financeiros o Idec, Ione Amorim. Segundo ela, não estão claras nas regras as condições para reverter essas ocorrências. “Como serão adotados vários canais para facilitar a transação, como e-mail, número do CPF, QR code, número de celular, certamente ocorrerá falhas no sistema”, afirma. Para o Idec, é necessário, antes de pôr o sistema em prática, estabelecer um órgão regulador que dê respostas rápidas, além de simplificar essa linguagem para que o consumidor não seja exposto às abusividades do sistema e não caia em fraudes. “Até o presente momento, a oferta do novo serviço foi feita destacando os benefícios e funcionalidades, mas não temos um órgão regulador. Apesar de não ter sido divulgado, acreditamos que será o próprio Banco Central”, complementa Ione. A coordenadora explica ainda que, atualmente, é comum casos de usuários realizarem um depósito ou um DOC ou TEd e o valor acabar entrando na conta errada por uma informação incorreta e quem recebe não querer devolver. Casos assim acabam virando mais ações na Justiça que podem levar anos para que se possa

Ione Amori diz que Idec espera regras mais claras

chegar a uma decisão. “Imagina uma operação como essa sendo informada por um número de celular ou e-mail? No contexto só do banco já é difícil estabelecer o diálogo com a parte beneficiada indevidamente, para a maioria reconhecer o erro e devolver é o esperado”. No site do Banco Central, é possível encontrar uma lista de perguntas e respostas bem abrangente. Mas, segundo órgãos como Idec e até mesmo o Procon, é na prática que será possível avaliar se o conteúdo já orienta adequadamente. Vale lembrar, ainda, que as perguntas e respostas orientam corretamente, mas não evitam nem mostram como resolver erros, sendo necessário ainda um normativo para coibir abusos e reverter as inconsistências. As dúvidas também já começaram a surgir entre agentes Programa de Proteção e Defesa do Consumidor de Alagoas o Procon. “Por ser um meio novo e tecnológico, estamos analisando como funciona a nova plataforma de pagamento, de modo a perceber como os consumidores estão recebendo e utilizando”, afirma Daniel Sampaio, diretor-presidente do instituto em Alagoas. Na prática, o sistema ainda segue sendo estudado pelo instituto para saber como atuar nos possíveis casos de reclamação.

A possibilidade de fraudes com o Pix e como isso poderá ser evitado também é uma incógnita para o delegado José Carlos, responsável pela Seção Antissequestro e Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de Alagoas. Segundo ele, já está sendo esperado pela polícia um grande número de denúncias relacionadas ao novo sistema de pagamentos. Em todo Brasil, golpes pela internet são isso corriqueiras. “Às vezes o alagoano cai e nem percebe que caiu. A priori é algo inofensivo, você entra no link, preenche alguns dados e algum tempo depois é que a vítima se vê com um empréstimo que não fez, ou com a dívida de um carro financiado, ou então de um plano de telefone”, detalha o delegado sobre os tipos de denúncias comuns de fraude em Alagoas. Pensando nisso, o EXTRA questionou o delegado sobre o que fazer para evitar cair em golpes do tipo. Confira as dicas dadas por ele: - Instale um antivírus: a recomendação que damos é que hoje até para celular existe antivírus, então é importante instalar em seus aparelhos celulares e principalmente, não clicar em links suspeitos. - Cuidado com links: criminosos para terem controle do aparelho certamente usarão algum tipo de fishing, que “pescam” informações do celular através de algum link que, ao invés de ser um site inofensivo, por trás estará algum tipo de mecanismo para roubar esses dados. - Não envie códigos: é fundamental não conversar com desconhecidos e nem informar qualquer tipo de código que terceiros liguem pedindo. Um dos meios que naturalmente poderá ocorrer, já que o WhatsApp também permitirá esse tipo de serviço, é a possibilidade de recuperar a conta através deste código. Caindo em mãos erradas, os criminosos terão acesso ao seu WhatsApp e consequentemente ao seu sistema de pagamento.


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CESTA BÁSICA

Alagoano vai pagar mais caro pelo arroz e feijão

Desvalorização do real e aumento da demanda no exterior prejudicam brasileiros

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

zado e arroz semibranqueado e branqueado, não parboilizado. Essa redução tem validade até 31 de dezembro deste ano. Atualmente, a alíquota de importação do produto adquirido de países fora do Mercosul é de 10% para arroz em casca e de 12% para o arroz beneficiado. Para países que integram o Mercosul (Argentina, Uruguai, Paraguai), a tarifa já é zero, segundo informações do Ministério da Economia. A importação do produto representa cerca de 10% do consumo de arroz no país, o que equivale a 11,6 milhões de toneladas, segundo dados da Conab.

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ão bastasse a espera pela segunda onda do novo coronavírus, os alagoanos agora precisam se preparar para o aumento, nos próximos dias, dos preços dos alimentos que compõem a cesta básica, como o arroz e feijão, além da carne para o churrasco do final de semana, como apontam os dados da pesquisa de preços divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na segunda, 7 de setembro. Apesar da pesquisa não contemplar Alagoas, é possível obter uma média do que vai acontecer através de dados de estados vizinhos e que possuem os mesmos problemas de produção de grãos de Alagoas. A capital vizinha, Recife, por exemplo, reflete o resultado nacional, com alta de 0,7% apenas no mês passado. Quando se observa o dado mais consolidado, a capital pernambucana aparece entre as que tiveram maiores taxas de elevação do País. O aumento não foi diferente em Salvador, que presenciou a elevação de 16,15%, e Aracaju com 13,21%. Para o professor Lucas Gama Lima, do curso de Geografia do Campus do Sertão e responsável pelo Observatório de Estudos sobre a Luta por Terra e Território (Obelutte/Gepar/ Ufal), esses aumentos deverão ser sentidos no bolso dos alagoanos já nos próximos dias. Segundo o especialista, o estado de Alagoas não é autossuficiente na produção desses itens e a produção do feijão, por exemplo, já se apresentava em declínio no estado. Entre as safras de 2009/10 e 2018/19 foi registrada uma queda de 54% da produção de feijão em Alagoas. A previsão da Companhia

CARNE

Queda na produção interna e aumento da demanda no exterior fará arroz ficar mais caro para o alagoano Nacional de Abastecimento (Conab) é que essa realidade descendente se mantenha, aumentando a procura e diminuindo a oferta. A situação do arroz é um pouco diferente, mas não é satisfatória nem suficiente para suprir a demanda de Alagoas, que acaba precisando comprar o produto de outras regiões. Entre as safras de 2009/10 e 2018/19 foi registrado um acréscimo de 7,7%. A previsão da Conab é que seja haja um novo acréscimo de 10,3% em 2019/20 em relação à safra de 2018/20. A ausência de soberania alimentar na produção desses grãos em território alagoano faz com que dependamos do que é produzido em outros estados e, até mesmo, em outros países,

explica Lucas Gama. “A moeda brasileira está desvalorizada e há uma demanda por grãos no mercado internacional. Em razão disso, várias empresas do agronegócio têm optado por exportar esses grãos em detrimento da demanda nacional”, explica Dados do Comércio Exterior Brasileiro, vinculado ao Ministério da Indústria, apontam um crescimento de mais de 33% das toneladas exportadas pelo Brasil de raízes e legumes (entre eles, feijão), entre janeiro e agosto de 2020, em relação ao mesmo período do ano anterior. No caso do arroz (sem casca ou semielaborado, parbolizado ou convertido) a elevação das toneladas exportadas foi de 37,6% entre janeiro e agosto de 2020, em relação ao mesmo período do

ano anterior. “Em resumo, como não há preocupação com a soberania alimentar em Alagoas e, também, no Brasil, alimentos continuam a serem exportados pelo agronegócio em detrimento das demandas da população nacional. Isso impacta nos preços desses itens, ocasionando seu encarecimento, como se registra na atualidade”, frisa. Na tentativa de reduzir o custo do arroz importado para aumentar a oferta e conter a alta de preços do produto no mercado interno, a Câmara de Comércio Exterior decidiu na quarta-feira, 9, reduzir a zero a alíquota do imposto de importação para o arroz em casca e beneficiado. A redução, no entanto, está restrita a uma cota de 400 mil toneladas de arroz com casca não parboili-

A carne bovina apresenta uma situação similar. Alagoas também não tem autossuficiência na produção, de modo que depende da oferta desse item por empresas localizadas em outros estados, em especial aquelas situadas no Centro-Oeste brasileiro. O aumento no valor da carne, que já vem sendo registrado ao longo dos últimos meses, pode perdurar por mais alguns devido a diminuição de 11,4% no número de cabeças de carne bovina abatidas no estado no primeiro trimestre de 2020, em relação ao primeiro trimestre do ano passado. De acordo com o professor Lucas Lima, parte das empresas exportadoras do agronegócio tem priorizado o envio de toneladas de carne bovina para o exterior em razão da alta demanda internacional, sobretudo da China, e em razão do real desvalorizado. Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) informam um crescimento de 16% das toneladas de carne bovina exportadas pelo Brasil, entre janeiro e agosto de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado.


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Correios à venda

Tarifas bancárias

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privatização dos Correios no Brasil deve mesmo acontecer em 2021 e são várias as empresas interessadas em adquirir o serviço postal que atualmente pertence ao Estado. De acordo com o site Coluna Esplanada, atualmente são duas as mais interessadas na negociação: a chinesa Alibaba, dona do Aliexpress, e a companhia argentina Mercado Livre, pioneira do comércio eletrônico na América Latina. A privatização dos Correios é sugerida pelo governo desde o primeiro semestre de 2019, mas ainda não teve o processo de venda formalizado.

Feriado de coronavírus O feriadão da Independência, comemorado na última segunda-feira, parece ter feito os alagoanos esquecerem a pandemia do novo coronavírus, fomentando a atividade turística em Alagoas. Prova disso é que, segundo o Costa dos Corais Convention Visitors & Bureau, a ocupação hoteleira na região Norte do estado chegou em 100% nos hotéis associados à entidade. Empreendimentos hoteleiros de Piranhas e Delmiro Gouveia, no Sertão alagoano, também registram ocupação máxima para a data. A alta na procura pelos hotéis se estendeu a todo o estado. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Alagoas, a taxa de ocupação em chegou a 67,12%. A entidade tem cerca de 80 associados em todas as regiões.

Foco em LGBTI+ Atendimento sem discriminação e com respeito à orientação sexual e identidade de gênero de seus correntistas. Esta é a promessa de um novo banco no mercado: o Pride Bank, um banco digital aberto a qualquer pessoa, mas com foco na comunidade LGBTI+. Um dos diferenciais é que o correntista pode usar seu nome social impresso no cartão do Pride Bank, evitando constrangimentos para transexuais e travestis. Os cartões de crédito são pré-pagos e têm bandeira Mastercard. Por ser pré-pago, o cartão é acessível àqueles que têm restrição no CPF.

O reajuste médio das tarifas bancárias foi de três vezes a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre junho de 2019 e maio de 2020. Segundo levantamento feito pelo Instituto de Defesa do Consumidor, os pacotes de serviços subiram, em média, 6%, enquanto as tarifas avulsas tiveram alta de 5,1% contra um IPCA de 1,88% no mesmo período. Todos esses aumentos fizeram o Idec constatar que o brasileiro está pagando, em média, um salário mínimo por ano apenas em tarifa bancária.


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TEMÓTEOCORREIA

NO PAÍS DAS ALAGOAS

n Ex-deputado estadual

Mais um suplente

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gosto de 2004. Estávamos na Av. Fernandes Lima, Maceió-AL, parados em razão de um enorme engarrafamento que se formou. Sentado ao meu lado, Val-2000, da cidade de Maribondo-AL, um eterno suplente de vereador, que jamais sentiu o sabor de uma vitória nas urnas. Fixou seu olhar num adesivo colado no vidro traseiro de um carro que se encontrava à nossa frente. Ria sozinho, como se estivesse tomado por algum encanto. Levado pela curiosidade, procurei ler o que estava escrito e pude visualizar: “Para vereador vote em Dinho. Diferente deles e igual a você”. Perguntei: Por que estais rindo, Val? - Bem, se o cara desse adesivo aí da frente for “igual a eu” como está dizendo, é mais um suplente na praça.

FIEA


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

ANFAVEA VAI REVER PREVISÕES PARA 2020

208 reúne tudo para fazer Peugeot crescer

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Peugeot aposta em nova vida para o hatch 208, fabricado em El Palomar (Argentina) com motor exportado do Brasil de quatro cilindros, 1,6 litro, 118 cv (etanol), 15,6 kgfm e todas as versões com câmbio automático de seis marchas. Sua arquitetura CMP, a mais moderna da marca francesa, estilo arrojado e pacote tecnológico avançado significam também uma guinada no posicionamento, ao se descolar da base do mercado. Oferecido entre R$ 74.990 e R$ 94.990 inclui entre alvos principais Polo, Yaris e Fit (este considerado mais monovolume do que hatch de teto alto). A principal executiva do grupo no Brasil, Ana Theresa Borsari, afirma que os SUVs compactos se estabilizaram em 15% de participação e, portanto, os hatches tendem a voltar a crescer como segundo ou mesmo terceiro carro da família, no período pós-pandemia. Segundo Oswaldo Ramos, diretor comercial, as projeções de vendas estão mantidas como no começo do ano, ainda antes da pandemia, por se tratar de um modelo com vantagens na sua faixa (alta) de preço. Ele acredita que o 1% atual de mercado da marca crescerá, sem revelar uma meta. Para isso acha que o plano de financiamento com 30% de entrada, 36 prestações e mais 30% ao fim do período com garantia de recompra por 100% da tabela FIPE (concorrentes oferecem 80%) deve atrair antigos e novos clientes. O novo 208 mantém o volante de pe-

quenas dimensões com respostas rápidas e acrescenta quadro de instrumentos inovador com holografia tridimensional que identifica placas de trânsito, além de frenagem autônoma de emergência e assistente de mudança de faixa. Freios são a tambor atrás e como pesa 23 kg a menos que o modelo anterior não chega a comprometer. Espaço interno para as pernas no banco traseiro é razoável, porém o carro ficou 2 cm mais baixo e pessoas altas raspam a cabeça no teto. O assoalho é ligeiramente desnivelado em relação à soleira de porta porque na versão elétrica as baterias ocupam esse vão. Porta-malas tem 265 litros, 20 litros menos que antes. O motor entrega desempenho razoável (0 a 100 km/h em 12 s, dado de fábrica). Importar o 1,6 L turbo do 2008 ou o tricilindro turbo europeu, com a cotação atual do euro, deixaria o carro sem condição de competir. Opção é oferecer a versão elétrica 208 e-GT a partir do início de 2021, ainda sem valor estimado, mas competitivo na Europa. A sensação de guiar, como todo elétrico, alia desempenho (0 a 100 km/h, em 8,1 s) ao silêncio a bordo. Pesa 300 kg a mais que o modelo convencional. No entanto, comportamento é exemplar, tanto em estabilidade direcional quanto em curvas, no travado circuito do Haras Tuiuti. O 208 elétrico deve vender muito pouco, mas pode ser líder nesse nicho de mercado por seu estilo e provável bom preço relativo.

Apesar de as vendas diárias estarem em ascensão, a situação da indústria automobilística ainda preocupa bastante principalmente pelo nível de emprego que depende da produção e exportações. A Anfavea admite rever a queda do mercado interno, hoje em torno de 35%, já no próximo balanço mensal em outubro. A revisão da entidade deve apontar uma queda anual de 30% de 2020 sobre 2019 contra até 45% das primeiras estimativas. Alguns executivos, como o presidente da GM América do Sul, Carlos Zarlenga, estimam o retorno dos níveis do ano passado só em 2023. No entanto, o consultor Francisco Mendes acredita que já em 2021 o mercado interno de automóveis e comerciais leves (94% do total) atingirá um crescimento de 3,9% sobre 2019. Se concretizada sua previsão, comprova a resiliência da economia brasileira à pandemia da covid19. E a chamada recuperação em “V”, quando as vendas sobem tão rapidamente quanto caíram, já não pode ser apontada como delírio de otimistas. Mesmo com preços de tabela (sugeridos) em alta moderada, os negócios entre consumidores e concessionárias são influenciados por planos de postergação das primeiras prestações, bônus atraentes e também o velho recurso de “compre antes que aumente”. Rendimentos do mercado financeiro estão muito baixos e viagens internacionais encareceram demais pela alta acentuada do dólar. A opção pode ser trocar o veículo por um novo

GM E HONDA ACERTAM ALIANÇA PONTUAL Os desafios ambientais e pesquisas sobre conectividade com enorme impacto financeiro sobre investimentos estão deixando os fabricantes sem saída a não ser juntar forças. Este cenário levou GM e Honda a assinarem um acordo para aliança estratégica na América do Norte. Em comunicado conjunto as duas empresas se comprometeram a explorar o compartilhamento de plataformas de veículos e sistemas de propulsão para diversos segmentos. Apesar de o acordo estar restrito àquela região, é bom lembrar que pode ser expandido no futuro. E também os mercados internos da América do Norte (Estados Unidos, Canadá, México) e Japão somados, praticamente se igualam ao da China, o maior do mundo.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

NOVO COMANDANTE DO FLA GERA DÚVIDAS NO INÍCIO DE TRABALHO Que o técnico português Jorge Jesus iria fazer falta para a equipe do Flamengo ninguém tinha dúvidas. O ano brilhante do comandante português reacendeu a chama do futebol brasileiro e encantou todos que o viram. Foram cinco títulos em sete disputados e o que se esperava era a continuidade deste grande trabalho. Porém a história teve um rumo diferente, o Mister trocou o Mengão pelo Benfica. A decisão da diretoria em escolher o novo técnico não foi das mais fáceis, ter um substituto à altura era uma tarefa complicadíssima. O escolhido foi Domènec

Torrent, que trabalhou com o renomado e multicampeão Pep Guardiola em diversos clubes. O nome agradou a todos, mas no decorrer dos jogos era notável que o elenco estava rendendo abaixo do esperado. Com pouco tempo para trabalhar, Domènec quis inovar e tentou implementar sua filosofia, que, a princípio, não deu muito certo. Foram dois jogos e duas derrotas seguidas: 1 a 0 para o Atlético Mineiro e 3 a 0 para o Atlético Goianiense. Porém a maré virou, e Dome tem conseguido melhores resultados, são sete jogos invictos até

o momento. O time pode não perder, mas aquele Flamengo dominante nos 90 minutos que foi visto em 2019 ainda não entrou em campo pelo comando do novo técnico.

RETORNO DA NFL

Batalha dentro e fora dos gramados

Q

uem nunca sonhou em ser um jogador de futebol ? Com certeza esse é objetivo de milhares de brasileiros. Aqui em Alagoas, o estudante Vinícius Moreira, de 18 anos, há dois anos sustenta o sonho de se tornar um jogador profissional. O jovem busca garantir uma bolsa esportiva para estudar em alguma universidade nos Estados Unidos. Para arrecadar fundos o atleta vende água no bairro do Barro Duro, no sinal que fica ao lado da farmácia Drogasil e em frente ao colégio Isaac Newton. Segundo Vinícius, a pandemia afetou direta e indiretamente nos seus objetivos deste ano. “As ligas de futebol das faculdades americanas foram adiadas, porém precisamos ver o lado bom das coisas, pude tirar esse tempo todo para focar nos estudos (inglês e ensino médio) pois estou terminando aqui’’, disse o jogador. De fato, a estrutura de ensino e formação de atletas do exterior é superior à realidade brasileira, e devido a isso o custo para estudar em faculdades estadunidenses renomadas é alto. As despesas anuais com a faculdade, incluindo moradia, alimentação e ensino, chegam próximo a 8 mil dólares.

Depois de longos meses de espera, a liga mais requisitada de futebol americano do mundo volta a ser disputada. Recheada de craques, a NFL tem trazido nos últimos anos jogos eletrizantes do início ao fim das partidas. Devido a pandemia do novo coronavírus, a baixa para essa temporada da NFL fica por conta das torcidas. A motivação que os fãs da bola oval passam para os jogadores dentro de campo melhoram ainda mais o espetáculo dos duelos e infelizmente de início não haverá público. Vamos aos favoritos para levantar o Super Bowl. O atual campeão, Kansas City, é um forte

concorrente ao o bicampeonato. De contrato renovado, por dez anos, o astro e atual Mvp, Patrick Mahomes, deve fazer mais uma brilhante temporada pelos Chiefs. Também não se pode esquecer do Baltimore. Depois da melhor temporada regular na história da franquia,

as expectativas estão altas para os Ravens em 2020. O super ataque comandado por Lamar Jackson tende a dar trabalho assim como na última temporada. A equipe que melhor se reforçou para 2020 foi de longe o Buccaneers. As aquisições de Tom Brady e Rob Gronkowski colocaram o time em outra prateleira da liga e a expectativa é de grandes atuações da dupla que já se conhece bem dos tempos de New England.

MESSI FICA! Depois de avisar que não ficaria mais no Barça, após a eliminação do time espanhol na Champions League, o argentino voltou atrás da decisão e permanecerá mais um ano na equipe. O motivo que fez o craque permanecer no Camp Nou foi para evitar um possível desgaste nos tribunais, e como o argentino ama o clube que o fez um dos maiores

jogadores da história, preferiu só sair quando seu contrato encerrar. Lionel tem vínculo com o time blaugrana até a metade de 2021. Contrariado e infeliz com a atual gestão do Barcelona, resta saber se o atleta irá carregar o time nas costas como nos últimos anos ou se deixará esse cargo para outro jogador do elenco.


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ABCDOINTERIOR MDB por um fio

Lagoa da Canoa

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s eleições em Arapiraca parecem um tanto complicadas. Pelo menos para o MDB que deve decidir na convenção marcada para o próximo dia 15 entre Ricardo Nezinho, Luciano Barbosa ou seu filho Daniel Barbosa. Nezinho já avisou e não esconde de ninguém que apoia a candidatura de Luciano, mas rejeita a de Daniel Barbosa,

A Prefeitura de Lagoa da Canoa iniciou, na terça-feira, 8, mais uma entrega dos kits merenda para os alunos do município. Estão sendo contemplados os estudantes da creche, educação infantil, ensino fundamental I (1º ao 5º ano) e II (6º ao 9º ano), o que totaliza, aproximadamente, 3 mil e 500 kits. A distribuição segue até esta sexta-feira (11).

Protesto

Poder de fogo E o entendimento, na visão de Nezinho, é muito claro, já que ele tem largas chances de lograr êxito no pleito que será realizado em novembro próximo. Além disso, as pesquisas internas do próprio partido mostraram claramente o poder de fogo do deputado que aparece numa posição privilegiada, sendo seguido pelo próprio Luciano Barbosa e depois pelo deputado estadual Tarcizo Freire e a vereadora Gilvânia Barros.

Segue firme Por falar em Tarcizo Freire, já é de domínio público que ele decidiu ser candidato, diante da insistência de Luciano de disputar as eleições de Arapiraca. Tarcizo apoiava abertamente a pré-candidatura de Ricardo Nezinho e chegou até a conversar com Luciano em seu gabinete na Vice-Governadoria, quando informou que sairia candidato pelo PP.

Decisão incomodou A sua decisão foi de encontro aos anseios não só do MDB como do deputado Arthur Lira, que queria uma conversa mais ampla com outros partidos. Mas Freire, que é a principal liderança do PP no interior alagoano, segue firme rumo à Prefeitura de Arapiraca.

Vai esquentar Mas não se pode deixar de acreditar no crescimento de outros concorrentes, a exemplo da vereadora Gilvânia Barros e dos advogados Hector Martins e Cláudio Canuto. Outro detalhe não menos importante é a pré-candidatura da prefeita Fabiana Pessoa, que vem crescendo e conta abertamente com apoio da maioria dos vereadores arapiraquenses. Pelo andar da carruagem, o clima promete esquentar até o final das convenções partidárias, no próximo dia 16.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Mais forte Enquanto o MDB não se decide, os concorrentes vão ficando cada vez mais fortes, o que pode dificultar a “vitória” do partido nessas eleições. Outro fato que precisa ser levado em conta é que se Ricardo Nezinho abandonar o barco pode colocar ainda mais lenha na fogueira, frustrando de vez a possibilidade de o MDB de eleger o futuro prefeito da cidade mais importante do interior alagoano.

Nada decidido Edinho Leite, candidato à reeleição em Craíbas, vai encarar um adversário difícil pela frente. Ninguém menos do que o empresário Teófilo Pereira, que está munido de informações e documentos para confrontar a atual administração, revelando a falta de competência e transparência financeira.

Trabalhadores dos Correios que estão em greve desde o dia 18 de agosto fizeram um ato público, na manhã da quarta-feira, 9, na Praça Luiz Pereira Lima, em Arapiraca. O protesto reuniu ecetistas de outros municípios do interior.

Acordo coletivo Os grevistas fizeram panfletagem e conversaram com as pessoas que passavam pelo local informando sobre a reivindicação da categoria, que é a manutenção do acordo coletivo que teria validade até 2021 e que foi revogado pela justiça a pedido da Empresa de Correios e Telégrafos. Com isso, de acordo com os grevistas, 70 cláusulas que garantiam direitos aos trabalhadores, como pagamento de horas extras, adicional de risco, vale-alimentação e licença maternidade de 180 dias, entre outras, perderam a validade.

Privatização dos Correios De acordo com a categoria, a retirada dos direitos conquistados dos trabalhadores seria mais um passo no plano da privatização dos Correios, uma vez que a empresa alega que não tem condições financeiras para arcar com os custos do acordo coletivo em decorrência dos prejuízos. Os trabalhadores, no entanto, alegam que a empresa é lucrativa e que no primeiro semestre de 2020 obteve

PELO INTERIOR ... Em vídeo divulgado nas redes sociais, a ex-assessora e advogada Margareth Alves da Costa negou os rumores de que ela teria sido assediada sexualmente pelo atual prefeito de Palmeira dos Índios, Júlio Cezar (PSB), no período em que ocupava um cargo comissionado na prefeitura. ... Segundo a assessoria do prefeito, na época Margareth chegou a registrar um Boletim de Ocorrência contra o prefeito, mas retirou as acusações formalmente. ... “Isso nunca aconteceu, é fake news”, alega Margareth, antes de pedir desculpas ao prefeito pelo boato. Em nenhum momento do vídeo, ela diz ser a autora da acusação. (Com Já é Notícia) ... Patrulha Maria da Penha, em apenas uma semana, já fiscalizou oito medidas protetivas em Arapiraca. O município é o segundo do estado com mais casos de violência doméstica; 412 medidas protetivas foram concedidas neste ano pelo Juizado da Mulher da Comarca. ... Segundo a capitã Adriana, que coordena os trabalhos, esses primeiros dias foram de “ajustes e adaptações ao serviço”. ... “Já estamos fiscalizando as medidas protetivas, a maioria motivada por agressões contra as vítimas. O trabalho da patrulha é feito diariamente, das 7h às 19h por três guarnições compostas por três policiais, mais uma no serviço administrativo”, explicou. ... Os bastidores da Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA) estão agitados em virtude das eleições para a nova diretoria no biênio 2021-2022. ... E mais um nome está surgindo. Trata-se do odontólogo Clarindo Lopes, que já foi presidente executivo da equipe e, também, presidiu o Conselho Deliberativo. Ele confirmou a informação e destacou alguns nomes que estão sendo trabalhados para composição da diretoria. ... Mas para que ele possa concorrer, é preciso que a eleição seja mantida para a segunda quinzena de novembro. (Com 7 Segundos) ... Aos nossos leitores, desejamos um excelente final de semana, repleto de saúde e paz. Até a próxima edição!


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José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

Lixões

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Ministério do Meio Ambiente autorizou na quarta-feira, 9, repasse de R$ 232 milhões para ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Os recursos viabilizados pelo termo aditivo, assinado entre o ministério e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), têm origem no Fundo Nacional de Mudanças do Clima (FNMC) e serão destinados prioritariamente a obras e ações de saneamento básico, do programa Lixão Zero e outros eixos da Agenda Ambiental Urbana, lançada pelo Ministério do Meio Ambiente em 2019.

Fogo! O número de focos de incêndio registrados no Pantanal entre janeiro e agosto deste ano equivale a tudo o que queimou no bioma nos seis anos anteriores, de 2014 a 2019. Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que, entre janeiro e agosto, foram registrados pelos satélites um total de 10.153 focos de incêndio no Pantanal, bioma que soma 150 mil quilômetros quadrados, localizados nos estados do Mato Grosso (35%) e Mato Grosso do Sul (65%).

Protesto

Maus-tratos

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busos e maus-tratos contra um jacaré-de-papo amarelo, em 7 de junho, em Pilar, acabou virando denúncia do Ministério Público Federal (MPF) em Alagoas. Segundo o órgão, cinco homens e uma mulher atuaram conjuntamente na prática de maus-tratos e morte do animal ameaçado de extinção, sendo que parte da ação foi filmada e divulgada nas redes sociais. Uma sétima pessoa também foi denunciada. Ela teria comprado a carcaça do animal. O vídeo mostrava o grupo dos seis denunciados jogando cerveja e dando socos no animal.

O comitê Defend Democracy in Brazil, cuja tradução é Defendendo a democracia no Brasil, que formou a coalizão #cancelBolsonaro em 2019, uniu-se ao Extinction Rebellion NYC na segunda-feira, 7, exigindo Justiça Climática no Brasil e também a saída de Donald Trump e Jair Bolsonaro do poder. O comitê lançou em Nova York a campanha da coalizão internacional para @defundBolsonaro (desmontar Bolsonaro), chamada De que Lado Você Está? Amazônia ou Bolsonaro?, levando a mensagem da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) para a cidade norte-americana.


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