Edição 1113

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MACEIÓ - ALAGOAS

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1998 - 2020

ANO XXII - Nº 1113 - 09 A 15 DE ABRIL DE 2021 - R$ 4,00

PERIGO À VISTA

PORTO DE MACEIÓ TERÁ TERMINAL DE ÁCIDO SULFÚRICO Produto é de alto risco para saúde da população em caso de acidente 8 e 9

100 DIAS

PANDEMIA

ALAGOAS JÁ PASSA DE 3.700 MORTOS E 158 MIL INFECTADOS 12

JHC CUMPRE PROMESSAS, MAS AINDA GOVERNA DE IMPROVISO

Mesmo sem orçamento, prefeito reduz preço da tarifa de ônibus, cria passe livre e organiza vacinação 5

ELEIÇÕES 2022

COLLOR, LIRA E VICTOR BUSCAM ACORDO POLÍTICO PARA ENFRENTAR RENAN FILHO 6 e 7


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COLUNA

EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Fumaça preta 1

- A possível candidatura de Lula a presidente da República em 2022 levará a eleição em Alagoas a uma disputa nacionalizada. De um lado, Renan Filho, e do outro, Fernando Collor, que deve se aliar a Arthur Lira e ao presidente da Assembleia, Marcelo Victor. O governador teria o apoio de Lula, enquanto o senador contaria com Bolsonaro em seu palanque.

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- Collor buscará a reeleição em uma chapa majoritária provavelmente com um candidato a governador lançado pela Assembleia. Seu principal adversário será Renan Filho, que ameaça concluir o mandato caso não chegue a um acordo com os deputados. Mas essa hipótese é descartada pela oposição que a interpreta como barganha do governador.

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- Se quiser o apoio dos deputados à sua candidatura ao Senado, Renan Filho terá que entregar os anéis para salvar os dedos. Os deputados querem que o governador desista de indicar o sucessor para apoiar um candidato do Legislativo. Preço que Renan Filho não está disposto a pagar.

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- Com dois mandatos bem avaliados e um orçamento bilionário para investimento em obras, Renan Filho acredita que fará o sucessor e se elegerá senador na eleição do próximo ano. Com essa convicção, o governador dificilmente fará acordo político com os deputados.

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- Os dois lados, no entanto, não fecharam as portas, deixando aberta a possibilidade de um acordo político. Mas pelo tom das conversas ocorridas até agora, a fumaça branca dificilmente sairá do Palácio dos Martírios.

Ação milionária

Após 10 anos de idas e vindas, o TJ-AL concluiu o julgamento do maior imbróglio jurídico do Governo Renan Filho, herdado do sucessor Téo Vilela. Trata-se da desapropriação ilegal de duas fazendas na região do Polo Industrial de Marechal Deodoro para implantação de seis grandes indústrias, incluindo a Cerâmica Portobello. O Estado e a CARHP, órgão responsável por uma série de erros e ilegalidades nesse caso, perderam todas as iniciativas judiciais. Agora o processo milionário subiu para o STJ, que deverá avalizar as decisões da Justiça estadual.

Sonho petista

Empolgado com a hipótese de Lula disputar a Presidência da República, o senador Renan Calheiros acredita que o ex-presidente tem cacife para conquistar eleitores à esquerda e à direita do espectro político. “Lula será o candidato do centro em 2022”, disse o senador em recente entrevista ao jornal Valor Econômico.

Novo pesadelo

Maceió ainda nem se recuperou da tragédia que destruiu vários bairros pela mineração do sal-gema, corre o risco de viver outro desastre com um terminal de ácido sulfúrico a ser instalado no Porto de Jaraguá por uma multinacional francesa. O ácido sulfúrico é um composto mineral incolor e inodoro, não inflamável, mas em caso de vazamento pode causar edema pulmonar, câncer de pulmão, degeneração da medula espinhal e doença dos olhos. Como diz o dito popular, nada é tão ruim que não possa piorar. Tradução: uma desgraça nunca vem só. PS: A ex-administradora do Porto, Rosiana Beltrão, e o deputado estadual Davi Maia prometeram ao jornal EXTRA falar sobre essa nova ameaça à população de Maceió, mas na hora da entrevista desconversaram e caíram fora, saindo à francesa.

Impunidade

O assassinato do empresário Kleber Malaquias, em Rio Largo, vai completar 8 meses no próximo dia 15, sem que a Polícia esclareça o crime. O secretário Alfredo Gaspar de Mendonça bem que poderia marcar sua gestão à frente da Segurança Pública com o esclarecimento do homicídio e a prisão dos criminosos. A família da vítima não tem dúvida de que o crime teve motivação política.

Collor não para

O senador Fernando Collor atua em várias frentes em busca de alianças políticas para a disputa majoritária do próximo ano. Com vários pretendentes à sua cadeira no Senado, Collor já está em campanha pela reeleição e espera fechar acordo com a Assembleia Legislativa, com o prefeito JHC ou até com ambos. Nos intervalos entre uma conversa e outra com seus possíveis aliados, o senador percorre o interior do estado reativando diálogos com atuais e ex-prefeitos. Seu principal adversário no pleito de 2022 será o governador Renan Filho, que deve renunciar ao cargo para disputar a única vaga de senador, hoje ocupada por Collor.

Força política

À medida que consolida seu prestígio junto ao Planalto, o deputado Arthur Lira se cacifa ainda mais para influenciar nas eleições majoritárias de 2022 em Alagoas. Aliado de primeira hora do deputado Marcelo Victor, presidente da Assembleia, e do prefeito JHC, Lira junta forças com vários prefeitos alagoanos para enfrentar Renan Filho e outros possíveis adversários.

Caso Braga Neto

O Pleno do Tribunal de Justiça de Alagoas ouviu na última segunda-feira as primeiras testemunhas no processo contra o juiz Braga Neto, suspeito de envolvimento no esquema de extorsão de presos comandado pelo filho, o advogado Hugo Braga Soares. Na audiência virtual foram ouvidas oito das 19 testemunhas; as demais serão interrogadas nessa segunda-feira, 12. Até agora nenhum dos depoimentos incrimina o magistrado, mas o filho dificilmente escapará do processo.

Cotado

Fábio Farias, secretário do Gabinete Civil e amigo de infância dos Calheiros, é o nome mais cotado para a vaga de governador-tampão, com direito a reeleição no próximo ano. Mas isso depende de acordo político com os deputados, que vão indicar esse cargo.

Calote dos Beltrão

Auditoria nas contas da Prefeitura de Coruripe revela a existência de dívidas que somam mais de R$ 5 milhões deixadas pelos Beltrão. O Ministério Público investiga o calote.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Prioridade política

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lém do projeto de investimentos no estado para os quais estão reservados pelo menos R$ 5 bilhões, o governador Renan Filho trabalha como prioridade uma arrumação política para as eleições do próximo ano. Se tudo der certo e conseguir eleger um nome para substituí-lo no governo – isso em comum acordo com a Assembleia Legislativa –, o projeto tem meio caminho

Dificuldade

Sabe Renan Filho que uma candidatura ao Senado Federal, já que tem o pai lá em Brasília, é difícil de ser compreendida pelo eleitorado alagoano que analisa da seguinte maneira: “Se já tem um lá, pra que ter dois, no caso pai e filho?”. Por isso e por outras coisas não é lá tão fácil resolver esses impasses.

Composição

O senador Fernando Collor, candidatíssimo à reeleição, tenta contar para a próxima batalha política com o apoio do prefeito JHC, a quem deu suporte durante a campanha do ano passado. Mas precisa quebrar a resistência de Rodrigo Cunha, cujo PSDB vai tentar emplacar um candidato ao governo.

Distante

Como Collor não tem lá essas aproximações políticas com o colega Rodrigo Cunha, será necessário um trabalho de aproximação o que, convenhamos, só em política pode acontecer. Se depender de JHC, entretanto, a aliança com Collor é muito fácil de ser consolidada.

Pesquisas à vista

Para qualquer composição política será necessário a realização de pesquisas eleitorais sobre as candidaturas que serão postas em 2022. Questão racional, pois só parte para uma eleição quem estiver bem com o eleitorado.

Diferencial andado. Esse, entretanto, é o grande problema do governador, que vê essa articulação longe de acontecer, a não ser que ajuste os ponteiros, flexibilize alguns desejos dos adversários e jogue na sorte para poder sair candidato ao Senado da República.

Governador-tampão

Nas avaliações do Palácio República dos Palmares o maior problema, todavia, é encontrar um nome que lhe substitua na sua desincompatibilização e que esteja sintonizado com a Assembleia Legislativa. Se conseguir este feito, que naturalmente não é lá tão fácil, parte do problema está resolvido.

Negociação

Para uma arrumação desta natureza, pode entrar em jogo até a vaga para o Tribunal de Contas do Estado, além das composições e compromissos políticos para as eleições do próximo ano. Se conseguir desatar o nó, o que não será nada fácil, o caminho está aberto para as futuras negociações.

Reforçando

Mesmo sabendo que tem muitas dificuldades para transpor, Renan Filho continua investindo numa base política sólida. Já levou Marx Beltrão, Sérgio Toledo e se aproxima com certa velocidade de Severino Pessoa. Mas, no caminho, tem o deputado Arthur Lira, que trabalha alinhado com o deputado estadual Marcelo Victor, ambos quais com cacifes suficientes para mudar o panorama político nas eleições de 2022.

Uma incógnita

Mesmo se aproximando um pouco do prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, nas últimas semanas, o governador Renan Filho sabe que seu antigo aliado é uma dúvida para as eleições do próximo ano. E não faz nenhuma aposta, daí tentar atrair para seu lado o deputado federal Severino Pessoa, bem articulado na terra do fumo. Se vai dar certo, só o tempo dirá.

O prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, que entrou em rota de colisão com a família Calheiros no ano passado, é um dos que estão sendo assediados tanto pelo governador Renan Filho, em quem ele passou a não confiar, como pelo deputado federal Arthur Lira, que tem dado suporte à administração de Barbosa.

Reforço

Sem perder tempo

Ocorre, porém, que Renan Filho não tem muito tempo para definir suas parcerias políticas com vistas às eleições do próximo ano. Por isso tem que resolver a parada até o segundo semestre deste ano. Mas até lá tem muitas pedras pelo caminho.

Três em um

Se depender da força da oposição, estarão reunidos em um só palanque em 2022 Fernando Collor, Arthur Lira e Marcelo Victor. O objetivo é inviabilizar os projetos da família Calheiros e impedir que Renan Filho seja eleito senador da República. Mas como em política só não se viu até agora boi voar, é aguardar o desenrolar dos acontecimentos no segundo semestre deste ano para saber como fica a composição política de situação e oposição.

Sem chances

Uma provável aliança entre o grupo de Arthur Lira e Renan Filho, a princípio, está totalmente descartada. Politicamente não tem como juntar essas duas peças no xadrez, que já trabalham para as eleições do próximo ano.

Embora não diga ainda para onde irá, é quase certo que o grupo de JHC marche com Collor, Lira e Marcelo Victor com um só objetivo, o de desarticular as manobras do Palácio República dos Palmares. Nesse jogo, a escolha do candidato a governador nas próximas eleições.

Desgaste

Neste momento, embora os bastidores fervilhem, o governador Renan Filho sabe que o desgaste do seu governo é grande depois da decisão de praticamente parar o setor produtivo do estado. Empresários, pequenos comerciantes e pessoal terceirizado reagem às decisões do gover-no em paralisar a economia. Mesmo que o governo ache que isso é passageiro, não será tão fácil superar as dificuldades.

Os cem dias

O prefeito JHC completa cem dias de governo, mas ainda falta muito para realizar o que prometeu ao seu eleitorado. Fez o feijão com arroz, mas não avançou muito nos problemas da municipalidade. Além da redução da tarifa de ônibus para a população em geral, pretende também oferecer gratuidade aos estudantes. No mais, tem tentado dinamizar a logística de vacinação e só. Se espera que novos e arrojados projetos sejam postos em execução a partir de agora.


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NOVA MACEIÓ

Cem dias de um “museu” de novidades JHC não tem orçamento próprio, ignora crise nos ônibus e faz sucesso organizando fila da vacina ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PSB), completa 100 dias no cargo. Ainda não tem – nem se esforça por isso – aprovado pela Câmara o orçamento deste ano. Cumpriu duas promessas de campanha: reduziu a passagem de ônibus (R$ 3,35, a mais barata do Brasil) e prepara o Passe Livre, gratuidade nos coletivos para estudantes de todas as escolas, faculdades e universidades. Mas estes anúncios quase levaram os trabalhadores do transporte de massa a uma greve, impedida por uma liminar do Tribunal Regional do Trabalho. Uma crise anunciada e que se arrasta desde o início do ano. Os empresários cobram repasse de R$ 2,5 milhões mensais em subsídios para o setor; os trabalhadores tentam evitar a demissão de cobradores, querem a continuação do pagamento do plano de saúde e do ticket alimentação; a gestão de JHC ainda não disse de onde virá tanto dinheiro por mês para bancar os subsídios e, na Câmara, orientou sua base a aprovar projeto que

extingue a função de cobrador de ônibus. Em dois meses economizou combustível. Em janeiro, foram gastos R$ 314.598,01; e em fevereiro, R$ 244.055,24. Mas ainda não nomeou todos os ocupantes de cargos no segundo e terceiro escalões. Lógico, há economia em todos os lados da gestão. Aliás, no primeiro bimestre deste ano a arrecadação nos cofres de Maceió cresceu 57,6%; 43,8% em receitas e 37,8% em transferências federais. O prefeito não faz selfie com crises. A pandemia só aparece quando ele mostra o avanço na quantidade de vacinados. O sucesso em organizar a fila da imunização animou sua equipe. Prefere o silêncio sobre o uso de máscaras pela população e não quer desgaste com empresários, enquanto 90% dos leitos nos hospitais estão ocupados. Anunciou pacote emergencial em 10 de março para os empresários (desconto de 15% no pagamento à vista do IPTU e isenção da primeira taxa de localização). A medida foi tão tímida que sumiu das realizações da nova gestão. O vai-e-vem nas redes, com seu mundo

JHC continua usando as redes sociais como vitrine de sua gestão como prefeito particular de cliques, likes e emojis, mostra que elas são a aposta pesada do jovem gestor, sua principal ponte com eleitores. Agrada sua base evangélica com frases bíblicas diárias penduradas na web. Não há críticas nem elogios diretos ao presidente Jair Bolsonaro. A maioria de sua audiência é feminina, entre 18 e 44 anos. O estilo de Jota é uma máquina de promoção dele mesmo, modelo que também domina a comunicação do governador Renan Filho (MDB) e outros políticos pelo país. Ajuda a promover, por debaixo da mesa, a proposta de implantação do projeto federal das escolas cívico-militares, criticado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Enquanto isso, na escola Nosso Lar, no bairro do Vergel, pertencente à rede municipal, a impressora está quebrada, não há tinta para este aparelho e nem papel para os alunos rabiscarem as atividades da

escola, mesmo à distância. Maioria dos alunos está sem aula on-line. O apartheid tecnológico é uma herança maldita que lhe caiu no colo. IMPRESSÕES O advogado Ricardo Barbosa (PT) disputou com JHC nas urnas. Dizia ano passado que havia três candidaturas com modelos e práticas parecidas. Uma delas era a de João Henrique. “É um projeto político de continuidade. Olha o exemplo: o presente de grego aos cobradores de ônibus. São os interesses dos empresários de transporte, da especulação imobiliária. O verniz de esquerda não dá cor nenhuma. Será uma decepção para uma parte da esquerda que o apoiou no segundo turno”. Doutor em Ciências Sociais, o professor Cícero Albuquerque crê que faltou ao novo prefeito reconhecer o momento de sua

administração. “O prefeito de Maceió teria que ter feito um governo emergencial, não o fez e cometeu um grande erro, ele procurou governar Maceió nesses meses como em condição de ‘normalidade’, isso não era e nem é possível”. Para Albuquerque, a situação de afundamento de quatro bairros, a crise sanitária, o avanço da fome e do desemprego (unidos à insensibilidade do governo federal) acabam fazendo a gestão de Jota atuar mais pelo improviso. “A realidade foi maior do que o desejo de manipulá-la. Predominou o improviso. Sobrou rede social, marketing pessoal do prefeito. Para piorar, o governo JHC é, predominantemente, conservador, portanto, com menor sensibilidade social. Que os próximos meses sejam mais inspirados e inspiradores!”, deseja o professor.


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JOGO DO PODER

Collor, Lira e Marcelo Victor buscam aproximação para enfrentar Renan Filho Guerra das máquinas: governador tem R$ 5 bi em obras, mas era Bolsonaro reforça viés da oposição ODILON RIOS Especial para o EXTRA

A

s eleições de 2022 estão determinando cada movimento político em Alagoas. Se por um lado dois atores – o governador Renan Filho (MDB) e o senador Fernando Collor (PROS) – estão dando passos mais rápidos e visíveis, do outro temos os movimentos mais silenciosos em torno do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e do presidente da Assembleia, Marcelo Victor (SD), mudanças que apontam para alianças fortes em 2022. Nas mesas de conversas todos os senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos e membros do governo articulam posições. Ninguém fica de fora. Fernando Collor explicitou sua aliança com o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PSB), que o convidou para a entrega de obras, como a do conjunto habitacional Vale Bentes II, que começou na gestão do ex-prefeito Rui Palmeira (sem partido) e foi quase integralmente executada com recursos federais. Collor elogiou a gestão JHC, prometendo recursos em Brasília, onde agora tem muito prestígio, e foi elogiado por JHC em decla-

rações de apoio político. A cobertura diária favorável na Organização Arnon de Mello, que reúne TV, rádio, jornal e web, da família Collor à gestão de JHC indica uma provável aliança. Caso se confirme essa base de apoio na capital, o senador se fortalece para a disputa à reeleição no próximo ano. Em todo caso, JHC tem compromissos com Arthur Lira e vai esperar a decisão do presidente da Câmara. Em plena campanha, Collor também visitou a Assembleia onde foi recebido pelo presidente da Casa, Marcelo Victor, e se posicionou como o interlocutor entre os deputados e o governo em Brasília na busca de recursos para Alagoas. DO OUTRO LADO... No lado da situação, o governador Renan Filho está firme na disputa da vaga para o Senado, visitando municípios e conversando com deputados. Coordenado pelo secretário dos Transportes, Mosart Amaral, o Programa Minha Cidade Linda tem se mostrado o mais eficiente canal de comunicação política para o governador, que chegou a mais de uma dezena de municípios e vai ampliando com outras localidades, como aconte-

Renan Filho assina ordem de serviço para o Minha Cidade Linda em Pariconha ceu semana passada em Pariconha, Boca da Mata, Atalaia, Senador Rui Palmeira, Ibateguara e São José da Tapera, abrindo espaços para atuação do governo estadual, que recebe prefeitos no Palácio República dos Palmares e visita cada uma dessas localidades para inaugurar pequenas obras. Ao mesmo tempo, Renan Filho desafoga a pressão de eleitores sobre prefeitos que, acossados pela crise, encontram dificuldades para cumprir acordos políticos em meio a graves problemas financeiros, muitos deles herdados de gestores anteriores. O Minha Cidade Linda emprega pedreiros, serventes, ajudantes, carregadores de areia; movimenta o mercado de cimento, tijolos, paralelepípedos, asfalto; também movimenta feiras pelo interior e comércio. Há cidades que impor-

tam profissionais porque a demanda é maior que a oferta de pessoal para estas pequenas obras. Com o governador bem avaliado, os prefeitos fazem selfies capitalizando apoios e, ao mesmo tempo, mostrando a Renan Filho a tendência de votos para o próximo ano. Outro programa, o Cria, um cartão de R$ 100 mensais que será distribuído a 180 mil famílias, vem também ampliando a audiência de Renan Filho junto aos gestores municipais. Com a Assembleia, o governador tem mantido conversas, exceto com os deputados do grupo mais duro da oposição, como Davi Maia (DEM), Cabo Bebeto (PTC), Bruno Toledo (PROS), Léo Loureiro (PP) e Ângela Garrote (PP). Com R$ 5 bilhões para investir nesse e no próximo ano, o governador Renan

Filho resolveu, semana passada, atender às demandas das empresas do setor de turismo, lançando, em menos de 15 dias, um segundo pacote de R$ 110 milhões com medidas de isenção fiscal e créditos destinados a hotéis, pousadas e transportadores turísticos afetados pelas medidas de restrições e circulação, uma situação agravada na atual fase vermelha. A medida foi bem recebida pelo setor, com a aprovação da Abrasel, ABIH e Fecomércio. Essa negociação foi comandada pelo secretário da Fazenda, George Santoro, cada vez mais apontado como possível candidato a deputado apoiado pelo setor empresarial do estado, onde alguns empresários chegam a defender sua permanência, independente do resultado eleitoral.


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Arthur Lira discursa na inauguração de conjunto habitacional em Campo Alegre, evento também prestigiado pela prima, a deputada Jó Pereira

Sucessão ainda sem nome definido

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grande problema para Renan Filho tem sido a sua sucessão. O tempo está avançando e os aliados cobram uma definição do candidato ao governo do Estado. Vários nomes são citados em reuniões, como o do secretário de Saúde, Alexandre Ayres, elogiado até pela oposição na gestão da campanha de vacinação, e do deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB), parlamentar com trânsito forte na Assembleia e prefeituras. Outros pretendentes, como os secretários Alfredo Gaspar (Segurança Pública) e Maurício Quintela (Infraestrutura), colocam o nome no jogo, mas nenhum deles é o escolhido.

Antes dessa definição, o governador precisa acertar com a Assembleia quem ficará no seu lugar entre os meses de maio e dezembro do próximo ano, quando se afastará para disputar a eleição. Como Luciano Barbosa renunciou ao cargo de vice-governador para ser prefeito de Arapiraca, o nome dos sonhos do Palácio dos Martírios passou a ser Fábio Farias, chefe do Gabinete Civil, e, para isso, o governo reservou várias secretarias, entre elas Ciência e Tecnologia, Agricultura, Prevenção à Violência e Educação, para dividir o governo com os partidos de sua nova coligação.

Mas Marcelo Victor é quem tem a chave nas mãos. Com mais de vinte deputados ao seu lado, o atual presidente da Assembleia diz que não tem pressa nessa escolha, ao tempo que continua ouvindo o seu forte aliado Arthur Lira. Mesmo em Brasília, Arthur Lira movimenta seus aliados e tem recebido os representantes alagoanos no Congresso Nacional com quem trata do processo eleitoral de 2022. Lira é considerado hoje o segundo homem da República, comandando o Congresso Nacional e nomeando ministros, ao mesmo tempo que articula reuniões com o grande empresariado na-

cional e dá orientações ao governo federal na política nacional de vacinação. Mesmo com uma agenda carregada pelos temas nacionais, Lira não se descuida da política estadual e também tem conversado com os deputados estaduais e prefeitos, chegando a marcar presença, como na semana passada, quando participou da inauguração de um conjunto habitacional em Campo Alegre, representando o governo federal. Para seus aliados, a definição dos nomes da oposição para o Senado e o governo do Estado, em 2022, passa pelo gabinete do atual presidente da Câmara dos Deputados. No partido de Lira, vai

crescendo o nome de Fenando Collor para o Senado e o da deputada Jó Pereira (hoje MDB, mas que deve migrar para o PP) para governadora. A deputada, que é prima de Arthur Lira, dá passos para uma disputa majoritária e vem crescendo nas críticas ao governo estadual. Numa decisão recente, o presidente da Câmara nomeou para a Codevasf o ex-deputado Joãozinho Pereira, irmão da deputada Jó Pereira, numa demonstração de força e de sintonia política. Mas Lira tem dito que o tema da sucessão não é para ser definido agora, mas no segundo semestre deste ano.


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PERIGO À VISTA

Porto de Maceió vai armazenar produto com alto potencial destruidor Empresa que arrematou área pretende movimentar no mínimo 29 mil toneladas de ácido sulfúrico para produção de fertilizantes TAMARA ALBUQUERQUE E JOSÉ FERNANDO MARTINS

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nquanto Maceió ainda tenta se recuperar das cicatrizes causadas pela mineração da Braskem, que gerou uma tragédia sem precedentes na história com a instabilidade do solo nos bairros do Pinheiro, Bom Parto, Mutange, Bebedouro e Farol, causando o caos na vida de milhares de famílias e na economia, um novo perigo está se instalando na capital. A área chamada MAC 10, do Porto de Maceió, será utilizada para abrigar reservatório de ácido sulfúrico, produto tóxico, altamente corrosivo e que, em caso de acidente ambiental, pode contaminar cursos de águas tornando-os impróprios para uso em qualquer finalidade. A empresa Timac Agroindústria e Comércio de Fertilizantes, subsidiária do Grupo Roullier (França), conseguiu a concessão da área no Porto de Maceió com um lance de R$ 50 mil em leilão realizado em dezembro do ano passado na B3, a bolsa de valores do Brasil, em São Paulo. O ácido sulfúrico é uma das matérias-primas para indústria de fertilizantes. A empresa Timac tem uma unidade de produção em Santa Luzia do Norte, em Alagoas; Candeias, na

Bahia; e Rio Grande, no Rio Grande do Sul. O EXTRA teve acesso à minuta do contrato entre a Timac e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Nas 78 páginas da minuta do contrato, entre condições e exigências, a expressão “meio ambiente” aparece apenas duas vezes. No contrato de arrendamento, a empresa dedicará os dois anos iniciais para preparação da área para, em seguida, movimentar - uma quantia mínima de - cerca 29 toneladas de ácido sulfúrico. Serão 25 anos de arrendamento que podem se transformar em até 70 anos caso seja do interesse do Ministério da Infraestrutura (Minfra). “A arrendatária [Timac] deverá realizar rotinas de manutenção preventiva nos equipamentos conforme recomendado pelos respectivos fabricantes em sua documentação técnica, ou, em caso da ausência dos mesmos, conforme as melhores práticas internacionais”, especifica o documento. E reforçou: “Caberá à arrendatária providenciar a recuperação, remediação e gerenciamento dos Passivos Ambientais relacionados ao Arrendamento, de forma a manter a regularidade ambiental”. A Timac terá que preparar estudos sobre impactos

Timac ganha área no Porto para armazenar ácido

ambientais, no entanto, o contrato prevê que “o laudo ambiental técnico não necessitará ser previamente aprovado pelo órgão ambiental competente”. A área MAC 10, na capital, é destinada à movimentação, armazenagem e distribuição de granéis líquidos, especialmente o ácido sulfúrico e fica localizada bem próxima do terminal que concentra todo o açúcar para exportação produzido no estado de Alagoas. Quando arrematou o leilão, em 18 de dezembro do ano passado, quando da abertura das propostas, a empresa se comprometeu a investir cerca de R$ 13 milhões no Porto de Maceió, em infraestrutura e geração de empregos. Até o dia 23 de abril de 2022, a administração do Porto está autorizada pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) a manter sua operação e funcionamento. A pandemia do novo coronavírus, no entanto, atrasou o calendário de instalação da empresa no terminal do porto.

A Timac vai funcionar com equipamentos e edificações para embarque, desembarque e armazenamento de granéis líquidos, especialmente ácido sulfúrico, destinados à indústria de fertilizantes. Pelo calendário do processo, a celebração do contrato de arrendamento deveria ter ocorrido em março, mas ainda está na fase de cadastramento. No dia 20 de janeiro deste ano, pelo edital de licitação, foi iniciado o prazo para interposição de recursos contra o leilão vencido pela Timac e a celebração do contrato deveria acontecer em até 45 dias após. A empresa se comprometeu a realizar a movimentação mínima de 29.225 toneladas de ácido sulfúrico por meio de embarcações atracadas no porto. O produto ficará num tanque de estocagem com capacidade mínima de 6,1 mil toneladas. O volume é grande e deve demandar um monitoramento ambiental ainda superior. Esse tipo de armazenagem ocorre normalmente em áreas e polos distantes de grandes centros urbanos, como ocorre em Aratu e Suape. Em Ma-

ceió, a área MAC 10 tem 7.932 m2 e receberá a carga para armazenagem por tubulação ou dutoviário de 609 metros, que ainda será construída. Hoje a Timac possui apenas 5% de participação no mercado brasileiro de adubos e uma das metas é ampliar sua produção no pós-pandemia. A empresa não respondeu aos questionamentos do EXTRA sobre segurança e projeções para investimento e funcionamento. O Porto de Maceió, cuja administração está em trabalho remoto por causa da pandemia, alegou que não poderia se pronunciar em tempo hábil para a edição do jornal, fechada ontem. O IMA em Alagoas deixa claro que o Porto deve manter em bom funcionamento o armazenamento temporário de resíduos sólidos e rejeitos, e realizar investigação para verificar contaminação do solo no local dos tanques, dutos e bacia de contenção de ácidos.


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extra lor de R$ 257.744,42 e tramita na 17ª Vara Cível da Capital / Fazenda Estadual, nas mãos do magistrado Alberto Jorge Correia de Barros Lima. O processo envolve uma multa supostamente expedida erroneamente pelo IMA. A empresa alegou na Justiça que foi alvo de auto de infração em Santa Luzia do Norte, acusada de destinar irregularmente resíduos e embalagens no meio ambiente. O fato foi negado pela Timac que venceu

Leilão de outorga foi realizado em dezembro do ano passado

Ainda conforme o especialista, é necessário todo um aparato tanto na estocagem quanto no transporte do ácido. “O armazenamento tem que ser em tanques com aço inoxidável e revestido com polímeros. Se for um material sem resistência, o ácido provoca facilmente a corrosão”, alertou. Seu contato com os olhos causa graves queimaduras, que podem culminar com perda da visão. Em contato com a pele pode causar desde irritação moderada a sérias lesões, em função da concentração e do tempo de ação. A ingestão causa queimaduras graves. A inalação de vapores pode causar irritação. Também pode reagir violentamente com combustíveis orgânicos e bases fortes. IMA e Timac se enfrentam na Justiça por multa Vale destacar que a Timac e o IMA já se enfrentam na Justiça. O órgão ambiental, no entanto, configura como réu no processo. A ação judicial de número 072486352.2017.8.02.0001, que está em grau de recurso, tem o va-

ainda não foi aberto junto ao órgão. O Porto possui licença ambiental, mas cada empresa proprietária de cada galpão precisa licenciar sua atividade específica”, destacou. “A empresa possui uma filial em Santa Luzia do Norte e arrematou em dezembro do ano passado um terminal no Porto de Maceió, dessa forma a atuação no Porto ainda está passível de licenciamento”, sintetizou.

Histórico de acidentes com produtos químicos

Produto causa E sérias irritações e queimaduras na pele O ácido sulfúrico é corrosivo podendo causar sérias irritações e queimaduras na pele, olhos, vias respiratórias e aparelho digestivo. Pode levar a inflamabilidade a outros combustíveis. O doutor em Química e Biotecnologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e especialista em engenharia de segurança do trabalho pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) José Edmundo Accioly de Souza já teve um incidente com o ácido. “Deixei pingar uma gota em cima do meu calçado. O ácido corroeu o couro chegando na minha pele” contou. Conforme o profissional, o ácido sulfúrico é utilizado até por destilarias e usinas de cana-de-açúcar. É essa substância que permite que o açúcar perca a cor escura tornando-o branco e cristalizado. “É um dos ácidos mais utilizados pela indústria e como qualquer substância corrosiva é necessário muito cuidado no manuseio e na estocagem. Ele causa queimaduras e asfixia com seus vapores. É muito reativo, até com água, causando aquecimento”, explicou.

momentaneamente o processo tendo sua multa suspensa. O EXTRA entrou em contato com o IMA para saber detalhes de como o armazenamento será fiscalizado pelo instituto. “Para que o Instituto do Meio Ambiente se posicione a respeito da fiscalização é preciso que haja um processo de licenciamento, no qual serão apontadas as devidas condicionantes. Segundo informações da Gerência de Licenciamento, o mesmo

m dezembro do ano passado, uma carreta carregada com 18 mil litros de ácido sulfúrico tombou no quilômetro 462 da MG-120, altura de Nova Era, Região Central de Minas Gerais. Devido ao ácido na pista, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) precisou interditar a rodovia para fazer a lavagem do asfalto. Em janeiro do mesmo ano, ainda em Minas Gerais, um acidente com ácido sulfúrico deixou sete pessoas feridas em uma usina de álcool e açú- Porto de Beirute foi totalmente destruído em agosto de 2020 car localizada na zona rural rico do navio M/T Bahamas no sistema local, prejudicando a de Uberaba. De acordo com o Corpo de canal de acesso ao Porto de Rio atividade pesqueira. Na Inglaterra, na cidade Bombeiros, três vítimas sofre- Grande (RS). O acidente ocorram lesões graves nos olhos. reu em agosto de 1998, quan- de Faversham, que era conheOs outros quatro funcioná- do o navio, de propriedade cida por abrigar dezenas de rios tiveram ferimentos com da armadora suíça Chemoil, fábricas de munição e explomenor gravidade. Em 2018, atracou no Porto de Rio Gran- sivos, e estava funcionando a em Betim em Minas, três de carregando 12 mil tonela- todo vapor durante a 1ª Guertrabalhadores da Petrobras das de ácido sulfúrico usado ra Mundial, em 1916 uma forficaram feridos. Um operador na fabricação de fertilizantes te explosão atingiu uma das e dois técnicos de manuten- das empresas Bunge, na época fábricas depois que uma loja ção acompanhavam o teste Manah e Fertisul; e Yara, na próxima, com 25 toneladas de de uma válvula do sistema de época Adubos Trevo. O navio trinitrotolueno (TNT) e 700 ácido sulfúrico 98% quando envolvido no acidente atracou toneladas de nitrato de amônio, pegou fogo e explodiu, vihouve o rompimento da co- em um píer da Petrobras. Por um problema de pres- timando 108 pessoas. nexão de um Indicador Local O mais recente grande de Pressão (PI), emitindo um são nas bombas, o ácido vazou jato de ácido que os atingiu. O para o casco do navio, e, em acidente do tipo aconteceu a operador sofreu queimaduras virtude do risco de explosão 4 de agosto do ano passado no rosto e teve o olho esquerdo com a água salgada, a subs- quando uma mega explosão tância foi bombeada para o ca- destruiu praticamente todo o atingido pelo ácido sulfúrico. Em 2017, as empresas nal do porto. Posteriormente, o Porto de Beirute, no Líbano, Petrobras, Genesis Navega- resto da substância foi descar- matando mais de 200 pessoas tion, Chemoil Internacional, tado no canal de acesso à La- e gerando prejuízos de bilhões Bunge Fertilizantes e Yara goa dos Patos e em alto-mar. de dólares. O local abrigava Brasil Fertilizantes foram Segundo o tribunal, o acidente grandes quantidades de nitracondenadas a pagar R$ 20 colocou em risco a saúde das to de amônio, armazenado sem milhões de indenização pelo pessoas que moram na região, segurança em um edifício porderramamento de ácido sulfú- além de desequilibrar o ecos- tuário por anos.


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SÃO MIGUEL DOS CAMPOS

Prefeitura recebe caminhonete para ampliar vacinação Ação faz parte do programa Vacina Alagoas, lançado esta semana pelo governo do Estado

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prefeito George Clemente (MDB) e a secretária municipal de Saúde, Adeline Carvalho, receberam do governador Renan Filho, na manhã de terça-feira, 6, um veículo modelo L200 para a Secretaria de Saúde de São Miguel dos Campos. Trata-se de uma caminhonete que vai ajudar no enfrentamento à covid-19, servindo como um apoio para as ações de vacinação, principalmente na zona rural. Segundo o governador Renan Filho, todos os municípios precisam estar em sintonia com o governo estadual para atender ao Plano Nacional de Vacinação. Incentivos financeiros para combater a

covid-19 também foram anunciados. O prefeito George Clemente agradeceu ao governador Renan Filho e ao secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, pelo apoio a São Miguel durante a pandemia e neste momento em que a vacinação em Alagoas está avançando. “Agradeço por esse veículo, pelas doses de

vacinas que estão chegando semanalmente e por todo o apoio nessa luta que estamos enfrentando. Com certeza iremos sair dessa mais fortes”, concluiu. A doação é parte do cronograma do Vacina Alagoas, programa que tem como objetivo reforçar a luta contra o novo coronavírus.


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PANDEMIA

Total de mortos em Alagoas supera população de Mar Vermelho e Pindoba Flexibilização anunciada por Renan Filho não tem justificativa, diz especialista da Ufal BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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lagoas tem registrado uma média de 140 mortes por semana nos últimos 21 dias, segundo dados do Observatório de Políticas Públicas de Enfrentamento à Covid-19. Os números assustam ainda mais quando são comparados o número total de óbitos desde o início da pandemia, em março do ano passado, e os dados populacionais de alguns municípios. Com o primeiro óbito sendo confirmado no dia 31 de março de 2020, o estado somava até a quarta, 7, 3.710 mortes causadas pela doença. O número é maior que a população inteira das cidades de Mar Vermelho e Pindoba, com 3.514 e 2.908 habitantes, respectivamente, de acordo com o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019. O número também daria para lotar o Estádio José Gomes da Costa, de Murici, que tem capacidade para 3.829 torcedores. O número de pessoas infectadas pela doença de acordo com o boletim do dia 7 - 158.069 - é maior do que a soma de habitantes da terceira a da quarta maiores cidades de Alagoas, Rio Largo e Palmeira dos Índios, com 75.120 e 73.218 habitantes,

respectivamente. Apesar do número de óbitos assustar, Alagoas vive uma tendência de desaceleração da transmissão do coronavírus e de mortes pela doença, segundo o relatório da 13ª Semana Epidemiológica (SE) de 2021. “Os indicadores apontam para uma desaceleração na transmissão, representada na queda do número reprodutivo efetivo que no último sábado (3) estava estimado em 1,03. Isso representa que cada 100 infectados contaminam 103 pessoas. Para que a transmissão esteja sob controle, esse número deve ser menor que 1”, explica o coordenador do Observatório, o professor e pesquisador Gabriel Bádue. Maceió e Arapiraca continuam liderando a incidência tanto de casos quanto de óbitos. Com relação aos novos casos, na 13ª SE a capital e o segundo maior município do estado registraram 199 casos para cada 100 mil habitantes, sendo seguidos pela 1ª Região de Saúde (RS) que registrou 165 casos para cada 100 mil habitantes. Em relação aos óbitos, a 9ª Região Sanitária foi a que apresentou a maior variação com a notificação de 17 óbitos, equivalente a 7,2 óbitos para cada 100 mil habitantes. Desta forma, a incidência de óbitos da região de Santana do Ipanema ficou entre

Covid-19 continua fazendo vítimas no estado

as observadas em Maceió e Arapiraca, respectivamente, iguais a 7,6 e 6,9 óbitos para cada 100 mil habitantes. “A situação ainda é muito grave. Há alguns sinais de estabilidade na incidência de casos e óbitos, que, em comparação com a semana anterior, apresentaram pouca variação. Em um contexto em que a taxa de ocupação dos leitos de UTI é próxima de 90%, o cenário pandêmico em Alagoas ainda é crítico, apesar de sinais de desaceleração apontados por alguns indicadores”, reforçou Bádue. Mesmo com a aparente estabilidade em um número considerado alto e a necessidade de diminuição do número reprodutivo de infecção, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), liberou na última terça-feira o funcionamento de bares e restaurantes no horário das 5h às 16h, de segunda a sexta-feira. A flexibilização das res-

trições impostas no estado ocorre no mesmo momento que Alagoas tem ocupação de 89% dos leitos de UTIs (Unidade de Tratamento Intensiva) na rede pública para pacientes com covid-19. Vale ressaltar que Alagoas está com o toque de recolher das 21h às 5h, sendo proibida a circulação de pessoas sem justificativa, e horários distintos para funcionamento do comércio. Além disso, estão proibidas atividades nas praias, rios e lagoas nos fins de semana. “Recebemos a decisão do governo com surpresa porque olhamos os indicadores que temos acessos e divulgados pelo próprio governo e não percebemos nenhuma queda de casos ou óbitos, nem ocupação hospitalar com uma média mantida em 90% que justifique a decisão. Olhando esses números achamos que as medidas anteriores deveriam ser mantidas até que os números começassem a cair nova-

mente”, explica o professor da Ufal. De acordo com o painel Alagoas Contra o Novo Coronavírus, até a terça, 6, a taxa de ocupação de leitos estava em 57% em todo o estado, sendo 89% de ocupação em UTI; 55% em UTI intermediária e 47% em leitos clínicos. Maceió, que tem despertado a atenção dos pesquisadores pela onda de infecções, está com 90% dos leitos de UTIs para pacientes com covid-19 ocupados. Já no interior, São Miguel dos Campos, Palmeira dos Índios e Penedo estão com todos os leitos de UTIs ocupados, incluindo os clínicos. Segunda maior cidade de Alagoas, Arapiraca estava em situação crítica com 94% de ocupação dos leitos de UTI e 68% dos leitos clínicos. Já Santana do Ipanema e Marechal Deodoro atingiram 100% de ocupação dos leitos para pacientes com covid-19.


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INFLUENZA

Vacinação contra gripe começa na próxima segunda-feira Cresce procura por imunizante na rede particular; preço varia de R$120 a R$150 MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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m tempos de pandemia do novo coronavírus, onde o fique em casa cada vez mais ganha força, a rede privada deu pontapé inicial com a campanha de vacinação contra gripe influenza com destaque a importância da imunização para evitar aglomeração e idas a hospitais. A procura tem aumentando e embora não existe uma tabela de valor, no país varia entre R$120 e R$150. Já a vacinação pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que disponibilizará o imunizante gratuitamente, começará dia 12 de abril. Todos os anos, a influenza causa centenas de milhares de internações e dezenas de milhares de mortes no Brasil e no mundo. Na rede privada, todos as pessoas a partir dos 6 meses de vida podem se vacinar, se não tiverem contraindicações médicas. As doses protegem contra quatro cepas (sorotipos) do vírus, incluindo uma das mais conhecidas, a H1N1 que tanto assustou em 2016. A recomendação da ABCVAC (Associação Brasileira das Clínicas de Vacina) é de que a vacinação seja disponibilizada entre os meses de abril e junho. Porém, ela deve continuar durante toda a temporada de gripe, enquanto o vírus estiver circulando. A rede privada, que iniciou em março a campanha anual de vacinação contra a Influenza, ressalta a importância da imunização neste período pandêmico. “Em 2020 as clínicas foram responsáveis por aplicar mais de 7 milhões de doses, e para esse ano a expectativa é maior, uma vez que há mais ofertas de imunizantes”, afirmou o presidente da ABCVAC, Ge-

raldo Barbosa. Segundo ele, ao tomar a vacina, o indivíduo está evitando as complicações de uma gripe e a chance de idas e vindas a hospitais, em um momento no qual o sistema de saúde está sobrecarregado e a força de trabalho saturada. “Imagina que já começamos a estação com hospitais lotados. Se eles ainda tiverem que lidar com mais casos de internação vai ser ainda mais complicado”, preocupa-se Barbosa. A infectologista Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, reforça que “gripe é uma doença grave e pode ter sua circulação simultaneamente à do coronavírus. A vacinação nesse momento é muito importante”, alertou. Segundo o Ministério da Saúde, considerando a ausência de estudos sobre a coadministração das vacinas, não é recomendada a aplicação de doses contra a covid-19 e a influenza simultaneamente – orienta-se um intervalo de 14 dias entre uma e outra. “Esse é mais um motivo para que as pessoas ainda não previstas no plano de vacinação contra o coronavírus vacinem-se contra a gripe. Lembrando que para as faixas que podem se vacinar, a orientação é priorizar a imunização contra a covid-19”, reforçou Barbosa. Segundo o executivo, é nessa campanha, em especial, que as clínicas mostram seu poder de trabalhar em conjunto com o PNI (Programa Nacional de Imunização): “Somos responsáveis por 8% de todas as doses aplicadas no país, atuando tanto com as pessoas que mesmo cobertas pelo setor público preferem se vacinar com a gente, quanto com os pacientes que não estão contemplados pelo programa”, explicou.

ALAGOAS NÃO DEFINE LOGÍSTICAPARA VACINAÇÃO

Segundo assessoria da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, tudo sobre o assunto somente seria definir ontem, quinta-feira (8). “A secretaria está se debruçando sobre a situação para definir tudo a respeito da vacinação”, garantiu. Já na Sesau (Secretaria de Estado da Saúde) ninguém se pronunciou sobre o assunto. Vale ressaltar que este ano, os grupos prioritários para o setor público são crianças entre 6 meses a 6 anos , gestantes e puérperas, povos indígenas, trabalhadores da saúde, idosos acima de 60, professores das escolas públicas e privadas, pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, pessoas com deficiência permanente, forças de segurança e salvamento, Forças Armadas, caminhoneiros, trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso, trabalhadores portuários, funcionários do sistema prisional, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas e população privada de liberdade. PREVENÇÃO A gripe pode ser prevenida com medidas simples, como: lavar as mãos com água e sabão; fazer a higienização com álcool gel 70%; não compartilhar objetos de uso pessoal; manter ambientes bem ventilados; e evitar aglomerações em épocas de surto.


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AUXÍLIO AOS MUNICÍPIOS

Programa Vacina Alagoas é lançado pelo governo em parceria com a AMA

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onsiderada a única forma segura e eficaz de combater os efeitos nefastos do coronavírus, a vacinação da população alagoana ganhará mais estímulo. Na última terça-feira (6), o governador Renan Filho lançou o Programa Vacina Alagoas, que vai auxiliar e incentivar os municípios para aceleração da imunização no estado. O presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Hugo Wanderley, participou do evento e destacou que a iniciativa reforça o apoio do governo aos gestores municipais, que são grandes parceiros na guerra contra a covid-19. O programa investirá mais de R$ 31 milhões, sendo R$ 20 milhões para aquisição de alimentos que serão distribuídos, com a interlocução da AMA, para famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais. Outros R$ 11,3 milhões vão para ajuda de custo aos municípios alagoanos, viabilizando reforço na vacinação com aumento de equipes profissionais, equipamentos e insumos. Alagoas já é um dos estados mais eficientes no trabalho de imunização de sua população contra a Covid-19 e o novo programa pretende intensificar ainda mais os esforços no sentido de fazer a vacina recebida chegar o mais rapidamente possível ao braço do cidadão em todas as cidades. Os municípios com até 50 mil habitantes receberão R$ 100 mil e, os com mais de 50 mil moradores, R$ 200 mil. “Os municípios vão receber 50% desses recursos [R$ 11,3 milhões]. A segunda metade só será destinada ao município que atingir 90% do uso das doses recebidas. Isso é um desafio para os prefeitos e vai estimular que cumpram bem o papel de vacinar a população. Vamos, ainda, divulgar um ranking para que o cidadão de cada cidade tome conhecimento de como anda a vacinação em

seu município. Isso vai estimular que a população cobre do seu gestor municipal mais agilidade”, informou Renan Filho. O anúncio do programa aconteceu durante solenidade semipresencial no Salão de Despachos do Palácio República dos Palmares, com as presenças dos secretários de Estado da Saúde, Alexandre Ayres; da Fazenda, George Santoro; e do Planejamento, Gestão e Patrimônio, Fabrício Marques. Na ocasião, o governador fez a entrega de dez caminhonetes aos municípios de União dos Palmares, Chã Preta, Marechal Deodoro, Viçosa, São Miguel dos Campos, Delmiro Gouveia, Palmeira dos Índios, Penedo, Santana do Ipanema e Passo do Camaragibe.

Os veículos serão utilizados nas atividades das equipes do Programa Saúde da Família (PSF) da zona rural dos municípios contemplados e nas ações de vacinação contra a covid-19. O presidente da AMA destacou o trabalho conjunto desenvolvido pelo governo do Estado e os municípios alagoanos no enfrentamento à pandemia em Alagoas. “O governador Renan Filho, mais uma vez acerta com esse olhar apurado que tem das dificuldades que os municípios enfrentam para que possamos estruturar ainda mais as nossas casas vacinais, investir nas equipes que estão na linha de frente e avançar na vacinação”, declarou Hugo Wanderley.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Traumas graves Nessas relações tóxicas ou abusivas o cônjuge que “perde” vai apresentar, num futuro próximo, traumas graves de personalidade e danos psíquicos. Alguns deles capazes de destruir a capacidade de criatividade, acaba com a autoestima, a pessoa perde o controle sobre sua vida, sobre o seu desejo, suas escolhas de vida, enfim, perde a sensibilidade do que é o realmente viver.

Não é agressão física

“Na alegria e na tristeza... A ilustração que está na página é perfeita no sentido amplo da frase: “Esta relação está acabando comigo ...” Ou seja, é uma relação tóxica no sentido de acabar com a vida da pessoa, seja no aspecto da autoestima como também financeiro, sossego, enfim. São infinitas as possibilidades do “acabar”. Embora na ilustração seja algo “engraçado”, esse “acabando” é uma realidade no dia a dia quando se trata de uma relação tóxica entre marido e mulher, principalmente. E não é apenas nessa relação entre cônjuge que está “acabando” com uma das partes envolvidas, há também relação tóxica entre pais e filhos, tios e sobrinhos, avós e netos e muitos, muitos outros. A palavra relação, como o próprio indica na sua origem, significa “ação de dar em retorno”. Se isso não está acontecendo, está havendo tudo, menos relação. A relação pressupõe mão dupla, vai e vem, é dar e receber. O termo serve principalmente no relacionamento entre marido e mulher.

Não é relação Qualquer que seja uma relação pressupõe-se um pacto. No contrato nupcial os noivos invocam o “na saúde e na doença; na alegria e na tristeza ...” Isso é um pacto e representa uma relação, que se supõe existir entre as duas pessoas. Mas quando a relação (entre marido e mulher) deixa de ser pacto e se torna uma luta pelo poder um sobre o outro, quem é mais inteligente do que o outro, mais popular do que outro, acabou-se, de fato, a relação. Na minha experiência clínica há casos de marido e mulher que lutam entre si para que um deles possa ser melhor do que o outro. Ou seja, surge uma guerra em que subjugar, humilhar e apagar o outro é o objetivo e “se torna o normal”. Isso não é relação.

Quem está num processo de relação tóxica, às vezes nem percebe devido a astúcia do(a) manipulador(a). A manipulação pode ser tanto da mulher quanto do homem, um contra o outro. A agressão e relação tóxica podem estar ocorrendo com palavras de humilhação, desrespeito e também por ameaça física e psicológica. Portanto, para que ocorra uma relação tóxica não é necessário ocorrer agressão física.

Um “ganha” Muitas vezes a pessoa não percebe ou não tem consciência de que está numa relação tóxica. O pior é que a situação vai aniquilando, aos poucos, com a saúde mental da pessoa. Mesmo numa relação tóxica, às vezes, ainda há um “ganho” para a pessoa que está sofrendo. Às vezes mesmo sabendo e ainda assim continua, é devido aos “ganhos”, inclusive material; dependência emocional e assim por diante. Portanto, o desafio é a pessoa “descobrir” através dela mesma, mas uma psicoterapia ajuda a pessoa a perceber se realmente está havendo uma relação tóxica.

Difícil A dependência financeira e ou emocional, seja do homem ou da mulher, muitas vezes impede a pessoa de tomar uma atitude de libertação dessa relação tóxica. Muitas vezes a pessoa confunde proteção com amor por estar confusa com a relação de manipulação que está sofrendo. Por isso, muitas vezes, é tão difícil livrar-

CERTEZA A vida é uma eterna incerteza, mas certeza temos quando temos alguém de certeza. (Arnaldo Santtos, psicólogo) se dessas relações. A pessoa simplesmente se encontra perdida e confunde amor com proteção. O resultado é a aniquilação do sentido de viver da pessoa. A pessoa, inclusive, pode perder a capacidade de viver a sua própria vida, os seus próprios desejos, seus próprios destinos e suas próprias escolhas, tamanha é a incapacidade de enxergar o problema ou, mesmo consciente, incapaz de se libertar. Muitas vezes nesse processo a pessoa se deprime e pode chegar até, a cometer o suicídio.

Psicoterapia imediata Qualquer que seja o sinal de abuso de um dos cônjuges sobre a liberdade do outro, é indício de que está havendo uma relação tóxica. E nesse caso o melhor a se fazer é entrar num processo psicoterápico. Mas, cuidado, liberdade tem limite e ele é pactuado entre o casal logo no início em que se expressa: “... na alegria e tristeza...” independentemente de ter havido

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - “O Brasil é uma bomba relógio e caminha para se tornar o pior país do mundo em mortes por covid”.

Mortes anunciadas

O olho do dono

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oradores de rua em Maceió estão se infectando e indo a óbito pelo descaso de quem deveria cuidar, em se tratando de vidas humanas, castigadas pelas adversidades, jogados nas marquises e nos escombros de prédios abandonados. Pela narrativa que recebi a situação se apresenta como dramática e causa indignação, pois alguns desses moradores de rua, principalmente os mais idosos, já vieram a óbito, sem qualquer atendimento hospitalar. Fiz contato com ouvidoria do Ministério Público que informou que já foi aberto processo investigativo para apurar a grave denúncia e buscar responsabilizar os culpados. Sabemos que há um calendário nacional de vacinação controlado pelo Ministério da Saúde, que não faz previsão de atendimento de moradores de rua, mas apenas daqueles que estão em albergues ou casas de acolhimento, esquecendo aqueles ainda mais vulneráveis: os que

Acreditando na máxima “o olho do dono é que engorda o gado”, o prefeito JHC tem feito malabarismo diante da quantidade de atividades que são tocadas pela Prefeitura de Maceió. Não bastasse a rotina de vacinação, na qual está na linha de frente e acompanhando cada etapa, seus detalhes e a correção das ações, ainda arranja tempo para despachar a pauta administrativa, percorrer obras em andamento e manter contatos políticos. Não é sem razão que alguns auxiliares já dão sinais de esgotamento.

Onde passa um boi... se mantêm nas ruas, praças e viadutos. A culpa não deve recair no governo estadual ou prefeituras, mas bem que poderia haver uma mobilização conjunta para buscar uma solução urgente visando estancar as mortes que se anunciam, caso alguma medida não seja tomada.

Militar não é vacina

O presidente falastrão, negacionista e irresponsável, que deixou de comprar vacinas em tempo hábil, causando a morte de milhares de brasileiros, vem agora, com a hipocrisia que lhe é peculiar, anunciar que o “seu” exército irá contribuir com a campanha de vacinação, para imunização da pandemia em todo o país. Pura lorota dessa figura desprezível que se arvora de conduzir o Brasil, levado ao poder pelo maior equivoco eleitoral de nossa história política. Alegou o governo que os militares atuarão em duas frentes. 1. Na logística do programa de vacinação, o que é uma piada. A distribuição de vacinas tem tido um desempenho excelente, graças exatamente à logística montada pelo Ministério da Saúde na gestão do ministro Pazuello, usando sua própria estrutura de pessoal, com apoio impecável do Ministério da Infraestrutura. Não precisa de militares no seu desempenho. 2. Uso de militares no processo de vacinação. Outra mentira deslavada do governo. Os poucos militares aptos a vacinar seriam aqueles do quadro de saúde das Forças Armadas, que é um número reduzido. Os demais, aos milhares, naturalmente ficariam a “guardar” as vacinas geladas em caixas de isopor e entrega-las aos profissionais de saúde, que fazem a linha de frente da vacinação. Muito mais eficiente e que alguns estados já estão adotando seria a convocação voluntária de acadêmicos de medicina e odontologia em número até maior que os militares e tecnicamente preparados para executar a vacinação. Esse governo destrambelhado deveria agir para buscar vacinas, na tentativa de recuperar o tempo perdido por negligência do próprio presidente, que deveria aprender: militar não é vacina.

O pai da matéria

Depois de um longo e demorado caminho na Câmara dos Deputados e enviada ao Palácio do Planalto, finalmente foi sancionada, pelo presidente da República, a nova Lei de Licitações e Contratações Públicas. O novo texto representa um grande avanço, trazendo mais transparência e segurança jurídica, além de mais agilidade nos procedimentos licitatórios. A ideia de um novo estatuto jurídico para as licitações e contratos na Administração Pública tem como autor o senador Renan Calheiros, quando ainda presidente do Congresso Nacional. A lei já está em vigor desde o dia 1° de abril, valendo para a União, Estados e Municípios.

No começo o critério de vacinação era apenas por idade e aqueles que possuíam alguma comorbidade grave. Como tudo o que acontece no Brasil, com o passar dos dias algumas categorias começaram a buscar “furar a fila” para obter o benefício, algumas merecidamente e outras nem tanto. Médicos e enfermeiros que estavam na linha de frente, em seguida todo o pessoal da área de saúde, mesmo os que ficaram em casa, aí a coisa foi se estendendo e hoje 16 categorias já reivindicam o direito. Depois dos professores e integrantes da segurança pública, deputados já tinham aprovado o texto-base de uma proposta incluindo no grupo trabalhadores como oficiais de justiça, coveiros, taxistas, garis, entre outros. Entre os destaques selecionados para uma nova votação está uma proposta do PT, de autoria da deputada Benedita da Silva (PT-RJ), para incluir trabalhadores e trabalhadoras domésticas. O PCdoB também apresentou destaque para incluir funcionários da Caixa Econômica Federal na lista de grupos prioritários. Coisas do Brasil: onde passa um boi, passa uma boiada.

PÍLULAS DO PEDRO Prefeitura de Maceió iniciou esta semana o processo de limpeza do Riacho Salgadinho. A paisagem mais degradante do turismo da capital. Bares e restaurantes dão um suspiro com a flexibilização das restrições. Abrem agora para almoço. Por enquanto só isso Deputado Marx Beltrão, na presidência da Frente Parlamentar em Defesa do Turismo, tem sido defensor constante dos pleitos de Alagoas.


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A face (nada) oculta da justiça brasileira

ELIAS FRAGOSO

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n Economista

s instituições brasileiras estão funcionando e a Operação Lava Jato vai bem graças a Deus e ao juiz Moro”. Sabem quem falou isso em 2016? O ministro Gilmar Mendes, então defensor ferrenho da Lava Jato e do juiz Moro na condução da maior operação brasileira contra bandidos travestidos de políticos e empresários ladrões. Em 2021, os fatos então apoiados por Gilmar, misteriosamente (?) transmutaram-se, para ele, em “práticas autoritárias” dignas de um “regime soviético” adotado pela “República de Curitiba”. Que era necessário “dar a Lula a chance de um julgamento justo” (sic! sic!). Isso depois de o petista ter

sido condenado nas três instâncias da justiça! Estranha mudança do ministro, logo ele que só se referia ao governo dos vermelhos como uma “cleptocracia”... Enquanto dava um cavalo de pau nas suas opiniões, “esquecendo” bilhões de reais devolvidos aos cofres públicos ou a corrupção estrutural e sistêmica que abalou e tomou conta do país nos governos de Lula e Dilma, ele “manobrou” para aplicar a Moro a pecha de suspeito na condução da Lava Jato, o que abriria a porta da cadeia e dos processos para toda a canalha bandida deste país condenada pelo juiz. E isso tem um preço altíssimo. Obstado em sua sanha na Segunda Turma do Supremo pelo “novato” indicado por Bolsonaro (interessado em manter Lula inelegível), perdeu o resto da rasa compostura agredindo-o e denegrindo-o, mas logo foi buscar na ministra Carmen Lúcia a saída para o “problema”. Que não se fez de rogada. Mudou seu voto de dois anos antes a favor de Moro e da Lava Jato alegando cinicamente que fatos novos – que não houveram – levaram-na a mudar de posição. Estava formado o trio do liberou geral: Carmen Lúcia (indicada pelo petismo), Gilmar (ligadíssimo aos tucanos) e Lewandovsky (petista de quatro cos-

tados) que assegurou a suspeição do ex-juiz e abriu a porteira para todos os demais condenados. No próximo dia 14 o pleno do tribunal delibera sobre o tema. Esperase que os demais membros daquela casa acordem para a safadeza urdida contra o país e para o tamanho do problema que está sendo criado para todo o aparato da justiça e para a sociedade deste país, já tão degradado e com seu tecido social prestes a se romper. A manobra urdida por Gilmar teve que esperar 2 anos, pela aposentadoria do decano do tribunal Celso de Mello, já que sabia não contar com seu voto para a basófia que queria aprontar, e ainda assim, para ganhar, teve que se valer da patranha das provas ilícitas colhidas de hackers como “reforço argumentativo”. Uma pantomina digna dos mais reles cabarés. A “acelerada” de Gilmar para votar o caso deveu-se à estranhíssima decisão do ministro Facchin que dias antes havia anulado todos os atos da 13ª Vara Federal de Curitiba (e junto, as condenações de Lula), deixando implícito que aquela iniciativa livraria Moro da suspeição da Segunda Turma (sic). Errou feio. O contragolpe – baixo – de Gilmar foi fulminante,

desconsiderou a decisão do colega e levou o caso à mal afamada turma do Supremo. Vencedor na suspeição de Moro, Gilmar passa a ser o responsável por apreciar todos os casos semelhantes de ladrões condenados pela Lava Jato. Uma manobra de mestre. Afinal, mais de 30% do PIB brasileiro foi ou está condenado pelo então juiz Moro. Está pronto o liberou geral. Durante a cessão de suspeição do ínclito Moro, Gilmar cinicamente perguntou se algum dos presentes compraria um carro do ex-juiz. E eu pergunto: você compraria um de Gilmar? Até quando estupros não consentidos da lei irão continuar? Há duas semanas o Supremo fez a Nação brasileira engolir uma super pizza mal engendrada feita com carne podre e tendo a Lava Jato como pano de fundo para a suspeição de uma das figuras mais probas do judiciário brasileiro, o ex-juiz Moro, a suspensão do apenamento do ladrão petista condenado em primeira e segunda instância e a fresta aberta para anular toda a operação. No Brasil, a lei, hoje, não é o que está escrito ou para ser cumprida; é apenas aquilo que os ministros dos tribunais superiores querem no momento.

No Brasil, a lei, hoje, não é o que está escrito ou para ser cumprida; é apenas aquilo que os ministros dos tribunais superiores querem no momento.


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Coitados de nós, patrões

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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ui criada num lar de classe média, onde o pai era funcionário público e a mãe era do lar. Ela sempre teve duas, três empregadas domésticas. Fomos acostumados a tratá-las com gentileza e, no fim, depois de vinte, trinta anos, viravam amigas da família. Sendo meu pai fiscal do INSS, elas, nossas ajudantes, tinham seus direitos respeitados. Saíam de nossa casa e voltavam de vez em quando para nos visitar. Desde 1963 passei a ter minha própria casa e contratar ajudantes, pois como funcionária estadual trabalhava fora. Nunca uma auxiliar minha era demitida e virava nossa inimiga. Eu e minhas irmãs, seguindo o exemplo de nossa mãe,

tínhamos cozinheiras, lavadeiras e copeiras. Não existia a figura da faxineira. O relacionamento entre patroas e empregadas era amigável. Uma de minhas irmãs, depois de vinte e cinco anos com uma auxiliar, internou-a no Hospital do Coração e, infelizmente, ela morreu antes de ser operada. O desejo dela era ser enterrada no lugar onde nasceu e a patroa, humana, levou o corpo de sua empregada para o sertão das Alagoas. De repente, apareceu a Justiça do Trabalho, e os empregados inventaram a célebre frase “botar no pau”, isto é, processar os patrões. Eles, os ajudantes, sempre ganham, mesmo que mintam, inventem histórias, mal orientados por alguns advogados. Contarei fatos que comprovam tal tese: uma amiga minha teve um auxiliar na fazenda por mais de trinta anos. Pagou todos os seus direitos, até que ele se aposentou e foi reclamar na Justiça. Depois de ter analisado o caso detalhadamente, o juiz viu que a patroa era correta e tinha razão. Mesmo assim, disse o moço: “A senhora está certa, mas ele trabalhou muitos anos e merece uma ajuda”. E decretou que a patroa pagasse mais de três mil reais ao cidadão, além do que já havia pago. Incrível!

Tive uma faxineira durante nove anos, que trabalhava na minha casa dois dias por semana. Todo ano, apesar de ela não ter direito ao décimo terceiro salário, eu pagava a ela uma gratificação natalina, valor igual ao que recebia mensalmente. Saiu de minha casa e foi reclamar na Justiça do Trabalho, querendo receber uma indenização de vinte e sete mil reais. O juiz analisou a causa e viu que ela não tinha razão nem vínculo empregatício. Mas o magistrado afirmou: “Se ela trabalhou nove anos com a senhora, é uma boa empregada”. E eu repliquei: E eu uma boa patroa! Ele riu e concluiu: “Dê uma ajuda a ela de três mil reais”. A faxineira mentiu, contou horrores e venceu. Recentemente, durante dois anos, tivemos um bom empregado. Estava normalmente alegre, me ajudou bastante na doença de meu marido, enfim, era uma boa pessoa. Um belo dia, estava almoçando e foi chamado pela família para socorrer a mulher que estava no lugar errado, com pessoas erradas. Foi para casa e voltou no dia seguinte, envergonhado, completamente diferente. Depois de uma semana irritado, de cara feia, pediu para sair. Mas, disse no processo que foi mandado embora. Em

Entre Ciência e obscurantismo

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CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

Ciência, desde o início desta pandemia, tem alertado para a seriedade desse vírus que tem ceifado tantas vidas, enlutado tantas famílias, distribuído tanta dor. O obscurantismo, por sua vez, nega a importância da covid-19, induzindo a que todos creiam que esse mal não passa de mera gripezinha. A Ciência prega o distanciamento social como possibilidade

de prevenir o contágio e a disseminação do vírus. O obscurantismo, enganando a todos, divulga que o distanciamento social é isolamento, e que isso é prejudicial à saúde, pois causa doenças paralelas que nada têm com o coronavírus. Uma meia-verdade. A Ciência orienta a que todos usem máscaras e distanciamento pessoal no externo ao lar e nos eventuais encontros sociais, também visando a prevenção do contágio e a disseminação do vírus. O obscurantismo entende que esses cuidados são bobagens, que todos vamos ser contaminados; uns serão curados, outros falecidos. A Ciência luta pela busca da cura, através de vacinação em massa. O obscurantismo nega a vacina, põe obstáculos à sua aquisição e, quando inevitável, anda a

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passos de cágado na sua aquisição. Como a morte é uma verdade insuperável, como no adágio popularesco, “quem for podre que se quebre”. A Ciência preocupa-se com a preservação da vida em primeiro lugar. O obscurantismo destaca a supremacia da economia. A Ciência acredita que quanto mais distanciamento social, cuidados com uso de máscaras, higienização, vacinas, e isolamento nos momentos mais críticos da pandemia, menos caótico estará o sistema de saúde e, portanto, mais chances teremos de superação e sobrevivência. O obscurantismo nada em contrário à corrente. Essas bobagens são pregação da mídia inconsequente e interesseira; são atentados à liberdade individual. O caos da saúde é pura

quem o juiz vai acreditar? No momento atual, a pessoa trabalha um ano, dois anos, muda a maneira de agir, sai do emprego e judicializa o caso. A primeira grande inverdade: pede para sair e diz na audiência que foi mandada embora. A maioria dos juízes acredita na parte menos favorecida. Certa feita, eu afirmei revoltada: Doutor ela está mentindo. Ele respondeu: “Minha senhora, há vinte anos escuto mentiras”. E riu. Criou-se, então, uma situação crítica entre patrões e empregados. Esses últimos, quando querem algum dinheiro, vão à Justiça, mentem, inventam histórias mirabolantes e ganham no final. Para completar a situação criada pelos empregados e empregadas, alguns advogados orientam seus clientes para fantasiar o caso e mentir. Atualmente, criou-se um clima de inimizade entre os patrões que precisam dos empregados e eles que esperam receber altos valores ao deixar o emprego. Convivemos, nós, donas de casa, com possíveis inimigas ao nosso lado. Acham que têm dinheiro a receber e para tal, devem “botar as patroas no pau”. Não vejo saída para melhorar tal situação.

invenção do jornalismo. A Ciência tem salvado vidas, não apenas na pandemia atual, mas em todos as situações passadas em que alguma doença traga perigo à humanidade. O obscurantismo só tem causado mortandade em outras épocas, e agora não tem sido diferente. As aglomerações, consequências da pregação obscurantista e da ignorância conveniente de muitos, têm levado o sistema de saúde a pontos críticos, o governo fazendo vista larga à necessidade de prover os hospitais de equipamentos apropriados, novos leitos de terapia intensiva, e o que mais necessário à superação da crise. O obscurantismo aprecia o risco, o que considera corajoso e intimorato. A Ciência opta pela vida.

Criou-se, então, uma situação crítica entre patrões e empregados. Esses últimos, quando querem algum dinheiro, vão à Justiça, mentem, inventam histórias mirabolantes e ganham no final.

A Ciência tem salvado vidas, não apenas na pandemia atual, mas em todos as situações passadas em que alguma doença traga perigo à humanidade.


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Maceió dos anos 60

GERALDO MAGELA n Procurador de Justiça

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aposentado e cronista

aceió nos anos 60 tinha aproximadamente 160.000 habitantes. Oriundo de Porto Calvo, vim fazer o exame de admissão ao ginásio. A Avenida Thomaz Espíndola, àquela época, tinha pouco movimento. Hospedei-me naquela avenida na casa de uma tia. Próximo residia Dr. Rubens Quintela. Este cidadão, famoso e respeitado, por duas vezes, - a primeira eu ainda criança, quando mordido por um cachorro, a segunda eu já promotor de Justiça -, prestou-me dois favores. Na Thomaz Espíndola ali permaneci

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por pouco tempo. Fui para o Poço, onde meus tios alugaram uma casa para minha mãe. Ali vivi minha adolescência. Em 1964, com quinze anos incompletos, não entendi aquilo que à época se chamou de revolução. Hoje se entende ter sido um golpe militar. Maceió era uma cidade provinciana. A praia da Avenida da Paz era o ponto de encontro dos banhistas da cidade. Ponta Verde era sítios. Cruz das almas ainda desabitada. No comércio a loja mais importante, que sempre me encantou, era a quatro e quatrocentos. Frequentava, aos domingos o Cine Plaza, no Poço. No bairro de Ponta Grossa existia um bom cinema, Cine Lux. O Edifício Breda, no Centro, inaugurado na década de 60, fez surgir uma Maceió da era de novos prédios, onde os bons consultórios médicos se instalaram. Havia Kombi lotação que fazia o percurso Faro-Centro. A parte alta terminava no quartel do Exército. Inexistia a ponte Divaldo Suruagy, e o acesso a Barra de São Miguel, ou ao Gunga,

praias paradisíacas, só contornando pela BR. As lojas da Rua do Comércio, em finais de semana, exibiam suas vitrines para o deleite da população. O paraibano Sandoval Caju, por voto direto, tornou-se prefeito de Maceió. Radialista e popular, construiu e reformou muitas praças. Nos bancos colocava o S que jurava ser de cidade sorriso. As praças logo, logo se enchiam de gente que curtia passear. Foi nesta Maceió alegre, provinciana, pequena, que de adolescente me fiz adulto. Que em 1968 fui trabalhar na Rua da Alegria, atual Joaquim Távora, em uma Cia. de Seguros. Posteriormente, no Banco Nacional. Foi nesta Maceió, dinâmica e alegre, que, no Mutange, hoje bairro abandonado, assisti os clássicos CSA e CRB. No estádio da Pajuçara vi o desempenho fantástico de Roberto Menezes, volante de extraordinário talento. Que vi Pelé jogar, na inauguração do Trapichão, em 1970, quando ainda se comemorava a conquista da copa. Alagoas produzia excelentes talentos nesta área. Tonho Lima, Bernardo, Roberto Menezes, Paranhos, dentre outros. Maceió sempre foi e continua sendo, para mim, uma cidade extraordinariamente linda. Belas praias. Linda história. Jaraguá, com seu bairro histórico, ali passou a história econômica de uma urbe que nasceu para ser grande. Sente-se também, naquele bairro, o drama humano das histórias tristes dos cabarés que ali existiam. O Jaraguá é como você sentisse o cheiro do açúcar produzido pelos banguês ou os latifundiários sequiosos. É como se ouvisse, ainda, a música das boates, em ambiente de penumbra, de homens hedonistas e nunca satisfeitos dos corpos das mulheres entregues aos prazeres. Maceió de ontem e de hoje me satisfaz pela estética e pela história. Na estética a natureza foi pródiga. As belas praias, cantadas em versos, são um capítulo à parte. A história, os homens a fizeram com destemor. Os conflitos são necessários dentro do processo civilizatório. Tudo em Maceió é beleza, porém reflete a luta de seu povo. Maceió, tenho orgulho de tua beleza e de tua história.

Maceió de ontem e de hoje me satisfaz pela estética e pela história. Na estética a natureza foi pródiga. As belas praias, cantadas em versos, são um capítulo à parte. A história, os homens a fizeram com destemor.


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CODEVASF

JOÃOZINHO PEREIRA assume superintendência com compromisso de reduzir desigualdades sociais em Alagoas

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Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) desempenha um importante papel ao investir em obras de infraestrutura nas zonas rural e urbana realizando intervenções impactantes nas regiões e comunidades atendidas. Ciente da missão da companhia, o ex-deputado estadual João José Pereira Filho, conhecido como Joãozinho Pereira, aceitou o compromisso de contribuir com o trabalho e assumiu a superintendência da Codevasf em Alagoas, com sede no município de Penedo. A posse ocorreu no dia 1° deste mês, trazendo ao estado o diretor da Área de Gestão de Empreendimentos de Irrigação da Codevasf, Luís Napoleão Casado, como representante do diretor-presidente da companhia, Marcelo Moreira. O presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira, também acompanhou a cerimônia realizada no município de Campo Alegre, no Agreste de Alagoas. A Codevasf é um dos braços executores dos projetos do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), pasta à qual é vinculada. Joãozinho Pereira lembrou que o trabalho nas bacias hidrográficas de forma integrada e sustentável contribui para a redução das desigualdades regionais e para a melhoria das condições sociais, econômicas e ambientais. A Codevasf tem investido em projetos como a construção de canais e adutoras, poços, pavimentações e outras obras, além da capacitação de trabalhadores e assistência técnica, que resultam em aquecimento da economia, geração de renda e mudanças na qualidade

de vida de milhões de pessoas. Após a posse, o novo superintendente da Codevasf e convidados inauguraram obras de pavimentação no município de Campo Alegre, onde foram investidos R$ 600 mil na primeira etapa de um projeto que será ampliado e tem a garantia de receber aproximadamente R$ 1 milhão. A 5ª Superintendência Regional da Codevasf, em Penedo, tem jurisdição no estado de Alagoas, abrangendo a bacia hidrográfica do Rio São Francisco, na região fisiográfica do Baixo São Francisco, além das bacias dos rios Jequiá (integralmente contida no estado) e Mundaú e Paraíba, que também apresentam áreas em Pernambuco. Joãozinho Pereira já exerceu cargos públicos, como prefeito do município de Teotônio Vilela por três mandatos, deputado estadual e vice-presidente do Consórcio Intermunicipal do Sul do Estado de Alagoas.

Durante a posse, o alagoano colocou sua competência à disposição para fortalecimento da Codevasf na região. Joãozinho Pereira substituiu Ricardo Alexandre Lisboa Vieira, que deixou o cargo.


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VACINA ALAGOAS

Luta contra a covid-19 é intensificada em Viçosa Município recebeu doação de veículo do governo estadual

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prefeito de Viçosa, João Victor Calheiros (Republicanos), realizou na quarta-feira, 7, a entrega de uma caminhonete para a Secretaria de Saúde do município. O veículo foi adquirido por meio do programa Vacina Alagoas, uma ação do governo estadual. O automóvel irá auxiliar a luta de Viçosa contra a pandemia causada pelo novo coronavírus, principalmente na zona rural. Em solenidade realizada no Palácio República dos Palmares, na terça, 6, o governador Renan Filho e o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, realizaram a entrega de dez caminhonetes para dez municípios. Os veículos serão utilizados nas atividades das equipes do Programa Saúde da Família (PSF). Segundo Ayres, o Governo Renan Filho também vai adquirir novas ambulâncias ainda neste mês de abril, que também serão distribuídas aos municípios do estado. “Essa é mais uma demonstração de que o Governo de Alagoas não tem se omitido no enfrentamento da pandemia. As ações têm sido tomadas e a gente tem auxiliado os municípios nessa batalha”, declarou. “É de fundamental importância essa parceria entre Estado e município para avançarmos na imunização de nossa gente. Esse veículo vem para reforçar e otimizar a vacinação na zona rural, nas localidades de difícil acesso”, enfatizou o prefeito João Victor.

O PROGRAMA

O Programa Vacina Alagoas foi anunciado na terça pelo governador Renan Filho. A iniciativa tem como objetivo auxiliar e incentivar os municípios para que acelerem a imunização de suas populações

contra a covid-19. Serão investidos mais de R$ 31 milhões na distribuição de 250 mil cestas básicas a famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e em ações voltadas à agilização do processo de vacinação. “O Estado reedita uma das medidas que já tomou em outros momentos da pandemia para minimizar os impactos do coronavírus, sobretudo entre os mais pobres”, disse o governador, que vai destinar R$ 20 milhões para a aquisição e distribuição de alimentos

às famílias carentes. “Além disso, vamos destinar R$ 11,3 milhões para oferecer uma ajuda de custo aos municípios alagoanos, de maneira que possam aumentar as equipes, adquirir mais equipamentos, alugar veículos e, assim, agilizar a vacinação”, acrescentou. para oferecer uma ajuda de custo aos municípios alagoanos, de maneira que possam aumentar as equipes, adquirir mais equipamentos, alugar veículos e, assim, agilizar a vacinação”, acrescentou.


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

Petróleo alagoano

Adiado acerto com o Leão

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Plenário do Senado aprovou nesta semana a proposta da Câmara dos Deputados que prorroga para 31 de julho de 2021 o prazo de entrega da declaração do Imposto de Renda Pessoa Física. A votação foi simbólica. A mudança só vale para a entrega da declaração do IR deste ano, referente aos rendimentos obtidos em 2020. Como o PL 639/2021 foi alterado pelo relator no Senado, senador Plínio Valério (PSDB-AM), o texto volta agora para nova análise dos deputados federais.

Empréstimo para aposentados O governo federal aumentou de 35% para 40% a margem para concessão de empréstimo consignado para aposentados e pensionistas do INSS durante a pandemia do novo coronavírus. A mudança foi feita através da MP 1.006/20, que foi aprovada no início do mês no Congresso Nacional, e foi publicada como a Lei 14.131./2021 no Diário Oficial da União. A medida vale até o dia 31 de dezembro. Após essa data, o percentual volta para os anteriores 35%.

Turismo Dirigentes do Turismo de Alagoas criaram alternativas de isenção fiscal para apoiar a cadeia produtiva pelos próximos meses. O pacote emergencial criado pelo governo alagoano para minimizar os impactos econômicos inclui isenção do IPVA 2021 para veículos de empresas que operam transporte turístico. As propostas ainda precisam de aprovação na Assembleia Legislativa para beneficiar cerca de 550 empresas, entre transportadoras turísticas e agências de Turismo com frota de veículos, vinculados ao Cadastro Nacional de Empreendimentos do Turismo (Cadastur) em Alagoas.

A Enauta prevê a perfuração do primeiro poço exploratório em blocos onde tem participação na Bacia de Sergipe-Alagoas no segundo semestre deste ano, afirmou nesta semana o diretor-presidente Décio Oddone. A companhia detém 30% de participação em nove blocos em Sergipe-Alagoas, enquanto a operadora Exxon tem 50% e a Murphy Oil os 20% restantes. A perfuração, além de gerar empregos, também prevê investimentos em exploração, desenvolvimento e produção de 40 milhões de dólares em 2021 e de 105 milhões de dólares para 2022, na região.


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União dos Palmares é beneficiado com investimentos para reforçar a saúde pública Município ganha veículo para facilitar atividades do PSF e agilizar vacinação contra a covid-19

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área da saúde pública no município de União dos Palmares tem recebido atenção especial na gestão do prefeito Areski (Kil) Freitas que, nos últimos quatro anos, conseguiu resgatar e ampliar serviços e programas para garantir assistência digna à população. A parceria em ações com o governo do Estado demonstra a credibilidade do trabalho desenvolvido no município. Na última terça-feira (6), a Prefeitura recebeu do governador Renan Filho a doação de uma caminhonete L-200 para reforçar e facilitar as atividades das equipes do PSF e na vacinação contra o coronavírus, principalmente na zona rural. Kil Freitas recebeu as chaves do veículo durante o lançamento do Programa Vacina Alagoas, do governo do Estado, que prevê investimentos de mais de R$ 31 milhões com a distribuição de alimentos para famílias vulneráveis e em ações que possibilitem a aceleração do processo de vacinação nos municípios. O prefeito lembrou que ao assumir o governo, em 2017, herdou a área da saúde em estado de calamidade e com a frota de veículos depredada. Hoje, o município possui mais de 15 veículos, alguns adquiridos com recursos próprios e outros doados, que são essenciais para a desenvolvimento do trabalho na área, hoje completamente diferente daquilo que foi repassada pela gestão anterior. Kil Freitas agradeceu ao governador Renan Filho pelo apoio que União dos Palmares vem recebendo, principalmente quando o propósito é melhorar a saúde pública para os cidadãos. O prefeito apontou a construção do Hospital Regional da Mata como um grande exemplo dessa parceria.

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O hospital foi inaugurado em outubro do ano passado e atualmente funciona com uma oferta de 39 leitos clínicos e 15 leitos de UTI para pacientes com covid-19, além de ser referência para atendimentos em urgências. Kil Freitas destacou a importância da parceria entre os governos para o enfrentamento da

pandemia. “Estamos empenhados em ações para que a gente possa, em curto espaço de tempo, acabar ou pelo menos diminuir o sofrimento das pessoas com relação a pandemia que vem assolando o mundo inteiro. Nosso governo é completamente voltado para cuidar da cidade e cuidar das pessoas”.


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Boas novidades nos 80 anos da marca Jeep A origem do nome tem diferentes explicações. Desde a tradicional homofonia em inglês GP (General Purpose, Uso Geral em tradução livre), em 1941, até Eugene the Jeep, o simpático cachorro do Popeye das histórias em quadrinhos, desde 1936. A Wikipédia em português, no entanto, sugere que a palavra surgiu nos anos 1910. “Durante a Primeira Guerra Mundial os mecânicos do exército americano começaram a chamar de jeep qualquer máquina nova que chegasse a suas mãos, de motosserras a aviões.” Ao longo de 2021 haverá quatro edições especiais comemorativas: Wrangler, Grand Cherokee, Compass e Renegade, sendo as duas primeiras importadas. Um dos destaques é a nova central multimídia com chip dedicado (rede TIM) e Wi-Fi a bordo para até oito usuários simultâneos, no Renegade e no Compass. Antecipado nesta coluna em agosto do ano passado, o sistema chama-se Adventure Intelligence. Tem características similares às já oferecidas nos modelos Chevrolet, inclusive serviço (OnStar) de concierge, rastreamento e aviso automático de acidente grave, entre outros. O MyLink da GM conecta sete usuários (um a menos). Uma diferenciação da Jeep é o navegador nativo da TomTom. Permite continuar uma rota mesmo com perda do sinal de celular. Atende

assim à imagem da marca ligada ao fora-de-estrada, tração 4x4 e locais remotos. Há três planos de pagamento mensal de dados: R$ 30, R$ 50 e R$ 100 para 5 GB, 10 GB e 40 GB, respectivamente. Os da GM custam R$ 30, R$ 40, R$ 60 e R$ 85 para 2 GB, 5 GB, 10 GB e 20 GB, na ordem. A nova central de 8,4 pol. custa de R$ 1.500 a R$ 2.500, dependendo de cada versão do Renegade. Embora ainda não confirmado o dia exato pela Stellantis, a apresentação do Compass 2022

Tempo de recargas dos veículos elétricos Falta consenso sobre o ritmo de aceitação e compra efetiva dos modelos elétricos em grande escala. Alguns fabricantes fizeram previsões que variam de 2030 a 2050, nos maiores mercados do mundo, situados no hemisfério norte. Outros insinuam que não investirão mais em motores a combustão, a partir de agora. Marcar datas ou prazos é algo complicado. Em 2014, a Volvo afirmou que “após 2020 ninguém morrerá em acidente num carro nosso”. Estamos em 2021 e, obviamente, isso não se materializou. Na realidade, ninguém sabe quando esse dia chegará ou mesmo se chegará. Uma pesquisa entre 8.000 consumidores de oito grandes mercados mundiais, publicado pela consultoria IHS Markit, procurou saber quanto tempo

aceitariam esperar para que um carro elétrico estivesse totalmente recarregado. Em 2019, 35% responderam 30 minutos e 58%, uma hora. Na prática, porém, esse tem sido um obstáculo para maior aceitação dos elétricos. Quando esse tempo chegará a três ou quatro minutos, equivalente ao de um veículo abastecido por combustível líquido, está difícil de prever. Com pilhas a hidrogênio isso seria possível. Porém, essa é uma tecnologia muito diferente das baterias atuais que, por sua vez, exigem uma rede própria de recarga em estradas e disponibilidade de geração de energia elétrica renovável. No melhor cenário, carros elétricos seriam recarregados à noite como os telefones celulares. Na prática, poderá não ser assim. Afinal, 2030 não está tão distante...

será no próximo mês com a estreia do motor 4-cilindros turbo de 1,33 litro, 180 cv (gasolina), 185 cv (etanol) e 27,5 kgfm. Trata-se da primeira revitalização desde o lançamento no mercado brasileiro, em setembro de 2016. Em 2020 o modelo dominou dois terços das vendas entre os SUVs médio-compactos. A nova central multimídia com Wi-Fi terá, neste caso, 10,1 pol. Um SUV de sete lugares também estreará no próximo semestre.

ALTA RODA n CARGA TRIBUTÁRIA sobre veículos continua a subir no estado de São Paulo. Não bastou o aumento de ICMS sobre carros novos, que agora em abril saltou para uma alíquota de 14,5% (antes era de 12%). Sobre veículos usados o imposto estadual cresceu de 1,9% para 3,9%. Até mesmo a taxa de licenciamento anual, no caso de modelos novos, foi reajustada em 40,4%. A justificativa é o aumento das despesas para combate ao coronavírus. Pergunta óbvia: quando essas despesas diminuírem, as alíquotas voltarão aos percentuais anteriores? n OUTRA MANEIRA de aumentar a carga fiscal, de forma indireta, é o congelamento em R$ 70.000, desde 2009, do valor dos modelos que podem ser adquiridos por Pessoas com Deficiência (PcD). Justo seria corrigir aquele valor, porém preservando o incentivo para aqueles que realmente tenham necessidades especiais. Para isso, a lei precisaria ser revista para um enquadramento menos permissivo sobre o que realmente é uma deficiência. Não vai demorar muito até qualquer modelo com câmbio automático superar os R$ 70.000, considerando as exigências de segurança e emissões veiculares nos próximos anos.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

CSA aplica goleada e segue bem no Alagoano

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CSA goleou o Coruripe por 5 a 0 no Estádio Rei Pelé, TERÇA, 6, na abertura da sexta rodada do Campeonato Alagoano. Com o resultado, o Azulão assumiu a vice-liderança do estadual e soma 9 pontos. Já o Coruripe é o sétimo colocado com apenas quatro pontos. O jogo parecia ser parelho, mas, perto do fim da primeira etapa, o Coruripe teve um jogador expulso e isso fez com que o clube marujo crescesse no jogo. E

foi um gol atrás do outro e, antes de terminar o primeiro tempo, Bruno Mota anotou um golaço. Foi uma bomba no ângulo do goleiro do Alviverde. Na volta para a segunda etapa foi que o CSA aproveitou o maior número de jogadores em campo. Bruno Mota já tinha feito um e ainda balançou as redes mais duas vezes. Ainda deu tempo de Norberto e Rodrigo Pimpão fazerem os dois gols que matou o jogo para o clube alagoano.

CENI DESTACA BAIXO NÍVEL DE COMPETITIVIDADE DO CARIOCA

BRASILEIRO VINI RESOLVE MAIS UMA PARA O REAL MADRID Com a atuação de gala do brasileiro Vinícius Júnior, o Real Madrid abriu boa vantagem sobre o Liverpool nas quartas de final da Liga dos Campeões. Na base da velocidade e do bom posicionamento, o atacante brasileiro marcou dois dos três gols do time espanhol na vitória por 3 a 1, no estádio Alfredo Di Stéfano, na capital espanhola. Titular, Vini marcou o primeiro e o terceiro gol do Real, mas teve chances de fazer ainda mais, porém sua imprecisão na hora de finalizar não conseguiu ampliar o placar. Além disso, o Real Madrid se viu diante das fragilidades da defesa do time inglês, em nova atuação abaixo do esperado. Ainda sem contar com seus principais zagueiros, o Liverpool abusou dos erros de passe e só exibiu bom futebol nos primeiros minutos do segundo tempo. Como consequência, o campeão da temporada retrasada precisará vencer por ao menos 2 a 0 para alcançar a semifinal. Do outro lado, para o Real basta um empate ou mesmo uma derrota por 1 a 0 no jogo da volta, na terra da Rainha.

O Flamengo assumiu a liderança isolada do Campeonato Carioca ao golear o até então invicto Madureira por 5 a 1, em Volta Redonda. Para o técnico Rogério Ceni, o resultado positivo mostra que a intensidade do time rubro-negro é boa, do jeito que ele imagina, mas fez questão de frisar o baixo nível de competitividade do Estadual. Segundo o comandante é difícil de analisar pela diferença de nível de competição. ‘’Foi melhor do que o último jogo, mais intenso, com mais chances e mais gols. O que vejo é um aumento significativo da parte física. Foram 14 dias trabalhando que serviram para revigorar. Todos focados em busca da vitória. Time teve a melhor postura que poderíamos esperar”, afirmou. Ceni ainda comentou sobre os ajustes a serem feitos no time e citou o gol sofrido em bola parada, apesar de

ser menos frequente. Após a goleada sobre o Madureira, o Flamengo voltou suas atenções para a decisão da Supercopa do Brasil contra o Palmeiras. O jogo será realizado no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.

SÃO PAULO AUMENTA PRESENÇA DE ÍDOLOS DENTRO DO CLUBE O São Paulo terá um outro ídolo com cargo no clube. O ex-goleiro Zetti vai começar o trabalho nas categorias de base como coordenador da preparação de goleiros. O intuito do presidente Júlio Casares e da diretoria é que a experiência de Zetti possa contribuir para a formação de talentos e também com a identificação dos jovens com a história do clube. Zetti foi um dos goleiros mais vitoriosos da história do São Paulo. Contratado em 1990, permaneceu até 1996 e foi titular nas conquistas do Campeonato Brasileiro de 1991 e também no bicampeonato da Libertadores e do Mundial em 1992 e 1993. Pela seleção brasileira, ele integrou o grupo campeão da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Zetti se aposentou em 2001, pelo Sport. Nos últimos anos, além de Zetti, o São Paulo reuniu outros ídolos do passado para trabalhar em diferentes funções no clube. Outro grande nome do time nos anos 1990, o ex-meia Raí, deixou recentemente o cargo de diretor executivo de futebol. O uruguaio Diego Lugano, campeão mundial em 2005, teve passagem como superintendente de relações institucionais. O ex-zagueiro deixou a função em janeiro deste ano.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Músicos pedem socorro

PELO INTERIOR

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s músicos de Arapiraca pedem socorro. A pandemia do novo coronavírus trouxe dificuldades e transtornos para uma classe que já era sofrida pela falta de apoio e incentivo não só dos empresários do ramo de bares e restaurantes que, também em dificuldades, pagavam cachês humilhantes. Para se ter uma ideia, um cantor chegava, em tempos de “vacas gordas”, a receber entre R$ 100 e R$ 200 por quatro ou seis horas de apresentação. Mas os artistas arapiraquenses ganharam um incentivo da Prefeitura de Arapiraca que conseguiu a aprovação da Câmara Municipal de auxilio emergencial. Além dos músicos, foram contemplados trabalhadores de bares, restaurantes e academias com a liberação de R$ 200 por dois meses. De acordo com Lecivan Martins, é uma ajuda importante, mas é muito pouco para as necessidades dos artistas arapiraquenses.

Não estão parados

Lecivan Martins encabeça um movimento que busca apoio para a categoria que foi afetada pelo Decreto Estadual 73.518 de 07 de março de 2021 (07/03/21), que inseriu o município de Arapiraca na Fase Vermelha do Plano de Distanciamento Social Controlado de enfrentamento às consequências da disseminação e velocidade de propagação do vírus.

Afetados pela pandemia

A um site de notícias de Arapiraca, Lecivan afirmou: “Não somos uma associação ou algum tipo de entidade formal e nem temos líderes. Nós nos unimos porque os músicos são uma das classes mais afetadas na pandemia. Nós fizemos uma lista com nomes de 120 músicos que estão em situação de extrema dificuldade e essa lista só cresce de tamanho”.

Cenário musical

Apesar de não ser uma cidade de grandes atrativos turísticos, Arapiraca sempre teve um cenário musical fervilhante, que foi extremamente afetado pela pandemia. Após um ano com poucas ou nenhuma oportunidade de trabalho, parte desses artistas hoje enfrenta grandes dificuldades para se manter. Um grupo de músicos, então, se uniu para criar o Movimento Dignidade aos Músicos Arapiraquenses.

Arrecadam donativos

Em tempo: o movimento, que tem à frente o músico Lecivan Martins ,está arrecadando donativos e nos próximos dias deve firmar parcerias com empresas no setor de supermercados.

Avanço da nização

imu-

Em mais uma reunião on-line, coordenada pela Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, voltou a tratar do avanço da imunização contra a covid-19. No encontro com os gestores municipais, ocorrido na segunda-feira, 5, ele destacou que já existe uma estabilização na ocupação de leitos na rede hospitalar pública, bem como, uma notável redução no número de casos.

Cenário demiológico

epi-

Para o titular da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), o atual cenário epidemiológico é resultado da soma de esforços que vem sendo empreendida pelo governo de Alagoas, com as medidas que retornaram o estado à Fase Vermelha de Distanciamento Social Controlado, em conjunto com o trabalho realizado pelos municípios, que têm atuado na aceleração da vacinação.

Melhora significativa

“Com o esforço do governo de Alagoas, com a parceria e apoio das prefeituras alagoanas, já estamos sentindo uma melhora significativa na vacinação contra a covid-19. Já estamos presenciando uma estabilização na ocupação hospitalar na rede exclusiva que atende pacientes com a covid-19, e os números de casos da doença continuam crescendo, mas, numa proporção muito menor da que identificamos há 15 dias”, informou o secretário Alexandre Ayres aos gestores municipais. (Com Sesau)

Operação Agreste

no

O Batalhão de Polícia Rodoviária realizou patrulhamento e operação blitz, na segunda-feira, 5, ao longo das rodovias AL-487 e AL-115, nas cidades de Traipu, Girau do Ponciano e Lagoa da Canoa. Diversas irregularidades foram constatadas, incluindo 18 condutores inabilitados.

Fiscalização trânsito

de

A fiscalização de trânsito e policiamento ostensivo foi realizada com o intuito de coibir o cometimento de crimes na região, conservando, assim, a sensação de segurança à população da região.

... O delegado Fernando Lustosa, titular da 7ª Delegacia Regional de Penedo (7ª DRP), preside o inquérito policial que foi aberto para investigar o assassinato do professor de dança Almir Correia da Silva, o Kaddy, como ele era conhecido na cidade de Penedo. ... Lustosa começou a ouvir na terça-feira, 6, parentes e vizinhos do professor de dança que foi morto e seu corpo foi achado na última sexta-feira, 2, enterrado nos fundos de sua casa, no Conjunto Mata Atlântica. (Com Aquiacontece) ... Mesmo no atual momento de pandemia da covid-19, o setor de contact center tem se destacado na geração de novos empregos no município de Arapiraca. ... Durante videoconferência realizada na manhã de terça-feira, 6, o prefeito Luciano Barbosa recebeu a informação de que a empresa AeC contratou 1.282 novos funcionários no site de Arapiraca. ... A secretária de Desenvolvimento Econômico, Rosa Lira; o secretário de Governo, Yale Fernandes, e a secretária de Saúde, a médica-infectologista Luciana Fonseca, também participaram da videoconferência com o presidente -executivo da AeC. (Com assessoria) ... Com informações do jornalista Fernando Vinicius: Profissionais de saúde autônomos com 35 anos de idade ou mais que estão trabalhando em Penedo receberam nta segunda-feira, 5, a primeira dose de vacina contra a covid-19. ... Para ser imunizado, o profissional de saúde autônomo precisa ter vínculo ativo em sua área de atuação comprovada com declaração do empregador, CNPJ ou cópia da carteira de trabalho. ... Estão incluídos também técnicos, auxiliares e trabalhadores de apoio (recepcionistas, segurança, limpeza, cozinheiro e gestores). ...Também se enquadram no grupo prioritário previsto no protocolo nacional trabalhadores de laboratórios de análises clínicas, farmácias e drogarias, trabalhadores de empresa de serviço funerário, de cemitérios, cuidador de idoso, parteiras, terapeuta ocupacional, biólogos, dentre outros. ... Saúde e muita paz para nossos leitores nesse final de semana. Até a próxima edição!


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MEIOAMBIENTE

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

Poluição assassina

Vacina contra HIV

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m teste para o desenvolvimento de uma vacina voltada a combater o vírus do HIV teve resultados promissores, segundo os laboratórios responsáveis. O projeto para encontrar um imunizante contra a vírus é conduzido pelo Iniciativa Internacional HIV Aids em parceria com a instituição de pesquisa Scripps Research. Segundo as instituições, os testes clínicos da Fase 1 mostraram sucesso no estímulo a células raras, primeiro passo para a geração de anticorpos nos pacientes infectados pelo vírus. Entre os participantes do ensaio clínico, 97% apresentaram esses efeitos. Segundo os pesquisadores, o estudo aponta um caminho para o desenvolvimento de uma vacina e para as próximas fases do ensaio clínico. Agora, a Iniciativa Internacional HIV Aids e a instituição Scripps Research devem firmar uma parceria com a farmacêutica Moderna (que também tem desenvolvido vacinas contra o novo coronavírus) para testar uma vacina baseada na tecnologia mRNA.

Ecoturismo

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) abriu na segunda-feira, 5, as inscrições para o curso “Noções Básicas de Condução Ambiental no Ecoturismo”, para introduzir e aprofundar o conhecimento de guias turísticos e condutores de visitantes que trabalham no setor do ecoturismo. O curso faz parte do programa Educa+, iniciativa recém lançada pelo MMA para fortalecer a educação ambiental no Brasil. As inscrições do curso poderão ser realizadas no período entre 5 e 16 de abril pela plataforma online do Educa+, onde também será disponibilizado todo o conteúdo do curso. A plataforma é aberta para toda a população, 100% gratuita e 100% digital. Ministrado de 5 de abril a 14 de maio, o curso tem como objetivo incentivar o desenvolvimento das visitas guiadas em parques e unidades de conservação nacionais, unindo as atividades turísticas de lazer à educação ambiental.

A poluição do ar é considerada o principal risco de saúde evitável que afeta a todos, embora os mais vulneráveis sejam as pessoas de menor nível socioeconômico, idosos e crianças. De acordo com as estimativas da Global Burden of Diseases, a poluição ambiental é o quinto principal fator de risco de morte no mundo, correspondendo a 4,2 milhões de mortes (7,6% do total de mortes globais). Outro dado preocupante é o de perda de dias no trabalho por doenças causadas pela poluição. A poluição intradomiciliar (PID), principalmente pelo uso de tecnologias poluidoras para cozinhar e se aquecer, é considerada o segundo maior fator de risco para mulheres e meninas. Também é o quinto maior fator de risco para os homens, depois do tabagismo, uso de álcool e hipertensão arterial. As crianças de famílias de baixa renda são também suscetíveis a sofrer com as doenças associadas a essa contaminação, principalmente, pneumo-

Prato vazio

O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), indica que nos últimos meses do ano passado 19 milhões de brasileiros passaram fome e mais da metade dos domicílios no país enfrentou algum grau de insegurança alimentar. A sondagem inédita estima que 55,2% dos lares brasileiros, ou o correspondente a 116,8 milhões de pessoas, conviveram com algum grau de insegurança alimentar no final de 2020 e 9% deles vivenciaram insegurança alimentar grave, isto é, passaram fome, nos três meses anteriores ao período de coleta, feita em dezembro de 2020, em 2.180 domicílios. De acordo com os pesquisadores, o número encontrado de 19 milhões de brasileiros que passaram fome na pandemia do novo coronavírus é o dobro do que foi registrado em 2009, com o retorno ao nível observado em 2004.O inquérito foi feito em parceria com a Action Aid Brasil, Friedrich Ebert Stiftung Brasil (FES Brasil) e Oxfam Brasil, com apoio do Instituto Ibirapitanga. A coleta de dados ocorreu entre os dias 5 e 24 de dezembro de 2020 nas cinco regiões brasileiras.

Veto à crueldade

A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta semana projeto de lei que torna crime o uso de piercings e tatuagens em animais domésticos, podendo levar a até três anos de prisão a quem for pego realizando os procedimentos. Já os estabelecimentos que forem identificados poderão pagar multas de até R$ 150 mil e, em caso de reincidência, o local pode ser fechado. Marcar animais como bois, cabras e porcos com tatuagens e chips de identificação é prática comum, contudo o ato em animais domésticos, como cães e gatos, é considerado apenas estético e ato de crueldade.


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