Edição 1104

Page 1

e

extra MACEIÓ - ALAGOAS

www.novoextra.com.br

1998 - 2020

ANO XXII - Nº 1104 - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021 - R$ 4,00

JOGO DO PODER

Eleição na Câmara Federal deve mudar rumo da política em Alagoas

Arthur Lira e Baleia Rossi disputam a presidência da Câmara Federal no pleito marcado para a próxima segunda-feira. Se vencer, Lira vai comandar a Câmara e o grupo político que pretende derrotar os Calheiros em 2022. Será a eleição do tudo ou nada para o deputado alagoano. 2, 6 e 7

REPROVADA

ALAGOAS PREVIDÊNCIA PERDE CERTIFICADO POR MÁ APLICAÇÃO DO DINHEIRO DO SERVIDOR

n Sem o CRP órgão perde recursos federais e fica impedido de fazer acordos, contratos e ajustes com a União 9

CRISTIANO MATHEUS GANHA PROCESSO, MAS CONTINUA RÉU NA JUSTIÇA FEDERAL 5

LESSA JÁ NOMEOU 35 APADRINHADOS NA COTA DO CLIENTELISMO POLÍTICO 2

PANDEMIA

COVID-19 ELEVA EM 14% NÚMERO DE ÓBITOS EM ALAGOAS 15

PLANOS DE SAÚDE TÊM QUE ATALAIA ESCLARECER ROMBO DEIXADO POR USUÁRIOS EX-PREFEITO LEVA CECI ROCHA SOBRE REAJUSTE 11 A ABRIR MÃO DO SALÁRIO 8


2

e

extra MACEIÓ - ALAGOAS

www.novoextra.com.br

e

COLUNA

EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

A fúria do vice

1

- JHC está pagando caro por ter vetado Kátia Born para a Secretaria de Saúde, indicada por Ronaldo Lessa. Foi o primeiro desencontro do prefeito com seu vice, que agora cobra a fatura em dobro.

2 1998 - 2020

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

- Até o último dia 26 Lessa já havia nomeado 35 apadrinhados políticos, 16 deles locados em seu próprio gabinete na rubrica “assessoria” e os demais na Superintendência Municipal de Iluminação de Maceió – Sima.

3

- A fúria clientelista do vice-prefeito, no entanto, não deve parar por aí. A Secretaria Municipal de Esportes – a ser criada para atender Lessa – deve gerar mais uns 20 novos cargos para acomodar aliados, parentes e agregados.

4

- Na ausência de um mínimo de critérios para essas nomeações, a lista do vice-prefeito inclui parentes, amigos, segurança, motorista, dono de locadora de automóveis que presta serviço ao próprio Lessa e até um investigado no MP por corrupção.

5

- Além do desgaste político para o prefeito – que se elegeu empunhando a bandeira da moralidade no serviço público – o custo anual da folha de Lessa já chega a R$ 1.764.000,00 para o contribuinte pagar.

6

- Nesse diapasão, o vice acabará nomeando mais “assessores” do que o prefeito. A menos que JHC puxe o freio de mão antes que seja tarde demais.

Mudança à vista

A eleição do presidente da Câmara Federal – nessa segunda-feira – pode mudar os rumos da política alagoana e definir quem serão os novos líderes que mandarão no estado pelos próximos anos. Os principais candidatos são o alagoano Arthur Lira, apoiado pelo presidente Bolsonaro, e o paulista Baleia Rossi, bancado pela oposição. Se Baleia encalhar, Arthur comandará a Câmara e chefiará o grupo político que mandará em Alagoas a partir da próxima eleição.

Projeto de poder

Com Arthur Lira dirigindo a Câmara e o aliado Marcelo Victor comandando a Assembleia Legislativa, os Calheiros perdem o controle político do estado e Alagoas ganha novas lideranças. A derrota do clã de Murici em Maceió e em Arapiraca abriu a guarda renanzista para o grupo de Arthur Lira fortalecer seu projeto de poder, que pode ser consolidado com uma possível vitória na Câmara Federal.

Fim de carreira

Antônio Albuquerque pode ser o próximo político carreirista a pendurar as chuteiras em 2022 quando acaba seu sétimo mandato consecutivo de deputado estadual. Seu projeto para o pleito de 22 é reeleger o filho Nivaldo deputado federal e eleger o filho Arthur deputado estadual. Para não afrontar o aliado Renan Filho e manter cargos no Estado, o deputado acena com uma candidatura a governador, mas aos amigos ele confessa que vai disputar o Senado. Sem a mínima chance de vitória, Albuquerque quer sair de cena por cima, com um título de candidato a senador, mesmo derrotado, e dois herdeiros do butim político.

Xerife em ação

O secretário Alfredo Gaspar de Mendonça anunciou que Alagoas terá presença constante das operações integradas das forças de segurança em todos os municípios. “Ao ver uma blitz, diminua a velocidade, baixe os vidros do veículo, acenda a luz interna e preste atenção nas orientações dos nossos policiais”, avisa o secretário em mensagem divulgada em sua rede social. Quem conhece o trabalho do xerife é bom ficar atento às suas determinações e botar as barbas de molho.

Melhor que o céu

Ao se eleger senador, Darcy Ribeiro cunhou uma frase que entrou para a história: “O Senado é melhor do que o céu, porque nem é preciso morrer para estar nele”. Os 81 senadores terão este ano um orçamento de R$ 4,6 bilhões, mais do dobro do orçamento de Maceió, que tem mais de 1 milhão de habitantes e um orçamento de R$ 2,5 bilhões para este ano. Está aí a explicação para tamanha disputa por uma vaga no Senado, ou melhor, no céu.

Má gestão

Os servidores públicos, aposentados e pensionistas de Alagoas têm mais um motivo para se preocuparem com o futuro. Por má gestão na aplicação dos recursos previdenciários, o Alagoas Previdência perdeu o CRP, Certificado de Regularidade Previdenciária, com sérios prejuízos para o órgão. Com a palavra o secretário da Fazenda, George Santoro, responsável pela indicação dos gestores do Alagoas Previdência.

Cargo cobiçado

Cresce a lista dos pretensos candidatos a senador por Alagoas nas eleições do próximo ano, quando será disputada a única vaga hoje ocupada por Fernando Collor. Além do próprio Collor, que já está em plena campanha pela reeleição, Renan Filho, Arthur Lira, Ronaldo Lessa, Edgard Pedrosa e agora Antônio Albuquerque preparam as armas para entrar nessa guerra.

Lua de mel

Quem conhece as ações de Ronaldo Lessa e seu temperamento mandão, aposta que a lua de mel entre o prefeito e seu vice não vai durar muito. “Logo, logo, Lessa rompe com JHC e sai atirando para todos os lados”, prevê um pedetista de carteirinha que acompanha os passos de Lessa.


MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

e

extra

COMBATE EFETIVO Maragogi vacina contra o coronavírus, mas intensifica alerta à população para manter medidas de proteção individual

A

vacinação contra o novo coronavírus foi iniciada em Maragogi exatamente há uma semana, na sexta-feira (22), após o município receber as doses do imunizante CoronaVac para os grupos prioritários, inicialmente os profissionais da saúde que atuam na linha de frente da assistência aos pacientes com covid-19. O prefeito Fernando Sérgio Lira acompanhou o processo desde a chegada da vacina e usou as redes sociais para agradecer ao Governo Renan Filho e alertar à população sobre a necessidade de manter as medidas preventivas individuais até que a vacina esteja à disposição de todos os habitantes. Maragogi, no Litoral Norte de Alagoas, é um município referência em várias áreas, inclusive na saúde, e vem seguindo todos os protocolos sanitários para evitar a disseminação do novo coronavírus na população e entre os visitantes, já que é uma cidade turística. “Temos hoje a CoronaVac, vacina que é desejo mundial, um sonho de consumo que todos querem, porque vivemos uma pandemia. Mas precisamos ficar alertas e entender que atualmente ainda não existe tratamento para a covid-19, a não ser a prevenção. Até que tenhamos o imunizante para todos, devemos manter as medidas como higiene das mãos, uso do álcool gel, uso da máscara facial e combater aglomerações”, disse o prefeito. “As pessoas parece que cansaram de se proteger, passados esses 10 meses de pandemia. Entretanto, não podem relaxar com a prevenção. O vírus está circulando entre nós e é preciso não esquecer disso”, alertou Sério Lira, que tem formação em Medicina.

Maragogi registra 642 casos confirmados de covid-19 com 19 óbitos, segundo o boletim epidemiológico da última quarta-feira, 27. A primeira profissional a receber a vacina foi a técnica de enfermagem Rosedite Maria da Silva, de 51 anos, que trabalha diretamente com os pacientes com covid-19. Dona Rosa está há 17 anos no setor de saúde em Maragogi e presta seus serviços na UPA Santo Antônio. Ela recebeu o imunizante das mãos do secretário Municipal de Saúde, Francisco Lins, que também reforçou a necessidade de a população manter as medidas de proteção individual. Lins afirmou que o poder público vem cumprindo o seu papel em Maragogi, com medidas adotadas para impedir aglomerações, a despeito das críticas. Também explicou a importância da vacina para proteger contra o coronavírus e evitar que os casos de covid-19 evoluam para situação de gravidade e internamento dos pacientes.

3


e

4

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

extra

GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Novos embates

Preferência

A

ssentada a poeira das últimas eleições, o projeto agora é o novo horizonte político para 2022, quando conhecidos políticos serão novamente os protagonistas das eleições. É o caso do ex-prefeito Rui Palmeira que deverá se candidatar a algum cargo na esfera estadual ou federal ou até mesmo, dependendo das alianças, se aventurar a disputar o governo

Avançando

Mesmo sem ter definido sua posição para 2022, o governador Renan Filho vê de longe a possibilidade de disputar o Senado da República para fazer companhia ao pai, mas, aí, teria que se desincompatibilizar do cargo e entregá-lo ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Victor, que não reza na sua cartilha política.

Projeto

Pelas conversas de bastidores, Renan Filho não disputaria o Senado. Ele iria preferir fazer um curso no exterior e se habilitar futuramente para novos cargos. Resta saber se ele toparia sair momentaneamente da vitrine e esperar por novas oportunidades.

Outro sinal

Mas pelas ações que começou em 2021 com assinaturas de ordens de serviço para novas obras, a exemplo de UPAs e estradas por aí afora, Renan Filho não iria jogar isso na lata do lixo. Ele dá a entender que será, sim, candidato em 2022 e olha o Senado com uma possibilidade.

Osso duro

Se realmente ficar motivado para disputar a única vaga no Senado, Renan Filho vai disputar com um político experiente, brigador e acima de tudo competente, que é o ex-presidente Fernando Collor, com uma larga folha de serviços prestados a Alagoas. O problema do governador, entretanto, é entregar o governo seis meses antes das eleições, onde, aí, “o buraco é mais embaixo”.

do Estado. Na corrida para o Palácio República dos Palmares também têm assento cativo, além de Rui, o próprio Luciano Barbosa, prefeito de Arapiraca, JHC, Rodrigo Cunha e até mesmo o deputado estadual David Davino Filho, que obteve ótimos resultados nas eleições passadas para prefeito de Maceió.

Oposição

Pelas posições assumidas pelo senador Renan Calheiros, a família fará uma sistemática oposição ao prefeito JHC, que pode ser também um calo nas eleições de 2022. A dobradinha JHC-Rodrigo Cunha pode ser o diferencial nas próximas eleições, desde que não fiquem desgastados politicamente até lá.

Desnecessário

O desgaste político do senador Rodrigo Cunha ao indicar sua namorada Millane Hora para um cargo na Prefeitura de Maceió foi uma pisada de bola. Mesmo deixando o cargo, o estrago político já foi feito e isso com certeza será lembrado nas futuras campanhas políticas.

Mancada

Uma das poucas mancadas do prefeito JHC no início do seu mandato, foi aceitar a indicação da namorada do senador Rodrigo Cunha para exercer um cargo generoso na Prefeitura de Maceió. Afora isso, quando deveria ter questionado a indicação, o prefeito começou bem nas primeiras medidas tomadas, inclusive da redução da tarifa do transporte público como prometeu durante a campanha política.

No lucro

Os proprietários de empresas do transporte coletivo de Maceió parecem não ter sentido absolutamente nada com o decreto do prefeito JHC reduzindo a tarifa de ônibus na capital. Ou seja, esses R$ 0,30 de desconto seriam uma gordurinha a mais na passagem, o que não viria a causar prejuízos caso fosse retirada, como feito pelo prefeito de Maceió.

Aperto

Pela disposição do prefeito JHC, as empresas de ônibus devem melhorar ainda mais o sistema público, renovando suas frotas como consta nos contratos e oferecendo um transporte seguro e de qualidade.

Crise

A redução de R$ 0,30 na passagem de ônibus foi o combustível necessário para que os rodoviários entrassem em pé de guerra. Os empresários cruzaram os braços e deixaram os rodoviários fazerem manifestações pela manutenção de planos de saúde e ticket alimentação. Novas ações estão previstas para vir por aí.

Estrangulamento

Ninguém sabe como irá ficar Maceió com a interdição prevista da Ladeira do Calmon, região afetada pela mi-neração da Braskem. Pelo visto, ao canalizar todo o fluxo de veículos para as Avenidas Durval de Góes Monteiro e Fernandes Lima, o trânsito vai parar a cidade.

Na dianteira

Mesmo recebendo críticas constantes da grande mídia nacional, o deputado Arthur Lira segue sua campanha para presidente da Câmara recebendo novos aliados. Pelas contas, dificilmente Baleia Rossi, do MDB e apoiado por Rodrigo Maia, ganhará as eleições de Lira.

Concorrência

Sem bater o martelo, a família Calheiros sabe que a oposição também vai querer o governo, assim como ou-tros aliados que já se manifestaram neste sentido. Ro-drigo Cunha, Antônio Albuquerque, Davi Davino Filho, assim como Isnaldo Bulhões e Marx Beltrão, também desejam sentar na cadeira de Renan Filho.

Mesmo sem querer, querendo, antecipar o processo eleitoral de 2022, o governador Renan Filho dá demonstração de que já teria um nome de sua inteira confiança para lançá-lo candidato ao governo. É por esse motivo que escolheu a pandemia do coronavírus para aparecer, demonstrando que tem adotado todas as medidas de prevenção menos, é claro, da obtenção da vacina essencial para proteger a população.

Sem mandato

Alguns deputados que já se manifestaram para disputar o governo devem pensar bem se vale a pena arriscar o mandato, excetuando-se o senador do PSDB que teria ainda mais quatro anos pela frente. O restante sabe que uma candidatura ao governo é para não dar errado. Se perder, vai para o ostracismo.

Acelerando

O governador Renan Filho deve mesmo sair candidato em 2022 ao Senado, mesmo que o seu substituto não se disponha a apoiá-lo. Basta ver sua disposição em anunciar obras e pousar de protagonista nesta época de pandemia do coronavírus. Agora, anunciou que vai pagar os salários dos servidores no mês trabalhado, o que vinha fazendo até o dia 10 conforme calendário da Secretaria da Fazenda.

Prioridade

Independentemente de qual seja a vacina contanto que aprovada pela Anvisa, o alagoano quer mesmo é a imunização. Fazer obras, gastar dinheiro com asfalto e empreiteiras, deveria ficar em segundo plano. O governo do Estado deveria correr


MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

e

5

extra

IMPROBIDADE

Cristiano Matheus coleciona vários processos de improbidade Apesar de recente absolvição, ex-prefeito continua réu na Justiça Federal JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

O

nome do ex-prefeito de Marechal Deodoro Cristiano Matheus (MDB) voltou à tona esta semana após as eleições de 2020. Depois de perder a disputa pela Prefeitura de Pão de Açúcar, Matheus ressurgiu devido à sentença da Justiça Federal que o inocentou da acusação do Ministério Público Federal (MPF) de improbidade administrativa. O processo, de número 080026723.2017.4.05.8000, culminou no afastamento de Matheus do Executivo de Marechal, além da indisponibilidade de bens do ex-prefeito. A denúncia do MPF englobava irregularidades na merenda e transporte escolar, esquema que teria sido organizado com a finalidade de desviar dinheiro público. Total do suposto desvio: R$ 6 milhões. Porém, esse é apenas um processo do qual Matheus se livrou. Uma simples busca no site da Justiça Federal mostra o nome dele envolvido em outras batalhas judiciais, processos inclusive “declarados” durante candidatura dele a prefeito de Pão de Açúcar no Portal DivulgaCand da Justiça Eleitoral. Além da ação que resultou na recente absolvição, foi declarado pelo próprio candidato, na ocasião, a existência de mais sete processos de improbidade administrativa que tramitam em âmbito federal. Também constam mais duas ações de “crimes de responsabilidade dos funcionários públicos” e quatro ações penais (confira a tabela). O MPF ingressou com nove

ações contra Cristiano Matheus na Justiça Federal. O ex-prefeito está sendo processado por irregularidades constatadas pela Controladoria-Geral da União (CGU) na contratação e execução da obra do Francês realizada pela FP Construções; Cristiano Matheus também responde a processos na Justiça estadual pela não conclusão da obra de uma creche da Barra Nova; e, enriquecimento ilícito decorrente de fraudes em licitações com verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate). Matheus chegou a ser notícia por supostamente ter desviado mais de R$ 102 milhões dos cotambém havia sido condenado fres públicos. Já na Justiça es- Ambiental. tadual, sete processos foram Na 1ª Vara de Marechal à inelegibilidade, mas isso foi abertos contra Matheus. Entre tramita a denúncia de irregu- afastado na nova decisão. Em julho do ano passado, o eles está a ação penal movi- laridade contábil movida conda pelo Ministério Público do tra Matheus na qual a Justiça Ministério Público de Contas Estado (MPE) por fraudes em chegou a conceder a liminar protocolou uma representação licitações envolvendo a contra- de indisponibilidade de bens em desfavor do ex-gestor em tação da empresa L. Carvalho no valor de R$ 6,3 milhões. razão de possível dano ao eráda Silva Produções para servi- Em agosto de 2019, o Pleno do rio causado pela incidência de ços de locação de equipamentos Tribunal Regional Eleitoral de multa processual no valor de R$ e shows com orquestras. Ainda Alagoas (TRE-AL) manteve a 56.220, decorrente da inércia do há o de autoria da Prefeitura de multa aplicada ao ex-prefeito Município em cumprir decisão Marechal Deodoro, de número de Marechal Deodoro em pro- judicial. O órgão fiscalizador pe0701321-07.2016.8.02.0044, que cesso que foi condenado em 1º diu a apuração dos fatos visanacusa o ex-prefeito de descum- grau por conta de gastos ex- do ao ressarcimento no caso de primento contratual com a Viva cessivos com publicidade. Ele comprovação do dano ao erário,

tendo em vista que ente municipal teria suportado prejuízo na monta de R$ 56.220, em razão da atuação negligente do então gestor municipal, que deixou de dar cumprimento à determinação judicial em Ação Civil Pública. Matheus descumpriu decisão judicial e foi condenado ao pagamento de multa. Consta dos autos do processo que o MPF propôs Ação Civil Pública em face do Município de Marechal Deodoro visando à adoção de medidas ambientais que impedissem o lançamento de esgoto in natura na orla marítima do município. A sentença transitou em julgado em 4 de julho de 2012, condenando o Município a apresentar planos de prevenção, e coibindo o lançamento de esgoto nas praias, o que não foi acatado pelo ex-prefeito.

OUTRA EXTINÇÃO

Em julho de 2019, a Justiça de Alagoas extinguiu o processo que determinava que Matheus devolvesse mais de R$ 17 milhões aos cofres públicos. Na ação, o autor, o Município de Marechal, afirmava que enquanto era prefeito, o político praticou atos de improbidade administrativa que resultaram em danos de R$ 17.544.871,77 sob a argumentação de que o ex-gestor teria utilizado recurso com destinação específica decorrente de royalties in natura, que somente poderia ir para o Fundo Previdenciário.


e

6

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

extra

JOGO DO PODER

A eleição do tudo ou nada para Arthur Lira

Câmara, cláusula de barreira, impeachment, governo, anti-Renan: o que está em jogo para o alagoano?

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

O

presidente Jair Bolsonaro aposta os cargos do governo na eleição de Arthur Lira na presidência da Câmara, marcada para a próxima segundafeira. O deputado federal do PP tem pela frente a votação que decidirá o seu presente e futuro: se ganhar, será um poderoso cabo eleitoral na disputa ao Governo de Alagoas. Se perder, além da desmoralização pública, poderá ele mesmo disputar a chefia do Executivo estadual, repetindo os caminhos do pai, Benedito de Lira, em 2014, para “sair por cima” e surfando na onda de indefinições em torno do nome apoiado pelo governador Renan Filho (MDB). Em busca de mais votos para Arthur, ao menos 30 prefeitos alagoanos viajam no próximo domingo a Brasília. A principal confiança: o voto é secreto e a nau da trairagem vai operar a todo o vapor contra e a favor do pepista. Arthur Lira sabe que existem duas eleições em uma. Sabe também que Bolsonaro estará no segundo turno presidencial, arrancando com mais de 30% de vantagem ano que vem. Apesar de representar menos de 1% do eleitorado nacional, Alagoas entra na guerra por cada voto entre os candidatos ao Planalto em 2022. Além disso, Arthur Lira é um dos caciques do fisiológico Centrão, o liquidifica-

Bolsonaro tem feito campanha aberta em prol da eleição de Arthur Lira para presidência da Câmara dos Deputados

dor ideológico que escolhe o lado do vencedor em nome da “governabilidade”. Seu poder é incontestável. O CENÁRIO DE ARTHUR 2022 terá uma eleição dramática tendo em vista as articulações que estão em andamento, definidas de “cima para baixo”, ou seja, de presidente da República à bancada federal, de governador a deputado estadual. Uma disputa que tomará todo o tempo da política em 2021. Em 2022, valerá a exigência da cláusula de barreira eleitoral, cobrando de todas

as legendas 2% dos votos nacionais, no mínimo, na chapa de deputado federal, mais ou menos 2 milhões de votos. Na eleição municipal passada, dos 30 partidos registrados no TSE, 16 não alcançaram o teto mínimo dos 2%; abaixo disso, as legendas menos votadas ficarão sem fundo partidário e tempo de rádio e TV. Dificilmente os pequenos partidos se aventurarão em candidaturas próprias nacionais para “marcar posição”. Para 2022, a anunciada candidatura de Bolsonaro para um segundo mandato obriga a todos os demais partidos e personalidades a se posicionarem. Mesmo com o

bloco bolsonarista original dividido, depois das muitas denúncias contra a família presidencial e das perdas com a saída de Sérgio Moro e da aliança do presidente com os partidos considerados fisiológicos do Centrão, o atual presidente é detentor de, pelo menos, um terço dos votos, o que garante sua ida para o segundo turno, como mostram todas as pesquisas. No campo da direita, outros partidos e seus candidatos poderão se apresentar, mas sem chances de participar do segundo turno. Os eleitores mais conservadores, decepcionados com Bolsonaro, buscarão uma al-

ternativa, que já foi Sérgio Moro, mas que poderá ser outro nome da direita “raiz”. No lado da oposição, dois blocos maiores estão se formando: um considerado de centro-direita liberal, com a provável candidatura do governador de São Paulo, João Doria, ou do apresentador Luciano Huck, atraindo o PSDB, o MDB e o DEM para a mesma chapa. Pela centro-esquerda, está aberta a disputa entre o projeto Ciro Gomes, com apoio do PDT e PSB, podendo atrair a REDE de Marina Silva e outros partidos menores; e, no outro bloco, a aliança PT, PCdoB e PSol.


MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

e

extra

Posição de JHC frente às eleições de 2022 ainda é uma incógnita, ao passo que Rui Palmeira e Renan Filho podem repetir a união de forças do pleito do ano passado

Nacionalmente, os partidos mais à esquerda já estão num processo de aproximação, na tentativa de formar outra frente competitiva. Sentindo a firmeza do projeto Ciro Gomes, eles discutem uma alternativa para 2022, com três nomes prováveis para a disputa, Fernando Haddad, Flávio Dino e Guilherme Boulos. Como o PSol e o PCdoB precisam alcançar os 2% do eleitorado nacional, circula a ideia de que o PSol poderia lançar Boulos federal, assim como o PCdoB deverá apresentar Flávio Dino e Manuela d’Ávila à Câmara dos Deputados. Os três se elegeriam e ainda ampliariam a bancada dos dois partidos. Juntos no mesmo bloco, os partidos de centro-esquerda polarizariam e iriam para o segundo turno, mas, divididos, abririam as portas para a candidatura dos partidos de centro-direita não bolsonarista. Esse quadro nacional influenciará o embate local ala-

goano. O apoio a Bolsonaro virá das pequenas legendas de direita, que mostraram pouca força na última eleição, e dos partidos do Centrão, mas sem muito entusiasmo, tendendo as legendas deste aglomerado a se dividirem no apoio a uma candidatura de centrodireita, englobando conservadores e liberais anti-Bolsonaro. A chapa articulada nacionalmente e apoiada pelo MDB/PSDB/DEM deverá ter a sustentação local, ainda que em palanques diferentes, do senador Rodrigo Cunha, do governador Renan Filho e do ex-prefeito Rui Palmeira. Se se consolidar, a candidatura de Ciro Gomes poderá ter o apoio do bloco PDT/REDE, liderado pelo ex-governador Ronaldo Lessa. O PSB de JHC ainda é uma incógnita nesse apoio; a candidatura de esquerda deverá ser apoiada na aliança entre o PT, PSol e PCdoB. No estado, já se articu-

lam dois grandes blocos, que tendem a polarizar as eleições: de um lado, a aliança comandada por Arthur Lira, tendo como membro da chapa o senador Fernando Collor (Pros), que disputa a reeleição. Derrotar Renan Calheiros, aliado de Lula, será um dos objetivos do Governo Bolsonaro. Essa aliança deverá atrair os pequenos partidos de direita que atualmente apoiam Bolsonaro no Congresso, e JHC, que foi apoiado por Arthur Lira na eleição municipal. Essa coligação depende do resultado das eleições para a presidência da Câmara. Se eleito em Brasília, Arthur Lira trabalharia para se manter no posto em 2022. No outro lado, Renan Filho, Rui Palmeira e seus aliados do governo estão articulando uma chapa ainda sem nome para governador, mas com o atual governador definido como candidato ao Senado, numa aliança com fortes chapas proporcionais.

7


e

8

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

extra

ATALAIA

Prefeita abre mão do salário para reorganizar finanças Além de Ceci Rocha, o secretário de Esportes, Sérgio Melo, também decidiu ficar sem vencimentos MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

C

eci Rocha, do PSC, teve 62,63% dos votos (14.057) para governar o município de Atalaia (AL) pelos próximos quatro anos. Mas o que tem chamado a atenção nas mídias e até em rodas de conversa é a decisão da prefeita e do secretário de Esportes, Sérgio Melo, em abrir mão do próprio salário “sem previsão, até quando for necessário”. O fato não é inédito no Brasil, mas essa é a primeira vez na cidade que o gestor e secretário abrem mão de receber seus vencimentos. Cortar gastos, resgatar credibilidade e resolver problemas estruturais também fazem parte das medidas tomadas pela prefeita. A gestora disse que os caminhos para solucionar os problemas encontrados vão desde enxugar a folha, cortar gastos desnecessários, resgatar a credibilidade do município junto a fornecedores e servidores, além de buscar investimentos junto ao governo do Estado e até fora. “O município está no Cauc (Serviço Auxiliar de Informações Voluntárias) e dificulta demais, mas estamos buscando e trabalhando incansavelmente”, garantiu a prefeita.

Ela detalhou a situação em que assumiu o município. Problemas estruturais em todas as unidades de saúde e em muitos equipamentos da atenção básica e da saúde bucal, além de profissionais sem condições mínimas de trabalho. Como se não bastasse, uma Central de Abastecimento Farmacêutico teve que ser interditada no primeiro dia, onde o local não apresentava as mínimas condições de armazenamento de medicamento e insumos, medicamentos vencidos e até no recém inaugurado centro de endemias foram encontrados problemas estruturais. Prova disso é que na primeira chuva que deu “arriou o forro do teto e o prédio foi tomado por goteiras e infiltrações”. Foram detectados, ainda, problemas com servidores sem dados precisos, servidores afastados “de boca”, desviados de função ou até mesmo sem trabalhar. Além disso, a falta de pagamento atingiu todos os servidores efetivos, que são mais de 400 na saúde. Outro grande problema com o qual Ceci Rocha se deparou foi com o hospital fechado, pois a maioria dos servidores, principalmente os médicos plantonistas, estava sem receber desde outubro de 2020. “Esse problema de paga-

Ceci Rocha diz que vai buscar apoio do Estado em prol de Atalaia mento aos médicos nos atinge até hoje, pois são poucos os médicos que querem trabalhar no nosso município, pois os das unidades de saúde que eram contratados foram dispensados sem receber, o que faz com que estejamos com dificuldade de contratar novos médicos e ainda estamos com unidades sem médico”, ressaltou a gestora. Embora tenha sido recém inaugurado pela antiga gestão, o laboratório estava fechado e com muitos problemas estruturais. Mas o caos, como a prefeita classificou a situação, não para por aí. Ao visitar o assentamento Timbozinho e a comunidade Maria de Nazaré, foi verificado duas extensões de unidade de saúde que foram feitas de maneira improvisada no período eleitoral e que estavam abandonadas. A própria população batizou as unidades de “cala boca”. De acordo com a gestora, outro grande desafio da saúde é retomar a credibilidade do município com fornecedores, com servidores e com a população, que relata total abandono, sem conseguir fazer exames, consultas e cirurgias há muito tempo. Inclusive, reclamam que não recebiam remédios e até fraldas há muito tempo, o que faz com que a demanda seja alta, exigindo muitos investimentos.

A frota foi entregue sem nenhuma manutenção, ambulância e carros bem deteriorados, até os carros novos estavam em péssimo estado de conservação. O descaso com a Educação foi total. Escolas sucateadas, sobretudo na zona rural e as unidades que estavam em reforma não tinham um padrão de qualidade no acabamento. Assim, prédios infiltrados, escolas comprometidas, unidades básicas de saúde abandonadas, móveis sucateados, maquinário e frota sucateada e peças furtadas fazem parte da herança encontrada por Ceci Rocha. O número de servidores do município em sua totalidade ainda não foi contabilizado. Mas, apenas na área de saúde são em média 430 efetivos. Já na educação não se sabe o quantitativo, pois não foi empenhado as folhas de contratação para pagamento. Porém, a rede municipal de ensino necessita de um processo de realinhamento, uma verdadeira transformação. “Encontramos uma rede de ensino completamente desorganizada, com ausência de muitos documentos obrigatórios para o pleno funcionamento. Some-se a isso as benesses que eram dadas para alguns servidores, entre elas o fato de não cumprir a carga horária, isso que desmotiva os bons profissionais, que di-

ga-se de passagem são maioria”, afirmou a prefeita. A decisão de Ceci Rocha de cortar gastos, a começar pelo seu salário, tem agradado a muita gente, mas há quem diga que se trata de populismo, forma de “aparecer”. Para a gestora, a resposta vem da população que apostou na mudança e a cada dia aprova suas decisões. “Parabéns, prefeita, pelo belíssimo trabalho que você vem realizando em Atalaia”, diz um morador da cidade. Outro, “Você é um exemplo a ser seguido, por mais gestores assim”. E mais: “Admiro-a pela coragem e o trabalho feito com transparência para fazer uma nova história de uma Atalaia melhor”. “Eu nunca vi isso em Atalaia”. “Parabéns a você e ao Sérgio Melo por ações que só favorecem a cidade”, são algumas das mensagens em uma rede social da prefeita.

NA REDE Prefeita de Atalaia e primeira dama do Pilar, Cecília Hermann Rocha (Ceci Rocha) tem utilizado as redes sociais para falar da situação e por orientação do setor jurídico está entrando com ações para responsabilizar o ex-prefeito Chico Vigário pelo “caos”, como classificou, encontrado no município. Inclusive, foi em sua conta no Instagram que anunciou que abriria mão do salário de prefeita até que a situação administrativa e financeira do município seja normalizada. “Estou abrindo mão do meu salário durante esses meses até reorganizar a cidade. Não tem sido fácil, mas sei que a mudança precisa começar por mim, que optei por cuidar dessa amada cidade. Sei que tudo isso passará e tudo vai se ajustar. Vamos em frente mudar Atalaia!”, diz trecho do post de Ceci Rocha.


MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

e

9

extra

REGIME PRÓPRIO

Irregularidades ameaçam o Alagoas Previdência

Certificado emitido pelo governo federal perde validade dia 2 e pode não ser renovado

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

E

ssencial para seu funcionamento, o Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP) do Alagoas Previdência, expedido no dia 5 de agosto do ano passado, vai perder a validade no dia 2 de fevereiro e corre sério risco de não ser renovado. O Estado, mais uma vez, só conseguiu o documento que expira na próxima segunda-feira por conta da Ação Cautelar nº 1.875-7, que ainda aguarda julgamento de mérito no Supremo Tribunal Federal (STF). O CRP é fornecido pela Secretaria de Políticas de Previdência Social – SPS a todas as entidades do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) e atesta, segundo o próprio órgão, “o cumprimento dos critérios e exigências estabelecidos na Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998”. Ou seja, atestaria que o ente federativo, no caso Alagoas, segue normas de boa gestão, de forma a assegurar o pagamento dos benefícios previdenciários a seus segurados. Contudo, essa renovação está mais uma vez incerta - mesmo com os entraves jurídicos que já duram anos - após resultado de auditoria realizada pela Subsecretaria de Assuntos Previdenciários que identificou irregularidades no Regime de Previdência dos Servidores Públicos (RPPS) do Estado. O EXTRA teve acesso a trechos do relatório. “Diante dos elementos verificados no procedimento de auditoria di-

CRP expedida no ano passado confirma irregularidades reta, concluímos que o Estado de Alagoas não se apresenta apto a receber o Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP), pois não cumpre os critérios e exigências estabelecidos na Legislação Federal”, destacou a auditoria. O documento acrescenta, ainda, que as irregularidades constatadas pela auditoria direta serão analisadas e julgadas em processo administrativo previdenciário. As irregularidades no Alagoas Previdência envolvem a utilização de recursos previdenciários e aplicações financeiras do fundo. Outros itens, como: atendimento ao auditor fiscal em auditoria direta no prazo; caráter contributivo (repasse); contas bancárias distintas para recursos previdenciários; escrituração contábil; e unidade gestora e regime próprios únicos, foram considerados regulares. A auditoria foi feita pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (SEPRT)

vinculada ao Ministério da Economia. Sabedor das irregularidades, o Conselho Deliberativo do Alagoas Previdência, durante recente reunião, pediu esclarecimentos ao presidente do órgão, Roberto Moisés dos Santos. O conselho determinou ainda que as irregularidades fossem sanadas o mais breve possível. O Comitê de Investimentos também está em xeque. Presidido pelo próprio Roberto Moisés dos Santos, o colegiado quer detalhes sobre como os recursos financeiros estão sendo aplicados. O CRP é exigido para realização de transferências voluntárias de recursos pela União; celebração de acordos, contratos, convênios ou ajustes; concessão de empréstimos, financiamentos, avais e subvenções em geral de órgãos ou entidades da Administração direta e indireta da União; liberação de recursos de empréstimos e finan-

ciamentos por instituições financeiras federais; e pagamento dos valores referentes à compensação previdenciária devidos pelo Regime Geral de Previdência Social – RGPS, em razão do disposto na Lei nº 9.796, de 5 de maio de 1999. A instabilidade em torno do certificado prejudica milhares de aposentados e servidores do Estado prestes a se aposentarem, já que sem o Alagoas Previdência não pode, em tese, funcionar. O EXTRA entrou em contato com Roberto Moisés dos Santos que foi sucinto ao afirmar que a autarquia possui CRP: “Está vigente”, acrescentando que o semanário só teria a intenção de prejudicar o Alagoas Previdência.

NÚMEROS De acordo com o portal do Alagoas Previdência, o Estado conta com 34.063 aposentados e pensionistas, aos quais são pagos R$ 167.990.265,98 em benefícios. Deste total, 19.553 são servidores civis aposentados e 6.287 militares, totalizando o pagamento de R$ 132.024.290,95. Em relação às pensões - que somam R$ 35.965.975,03 - 5.490 são dependentes de servidores civis e 2.711 de militares. Os dados se referem a dezembro do ano passado.


e

10

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

extra

MÁ-FÉ

Odontólogos denunciam manobra para venda da sede da ABO em Maceió Categoria aciona Justiça para reverter negócio efetivado à revelia dos associados TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

A

Associação Brasileira de Odontologia (ABO) seção Alagoas pode perder sua sede numa das áreas mais valorizadas do mercado imobiliário de Maceió. A negociação foi parar na Justiça. O presidente da entidade, Tiago Gusmão Muritiba, é acusado pela categoria de fazer uma manobra ilegal, transgredir o estatuto e realizar uma assembleia sem amplo conhecimento dos associados para comercializar o prédio, que fica por trás do Jatiúca Hotel & Resort, próximo à orla da Jatiúca. O imóvel teria sido vendido - sem consentimento ou aprovação dos associados, inclusive das pessoas que ocupam a diretoria da ABO - a um grupo de construtores por R$ 6,5 milhões, um quantitativo abaixo do valor de mercado. Além disso, o terreno onde a sede está localizada foi adquirido por doação do governo municipal realizada há anos e, amparada por lei, não poderia ser negociado (causa de inalienabilidade). O coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia da ABO-AL, Émer-

Terreno onde fica a sede está em uma das áreas mais nobres da capital

Tiago Muritiba está sendo acusado de má-fé contra associados son Nicácio, afirma que os odontólogos foram surpreendidos com a informação da venda do prédio às vésperas do Natal, e que o então prefeito Rui Palmeira assinou a negociação do terreno da associação, de forma irregular, sem submeter à análise e aprovação da Câmara de Vereadores. A categoria entrou na quarta-feira, 27, com ação

na 14ª vara da Fazenda Pública Municipal com pedido de medida cautelar para a interrupção da venda, cujo processo está adiantado. O presidente teria usado de má-fé quando convocou a assembleia, realizada no dia 10 de novembro do ano passado, para votar a aprovação da venda da sede da ABO. Segundo os odontólogos, em nenhum momento a

categoria foi comunicada da reunião, apesar de a convocação para a assembleia ter sido publicada em jornal de grande circulação no estado. “Os odontólogos foram surpreendidos com a informação da venda autorizada em assembleia convocada às escuras, que nem mesmo a vice presidente ABO tomou conhecimento”, revela Nicácio. O diretor de Patrimônio da entidade, Marcílio Moreira, diz que a convocação para decisão tão importante não foi publicizada nas redes sociais e em nenhum veículo de comunicação da entidade. Segundo ele, alguns participantes disseram ter comparecido à assembleia porque foram chamados em particular, mas que desconheciam a pauta da assembleia. Outros associados teriam revelado que a questão da venda não foi abordada na reunião e que a presidência da ABO teria usado uma

lista assinada por quem chegava ao local para compor a ata de forma irregular. “Estamos em um grupo de mais de duzentos associados engajados na tentativa de reversão dessa venda e destituição do presidente”, informa. Além disso, a categoria denuncia que o presidente da ABO em Alagoas nunca prestou contas dos recursos utilizados pela entidade desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2019. “Tiago Muritiba teria assumido a associação com um caixa de R$ 150 mil, mas nunca prestou conta dos gastos e ignora boa parte da diretoria”, denunciam os odontólogos. O EXTRA entrou em contato com o presidente da entidade, que disse estar em trânsito, a caminho de um município de Alagoas. Ele acordou com a reportagem em dar a entrevista em seguida, mas ficou incomunicável por celular.


MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

e

11

extra

PLANO DE SAÚDE

Operadoras devem esclarecer sobre cobranças extras ao reajuste adiado em 2020 Defensoria Pública e MP oficiaram Unimed Maceió, Bradesco saúde, HapVida, Amil, Ami, Medvida, SulAmerica Saúde e Smile ASSESSORIA

E

m recomendação conjunta, a Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL) e o Ministério Público do Estado Alagoas (MPE/AL) recomendaram às operadoras de planos de saúde que informem, com clareza, a todos os seus usuários sobre os valores extras cobrados como forma de recomposição dos reajustes que estiveram suspensos entre os setembro e dezembro de 2020. O tempo de paralisação dos reajustes por variação anual e mudanças de faixa

etária foi determinado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em agosto do ano passado, em decorrência da pandemia provocada pelo Sars-Cov-2 (novo coronavírus). Ainda em novembro do mesmo ano, a ANS informou às operadoras como deveriam ser realizadas as recomposições dos ajustamentos e sobre a necessidade de passar tais informações, detalhadamente, aos seus usuários. No entanto, passado o período de suspensão, diversos usuários relataram à DPE/AL e ao MPE/ AL, que as operadoras não

têm cumprido com as determinações da ANS, deixando de informar com clareza sobre valores e o número da parcela relacionada à cobrança da recomposição do período suspenso, no ano passado. O documento, assinado pela defensora pública Norma Suely Negrão, do Setor de Defesa do Consumidor da DPE, e pelo promotor de Justiça Max Martins de Oliveira e Silva, da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor da Capital, foi enviado na última segunda-feira, 25, para as operadoras Unimed Maceió, Bradesco Saúde, HapVida, Amil, Ami, Medvida, SulAmerica Saúde e Smile. As instituições determinaram prazo de três dias úteis para que os oficiados apresentem respostas, informando sobre as medidas adotadas.


e

12

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

extra

NOVO TEMPO

A

Japaratinga inicia vacinação contra o coronavírus nos grupos prioritários

Prefeitura de Japaratinga iniciou na última quartafeira, 27, a vacinação contra o novo coronavírus nos grupos prioritários. A data ficará marcada na história do pequeno município do Litoral Norte de Alagoas, um dos mais importantes para o segmento turístico do estado, como o início da vitória contra o patógeno que já enlutou quase três mil famílias alagoanas. O prefeito José Severino da Silva (PTB), mais conhecido como Déo, acompanhou a chegada das vacinas e o primeiro procedimento, realizado no posto de saúde da cidade. Na ocasião, Déo fez um curto pronunciamento para oficializar o início da vacinação e agradeceu ao Governo Renan Filho pelos esforços realizados para garantir a chegada do imunizante à população. Japaratinga registrou até quartafeira 181 casos de covid-19 com seis óbitos. A técnica de enfermagem Regilvânia, chamada por todos de Dona Dadá, foi a primeira pessoa do município a receber a vacina contra o coronavírus. Funcionária pública há 27 anos em Japaratinga e atuando na linha de frente da assistência aos pacientes infectados, a profissional ficou emocionada e agradeceu a oportunidade em nome de todos que serão imunizados no município. Neste início da vacinação serão imunizados os profissionais da saúde, seguindo o plano estadual para os grupos prioritários. Em seguida, será a vez dos idosos receberem a vacina. Atualmente, segundo mostra o boletim

epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Japaratinga ocupa o 65º lugar em relação à taxa de incidência da covid-19 entre os municípios alagoanos, com pouco mais de 2 pessoas infectadas em cada grupo de 100 mil habitantes. A secretária de Saúde, Maria do Carmo, também comemorou a chegada das vacinas. Em entrevista nas redes sociais da Prefeitura de Japaratinga, ela enfatizou a importância de a população ser imunizada contra o novo coronavírus e avaliou que seria a “retomada da vida normal” para os cidadãos do município.

Maria do Carmo incentivou a vacinação, desfez dúvidas a respeito do imunizante e previu que, no futuro, todos irão conviver com o coronavírus da mesma forma que hoje convivem com outros vírus. “A vacina é a nossa vitória”, disse. A área da saúde tem sido tratada com prioridade entre as demais demandas da Prefeitura. Apesar da escassez dos recursos, a nova gestão já conseguiu recuperar a estrutura de unidades, abastecer e colocar serviços em funcionamento. Dessa forma, cada vez mais a população tem deixado de procurar assistência médica em outros municípios. “Estamos vivendo um novo tempo”, garante o prefeito.


MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

e

13

extra

EDUCAÇÃO

Pais de alunos denunciam irregularidades em kit merenda de escola no São Jorge Secretaria atribui denúncia à falta de informação e afirma que kits não são cestas básicas TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

A

mais recente pesquisa do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) revela que desde o início da pandemia, em março de 2020, mais de 20,7 milhões de brasileiros deixaram comer por falta de dinheiro para comprar os alimentos. No Nordeste, a insegurança alimentar atinge 12% das famílias, um percentual elevado e provocado por multifatores, inclusive as medidas de isolamento social para frear a disseminação do novo coronavírus. O fechamento de escolas da rede pública, muitas vezes a fonte mais segura para oferta de alimentos às crianças, agravou a situação de fome endêmica. Para amenizar o problema, o governo do Estado publicou em abril do ano passado a Lei nº 13.987/2020 autorizando o uso dos recursos financeiros do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para compra de alimentos e distribuição aos alunos das escolas públicas de educação básica. Os produtos devem ser entregues aos estudantes em forma de kits, definidos pela equipe de nutrição local e de acordo com a faixa etária. Na rede de educacional

Alimentos visam suprir carência dos estudantes durante pandemia Secretário Fábio Guedes em entrega de kit no Cepa em 2020 de Alagoas o procedimento de compra e distribuição de Kits é acompanhado pelo Conselho Escolar, órgão com poder fiscalizador e formado por servidores, pais de alunos e estudantes da instituição. Na teoria, a participação da comunidade nesse trabalho evitaria irregularidades, mas o EXTRA tem recebido denúncias sobre desvios e ausência de produtos nos kits merenda. Uma delas aponta a falta de feijão e óleo comestível nos kits distribuídos na Escola Estadual Fernandes Lima, que fica no bairro São Jorge. A escola possui 1.700 estudantes, a grande maioria vinda de famílias pobres e que tiveram a renda familiar afetada pelos efeitos da pandemia. Questionada sobre a denúncia, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc), através de assessores, diz não ter recebido nenhuma reclamação da comunidade a respeito e lembra que as escolas prestam contas ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

(FNDE) sobre o uso das verbas utilizadas na compra dos kits merenda. As denúncias são atribuídas à falta de conhecimento e informação dos pais dos beneficiários a respeito do seja o Kit merenda. Em nota à redação, a secretaria informa que os kits distribuídos às famílias de estudantes da rede estadual não configuram uma cesta básica, mas uma distribuição de itens alimentícios que são adquiridos com recursos do governo federal para a oferta da merenda escolar. “Com a pandemia e a suspensão das aulas presenciais, esse procedimento não pode ser realizado na escola, então esse mesmo recurso está sendo usado na formação dos kits merenda entregues às famílias”. Segundo a nota, os kits merenda são formados a partir do valor repassado pelo governo federal e os itens são comprados de acordo com o que está no cardápio de merenda da Seduc, o que não torna obrigatório a compra do feijão, por exemplo.

Entrega aos pais acontece nas unidades de ensino “Cada escola tem autonomia para buscar o fornecedor que melhor atenda às suas necessidades – desde que o mesmo esteja em situação regular. Na escola em questão, o governo federal repassa R$ 0,36, em média, por dia e por aluno para compra desses produtos alimentícios”, informa. Uma escola de ensino integral, por ter cinco refeições diárias para seus alunos (que ficam lá os dois horários) recebe uma

verba maior, mas não é o caso da unidade do São Jorge, segundo a secretaria. Em rápida pesquisa na internet é possível conferir a composição diversificada desses kits merenda no país. Alguns contêm grãos, leites, sucos, biscoitos e outros produtos que formam a cesta básica de alimentos. Outros são entregues com macarrão, sardinha, lanches diversos, frutas, raízes etc, dependendo da região e do montante de recursos repassados.


e

14

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

extra

VOLUNTÁRIAS

Pesquisa vai analisar efeitos da zika e da covid-19 em mulheres com idade fértil Questionário online quer ouvir cerca de 2 mil participantes de todo o Brasil que tenham de 18 a 45 anos MARIA SALÉSIA Com assessoria sallesiaramos18@gmail.com

V

ocê mulher, que tem entre 18 a 45 anos e mora no Brasil, é convidada a participar da pesquisa online “Saúde da Mulher em Época de Zika e Coronavírus (COVID-19)”, coordenada pela Universidade do Texas, nos EUA, com a colaboração da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A meta é obter um entendimento de como as brasileiras foram afetadas pela epidemia de zika e como estão sendo afetadas pela pandemia da covid-19. O estudo busca atingir cerca de 2 mil mulheres voluntárias entre 18 e 45 anos que residem no Brasil. As informações coletadas são confidenciais e servirão para ampliar a compreensão sobre as consequências de crises na saúde pública, como a Zika e o coronavírus, sobre a saúde das mulheres brasileiras. O questionário online leva em média 15 minutos e, posteriormente, a equipe entrará em contato com algumas das entrevistadas para convidá-las a

participar de uma outra pesquisa, na qual será oferecido um reembolso financeiro pela sua colaboração. O estudo quer conhecer as experiências relativas à saúde das voluntárias e não há respostas certas ou erradas, mas saber a realidade e experiências das mulheres sobre sua saúde reprodutiva. Portanto, quanto maior a adesão, maior será a representatividade de diversos grupos sociais em que as mulheres estão inseridas. A participação na pesquisa poderá trazer benefícios individuais e coletivos, ajudando a identificar meios de redução das vulnerabilidades das mulheres brasileiras a epidemias. Antes de começar a responder ao questionamento da pesquisa, a pessoa passará por uma “sabatina” para confirmar se seu perfil se enquadra no grupo da pesquisa. Conhecer as experiências e os comportamentos sexuais e reprodutivos das mulheres

em um cenário de incertezas é um dos objetivos do estudo que foi idealizado no início da epidemia de zikavírus no país, com uma pesquisa longitudinal realizada no estado de Pernambuco – à época um dos mais afetados pela crise. Posteriormente, foi expandido com a instauração da pandemia de covid-19 A pesquisa Decode – Decodificando a Zika e a Covid-19 estuda o impacto da epidemia de zika e a pandemia de covid-19 na saúde reprodutiva, fertilidade e outros processos demográficos no Brasil. O estudo precisa de voluntárias em todo o País para responderem o questionário on-line e de forma anônima, até o dia 31 de janeiro. Desenvolvida desde 2016, a pesquisa não apenas estuda o impacto da epidemia da zika na fecundidade das mulheres brasileiras, como também tem o objetivo de abordar questões não

respondidas sobre o desenvolvimento e variações dos processos reprodutivos no Brasil, independentemente de crises sanitárias. O link direto para a pesquisa pode ser acessado: https://tinyurl.com/y5newkjn Mais informações sobre a pesquisa podem ser encontradas nesses links: https://ufmg.br/comunicacao/ noticias/ufmg-participa-de -pesquisa-que-analisa-efeitos-de-crises-sanitarias-sobre-a-fecundidade e https:// sites.utexas.edu/decodificando/ EM NÚMEROS O novo coronavírus foi observado pela primeira vez em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, China. Já no Brasil, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso em 26 de fevereiro de 2020 e a primeira morte no País foi confirmada em 17 de março de 2020. Até a

quarta-feira, 27, as mortes por covid-19 no Brasil chegaram a 220.161 e o número de infecções subiu para 8.996.876, embora os números reais devem ser ainda maiores, por falta de testagem em larga escala e da subnotificação. Ao todo, mais de 100,6 milhões de pessoas já contraíram o coronavírus no mundo, e 2,16 milhões de pacientes morreram. Estudos têm mostrado que bebês nascidos de mães infectadas por covid-19 tendem a se desenvolver bem. Por outro lado, mulheres grávidas com covid-19 têm se mostrado mais vulneráveis a quadros graves da doença do que mulheres não-grávidas. Porém o medo de engravidar na pandemia de covid-19 se assemelha ao auge da epidemia de zika. Enquanto o zika era uma ameaça maior para o bebê, o covid-19 tem se mostrado uma ameaça para toda a família. As complicações do zika na gestação, principalmente quando a mulher é picada no primeiro ou segundo trimestre da gravidez, pode atingir o cérebro do bebê. Isso acontece porque o vírus consegue atravessar a placenta e, já no corpo do bebê, invadir sua massa cinzenta. Ali, ele tem potencial para provocar danos neurológicos e microcefalia – condição na qual o crânio do bebê não cresce o suficiente. Como consequência, surgem deficits cognitivos, dificuldades para enxergar e descoordenação motora.


MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

e

15

extra

PANDEMIA

Mortes em Alagoas aumentaram 14% em 2020

Dados de cartórios apontam covid-19 como responsável pelo ano mais mortal no País

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

ÓBITOS EM CASA

O

ano de 2020 foi o mais mortal na história do Brasil. Foi o que constatou a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). O motivo não pode ser mais óbvio: a pandemia da covid-19. “Desde o início da série histórica das Estatísticas Vitais de Óbitos do Registro Civil, em 1999, nunca morreram tantos brasileiros em um só ano, e nunca houve uma variação anual de óbitos tão grande como a ocorrida na comparação entre 2019 e 2020”, alertou a associação. Segundo a Arpen-Brasil, em Alagoas foram registrados, entre os dias 16 de março de 2020 a 21 de janeiro de 2021, 2.481 óbitos causados pelo novo coronavírus, número que não coincide com os dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), que contabilizou 2.647 mortes. Porém, de acordo com o próprio portal da transparência da Arpen, a atualização das informações de registros de óbitos lavrados pelos Cartórios de Registro Civil obedece a prazos legais, o que justificaria certo atraso na contagem total de mortes. Pessoas com faixa etária entre 70 a 79 anos foram as mais atingidas, contabilizando 661 mortes. Em segundo lugar aparecem óbitos entre a faixa de 60 a 69 anos: 661 vítimas. Em terceira posição estão pessoas de 50 a 59 anos. Nessa faixa etária, a covid-19 causou a morte de 328 pessoas. Ainda conforme a Arpen-Brasil, em 2019, em Alagoas, ano sem pandemia, foram emitidos 17.884 registros de óbitos. Já no ano passado, o número foi de 20.398, um aumento de 14%. Esse índice no aumento de mortes foi um pouco menor do que o registrado nacionalmente. No Brasil, em 2019, morreram 1.259.992 pessoas (mortes registradas em cartório). E no ano passado,

Covid-19 elevou o registro de óbitos em todo o País, de acordo com os cartórios esse número foi de 1.447.206 óbitos, um aumento de 14,8%. “O número de óbitos registrados em 2020 pode aumentar ainda mais, assim como a variação da média anual, uma vez que os prazos para registros chegam a prever um intervalo de até 15 dias entre o falecimento e o lançamento do registro no Portal da Transparência. Além disso, alguns estados brasileiros expandiram o prazo legal para registro de óbito em razão da situação de

NO BRASIL, EM 2019, MORRERAM

1.259.992

PESSOAS (MORTES REGISTRADAS EM CARTÓRIO). E NO ANO PASSADO, ESSE NÚMERO FOI DE

1.447.206

ÓBITOS, UM AUMENTO DE

14,8%.

emergência causada pela covid-19”, informou a entidade. Ainda em âmbito nacional, a pandemia trouxe também reflexo em outras doenças que registraram aumento considerável na variação entre os anos de 2019 e 2020. Foi o caso das mortes causadas por doenças respiratórias, que cresceram 34,9% na comparação entre os anos, passando de 442.266 para 596.678. Entre as doenças deste tipo, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) explodiu, registrando crescimento de 998,4%, seguida pelas de Causas Indeterminadas, que registraram aumento de 33,4%. Já entre os óbitos causados por doenças cardíacas, muitas vezes relacionadas à covid-19, a comparação entre 2019 e 2020 aponta um aumento de 5,1%, passando de 270.203 para 284.117. Dentre as doenças do coração, o registro que apontou maior crescimento foi o de falecimento por Causas Cardiovasculares Inespecíficas, que cresceu 28,8% entre os anos, sendo que o aumento dos óbitos em domicílio é uma das explicações para o diagnóstico inespecífico das mortes causadas por doenças do coração.

O receio das pessoas frequentarem hospitais ou mesmo realizarem tratamentos de rotina durante a pandemia, assim como a falta de leitos em momentos críticos da pandemia no Brasil, fez com que o número de mortes em domicílio disparasse no Brasil quando se comparam os anos de 2019 e de 2020, registrando um aumento de 22,2%. Em Alagoas, casos de mortes em casa no ano de 2019 chegaram a 3904 registros. Já no ano passado, esse número chegou a 4897, sendo 74 deles de vítimas da covid-19. Segundo o portal da transparência, no estado, o aumento de pessoas que morreram em casa foi de 25%. Em 2021 já foram 153 óbitos em domicílio, sendo um por covid-19. O balanço também apontou aumento de 25% em mortes fora de hospitais por insuficiência respiratória. Em 2019 foram 344 casos que saltaram para 423 ocorrências. No Brasil, as mortes por causas respiratórias fora de hospitais cresceram 26,9%, sendo que novamente a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) foi a que registrou a maior variação, 710%. Ainda a nível nacional, também cresceram os óbitos por Insuficiência Respiratória (5,9%), Septicemia (28,8%), e causas indeterminadas (38,7%). Os registros de óbitos, feitos com base nos atestados de óbito assinados pelos médicos, apontam que 9.311 brasileiros morreram de covid-19 em suas casas. “O Portal da Transparência, abastecido diariamente por informações de nascimentos, casamentos e óbitos de Cartórios de todo o País, tem sido um canal de muita importância para que governos, médicos, pesquisadores e a sociedade em geral possam acompanhar em tempo real as informações sobre os dados vitais da população, ainda mais em um momento de intensa crise de saúde pública como a que vivemos atualmente”, explica Luis Carlos Vendramin Júnior, vice-presidente da Arpen-Brasil.


e

16

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 0

extra

BAIRROS AFUNDANDO Estabele-cimentos comerciais fechados deixam famílias sem renda Bebedouro ao

Moradores lamentam interdição da tradicional Ladeira do Calmon Fechamento da via afeta funcionamento do comércio local e vai congestionar ainda mais o trânsito de Maceió BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

A

ndar pela Ladeira do Calmon, no bairro do Bebedouro, em Maceió, já é caminhar entre ruínas do que um dia foi um lugar tradicional de moradia e de tráfego. A via será inteiramente interditada por conta do afundamento do solo, problema que afeta quatro bairros da capital alagoana, cujo cenário hoje é de uma “cida-

de fantasma” e onde viviam mais de 25 mil moradores. A maioria dos moradores já foi retirada. Outros estão com mudança agendada. A retirada de todos os moradores que moram na ladeira, cujo nome oficial é Rua Doutor Passos de Miranda, acontece após os estudos mostrarem que, em menos de dois anos, houve rebaixamentos superiores a 40 centímetros do solo em regiões não muito distantes dali e as casas abandonadas exibem o roteiro dessa história que está prestes a completar três anos.

É fácil encontrar muros pedindo “justiça”. Portões levam frases como “o sonho da casa própria virou meu maior pesadelo. Nós jamais esqueceremos disso” ou “Aqui morava uma família”. As ruas acidentadas abrigam casas desde as mais simples até as mais abastadas, como qualquer bairro de classe média brasileiro. Mas centenas estão vazias. Nesse barco, os imóveis se igualam e cumprem suas sentenças e encontraram-se com o único mal irremediável que afeta a região: o selo de desocupação da Braskem.

CINCO FAMÍLIAS PARA ALIMENTAR A notícia de que o local será desocupado não pegou os moradores de surpresa, eles já esperavam que a Prefeitura de Maceió fosse tomar essa decisão mais cedo ou mais tarde, tanto é que alguns começaram a deixar a

região antes mesmo de qualquer anúncio, como explica a moradora Klécia Maria da Silva. Filha de borracheiro e com um ponto bem no começo da ladeira, ela lamenta a perda do empreendimento que sustenta cinco famílias há mais de 50 anos no local. “Estamos funcionando normalmente, mas tivemos

Caminhões d mudan são rot hoje na via


e

O A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

miões de dança rotina e na

17

extra

Imóveis estão sendo tomados por rachaduras devido ao afundamento do solo

muitos prejuízos ao longo desses últimos anos porque muita gente saiu daqui e quando fechar a ladeira é que realmente não sabemos como vai ficar. Só vieram colocar o selo há aproximadamente dois meses e até agora nada. Eles falam que vão dar R$ 1 mil do aluguel social, só que um ponto comercial no bairro

do Tabuleiro, por exemplo, é R$ 12 mil por mês porque ninguém quer mais alugar nada por essa região, então não arrumamos até agora e estamos pensando seriamente em deixar o ramo”, conta Klécia, que atualmente está desempregada e vivendo como marisqueira na região. Para a marisqueira, que precisou deixar sua casa há aproximadamente oito meses, apenas a incerteza é uma constante nesses últimos dois anos. Até o momento, apenas as negociações foram realizadas junto à Braskem que definiu que a ex-moradora do bairro vai receber R$ 85.500,00 pelo antigo imóvel, mas nenhum pagamento foi realizado até agora. “Foi saindo um morador da frente, depois atrás e aí foi saindo todo mundo. Meu pai tem 86 anos, é o dono da borracharia, mas não tem condições de resolver essas coisas do negócio, então eu tive que além de resolver as coisas da minha casa, resolver as da borracharia”, conta Klécia.

Tinha tudo e agora não tem nada

N

ão é difícil encontrar “esqueletos” de farmácias, escolas, mercadinhos, casas lotéricas e oficinas na extensão da ladeira. Porém, o que mais se vê ultimamente são os caminhões de mudanças que não param de subir ou descer a via estreita, o que acaba atrapalhando o trânsito que se tornou a principal preocupação de alguns moradores. Enquanto o EXTRA visitava o local, encontrou Daniel Albuquerque, que considera a preocupação com o trânsito da região uma forma de fugir do que realmente está acontecendo na região, ao revelar que a mãe, de 94 anos, precisou, assim como outros milhares de moradores, deixar a casa em

que residia. Com os olhos cheios de lágrimas, Daniel conta como recebeu a notícia sobre a interdição de uma região em que viveu por mais de 70 anos. “Eu fiquei triste depois que eu soube que o prefeito vai interditar porque tem muita gente que precisa passar por essa ladeira. Interditando, sabe-se lá o que vai acontecer; imagina o desvio que as pessoas terão que fazer para chegar ao Centro, por exemplo”. “Estamos fazendo a mudança com muita tristeza. Eu nasci aqui, meus irmãos nasceram aqui e alguns vivem aqui há mais de 70 anos junto com a minha mãe e agora só resta a tristeza que a gente fica em não poder levar nem uma porta ou uma janela de onde moramos por décadas, já que assinamos o acordo para deixar o imóvel levando apenas os móveis”.

SEM DATA DEFINIDA

Apesar do anúncio da interdição pelo prefeito João Henrique Caldas esta semana, a Prefeitura de Maceió ainda não tem data para dar início à interdição total da via. Questionado sobre as alternativas que serão oferecidas aos moradores, o Gabinete de Gestão Integrada (GGI) informou ainda estar estudando opções junto a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), Secretaria Municipal de Infraestrutura e Urbanização e Defesa Civil. A prefeitura respondeu também que estuda a criação de uma nova via para evitar afogar ainda mais o trânsito da Avenida Fernandes Lima e que a interdição será realizada apenas quando todas as pessoas da região que estão em área de risco forem realocadas.


e

18

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

extra

SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Um toque urgente pra você

FORTE...

Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser ama-

Q

uem nunca teve um pensamento ou um comportamento compulsivo que atire a primeira pedra. Pois é, muitas pessoas são sabem e às vezes não percebem que apresentam o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Mas, não se preocupe. Ter um pensamento ou um comportamento recorrente é saudável. Mas, se incomoda, for recorrente ou não consegue realizar as tarefas quotidianas, é bom procurar um psicólogo, urgente.

TOC e incômodo

O TOC é caracterizado quando a pessoa tem ideias obsessivas ou comportamentos repetitivos. As ideias obsessivas são pensamentos. Podem ser também representações ou impulsos que interferem na consciência da pessoa, repetidamente. Ela até reconhece que são seus próprios pensamentos, mas que são estranhos à sua vontade e, geralmente, incomoda. A pessoa reconhece o absurdo e a inutilidade de seu comportamento, tenta resistir em não fazê-lo, e, se não fizer, sente uma ansiedade aguda.

TOC e significados

Muitos exemplos chegam, até, a ser bizarros. Tem profissional da área da saúde, por exemplo, que se não tocar três vezes em alguma madeira, antes de fazer um procedimento, acredita que a pessoa que está tratando pode morrer, ou que não vai ter o êxito desejado no procedimento realizado. Em outras palavras, seria como se o que ele faz ou pensa, pudesse, por mágica, impedir ou provocar algum acontecimento desagradável em algum lugar ou em alguém. Neste caso a pessoa tem pensamentos que formam um sistema de significantes, exclusivamente para ele.

TOC e a depressão

Nos atos ou nos ritos quotidianos que pratica, sempre fica a dúvida se foram completos ou perfeitos; se realmente a ideia ou pensamento é exato. E aí, na dúvida, pratica e repete o mesmo ato, com ritos antecipados (toca na madeira, por exemplo) ou tem um pensamento duvidoso e, aí, começa tudo de novo, e de novo. O TOC é um transtorno mental que acomete entre 1% a 3% da população mundial e geralmente surge após várias fobias; pode surgir pelo abuso e dependência de drogas e também pode aparecer depois de um processo depressivo agudo.

da! (Freud)

TOC e as obsessões

TOC e a idade

Pode surgir desde a idade pré-escolar até a idade adulta. A literatura mostra que boa parte dos casos tem início antes dos 18 anos, daí a importância dos pais ou responsáveis em observar o que filhos pensam ou fazem.

TOC: é segredo

Quem apresenta TOC pode ser muito reservado, ou seja, tenta “guardar” ou não falar sobre os sintomas/comportamentos. Isto é, deixa em segredo, porque, muitas vezes, tem dificuldades em reconhecer os sintomas. Geralmente só procuram um profissional depois de seis a sete anos que o transtorno já está instalado.

TOC e o diagnóstico

Muito cliente passa de mão em mão (de profissional em profissional), às vezes até cinco ou mais, até descobrir que tem, realmente, o transtorno. Daí a importância de procurar um psicólogo ou psiquiatra, nos primeiros sintomas para que o diagnóstico seja confirmado ou refutado, para receber o tratamento adequado.

TOC e os sintomas

Tanto as obsessões (pensamentos) como as compulsões (comportamentos) interferem na rotina da pessoa, seja no desempenho das atividades laborais (no trabalho), seja até nos relacionamentos, com filhos, ou cônjuge. Algumas pessoas não apresentam sintomas observáveis e em outras pode ser evidente, principalmente os comportamentos.

A obsessão mais comum é o medo exagerado de contaminar-se com micróbios ou pegar uma doença grave ao tocar em algum objeto ou pessoa. Também é comum a pessoa ter pensamentos recorrentes achando que pessoas próximas estejam correndo risco de morte. Tem também pensamentos “proibidos” envolvendo sexo ou religião. Nesses casos, e quando estes pensamentos ficam intensos, a pessoa tem medo, inclusive, de perder o controle de si mesmo ou de agredir outras pessoas.

TOC e as compulsões

Lavar as mãos uma, duas, três, quatro, cinco ... vezes é uma das compulsões mais comuns. Na mente da pessoa fica um pensamento de que lavando excessivamente as mãos, diminui-se o risco da contaminação. Outra compulsão comum é o benzer-se, repetitivamente, ou rezar/orar contra pensamentos proibidos. Muitas vezes a religião contribui para que a pessoa desenvolva esse tipo de compulsão. Se a porta está ou não trancada; se as luzes estão ou não apagadas, se o fogão está desligado; são outros tipos de compulsões. Faz-se necessário destacar que esses pensamentos são intensos e frequentes. Esses rituais ou pensamentos são sempre para evitar que algum acontecimento grave aconteça com ela mesma ou com alguém. Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


e

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

19

extra

PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - O governo Bolsonaro consumiu em 2020, em torno de 7 mil latas de leite condensado por dia. Será que foi para alguma “Fantástica Fábrica de Chocolates”?

E aí, vai de pudim ou brigadeiro?

U

ma ampla reportagem publicada esta semana em vários veículos da imprensa brasileira mostrou que o governo federal gastou R$ 1,8 bilhão em alimentos durante o ano de 2020. Com uma ampla relação de artigos alimentícios de luxo e em quantidade incompatível com o consumo, o assunto chamou a atenção nas redes sociais. A notícia caiu como uma bomba, principalmente no exato momento em se denuncia o Governo Bolsonaro pelo desmonte das políticas de segurança alimentar e nutricional e soberania alimentar. Nesse sentido, esse desmonte vai ao encontro do agravamento das condições de vida da população pobre, que ficou completamente desprovida de assistência, gerando, assim, um quadro de crescimento da pobreza e abandono. Não é preciso esforço para se perceber que “o dinheiro gasto nas referidas compras não guarda sintonia com a natureza, nem tampouco com a quantidade de pessoas que porventura consumirão os produtos, o que indica ocorrência de prática criminosa”, ressalta uma liderança política aliada do governo. Ciro Gomes, a maior liderança nacional do PDT, declarou: “Já entramos com a ação no Supremo Tribunal Federal pedindo investigação sobre os gastos absurdos de Bolsonaro. Leite condensado aos milhões enquanto falta oxigênio? Que os responsáveis sejam punidos”! O deputado David Miranda (PSOL-RJ) protocolou uma ação pedindo que o procurador-geral da República, Augusto Aras, investigue o absurdo gasto. O

parlamentar solicita que o órgão apure o ocorrido e responsabilize o presidente Jair Bolsonaro. A ação também é assinada pelas deputadas Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Vivi Reis (PSOL-PA) e vários outros, inclusive alguns da base do governo. “Bolsonaro gastou mais de R$ 1 bilhão 800 milhões de reais em mercado. Isso só em 2020. O Brasil não estava quebrado? Quantos cilindros de oxigênio esse valor compraria? Isso é lavagem? Superfaturamento?”, questiona o deputado. A lista de compras é de espantar. Também há R$ 5 milhões na compra de uvas passas, R$ 1 milhão em alfafa, R$ 15 milhões em açúcar, R$ 16,5 milhões em batata frita embalada e R$ 14,8 milhões em temperos. Enquanto isso a gestão Bolsonaro realiza um conjunto de fatores desastrosos que vão desde a ineficiência do governo federal no enfrentamento das crises ora instaladas, passando pelo aumento do desemprego e cortes de orçamento da agricultura familiar, até as políticas neoliberais e ultra neoliberais fomentadas pelo Ministério da Economia que geram o crescimento da pobreza e da extrema pobreza de forma acelerada. “Tal situação de caos e fome, aliada à atual crise sanitária decorrente da covid-19, evidencia mais ainda o grau de desigualdade, o grau absurdo de pobreza e falta de condições da população trabalhadora de viver uma vida digna”, ressalta Miranda.

De quem o governador gosta?

O governador e seu pai senador já são conhecidos dos alagoanos pela prática que ambos têm de “descartar” aqueles que lhes serviram ou que lhes foram leais por longos tempos. Tratam pessoas como se fossem propriedade suas e que se tornaram “inservíveis” e para que isto aconteça basta ousar contrariar. Adoram pessoas servis, bajuladores e lambe botas da política. E assim cresceram e se mantêm no poder. O caso mais emblemático foi com o então vice-governador e hoje prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, em cujo final o tiro saiu pela culatra, abatendo pai e filho. O govenador vai além: mantém uma relação de humilhação com políticos do interior e detesta o servidor público. Essa conta será ajustada em 2022.

Cuidando dos idosos

Com o objetivo de ampliar o atendimento para a imunização contra a covid-19, a Prefeitura de Maceió criou mais um canal para cadastramento dos idosos acamados acima dos 85 anos. Além do telefone 3312-5589, também poderá ser utilizado o e-mail acamados85mais@sms.maceio. al.gov.br. Os dois serviços estão disponíveis desde ontem (28), das 8h às 17h. Vale ressaltar que este serviço é exclusivo para os idosos acamados que têm 85 anos ou mais. Os usuários que possuem mais de 85 anos e não são acamados devem se direcionar, das 10h às 16h, ao drive-thru do Estacionamento do Jaraguá e aos pontos fixos nos estacionamentos dos shoppings Maceió (Mangabeiras) e Pátio (Benedito Bentes).

Cadeia neles

Três projetos de lei apresentados nesta semana no Senado determinam a prisão de quem furar a fila para tomar a vacina contra o novo coronavírus. As penas sugeridas variam de três meses a seis anos, além de multa. As proposições dos senadores Daniella Ribeiro (PP-PB), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Plínio Valério (PSDB-AM) ainda não foram numeradas pela Secretaria-Geral da Mesa. O projeto de Daniella Ribeiro altera o Código Penal (Decreto-Lei 2.848, de 1940) e o Programa Nacional de Imunizações (Lei 6.259, de 1975). O texto prevê pena de um mês a um ano contra os “fura-filas”. O mesmo vale para quem permite, facilita ou aplica a vacina contra covid-19 em pessoa que sabidamente não atende à ordem de vacinação estabelecida. A parlamentar defende ainda que o infrator restitua o valor do imunizante ao poder público e pague multa de R$ 1,1 mil. Quem burlar a ordem de vacinação também fica proibido de ingressar em cargo, emprego ou função pública por dois anos, quem já está perde o cargo. A matéria será votada em regime de urgência.

Paripueira à frente

Em mais uma gestão à frente do município-balneário de Paripueira o prefeito Abraão Moura começa do jeito que gosta: muito trabalho e operar transformações para o povo que o elegeu. Escolheu a dedo uma equipe aguerrida, com destaque para um jovem craque, com muita experiência exitosa por onde passou, na atividade pública: o administrador Antônio Moura que começa a dar uma “roupagem” na cidade, que será referência exemplar para o turismo da região Norte. Podem anotar.

Um troco

De repente a Câmara de Vereadores de Palmeira dos Índios resolveu atuar no desempenho do papel que lhe cabe, fiscalizar os atos administrativos da gestão municipal. O inusitado por parte dos legisladores palmeirenses é que após eleitos, alguns neófitos e outros vindos de outras legislaturas nunca tiveram uma preocupação tão grande com o dinheiro do povo que representam. Achei louvável a iniciativa fiscalizatória dos edis conterrâneos, pois nunca é tarde para se começar. No entanto conversando com um político local este resumiu para mim a história: “Estão pressionando por um ‘troco’, mas o prefeito aguenta aperto”. Agora entendi.

PÍLULAS DO PEDRO Palmeira dos Índios torce pela ascensão do deputado Marcelo Victor ao governo do Estado. E acredita em reeleição. Ministério Público de olho nos que furarem filas de vacinação. Quem souber denuncie! (82) 21211400. Direita isenta Bolsonaro e culpa Forças Armadas e indígenas pelo consumo de leite condensado. Bolsonaro não é louco. Ele é perverso. (Palavras de um especialista)


20

A catástrofe humana (in)evitável

ELIAS FRAGOSO n Economista

O

mundo beira a falência moral e (mais uma) catástrofe humana. O preço disso será pago pelas nações mais pobres e as dirigidas por negacionistas, caso do Brasil, com mais mortes e tragédias pessoais e comunitárias como já acontece no Norte do País e na África. No momento, 75 milhões de pessoas já foram vacinadas no mundo, a quase totalidade em nações ricas, o que diz tudo em termos da injusta desigualdade na distribuição da vacina pelo mundo. E também da

desorganização, incompetência – no caso brasileiro, de caso pensado – ou, incapacidade desses países para estruturar um projeto viável de vacinação. Nações pobres, mesmo com condições de pagar pelas vacinas, têm sido deixadas de lado pelos grandes laboratórios detentores das vacinas – um feito cientifico da maior relevância – em prol dos países mais ricos. De outro lado países comunidades de países como a União Europeia ameaçam fabricantes para impedir o envio de vacinas para fora do continente antes de vacinar todo mundo por lá, desconsiderando acordos e negociações já realizadas entre aqueles, com um número grande de países... É a lei do pirão pouco, o meu primeiro. Enquanto isso a Guiné, um paupérrimo país, recebeu até agora 25 vacinas, isso mesmo, 25. E países africanos (Nigéria, Zimbábue, Senegal, Sudão, África do Sul e Congo) que somam uma população de 411 milhões de pessoas (praticamente

e

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

extra

a mesma da União Europeia com seus 446 milhões de pessoas) estão de fora da rota das vacinas. E já relatam que suas redes de saúde estão entrando em colapso e o oxigênio acabando. E o mundo o que pensa disso? A falta de governança global na gestão das vacinas reflete de forma direta o enorme fosso entre pobres e ricos do mundo, pessoas ou nações. Confirmada nas palavras do diretor executivo da AstraZeneca de que “houve um pouco de comportamento do eu primeiro” (em relação à pressão dos ricos para terem a primazia das vacinas). É de se perguntar: é justo vacinar jovens europeus, americanos ou de qualquer nação rica, em detrimento de profissionais da saúde e pessoas da terceira idade de países pobres, justamente os mais atingidos pelo vírus? A iniciativa Covax objetiva reunir os países pobres em um bloco para que tenham maior poder nas negociações com as empresas farmacêuticas. Um total de 92 paí-

ses — todos eles de baixa e média renda — comprarão as vacinas por meio de um fundo patrocinado por doadores. Mas o que está sinalizado para acontecer em 2021 entre os mais pobres, é a manutenção da pandemia, com mais mortes, mais sofrimento humano e econômico. A Covax, liderada pela Organização Mundial da Saúde, pretende este ano enviar 2 bilhões de doses de vacinas contra a covid-19 para 92 países pobres, que mal e mal dará para proteger 20% de suas populações. Absolutamente insuficientes para livrá-los da ameaça da covid-19. Justo os que precisam desesperadamente voltar às suas atividades normais, dada a enorme fragilidade de suas economias. E isso tem relação direta com o momento de exacerbação individualista que o mundo vivencia. É preciso mudar urgente o quadro trágico que se desenha para os países mais pobres este ano, com o aumento da velocidade de infecção pelo vírus. Mas, não é o que se está observando.

A falta de governança global na gestão das vacinas reflete de forma direta o enorme fosso entre pobres e ricos do mundo, pessoas ou nações.


MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

e

21

extra

Justiça de Deus e justiça dos homens

ALARI ROMARIZ TORRES

E

n Aposentada da Assembleia Legislativa

ste artigo é o mais difícil que já escrevi em toda a minha vida! Mas, estou preocupada com o destino dos servidores públicos de Alagoas e do Brasil. Escrevo para vários jornais há cerca de vinte anos, já fui processada algumas vezes porque digo a verdade e reclamo das injustiças cometidas contra minha categoria desde 1989, quando a Constituição nos deu o direito de formar sindicatos e reclamar judicialmente. Nessa época o servidor do Legislativo que entrasse na Justiça contra a Mesa Diretora era perseguido, castigado, rebaixado. Aconteceu comigo. Era auditora financeira e virei as-

sessora financeira. Os dirigentes me odiavam. Só havia uma saída: ir à Justiça reclamar os direitos usurpados. Nosso primeiro grande processo foi o “Dos Precatórios”. Um advogado amigo nos procurou e explicou o que estava acontecendo com URPs, gatilho e trimestralidade. Conseguimos convencer mais de 700 colegas do Legislativo e fomos à Justiça. Vinte anos depois, após transitado em julgado, tivemos a notícia: vamos receber o não pago na época de Collor. Doce ilusão! O recebimento era complicado: uma empresa compraria nossos valores, faria um acordo com o Estado e receberíamos 30% do total. E ainda dependia de intermediários. Juntei mais de 700 pessoas para entrarem no tal processo e consegui receber uma pequena parte do que o Estado me devia. Sem contar que a Assembleia inventou um subteto salarial e cortou parte do salário de dezenas de colegas. Mais uma vez fomos à Justiça e provamos que o tal subteto era inconstitucional, mas o Legislativo nega o fato e só retira o redutor de quem reclama judicialmente. E a Justiça acredita! Jamais poderia imaginar que um Poder Legislativo deixasse de pa-

gar férias a seus servidores. Pois em Alagoas há mais de dez anos tal fato acontece. Aqui, acolá, a Mesa Diretora seleciona algumas pessoas e finge que paga as férias, erroneamente. Processos estão na Justiça de companheiros solicitando receber o terço devido. Nada se resolve; os dirigentes nada fazem. E a Justiça sabe! A Mesa Diretora do Poder Legislativo comete erros gravíssimos. Não responde aos processos administrativos e o ditador grita: “Judicializem”! Ele sabe que a Justiça é lenta e nossos salários não serão devolvidos. Em 2015 os inativos da Assembleia foram jogados no Alagoas Previdência. Sim jogados! No mês seguinte, os isentos do Imposto de Renda tiveram seus salários diminuídos, sem prévio aviso. Foram alertados: têm 30 dias para provar o direito à isenção. Provamos. O valor retido foi devolvido pela Receita Federal. Um artigo só não dá para contar aos leitores o que sofremos nas mãos da Mesa Diretora do Legislativo alagoano. São atos ilegais, perseguições. Quando vamos à Justiça, nos dizem: “Vocês têm de provar o que estão dizendo”. Só que os escândalos da Assembleia de Alagoas são públicos e notórios. Outro dia um juiz me condenou

porque desrespeitei uma autoridade constituída. Que autoridade é essa que pratica tantos crimes e não é punida? Estou tentando dizer aos integrantes da justiça alagoana e brasileira: com todo respeito que tenho por promotores, juízes, desembargadores, falta humanidade nos julgamentos. Entendo que todos eles são pessoas como nós, sujeitos a erros, mas a lentidão e a falta de humanidade prejudicam os menos favorecidos. São homens e mulheres que estudaram muito, prestaram concurso, mas na hora de julgar, precisam ouvir a razão e o coração. Não entendo como um processo pode vagar durante vinte, trinta anos nos tribunais. A sensação de um servidor público que recebe seu salário cortado pode até provocar um infarto. Recentemente os descontos previdenciários dos velhos, doentes, isentos do Imposto de Renda foram aumentados. Não foram poupados nem os que possuíam direito adquirido. E a Justiça sabe! Aqui fica o apelo de uma servidora pública, de quase oitenta anos. Homens e mulheres do Poder Judiciário: façam a justiça ser menos lenta e mais humana. Só nos resta a Justiça de Deus!

tes para a solução da pandemia e concerta com os chineses a vacina salvadora. Se este último obtém sucesso com o governo da China, o outro proclama que vacina é tolice e a cura da covid-19 depende de tratamento preventivo com medicamento, contrariando os cientistas que desaconselham o tal remédio Hidroxicloroquina para esse mal específico. Tornando-se evidente que a população espera por vacina, qualquer uma, o presidente apressa-se a roubar o protagonismo do governador. Se o desafeto defende o uso de máscaras para limitar a contaminação, Bolsonaro logo passa a exibir-se sem máscaras, confiante no seu passado de atleta, e apregoa que morrer é coisa normal. E é mesmo, mas a observação do presidente é simplesmente desumana, porquanto seu dever é proteger o povo brasileiro, dever assumido com a posse na presidência. À medida em que as teorias minimistas e negacionistas

do presidente não surtem efeitos e o seu desafeto posa de vencedor da corrida sobre a imunização, aquele apressa-se a diminuir o mérito do sujeito, arvorando-se em defensor da vacinação desde pequeno, acolitado pelo subserviente ministro da Saúde, que também assume a briga do chefe. Enquanto se desenrolam essas ocorrências adolescentes, o mal do vírus se agrava, a população assustada com tantas mortes resultantes da pandemia, seja porque acreditou na pregação do presidente, seja porque as autoridades, inclusive o próprio, negligenciaram nas medidas e nos protocolos necessários à vitória sobre o coronavírus. Enfim, a briga adolescente cresce, igualmente os casos de infecção se avolumam e, pior, as mortes também, seja no Amazonas ou no País inteiro. Fato é que a adolescência retardada de Bolsonaro e Doria, Pazzuelo no meio, já descambou para “aborrescência”.

A Mesa Diretora do Poder Legislativo comete erros gravíssimos. Não responde aos processos administrativos e o ditador grita: “Judicializem”! Ele sabe que a Justiça é lenta e nossos salários não serão devolvidos.

Adolescentes em conflito

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

A

adolescência é fase da vida na qual despertamos para coisas diferentes da infância. Brincando, divertindo-nos e despertando para o estudo, à medida em que a idade pequena vai avançando para a pré-adolescência, logo ansiamos por mais idade, maiores compreensões de vida, e tanta coisa mais. Quando a adolescência assume, já pensamos na idade adulta, uma sede inquietante por liberdade. Mas é também

a fase de inquietações outras do espírito, dos inconformismos até mesmo com a lentidão do tempo, também com o controle dos pais, que não cansam de avisar aos filhos intimoratos e aventureiros que há perigo fora de casa. Acho que por isso tornamo-nos irritadiços, e à menor revelação de alguém que poderá ameaçar os nossos sonhos, já o tornamos inimigo. Não aceitamos concorrências em quaisquer coisas, por menores que sejam. Incomoda-nos até a opinião alheia, porquanto ainda não descobrimos a liberdade de expressão do outro, só a nossa própria. Quem tem acompanhado, através dos noticiários, as querelas entre Bolsonaro, Pazzuelo e Doria tem ficado abismado com a adolescência prolongada dos três, principalmente do presidente e do governador de São Paulo. Se um se queda inerte ante agruras da população brasileira, o outro avança em providências independen-

Quem tem acompanhado, através dos noticiários, as querelas entre Bolsonaro, Pazzuelo e Doria tem ficado abismado com a adolescência prolongada dos três, principalmente do presidente e do governador de São Paulo.


e

22

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

extra

SAÚDE

Santa Casa de Maceió dispõe de técnica minimamente invasiva para tratar síndrome do túnel do carpo

I

magine conviver com dores constantes e a sensação de choque e formigamento nas mãos. Essa é a realidade de quem sofre com a síndrome do túnel do carpo, uma neuropatia resultante da compressão de um nervo localizado em uma estrutura anatômica que fica entre a mão e o antebraço. Além do atendimento clínico, o Serviço de Ortopedia da Santa Casa de Maceió se destaca pelos modernos procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos que emprega em Alagoas como a descompressão videoendoscópica do nervo lesionado. O procedimento é realizado por uma incisão muito pequena na região do punho por onde é introduzida uma câmera dentro do túnel do carpo e o ligamento é cortado. “Estamos realizando essa técnica cirúrgica de forma pioneira no estado. Ela traz um trauma cirúrgico menor e possibilita a recuperação mais precoce do paciente”, disse o médico ortopedista e presidente regional em Alagoas da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Raimundo de Araújo Filho. Se a síndrome não for tratada corretamente, o quadro pode se agravar e chegar a causar a perda da função das mãos. O tratamento conservador envolve uso de medicações, fisioterapia, bem como controle de patologias associadas e cuidados com a ergonomia no ambiente

Cirurgião Raimundo de Araújo Filho executa procedimento em Alagoas

de trabalho e doméstico. Na grande maioria dos casos, a síndrome do túnel do carpo é idiopática, ou seja, não tem relação com outra doença. Mas ela pode acontecer por L.E.R. (Lesão do Esforço Repetitivo), causas traumáticas (quedas e fraturas), inflamatórias (artrite reumatoide), e hormonais. Tumores também estão entre as possíveis causas da síndrome. As mulheres são as que mais sofrem com o problema. A incidência pata o gênero é de 65% a 80% de pacientes na faixa de 40 a 60 anos. De 50% a 60% dos casos, a doença afeta os dois punhos (bilateral).

“A doença pode ainda estar presente em grávidas. Por isso, para um diagnóstico preciso é necessário um estudo clínico através da consulta, quando o médico vai poder diferenciar a síndrome de outros problemas na região e indicar o melhor tratamento”, destacou o especialista em cirurgia da mão. Para o diagnóstico, o médico pode solicitar alguns exames complementares, como a eletroneuromiografia, que quantifica o grau da lesão no nervo, e um ultrassom, que mostra alterações na estrutura do nervo em decorrência na compressão.


MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

e

23

extra

GOLPE

Dinheiro falso, cartões de crédito e CNH são oferecidos pelo Twitter Golpistas usam rede social como vitrine e realizam vendas pelo WhatsApp; Polícia Federal apura o caso BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

A

facilidade de comunicação proporcionada pela internet revolucionou relações, influencia comportamentos e até agiliza o atendimento e o comércio, ampliando as possibilidades de negociação, com a venda de todos os tipos de produtos. O meio é abrangente e cria possibilidades. Aproveitando-se dessas características, golpistas estão utilizando as redes sociais para o comércio ilegal. Em um perfil no Twitter que não terá o nome de usuário revelado, são oferecidos os mais variados produtos falsos e até “prestação de serviços”. Nele é possível comprar dinheiro, cartões de crédito em nome de terceiros e carteiras de motorista: tudo falso e com entrega em todo o País. O EXTRA investigou a página tendo acesso a várias postagens em que os criminosos oferecem as mercadorias ilegais e entrou em contato com os falsários também por meio do WhatsApp e negociou a compra de uma CNH. Porém, o que impressiona não é a facilidade para conseguir a documentação ou o dinheiro falso, mas sim a publicidade ousada que inclui até vídeos apresentando algum serviço e o sistema de entrega. Uma das postagens revela as características das notas en-

Golpistas oferecem dinheiro falso e cartão com R$ 9 mil de limite viadas através dos correios para possíveis compradores: teste da caneta, áspera, alto relevo, fita holográfica. Um dos posts onde são oferecidos os cartões de crédito dá detalhes de como o sistema de segurança funciona e revela os valores ofertados para ter um. De acordo com a publicação, cartão de crédito com R$ 3 mil de limite sai pelo preço de R$ 350; cartão com R$ 4 mil de limite à venda por R$ 450; cartão com R$ 5 mil de limite por R$ 550; cartão com R$ 6 mil de limite por R$ 650; cartão com R$ 7 mil de limite por R$ 750; e cartão com R$ 9 mil de limite por R$ 950. A propaganda garante segurança na entrega. Ao semanário, uma das golpistas que se identificou como Larysa Xavier afirmou que o

cartão de crédito comprado é desbloqueado e enviado com a senha. Ele é entregue em 24 horas, pelo serviço Sedex 10, dos Correios, após o pagamento do valor. Como garantia, ela afirma que possui referências de pessoas que já compraram o produto e que envia os dados necessários para o comprador acompanhar a entrega pelo serviço de rastreamento dos Correios, na internet. Apesar de garantir ter referência, nenhuma foi enviada. Junto ao cartão a propaganda também oferece dinheiro com opções de valores. No texto, o aviso sobre “todas” as garantias de que elas circulam sem restrições: “Modelos novos, passa fácil, teste da caneta, teste do neon, marca d’água, ásperas, selo holográfico, idênticas

às originais”. A coisa é tão sofisticada que a criminosa publica também a foto do momento em que as cédulas são impressas e recortadas. Há também o pacote promocional: por R$ 350 verdadeiros, que é o menor valor, garantem eles, o comprador recebe R$ 3 mil em notas falsas. Já pelo valor de R$ 450,00 o comprador leva R$ 4;500,00 em notas falsas. É importante lembrar que falsificar, fabricar ou alterar moeda metálica ou papel moeda de curso legal no país ou no estrangeiro é crime previsto no artigo 289 do Código Penal. A pena varia de três a 12 anos de prisão e multa.

CNH ORIGINAL TAMBÉM É OFERTADA A venda de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) tam-

bém acontece e os vendedores garantem que são originais registradas no Detran de qualquer estado. O primeiro passo é a escolha da categoria da CNH. A categoria A (moto) é vendida por R$ 500, seguida pela B (carro) por R $1.100. As duas saem por R$1.500, tendo desconto de R$ 100 ao adquirir as duas no mesmo pacote. Para a reportagem, a golpista afirma que “não existe possibilidade de rastrear o nome através do pagamento do boleto ou do meu perfil no Twitter”. Ainda de acordo com a suposta dona da página, a CNH é emitida com os dados do cliente, sendo necessário apenas foto da identidade frente e verso, CPF e uma foto 3 x 4 de boa qualidade. Se as notas falsas e os cartões de créditos são enviados após a confirmação de pagamento ou não, é difícil dizer pois não existem “referências” como sites comuns, a exemplo do Mercado Livre. Vale salientar que o motorista flagrado com CNH falsa estará desrespeitando diversas leis, entre elas o Decreto Lei nº 2.848, Código Penal 297, que se refere a falsificar, de modo completo, um documento público, gerando pena de reclusão de dois a seis anos e pagamento de multa. O artigo 298 também pode ser relacionado ao tratar da falsificação de um documento particular, gerando punição com prisão de 1 a 5 anos e multa. Procurada, a assessoria da Polícia Federal em Alagoas, responsável por investigar crimes de falsificação de documentos federais e contra a moeda nacional, informou que já está ciente do perfil, mas não deu detalhes das investigações para evitar atrapalhar futuros procedimentos.


24

e

extra

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021


MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

e

25

extra

ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Volta do auxílio emergencial

INSS: 1,7 milhão de pedidos

A

pós um ano marcado pela pandemia da covid-19, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) fechou 2020 com quase 1,7 milhão de pedidos à espera de resposta do órgão, responsável pela concessão dos benefícios da Previdência Social. Do total, 1,2 milhão aguardavam ainda uma primeira análise; outras 477 mil solicitações estavam em “exigência”, quando o INSS pede a apresentação de documentação complementar do segurado. Segundo o órgão, os processos em fase de exigência não integrariam o estoque da fila, por já terem passado por avaliação inicial dos técnicos.

Turismo em Alagoas Os ministérios do Turismo e o da Economia estão desenhando, em conjunto, um projeto que busca desenvolver o turismo sustentável nos imóveis e áreas da União espalhados pelo país e gerar ainda mais renda local para as cidades que já possuem experiência com o setor. Para isso, os secretários Nacional de Atração de Investimentos, Parcerias e Concessões do Ministério do Turismo, Lucas Fiuza, e o Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Faria, visitaram algumas áreas pertencentes à União em Alagoas para iniciar um projeto-piloto no estado. A ideia é criar um modelo de gestão dos eventuais serviços ofertados de maneira ordenada e descentralizada em áreas inalienáveis da União, em parceria com a iniciativa privada, e identificar imóveis com potencial turístico em desuso para concessão ou venda.

A volta do Auxílio Emergencial em 2021 vem ganhando força no Congresso. Depois dos candidatos à presidência da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP) defenderem a extensão do benefício na última semana, agora foi a vez do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) fazer o mesmo. Esta semana o relator do auxílio no Senado comentou que a necessidade de providenciar “algum tipo de socorro” à parte mais vulnerável da população está ficando cada vez mais clara, diante da possibilidade de novos lockdowns para conter o avanço da covid-19, deixando os trabalhadores informais sem assistência. Para Vieira, a prorrogação do Auxílio Emergencial precisa ser discutida assim que os parlamentares retornarem do recesso, em fevereiro.

Bolso do motorista Alagoas registrou a maior alta percentual na última semana no preço do etanol de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Não bastasse essa notícia, a Petrobras aumentou mais uma vez esta semana o valor da gasolina em suas refinarias. Agora, o preço médio de venda de gasolina para as distribuidoras é de R$ 2,08 por litro, refletindo aumento médio de R$ 0,10 por litro no preço de venda. O preço médio de diesel, por sua vez, passará a ser de R$ 2,12 por litro, refletindo um aumento médio de R$ 0,09 por litro. A expectativa é que os motoristas já sintam o aumento no bolso a partir da próxima semana.


e

26

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

extra

SERRA DA BARRIGA

Zezito de Araújo traz nova narrativa da história do Quilombo dos Palmares Historiador coloca quilombolas como protagonistas da própria história, com foco na liberdade e luta pela terra MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

“Q

uilombo dos Palmares: Negociações e Conflitos” é o resultado da trajetória do universo acadêmico e do ativismo no movimento negro do historiador professor Zezito de Araújo. O livro faz uma nova narrativa da história do quilombo mais famoso do Brasil, colocando os quilombolas como protagonistas, ressaltando as negociações tanto nas trocas entre os produtos produzidos pelos quilombolas e as negociações políticas entre Ganga Zumba e o estado colonial português. As 100 páginas da obra são de leitura obrigatória. Tendo como público alvo estudantes do ensino básico e visitantes da Serra da Barriga, em União dos Palmares, também está aberto para todas as pessoas que querem conhecer a história palmarina com nova narrativa. Para o autor, que além de professor é mestre em História, é preciso entender o Quilombo dos Palmares além da escrita oficial porque, dessa forma, a história é capaz de mostrar e analisar os projetos econômicos e de ocupação do território no Brasil Colônia sob aspectos diferenciados. “Enquanto os quilombolas tinham um projeto econômico em que a terra era um patrimônio coletivo e o que ela produzia era distribuído

Livro foi lançado por Zezito em novembro do ano passado

com toda a população palmarina, o projeto colonial português tinha a terra como uma propriedade privada, produzindo riqueza para exportar e explorando o\a trabalhador\a africana. Com essa narrativa, os quilombolas deixam de ser ‘os negros fujões’, e o foco da leitura é a liberdade e a luta pela propriedade da terra”, explica Araújo. “Quilombo dos Palmares: Negociações e Conflitos” foi lançado em novembro do ano passado, quando o movimento negro brasileiro celebrou os 40 anos da retomada da Serra da Barriga. Vale lembrar que foi em agosto de 1980, em Alago-

as, que ativistas do movimento negro e representantes de instituições públicas criaram o Conselho Geral do Memorial Zumbi, com o objetivo de recontar a história do Quilombo dos Palmares, a partir da história da população negra com migração forçada. Tal feito, porém, só se concretizou com o tombamento da Serra da Barriga em 1985. Na trajetória de uma história negra, contada e reescrita por negros e negras, Zezito de Araújo retomou a história do Quilombo dos Palmares, mostrando a importância da sociedade palmarina para a compreensão da formação da

sociedade brasileira. “De forma didática, ressalto aspectos importantes, negados ou negligenciados pela história oficial, para possibilitar os leitores analisar a história palmarina sob nova ótica. Destaco as negociações entre quilombolas e senhores de engenho, o acordo de paz assinado entre Ganga Zumba e a Coroa portuguesa; a luta pela posse das terras quilombolas, que foi a razão principal para a destruição da sociedade palmarina”, narrou. Zezito de Araújo deu destaque à organização social e política quilombola, levando o leitor a repensar conceitos como o de que o quilombo é sempre

visto como escravizado x colonizador, mas, pela visão do autor, o que predominou no Quilombo dos Palmares foi o processo de negociação. “Os mocambos eram a base da economia do Brasil Colônia. Os engenhos não produziam os alimentos, então os mocambos produziam e negociavam com os donos desses engenhos”, ressaltou Araújo. Outro ponto que merece destaque na obra é o de que os quilombolas tinham uma grande capacidade de se reinventar. Diante disto, o livro revê alguns conceitos, como os que eles eram chamados de escravos, mas, na verdade, eram trabalhadores escravizados. Diferente de outras literaturas, Zezito coloca esse povo, seu povo, como protagonista da história do Brasil Colônia. “Eles vieram para o Brasil para salvar a economia e povoar o território brasileiro”, afirmou. Diante das riquezas de detalhes, o enredo aparece de forma didática e mostra desde o começo essa organização quilombola comandada por Aqualtune-mãe de Ganga Zumba e fundadora do Quilombo dos Palmares. O livro apresenta a resistência, mas também a resiliência dos trabalhadores negros do Brasil colonial. Ficou curioso para conhecer esta história nunca antes contada? Basta manter contato com o pai da obra nos telefones (82) 98807-5358 e 99934-6220. Zezito aguarda sua ligação e até, quem sabe, bater aquele papo contagiante entre risos e causos que tão bem ele sabe contar.


MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

e

27

extra

FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Todos os vencedores de 2020

E

m ano atípico de recuo de 26% nas vendas em relação a 2019, o ranking dos modelos líderes em 2020 mostrou poucas surpresas. Os modelos mais caros, nacionais e importados, sofreram menos. A única mudança entre os 16 segmentos foi a liderança do T-Cross. No segundo ano de mercado o modelo da VW ultrapassou o Renegade por apenas 1 ponto percentual e se tornou o SUV mais vendido. A queda entre os segmentos foi desigual. Os SUVs compactos (sem incluir derivações aventureiras dos hatches) atingiram pela primeira vez 24%. Ainda distantes da soma de subcompactos e compactos (hatches e sedã) que representam 57% do total. Só os carros esporte e de topo tiveram crescimento de surpreendentes 51% e 35%, respectivamente. Porém, como as vendas são muito baixas, um avanço bastante forte – no caso da Porsche, 32% – distorce as estatísticas. BMW e Chevrolet lideraram três segmentos, cada. O Série 7 atingiu o maior percentual de participação deste levantamento: 77%. Foi seguido por dois modelos da FCA: Compass e Strada, ambos com 65% do mercado. A picape da Fiat e o SUV da Jeep alcançaram sua melhor posição histórica. O ranking tem critérios próprios e técnicos com classificação por silhuetas. Referência principal é distância entre eixos, além de outros parâmetros. O enquadramento às vezes implica dúvidas e a escolha, em pouquíssimos casos, torna-se subjetiva. Base de pesquisa é o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais representativos (mínimo de três) e em função da importância do segmento. Compilação de Paulo Garbosa, da consultoria ADK. Hatch subcompacto: Kwid, 48%; Mobi, 45%; up!, 7%. Líder sob ameaça. Hatch compacto: Onix+Joy, 23%; HB20/X, 15%; Gol, 12%; Ka, 11,6%; Argo, 11,3%; Polo, 7%; Sandero/R.S./Stepway, 5%; Uno, 3,9%; Yaris, 3,8%; Fox, 3,5%; Etios, 1,5%. Onix mantém

desempenho. Sedã compacto: Onix Plus+Joy, 32%; Virtus, 11%; Ka, 9,3%; Voyage, 8,8%; HB20S, 8,7%; Cronos, 5,9%; Yaris, 5,8%; Logan, 5,%; Versa/VDrive, 4,4%; Grand Siena, 4%; City, 2,6%; Etios, 2%. Mais folga na liderança. Sedã médio-compacto: Corolla, 49%; Civic, 24%; Cruze, 10%. Nenhum incomoda o Corolla. Sedã médio-grande: BMW Série 3/4, 59%; Mercedes Classe C, 24%; Volvo S6, 9%. BMW ampliou vantagem. Sedã grande: BMW Série 5/6, 25%; Panamera, 21%; Mercedes Classe E/CLS, 20%. Luta equilibrada. Sedã de topo: BMW Série 7, 77%; Mercedes Classe S, 16%; Jaguar XJ, 6%. Participação inigualável. Cupê esportivo: Mustang, 55%; Camaro, 18%; BMW M2, 14%. Mustang bem firme. Cupê esporte: 911, 49%; 718 Boxster/Cayman, 27%; BMW Z4, 13%. 911 à vontade. SUV compacto: T-Cross, 16%; Renegade, 15%; Tracker, 13%; Creta, 12%; Kicks, 9%; HR-V, 8%; EcoSport, 6%; Duster, 5%; Nivus, 4%; Captur, 3%; C4 Cactus, 2,5%. Novo líder é da VW. SUV médio-compacto: Compass, 65%; ix35/Tucson, 6%; RAV4, 4%. Compass continua a mandar. SUV médio-grande: SW4, 25%; Tiguan, 23%; Equinox, 13%. Luta apertada. SUV grande: Trailblazer, 33%; XC90, 10%; BMW X5/X6, 9%. Trailblazer tranquilo. Monovolume: Fit/WR-V, 59%; Spin, 39%; C3 Aircross, 2%. Fit sempre à frente. Picape pequena: Strada, 65%; Saveiro, 25%; Montana, 5%. Strada avançou mais. Picape média: Toro, 33%; Hilux, 20%; S10, 16%. Nenhuma ameaça ao líder.

stá difícil mesmo olhar através da “neblina” em que este ano se transformou. Tudo dependerá da velocidade da vacinação, regressão da pandemia e consequente ritmo de recuperação da economia. Em relação a 2020, um ano de recessão, sem dúvida haverá crescimento em especial da indústria automobilística. As previsões no primeiro mês são díspares para a aceleração de vendas totais (veículos leves e pesados): Anfavea, mais 15%; Fenabrave, 16%; GM, 25% (ou mais) e, agora, a VW, 10% a 12%. O ano de 2021, com encolhimento da Ford, mudanças de estratégias de participação de mercado como a da Renault e as primeiras sinergias da fusão FCA e PSA que deu origem a

Stellantis, deverá reacomodar as marcas. Segmento mais rentável continuará sendo o de SUVs. O alvo da vez é o Compass que detém 65% (ver abaixo) na sua categoria. O modelo da Jeep terá motor turbo flex, como resposta ao inteiramente novo VW Taos. O modelo, já fabricado no México, entrará em produção dentro de dois meses na Argentina com lançamento simultâneo no Brasil, no segundo trimestre. Chegada às concessionárias será em junho. O Taos partilha sua base mecânica com o Jetta (entre-eixos praticamente o mesmo) e terá apenas tração 4x2 (o que o torna mais leve), além de um abrangente sistema de assistência eletrônica de segurança.

Pandemia em alta impacta previsões E

Planos de assinaturas tendem a crescer

A Renault é a sétima marca a oferecer uma opção de uso do veículo com todas as despesas incluídas. Este sistema traz praticidade aos seus usuários. A marca francesa optou por digitalização total do processo de assinatura pelo celular. Cliente com histórico positivo de crédito contrata o serviço em 10 minutos, segundo a empresa. Plano para um Kwid sai por R$ 879,00, em 24 parcelas mensais, tudo incluso. Essa forma de comercialização não se trata de novidade. Locadoras e companhias de seguro já a ofereciam. Conhecida no exterior por leasing privado, ficou atraente a ponto de envolver as próprias fabricantes, por ser possível agora calcular com mais precisão a taxa de desvalorização do veículo. Nos EUA, o leasing convencional responde por cerca de 80% das vendas. No Brasil, no começo da década passada, chegou a 4%, mas por problemas com clientes inadimplentes encolheu para 1%. Os planos de assinatura têm potencial de chegar a 4% ou mais. Em alguns países europeus, como a França, 20%.


e

28

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

extra

RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

Hora da decisão: Palmeiras e Santos lutam pela Libertadores no Maracanã

C

om objetivos diferentes na reta final da Segundona, Azulão pode comparecer em mais uma temporada na elite do futebol brasileiro, já o Galo da Praia, que apenas cumpre tabela nos últimos jogos da competição, permanece mais um ano na Série B assistindo de camarote seu maior rival subir para a Série A. Os azulinos dependem de apenas uma vitória para garantir o retorno à primeira divisão, e restam apenas dois jogos, contra Náutico e

CSA CARIMBA VAGA NO NORDESTÃO 2021 O Azulão do Mutange, que luta para subir para a Série A do Brasileiro, garantiu vaga em mais uma competição do calendário de 2021. Após empatar com o Moto Club, em 0 a 0 no jogo de ida da Pré-Copa do Nordeste, o clube marujo, jogando no Trapichão venceu por 2 a 0 o time do Maranhão e participará da fase de grupos do Nordestão. Pensando no acesso à elite, o Azulão colocou um time misto em campo poupando os principais atletas para o duelo decisivo contra o Náutico pela última rodada da Segundona. O jogo para os alagoanos começou do jeito que todo torcedor esperava, gol logo nos primeiros minutos para acalmar os ânimos. O volante Marquinhos marcou o primeiro gol dos azulinos, após bate rebate na área do Moto. Na volta para a segunda etapa, Ignácio, zagueiro do CSA, quis dar mais emoção no jogo, o defensor foi expulso logo nos primeiros minutos. Porém, os donos da casa não se intimidaram e ainda anotaram mais um gol com o capitão Luciano Castán.

CALENDÁRIO DO FUTEBOL ALAGOANO TEM INÍCIO COM A COPA ALAGOAS

A temporada 2021 do futebol alagoano já tem data para início e será no sábado, 30. A Copa Alagoas abre o calendário oficial de competições e envolve oito equipes: ASA, CEO, Coruripe, CSA, CSE, Desportivo Aliança, Jaciobá e Murici. O CSA foi convidado para participar da Copa Alagoas. Caso o time azulino conquiste o título, o segundo colocado será classificado para a Série D de 2022. O campeão do torneio garante uma vaga na Série D de 2022 e disputa a seletiva para a Copa do Brasil de 2022 contra o terceiro colocado do Campeonato Alagoano. A Copa Alagoas será dividida em três fases: de grupos, semifinal e final. Na primeira, os clubes se enfrentam dentro da própria chave somente em jogos de ida. Os dois primeiros de cada grupo avançam para a semifinal. Ano passado, o campeão foi o ASA, que na decisão venceu o CEO nos pênaltis, por 4 a 3. No tempo regulamentar, o jogo terminou empatado em 1 a 1.

Brasil de Pelotas, ou seja, o passaporte falta pouco para ser carimbado. Se o clube marujo subir, quem acompanha os alagoanos na elite são: América Mineiro, Chapecoense e Cuiabá. Do outro lado, o CRB só decidiu vencer jogos quando não havia mais esperanças de acesso. Caso apresentasse o bom futebol que vem jogando desde o início do brasileiro, poderia brigar tranquilamente para figurar entre os quatro primeiros colocados.

SURTO DE COVID-19 ASSUSTA CORINTHIANS NA RETA FINAL DO BRASILEIRO

O Corinthians anunciou dez casos de covid-19 no elenco. Após uma rodada de exames feita pelo departamento médico, os atletas que testaram positivo foram isolados, iniciaram quarentena e não vão participar dos treinos pelos próximos dias. O próximo compromisso da equipe é diante do Bahia, na quinta-feira, em Salvador, pelo Campeonato Brasileiro. Os jogadores que testaram positivo para a doença foram: Danilo Avelar, Luan, Everaldo, Mantuan, Léo Santos, Guilherme Castellani, Walter, Ruan Oliveira, Ramiro e Matheus Davó. Desses nomes, apenas o meia Ramiro e os atacantes Luan e Everaldo estiveram em campo na última partida do time, a derrota por 2 a 0 para o Red Bull Bragantino na última segunda-feira, dentro de casa. Segundo comunicado do clube, todos os atletas estão assintomáticos e sob monitoramento constante do departamento médico. A tendência é que após dez dias afastados dos treinos os jogadores vão poder voltar aos trabalhos. Até lá, o técnico Vágner Mancini terá de escalar o time sem esses atletas. Após enfrentar o Bahia, o time pega na sequência Ceará, Athletico-PR e Flamengo.


MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

e

29

extra

ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Continua sedento

PELO INTERIOR

A

pós um período de férias, estamos de volta. E vamos à luta, com informações do interior e também da capital. E o prefeito Luciano Barbosa continua jogando xadrez. Apostou todas as fichas no primeiro jogo de “vida ou morte” contra os Renans, que cederam no final diante de uma carta de Barbosa pedindo desculpas e uma chance. Agora, o prefeito arapiraquense inicia um novo jogo com a finalidade de eleger o filho Daniel Barbosa para deputado federal ou deputado estadual. E, para quem o conhece, sabe que as suas pretensões estão arriba de tudo e de todos. Ricardo Nezinho que o diga. Dormiu prefeito, acordou com a irmã vice.

Doce laranjal

E de bobo, Luciano não tem nada. Já colocou debaixo dos sovacos a maioria dos vereadores e os três representantes de Arapiraca na Assembleia Legislativa. E isso, lógico, não saiu de graça. Agora, Luciano busca uma unidade política para atender aos seus interesses enquanto coloca algumas figuras “técnicas” que sempre o acompanham, pelas benesses que recebem, é claro, em pontos estratégicos para manter o “equilíbrio e a ordem”. Passando só para lembrar que o “laranja” está a todo vapor, investindo fantasticamente para manter saudável as “economias” do grupo.

Muita sede

E não se engane. Barbosa sabe jogar. Quer tudo, inclusive o governo de Alagoas. Mas no meio do caminho sempre terá uma pedra e qualquer erro poderá ser fatal às suas pretensões.

Exemplo do passado

É importante ressaltar que Arapiraca não votou em Luciano de “graça” ou porque ele é bonitinho ou bonzinho. Os eleitores não aceitaram a intervenção dos Renans na política local, que culminou com a briga histórica que colocou em xeque o MDB arapiraquense e abriu feridas que dificilmente serão cicatrizadas.

Caíram em desgraça

Também é importante lembrar que políticos, a exemplo de Divaldo Suruagy, já tiveram votação histórica e depois caíram em desgraça, sendo defenestrados da política e da vida pública. E Divaldo morreu à míngua, abandonado pelos amigos. Só recebeu o carinho de família que esteve com ele nos momentos bons e de agruras. Suruagy, assim como o imperador Júlio César, foi apunhalado covardemente por “amigos”. Afinal, quem não lembra daquela célebre frase: Até tu, Brutus?

Primeiro emprego

E como diz aquele velho ditado: não ignore alguém quando estiver subindo, pois você poderá encontrá-lo quando estiver descendo. Pois muito bem. Barbosa bateu na porta de um amigo e ganhou o seu primeiro emprego na Secretaria Municipal de Obras no governo de José Alexandre dos Santos. Quanto ao amigo que lhe estendeu a mão, bom... Isso é uma outra história triste e verdadeiramente lamentável. Como diz trechos de uma música do magnífico Chico Buarque de Holanda: “É sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar”... “É sempre bom lembrar guardar de cor que o ar vazio de um rosto sombrio está cheio de dor”.

. ... Está pegando “fogo” a briga de alguns vereadores com o prefeito Júlio César, de Palmeira dos Índios. O estranho é que parte desses vereadores comia e bebia até as últimas eleições na mesa do imperador palmeirense. ... Se continuarem nesse tom, Júlio tem muito a perder, já que em quatro anos não fez uma boa administração e deixou muita a desejar. ... O imperador se defende como pode, mas permanece calado, usando apenas “amigos” da imprensa como escudo e para atacar os vereadores.

Vacinação

O estado de Alagoas foi anunciado como o segundo com maior percentual de vacinações. Isso fez com que o governador Renan Filho (MDB) utilizasse as suas redes sociais, na quarta-feira (27), para comentar sobre o ocorrido.

Renan orgulhoso

Em um vídeo gravado no seu Instagram, Renan comentou orgulhoso sobre a colocação de Alagoas no combate ao novo coronavírus. “Alguns estados sequer têm conseguido apresentar o número de vacinados ainda e Alagoas foi o segundo estado no Brasil que mais vacinou pessoas. Nós já vacinamos 1% da nossa população. O primeiro lugar do Brasil foi o DF”, disse Renan.

Vacinação para todos

Porém, apesar das boas notícias, o gestor estadual encara esse resultado apenas como uma parcial inicial e promete que irá continuar trabalhando para garantir a vacinação de todos os alagoanos. “Eu queria dividir esse resultado inicial com vocês. Nós vamos trabalhar bastante ainda, para chegar em todos os lugares e vacinar as pessoas o quanto antes”, garantiu Renan Filho. (Com 7Segundos)

... Pelo andar da carruagem, alguns dos “rebelados” logo, logo estão de volta à casa e tudo volta a ser como antes. ... Mas na Câmara de Palmeira dos Índios existem vereadores sérios que vão continuar mostrando o lado ruim dessa administração que infelizmente é pífia e não atende a população da terra dos Xucurus-Kariris como deveria. ... São mais quatro anos pela frente. Mas há uma esperança: a boca miúda fala-se que Júlio já está em campanha rumo à Assembleia Legislativa do Estado das alagoas. ... Será que o povo de Palmeira vai votar nele. É esperar para ver. ... Ganha um pirulito quem adivinhar qual foi o prefeito de uma importante cidade do Agreste que furou a fila da vacinação e de quebra ainda beneficiou toda família. Uma dica importante: não foi o prefeito de Palmeira. ... Que loucura!!! Em um vídeo divulgado na quartafeira (27), pelo portal Ítalo Timóteo, do Sertão de Alagoas, Josimare Gomes da Silva, de 30 anos, que matou a própria filha na cidade de Maravilha, diz estar possuída pelo poder de Deus. ... Completamente fora de si, Josimare usa tom de ameaça para falar sobre perdão e purgatório. “Se não se arrependeres vai pro purgatório e quem me desobedecer vai acontecer o mesmo que aconteceu com Carollyne”, diz ela em um trecho. ... Em outro momento, ela reforça que sua filha estava possuída por um demônio, chamando a suposta entidade de bandida. ... “Aquela bandida, demônio maligno não saia do corpo da criança, nem queria se arrepender, nem queria deixar a família em paz. Por isso eu tive que prendê-la”, diz ela. ... Aos 10 leitores da coluna, desejamos um excelente final de semana, repleto de saúde e paz. Quanto aos desafetos que odeiam o que este colunista escreve, vão para os quintos dos infernos. Até a próxima edição!


e

30

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

extra

MEIOAMBIENTE

Amazônia devastada

U

ma carta assinada por nove ex-ministros brasileiros do Meio Ambiente foi enviada ao presidente da França, Emmanuel Macron, e às primeiras-ministras da Alemanha, Angela Merkel, e da Noruega, Erna Solberg, para pedir apoio em ações de proteção à Amazônia. O documento é assinado por Izabella Teixeira, Marina Silva, Carlos Minc, Edson Duarte, José Sarney Filho, José Goldemberg, Rubens Ricupero, Gustavo Krause e José Carlos Carvalho. Na carta, os ex-ministros relatam que “a Amazônia brasileira está sendo devastada neste momento por dupla calamidade pública, ambiental e de saúde, que necessita da urgente solidariedade e colaboração de países amigos interessados de forma genuína e desinteressada na solução dos problemas amazônicos”. Os ex-ministros afirmam que, em 2020, a região sofreu aumento sem precedentes do desmatamento e das queimadas florestais, que atingiram cifras não registradas há uma década.

Poluição e saúde da visão A poluição atmosférica pode estar associada a um risco acrescido de perda irreversível de visão. A conclusão é de investigadores da University College London, segundo os quais partículas poluentes encontradas em áreas urbanas - e maioritariamente emitidas por veículos - são inaladas pela população, entrando na corrente sanguínea e podendo afetar a parede ocular. O estudo da University College London analisou o ar poluído na Inglaterra, Escócia e no País de Gales e concluiu que até uma reduzida exposição a este ar parece aumentar o risco de degenerescência macular associada à idade. Essa doença degenerativa da área central da retina, que leva a uma diminuição acentuada e irreversível da visão central, enquanto a visão periférica se mantém conservada, é a principal causa de cegueira em pessoas com mais de 50 anos nos países ocidentais.

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

Lixão Zero

O Ministério do Meio Ambiente destinou recursos para ações do programa Lixão Zero em municípios dos estados de Alagoas e Santa Catarina. Ao todo, perto de 20 municípios onde vivem mais de 520 mil brasileiros serão beneficiados por ações que vão implementar e melhorar a gestão do lixo em ambos estados. Em Alagoas, o município a receber recursos é o de Arapiraca, segundo mais populoso do estado. Além de equipamentos e ações de educação ambiental, o município receberá assessoria técnica especializada para capacitação de cooperados, visando melhorias nas condições de trabalho dos catadores, na gestão e no processo de coleta seletiva regular. Santa Catarina será contemplado no âmbito do Consórcio Intermunicipal Serra Catarinense (CISAMA), sediado em Lages. O Lixão Zero apoia estados e municípios na destinação ambientalmente adequada dos resíduos, reforçando o cuidado com o solo, a água, o ar, a biodiversidade e o bem-estar dos brasileiros.

Reprodução em cativeiro Peixes da espécie Hypancistrus zebra mantidos no Laboratório Múltiplo de Produção de Organismos Aquáticos (Lampoa) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém, oeste do Pará, se reproduziram naturalmente, após pesquisadores conseguirem criar condições adequadas para a reprodução em laboratório. O aquário, que contava com cerca de 20 exemplares da espécie, ganhou mais 10 alevinos, como são chamados os filhotes de peixes. Conhecida popularmente como acari zebra, cascudo zebra imperial ou zebra pleco, a espécie é classificada como criticamente ameaçada de extinção no Livro Vermelho do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio).


e

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021

31

extra

RADAR LITERÁRIO Obras clássicas e cultuadas que todos os alagoanos têm de ler

E

m Alagoas, berço de grandes escritores consagrados no Brasil e no exterior, há livros que se tornaram tão cultuados e discutidos nos meios acadêmicos e artísticos que são considerados clássicos de leitura obrigatória. São obras que excitam o imaginário

e a memória afetiva dos alagoanos – para o bem e para o mal –, muitas vezes por causar polêmica desde seus lançamentos, ao revelar nossas mazelas sociais e políticas, ou por causar reações emocionais das mais diversas graças às suas metáforas e expressões de

sentimentos que refletem o que há de mais universal na cultura alagoana. Alguns desses clássicos ficcionais atualmente fazem parte do catálogo da editora da Imprensa Oficial Graciliano Ramos e valem ser lidos e relidos sempre.

de corrompida.

A ILHA

O ANJO AMERICANO Um desses clássicos alagoanos é O Anjo Americano, do jornalista maceioense Luiz Gutemberg. Este romance ambientado nos anos 1940, na capital alagoana, apresenta uma história de mistério cujo ponto de partida é o assassinato da jovem alagoana Judite Haziot, em seu apartamento no Rio de Janeiro, após uma noite de orgias. Contudo, à medida em que o enredo se desenvolve, o leitor se surpreende com a intrigante narrativa que mistura magistralmente ficção e realidade e desvela a face sombria de uma sociedade marcada pelo medo e pela opressão. Boa parte da história tem como cenário o antigo Bela Vista Palace Hotel, local que reúne personagens complexos e bem delineados pelo autor, que estabelecem diálogos memoráveis com o protagonista Timothy Duncan sobre os costumes locais. Duncan, um militar americano, noivo de Judite, volta a Maceió, local onde serviu numa base militar americana durante a Segunda Guerra Mundial, para investigar a morte de sua amada. Eis um livro fascinante e provocador.

NINHO DE COBRAS Tida como a obra-prima do maceioense Lêdo Ivo, o romance Ninho de Cobras – Uma história mal contada também é um clássico alagoano por excelência. Lançado em 1973, em plena ditadura militar, o livro é de certa forma uma expressão do momento político em que foi escrito. Assim como O Anjo Americano, Ninho de Cobras tem como cenário a Maceió dos anos 1940, época do Estado Novo de Getúlio Vargas. Sua narrativa descreve as 24 horas de vida de personagens memoráveis, entre eles a raposa, construindo um painel paisagístico histórico, sociológico, político e psicológico da capital alagoana. Sem afagos à alagoanidade, a obra é permeada por certa crítica social, gerando controvérsia desde o seu lançamento. Mordaz e realista, Ninho de Cobras é um livro repleto de ironia que traz à tona a hipocrisia de uma socieda-

No campo da poesia, um livro amplamente cultuado e escrutinado por acadêmicos e críticos literários é o A Ilha, de Carlos Moliterno. Considerada a obra-prima do autor, esta obra que já inspirou montagens teatrais e filme, reúne 59 sonetos escritos em linguagem metapoética que apontam para uma simbiose entre criador e criatura. O eu lírico dos versos confunde-se com o eu poético e A Ilha confunde-se com a própria poesia. Descrita sob diversas perspectivas, a ilha assume vários significados metafóricos a cada poema, refletindo sobre sentimentos, como solidão, nostalgia, contemplação, inquietação e impermanência. “No seu livro A Ilha o poeta alagoano Carlos Moliterno (1912-1998) constrói um mundo fabuloso radicalizando o contato direto entre o eu-lírico e a natureza e, por essa via, nos brinda, entre outros elementos, com um exercício filosófico e estético sobre as belezas e misérias da solidão do indivíduo em contato com a natura. Como o poeta esteve sempre imerso na sua cidade e paisagem, ou seja, em Maceió e nos seus elementos marítimos e lacustres, a obra também expressa artisticamente motivos e dilemas específicos desta urbe e do estado do Nordeste na qual se localiza”, descreve o historiador e cientista

social Golbery Lessa.

JOÃO URSO

Obra de estreia do escritor Breno Accioly, João Urso reúne dez contos, alguns deles situados na cidade natal do autor: Santana do Ipanema. Denso, o livro apresenta personagens perturbados, marcados por medos, angústia e fraquezas. Nele, assim como em todas as outras de Breno Accioly, a cidade sertaneja de Santana do Ipanema é recriada numa atividade paradoxal e contraditória que, segundo os críticos literários, remonta às memórias íntimas do autor. “O mesmo olhar que passeia pela cidade, é o mesmo que mergulha nas profundezas do homem, ser universal, retirando daí suas personagens, que se apresentam como seres cultural e socialmente deslocados”, afirma a pesquisadora Maria Cícera dos Santos Correia, da Universidade Federal de Alagoas. Este ano, durante as comemorações do centenário de Breno Accioly, a Imprensa Oficial Graciliano Ramos vai lançar a obra completa do autor, trazendo novas edições de seus clássicos – João Urso, Maria Pudim, Dunas, Os Cata-ventos e Cogumelos – e edições inéditas de obras escritas por ele, descobertas depois da sua morte precoce, em 1966: Isabela (contos) e Pedras.


32

e

extra

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2021


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.