Edição 1102

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1998 - 2020

ANO XXII - Nº 1102 - 15 A 21 DE JANEIRO DE 2021 - R$ 4,00

CONSPIRAÇÃO

Soldado alagoano foi recrutado para matar primeiro presidente civil do País

Uma trama envolvendo o Exército e pouco conhecida dos brasileiros é resgatada pelo jornalista e cineasta Jorge Oliveira em seu novo livro: o assassinato do ministro da Guerra Carlos Machado pelo soldado Marcellino Bispo de Mello. O alvo era o primeiro presidente civil eleito pelos brasileiros, Prudente de Morais. 15 a 17

BRASKEM PODE CONSTRUIR NOVOS BAIRROS NAS ÁREAS DE RISCO n Acordo judicial dá autonomia para empresa comandar política ambiental na região n Petroquímica será obrigada a monitorar área onde bairros estão afundando por 10 anos 6 a 9

CASO EXECUÇÃO DE EMPRESÁRIO COMPLETA SEIS MESES E NINGUÉM FOI INDICIADO 2

MP VAI ACIONAR JUSTIÇA PARA ESTADO FAZER CONCURSO PÚBLICO NO DETRAN 13

SINDICALISTAS PROTESTAM CONTRA DESMONTE DO BANCO DO BRASIL Plano do governo é fechar agências e dispensar 5 mil funcionários 12

BAIXA TESTAGEM CONTRIBUI PARA AVANÇO DA COVID EM ALAGOAS Estado tem mais de 8 mil pessoas aguardando resultado dos exames 11


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COLUNA

EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Cofres vazios 1

Disputa acirrada

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Missão quase impossível

- O assalto aos cofres públicos praticado por vários prefeitos desonestos é prova de que os eleitores não estão escolhendo bem os seus representantes. - Em alguns casos os gestores podem até ter surpreendido, mas na maioria a roubalheira era esperada, dado que a folha corrida dos prefeitos já era conhecida antes mesmo da eleição.

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- Com raras e honrosas exceções, o saque ao erário é mais intenso durante o segundo mandato, o que coloca em discussão a necessidade de pôr fim à reeleição desses gestores.

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- Via de regra, os prefeitos gastam o primeiro mandato pagando dívidas do antecessor e acertando as contas com agiotas e demais financiadores de campanha, sem deixar de realizar alguma obra para garantir a reeleição. No segundo mandato, a ordem é roubar o que puder e deixar o pepino para o sucessor.

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- Nesses tempos de vacas magras para as prefeituras, com poucos recursos próprios, os larápios do dinheiro público têm se especializado em saquear a previdência do município e o Fundeb, deixando aposentados, pensionistas e professores a ver navios.

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- Se vale de consolo aos nativos, a ladroeira não é caso isolado de Alagoas; ocorre na maioria dos 5.570 municípios brasileiros e se transformou no maior sumidouro de dinheiro público do País.

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- E o pior é que esse tipo de crime é cada vez mais praticado com a certeza da impunidade graças à benevolência da Justiça e conivência das Câmaras de Vereadores.

Em 2022, Alagoas terá uma das mais disputadas eleições para o Senado, com vários candidatos viáveis e uma única vaga. No páreo deverão estar Fernando Collor - em busca da reeleição - Renan Filho, Ronaldo Lessa e Arthur Lira, além de outras candidaturas menos viáveis. A partir de hoje o desembargador Klever Loureiro passa a comandar o Tribunal de Justiça de Alagoas ao lado dos colegas José Carlos Malta na vice-presidência e Fábio Bittencourt na Corregedoria Geral de Justiça. Os três magistrados conhecem bem os desafios que os esperam na missão de resgatar a credibilidade do Poder Judiciário, a começar pelo fim da impunidade e do corporativismo que têm marcado a história da Justiça em Alagoas.

Crime impune

Esclarecer o assassinato do empresário Kleber Malaquias é uma das prioridades de Alfredo Gaspar de Mendonça, o ex-promotor de Justiça que volta a comandar a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas. Hoje, 15 de janeiro de 2021, o crime completa 6 meses sem que mandante, agenciador e pistoleiros tenham sido identificados e presos. O inquérito está sendo conduzido por três delegados, com apoio da PF, e há indícios da participação de militares na execução do empresário.

Aperto de caixa

Em meio à pandemia, o governo de Alagoas estuda medidas para garantir o pagamento da folha dos servidores, mesmo com algum atraso. Uma das opções é dividir o pagamento do funcionalismo em quatro faixas salariais para aliviar o caixa do Tesouro. Atualmente a folha é paga em duas faixas de salário.

Ministro enrolado

Presidente do STJ, ministro Humberto Martins trabalha 24 horas por dia em busca de apoio político na disputa pela vaga de Marco Aurélio Mello, no STF, que se aposenta em junho. Mas no caminho do ministro tem uma pedra e se chama Eduardo Felipe Alves Martins, o jovem advogado filho de Humberto Martins, investigado na Lava Jato por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, e que teria movimentado mais de R$ 100 milhões. Um dos últimos investimentos de Eduardo Martins foi a compra de uma fazenda em Messias, Alagoas, que consta das investigações. O imóvel, identificado como sendo parte da Fazenda Esperança, de propriedade da Usina Utinga Leão, foi adquirido por R$ 9,1 milhões.

Pobre Alagoas

Alagoas foi destaque nacional no último domingo na TV Record, que revelou o drama de milhares de famílias despejadas de suas casas pelo afundamento de quatro bairros da capital atingidos pela tragédia da Braskem. Nos próximos dias o estado deve voltar às manchetes, também de forma negativa. Desta vez, as redes de TV irão requentar a história de um processo judicial que já dura quase 20 anos.

Vale tudo

Trata-se de uma ação contra o deputado federal Arthur Lira, movido pela ex-esposa, que o acusa de violência doméstica, ameaças e sonegação fiscal. Por trás da extemporânea reportagem está a disputa pela presidência da Câmara Federal, com chances reais de Lira vencer o embate.

Acordo espúrio

A proposta do promotor Luiz Cláudio Pires para arquivar uma ação de improbidade contra a ex-prefeita de Piranhas Mellina Freitas, é tão estranha quanto a decisão da juíza Raquel David Torres de Oliveira, que atua no caso. Enquanto o promotor defende o fim do processo sem exigir o ressarcimento do dinheiro desviado da Prefeitura, a juíza mandou citar 12 corréus envolvidos na roubalheira e deixou de intimar a ex-prefeita, principal acusada. Muito estranho, mesmo.

Acredite se quiser

Após fazer as pazes com seu ex-vice-governador, Renan Filho jura que Luciano Barbosa era o seu candidato a governador. Para botar os pingos nos is é preciso lembrar que Luciano era o candidato de Renan-pai, enquanto Renan Filho preferia Fábio Farias como seu sucessor, o que gerou a dissidência com o vice e o imbróglio criado com a decisão de Luciano de disputar a Prefeitura de Arapiraca.


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CONTAS PÚBLICAS

Nova lei busca equilibrar dívida de estados e municípios com a União Texto aprovado em dezembro recebeu nove vetos do presidente Bolsonaro AGÊNCIA SENADO

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presidente Jair Bolsonaro sancionou com vetos a Lei Complementar 178, de 2021, que busca promover o equilíbrio fiscal de estados e municípios e facilitar o pagamento de dívidas com a União. O texto permite que os entes com baixa capacidade de pagamento voltem a contratar operações de crédito com aval do governo federal. Em troca, eles se comprometem a adotar medidas de ajuste fiscal. A norma foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (14). A lei é resultado do Projeto de Lei Complementar (PLP) 101/2020, aprovado pelo Senado em dezembro. O texto estabelece o Programa de Acompanhamento e Transparência Fiscal (PATF) e o Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal (PEF). A norma altera de 70% para 60% o nível mínimo de comprometimento da receita corrente líquida com despesas de pessoal para que estados e municípios possam aderir ao regime. Além disso, abre a possibilidade de adesão a entes com despesas superiores a 95% da receita do ano anterior ao pedido de adesão. Os estados que deixaram de pagar prestações do refinanciamento de dívidas firmado em 2017 por meio da Lei Complementar 156, de 2016, têm duas opções. A pri-

meira é incorporar os valores não pagos ao saldo devedor, com incidência de encargos de inadimplência. A segunda é prolongar por três anos (de 2021 a 2023) o teto de gastos, que vincula o crescimento das despesas à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O presidente Jair Bolsonaro vetou nove dispositivos aprovados pelo Poder Legislativo. Um deles permitia que estados com baixa capacidade de pagamento tivessem acesso aos recursos do PEF seguindo as mesmas regras dos entes com boa capacidade de solvência. Para o Palácio do Planalto, a medida “contraria o interesse público ao equiparar os entes com e sem capacidade de pagamento” e poderia provocar “impacto fiscal das obrigações financeiras a serem honradas”. Outro artigo vetado autorizava a União a estender por até 360 meses o prazo para pagamento das dívidas refinanciadas por meio da Lei 8.727, de 1993. O prazo original era de 240 meses. O texto aprovado pelos parlamentares previa também redução da taxa de juros e mudança de índice de atualização monetária para renegociações firmadas até dezembro de 2021. Segundo Jair Bolsonaro, a “proposição contraria o interesse público” porque “reabre indistintamente renegociação de financiamento de dívidas”. De acordo com o presidente

Planalto vetou nove artigos da lei que visa equilibrar contas da República, a medida “termina por abarcar contratos já refinanciados anteriormente, mas ainda não quitados e não cumpridos, o que pode impactar negativamente as contas públicas”. O Palácio do Planalto também barrou um dispositivo aprovado para perdoar os estados que descumprissem obrigações previstas no PEF durante situações de calamidade pública. De acordo com Jair Bolsonaro, a medida poderia “agravar a situação fiscal desses estados” e “levar a uma situação de insolvência total a depender do tempo de duração da condição de calamidade”. O chefe do Poder Executivo também vetou um inciso que permitia a contratação de pessoal em caso de vacância de cargo efetivo ou vitalício, mesmo que houvesse aumento de despesa. De acordo com

o Palácio do Planalto, como “não foi definida a data base para calcular o estoque de vacâncias que deve ser reposto”, o mecanismo “poderia aumentar as contratações e as despesas com pessoal, que correspondem à maior parte das despesas correntes dos estados”. Outro ponto vetado liberava a exigência de alguns requisitos previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101, de 2000) para contratação de operações de crédito e concessão de garantia. Jair Bolsonaro barrou também um dispositivo que concedia à União o poder de intervir, “na qualidade de assistente”, em “causas em que possam frustrar os objetivos” da nova lei. Para o Palácio do Planalto, isso poderia “impedir a União de figurar como parte nas eventuais hipóteses em

que a mesma entenda que haja tal necessidade”. O Palácio do Planalto também se opôs a um artigo que proibia a União de executar, durante o ano de 2021, as contragarantias de estados e municípios em contratos firmados com instituições multilaterais. Além disso, de acordo com o PLP 101/2020, a União deveria pagar “em nome do estado ou município, as prestações desses contratos cujo pagamento tenha sido suspenso”. Para o Poder Executivo, “a propositura apresenta vício de inconstitucionalidade”. “A despeito de impactar abruptamente as contas públicas aumentando o endividamento e representando risco fiscal, a suspensão dos pagamentos das operações de crédito acompanhada da proibição da execução das contragarantias pela União tende a levar os entes subnacionais a piores notas de capacidade de pagamento”, justifica. Jair Bolsonaro vetou ainda um artigo que limitava a atuação dos chefes de Poderes nos dois últimos anos de mandato. De acordo com o projeto, eles ficariam proibidos de assumir despesas que não pudessem ser pagas integralmente dentro de um mesmo exercício. Para o Palácio do Planalto, a medida “dificulta em demasia o planejamento de médio prazo promovido pelo Plano Plurianual (PPA)”. “A limitação também contraria o interesse público, uma vez que restringe a possibilidade de atuação do Poder Executivo, na medida em que poderá prejudicar o desenvolvimento de políticas públicas”.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Jogo sujo

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grande mídia tem feito um jogo sujo contra Arthur Lira desde quando ele admitiu se candidatar à presidência da Câmara dos Deputados, com chances reais de vencer as eleições. É pancada todo dia, revolvendo assuntos passados e que já tiveram decisões favoráveis da Justiça. Além de tentar atingir o presidente Jair Bolsonaro, que declarou ser

Peça teatral Se foi uma peça teatral em três atos, bem que o governador Renan Filho e o prefeito Luciano Barbosa cumpriram com maestria, até agora, seus papéis no jogo político alagoano.

Sem mágoas? Mesmo que durante o embate na campanha eleitoral tenha havido retaliações, intrigas, insinuações e consequentemente traições, Luciano e Renan estão demonstrando serem amigos desde criancinhas.

Projeto futuro Mesmo que o encontro de segunda-feira fosse encarado como institucional, como insistiu Luciano Barbosa no seu comunicado nas redes sociais, ninguém acredita que por trás de tudo isso não estejam em jogo as eleições de 2022.

Oposição A vereador Olívia Tenório dá a entender que irá liderar a bancada de oposição na Câmara. Tem feito críticas no começo da administração de JHC e promete endurecer o jogo político daqui pra frente.

Alvo As denúncias de que ocorreram maracutaia na aposentadoria de vários servidores da Câmara de Vereadores podem desestabilizar os trabalhos legislativos neste início de ano. A oposição, nos bastidores, já estuda um bote para os próximos dias.

Arthur seu candidato para a presidência da Câmara, a mídia fomenta intrigas, brigas e expõe a pessoa do deputado com fatos que somente lhe dizem respeito. É por isso e por outras coisas que a população não leva muito a sério os principais órgãos de comunicação do País.

Protagonista Bem ao seu estilo, Alfredo Gaspar de Mendonça já deu o tom de como irá agir à frente da Secretaria de Segurança Pública. No final da semana passada, logo nos primeiros dias, um vídeo foi divulgado nas redes sociais mostrando as primeiras ações do novo secretário.

Pressa Há quem diga que a abertura indiscriminada de bens e serviços em Maceió foi precipitada. O número de casos de covid-19 aumenta consideravelmente e os hospitais privados e públicos já estão beirando ao congestionamento. Ou se toma uma providência mais racional, ou a situação vai se agravar.

Auditorias A partir de agora o governo municipal vai oxigenar os trabalhos de auditorias em diversas secretarias. Na mira a coleta de lixo, iluminação pública e o transporte coletivo, medidas, aliás, de quem foi oposição no processo eleitoral.

Disputa Pelo andar da carruagem os secretários Alfredo Gaspar de Mendonça e Alexandre Ayres irão disputar a preferência para suceder a Renan Filho no governo do Estado. Será uma disputa interna, mas com sabor de guerra nos bastidores políticos.

Perguntar não ofende

Quem será o primeiro alagoano a tomar a vacina Coronavac oriunda da China?

Dificuldades Ainda vai ser preciso um bom tempo para que alguns auxiliares do primeiro escalão do governo de JHC tomem pé da situação. Nas entrevistas, é visível o desconhecimento das áreas, notadamente no tratamento com o meio ambiente, transporte público e coleta de lixo.

Legado O Ministério Público está tendo muito trabalho neste início de ano com as denúncias de que alguns prefeitos deixaram os municípios sucateados, com débitos de prestação de serviços e até mesmo com servidores do quadro de pessoal. Alguns deles até decretaram estado de emergência.

Anarquia Em alguns municípios os prefeitos eleitos encontraram a energia cortada, falta de computadores, impressoras, papel para impressão, internet fora do ar e, pasmem, até papel higiênico. Uma esculhambação.

Irresponsável A atriz Antônia Fontenelle perdeu uma grande oportunidade de ficar calada, quando atacou injustamente todos os alagoanos no episódio que envolveu seu colega Henri Castelli, que teve a mandíbula quebrada com um soco numa briga em um bar. Ela generalizou na acusação que mereceu o repúdio das autoridades e da própria população. Que não venha nunca a Alagoas. O povo agradece.

Ciranda O prefeito JHC

deveria, de uma vez por todas, convocar uma entrevista coletiva para dizer o que estava correto e o que não estava certo na administração do ex-prefeito Rui Palmeira. Utilizar as redes sociais como fazia antes, não é bem apropriado para o prefeito, que tem, para esses casos e outros, a Secretaria de Comunicação para comandar as demandas.

Lá e cá Durante a semana o assunto principal foi a denúncia de que a suspensão da coleta do lixo em algumas partes da cidade havia sido por falta de pagamento. O ex-prefeito disse exatamente o contrário. Ou seja, é preciso restabelecer plenamente a verdade.

Ineficiente O Ministério Público está investigando a atuação das delegacias especializada na defesa da Mulher pela ineficiência nas investigações, cujos inquéritos praticamente não saem do lugar. Mas, também, pudera. Com a falta de agentes, delegados e condições de trabalho, só podia dar nisso!


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AMA

Novo presidente prevê ano desafiador para finanças municipais Hugo Wanderley diz que gestores devem ter cautela, enxugar excessos e se preparar para momentos difíceis

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Associação dos Municípios de Alagoas (AMA), criada em 1981, passa a ser comandada, a partir deste mês, pelo prefeito de Cacimbinhas, Hugo Wanderley Caju (MDB). Além de respaldar as demandas municipalistas, um dos grandes desafios da entidade na nova gestão será fortalecer estratégias que promovam o desenvolvimento dos seus filiados em um ano que deve ser desafiador para a administração pública. Em função dos efeitos da pandemia e da crise econômica que afeta diretamente as receitas dos municípios, a primeira orientação do novo presidente da AMA para os gestores que assumiram as Prefeituras é: “cautela neste início de governo, enxugamento dos excessos e tentar fazer uma reserva financeira para os momentos mais difíceis”. Segundo Hugo Wanderley, é preciso gerir muito bem a máquina pública este ano para não correr o risco de ficar sem recursos para pagar a folha salarial ou dar continuidade a serviços essenciais. O presidente da AMA avalia que 2021 será um ano de desafios para 90% dos municípios da região Nordeste que dependem, quase exclusivamente, dos recursos do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). “A AMA faz essa

discussão permanente da situação do país”, enfatiza. Com o fim do auxílio emergencial do governo federal e do programa que garantiu a continuidade dos empregos na pandemia (Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda), o quadro que se vislumbra na arrecadação municipal não é animador. A extinção do auxílio deve reduzir em R$ 100 bilhões os recursos da massa salarial disponíveis para consumo no início de 2021, no País. “Será um dos mais difíceis períodos para a economia dos municípios”, alerta. “A partir de março, a receita municipal terá uma queda brusca na arrecadação”, enfatiza. Para auxiliar os gestores, a AMA continuará com programas de capacitação técnica e lutando a nível nacional, através da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), pelas demandas municipais. Hugo Wanderley foi eleito para presidir a AMA com 81 votos na última segunda-feira (11). Seu vice é o prefeito de Maragogi, Fernando Sérgio Lira Neto (PP). Juntos, eles ficarão no comando da entidade no biênio 20212022. Para o biênio 2023-2024 assumem como presidente e vice as prefeitas Rosiana Beltrão (Feliz Deserto) e Jeane Moura (Senador Rui Palmeira), respectivamente.

VACINAÇÃO Hugo Wanderley promete, à frente da AMA, dar apoio aos municípios para que a vacinação contra o coronavírus ocorra com a urgência necessária. A entidade fará, com apoio do Consems (Conselho de Secretarias Municipais de Saúde), um levantamento dos insumos e estoques para viabilizar a vacinação, anunciou. “Precisamos estar preparados para quando o governo federal divulgar o plano nacional de vacinação”. Em relação às dificuldades que os novos gestores estão encontrando nas Prefeituras, o presidente da AMA é taxativo: é preciso fazer uma “auditoria, levantar a situação e informar aos órgãos responsáveis e fiscalizadores para que eles tomem providência. Sabemos que a população é a maior prejudicada, mas devemos usar os mecanismos existentes para diminuir o potencial dos danos gerados pelos gestores passados”.


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BAIRROS AFUNDANDO

Braskem poderá construir residenciais e terá autonomia em plano ambiental AFRÂNIO BASTOS

No Pinheiro, desde o ano passado centenas de imóveis foram desocupados, deixando um rastro de destruição que já atinge a Ladeira do Calmon, no Bebedouro

Petroquímica será obrigada a monitorar região por apenas 10 anos JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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petroquímica Braskem, responsável pelo afundamento do solo dos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Farol e Bom Parto, em Maceió, foi beneficiada com a assinatura de termo de acordo que extingue ação civil pública socioambiental. O acordo foi firmado com Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Estado (MPE) e permite que, suspenso o processo de subsidiência, a empresa promova construções nas áreas onde milhares de pessoas residiam. No entanto, os termos firmados elencam uma série de obri-

gações e deveres por parte da empresa. Para os órgãos fiscalizadores, a autocomposição do termo de acordo para definição de medidas a serem adotadas quanto aos pedidos liminares da ação civil pública socioambiental é “a forma mais célere e efetiva para a resolução da controvérsia”. O acordo foi assinado no dia 30 de dezembro do ano passado e homologado no dia 7 deste mês pela Justiça Federal. O termo está dividido em seções: disposições ambientais, disposições socio-urbanísticas e disposições gerais. Na questão ambiental, a Braskem compromete-se a adotar as medidas necessárias à estabilização e ao monitoramento do fenômeno de subsidência (afundamento) decorrente da extração de salgema conforme exigido pela Agência Nacional de Mineração (ANM) no Plano de Fechamento. O acordo também destaca orientações para fechamento

dos poços a fim de estabilizar o solo da região: “Nos casos de preenchimento das cavidades com areia pela Braskem deverão ser consideradas opções para minimizar o impacto dessa atividade. Considerando a natureza degradadora da extração mineral de areia deverá ser comprovado que a areia utilizada pela Braskem ou suas subcontratadas foi obtida de fontes devidamente licenciadas”. ESTUDOS Para fins de avaliação pela ANM, a Braskem deverá entregar todos os estudos e avaliações solicitados e implementar as medidas para monitoramento da evolução das cavidades. A empresa ainda se comprometeu a concluir até abril a implementação de malha de monitoramento online por sensores de microssísmica por meio de equipamentos capazes de medir o ângulo e rotação de eventuais deslocamentos do solo e também de microssismos

– pequenos tremores –, além da instalação de dez sismógrafos. Apesar de ter um histórico de extração de sal-gema de mais de quatro décadas em Alagoas, o acordo impõe que a Braskem deverá manter o monitoramento do afundamento do solo pelo prazo de apenas dez anos. Com o fim desse prazo, será reavaliada a necessidade de renovação do monitoramento após consulta de órgãos e entidades públicos. Quanto à subsidência, a Braskem terá que entregar ao MPF, em fevereiro, relatório contendo os últimos dados de velocidade do afundamento do solo dos bairros. As ações e as medidas pertinentes ao diagnóstico ambiental variam e vão desde uma análise para reparar a vegetação de encostas a um relatório da qualidade da água do Complexo Estuarino Mundaú-Manguaba. E a Braskem terá que contratar, no prazo de 90 dias, empresa especializada para realizar estudo de viabili-

dade técnica e econômica para a utilização no enchimento das cavidades decorrentes das frentes de lavra de sal-gema. A empresa Tetra Tech, já contratada pela Braskem, irá elaborar um plano ambiental que consiste em uma parelha de proposições detalhadas de medidas para fins de reparação, mitigação ou compensação dos impactos causados pelas atividades de extração de sal-gema. De acordo com o documento, a Braskem contratou a empresa que irá traçar o que deve ser realizado no plano ambiental, sendo a própria empresa a responsável pela gestão e execução das estratégias descritas pela contratada. No entanto, o plano passará pelo crivo de consultoria especializada, que será escolhida pelo MPF. Serão analisadas as propostas de custos de estudos de três empresas de consultoria, essas também indicadas pela própria Braskem ao Ministério Público.


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Na encosta do Mutange todos os imóveis já foram evacuados e o tráfego de veículos e VLT continua suspenso; mineradora mantinha uma unidade de extração no bairro

Danos morais

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á na seção disposições socio-urbanísticas, a petro-

química terá que reservar a quantia de R$ 150 milhões para danos sociais e danos morais coletivos. O valor está sujeito a alteração conforme necessidade. “Caso ocorra eventual revisão do Mapa da Linhas de Ações Prioritárias - versão 4, divulgado pela Defesa Civil do Município de Maceió em 11 de dezembro de 2020, com acréscimo significativo de áreas além das já previstas nos estudos próprios da Braskem e o valor disponibilizado neste acordo, incluindo o valor de contingência disponível, não seja suficiente para adequação das medidas relacionadas às áreas desocupadas e medidas de mobilida-

de, as partes se reunirão para deliberar e negociar de boa-fé”, frisa o documento. Para intervenções socio-urbanísticas nas áreas desocupadas, a fim de promover o convívio harmônico e seguro da coletividade com a área, a petroquímica terá que reservar a quantia de R$ 722 milhões. As intervenções consistem em demolição de imóveis e descomissionamento de redes de água e esgoto, energia, gás e telecomunicações das áreas desocupadas; gestão de resíduos sólidos; obras de drenagem superficial em locais das áreas desocupadas; estabilização da encosta do Mutange; implementação de cobertura vegetal adequada nas áreas desocupadas em locais a serem definidos a partir dos estudos técnicos; gestão de vigilância e controle de praga; e gestão dos principais imóveis de interesse cultural.

O acordo também levanta a polêmica questão da petroquímica, após garantir terrenos das casas das famílias, construir residenciais ou prédios na região afetada pela mineração. Sim, a empresa terá esse direito. “A Braskem compromete-se a não edificar, para fins comerciais ou habitacionais, nas áreas originalmente privadas e para ela transferidas em decorrência da execução do Programa de Compensação Financeira, objeto do termo de acordo firmado em 3 de janeiro de 2020, salvo se, após a estabilização do fenômeno de subsidência, caso venha ocorrer”. E quando o assunto é mobilidade urbana, a petroquímica contratou a empresa TPF Engenharia para realizar estudos que vão subsidiar as discussões com o Município de Maceió sobre os projetos de mobilidade urbana a serem implantados.

Serão R$ 360 milhões destinados para a reestruturação da mobilidade urbana. Vale destacar que não estão abarcadas pelo acordo as ações e despesas relacionadas ao Veículo Leve sobre Trilho (VLT), que atravessa a região afetada. As negociações ficarão a cargo da Braskem e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

A Braskem também ficou de contratar a empresa Diagonal para realizar estudos sociais para as ações compensatórias, estimadas em R$ 198 milhões, a serem implementadas “em benefício da população de Maceió”. Para dano moral coletivo, o valor é menor: R$ 150 milhões. “O desembolso do valor referido será feito mediante depósito em conta judicial específica vinculada aos autos da ação civil pública, em cinco parcelas anuais a serem pagas em 30 de janeiro de cada ano, no valor de R$ 30 milhões cada uma”. O valor da indenização poderá ser duplicado chegando a R$ 300 milhões.


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Contrapontos: o preenchimento das minas

Reservas: empresa vai substituir seguro por imóvel

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a terceira e última seção do acordo denominada disposições gerais, a Braskem deverá apresentar a garantia real sobre bem ou bens de sua propriedade no valor de R$ 2,8 bilhões, livres e desembaraçados em substituição à apólice de seguro garantia no valor de R$ 1 bilhão. Para isso, a petroquímica terá 90 dias para averbar a garantia perante aos cartórios de registro de imóveis em favor da Justiça Federal. “Após a averbação e a juntada aos autos do documento público que comprove o registro do gravame no imóvel oferecido como garantia, a Braskem poderá proceder ao cancelamento da apólice de seguro garantia apresentada na ação civil pública no valor de R$ 1 bilhão”, especifica o acordo. Com relação ao comércio da região, a Braskem pagará auxílio temporário, em parcela única, no valor de R$ 10 mil aos microempreendedores individuais e àqueles que desenvolviam atividades econômicas de modo não formal em imóveis localizados nas áreas atingidas. A petroquímica também deverá realizar o aporte adicional de R$ 1 bilhão para adoção e implementação das providências previstas no termo de

acordo, em 10 parcelas mensais no valor de R$ 100 milhões cada. “A Braskem assume responsabilidade pela reparação do passivo socioambiental decorrente do fenômeno de subsidência percebido nas áreas afetadas pelos Impactos PBM, obrigandose a adotar as medidas necessárias de mitigação, reparação ou compensação socioambiental, conforme estabelecido no presente acordo, garantindo os recursos necessários para seu fiel cumprimento. Os Impactos PBM correspondem a danos como fissuras, trincas, rachaduras em edificações em regiões dos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol, localizados em Maceió, oriundos dos eventos de subsidência e os decorrentes que vêm ocorrendo naquela região”, determina o documento. O acordo foi firmado com as procuradoras da República Júlia Wanderley Vale Cadete, Niedja Gorete de Almeida Rocha Kaspary, Juliana de Azevedo Santa Rosa Câmara e Roberta Lima Barbosa Bomfim, com o promotor de Justiça Jorge José Tavares Dória e pelos representantes da Braskem; e homologado pelo juiz federal Frederico Wildson da Silva Dantas, no dia 6 de janeiro.

S José Geraldo Marques e Abel Galindo analisam acordo

obre o preenchimento dos poços com areia para dar sustentabilidade ao solo, o professor e engenheiro Abel Galindo Marques informou o EXTRA que a técnica seria viável. “O problema é a quantidade de areia. A ANM sugeriu o preenchimento de quatro minas em três anos”, disse. Ainda de acordo com o professor, cada mina tem como volume cerca de 600 mil metros cúbicos, fazendo necessário milhões de toneladas de areia para o preenchimento. Quanto ao tempo de monitoramento da área pela Braskem, Marques informou que dez anos seria o tempo mínimo: “Temos na literatura casos que levaram 50 anos de estudo”. O professor também não acredita que a petroquímica terá interesse, pelo menos por enquanto, de construir na área. “Para mim, é mais especulação. Quem irá comprar algo na região onde muitos ficaram traumatizados?”, questionou. O professor biólogo José Geraldo Marques tem opinião semelhante quanto ao monitoramento: “Em Ciência Ambiental, monitorar, por definição, é atividade continua ou continuada. Dura enquanto durar

Vista pano-râmica do Pinheiro

o problema ou a atividade ou a consequência deles. A priori não há prazos definidos. No caso presente, a meu ver, as consequências não estarão sanadas em 10 anos. Mesmo porque trata-se de fenômeno dinâmico, complexo e com potencial de ampliação. A previsibilidade, portanto, pode ser alterada, inclusive em decorrência do monitoramento”. E acrescentou: “No Pinheiro, num horizonte previsível, não teremos mais colapsos drásticos concentrados. Apenas solapamentos pontuais e rebaixamentos lentos e progressivos. O grande problema agora concentra-se em Bebedouro, com afundamentos previsíveis para início no segundo semestre deste ano, principalmente na parte entre o IMA e o Bom Conselho. Afundamentos drásticos poderão, e para mim é hipótese forte, ocorrer na lagoa. Quanto ao preenchimento das minas há problemas logísticos muito grandes. Dois deles: onde conseguir o material? Como transportá-lo sem perturbar seriamente o tecido urbano de Maceió?. Rachaduras nas casas e nas vias públicas continuam e continuarão passíveis de ampliação”.


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BAIRROS AFUNDANDO

Estudo aponta para formação de grandes crateras Avaliação das áreas atingidas deve ser feita a cada trimestre, diz empresa italiana JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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m estudo sobre o Caso Pinheiro desenvolvido pela empresa italiana Geoapp, encaminhado aos cuidados da Braskem, foi analisado pelo professor Abel Galindo Marques e pelo ambientalista José Geraldo Marques. O material, que se chama Análise de Velocidade Inversa das Deformações do Solo na Área de Maceió, foi desenvolvido pelo doutor Paolo Farina, com a ajuda das doutoras Andrea Ciampalini e Veronica Taurino, em agosto de 2020. Chama a atenção no estudo a alta probabilidade de que em grande parte dos bairros afetados, o que restou de residências e estabelecimentos comerciais sejam tragados por grandes crateras. “É importante destacar que de acordo com a análise e interpretação dos dados de deformação do solo fornecidos pelos satélites InSAR e D-GPS feitos até o momento, não é possível excluir a ocorrência futura de assentamentos repentinos do solo, rachaduras na superfície ou colapso do solo/afundamento na área de produção e em seu entorno, especialmente nas zonas de segurança onde se recomenda tomar medidas de segurança em relação à estabilidade da caverna e possível formação de sumidouros”, destacaram os estudiosos logo na introdução da pesquisa.

Ao focar a análise em pontos localizados acima dos poços, apesar dos valores de velocidade não elevados registrados no período analisado (velocidade variando entre 0,2 e 0,8 mm/ dia dependendo da localização), devido aos aumentos graduais mas consistentes de velocidade registrados a partir de 2004 até 2019, tendências lineares das cavernas com valor significativamente alto (acima de 0,70) foram identificadas para a maioria das cavernas, além de algumas áreas da região dos bairros afetados. “Recomenda-se a atualização da análise da velocidade inversa feita usando dados do InSAR por satélite apresentados neste relatório a cada trimestre (3 meses), a fim de detectar prontamente eventuais alterações nas tendências lineares identificadas indicando uma antecipação ou um adiamento das condições de falha iminentes”, orientaram os pesquisadores. Segundo Marques, estudiosos de diversos países, nas últimas cinco décadas, têm aplicado a Teoria da Fluência Acelerada, com tensão constante, para prever o tempo de falha, para mineração salina por dissolução. Esse tempo de falha significa a previsão do dia, ou do mês, ou do ano em que a superfície, sob a qual tem-se mina (ou minas), irá colapsar. Ao analisar o material italiano, o professor explicou que no caso da mineração salina em Maceió,

a exploração com maior intensidade iniciou nos primeiros anos da década dos anos oitenta do século passado. “Se considerarmos do meado dessa década até 2016 ou início de 2017, teremos 3 décadas, aproximadamente. E nesse período as deformações foram de poucos centímetros na área das minas (Mutange e Bebedouro), e por isso pouco perceptíveis. De 2017 até junho de 2020, temos 3 anos e meio. Nesse período teve-se subsidência (deformações) de dezenas de centímetros ou mais precisamente 75 cm (ou mais), segundo os relatórios de interferometria apresentados pela CPRM e de outros relatórios de empresas especializadas contratadas pela Braskem. Isso na área não submersa pela lagoa”, pontuou. Marques também traçou uma previsão de crateras para 2021, que ele deixa claro que tratam-se de probabilidades. Localizada no Mutange, a mina de número 15 corre o risco de aumento de cratera, algo em torno de 68% a 95% de risco. Já a mina 23, a probabilidade varia de 87% a 93%. O risco da mina 25 está entre 36% a 96%. Também apontou probabilidade, de 74%, de grande afundamento em uma área denominada C (confira no mapa acima), que fica entre a Praça Arnon de Mello e o HapVida.

ESCOLAS Representantes do Município de Maceió apresentaram à Braskem e ao Ministério Público do Trabalho (MPT) as preocupações com a execução das ações de readequação dos equipamentos de atendimento à população pela evacuação dos bairros atingidos pela movimentação do solo causado pela extração de sal-gema. A reunião aconteceu na quarta-feira, 13. Na reunião, os secretários municipais de Governo, Francisco Sales; de Educação, Elder Maia e o coordenador do Gabinete de Gestão Integrada para a Adoção de Medidas de Enfrentamento aos Impactos do Afundamento dos Bairros (GGI dos Bairros), Ronnie Mota, demonstraram a preocupação com a instalação de novos equipamentos e com a possível sobrecarga de outros com a migração dessa parcela da população, já que muitas dessas pessoas ainda não informaram os novos endereços de forma oficial. O secretário Municipal de Educação, Elder Maia, enfatizou que a falta de equipamentos como creches e escolas, suprimidos por estarem nas áreas afetadas, podem acarretar prejuízos sociais e acadêmicos a crianças e adolescentes. A procuradora do MPT Rosemeire Lobo reforçou que o órgão solicitou, através de acordo judicial, a construção de quatro escolas e uma creche como forma de compensação pela inutilização dos equipamentos. “Nossos acordos buscam proteger os trabalhadores, idosos e crianças que atuavam nas regiões afetadas pela movimentação de solo. Em acordo, firmado ano passado, a Braskem depositou R$ 30 milhões para a construção desses equipamentos em conformidade com as normas mais rígidas em vigor do Brasil”, anunciou a procuradora. Rosimeire Lobo explicou ainda que parte desse aporte foi aplicado nas ações de combate à covid-19, ainda na primeira onda, para proteger profissionais de saúde, militares do Exército, que atuaram na construção no hospital de campanha usado no combate ao coronavírus, e nos idosos e trabalhadores de asilos da região. “Desses R$ 30 Milhões, usamos R$ 5 milhões com essa finalidade, afinal de contas nós temos um problema grave, dentro de outro problema grave. Mas os cerca de R$ 25 milhões já depositados pela Braskem foram guardados para, após a mudança de gestão, serem aplicados conforme o planejamento do município”, garantiu. A procuradora destacou ainda que a aplicação desse montante irá evitar que as crianças vivam em situação de rua e sejam submetidas ao trabalho infantil e à prostituição. O gerente de relações institucionais da Braskem em Alagoas, Milton Pradines, que participou da reunião de forma presencial, encaminhou um calendário de reuniões com os setores do município que irão precisar de recomposição e com o MPT para discutir soluções. (Assessoria)


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SISTEMA PRISIONAL

Sindicato dos Policiais Penais quer anular contrato com Reviver Seris responsabiliza PGE pela demora na análise de edital para concorrência pública

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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ais uma vez a demora na conclusão de um processo licitatório fez o governo de Alagoas, através da Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris), desembolsar uma quantia exorbitante conforme contrato firmado no sétimo dia útil deste ano. Desta vez, cerca de R$ 18 milhões serão repassados para a empresa Reviver Administração Prisional Privada entre os meses de janeiro e junho por meio de um contrato emergencial, para que a mesma continue administrando o Presídio do Agreste, em Girau do Ponciano. O motivo para a assinatura do contrato emergencial, segundo a pasta, é a demora para a análise por parte da Procuradoria Geral do Estado de Alagoas do edital da licitação que servirá para contratar uma nova empresa, algo que deveria ter sido realizado ao final do ano de 2019 se a própria Seris não tivesse atrasado o envio, como relata a PGE. O contrato emergencial será questionado na Justiça pelo Sindicato dos Policiais Penais de Alagoas (SINASPPEN). Vitor Leite, presidente da entidade, afirma que entrará com uma ação para que o mesmo seja anulado devido a diversas

Presídio do Agreste vai continuar sendo administrado pela Reviver, empresa contratada por Téo Vilela irregularidades, bem como o que ele caracteriza como usurpação da função dos policiais penais. “Além do gasto exorbitante com aquele presídio, com a nova realidade da criação da Polícia Penal, eles aumentaram a usurpação da nossa função com esse contrato emergencial, reduzindo inclusive nosso acesso à parte interna da unidade prisional. No contrato, inclusive, se permite que motoristas da Reviver façam o transporte de presos, o que é ilegal”, afirma o sindicalista. Ainda de acordo com Vitor Leite, a segurança interna das unidades deveria ser realizada por concursados. “O certo seria fazer um concurso com o maior número de vagas possíveis. Nós não somos contra a privatização de algumas atividades como alimentação, manutenção de viatura entre outras. Mas a parte da função fim, a função típica do estado que é função de segurança pública, não deve ser privatizada como está sendo através

desses acordos”. A queixa da categoria também se dá em decorrência de outra situação, ocorrida em 2020 quando outro contrato foi assinado. A mesma demora resultou anteriormente na assinatura de um aditivo entre as partes, fazendo com que a empresa lucrasse R$ 36.294.429,22 durante o ano de 2020. O valor total é o mesmo pago anualmente desde 2014, quando a empresa assumiu a unidade. Se ignorados os 60 meses do contrato inicial e somados apenas o lucro com contrato aditivo e emergencial, a empresa já lucrou aproximadamente R$ 51.768.554,48 em um ano e meio, oriundos do governo do Estado. A Reviver foi contratada durante a gestão do então governador Teotonio Vilela Filho. Além da unidade em Alagoas, a empresa administra outros 10 presídios espalhados pelo Brasil, sendo oito na região Nordeste, um em Santa Catarina e outro no Amazonas. O Presídio

do Agreste é a maior unidade no Brasil gerida no sistema de cogestão, com 789 vagas destinadas para reeducandos do sexo masculino. Após o fim do contrato inicial de 60 meses, a Seris obteve parecer favorável da Coordenação da Procuradoria de Licitações, Contratos e Convênios da PGE para o contrato aditivo válido por mais 12 meses, mas foi cobrada pela entrega da documentação necessária para análise do edital de licitação, algo que demorou a ser feito. O contrato emergencial assinado no dia 7 deste mês deixa ainda uma brecha para que ele possa ser renovado, pois será válido até a finalização do Processo Administrativo Licitatório de nº 34000.5154/2019, que prevê a contratação de uma nova empresa. PROJETO BÁSICO “O presente Projeto Básico se refere à execução de serviço de operacionalização da unidade prisional do agreste com lo-

tação de até 960 (novecentos e sessenta) reeducandos do sexo masculino, podendo ser condenados ou provisórios, em caráter EMERGENCIAL, pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias, ou até a finalização do Processo Administravo Licitatório de nº 34000.5154/2019”, diz trecho do documento assinado inclusive por dois policias penais suspeitos de integrarem um esquema de horas extras. De acordo com a denúncia, Milton Pereira dos Santos Júnior e Ridina Lúcia Gonçalves Motta estariam se beneficiando de um esquema de horas extras na Seris e apenas durante o ano passado, Milton Pereira, segundo o Portal da Transparência, recebeu com horas extras, o valor de R$ R$ 13.568,07, fora o salário mensal de R$ 5.737,04.

OUTRO LADO A Seris foi questionada sobre a demora na realização de uma nova licitação. Por meio de nota, a pasta informou que “a emergencialidade justifica-se pelo fato do Processo Licitatório de nº 34000.5154.2019 ainda estar em trâmite na Procuradoria Geral do Estado (PGE) para a realização do certame licitatório. Não restando, desta forma, tempo hábil para se aguardar a finalização do Processo nesse lapso temporal e tendo em vista o princípio da continuidade dos serviços públicos concatenados a população carcerária atual da unidade prisional”. Ainda de acordo com a Seris, é necessário considerar a essencialidade do serviço prestado na operacionalização da Unidade do Agreste. “Fezse necessária a contratação de forma emergencial, após a vigência contratual, pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias ou até a finalização do Processo Administrativo Licitatório, para que o serviço não fosse paralisado, prejudicando o andamento das atividades no Presídio e trazendo prejuízo a sociedade”.


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PANDEMIA

Baixa testagem contribui para avanço da Covid em Alagoas Estado tem mais de 8 mil pessoas aguardando resultado dos exames

TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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alhas na testagem da população para diagnóstico do coronavírus contribuíram para o avanço da covid-19 no Brasil e o trágico número de mortes, segundo avaliação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O país ultrapassou a marca de 200 mil mortos pela covid-19 na quinta-feira (7) da semana passada, chegando a 205.965 nesta quinta-feira, dia 14. No início da pandemia o temor era que o Brasil registrasse 180 mil óbitos. Hoje, as projeções indicam que, mesmo com a vacinação, as mortes podem somar 300 mil em abril se o País não mudar a estratégia de testagem e rastreio, segundo alerta o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, Domingos Alves, do portal Covid-19 Brasil. Desde o início da pandemia até o último dia 12, Alagoas realizou 229.285 testes para diagnóstico da infecção pelo coronavírus, onde 109.720 receberam resultado positivo e outros 8.162 estão em investigação laboratorial. Os dados são do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). O boletim de testes diários aponta uma cobertura de testagem baixa, de pouco mais de 2 testes para cada 100 mil habitantes no estado. Estudo realizado pela Fiocruz em outubro do ano passado e divulgado recentemente, revela que o Amapá, Distrito Federal e Maranhão são os estados brasileiros que fizeram menos testes do tipo RT- PCR para detectar a covid-19. Esses locais tiveram taxas de, respec-

Atendimento a suspeitos de estarem com covid-19 tivamente, 0,3; 0,5 e 1,7 testes PCR feitos a cada 100 mil habitantes. Os testes PCR podem prever para onde está indo a pandemia, facilitando a tomada de decisão sobre medidas mais restritivas de circulação. O estado que mais fez testes PCR no país - São Paulo - teve uma baixa cobertura de testes ao se analisar a taxa por 100 mil habitantes: 9,5 testes a cada 100 mil, inferior a outros 14 estados do país. No Rio de Janeiro, que segundo dados da Fiocruz tem a maior taxa de mortalidade por coronavírus do país, foram feitos apenas 7 testes PCR a cada 100 mil habitantes no mês de outubro. O Paraná foi o estado com maior taxa: 36,5 a cada 100 mil habitantes. Já Paraíba é um exemplo no Nordeste para testagem em números absolutos. O estado tinha disponível 70.141 testes e aplicou 78.963, uma taxa de 113% no uso dos exames. Não há uma taxa a ser perseguida pelos estados, mas

a conclusão da Fiocruz é que a cobertura do Brasil em termos de testes para diagnóstico do coronavírus é baixíssima. Alagoas ainda possui um estoque de 43.369 testes, segundo o boletim da Sesau, sendo 37.744 exames PCR e 5.625 testes rápidos. Cientistas também apontaram outros fatores para o trágico número de mortes no Brasil: a política negacionista, ausência de coordenação nacional, medidas contraditórias e baixa adesão ao distanciamento social e individual colocaram o país nesse quadro gritante. Com a vacinação contra covid-19 iniciada em mais de 40 países, mas ainda sem data no Brasil, a Fiocruz argumenta que só o aumento da testagem com rastreio pode conter o avanço da doença entre os brasileiros. “Um planejamento de aplicação de testes adequado permite identificar os indivíduos infectados e, somado à estratégia de rastreio de con-

tatos, foi o que possibilitou a contenção da doença nos países que foram exitosos no enfrentamento da epidemia”, conclui o documento da Fiocruz. Em maio do ano passado, o Ministério da Saúde chegou a elaborar um plano de testagem da população. A iniciativa era parte da estratégia de prevenção e combate à covid-19, construída com parceria de secretários estaduais e municipais de Saúde. A meta era realizar testes em 22% da população nacional. Na época, o governo já havia anunciado a compra de 46 milhões de testes. O cronograma previa 1,5 milhão de testes em maio; 4 milhões em

junho; outros 4 milhões em julho; 3,2 milhões em agosto; 3,1 milhões em setembro; 3,1 milhões em outubro; 3,1 milhões em novembro; e 3 milhões em dezembro. Os números nunca ficaram perto de serem atingidos. Se um dos problemas do Brasil foi não ter construído uma estratégia nacional de testagem, dificultando que gestores e cientistas lidassem com a situação da pandemia sem ter diagnóstico epidemiológico, outra questão igualmente importante e que vem contribuindo para o aumento dos casos é a agilidade nos resultados dos exames.

EM INVESTIGAÇÃO Em Alagoas, 8.182 pessoas esperam por uma resposta laboratorial para terem certeza se estão infectadas, segundo o boletim epidemiológico do dia 12 deste mês. Sem a certeza da infecção, existe o temor de que, com o passar dos dias, esses pacientes em investigação possam relaxar no distanciamento social e individual e em outras medidas preventivas, como o uso da máscara. O Laboratório Central de Alagoas (Lacen) é o responsável pelo processamento dos exames do coronavírus no estado, mas a direção da unidade optou por não se pronunciar a respeito do acúmulo dos testes à reportagem do EXTRA. O fato é que o número de exames “em investigação” aumenta paulatinamente, apesar do governo ter anunciado, recentemente, a ampliação da capacidade do Lacen. No primeiro boletim epidemiológico, em 20 de março, quando Alagoas registrou seis casos confirmados de coronavírus, havia em investigação 53 exames. Levantamento do semanário em todos os dias 20 dos meses subsequentes, mostra que o número foi crescente no ano passado: abril (278 casos em investigação); maio (1.370); junho (4.528); julho (803); agosto (1.049); setembro (1.063); outubro (2.843); novembro (370); dezembro (9.429). Em comparação com outros estados, a diferença na agilidade do resultado dos exames para coronavírus é muito grande. Sergipe, por exemplo, no dia 11 deste mês tinha 123.836 casos confirmados (Alagoas, 108.820) registrava apenas 312 casos em investigação aguardando o resultado laboratorial), enquanto Alagoas tinha 7.976 casos.


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BANCO DO BRASIL

Sindicalistas protestam contra desmonte da instituição

Plano do governo é fechar agências e outras unidades, além do PDV que vai dispensar 5 mil funcionários MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

ENCERRAMENTO EM ALAGOAS

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anúncio do Banco do Brasil de que irá fechar mais de 300 unidades em todo o país e o possível desligamento de 5 mil trabalhadores deixou os bancários insatisfeitos e a população usuária em alerta. Por um lado, a justificativa é de que as medidas fazem parte das ações para aumentar a eficiência operacional e a especialização do atendimento aos clientes. Por outro, é mais uma tentativa do governo Bolsonaro em desmontar a coisa pública. Segundo a assessoria de comunicação do BB, em Brasília, com este movimento, a instituição dá sequência ao avanço no modelo de especialização do atendimento, que teve sua expansão iniciada em 2017 com a criação de agências e escritórios de negócios digitais. ”Desta vez, o BB fará o seu maior movimento de inclusão de clientes no modelo de atendimento personalizado. Serão 1,3 milhão de clientes que passam a contar com gerente de relacionamento exclusivo e ferramentas digitais de interação”, assegurou. O presidente do Sindicato dos Bancários de Alagoas, Márcio dos Anjos, disse que é radicalmente contra a tentativa do governo de desestruturar empresas públicas. E argumenta que o BB já tem necessidade de cerca de 25 mil pessoas e quer desligar ainda mais. “Essa argumentação é falsa. É para precarizar os serviços do BB e daí a sociedade

Informações extraoficiais dão conta de que em Alagoas serão encerradas as atividades de postos de Atendimento (PA) do BB localizados nos municípios de Anadia, Dois Riachos, Paulo Jacinto, Porto Real do Colégio, Estrela de Alagoas, Maribondo e Coité do Nóia, além dos PAA Especializado em Varejo da Barra de São Miguel e Passo de Camaragibe. Em Maceió, devem fechadas as agências especializadas em Varejo da Avenida Gustavo Paiva (Mutange) e da Avenida Siqueira Campos (Trapiche).

passa a reclamar e aí justifica a privatização. A defasagem só resolve com concurso público e não criar PDV”, reclama. Para Márcio dos Anjos, além da pandemia que trouxe desemprego, incerteza e outros problemas e as reformas impostas pelo governo, o trabalhador do BB também terá que enfrentar “esse golpe”. O sindicalista argumentou que são mais de 14 milhões de desempregados e o anúncio veio para piorar intencionalmente, acabar com a coisa pública. “Querem destruir uma empresa lucrativa de mais de 200 anos e isso incomoda o setor privado que só pensa no lucro e o banco público tem papel social”. O sindicalista destaca que o caso BB não é questão de Alagoas, pois o desmonte é na empresa nacional. Disse, ainda, que trata-se de uma decisão unilateral e que não concorda com isso. “Vamos ver nacio-

nalmente como agir, buscar meios para que não aconteça. Sabemos que foi uma estupidez pensada para prejudicar a sociedade”, criticou ao acrescentar que como não tem nada oficial, prefere não falar o número de funcionários que serão afetados no estado e a população em geral. O impacto financeiro também foi levado em conta para a decisão tomada pelo banco. A economia líquida anual estimada com despesas administrativas gerada por estes movimentos, exceto o impacto dos planos de desligamento incentivado voluntário, é de R$ 353 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhão até 2025. O número final de adesões aos planos de desligamento, assim como o respectivo impacto financeiro, serão informados ao mercado após o encerramento dos períodos de adesão, que ocorrerá até 5 de fevereiro.

AGRONEGÓCIO De acordo com Carlos Motta, vice-presidente de Negócios de Varejo do BB, “com mais 1,3 milhão de clientes atendidos no modelo de atendimento especializado por gerentes de relacionamento dedicados, avançaremos de forma importante na melhoria contínua da experiência dos nossos clientes. Isso representa 13% a mais de clientes com essa proposta de valor”, comparou”. Motta destaca também o investimento no atendimento especializado a 71 mil produtores rurais com o incremento de mais 276 gerentes de relacionamento para atendimento ao agronegócio. “Estamos amplificando a atuação comercial em 243 municípios brasileiros, o que reforça a competência histórica do BB como o maior Banco do Agro”. Além do que, o BB irá abrir 14 Escritórios Leves Digitais, que se somam aos dois já existentes em Bauru (SP) e Recife (PE). O funcionamento do projeto piloto nesses locais propiciou a ampliação do atendimento gerenciado a quase 200 mil clientes. Aponta, ainda, que outro foco de investimento acontece no atendimento especializado ao agronegócio. “O BB abrirá mais 14 agências Agro, especializadas no segmento em que já é líder, com 63,8% do share de crédito rural no Sistema Financeiro Nacional”. E acrescentou que o BB criará uma nova tipologia a ser acrescida a sua rede de unidades de atendimento, a Loja BB, focada em atendimento para realização de negócios com clientes, com terminais recicladores e que não contempla o serviço de guichê de caixa. A implantação ocorrerá em 145 dependências.


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DETRAN

MP vai acionar Justiça para que Estado realize concurso público Último certame para o órgão foi realizado há mais de 20 anos

foram os de fiscal de tributos estaduais, agente controlador de arrecadação e técnico de finanças. O concurso foi regido pelo Cebraspe, antigo Cespe, da Universidade de Brasília (UnB).

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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Ministério Público Estadual vai entrar com ação na Justiça de Alagoas na próxima segunda-feira, 18, para que o Estado de Alagoas realize um concurso público para reduzir a defasagem de servidores no Departamento Estadual de Trânsito de Alagoas (Detran). O órgão não realiza contratações efetivas há quase 20 anos e por enquanto, não tem previsão de que um novo certame seja realizado. De acordo com a Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag), este ano serão realizados concursos para preencher 1.060 vagas para a Polícia Militar, sendo 1.000 para soldado combatente e 60 para oficial combatente; e 170 para o Corpo de Bombeiros Militar, sendo 150 para soldado combatente e 20 para oficial combatente. Além da área de segurança pública, a Secretaria de Estado da Educação oferecerá 3.000 vagas para o cargo de professor. Já o concurso para a Polícia Civil destinará 500 vagas, sendo 368 para o cargo de agente e 132 para escrivão. Por fim, a Procuradoria Geral do Estado oferecerá 15 vagas destinadas ao

POLÍCIA PENAL

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Promotor Coaracy Fonseca revela que deverá com a ação na próxima segunda-feira cargo de procurador do Estado. Nestes três certames, o nível de escolaridade exigido será o superior completo. A ação na Justiça será ingressada pelo promotor de Justiça Coaracy Fonseca que confirmou a informação ao EXTRA. Sem dar mais detalhes, o representante ministerial informou apenas que “está sendo preparada a ação para dar entrada na segunda-feira”. Por conta da indefinição na realização de concurso, funcionários do próprio Detran chegaram a realizar paralisações periódicas que causam a suspensão de todos

os serviços para os cidadãos, apesar de no início de 2018 ter sido autorizada a elaboração de editar para o certame. “É uma ação deliberada do governador Renan Filho de destruir o Detran. Vinte anos sem concurso e tudo para fazer o concurso e ele diz não. Faço para a PM e não faço para o Detran. Todo ano ele faz concurso para 1000 e 1500 militares no estado”, disse o presidente do Sindicato dos Servidores do Detran de Alagoas (Sinsdal), Roberto Martins, em entrevista à Rádio Gazeta ao denunciar o caso.

Segundo ele, são necessários aos menos 150 novos servidores para atender a demanda e substituir os funcionários que estão se aposentando. Devido a essa falta de servidores, de acordo com dados do sindicato, um candidato à primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH) demora pelo menos quatro meses para fazer a prova de direção, e quem precisa da Junta Médica no órgão tem que esperar cerca de três meses para ser atendido. O último concurso público realizado pelo Detran Alagoas foi em 2001. Os cargos

utra categoria que espera ansiosa pela realização de um concurso é a dos policiais penais. O certame para a Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social ainda não foi autorizado. O concurso é cobrado inclusive pelo presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Alagoas (SINASPPEN). “Pelo que sabemos serão ofertadas aproximadamente 300 vagas, mas o certo é fazer um concurso com o maior número de vagas possível. Deveria aumentar essas vagas visando o presídio no agreste com essa nova realidade da Polícia Penal”, afirmou Vitor Leite. Devido à falta de efetivo, a categoria tem realizado protestos como aconteceu ao longo de 2020 quando familiares de presos foram impedidos de entregar alimentos para os detentos devido ao bloqueio feito pelos agentes. Sem dar detalhes ou prazos, o governador Renan Filho informou através de seu perfil oficial no Instagram que os trabalhos já estão sendo finalizados para então enviar os documentos para o processo de autorização.


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CONSPIRAÇÃO

Jorge Oliveira conta história do soldado alagoano convocado para matar presidente da República No seu sétimo livro, escritor revela o atentado contra Prudente de Morais, o primeiro presidente civil eleito pelo povo brasileiro, no final do século XIX ASSESSORIA

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ouca gente sabe que um alagoano foi manipulado pelo Exército brasileiro para matar Prudente de Morais, o primeiro presidente civil eleito pelo povo brasileiro no final do século XIX. Na hora do atentado, a garrucha falhou e o soldado Marcellino Bispo de Mello, natural de Murici, matou a punhaladas o ministro da Guerra Carlos Machado Bittencourt e feriu outros auxiliares da cúpula do governo que acompanhavam o presidente em uma solenidade na Praça XV, no Rio de Janeiro. É essa história arrancada do fundo do baú da política brasileira que o jornalista e cineasta Jorge Oliveira brinda os seus leitores no Conspiração, seu sétimo livro sobre temas alagoanos que assombraram o país nos últimos cem anos. O escritor aprofundou-se numa pesquisa exaustiva e, finalmente, em dezembro do ano passado pôs o ponto final nesse livro eletrizante que conta fatos desconhecidos de boa parte dos alagoanos e dos brasileiros, guardados a sete chaves pelos militares. Jorge Oliveira revela em Conspiração que o soldado Marcellino apareceu enfor-

cado no Arsenal de Guerra, onde estava sob a custódia dos militares, dois meses depois do atentado, morte suspeita e até hoje não esclarecida. O enforcamento do soldado assemelha-se a outras duas mortes de presos ocorridas em meados do século XX nos porões do Exército: Vladimir Herzog e do alagoano Manuel Fiel Filho, ambos torturados e mortos pelos militares na ditadura de 1964. O jornalista, um dos mais premiados do país, ganhador do Prêmio Esso de Jornalismo e de vários outros prêmios como cineasta, apresenta documentos no Conspiração que jogam por terra a versão de que Marcellino teria se enforcado, questiona, inclusive, o laudo cadavérico feito as pressas para sepultar de vez a suspeita da morte do soldado. Conclui, no seu livro, que o famigerado Sindicato do Crime começava a dar seus primeiros passos já no século XIX quando encomendou a morte de Prudente de Morais, manipulando um ingênuo agricultor de Murici , terra de Floriano Peixoto, para a ação que iria abalar a república implantada recentemente. Para trazer essa história para os dias atuais, Jorge Oliveira transportou-se

como repórter da Gazeta de Notícias, jornal criado sob o patrocínio do Império, para contar esse drama que envolveu os jacobinos, grupos fanáticos seguidores de Floriano Peixoto, responsáveis peal conspiração. O escritor revela, entre outras coisas, que Floriano Peixoto, que tinha uma propriedade em Murici, teve forte influência no atentado. O EXTRA publica com exclusividade, a introdução do livro e o primeiro capítulo de Conspiração, ilustrado com fotos de arquivos e documentos resgatados pelo escritor nos últimos cinco anos de pesquisa.


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CONSPIRAÇÃO

Paixão pela história O

enforcamento do soldado alagoano Marcellino Bispo de Melo, dentro de uma cela do Exército, no final do século XIX, sempre me chamou a atenção desde que me debrucei nas pesquisas para dois dos meus filmes: Perdão, Mister Fiel sobre o operário Manoel Fiel Filho, morto nos porões do DOI-CODI de São Paulo, e A Esfinge - Floriano Peixoto, que conta a história da conspiração dos militares para derrubar o império (disponíveis no YouTube). Nos alfarrábios, cavuquei a história controversa desse soldado esquecida ao longo do tempo. Ela me inspirou a escrever Conspiração pela semelhança com fatos também ocorridos no Brasil, em meados do século XX, que teve também o Exército como protagonista de episódios semelhantes. Neste livro, baseado em documentos históricos, questiono o suicídio de Marcellino. O soldado apareceu enforcado dentro da cela do calabouço do Arsenal de Guerra, no Rio de Janeiro, dois meses depois do atentado frustrado contra o presidente Prudente de Morais e a morte a punhaladas do ministro da Guerra Carlos Machado Bittencourt. O fato tem muita afinidade com o enforcamento de Vladimir Herzog quando apareceu pendurado nas grades com as pernas arqueadas no piso da cela, cena incomum para um suicida. No caso do jornalista, morto nos porões do DOI-CODI de São Paulo, a sociedade protestou e provou seu assassinato dentro da prisão. Já em relação a Marcellino, que carregava grilhões de três quilos de ferro em cada perna quando foi encontrado enforcado, ninguém reagiu. Tampouco a versão do suicídio foi questionada. A morte do soldado não mereceu mais do que poucas linhas na imprensa, que preferiu a omissão a comprometer os militares florianistas e os políticos envolvidos na conspiração para matar o presidente Prudente de Morais. A história de Marcellino foi enterrada com duas pás de terra numa cova rasa que sepultou para sempre uma das tramas mais diabólicas contra um presidente eleito pelo povo, quando os militares tentaram arrancá-lo do poder à bala. O soldado, que serviu à “causa”, morreu depois pendurado nas grades por

um lençol, morte suspeita jamais apurada com o devido rigor. Nunca – em momento algum – discutiu-se a responsabilidade pela morte do soldado sob a custódia do Estado. Sem motivo aparente para acabar com a própria vida, o soldado pagou caro pela lealdade ao grupo dos jacobinos interessados na execução do presidente. Marcellino foi enterrado às pressas no cemitério do Caju, no Rio. Seus familiares e amigos sofreram à distância, na longínqua Alagoas, a sua perda. As falhas processuais são clamorosas, a omissão aterradora e o descaso das autoridades com os fatos é como se o drama acabasse antes para que o espectador não conhecesse o desfecho da trama. Houve um acordo silencioso entre os envolvidos para encerrar o espetáculo às pressas. Assim todos poderiam deixar o palco antes do fechamento da cortina. Mais de um século depois, trago a discussão à mesa. Mostro que Marcellino, agricultor, de 22 anos, ordenança de um general, foi manipulado por seus superiores em Alagoas e no Rio de Janeiro para prestar um serviço sujo à nação sob o comando dos seguidores de Floriano Peixoto. É correto guardar no baú a história suspeita do enforcamento desse soldado ou devemos reabrir essas feridas, nunca cicatrizadas, para passar o Brasil a limpo mais de um século depois? Este livro se propõe a repor os fatos misteriosamente guardados a sete chaves mais de cem anos depois. Esta conspiração, caro leitor, liderada pelo vice-presidente, o baiano Manuel Victorino Pereira, florianista, não é contada nos livros de história da forma que é narrada aqui. Os militares brasileiros preferem o silêncio a revelar episódios de seus movimentos autoritários e golpistas que desbotam a farda dos generais e atormentam a mente dos seus conspiradores. Para tornar essa leitura menos enfadonha voltei no tempo, final século XIX. Conto essa história como repórter da Gazeta de Notícias que cobre o atentado baseado em acontecimentos reais que me permitiram montar esse quebra-cabeça que abalou a república, depois do golpe militar contra a monarquia, intervenções que iriam ocorrer com certa frequência ao longo dos últimos cem anos.

Semelhanças entre as fotos de Herzog e de Marcellino, ambos enforcados nos porões do Exército em épocas diferentes, mas com os mesmos métodos dos torturadores

Ilustração do dia Morais na Praça X

Prudente de Morai alvo da trama dos militares

Na ilustração o dia do atentado e fotos de Marcellino e do ministro Carlos Machado Bittencourt

Punhau usado por Marcellino para m ministro da Guerra


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CAPÍTULO 1

O repórter volta no tempo F

do dia do atentado ao presidente Praça XV no Rio de Janeiro

e Morais, ma dos

ado por para matar o Guerra

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Benjamin Constant e o vice Manuel Victorino que tramou a morte de Prudente de Morais para ocupar a presidência

Antônio Conselheiro lidera a Guerra de Canudos

ascinante transportar-me como repórter para o Rio de Janeiro no final do século XIX em plena efervescência cultural da Belle Époque. Cruzo com um monte de gente esquisita, num cenário de charretes puxadas a cavalos e onde os homens desfilam de sobrecasacas, terno e cartola de dia ou de noite. As mulheres adotam o espartilho para modelar o corpo e vestem-se elegantemente com saias de estampas florais. Ornamentam-se com penas, rendas, pérolas, babados, plissados, bordados, lantejoulas e usam chapéus floridos extravagantes. A capital federal vive a agitação dos jacobinos, grupos ultrarradicais nacionalistas que humilham e hostilizam os comerciantes portugueses. O centro político e intelectual do país nem tinha se recuperado do trauma do golpe que instalou a República quando os militares, saudosos dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, dois alagoanos que chegaram à presidência, armavam um complô para assassinar Prudente de Morais, o primeiro presidente civil eleito pelo voto popular. O criminoso foi preparado para executar a missão com a sua transferência de uma unidade do Exército em Maceió para o Rio de Janeiro, onde sofreu lavagem cerebral dos militares golpistas para cumprir a tarefa. O Rio vivia em ebulição política. De um lado, os jacobinos querendo os militares de volta ao poder; do outro, os barões do café tentando sustentar o governo constitucional de Prudente de Moraes, que enfrentava os militares insatisfeitos com o fim dos privilégios conquistados no governo de Floriano Peixoto. O Congresso Nacional, fechado duas vezes pelos dois presidentes militares, respirava ares democráticos na gestão de Morais até o Estado de Sítio decretado por ele depois do atentado sangrento no pátio do Arsenal de Guerra, na Praça XV. Nesse clima é que desci de um vapor no cais do porto da Praça Mauá, procedente de Alagoas, para trabalhar no jornal Gazeta de Notícias, na rua do Ouvidor, 70, no Centro do Rio, para o qual colaboravam, entre outros, Machado de Assis

e Olavo Bilac como cronistas diários. De bandeira republicana, a Gazeta apoiou a monarquia até o desterro de D. Pedro II pelos militares que se diziam leais ao imperador, assim como o jornal. Cheguei um ano depois da posse de Prudente de Morais. Empregueime rápido, sem grandes dificuldades, pela quantidade de jornais que existiam, cada um com uma inclinação partidária. Já circulava, por exemplo, O Jacobino, de posição radical, defensor dos ideais de Floriano que o sustentou financeiramente enquanto esteve à frente da presidência. O proprietário, o gaúcho Deocleciano Mártir, capitão honorário, conspirava abertamente pela volta dos militares nas páginas do jornal que dirigia. Fiquei na Gazeta até as mudanças urbanísticas do Rio de Janeiro, na travessia do século XIX, pelas mãos do prefeito Pereira Passos, um administrador empreendedor e criativo que imprimiu à cidade um plano urbanístico inspirado no de Paris, concebido pelo barão Haussmann, nomeado prefeito por Napoleão III, sobrinho do famoso imperador. Surgiram novas avenidas como a Presidente Vargas e a Rio Branco, e com planos para ligar a Zona Norte ao sul da cidade. Cobri, também pelo jornal, a construção do Theatro Municipal, do Museu Nacional de Belas Artes e da Biblioteca Nacional, conjunto arquitetônico na Cinelândia, no centro da cidade. A Gazeta apoiava o prefeito e abria espaços generosos nas suas páginas para o seu trabalho de modernidade. O editor-chefe, Ferreira Araújo, gostou do meu trabalho. Como eu cobria a cidade, fazia inúmeras matérias por dia, quase que editava a página sozinho. Ele era um chefe caxias, mas justo. Lembro que premiava os repórteres por produção para compensar o salário pequeno. Por várias vezes fui contemplado, uma ajuda substancial no orçamento ao final do mês. Gostava de ler as crônicas de Machado de Assis e as poesias de Olavo Bilac, com quem esbarrava sempre na redação. Fiz a cobertura da volta dos soldados da Guerra de Canudos, uma multidão de recru-

tas que desceu de um vapor no cais do Arsenal de Guerra. Dispensados do Exército, desabrigados, sem salários e abandonados, logo se juntaram aos negros livres que ocuparam o Rio para construir seus casebres em locais inóspitos e inacessíveis que inspiraram O cortiço, O mulato e Casa de Pensão de Aluísio Azedo. Foi um tempo de muito trabalho, mas prazeroso e gratificante. Morava numa pensão, na Lapa, numa cidade em que a violência se restringia a grupos de jacobinos que perseguiam e agrediam os portugueses nas ruas, quebravam e incendiavam suas lojas. Fora isso, apenas registros policiais de casos passionais na periferia. Nessa rotina diária do jornal, estava cobrindo um despejo de uma favela que iria dar lugar à especulação imobiliária, quando recebi um aviso do Ferreira Araújo, às 12h30 de uma sexta-feira: – Venha pra redação, você vai cobrir a homenagem que o presidente vai fazer aos militares heróis da batalha de Canudos lá no Arsenal de Guerra. – Quando, agora? – perguntei, surpreso. – Sim, venha urgente. Aliás, nem venha pra redação, vá direto para o arsenal que é o grande acontecimento do dia. Ao chegar já encontrei centenas de curiosos aglomerados à espera da passagem do presidente e da comitiva que voltavam do navio Espírito Santo, ancorado no cais, trazendo os militares da guerra na Bahia. Procurei a área reservada à imprensa e posicionei-me para ver o presidente passar, quando, de repente ouve-se uma gritaria e a confusão de gente correndo. Vi quando os seguranças fizeram um cerco em torno do presidente enquanto vários militares agarravam um soldado que distribuía golpes de punhal no ar. O chão estava todo colorido de vermelho quando aquele jovem fardado, enlouquecido, foi finalmente dominado. Nos braços dos militares, o corpo ensanguentado do ministro da Guerra, Carlos Machado Bittencourt, morto pelos golpes do soldado enfurecido.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

JB de J a D: 52

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omo você escolhe uma roupa? Quando você vai ao dentista? Quando você vai a um advogado? Três perguntas fáceis de responder não é verdade? E quando ir a um psicólogo? Pois é. Uma roupa a gente escolhe quando está precisando; ou quando vamos participar de um evento festivo ou não, ou seja, quer se apresentar bem numa determinada ocasião. Escolhemos a melhor, não é isso? Quando ir ao dentista? Tem duas opções: ou você vai pelo menos duas vezes por ano para evitar que apareça alguma cárie ou sujeira (tártaro nos dentes) ou até mesmo uma gengivite (inflação na gengiva), isto é, vai para prevenir um dano nos dentes ou na gengiva. Quando ir a um advogado? Naturalmente quando a pessoa precisa resolver algo que, espera-se está sendo injustiçado por alguma razão e por isso precisa de um acompanhamento jurídico para amenizar a contenda, ou seja ter equilíbrio nos bens. Não é isso? Todos esses comportamentos podem ser previstos de uma pessoa, ou seja, vai procurar o serviço quando algo está inadequado: ‘doença’ no dente ou na gengiva; injustiça; ou com alguma falta (uma roupa melhor). O mesmo raciocino pode ser empregado quando a pessoa está com algo inadequado, que pode ser um COMPORTAMENTO, PENSAMENTO ou CRENÇA, ou mesmo uma falta, ou seja, falta amizades, um(a) companheiro(a), ou até mesmo se sentir bem no dia a dia. Ou seja, se essas situações incomodam porque não procurar um psicólogo?

52 semanas Pois é. Temos 365 dias do ano e cerca de 52 semanas. Surgindo algo que possa comprometer um ano inteiro, um semestre, um mês, uma semana; por não saber, de imediato, decidir algo importante, por que não procurar um psicólogo? O profissional apenas vai ajudar a pessoa a tomar algumas decisões que poderão mudar o destino dela por um ano, um semestre, um mês, uma carreira profissional, enfim, até o destino de uma vida, através de um processo psicoterápico; do autoconhecimento. Pois bem. É exatamente isso a proposta do JANEIRO BRANCO: é que a pessoa faça uma reflexão sobre como estão seus PENSAMENTOS, COMPORTAMENTOS e CRENÇAS. Se algo que incomoda e quer mudar. Tem algum PENSAMENTO que, por causa dele não consegue produzir, trabalhar, se divertir? Tem algum COMPORTAMENTO que queira mudar ou adotar um novo COMPORTAMENTO que possa melhorar as relações com os colegas, amigos, cônjuge ou com os familiares? Tem alguma CRENÇA que impeça de realizar algo ou algum comportamento que pensa em adotar? Todas essas questões podem ser solucionadas se a pessoa se dispõe a pensar na QUALIDADE DA SAÚDE MENTAL como algo fundamental na vida dela.

Qualidade de vida mental Ninguém consegue fazer algo bem feito, seja ele o que for, se não estiver focado naquilo que se está focando de fato (sem estresse, sem depressão, sem ansiedade), ou seja, a cabeça tem que estar bem, tem que estar leve, solta para concretizar o que deseja, ou que for necessário para que a pessoa possa usufruir de uma QUALIDADE DE VIDA MENTAL. E isso só possível se a pessoa tem maturidade intelectual para procurar ajuda de um psicólogo quando sentir falta de uma “roupa” em que a pessoa ficar mais bonita emocionalmente; se sentir com a dor da ansiedade, de uma profunda depressão, de um luto, ou uma culpa (as vezes é só um sentimento sem sentido, isto é, não há nada concreto para ter esse sentimento), ou, vai ao advogado para “equilibrar” os bens, enfim.

Muda ... Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda. (Freud)

JB de J D

E, por último se a pessoa vai ao um shopping para comprar uma roupa para se sentir bem; se vai ao dentista para sorrir melhor, se vai ao um advogado para sentir equilibrando nos bens materiais (que supostamente foi lesado) por que não ir ao psicólogo para ter QUALIDADE DE VIDA MENTAL, EMOCIONAL? Pois é, JANEIRO BRANCO (JB) é exatamente para que a pessoa possa fazer uma reflexão sobre a SAÚDE MENTAL e, a partir daí adotar novos PENSAMENTOS, novos COMPORTAMENTOS e adquirir, quem sabe novas CRENÇAS para um único objetivo: VIVER MAIS E MELHOR. Mas o JANEIRO BRANCO (JB) não deve ser lembrado só em JANEIRO, deve ser uma estratégia de ação de comportamento e pensamento de JANEIRO A DEZEMRO, pelo menos uma vez por semana, ou seja, 52 vezes através de PSICOTERAPIA. Não esqueça: JB de J a D: 52 vezes, pelo menos.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - “Democracia com fome, sem educação e saúde para a maioria, é uma concha vazia” (Nelson Mandela)

Dia “D” hora “H” – Um governo paspalhão

N

ão bastassem as excessivas cenas de ridículo protagonizadas pelo destrambelhado presidente da República, seus ministros sintonizados com sua maneira ensandecida de ser fazem a mesma coisa e como sempre chocam a população que não comunga com o absurdo, nem se alia aos seus fanáticos de plantão. Desta feita foi o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o único “pau mandado” que foi encontrado para substituir ministros eficientes e éticos, que não se dobraram às vontades doentias de Bolsonaro. Com o calendário de vacinas ainda sem definição, enquanto o resto do mundo já avança no processo de vacinação, protagonizando uma briga política com governadores e outros adversários, o patético general aparece em público para fazer o esperado

anúncio da vacinação e choca os brasileiros ao afirmar que o calendário vai começar no dia “D” e na hora “H”. Cumpriu um nojento script escrito pelo chefete até no xingamento à imprensa. Enquanto EUA, Reino Unido, Canadá, Alemanha, México, Chile, Argentina, Costa Rica e uma fila enorme de países vão vacinando suas populações, no Brasil estamos empacados tanto no “dia D”, que já foi em março, depois fevereiro, depois dezembro e agora pode ser janeiro, ou fevereiro, quanto na “hora H”, que pode ser qualquer uma, desde que Bolsonaro e o ministro da Saúde vacinem o primeiro brasileiro antes do governador João Doria. Para Bolsonaro, que manda, e Pazuello, que obedece, o importante não é vacinar, é vacinar primeiro; não é ter doses para todos, basta uma única dose para a foto.

Bolsonaro mente

O presidente Jair Bolsonaro afirmou a apoiadores que a Ford não disse a verdade sobre o fechamento dos parques fabris no Brasil. “Mas o que a Ford quer? Faltou à Ford dizer a verdade: querem subsídios. Vocês querem que continuemos dando R$ 20 bilhões para eles como fizemos nos últimos anos, dinheiro de vocês, impostos de vocês, para fabricar carro aqui?”, perguntou o presidente e ele mesmo respondeu na sequência: “Não. Perdeu para a concorrência, lamento”. O presidente, no entanto, não explicou se a montadora fez algum tipo de pedido em subsídios para manter a operação no País. Fontes do Ministério da Economia afirmaram ao Estadão, sob a condição de anonimato, que a saída da empresa do Brasil faz parte de um movimento global e não está relacionada à frustração de políticas de incentivo no País.

Marcelo Victor

O deputado Marcelo Victor, presidente da Assembleia Legislativa tem se mostrado um exímio político em sua atividade parlamentar, sendo considerado hoje o personagem mais influente na política alagoana. Irrequieto, articulado e com um destacado espírito de liderança, soube, com maestria, construir uma sólida rede de apoios, dentro e fora do Legislativo que comanda. Analisando sua performance cravo aqui uma aposta: ninguém segura o deputado palmeirense em sua caminhada política. Daqui pra frente é só estrada asfaltada e pé no acelerador.

Somos todos idiotas?

Confundindo bolas

as

Alguns prefeitos do interior, principalmente na região do Litoral Norte, estão determinando o não atendimento de turistas para testes de coronavírus e outros atendimentos de urgência, num evidente desrespeito à Constituição Federal, sob risco de sofrerem consequências penais. Universalidade é um dos princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS) e determina que todos os cidadãos brasileiros, sem qualquer tipo de discriminação, têm direito ao acesso às ações e serviços de saúde. A adoção desse princípio fundamental, a partir da Constituição Federal de 1988, representou uma grande conquista democrática, que transformou a saúde em direito de todos e dever do Estado. Lembrando aos prefeitos que eles são “gerentes” e não donos do município.

Chegou o Alfredão

O ex-procurador Alfredo Gaspar, derrotado nas últimas eleições para prefeito de Maceió, chega na Secretaria de Segurança do jeito que gosta e merece: carta branca para agir e apoio nas ações institucionais. Como na vez anterior que ocupou com muita eficiência o cargo, a bandidagem treme de medo e os resultados aparecem rápido. O seu estilo é o mesmo: “dá ordem para a polícia agir e vai à frente das operações, sejam quais e onde forem”. Prestigia seus policiais e cuida da sociedade como deve ser. Sua chegada foi comemorada nas polícias Civil e Militar. Chegou o Alfredão, a malandragem se cuide!

Pauta animal aguardando

O segmento enorme de criadores e milhares de pessoas que defendem e praticam o cuidado, principalmente com cães e gatos, está aguardando que o prefeito JHC apresente sua pauta de atenção aos animais. Em seu plano de governo, apresentado durante sua campanha vitoriosa, consta apenas o item “4.11 - Criação do Código Municipal da Causa Animal”. Espera-se muito mais. Enquanto se aguarda a elaboração do Código (que deveria ser elaborado com a participação da sociedade civil). Tenho certeza de que o prefeito dedicará a atenção devida.

O governador Renan Filho, em mais uma de suas trapalhadas, levianamente declarou que o prefeito Luciano Barbosa (eleito prefeito de Arapiraca) seria o seu candidato em 2022 a sucede-lo. Isso depois de mancomunado com seu pai (o terrível Renan Calheiros) tentar destruir a carreira política do seu então vice-governador, por considerá-lo um rebelde. Arapiraca e toda Alagoas conheceram a trama odiosa criada pela dupla Calheiros contra o líder arapiraquense, que os derrotou na justiça e nas urnas. Conhecendo antecipadamente o quadro desfavorável que o aguarda em uma disputa em 2022, tenta o governador dar macha ré, mas vingança é um prato que se come frio.

Se cuide, prefeito

Quem avisa... Se você, prefeito, não tem uma equipe preparada, treinada e com domínio da legislação administrativa, licitações, contratos e relações interpessoais, está fadado ao insucesso em sua administração. Cuide do Controle Interno como se fosse a “joia da coroa”, para não ser flagrado, mais adiante, pelos órgãos de controle externo (AGU, TCU, TCE e MP). Prepare sua equipe de assessoria direta para lidar com a pauta administrativa com competência e conhecimento. Redação Oficial, Processo Administrativo, Assessoria Parlamentar, Direitos e Deveres na Administração, são assuntos prioritários para uma boa administração. Se fizer o dever de casa bem feito, terá tudo para obter sucesso em sua gestão

PÍLULAS DO PEDRO Tem pessoas assustadas com o pique do prefeito JHC. Acorda cedo, trabalha muito e dorme tarde. Assessores estão com a língua de fora. Bolsonaro passa o fim de semana em Alagoas, na Barra de São Miguel. Cuidado, não saia de casa. Dois vírus ao mesmo tempo é perigoso demais. A “subcelebridade” Antônia Fontenelle teve seu “minuto de fama” ao fazer críticas aos alagoanos nas redes sociais. Deveria ser processada. Em Palmeira dos Índios o patrimônio público é roubado e o prefeito não está nem aí.


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Um tal de dia D e hora H... ninguém merece!

ELIAS FRAGOSO n Economista

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m política existe um ditado para explicitar uma tramoia: “Jabuti não sobe em árvore”. Pois bem, em plena temporada de tentativa de golpe trumpiana, charlatão mais para palhaço que político que insanamente mandou invadir o Congresso Nacional americano, eis que em terras tupiniquins, seu fã brasileiro, notório useiro e vezeiro de arroubos golpistas, anuncia aos quatro ventos que em 2022, por aqui, a coisa vai ser no mesmo diapasão do bufão americano. Segunda-feira desta semana, a nação ouviu o fã local do Trump

(aquele embevecido I love you dito por ele ao vivo para o mundo para o americano bufão, foi impagável) que achando pouco o que o love dele fez por lá, prometeu que em 2022, no Brasil, pode fazer ainda pior. E como desgraça pouco é bobagem, além das costumeiras bravatas diárias, do negacionismo doentio – é o responsável direto pela tragédia que se abate sobre este país nesta pandemia e, imbatível como pior gestão do país nos últimos 50 anos – agora é pai “espiritual” da ideia de jerico de dar às polícias estaduais “mais autonomia” criando um “mandato” (sic!) para seus comandantes e subordinando-as à União. Para quem conhece o sujeito, defensor ardoroso de ditaduras, golpista nas horas vagas, de personalidade psicopática e amigão de milicianos, a iniciativa não é surpresa. O problema é o que está por detrás disso: outro passo rumo a 2022 e às ações antidemocráticas que ele já anuncia – antidemocraticamente – que irá promover, se perder as eleições. Simples assim. Flagrada a preparação do jabuti que teve o aval do Ministério da

Justiça (cadê um único congressista para convocar o ministro para ele se explicar?!) é provável que ele vá à hibernação provisória em alguma gaveta palaciana até os ânimos dos governadores, o incômodo causado na cúpula militar ativa e o foco da imprensa, se dissipem. É preciso parar esse sujeito. Ele está ampliando e não reduzindo a divisão do país provocada pelo petismo ladrão, superando-os no seu paroxismo. Chega de bazófias, de extremismos de opereta, até porque se sabe que na hora do vamos ver, apertado, covarde e cavilosamente, “pula de banda” de qualquer pressão maior e joga a culpa no primeiro que estiver à sua frente. O que Bolsonaro precisa fazer, e não faz, é cuidar do País, da retomada econômica, da aprovação das reformas estruturais (vai sair do governo e entregar o País pior que o da era final petista), é cuidar das vidas das pessoas que estão morrendo à míngua feito moscas por falta de vacina, pela falta do mínimo de empatia dele para com o sofrimento do brasileiro.

Até agora foram dois anos de nada. Exceto intrigas, defesa do filho corrupto, tentativa canhestra de golpe, desmonte das estruturas de fiscalização e repressão do Estado, alinhamento na defesa de milicianos amigos, de toscas iniciativas na área de costumes e ambiental, necessárias, mas operadas inabilmente por neófitos incompetentes, e uma associação com o que tem de pior no Centrão. E um enorme, gigantesco deserto de novas obras, novos projetos, planos para o futuro da 9ª maior economia do mundo. Nada, nadica de nada. Ainda por cima, incompetente, afirma que nada pode fazer, pois o País está quebrado. Em primeiro lugar, países não quebram e em segundo renuncie, já que é incapaz de governar um país do tamanho e importância do Brasil. Para não esquecermos: 15 de janeiro faz 30 dias que o mundo iniciou a vacinação. Por aqui não temos vacina, seringas, logística, estratégia. Temos um tal de dia D e hora H. Ninguém merece!

Chega de bazófias, de extremismos de opereta, até porque se sabe que na hora do vamos ver, apertado, covarde e cavilosamente, “pula de banda” de qualquer pressão maior e joga a culpa no primeiro que estiver à sua frente.


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Momentos confusos

ALARI ROMARIZ TORRES

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n Aposentada da Assembleia Legislativa

assou a época do Natal. Apesar da pandemia, conseguimos juntar parte da família e agradecer a Deus por tudo que Ele nos dá, como diz uma filha. Entre as festas natalina e o Carnaval, o Brasil vive uma tranquilidade aparente. Desde 2020 só se fala no vírus invisível, mas os políticos trabalham por “debaixo do pano”. O Congresso Nacional luta para renovar os dirigentes no começo de fevereiro. Arthur Lira, nosso velho conhecido, taturana carimbado, concorre com Baleia Rossi, outro moço sabido, cujo pai tem uma longa história de corrupção. Viajam pelo Brasil,

conversam com outros deputados, seus eleitores. Em fevereiro saberemos afinal quem será o presidente da Câmara. Em Alagoas, a Mesa Diretora do Legislativo se antecipou e fez a eleição antes do tempo certo, no ano passado. São homens astutos que não brincam em serviço. O presidente da Casa lida bem com os companheiros, dá doces e biscoitos a quase todos. É querido pelos pares, trata bem os comissionados e perturba ativos e inativos, congelando os salários dos pobres coitados. Vive o moço matreiro um momento de euforia: com a saída do vice-governador, eleito prefeito de Arapiraca, poderá ser o governador de Alagoas por nove meses em 2022. Não creio que seja o ideal para Renan Filho, mas é o quadro que se descortina nesse instante. Os dois Renans saíram abatidos das eleições municipais. Perderam as prefeituras de Maceió e Arapiraca e diminuíram o reinado para trinta e três cidades. Como são políticos sagazes, já devem estar costurando alianças para o próximo ano. Têm poder e dinheiro para tal! Ficaremos acompanhando os acontecimentos.

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Na Prefeitura de Maceió houve grande modificação. JHC e Ronaldo Lessa foram eleitos, derrotando o candidato de Renan e Rui. Para mim, JHC é um político corajoso. Enfrentou os deputados estaduais, afastou a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa e descobriu a “mala preta” da Casa de Tavares Bastos. Não conseguiu provar as “rachadinhas”, mas expôs o Legislativo alagoano à execração pública. Não o conheço como gestor, contudo acredito que fará uma boa administração, pois é novo e sonha alto. Seu primeiro ponto negativo: na escolha do secretariado não valorizou Ronaldo Lessa, que humildemente se submeteu a ser seu vice. Estamos acompanhando pelas redes sociais o que diz e o que faz o novo prefeito. Espero que acabe coma a poluição do Riacho Salgadinho e dê nova vida ao Mercado Municipal. Os problemas são muitos, mas esses dois merecem atenção especial. O Brasil está complicado! A imprensa não deixa o Bolsonaro governar. Até já mandaram ele se matar! A perseguição é violenta! Não aparece nada de bom que o moço fez ou faz. Existe muita coisa errada, mas ele pegou a pandemia e precisou

governar o país em época de crise profunda. Ele, o presidente, fala demais, diz bobagens, mas com alguns ministros tem feito algo. Com essa nuvem política forte e destrutiva, a pandemia levou grandes amigos nossos. É quase um ano de medo, sofrimento, angústia. Não sabemos onde está o vírus, não podemos sair de casa, não reconhecemos as pessoas na rua, não visitamos os amigos. Nosso período natalino foi em casa com parte da família, com medo da doença e rezando por dias melhores. Nada de entregar presentes: deixa na portaria e pronto! Sem falar no desemprego assolando, os autônomos sofrendo por terem que fechar seus negócios e tentar novas maneiras de trabalhar. As histórias dos que perderam seus empregos e não têm como sustentar suas famílias são inúmeras, alunos fora da escola, professores parados. Tempo completamente atípico. Só nos resta respeitar as regras de sobrevivência, cuidar da saúde, não sair de casa, não visitar idosos e esperar pela tão sonhada vacina. E, principalmente, esperar que Deus nos ajude. Ele existe! Não duvidem!

São Paulo, ou de qualquer outro lugar. Nosso estado é local de excelente receptividade aos adventícios, sejam turistas ou não. Por outro lado, as declarações da jornalista foram absolutamente passionais, o que é compreensível ante a amizade que declara ao Sr. Castelli, mas certamente injustas e, talvez precipitadas. Não conheço as partes envolvidas no conflito. Nem o ator, nem os supostos agressores. E como toda pessoa racional e pacífica, deploro a violência. Todavia, na escola de Direito, bem como na vida de advogado criminal, aprendi com a lição do jurista Nelson Hungria que devemos atentar primeiro para os motivos de um crime, ou melhor, conhecer e compreender as causas dos atos considerados ofensivos à lei. Aliás, essa lição aplica-se a tudo na vida. Até agora todo o estardalhaço, seja na mídia convencional ou na

social, tem sido baseada nas declarações da vítima, e de amigos seus. Os supostos agressores, esses parecem não ter sido ouvidos, ou preferem ficar em silêncio. Óbvio, para nós da área jurídica, que a verdade não poderá surgir apenas das palavras de um dos lados, seja vítima ou agressor, por mais importantes que eles sejam ou pensem ser. O Sr. Castelli é ator, exerce uma profissão tão honrada como a de médico, advogado, engenheiro, comerciante, marceneiro, pedreiro e tantas outras. Portanto, não nos precipitemos em julgar ninguém, nenhum deles, antes de conhecidos todos os fatos, pois em geral eles surpreendem quando totalmente revelados. Quanto à aborigenia (a palavra não existe no vernáculo, mas licenciosamente considerei-a apropriada), somos todos aborígenes alagoanos, com muito orgulho.

Os dois Renans saíram abatidos das eleições municipais. Perderam as prefeituras de Maceió e Arapiraca e diminuíram o reinado para trinta e três cidades. Como são políticos sagazes, já devem estar costurando alianças para o próximo ano.

Somos aborígenes

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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eu dileto amigo, o velejador e circum-navegador João Sombra, envia-me postagem, em WhatsApp, de determinada jornalista de algures no Sudeste ou Sul do País, maltratando este nosso estado das Alagoas por causa da agressão, hoje já pública, supostamente sofrida pelo ator Henri Castelli. Digo “supostamente” porquanto a questão ainda não está suficientemente clara, as

partes, cada qual dando a sua versão heroica. Inicia, a desditosa jornalista, qualificando de aborígenes os agressores do ator global, e adiante clamando contra Alagoas e convocando todos os aborígenes de outros estados a não mais nos visitar, ou se o fizer, aprecatarem-se da violência que podem ser vítimas em nosso torrão. Primeiro vamos esclarecer a questão do “aborígenes”. Os dicionários – recomendo o Aurélio – revela ser aborígene o nativo de um determinado lugar, podendo ser índio ou não, o que não significa selvagem, como pareceu querer dizer a ironia da senhora em questão. Se os produtores das agressões ao ator são selvagens ou não, não se deve incluir na classificação os alagoanos, pois somos todos, ou quase todos aborígenes de Alagoas, como outros são do Rio de Janeiro, ou da Bahia, ou de

Se os produtores das agressões ao ator são selvagens ou não, não se deve incluir na classificação os alagoanos, pois somos todos, ou quase todos aborígenes de Alagoas, como outros são do Rio de Janeiro, ou da Bahia, ou de São Paulo, ou de qualquer outro lugar.


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VIAJANDO COM POUCO

Jornalista alagoano lança Guia Maceió a Pé

O maceioense além de jornalista também é ator. Logo, cultura é outra paixão na sua vida, e por conta disso acaba conhecendo mais um pouco do que a maioria das pessoas, mesmo em casa, em Maceió. Acioly garante que santo de casa pode fazer milagre, sim. Como já visitou todos esses pontos de Maceió e sabe que é viável passar por eles a pé, decidiu criar o primeiro guia falando sobre sua cidade, primeiro por conhecer bem o que está oferecendo e segundo porque acredita ser preciso dar valor ao que é nosso antes de valorizar o que é externo. Em seu guia, Acioly considerou a distância máxima de 5 km entre os pontos de partida e chegada, levando cada quilômetro cerca de 15 minutos em tempo médio num trajeto a pé. Como o trânsito na região flui bem, é possível utilizar este guia também de carro, moto ou bicicleta, já que tem estacionamento gratuito e fácil em todo o trajeto.

Em sua rede social, João Victor Acyoly apresenta 12 lugares da capital alagoana para visitar gastando pouco MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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aceió é sol, sal, céu, mar, mas também é terra de sereia, de piscinas naturais, de museus, de arquitetura imponente, de gente hospitaleira e de gastronomia incomparável e valor cultural ímpar. A capital do estado de Alagoas é lugar para conhecer e se apaixonar. Pelas bandas de cá toda beleza se concentrou e permaneceu. E uma pedida para conhecer esse cenário paradisíaco é andar a pé, bater perna mesmo, gastando pouco ou nada, apenas sola do sapato. Para facilitar esses passeios o jornalista especialista em marketing digital João Victor Acioly transicionou seu perfil do Instagram para uma proposta de viagens, usando a nova funcionalidade da plataforma para criar o Guia Maceió a Pé. Ele apresenta 12 lugares incríveis a serem visitados. Seja ao nascer ou ao pôr do sol, a pedida é caminhar e conhecer esses encantos da capital alagoana. Tudo começou em 2014

quando Acioly fez uma promessa de conhecer quatro lugares novos e diferentes por ano. E não precisava necessariamente ser uma viagem internacional de longas horas. Se não conhecesse Marechal Deodoro, que fica a 24,8 km de Maceió já contava. Assim, depois de sete anos de projeto, que ele chama de “Observei”, e sempre tirando uma foto na mesma posição em todos os lugares, decidiu transformar seu perfil do Instagram num espaço para dar dicas de viagem. “Recentemente, por coincidência, o Instagram liberou essa nova funcionalidade de montar um guia, que não precisa necessariamente ser de viagem. Então pensei: por que não criar guias com dicas de viagem?”, comentou. Acioly disse que quando viaja sempre é com orçamento limitado, então bate muita perna. Por conta disso, organiza seu cronograma para dar tempo de curtir tudo, de se deslocar entre lugares e outros atrativos. “Ir a pé entre pontos turísticos é uma rotina de viagem minha”, afirmou.

O mochileiro João Victor dá dicas do que conhecer em Maceió


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As dicas do guia

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ponto de partida do passeio é o Memorial à República. O museu é uma homenagem à República brasileira e foi criado para marcar na lembrança a participação de Alagoas na construção deste processo político, cujos dois primeiros presidentes são nativos do estado. A área interior possui um hall com acervo permanente cedido pelo Museu da República do Rio de Janeiro, e o Salão Verde que dispõe as fotografias de todos os presidentes da Nação. Eventualmente há exposições itinerantes e eventos. Na parte externa há um terraço onde estão hasteadas as bandeiras de todos os estados, além das estátuas dos presidentes alagoanos marechal Deodoro da Fonseca e marechal Floriano Peixoto. A vista panorâmica da praia de Jaraguá é excelente para admirar o cenário e tirar fotos. Fica na Avenida da Paz, s/n, Jaraguá e funciona de terça a sexta-feira, das 9h às 17h; sábado e domingo: 14h às 17h. Entrada grátis. A segunda indicação é caminhar pela Rua Sá e Albuquerque, ainda em Jaraguá. Lá, antes mesmo de Maceió ser povoada, existia uma vila de pescadores. O bairro possui uma arquitetura imponente, com armazéns e construções em cores diversas, que aliadas ao chão em paralelepípedo constroem uma experiência singular, característica da rua. O próximo ponto fica no mesmo local. A Associação Comercial de Maceió é um edifício de três andares e larga escadaria. Foi a porta de entrada de todas as mercadorias que chegavam ao estado pelo Porto de Maceió. Atualmente, o prédio hospeda dois museus pouco conhecidos pelos locais, mas bastante ricos em material. Um deles é o Museu de Tecnologia do Século XX,

Estátua de Paulo Gracindo e Associação Comercial são destaques no guia do andarilho

com equipamentos realmente raros em estado de conservação. Na sala ao lado está o Museu do Comércio, com um mapa do que seria o caminho às Índias, entre outros roteiros de navegação. Ambos possuem acessibilidade para deficientes visuais por meio do piso tátil. Funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 17h com taxa de entrada de R$ 5,00 com os dois museus inclusos. Basta caminhar alguns metros para chegar ao próximo destino. O Museu da Imagem e do Som de Alagoas (Misa) e a estátua da Liberdade. Este edifício comporta um acervo de audiovisual, com fotografias, fitas K7, discos de vinil, negativos, livros e equipamentos de áudio e vídeo do último século, referentes à história de Alagoas. Mas a grande protagonista está, na verdade, nos fundos do museu, admirando a orla. Uma réplica em menor escala da Estátua da Liberdade admira a região portenha com sua tocha “acesa”. Há muita controvérsia sobre como ela chegou a Maceió, mas nada ofusca tal perfeição. Funciona de terça a sexta-feira, das 8 às 17h com entrada grátis. Bem pertinho dali estão os murais do Porto de Maceió para

contemplação. É só seguir a direção da praia de Pajuçara. Cada mural virou tela para um artista alagoano diferente, com ilustrações de tradições populares em técnicas diversas. Pode continuar beirando a orla e trate de contratar um jangadeiro para ir ver Maceió por outro ponto de vista: de dentro do mar. As piscinas naturais de Pajucara são parada obrigatória. São cerca de 2km de distância até a região dos corais, onde é possível mergulhar nas águas de um verde esmeralda cristalino e ver peixinhos diversos. O passeio dura aproximadamente uma hora, em jangadas que cabem de 4 a 6 pessoas. Funciona diariamente das 8 às 16h e o preço varia a depender da época. A sereia está sim no mar de Maceió e esta visita não poderia ficar de fora do passeio. O monumento em forma de sereia criado pelo artesão Mestre Zezinho tomou conta do calçadão de Pajuçara numa escultura de seis metros de altura. Fica na Av. Doutor Antônio Gouveia. Seguindo na mesma avenida é possível bater um papo, jogar conversa fora, com filhos ilustres da terra. Estátuas dos alagoanos

Aurélio Buarque de Holanda, Paulo Gracindo, Lêdo Ivo, Nise da Silveira e Graciliano Ramos estão espalhadas em pontos estratégicos da orla de Pajuçara, Ponta Verde e Jatiúca para uma sessão de fotos ou o que sua imaginação permitir. ARTESANATO A Feirinha da Pajuçara é a nona sugestão. Desde brindes em artesanato a vestimentas tecidas a mão e especiarias típicas são encontradas por lá. E o que dizer da renda filé, um trançado alagoano internacionalmente reconhecido. Fica na Av. Doutor Antônio Gouveia, 1447, com entrada grátis e aberta das 10h às 22h. O letreiro da orla Eu ❤️ Maceió é um atrativo à parte. Localizado no calçadão da praia de Ponta Verde, o totem é frequentemente adaptado em cores, a depender de datas sazonais. Fica na Av. Silvio Carlos Viana, 2121, Ponta Verde. Depois de tanta beleza de encher os olhos que tal uma paradinha para um merecido banho de mar. Por toda extensão da orla que vai de Pajuçara a Jatiúca, a balneabilidade costuma ser positiva. Alugando mesa, cadeiras e guarda sol ou levando sua própria canga, é possível aproveitar um pedacinho de areia e o mar

sem dificuldades. Há sempre estabelecimentos e comerciantes vendendo alimentos e bebidas. Um dos metros quadrados mais disputados na faixa de areia é a “Faixa de Gaza”, que fica entre dois famosos restaurantes à beira mar. Aos domingos, além da galera majoritariamente jovem, o local reúne ainda música ao vivo e atividades ao ar livre. Outra dica: aí está um dos pontos mais bonitos para admirar o pôr do sol. Tudo isso na Av. Silvio Carlos Viana, 25 27, Ponta Verde. Outro cartão postal de Maceió é o Farol da Ponta Verde. A aproximadamente 2km da orla, a construção em alvenaria com listras brancas e vermelhas chama a atenção dos transeuntes, e é possível visitá lo, gratuitamente, num dia de maré baixa. Além da vista panorâmica da orla marítima de Maceió, o local também rende excelentes fotos e momentos de verdadeira aventura, atravessando a pé uma grande extensão de praia. João Victor Acioly pretende estender o roteiro para outras localidades de Maceió. Quem quiser compartilhar essas e outras aventuras basta seguir https://www.instagram. com/omochileirojoao/guide/


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BOLETO FALSO

Veja seis passos para não cair em golpe Checar dados da empresa que faz a cobrança e utilizar internet segura são algumas das orientações ASSESSORIA

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a confusão das contas de início de ano, muitos golpistas se aproveitam para tentar enganar as pessoas com envio de boletos falsos. Com a tecnologia e meios de pagamentos eletrônicos esses tipos de golpes se aprimoraram, são muitos os e-mails e notificações em relação a pagamentos atrasados e, sem cuidados, as pessoas caem nesses golpes. “Os boletos chegam e as pessoas ficam em dúvida se devem pagar ou não e, por medo de ficar com nome sujo, e por ser prático e de fácil acesso o pagamento, as pessoas realizam o pagamento, principalmente as pessoas com maior idade”, explica Afonso Morais, sócio da Morais Advogados Associados (www.moraisadvogados.com.br). Mas, o que parecia ser simples e seguro, se torna um problema, sendo que nesses golpes as pessoas não tinham nada devendo e param de forma indevida, perdendo dinheiro. O golpe da cobrança com boleto falso, que é muito comum na internet, agora ficou mais sofisticado e perigoso, os bandidos estão montado call centers e conseguindo informações de contratos de bancos, financeiras, lojas, escolas, operadoras de telefonia e TV a cabo, e agindo como verdadeiras empresas de cobrança, ligando ou enviando mensagens via WhatsApp para

os devedores, propondo acordos com um valor muito abaixo do débito, que claro, os devedores sempre aceitam. Mas, como evitar esses golpes? Afonso Morais, preparou algumas instruções de como se proteger na hora de pagar suas contas.

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- CONFIRA A EMPRESA COBRADORA Quando for cobrado por um escritório jurídico ou uma empresa de cobranças, certifiquese que estes cobradores estão autorizados a negociar o seu débito, com o credor ou peça algum documento que autorize a empresa a cobrar o débito, porque é na cobrança que começa a fraude do boleto falso. Nenhum credor, seja banco, financeira, loja, ou outro concede redução do débito de uma dívida em 80%, e é esta estratégia que usam os estelionatários para convencer os consumidores a pagarem boletos falso sem o devido contato.

CHEQUE OS DADOS DO 2-BOLETO Boleto falso traz algumas

características que podem ser facilmente checadas pelo usuário. Veja se os dígitos finais representam o valor do boleto: se são diferentes, é possível que seja golpe. Caso seja uma cobrança recorrente, como boleto de financiamento de veículo (onde ocorre o maior número de

fraudes), fatura da TV a cabo, boleto da escola dos filhos que costume vir com valor fixo, suspeite se houver alguma variação inesperada. Confirme também seus dados pessoais, como CPF e busque por erros de português e de formatação. Verifique ainda se os primeiros dígitos do código de pagamento coincidem com o código do banco que aparece como sendo o emissor do boleto. Também antes de efetivar o pagamento, verifique se o cedente do boleto é a instituição que realmente você está devendo, se for diferente não efetive o pagamento. Os números bancários podem ser checados no site da Febraban (http://www. febraban.org.br/associados/utilitarios/bancos.asp).

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. VERIFIQUE A ORIGEM COM O BANCO E FINANCEIRA Se o boleto é emitido por uma financeira, banco ou loja, pesquise a reputação da empresa no Reclame Aqui para se certificar de que ela de fato existe. Se for cobrado por uma empresa de cobranças, verifique junto ao credor se ela está autorizada a negociar o seu débito e emitir boletos. Em caso de compras online, opte sempre que possível por outros meios de pagamentos que não envolvam boleto. Pla-

taformas como Mercado Pago, PagSeguro e demais meios digitais oferecem mais segurança quando atuam como intermediárias e podem ser acionadas se algo der errado na transação.

dos, um boleto falso pode até mesmo ser enviado para a casa da vítima. Nessa modalidade, o documento pode vir com visual idêntico ao original, incluindo envelope com carimbo e remetente real.

sempre ler o código de barras pela câmera do celular ou no caixa eletrônico. Em geral, boletos com linha digitável adulterada não trazem código de barras compatível e precisam forçar a vítima a digitar a sequência manualmente para completar o golpe. Um documento com barras ilegíveis, portanto, tem maiores chances de ser fraudulento.

Ao fazer download do boleto no site do credor, certifique-se de que está acessando a página verdadeira e de que o endereço começa por HTTPS. Páginas seguras trazem o selo do certificado SSL que assegura contra invasões e garante maior confiabilidade para o documento que está sendo baixado. Evite também se conectar em redes públicas, que são mais suscetíveis a ataques no roteador capazes de falsificar páginas visitadas. Em golpes mais avançados, o criminoso pode interceptar o acesso e alterar um boleto aparentemente baixado do site oficial do banco. Por isso, opte sempre por fazer o download em uma rede segura e com senha, ou pela internet móvel do celular. Na hora de pagar uma conta é importante certificar-se da procedência do site, origem do e-mail e dados do código de barra. Empresas só enviam a segunda via quando o documento é solicitado pelo cliente, caso contrário, desconfie.

. PREFIRA A LEITURA AU4BARRAS TOMÁTICA DO CÓDIGO DE . CERTIFIQUE-SE DE QUE 6 O SITE É SEGURO E EVITE Em qualquer boleto, prefira WI-FI PÚBLICO

BAIXE O BOLETO NO 5.SITE DO CREDOR Sempre que possível, é im-

portante baixar boletos diretamente no site do banco ou da empresa que está fazendo a cobrança. Duvide sempre de boletos que chegam por e-mail, especialmente quando a mensagem traz um assunto como “Urgente” ou “Seu nome está no Serasa”. Uma boa maneira de driblar esse tipo de problema é usando um serviço de e-mail com bom sistema de anti spam, como o Gmail. O mesmo vale para faturas que chegam via WhatsApp. Em golpes mais sofistica-


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Quem dá mais?

Planos de saúde

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om cofres vazios por causa da pandemia, governos aceleram agenda de privatizações, concessões e parcerias público-privadas em 2021. Em Alagoas, além da recente concessão da Companhia de Saneamento de Alagoas e do Porto de Maceió, o estado se prepara para iniciar ainda neste ano a venda do Matadouro Regional de Viçosa, construído em 2019. Com capacidade de abate de 140 animais por dia, entre bovinos, suínos e ovinos/caprinos, a última audiência pública para concessão do matadouro foi realizada em novembro do ano passado e a previsão é que o local, que atende a 12 municípios da região, seja vendido já neste ano.

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Contestando a malha fina A partir desta semana o contribuinte que caiu na malha fina do Imposto de Renda pode contestar os valores lançados no Centro Virtual de Atendimento da Receita Federal (e-CAC). A defesa poderá ser apresentada de maneira inteiramente virtual, sem a necessidade de comparecimento a uma unidade de atendimento do Fisco. Primeiramente, o contribuinte deve acessar o sistema e-Defesa para preencher o formulário de impugnação. O sistema também indica os documentos a serem entregues ao Fisco, o que facilita o processo e agiliza o julgamento.

Efeito borboleta A paralisação das atividades da Braskem em Alagoas tem gerado preocupação no extremo oposto do país, na região Sul. A indústria química e de embalagens plásticas da região prevê um ano de 2021 marcado pela alta na inflação devido à falta de matéria-prima produzida pela petroquímica no estado. Em entrevista ao portal EngePlus, o presidente do Sinplasc, Reginaldo Cechinel, afirmou que a preocupação do setor com a falta de matéria-prima é grande. “Estamos sem receber resina plástica, matéria-prima praticamente toda importada. A situação mais crítica é a falta e o aumento do custo do PVC em razão da unidade da Braskem, em Alagoas, que teve problemas geológicos com a sua atividade minerária (afundamento do subsolo), o que afetou diretamente

empresas que trabalham com tubos para água, avicultura e irrigação.

próximas cobranças dos planos de saúde podem surpreender muitos consumidores. Isso porque 2021 não conta apenas com o costumeiro reajuste anual. O novo ano também traz as recomposições de reajustes suspensos por conta da pandemia do novo coronavírus. Reajustes anuais e por mudança de faixa etária foram suspensos entre setembro e dezembro de 2020 – para alguns consumidores, até por mais meses. Assim, serão cobrados ao longo das doze parcelas de 2021.


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SOLIDARIEDADE

Márcio Canuto participa de livro sobre famílias que convivem com doença rara Amor Raro conta a trajetória de crianças com Distrofia Muscular de Duchenne e terá renda revertida para instituição referência no apoio a pacientes ASSESSORIA

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ascido e criado em Maceió, Márcio Canuto foi uma das personalidades que abraçaram uma causa rara, mas que transborda amor e esperança: a produção do livro Amor Raro, um projeto que conta histórias de famílias que convivem com a Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) e contornam barreiras diárias para oferecer às crianças mais qualidade de vida e tempo para se desenvolver de forma saudável e segura. A obra, com participação de diversas celebridades, reúne narrativas emocionantes de crianças com a doença rara que ainda não tem cura, e busca chamar atenção para o diagnóstico precoce, ainda na primeira infância, além de sensibilizar a população brasileira em relação a doença genética rara caracterizada pela deterioração muscular progressiva, que afeta um a cada 3.500 a 5.000 meninos no mundo. Para que o livro surgisse, Canuto conheceu duas famílias muito especiais e presenciou de perto os valores e vínculos fortes que as unem. Os encontros, registrados com a sensibilidade das fotos de Lailson Santos, a criatividade das ilustrações de Mauricio de Sousa e a intensidade dos textos, deram vida ao projeto Amor Raro - nome escolhido por representar o sentimento e o carinho presentes em cada demonstração dos entrevistados. O projeto inédito da Sarepta Farmacêutica, líder em medici-

na genética de precisão para doenças raras, em parceria com a Agência de Narrativas Construtores de Memória, terá toda a renda arrecadada com a venda dos exemplares integralmente revertida para Aliança Distrofia Brasil (ADB), associação de pacientes que lidera iniciativas nacionais em prol de inclusão, representatividade e melhores condições de acesso a cuidados para pacientes de distrofias musculares. “Desde o início, buscamos Márcio Canuto se une a projeto de apoio contribuir para promover o a famílias que convivem com a DMD acolhimento, a inclusão e o tratamento adequado aos pacientes com doenças raras. Dessa vez, de forma lúdica e didática, contamos com a parceria de artistas incríveis para dar voz a histórias que merecem ser ouvidas”, diz o diretor-geral da Sarepta, Fábio Ivankovich. Além de Canuto, outras cinco personalidades emprestaram seu talento artístico para narrar histórias de famílias que convivem com a Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) - Carlinhos Brown, Daiane dos Santos, Fernanda Takai, Mario Sergio Cortella e Mauricio de Sousa.

SERVIÇO

Livro AMOR RARO Preço: R$ 49,90 Link para compra: https://comprarlivroamorraro.com.br/ Outras informações sobre o livro estão disponíveis no site do projeto: https://www.cadapassoimporta.com.br/.

SOBRE A SAREPTA A Sarepta Farmacêutica está agindo com urgência para desenvolver medicamentos genéticos de precisão para pessoas cujas vidas estão em risco por causa das doenças raras. A empresa está comprometida com essa missão, no sentido mais amplo e profundo da palavra. Com 43 programas de desenvolvimento em andamento, representando três modalidades terapêuticas diferentes, inclusive terapias dirigidas ao RNA, terapia gênica e edição de genes, a companhia está avançando em um dos pipelines mais robustos do mercado. A unidade da Sarepta no Brasil foi aberta em fevereiro de 2018. Tem como objetivo desenvolver medicamentos genéticos de precisão capazes de tratar e mudar a vida de 100% das pessoas elegíveis com Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) e aplicar abordagens terapêuticas a outras doenças raras fatais, nas quais possa oferecer o máximo benefício.


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Reflexos do fim da produção da Ford

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ecisão da empresa de encerrar a produção de veículos no Brasil tem implicações negativas de curto prazo. Mas não deve levar a um cenário de desindustrialização do setor automobilístico. Existem alguns aspectos históricos a ressaltar. Em 1986 a Ford esteve perto de sair do País em meio à conhecida década econômica perdida. As importações de veículos estavam proibidas, não existiam alternativas. Contudo, a união com a Volkswagen, na Autolatina, deu-lhe fôlego para continuar nove anos depois do “divórcio”. Na Argentina houve desistência industrial da GM, que anos depois retornou. Fiat e Peugeot se fundiram, se separaram e voltaram cada uma para seu lado. Renault da mesma forma: entrou, saiu e voltou. No Brasil há os casos da Alfa Romeo, Audi, Chrysler, Jeep, Renault e Mercedes-Benz. A Ford ainda produz automóveis na Europa, Índia e China, mas na América do Norte e agora do Sul, nada. Não há um prazo para focar apenas em SUVs, crossovers e picapes, conforme anunciou em 2018. Estes são bem mais lucrativos e os compradores americanos mantêm confiança nas marcas domésticas, em especial nos modelos maiores. Um aspecto pouco observado é que a empresa decidiu manter o centro de desenvolvimento, na Bahia, e o campo de provas, em São Paulo. Exportará serviços e alguns empregos qualificados serão salvos. Porém, terá que devolver incentivos fiscais e indenizar empregados e concessionárias. Para tanto alocou US$ 4,5 bilhões (R$ 24 bilhões). A GM, ao contrário, enviou grande parte dos engenheiros brasileiros para a China, mas descongelou agora R$ 10 bilhões de

investimentos nos próximos cinco anos para novos produtos. Obviamente a participação de mercado da Ford vai cair para um patamar bem inferior ao qual terminou em 2020. O tíquete médio dos carros que venderá será muito mais alto, mas a empresa quer garantir a rentabilidade que garantirá sua sobrevivência não só aqui, mas no mundo. Isso, no entanto, não deve afetar a recuperação do mercado brasileiro este ano (leia abaixo). O Brasil é um país dos compactos. Hatches e sedãs representam cerca de 45% das vendas totais. Com o avanço das novas tecnologias, ainda caras, fica bastante mais difícil diluir os custos em modelos menores e de lucratividade limitada. A saída natural seria importar componentes e aumentar a exportação. Para tanto o País teria de investir muito em infraestrutura, além de uma reforma tributária que realmente melhorasse a eficiência econômica e desonerasse os produtos exportados, como os outros países fazem. Esse mau hábito de gerar créditos tributários e nunca restituí-los ou compensá-los, realmente não funciona. Por suas dimensões continentais e densidade de habitantes por veículo ainda inferior à da Argentina e do México, por exemplo, o Brasil ainda tem o que avançar. De 2010 a 2014 o País figurou como quarto maior mercado interno do mundo, atrás de China, EUA e Japão. Por sua imensa população a Índia vai se consolidar à nossa frente. Mesmo assim, uma quinta colocação no ranking mundial continuará sendo atraente. Como produtor de veículos já fomos o sétimo (hoje, o nono), mas existe potencial de ser o sexto colocado.

O que esperar do mercado em 2021

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economia brasileira foi fortemente atingida pela pandemia da covid-19, em 2020. Ainda assim a queda do PIB (em torno de 4,5%) ficou em patamar bem menor que o previsto até pelo FMI. Na indústria automobilística não foi diferente. Contra números previstos de até mais de 40% de redução do mercado interno de veículos leves e pesados, o tombo ficou em 26%. Em 2015, mesmo sem pandemia, as vendas já haviam caído nessa mesma magnitude. Nada comparável a 1981, quando as vendas derreteram 40% frente a 1980. Na produção que inclui os números de exportação, principalmente para a Argentina, a queda atingiu 31%. O total de empregados na indústria sofreu uma contração de 4% (5.000 funcionários a menos). Os estoques nas fábricas e concessionárias caíram para apenas 12 dias (um terço do habitual), o menor em toda a séria histórica da indústria. Para este ano a Anfavea demonstrou cautela na recuperação das vendas (15%), exportações (9%) e produção (25%).

A Fenabrave também projetou os mesmos 15% de avanço na comercialização, uma coincidência que não é tão comum. Nesse ritmo a volta aos níveis de 2019 (ano sem efeito da pandemia) só ocorreria em 2023. Para complicar ainda há o desastrado aumento do ICMS no estado de São Paulo, tanto para veículos novos quanto para usados. Deverá impactar as vendas, embora ainda não seja possível avaliar os estragos. Por outro lado, apesar dos percalços políticos em Brasília, a economia brasileira crescerá este ano no mínimo 3,5% até por uma base comparativa baixa em relação a 2020. A vacinação de parte da população deve ajudar como reação positiva. O dinheiro retido no ano passado pelo cancelamento de viagens e outros gastos entre os que podem comprar automóveis, deve ser aplicado para este fim. Então, há um potencial de voltar aos números de 2019 já em 2021, o que significaria um incremento nas vendas em torno de 35%. Otimismo exagerado? É o que vamos conferir em 31 de dezembro deste ano.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

Retorno de Neymar é com título e bola na rede

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volta de Neymar aos gramados foi em grande estilo. Exatamente um mês depois de lesionar o tornozelo esquerdo, o brasileiro participou da vitória do Paris SaintGermain sobre o Olympique de Marselha por 2 a 1 e ajudou o clube de Paris a faturar a Supercopa da França. O camisa 10 não foi titular e viu do banco de reservas o primeiro tempo da final. Os 45 minutos iniciais foram dominados pelo PSG, que teve dois gols anulados, um de Mbappé e outro de Mauro Icardi. Na segunda etapa, Olympique de Marselha se

lançou ao ataque em busca do empate, exigindo mais do goleiro Keylor Navas. Aos 20 minutos, Neymar entrou em campo no lugar de Di María e reencontrou Álvaro González, que foi acusado pelo brasileiro de racismo no início da temporada. No fim da decisão, o PSG ampliou com o craque da Seleção Brasileira, que converteu o pênalti sofrido por Icardi. Já nos acréscimos, Payet descontou e deu números finais para o duelo. O jogo contou com a estreia do novo técnico Mauricio Pochettino, que garantiu seu primeiro título na carreira.

FINAL DA COPA LIBERTADORES É BRASILEIRA!

GALO DA PRAIA ZERA CHANCES DE QUEDA PARA SÉRIE C Embalado pela sequência de bons jogos na Série B, o CRB aproveitou o desgaste de um Guarani desfalcado devido a um surto de covid-19 e venceu o clube paulista por 2 a 0 no Estádio Rei Pelé para chegar à terceira vitória seguida e esquecer qualquer possibilidade de rebaixamento para a terceira divisão. Os gols da partida foram marcados por Gum, de cabeça, e Bill, em jogada de contra-ataque nos minutos finais de jogo. Após o final do embate, o zagueiro Gum falou sobre as próximas rodadas do Galo. “Depois dessa vitória, podemos pensar em algo mais na competição. Ainda é cedo, mas com a evolução da equipe, encaixando, jogo a jogo, de fato, conquistamos uma pontuação que nos dá tranquilidade para pensar na parte de cima’’. As chances de acesso do Galo são mínimas, mas o clube alagoano segue lutando.

Palmeiras e Santos vão decidir o título da 61ª edição da Conmebol Libertadores. Os dois garantiram vaga na final do maior torneio sul-americano de clubes ao eliminarem, respectivamente, River Plate e Boca Juniors. O Palmeiras passou depois de muito sufoco no jogo de volta, tinha uma vantagem de três gols, mas sofreu dois gols logo no primeiro tempo, porém segurou o jogo e garantiu a classificação. Já o Santos teve vida mais fácil contra o Boca, qualquer placar de vitória classificava o time santista, e não tomou conhecimento aplicando 3 a 0 nos hermanos. A decisão entre os paulistas será dia 30, no Maracanã, às 17 horas. Essa será a quarta vez na história do torneio que times do mesmo país disputam uma final. O campeão da edição 2020 da Libertadores vai faturar 15 milhões de dólares (R$ 79,63 milhões), enquanto o vice fica com 6 milhões de dólares (R$ 31,85 milhões).

CRISE NO FLAMENGO PRESSIONA ROGÉRIO CENI

A falta de vitórias colocou uma crise na Gávea e resultou em protestos no Ninho do Urubu, mas o técnico Rogério Ceni, por enquanto, permanece no comando do Flamengo. Com cada vez menos apoio e uma lupa crescente sobre seu trabalho, o comandante sobreviveu à tempestade, porém a situação é delicada e vive momento similar ao que viveu Domenéc. Além das eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores, o treinador vê o seu time ficar cada vez mais longe do título do Brasileiro. Mesmo após tropeços seguidos do São Paulo, o rubro-negro não emplacou bons jogos, sem vencer desde o 4 a 3 contra o Bahia, no dia 20 de dezembro. Ao que parece somente Jorge Jesus salva esse elenco do Mengão, aliás, outro portuga foi cotado para substituir Ceni. O nome da vez é Rui Vitória, que acumula passagens por Vilafranquense, Fátima, Paços de Ferreira, Vitória de Guimarães, Benfica e Al Nassr.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Eleições 2022

PELO INTERIOR

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elo andar da carruagem, Arapiraca, a cidade mais importante do interior de Alagoas e com mais de 140 mil eleitores, terá um número recorde de candidatos a deputado estadual. Além de Ricardo Nezinho, Breno Albuquerque e Tarcizo Freire, que concorrem à reeleição, novos nomes estão no páreo, dentre eles de Daniel Barbosa, filho do prefeito Luciano Barbosa.

Apoio do grupo Dentre nomes conhecidos, como dos advogados Hector Martins e Cláudio Canuto, outros 10 candidatos poderão ser lançados com apoio de agremiações partidárias. Nos bastidores, no entanto, as apostas são voltadas para a candidatura do deputado estadual Tarcizo Freire que sairia candidato a deputado federal, com as bênçãos do prefeito Luciano Barbosa e de Ricardo Nezinho.

Viçosa

Reunião virtual

Artistas de 15 municípios do interior de Alagoas poderão participar da segunda edição do Festival Riacho do Meio, que ocorre de 1 a 5 de fevereiro, na cidade de Viçosa. Trata-se de uma das primeiras iniciativas decorrentes dos editais de apoio ao setor cultural, viabilizados pela Lei Aldir Blanc e realizados pela Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas (Secult-AL). As inscrições começaram na terça-feira (12) e seguem até o dia 21 de janeiro e podem ser realizadas pelo site: www.festivalriachodomeio. com.br.

A força-tarefa de combate à covid-19 do Ministério Público do Estado de Alagoas, formada pela Procuradoria-Geral de Justiça, Corregedoria-Geral, Ouvidoria, Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça, núcleos especializados e um grupo de promotores de Justiça, tomou essa decisão após reunião virtual, ocorrida na quarta-feira (13).

Municípios Além de Viçosa, artistas de Major Izidoro, Cacimbinhas, Minador do Negrão, Estrela de Alagoas, Igaci, Palmeira dos Índios, Quebrangulo, Paulo Jacinto, Mar Vermelho, Belém, Tanque d’Arca, Maribondo, Pindoba e Chã Preta podem se inscrever no festival online, que contempla bandas e artistas de vários segmentos, como atores e poetas populares.

Sem carnaval Uma recomendação será expedida aos prefeitos dos 102 municípios alagoanos para que eles não promovam qualquer tipo de evento durante o Carnaval em razão da pandemia do novo coronavírus. O documento será enviado à Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) para que a entidade possa fazer a devida distribuição aos prefeitos.

Aglomerações Durante o encontro online, os membros do MPAL se mostraram preocupados com o avanço de casos em Alagoas e chamaram a atenção para o fato de que festas de carnaval gerariam aglomerações, o que é proibido pelo Decreto nº 71.467/20, publicado no Diário Oficial do Estado em 30 de setembro do ano passado, que limitou eventos em locais abertos com capacidade de público de 300 pessoas e disciplinou os protocolos sanitários que precisam ser obedecidos.

Combate à covid-19 “Estamos num momento em que toda a coletividade precisa se engajar para evitar ainda mais a propagação da covid-19. Então, como o decreto governamental proíbe grandes festas, não será possível aos gestores investirem recursos públicos na realização de eventos. Além disso, o dinheiro deverá ser aplicado em ações para proteger a população da pandemia”, defendeu Márcio Roberto Tenório de Albuquerque, procurador-geral de Justiça.

Recomendação

A recomendação do Ministério Público do Estado de Alagoas será expedida ainda esta semana e deverá chegar aos prefeitos dos 102 municípios para que eles não promovam nenhum tipo de festividade durante o período de carnaval. O documento, que seguirá assinado pelo chefe do MPAL, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque, pelo subprocurador-geral administrativo institucional, Valter Acioly, e por todos os promotores de Justiça integrantes da força-tarefa, será encaminhado ao presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Hugo Wanderley.

Apoio à saúde Em mais uma visita às Unidades Básicas de Saúde do município, o prefeito Luciano Barbosa esteve, na manhã de quarta-feira (13), no 4º Centro de Saúde Francisco Pereira Lima, no bairro Itapoã. O gestor foi recebido com muita alegria pelos servidores, teve a oportunidade de rever amigos e conversar com os usuários para saber das principais demandas de atendimento ao público.

Foi referência Durante a visita, Luciano Barbosa anunciou a reativação do programa Pré-Natal Rede Enxoval, destinado a mulheres gestantes. O programa funcionou como referência em atenção primária nas gestões anteriores de Luciano Barbosa. A reativação do programa foi um compromisso de campanha e tem como objetivo incentivar a realização do pré-natal e garantir a saúde das mulheres e assegurar também o enxoval para as mães que fizerem os exames até o nascimento do filho.

Situação de vulnerabilidade O projeto tem o propósito de atender, principalmente, as mulheres em situação de vulnerabilidade social. “As unidades de saúde devem voltar a ofertar programas e projetos, estar preparadas e equipadas para que as pessoas tenham um atendimento digno e com qualidade”, garantiu o prefeito. (Com Davi Salsa)

... Na primeira sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Palmeira dos Índios de 2021, realizada na manhã de quartafeira (13), o clima foi de questionamentos sobre a falta de transparência na Prefeitura do município. ... Os parlamentares chegaram a destacar que, caso os secretários municipais não compareçam ao Plenário para prestarem esclarecimentos, irão requerer uma auditoria e ameaçaram a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as contas públicas. ... Na Ordem do Dia, os vereadores aprovaram por unanimidade o Requerimento 001/2021, de autoria da Mesa Diretora, que requer que sejam convocados os secretários municipais de Cultura e Fazenda “para prestarem informações ao Poder Legislativo no dia 22 de janeiro”. ... De acordo com os parlamentares, todos os membros do primeiro escalão da gestão do prefeito Júlio Cézar (PSB) deverão atender à convocação. ... A limpeza de uma cidade está diretamente ligada à qualidade de vida e saúde da população. Em Arapiraca, a falta de educação e consciência das pessoas tem feito com que a cidade fique cheia de lixo e entulho pelas ruas. ... Na terça-feira (12), a Prefeitura de Arapiraca, através das redes sociais, publicou imagens de um serviço de limpeza urbano realizado na Rua Governador Silvestre Péricles, no bairro Jardim Tropical, em frente à sede do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). ... De acordo com a prefeitura, o serviço foi feito esta semana. Mas, imagens recentes mostram que a população já voltou a utilizar o local para o descarte irregular de lixo, entulho e poda. (Com 7segundos) ... A violência continua preocupando as autoridades arapiraquenses. Um homicídio foi registrado na noite de quarta-feira (13) próximo ao Espetinho do João, na Rua Fernando José do Nascimento Farias, no bairro Cavaco, em Arapiraca, no Agreste de Alagoas. ... Um ótimo final de semana para os nossos leitores, com paz e muita saúde. Até a próxima edição!


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MEIOAMBIENTE

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

Poluição oceânica causa doenças

Privatizando a natureza O Ministério do Meio Ambiente (MMA) realizou na segunda-feira, 11, o leilão de concessão de dois parques nacionais. Foram repassados à iniciativa privada os parques de Aparados da Serra e da Serra Geral, localizados na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O vencedor do certame, grupo Construcap, apresentou lance de R$ 20,5 milhões iniciais pela concessão das duas unidades. O lance mínimo previsto em edital foi de R$ 718 mil. A proposta do Construcap apresentou ágio de 2,700%. Com o leilão, o grupo ficará responsável pela revitalização, modernização, operação, manutenção e gestão dos parques e deverá oferecer serviços de apoio aos turistas, incluindo alimentação, estacionamento, segurança e outros. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, ao longo do contrato de 30 anos, deverão ser desembolsados R$ 260 milhões.

A poluição nos oceanos é um dos grandes problemas ambientais da atualidade. As águas, que compõem 70% do planeta estão cheias de compostos líquidos, pastosos ou sólidos que contaminam os mares. Essa contaminação, que tende a triplicar até 2040, é prejudicial a nossa saúde e pode levar a problemas intestinais, neurológicos e cânceres. Tentando entender essa correlação, pesquisadores norte-americanos da Universidade Boston College utilizaram dados da poluição nos oceanos e de 584 pesquisas feitas ao redor do mundo. “O oceano é particularmente importante para a saúde e bem-estar de pequenas ilhas, populações costeiras e indígenas, especialmente no Hemisfério Sul. Esses grupos dependem das águas para sobreviver, e são eles que estão sendo mais ameaçados por conta da poluição”, explica Phil Landrigan, diretor do Observatório Global sobre Poluição e Saúde, docente da Boston College e autor da pesquisa.

Agrotóxicos Menos preservação Foi divulgado na quarta-feira, 13, o Plano Operativo para Controle do Desmatamento Ilegal e Recuperação da Vegetação Nativa, do Ministério do Meio Ambiente, que vai vigorar até 2023. O documento define as metas do Floresta+ para o período, com o objetivo de contratar a preservação e recuperação de 250 mil hectares. A extensão prevista agora representa pouco mais de 64% da área inicialmente proposta pelo MMA como meta a ser atingida pelo Floresta+ nos próximos três anos. Em agosto do ano passado, o MMA enviou ao Ministério da Economia um documento sugerindo que Floresta+ fosse adotado em substituição ao objetivo de reduzir em 90% o desmatamento e incêndios ilegais em todo o País, conforme previsto no plano plurianual do governo federal.

O Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos foi celebrado na segunda-feira, 11. A data visa conscientizar sobre os riscos para a saúde e o meio ambiente quando há o uso indiscriminado de substâncias como agroquímicos, pesticidas e praguicidas. Um projeto em análise no Senado institui a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importação e comercialização de agrotóxicos, a Cide-Agrotóxico (PL 1053/2020). O objetivo da contribuição é promover a redução do consumo de agrotóxicos e financiar ações de recuperação ambiental e outras políticas públicas ambientais de incentivo à agroecologia. A senadora Zenaide Maia, do Pros do Rio Grande do Norte, revelou quantidade de denúncias relativas à intoxicação por agrotóxicos que a Fundação Oswaldo Cruz recebe. “A Fiocruz mostra que, por ano, recebe denúncias de intoxicação por agrotóxicos de, no mínimo, dez mil pessoas, mesmo sabendo da subnotificação. O Valor Econômico mostrou que, em 2019, houve isenção fiscal ou subsídio de mais de 14 bilhões para os produtores e vendedores de agrotóxicos ao nosso povo. A gente sabe que, nesses últimos dois anos foram quase mil novos


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SAÚDE

Santa Casa de Maceió investe em técnica minimamente invasiva na cirurgia cardíaca Doenças coronarianas, cardiopatias congênitas e tumores podem ser tratados com o método

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s técnicas minimamente invasivas de cirurgias cardíacas foram introduzidas na Santa Casa de Maceió em 2019. De lá para cá, os pacientes têm se beneficiado com uma opção menos agressiva com incisões cirúrgicas menores que aquelas praticadas nos procedimentos convencionais. Os resultados clínicos são idênticos aos obtidos pelo método convencional. Mas, entre as vantagens, está o tempo de recuperação, que é bem menor dentro e fora do hospital. “A excelência estrutural do centro cirúrgico da Santa Casa, a aquisição de um aparelho de ecocardiograma transesofágico de última geração, e o trabalho de excelentes anestesiologistas são fatores que se somam para garantir segurança a este procedimento. A instituição foi a primeira no estado a realizar estas técnicas, seguindo uma tendência mundial”, destacou o especialista do Serviço de Cirurgia Cardíaca da Santa Casa de Maceió, Eolo Alencar Ribeiro. Realizada através de pequenas incisões no tórax utilizando instrumentos especializados, a cirurgia cardíaca

minimamente invasiva possui cortes de 3-6 cm ao invés dos 15-30 cm da convencional. Dessa forma, ela proporciona um benefício estético para os pacientes, as chances de infecção diminuem, além de reduzir o trauma pós-operatório. Doenças valvares, mitral e aórtica, doenças coronarianas, cardiopatias congênitas do coração e tumores podem ser tratadas com a tática minimamente invasiva, mas nem todos os pacientes estão qualificados para ela. “Com o auxílio de uma microcâmera, temos uma visão ampliada do coração, o que nos possibilita a realizar procedimentos complexos nas válvulas cardíacas e também nas artérias coronárias. Cada caso deve ser bem avaliado para que a indicação terapêutica seja precisa e eficiente”, disse o cirurgião. Para alcançar resultados positivos, a Santa Casa de Maceió dispõe de uma boa retaguarda, com profissionais ligados ao tratamento do paciente (Emergência Cardíaca, cardiologistas, UTI e Hemodinâmica, enfermagem, fisioterapia, nefrologia, infectologia, neurologia e radiologia).

Com incisões de 3-6 cm, o procedimento oferta recuperação mais rápida ao paciente

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