Edição 1108

Page 1

e

extra MACEIÓ - ALAGOAS

www.novoextra.com.br

1998 - 2020

ANO XXII - Nº 1108 - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021 - R$ 4,00

ÁGUA CONTAMINADA

Nitrato e caramujo-africano contaminam poços da Casal

Quase todos os poços artesianos operados pela Casal no estado estão contaminados por alto índice de nitrato e invasão de caramujos. 2

WASHINGTON LUIZ DEVE SER INVESTIGADO POR ENGANAR CNJ n Processo em que desembargador é acusado de mandar matar juiz continua tramitando no STJ 3

MÁFIA DA METRALHA

IMBRÓGLIO

ADVOGADOS TRAVAM PRECATÓRIO DE R$ 100 MILHÕES DA EXTINTA FEBEM 12

VEREADOR FÁBIO COSTA DENUNCIA CRIME AMBIENTAL E DESVIO DE RECURSOS NA GESTÃO RUI PALMEIRA 10 e 11

CASO MARTHA MOREIRA PROMOTOR SIDRACK NASCIMENTO É RÉU EM AÇÃO PENAL E PODE PEGAR 8 ANOS DE CADEIA 5


2

e

extra MACEIÓ - ALAGOAS

www.novoextra.com.br

e

COLUNA

EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Crime ambiental 1

- Vários crimes ambientais estão ocorrendo na orla de Barra de Santo Antônio com descarte de todo tipo de lixo nas praias urbanas e destruição da vegetação nativa de restinga, comprometendo inclusive o Programa Salsa Viva, do Instituto do Meio Ambiente.

2 1998 - 2020

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

- A denúncia chegou à coluna através de moradores e veranistas revoltados com a omissão da prefeitura, do IMA, e do próprio ICMBio que mantém um posto no local, mas nada faz em defesa da Área de Preservação Ambiental – APA Costa dos Corais.

3

- Há informações de que alguns dos responsáveis por esses crimes são integrantes da colônia de pescadores do local. Logo eles que deveriam preservar o ambiente para garantir a pescaria estão ajudando a devastar seu meio de vida.

4

- Vale lembrar que nas proximidades está sendo construído um resort à beira -mar, de padrão internacional, que atrairá turistas de várias partes do mundo.

5

- A omissão da prefeitura e a negligência dos órgãos de fiscalização ambiental operam juntos contra o desenvolvimento turístico de que a região tanto necessita.

Vende-se sentença

A PF prendeu quatro desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro envolvidos no esquema de corrupção liderado pelo governador afastado Wilson Vitzel. Deve ser terrível viver em um estado onde desembargadores vendem sentença.

Água contaminada

Quase todos os 300 poços artesianos operados pela Casal em Alagoas estão contaminados com alto índice de nitrato e caramujos-africanos, que podem provocar graves danos à saúde humana. O nitrato é um composto químico usado ao longo de décadas pelas usinas de açúcar como fertilizante e chega aos lençóis freáticos pela infiltração das águas de chuva. Já o caramujo invadiu os poços da Casal através da captação de água no Rio São Francisco.

Caramujo invasor

Dos 300 poços, 180 estão contaminados pelo nitrato, 40 foram invadidos pelo caramujo-africano e o restante ainda está em análise. A contaminação foi constatada após análise da água de todo o sistema de abastecimento de Alagoas pela empresa que comprou a Casal.

Riscos à saúde

Segundo a OMS, o nível de nitrato na água para consumo humano acima de 10 mg/l pode causar graves problemas de saúde, sobretudo das crianças. Já o caramujo-africano é um molusco invasor que também pode transmitir várias doenças ao homem. A BRK Ambiental deve divulgar relatório sobre o caso e anunciar as providências para preservar a saúde da população. Até lá, o melhor é beber água mineral.

Sucessão

O presidente da Assembleia Legislativa está cada dia mais convencido de que não vale a pena entrar na disputa pelo governo do Estado já em 2022. Mesmo sendo o mais forte dos potenciais candidatos à sucessão de Renan Filho, Marcelo Victor não está disposto a trocar uma reeleição certa por uma batalha incerta.

Alvo errado

O secretário Alfredo Gaspar de Mendonça assumiu as dores do governador Renan Filho, alvo de críticas do jornal Gazeta de Alagoas nas áreas de segurança pública, saúde e educação. Ao invés de defender as ações da sua pasta, Gaspar partiu para o ataque pessoal ao dono do jornal, sem explicar os gastos excessivos de sua gestão apontados pela Gazeta.

Salário baixo

A Secretaria Estadual da Fazenda vai realizar em julho novo concurso para contratação imediata de 35 auditores fiscais. Concurso idêntico foi feito em 2019, mas a maioria dos aprovados foi embora para outros estados que pagam o dobro dos R$ 10 mil de Alagoas.

Sem licitação

O novo concurso será coordenado pelo Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos – Cebraspe, Organização Social (OS) com sede em Brasília. A empresa é a mesma que fez o concurso anterior da Sefaz e será contratada para organizar os concursos da PM e do Corpo de Bombeiros, já anunciados pelo governo. Para contratar a OS sem licitação o governo se apoia no Artigo 24 da Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. O valor do contrato não foi divulgado.

Cofre cheio

A Usina Coruripe deve encerrar a safra 2020/21 no final deste mês com faturamento de R$ 3 bilhões e lucro líquido de R$ 371 milhões. A produção deve atingir 478 milhões de litros de etanol, 23 mil sacas de açúcar e geração de 755 MWh de energia elétrica.

Dom Robalo vem aí

O ex-deputado e imortal Temóteo Correia, autor de dois volumes sobre folclore político no “País das Alagoas”, vai estrear seu primeiro romance em forma de peça teatral, a ser lançado ainda este ano pela Viva Editora. O livro está no prelo, como se dizia antigamente, em referência à máquina impressora. Intitulada “O Auto da Política”, a obra conta a estória de um fictício reino governado por Dom Robalo, príncipe tão corrupto quanto governantes reais que habitam esta terra desde a invasão de Pindorama. Dom Robalo e seus vassalos nada ficam a dever a Sinhozinho Malta e a Odorico Paraguaçu, personagens que deram vida a “Roque Santeiro” em Asa Branca, e “O Bem-Amado”, em Sucupira, com muitos discípulos na terra dos caetés, alguns deles contemporâneos do autor. O personagem central do livro também bebeu na fonte que elegeu Justo Veríssimo presidente e o transformou no mais corrupto dos governantes de Chico City. Com a proximidade das eleições, é leitura propícia para se entender os meandros da política e a malandragem dos políticos. Ao ler a peça teatral, muitos políticos alagoanos – de ontem e de hoje – se verão nesse romance picaresco, mesmo que não vistam a carapuça. Assim como as duas obras anteriores de Temóteo Correia, “O Auto da Política” tem tudo para ser sucesso.


MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

e

3

extra

CNJ

Corregedora Nacional de Justiça pede processo contra Washington Luiz Desembargador é acusado de induzir conselheiros a erro para se livrar da acusação de mandar matar magistrado VERA ALVES ESPECIAL PARA O EXTRA

O

Conselho Nacional de Justiça decide na próxima terça-feira se acata o parecer da corregedora Nacional de Justiça, Maria Thereza de Assis Moura, de instauração de processo administrativo contra o desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas. Atual vice-presidente e corregedor do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas e presidente da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, ele é acusado de induzir a erro os conselheiros do CNJ no julgamento de uma reclamação disciplinar a que respondeu no colegiado levando ao arquivamento da mesma em 2016. Há cinco anos, o CNJ arquivou a reclamação em que o desembargador era acusado de ter sido o mandante de um atentado que teria como alvo o juiz Marcelo Tadeu Lemos de Oliveira – hoje aposentado – e que resultou na morte do advogado mineiro Nudson Harley Mares de Freitas devido a sua semelhança física com o magistrado. Na noite de 3 de julho de 2009, Nudson Freitas estava em um orelhão na Avenida João Davino, na Jatiúca, quando foi atingido por tiros disparados por dois homens que fugiram em uma motocicleta. A poucos metros do local do crime, o então juiz acabara de sair de uma farmácia. As investigações da Polícia Civil não resultaram em qual-

quer prisão ou indiciamento, mas a Polícia Federal entrou no caso a pedido do próprio Marcelo Tadeu depois deste ter sido informado de que de fato era o alvo do atentado e que os mandantes teriam sido o desembargador alagoano e seu irmão, o ex-prefeito de Olho d’Água do Casado Wellington Damasceno Freitas, o Xepa. A motivação do crime: o cancelamento em 2007 de milhares de títulos de eleitor em Piranhas e Olho d’Água do Casado, municípios do Sertão e redutos eleitorais da família Damasceno Freitas, e a decisão de Marcelo Tadeu de cassar o mandato de Xepa em abril de 2008. O informante foi o empresário Kleber Malaquias de Oliveira, assassinado a tiros em julho do ano passado, em um restaurante de Rio Largo, e que na época afirmou ter ouvido a conversa dos irmãos tramando a morte do magistrado. A reclamação disciplinar requerida por Marcelo Tadeu junto ao CNJ contra Washington Luiz terminaria sendo arquivada com base em uma petição assinada de próprio punho pelo desembargador alagoano acompanhada de duas certidões do Tribunal Regional Eleitoral. Segundo elas, um único título de eleitor teria sido cassado em Piranhas no período em que o magistrado atuara como juiz eleitoral da 32ª Zona Eleitoral e que abarcava, até 2018, os dois municípios sertanejos. Hoje, ambos pertencem à 40ª

Washington Luiz teria agido com má fé e deslealdade processual, avalia a corregedora Maria

Zona Eleitoral, sediada em Delmiro Gouveia. Embora em 2016 o parecer da então corregedora Nacional de Justiça Nancy Andrighi tenha sido pela instauração do PAD, o Plenário do CNJ acatou o voto divergente do conselheiro Norberto Campelo de arquivamento com base no fato de já haver uma investigação do caso no Superior Tribunal de Justiça – ainda em andamento – e diante do que qualificou como ausência de motivação, já que o cancelamento de um único título de eleitor não teria qualquer peso eleitoral. Ocorre que dois editais do TRE de Alagoas com o resultado da revisão do eleitorado – de números 35/2007 e 36/2007– provam que na verdade foram cancelados na época mais de 5.700 títulos, sendo 4.054 de Piranhas e 1.744 de Olho d’Água do Casado.

E é com base nestes editais que a atual corregedora Maria Thereza pediu que o CNJ instaure o processo administrativo contra o desembargador. Segundo ela, ainda que possa não ter qualquer participação na elaboração das certidões expedidas pelo TRE que atestavam o cancelamento de um único título, não havia como Washington Luiz desconhecer que elas não correspondiam à realidade dos fatos uma vez que, dada a influência política de sua família na região, seria impossível que ele não tivesse ciência do resultado real da revisão. Um ano após o cancelamento dos 5.798 títulos, a filha do desembargador Mellina Torres Freitas – atual secretária de Estado da Cultura – foi eleita prefeita de Piranhas, sendo que o atual prefeito é Tiago Freitas, filho de Washington Luiz. O entendimento de Maria

Thereza é de que o desembargador se utilizou de documentos que sabia não estarem corretos para induzir o CNJ a arquivar a representação, agindo com má fé e deslealdade processual. Ainda de acordo com a corregedora, ao ser questionado quanto à discrepância do conteúdo das certidões e os editais, o TRE argumentou que, após uma sindicância, detectou que ela se deveu ao lapso temporal de oito anos entre a revisão e a consulta e mudança nos códigos de registro no sistema da Corte, o que teria levado a funcionária que expediu as certidões ao erro. O julgamento do Pedido de Providências 000545174.2016.2.00.0000 pautado para a próxima terça deveria ter sido analisado no último dia 23, mas foi adiado devido ao pedido de vistas do conselheiro Emmanoel Pereira.


e

4

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

extra

GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Demora nas nomeações

F

altando pouco mais de trinta dias para completar os seus primeiros 100 dias de governo com ações para mudar Maceió, o prefeito JHC vai começar a encontrar dificuldades até na sua própria equipe, cujos secretários se ressentem da nomeação de auxiliares diretos para pôr em execução projetos iniciais na administração pública.

Insatisfação Ricardinho Santa Rita, titular da Secretaria de Turismo do Município, é um dos que vem encontrando sérias dificuldades para executar suas tarefas. Embora tenha indicado auxiliares para serem nomeados, os processos continuam dormindo no gabinete do prefeito.

Insatisfação 2 No início da semana trabalhadores da área de saúde do município de Maceió fizeram uma manifestação sobre o não pagamento de quase dois meses de salários, o que demonstra que alguma coisa anda errada na gestão de JHC.

Sem logística A alegação do gestor de Cidades Inteligentes e Sustentáveis da Prefeitura de Maceió, Claydson Moura, de que a falta de logística para atender a vacinação dos idosos devia-se à falta de vacinas, é conversa pra boi dormir. O que faltou mesmo foi planejamento para atender à grande massa de pessoas com mais de 79 anos. Se não tivesse vacina, ninguém iria comparecer, é claro. O problema foi deixar durante horas pessoas com comorbidades no interior dos veículos nos estacionamentos esperando serem vacinadas.

Remendando Para remendar o fiasco que por certo não era do conhecimento do prefeito JHC, agora promete mais postos para vacinação, mas só a partir do dia 14 de março. Sem estrutura para atender as necessidades dos idosos, como banheiros ou lanchonetes, os atuais postos não atendem à demanda e massacram os mais velhos. Faz planejamento, Mourinha, faz.

Arrumação

Alguns deputados federais que detêm cargos no governo de Renan Filho irão ter que decidir

o abastecimento d’água fosse normalizado. Mesmo economizando alguns milhões de reais na folha de pagamento, algumas secretarias já demonstram sentir o peso da ausência de reforços no time, o que atrapalha os projetos planejados, desestimulando até os titulares das pastas, o que deve ser reparado pelo prefeito de Maceió.

rapidamente se ficam onde estão ou se migram para o grupo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Em um ano pré-eleitoral os protagonistas querem uma decisão. E que seja rápida.

Iate Pajussara Como havia prometido e depois de cumprir todas as etapas, o comodoro do Iate Clube Pajussara, Moacir Albuquerque, iniciou na última quarta-feira a demolição do prédio antigo para dar lugar a um moderno clube. Com um projeto arrojado, o Iate, daqui há alguns meses, voltará a funcionar em modernas instalações e que certamente se revelará num importante ponto turístico de Maceió.

Reforma Correndo para fechar compromissos para o ano que vem, o governador Renan Filho trabalha dia e noite para formalizar outras composições políticas. Com muita grana para gastar em obras até 2022, elas só serão realizadas se os prefeitos e deputados definirem em que lado estarão no próximo ano.

Rasteira

A inicial pretensão do governador Renan Filho de escolher entre três fiéis escudeiros para a sua sucessão parece ter ido de água abaixo. Nos corredores do Palácio

República dos Palmares circula a informação de que o candidato mesmo do governador é o deputado federal Isnaldo Bulhões. Os outros, ou seja, Alexandre Ayres, Rafael Brito e até mesmo o secretário da Fazenda, George Santoro, já podem ir procurando se planejar para o futuro em outra seara.

Agressividade Ou o governador dá um basta nas violações dos direitos humanos com as abordagens feitas por alguns policiais, ou ninguém sabe o que poderá acontecer daqui pra frente. As denúncias são inúmeras e, na última terça-feira, circulou nas redes sociais a abordagem de dois pescadores em Piaçabuçu, onde foram literalmente espancados antes de prestarem qualquer depoimento.

Reflexo Alguns policiais militares parecem que estão confundindo as orientações do secretário de Segurança Pública, Alfredo Gaspar, que quase sempre participa das operações policiais, seja pela terra, seja pelo ar. Mas há uma diferença muito grande no tratamento às pessoas abordadas, pelo menos é o que se sabe até agora.

Generalizar O receio dos excessos cometidos por alguns militares, como aconteceu recentemente em Piaçabuçu, é que a coisa transborde de uma forma que comece a ameaçar a sociedade como um todo. Com certeza, os que se excedem nas suas funções trabalham exatamente contra o regulamento da PM, o que é lamentável.

Na miséria

Além de enfrentarem uma seca inclemente, a população sertaneja ainda é punida com a suspensão dos carros-pipa em pelo menos quarenta e dois municípios alagoanos. Até o fechamento da coluna nenhuma esperança de que

Desativados Acho que as autoridades ainda estavam acreditando na história da Carochinha, quando decidiram desativar os poucos hospitais de campanha instalados logo no início da pandemia. Com os principais hospitais do estado com seus leitos e UTIs comprometidos, só resta pedir ajuda a Deus.

Mais grave Pelas perspectivas dos médicos sanitaristas, a situação pandêmica provocada pelo coronavírus ainda vai piorar. Esses números são da ressaca da campanha eleitoral quando praticamente todos não cumpriram com os protocolos sanitários, até mesmo os candidatos, às festas de final de ano e o Carnaval. Como estamos chegando à Semana Santa, outra onda já está na agenda das autoridades.

O caos É lamentável que pelo menos 50 mil inquéritos estejam parados por falta de pessoal especializado para trabalhar nas delegacias da capital e do interior. A Polícia Civil, ou judiciária, como é chamada, é uma das muitas instituições que tem sido esquecidas pelo poder público. Aproximação Aos poucos, olhando seriamente para o ano de 2022, o governador Renan Filho tem atraído vários prefeitos para o MDB e se aproximado de Luciano Barbosa, em Arapiraca. A pretexto de anunciar projetos e obras no Agreste, o governador já visitou Arapiraca pelo menos duas vezes em menos de quinze dias. Nova visão


MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

e

5

extra

CASO MARTHA MOREIRA

Sidrack Nascimento é réu em ação penal Promotor de Justiça é acusado de caluniar enteado e cunhada e pode pegar até oito anos de reclusão VERA ALVES ESPECIAL PARA O EXTRA

A

lém de responder a três processos administrativos perante o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o promotor de Justiça Sidrack José do Nascimento é réu em ação penal por denunciação caluniosa. Se condenado, está sujeito a pena de reclusão de dois a oito anos além do pagamento de multa, conforme define o artigo 339 do Código Penal. A ação, que corre sob segredo de Justiça, é movida por uma das irmãs da advogada Martha Moreira, a fiscal de rendas Flávia Moreira que, junto com o filho de Martha, o universitário Arlindo Lopes, foi acusada por Sidrack de haver furtado equipamentos eletrônicos do Colégio Batista Moriah, instituição de ensino localizada no Jardim Petrópolis, em Maceió. Sidrack Nascimento e Martha Moreira foram casados por quase 10 anos, uma união marcada por violência doméstica e que terminou de forma trágica na tarde do dia 8 de maio de 2019, quando a advogada se matou usando a arma do promotor. Os detalhes da violência sofrida por Martha ao longo de sua convivência com o pro-

motor foram relatados em reportagem de capa publicada pelo EXTRA em sua edição da semana passada e resultaram na decisão do CNMP de instaurar um terceiro processo administrativo contra ele e com a recomendação de que seja punido com a demissão do cargo de promotor do Ministério Público do Estado de Alagoas. Flávia e Arlindo foram acusados pelo promotor de Justiça de haverem retirados os equipamentos do colégio – fundado por ele e Martha em sociedade - sem seu consentimento no dia do enterro da advogada e ao qual ele não compareceu por proibição da família de Martha que, a despeito de à época desconhecer os detalhes das agressões por ela sofridas ao longo do relacionamento, já o culpava pelo suicídio em função do seu estado depressivo. Seis dias após Martha se matar, Sidrack Nascimento protocolou ofício na Procuradoria Geral de Justiça relatando o suposto furto. Segundo ele, dentre os equipamentos furtados, estaria um laptop funcional que estava sob sua responsabilidade. O furto terminou sendo objeto de um procedimento de investigação instaurado pela PGJ em setembro de 2019 no qual o promotor foi ouvido por duas vezes.

Na primeira, reafirmou o furto e responsabilizou o filho da advogada e a irmã dela pelo mesmo. Dias depois, contudo, mudou a versão, afirmando que não sabia a quem atribuir o crime. Ainda que Nascimento tenha mantido a versão do sumiço do laptop funcional, o caso terminou sendo arquivado pela PGJ, mas a família de Martha ingressou com representação contra o promotor na Corregedoria Nacional do Ministério Público que, em agosto do ano passado, após uma investigação preliminar, defendeu perante o Conselho Nacional do Ministério Público a abertura de processo administra- Sidrack: furto nunca provado e calúnia contra irmã e filho de Martha tivo disciplinar contra o promotor de Justiça alagoano por denunciação caluniosa e recomendando a aplicação VIOLÊNCIA DOMÉSTICA da pena de censura. A família de Martha Moreira somente veio a tomar A família da advogaconhecimento de que ela era vítima sistemática de agresda decidiu, então, cobrar a sões físicas por parte do promotor Sidrack Nascimento ao responsabilização penal do examinar o conteúdo do celular dela pouco depois de seu promotor com base no artisuicídio. Nele, foram encontrados áudios, fotos e gravago 339 do Código Penal cuja ções que revelaram que ela sofreu violência doméstica redação foi alterada pela Lei por quase 10 anos. 14.110, de 18 de dezembro de Em uma das gravações, Sidrack Nascimento admite a 2020 e que define como criviolência que, de acordo com o relatório da Corregedoria me de denunciação caluniosa Nacional do MP votado na semana passada pelo CNMP, “dar causa à instauração de confirmam que ela era de natureza física, psicológica e inquérito policial, de procemoral. dimento investigatório criOs detalhes podem ser conferidos na reportagem da minal, de processo judicial, edição da semana passada do EXTRA, de número 1107, de processo administrativo ou no portal do semanário, através do link https://novoexdisciplinar, de inquérito civil tra.com.br/noticias/alagoas/2021/02/63857-esposa-de-proou de ação de improbidade motor-foi-vitima-de-violencia-domestica-por-10-anos. administrativa contra alO promotor também teve um PAD instaurado contra guém, imputando-lhe crime, si pelo CNMP em novembro do ano passado por violação infração ético-disciplinar ou à Lei Orgânica Nacional do MP e Lei Orgânica do Minisato ímprobo de que o sabe tério Público de Alagoas por gestão de empresa, o que é inocente”. Pena: reclusão de expressamente proibido por ambas as legislações. dois a oito anos e multa.


e

6

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

extra

PANDEMIA

Ajuda da União para Alagoas foi de R$ 1,2 bilhão em 2020 Valor é menos de 10% do divulgado por Bolsonaro como tendo sido repassado ao estado para combate à covid-19 TAMARA ALBUQUERQUE TAMARAJORNALISTA@GMAIL. COM

O

s embates entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores ficaram acirrados desde a instalação da pandemia no país e prometem não dar trégua este ano. Depois de criticar políticas dos governos contra a covid-19 e dizer que o auxílio emergencial deveria ser pago por quem fechar os estados (lockdwon) e destruir empregos, esta semana mais um conflito foi criado. O presidente fez a divulgação, pelas redes sociais, de remessas de recursos financeiros aos estados a título de enfrentamento da pandemia, expondo uma situação irreal, segundo os governadores, e que jogou a opinião pública contra eles. Nos dados divulgados por Bolsonaro foram incluídos valores que, por obrigação constitucional, pertencem aos estados e não estão relacionados diretamente à saúde, como anunciaram os governadores em carta aberta à sociedade. É o caso, por exemplo, do Fundo de Participação dos Estados (FPE), do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Fundeb, SUS, royalties e mesmo a renegociação das dívidas com o Tesouro Nacional. Na lista de Bolsonaro, que não discriminou os repasses em sua totalidade, foram exibidas transferências no valor de R$ 847 bilhões para os estados, de janeiro de 2020 até 15 de janeiro deste ano. Entretanto, desse montante 30% pelo menos são

repasses obrigatórios ou benefícios já existentes. O Tesouro Nacional, na tentativa de acalmar os ânimos, divulgou na quarta-feira (3) que o socorro da União aos estados em razão da pandemia foi de R$ 76,9 bilhões em 2020. Segundo o Tesouro Nacional, a ajuda de R$ 76,9 bilhões inclui as transferências diretas ao caixa dos governadores (R$ 37 bilhões), a recomposição do FPE (R$ 7,4 bilhões) e a suspensão temporária de dívidas com o governo federal (R$ 32,5 bilhões). Dos R$ 37 bilhões em transferências extraordinárias,

R$ 7 bilhões tinham de ser destinados exclusivamente para a Saúde. O restante era de uso livre por parte dos governadores. Na conta de Bolsonaro, Alagoas teria recebido R$ 18,09 bilhões de transferências, além de R$ 5,46 bilhões em auxílios à população vulnerável, um total de R$ 23,55 bilhões. Nesse cálculo, no entanto, entraram os repasses constitucionais, como R$ 510,9 milhões de FPE e FPM (R$ 337,4 milhões de FPE e R$ 173,6 do FPM) em 2020 e a suspensão de pagamentos de dívida federal, determinada pela Justiça antes da pandemia, corres-

pondente a R$ 491 milhões. Bolsonaro exibiu como sendo decorrência dos repasses -, que nas publicações nas redes sociais ele faz parecer uma concessão política do seu governo - a melhora na situação financeira dos estados, que de fato aconteceu em 2020 decorrente de multifatores, como o pagamento do auxílio emergencial, que elevou o consumo e a arrecadação do ICMS e o encolhimento de despesas (em 4,3% no país) com o congelamento de salários dos servidores. Alagoas teria registrado, assim, aumento de receita de 62% se compa-

rado 2020 a 2019, uma variação positiva de R$ 1.450.853.629,21 (dados Sicnofi). O Tesouro Nacional também mostra que Alagoas recebeu da União o socorro de R$ 1,2 bilhão motivado pela pandemia. Vale lembrar que no enfrentamento à Covid-19 sobraram no ano passado cerca de R$ 80 bilhões entre o que foi autorizado no chamado Orçamento de Guerra e o que foi efetivamente gasto, segundo o Senado. De um total de R$ 604,7 bilhões, apenas R$ 524 bilhões foram efetivamente pagos pelo governo federal.


MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

e

7

extra

Estados repassaram para a União R$ 1,479 trilhão em tributos no ano passado

O

s governadores não deixaram barato o fato de o presidente divulgar os repasses sem levar em conta àaueles que não possuem relação direta com o combate da pandemia e deram resposta ao presidente no dia seguinte à publicação. Em carta aberta à sociedade, eles rebateram as informações e alfinetaram: “Em meio a uma pandemia de proporção talvez inédita na história, agravada por uma contundente crise econômica e social, o Governo Federal parece priorizar a criação de confrontos, a construção de imagens maniqueístas e o enfraquecimento da cooperação federativa essencial aos interesses da população”, ressaltaram os 17 gestores no documento, entre eles potenciais aliados do presidente, como Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Júnior (Paraná). Na quarta-feira (3), o documento já havia sido assinado por 19 governadores citados. Na carta, os governadores questionam o repasse dos recursos arrecadados aos Estados e Municípios e lembram que o total dos impostos federais pagos pelos cidadãos e pelas empresas de todos Estados, em 2020, somou R$ 1,479 trilhão. “Se os valores totais, confor-

me postado [pelo presidente], somam, R$ 837,4 bilhões, pergunta-se: onde foram parar os outros R$ 642 bilhões que cidadãos de cada cidade e cada Estado brasileiro pagaram à União em 2020?” Os governadores afirmaram no documento que as informações divulgadas estão “distorcidas” e têm o objetivo de “gerar interpretações equivocadas e atacar governos locais”. Eles ainda manifestaram “preocupação em face da utilização, pelo governo federal, de instrumentos de comunicação oficial, custeados por dinheiro público” para ações que vão contra os Executivos estaduais. No ano passado, os estados brasileiros destinaram ao governo federal R$ 1,9 trilhão em impostos, segundo informação divulgada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Segundo ele, do total dos tributos arrecadados, 60,27% foram retidos pelo governo federal e não foram redistribuídos aos estados brasileiros. Apenas 39,73% da arrecadação federal foi distribuída a estados e municípios. O Tesouro Nacional não falou sobre esses tributos. A Receita Federal, por sua

vez, tem estampado no site oficial dados da contribuição das unidades federativas ao governo federal que mostram o repasse à União de R$ 906,4 bilhões de janeiro a agosto de 2020. Contribuíram com mais recursos São Paulo (R$ 350 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 145,9 bilhões) e o Distrito Federal (R$ 72 bilhões). O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) usou as redes sociais para denunciar que o presidente Jair Bolsonaro mentiu e anunciou que vai procurar a justiça. “É tão absurda que o valor “informado” (R$ 36 bilhões) equivale quase ao dobro do orçamento do Estado em 2020. Vamos ter de entrar na Justiça por essa vergonhosa fake News”, disse. Sobre o Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSDB) disse que a “linha da má informação e da promoção do conflito entre os governantes em nada combaterá a pandemia e muito menos permitirá um caminho de progresso para o país”. Para o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), Bolsonaro espalha “informações distorcidas e promove discórdia com governadores”.

EMBATES É possível fazer uma lista dos principais conflitos e embates com governadores criados após comentários do presidente Jair Bolsonaro, envolvendo o tema pandemia. Em levantamento realizado pelo Diário do Nordeste, alguns embates soam até hilários. Em 17 de dezembro do ano passado, por exemplo, Bolsonaro questionou os possíveis efeitos colaterais da vacina contra o coronavírus da Pfizer/Biontec, fabricada pelo Instituto Butantan (SP). Ele disse que não havia garantia e quem tomasse poderia virar um jacaré. “Lá no contrato da Pfizer, está bem claro: nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu”. Nessa ocasião, os governadores pressionavam o presidente para assumir o protagonismo do Plano Nacional de Imunização. Em junho do ano passado, o Ministério da Saúde restringiu a divulgação de dados de mortes e casos acumulados de covid-19, informando apenas o número diário. Bolsonaro justificou que a medida era para entregar dados consolidados. Veículos de

imprensa formaram uma parceria para divulgar os dados acumulados com base nos dados das secretarias da Saúde estaduais. Depois disso, o site do governo voltou a apresentar os números como antes. No mês de março de 2020, o presidente publicou um decreto definindo igrejas como atividades essenciais, contrariando governadores e prefeitos que tentavam evitar eventos com aglomerações. Na ocasião, o Supremo Tribunal Federal havia definido a autonomia de estados e municípios para definir restrições. Em 24 de março do ano passado, em seu terceiro pronunciamento em rádio e televisão sobre a crise do novo coronavírus, Bolsonaro voltou a minimizar a gravidade da covid-19 comparando a doença a uma gripezinha. O presidente pediu para prefeitos e governadores “abandonarem o conceito de terra arrasada”, que, para ele, inclui o fechamento do comércio e o confinamento em massa. “O grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos”, falou no pronunciamento.


e

8

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

extra

PANDEMIA

Pesquisadores destacam necessidade de lockdown severo para evitar agravamento Estudos apontam óbito de 66% dos pacientes com respiradores em UTIs TAMARA ALBUQUERQUE TAMARAJORNALISTA@GMAIL. COM

O

número de casos, hospitalizações e óbitos devidos à covid-19 no Brasil tem crescido de forma alarmante desde meados de fevereiro, atingindo marcas nunca antes alcançadas e levando o País à beira do colapso no sistema hospitalar. Quanto maior o número de infecção pelo coronavírus, maior a necessidade de internações, inclusive para tratamento intensivo. Em Alagoas, 133.220 pessoas foram confirmadas infectadas pelo coronavírus desde o início da pandemia até quarta-feira (3), quando 577 pacientes estavam internados na rede pública. O sistema de saúde está em alerta, com taxa de ocupação das UTIs do SUS oscilando entre 60% a 72%. A rede hospitalar privada anunciou esta semana a suspensão de internamentos de pacientes com covid-19 por falta de leitos de UTI. A gravidade da situação da pandemia no Brasil vem sendo mostrada em vários estudos realizados por instituições competentes e incorruptas. Esta semana, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) divulgou parte de um desses estudos com dados alarmantes e assustadores coletados a partir da análise de 98 mil internações em UTIs. O estudo mostra que 2/3 ou 66% dos pacientes intubados nas UTIs morrem e que 46,3% dos pacientes que precisam do tratamento intensivo também ne-

Óbitos entre pacientes que necessitam de respiradores passa de 60%

cessitam da ventilação mecânica ou respirador. A mortalidade dos que não precisam do respirador é de 9%. Outro dado alarmante aponta que 12,2% dos pacientes nas UTIs têm necessidade de fazer diálise peritoneal, por falha dos rins. Atualmente, dos infectados que desenvolvem a covid-19 em forma grave e conseguem ser encaminhados à UTIs, 64% não registram comorbidades e 45,7% têm menos de 65 anos. Cada vez mais jovens chegam aos hospitais necessitando de tratamento intensivo.

SEQUELAS

A média de internamento

nessas unidades é de 13,2 dias por pessoa, o dobro do habitual para outras patologias e entre 30% a 50% dos pacientes que tiveram covid-19 na forma leve registram sequelas com graus variáveis de gravidade, enquanto 40% daqueles que ficaram em UTI necessitam de reinternações após alta hospitalar. Em carta aberta à sociedade, o Observatório Covid-19 BR, outra instituição sem fins políticos, fruto da colaboração entre pesquisadores que desejam contribuir para a disseminação de informação de qualidade baseada em dados atualizados e análises cientificamente embasadas, afirma que ainda é possível evitar

uma tragédia maior no Brasil. Os pesquisadores do Observatório mostram que, para tanto, o Pdeve adotar medidas restritivas imediatas para evitar o espalhamento alarmante do coronavírus e suas novas cepas estabelecidas em todo o território nacional. Apontam, ainda, que a população e seus representantes no Congresso e Senado devem exigir que os governos tomem as devidas medidas restritivas imediatamente.

“A falta de uma coordenação centralizada pelo governo federal tem dificultado todas as medidas eficazes no combate à epidemia no país, que até o momento conta com poucas estratégias de testagem e rastreio de contactantes, atrasos na vacinação e demora para retomada de auxílio emergencial às pessoas mais carentes, para que elas possam sobreviver a este período de restrições econômicas e de mobilidade”, denunciam os analistas do Observató-

Surgimento de nova cepa Segundo os técnicos e cientistas colaboradores, a explosão de casos que vemos hoje no Brasil não é completamente passível de explicação sem que se considere o papel do surgimento e da disseminação de ao menos uma nova variante viral muito mais transmissível do que as que já circulavam antes no país. “Uma variante mais transmissível acelera a epidemia e gera a necessidade de medidas de saúde pública mais firmes e restritivas. Termos chegado a esta situação foi, sem dúvida, devido à falta de senso de urgência dos governantes, de compromisso com a vida como prioridade e, sobretudo, à inexistência de ações e de coordenação do governo federal visando mitigar a epidemia. Agora é a hora de mudarmos isso e evitarmos uma catástrofe ainda maior”. A orientação é por um lockdown rigoroso, severo, com fechamento de estabelecimentos não -essenciais e limites à circulação das pessoas, com o propósito de evitar novos contágios. “O lockdown estrito compreende a abertura somente daqueles serviços realmente essenciais, tais como mercados, farmácias e locais de atenção à saúde. Sabemos o custo imediato disso, mas não há outra maneira

de se evitar o colapso hospitalar generalizado, que gera desespero e mortes, além de efeitos devastadores para a economia”, afirmam. A duração deste lockdown, continua o documento do Observatório, deve ser melhor estudada em cada região, mas deverá durar, no mínimo, 14 dias. “Já a urgência de instituí-lo é imediata. Somente poderemos abandonar esta medida restritiva quando os índices de casos e mortes atingirem patamares muito mais baixos que os atuais”. Como última observação, o documento do Observatório da Covid-19 BR afirma que sem nenhuma estratégia de contenção da epidemia, o “Brasil tornou-se terreno fértil para a emergência de novas variantes de SARSCoV-2 e sua propagação, ameaçando não apenas o país, mas todo o mundo. A intensa circulação do vírus no Brasil possibilita o surgimento de novas mutações de preocupação. A ameaça global em que se transformou o Brasil coloca o país em risco de isolamento internacional não apenas por meio do fechamento de fronteiras, mas também pela possível imposição de sanções. As consequências disso para o país, para a economia, para suas relações futuras com o resto do mundo poderão ser severas”.


MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

e

9

extra

SÍNDROME DE HAFF

Morte de veterinária após consumir peixe reacende alerta sobre a “doença da urina preta” Especialista alagoano alerta consumidor sobre importância de conhecer a procedência do pescado JOSÉ FERNANDO MARTINS JOSEFERNANDOMARTINS@ GMAIL.COM

A

Semana Santa está chegando e um peixe tirou o protagonismo do tradicional bacalhau. E não por razões de sabor e dicas de culinária. A espécie arabaiana, conhecida também como olho de boi, ganhou as manchetes de todo país após o caso da morte da médica veterinária Priscyla Andrade na terça-feira, 2, aos 31 anos de idade. Ela estava internada em um hospital particular de Recife, em Pernambuco, desde o dia 17 de fevereiro após apresentar sintomas compatíveis com a Síndrome de Haff, a “doença da urina preta”. A Síndrome de Haff é causada pela ingestão de pescado contaminado por uma toxina que pode causar necrose muscular. A doença geralmente está associada ao consumo de peixes como a arabaiana e também o badejo. Segundo o engenheiro de pesca, com Pós-Doutorado em Ciências Aquáticas e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Emerson Soares, a enfermidade, que não é comum, é causada por uma biotoxina, conjunto de toxina que existem em algumas bactérias, microalgas, macroalgas e corais. “Entre essas toxinas nós temos a palitoxina, que é a possível causa da morte da médica veterinária”, explicou. Ao EXTRA, Soares disse ainda que no Brasil ainda não se tem o controle de monitoramento de toxina como já ocorre em outras regiões do planeta. “E pode acontecer que um pescado, não só a arabaiana, pode ser qualquer

pescado, se contamine em alguns fenômenos de maré vermelha e liberar essa toxina”, disse. “Para a prevenção, é preciso ter muito cuidado com a origem do alimento que você consome. Mas para investigar se o peixe está ou não contaminado, é complicado. Tem que identificar se o animal se alimentou de fitoplâncton ou de muco de coral. Aí é necessário um sistema de rastreabilidade que existe em pescados na Europa”, pontuou. Ainda conforme o especialista, casos de envenenamento de pessoas por essas toxinas são raros: “O problema não é o peixe, o problema é do que ele se alimentou. O peixe de topo de cadeia, como o arabaiana, se alimenta de peixes menores que consomem algas microscópicas que, muitas vezes, estão contaminadas com a palitoxina. Infelizmente, no caso da veterinária, ela se contaminou com uma quantidade um pouco mais elevada da toxina, que desenvolveu a enfermidade terminando em óbito”. Peixes de água doce também podem ser contaminados pela toxina, mas o que seria menos comum. Mas o que fazer? É necessário deixar de consumir peixes? O especialista afirma que “não”. “Gosto muito de peixe, é um alimento muito saudável. Mas precisamos saber a procedência do pescado. Sempre procuro saber de onde veio o peixe. Como moro no litoral norte, compro sempre do mesmo pescador, que eu sei que o peixe não teve muito tempo de viagem. Para a questão de contaminantes, como a palitoxina e metais pesados, temos que considerar a área em que o animal foi

Emerson Soares explica como ocorre a contaminação dos peixes

ra de células musculares) sem explicação, e se caracteriza por ocorrência súbita de extrema dor e rigidez muscular, dor torácica. Ela também causa falta de ar, dormência e perda de força em todo o corpo, além da urina cor de café, associada à elevação sérica de da enzima CPK, associadaàa ingestão de pescados. Um dos sintomas da Síndrome de Haff, a urina escurecida é uma consequência da liberação de uma substância chamada miogobina no corpo. Essa proteína, tóxica para os rins, é liberada pelo próprio organismo, com a necrose muscular - outro sintoma provocado pela síndrome.

O CASO

Médica veterinária, Priscyla Andrade faleceu na última terça

capturado, se o pescado é fresco”. E destacou: “Casos de contaminação em pessoas são casos isolados. Também é importante o cozimento correto. Claro que a palitoxina não será eliminada em um simples cozimento. Mas o preparo correto elimina alguns microorganismos. Esses casos são eventos isolados de contaminação principalmente quando acontecem fenômenos de marés vermelhas ou proliferação de

fitoplâncton. Nos relatos de pescadores que capturam esses peixes contaminados, às vezes, eles observam que os peixes estão lentos, com natação errática. Esses que são muito fáceis de capturar podem estar com problemas. É uma forma de perceber também que há algo errado”, finalizou.

A DOENÇA

A Doença de Haff é uma síndrome de rabdomiólise (ruptu-

Na penúltima semana de fevereiro, duas irmãs foram internadas em um hospital particular em Recife apresentando mal-estar e dores após a ingestão de peixe da espécie arabaiana. Segundo a família delas, os médicos confirmaram o diagnóstico de Síndrome de Haff, conhecida como “doença da urina preta”. A empresária Flávia Andrade, de 36 anos, e a irmã dela, a médica veterinária Pryscila Andrade, de 31 anos, que acabou falecendo, chegaram ao Hospital Português, no bairro do Paissandu, na área central da capital pernambucana, no dia 18 de fevereiro. A internação ocorreu horas após almoço, que tinha no cardápio o peixe arabaiana, também conhecido como “olho de boi”, de acordo com a mãe das pacientes, a empresária Betânia Andrade. O alimento foi comprado no bairro do Pina, na Zona Sul da capital


e

10

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

extra

CORRUPÇÃO

Fábio Costa denuncia atuação de Máfia da Metralha durante gestão de Rui Palmeira Vereador entrega ao MP dossiê sobre o que chama de esquema criminoso envolvendo descarte de material de construção DA REDAÇÃO

O

vereador e delegado Fábio Costa (PSB) usou o plenário da Câmara de Maceió esta semana para denunciar irregularidades que teriam gerado prejuízo milionário nos cofres da Prefeitura de Maceió durante a gestão do ex-prefeito Rui Palmeira. O pronunciamento, que aconteceu na terça-feira, 2, alertou que o Executivo maceioense estaria sendo vítima de um novo esquema criminoso: a Máfia da Metralha, que funcionaria desde o segundo ano de gestão de Palmeira, há sete anos. “Como se não bastasse o prejuízo financeiro causado por esse intrincado esquema, existe ainda a possibilidade de ter ocorrido um incalculável prejuízo para o meio ambiente, com a contaminação e poluição de uma área de proteção ambiental, responsável por umas das maiores fontes de abastecimento de água dos maceioenses”, declarou. “Tudo começou quando a Prefeitura de Maceió adquiriu uma usina de reciclagem de resíduos da construção civil, hoje avaliada em um milhão e meio de reais, com o objetivo de receber entulhos de obras da construção civil, realizar o processamento e o reaproveitamento dos resí-

duos. Ocorre que, em 2014, houve um acordo formal entre a Prefeitura e a Associação dos Transportadores de Resíduos de Alagoas (Atral), sem fins comerciais ou lucrativos, durante a gestão do ex -prefeito Rui Palmeira, onde foi firmado Termo de Permissão de Uso da referida usina de resíduos, com o objetivo de reciclar os entulhos coletados pela entidade, através de seus associados, cuja atividade seria realizada na Usina de Reciclagem situada na fazenda Catolé, bairro Clima Bom”, detalhou. No entanto, no referido termo de permissão, firmado entre prefeitura e Atral, a finalidade, em tese, seria para que os transportadores de resíduos recolhessem os restos de obras e os encaminhassem à usina de reciclagem, os quais passariam por um processamento que permitiria que os resíduos fossem reaproveitados na sub-base da pavimentação de ruas pela Prefeitura, bem como doados para a população carente. Já os rejeitos seriam encaminhados para o aterro sanitário. Todos os resíduos levados para a usina de entulhos eram remunerados através dos transportadores associados os quais realizavam o devido pagamento. “Importante destacar que o Município contava com aterro sanitário de Maceió que já realizava essa ativida-

Fábio Costa acvusa gestão de Rui Palmeira de conluio com empresa e alerta para crime ambiental

NO REFERIDO TERMO DE PERMISSÃO, FIRMADO ENTRE PREFEITURA E ATRAL, A FINALIDADE, EM TESE, SERIA PARA QUE OS TRANSPORTADORES DE RESÍDUOS RECOLHESSEM OS RESTOS DE OBRAS E OS ENCAMINHASSEM À USINA DE RECICLAGEM, OS QUAIS PASSARIAM POR UM PROCESSAMENTO QUE PERMITIRIA QUE OS RESÍDUOS FOSSEM REAPROVEITADOS NA SUB-BASE DA PAVIMENTAÇÃO DE RUAS PELA PREFEITURA, BEM COMO DOADOS PARA A POPULAÇÃO CARENTE.

de, não se justificando a celebração do termo de permissão da usina de trituração de entulhos. Toda essa situação é agravada porque a usina funcionava dentro de uma Área de Proteção Ambiental, mais conhecida como APA do Catolé”, denunciou. E o vereador foi além: “Já neste primeiro momento é possível verificar indícios de ilegalidade, visto que a permissão de uso abrange um terreno de aproximadamente quatro hectares, além do maquinário da usina que custa em torno de um milhão e meio de reais, celebrada sem licitação e por um valor irrisório de R$ 3.500 mensais. O valor mencionado é flagrantemente incompatí-

vel com as práticas de mercado, ainda mais se tratando de uma grande área cedida pela prefeitura, acrescida dos equipamentos destinados à usina de reciclagem. Ao que tudo indica, nem mesmo o irrisório valor de R$ 3.500 foi pago pela Atral, referente à contraprestação mensal do termo de permissão. Confirmando-se essa suspeita, somente com o valor do aluguel, sem correção, o prejuízo para a prefeitura chega a quase meio milhão de reais, isso sem considerarmos a provável ausência de repasses dos resíduos para o uso em sub -base da pavimentação em Maceió como previsto no termo de permissão”.


MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

e

11

extra

Usina de entulho foi lacrada pelo IMA em setembro do ano passado após flagrar crime ambiental

Ainda conforme o vereador, também não se tem conhecimento dos valores que foram cobrados pela empresa Aliança para que os transportadores recolhessem o entulho e depositassem na usina, podendo estes valores ultrapassar a casa dos milhões de reais, a exemplo do contrato firmado com a Braskem que já destinou toneladas de resíduos do bairro do Pinheiro, ficando evidenciado que as pessoas envolvidas com este negócio estavam locupletando-se às custas do patrimônio público. “A movimentação da operação era tão grande que uma imagem de satélite de agosto de 2020 registrou uma enorme fila de caminhões na entrada da usina”,

disse. Ainda segundo a denúncia, no contrato firmado entre prefeitura e a Atral ficou estabelecido que a operacionalização da usina de entulho ficaria a cargo da empresa Aliança, supostamente a única com capacidade técnica e expertise para operar a usina. “Recapitulando, a prefeitura celebrou contrato com a Atral, mas quem iria de fato tocar a usina seria a empresa Aliança. Nenhum problema até aí se não fossem dois detalhes: o presidente da Atral, o Sr. João Thiago Millones, era um dos sócios da empresa Aliança e o parecer, que atestou a capacidade técnica da empresa Aliança, foi elaborado pela empresa Recicle, que foi assinado por Celso Milones Be-

zerra de Lima, que também era sócio da empresa Aliança e tio de João Thiago Millones”. E prosseguiu: “É possível verificar diante de toda a documentação analisada, que todo o procedimento administrativo firmado entre essas pessoas não visava atender ao interesse público, mas sim atender interesses particulares escusos. Mais um ponto que chama atenção é que seria imprescindível uma licitação para a escolha da empresa responsável pela operação da usina de resíduos, pois à época outras empresas associadas à Atral possuíam maior conhecimento técnico e expertise, pois atuavam nessa área há mais tempo. Na época da assinatura do termo de permissão, a empresa Aliança era recém-fundada e não possuía nenhuma licença ambiental. É bom destacar que esta denúncia não aborda somente possíveis crimes contra a administração pública ou irregularidades administrativas, mas vai muito além, posto que a atuação e a atividade da empresa Aliança na exploração da usina de resíduos ocorreu numa Área de Proteção Ambiental e gerou gravíssimos danos, os quais

estão também tipificados como crimes ambientais”. O parlamentar sugeriu ainda investigar porque a Secretaria de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet) liberou as licenças para que esta atividade ocorresse em uma área que sequer deveria receber resíduos: “Além do mais, a área recebeu material orgânico, acumulando chorume na Área de Proteção Ambiental, com o líquido proveniente de resíduos danosos ao meio ambiente escorrendo para dentro da mata, como filtros de óleo de veículos, animais domésticos mortos, garrafas pet, embalagens de produtos químicos, entre outros. Essa contaminação com chorume pode representar inúmeras enfermidades para a população em diversos bairros do Município, principalmente os bairros limítrofes à APA”. “Diante dos incontestes danos ambientais, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), durante fiscalização recente, constatou irregularidades e embargou a atividade. Por sua vez, a Sedet, em 21 de dezembro de 2020, cassou a licença de operação da usina de entulhos, tendo esta sido lacrada e proibida a realização de qualquer atividade semelhante no local. A

Aliança operou a usina de resíduos entre março de 2014 e dezembro de 2020. Não bastassem todas as ilegalidades e crimes ambientais em tese cometidos, tenho informações que a empresa Aliança está se articulando para reativar a operação e se instalar novamente na prefeitura para continuar a praticar as atividades lesivas denunciadas”. Para finalizar, o vereador, que ontem entregou o dossiê ao Ministério Público Estadual, informou que irá solicitar ao prefeito JHC a revogação da permissão de uso concedida para a Atral. “Mesmo porque o CNPJ da Atral está inativo desde 2018, não havendo sentido a validade do termo de permissão se a empresa permissionária está inativa. Como se não bastasse a sociedade maceioense tendo que enfrentar a pandemia da covid-19, e em meio a angústia dos bairros atingidos pela mineração de sal-gema, agora tendo que lidar com mais um problema que é a contaminação de suas águas. Esse tipo de conduta deve ser duramente combatida, dando aos que de fato estiverem envolvidos a justa punição”, frisou.


e

12

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

extra

IMBRÓGLIO

Pagamento dos precatórios da Febem pode se estender por mais alguns anos Beneficiários entram com embargo contra acórdão após decisão do STF DA REDAÇÃO

A

alegria dos ex-funcionários da antiga Fundação Estadual do Bem Estar do Menor de Alagoas (Febem) de finalmente receberem, em 2021, precatórios após entrave judicial de mais de 30 anos durou pouco. Na semana passada, o EXTRA noticiou que o pagamento estaria próximo após a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manter, no dia 23 de fevereiro, a decisão do ministro Gilmar Mendes que determinou a execução de sentença trabalhista favorável ao grupo dos ex-servidores da fundação, desde que se restrinja ao período em que a relação havia sido regida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O fato eliminaria a responsabilidade de o Estado pagar multa milionária fazendo com que o precatório chegasse ao valor de R$ 600 milhões. Sendo assim, a quantia a ser paga aos beneficiários - uma lista de aproximadamente 200 nomes - não deve ultrapassar os R$ 100 milhões. No entanto, apesar de o acórdão desentravar a briga judicial entre Estado e ex-servidores possibilitando que Justiça do Trabalho estadual começasse a atualizar os valores para os pagamentos, partes

envolvidas no processo entraram com recurso discordando do que foi decidido pelo ministro e mantido pelo Supremo. Por conta disto, o imbróglio judicial deve se estender por muito mais tempo. Um embargo de declaração foi encaminhado ao ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Breno Medeiros destacando que o acórdão foi omisso quando se trata do interesse das partes beneficiadas: “O acórdão embargado analisou explicitamente a questão do pressuposto referente à transcrição do trecho do acórdão do regional referente às matérias objeto da insurgência, fundamento suficiente à observância do pressuposto no recurso de revista. Na verdade, o exame das razões dos embargos revela que a pretensão dos embargantes está direcionada ao reexame do julgado, o que não se mostra admissível pela via dos embargos de declaração”, justificou a defesa de um grupo de exfuncionários. Traduzindo o “grego jurídico”, advogados entraram com ação contra o acordo de pagamento dos precatórios porque insistem que o Estado pague a multa milionária, fazendo com que o processo se arraste possivelmente por mais alguns anos.

O FATO ELIMINARIA A RESPONSABILIDADE DE O ESTADO PAGAR MULTA MILIONÁRIA FAZENDO COM QUE O PRECATÓRIO CHEGASSE AO VALOR DE

R$ 600 MILHÕES.

SENDO ASSIM, A QUANTIA A SER PAGA AOS BENEFICIÁRIOS - UMA LISTA DE APROXIMADAMENTE 200 NOMES - NÃO DEVE ULTRAPASSAR OS

R$ 100 MILHÕES.

O CASO

O

processo dos ex-servidores da Febem tramita na justiça desde 1988 e muitos dos beneficiados já faleceram. Em novembro de 2018, a Procuradoria-Geral do Estado obteve no Supremo Tribunal Federal uma decisão que derrubou a cobrança de multa aplicada contra o Executivo para o pagamento desses precatórios. O caso teve origem em reclamação trabalhista ajuizada por um grupo de servidores que pleiteava correções salariais referentes a gatilhos, resíduos e URPs acumulados desde janeiro de 1987. O juízo da 2ª Vara do Trabalho de Maceió julgou procedente a ação e, na fase de execução, determinou ao Estado de Alagoas que implantasse nos salários dos servidores os reajustes concedidos pela sentença, sob pena de multa. O Estado recorreu da decisão, mas, atendendo a requerimento dos servidores, o juízo de primeiro grau determinou o pagamento das diferenças de forma retroativa a agosto de 2015, no prazo de 30 dias e fixou nova multa, no valor de R$ 50 mil por empregado e por dia de descumprimento, com a possibilidade de sequestro dos valores correspondentes nas contas estaduais. Ao examinar o mérito da reclamação, o ministro Gilmar Mendes assinalou que, a partir do entendimento fixado no julgamento da cautelar da ADI 3395, compete à Justiça Comum processar e julgar causas instauradas entre o poder público e servidores com vínculo de ordem jurídico-administrativa. O STF firmou também a jurisprudência de que a competência da Justiça do Trabalho para julgar ações relativas ao período


e

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

13

extra

EFICIÊNCIA PÚBLICA

Prefeito de Carneiros é reeleito e toma posse como presidente do SIgip Geraldo Filho permanece à frente do consórcio para gestão de energia elétrica por mais um biênio

O prefeito da cidade de Carneiros, Geraldo Filho (MDB), tomou posse na presidência para um novo mandato no Consórcio Público para Gestão de Energia Elétrica e Serviços Públicos (CIGIP), gestão 2021|2022, após ser reeleito no dia 11 de janeiro. Atualmente o Cigip tem 85 prefeituras alagoanas consorciadas. O consórcio tem um grande potencial e, acima de tudo compromisso com a região. “A nossa expectativa principal é buscar soluções para que nós possamos desenvolver cada vez mais o pensamento coletivo”, disse o presidente. Durante a posse, a tônica dos discursos foi o papel da entidade na defesa dos interesses municipais. Os prefeitos enfatizaram a importância do corpo técnico da entidade para as soluções de demandas, desde a elaboração dos projetos e o acompanhamento das obras nos municípios. Além de Geraldo Filho, a nova diretoria do Cigip

é composta pelos seguintes prefeitos: vice-presidente, Aresky Freitas (União dos Palmares); tesoureiro, Aldo Lira (Estrela de Alagoas) e tesoureiro substituto, Jeane Moura (Senador Rui Palmeira). Geraldo Filho tem uma história de êxito na cidade de Carneiros e está fazendo um grande trabalho à frente do consórcio na avaliação dos prefeitos. “O município unido é município forte. Vamos continuar desenvolvendo ações que beneficiem os nossos consorciados”, disse o prefeito reeleito. Segundo enfatizou, a partir do consórcio as prefeituras enxergam a viabilidade de resolver problemas que atingem os municípios na área de ação do Cigip. Pioneiro do Brasil, o consórcio tem como objetivo gerir a iluminação pública dos municípios consorciados e, com base na união dos municípios, buscar soluções

de problemas comuns. Além da oferta de serviços como análise de conta, o Cigip realiza auditoria nos prédios públicos, garante suporte técnico com engenheiros eletricistas, locação de gerador, caminhão para manutenção do parque de iluminação, descontos para a compra de material elétrico e cursos de capacitação para eletricistas, entre outras atribuições. Participaram da posse a deputada estadual Ângela Garrote; o coordenador estadual do DNOCS, Arlindo Garrote; o presidente da AMA e prefeito de Cacimbinhas, Hugo Wanderley, além dos prefeitos Areski Freitas (União dos Palmares); Aldo Lira (Estrela de Alagoas); Pino (Campestre); Ramon Camilo (Dois Riachos); Hernrique (Porto de Pedras); Zé da Emater (Olho d’Água do Casado); Jeane Moura (Senador Rui Palmeira) e Mailson Mendonça (Monteirópolis).


e

14

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

extra

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Defensoria Pública promove ações de capacitação para atendimento a vítimas de violência Andrea Carla Tonin diz que prognóstico é bastante ruim para as mulheres que atravessarem a era covid MARIA SALÉSIA SALLESIARAMOS18@GMAIL. COM

O

Dia Internacional da Mulher é celebrado no dia 8 de março e a Defensoria Pública do Estado de Alagoas preparou uma série de ações dedicadas às mulheres. A agenda vai desde capacitação a acolhimento a mulher vítima de violência. Segundo a defensora pública estadual, em exercício nas comarcas de Delmiro Gouveia e São José da Tapera, Andrea Carla Tonin, o prognóstico é bem ruim para as mulheres que atravessarem a era covid. Sobretudo para aquelas já historicamente vulneráveis. A programação teve início dia 1º com o evento da Patrulha Selma Bandeira, quando foi discutido com os secretários municipais e agentes públicos o programa de atendimento à

mulher vítima de violência doméstica e os avanços já alcançados, bem como a atualização legislativa da Lei Maria da Penha Nos próximos dias a capacitação será nas Unidades Básicas de Saúde, onde será discutido o atendimento à mulher vítima de violência, bem como o acolhimento, atendimento, prontuário e encaminhamento para a rede. Ao longo do mês serão realizadas oito visitas. O cronograma é vasto. Na segunda-feira, 8, acontece mais uma edição do Prêmio Deise Freire, organizado pelo Conselho da Mulher. Dia 15, a capacitação será no Conselho da Mulher com orientação sobre atribuição e demais temas pertinentes. De acordo com Andrea Carla Tonin, a pandemia vem trazendo uma sobrecarga incrível às mulheres, que acumulam praticamente todas as funções da casa,

EM NÚMEROS

Andrea Tonin lembra que pandemia sobrecarregou as mulheres

do trabalho e agora a educação formal dos filhos. “A despeito dos casos de violência doméstica, a própria rotina vem adoecendo as mulheres, estafa, sobrecarga e outras demandas que ficarão bem evidentes no

pós-covid. Isso sem falar na deficiência de escolaridade a que nossas meninas estão sendo submetidas, o que agrava ainda mais o abismo que nos impõem as décadas de submissão”, afirma.

Dados do relatório da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-AL) apontam que ocorreram 141 casos de violência contra a mulher no período do Carnaval 2020 em Alagoas. Já em Maceió, embora não haja uma reflexão mais aprofundada nos elevados índices de violência doméstica contra mulheres em tempos de covid-19, os dados da Patrulha Maria da Penha (2020) revelam que na cidade o aumento foi de 146% de janeiro a 26 de maio de 2020. Os números da violência no Brasil são preocupantes. Desde que a pandemia do coronavírus começou, 497 mulheres perderam suas vidas. Aconteceu um feminicídio a cada nove horas entre março e agosto de 2020, com uma média de três mortes por dia. São Paulo, com 79 casos, Minas Gerais, com 64, e Bahia, com 49, foram os estados que registraram maior número de casos no período. Os dados são do segundo monitoramento Um Vírus e Duas Guerras, feito por parceria entre veículos de jornalismo independente.


e

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

15

EQUATORIAL O CONSUMO DE ENERGIA TEVE ALTA DE

7,3%

NO PERÍODO, EM NÍVEL NACIONAL, E O DESTAQUE APONTADO NO DOCUMENTO É A REDUÇÃO DAS PERDAS DE ENERGIA NA DISTRIBUIDORA ALAGOANA, DE

31% PARA 23,8%

Legena sdfdfdsf sds

Empresa tem lucro de R$ 65 milhões até o 30 trimestre de 2020 Redução das perdas de energia em Alagoas é de 31%, de acordo com relatório aos investidores TAMARA ALBUQUERQUE TAMARAJORNALISTA@GMAIL. COM

C

om distribuidoras de energia no Pará, Maranhão, Piauí e Alagoas, a Equatorial Energia apresentou um bom desempenho financeiro no 3º trimestre de 2020, com lucro líquido ajustado de R$ 607 milhões, representando um crescimento de 22,9% em relação a igual período no ano anterior. O resultado foi impactado, segundo o mais recente relatório demons-

trativo da empresa, especialmente pela performance positiva das distribuidoras do Pará, que subiu 26,4%; Maranhão, 21,4% e Alagoas, com 61%. O consumo de energia teve alta de 7,3% no período, em nível nacional, e o destaque apontado no documento é a redução das perdas de energia na distribuidora alagoana, de 31% para 23,8%. A elétrica Equatorial Energia assumiu a Companhia Energética de Alagoas (Ceal) em março e 2019, após vencer um leilão de privatização,

realizado em dezembro do ano anterior, com um lance simbólico de R$ 50 mil. No trimestre anunciado, a distribuidora no estado atingiu um lucro líquido de R$ 65 milhões. RECLAMAÇÕES Na prática, porém, o bom resultado ainda está abaixo do desempenho alcançado por outras distribuidoras do grupo e, consequentemente, das necessidades dos consumidores. Em pesquisa na internet, as reclamações mais citadas contra a Equatorial

Alagoas são de cobrança indevida, valor abusivo, demora na execução de soluções, interrupção no fornecimento e oscilação na energia. Entre os consumidores rurais, a queixa mais comum é sobre a demora no atendimento em situações de falta de energia elétrica. Alguns produtores relataram uma espera de 48 a 72 horas para o restabelecimento do serviço. CONSUMO O consumo de energia elétrica dos mercados cativo e livre da distribuidora em Alagoas foi tímido no 3º trimestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado, com apenas 1,7% de aumento. A título de comparação, no Maranhão o crescimento foi de 4,6% e no Pará, 6,7%. A classe de consumo que mais contribuiu para o aumento do período foi a residencial, apresentando alta de 5,7%, ou quase 40% do consumo total entre os alagoanos. Já a classe comercial registrou redução de 11,2% em comparação a 2019, influenciada pela retração da economia em alguns ramos com alta representatividade na classe, como Comércio e Serviços, segundo a empresa. Na pandemia, praticamente toda a rede hoteleira manteve-se fechada, reabrindo em meados de setembro. A

linha de Outros (referente ao rural, poder público, iluminação pública, serviço público e consumo próprio) com representação de 20,1% do consumo total, teve redução de 1,4% no consumo de energia em relação ao 3º trimestre de 2019. No caso de Alagoas, a empresa destaca o crescimento de 27% dos consumidores de baixa renda, fruto de campanhas para ampliar o cadastramento das famílias elegíveis ao benefício, o que se intensificou após o início da covid-19. Os custos da Equatorial Alagoas subiram 46% no período documentado em relação a 2019. As despesas de pessoal, material, serviço de terceiros e outros (PMSO) totalizaram R$ 54 milhões. A empresa explica que este aumento é fruto do aumento das despesas com pessoal, no montante de R$ 27 milhões, ativadas e reclassificas para investimentos. No período, a empresa registrou incremento de R$ 4 milhões com equipes terceirizadas que foram direcionadas para atuar no combate à fraude e perdas. No segmento das elétricas, o nível da qualidade e da eficiência do sistema de distribuição de energia, é avaliado pelo DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora), que mede a duração das interrupções no fornecimento de energia, em horas, por cliente em determinado período. O relatório da empresa aponta que Alagoas apresentou melhora no indicador de 33,4 horas, um recuo de 9% no 3º trimestre de 2020 em relação a 2019. Já em um ano, o DEC foi reduzido em 30,9 horas (58%). Os dados referentes ao quarto trimestre do ano passado serão apresentados pela empresa a seus investidores no dia 24 de março.


16

e

extra

MACEIÓ, ALAGOAS - 0


AS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

e

extra

17


e

18

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

extra

SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Você sabe o que é Síndrome do Ninho Vazio?

MELHOR

M

uitos reclamam que cumprem uma rotina e que muitas vezes até “odeiam” o dia a dia. Muitos clientes/ pacientes chegam ao consultório e dizem: Não aguento mais uma vida de rotina, tudo igual todo dia! Pois é, mas esse fato, por incrível que pareça, faz bem para as pessoas quando elas aparentemente “odeiam” essa tão reclamada rotina. Estou falando da Síndrome do Ninho Vazio, que é caracterizada por um sofrimento, excessivo, associado à perda do papel da função dos pais com a saída dos filhos, quando vão estudar fora de casa, ou seja, noutra cidade, estado ou país; quando casam ou vão viver sozinhos, mesmo que seja na mesma cidade. Com o sentimento de ninho vazio, os pais podem deparar-se, também, com outras mudanças que vão minando as atividades com os filhos e com isso podem surgir alguns sentimentos mais graves como a baixa autoestima e até depressão. As atividades “encerradas” podem ser, também, por conta da aposentadoria tanto para o homem como para a mulher e também o início da menopausa nas mulheres.

Sinais e sintomas Os principais sinais e sintomas são: dependência, sofrimento e tristeza, associado a quadros depressivos, perda de papel de cuidadora dos filhos, principalmente em mulheres que dedicaram a sua vida exclusivamente à criação dos filhos, sendo muito difícil para elas vê-los partir. Outros sinais e sintomas são: tristeza, depressão, desamparo, insegurança, raiva, distúrbios do sono, distúrbios alimentares e também diminuição da libido. Estudos indicam que as mães sofrem mais do que os pais quando os filhos saem de casa porque sentem que deixaram de ser úteis.

O que fazer? Aceitar o momento Aceitar a saída dos filhos sem comparações quando eram jovens. Os pais devem ajudar o filho neste momento de mudança, para que ele tenha sucesso na nova fase da vida.

O que fazer? anter o contacto

Aos outros, dou o direito de ser como são. A mim, o dever de ser cada dia melhor. (Celi

Barcelos, intérprete de Libras)

na vida. Hoje em dia as opções são muitas: pode aprender um novo idioma; fazer um curso sobre internet (para aprender utilizar melhor); praticar uma atividade física que nunca praticou (dentro do limite de cada um); reaquecer o relacionamento a dois, ou seja, cuidar mais um do outro, enfim.

O que fazer? Procurar ajuda Caso o casal esteja se sentindo incomodado, ou, um dos cônjuges não esteja se sentindo confortável com a saída dos filhos e estejam sofrendo, ou seja, não conseguem se concentrar nas atividades diárias, têm lapsos de memória, tem irritabilidade “sem motivo aparente”, podem indicar que precisam de ajuda. Um profissional psicólogo pode ajudar no ajuste da nova fase da vida para que a Síndrome do Ninho Vazio não se instale num dos cônjuges ou mesmo nos dois ao mesmo tempo. As pesquisas indicam que a síndrome atinge mais as mulheres. Nos primeiros sinais ou sintomas é preciso buscar ajuda de um psicólogo.

Manter contato com os filhos é fundamental para que a síndrome não se instale. Ou seja, sempre que o(s) filho(s) puderem devem visitar os pais. Os pais podem continuar tendo contato com os filhos, mesmo eles estando longe. Hoje em dia a comunicação está bastante acessível com as tecnologias disponíveis, a exemplo do videochamada.

O que fazer: praticar atividades Se agora têm mais tempo disponível, porque não realizar algo prazeroso, ou seja, que tal uma atividade física? Pode ser dança, natação, tocar um instrumento musical, fazer pintura, se matricular numa academia, enfim, vai depender do que o casal mais curte ou pode curtir na terceira idade. Nada, porém, agora, pode impedir, já que dispõem de mais tempo.

O que fazer: interesses

novos

O casal ou um dos cônjuges deve buscar novos interesses

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

e

19

extra

SAÚDE

Vacinas contra Covid-19 são seguras e quem já teve a doença deve tomar Especialista da Santa Casa de Maceió tira dúvidas sobre imunizantes do Brasil

A

té a quinta-feira (04), 9.277.322doses das vacinas Coronavac (Butantan) e Oxford/Astrazeneca (Fiocruz) já haviam sido aplicadas em todo o Brasil. Em Alagoas, no mesmo período, cerca de 110 mil alagoanos receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Mas ainda tem gente com medo de receber a proteção contra a doença que já matou mais de dois milhões e quinhentas mil pessoas ao redor do mundo. Cynthia Mafra, alergista e imunologista da Santa Casa de Maceió, explica que, apesar dos diferentes índices de proteção, a eficácia das duas vacinas é quase equivalente. “Nos últimos anos, o índice da eficácia das doses anti-gripe e do rotavírus é de 50%, mas com a capacidade de evitar os quadros graves que podem levar a hospitalização e até a morte. Por isso é uma ideia errada achar que a Coronavac tem uma eficácia baixa por apresentar o mesmo percentual de ação sobre o vírus. As vacinas adotadas no Brasil são muito boas e seguras. Ambas usam tecnologias e estratégias já conhecidas mundialmente:

Cynthia Mafra, alergista e imunologista da Santa Casa de Maceió

vírus morto (inativo) e vetor viral”. Quando se fala em efeitos colaterais, a especialista alerta que eles não aparecem a longo prazo, mas nos dias subsequentes à vacinação, e são leves. Podem variar entre dor de cabeça, moleza e aumento de temperatura, como os observados em qualquer outra vacina. “Quando vamos dar vacina de sarampo aos nossos filhos é comum nos prepararmos para uma

noite em que eles ficarão molinhos, mais irritados, e deixarmos um Tylenol na reserva. É mais ou menos isso o que acontece quando há efeito colateral”, explicou. Estudos mostram que nenhuma vacina dá 100% de proteção, incluindo as que estão no calendário vacinal do Programa Nacional de Imunização. “O uso de máscara ainda vai nos acompanhar por alguns meses, provavelmente até o ano que

vem. É preciso entender que quando tomamos a primeira dose não temos a imunização plena que ela potencialmente confere, o que só vai acontecer no mínimo 14 dias após a segunda dose. Quem é imunizado tem uma chance maior de não adquirir a doença e uma grande chance de ter a forma mais leve. Não dá para arriscar”, destacou a imunologista. Assim como a imunidade para outros vírus gripais, a

adquirida depois da cura da Covid-19 é transitória (4 a 6 meses) com possibilidade de reinfecção. Por tanto, quem já ficou doente e está curado deve tomar a vacina, já que a exposição ao vírus na natureza tem cargas virais variáveis com um maior ou menor estímulo para produção da memória imunológica. Quando a imunização é feita com a vacina, o estímulo é controlado.


20

Lockdown e vacinas já!

ELIAS FRAGOSO

E

N ECONOMISTA

m novembro de 2020 a Europa via recrudescer a ameaça da covid-19 em seu território. Rapidamente Alemanha, França e Reino Unido passaram das medidas meramente paliativas de restrição para o lockdown. Afinal são países desenvolvidos, governados por estadistas que não brincam com a vida de suas populações. Passaram as festividades de Natal e Ano novo – época de alto faturamento para as empresas – totalmente fechados. E estão assim há mais de 60 dias batalhando para controlar o vírus assassino. Citamos Alemanha, França e Reino Unido,

mas poderíamos somar à lista mais de 20 outros países na Europa e o Canadá na América do Norte que também estão em lockdown. No período, num certo país latino -americano dirigido por um negacionista contrário a ações proativas de combate ao vírus que já avassalava de Norte a Sul, do Leste ao Oeste, festejava-se a morte com tudo aberto e funcionando às escancaras – do jeito que Bolsonaro defende. As festas, shows, barzinhos, boates superlotadas, famílias ou amigos reunidos para espalhar o vírus durante o Natal, o Ano Novo, o Carnaval e nos finais de semana têm sido o padrão. O outro lado dessa tragédia foi a morte por asfixia de dezenas de amazonenses, pela simples falta de um tubo de oxigênio para mantê-los respirando. Vivos. Os hospitais Brasil afora lotados, enormes listas de espera por vaga em UTI, o corte de recursos do governo federal para a manutenção das UTIs nos estados e municípios e Bolsonaro. O mensageiro do caos. O caveirão da covid. Ou números mostram com clareza o quanto ele está nos levando na contramão do mundo: nos demais

e

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

extra

países a covid recua uma média de 6%, no Brasil, cresce 11%. Precisa mais? Porque tem: estudo recentíssimo feito pelo jornal Financial Times de Londres indica que no Brasil tem mortes em excesso, 22% a mais. Ou seja, 55 mil cidadãos brasileiros poderiam estar vivos hoje se medidas adequadas estivessem sendo tomadas no combate à covid-19! Fruto do despautério bolsonariano, nos últimos dias o número de óbitos sobe verticalmente a patamares superiores aos de julho de 2020, pico de mortes na primeira onda da covid-19. E sabe qual foi a reação desse presidente da República (sic!) após anunciado o recorde de mortes no país? Cuspiu pela sua boca a infamante frase: “Criaram pânico, né? O problema está aí, lamentamos. Mas você não pode entrar em pânico”. Cadê a solidariedade com os mortos? Cadê anúncio de medidas concretas para evitar a catástrofe? Cadê às vacinas que ele não compra? Cadê iniciativas para ajudar Estados e Municípios no momento em que esgotaram suas capacida-

des de absorver a montanha de doentes infectados que batem às suas portas? Bolsonaro está levando este país ao caos. Na área da saúde ele já está instalado. Instado porque cortou verbas para os estados e municípios manterem UTIs abertas e porque o governo federal não coordena um plano nacional para conter o avanço da pandemia, disse “candidamente”: Meu projeto está pronto... agora preciso ter autoridade. Se o Supremo achar (sic) que pode dar o comando a um poder central, que entendo que seja legítimo meu, eu estou pronto para botar meu plano”. Mais outra mentira. Ele e seu capataz da saúde não têm competência ou qualificação para isso. Além do que, foge ao escopo do seu script golpista. É preciso dar um basta nessa infâmia que nos governa e está conduzindo o país ao caos. Lockdown e vacinas já! Pelo bem de 210 milhões de brasileiros. NB: Hoje (3 de março de 2020) foram 1.840 mortes. O pior dia da pandemia no Brasil. Vamos deixar isso continuar?

Bolsonaro está levando este país ao caos. Na área da saúde ele já está instalado. Instado porque cortou verbas para os estados e municípios manterem UTIs abertas e não coordena um plano nacional para conter a pandemia, disse: “Meu projeto está pronto...agora preciso ter autoridadade”.


MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

N APOSENTADA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

S

into-me uma idosa feliz e fico lembrando dos meus tempos de mocinha. Tive infância e adolescência bem tranquilas. Não posso reclamar de sofrimento. Nossos pais nos deram conforto, estudo de qualidade e sempre nos falavam da construção de um futuro melhor. Jamais imaginei chegar aos oitenta anos e conviver com jovens do século XXI. Bem modernos, enfrentam uma realidade diferente da nossa: apesar da liberdade ser maior, vivenciam a violência, sexo, drogas e outros problemas. Recentemente, uma filha me disse: “Mãe, graças a Deus a senho-

21

extra

Pobres moços

ALARI ROMARIZ TORRES

e

ra e o papai têm a mente aberta e convivem bem com os novos tempos”. Se não fôssemos assim, afastaríamos filhos e netos de nossa casa em Paripueira. Procuramos recebê-los com carinho, fingindo que não entendemos nada e tocamos o barco como Deus quer. Criamos quatro filhos, dois homens e duas mulheres. Tentamos proporcionar-lhes um lar sadio, bons estudos, alimentação saudável. Assustávamos, vez em quando, com uma batida de carro de um dos jovens, um namoro mais avançado, boletins vermelhos, mas administrávamos tudo, tentando mostrarlhes o que seria melhor para eles. Tomamos um susto quando o segundo filho, no terceiro ano de engenharia e sem emprego, comunicou que ia casar. Entretanto, graças a Deus, o jovem casal superou os problemas, teve dois filhos e, hoje, podemos dizer que são felizes e orientaram muito bem seus rebentos. Já perto dos sessenta anos, os filhos formados e casados, vivem relativamente bem. Os outros três lutam pela vida e estão conseguindo seus objetivos. Os tempos eram outros, a droga estava na frente de casa ou dentro dela, mas encontraram o caminho

certo. Sem medo de errar, achamos que vivem bem, trabalham e estão vencendo as intempéries do novo tempo. Somos, nós, filhos e netos, de três gerações diferentes, sobrevivendo com tranquilidade. Lógico que para os idosos não é fácil aceitar os arroubos da juventude. Se quisermos tê-la por perto, temos que aceitar quase tudo. Quando famílias novas se cruzam, é difícil conviver com as diferenças. Lembro-me da minha sogra dizendo: “Preocupo-me com Rubião; foi um menino danado, jovem inquieto, de pavio curto”. Depois de alguns anos de casados, ela me dizia: “Alari, estou tranquila; você e Rubião combinam bem”. E lá se vão 58 anos de combinação! No caso de meus filhos, a segunda geração, há tipos diferentes, mas o terceiro parece muito com o pai: alegre, expansivo, pouca tolerância, bom coração. As meninas, hoje senhoras de 57 e 48 anos, deram conta do recado. Gostei mais do meu papel de avó. Não criei nenhum dos netos, mas acompanhei a vida deles. Realidade mais crua, muita violência, a droga se alastrando, o sexo consentido. Os pais tentam adminis-

trar tudo isso. Houve altos e baixos. Uns estudiosos, outros não gostaram dos livros e, assim foram fazendo suas escolhas. Hoje, podemos dizer que os onze netos estão tentando viver bem num mundo cruel. Então, se avaliarmos as três gerações, poderíamos dizer que saldo foi positivo. São poucos os problemas de saúde, driblamos com dificuldade o uso de álcool, contando sempre com a ajuda de Deus. Tenho netos dentro e fora do Brasil, longe dos dois velhinhos. Quando deitamos nossas cabeças nos travesseiros, temos muito em quem pensar. Por onde andarão nossos jovens? Estarão bem de saúde? Refletindo com muita tranquilidade, agradeço a Deus por ter deixado que chegássemos aos oitenta anos com lucidez. Se não podemos socorrer, hoje, filhos e netos, nas adversidades, conseguimos construir um porto seguro, onde todos se sentem bem. Então, repito, a letra de uma de uma velha música: “Esses moços, pobres moços, ah se soubessem o que sei...” Deus existe. Não duvidem!

tratamento precoce com o remédio que receitou, percebo que a preocupação governamental direciona-se à prevalência da economia nacional, patente o receio presidencial de que ao fim de sua gestão sejamos uma Venezuela, depois de termos sido Argentina. Tenho opinião de leigo bem diferente. Disseminando-se o vírus e pessoas morrendo à mingua de hospitais e tratamento, como já ocorre, a economia sofrerá, talvez até com maior profundidade. Por que não pensarmos que gastando agora com o tratamento das vítimas de epidemia, o apetrechamento de hospitais, o socorro efetivo das empresas, notadamente os pequenos empresários, a economia poderá sofrer agora mas terá perspectivas de melhoras em um futuro talvez não tão distante? Malgrado seja pensamento de um leigo, não pareço estar muito distante da realidade. Há notícias que os Estados Unidos,

o país símbolo do capitalismo, reconhecendo a urgência do problema epidemiológico, tem destinado verbas significativas em socorro das empresas, e invejável ajuda humanitária aos cidadãos, naturalmente apostando em que superará depois todo o chamado rombo na economia de estado. Não é exemplo isolado. Inglaterra e Europa vêm agindo nesse sentido. Ficar amarrando o Tesouro, a fim de guardar numerários, não parece boa política. Se há recursos na burra federal, reservas internas e externas, por que deixar a população e empresas praticamente entregues à própria sorte? A sensação que se tem é de que o Brasil é um barco à deriva, o comandante apenas preocupado com o oficialato, e bradando para os passageiros, igualmente ao coronel Tamarindo, na Guerra dos Canudos (1896/1897): “É tempo de murici, cada um cuide de si”.

Somos, nós, filhos e netos, de três gerações diferentes, sobrevivendo com tranquilidade. Lógico que para os idosos não é fácil aceitar os arroubos da juventude. Se quisermos tê-la por perto, temos que aceitar quase tudo.

Vida versus economia

CLÁUDIO VIEIRA

N ADVOGADO E ESCRITOR

O

que tem ocorrido no Brasil durante esse ano de pandemia à evidência tem-se resumido à questão prosaica, mas deletéria, de se pôr em confronto vida e economia, como se uma fosse excludente da outra. De um lado, muitos têm defendido que se esqueça a questão econômica do País, e o governo cuide mais da saúde do povo, adotando as medidas, por mais duras que sejam, para se coibir a disseminação da

covid-19 entre nós. O governo por sua vez, o presidente à frente, considera que o vírus resulta em uma gripezinha; que os cientistas estão errados em não aprovar o uso universal da hidroxcloroquina, em orientar as pessoas, como preventivo, o isolamento social e o uso contínuo e geral de máscaras; que a atender à Ciência, nesses moldes, o País irá à bancarrota, empresas quebrarão, o desemprego atingirá níveis insuportáveis. Há, porém, mais coisas por trás dessa disputa. Não sou economista, mas nem por isso deixo de ter opiniões a respeito. Ao meu ver, vida e economia andam juntas. Mesmo não sendo irmãs siamesas, devem ser companheiras inseparáveis. Desde que o presidente entende, como já propalou, que um dia todas as pessoas morrerão, inclusive ele, o que é verdade universal; que os cuidados preventivos e a vacinação são tolices, menos o

Disseminandose o vírus e pessoas morrendo à mingua de hospitais e tratamento, como já ocorre, a economia sofrerá, talvez até com maior profundidade.


e

22

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

extra

MAIS MÉDICOS

Neto de Che Guevara, que mora em Alagoas, tece críticas ao governo federal Jose Guevara faz apelo para que cubanos possam a exercer a medicina no Brasil JOSÉ FERNANDO MARTINS JOSEFERNANDOMARTINS@ GMAIL.COM

O

médico Jose Angel Lima Guevara, de 30 anos, neto do revolucionário marxista argentino Che Guevara, encabeça uma luta para que o governo do presidente Jair Bolsonaro permita que médicos cubanos possam trabalhar no Brasil. Formado em Cuba, Jose Guevara optou por seguir a mesma profissão do avô, uma figura importante da Revolução Cubana e que se tornou símbolo popular de rebeldia contra o sistema capitalista. Atualmente, Guevara, que vive entre Maceió, capital alagoana, e Porto de Galinhas, no Pernambuco, acredita que a pandemia no Brasil seria melhor enfrentada com a contratação de profissionais cubanos para atuarem na rede de saúde pública, o que era realizado pelo Programa Mais Médicos. “Com toda certeza os médicos cubanos, que foram expulsos sob intensa campanha caluniosa, fariam a diferença na luta contra a covid-19 no país. Neste momento, eles prestam seus serviços humanitários em diversos países atingidos pela epidemia do coronavírus, como Itália”, disse ao EXTRA. E prosseguiu: “Na minha opinião, Bolsonaro inaugurou seu desgoverno com a devastação do Programa Mais Médicos. Por fanatismo ideológico e com uso de falsidades, sustou um sistema de medici-

na comunitária. Ele prometeu ajudar os médicos cubanos que quisessem ficar morando no Brasil, mas até hoje não cumpriu com essa promessa, sendo bloqueado o processo de revalidação médica para nós”. Durante as viagens de Alagoas a Pernambuco, Guevara diz perceber que a população sente falta do atendimento desses profissionais. “Os médicos cubanos contam com o respeito e admiração do povo brasileiro. É muito difícil ou quase impossível ver alguém que faça rejeição a nós. Sempre que me identifico como médico cubano somente escuto lamentações dos brasileiros mais carentes e povo humilde. Somos um grupo de 3 mil cubanos que moram no Nordeste. Todos sonhamos com um amanhecer de possibilidades em que a gente consiga trabalhar dignamente em nossas especialidades médicas”. Questionado se exercer a medicina no Brasil é diferente de Cuba, o neto de Che Guevara nega. “Não acho. Sem intenção de criticar nem rebaixar, o SUS é muito deficiente. Já trabalhamos com médicos brasileiros sem a menor competência”. Sobre as calúnias disparadas pela extrema direita, ele rebate: “Tem médicos cubanos trabalhando em todas partes do mundo, nenhum outro país falou dessas acusações e mentiras sobre nossa capacidade e profissionalismo”. E faz um apelo: “Peço ao governo brasileiro que reveja

Jose Guevara é neto de uma das mais importantes figuras da Revolução Cubana

o cumprimento dos compromissos que o atual presidente fez, mas que até a data de hoje não cumpriu. Após o anúncio da retirada de Cuba do programa, Bolsonaro disse que os médicos cubanos que desejassem permanecer no país receberiam asilo e poderiam trabalhar se revalidassem seus diplomas. No entanto, a realidade está sendo muito mais complicada. Nós, cubanos, pudemos nos inscrever. Mas, na véspera, nosso direito de candidatura foi eliminado e nos disseram para ir à Polícia Federal em cada estado para pedir refúgio. Em conclusão, estamos desamparados pelo governo cubano e mais ainda pelo brasileiro”. Formado em Medicina na Universidade de Ciências Médicas de Cuba desde 2015, Jose Guevara está proibido de realizar suas funções no Brasil. “Eu quero aqui pedir encarecidamente que em nome do povo que precisa de médicos possamos trabalhar; nós estamos aptos, o Brasil precisa

de médicos em todas as áreas, eu me vejo de mãos atadas, fico triste em não poder ajudar ainda mais em um momento como este que todos precisam de cuidados. Não nos deixam traba-

MAIS MÉDICOS

lhar, podemos ajudar muito ao país. Aqui encontrei amigos e pessoas que amo, e quero poder ajudar com a minha formação a esse povo”.

O Mais Médicos foi um programa lançado em 8 de julho de 2013 pelo Governo Dilma, cujo objetivo era suprir a carência de médicos nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades do Brasil. O programa levou 15 mil médicos, entre eles cubanos, para as áreas onde faltam profissionais. O programa chegou, até 2017, a ter 18.240 médicos, garantindo acesso a 63 milhões de pessoas em 4.058 municípios. O formato da “importação” de médicos de outros países foi alvo de duras críticas de associações representativas da categoria, sociedade civil, estudantes da área da saúde e inclusive do Ministério Público do Trabalho. Em 1º de agosto de 2019, o Governo Bolsonaro lançou o programa Médicos pelo Brasil, em substituição ao Mais Médicos, avaliando se os profissionais inscritos no programa anterior poderiam ser reaproveitados no novo programa ou deveriam ser submetidos a um novo processo seletivo. O formato do novo programa não permitiu que os médicos cubanos que permaneceram no Brasil pudessem ser realocados sem uma validação do diploma no país.


MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

e

extra

23


e

24

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

extra

LEÃO DA RECEITA

O que é preciso saber sobre Imposto de Renda? Economista e professora da Uninassau Maceió explica regras e deixa dicas para os contribuintes ASSESSORIA

A

Secretaria da Receita Federal divulgou o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física 2021, ano-base 2020. Os contribuintes terão do dia 1º de março a 30 de abril para realizar o procedimento no programa, que já está disponível para download no site da Receita Federal. As restituições começam a ser pagas em maio e a estimativa é que mais de 32,6 milhões de declarações sejam entregues dentro do prazo. De acordo com a economista Natália Olivindo, professora da Uninassau – Centro Universitário Maurício de Nassau Maceió, é necessário observar os requisitos para que o contribuinte saiba se tem ou não que realizar a declaração, bem como quais as regras e prazos para o exercício em referência. Ele lista os requisitos para a obrigatoriedade da declaração: - Recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 em 2020; - Receberam rendimentos isentos, não-tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma tenha sido superior a R$ 40 mil em 2020; - Aqueles que tiveram, em 2020, receita bruta em valor superior a R$

142.798,50 em atividade rural; - Quem obteve, em qualquer mês de 2020, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas; - Quem tinha, até 31 de dezembro de 2020, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 300 mil; - Quem passou para a condição de residente no Brasil em qualquer mês e se encontrava nessa condição até 31 de dezembro de 2020; - Quem vendeu um imóvel e comprou outro num prazo de 180 dias, usando a isenção de Imposto de Renda no momento da venda. “Uma novidade do Imposto de Renda 2021 e que passa também a ser um requisito é para aqueles que receberam o auxílio emergencial do governo federal em 2020, em decorrência da pandemia de covid-19. Aqueles que, além das parcelas, tiverem recebido R$ 22.847,76 ou mais em outros rendimentos tributáveis, têm obrigatoriedade de declarar o Imposto de Renda 2021”, explica Natália Olivindo. Além de declarar, tal contribuinte terá também que devolver o valor rece-

Natália Olivindo orienta contribuinte sobre declaração do IR

bido do auxílio emergencial e fará isso a partir de uma transferência com um Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF). “O boleto para pagamento do DARF será gerado pelo próprio programa do Imposto de Renda, juntamente

com o recibo da declaração. O informe de rendimentos com os valores do auxílio emergencial estará disponível para os contribuintes no site do Ministério da Cidadania”, diz a economista. A declaração pode ser

feita com o auxílio de um contador ou pelo próprio contribuinte. O modelo da declaração pode ser completo ou simplificado, a depender do que o próprio programa indica no momento que as informações são preenchidas. O não cumprimento dentro do prazo estabelecido acarreta pagamento de multa de 1% sobre o imposto devido ao mês, com valor mínimo de R$ 165,74 e máximo de 20%. “Quanto antes for enviada a declaração, mais cedo o contribuinte recebe a restituição”, lembra a professora. Segundo a Receita Federal, um dos principais motivos da incidência em malha fina anualmente é a omissão de rendimentos de dependentes e despesas médicas. Natália Olivindo deixa algumas dicas para aqueles que devem realizar a Declaração do Imposto de Renda 2021. “Busque organizar antecipadamente seus documentos comprobatórios de receita, despesa e bens. Também revise esses documentos que devem fazer referência ao ano-base, não esquecendo de declarar rendimentos recebidos, operações realizadas em bolsa de valores, venda de imóveis e bens, por exemplo”, destaca. “Cuidado para não informar valores diferentes do declarado, informe tanto rendimentos tributáveis quanto não tributáveis, preste informações verídicas dos seus dependentes, verifique pendências e erros no preenchimento da declaração e acompanhe a sua declaração no decorrer do seu processamento, através do portal do GovBR, acessando o e-CAC, a partir de um certificado digital ou criando um código de acesso”, finaliza.


e

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

25

extra

ECONOMIA EM PAUTA Diesel nas alturas

n José Fernando Martins (interino) josefernandomartins@gmail.com

Reforma no Zumbi

O

mais recente levantamento do Índice de Preços Ticket Log (IPTL) registrou aumento de 4,37% no preço do diesel em fevereiro em relação ao fechamento de janeiro. Com isso, o combustível passou a ser comercializado no País a R$ 4,102 o litro médio, valor acima do registrado em todos os meses do ano passado. Trata-se da quarta alta consecutiva do diesel na comparação mensal. Desde outubro, quando o combustível apresentou o último recuo, são 11,36% de aumento. Já o diesel S-10 apresentou o mesmo comportamento, registrando a quarta alta consecutiva e um preço médio acima dos registrados mensalmente no ano passado. Em fevereiro, o valor do litro do combustível avançou 4,47% em relação a janeiro e foi encontrado a R$ 4,166 nas bombas.

Covid-19 e a CEF Com o recrudescimento da pandemia e a possibilidade de retorno do pagamento do auxílio emergencial pelos bancários da Caixa, a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e outras entidades representativas cobram de governantes a célere vacinação dos empregados da estatal. Os serviços bancários são considerados um dos segmentos essenciais à população e os trabalhadores da Caixa permanecerão na linha de frente da assistência a milhões de brasileiros. Em 2020, mais de 160 milhões de pessoas contaram com o banco público para o recebimento do auxílio e de outros benefícios sociais em virtude da crise econômica.

Crise e oportunidade Segundo pesquisa inédita da Serasa Experian, 90% das micro, pequenas e médias empresas brasileiras conseguiram enxergar novos caminhos e oportunidades na pandemia para manterem suas atividades. O dado é relevante, ainda que quase metade (49%) dos empresários entrevistados tenha admitido impactos negativos para sua empresa nos últimos meses. Dentre as oportunidades, as três principais foram: aprender novas modalidades de vendas e/ou prestação de serviços (38%), empreender e inovar (33%) e rever parcerias e fornecedores (33%). Na visão por porte, a possibilidade de investir em novas tecnologias ficou mais evidente nas médias empresas (34%), percentual acima do total (26%). A pesquisa foi realizada em novembro de 2020 e ouviu executivos de 521 micro, pequenas e médias empresas de diferentes segmentos em todo o País.

A Aena Brasil deu início, essa semana, às obras de revitalização do Aeroporto Internacional de Maceió - Zumbi dos Palmares. Os trabalhos incluem a renovação completa dos banheiros, além de melhorias no sistema de climatização, sinalização, pintura, iluminação e acessibilidade, entre outros itens. A reforma vai até o dia 23 de maio. As obras emergenciais fazem parte do contrato da concessionária com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Inicialmente prevista para ser realizada em 2020, esta primeira etapa da melhoria do aeroporto foi adiada por causa da pandemia do novo coronavírus. Além do terminal de Maceió, outros cinco também serão reformados, todos administrados pela Aena Brasil.


e

26

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

extra

DE CARA NOVA

Iate Clube Pajussara vai ser demolido para dar lugar a novo espaço de lazer Ambiente ganhará traços mais modernos na arquitetura, com valorização dos espaços livres prezando pela funcionalidade e integração MARIA SALÉSIA SALLESIARAMOS18@GMAIL. COM

E

le surgiu em 1952 após desavença entre diretores do Clube de Regatas Brasil. Prestes a se tornar um setentão, um dos mais tradicionais clubes de Alagoas irá se revestir de roupa nova, ser reformulado. O atual Iate Clube Pajussara vai dar lugar a um novo clube náutico e social, com traços modernos na arquitetura, com valorização dos espaços livres prezando pela funcionalidade e integração. A proposta é que o novo Iate Clube Pajussara contemple diversos atrativos para oferecer mais comodidade aos sócios e a quem mais venha usufruir de seus serviços. Totalmente remodelado, o projeto prevê a construção de salão de dança, ginásio de esportes, quadras de tênis, estacionamento no subsolo com mais de 80 vagas para associados, salão de festas climatizado, sala de aula de dança, garagem náutica, restaurante e bar com vista panorâmica para a praia, além de outros atrativos que venham somar neste novo projeto O momento é histórico, bastante esperado por aqueles que têm o Iate Clube Pajussara como extensão de casa, parte marcante de suas vidas. “Nosso intuito é valorizar o espaço da forma que ele merece e proporcionar às pessoas bem estar e melhor comodidade”, diz o comodoro Moacyr Albuquerque. Sua história com a agremiação verde e branco vem de longa data. Desde 1976 quando era di-

retor, trabalhando com quatro comodoros até assumir a função. Responsável pelo clube desde 1991, Albuquerque relembra da luta para manter o ambiente em atividade. Para se ter uma ideia, há 29 anos, quando foi eleito, o clube tinha perdido sua identidade se transformando em casa de festa. Sem estímulo, dos cinco mil sócios existentes, 4.500 perderam seus títulos por falta de pagamento da mensalidade e não aceitarem negociar a dívida. Os tempos modernos também contribuíram para o desinteresse pelo clube. As praias urbanas com seus encantos e melhor infraestrutura, as residências com piscinas, casas de praias e estradas conservadas facilitaram a migração do público. “O clube não acompanhou essa mudança. Daí, pensamos em fazer algo para que não fechasse como aconteceu com outras agremiações”, explica o comodoro. A atual proposta é pelo novo. Uma das apostas é investir em espaço kids, onde a criança se sinta à vontade e atraia toda família. “Foi uma luta de mais de oito anos para que o sonho se concretizasse. Vai ser um clube organizado, se tornar um espaço onde as pessoas vão ter orgulho de fazer parte. Já temos ex-sócios que estão querendo voltar à casa e nossa meta é receber esse público”, afirmou ao acrescentar que talvez coloque títulos à venda. . O plano é que a obra seja concluída em 18 meses e neste período a fidelidade não será atingida. Até lá, os sócios irão ocupar nos finais de semana o

Maquete do projeto de reforma

Regatas reuniam tradicionais famílias de Alagoas espaço de lazer do Clube Fênix. A parceria é para que nenhum associado ou convidados fiquem sem essa identidade, já que é marca registrada do clube verde e branco promover eventos o ano inteiro. Inclusive, mesmo com o fechamento por conta da pandemia, as pessoas mantiveram as mensalidades em dia. ”Agradeço aos sócios pela compreensão e colaboração em um momento tão difícil para todos”, ressaltou. O comodoro admite que houve resistência para que o espaço não fosse demolido, mas foi uma minoria - tudo acordado em assembleias. E relembra quando surgiram boatos de que o clube estaria à venda, que iria fechar definitivamente suas portas. Ao contrário, as dívidas foram pagas e ao invés de um elefante branco, vai continuar promovendo atividades. Dessa

vez, acompanhando as mudanças de comportamentos, vivências e tecnológicas.

VERDE E BRANCO

Na Pajuçara, nem o colorido do mar e das jangadas é capaz de ofuscar a beleza do clube verde e branco de Maceió. Basta olhar para o outro lado da rua ou atravessar a via para se deparar com o Iate Clube Pajussara, que ao longo de décadas resiste ao tempo e ainda intriga com a grafia de seu nome, obrigando os curiosos a buscarem respostas sobre qual é a certa. Ao longo dos anos, é possível encontrar retalhos da história do clube. Desde os encontros aos domingos para arrecadar verbas em benefício da agremiação, com festas feitas no piso acimentado da garagem de barcos ou até mesmo nos históricos bingos e shows oferecidos

aos sócios. Os bailes inesquecíveis reservavam peculiaridade, onde os corajosos saiam do clube ao despertar do dia, colocavam roupas apropriadas para um banho de mar naquela água morna e cristalina. Reduto de jovens e adultos, o verde e branco tem história para contar e ser contada. O Iate Clube Pajussara viveu seu apogeu com as regatas e outras competições esportivas, já que o esporte foi por muito tempo marca registrada. Não é à toa que muitas famílias que participavam do clube faziam do espaço extensão de suas casas. Coisas que se perderam no tempo, mas que devem voltar repaginadas. Os bailes de carnaval sempre foram reconhecidos entre os melhores da capital alagoana. Único clube que promovia 11 bailes de Carnaval, começando no réveillon e terminando com a maior festa popular do Brasil, no ano passado aconteceu o último Carnaval Verde e Branco no salão do clube. O saudosismo tomou conta dos foliões, com a promessa do recomeço. Dessa vez, em seu novo espaço. O pontapé inicial para este sonho acontece na próxima terça-feira, 10, quando será celebrada a assinatura da ordem de serviço para a construção do novo ambiente. O comodoro ressalta que o evento seguirá todos os protocolos sanitários estabelecidos pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), como uso obrigatório de máscara, higienização das mãos no local e manutenção do distanciamento social entre os participantes. O momento é histórico e bastante esperado por aqueles que têm o Iate Clube Pajussara como parte marcante de suas vidas. “Nosso intuito é valorizar o espaço e quem a ele pertence.” Para Moacyr Albuquerque, um novo clube vai surgir, mas o verde e branco da


MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

e

27

extra

FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Quem ocupará o espaço da Ford

O

s modelos da Ford no ano passado, incluídos automóveis e comerciais leves, responderam por cerca de 7% do mercado brasileiro. As projeções indicam que a marca americana com os modelos importados dos EUA (Mustang), México (Bronco Sport e picape Maverick), China (Territory), Uruguai (Transit) e Argentina (Ranger) mantenha entre 1% e 2% de participação, a partir de 2022. Todas as fabricantes estão se movimentando para conquistar ex-compradores de Ka (hatch e sedã) e EcoSport. Volkswagen tem Gol e Voyage, se o critério fosse apenas de preço (improvável). Nivus é um crossover e o T-Cross, SUV, mais caro. Fiat oferece o Argo (com boa perspectiva) e, no próximo semestre, seu primeiro SUV compacto. Dependendo do preço, seria opção ao EcoSport. Onix Joy (geração anterior) tem chance, enquanto novo Onix e Tracker ficam acima dos três modelos da Ford em preço. Mas o peso da liderança de mercado da GM por cinco anos ajuda. Até o início do ano passado, a Renault ficaria bem posicionada, mas a marca francesa partiu para a estratégia de menos volume e mais rentabilidade. Essa orientação é mundial. Aqui, em 2020, as vendas diretas foram achatadas e a marca perdeu participação. Esta semana a Renault

anunciou que investirá, numa primeira etapa, R$ 1,1 bilhão no País e terá cinco novidades até o primeiro semestre de 2022. Dois serão elétricos importados: nova geração do Zoe (confirmado) e, tudo indica, o novo Kangoo. Picape Duster Oroch receberá revitalização. Terá também o motor turbo de 1,3 litro (flex) ainda importado e depois nacionalizado. Na Colômbia e na Argentina o turbo (gasolina) está no Duster. No Brasil estrearia no Captur. Furgão grande Master deve ser a terceira novidade. Hyundai ficará com parte dos compradores do Ka. HB20 até o ano passado foi o adversário mais tenaz dos compactos da Ford na vice-liderança do mercado nacional. Já o Creta, que será atualizado no próximo semestre, está numa faixa de preço superior à do EcoSport. Cruzando todas as possibilidades: Fiat, Chevrolet, Renault, VW, Hyundai e Jeep, nessa ordem, são as principais marcas que devem dividir o lugar da Ford em curto prazo. Esse movimento não alteraria a liderança da marca americana, mas vai atiçar a briga entre Fiat e VW pelo segundo lugar, enquanto Hyundai deve se manter em quarto, ameaçada por Toyota e Jeep. Isso a partir de 2022, pois 2021 será bem conturbado (ler abaixo). Fiat, menos dependente de peças importadas, lidera este ano pelo alto desempenho da Strada.

Sobe a média diária de vendas Fevereiro indicou dificuldades para a indústria aumentar o ritmo de produção e vendas pela escassez de componentes, principalmente de semicondutores (fundamentais na eletrônica de bordo). O problema não afeta todas as fabricantes da mesma forma. A falta de insumos importados e até dos produzidos aqui mesmo viraram um pesadelo. GM e Honda foram as mais prejudicadas com interrupções das linhas de produção. As paralisações podem durar algumas horas, mas quando atingem dias o prejuízo é certo. Navios enfrentam congestionamentos nos portos. O transporte aéreo emergencial também está prejudicado: menos voos de passageiros significam

menos porões disponíveis para cargas urgentes. Já se detectou um fluxo menor de clientes nas concessionárias. O comprador sabe que o tempo de espera será longo e adia a visita. Ainda assim, a média diária de vendas em fevereiro chegou a 9.700 unidades, volume razoável em razão de todos os problemas. Quando comparado ao primeiro bimestre de 2020 (quando ainda havia pouca influência da pandemia) houve um queda de 18%, mas a trajetória de redução é menor que os 26% registrados em todo o ano passado. Março será um mês ainda difícil em razão de novos períodos de isolamento social e falta de peças. Apenas em abril o crescimento de 2021 poderá ser mais bem estimado.

Kicks sobe o tom no mercado

A

revitalização de meia geração do SUV compacto da Nissan vai além do sistema de áudio da Bose, que inclui dois alto falantes no encosto de cabeça do motorista, uma novidade entre os modelos nacionais, porém restrito à versão topo de linha. A nova frente, de fato, se destaca, assim como as rodas de 17 pol. e as lanternas traseiras. O interior, além de um sistema multimídia com tela de 8 pol., recebeu para-brisa com isolamento acústico que melhora o conforto a bordo. O conteúdo para aumentar a segurança também foi ampliado. O Kicks foi pioneiro, neste segmento, ao oferecer a frenagem autônoma de emergência, porém sem detectar pedestres e ciclistas. Contudo, segundo a fabricante, há duas exclusividades no segmento: alerta inteligente de mudança de faixa e controle automático dos faróis baixo e alto (de LED, nas versões com câmbio CVT). O radar, que atua em conjunto com a câmera frontal, agora fica mais protegido atrás do logotipo na grade. Preços (R$ 90.390 a R$ 116.390) não mudaram como incentivo para as primeiras vendas.


e

28

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

extra

RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

Alagoano começa com dificuldades e poucos gols

A

bola no Campeonato Alagoano de 2021 já começou a rolar, só que com dificuldades tanto financeiras quanto técnicas. O fato que mais chamou atenção foi o W.O. no Estádio Gerson Amaral. No jogo contra o CRB, o Coruripe alegou não ter jogadores suficientes para entrar em campo porque houve uma debandada no elenco. 14 atletas e o técnico Elenílson Santos deixaram o clube e o grupo ficou apenas com seis jogadores. De acordo com o regulamento, a vitória ficou sendo por 3 a 0. Também na abertura da competição, o CSA usou um time sub-20 contra o Murici porque o elenco principal ainda está em pré-temporada.

Isso tirou o peso da estreia e o time empatou sem gols no Rei Pelé. Nas partidas seguintes, Galo e Azulão conseguiram vencer. O time alvirrubro derrotou o ASA por 2 a 1, já os azulinos golearam CEO e Jaciobá por 5 a 0 e 4 a 1, respectivamente. CRB e CSA têm as cotas de Nordestão, Série B e Copa do Brasil e estão em situação financeira equilibrada. São os favoritos para conquistar o título alagoano. Os times do interior, sem essa receita e com os estádios fechados por causa da pandemia, sofrem no estadual. Faltam recursos para montar boas equipes e isso impacta diretamente na qualidade dos confrontos.

GABRIEL JESUS FAZ GOL E IGUALA MARCA DE ROMÁRIO NA CHAMPIONS

CLUBES ALAGOANOS CONHECEM ADVERSÁRIOS NA COPA DO BRASIL A CBF divulgou os detalhes da primeira fase da Copa do Brasil 2021. Neste ano, a competição começa em 10 de março e tem término previsto para 27 de outubro. O primeiro alagoano a estrear vai ser o Murici, que recebe o Juventude no Estádio José Gomes da Costa, em Murici, no dia 16 de março, às 17h. O CSA vai encarar o Guarany-CE no Estádio Junco, em Sobral. Na mesma data que o Azulão, o CRB estreia contra o Goianésia no dia 17 de março, às 16h, no Estádio Valdeir Oliveira, em Goianésia. O jogo está marcado para às 20h. Nesta etapa da competição nacional, o classificado será definido em partida única. Para garantir vaga na próxima etapa da competição, o Murici precisa derrotar o Juventude para avançar. CRB e CSA jogam fora de casa, mas têm a vantagem do empate nesta fase.

EM CRISE NO BENFICA, JORGE JESUS NEGA SAÍDA DO CLUBE

A crise no Benfica com a quarta colocação no Campeonato Português - a pior campanha desde 2008 - tem gerado dor de cabeça no técnico Jorge Jesus. O extreinador do Flamengo mostrou uma enorme irritação durante a entrevista coletiva para a partida contra o Arsenal, em Atenas, na Grécia, pela rodada de volta da segunda fase da Liga Europa. Para ele, a má fase é culpa da pandemia do novo coronavírus. Ainda assim, demitir Jesus não está nos planos de Vieira. O Benfica está disposto a se livrar de Jorge Jesus, diante da má fase do time sob seu comando. De Portugal vêm sinais de que o treinador pensaria em voltar ao Flamengo. Mas o clube carioca rechaça tal possibilidade no momento. Um ponto, porém, mudou: a sequência não é mais certa e, caso o pedido de saída parta do técnico, o presidente aceitaria, nas informações apuradas pelos portugueses. Com o elenco, a situação também é conturbada. Segundo a imprensa portuguesa, os jogadores estão, de forma geral, “desgastados e desmoralizados”.

Gabriel Jesus deixou sua marca na vitória por 2 a 0 do Manchester City sobre o Borussia Mönchengladbach pelo jogo de ida das oitavas de final da Champions League. Foi o segundo gol do camisa 9 nesta edição, o 16º em sua história no torneio. Feito que o iguala em números a ninguém menos que Romário. O Baixinho também marcou 16 vezes, contando passagens por PSV e Barcelona, em 26 partidas, uma a menos do que Jesus fez até hoje. Ambos estão uma posição abaixo do top 10 de brasileiros goleadores na Champions - Gabriel está a um de empatar com Hulk e Willian e subir de posição. Confira o ranking dos brasileiros com mais gols na história da Champions League: 1) Neymar - 41 gols em 65 jogos 2) Kaká - 30 gols em 86 jogos 3) Rivaldo - 27 gols em 73 jogos 4) Jardel - 25 gols em 46 jogos 5) Élber - 24 gols em 69 jogos 6) Luiz Adriano - 21 gols em 47 jogos 7) Ronaldinho Gaúcho - 18 gols em 47 jogos 8) Hulk - 17 gols em 50 jogos Willian - 17 gols em 71 jogos 9) Romário - 16 gols em 26 jogos Gabriel Jesus - 16 gols em 27 jogos


e

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

29

extra

ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Lambe-botas nas redes sociais

A

figura do lambe-botas está presente em áreas distintas e como não poderia deixar de ser está enraizada na política partidária. Sempre pensando em se locupletar, esses seres execráveis fazem de tudo para agradar o chefe e se for preciso baixam até as calças sem o menor pudor. Em tempos de redes sociais, esses vermes criam fakes news e perfis falsos para atacar desafetos políticos e jornalistas que cumprem o honroso papel de informar a sociedade os fatos que acontecem no dia a dia, seja em áreas como educação, saúde, agricultura ou de gestão pública. É importante lembrar que a campanha já passou, mas esses energúmenos não desarmaram o palanque e de forma covarde usam as redes sociais para destilar ódio e mentiras contra cidadãos de bem que ousam corajosamente divulgar ações que prejudicam a população. Nos últimos dias esses vermes enviaram, por meios de perfis falsos, mensagens e uma montagem digna de uma

PELO INTERIOR

mente doentia para a nossa conta do WhatsApp. Esses ataques começaram após a edição do Jornal de Arapiraca, do qual sou editor. É importante que se diga que essas agressões em momento algum me abalaram. Pelo contrário, mostram que estamos no caminho certo. Enfim, essa ação criminosa nos encoraja a continuar fazendo um jornalismo independente, sem as amarras do poder que coloca cabresto em alguns órgãos de comunicação para que não divulguem erros administrativos que podem levar à prática de improbidade administrativa. Não descansarei enquanto essas víboras continuarem no anonimato, destilando ódio e ataques de toda natureza para agradar o chefe. E o primeiro passo já foi dado: as autoridades policiais terão provas robustas que podem culminar com o encarceramento desses vermes que praticam crimes nas redes sociais para encher o ego e arrancar sorrisos do patrão. Como diz o ditado: é pra frente que se anda.

Apelo ao governo

Os residentes

E o portal 7Segundos divulgou que moradores do bairro Canafístula, em Arapiraca, cobram do governo do Estado a construção de passarela no trevo Padre Jefferson de Carvalho, um dos principais acessos à cidade de Arapiraca.

Os médicos Nayron Arthur Correia Farias e Amanda Rodrigues da Silva serão residentes em cirurgia básica. Já Matheus Gonçalves de Sousa e Laiane Arapiraca Gomes estarão em ginecologia e obstetrícia. Os quatro serão supervisionados pelos preceptores através de atividades teóricas-práticas.

Perigo na travessia De acordo com o Eugênio Lopes, morador da região desde 2016, a passarela tem sido pauta de debates. “Chegamos a fazer um abaixo assinado em 2018 e conseguimos colher mais de 3.600 assinaturas. Nós protocolamos junto a Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) e agora cobramos a implantação dessas passarelas”, disse ele. Segundo o líder do abaixo assinado, todos os dias, centenas de pessoas arriscam suas vidas fazendo a travessia a pé do trevo, que é um dos mais movimentados de Arapiraca.

Hospital Regional Na segunda-feira, 1° de março, os residentes aprovados no Processo Seletivo do Programa de Residência Médica do Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca, foram recebidos para iniciar mais um importante ciclo de carreira profissional.

Foram recepcionados Os residentes foram recepcionados pelo diretor médico Ulisses Pereira, pelos preceptores da residência, José Roberto e Christian Lira; o gerente médico Adailton Leão; a gerente técnica Andréia Costa; o coordenador da Comissão de Residência Médica (Coreme), Warlisson Tenório; pelo secretário do Coreme, Jean Vital; e por técnicos do HRNSBC.

Processo seletivo O programa de Residência Básica do Hospital contempla todos os anos quatro profissionais, sendo dois para cirurgia básica e mais dois para ginecologia e obstetrícia. Para participar, eles precisaram passar por um processo seletivo em duas etapas: prova de conhecimentos médicos e análise curricular.

Médicos especialistas As boas vindas aos novos membros da instituição foram dadas pelo diretor médico Ulisses Pereira. “Desde 2018 realizamos o programa e tenho certeza que preparamos grandes médicos especialistas para o futuro. É um aperfeiçoamento que garante uma grande habilitação profissional”, comentou. Os médicos José Roberto e Adailton Leão também desejaram sucesso aos iniciantes e destacaram a importância do programa na melhoria do atendimento aos pacientes.

... No mesmo dia que o Brasil registrou recorde de mortes por covid-19 em um único dia (1.726), o principal assunto debatido na sessão da Câmara de Vereadores de Arapiraca foi a situação do Hospital Regional (HRA). ... O vereador Márcio Marques afirmou, em seu discurso, ter ficado “estarrecido” com a possibilidade de faltar leitos para atender os pacientes infectados pelo coronavírus. ... O parlamentar integrou uma comitiva de vereadores comandada pelo parlamentar dr. Fábio, em uma visita ao hospital. ... Segundo informações da assessoria de comunicação, as recomendações de distanciamento social e sanitárias estão sendo cumpridas com rigor. ... A Prefeitura de Maribondo decretou, na terça-feira, 2, toque de recolher na cidade como medida de prevenção à covid-19. A determinação é válida até o dia 15 de maio. ... De acordo com decreto municipal, está restrita a circulação de pessoas entre as 22 horas e 5 horas na área urbana da cidade. Já na zona rural, o horário é de 20 horas às 5 horas. ... O toque de recolher não se aplica ao transporte de pacientes para unidades de saúde e compra de medicamentos, nem aos trabalhadores das atividades e serviços considerados essenciais e cujo funcionamento não esteja suspenso por norma federal, estadual ou municipal. ... Estão autorizados também serviços de delivery. Os entregadores deverão ser orientados sobre medidas de higienização e distanciamento, evitando o máximo de contato com os clientes. (Com assessoria) ... O Ministério Público do Estado de Alagoas ajuizou, na terça-feira, 2, uma ação civil pública contra os municípios de Maravilha, Ouro Branco e Poço das Trincheiras para que eles sejam impedidos de realizar ou autorizar qualquer tipo de evento público ou privado nessas três cidades. ... Como justificativa para tal demanda, o MP alegou que os casos de pessoas infectadas com a covid-19 têm crescido de forma considerável no estado e que, entre janeiro e fevereiro deste ano, dois moradores de Maravilha perderam a vida para o novo coronavírus e, um deles tinha apenas 20 anos de idade. ... Um ótimo final de semana para os nossos leitores. Até a próxima edição!


e

30

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

extra

MEIOAMBIENTE

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

Poluição mortal

Justiça por Mariana

A

Justiça Federal negou um pedido feito em ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF) para rever uma decisão de primeira instância que fixou uma matriz de danos e implantou um sistema indenizatório referente ao rompimento da barragem da mineradora Samarco, ocorrido em novembro de 2015. Por considerar que houve irregularidades processuais que prejudicaram a coletividade e que alguns valores estabelecidos foram baixos, o MPF queria que as indenizações que estão sendo pagas fossem consideradas apenas como um piso mínimo. A desembargadora Daniele Maranhão Costa, no entanto, discordou das alegações apresentadas e negou pedido de liminar. O mérito do assunto ainda será discutido.

Concessão da natureza O Ministério do Meio Ambiente publicou, no dia 22 de fevereiro, editais públicos para iniciar estudos de concessão de parques federais. Segundo nota divulgada pela pasta, sete estudos serão realizados com a finalidade de viabilizar as concessões de oito parques nacionais. Os levantamentos deverão propor modelos viáveis de uso econômico-financeiro, além de projetos de engenharia, arquitetura e planejamento operacional para os parques. As propostas vencedoras terão 120 dias para apresentar resultados. O projeto é realizado em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e visa fomentar e ampliar o turismo nacional. As unidades de conservação contempladas nos estudos são: Parque Nacional de Lençóis Maranhenses (MA), Parque Nacional de Jericoacoara (CE), Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (MT), Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ), Parque Nacional da Serra da Bodoquena (MS), Parque Nacional de Ubajara (CE), Parque Nacional de Brasília (DF) e Floresta Nacional de Brasília (DF).

Mais de 160 mil pessoas morreram no ano passado vítimas da poluição nas cinco cidades mais populosas do planeta, incluindo São Paulo e a Cidade do México, apesar da qualidade do ar ter melhorado em algumas regiões pelo confinamento, anunciou a ONG Greenpeace. A capital mais afetada pela poluição foi Nova Deli, onde os cálculos apontam que quase 54 mil pessoas morreram devido à toxicidade suspensa no ar, afirma o relatório do Greenpeace do sudeste asiático. Em Tóquio, o documento calcula 40 mil mortes. Os demais óbitos aconteceram em Xangai, São Paulo e Cidade do México, segundo o relatório, que analisa o impacto das partículas, produzidas com a combustão fóssil. As partículas PM2.5 são consideradas as mais prejudiciais para a saúde. Afetam o coração e os pulmões e aumentam as probabilidades de ataques de asma. Alguns estudos vincularam a exposição às PM2.5 a um risco mais elevado de morrer de Covid-19.

Em Brasília Por aclamação, o senador Jaques Wagner, do PT da Bahia, foi eleito o novo presidente da Comissão de Meio Ambiente. O vice será o senador Confúcio Moura, do MDB de Rondônia. Jaques Wagner insistiu que o Brasil não pode considerar como opostos o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. “Não há porque o Brasil, com o potencial que tem, continuar nessa discussão: desmata ou produz. Nós vamos produzir sem desmatar. Nós vamos gerar emprego, empregos verdes, que cada vez aumentam mais no mundo inteiro, para poder abrigar e acolher os brasileiros que sofrem com esse momento tão triste do desemprego”, disse. Para o novo presidente da CMA, não existe desenvolvimento integral sem o que ele chamou de tripé da sustentabilidade: o aspecto econômico, ambiental e social. Jaques Wagner pontuou, ainda que pandemias originárias de zoonoses, como a do coronavírus, são reflexo das intervenções do homem no meio ambiente.

Covid em pets Uma pesquisa com a participação do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB-UFMG) detectou a presença da covid-19 em um cachorro que convive com uma família em Belo Horizonte. Este é o primeiro caso da doença em um animal na capital mineira. A informação foi divulgada no dia 22 de fevereiro. De acordo com o ICB, o cachorro, da raça boxer, convive com uma família que registrou casos de coronavírus. O caso foi descoberto por meio de uma pesquisa a nível nacional que, em Belo Horizonte, tem participação do Laboratório de Virologia Molecular, coordenado pelo Prof. Dr. Renato Santana de Aguiar, que também faz a testagem em animais. No Brasil, são 11 casos confirmados de covid-19 em animais.


MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021

e

31

extra

CULTURA EM TEMPOS DE PANDEMIA

Atores alagoanos participam de websérie que retrata sobrevivência em dias difíceis “Sobreviver é a salvação pois parece que viver não existe” relaciona os textos de Clarice Lispector ao momento atual MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

D

iante da crise pandêmica da covid-19 que tem ceifado vidas em todo o mundo, o setor cultural tem sido um dos mais afetados. Para driblar o problema e levar entretenimento a quem está em casa, um grupo de atores alagoanos criou a websérie “Sobreviver é a salvação pois parece que viver não existe”, que traz em sua estética a importância da sobrevivência em tempos difíceis. A série, com três episódios já disponibilizados nas redes sociais, é antológica com personagens e narrativas diferentes, e mostra a relação entre textos de Clarice Lispector e a atualidade. A ideia inicial foi do encenador e professor de teatro Anderson Vieira que reuniu intérpretes alagoanos para elegerem o tema e materiais de pesquisa da próxima obra do grupo. A palavra “sobreviver” foi levada em consideração ao tributo que o grupo faria aos cem anos de existência de Clarice, no ano de 2020. Assim, um jogo de poesias de imagem da rotina do isolamento social, em filmes preto e branco, é publicado mensalmente nas redes sociais do grupo (Instagram do grupo Claricena @grupoclarice). “A pandemia tornou-se nossa realidade e é preciso enfrentar e compreender ela das mais diversas formas e essa obra é a nossa forma de resistir e sobreviver a ela”, relata Anderson Vieira. O projeto é um tributo, sem arrecadação financeira, e foi a forma encontrada pelos artistas para conectarem os espectadores com as palavras inspiradoras de Clarice Lispector. Tudo isso para “relembrar que viver é travar uma luta, constantemente, contra a vida que

é mortal”. Ator e estudante de jornalismo, Jamerson Soares participou do primeiro episódio (EP), que tem como título “Amor é não ter”, que retrata a saga de um jovem escritor tentando redigir uma carta para uma pessoa amante que o abandonou em meio a pandemia. O EP também mostra o comportamento desse jovem em isolamento social, e como ele lida com a existência. “Mesmo sendo difícil, a gente conseguiu mostrar o que tem nos inquietado, tanto no quesito político, quanto no social e emocional”, afirmou. Vale ressaltar que esse episódio foi lançado dia 10 de dezembro de 2020 e que todo dia 10 vai ser lançado um episódio da websérie, às 20h, no Instagram do grupo Claricena, @ grupoclaricena. Embora a websérie busque mostrar a relação entre textos de Clarice e o momento atual pandêmico, assuntos como o abandono da pessoa amada, a busca pelo sentido da existência, a epifania em tempos de isolamento e a sobrevivência estão relacionados no trabalho. “É de muita importância compartilhar essa websérie porque são reflexos do que a gente está vivendo hoje; relações humanas e como essas relações se comportam em isolamento”, completou Soares. Para o artista, fazer cultura em tempos de pandemia está sendo muito desafiador e instigante. “Não temos ajuda financeira, tudo está sendo feito de forma colaborativa. Os episódios estão sendo exibidos de forma gratuita. Falta mais apoio do governo a essa classe artística de Alagoas, mais compromisso. Além de ter afetado financeiramente, a pandemia também afetou nossa saúde mental e emocional”, alertou. O segundo episódio foi estrelado pela atriz pernambucana, e que passou um tempo em Alagoas, Le-

tícia Figueiredo. “Sobreviver com o ovo” apresenta Sara, uma jovem que está em isolamento social por causa da pandemia da covid-19 e que mantém uma reflexão sobre o ovo, sobre a relação da existência dela com a do ovo. Ela entra em uma espécie de epifania com o ovo, o tempo e o espaço. Será que ela sairá ilesa desse conflito de sensações? O filme é baseado no texto “O ovo e a galinha”, do livro Felicidade Clandestina, de 1971, que conta a relação do ovo e a existência do mundo a partir de um narrador enigmático. O episódio mais recente da websérie foi lançado no dia 10 de fevereiro e fala sobre a resistência dos marisqueiros da Laguna Mundaú, em Maceió, na pandemia da covid-19. “O pão nosso de cada dia”, da companhia Claricena, é baseado no livro póstumo “Um sopro de vida”, de Clarice Lispector, e tenta mostrar a relação entre os textos de Lispector e os moradores e trabalhadores que enfrentam dificuldades na região lagunar. O sururu, como um elemento de subsistência em Maceió, é o ator principal em um vídeo curto, criado para revelar a graça da sobrevivência em meio a uma guerra contra um inimigo invisível. Nesta exibição, o grupo Claricena decidiu relacionar a produção do sururu e as histórias de pessoas que vivem na periferia com o corpo de uma dançarina e atriz em busca do sentir.

Cenas do primeiro episódio lançado em dezembro

Sobre o Claricena O fundador do grupo, ator e diretor Anderson Vieira é natural de Pernambuco, mas passou um tempo em Maceió, Alagoas, para estudar Artes Cênicas. Assim, o grupo foi criado na capital alagoana. Ele relatou que tem um apreço muito grande pela paisagem de Maceió, e que isso foi uma das propostas de materialidade da intérprete ao ter o registro da Laguna Mundaú. Para Vieira, o maior desafio foi costurar e conectar a dança de um corpo em isolamento social, com o texto de Clarice Lispector e a sobrevivência dos marisqueiros da região. A websérie “Sobreviver é a salvação pois parece que viver não existe” é o primeiro trabalho audiovisual do grupo Claricena, e teve seu lançamento no dia 10 de dezembro de 2020, ano Do

centenário de nascimento da escritora Clarice Lispector. A direção de arte é de Suane Padilha O grupo alagoano Claricena vem testando nos palcos e pesquisando sobre a relação do corpo com a dramaturgia escrita através de textos, pensamentos e ideias de Clarice Lispector. O grupo já participou de vários festivais, mostras, apresentações privadas com a criação de cinco espetáculos na carreira, “Espectro”, “A granja dos corações amargurados”, “A descoberta de um”, “Adeus, Clarice” e “Temos Fome”. O projeto online é composto pelos intérpretes Clecí Nascimento, Jamerson Soares e Letícia Figueiredo, com encenação audiovisual de Vieira, produção de Victor Satti e direção de arte de Suane Padilha.


32

e

extra

MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE MARÇO DE 2021


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook

Articles inside

Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.