Edição 1111

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1998 - 2020

ANO XXII - Nº 1111 - 26 DE MARÇO A 01 DE ABRIL DE 2021 - R$ 4,00

ELEIÇÕES 2022

Marcelo Victor pode interromper projeto de poder de Renan Filho O sonho do governador é fazer o sucessor e se eleger senador nas eleições do próximo ano, mas para isso depende de uma aliança com a Assembleia Legislativa, que vai comandar o processo de escolha do governador-tampão. 2

GASPAR ANTECIPA DUELO COM COLLOR NA DISPUTA MAJORITÁRIA Secretário abre confronto pessoal com senador na expectativa de sair candidato a governador 3

CNJ VAI INVESTIGAR WASHINGTON LUIZ POR USAR DOCUMENTO FALSO EM SUA DEFESA 6

RECURSO DE LUIZ PEDRO CONTRA CONDENAÇÃO POR HOMICÍDIO SOBE PARA O STJ 7 DESEMPREGO

JUSTIÇA MANDA DESPEJAR 120 FAMÍLIAS QUE OCUPAM FAZENDA EM ATALAIA 13

PANDEMIA FECHA QUASE 10 MIL POSTOS DE TRABALHO EM ALAGOAS 17


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EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

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COLUNA

MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE MARÇO A 01 DE ABRIL DE 2021

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Sonho e pesadelo

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- O sonho do governador é fazer o sucessor e se eleger senador na eleição do próximo ano. Mas no caminho tem uma pedra chamada Marcelo Victor, presidente da Assembleia Legislativa, que pode interromper o projeto de poder de Renan Filho.

Catástrofe

Artigo publicado pelo economista Elias Fragoso na edição anterior do jornal EXTRA revela dados assustadores sobre o que ele chama de “matança” nas UTIs dos hospitais nordestinos: a cada 10 pacientes entubados só 1,7 sai vivo. - Até quando a barbárie vai continuar? - indaga o articulista ao prever um cenário catastrófico caso não se decrete um lockdown nacional.

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Pesquisa

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Bolsonaro X Lula

- O governador tem confidenciado a alguns aliados que pretende concluir seu mandato até o último dia, mas a oposição garante que ele está blefando para desarmar os adversários. - Sob a forte liderança de Marcelo Victor, a Assembleia é que vai comandar o processo para indicar o governador-tampão caso Renan Filho renuncie para disputar o Senado. É aí que o governador, se não fizer uma aliança, trombará de frente com os deputados.

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- O presidente da Assembleia diz não ter interesse em ser governador interino, mas garante que não abrirá mão de indicar um deputado para o cargo, com direito à reeleição em 2022. Também não descarta a possibilidade de um acordo político com o governador.

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- “O problema é que Renan Filho quer levar tudo. Ele acha que fará o sucessor e se elegerá senador”, disse Marcelo Victor a um de seus assessores, ao comentar o comportamento pouco político do governador. Ouvido pela coluna, o deputado desconversa e diz que ainda é cedo para falar em eleições.

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- Resumo da ópera: sem acordo com os deputados, a Assembleia Legislativa dificilmente aprovará um nome indicado por Renan Filho para o cargo de governador-tampão. E sem um aliado no governo, o sonho de chegar ao Senado pode acabar em pesadelo.

Datafolha: Para 57% dos brasileiros, a condenação de Lula foi justa, enquanto 38% dos entrevistados acham que foi injusta.

O Instituto Paraná realizou pesquisa nacional para avaliar o tamanho das forças lulistas e bolsonaristas no País. Bolsonaro vence Lula em todas as regiões: Norte e Centro-Oeste (30,7% contra 22,6), Sudeste com (28,6% a 17,9%) e no Sul a maior vantagem, com 34,2% a 18,8% de Lula.

Genocida X ladrão

“Lula não terá vida fácil se a opinião a seu respeito permanecer a mesma. Será alvo de ataques dos adversários, mas poderá se defender usando os mesmos meios dos quais se queixa. Bolsonaro o chamará de ladrão. Lula o chamará de genocida. Um candidato do centro se apresentará como alternativa ao genocida e ao ladrão”. Ricardo Noblat – jornalista.

Frase da semana Rui [Barbosa] falava: “O bom ladrão salvou-se, mas não há salvação para juiz covarde”. Ministro Gilmar Mendes, no julgamento da suspeição do juiz Sérgio Moro em relação ao caso do triplex envolvendo o ex-presidente Lula.

Vacina para todos

A decisão de não estocar vacinas foi comemorada pela maioria da população, ansiosa para tomar o imunizante. Mas os que já tomaram a primeira dose estão preocupados com a possibilidade de faltar vacina para a segunda dose.

Tempestade perfeita

Reportagem do jornal Valor Econômico alerta para o desastre que se projeta sobre bares e restaurantes no Brasil: Com um ano de pandemia, o setor enfrenta uma “tempestade perfeita”. “De um lado, a alta dos preços de alimentos mantém o custo dos insumos elevados. Do outro, o aumento das mortes pela covid-19 e o colapso do sistema de saúde levam a novas restrições de funcionamento em todo o país”.

Troca de comando

Com uma bancada de 11 deputados federais e um senador, o Partido Republicano da Ordem Social (Pros) trocou de comando em Alagoas. Sai Eduardo Rossiter e entra Audival Amélio da Silva Neto, Val Amélio. Filiado ao partido desde janeiro de 2019, Fernando Collor foi comunicado da mudança no Diretório Estadual pelo próprio presidente nacional do partido, Eurípedes Júnior. O senador deve continuar na sigla até definir seu novo partido. Ao assumir o comando do Pros em Alagoas, Val Amélio prepara o terreno para disputar uma cadeira na Câmara Federal no pleito do próximo ano. Conta com o apoio da família Amélio e dos 40 vereadores do partido no estado. Candidato a deputado federal na eleição de 2014, Val Amélio obteve 58.095 votos, conquistando a primeira suplência da coligação. Assumiu o cargo em 2016 após o titular Cícero Almeida pedir licença de 122 dias para tratamento de saúde e para cuidar de sua candidatura a prefeito de Maceió. Val Amélio é filho do ex-deputado estadual por cinco mandatos Cícero Amélio, hoje aposentado no cargo de conselheiro do Tribunal de Contas de Alagoas.


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JOGO DO PODER

Alfredo Gaspar parte para o confronto com Collor Secretário é tratado como nome ao governo do Estado e até ao Senado ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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secretário de Segurança Pública, Alfredo Gaspar de Mendonça, resolveu partir para o confronto, enfrentando o senador Fernando Collor, que investe pesado contra as ações de Mendonça na SSP, apontando possíveis exageros (uso de helicóptero para chamar a atenção, equipe de filmagem em revistas policiais), tratando o gesto como pirotecnia. No fundo deste confronto há as eleições do próximo ano. Muitas águas rolarão, mas Alfredo Gaspar está na lista como um dos candidatos ao governo do Estado em 2022. E, se o governador Renan Filho e o senador Renan Calheiros quiserem, será o próprio Alfredo o escolhido para enfrentar Collor nas urnas ao Senado. A princípio, porém, o secretário é tratado como um dos prováveis candidatos ao Executivo estadual. Disputando visibilidade com Alexandre Ayres (Saúde), Maurício Quintella (Infraestrutura) ou até mesmo o ex-prefeito de Maceió, Rui Palmeira, que virou analista político e todas as terças analisa pelo Instagram os cenários nacional e local. Mas a presença de Alfredo Gaspar na busca pelas urnas repete uma história.

Collor foi lançado na política por Guilherme Palmeira, pai de Rui. Foi nomeado prefeito biônico (1979-1982) na ditadura, com ajuda de Guilherme. Enfrentaria seu padrinho mais adiante, nas urnas. Alfredo Gaspar é filho de Carlos Mendonça, que morreu ano passado, e foi um dos grandes amigos de Arnon, pai de Collor, e depois do hoje senador. Era presidente do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Melo, empresas de Collor. Agora que virou inimigo cordial, Alfredo Gaspar busca voo próprio, atacando o senador. A política é um moinho. BEATO BIU Enquanto isso, na Barra de São Miguel, o prefeito Benedito de Lira quase nem aparece na Prefeitura. Sua mansão virou escritório e ponto de romaria dos que buscam favores, conselhos ou montam palanques eleitorais para 2022. Biu é tratado como um beato porque o filho, Arthur Lira, é presidente da Câmara Federal. E na ótica de vereadores, prefeitos e deputados estaduais, a família De Lira tem o milagre nas mãos: pode enfrentar com a mesma força os Calheiros. Nas horas vagas, Biu vira prefeito da Barra, balneário que atrai políticos de todo o

Alfredo Gaspar pode ser escolhido por Renan Filho para sucedê-lo

deputado, vai para a reeleição, e seguem apoiando os Calheiros. Os Beltrão estão divididos. Marcelo, prefeito de Coruripe, está no grupo de Arthur Lira; o deputado federal Marx Beltrão está mais próximo dos Calheiros e é responsável pelas indicações da Secretaria de Agricultura, uma pasta que há anos vem sendo desprestigiada para evitar que lideranças políticas ocupem espaço maior que o governador. Tudo pode mudar, é claro, porque vale a lei da procura. E da oferta.

GRUPO DE JHC É quase certo que João Caldas, pai do prefeito JHC, será candidato a federal. A estratégia segue os caminhos do senador Rodrigo Cunha (PSDB). O grupo político de JHC encara como improvável uma candidatura ou vitória de Rodrigo Cunha na disputa ao governo do Estado. Após mergulho no cenário político e do silêncio em torno do Governo Jair Bolsonaro, Cunha pode voltar a ser um personagem com alguma relevância em Alagoas. O nome mais forte do PSDB é o de Tereza Nelma, deputada federal, eleita coordenadora da bancada federal alagoana. Os Calheiros tentam atrair a parlamentar para o MDB. Os tucanos assistem ao esvaziaVaga do senador Fernando Collor é alvo de ferrenha disputa mento da legenda estadual, Brasil mas principalmente za o próprio passe, na busca seguindo o que se vê nacionalquem quer conversar com ele de espaços mais generosos na mente no partido. mesmo e os senadores Renan máquina pública, com mais e O VICE e Collor. Os dois também têm mais ramos na política. O PSB e o PDT poderão casa na Barra. Quem também quer um Mas o ex-senador tem um nome a federal é Cícero Caval- apresentar ao governo e ao empreendimento bem maior: cante, chefe da família que ge- Senado a chapa liderada pelo atrair a família Pereira para rencia as cidades de São Luiz vice-prefeito Ronaldo Lessa e seu grupo. A deputada Jó do Quitunde e Matriz de Ca- a ex-vereadora Heloísa HelePereira, hoje no MDB e forte maragibe. Flávia é deputada na. crítica das ações de Renan Fi- estadual; Fernanda e FernanPela esquerda, há nomes lho, ganhou passaporte para do estão prefeitos. E Cícero femininos no tabuleiro eleitoir para o PP, dos Lira. quer arriscar a vaga para fede- ral, como a ex-reitora da Ufal Outro que os De Lira ral. Os Cavalcante são ligados Valéria Correia, do Psol; a pensam em atrair é Renato aos Calheiros. candidata da Unidade PopuCanuto, prefeito de Pilar e A família Damasceno Frei- lar Lenilda Luna e; pelo PT, a chefe político da família. A tas, encabeçada pelo desemesposa, Ceci Rocha, é prefeita bargador Washington Luiz, economista Luciana Caetano, de Atalaia; a mãe dele, Fáti- ainda não decidiu para onde tanto para conquista do eleima Canuto, deputada esta- vai a secretária de Cultura, torado nas majoritárias, como dual. A família trabalha um Mellina Freitas, após o Gover- na aposta para cargos parlanome para federal. E valori- no Renan Filho. Inácio Loiola, mentares.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Apelação política

Outra linha

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ressionar a Câmara de Vereadores de Maceió a não conceder honrarias a autoridades nacionais, a exemplo do presidente Jair Bolsonaro, é um assunto, convenhamos, fora de propósito neste momento grave de pandemia. Em vez de um abaixo-assinado colhendo assinaturas para não permitir que a Câmara conceda títulos, esses grupos deveriam

Desistindo Pressionado sobre decisões tomadas para conter a pandemia, o governador Renan Filho demonstra não estar com muito apetite de disputar as eleições do próximo ano. Além de não encontrar um candidato que lhe substitua e que possa chamar de seu, o governador ainda não definiu quem formaria no seu grupo político.

Até o fim Nesse impasse, Renan Filho não descarta comandar o governo de Alagoas até o fim, o que tem feito até agora com segurança, realizando obras e administrando bem as finanças do estado. Ele deixaria para competir em 2026, com um legado em que pudesse disputar as futuras eleições com tranquilidade.

Administrando O ex-prefeito Rui Palmeira parece não estar se importando com os ataques que tem recebido do grupo de JHC, como denúncias de máfias da metralha, do lixo, iluminação e outras coisinhas mais.

Se preparando

trabalhar para pedir pressa na vacinação dos alagoanos, contribuir com campanhas públicas para a população manter o distanciamento, usar máscaras e lavar bem as mãos. Tratar de política neste momento não parece ser o instrumento mais inteligente e a Câmara de Vereadores de Maceió tem mais o que fazer. Deixem para 2022, ano de eleições.

Sem chances

Por fora

Sem ainda ter um nome que possa investir numa candidatura ao governo do Estado, Renan Filho busca alternativas para poder se afastar e disputar um novo mandato nas eleições de 2022. Rafael Brito, Alexandre Ayres, Alfredo Gaspar e até mesmo o secretário da Fazenda, George Santoro, praticamente estão fora da disputa, já que não evoluíram politicamente de alguns meses para cá.

Também não está descartada uma candidatura do ex-prefeito Rui Palmeira, que começa a se articular para formar um bloco de oposição, depois de amargar uma aliança com a família Calheiros, que mais uma vez perdeu o embate para eleger o prefeito da capital.

Avaliação Nos corredores do Palácio República dos Palmares circulam rumores de que Renan Filho estuda a possibilidade de conduzir o governo até o final do mandato, dando um tempo para organizar suas bases, firmar compromissos e ir para a disputa em 2026.

Crescendo

Como já disse que pode disputar qualquer cargo nas eleições do próximo ano, Rui Palmeira, nos bastidores, começa a se articular para formar uma boa base eleitoral e unir grupos que estiveram com ele na Prefeitura de Maceió. Palmeira pode competir de deputado federal a governador do Estado.

Do lado da oposição se comenta muito a possibilidade de o deputado Davi Davino disputar o governo do Estado com o apoio de um grupo forte da Assembleia Legislativa, incluindo aí o presidente Marcelo Victor e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

Distantes

Esperança

Muito embora tenham estado juntos nas eleições do ano passado, apoiando o mesmo candidato, certamente Palmeira e Renan Filho deverão estar em situações opostas nas eleições do próximo ano. A não ser que aconteça um milagre político.

Enquanto o prefeito JHC tem o compromisso de cumprir o seu mandato na Prefeitura de Maceió, o senador Rodrigo Cunha alimenta a esperança de ser indicado candidato ao governo, pois, mesmo que perdesse a eleição, continuaria por mais quatro anos no Senado Federal.

Embora não tenha a prioridade de anunciar a chegada de novos lotes de vacinas, assunto mais ligado ao governo do Estado, o prefeito JHC se vira como pode para participar efetivamente do combate à pandemia. Faz sua parte na fiscalização de bares e restaurantes e flexibiliza o atendimento nos postos de vacinação, deixando para o Estado a missão espinhosa de anunciar medidas restritivas que atingem diretamente o setor produtivo alagoano.

Fora do prumo

No momento a grande disputa entre o prefeito JHC e o governador Renan Filho é para saber quem noticia primeiro nas redes sociais a chegada de novos lotes das vacinas contra a covid-19. Isso aconteceu na semana passada e vai continuar no noticiário. Eles devem achar que essas movimentações podem lhes render votos nas eleições do próximo ano.

Enquanto alguns deputados e vereadores lutam diariamente para encontrar mecanismos mais eficientes para o combate à covid-19, que já matou milhares de alagoanos, outros se preocupam unicamente em fortalecer as suas bases eleitorais, com indicações dirigidas principalmente a municípios no interior do estado.

No páreo

Devagar

Disputa

Com boa liderança na região sul do estado, Marcius Beltrão pode ser uma alternativa do PDT para lançá-lo candidato ao governo nas próximas eleições. Com influência direta em cerca de cinco municípios, Beltrão não é nome de se desprezar pela oposição.

Cobrando Se depender do deputado Inácio Loiola, a Assembleia Legislativa instalará uma Comissão para fiscalizar a Casal, que não tem dado até agora uma resposta mais convincente para resolver o problema da falta d´água no Agreste e no Sertão. Sem políticas públicas definidas, o sertanejo tem comido o pão que o diabo amassou, mesmo com água em abundância através do Canal do Sertão.

Mesmo que a polícia esteja mostrando serviço na capital e no interior, as operações aéreas parecem que rarearam um pouco, depois de críticas ao modus operandis da Secretaria de Segurança Pública.

Incentivo fiscal Se depender do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, empresários donos de hospitais e de planos de saúde, poderão participar ativamente do combate à pandemia abrindo novos leitos para o Sistema Único de Saúde. Em contrapartida, receberiam incentivo do governo, como abatimento dos investimentos no Imposto de Renda. Se acertarem o passo, o projeto deve ser apreciado em caráter de urgência pela Câmara.


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Rachado, bolsonarismo vira gueto de radicais e alvo de investigação Leonardo Dias pode ser cassado; reeleição de Bebeto está ameaçada ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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invasão do posto de vacinação instalado no bairro de Jaraguá no último dia 14 deste mês por radicais bolsonaristas mostra que o fenômeno nas urnas em 2018 enfrenta uma profunda crise e desarticulação em Maceió, onde o bolsonarismo tem mais força e conseguiu eleger o deputado estadual Cabo Bebeto (PTC) – o parlamentar mais votado na capital alagoana – e, dois anos depois, o vereador Leonardo Dias (PSD), bem menos expressivo nas urnas, por pouco ficando de fora do parlamento mirim. Os sinais dessa desagregação vêm da dura reação do prefeito João Henrique Caldas (PSB) contra o líder dos invasores (segundo ele) do local da vacina, o vereador Leonardo Dias; da ameaça de derrota na busca pela reeleição em 2022 de Cabo Bebeto na Assembleia Legislativa e, o derretimento da popularidade do presidente Jair Bolsonaro, acossado pelo aumento das mortes na pandemia e em busca de socorro na divisão das responsabilidades com os chefes dos outros poderes. A popularidade de Bolsonaro, aliás, vem afastando o prefeito de Maceió do prestígio e da credibilidade que um presidente da República carregam. Ou pelo menos deveriam carregar pela representatividade da função. Este fenômeno se repe-

te pelo país: mesmo os governadores aliados de Bolsonaro evitam selfies com o mandatário brasileiro. É o que ajuda a explicar a posição firme de JHC, via Twitter, contra o vereador Leonardo Dias. O prefeito repudiou a invasão do local de vacina: “Todos têm direito de se manifestar. Mas é absurdo invadir o estacionamento do posto de vacinação do Jaraguá, aglomerar e bloquear a entrada de idosos que seriam imunizados. Não compactuamos com esse tipo de atitude. A vacina salva vidas. Só com ela vamos retomar a economia”. Leonardo Dias tentou lacrar nas redes sociais, cobrando do prefeito os nomes dos invasores e levou uma invertida: “Acho que não precisa nem dizer. A carapuça serviu! Vá trabalhar e não fazer arruaça num domingo em um local de vacinação. Agitador! Vc não fechou uma rua, fechou um local de vacinação impedindo profissionais de saúde chegarem ao seu local de trabalho e idosos de se vacinarem. Irresponsável!”. Leonardo Dias tentou espernear e tudo piorou. O PDT entrou com uma representação em que pede a cassação do mandato do vereador; o PT acionou seus advogados para denunciar o vereador à polícia e repudiou a invasão. E a reação do “bolsonarismo-raiz” foi o silêncio, deixando o vereador orando em busca de Deus pelas redes sociais.

Leonardo Dias na manifestação que atrapalhou vacinação; bolsonarista, Bebeto perde influência e diverisifica pauta VIÚVAS O “bolsonarismo-raiz” é representado pelo deputado estadual Cabo Bebeto e o policial federal Flávio Moreno. Não chame estes três para conversarem na mesma mesa. Bebeto foi eleito pelo PSL, mas obrigado a deixar o partido. Mantendo o foco em Jair Bolsonaro assumiu a coordenação para o recolhimento de assinaturas e formação do Aliança pelo Brasil, o partido que deveria abrigar os ex-PSL ligados ao presidente. A legenda não saiu do papel, o que já é tratado como um dos maiores fiascos políticos. O deputado, então, migrou para o PTC, legenda nanica geralmente rifada na bacia das almas, em busca de tempo de TV e garantindo micro cargos na máquina pública. Como a divisão do bolso-

narismo ameaça a reeleição de Cabo Bebeto, o deputado passou a diversificar a pauta, saindo da segurança pública, buscando outros eleitores: os empresários. Ataca o governador Renan Filho (PMDB) e suas medidas contra a pandemia. O deputado Davi Maia (DEM) ajuda a levantar a voz para o colega parlamentar cortá-la no verbo. O deputado Bebeto se elegeu graças à revista de pessoas das periferias, de rostos borrados pelos efeitos das redes sociais, mas a dignidade exposta. Ele integra uma safra de policiais influencers que usam e abusam das redes com seus distintivos, patentes, operações de captura de bandidos pés de chinelo. Ele corre o risco de perder as eleições no próximo ano, substituído por mais um novo herói nas urnas

urbanas. Mais próximos da viuvez do bolsonarismo estão Flávio Moreno e Josan Leite. Moreno amargou uma derrota acachapante na disputa por uma vaga na Câmara de Vereadores da capital. Obteve pífios 3 mil votos. Em 2018, ficou com 140 mil votos ao Senado. Josan Leite, também representante de Bolsonaro, teve 23 mil votos na disputa à Prefeitura de Maceió, bem distante dos 143 mil na eleição ao governo do Estado em 2018. Sem mandato, são menores as chances de ambos chegarem próximo ao presidente da República ou construírem um movimento que mantenha o edifício do bolsonarismo em pé, três anos depois dele ter sido erguido graças ao seu líder máximo. Os eleitores estão em busca de novos mitos.


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NA BERLINDA

CNJ decide investigar Washington Luiz

Washington Luiz volta a ser alvo de investigação no CNJ

MALAQUIAS

Desembargador terá de explicar certidão que o livrou de responder a processo em 2016 VERA ALVES Especial para o EXTRA

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Conselho Nacional de Justiça decidiu na terça, 23, instaurar processo administrativo disciplinar contra o desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas para apurar o uso de uma certidão da Justiça Eleitoral de Alagoas que em 2016 o livrou, no próprio CNJ, da acusação de ser o mandante da tentativa de assassinato contra o exjuiz Marcelo Tadeu ocorrida em 2009. Atual presidente da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas, vice-presidente e corregedor do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Washington Luiz terá de explicar as circunstâncias em que obteve a certidão segundo a qual em 2007, período em que Marcelo Tadeu atuou como juiz eleitoral de Piranhas, foi cancelado apenas 1 título de eleitor. Ocorre que os registros do TRE mostram que, na realidade, um total de 5.798 títulos foram cancelados na época, sendo 4.054 de Piranhas e 1.744 de Olho d’Água do Casado, municípios do Sertão que são

redutos eleitorais da família Damasceno Freitas. O cancelamento dos títulos e a decisão de Marcelo Tadeu de, em 2008, cassar o mandato de Wellington Damasceno Freitas, o Xepa, irmão do desembargador e então prefeito de Olho d’Água do Casado, foram apontados como os motivos para a tentativa de assassinato contra o juiz pelo empresário Kleber Malaquias de Oliveira, assassinado a tiros em julho do ano passado. Em 2016, Malaquias deu entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, reafirmando as acusações contra Washington Luiz e Xepa de que ambos teriam tramado a morte do juiz. Na época da exibição da reportagem, o desembargador alagoano era alvo de quatro procedimentos administrativos no CNJ que o levaram a ser afastado do cargo de presidente do TJ e de todas suas atividades na magistratura. Ao Fantástico, Malaquias afirmou ter testemunhado uma ligação realizada pelo desembargador em um restaurante da capital. Na ocasião, Washington Luiz estaria acompanhado de Xepa. “Eles chegaram, sentaram lá e o de-

sembargador, presidente do Tribunal de Justiça, deu a ordem para ‘passar’ o juiz Marcelo Tadeu. Passar é mandar matar”, disse. O atentado que teria como alvo Marcelo Tadeu ocorreu na noite do dia 3 de julho de 2009, quando ele fazia compras em uma farmácia na Avenida João Davino, no bairro da Jatiúca, e acabou vitimando o advogado mineiro Nudson Harley Mares de Freitas, que estava de passagem por Maceió. Os atiradores teriam confundido o advogado com o magistrado em função da semelhança física e da roupa que ele usava. Em 2016, ao analisar uma reclamação disciplinar requerida por Tadeu contra o desembargador, o CNJ decidiu arquivar o caso seguindo o voto do então conselheiro Norberto Campelo, cujo entendimento foi de que a cassação de um único título de eleitor não seria motivo para um plano de assassinato e também pelo fato de o caso estar sob investigação do Superior Tribunal de Justiça. Ocorre que no ano passado a atual corregedora Nacional de Justiça, Maria Thereza de

Assis Moura, pediu a instauração de um novo PAD contra o desembargador com base em duas certidões de revisão do eleitorado que provam que, quando juiz eleitoral de Piranhas e Olho d’Água do Casado, Marcelo Tadeu cancelou quase 5.800 títulos. De acordo com ela, o CNJ foi induzido a erro em 2016 por uma petição assinada de próprio punho pelo desembargador afirmando que somente um título de eleitor teria sido cancelado. Para Maria Thereza, dada a influência política dos Damasceno Freitas na região, seria praticamente impossível que o desembargador não soubesse do cancelamento de milhares de títulos nos dois municípios. Na sessão da última terça-feira, nove conselheiros decidiram seguir o parecer da corregedora pela instauração do processo administrativo disciplinar com o objetivo de apurar se houve ou não má-fé por parte de Washington Luiz. O EXTRA manteve contato com a assessoria do TJ pedindo que o desembargador se posicionasse acerca da decisão do CNJ, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.

Autor de várias reclamações contra Washington Luiz perante o CNJ, Kleber Malaquias de Oliveira foi assassinado no dia 15 de julho do ano passado no restaurante Casa da Buchada, localizado na Mata do Rolo, em Rio Largo, onde ele comemorava o aniversário de 41 anos. O empresário foi surpreendido e alvejado a tiros por dois homens quando saía do banheiro do estabelecimento. Em março de 2018, em um vídeo que circulou nas redes sociais, o empresário dirigiu vários impropérios a outro irmão do desembargador, o deputado estadual Inácio Loiola. “Sua raiva é porque eu denunciei a sua sobrinha [Mellina Freitas]? Sua raiva é porque eu falo a verdade ao povo de Alagoas? Sua raiva é porque eu sou testemunha do caso emblemático que envolve seus dois irmãos na tentativa e execução que envolve o juiz Marcelo Tadeu? Quando você me atingir estou à disposição. Meu telefone e WhatsApp todo mundo tem, inclusive os puxasacos que levam conversa até vocês”, disse. Mellina, no caso, é a filha de Washington Luiz que em 2008 foi eleita prefeita de Piranhas, cidade hoje administrada por Tiago Freitas, também filho do desembargador.


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CASO LUIZ PEDRO

Recurso contra condenação de ex-deputado vai para o STJ Desembargador José Carlos Malta rejeita terceira apelação do ex-militar MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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epois de 10 meses dormindo nas gavetas do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), o agravo em recurso especial interposto pela defesa do ex-deputado Luiz Pedro da Silva para anular sua condenação pelo homicídio qualificado que teve como vítima o servente de pedreiro Carlos Roberto Rocha Santos foi negado. O que chama a atenção é que o ex-cabo da PM já perdeu três recursos de apelação e mesmo assim permanece livre. A morosidade tem causado polêmica e o questionamento é de que seja mais um caso impune, já que ele foi condenado há cinco anos e seis meses sem que a sentença de prisão seja cumprida. De acordo com a assessoria do gabinete da vice-presidência do Tribunal de Justiça de Alagoas, o processo estava aguardando o cumprimento de ato ordinatório e, na segunda-feira (22), o desembargador José Carlos Malta Marques, que assumiu o cargo de vice-presidente do TJ em janeiro deste ano, recebeu os autos e determinou o envio para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde será julgado o recurso especial. A assessoria esclareceu ainda que, em grau de recurso, um processo passa por inúmeros trâmites que precisam ser cumpridos e demandam tempo. Na última movimentação, de 23 de março deste ano, a certidão emitida diz que “Certifico que foi disponibilizado(a) no Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal de Justiça de Alagoas,

Em 2015, Luiz Pedro foi condenado pelo assassinato do servente de pedreito Carlos Alberto nesta data, o(a) Ato Ordinatório/Despacho/Decisão retro, nos termos do art 4º, § 3º, da Lei nº 11.419/2006.” Um dia antes, 22 de março, o desembargador José Carlos Malta Marques recebeu o recurso sem efeito suspensivo e determinou que “... tendo em vista não concordar com os argumentos suscitados pela parte agravante, mantenho a decisão recorrida por seus próprios fundamentos. Determino, por conseguinte, nos termos do art. 1.031 do CPC a remessa dos autos ao Superior Tribunal de Justiça, para o regular processamento do Recurso Especial”. Em 30 de março de 2020 o ex-deputado Luiz Pedro já havia tido um Recurso Especial (nº 0015311-61.2004.8.02.0001) negado no TJ. No pedido, ele argumenta que a condenação (por homicídio qualificado) teria se

embasado contrariamente ao conjunto probatório dos autos. “O recorrente, em suas razões recursais, às fls. 3.875/3.891, aduziu que o acórdão impugnado teria violado os artigos 59 e 68, do Código Penal; e os artigos 18 e 593, inciso III, alínea d, do Código de Processo Penal”. Por outro lado, “a parte recorrida apresentou contrarrazões às fls. 3.943/3.947, pugnando pela inadmissibilidade do recurso e, subsidiariamente, que lhe seja negado provimento. Em seguida, retornaram os autos conclusos para juízo de admissibilidade.”, diz trecho da decisão do desembargador Sebastião Costa Filho, então relator da apelação. O primeiro recurso de Luiz Pedro, também negado pelo mesmo desembargador, foi julgado em 10 de abril de 2019. É que na sessão realizada em

30/08/2017, o desembargador Sebastião Costa Filho “ votou no sentido de conhecer do recurso, uma vez que preenchidos seus pressupostos de admissibilidade, para negar-lhe provimento”. Na ocasião, o procurador Antônio Arecippo de Barros Teixeira Neto, ratificou o parecer e requereu a prisão imediata do Apelante”, o que não foi aceito pelo TJ. Na ocasião, a pena de Luiz Pedro foi redimensionada para 22 anos, 9 meses e 15 dias de reclusão em regime inicial fechado. MORTE DE BETO De acordo com os autos do processo, Carlos Roberto Rocha Santos, o Beto, estava em casa, na Rua Nossa Senhora da Conceição, localizada no bairro do Clima Bom, em Maceió, quando homens armados invadiram a

residência na madrugada de 12 de agosto de 2004 e o levaram a força. A viúva da vítima afirmou que os sequestradores se passaram por falsos policiais, fizeram ameaças e renderam os dois. Os autos apontam, ainda, que Beto foi levado para um terreno, onde foi assassinado com vários tiros. Foram condenados por homicídio qualificado Adézio Rodrigues Nogueira, Laércio Pereira de Barros, Náelson Osmar Vasconcelos de Melo e Leone Lima. Segundo a denúncia do Ministério Público, os homens faziam parte de uma organização criminosa chefiada e mantida por Luiz Pedro, que funcionava como uma suposta milícia. E a vítima teria sido morta por consumir entorpecentes e ter se desentendido com integrantes do grupo criminoso. Além do assassinato, o pai da vítima, Sebastião Pereira, também denunciou o sumiço do corpo do filho do Instituto Médico Legal (IML), onde este dera entrada na manhã do dia 12 de maio de 2004. O corpo nunca foi recuperado. Luiz Pedro foi a júri popular em setembro de 2015 como mandante do crime, tendo sido condenado a 26 anos e 5 meses de reclusão. Em julgamento realizado em 10 de abril de 2019, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça manteve a condenação do ex-militar, mas reduziu a pena para 22 anos, 9 meses e 15 dias. No entanto, naquela data, uma grande ausência foi sentida. O pai de Beto, responsável para que o julgamento acontecesse, por nunca desistir de tentar levar os réus a julgamento, não estava lá. Seu Sebastião, que esteve presente na condenação do ex-militar pelo Tribunal de Júri, morreu em junho de 2017, sem ver a decisão do Tribunal de Justiça. Além de perder o filho, ele lamentava não ter conseguido enterrar o corpo do filho.


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BAIRROS AFUNDANDO

Cepa terá equipamento para monitorar instabilidade do solo Complexo de escolas é afetado pela extração de sal-gema pela Braskem TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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grande movimentação de veículos e equipamentos no interior do Centro Educacional de Pesquisa Aplicada (Cepa), que tem chamado a atenção da população de Maceió é fruto da instalação de parte do sistema que monitora o fenômeno de subsidência (afundamento do solo) verificado em cinco bairros da cidade decorrente da extração de sal-gema pela Braskem. Na área, segundo a empresa e a Defesa Civil de Maceió, será instalado um sismógrafo a 200 metros de profundidade. O equipamento ficará nas imediações do campo de futebol do Cepa e terá condições de detectar, ampliar e registrar as vibrações do solo, sejam elas provocadas por processos naturais ou pela atividade do homem, como é o caso. De acordo com a Braskem, o sismógrafo do Cepa faz parte de um conjunto que tem outros cinco equipamentos similares e serão instalados, até o final de abril, no Jardim das Açácias, ao lado do Hospital Sanatório, no estacionamento da Igreja Batista, no estacionamento da Ford Cycosa e na área da Braskem no Mutange. Além do sismógrafo, a empresa está selando (colocando selo de identificação) nas escolas do Cepa para monitoramento, seguindo a versão n° 4 e mais atual do Mapa de Linhas de Ações Prioritárias da Defesa Civil. No mapa, que foi apresentado em dezembro do ano passado, as escolas no final do complexo educacional, assim como imóveis residenciais e

comerciais após os limites do Cepa, foram incluídos em área de criticidade 01. A numeração da criticidade ocorre em função dos danos sofridos com a subsidência. A criticidade 00 exige imediata evacuação do imóvel ou área. A Braskem informa que o trabalho de selagem para monitoramento será concluído até o final de abril. Segundo a empresa, a selagem não implica previsão de realocação. “Os equipamentos públicos não são atendidos pelo Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação (PCF). Eles são estudados caso a caso, em conjunto com as autoridades, e qualquer decisão sobre referidos imóveis públicos é fundamentada em dados técnicos”, afirmou em nota. No último final de semana, um vídeo com informações “falsas” sobre o Cepa, segundo denúncia da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), gerou preocupação na população. Nele, uma pessoa anuncia que a Defesa Civil de Maceió teria selado (interditado/fechado) escolas no Centro Educacional porque estariam afetadas pelas subsidências. Em nota, a Seduc esclareceu que o conteúdo do vídeo era falso e que não teria sido notificada sobre qualquer procedimento semelhante, realizado pela Defesa Civil do Estado ou do município de Maceió, com os quais mantém diálogo permanente. “Diante disso, repudia a disseminação de fake news: uma clara tentativa de provocar pânico na população e instabilidade social, num momento em que a transparências de ações é fundamental para a sociedade. A Seduc reitera que qualquer informação da pasta é amplamente divulgada nos canais oficiais de comunicação (site e redes sociais), para que a toda a população e a imprensa tenham pleno conhecimento dos atos públicos e demais iniciativas da área educacional.

Sismógrafo começou a ser instalado no último final de semana


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Cepa, que faz 63 anos de construído agora no mês de maio, já foi o maior complexo educacional público do país. Hoje, 11 escolas funcionam na área e duas foram transferidas do complexo por se encontrarem em área de instabilidade e com a estrutura comprometida: a Escola Estadual Professor José Correia da Silva Titara foi para o povoado Massagueira. Já a Escola Estadual Professor José Vitorino da Rocha, foi para um imóvel no Farol. A transferência, segundo informa a Seduc, ocorreu no início de 2020. “As demais escolas continuam funcionando no Cepa e não apresentam nenhum comprometimento na estrutura física”, garante a secretaria. As escolas do Cepa, assim como as demais unidades da rede estadual, iniciaram o ano letivo 2021 no formato remoto com o intuito de impedir o avanço da covid-19 e garantir a segurança da comunidade escolar. Em 2019, o funcionamento no Cepa foi normal. Já em 2020, no dia 17 de março, as atividades presenciais nas escolas foram suspensas, atendendo a um decreto do governo do Estado (Nº 69.527). No mesmo período, houve, também, a suspensão de trabalhos presenciais dos servidores técnicos e administrativos. De acordo com a Seduc, a atualização do número de alunos mais recente, feita na semana passada, constata a matrícula de 5.150 alunos no complexo educacional. “Todas as escolas do Cepa receberam recursos para adaptações de infraestrutura que contribuem para evitar a contaminação por covid-19, como a instalação de pias para higienização das mãos, por exemplo. Além disso, já possuem dispensers e totens com álcool 70%, além de tapetes sanitizantes. Todas estão

Cepa, que já foi considerado o maior complexo educacional da América Latina, possui hoje apenas 11 escolas em funcionamento

Unidades de ensino do complexo estão sendo seladas

Movimentação de máquinas e veículos gerou especulações

de acordo com as exigências oficiais, determinadas pelos protocolos sanitários e de saúde”, informa a secretaria. O EXTRA questionou os órgãos envolvidos com a busca de soluções para a tragédia que afeta os bairros do Pinheiro, Mutange, Bom Parto, Bebedouro e Farol so-

AL), Defensoria Pública da União (DPU) e Ministério Público Federal (MPF) – nenhuma informação oficial sobre o assunto foi direcionada ao Ministério Público. O promotor lamentou as divulgações sem procedência que acompanham o caso e disse que elas “vão contra o

bre novidades em relação à expansão do afundamento do solo, tanto no Cepa quanto em outra área. Segundo o promotor de Justiça Jorge Dórea, que faz parte da Força Tarefa – composta pela Defensoria Pública do Estado (DPE/AL), Ministério Público do Estado (MPE/

esforço dos órgãos de buscar a verdade”. O Ministério Público Federal, através da Assessoria de Comunicação, também afirmou não haver registro de novas informações técnicas sobre a expansão do fenômeno para outras áreas em Maceió.


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VELHO CHICO

Desmatamento e uso irracional da água são os principais problemas do São Francisco Potencial de geração hidrelétrica na bacia hidrográfica do rio chegou ao seu limite MARIA SALÉSIA sallesiaramos@gmail.com

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s problemas que envolvem a quantidade e a qualidade das águas do Rio São Francisco são inúmeros e aumentam se levar em conta as ameaças que pairam sobre a sua saúde ecossistêmica. A maior ameaça que pesa hoje sobre o Velho Chico é o crescente desarranjo do regime de chuvas em sua bacia hidrográfica, resultante da associação entre o fenômeno do aquecimento global e as queimadas de florestas no Brasil, além dos desmatamentos insanos dos biomas do Cerrado e da Caatinga. A afirmativa é de Anivaldo Miranda, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). Segundo Miranda, outra categoria de problema conectada com os desmatamentos é o uso irracional das águas dos afluentes mais caudalosos do rio em Minas Gerais e na Bahia, além de cultivo de grãos que se expande de forma desordenada na área do Aquífero Urucuia, cujas águas subterrâneas são vitais para o escoamento de base do Velho Chico no período seco que vai de abril a outubro de cada ano. Os perigos representados por barragens de rejeitos de minérios e industriais que têm potencial

de risco e dano capazes de atingir as águas franciscanas e a crise de governança hídrica representada pela ausência, no nível que é necessário, dos instrumentos da gestão das águas a partir do território de cada um dos estados ribeirinhos do Velho Chico também contribuem para degradação do rio da Integração Nacional. O alerta vem de longa data e o que mudou neste século em relação aos problemas do rio é o fato de que o potencial de geração hidrelétrica na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco chegou ao seu limite. Inclusive, já tem uma tendência declinante devido à diminuição progressiva das vazões históricas e ao fato de que aumentaram as demandas pela água em Minas, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, além da água que será usada nas transposições. Em contraponto a isso, diz o especialista, a oferta desse líquido precioso diminuiu na razão direta dos desmatamentos, da diminuição da recarga dos aquíferos, do avanço dos processos erosivos, dos processos de assoreamento, do aumento das populações humanas. “Já existe um conflito visível entre geração hidrelétrica versus usos múltiplos das águas que é denotativo dessa mudança”, alertou Miranda. Ele relembra que em

Imagem registrada pelo CBHSF do Rio São Francisco na cidade alagoana de Piranhas 2013, quando teve início a grande estiagem que durou até 2018 na Bacia Hidrográfica do São Francisco, o Comitê (CBHSF) propôs à Agência Nacional de Águas (ANA) que fosse criada uma forma de articulação permanente para discutir a crise hídrica de maneira participativa como manda a Lei 9.433. “A ANA teve o mérito de acatar essa demanda e consolidar o funcionamento de um fórum de gerenciamento de crises que funciona até hoje integrando todos os principais atores que se envolvem com a gestão hídrica, incluindo o poder público em seus três níveis, os usuários das águas e a sociedade civil. É uma experiência inovadora que, através da construção de consensos permanentes, evita a explosão dos conflitos pelo direito de uso das águas entre os diversos segmentos e, ao mesmo tempo, vai construindo uma gestão mais harmônica embora ainda falte muito chão para que essa ges-

tão seja realmente sustentável”, afirmou o presidente do CBHSF. Miranda disse, ainda, que uma das conquistas importantes desse fórum de gerenciamento de crises, experiência que está sendo replicada em outras bacias hidrográficas, foi a adoção de novas e mais previsíveis regras para operação dos grandes reservatórios de água do São Francisco, notadamente os reservatórios de Três Marias, em Minas Gerais, Sobradinho na Bahia e Itaparica em Pernambuco, através da Resolução ANA 2081.De acordo com ele, essa nova metodologia permite controlar as vazões defluentes (água que sai das barragens) desses reservatórios conforme os níveis de acumulação das águas, ou seja, níveis de atenção, de normalidade e de grandes volumes, tudo isso para evitar que os reservatórios fiquem em situação crítica e perigosa para atender a todas as demandas pela água. Vale ressaltar que a Re-

solução 2081 é o primeiro passo na busca pelo Pacto das Águas que o Comitê está propondo à União, aos estados e demais atores da bacia hidrográfica, como segmentos de usuários das águas e sociedade civil, para construir a segurança hídrica no São Francisco e sua bacia hidrográfica neste século 21. Isso será possível a partir da quebra da hegemonia do uso das águas dos reservatórios pelo setor elétrico e instauração de um modelo de efetivo uso múltiplo desses recursos hídricos, incluindo o uso que garanta a reprodução da vida aquática. Além disso, o Pacto das Águas tem pelo menos 10 objetivos históricos a alcançar, dentre eles a definição das vazões de entrega dos grandes afluentes do rio à sua calha central, a efetiva aplicação de recursos para a revitalização hidroambiental da bacia e a retirada total dos esgotos que as cidades ribeirinhas lançam nas águas franciscanas.


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Registro feito pelo CBHSF da Hidrelétrica de Paulo Afonso, na Bahia

Transposição: enorme abacaxi

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ara Miranda, o projeto da transposição das águas do Velho Chico para o Nordeste Setentrional começou de forma errada desde o princípio. Foi concebido para ter proporções megalômanas, conforme a tradição brasileira de obras exageradas, totalmente mal planejado para atender a interesses eleitoreiros e de encomendas para grandes empreiteiras e baseado em soluções que não foram devidamente amadurecidas nem devidamente debatidas com a sociedade, principalmente as comunidades usuárias das águas das bacias tanto doadoras como receptoras. “O resultado é um enorme abacaxi a ser descascado sobretudo porque o preço da água da transposição é muito salgado e as obras apresentam constantes problemas oriundos de sua execução. Porém, como R$ 12 bilhões já foram gastos e outros mais ain-

da serão despendidos, então não adianta chorar o leite derramado. O que se trata agora é de encontrar soluções negociadas e democráticas para resolver os problemas dos canais e da distribuição das águas a serem transpostas. O CBHSF, que foi um crítico do projeto, não olha pelo retrovisor e se dispõe sempre a ser fator de solução para os problemas da transposição”, ponderou Miranda. “Os problemas da gestão das águas no Brasil e na Bacia do São Francisco são de tal magnitude que precisamos de políticas não só de governo, mas sobretudo de políticas de estado de teor mais estratégico capazes de assegurar a continuidade das ações apesar da troca dos governos. Por conta disso, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco está propondo o Pacto das Águas que poderá demorar uma ou duas décadas para ser construído, mas que será

essencial para que tenhamos oferta de água em quantidade e qualidade capaz de garantir o bem estar da nossa e das futuras gerações, além de preservar a diversidade das demais formas de vida, sobretudo à vida aquática do Velho Chico”, acrescentou. “Para o Comitê é essencial o esforço para continuar executando o Plano de Gestão dos Recursos Hídricos das águas franciscanas, a luta pela universalização do estabelecimento dos instrumentos de gestão hídrica, ou seja, planos de bacias e sub bacias, sistemas confiáveis de outorga do direito de uso das águas, cobrança pelo uso das águas brutas em todos os corpos hídricos, enquadramento dos rios conforme os usos e tipos de rio que queremos e que podemos ter, implantação de redes sofisticadas de monitoramento das águas, empoderamento dos comitês federais e estaduais de bacias hidrográfica, cons-

trução dos sistemas de informação hidrológica e meteorológica em todo o território nacional e assim por diante. Paralelo a isso, o CBHSF vai se esforçar para melhorar sensivelmente sua ação prática na consecução de projetos, obras, estudos e ações que impliquem no melhor uso possível dos recursos oriundos da cobrança das águas do Velho Chico”, concluiu Anivaldo Miranda. WEBINÁRIO No Dia Mundial da Água, 22 de março, durante debate “Desafios da Segurança Hídrica na Bacia do São Francisco”, promovido pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, o hidrólogo e professor da Ufal Valmir Pedrosa e o engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco João Suassuna falaram sobre o papel da água na estabilidade nacional, já que o Rio São Francisco atravessa fronteiras geográficas,

ligando as regiões Nordeste e Sudeste, passando por diversas culturas e grandes contrastes populacionais. São 505 municípios e mais de 15 milhões de habitantes que dependem de suas águas. Na ocasião, Suassuna apresentou propostas concretas para mudar a relação do homem nordestino com seu ambiente natural. Defensor da ideia de que não é necessário transformar o Semiárido, mas sim se adaptar a ele, o especialista propõe inovações para a prática de convivência na agricultura, pecuária e, sobretudo, para o uso da água na região. Também tem posicionamento contrário à transposição de suas águas. “Há muitos desafios. É preciso uma política de estado e não de governo para o São Francisco. A família do rio cresceu, agora vai até o Ceará. Olhar não só para demanda. É preciso aumentar oferta de água, reflorestar, combater erosão e ter governança para monitorar o uso da água”, disse, ao acrescentar que a natureza faz suas próprias fronteiras, nós que temos que nos adaptar a elas. Pedrosa, que se dedica à produção e divulgação de conhecimento na área de gestão de recursos hídricos e no treinamento de equipes para a gestão de conflitos ambientais, disse que o Brasil tem muito o que ensinar nesta área a outros países, embora há muitos desafios. Em suas considerações, falou da importância da Sala de Gerenciamento de Crise, quando o rio enfrentou sete anos de crise, e da importância da Resolução 2081/2017. “Nesse ambiente plural e complexo foi possível chegar ao consenso de que ninguém pode mais decidir sobre o uso da água da bacia sozinho. Isso ficou para trás”, disse o especialista ao acrescentar sobre a importância da navegação no Velho Chico.


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ESTUDO

Maceió investe R$ 40 por pessoa em saneamento Valor representa apenas 35% do recomendado por plano nacional JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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aceió amarga a quinta posição no ranking dos 20 municípios do País com os piores índices de saneamento. É o que aponta o levantamento 2021 do Instituto Trata Brasil divulgado na segunda-feira, 22, Dia Mundial da Água. E o ranking negativo não para por aí. O estudo também apontou qual o investimento médio do poder público anual por habitante quando o assunto é saneamento. De acordo com o Plano Na-

cional de Saneamento Básico (Plansab), o patamar nacional médio de investimentos anuais por habitante para a universalização é de aproximadamente R$ 113,30. No entanto, Maceió, conforme o Instituto Trata Brasil, teve uma média de investimento de R$ 40 por pessoa, o mesmo que Macapá (AP), João Pessoa (PB), Belém (PA), Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO). Ou seja, apenas 35,3% do recomendado pelo governo federal. O que mais intriga é que o estudo traça a evolução de investimentos por pessoa nas ca-

pitais. Porém, no caso da capital alagoana houve um decréscimo. Em 2015, o investimento era de R$ 51,63. Já em 2019, esse valor chegou a R$ 13,38. Considerando os anos de 2015 a 2019, a média de investimento de saneamento por habitante em Maceió é de R$ 27,60. Vale lembrar que em dezembro do ano passado o governo estadual e a empresa privada BRK Ambiental assinaram o contrato de concessão da Companhia de Abastecimento de Alagoas (Alagoas) para a prestação dos serviços de água e esgoto das 13 cidades da Re-

gião Metropolitana de Maceió. Em setembro, a BRK venceu o leilão da Casal com lance de R$ 2 bilhões com a promessa de aprimorar o abastecimento e o saneamento básico da população. O acordo é: a Casal fica com a captação de água bruta no manancial e tratamento dessa água nas estações de tratamento. A água produzida e tratada pela Casal vai ser vendida para a BRK, que vai revender essa água para todos os clientes. Em contraponto houve tímida evolução na coleta total de esgoto. A média de 2015 era que a capital captava 34,97% do esgoto. Em 2019, esse número subiu para 43,04%. Nesses quatro anos, a evolução foi de 8,07%. Ainda segundo o Trata Brasil, Maceió enfrenta alguns desafios que não condizem com a importância da cidade frente ao estado e a região nordestina; o saneamento básico para quem mora na capital do estado, mais especificadamente os serviços de esgotamento sanitário. “Quando falamos em abaste-

cimento de água, a situação da capital do Alagoas é um pouco melhor. Atualmente, de acordo com os dados do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS) – ano base 2018, 87,1% da população do município tem abastecimento de água potável. Já em relação às perdas de água, com 61,2%, Maceió está acima da média nacional nesse quesito. O indicador de perdas na distribuição mostra o volume de água potável produzido que não é efetivamente consumido pela população. Para termos uma noção, a perda média do país é de 38,5%, ou seja, Maceió apresenta quase o dobro de perdas comparado com o país’, informou a entidade. Agora quando se fala em esgotamento sanitário, a situação ainda precisa de melhoras. Estima-se que na cidade 42,2% da população da capital recebe atendimento de coleta de esgoto, e 44,6% dos esgotos de Maceió são tratados.

O ESTUDO

O objetivo do estudo é atualizar o Ranking do Saneamento, publicado desde 2007 pelo Instituto Trata Brasil. A metodologia é revisada periodicamente, de modo que o estudo trata da terceira revisão metodológica, sendo que a primeira ocorreu no ano de 2012 e a segunda em 2016. Até 2011, o ranking considerava apenas municípios com mais de 300 mil habitantes, o que correspondia a 81 municípios brasileiros. A metodologia proposta em 2012 foi aplicada aos 100 maiores municípios em termos de população segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Ranking 2021 também considera os 100 maiores municípios, tendo em vista a estimativa populacional de 2019 do IBGE. Para compor o ranking, o Instituto Trata Brasil considera informações fornecidas pelas operadoras de saneamento presentes em cada um dos municípios brasileiros.


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ATALAIA

Juiz manda 120 famílias deixarem o Acampamento Marielle Franco Área de assentamento é alvo de disputa entre a prefeitura e o MST TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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amílias que sobrevivem do cultivo da terra no Assentamento Marielle Franco, no município de Atalaia, foram notificadas no dia 16 deste mês da ordem de despejo expedida pelo juiz José Afrânio dos Santos Oliveira, titular da 29° Vara Cível da Capital – Conflitos Agrários, que determinou a desocupação da área até a próxima terça-feira (30). Os trabalhadores recorreram da decisão que favorece a prefeitura e aguardam da justiça posicionamento que deve mudar o rumo de suas vidas. O acampamento é fruto de um acordo extrajudicial mediado pelo governo do Estado, através do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), para manter nas terras produtivas mais de 120 famílias, a maioria ex-trabalhadores de usinas que fecharam na região. Situado na Fazenda Santa Tereza e Imburi, esta última pertencente à antiga Usina Uruba, o acampamento está fixado numa área de cerca de 50 hectares ao longo da BR-316. A área é cobiçada pela Prefeitura de Atalaia, que pretende transformar o campo produtivo num polo industrial. Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Alagoas, a prefeitura não possui a posse da Imburi. No passado, explica o professor Cícero Ferreira de Albuquerque, doutor em Ciências

Em fevereiro, assentados protestaram contra a prefeita Ceci Rocha por ter suspendido fornecimento de água Sociais e que já concorreu a cargo eletivo, a prefeitura teria iniciado um processo de desapropriação das terras que nunca foi concluído, já que a massa falida da usina contesta na Justiça os valores pagos por 44 hectares da área (R$ 170 mil) e pede uma reavaliação de preços. Os acampados investiram nas terras o que tinham para plantar na área feijão, milho, macaxeira, inhame, abóbora e outras culturas que são comercializadas na região e garantem a sobrevivência de adultos, idosos e crianças que vivem no local. Mas, além da ameaça de despejo, essas famílias estão “sofrendo a interferência direta da gestão municipal para saírem do território”, segundo denuncia o MST. SEM ÁGUA POTÁVEL No dia 22 de fevereiro, parte das famílias dos trabalhadores rurais fechou a BR-316 num protesto desesperado contra a falta de água por mais de 20 dias no acampamento. A terra, apesar de produtiva, não dispõe de água potável. A coordenadora do MST, Margarida da Silva, explica que o abastecimento sempre foi realizado pela prefeitura, que cumpria um acordo informal para garantir o produ-

to. Entretanto, a prefeita Cecília Lima Herrmann Rocha (PSC), conhecida como Ceci Rocha, cortou o fornecimento, deixando as famílias sem água para consumo e higiene em plena pandemia. “Uma ameaça à vida naquela comunidade”. A prefeita alegou, na ocasião, que o abastecimento havia sido interrompido porque os caminhões-pipa estavam quebrados. Entretanto, na mesma semana, integrantes do MST fizeram o registro dos veículos sendo usados para regar plantas em praças públicas da cidade. “Sobre a questão da água, o problema continua. As famílias têm recebido água potável a partir da solidariedade das pessoas que se comovem com a situação”, esclarece a coordenadora do MST. Em nota pública, o Movimento repudiou a ação da nova gestora de Atalaia. “A falta da água na comunidade, além de um verdadeiro atentado à saúde e à vida das famílias que vivem aqui, faz parte ainda da agenda da gestão municipal que já declarou a intenção de retirar as famílias da área, despejando homens, mulheres e crianças do acampamento em que produzem e constroem sua vida”. No acampamento existem famílias que plantam há mais

de oito anos, segundo o Movimento. “Lamentamos que a nova gestão da Prefeitura de Atalaia, que apresenta em seu discurso a perspectiva de mudança, reproduza o que historicamente marca a cidade de Atalaia com suas oligarquias latifundiárias, que em seu permanente discurso de violência constituiu uma trajetória de perseguição e criminalização dos trabalhadores e trabalhadoras do campo”, destaca trecho do documento. A área chegou a fazer parte do planejamento dos primeiros 100 dias da nova gestão municipal como prioridade para o desenvolvimento da agricultura na região. Segundo o MST, ainda no final de 2020, a atual prefeita de Atalaia anunciou um plano de governo, com planejamento para os primeiros 100 dias de atuação da prefeitura, onde sinalizava um programa de desenvolvimento da agricultura junto às famílias acampadas no território. “Agora a prática é outra: despejo e retirada das centenas de famílias de camponeses e camponesas da área onde vem produzindo alimentos saudáveis e construindo outra possibilidade de vida no município”, denuncia o MST.

A prefeitura foi procurada pela reportagem, mas o contato não foi estabelecido. Entretanto, em nota expedida no mês de fevereiro, a prefeita Ceci Rocha deu sua versão sobre a questão da falta de abastecimento de água e pedido de despejo das famílias. Segundo a prefeitura, o despejo teria como alvo apenas 15 famílias que estariam na área onde, afirma, é o distrito industrial. A nota diz que as famílias estão irregulares e reforça que o desabastecimento de água na área foi interrompido porque o caminhão-pipa estaria quebrado. A NOTA “A Prefeitura reforça que foi feito um boletim de ocorrência para que 15 famílias que estão no distrito industrial sejam remanejadas para outro local (que fica no mesmo distrito), já que atualmente, essas 15 famílias ocupam o local de maneira irregular e o terreno será sede de uma empresa que vai ofertar 400 empregos para a cidade. Esta parte do terreno encontra-se sem água e depende de carro-pipa que está quebrado, sendo necessário que se construa poços. A gestora Ceci Rocha relembra que as deputadas estaduais Ângela Garrote e Fátima Canuto contemplaram Atalaia com poços, e que reforça que o Assentamento Marielle Franco será beneficiado. A prefeita Ceci Rocha explicou pessoalmente às famílias do Acampamento Marielle Franco - por diversas vezes - a importância deles serem remanejados visando a melhoria para as famílias, assim como toda população de Atalaia com a chegada da empresa que vai levar emprego e renda para a cidade, inclusive para os próprios membros do Assentamento que também serão beneficiados com cursos da própria empresa”.


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TRABALHO

Equatorial reintegra funcionários temendo prisão de diretores Trabalhadores foram demitidos sem justa causa e direito de defesa JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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diretoria da Equatorial Energia, sob pena de ser presa por descumprimento de decisão judicial, teve que reintegrar funcionários demitidos sem justa causa. A determinação foi expedida pela juíza do Trabalho Verônica Guedes, no último dia 15. Segundo Kleber Santos, advogado de quatro trabalhadores, três voltaram aos cargos e um desistiu da ação. Conforme decidido pela magistrada, a Equatorial teve que reintegrar os funcionários na mesma função, com igual salário e vantagens, enquanto o processo tramitar no Judiciário. A reintegração era para ter acontecido no dia 17 e seu descumprimento também acumula multa diária de R$ 5 mil. Santos explicou que os trabalhadores foram demitidos em 2019 de forma arbitrária. “Desde a época da Eletrobras havia uma norma interna da empresa que tratava das demissões sem justa causa. Para um empregado da Eletrobras ser demitido sem motivo, a direção tinha que mandar o nome dele para uma comissão formada por participantes da empresa e um

sindicalista. Essa comissão tinha 48 horas para emitir um parecer. Nesse tempo, o empregador também possuía o direito de se manifestar. No final era redigido um relatório sobre a aceitação ou não da demissão do trabalhador”, explicou. Porém, a Equatorial Energia não estaria praticando o mesmo trâmite. “Quando a empresa assumiu, para diminuir custos com a mão-de-obra e aumentar os lucros, passou a demitir os empregados de forma indiscriminada, sem respeitar o regulamento interno. Ingressamos na Justiça com pedido liminar de reintegração baseado no direito do empregado”, contou o advogado afirmando ainda que a Equatorial ignora a norma vigente. “A CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] prevê que mesmo na mudança da estrutura jurídica e societária da empresa, o patrimônio jurídico do trabalhador permanece intacto. A Equatorial tinha que respeitar o que estava incorporado no contrato de trabalho dos funcionários”. “Foi por isso que a doutora Verônica Guedes liminarmente deferiu a reintegração dos empregados. A Equatorial resistiu desrespeitando uma ordem judicial. E assim foi determinada a prisão do diretor-presidente da Equatorial, Humberto Soares”, explicou o advogado. Thomas Cândido, diretor de comunicação do Sindicato dos Urbanitários, informou que mais de um terço dos trabalhadores da

Flávio, Erivaldo e Júlio foram readmitidos após ameaça de prisão Eletrobras foram demitidos pela Equatorial. “Uma parte dos demitidos está na Justiça contestando o processo de demissão porque a comissão que analisa as demissões não estaria sendo instaurada. Mas com a decisão judicial, aos poucos os trabalhadores estão sendo reintegrados”, contou. “A Equatorial não recontratou os funcionários dentro do prazo previsto e foi preciso que os advogados de defesa pressionassem cobrando que as penalidades previstas fossem exercidas. Após a questão da possível

prisão do diretor, a Equatorial resolveu ceder”, finalizou o sindicalista. Voltaram aos cargos os trabalhadores Flávio Santos de Almeida, Erivaldo Marques Correia e Júlio Cesar Torquato da Silva. Eveline Romelia Barbosa da Silva desistiu da ação. OUTRO LADO Procurada pelo EXTRA, a empresa enviou a seguinte nota: “A Equatorial Alagoas informa que a decisão que determinou a prisão do diretor, foi revogada pelo Tribunal Regional do Trabalho

(TRT), da 19ª Região. O TRT entendeu que não se justifica a ordem de prisão, já que havia sido determinada aplicação de multas em caso de um possível descumprimento da decisão, o que não ocorreu; e que o reclamante não detinha estabilidade provisória ao tempo da rescisão contratual. O Desembargador destacou, ainda, que ‘a prisão no caso em tela por configuração de crime de desobediência afrontaria a jurisprudência dos Tribunais Superiores, nomeadamente do STF, que têm entendimento de que o crime de responsabilidade por descumprimento de ordem judicial tem natureza subsidiária, não se caracterizando quando já foram cominadas multas pecuniárias para a hipótese de não efetivação da ordem judicial’”. A determinação da juíza Verônica Guedes foi de que os trabalhadores fossem readmitidos até o último dia 17, com direito ao pagamento dos salários e vantagens a partir da data dos respetivos afastamentos. O eventual descumprimento implicava em multa diária de R$ 5 mil por reclamante. “Tal medida se faz necessária, uma vez que os elementos constantes dos autos demonstram que o direito, a princípio, está com os autores e, se não tutelado antecipadamente, eles sofrerão as sérias consequências do desemprego, neste país que sofre com os efeitos da pandemia e pela escassez de oportunidades profissionais”, frisou a juíza.


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Decisão de manter futebol coloca Alagoas na contramão de 11 estados Clubes defendem continuidade das competições para amenizar prejuízos financeiros BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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a contramão de pelo menos 11 estados, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB) decidiu em seu último decreto, publicado em meio a um fogo cruzado entre as equipes que disputam o Campeonato Alagoano, pela continuidade da competição estadual. Enquanto alguns clubes se posicionam a favor, outros são contra a paralisação do torneio alegando severos prejuízos financeiros e demissões em seu quadro de funcionários. No documento que regrediu o estado para a fase vermelha do plano de distanciamento controlado, foi determinado que competições oficiais de futebol, como Campeonato Alagoano, Copa do Nordeste e Copa do Brasil continuam permitidas. Apenas atividades amadoras, como futebol na praia, foram proibidas. A competição nacional e a regional são disputadas pelos clubes da capital, CSA e CRB, no Estádio Rei Pelé, em Maceió, enquanto o Murici, do interior do estado, disputa o Alagoano e chegou a disputar a primeira fase da Copa do Brasil, mas foi eliminado em meio a um constante aumento no número de novos infectados todos os dias em Alagoas.

Jogadores permanecem expostos ao novo coronavírus Vale ressaltar que o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) divulgado na quarta-feira, 24, registrava 574 novos casos e outras 20 mortes de pacientes em decorrência da covid-19, em 24 horas no estado. Um dia antes, foram confirmados 540 casos, um aumento de 6% em 24 horas. Como a situação não está diferente no restante do Brasil, os estados do Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Norte, São Paulo, Tocantins e Distrito Federal suspenderam as competições. Paraná e Rio Grande do Sul continuam, porém, com restrições. A decisão de suspender o campeonato, no entanto, não dependeu apenas da gestão estadual, que é responsável pelo principal palco esportivo de Alagoas. Clubes tradicionais, como o ASA e CRB defendem a continuidade das competições. Com um histórico de crise financeira que remonta há pelo menos cinco anos decorrente de decisões judiciais, a equipe arapiraquen-

se disputa atualmente apenas o Campeonato Alagoano. “Desde novembro temos feito trabalhos de contratações e no dia 5 de fevereiro começamos o calendário. Tudo isso são custos, contratar, fazer registro e tudo isso é dinheiro e muito dinheiro. A gente aluga casa, apartamento e damos início ao trabalho para lá na frente a gente ter que parar é complicadíssimo”, explica o presidente do clube, Celso Marcos ao EXTRA. Segundo ele, uma decisão de suspender o Campeonato Alagoano, única competição que o clube disputa, representaria demissões e um prejuízo aos cofres ainda maior. “Infelizmente a gente tem que mandar o pessoal embora, mandar os jogadores embora. A gente já não tem torcida, não temos tantos patrocinadores então de onde vamos buscar os recursos”. Sem torcidas, ASA, CSA e CRB, os principais clubes de Alagoas amargam prejuízos e se veem obrigados a tomar medidas drásticas. A equipe de

Arapiraca, por exemplo, viu sua renda de R$ 15 mil por partida se transformar em 0 após a proibição das torcidas na arquibancada. O CSA, por outro lado, viu no corte de gastos a única saída. A equipe anunciou na última semana a suspensão das atividades da base numa tentativa de controlar os gastos e continuar jogando no Rei Pelé, onde gasta em média R$ 18.500 por partida. Seu presidente, o empresário Rafael Tenório, inclusive já declarou publicamente ser contra a continuação das competições. A mudança na postura do clube acontece após a equipe sofrer com um surto da doença em seu CT durante o mês de agosto de 2020, onde 21 atletas foram infectados, causando o adiamento de duas rodadas do Campeonato Brasileiro da Série B. Em relação ao CRB, o novo presidente, o também empresário Mário Marroquim, defende a continuidade das competições justamente para manter os cofres do clube e não precisar demitir funcionários. “Eu sou a favor da continuidade com todos os requisitos de segurança. O profissional de futebol faz exame duas vezes por semana. Não temos torcida então não temos risco de contaminação”, afirmou. Sobre a volta das torcidas aos estádios, o cartola afirma que também é a favor, porém, com restrições e apenas para quem for vacinado. “Podendo fazer um protocolo estabelecendo uma cota de 30% e esse torcedor apresentando a carteira de vacinação em dia. Temos certeza que muitas pessoas vão querer se vacinar só para poder ir a um estádio novamente”, finaliza.

Especialista alerta para risco aos jogadores “Todas essas desculpas de que esse protocolo é seguro são absurdas e irreais. Expor quatro delegações a viagens e adentrar um estado que está entrando na fase crítica, como no resto do Brasil”, analisou o cientista Miguel Nicolelis em entrevista ao site Nosso Palestra. Ainda de acordo com o especialista, os jogadores não possuem noção da gravidade de situação ao se expor a tais situações. “Jogadores podem não saber que, mesmo tendo um quadro clínico assintomático leve, sendo exposto ao vírus, você está sendo exposto ao risco pro resto da vida – acrescentou, deixando claro o impacto danoso que o contato com o vírus pode causar a um atleta”. O cientista também destacou a fragilidade na acurácia dos testes realizados diariamente pelos clubes como método de certificação da não contaminação, chamando a atenção para um dado expressivo de testes com resultado “falso negativo”. “O único estudo que eles se baseiam é um estudo que os próprios autores não têm segurança para afirmar categoricamente que eles estão realmente seguros em um jogo de futebol. Além disso, os testes dependem da proficiência na coleta e na realização do teste”.


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Quase metade das micro e pequenas empresas de Alagoas contraíram dívidas Pesquisa Sebrae/FGV revela que maior parte dos empreendedores migrou para as redes sociais ASSESSORIA

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avanço da pandemia pelo Brasil afora tem deixado efeitos devastadores entre as micro e pequenas empresas. É o que revela a 10ª edição da pesquisa “O Impacto da Pandemia do Coronavírus nos Pequenos Negócios”, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e que traz dados desse cenário preocupante em Alagoas. Por aqui, 49% dos empreendedores ouvidos revelam que estão atolados em dívidas e empréstimos, inclusive com parcelamentos já em atraso. Desde o começo da crise sanitária no país, em março do ano passado, 48% dos alagoanos que estão à frente de pequenos e médios negócios tiveram que recorrer a empréstimos bancários para manter a empresa em operação. A Caixa Econômica Federal (38%), o Banco do Brasil (36%) e o Banco do Nordeste (34%) foram as instituições financeiras mais procuradas por esses empreendedores - 40% deles conseguiram obter o empréstimo e outros 10% ainda aguardam resposta do banco. O desempenho das vendas de final de ano, que também costumam dar fôlego para o início do ano seguinte, pode ser parte da resposta para essa corrida aos bancos. Entre os ouvidos pela pesquisa, 72% responderam que as vendas no final de 2020 foram piores que as de 2019. A flexibilização do Plano de Distanciamento Social Con-

trolado não foi suficiente para que as vendas registrassem um saldo mais positivo no período só 17% dos entrevistados fecharam o caixa mais no verde. Em 2020, primeiro ano da pandemia, o faturamento das empresas foi pior que em 2019 para 62% dos entrevistados. 17% consideraram que foi melhor e 10% acham que permaneceu tudo igual em comparação ao ano anterior. Atualmente, todo estado de Alagoas se encontra na Fase Vermelha de controle da pandemia, que é considerada a mais rígida do Plano de Distanciamento Social Controlado. Nesse momento, segundo a pesquisa, 62% dos empreendedores responderam que “ainda tenho muitas dificuldades para manter meu negócio”. Para 16%, “os desafios provocaram mudanças que foram valiosas para o meu

negócio”; e 12% acham que “o pior já passou”. VENDAS VIA REDES SOCIAIS Na tentativa de salvar o negócio e manter as vendas mesmo com os protocolos sanitários mais rígidos, muita gente teve que migrar o atendimento para as redes sociais. Foi o que 67% dos empreendedores alagoanos ouvidos pelo Sebrae/FGV fizeram na pandemia. Instagram, WhatsApp e Facebook são as ferramentas que lideram e concentram essa migração. Buscar uma alternativa de vendas para o negócio não sucumbir se deve principalmente à falta de perspectiva a curto prazo para melhora da economia no modelo tradicional. Entre os alagoanos consultados para a pesquisa, boa parte acha que serão necessários, no míni-

mo, 15 meses para a situação da economia voltar ao normal. Até lá, a extensão do Auxílio Emergencial é apontada por 36% dos empreendedores como a medida mais importante que o governo poderia adotar para compensar os efeitos da crise nos micro e pequenos negócios. Outros 34% apostam na extensão das linhas de créditos com condições especiais, como os recursos via Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte). Uma parcela menor, de 11%, acha que a moratória (adiamento) do pagamento de dívidas (empréstimos, aluguel, água, luz etc.) é uma boa opção para amenizar o baque da crise. O mesmo percentual daqueles que apostam no auxílio para redução e suspensão de contratos de trabalho. Já 7% preferem o

adiamento dos pagamentos dos impostos. A baixa contratação de funcionários também é marcante entre os pequenos e médios negócios nessa pandemia. 73% dos entrevistados alegam que não contrataram ninguém com carteira assinada (CLT) nos últimos 30 dias, e 18% tiveram que demitir pessoal. O Sebrae e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) ouviram 72 empreendedores de micro e pequenos negócios de Alagoas no período de 25 de fevereiro a 1º de março deste ano. Comércio (49%), Serviços (36%), Construção Civil (8%), Indústria e Agropecuária (3% cada) são as áreas das empresas ouvidas. 60% delas são microempreendedores individuais (MEI), 34% microempresas (ME) e 6% empresas de pequeno porte (EPP).


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Cerca de 10 mil alagoanos foram demitidos em um ano de pandemia Indústria foi o setor que mais demitiu em Alagoas BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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alagoano tem mais um motivo para se preocupar neste começo de ano além da falta de leitos para pacientes acometidos pela covid-19 no estado: a falta de emprego. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) compilados pelo EXTRA revelam que Alagoas fechou quase 10 mil postos de trabalho formais entre janeiro de 2020, quando a pandemia começava a engatinhar no Brasil, e o mesmo mês em 2021. A tendência, no entanto, é que o número piore neste mês de março. Dos 26 estados e o Distrito Federal, 24 tiveram resultado positivo do Caged em janeiro. Apenas os estados da Paraíba, Rio de Janeiro e Alagoas começaram o ano fechando postos de trabalho. No estado, foi registrado um saldo negativo de 198 vagas, ou seja, entre 2020 e 2021 foram realizadas 9.258 admissões e 9.456 desligamentos. O prejuízo, no entanto, não para por aí como revela a Federação do Comércio do Estado de Alagoas. De acordo com a entidade, o estado possuía, em 2020, mais de 143 mil empresas ligadas ao setor de comércio e serviços, gerando um faturamento anual estimado em R$ 21,828 bilhões. Porém, com o novo decreto que fez o estado retornar à fase vermelha, a tendência é que novas demissões surjam devido ao prejuízo financeiro.

Alagoas começou o ano fechando postos de trabalho “Com as novas restrições, o comércio em geral deixará de funcionar sete dias por semana para abrir, proporcionalmente, cinco dias. Com isso, estima-se que haja uma queda percentual de 28,57% na receita semanal, representando um prejuízo semanal de R$ 119,6 milhões”, informou a entidade por meio de nota. Dos setores analisados, a Indústria alagoana foi a que mais demitiu durante o período. Ao

todo, foram contratadas 1.338 pessoas e demitidas outras 3.479 - saldo de -2.141. Quem menos sofreu com a pandemia até o momento foi o setor de serviços, que admitiu 3.960 e desligou 2.591, sendo considerado junto com o comércio, o setor que registrou o maior saldo positivo, de 1.368. “Não há dúvidas de que os setores considerados não essenciais serão afetados economicamente, pois muitos estabe-

lecimentos que retornaram ao funcionamento após a paralisação passada ainda sentem os reflexos em suas finanças, acumulando dívidas por empréstimos realizados para conseguirem se manter e voltarem às atividades. Assim, restrições mais severas sem contrapartidas proporcionais poderão comprometer a sobrevivência das empresas”, afirma a entidade que defende o retorno do comércio. A preocupação da Fecomércio em relação a queda do faturamento e consequentemente demissões é a mesma da Aliança Comercial de Maceió, que estima um número de demissões em torno de 5% no setor durante o mês de março. Os desligamentos são esperados devido ao decreto assinado pelo governador Renan Filho (MDB) que determinou o retorno de todos os municípios à fase vermelha, com restrição à circulação de pessoas entre 21h e 5h, em qualquer dia da semana. A fase vermelha, originalmente, não autorizava funcionamento do comércio, mas

dessa vez fica autorizada a abertura de lojas, seguindo restrições de dias e horários para cada segmento. Os centros comerciais, por exemplo, só podem funcionar das 9h às 17h, sendo proibido o funcionamento aos sábados, domingos e segundas-feiras. Os shoppings podem abrir das 11h às 20h, sendo proibido o funcionamento aos sábados, domingos e terças-feiras. Lojas de ruas e galerias tiveram o horário mais restrito e só podem funcionar das 10h às 18h, sendo proibido o funcionamento aos sábados, domingos e segundas-feiras. NA CONTRAMÃO DO BRASIL Seguindo o caminho contrário de Alagoas, o Brasil criou 260.353 empregos com carteira assinada em janeiro de 2021, resultado da diferença entre 1.527.083 admissões e 1.266.730 desligamentos. Foi o melhor resultado para janeiro de toda a série histórica, que teve início em 1992. Todos os cinco setores da economia analisados pelo Caged apresentaram saldo positivo em janeiro. A indústria foi o grande destaque, com a geração de 90.431 novos postos de trabalho formais. O setor de serviços teve o segundo melhor saldo, com abertura de 83.686 vagas. Já o terceiro maior crescimento ocorreu no setor da construção, com saldo de 43.498. No comércio, foram criados 9.848 postos de trabalho. As cinco regiões do país também criaram empregos formais em janeiro de 2021. O Sudeste, com 105.747 vagas geradas, teve o melhor resultado. Já a região Norte foi a que gerou menos empregos, mas ainda assim teve resultado positivo, criando 6.937 vagas formais.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Saúde mental feminina Não resta dúvida de que uma múltipla jornada de trabalho e de tarefas pode desencadear sérios problemas à saúde mental feminina. Os comportamentos que surgem são: estresse, ansiedade (concluir muitas tarefas), depressão e angústia. As pesquisas indicam que no público feminino o número de casos de depressão é muito superior do que em homens e isso devido às diversas funções que a mulher exerce no dia a dia, ou seja, a depressão interfere diretamente na qualidade de vida delas.

Acúmulo de papéis afeta saúde mental da mulher

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o percurso da vida a pessoa apresenta vários papéis. Se homem, é irmão, filho, tio, esposo, avô, professor, diretor de empresa e assim por diante. Se mulher, é irmã, filha, tia, esposa, avó, professora, diretora de empresa, dona de casa, cozinheira, arrumadeira, lavadeira de roupas, e assim por diante. Esse acúmulo de papéis ou funções que a mulher exerce no dia a dia pode levá-la, e geralmente leva, a apresentar ou afetar a sua saúde mental, tamanhas são as responsabilidades extras que ela ocupa no dia a dia. E ainda assim, tem que estar bonita, cheirosa, arrumada, magra, elegante para o marido, enfim. O que isso representa para a psique da mulher? Muitas se desesperam, não aguentam a “pressão” da sociedade, e da mídia (que faz da mulher um símbolo sexual) e vão bater no consultório do psicólogo ou do psiquiatra. Ou seja, a pressão emocional é muito grande. Mas, como manter a saúde mental e a qualidade de vida? A pessoa, tanto homem quanto a mulher é um sujeito “faltante”; sempre há uma falta. Alguma coisa não presta, alguma coisa precisa ser trocada, enfim. Não há dúvida que tanto ao homem quanto à mulher uma satisfação plena da vida é quase impossível, mas nas mulheres isso é mais intenso. Boa parte das mulheres está sempre insatisfeita. Um exemplo disso é que, pesquisas indicam que as brasileiras são as que mais realizam cirurgias estéticas no planeta. A insatisfação passa para uma série de viés: econômico, financeiro, familiar, cultura, etc. Sempre está faltando: aquele vestido, aquela sandália, aquele marido ideal, aquele emprego, aquele salário, enfim. Mas, o melhor é a convivência pacífica com essa falta constante, embora não seja fácil.

Depressão e tristeza Muitos ainda confundem depressão com tristeza. Na depressão há o surgimento de vários sintomas tanto emocionais como físicos, a exemplo de transtornos alimentares, síndrome do pânico (maior incidência entre as pessoas mais jovens). O surgimento são sempre motivações muito particulares, depende de cada história de vida de cada pessoa, de cada mulher de cada homem. A tristeza é um sentimento mais ameno e que não impede a pessoa de realizar a tarefa do dia a dia.

CAPACIDADE Lembre-se, o sucesso é uma jornada, não um destino. Tenha fé em sua capacidade. (Bruce Lee)

Sintomas: síndrome do pânico Depois de instalada é considerado agravo mental em que ocorrem crises de pânico recorrentes. Os sintomas são intensa ansiedade, ou seja, costuma durar alguns segundos e poucos minutos, mas o desespero é tão grande que a pessoa fica bastante vulnerável emocionalmente. Tem a sensação de perda de controle sobre si, tremor, sudorese, mãos frias e úmidas. Geralmente a pessoa busca por auxílio médico de urgência, devido aos sintomas serem parecidos com um princípio de infarto, acidente vascular cerebral, entre outras.

Psicoterapia Se não tratada logo no início, pode desenvolver depressão e até agorafobia (medo de ter medo). Aos primeiros sinais da síndrome do pânico o mais recomendado é a mulher procurar ajuda de um psicólogo. O profissional vai buscar as origens dos sintomas e tratá-los, junto com o cliente/paciente.

Síndrome do pânico É o grau máximo de ansiedade de um indivíduo e geralmente é recorrente. É caracterizado por mal estar físico e mental. É um transtorno de ansiedade. Afeta a qualidade de vida da pessoa, especialmente das mulheres. Transtorno do pânico e agorafobia são sintomas muito semelhantes e, dificilmente, se diagnostica a agorafobia sem a coexistência do pânico.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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CIRURGIA ENDOVASCULAR

Conduzida por Bruno Freitas transmissão marcou retorno das atividades acadêmicas

Santa Casa de Maceió reforça presença em eventos mundiais

Caso de trombose venosa foi visto por mais de 1300 pessoas em congresso europeu

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SAVE (Serviço Avançado de Cirurgia Vascular e Endovascular da Santa Casa de Maceió) segue consolidando seu nome nos eventos internacionais. Em fevereiro foi realizada mais uma videotransmissão ao vivo de um complexo caso tratado no Serviço de Hemodinâmica do hospital. A iniciativa faz parte do Programa de Educação Médica Continuada que a instituição alagoana promove junto com uma série de parceiros na Europa, nas Américas e na Ásia. Com o auxílio dos cirurgiões Bruno Freitas, Wellington Mandinga e Bruno Veloso, o procedimento endovascular foi executado em um paciente

com trombose extensa que ia desde as veias mais profundas e principais da coxa até a principal veia do abdômen (veia cava inferior). Com o surgimento de modernas técnicas bem menos invasivas, é possível tratar e retirar os trombos por meio de cateteres (dispositivos de aspiração) e angioplastia, evitando assim procedimentos mais extensos e agressivos como a cirurgia aberta. O chefe do Serviço, o cirurgião endovascular Bruno Freitas, coordenou as atividades das instalações da Santa Casa de Maceió por videoconferência e foi acompanhado por mais de 1300 especialistas espalhados pelo mundo. “As técnicas menos

invasivas são relativamente novas e atraem a atenção da comunidade acadêmica. Nesse último caso, realizado no início de fevereiro, tivemos a mediação do chefe da Universidade de Varsóvia, na Polônia. De certa forma, esta transmissão marcou o retorno do departamento nas atividades acadêmicas, sendo o quarto caso ao vivo que conduzimos em 2021, o segundo com audiência internacional”, disse o especialista. A atividade marcou um período festivo do Serviço, que comemora a formação do seu primeiro cirurgião endovascular, o especialista Bruno Velloso, que finalizou sua residência médica no final de fevereiro.

Participação no Leipzig Interventional Course (LINC), na Alemanha

ALEMANHA

No final de janeiro, a equipe do SAVE transmitiu um caso para outro grande evento na Europa, o Leipzig Interventional Course (LINC), desta vez na

Alemanha. “Nossa intenção é estar sempre inserindo a Santa Casa de Maceió como centro formador de opinião e de novas tecnologias no ambiente acadêmico na área de cirurgia vascular”, reforçou Bruno Freitas.


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Prende o juiz! Solta o ladrão! E outras...

ELIAS FRAGOSO n Economista

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impossível se morrer de tédio neste país macunaímico. Um dia é o Caveirão em rede nacional mentindo mais que Pinóquio, sem sequer ficar vermelho, o defensor de miliciano. No mesmo dia, o Supremo nos brinda com mais um vexame de uma magnitude que ainda não dá para avaliar corretamente, ao decidir que o ex-juiz Moro é suspeito em um dos casos do ladrão petista que

já baba e cospe-nos sonhando com a presidência. É o velho caso do prende o juiz, solta o ladrão. Infame. Como se fosse pouco para o mesmo dia, outro escárnio, o relator do Orçamento da União para 2021 (sim, 2021 mesmo já estando às portas de abril) e Guedes, o escanteado, anunciam mais uma versão daquela peça para este ano com cortes – pasmem – no Orçamento da Saúde, isso em pleno pico da segunda onda da pandemia – de R$ 160 bi do ano passado para R$ 125 bi este ano. Certamente no país desses sujeitos tá tudo bem, controlado, a COVID não existe. Bizarro. Pior, eles ainda cortaram o quase nada de recursos para o meio ambiente (tá quase virando traço), “proibiram” a realização do censo 2021 pelo IBGE ao cortar no osso a grana para isso, e querem dar um

corte de 18% nos recursos das universidades que já vivem na pindaíba. Mas, suas excrescências também sabem fazer agrados: para puxar o saco do Bolsocaro, os recursos para os ministérios militares foram novamente aumentados (em 22%), certamente para bancar guerras inexistentes num hemisfério desigual socialmente, mas em paz há mais de 4 décadas. Ah! Sim! Quase esquecíamos: foram alocados mais R$ 6 bilhões para os parlamentares gastarem como quiserem em seus estados (e todos sabem como isso é feito). Agora eles têm R$ 22 bilhões. Uau! E para fechar o dia, o consórcio de imprensa informou (será porque os dados do Ministério da Saúde estranhamente discrepam) que o Brasil naquela noite ultrapassou

a marca calamitosa de 3 mil mortes por dia. Justo quando o Pinóquio vomitava para a Nação que está tudo bom, está tudo bem. E que no final do ano, todos estaremos salvos. Todos, menos os 700.000 brasileiros que até lá vão perder suas vidas. Todos menos o 1 milhão de empresas que fecharam ou estão fechando as portas nesses dois anos de epidemia e incúria. Todos, menos os 14 milhões de desempregados deste país e os quase 40 milhões de informais que perambulam país afora atrás de um bico para sobreviver. Todos somos vítimas do despautério que esse charlatão está aprontando no país. Macunaíma, no seu estado mais corrompido, passaria muito longe dessa figura malsã!

Ah! Sim! Quase esquecíamos: foram alocados mais R$ 6 bilhões para os parlamentares gastarem como quiserem em seus estados (e todos sabem como isso é feito). Agora eles têm R$ 22 bilhões. Uau!


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n Aposentada da Assembleia Legislativa

oda experiência nesses oitenta anos me dão o direito de comparar o passado ao presente de uma vida bem vivida. Nos idos de 40, 50, apesar da pouca tecnologia existente, éramos mais felizes, tínhamos momentos mais reais. Começando pela segurança: podíamos ir à escola de bonde ou de ônibus e não nos preocupávamos com assaltos. Eu e meus irmãos, de 7 a 10 anos, morávamos no Farol e estudávamos na Rua do Sol. Pegávamos o bonde na porta de casa e saltávamos bem perto do Grupo Escolar Fernandes Lima. Íamos à praia, ao cinema, sempre em grupos e nada nos assustava. Nos bailes dos clubes é que precisávamos de acompanhamento dos pais, porque moça direita

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Ontem e hoje

ALARI ROMARIZ TORRES

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devia andar acompanhada. Saíamos do clube e pegávamos um “carro de aluguel’’ a nos esperar perto da porta. Ensino público então, era muito melhor do que hoje. Apesar de sermos classe média, estudávamos no grupo escolar. Professoras categorizadas, escolas limpas, bem aparelhadas. Saíamos do curso primário para o ginásio, como se chamava da quarta à oitava série, através um exame de admissão. O Científico ou Pedagógico, conforme nossa escolha, eram muito bons. Professores catedráticos, defensores de tese, nos transmitiam bons ensinamentos. Ingresso na faculdade não dependia de cursinho. Saíamos direto do colégio para o ensino superior, com um vestibular específico de cada faculdade. Naquela época, o ensino particular deixava muito a desejar e as meninas que, no científico, procuravam o ensino público, ou encontravam muita dificuldade, ou retornavam às escolas de origem. Nunca entendi porque o ensino público decaiu tanto. Senti isso somente quando meus filhos iniciaram seus estudos e os coloquei em escola particular. Hoje, para os adolescentes ingressarem no ensino superior, precisam estudar em cursinhos caros e se submeterem ao Enem, que joga

os jovens em vários estados. Concorrência desleal para quem não pode pagar um bom cursinho. Agora surgiu o ensino “online”. Uma loucura que só atinge os privilegiados. A maioria dos estudantes de escola pública não possui computador. Na saúde o progresso não foi tão grande. Antigamente havia o tratamento particular, a indigência e os planos para os funcionários públicos. Como o tratamento proporcionado pelo governo só atingia, principalmente, os hospitais das capitais, foi criado o SUS – Sistema Único de Saúde, que poderia ser muito bom, mas não é. Varia de governo para governo e, em alguns casos, depende de padrinhos médicos. No Sul e Sudeste os postos de saúde funcionam melhor. No Nordeste, já fui atendida em postos de saúde onde não havia remédios. Os médicos e enfermeiros faziam milagres. A sorte nossa é que existe o PSF – Plano de Saúde da Família, que contrata bons médicos. A alimentação era abastecida pelo Mercado Municipal. Não havia supermercados, apenas armazéns grandes ou pequenos que salvavam a população. Mas não podíamos negar que comíamos bem. O concurso público não exigia diploma de curso superior para car-

gos administrativos. Exemplo disso: meu pai, só com o primário, fez concurso para fiscal do IAPI e hoje, minha irmã mais nova é pensionista de auditor Fiscal. Empregadas domésticas trabalhavam para as famílias e não havia o absurdo que hoje é a Justiça do Trabalho. A pessoa trabalha um ano ou dois, vai à Justiça, mente bastante e o juiz sempre dá razão ao empregado. Daí, quase ninguém quer ter empregada fixa. São contratadas diaristas e por dois dias. As famílias se conheciam, parentes e amigos estavam sempre juntos, nossos doentes eram assistidos por familiares. Em 2017 morei um ano num apartamento na Ponta Verde e não conheci os vizinhos. A síndica se apresentou a mim num domingo, na missa. Parece que as pessoas têm receio de fazer amigos. No Rio de Janeiro, cheguei acidentada no prédio, fui vista por moradoras e nem visita recebi. Prefiro morar numa cidade pequena. Para completar as diferenças entre o ontem e o hoje, chegou o vírus que alterou a vida no mundo inteiro. Agora vivemos trancados em casa, não podemos comemorar datas importantes. Visitar amigos e parentes ou velar nossos mortos é impossível! Aí, eu pergunto aos leitores: não é melhor viver como ontem?

última, mesmo com suas janelas que lembram meus tempos de criança, colocaram uma espécie de letreiro que descaracteriza sua fachada. Existem muitas outras casas da época que ainda preservam seus encantos. Na própria Moreira Lima, esquina com a Rua do Comércio, existem duas belezas da arquitetura como o antigo Banco da Lavoura e logo em frente o prédio onde funcionou a Farmácia São Paulo. Com acuidade e sutileza de observação acharemos outros tantos em nossa área central, pois não se tem o costume de andar apreciando o que nos rodeia. É como se colocássemos nossa mente no GPS e só nos preocupássemos com a rota e o destino. Façamos, cada um de

nós, um passeio, especialmente em um domingo, pelas ruas centrais de nossa Maceió, para olharmos o que restou dessa incomparável arquitetura dos anos 1920, 1930, 1940 e 1950. Não fiquemos matando a saudade visitando apenas as páginas do excelente Maceió Antigo, postado no Facebook e tão bem administrado pelo Edberto Ticianeli. Aquelas páginas mostram o passado para lembrar o que fomos, mas leve seu smartphone e faça um joguinho de comparação, tirando fotos, para mostrar o que resta daquilo que nossa cultura não deixou que fosse preservado. E o maior exemplo foi o icônico Hotel Bela Vista.

Hoje, para os adolescentes ingressarem no ensino superior, precisam estudar em cursinhos caros e se submeterem ao Enem, que joga os jovens em vários estados. Concorrência desleal para quem não pode pagar um bom cursinho.

O legado de nossa cultura

JOSÉ MAURÌCIO BRÊDA n Economista

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m percurso que fazia, há uns cinquenta anos, chamou-me a atenção recentemente. A paisagem que se mostrou a minha frente era quase a mesma daqueles tempos. Descia a Ladeira dos Martírios e esqueci um pouco a minha volta para

olhar mais na frente. Além do antigo Palácio da Intendência Municipal, em recuperação após ser vandalizado, e o majestoso Palácio dos Martírios, hoje Zumbi dos Palmares, vê-se o prédio da velha Guarda Civil, fechado, mas que poderia ser aproveitado para uma repartição pública. Os frondosos oitizeiros que encobrem o meu saudoso Colégio Diocesano, que lá está abrigando a Secretaria de Agricultura, e, bem ao longe, ainda resiste a torre do relógio do Mercado Público. Desço a Melo Morais para entrar justamente na minha querida Rua do Macena, onde vou achar, incólumes, entre outras, duas edificações na esquina com a Av. Moreira Lima: a Casa Cabus, antiga Casa Síria, e a Tito Lemos. Nessa

Façamos, cada um de nós, um passeio, especialmente em um domingo, pelas ruas centrais de nossa Maceió, para olharmos o que restou dessa incomparável arquitetura dos anos 1920, 1930, 1940 e 1950.


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O valor de um advogado

CLÁUDIO VIEIRA

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n Advogado e escritor

nviou-me, o Dr. Everaldo Damião, exemplar da sua primorosa obra “Quanto custa um advogado” (Revista dos Tribunais), escrita juntamente com o Dr. Helder Vasconcelos Jr. O Dr. Everaldo é advogado deveras conhecido, escritor, professor e jornalista. Amigo, desde quando servimos como conselheiros da OAB, seccional de Alagoas, é dessas pessoas que cultivam as letras sem alar-

de, empáfia ou arrogância, sendo profissional respeitado pela nossa classe. É certo que o Dr. Everaldo Damião dispensa apresentação; todavia, fi-lo acima para homenagear a nossa sólida amizade, assim como esse seu mais recente livro, cuja importância para a Advocacia é de tamanha envergadura que nenhum advogado, ou estudante, ou operador do Direito, deverá deixar de tê-lo em sua estante e, naturalmente, lê-lo com a mente de aprender ou rememorar sobre a ética e a responsabilidade no exercício do múnus público do advogar. O livro é escrito em linguagem técnica clara e de fácil compreensão aos estudantes. Inicia discorrendo sobre a história da Advocacia e do advogado. Deliciei-me, interessado pela historiografia que sou de há muito ou desde sempre. Amante da cultura greco-romana, senti-me absolutamente à vonta-

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO AVISO DE ERRATA AO EDITAL DA TOMADA DE PREÇOS Nº 01/2021 A PRT/19ª Região, por meio da sua Comissão Permanente de Licitações, torna público para conhecimento aos interessados da Tomada de Preços 01.2021 a presente ERRATA ao Edital: CAPÍTULO I - DO OBJETO: Item 1.3. do Edital, onde se lê: “O objeto em questão será executado de forma indireta, com dedicação de mão de obra exclusiva, sob o regime de empreitada por preço global e compõe-se de item único, conforme estimativa de custos constante no ANEXO II do Projeto Básico.” Leia-se: “O objeto em questão será executado de forma indireta, sob o regime de empreitada por preço global e compõe-se de item único, conforme estimativa de custos constante no ANEXO II do Projeto Básico.” Todos os demais termos e condições estabelecidas no Edital TP 01.2021 e seus anexos, permanecem inalterados. Esta errata, edital e seus anexos, poderão ser obtidos nos sites: http://www.prt19.mpt.mp.br/informe-se/licitacoes, www.mpt.mp.br/ MPTransparencia, www.comprasnet.gov.br ou pelo e-mail: prt19. compras@mpt.mp.br. YVES LUAN GUIMARÃES SA Presidente da CPL

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de desde o início da leitura, além de, à medida que penetrava mais na leitura do escrito, exercer a rememoração dos mais de 45 anos de exercício dessa profissão, constitucionalmente essencial à administração da Justiça, desde a minha primeira defesa no tribunal do júri até aqui, o nosso momento. Fixei-me no decálogo de Santo Ivo, patrono de advogados e defensores, transcrito pelos autores, bem como na referência documentada no livro sobre o sacerdócio da Advocacia. Então realizei no interior da minha mente o exercício de revisão desses meus anos todos de prática forense, questionando-me, principalmente, se tive operado com a ética exigida, se tenho sido um sacerdote da Advocacia, se cumpri cada palavra do meu juramento. O livro conduziu-me a isso.

Falo essas coisas sobre a minha catarse particular, tão somente com o fito de evidenciar o quão importante é a obra do Dr. Everaldo Damião para todos aqueles que se dedicam, ou pretendem se dedicar, à Advocacia. A mensagem que vem da obra é que não esperem os estudantes de Direito facilidades, omissões, comodidades, aplausos, e tantas coisas mais que a nossa vaidade sugere. Essa mensagem deve tocá-los, também, após saídos dos bancos das faculdades para as salas de audiências, para os tribunais dos júris, para os tribunais de Justiça e superiores. Para os advogados, impõe reflexão e autoanálise. Como evidencia meu amigo por suas palavras, nada é muito simples para o advogado que pretende, ao final do seu tempo, orgulhar-se de ter, como disse o poeta, combatido o bom combate.

Falo essas coisas sobre a minha catarse particular, tão somente com o fito de evidenciar o quão importante é a obra do Dr. Everaldo Damião para todos aqueles que se dedicam, ou pretendem se dedicar, à Advocacia.


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

Desconfiança A confiança do consumidor brasileiro nunca esteve tão em baixa. Levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que a confiança apresentou queda em março a uma mínima em dez meses. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 9,8 pontos em março, para 68,2 pontos, mínima desde maio de 2020, quando teve leitura de 62,1.

O mínimo do mínimo

Facilitando o Pix

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partir de 1º de abril, os usuários do Pix poderão integrar as listas de contato de seus celulares à ferramenta. A mudança no regulamento foi anunciada esta semana pelo Banco Central (BC) e publicada em resolução no Diário Oficial da União. Segundo o BC, o objetivo é facilitar a identificação de quem cadastrou seu número de celular como chave Pix, simplificando ainda mais o pagamento com a funcionalidade.

Declaração pré-preenchida A Receita Federal informou que disponibilizou esta semana a ferramenta da declaração pré-preenchida do Imposto de Renda. O documento está disponível exclusivamente por meio do serviço Meu Imposto de Renda, quando acessado pelo Centro de Atendimento Virtual da Receita (e-CAC). Desde 2014, a declaração pré-preenchida está disponível para contribuintes com certificação digital. Em 2021, a ferramenta foi ampliada para quem tem conta em níveis verificado e comprovado no portal único de serviços do governo federal, o gov.br.

A nova rodada de auxílio emergencial, que será paga aos brasileiros vulneráveis a partir de abril, está muito distante de atender as necessidades básicas. No mês passado, o custo da cesta básica no Brasil para uma família de quatro pessoas ficou em média em R$ 1.014,63, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O valor da cesta básica está muito mais próximo do salário mínimo, hoje em R$ 1.100, do que do novo auxílio emergencial que vai de R$ 150 mensais, para famílias de uma pessoa só, a R$ 375, no caso de mulheres que são as únicas provedoras da casa. Na média, o novo auxílio será de R$ 250 por família.


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Como se precaver de golpes em consórcios

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sistema de autofinanciamento começou no Brasil no início dos anos 1960, pouco depois da instalação da indústria automobilística. Originalmente atendia apenas veículos novos, mas hoje há consórcios até para cirurgias plásticas. No ano passado, segundo a Associação Brasileira de Administradores de Consórcio, quase 2,5 milhões de contratos foram assinados incluídos todos os tipos de veículos novos e usados: leves, pesados e motocicletas. Na ponta do lápis, certamente não vale a pena. Consórcio só sobrevive aqui e em alguns poucos países vizinhos. No mercado de automóveis novos representa cerca de 5% das vendas totais. Ainda assim, é preciso tomar cuidado para não cair em armadilhas. Para começar, no lugar de juros se cobram taxa de administração e todos os reajustes dos carros ou motos novos, que podem ser superiores à inflação. Há que se ver o preço médio efetivamente pago depois de 50 ou 60 meses. Os últimos contemplados, além de pouca sorte, tiveram de pagar para que uma empresa o “obrigasse” a fazer uma poupança mensal. Alexandre Gomes, da fintech Consorciei, descreve quatro golpes contra consorciados envolvendo o sistema. 1) Venda de cota contemplada. Antes de qualquer pagamento certificar-se dos dados e se assegurar da transferência. 2) Promessa de contemplação. Alguns vendedores tentam “empurrar” o produto para uma pessoa menos interessada, garantindo que será contemplada. No entanto isso é incerto, tanto nos casos de sorteio, quanto por lance. A compra do veículo passa por análise de crédito tão rigorosa quanto a de um financiamento. Se não tiver quitado sua cota com o lance, o consorciado precisará deixar o veículo como garantia e seguir com pagamento das parcelas. 3) Entrar em consórcio sem verificar se é autorizado pelo Banco Central. No site do BC há relação atualizada de todas as administradoras do País. 4) Contemplação é diferente de quitação. Embora possa dar um lance de contemplação que também quite o consórcio, caso o lance seja menor que o saldo devedor ou o consorciado tenha sido contemplado por sorteio, ainda precisa pagar as parcelas restantes.

Carlos Zarlenga, presidente da GM América do Sul

Dyrr Ardash, da Williams Advanced Engineering

David Dias, da Accenture Technology

Simpósio aponta caminhos na revolução da mobilidade

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emas relevantes e atuais marcaram a 28ª edição do Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva (Simea), na semana passada. O macrotema deste ano: “A Revolução da Mobilidade na Sociedade 5.0”. O conceito de Sociedade 5.0 surgiu no Japão, em 2016, e sucederá os quatros anteriores na perspectiva histórica: Caça, Agricultura, Indústria e Informação. Agora os focos apontam para qualidade de vida, sustentabilidade e inclusão. Este ano houve mais de 1.000 inscritos e foram apresentados 60 trabalhos técnicos, 10% a mais que a edição do ano passado. Carlos Zarlenga, presidente da GM América do Sul, disse na abertura do Simea que o Brasil precisa acelerar o passo para continuar a atrair investimentos externos na indústria. Destacou que há dez anos a previsão era de crescimento contínuo do mercado, mas o cenário hoje está abaixo

do esperado. Para isso, caminhos tecnológicos precisam surgir para definir o futuro. Uma das palestras mais interessantes, apresentada por David Dias, da Accenture Technology, previu que, em 2025, no Nível 3 de automação (hoje estamos no Nível 2,5) o carro poderá se movimentar sozinho, apenas sob supervisão do motorista. “Melhor dos mundos é a combinação da máquina com o julgamento humano, apesar de a Inteligência Artificial facilitar práticas e resultados”, afirmou. Dyrr Ardash, da Williams Advanced Engineering, destacou que “a eletrificação é a chave para o futuro da propulsão automotiva, mas as alternativas de energia em pesquisa precisam ser sustentáveis e, ao mesmo tempo, atender às exigências do consumidor final para manter sua confiança”. Essa confiança pode ser traduzida como autonomia, tempo e rede de recarga, entre outros desafios.

Dois representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, José Gontijo e Eliana Emediato, ressaltaram o objetivo “de incentivar produção no Brasil de itens mais complexos, além de aumentar a produtividade da indústria nacional a partir de modelos de negócios inovadores e maior cooperação das cadeias produtivas”. No início desta semana, a fabricante de autopeças ZF informou que até 2025 a adoção do sistema de Frenagem Automática de Emergência (AEB, na sigla em inglês) deve saltar de 5%, atualmente, para 26% dos veículos vendidos no Brasil. A empresa acenou com a possibilidade de produzir aqui, em médio prazo, as câmeras frontais para AEB. Esse equipamento deve se tornar de série até o fim dessa década. É um dos mais importantes para diminuir acidentes por erro ou distração do motorista. E poderá reduzir o valor do seguro.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

Luto no futebol alagoano

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técnico Ubirajara Veiga, o Bira Veiga, exCorinthians-AL, CRB e ASA, dentre outros clubes alagoanos, faleceu esta semana por complicações causadas pela covid-19. Internado desde o último dia 10, Ubirajara Veiga, 66 anos, precisou ser intubado depois de apresentar uma piora no quadro de saúde. No entanto, acabou não resistindo às complicações. O treinador retornou no início de fevereiro ao Brasil depois de três anos no futebol japonês comandando o FC Kariya.

Ele estava aguardando o fim da pandemia para voltar a trabalhar fora do país. Gaúcho de Porto Alegre, Bira, como era conhecido, foi responsável por eliminar o Palmeiras da Copa do Brasil em 2002, quando estava comandando a equipe arapiraquense. No primeiro jogo, o ASA venceu por 1 a 0. No jogo de volta, disputado em São Paulo, a vitória foi do Palmeiras por 2 a 1. Mas o time de Alagoas garantiu a vaga por ter marcado gol fora de casa.

OLIMPÍADAS DE TÓQUIO TOMAM FORMA UM ANO APÓS ADIAMENTO

AZULÃO JOGA BEM E SEGUE INVICTO NO NORDESTÃO Vivendo boa fase, o CSA derrotou o Bahia por 2 a 0 pela quinta rodada da Copa do Nordeste. Essa foi a segunda vitória seguida do clube alagoano na competição e, com o resultado positivo, o Azulão assumiu a liderança do Grupo B, com nove pontos. Ainda de quebra, o camisa 9 azulino, Guilherme Dellatorre, assumiu a artilharia isolada da competição mais disputada da região. O centroavante fez um gol na terça e ainda deu uma assistência na vitória do CSA sobre o Bahia, por 2 a 0, no Estádio Rei Pelé. Foi o quarto gol dele no regional e o oitavo no ano. Tudo isso em oito partidas com a camisa do CSA. Pela próxima rodada da Lampions League, o clube marujo visita o Ceará no dia 31 de março, às 19h30, na Arena Castelão, pela sexta rodada da Copa do Nordeste.

Há praticamente um ano, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou o adiamento inédito dos Jogos de Tóquio por causa da pandemia do coronavírus. Doze meses depois, a competição no Japão começa a tomar forma, mesmo que ainda existam muitas incertezas da crise sanitária internacional. Com o fim do estado de emergência em Tóquio, a dúvida cada vez menor é se as Olimpíadas vão acontecer. As pesquisas de opinião pública apontam que a maioria dos japoneses quer que as Olimpíadas sejam adiadas novamente ou canceladas. No entanto, o Comitê Organizador de Tóquio e o COI trabalham para que as Olimpíadas de fato aconteçam entre 23 de julho e 8 de agosto de 2021. Eles consideram um novo adiamento impossível. O imponderável ainda não permite descartar totalmente um cancelamento, mas é cada vez mais improvável os jogos não serem realizados este ano. O Comitê Organizador lançou um guia de medidas para evitar que o revezamento se

torne um foco de transmissão do coronavírus. Os fãs vão poder acompanhar a passagem da tocha pelas ruas, mas são orientados a não se aglomerar, a não gritar e a não se abraçar.

PANDEMIA: TÊNIS SURGE COMO ALTERNATIVA DE ESPORTE SEGURO

Conhecido como um dos esportes mais difíceis do mundo, o tênis ganhou novos adeptos nos últimos tempos. Isso porque o esporte de origem inglesa está entre os mais seguros para se praticar durante a pandemia de covid-19. Sem precisar de contato físico, e com amplo espaço para manter o distanciamento social, o tênis é uma alternativa para quem quer praticar exercício físico, através do esporte, sem deixar de lado os cuidados contra o coronavírus. Em uma tabela criada para classificar o risco das atividades no cotidiano, numa escala de 1 a 10, o tênis está no nível 2 e é considerado mais seguro do que jogar futebol e basquete. Os critérios são embasados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta que esportes com menor risco de contágio são aqueles disputados ao ar livre e com distanciamento.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Quer ser deputado

PELO INTERIOR

O vereador Pablo Fênix (PSDB) vem sendo sondado para a disputa de uma das vagas da Assembleia Legislativa do Estado (ALE) nas eleições de 2022. Em seu segundo mandato na Câmara de Arapiraca, Pablo não confirmou ainda se irá concorrer ao cargo de deputado estadual, mas pessoas próximas ao parlamentar garantem que existe essa possibilidade.

Redes sociais Vereador atuante e que usa muito as redes sociais para divulgar suas ações e projetos que leva à Casa Herbene Melo, Pablo Fênix surge como uma das apostas do PSDB, legenda do saudoso prefeito Rogério Teófilo. No início deste segundo mandato, o vereador tem adotado uma postura mais dinâmica e as reivindicações das comunidades são encaminhadas diretamente à gestão municipal.

Outro nome O vereador Fabiano Leão (PSDB) sinaliza positivo sobre a possibilidade de tentar se eleger deputado estadual no pleito do próximo ano, cadeira que já foi ocupada pelo seu pai, Demuriez Leão. Sobrinho do ex-prefeito de Arapiraca, Severino Leão, Fabiano não discute o tema neste momento, mas não o descarta totalmente.

Salário atrasado E o Ministério Público de Alagoas (MPAL) ajuizou na terça-feira, 23, uma ação civil pública (ACP) contra o município de Messias em razão do atraso na folha de pagamento dos servidores públicos. De acordo com a assessoria de comunicação do MP, há uma semana uma recomendação foi expedida para o prefeito da cidade, Marcos José Herculano da Silva, para que ele regularizasse essa situação. A Promotoria de Justiça de Messias espera que o Poder Judiciário decida favoravelmente ao pedido requerido pelo MPAL, de modo que os trabalhadores possam receber seus salários, um direito garantido constitucionalmente.

Obrigação do gestor Na ação proposta pela promotora de Justiça Ilda Regina Reis, fica claro que é uma obrigação do gestor público pagar os servidores dentro do prazo legal estipulado por lei. “O atraso salarial e sua necessidade de pagamento são fatos concretos e isso ocorre em face do caráter alimentar e essencial na promoção dos direitos fundamentais dos trabalhadores”, disse a promotora.

Combate à pandemia De acordo com boletim epidemiológico, Arapiraca registrou 340 óbitos por covid-19. Assim, a segunda cidade mais importante de Alagoas representa um total de 10% de mortes registradas em todo o estado. Comparando com Maceió, que registrou aproximadamente 1.500 mortes pela doença causada pelo coronavírus, representa 45% do total de casos.

Arapiraca é referência Os números não surpreendem, já que Maceió e Arapiraca contabilizam juntas a maior parcela da população e representam, para suas respectivas regiões, referências em serviços. As autoridades da área de saúde afirmam que Arapiraca, que é um polo comercial de todo Agreste e Sertão, registra um número considerável de pessoas que circulam na cidade, sendo este um dos fatores que fazem com que o vírus se prolifere com mais intensidade.

Número de casos A ex-capital brasileira do fumo em corda do país também foi inserida na Fase Vermelha do Plano de Distanciamento Social Controlado, que tem o objetivo de diminuir o número de casos diários registrados pelas unidades de atendimento de Síndromes Gripais. A Secretaria Municipal de Saúde, em seu Boletim Epidemiológico Diário, informa que Arapiraca tem realizado uma média de 300 atendimentos diários de casos suspeitos ou confirmados de covid-19.

Estoque baixo A Prefeitura de Arapiraca suspendeu, na quarta-feira, 24, a aplicação de testes rápidos para diagnóstico da covid-19 nas unidades de saúde municipais. Os profissionais que trabalham nas UBS, Unidade Sentinela e 5º Centro foram informados da decisão por meio de nota informativa, devido ao baixo estoque disponível no município.

Não serão testadas Com isso, as pessoas que procurarem atendimento nas unidades de saúde do município com suspeita de terem sido infectadas pelo coronavírus a princípio não serão testadas. Elas serão avaliadas pelo médico, que poderá fazer diagnóstico clínico, atestando que o paciente está com covid-19 ou não, com base nos sintomas apresentados e histórico do paciente.

... Segundo o blog Bastidores, o radialista Antônio Oliveira usou seu programa matinal na rádio Sampaio FM para desabafar sobre inverdades que foram propagadas a seu respeito em comentários em torno do desempenho da gestão municipal da Prefeitura de Palmeira dos Índios. O que chamou atenção, de fato, foi a denúncia feita pelo comunicador. Ele afirmou que pessoas são pagas com recursos públicos para “levarem fofocas ao prefeito” do município, Júlio Cézar (MDB). ... “Ficam umas pessoas, que não têm o que fazer, levando fofoca para o prefeito. Dizendo que eu estou chamando ele disso ou daquilo. Essas pessoas são aqueles ‘baba ovo’, os ‘babão’, que ficam na casa do prefeito só pra levar fofoca. E ganham dinheiro para isso! São empregados da Prefeitura! A maioria deles recebe sem fazer nada!”, afirmou Antônio Oliveira. ... O comunicador foi além e disse que essas pessoas são desocupadas. “Vocês, desocupados, procurem serviço para fazer, e não ficar levando fofoca. Isso é feio! Para você que é homem, para você que é mulher, isso é feio! Ouçam o que a gente fala aqui e passem a informação correta”, destacou. ... Oliveira revelou ter a identificação de pessoas que são pagas pela prefeitura para, segundo ele, fazerem fofoca. “Conheço muitos. Não é só um, não! Conheço vários. Não tem nem como contar nos dedos, porque são muitos. Muitos que ganham salário da prefeitura para não fazer nada. Absolutamente nada!”. ... Os acidentes domésticos com crianças estão entre os principais casos de atendimentos a vítimas de traumas no Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca. Essas ocorrências só ficam atrás das assistências a vítimas de acidentes no trânsito e quedas de idosos na própria residência. ... Para o ortopedista Lucas Barros, a pandemia da covid-19, com a permanência das crianças mais tempo em suas casas, e a falta de cuidados no ambiente doméstico, contribuem para o aumento de casos nos três primeiros meses deste ano. (Com assessoria) ... A vacinação contra a covid-19 em Alagoas está acontecendo em todos os municípios, mas em três cidades do Sertão de Alagoas o processo acontece de maneira lenta. Maravilha, Poço das Trincheiras e Estrela de Alagoas são as três cidades com menor índice de doses aplicadas no estado, de acordo com dados do sistema de monitoramento de vacinação do governo federal, que é atualizado em tempo real. ... O percentual do estado de Alagoas é um dos melhores do Brasil. Atualmente, 75,6% das vacinas recebidas já foram aplicadas, segundo dados do sistema do governo federal. Ao todo, o estado recebeu 205.695 doses de vacinas até o momento. 155.848 pessoas tomaram a primeira dose e 49.847 pessoas tomaram a segunda dose. ... Aos nossos leitores desejamos um final de semana com paz e saúde. É o que precisamos nesses tempos difíceis. Até a próxima edição!


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MEIOAMBIENTE

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

Nova espécie

Dia da Água

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governo federal lançou na segunda-feira, 22, o Programa Águas Brasileiras, voltado para a revitalização de bacias hidrográficas. Foram selecionados 26 projetos de revitalização de bacias hidrográficas, que contemplam mais de 250 municípios de dez estados. Entre as ações, está o plantio de 100 milhões de mudas ao longo das bacias dos rios São Francisco, Parnaíba, Tocantins e Taquari. As ações são coordenadas pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Durante a cerimônia de lançamento, o presidente Jair Bolsonaro realizou, ao lado do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, o plantio simbólico de sementes de ipê roxo nas bacias hidrográficas. A cerimônia marcou o Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março. “[Esta é] mais uma feliz iniciativa. Estamos dando certo, apesar de um problema gravíssimo que enfrentamos desde o ano passado, mas o Brasil vem dando exemplo, somos um dos poucos países que está na vanguarda em busca de soluções”, disse Bolsonaro.

Ouvir falar, por exemplo, que uma nova espécie foi descoberta costuma nos fazer pensar que um grupo de pesquisadores se deparou com um animal nunca antes visto na mata e, apenas pela aparência, já identificou que se tratava de um achado. A realidade, porém, prova que uma grande novidade pode passar anos sendo observada como algo já conhecido até que alguém tenha a curiosidade e audácia de olhar mais perto. Foi esse último processo que culminou na descoberta de uma nova espécie para o Brasil, o surucuá-de-murici (Trogon muriciensis), uma ave exclusiva de Alagoas que vive restrita à área da Estação Ecológica (ESEC) de Murici. Pelas análises iniciais, os pesquisadores estimam que a população não supere os 90 casais e, por conta disso, a espécie recém-descoberta já se torna “criticamente ameaçada” de extinção. O estudo foi publicado recentemente na revista científica Zoological Journal of the Linnean Society. A resposta obtida pela pesquisa solucionou um mistério de décadas. Por muito tempo, essa ave foi classificada como o comum surucuá-de-barriga-amarela (Trogon rufus), um “primo” próximo de sua real identificação, mas que é avistado em muitos locais do Brasil e que, conforme as análises

Poluição do ar A sensação de respirarmos um ar mais saudável quando estamos em casa está longe de corresponder à realidade. “A poluição interna não é a mesma do ambiente externo”, pontua o pneumologista Elie Fiss, professor da Faculdade de Medicina do ABC. “Além dela, tem as impurezas de dentro de casa, como poeira, pelos de animais, alérgenos e resíduos de alimentos, que são um nicho de bactérias”, continua o médico. Esses componentes são irritantes das vias aéreas. “Tanto é que, quando acontecem picos de poluição do ar nas cidades, observamos um aumento de até 20% no número de pessoas que procuram atendimento em razão de doenças respiratórias”, afirma Fiss, que é também coordenador do Centro de Pneumologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a exposição a poluentes internos pode levar a uma ampla gama de problemas de saúde em crianças e adultos, uma vez que essas minúsculas partículas se depositam nos pulmões e chegam a penetrar diferentes tecidos e órgãos, desencadeando danos ao corpo.

Chega de fogo

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), lançou licitação para investir cerca de R$ 70 milhões na aquisição de 50 caminhões e 50 tratores de combate e prevenção aos incêndios florestais em parques nacionais e outras unidades de conservação federais por todo o Brasil. Os caminhões, com capacidade de 7 mil litros, serão equipados com tração 4x4, mangotes laterais e bomba extra para operar mata adentro, com possibilidade de extensão da mangueira, e ainda contarão com esguicho-canhão para ataque rápido desde a beira da estrada. Os tratores, com implementos especializados, ajudarão também na realização de aceiros e limpeza de folhas e galhas em ações de prevenção. Entre os parques nacionais com previsão de apoio já confirmada estão o da Chapada dos Veadeiros, Chapada dos Guimarães, Pantanal, Chapada Diamantina, Serra da Canastra e Serra do Cipó. Ao todo, o investimento vai beneficiar cerca de 100 unidades de conservação em todo o País.


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RADAR LITERÁRIO Imprensa Oficial Graciliano Ramos e Academia Alagoana de Letras lançam Dois Dedos de Prosa & Poesia

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Imprensa Oficial Graciliano Ramos e a Academia Alagoana de Letras se uniram para mais uma empreitada que visa dar visibilidade à produção literária contemporânea em Alagoas: trata-se do projeto Dois Dedos de Prosa & Poesia. A iniciativa consiste em produzir vídeos com reconhecidos escritores e escritoras alagoanos, ou radicados em Alagoas, em que cada um terá a oportunidade de falar sobre suas obras, suas trajetórias literárias e seus processos criativos. A partir de abril, uma vez por semana, serão veiculados os vídeos inéditos, simultaneamente, nos canais do YouTube da Academia Alagoana de Letras e da Imprensa Oficial Graciliano Ramos. “O objetivo do Dois Dedos de Prosa & Poesia é apresentar para o público leitor toda riqueza estética e toda diversidade da atual produção literária em Alagoas, mostrando que a terra natal de Graciliano Ramos, Jorge

de Lima, Breno Accioly e Lêdo Ivo ainda é um território criativo muito fértil e que daqui brotam inúmeros talentos, em todos os gêneros literários”, afirma Dagoberto Omena, diretor-presidente da Imprensa Oficial Graciliano Ramos, mencionando que muitos dos nomes que despontaram no cenário literário alagoano foram revelados a partir dos editais públicos isonômicos e transparentes, promovidos pela gráfica e editora do Estado, com o objetivo de selecionar obras inéditas para publicação. Inicialmente, 15 escritores já confirmaram suas participações no projeto Dois Dedos de Prosa e Poesia. São eles: Adalberto Souza, Amanda Prado, Ana Iris Santos, Cícero Manoel, Cosme Rogério, Douglas Apratto Tenório, Felipe Benício, Fernando Fiuza, Geovanne Otávio Ursulino, Guilherme de Miranda Ramos, Luiz Gutemberg, Milton Rosendo, Natasha Tinet, Nilton Resende, Richard Plácido e Sérgio Prado Moura

HISTÓRIA SEM AFETAÇÃO Douglas Apratto Tenório é um dos maiores difusores do conhecimento histórico sobre Alagoas. Mesmo com uma obra vasta e profunda, amplamente reconhecida no meio intelectual e acadêmico, o historiador é responsável pela democratização do acesso às informações sobre o passado alagoano, publicando boa parte de suas pesquisas em publicações direcionadas ao público não iniciado, numa linguagem simples e descomplicada. Formado em História pela Universidade Federal de Alagoas, com mestrado e doutorado na Universidade Federal de Pernambuco, o professor, vice-reitor do Centro Universitário Cesmac, lançou recentemente, pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos, o título Metamorfose das Oligarquias – uma de suas obras mais conhecidas – e em breve lançará outro de seus clássicos A Tragédia do populismo: o impeachment de Muniz Falcão.

OBRA CULTUADA

O jornalista maceioense Luiz Gutemberg é autor de uma das obras ficcionais mais cultuadas em Alagoas: O Anjo Americano. Nascido em 1935, Gutemberg começou cedo sua carreira jornalística, aos 15 anos de idade, no jornal Gazeta de Alagoas, e aos 18 anos se mudou para o Rio de Janeiro, onde passou por diversas redações prestigiadas como a do Jornal do Brasil e da revista Manchete. Em seguida, radicou-se em São Paulo, local em que exerceu a função de editor assistente da revista Veja e a

de comentarista político da TV Bandeirantes, cargo que o levou a se estabelecer em Brasília, cidade onde mora até os dias atuais, onde atuou como assessor do Governo Sarney e de outros políticos importantes e onde criou e produziu por 15 anos o suplemento literário José.

PROFESSORES E POETAS

Os amantes da poesia vão se embevecer com a diversidade de estilos, temáticas e linguagens dos autores contemporâneos em Alagoas. Todos terão a oportunidade de conhecer, por exemplo, a obra poética de Fernando Fiúza, sob seu próprio ponto de vista. Algumas das obras do escritor maceioense foram publicadas recentemente pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos – Outdó, Sonetos Impuros e Livramento – mas, sua obra ampla também contempla textos críticos sobre Literatura, textos para teatro e composições musicais. Fernando Fiúza é professor de graduação e pós-graduação no curso de Letras, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), mestre e doutor em Langue et Littérature Françaises, pela Université Stendhal Grenoble-III. O projeto Dois Dedos de Prosa e Poesia também dará a oportunidade de conhecer melhor a obra do contista,

poeta, diretor teatral, ator, dramaturgo e professor Nilton Resende. O autor, que recentemente publicou a segunda edição de seu livro de estreia O Orvalho e os Dias, pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos, é um dos maiores especialistas na obra de Lygia Fagundes Telles e um influente educador que vem contribuindo para o desenvolvimento criativo de diversos autores, graças a sua atuação como professor de Literatura na Universidade Estadual de Alagoas e nas oficinas de Criação Literária, pelo projeto Arte da Palavra, do Sesc. Outro mestre da Literatura que marcará presença nos dois Dedos de Prosa & Poesia é o escritor e professor Milton Rosendo, criador de Caos-Totem, livro de poesia lançado pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos, em 2016. Autor de uma tese de doutorado sobre A Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima, Rosendo é um escritor eclético, produtivo e perfeccionista que transita tanto pela prosa, quanto pela poesia. Tradutor, crítico literário e professor de Literatura, é um dos maiores especialistas em literatura contemporânea em Alagoas. Outro influente escritor e professor, a aderir o projeto, é Cosme Rogério, autor do livro de poesias Radiações

de Fundo Cósmico e de Habitus, campo e mercado editorial: a construção do prestígio da obra de Graciliano Ramos, fruto de uma tese de mestrado no curso de Sociologia da UFAL. Graduado em Filosofia e professor do Instituto Federal de Alagoas, Cosme Rogério é um entusiasta da cultura popular e dos temas relativos ao Sertão alagoano.


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