Edição 1105

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ANO XXII - Nº 1105 - 05 A 11 DE FEVEREIRO DE 2021 - R$ 4,00

JOGO DO PODER

Eleição de Arthur Lira mexe no xadrez político de Alagoas

A eleição de Arthur Lira para presidente da Câmara vai mexer no xadrez político de Alagoas e reagrupar as forças políticas locais. Tendo Marcelo Victor como ponta de lança de seu projeto de poder, Lira começa a costurar alianças para eleger gover-nador e senador no pleito do próximo ano. 2, 5, 6 e 7

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CORPORATIVISMO

MACEIÓ - ALAGOAS

TJ PROTEGE JUIZ ENVOLVIDO EM GOLPE CONTRA A CAIXA

www.novoextra.com.br

1998 - 2020

n Desembargadores se recusam a julgar processo contra Giovanne Jatubá e caso acaba no STF 10

IMORALIDADE

SANTANA DO IPANEMA

PREFEITA DO SERTÃO ESCONDE DO PORTAL DA TRANSPARÊNCIA SALÁRIO DE R$ 27 MIL 3

PROCESSO NO CNJ CONTRA WASHINGTON LUIZ POR PECULATO MORRE 10 ANOS DEPOIS 11

ALAGOAS PREVIDÊNCIA

TC COBRA EXPLICAÇÃO SOBRE IRREGULARIDADE COM DINHEIRO DOS APOSENTADOS 2 e 13 CASO MALAQUIAS

GASPAR PROMETE ESCLARECER ASSASSINATO E BOTAR PISTOLEIROS NA CADEIA 2


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extra MACEIÓ - ALAGOAS

www.novoextra.com.br

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COLUNA

EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Xadrez político 1

-A eleição de Arthur Lira para presidente da Câmara Federal vai mexer no xadrez político alagoano e provocar uma reorganização dos grupos políticos locais para o pleito de 2022.

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- Assim como no jogo de xadrez, na política vence quem tem obstinação e melhor estratégia no manejo de todas as peças do tabuleiro. Ao subjugar o adversário na guerra pelo comando da Câmara, Lira provou ser obstinado e um bom jogador.

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- Seu próximo desafio é desmantelar o xadrez político montado pelos Calheiros em Alagoas aos longos dos anos e criar as bases para consolidar seu projeto de poder já nas eleições majoritárias do próximo ano.

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- Renan Filho, Fernando Collor, Marcelo Victor, JHC, Rodrigo Cunha e Ronaldo Lessa são as principais peças do tabuleiro político onde Arthur Lira realizará sua maior jogada. E vai precisar de muito jogo de cintura para contrariar aliados e acomodar os interesses de cada um.

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- Tendo Marcelo Victor como principal aliado e ponta de lança de seu projeto político, Lira já começou a costurar as alianças para tentar eleger governador e senador, além de deputados. Em caso de vitória, desbancará o clã de Murici e assumirá o papel de novo líder político de Alagoas pelos próximos anos.

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- Mas antes do xeque-mate Arthur Lira precisa estudar o momento certo para manejar cada peça do tabuleiro. Assim como o xadrez, a política exige sacrifícios para conseguir a vitória sobre o rei a ser abatido.

Jogo de cintura

Fernando Collor já se escalou como novo amigo de Arthur Lira desde criancinha, enquanto Renan Filho segue no mesmo diapasão. Ambos disputarão a única vaga de senador na eleição de 2022. A menos que um deles aceite disputar uma cadeira na Câmara Federal, Arthur Lira precisará de muito jogo de cintura para acomodar os interesses da dupla.

Senador Biu

A vitória de Arthur Lira na Câmara Federal fez crescer a lista dos possíveis candidatos à única vaga de senador na eleição do próximo ano. O novo pretendente é Benedito de Lira que deve surfar na fama do filho para voltar ao Senado, o que exigirá mais esforços de Arthur Lira para administrar a disputa interna.

Crime e castigo

O secretário de Segurança Pública, Alfredo Gaspar de Mendonça, prometeu esclarecer o assassinato do empresário Kleber Malaquias, “doa em quem doer”. A promessa foi feita esta semana em conversa com amigos da vítima que foram cobrar do secretário a prisão dos assassinos. Malaquias foi executado em Rio Largo há 6 meses e todos os caminhos da investigação levam a crime de pistolagem. A expectativa é que até o final deste mês a Polícia peça a prisão dos pistoleiros, do intermediário do crime e do autor intelectual. Informações não confirmadas revelam que o mandante teria pago R$ 100 mil pelo crime.

Maravilha sob rodas

Anunciado como a oitava maravilha do mundo, o Tiggo 8, novo SUV da Caoa-Shery, tem tudo para desbancar o Jeep Compass, queridinho do mercado de utilitários no país. Segundo Luiz Pires, diretor da revenda Chery em Alagoas, a procura pelo veículo é tanta que foi preciso organizar lista de espera.

Ação rápida O Tribunal de Contas do Estado agiu rápido ao tomar conhecimento das irregularidades na gestão do Alagoas Previdência. Logo após o EXTRA divulgar um relatório do Ministério da Economia que constata falhas na aplicação dos recursos do órgão, o presidente do TC, Otávio Lessa, enviou ofício ao presidente do Alagoas Previdência exigindo explicações.

Ameaças

Procurado pelo EXTRA para falar sobre as irregularidades na gestão dos recursos do Alagoas Previdência, o presidente do órgão, Roberto Moisés dos Santos, não só se negou a dar explicações como ameaçou processar o jornal e o jornalista autor da matéria. Vale lembrar que Roberto Moisés é quem preside o comitê de investimento, responsável pelas aplicações dos recursos dos aposentados e pensionistas, onde ocorreram as irregularidades. Com a palavra o secretário da Fazenda, George Santoro, responsável pela indicação dos dirigentes do Alagoas Previdência.

Clientes Ford

Os proprietários de veículos Ford em Alagoas estão preocupados com a possibilidade de faltar peças de reposição após o fechamento da marca no Brasil. Das três concessionárias Ford no estado, só uma sobreviverá para revender carros de luxo importados pela montadora. Além da incerteza na garantia de assistência técnica, os donos de veículos da marca ficarão dependentes de uma única empresa.

Alô, prefeitos

O município que gastar dinheiro público com festas carnavalescas vai ter que prestar contas ao Ministério Público Estadual. A determinação do procurador-geral de Justiça, Márcio Tenório, é para que os repasses federais aos municípios sejam aplicados na luta contra a covid-19 e em ações sociais de apoio às famílias pobres.

O amigo da vez

Após brigar com seu vice-governador, Renan Filho adotou George Clemente como novo amigo de infância. Desde que assumiu a Prefeitura de São Miguel dos Campos Clemente contou com a presença do governador em todos os eventos públicos promovidos até agora. Ao trocar Arapiraca por São Miguel dos Campos, Renan Filho tem despertado certa ciumeira dos demais prefeitos alagoanos, sobretudo dos aliados do MDB.

Puxa-sacos

O prefeito da Barra de São Miguel, Benedito de Lira, foi o político mais assediado durante a posse do filho Arthur Lira na presidência da Câmara. Enquanto Arthur discursava o pai era disputado por papagaios de pirata que trocavam cotoveladas para aparecer na foto com o pai do novo presidente da Câmara.


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SANTANA DO IPANEMA

Prefeita Christiane Bulhões esconde salário de R$ 27 mil do portal da transparência Gestora ganhou um concorrente de peso no ranking dos maiores vencimentos pagos a prefeitos de Alagoas BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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prefeita de Santana do Ipanema, Christiane Bulhões (MDB), parece ter um novo concorrente de peso em busca do posto de maior salário pago a gestores municipais de Alagoas. Em dezembro do ano passado, o prefeito de Santa Luzia do Norte, Márcio Lima (PP), sancionou um aumento de R$ 6 mil no próprio salário, que hoje é de R$ 12 mil, passando a receber a partir do próximo ano R$ 18 mil. A prefeita do município do Sertão alagoano tem um salário um pouco maior que Márcio Lima. Ela recebe cerca de R$ 27.446,07, “herança” deixada pelo ex-prefeito José Mário Silva, antes da gestão do pai de Christiane, Isnaldo Bulhões, como já foi revelado pelo EXTRA. Além do aumento no salário do prefeito de Santa Lucia do Norte, também receberão um reajuste de R$ 4 mil o vice-prefeito, passando para R$ 12 mil e os secretários, que passarão a receber R$ 4 mil a partir de 2022. Os aumentos foram possíveis porque a própria Câmara de Vereadores da cidade aprovou um projeto de lei sobre os reajustes. O aumento causará um impacto financeiro de aproximadamente R$ 351 mil nos cofres públicos, só no salário do prefeito e do vice-prefeito nos próximos três anos de man-

dato (2022/2024), fora o gasto com o aumento nos salários dos secretários municipais. O reajuste para o prefeito, vice -prefeito e secretários, a partir de janeiro de 2022, chega em um momento em que o governo federal e o Estado enxugam gastos para evitar deficit nas contas públicas, em meio a maior pandemia dos últimos cem anos. A lei entra em vigor em 1º de janeiro de 2022, após vencer, em 31 de dezembro de 2021, a trava a reajustes de servidores imposta pelo plano de socorro aos Estados e municípios em meio à pandemia de covid-19. Segundo a lei, as despesas serão pagas com dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário. Ao contrário do prefeito Márcio Lima, de Santa Luzia do Norte, em que o salário consta no portal da transparência do município para que qualquer pessoa possa ver, a prefeita de Santana do Ipanema, embora vença a competição de salário mais alto, perde no ranking quando o quesito é transparência, já que a Lei 1.004 regulamentada em 2017 não consta do portal do município. A única notícia que se tem sobre o verdadeiro salário da atual prefeita, que é escondido por não constar inclusive na última folha de pagamento disponível no próprio portal da transparência do município, de novembro de 2020, como apurado pelo EXTRA, é a foto de uma cópia afixada da lei

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE OLHO

Christiane ‘herdou’ salário do pai e Márcio já subiu salário de 2022 ISNALDO BULHÕES BARROS

PREFEITO

27.446,07

608,44 (INSS) 6.510,99 (IRRF) 2.843,35 (IRRF)

MARCIO AUGUSTO ARAUJO LIMA PREFEITO

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que foi afixada no mural da sede da Prefeitura Municipal em 2017. A lei que desapareceu do portal estabeleceu os subsídios do prefeito, que passou a ganhar o valor de R$ 27.446,07. Já o vice tem direito a R$ 17.221,07 e os secretários ganham, cada um, a remuneração de R$ 9.417,77. Para os três cargos, a lei também garante o benefício de diárias no caso de viagens fora do município. O EXTRA entrou em con-

tato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Santana do Ipanema para questionar os motivos pelos quais a lei que estabeleceu o aumento salarial do gestor municipal, bem como o motivo pelo qual o valor não é apresentado na folha salarial dos servidores do município, mas até o fechamento desta edição não recebeu retorno. O prefeito de Santa Luzia do Norte também foi procurado pelo semanário, mas ignorou os questionamentos.

20.326,64 9.156,65

O TJ de Alagoas aparentemente está de olho nesses aumentos repentinos propostos pelos próprios gestores ou parlamentares aos seus salários. Os vereadores do município de Palmeira dos Índios, por exemplo, não receberão salários com reajuste aprovado no Projeto de Lei (nº 03/2021) de autoria da própria Mesa Diretora da Câmara Municipal. O PL foi aprovado pelos vereadores em 20 de janeiro e restaurava a Lei 2119/2016, conhecida no meio jurídico como ‘lei do trem da alegria’, pois autorizava o aumento salarial no Legislativo de R$ 5 mil para R$ 8 mil. O juiz André Parízio suspendeu os efeitos da lei na última segunda-feira, 1º, e determinou a manutenção dos vencimentos em valor anterior à aprovação do referido projeto, “abstendo-se o Legislativo Municipal de realizar qualquer pagamento com fulcro na Lei Municipal nº. 2119/2016”. O descumprimento da decisão implica em multa diária de R$ 5 mil e responsabilização por ato de improbidade administrativa. Além disso, o juiz determinou a devolução dos valores excedentes pagos à Câmara. No dia 29 de janeiro, o prefeito de Palmeira dos Índios, Júlio Cezar da Silva, publicou no Diário Oficial do Município o veto ao PL da Câmara. Ele citou como justificativa o parecer da Procuradoria Geral do Município afirmando que o PL violava a Constituição Federal e Lei de Responsabilidade Fiscal, configurando dano ao erário.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Em campanha

Fervendo

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governador Renan Filho iniciou o ano de 2021 com o propósito de mostrar serviço e garantir junto ao eleitorado sua confiança para disputar o cargo de senador da República em 2022. Antecipando a campanha eleitoral, o governador sabe que passará pelo menos seis meses fora do Palácio República dos Palmares e que também não contará com seu substituto se for mesmo o presidente da Assembleia Legislativa,

Marcelo Victor. Pelo seu comportamento, abrindo frentes de trabalho em todo o estado de Alagoas, de norte a sul, Renan Filho acredita que esta é a sua hora. Ele deverá disputar com o senador Fernando Collor, que já se movimenta com habilidade na capital e no interior.

Reforço

Embate futuro

Se depender do deputado federal Arthur Lira, as eleições de 2022 terão um rumo diferente. Alçado à presidência da Câmara dos Deputados, Arthur pode se tornar protagonista das próximas eleições.

Inefavelmente habilidoso ao ponto de se tornar o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira a partir de agora é visto como o personagem que pode mudar a história política de Alagoas. Sua eleição para a Câmara sinaliza que o embate entre seu grupo e o de Renan Calheiros será muito intenso em 2022.

Influência Com mais de cinquenta prefeitos e com a força do cargo de presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira deverá formar uma grande aliança para 2022 para emplacar um candidato na vaga de Renan Filho e outro no Senado, que poderá ser o atual senador Fernando Collor.

Em discussão Enquanto o MDB está procurando um candidato que pode ser o atual secretário de Saúde, Alexandre Ayres, e apoiado por Renan pai e Renan Filho, o Progressista já tem escalado vários nomes para ir para o embate eleitoral.

Aliança Aliado de primeira hora de Arthur Lira, o deputado Marcelo Victor, presidente da Assembleia Legislativa, reforça o time do presidente da Câmara e deverá ser o ponto de equilíbrio durante a campanha pré-eleitoral. Hábil, organizado e com grande poder de articulação, Victor formará uma dupla que dará muito trabalho aos adversários nas próximas eleições.

Vitória do Biu Além de ser eleito prefeito da Barra de São Miguel com bastante facilidade, Benedito de Lira também é um vitorioso na ascensão do seu filho, deputado Arthur Lira, na presidência da Câmara dos Deputados. Por certo que Biu, com sua vasta experiência durante décadas como político de sucesso, será importante no aconselhamento a Arthur nas horas mais delicadas que o cargo exige.

Navegando O prefeito JHC pode dormir tranquilo se sua preocupação era com o apoio da maioria dos vereadores na Câmara Municipal. Aos poucos, como se vê, eles vêm chegando devagarzinho, sorrateiros, para não despertar a curiosidade dos seus eleitores. Muitos deles não suportam estar longe do poder.

Sem reação Mesmo o prefeito JHC dizendo que está abrindo as caixas pretas de alguns órgãos da administração pública, cancelando contratos e suspeitando de que havia muita coisa errada na administração passada, ninguém da gestão do ex-prefeito Rui Palmeira sequer contestou. E quem cala, consente, diz o velho ditado.

Máfia

A distribuição se cargos na Câmara de Vereadores tem trazido alguns desconfortos aos novos integrantes da Casa de Mário Guimarães. Mas o assunto que está sendo tratado por baixo dos panos e que pode vir a público a qualquer momento, está provocando alguns problemas internos. Mas nada que não possa ser resolvido.

Sobre a suposta máfia no transporte, como denunciou o prefeito durante a campanha eleitoral, também ninguém dá explicações, mesmo com a gravidade das acusações.

Sem pena O prefeito JHC está cumprindo o que prometeu na campanha eleitoral. Suspendeu o contrato de iluminação pública, reduziu o preço da passagem de ônibus e vai mexer agora com a coleta de lixo.

Panorama A eleição do deputado Arthur Lira para a presidência da Câmara, certamente mudará o rumo político alagoano para 2022. A partir de agora se antevê novas composições, alianças e acertos para as futuras eleições. Com força no Planalto, Lira pode influir decisivamente na escolha do futuro candidato ao governo.

Collor cotado Pela sua experiência e por já ter exercido o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores no Senado Federal, Fernando Collor foi o nome especulado durante toda a semana como um dos mais cotados para assumir o ministério no governo de Jair Bolsonaro. Se Collor for convidado e aceitar a missão, por certo será de grande importância para o governo neste momento de crise.

Teste Com muita habilidade política, o presidente da Câmara, Galba Novaes Neto, vai ter um teste difícil a cumprir a partir dos próximos dias. Fornecer dados suficientes ao Ministério Público para desvendar supostas aposentadorias fraudulentas acontecidas de 1990 para cá, algumas com salários próximos aos R$ 40 mil.

Sem Carnaval Como já era esperado, o município de Maceió também aderiu à sugestão de que, sem Carnaval, será mais fácil controlar a pandemia do coronavírus. Além da capital, dezenas de outros municípios também aderiram, o que melhora o controle da pandemia e alivia os cofres públicos.

Devagar Muito embora o estado tente correr para conseguir mais vacinas para a população, o sistema anda muito devagar. Até agora, apenas cerca de 1,3% da população foi vacinada, dependendo exclusivamente do repasse dos imunizantes pelo governo federal.


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JOGO DO PODER

Vitória de Arthur Lira define novo cenário para velhos personagens Renan, Collor, Cunha, Barbosa e Rui Palmeira querem mais espaço em 2022, mas não significa que todos terão ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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eleição de Arthur Lira para presidente da Câmara dos Deputados dá um novo tom ao quadro político alagoano, principalmente na definição das eleições de 2022. Líder do Centrão, Lira terá trânsito direto em todos os ministérios, influenciando a vida do estado e de todos os municípios. A escolha do deputado alagoano fortalece as posições dos senadores Fernando Collor, Rodrigo Cunha, possíveis candidatos a majoritárias, assim como, por razões diferentes, ajuda nas posições do prefeito JHC, do presidente da Assembleia, Marcelo Victor, e do prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa. Collor é candidato à reeleição ao Senado e Cunha a governador. JHC é um forte aliado de Arthur Lira e de Collor. Outro amigo político de Artur Lira é Marcelo Victor, que se aproxima da cadeira de governador no próximo ano, escolhido pela Assembleia. Luciano Barbosa assiste, comodamente, o seu peso eleitoral transformar-se num trunfo ainda maior. Estamos no começo de 2021, mas os preparativos para as próximas eleições já estão em andamento.

Os sinais lançados pelas lideranças dos grandes grupos da oposição e da situação vão clareando as articulações que estão sendo realizadas nos bastidores. O senador Renan Calheiros jogou um petardo em cima de JHC antes dele completar o primeiro mês de gestão na Prefeitura de Maceió. Fez duras críticas ao novo prefeito, que se estenderam a Rodrigo Cunha. Mestre em posicionamentos deste tipo, Renan quis definir os campos, colocandose na oposição à atual gestão na capital e olhando JHC e Cunha como adversários em 2022. Por outro lado, Fernando Collor, na campanha à reeleição, foi a Propriá (Sergipe), e, ao lado de Bolsonaro, mandou o recado de que, com apoio do governo federal, incluindo Arthur Lira, é o candidato do bloco de oposição à vaga também pretendida por Renan Filho. Um jogo de pesos-pesados. OBJETIVOS Fernando Collor irá disputar, aos 73 anos, a vaga de senador no próximo ano. Está percorrendo o interior do estado e articulando uma frente capaz de derrotar Renan Filho. Sua tática é conhecida: todo apoio aos seus aliados, como

Arthur Lira discursa logo após a vitória ao lado do pai, o ex-senador Benedito de Lira Arthur Lira - a quem pediu votos na eleição do Congresso, comemorando a vitória como se fosse a dele. Além de JHC, com quem trata diretamente sobre os interesses da Prefeitura. Para seus possíveis aliados, como Rodrigo Cunha, que ainda não fechou acordo para 2022, o tratamento é a pressão política. Denúncias sobre as despesas em seu escritório político em Maceió pagas pelo Senado ou a contratação da

namorada dele pela Prefeitura da capital foram notícias destacadas nos meios de comunicação da família Collor. Para os adversários políticos, o ex-presidente reserva suas articulações nos bastidores e, mais na frente, os discursos de campanha. Cunha parece beneficiado com a eleição de Arthur Lira, que já anunciou: disputará a reeleição de deputado federal, pensando na manutenção do cargo e do prestígio em Bra-

sília. Sem Arthur Lira no caminho, Cunha poderá ser o nome a governador da frente que teria Collor candidato ao Senado, mas, para isso, terá que fechar um acordo com Lira e Collor. O prefeito JHC tem vivo interesse nessa eleição, já que sua mãe – Eudócia Caldas – é suplente de Rodrigo Cunha e teria quatro anos como senadora com a vitória de Cunha.


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JOGO DO PODER Renan Filho em visita às obras do hospital de Delmiro na semana passada

Calheiros colocam o bloco na rua ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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MDB se articula. Responsável pela articulação da chapa situacionista, Renan Filho tem dado espaços a vários nomes que podem disputar o cargo de governador, sem, no entanto, definir-se por nenhum. Entre os membros do governo, o nome de Alexandre Ayres vem crescendo pela sua boa gestão à frente da Secretaria de Saúde durante quase um ano de pandemia, mas o secretário ainda não tem a visibilidade necessária para uma disputa majoritária. Outro nome é o de Alfredo Gaspar, que voltou

à Secretaria de Segurança Pública, mas sua derrota em Maceió tirou-o do páreo e seu retorno é visto apenas como um fruto de um acordo antes das eleições. Novidade política que não passou despercebida pelos que estão de olho em 2022 foi o encontro de Renan Filho com Luciano Barbosa no Palácio dos Martírios. Num clima surpreendentemente amigável, Renan e Barbosa conversaram longamente e acertaram uma série de grandes obras para Arapiraca, como duplicação de estrada até Delmiro Gouveia e o hospital metropolitano. Os políticos mais experientes afirmam que foi o

primeiro passo concreto para o apoio de Luciano ao bloco governista em 2022. Como era de se esperar, Luciano Barbosa deixou de ter espaços nos meios de comunicação de Collor desde que se reaproximou do governador Renan Filho. XADREZ A estratégia do Governo Renan está baseada na confortável situação financeira do estado. Os R$ 5 bilhões nos orçamentos disponíveis para investimentos em 2021 e no próximo ano estão atraindo apoios. Além das grandes obras de engenharia, com duplicações de estradas, construções de hospitais, o governador

apresentou um novo programa, Minha Cidade Linda, que investirá R$ 400 milhões em praças e calçamentos em 90 municípios, tratando diretamente com todos os prefeitos beneficiados. Começou por Pariconha e Delmiro Gouveia. Cada ordem de serviço e cada inauguração serão momentos políticos pensados para 2022. O círculo mais próximo do senador Renan, pai do governador, assim como o do tio, o deputado Olavo Calheiros, não esconde a preocupação com esse cenário e lembram da derrota de Ronaldo Lessa na disputa ao Senado contra Collor em 2002 e a desistência de Teotonio Vilela Filho, também para o Senado, em 2018.

Os dois ex-governadores eram bem avaliados depois de oito anos à frente da máquina estadual e acreditaram na propaganda governamental e nas suas obras, como Canal do Sertão, Centro de Convenções, aeroporto, etc, mas rapidamente se desmancharam politicamente no final da gestão. Lessa foi derrotado por Collor, numa eleição relâmpago para o Senado. Téo Vilela, no final do seu governo, sofreu uma campanha de desconstrução por parte de Collor, que esfumaçou sua imagem, refletida nas pesquisas eleitorais imediatas, obrigando Vilela a abandonar o projeto de voltar ao Senado.


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Collor tem recebido prefeitos de todos os municípios, inclusive JHC, de Maceió, mas Cunha também ocupa espaços e se reúne com secretários, a exemplo de Elder Maia

Disputa em Maceió

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odas as grandes campanhas começam e terminam na capital alagoana, dona de um quarto dos votos, onde o cenário político sofre com a perspectiva de 2022. A Prefeitura de Maceió é um espaço comandado por JHC, com a influência cada vez mais sentida do deputado Davi Maia, o nome forte da administração municipal e candidato a deputado federal, e de Rodrigo Cunha. Em clima de campanha e cada vez mais próximo de Fernando Collor, JHC colocou as baterias contra Rui Palmeira, aliado de Renan Filho, acusando a gestão passada de ter deixado um rombo de R$ 320 milhões nos cofres municipais. A relação do prefeito com Ronaldo Lessa é apenas formal e o espaço do PDT na Prefeitura é considerado

como secundário. Nos bastidores comenta-se a necessidade de uma aproximação do PDT com outros partidos, como o REDE, para a campanha de 2022. O nome de Heloísa Helena para o Senado, numa chapa com Lessa governador, é o sonho de consumo dos líderes nacionais do PDT e da presidente da REDE Marina Silva. JHC = DESGASTE O novo prefeito de Maceió está terminando o primeiro mês de gestão com relativo desgaste pela falta de respostas concretas e pelo uso constante das redes sociais, no que é acompanhado por sua equipe. Usuário assíduo das redes sociais, sua marca desde quando era deputado estadual, JHC solicitou, ainda

na fase de transição, currículos de quem queria trabalhar na prefeitura e 20 mil pessoas acreditaram na promessa. Não houve contratações e compreendeu-se como uma atitude impensada. Mesmo a redução das passagens de ônibus por um decreto não causou o efeito desejado porque não mostrou a planilha dos custos das empresas, levantou muitas dúvidas do Ministério Público, com repercussão nas mídias, ficando como o ditado: a montanha pariu o rato. A oposição a JHC está aproveitando as mesmas redes sociais para desgastar o atual prefeito de Maceió. O convite para o youtuber Carlinhos Maia se vacinar de forma privilegiada foi muito divulgado; a contratação da cantora Millane Hora, namorada de Rodrigo

Cunha, e a mudança do nome da Praça Dandara, desfeita horas depois, não ajudaram na imagem do prefeito. A oposição aposta que a presença excessiva nas redes sociais, com o desfile de secretários divulgando selfies, porém sem apresentar soluções para a cidade, está dei-

O CONVITE PARA O YOUTUBER CARLINHOS MAIA SE VACINAR DE FORMA PRIVILEGIADA FOI MUITO DIVULGADO; A CONTRATAÇÃO DA CANTORA MILLANE HORA, NAMORADA DE RODRIGO CUNHA, E A MUDANÇA DO NOME DA PRAÇA DANDARA, DESFEITA HORAS DEPOIS, NÃO AJUDARAM NA IMAGEM DO PREFEITO.

xando de ser novidade que pode provocar o desgaste da gestão recém empossada. ESQUERDA Em Maceió, a esquerda parece ter acordado e começou a se movimentar. As duas manifestações contra Bolsonaro, em forma de carreatas, juntaram PT, PCdoB, PSol e muitos movimentos sociais e a militância desses partidos de esquerda foram para as ruas, depois de quase um ano de isolamento social. No domingo passado, além desses partidos, se notavam as presenças de personalidades ligadas ao antigo PSB e ao PDT, como o ex-deputado Judson Cabral e o líder do governo na Assembleia Ronaldo Medeiros. Esse movimento aproximou os vários grupos que estiveram em disputa pela Prefeitura de Maceió e que, agora, querem capitalizar a insatisfação anti-Bolsonaro. E os anti-Bolsonaro e os anti-Renan estão lado a lado. 2022 promete.


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Omissão do TJ leva para o STF inquérito que investiga juiz por golpe contra a Caixa No ano passado Giovanni Jatubá recebeu pena de censura por negligência em ações para entrega de medicamentos pelo Estado VERA ALVES Especial para o EXTRA

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unido no ano passado com a pena de censura em virtude de negligência em processos para entrega de medicamentos pelo Estado, o juiz Giovanni Alfredo de Oliveira Jatubá vai ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao qual foi enviado um inquérito policial que aponta para a participação do magistrado em um golpe milionário contra a Caixa Econômica Federal e uma cliente da instituição bancária em outubro de 2015. O caso deveria ser analisado pelo Tribunal de Justiça de Alagoas, mas terminou seguindo para o STF depois que 9 dos 15 desembargadores que compõem o Pleno da Corte se averbaram suspeitos para julgarem a questão. Lotado atualmente na 6ª Vara da Comarca de Arapiraca, Jatubá é suspeito de ter atuado em conluio com um advogado e um homem que se dizia herdeiro único de uma idosa residente no Rio de Janeiro na época em que era titular da Vara do Único Ofício de Piranhas, no Sertão alagoano. O objetivo era se apossar dos mais de R$ 5 milhões então depositados em três contas da vítima que chegou a ser declarada morta mediante um atestado de óbito falso fornecido por um cartório do interior do Piauí, estado onde ela jamais esteve. Investigações feitas pela Polícia Federal a pedido da Caixa depois de a instituição ter sido comunicada da tentativa de golpe por advogados da vítima – Cyrene Paiva Carnavale, aposentada do serviço público federal desde 1981 – confirmaram a fraude dos documentos apresentados pelo

Jatubá está sob suspeita de participação em fraude milionária suposto herdeiro, Joaquim Paiva Neto, no processo de número 0700364-82.2015.8.02.0030. Joaquim Paiva, que se dizia morador de Olho d’Água do Casado, esteve representado no processo pelo advogado Fabiano Souza Rodrigues, ao qual dera uma procuração registrada no Cartório do Único Ofício de Piranhas, que tem como tabeliã interina Heloísa Maria de Souza Leite, e como substituto o filho dela, Wellington Damasceno Freitas Júnior, filho do ex-prefeito Wellington Damasceno, o Xepa, e sobrinho do desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas. Respondendo efetivamente pelo cartório, Wellington Júnior

chegou a ser ouvido pela PF, mas afirmou não se recordar do falso herdeiro ou mesmo do advogado, embora tenha reconhecido como sua a assinatura constante na procuração. Mas o que mais chamou a atenção nas investigações foi o fato de que o juiz Giovanni Jatubá tenha ignorado o alerta de fraude feito pela gerência da Caixa na cidade de Piranhas e insistido na liberação dos valores – um total de R$ 5.280.279, 96 – depositados em três contas de agências localizadas no Rio de Janeiro, dos quais pouco mais de R$ 18 mil chegaram a ser sacados por Fabiano Rodrigues e entregues ao falso herdeiro.

Dez dias depois da primeira sentença, que expediu o alvará para liberação dos valores e sua transferência para uma conta em nome do juízo, e já avisado da fraude, o magistrado expediu nova decisão para execução da sentença. Terminaria, contudo, por revogar as decisões anteriores após os advogados da vítima terem encaminhado ao juízo documentos que comprovavam que Cyrene Paiva estava viva e lúcida e que não tinha qualquer parentesco com Joaquim Paiva Neto. A conduta ao menos negligente de Jatubá foi relatada por um então assessor seu, Givanildo Oliveira dos Santos, posteriormente demitido pelo magistrado após uma discussão. O interesse de Santos pela liberação dos valores e conversas telefônicas suas com o advogado Fabiano Souza Rodrigues no curso da tentativa de saque dos mais de R$ 5 milhões levaram a PF a suspeitar de seu envolvimento na fraude. Inicialmente remetido à Justiça Federal, o inquérito policial, aberto em 2016, terminou sendo remetido ao Tribunal de Justiça diante das suspeitas de participação do magistrado. Ficou, contudo, paralisado porque nenhum desembargador aceitou ser o relator. Em março do ano passado, o desembargador Klever Loureiro – hoje presidente do TJ – decidiu pela remessa ao STF diante da constatação de que não se alcançaria quórum para qualquer decisão, já que 9 dos 15 integrantes do Pleno se averbaram suspeitos. CENSURA Em maio do ano passado o TJ aplicou a de pena de censura a Giovanni Jatubá por negligência e procedimentos incorretos no trâmite de quatro ações que tramitavam na 4° Vara de Arapiraca envolvendo medicamentos de alto custo a serem fornecidos pelo Estado, favorecendo, assim, um

esquema de licitações irregulares com prejuízo aos cofres públicos. O esquema envolvia as empresas Campos Distribuidora de Medicamentos Ltda, pertencente a Josimar Campos de Araújo, e a KM Distribuidora de Medicamentos Ltda, pertencente à esposa de Josimar e por ele administrada, e consistia em serem as duas empresas as “eleitas” numa suposta cotação de preços para o fornecimento das medicações a serem bancadas pelo Estado. Ambas passaram a ser privilegiadas a partir da edição de uma portaria pelo próprio magistrado que determinava o cadastramento de empresas fornecedoras de medicamentos aos quais posteriormente era enviado o pedido de cotação de preço para determinado remédio. O alto valor dos medicamentos e a coincidência de empresas participantes da cotação – a Campos Distribuidora e a KM – acenderam o alerta na Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e na Procuradoria Geral do Estado, a cuja Procuradoria Judicial coube a tarefa de denunciar o caso ao Tribunal de Justiça e Ministério Público Estadual. As suspeitas se confirmaram em ao menos quatro ações judiciais, duas impetradas em 2016 e outras duas em 2017. Para se ter ideia do prejuízo aos cofres públicos, em uma delas o juiz Giovani Jatubá determinou a compra da medicação à KM Distribuidora que fornecera o valor de R$ 711.560. O detalhe é que o paciente ao qual era destinada a medicação havia ingressado com o mesmo pedido junto à 16° Vara Cível de Maceió, onde o valor global ofertado por outras empresas fora de R$ 299.500. Nesta, e nas demais ações judiciais sob suspeita, Campos Distribuidora e KM apresentavam preços com pequenas variações, numa clara tentativa de dar legalidade ao processo. Assim, a Campos deu como valor para compra R$ 711.600, ou seja, apenas R$ 40 a mais do que a falsa concorrente.


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IMORALIDADE

STF leva 10 anos para julgar ação e beneficia desembargador alagoano CNJ decide por prescrição de ressarcimento aos cofres públicos de verbas recebidas por Washington Luiz

VERA ALVES Especial para o EXTRA

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Supremo Tribunal Federal (STF) levou 10 anos para julgar um mandado de segurança impetrado pelo desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas contra decisão do Conselho Nacional de Justiça que o obrigava a devolver aos cofres públicos mais de R$ 350 mil (em valores de 2009) recebidos irregularmente. Como resultado da morosidade, o CNJ decidiu que ele não terá de devolver mais nada porque o prazo para cobrança do ressarcimento prescreveu. O caso envolve verbas salariais recebidas indevidamente pelo desembargador no período de novembro de 2004 a janeiro de 2005. Tais verbas eram referentes a diferenças salariais correspondentes aos períodos de janeiro de 1995 a julho de 1998 e de março de 2000 a dezembro de 2002, cujos pagamentos, pelo TJ, foram efetivados de novembro de 2004 a janeiro de 2005, na primeira gestão de Washington Luiz como presidente da Corte. Um detalhe: ele assumiu o cargo de desembargador em fevereiro de 1998 e, ainda assim, recebeu diferenças de anos anteriores ao de seu ingresso no TJ. Em setembro de 2008 o CNJ instaurou o Procedimento de Controle Administrativo 0002450-62.2008.2.00.0000 que, ao final do julgamento, em maio de 2009, culminou pela determinação de reembolso, por parte do desembargador, de um total

Em 2015, Washington Luiz foi convidado por Canuto para a posse de R$ 354.526 em valores da época e que hoje, corrigido pelo INPC (índice normalmente utilizados em demandas judiciais), totalizam 673.286,00. O então relator do PCA, Mairan Gonçalves Maia Júnior, apontou as seguintes irregularidades: ausência de lei específica fixando ou alterando a remuneração dos magistrados do TJAL, desde 1995; ausência de retenção da contribuição previdenciária; pagamento de diferenças salariais no período anterior ao ingresso do requerido no TJAL como desembargador (pelo quinto constitucional), em 3/2/1998; e, o requerido foi ordenador de despesa, na qualidade de presidente do TJAL, e beneficiado pelos pagamentos

irregulares. Contrariado com a decisão do CNJ, que acatou as conclusões do relator, Washington Luiz ingressou em julho de 2009 com um mandado de segurança junto ao Supremo Tribunal Federal e obteve liminar da ministra Ellen Gracie suspendendo os efeitos da decisão até o julgamento do mérito, mérito este que somente foi julgado em outubro de 2019 pela ministra Rosa Weber (que assumiu a relatoria após a aposentadoria de Ellen Gracie). Rosa Weber acatou em parte os argumentos do desembargador e determinou novo julgamento da questão pelo CNJ já que os advogados de Washington Luiz não teriam sido cha-

mados para sustentação oral na sessão de julgamento do dia 12 de maio de 2009. Decorridos mais de 10 anos, o PCA passou para novo relator, o desembargador federal Rubens de Mendonça Canuto Neto, cujo relatório foi a julgamento no Pleno Virtual do CNJ em 16 de outubro do ano passado. A conclusão do relator foi a mais simples: prescrição da causa. “Vislumbra-se que: i. os pagamentos supostamente indevidos foram realizados entre novembro de 2004 e janeiro de 2005, quando nasceu a pretensão reparatória, portanto; ii. o PCA foi instaurado em setembro de 2008 e julgado em maio de 2009, quando a pretensão de ressarcimento administrativo ainda estava dentro do prazo prescricional; iii. A anulação parcial do acórdão e a determinação de realização de novo julgamento somente ocorreu em outubro de 2019. Assim, não é mais possível o exercício da pretensão de ressarcimento ao erário, por via administrativa, na medida em que ultrapassado o prazo prescricional quinquenal. Diante do exposto, reconheço a prescrição da pretensão administrativa de ressarcimento ao erário dos valores recebidos indevidamente, em tese, pelo Desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas (TJAL) entre novembro de 2004 a janeiro de 2005, referentes a diferenças salariais correspondentes aos períodos de janeiro/1995 a julho/1998 e março/2000 a dezembro/2002, e julgo improcedente o pedido”, afirmou Rubens Canuto, cujo parecer foi aprovado pela quase

totalidade dos conselheiros do CNJ. O único voto divergente foi o do conselheiro Marcos Vinícius Jardim Rodrigues, segundo o qual, “em razão da gravidade da conduta do Requerido – que deverá ser apurada em processo judicial – voto para que sejam remetidas cópias do presente procedimento ao Ministério Público e à Procuradoria Geral do Estado de Alagoas, com vistas às diligências pertinentes”. Foi, contudo, vencido pelos demais conselheiros. Vale lembrar que, pelo Código Penal, o recebimento irregular de verba por funcionário público é caracterizado como crime de peculato-apropriação (artigo 312, caput, primeira parte), com pena de 2 a 12 anos de reclusão mais multa. SOBRE O RELATOR Rubens de Mendonça Canuto Neto é alagoano. Tem 45 anos e foi empossado conselheiro do CNJ a 11 de setembro de 2019 na vaga destinada ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, onde atua como desembargador desde 11 de dezembro de 2015. Bacharel em Direito pelo Cesmac, foi advogado Geral da União em Alagoas no período de 2000 a 2002. Atuou como juiz federal no Paraná (de agosto a outubro de 2002) e em Alagoas (de 2002 a 2015). Ingressou no serviço público como técnico judiciário do Tribunal Regional de Eleitoral de Alagoas (1997 a 1999), de onde saiu para atual como delegado da Polícia Federal até 2000.


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CARTÃO CRIA

Governo lança programa de transferência de renda em São Miguel dos Campos Beneficiários serão famílias que vivem em extrema pobreza

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programa de transferência de renda para famílias que vivem em situação de extrema pobreza em Alagoas foi oficialmente implantado pelo governador Renan Filho na terça-feira, 2. O município de São Miguel dos Campos foi escolhido para o lançamento do Cartão CRIA e a primeira entrega do produto aos beneficiários. O prefeito George Clemente, o viceprefeito, Dr. Benildo Chagas, e a secretária Municipal de Assistência Social, Jacqueline Vieira, recepcionaram o governador Renan Filho e o secretário de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social, Silvio Bulhões. A ação faz parte do Programa Criança Alagoana (CRIA), criado pelo Estado para garantir o desenvolvimento integral da primeira infância. O Cartão CRIA vai distribuir R$ 100 mensalmente, através da Caixa Econômica, recursos do governo estadual destinados a compras de alimentos para garantir mais qualidade nutricional para gestantes e crianças. Neste primeiro momento, 236 famílias já foram cadastradas em São Miguel dos Campos, com gestantes em sua composição, as quais já começarão a receber o benefício a partir do dia 15 de fevereiro. “A vida das gestantes e de seus filhos, com certeza, ficará melhor a partir de agora. Agradeço ao governador Renan Filho por escolher a nossa amada São Miguel dos Campos e essa nossa parceria só tem se fortalecido. Será um impacto muito positivo ao desenvolvimento da primeira infância em Alagoas; uma criança bem cuidada hoje, será um adulto mais produtivo e preparado para o mundo”, disse o prefeito George Clemente na solenidade. “Esse auxílio ajudará a milhares de famílias. Me sinto realizado em poder ajudar a tantas mães e aos seus filhos. Hoje, ouvi de algumas a importância que esse valor terá

em suas casas. Sem dúvida, este é um dos momentos mais gratificantes da minha gestão. Em Alagoas, serão R$ 18 milhões destinados por mês ao CRIA, beneficiando 180 mil mães. Estamos fazendo por quem precisa”, frisou Renan. Segundo a secretária Municipal de Assistência Social, Jacqueline Vieira, esse é um momento de transformação social. “O projeto está com o olhar voltado às políticas públicas para a primeira fase da vida dos alagoanos. O objetivo do CRIA é dar condições para o desenvolvimento integral das crianças, além de melhorar as condições de vida das famílias, possibilitando o acesso a serviços - especialmente aquelas em situação de maior vulnerabilidade social-, visando constituir uma rede de proteção social”, afirmou. O secretário de Assistência Social, Silvio Bulhões, deu mais detalhes sobre o programa. “Haverá um acompanhamento familiar de saúde e assistência social, fortalecendo as ações do Programa Criança Alagoana, do governo do Estado de Alagoas. E o auxílio

possibilitará que as famílias gerem renda no próprio município”, informou. A primeira mãe miguelense a receber o cartão foi Lúcia Gomes, de 31 anos, que teve filho há 5 dias. “Estou me recuperando, mas não poderia deixar de vir. Eu, meu filho e minha família agradecemos ao governador Renan Filho e ao prefeito George Clemente. Esse programa ajudará muito a todos nós”, disse emocionada. Participaram da solenidade os vereadores Diney Torres, Feitosa, Jorge da Farmácia, Djanete e Naldo da Fascinante; o prefeito de Campo Alegre, Nicolas Pereira; e a gerente geral da agência da Caixa de São Miguel dos Campos, Geociene Fragoso. Também fizeram parte da frente de honra o secretário Municipal de Articulação Política, Jó Clemente, a secretária Municipal de Saúde, Adeline Carvalho, o secretário de Comunicação Social e Cultura, André Vieira, a secretária Municipal da Mulher, Quitéria Julião, a secretária de Infância e Juventude, Mônica Félix, o secretário Municipal de Segurança Urbana, Carlos Oliveira, e o superintendente municipal da SMTT, Anderson Minervino.


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ALAGOAS PREVIDÊNCIA

Presidente faz “mea culpa” ao Ministério da Economia JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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pós revelação pelo EXTRA das irregularidades no funcionamento da Alagoas Previdência, o diretor-presidente do órgão, Roberto Moisés dos Santos, encaminhou ao Ministério da Economia, no dia 1º de fevereiro, esclarecimentos a respeito da auditoria realizada na data de 12 de novembro do ano passado pela Subsecretaria de Assuntos Previdenciários. Segundo a auditoria, a Alagoas Previdência estaria utilizando de forma irresponsável os recursos previdenciários e aplicações financeiras do fundo. Essa situação impede o governo estadual de receber o Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP) do Alagoas Previdência, que perdeu a validade no dia 2 de fevereiro. Vale salientar que o Estado só tem conseguido esse documento por conta da Ação Cautelar nº 1.875-7, que ainda aguarda julgamento de mérito no Supremo Tribunal Federal (STF). O CRP é fornecido pela Secretaria de Políticas de Previdência Social, que atesta, segundo o próprio órgão, “o cumprimento dos critérios e exigências estabelecidos na Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998”. O CRP é exigido para realização de transferências voluntárias de recursos pela União; celebração de acordos, contratos, convênios ou ajustes; concessão de empréstimos, financiamentos, avais e subvenções em geral de órgãos ou entidades da Administração direta e indireta da União; liberação de recursos de empréstimos e financiamentos por instituições financeiras federais; e pagamento dos valores referentes à compensação previdenciária devidos pelo Regime Geral de Previdência Social – RGPS.

Moisés enviou na segunda-feira resposta à notificação de novembro Ao Ministério da Economia, o Alagoas Previdência explicou que já providenciou a retificação dos Demonstrativos de Informações Previdenciárias e Repasses – DIPR dos anos de 2015, 2016 e 2017, informando os valores corretos das Despesas Administrativas em seus respectivos anos. Esse era um dos pontos identificados como irregular na última auditoria realizada. “Esta Autarquia, após tomar ciência da análise final da auditoria (...) providenciou a retificação dos DIPR’s segregando as Despesas com Proventos e Pensões dos Poderes/Órgãos, anteriormente lançada juntamente como Outras Despesas. Foram retificados, também, os mesmos demonstrativos a partir do 1º Bimestre de 2020, de forma que fossem inseridos aos mesmos as informações de Proventos e Pensões de tais Poderes/Órgãos”, especificou Moisés no documento. Também houve a retificação dos demonstrativos das aplicações e investimentos dos recursos. De acordo com a autarquia, foram lançados todos os “recursos existentes nos Fundos Previdenciários (Fundo de Previdência, UG 130570; Fundo Financeiro, UG 130571 e Fundo

dos Militares, além dos recursos da Autarquia (UG 130569)”. Moisés cita, ainda, o que poderia estar ocasionando diferenças e oscilações na apresentação das contas da autarquia. “Após tomar ciência da análise final da auditoria no que se refere a este item, [a Alagoas Previdência] reconhece o auxílio na análise e orientação pelo auditor-fiscal Sr. Luciano Carlos Silveira no apontamento de algumas situações que podem estar ocasionando as diferenças apontadas ao longo dos anos de 2015, 2016 e 2017. Ratifico as dificuldades encontradas por esta autarquia na análise, mas com as orientações do auditor busca uma forma de encontrar informações adicionais para que esses ajustes sejam embasados na prestação dos esclarecimentos fundamentados e, em sendo necessário, na retificação dos DIPRs”. A análise final da auditoria destacou, ainda, a transferência de recursos do Fundo de Previdência para o Fundo Financeiro no valor de R$ 93.415.363,53. “Em relação aos ativos financeiros, foi realizado um levantamento completo de todas as contribuições patronais e dos

Autarquia corre atrás de certificado expirado no dia 2 de fevereiro

participantes do Poder Executivo ao Fundo de Previdência (capitalizado), desde o início da vigência da Lei Estadual nº 7.114 de 05 de novembro de 2009 até 31 de dezembro de 2015. Por determinação do Governo do Estado de Alagoas e do Conselho Deliberativo da AL Previdência, estes valores foram corrigidos pela Meta Atuarial (6% de juros ao ano e correção pelo IPCA-IBGE), apesar dos rendimentos dos investimentos observados no período serem ligeiramente inferiores a este indicador. Este levantamento também contemplou todos os Poderes do Governo do Estado de Alagoas que ainda não haviam formalizado convênio de adesão ao modelo de financiamento gerido pela AL Previdência”, pontuou. E prosseguiu: “Foram elaboradas avaliações atuariais completas para cada Poder, identificando o impacto atuarial ao Fundo de Previdência. Como pressuposto básico, estabeleceu-se que no mínimo fosse aportado o valor correspondente às contribuições patronais e dos segurados devidamente atualizadas pela meta atuarial, desde o início da vigência da Lei Estadual nº 7.114/2009. No caso de adesão de cada Poder, este valor deverá ser repassado ao Fundo de Previdência, agora gerido pela Alagoas Previdência, ou parcelado, conforme previsto nos parágrafos do Artigo 113 da Lei 7.751/2015”. O presidente do Alagoas Previdência também prestou esclarecimentos sobre conta contábil denominada “Antecipações de Contribuições Governo do Estado”. “Os recursos dessa conta eram baixados mensalmente, na medida de suas necessidades, para pagar os valores de contribuição patronal, que são devidos ao Fundo Previdenciário juntamente às contribuições retidas na folha de pagamento dos servidores, mantendo-se o

saldo remanescente em poder da AL Previdência que, para preservação do valor da Moeda, os investia no mercado financeiro. Em outras palavras, desde o início da gestão da AL Previdência em janeiro de 2010, uma parte dos investimentos estava contabilizada como ‘Antecipações de Contribuições Governo do Estado’. Estes recursos são remanescentes do RPPS anterior, instituído pela Lei 6.288/2002 e seriam repassados ao Fundo de Previdência gradualmente, como contrapartida patronal às contribuições dos segurados deste Fundo do Poder Executivo. A partir da vigência da Lei 7.751/2015, estes valores foram destinados prioritariamente à composição do Fundo de Previdência, conforme a atualização já mencionada, e os saldos remanescentes destinados aos Fundos Financeiro e Militar”, destacou em documento encaminhado ao ministério de Paulo Guedes. “Ressaltamos que a transferência desses recursos do Plano Previdenciário foi analisada e aprovada pelo então Ministério da Previdência à época, ficando apenas a conferência dos valores em tela. Tanto foi assim, que o Termo de Conciliação celebrado entre o Estado de Alagoas e a União nos seus considerandos corroboram no sentido de que a Lei 7715/2015 foi aceita, tanto na questão da reestruturação, como na questão da revogação da Lei anterior de Serviço Social e da segregação de massa, passando a valer a da nova Autarquia Previdenciária”. E concluiu afirmando haver constatado a necessidade de revisão dos valores lançados, especificamente para as Receitas e Despesas de 2015, e da revisão cadastral de todos os Órgãos da Administração Direta do Poder Executivo, retificando o equívoco no preenchimento dos órgãos do Estado de Alagoas nos DIPRs.


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EFICIÊNCIA

Coqueiro Seco conclui vacinação de profissionais da saúde e de idosos acima de 85 anos

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om a distribuição das vacinas Coronavac e Oxford/ AstraZeneca, todos os profissionais da saúde na linha de frente do combate à covid-19 e os idosos com 85 ou mais foram vacinados em Coqueiro Seco. A cidade foi, inclusive, o primeiro dentre os 102 municípios alagoanos a finalizar a fase de vacinação dos profissionais da saúde. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o município recebeu na primeira etapa um total de 41 doses da Coronavac. Visando dar celeridade à vacinação, toda uma estrutura foi montada para que os profissionais pudessem ser vacinados, tornando Coqueiro Seco referência de município na luta para imunização de todos. Com a vacina de Oxford/AstraZeneca, 50 idosos foram imunizados na cidade. Além de organização e rapidez na aplicação das doses, Coqueiro Seco vem ganhando destaque em Alagoas desde o início da pandemia pela estrutura e eficiência no combate à covid-19. “A prefeita Decele Damaso solicitou que toda equipe que está na linha de frente desse o máximo para que a missão fosse cumprida o quanto antes. Montamos a estratégia e graças ao esforço de todos conseguimos vacinar nosso público-alvo”, destaca a secretária Municipal de Saúde, Yonara Toledo. As doses dos imunizantes estão sendo ministradas

por ordem de prioridades recomendadas pelo Ministério da Saúde. “Gostaria de lembrar à nossa gente que é preciso continuar usando máscaras, álcool em gel e mantendo o distanciamento de pessoas que não residem no mesmo teto. Aqui em Coqueiro os números mostraram que a população está nos ajudando e nós estamos fazendo tudo certo para que o número de casos seja cada vez menor e que não tenhamos mais nenhuma morte”, explicou a prefeita Decele Damaso.

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BAIRROS AFUNDANDO

Pinheiro, um dos mais afetados pelo afundamento do solo, é agora um bairro fantasma

Empresários reclamam de abandono e omissão do poder público Há três anos moradores e comerciantes dos cinco bairros afetados pelo afundamento do solo esperam solução por parte da Braskem

MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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situação dos empresários dos cinco bairros afetados pelo afundamento do solo em Maceió vem se complicando a cada dia. Este mês a tragédia que ficou conhecida como “Caso Pinheiro” completa três anos e pouco foi feito para minimizar o sofrimento daquela população. Na última semana, a empresária e bailarina Eliana Cavalcanti desabafou em suas redes sociais e a postagem teve grande repercussão. Na carta-apelo, a bailarina trata da omissão, do descaso,

da alienação e da falta de compromisso dos políticos, das autoridades, da imprensa e dos cidadãos comuns. “Cada um com seu quinhão de culpa. É claro que, com raríssimas exceções, tivemos pessoas que se sensibilizaram e tentaram, cada um no seu espaço, lutar bravamente contra essa destruição da nossa querida Maceió. Sempre achei o povo alagoano pouco ‘bairrista’, mas não imaginei que chegasse a tanto. Trata-se não só de cidadãos moradores e empreendedores gritando por socorro, vivendo com muito sofrimento e falta de perspectivas, mas da preservação de uma cidade que está em agonia, afinal já são cinco bairros afetados, e podere-

mos ter muito mais, pois como já falei na carta, o desastre tem uma magnitude sem fronteiras”, desabafou. A empresária acrescentou que “a Braskem já tinha nos nocauteado duramente, e veio o Ministério Público com um acordo que nos colocou na lona, tirando o nosso equilíbrio financeiro e emocional. Para os que não sabem, o acordo Ministério / Braskem nos fez assinar um Termo de Posse em favor da mineradora, e ficamos sem saber quando nem quanto vamos receber de indenização. Uma morte lenta anunciada”, comparou. Eliana Cavalcanti disse que espera celeridade nas indeniza-

Primeiras rachaduras confirmadas pela Defesa Civil há três anos ções. “Elas deverão ser para ontem. Precisamos salvar vidas. Não sairemos ilesos desses quase três anos de angústia, mas, recebendo a minha indenização, que espero, seja justa, não quero mais ouvir falar em Braskem. Vou passar uma borracha”, afirmou a empresária que mesmo sendo escritora, já prometeu a si mesma que não escreverá uma linha sequer sobre esse pesadelo. “Espero cumprir a minha promessa”, concluiu. Geraldo Vasconcelos, empresário e um dos líderes do movimento SOS Pinheiro, também desabafa. “Passados três anos do Caso Pinheiro, barbárie socioambiental patrocinada pela Braskem, pouquíssimo avançamos em direção à justiça para os 55 mil refugiados ambientais vítimas desse holocausto urbano de todos já exaustivamente conhecido, especialmente das autoridades em nível local e nacional”, afirmou. Segundo Vasconcelos, “apesar da aparente conquista tão propagada disso que chamam de Termo de Acordo, com direito até a matéria em periódico do Observatório do CNJ, esse

se apresenta como peça impositiva utilizada diuturnamente sem escrúpulo algum para torturar e banir definitivamente os verdadeiros donos da terra, aqueles que labutaram por décadas para conquistarem seus sonhos, construírem seus lares e abrigarem seus familiares. Vazios abissais não definidos em seu texto jurídico hermético permitem que a tortura e terror se repitam em um novo formato, na forma de um jogo sem regras que a Braskem opera contra todos esses refugiados, moradores e comerciantes, ditando valores indecentes, valores imorais aos imóveis e danos morais dessas vítimas já combalidas e desamparadas, da forma que melhor lhe convém ao seu tempo e ao sabor do seu fluxo de caixa”, criticou o representante do movimento. Segundo ele, aquele ou aquela que se atreve a contestar quaisquer das transgressões da mineradora é imediatamente fuzilado com a força brutal da inoperância da própria justiça brasileira: “Ou você aceita ou recorra à justiça”.


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CARTA ABERTA DE ELIANA CAVALCANTI

(publicada em suas redes sociais)

Eliana Ca-valcanti ao comemorar 45 anos de ensino, em 2018

Prédio que abrigou a escola por mais de 40 anos

Pinheiro Um apelo necessário e urgente Estou, constantemente, ouvindo perguntas ou comentários de maceioenses que ainda não atinaram para o grave desastre causado pela mineradora Braskem a cinco bairros de Maceió. Há o desconhecimento (e isso é incrível!); a acomodação (como se o fato estivesse acontecendo lá na Groelândia); e há a preocupação em sempre “sair bem nas fotos” e garantir as suas benesses. E, com isso, mais de 45 mil pessoas amargam uma situação catastrófica e cerca de 4 mil empreendedores (3.300 com CNPJs ativos e uns 600 informais) enfrentam uma batalha desumana. E é aí, nos empresários, que quero chegar. Vocês sabiam que somente os moradores tiveram direito a R$ 1.000,00 de auxílio-moradia (quantia repassada mensalmente, tanto para quem morava numa casinha simples quanto para quem morava numa mansão), e nós, empresários, não estamos recebendo nem essa quantia irrisória? Aqui, um detalhe importante: os moradores não têm encontrado, nos bairros vizinhos,

apartamentos ou casas para alugar por R$ 1.000,00, tendo de complementar o valor. Nós que conseguimos mudar de bairro, estamos pagando R$ 15.000,00 R$ 10.000,00 ou R$ 7.000,00 de aluguel. O acordo feito entre a Braskem e o Ministério Público nos deixou sem voz e sem vez. Foi, repito, um acordo cruel e unilateral, pois só favoreceu à Braskem. Se estivessem pagando, pelo menos, nossos aluguéis (não os míseros R$ 1.000,00, é claro!), e nos ressarcindo do quanto gastamos para nos estabelecer em outro bairro, já seria uma ajuda. E os outros empresários, aqueles que não puderam sair do bairro? Esses, simplesmente, estão num bairro abandonado, arrodeados por escombros, num verdadeiro cenário de pós-guerra, sem clientela e sendo assaltados a todo momento. No meu caso, consegui sair porque vendi nosso carro e levantei um empréstimo no Banco do Nordeste para pagar em três anos. A Braskem nos deu R$ 10.000,00 para a mudança da empresa, e eu tive de gastar mais R$ 60.000,00. Por que tanta insensibilidade, se a empresa tem tanto dinheiro?

Os que passam pela nova sede ou veem as fotos que posto na mídia social, fazem comentários desta ordem: “Eliana é poderosa!”. Pensam que já recebi a minha indenização, comprei um novo espaço e que, portanto, “estou numa boa”. No entanto, o que era meu está no Pinheiro, e agora é da Braskem, desde que o acordo Braskem/Ministério Público me obrigou a assinar um Termo de Posse para a mineradora, tirando de mim aquele imóvel que construímos, eu e meu marido, há quarenta anos, especialmente para ser uma escola de balé. Fomos expulsos de nossas casas, e não sabemos quanto nem quando iremos receber a nossa indenização. Hoje, tenho um compromisso de um aluguel que não estou conseguindo honrar. Graças à Lei Aldir Blanc, concorri e fui agraciada com três prêmios que me fizeram pagar cinco meses de aluguéis atrasados e o 13º salário dos funcionários. Porém, já estou devendo cinco meses, novamente. Nenhuma empresa teve direito a auxílio-aluguel e, que eu saiba, nenhuma recebeu indenização até agora, com exceção do Centro Sportivo Alagoano (CSA). Quem souber de alguma outra empresa, por favor, me faça ciente. Estamos sofrendo há dois anos. Em junho passado, fecharam nossa escola com tijolos e, no dia 15 de outubro, tive um encontro on-line com a facilitadora da Braskem e o nosso advogado. Foram mais de duas horas de conversa. Desse encontro, já se passaram três meses. Isso nos leva a crer que querem nos exaurir ao extremo e, depois, oferecerem um valor aquém das nossas expectativas. Por todo o serviço prestado à cultura de Alagoas, recebi, ao longo dos anos, prêmios, medalhas, comendas e títulos. Não vou perder meu tempo enumerando-os aqui. Para que servem, afinal? Comecei a trabalhar aos 15 anos, em Recife, não por necessidade, mas porque considerei o convite da minha professora de balé, para ensinar em sua escola, muito honroso. Trabalhei sempre os três horários e, muitas vezes, aos sábados e feriados. Nunca fui rica, mas sempre gozei de certo conforto. Não tenho vergonha de expor aqui a minha situação, pois aprendi que só deveria ter vergonha de roubar, matar, mentir, ser desonesta, corrupta ou tirar vantagem da desgraça dos outros. Estou viva e lutando para ter uma indenização justa. Só estou muito angustiada por ter perdido a minha segurança, a minha estabilidade financeira e, consequentemente, emocional. Para mim é motivo de grande desonra não poder estar em dia com meus compromissos. Só sabe o que é isso quem é honesto e respeita o outro. O Governador do Estado, senhor Renan Calheiros Filho, e o ex-prefeito, senhor Rui Palmeira, calados estavam, calados permaneceram, imbatíveis nos seus descasos para com as vítimas dessa gigantesca tragédia, talvez a maior de todos os tempos, na sua singularidade. Vivemos numa terra sem dono. Estamos órfãos, confiando apenas na graça e misericórdia divinas. Durante muito tempo, a nossa imprensa se manteve silenciosa. Uma pena, pois o desgaste poderia ter sido menor. Contudo, ela começa a falar e a esclarecer os fatos. A reportagem que a TV Record fez recentemente foi muito boa. Antes tarde do que nunca. Encerro com um apelo veemente: por favor, compartilhem, divulguem este texto. Peço por mim e por todos os empresários e empreendedores dos bairros afetados. Coloquem para si a nossa situação. A tragédia não só pertence a cinco bairros, mas é de toda Maceió. Quem sabe se mais bairros não serão afetados? A magnitude desta tragédia não tem fronteiras. Isto aqui é um grito de socorro! Eliana Cavalcanti

Posicionamento da Braskem

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rocurada pelo EXTRA para comentar as críticas de Eliana Cavalcanti e Geraldo Vasconcelos, a Braskem enviou a seguinte nota: “No último mês de dezembro, cerca de 1.000 comércios menores/imóveis mistos incluídos no mapa de desocupação da Defesa Civil estavam sendo atendidos pelo Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação, a maior parte – mais de 90% – já realocada com todo apoio dos serviços disponíveis. Com o acordo firmado entre as autoridades públicas e a Braskem, os empresários que desenvolvem atividade econômica de maneira não formal e microempreendedor individual (MEI) passaram a ter direito a um adiantamento no valor de R$ 10 mil para cobrir gastos adicionais com a realocação, caso seja comprovada a necessidade. Para empresas de micro, pequeno, médio e grande porte, o valor a ser antecipado é proporcional ao porte da empresa. Os comerciantes têm ainda a possibilidade de solicitar a antecipação de custos comprovados por orçamentos. O programa oferece apoio à realocação, além disso, no processo de compensação estão previstos o pagamento dos lucros cessantes do empreendimento e do valor do imóvel para o proprietário, e também a compensação das despesas. A Braskem vem adotando medidas para acelerar os processos de ingresso dos moradores e comerciantes no Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação (PCF). A empresa está em contato permanente com as autoridades que fazem parte do termo de acordo para apoio à desocupação nos bairros de Maceió, para discutir as medidas conjuntas a serem adotadas. Cerca de 9.400 mudanças já foram realizadas e 3.555 propostas de indenização apresentadas às famílias, com índice de aceitação de 99,8%. A Braskem já pagou R$ 409 milhões em indenizações, auxílios financeiros e honorários de advogados. Mil profissionais trabalham no atendimento aos moradores e todas as etapas do programa vêm sendo cumpridas dentro do cronograma definido junto às autoridades públicas. O PCF oferece, ainda, auxílio-mudança, auxílio-aluguel, apoio psicológico para as famílias e também para o transporte, acolhimento temporário e cuidados com a saúde dos animais domésticos durante o processo de realocação”.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Ter saúde mental é indignar-se?

IMAGINAÇÃO ... Não

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om certeza se alguém fizesse essa pergunta em qualquer que fosse o local, ninguém levantaria a mão. Mas será que nesse novo-mundo-contemporâneo o ser louco não seria um atestado de sanidade mental? Pois é, a loucura precisa estar presente na indignação de ver tanta “loucura”: desrespeito com o(a) outro(a); insensibilidade; indiferença; menosprezo e outros sentimentos que estão cada vez mais presentes no quotidiano, e em todo lugar: na família, na escola e também no ambiente de trabalho. A loucura propriamente dita está deixando de ser uma questão biológica (ela existe, sim, e hoje em dia é um percentual mínimo, como os transtornos geneticamente comprovados cientificamente como são as esquizofrenias) para ser uma questão social, tamanha é a desordem política-bio-psico-social-espiritual. Na desordem-política-jurídica tem muita, muita desordem, basta fazer uma breve leitura e observar o seu não cumprimento da lei maior – Constituição Federal, principalmente para quem deveria cumprir, como as instituições dos estados: federal, estadual e municipal. Se falarmos em desordem-bio-lógica vai encontrar dezenas, centenas de exemplos, basta observar as dezenas ou centenas de doenças que surgiram nos últimos cinquenta anos. Tem “doença” para todo mundo ser enquadrado.

Desordem psicológica Se falar sobre a desordem-psico-lógica é que vão surgir mesmo “transtornos”, inclusive catalogados no último Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DMS-V), que desde a primeira versão até hoje houve um aumento significativo: passou de cerca de 100 para mais de 300 transtornos. Será que a humanidade está ficando louca? Ou inventaram transtornos para depois “descobrir medicamentos adequados”? Quem ganha e quem perde com isso? Mas o que é loucura? Com certeza a loucura está se transformando de biológica para social. E um dos exemplos mais comuns hoje em dia é o surgimento da depressão, que já é a primeira causa de afastamento do trabalho nas empresas em todo o mundo. E as razões para que haja o surgimento da depressão são inúmeras: bio-psico-social-espiritual. Enquanto isso, alguns países em vez de investir em prevenção como a Atenção Básica em que se reduz, sobremaneira, os agravos biológicos, como hipertensão, diabetes e outros, os governos preferem investir em hospitais em detrimento de ações que possam evitar internações. Quem ganha e quem perde com isso? Na área da saúde mental, em vez de incentivar a clínica, ou seja, o trabalho dos psicólogos e terapeutas ocupacionais, estão incentivando a medicalização, ou seja, medicar em vez de clinicar. Quem ganha e quem perde com isso?

Loucura? Que parâmetro é esse se não for loucura de um grupo de governante atual? É uma espécie de anticlinicalismo, ou seja, em vez de ter profissionais para clinicar e melhorar clinicamente e psicologicamente o cidadão, prefere-se medicá-lo. Isso não seria loucura? O sistema econômico neoliberalismo está se tornando um dos grandes responsáveis pelo surgimento de mais e mais transtornos mentais porque ele desenvolve/incentiva o sofrimento da população. Quem ganha e quem perde com isso?

se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas”. (Nise da Silveira)

Saúde mental Mas o que é saúde mental? É a capacidade que uma pessoa tem de se relacionar bem com as diversas áreas, ou seja, como ela reage às exigências que a vida impõe e como consegue harmonizar desejos, capacidades, ambições, ideias e, principalmente, as emoções. É estar bem consigo mesmo, com os outros, além de aceitar e ressignificar as exigências que a vida apresenta. Nem todo mundo consegue ter essa capacidade, tamanha é a desordem político-bio-psico-social-espiritual e, atualmente, muito menos ainda. Por isso a importância de se procurar um psicólogo toda vez que algum COMPORTAMENTO, PENSAMENTO ou CRENÇA incomodar a pessoa. É preciso procurar imediatamente um profissional de psicologia, caso contrário um PENSAMENTO, por exemplo, pode se tornar algo compulsivo e isso vai afetar, sim, o modo como a pessoa vai enfrentar as dificuldades, que, com certeza, vão surgir.

O alienista Afinal de contas, o que é ser louco? O livro de Machado de Assis dá as dicas, vale a pena ler.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - “A racionalidade vencerá o obscurantismo”. (Frase do ministro Luiz Fux, em sessão solene do STF, olhando para Bolsonaro)

Lava Jato, a morte anunciada

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ara alegria dos políticos e governos corruptos foi decretado o fim da República de Curitiba e consequentemente a “morte” da Operação Lava Jato. O anúncio foi feito pelo MPF (Ministério Público Federal) na manhã da quarta-feira. A força-tarefa foi incorporada ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPF. O anúncio ocorre na mesma semana em que o ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu o sigilo das conversas entre procuradores da operação Lava Jato e o ex-juiz federal Sergio Moro obtidas operação “Spoofing”. Tinha que acabar mesmo. Os bastidores da “operação

Perigo à vista

fim da Lava Jato” mostram o quanto foram promíscuos e levianos o juizeco Sérgio Moro e sua tropa de procuradores midiáticos. O procurador Augusto Aras que chegou com a missão de sepultar a famosa operação de repressão à corrupção, nem teve muito trabalho para cumprir o seu papel. Moro e seus pupilos se destruíram sozinhos. Ao país vão oferecer um presente valioso: a possibilidade de Lula ser candidato em 2022. O principal ator do teatro de quinta categoria, Sérgio Moro, apequenou-se por um cargo de ministro da Justiça e a chance de ir para o STF e trocou sua toga suja pelo colo do presidente Bolsonaro, que em boa hora o jogou ao lixo, desmascarando a sua verdadeira face.

Surge um novo tempo? Esperamos que seja bom

A renovação das mesas diretoras da Câmara e do Senado acontece em um turbulento momento da vida institucional brasileira, em meio a uma pandemia ceifando milhares de vidas, enquanto governo e oposição brigam pelo protagonismo da cura que nunca chega e são cometidos erros absurdos, causando mais mortes e relevando a vida da população. O Congresso Nacional até o momento não tem colaborado à altura para apaziguar os ânimos e se unir para buscar caminhos efetivos de combate à pandemia. O Brasil precisa voltar à sua vida normal, com comércio aberto, indústrias funcionando a economia e a saúde caminhando de mãos dadas. Pelo visto os ares de Brasília começam a mudar, pelo menos momentaneamente, para melhor. Isso não quer dizer que teremos “céu de brigadeiro”, mas é o começo de um bom caminho. Os chefes das duas casas do Congresso lançaram à Nação um compromisso com o povo brasileiro para o enfrentamento da pandemia e a possibilidade de maior oferta de vacinas e retomada da normalidade da vida.

Assumir o protagonismo da vacinação

“O presidente do Senado Federal e o presidente da Câmara se comprometem aqui e hoje com os seguintes pontos: - Liderar, junto com as instâncias, com os Colégios de Líderes, com as bancadas, levando em conta as proporcionalidades, os canais e os ritos, formas legais para tornar mais ágil o acesso às vacinas para os brasileiros, sempre garantindo o rigor científico, a qualidade do produto e a segurança para os nossos cidadãos. Construir os processos legais para tornar mais ágil esse processo de licenciamento de vacinas. As duas Casas conversarão com especialistas para avaliar o modo de tornar o Brasil mais apto a ter acesso à maior quantidade de vacinas, boas vacinas, que já tenham sido atestadas internacionalmente e torná-las disponíveis para todos os brasileiros”. Continuam os presidentes “Assegurar, de forma prioritária, que todos os recursos para aquisição de vacinas estejam disponíveis para o Poder Executivo e que não faltem meios para que toda a população possa ser vacinada no prazo mais rápido possível; e que a peça orçamentária a ser votada garanta que cada brasileiro terá a certeza de que o dinheiro do seu imposto estará disponível para sua vacina”.

Retomada da economia

Finalmente o compromisso de ambos os chefes das casas legislativas com a retomada da economia e o crescimento nacional. “O Senado Federal e a Câmara dos Deputados se comprometem com o País, com a sociedade civil, com os sindicatos, com as forças dos trabalhadores, com o mercado, com as forças produtivas, a discutir pautas de reativação da atividade econômica e estarão abertos para o diálogo com o Poder Executivo, com a equipe econômica e com todos aqueles que queiram contribuir para que o Brasil retome, o mais rapidamente possível, um padrão mínimo de sua produção e geração de riquezas. Assinam este documento o Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, e o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira”. Se cumprirem essa pauta e iniciar a reforma tributária, não precisam fazer mais nada esse ano. Os subsídios serão ganhos com justiça.

Pegando fogo

O clima político em Palmeira dos Índios não anda nada tranquilo, por causa da relação entre o prefeito e a Câmara Municipal. Na quartafeira, enquanto o governador visitava a cidade o clima esquentou na sessão com vereadores descendo o malho no prefeito Júlio Cezar, com adjetivos nada elogiáveis. Pelo clima daria para se supor que o gestor palmeirense teria muita dificuldade no tocante às matérias de seu interesse na casa parlamentar, mas tratandose de política e de Palmeira (que conheço como a palma de minhas mãos), nada que não se resolva com futuros agrados e alguns cargos na administração, para compartilhar. O prefeito só está se fazendo de difícil e os vereadores de “magoados”. É dando que se recebe.

Registrei minha opinião contrária tão logo a prefeitura anunciou que iria manter o ponto facultativo no período carnavalesco. A questão esbarra na desobediência civil de nossa população que certamente irá aglomerar em praias e bares da cidade, mesmo sem ter festas. Ontem o médico infectologista Fernando Maia veio se somar a essa opinião afirmando que a situação é preocupante. Segundo ele, “a melhor decisão é suspender o ponto facultativo na capital para que possa evitar que as pessoas venham a se aglomerar”. Temos que nos mirar sempre no exemplo de Manaus e não podemos facilitar a contaminação.

Reféns do “Frentão”

A grande imprensa, de memória curta proposital, bate em uma tecla manjada e repetida insistentemente: “Bolsonaro vai ficar refém do Frentão”. Até parece que se prenuncia o Planalto sem presidente, sob o comando do legislativo. Ora, senhores. Não será a primeira vez que um presidente trabalha a cooptação de um grupo majoritário na Câmara dos Deputados. Foi assim com Sarney, Collor não soube fazer e caiu, foi assim com Lula, Dilma também levou um chute no traseiro por não compor essa maioria e Bolsonaro teria o mesmo fim se não o fizesse. São assim os governos de coalisão aqui e alhures. O que não pode é desmoralizar, corromper e “estuprar” o país com acordos de milicianos. O pecado de Bolsonaro foi dizer que não faria e fez.

PÍLULAS DO PEDRO Secretaria de Educação, Sima, Previdência e Escola de Governo são alguns órgãos em Maceió que precisam ser passados a limpo e apurar fatos e atos. Morte do intelectual Ronald Mendonça deixa um vazio na medicina, na cultura e na vida alagoana. O avião da FAB ainda não aterrissou em Maceió. Sinal que Arthur Lira está atarefado em Brasília. Para o governador e seus secretários Alagoas está um paraíso, para os alagoanos um Inferno de Dante.


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Chafurdando na lama

ELIAS FRAGOSO

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n Economista

s eleições no Congresso Nacional serviram para o presidente da República (considerado recentemente pelo jornal Washington Post o pior governante do mundo) mostrar que seus 27 anos de baixo clero e anonimato naquela casa, afinal lhe serviram para alguma coisa. Soma-se agora a seu “currículo” de ligações nebulosas com milicianos do RJ, coveiro da Lava Jato, golpista de plantão, exterminador de órgãos de Estado que ameacem

o mandato do filho e responsável direto pelo despautério da gestão da pandemia da covid-19 no Brasil, a responsabilidade pela volta do Centrão ao coração das decisões políticas nacionais. Ao ajudar a eleger os presidentes da Câmara e do Senado fazendo “barba, cabelo e bigode” na rala, insípida e incompetente oposição, ele agora não tem mais a desculpa mentirosa de que o Congresso o impedia de governar. Oportunidade única para desmascará-lo de vez. Daqui para frente acaba qualquer válvula de escape do seu desgoverno para não implementar as reformas administrativa e tributária e finalizar a trabalhista; para reduzir benefícios fiscais fraudulentos e desarrazoados; para privatizar estatais deficitárias e cabides de emprego ou preparar as bases para a retomada do crescimento tão almejado por todos. Isso, para ficar apenas em algumas das suas promessas não cumpridas em seus

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2 anos de desgoverno. E, aqui pra nós, duvido sejam realizadas. O foco é outro. O dele a reeleição, o do Centrão, a volta aos bons tempos do petismo de resultados. O que de antemão intui-se como será daqui para frente para “alimentar” suas “excrescências” que voltam ao poder ávidos e sedentos. São eles que a partir de agora vão pautar a política nacional já que a “oposição”, de inexistente,

Que tal?

virou pó após a eleição congressual, e no momento não se vê futuro numa candidatura contra o rolo compressor que se formou nas hostes governamentais. Para que todos conheçam quem vai dar as cartas daqui pra frente no desgoverno Bolsonaro e no Congresso Nacional, o quadro abaixo lista o “currículo” dos presidentes dos partidos que “vão estar por cima da carne seca” na política nacional pelos próximos dois anos.

Ao ajudar a eleger os presidentes da Câmara e do Senado fazendo “barba, cabelo e bigode” na rala, insípida e incompetente oposição, ele agora não tem mais a desculpa mentirosa de que o Congresso o impedia de governar. Oportunidade única para desmascará -lo de vez.


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Orgulho de ser alagoana

ALARI ROMARIZ TORRES

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n Aposentada da Assembleia Legislativa

asci em Maceió, capital das Alagoas. Terra bonita, cheia de praias, rios, lagoas, sertão da melhor qualidade. Tudo o que há de bom encontramos em nosso pequenino estado, localizado no Nordeste Brasileiro. O povo nordestino é gentil, gosta de receber amigos, trata bem os turistas e não se incomoda com os preconceitos que sofre. Faz de conta que não entende. Sempre que viajo para o Sul e Sudeste, ouço piadas por causa de nosso modo de falar, bem arrastado. Nem ligo, digo mainha, painho, devagarzinho. Entre os próprios

nordestinos há sotaques diferentes e um certo ciúme entre alagoanos, pernambucanos, cearenses, paraibanos, sergipanos. Tenho grandes amigos no Ceará, em Pernambuco e me divirto com a maneira de falar de cada um. Outro dia, estávamos eu e uma amiga cearense numa feira livre do Rio de Janeiro, procurando cabides. Ela perguntava: “O senhor tem cruzeta”? Nem eu, nem os feirantes sabíamos o que seria o objeto procurado por minha amiga. Até que descobrimos e rimos juntos. Uma característica forte dos políticos pernambucanos é lutar para conseguir algo para o estado, mesmo que sejam de partidos diferentes. Tal fato não acontece nas Alagoas. Neste começo de fevereiro, um alagoano foi eleito presidente da Câmara Federal. Mesmo não concordando com as ideias do moço, torci por sua vitória. Fiquei até mais de meia-noite vendo os partidos de esquerda, direita e centro brigando por cargos e verbas de emendas. Se não me engano, só o PSol e o Novo não entraram na jogada. Conheço o Arthur Lira e já trabalhei com ele. É sabido, articula-

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dor, bom negociador. Responde na Justiça a processos, mas não se abate. “Vai levando com a barriga”. Espero que cumpra sua palavra com os parlamentares que o apoiaram e se lembre de Alagoas, o pequeno estado que o elegeu várias vezes. Temos um governador novo, inteligente, filho e neto de políticos. Não o conheço de perto, mas acompanho seu trabalho. Tem machucado os servidores públicos. Não sei quem são seus assessores, mas afirmo categoricamente: Não são bons conselheiros! Entrou um novo prefeito na capital, cuja característica é o combate à corrupção. Alguns de seus aliados são raposas velhas da política alagoana. Deus queira que não se deixe corromper. Observaremos seu desempenho! Alagoas está dividida em capitanias, cujos donos são políticos conhecidos, que lutam pelo próprio futuro e não pelo progresso do estado. Impossível falar de nossos políticos e não citar Renan Calheiros, pai. Homem inteligente, come, dorme e acorda negociando algo. Já levou boas cacetadas, mas não se deixa abater; vai aos poucos subindo para assumir novos postos. Perdeu as

prefeituras de Maceió e Arapiraca por pura vaidade. Não acreditou na vitória do Luciano Barbosa. Excluindo os fatos políticos do nosso estado, diríamos que vamos em direção a dias melhores. Na parte cultural, somos privilegiados: poetas, escritores, cantores são o resultado de uma gama de pessoas brilhantes. Na saúde, aí então, é que temos sorte. Nossos médicos, médicas, enfermeiros, enfermeiras e todos os profissionais da área foram extremamente capazes na pandemia da covid-19. Alguns deram a própria vida para salvar vítimas da doença. Infelizmente nosso Legislativo e nosso Judiciário deixam muito a desejar. São homens e mulheres falíveis, lentos e desumanos. Sofremos com injustiças, perseguições e vamos perdendo a esperança. Mas Alagoas é valente! Resiste às tempestades e vai crescendo, mesmo sendo pouco extenso e pobre. “Ressurge sempre ao sorrir das manhãs”. Sou idosa, estou cansada, mas não deixarei de lutar para que as autoridades respeitem e representem bem nosso estado. Viva nossa Alagoas!

Na parte cultural, somos privilegiados: poetas, escritores, cantores são o resultado de uma gama de pessoas brilhantes. Na saúde, aí então, é que temos sorte. Nossos médicos, médicas, enfermeiros, enfermeiras e todos os profissionais da área foram extremamente capazes na pandemia da covid-19.


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SEU BOLSO

Acúmulo de reajustes deixa planos de saúde até 50% mais caros Simulações com Painel de Precificação da ANS indicam cenário insustentável no mercado de saúde suplementar ASSESSORIA

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ano mal começou e os usuários de planos de saúde já sentem no bolso os efeitos da chamada recomposição dos planos de saúde - a cobrança retroativa dos reajustes suspensos em 2020 por conta da pandemia. Para avaliar o tamanho do rombo que a medida pode representar para os consumidores, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) fez seis simulações que indicam qual deve ser o aumento médio no valor das mensalidades. O Instituto também analisou um caso real que confirma as projeções. As diferentes modalidades de contrato e o acúmulo de tipos de reajuste tiveram impacto sensível nos resultados, que variaram entre 12,21% e 49,81% de aumento. O percentual mais alto, de quase 50%, foi verificado nos contratos coletivos de adesão que sofreram reajuste anual e por faixa etária em 2020. É importante ressaltar que a simulação do Idec utilizou os valores indicados no Painel de Precificação da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) de julho de 2020 - e são, portanto, dados oficiais conservadores que não refletem as históricas distorções no mercado de saúde suplementar. Se você verificou algum abuso na recompo-

sição do seu plano de saúde, acesse o Dicas & Direitos do Idec. R$ 492 8,14% R$ 40,05 R$ 20,02 R$ 552,07 12,21% “O resultado é assustador, mas não surpreende. Estamos A segunda simulação para planos individuais parte do mesmo caso anterior (aniversário do falando de um mercado com contrato em julho, com seis meses de suspensão), mas inclui a incidência de reajuste por faixa desequilíbrios profundos e etária durante os quatro meses em que a suspensão esteve em vigor. que foram agravados pela intransigência e falta de transparência da ANS durante a pandemia. Detectamos aumentos de até 50% em simulações conservadoras, e isso é claramente insustentável, ainda mais num cenário de crise sanitária e econômica sem data para terminar”, afirma Teresa Liporace, diretora executiva do Idec. “O que os planos de saúde estão fazendo com os consumidores é cruel e injusto”, completa. PLANOS INDIVIDUAIS De acordo com o levantamento, a variação sentida pelos usuários de planos individuais que tiveram apenas o reajuste anual suspenso em 2020 foi de 12,21% entre dezembro e janeiro. Já aqueles que sofreram reajuste anual e por faixa etária viram a mensalidade aumentar 34,99%. SIMULAÇÕES A primeira simulação parte de um caso hipotético de reajuste de plano de saúde individual/familiar com aniversário em julho de 2020 (ou seja, esteve sujeito a seis meses de suspensão) e sobre o qual não incidiu mudança de faixa etária no período.

PLANOS COLETIVOS EMPRESARIAIS Como era de se esperar, os planos coletivos (que não têm os reajustes regulados pela ANS) experimentaram aumentos ainda maiores. Para os planos coletivos empresariais, a variação sentida de dezembro para janeiro foi de 26,67%. Nos casos em que os reajustes anual e por faixa etária se acumularam, a variabilidade chegou a 49,71%. SIMULAÇÕES: A primeira simulação trata de caso hipotético de reajuste de plano de saúde coletivo empresarial com aniversário em julho de 2020 (quatro meses de suspensão) e sem considerar mudança de faixa etária no período.


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A segunda simulação parte do mesmo caso anterior, mas acrescenta o reajuste por faixa etária. Reajuste de plano de saúde coletivo empresarial regulamentado com aniversário em julho de 2020 (seis meses de reajustes, mas apenas quatro meses de suspensão) e mudança de faixa etária em setembro de 2020 (4 meses de suspensão).

PLANOS COLETIVOS POR ADESÃO Para os planos coletivos de adesão, a variação de mensalidade sentida pelo consumidor que recebeu apenas o reajuste anual foi de 26,67%. Para reajustes acumulados, foi de 49,81% - a mais alta entre todas as projeções feitas pelo Idec. SIMULAÇÕES: Na primeira simulação para planos coletivos por adesão utilizou-se novamente o caso de um plano com aniversário em julho de 2020 e que, portanto, teria seis meses de reajuste anual e quatro meses de suspensão.

A segunda simulação para a modalidade de plano coletivo por adesão trata do mesmo caso anterior acrescido do reajuste por faixa etária. Ela ilustra, portanto, a recomposição de reajuste de um plano com aniversário em julho de 2020 (seis meses de reajustes, quatro meses de suspensão) e mudança de faixa etária em setembro de 2020 (quatro meses de suspensão).

CASO REAL

Neste levantamento, o Idec também analisou um caso real de recomposição ocorrido com um plano de saúde coletivo por adesão com aniversário do contrato em julho de 2020. O valor comercial da mensalidade em dezembro de 2020 foi de R$ 636,47, sobre o qual incidiu um reajuste anual de 19,82% e um reajuste por faixa etária de 9%. Em janeiro, de acordo com o cálculo, o valor da mensalidade seria de R$ 898,90 - um aumento de 40,92%. Curiosamente, o consumidor em questão recebeu um boleto ligeiramente mais caro, com uma diferença de R$ 12. Após pedido de esclarecimentos do Idec à operadora Amil e à administradora de benefícios Qualicorp, esta última esclareceu que a diferença se deu em razão da suspensão voluntária do reajuste anual de julho. A Amil não respondeu.

EMBATE NA JUSTIÇA AINDA NÃO ACABOU

Desde o anúncio da suspensão dos reajustes entre setembro e dezembro de 2020, o Idec vem cobrando transparência e equilíbrio da ANS na regulação do mercado de saúde suplementar. “Estivemos sempre em busca de uma situação sustentável para o consumidor, para que os impactos da pandemia na vida das pessoas fosse menos devastador. Entendemos que em um momento, como no passado, quando as operadoras de planos de saúde apresentaram seus melhores resultados financeiros dos últimos anos, os reajustes não deveriam ter sido aplicados. Mas com a suspensão temporária, os consumidores, ainda afetados economicamente pela pandemia, se deparam em 2021 com aumentos em cascata que são impraticáveis para muitas famílias”, reitera Teresa Liporace, diretora executiva do Idec. Em outubro, o Instituto ingressou com uma ação na Justiça

federal para ampliar o alcance da suspensão dos reajustes a todos os usuários de planos de saúde e odontológicos. A ação também pedia que a suspensão abarcasse um período maior, desde março de 2020. Na mesma data o Idec ainda enviou um ofício para o TCU alertando para os riscos de abusos na recomposição dessa suspensão e pedia que o órgão monitorasse a situação. Em novembro, após o anúncio de que os reajustes suspensos seriam repassados aos consumidores, o Instituto enviou um ofício à ANS em conjunto com a Defensoria Pública de São Paulo e outras entidades demandando a instauração de uma Câmara Extraordinária para avaliar a necessidade da recomposição com transparência e ampla participação social. O pedido foi reiterado em um segundo comunicado, mas nenhum dos dois foi respondido pela Agência. Diante do silêncio da ANS, o Idec apresentou um pedido de urgência à Justiça Federal no dia 18 de dezembro, no âmbito da ação formulada em outubro. Por conta do recesso, a liminar não foi analisada antes do final do ano, obrigando o Instituto a formular uma nova requisição, desta vez dirigida aos juízes do plantão judiciário. Este segundo pedido foi indeferido na primeira e na segunda instância sob o argumento de que não se enquadraria nas hipóteses previstas em lei para a análise pelo plantão. Após o fim do recesso judiciário, o tribunal de primeira instância que cuida do processo negou a liminar, e o Idec, mais uma vez, recorrerá da decisão.


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“EU SOU E EU VOU”

Entidade médica defende prioridade na vacina contra covid-19 para pacientes com câncer Número de mamografias no primeiro semestre de 2020 cai 48% em Alagoas comparado com o 2019 MARIA SALÉSIA COM ASSESSORIA sallesiaramos18@gmail.com

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esde o início da pandemia, a queda de atendimento de pacientes em tratamento de câncer de mama e outros tipos é alarmante em todo o país. Em Alagoas não é diferente. Os números da redução em exames de momografias realizadas pelo SUS em mulheres ente 50 e 69 anos no estado no período de janeiro a julho de 2020 apontam queda de 48% em relação janeiro a julho de 2019. Naquele ano, foram realizados 20750 procedimentos, enquanto no ano passado apenas 10785. Pensando em proteger este público, entidades discutem vacinas para covid-19 e reforça importância do diagnóstico precoce. A doença, quando detectada no início, tem chances de cura de até 95%. Na tabela, Pernambuco aparece na primeira colocação. De 68570 exames feitos em 2019, caiu para 26298, redução de 62%. Mato Grosso do Sul segue na vice liderança do ranking com redução de números de exames realizados. De janeiro a julho de 2019 foram 122004, já no mesmo período de 2020 apenas 74997, ou seja, queda de 59%. Piauí vem logo em seguida com redução de 57%. Mato Grosso ocupa a quarta colocação com menos

55% de procedimentos. Em todo o País, a redução foi de 45%: de 471.567 no primeiro semestre de 2019 para 81.3044 exames. Já os números do segundo semestre de 2020 não foram disponibilizados pelo Ministério da Saúde. A redução tem preocupado a Sociedade Brasileira de Mastologia e na semana em que acontece o Dia Mundial do Câncer, a Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama) e outras entidades se unem e promovem atividades como lives com especialistas para responder a perguntas de pacientes sobre a vacinação contra o coronavírus. Com o tema “Vacinação covid-19 para pacientes com câncer”, a iniciativa faz parte da campanha “Eu sou e Eu vou”. Embora o Dia Mundial do Câncer seja celebrado no dia 4 de fevereiro, quando o mundo todo se une realizando diversas ações com o objetivo de reduzir o impacto global da doença, as ações são desenvolvidas durante todo o ano. Prova disso é que como parte da campanha de conscientização, a Femama criou o hotsite diamundialdocancer.femama.org.br/2021 com conteúdos a respeito de fatores de risco, tipos de câncer mais incidentes e formas de engajamento. A entidade pretende, ainda, sensibilizar as autoridades sobre a necessidade dessas pacientes serem imunizadas de forma prioritária, pois elas compõem o grupo de risco, muitas com a imunidade baixa devido ao tratamento que estão sendo submetidas. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Vilmar Marques, o levantamento realizado em centros hospitalares que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas principais ca-

pitais, revelou que a queda nos atendimentos de mulheres em tratamento, nos meses de março e abril, logo no início da pandemia, foi em torno de 75%, em comparação ao mesmo período de 2019. Já a Rede Brasileira de Pesquisa em Câncer de Mama, em parceria com a SBM, mostrou que o número de mamografias entre janeiro a julho de 2020 caiu 45% em relação ao ano anterior. Tudo devido ao medo de se contaminar durante o deslocamento e também ao dar entrada na unidade de saúde. E, embora nos meses seguintes isso tenha amenizado, muitas pacientes ainda se mantiveram resistentes. “Não sabíamos que a pandemia duraria tanto tempo. Entendo o medo delas, mas o câncer não espera. Interromper o tratamento é um risco muito grande, maior do que contrair o vírus, já que os hospitais estão seguindo todos os protocolos sanitários”, afirma o médico. Por conta disso, o mastologista aconselha que o plano de vacinação do governo deve inclui-las, além dos pacientes de outros tipos de câncer, nos primeiros grupos, ao lado de outros públicos prioritários, como os idosos. “Essa atitude representa a vida dessas pacientes. É de extrema necessidade e não podemos aguardar mais, pois o câncer não espera. Muitas já perderam meses de tratamento”, alertou o especialista. Segundo Marques, a Sociedade Brasileira de Mastologia está preocupada com essa situação levando em consideração a imprevisibilidade da vacinação em massa, o cenário das unidades do SUS, ainda sob os efeitos dos casos de covid-19 (trabalhando perto da lotação) e também a ausência da telemedicina no SUS, o que inviabiliza o atendimento à distância que já ajudaria. “Os mastologistas de todo o país entendem o cenário

crítico devido à incidência crescente do covid-19 nessa nova onda, porém, sem atendimento remoto e sem as mulheres indo às unidades, só nos resta priorizá-las na imunização para que tenham maior tranquilidade de se deslocarem em médio prazo e continuarem o tratamento. Estamos falando de vidas ameaçadas”, conclui Vilmar Marques. ENGAJE-SE Para ajudar na retomada dos cuidados com o câncer, a Femama traz dicas de cuidados como: - Mantenha a rotina de consultas médicas e exames anuais e conheça o seu corpo e valorize a saúde mantendo hábitos de saudáveis. Além de perguntas que salvam. Você tem observado suas mamas? Já marcou seus exames anuais? Conhece seus fatores de riso?

CASOS O Brasil terá 625 mil novos casos de câncer a cada ano do triênio 2020-2022. E a obesidade estará entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de 11 dos 19 tipos mais frequentes na população brasileira. Comportamentos não saudáveis como fumar, consumir bebidas alcoólicas, sedentarismo e manter dieta pobre em vegetais também aumentam o risco de 10 tipos da doença. As informações estão na publicação Estimativa 2020 – Incidência de Câncer no Brasil. Depois do câncer de pele não melanoma (177 mil casos novos), os mais incidentes serão os de mama e de próstata (66 mil cada), cólon e reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil).


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Auxílio emergencial O calendário de saques auxílio emergencial chegou ao fim no último dia 27, mas, segundo o Ministério da Cidadania, 1,4 milhão de pessoas não movimentaram os recursos do benefício dentro do prazo de validade definido no Decreto nº 10.316/2020. Foram devolvidos aos cofres da União recursos da ordem de R$ 1,3 bilhão, informou o órgão.

Pix

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Banco Central anunciou os novos serviços e atualizações que o Pix vai incluir a partir deste ano, como contas-salário no sistema de pagamentos instantâneos. Além disso, será criado um mecanismo de devolução de dinheiro no caso de fraudes e falhas e haverá integração dos iniciadores de pagamento. Alguns recursos já anunciados, como o saque Pix e o Pix por aproximação, também devem receber aperfeiçoamentos. As novidades fazem parte da agenda de inovações do sistema para este ano e foram apresentadas por João Manoel Pinho de Mello, diretor de Organização do Sistema Financeiro do BC.

Open Banking Começou a funcionar esta semana o Open Banking, uma plataforma que vai permitir a troca de dados e informações de todos os clientes de bancos entre todas as empresas do setor financeiro. A expectativa do Banco Central (BC) é que haja mais concorrência e menos juros. A plataforma entrará em operação aos poucos, seguindo quatro fases. A ideia é que mais fintechs entrem no mercado e concorram com grandes bancos.

Banco do Brasil A Justiça do Maranhão concedeu liminar suspendendo o fechamento das agências do Banco do Brasil em todo o país durante o período da pandemia de covid-19. A liminar foi concedida pelo juiz Douglas de Melo Martins, titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos da Comarca da Ilha de São Luís e a ação foi movida pelo Sindicato dos Bancários do Maranhão (SEEB-MA).


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CRB

Conheça os empresários que disputam a presidência do clube BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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ois nomes conhecidos no ramo da construção civil alagoana confirmaram na quarta-feira, 3, que entrarão na disputa pela presidência do CRB este ano. Após quase 10 anos comandando o clube, o deputado estadual Marcos Barbosa dará seu lugar de cartola a Mário Marroquim ou a Fernando Dacal. Enquanto o primeiro é dono da construtora que leva o nome da família, o outro foi presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL). Não é de hoje que boa parcela da torcida regatiana espera a saída de Marcos Barbosa da presidência do clube. Chamado até de “ditador” pelo seu jeito centralizador de administrar, um dos principais motivos para a insatisfação são as repetidas campanhas que deixam gosto de “quase lá”, quando o CRB inicia a temporada bem e, por problemas internos, acaba deixando a oportunidade do acesso escapar. Nas redes sociais, por exemplo, as hashtags #ForaMarcosBarbosa e #ForaMB são usadas pelo menos desde 2017. Em outubro do ano passado, uma página no Instagram intitulada @foramarcosbarbosa foi criada para, de acordo com sua própria descrição, “derrubar a ditadura” e acusa Marcos Barbosa de alterar, a seu modo e para seu benefício, o estatuto do clube. Apesar de estar de saída, Marcos Barbosa já informou por meio de suas redes sociais que pretende se manter atuante no clube através do conselho do clube. A chapa Avante Galo é enca-

beçada pelo conselheiro Mário Marroquim e conta com o apoio de Marcos Barbosa. Além de Marroquim, é composta pelos conselheiros Carlos Rubens de Oliveira Sobrinho (1º Vice-Presidente do Conselho Diretor), José Enaldo Marques Silva (Coordenador do Comitê Gestor) e Fernando Carlos Araújo de Paiva (Subcoordenador do Comitê Gestor). A outra chapa, denominada de Avante Argonautas, é comandada pelo conselheiro Fernando Dacal. Wilton Figueiroa (Vice-presidente), Vicente Félix (Coordenador do comitê gestor) e Valter André (Subcoordenador do Comitê Gestor) completam o grupo que vai concorrer à eleição. MÁRIO MARROQUIM Conhecido pela construtora que leva o nome da família, o empresário Mário Marroquim enfrentou alguns problemas judiciais recentemente e agora tenta dar a volta por cima tentando pagar todas as dívidas e retomar a vida normal da empresa. Vítima de campanha difamatória promovida por investidores de Belém do Pará, a Marroquim Engenharia em Alagoas acabou em regime de recuperação judicial e agora luta para limpar sua imagem e recuperar a credibilidade minada. A série de problemas que atingiu a empresa de Mário Marroquim tem origem na Marroquim Júnior (MJ), empresa criada em Belém pelo engenheiro Fernando Marroquim Júnior, irmão de Mário, sem qualquer vínculo com a Marroquim Engenharia, que também atuou na capital do Pará. Ao primeiro sinal de aperto financeiro, os investidores da

Fernando Dacal e Mário Marroquim se enfrentarão em março

Marroquim Júnior ajuizaram diversas ações de cobrança que acabaram levando a empresa à falência. Sem ter como receber os créditos, se voltaram contra a Marroquim Engenharia, alegando tratar-se de um mesmo grupo econômico. Com bloqueios de contas e credibilidade abalada, o empresário contabilizou prejuízos milionários e acabou acionando a recuperação judicial para

a construtora. Com a medida, a empresa sustou as cobranças judiciais, parou a execução de dívidas e agora tenta se recuperar do baque. FERNANDO DACAL Apoiado por Marcos Barbosa, Fernando Dacal se candidatou de surpresa ao cargo. Ex-secretário de Finanças de Maceió, professor e engenheiro civil, ele ganhou notoriedade pela

Deputado estadual Marcos Barbosa deixará o cargo depois de 10 anos sua gestão à frente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas entre os anos de 2015 e 2020. Atualmente ele é diretor nacional da Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais do Sistema Confea/Crea. Enquanto estava na presidência do Conselho, sua gestão recebeu, duas vezes da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), o prêmio Estadual da Qualidade. Com a premiação, o conselho alagoano passou a ser considerado o segundo do País, dentre os de engenharia e agronomia, a ter o reconhecimento. Enquanto estava na presidência do Crea, sua gestão recebeu por duas vezes da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) o prêmio Estadual da Qualidade. Com a premiação, o conselho alagoano passou a ser considerado o segundo do País, dentre os de engenharia e agronomia, a ter o reconhecimento. A surpresa em sua candidatura aconteceu também devido ao impedimento de um dos conselheiros em participar da eleição. Em entrevista à imprensa, Dacal deixou claro que o nome da preferência dele seria o do conselheiro Roberto Fernandes, porém o mesmo já disse que a pandemia inviabiliza seu nome já que ele faz parte do grupo de risco e teria dificuldades para acompanhar o trabalho no Ninho do Galo. A reunião ordinária que vai eleger o futuro presidente do Galo será no dia 5 de março, às 18h, em primeira convocação, e às 20h, em segunda chamada. A assembleia será na sede da Associação Comercial de Maceió, no bairro do Jaraguá.


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Elétricos: rumo certo, ritmo incerto

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mundo do automóvel continua em meio a um turbilhão de acontecimentos, dúvidas, previsões, novas parcerias. E tudo, obviamente, em meio a uma pandemia fica ainda mais difícil de analisar ou prever. No entanto, os planos são apresentados e merecem atenção. Afinal, com o meio ambiente não se brinca, apesar da distância entre querer e poder. Na semana passada, a GM distribuiu nos EUA um comunicado importante. Pretende eliminar as emissões, tanto de CO2 como dos poluentes regulados, em novos veículos leves até 2035. Para isso, planeja fabricar a partir daquele ano exclusivamente modelos 100% elétricos. Até mesmo o novo logotipo da companhia tem um “m” minúsculo estilizado, que lembra um conector elétrico. A empresa, porém, foi cuidadosa ao afirmar que continuará a melhorar seus produtos atuais. Afinal, estes representam mais de 95% de suas vendas hoje, nos EUA. Também pretende promover a aceitação dos consumidores de automóveis, crossovers, SUVs e picapes. Fica nas entrelinhas que, em um país de dimensões continentais, pode haver alguma cautela ou incerteza. Em um intervalo de 15 anos, virar a cabeça de 100% dos motoristas não será fácil. Em outra parte do comunicado, a GM reconhece que “embora os veículos elétricos em si não emitam gases, é fundamental que sejam carregados com eletricidade gerada por fontes renováveis, como eólica e solar”. Esse ponto, aliás, tem sido negligenciado

em muitas discussões. Por mais de uma vez, venho apontando os desafios que isso representa. O engenheiro Ricardo Abreu, da consultoria Bright, escreveu em artigo recente: “Hoje, solar e eólica respondem por apenas 3% da energia total gerada no planeta e demoraremos décadas para que essa participação se torne razoável.” No mesmo artigo, ele lembra que um híbrido a etanol produzido no Brasil é competitivo em termos de emissão de CO2 se comparado a um automóvel elétrico. Para isso deve-se avaliar todo o processo, desde a produção do veículo e seus componentes, principalmente a bateria, durante pelo menos 100.000 km em uso urbano. Antonio Filosa (Stellantis) e Pablo Di Si (VW) também já manifestaram esse ponto de vista. Em resumo, o rumo para a era elétrica é o correto, mas o ritmo está sujeito a condicionantes de país a país.

Computação em nuvem: novo campo de batalha A rivalidade histórica entre as marcas da GM e da Ford acaba de se estender à nuvem. Esta é uma realidade que afeta o dia a dia de todos nós com o avanço dos gigantes da tecnologia, mudando definitivamente o modo de como vivemos ou consumimos. Amazon, Apple, Google e Microsoft cresceram a um ponto que se tornou impossível o setor industrial dispensar uma colaboração íntima. Tudo acontece rápido. Há menos de um mês a GM estendeu sua parceria para carros autônomos, em associação com a Cruise e a Honda, à Microsoft. Esta disponibilizou sua plataforma em nuvem Azure. A colaboração será ampla desde aumentar a produtividade até encurtar o tempo para introdução de novos serviços de mobilidade. Agora veio a resposta da Ford ao anunciar parceria com o

Google e seu sistema operacional Android Auto tão popular nos smartphones, a partir de 2023. O sistema Sync da fabricante também poderá ser mais fácil de operar. O acordo inclui os serviços em nuvem. No entanto, a subsidiária Waymo, do Google, focada em carros autônomos, continuará sua colaboração com a antiga FCA, hoje Stellantis nos EUA. A Apple, por sua vez, uma empresa que adora ser misteriosa, se aproximou da Hyundai para construir o que se especula ser um “veículo”. Pouco se sabe sobre estes planos, mas o grupo sulcoreano, depois de comemorar, parece agora algo reticente sobre os rumos do acordo. Como a indústria automobilística, nem de longe, pode reproduzir o retorno financeiro a que as “supertechs” já se acostumaram, será muito interessante observar os próximos passos.

Queda de vendas em janeiro é irrelevante

Janeiro último teve um impacto inesperado com o fechamento de todas as concessionárias da capital paulista, no último fim de semana do mês, para atender o lockdown do governo estadual. A maior região metropolitana do País responde por quase um quarto de todas as vendas do mercado brasileiro. Conforme já ressaltei aqui, o indicador realmente relevante é o comportamento das vendas diárias, associado ao número de dias úteis, quando se executam os emplacamentos. Elas indicam as tendências e estão menos sujeitas a sazonalidades. De novo, foi o caso do mês passado com média diária de 8.196 unidades ou apenas 1,9% menos que janeiro de 2020. No ano passado, houve 22 dias úteis em janeiro e este ano, apenas 20. As vendas de caminhões apontam para uma recuperação forte em 2021, confirmando previsões de crescimento do PIB do País. “Alguns modelos de caminhões só serão entregues em junho”, comentou Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

De contrato renovado, Neymar segue em Paris por mais cinco anos

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novela acabou. Para tristeza de muitos times europeus que cortejavam contratar Neymar, o craque brasileiro e o PSG acertaram a renovação de contrato por mais quatro anos. O contrato do jogador com o clube francês iria até junho de 2022, mas, agora, será estendido até 2026. Em entrevista à TV francesa, Neymar já havia revelado a vontade de permanecer no time da capital francesa. Leonardo, diretor esportivo do PSG, que melhorou a relação com Neymar e o pai, foi fundamental para o acerto entre as partes. Buscando fortalecer ainda mais o

NOVOS ARES: ALAGOANO SOUZA AGORA É COMENTARISTA ESPORTIVO Ex-jogador do São Paulo, PSG e Grêmio, o alagoano Souza é o novo comentarista do Os Donos da Bola, programa apresentado por Neto e que conta com a participação fixa do ex-goleiro Velloso. A estreia do novo integrante da atração da TV Band foi nesta semana. De acordo com o próprio Neto, Souza assinou um contrato de dois anos com a TV Band e chega para substituir Edílson, que deixa a atração para participar do Jogo Aberto, programa comandado por Renata Fan. A decisão do jogador foi tomada após anunciar sua aposentadoria, e agora o ex-atleta busca novos rumos na TV. Campeão mundial pelo São Paulo em 2005, sua última temporada foi no Campeonato Alagoano em 2020, defendendo o Murici. Na época, ele viajava de carro por cerca de 40 minutos para treinar no clube do interior do estado, que terminou a competição em terceiro colocado.

elenco, o PSG espera renovar o contrato de Mbappé, cujo contrato expira daqui a um ano e meio. No entanto, o jovem francês ainda não tomou uma decisão assertiva. Desde que chegou à capital francesa, Neymar soma três títulos da Ligue 1, duas Copas da França, duas Copas da Liga e duas edições da Supercopa. Além dos dois principais atletas do clube, o PSG tenta renovar com outro atacante, desta vez Di María. O time ofereceu uma renovação com corte salarial, enquanto o jogador de 32 anos quer estender seu vínculo até 2023.

CRB ANUNCIA PRIMEIRA PERMANÊNCIA PARA 2021

O técnico Roberto Fernandes acertou sua permanência no CRB, e segue no comando do time para a temporada 2021. No momento, o trabalho é para montagem do elenco. O treinador se reuniu com a direção regatiana e começou a montar o grupo para esta temporada. O clube ainda não se posicionou sobre renovação com os atletas que disputaram a última edição da Série B. Em 2021, o calendário está cheio para o Galo. O CRB terá a Copa do Nordeste, a Copa do Brasil e a Série B do Brasileiro. Além disso, também disputa o Campeonato Alagoano, que é a primeira competição do ano. Roberto Fernandes, de 49 anos, chegou à sua segunda passagem pelo CRB em dezembro do ano passado. Comandou o time nas últimas nove rodadas da Segundona: foram seis vitórias e três derrotas. Ele assumiu a equipe na 15ª colocação, com 34 pontos. Terminou em 10º lugar, com 52. Nesta última campanha, o comandante regatiano conseguiu a façanha de 100% de aproveitamento no Rei Pelé. Foram 5 vitórias seguidas jogando em casa.

NOVO CT DO CSA TEM PLANEJAMENTO DETALHADO

Adeus Mutange. O CSA apresentou o projeto do novo centro de treinamento do clube. Através das redes sociais, os arquitetos responsáveis pela elaboração da futura casa do Azulão detalharam como o novo CT Gustavo Paiva foi planejado. O novo centro de treinamento do CSA terá 5.300 metros quadrados de área construída, distribuídos em oito blocos. O centro de treinamento terá três áreas de estacionamento, cinco campos de treinamento, sendo um de grama sintética, quadra poliesportiva, além de área reservada para construção de uma futura arena. O novo centro de treinamento do CSA ficará situado na rodovia que liga o Benedito Bentes à BR-104, numa área total de 140 mil metros quadrados. De acordo com os arquitetos, por conta da pandemia, ainda não há data prevista para a conclusão das obras.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Esqueceram Arapiraca

PELO INTERIOR

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os corredores do Centro Administrativo da Prefeitura de Arapiraca não se fala em outro assunto a não ser o futuro político de Daniel Barbosa, filho do prefeito Luciano Barbosa. Até mesmo problemas que afligem a população, principalmente nas áreas educacional e de saúde, parte provocada pela pandemia do novo coronavírus, são deixados de lado nas rodas que se formam no interior do prédio.

... Sem a cavalgada em homenagem a Nossa Senhora do Bom Conselho, padroeira de Arapiraca, o vereador Fabiano Leão (PSDB), devido à pandemia, foi informado que este ano não haveria o tradicional percurso em sua décima nona edição, fazendo o trajeto da cidade pernambucana de Bom Conselho, com a imagem da santa.

Papai decide

Daniel Barbosa aguarda um sinal do pai, que decide se ele será pré-candidato à Câmara dos Deputados ou se vai mesmo concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa. Tamanha confiança de Barbosa, apesar de estar muito cedo, tem a ver com a votação que obteve nas últimas eleições, marcadas pela briga entre ele e os Renans, na qual saiu vitorioso, apesar de já se saber o que houve nos bastidores.

... Fabiano decidiu, ao lado do empresário Romero da Pinguim, reunir um grupo de amigos e familiares de 30 pessoas, para fazerem o mesmo percurso feito por Manoel André, fundador da cidade e que tem cerca de 100 quilômetros e percorre vários municípios de Pernambuco e Alagoas.

Melhor caminho

... O vereador considerou o evento um grande sucesso. “O grupo de 30 cavaleiros e amazonas intitulado de Amigos de Nossa Senhora do Bom Conselho saiu da cidade pernambucana no último dia 31 e chegou em Arapiraca na terça-feira (2), para a carreata, uma vez que não houve a tradicional procissão.

E pelo andar da carruagem, com apoio da máquina o jovem Daniel deverá mesmo disputar mandato de deputado federal. Se assim for, Luciano tira das costas um peso nada agradável, que seria o descontentamento dos deputados estaduais aliados. Ricardo Nezinho, Breno Albuquerque e Tarcizo Freire não teriam que encarar uma forte candidatura de Daniel Barbosa a uma cadeira na Casa de Tavares Bastos. Não há dúvida alguma de que o prefeito colocará todo poder da máquina administrativa em favor do filho, o que prejudicaria os aliados.

Estão ansiosos

Imprensa amordaçada

Saiu do PSB

Enquanto isso, Luciano continua perambulando pelas ruas, fazendo política e aguardando o momento certo para agir. Quanto a alguns setores da imprensa, algumas empresas seguram na orelha dos profissionais que são forçados a ficar calados, em nome da sobrevivência. Os “magnatas” da comunicação das Alagoas ficam sempre na esperança de que Barbosa retire do “bolso” algumas migalhas e as jogue no chão para que lambam e saiam correndo para seus veículos e redes sociais louvando o nome do “pai e do filho”, amém!

Ele deixou o PSB, presidido em Alagoas pelo prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), a quem comunicou, através de carta, sua saída da sigla, no dia anterior. “A vida é feita de escolhas e, a partir de hoje, serei mais um soldado do MDB”, disse Júlio César, durante a solenidade, que reuniu prefeitos, deputados, vereadores, dentre outras lideranças políticas do município e região. Na ocasião, um grande ato de filiação ao MDB foi realizado.

Sujeitinho está rico

Briga boa

E por falar em deputados aliados, os danadinhos aguardam com uma certa ansiedade a distribuição de empregos prometida por Luciano Barbosa para o mês de março. Por enquanto, sofrem calados na expectativa de que seja cumprido o acordo. Mas como conhecem Luciano, sabe que existe a possiblidade de o mesmo mudar de planos, o que poderá afetar a campanha dos aliados.

Graças ao bom Deus, toda regra tem exceção e muitos veículos de comunicação não aceitam qualquer tipo de humilhação e não vendem a linha editorial. A publicidade é importante para as empresas, mas não pode servir de moeda de troca para encobrir safadezas de gestores imorais. Bom, o “troço” está apenas começando e muitas águas devem rolar até as eleições de 2022. Quem sabe, até lá, o nome do laranja venha à baila. O sujeitinho tá rico hein?

E o MP?

MDB de Renan

E não estão nem aí para a divisão dos cargos e pouco se lixando se é legal, ilegal ou imoral. O que querem mesmo é receber as benesses que a vida pública oferece e se reelegerem. Quanto ao Ministério Público não há o que fazer no momento, afinal é preciso que as coisas aconteçam para que possa se manifestar.

O prefeito de Palmeira dos Índios, Júlio César, filiou-se, na tarde de quarta-feira (3) ao Movimento Democrático do Brasil (MDB). Ele teve a ficha abonada pelo governador Renan Filho durante solenidade realizada no Clube Campestre. “Vamos caminhar juntos, fazer um MDB muito forte. Estamos prontos para os desafios”, declarou Júlio César.

A propósito, a briga entre o prefeito Júlio Cézar e um grupo de vereadores de Palmeira dos Índios está esquentando. Júlio decidiu encarar a briga de frente e engrossou o discurso, passando a atacar os vereadores, principalmente os que estiveram na última campanha ao lado dele.

Lado sombrio Pelo andar da carruagem, não haverá entendimento e os vereadores estão mais unidos do que nunca, sempre denunciando irregularidades na administração. É aguardar novos capítulos. Os edis palmeirenses prometem na sessão da próxima quarta-feira mostrar o lado sombrio do imperador, que é acusado de usar a máquina em proveito próprio e não realizar uma administração voltada para o povo da terra dos Índios Xucurus-Kariris.

... “Este percurso feito pelos 30 amigos, não tem nenhuma relação com a ACESA, mas com o grupo que não quis ficar fora das homenagens a Nossa Senhora do Bom Conselho, padroeira de Arapiraca”, completou o vereador. ... O juiz André Parizio, da 2ª Vara Cível de Palmeira dos Índios, determinou a imediata suspensão da Lei nº 2.119/2016, que concederia aumento de 30% nos salários dos vereadores do município, assim como elevaria o valor destinado à verba de gabinete para R$ 2.500. A decisão foi proferida na segunda-feira, 1, no âmbito de uma Ação Popular. ... No dia 22 de janeiro, a 3ª Vara de Palmeira dos Índios já havia decidido que a elevação dos vencimentos dos parlamentares era ilegal. O caso se refere à aprovação da Lei municipal nº 2.336/2020, em março de 2020, que estabelecia reajuste dos rendimentos em 50% a partir de janeiro de 2021. ... Após a decisão da 3ª Vara, os vereadores revogaram a Lei 2.336/2020 e repristinaram a Lei 2.119/2016. ... Em 2017, a 2ª Vara já havia proferido liminar suspendendo a sentença anulando a lei. Uma decisão do Superior Tribunal de Justiça posteriormente anulou parte do processo, mas a liminar permanecia válida. Os vereadores estavam considerando que a decisão do STJ abriria espaço para a repristinação da Lei 2.119/2016. ... “É importante frisar, ainda, que a repristinação da lei noticiada pelo Ministério Público não tem o condão de apagar a ilicitude demonstrada nestes autos, que se verificou na origem. O vício apontado é, portanto, insanável”, afirma o juiz André Parizio, na nova decisão. ... O juiz estabeleceu uma multa diária no valor de R$ 5 mil para o caso de descumprimento. (Com TJ/AL) ... A todos, um excelente final de semana. Até a próxima edição!


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MEIOAMBIENTE

Amazônia em pauta

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vice-presidente da República, Hamilton Mourão, defendeu esta semana um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia. Mourão participou de uma reunião do Observatório do Meio Ambiente do Poder Judiciário, promovida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Na condição de presidente do Conselho da Amazônia, órgão criado para unificar ações do governo na região, Mourão disse que, além do combate ao desmatamento, é necessário investimento em ciência e tecnologia para desenvolver a região. Segundo o vice-presidente, embora a região seja rica em diversidade natural, não existe nenhuma indústria de biofarmacos na Amazônia. “Precisamos chegar a um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia. Ele passa por onde? Pelo fomento à pesquisa e inovação. Precisamos mapear e expandir as cadeias produtivas, as cadeias de valor, facilitando que haja um adensamento da atividade industrial e, obviamente, o investimento em ciência, tecnologia e inovação”, disse.

Luz pode prejudicar gravidez Se antes a natureza tomava conta de iluminar a noite, hoje o que desempenha esse papel são as luzes dos postes, dos anúncios e das fachadas de prédios, principalmente nos grandes centros urbanos. O excesso de iluminação artificial presente em nosso cotidiano gera aquilo que chamamos de poluição luminosa. A comunidade científica já vem estudando os efeitos dessa poluição nos hábitos dos animais e dos seres humanos. Recentemente, um estudo conduzido por cientistas das universidades de Lehigh, de Colorado, e da Faculdade Lafayette, nos Estados Unidos, demonstrou seus impactos sobre a saúde de recém-nascidos. A pesquisa, publicada no periódico Southern Economic Journal mostra que o aumento na iluminação noturna leva também ao aumento em casos de gestações mais curtas, partos prematuros e bebês com baixo peso ao nascer (inferior a 2500 gramas).

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

Nossos ancestrais Cientistas encontraram evidências de uma população híbrida de neandertais e Homo sapiens que viveu em grupo na Europa e em partes da Ásia. No caso, a análise de dentes pré-históricos recuperados há mais de 100 anos indica que a extinção dos humanos primitivos pode ser resultado do cruzamento entre as espécies. O estudo intitulado “The morphology of the Late Pleistocene hominin remains from the site of La Cotte de St Brelade, Jersey (Channel Islands)” foi liderado por Chris Stringer e publicado na revista científica Journal of Human Evolution. Segundo a pesquisa, os baixos níveis do mar durante a última Era do Gelo desfavoreceram condições de isolamento dos diferentes humanos e possibilitaram a migração de grupos para as Ilhas do Canal da Mancha. “Há evidências consideráveis, tanto de fósseis quanto de genomas modernos, de que o cruzamento ocorreu. Apesar da descoberta, nós ainda não sabemos as circunstâncias exatas, nem o quanto isso foi gerado pela expansão das populações humanas modernas”, explicou Stringer em comunicado do Museu de História Natural de Londres.

Covid-19 no sangue Um grupo de cientistas da Universidade de São Paulo (USP) conseguiu identificar sete proteínas presentes no plasma sanguíneo que podem ajudar a descobrir a gravidade da doença em pacientes com o novo coronavírus. Entre maio e julho de 2020, o estudo avaliou 163 pacientes internados no Hospital Estadual de Bauru. Todos estavam diagnosticados com covid-19 e foram divididos em casos leves, severos e críticos. Ao comparar o proteoma, conjunto de proteínas de uma célula específica, dos três grupos, eles perceberam que os casos mais leves tinham uma predominância das proteínas IREB2, GELS, POLR3D, PON1, SFTPD e ULBP6. Responsável por mediar a desregulação do sistema imunológico, a IREB2 foi encontrada apenas naqueles que apresentavam sintomas leves. Como ela impede a formação de ferritina e o avanço de inflamação, os pesquisadores afirmam que o objetivo é encontrar drogas capazes de aumentar sua produção, impedindo o agravamento da doença.


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