Edição 1087

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ANO XX - Nº 1087 - 18 A 14 DE SETEMBRO DE 2020 - R$ 4,00

IMBRÓGLIO

Família quer reverter falência do Grupo JL A empresária Lourdinha Lyra, curadora do pai, pretende transformar a falência do grupo em recuperação judicial para salvar o que resta do patrimônio familiar de João Lyra. 3

VICE ROMPE COM RENAN E IMPÕE SUA CANDIDATURA n n

Disputa vai à Justiça e terá reflexo direto nas eleições de 2022 Vitória de Luciano abre espaço para Marcelo Victor virar governador n Decisão complica plano de Renan Filho ser senador 5

ELEIÇÕES 2020 TCU ENTREGA LISTA DE 140 FICHAS-SUJAS À JUSTIÇA ELEITORAL 6 e 7

MÁRCIA COUTINHO E MARCOS MADEIRA VÃO ÀS URNAS IGNORANDO CONDENAÇÕES 8 e 9

CASO PINHEIRO

NOVO ESTUDO AUMENTA TEMOR DE QUE MAIS BAIRROS ESTEJAM AFUNDANDO

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CÍCERO ALMEIDA TEM 36% DE REJEIÇÃO DO MACEIOENSE 10


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COLUNA

CNPJ: 04246456/0001-97

CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

Falência moral das elites

Dono da bola

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Calheiros contra Calheiros

- O portal Transparência Brasil – do governo federal – publica o nome de pelo menos meia dúzia de alagoanos ilustres que estão recebendo o auxílio emergencial. São nomes e sobrenomes conhecidos, integrantes da chamada alta sociedade e frequentadores assíduos das colunas sociais.

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Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL

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“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

- A maioria deles pertence ao mesmo grupo familiar, de sobrenomes ilustres como Pinaud, Calheiros e Albuquerque, que há anos comandam o glamoroso mundo da alta society alagoana e até do jet set internacional, como dizem os colunistas sociais.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- Em tese, a condição socioeconômica dessas figuras jamais recomendaria sua presença na lista dos que precisam do auxílio emergencial de R$ 600, destinado a pobres, desempregados e pequenos comerciantes afetados pela pandemia do coronavírus.

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- Tamanha aberração só se justificaria se essas pessoas realmente estivessem com dificuldade de sobrevivência, o que parece não ser o caso. Afinal, mesmo vivendo de aparências, dificilmente precisariam do auxílio para sobreviver.

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- O mais provável é que se aproveitaram das facilidades do programa para faturar algum dinheiro a mais, revelando a face perversa dos ricos e a falência moral dessas elites.

Caminho sem volta

A candidatura de Luciano Barbosa a prefeito de Arapiraca perde força com o rompimento político do vice-governador com os Calheiros, mas mantém as chances de vitória nas urnas. Até lá, a disputa se dará no TSE, e segundo especialistas em direito eleitoral, a candidatura do vice será homologada. Alegam que um ato de força não anula uma ata legalmente constituída. Nessa briga de cachorro grande a única certeza é que o racha é caminho sem volta e seus efeitos vão influenciar na eleição de 2022. Vencerá quem tiver mais bala na agulha.

A intervenção e posterior dissolução do diretório do MDB de Arapiraca faz lembrar a história do mau jogador que, contrariado, toma a bola e acaba o jogo.

O prefeito de Branquinha, Jairon Maia Fernandes Neto, o Jairinho, abriu mão da reeleição praticamente certa para apoiar o ex-prefeito Neno Freitas com aval do deputado Olavo Calheiro$. Pela oposição o candidato é Renildo Calheiros, que terá o pai Robinho Calheiros como vice. Nessa composição Olavo Calheiros vai trabalhar para derrotar o sobrinho e o irmão ao mesmo tempo.

Fim melancólico

O PSDB, que já mandou no Brasil e no estado, corre o risco de morrer na praia nesse pleito municipal. Os poucos tucanos que sobraram da debandada não têm densidade eleitoral e poucas chances de sobrevivência. Órfãos de liderança, os tucanos alagoanos podem ganhar apenas uma prefeitura – Pão de Açúcar – com a possível vitória de Jorge Dantas, remanescente da Operação Gabiru, cujos integrantes surrupiaram até mesmo a merenda dos estudantes pobres.

Esqueceram de mim

A pesquisa do Data Sensus revela ainda um dado curioso sobre Cícero Almeida. Na pergunta espontânea em que o eleitor diz o nome do seu candidato ninguém se lembrou do ex-prefeito. O fato é inédito, visto que Cícero Almeida foi ex-vereador por Maceió, ex-prefeito e ex-deputado estadual e federal. Se ninguém se lembrou dele é sinal de que o político já ganhou o ostracismo, antes mesmo de seu enterro político.

Blog do Firmino

A disputa pela Prefeitura de Arapiraca vem despertando cada vez mais a atenção dos internautas e leitores do jornal EXTRA tanto quanto a disputa em Maceió. É o que atesta o blog do jornalista José Firmino, recordista de público ávido por acompanhar os lances da política na Capital do Fumo, que terá influência direta no pleito de 2020.

Nova capitania

A única disputa eleitoral com resultado já definido é em Coruripe, curral eleitoral dos Beltrão desde que a família passou a comandar a prefeitura como se fosse uma extensão de seus canaviais. Praticamente sem oposição, Coruripe vai mudar para ficar no mesmo, com um Beltrão na sucessão de outro Beltrão, ganhe Maykon ou Marcelo Beltrão.

O rejeitado

O taturana Cícero Almeida é o mais rejeitado dos candidatos a prefeito de Maceió, segundo pesquisa do Data Sensus divulgada na segunda-feira 14. Os números revelam que o candidato fichasuja lidera o ranking de rejeição com 36,3% de eleitores que não votam nele em hipótese alguma. É o resultado de uma carreira política meteórica que chegou ao ocaso tão rápido quanto foi sua subida. A aliança com Antônio Albuquerque, outro taturana, deve apressar o enterro político de Almeida.

Disputa em Viçosa

O prefeito Davi Brandão vai tentar a reeleição na Viçosa em disputado pleito com o ex-prefeito Flaubert Torres Filho e o novato João Victor, filho do presidente da Cooperativa Pindorama, Klécio Santos.

Feliz aniversário

O senador Renan Calheiros, em meio a uma nova luta – agora contra o câncer –, recebeu um surpreendente presente de aniversário....


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IMBRÓGLIO

Lourdinha Lyra planeja reverter falência da Laginha Curadora de João Lyra consegue destituição de administrador judicial JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ilha do ex-usineiro João Lyra e ex-vice -prefeita de Maceió, Lourdinha Lyra tenta a todo custo reconstruir o antigo império do patriarca falido, que chegou a ser o deputado federal mais rico do Brasil. A destituição do administrador judicial da Massa Falida da Laginha, José Luiz Lindoso, na terça-feira, 15, seria apenas o primeiro passo dessa etapa. Corre nos bastidores a informação de que Lourdinha planeja reverter o processo de falência em recuperação judicial. Ao EXTRA, Lindoso informou que já presenciou a curadora de João Lyra externar essa vontade. Contudo, até o momento, nenhuma ação concreta por parte dela foi tomada. Lindoso descarta essa possibilidade. “Sem precedentes”, disse o administrador judicial que atua há quase 15 anos em recuperação judiciais e massas falidas, mas que nunca viu algo semelhante acontecer. Ainda

segundo ele, um balanço sobre sua atuação na Massa Falida já está sendo preparado para divulgação junto à defesa do trabalho executado pela sua empresa, a Lindoso e Araújo Consultoria Empresarial Ltda. A destituição foi sacramentada pelo desembargador do Tribunal de Justiça Klever Loureiro a pedido de Lourdinha Lyra. O motivo, conforme processo judicial, seria que a atuação de Lindoso tem indícios de má condução e omissão administrativa. A opinião do desembargador e da curadora de JL não é a mesma dos próprios juízes que fazem parte da comissão do processo falimentar. “O andamento processual foi dado, assim como é feito com todos os pedidos e petições apresentadas nos autos falimentares, por qualquer interessado, incluindo os quase 20.000 credores, Ministério Público, Comitê de Credores e Administrador Judicial, ao passo que o processo falimentar se aproxima das 100 mil páginas, com centenas de processos apensos no flu-

Lourdinha Lyra conseguiu junto ao desembargador Klever Loureiro a destituição do administrador

José Lindoso prepara prestação de contas da Massa Falida xo da Laginha”, enfatizaram Bruno Araújo Massoud, Filipe Ferreira Munguba, Marcella Waleska Costa Pontes Garcia e Phillippe Melo Alcântara Falcão. A destituição também desagradou os credores, como é o caso do advogado Carlos Eduardo Correia da Rocha. Ele e um grupo de mais 20 advogados de Alagoas e Minas

Gerais, pretendem levar o caso ao Ministério Público de Estado (MPE) a partir de reunião, a ser marcada, com o procurador-geral de Justiça, Márcio Tenório. “É uma decisão absurda e de cunho político e não jurídico”, denunciou o advogado. Questionado sobre a possibilidade de a falência

voltar a ser recuperação judicial, Rocha informou que “eles [filhos de João Lyra] podem conseguir o que tanto querem”. “É sacrificar 14 mil famílias só por causa de uma”, destacou. Disse ainda que a decisão de Loureiro seria parcial e caso haja postergação nos processos, o grupo de advogados irá protocolar denúncia do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Fábio Lima, representante do comitê de credores, também acredita que a mudança pode trazer prejuízos. “Até o novo administrador analisar a nossa realidade pode levar tempo e atrasar os pagamentos. O processo falimentar é extenso e cheio de detalhes”. Com a saída de José Luiz Lindoso, pode entrar Julius César Lopes de Vasconcelos Santos, indicação do desembargador Klever Loureiro.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Jogo político

Tumultuando

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deputado federal Arthur Lira, que se sobressaiu em Brasília pela sua força política e que pode disputar a presidência da Câmara dos Deputados, sabe que, a partir de agora, a sua caminhada será longa e difícil. Alvo de adversários políticos com notícias requentadas e algumas já devidamente resolvidas, ele irá enfrentar um bombardeio típico da política de bastidores que querem o poder a qualquer custo. Com o provável apoio do presidente Jair Bolsonaro, de quem passou a ser aliado nos últimos meses, Lira é candidato pra ninguém

botar defeito e naturalmente vai incomodar seus adversários em Brasília que querem chegar ao topo da caminhada política. Sabendo que os próximos meses serão difíceis, Arthur demonstra tranquilidade quando se fala no bombardeio que pode sofrer na mídia e nas redes sociais. Mas sabe que isso faz parte do jogo político e só quem sobrevive é quem tem estômago de avestruz.

Perseguição?

Voo alto

Alerta geral

Alto lá

Se elegendo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira pode, pela amplitude de suas alianças políticas em Alagoas, também pensar numa disputa ao governo do Estado, contando, para isso, com o apoio de lideranças e até do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor. A princípio, Lira não teria adversários e o campo estaria livre para outras composições, onde é mestre na arte do convencimento.

Depois da Operação E$quema S na semana passada, se comenta nos bastidores que outras vêm por aí. São tantas as operações policiais que ninguém sabe agora onde vai estourar. Quem anda receoso de receber investidas da Polícia Federal está procurando sumir com documentos comprometedores.

A Justiça Eleitoral deve ficar de olho em pesquisas daqui pra frente, mesmo aquelas que são registradas na instituição. É preciso prevenir para evitar que alguns institutos não passem gato por lebre para o eleitor.

Preferência O que se tem visto por aí, é alguém tomando partido nas eleições, mesmo os técnicos que encaram as pesquisas eleitorais. Isso pode confundir a população e é considerado crime eleitoral.

Debandada Tucano de longos carnavais, o engenheiro Geoberto do Espírito Santo, muito ligado ao ex-governador Téo Vilela e que dirigiu a Algas por vários anos, deixou o PSDB. Ele é um dos que naturalmente não concordam com as práticas adotadas pelo presidente regional do partido, senador Rodrigo Cunha. Além de Geoberto, outros caíram fora, a exemplo do próprio prefeito Rui Palmeira e possivelmente, dentro de pouco tempo, a deputada federal Tereza Nelma.

Perdendo espaço Ronaldo Lessa, ao aceitar ser vice de JHC, o PSDB perde a oportunidade de emplacar alguém na chapa majoritária. Mas Cunha diz que não. Na verdade, o senador vai precisar de muito trabalho para reorganizar o partido, abalado em nível nacional por escândalos e esvaziado em Alagoas por antigos correligionários.

Villa vai à luta Mal negócio? Isso é o que perguntam pessoas muito ligadas ao ex-governador Ronaldo Lessa, por ele aceitar com sua história política ser vice na chapa com JHC. Passou de ganso a pato, confidenciam aliados de Lessa decepcionados com sua posição.

Do outro lado O secretário de Saúde de Maceió, José Thomaz Nonô, ao declarar apoio ao candidato Davi Davino Filho, do Progressistas, evidenciou a sua preferência política ao não fazer parte do grupo do governador Renan Filho. Presidente do Democratas, ele preferiu ficar do outro lado, embora o prefeito Rui Palmeira, a quem ele serve na sua administração com eficiência, fizesse uma composição para apoiar o candidato do Palácio República dos Palmares.

Mesmo impedido de participar do pleito eleitoral de novembro, Marcos Madeira insiste em dizer que é candidato a prefeito de Maragogi. Figurando na lista negra do Tribunal de Contas da União é, por enquanto, carta fora do baralho. Sérgio Lira, atual prefeito e que realizou um eficiente trabalho naquele município turístico, tem amplas condições de passar mais quatro à frente da prefeitura.

O jornalista e radialista Ailton Villanova vai tentar mesmo uma vaga na Câmara de Maceió pelo PDT de Ronaldo Lessa. Conhecido como uma das vozes mais bonitas de Alagoas em tempos de noticiários na Rádio Gazeta, Ailton também é especialista na área de segurança pública, podendo dar grande contribuição ao setor.

Para decidir O senador Fernando Collor ainda não anunciou em quem irá votar para prefeito de Maceió nas próximas eleições, mas uma coisa é certa: será candidato à reeleição em 2022. Collor, nos últimos dias, tem se movimentado bastante e participado de várias convenções no interior do estado.

O afastamento de sete policiais penais dos trabalhos no presídio Cyridião Durval pareceu, segundo a categoria, uma perseguição da Secretaria de Ressocialização, depois que vídeos foram divulgados nas redes sociais com reeducandos sendo atendidos no chão. Com as cadeias e presídios superlotados e as enfermarias cheias, não há como ter um tratamento diferenciado.

Falta de oxigênio O caso mais grave e que pode terminar em óbitos nos presídios, é a superlotação nas celas, o que tem complicado a saúde dos presos.

Falta muito Com um percentual de votantes bem abaixo do esperado, a última pesquisa divulgada pelo Data Sensus revela que a campanha está apenas começando e nada de polarização de candidatos, por enquanto, embora uns achem que a disputa ocorrerá entre Alfredo Gaspar e JHC.

É forte Uma terceira via, no caso a candidatura de Davi Filho, pode crescer durante a campanha que se inicia por vários aspectos. Pelo trabalho social sempre realizado pela família em Maceió e pelo maior tempo de propaganda eleitoral no rádio e televisão. Aliado a esses dois fatores, Davi deve, sim, disputar de igual para igual com os outros dois candidatos.

Na disputa Quem corre pelo outro lado é o ex-prefeito de Maceió, Cícero Almeida que, avaliado nas pesquisas, alcança um relativo resultado e tira, por enquanto, votos de Davi Filho na periferia da cidade. O quadro, entretanto, pode se reverter à medida que se aproximam as eleições pela força política de Davi e o consequente apoio de outras lideranças, a exemplo de vários deputados estaduais que irão se envolver na disputa.


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ELEIÇÕES 2020

Luciano Barbosa vira oposição aos Calheiros e busca voo solo em Arapiraca Vice-governador se aproxima de Collor e desafia Renan; decisão sobre chapa vai para Justiça ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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lmoços na casa do dirigente do MDB em Alagoas, José Wanderley Neto, não foram suficientes para mudar a opinião do vice-governador Luciano Barbosa (MDB). Nos bastidores do Governo Renan Filho (MDB), Luciano diz crer que os secretários Fábio Farias (Gabinete Civil) e Alexandre Ayres (Saúde) repassaram à imprensa detalhes da operação Dama da Lâmpada, da Polícia Federal, que prendeu a filha do vice, Lívia Barbosa de Almeida, e o marido dela, Pedro Silva Margallo. Objetivo: fritar o vice-governador, comprometendo sua chance de disputar o governo em 2022. A Dama da Lâmpada detectou desvios de R$ 30 milhões, via Sistema Único de Saúde (SUS), dinheiro que deveria ser destinado à aquisição de próteses a amputados. A operação fez, também, busca e apreensão na saúde estadual. As desconfianças de Luciano Barbosa pioraram quando o senador Renan Calheiros (MDB) e Renan Filho avalizaram aproximação político-eleitoral com o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (sem partido), construindo uma chance para que ele disputasse o governo daqui a dois anos. É como se tudo, estranhamente, fizesse sentido: Luciano estaria sendo descartado por Renan Calheiros - seu padrinho político - e pelo governador. Na tentativa de mostrar controle da situação e força

eleitoral, Luciano Barbosa se aproximou do senador Fernando Collor (PROS)- o maior rival dos Calheiros. Em Arapiraca, lançou-se à Prefeitura. Sua vice é Ruteneide Pereira Melo de Lira, irmã do deputado estadual Ricardo Nezinho (MDB). O inusitado: foram realizadas duas convenções. A primeira na terça-feira, 15, tornada inválida por Renan Calheiros da cama do Hospital Sírio-Libanês (onde se recupera da extração de um tumor no rim); a segunda convenção, um dia depois, exigida pelo diretório estadual, e obstruída pelos seguidores de Luciano. Uma missão do MDB foi a Arapiraca: além de Wanderley Neto, o deputado federal Isnaldo Bulhões, representando o presidente nacional da legenda, Baleia Rossi, e Fábio Farias, tratado como desafeto. Buscava uma alternativa. E ofereceu a Luciano: Ricardo Nezinho na cabeça de chapa e Daniel Barbosa (filho de Luciano) como vice. Proposta rejeitada pelo vice-governador. Renan Calheiros buscou agir rápido e dissolveu a diretoria municipal do MDB, mas Luciano Barbosa foi ainda mais ligeiro: registrou no TRE a chapa da convenção na quarta-feira, 16 de setembro. TESES O jurídico do MDB de Arapiraca sustenta que a chapa Ricardo/Daniel, desejo do MDB estadual, não tem validade porque o edital de convocação foi publicado em 12 de setembro, sem cumprir o prazo mínimo

Luciano Barbosa vai para o confronto tendo como vice Rute Pereira, irmã de Ricardo Nezinho de 8 dias previsto na legislação para conhecimento geral. Vale, portanto, a chapa Luciano/Rute. O MDB estadual vai levar a briga para a Justiça. Crê que a chapa Luciano/Ruteneide é inválida e busca salvar a chapa dos candidatos a vereador “porque eles não têm nada a ver com isso”. “O diretório municipal diz que seguiu a recomendação do diretório estadual para realizar outra convenção nesta quartafeira (16). A convenção foi realizada e o resultado respaldou a convenção de terça-feira. O diretório municipal já encaminhou a ata para o registro na Justiça Eleitoral”, diz o MDB arapiraquense. RELAÇÕES Luciano Barbosa e Renan Calheiros se conhecem desde o fim dos anos 70, quando Luciano era filiado ao PC do B. Luciano era considerado o galã do grupo, bom jogador de xadrez e leitor voraz. Ao longo dos anos, tentou emplacar seu nome nas eleições de Arapiraca, com o discurso de

enfrentamento aos poderosos barões do fumo. Em 1993, porém, filiou-se ao então PMDB. “Foi ali que Luciano se transformou em político”, diz uma fonte. Engenheiro civil, com mestrado em Economia pela Universidade Columbia (Estados Unidos), Luciano Barbosa trabalhou no BID em Washington, sob indicação de Renan. Foi secretário de Educação e Saúde em Arapiraca; secretário estadual de Transportes e Obras no Governo Divaldo Suruagy, coordenador do Programa de Desligamento Voluntário (PDV); ministro da Integração Nacional por sete meses (Governo Fernando Henrique Cardoso), prefeito de Arapiraca, presidente da Associação dos Municípios (AMA) e, finalmente, vice-governador. A programação era que, em 2022, com a renúncia de Renan Filho para disputar o Senado, Luciano assumisse o governo sendo candidato à chefia estadual do Executivo. Eram os planos de Renan Calheiros. Os rumos mudaram. Luciano optou em disputar a Prefeitura de Arapiraca, rom-

pendo com os Calheiros. Era uma bomba no colo de Renan Filho. O vice passa a ser o presidente da Assembleia, Marcelo Victor (SDD), tratado, em 2022, como candidato a vice-governador do líder do Centrão, o deputado federal Arthur Lira (PP). “O acordo é que Luciano permanecesse como vice-governador até 2022 e não rompesse no meio do caminho”, diz uma fonte. Se nada der certo, o Palácio deve atuar: oferecer a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas a Marcelo Victor, que quer o posto, mas a dúvida é saber se neste momento essa vaga é interessante. Porque existe a eleição para a presidência da Assembleia Legislativa. E Marcelo Victor costura para ser reeleito. Isso, é claro, sem contar com a astúcia de Renan Calheiros e Renan Filho que devem atuar para enfraquecer o bam-bambam da Casa de Tavares Bastos. Rolam os dados.


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ELEIÇÕES 2020

Lista de inelegíveis do TCU tem 140 alagoanos VERA ALVES veralvess@gmail.com

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andidata à reeleição em Feliz Deserto, a prefeita Rosiana Beltrão (PP) terá de desistir do projeto. Ela integra a lista dos 140 alagoanos que tiveram contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e cuja condenação tem implicações eleitorais para o pleito deste ano de acordo com entendimento da própria Corte. No total, são 257 sentenças transitadas em julgado desde 2012 e até este ano e que colocam os responsáveis na condição de inelegíveis. Rosiana Lima Beltrão Siqueira teve as contas rejeitadas por irregularidades na Administração do Porto de Maceió no processo de número 031.189/2015-6 com acórdão transitado em julgado em 2017 e que a torna inelegível até 12 de setembro de 2025. Não pode, assim, emitir a Certidão Negativa de Contas Julgadas Irregulares para fins eleitorais necessária ao registro de sua candidatura. Mas ela não é a única a ter o registro de candidatura negado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Alagoas se os desembargadores que o integram respeitarem o que diz a lei. A ex-prefeita de Maceió Kátia Born Ribeiro, que integra o time de candidatos a vereador de Maceió pelo PDT, também não pode emitir a certidão negativa do TCU, onde tem duas condenações transitadas em julgado. Uma a coloca como inelegível até 26 de julho de 2021 e a outra até 19 de dezembro de 2022.

São 257 condenações transitadas em julgado desde 2012 cuja relação foi entregue à Justiça Eleitoral

A lista suja enviada esta semana pelo TCU à Justiça Eleitoral é composta em sua maioria por ex-prefeitos. Destaque para Marcos Antônio dos Santos, de Traipu que coleciona nada menos que 11 condenações junto ao TCU, todas transitadas em julgado com implicação de inelegibilidade entre 21 de dezembro de 2021 a 8 de agosto de 2027. Marcos Santos, aliás, é também ficha-suja por condenações na Justiça Estadual e na Justiça Federal – mantida pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região – por atos de improbidade administrativa é réu em ação penal acusado de ser o mandante do assassinato de ex-secretário de Turismo de Traipu José Valter Rosiana Beltrão quer a reeleição em Feliz Deserto Marcos Santos tem 11 processos só no TCU Matos Palmeira, crime ocorrido em maio de 2011. agosto de 2028 e o segundo Outra figura bastante coaté 29 de março de 2026. nhecida das manchetes poliAssim como Rosiana ciais do estado, o ex-prefeito Beltrão, outros três atuais José Jacob Gomes Brandão, prefeitos não podem dispude Mata Grande, é outro cotar a reeleição este ano pelo lecionador de processos por entendimento do TCU, Arirregularidades no Tribunaldo Higino Lessa (PHS), nal de Contas da União. São de Campo Grande, Antônio seis processos cujos acórdãos Palmery Melo Neto (MDB), transitados em julgados o de Cajueiro, e Rita Coimbra tornam inelegível até 8 de Cerqueira Tenório (PMN), de agosto de 2027, sendo que o Chã Preta. primeiro transitou em julgaArnaldo Higino e Paldo em 2013 com inelegibilimery têm duas condenações dade até 21 de dezembro de na Corte de Contas, estando 2021. inelegíveis, respectivamente, A lista de fichas-sujas do até 13 de dezembro de 2027 e TCU traz ainda dois ex-pre29 de agosto de 2026. Esposa feitos com cinco processos de do deputado estadual Francontas julgadas irregulares cisco Tenório (PMN), Rita com implicação eleitoral. CíTenório, que pretendia discero Cavalcante de Araújo, putar a reeleição mas se viu de Matriz do Camaragibe, e impedida de obter a certidão José Antônio Cavalcante, de negativa do TCU, é inelegíSão José da Tapera. O privel até 23 de janeiro de 2026. meiro é inelegível até 4 de TCU mantém Kátia Born inelegível por mais dois anos


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LISTA DE FICHAS-SUJAS DO TCU

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ELEIÇÕES 2020

Certeza da impunidade garante candidatura de condenados JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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Lei da Ficha Limpa, que determina a inelegibilidade por um período de oito anos de políticos cassados ou condenados em processos criminais em segunda instância não é grande empecilho para políticos de Alagoas. É o caso da ex-prefeita Márcia Coutinho, a aposta do MDB em Passo de Camaragibe para as eleições municipais deste ano. Márcia tentará voltar ao Executivo mesmo após decisão da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça (TJ-AL), do dia 9 de setembro, de manter a condenação dela e do marido Pedro Melo de Albuquerque Neto, ex-secretário municipal, por improbidade administrativa. Caso fosse seguir a lei à risca, o casal teria que ficar dez anos longe de cargos públicos e ressarcir o erário no valor de R$ 374.382,51. No entanto, parece que a decisão judicial foi ignorada. Na quarta-feira, 16, o MDB em Passo de Camaragibe aglomerou dezenas de pessoas, mesmo durante pandemia da covid-19, para anunciar Márcia Coutinho como candidata à prefeitura, ao lado de Ricardo Nogueira como vice-prefeito. A coligação é formada por MDB, PSD e PSC. A condenada por adquirir em 2005 e 2006 quantidade excessiva de combustível por meio de procedimento licitatório fraudulento, beneficiando empresas próprias e do marido, ainda se arriscou a

fazer discurso confiante de vitória. “Tive a certeza de que o povo camaragibense já decidiu que veste vermelho e vai dar a resposta nas urnas sobre o desgoverno em nossa cidade”, declarou cutucando a atual prefeita, Edvânia Farias, a Vânia do Passo (PTB). A fraude para compra de combustível é apenas uma das ações que tramitam contra Márcia Coutinho no Judiciário. Vânia do Passo, ao assumir a Prefeitura de Passo de Camaragibe, encontrou diversas irregularidades deixadas pela antecessora. Em ação civil pública, protocolada em abril deste ano, denuncia que as empresas Alagoas Construtora Ltda - EPP, A L da Silva & Cia Ltda e Eraldo de Araújo Comércio - EPP foram contratadas por Márcia Coutinho por meio de atos de improbidade administrativa. No dia 30 de dezembro de 2016, prestes de ocorrer a troca de governo, Márcia Coutinho teria recebido um crédito do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) no valor de R$ 839.693,11. “No mesmo dia foram efetivados vários pagamentos pela requerida [ex-prefeita] ficando um saldo na conta do município no valor de R$ 533.809,66”, destacou denúncia da atual prefeita. E o caso vai além. “No dia seguinte, 31 de dezembro de 2016, último dia útil de sua gestão, data em que as instituições financeiras não funcionam, a ex-gestora procedeu com o agendamen-

Márcia Coutinho e Marcos Madeira ignoram condenações e vão disputar as urnas

Márcia Coutinho desfilou pelas ruas da cidade sem sequer usar máscara como prevenção à covid-19 to pelo sistema eletrônico do Banco do Brasil pagamentos para o primeiro dia útil do ano seguinte (02/01/2017), data esta que iniciava uma nova gestão, no montante de R$ 554.824,25, zerando praticamente o valor do recurso recebido, sem que tenha sido encontrado pela gestão atual qualquer processo administrativo que comprovasse e legalizasse tais pagamentos”. As empresas beneficiadas pela limpeza dos cofres foram as citadas

anteriormente. O fato, que também prejudicou o pagamento dos servidores municipais, está nas mãos do juiz Douglas Beckhauser de Freitas. Em 2019, um outro processo chegou à Justiça alagoana. Desta vez referente à falta de prestação de contas do Centro de Referência de Assistência Social (Cras). “A ausência da prestação acarretará uma série de problemas para o município, e consequentemente, para

a sociedade local; por força da aplicação de dispositivos de vários instrumentos normativos que colocarão em situação de inadimplência junto aos múltiplos cadastros dos órgãos governamentais do Estado e da União e, portanto, estando impedida de receber recursos de tais entes”, frisa denúncia da Prefeitura. O valor da ação, assinada pelo procurador judicial do município José Álvaro Costa Filho, é de R$ 32.274,35.


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Denúncia do Ministério Público do Estado (MPE), em 2015, essa que rendeu a condenação da prefeita e do marido, apontou, inicialmente, prejuízos de R$ 5.438.512,94 que teriam sido causados ao município por Márcia Coutinho entre os anos de 2013 e 2015, em função do superfaturamento para contratação de veículos. De acordo com o promotor de Justiça Vinícius Calheiros, propositor da ação, até o ano de 2012 a Prefeitura promovia os aluguéis por meio de contratos firmados diretamente com os proprietários dos veículos, que, na maioria das vezes, também eram responsáveis por sua condução. A partir de 2013, após assumir o cargo de prefeita, Márcia Coutinho substituiu tais contratações por apenas uma única empresa, a JB Locação de Veículos LTDA e tal negócio não ocorreu através de procedimento licitatório. Usando como argumento o art. 15 da Lei nº 8.666/1993, ela aderiu à ata de registro de preços nº 08/2013/Matriz de Camaragibe e o acordo foi firmado para a contratação de 34 veículos, entre ônibus, carros de passeio e máquinas pesadas. Porém, o que chamou a atenção do MP, é que a empresa vencedora não possuía nenhum veículo em seu nome e acabou por sublocar os automóveis que já prestavam serviços ao Município. Em 2017, Márcia Coutinho foi presa, a pedido do MP, suspeita de envolvimento em um esquema que desviou mais de R$ 3 milhões da Saúde pública em esquema que funcionava por meio de notas fiscais frias de compra de medicamentos.

Caso Marcos Madeira Outro que pode ser beneficiado pelas brechas da lei é Marcos José Dias Viana, o Marcos Madeira, ex-prefeito de Maragogi que também pretende voltar ao Executivo. Embora tenha contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e esteja na lista de inelegíveis, a assessoria jurídica do candidato afirma que Madeira poderá concorrer às eleições. Em nota à imprensa, o advogado Luiz Vasconcelos Netto informou que “Marcos Madeira encontra-se plenamente elegível, fato que já foi reconhecido pela Justiça Eleitoral no último pleito quando deferiu seu registro de candidatura para o cargo de deputado estadual analisando a mesma rejeição das contas”. “Ainda, o deferimento da candidatura Marcos Madeira não pode ter outro caminho, visto que a rejeição das contas de Marcos Madeira não se enquadra nos requisitos previsto no art. 1°, I, alínea g da LC 64/90. Referido dispositivo de Lei Complementar exige que as contas tenham sido rejeitadas por irregularidade insanável, o que não fora o caso e por ato doloso de improbidade, o que também não foi atribuído. Assim, faltando qualquer um dos requisitos citados, a referida desaprovação das contas, jamais

TCU deixa Marcos Madeira inelegível até 2025, mas seu advogado diz que ele pode concorrer geraria a inelegibilidade, como muito bem já foi reconhecido pela Justiça Eleitoral”, finalizou. Em agosto deste ano, após pedido do MPE, a 17ª Vara Criminal da Capital condenou o ex-prefeito de Maragogi por crimes envolvendo licitações ilegais, apropriações de bens ou rendas públicas, falsidade ideo-

lógica e formação de quadrilha. Madeira, mais uma vez, caso siga a lei, não poderá exercer nenhum cargo ou função pública pelo período de cinco anos. O ex-prefeito ainda foi condenado a pena privativa de liberdade por oito anos e 11 meses de reclusão, mais cinco anos e 10 meses de detenção, sentença que cumprirá em liberdade.

Ele foi acusado 28 vezes de dispensa irregular de licitações; 114 vezes de ter se apropriado de bens ou rendas públicas ou desviá-los em proveito próprio ou alheio; 169 vezes por falsidade ideológica; e 57 vezes por uso de documentos falsos. Para fechar com chave de ouro, o Ministério Público também acusa de formação de quadrilha.


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ELEIÇÕES 2020

Cícero Almeida é o candidato com maior rejeição na capital Data Sensus aponta para empate técnico entre JHC e Alfredo Gaspar TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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primeira pesquisa eleitoral realizada na capital alagoana este mês mostra que ainda é cedo apontar a preferência do eleitor para o comando do Executivo municipal, já que resultou num empate técnico entre dois candidatos (JHC e Alfredo Gaspar). Por outro lado, exibiu escancaradamente o candidato menos provável ao cargo. O Data Sensus divulgou esta semana que Cícero Almeida, ex-prefeito de Maceió, detém o maior índice de rejeição do eleitorado da cidade entre os nomes pesquisados. Almeida, que disputará a vaga na Prefeitura pelo partido Democracia Cristã (DC), não seria a escolha de 36,3% dos eleitores ouvidos pelo instituto de pesquisa, um percentual superior até mesmo ao registrado entre as pessoas que não souberam ou quiseram responder (34%) a seguinte pergunta: “Em quem o senhor (a) não votaria de jeito nenhum para prefeito de Maceió?” A pesquisa sobre intenção de votos do maceioense para prefeito da capital, registrada na

Justiça Eleitoral sob o número AL00093/2020, foi aplicada no último dia 12 (sábado) a 1,2 mil pessoas, com margem de erro de 2,83 pontos percentuais e o intervalo de confiança de 95%. Detalhes técnicos à parte, a pesquisa exibe uma distância quilométrica entre Cícero Almeida e o segundo candidato mais rejeitado, o petista Ricardo Barbosa, em quem 5,4% dos participantes disseram que jamais votariam. Cícero Almeida, que deixou o cenário político em 2019 após passar pela Câmara Federal sem deixar uma contribuição marcante a favor do estado, oficializou sua candidatura na quarta-feira,16, tendo como vice Ana Cláudia Bezerra, filiada ao PTB de Antônio Albuquerque, o AA. A aliança garantiu a participação do ex-comunicador no guia eleitoral. No discurso efetuado na convenção partidária, Almeida disse que a “Maceió de hoje parece com a cidade que ele encontrou em 2005, quando assumiu a prefeitura pela primeira vez”. Almeida afirmou ter uma “dívida grande com a população alagoana e que precisa concluir a missão que recebeu”, sem citar detalhes. Também aproveitou a ocasião para colocar em evidência a amizade que diz ter com o presidente Bolsonaro e família. “Sou amigo do presidente e dos filhos dele.

REJEIÇÃO

Cícero Almeida quer voltar à prefeitura com apoio de AA Então tem essa facilidade, também sou amigo de três ministros do presidente e acho que isso vai facilitar a buscar recursos para reconstruir Maceió”, comentou. MÁFIA DO LIXO Aos 62 anos, Cícero Almeida sobrevive no imaginário popular dos alagoanos como o prefeito que maquiou a cidade, colocando asfalto na periferia, e o político envolvido na Máfia do Lixo, um esquema escandaloso que teria esvaziado os cofres públicos em mais de R$ 200 milhões durante suas duas gestões na Prefeitura da capital (2004-2008 e 2009-2012). O “esquema”, segundo apurou o EXTRA na semana passada, tam-

bém não está esquecido pelo Judiciário. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) deve julgar em breve recurso do Ministério Público Estadual que pede aceitação integral das denúncias contra Almeida no processo. A provocação do MP é para que a Justiça acate a denúncia de omissão do ex-prefeito em relação à Máfia do Lixo, já que ele não determinou a apuração dos fatos. O ex-prefeito e assessores da época também são acusados de fraude no processo de licitação da empresa contratada para substituir a Construtora Marquise S/A quando esta abandonou a coleta de lixo de Maceió, em abril de 2005. O julgamento que seria na terça foi adiado.

Cícero Almeida é natural de Maribondo, mas foi em Maceió que começou sua carreira política como vereador, em 2000, apoiado pelo empresário João Lyra. Conhecido por apresentar um programa de rádio, seu nome recebeu nas urnas surpreendentes 7.627 votos pelo PSL, o primeiro dos mais de 13 partidos aos quais foi filiado ao longo dos anos. Em 2018, Almeida tentou voltar ao cenário político de Alagoas, tentando vaga na Assembleia Legislativa, mas seu sonho foi frustrado. Naquela ocasião, a candidatura de Almeida foi autorizada por decisão do desembargador Celyrio Adamastor, que suspendeu os efeitos da condenação de Almeida por envolvimento em outro escândalo, o Taturanas, que deixou um rombo de R$ 300 milhões nos cofres públicos. Pelo que indica a primeira pesquisa Data Sensus, nas eleições municipais deste ano o projeto de Almeida também está distante de ser concretizado. A pesquisa apurou o sentimento de rejeição dos eleitores em relação aos seguintes candidatos: Cícero Almeida (36,3%), Ricardo Barbosa (PT) – 5,4%; Alfredo Gaspar (MDB) – 5,2%; JHC (PSB) – 4,3%; Davi Davino (PP) – 4,1%; Cícero Filho (PCdoB) – 3%; Lenilda Luna (UP) – 2,9%; Corintho Campelo (PMN) – 2,2%; Ricardinho Santa Ritta (Avante) – 1,4% Josan Leite (Patriota) – 1,2%. Não sabe – Não opinou – 34%. O eleitorado de Maceió com idade acima de 16 anos é de 592.388 eleitores.


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SAÚDE

Covid-19: atuação multiprofissional colhe bons resultados Santa Casa de Maceió investe na fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional para recuperar doentes graves

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cuidado integral ao paciente diagnosticado com covid-19 na Santa Casa de Maceió tem devolvido a qualidade de vida dos que apresentaram quadros graves da doença. Dias e dias de internação, muitos deles na UTI e com a necessidade de intubação, exigem, além da atuação de médicos e enfermeiros, a intervenção de fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais antes e, em alguns casos, após a alta. Esse trabalho conjunto vem restabelecendo atividades básicas, como respirar, andar e comer sem auxílio e em segurança. “Os pacientes de covid-19 são muito heterogêneos e vão desde os que desenvolvem sintomas mais leves, que muitas vezes nem precisam do núcleo de reabilitação, até os que têm a forma mais grave da doença, quando necessitam não só de intervenções hospitalares mais complexas, mas, no pós-alta, com a cura da doença, vão precisar de acompanhamento de reabilitação. Geralmente, eles têm perdas reversíveis e terão ganhos progressivos. Diferente de um paciente não covid e com lesão irreversível, ele vai estacionar essa perda. Mas, normalmente, dependendo da gravidade do caso, a recuperação se dará a longo prazo”, destacou a fisioterapeuta Fabrícia Jannine Torres Araújo. Quando os pacientes são intubados, eles recebem seda-

ção e, para não interagir com o respirador, precisam de um bloqueador neuromuscular, o que faz com que tenham total paralisação da mecânica respiratória. O ventilador passa a trabalhar por ele. Dessa forma, pacientes hospitalizados sofrem perdas de massa muscular devido ao imobilismo, o que pode prolongar o uso da ventilação mecânica. Nesse contexto, além da fisioterapia respiratória, a fonoaudiologia e terapia ocupacional também dispõem de condutas, dentro de protocolos de segurança hemodinâmica e metabólica, que preconizam preservar ou melhorar a integridade e amplitude das funções cognitivas do paciente. “O foco da fonoaudiologia está no manejo da disfagia (dificuldade para engolir) e redução do risco de broncoaspiração (alimentos, saliva ou qualquer substância aspirada para a via aérea), pois pacientes com dificuldade de respiração ou que tenham feito uso de ventilação mecânica invasiva prolongada apresentam elevado risco de aspirar alimento para os pulmões e desta forma evoluir com agravamento no quadro pulmonar, e isto é tudo o que não queremos. Até o momento, os resultados têm sido muito positivos, sem nenhum registro de broncoaspiração” explica a fonoaudióloga Claudiégina Machado. Para auxiliar no tratamento dos pacientes com covid-19

Fonoaudióloga Claudiégina Machado, o terapeuta ocupacional Tarcísio Dionísio e a fisioterapeuta Fabrícia Araújo

na UTI, a Terapia Ocupacional (TO) criou adaptações chamadas de tecnologia assistida, como posicionadores, com materiais disponíveis nas unidades de terapia intensiva para prever deformidades e feridas. “O desempenho ocupacional é o “fazer humano”. Esse paciente, geralmente, tem dificuldade de se alimentar, se vestir, fazer sua higienização entre outras atividades que chamamos de atividades de vida diária. No contexto de UTI, quando o caso é mais grave e o paciente está intubado, fazendo uso de oxigênio, a TO intervém com técnicas de redução de carga energética, de posicionamento

para deformidades e feridas, e de estímulo sensorial que ativa a circulação. O que queremos é devolver a autonomia, independência e funcionalidade desse paciente e algumas adaptações são necessárias para devolver

esse “fazer”, desde o ambiente hospitalar como no domiciliar”, explicou Tarcísio Dionísio, terapeuta ocupacional da Santa Casa de Misericórdia de Maceió e especialista em Hemato-Oncologia e Cuidados Paliativos.


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PILAR

Mãe pede justiça pela morte do filho em operação policial Edneide Figueredo denuncia que família foi vítima de abuso e ameaças JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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dia 5 de fevereiro de 2020 foi um divisor de águas para Edneide Figueredo Nobre. Ela, que estava em Maceió para uma entrevista de emprego para o cargo de cozinheira, recebeu um telefonema que iria mudar sua vida: a Polícia estava em sua casa, em Pilar, para conseguir mais informações sobre o filho, o estudante de Direito Tiago Kennedy Figueredo de Oliveira, de 20 anos. Desesperada com a situação, pegou um táxi e chegou na sua residência. Lá se deparou com agentes encapuzados revirando cômodos. “Também ofenderam e ameaçaram minha filha, que estava grávida. Chamaram ela de ‘cachorra’ e disseram que se não falasse sobre meu filho iriam voltar depois de uma semana para matá-la. Isso em frente da minha neta de um ano e oito meses”. Mas a pior notícia estava por vir: ela iria ter que enterrar o filho morto a tiros. A notícia veiculada na imprensa na ocasião é de que Tiago Kennedy, junto a mais duas pessoas - o primo Halysson dos Santos Oliveira Lima, 26, e José Cícero Santos da Silva, 42 - teriam morrido durante troca de tiros com policiais. O trio, conforme divulgado pela Polícia Civil na ocasião, seria responsável por crimes a ôni-

bus durante as madrugadas em municípios do interior de Alagoas, como Boca da Mata, São Miguel dos Campos e Pilar. “Meu filho jamais trocaria tiros com a polícia. Não luto para provar se ele era inocente ou não, luto por justiça”, diz Edneide, que considera a morte de Tiago Kennedy, na realidade, uma execução. “Não vou deixar que delegados ganhem nome em cima do meu filho e bancando os heróis”, disse. Tiago Kennedy era filho do policial militar reformado Roberto Kennedy de Oliveira Lima. “O nome da operação era Juízo Final; o que se entende por isso? Eles já foram para matar?”, indaga a mãe. Os delegados aos quais

MEU FILHO JAMAIS TROCARIA TIROS COM A POLÍCIA. NÃO LUTO PARA PROVAR SE ELE ERA INOCENTE OU NÃO, LUTO POR JUSTIÇA”. EDNEIDE FIGUEREDO NOBRE.

Edneide com o filho, que estudava Direito, em dezembro de 2019 Edneide se refere são Fábio Costa e Thiago Prado. Munida do laudo cadavérico disponibilizado pelo Instituto Médico Legal (IML), ela questiona: “Como meu filho morreu numa troca de tiros sendo alvejado nove vezes?”. Um dos indícios apontados por Edneide que comprovariam que houve até agressão física, seria um hematoma na perna esquerda e no testículo. Ao EXTRA contou que já procurou a Comissão de Direitos Humanos

da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB/AL) para que haja uma investigação mais acurada sobre o caso. “Ninguém vai me impedir de dizer o que quero e sinto”. A morte de Tiago Kennedy e dos outros dois jovens já virou inquérito dentro da Polícia Civil. No entanto, conforme explicou o delegado Sidney Tenório, a investigação é de praxe em casos em que ocorrem óbitos durante operação

policial. “Foi nomeada uma comissão de delegados para apurar o fato que envolve diretamente por volta de 15 policiais da Radiopatrulha, da Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal”, revelou. A comissão de delegados é formada por Eduardo Melro, Bruno Emílio e pelo próprio Tenório. “O delegado Thiago Prado não é, em momento algum, citado na operação porque não teve uma participação direta na operação que culminou na morte dos acusados. No dia, ele estava em outra diligência. Quanto ao delegado Fábio Costa, veremos se haverá necessidade de uma oitiva já que, no momento, ele está licenciado por questões políticas”, explicou. O inquérito, que ainda segundo Tenório já colheu depoimentos de policiais e da família dos suspeitos, deve ser finalizado até meados de outubro. “Sempre que há morte em intervenção policial é investigada obrigatoriamente para saber se houve ou não abuso. Nesse caso, estamos apurando as circunstâncias que ocasionaram as mortes. Se comprovado que houve execução, abuso ou excesso, e que os policiais deixaram de agir em legítima defesa, eles passam a responder por homicídio. Nesse caso, em que os três foram a óbito, só temos como testemunhas os policiais. Então, iremos considerar o que dizem os laudos periciais”. O promotor de Justiça Silvio Azevedo Sampaio, titular da comarca de Pilar, chegou a pedir diligências à Polícia Civil a fim de obter mais informações sobre o que aconteceu durante a operação. “Requeri várias diligências que ouviram a família das vítimas e policiais que participaram do evento. O Ministério Público irá atuar até a finalização do inquérito, mas ainda é prematuro dizer que se trata de execução ou não”.


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IMPRENSA EM ALERTA

Jornalista alagoana sofre ataque contra a sua honra No final de semana Thayane Magalhães foi alvo de mentiras divulgadas através das redes sociais na cidade de Capela EMÍLIA LESSA Especial para o EXTRA

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ão tempos difíceis para se fazer jornalismo. A realidade de quem trabalha com informação, seja ela em qualquer canal de comunicação, é enfrentar diariamente diversos contratempos. Como se não bastasse a grande onda de Fake News, as tão faladas notícias falsas, os comunicadores também precisam aprender a conviver com ameaças e acabam se tornando vítimas simplesmente por fazer o próprio trabalho: levar a verdade para a população. Agressões verbais constantes, declarações falsas e até mesmo ameaças são algumas das situações encontradas pelos jornalistas quando questionam, perguntam, entrevistam e buscam a veracidade dos fatos. Seja no âmbito regional e até mesmo nacional. De acordo com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) o ano de 2019 teve um aumento em mais de 50%, em relação a 2018, de ataques contra esses profissionais. Muitos deles vindo do próprio presidente do país, um assíduo responsável por esses casos. Só a título de curiosidade, colocar “ataque contra jornalistas” no Google gera diversas respostas, em diferentes situações para desqualificar os profissionais, uma prática atual que a classe política passa a usar como estratégia. O coronelismo em Alagoas também é uma realidade, inclusive nunca deixou de ser, talvez mais discreta do que há

alguns anos, mas sempre presente. Chega a ser inevitável pensar em política alagoana e não lembrar de nomes e famílias conhecidas pelo seu histórico nessa prática. Questionar algum ato do espaço profissional para alguém que ocupe um cargo público, mesmo que se limite a isso e não entre no lado pessoal, incomoda. Se partir de um jornalista, mesmo que como cidadão tenha o direito de querer respostas, o caso pode seguir até mesmo para os meios judiciais. CASO THAYANE MAGALHÃES Não é a primeira vez que a jornalista Thayane Magalhães, 36, é vítima de ofensas. Após divulgar uma matéria em 2012 sobre uma denúncia de estupro, que teria sido cometido por um funcionário da Prefeitura de Capela percebeu sua vida se tornar um tormento. O estopim ocorreu em 2018 quando o atual prefeito de Capela, Adelminho Calheiros, utilizando-se de um telefone particular, enviou mensagens pelo aplicativo WhatsApp para a jornalista com termos chulos e com um teor de ameaça, após circular uma matéria sobre o atraso do início das aulas da cidade assinada por ela. Nas mensagens (imagem ao lado) o prefeito deixa transparecer sua falta de respeito e informações falsas sobre a jornalista. Minada de provas e com apoio total do Sindicato dos Jornalistas, Thayane realizou um boletim de ocorrência para garantir seus direitos. Desde então, por medo de retaliação e até de sofrer al-

gum ataque, a jornalista não fala ou escreve sobre o prefeito de Capela. “Por ética e pelo problema pessoal que eu tive, decidi não mais falar sobre ele”, conta Thayane. Mas o que era para ser um caso encerrado, se tornou rotina. Essa semana outras mensagens, dessa vez com números desconhecidos, começaram a chegar no celular da jornalista. Ela, que diz não ter inimigos na cidade, recebeu mais ameaças com o mesmo teor das de 2018. Além disso, diversas postagens com difamação a Thayane passaram a circular nos grupos de mensagem da população da cidade. “Não posso afirmar quem foi, mas me senti desrespeitada como mulher, mãe e como

Conversa entre Adelminho e Thayane em 2018; acima a postagem da semana passada

profissional. A mensagem é mal escrita e cheia de erros como as anteriores, além de ser um crime de injúria. Tenho família conhecida na cidade, meu avô tem história aqui, imagina

como estou me sentido diante disso tudo”, desabafa a jornalista. Questionada pelo EXTRA se iria tomar alguma medida diante desses novos ataques, Thayane se diz ainda abalada emocionalmente, e ainda não sabe quais providencias irá tomar. A mesma acredita que um dos fatores que desperta a ira de quem a ameaça é o fato de ela ser mulher. “Por que os ataques são só contra as mulheres? Não fui a única a sofrer com isso. Eles são misóginos e machistas”, diz Thayne. Outros ataques semelhantes também foram sofridos por moradoras de Capela, e sempre oposição ao atual governo. O desgaste emocional faz parte da vida da jornalista, que hoje vive com um medo que se reflete na vida pessoal e até mesmo limita seu trabalho. Mesmo vivendo em um país que a liberdade de imprensa foi um direito conquistado, o coronelismo social ainda impõe divisas.


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CASO PINHEIRO

Mineradora Braskem é incluída em ação trabalhista contra hospital Decisão abre precedente para que 4,5 mil empregadores acionem a empresa no pagamento de rescisões DA REDAÇÃO

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odo trabalhador, por lei, tem valores a receber quando é dispensado do emprego sem justa causa. A questão é: e quando há uma calamidade e o empregador não consegue arcar com este custo? Recentemente, uma funcionária do Hospital Sanatório foi demitida e o empregador alegou não poder pagar a rescisão porque tinha sofrido grandes perdas financeiras porque milhares de pacientes deixaram de ir à unidade, tanto pela evacuação dos bairros quanto pelo medo que se instalou em circular pela região em função do desastre causado pela Braskem O hospital ainda teve gastos com reformas inesperadas para que continuasse funcionando. Ela conseguiu na Justiça do Trabalho uma decisão em 1º grau, colocando a Braskem como corresponsável pelos prejuízos financeiros que resultaram na impossibilidade do pagamento da rescisão, sendo condenada a dividir com o Hospital Sanatório o pagamento devido à trabalhadora. Esta é a primeira decisão favorável neste sentido, que abre precedentes para ações semelhantes na Justiça, tanto por empregados, como pelos mais de 4,5 mil empregadores das áreas afetadas pela Braskem. O ex-superintendente do Trabalho em Alagoas e representante do movimento Luto

por Bebedouro, Israel Lessa, destaca que a Braskem, a Defesa Civil, a Prefeitura de Maceió e até o Ministério Público Federal (MPF) têm feito vistas grossas aos prejuízos para os trabalhadores e empreendedores de Bebedouro, Pinheiro, Bom Parto e Mutange. “A Braskem causou e continua causando danos cuja repercussão extrapola as questões de indenização de moradores e empresas que estão sendo forçados a abandonarem suas casas e seus estabelecimentos. Ela não é só culpada pelas rachaduras nas casas, empresas, padarias, farmácias, hospitais, escolas; é responsável pelo não-pagamento de salários e verbas rescisórias de todos os afetados pela destruição ambiental. Esta sentença da Justiça do Trabalho será um norte para que cada empresa demandada na Justiça do Trabalho chame a Braskem à responsabilidade”, defende. “O acordo firmado pelos Ministérios Públicos Federal e Estadual, Braskem e Defensorias Públicas Estadual e Federal precisa ser revisto com urgência. Não somente para acabar com a divisão de áreas de criticidade, mas para que os prejuízos que ocorreram direta e indiretamente com o comércio, possam ser indenizados. Em todos os bairros, independente de área de risco, há locais que eram ‘aquecidos’ para comércio e serviço que não foram

Israel Lessa considera acertada decisão envolvendo Hospital Sanatório

alvo de evacuação, mas tiveram drasticamente queda no faturamento”, destaca o presidente da Associação dos Empreendedores de Pinheiro, Alexandre Sampaio. Sobre a decisão da Justiça do Trabalho, ele declara que “é confortante para nós vermos um juiz em total sintonia com o que vem ocorrendo em nossa região. A decisão é um grande acerto do judiciário, que sinaliza entender (o que para nós da sociedade civil é nítido) a responsabilidade da Braskem”. A mudança nos termos do

acordo pode evitar a sobrecarga de demandas para o judiciário. “Já imaginou se cada empreendedor e cada trabalhador que perdeu o emprego e não recebeu rescisão, dos quatro bairros, pleitear na Justiça as indenizações? Será um volume de trabalho exacerbado. Defendo que cada caso seja revisto e que os empresários saiam dos seus imóveis já com o valor da indenização pago para recomeçarem suas vidas em outro lugar”, afirma Israel Lessa. Nos bairros afetados pela mineração, principalmente no

Pinheiro, há vários prédios que foram evacuados. Acontece que estes condomínios tinham colaboradores, como faxineira, porteiro, zelador e jardineiro. De acordo com o advogado César Nantes, especialista em legislação condominial, muitos condomínios ainda estão com Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) ativo e os contratos não foram desfeitos. “As quebras contratuais não foram pagas e realmente a Braskem possui a responsabilidade solidária. Então esses trabalhadores e empresas, quando acionam os condomínios podem solidariamente também comprovar que a situação ocorreu pelo problema gerado pela Braskem”, explica. “É uma decisão de primeiro grau, mas vejo que o Judiciário tem tudo para seguir essa linha. Os prejuízos foram imensos. É muito maior do que apenas as indenizações que estão ocorrendo e titularidade dos imóveis que estão sendo assumidas”, completa o especialista.


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CASO PINHEIRO

Novo estudo encomendado pela Braskem é mantido sob sigilo Afundamento do solo pode estar se expandindo para o bairro do Farol TEXTO: BRUNO FERNANDES Fotos: Afrânio Bastos

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utoridades públicas que fazem parte da força tarefa que acompanha o caso do afundamento do solo nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto se recusam a divulgar à imprensa o resultado final do estudo de impactos superficiais encomendado de forma independente pela Braskem, deixando os moradores às cegas sobre o futuro. Esse é o primeiro de três novos estudos que estão sendo realizados sobre a subsidência que tem como causa a exploração de sal-gema pela mineradora ao longo de 40 anos em Maceió. A confirmação da conclusão de um dos estudos foi dada pela própria Braskem, acusada de ser a causadora do desastre ambiental e aconteceu cinco dias após moradores de casas situadas na rua Tenente Antônio de Oliveira, no bairro do Farol, parte alta de Maceió, registrarem rachaduras em suas residências. As rachaduras são semelhantes às que surgiram no surgiram no Pinheiro em 2018, logo no começo do fenômeno e

hoje é a principal área afetada pelo crime ambiental. As residências estão sendo monitoradas pela Defesa Civil de Maceió há cerca de um mês. As marcas variam entre fissuras e rachaduras em colunas. Chama atenção no surgimento das rachaduras nesse novo bairro que uma brigada formada por 12 bombeiros civis passará a monitorar a rua Dr. Passos de Miranda (Ladeira do Calmon) para pôr em prática os protocolos de atuação previstos no Plano de Contingência (Plancon). A Ladeira do Calmon e a Rua Professor José da Silva Camerino passaram, em março, a ser a opção de tráfego de veículos para quem se dirige à parte baixa da cidade a partir da Santa Amélia. Isso porque o tráfego foi interditado no Mutange. Agora estas duas vias passarão a ser monitoradas. Os resultados finais dos estudos, que estão sendo mantidos em sigilo para a população, foram apresentados pela Braskem em uma reunião, sem a presença da imprensa, para autoridades do Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL), Defensoria Pública da União (DPU) e a Defensoria Pública do Estado

(DPE). Os dados também foram enviados à Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), que abriga o Serviço Geológico do Brasil, e à Defesa Civil Municipal, que também se recusaram a compartilhar informações com a imprensa. O EXTRA questionou todos os órgãos públicos que tiveram acesso ao resultado final, mas todos se recusaram a comentar as conclusões obtidas, se limitando a informar apenas que os dados coletados se encontram em análise, e sem especificar se as informações divulgadas pelo Serviço Geológico do Brasil, a exemplo da expansão do problema para outras regiões e o constante desmoronamento de minas, de fato foram confirmados. O MPE, no entanto, não respondeu aos questionamentos devido ao feriado de Emancipação Política de Alagoas. Israel Lessa, líder do movimento Luto por Bebedouro confirmou que a população da região não sabe o que fazer e que ninguém teve acesso aos resultados até o momento. “Onde está esse novo estudo mandando desocupar? Quais serão as casas desocupadas? São as que a gente já tinha informado ao Ministério Público? Está todo mundo sem saber quais são essas casas e onde elas estão”, disse. Em nota, a CPRM informou que “os estudos estão sendo analisados, portanto não há in-

No Mutange, a evacuação de moradores e demolição deixaram um cenário d formações conclusivas em relação aos dados apresentados. A análise está sendo feita em conjunto com a Defesa Civil Nacional e Municipal de Maceió”. O MPF, por sua vez, divulgou a seguinte nota: “Considerando que se trata de documentos recém-entregues e de conteúdo eminentemente técnico, serão encaminhados pelo MPF aos órgãos especializados, para estudo e melhor compreensão de seu alcance. A divulgação de seu conteúdo antes de uma análise técnica das Defesas Civis e da CPRM seria prematuro, visto que antes disso qualquer análise descuidada poderá gerar desinformação, em vez de esclarecimentos à população”. Embora sejam estudos que analisam apenas a superfície da região, a empresa afirma que já foi possível determinar que mais 800 imóveis precisarão ser desocupados e incluídos no programa de compensação financeira e apoio à realocação. A petroquímica, no entanto, não revela, mesmo questionada, onde estão esses imóveis. “Os estudos foram entregues à Defesa Civil e agora cabe a eles desenharem um novo mapa de criticidade”, informou por meio da assessoria. Agora, a Braskem pretende discutir um aditivo ao acordo firmado em janeiro deste ano com autoridades. Além disso, os estudos também mostraram áreas com “potenciais impactos futuros na superfície no longo prazo”.

Conjunto Divaldo Suruagy foi um dos pr atingidos pelo afundamento

Braskem estima despesa de mais de R$ 8

Região do Mutange próximo ao antigo ca foi completamente abandonada


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Via principal do Mutange foi interditada em março deste ano

rio de guerra

os primeiros

R$ 8 bilhões com fenômeno

go campo do CSA

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Casas no Mutange foram abandonadas por risco de deslizamentos

Desvalorização de mercado

Ladeira do Calmon também será monitorada por equipes da Braskem

Casas no Bebedouro também foram abandonadas após indícios de afundamento na região

Vista aérea do bairro do Pinheiro, o primeiro atingido pelos fenômenos

Apesar da inclusão dos 800 imóveis, a empresa, além de não informar onde estão localizados esses imóveis, não informou qual motivo específico levou a essa decisão. Ao que se sabe, além das autoridades, apenas investidores foram informados dos motivos, o que fez a empresa desvalorizar na Bolsa de Valores devido ao novo custo adicional previsto. Esses imóveis representam um acréscimo de R$ 3,3 bilhões ou 63,5% sobre o valor estimado que já existia com despesas, o que eleva o total reservado no balanço para esta causa a R$ 8,5 bilhões — montante equivalente a quase 50% do atual valor de mercado da companhia. Vale ressaltar que a petroquímica terminou junho com R$ 9,1 bilhões de dívida financeira bruta e R$ 2,7 bilhões em caixa. Nesses últimos meses, a companhia também perdeu a classificação de grau de investimento pelas agências de crédito, em razão do aumento da alavancagem. O número de imóveis com danos provocados pela

exploração mineradora da Braskem, em Maceió, pode chegar a 15 mil, segundo revela o titular da Defensoria Pública do Estado, Carlos Eduardo Monteiro. Os 15 mil imóveis teriam sido apontados nos estudos realizados em 2019 pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB/ CPRM) e Defesa Civil de Maceió, que fizeram análises das áreas com impactos no solo, identificadas no Mapa de Setorização de Danos. O último balanço do programa de compensação divulgado pela mineradora no dia 8 de setembro apontava 7.558 imóveis identificados dentro das áreas de risco e mais 212 imóveis incluídos posteriormente pela Junta Técnica nas áreas de criticidade 1. Desse total, 5 mil imóveis — onde viviam aproximadamente 20 mil moradores¬—, já teriam sido desocupados. No entanto, o defensor público revelou que esses números correspondem apenas a 50% do total de prédios residenciais e comerciais apontado nos levantamentos do Serviço Geológico e na Ação Civil Pública da Defensoria.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

O psicólogo e o milagre

Descobrir Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes. (Carlos Drummond de

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muito comum a pessoa/cliente chegar ao consultório e querer contar boa parte da sua história de vida já numa primeira sessão. É compreensível. É preciso ter bastante destreza para cortar a palavra num momento certo. A pessoa quer contar “tudo” numa única sessão. É inteligível do ponto de vista do sofrimento que, muitas vezes, a pessoa apresenta. Quando termina diz: - Pronto, o senhor ouviu tudo da minha vida, o que eu faço? Não é bem assim. É como se o psicólogo fosse um “consertador” de um eletrodoméstico. É entendível o que a pessoa suporta, num primeiro momento, de aflição, ansiedade e, muitas vezes, de desesperança de que todos aqueles problemas que ela apresentou sejam resolvidos em “um passe de mágica”, ou, que talvez, com “umas boas poucas palavras”, como disse o pai da Psicanálise, Freud, resolver todos os conflitos dela, imediatamente. Não é bem assim. Às vezes os problemas – incômodos, sofrimentos, desesperos – são resultados de meses, ou, um, dois, cinco, dez, 15, 20 ou 30 anos de vida da pessoa. Alguns podem ser avaliados imediatamente e se apresentarem como “não sendo” muito graves; isso depois de serem minuciosamente analisados, enfim. Com a ânsia de resolver os problemas já na primeira sessão, muitos clientes, especialmente as mulheres, abandonam, muitas vezes, na terceira, quarta, quinta, décima ... sessão. É um erro grave. Todo processo psicoterápico precisa ter início, meio e fim. A pessoa, às vezes diz: - Não estou mudando nada. Ou seja, quer que os problemas sejam “consertados” imediatamente. Não é bem assim. Às vezes a pessoa apresenta uma série de sofrimentos

Tempo de cada um Muitos clientes com quatro, oito, 12, 16, 20 sessões já podem sentir um resultado de uma psicoterapia. Outros passam um, dois ou mais anos. Cada pessoa tem o seu tempo para enxergar e mudar, se quiser, tudo aquilo que incomoda, seja pensamento ou comportamento.

Insegurança

Muitas vezes a pessoa tem até dificuldade de assumir as próprias atitudes, seja por insegurança nas atitudes ou até não saber, exatamente o que está, realmente, dizendo. Isto é, em vez de dizer- Eu fiz/senti isso. Ela diz: Eu acho que senti raiva. Ou seja, não tem confiança do que ela mesma disse ou apresenta como fato real. Por isso, muitas vezes, é necessário tempo para que a pessoa possa expressar-se de maneira pessoal (-Eu senti isso. - Eu fiz aquilo) o que ajuda a escutar-se melhor e, a partir daí, tomar atitudes mais assertiva, se ela assim desejar.

Andrade)

que foram acumulados durante toda uma vida e em vários setores: como família, trabalho e relação pessoal com o cônjuge. Toda pessoa precisa ser respeitada nas suas dores e escutar é fundamental. É preciso discutir e analisar cada detalhe de cada dor/sofrimento; além de entender, melhor, o que ela deseja, quais as fantasias, enfim, é preciso perceber, minuciosamente, os SENTIMENTOS, PENSAMENTOS, COMPORTAMENTOS e CRENÇAS aprendidos, e isso leva tempo. Muitas vezes é preciso muito tempo para ressignificar alguns dos SENTIMENTOS, PENSAMENTOS, COMPORTAMENTOS e CRENÇAS. Às vezes pode demorar a serem entendidos pela própria pessoa. Como eles surgiram? Por que eles apareceram? Como ressignificá-los? Enfim, depois de sabidos, eles podem ter um destino que a pessoa deseja, se permanece ou não com eles. Psicólogo não faz milagre, mas, tenham certeza, ele é fundamental para escutar, analisar e enxergar/discutir melhor a história de vida e conflitos de uma pessoa, e cabe, somente a ela, mudar ou não.

Instigar

Dizer por dizer pode ser um sinal de que não haja responsabilidade naquilo que está dizendo. Ou seja, é preciso observar o que realmente a pessoa está dizendo, e o que representa cada fato, ou seja, se realmente é aquilo que ela está dizendo. Às vezes não corresponde com a verdade. É instigar a pessoa a pensar/ refletir no que ela está dizendo. – É isso mesmo que você disse? Esse processo de escuta fortalece a pessoa a falar “adequadamente” e a agir sobre aquilo que ela está, realmente, dizendo.

raiva” do psicólogo. E daí? É assim mesmo. Às vezes a pessoa repete uma, duas, três, 10 vezes a mesma fala/atitude diante de uma circunstância, um fato. Ou seja, se ela se comprometeu em mudar os SENTIMENTOS, PENSAMENTOS, COMPORTAMENTOS e CRENÇAS, é preciso colocar em prática. Se ela não fizer o que foi dito que ela mesma iria fazer, não “dá para passar a mão na cabeça”. Na psicoterapia, fala-se/analisa-se ou aflora-se os porquês daqueles SENTIMENTOS, PENSAMENTOS, COMPORTAMENTOS e CRENÇAS, ou seja, mostra-se o foco, a raiz da questão e cabe à pessoa tomar uma atitude. Portanto, numa relação psicoterápica existe uma relação de “mão dupla”. Isto é, num determinado momento a pessoa precisa sair da “zona de conforto”, caso contrário pode acontecer, pelo menos, duas coisas: desistência da psicoterapia ou o tempo da psicoterapia será muito maior para que os SENTIMENTOS, PENSAMENTOS, COMPORTAMENTOS e CRENÇAS sejam mudados.

Exige tempo Tudo, mas tudo na vida de alguém ocorre através de um processo. Ninguém tem ansiedade ou qualquer outro agravo de um dia para a noite. O processo psicopatológico surge com atitudes inadequadas acumuladas por anos, mesmo aqueles agravos mentais que têm uma carga genética robusta. Portanto, seja um agravo mental que surgiu por carga genética (prioritariamente) ou comportamental, é preciso tempo; às vezes muito tempo para revertê-lo, isto é, para que sejam mudados. Cada pessoa tem o seu tempo e é preciso respeitar. Enfim, toda mudança exige tempo.

Zona de conforto

Tem sessão que a pessoa sai “com

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Convenções do Covidão

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PARA REFLETIR:

oi impressionante a irresponsabilidade dos dirigentes partidários em Maceió e cidades do interior no tocante à realização das convenções para escolha dos candidatos a prefeitos e vereadores. Apesar da publicação das convocações frisarem que “respeitariam o distanciamento social”, o que vimos foi na verdade um absurdo e inaceitável ajuntamento de candidatos, eleitores e curiosos, sem

nenhum respeito às determinações de saúde. Tudo foi uma festa regada a discursos medíocres e hipócritas de sempre, abraços e até beijinhos, provavelmente cheios de vírus contaminantes. A coisa foi tão absurda que ouvi de um infectologista: “Poderemos ter muitos candidatos afastados de suas campanhas atacados pela covid-19”. Bem empregado para esses irresponsáveis.

Eleições 2020 A seguir o Calendário Eleitoral a ser cumprido por coligações, partidos e candidatos até as eleições

Os dízimos do Diabo Os dez maiores inadimplentes com a União a desenvolver atividades religiosas devem R$ 382,3 milhões aos cofres públicos. A maior parte dos débitos devidos pelas organizações religiosas estão ligadas à contribuição previdenciária – tributo da qual passam a ser definitivamente isentas após a sanção da Lei 14057. A lista está presente no site da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), ligada ao Ministério da Economia. A maior devedora entre as entidades religiosas ativas é a Associação das Famílias para Unificação e Paz Mundial Brasil, ligada à Igreja da Unificação do reverendo sul-coreano Sun Myung-Moon, morto em 2012. A associação cristã deve R$ 99,2 milhões à União, em débitos não especificados. Edir Macedo, Valdemiro Santiago e RR Soares, são alguns dos famosos que fazem parte da lista beneficiada por Bolsonaro.

26 de setembro: último dia para registro das candidaturas; início do prazo para que a Justiça Eleitoral convoque partidos e emissoras de rádio e TV para elaboração do plano de mídia

Vingança arquitetada?

Rui consagrado O prefeito Rui Palmeira deixará a Prefeitura de Maceió como o administrador que realizou o maior número de obras em todos os bairros da capital. Prometeu e está entregando uma “Nova Maceió”, à custa de muitos esforços e sob fogo cerrado de setores que fizeram tudo para atrapalhar sua administração, a começar pelo governo do Estado, Tribunal de Contas e Assembleia Legislativa. Montou uma boa equipe com destaque para José Thomaz Nonô (Saúde, Reinaldo Braga (Gestão), Eliane Aquino (Comunicação), e Antônio Moura, (SMTT); deu as diretrizes e colheu resultados satisfatórios. Vai agora para um merecido descanso, para ressurgir em 2022 com uma candidatura majoritária (governador ou senador).

Para refletir Não há nada mais inútil que discutir política com políticos. (Salazar)

O enigma de Arapiraca De repente aconteceu o inesperado na cidade de Arapiraca, o segundo maior colégio eleitoral do estado. O que parecia um fato tranquilo e resolvido se transformou em um grande pesadelo para o supremo maestro do MDB, senador Renan Calheiros, como também para o filho governador. Rompendo com uma tradição de aliança e dependência política de décadas, o vice-governador Luciano Barbosa, em ato de rebeldia considerado extremo, rompeu todos os laços com seus mentores e lançou sua candidatura à Prefeitura de Arapiraca, contrariando a autoridade do velho senador que desejava impor sua vontade, mais uma vez, manobrando o xadrez político à sua maneira e em benefício de seus planos para 2022.

A implosão da convenção do diretório de Arapiraca ainda é um enigma a ser desvendado. Até o fechamento dessa coluna o imbróglio criado pelo vice-governador ainda não havia sido desvendado. Porém, com certeza, a judicialização do problema já é coisa certa. Duas possibilidades no ar: Luciano Barbosa candidato e desmoralização de seus opositores ou MDB sem candidatos. Quanto aos motivos que levaram ao rompimento do vice-governador com os Calheiros vários são levantados. O de maior consistência seria uma profunda mágoa guardada desde que sua filha foi presa, pela Polícia Federal, acusada de atos de corrupção. Aos mais íntimos Luciano não escondia seu constrangimento e aguardou o momento certo para dar o troco. Vingança é um prato que se come frio.

Após 26 de setembro: início da propaganda eleitoral, inclusive na internet 9 de outubro: início da propaganda gratuita em rádio e televisão 27 de outubro: divulgação de relatórios pelos partidos, coligações e candidatos discriminando os recursos recebidos do Fundo Partidário, do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e outras fontes, bem como os gastos realizados 15 de novembro: 1º turno das eleições 29 de novembro: 2º turno das eleições

CURTAS

BENEDITO DE LIRA pode encomendar o terno. Será o prefeito da Barra de São Miguel com a maior votação da história do município. ATENÇÃO TRE: as malas de dinheiro já estão circulando à luz do dia (ou no escuro das noites). LOGO COMEÇA o Horário Eleitoral. Tirem os filhos menores das salas, por favor.


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Um país à deriva

ELIAS FRAGOSO n Economista

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olsonaro só foi eleito porque saiu do casulo da extrema direita com suas propostas radicais e seus 5% a 7% de votos para atrair o centro, ao cooptar Paulo Guedes e seu ideário liberal para sua equipe de campanha e externar seu apoio à Lava Jato, inclusive sinalizando convite – se eleito – a Sérgio Moro para o seu ministério. Simples assim. Ganhou à falta de candidatos que assumissem de forma verossímil os mesmos compromissos com a Nação saturada da corrupção e da ladroagem petista, ansiosa por mudanças. Mes-

mo que radicais. O combate à corrupção e o liberalismo ficaram pelo caminho, com Moro “saído” do Ministério da Justiça de forma infame e o brutal desgaste a que vem sendo submetido o ministro da Economia, Paulo Guedes (que já deveria ter saído há muito tempo), pelo presidente da república. Que, aliás, está associada à guinada do presidente rumo ao populismo lulista rastaquera que ele tanto combateu nas eleições, a seus acordos com o Centrão corrupto e à baixa política tão ao gosto de quem viveu 27 anos no baixo clero do Congresso Nacional. O que não rima com um governo eleito com proposta reformista. A pandemia na verdade foi um bálsamo para este governo inócuo. Não apenas empurrou para a frente o que seria o baixíssimo desempenho econômico do Brasil em 2020 sem o vírus, como ainda ajudou Bolsonaro viabilizando a criação do auxílio emergencial que o está levando para ocupar espaços até então dos vermelhos petistas.

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Mas está chegando a hora da verdade. O país, quebrado desde 2014, agora se vê às voltas com um aumento brutal da sua dívida (pode superar 100% do PIB); a bolsa de valores, o câmbio e os credores emitem sinais inquietantes e, sem recursos para financiar o programa de renda básica para a população mais carente, se aproxima perigosamente do descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal e demais ferramentas como a Lei

do Teto de Gastos. São sinais inquietantes. Bolsonaro e equipe não têm sido capazes de planejar a retomada econômica do país. Até agora não têm um plano viável para isso e, menos ainda, para o longo prazo. Pior, mostram sinais preocupantes de descompromisso com a preocupante realidade econômica brasileira, sem espaço fiscal para aventuras e menos ainda para um afrouxamento monetário. O país precisa urgentemente redesenhar políticas que levem à sua reconfiguração econômica. Mas seu comandante só enxerga um caminho na bruma em que o país se encontra: a sua reeleição. E o seu prático, Guedes, que até agora não conseguiu desenhar com clareza a rota a ser seguida pelo navio para atracá-lo em segurança, perdeu a confiança do chefe e dos marujos. Que começam a esboçar soluções heterodoxas como salvação. Estamos à deriva em um maremoto.

Bolsonaro e equipe não têm sido capazes de planejar a retomada econômica do país. Até agora não têm um plano viável para isso e, menos ainda, para o longo prazo. Pior, mostram sinais preocupantes de descompromisso com a preocupante realidade econômica brasileira, sem espaço fiscal para aventuras e menos ainda para um afrouxamento monetário.

ponche, pois a finalidade precípua era dançar. Também gostávamos muito do rum. Apesar de existirem os dois mais famosos até então, Merino e Montilla, era esse último o preferido no Nordeste e que ficou famoso com o Cuba Libre. Foi aí que apareceu o Bacardi. Empresa cubana desde 1862, viu-se obrigada a emigrar depois da tomada de poder por Fidel Castro. No Recife, ficava na região onde hoje é o Shopping Beira Mar. Corrido de uma revolução, revolucionou nossos hábitos. Era mais claro que o Montilla e, ao contrário do concorrente, tomava-se mais com soda limonada que CocaCola. Para ganhar o consumo dos jovens, distribuía gratuitamente nas festas promovidas por estudantes para angariar fundos para a formatura. Com

ele, chegou um drink diferente: Daiquiri, nome da cidade cubana Daikiri. Sua receita era Bacardi, suco de limão e açúcar. Às vezes uns pingos de suco de laranja. Mais gostoso, quando colocavam o açúcar na borda do copo. Mesmo assim, em nossos dias, não se fala mais em rum. Porém a cerveja, que estava na moita, entocada, esperando sua vez que não demorou muito, reciclou-se com elaborações diferentes vindas de suas origens, embalagens as mais diversas, facilitando assim seu maior consumo onde quer que o bebedor esteja, tomando conta da preferência de todas as gerações. Dos mais velhos aos mais jovens, com esse clima que só nos enche a boca de água. Agora, hão de perguntar: e o vinho? O vinho é outra história.

A mocidade, no fim dos anos 1950 e começo dos 60, também não era ligada na cerveja. Nos conhecidos assaltos - festinhas nas casas de amigos e amigas - eram servidos uma batida ou um ponche, pois a finalidade precípua era dançar. Também gostávamos muito do rum.

Dos velhos aos jovens

JOSÉ MAURÌCIO BRÊDA n Economista

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mbora sem ainda sentir o sabor de seu néctar, minha convivência com ela vem de garoto. Sua embalagem, nos meus tempos, era em caixões de madeira fechados com pregos e reforçados com uma fita metálica conhecida como arco de barril. Como os caixões não tinham as divisórias criadas posteriormente, cada garrafa era envolta

numa espécie de camisa de palha, para protegê-la dos choques. Era assim que a cerveja chegava até seus destinos nos anos 40/50. Convivi com esse quadro no armazém, como chamávamos, de Brêda & Irmão. Ressalte-se que a cerveja, entre nós, não tinha o consumo que ganhou com o passar dos tempos. Na casa de meu pai era consumido o uísque com água gaseificada em uma garrafa especialmente para tal. Colocava água potável nesta garrafa com um cartucho de aço com gás. Quando apertava o gatilho, explodia a espoleta e o gás se misturava à água. A mocidade, no fim dos anos 1950 e começo dos 60, também não era ligada na cerveja. Nos conhecidos assaltos - festinhas nas casas de amigos e amigas eram servidos uma batida ou um


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Os velhos e os meninos

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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vida começa na infância e termina na velhice, se a criatura não morrer pelo caminho. Estou exatamente no fim do caminho, pois chego já aos oitenta anos e vi muitos fatos acontecidos com os idosos, uns irônicos, outros pejorativos. Certo dia, chegou uma mulher no Sindicato doa Aposentados da Assembleia Legislativa reclamando de sua pensão, acompanhada de um adolescente rebelde. Ela quis que eu a atendesse e, sinceramente, não a reconheci. Quando riu, lembrei-me que era uma antiga empregada da

minha mãe. Procurei ser gentil, resolvi muita coisa e só faltava ir ao cartório pegar um documento. Olhei para o neto e expliquei tudo. Ele, bem ousado, perguntou por que eu não faria tal serviço. A idosa disse-me ainda: “Eu estou satisfeita com meu dinheirinho, ele é que quer mais”. Isto é: o menino querendo mandar nas idosas. Lembrei-me então do número enorme de avôs e avós que sustentam a casa, com suas pensões, além dos empréstimos consignados feitos por familiares em nome do titular do benefício. Ao entrar na Faculdade de Filosofia, não existia a universidade na época, ganhei uma bolsa de estudos discorrendo sobre liberdade: ela diminui quando chegam a maturidade e a velhice, porque os censores do que fazer ou não fazer, ficam mais rígidos. Além do que, na velhice o vigor físico fica menor. O mental, se não houver problemas de senilidade, fica bem maior. Outro fato que me irrita bastante, é ser chamada de “tia” por desconhecidos na rua. Sinto um tom de gozação não muito agradável. Mas, como somos de família gran-

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de e chegamos à terceira idade, deparamo-nos com o contato dos netos, cuja idades variam de 11 a 33 anos. Todos moram fora e vêm muito pouco atualmente ao Paraíso da Vovó Alari, nossa casa. Há vinte anos morando na praia, recebemos visitas de filhos, filhas, genros noras, netos, netas, vizinhos e amigos. As férias eram maravilhosas. Nos meses de dezembro, janeiro, e julho acolhíamos até dez crianças, muitas vezes sem os pais. Sempre fomos rigorosos com os pequenos, preocupávamos com os vários problemas e alguns tipos de brincadeiras. Adotamos o seguinte lema: “Tudo aqui é de todos; nada é de ninguém”. Ficaram boas lembranças dessa época. Mas o tempo vai passando e os avós ficando velhos, cansados com passos lentos. Os netos chegados mais tarde, encontraram os pais dos pais mais envelhecidos; não entendem bem a cabeça dos idosos. Esses, por sua vez, perdem a paciência com pouca coisa e precisam compreender que já não têm mais a capacidade de cuidar de crianças. Recebo ligações de meus onze netos, todos moram fora, em ocasiões

especiais. “E aí, vó, tudo bem? Como vai o vovô”? A conversa é pouca, a distância é grande e hoje, para eles, somos dois anciões, perto de morrer. Quando aqui estão, os mais novos custam a entender dois idosos exigindo presença na mesa no horário das refeições, cumprimento às pessoas e outros detalhes de costumes antigos, importantes para pessoas educadas. Hoje, vivemos de sonho: pensamos nos filhos, seus rebentos e que vamos vê-los cada vez menos. As viagens constantes que fazíamos ficarão cada vez mais raras. Os aeroportos estão complicados, viajar de carro torna-se muito cansativo, quase impossível. Nossa sorte é vivermos num bom local, contar com empregados que nos ajudam, perto de irmãos e irmãs. Vamos levando o barco com a mão de Deus. E chegamos à conclusão: idosos de oitenta anos não podem conviver com crianças e pré-adolescentes. De repente, nossas ideias estão ultrapassadas, os censores mais atuantes, estamos cansados e poucos, poucos, mesmo, entendem a tal da terceira idade. Deus na causa!

Os mais novos custam a entender dois idosos exigindo presença na mesa no horário das refeições, cumprimento às pessoas e outros detalhes de costumes antigos, importantes para pessoas educadas.


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Nem tudo é azul

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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esses tempos de pandemia tenho dado atenção bastante à evolução das cores vermelha, laranja e azul no gráfico do mapa do Brasil diariamente divulgado pela mídia. Vejo com satisfação que a nossa Alagoas vem se mantendo azul, indicativo de que as mortes por covid-19 estão em queda. Comemoro e me preocupo. De fato, quando nós somos informados de Alagoas no azul, isto se dá apenas quanto aos óbitos, pois os

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casos de contaminação, esses continuam crescendo. É tal simples fator que parece não estar sendo percebido pela grande maioria, ou se o percebem não levam muito a sério, ou melhor, veem-no pelo lado absolutamente favorável ao livramento da pandemia. Tenho observado tal fenômeno até em familiares. Tudo encaminhar-se-ia para a derrota cabal da covid-19. É mal interpretando a manutenção de Alagoas na cor azul que muitas das pessoas – inúmeras, podemos dizer – estão liberando geral, para usar uma expressão contemporânea mais descontraída. Venho me posicionando contra esse entendimento, e nunca me faço de rogado em manifestar a minha posição nesse sentido, sendo incisivo na manutenção do controle do convívio social. Recentemente ouvi de um amigo a indagação se não haveria algum caminho mais mediano, que não fosse nem

oito nem oitenta, no trato do isolamento social. Acredito que sim. Nada de radicalismos, mas de ponderação. Ouvi também, ecos da teoria de adeptos do “tudo não passa de uma gripezinha”, e que deveria haver isolamento apenas vertical, isto é, aqueles com risco de contraírem o coronavírus na forma mais grave deveriam manter rígido isolamento. Ponderei, em certa ocasião, que isso seria tratar os idosos e aqueles com comorbidades de igual forma dos leprosos na Idade Antiga e no Medievo, apartados dos contatos sociais pois poderiam transmitir a grave doença. No caso, o cuidado seria ao contrário: proteger os grupos de risco do contágio, sendo tratamento isolacionista de qualquer forma, e sem resultados práticos, porque se aqueles que são jovens e não estão em risco forem liberados a terem vida livre e descuidada, eventualmente

contraindo a doença, trarão “a gripezinha” para dentro de casa, infectando pais e avós. Paradoxalmente não seria o leproso que contaminaria os sãos, mas estes que adoeceriam aqueles. Voltando à questão que me foi posta, aquela do 8 ou 80, afirmei que nem um nem outro seria o ideal. O meio, este sim. Os romanos da Antiguidade diziam que no meio está a virtude, a força. Confúcio também pregou a sapiência do Caminho do Meio, o mais virtuoso e, por isso mesmo o melhor. Infelizmente grande é a dificuldade de se aplicar esses antigos ensinamentos entre pessoas que parecem estar se comportando como se não houvesse amanhã., como se o Apocalipse estivesse se aproximando lotando bares e restaurantes, festejando nas ruas e praias sem a providencial máscara facial. Afinal, o azul ainda é relativo!

É mal interpretando a manutenção de Alagoas na cor azul que muitas das pessoas – inúmeras, podemos dizer – estão liberando geral, para usar uma expressão contemporânea mais descontraída. Venho me posicionando contra esse entendimento, e nunca me faço de rogado em manifestar a minha posição nesse sentido, sendo incisivo na manutenção do controle do convívio social.


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SOLIDARIEDADE

Rifa de celular vai ajudar no tratamento de mulher com câncer raro de mama Patrícia Santos foi diagnosticada no final ano de 2019 e precisa de 12 ampolas de medicação com custo de R$ 15 mil cada MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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iagnosticado com um tipo de câncer de mama (C-erbB2 com Her-2 amplificado por Fish), Patrícia Santos, 39 anos, segue a luta pela vida enquanto familiares e amigos esforçam-se para conseguir verba para ajudar no tratamento da doença. Após “vaquinha” online, agora é a vez da rifa de aparelho celular, um Motorola moto E 6 play, em prol do tratamento. O bilhete está no valor de R$ 20,00 e pode ser adquirido em vários bairros de Maceió. O sorteio acontece dia 27 de setembro, às 21 horas, pela live no instagran @rogeriocafepeixoto e @patricia.santt. Patrícia precisa de 12 ampolas de medicação e cada uma custa R$ 15 mil. Em live promovida no dia 24 de agosto pelo amigo Rogério Café, Patrícia falou de sua luta, do diagnóstico, do apoio recebido e de como as pessoas podem participar colaborando com seu tratamento. Com vida totalmente ativa até dezembro de 2019, voltada para o trabalho e qualificação, foi pega de surpresa pela doença, mas continua confiante da cura. Agradecida pela dedicação da família e amigos, ela diz que a doença é dolorida, mas o apoio tem dado suporte e força durante a luta. Mostra-se esperançosa e diz que sairá fortalecida, além do que sua experiência de vida vai ser fortaleza para outras pes-

soas. Patrícia sentiu os primeiros sintomas em novembro do ano passado e em fevereiro deste ano começou o tratamento. Ela teve dificuldade de comunicar a família, mas no início tudo deu certo. E foi o acolhimento de familiares e amigos que contribuiu para sua aceitação no processo. Tudo fluía bem e em maio fez a primeira sessão de quimioterapia. Apesar do sofrimento, sempre acreditou na cura, mas depois de meses de tratamento, sessões de quimioterapia foi informada que a doença não tinha regredido. Como o problema aumentou e tomou outros órgãos como coluna e pulmão, o médico decidiu mudar esquema de tratamento, optando pela vacina trastuzumabe mais pertuzumabe, que custa em média R$ 12 mil a R$ 15 mil cada unidade e terá que fazer uso por pelo menos um ano. O tratamento é fornecido pelo SUS, mas apesar de dar entrada no processo para que a medicação seja liberada, Patrícia continua na fila de espera. “Existe prioridade e os critérios só eles sabem. Mas quando fiz o exame que identificou que tudo o que tinha sido feito não foi eficiente, aí vi que tempo para mim é vida”, afirma. Como a doença que afetou Patrícia é tipo raro e se multiplica rapidamente, ela precisou trabalhar o emocional e com ajuda conseguiu organizar uma vaquinha on-line para tentar adquirir as primeiras doses da vacina. Inclusive, confessa que

melhor comodidade das pessoas interessadas em contribuir com a causa. Você pode doar, ajudar e compartilhar.

de princípio relutou em fazer a vaquinha, mas foi convencida que seria necessário. Agora, será a vez da rifa como outro meio de angariar recursos para o tratamento enquanto aguarda o fornecimento por parte do governo. Emocionada diz que desde sua primeira consulta nunca esteve sozinha. Amigos, família sempre estão juntos. Nas filas sempre escuta histórias de vidas de pessoas que muitas vezes não têm qualquer acolhimento. A intenção da “vakinha pela cura de Patrícia Santos – uma ajuda pela vida-“, foi para adquirir pelo menos as primeiras unidades. Para Patrícia, o importante é o coração. Não importa a quantia. “A partir daí”, diz, “as pessoas se manifestaram com depósito e também serviço, além da doação do celular para a rifa”.

“Meu coração só agradecimento. É lindo de se ver as pessoas querendo ajudar, quanto empenho. Estou me sentindo muito amada, apesar dessa experiência tão negativa. Estou eternamente grata e vivendo uma etapa de cada vez”, afirmou Patrícia. A vaquinha continua disponibilizada no site vakinha.com e a doação pode ser feita pela Vakinha: ID 1301154. Ou ainda doações pela conta caixa: Agência 2047 op:013, conta 000389343. Já para quem se interessar em comprar rifa para ajudar na luta de Patrícia, pode entrar em contato com Rogério pelo telefone (82) 99684-5825, Girleide (82) 98819-8687, Cleopátra (82) 99126-6662, Luzinete e Clóvis (82) 98707-3396 e (82) 999734541 e Márcia (82) 99940-2467. As rifas estão espalhadas em vários bairros de Maceió para

A DOENÇA O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 66.280 novos casos de câncer de mama, com um risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres. Porém, o tipo histológico mais comum de câncer de mama é o carcinoma de células epiteliais, que se divide em lesões in situ e invasoras. Os carcinomas mais frequentes são os ductais ou lobulares. No mundo, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres. Em 2018, ocorreram 2,1 milhões de casos novos, o equivalente a 11,6% de todos os cânceres estimados. Esse valor corresponde a um risco estimado de 55,2/100 mil. Independentemente da condição socioeconômica do país, a incidência desse câncer se coloca entre as primeiras posições das neoplasias malignas femininas. No Brasil, ocorreram, em 2017, 16.724 óbitos por câncer de mama feminina, o equivalente a um risco de 16,16 por 100 mil. Não existe somente um fator de risco para câncer de mama, no entanto a idade acima dos 50 anos é considerado o mais importante. Outros fatores que contribuem para o aumento do risco de desenvolver a doença são fatores genéticos (mutações dos genes BRCA1 e BRC2) e fatores hereditários, além da menopausa tardia, obesidade, sedentarismo e exposições frequentes às radiações ionizantes.


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PRÊMIO SELMA BANDEIRA

Criadora da Lei Aldir Blanc e jogadora Marta entre as homenageadas Décima edição do evento acontece na próxima terça-feira, no Misa MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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Prêmio Selma Bandeira chega à sua 10ª edição e este ano, devido a pandemia do novo coronavírus, acontecerá em novo formato e data. O evento será realizado no próximo dia 22, terça-feira, no Museu da Imagem e do Som (Misa), em Maceió, com público reduzido. Apenas alguns homenageados e pessoal da técnica e cerimonial marcarão presença, todos com máscaras, distanciamento, medição de temperatura e uso de álcool em gel. A honraria é destinada a mulheres com relevante atuação no desenvolvimento social, político, econômico e cultural de Alagoas e do Brasil. Nesta edição, 20 personalidades serão homenageadas. O Prêmio Selma Bandeira foi criado há 10 anos pelos produtores culturais Marcus Assunção e Fafá Rocha sob a coordenação de Marina Fortes e Leonardo Fortes. Mulheres do campo, marisqueira e de diferentes classes sociais e ramos de atuação serão contempladas com a premiação. As estrelas deste ano são mulheres fortes e guerreiras como: Izaura Jatobá, uma das poucas mulheres no Brasil a gerenciar uma concessionária de caminhões- a Alagoas Diesel; Fabiola Lisboa - psicóloga; deputada federal Tereza Nelma; deputada federal Jandira Feghali do Rio de Janeiro - criadora da Lei Emergencial Aldir Blanc, para socorrer a todos os segmentos da Cultura; Solange

Jandira Feghali, jogadora Marta, Fabiana Lisboa e Tereza Nelma estão entre as 20 homenageadas da décima edição do prêmio Arruda - artista plástica; Esvalda Bettencourt, secretária da Seprev AL; executiva Industrial -Help Nunes; blogueira, jornalista e radialista Grazzi Duarte do Estadão de Palmeira dos Índios; Ione Malta da Interface -umas das maiores corretora de imóveis de Alagoas; Noracy Pedrosa in memoriam - umas das maiores amigas e incentivadora de Selma Bandeira; Irá Carvalho- umas das mulheres mais dinâmicas e expressivas no segmento de shows e eventos da Bahia; Gigi Acyoly- jornalista e colunista social; Petrolina Lyra- superintendente e técnica da Secult/AL; Claudia Piati- diretora de marketing da Fiea; Roberta Bomfim- procuradora federal; dona Coca- marisqueira do Mercado da Produção há mais de 40 anos; Viviane Senna- do Instituto Ayrton Senna; Marta Vieira da Silva - jogadora de futebol e representante das mulheres no esporte. Marcus Assunção relembra que antes de começar a honraria, a equipe organizadora en-

trou em contato com a família Bandeira, que todos os anos é convidada para o evento. A cada edição mais de 300 nomes são pesquisados, cabendo à comissão técnica o cuidado de selecionar as 20 homenageadas. Nestas 10 edições, o produtor cultural disse que um dos melhores momentos do Prêmio foi a homenagem à matriarca da família Bandeira, dona Alexandrina Bandeira Mendes, em seu centenário que esteve presente ao evento. “Momento de muita emoção para todos os presentes, principalmente o nosso que criamos e realizamos o Prêmio Selma Bandeira”, afirmou. Com realização das empresas Fortes, Serviços e Eventurs Ltda, o prêmio acontecerá dentro de uma programação cultural do Festival Dendi di Casa, criado pela Secretaria de Estado da Cultura. A iniciativa conta, ainda, com apoio do Sebrae, Sucos Pindorama, Secult/ AL, Secom/AL, Ibratin, Alagoas Diesel, Carajas, Pitu, Risco Zero e Natura.

“Uma médica e mulher destemida. Guerreira e politicamente correta. Respeitada até os dias de hoje. Selma Bandeira e sua história continuam muito vivas entre nós. Temos a preocupação de deixarmos sempre vivo o seu nome com muito carinho e respeito”, exaltou Marcus Assunção. O PRÊMIO O Troféu Selma Bandeira foi criado pelo Decreto 6.393, de 9 de março de 2004. A homenagem reaviva a postura da combativa médica e deputada Selma Bandeira, defensora da cidadania e de melhores condições de vida para a população alagoana, dos direitos e da igualdade para as mulheres. A criação foi em homenagem ao 8 de Março- Dia Internacional da Mulher- e por isto foi escolhido um nome expressivo que representasse a mulher alagoana, a mulher de luta brasileira. O nome Selma Bandeira foi unânime. Selma Bandeira é natural de

Delmiro Gouveia. Nascida no dia 1º de janeiro de 1944, a médica destacou-se pela militância política, chegou a ser deputada estadual em Alagoas entre os anos de 1983 e 1986. Sua atuação política se deu principalmente em Recife, onde participou da fundação do Partido Comunista Revolucionário (PCR) em maio de 1966, com Amaro Luiz de Carvalho (Capivara), Manoel Lisboa de Moura, Valmir Costa e Ricardo Zarattini. Foi presa e posta em liberdade no dia 17 de outubro de 1968, após ser indiciada na Lei de Segurança Nacional, respondendo a Inquérito Policial Militar. Após retornar a Maceió, ingressou no partido do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e atuou como médica sanitarista. Em 1982 foi eleita para a Assembleia Legislativa Estadual. Selma Bandeira faleceu aos 42 anos de idade em um acidente automobilístico, no dia 7 de setembro de 1986, quando participava da campanha para deputada federal.


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ECONOMIA EM PAUTA Score Serasa

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Carteira digital

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Serasa anunciou esta semana o Serasa Turbo, novo recurso que vai possibilitar ao consumidor acompanhar sua nota de crédito, o chamado score, irá aumentar com o pagamento de dívidas. A ferramenta, gratuita, funciona na plataforma do Serasa Limpa Nome ou no aplicativo da Serasa, disponível para Android e iOS. Além de saber isso, os clientes poderão negociar as dívidas com as empresas e gerar o boleto bancário para o pagamento da dívida. O aumento do score ocorre após a confirmação do pagamento.

Recuperação econômica Débito no Paypal O PayPal agora permite a incorporação de cartões de débitos na sua carteira digital. Com o serviço, os 4,3 milhões de clientes brasileiros do PayPal poderão pagar compras nacionais on-line no débito, sem a necessidade de digitar a senha. A solução, inicialmente, está disponível apenas para cartões do Bradesco, C6 Bank, Caixa, Itaú Unibanco, Inter, Next e Nubank, o que representa cerca de 70% da base de cartões de débito no Brasil.

Como consequência da pandemia do novo coronavírus, diversos estados brasileiros tiveram seus setores econômicos afetados. Após quase cinco meses de quarentena, entretanto, algumas unidades federativas já apresentam leve recuperação. Alagoas, por exemplo, deve apresentar sinais de recuperação ainda este ano. A avaliação é do economista Felippe Rocha. De acordo com ele, a recuperação pode ocorrer até dezembro, “já que a indústria sucroalcooleira alagoana volta a empregar e a renda gerada permite maior consumo, estimulando postos de trabalho pelo estado”.

O Banco Bradesco anunciou a criação do Bitz, sua primeira carteira digital. Por meio do novo sistema será possível ter uma conta digital e realizar pagamentos por meio de celulares com sistema Android ou iOS. Com o Bitz, os clientes poderão adicionar dinheiro em uma carteira digital para realizar pagamentos de contas e boletos, além de efetuar TEDs. O aplicativo também atuará com cashback, campanhas de marketing de “indique e ganhe” e promoções e descontos por geolocalização.


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NO PAÍS DAS ALAGOAS

Paulão x Marcos Santos Traipu - 2010 Em busca de votos, Paulo Fernando dos Santos, Paulão, candidato a deputado federal, foi à cidade de Traipu. Acompanhado de sua esposa, Luciana, foi dar uma entrevista na rádio local. Desceu a lenha no prefeito Marcos Santos: -Esse coronelzinho de meia tigela, está pensando o quê? Que é o dono de Traipu? E por aí foi. Quando, de repente, invade o estúdio o prefeito Marcos. De estatura física bem inferior à de Paulão, porém acompanhado de três seguranças fortemente armados, parecia mais um galo da Índia: - Repita, Paulão, repita, o que você estava dizendo! Paulão deu um bom recuo: - Que é isso, prefeito! O senhor pode sentar-se, vamos fazer o bom debate. Sei que o senhor é um democrata. Marcos Santos continuava furioso. Luciana, percebendo a periculosidade daquele momento, abandonou o ambiente e bateu à porta da delegacia, que ficava defronte a rádio, onde deparou-se com o carcereiro, que estava fazendo uma

TEMÓTEOCORREIA

n Ex-deputado estadual

faxina nas dependências do prédio. - Moço, pelo amor de Deus, vamos ali na rádio que o clima está muito tenso. - Não, moça, estou ouvindo esse programa, aqui no meu radinho de pilha há bastante tempo, e não vou entrar em encrenca de prefeito com deputado não! Sou apenas o carcereiro. Luciana, entretanto, acalmou-se, ao ouvir, através daquele radinho de pilha, que a querela estava se arrefecendo. Marcos Santos: - Olhe, seu Paulão, vá embora logo da cidade, porque esses três eleitores aqui já estão bastante irritados. Daqui a pouco, não conseguirei contê-los. Paulão: -Vou embora, sim, prefeito, mas fique sabendo: o senhor não é o dono da cidade! Marcos Santos: - Assunto encerrado e, PT, saudações!


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FERNANDO CALMON Better Place fracassou com troca de baterias

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urou apenas seis anos (2007 a 2013) uma das experiências que não deram certo para tornar o carro elétrico a bateria uma real alternativa aos veículos convencionais movidos por motores térmicos e combustível líquido. O israelita Shai Agassi fundou a Better Place (em tradução livre, Lugar Melhor) na Califórnia (EUA), mas sempre foi administrada de sua terra natal. A ideia era construir uma rede de postos de troca rápida de baterias e sua posterior recarga. Isso resolveria, em tese, alguns dos maiores obstáculos à aceitação dos elétricos: tempo de recarga da bateria e autonomia. A partir de uma primeira experiência em Israel, a empresa atraiu outros países em 2008: Dinamarca, Austrália, Japão e Canadá; nos EUA, Califórnia e Havaí. Grandes empresas, a exemplo da fabricante alemã de autopeças e pneus Continental, além de gigantes de TI como Intel e Microsoft, também mostraram interesse. Faltava, porém, envolver um produtor de veículos. No Salão de Frankfurt de 2009 a Renault apresentou o sedã Fluence ZE (sigla em inglês para Zero Emissões) adaptado para o sistema de troca rápida de bateria. A solução estética não ficou boa pois desequilibrou a silhueta do carro. Ainda assim foi assinado um termo de fabricação de 100.000 unidades para circular em Israel e Dinamarca até 2016. Nenhum outro fabricante se interessou pela solução que seria projetar um automóvel para facilitar a troca de bateria. A própria Renault fez só uma adaptação e conseguiu vender 1.000 unidades do ZE para Israel e 400 para a Dinamarca. Havia outro problema: as baterias eram cerca de 10 vezes

mais caras que as de hoje. E qual era o controle do dono do carro sobre o que aconteceria com a sua unidade à base de troca? O resultado foi o esperado. Better Place faliu em 2013 e US$ 850 milhões (R$ 4,5 bilhões) de capital privado captados no mercado viraram pó. Agora, com a queda do preço das baterias e uma rede de estações de carga em expansão, principalmente na Europa Ocidental, ninguém mais fala no assunto. A vocação urbana do carro elétrico prevalecerá ainda pelo menos até 2030. A exemplo do recente acordo entre Uber e RenaultNissan, Zoe e Leaf serão oferecidos a preço especial para motoristas daquela plataforma de mobilidade urbana. Objetivo é atingir, até 2025, metade dos quilômetros rodados anualmente com modelos 100% elétricos em sete capitais europeias (Londres, Paris, Madri, Berlim, Amsterdã, Bruxelas e Lisboa). Não espere milagres em curto prazo. Até 2030 especialistas acreditam que a densidade das baterias de íons de lítio pode dobrar. No entanto, recargas ultrarrápidas (de 10% a 80% da capacidade máxima em 15 minutos vista em protótipos) encurtam sua vida útil prevista hoje para 2.000 ciclos completos, ou seja, de oito a dez anos de uso não intensivo. O preço já caiu bastante, porém ainda depende de matérias-primas como o lítio. A aposta é aumentar sua durabilidade nos próximos anos para que a necessidade de reposição diminua. A solução definitiva e segura, por anular os riscos de incêndio e curtocircuito em recargas ultrarrápidas, é a bateria de estado sólido. Seu preço atual, contudo, é proibitivo pelo menos até meados da próxima década.

n JORNALISTA

ALTA RODA n CORRELAÇÃO e diferença de preços entre veículos novos e usados estão-se mostrando fator mais importante na decisão de compra do que se pensava inicialmente. Segundo o consultor Ari Kempenich, pessoas estão evitando o transporte público e procuram adquirir um veículo usado, o que pressiona seu preço. “Esse novo patamar dificilmente voltará à realidade pré-covid, pois mesmo que o dólar caia muito, o preço dos novos não deverá recuar, o que implica manter o preço dos usados nos patamares atuais”, explica. n TRAILBLAZER 2021 chega agora com a mesma frente da S10 High

Country, porém duas barras cromadas na grade dão certa elegância ao modelo. Manteve configuração única de sete lugares. Todo o aparato de segurança ativa e passiva é o mesmo da picape, incluindo frenagem automática de emergência e detecção de pedestre. Apenas com motor Diesel, a uma única versão Premier sai por R$ 269.850 ou 13% inferior ao modelo da Toyota equivalente. n HONDA Civic Si é um cupê elegante, com muita disposição para acelerar (motor turbo, 208 cv), câmbio manual de seis marchas de engates bastante precisos e capacidade ímpar de superar qualquer tipo de curva. Posição de guiar perfeita. Atrás há bom espaço para pernas e menos para cabeça. Como todo duas-portas estas são algo pesadas e longas, o que dificulta abertura em vagas apertadas. Esse lote faz parte das últimas unidades com câmbio manual importadas dos Canadá. Lá, agora, só automáticos. n SERVIÇO de assinatura chegou também para o segmento premium e elétricos. Grupo Osten, que atua em São Paulo, Santos e São José dos Campos, oferece o BMW i3 por cerca de R$ 7 mil mensais, por três anos e utilização de 1.000 km por mês. No caso do Jaguar I-Pace, são R$ 11,5 mil mensais, também por três anos e franquia igual.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

MAIS UMA SEMANA AGITADA NO AZULÃO O clima continua tenso entre a diretoria do CSA e a torcida. Na última terça-feira, 15, representantes das torcidas organizadas do clube alagoano marcaram presença no Centro de Treinamento Nelsão, na Via Expressa, para seguir com a onda de protestos devido a péssima campanha que o clube vem apresentando na Série B do Brasileiro. O clima não foi dos melhores, houve xingamentos e vandalismo no CT. Para piorar a situação, o Azulão perdeu mais um jogo, desta vez para o Cuiabá por 2 a 1 e agora acumula sete jogos sem vitória na competição nacional. Sobre o jogo, o Azulão

fez uma boa primeira etapa, por sinal os melhores primeiros 45 minutos da equipe azulina nesta temporada. O CSA conseguiu ser intenso e atacou bem o adversário, abriu o placar, mas levou o empate. O problema foi o segundo tempo, a equipe maruja voltou dos vestiários sem a mesma pegada e viu seu adversário crescer no jogo. A sorte do CSA foi que o goleiro Matheus Mendes, estreante com a camisa azul e branca, fez ótimas defesas salvando o clube de uma goleada. Com o resultado, o clube alagoano amarga a lanterna da competição com apenas quatro pontos conquistados.

NOVELA GAMALHO

Raio X da série D; CORURIPE E JACIOBÁ REPRESENTAM ALAGOAS NA COMPETIÇÃO

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Campeonato Brasileiro da Série D está de volta. Coruripe e Jaciobá são os representantes alagoanos e estão situados no Grupo 4, tendo como adversários as seguintes equipes: ABC, Vitória da Conquista, Central, Potiguar, Itabaiana e Frei Paulistano. Todos clubes situados na Região do Nordeste. Esta edição da Série D vem com um formato diferente. Anteriormente a competição contava com 17 grupos, com quatro times em cada grupo. Desta vez, as equipes estão divididas em oito grupamentos com oito clubes cada. A primeira fase terá 14 rodadas com jogos de ida e volta. Atualmente Alagoas não conta com nenhum representante na Série C do brasileiro, e essa é a chance de Jaciobá e Coruripe figurarem na terceira divisão. Na primeira rodada o Hulk Praiano enfrenta o fora de casa contra o Vitória da Conquista, no domingo, 20. O Jaciobá estreia na Série D contra o Central no sábado, 19. O time de Pão de Açúcar será o mandante do duelo.

Para tristeza da torcida regatiana, o destaque do time na temporada, Léo Gamalho, segue com futuro incerto no CRB. O atacante e seu empresário têm até o dia 10 de outubro para responder se ele permanecerá ou não no Galo da Praia. O atual contrato do artilheiro da Série B vai até novembro. Ele tem multa rescisória de R$ 500 mil para o futebol brasileiro e de 150 mil dólares para o exterior. Goleador máximo da equipe, com 16 gols até o momento, o centroavante está valorizado no mercado. A perda será das grandes caso o atleta deixe Alagoas, sendo notória a dependência que o Regatas tem do atacante. Dos jogadores que Marcelo Cabo tem disponível no elenco, o vice-artilheiro é Luidy, com apenas quatro gols, 12 a menos que Léo. Número que assusta.

BASE DO PALMEIRAS TEM DADO CONTA DO RECADO Subir para o profissional de um grande clube, já vestir a camisa e figurar entre os titulares não é das tarefas mais fáceis para os futebolistas. Porém, as crias da base do Palmeiras deste ano assumiram com naturalidade a responsabilidade de comandar a equipe dentro de campo. Gabriel Menino, Patrick de Paula e Gabriel Verón estão honrando a camisa do Palestra. De fato a camisa não pesou para os garotos. Wesley também vem sendo bastante utilizado pelo professor Luxemburgo e é uma boa peça ofensiva. Mesmo com o fraco rendimento da equipe paulista na Série A, os meninos vêm se destacando por estar rendendo mais que os medalhões do elenco. A estrela de Verón, a versatilidade e raça de Gabriel Menino e a força física de Patrick de Paula são os pontos fortes a ser destaca-

dos para os jovens. Nos últimos anos o Verdão ficou conhecido por gastar muito dinheiro em atletas renomados e utilizar pouco a base, e esta temporada vem provando o contrário.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

A vingança de Luciano

PELO INTERIOR

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convenção do MDB de Arapiraca, realizada na quartafeira, 16, e presidida pelo médico José Wanderley Neto, designado pelo Diretório Estadual do MDB, e acompanhada pelo deputado federal Isnaldo Bulhões, representando o Diretório Nacional, terminou sem aprovação de candidaturas para registro na Justiça Eleitoral. Para que se chegasse a esse ponto, é preciso observar o comportamento do vice-governador Luciano Barbosa que, finalmente, colocou as unhas de fora, escancarando o rancor que nutre pelo senador Renan Calheiros e mais especificamente pelo governador Renan Filho.

Dono do MDB Não se pode falar no resultado desastroso das duas convenções realizadas no dia 15, que lançou Luciano Barbosa e Rutineide Pereira, irmã do deputado estadual Ricardo Nezinho, e que foi anulada pelo diretório Nacional do partido, e a do 16, que terminou num vexame histórico, protagonizado pelo “dono” do MDB arapiraquense, o vice-governador Barbosa.

O que motivou Barbosa Não se pode falar na catástrofe do resultado das duas convenções sem antes lembrar da motivação rancorosa que provocou a retirada da máscara de Luciano, até então conhecido em todo estado de Alagoas por ser calheirista, uma espécie de bajulador profissional dos Calheiros. Mas o que realmente aconteceu? Bem, todo alagoano sabe da prisão da filha de Luciano Barbosa durante uma operação da Polícia Federal. Desde então, a explicação esdrúxula para esse episódio teria sido um “fogo amigo”, protagonizado por uma suposta artilharia palaciana. O fato é que Luciano se estranhou desde então com o governador.

O troco Nos bastidores da política arapiraquense fala-se que desde a detenção da filha, Luciano abriu os olhos e inteligentemente esperou o momento certo para dar o troco. É de domínio público que o governador é candidato a uma cadeira no Senado e por força da lei terá que se afastar nove meses antes das eleições, entregando a caneta a Luciano Barbosa, com as bênçãos para disputar o governo do Estado. Luciano jogou tudo para o ar.

Revolta dos Calheiros Outro detalhe que pode ter motivado a revolta dos Calheiros, é que o presidente da Assembleia, Marcelo Victor, já avisou que se assumir o governo do Estado vai apoiar Arthur Lira, o que poderia complicar a campanha de Renan Filho para o Senado.

Estrago foi feito O estrago já foi feito, e mesmo que a Justiça eleitoral decida manter a candidatura de Luciano Barbosa, ele não terá apoio do deputado estadual Ricardo Nezinho, que tem compromisso com o deputado estadual Tarcizo Freire, cujo nome foi homologado na Convenção do PP para disputar a Prefeitura, tendo como vice-prefeito o médico e ex-vereador Nelson Brandão.

Detalhe importante Outro detalhe que não se pode deixar de registrar é que o governador, com a finalidade de evitar confrontos entre Luciano Barbosa e Ricardo Nezinho na disputa pela Prefeitura de Arapiraca, chegou a sugerir que fosse lançada a pré-candidatura do filho de Luciano, Daniel Barbosa. Nezinho, no entanto, foi claro ao afirmar que apoiaria o pai e se o fiho fosse o candidato do MDB ele passaria para a oposição e apoiaria a pré-candidatura de Tarcizo Freire.

... O Diretório Municipal do Partido Progressista (PP) em Arapiraca realizou convenção na quarta-feira (16) e anunciou a candidatura do deputado estadual Tarcizo Freire, que irá concorrer ao cargo de prefeito de Arapiraca. Seu vice é o médico e ex-vereador Nelson Brandão Leite.

Feira Grande Durante convenção realizada na cidade de Feira Grande, o Partido Social Cristão (PSC) homologou a candidatura do prefeito Flávio do Chico da Granja e do vice, o médico Cristhian Messias de Oliveira Lira. O evento foi realizado no domingo, 13, na Escola de Ensino Fundamental Veridiano Soares da Silva. Flávio do Chico da Granja aposta na sua reeleição, destacando avanços em áreas prioritárias como educação, saúde, agricultura, segurança, cultura e assistência social.

Importante trabalho Respeitando as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o evento reuniu mais de mil pessoas no pátio da escola, onde o senador Rodrigo Cunha exaltou o crescimento de Feira Grande, destacando o importante trabalho iniciado por Flávio do Chico da Granja.

Discurso Sob forte apoio popular e gritos de “segue o líder”, o atual prefeito discursou e agradeceu o apoio recebido da população feira-grandense. “Que Deus nos abençoe e abençoe a cada um de sua família! Muito obrigado e vamos juntos. Mande a tristeza embora e a negatividade lá pra longe porque aqui em Feira Grande só tem alegria e trabalho para as pessoas comprometidas com dinheiro do povo de Feira

... Em entrevista ao Portal 7Segundos, o presidente do PP em Arapiraca, Carlos Lúcio, disse que o deputado Tarcizo Freire aceitou apresentar mais uma vez seu nome à população arapiraquense “para que a gente venha fortalecer a democracia em Arapiraca e, dessa forma, contribuir para o desenvolvimento dessa terra”. ... Ainda de acordo com Carlos Henrique Lúcio, o PP lançará uma chapa completa de candidatos a Câmara Municipal e, de acordo com sua avaliação, “são nomes bem conceituados e que irão engrandecer a casa Herbene Melo”. ... O partido Solidariedade realizou sua convenção em Arapiraca na quarta-feira (16). E a chapa majoritária já está definida, com Gilvânia Barros candidata a prefeita e o maestro Marcos Sena candidato a vice. ... “A chapa não foi formada por acordos, mas pela vontade do povo e fruto dos ideais, da credibilidade e da plataforma de trabalho de Gilvania e Marcos Sena”, enfatizou o presidente municipal do partido, Ted Pereira. ... Após oficializar candidatura, na manhã da quarta-feira, 16, a prefeita de Arapiraca Fabiana Pessoa anunciou que o empresário Everton Santiago (PSL) é o nome indicado para compor sua chapa nas eleições municipais de 2020. ... Filiado ao PSL, Everton Santiago atua no ramo de farmácia há cerca de 40 anos, onde mantém boa relação no meio empresarial de Arapiraca. ... Uma das particularidades do pré-candidato a vice de Fabiana Pessoa é o trabalho desenvolvido no meio social. Santiago sempre teve uma atuação forte na Facomar e outras instituições sociais, contribuindo como cidadão junto aos mais necessitados.


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MEIOAMBIENTE

extra José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

Óleo no esgoto

Devastação

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vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse na quarta-feira, 16, que há uma visão internacional distorcida sobre as queimadas e o desmatamento ilegal na Amazônia. Mourão reforçou o compromisso do Executivo com a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, destacando que o governo não esconde ou nega a gravidade da situação. “Não negamos ou escondemos informação sobre a gravidade da situação, mas também não aceitamos narrativas simplistas e distorcidas”, disse Mourão durante aula-debate online promovida pelo Núcleo de Estudo Luso-Brasileiro da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Contraponto

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Descartar óleo vegetal na rede de esgoto, ou direto na natureza, é o pior que pode acontecer em se tratando de resíduos domésticos, pois todo o material vai direto dos canos das casas até córregos, rios e até mesmo o solo. O poder destrutivo do óleo vegetal também agride toda a estrutura de esgoto, causando entupimento em canos e estragando tubulações. Um único litro de óleo de cozinha pode poluir até 10.000 litros de água e há estudos que indicam que este mesmo litro de óleo pode, indiretamente, atingir muito mais.

Madeira rastreada

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representante da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e presidente do conselho diretor da Associação Brasileira do Agronegócio, Marcello Brito, falou nesta semana à CNN sobre as propostas enviadas ao governo federal para deter o desmatamento na Amazônia. A coalizão é formada por ONGs e empresas ligadas ao agronegócio. “Você não tem agronegócio sem meio ambiente e vice-versa”. Ele afirma que o documento só chama a atenção para aquilo que pode ser feito já utilizando o que é lei no país. Marcello Brito fez uma análise da gestão ambiental pelo governo brasileiro: “miopia geopolítica e miopia comercia”. Segundo ele, “o conteúdo ambiental hoje faz parte dos corações e mentes da população mundial”.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, lançou no dia 8 deste mês o Sinaflor+. O sistema traz um maior controle no manejo da madeira, rastreando desde à origem e fortalecendo o combate ao desmatamento ilegal. No sistema anterior, a vinculação entre madeira extraída e árvore original era feita por amostragem aleatória. No Sinaflor+, as árvores destinadas ao corte seletivo são 100% identificadas por geolocalização, e cada produto florestal pode ser rastreado até o ponto exato de onde foi originalmente extraído. Além de prevenir fraudes, o Sinaflor+ dá mais segurança para quem trabalha de maneira regular no setor madeireiro. Com assinatura eletrônica e QR code no novo modelo de autorização, a fiscalização ganha transparência e ainda mais rigor.


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RADAR LITERÁRIO A arte de conquistar nova geração de leitores

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espertar o prazer da leitura entre as crianças e adolescentes é, talvez, uma das missões mais nobres na vida do escritor. Afinal, é inegável a contribuição da leitura na formação intelectual, cognitiva e humanística de cada um de nós. Mas, para além da nobreza do ofício do artista, há também o grande desafio atual na captura de novos leitores, considerando a dura concorrência travada pelo livro com diversas mídias interativas que exercem fascínio sobre os mais jovens como os videogames, os streamings e os canais de internet. Munidos de historinhas criativas e instigantes, diversos escritores e escritoras alagoanas vem vencendo esta disputa pela atenção dos pequenos, publicando livros infantis pela coleção Coco de Roda – um dos maiores sucessos editoriais da Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Criada em 2009, a Coleção Coco de Roda atualmente reúne 31 títulos infantis que vêm sendo amplamente adotados pelas escolas das redes pública e privada de Maceió. Seu maior diferencial é o de apresentar narrativas alagoanas, com personagens e enredos que refletem sobre as nossas tradições, nossa cultura, nossa história e nossa gente. Selecionadas a partir de edital público, as obras são todas assinadas e ilustradas por autores alagoanos ou radicados em Alagoas, decisão editorial que visa gerar novas oportunidades para os talentos do estado. As historinhas são sempre ambientadas em municípios e regiões geográficas alagoanas, fazendo menção aos costumes e às paisagens locais. Todas as narrativas lançam mão do vocabulário típico de nossa terra, homenageando o que há de melhor na expressão cultural do nosso povo. Além de ser capaz de despertar o prazer da leitura, as narrativas da Coleção Coco de Roda permitem diversos tipos de leitura em sala de aula, possibilitando discussões sobre valores como amor, solidariedade, amizade, superação, autoconhecimento, respeito à diversidade e inclusão social.

CAMPEÃS DE PUBLICAÇÕES

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á duas escritoras que se destacam na Coco de Roda, por terem o maior número de títulos selecionados para publicação. São elas: Gianinna Schaeffer Bernardes e Sara Albuquerque. Cada uma delas já lançou três obras pela coleção. Gianinna é educadora e bordadeira gaúcha, radicada em Maceió, desde 2006. Ano passado ela lançou o livro Doce Riacho que conta um pouco da história do bairro Riacho Doce, situado no litoral Norte de Maceió. Nesta obra, a aventura se desenvolve a partir de um passeio de jangada de três crianças, na companhia dos avós, numa manhã ensolarada na praia. Em meio a brincadeiras, músicas e trava-línguas, a família se diverte ao relembrar, com certa nostalgia, como eram os costumes e paisagens locais no passado. Gianinna também é autora de A menina de barro – que aborda, de forma poética, a cheia do Rio Mundaú, ocorrida em 2010, e a capacidade de superação das comunidades ribeirinhas – e da A Ilha da Fitinha, que relembra uma antiga lenda sobre o povoado de Piaçabuçu, município alagoano onde está localizada a foz do rio São Francisco.

A

dvogada de formação, servidora pública da Universidade Federal de Alagoas, a maceioense Sara Albuquerque tem três livros de literatura infantil publicados pela Coco de Roda: O segredo do rio Mundaú; Ei, você viu Luizinho?; e O embrulho misterioso de Nina, escrito a quatro mãos com Kemersson Lemos. Em 2019, ela lançou um livro de poesias intitulado Giz Morrendo, pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Ambientado em União dos Palmares, O segredo do rio Mundaú remonta, de forma lúdica, à trajetória de bravura e luta do herói Zumbi dos Palmares. Já a narrativa de Ei, Você Viu Luizinho?, cujo cenário é a praia de Maragogi, celebra a cultura popular alagoana, citando a poesia de cordel e o artesanato artístico à base da palha de coqueiro, típico do litoral alagoano. Em O Embrulho Misterioso de Nina, Sara criou uma fábula, protagonizada pela indiazinha Nina, que homenageia o município de Palmeira dos índios, descrevendo suas paisagens, lendas e costumes.

ÚLTIMOS LANÇAMENTOS

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lém de Doce Riacho, de Gianinna Bernardes, a Imprensa Oficial Graciliano Ramos lançou no ano passado outros quatro títulos pela Coco de Roda: Marianinha vai ao mar, de Marivaldo Omena; Os balões de Nise, de Natália Agra; Ebe em busca do Mestre Guerreiro da Canafístula, de Januário Leite, o Janu; e Carnaval sem fim, de Tiago Amaral. Na próxima edição desta coluna, falaremos melhor destas obras e de seus respectivos autores e autoras e de outras obras que fizeram história na coleção. Não perca a Radar Literário de Outubro.

PRÓXIMOS EDITAIS

Os escritores e escritoras infantis que desejam publicar seus livros pela coleção Coco de Roda já podem ir organizando os seus originais. No primeiro semestre de 2021, a Imprensa Oficial Graciliano Ramos vai lançar seus novos editais para seleção de obras inéditas e de ilustradores, criando novas oportunidades para os talentos da nossa terra. Acompanhe nossas novidades pelas redes sociais da Imprensa Oficial Graciliano Ramos.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 18 A 24 DE SETEMBRO DE 2020


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