Edição 1088

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ANO XXI - Nº 1088 - 25 DE SETEMBRO A 01 DE OUTUBRO DE 2020 - R$ 4,00

ELEIÇÕES 2020

Guerra ao vice ameaça projeto de poder do governador Renan Filho A insistência de Luciano Barbosa em se manter candidato à Prefeitura de Arapiraca ameaça deixar o governador Renan Filho sem o apoio necessário a seu projeto de se tornar senador em 2022. 2 e 9

extra MACEIÓ - ALAGOAS

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Katherine Calheiros teve as parcelas retidas pelo governo

FAMÍLIA RICA RECEBE AUXÍLIO EMERGENCIAL Donos de fazendas e lojas de grife estão em programa de ajuda aos pobres 6 e 7 JUSTIÇA AGROECONOMIA

PRODUÇÃO DE AÇÚCAR NA SAFRA ATUAL DEVE CHEGAR A 1,8 MILHÃO DE TONELADAS

SUPLEMENTO

SUSPEITA DE CORRUPÇÃO EMPACA PROCESSO DE FALÊNCIA DA LAGINHA 2

CASAL VAI A LEILÃO NO DIA 30 COM LANCE MÍNIMO DE R$ 15 MILHÕES 9


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COLUNA

Turbulência à vista

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- O senador Renan Calheiros e seu filhogovernador terão que fazer uma reengenharia política para reduzir os estragos do rompimento com o vice-governador.

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- A questão agora não é mais a disputa jurídica de Luciano Barbosa com a cúpula do MDB pela Prefeitura de Arapiraca. Sua vitória ou derrota trará sérias consequências ao projeto político de Renan Filho.

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- A ruptura dos Calheiros com o vicegovernador antecipou em dois anos a discussão do arranjo político para as eleições de 2022 e põe em risco o projeto de poder do clã de Murici.

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

MACEIÓ, ALAGOAS - 25 DE SETEMBRO A 01 DE OUTUBRO DE 2020

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

- Com Luciano Barbosa na prefeitura ou permanecendo no cargo de vice-governador o estrago está feito, e por envolver questão de honra, o rompimento é caminho sem volta. É jogo jogado.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- Até o final de seu primeiro mandato o governador parecia navegar em céu de brigadeiro, com plano de voo sem turbulência rumo ao Senado. Mas aí o avião faz uma escala e o tempo começou a fechar.

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- A calmaria acabou antes mesmo de começar o segundo governo, quando Luciano Barbosa foi preterido por Renanzinho para continuar no cargo de vice-governador.

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- Renan Filho preferia ter como vice o médico Fábio Farias, tido como amigo de primeira hora e fiel escudeiro dos Calheiros desde então. Mas prevaleceu a decisão do senador Renan e o vice embarcou no voo meio a contragosto.

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- A turbulência começou durante a operação da Polícia Federal em que parentes do vice-governador foram presos e acusados de corrupção. Se não pôde evitar o pior, o governador também não agiu para amenizar os estragos.

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- O avião dos Calheiros entrou em looping após a decisão de apoiar Rui Palmeira ao governo em 2022, pondo fim ao sonho do vice de ser governador de Alagoas. Sua candidatura a prefeito de Arapiraca foi só o pretexto para o rompimento definitivo.

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- A aeronave continua em voo cego, e para evitar o desastre final, os donos do MBD de Alagoas precisam fazer correção de rota e contar com apoio do pessoal em terra. Será difícil evitar a queda, mas pode reduzir os estragos desse acidente de percurso.

Bom senso

Olavo Calheiros virou bombeiro na briga de foice dos Calheiros com o vice-governador Luciano Barbosa. Para o deputado, o rompimento precipitado pode ser reavaliado e o MDB deve apoiar a candidatura de Luciano a prefeito de Arapiraca. Olavo Calheiros nunca estudou filosofia, mas tem colocado em prática os ensinamentos do mestre Lao-Tsé. “Mantenha os amigos por perto; e os inimigos, mais perto ainda”.

Processo sem fim

O tumultuado processo de falência do Grupo João Lira já dura 8 anos e até agora a maioria dos credores – trabalhadores rurais, operários, fornecedores, plantadores de cana e bancos – não viu a cor do dinheiro. Sem falar na milionária dívida tributária e previdenciária. Ao longo desse tempo foram substituídos vários juízes e administradores judiciais sob alegações que vão da omissão à falta de probidade na gestão da bilionária massa falida.

Corrupção

De um lado estão os credores, do outro os administradores judiciais e vários advogados, e no meio os herdeiros, que desconfiam da existência de um esquema criminoso para dilapidar o que resta do patrimônio familiar. A recente mudança na administração judicial parece ter descoberto a ponta do iceberg desse lamaçal, e pode culminar com a troca de todos os atuais juízes responsáveis por esse rumoroso processo que já acumula mais de 120 mil páginas. E mais grave: não é só a família de João Lyra que suspeita de um monumental esquema de corrupção montado em cima da massa falida, mas também membros do próprio Poder Judiciário. Dias agitados virão pela frente.

Tiro no pé

O Conselho Nacional do Ministério Público arquivou a reclamação disciplinar contra os procuradores de Justiça Sérgio Jucá, Antiógenes Lira e José Artur por críticas ao acordo da Braskem com moradores dos bairros afetados pela mineradora. Para o CNMP as manifestações dos procuradores buscam defender o aperfeiçoamento de possíveis pontos falhos do acordo sobre a tragédia do Pinheiro e adjacências.

Flechada no MP

Colocar em dúvida a reputação dos três procuradores de Justiça é fato grave, visto tratar-se de pessoas ilibadas que dedicam suas vidas em defesa da lei e da ordem. Na pressa de acusar os colegas, os autores da representação não se deram conta de que estavam dando um tiro no pé e uma flechada no próprio Ministério Público. Que fique a lição.

Novo cenário

Enquanto os Calheiros se afastam de Luciano Barbosa, Fernando Collor e Arthur Lira buscam uma aproximação com o vice-governador visando futuras alianças para 2022. Serão os novos atores que participarão ativamente das próximas eleições gerais em Alagoas.

Ninguém ganha

Nessa briga dos Calheiros com o vice-governador Luciano Barbosa não haverá vencedores; só vencidos. Ruim para Alagoas e péssimo para Arapiraca, que volta a ser palco de um novo racha político 30 anos depois.

A história se repete

Na eleição de 1990, Arapiraca foi palco de uma cisão política entre o governador Moacir Andrade e Renan Calheiros, candidato à sucessão estadual. Para conquistar os eleitores do segundo maior colégio eleitoral do estado, Renan escolheu o ex-prefeito de Arapiraca Severino Leão como seu vice, mas cometeu o erro político de não consultar Moacir Andrade.

Fera ferida

Sentindo-se subestimado, o governador rompeu com Calheiros, declarou apoio à candidatura de Geraldo Bulhões, indicou Francisco Mello como vice de GB e Renan perdeu a eleição. Exatos 30 anos depois a história se repete no mesmo palco tendo Renan e seu filhogovernador como protagonistas de um novo racha com o vice-governador, de consequências imprevisíveis.

Ciço Vap Vup

O ex-quase tudo Cícero Almeida, candidato a prefeito de Maceió, está diversificando seus negócios empresariais. Junto com o filho, adquiriu a franquia Vap Vup para explorar serviços de táxi em Maceió nos moldes da Uber e outros aplicativos de transporte. A empresa promete tarifa mais baixa que a concorrência e já conta com a adesão de mais de 600 taxistas. Para quem começou a vida como taxista e agora volta como empresário do setor é um avanço e tanto na sua mobilidade social.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Arapiraca em ebulição

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epois da confusão entre velhos amigos, o município de Arapiraca não será mais o mesmo politicamente a partir das próximas eleições. Antes irmãos siameses que encararam diversas batalhas políticas, diga-se de passagem, com sucesso, o senador Renan Calheiros, o governador Renan Filho e o vice Luciano Barbosa agora tomam rumos diferentes. Depois do arranca-rabo durante a Convenção do

Relação desgastada

Já fazia bastante tempo que a relação entre o governador Renan Filho e o vice e também secretário de Educação, Luciano Barbosa, já não era a mesma. As brigas de bastidores se sucederam ao longo do segundo mandato e todo mundo já sabia que mais cedo ou mais tarde a corda arrebentaria.

Novas alianças

Mesmo que sorrateiramente, o vice-governador Luciano Barbosa não perdeu tempo. Manteve contatos com velhos adversários do governo e parece mesmo estar disposto a se tornar uma pedra no sapato da família Calheiros.

Muita força

Mesmo que a Justiça Eleitoral não viabilize sua candidatura a prefeito de Arapiraca, como pretende, Barbosa passará a trabalhar contra aqueles que sempre estiveram juntos. É sabido, inclusive, que o vice-governador é detentor de grande fatia política do segundo maior colégio eleitoral do estado e pode, desta forma, fazer a diferença.

Perseguição

Entre as pessoas ligadas ao vice-governador, os comentários eram de que, ali mesmo no Palácio República dos Palmares, havia um grupo disposto a causar uma cisão entre a cúpula palaciana. Se de um lado diziam que a relação entre governador e vice era ruim, de outro é que haveria um plano para desestabilizar Luciano Barbosa, que se tornava muito importante se Renan Filho decidisse se afastar do governo para sair candidato ao Senado da República.

Promessas MDB, Luciano e Renan já não são mais os amigos de sempre. Agora, cada um vai escolher o seu caminho, o que já leva a prever que em 2022 estarão em lados opostos. Quem ganha ou quem perde nessa queda de braço, só o tempo dirá, mas com certeza a família Calheiros terá um abalo eleitoral significativo em toda a região do Agreste.

Meia volta

O projeto político de Renan Filho em 2022 com certeza ficou abalado. Sem Luciano Barbosa, mesmo que este não vença a disputa pela Prefeitura de Arapiraca, Renan Filho sabe que não ficará à vontade fora do governo e não verá nenhum esforço governamental para que alcance seus objetivos.

A velha campanha

Se passam quatro anos e, somente às vésperas de eleições, os candidatos começam a andar pelo mercado público central e na periferia da cidade. Como estão atrás de votos e com alguns que nunca souberam o que era a periferia de Maceió, as críticas se sucedem com frequência contra a atual administração. Resta saber se no discurso conseguem votos para se elegerem.

Arrastão

Se dependesse unicamente do Tribunal de Contas da União, metade dos candidatos a prefeitos estaria impedido de participar das eleições deste ano. A maioria por improbidade administrativa, mas que ainda pode recorrer à Justiça.

Mais tempo

A coligação do Progressista que tem como candidato Davi Filho, é a que tem mais tempo no Guia Eleitoral no rádio e na televisão. Com 177 parlamentares na Câmara dos Deputados, o PP garante 3 minutos e 20 segundos, enquanto Alfredo Gaspar, do MDB, vai trabalhar com 2 minutos e 30 segundos, ficando o terceiro lugar com JHC com 1 minuto e 40 segundos. Os outros participarão do guia com alguns segundos.

Decidido

Sem confiar

Mesmo que mantenham uma relação republicana entre Parlamento e governo, Renan Filho e o deputado Marcelo Victor, presidente da Assembleia Legislativa não se completam politicamente. No governo, Marcelo Victor teria uma posição de independência já que é muito ligado ao deputado federal Arthur Lira, velho adversário dos Calheiros.

Todos os candidatos a prefeito, principalmente em Maceió, têm uma série de promessas caso sejam eleitos em novembro. Se vão cumpri-las quando chegar lá, é outra história.

Força do trabalho

O prefeito Cavalcante, de Traipu, tem tudo para renovar o mandato naquele importante município do Sertão encravado às margens do Rio São Francisco. Saneamento, calçamento, reformas de unidades básicas de saúde, educação e o fortalecimento da segurança na sua área de atuação. Tudo o que o traipuense desejava.

Volta por cima

A diretoria do CSA tem pouco tempo para dar uma volta por cima e colocar o clube numa situação confortável na série B do Brasileirão. Além de um jogador, vai poder contratar até oito profissionais a partir do dia 16 de outubro e tirar também oito se houver necessidade. É a última chance para tentar sair da fase de baixo e chegar à fase de cima. Se não conseguir, vai trabalhar para não cair para a série C. A partir de dezembro, o CSA não poderá contratar mais ninguém.

A Rede Globo já decidiu que não irá fazer debates durante sua programação nessas eleições. Consequentemente, a TV Gazeta está nesse pacote. A Globo abre uma janela, entretanto, para realizar um debate onde haja acordo entre os partidos com os quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas. A TV Mar, entretanto, que pertence à Organização Arnon de Mello, é pode fazer o debate.

Todo vapor

Os partidos com maiores condições de investimentos já estão produzindo farto material para ser utilizado no Guia Eleitoral, entre eles os dos candidatos Davi Filho, Alfredo Gaspar de Mendonça e JHC. No início, segundo a previsão, os programas serão para a população conhecer bem os seus candidatos e as suas propostas. Do meio para o fim, bem, deixa isso pra lá.

Reforço

O Progressistas está ganhando esta semana mais um reforço de peso, o que deve aumentar seu tempo na televisão. Pelo menos é o que espera a cúpula do partido. Até o fechamento da coluna o apoio já estava confirmado, mas não anunciado.

É sério

Algumas pesquisas que circulam por aí apontam que a população não conhece os candidatos a prefeito em Maceió. O Guia Eleitoral entre 9 de outubro e 13 de dezembro será fundamental para que o eleitorado decida em quem irá votar neste ano.


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VENDA POLÊMICA

Casal vai a leilão na próxima quarta-feira Governo tem plano de R$ 300 milhões; sindicato fala em privatização da água ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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stá marcado para o próximo dia 30 o leilão da região metropolitana da Companhia de Saneamento de Alagoas, a Casal. O Sindicato dos Urbanitários diz que o nome correto não é leilão, mas privatização. Fala ainda que a parte a ser vendida é a mais lucrativa - subsidia o Sertão - e o valor desta operação é muito abaixo do lucro da companhia. Também, para o sindicato, não haverá novos investimentos para melhoria dos serviços do futuro comprador (ou compradores) e o passivo da empresa - cerca de R$ 800 milhões - será incorporado à dívida pública de Alagoas, ou seja, pago pelo contribuinte, como aconteceu com a dívida do Produban - o banco estatal cujas portas fecharam no final da década de 90, após empréstimos sem quitação dos usineiros, hotéis e demais setores produtivos. O governo contesta. Fala que a Casal continuará a existir na região metropolitana, mas sem distribuição de água, tarefa assumida por quem adquirir este serviço. Há ainda um pacote de investimentos de R$ 300 milhões, do Sertão ao Litoral Norte, passando por Arapiraca, ou seja, a parte dos serviços

OUTRO LADO

Santoro diz que governo vai investir em outrs regiões do estado

que não vai a leilão. LUCRO A área metropolitana inclui a Casal e os sistemas municipais de 12 cidades que funcionam sem depender da estatal e não têm qualquer relação com a companhia. É o chamado filé mignon do saneamento alagoano. Ou seja: um pedaço que dá lucro. E é exatamente o que está à venda. Há quatro anos seguidos a Casal dá lucro. Ano passado fechou em R$ 65,8 milhões. Segundo o edital de leilão, o lance inicial de venda da área metropolitana atendida pela companhia ou fora dela é de R$ 15 milhões. Em 35 anos, a empresa vencedora terá de investir R$ 2,6 bilhões - R$ 2 bilhões em até 8 anos, divididos assim: universalizar o abastecimento de água em seis anos e rede de esgoto para 90% da área leiloada até o 16º ano do contrato, sendo que 1,5 milhão de pessoas devem ser atendidas. Alagoas tem 3,3 milhões de habitantes. De acordo com o secretário da Fazenda, George Santoro, um novo modelo está sendo posto em prática na Casal. E a empresa vai continuar a existir, mas “em tamanho menor”. “A gente está focando a Casal na geração de água. Ela vai ser uma empresa fora da dis-

Privatização foi exigida em acordo da dívida, segundo Menezes tribuição, vai focar em água, e estamos vendo a viabilidade dos outros lotes, se vai valer a pena ou não ela participar da distribuição [da água] em outros lotes”, explicou. “Ela vai continuar existindo num tamanho menor. Aliás, já está menor o tamanho da Casal. Temos um grupo de servidores com idade de aposentadoria. Eles se aposentaram, pagamos a rescisão deles e a empresa está muito mais enxuta. A Casal no operacional dela dá um resultado muito positivo. O problema é que a Casal tem um passivo, um patrimônio líquido negativo de R$ 800 milhões que a gente vem desde 2015 trabalhando para reduzir”, afirma Santoro. E continua: “Agora a gente vai fazer um aporte de capital de bens na empresa e provavelmente vai diminuir muito

esse passivo da empresa”. Sobre o leilão: “A expectativa é boa, são oito grupos participando do leilão. Vai gerar recursos, terá outorga a receber”. Sobre o pacote de R$ 300 milhões: “O governador encomendou à Casal um pacote de investimentos na área de saneamento e água nas outras regiões do estado não atendidas pela concessão. O pacote chega a R$ 300 milhões. Parte destes recursos vem desta outorga e se não for suficiente vamos complementar com recursos do Tesouro. Mas é um pacote bem interessante de investimentos de água na área do Sertão, na área de Arapiraca para cima e a região norte de Alagoas. Então tem um pacote identificado pelos técnicos da Casal, uma listinha de investimentos prontos para isso”.

A presidente do Sindicato dos Urbanitários, Dafne Orion, não entende porque a Casal será submetida a este tipo de operação por um preço muito menor que o seu lucro. E quem vai regular a qualidade do serviço é a Arsal (Agência Reguladora dos Serviços Públicos de Alagoas), sem pessoal e expertise. A agência vem sendo recomposta na atual gestão, de Ronaldo Medeiros. O pesquisador e professor da Ufal José Menezes associa a venda da Casal aos efeitos das obrigações assinadas pelo governo do Estado com a União, em 1997. Em 1997, o acordo era que a dívida deveria ser paga em 30 anos. Em 2016, novo acordo adiou o pagamento por mais 20 anos e dois anos de carência. “E esta lei complementar assinada em 2016, que rolou a dívida por mais 20 anos, que deu uma nova etapa de endividamento e permitiu dois anos sem pagar a dívida, é essa lei que está cobrando que todas as empresas estatais sejam privatizadas”, resume Menezes. “A dívida de Alagoas foi, e continua sendo, a responsável pela renegociação e essa renegociação exige a privatização, independente se a estatal for rentável ou não”, afirma. O pesquisador questiona as consequências deste modelo: “Qual a função do Estado? É cobrar imposto de pobre, fazer renúncia fiscal para rico, pagar juro a banqueiro e acabar com todos os direitos? É isso?”. E esse programa de privatização, assinado em 2016 durante a rolagem da dívida, propõe que o BNDES (banco público) dê 80% dos recursos para um fundo de apoio para estruturação de parceria. “Veja bem: está se falando em privatizar, mas parte do capital vai ser estatal. Nada diferente do que foi o processo de privatização”, constata Menezes.


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PANDEMIA

Ricaços recebem auxílio emergencial

Família dona de empresas e fazendas consta de cadastro do governo destinado a pobres e desempregados JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ma estudante de medicina e um ex-vereador de Joaquim Gomes. Além de pertencerem à mesma família, enteada e padrasto também têm outro fato em comum, ou nesse caso, incomum. A dupla consta no cadastro de inscritos para receber o auxílio emergencial, benefício financeiro concedido pelo governo federal destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados para proteção financeira no período de enfrentamento à crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Conforme denúncia encaminhada ao EXTRA e checada no site da Caixa Econômica Federal (CEF), instituição responsável pelo pagamento da assistência financeira, a filha da empresária Kristhine Calheiros de Albuquerque, a universitária Katherine Pinaud Calheiros de Albuquerque Melo recebeu, de abril a julho, a quantia de R$ 1.800. Katherine ganhou o mesmo primeiro nome da avó, Katherine Kristhine Calheiros de Albuquerque, que também aparece na lista do governo federal, mas teve os valores das parcelas retidos por ter sido enquadrada no EXTRA CADUN, nomenclatura utilizada para quem não é beneficiário do Cadastro Único do governo federal. Chamada pela família por Katherininha, a estu-

Kristhine e a filha Katherine, que recebeu o benefício; a avó também se cadastrou, mas paga-mento foi negado

Estudante de Medicina e filha da dona da Seda Pura recebeu três parcelas, num total de R$ 1.800

dante tem uma vida confortável. A mãe é proprietária do prédio e da loja Seda Pura/KaraKola, localizada na Jatiúca, em Maceió, um estabelecimento que se dedica à venda de roupas de grife e que já teria vestido, segundo exposto no Instagram, a apresentadora global Ana Maria Braga. A empresa, embora considerada de pequeno porte, tem filiais espalhadas por Maceió. A empresária Kristhine ainda seria latifundiária. Seu nome aparece em documento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na relação de beneficiários do Programa de Subvenção da Cana-de-Açúcar no Nordeste para safra de 2011/2012.


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Governo reteve pagamento à avó da estudante; padastro e outros três parentes também pediram ‘ajuda’ Ela também está no relatório de informação de movimentação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do dia 11 de outubro de 2012. À época, teve que pagar R$ 27.145,45 para escoação de 5,4 toneladas de insumos não especificados em Marechal Deodoro. Kristhine, mãe de Katherine, é esposa de Fernando Albuquerque Sarmento Barbosa, ex-vereador de Joaquim Gomes. Ele foi o primeiro político do Brasil que conseguiu direito ao cargo após processar outro edil por infidelidade partidária. Em sociedade com a esposa, conforme informações extraoficiais, teria uma fábrica de argamassa e fazendas de criação de gado. Outros nomes foram encaminhados ao EXTRA da Família Albuquerque e Sarmento como cadastrados para receber o auxílio emergencial. São eles: Luiz Fernando Barbosa Albuquerque Barbosa, Fernando de Albuquerque Barbosa e Felipe de Albuquer-

que Sarmento Barbosa. Esse último é advogado e foi citado em processo contra o juiz Jairo Xavier, que foi aposentado compulsoriamente. Xavier participava de esquema de manipulação de acordos judiciais em processos envolvendo imóveis de outros estados com a participação de advogados. O semanário entrou em contato com Fernando Albuquerque Sarmento Barbosa pelo telefone de final 46, mas o número estava desligado. Também ligou para Katherine Pinaud Calheiros de Albuquerque Melo, cujo número final é 64, mas não foi atendido. O EXTRA conseguiu contato com o advogado Felipe de Albuquerque Sarmento Barbosa, que também teria pleiteado o auxílio. Ele confirmou, mas disse que devolveu o valor para o governo federal. “Devolvi porque a empresa que eu trabalhava aderiu ao auxílio do governo. Preferi um salário mínimo ao invés de R$ 600”, explicou.

É CRIME! Quem se cadastra nos sistemas da Caixa Econômica Federal para pedir o Auxílio Emergencial de R$ 600 concedido pelo governo a informais em meio à pandemia sem ter direito ao benefício está cometendo crimes de falsidade ideológica e estelionato. O beneficiado deve ressarcir o valor à União e ainda poderá ser investigado em inquérito policial e ser denunciado pelo Ministério Público Federal. O sistema da Caixa é baseado na autodeclaração de quem pede o benefício. O cadastro está sujeito a conferência pelo governo, que cruza as informações fornecidas com bases de dados como as do CadÚnico (cadastro único para programas sociais do governo federal), da Receita Federal, da Previdência Social e da Secretaria do Trabalho.


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IMBRÓGLIO

Conselho Nacional do MP arquiva representação contra procuradores Eles teriam criticado acordo firmado pela Força-Tarefa do Caso Pinheiro com a Braskem MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) arquivou uma Reclamação Disciplinar contra os procuradores de Justiça do MP de Alagoas Sérgio Jucá, Antiógenes Lira e José Arthur Melo, que criticaram acordo firmado pela Força-Tarefa do Caso Pinheiro com a Braskem. A representação foi movida pelos promotores de Justiça José Antônio Malta, Marx Martins, Jorge Dória, Adriano Jorge, Jomar Moraes e o ex-procurador-geral de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça, que afirmavam terem sido alvos de ataque sem precedentes e totalmente desproporcional por parte dos colegas. Este não foi o entendimento do CNMP, que desconsiderou a Reclamação Disciplinar Nº 1.00487/2020-08. Na visão do membro auxiliar da Corregedoria Nacional do Ministério Público, Manoel Veridiano Fukuara Rebello Pinho, “a conduta imputada aos Excelentíssimos Procuradores de Justiça Reclamados não caracteriza falta disciplinar e tampouco ilícito penal”, justificando o arquivamento. Segundo ele, “não há que se falar em falta funcional, já que houve exercício regular

das atribuições legais”. O pronunciamento de Veridiano foi acolhido integralmente por Rinaldo Reis Lima, corregedor Nacional do Ministério Público. Para justificar a decisão, o relator afirma que na manifestação os três integrantes do Colégio de Procuradores de Justiça do Estado de Alagoas buscam defender o aperfeiçoamento de possíveis falhas no acordo firmado pelo MP e outros atores em relação a tragédia do bairro do Pinheiro e demais localidades afetadas. “O fato de alguns dos Excelentíssimos Membros Reclamados serem proprietários de imóveis na região atingida não torna ilegais as manifestações exaradas, já que trata-se de matéria sensível de direito difuso e coletivo que interessa a toda a coletivamente de Maceió-AL. Pelo contrário, demonstra-se conhecimento próximo da controvérsia debatida”, diz. Em outra parte do documento, a argumentação pelo arquivamento se dá por entender que “embora os votos dos reclamados contenham linguagem incisiva e argumentos fortes, decorrentes de elevada carga emotiva e de sentimentalismo, não é possível se visualizar infração a deveres funcionais, mas sim a utilização de reforços argumentativos à tese por eles defendida”.

Manoel Veridiano concluiu que procuradores tiveram intuito de corrigir eventuais falhas do acordo

O CASO

Em 10 de julho deste ano, durante 7ª Reunião do Colégio de Procuradores de Justiça de Alagoas, os procuradores do MPE, Sérgio Jucá, Antiógenes Lira e José Arthur Melo teceram duras críticas ao acordo firmado no caso Pinheiro/Braskem. Indignados com a postura dos colegas, os promotores de justiça que acompanham o caso Pinheiro acionaram o CNMP pedindo que fosse instaurado Processo Administrativo Disciplinar contra os três críticos do acordo. Na representação, os promotores acusaram os colegas do MP de “graves violações dos deveres e ética inerente ao relevante cargo a que ocupam”. Eles se referiam a declarações dadas pelos procuradores, como “o termo de acordo que foi feito contém imprecisões... é uma coisa

horrenda, fora da legalidade. As pessoas estão sendo obrigadas a entregar a posse e propriedade a um ente privado, por ordem do Ministério Público”. Ou ainda, “isso é teratológico, é um monstrengo”. E mais: “Acho que houve uma sucessão de erros na condução da questão”, e “houve, inequivocadamente, violação ao direito”. O acordo em questão data de janeiro deste ano, onde proprietários de imóveis nas áreas de risco no Bom Parto, Mutange, Bebedouro e Pinheiro poderiam aderir ao programa de compensação financeira da Braskem. O ajuste foi firmado entre a Braskem, defensorias públicas do Estado e da União, Ministério Público Federal e Ministério Público do Estado de Alagoas. Inicialmente, a oferta era apenas a moradores de parte destas localidades, principalmente os da

Encosta do Mutange. O Caso Pinheiro se desenrola desde fevereiro de 2018, quando, após fortes chuvas, um tremor foi sentido em alguns bairros de Maceió, principalmente no Pinheiro onde várias casas, prédios e ruas sofreram rachaduras. Para desespero dos moradores, em março daquele ano, um novo abalo, de 2,5 na escala Richter, provocou um aumento das fissuras. Para compreender o fenômeno, em junho de 2018 o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) iniciou estudos de solo. Em maio de 2019, quando as rachaduras e os buracos no asfalto já haviam alcançado os bairros de Mutange, Bom Parto e Bebedouro, o órgão concluiu que a atividade da mineradora Braskem na região, para extração de sal-gema, era a responsável pelas fissuras e afundamento do solo naquelas localidades.


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ELEIÇÕES 2020

Barbosa leva briga por Arapiraca “até o fim” Calheiros procuram aliada de Marcelo Victor e constroem derrota de vice na capital do Agreste ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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pesar do empenho do deputado estadual Olavo Calheiros (MDB) e do médico cardiologista José Wanderley Neto em buscarem uma saída menos traumática ao rompimento (provisório) entre o senador Renan Calheiros (MDB) e o vice-governador Luciano Barbosa (MDB), após o anúncio e o registro de candidatura do vice à Prefeitura de Arapiraca, a disposição dos dois lados é levar o cabo de guerra até o fim. Luciano Barbosa avisou aos aliados: se o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Alagoas negar o registro de sua candidatura, a ordem é recursar até Brasília. “Levo até o fim”, afirma aos mais próximos. Barbosa e o deputado estadual Ricardo Nezinho (MDB) combinaram um apoiar ao outro nas eleições. As pesquisas internas mostraram que o vice-governador tinha mais chances. Assistindo à filha, Lívia Barbosa de Almeida, e o marido dela, Pedro Silva Margallo, serem presos pela Polícia Federal na operação Dama da Lâmpada, e desgostoso pela negativa do governador Renan Filho (MDB) em defender publicamente os dois - além dos desentendimentos com o secretário do Gabinete Civil, Fábio Farias - Barbosa deixou a Secretaria Estadual de Educação avisando que disputaria Arapiraca. Houve até uma declaração pública de Renan Filho,

Collor é um enigma no que se refere a quem vai apoiar em Arapiraca

– inclusive - nem disputar a reeleição em 2022 e rivalizar com Renan Filho e Fernando Collor a vaga no Senado Federal, hoje com Collor. Arthur e Marcelo estão unidos. O presidente da Assembleia, sentado na cadeira de governador, é muita coisa no pleito daqui a dois anos. E se estiver com Arthur Lira e contra Renan Filho, a armadilha

Indiferente à investida dos Calheiros, Barbosa mantém candidatura mais ou menos nestes termos: Luciano ou Nezinho, tendo chances na cidade, o apoio seria mútuo. A Dama da Lâmpada detectou desvios de R$ 30 milhões, via Sistema Único de Saúde (SUS), dinheiro que deveria ser destinado à aquisição de próteses a amputados. A operação fez, também, busca e apreensão na saúde estadual. O diretório municipal do MDB arapiraquense marcou para 15 de setembro a convenção. Referendo: Barbosa na cabeça de chapa e a irmã de Nezinho, Rutineide, como vice. Em 17 de setembro, Renan Calheiros comunicou, por ofício, ao presidente do diretório municipal do MDB, a “instauração de procedimento de dissolução” do diretório. O próximo passo deve ser um processo de expulsão de Barbosa.

XADREZ Renan Filho está do outro lado do tabuleiro e movimenta as pedras do xadrez. Quer desidratar a candidatura de Luciano. E se aproxima da prefeitável Gilvânia Barros, do Solidariedade, partido do presidente da Assembleia, deputado Marcelo Victor. Se Luciano Barbosa vencer a disputa em Arapiraca, Victor será vice-governador. E a aproximação entre os dois é tratada como um acordo, já que Victor será governador (Renan Filho programa deixar o comando da administração estadual seis meses antes das eleições para disputar o Senado). É um terreno muito frágil porque, no meio destes múltiplos interesses está o deputado federal Arthur Lira (PP), líder informal do presidente Jair Bolsonaro, futuro presidente da Câmara - e rival dos Calheiros. Lira pode

está montada contra os Calheiros. E o presidente da Assembleia, tratado como o patinho feio por Renan Filho, vai virando um cisne porque se Luciano for derrubado no tapetão vermelho da Justiça, será um vice que pode cair em desgraça. Sim, há milagres na política. Também existem memória e vingança.

LESSA E TARCIZO O ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) aposta alto em Arapiraca. Anunciou apoio ao deputado Tarcizo Freire na disputa pela Prefeitura. Lessa já esteve na pele de Luciano. Em 2012, o TRE negoulhe registro de candidatura à Prefeitura de Maceió. Lessa recorreu até as instâncias judiciais em Brasília, mas perdeu e, dias antes do fim das eleições, desistiu da disputa. Luciano Barbosa disputa a Prefeitura “sangrando” como Lessa no passado. Daí, Lessa apoia Tarcizo Freire, bem situado nas pesquisas. Se Brasília negar o registro de candidatura ao vice, crê que Tarcizo se beneficia. COLLOR Existem cinco vereadores do PROS em Arapiraca. Luciano Barbosa foi atrás dos dirigentes da legenda, para

fechar um acordo eleitoral. “Só Collor decide”, ouviu. O vice-governador foi atrás do senador num encontro nem tão secreto assim. Os vereadores do PROS migraram para a candidatura da prefeita Fabiana Pessoa (Republicanos), que disputa a reeleição. Collor, aliás, avisou que será candidato à reeleição. Mas, por que ele desperdiçou a chance de se aproximar de Luciano Barbosa? Haverá interesse do senador em manter uma relação paz e amor com Renan Filho? Ou Collor - como de costume - constrói cortinas de fumaça para despistar rivais e inimigos e decidir, de última hora, sua posição eleitoral? Jovial, descolado e com ironia cortante no Twitter, Collor mantem-se em silêncio. Alguém perde com a mudez do senador. Só não é ele.


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EDUCAÇÃO BÁSICA

Pilar ultrapassa em 2019 meta do Ideb projetada para 2021 A

secretária da Educação de Pilar, Elisabeth Filha, comemora com justos motivos os novos números da educação na região. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2019, divulgado no dia 15 pelo Ministério da Educação, revelou que o município saltou 17% em relação ao ano anterior, um dos mais significativos de Alagoas. Desde 2005, quando os níveis da educação básica e ensino médio começaram a ser medidos, é a primeira vez que isso acontece. Porém, algo assim, exige planejamento, altos investimentos, e o retorno é lento, de longo prazo. Os frutos de agora começaram a ser plantados lá atrás, com o foco na tecnologia aliada ao ensino das crianças. De acordo com relatório da pasta, a meta projetada para 2019 no ensino fundamental 1, ou seja, alunos do 1º ao 5ª ano, era de 4,5. Porém, o resultado foi de 4,9, ul-

trapassando também a meta projetada para o ano de 2021, que era de 4,8. Em relação ao ensino fundamental 2, que engloba alunos do 6º ao 9º ano, a meta estimada em 4,1 foi atingida. “O objetivo, em 2021 é chegar agora a 4,4”, explica a secretária. “Intensificamos os aulões e as realização de simulados mensais, trabalhamos fortemente com os cadernos e oficinas do Escola 10 oferecidos pelo governo do Estado, investimos na formação através da plataforma Google e na compra de 800 Chromebooks destinados a alunos e professores, além de todo trabalho realizado pelas escolas contando com a dedicação e o profissionalismo de toda equipe escolar”, revela Elisabeth. Em relação ao ensino fundamental 2, é a primeira vez que o município consegue uma nota maior que 4. Em 2013 a nota foi de 3,1 e em 2015 e 2017, de 3,5 e 3,8 respectivamente. Nesses anos, no entanto, o município não havia

conseguido atingir suas metas. Apesar de comemora o resultado, o prefeito Renato Filho acredita que o resultado poderia ter sido melhor e espera melhores desempenhos no futuro. “Utilizamos a tecnologia como ferramenta para ajudar nesse trabalho pedagógico e valorizamos nosso servidor. Mas ainda acho que o crescimento de Pilar foi muito pequeno diante dos investimentos que fizemos”, informou. Os dados divulgados na semana passada pelo Ministério da Educação mostram que Pilar, que antes ocupava a 26ª colocação em Alagoas, saltou para a 16ª posição em 2017 e para 12ª em 2019. “Nossa meta agora é estar entre os cinco primeiros no próximo Ideb”, afirma Renato Filho. O resultado obtido no município não foi diferente na rede estadual de ensino. Alagoas aparece entre os cinco estados que conseguiram superar a meta do Ideb 2019 nos anos finais do ensino fundamental, ou seja, do 6º ao 9º ano, com a nota

4,5. O objetivo era no mínimo 4,1. Nos anos iniciais, que vão do 1º ao 5º ano, os resultados também foram positivos: índice de 5,3, quando a meta era 4,3, deixando o estado entre os 21 que ultrapassaram o objetivo definido pelo MEC. Inspirada no Ceará, pioneiro no regime de colaboração entre Estado e municípios, o programa alagoano Escola Nota 10 desenvolveu formas de apoiar as secretarias de Educação municipais para elevar o Ideb e, por consequência, o nível da educação básica. Uma das ações é uma prova similar à do Ideb, mas aplicada apenas localmente, em todas as escolas das redes municipais, para fazer um diagnóstico do que está errado. A escola recebe o resultado e, a partir do mesmo, identifica suas fragilidades e planeja soluções. Quem também recebe os dados são formadores que irão capacitar professores nos 102 municípios com foco nas dificuldades apresentadas no exame. Já o aluno ganha apostilas para reforçar o estudo. E, ao final do ciclo, os maiores avanços são reconhecidos por meio de prêmios em dinheiro. São destinados R$ 20 milhões para rateio entre os municípios, divididos entre anos iniciais e anos finais do ensino fundamental. Só recebem aqueles que atingem as metas. As escolas podem receber até R$ 20 mil e, na rede estadual, os servidores, desde o vigilante até o diretor, ganham um bônus de até R$ 2 mil.


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SAÚDE

Ministério da Saúde credencia Santa Casa de Maceió para transplantes de fígado Instituição é a única no estado apta a realizar o procedimento; programa deve iniciar trabalhos nos próximos meses

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transplante de fígado troca um órgão doente por outro saudável. A cirurgia leva, em média, de seis a oito horas, com movimentos orquestrados pelos cirurgiões, anestesistas, enfermeiros e o instrumentador. Na recuperação pós-cirúrgica, entram em cena os intensivistas até o paciente ser liberado para o quarto. Com a alta hospitalar, a expectativa é de vida nova para quem recuperou a saúde após o triste diagnóstico da necessidade de um órgão novo. Em Alagoas, falta pouco para essa rotina se tornar realidade. A Santa Casa de Maceió, que há cinco anos já faz a captação do órgão (cirurgia de retirada) e o envia para outros estados, é a única instituição do estado credenciada pelo Ministério da Saúde para a realização de transplante de fígado. “Não tivemos a oportunidade de iniciar o programa devido

Cirurgião Oscar Ferro faz parte da equipe credenciada para a realização de transplantes em Alagoas à pandemia, pois não dispúnhamos de leitos de UTI. Foi preciso fazer uma pausa até que tudo se organizasse e um novo pontapé pudesse ser dado. Acredito que até dezembro o procedimento seja iniciado”, afirmou o cirurgião Oscar Ferro. A excelência do trabalho de captação despertou a atenção da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), que apoiou o hospital alagoano, o Ministério da Saúde, que o incluiu na rede de hospitais que já realizam transplantes no Brasil. “Com essa indicação do Governo de Alagoas, pensamos em uma estrutura para que o programa fos-

se viabilizado. Começamos a trabalhar o projeto no final de 2019, com o processo de credenciamento, quando reunimos e enviamos todos os requisitos solicitados pelo órgão federal. Uma comissão de Brasília veio até à Santa Casa de Maceió para vistoriar se tínhamos a estrutura adequada para esse tipo de cirurgia, o que foi certificado. Hoje estamos credenciados via SUS”, comemorou o especialista. Na Santa Casa de Maceió, os transplantes serão feitos com o órgão de doador cadáver. A cirurgia com doador intervivo, quando um parente doa metade do fí-

gado, foi deixada para uma etapa mais à frente. “É um salto muito grande o hospital sair de captador de órgãos para realizador de transplantes. Transplante é uma das cirurgias mais complexas que existem. Temos uma equipe cirúrgica credenciada pelo Ministério da Saúde formada por mim, os cirurgiões Felipe Augusto Porto de Oliveira e Leonardo Wanderley Soutinho, os anestesiologistas Cira Queiroz e Nélio Monteiro, e o pessoal da UTI. Dar início a esse programa exige uma estrutura diferenciada para o hospital, pois é preciso melhorar a radiologia, a equipe

cirúrgica, a anestesia, além de melhorar os cuidados intensivos de UTI, entre outros serviços. E a Santa Casa de Maceió já se enquadrava nesse perfil com as cirurgias de alta complexidade que realiza”, afirmou. DOAÇÃO – Para o pleno funcionamento do programa, a família de pacientes com diagnóstico de morte encefálica confirmado tem papel fundamental. Mensagens por escrito deixadas pelo doador não são válidas para autorizar o procedimento. O processo de retirada de qualquer órgão só acontece após os familiares darem o aval da cirurgia, assinando um termo. De acordo com o Ministério da Saúde, metade das famílias entrevistadas não permite a retirada dos órgãos para doação. “Existe o medo de que essa retirada de órgão aconteça com o paciente ainda está vivo. Mas não há o menor risco de isso acontecer em um paciente sem a confirmação de morte cerebral. O contrário é lenda urbana que só atrapalha o processo de recuperação de quem espera por um transplante”, finaliza o especialista. No Brasil existem 27 centros de notificação integrados. Os dados informatizados do doador são cruzados com os das pessoas que aguardam na fila pelo órgão para que o candidato ideal, conforme urgência e tempo de espera, seja encontrado em qualquer parte do país.


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Os candidatos a alcaide estão aptos para o cargo?

ELIAS FRAGOSO n Economista

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homem levou séculos para avançar do uso puro e simples da força humana para gerar a energia necessária à produção de coisas até o advento da revolução industrial. Que através das máquinas passou a produzir a energia que fez o mundo dar um salto geométrico, e em pouco mais de 200 anos transformou a história da humanidade. A partir principalmente da década de 1970, vimos o alvorecer de uma nova revolução: a da tecnologia da informação que, em menos

de 50 anos, está consolidando um salto quântico qualitativo na forma do mundo produzir coisas através das tecnologias 4.0 e soluções tecnológicas 5.0 (em fase embrionária) voltadas para o bem estar da sociedade e do planeta. Mas são avanços seletivos. Segundo o Fórum Econômico Mundial, atualmente apenas 25 países usufruem plenamente das vantagens das 4.0. A América Latina patina. O Brasil está atrasado. Ainda titubeiam entre as tecnologias 2.0 e 3.0. Que os coloca entre os anos 1990/2.000. A Internet, vale dizer, já supera os 5 bilhões de pessoas conectadas em todo o mundo. Muito mais que qualquer outra tecnologia jamais alcançou. O que fatalmente vai gerar novos avanços técnicos. E problemas. A velocidade distinta da adoção tecnológica é um deles, podendo gerar assincronias entre os países e, no limite, subjugar as nações periféricas. O desemprego estrutural certamente é o maior problema. A maior parte das atividades hoje realiza-

das pelo homem serão substituídas pelas máquinas (embora a turma da tecnologia mascare esse fato). As máquinas inteligentes irão provocar desemprego em massa logo, logo. As ocupações que já estão sendo substituídas pela automação são inicialmente as atividades intensivas em mão de obra na indústria em geral (eletrônicos, confecções, construção civil). Mas também avançará sobre o setor de serviços. O uso de inteligência artificial em instituições financeiras, escritórios de advocacia, corretoras de imóveis, agências de viagem, empresas de contabilidade, de telecomunicações, serviços de saúde e todos os demais setores e, até mesmo no serviço público, irá eliminar massivamente os empregos. Já passou da hora de se começar a discutir seriamente o impacto dessa nova realidade que chega a passos largos não apenas para os mais de 75% da população considerados analfabetos funcionais, mas também para a classe média. Pensar em soluções institucionais

prementes para equacionar esse gravíssimo problema, afinal serão dizimados milhares de profissões analógicas e criados poucos empregos digitais, exponenciando a já enorme desigualdade social existente neste país. A ameaça futura da tecnologia já se faz presente na vida de boa parte da população. As eleições municipais são momento mais que adequado para os candidatos se debruçarem sobre a questão e para explicar para o eleitor o que pensam e como farão para minimizar o problema, afinal, é no município que tudo começa. É premente discutir novos marcos regulatórios, pensar seriamente na reinvenção da educação para esse novo mundo, em medidas redutoras da desigualdade capazes de dar suporte à vida das pessoas que irão perder em definitivo seus trabalhos. Pelo bem de todos e para evitar convulsões sociais que certamente já nos batem à porta. Os candidatos a alcaide estão aptos a essa discussão ou vem aí o mais do mesmo de sempre?

compromissados com a sobrevivência dos pobres... Quando vemos políticos exigindo que o governo do Bolsonaro pague o Auxílio Emergencial durante muito tempo, sabendo que o país não tem dinheiro para tanto... Quando vemos que a corrupção não acabou e que os governantes continuam usando e abusando do dinheiro público recebido para gastos sem licitação... Quando vemos os estudantes quase perdendo o ano letivo por causa do isolamento social e que as escolas públicas não podem ensinar, os alunos menos favorecidos não podem estudar por falta de computadores, tablets, smartphones e outras tecnologias da era digital... Quando vemos as universidades federais fechadas e milhares de seus alunos que lutaram para ingressar num curso superior ficarem em casa, sem poder concluir o período iniciado neste ano... Quando vemos as verbas destinadas ao mestrado e doutorado serem desviadas para outras finalidades... Quando vemos o congelamento de salários dos servidores ativos e proventos de inativos e pensionistas ser aplicado para equilibrar as finanças

públicas... Ficamos pensando em quais seriam os benefícios trazidos pela pandemia para a já sofrida população nacional. De início, localizamos cento e noventa e cinco milhões de pessoas que não contraíram o vírus e, mesmo na quarentena, puderam dormir tranquilos. Os médicos que não trabalharam na linha de frente dos hospitais, evitando o contágio com o vírus ... Os políticos que continuam fazendo traquinagens, recebendo altos salários e vantagens exorbitantes. Nós, de nossa família, que sobrevivemos ao contágio, apesar de uma neta ter sido infectada, não perdemos o emprego, não passamos fome. Os institutos especializados em vacinas, como o Butantã e o Osvaldo Cruz trabalhando intensamente para proporcionar ao povo brasileiro uma maneira de se defender do vírus. Os empresários que se reinventaram, criando novas maneiras de trabalhar para não fecharem suas empresas. Enfim, estamos vivos, com saúde, para lutar por dias melhores. Deus na causa!

As eleições municipais são momento mais que adequado para os candidatos se debruçarem sobre a questão para explicar para o eleitor o que pensam e como farão para minimizar o problema, afinal, é no município que tudo começa.

Coitado do Brasil!

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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uando vemos os problemas que a pandemia trouxe à população brasileira... Quando vemos milhares de pessoas dependendo das perícias médicas do INSS, sem receber salários e sem poderem pagar suas contas... Quando vemos os peritos médicos fazendo mil exigências para voltarem ao trabalho e liberarem os pobres segurados para terem direito à licença médica ou a recomeçarem suas atividades laborais... Quando percebemos que por trás da greve dos peritos médicos há moti-

vos políticos visando desestabilizar o governo federal... Quando vemos profissionais autônomos passando necessidades por causa da pandemia, que não permitiu a eles, autônomos, tocarem suas empresas... Quando vemos empregadas domésticas, faxineiras, diaristas, jardineiros e outras categorias menos especializadas perderem seus empregos, porque os patrões têm medo do vírus invisível... Quando vemos mais de cento e trinta mil pessoas morrerem, vítimas da covid-19, e não terem direito a um enterro decente, muitos deles enterrados em sacos plásticos... Quando vemos o tempo em que hotéis, empresas de turismo, salões de beleza, ficaram fechados, mais de cinco meses, levando seus donos à falência... Quando vemos o Supremo Tribunal Federal ignorar o sofrimento do povo brasileiro, continuar comprando e degustando lagostas, vinhos, canapés e outras iguarias caríssimas em seus lanches... Quando vemos o Congresso Nacional manter suas regalias e fazer jogo político e de cena para a população pensar que senadores e deputados estão

Quando vemos o congelamento de salários dos servidores ativos e proventos de inativos e pensionistas ser aplicado para equilibrar as finanças públicas... Ficamos pensando em quais seriam os benefícios trazidos pela pandemia para a já sofrida população nacional.


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TEMÓTEOCORREIA

NO PAÍS DAS ALAGOAS

n Ex-deputado estadual

O perdão de um fã 2003 – Um glamouroso almoço no restaurante Famiglia Giuliano para recepcionar o então presidente Lula foi palco de um fato bastante pitoresco. O cantor Martinho da Vila, que fazia parte da comitiva presidencial, foi recebido de mau grado por um dos convivas: o deputado Gervásio Raimundo. Seus amigos mais íntimos quiseram logo saber a razão daquele gesto pouco urbano. Gervásio não se fez de rogado: - Esse carinha aí me deve uma conta! Há alguns anos atrás, ele veio aqui em Maceió apresentar-se num restaurante. Fui assisti-lo. Era seu fã número um. Possuía todos os seus CDs. Depois de tomar alguns uísques, resolvi tietar, como chama a juventude. Fui até o palco e estendilhe a mão, dizendo: Martinho, sou seu maior fã aqui da região, possuo todos os seus CDs. Para mim, você é o maior cantor do mundo!

Martinho, além de recusar-se a pegar na mão de Gervásio, lançoulhe um ar de desdém, como se não houvesse ninguém à sua frente, e foi cantar. O fã desolado, com a alma dilacerada, ao chegar em casa, quebrou todos os CDs de seu ídolo e foi dormir decepcionado e triste. O deputado Chicão, atento, ouvindo todas as lamúrias do colega, mobilizou uns amigos e foi contar o ocorrido ao cantor. Martinho fez uma encenação para ninguém botar defeito e declarou: - Um fã desse quilate, eu deveria tê-lo tratado com todo carinho. Não sei onde estava com a cabeça. No começo dos shows, a gente fica meio zen, isso nunca deveria ter acontecido. Chame o Gervásio e vamos desfazer esse mal-entendido. Abordaram o deputado Gervásio, comunicando-lhe que o cantor Martinho queria vê-lo. Gervásio, a princípio, recusou-se, mas, após muitos

apelos, resolveu ir ao encontro de seu desafeto. Ao vê-lo, Martinho suplicou-lhe perdão. Para mostrar seu arrependimento, sugeriu: - Você vai fazer comigo o mesmo que fiz com você. É a minha penitência. Gervásio ficou frente a frente com o cantor. Martinho bradou: - É a hora da vingança! - Como? indagou Gervásio. - Eu vou lhe dar a mão e você vai deixá-la no ar, não vai me cumprimentar. Está configurada a vendeta, brother! Gervásio perfilou-se. E Marti-

nho, estendendo-lhe a mão: - Meu amigo, me perdoe! Gervásio não o cumprimentou, deixando-o com a mão estendida. Entre os presentes, uns riam, outros choravam. O jornalista Zé Elias, da Gazeta de Alagoas, deu um emocionado abraço em Martinho para, em seguida, chorar no ombro de Gervásio. Estabeleceu-se no ambiente um verdadeiro frenesi, mas, enfim, ídolo e fã fumaram o cachimbo da paz. Na despedida, Martinho fez um veemente apelo a Gervásio: - Compre os meus CDs novamente. Eu te amo, cara! - Vou comprar todos, logo amanhã!

Teimosia sem limites

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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ivemos época inquietante. E não apenas por causa do isolamento/distanciamento social. É inquietante porque parece haver um absoluto desconcerto na política. Os problemas acontecem, e o chefe do Executivo tem deles uma visão particular, desvirtuada dos fatos. O presidente da República internamente dirige o País. Externamente tem a representação única do Estado. Desta forma, tudo que ele diz

no exterior, seja em discursos ou em entrevistas, representa a povo que o elegeu. Em suma, só ele pode dizer em nome do Estado. Esse não é só um poder que envaideça o cidadão ocupante do Palácio do Planalto, em Brasília. É um múnus, um dever do qual não pode dissociar-se enquanto ocupar transitoriamente o posto. O presidente, como é obvio, não é infalível, como não são os demais ocupantes dos cargos públicos, por mais proeminentes que sejam estes. Nós, o povo, devemos ter essa compreensão, e muitas vezes a tolerância. Ouvir o discurso do senhor Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU foi um exercício duro para qualquer brasileiro de algum tirocínio, por mais compreensão e tolerância com as quais se olhe o comportamento do chefe de Estado. Lendo o discurso do presidente Bolsonaro tem-se a impressão que o Brasil está vencendo a pandemia d a covid-19. Os mais de quatro milhões e meio de brasileiros contaminados

pelo vírus da “gripezinha” pouca coisa significam. São acidentes de percurso, afinal, segundo sua teoria simplista, quase toda a população será contaminada até que o vírus desapareça das nossas vidas. Será a benvinda “imunidade de rebanho”, e a materialização da inumana expressão “quem for podre que se quebre”. Os quase cento e cinquenta mil mortos pelo vírus pandêmico é consequência natural da vida. E os números crescem diariamente. Afinal, todos morreremos um dia, segundo afirmou várias vezes o capitão-presidente. Os caraminguás distribuídos como ajuda social aos desempregados, nas palavras do presidente, passaram a ser uns mil dólares, mais ou menos, como apregoou. Cem bilhões, também de dólares, foram destinados ao socorro das micro e pequenas empresas. Valor importantíssimo, ainda que inúmeras empresas daquela categoria não tenham visto um centavo de tais

dólares, seja pela dificuldade de crédito, pelos juros altos, ou porque o dinheiro simplesmente não foi liberado. Nesses bilhões de dólares, pelo que entendemos, inclui-se ajuda aos estados brasileiros. Os funcionários públicos que agradeçam a tanta bondade, ainda que tenham sido obrigados a ficarem sem aumento durante dois anos, enquanto que os preços não param de crescer. Tem o governo adotado medidas sérias para a solução dos problemas ambientais, malgrado a região do Pantanal brasileiro, e outras, venha amargando queimadas e incêndios que vêm destruindo fauna e flora. Bem, para Bolsonaro e seus seguidores, as críticas são frutos de informações preconceituosas e erradas da mídia, pois vem ele trilhando o bom caminho de um governante sério e capaz. Possivelmente agora já esteja vociferando contra o Times e a mídia internacional.

Ouvir o discurso do senhor Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU foi um exercício duro para qualquer brasileiro de algum tirocínio, por mais compreensão e tolerância com as quais se olhe o comportamento do chefe de Estado.


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Um jeito diferente de fazer

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aço jornalismo e análise política há pelo menos quatro décadas ininterruptas e sempre me apaixonei por esse lado de minha profissão. Ao optar por uma pós-graduação foi a Ciência Política (UnB) que me acolheu e assim tem sido meu prazeroso exercício de escrever, com dois livros publicados também com abordagem política (Arquivo Aberto/ Crônica de um Brasil Corrupto e Brasil 2006 – A História das Eleições). Pela primeira vez participo de uma eleição sem “ter um lado pra chamar de meu”. Claro que pessoalmente terei meus candidatos a prefeito e vereador, mas a coluna não terá. Quero abrir a todos os candidatos este espaço (mais ou menos democrático). Porém, por uma questão de espaço considerarei apenas os quatro postulantes melhor avaliados pelas pesquisas, como o fiz na série de entrevistas publica-

Antes das ções

PARA FLETIR:

das anteriormente. Na última quarta-feira tive agradáveis encontros com os colegas Guilherme Lamenha (Alfredo Gaspar); Lininho Novais (JHC); e Wendel Palhares (Davi Davino). O candidato Cícero Almeida apresentou suas desculpas por ainda não ter montado sua equipe de comunicação. Tratamos de ética no jornalismo, campanhas políticas e na ocasião discuti com cada um como ter um espaço semanal na coluna, em igualdade de condições, acertamos os pontos e cada comitê de imprensa poderá enviar um texto sempre com proposituras e compromissos do seu candidato a partir da próxima semana, repetindo no segundo turno, se houver. Será assim como um “espaço eleitoral gratuito”, sem os ataques e baixarias do horário eleitoral no rádio e na televisão.

elei-

Fonte insuspeita me falou sobre as atividades da Polícia Federal nos próximos três meses em vários estados do Nordeste. Serão muitas e envolverão policiais do Brasil inteiro apoiando as operações que resultam de investigações instaladas desde o ano passado e aumentadas com a liberação de verbas para o combate ao coronavírus. A farra com o dinheiro público em estados e municípios é de grande proporção, porém muitos rastros foram deixados por gestores desonestos. Ministérios da Justiça e da, Saúde, CGU e TCU colaboraram nas investigações que vão resultar em mandados de busca, apreensão e prisão de numerosos administradores públicos. Em meio ao elevado número de pessoas contaminadas e de óbitos decorrentes da pandemia que já matou e ainda mata milhares de brasileiros, a roubalheira encabeçada por governadores, secretários, prefeitos e outros agentes públicos e empresários é absurda, A soma dos valores suspeitos – R$ 2,28 bilhões –, é superior ao rombo atribuído à máfia dos sanguessugas, nome dado ao esquema de compra superfaturada de ambulâncias, descoberto em 2006, que movimentou R$ 110 milhões. Muitos ficarão inelegíveis, afastados ou não tomarão posse.

Protegendo animais

Da fama à lama

De protagonista vencedor em muitos embates eleitorais, com o comando estrelado de Teotonio Vilela, Rui Palmeira e outras lideranças, o PSDB passa a atuar como mero “contrapeso “nas próximas eleições em Alagoas. Com o comando pífio do neófito Rodrigo Cunha, que demonstra sem destino ou vocação para a construção política, vai caminhando, paulatinamente, para um precipício com previsível fim. Nunca se viu, na história de nossa política recente, a decadência de um partido político em tão curto tempo. Fica provado que política não é coisa para amadores.

Arapiraca esperando

Até o fechamento da coluna persistia o imbróglio das candidaturas emedebistas no município de Arapiraca. Confrontando as “ordens” recebidas do Palácio Zumbi dos Palmares, o vice-governador Luciano Barbosa registrou o seu nome pelo MDB, respaldado pela escolha da maioria do Diretório Municipal do partido, contra a orientação dos diretórios estadual e nacional, que declararam nula a escolha local. Luciano Barbosa mantem-se irredutível, até porque sabe do seu favoritismo na eleição. Já o governador Renan Filho e seu pai, o velho senador Renan, apostam na nulidade da convenção mesmo que o partido fique sem candidatos. Cabe agora à Justiça decidir quem tem razão.

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Há anos que luto junto ao poder público em busca de uma política efetiva de proteção e amparo aos animais, principalmente aqueles chamados de “animais de rua”. Fiquei com muita inveja no dia em que Recife instalou o seu Hospital para Cães e Gatos. Meus pedidos nunca foram levados em conta pelos gestores, mas continuarei nessa luta. Ao ler o programa de governo do candidato Alfredo Gaspar (MDB) me deparo com promessas que me dão a esperança de que nem tudo está perdido. Espero que os demais candidatos tenham a mesma sensibilidade e responsabilidade. Aqui estão as propostas. 1. Criar Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais para construir políticas impeditivas de maus tratos e abandono, buscando estabelecer parcerias junto a entes públicos e privados, a exemplo de abrigos, para desenvolver projetos que promovam a assistência veterinária e a saúde coletiva; 2. Criar Centro de Reabilitação e Adoção de Animais de Rua e implantar as Vans do Bem -Estar Animal para prestar atendimento clínico veterinário a animais domésticos e resgatados.

RE-

Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou. (Magalhães Pinto)

ELEIÇÕES 2020

Calendário Eleitoral a ser cumprido por coligações, partidos e candidatos até as eleições 26 de setembro: último dia para registro das candidaturas; início do prazo para que a Justiça Eleitoral convoque partidos e emissoras de rádio e TV para elaboração do plano de mídia Após 26 de setembro: início da propaganda eleitoral, inclusive na internet 9 de outubro: início da propaganda gratuita em rádio e televisão 27 de outubro: divulgação de relatórios pelos partidos, coligações e candidatos discriminando os recursos recebidos do Fundo Partidário, do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e outras fontes, bem como os gastos realizados 15 de novembro: 1º turno das eleições 29 de novembro: 2º turno das eleições


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Não invista agora

Oportunidade de emprego

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produção feita de forma exclusiva por Alagoas de uma nova bebida da Coca-Cola para a região Nordeste pode gerar 30 novos empregos diretos e indiretos em Maceió. “Para esta ampliação que inclui a primeira fábrica do energético Monster da Solar/Coca-Cola no Nordeste e a incorporação de um novo sabor do suco Kapo, a empresa anunciou um investimento adicional de mais de R$ 25 milhões com a geração de 30 empregos entre diretos e indiretos. No triênio 2019-20202021, o grupo já tem previsão de injetar R$145,9 milhões na nossa economia”, informou o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rafael Brito, ao EXTRA.

O Banco Central decidiu manter estável a taxa básica de juros em 2% ao ano, encerrando uma sequência de nove cortes seguidos. Para o investidor, isso significa que aplicações de renda fixa, como poupança, fundos DI e Tesouro Selic, continuam com o mesmo rendimento nominal que vinham apresentando desde 5 de agosto. Agora, a expectativa dos economistas é a de que os índices de preços continuem em alta, prejudicando ainda mais o desempenho desses investimentos.

Cheque especial O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, anunciou esta semana que, após um mês de estabilidade, os juros do cheque especial cobrados pelo banco podem ser reduzidos até o final deste ano. Guimarães afirmou que a atual taxa cobrada pela Caixa está em 1,8% ao mês e que pode diminuir mais. Neste mês de setembro, os juros cobrados nas linhas de crédito pessoal e do cheque especial ficaram estáveis na comparação com o mês anterior. Os dados são de uma pesquisa mensal divulgada pela Fundação Procon-SP.

Cédula polêmica A Defensoria Pública do DF (DPDF) pediu ao Banco Central que faça mudanças na nota de R$ 200, lançada no início do mês de setembro. O órgão alertou o BC quanto à falta de características que permitam que pessoas com deficiência visual reconheçam a cédula. Segundo informações do site JBR, a Defensoria Pública solicitou a adição de elementos de acessibilidade que deem característica à nota. De fato, as notas de R$ 20 e de R$ 200 têm o mesmo tamanho.


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ABCDOINTERIOR Reforço importante

Pegando carona

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PDT decidiu apoiar o deputado estadual Tarcizo Freire (Progressistas) para prefeito de Arapiraca. O anunciou foi feito oficialmente na tarde de terça-feira, 22, pelo presidente do partido em Alagoas, ex-governador Ronaldo Lessa, durante reunião em Maceió que contou com presença de Freire e dirigentes da agremiação partidária.

Trabalho social

Logo após o encontro, Ronaldo Lessa destacou que foram definidos temas de uma plataforma voltada para uma gestão democrática no município. “Vamos juntos”, disse, para enaltecer a postura política de Tarcizo Freire que vem desenvolvendo um trabalho social de grande relevância por meio do Complexo Multidisciplinar Deputado Tarcizo Freire. Não tenho dúvida da vitória. O povo arapiraquense conhece o trabalho do deputado”, afirmou Lessa.

“Briga feia

Não convidem para sentar numa mesma mesa o senador Renan Calheiros, o governador Renan Filho e o vice-governador Luciano Barbosa. A encrenca entre eles é bem maior do que se possa imaginar. Luciano luta na Justiça para ser candidato do MDB a prefeito de Arapiraca, enquanto o próprio partido em nível estadual e nacional promete mover montanhas para anular a candidatura que desagradou toda cúpula emedebista, que apoia a chapa Ricardo Nezinho e Daniel Barbosa (filho de Luciano).

Senador decepcionado

Amigos próximos ao senador Renan Calheiros revelam sua decepção com o vice-governador Luciano Barbosa que foi ministro da Integração indicado por ele. “Luciano não foi leal e traiu os Calheiros. Foi um ato de covardia. Renan Filho é candidato ao Senado e Barbosa iria assumir o governo por nove meses, podendo se reeleger, mas decidiu jogar tudo para o ar, inclusive a amizade com Renan pai e Renan Filho. Lamentável”, disse uma fonte do MDB.

Dissolução do diretório

O presidente do Diretório Municipal do MDB de Arapiraca, José de Macedo, fará nesta sexta-feira, 25, às 14h, na sede do MDB em Maceió, uma defesa oral, por 20 minutos, na sessão de julgamento do procedimento de dissolução de todo diretório.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Entenda a polêmica

A Executiva Estadual apresentou a proposta de dois nomes como opções de candidatos a prefeito: o do deputado estadual Ricardo Nezinho e de Daniel Barbosa, filho de Luciano Barbosa. No entanto, todos os filiados se recusaram a votar. Nenhum voto foi depositado na urna do partido e quando a reunião chegou ao fim, os representantes dos diretórios estadual e federal fecharam a ata informando que nenhum candidato a prefeito e nenhum candidato a vereador foi escolhido. Foram feitas três convenções e três atas em dois dias, duas do diretório municipal do MDB Arapiraca e uma convocada pela Executiva Estadual.

Entenda a polêmica 2

O diretório estadual do MDB, no entanto, dissolveu a composição do diretório em Arapiraca, anulou a convenção do dia 15, e parte para o entendimento que as decisões dos diretórios nacional e estadual se sobrepõem às do diretório municipal e que a decisão sobre candidatura cabe ao partido. “Não basta querer ser candidato, é preciso que ele seja escolhido democraticamente dentro do partido, todo político sabe disso”, afirmou um emedebista que pediu para não ter o nome revelado.

Candidata à reeleição, a prefeita Fabiana Pessoa vai pegar carona em três importantes obras, inclusive a UPA da Baixa Grande, que estavam sendo tocadas pela administração do saudoso prefeito Rogério Teófilo. E já está com o seu pessoal de marketing para crescer politicamente na reta final da campanha e conquistar votos dos eleitores. A Justiça Eleitoral está de olho e Fabiana, por força da lei, não pode sequer participar das inaugurações, o que configuraria crime eleitoral.

Lexotan e Rivotril

Pelo menos 25 candidatos a vereador pelo MDB, dentre os quais os vereadores Rogério Nezinho, Fábio Henrique e Léo Saturnino, estão angustiados com a possiblidade de não participarem das eleições de novembro próximo. A decisão está nas mãos da Justiça Eleitoral que não tem data para julgar a ação do MDB estadual que contesta a formação da chapa Luciano Barbosa e Rutineide Nezinho. Enquanto não se decide esse imbróglio, muitos candidatos entraram no desespero e estão vivendo à base de lexotan e rivotril.

E Arthur Lira?

Até o momento o deputado federal Arthur Lira não se manifestou quanto ao apoio do candidato a prefeito do seu partido, PP, deputado estadual Tarcizo Freire. A boca miúda, fala-se que Arthur trabalha nos bastidores para favorecer as candidaturas da prefeita Fabiana Pessoa (Republicanos) e Luciano Barbosa (MDB). Enquanto Lira não se decide, os partidários do PP permanecem na dúvida e sem entender as razões da atitude do filho de Benedito de Lira. Tal pai, tal filho? Bem, logo,

logo essa contenda vem a público.

PELO INTERIOR ... Revoltado com a traição do ex-amigo Luciano Barbosa, o senador Renan Calheiros chega a Alagoas para resolver esse impasse envolvendo o MDB de Arapiraca. ... Renan, que estava em tratamento em um hospital de São Paulo, está com todo gás e decidido a emendar os bigodes com Barbosa, que deve colocar à disposição os cargos que ocupa no governo do Estado, inclusive da Secretaria de Educação. ... É aguardar que vem chumbo grosso por aí. ... Uma decisão judicial serve de exemplo para muitos candidatos que utilizam as redes sociais para atacar adversários políticos. ... Vejamos: de acordo com o site Cadaminuto, o pré-candidato a prefeito no município de Anadia, Paulo Dâmaso, recebeu uma multa da justiça eleitoral por ofender e difamar o atual gestor da cidade, Celino Rocha, nas redes sociais. ... A representação foi feita com base em um vídeo postado por Dâmaso em suas redes sociais, onde ele relata que o gestor é mentiroso e vem fazendo promessas para população. ... O pré-candidato ainda tentou defesa alegando que “a manifestação teria sido realizada em sua conta particular do Instagram e que a fala estaria albergada pela livre manifestação de pensamento”, mas a justiça não acatou e entendeu que ele praticou propaganda eleitoral antecipada negativa. ... Palmeira dos Índios: Distante dois quilômetros do centro comercial e próximo de duas importantes rodovias, a AL115 e a BR-316, o Conjunto Edval Gaia, conhecido por “casinhas”, inaugurado em 2012 com recursos do Programa Minha casa, Minha vida encontra-se com sérios problemas e os moradores do local sentem o abandono do poder público municipal. (Com Roberto Gonçalves) ... Aos nossos leitores desejamos um excelente final de semana, repleto de paz e saúde. Até a próxima edição!


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FERNANDO CALMON Meta de redução de mortos não será atingida no Brasil

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o dia 25 de setembro celebra-se o Dia Nacional do Trânsito e de 21 a 25 de setembro a Semana Nacional de Trânsito (SNT). O tema da campanha educativa do Governo Federal é “Perceba o risco, proteja a vida”. O Brasil é um dos países signatários da “Década de Ação pela Segurança no Trânsito”, um plano global da ONU para tornar as vias mais seguras em 140 países entre 2011 e 2020. A meta é diminuir em 50% o número de mortes, mas não será alcançada aqui. Como as estatísticas nacionais são falhas e usam critérios diferentes, estima-se que os acidentes fatais diminuíram entre 35% e 40%. Até o final do ano, segundo o Serpro, haverá uma redução acumulada na década de 30% no número total de acidentes envolvendo veículos automotores. Não se descarta, porém, que a pandemia da Covid 19, ao retirar de circulação durante quatro meses grande parte da frota real circulante de 60 milhões de unidades (incluindo motos), pode ter ajudado a diminuir o número de acidentes e mortos. Quem sabe até ter se aproximado do desafio da ONU. Uma novidade da SNT é o lançamento do HackaTRAN 2020, evento de hackers para propor ideias e soluções inovadoras, a partir de um desafio: desenvolver maneiras tecnológicas a fim de facilitar, desburocratizar e garantir mais eficiência e segurança aos serviços de trânsito. Outro viés a se observar é a

nova regulamentação do Contran sobre a localização explícita de radares e proibição do uso do tipo móvel (colocado em viaturas policiais em movimento). Ninguém pode negar a eficiência e necessidade da fiscalização por meio eletrônico e registro da placa do infrator. Porém os abusos com os radares eram tantos que muitas vezes se transformavam em fonte meramente arrecadatória e até incluída no orçamento de governos. Basta dar o exemplo de São Paulo. A prefeitura tem um site chamado Painel de Mobilidade Segura e lá estão todos os tipos de infrações. Não é surpresa: em 2019 aplicaram-se pelos radares nada menos de 2.842.691 multas de “excesso de velocidade”. Do total, 88% foram de até 20% acima do limite da via; 11%, entre 20 e 50% e 1%, acima de 50%. O limite de velocidade era de 60 km/h (à exceção das vias expressas marginais, de 90 km/h). Foi diminuído para 50 km/h há seis anos, enquanto as cidades em volta mantiveram os 60 km/h. A diferença de 50 km/h para 60 km/h é exatamente de 20%, em que se concentram quase 90% das multas. Claro que em muitos locais (ruas residenciais) o limite de 50 km/h considera-se razoável. No entanto, em dezenas de avenidas não faz sentido. Isso sem contar radares escondidos, mal sinalizados ou encobertos por árvores e outros obstáculos visuais sem nenhuma função educativa ou de evitar riscos de acidente.

n JORNALISTA

ALTA RODA n NOVO SUV médio da VW que chega da Argentina em meados do primeiro trimestre de 2021 terá a mesma distância entre eixos do Jetta (2,68 m). Conhecido como Projeto Tarek, manteve a tradição de nomes começados com a letra T, a exemplo de Touareg, Tiguan e T-Cross. Taos é uma pequena cidade do Estado americano New Mexico conhecida pela culinária, aventuras ao ar livre, arte e design. Lista dos nomes finalistas: Taos, Taigo, Torak, T-Sport, Rokter e Zivos. n LANÇAMENTO duplo da Audi: SUV Q7 grande (mais de 5 m de comprimento) com sete lugares e o SUV-cupê e-tron Sportback 100% elétrico. No primeiro, a grade agora é octogonal, há duas telas no console central de 10,1 e 8,6 pol. e adota sistema híbrido leve (48 volts). Há opção de câmera de gravação de tráfego. Parte de R$ 414.990. Nova versão etron tem perfil particularmente atraente. A marca informa que já vendeu 100 unidades das duas versões do elétrico, o que a coloca como líder nesse nicho. Por venda direta começa em R$ 511.990 e alcance é de até 446 km (ciclo WLTP). n HONDA WR-V 2021 recebeu retoques na frente e atrás na linha 2021, três anos depois do seu lançamento. Acrescentou a versão de entrada LX e teve o para-choque traseiro alongado em 6,7 cm para evitar danos na tampa do porta-malas em estacionamentos. WR-V foi criado no Brasil, a partir do Fit, e vendido em 10 países. Iluminação total em LED nas opções intermediária e de topo. Preços: R$ 83.400 a R$ 94.700. Meta: vender 1.000 unidades/mês. n “QUEM perde a hora certa de investir, perde o jogo”, declarou Fernando Silvestre, presidente da Applus+ IDIADA no Brasil, especializada em engenharia, testes e homologação. Para isso inaugurou em Itatiaia (RJ) um laboratório de emissões veiculares a fim de atender à rigorosa legislação ambiental para veículos convencionais, híbridos e elétricos. Primeiro cliente: Jaguar Land Rover. n JAC abriu as vendas de uma picape de cabine dupla caçamba-longa e de um caminhão leve elétricos, mas admite que o primeiro modelo terá aplicação puramente comercial para empresas com uso específico. A picape oferece modo de economia que limita seu desempenho para alcance de até 320 km. Preço pouco atraente, apesar do interior bem resolvido: R$ 289.900.


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EDUCAÇÃO

Teotônio Vilela se destaca com resultados e inovação D iante da pandemia da covid-19 preocupada com o aprendizado dos estudantes no município, a Secretaria Municipal de Educação de Teotônio Vilela criou diversas estratégias para que os prejuízos fossem mínimos para os alunos. “Com a chegada da pandemia, em março, nós construímos um projeto emergencial de educação não presencial. Ele foi criado para atender a todos os estudantes da rede municipal de ensino na forma remota através da plataforma Google sala de aula e também com atividades impressas. No entanto, a partir do acompanhamento, identificamos um percentual significativo de estudantes que não estavam sendo atendidos e que precisávamos criar outra estratégia”, relatou a secretária Noêmia Barroso. Foi assim que surgiu o projeto complementar “Agentes do Saber”, onde 427 professores foram selecionados para assistir aos alunos de forma individual e em domicílio. Com a inovação, mais de 7.770 estudantes estão sendo beneficiados. “Nomeamos o projeto desta forma em alusão aos agentes da saúde. Mapeamos a cidade pela cobertura do Programa Saúde da Família. Esses agentes visitam as casas, levando as atividades em domicílio; cada um deles atende 18 alunos e passa em média 2 horas por semana com cada estudante”, revela a secretária. Noêmia Barroso explica que cada professor passou

por teste de covid-19 e refaz o exame a cada 30 dias. “Precisamos garantir a segurança das famílias que os agentes visitam e por isso toda precaução é tomada. Eles vão com kits de higiene, paramentados e todos devidamente testados”. Além do projeto para garantir a continuidade da educação em Teotônio Vilela, o município se destacou mais uma vez no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Divulgado na última semana pelo Ministério da Educação, em 2019 o Ideb dos Anos Iniciais recebeu a nota 8,4 e 6,7 nos Anos Finais. Este é o segundo melhor resultado de Alagoas. Por isso, o empenho em continuar investindo no setor de educação no município. “Nosso papel é garantir o processo de aprendizagem. Nossa preocupação é de que os professores não percam o vínculo com seus alunos. Tememos por um retrocesso cognitivo, e por isso mantemos a cobertura para eles e suas famílias, mantendo a qualidade já conquistada, mesmo em meio às dificuldades” frisou a secretária. Outra conquista no ensino da cidade é a superação da meta do Programa Escola 10, um tipo de pacto pela educação em Alagoas, que integra as redes municipais e estadual de ensino para que o Ideb aumente em todo o estado. Teotônio Vilela é o único município da 2ª Gerência Regional de Ensino que superou a meta do programa.

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agro conomia MACEIÓ - ALAGOAS 25 DE SETEMBRO DE 2020

www.novoextra.com.br

EXPOSIÇÃO

EXPOAGO SERÁ LANÇADA EM ENCONTRO DE PECUARISTAS EM MACEIÓ 11

Alagoas permanece entre os maiores produtores nacionais de açúcar

CONAB ESTIMA 1,8 MILHÃO DE

TONELADAS PRODUZIDAS NO ESTADO, UM INCREMENTO DE 30,4% EM RE-

LAÇÃO AO EXERCÍCIO PASSADO. 9

AQUECIMENTO

MERCADO IMOBILIÁRIO EM ALAGOAS GANHA FORÇA E CRESCE 30% NO SEMESTRE 3


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ENTREVISTA

Parlamentar analisa impactos da abertura de mercados concentrados e reformas FONTE: BRASIL 61

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Congresso Nacional está analisando importantes projetos que podem mudar o rumo da economia brasileira num futuro muito próximo. A abertura de mercados concentrados, como o do gás e do saneamento, deve atrair investimentos da ordem de bilhões de dólares para o Brasil e a expectativa é de que gere melhoria na qualidade de vida do brasileiro. Além disso, as reestruturações tributária e administrativa podem ter impacto direto nas contas públicas. O deputado federal Paulo Ganime (Novo/PR), um dos envolvidos e mais atuantes na aprovação do Novo Marco Legal do Gás, ou Lei do Gás, que determinará as novas regras para o mercado de gás natural no País. O senhor teve um desempenho atuante na aprovação da Nova Lei do Gás, que aguarda deliberação pelo Senado. O que o país pode ganhar com esse projeto? Paulo Ganime - “Estamos falando da atração de investimento. Investimento que está represado hoje, que a gente não traz para esse setor de gás porque a nossa legislação não permite. Estamos falando de R$ 40, R$ 45 bilhões de investimentos nesse setor, só em infraestrutura, nos próximos anos. Boa parte disso, no estado do Rio de Janeiro. Estamos falando do potencial de 4 milhões de empregos também nesse período e da atração de investimento estrangeiro, mas também local, para a parte de infraestrutura, que vai tirar o gás que está nos campos de petróleo. Queremos que esse gás seja utilizado no mercado brasileiro. Sendo usado no mercado brasileiro, conseguimos fazer com que esse gás chegue também para o consumidor mais barato. Vai ter mais gás disponível, mais competição. Gás mais barato é energia mais barata, é fertilizante mais barato, é indústria química mais barata”. A proposta da Nova Lei do Gás garante segurança jurídica para o mercado? PG - “Com certeza. Hoje, é impeditivo, da maneira que a nossa legislação está, quem quer investir no mercado de gás, não consegue. Em 2009, nosso modelo de ou-

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torga para os dutos de distribuição de gás era de autorização e passou para modelo de concessão. Para isso, é necessária uma decisão do governo para que uma empresa possa investir em gasodutos. Desde então, não há um metro de investimento em gasodutos no Brasil. Então, queremos possibilitar que quem queira investir, tenha menos burocracia e consiga investir com mais facilidade”. Quais outros mercados de infraestrutura podem ser analisados pelo Congresso nos próximos meses? PG - “Espero que termine de analisar a Lei do Gás no Senado Federal. Seria uma vitória importante na Câmara. Espero que o Senado não mude o texto. Foi votado na íntegra exatamente o texto da comissão em um tema tão complexo, o que foi muito bom porque era robusto. Se o Senado mudar, vamos trabalhar para voltar para o texto que está hoje. Também temos expectativa que o próprio saneamento, agora sancionado, comece a dar resultado. Para isso, precisamos votar o veto presidencial, porque o veto ainda gera algumas inseguranças jurídicas, principalmente em um ponto muito relevante, que é a possibilidade dos governos dos estados de prorrogarem os contratos por mais 30 anos. Seria um grande desastre porque se os contratos forem renovados, boa parte do trabalho que fizemos vai ter de esperar 30 anos para fazer sentido. Esperamos muito que o tema de privatização também aconteça no Brasil. A questão de outros marcos, não tão setoriais, como o mercado de câmbio, também a questão da autonomia do Banco Central, e as reformas estruturantes aconteçam ainda este ano. Quem sabe não conseguimos ainda neste mês a reforma tributária, e talvez até dezembro, a reforma administrativa”. O que exatamente essas reformas vão mudar? PG- “A reforma administrativa tem dois focos principais. A primeira é a melhoria do serviço público. Hoje, o serviço público não tem os incentivos adequados, além do próprio servidor de forma individual, como o gestor público não tem os incentivos para colocar os melhores servidores a disposição dele. A gente paga

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EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

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Então, a reforma tributária tem primeiro esse objetivo de garantir uma simplificação. O modelo tributário hoje é muito mais regressivo do que progressivo. Nosso foco inicial é a simplificação. São milhares de leis e artigos, ninguém sabe como operar e gera uma insegurança jurídica para quem quer investir.

Paulo Ganime aponta investimentos de até R$ 45 bilhões com nova Lei do Gás muito imposto e tem um retorno muito ruim dos serviços gerados no Brasil. ...O segundo ponto é você diminuir o inchaço da máquina pública, que faz com que a gente tenha a necessidade de uma arrecadação maior. Quando a gente arrecada mais, a gente tira dinheiro da economia, tira dinheiro de quem quer investir, de quem quer consumir, para bancar um estado inchado, que não gera serviço público adequado. Precisamos também do ajuste fiscal. Sem ajuste fiscal a gente não vai conseguir fechar as contas, seja o governo federal, os governos estaduais. Sou de um estado que passou por isso recentemente (Rio de Janeiro), não resolveu o problema totalmente, mas ainda assim enfrenta perigo constante de entrar em uma situação de solvência. Isso faz com que, às vezes, até o próprio servidor fique sem salário, como já aconteceu com o Rio. Há alguns estados que estão próximos de ocorrer isso. A reforma tributária trata de uma mudança na burocracia, na complexidade que é nosso sistema tributário, que também afasta investidor e energia. Hoje, gastam-se horas e horas para fazer todo o balanço, todo o sistema contado de uma empresa. Isso é totalmente desproporcional em comparação com outros países.

EDITOR: Fernando Araújo JORNALISTA RESPONSÁVEL: Tamara Albuquerque (tamarajornalista@gmail.com)

O senhor classifica essas duas reformas como as mais urgentes hoje? “Sem dúvida. A reforma tributária tem impacto direto na economia, vai mudar o cenário de quem empreende. A reforma administrativa tem um efeito na administração pública. Serviço público de qualidade significa mais dignidade para a população, mas também tem o lado da questão da segurança de que o governo consegue pagar suas contas. O governo conseguindo pagar suas contas, você traz mais investimentos para o país. Com isso também vamos reduzir os juros no Brasil. Tivemos uma redução drástica da Selic nos últimos meses, o que é muito bom, mas os juros que chegam na ponta dependem também da capacidade do governo de pagar suas contas. Fazendo reforma tributária, reforma administrativa, marcos regulatórios que vão atrair investimentos...acho que o Brasil tem tudo para estar preparado, mesmo que não de forma imediata, para crescer de forma sustentável no médio e longo prazo.” O senhor acredita que há espaço para aprovação de reformas tão amplas ainda este ano? PG- “Espero que sim. Vejo que a reforma tributária já avançou, apesar da pandemia, ela tem maturidade, tem discussões. É uma reforma muito técnica, o debate é mais técnico. Há algumas nuances, setor de serviços, divisão entre estados e municípios, mas hoje há meio que um consenso da reforma tributária. Tenho confiança de que no final deste mês, no início do mês que vem, a gente consiga ter um relatório da reforma tributária para votação no plenário da Câmara. Nesse meio tempo, a gente começa a discutir a reforma administrativa na comissão, na CCJ, e com isso ganhar corpo e ter debate. Creio que esse sim vai ter mais debate ideológico, mais impacto e manifestação de classes. Vai demorar um pouco mais, quem sabe até o final do ano.

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ECONOMIA SALÃO DE IMÓVEIS

Mercado imobiliário em Alagoas ganha força e cresce 30% no semestre

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nvestir em imóveis continua sendo um bom negócio, mesmo com o desastre sanitário da pandemia de coronavírus, e as empresas do segmento vão investir nos produtos. Uma das iniciativas do mercado para fechar o ano com bom desempenho é o Salão do Imóvel Ademi, que é tradicional e considerado vitrine do mercado imobiliário em Alagoas. Ele será realizada de 22 a 25 de outubro no Parque Shopping Maceió, em Cruz das Almas. Este ano, o número de estandes é 20% maior do que a edição do ano passado, reunindo os principais lançamentos imobiliários do Estado.

VENDAS EM ALTA REDUZIRAM ESTOQUE DE IMÓVEIS NO ESTADO E EMPRESAS JÁ PLANEJAM LANÇAMENTOS

Alfredo Breda revela otimismo com desempenho do setor imobiliário em Alagoas

O evento será presencial, seguindo as recomendações sanitárias, mas também terá atividades virtuais, pelo acesso www.salaodoimovelademi.com.br. Alfredo Breda esclarece que o salão colocará à disposição 2.500 unidades para todos os perfis de consumidores, financiamento pela Caixa Econômica em até 45 anos, entre outros atrativos.

mento, as empresas começam a se fortalecer para investir em lançamentos. “Observamos que o momento atual é propício para o mercado de compra, reforma e venda de imóveis nos bairros consolidados das capitais”. O empresário afirma que as expectativas são boas, e crer que o mercado imobiliário se manterá aquecido com as indenizações pagas às famílias que tiveram suas casas afetadas pela instabilidade do solo nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto. No segmento econômico (imóveis com preços mais baixos) as vendas no país no segundo trimestre do ano registraram um aumento de 31,8%, enquanto que os imóveis de médio e alto padrão tiveram uma baixa de 37,6% no período, se comparado a 2019. Entretanto, pesquisa divulgada no final de agosto pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), aponta que a venda e o aluguel de imóveis em julho deste ano registrou um crescimento de 44% na comparação com o mês de fevereiro, quando ainda não havia casos confirmados de Covid-19 no Brasil. Além disso, outra pesquisa também divulgada no mês passado, desta vez pela Datastore Series, estima um futuro promissor para o mercado imobiliário. O estudo revela que cerca de 11 milhões de famílias brasileiras pretendem comprar um imóvel novo nos próximos 24 meses e que, dentro deste universo, ao menos metade tem como objetivo fazer isso em no máximo 12 meses.

Em 2019, o Salão do Imóvel Ademi gerou mais de 80 milhões de reais em negócios, com um público de mais de 6.000 visitantes. O Salão é mais uma das ações integrantes do movimento Imóvel é Mais Negócio, iniciativa da Ademi com o objetivo de incentivar a aquisição de imóveis, chamando a atenção sobre as vantagens deste tipo de investimento. O movimento Imóvel é Mais Negócio tem o patrocínio da Krona, Ibratin e Saint-Gobain e apoio do Sinduscon, Sebrae, Cofeci e Creci-AL.

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presente cenário de recessão devido à pandemia do novo coronavírus despertou novos hábitos na população e levou o governo federal a adotar medidas econômicas que beneficiaram o mercado imobiliário. A necessidade de ficar em casa, de aumentar o conforto da moradia e, principalmente, os juros nos menores patamares já registrados (2,25% ao ano), fizeram o setor se recuperar dos primeiros impactos da pandemia a partir do mês de abril. As vendas de imóveis em Alagoas tiveram um aumento de cerca de 30% no primeiro semestre, um desempenho maior que o registrado em igual período de 2019. Segundo Alfredo Breda, presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Alagoas (Sinduscon-al), ainda em abril, quando a economia brasileira pareceu ter chegado ao fundo do poço, o mercado imobiliário começou a dar sinais de recuperação em todo o país. No segundo trimestre as atividades do setor aumentaram e as vendas de imóveis de todos os padrões tiveram uma alta de 9,7% conforme apontou a Abrainc, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias. “Com os juros baixos, a aplicação financeira deixou de ser interessante e as pessoas buscaram investir em imóveis, que é uma aplicação segura e com rentabilidade. Atualmente, quem deixa dinheiro no banco, além de não ganhar está perdendo dinheiro”, alerta Breda. Outro fator que contribuiu para a retomada das vendas, segundo enfatiza o empresário, foi a circulação de dinheiro com a liberação do auxílio emergencial para as famílias. Em Alagoas o benefício injetou algo em torno de R$ 800 milhões de reais e parte desse montante foi empregada na reforma e adaptação de imóveis ou na compra de imóveis populares. Um sintoma bem representativo da alta de vendas no mercado de Alagoas foi a queda no estoque de imóveis. Alfredo Breda informa que o estoque do setor no início do ano era de 4.500 imóveis e ao final de junho caiu para 3.200 unidades. Com o aqueci-

“Esta tem tudo para ser uma das melhores edições de todos os tempos”, afirma Jubson Uchôa, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi-AL). “Além do momento extremamente favorável para a aquisição de imóveis, com as taxas de juros nas mínimas históricas e a demanda por imóveis crescendo, acreditamos que a realização do evento em um empreendimento como o Parque Shopping aumente ainda mais a resposta do público”, avaliou Uchôa no lançamento do evento.


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ARRECADAÇÃO O 4º Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas mostra uma redução de R$ 9,72 bilhões nas receitas líquidas da União, comparado com o balanço anterior. O governo revisou para baixo as estimativas da perda de arrecadação com receitas administradas, que somam menos R$ 6,3 bilhões que há dois meses. Houve redução de R$ 2,6 bilhões nas estimativas de receitas previdenciárias para 2020. O relatório mostra que a concessão da Ferrovia Norte-Sul e da Ferrovia Malha Paulista ajudaram a elevar a arrecadação em R$ 3,9 bilhões. Houve ainda uma queda de R$ 1,4 bilhão de receitas com a arrecadação de royalties no setor de óleo, gás e minérios.

GASTOS

ELEVADO

Governo prevê déficit primário de R$ 861 bilhões em 2020 MINISTÉRIO DA ECONOMIA ATUALIZOU AS ESTIMATIVAS PARA O ORÇAMENTO FONTE: AGÊNCIA BRASIL

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Ministério da Economia elevou para R$ 861 bilhões a previsão de déficit primário em 2020. O valor consta no Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, divulgado na noite nesta terçafeira (22) pela pasta. O déficit primário representa o resultado negativo nas contas do governo, desconsiderando os juros da dívida pública. No relatório anterior, divulgado no fim de julho, a pasta previa que o rombo nas contas públicas ficaria em R$ 787,45 bilhões. Em relação às estimativas para a eco-

nomia, o relatório manteve a maioria das projeções anteriores. A previsão de queda para o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) permaneceu em 4,7%, com valor nominal de R$ 7,19 trilhões. A estimativa está mais otimista que a das instituições financeiras, que preveem contração de superior 5% do PIB, segundo a última versão do boletim Focus, pesquisa semanal divulgada pelo Banco Central. A estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como índice oficial de inflação, variou de 1,6%, no relatório de dois meses atrás, para 1,8%, pela projeção atual. A estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para corrigir o salário mínimo, também aumentou, passando de 2,1% para 2,4%. A previsão para a taxa Selic (juros básicos da economia) foi mantida em 2,6% ao ano em 2020. Atualmente, a Selic está em 2% ao ano.

Houve queda na maior parte dos gastos do governo. Os benefícios previdenciários tiveram redução de R$ 4,5 bilhões. O gasto com pessoal e encargos sociais também foi reduzido, em cerca de R$ 620,7 milhões, segundo o governo, por causa da “reeestimativa com contratação temporária e diversos ajustes na projeção da folha considerando as despesas realizadas”. A revisão do aporte orçamentário para o Programa Emergencial de Suporte ao Emprego (Pese), de R$ 34 bilhões para R$ 17 bilhões, gerou também uma projeção de gastos bem menor do que o informado no relatório bimestral anterior, resultando em uma economia de R$ 17,3 bilhões.A suspensão do pagamento de parcelas do programa Fies também reduziu o impacto dessa despesa no orçamento em quase R$ 670 milhões. (Fonte: Agência Brasil)

MAQUININHA A linha de crédito por meio da maquininha de cartão, disponibilizada aos microempreendedores individuais (MEI’s), será lançada até o final deste mês. “Tivemos um pequeno atraso, mas até o momento, tudo está caminhando dentro do trâmite normal e desejado”, disse o subsecretário de Política Macroeconômica e Financiamento da Infraestrutura do Ministério da Economia, Edson Bastos Santos. Chamada de Peac-Maquininhas, a linha de crédito está sendo criada com o objetivo de oferecer empréstimo facilitado para ajudar os pequenos empresários durante a pandemia do novo coronavírus. O projeto foi aprovado em julho, e o governo federal tem a expectativa de disponibilizar R$ 10 bilhões para a nova linha de crédito através do Tesouro Nacional. O novo projeto, Peac-Maquininhas, possibilita que as operadoras de cartão de crédito autorizadas disponibilizem empréstimos de acordo com o histórico de recebimentos dos empresários. O valor do crédito a ser concedido é definido de acordo com o perfil de vendas de cada empreendedor, podendo chegar a até R$ 50 mil.


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PINDORAMA

5 Renan Filho e Klécio Santos em evento com placa de inauguração das obras de pavimentação na cooperativa

Cooperativa terá malha viária recuperada para escoamento da produção GOVERNADOR AUTORIZA OBRAS QUE COLOCARÃO A COOPERATIVA NA ROTA DO DESENVOLVIMENTO NA REGIÃO

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or sua importância e vitalidade na vida econômica de Alagoas, a Cooperativa Pindorama será beneficiada pelos projetos do Governo com a melhoria da malha viária em seu entorno, que facilitará o escoamento da produção e o acesso a municípios do litoral Sul do estado. O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), já assinou a ordem de serviços para o início dos trabalhos de implantação e pavimentação da AL-105, estrada que liga o povoado de Pindorama, em Coruripe, à cidade de Penedo e também o acesso ao município de Teotônio Vilela. O investimento nas duas obras será de R$ 40 milhões e a previsão de conclusão é para fevereiro de 2021.

Serão 31,7 quilômetros de extensão de rodovia que, quando concluída, beneficiará mais de 100 mil moradores dos dois municípios. No início deste mês, o presidente da Cooperativa, Klécio Santos, participou de audiência com o governador e os deputados Marx Beltrão e Yvan Beltrão, onde foram asseguradas obras de transporte e mobilidade e logística para os municípios da região sul de Alagoas. Além da Al-105, serão recuperadas a estrada que interliga Pindorama ao povoado de Bolivar, e a via que interliga a usina Coruripe até a comunidade de Pindorama. Segundo Marx Beltrão, também receberão melhoramentos as três vias que unem

a cooperativa aos povoados de Botafogo, Santa Terezinha e Bonsucesso. Os trabalhos serão custeados inteiramente pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) com recursos do Governo de Alagoas. As obras, segundo Klécio Santos, são aguardadas com expectativa pelos

moradores de Pindorama, beneficiando todos os municípios da região, facilitando o trânsito e o escoamento da produção local. Na avaliação de Renan “as obras vão aproximar Penedo em 20 quilômetros de Maceió e vai transformar o distrito de Pindorama em rota do desenvolvimento na região”.


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R$ 252,3 BILHÕES

Produção da pecuária no Brasil deve crescer 10% em 2020 MAIOR VOLUME DE CRÉDITO FOI CONCEDIDO A EMPREENDEDORES FORMAIS E INFORMAIS, QUE ADQUIRIAM R$ 225 MILHÕES DO BANCO

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s estimativas do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2020, obtidas a partir das informações de agosto, são de R$ 771,4 bilhões, superior em 10,1%, ao valor de 2019 (R$ 700,3 bilhões) e o maior já obtido na série histórica, que começou 1989. As lavouras resultaram em R$ 519 bilhões, o equivalente a 67,3% do VBP, e a pecuária, em R$ 252,3 bilhões, ou 32,7% do VBP Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), alguns produtos estão obtendo resultados nunca vistos antes, como a soja, milho, carne bovina, carne suína e ovos. Preços internos, superiores aos de 2019, e as exportações de carnes e grãos, principalmente para a China, impulsionaram esse desempenho favorável. Os estados que puxam os valores da produção agropecuária brasileira são Mato Grosso (R$ 136,5 bilhões), Paraná (R$ 98,5 bilhões) e São Paulo (R$ 95,7 bilhões). Na lavoura, os produtos com melhor desempenho são: amendoim 23,7%, arroz 19,9%, cacau 16,6%, café 39,8%, feijão 13,8%, laranja 8,8%, mamona 33,4%, milho 15,2%, soja 26,1%, e trigo 67,4%. Já os produtos com redução do VBP podem ser observados no algodão -2,9%, banana -8,8%, batata-inglesa -23,7%, mandioca -3,7%, tomate -13,1% e uva -13,8%. Esses produtos tiveram, em geral, produção menor neste ano e preços mais baixos. O VBP mostra a evolução do desempenho das lavouras e da pecuária ao longo do ano e corresponde ao faturamento bruto dentro do estabelecimento. É calculado com base na produção da safra agrícola e da

pecuária e nos preços recebidos pelos produtores nas principais praças do país. Para o zootecnista Celso da Costa Carrer, presidente da Comissão de Zootecnia e Ensino do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), há uma série de fatores que influenciam os bons resultados esperados para 2020. Segundo ele, a competividade brasileira é uma delas, pois o tamanho do rebanho permite escalar grandes volumes de produção. Além disso, o uso de tecnologia própria e internalizada por nosso ecossistema de pesquisa e extensão há mais de 40 anos contribuem diretamente para melhoria e desenvolvimento contínuos do setor. Carrer ainda destaca vantagens comparativas em relação ao clima, extensão de terras e custos de insumos utilizados, com relações de troca relativamente favoráveis. “Esse conjunto de fatores nos tornam muito competitivos no quesito preço.” Na mesma linha segue o médicoveterinário e membro da Comissão de Saúde Animal do CRMV-SP, Fábio Alexandre Paarmann. De acordo com ele, os resultados de 2020 estão atrelados à competitividade, além do volume e preço das commodities. “O nosso custo de produção é reduzido, e com a nossa moeda, o Real, mais baixa que outras, é mais vantajoso para vender os produtos”, avalia Paarmann, que também é auditor fiscal federal agropecuário do Mapa. TECNOLOGIA, PRODUÇÃO E ESPAÇO FÍSICO De acordo com a Associação Bra-

sileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), nos últimos anos, o Brasil reduziu a área ocupada com o gado e ao mesmo tempo expandiu a produção de carne. De 1980 a 2018 a produtividade aumentou em 176% e a produção de carne cresceu 139%. Isso significa também que 250,6 milhões de hectares deixaram de ser desmatados com o aumento da tecnologia dos últimos anos. O zootecnista Carrer explica que, classicamente, da combinação dos fatores de produção (terra, trabalho e capital) é que são geradas as condições ideais para que se viabilize a produção e a agregação de valor nos produtos agropecuários. A tecnologia é considerada um quarto fator de produção, porque quando aplicada corretamente, deve economizar pelo menos um dos fatores anteriores. “Neste sentido, quando se entra com uma tecnologia integrada, que resulta em conforto animal, manejo de pastagens, genética adaptada, biotécnicas de reprodução e formas mais precisas de gestão, melhorando as tomadas de decisão, intensifica-se a produção como medida de redução de impactos ambientais, sociais e econômicos. Aumenta-se o giro do capital e agrega-se valor aos produtos. O Brasil não precisa ampliar a área a ser explorada, mas recuperar a capacidade de produção de áreas sub-exploradas na pecuária”, ressalta o zootecnista.

CORONAVÍRUS E DESAFIOS Com a pandemia mundial do novo coronavírus, vários mercados e diversos setores produtivos sofreram impactos. No entanto, de acordo com o zootecnista do CRMV-SP, o resultado atual a pecuária de vários países desenvolvidos não possui as mesmas condições brasileiras. “A ameaça da pandemia, com toda a tragédia humana que tem ocorrido, abriu espaços de mercado externo que o Brasil está conquistando”, avalia Carrer. Atualmente, de acordo com Carrer, os maiores desafios passam pela queda da renda da população e, consequentemente, do consumo no mercado interno; por questões de convencimento dos compradores de que o Brasil respeita e produz carne de maneira social e ambientalmente corretas; exacerbação de movimentos de natureza claramente especulativos no tocante a terras e rebanhos. “Também é um desafio para o setor pecuarista brasileiro a solução de questões para a volta do investimento no âmbito produtivo e de logística nos modais de transporte e por uma reestruturação dos serviços de apoio e inspeção, de forma multiprofissional e integrada para o País”, finaliza.


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Início da produção da moagem de cana-de-açúcar aconteceu em gosto pela Usina Pindorama

SAFRA 2020/2021

Alagoas permanecem entre os maiores produtores nacionais de açúcar CONAB ESTIMA 1,8 MILHÃO DE TONELADAS PRODUZIDAS NO ESTADO, UM INCREMENTO DE 30,4% EM RELAÇÃO AO EXERCÍCIO PASSADO.

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Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou o segundo levantamento da safra 2020/2021 sobre a lavoura sucroalcooleira, que tem caráter censitário, uma vez que o órgão levanta os dados em todas as unidades produtivas do país. A projeção da companhia para a região Nordeste indica incremento na área de produção quando comparada à safra anterior. “Quase todos os estados produtores da região sinalizaram aumento em suas áreas colhidas, fazendo com que a estimativa regional chegasse a 857,6 mil hectares, sendo 1,6% superior a 2019/20”. Em Alagoas, o início das operações de moagem foi no mês passado para algumas usinas, como a Usina Pindorama, e deve ser encerrado em outubro, mas as unidades produtivas estão planejando suas estratégias considerando as oscilações de mercado e os possíveis impactos econômicos causados pela pandemia do coronavirus.

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As indicações, segundo a Conab, são de incremento na área em produção, passando de 292 mil hectares em 2019/20 para 300,8 mil hectares na atual temporada no estado. “As condições climáticas registradas favoreceram o desenvolvimento da cultura, algo que agrega ainda mais na perspectiva de aumento de produção, que deve passar dos 18,4 milhões de toneladas. Quanto à destinação da cana-de-açúcar colhida, o setor ainda aponta maior direcionamento à fabricação de açúcar em relação ao etanol, podendo gerar mais de 1,8 milhão de toneladas do primeiro subproduto, além de 312,9 milhões de litros do biocombustível”. Açúcar Os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná e Alagoas permanecem como os maiores produtores nacionais de açúcar, segundo levantamento da Conab. Em nível nacional, a estimativa aponta para produção de 39,3 milhões de toneladas de açúcar, contra 29,8 milhões, representando incremento de 32% em relação à safra anterior. O aumento na produção de açúcar é resultado do bom desempenho observado tanto na Região Norte/Nordeste quanto no Região Centro-Sul. Enquanto na Região Norte/ Nordeste deverá ser destinado uma maior quantidade de ATR para a produção de açúcar em relação ao etanol, atingindo 52,8%, na Região Centro-Sul, a relação

será invertida, com a produção de açúcar totalizando 45,8%. Nesta safra, a Região Centro-Sul deverá ser responsável por 90,6% do total de açúcar produzido e a Norte/Nordeste pelo restante, 9,4%. São Paulo deverá produzir quase 23,8 milhões de toneladas de açúcar, com um aumento de 28,9% em relação ao exercício anterior, Minas Gerais 4,7 milhões de toneladas, incremento de 47,8%, Goiás 2,7 milhões de toneladas, com acréscimo de 53,6%, Paraná 2,6 milhões de toneladas, com incremento de 18%, e Alagoas, 1,8 milhão de toneladas, apresentando incremento de 30,4% em relação ao exercício passado. “Nesta temporada, para reduzir os impactos da crise que atinge o mercado de biocombustíveis, representado pela queda nos preços e volume comercializado, está prevista uma aposta no aumento da produção de açúcar, tentando intensificar as vendas dessa commodity no mercado internacional. Com efeito, as exportações brasileiras de açúcar aumentaram 91,5% em julho, em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo 3,487 milhões de toneladas, e se aproximaram do nível recorde de embarques mensais. Até o momento, o maior volume já embarcado pelo país foi de 3,5 milhões de toneladas, conforme dados oficiais divulgados”.

MENOS ETANOL As unidades industriais de canade-açúcar do Brasil foram afetadas pela pandemia, que provocou o isolamento domiciliar, a circulação de pessoas e, por consequência, o consumo interno de etanol. Adicionalmente, o segmento foi impactado pela forte redução nos preços internacionais do petróleo, que prejudicaram conjuntamente a gasolina e o etanol. Contrariando o que ocorreu na temporada 2019/20, quando a safra foi marcada por um recorde na produção de biocombustíveis e priorização dada à época ao etanol pelas usinas, observa-se nesta temporada, uma forte inversão, com queda na demanda por combustíveis, contrapondo as condições favoráveis à venda de açúcar, que provocaram a redução na produção de etanol no ciclo 2020/21. Dessa forma, a produção de etanol total, aí considerada a proveniente da cana-de-açúcar e do milho neste segundo levantamento, apresentará redução de 14,3% em relação à safra passada, saindo de 35,7 bilhões de litros no exercício passado para 30,6 bilhões, nesta. Desse total, 9,2 bilhões de litros correspondem à produção do etanol anidro e 21,4 bilhões do etanol hidratado. A produção de etanol oriundo de cana-de-açúcar, nesta safra, deverá ser de 27,8 bilhões de litros. Esse valor representa uma redução de 18,3% em relação à safra passada. (Fonte: Conab)

SAFRA DE GRÃOS A safra de grãos do período 2019/20 está terminando com o registro histórico atualizado de 257,8 milhões de toneladas, tendo à frente a soja, o milho e o algodão. Esse volume é 4,5% ou 11 milhões de toneladas superior ao da safra passada. A informação é da última atualização deste ano-safra, divulgada no último dia 10, no 12º Levantamento de Grãos realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A evolução do recorde deve-se ao aumento de 4,2% na área plantada, aliado ao ganho de 0,3% na produtividade. Ainda faltam os resultados das culturas de inverno, principalmente o trigo, que passam por etapas que vão da fase vegetativa à finalização de colheita. Também contam para essa consolidação as culturas da região de Sealba (Sergipe, Alagoas e nordeste da Bahia).


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PROGRAMA DO LEITE

Seagri garante pagamento retroativo de R$ 10 milhões a agricultores familiares MINISTRO ONYX LORENZONI PROMETEU R$ 25,5 MILHÕES PARA EXECUÇÃO DO PROJETO ATÉ 2021

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s agricultores familiares que participam do Programa do Leite em Alagoas vão receber os recursos relativos ao primeiro semestre deste ano. O Governo do Estado já está com dinheiro em conta para quitar o débito de R$ 10 milhões e o retroativo será pago de forma imediata, quando as cooperativas comprovarem que o produto foi entregue. As afirmações curtas são do secretário da Agricultura, João Lessa Neto. Do saldo devedor, o governo já repassou à Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA) o valor referente ao mês de janeiro e metade do débito relativo a fevereiro. O programa, segundo assessores de Lessa, o programa foi retomado em 100% da sua totalidade. Em nota, a secretaria

Programa do Leite atende a cerca de 80 mil famílias vulneráveis em Alagoas esclarece que os 102 municípios “podem ser atendidos, visto que foi dado ordem de fornecimento as cincos cooperativas que compõem atualmente o Programa do Leite. Por parte da SEAGRI, o programa está 100% atendido”. A Seagri alerta que as cooperativas que não cumprirem com o contrato terão aplicados às sanções legais, conforme prevê o contrato.

Na semana passada, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, desembarcou em Maceió onde anunciou o envio de R$ 44,6 milhões destinados ao PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), contemplando com R$ 24,6 milhões o Programa do Leite. A promessa é de que sejam adquiridas mais de 10,5 mil toneladas de alimentos

e 25,5 milhões de litros de leite, beneficiando algo em torno de 6 mil agricultores familiares do estado e 150 organizações produtivas. O programa do Leite estaria, dessa forma, garantido até março de 2021, minimizando a fome de 80 mil famílias em vulnerabilidade sociais e carência nutricional. Mas, para que a promessa seja cumprida, o Governo do Estado terá de cumprir a contrapartida de R$ 5,2 milhões. Além dos recursos, o ministro também prometeu aumentar o valor pago pelo litro do leite no programa em Alagoas. “Já que as commodities, principalmente milho e soja, tem tido aumento assim como o custo de produção, ele nos deu a notícia de que o preço do leite será reajustado” informou Monteiro. Em Alagoas, segundo a assessoria da CPLA, a sugestão dada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que o preço do leite seja reajustado para R$ 1,70. Atualmente, o litro é comercializado a R$ 1,28. “O programa do leite utiliza o preço mínimo que é praticado no Estado. O reajuste já é um ganho para o produtor”, reforçou Monteiro. A CPLA já se reuniu com os pequenos produtores e empresários para viabilizar a retomada do fornecimento de leite de forma gradativa. “Tanto os produtores, quanto os laticínios precisam de um tempo para essa retomada. Mas, este mês, já voltamos com a entrega do leite em alguns municípios do Estado”, disse Monteiro na semana passada.


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PRÓXIMA SEMANA

Expoago será lançada em encontro de pecuaristas em Maceió EXPOSIÇÃO MOVIMENTARÁ AGRONEGÓCIO BRASILEIRO COM ATRAÇÕES PRESENCIAIS E VIRTUAIS.

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daptada ao momento de crise, que exige a implantação de medidas sanitárias para evitar a disseminação do novo coronavírus, a edição de 70 anos da Expoagro/AL será lançada na próxima segunda-feira, 28, pela Associação dos Criadores de Alagoas (ACA). O pontapé para o evento, incluído entre os mais importantes do calendário do agronegócio brasileiro, acontecerá durante o Encontro dos Pecuaristas de Alagoas, no Parque José da Silva Nogueira (Parque da Pecuária), em Maceió. Na ocasião, o presidente da ACA, Domício Silva, fará a apresentação da programação que deve atrair um público, agora inestimado, já que haverá atividades presenciais e virtuais. Além disso, a ACA discutirá detalhes do protocolo de prevenção à covid-19, que será adotado no evento para público, trabalhadores e para sanitização dos Expoagro especial de 70 anos terá programação presencial e virtual animais. “Apesar da crise, a exposição está bém traz para Maceió o primeiro even- condições facilitadas de pagamento, adaptada ao momento de Pandemia to do Circuito Megaleite 2020/2021, promoções e entrega grátis. “Os procom configuração de um evento seguro que promete ser bem concorrido com motores de leilão estão cada vez mais e de muita responsabilidade. Sabemos a Exposição Interestadual de Girolanfidelizando os clientes, ampliando esse que o setor vem respondendo com mui- do – Etapa Nordeste e julgamento de financiamento de animais em condito trabalho, sendo a grande sustentaanimais nos dias 30 e 31 de outubro. ções parceladas a partir de 15 vezes ção da economia brasileira e por isso Outro destaque da programação e em algumas situações chegando a o campo não pode parar. A Expoagro será a 20ª Copa Nacional da Raça 50 parcelas iguais. O cliente garante é um convite para garantir que essa Santa Inês que deve reunir mais de 600 o investimento e fica mais tranquilo jornada vai continuar”, comenta o pre- animais com os melhores indivíduos da para ampliar as compras”, exemplifica. sidente da ACA. raça. Também está confirmada a Expo- “Temos a melhor praça de negócios A Expoagro acontecerá no período sição Nordestina da raça Girolando e de animais do Nordeste e as melhores entre 24 de outubro a 1 de novembro. Gir leiteiro e nova edição do Seminário genéticas do mercado. Os clientes não Estão programados pelo menos 10 Encorte. Através da Expoagro, pecuavão perder por esperar. São leilões com leilões, divididos nas modalidades ristas e profissionais do setor terão ofertas de total garantia, com produtos virtuais e presenciais, com excelenacesso a oportunidades oferecidas por de extrema confiança”, garante. tes opções para quem vai investir em instituições parceiras como o Banco do O evento também é direcionado à bovinos, equinos e ovinos de corte e Nordeste e Banco do Brasil. Na parte população que busca entretenimento, de leite. Domicio Silva alerta a quem técnica, programas de melhoramento com praça de alimentação e atrações deseja adquirir genética superior, com e empreendedorismo são apresentados para a família. Por isso, as medidas de variabilidade de acordo com cada raça, por parceiros como o Sebrae e o Gover- prevenção à covid-19 serão impostas para aguardar o início da temporano do Estado. com rigor e de acordo com decretos muda. “Nos leilões ligados a Expoagro o “Mesmo após setenta anos, a Expoa- nicipal e estadual. Regras de distanciacriador vai encontrar tudo. Temos uma gro vem crescendo e sendo um evento mento social, uso de máscara e controle variedade grande de animais, raça e atualizado, com muita força e focada no no acesso e circulação no Parque da produtos a serem democratizados”. crescimento dos pecuaristas e profissio- Pecuária já estão pré-estabelecidos, sePROGRAMAÇÃO TÉCNICA nais da área. Temos gerações de novos gundo a ACA. “O planejamento já prevê O evento especial deste ano tamcriadores que vêm sempre se lançando essa política de circulação e redução do bém oferece programação técnica como ao mercado com nosso apoio”, comenta número de pessoas no Parque. O ParDomício Silva. que vai passar por adaptações, seguina Copa Nacional de Ovinos, exposição do o plano de sanitização para manter do Nelore, Encontro Regional das RaENTRETENIMENTO o ambiente livre do novo coronavírus”, ças Gir Leiteiro e Girolando, shoppings A Expoagro promete, ainda, um assegurou. e provas equestres. A Expoagro tamatrativo especial nos remates: as

PREÇO DO BEZERRO

Levantamento realizado pela Scot Consultoria revela que, na média de todos os estados monitorados, entre machos e fêmeas anelorados, os preços dos bovinos para reposição subiram 1,8% nesta semana, em relação à semana anterior. As altas nas cotações da arroba do boi gordo, associada à oferta limitada de animais para reposição, são os fatores que explicam a firmeza do mercado de animais para reposição. Desde o início deste ano, a cotação do bezerro de ano anelorado subiu 44,8% e nos últimos doze meses a alta acumulada foi de 69,5%, considerando a média de todos os estados monitorados.

EXPORTAÇÕES

As exportações de carne bovina in natura seguiu com um bom desempenho na segunda semana de setembro, na qual a média diária embarcada ficou em 8,20 mil toneladas e teve um aumento de 24,61% se comparado com os dados observados em setembro do ano passado, que registrou uma média exportada de 6,58 mil toneladas. De acordo com os dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (SECEX), o volume embarcado alcançou 65,6 mil toneladas de carne bovina na segunda semana de setembro, sendo que no ano passado o total exportado em todo mês de setembro foi de 138,2 mil toneladas. As projeções preliminares da Consultoria Agrifatto apontam que o mês de setembro deve encerrar com um volume exportado de 155 a 170 mil toneladas de carne bovina in natura. De acordo com a Radar Investimentos, os dados até o momento mostram que os embarques de setembro serão tão robustos quanto dos dois meses anteriores. (Fonte: Notícias Agrícolas)

SOJA

A soja, que situa o país no patamar de maior produtor mundial, garante um novo recorde com a produção estimada em 124,8 milhões de toneladas e ganho de 4,3% em relação à safra 2018/19. Também o milho total caminha para situação semelhante, chegando a mais de 102 milhões de toneladas, dependendo ainda das lavouras cultivadas na região de Sealba, além de Pernambuco e Roraima. A participação desses estados é de algo próximo a 1,7% no consolidado nacional. A primeira safra já foi colhida e a segunda está em finalização. (Fonte: Conab)


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FRANGO A participação da carne de frango em 2019 na receita cambial das carnes, no acumulado dos dois primeiros quadrimestres, superou ligeiramente os 45%, ficando quase 3 pontos percentuais à frente da receita da carne bovina (42,5%). Neste ano, essas posições se inverteram totalmente, a participação do frango recuando quase 20% (36,1% do total) e a da carne bovina aumentando mais de 13% e chegando aos 48,3% do total. E como, além da carne bovina, também a carne suína vem apresentando bom desempenho, a receita cambial do setor neste ano foi quase 9% maior que a do ano passado, aproximando-se dos US$11,3 bilhões. A maior contribuição para esse aumento vem, naturalmente, da carne bovina, cuja receita aumentou 23%, índice correspondente a um adicional de US$1 bilhão. Proporcionalmente, a receita da carne suína aumentou bem mais – 52%. Mas como sua participação na pauta é menor (13% do total), o valor adicional foi de US$500 milhões.

CAFÉ Alagoas produziu 8 mil toneladas de peixe de cultivo, sendo 5,3 da espécie tilápia

TILÁPIA

Alagoas sofre retração na produção de peixes de cultivo ANUÁRIO DA PSICULTURA DIZ QUE O BRASIL MANTEVE A ROTA DE CRESCIMENTO EM 2019 COM756 MIL TONELADAS O atual Anuário Brasileiro da Piscicultura mostra que Alagoas sofreu uma retração na produção de espécies em cultivo ou cativeiro no ano passado, com um volume menor em 250 toneladas (variação de 3,0) em relação a 2018. O documento é o mais recente produzido pela Associação Brasileira da Psicultura (Peixe BR). Ainda assim, o estado produziu 8 mil toneladas de pescado, especialmente tilápias (5.396 t) e espécies nativas. O Brasil é o 4º maior produtor de tilápia no mundo, perdendo apenas para a China, Indonésia e Egito. A tilápia é uma espécie com 100% de aproveitamento, ou seja, couro, escamas e carne são matérias-primas para vários segmentos industriais. Alagoas, que ocupava o 19º lugar entre as demais unidades federativas na produção de pescado, caiu

uma posição no ranking. Os estados que mais produzem espécies de cultivo são o Paraná, São Paulo, Rondônia, Santa Catarina, Mato Grosso, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Bahia. Segundo o anuário, a piscicultura brasileira manteve a rota de crescimento em 2019. A produção avançou 4,9% e chegou a 758.006 toneladas, um crescimento de 4,9% sobre o ano anterior (722.560 t). Foi o maior índice entre todas as proteínas animais no país. A grande oferta de tilápia no segundo semestre de 2018 e primeiro de 2019 fez com que o produtor reduzisse o povoamento levando à escassez do produto na segunda metade do ano passado. O Nordeste, em 2019, produziu 138.980 toneladas de peixes de cultivo, um aumento de 3,46% em relação ao ano anterior. As espécies mais exportadas pelo Brasil são tilápias (81,35%), bagres, curimatãs, tambaqui, surubins, pacu, bijupira e trutas. Em 2019, Alagoas exportou 1,15 mil toneladas de pescado.

Em seu 3º Levantamento da Safra 2020 de café, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que o Brasil deve colher 61,6 milhões de sacas beneficiadas, considerando-se os tipos arábica e conilon. Isto representa aumento de 25% em relação ao ano passado. Será a segunda maior safra brasileira de todos os tempos, atrás apenas da colheita de 2018, quando a produção total chegou a 61,7 milhões e a de arábica, a 47,5 milhões de sacas. A área total é estimada em 2,2 milhões de hectares. A safra está na etapa final, com mais de 90% da produção já colhida. A consolidação dos dados será feita pela Conab em dezembro, na divulgação do 4º e último levantamento da safra 2020. O grande destaque desta safra é o café arábica, que tem produção estimada em 47,4 milhões de sacas, crescimento de 38,1% sobre o ano passado e se aproximando do recorde de 47,5 milhões de sacas alcançado na bienalidade positiva anterior (2018). Neste ano, o clima foi favorável nas fases de floração e frutificação.

EMBRAPA O ajuste fiscal do governo federal retirou parte do orçamento destinado para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Com menos dinheiro no caixa, pesquisas fundamentais para a agropecuária do país podem sofrer impactos. O corte no orçamento pegou pesquisadores e funcionários da Embrapa de surpresa. Pelo e-mail corporativo, receberam um informe dizendo: “Devido ao bloqueio orçamentário do governo federal, algumas medidas de contingenciamento de despesas deverão ser adotadas”. O motivo é que o governo bloqueou mais de R$ 240 milhões do Ministério da Agricultura e parte dos cortes foi repassada para a Embrapa, que deve perder R$ 119 milhões do orçamento previsto para este ano. De todo o orçamento da Embrapa para 2020, R$ 200 milhões foi destinado para pesquisa e inovação. Porém, para o ano que vem, o corte pode ser grande. Na proposta enviada pelo governo ao Congresso Nacional, o orçamento da empresa para pesquisa e inovação poderá cair para R$ 56 milhões em 2021.


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