Edição 1092

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ANO XXI - Nº 1092 - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2020 - R$ 4,00

QUADRILHÃO DO SERTÃO

TJ COMEÇA A JULGAR PADRE ERALDO POR IMPROBIDADE Prefeito de Delmiro Gouveia é acusado de liderar esquema criminoso para desviar dinheiro público Quadrilha envolve mais de 70 réus entre vereadores, empresários, secretários e servidores públicos 6

USINA CORURIPE E PREFEITO SÃO ACUSADOS DE INVADIR TERRAS DA GUAXUMA José Lindoso, ex-administrador judicial

SUPLEMENTO

EXPOAGRO COMEÇA NESTE FIM DE SEMANA COM PROMESSA DE MOVIMENTAR R$ 20 MILHÕES

Omissão de ex-administrador judicial teria gerado prejuízo de R$ 200 milhões 10

JUSTIÇA TROCA, DE NOVO, GESTOR DA MASSA FALIDA DO GRUPO JOÃO LYRA Juízes nomeiam empresa de São Paulo e aumentam remuneração do novo administrador judicial 11

ELEIÇÕES 2020

DAVI DAVINO ENTRA NA BRIGA PELO SEGUNDO TURNO Candidato tem campanha mais agressiva e apoio da maioria dos deputados 3


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COLUNA Festival de hiprocrisia

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- A maioria dos candidatos a prefeito de Maceió elegeu a tragédia do Pinheiro como bandeira de campanha para bater nos adversários, como se todos eles não tivessem culpa no cartório. Uns mais, outros menos, mas não há inocentes nessa catástrofe ambiental.

2 3 CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO 2020

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

- Muitos deles jamais se pronunciaram sobre o drama que se abateu sobre milhares de famílias da região atingida. Até porque boa parte foi eleita ou se beneficiou do dinheiro da Braskem, responsável pela tragédia.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- Quem tiver o desprazer de ouvir o festival de hipocrisia em que se transformou o horário eleitoral pode até pensar tratar-se de pessoas de outros estados. Parece que nunca viveram em Alagoas para ver o descaso das autoridades sobre a questão.

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- E o pior é que nenhum dos candidatos tem propostas sérias para resolver o drama dos moradores e comerciantes dos bairros atingidos por 40 anos de exploração mineral negligente no subsolo de Maceió. Na verdade, não têm sequer plano de governo para a cidade; apenas propostas genéricas para enganar o eleitor.

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- Como de praxe, as promessas eleitoreiras de hoje serão esquecidas no dia seguinte à eleição, por vencidos e vencedores. E ninguém falará mais nisso, pelo menos até o próximo pleito eleitoral.

Profanação

Nem mesmo os que já morreram escapam da tragédia ambiental provocada pela exploração de sal-gema em Maceió. Agora são os cemitérios que ameaçam afundar e os mortos também vão ter que se mudar. Após destruir a história de vida de milhares de famílias, a Braskem acabou também com a paz dos cemitérios, onde os mortos descansavam a paz da eternidade e os vivos reverenciavam o silêncio da morte.

Preço da estupidez

A construção de cemitérios nas franjas da Praia do Francês vai unir a comunidade da região em um grande ato de protesto marcado para o próximo dia 31. Moradores, ambientalistas, empresários e veranistas tentarão convencer o prefeito de Marechal Deodoro do perigo que os cemitérios representam para a saúde pública e as consequências de uma ocupação predatória em área de preservação ambiental. A sabedoria popular ensina que burrice não tem perdão e estupidez não tem preço.

Zorra total

Após a guerra de acusações mútuas, com denúncias de omissão, enriquecimento ilícito e até dilapidação patrimonial, a Justiça trocou, mais uma vez, o administrador judicial da Massa Falida do Grupo João Lyra. A continuar a disputa entre os credores, herdeiros, gestores judiciais, advogados e outros interessados no espólio, o temor agora é que seja decretada a falência da massa falida.

Código Penal

Está nas mãos do juiz Henrique Gomes de Barros Teixeira o processo que deve restaurar a moralidade na Seagra, entidade social dos agrônomos de Alagoas, espoliada por diretores sem compromisso com a legalidade. De tão graves, as acusações envolvendo os responsáveis pela venda ilegal da sede milionária da entidade deveriam culminar não só com a anulação da fraude, mas também a condenação dos réus por atropelarem o Código Penal.

Impunidade

Após vários anos de impunidade, o homem forte do governo tucano de Téo Vilela começa a ser investigado. Luiz Otávio Gomes, o poderoso LOG, precisa explicar os malfeitos praticados à frente da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico de Alagoas.

Novela do vice

Acuado pelos Calheiros, Luciano Barbosa aos poucos vai conquistando o eleitorado de Arapiraca e se cacifando para escapar da arapuca armada pelos donos do MDB. Pelo andar da carruagem emedebista, seus caciques parecem ter concluído ser melhor liberar a fera ferida a mantê-la em cativeiro. Nesse caso vale o conselho do mestre Nelson Rodrigues: “É prudente manter os amigos por perto; os inimigos, mais ainda”.

Gangue do Sertão

O Pleno do TJ iniciou o julgamento do processo que pode levar à cassação do prefeito de Delmiro Gouveia, Padre Eraldo, e à suspensão de seus direitos políticos. Trata-se de ação penal em que o prefeito é acusado de comandar um esquema criminoso para desviar recursos públicos através de licitações fraudulentas. O quadrilhão liderado pelo padre envolve mais de 70 réus, entre secretários do município, vereadores, empresários e servidores públicos. Todos unidos em nome da roubalheira.

Ligadão

O setentão Fernando Collor abandonou a mídia tradicional para aderir, de vez, às redes sociais, com dedicação integral. Empolgado com os novos “aliados”, na maioria jovens de 20 e poucos anos, elle acaba de escalar o Instagram, última fronteira da internet até então não explorada pelo senador alagoano. Ah, parece que ainda falta o TikTok, aplicativo chinês que vem dando muita dor de cabeça ao presidente americano.


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ELEIÇÕES 2020

Renan Filho e Rui enfrentam Assembleia, que ataca Gaspar Deputados veem chances reais de chegar ao 2° turno na capital

na justiça e movimentar todas as suas energias políticas nos bastidores para que Luciano Barbosa não obtenha nem o registro de candidatura nem vença nas urnas. A guerra envolve exatamente deixar o governo para a Assembleia Legislativa de Marcelo Victor, decisão que os Renans não querem que se concretize.

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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leições são jogos vorazes porque há muitos interesses em jogo. Na mesma semana em que o governador Renan Filho (MDB) entrou pessoalmente na campanha do ex-procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, a Assembleia Legislativa buscou firmar seu espaço, atacando o mesmo Alfredo Gaspar, acusando Renan Filho e o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (sem partido) de forçarem servidores públicos – comissionados - a adesivarem seus carros e colocar os furadinhos nos vidros traseiros dos veículos por imposição das equipes de Renan e Rui. Este cenário pode ser uma prévia do segundo turno e marcar a ocasional posição de rivalidade entre o governador e os deputados na capital alagoana. Há dois componentes a se analisar: primeiro, Renan Filho explicitamente mostra não ter confiança no presidente da Assembleia, Marcelo Victor, e o parlamentar revida incentivando o apoio da Casa de Tavares Bastos ao deputado Davi Davino Filho (PP) à prefeitura da capital. Ele está em terceiro lugar na pesquisa Ibrape de 19 de outubro. Segundo ponto: fazia tempo que a Assembleia não tinha um nome próprio para chamar

CORURIPE

Marcelo Victor como vice-governador atrapalharia planos de Renan Filho disputar Senado de seu à prefeitura da capital. O último foi Jefferson Morais, o jornalista e apresentador de programas policiais que morreu em fevereiro deste ano. No confronto nas urnas, venceu Rui Palmeira. Só que o ataque desta semana a Alfredo Gaspar não partiu dos apoiadores de Davi Davino, mas dos deputados Davi Maia e Cabo Bebeto, ambos com o deputado federal JHC (PSB), empatado tecnicamente com Alfredo Gaspar. “O que mais se vê são cobranças para colar os ‘furadinhos’ nos carros, listas de cadastro eleitoral e outras práticas que só comprovam o uso da máquina do governo do Estado para trabalhar e operacionalizar a candidatura. É só passar na frente de qualquer secretaria do Estado para ver que os funcionários estão sendo

obrigados a adesivar os próprios veículos”, explicou Davi Maia. “Na Unidade de Menores, por exemplo, tem funcionário sendo obrigado a tirar foto do carro já adesivado. Além disso, há uma promessa de se construir até um condomínio que beneficiaria os agentes socioeducativos”, acusou Cabo Bebeto. Não houve apartes ao discurso de ambos talvez porque existam deputados que adotam o mesmo método em seus currais eleitorais. Rolam os dados.

ARAPIRACA

O vice-governador Luciano Barbosa (MDB) obteve do Ministério Público Eleitoral recomendação para que sua candidatura seja deferida pela Justiça eleitoral, que tem a palavra final, mas, independente

do resultado, já se sabe que o lado prejudicado vai recorrer. “Diante do exposto, o Ministério Público Eleitoral, na defesa da ordem jurídica e do regime democrático, conforme previsto no artigo 127, caput, da Constituição Federal, se posiciona favorável ao deferimento do requerimento de registro dos candidatos da Coligação PARA ARAPIRACA VOLTAR A CRESCER, através do DRAP apresentado nos autos em epígrafe, e que tal coligação seja declarada habilitada a participar das Eleições de 2020, e, por consequência, no sentido do indeferimento da impugnação apresentada pelo Diretório Estadual do MDB em Alagoas”, diz o MPE em trecho da recomendação. Renan Filho e o senador Renan Calheiros prometem recorrer a todas as instâncias

Lançando-se candidato a governador em 2022, o deputado federal Marx Beltrão (PSD), após ver suas declarações em palanques repercutirem muito mal para alguém que já foi ministro do Turismo, parece ter mudado o tom na briga por municípios do litoral sul. O comportamento político -eleitoral do ex-ministro surpreendeu até quem conhece o parlamentar desde sempre. Essa é a primeira eleição sem a presença física do pai dele, João, que se notabilizou por divulgar o “método João Beltrão” nos palanques. Marx reinventa este método, só que nos ataques verbais. Vale a pena? Parece que sim, mas a busca pelo poder deixa para Marx, também, um rastro de processos. O último deles é do primo, Marcelo, que disputa com o irmão de Marx, Maykon, a Prefeitura de Coruripe. Ainda assim, Marx é importante peça no xadrez eleitoral da capital, na equipe de Alfredo Gaspar. Sobre receber apoio para uma candidatura ao governo? Os acordos são bem diferentes. Segue o jogo (voraz).


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Prudência eleitoral

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alvez atendendo a recomendação da Justiça Eleitoral de que instituições não participem de atividades políticas, as candidaturas a prefeito de Maceió têm enveredado pelas promessas de campanha e algumas pequenas críticas aos adversários. Favorecimento a candidatos, seja pelo governo do Estado, seja pela Prefeitura de Maceió, não se tem visto até o momento, salvo se algumas investidas estejam sendo dadas nos bastidores longe do conhecimento da população.

Críticas

Como aconteceu em outras campanhas, à medida que o tempo vai passando os adversários estão buscando novas armas, como vídeos antigos que estão sendo divulgados até no Guia Eleitoral e outras denúncias fortes que parecem estar tomando corpo.

Sem aliviar

Durante os programas eleitorais, alguns candidatos, a exemplo do próprio Alfredo Gaspar de Mendonça, têm feito críticas sutis à administração municipal, embora Rui Palmeira tenha sido um avalizador de sua candidatura. Fazendo campanha para prefeito, o candidato jamais deveria se omitir nas críticas, como é o caso aqui em Maceió.

Desconhecendo

O que mais tem incomodado pessoas muitas ligadas ao prefeito Rui Palmeira é a indiferença dos candidatos sobre os projetos realizados nesta administração. Além de deixar o cargo sem denúncias que venham abalar sua credibilidade, Palmeira foi quem mais construiu casas em Maceió, quem deu início ao sistema de saneamento nas partes alta e baixa da capital e trabalhou na construção de novas avenidas para melhorar a mobilidade urbana.

Repetição

Aos poucos o Guia Eleitoral vai perdendo sua importância, com os mesmos e velhos vídeos e fotos das áreas mais degradadas da cidade. Mas ninguém diz onde vai buscar o dinheiro e por que até agora não resolveram o problema do Riacho Salgadinho, Dique Estrada e outras regiões que envergon-

Maceió. Disposto, ele parece estar.

Na capital, conforme pesquisas registradas no Tribunal Regional Eleitoral, a liderança, até o momento, fica entre os candidatos JHC e Alfredo Gaspar, muito embora a última pesquisa do Ibrape registrada no TRE tenha mostrado Davi Davino numa reação inesperada. Na verdade, a campanha foi iniciada com a polarização de dois candidatos, mas no decorrer do Guia Eleitoral este panorama indica que pode mudar. Afora Alfredo Gaspar e JHC, apenas Davi mostra poder de reação.

ham o maceioense.

Mudança de rumo

Depois de relembrar à população de que foi um exemplar secretário de Segurança Pública no início do governo de Renan Filho, chegou a hora de Alfredo Gaspar mergulhar de vez nos projetos que tem para a capital e discutir isso com a população.

Perdeu tempo

O mal que alguns marketeiros fazem aos candidatos alagoanos é desconhecer algumas raízes que dão frutos eleitorais. É o caso do deputado Davi Davino Filho, que teve que adicionar o sobrenome para não perder votos e recuperar o tempo perdido, embora tivessem sido alertados há algum tempo.

a noite, é bom aguardar.

Em dúvida

Algumas informações indicam que pelo menos 83% do eleitorado promete ir às urnas no dia 15 de novembro, mas, no dia a dia, o que se vê é completamente diferente. Embora a Justiça Eleitoral venha incentivando a participação democrática da população, muita gente diz que não passa nem na porta das secções e prefere pagar multa caso não compareça. Entre pagar multa, votar nos mesmos que vêm prometendo e não cumprem e se arriscar a ser contaminado pelo coronavírus, é melhor ficar em casa, principalmente os maiores de 60 anos e que tenham doenças que possam comprometer sua

Ladeira abaixo

Com a subida repentina de Davi Davino nas pesquisas eleitorais e a queda acentuada de Cícero Almeida, o ex-prefeito ainda tem contra si o maior índice de rejeição, 34%, o que praticamente o tira da competição. Mas como tudo pode mudar de um dia para

Uma das secretarias que o governador Renan Filho mais apostava, a Segurança Pública, parece ter perdido o rumo. Com os índices de violência aumentando, faltando agentes, escrivães e delegados, milhares de inquéritos repousam nas gavetas das delegacias, sem solução. Triste quadro, sobretudo quando a população mais precisa de uma ação efetiva no combate à criminalidade.

Aposta

A Assembleia Legislativa, pelo menos na opinião da maioria dos deputados, aposta na eleição de Davi Davino Filho. Esforço é o que não falta das principais lideranças da Casa de Tavares Bastos, a exemplo do presidente Marcelo Victor.

Nas grotas

A hora, agora, é receber as respostas das grotas. Depois de construir dezenas de escadarias nos morros da periferia da cidade para melhor o acesso de seus moradores, o governador Renan e seus candidatos voltam às grotas, desta vez para cobrar, sutilmente, o voto da população.

Indiferença

Enquanto o diretório regional do MDB briga na Justiça para que Luciano Barbosa tenha sua candidatura indeferida, o candidato aperta o acelerador e amplia sua aliança política. Há quem aposte que Luciano ganha a eleição, embora outros candidatos também tenham figurado bem nas pesquisas de opinião.

Esperança

Com mais tempo na televisão e com programas que começam a melhorar, Davi Davino tem a esperança de dividir a liderança com os candidatos JHC e Alfredo Gaspar os quais, segundo pesquisas registradas no Tribunal Regional Eleitoral, estão na linha de frente.

Em baixa

Cada vez maior saúde.

Nitroglicerina

O candidato do PMN, Corintho Campelo, parece mesmo que está com vontade de iniciar uma boa briga com seus adversários e gestores públicos. Na sabatina promovida pela TV Mar, na terça-feira, ele criticou as administrações, denunciou recebimento de propinas e disse ainda que vai acabar com tudo isso que está acontecendo em

A mágoa do vice-governador e de seus aliados com a família Calheiros é cada vez maior. O rompimento político naquela importante região do Agreste certamente terá reflexos bombásticos nas eleições de 2022.

Dúvida

Depois do impasse com o vice-governador Luciano Barbosa, aliados de Renan Filho admitem que agora não é tão certa sua candidatura para o Senado em 2022. Se Luciano for eleito prefeito de Arapiraca e se Renan Filho se desincompatibilizar para sair candidato, terá que entregar o governo nas mãos do presidente da Assembleia Legislativa,


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ELEIÇÕES 2020

Disputa em Jequiá da Praia reúne milionário e ré na Justiça Federal Jeannyne Beltrão, que tenta a reeleição, responde a quatro processos BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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ssim como as eleições municipais de Maceió, o município de Jequiá da Praia, a 62 km da capital também reúne algumas peculiaridades entre os candidatos que disputam o pleito este ano, incluindo milionários e réus na Justiça Federal, como é o caso de Felipe Jatobá (PP), que declarou bens no valor de R$ 1.788.854,71 e a atual prefeita Jeannyne Beltrão (Republicanos) que atualmente responde a quatro processos na Justiça Federal e tenta a reeleição. As ações contra a gestora foram ajuizadas pelo Ministério Público Federal (MPF) por meio do Núcleo de Combate à Corrupção em Alagoas após a Operação Suseranos, da Polícia Federal realizada em 2012 e podem ser conferidas nas próprias certidões criminais presentes no portal DivulgaCand, do Tribunal Superior Eleitoral, no qual os candidatos são obrigados a prestar contas. Além de Jeannyne, seu irmão, o deputado federal Marx Beltrão e outras 27 pessoas são considerados réus por improbidade administrativa nos processos de número

0811413-61.2017.4.05.8000, 0811284-56.2017.4.05.8000, 0811368-57.2017.4.05.8000 e em uma ação penal de número 0808999-22.2019.4.05.8000. A primeira e a terceira ação, que bloquearam os bens do deputado federal e de sua irmã, em decisão assinada pelo juiz federal Frederico Wildson da Silva Dantas em suas últimas movimentações no mês passado, se encontram atualmente na fase postulatória, tendo o autor oferecido réplica às alegações dos acusados. Todas as ações possuem relação com a operação desencadeada pela Polícia Federal por suspeitas de um rombo de mais de R$ 40 milhões aos cofres públicos. Ambos são suspeitos de gerir um esquema de fraudes em licitações, má administração de recursos públicos federais da educação, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva, ocorridas no município de Coruripe, durante os anos de 2011 e 2012, quando Jeannyne era secretária municipal de Educação e seu irmão era o prefeito. Neste último processo, a atual gestora - que se identifica nas redes sociais como a prefeita da Educação, Saúde e das mulheres- e os outros réus são acusados de ilicitudes também relacionadas a

ocorrência de direcionamentos em licitações e desvios de recursos públicos federais no Município de Coruripe, “(...) tendo a presente demanda por objeto a falta de comprovação de despesas realizadas com recursos do FUNDEB, correspondentes a mais de 10 milhões”, diz o MPF. Nessa, a Justiça também determinou a indisponibilidade dos bens. A ação encontrase na fase de apresentação de resposta a acusação dos réus. De acordo com o MPF, foram encontradas provas que apontaram para o envolvimento de toda a cúpu-

A AÇÃO PEDE AINDA A CONDENAÇÃO DOS DEMANDADOS AO PAGAMENTO DE CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, BEM COMO DEMAIS ÔNUS PROCESSUAIS, A SEREM DEPOSITADOS NO FUNDO FEDERAL. O PROCESSO ENCONTRASE ATUALMENTE NA FASE DE CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS CAUTELARES DE INDISPONIBILIDADE DOS BENS DETERMINADA POR DECISÃO JUDICIAL.

Jeannyne busca se reeleger com apoio do irmão, Marx Beltrão la da gestão municipal num esquema de montagem de processos licitatórios envolvendo recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e do Programa Nacional de Transporte Escolar (PNATE). A ação penal, de número 0808999-22.2019.4.05.8000, em tramitação na 1ª Vara Federal, encontra-se na fase de apresentação de resposta a acusação dos réus, nos termos do art. 396-A do Código de Processo Penal. Outra ação movida pelo MPF em face de Jeannyne Beltrão e outros também por improbidade administrativa tem por objeto a obtenção de provimento jurisdicional

para condenar e decretar a dissolução compulsória das empresas Santos & Leoriano Ltda. - ME e Santos & Gama - ME, supostamente usadas nas fraudes de licitações. A ação pede ainda a condenação dos demandados ao pagamento de custas e honorários advocatícios, bem como demais ônus processuais, a serem depositados no Fundo Federal. O processo encontra-se atualmente na fase de cumprimento das medidas cautelares de indisponibilidade dos bens determinada por decisão judicial. O EXTRA procurou a assessoria de comunicação Jeannyne Beltrão e do deputado Marx Beltrão para darem suas versões sobre os fatos, mas os mesmos não responderam aos questionamentos até o fechamento desta edição.


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DELMIRO GOUVEIA

TJ inicia julgamento de prefeito acusado de chefiar quadrilha JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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Pleno do Tribunal de Justiça (TJ-AL) iniciou na terça-feira, 20, a análise da denúncia do Ministério Público do Estado (MPE) contra o prefeito de Delmiro Gouveia e candidato à reeleição Eraldo Joaquim Cordeiro, conhecido como Padre Eraldo (PSD). Ele e mais 71 pessoas - entre secretários municipais, servidores públicos, vereadores e empresários - fariam parte de organização criminosa que teria fraudado processos administrativos de pagamento em favor das empresas Avante Locação de Veículos e Serviços Ltda e LA Major Distribuidora. Ambas estão relacionadas à prestação de serviços de locação de veículos de grande, médio e pequeno porte. Também faria parte dos negócios da empresa a locação de máquinas pesadas e transporte escolar, contratações que foram realizadas por meio de dispensa de licitação. Conforme balanço do MP, o esquema teria causado um rombo ao erário de R$ 4.681.117,40 apenas no ano de 2017. Desta quantia, R$ 2.917.149,00 saíram dos cofres do próprio município, o restante do dinheiro - R$ 1.764.028,40 - foi proveniente de recursos encaminhados pelo governo federal. A ação, que tem como relator o desembargador Washington Luiz Damasceno de Freitas, deverá voltar ao Pleno nas

NUNCA SUJEI MINHAS MÃOS COM DINHEIRO PÚBLICO. ESSAS DENÚNCIAS SÃO FABRICADAS E EU ESPERO SER JULGADO PORQUE SOU INOCENTE” PADRE ERALDO prefeito de Delmiro Gouveia

MP afirma que Padre Eraldo teria dado prejuízo de R$ 4,6 milhões próximas sessões, isso porque o também desembargador Domingos de Araújo Lima Neto solicitou pedido de vista do processo, ou seja, um prazo a mais para examinar melhor as denúncias contra o prefeito. O esquema teria iniciado após o então secretário municipal de Administração, o denunciado João Ygo da Costa Araújo, solicitar a contratação de empresa especializada em locação de veículos em caráter emergencial para suprir as demandas de outras pastas da Prefeitura de Delmiro Gouveia, como a Secretaria Municipal de Agricultura, sob responsabilidade de Estevão Firmo Soares; Secretaria Municipal de Infraestrutura, Urbanismo,

Transporte e Habitação, de Pedro Evangelista de Souza; e Secretaria de Governo, de Sílvio Clécio Martins Rocha. Também foram denunciados a secretária adjunta de Turismo, Cultura e Esporte, Elizabeth Monteiro Nunes Bezerra, a secretária de Assistência Social, Maria de Lourdes Oliveira da Silva, o secretário de Educação, Fabrício Bitencourt Dias, e o secretário de Saúde, João Gomes Silveira. Ainda segundo a denúncia, a condução das fraudes de todo o processo administrativo foi realizada pelo diretor do Departamento de Compras Jandson Patrick da Silva e pela presidente da Comissão Permanente de Licitação Ana Lígia da Silva Gomes. Ambos eram

os responsáveis pelas análises de propostas das empresas e pela declaração de vencedoras das empresas selecionadas, uma vez que seria evidente a falsificação na cotação de preços. Auditoria do Ministério Público também apurou que as empresas contratadas pela Prefeitura de Delmiro Gouveia seriam apenas de fachada e não teriam capacidade técnica-operacional e muito menos estrutura para prestar os serviços acordados com o Executivo do município. A “necessidade” de contratação de veículos seria outra farsa. Foi apurado pelo MP que na ocasião a prefeitura possuía frota de veículos que foi declarada no Portal da Transparência. E como as empresas contratadas no esquema não tinham veículos para ofertar ao Mu-

Padre Eraldo teria orquestrado desvio de dinheiro público com fraude em licitações nicípio tiveram que alugar de moradores da região e de servidores públicos. Até parentes do prefeito e de secretários seriam beneficiados, como é caso da irmã de Padre Eraldo, Ana Maria da Conceição, que teria recebido da Avante a quantia de R$ 6.000. A empresa também teria distribuído dinheiro para vereadores, como Francisco de Assis Pereira de Sá e Fabíola Marques de Lima por meio de assessores parlamentares ou parentes. Entre os crimes atribuídos à suposta quadrilha estão fraude em licitação, falsidade ideológica majorada, peculato e furto. Padre Eraldo, por exemplo, segundo contabilidade do Ministério Público, teria cometido 49 vezes o crime de responsabilidade. No ano passado, o prefeito se livrou da prisão preventiva solicitada pelo MP. Além de discordar do pedido de prisão, o desembargador Washington Luiz negou o pedido de afastamento do gestor, mas determinou o cumprimento, pelo prefeito, de quatro medidas cautelares: não manter contato com outros supostos participantes da quadrilha; se apresentar à Justiça mensalmente; não sair do país sem autorização; e, entregar seu passaporte às autoridades. À imprensa, o prefeito de Delmiro Gouveia afirmou: “Nunca sujei minhas mãos com dinheiro público. Essas denúncias são fabricadas e eu espero ser julgado porque sou inocente”.


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PASSO DE CAMARAGIBE

Protesto de servidores por salários bloqueou o tráfego de veículos na AL-101 Norte

Servidores temem calote salarial por questões políticas Categoria fechou AL-101 Norte na última quarta-feira e teve promessa de receber hoje DA REDAÇÃO

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uncionários contratados, aposentados e pensionistas da Prefeitura de Passo de Camaragibe, no litoral Norte de Alagoas, estão sem salários. A situação é inusitada para a categoria, que teme um calote por interesses políticos. O município passou às mãos de novo gestor no dia 30 de setembro. O vice-prefeito Ricardo Leocádio Teixeira Nogueira,

que havia rompido o relacionamento político com a então prefeita Edvânia Farias Rocha Ugá Câmara, a Vânia do Passo (PTB), assumiu o cargo. Aos servidores, secretários do novo prefeito disseram que o problema no pagamento é burocracia bancária e será resolvido. Mas a categoria afirma que está passando “por apertos” para sobreviver sem o salário. A folha atrasada é do mês de

setembro e envolve 301 pensionistas e 700 servidores contratados. “Queremos que o prefeito se comprometa com a categoria. Tem muita gente passando necessidade porque o salário do município é a única fonte de renda. Idosos sem poder comprar medicamentos de uso contínuo e nem alimentação por causa desse atraso” informa um funcionário, sem se identificar, por temer represálias. Na quarta-feira, 21, os servidores fizeram um protesto para chamar a atenção do poder público e forçar uma negociação com a pre-

Prefeito Ricardo Nogueira com a ex-prefeita Vânia do Passo feitura. Eles bloquearam o acesso da cidade na AL-101 Norte durante parte da manhã, provocando transtornos no trânsito. Aos gritos, pediam a liberação dos salários. Segundo outro servidor, a prefeitura não pagou, mas liberou os contracheques, o que configura uma falta administrativa. “Chegaram a prometer o pagamento para o último dia 10, mas isso não foi cumprido”. No início da tarde de ontem, o movimento recebeu mensagem de Ricardo Nogueira garantindo que os salários estariam disponíveis hoje (sexta-feira). Além de denunciarem o atraso no pagamento da

folha, os servidores municipais denunciam outra situação inusitada. Segundo eles, o prefeito estava como vice na chapa encabeçada por sua ex-concorrente Márcia Coutinho (MDB), que é novamente candidata na eleição municipal de 2020. Márcia está com a campanha nas ruas de Passo de Camaragibe mesmo tendo seus direitos políticos suspensos pela Justiça de Alagoas, após ser condenada por improbidade administrativa no mês passado. Os servidores comentam que o troca-troca de apoio político praticado por Ricardo Nogueira é um fator de descrédito para a gestão.


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SAÚDE

Unidade oncológica da Santa Casa de Maceió recebe Sino da Esperança N

este Outubro Rosa, a Santa Casa de Maceió e a Rede Feminina de Combate ao Câncer inauguraram, na quarta-feira (14), o terceiro Sino da Esperança em Alagoas. O instrumento celebra as etapas vencidas no tratamento contra a doença e foi instalado no Centro de Oncologia e Hematologia Lourival Nunes da Costa. “A cada ano a Santa Casa de Maceió se empenha mais e mais para dar o melhor suporte aos pacientes que buscam combater vários tipos de câncer. No momento em que a sociedade tem sua atenção voltada para o Outubro Rosa, e se conscientiza sobre a necessidade da prevenção do câncer de mama, ficamos felizes em receber mais um Sino da Esperança. Ele traz não apenas esperança a quem está em tratamento, mas também reforça o bom trabalho que é realizado aqui”, destacou o superintendente de Engenharia e Infraestrutura, Carlos André de Mendonça Melo. A instalação dos sinos é uma iniciativa da Rede Feminina de Combate ao Câncer. O primeiro foi instalado na Casa de Apoio Lenita Quintella Vilela. O segundo foi inaugurado na Pediatria Oncológica da Santa Casa Farol para apoiar os pacientes mirins atendidos na unidade.

“Queremos levar esperanças para os pacientes que estão concluindo uma fase ou concluído totalmente seu tratamento oncológico. O paciente toca o sino, levando esperanças para os demais pacientes em tratamentos”, disse a presidente da Rede Feminina, Maria Helena Lessa. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) aponta que para cada ano do triênio 2020-2022 ocorrerão 625 mil casos novos de câncer (450 mil, excluindo os casos de câncer de pele não melanoma) no Brasil. O câncer de pele não melanoma será o mais incidente (177 mil), seguido pelos cânceres de mama e próstata (66 mil cada), cólon e reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil). OUTUBRO ROSA Movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama, o Outubro Rosa foi criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. No Brasil, a comemoração foi instituída pela Lei nº 13.733/2018. O objetivo da campanha é compartilhar informações sobre a doença e, mais recentemente, sobre o câncer do colo do útero, promovendo a conscientização, proporcionando maior acesso aos serviços de diagnóstico e contribuindo para a redução da mortalidade.

Maria Helena Lessa, presidente da Rede Feminina, e o superintendente de Engenharia e Infraestrutura da Santa Casa de Maceió, Carlos André de Mendonça Melo


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BAIRROS AFUNDANDO

Interdição do cemitério de Bebedouro revolta moradores Protesto marcado para a próxima segunda-feira vai cobrar agilidade nas indenizações para todas as regiões DA REDAÇÃO

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interdição do Cemitério Santo Antônio, no bairro de Bebedouro, publicada no Diário Oficial do Município de segunda-feira (19) é mais um grande tapa na cara de milhares de moradores e empreendedores que vêm suas casas e estabelecimentos afundarem pela predatória extração de sal-gema realizada pela Braskem”. A declaração é de Israel Lessa, integrante do movimento Luto por Bebedouro. Segundo ele, a simples ação de interditar um cemitério, administrado pela prefeitura, em nada contribui para a urgente indenização de todos os afetados dos bairros de Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto. “Limita-se a desrespeitar, ainda mais, aqueles que possuem seus familiares ali enterrados”, complementa. Neirevane Nunes, moradora de Bebedouro, desabafa: “Se eles não dão apoio aos vivos, imagina aos mortos. Temos o jazigo da nossa família desde 1964. Meu avô foi o primeiro a ser sepultado, depois minha avó e mais dois primos também. Nessa situação de destruição total, a gente exige o mínimo de respeito à memória de nossos entes queridos”. A luta por dignidade e indenizações é antiga. Israel Lessa esclarece que “as famílias querem respeito pelos mortos, querem um local para os seus entes queridos, além das necessárias indenizações. Há mais de três meses foram encaminhados diversos ofícios para a Prefeitura de Maceió, Defesa Civil e Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável, órgão que administra o cemitério de Bebedouro a fim de que fossem adotadas as medidas cabíveis, visando minimizar o sofrimento dessas famílias. Infelizmente, a única reposta foi a omissão”. Além dos familiares dos mortos do

Afundamento do solo provocado pela mineração está provocando fissuras em jazigos do cemitério, um dos mais antigos de Maceió Cemitério Santo Antônio, centenas de empresas também estão sendo afetadas, embora resistam em continuar vivas. É o caso de Gilberto Martins, dono do Super Pilar, tradicional supermercado do bairro do Pinheiro: “Hoje eu vendo menos que 30% do que vendia. Cheguei a ter mais de 50 empregados, mantenho apenas 9. Os acordos não atendem as pessoas jurídicas. Os empresários deveriam ter sido ouvidos. Não sei o que vou fazer. Aqui sempre foi meu sustento”. Moradores e empresários do bairro afirmam que, ao que parece, tamanho sofrimento não comove a Prefeitura, a

Câmara de Vereadores e boa parte dos candidatos ao pleito de novembro que, simplesmente, omitem de seu discurso o nome da empresa responsável por tamanho sofrimento. “Preferem tratar de temas bem menos espinhosos e que não enfrentam grandes interesses econômicos, como pintura de vias públicas, instalação de equipamentos de musculação em praças e outras amenidades”, criticam. Israel Lessa destaca que todas as conquistas alcançadas até agora, só foram concretizadas graças às mobilizações, petições, matérias, vídeos e todo o trabalho

com moradores e empreendedores da região. “Nossas petições e o laudo técnico elaborado por um engenheiro a nosso pedido foram fundamentais para a recente inclusão de 2.200 imóveis do bairro de Bebedouro no Mapa de Setorização. É uma luta contra um gigante. Há muito trabalho a fazer. Dia 26 de outubro faremos uma grande manifestação na Praça Lucena Maranhão reivindicando a conclusão dos estudos e a inclusão do Flexal de Baixo e de Cima no mapa de risco crítico, bem como agilidade nas indenizações em todas as regiões afetadas”, frisa.


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MASSA FALIDA

Usina Coruripe e prefeito são acusados de invasão de terras

Omissão de Lindoso como administrador judicial teria gerado prejuízo de R$ 219,6 milhões

DA REDAÇÃO

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novela Massa Falida da Laginha não para de surpreender. A cada capítulo uma nova revelação sobre o jogo de interesses em meio ao processo falimentar bilionário. Desta vez, a novidade envolve o nome do prefeito de Coruripe, Joaquim Beltrão, também representante do Comitê de Credores (quirografários) no processo falimentar. Ele estaria por trás das invasões de terras da Usina Guaxuma, localizada no município. Na quarta-feira, 21, o escritório de Advocacia Flávio Moura Sociedade de Advogados (FMSA) denunciou o caso ao juiz da 1ª Vara Cível da Comarca de Coruripe pedindo providências urgentes. “Chegou ao conhecimento do falido que diversas terras da Usina Guaxuma encontramse invadidas e, sendo supostamente exploradas pela Usina Coruripe que, segundo apurado, vem realizando atividades produtivas no cultivo e moagem de cana-de-açúcar nas terras sem qualquer autorização que se tenha conhecimento ou, contrapartida em prol dos interesses da massa falida”, denunciou ao magistrado. Conforme o escritório de advocacia, tal situação é resultado “da inércia do administrador judicial provisoriamente afastado” se referindo ao advogado pernambucano José Luiz Lindoso. A invasão teria sido constatada após diligências na região, flagrada por meio de uma análise de campo em tempo real via drone resultando em vídeos com fortes indícios de que as terras da Guaxuma estão sendo exploradas pela Usina Coruripe sem qualquer resistência há muito tempo. Fotos e prints de vídeos, bem como a denúncia, também foram oficializados em cartório. Ainda conforme petição en-

Joaquim Beltrão estaria faturando com cana plantada em terras da Guaxuma, por ele invadidas sem que Lindoso tomasse providências caminhada pelos falidos à Justiça, “há indícios que a Usina Coruripe é a invasora das terras, utilizando-as como se de sua propriedade fossem, tendo montado realmente uma estrutura física de explorador contumaz, haja vista a presença de caminhões para transporte de cana-de-açúcar, tratores, colheitadeiras e mão de obra contratada especificamente para esta finalidade”. E ressalta: “a Usina Coruripe tinha ciência que as áreas citadas e por ela supostamente invadidas, são de propriedade da Massa Falida, tratando-se de ponto absolutamente inescusável”. Outro ponto levantado como prova é uma proposta de arrendamento de terras feita pela denunciada na qual teria total conhecimento que as áreas invadidas seriam de propriedade da massa falida. “Se já não fosse suficiente a inteira ciência da Usina Coruripe acerca da propriedade das terras invadidas, é de se estranhar que vislumbre-se na aludida proposta de arrendamento que

exatamente as áreas correspondentes as fazendas ora invadidas (Fazenda São José e Fazenda Forges) são as que seriam destinadas à Usina Coruripe em sua quota parte na divisão entre os demais arrendatários”, acrescentou. Caso comprovado, a Usina Coruripe teria praticado “crime falimentar tipificado como Desvio, Ocultação ou Apropriação de Bens e, Aquisição, Recebimento ou Uso Ilegal de Bens”. Sobre o prefeito Joaquim Beltrão, a denúncia destaca que a suposta conduta de “quem o falido alegou estar produzindo indevidamente nas fazendas da massa falida, deve ser apurada”. “Não só pelos documentos trazidos pelo falido, mas também pelas diligências empreendidas nos autos do Inquérito Civil nº 002/2020, autuado na 2ª Promotoria de Justiça de Coruripe, com o objetivo de identificar o autor do desmatamento da área de preservação permanente conhecida como “Ladeira dos Forges” e adotar as medidas cabíveis para a reparação do dano

ambiental”, frisa o documento. E não é a primeira vez que o nome de Joaquim Beltrão aparece envolvido em invasões de terra. “Do que se colhe no próprio parecer do Ministério Público de Alagoas, Joaquim Beltrão já é investigado por outras invasões ao patrimônio da Massa Falida na cidade de Coruripe, ficando claro também que a conduta de supostamente utilizar veículos e máquinas da prefeitura também já fora denunciada, ato que possivelmente, vem se repetindo agora em face da terras da massa falida e, em ato coletivo/cooperado com a suposta invasora Usina Coruripe”. PEDIDOS A denúncia apresentada pelo escritório Flávio Moura Sociedade de Advogados pede a intimação do novo administrador judicial para tomar ciência dos fatos narrados a fim de reaver o prejuízo, de no mínimo R$ 219,6 milhões, considerando que em 2014 havia cana-de-açúcar plantada e avaliada em R$ 36,6 milhões. Requer que a Usina Coruripe

seja intimada a se manifestar quanto aos indícios de invasão de terras; que Joaquim Beltrão, prefeito e representante de credores se pronuncie sobre o caso; e que o ex-administrador judicial José Luiz Lindoso explique por qual razão “fora permitida a exploração indiscriminada e sem qualquer autorização – que se tenha notícia – das terras da Usina Guaxuma pela Usina Coruripe”. Todas as denúncias, ainda conforme pedido do falido, devem ser investigadas pelo Ministério Público. No julgamento do pedido de destituição de José Lindoso, apresentado pelo falido e sua curadora, os juízes que atuam no processo falimentar - Marcella Waleska Costa Pontes Garcia, Phillippe Melo Alcântara Falcão, Bruno Araújo Massoud e Filipe Ferreira Munguba - afirmam que o ex -administrador judicial, durante sua atuação, protocolou 41 pedidos de ações possessórias contra invasões de terras que compõem a Massa Falida da Laginha.


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MASSA FALIDA

Justiça nomeia terceiro administrador em um mês

Precatório de quase R$ 700 milhões acirra disputa entre falido, herdeiros, credores e até no Judiciário

VERA ALVES Especial para o EXTRA

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comissão de magistrados que integra o juízo falimentar da Laginha decidiu esta semana nomear um novo administrador judicial. Trata-se do escritório paulista Laspro Consultores Ltda que tem à frente o advogado Oreste Nestor de Souza Laspro. Na decisão, datada da terça, 20, os juízes Bruno Araújo Massoud, Filipe Ferreira Munguba, Marcella Waleska Costa Pontes Garcia e Phillippe Melo Alcântara Falcão deixam evidente que a troca da administração judicial por profissionais de outro estado visa evitar as ingerências que nos últimos meses atravancaram o processo de falência das antigas empresas do Grupo João Lyra. Oreste Laspro é o terceiro administrador judicial da Massa Falida da Laginha em um mês. Até 15 de setembro último, o advogado pernambucano José Lindoso da Silva era quem estava conduzindo todo o processo de venda de ativos, pagamento de credores e gestão dos bens que ainda restam do antigo patrimônio bilionário do ex-deputado federal João Lyra. Foi, contudo, afastado provisoriamente pelo desembargador Klever Loureiro Rêgo a pedido da filha de JL, Maria de Lourdes Pereira de Lyra, curadora do falido usineiro cuja senilidade é patente. Na mesma decisão em que afastou Lindoso, o desembargador nomeou outro administrador judicial, o advogado alagoano Julius César Lopes de Vasconcelos Santos, cujas ligações pessoais com a família dos herdeiros de JL renderam críticas de advogados e credores, a ponto de levarem o caso ao Conselho Nacional de Justiça

Oreste Laspro vai administrar processo de falência do antigo Grupo JL que tem mais de 19 mil credores (CNJ), colocando sob suspeição as decisões de Loureiro no que se refere à Massa Falida. A destituição de Lindoso havia sido pedida por Lourdinha inicialmente ao próprio juízo falimentar, mas com a demora no julgamento – que só teve seu desfecho na última segunda, 19 – ela decidiu recorrer ao Tribunal de Justiça e obteve a liminar favorável do desembargador Klever Loureiro. Foi com ele também que a filha de JL conseguiu a anulação dos leilões das duas usinas de Minas Gerais, a Triálcool e a Vale do Paranaíba, isto mais de um ano após as vendas e de parte do dinheiro arrecadado ter sido utilizado no pagamento de credores trabalhistas. O emaranhado de decisões conflitantes no processo falimentar e acusações de ambas as partes se acirrou desde no-

vembro do ano passado quando o próprio Lindoso tornou público o desfecho da Ação 4870, um precatório milionário de quase R$ 700 milhões que inclusive já foi liberado e está em uma conta judicial. A ação é referente a indenização devida pelo extinto Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) pelo pagamento a menor dos produtos derivados da cana-de-açúcar na década de 1980, contrariando três artigos da Lei 4870/65. Outras divergências pontuam as decisões do Judiciário estadual. Na mesma liminar em que afastou Lindoso, o desembargador Klever Loureiro reduziu de 3,5% para 1% a comissão do administrador judicial com a venda de ativos (bens da Massa Falida). Na terça, contudo, o juízo falimentar restabeleceu o percentual de 3,5%, sob o argumento de

tratar-se de um dos maiores processos falimentares do país, com 19.373 credores (de acordo com a lista mais recente, de agosto último) e cuja complexidade justifica o percentual, estando de acordo com a Lei 11.101/05, a Lei de Falência e Recuperação Judicial, que estipula como teto o percentual de 5%. Questionados sobre o assunto pelo EXTRA, os magistrados que integram o juízo falimentar afirmaram que, “com o julgamento do mérito do pedido de destituição da ex-administradora judicial da massa falida da Laginha Agroindustrial S.A., Lindoso e Araújo Consultoria Empresarial LTDA, operou-se a perda do objeto da decisão proferida em segundo grau, em todos os seus termos. Diante disso, a comissão de juízes não viu razão para tratar de forma diferente o novo administrador, de modo

que seu percentual de remuneração não foi aumentado nem diminuído, aplicando o que se entendeu adequado em decisões anteriores. Importante ressaltar que a remuneração final é calculada tendo como parâmetro os ativos realizados por cada administrador, dos quais será descontada, ao final, a remuneração mensal que foi adiantada”. A remuneração mensal citada pelos magistrados é o valor de R$ 50 mil que desde 2015 é paga ao administrador judicial, sendo que o gestor anterior a Lindoso também recebia mais R$ 50 mil a cada seis meses. A substituição de Lindoso – que assumiu a administração judicial em 7 de março de 2017–, foi justificada pelos magistrados pela necessidade de se manter a segurança jurídica do processo falimentar. Eles tecem, inclusive, elogios à atuação dele e destacam que sob sua gestão foram realizados seis leilões de ativos, além da venda da concessionária Mapel e da bandeira Volkswagen e pagos R$ 235.502,63 a 17.381 credores trabalhistas (90% do total devido). “Este Juízo comunga do entendimento de que o desgaste ocorrido com a troca dos auxiliares e a manutenção do atual Administrador podem culminar em entraves para a alienação de bens e gerar prejuízo à coletividade de credores. Repise-se, quanto a este ponto, que a postura adotada por esta comissão de Magistrados e consubstanciada na presente decisão, não deriva da quebra de confiança e não possui qualquer caráter punitivo, sendo fundamentada exclusivamente em critérios de segurança jurídica, transparência e planejamento da gestão falimentar”, frisam.


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O milagre da multiplicação dos 5%

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ELIAS FRAGOSO n Economista

mundo evoluiu, o digital já está presente na vida de todos, a inteligência artificial e as tecnologias 4.0 são uma realidade transformadora, mas na política, e em especial, nas campanhas eleitorais, os políticos, a maior parte incapaz de passar num concurso para ajudante de almoxarifado, continuam a praticar aquele mesmo velho jogo de engana bobo, como se o eleitorado fosse um amontoado de idiotizados a seu dispor para eles alugarem os ouvidos e tempo com suas propostas imbecis e – elas, sim – idiotas e de baixíssimo nível. Num conluio candidatos-marqueteiros pagos a peso de ouro –

mas que “formatam” os candidatos da pior forma possível – insistem em engabelar o cidadão incauto e pessoas analfabetas ou semianalfabetas com histórias da carochinha. Veja-se o caso de Maceió. A Bíblia relata em quatro evangelhos (Mateus 14:13-21, Marcos 6:31-44, Lucas 9:10-17 e João 6:5-15), o milagre da multiplicação de 5 pães e 2 peixes realizado por Jesus para alimentar uma multidão de 5 mil pessoas, tendo ainda sobrado 12 cestos cheios de alimentos. Um prodígio digno do filho de Deus. Na campanha para prefeito de Maceió, os principais candidatos a alcaide parecem querer replicar o fenômeno do Cristo, transformando “milagrosamente” os 5% previstos para investimentos no Orçamento da Prefeitura para 2021 (os 95% restantes já estão comprometidos com a “burrocracia”), numa miríade de propostas “marquetadas” em grande parte inexequíveis, feitas pra “inglês ver”. A cidade sorriso (desdentada), sofrida, pobre e sempre na rabeira dos rankings de desenvolvimento

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(segundo o Índice de Desenvolvimento Municipal/2018 da Federação da Indústria do Rio de Janeiro, é a antepenúltima colocada das capitais do país). Mas pelo que se depreende das promessas dos candidatos, Maceió, magicamente, vai se transformar no lugar dos sonhos para se viver e trabalhar (sic) após a eleição. Não vai. Muito ao contrário, temos alertado que a brutal crise que já afeta o país incidirá ainda mais ainda mais nos estados e cidades mais pobres. E pior, nenhum deles informa ao eleitor que a Prefeitura de Maceió está literalmente quebrada há muitos anos e nada vai mudar no curto prazo de 4 anos, seja quem for o eleito. Além da brutal crise econômica que nos aguarda, a atual – e inoperante – gestão aprofundou o problema ao endividar a Prefeitura em mais de US$ 100 milhões (mesmo com parecer contrário do Tesouro Nacional que classificou Maceió com a mais baixa nota do seu ranking). Empréstimo que

logo, logo, terá que começar a ser amortizado... Some-se a isso o completo esfacelamento dos quadros técnicos do município, com poucos, raros profissionais com experiência, conhecimento e visão dos problemas da cidade, e temos outro sério problema: a insuficiência de pessoas qualificadas para ajudar na condução adequada do dia a dia da administração. E isso é apenas a ponta do iceberg. Como não acreditamos em mágicas, nem em salvadores da pátria, nas próximas 3 edições vamos enumerar aqui os mais graves problemas da cidade e, na medida do possível, cotejar as propostas dos candidatos para minimizá-los. Quem sabe eles não se despem dos personagens criados pelos marqueteiros e assumem o papel que todos esperam pelo bem da cidade? O atual baixo entusiasmo do eleitor às suas “propostas” e a projetada alta abstenção sugerem mudanças, mais comprometimento e respeito dos candidatos aos eleitores.

corre-corre foi geral. Não sabiam porque tal atitude, até que resolvi dizer que tinha engolido meu estimado brinquedinho. Daí em diante fiquei à espera de sua saída, que se deu quando ouvi um tilintar diferente na bacia sanitária. Fiz questão de resgatá-lo e guardar por muitos anos, símbolo de uma das minhas traquinagens. Agora, vendo reportagens sobre a China e determinado inseto, lembrei de outra peripécia daquele garoto, agora já um pouco mais crescido. Nos fundos de nossa casa tinha um campinho onde, com os amigos da rua, jogava uma bolinha. Pois bem, o rachinha era puxado, exigindo muito esforço, apesar das diminutas dimensões do campo. Ao terminar, a sede era braba e, enquanto a turma saía, eu subia pela escada dos fundos que dava diretamente na copa-cozinha e ia sedento pro-

curar um copo que, por mais que minha mãe reclamasse não ser para o uso diário, era sempre meu preferido. Abria a porta do armário e na ponta dos pés pegava o objeto proibido. Já estava com a garrafa d’água na outra mão e ia colocando o líquido diretamente com o copo na boca. De chofre, senti que algo estranho desceu pela garganta. Com a experiência no recôndito do cérebro, olhei para o copo, e o que vejo? Uma outra pequena barata que conseguiu livrar-se de ser engolida. Desta feita não gritei morri, mas, com muita zoada pelo escândalo que dava, colocava o dedo na goela tentando regurgitar aquela intrusa. Sem êxito no intento, restaram-me os insuportáveis arrotos com aquele mau cheiro e a certeza de que não iria esperar sua saída como a da esferinha de aço, mas ficando a lembrança de duas marcantes desobediências.

Como não acreditamos em mágicas, nem em salvadores da pátria, nas próximas 3 edições vamos enumerar aqui os mais graves problemas da cidade e, na medida do possível, cotejar as propostas dos candidatos para minimizá-los.

Marcantes desobediências

JOSÉ MAURÌCIO BRÊDA n Economista

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e vez em quando me vêm à memória coisas acontecidas na nossa casa da Rua do Macena, hoje Cincinato Pinto. Dois fatos intrigantes que só poderiam acontecer pela falta de amadurecimento, característico da tenra idade. Ainda bem garoto, talvez com meus cinco anos, peguei a mania de estar sempre com uma pequena esfera de aço na boca. Era

uma válvula usada no conta-gotas das garrafas de bebidas destiladas. Quem sabe eu já não sentia algum resquício do uísque? E todos os dias a mesma coisa. Quando saía para brincar, lá ia a bolinha na minha boca. Lógico que não faltaram conselhos os mais diversos, de ameaças a simples engasgos, até a mais grave possibilidade desse objeto alojar-se no pulmão. E todos diziam: “Cuidado com esse negócio, se engolir, você pode até morrer”. E entrava por um ouvido, saindo pelo outro. E lá ia eu todos os dias, correndo pelo grande quintal da casa, alegre e contente, mas sempre com a bolinha na boca, até que um dia, sem que pudesse imaginar, as ameaças se concretizaram. Após uma corrida, cansado, respirei profundo, e a esferinha de aço sumiu laringe adentro. Não tive outro pensamento na hora. Gritei bem alto: “Morri”. E estatelei-me no chão. Agora dá para rir, mas o

Ainda bem garoto, talvez com meus cinco anos, peguei a mania de estar sempre com uma pequena esfera de aço na boca. Era uma válvula usada no conta-gotas das garrafas de bebidas destiladas.


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A velhinha das Alagoas

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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ão muitos anos de luta por melhores dias; onde todos defendem a democracia, nem sempre os cidadãos têm seus mínimos direitos respeitados. Em 1941, no bairro de Jaraguá, nascia um bebê loirinho, peladinho, filha de um casal de classe média. O pai, alfaiate, filho de famoso poeta penedense, e a mãe uma bela dona de casa, criaram oito filhos. Os mais velhos estudaram em colégios públicos e todos foram educados aprendendo as regras básicas do bom viver. Com dezoito anos, a mocinha foi trabalhar num ambiente político e co-

meçou a ver exemplos negativos de agir com a coisa pública. Maneiras erradas de ingresso no serviço público do Legislativo, concursos organizados ilegalmente, chegando ao ponto de se entregar provas prontas aos candidatos da Casa. Aprendeu então a menina a defender-se das injustiças, falando e procurando desatar os nós que apareciam. Naquele tempo, 1959, o servidor público não tinha direito de se organizar em sindicatos, mas a jovem servidora procurava caminhos legais para defender e lutar pela categoria. Os dirigentes da época se achavam no direito de manipular as leis e colocavam famílias inteiras no quadro de pessoal da Casa de Tavares Bastos. Chegaram ao cúmulo de enxertar na folha de pagamento filhas de menor idade. Eis que surge uma luz no fim do túnel. A Constituição de 1989 concede aos servidores públicos o direito de fundar seus sindicatos. Aí então, a pobre menina, esclarecida, teve o direito de reclamar judicialmente seus direitos adquiridos. Foram muitas disputas, algumas vitórias, várias derrotas, mas o grito saía da garganta contra homens valentes, que se achavam donos da verdade. Perseguição, salário cortado, rebaixamento de cargo, nada disso impediu a

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nova sindicalista de desistir da luta. Aliás, foi aí que ela aprendeu a recorrer à Justiça, pois nada em Alagoas, mais especificamente na Assembleia Legislativa, se resolvia administrativamente. Os anos foram passando, a servidora escrevendo para os jornais, sempre falando no cotidiano e nos problemas funcionais. Claro que não agradava a muita gente e as reclamações começaram a aparecer. Da categoria nem sempre obtinha boas respostas, pois é bem mais fácil agradar aos patrões. A madura senhora foi envelhecendo e tornou-se a “Velhinha das Alagoas”, reclamando toda vez que era machucada. Começou a notar que a Justiça, quase sempre, dava razão às autoridades responsáveis por tanta injustiça. Se os jornais publicavam a corrupção cometida pelos gestores e a “Velhinha” os denunciava, os juízes pediam que ela apresentasse as provas. Caso típico são as “rachadinhas”; já houve até crimes por causa da tal troca de favores, mas no fim, ninguém foi punido. Na vida particular, a idosa já levou algumas pancadas: sofreu um acidente de carro, foi mal atendida numa emergência, levando inclusive três tapas no ombro a título de deboche. O médico está se sentindo desmoralizado porque a vítima reclamou do fato publicamen-

te. E a vítima virou ré. Com a palavra a Justiça! Recentemente a “Velhinha” alertou um político a respeito da Braskem, em Paripueira. O político se sentiu ofendido e entrou na Justiça. Ora, são cometidos verdadeiros absurdos em nossa cidade, mas ninguém pode falar. O lema é ficar calado! Se o eleitor fosse dizer publicamente tudo que a sociedade acha ruim na municipalidade, seria condenado à prisão perpétua! Mas como, supostamente, vivemos numa democracia, continuaremos lembrando tudo de errado que vemos e ouvimos. Por exemplo: em Maceió, a poluição do Salgadinho e o esgoto correndo na Praia da Pajuçara; em Paripueira, a perseguição à Igreja Católica, o esgoto fétido a céu aberto no centro da cidade, e o castigo imposto aos pequenos empresários politicamente de oposição. E a “Velhinha das Alagoas” chega já aos oitenta anos. Lúcida, com sua caixinha de remédios, feliz com sua família, e fazendo um pedido à Justiça da terra: seja mais condescendente com pessoas simples que reclamam das autoridades ditatoriais. Deus existe! Não duvidem!

Se os jornais publicavam a corrupção cometida pelos gestores e a “Velhinha” os denunciava, os juízes pediam que ela apresentasse as provas. Caso típico são as “rachadinhas”; já houve até crimes por causa da tal troca de favores, mas no fim, ninguém foi punido.


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Politização criminosa

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PARA REFLETIR:

ais uma vez a insensatez poderá provocar mais uma guerra política entre o presidente da República, governadores, especialistas, membros do governo e da oposição. Uma guerra cruel e criminosa cujos resultados sobrarão para o povo brasileiro, já no limite de sua tolerância, diante de mais de 150 mil mortes, paralização da economia e o desenfreado índice de desemprego. Um presidente paspalhão e despreparado, um terceiro ministro da Saúde desmora-

lizado e um bando de governadores e políticos sedentos pelo estabelecimento do caos para desestabilizar esse arremedo de governo, tendo apenas como pauta resultados políticos. O povo que se dane! Mais uma vez, com toda certeza, vão empurrar a crise da compra de vacinas para o Judiciário (esse poder desmoralizado) mas que pela fraqueza de caráter dos políticos brasileiros, legisla, governa e julga. Onde iremos parar?

Desviar dinheiro da saúde em plena pandemia é mais que corrupção e chega bem próximo do assassinato”. (ministro Luís Roberto Barroso)

Eleições em Maceió Propostas e ações dos candidatos A coluna segue com o espaço para que os postulantes à Prefeitura de Maceió, melhor situados nas pesquisas, possam apresentar suas propostas, falar aos eleitores e debater seus planos de governo com a população.

ALFREDO GASPAR

JOÃO HENRIQUE CALDAS (JHC)

MOBILIDADE URBANA E TRANSPORTE PÚBLICO COMO PRIORIDADES

COMPROMISSO COM POPULAÇÃO AFETADA PELA TRAGÉDIA DA BRASKEM

O candidato do MDB à Prefeitura de Maceió, Alfredo Gaspar, vem chamando a atenção da população pelos bairros que tem visitado por percorrer ruas e avenidas de bicicleta. Ele tem aproveitado a visibilidade para destacar umas das prioridades de seu Plano de Governo: a Mobilidade Urbana e o Transporte Público em Maceió. Segundo ele, o crescimento da população, associado ao aumento da frota de veículo individualizados e a chegada dos aplicativos de transporte, exigem uma nova postura da gestão pública, a exemplo do que ocorre nas grandes e médias cidades brasileiras na busca da melhoria dos deslocamentos. O ponto de partida é o diálogo aberto com a população, premissa fundamental de uma gestão voltada para pessoas, onde será discutido, desenvolvido e implementado um Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Maceió para priorizar as ações junto aos munícipes. Destacam-se como propostas a ampliação do número de ciclovias e ciclofaixas, realizando a conexão entre as infraestruturas cicloviárias existentes, visando consolidar uma malha que conecte as principais regiões e pontos de interesse de Maceió e a requalificação das calçadas nos acessos a equipamentos públicos com maior fluxo de pessoas, tornando a cidade mais inclusiva e segura. Nesse setor, ele pretende: ampliar e modernizar os corredores com faixa azul para aumentar a velocidade operacional e reduzir o tempo médio de viagem; ampliar e modernizar a frota de ônibus visando a melhoria da qualidade e do conforto dos usuários; implantar nos principais corredores de ônibus o sistema de BRT e modernizar e construir novos terminais e abrigos de ônibus, dentre outras propostas.

Dona Elza não é um número. Mulher, idosa, costureira, chefe de família, ex-moradora do Pinheiro, um dos bairros afetados pela mineração da Braskem. Ela conta com tristeza sobre a saída da região e relembra o quanto batalhou para reformar sua casa, que era de taipa. Anos atrás, fez empréstimo, desmanchou a casa e foi pra casa da mãe por dois meses, até finalizar a construção do novo lar. As histórias de dona Elza e do Pinheiro não podem ser esquecidas, assim como os outros três bairros - Bom Parto, Bebedouro e Mutange - atingidos pelos afundamentos. Segundo o último censo do IBGE, são 45 mil moradores nas localidades. O candidato a prefeito de Maceió, JHC (PSB), fortalece seu compromisso com cada vítima desse crime ambiental, que tem potencial para afetar toda Maceió. “A crise não se encerra com a retirada das famílias, o impacto econômico e social causado pela migração da população também foi negligenciado pela Prefeitura. O atendimento na saúde, uma vaga na escola, o nosso trânsito, tudo muda numa situação dessas. Se a Prefeitura não acompanha, a cidade inteira sofre. Tenho esse compromisso independente de qualquer coisa, moral, como cidadão, hoje como parlamentar e prefeito ainda maior”, explica JHC. JHC acompanha a situação do afundamento dos bairros desde 2018, quando começaram as rachaduras. Desde então, trabalhou para diminuir o sofrimento das famílias afetadas. Em 2019, por exemplo, criou uma Comissão Externa na Câmara Federal para investigar a situação. O presidente da Braskem foi convocado e pouco tempo depois demitido da empresa. Representantes da população também foram ouvidos. O candidato incluiu a questão dos afundamentos em seu Plano de Governo. Esta parte do documento foi redigida em parceria com a Associação SOS Pinheiro, que representa moradores da região. As propostas incluem estabelecer estrutura específica vinculada ao Gabinete do Prefeito para tratar das pessoas atingidas e resguardar e defender os direitos da população afetada. Além disso, promover ações de reparação em nome do Município de Maceió pela inutilização de equipamentos públicos, dano material e moral.

DAVI FILHO CRESCIMENTO É A FORÇA QUE VEM DAS RUAS Fato marcante do começo da semana foi o crescimento do candidato a prefeito Davi Davino Filho nas intenções de voto dos maceioenses. Pela pesquisa do Ibrape, que aplicou dois mil questionários na capital, de 14 a 16 de outubro, Davi saltou de 5%, pela aferição do Ibope, para 15%, após uma semana de guia eleitoral. Conforme avaliação do candidato da Coligação Força e Coração para Mudar Maceió, a população tem recebido bem suas ideias e propostas para a cidade. “A explicação para o crescimento vem das ruas. Por onde ando, sinto a força e a energia das pessoas, que demonstram entusiasmo com a nossa candidatura”, explicou Davi, que já assumiu o compromisso de implantar 20 Clínicas da Gente e dobrar as vagas nas creches e na educação infantil em Maceió. “Vivemos numa cidade dividida por uma enorme disparidade social. Enquanto isso, prefeito e governador perderam muito tempo com picuinhas políticas e disputas de posição, prejudicando a gestão e a capital. É preciso mudar o jogo, unir forças, aproveitar os canais em Brasília e fazer acontecer os projetos. O povo carente quer resultado e tem pressa”, justificou Davi Davino Filho. O candidato assegura que manterá a linha propositiva, qualificando o debate eleitoral.


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Financiamento da Caixa

Poços à venda

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Petrobras iniciou oficialmente nesta semana a venda total de sua participação em um conjunto de sete concessões terrestres e de águas rasas que compõem o polo de produção e processamento de gás natural em Alagoas. Os potenciais compradores habilitados para essa fase receberão carta-convite com instruções sobre o processo. A produção média do polo de janeiro a setembro de 2020 foi de 2,3 mil barris por dia (bpd) de óleo e condensado e de 878 mil metros cúbicos por dia de gás, gerando 1,1 mil bpd de líquidos de gás natural (LGN). Além dos campos e suas instalações de produção, a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) de Alagoas, cuja capacidade de processamento é de 2 milhões de metros cúbicos por dia, e que é responsável por 100% do gás do polo, está inclusa no negócio.

Pix é obrigatório? Os bancos e instituições financeiras não param de falar em Pix, o novo sistema de pagamentos instantâneo, uma alternativa mais rápida que DOC e TED e grátis para os consumidores. Mas o que não falam é que o cadastro de chaves no serviço não é obrigatório. Segundo o Banco Central, não é necessário cadastrar uma chave para fazer ou receber um Pix. Porém, o cadastramento da chave é “altamente recomendável” para receber um Pix. Receber transações apenas informando os dados da conta poderá gerar demora na transação, diminuindo o benefício do pagador em fazer um Pix.

Está disponível a contratação de financiamento habitacional pela Caixa de forma digital. Pelo app Habitação Caixa, disponível por enquanto apenas para Android, o usuário tem acesso a um serviço interativo, que abrange todas as fases do financiamento, desde o cadastro até a aprovação. Segundo o banco, o cliente poderá acompanhar também todas as etapas do seu processo habitacional e, se necessário, resolver pendências pelo próprio aplicativo. Após todas as etapas concluídas na plataforma digital, o usuário precisará ir até uma agência da Caixa para a assinatura do contrato.

FGTS amortizador Ainda sobre o novo app da Caixa, o contratante pode encontrar uma maneira de reduzir o valor da parcela ou o prazo do crédito por meio da nova ferramenta acessível pelo celular. No próprio aplicativo é possível usar o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para amortizar o saldo devedor da operação de crédito. Além de reduzir o saldo devedor, o mutuário pode até quitar totalmente o débito, caso tenha saldo suficiente na conta do FGTS.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Eleições 2020

PELO INTERIOR

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a reta final da campanha eleitoral em Arapiraca, candidatos a prefeito e vereador intensificam suas caminhadas para tentar se eleger no próximo dia 15 de novembro. Luciano Barbosa, Gilvania Barros, Tarcizo Freire, Hector Martins, Cláudio Canuto, Fabiana Pessoa e Lindomar levam suas mensagens e propostas para eleitores das áreas urbana e rural.

... A Prefeitura de Arapiraca por meio da Secretaria de Gestão Pública, deu início às comemorações alusivas ao mês do Servidor Público com uma abertura Cívica e Espiritual na terça-feira, 20 de outubro no pátio do Centro Administrativo Antônio Rocha.

Mobilizados

... Toda programação, organizada pelo colegiado gestor, segue até o dia 28 com diversos serviços e atrações musicais que animam o evento e valorizam os talentos artísticos dos servidores.

Para Câmara de Vereadores os candidatos também estão mobilizados na corrida pelos votos dos eleitores arapiraquenses. A Justiça Eleitoral acompanha os trabalhos, sempre orientando e punindo políticos que não respeitam as regras e confrontam a lei.

A propósito...

Em um parecer divulgado na quarta-feira (21), o promotor eleitoral do município de Arapiraca, Rogério Paranhos, decidiu favoravelmente ao registro da candidatura do vice-governador Luciano Barbosa, que concorre ao cargo de prefeito do município.

Aguarda julgamento

Barbosa é o único candidato do município que ainda aguarda o julgamento do registro pela Justiça eleitoral. O promotor ainda recomendou que a ata feita pelo Diretório Estadual do MDB, que impedia a candidatura de Barbosa, seja impugnada. O vice-governador vem enfrentando uma batalha judicial para garantir manter a convenção realizada no município com os membros do partido.

Parecer do MP

“Diante do exposto, o Ministério Público Eleitoral, na defesa da ordem jurídica e do regime democrático, conforme previsto no artigo 127, caput, da Constituição Federal, se posiciona favorável ao deferimento do requerimento de registro dos candidatos da Coligação PARA ARAPIRACA VOLTAR A CRESCER, através do DRAP apresentado nos autos em epígrafe, e que tal coligação seja declarada habilitada a participar das Eleições de 2020, e, por consequência, no sentido do indeferimento da impugnação apresentada pelo Diretório Estadual do MDB em Alagoas”, afirma Paranhos em seu parecer à Justiça Eleitoral.

Campanha nas ruas

Mesmo com essa batalha judicial, Luciano Barbosa continua com sua campanha pelas ruas e no guia eleitoral, aguardando pelo julgamento sobre sua candidatura e a definição do Conselho de Ética do MDB, que já protocolou sua expulsão do partido, o que acarretará na impossibilidade de ele concorrer ao Executivo.

Vacinação antirrábica

O Dia D de Vacinação Antirrábica para cães e gatos acontece neste sábado (24), no horário das 8h às 17h. A Prefeitura de Arapiraca, através da Secretaria Municipal de Saúde, vai disponibilizar mais de 70 pontos de imunização distribuídos em todos os bairros da cidade. A estimativa é de que o Município vacine cerca de 40 mil animais, nas zonas urbana e rural, segundo o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Secretaria Municipal de Saúde.

Nas residências

Para a campanha deste ano, equipes volantes do CCZ também visitaram mais de 130 comunidades rurais, vacinando os animais nas próprias residências. O serviço de vacinação também acontece no próprio órgão, localizado AL-220, 1286 - Canafístula, de segunda a sexta, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 12h.

Prevenção de animais

“A vacinação é importante para garantir a prevenção de animais e humanos contra a raiva. Quem ainda não vacinou seus animais deve levar a um dos 70 pontos disponibilizados pela prefeitura com equipes do CCZ”, declarou o coordenador do CCZ, Emanuel Cardoso.

... Em razão da pandemia os eventos seguem respeitando o decreto municipal e orientações da OMS. ... Na manhã da quarta-feira (21) no guia eleitoral veiculado nas emissoras de rádio, Luciano Barbosa afirmou no seu espaço, que as escolas de tempo integral estão abandonadas. ... Barbosa falou da importância do investimento implantado na sua gestão na pasta estadual da Educação e como prefeito de Arapiraca, no avanço da qualidade do ensino e alimentação de qualidade, que, segundo ele, mudou para melhor o rendimento de aprendizagem na vida das crianças. ... O candidato falou que se eleito vai reativar todas as escolas de tempo integral, e lamentou que os alunos estavam sendo liberados em razão da falta de atividades. ... O deputado Tarcizo Freire (PP), candidato a prefeito de Arapiraca, abriu o guia eleitoral falando da necessidade de ser plantada uma nova semente de esperança para a terra de Manoel André. ... Freire culpou os problemas enfrentados pela população como alagamentos e ausência de saneamento básico, como responsabilidade das gestões anteriores. “Arapiraca precisa entrar no processo de mudança”, defendeu o candidato do Progressistas. ... A prefeita Fabiana Pessoa (Republicanos) falou da retomada das atividades nas escolas da rede municipal de ensino, seriamente prejudicada e comprometida com a pandemia do coronavírus. ... A prefeita anunciou um grande programa de reforço para os alunos e a retomada das aulas presenciais em toda a rede de ensino cumprindo todas as recomendações sanitárias da Organização Mundial de Saúde (OMS) e dos decretos estadual e municipal. ... A vereadora e candidata a prefeita do Solidariedade, Gilvania Barros, cedeu o seu curto espaço para o seu candidato a vice-prefeito, Marcos Sena, que destacou a trajetória de vida pública de Gilvania Barros, como uma atuação de vida pública intocável. ... Os demais candidatos a prefeito de Arapiraca Cláudio Canuto (Patriotas), Hector Martins (Cidadania) e Lindomar Ferreira não tiveram participação no guia eleitoral gratuito de quarta-feira (21). ... A todos, um excelente final de semana repleto de paz e saúde. Até a próxima edição!


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

VETOS PRESIDENCIAIS SEM DESCONFIGURAR CTB

Painel tridimensional chegará já em 2022

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ntre as surpresas que a tecnologia prepara nos próximos anos está o painel 3D (tridimensional) que pode ser confortavelmente utilizado pelo motorista sem aqueles óculos distribuídos nas salas de cinema. O equipamento foi desenvolvido pela Continental e a startup Leia, do Vale do Silício, Califórnia. Kai Homann, gerente de soluções para painéis da empresa alemã, afirmou ao site Business Insider que a principal preocupação – tirar atenção do motorista – foi solucionada. “Trabalhamos com a profundidade gráfica para trás e permitimos que todos os objetos 3D fiquem no máximo cinco centímetros fora da imagem. Isso é muito mais relaxante para os olhos e garante que o motorista não se distraia.” No futuro, quando os níveis de direção autônoma avançarem, motorista e acompa-

nhantes (mesmo os do banco de trás) poderão participar de um bate-papo telefônico com vídeo, navegar e usar mapas na internet muito mais detalhadamente, assistir televisão, ver filmes, interagir nas redes sociais, participar de jogos eletrônicos ou visualizar assistência de estacionamento de 360 graus. O painel poderá ser visto mesmo com incidência direta de luz solar. A produção do sistema de exibição 3D começará em 2022. Mas antes disso uma versão simplificada estará no cluster (quadro de instrumentos) do Genesis GV80, marca de luxo da Hyundai. Sinais de alerta e ponteiros serão projetados em 3D, em estágio acima do que hoje está no Peugeot 208. Neste caso contará com uma câmera para rastrear o olhar do motorista e detectar se está cansado ou se distraiu muito tempo com o cluster.

Os seis vetos presidenciais à revisão e à atualização do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), aprovado na Câmara dos Deputados e Senado Federal após o projeto de lei apresentado pelo Executivo em 2019, não geraram mudanças radicais. O principal já tinha comentado antes aqui: apesar de fazer sentido estabelecer um limite de velocidade para que os motociclistas trafeguem entre os veículos, na prática a fiscalização é inviável. O texto que o Legislativo aprovou nem estipulava qual seria essa velocidade de segurança, mas pelo menos uma recomendação de até 50 km/h evitaria muitos acidentes, se aceita pela maioria dos motociclistas. Os mais conscientes respeitam esse limite. O presidente Bolsonaro vetou a obrigação de avaliação psicológica dos

motoristas que representem risco à segurança no trânsito. O artigo era meio vago, porém se mais bem redigido merecia continuar no CTB. Também não faz sentido o veto à multa ao vendedor que não informe ao Detran a transferência de propriedade, no prazo razoável de 60 dias. Quanto mais quando pontos e multas são “herdados” pelo novo proprietário, um despautério do CTB sem mudança há décadas. A especialização em medicina e psicologia de trânsito ficou de fora com o veto presidencial. Apesar de existir certa “reserva” de mercado para as clínicas credenciadas, não se justifica simplesmente deixar de lado esse aspecto. Se fossem autorizadas mais clínicas, poderia se alcançar o objetivo de diminuir o preço para quem deseja obter ou renovar a carteira de habilitação.

ALTA RODA n BMW oferece no Brasil automóveis híbridos desde 2011 e elétricos desde 2014. Entre janeiro e setembro de 2020, seu portfólio de eletrificados vendeu quase 700 unidades, o triplo de unidades em comparação a todo ano de 2019. Do 330e M Sport foram 174 unidades até o final de setembro. Este híbrido impressiona por respostas imediatas ao acelerador com a ajuda do motor elétrico de 113 cv ao 2-litros turbo, totalizando 292 cv e 42,8 kgfm. Autonomia puramente elétrica foi de 42 km, na avaliação em cidade. Apesar de ser um pouco mais pesado, nada mudou na dirigibilidade que consagrou a marca principalmente em estrada. Tanque tem apenas 40 litros, porém autonomia máxima se aproxima de 700 km, na faixa de 100 a 120 km/h, bastante conveniente. n ESTÚDIO de design Pininfarina, que também montou instalações industriais na Itália, completa 90 anos. Fundado em maio de 1930 por Batista Farina, seu primeiro produto foi o Lancia Dilambda. Entre seus vários clientes fieis estavam Ferrari e Peugeot. Modelos de maior sucesso, os Alfa Romeo Giulietta Spider e Giulia, tiveram 27.000 unidades produzidas entre 1955 e 1966. A empresa entrou em severo declínio e em 2015 foi adquirida pela indiana Mahindra, que a transformou num estúdio de projetos generalistas. Agora tenta ressurgir, na Alemanha, com o nome Automobili Pininfarina e planeja o hipercarro elétrico Batista. n MARCOS FERNANDES, diretor de tintas para veículos da BASF América do Sul, indica cores conceituais que podem aparecer nos próximos anos: verde, cinza e laranja. “Os estudos de tendência são feitos anualmente e refletem mudanças sociais, comportamentais, da moda, entre várias influências analisadas por nossos especialistas”, afirma.


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Expoagro comemora 70 anos impulsionando setor agropecuário brasileiro FESTA DO CAMPO COMEÇA NESTE FINAL DE SEMANA COM PROMESSA

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PAJUÇARA REGISTRA MAIOR PREÇO PARA VENDA DE IMÓVEIS RESIDENCIAIS EM MACEIÓ 3

DE MOVIMENTAR R$ 20 MILHÕES EM VENDAS DIRETAS DE ANIMAIS. 6

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FRENTE PARLAMENTAR PEDE AUMENTO NO ORÇAMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR PARA 2021 9


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ENTREVISTA

Nova Lei do Gás pode baratear o preço do produto para o consumidor final

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s consumidores de gás natural em Alagoas podem ser beneficiados com a nova Lei do Gás (PL 6.407/2013. Atualmente 71.905 unidades residenciais foram contratadas, das quais 53.171 já estão interligadas ao sistema da Algás (Gás de Alagoas S/A), detentora da concessão pública de distribuição e venda de gás natural no estado. O Projeto de Lei busca proporcionar a oferta de gás natural a menores preços para a indústria, comércio e consumidores em geral; estimular o aproveitamento racional do petróleo e do gás natural no Brasil e garantir segurança jurídica para os investidores do setor. O Agroeconomia conversou com Gerson Fonseca, gerente de Estratégias, Riscos e Conformidade da Algás, que traçou um panora- Gerson Fonseca: barateamento do preço do gás exige expansão da infraestrutura ma sobre o esse mercado. nais, locacionais, a gás visando ancorar para o Estado ao final da concessão. A nova Lei do Gás pode baratear a interiorização do modal dutoviário de Apesar da exclusividade dos serviços o preço do produto para o consumidor transporte de gás. locais de gás canalizado, prevista no final? artigo 25 da Constituição Federal, enSim, mas é um processo de médio a Quantos municípios em Alagoas rece- gana-se quem pensa que o gás natural longo prazo. Para que haja, de fato, a bem o produto através da rede de dutos? não tem concorrência. O gás natural é redução do preço do gás é preciso haver Atualmente possuem rede de dutos um energético que compete no mercado efetiva competição na oferta de gás e de distribuição de gás canalizado os em vários segmentos e com diversos expansão da infraestrutura. Esses dois municípios de Maceió, Rio Largo, Maprodutos substitutos. Na indústria, o fatores são fundamentais para a indução rechal Deodoro, Pilar, Atalaia, Santa gás natural compete com o óleo combusLuzia do Norte, Penedo, Igreja Nova, tível, com o GLP, com a biomassa, com de um novo mercado de gás. O supriSão Sebastião e Arapiraca. Palmeira dos a energia elétrica, entre outros combusmento, composto por produtores e imtíveis. Nas residências e nos estabeleciportadores, é elo da cadeia da indústria Índios também é atendido com uso da mentos comerciais a competição é com o do gás que mais impacta na tarifa média tecnologia de GNC em posto de GNV. Acrescente-se a esta lista Messias, que GLP e a energia elétrica. No segmento final do gás natural. será atendido ainda em 2020. veicular a competição direta é com a A intenção do Novo Marco Legal é gasolina e o etanol. O eixo do sucesso da meritória, porém, o texto ainda preA Algás é a única responsável pela Companhia está, portanto, calcado na cisa de alguns aprimoramentos para distribuição do produto no estado? competitividade. poder cumprir o seu papel de reduzir a Toda indústria de rede exige investiUm outro olhar sobre o tema é que insegurança jurídica e harmonizar as cada consumidor de gás canalizado competências constitucionais das esferas mentos altos, escala e retorno em longo prazo. Dessa forma a distribuição de pode ser entendido como, na realidade, federal e estadual. Creio que o Senado gás canalizado torna-se um monopólio contribuindo para desenvolvimento irá buscar promover essa ação. Outro natural para poder cumprir o papel de do Estado ao patrocinar a construção ponto relevante, que a lei poderia proconstruir a infraestrutura que o poder desses ativos que serão convertidos em vocar, seria estimular a criação de um concedente necessita. Toda essa infraes- patrimônio público. A distribuidora novo mercado de gás com a indução de trutura transforma-se em patrimônio exerce a atividade econômica dos serviinstalação usinas termelétricas regio-

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EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo JORNALISTA RESPONSÁVEL: Tamara Albuquerque (tamarajornalista@gmail.com)

ços locais de gás canalizado em contrapartida a essa concessão. Nossas indústrias também serão beneficiadas com a nova lei? O segmento industrial, por ser composto por unidades de maior volume de consumo, é o segmento que poderá ter o melhor impacto positivo desse processo. Atualmente são 40 clientes industriais com um perfil bastante diversificado de consumo em Alagoas. A nova lei também vai impactar no número de emprego? Como falamos anteriormente, se formos exitosos em gerar competição na oferta e na interiorização das infraestruturas de transporte um novo mercado de gás irá surgir, e por consequência mais emprego, renda e desenvolvimento. Qual projeto a Algás tem engatilhado para interiorização dos serviços? A Algás tem como Visão estar alinhada aos vetores de desenvolvimento do Estado. Conforme se pode observar pelos municípios que já possuem infraestrutura de rede de distribuição de gás canalizado, a Algás tem intensificado seus investimentos em contribuir com a interiorização do desenvolvimento. Os principais investimentos mais recentes foram o gasoduto Penedo – Arapiraca, que passa pelos municípios de Igreja Nova e São Sebastião, e a novo gasoduto Pilar-Polo de Marechal Deodoro, triplicando a capacidade de atendimento a indústrias que venham a se instalar naquele polo multifabril. Ainda este ano está em curso a rota norte com a construção do trecho Rio Largo-Messias. Está fase de projeto a ampliação da rede para o município de São Miguel dos Campos. Dessa forma, a Algás está apta a atender as demandas do mercado alagoano e busca se antecipar estrategicamente a essas necessidades.

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CONTRUÇÃO CIVIL

Pajuçara tem o m2 mais caro para viver em Maceió

SETEMBRO

Pajuçara registra maior preço para venda de imóveis residenciais em Maceió CONSUMIDOR PAGOU R$ 6.631 POR M2 PARA ADQUIRIR UM DOMICÍLIO NO BAIRRO

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Pajuçara ainda é o bairro com maior preço médio de metro quadrado para venda de imóveis residenciais em Maceió. Segundo a análise de setembro do Índice FipeZap, o consumidor que investiu para morar no bairro pagou R$ 6.631 por m2, acima da média de preço praticada em Maceió, que foi R$ 5.018 m2. O índice acompanha os preços de imóveis em 50 cidades brasileiras. O segundo bairro a apresentar maior valor por m2, na capital alagoana, foi Guaxuma (R$ 6.101). Em seguida estão Jacarecica (R$ 5.672), Jatiúca (R$ 5.519) e Ponta Verde (R$ 5.408), que já esteve no ranking dos bairros mais valorizados da cidade para venda de imóveis. O indicador também mostra bairros com menor valor no m2 para venda. Em setembro, o consumidor pagou mais barato para adquirir residência no Benedito Bentes (R$ 1.980 m2), Feitosa (R$ 2.238), Jardim Petrópolis (R$2.273) e no Prado (R$ 2.703). O Índice FipeZap voltou a registrar alta em setembro (+0,53%), após avançar 0,37% em agosto. O resultado representa a maior alta mensal desde setembro de 2014, quando o indicador registrou aumento de 0,55% no preço médio de venda de imóveis residenciais. Comparativamente, a variação mensal do índice foi superior ao comportamento esperado do IPCA/IBGE para o mês (+0,43%), segundo expectativa publicada no último Boletim Focus do Banco Central do Brasil. Uma vez confirmada essa variação dos preços ao consumidor, o preço médio de venda de imóveis residenciais encerrou o referido mês com alta de 0,10%, em termos reais. Com a variação, o preço médio do metro quadrado construído entre as 50 ci-

dades analisadas pelo índice subiu a R$ 7.394.Isso significa dizer que para colocar as mãos nas chaves de um apartamento padrão, com 65 m² e até dois dormitórios, é necessário desembolsar, em média, R$ 480.610. À exceção de Porto Alegre, onde o preço médio permaneceu praticamente estável (-0,05%), todas as capitais brasileiras monitoradas pelo Índice FipeZap apresentaram elevação no período, destacando-se: Brasília (+1,97%), Curitiba (+1,39%), Recife (+1,20%), João Pessoa (+0,78%), Belo Horizonte (+0,70%), Salvador (+0,70%). Em São Paulo, município com maior peso na composição do Índice FipeZap, a variação nominal registrada em setembro foi de +0,37%. No balanço parcial de 2020, até setembro, o Índice FipeZap acumula alta nominal de 2,31%, ante variação de +1,13% esperada para o IPCA/ IBGE nesse período. Na comparação entre a variação acumulada do índice e a inflação esperada, a expectativa é que o preço médio de venda dos imóveis residenciais encerre o período com alta real de 1,16%. À exceção de Recife, onde o preço médio de venda residencial acumula queda de 3,76% no ano, as demais capitais monitoradas pelo índice apresentaram alta no período, destacando-se as variações observadas em: Maceió (+4,22%), Brasília (+7,81%), Curitiba (+5,20%), Florianópolis (+5,10%), Belo Horizonte (+4,15%) e Campo Grande (+3,96%). Em São Paulo e no Rio de Janeiro, os preços médios de venda do segmento residencial encerraram o período com altas de 2,82% e 0,63%, respectivamente.

O Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), indicador calculado pelo IBGE que produz e divulga séries mensais sobre custos do setor habitacional, de salários médios, mão de obra e preços de materiais, subiu 1,44% em setembro, a maior alta desde julho de 2013. No mesmo mês de 2019, o índice foi de 0,37%. Desde o começo do ano, o Sistema acumula alta de 4,34% e, nos últimos 12 meses, o indicador totaliza 4,89% de aumento. Praticamente todos os produtos calculados na pesquisa, em quase todo os estados do país, apresentaram alta em setembro em todos os produtos: cimento, blocos cerâmicos, telhas, cabos elétricos e aço. Apenas em relação aos materiais da construção civil, a alta foi de 2,55% em setembro. Em um mês, o indicador desses produtos subiu 0,95%. Em comparação a setembro de 2019, houve aumento de 2,28%.

CONSTRUÇÃO CIVIL II O custo nacional da construção por metro quadrado foi de R$1.209,02 em setembro deste ano, sendo que R$ 645,56 estão relacionados aos materiais e R$563,46 referem-se à mão de obra. Em agosto esse valor foi de R$ 1.191,84. A região Norte do país apresentou a maior variação regional no Sinapi em setembro (1,81%). O IBGE afirma que o aumento se deu principalmente por conta da variação expressiva no preço dos materiais de construção e devido a um acordo coletivo de trabalhadores do setor no Pará. Em seguida, aparecem as regiões Nordeste (1,62%), Centro-Oeste (1,52%), Sudeste (1,33%) e Sul (1,06%). Em setembro, os custos regionais, por metro quadrado, foram: R$ 1.258,43 (Sudeste); R$ 1.255,02 (Sul); R$ 1.221,08 (Norte); R$ 1.127,78 (Nordeste); e R$ 1.208,09 (Centro-Oeste).


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Consumidor está mais exigente para comprar na Black Friday e exigirá entrega, pontualidade e preço justos

CAIXA TEM

NOVEMBRO

Black Friday será usada como canal de bons negócios pela internet PREÇO AINDA É PRINCIPAL FATOR DE COMPRA, MAS ENTREGA RÁPIDA E PONTUAL E QUALIDADE DO PRODUTO SERÃO GRANDES DIFERENCIAIS ESTE ANO

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principal fator de escolha na hora de fazer uma compra na Black Friday ainda é o preço. Mas essa decisão vai levar em conta cada vez mais outros quesitos, como prazo de entrega. No ano em que mais brasileiros compraram pela primeira vez na internet, as dificuldades de produção e logística ficaram evidentes. “Há três ou quatro anos, a Black Friday era focada em preço. Muita coisa mudou de lá para cá e o consumidor ficou mais preparado, dá atenção para o atendimento, para a entrega. Acredito que neste ano o a entrega rápida será um diferencial tão importante quanto preço para o consumidor”, disse Robson Privado, chefe de operações da MadeiraMadeira em evento do Google sobre a Black Friday, que acontecerá no final de novembro. Dados do Google mostram que as buscas por promoções subiram 38% entre abril e julho deste ano em relação ao mesmo período de 2019, indicando que o preço ainda é o principal critério para os brasileiros no momento de compra. As pesquisas por frete grátis cresceram 118% em julho na comparação com novembro de 2019. As buscas por frete expresso também ganharam relevância e, segundo o Google, terão um papel importante nas compras antecipadas de

presentes para o Natal. Para Silvana Balbo, diretora de marketing do Carrefour, não tem nada pior do que frustrar o consumidor que fez uma compra esperando que ela chegasse antes do Natal. “Uma dica que eu dou para o varejista é: seja transparente e siga boa máxima de que o combinado não sai caro. A pior coisa que pode acontecer numa Black Friday é prometer entregar antes do Natal e não cumprir com esse prazo. O que sugiro é entrar em contato com o cliente e renegociar prazo, mas sem frustrá-lo”, afirmou a executiva. Que outros quesitos serão importantes na decisão de compra? Existem formas de atingir o consumidor com estratégias de cashback e cupons. Dessa forma, o preço não muda, mas o consumidor tem a sensação de que tem alguma vantagem financeira. No Google, as buscas por cupom são 35 vezes maiores que por cashback. Mas isso pode mudar até a Black Friday. É que o interesse por termos relacionados a cashback cresce em ritmo mais acelerado (74% ano a ano) que o por cupom (+30%). Mas o que significa essa questão do preço para o varejista? O preço continua sendo importante, mas o varejista terá de se superar para atender bem o cliente em outros quesitos. “Uma nova relação

com o digital, somada às mudanças de comportamento e o cenário atual, tornaram o consumidor mais consciente de suas prioridades e mais planejado. Para ele, a Black Friday será menos sobre comprar o que está com super desconto e mais sobre fazer bons negócios”, diz Gleidys Salvanha, diretora de negócios para o Varejo do Google Brasil. O que isso significará para o comércio? Para Gleidys Salvanha, será uma Black Friday diferente. “Não será um momento apenas para queima de estoque, mas uma oportunidade para lançar produtos, serviços, formas de se diferenciar e conquistar novos clientes”, completa. O que o consumidor quer comprar? De tudo, até porque o consumidor brasileiro expandiu como nunca suas compras pela internet. Veja alguns levantamentos do Google: aumento de buscas por itens de Móveis e Decoração estão em patamar acima – 22% e 51% respectivamente – do registrado na última edição do evento; produtos das categorias TV e Vídeo, Telefonia e Eletrodomésticos estão num patamar de buscas muito acima do registrado antes da pandemia; Alimentos e Bebidas, que não registravam picos durante a Black Friday, estão com buscas acima da Black Friday de 2019.

O governo planeja listar na bolsa o braço digital criado para distribuir o auxílio emergencial, segundo indicou o ministro da Economia, Paulo Guedes, esta semana. A oferta inicial de ações (IPO) será do Caixa Tem, aplicativo da Caixa Econômica Federal para movimentação de benefícios, disse uma fonte com conhecimento direto do assunto. Autoridades do governo já têm tratado da operação com o Banco Central. A ideia é que o Caixa Tem se torne uma subsidiária independente, com mais produtos. No mês passado, a Caixa já havia divulgado que pretendia expandir as operações do Caixa Tem para incluir funcionalidades como a oferta de microcrédito, seguros e cartões.

INDÚSTRIA

A prévia do Índice de Confiança da Indústria (ICI), divulgada na quarta-feira (21) pela Fundação Getúlio Vargas, sugere que o setor pode ter alcançado seu maior nível desde 2011. De acordo com a sondagem, houve avanço de 4,0 pontos do indicador na passagem de setembro para outubro, alcançando 110,7 pontos. “Se o resultado se confirmar, esse será o maior valor do índice desde abril de 2011 (111,6 pontos)”, enfatizou a FGV. De acordo com a instituição, o crescimento da confiança nesta prévia decorre, principalmente, de melhores avaliações dos empresários em relação ao presente. O Índice de Situação Atual aumentou 5,9 pontos, para 113,2 pontos, enquanto o Índice de Expectativas avançou 2,2 pontos, para 108,1 pontos. O dado preliminar desse mês indica aumento de 1,7 ponto percentual (p.p.) do Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (NUCI), para 79,9%, o maior desde novembro de 2014 (80,3%).


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CPLA

Governo anuncia pagamento aos agricultores familiares do Programa do Leite CRÉDITO DE R$ 5 MILHÕES DEVE ACONTECER ATÉ A PRÓXIMA SEMANA

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s agricultores vinculados à Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA) devem receber até o início da próxima semana R$ 5 milhões dos recursos devidos pelo governo do Estado no Programa do Leite, correspondente ao período de fevereiro a junho deste ano. O secretário da Agricultura, João Lessa, comunicou o pagamento ao presidente da cooperativa, Aldemar Monteiro, na última segunda-feira, 19. Com isso, ainda ficará pendente o pagamento de R$ 2 milhões do restante do débito, que deve ocorrer de forma parcelada. Os agricultores ficaram animados com a possibilidade de receber os recursos e pagar parte das dívidas que acumulam com insumos e custos da pro-

dução. Ao todo, a CPLA registra 2.988 cooperados. É a cooperativa com maior número de integrantes a participar do programa no estado. A cooperativa entregava, em média, 30 mil litros de leite por dia ao programa. Atualmente, a entrega é de apenas 2 mil litros/dia. O leite é distribuído em municípios indicados pelo governo, como Maceió e Palmeira dos Índios, para famílias em situação de vulnerabilidade. O Programa do Leite foi criado em 2002. Em julho deste ano o governo suspendeu a iniciativa, que já acumulava débitos com os fornecedores de leite, para fazer ajustes na estrutura. O programa foi retomado no mês passado e a meta é voltar a distribuir o produto para 80 mil beneficiários. O governo também avalia reajuste do preço do leite pago aos agricultores. Hoje o litro é entregue pelo produtor rural a R$ 1,70. Na semana passada a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), divulgada pelo IBGE, mostrou que Alagoas produziu mais de 603,8 milhões de litros

de leite de vaca apenas no ano de 2019. Com mais de 250 mil vacas leiteiras no estado, a quantidade representa uma produtividade anual de 2.410 litros por animal, a maior da Região Nordeste e superior à média observada para o Brasil (2.141 litros).

Programa do Leite já chegou a distribuir o produtos para cerda ce 80 mil famílias cadastradas no estado


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EDIÇÃO ESPECIAL

Expoagro comemora 70 anos impulsionando setor agropecuário FESTA DO CAMPO COMEÇA NESTE FINAL DE SEMANA COM PROMESSA DE MOVIMENTAR R$ 20 MILHÕES EM VENDAS DIRETAS DE ANIMAIS

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Expoagro completa 70 anos cumprindo o objetivo de impulsionar o setor agropecuário regional através da troca de conhecimentos, tecnologia e na realização de vários eventos integrados. Este ano, em decorrência da pandemia, a edição precisou de ajustes para reforçar a garantia de segurança do público e trabalhadores, como a suspensão de shows, mas a festa do campo está garantida e sem fronteiras, pois parte da programação será virtual. A expectativa da Associação dos Criadores de Alagoas (ACA), organizadora da Expoagro, é movimentar R$ 20 milhões em vendas diretas. Pelo menos 1.300 animais devem fazer parte das exposições. A programação oficial acontece a partir de amanhã, 23, e se estenderá até 1 de novembro. A abertura oficial será no domingo, 25, às 19 horas, na Casa do Criador, dentro do Parque de Exposições José da Silva Nogueira, conhecido como Parque da Pecuária, em Maceió. A programação terá leilões virtuais, shopping, julgamentos dos animais expostos, campeonatos, Encontro da Agropecuária de Corte do Nordeste (Encorte 4.0), palestras virtuais e presenciais, I Encontro das Mulheres do Agronegócio de Alagoas. “A Expoagro será o primeiro grande evento de Alagoas após a pandemia, sendo o único do Nordeste no setor agropecuário e suas atrações serão multiplataformas, seguindo a necessidade da transmissão ao vivo, online para toda a pecuária nacional”, explicou o presidente da ACA, Domício Silva. As famílias serão recebidas no Parque da Pecuária, podendo transitar para a visita aos animais no período das 9h às 21h. Fica à disposição os passeios de charretes, pôneis e em bovinos. A praça de alimentação também estará liberada e a exposição vai funcionar de acordo com medidas de prevenção que envolvem o distanciamento social, uso de máscaras, utilização de álcool em gel e aferição de temperatura. A entrada custará R$ 10,00 e menores de cinco anos não pagam.

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AGRESTE

Safra de umbu-cajá cresce mais de 60% no interior do estado BOA DISTRIBUIÇÃO DAS CHUVAS E INVESTIMENTOS NA CULTURA GARANTEM RENDA EXTRA PARA AGRICULTORES FAMILIARES

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s pequenos produtores que apostaram na cultura do umbu-cajá no interior de Alagoas estão colhendo bons resultados. Este ano, a safra da fruta cresceu mais de 60% em relação ao ano passado, graças a distribuição generosa das chuvas e investimentos realizados na cultura nos últimos quatro anos. O umbu-cajá tem mercado garantido na indústria de beneficiamento nos estados vizinhos, proporcionando renda extra para os agricultores familiares. Uma caixa da fruta é comercializada entre R$ 10 a R$ 15 reais para o produtor rural, preço considerado atraente para quem acreditou no potencial do umbuzeiro. A árvore é de fácil adaptação nas regiões secas e de grande aproveitamento. A comercialização pode ser através do fruto colhido ou ainda no pé. O umbuzeiro não interfere no terreno a ser cultivado com outras culturas, pois é normalmente plantado ao longo das cercas. Há quatro anos, a Prefeitura de Palmeira dos Índios iniciou um projeto para popularizar o umbu-cajá na zona rural e incluir a espécie na chamada rota da fruticultura do estado. Foram realizadas capacitações para que agricultores familiares investissem na cultura. O objetivo era plantar mil mudas da espécie. Os produtores garantem que financeiramente o umbu-cajá, cuja colheita ocorre uma vez por ano, é viável. Segundo o ex-secretário de Agricultura de Palmeira dos Índios, Luciano Monteiro, o projeto tem encaminhado mudas para muitas cidades. Na região, cerca de 20 comunidades já estão obtendo resultados com o

plantio. O umbu-cajá é aproveitado na indústria de alimentos em polpas, sucos, sobremesas etc. A fruta tem um sabor azedinho, é rica em vitamina C e um excelente antioxidante.

Umbuzeiro: safra em Alagoas está no final, gerando renda extra para agricultores

Luciano Monteiro, entusiasta e um dos autores do projeto, lista outras vantagens da cultura, como auxiliar no desenvolvimento e recaatingamento; ser utilizada como

cerca viva e produzir uma excelente e nutritiva pasta apícula, garantindo alimentação sustentável para enxames e produção de mel claro, muito saboreado em países da Europa.

ROTA DA FRUTICULTURA EM ALAGOAS RECEBERÁ RECURSOS DA CODEVASF A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) anuncia o investimento de R$ 2,7 milhões no programa Rota da Fruticultura em Alagoas. As ações visam à estruturação de um polo de fruticultura agroecológico, economicamente viável e integrado no estado. Serão beneficiadas cerca de mil propriedades rurais em 102 municípios. O programa faz parte das Rotas de Integração Nacional, ação do Ministério Desenvolvimento Regional (MDR). A Codevasf tem atuado no planejamento, definição e estruturação das ações referentes ao programa. “A fruticultura contribui para geração de renda. É uma alternativa para convivência com a estiagem prolongada, tornando-se essencial a capacitação, o planejamento, a organização do mercado e a rede de distribuição”, avalia Ricardo Lisboa, superintendente regional substituto da Codevasf em Alagoas. O programa será executado pela Fundação Artística, Cultural e de Educação para a Cidadania de Viçosa – FACEV/Universidade Federal de Viçosa – UFV. “O plano de trabalho foi aprovado e já houve liberação de R$ 1,7 milhão”, diz Hugo Leonardo Rocha, chefe da Unidade Regional de Apoio à Produção da Codevasf em Alagoas. Rocha explica que serão contempladas diversas ações, como a elabo-

ração de diagnóstico dos produtores e das espécies a serem cultivadas, identificando o potencial hídrico e a capacidade de manejo de solos. Está prevista também a realização d e pesquisa de mercado e a elaboração do plano de negócios, dimensionando o mercado consumidor e a central de comercialização para frutas in natura e processadas, visando ao levantamento de informações e subsídios voltados para as necessidades da unidade de beneficiamento integrado de frutas. Além disso, o programa incentivará a produção e os processos da unidade de beneficiamento integrado de frutas e derivados por meio da aquisição de equipamentos que permitam o beneficiamento do umbu, umbu-cajá,

acerola, manga, goiaba, maracujá, abacaxi, graviola, caju, banana, entre outras frutas. “A fruticultura em Alagoas tem despontado como atividade com grande potencial, sobretudo no que se refere ao cultivo do umbu-cajá. Há, na região de Igaci/Palmeira dos Índios, empresas que compram os frutos diretamente dos agricultores, sem que haja atravessadores. Esse modelo aumenta o retorno econômico ao produtor. Ao mesmo tempo, considerando que a fruticultura irrigada é uma das atividades que mais gera empregos, sendo estimado 2,5 empregos gerados a cada hectare produzido, o sertanejo tem a oportunidade de continuar na sua região de origem com renda e dignidade”, explica Hugo Rocha.


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agro conomia Pequenos agricultores tiveram pera de renda de 35% na pandemia

EMENDAS

Frente parlamentar pede aumento no orçamento da agricultura familiar para 2021 SEGUNDO CONSULTORIA DE ORÇAMENTO DA CÂMARA, RECURSOS PARA AQUISIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR TÊM PREVISÃO DE QUEDA DE 33% NO ANO QUE VEM FONTE: AGÊNCIA CÂMARA

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Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, na Câmara dos Deputados, convoca entidades do setor e deputados a estarem em Brasília para pressionar pela elaboração de emendas que recomponham o Orçamento de 2021 para o setor (PLN 28/2020). Em reunião virtual da Frente foram feitas duas apresentações que mostraram queda de recursos em quase todos os programas. Uma das ações citadas pela consultoria de Orçamento da Câmara é a de aquisição e distribuição de alimentos da agricultura familiar, que teve queda de 33% no projeto do Orçamento para 2021 em relação ao deste ano. O programa de assistência técnica e extensão rural também teve uma redução de 40%. Em relação à proposta de 2020, o item promoção da agricultura familiar sofreu uma queda de 16%, mas na comparação com 2019, a

redução é de mais de 90%. Representantes do setor afirmaram que a queda vem ocorrendo desde 2017 e que é preciso mais atenção à agricultura familiar. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides dos Santos, disse que a entidade monitora cerca de 70 ações orçamentárias e, segundo ele, é possível dizer que as perdas começaram em 2017. Ele relatou outros itens mais específicos do Orçamento de 2021 como o assentamento rural e o apoio a comunidades tradicionais. “Em 2020 tinham sido inclusas as terras indígenas neste processo. Agora está zerado, não tem nada, não vai ter dinheiro. A implementação de um plano de ação para produção e consumo sustentável também está zerada no Orçamento. Então são rubricas que não podem ficar zeradas, pelo amor de Jesus! Neste momento que nós estamos vivendo nas questões ambientais…”

Aristides reivindicou ainda a derrubada dos vetos do presidente Jair Bolsonaro à extensão do auxílio emergencial para os agricultores familiares. O presidente da Contag lembrou que mais da metade dos pequenos agricultores tiveram uma perda de renda de 35% na pandemia. Frei Sérgio Goergen, do Movimento dos Pequenos Agricultores, disse que a agricultura familiar é importante para garantir a segurança alimentar da população. “A fome está aumentando principalmente nas médias cidades. Nas grandes, a gente já sabia. E é uma preocupação dos pequenos agricultores se ela chegar nas pequenas cidades. Assaltos noturnos à produção do agricultor produz. Roubo de porco, galinha, gado. Vira um caos.” O deputado José Medeiros (Pode -MT) lembrou que é preciso acelerar a regularização fundiária para que mais produtores da agricultura familiar possam ter acesso a crédito.

EMPREGO A agropecuária lidera a geração de novas vagas de emprego em 2020, com 98.320 postos de janeiro a agosto. Os setores do agro e da construção civil são os únicos com saldo positivo no acumulado do ano, segundo Comunicado Técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que analisou os dados do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia. As atividades que mais abriram vagas neste ano foram: cultivo do café, com 17.741 vagas; atividades de apoio à agricultura (17.227); cana-de-açúcar (12.219); soja (11.136); bovinos (8.481); frutas de lavoura permanente, exceto laranja e uva (5.987); criação de aves (4.745); horticultura (2.783); cultivo de cereais (2.163); atividades pós- colheita (2.096); uva (1.946); suínos (1.905) e produção de florestas plantadas (1.197). São Paulo, com expansão de 66.235 postos de trabalho, foi o estado com melhor resultado na agropecuária em 2020, seguido por Minas Gerais (+8.585 vagas), Goiás (+7.098), Bahia (+5.390), Mato Grosso (+4.509) e Paraná (+3.798).

ACÚCAR A desvalorização do real frente ao dólar torna o açúcar altamente competitivo e atraente no mercado externo. Com o objetivo de minimizar o impacto da crise de preço e quantidade que atinge o mercado de biocombustíveis, as indústrias sucroalcooleiras apostam grande parte de sua capacidade de fabricação no açúcar e fortalecem as vendas das commodities ao mercado internacional. Comparada com o álcool, a produção de açúcar continua crescendo. Os dados mais recentes da União da Indústria Canavieira (Unica) que mostram que a quantidade de cana processada para a produção de açúcar aumentou de 35,43% para 47%. A safra acumulada foi de 499,77 milhões de toneladas, aumento de 5,3% em relação ao mesmo período do ano passado. No ano passado, tal estratégia deu resultados positivos. Em 2019, o país embarcou 17,8 milhões de toneladas de produtos. Agora, apenas nos primeiros oito meses, as vendas no mercado externo aumentaram ligeiramente: 17,9 milhões de toneladas. Se for comparado com os primeiros oito meses deste ano, o crescimento chegou a 64%. Só em agosto, foi um aumento de 118,8% em relação ao mesmo mês de 2019. (Fonte: Valor)


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IMPACTO

Agronegócio teme aumento da carga com a reforma tributária proposta pela União PROPOSTAS EM DEBATE NÃO SÃO CONSIDERADAS NEUTRAS E DEVEM CARRETAR AUMENTO NA CARGA TRIBUTÁRIA DO SETOR PRODUTIVO BRASILEIRO. FONTE: GRUPO STUDIO

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agronegócio brasileiro teme os impactos das propostas de reforma tributária de autoria da União e que está em discussão. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) defende uma mudança que simplifique o atual sistema de impostos brasileiro, mas vem ressaltando a necessidade de encarar esse desafio sem aumentar os tributos nem onerar os produtores e os preços dos alimentos, e blindando o setor e a sociedade de incertezas fiscais e jurídicas. Para o presidente do Instituto CNA, Roberto Brant, as propostas em debate não são neutras e acarretam, sim, em aumento na carga tributária do setor produtivo brasileiro. Ele representou a confederação em uma audiência pública da Comissão Mista Temporária no Congresso Nacional realizada na semana passada. “Nós, da CNA, compartilhamos com o sentimento que o sistema tributário atual é complexo e oneroso para as atividades produtivas de modo geral. Concordamos em rever esse sistema, mas precisamos expressar nossa preocupação”, disse Brant. O principal temor da entidade, no momento, é que o produtor rural pessoa física se torne contribuinte de uma somatória de tributos. De acordo com o mais recente Censo Agropecuário, de 2017, 98,2% dos produtores do País são pessoas físicas. Segundo Brant, torná-los contribuintes inviabilizará diversas atividades e a produção de diferentes culturas, principalmente para os pequenos e médios agricultores. “É realmente uma solução insensata taxar o produtor na hora que o agronegócio sustenta o País e mantém a atividade econômica funcionando. Todas as propostas deveriam eliminar a equiparação entre pessoas físicas e jurídicas. Só depois disso, poderemos discutir a reforma tributária com o que ela tem hoje. Somos a favor de simplificar sim, mas levando em consideração as peculiaridades das atividades”, destacou o presidente do Instituto CNA. DESONERAÇÃO Em relação ao fim da desoneração da cesta básica, prevista nas propostas da reforma em discussão, Brant expressou uma preocupação comum aos produtores

Pequenos produtores podem ser os mais prejudicados com mudanças e aos cidadãos brasileiros, principalmente os mais empobrecidos: “o País vai voltar a tributar o alimento da mesma forma que outros produtos e, isso, irá pesar no orçamento da população”. “A desoneração da cesta básica favoreceu o acesso das classes baixas aos alimentos. O aumento da carga tributária no setor agropecuário vai focar nos setores mais miseráveis da população brasileira”, disse. Segundo ele, o agronegócio atualmente é produtivo e competitivo. “Vamos piorar a vida do produtor rural, aumentar a carga financeira que ele é submetido, afastar as pessoas da produção rural? Queremos contribuir para um país igual para todos, estamos abertos à discussão, porém, as atividades econômicas têm características diferentes e não podemos eliminar isso simplesmente por um decreto.” Três propostas Atualmente, há três propostas sendo debatidas pelo Congresso Nacional e pelo governo federal: a PEC 45/2019, da Câmara, a PEC 110/2019, do Senado, e o Projeto de Lei 3.887/2020. Os impactos das propostas para as atividades agropecuárias também têm sido pauta das reuniões das Comissões Nacionais da CNA. O deputado Aguinaldo Ribeiro (PP), relator da proposta de Reforma Tributária na Câmara dos Deputados, que conduziu a audiência pública da Comissão Mista, afirmou que vai continuar o debate com a CNA e com as demais entidades. “Queremos construir um texto que tenha um olhar para cada setor, sua representatividade e importância, sem fazer com que o sistema tributário seja um peso”. O agronegócio é considerado um dos principais motores da economia brasileira, com participação de mais de 20%

no Produto Interno Bruto (PIB) do País, sendo também um grande responsável pela geração de renda. Por isso, a preocupação em onerar ainda mais esse setor tem gerado debates, principalmente quando o assunto é a necessidade do produtor rural pessoa física se tornar contribuinte via Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). O coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon, prevê que a obrigação desses pequenos produtores (que chegam a 98% do total) se tornar contribuinte do IBS aumentará os gastos com impostos e custos para gerenciar o tributo. “Não é racional a aplicabilidade na forma que se encontra a PEC 45 para os produtores rurais. O agro vai representar quase 24% do PIB em 2020. Uma reforma que onere e prejudique esse setor vai trazer um efeito devastador no crescimento da economia a longo prazo”, afirmou Conchon. De acordo com o economista da CNA, o setor agropecuário representou apenas 10% das desonerações tributárias concedidas pelo governo federal em 2019. Enquanto isso, aeronaves e embarcações, por exemplo, terão a redução garantida. “Vamos cobrar mais tributos sobre alimentos, que vão subir de preço, e manter a desoneração para produtos de luxo? Teremos carne, leite, pão, arroz e feijão com a mesma carga tributária de supérfluos? A sociedade precisa debater isso”, sustentou. A advogada tributarista, ex-conselheira do CARF, Nereida Horta, complementou que as propostas como estão vão, “em vez de tirar a preocupação (com os tributos) das costas do produtor, aumentar cada vez mais essa preocupação”. O produtor tem que estar focado e preocupado com a produção, disse Nereida, salientando a necessidade de simplificação da carga tributária que recai

sobre o setor. GRUPO DE ESTUDOS Eles participaram de uma Live sobre o assunto promovida pelo recentemente criado Grupo de Estudos da Tributação no Agronegócio (Geta). Juntos, concordaram que é inegável a necessidade de uma reforma tributária no País, mas pontuaram que o modelo apresentado pela PEC 45/19, que tramita na Câmara dos Deputados, pode aumentar a carga tributária e trazer um impacto substancial para o setor agropecuário. Para Conchon, a proposta não considera as peculiaridades do setor, como a sazonalidade de safra. Pontos como a alíquota única - com a criação do IBS - devem afetar as exportações agropecuárias. Outra mudança que impactará a população é a retirada da desoneração da cesta básica. Durante a Live, ele questionou se esta é a melhor hora para promover mudanças estruturais. “A economia brasileira vai sair bastante machucada ao final desse processo e com isso, o endividamento público que hoje é de 91% em relação ao PIB, vai chegar a 100% em 2026 ou 2027. É um cenário fiscal ruim e com tendência a piorar”, projetou Conchon. Segundo dados de 2017 do Ministério da Agricultura, um em cada três empregos no Brasil na época estava relacionado ao agronegócio. Já um levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) revelou que, a cada R$ 1 milhão que se investe nesse ramo, são gerados R$ 3,3 milhões em produção, 49 novos postos de trabalho e R$ 367 mil em salários para os trabalhadores. Confira os principais tributos cobrados hoje de produtores rurais no Brasil - Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural): imposto voltado para a contribuição social - ITR (Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural): é o equivalente ao IPTU para os imóveis que estão localizados fora do perímetro urbano dos municípios. A alíquota deste imposto varia de acordo com a área da propriedade e o grau de utilização do espaço, com o objetivo de desestimular a existência de grandes latifúndios com baixa produtividade - IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica): tributo federal que incide sobre os lucros da empresa agrícola - ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços): tributo pago sobre alguns insumos - PIS e Cofins: os conhecidos Programa de Integração Social e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço): pago por quem é empregador ou tomador de serviços Além desses tributos, também existem cobranças estaduais e municipais que podem incidir sobre os negócios agrícolas.


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COOPERATIVA PINDORAMA

Produção de molho de pimenta garante conhecimento técnico e renda para jovens agricultores PROJETO ESTIMULA PERMANÊNCIA DA POPULAÇÃO NO CAMPO E BENEFICIA AGRICULTURA FAMILIAR

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m projeto da Cooperativa Pindorama está ampliando e consolidando alternativas de geração de renda para jovens agricultores da comunidade, além de construir o aprendizado sobre práticas de sustentabilidade ambiental e estimular a permanência dessa população no campo. Em sua segunda versão, o projeto “Amanhã de Pindorama” oferece, por exemplo, oportunidade dos jovens se envolverem no ciclo de produção da linha de molhos de pimenta Pindorama, que apresenta grande aceitabilidade do mercado regional. Através do Centro de Treinamento Rural de Pindorama (Cetrup) e com a parceria da Emater, os jovens aprendem a cultivar mudas de pimentas tabasco e

Jovens do Projeto Amanhã de Pindorama participam do ciclo de produção da linha de molhos de pimenta da Pindorama jalapenho, usadas no fabrico dos molhos. A atividade tem dado bons frutos. As mudas são plantadas em terras dos próprios colonos, de onde saem para a industrialização na cooperativa. “Eles cultivam as mudas numa estufa, com acompanhamento técnico, e essas mudas são transferidas para terras dos agricultores familiares da nossa comunidade, onde são plantadas”, explica dona Marinalva Vilela, uma das responsáveis pelo Cetrup. A produção das pimentas é toda

direcionada à Pindorama, que processa e industrializa a especiaria com uma formulação exclusiva. Um dos agricultores que investem no cultivo da pimenta é o jovem Wesley, filho do colono Manoel. Ele explica que a colheita de pimenta pode acontecer em quatro meses e que a venda da produção é garantida. Segundo o agricultor, a cooperativa absorve toda a produção e o faturamento da colheita, em apenas 1 tarefa de terra, é de um salário mínimo por mês. Os alunos do Cetrup envolvidos no pro-

jeto afirmam sentir orgulho da atividade, principalmente porque o trabalho é exitoso para garantir a renda extra e ampliar o conhecimento técnico. O projeto também oferece reforço escolar e os alunos se dedicam a atividades diversas como a música. No ano passado, a Cooperativa Pindorama modernizou a linha de fabricação de molho de pimenta, aumentando a capacidade de produção e ampliando, também, a competitividade no mercado consumidor.


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PLANTAS DANINHAS: PROBLEMA QUE BROTA NOS CAMPOS E DERRUBA A PRODUTIVIDADE PORTAL AGROLINK

ESTUDO

Municípios com alta produção agrícola impactam PIB local VALOR DA PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS AGRÍCOLAS DO PAÍS ATINGIU R$ 361 BILHÕES EM 2019 FONTE: MAPA

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s municípios com maior valor da produção agrícola do país têm em média, uma participação alta de seu Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário no PIB total do município. Para os 50 considerados mais ricos em termos de valor da produção, a média da participação do PIB agro no PIB total é de 36,8%, enquanto para o Brasil essa participação foi de 5,4%. A maior parte desses municípios situa-se em Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Bahia. A conclusão é de nota técnica da Coordenação-Geral de Avaliação de Política e Informação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com base em dados da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) e do Produto Interno Bruto (PIB), ambos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para Sapezal (MT), líder na produção de algodão, o PIB agro em relação PIB do município é de 54,5%; para São Desidério (BA), líder do algodão na Bahia, a participação do PIB é de 66,5%. Para Diamantino (MT), é de 54,3%, e em Formosa do Rio Preto, a participação é de 64,0%.

O valor médio da produção dos 50 municípios com maior valor da produção é de R$1,521 bilhão. Nesse grupo de munícipios, os maiores valores são observados em Sorriso (MT) R$ 3,946 bilhões, Sapezal (MT) R$3,338 bilhões, São Desiderio (BA) R$3,183 bilhões, Campo Novo dos Parecis (MT) R$3,055 bilhões, Rio Verde (GO) R$ 2,578 bilhões e Cristalina (GO) R$ 3,338 bilhões. De acordo com a Pesquisa Agrícola Municipal, o valor da produção das principais culturas agrícolas do país atingiu R$361 bilhões em 2019, superando em 5,1% o recorde alcançado no ano anterior. O milho, o algodão e a cana-de-açúcar foram os principais produtos que influenciaram esse crescimento. Segundo o IBGE, dos 50 municípios com maior valor da produção agrícola do País, 22 municípios encontram-se no Mato Grosso, seis em Goiás, seis em Mato Grosso do Sul e seis na Bahia. Os municípios que lideram a produção de soja e milho, em sua maioria também aparecem nas primeiras posições de geração de valor do algodão herbáceo. Esses são, caracterizadamente os municípios que também lideram os níveis de produtividade.

As plantas daninhas representam um dos principais problemas na plantação de grãos. Segundo dados da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Soja, as perdas podem chegar a 90% nas lavouras em casos extremos de infestação. “A resistência que as plantas daninhas estão desenvolvendo acabam causando um problema no controle, uma vez que isso reduz as opções para combatê-las”, explica o Pesquisador da Embrapa de Passo Fundo, Leandro Vargas. Segundo o pesquisador, as culturas estão sofrendo com a ação de espécies específicas de plantas daninhas, que estão cada vez mais difíceis de combater. Para evitar prejuízos e tornar o controle ainda mais eficaz na produção de grãos, o uso de herbicidas pré-emergentes é uma tendência em crescimento, uma vez que permite o cultivo no limpo, eliminando o problema antes mesmo dele começar. “Além de melhorar o desempenho no pré-cultivo, o uso de pré-emergentes garante alta seletividade e aprimora as chances de um bom controle em pós”, observa Anderson Cavenaghi, Professor da Univag. Começar um cultivo com a lavoura no limpo é um sonho para os produtores, que buscam orienta-

ções de manejo que atendam às necessidades de sua produção, levando em conta a presença de plantas resistentes ao glifosato, como azevém, capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e buva, principais ameaças ao plantio de grãos. Com diversas espécies cada vez mais, há uma necessidade de um herbicida com mecanismo de ação diferenciado, que seja eficaz em várias plantas. “Hoje nos perguntamos: qual a estratégia para controlar as daninhas? Temos plantas que já não respondem aos produtos disponíveis. O mercado precisa de uma ferramenta eficiente, que ajude no combate em diversas culturas e controle plantas de folhas largas e estreitas. Tudo isso com um custo que caiba no bolso no produtor”, diz Robinson Osipe, Professor e Pesquisador na UENP/FFALM. “Estima-se que mais de 14 milhões de hectares brasileiros sofram com as plantas daninhas, então os pré-emergentes fazem parte de uma estratégia de manejo”, fala Luís Henrique Penckowsi, Gerente Técnico da Fundação ABC. Enquanto o problema aumenta e as plantas daninhas se tornam cada vez mais fortes, o produtor aguarda uma solução que acabe com esta ameaça, um herbicida que seja o portador de eficiência e bons resultados.

OS ESTADOS LÍDERES NO VALOR DA PRODUÇÃO EM 2019 UNIDADES DA FEDERAÇÃO Brasil Mato Grosso São Paulo Rio Grande do Sul Paraná Minas Gerais Goiás Bahia Mato Grosso do Sul Pará Santa Catarina

VALOR DA PRODUÇÃO (MIL REAIS) 361.000.875 58.355.521 55.556.164 40.875.724 40.545.888 34.767.291 29.408.576 19.326.586 19.239.650 10.799.393 10.189.406

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal, 2019.


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